relatório de grupo 2º semestre/2019a atenção para os tipos e as cores das folhas. o inverno já...
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“Nesta vida, podem-se aprender três coisas de uma criança:
estar sempre alegre, nunca ficar inativo
e chorar com força por tudo que se quer! ”
Leminski
E agosto começou...
As crianças do Maternal B voltaram cheias de energia, mais crescidas e assim mais
desafiadoras...
Para nossa surpresa, o “ dia amarelo” que faz parte do nosso calendário havia desaparecido
durante as férias.
Relatório de grupo – 2º semestre/2019
Turma: Maternal B
Professora: Eliana Pereira Rollo
Professora auxiliar: Victoria Gordon
Coordenadora pedagógica: Lucy Ramos Torres
Diretora pedagógica: Maria Aparecida Leme
As crianças olhavam para o calendário das sete cores exposto na parede e me perguntavam:
“Eliana, cadê o dia amarelo”?
“Eu não sei onde está! ”
“Será que o Saci pegou”? Palpitou uma criança.
Desse jeito, outros alunos começaram a dizer que achavam que o Saci havia pego o nosso
“Dia Amarelo”, durante as férias, quando não estávamos na escola.
Assim, vi um sinal apontando para algumas possibilidades de brincadeiras e contação de
histórias.
Num belo dia de manhã, recebemos uma carta dentro de um envelope, endereçada à
Turma do Maternal B, o remetente era o próprio: o Saci.
Na carta, ele nos dizia que havia passado na escola durante as férias e gostado muito do
nosso calendário das cores, por isso, escolheu levar o “dia amarelo” para a sua casa na
floresta, entretanto, ele se arrependeu de ter pego o calendário sem pedir e por isso estava
devolvendo. Mas onde?
Na carta, ele deixou algumas dicas de como achá-lo no espaço da escola.
Pois bem, saímos a procura do nosso calendário e o encontramos.
Pesquisei alguns livros na biblioteca relacionados ao assunto do Saci e comecei a contá-los.
Contudo, as crianças estavam agitadas e inquietas nos momentos de atividades dentro da
sala, pareciam não se interessar pelas histórias, pelas brincadeiras e nem pelas outras
atividades que estavam acontecendo em sala.
Neste movimento de agitação: chutavam os brinquedos, os arremessavam para o alto,
jogavam as cadeiras no chão, enfim...parecia uma situação incontrolável...
Além de começarem a esconder os brinquedos, sapatos, outros objetos dizendo que eram os
Sacis.
Confesso que fui ficando sem saber o que estava acontecendo e para onde caminhar com
estes pequeninos que, agora, no segundo semestre, já longe das fraldas e das chupetas,
“empoderados de uma certa autonomia” gritavam aos quatro ventos que haviam crescidos.
Assim, “desafiada”, confesso que a primeira ideia foi abortar o projeto do Saci com medo de
dar mais asas aos seus comportamentos desafiadores.
Dessa maneira, intuitivamente, comecei junto das crianças, na hora da entrada ou no parque
a colher as folhas das árvores que estavam caídas no chão da escola.
A gente recolhia e colocava dentro de um balde. Nesse movimento de recolher, ia chamando
a atenção para os tipos e as cores das folhas. O inverno já estava quase acabando e a
natureza da escola estava bem diferente do que antes das férias.
Mas, eu ainda não sabia o que fazer com estas folhas, o movimento de sair da sala e recolhê-
las era para tentar acalmar o grupo e talvez me acalmar também.
Além deste movimento de saída da sala para apanhar as folhas, resolvemos fazer uma
reunião com todos nós da Turma para pontuarmos o que estava acontecendo no dia a dia
da Turma do Maternal B: se as atitudes estavam sendo bacanas e se não estavam, como
poderíamos mudar?
Assim, cada criança teve a chance de se colocar e dizer possíveis mudanças de
comportamento.
