relatório de estágio em farmácia comunitária · dispositivos de inalação. por estas razões,...
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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
i
Ana Catarina Machado Campelos de Sousa
Farmácia Santo António
Ana Catarina Machado Campelos de Sousa
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Santo António
Janeiro de 2016 a maio de 2016
Ana Catarina Machado Campelos de Sousa
Orientador : Dra. Joana Pereira
____ ______________________________ Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Susana Casal
__________ ________________________
Setembro de 2016
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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Declaração de Integridade
Eu, Ana Catarina Machado Campelos de Sousa, abaixo assinado, nº 201106180, aluna do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do
Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por
omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais
declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores
foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da
fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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Agradecimentos
Ao longo deste percurso, foram muitos aqueles que deram o seu contributo. Sendo impossível
agradecer a todos, de seguida se enumeram as pessoas que mais marcaram esta etapa.
O meu primeiro agradecimento é dirigido ao Dr. Rocha, pela oportunidade de estagiar numa
farmácia tão acolhedora e profissional quanto a Farmácia Santo António. Foram quatro meses de estágio
inesquecíveis que contribuíram, dia após dia, para um maior crescimento pessoal e profissional.
Agradeço também à Dra. Conceição pela simpatia e sincero acompanhamento nestes últimos meses
de estágio. Jamais esquecerei o seu empenho e entrega profissional.
Agradeço ainda, e de uma forma especial, à Dra. Joana pela constante disponibilidade na elaboração
deste relatório. Um sincero obrigado por todas as palavras de carinho e de incentivo, pelo apoio prestado ao
longo destes meses e pelos inúmeros ensinamentos transmitidos.
À Dra. Maria Manuel pela simpatia, orientação e interesse em apostar na minha formação. As suas
palavras de apoio não serão esquecidas.
A toda a restante equipa da Farmácia Santo António, nomeadamente à Sara, ao Guilherme, à
Carminho e à D. Arminda, um muito obrigado por me terem recebido de forma tão calorosa. Não esqueço a
paciência que tiveram comigo, as palavras de apoio, os conhecimentos transmitidos e os momentos de boa
disposição e entreajuda. São pessoas que me marcaram para a vida pelo profissionalismo e respeito ao
próximo.
Agradeço à comissão de estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,
especialmente à Professora Doutora Susana Casal, pela orientação e tempo dedicado à concretização desta
última etapa do curso de Ciências Farmacêuticas.
Aos meus pais, Laura e Renato, por me proporcionarem estes cinco anos de ensino académico. Um
muito obrigado pelo apoio transmitido dia após dia. A força e energia positiva que sempre me incutiram
foram fundamentais em todas as decisões da minha vida. Obrigada por sempre acreditarem em mim.
Ao meu irmão Renato, por tudo o que partilhamos, por ser um verdadeiro amigo, companheiro de
boa disposição e exemplo profissional.
Por fim, agradeço aos meus amigos, pela troca de experiências, pelas gargalhadas partilhadas e
presença constante nos bons e maus momentos da minha vida.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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Resumo
O farmacêutico comunitário é um profissional de saúde com uma vasta formação na manipulação de
medicamentos, no seu processo de uso e na avaliação dos respetivos efeitos. Este está acessível à população
em geral e, por essa mesma razão, é muitas vezes procurado por diversos utentes para variados fins. Desta
forma, o farmacêutico surge como um profissional com a oportunidade de fornecer cuidados de saúde ao
indivíduo.
Para uma correta e completa formação académica na área de Ciências Farmacêuticas é obrigatória a
realização de um estágio em farmácia comunitária. Este estágio permite pôr em prática os diversos saberes
adquiridos no decorrer do curso, assim como obter novos conhecimentos de natureza prática, garantindo ao
estudante uma adequada preparação técnica e deontológica.
Assim sendo, no âmbito do curso Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto, realizei o meu estágio curricular na Farmácia Santo António, em
Urgezes, sob a orientação da Dra. Joana Pereira, entre janeiro de 2016 e maio de 2016.
O presente documento está dividido em duas partes e descreve, de uma forma sucinta, os
conhecimentos adquiridos e as atividades desenvolvidas ao longo do estágio. A primeira parte do relatório
diz essencialmente respeito ao funcionamento da farmácia, bem como às várias atividades desenvolvidas
que permitiram um contacto com a realidade de um farmacêutico comunitário. Por sua vez, a segunda parte
do documento consiste numa apresentação dos temas desenvolvidos ao longo do estágio.
O primeiro tema escolhido foi a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Esta é uma doença frequente
em pessoas idosas, essencialmente do sexo masculino, que está muito associada a hábitos tabágicos, e por
essa mesma razão, pode ser evitada. Ao longo do meu estágio, pude constatar que havia muitas dúvidas por
parte dos utentes mais velhos, tanto na patologia propriamente dita, como numa correta utilização dos
dispositivos de inalação. Por estas razões, resolvi desenvolver uma campanha de sensibilização nesta área.
Desloquei-me a um lar de idosos em Moreira de Cónegos no dia 5 de abril de 2016 e fiz uma pequena
apresentação sobre a doença, alertando para a prevenção da mesma, para as exacerbações e para os sinais
precoces. Expus ainda formas de gerir a vida com a patologia e fiz demonstrações práticas com dispositivos
inalatórios.
O segundo projeto desenvolvido centrou-se na osteoporose. Relativamente a este tema, elaborei
panfletos informativos para os utentes e procedi ao aconselhamento. O tema não podia ser mais pertinente,
pois com o envelhecimento da população esta é uma patologia com grande tendência a aumentar, sendo que
está associada a uma elevada morbilidade.
Por fim, promovi o desenvolvimento de um rastreio para pernas saudáveis no dia 5 de maio de 2016.
Para isto, contei com o apoio da Dra. Ana Neto, farmacêutica especializada em rastreios na área da celulite
e retenção de líquidos, que me acompanhou ao longo de todo o dia. Anotei casos concretos, recolhi o
feedback das pessoas e forneci informações úteis aos utentes, assim como aconselhamento farmacêutico.
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Índice
Agradecimentos .............................................................................................................................................. iv
Resumo ............................................................................................................................................................ v
Índice de Figuras… ........................................................................................................................................ ix
Índice de Tabelas ............................................................................................................................................ ix
Lista de Abreviaturas ...................................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
2. A FARMÁCIA SANTO ANTÓNIO .................................................................................................. 1
2.1 Localização, Horário de Funcionamento e Perfil dos utentes ......................................................... 1
2.2 Recursos Humanos ......................................................................................................................... 2
2.3 Espaço físico e funcional ................................................................................................................ 2
3. GESTÃO DA FARMÁCIA ................................................................................................................ 5
3.1 Sistema Informático ........................................................................................................................ 5
3.2 Gestão de stocks ............................................................................................................................. 6
3.3 Critérios de aquisição ..................................................................................................................... 6
4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO ................................................................................... 6
4.1 Execução de Encomendas .............................................................................................................. 6
4.2 Receção e Conferência de Encomendas ......................................................................................... 7
4.3 Armazenamento .............................................................................................................................. 8
4.4 Controlo de prazos de validade ...................................................................................................... 8
4.5 Devoluções ..................................................................................................................................... 9
5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS .................................................................................................. 9
5.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica .................................................................................... 10
5.1.1 Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ....................................................................... 10
5.1.2 Receita Médica ......................................................................................................................... 11
5.1.3 Dispensa e Aconselhamento Farmacêutico .............................................................................. 11
5.1.4 Regime de Comparticipação de Medicamentos ....................................................................... 12
5.1.5 Conferência de Receituário ...................................................................................................... 13
5.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Indicação Farmacêutica ................................... 13
5.3 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Média de Dispensa Exclusiva em Farmácia .................... 14
6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACEUTICOS ....................................................... 14
6.1 Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário ............................................................................. 14
6.2 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal .................................................................................. 14
6.3 Produtos Fitoterápicos .................................................................................................................. 15
6.4 Produtos para Alimentação Especial ............................................................................................ 15
6.5 Suplementos Alimentares ............................................................................................................. 15
6.6 Dispositivos Médicos ................................................................................................................... 16
7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS ............................................................................................ 16
8. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS NA FSA .............................................................. 17
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8.1 Determinação da tensão arterial e da frequência cardíaca ............................................................ 17
8.2 Determinação do IMC .................................................................................................................. 17
8.3 Determinação da glicemia ............................................................................................................ 17
8.4 Determinação dos níveis de Colesterol Total e Triglicerídeos ..................................................... 18
8.5 Teste de gravidez .......................................................................................................................... 18
9. FARMACOVIGILÂNCIA ............................................................................................................... 18
10. VALORMED .................................................................................................................................... 18
11. FORMAÇÕES .................................................................................................................................. 18
12. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA ..................................................................... 19
12.1 Enquadramento ............................................................................................................................. 19
12.2 Fundamento Teórico ..................................................................................................................... 19
12.2.1 Definição e epidemiologia ........................................................................................................ 19
12.2.2 Etiologia e fatores de risco ....................................................................................................... 19
12.2.3 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 20
12.3 Sinais e sintomas .......................................................................................................................... 20
12.4 Diagnóstico ................................................................................................................................... 21
12.5 Tratamento .................................................................................................................................... 22
12.6 Viver com DPOC ......................................................................................................................... 24
12.7 A importância dos dispositivos de inalação .................................................................................. 24
12.8 O papel do farmacêutico ............................................................................................................... 25
12.9 A apresentação no lar de idosos ................................................................................................... 25
13. OSTEOPOROSE .............................................................................................................................. 26
13.1 Enquadramento ............................................................................................................................. 26
13.2 Fundamento teórico ...................................................................................................................... 27
13.2.1 Definição e epidemiologia ........................................................................................................ 27
13.2.2 Variação da massa óssea com a idade ...................................................................................... 27
13.2.3 Fatores de risco ......................................................................................................................... 28
13.2.4 Classificação ............................................................................................................................. 28
13.2.5 Estrutura óssea e remodelação óssea ........................................................................................ 29
13.2.6 Fisiopatologia ........................................................................................................................... 30
13.3 Sinais e sintomas .......................................................................................................................... 31
13.4 Diagnóstico ................................................................................................................................... 31
13.5 Tratamento .................................................................................................................................... 32
13.5.1 Tratamento farmacológico........................................................................................................ 32
13.5.2 Tratamento não farmacológico ................................................................................................. 34
13.6 Papel do farmacêutico .................................................................................................................. 34
13.7 Folheto informativo ...................................................................................................................... 35
14. RASTREIO PERNAS SAUDÁVEIS ............................................................................................... 35
14.1 Enquadramento ................................................................................................................................. 35
14.2 Fundamento Teórico ......................................................................................................................... 36
14.2.1 Celulite ........................................................................................................................................... 36
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14.2.2 Retenção de líquidos e má circulação ............................................................................................ 37
14.3 Divulgação do rastreio ...................................................................................................................... 38
14.4 Objetivos e população abrangida ...................................................................................................... 38
14.5 Avaliação das pernas e aparelho de análise ...................................................................................... 38
14.6 Caso clínico ....................................................................................................................................... 39
14.7 Considerações finais ......................................................................................................................... 39
15. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 40
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................. 41
17. ANEXOS .......................................................................................................................................... 49
Anexo 1 – Apresentação “O papel dos inaladores na DPOC” .................................................................. 49
Anexo 2 – Fotografias registadas aquando da apresentação “O papel dos inaladores na DPOC” ............ 60
Anexo 3 – Folheto informativo “Osteoporose” ......................................................................................... 64
Anexo 4 – Poster promocional do Rastreio Pernas Saudáveis .................................................................. 66
Anexo 5 – Folha utilizada no rastreio com a prescrição recomendada ..................................................... 67
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Índice de Figuras
Figura 1: Entrada principal da FSA……………………………………………………………………...3
Figura 2: Montra lateral da FSA…………………………………………………………………………3
Figura 3: Área de atendimento ao público da FSA………………………………………………………4
Figura 4: Área de atendimento personalizado da FSA…….…………………………………………….5
Figura 5: Tensiómetro da FSA………………………………………………………………………….17
Figura 6: Balança digital da FSA……………………………………………………………………….17
Figura 7: Exame de espirometria……………………………………….……………………...……….21
Figura 8: Variação da massa óssea com a idade.……………………………………………………….27
Figura 9: Anatomia da celulite………………………………………………………………………….36
Figura 10: Aparelho de análise da celulite……………………………………………………………...38
Índice de Tabelas
Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas no decorrer do estágio……………………………1
Tabela 2: Equipa de colaboradores da FSA e respetivas funções.……………………………………….2
Tabela 3: Classificação da DPOC segundo critérios espirométricos…………………………………...22
Tabela 4: Plano de tratamento da DPOC estável, segundo a iniciativa GOLD………………………...24
Tabela 5: Fatores de risco para a osteoporose………………………………………………………….28
Tabela 6: Principais células ósseas e respetivas funções.……...……………………………………….29
Tabela 7: Fases da remodelação óssea e respetivos eventos……….….………………………...….….29
Tabela 8: Hormonas envolvidas no metabolismo ósseo……………………...………….….………….30
Tabela 9: Classificação de osteoporose segundo a OMS baseada no índice T…………………………32
Tabela 10: Fármacos utilizados na osteoporose e respetivos mecanismo de ação.…….……...……….33
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Lista de Abreviaturas
CNP – Código Nacional Português
CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos
DCI – Denominação Comum Internacional
DEXA – Absorciometria Radiológica de Dupla Energia
DMO – Densidade Mineral Óssea
DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
FEFO – First Expire First Out
FEV1 – Volume Expiratório Máximo no Primeiro Segundo
FSA – Farmácia Santo António
FVC – Capacidade Vital Forçada
IMC – Índice de Massa Corporal
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
IVA – Imposto Valor Acrescentado
MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
MNSRM-DEF – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia
MSRE – Moduladores Seletivos dos Recetores de Estrogénio
MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPG – Osteoprotegerina
PCHC – Produtos de Cosmética e Higiene Corporal
PTH – Hormona da Paratiróide
PV – Prazo de validade
PVF – Preço de Venda à Farmácia
PVP – Preço de Venda ao Público
RANK – Recetor Ativador do Fator Nuclear Kappa B
RANKL – Ligando do Recetor Ativador do Fator Nuclear Kappa B
SNS – Sistema Nacional de Saúde
THS – Terapia Hormonal de Substituição
TNF-α – Fator de Necrose Tumoral-α
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Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas no decorrer do estágio.
PARTE I – Estágio na Farmácia Santo António
1. INTRODUÇÃO
As farmácias comunitárias são consideradas verdadeiros locais de prestação de cuidados de saúde
para a sociedade, uma vez que os profissionais que as gerem são altamente qualificados, fazendo uso dos
seus conhecimentos diariamente. Na verdade, o farmacêutico comunitário é, na maioria das vezes, o
primeiro e o último profissional de saúde a estar em contacto com o utente e, por isso mesmo, detém um
papel importante na transmissão de informação atualizada à população. Este tem a responsabilidade de
promover estilos de vida saudáveis em todas as idades, sem esquecer o uso racional do medicamento, assim
como o seguimento farmacoterapêutico.
Tal como foi mencionado anteriormente, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,
juntamente com a Ordem dos Farmacêuticos, permite que os seus estudantes realizem um estágio curricular
em farmácia comunitária. Este estágio tem como principais objetivos aprofundar e consolidar os
conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo do curso, permitindo ainda, desenvolver uma visão
integrada de todas as atividades que representam o ato farmacêutico.
Assim sendo, no decorrer deste relatório, colocarei em evidência todas as atividades desenvolvidas
ao longo do estágio (Tabela 1), assim como todos os saberes que me foram transmitidos pelos diferentes
profissionais.
2. A FARMÁCIA SANTO ANTÓNIO
2.1 Localização, Horário de Funcionamento e Perfil dos utentes
A Farmácia Santo António (FSA) situa-se na Rua Comendador Manuel Pereira Bastos, nº 297, na
freguesia de Urgezes, concelho de Guimarães. A farmácia supracitada possui uma localização favorável,
uma vez que se encontra no centro de Urgezes, perto de escolas, de dois lares de idosos, da igreja local e de
duas unidades de saúde: a Unidade de Saúde Familiar Vimaranes e a Unidade de Saúde Familiar Afonso
Henriques. No entanto, apesar de ter uma boa localização e de receber diariamente uma grande variedade
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
Semanas/ Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Arrumação de
produtos
Receção e
conferência
de
encomendas
Medição de
parâmetros
fisiológicos e
bioquímicos
Atendimento
ao público
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Tabela 2: Equipa de colaboradores da FSA e respetivas funções.
de pessoas, a FSA é maioritariamente frequentada por utentes fixos, mais concretamente por idosos.
Beneficia ainda do facto de estar inserida numa área habitacional, o que se traduz numa população-alvo
muito familiar.
A farmácia encontra-se aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h, e ao sábado, das
9h às 19h, cumprindo assim o disposto no Decreto-Lei nº 172/2012, de 1 de agosto, e na Portaria nº
277/2012, de 12 de setembro1,2
. Convém salientar que integra um plano de regime de disponibilidade,
assegurando sempre o atendimento ao público, quer por um farmacêutico, quer por um auxiliar legalmente
habilitado, em caso de urgência1.
2.2 Recursos Humanos
Para que sejam prestados serviços farmacêuticos de qualidade, é fundamental que exista uma equipa
habilitada, competente e dinâmica, que exerça com profissionalismo as responsabilidades inerentes ao seu
respetivo cargo. De acordo com o Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, e as posteriores alterações a
este, é exigido que a direcção técnica seja assegurada, em exclusividade e permanência, por um
farmacêutico. Esta situação pressupõe a indicação de um farmacêutico que o substitua na sua ausência e
impedimento, pelo que a farmácia tem de dispor de, pelo menos, dois farmacêuticos3.
A FSA é constituída por 8 elementos, detalhados na Tabela 2, que garantem, de acordo com as
responsabilidades de cada um, o bom funcionamento do atendimento ao utente.
2.3 Espaço físico e funcional
A FSA está de acordo com o D.L. n.º 307/2007, de 31 de Agosto, e as subsequentes alterações a
este, já que garante a segurança e conservação dos medicamentos, assim como o conforto e privacidade dos
utentes e da respetiva equipa3-6
.
No que diz respeito ao espaço exterior, a FSA tem um aspeto moderno, atrativo, de fácil visualização
e identificação (Figura 1).
Colaborador Função
Dra. Joana Isabel Henriques Pereira Diretora Técnica
Dra. Maria Manuel S. P. Soares Freitas Farmacêutica Adjunta/Gestora
Sara Isabel Costa Pereira Técnica de farmácia
D. Teresa Arminda Pereira Leite Pinheiro Técnicos auxiliares de farmácia
Guilherme Augusto Teixeira da Costa
D. Maria do Carmo Cardoso da Silva Oliveira Auxiliar de armazém e limpeza
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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O edifício contém a inscrição “Farmácia”, bem como uma cruz verde luminosa. Possui duas
montras, a principal e a lateral (Figura 2), que são regularmente remodeladas de acordo com a época do ano
ou os produtos que se pretende promover.
Na porta principal é possível encontrar várias informações, tais como, direção técnica, horário de
funcionamento e a localização das farmácias de serviço. Convém referir que a acessibilidade é total para
todos os utentes, incluindo pessoas portadoras de deficiência, visto que se encontra ao nível da rua sem
existência de obstáculos.
Relativamente ao espaço interior, este apresenta todas as características necessárias de modo a
garantir um serviço eficiente, e um contacto harmonioso com os diversos utentes7. O interior da FSA está
dividido em várias áreas individualizadas e distribuídas por três pisos e uma garagem.
A garagem destina-se à entrada de fornecedores com as encomendas.
Figura 1: Entrada principal da FSA.
Figura 2: Montra lateral da FSA.
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O rés-do-chão corresponde à área de atendimento ao público (Figura 3). Aqui encontram-se cinco
postos de atendimento, devidamente equipados com um computador, cada um contendo o programa
informático 4DigitalCare, bem como um leitor ótico, uma impressora, uma caixa para dinheiro e dois
terminais multibanco. Cada balcão possui pequenos expositores onde se podem encontrar panfletos e
revistas informativas.
Ao longo da área de atendimento, o utente tem contacto visual com produtos de venda livre,
nomeadamente, produtos dietéticos, suplementos alimentares, dermocosmética, produtos de higiene oral,
corporal e íntima, produtos de puericultura, dispositivos médicos e ainda produtos sazonais, que sofrem
alterações ao longo do ano. Trata-se de uma zona ampla, limpa e bem iluminada, garantindo as condições
indispensáveis para que o utente se sinta confortável.
Para que o atendimento seja o mais organizado e personalizado possível, existe um sistema de
senhas e cadeiras, nas quais as pessoas se podem sentar enquanto esperam pela sua vez.
Junto à entrada da FSA encontra-se um aparelho de medição da pressão arterial e uma balança
eletrónica para controlo do peso e Índice de Massa Corporal (IMC).
Paralelamente ao espaço de atendimento ao público encontra-se a área de apoio ao atendimento,
sendo esta reservada aos funcionários da FSA. Dispõe de dois armários com gavetas deslizantes, estantes e
ainda dois frigoríficos. Os medicamentos genéricos são organizados por ordem alfabética de Denominação
Comum Internacional (DCI), nome do laboratório e dosagem, ou seja, por ordem crescente. Os
medicamentos não genéricos são ordenados por forma farmacêutica, por ordem alfabética do nome
comercial e por dosagem. De salientar que existem regras para retirar e colocar os produtos das gavetas,
para que sejam cumpridas as regras de gestão de First Expire First Out (FEFO). Todos os medicamentos
que necessitem de refrigeração encontram-se nos frigoríficos, onde a temperatura é devidamente
controlada. Nas estantes estão armazenados os produtos de grande dimensão, nomeadamente, fraldas,
gazes, sacos coletores de urina, meias de descanso e de compressão, soluções para higiene oral, entre
outros. Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são armazenados num cofre com fechadura de
segurança e com acesso restrito.
Figura 3: Área de atendimento ao público da FSA.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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Ainda no rés-do-chão existe a zona de atendimento
personalizado da farmácia (Figura 4). Este espaço é essencialmente
utilizado para a prestação de cuidados de saúde complementares,
entenda-se, a determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos,
dispondo de todo o material e equipamento necessário para esse efeito.
Para além dos cuidados de saúde, este local permite um diálogo mais
confidencial entre o farmacêutico e o utente, já que garante um maior
conforto e comodidade do mesmo.
No piso 1 situa-se a área de gestão de encomendas, o armazém,
o laboratório e ainda as instalações sanitárias.
Relativamente à área de gestão de encomendas, esta está equipada com um computador, uma
impressora, um leitor ótico e uma impressora de código de barras. É nesta zona que se realiza a criação e
receção de encomendas, as devoluções e a gestão de stocks, existindo, para isso, um armário com toda a
documentação devidamente organizada.
O armazém está equipado com várias estantes onde são mantidos os produtos em grande número. É
a partir do armazém que se repõem os produtos nas gavetas e prateleiras. Apesar da FSA possuir um
laboratório com todas as condições necessárias à sua utilização, esta não faz a preparação de manipulados.
Quer o rés-do-chão (zona de atendimento e zona de apoio) quer o piso 1 contêm aparelhos
termohigrómetros que permitem o correto controlo da temperatura e humidade.
No piso 2, localiza-se o escritório, a biblioteca e o vestuário.
O escritório é o local onde se resolvem os assuntos de gestão e administração da farmácia, estando
também munido de grande parte da documentação da FSA. De acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas,
qualquer farmácia comunitária deve possuir uma biblioteca devidamente organizada e atualizada8. Assim, a
biblioteca da FSA contém várias publicações, tais como, o Formulário Galénico Português, a Farmacopeia
Portuguesa, as Boas Práticas de Farmácia, e o Prontuário Terapêutico. A biblioteca em questão é ainda um
local onde se realizam consultas de nutrição quinzenalmente, sujeitas a marcação prévia.
3. GESTÃO DA FARMÁCIA
3.1 Sistema Informático
O sistema informático utilizado na FSA é o 4DigitalCare, uma ferramenta que apresenta uma série
de funcionalidades que ajudam no bom funcionamento da farmácia. Este permite realizar a gestão de
encomendas e de devoluções, controlar prazos de validade, fazer a gestão de stocks, aceder à informação
científica relativa a determinado produto, entre outras funcionalidades. O 4DigitalCare é uma mais-valia na
gestão diária da farmácia, já que permite uma maior qualidade nos serviços concedidos.
Assim que iniciei o estágio foi-me atribuído um código pessoal, o que me proporcionou o acesso ao
programa em questão. Ao longo dos quatro meses fui contactando com as várias funções do programa,
salientando-se a gestão de encomendas, o processamento de vendas e o acesso à ficha do produto.
Figura 4: Área de atendimento
personalizado da FSA.
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3.2 Gestão de stocks
Gerir uma farmácia comunitária é uma tarefa exigente e rigorosa, quer a nível profissional, quer a
nível económico. Uma incorreta gestão de stocks pode conduzir a uma série de consequências, como a falta
de entrada de produtos para venda, ou então a acumulação dos mesmos. Assim, esta é uma tarefa de
elevada importância para a estabilidade financeira de qualquer farmácia.
Para cada produto define-se o stock mínimo e máximo, evitando, quer a retenção, quer a
indisponibilidade do mesmo. Na FSA todos os produtos têm esse parâmetro atribuído, garantindo um fluxo
de vendas equilibrado. Esta gestão de stocks tem em conta diversos critérios, particularmente o perfil dos
utentes, a época do ano, o fluxo de venda de cada produto, as condições comerciais, entre outros. É de
referir que assim que um produto atinge o stock mínimo estabelecido, este surge automaticamente na lista
dos produtos a encomendar.
3.3 Critérios de aquisição
A aquisição de medicamentos e produtos farmacêuticos pode ser feita por compra direta a
laboratórios ou aos seus representantes legais ou, então, a armazenistas/grossistas. Sempre que se compram
grandes quantidades de um determinado medicamento ou produto farmacêutico, opta-se por uma compra
direta. Por outro lado, sempre que as encomendas forem pequenas e resultarem da falta de produtos que são
vendidos no decorrer do dia, a compra é feita a armazenistas/distribuidores grossistas. A aquisição dos
produtos vai depender de uma série de critérios, incluindo a rotatividade dos mesmos, a época do ano, o
prazo de validade (PV), entre outros.
A seleção de fornecedores é feita mediante diversos parâmetros, sendo os preços competitivos, os
descontos financeiros, as condições de pagamento, a rapidez de entrega e as bonificações os mais
importantes.
