relatÓrio dos registos das interrupÇÕes da gravidez ao abrigo...

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RELATÓRIO DOS REGISTOS DAS INTERRUPÇÕES DA GRAVIDEZ AO ABRIGO DE LEI 16/2007 DE 17 DE ABRIL - Dados referentes ao período de janeiro a dezembro de 2012 - DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE DIVISÃO DE SAÚDE SEXUAL, REPRODUTIVA, INFANTIL E JUVENIL DIVISÃO DE EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA Lisboa, abril de 2013

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RELATÓRIO DOS REGISTOS DAS INTERRUPÇÕES DA GRAVIDEZ AO

ABRIGO DE LEI 16/2007 DE 17 DE ABRIL

- Dados referentes ao período de janeiro a dezembro de 2012 -

DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE

DIVISÃO DE SAÚDE SEXUAL, REPRODUTIVA, INFANTIL E JUVENIL

DIVISÃO DE EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA

Lisboa, abril de 2013

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Nota: Os dados apresentados neste relatório foram obtidos a partir da base de registo centralizada na DGS

no dia 25 de março de 2013

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Índice

I – Introdução ...................................................................................................................................................... 5

II – Análise dos dados de IG por Todos os motivos ............................................................................................. 7

III – Análise dos dados de IG até às 10 semanas por opção da mulher ............................................................ 11

A) Características sociodemográficas das utentes ........................................................................................ 12

1. Idade ...................................................................................................................................................... 12

2. Nacionalidade ........................................................................................................................................ 12

3. Regime de coabitação ........................................................................................................................... 13

4. Situação laboral da mulher .................................................................................................................... 13

5. Situação laboral do companheiro .......................................................................................................... 14

6. Grau de instrução .................................................................................................................................. 14

7. Número de filhos anteriores ................................................................................................................. 15

8. IG anteriores .......................................................................................................................................... 16

9. Residência da utente ............................................................................................................................. 16

B) Características da Intervenção .................................................................................................................. 17

1. Distribuição das IG por tipo de Unidades prestadoras .......................................................................... 17

2. Distribuição das IG por Região de Saúde da Instituição ............................................................................ 18

3. Distribuição das IG por tipo de encaminhamento................................................................................. 19

4. Distribuição das IG por tipo de procedimento ...................................................................................... 20

5. Contraceção pós IG ................................................................................................................................ 21

IV – Análise ........................................................................................................................................................ 23

1. Variação anual ....................................................................................................................................... 24

2. Número de IG por 1000 nados vivos ..................................................................................................... 25

b) Região Europeia..................................................................................................................................... 26

V – Considerações finais .................................................................................................................................... 27

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I – INTRODUÇÃO

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Os relatórios anuais de Interrupção de Gravidez (IG) são elaborados a partir dos registos efetuados na base

informática sediada na Direção-Geral da Saúde (DGS).

Os dados coligidos para o presente relatório de 2012 foram extraídos da base nacional a 25 de março de

2013, seguindo a metodologia análoga ao ano anterior, que visa reduzir o impacto dos registos tardios;

Procedeu-se simultaneamente à publicação de um novo relatório de 2011, com os registos actualizados ao

dia 25 de março de 2013: “Relatório 2011 -Edição revista em março de 2013” (acessível na página

www.saudereprodutiva.dgs.pt).

Salienta-se que todas as IG efetuadas ao abrigo do nº 1 do artigo 142.º do Código Penal são de declaração

obrigatória à DGS, conforme dispõe o artigo 8º da Portaria n.º 741-A/2007, de 21 de junho, através de um

registo normalizado previsto no seu anexo II.

Neste enquadramento, a DGS apenas tem acesso aos dados que decorrem dos itens pré-definidos no citado

anexo, a cujo tratamento é garantido o anonimato e a confidencialidade, sendo os dados de utilização

exclusivamente para fins estatísticos de saúde pública.

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II – ANÁLISE DOS DADOS DE IG POR TODOS OS MOTIVOS

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Em 2012 foram realizadas 18924 interrupções de gravidez ao abrigo do artigo 142º do Código Penal, que

prevê cinco motivos de exclusão de ilicitude de aborto (Quadro 1).

Tal como já aconteceu em anos anteriores, as Interrupções da Gravidez (IG) por opção da mulher até às 10

semanas constituem cerca de 97,3% do total das interrupções realizadas.

O segundo motivo mais frequente de IG é: “grave doença ou malformação congénita do nascituro” com 437

registos (2,3%).