Apesar de serem pequenos, achei que a reunião e o registro das suas falas e das nossas de
professoras foram importantes para pontuar um caminho e também uma retomada toda
vez que acontecesse algo que não achássemos legal.
Fizemos um cartaz de combinados para o Maternal B:
Os dias se passavam e propus ao grupo algumas atividades com tintas, recorte e colagem
que rememoravam um pouco as vivências do semestre anterior:
As crianças pediram para fazer o Bolo Colorido novamente. Porém, um dia, durante as idas
ao banheiro, sentimos um cheirinho irresistível de pão vindo da cantina e assim tivemos a
ideia de fazermos um pão colorido.
Para a Culinária ficar mais divertida não podia faltar o faz de conta de viramos padeiros e
prepararmos a nossa receita.
Nos momentos destas atividades, as crianças se concentravam e se acalmavam.
Mas, a hora da brincadeira dentro da sala continuava sendo bastante agitada.
Assim, conversando com Victoria pensamos em propor mais brincadeiras fora da sala de aula.
Foi aí que me lembrei das folhas das árvores que estavam guardadas e até então não havia
feito nada com elas.
O mês de agosto deste ano fez jus ao seu nome popular conhecido como o mês do vento,
assim, as folhas das árvores continuavam caindo, fazendo uma linda festa de vários tons de
verdes pelo chão.
Começamos a observar a natureza e este movimento das folhas caindo, parecia confete de
carnaval, parecia chuva de vento... as crianças contentes brincavam com estes elementos da
natureza.
A semana cultural chegou e nos veio a ideia de trabalharmos com a natureza e com tudo o
que ela nos dá e que infelizmente passa despercebido aos olhos da maioria das pessoas.
Tristemente muito do que cai das árvores no chão acaba indo para o lixo.
Pensando no tema da escola: “Tinha um lixo no meio do caminho: o que eu (não) faço
com o que nos resta?, como tema norteador da Semana Cultural, esta ideia foi muito
especial para vivenciarmos com os pequeninos.
Um convite foi feito às famílias para trazerem de suas casas, de seus passeios, de suas
caminhadas, enfim... de suas observações junto das crianças algo da natureza que
contribuísse para a nossa Semana Cultural.
E foram tantas delicadezas que nos chegaram que na emoção nomeei-os como “pedacinhos
da natureza”.
A Semana Cultural foi extremamente agradável e rica em oportunidades de
experimentações com os elementos da natureza.
Exploramos os materiais coletados: os barulhinhos das sementes, o toque macio das folhas, os
gravetos que viravam baquetas emitindo som, enfim...
Brincamos e construímos com pauzinhos, folhas de bananeiras, sementes...
Inspirados no livro de Manoel de Barros: Exercício de Ser Criança, carregamos água na
peneira...
Também fizemos tinta natural com couve e beterraba que fora usada no sábado, no dia da
Mostra Cultural.
Alguns registros da Mostra:
A Semana Cultural passou e em nós ficou a vontade de continuarmos com as
experimentações.
Agora, pensando nos quatro elementos: terra, água, ar e fogo.
“Na área externa, em contato com os elementos naturais, viabiliza-se a aproximação com o sol, o vento,
a terra, a água, as árvores, os insetos, as flores e demais plantas. É possível correr, esconder-se, brincar com o vento,
com a sombra produzida pelo sol e com os frutos e as folhas que caem das árvores.
Os elementos naturais remetem à brincadeira produzida em conjunto; as crianças protagonizam suas infâncias e
o meio compõe com o que for preciso, seja a partir de uma planta nascendo no solo terroso ou uma borboleta que
pousa ao lado das formigas que trabalham. Todo esse movimento brincante precisa ser respeitado e incentivado
pelos adultos, pois há possibilidades únicas de criação e interação que estimulam a sensibilidade e o cuidado com
o ambiente que nos cerca.
(BARROS, 2014, P.59).