4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO
4.1 Execução de Encomendas
A aquisição de produtos farmacêuticos/medicamentos representa a primeira etapa no circuito dos
medicamentos na farmácia comunitária. De uma forma geral, a maioria das farmácias coopera com vários
fornecedores/armazenistas, pois só assim garante um serviço mais rápido e adequado às necessidades dos
utentes. A FSA trabalha com quatro distribuidores grossistas: a Alliance Healthcare, a Medicanorte, a
Cooprofar e a Plural.
Diariamente, mais concretamente no fim da manhã e no fecho do dia, realizam-se as encomendas
com o auxílio do sistema informático 4DigitalCare. Este programa gera automaticamente uma proposta de
encomenda, pois tem em conta os produtos cujo stock está no mínimo, propondo assim quantidades para
repor o stock máximo. A esta proposta são acrescentados, também de forma automática, os produtos que
vieram discriminados como esgotados nas encomendas anteriores. Apesar do sistema informático em causa
ser uma grande ajuda, já que propõe o que encomendar, cabe ao farmacêutico responsável analisar
cuidadosamente a proposta de encomenda, fazer as alterações que considere necessárias e, no fim,
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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confirmar a mesma. Depois de aprovada, a encomenda é transmitida pelo sistema informático ao
armazenista.
Para além das encomendas diárias, em situações pontuais poderão ser feitas encomendas
instantâneas. Estas realizam-se sempre que um determinado produto está em falta no ato da venda, quando
o produto não existe na farmácia, ou então quando é de entrega urgente. Nestes casos o pedido é feito via
telefone ao respetivo fornecedor, ou então através do sistema informático 4DigitalCare, sendo a entrega
feita o mais rápido possível. Durante o meu estágio, tive a oportunidade de efetuar encomendas
instantâneas, quer por telefone, quer pelo programa informático, garantindo assim que o utente teria o
produto em falta.
Sempre que se pretende fazer encomendas de grandes dimensões, realizam-se as chamadas
encomendas diretas mediante o preenchimento de uma nota de encomenda. Estas são diretamente
comunicadas ao laboratório ou aos seus representantes legais, e estão normalmente sujeitas a descontos ou
a condições de compra economicamente mais favoráveis.
4.2 Receção e Conferência de Encomendas
A receção e conferência de encomendas é uma das tarefas mais importantes no bom funcionamento
de uma farmácia, já que é através deste processo que se garante a presença dos diferentes produtos nas
quantidades corretas. Esta foi uma das primeiras atividades que realizei durante o meu estágio, e foi uma
mais-valia para todas as etapas que se seguiram.
Tal como referi anteriormente, a FSA tem duas receções por dia, uma pelo início da manhã e a outra
na parte da tarde. O transporte de medicamentos é feito em contentores específicos, designados por
“banheiras”, estando estes devidamente identificados com o código e nome da farmácia. Os produtos que
dependem de condições de conservação especiais, particularmente os que necessitem de temperatura entre
os 2-8ºC, são entregues em contentores térmicos.
Todas as encomendas que dão entrada na FSA fazem-se acompanhar da fatura original, com o
respetivo duplicado, e de uma guia de remessa, sempre que se tratem de compras diretas. Estes documentos
contêm diversos parâmetros que devem ser devidamente confirmados aquando da receção, nomeadamente,
a identificação da farmácia e do fornecedor; o número da fatura e a data; as quantidades pedidas e as
enviadas; a denominação de cada produto; o Código Nacional Português (CNP); o Preço de Venda à
Farmácia (PVF), o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA); o preço total da encomenda; o Preço de
Venda ao Público (PVP) e eventuais bonificações. Quando se trata de psicotrópicos e estupefacientes, as
faturas fazem-se ainda acompanhar por uma requisição em duplicado, que aquando da receção é carimbada
e assinada pela diretora técnica. O duplicado segue para o fornecedor, já o original fica armazenado na
farmácia durante 3 anos.
A encomenda é rececionada através do programa 4DigitalCare por leitura ótica dos códigos de barra
dos vários produtos. Durante este processo é fundamental assegurar a integridade dos produtos, retificar o
PV daqueles que não existem em stock, atualizar o PVF, assim como calcular o PVP dos produtos de venda
livre. O cálculo do PVP tem em consideração o PVF, acrescido da margem de comercialização e do IVA.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
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Alguns produtos são sujeitos a condições de armazenamento especiais. Assim, os produtos de frio,
depois de rececionados, são rapidamente guardados no frigorífico e os estupefacientes e psicotrópicos
guardados no cofre, o que limita o seu acesso.
No final da receção de qualquer encomenda confirma-se o valor total faturado, e procede-se ao
registo informático do número e custo da fatura. Por fim, guarda-se o original da fatura na capa do
respetivo fornecedor, devidamente assinada por quem efetuou a receção.
Tal como mencionei anteriormente, a receção de encomendas constituiu a primeira fase do meu
estágio e foi fundamental para me adaptar aos diferentes produtos e nomes comerciais.
4.3 Armazenamento
Após a receção, o passo seguinte consiste no acondicionamento dos produtos respeitando as
condições inerentes a cada um. A temperatura, humidade, iluminação e ventilação das zonas de
armazenamento devem respeitar as exigências específicas dos vários medicamentos e devem ser analisadas
e registadas periodicamente.
Na FSA, os medicamentos que necessitam de ser conservados a temperaturas compreendidas entre
os 2ºC e os 8ºC, são os primeiros a serem arrumados. Para este efeito, a farmácia dispõe de dois
frigoríficos. De seguida, procede-se ao acondicionamento dos psicotrópicos e estupefacientes no cofre, e,
por último, arrumam-se os restantes produtos. Na FSA a grande parte dos medicamentos são
acondicionados nas gavetas deslizantes, contudo os excessos dos mesmos são colocados no armazém por
ordem alfabética, ou então pela DCI, no caso de serem medicamentos genéricos.
Os produtos com maior rotatividade estão próximos da zona de atendimento, pois assim é possível
satisfazer os utentes de uma forma mais rápida e eficaz. Os produtos de venda livre também estão próximos
do local de atendimento, no entanto, neste caso, estão em lugares de destaque e de forma visível. É
importante referir que todos são armazenados segundo a regra FEFO, garantindo uma correta gestão dos
PV.
As primeiras tarefas que realizei no meu estágio de quatro meses centraram-se na receção e no
armazenamento de encomendas. Esta fase inicial é de extrema importância, pois revela-se crucial para a
fase de atendimento ao público, já que me permitiu associar as designações comerciais, assim como a
localização e o formato das embalagens.
4.4 Controlo de prazos de validade
O PV de um medicamento diz respeito ao seu período de estabilidade. É responsabilidade do
farmacêutico garantir a verificação periódica dos prazos de validade dos vários produtos existentes na
farmácia, assegurando assim a qualidade, segurança e eficácia dos mesmos. Este controlo é realizado em
dois momentos, isto é, aquando da receção e conferência de encomendas, bem como, aquando da análise da
lista emitida todos os meses pelo 4DigitalCare com os produtos que apresentam PV a expirar. Esta
verificação mensal permite não só controlar os PV, mas também confirmar o stock informático.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
9
Todos os produtos com um PV igual ou inferior a dois meses são recolhidos e devolvidos ao
fornecedor, acompanhados pela respetiva nota de devolução.
Se na análise da listagem mensal emitida pelo sistema informática se detetar que o PV não
corresponde à realidade, deve-se, neste caso, corrigir a ficha do produto, não sendo necessária a sua
devolução.
4.5 Devoluções
As devoluções podem ser efetuadas em determinadas situações, nomeadamente, produtos
indevidamente acondicionados, embalagens danificadas, PV expirado ou curto, produtos retirados do
mercado por ordem da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) e ainda
irregularidades relativamente a encomendas entregues.
Quando acontece alguma destas situações é necessário proceder à elaboração de uma nota de
devolução através do 4DigitalCare. Ao realizar a nota de devolução é obrigatório preencher determinados
campos, como o fornecedor, o motivo da devolução, o nome do produto e o respetivo preço de custo.
Assim que a nota de devolução estiver totalmente preenchida, procede-se à sua impressão em triplicado,
sendo que uma fica na farmácia até a situação ser regularizada, e as restantes acompanham o produto.
Após a análise do produto e da nota de devolução, o fornecedor procede à troca do mesmo, ou então,
emite uma nota de crédito a descontar na fatura mensal seguinte. Caso a devolução não seja aceite, o
produto é devolvido à farmácia, assumindo esta o prejuízo.
5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS
A dispensa de medicamentos corresponde ao ato profissional em que o farmacêutico, mediante uma
prescrição médica, em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, cede medicamentos ou
substâncias medicamentosas aos utentes, juntamente com toda a informação necessária para um correto uso
dos mesmos. No momento da dispensa, “o farmacêutico, ou o seu colaborador devidamente habilitado,
deve informar o doente dos medicamentos disponíveis na farmácia com a mesma substância ativa, forma
farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento prescrito, bem como sobre aqueles que são
comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) e o que tem o preço mais baixo disponível no
mercado”9.
Sem dúvida alguma que este processo representa uma das principais atividades desempenhadas pelo
farmacêutico comunitário, sendo que este nunca poderá esquecer a segurança, a saúde e a melhoria da
qualidade de vida do utente.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, os medicamentos de uso humano
podem ser classificados em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e Medicamentos Não
Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)9. Mais recentemente, o Decreto-Lei n.º 128/2013, de 5 de setembro,
veio introduzir no Estatuto do Medicamento os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa
Exclusiva em Farmácia (MNSRM-DEF)10
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
10
5.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica
Os MSRM compreendem todos aqueles que apenas poderão ser dispensados mediante a
apresentação de respetiva receita médica, quer em farmácias comunitárias, quer noutras instituições de
saúde. Os medicamentos para serem classificados como sujeitos a receita médica têm de preencher pelo
menos uma das seguintes características9:
constituir um risco para a saúde do doente, quer direta ou indiretamente, mesmo se usados
para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;
constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando utilizados com frequência e em
quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;
contenham substâncias ou preparações à base destas, cuja atividade ou reações adversas seja
indispensável aprofundar;
destinem-se a ser administrados por via parentérica.
Os MSRM podem ainda ser classificados como medicamentos sujeitos a receita médica renovável,
isto é, aqueles que se destinam a determinadas doenças ou tratamentos prolongados, e que possam ser
adquiridos mais do que uma vez, sem necessidade de nova prescrição médica; os sujeitos a receita médica
não renovável, ou seja, aqueles destinados a tratamentos de curta duração, com uma validade de 30 dias; os
sujeitos a receita médica especial, sendo estes os medicamentos que contêm substâncias estupefacientes ou
psicotrópicas, ou que possam criar toxicodependência em casos de utilização anormal; e por fim, os sujeitos
a receita médica restrita, ou seja, de utilização reservada a determinados meios especializados9.
5.1.1 Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes
Os psicotrópicos e estupefacientes são alvo de muita atenção por parte das autoridades, já que estão
frequentemente associados à prática de atos ilícitos. Estes produtos têm uma janela terapêutica estreita e
estão sujeitos a um grau de dependência, tanto física como psíquica, e por isso mesmo, devem respeitar
condições específicas de segurança11,12
. Estes são igualmente prescritos em receita eletrónica ou manual,
contudo esta apenas pode conter medicamentos deste grupo terapêutico13
.
A dispensa deste tipo de medicamentos é muito restrita e só é feita mediante a apresentação do
cartão de cidadão. No final da dispensação ao utente surge sempre uma janela onde devem ser preenchidos
vários campos, especificamente dados do médico, do doente e do adquirente. Depois de preencher todas
estas informações, o farmacêutico tem de tirar fotocópia da receita original, anexando sempre o documento
de psicotrópicos que é impresso pelo sistema informático. Estes documentos têm de ser arquivados na
farmácia durante 5 anos.
Ao longo do meu estágio tive a oportunidade tanto de assistir como de realizar todo este processo,
cumprindo sempre as regras estipuladas para a sua dispensa.
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11
5.1.2 Receita Médica
Só é possível dispensar MSRM mediante a apresentação de uma receita médica, que pode ser
eletrónica ou manual, sendo a primeira a mais frequente hoje em dia.
Aquando da dispensa de medicamentos, o farmacêutico tem de verificar se a receita preenche um
determinado número de requisitos, por outras palavras, verificar se é válida. Os requisitos que requerem
atenção por parte do profissional de saúde são: o número da receita; a identificação do médico prescritor; o
local de prescrição; nome e número do utente; regime especial de comparticipação, se aplicável; nome do
medicamento pela DCI, dosagem, forma farmacêutica, a apresentação e posologia; data da prescrição,
validade da receita e a assinatura do médico13
. Assim que o farmacêutico se assegura que todos os pontos
acima mencionados estão em conformidade, este deverá fazer uma pequena análise do perfil farmacológico
presente na receita por forma a minimizar possíveis interações ou incompatibilidades. Para além disto, é
fundamental que o farmacêutico garanta a qualidade, segurança e eficácia da terapêutica, fornecendo
sempre as informações que considere importantes ao utente.
Hoje em dia, a grande parte das receitas prescritas pelos profissionais de saúde são as eletrónicas,
receitas estas que permitem uma maior segurança aquando da dispensa. As receitas prescritas manualmente
requerem uma justificação, possuindo estas apenas uma via com uma validade de 30 dias. As justificações
para a prescrição de uma receita manual podem ser a falência do sistema informático, a inadaptação
fundamentada do prescritor, a prescrição ao domicílio ou, então, outras situações até um máximo de 40
receitas médicas por mês13
.
5.1.3 Dispensa e Aconselhamento Farmacêutico
No momento da dispensa, o utente deve ser sempre informado sobre os medicamentos disponíveis
na farmácia dentro do mesmo grupo homogéneo, que correspondem àqueles com a mesma substância ativa,
forma farmacêutica e dosagem. Além disso, o farmacêutico deve comunicar ao utente os medicamentos
comparticipados pelo SNS e aqueles que têm o preço mais baixo disponível no mercado. Qualquer
farmácia deve ter no mínimo três dos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo sempre
dispensar o que apresenta preço inferior, a não ser que seja outra a opção do doente13
.
Os medicamentos podem ser prescritos de duas formas distintas: por DCI ou por denominação
comercial (marca ou nome do titular da autorização de introdução no mercado)13
. No caso de a prescrição
ser efetuada por DCI, o utente pode optar por qualquer medicamento com o mesmo Código Nacional para a
Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), ou seja, correspondente à mesma DCI, forma
farmacêutica, dosagem e apresentação. Se a prescrição for por nome comercial ou do titular, o médico pode
apresentar as justificações que impossibilitam a substituição do medicamento prescrito, tais como 13
:
exceção a) do n.º 3 do art. 6.º: medicamento com margem ou índice terapêutico estreito;
exceção b) do n.º 3 do art. 6.º: intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma
substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;
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12
exceção c) do n.º 3 do art. 6.º: medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento
com duração superior a 28 dias. Neste caso, os utentes apenas podem optar por um medicamento
com PVP igual ou inferior ao prescrito.
Após a seleção do medicamento ou produto farmacêutico, registam-se os mesmos passando-os pelo
leitor ótico. Nesta altura, cabe ao farmacêutico facultar todas as informações ao utente incluindo posologia,
assim como possíveis reações adversas, e condições especiais de armazenamento.
Terminada a venda, são impressas no verso da receita diversas informações, como a identificação do
medicamento dispensado, o valor deste e a respetiva comparticipação. Por fim o utente assina a receita,
assumindo a conformidade dos medicamentos dispensados, e o farmacêutico rubrica e coloca a data.
É de realçar que, numa fase final do estágio, estive em contacto com prescrições médicas através do
telemóvel. Estas são entregues aos utentes em formato de mensagem e contêm a data da receita, o número
da mesma, o código da dispensa e o código direito à opção.
5.1.4 Regime de Comparticipação de Medicamentos
A comparticipação de medicamentos só é possível graças a um acordo entre as entidades de saúde e
os organismos de comparticipação. O SNS é a principal entidade a financiar a medicação da população
portuguesa, contudo, outras entidades podem também participar na referida comparticipação,
particularmente os Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), Medicina
Apoiada SA (SAVIDA), Energias de Portugal (EDP), entre outros. Nestes casos, a receita irá ser faturada
tanto ao SNS como ao subsistema em causa, beneficiando assim da comparticipação de dois organismos.
Sempre que surjam estas situações é importante tirar cópia da receita e anexar o número do cartão do
respetivo organismo, pois só assim é conseguido um sistema de complementaridade de entidades.
A comparticipação de medicamentos pelo SNS pode seguir o regime geral ou o regime especial. No
que diz respeito ao regime geral, a comparticipação do estado no preço dos medicamentos é fixada segundo
os seguintes escalões: Escalão A - 90%, Escalão B - 69%, Escalão C - 37%, Escalão D - 15%. Os escalões
de comparticipação mencionados variam consoante as indicações terapêuticas do medicamento, a sua
utilização, as entidades que o prescrevem, entre outras situações14,15
. Existe ainda um regime especial de
comparticipação, tal como foi referido. Este destina-se a beneficiários, isto é, aos pensionistas com um
rendimento que "não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida", bem como, a medicamentos
para patologias específicas14
.
Para além disto, há um acordo para produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus. Neste
caso, sempre que são prescritas lancetas, tiras teste para medir a glicémia ou agulhas para caneta de
administração de insulina, o organismo a introduzir no sistema informático é o “DS”, obtendo então a
comparticipação por parte do estado.
Uma vez que existe uma grande variedade de entidades e modelos de comparticipação, a
percentagem paga pelo utente vai depender da proporção que é comparticipada.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
13
5.1.5 Conferência de Receituário
Após a dispensa dos medicamentos, as receitas aviadas são assinadas, datadas, conferidas e
carimbadas, por forma a garantir a sua validade. A conferência de receitas deve ser feita atempadamente
para o caso de se detetar alguma incorreção. Caso isto se verifique, é imprescindível proceder à correção do
erro, sendo que, por vezes, torna-se necessário contactar o utente.
Ao longo deste processo, as receitas são separadas de acordo com o regime de comparticipação e
agrupadas em lotes de trinta receitas, sendo que o último lote pode não ficar totalmente completo.
Aquando da conferência do receituário é fulcral que exista conformidade nos seguintes parâmetros:
entidade de comparticipação e organismo, presença do número de utente ou beneficiário, assinatura do
médico, a validade da receita e a data de dispensa da medicação, conformidade entre o medicamento
dispensado e o prescrito, assinatura do utente, do farmacêutico e o carimbo da farmácia. Se todos os
parâmetros supracitados estiverem de acordo com o esperado, procede-se ao fecho dos lotes e imprime-se o
verbete de identificação dos mesmos, contendo: nome, código e carimbo da farmácia, mês e ano a que se
refere, organismo de comparticipação, número do lote e número total de receitas. No final de cada mês,
elabora-se uma relação-resumo dos diferentes lotes e imprime-se a fatura para cada organismo de
comparticipação.
Por fim, as receitas comparticipadas pelo SNS são enviadas para o Centro de Conferencia de Faturas
(CCF) juntamente com os verbetes de identificação dos lotes, a relação-resumo dos mesmos e a fatura. As
receitas comparticipadas por outras entidades são enviadas para a Associação Nacional de Farmácias
(ANF) que distribui pelos restantes organismos.
Durante o meu estágio tive a oportunidade de contactar algumas vezes com este procedimento, o que
foi fundamental para entender melhor a gestão burocrática da farmácia.
5.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Indicação Farmacêutica
Os MNSRM, por terem baixa toxicidade e baixa quantidade em substância ativa, podem ser
dispensados sem que o utente possua obrigatoriamente uma receita médica. Esta classe de medicamentos é
utilizada para tratar patologias autolimitadas de curta duração e, de forma geral, não é comparticipada,
salvo algumas situações previstas na legislação9.
A indicação farmacêutica é um exemplo onde os MNSRM são muitas vezes aconselhados pelo
farmacêutico. Este é o ato em que o profissional se responsabiliza pela seleção de um MNSRM, assim
como medidas não farmacológicas, por forma a atenuar ou resolver um problema de saúde de caráter não
grave. As gripes e constipações, as alergias, problemas gástricos ou alterações cutâneas são alguns dos
exemplos em que se utiliza este tipo de medicação.
Grande parte dos utentes não têm bases científicas para decidirem qual o medicamento mais
adequado à sua situação, posto isto, o farmacêutico tem um papel fundamental nesta área, já que deve ter
atenção a diversos fatores, nomeadamente, a possíveis patologias do doente, à medicação em curso, à idade
do mesmo, ou até se está grávida ou a amamentar
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14
É importante ter em conta que a medicação recomendada deve ter sempre como base a segurança,
eficácia e possíveis riscos, permitindo assim uma boa adesão ao tratamento, bem como um bom resultado
final. Em algumas situações, e sempre que o farmacêutico achar adequado, deve encaminhar o doente para
o médico.
Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar, por diversas vezes, a indicação farmacêutica.
Numa fase inicial tinha o cuidado de pedir auxílio à equipa da FSA, no entanto, ao longo do tempo fui
ganhando confiança e conhecimentos que me permitiram aconselhar o utente de uma forma mais autónoma.
5.3 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Média de Dispensa Exclusiva em Farmácia
O Decreto-Lei nº 128/2013, de 5 de setembro, introduziu o conceito de MNSRM-DEF no Estatuto
do Medicamento. Este documento permitiu ao INFARMED definir por regulamento os medicamentos
sujeitos a receita médica, assim como as indicações terapêuticas que, transitoriamente, podem ser alvo de
dispensa exclusiva em farmácia. O n.º 1 do artigo 10.º do presente Decreto-Lei autoriza ainda a
reclassificação por parte do INFARMED, de MSRM em MNSRM-DEF atendendo ao seu perfil de
segurança ou às suas indicações terapêuticas, cabendo às farmácias portuguesas respeitar os protocolos de
dispensa10
.
A lista de DCIs identificadas como MNSRM-DEF e os respetivos Protocolos de Dispensa
encontram-se devidamente apresentados na página do INFARMED16
.
No decurso do estágio, contactei inúmeras vezes com esta classe de medicamentos, nomeadamente o
LOCETAR EF®, o SPIDIFEN EF® e o FLONAZE®.
6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACÊUTICOS
6.1 Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário
Tendo em conta o Decreto-Lei nº 148/2008, de 29 de julho, os medicamentos de uso veterinário
definem-se como toda a substância ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades
curativas ou preventivas de doenças em animais, ou então que possa ser utilizada com vista a estabelecer
um diagnóstico médico-veterinário. Podem assim restaurar, corrigir ou alterar funções fisiológicas através
da uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica17
. Apesar disto, é importante referir que alguns dos
medicamentos de uso humano podem igualmente ser utilizados a nível veterinário, ajustando para isso a
dose, tendo em conta a espécie e o porte do animal em causa.
Ao longo do estágio os produtos que apresentaram mais procura foram os desparasitantes, quer
internos quer externos.
6.2 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal
De acordo com o Decreto-Lei nº 189/2008, de 24 de Setembro, um produto cosmético é descrito
como “uma qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes
superficiais do corpo humano (…), com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar,
modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”18
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
15
Na FSA existem várias linhas de Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC), já que há uma
grande procura por parte dos utentes. Tendo isto em conta, é obrigação do farmacêutico estar preparado
para aconselhar o utente, selecionando o produto mais adequado à sua situação e idade. Muitas vezes as
pessoas não estão bem informadas relativamente às características e funções dos PCHC, o que faz com que
o farmacêutico tenha um papel fundamental na escolha dos mesmos.
A FSA tem uma vasta gama de produtos de várias marcas comerciais, como: Elgydium®, Oral-B®,
Phyto®, Avène®, Mustela®, Lierac®, entre outras. As situações de aconselhamento que mais surgiam ao
longo do meu estágio incidiam sobre acne, rugas, alterações no couro cabeludo e pele desidratada.
As marcas relacionadas com PCHC estão arrumadas nos expositores ao pé dos postos de
atendimento, para estarem ao alcance dos clientes. Nos quatro meses de estágio pedi muitos conselhos
sempre que tinha de dispensar um PCHC, já que não tinha grandes conhecimentos nesta área. Contudo, ao
longo do tempo, fui adquirindo saberes e, em algumas situações, senti-me capaz de fazer aconselhamentos
por mim mesma.
6.3 Produtos Fitoterápicos
Os produtos fitoterápicos são obtidos a partir de plantas medicinais e são utilizados para tratar e
prevenir diversas patologias. A FSA tem uma série de produtos fitoterápicos que contribuem para melhorar
a qualidade de vida dos seus utentes. No decorrer do meu estágio foram várias as situações em que
dispensei este tipo de produtos, no entanto, os casos de stress, excesso de peso e alterações do sono foram
os mais frequentes. Apesar de serem produtos de venda livre, na sua composição existem substâncias ativas
e, por essa razão, requerem igualmente cuidado aquando da dispensa9.
6.4 Produtos para Alimentação Especial
Segundo o Decreto-Lei nº74/2010, de 21 de junho, os géneros alimentícios destinados a alimentação
especial são todos aqueles que, tendo em conta “a sua composição especial ou processos especiais de
fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, são adequados ao objetivo
nutricional pretendido e comercializados com a indicação de que correspondem a esse objetivo”19
.
Os produtos para alimentação especial, respondem às necessidades nutricionais em casos de
alteração no metabolismo ou na assimilação de nutrientes, em pessoas que se encontram em estados
fisiológicos especiais e ainda em lactentes ou crianças de tenra idade em bom estado de saúde19
.
De uma forma geral, são os utentes que procuram este tipo de produtos, contudo, o farmacêutico tem
o papel e a obrigação de aconselhar tendo em conta as necessidades nutricionais dos diferentes utentes. A
FSA tem à disposição vários destes produtos, sendo de realçar os leites, os boiões de fruta e as farinhas.
6.5 Suplementos Alimentares
Os suplementos alimentares destinam-se a complementar um regime alimentar normal e constituem
concentrados de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeitos nutricionais ou fisiológicos20
. É,
no entanto, importante lembrar que estes produtos não substituem um regime alimentar variado e um estilo
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
16
de vida saudável. Atualmente, estes são alvo de elevada procura e, por essa mesma razão, cabe ao
farmacêutico fornecer todas as informações necessárias para uma correta utilização.
No decorrer do estágio em farmácia comunitária fui várias vezes solicitada para aconselhamento
nesta área de produtos, no qual fui questionada relativamente à constituição de alguns deles e à
recomendação de suplementos em situações concretas.
6.6 Dispositivos Médicos
Os dispositivos médicos são importantes ferramentas de saúde que incluem um vasto conjunto de
produtos. Estes podem ser definidos como “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software,
material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu
fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário
para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não
seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos”21
.