Quadro 1 – DISTRIBUIÇÃO POR MOTIVO DAS INTERRUPÇÕES DA GRAVIDEZ E REGIÃO

Regiões

Motivos Norte Centro LVT Alentejo Algarve Açores Madeira Total % Único meio de remover perigo de morte ou grave lesão p/ o corpo ou p/ a saúde física ou psíq. da grávida

3 9 12 0,06%

Evitar perigo de morte ou grave e duradoura lesão para a saúde física ou psíquica da grávida

1 6 47 54 0,29%

Grave doença ou malformação congénita do nascituro

91 132 185 24 1 4 437 2,31%

Gravidez resultante de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual

5 3 5 13 0,07%

Por opção da mulher 3966 2530 10254 177 1223 1 257 18408 97,27%

Total 4066 2671 10500 177 1247 2 261 18924 100,00%

Em Portugal, cerca de 63,7% de todos os motivos de IG ocorrem em mulheres com idades compreendidas

entre os 20 e os 34 anos, sendo o grupo etário dos 20-24 aquele em que foram realizadas mais interrupções

da gravidez por todos os motivos (Quadro 2 e figura 1).

Quadro 2 - INTERRUPÇÕES DA GRAVIDEZ POR GRUPO ETÁRIO DA MULHER

Grupo etário Nº IG %

<15 71 0,38%

15-19 2021 10,68%

20-24 4296 22,70%

25-29 3886 20,53%

30-34 3866 20,43%

35-39 3333 17,61%

40-44 1319 6,97%

45-49 120 0,63%

50+ 0 -

Desconhecido 12 0,06%

Total Geral 18924 100,00%

Figura 1

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A distribuição por região de saúde da instituição prestadora, para todos os motivos de IG, apresenta-se no

Quadro 3.

Quadro 3 - INTERRUPÇÕES DA GRAVIDEZ POR REGIÃO DE SAÚDE DA INSTITUIÇÃO

Quando se consideram as IG por todos os motivos, verifica-se que 69,7% das intervenções são realizadas no

Serviço Nacional de Saúde (Quadro 4 e figura 2).

Quadro 4 - DISTRIBUIÇÃO DAS INTERRUPÇÕES DA GRAVIDEZ POR TIPO DE UNIDADE

Tipo Local Nº IG %

Público 13183 69,66%

Privado 5741 30,34%

Total Geral 18924 100,00%

Figura 2

Região Nº IG %

Norte 4066 21,49%

Centro 2671 14,11%

LVT 10500 55,49%

Alentejo 177 0,94%

Algarve 1247 6,59%

Açores 2 0,01%

Madeira 261 1,38%

Total Geral 18924 100,00%

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Quadro 5. MOTIVO DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ POR INSTITUIÇÃO

Região

Motivos

Total Geral

Total %

Único meio de remover perigo de

morte ou grave lesão p/ o corpo ou p/ a saúde física ou

psíq. da grávida

Evitar perigo de morte ou

grave e duradoura

lesão para a saúde física ou

psíquica da grávida

Grave doença ou

malformação congénita do nascituro

Gravidez resultante de crime contra a

liberdade e autodeterminação

sexual

Por opção da mulher

Norte 3 1 91 5 3966 4066 21,5%

Centro de Saúde de Amarante

226 226 1,2%

Centro de Saúde de Penafiel/Termas de São Vicente

3 3 0,0%

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia 1

17 1 484 503 2,7%

Centro Hospitalar de Vila Real/Peso da Régua, E.P.E.

6

174 180 1,0%

Centro Hospitalar do Alto Ave, E.P.E. - Unid. Guimarães

233 233 1,2%

Centro Hospitalar do Alto Minho, E.P.E.

167 167 0,9%

Centro Hospitalar do Médio Ave, E.P.E.

175 175 0,9%

Centro Hospitalar do Nordeste, E.P.E.

4

193 197 1,0%

Centro Hospitalar Póvoa do Varzim/Vila do Conde

1

107 108 0,6%

Hospital de Chaves

54 54 0,3%

Hospital Pedro Hispano, E.P.E. (ULSM)

192 192 1,0%

Hospital S. João, E.P.E.

9

554 563 3,0%

Hospital S. Marcos

18

293 311 1,6%

Maternidade Júlio Diniz 2 1 36 4 1111 1154 6,1%

Centro

6 132 3 2530 2671 14,1%

Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E.

1 2

141 144 0,8%

Hospital Amato Lusitano

1 2 1 107 111 0,6%

Hospital de S. Sebastião, E.P.E.

9

268 277 1,5%

Hospital Distrital da Figueira da Foz

77 77 0,4%

Hospital Infante D. Pedro, E.P.E.

7

288 295 1,6%

Hospital Santo André, E.P.E.

411 411 2,2%

Hospital São Teotónio, E.P.E.