Assim, muitas brincadeiras foram propostas, a brincadeira com a água e os barcos (folhas de
palmeiras e as conchinhas do mar); a observação, brincadeira com o gelo e deguste de
geladinho de frutas, a brincadeira com lama, as bolinhas de sabão ao sabor do vento, os
gravetos que viraram varas para pescar peixe e a fogueira para assar o peixinho e tantas
outras.
Assim como a construção da biruta e o passeio à chácara do Mario ocorreram nas últimas
semanas de aula e aqui não foram mencionados com fotos.
Alguns registros das brincadeiras com os quatros elementos:
A Jéssica e a Carla, professoras do Jardim II, sabendo das nossas experimentações nos
convidaram a fazer Castelos de Areia junto com seus alunos.
Fizemos uma visita ao Laboratório da Escola para conhecer os “pedacinhos da Natureza”
que existem por lá. A professora de biologia, Marina, gentilmente nos recebeu e conversou
com os alunos que puderam conhecer alguns animais e seus habitats.
Paralelo às experimentações com os elementos da natureza, algo interessante nos aconteceu.
O “dia vermelho” do calendário das cores sumiu da parede. As crianças eufóricas vieram me
contar quando estava chegando na sala.
E acreditem se quiserem, a gente procurou por toda a sala, dentro das caixas de brinquedo,
dentro do armário e nada do calendário.
As crianças novamente repetiam em coro uníssono: “foi o Saci, foi o Saci!”
Como boa ouvinte das crianças, não podia deixar este episódio passar em branco.
Novamente o Saci me aparece querendo me dizer alguma coisa.
Então, resolvi aproveitar novamente esta oportunidade.
Já que estávamos falando e brincando com a Natureza, quem melhor poderia aparecer
nesta hora do que o Saci, um dos grandes protetores dela!
E assim... mais converssas, mais histórias, mais brincadeiras, muitas músicas e o Saci já estava
entre nós!
Primeiro, é claro, precisávamos encontrar o “dia vermelho” do nosso calendário.
Eis que numa manhã, as crianças observaram que haviam vários pedacinhos de tecidos
vermelhos espalhados por um determinado lugar da escola, elas nos chamaram e curiosas
queriam saber o que era aquilo.
Até que uma delas, disse: será que foi o Saci que colocou?
Nesse meio de tempo, algumas crianças do grupo, já haviam saído correndo seguindo os
retalhos de tecido e encontrado o tal dia do calendário.
Que alegria! Que contentamento!
Pois bem, dái em diante foi tudo uma coisa só...
Rodamoinho de saci, vento, “pedacinhos da natureza”, bambus, cogumelos e orelhas de paus,
peneiras em cruz, gorro mágico, enfim... um universo foi se abrindo à nossa frente com as
histórias do saci: Onde ele nasce? O que gosta de comer? Como pegá-lo? Tem o Sitio do Pica
Pau Amarelo, vamos assistir? O saci pula de uma perna só, eu consigo também!
Teve festa para o Saci, no seu dia, que foi 31 de outubro!
Todos nós estávamos muito animados! Preparamos o espaço para recebê-lo e uma
comidinha especial que Saci gosta foi trazido por dois alunos no Lanche Coletivo.
Além do nosso dia a dia envolvidos com os assuntos apresentados acima, a Turma do
Maternal B, também esteve motivada em outras atividades e brincadeiras como:
Semana do Dia das Crianças: esta semana foi bastante esperada pelos pequenos.
Juntamente com o Maternal A, as crianças se divertiram como nunca brincando com
fantasias, água, motoca e bicicletas, brinquedões infláveis e relaxando com massagens numa
tenda muito especial!
Projeto de Leitura do Quinto Ano: este semestre a Turma do Quinto Ano ao invés de
contar as histórias em sala, resolveram teatralizá-las. E para nossa surpresa, qual foi o Livro
escolhido?
Os Lobos de Todas as Cores!