Os dispositivos médicos são divididos em classes (classe I, IIa, IIb e III) tendo em conta a
vulnerabilidade do corpo humano e os potenciais riscos resultantes da conceção técnica e do fabrico 21
.
A FSA contém um elevado número de dispositivos médicos, nomeadamente, seringas, compressas
esterilizadas, testes de gravidez, produtos ortopédicos, meias de compressão, entre outros.
7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS
Um medicamento manipulado constitui “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal
confecionado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”22
.
Os medicamentos manipulados têm a vantagem de permitir uma personalização da terapêutica,
ajustando para isso as dosagens, formulações e vias de administração ao perfil fisiopatológico de cada
utente. Os manipulados podem ser divididos em fórmulas magistrais ou fórmulas oficinais. Relativamente
às fórmulas magistrais, estas constituem os medicamentos que são preparados numa farmácia tendo em
conta uma receita médica que menciona o doente a quem se destina. Por sua vez, as fórmulas oficinais são
medicamentos preparados segundo indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário
oficial, sendo que estes são diretamente dispensados aos utentes9.
O laboratório é o local onde estão armazenadas todas as matérias-primas e materiais de embalagem,
e se preparam este tipo de fórmulas, sendo que esta área deve respeitar todas as normas estipuladas pela
Portaria n.º 594/200423
. O PVP dos medicamentos manipulados tem por base o valor dos honorários das
matérias-primas e dos materiais de embalagem24
.
No decorrer do estágio não tive a oportunidade de proceder à preparação de manipulados, pois
sempre que surgia um pedido, este era encaminhado para a Farmácia Serpa Pinto. Contudo, é de referir que
a FSA dispõe de todas as condições necessárias para a preparação dos mesmos.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
17
8. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS NA FSA
Hoje em dia as farmácias portuguesas não se limitam a dispensar medicamentos e investem cada vez
mais na prestação de serviços de saúde. Assim sendo, a Portaria nº 1429/2007, de 2 de novembro, apresenta
os vários serviços farmacêuticos que podem ser prestados nas farmácias comunitárias, dispondo estas de
instalações e instrumentos apropriados25
.
São diversos os serviços prestados na FSA por forma a promover a saúde e a qualidade de vida dos
utentes. Ao longo do meu estágio fui colaborando nestas atividades, o que foi uma mais-valia para mim já
que pude aprofundar os meus conhecimentos e interagir de uma forma mais pessoal com os utentes.
8.1 Determinação da tensão arterial e da frequência cardíaca
A hipertensão arterial existe sempre que os valores de tensão
arterial sistólica estão superiores ou iguais a 140 mm Hg e/ou os valores de
tensão arterial diastólica estão superiores a 90 mm Hg26
.
A determinação da tensão arterial é o teste mais procurado na FSA.
A medição é realizada através de um tensiómetro automático (Figura 5),
que indica a pressão sistólica, a diastólica e a frequência cardíaca. Neste
tipo de exames é importante verificar se o utente se encontra calmo e se
não tem roupa apertada para não interferir nos valores.
No final das determinações, tinha o cuidado de analisar os resultados obtidos e, caso estes não
fossem de encontro aos valores esperados, procurava conhecer a história clinica e o estilo de vida do utente,
de modo a fornecer medidas não farmacológicas. Sempre que aplicável, incentivava a adesão à terapêutica.
8.2 Determinação do IMC
Na área de atendimento da FSA o utente tem à sua disposição uma
balança digital que determina simultaneamente o peso, a altura e o IMC.
Esta balança imprime numa pequena folha estes dados, de maneira a que o
utente possa levar a informação consigo.
8.3 Determinação da glicemia
A determinação da glicemia (quantidade de açúcar no sangue) é efetuada através do contacto entre
uma gota de sangue capilar e uma tira específica para medição. A tira é colocada num aparelho de medição
e, poucos segundos depois, é dado o valor da glicemia.
De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS) o diagnóstico de diabetes é feito tendo em conta um
dos seguintes critérios: glicémia em jejum ≥ 126 mg/dL; ou sintomas clássicos + glicémia ocasional ≥ 200
mg/dL; ou glicémia ≥ 200 mg/dL duas horas após a Prova de Tolerância Oral à Glicose (PTOG) ou
hemoglobina glicada A1c ≥ 6,5%27
.
Figura 5: Tensiómetro da FSA.
Figura 6: Balança digital da FSA.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
18
8.4 Determinação dos níveis de Colesterol Total e Triglicerídeos
Na FSA também é possível realizar a determinação do colesterol total e dos triglicerídeos. Os
valores de referência devem ser, respetivamente, inferiores a 190 mg/dl e a 150 mg/dl28
. Na FSA estas
determinações são feitas no aparelho Reflotron® Plus, que implica o contacto entre sangue capilar e uma
tira específica para cada parâmetro.
8.5 Teste de gravidez
O teste de gravidez utilizado na FSA tem como fundamento a deteção qualitativa da hormona
gonadotrofina coriónica humana (hCG) na urina. Este é um teste bastante acessível e de fácil realização,
pelo que pode ser feito tanto em casa como na farmácia. No decorrer do meu estágio dispensei vários testes
de gravidez e, em diversas situações, fui fundamental no esclarecimento de dúvidas por parte dos utentes.
9. FARMACOVIGILÂNCIA
O farmacêutico desempenha um papel fundamental no seguimento farmacoterapêutico dos seus
utentes. É da responsabilidade do mesmo alertar o INFARMED sempre que haja suspeita de alguma reação
adversa a um medicamento, utilizando para esse efeito a ficha de notificação para profissionais de saúde29
.
10. VALORMED
O VALORMED é uma sociedade que se responsabiliza pela gestão de resíduos de embalagens e de
medicamentos fora de uso. Para isso, esta sociedade disponibiliza à farmácia contentores próprios, que
quando cheios são pesados e fechados, ficando à espera de serem recolhidos pelo armazenista.
11. FORMAÇÕES
No decorrer do meu estágio tive a oportunidade de participar em formações que foram fundamentais
para aprofundar os meus conhecimentos enquanto farmacêutica e a minha capacidade de aconselhar os
utentes. As formações em que participei foram as seguintes:
Formação sobre a Farmácia e o aconselhamento à mulher em atendimento no dia 10 de março no
Hotel Open Village.
Formação sobre o Spedra® (avafanil) no dia 18 de março no restaurante Com Requinte.
Formação sobre o Flonaze® no dia 8 de abril no museu D. Diogo de Sousa em Braga.
Formação sobre os medicamentos homeopáticos da Boiron® no dia 18 de abril na FSA.
Formação sobre os produtos de saúde da Moreno® no dia 29 de abril na FSA.
Formação sobre os produtos de fitoterapia da Arkocápsulas® no dia 11 de maio em Braga.
Formação sobre a gama de leites nutricionais da Milupa® no dia 16 de maio em Braga.
Formação sobre o caráter economicista da diabetes no dia 19 de maio na Cooprofar em Gondomar.
Formação sobre Farmacovigilância no dia 23 de maio na Cooprofar em Gondomar.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
19
PARTE II – Trabalhos desenvolvidos durante o estágio
12. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA
12.1 Enquadramento
O primeiro projeto a ser desenvolvido durante o estágio na FSA foi sobre a Doença Pulmonar
Obstrutiva Crónica (DPOC) e os dispositivos de inalação. O primeiro fator que me levou a escolher este
tema foi a notória dificuldade por parte das pessoas em utilizar os inaladores, essencialmente os idosos. De
facto, a partir do momento em que comecei a contactar com os utentes de uma forma mais direta, foram
várias as vezes em que me deparei com situações destas e, na grande maioria dos casos, era clara a
complexidade que este tipo de medicação representava. Assim sendo, e tendo em conta que o farmacêutico
desempenha um papel muito importante nessa área, resolvi desenvolver um trabalho sobre os vários
dispositivos de inalação e sobre as técnicas mais adequadas ao respetivo manuseio.
A DPOC, para além de ser uma doença grave e com tendência a aumentar nos próximos anos, é uma
das principais patologias onde estes dispositivos são utilizados e, por essa mesma razão, achei por bem
abordar esta temática com os utentes30,31
. Para isso, desloquei-me a um lar em Moreira de Cónegos e fiz
uma pequena apresentação sobre a doença (Anexo 1), assim como demonstrações práticas com os
inaladores. A apresentação foi tanto para os idosos como para os enfermeiros e cuidadores (Anexo 2).
12.2 Fundamento Teórico
12.2.1 Definição e epidemiologia
A DPOC é uma doença crónica, escassamente reversível e que se caracteriza por uma obstrução das
vias aéreas. Esta obstrução é progressiva e resulta de uma resposta inflamatória pulmonar às partículas
tóxicas e aos gases. De uma forma geral, é uma doença que surge após a quarta década de vida, tendo como
principal fator de risco o tabagismo30,32
.
No que respeita à epidemiologia, a DPOC é uma patologia associada a hábitos tabágicos e, nesse
sentido, a mortalidade por esta doença é superior em países com grande número de fumadores. A
prevalência da doença aumenta com a idade, sendo mais frequente em homens do que em mulheres33
. Em
Portugal, a DPOC atinge 14.2% dos indivíduos com mais de 40 anos de idade, e está associada a uma
elevada morbilidade e mortalidade. Entre 2000 e 2008, o número de internamentos aumentou em cerca de
20%, representando um custo superior a 25 milhões de euros34
. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), em 2030 a DPOC será a terceira principal causa de morte no mundo35
.
12.2.2 Etiologia e fatores de risco
Existe um considerável número de fatores envolvidos no desenvolvimento desta patologia, sejam
eles genéticos, comportamentais ou ambientais. Contudo, o fator de risco isolado de maior importância é,
sem dúvida alguma, o tabagismo34,36,37
. Aproximadamente 90% dos casos de DPOC estão associados ao
consumo de tabaco38
. O fumo passivo, a poluição atmosférica e a exposição ocupacional a fumos, poeiras e
solventes também contribuem para o desenvolvimento da DPOC39,40
. Uma doença genética, caracterizada
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
20
pela falta de alfa1-antitripsina, pode igualmente estar na origem da patologia, já que baixos níveis desta
proteína podem levar a uma lesão pulmonar aquando da exposição ao tabaco e outros irritantes39
.
De acordo com o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da DPOC a população com risco
acrescido de desenvolver a doença tem41
:
idade ≥ 40 anos, com história de tabagismo superior a 10 UMA (Unidade Maço Ano);
atividade profissional com risco respiratório;
tosse ou expetoração crónicas ou dispneia de esforço;
falta em alfa1-antitripsina.
12.2.3 Fisiopatologia
Tal como foi mencionado anteriormente, a DPOC caracteriza-se tanto por uma resposta inflamatória
pulmonar anormal, como por uma obstrução escassamente reversível. A constante exposição dos pulmões a
fatores de risco acaba por desencadear uma resposta inflamatória local que, a longo prazo, resulta numa
hipersecreção de muco, na destruição das paredes alveolares, assim como numa alteração dos mecanismos
normais de reparação pulmonar. Para além deste fenómeno, a fisiopatologia da DPOC envolve ainda um
desequilíbrio proteases-antiproteases e um aumento do stress oxidativo. É importante ter em consideração
que estas alterações aumentam com a gravidade da doença e persistem mesmo após a cessação tabágica42
.
A DPOC engloba três condições distintas: bronquite crónica, bronquiolite crónica obstrutiva e
enfisema. A primeira está diretamente associada com a hipersecreção de muco, a segunda com a fibrose e o
estreitamento das vias aéreas e, por fim, o enfisema, com a destruição tecidular42
.
No que diz respeito à inflamação, a DPOC é caracterizada por um aumento do número de
neutrófilos, macrófagos e linfócitos TCD8 que, consequentemente, promovem a libertação de uma série de
citoquinas e mediadores inflamatórios42,43
. De uma forma geral, o fumo do tabaco ativa as células epiteliais
pulmonares através da ligação a recetores específicos. Esta ativação liberta citoquinas pró-inflamatórias que
chamam ao local neutrófilos, macrófagos e linfócitos TCD8. Estas células, por sua vez, promovem a
libertação de mediadores inflamatórios adicionais, espécies reativas de oxigénio e enzimas proteolíticas44.
O leucotrieno B4, o Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α) e a interleucina-8 são alguns dos principais
mediadores inflamatórios que contribuem para a remodelação das vias respiratórias e destruição do tecido
pulmonar42,44
.
12.3 Sinais e sintomas
Inicialmente a DPOC pode não causar manifestações clínicas. Contudo, à medida que a doença
evolui os sintomas tornam-se mais graves e evidentes. As principais manifestações são a tosse (na maioria
dos casos com muco), dispneia, pieira e dor no peito. Em estados mais avançados podem surgir outros
sinais, como o edema dos tornozelos, do pé e das pernas, a perda de peso e menor resistência muscular45
. A
gravidade dos sintomas e a perda de qualidade de vida estão diretamente relacionados com a extensão do
dano pulmonar. É importante referir que as exacerbações respiratórias estão associadas a um aumento do
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
21
processo inflamatório e, por essa mesma razão, existe um agravamento dos sintomas. Nestes casos, torna-se
muitas vezes necessário recorrer a antibióticos e corticosteróides sistémicos38
.
12.4 Diagnóstico
O diagnóstico da DPOC tem por base a história clinica e familiar do indivíduo, os sinais e sintomas
apresentados e os resultados dos exames médicos46,47
.
Relativamente à história clínica e familiar, o médico pode questionar o doente quanto à exposição a
fatores de risco, particularmente ao fumo do tabaco. É comum o médico perguntar se o doente fuma ou já
fumou e, no caso de a resposta ser afirmativa, é essencial saber os anos de exposição. Ter conhecimento da
atividade profissional é uma informação igualmente relevante, visto que algumas envolvem o contacto com
irritantes pulmonares, nomeadamente, poeiras, fumos e vapores tóxicos. A poluição atmosférica aumenta o
risco de desenvolver DPOC, assim, saber onde o doente mora pode ter importância, especialmente em
casos de exposição a combustível de biomassa. Outros fatores de risco que auxiliam no diagnóstico da
DPOC são: baixo peso à nascença, asma, infeções do trato respiratório e história familiar da doença46-48
.
No que respeita aos sintomas, a tosse, pieira, falta de ar e presença de muco são os que assumem um
papel mais relevante. Saber a duração dos sintomas também é importante, pois se estes forem crónicos
(mais de 3 meses), têm um maior valor de diagnóstico48
.
Os resultados dos exames médicos são fundamentais para chegar a um correto diagnóstico. O teste
mais importante na deteção da DPOC é a espirometria (Figura 7). Este é um exame não invasivo que mede
a quantidade de ar inspirado e expirado, assim como, a rapidez da expiração47
.
Os principais volumes avaliados numa espirometria são a Capacidade Vital Forçada (FVC) e o
Volume Expiratório Máximo no 1º Segundo (FEV1). O primeiro corresponde ao volume total de ar
mobilizado entre uma inspiração e expiração máxima, no decorrer de uma manobra expiratória forçada. Por
sua vez, o FEV1 diz respeito ao volume de ar que um paciente é capaz de expirar no primeiro segundo de
uma expiração forçada. Ambos os volumes são expressos em litros49
. É comum pedir a repetição do exame
após a inalação de um broncodilatador, fazendo assim a comparação em ambas as situações47
.
Figura 7:Exame de espirometria47
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
22
Para diagnosticar a DPOC é necessário existir uma obstrução ao fluxo de ar, que permanece mesmo
após uma broncodilatação. Tendo isto em mente, um FEV1 após broncodilatador/FVC <0,7 confirma a
presença de uma limitação persistente ao fluxo de ar, logo, a presença de DPOC48,50-52
. Na tabela 3 são
apresentados os critérios de espirometria para os diferentes graus de severidade.
Para além da espirometria, é comum serem pedidos outros exames complementares, como o raio x
ao tórax ou uma tomografia computorizada, uma avaliação da função respiratória que indica a capacidade
pulmonar total, os gases dissolvidos no sangue, a capacidade de difusão e, eventualmente, análises
sanguíneas e culturais. Sempre que a doença surge antes dos 45 anos e existe historial da doença na família
é feito o doseamento de alfa1-antitripsina 47,48,50,51
.
12.5 Tratamento
A DPOC não tem cura, no entanto, os tratamentos farmacológicos e as mudanças nos hábitos
quotidianos ajudam a aliviar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida. Os objetivos de tratamento para
a doença consistem em51,53
:
aliviar os sintomas e prevenir a progressão da doença;
melhorar a tolerância ao exercício;
prevenir e tratar as exacerbações e complicações;
melhorar o estado geral de saúde.
Ainda que a gravidade da doença funcione como um guia geral, são os sintomas e o quadro clínico
do doente que determinam a escolha dos tratamentos51
. O plano de tratamentos inclui alterações no estilo
de vida e medicação.
No que concerne ao estilo de vida, é essencial que o doente deixe de fumar. Em caso de exposição
ocupacional a fumos, poeiras e gases tóxicos o indivíduo com DPOC deve reduzir ou cessar o contacto com
estes. O mesmo se aplica à poluição doméstica53
. Em algumas situações, devido aos sinais e sintomas da
doença, pode não existir uma alimentação adequada, levando a carências nutricionais e perda de peso.
Nesse sentido, é fundamental estabelecer um plano de alimentação adaptado à situação de cada doente. Por
Severidade Critérios de espirometria
0: Em risco Espirometria normal;
Sintomas crónicos e fatores de risco;
I: Ligeira • FEV1/FVC <0,7
• FEV1> 80% do previsto
II: Moderada • FEV1/FVC <0,7
• 50% <FEV1 <80% do previsto
III: Grave • FEV1/FVC <0,7
• 30% <FEV1 <50% do previsto
IV: Muito grave • FEV1/FVC <0,7
• FEV1 <30% do previsto ou FEV1 <50% associado à insuficiência
respiratória crónica ou sinais de insuficiência cardíaca direta.
Tabela 3: Classificação da DPOC segundo critérios espirométricos (Adaptado) 50-52
.
Fig. 4c
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
23
fim, a vacina da gripe deve ser anualmente administrada a todos os indivíduos com a doença,
independentemente da gravidade da mesma51
.
Nesta patologia é comum existir um plano de reabilitação pulmonar, principalmente naquelas
pessoas com elevada dificuldade respiratória. Este é um programa cuja principal finalidade consiste em
melhorar o bem-estar geral dos doentes, promovendo uma maior autonomia e qualidade de vida. De uma
forma geral, este inclui dicas para uma correta gestão da vida com a doença, a prática de exercícios, e um
acompanhamento nutricional e psicológico53
.
Relativamente ao tratamento farmacológico, este pode incluir: 51,53
Agonistas β2: têm efeito broncodilatador por ligação à proteína G. Podem ser de curta ou de longa
duração de ação. Os de curta duração são fundamentais no controlo dos sintomas e têm uma
duração de ação entre 4 a 6 horas (Exemplo: Salbutamol). São os fármacos de primeira linha em
caso de DPOC ligeira. Por outro lado, os agonistas de longa duração utilizam-se como terapia de
manutenção em caso de DPOC moderada e grave, e têm uma duração de ação de 12 horas
(Exemplo: Salmeterol e Formeterol)53,54
.
Anticolinérgicos: estes fármacos atuam por bloqueio da ação da acetilcolina nos recetores
colinérgicos, causando assim uma broncodilatação. A associação de agonistas β2 de longa duração
com anticolinérgicos melhora a função pulmonar e diminui a possibilidade de exacerbações.
(Exemplo: Brometo de Ipratrópio)50,54
.
Metilxantinas (teofilina): para além do efeito broncodilatador, as metilxantinas também
apresentam propriedades anti-inflamatórias. No entanto, e apesar destes efeitos benéficos, a sua
utilização requer uma vigilância muito apertada, já que está associada a uma farmacocinética
complexa e uma janela terapêutica muito estreita50,54
.
A resposta a este grupo de fármacos é mais notória na asma em comparação à DPOC. Atuam em
vários pontos da cascata inflamatória, resultando numa diminuição da inflamação. Regra geral, o uso de
corticosteróides inalados não é, por si só, um tratamento de primeira linha, no entanto, se a DPOC for
classificada como grave e os sintomas forem muito persistentes pode ser aconselhada a combinação de um
broncodilatador e de um glucocorticóide50,53,54
. É o caso da Fluticasona e Beclometasona.
A terapia combinada está associada a uma melhoria da qualidade de vida. Estudos mostram que a
associação de broncodilatadores de longa ação com corticosteróides inalados tem vantagens, já que
melhora a função pulmonar e, consequentemente, os sintomas50,53
.
Broncodilatadores: Promovem o relaxamento do músculo liso e facilitam a respiração.
Glucocorticóides: atuam em vários pontos da cascata inflamatória.
Terapia combinada: associação de broncodilatadores e glucocorticóides.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
24
Em casos de DPOC grave e baixos níveis de oxigénio no sangue, a oxigenoterapia pode ser uma
mais-valia. Este tipo de tratamento ajuda na diminuição dos sintomas e na proteção dos órgãos de possíveis
danos50,53
.
Na tabela 4 é apresentado o plano de tratamento consoante os diferentes estádios.
Em último recurso, e caso os sintomas não melhorem com a medicação, pode ser vantajoso recorrer
à cirurgia. Nestes casos pode ser mesmo necessário um transplante pulmonar 50,53
.
12.6 Viver com DPOC
A DPOC, por ser uma doença sem cura e com elevada morbilidade, está frequentemente associada a
ansiedade, medo e stress. Por esta razão, torna-se fundamental acompanhar e aconselhar as pessoas que
sofram desta patologia55
. Para além de deixar de fumar, de evitar os irritantes pulmonares e de procurar
ajuda médica regularmente, os indivíduos com DPOC devem ter sempre presente uma série de dicas que
são fulcrais na convivência com a doença.
Em primeiro lugar, a medicação deve ser respeitada e tomada consoante a indicação médica. Em
segundo lugar, o doente deve estar atento à gravidade e persistência dos sintomas, já que podem surgir as
chamadas exacerbações. De uma forma geral, uma exacerbação consiste num evento agudo caracterizado
pelo agravamento dos sintomas respiratórios do doente, pior que as variações normais do dia-a-dia. As
infeções respiratórias e a má adesão à terapêutica são alguns dos fatores desencadeantes destes episódios.
Por último, mas não menos importante, aconselha-se a procura de apoio psicológico55,56
.
12.7 A importância dos dispositivos de inalação
A utilização de broncodilatadores e corticosteróides por via inalatória corresponde à base do
tratamento da DPOC. O facto de a medicação ser diretamente administrada nos pulmões permite uma
menor dose de substância ativa, um início de ação mais rápido, assim como, menos efeitos secundários57
.
0: Em risco I: Ligeiro II: Moderado III: Grave IV: Muito Grave
Afastamento dos fatores de risco (Tabaco). Vacina da gripe.
Broncodilatadores de curta ação quando necessário.
Acrescentar um ou mais broncodilatadores de longa ação.
Reabilitação pulmonar.
Juntar corticosteróides inalados se
existirem exacerbações frequentes.
Oxigenoterapia.
Considerar
tratamento
cirúrgico.
Oxigenoterapia: administração suplementar de oxigénio.
Tabela 4: Plano de tratamento da DPOC estável, segundo a iniciativa GOLD (Adaptado) 54
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
25
Porém, e apesar destas vantagens, é crucial que os dispositivos inalatórios sejam corretamente utilizados,
caso contrário, o fármaco não atinge os pulmões e, consequentemente, não exerce a sua ação. Atualmente
existe uma grande variedade de dispositivos inalatórios, que estão sujeitos a diferentes formas de manuseio.
De momento, existem os inaladores pressurizados (ex: Ventilan®), associados ou não a câmara
expansora, os inaladores pressurizados ativados pela respiração (ex: Autohaler®), os nebulizadores,
os inaladores de pó seco (ex: Turbohaler®, Breezhaler®) e, mais recentemente, o Respimat® que
liberta uma nuvem suave de aerossol57,58
.
Os principais dispositivos dispensados no decorrer do meu estágio foram os inaladores
pressurizados, os de pó seco e o Respimat®. Os inaladores pressurizados têm a vantagem de serem mais
baratos, de serem pequenos e de terem uma tecnologia relativamente simples, no entanto, requerem uma
correta coordenação por parte do utente, o que por vezes se torna complicado. Em alguns casos pode ser
mesmo aconselhada a utilização de uma câmara expansora, já que minimiza as dificuldades de coordenação
e reduz a deposição na orofaringe. Os inaladores de pó seco têm a seu favor o facto de não exigirem uma
inspiração coordenada e de permitirem doses mais elevadas de fármaco que os pressurizados. Contudo, são
mais caros que os anteriores e, regra geral, são mais complexos de manusear. O Respimat® é o inalador
mais recente no mercado e o que apresenta melhores características, visto que tem maior deposição
pulmonar e menor deposição na orofaringe. Ainda assim, é caro e bastante complicado de utilizar.
12.8 O papel do farmacêutico
Os farmacêuticos têm um papel preponderante na área das doenças pulmonares e dos dispositivos
inalatórios. Antes de mais, estes devem aconselhar a população a manter os pulmões saudáveis desde cedo.
Todavia, mesmo após o surgimento da DPOC, o farmacêutico pode ajudar os utentes a terem qualidade de
vida e a serem independentes. Ao longo do meu estágio e, mais concretamente no desenvolvimento deste
projeto, constatei que somos muito solicitados por pessoas com este tipo de problemas de saúde, daí o gosto
que me deu desenvolver este trabalho.
No que diz respeito à utilização dos dispositivos, constatei que algumas regras básicas na utilização
dos inaladores, isto é, expirar antes de utilizar o dispositivo, suster a respiração após a inalação e ter uma
boa coordenação eram muitas vezes esquecidas. Estes erros fazem toda a diferença no sucesso do
tratamento, já que podem levar a uma baixa eficácia terapêutica.
Evitar o surgimento de efeitos adversos é um outro aspeto fundamental nesta área, sobretudo na
utilização dos corticosteróides inalados. Um dos exemplos mais comuns trata-se da candidíase da
orofaringe, que pode ser perfeitamente evitada com uma lavagem bocal após cada inalação.
Como futura farmacêutica, considero pertinente o estudo deste problema de saúde e das respetivas
abordagens terapêuticas, pois só assim é possível aconselhar e acompanhar os utentes.