1 13 1 395 410 2,2%

Maternidade Bissaya Barreto

1 64 1 481 547 2,9%

Maternidade Daniel de Matos

2 35

362 399 2,1%

LVT 9 47 185 5 10254 10500 55,5%

Clínica dos Arcos

1 5607 5608 29,6%

Hospital Beatriz Ângelo - Loures 4 7 5 1 533 550 2,9%

Hospital de S. Bernardo, E.P.E. 1 1

658 660 3,5%

Hospital Distrital de Santarém, E.P.E.

7

7 0,0%

Hospital dos Lusíadas

7

7 0,0%

Hospital Dr. Fernando Fonseca, E.P.E.

13

13 0,1%

Hospital Garcia de Orta

9 17

762 788 4,2%

Hospital Nossa Senhora do Rosário, E.P.E.

496 496 2,6%

Hospital Reynaldo dos Santos

1 520 521 2,8%

Hospital SAMS

18

104 122 0,6%

Hospital Santa Maria, E.P.E. 1

19

438 458 2,4%

HPP Hospital de Cascais Dr. José D'Almeida 2

22

24 0,1%

Maternidade Dr. Alfredo da Costa 1 30 77 2 1132 1242 6,6%

SOERAD 4 4 0,0%

Alentejo

177 177 0,9%

Hospital Dr. José Maria Grande

177 177 0,9%

Algarve

24

1223 1247 6,6%

Hospital de Faro

17

745 762 4,0%

Hospital do Barlavento Algarvio, E.P.E.

7

478 485 2,6%

Açores

1

1 2 0,0%

Hospital da Horta

1

1 2 0,0%

Madeira

4

257 261 1,4%

Centro Hospitalar do Funchal

4

257 261 1,4%

Total Geral 12 54 437 13 18408 18924 100%

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III – ANÁLISE DOS DADOS DE IG ATÉ ÀS 10 SEMANAS POR OPÇÃO DA

MULHER

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Em 2012 registaram-se 18408 IG até às 10 semanas por opção da mulher, o que corresponde a uma

diminuição de 1513 casos (7,6%) relativamente ao período homólogo de 2011.

A) Características sociodemográficas das utentes

1. Idade

No que diz respeito à idade da mulher, as classes em que se verificaram mais IG correspondem aos 20-24

anos (23,1%), 25-29 anos (20,6%) e 30-34 anos (20,2%), correspondendo a 63,9 % do total das IG realizadas

por opção até às 10 semanas. A IG em mulheres com menos de 20 anos mantém uma tendência decrescente

(11,7% em 2011 e 11,2% em 2012) à custa da diminuição de casos observados nos dois grupos, 15-19 anos e

menores de 15 anos (Quadro 6, Figura 3).

Quadro 6 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR GRUPO ETÁRIO DA UTENTE

Classe etária Nº IG %

< 15 70 0,38%

15-19 1998 10,85%

20-24 4256 23,12%

25-29 3797 20,63%

30-34 3723 20,22%

35-39 3172 17,23%

40-44 1264 6,87%

45-49 116 0,63%

50+ 0 -

Desconhecido 12 0,07%

Total Geral 18408 100,00%

Figura 3

2. Nacionalidade

A proporção de IG em mulheres de nacionalidade não portuguesa diminuiu face aos anos anteriores (2011 e

2010). Cerca de 16,0% das mulheres são de nacionalidade estrangeira.

Quadro 7 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR NACIONALIDADE DA UTENTE

Nacionalidade Nº IG %

Portuguesa 15456 83,96%

Outra 2951 16,03%

Desconhecida 1 0,01%

Total Geral 18408 100,00%

Figura 4

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3. Regime de coabitação

Em 2012, 49,3% das mulheres que efetuaram IG até às 10 semanas vivia em regime de coabitação. Estes

dados são idênticos aos verificados em 2011.

Quadro 8 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR COABITAÇÃO

Coabitação Nº IG %

Sim 9082 49,34%

Não 9318 50,62%

Desconhecido 8 0,04%

Total Geral 18408 100,00%

Figura 5

4. Situação laboral da mulher

Em 2012 verificou-se um novo aumento de IG na categoria “Desempregadas” com 22,7% do total dos

registos, sendo agora a categoria predominante. A categoria de “Trabalhadoras não Qualificadas”

aumentou e assistiu-se a uma diminuição da categoria “Agricultoras, Operárias, Artífices e outras

Trabalhadoras Qualificadas” (16,3%). As IG em “Estudantes” mantiveram-se constantes relativamente ao

ano de 2011. (Quadro 9).