Que euforia ao descobrir que iríamos conhecer os tais lobos coloridos que tanto havíamos
falado no primeiro semestre: o Lobo Branco, o Lobo Azul, o Vermelho, o Verde, o Preto, o
Cinza, o Amarelo e o Lobo Rosa. A história se materializou na nossa frente! Foi emocionante
ver os olhinhos das crianças acompanhado todo o teatro. Viramos fãs dos lobos e assistimos o
Teatro em dois dias! Só faltou pedirmos os autógrafos.
Os piquiniques e o Maternal B: Se dependessem somente dos alunos do Maternal B,
faríamos piqueniques todos os dias! Esta turma adorou explorar o espaço da escola com a
toalha xadrez... “Eba! Hoje tem piquenique!”
As brincadeiras “livres” que aconteceram em espaços e com materiais que foram
pensados por nós, professoras, ou que fora trazido de casa ou que as próprias crianças
inventaram.
Espaços estes que tinham como objetivo garantir que as crianças pudessem criar,
expressar-se, sentir-se acolhidas, respeitadas e felizes!
E assim vou terminando por aqui esta história tão linda com estes pequenos tão queridos e
especiais.
Aprendi muito este ano com esta nova experiência de ser professora do Maternal, aprendi
com a Victoria, aprendi com os pais, aprendi com as minhas colegas de trabalho e
principalmente com as crianças que iam me sinalizando por onde ir e juntos construir o
caminho...
“Ficamos nós, tecidos na história do outro com a mesma linha
invisível, crescidos na imaginação do outro, capturados pela
palavra do outro” (Freitas, 1999, 83)
Referência Bibliográfica
BARROS, Aline Paes de. Espaçotempo para o brincar: organização de espaços para o brincar e
brinquedos. In: Brincadiquê? : pelo direito ao brincar
FREITAS, Lisandra Cristina Gonçalves de. Ser professora: narrativa de um processo de constituição.
1999. (Trabalho de Conclusão de Curso). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas.
Campinas, 1999.
Histórias lidas:
A História dos Lobos de Todas as Cores – Meneer Zee/Gitte Vancoillie
As Marias – Ana Claudia Ramos e Elma
Boa Noite, Lagarta Sonolenta - Patrícia Hegarty e Thomas Elliott
Bruxa, bruxa venha à minha festa – Arden Druce e Pat Ludlon
Chuva de manga – James Rumford
Eu – Janaina Yokitaka
Menina bonita do laço de fita – Ana Maria Machado
Minha professora é um monstro - Peter Brown
O cabelo de Lelê – Valéria Belém e Adriana Mendonça
O livro da família – Todd Parr
O livro da gratidão – Todd Parr
O livro da mamãe – Todd Parr
O livro do papai – Todd Parr
O livro dos sentimentos – Todd Parr
O mundo no black power de Tayó – Kiusam de Oliveira e Taísa Borges
O ratinho, o morango vermelho e o grande urso esfomeado – Don e Audrey Wood
Pato Coelho – Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenheld
Pé de tudo e mais um pouco – Ana Raquel
Pedro vira porco espinho – Janaina Tokitaka
Quero colo – Stela Barbieri e Fernando Vilela
Rápido como um gafanhoto – Audrew Wood e Don Wood
Cds ouvidos e sugeridos
CantaVento – Esticador de Horizontes
Cantar o mundo – Músicas e poesias para o ano todo – Elisa Manzano e Paula Mourão
Crianceiras – Poesias de Manoel de Barros musicadas por Márcio de Camillo.
Grupo Rodapião – Dois a Dois
Músicas Daqui Ritmos do Mundo
Músicas:
Aniversário – Palavra Cantada
Dança Saci – A Cor do Som
Pererê – Valter Silva
Pererê Peralta – Carlinhos Brown
Suíte do pescador – Dorival Caymmi
Voa Bicho – Milton Nascimento
Filmes e Desenhos assistidos
Kiriku e a Feiticeira
O Diário de Mika – Vento é o ar com muita pressa
Síitio do Pica Pau Amarelo – Episódio Saci