12.9 A apresentação no lar de idosos
O principal suporte físico utilizado para captar a atenção dos utentes no lar de idosos em Moreira de
Cónegos foi uma apresentação em Power Point intitulada “A importância dos dispositivos inalatórios na
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
26
DPOC” (Anexo 1). Desde o início da elaboração da apresentação que procurei ter muito cuidado na seleção
do vocabulário. Tinha consciência que grande parte dos idosos não sabia ler e, por essa mesma razão, optei
por colocar bastantes imagens e pouco texto. Um outro fator importante, e talvez o maior desafio com a
qual me deparei no desenvolvimento deste projeto, foi a escolha da linguagem a utilizar no decorrer da
exposição. Tendo em conta o público-alvo, tentei evitar ao máximo a utilização de expressões científicas e
de conceitos complicados, nomeadamente fármacos, mecanismos de ação e até formas de diagnóstico.
Posto isto, decidi expor de forma simples e informal os pareceres mais importantes sobre a doença,
destacando aqueles que contribuem efetivamente para a diferença no dia-a-dia das pessoas com a patologia.
Desde o início da apresentação que notei entusiasmo por parte dos presentes. Nos primeiros
minutos, e apesar de interessados, detetava-se uma ligeira timidez na grande maioria dos idosos, no entanto,
à medida que fui avançando na apresentação, estes ficaram mais comunicativos e participativos.
A segunda parte da exposição centrou-se nos dispositivos inalatórios. Nesta fase, procurei explicar
de forma acessível cada família de inaladores, bem como, as técnicas de utilização mais adequadas. Para
este efeito, fiz-me acompanhar de exemplares dos vários dispositivos presentes no mercado tornando assim
a exposição mais didática. Como cinco dos idosos presentes na palestra utilizavam diariamente inaladores,
pedi que estes me auxiliassem na exemplificação das técnicas de uso. Apesar de alguns erros e ligeiros
esquecimentos, estes foram participando e abordando as principais regras a respeitar. Para minha surpresa,
reparei que nenhum dos idosos fazia lavagem bocal no final da inalação, e também poucos expiravam antes
de utilizar o inalador. Por outro lado, e tal como esperava, o dispositivo que despoletou mais dificuldade foi
o Respimat®, provavelmente devido à sua complexidade de utilização.
No final da palestra, senti que os idosos tiraram proveito das informações transmitidas, pois
estavam muito participativos e bem-dispostos. De igual forma, tanto as enfermeiras como os cuidadores
conversaram comigo e agradeceram muito a iniciativa. Admitiram não respeitar todas as regras das quais
abordei, mas garantiram que a partir daquele momento iriam ter isso em consideração.
Este projeto, para além de ter sido uma mais-valia para os idosos e enfermeiros, foi também muito
importante para mim, pois senti que fiz efetivamente a diferença naquele lar.
13. OSTEOPOROSE
13.1 Enquadramento
O segundo projeto a ser desenvolvido ao longo dos quatro meses de estágio na FSA foi sobre a
Osteoporose. As razões que me levaram a escolher esta temática centraram-se no facto de esta ser uma
doença cada vez mais frequente, comum a ambos os sexos, e com elevada morbilidade e custos associados.
Perante esta realidade, e porque a FSA é essencialmente frequentada por idosos, achei que este era um
assunto que ia ao encontro do público-alvo. Desta forma, desenvolvi no decorrer das últimas duas semanas
de abril uma campanha de sensibilização sobre a doença. Para esse efeito, distribuí panfletos aos utentes
(Anexo 3), proporcionei conselhos úteis e tirei algumas dúvidas que foram surgindo ao longo do tempo.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
27
13.2 Fundamento teórico
13.2.1 Definição e epidemiologia
A osteoporose é uma doença esquelética associada à idade e caracterizada pela perda de massa
óssea. Esta situação leva a um aumento da fragilidade do osso e, consequentemente, a um risco acrescido
de fratura59-61
.
Nos dias de hoje a osteoporose é considerada um problema de saúde pública, já que afeta um número
cada vez mais elevado de pessoas. Na realidade, estima-se que mais de 200 milhões de indivíduos sofram
com esta doença em todo o mundo e que cerca de 30% das mulheres pós menopausa, tanto nos Estados
Unidos da América como na Europa, tenham osteoporose 62
. Só a nível nacional, os números indicam que a
doença atinge aproximadamente 500 mil pessoas, estando associada a elevados custos diretos e indiretos63
.
Com o aumento da esperança média de vida, é de prever que estes valores aumentem nos próximos anos62
.
Por norma, depois dos 50 anos de idade quase uma em cada duas mulheres, e cerca de um em cada
cinco homens acaba por sofrer de uma fratura por fragilidade61
. Por cada cinco pessoas com uma fratura de
fragilidade na anca, uma acaba por morrer dentro de um ano. Porém, mesmo que o indivíduo consiga
sobreviver, é de realçar que a saúde e qualidade de vida do mesmo nunca mais serão iguais, já que muitos
acabam em casas de saúde e outros isolados ou com medo de voltarem a cair64
.
13.2.2 Variação da massa óssea com a idade
A massa óssea de um indivíduo sofre variações ao longo da vida, e difere consoante o género. Esta
aumenta durante as primeiras décadas de vida até atingir um valor máximo, que corresponde ao pico de
massa óssea. Regra geral, este pico é superior nos homens em comparação às mulheres. (Figura 8).
A adoção de estilos de vida saudáveis desde cedo é fundamental para obter ossos mais fortes e
resistentes, o que permite um bom pico de massa óssea e, naturalmente, uma menor probabilidade de vir a
ter osteoporose. Após um período de consolidação, observa-se uma perda na massa óssea em ambos os
géneros, já que é uma condição fisiológica normal associada à idade. Contudo é de realçar que nas
mulheres, devido à menopausa, a velocidade de perda óssea é mais acentuada65
.
Figura 8:Variação da massa óssea com a idade (Adaptado) 65
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
28
13.2.3 Fatores de risco
Todas as mulheres após a menopausa, assim como os homens com mais de 50 anos devem ser
interrogados quanto à existência de fatores de risco para a osteoporose. De facto, existem sinais clínicos
que permitem suspeitar de um risco acrescido de desenvolver a doença ou de sofrer fraturas vertebrais.
Estes sinais podem ser divididos em fatores de risco major ou minor, consoante um maior ou menor risco
de originar a patologia. A Tabela 5 apresenta de uma forma sucinta os fatores de risco para a osteoporose
segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia66
.
13.2.4 Classificação
A osteoporose pode ser classificada em dois tipos: osteoporose primária e secundária. A
osteoporose primária está relacionada com o envelhecimento e o aparecimento da menopausa, já a
secundária está associada à presença de doenças crónicas, à terapêutica com certos fármacos e a
determinados estilos de vida67
.
Relativamente à osteoporose primária, esta é subdividida em dois tipos: tipo I e tipo II. A tipo I diz
respeito à osteoporose pós-menopausa e resulta essencialmente de uma deficiência em estrogénios no
organismo das mulheres após esta condição. Por sua vez, a tipo II, também conhecida por osteoporose
senil, é consequência do envelhecimento em ambos os géneros67
.
No que concerne à osteoporose secundária, esta resulta de certos tratamentos ou condições médicas
que interferem com a obtenção de um bom pico de massa óssea. Assim, as principais causas da osteoporose
secundária são67,68
:
Medicamentos: glucocorticóides, antiepiléticos, heparina, diuréticos da ansa, inibidores da bomba
de protões, tiroxina.
Dieta e estilo de vida: imobilização prolongada, baixa atividade física, tabagismo, alcoolismo,
baixa ingestão de cálcio e vitamina D.
Patologias: diabetes, hiperparatiroidismo primário, hipertiroidismo, doenças renais e hepáticas,
doença de crohn, doença celíaca, artrite reumatóide, leucemia, anorexia nervosa.
Fatores de risco Major Fatores de risco Minor
Idade superior a 65 anos Artrite reumatóide
Fratura vertebral anterior Hipertiroidismo
Fratura de fragilidade após os 40 anos Utilização crónica de antiepiléticos
Fratura da anca num dos progenitores Baixo consumo de cálcio na dieta
Terapêutica com corticosteróides sistémicos por mais
de 3 meses
Tabagismo, consumo excessivo de cafeína e de
bebidas alcoólicas
Menopausa antes dos 40 anos Baixo IMC (menor que 19 kg/m2)
Hipogonadismo Uma perda de peso superior a 10%, relativamente ao
peso aos 25 anos
Hiperparatiroidismo primário Terapêutica prolongada com heparina
Risco de queda aumentado Imobilização prolongada
Tabela 5: Fatores de risco para a osteoporose (Adaptado)66
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
29
13.2.5 Estrutura e remodelação óssea
O osso funciona como uma estrutura dinâmica que está constantemente sujeito a um metabolismo e
remodelação óssea. De uma forma geral, este pode ser classificado em dois tipos: osso cortical (80%) e
osso trabecular (20%)67,69
. O primeiro tem uma função mecânica e protetora, já o segundo corresponde ao
principal local de remodelação óssea, e, consequentemente é o mais afetado pela doença69
.
O osso é composto por células, matriz mineral (cristais de hidroxiapatite) e matriz orgânica
(essencialmente colagénio tipo I, outras proteínas, glicosaminoglicanos e lípidos)67
. No que respeita à
composição celular, o tecido ósseo tem apenas duas linhas celulares: as células da linha osteoblástica
(responsáveis pela formação da matriz óssea) e as células da linha osteoclástica (associadas à reabsorção
óssea)70
. A tabela 6 apresenta as principais células ósseas e respetivas funções.
A remodelação óssea é o processo no qual o osso envelhecido é destruído e substituído por um novo.
Este fenómeno, para além de manter a resistência e a integridade óssea, permite ainda preservar a
homeostasia mineral69
. A remodelação óssea inicia-se antes do nascimento e constitui um processo
complexo controlado por citoquinas, prostaglandinas e diversos fatores, sobretudo, de crescimento,
mecânicos, genéticos e hormonais67,69,70
. De modo geral é constituída por 4 fases, que são apresentadas de
forma sucinta na tabela 7.
A remodelação óssea inicia-se sempre que os osteócitos detetem algum tipo de deformação óssea,
transmitindo, para isso, sinais que permitem recrutar precursores dos osteoclastos ao local. Enquanto estes
precursores expressam um recetor de superfície celular conhecido por RANK (Recetor Ativador do
Fator Nuclear Kappa B), os precursores dos osteoblastos expressam uma proteína transmembranar
designada por RANKL (Ligando do Recetor Ativador do Fator Nuclear Kappa B), e é a interação entre um
e outro que promove a maturação e a atividade osteoclástica. Os osteoblastos sintetizam ainda a
Tipo de células ósseas: Função:
Osteócitos Células maduras que mantêm a matriz óssea.
Captam estímulos mecânicos e alterações na matriz óssea.
Osteoclastos Células responsáveis pela remodelação do tecido ósseo.
Osteoblastos Células imaturas responsáveis pela formação e mineralização da matriz óssea.
Originam os osteócitos.
Funcionam como recetores e transmissores de sinais para a remodelação óssea.
Fases: Principais eventos:
Fase 1 Ativação da remodelação óssea num determinado local.
Fase 2 Reabsorção óssea e recrutamento de células mesenquimatosas e osteoprogenitoras.
Fase 3 Diferenciação dos osteoblastos.
Fase 4 Mineralização e conclusão da remodelação óssea.
Tabela 6: Principais células ósseas e respetivas funções67,70
.
Tabela 7: Fases da remodelação óssea e respetivos eventos67
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
30
osteoprotegerina (OPG), uma proteína com elevada afinidade para o RANKL e com capacidade de
bloquear as suas ações. Desta forma, através dos níveis de expressão da RANKL e da OPG, as células da
linha osteoblástica tem a capacidade de controlar o desenvolvimento e a atividade osteoclástica70
. É de
referir que para além da RANKL e da OPG, a ativação dos osteoclastos depende de outros compostos,
particularmente, da interleucina-1, interleucina-6, M-CSF (Fator Estimulador de colónias de Macrófagos),
Hormona da Paratiróide (PTH), calcitonina e calcitriol67,69
.
Após esta primeira fase de maturação dos osteoclastos, o processo de remodelação prossegue para a
fase 2, cujos principais eventos são a reabsorção e o recrutamento de células mesenquimatosas e
osteoprogenitoras. Durante este período, as células recrutadas diferenciam-se primeiramente em pré-
osteoblastos e posteriormente em osteoblastos. A fase 3 constitui a etapa de diferenciação dos osteoblastos
em osteócitos, que são essenciais para a manutenção da matriz óssea. Por último, a fase 4 envolve a
mineralização e o fim do ciclo de remodelação67
.
Para além da dieta, dos estímulos exteriores e dos fatores genéticos, o controlo do metabolismo
ósseo também é feito por mecanismos hormonais (Tabela 8).
Enquanto a PTH, a calcitonina e a vitamina D estão particularmente direcionadas à homeostasia
mineral, as hormonas sexuais (estrogénio e testosterona) e as da tiróide controlam, de uma forma mais
direta, a reabsorção e apoptose óssea71
.
13.2.6 Fisiopatologia
Na osteoporose existe uma elevada perda de massa óssea, o que torna os ossos fracos e mais
suscetíveis a fraturas Os três principais mecanismos subjacentes a esta desordem constituem: a
incapacidade de atingir um bom pico de massa óssea ao longo do crescimento; um excesso de reabsorção,
que a longo prazo origina ossos mais fracos e defeitos na arquitetura óssea; e, por fim, a falha nos
mecanismos de substituição óssea73
. A diminuição nos níveis de estrogénio aquando da menopausa
desempenha um papel crítico no desenvolvimento desta patologia, pois esta é uma hormona importante
tanto na inibição da reabsorção óssea como na síntese da matriz. Todavia, a falta de cálcio e vitamina D, e o
hiperparatiroidismo secundário também podem estar na origem desta doença73
.
No que toca à menopausa, é já sabido que durante este processo ocorre uma diminuição na função do
ovário, provocando assim um decréscimo na secreção de estrogénio. Este fenómeno origina um aumento na
Hormonas Efeitos a nível ósseo
PTH Principal regulador da homeostasia do cálcio.
Envolvida na reabsorção e formação óssea.
Calcitonina Inibe a atividade osteoclástica.
Vitamina D Importante na absorção intestinal do cálcio.
Hormonas sexuais Inibem a reabsorção óssea.
Parecem promover a síntese de matriz óssea.
Hormona da tiróide Importante na formação e reabsorção óssea.
Tabela 8: Hormonas envolvidas no metabolismo ósseo71,72
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
31
libertação de citoquinas envolvidas na ativação de osteoclastos, nomeadamente, a RANKL, interleucina-1β,
interleucina-6 e o TNF-α, conduzindo, desta forma, a um aumento na reabsorção óssea73,74
.
Os baixos níveis de cálcio e vitamina D, associados ao hiperparatiroidismo secundário podem
igualmente estar na origem da osteoporose. Com o decorrer dos anos, mais concretamente em idades
avançadas, existe um decréscimo na absorção intestinal de cálcio. De igual forma, a síntese de vitamina D
diminui, já que ocorre um envelhecimento natural da pele associado a uma diminuição da exposição à luz
solar. Para além disso, com a idade é normal ocorrer uma redução na atividade da enzima 1α-hidroxilase, a
qual é responsável pela síntese da vitamina D na sua forma ativa, ou seja, na 1α,25-diidroxicolecalciferol
[1α,25(OH)2D]. Tendo em conta que a vitamina D é fundamental para a absorção do cálcio, a sua
diminuição resulta numa menor absorção intestinal do elemento em causa. Por conseguinte, e visto que a
PTH é o principal regulador da homeostasia do cálcio, sucede um aumento desta hormona por forma a
contrabalançar os baixos valores deste mineral, resultando, assim, num acréscimo da reabsorção óssea73,74.
Ainda que estes sejam os principais mecanismos subjacentes à patologia, existem outros fatores que
devem igualmente ser tidos em conta. O aumento do stress oxidativo associado à idade, os fatores
genéticos que condicionam a arquitetura óssea, a imobilização prolongada e alguns fármacos também
contribuem para o desenvolvimento da doença67,73,74
.
13.3 Sinais e sintomas
Numa primeira fase a osteoporose não produz sinais ou sintomas e, por essa mesma razão, é
considerada uma doença silenciosa. Porém, com o agravamento da patologia e o passar dos anos é comum
surgirem algumas manifestações clínicas, como fraturas, diminuição da estatura, curvatura das costas, dor,
dificuldade nas atividades diárias e perda de autonomia. É de realçar que as fraturas ósseas são a principal
manifestação clínica da doença e ocorrem no decurso de um traumatismo mínimo ou na ausência do
mesmo. Os pontos mais frequentes de fratura são o colo do fémur, o pulso, a coluna vertebral e a bacia75,76
.
13.4 Diagnóstico
A determinação da Densidade Mineral Óssea (DMO) através da absorciometria radiológica de dupla
energia (DEXA) constitui a principal ferramenta no diagnóstico de osteoporose e na avaliação do risco de
fratura77
. A técnica em questão efetua-se ao nível da coluna lombar ou do colo do fémur e tem em conta os
valores da DMO e do índice T, o qual indica o número de desvios-padrão acima ou abaixo da média da
DMO do adulto jovem, saudável e do mesmo sexo77,78
.
De acordo com a norma da Direcção Geral de Saúde, os indivíduos recomendados a efetuarem a
DEXA são principalmente as mulheres com mais de 65 anos de idade e os homens com idade superior a 70
anos. Este exame pode ser eventualmente concretizado nos seguintes casos: mulheres pós menopáusicas
com idade inferior a 65 anos e homens com mais de 50 anos com 1 fator de risco major ou então 2 minor, e
ainda mulheres pré menopáusicas e homens com idade inferior a 50 anos apenas se apresentem causas
conhecidas de osteoporose secundária ou fatores de risco major78
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
32
Segundo a OMS, ter osteoporose significa apresentar uma DMO correspondente a um índice T <-2,5
(Tabela 9)66,77,78
. Esta classificação é válida para mulheres caucasianas pós-menopausa e para homens com
idade igual ou superior a 65 anos, ou então com idades compreendidas entre os 50 e os 65 anos, sempre que
apresentem outros fatores de risco para fraturas66
.
Em mulheres pré-menopausa que apresentem factores de risco major para fraturas deve ser utilizado
o índice Z, que faz uma expressão em desvios-padrão da DMO do indivíduo em estudo através da
comparação com a DMO de um grupo com a mesma idade e sexo. Neste caso, considere-se a presença de
osteoporose sempre que o índice Z <-266,77-79
.
Para além da DMO, existem outros fatores que contribuem para avaliar o risco de fratura. Tendo em
conta esta situação, a OMS criou uma ferramenta de avaliação de risco fraturário, denominada FRAX®80
.
Esta ferramenta consiste num algoritmo que determina a probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de uma
fratura por fragilidade nos próximos 10 anos77,79,80.
Além da DMO, a FRAX® tem ainda em conta fatores
de risco clínicos (genéticos e ambientais) importantes no desenvolvimento de uma fratura osteoporótica80
.
No que concerne aos marcadores de remodelação óssea, ainda não existe evidência científica
suficiente que justifique a utilização dos mesmos no diagnóstico da osteoporose. No entanto, estes
fornecem alguma informação relativa à reabsorção e formação óssea e, por essa mesma razão, podem ter
interesse na monitorização terapêutica66
. Os marcadores de formação óssea incluem as proteínas libertadas
pelos osteoblastos ativos (Osteocalcina, Fosfatase alcalina Óssea e Propeptídio N e C do procolagénio tipo
I) e os de reabsorção são essencialmente produtos de degradação do colagénio ósseo (Telopeptídio N e C
terminal do colagénio tipo I e Desoxipiridolina)74
. De acordo com a Fundação Internacional de
Osteoporose, os marcadores de reabsorção óssea são analisados antes do início da terapêutica,
posteriormente aos 3 meses, e depois de 6 em 6 meses. Por sua vez, os marcadores de formação óssea são
estudados antes do início da terapêutica, aos 6 meses e depois de 6 em 6 meses66
.
13.5 Tratamento
13.5.1 Tratamento farmacológico
Uma vez que as fraturas ósseas estão associadas as graves implicações na saúde de um indivíduo, a
prevenção e redução das mesmas representa o principal objetivo no tratamento da osteoporose. Atualmente
são vários os fármacos disponíveis no mercado que diminuem de forma significativa o risco de fraturas66
.
Considerando os mecanismos de ação, estes podem ser divididos em duas categorias (Tabela 10): fármacos
Critérios de diagnóstico Classificação
T ≥ -1 Normal
-2,5<T <-1 Osteopenia (Baixa Massa Óssea)
T ≤ -2,5 Osteoporose
T ≤ -2,5 + fratura de fragilidade Osteoporose grave
Tabela 9: Classificação de osteoporose segundo a OMS baseada no índice T (Adaptado) 66
.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
33
anti-reabsortivos (inibidores da reabsorção óssea) e fármacos anabólicos (estimuladores da formação
óssea)74,77,81
.
A THS, pela sua ação anti-reabsortiva e eficácia na redução de fraturas, está indicada na reposição
hormonal de mulheres em menopausa74
. Apesar dos efeitos benéficos, não deve ser vista como terapêutica
de primeira linha no tratamento da osteoporose pós-menopausa, já que o uso prolongado da mesma eleva o
risco de acidentes cardiovasculares e de cancro da mama66,74
. O tratamento com THS justifica-se no caso de
sintomas vasomotores ou na menopausa precoce, não devendo exceder um período máximo de 5 anos66
.
O grupo dos bifosfonatos tem uma elevada afinidade para o tecido ósseo e compreende fármacos
administrados por via oral (alendronato, risedronato e ibandronato) e via intravenosa (ácido
zolendrónico)77
. São considerados terapêutica de primeira linha, pois demonstram elevada eficácia na
redução de fratura vertebrais e não vertebrais, incluindo as da anca66
. Todavia, a má absorção intestinal e
potencial agressão da mucosa esofágica dos bifosfonatos orais implica uma série de cuidados aquando da
sua administração66,77
. A toma de pelo menos 30 a 60 minutos antes da primeira refeição e a manutenção de
uma posição ortostática durante esse período é fundamental para contornar estes efeitos66
.
O raloxifeno é o principal MSRE amplamente disponível na prevenção e tratamento da osteoporose
pós-menopáusica66,77
. Este tem a capacidade de se ligar aos recetores de estrogénio atuando como agonista
ou antagonista, dependendo do órgão alvo74
. No caso do tecido ósseo, o raloxifeno funciona como agonista,
reduzindo o risco de fraturas vertebrais entre 30 a 50%77
.
A calcitonina é um péptido libertado pelas células C da tiróide que, devido à sua capacidade de
inibir a atividade osteoclástica, se revela importante na diminuição da reabsorção óssea74
. A calcitonina de
salmão é mais potente que a humana e está disponível em formulações injectáveis e inalatórias77
. Esta
demonstra eficácia na redução de fraturas trabeculares, porém, por ser um fármaco menos eficaz do que os
restantes, tem a sua utilização limitada a casos de toxicidade ou contra-indicação a outros agentes
terapêuticos. Pode ser vantajosa em situações agudas pós-fatura, dado o seu efeito antiálgico66
.
A teriparatida contribui para o aumento da DMO, sendo eficaz na redução de fraturas vertebrais e
não-vertebrais77
. Está indicada no tratamento da osteoporose fraturária vertebral grave ou em caso de
intolerância/contra-indicação a outros fármacos. Recomenda-se um uso máximo de 18 meses66
.
Ao analisar a Tabela 10 é possível constatar que o agente terapêutico ranelato de estrôncio atua
pelos dois mecanismos de ação, ou seja, quer pela inibição da reabsorção óssea como pela estimulação à
sua formação74
. O fármaco, administrado por via oral, tem um efeito favorável na redução das fraturas
Fármacos anabólicos Fármacos anti-reabsortivos
Teriparatida Terapia Hormonal de Substituição (THS)
Ranelato de estrôncio Moduladores Seletivos dos Recetores de Estrogénio (MSRE)
Bifosfonatos
Calcitonina
Ranelato de Estrôncio
Tabela 10: Fármacos utilizados na osteoporose e respetivos mecanismos de ação. 74,77,81
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
34
vertebrais e não-vertebrais, incluindo as da anca66
. A absorção do ranelato de estrôncio é reduzida pela
ingestão de alimentos, pelo que a toma deste deve ser feita pelo menos duas horas após o jantar77
.
Para além dos fármacos apresentados, a suplementação com cálcio e vitamina D deve ser vista
como terapêutica de primeira linha na prevenção e tratamento da osteoporose em indivíduos com carências
nutricionais ou exposição solar limitada66
. As diretrizes atuais sugerem que a maioria dos adultos deve
ingerir entre 1000 a 1200 mg de cálcio por dia. Indivíduos com valores normais de vitamina D e com uma
dieta saudável, isto é, rica em produtos láteos e alimentos fortificados com cálcio, atingem naturalmente
estes limites, e por isso mesmo, podem não beneficiar da toma de suplementos com este mineral. Neste
caso particular, a suplementação elevaria drasticamente os níveis de cálcio no organismo, o que poderia
trazer consequências, nomeadamente ao nível da calcificação vascular. Assim, é importante que a
suplementação esteja reservada a casos de carência nutricional ou indicação médica, pois em excesso pode
aumentar o risco de acidentes cardiovasculares.82
13.5.2 Tratamento não farmacológico
O tratamento não farmacológico visa a obtenção de um bom pico de massa óssea e inclui alterações
precoces nos fatores de risco modificáveis, particularmente nos hábitos alimentares e atividade física. No
que respeita à dieta, os laticínios, os legumes, os ovos e o peixe são alguns dos alimentos a escolher por
forma a assegurar um bom aporte de cálcio e vitamina D. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e de
café promovem, respetivamente, as quedas e a excreção de cálcio na urina, e, por essa mesma razão, são
hábitos prejudiciais que devem ser evitados. De igual forma, as bebidas carbonatadas, para além de ricas
em cafeína, têm ainda altos teores de fosfato. Este, quando em excesso no organismo, diminui a absorção
do cálcio, comprometendo, consequentemente, a saúde óssea.
Em relação à atividade física, é essencial fomentar a prática precoce de exercícios apropriados e
ajustados a cada indivíduo, sendo a marcha, o equilíbrio, o fortalecimento muscular e o treino postural os
preferenciais. Não fumar e ter uma exposição solar diária controlada são medidas não farmacológicas que
visam a manutenção da massa óssea e que devem ser mantidas ao longo da vida.