Quadro 9 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR SITUAÇÃO LABORAL DA UTENTE

Situação Laboral Nª IG %

Agricultores, Operários, Artífices e outros Trabalhadores Qualificados 2999 16,29%

Desempregado 4179 22,7%

Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas 1409 7,65%

Estudante 3093 16,80%

Forças militares e militarizadas 111 0,60%

Pessoal Administrativo, Serviços e similares 1636 8,89%

Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa

155 0,84%

Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio 1236 6,71%

Trabalhadores não qualificados 3127 16,99%

Trabalho doméstico não remunerado 400 2,17%

Desconhecido 63 0,34%

Total Geral 18408 100,00%

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5. Situação laboral do companheiro

Desconhece-se a situação laboral do companheiro em 28,5% dos casos, o que no registo de dados

corresponde a duas situações: “em branco” e “desconhecido”.

A classe laboral mais representada é a dos “agricultores, operários, artífices e outros trabalhadores

qualificados”, que representa 19,4% dos casos verificados em 2012, à semelhança do observado em 2011.

Também o grupo “Desempregado” aumentou em 2012 (8,3% em 2011 e 11,7% em 2012). (Quadro 10).

Quadro 10 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR SITUAÇÃO LABORAL DO COMPANHEIRO

Situaçâo Laboral Nª IG %

Agricultores, Operários, Artífices e outros Trabalhadores Qualificados 3575 19,42%

Desempregado 2147 11,66%

Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas 925 5,02%

Estudante 1194 6,49%

Forças militares e militarizadas 399 2,17%

Pessoal Administrativo, Serviços e similares 982 5,33%

Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa

194 1,05%

Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio 1215 6,60%

Trabalhadores não qualificados 2483 13,49%

Trabalho doméstico não remunerado 53 0,29%

Desconhecido 730 3,97%

Em branco 4511 24,51%

Total Geral 18408 100,00%

6. Grau de instrução

No que diz respeito ao grau de instrução 35,2% das mulheres têm o Ensino Secundário, 28,2% o Ensino

Básico (3º ciclo), 20,0% o Ensino Superior e 12,1% o Ensino Básico (2º ciclo). Apenas em 59 casos as

mulheres referiram não saber ler nem escrever, o que corresponde a 0,3% do total (Quadro 11 e figura 6).

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Quadro 11 - IG POR OPÇÃO DA MULHER, POR GRAU DE INSTRUÇÃO DA UTENTE

Grau de Instrução

Nº IG %

Não sabe ler nem escrever

59 0,32%

Sabe ler sem ter frequentado a escola

43 0,23%

Ensino Básico - 1º ciclo

702 3,81%

Ensino Básico - 2º ciclo

2219 12,05%

Ensino Básico - 3º ciclo

5195 28,22%

Ensino Secundário

6484 35,22%

Ensino Superior 3688 20,03%

Desconhecido 18 0,10%

Total Geral 18408 100,00%

Figura 6

7. Número de filhos anteriores

Em 2012, 51,5% das mulheres que efetuaram uma IG até às 10 semanas de gestação, por opção, referiram

ter 1 a 2 filhos e 40% não tinham filhos. Estes dados são muito semelhantes aos verificados em 2010 e

também em 2011. Tinham tido um parto nesse mesmo ano 238 (1,3%).

Quadro 12 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR NÚMERO DE FILHOS DA UTENTE

Nº Filhos Nº IG %

0 7436 40,40%

1 5496 29,86%

2 3980 21,62%

3 1095 5,95%

4 281 1,53%

5 81 0,44%

6 24 0,13%

7 8 0,04%

8 4 0,02%

9 2 0,01%

+10 1 0,01%

Total Geral 18408 100,00%

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8. IG anteriores

Entre as mulheres que efetuaram uma IG em 2012, 73,9% nunca tinham realizado anteriormente uma

interrupção, 20,4 % realizaram uma, 4,3 % tinham realizado duas e 1,5% já tinham realizado três ou mais

no decorrer da sua idade fértil (independentemente da data de realização) (Quadro13).

Entre as interrupções realizadas durante 2012, 306 (1,7%) ocorreram em mulheres que já tinham realizado

uma IG nesse ano.

Quadro 13 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR NÚMERO DE IG ANTERIORES

Nº IG Total IG %

0 13604 73,90%

1 3749 20,37%

2 783 4,25%

3 189 1,03%

4 48 0,26%

5 20 0,11%

6 5 0,03%

7 4 0,02%

9 2 0,01%

+10 4 0,02%

Total Geral 18408 100,00%

9. Residência da utente

Das mulheres que realizaram uma IG até às 10 semanas 52,1% são residentes na Região de Lisboa e Vale

do Tejo. A distribuição das IG de acordo com a região e o distrito de residência da mulher podem observar-

se nos quadros 14 e 15.