Por fim, mas não menos importante, está a prevenção de fraturas por quedas. Nestes casos é
essencial um estudo completo e individual dos problemas de visão e de audição, dos fármacos
administrados, do estado de postura e equilibro e dos fatores ambientais que favoreçam as quedas. É
importante não esquecer que a queda numa pessoa idosa pode significar a perda da sua autonomia66,77
.
13.6 Papel do farmacêutico
O farmacêutico assume um papel de relevo no acompanhamento de indivíduos com osteoporose.
Alguns dos fármacos requerem cuidados especiais no momento da administração, e o farmacêutico, pelos
seus conhecimentos e experiencia, está mais que habilitado a aconselhar e relembrar os utentes destas
questões. Fazer um seguimento do tratamento farmacológico e avaliar a presença de possíveis efeitos
indesejáveis são funções igualmente importantes e que devem ser feitas pelo farmacêutico.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
35
A transmissão de hábitos saudáveis é outra área onde o farmacêutico assume um papel de destaque.
Aconselhar uma dieta rica em cálcio e vitamina D, incentivar a prática de exercício físico e prevenir quedas
são questões marcantes para o sucesso da terapêutica e a manutenção de ossos fortes. Estes conselhos
devem ser transmitidos e assegurados ao longo da vida, pois só assim é possível prevenir a doença.
13.7 Folheto informativo
O meio escolhido para a divulgação dos conhecimentos na área da osteoporose foi um folheto
informativo (Anexo 3), pois permite expor de uma forma simples, sucinta e apelativa todos os
esclarecimentos necessários sobre a patologia em questão. O principal objetivo em desenvolver este projeto
era abranger, não só as várias faixas etárias, como também as diferentes classes sociais. Assim, e tendo isto
em conta, procurei ter um cuidado especial na escolha do vocabulário utilizado, preferindo um estilo
informal, sem, no entanto, descurar a componente cientifica que funcionou como base deste projeto.
O folheto informativo continha um pequeno resumo sobre a doença e abordava de uma forma
acessível as manifestações clínicas, os fatores de risco e as medidas não farmacológicas. Em todo o país, e
inclusivamente na FSA, existem vários idosos que vivem sozinhos. Muitos destes não estão devidamente
informados relativamente à patologia e às consequências que uma queda pode ter em idades mais
avançadas. Desta forma, para além das questões teóricas da doença, resolvi dar um grande destaque à
prevenção de quedas, fornecendo, para isso, conselhos úteis nesta área. Sempre que entregava um panfleto
fazia questão de abordar oralmente muita da informação presente no folheto, para que conseguisse chegar a
toda a população, mesmo àqueles sem escolaridade.
Ao longo da campanha notei que este era um tema que cativava os utentes, principalmente os mais
idosos. Na grande maioria das vezes era eu que entregava os panfletos e alertava para a doença, mas em
alguns casos eram as próprias pessoas que pediam para levar. Algumas referiam que iam mostrar o panfleto
a pessoas conhecidas com a doença, pois achavam que estava atrativo e interessante. Na totalidade imprimi
setenta exemplares, sendo que durante as duas semanas estes ficaram praticamente esgotados. A adesão por
parte dos utentes foi bastante positiva, o que confirma o facto de ser um tema frequente e atual.
14. RASTREIO PERNAS SAUDÁVEIS
14.1 Enquadramento
O terceiro e último projeto a ser desenvolvido foi um rastreio gratuito às pernas. Com a aproximação
do verão nota-se um cuidado acrescido por parte dos utentes, especialmente das senhoras, em manter umas
pernas bonitas. A procura de drenantes, cremes refrescantes e anti-celulíticos torna-se mais comum nesta
época do ano e, tendo em conta este interesse por parte dos utentes, surgiu a ideia de promover um rastreio
nesta área. Para que a iniciativa fosse possível, a FSA entrou em contacto com um delegado dos
laboratórios Alter e questionou quanto à possibilidade destes colaborarem na realização de um rastreio. A
proposta foi aceite, e, de acordo com a disponibilidade de cada um dos lados, definiu-se que o evento
decorreria no dia 5 de maio de 2016. Os laboratórios Alter foram muito importantes para a concretização
deste projeto, pois, para além de fornecerem o aparelho de análise, permitiram-me um acompanhamento
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
36
pela Dra. Ana Neto, uma farmacêutica dos laboratórios Alter com vasta experiência na elaboração deste
tipo de rastreios. O evento em causa abordava três temáticas: celulite, retenção de líquidos e má circulação.
14.2 Fundamento Teórico
14.2.1 Celulite
A celulite, conhecida como “pele casca de laranja”, por não estar associada a morbilidade ou
mortalidade, não é considerada uma patologia pela maioria dos médicos. Apesar disto, é uma condição
frequente nas mulheres adultas e caracteriza-se por grandes preocupações estéticas83
. As teorias
explicativas da fisiologia da celulite incluem um dimorfismo sexual na arquitetura da pele, alterações no
tecido conjuntivo, alterações vasculares e fatores inflamatórios83
.
As mulheres têm uma maior quantidade de tecido adiposo em comparação aos homens. Esta é uma
característica anatómica feminina cuja principal função é maximizar a retenção de gordura e garantir uma
adequada disponibilidade calórica durante a gravidez e a lactação84
. Esta diferença entre géneros na
arquitetura da pele explica o motivo de a celulite ser maioritariamente visível em mulheres. A celulite está
também associada a uma mudança na vasculatura dérmica, em consequência de alterações capilares na
região afetada e da deposição de glicosaminoglicanos hiperpolimerizados, quer nas paredes dos capilares,
como entre o colagénio e as fibras elásticas (Figura 9). Esta situação provoca inúmeras alterações celulares,
incluindo a hipoxia tecidular. Processos inflamatórios e a rigidificação do tecido conjuntivo estão
igualmente associados à celulite84
.
O aparecimento da celulite depende de vários fatores, incluindo a predisposição genética, fatores
hormonais, uma alimentação desequilibrada, o aumento de peso e o sedentarismo84,86
. Esta aparece
essencialmente nas nádegas e coxas, sendo também comum na parte inferior do abdómen e nos braços86
.
O diagnóstico da celulite é dividido em 4 graus: grau 0 (sem alterações na superfície cutânea); grau
I (não se observam sinais visíveis de celulite, alterações podem ser vistas sob contração da musculatura
local); grau II (sinais visíveis de celulite, perda de elasticidade e diminuição da temperatura da pele); grau
III (alterações descritas no grau II associadas à formação de nódulos e à sensação de pernas pesadas)86,87
.
No que respeita ao tratamento, este pode ser dividido nas seguintes categorias: atenuação dos fatores
agravantes (promover uma alimentação saudável e exercício físico), métodos físicos e mecânicos (exemplo
da drenagem linfática, ultrassom e cirurgia), laser e agentes farmacológicos tópicos e orais83,84,87
.
Figura 9: Anatomia da celulite (Adaptado). 85
A pele é composta por 3 camadas: epiderme, derme (essencialmente constituída por elastina e tecido
conjuntivo) e tecido subcutâneo (constituído pelo tecido adiposo). A imagem da esquerda apresenta o
aspeto de uma pele saudável e a imagem da direita o aspeto de uma pele com celulite. Na imagem da
direita observa-se um notório aumento do tecido adiposo, uma diminuição da vasculatura dérmica e uma
incapacidade do tecido conjuntivo em reter a acumulação de adipócitos.
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37
Quanto mais avançado o grau de celulite, mais difícil e dispendioso é o tratamento, sendo por isso
fundamental fazer um diagnóstico precoce, de forma a prevenir que esta se instale. De facto, são poucos os
produtos tópicos disponíveis no mercado, nomeadamente em farmácias, que apresentam estudos bem
desenhados, com segurança e eficácia comprovadas. Os que apresentam melhores resultados, ainda que
discretos, são os retinóides e as metilxantinas83,87
.
As metilxantinas, nomeadamente a cafeína, aminofilina e teofilina, quando aplicados na área afetada
promovem a lipólise dos adipócitos através do aumento dos níveis de adenosina monofosfato cíclico. Esta
ação local reduz o tamanho dos adipócitos e impede a aglomeração dos mesmos83,84
.
No que diz respeito aos retinóides, supõem-se que os resultados observados na celulite sejam
essencialmente devidos à capacidade destes em aumentar os níveis de colagénio e elastina, aumentando
assim a aparência e elasticidade da pele83,84
.
Muitos dos agentes farmacológicos aplicados topicamente estão igualmente disponíveis em
suplementos orais e, tal como no caso anterior, existem poucos estudos científicos que comprovem os seus
efeitos benéficos na celulite84
. De uma forma geral, são fármacos que ajudam no controlo do peso,
contribuindo assim para a diminuição da celulite. A Centella asiatica, os polifenois, o ácido linoleico
conjugado e o ácido hidroxicítrico são alguns dos constituintes mais frequentes em suplementos
alimentares para controlo da celulite84
.
14.2.2 Retenção de líquidos e má circulação
A retenção de líquidos, a má circulação e a celulite são três condições que surgem muitas vezes
interligadas. A acumulação de glicosaminoglicanos, quer nas paredes dos capilares, como entre o colagénio
e as fibras elásticas, aumenta a pressão osmótica intersticial, promovendo a retenção de líquidos. Esta
situação origina, consequentemente, uma maior compressão dos vasos sanguíneos e, como tal, má
circulação84
. De igual forma, a acumulação de fluídos e a má circulação podem exacerbar a perda de
firmeza e flexibilidade da pela, agravando o aspeto da celulite88
. Assim, para um tratamento mais eficaz da
celulite é aconselhado a estimulação da circulação sanguínea e a eliminação da retenção de líquidos.
A má circulação caracteriza-se pela dificuldade da passagem do sangue pelas veias ou artérias,
originando sintomas como edema dos pés, dor nas pernas, mãos e pés frios, e até mesmo varizes. Esta é
uma situação comum, especialmente em indivíduos com excesso de peso ou em mulheres que tomem pílula
contracetiva, sendo que cruzar frequentemente as pernas e passar muito tempo em pé são alguns dos
principais fatores de risco89
.
A prática de exercício físico e as alterações na dieta são extremamente relevantes neste contexto.
Incluir fibras na alimentação, ingerir frutas e vegetais todos os dias, diminuir a quantidade de sal e beber
entre 5 a 6 copos de água diariamente são algumas das alterações na dieta que promovem uma melhoria da
circulação. Diminuir a ingestão de café e bebidas alcoólicas também é fundamental90
. A elevação das
pernas e o uso de meias de descanso são medidas que favorecem o retorno venoso e, por isso mesmo, são
importantes no combate à má circulação. Atualmente existe um número considerável de suplementos no
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38
mercado que ajudam a circulação. A Centella asiatica e o Ginkgo biloba são dos constituintes mais
frequente e com melhores resultados91
.
Relativamente ao tratamento da retenção de líquidos, ter uma dieta com baixo teor em sal e ingerir
aproximadamente 2 litros de água por dia constituem as principais atitudes a ter em consideração92
.
Existem também produtos no mercado com propriedades drenantes que, tal como o próprio nome indica,
ajudam a eliminar o excesso de líquidos no organismo. O dente de leão, a cavalinha, o aipo e a Centella
asiatica são dos principais constituintes que ajudam na eliminação dos líquidos retidos através da urina.93,94
14.3 Divulgação do rastreio
Assim que tive a confirmação para a realização do rastreio, a minha primeira preocupação foi pensar
na melhor forma de divulgação. Além de incentivar oralmente os utentes da farmácia a participarem no
evento, queria ter um suporte físico, de destaque e devidamente visível, tanto no interior como no exterior
da farmácia. Tendo isto em mente, desenvolvi um poster promocional (Anexo 4) com toda a informação
necessária sobre o rastreio e expus seis exemplaras, um na entrada da farmácia e os restantes cinco nos
balcões de atendimento. O poster em si era simples, com cores claras e letras grandes. Neste, evidenciei o
dia do rastreio, o facto de ser gratuito e de a marcação ser através de um dos profissionais da FSA.
14.4 Objetivos e população abrangida
A sociedade atual revela uma grande preocupação em ter um corpo bonito e saudável. O princípio da
beleza corporal atinge um número cada vez maior de indivíduos com diferentes faixas etárias, classes
sociais e até mesmo géneros95
. O Rastreio Pernas Saudáveis tem uma forte vertente dermocosmética e
procurou, de uma forma acessível e eficaz, ajudar os utentes a encontrarem soluções apropriadas aos seus
problemas. Os principais objetivos deste evento foram detetar alteração na saúde das pernas dos
participantes e aconselhar alternativas de tratamento e prevenção.
Em relação à população abrangida, o rastreio teve um total de 22 indivíduos inscritos. Como seria de
esperar a maioria das pessoas foram do sexo feminino, sendo que apenas um senhor participou no rastreio.
A procura foi muito abrangente no que respeita às idades. A pessoa mais nova a participar tinha 24 anos e a
que tinha mais idade apresentava 81 anos. Ainda que a população tivesse idades muito distintas, notou-se
uma clara prevalência de indivíduos acima dos 40 anos, sendo a idade média dos participantes 54 anos.
14.5 Avaliação das pernas e aparelho de análise
O rastreio dividiu-se em três partes. A primeira compreendia uma série de
perguntas, cuja principal finalidade era entender o estilo de vida dos utentes. A
segunda parte consistia na análise propriamente dita das pernas dos participantes.
Para isso, foi feita apalpação em vários locais, seguindo-se um estudo mais
pormenorizado através de um aparelho da marca Callegari (Figura 10). Este faz Figura 10:Aparelho
de análise da celulite.
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39
uma análise da celulite através do mapeamento térmico digital das áreas afetadas, permitindo assim uma
avaliação do grau de celulite em duas vertentes, isto é, através da avaliação visual e da análise térmica. O
aparelho em questão determina ainda o nível de retenção de água96
.
Por fim, tendo em conta os resultados obtidos na análise, optava-se pela prescrição mais adequada
(Anexo 5) e fornecia-se conselhos para o dia-a-dia.
14.6 Caso clínico
Uma jovem de 24 anos apareceu ao rastreio por curiosidade, apesar de notar alguma celulite e de por
vezes sentir as pernas cansadas ao fim do dia. Esta não tomava medicação, não fumava e não praticava
exercício. Tinha alguns cuidados com a alimentação, mas admitiu beber pouca água. Ocasionalmente fica
com a marca das meias no final do dia. Após apalpação da perna era notória a presença de má circulação, já
que a pele demorava a voltar à sua tonalidade inicial. Existia pouca celulite visível, sendo mais notória com
apalpação. O aparelho indicou celulite de grau I e alguma acumulação de líquidos.
Em primeiro lugar, foi feita uma pequena explicação sobre a celulite. Salientou-se o facto de não
existir um tratamento totalmente definitivo e eficaz, mas que apesar disto, existem medidas que ajudam no
seu controlo. Aconselhei a prática de exercício físico, no mínimo três vezes por semana, já que ajuda a
eliminar o excesso de gordura localizada, permitindo ainda uma estimulação da circulação sanguínea. As
alterações na dieta também devem ser cumpridas, incluindo a ingestão de 1,5 litros de água por dia e a
escolha de alimentos menos calóricos, como o peixe, a carne, os legumes e frutas.
No final apresentei suplementos alimentares que ajudam, quer na retenção de líquidos, quer na má
circulação. Como neste caso a retenção de líquidos era pouco acentuada, fiz ver que o exercício físico e a
alteração na alimentação seriam, muito provavelmente, suficientes para contornar esta situação. A jovem
em questão acabou por levar um creme anti-celulítico ELANCYL SLIM DESIGN® com cafeína. A
aplicação é feita de manhã, com ligeiras massagens circulares, juntamente com as alterações na dieta e a
prática de exercício. No final realcei o facto de os resultados não serem imediatos.
14.7 Considerações finais
O rastreio pernas saudáveis foi uma atividade enriquecedora quer para os utentes, quer para mim.
Pela grande variedade de participantes, constatei que independentemente da idade existe interesse em
manter umas pernas saudáveis e bonitas. No entanto, apesar de uma ligeira preocupação na alimentação, a
grande maioria das pessoas não tinha cuidados acrescidos com o corpo. Dos 22 participantes, nenhum
praticava atividade física de forma regular, sendo que a grande maioria alegava falta de tempo. Apesar
disto, as pessoas mostraram-se recetivas a novos conselhos, e muitas destas acabaram por levar produtos
existentes na farmácia. Os participantes compraram essencialmente drenantes, cremes anti-celulíticos e
cremes refrescantes. Constatei que quase todos apresentavam já algum grau visível de celulite, incluindo as
participantes mais novas, sendo que nestas se notava uma maior preocupação.
O rastreio revelou-se uma mais-valia pois permitiu-me aprofundar os conhecimentos na área da
estética, contribuiu para um aumentou de vendas na FSA e incentivou a população a manter estilos de vida
saudáveis.
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15. CONCLUSÃO
Os quatro meses de estágio na FSA foram muito importantes e contribuíram de forma inquestionável
para um maior crescimento pessoal e profissional.
Esta última etapa do ensino superior permite não só consolidar todos os saberes adquiridos ao longo
de cinco anos de estudo, mas também obter novos conhecimentos de caráter prático integrados num
verdadeiro ambiente profissional. No decorrer destes quatro meses pude comprovar que as farmácias não
são apenas um simples local de dispensa de medicamentos, mas sim verdeiros lugares de prestação de
serviços e de aconselhamento. Os utentes confiam no farmacêutico e veem este como um profissional de
saúde competente, conhecedor e habilitado, tanto para esclarecer dúvidas, como para prestar indicação
farmacêutica. Esta relação de confiança e proximidade deve ser sempre aproveitada pelo farmacêutico, já
que é uma forma de este promover uma melhoria do estado de saúde entre os vários utentes.
A FSA é como uma segunda casa para mim, já que para além da prática profissional, dos
conhecimentos adquiridos e das várias horas de trabalho, fui capaz de desenvolver relações de proximidade
e cumplicidade entre os vários utentes e colaboradores, o que foi uma mais-valia para a minha
aprendizagem e entrega como estagiária.
No meu entender alcancei os objetivos propostos para esta unidade curricular uma vez que
aperfeiçoei a minha capacidade de comunicação com o público, o meu sentido de responsabilidade e de
independência e obtive uma formação adequada no que respeita ao ato farmacêutico, incluindo as suas
vertentes práticas e deontológicas. Para além disso, constatei que ser um farmacêutico comunitário implica
uma atualização permanente de conhecimentos e uma grande capacidade de entrega e dedicação à
profissão.
Por último, saliento a importância que os projetos desenvolvidos pelos estudantes representam
nestes quatro meses de estágio. Além de permitir uma consolidação dos saberes obtidos ao longo do curso e
uma atualização de conceitos na área dos temas desenvolvidos, a realização dos projetos possibilita ainda
uma melhoria da nossa postura enquanto profissionais e um aperfeiçoamento da nossa capacidade de
comunicação. Por essa mesma razão considero os projetos uma peça fundamental e imprescindível no
estágio de qualquer estudante de ciências farmacêuticas.
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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
49
17. ANEXOS
17.1 Anexo 1 – Apresentação “O papel dos inaladores na DPOC”
O papel dos inaladores na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)
ANA CATARINA SOUSA
FARMÁCIA SANTO ANTÓNIO, URGEZES
LAR DE IDOSOS DO CENTRO PAROQUIAL DE MOREIRA
DE CÓNEGOS
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
Doença crónica eprogressiva caracterizadapor dificuldade em respirar.
Ocorre uma resposta
inflamatória pulmonar às
partículas tóxicas e aos gases.
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50
O que pode originar a DPOC?
Tabaco
Exposição ocupacional
Poluição atmosférica
Fatores genéticos
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
Morbilidade crónica
Perda de qualidade de
vida
MortalidadeAumento nos
próximos anos
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Qual a população de risco?
• Idade ≥ 40 anos e história de tabagismo;
• Atividade profissional com risco respiratório;
• Tosse ou expetoração crónicas ou dificuldade em respirar;
• Falta de alfa1-antitripsina.
Quais os sinais e sintomas da DPOC?
Tosse com expetoração.
Falta de ar, dor no peito e pieira.
Edema nos pés e tornozelos.
Perda de peso e de massa muscular.
Dificuldade nas atividades diárias.
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Objetivos de tratamento para a DPOC
Prevenção e tratamento de complicações;
Melhorar a tolerância ao exercício;
Melhorar o estado de saúde;
Aliviar os sintomas;
Prevenir a evolução da doença;
Viver com a DPOC
• Tomar a medicação;
• Praticar meditação;
• Não ignorar os sinais de alarme;
• Visitar o médico regularmente;
• Fazer exercício de forma moderada;
• Beber muita água;
• Evitar o contacto com pessoas comgripe;
• Evitar o contacto com irritantespulmonares;
• Vacina da gripe.
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53
Tratamento da DPOC
Alterações no estilo de vida
Medicação
Qual a importância dos inaladores na DPOC?
Administração direta nos pulmões
Menor doseMenos efeitos
secundários
Inicio de ação rápido
Devem ser utilizados
corretamente.
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54
Dispositivos inalatórios
Inaladores pressurizados
Dispositivos inalatórios Inaladores pressurizados com câmara expansora
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55
Dispositivos inalatórios
Biresp®
Inaladores de pó seco
Dispositivos inalatórios
Turbohaler®
Inaladores de pó seco
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56
Dispositivos inalatórios
Breezhaler®
Inaladores de pó seco
Dispositivos inalatórios
Inaladores de pó seco
Handihaler®
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57
Dispositivos inalatórios
Novolizer®
Inaladores de pó seco
Dispositivos inalatórios
Inaladores de pó seco
Diskus®
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Dispositivos inalatórios
Inaladores de pó seco
Ellipta®
Dispositivos inalatóriosRespimat®
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59
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
60
17.2 Anexo 2 – Fotografias registadas aquando da apresentação “O papel dos inaladores na
DPOC”
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61
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64
17.3 Anexo 3 – Folheto informativo “Osteoporose”
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66
17.4 Anexo 4 – Poster promocional do Rastreio Pernas Saudáveis
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
67
17.5 Anexo 5 – Folha utilizada no rastreio com a prescrição recomendada
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2015/2016
68
i
Hospital Santo António E.P.E.
Centro Hospitalar do Porto
Ana Catarina Machado Campelos de Sousa
ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Hospital de Santo António E.P.E (Centro Hospitalar do Porto)
Maio de 2016 a Julho de 2016
Ana Catarina Machado Campelos de Sousa
Orientador: Dra. Teresa Almeida
____ ______________________________
Agosto de 2016
iii
Declaração de Integridade
Eu, Ana Catarina Machado Campelos de Sousa, abaixo assinado, nº 201106180, aluna do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do
Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por
omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro
que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram
referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte
bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______
Assinatura: ______________________________________
iv
Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer a todos aqueles que direta ou indiretamente prestaram o seu apoio e
incentivo nesta nova etapa.
À Diretora de Serviço, Dra Patrocínia Rocha, pela oportunidade enriquecedora de estagiar
nesta conceituada instituição de saúde.
À Dra Teresa Almeida, orientadora de estágio, pelo apoio e orientação prestados, bem como
pela sua simpatia e dedicação com todos os estagiários. Agradecemos profundamente todos os
conselhos e conhecimentos transmitidos.
A todos os farmacêuticos e TDTs do sector, pelo acolhimento e por todos os conhecimentos
transmitidos, por toda a boa disposição e compreensão.
À comissão de estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto pela oportunidade
de conhecer novas realidades e pela experiência de início de vida profissional.
A todos os colegas pelo apoio e partilha de experiências.
v
Resumo
Segundo o plano curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade
de Farmácia da Universidade Do Porto, todos os alunos deverão realizar estágios profissionalizantes
de forma a estabelecer um primeiro contacto com a realidade profissional. Neste sentido, foi-nos
possibilitada a oportunidade de realizar um estágio curricular com duração de 2 meses nos Serviços
Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto sob orientação da Dra. Teresa Almeida.
Durante este estágio foi possível contactar com as atividades e funções desempenhadas pelos
farmacêuticos hospitalares e reconhecer a sua importância no circuito do medicamento. Os Serviços
Farmacêuticos são um elo importante na estrutura do Centro Hospitalar do Porto (CHP) e visam a
manutenção e bom funcionamento da estrutura hospitalar. A farmácia hospitalar apresenta um
importante papel no binómio utente-terapêutica, permitindo uma adequada e eficaz adesão à
terapêutica, bem como o uso racional do medicamento. Os benefícios dos Serviços Farmacêuticos não
se restringem apenas aos utentes, mas também a todos os profissionais de saúde do CHP que, desta
forma, são devidamente informados e esclarecidos por este serviço. A existência de múltiplos sectores
nos Serviços Farmacêuticos permitiu explorar várias áreas de intervenção do farmacêutico hospitalar.
O presente documento descreve todas as atividades diariamente executadas nos vários setores
dos serviços farmacêuticos, com particular destaque aquelas às quais pudemos assistir e colaborar.
Assim sendo, o relatório de estágio, numa fase inicial, apresenta uma introdução aos serviços
farmacêuticos, onde são abordadas questões de organização, de informática e de gestão de risco e
qualidade, seguindo-se uma descrição do funcionamento do armazém de produtos farmacêuticos,
incluindo todos os fatores que garantem a segurança e qualidade dos mesmos. Posteriormente aborda-
se a produção de medicamentos estéreis, não-estéreis e citotóxicos, e, por último, é feita uma
explicação dos processos de distribuição de medicamentos no hospital, bem como, dos ensaios
clínicos.
Tendo em conta a importância que os cuidados farmacêuticos têm em ambiente hospitalar,
quer na intervenção ativa junto dos doentes, quer na monitorização e acompanhamento terapêutico,
desenvolvemos folhetos informativos para fármacos dispensados em regime de ambulatório e
aplicamos os conhecimentos dos cuidados farmacêuticos ao analisar o caso de estudo de um doente
em particular.
Durante o estágio, para além de colocarmos em prática diversos saberes teóricos já adquiridos,
obtivemos novos conhecimentos de natureza prática, os quais foram fundamentais para garantir uma
adequada preparação técnica e deontológica de cada uma de nós.
vi
Índice
1. Os Serviços Farmacêuticos ................................................................................................... 1
1.1. Organização dos Serviços Farmacêuticos ......................................................................... 1
1.1.1. Gestão de qualidade ....................................................................................................... 2
1.1.2. Gestão de risco .............................................................................................................. 2
1.1.3. Sistema Informático ...................................................................................................... 3
1.2. Armazém dos produtos farmacêuticos .............................................................................. 3
1.3. Produção de medicamentos ............................................................................................... 4
1.3.1. Produção de não estéreis ............................................................................................... 5
1.3.1.1. Fracionamento e reembalamento ........................................................................... 5
1.3.2. Produção de estéreis ...................................................................................................... 6
1.3.3. Produção de citotóxicos ................................................................................................. 7
1.4. Distribuição de medicamentos .......................................................................................... 9
1.4.1. Distribuição Clássica ................................................................................................... 10
1.4.2. Distribuição individual diária e em dose unitária ........................................................ 10
1.4.2.1. Validação e aviamento de prescrições ................................................................. 11
1.4.2.2. Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial ....................................................... 12
a) Medicamentos Hemoderivados ....................................................................................... 12
b) Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ............................................................... 13
c) Material de penso ............................................................................................................ 13
d) Antídotos ......................................................................................................................... 13
e) Anti-infeciosos e nutrição artificial ................................................................................. 13
1.4.3. Farmácia de ambulatório ............................................................................................. 14
1.4.3.1. Dispensa de medicamentos.................................................................................. 14
1.4.3.2. Dispensa de hemoderivados ................................................................................ 16
1.4.3.3. Receitas externas ao hospital ............................................................................... 16
1.4.3.4. Devolução de medicação ..................................................................................... 17
1.5. Ensaios Clínicos .............................................................................................................. 17
1.5.1. Circuito do medicamento ........................................................................................ 18
2. Papel do farmacêutico ..................................................................................................... 18
2.1. Conclusão ........................................................................................................................ 19
Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 20
ANEXOS ..................................................................................................................................... 24
vii
Índice de Anexos
Anexo I Constituição do CHP
Anexo II Esquema da Divisão dos Serviços Farmacêuticos
Anexo III Kanban
Anexo IV Etiqueta de Validade Curta
Anexo V Etiqueta de Solução Concentrada
Anexo VI Armazém de Produtos Farmacêuticos
Anexo VII FHNM
Anexo VIII Requisição de Hemoderivados
Anexo IX Requisição de Anti-infeciosos
Anexo X Rótulos de Preparações de Não Estéreis
Anexo XI Transfer da Câmara de Preparação de Estéreis
Anexo XII Rótulos de Produtos Estéreis
Anexo XIII Zona Cinza
Anexo XIV Zona Branca
Anexo XV Impresso Verde CTX
Anexo XVI Impresso Rosa CTX
Anexo XVII Tabuleiro CTX
Anexo XVIII Cadeirões
Anexo XIX Camas
Anexo XX Kanban CTX
Anexo XXI Símbolo Biohazard
Anexo XXII Kit de derramamento de CTX
Anexo XXIII Bombas perfusoras
Anexo XXIV Soluções diluídas
Anexo XXV Cálculos dos CTX
Anexo XXVI Circuitos de distribuição - tabelas
Anexo XXVII Equipamento Pyxis®
Anexo XXVIII Torre da DIDDU
Anexo XXIX Células da DIDDU
Anexo XXX Supermercado da DIDDU
Anexo XXXI Requisição de Material de Penso
Anexo XXXII Requisição de Estupefacientes
Anexo XXXIII Caso prático
Anexo XXXIV Pharmapick®
Anexo XXXV CAUL
viii
Anexo XXXVI Sala de Espera
Anexo XXXVII Zona de Atendimento de balcões
Anexo XXXVIII Sala de Atendimento Privado
Anexo XXXIX Zona de Armazenamento de fármacos
Anexo XL Gavetas de arrumação de fármacos
Anexo XLI Armário hepatite C
Anexo XLII Armário Nutrição Parentérica
Anexo XLIII Lista de localização dos medicamentos da UFA
Anexo XLIV Prescrição em papel
Anexo XLV Folhetos Informativos
Anexo XLVI Contentor de Incineração
Anexo XLVII Unidade de Ensaios Clínicos
Anexo XLVIII Formações
ix
Lista de Abreviaturas
APF Armazém de Produtos Farmacêuticos
CdM Circuito do Medicamento
CE Comissão de Ética
CFLv Câmara de Fluxo Laminar vertical
CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica
CHP Centro Hospitalar do Porto
CMIN Centro Materno-Infantil do Norte
CTX Citotóxicos
DCI Denominação Comum Internacional
DIDDU Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
DL Decreto-Lei
EC Ensaios Clínicos
FF Formas Farmacêuticas
FHNM Formulário Hospitalar Nacional de Medicamento
GHAF Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia
HJU Hospital Joaquim Urbano
HLS Hospital Logistics System
HSA Hospital de Santo António
IF Intervenções Farmacêuticas
ME Medicamento Experimental
OP Ordem de Preparação
PQ Protocolo de Quimioterapia
PV Prazos de validade
PRM Problemas Relacionados com Medicamentos
RNM Resultado Negativo associado à Medicação
SF Serviços Farmacêuticos
TDT Técnico de Diagnóstico e Terapêutica
UEC Unidade de Ensaios Clínicos
UFA Unidade de Farmácia de Ambulatório
UFO Unidade de Farmácia Oncológica
CAUL Certificado de Autorização e Utilização de Lotes
INCM Imprensa Nacional da Casa da Moeda
x
Capítulo 1 – O Centro
Hospitalar do Porto
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
1
1. Os Serviços Farmacêuticos
Em 28 de Setembro de 2007, pelo Decreto-Lei (DL) nº 326/2007, foi criado o Centro Hospitalar do
Porto (CHP) [1]. Esta instituição resulta da fusão do Hospital Geral de Santo António (HSA), E.P.E., com o
Hospital Maria Pia, a Maternidade Júlio Dinis e ainda, posteriormente, com a fusão do Hospital Joaquim
Urbano (HJU) (Anexo I).
Após esta reformulação, os Serviços Farmacêuticos (SF), inseridos nas instalações do HSA
passaram a ter um espaço renovado e praticamente centralizado num único local, mas mantendo em
funcionamento as já existentes unidades de farmácias satélites. A participação e a integração dos
farmacêuticos nas diversas comissões e grupos de trabalho é um objetivo primordial dos SF, de forma a
assegurar uma prática contínua do uso racional do medicamento e de promover a intervenção farmacêutica
junto da atividade clínica.
Os SF são compostos por farmacêuticos, denominados Técnicos Superiores de Saúde (TSS),
técnicos de farmácia, denominados Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT), assistentes operacionais
e assistentes técnicos. Atualmente, a direção dos SF é assumida pela Dra. Patrocínia Rocha tendo sido
delegada a responsabilidade de cada sector a um farmacêutico da mesma instituição.
Segue-se em anexo a organização geral dos SF e seus sectores: Armazém de Produtos
Farmacêuticos (APF), Distribuição, Unidade de Farmácia Oncológica (UFO), Farmacotecnia, Investigação
e Desenvolvimento, Gestão de Qualidade, Gestão de Risco e Gestão do Circuito do Medicamento (CdM)
(Anexo II).
Para além das atividades desenvolvidas na área do CdM e da investigação científica, os
farmacêuticos hospitalares do HSA detêm ainda um papel de extrema importância em múltiplas comissões
técnicas e científicas, tais como, a Comissão de Ética (CE) e a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT),
promovendo, consequentemente, o uso racional do medicamento e uma importante intervenção nos
cuidados farmacêuticos. A primeira comissão visa abranger e regular os problemas éticos aliados às
diversas atividades desenvolvidas no HSA, como sejam as de investigação, as de ensino e as
assistenciais[2]. Por sua vez, a CFT funciona como um órgão de consulta e ligação entre os diversos
serviços de ação médica e os SF, promovendo, essencialmente, a elaboração e implementação de
formulários e adendas, a monitorização das terapêuticas prescritas e o controlo dos seus custos e, ainda, a
elaboração de listas contendo os medicamentos urgentes a existirem nos serviços de ação médica [3].
1.1. Organização dos Serviços Farmacêuticos
Os SF localizam-se maioritariamente no piso 0 do edifício Neoclássico, excluindo o Armazém de
Injetáveis de Grande Volume e a UFO, que se situam, respetivamente, nos pisos 0 e 1 do Edifício Dr. Luís
de Carvalho. Os SF são constituídos por diferentes setores que respeitam as exigências legais de produção,
armazenamento, distribuição, verificação e vigilância, seja a nível da conservação ou do consumo[4]. De
uma forma geral, o Armazém de Produtos Farmacêuticos (APF), a Unidade de Produção, a UFO, a
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
2
Distribuição clássica e unitária, a Sala de Reembalamento, a Unidade de Farmácia de Ambulatório (UFA) e
os Ensaios Clínicos (EC) representam os principais setores de trabalho dos SF.
1.1.1. Gestão de qualidade
O Hospital Logistics System (HLS) é um sistema de gestão de qualidade que visa a aplicação do
modelo Kaizen, cujos principais objetivos assentam na garantia de uma constante melhoria dos métodos
implementados, numa otimização dos recursos existentes e numa maior satisfação das necessidades e
expectativas dos doentes[5]. Para esse efeito, os SF são periodicamente sujeitos a auditorias, quer internas
quer externas, havendo ainda manuais de procedimentos atualizados disponíveis para todas as funções
desenvolvidas nos SF, os quais comportam as Instruções de Trabalho[6]. Estes manuais contêm todas as
bases práticas e teóricas para um bom funcionamento dos SF, garantindo, desta forma, a qualidade do
medicamento e a inquestionável competência na prestação de serviços. A análise das tarefas realizadas em
cada sector dos SF, o estudo das responsabilidades inerentes aos diferentes colaboradores, a avaliação das
condições de trabalho e de armazenamento dos produtos farmacêuticos, incluindo os produtos de frio (2-
8ºC), bem como de toda documentação, representam algumas das principais questões a serem investigadas
nas várias auditoras a que os SF são frequentemente sujeitos.
Tendo como base o modelo Kaizen, implementou-se a utilização de cartões kanban (Anexo III),
que possibilitam uma eficaz gestão de stocks, evitando a acumulação de medicamentos, assim como a
rutura dos mesmos. Este sistema inclui todas as informações necessárias para a despoletar o pedido de
encomenda, nomeadamente o nome do produto por Designação Comum Internacional (DCI), o ponto de
encomenda, a quantidade a pedir e o código interno associado.
1.1.2. Gestão de risco
A segurança e a minimização de riscos são questões importantes na gestão do risco hospitalar. A
complexidade das atividades desempenhadas pelos TSS e TDT acarreta grande responsabilidade e atenção
pelos mesmos. A minimização dos riscos é um dos objetivos principais dos SF e que em muito se cruza
com a gestão da qualidade. Nos SF do CHP, existem várias medidas alusivas a esta problemática, como
sejam sinaléticas de validade curta e soluções concentradas (Anexos IV e V). Também na validação da
prescrição e dispensa de medicamentos na Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) é
feita uma gestão do risco, avaliando individualmente cada prescrição informática tendo em conta o sexo,
idade, área corporal, peso, patologia e parâmetros bioquímicos (tal como a clearance da creatinina). A
análise pormenorizada das prescrições permite uma maior aplicação de intervenções farmacêuticas (IF) que
se caracterizam pela alteração de algum elemento terapêutico, com o objetivo de prevenir ou detetar
alterações dos efeitos terapêuticos, resolver um Problema Relacionado com Medicamentos (PRM) ou
Resultado Negativo associado à Medicação (RNM) ou otimizar a qualidade de vida do doente. Estas
intervenções terapêuticas são particularmente benéficas em situações clínicas recorrentes, em patologias
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
3
concomitantes, alergias, casos de insuficiência renal, hepática ou cardíaca, entre outras situações. De igual
forma, as IF são uma mais-valia em perfis farmacoterapêuticos complexos, utentes polimedicados,
fármacos com estreitas margens terapêuticas e com necessidade de individualização da posologia e, outras
situações que se considere pertinente. A gestão de risco deverá englobar ainda o esclarecimento e
informação dos profissionais de saúde.
No sector de Farmacotecnia, particularmente na UFO, deverá ser implementada a gestão de risco
em todos os processos e instruções de trabalho inerentes, de forma a salvaguardar a segurança dos TSS e
TDT, bem como de todos os doentes. A utilização de equipamento adequado, a metodologia de trabalho
adotada na preparação dos medicamentos, a existência de dupla verificação e a manutenção das condições
de trabalho são exemplos da aplicação da gestão de risco nesta unidade. Na UFA, a utilização de uma
sinalética de cores de semáforo auxilia na correta dispensa da dosagem, sendo que a cor vermelha
corresponde a uma dosagem superior, a cor amarela a uma dosagem intermédia e cor verde à dosagem mais
baixa.
Assim, se salienta a importância da gestão de risco no âmbito hospitalar.
1.1.3. Sistema Informático
Por forma a otimizar a comunicação entre os diversos setores, a minimizar os erros de dispensa e a
melhorar a rapidez e eficácia dos trabalhos desenvolvidos, o HSA utiliza uma plataforma informática
designada Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia (GHAF).No âmbito dos SF, o sistema informático
em causa possibilita uma melhor gestão de stocks, a obtenção de produtos farmacêuticos e a distribuição
destes pelos diferentes setores dos SF e dos serviços hospitalares, ressalvando o facto de permitir aceder ao
histórico dos doentes, assegurando uma segurança extra aquando da validação das prescrições médicas.
1.2. Armazém dos produtos farmacêuticos
O bom armazenamento é essencial em ambiente hospitalar, uma vez que constitui um dos períodos
mais longos do circuito do medicamento para a maioria dos produtos. Com vista a garantir a qualidade, a
segurança e a eficácia dos fármacos é importante cumprir os requisitos de luz, humidade e temperatura, que
são registados automaticamente no sistema de controlo. Destacam-se os medicamentos termolábeis,
fotossensíveis, produtos inflamáveis, gases medicinais, citotóxicos, estupefacientes e psicotrópicos que têm
condições especiais de conservação e armazenamento[7]. De um modo geral, o APF consiste em 8 zonas:
receção, antisséticos e desinfetantes, psicotrópicos e estupefacientes, grandes volumes, material de penso,
material de raio-X, oftálmicos e antídotos e arrumação alfabética dos restantes medicamentos (Anexo VI).
A receção dos produtos organiza-se numa zona específica, com ligação ao exterior das instalações.
Aqui são verificados um a um, quantitativa e qualitativamente, de acordo com a nota de encomenda e a
fatura que os acompanha à chegada[7]. Todos os prazos de validade (PV) são verificados e registados; se, à
chegada, o PV for inferior a 6 meses, a encomenda fica sujeita a aceitação condicional[7]. Mensalmente,
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
4
estes PV são revistos, para se retirar, ou não, os produtos cujo prazo termine nos 3 meses seguintes das
existências[8]. Quando o produto tem, à partida, um PV curto, é acondicionado com uma etiqueta com essa
informação (Anexo IV).
Os produtos não conformes, são colocados de quarentena; produtos conformes são reencaminhados
para os respetivos locais de armazenamento, de acordo com a forma de distribuição[7].
A gestão de stocks exige que se façam diariamente pedidos de encomenda, normalmente,
diretamente aos laboratórios. É, assim, criada a Lista Comum, com os pedidos de acordo com as
necessidades do APF, sendo posteriormente autorizada pelo Serviço de Aprovisionamento. Tal como
indicado anteriormente, é através dos kanbans que são despoletados os pedidos de encomenda. Para além
das informações úteis à realização de encomenda, de acordo com o seu formato, este poderá ter outras
informações, como a zona a que se destina ou a zona onde se armazena, como consta na figura do Anexo
III [8]. Embora criados tendo em conta as quantidades de produtos necessárias à sua rotatividade e ao
tempo que este demora a ficar disponível, os kanbans são frequentemente atualizados por diversas razões.
De todas as vezes que é utilizado um determinado kanban para fazer o pedido de encomenda, é inscrita a
data no verso, para uma melhor gestão.
Por vezes, é necessário pedir empréstimo a outros hospitais, públicos ou privados, tanto de
produtos esgotados, como de produtos que não sejam habitualmente usados no CHP. A situação inversa
também poderá ocorrer, sendo o CHP a emprestar produtos. Segundo as normas, são impressas duas vias
do pedido de empréstimo; uma permanece no CHP devidamente arquivada, aguardando a chegada do
produto e a outra é enviada para a entidade de destino. É também impressa uma Guia de Transporte, que
deve acompanhar o serviço de transportes. Quando se trata de um medicamento não introduzido no mestre
de artigos ou não usados no CHP, é requisitada uma justificação para a urgência e para o motivo de não
substituição por similar que conste no Formulário Hospitalar Nacional de Medicamento (FHNM) ou na
Adenda do CHP (Anexo VII)[9].
De referir que uma das tarefas realizadas no APF é a preparação dos hemoderivados para o circuito
interno do hospital, que exigem documentação especializada, posteriormente arquivada por 50 anos e a
preparação dos anti-infeciosos (Anexo VIII e Anexo IX).
1.3. Produção de medicamentos
A manipulação de medicamentos em ambiente hospitalar exige que o farmacêutico se
responsabilize direta e indiretamente pela qualidade, eficácia e segurança de todos os produtos finais. Para
que as boas práticas de fabrico sejam respeitadas deverão cumprir-se os requisitos presentes na Portaria n.º
594/2004, de 2 de Junho, referente a medicamentos manipulados em farmácia comunitária e hospitalar, que
definem as regras para instalações e equipamentos, documentação, pessoal, matérias-primas e materiais de
embalagem, manipulação, controlo de qualidade e rotulagem [10]; por sua vez, os requisitos para a
prescrição e preparação são definidos pelo DL n.º 95/2004, de 22 de Abril [11].
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5
No CHP, a este setor compete a produção de estéreis, que foca maioritariamente a nutrição
parentérica; a produção de não estéreis, que visa a individualização de terapêutica pediátrica e geriátrica,
adaptação das formas farmacêuticas à condição dos doentes e fabrico de formulações não disponíveis no
mercado; e a produção de citotóxicos, cuja unidade de preparação é fisicamente separada dos outros setores
dos SF por uma questão de comodidade e proximidade da zona de administração.
1.3.1. Produção de não estéreis
Diariamente, são preparadas diversas formulações, de acordo com as necessidades do hospital,
sejam pedidos da UFA, sejam pedidos internos, de acordo com os kanbans. Todas as Formas
Farmacêuticas (FF) têm a si associadas as respetivas instruções de trabalho gerais, devidamente arquivadas;
não obstante, antes do início da preparação de cada não estéril, é emitida, pelo farmacêutico responsável,
uma Ordem de Preparação (OP), com a informação específica e os rótulos a constar no produto final
(Anexo X). Ambos contêm a composição qualitativa e quantitativa, assim como o número de lote[12, 13].
Mais ainda, a OP contém a identificação do operador e do supervisor, a quantidade por unidade e o número
de unidades a preparar, as matérias-primas utilizadas (com lote, origem e prazo de validade), a técnica de
preparação, os ensaios de verificação da qualidade do produto final e a validação pelo supervisor[12]. Os
ensaios de verificação são específicos para cada preparação, contudo, genericamente pretende-se que FF
sólidas apresentem uniformidade de massa, FF semissólidas cumpram o pH definido e soluções cumpram o
pH e transparência[14]. Por sua vez, o rótulo inclui enumeradas as substâncias de notificação obrigatória, o
prazo de validade, as condições de conservação, as instruções especiais para utilização do medicamento, a
via de administração, a identificação do local de preparação e da diretora técnica[13]. O acondicionamento
de cada forma farmacêutica encontra-se definido, quer para embalagens primárias (bisnagas, boiões,
frascos, papel vegetal), quer para embalagens secundárias (plástico transparente)[15].
1.3.1.1. Fracionamento e reembalamento
Frequentemente é necessário proceder a determinadas operações para se facilitar a administração
ou adaptação de dosagens não comercializadas, sem prejuízo da formulação original quanto às
propriedades físico químicas e biofarmacêuticas. Assim, por exemplo, os, comprimidos podem ser
submetidos a fracionamento por uma máquina de corte, os pós podem ser divididos numa balança e os
líquidos em instrumento de medição adequado[16]. O objetivo final será integrar as frações no circuito do
medicamento normal do CHP, devidamente identificados e acondicionados, rentabilizando as matérias-
primas. No final, as novas FF são submetidas a ensaios de verificação, tais como: controlo visual para
garantir a integridade da fração e controlo do peso, de pelo menos 5 frações num mês[17].
As preparações no CHP podem ser sob a forma de papéis farmacêuticos (por exemplo: ácido
acetilsalicílico, cloridrato de oxibutinina, diazóxido, sildenafil, dietas modulares glucídicas),
soluções/suspensões orais (glucose, morfina, hidroclorotizaida, diazepam, prednisolona, hidrocortisona,
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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sildenafil), pasta (pasta de lassar), solução tópica (loção de alfazema) entre outras, como lágrimas
artificiais.
De referir que, quando necessário, os produtos resultantes são reembalados e devidamente
identificados, com a DCI, a dosagem, o prazo de validade e o lote.
1.3.2. Produção de estéreis
A produção deste tipo de formulações deverá ser realizada em ambiente próprio e seguindo
condições que garantam a qualidade das preparações, a ausência de contaminações e pirogénios, tal como
descrito na Portaria nº42/92 de 23 de Janeiro [18]. Para além disso, a produção deverá seguir ainda as
indicações descritas no capítulo 797 da United States Pharmacopeia.
O desenvolvimento de formulações estéreis inicia-se com uma prescrição por parte do médico e
esta, caso seja nova, deve despoletar o desenvolvimento de uma nova OP, formalmente elaborada e
validada por farmacêuticos[19].
O local de preparação de estéreis está dividido em dois compartimentos distintos, a sala cinzenta
onde é realizada a descontaminação das mãos com desinfetante adequado e o fardamento, que inclui túnica,
calças, protetores de calçado, touca, máscara e bata esterilizada; e a sala branca, um compartimento estéril
onde se encontra a câmara de fluxo laminar, assegurado por um gradiente de pressão e cuja comunicação
com o exterior para entrega das preparações ou transferência de material se realiza através de um transfer.
(Anexo XI)[20]. Todas as preparações de produtos estéreis são realizadas em câmara de fluxo laminar
vertical (CFLv) com recurso a técnica asséptica, de forma a garantir, não só a proteção do produto
desenvolvido, mas também a do operador responsável pela manipulação[21]. Para garantir a esterilidade da
sala branca e da CFLv é realizado diariamente um controlo microbiológico, na primeira preparação de cada
sessão de trabalho e na última preparação do dia. A câmara é limpa no início e fim de cada sessão com
álcool a 70º[22].
No setor da produção de estéreis efetua-se a produção de bolsas para nutrição parentérica e
preparações estéreis extemporâneas destinadas particularmente aos serviços de pediatria do Centro
Materno-Infantil do Norte (CMIN) e ao serviço de neonatologia do Hospital Padre Américo e Vale do
Sousa, pertencente ao Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, E.P.E.
As preparações estéreis extemporâneas baseiam-se no fracionamento ou ajuste de doses comerciais
para que haja uma individualização da resposta ao doente, permitindo deste modo, um menor desperdício
de matérias-primas. Antes de iniciar a produção, são emitidos OP e rótulos (anexo XII) contendo a
informação relativa à formulação e ao doente. De realçar que estes acompanham a preparação desde a
produção até à administração, evitando assim trocas ou erros durante o circuito do medicamento[19].
Tal como referido anteriormente, a maioria das preparações realizadas neste serviço são as
nutrições parentéricas. Estas são desenvolvidas em função do balanço hídrico e azotado, do ionograma e da
patologia e terapêutica instituída para cada doente. Têm como principal objetivo a manutenção do
equilíbrio nutricional dos doentes internados ou em regime de ambulatório, com patologias do foro
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metabólico, tubo digestivo imaturo ou em caso de contraindicação ou impossibilidade de regime de
alimentação entérica.
Neste processo, os farmacêuticos rececionam a prescrição médica de nutrição parentérica através
do sistema informático e validam-na impreterivelmente tendo em conta os dados de identificação do
doente, o peso (Kg), a composição qualitativa e quantitativa da Solução I e da Solução II, a assinatura do
médico prescritor e a conformidade da prescrição com as regras de política do medicamento estabelecidas
para o hospital. No final da validação procede-se à emissão de rótulos em triplicado para a solução I e em
duplicado para a solução II, bem como a OP, registando-se previamente as iniciais do Operador e do
Supervisor responsáveis pela produção da bolsa. [23, 24].
A realização de bolsas para a nutrição parentérica envolve a preparação de duas soluções distintas,
uma fração hidrossolúvel designada Solução I e uma fração lipossolúvel designada Solução II. A solução I
contém solução de glucose, aminoácidos e diferentes iões, conforme as necessidades individuais de cada
doente, enquanto a solução II é constituída por uma mistura de lípidos e vitaminas lipossolúveis[24]. A
preparação destas duas soluções é executada através de um sistema automático de enchimento, à exceção
dos micronutrientes hidrossolúveis, que são adicionados de forma manual e ordenada, tendo em conta a sua
natureza química a fim de evitar fenómenos de precipitação que comprometam a estabilidade da
preparação[24]. Na finalização das preparações procede-se à extração do ar contido nas bolsas, à sua
“clampagem” e obturação, seguindo-se a rotulagem de cada fração com um rótulo interno e externo. Por
último, realiza-se o acondicionamento secundário, que tem como objetivo a proteção da luz para evitar a
degradação de determinados componentes fotossensíveis[24]. No final de cada preparação é da
responsabilidade do supervisor realizar os ensaios de verificação no sentido de detetar possíveis alterações,
são estes: ensaios organoléticos I que avaliam a coloração das soluções; ensaios organoléticos II que
avaliam a presença ou ausência de partículas em suspensão; ensaios organoléticos III que avaliam a
presença ou ausência de ar e o controlo gravimétrico que avalia o peso da preparação que se deverá
encontrar dentro dos limites pré-estabelecidos (±5%)[25].
1.3.3. Produção de citotóxicos
A UFO tem como principal objetivo assegurar a preparação, armazenamento e disponibilização de
medicamentos citotóxicos (CTX), nas características e prazos acordados com o utente, sempre num
ambiente de segurança para o pessoal envolvido. Salienta-se o facto de todas as operações realizadas nesta
unidade serem levadas a cabo por pessoal devidamente preparado, quer a nível teórico, quer a nível
prático[26].
A técnica assética engloba um conjunto de procedimentos que visam minimizar as possibilidades
de contaminação microbiana no decorrer da manipulação de produtos estéreis. Para este efeito, é
fundamental uma correta lavagem das mãos, o uso de equipamentos de proteção individual adequados e o
manuseamento apropriado dos fármacos e do material de trabalho. A Técnica da Pressão Negativa em
CFLv constitui a base da manipulação de citotóxicos[27].