Quadro 14 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR REGIÃO DE RESIDÊNCIA DA UTENTE

Região Nº IG %

Norte 3854 20,94%

Centro 2817 15,30%

Lisboa e Vale do Tejo 9587 52,08%

Alentejo 585 3,18%

Algarve 1225 6,65%

RA Açores 259 1,41%

RA Madeira 81 0,44%

Total Geral 18408 100,00%

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Quadro 15 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR DISTRITO DE RESIDÊNCIA DA UTENTE

B) Características da Intervenção

1. Distribuição das IG por tipo de Unidades prestadoras

Em 2012 69% das IG por opção da mulher foram realizadas em unidades oficiais (Serviço Nacional de

Saúde) o que constitui um aumento de 1,8% em relação a 2011.

Quadro 16 - TOTAL DE INTERRUPÇÕES DE GRAVIDEZ POR OPÇÃO DA MULHER POR SETOR E MÊS DE REALIZAÇÃO

Tipo Local Mês

Total IG Total % jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Privado 507 582 574 430 482 435 409 526 441 487 448 394 5715 31,05%

Público 1295 1188 1239 1101 1115 952 1046 969 898 1071 973 846 12693 68,95%

Total IG 1802 1770 1813 1531 1597 1387 1455 1495 1339 1558 1421 1240 18408 100,00%

Total IG 9,79% 9,62% 9,85% 8,32% 8,68% 7,53% 7,90% 8,12% 7,27% 8,46% 7,72% 6,74% 100,00%

Distrito Nº IG %

Aveiro 760 4,13%

Beja 235 1,28%

Braga 707 3,84%

Bragança 200 1,09%

Castelo Branco 222 1,21%

Coimbra 643 3,49%

Évora 209 1,14%

Faro 1225 6,65%

Guarda 130 0,71%

Leiria 635 3,45%

Lisboa 6814 37,02%

Portalegre 141 0,77%

Porto 2617 14,22%

Santarém 582 3,16%

Setúbal 2191 11,90%

Viana do Castelo 156 0,85%

Vila Real 174 0,95%

Viseu 427 2,32%

Açores 81 0,44%

Madeira 259 1,41%

Total Geral 18408 100,00%

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Figura 7

2. Distribuição das IG por Região de Saúde da Instituição

A região de LVT continua a ser aquela onde se realizam mais IG. (Quadro 17).

Os dados apurados relativamente às “IG por opção da mulher, por região de saúde da instituição” e “IG

por opção da mulher, por residência da utente” (Figura 8) não são sobreponíveis. Este facto já se verificava

em 2011. A região Norte e a região de Lisboa e Vale do Tejo recebem utentes de outras regiões do país

como Centro, Alentejo e Açores.

Quadro 17 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR RESIDÊNCIA DA UTENTE E POR REGIÃO DE SAÚDE DA INSTITUIÇÃO POR RESIDÊNCIA DA UTENTE POR REGIÃO DE SAÚDE DA INSTITUIÇÃO

Região Utente Nº IG %

Norte 3854 20,94%

Centro 2817 15,30%

Lisboa e Vale do Tejo 9587 52,08%

Alentejo 585 3,18%

Algarve 1225 6,65%

RA Açores 81 0,44%

RA Madeira 259 1,41%

Total Geral 18408 100,00%

Região da Instituição Nº IG %

Norte 3966 21,54%

Centro 2530 13,74%

LVT 10254 55,70%

Alentejo 177 0,96%

Algarve 1223 6,64%

Açores 1 0,01%

Madeira 257 1,40%

Total Geral 18408 100,00%

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Figura 8.

3. Distribuição das IG por tipo de encaminhamento

Nas IG realizadas em instituições do SNS, 49,3% decorreram do acesso direto das mulheres à consulta

hospitalar (“iniciativa própria”), 36,8% tiveram um encaminhamento prévio dos cuidados de saúde

primários (“encaminhamento do centro de saúde”) e 6,3% decorreram do encaminhamento de outras

unidades hospitalares públicas. Ou seja, em relação a 2011 aumentou o número de mulheres que

recorreram à consulta de IG por iniciativa própria e diminuiu a referenciação prévia dos cuidados de saúde

primários.

Já no que diz respeito às unidades privadas, 52,4% das mulheres foram encaminhadas por unidades

hospitalares públicas, 26% a partir dos cuidados de saúde primários e 20,2% procurou estas unidades por

iniciativa própria e não ao abrigo de encaminhamento do SNS (Quadro 18).