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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De uma forma geral, a UFO é constituída por uma sala de validação de prescrições, por uma sala
extra de apoio ao serviço e ainda por outras três divisórias que são fundamentais para uma maior segurança
na manipulação deste tipo de fármacos. Estas três divisórias constituem a [28]:
Zona negra: local exterior à zona de preparação onde se encontram os cacifos, o calçado e
os adornos do exterior;
Zona cinza: antecâmara com local de lavagem das mãos e de fardamento (Anexo XIII);
Zona branca: sala de preparação de citotóxicos com CFLv (Anexo XIV).
No que respeita ao fardamento, o equipamento de proteção individual a utilizar na manipulação de
citotóxicos consiste fundamentalmente em[28]:
Bata de proteção suficientemente longa e fechada no pescoço;
Luvas estéreis e isentas de pó;
Máscara com filtro de partículas;
Óculos de proteção;
Protetores de calçado.
O farmacêutico, à medida que vai recebendo as “luzes verdes” através do programa GHAF/SAM,
procede à validação e monitorização das prescrições médicas, isto é, confirma as doses prescritas tendo em
conta os dados do doente, confrontando-as com os Protocolos de Quimioterapia (PQ) da instituição que
estão disponíveis em formato digital e, são periodicamente atualizados, bem como com os diplomas legais,
as autorizações da Direção Clínica, do Conselho de Administração (CA), da CFT e da CE [27, 29]. Todas
as prescrições devem conter informação detalhada sobre o doente (identificação do mesmo, peso, altura,
superfície corporal e área sob a curva), sobre a formulação a preparar (CTX prescrito por DCI, via de
administração, dose padrão e dose ajustada ao doente), assim como a identificação do serviço clínico, do
médico responsável, da patologia, do PQ e da data da realização do ciclo[30]. As prescrições médicas
podem ser realizadas através do sistema informático do hospital, ou então, em impressos próprios cuja cor
difere de doentes internados (impresso verde- Anexo XV) para doentes em regime de ambulatório/HD
(impresso rosa- Anexo XVI)[31].
Após este primeiro passo de validação, inicia-se a disposição dos tabuleiros individualizados por
doente e por preparação, contendo estes o fármaco a manipular, a OP, o rótulo de libertação e a solução
injetável para diluição (Anexo XVII). No interior da sala branca, o TDT de apoio verifica se o material
presente no tabuleiro corresponde ao descrito na OP (dupla verificação) e escolhe o material para a
manipulação, sendo que este varia dependendo do tipo e apresentação do citotóxico, bem como do volume
a medir. Após uma descontaminação com álcool a 70%, o TDT de apoio coloca no interior da CFLv todo o
material necessário à manipulação e, o TDT operador, após conferência, inicia a técnica de preparação.
Depois de o produto final estar devidamente identificado e, caso necessário, protegido da luz, este é
acondicionado numa manga selada e transportado num tabuleiro até ao serviço de destino[27]. No Hospital
de Dia, se o doente estiver nos cadeirões ou cateteres 1, o respetivo tabuleiro está identificado como
cadeirões (Anexo XVIII), por outro lado, se o doente em causa estiver nas camas ou cateteres 2, o tabuleiro
está identificado como camas (Anexo XIX)[32]. No final do dia de trabalho, é sempre responsabilidade do
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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TDT garantir que todos os fármacos e consumíveis do armário de apoio são repostos nas quantidades
necessárias de modo a assegurar o dia seguinte. Por forma a permitir uma integral satisfação das
necessidades dos doentes, definem-se os stocks mínimos dos diferentes produtos envolvidos na
manipulação de citotóxicos, e, no final de cada dia realiza-se a encomenda para o armazém 1001 tendo em
consideração os kanbans que durante esse dia atingiram o respetivo ponto de encomenda (Anexo XX)[33].
Relativamente ao transporte de medicamentos citotóxicos, este deve respeitar três princípios: a
proteção dos indivíduos, tanto os envolvidos na deslocação como qualquer outro passível de entrar em
contacto com o produto, a proteção do medicamento e a proteção do ambiente. Nos serviços de
internamento do HSA e do CMIN, o transporte das preparações é realizado pelo assistente operacional dos
serviços farmacêuticos que esteja de apoio à UFO. Este coloca as mesmas num contentor fechado,
inquebrável, antiderrame e devidamente sinalizado com o símbolo Biohazard (Anexo XXI)[32].
Em caso de derrame de citotóxicos é fundamental garantir a recolha, limpeza e eliminação dos
mesmos, evitando a contaminação do meio ambiente circundante, assim como do pessoal envolvido. Para
esse efeito, existe um kit de derramamento com todo o material necessário a utilizar, bem como um
respetivo manual de atuação. (Anexo XXII)[34].
As preparações de citotóxicos podem ser em bólus (Anexo XXIII), em bombas de perfusão (Anexo
XXIV) ou em soluções diluídas (Anexo XXV)[27, 31].
Relativamente ao bólus, o TDT operador mede diretamente o volume de fármaco pretendido para a
seringa, mostrando sempre o fármaco e o volume medido ao farmacêutico que faz a validação do processo
(dupla verificação). No final, encerra-se a seringa com um obturador e, caso necessário, protege-se da luz.
No que concerne às bombas perfusoras, a primeira etapa passa por calcular o volume de fármaco
tendo sempre como base as concentrações das apresentações disponíveis na UFO (V1). Posteriormente, de
acordo com a duração da perfusão e as características de cada bomba, incluindo o fluxo e o volume residual
(Vr), é possível obter o volume final da preparação (Vt). De seguida, afere-se o volume de fármaco
adicional (Va) e acrescenta-se este ao V1 anteriormente calculado, chegando-se assim o volume final de
fármaco a medir (Vf). O volume de diluição é estimado subtraindo o Vf ao volume total da preparação
(Anexo XXVI).
Após a solução de diluição ser introduzida na bomba, aguarda-se que todo o sistema fique
preenchido com a mesma, clampando-o de seguida. Antes de adicionar o fármaco, o TDT de apoio
confirma o volume, e, por fim, encerra-se a bomba com o obturador.
Nas soluções diluídas inicia-se por acoplar o sistema de conexão ao saco de soro prescrito,
preenchendo o sistema com o soro e clampando-o. Seguidamente, introduz-se no saco de soro o volume de
citotóxico medido na seringa, encerrando-o posteriormente com o obturador.
1.4. Distribuição de medicamentos
A distribuição de medicamentos representa uma das principais tarefas executadas nos SF do HSA,
sendo esta uma das funções que promove um maior contacto tanto com os utentes como com os vários
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
10
serviços do hospital. O sistema de distribuição de medicamentos atualmente presente no CHP compreende
uma variedade de funções, entre as quais, o cumprimento das prescrições médicas, a diminuição dos erros
aquando da dispensa e da administração, a monitorização da terapêutica e a racionalização dos custos,
proporcionando, desta forma, uma distribuição segura e eficiente, num curto período de tempo.
1.4.1. Distribuição Clássica
Este tipo de fornecimento engloba diversos serviços, distribuídos estrategicamente por 3 circuitos,
cuja correspondência se encontra na tabela 1 do Anexo XXVII. De um modo geral, todos os Serviços
Clínicos, Blocos e Consultas, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação, o CMIN, o HJU, a UFO e a
UFA são abrangidos, garantindo o acesso rápido e fácil à medicação em qualquer momento, apesar da
separação física do APF [35, 36]. As soluções injetáveis de grande volume e os Antisséticos e Desinfetantes
assumem um circuito próprio, no que respeita à quantidade e à durabilidade nos serviços; as unidades e
serviços aos quais se destinam, encontram-se listadas na tabela 2 do anexo XXVII.
Os serviços supracitados podem fazer os pedidos de reposição, quando o seu stock atinge os
mínimos definidos, por via manual ou eletrónica, o que exige normalmente, dependendo do serviço, a
transferência do stock dos produtos, virtualmente, do APF para os restantes centros de custo. Cada serviço
tem um horário definido para se concretizarem os pedidos e a reposição física dos produtos[35].
No CHP existem 3 métodos na distribuição clássica de medicamentos: reposição por HLS,
reposição de stocks nivelados e reposição de stocks por kanban. Para o primeiro e segundo métodos, é
necessário um acordo prévio entre os SF e os serviços clínicos quanto aos quantitativos fixos disponíveis
para consumo. Não obstante, enquanto em sistema HLS se procede à troca direta entre caixas vazias e
caixas cheias, no segundo método, a reposição é feita no local, de acordo com as unidades gastas e só se
adequa a alguns dos serviços. A reposição por kanban implica que se faça o pedido ao APF quando se
atinge o quantitativo mínimo a ele associado[35].
O Pyxis®
(Anexo XVIII) é um caso particular de armazenamento presente no Serviço de Cuidados
Intensivos e no Bloco Luís de Carvalho. Trata-se de um conjunto de gavetas, em um ou mais armários, nos
quais se armazenam os produtos de acordo com o tamanho, a quantidade, o grau de controlo e a sua
temperatura de conservação. O sistema informático associado só permite a dispensa de um determinado
medicamento perante uma senha de acesso e impressão digital, contribuindo para um controlo mais
rigoroso de stocks e PV, bem como para a diminuição de erros de dispensa [37].
1.4.2. Distribuição individual diária e em dose unitária
A DIDDU é um sistema personalizado que permite a distribuição de medicamentos em dose
unitária pelos doentes internados nos diferentes serviços clínicos para um período de 24 horas. Esta
distribuição permite a diminuição do risco de interações medicamentosas e o aumento da racionalização da
terapêutica através do acompanhamento farmacoterapêutico do doente.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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A DIDDU é constituída por diversos módulos, entre os quais, a torre que contém o stock avançado
de medicamentos ou produtos farmacêuticos com menos custo (Anexo XIX); as células de aviamento que
contemplam o stock avançado de medicamentos e produtos farmacêuticos de maior consumo pelos serviços
que integram (Anexo XXX); e, por fim, o supermercado que contém o stock avançado de medicamentos e
produtos farmacêuticos de maior consumo (Anexo XXXI)[38].
1.4.2.1. Validação e aviamento de prescrições
É da responsabilidade do farmacêutico hospitalar a validação das prescrições médicas e a
monitorização do perfil farmacoterapêutico dos doentes internados nos Serviços Clínicos. Diariamente, os
farmacêuticos têm acesso à prescrição eletrónica através da aplicação informática vigente no centro
hospitalar com exceção dos hemoderivados, material de penso, estupefacientes e antídotos, que vêm
prescritos em impresso próprio (Anexos VIII, XXXI e XXXII)[39].
A validação das prescrições deve ser efetuada tendo em atenção as Políticas de Utilização de
Medicamentos da Instituição de Saúde em questão, estabelecidas com base no FHNM, Adendas e
Deliberações da CFT, caraterísticas do doente (idade, função renal e hepática, alergias) e do
medicamento[39]. O farmacêutico tem o dever de avaliar as prescrições médicas e intervir quando julgar
adequado, com o objetivo de prevenir ou detetar alterações dos efeitos terapêuticos. Assim sendo, é função
do farmacêutico hospitalar aplicar os cuidados farmacêuticos e identificar problemas relacionados com o
medicamento (PRMs)[40], que podem ser os seguintes:
PRM1: caso o medicamento não tenha as indicações aprovadas para a sintomatologia manifestada
pelo doente em questão[40].
PRM2: caso o medicamento não possa ser usado pelo doente em questão devido a reações adversas,
refratariedade farmacológica, contraindicações ou alergias[40].
PRM3: caso a posologia não seja adequada, seja na dose, na frequência, na duração e no momento
correto[40].
PRM4: caso o doente não tenha condições financeiras ou haja impossibilidade de administração do
medicamento e se o doente, cuidador ou enfermeiro, não conseguir administrar o medicamente de
forma autónoma e correta[40].
Existem numerosas razões para que a farmacoterapia falhe, entre as quais a não individualização
na dose prescrita, incompatibilidades e interações medicamentosas, erros de administração,
contraindicações e reações adversas; todas elas, individualmente, ou em conjunto, resultam em falta de
efetividade e/ou de segurança, e em perdas pelo desperdício. Tal como referido, é proposto diariamente ao
farmacêutico avaliar todas estas particularidades e validar a prescrição dos doentes, de acordo com as
indicações e as características de cada doente.
Para concretizarmos uma análise mais detalhada de um caso prático, em anexo XXXIII,
usufruímos da informação dos RCM e do Prontuário Terapêutico disponibilizado pelo Infarmed online.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
12
Terminada toda a análise, concluímos que a prescrição de muitos medicamentos simultaneamente
acarreta sempre muita dificuldade na adequação de tratamento, tendo em conta, especialmente, as
interações, que foram o mais significativo possível PRM detetado. Ainda assim, podemos afirmar que a
prescrição está de acordo com o expectável e, portanto, que não devem surgir RMN’s, a menos que surja
alguma reação adversa inesperada.
Após validação das prescrições, os pedidos de medicação são direcionados para o dispositivo
semiautomático PharmaPik®, que se caracteriza por um dispositivo rotativo, que movimenta gavetas de
diferentes tamanhos, cada qual contendo um determinado produto farmacêutico, com a exceção das bolsas
de nutrição parentérica, produtos de grande volume, suplementos ou produtos de frio que são dispensados
manualmente (Anexo XXXIV). O dispositivo PharmaPik® tem como principais vantagens, a redução dos
erros humanos e melhoria da segurança e eficácia durante a dispensa. Após recolhidos do dispositivo, os
medicamentos são acondicionados nas malas respetivas a cada serviço clinico, que são preparadas em
horário específico e sendo cada uma delas compartimentada em gavetas com o nome do doente e o número
da cama onde se encontram. No final da preparação das malas são geradas, informaticamente, “listas com
as prescrições com revertências”, ou seja, o sistema fornece atualizações das alterações farmacoterapêuticas
ocorridas entre o momento de aviamento e de entrega, sendo de seguida realizado o aviamento das
alterações unidose por doente. Por fim, as malas são transportadas para os respetivos serviços pelos
técnicos auxiliares. Após a entrega das malas aos serviços, é possível gerar “listas das prescrições sem
revertência” que contêm alterações de medicação de determinados doentes, sendo o seu aviamento feito em
pacotes de papel devidamente identificados com o serviço clinico, nome do doente e número da cama, bem
como o número de processo, sendo estes colocados em SUCS identificadas por cada serviço[41].
1.4.2.2. Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial
Existem determinados medicamentos que exigem um circuito especial devido às suas
características individuais, nomeadamente, estupefacientes e psicotrópicos, hemoderivados e material de
penso[39].
a) Medicamentos Hemoderivados
É da responsabilidade do farmacêutico a dispensa de medicamentos hemoderivados, ao abrigo do
Despacho Conjunto nº1051/2000 (2ª série) de 14 de Setembro, destinados aos doentes internados em cada
serviço clinico, bloco operatório ou serviço de urgência do hospital[41].
Estes são realizados num impresso próprio “Modelo nº1804 da INCM” (Anexo VIII) e compete ao
médico prescritor enviar conjuntamente os autocolantes identificativos do doente em quantidade suficiente
para identificar individualmente as embalagens a aviar. A prescrição tem obrigatoriamente que ter o
número de processo do doente a que se destinam os hemoderivados para facilitar a sua rastreabilidade. Os
farmacêuticos, aquando do aviamento, têm que preencher o quadro C do impresso e registar o número de
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
13
lote e o certificado de autorização de utilização do respetivo lote (CAUL) (Anexo XXXV). É dever do
farmacêutico debitar informaticamente o medicamento dispensado identificando o lote para facilitar a
rastreabilidade do mesmo. O aviamento deste tipo de medicamentos é apenas realizado para o próprio
dia[41].
b) Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos
Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos têm uma margem terapêutica estreita e causam
habituação e dependência física e psicológica, sendo muitas vezes associados a atos ilícitos, havendo por
isso necessidade de legislação mais restrita. Devido aos fatores anteriormente mencionados, este tipo de
medicamentos apenas podem ser dispensados por farmacêuticos, tal como regulamentado pelo Decreto-Lei
nº 15/93 de 22 de Janeiro[41].
A prescrição destes fármacos é realizada em impresso próprio, Modelo nº1509 da INCM (Anexo
XXXII), e deverá ser preenchida por completo e assinada pelo médico de serviço, devendo a mesmo estar
numerada e conter o carimbo do serviço ao qual a farmácia vai realizar o débito do produto. Após receção
do impresso o farmacêutico deverá preencher os restantes campos do documento, debitar no sistema
informático ao serviço respetivo, destacar a “via serviço” devolvendo-a ao serviço requisitante e, por
último, conferir os documentos e medicamentos aviados procedendo à assinatura das respetivas guias. As
prescrições recebidas nos SF até às 15h, de domingo a sexta-feira são entregues no dia seguinte com as
malas unidose[41].
c) Material de penso
O material de penso deve ser prescrito em impresso próprio (Anexo XXXI) e a sua prescrição é
válida para 8 dias. O farmacêutico é responsável pelo aviamento deste material e, como tal, é importante
que este tenha conhecimento da mecânica dos dispositivos médicos para possibilitar um maior auxilio na
escolha adequada do material de penso[39].
d) Antídotos
A prescrição dos antídotos é realizada em impresso próprio ou eletronicamente. Nestes casos é
crucial atuar rápida e prontamente para que haja uma resposta mais eficaz e decisiva [39].
e) Anti-infeciosos e nutrição artificial
A prescrição médica de anti-infeciosos e nutrição artificial tem um período máximo de validade de
7 dias, a fim de reduzir os custos pela entidade hospitalar, o desperdício de medicação e, mais
significativamente, a diminuição do desenvolvimento de estirpes microbianas resistentes. A prescrição
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
14
entre doentes internados sem DIDDU ou com DIDDU difere, sendo que aos primeiros é realizada
prescrição manual preenchendo um impresso próprio (Anexo IX) e aos segundos realiza-se eletronicamente
através do CdM[39].
1.4.3. Farmácia de ambulatório
A UFA destina-se à distribuição de medicamentos e aconselhamento de doentes em regime de
ambulatório que requerem terapêuticas específicas de âmbito hospitalar e, portanto, sujeitas a constante
monitorização da sua adesão. A farmácia de ambulatório constitui, desta forma, o primeiro contacto do
utente com o farmacêutico hospitalar.
A UFA situa-se, no edifício Neoclássico do CHP. Localiza-se no rés-do-chão do edifício e as suas
instalações possuem acessibilidade a todos os utentes, incluindo utentes com mobilidade reduzida, graças à
existência de rampa. A farmácia é composta por 4 zonas principais: sala de espera zona destinada ao
atendimento composta por 3 balcões, sala de atendimento privado e zona de armazenamento dos fármacos
(Anexo XXXVI, XXXVII, XXXVIII, XXXIX). A zona de armazenamento caracteriza-se pela existência
de um armário composto por gavetas, nas quais os fármacos se encontram divididos por patologia e, dentro
de cada patologia, encontram-se ordenados por ordem alfabética segundo a sua DCI e dosagem (Anexo
XL). Para além desta estrutura, a farmácia dispõe ainda de três frigoríficos nos quais se mantém a
organização anteriormente descrita, bem como um armário destinado ao armazenamento de fármacos
usados na terapêutica da Hepatite C e um outro para a nutrição entérica (Anexo XLI e XLII). Para facilitar
a pesquisa dos medicamentos pelos colaboradores, encontra-se afixada uma listagem de todos os
medicamentos existentes na unidade e o respetivo local de arrumação, por um código numérico existente
nas gavetas (Anexo XLIII). Esta lista indica a localização de cada fármaco e é uma das ferramentas úteis
para simplificar e assegurar um bom atendimento. Tal como nas outras unidades, a UFA possui kanbans
para todos os seus produtos, sendo imprescindível a sua correta utilização de forma a assegurar uma boa
gestão de stocks. A metodologia FEFO (First Expired First Out) deverá ser obedecida para complementar
uma boa e eficiente arrumação dos medicamentos[42].
1.4.3.1. Dispensa de medicamentos
O horário de atendimento da UFA decorre entre as 9:00 e as 17:00 de Segunda a Sexta-feira, em
dias úteis[43]. A dispensa de fármacos nesta unidade destina-se apenas aos utentes que detêm determinada
patologia e cujos fármacos destinados à sua terapia se encontram ao abrigo de despachos publicados em
Diário da República, usufruindo, assim, da total comparticipação do medicamento.
A dispensa de medicamentos pela farmácia de ambulatório é válida para as seguintes situações:
para medicamentos autorizados por diplomas legais com ou sem restrições impostas pelo CHP, para
medicamentos sem diplomas legais mas sujeitos a deliberações específicas autorizadas pelo CA do CHP
(Hepatite B e Hipertensão Pulmonar), para medicamentos no âmbito de alta precoce e para medicamentos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
15
sem diplomas legais ou deliberações específicas do CHP mas cuja utilização é justificável após decisão da
CFT [40].
Alguns fármacos poderão estar autorizados pela CFT do CHP e, assim, constituírem adendas a
outras patologias que não estão ao abrigo do FNHM, e, portanto, serem comparticipados. As principais
subcategorias nas quais se dividem os fármacos dispensados no CHP são: Insuficiência Renal Crónica,
Quimioterapia, Hipertensão Pulmonar, Fármacos Imunológicos, Artrite Reumatoide, Hepatite B, Hepatite
C, Esclerose Múltipla, Fibrose Quística, Síndrome Intestino Curto, entre outras. São ainda dispensados
hemoderivados e medicamentos manipulados [44] .
No ambulatório, é da competência dos farmacêuticos o atendimento, a validação da prescrição e a
dispensa dos medicamentos. Aquando do atendimento, o farmacêutico recebe a prescrição pela mão do
utente e verifica se a mesma cumpre os requisitos mínimos para o seu aviamento. Assim, o farmacêutico
deverá verificar se a prescrição eletrónica ou em papel (Anexo XLIV) foi elaborada em modelo apropriado
para a farmácia de ambulatório, se a mesma possui os dados de identificação do utente (nome, número de
processo, sistema de saúde aplicável e respetivo número), a identificação do fármaco pela sua DCI e a sua
FF, dose, frequência e via de administração. É igualmente imprescindível a identificação da especialidade
médica responsável pela prescrição, indicação da próxima consulta, a identificação e assinatura do
prescritor, bem como a identificação do diploma legal a que obedece a prescrição médica. Em caso de não
cumprimento de todos os critérios, a prescrição não pode ser aviada até à regularização.
Posteriormente à primeira verificação, o farmacêutico introduz a prescrição no computador e tem
acesso informaticamente ao que foi prescrito. O passo prioritário é confirmar com o utente ou o responsável
pelo levantamento da medicação a data da próxima consulta, de forma a poder calcular o número de
comprimidos necessários até à mesma e, assim, fazer uma dispensa mais conscienciosa e racionalizada. A
distribuição de medicamentos em regime de ambulatório assegura um melhor controlo e vigilância dos
efeitos adversos graves, permitindo ainda melhorar a adesão à terapêutica[45].
O farmacêutico deverá ser responsável, em caso de prescrição de novos medicamentos, por ceder
informação detalhada sobre os mesmos aos utentes, seja verbalmente e/ou através de folhetos informativos
a fim de evitar problemas terapêuticos (Anexo XLV).
A dispensa de medicamentos deverá ser racionalizada e ter em conta os seguintes critérios, salvo
raras exceções devidamente submetidas a autorização pela equipa de direção clínica.
Um medicamento pode ser dispensado:
Até 3 meses, desde que o valor monetário correspondente ao total de comprimidos seja menor que
100 euros, para doentes com residência em qualquer área, ou até ao valor de 300 euros se os
mesmos forem residentes fora do distrito do Porto. Em caso do montante ser superior a este valor,
a medicação apenas será dispensada para um período de um mês.
Em caso de doente transplantado renal ou hepático, os fármacos imunossupressores serão
fornecidos para um período de tempo de 3 meses[44].
No ato da dispensa, o farmacêutico deverá ter em conta o tamanho da embalagem, o número de
dias de tratamento e o stock disponível. Sempre que possível o farmacêutico deverá ajustar o quantitativo
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
16
dos comprimidos à apresentação comercial, de forma a evitar confusões pelo utente. Certos fármacos como
o Sorafenib e Aprepitant deverão ser dispensados tendo em conta o seu stock limitado.
A quantidade a dispensar deverá ser registada na Quantidade Enviada, bem como o respetivo lote.
Em caso de os medicamentos não serem dispensados na sua totalidade, o farmacêutico deverá proceder à
impressão da folha de medicação pendente e entregar ao doente. Caso o doente proceda ao levantamento
posterior da medicação, o registo deverá ser feito na sua Quantidade Atual, bem como o respetivo lote.
Apesar da farmácia de ambulatório se destinar ao fornecimento e dispensa gratuita de medicação,
segundo o decreto-lei nº 206/2000, de 1 de Setembro, a mesma poderá estar autorizada a vender
medicamentos ao público, nas seguintes situações:
1) Se houver comprometimento excecional do acesso normal dos utentes aos medicamentos,
implicando risco de descontinuidade no processo de fornecimento e distribuição com as
inerentes implicações sociais que tal acarreta;
2) Se, por razões clínicas provenientes do atendimento em serviço de urgência hospitalar,
manifeste mais benéfico ou apropriado, a imediata acessibilidade ao fármaco em questão.
A venda direta ao utente apenas é realizada mediante a apresentação de prescrição médica, que
deverá conter no mínimo 3 carimbos que justifiquem a rotura do medicamento.
1.4.3.2. Dispensa de hemoderivados
Tal como referido anteriormente, a prescrição dos produtos derivados do sangue deverá ser
realizada através do impresso modelo nº1804, seguindo as instruções já mencionadas.
No final, o mesmo impresso deverá ser assinado e datado pelo farmacêutico e pelo utente. Para
efetuar o registo informático, deverá ser feita uma requisição por doente, em regime de ambulatório, com
os dados respetivos ao utente e ao episódio do dia da consulta[46].
1.4.3.3. Receitas externas ao hospital
A dispensa de medicamentos a clientes externos ao hospital (utentes seguidos em clínicas ou
médicos particulares com artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática
juvenil poliarticular e psoríase em placas) apenas se verifica cumprindo os seguintes requisitos:
Prescrição médica com vinheta do médico prescritor;
Prescrição médica com carimbo ou vinheta do local de prescrição
Identificação do número de certificação de registo na DGS (publicado no site da DGS)
Dispensa de medicamento registado em base de dados específica para o efeito.
Tal como acontece com os doentes internos, a dispensa destes medicamentos é gratuita para a
utente[47].