Quadro 18 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR TIPO DE ENCAMINHAMENTO E TIPO DE INSTITUIÇÃO

Tipo de encaminhamento

Local

Total Nº IG Público Privado

Nº IG % Nº IG %

Encaminhamento de clínica/médico privado 548 4,32% 80 1,40% 628

Encaminhamento do Centro de Saúde 4676 36,84% 1484 25,97% 6160

Encaminhamento do Hospital Público 798 6,29% 2992 52,35% 3790

Iniciativa própria 6263 49,34% 1155 20,21% 7418

Outro 408 3,21% 4 0,07% 412

Total Geral 12693 100,00% 5715 100,00% 18408

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20

Figura 9

4. Distribuição das IG por tipo de procedimento

Em 2012, 67,1% das IG por opção da mulher foram realizadas pelo método medicamentoso e 31,7% pelo

método cirúrgico.

Nas unidades do SNS a grande maioria das interrupções (95,7%) são realizadas utilizando o método

medicamentoso; nas unidades privadas, a quase totalidade das interrupções são realizadas pelo método

cirúrgico (96,5%) (Quadro 19 e figura 10). Contudo, comparativamente a 2011 é de salientar um aumento

de IG medicamentosas realizadas nas unidades privadas.

Quadro19 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR PROCEDIMENTO E TIPO DE INSTITUIÇÃO

Procedimentos Público Privado

Total Nº IG Total % Nº IG % Nº IG %

Cirúrgico com anestesia geral 451 3,55% 5374 94,03% 5825 31,64%

Cirúrgico com anestesia local 20 0,16% 140 2,45% 160 0,87%

Medicamentoso 12151 95,73% 197 3,45% 12348 67,08%

Outro 71 0,56% 4 0,07% 75 0,41%

Total Geral 12693 100,00% 5715 100,00% 18408 100,00%

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Figura 10

5. Contraceção pós IG

Em 2012, cerca de 96,1% das mulheres que realizaram IG por opção escolheram posteriormente um

método de contraceção. Do total de mulheres que realizaram IG por opção, 31% escolheu um método

contracetivo de longa duração (dispositivo intra-uterino; implante contracetivo ou laqueação de trompas)

(Quadro 20 e figura 11). No setor privado verificou-se um aumento de todos os métodos de contraceção

de longa duração quando comparado com 2011, incluindo a laqueação de trompas.

Nos vários relatórios já publicados, a percentagem de utilização de contraceção pós IG por opção da

mulher varia entre 94-97%.

Quadro 20 - IG POR OPÇÃO DA MULHER POR MÉTODO CONTRACETIVO ESCOLHIDO E TIPO DE INSTITUIÇÃO

Método contracetivo Público Privado

Total Nº IG Total % Nº IG % Nº IG %

DIU 1856 14,62% 611 10,69% 2467 13,40%

Hormonal oral ou injetável 6702 52,80% 3383 59,20% 10085 54,79%

Implante 2390 18,83% 817 14,30% 3207 17,42%

Laqueação de trompas 327 2,58% 170 2,97% 497 2,70%

Nenhum 594 4,68% 121 2,12% 715 3,88%

Outro 824 6,49% 613 10,73% 1437 7,81%

Total Geral 12693 100,00% 5715 100,00% 18408 100,00%

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Figura 11

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IV – ANÁLISE

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1. Variação anual

Nos quadros 21 e 22 encontram-se os dados de IG pelos vários motivos e nos diferentes anos.

No que diz respeito à variação anual das IG pode afirmar-se que:

Entre 2012 e 2011 houve uma diminuição de 7,6% para todos os motivos e por opção da mulher até

às 10 semanas;

Entre 2012 e 2008 a variação foi de 2,2% por opção da mulher e de 1,7% por todos os motivos;

O máximo de variação de IG ocorreu entre 2009 e 2008;

O ano de 2007 não consta desta análise comparativa por corresponder apenas a 5 meses durante

os quais nem todas as consultas estavam em pleno funcionamento.

Quadro 21 - INTERRUPÇÕES POR MOTIVO ANOS 2008-2012

IG / Motivo 2008 2009 2010 2011 2012

a) Único meio de remover perigo de morte ou grave lesão p/ o corpo ou p/ a saúde física ou psíquica da grávida

21 14 9 14 12

b) Evitar perigo de morte ou grave e duradoura lesão para a saúde física ou psíquica da grávida

100 73 72 61 54

c) Grave doença ou malformação congénita do nascituro

455 524 484 470 437

d) Gravidez resultante de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual

17 15 12 14 13

e) Por opção da mulher 18.014 19.222 19.560 19.921 18.408

TOTAL 18.607 19.848 20.137 20.480 18.924

Quadro 22 - IG POR TODOS OS MOTIVOS E POR OPÇÃO VALORES E VARIAÇÃO 2008-2012

2008 2009 2010 2011 2012 2008-2012

IG (todos os motivos) 18607 19848 20137 20480 18924

IG (por opção) 18014 19222 19560 19921 18408

% IG (por opção) / total IG (todos os motivos) 97% 97% 97% 97% 97%

% IG (por opção) Púb. / total IG (por opção) 70% 69% 69% 67% 69%

Var. % anual IG (todos os motivos) 6,7% 1,5% 1,7% -7,6% 1,7%

Var. % anual IG (por opção) 6,7% 1,8% 1,8% -7,6% 2,2%

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Figura 12

2. Número de IG por 1000 nados vivos

a) Em Portugal:

Este indicador referente aos anos de 2010 e 2011 com os valores atualizados, está apresentado no

quadro 23 (veja-se Anexo para mais informação sobre “Cálculo de Indicadores”). No ano de 2012,

manteve-se o valor de 211 IG por 1000 NV a nível Nacional.

Quadro 23 - NÚMERO DE IG POR 1000 NADOS VIVOS POR REGIÃO DE SAÚDE

REGIÃO 2010 2011 2012

Portugal 199 211 211

Norte 128 141

Centro 192 214

LVT 276 298

Alentejo 109 50

Algarve 274 288

Açores 21 4

Madeira 119 120

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b) Região Europeia

Portugal situa-se abaixo da média europeia considerando o indicador IG por 1000 nados vivos para os

anos disponíveis (Quadro 24). Chama-se a atenção para o facto de os valores constantes neste quadro

se referirem ao total das IG legais (por todos os motivos) e não apenas “por opção” até às 10 semanas

(definição do indicador na HFA-DB, OMS). Além disso, os dados não são exatamente sobreponíveis

aos do Quadro 23. Este facto deve-se a que a base HFA-DB não atualiza os dados tal como tem sido

realizado nos relatórios nacionais.

Quadro 24 - NÚMERO DE IG POR 1000 NADOS-VIVOS

Abortos por 1000 nados vivos

PAÍS 2007 2008 2009 2010 2011

Albânia 272.29 229.92 239.07 204.37 205,32

Bélgica 149.45 ... 148.24 147,83 …

Bulgária 498.93 470.88 416.68 417.78 447,68

República Checa

221.7 215.44 208.17 204.84 221,35

Dinamarca 247.85 256.61 263.71 256,53 …

Estónia 564.18 525.33 479.92 447.84 455,68

Finlândia 180.29 176.06 173.01 167.96 174,96

França ... ... ... ... …

Alemanha 170.65 167.74 166.42 162.89 …

Grécia 145.31 ... ... ... …

Hungria 449.43 444.67 447.74 447.77 436,61

Itália 221.69 208.81 201.8 ... …

Letónia 507.52 435.32 409.66 388.73 384,25

Lituânia 296.67 257.55 218.74 196.18 180,46

Holanda 156.23 154.2 153.15 150,31 ..

Noruega 259.41 265.37 255.21 256.1 254,78

Polónia 0.83 1.2 1.29 1,55 …

Portugal ... 172.63 196.72 191.56 209,49

Eslováquia 336.58 321.69 292.97 285.05 277,44

Eslovénia 261.23 249.62 214.98 194,99 196,14

Espanha 227.68 222.81 225.22 232,3 …

Suécia 346.35 348.15 335.63 325.99 337,75

Suíça 142.9 142.44 136.44 138.15 137,1

Reino Unido 275 263.44 255.98 250,91 250,61

Região Europeia

242 233.11 226.68 222.4 274,47

Fonte : Health For All – Data Base ( HFA-DB) acedido em 15-4-2013

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V – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Em 2010 e 2011 assistiu-se a uma estabilização do número de IG realizadas e em 2012 a uma redução

de 7,6% relativamente ao ano de 2011 (atualizado).

Em 2012 diminuíram as IG realizadas por mulheres com menos de 19 anos. Esta diminuição abrangeu

as raparigas abaixo dos 15 anos e no grupo etário dos 15 aos 19 anos.

Diminuiu a percentagem de mulheres de nacionalidade estrangeira que realizaram uma IG em 2012,

contrariamente à tendência verificada nos anos anteriores.

Os dados apurados relativamente às “IG por opção da mulher, por região de saúde da instituição”

devem ser analisados em conjunto com os dados relativos a “IG por opção da mulher, por residência

da utente”. Desta análise conjunta destaca-se:

As regiões de Saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) recebem utentes de outras regiões

do país, nomeadamente das regiões Centro, Alentejo e Açores, facto que já se verificava em

2011;

A referenciação, por si só, não justifica as diferenças encontradas, uma vez que se considerarmos

apenas as “IG por opção da mulher, por residência da utente” verifica-se que 52% das mulheres

que realizaram uma IG em 2012 eram residentes em Lisboa e Vale do Tejo. Esta questão deverá

ser equacionada no contexto das Administrações Regionais de Saúde e das Unidades

Coordenadoras Funcionais;

Nas regiões onde existe uma grande diferença geográfica entre o local de residência e o local

onde a mulher realiza a IG, deve ser assegurada a eficácia dos circuitos de referenciação. Importa

salvaguardar que a mulher integre a consulta de planeamento familiar na unidade de saúde do

local de residência após a interrupção.

Recorda-se mais uma vez a importância da acessibilidade à contraceção, não apenas nas mulheres

que interrompem uma gravidez mas para todos aqueles (homens e mulheres) que pretendem iniciar

ou já iniciaram a sua vida sexual.

Para as mulheres que realizaram uma IG e, tal como se tem reforçado em todos os anos prévios, o

aconselhamento contracetivo pode e deve ser realizado ao longo de todas as consultas no quadro do

processo de interrupção, e não ser remetido exclusivamente para uma consulta final quando a IG já

está completa. O método contracetivo deve ser escolhido e iniciado durante o processo da IG.

A disponibilização de métodos contracetivos seguros é uma responsabilidade dos serviços e das

administrações regionais de saúde. A DGS salienta que estes aspetos estão já patentes nos

normativos que tem emanado e considera importante o seu cumprimento, nomeadamente quando

se dispõe que “(…) os serviços devem ter disponíveis para utilização imediata contracetivos, em

particular aqueles cujo início pode ser simultâneo ao processo de interrupção, como o dispositivo

intra-uterino e o implante” (CN Nº 11/SR de 21.06.2007 da DGS).

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29

Fornecer contraceção eficaz e segura a mulheres que não querem engravidar é indispensável para

diminuir o número de gravidezes indesejadas que conduzem a uma interrupção e também de

repetições de IG.

É necessário fortalecer os programas de educação e de promoção da saúde sexual e reprodutiva

feminina e masculina. Questões como prevenção da gravidez, das infeções sexualmente

transmissíveis e da violência devem ser, numa sociedade que se pretende igualitária em termos de

género, entendidas como responsabilidade de mulheres e homens.

De acordo com a OMS1, as políticas de saúde na área da IG “devem pretender diminuir a taxa de

gravidezes não desejadas providenciando serviços de informação e disponibilização contracetiva de

boa qualidade, incluindo uma gama variada de métodos contracetivos, contraceção de emergência e

educação sexual abrangente”.

1http://www.who.int/reproductivehealth/publications/unsafe_abortion/9789241548434/en/

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31

ANEXO

Cálculo dos Indicadores

Todas as IG efetuadas ao abrigo do n.º1 do artigo 142.º do Código Penal são de declaração obrigatória à

Direção-Geral da Saúde, conforme dispõe o artigo 8º da Portaria n.º 741-A/2007, de 21 de junho, através

de um registo normalizado previsto no seu anexo II. É um registo de episódios de interrupção de gravidez e

não um registo de utentes, em que é garantido o anonimato e a confidencialidade, para utilização com fins

estatísticos de Saúde Pública. Por essa razão é impossível cruzar estes dados com os de outras bases de

registos de saúde em que as unidades de observação são as utentes.

A comparação entre diferentes regiões e Países é feita utilizando indicadores comuns. No caso da IG os

mais utilizados são:

• Número de IG por 1000 nados vivos: é o indicador mais utilizado e para o qual existem mais

dados coligidos entre os Países da União Europeia (UE). É o indicador utilizado no European Health

for all database (HFA-DB), WHO Regional Office for Europe.

• Número de IG por 1000 mulheres em idade fértil (MIF). Para o cálculo deste indicador podem

considerar-se as mulheres entre os 15-49 anos (MIF 15-49) e/ou os 15-44 anos (MIF 15-44).

Existem dificuldades na análise comparativa entre Países e Agências Internacionais pela utilização destes

diferentes indicadores. É por isso essencial trabalhar no sentido da uniformização e convergência de

critérios e indicadores utilizados.

No estudo da evolução temporal do fenómeno numa população, a escolha entre os indicadores não é

indiferente:

quando se utiliza um indicador cujo denominador é “nados vivos” ele é claramente influenciado

pelo número de nascimentos na população ou num grupo etário em particular. Em sociedades em

que o número de nascimentos diminui, o quociente abortos por nados vivos (indicador final)

aumenta mesmo quando o número de abortos se mantem constante. Este facto também deve ser

tido em conta quando se utiliza este indicador para avaliar a IG por grupos etários em que se tem

como objetivo a diminuição do número de gravidezes. É disto exemplo a gravidez na adolescência,

em que ao conseguir uma diminuição das gravidezes se “concorre” diretamente para o numerador

e o denominador.

quando se utiliza o número de mulheres em idade fértil como denominador, ele é influenciado por

variações da população (migrantes).

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