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
17
1.4.3.4. Devolução de medicação
Para uma boa gestão de stocks e maior consciencialização no que refere à adesão à terapêutica, é
prioritária a sensibilização dos utentes para a devolução da medicação descontinuada que tenha sido
fornecida pela UFA. Assim, o farmacêutico deverá atuar junto dos utentes e promover esta ação. Após
devolução de medicamentos, os mesmos deverão ser separados e armazenados em local próprio, sendo
registado quem os recebeu e em que dia e, se possível o número de processo. Deverá ainda ser efetuado
registo informático da devolução da medicação. A análise da medicação devolvida é da competência do
farmacêutico e deverá ter em conta o estado de conservação da mesma, a integridade física, a sua
identificação e validade [48]. Todos os medicamentos não aproveitados deverão ser colocados em
contentores vermelhos para posterior incineração (ANEXO XLVI).
Neste estágio foi possível prestar atendimento ao público e sensibilização dos utentes. Foram
elaborados folhetos informativos e de sensibilização, bem como separação da medicação devolvida.
1.5. Ensaios Clínicos
Segundo a Lei nº46/2004 de 19 de Agosto, define-se por Ensaio Clínico (EC) “qualquer
investigação conduzida no ser humano, destinada a descobrir ou verificar os efeitos clínicos,
farmacológicos ou farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais (ME); ou a identificar os
efeitos indesejáveis de um ou mais ME; ou a analisar a farmacocinética de um ou mais ME, a fim de apurar
a respetiva segurança ou eficácia”.
Os EC representam uma recente vertente da medicina que visa desenvolver novos e inovadores
tratamentos. Atualmente encontram-se a decorrer cerca de 100 ensaios clínicos no CHP. Para que o EC
decorra na sua plenitude, é importante assegurar a existência de uma equipa multidisciplinar vocacionada
para investigação clínica. Assim, é fulcral no desenvolvimento de um EC a presença de: um investigador,
um farmacêutico responsável pelo ME, um promotor do ensaio (singular ou coletivo) e um monitor
(responsável pelo acompanhamento do ensaio clínico e pela transmissão da informação ao promotor).
A contínua evolução desta área clínica suscitou uma readaptação dos SF de forma corresponder a
esta nova realidade, havendo atualmente uma unidade destinada aos ensaios clínicos (UEC). De acordo
com a lei nº 46/2004 de 19 de Agosto, os SF são o local preconizado para o armazenamento, controlo e
dispensa dos medicamentos experimentais, sendo portanto na UEC que é feita a sua gestão. Fisicamente, a
UEC é composta por duas salas contíguas: sala A (sala de armazenamento dos medicamentos
experimentais) e sala B (gabinete de trabalho), tal como apresentado no anexo XLVII.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
18
1.5.1. Circuito do medicamento
Para o início do EC é imprescindível a autorização e aprovação clínica por parte das seguintes
entidades: Comissão de Ética de Investigação clínica (CEIC), INFARMED, Comissão Nacional de
Proteção de Dados (CNPD) e (CES). Para além destas aprovações, deverá ser assinado o contrato
financeiro pelo conselho de administração. A ação interventiva dos SF no ensaio clínico só se inicia após
deliberação pela CES e assinatura contratual pelo conselho de administração do CHP. Após decisão do
CES do início de um novo estudo, a UEC é contactada pelo seu secretariado e procede à atualização da
base de dados que contém todos os EC a decorrer no hospital. A base de dados, em formato Excel, consiste
numa das principais ferramentas de trabalho facilitando o seguimento e a avaliação dos ensaios a decorrer.
Esta base de dados indica o número de EC a decorrer na instituição e em cada serviço, o objetivo do estudo,
o número de pacientes incluídos em cada estudo e fase em que se encontram [49].
Após aprovação, a apresentação do protocolo a toda equipa representa o passo seguinte. Esta
reunião é convocada pelo investigador ou pelo promotor e visa definir procedimentos relativos aos atos de
prescrição, dispensa e devolução de fármaco, de atuação da equipa e prazos de fornecimento do ME para o
ensaio. Cada ensaio clínico apresenta um capa arquivadora na qual se encontram todas as informações
essenciais à realização do ensaio, tais como o seu protocolo, documento no qual se encontram descritos os
objetivos e desenho do estudo, estatística e organização, bem como a brochura do investigador, que
corresponde ao documento compilado de dados clínicos e não clínicos de determinado ME, pertinentes para
o seu estudo na espécime humana [49].
O farmacêutico, após abertura de centro, elabora um protocolo onde são estipuladas as guidelines
de receção, conservação, dispensa, manipulação e gestão, bem como ordens de preparação e respetivos
rótulos, caso seja aplicável a manipulação do fármaco. O arquivo da informação relativa a cada EC é
organizado segundo o “Pharmacy Site File” em vigor nesta unidade [49].
Até término do estudo, o centro onde decorrem os ensaios clínicos é alvo de visitas periódicas
pelos monitores para monitorização do estudo e de autorias internas e externas, devendo os ficheiros de
cada ensaio clínico ser arquivados na capa respetiva [49].
2. Papel do farmacêutico
No âmbito da equipa multidisciplinar, o farmacêutico é o profissional responsável pela
monitorização do ME e pela implementação e cumprimento de procedimentos de acordo com as Boas
Práticas Clínicas. Relativamente à monitorização do ME, o TSS deverá proceder à receção,
acondicionamento adequado, identificação, gestão de stock, manipulação (se aplicável) e dispensa. É
imprescindível a sua ação na informação e aconselhamento do doente e restantes profissionais de saúde,
bem como na manutenção de uma boa gestão administrativa através dos registos e processos de devolução,
controlo do inventário e arquivo de informações [49].
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
19
Durante o estágio foi possível assistir a vistas de início de estudo de ensaios clínicos e visitas de
monitorização. Neste sector foi possível a elaboração de ordens de preparação e protocolos para ME, bem
como a dispensa e registo de informações [49].
2.1. Conclusão
Durante o estágio no CHP tivemos oportunidade de realizar diversas atividades no âmbito da
profissão do farmacêutico hospitalar, nos diferentes sectores. No APF, tivemos a oportunidade de participar
na preparação da medicação para os serviços clínicos, preparação de hemoderivados, elaboração e receção
de encomendas, bem como acompanhar os assistentes técnicos na rota dos circuitos. Aquando da passagem
pela Farmacotecnia, participamos na elaboração de diferentes preparações estéreis, nomeadamente: colírios
de gentamicina, solução de bevacizumab e morfina em seringas unidose. Na unidade dos não estéreis
realizamos diversas soluções, suspensões e papéis medicamentosos, tal como enunciado anteriormente.
Nas diferentes semanas que estivemos na UFO tivemos a oportunidade de colaborar na realização
de uma série de atividades, nomeadamente, na preparação dos tabuleiros, na validação das prescrições, na
execução de encomendas para o armazém 1001, na dupla verificação e no transporte do produto final para
o tabuleiro de destino. É de referir que durante este estágio uma de nós teve a oportunidade testemunhar o
derramamento de um medicamento citotóxico, observando o cumprimento de todas as regras de segurança.
Na UFA fomos integrados na dispensa de medicamentos ao público. Na UEC tivemos a oportunidade de
participar em diversas visitas de monitorização de ensaios clínicos, bem como em visitas de início de
ensaio clínico. Durante este período elaboramos e acompanhamos ordens de preparação. Na DID
intervimos na preparação dos medicamentos psicotrópicos e na verificação e validação de prescrição.
Durante o estágio participamos em diversas formações sobre diversas temáticas e fármacos, que se
encontram sumariadas no anexo XLVIII.
Em suma, a passagem pelos diferentes sectores revelou-se extremamente enriquecedor,
completando em pleno os objetivos propostos pelo plano de estágios.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
20
Referências Bibliográficas
1. Decreto-Lei (DL) nº 326/2007. 28 de Setembro de 2007.
2. Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Comissão de Ética para a Saúde. 2016; Available from:
http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0A.
3. Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Comissão de farmácia e terapêutica. 2016; Available
from: http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0D.
4. Ministério da Saúde e Assistência, D.G.d.H. Decreto-Lei nº 44204: Regulamento geral da
farmácia hospitalar. .
5. Porto, S.F.d.C.H.d., Manual de Qualidade (MA.SFAR.GER.001/4). 2016, Hospital de Santo
António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
6. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.024/3 – Auditorias Técnicas aos Processos Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
7. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho –
Receção e Armazenamento de Medicamentos (IT.SFAR.GER.007/3). Hospital de Santo
António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
8. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.060/0 – Elaboração de kanbans Hospital de Santo António - Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E.
9. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.063/0 – Solicitação de Empréstimos de mediacamentos/ Produtos
Farmacêuticos Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
10. Saúde., M.d., Portaria nº 594/ 2004. . Diário da República, 1ª Série-B, nº 129, de 2 de junho.
11. Saúde, M.d., Decreto-Lei nº 95/ 2004. Diário da República, 1ª Série-A, nº 95, de 22 de abril.
12. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.084/1– Ordem de preparação de Manipulados Não Estéreis Hospital de Santo
António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
13. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.101/1– Rotulagem de Não Estéreis Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
14. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.043/1 – Ensaios de verificação Hospital de Santo António – Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E.
15. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.082/1 – Material de Embalagem Hospital de Santo António – Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
21
16. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.086/1 – Fracionamento de Medicamentos Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
17. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.115/1– Ensaios de Verificação de Medicamentos Fracionados. Hospital de
Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
18. Contencioso, I.-G.J.e., Portaria n.º 42/92, de 23 de Janeiro Legislação Farmacêutica
Compilada
19. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.041/1 - Elaboração de Ordem de Preparação de Preparações Estéreis.
Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
20. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.047/1 – Gestão do Fardamento Hospital de Santo António - Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E.
21. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.046/1 – Manipulação de estéreis: Técnica asséptica Hospital de Santo
António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
22. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.048/1 - Limpeza e Desinfeção da sala branca e CFL
Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
23. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.036/1 - Elaboração da ordem de preparação - APT. Hospital de Santo António
- Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
24. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.045/4 - Preparação da Nutrição Parentérica Hospital de Santo António -
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
25. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.043/2 - Ensaios de verificação. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E.
26. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Matriz de Processo
IM.GQ.GER.043/5 – Processo de Produção de Citotóxicos Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
27. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de
TrabalhoIT.SFAR.GER.027/0 - Manipulação de Citotóxicos Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
22
28. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.080/2 – Fardamento e Equipamento de Proteção Individual a utilizar na
manipulação de citotóxicos Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.
29. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
(IT.SFAR.GER.037/0) - Embalamento de Bolsas e Seringas para Nutrição Parentérica
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
30. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.029/0 - Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos em CFLv
Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
31. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.079/0 - Emissão de Ordens de Preparação de Citotóxicos Hospital de Santo
António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
32. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.028/1 – Regras de Transporte de Citotóxicos Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
33. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.026/2 – Gestão do Armazém Avançado da UFO Hospital de Santo António –
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
34. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.034/1 - Derrame/Acidente com Citotóxicos Hospital de Santo António – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
35. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.070/2 – Sequência e modo de aviamento por PDA Hospital de Santo António -
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
36. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.075/2 – Acondicionamento e Transporte de medicamentos/ produtos
farmacêuticos Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
37. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.121/0 – Reposição de medicamentos no Pyxis Medstation Hospital de Santo
António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
38. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.112/1 - Gestão da Normalização. Hospital de Santo António - Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
39. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.102/1 - Validação e Monitorização da Prescrição Médica DID. Hospital de
Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
23
40. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.031/1 – Identificação e resolução de PRM's. Hospital de Santo António -
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
41. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.105/1 – Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose
Unitária Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
42. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.057/1 - Normas de arrumação dos medicamentos Hospital de Santo António -
Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
43. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de trabalho
IT.SFAR.GER.052/1 - Gestão do Atendimento na Farmácia do Ambulatório Hospital de Santo
António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
44. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.054/1: Orientações para a dispensa de medicamentos na farmácia de
ambulatório Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
45. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.020/2: Prescrição electrónica. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E.
46. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.021/1) - Dispensa de hemoderivados Hospital de Santo António - Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
47. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.056/2 - Receitas externas ao hospital Hospital de Santo António - Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
48. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho
IT.SFAR.GER.023/1 - Devolução de medicamentos Hospital de Santo António - Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E.
49. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Manual MA.SFAR.GER.003/1
- Ensaios Clínicos. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
24
ANEXOS
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
25
Anexo I: Constituição do CHP
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Anexo II: Divisão dos SF
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
27
Anexo III: Kanban
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
28
Anexo IV: Etiqueta de validade curta
Anexo V: Etiqueta de solução concentrada
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
29
Anexo VI: Armazém dos produtos farmacêuticos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
30
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
31
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
32
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
33
Anexo VII: Formulário Hospitalar Nacional de Medicamento
Anexo VIII: Requisição Hemoderivados
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
34
Anexo IX: Requisição anti-infeciosos
Anexo X: Rótulos de Preparações Não Estéreis
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
35
Anexo XI: Transfer
Anexo XII: Rótulos de Preparações Estéreis
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
36
Anexo XIII: Zona Cinza
Anexo XIV: Zona branca da unidade de produção de estéreis
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
37
Anexo XV: Impresso Verde de Citotóxicos
Anexo XVI: Impresso Rosa de Citotóxicos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
38
Anexo XVII: Tabuleiro Citotóxicos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
39
Anexo XVIII: Cadeirões
Anexos XIX: Camas
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
40
Anexo XX: Kanban de Citotóxicos
Anexo XXI: Símbolo de Biohazard
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
41
Anexo XXII: Kit de derramamento
Anexo XXIII: Bombas perfusoras
Anexo XXIV: Soluções diluídas
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
42
Anexo XXV: Cálculos dos CTX
Preparar uma bomba com 2500 mg de 5-Fluoruracilo (5-FU), a um fluxo de 2mL/h. A
perfusão é para ser feita num período de 48 horas e o volume residual da bomba em
questão é de 2 mL. Na UFO estão disponíveis frascos com 50mg/mL de 5-FU.
Tendo em conta a concentração do frasco de 5-FU disponível na UFO e a quantidade de fármaco
pretendida para a bomba é possível calcular o volume de 5-FU a medir (V1).
50 mg de 5-FU __________1 mL
2500 mg de 5-FU ________ V1
V1= 2500/50= 50 mL
De acordo com o fluxo da bomba, da duração de perfusão e do volume residual (Vr) obtém-se o
volume total da preparação (Vt).
2 mL ___________ 1 hora
V preparação_____ 48 horas
V preparação = 48x2= 96 mL
De seguida, afere-se o volume de fármaco adicional (Va) e estima-se o volume final de fármaco
a medir (Vf).
V1 _________ 96 mL
Vf _________ 98 mL
Vf= (98XV1) /96
Vf= (98X50) /96
Vf= 51 mL de 5-FU
O volume de diluição é calculado subtraindo o Vf ao volume total da preparação.
Vt ‒ Vf = 98‒51 = 47 mL de volume de diluição
Va= Vf ‒ V1
Va= 51 ‒ 50 = 1 mL de 5-FU adicional
Vt= Vpreparação + Vr
Vt= 96+2
Vt= 98 mL
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Anexo XXVI: Circuitos de distribuição – tabelas
Tabela 1 – Serviços abrangidos pelos Circuitos A, B e C
Circuito A
Circuito B
Circuito C
Hospital Joaquim
Urbano
Unidade de Farmácia
Oncológica
Bloco Neoclássico
Cuidados Intensivos
(Pyxis)
Urgência
Área de Decisão Clínica
de Urgência
Distribuição Clássica
dos serviços em
Distribuição Individual
Diária
Stocks HLS: Unidade de
Cuidados Intensivos
Cardíacos e Sala de Diálise
e Hemodiálise
Nutrição Hemodiálise
Adultos
Centro Materno Infantil
do Norte
Farmácia de Ambulatório
Pedopsiquiatria
Psiquiatria de Ligação
Veículo Médico de
Emergência Médica
Bloco Cirurgia de
Ambulatório
ICBAS
Unidade de Cuidados
Intensivos Polivalentes
Hospital de Dia
Polivalente
Serviço de Técnicas
Endoscópicas
Serviço de R/X
Fisioterapia
Consultas:
Edifício Luís de
Carvalho
Edifício Neoclássico
CICA
CICAP
Reposição do setor da
Distribuição Individual
Diária
Blocos:
Edifício Luís de
Carvalho
Ortopedia
Neurocirurgia
Produtos de Contraste
Radiológicos
Dispensa de Antisséticos
e Desinfetantes para todas
as unidades e serviços
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Tabela 2 – Circuitos abrangidos pela distribuição de Antisséticos e Injetáveisd e grande volume
Injetáveis de Grande Volume e Antisséticos e desinfetantes
Centro Materno Infantil do Norte
Hospital Joaquim Urbano
Blocos:
Neoclássico
Luís de Carvalho
Ortopedia
Neurocirurgia
Centro integrado de cirurgia de Ambulatório
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes
Unidade de Farmácia Oncológica
Cuidados Intensivos
Hemodiálise
Unidade de Hospital de Dia Polivalente
Urgência Geral
Unidade de Cuidados Intermédios de Urgência
Serviço de Técnicas Cardiológicas
Serviço de Técnicas Endoscópicas
Serviço de R/X
Serviços de Distribuição Individual Diária
Fisioterapia
Consultas
Edifício Luís de Carvalho
Neoclássico
CICAP
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AnexoXVII: Pyxis
Anexo XXVIII: Torre da DIDDU
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Anexo XXIX: Células da DIDDU
Anexo XXX: Supermercado DIDDU
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Anexo XXXI: Requisição De Material De Penso
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Anexo XXXII: Requisição de estupefacientes
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Anexo XXXIII: Caso prático
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Trata-se de um doente da Unidade de Transplante Hepático, mas não temos acesso à
data da intervenção, pelo que partimos do princípio que todo o tratamento terá sido
corretamente prescrito, de acordo com as indicações, e todos os medicamentos com contra-
indicações para problemas hepáticos já estarão a ser metabolizados pelo fígado transplantado,
nomeadamente, o paracetamol, o carvedilol, o lorazepam, a buprenorfina, o pantoprazol, a
domperidona, o tacrolimus e a metoclopramida.
Uma das interações que encontramos foi entre o paracetamol e a metoclopramida e a
domperidona, uma vez que estes fármacos, por provocarem o esvaziamento gástrico, aumentam
a absorção do paracetamol, antecipando o seu início de ação. No entanto, não achamos relevante
uma vez que tanto o paracetamol como a metoclopramida estão prescritos em SOS. De referir
que a metoclopramida aumenta o efeito dos analgésicos orais e de depressores do SNC de um
modo geral.
Outra questão a ser apontada é a dose do micofenolato de mofetil: segundo o RCM,
deverá ser de 1,5g, duas vezes por dia, para transplantes hepáticos. No entanto, e não sabendo
ao certo quando foi o transplante, sabemos que esta dose poderá ter vindo a ser diminuída ao
longo do tempo e devidamente adaptada à condição do doente, segundo as análises periódicas
que devem ser realizadas. Note-se que o uso de prednisolona, entretanto alterada, com início
duas semanas antes do micofenolato de mofetil faz prever que o transplante tenha sido já há
bastante tempo, uma vez que esta associação se usa como profilaxia da rejeição de transplante
hepático e o micofenolato de mofetil deve ser iniciado 4 dias após o transplante. De referir
também a interação entre o micofenolato e o tacrolimus, cuja biodisponibilidade aumenta em
20% quando a dose 1,5g duas vezes por dia é praticada. O tacrolímus, por sua vez, interage com
a metoclopramida.
A bruprenorfina terá sido entretanto descontinuada e o tramadol está prescrito em SOS,
o que achamos razoável, uma vez que, por um lado, a brupernorfina só deverá ser usada quando
não há resposta a outros opióides, para a dor intensa, devendo ser descontinuada rapidamente e,
por outro, a sua administração concomitante não é aconselhável porque o efeito analgésico de
um agonista puro, o tramadol, poderá ser teoricamente reduzido. Notamos também a prescrição
de gabapentina, indicada para a dor neuropática periférica; poderia ser para crises epiléticas, que
desconhecemos se é o caso, apesar do facto da data de prescrição ser bastante posterior à
admissão nos leve a crer que não.
Notamos duas particularidades em relação a dosagens: o pantoprazol e a enoxaparina. O
pantoprazol está prescrito com 40mg diários, o que nos leva a crer que o doente terá tido
problemas recidivos de estômago, dado que a dose recomendada, por norma, é de 20mg. A
enoxaparina, por sua vez, está prescrita a 60mg, duas vezes por dia, uma dose bastante elevada
relativamente ao recomendado para profilaxia da doença tromboembólica em doentes
cirúrgicos, que achamos ser o caso (em que são recomendados 20mg – 40mg diários); não
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
52
obstante, a dose prescrita é concordante com o RCM, com a salvaguarda de que o tratamento é
geralmente prescrito por um período médio de 7 a 10 dias, podendo prolongar-se enquanto
existir o risco e até o doente passar a regime ambulatório, no caso de tromboembolismo venoso.
Notamos, na prescrição do Valganciclovir, indicado na prevenção da infeção por
citomegalovirus, que a dose a ser atualmente administrada é de 450mg diários, enquanto as
recomendações sugerem, para transplantes hepáticos, 900mg uma vez por dia, de 10 a 100 após
o transplante e até 100 dias. Todavia, e sabendo que, em conjunto com o micofenolato de
mofetil, a tendência à neutropenia e leucopenia está aumentada, compreendemos que a dose
poderá ter sido ajustada, devido às análises que devem ser periodicamente realizadas.
Outro risco associado à medicação é o de hipocaliemia, pela administração simultânea
do sene com a prednisolona, já devidamente corrigido pela administração de cloreto de potássio,
que deve ser administrado com monitorização plasmática.
Podemos deduzir que o paciente começou a ter dificuldades respiratórias devido ao
início de administração de salbutamol quase um mês após a admissão, indiciando que não se
tratava de medicação habitual. Mais ainda, partimos do princípio que o doente seria fumador,
pela prescrição de nicotina sob a forma transdérmica, habitualmente destinada ao alívio de
sintomas de privação
Nome da SA Necessário? Adequado? Posologia? Condições? PRM
Paracetamol --
Prednisolona --
Carvedilol --
Micofenolato de mofetil X 2
Lorazepam --
Buprenorfina --
Pantoprazol --
Valganciclovir --
Metoclopramida X 2
Tramadol --
Gabapentina --
Sene --
Domperidona --
Tacrolimus X 2
Cloreto de potássio --
Enoxaparina --
Salbutamol --
Nicotina --
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Anexo XXXIV: Pharmapick®
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Anexo XXXV: CAUL
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Anexo XXXVI: Sala de espera da UFA
Anexo XXXVII: Zona de atendimento da UFA
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Anexo XXXVIII: Gabinete de atendimento privado
Anexo XXXIX: Zona de Armazenamento de fármacos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
58
Anexo XL: Gavetas de arrumação de fármacos
Anexo XLI: Zona de arrumação de medicamentos para Hepatite C
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
59
Anexo XLII: Armário de nutrição parentérica
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Anexo XLIII: Lista de localização dos medicamentos da UFA
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Anexo XLIV: Prescrições em papel da UFA
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62
Anexo XLV: Folhetos informativos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Anexo XLVI: Contentor de inceneração
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Anexo XLVII: Unidade de Ensaios Clínicos (UEC)
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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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Anexo XLVIII: Formações
Carcinoma do ovário: Bevacizumab no tratamento da doença avançada
Formação proporcionada pela farmacêutica Roche sobre a aplicação do anticorpo monoclonal
(Bevacizumab) no tratamento de doença recorrente, persistente ou metastizada com associação de
quimioterapia. Dados clínicos apontam para um aumento da expressão de VEGF, comum nesta
patologia, que estimula a angiogénese. Assim, o anticorpo monoclonal liga-se ao VEGF e inibe a
angiogénese, levando à regressão da vasculatura existente e inibição do crescimento de novos vasos.
Doenças raras & Medicamentos Órfãos
Formação proporcionada pela farmacêutica Alexion. Classificam-se como doença raras as patologias
que afetam menos 65 pessoas em cada 100 mil. A hemoglobinúria paroxística noturna e a síndrome
hemolítico urémico atípico são exemplos de doenças raras, de difícil diagnóstico e tratamento.
Mieloma Múltiplo: Daratumumab
Formação proporcionada pela farmacêutica Janssen sobre a aplicação do daratumumab no tratamento
de pacientes com mieloma múltiplo. Atualmente surgem cerca de 500 novos casos por ano, em
Portugal. O alvo do anticorpo é o recetor CD38, que está sobrexpresso nas células neoplásicas. Este
fármaco encontra-se aprovado em fase II em monoterapia pela EMA e FDA.
Deferasirox e Eltrombopag
Formação proporcionada pela farmacêutica Novartis sobre a aplicação destes fármacos na área
hematológica. O deferasirox é um quelante de iões, usado na sobrecarga de ferro. O eltrombopag é um
agonista da trombopoetina endógena, útil no tratamento da anemia aplásica grave, como 2ª linha.
Visita de Iniciação de Ensaio Clínico Ultragenyx
A Mucopolisacaridose (MPS) é uma doença rara hereditária que se caracteriza pela deficiência de
enzimas lisossomais que conduz à acumulação celular de glicosaminoglicanos (GAGS). Existem 11
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar
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fenótipos caracterizados pelas suas manifestações multisistemáticas e progressivas, que poderão ser
enquadrados nos seguintes grupos consoante a sua natureza e severidade:
Grupo “visceral”- MPS I, II, VI, VII- caracterizam-se por hepatoesplenomegalia, doenças
cardíacas, obstruções das vias aéreas, perda de cabelo, entre outras;
Grupo “neurodegenerativo”- MPS IIIA, B, C- declínio cognitivo, perturbações do
comportamento, hiperatividade;
Grupo “Esquelético” – MPS IV – baixa estatura, displasia esquelética;
Fisiopatologia:
A patologia caracteriza-se por uma acumulação excessiva de GAGs nos lisossomas, resposta
inflamatória exacerbada e upregulated protéases e indução de apoptose. Apenas 4 subtipos de MPS
possuem terapêutica aprovada. O seguinte ensaio destina-se à descoberta de terapêutica para a MP VII.
A MP VII (Síndrome Sly) é causada por uma deficiência da enzima beta-glucoronidase lisossomal
(GUS), que leva acumulação celular de GAGs, condroítina 6 e dermatan sulfato. O fármaco em
estudo rhGUS é uma proteína recombinante tetramérica, membro da família de enzimas lisossomais
hidrolíticas que catalisam os hidratos de carbono complexos. Os dados clínicos dos ensaios de Fase I e
Fase II demonstram a redução substancial do acumulo de GAGs e do tamanho do fígado.
O ensaio clínico é de fase 3, multicêntrico e multinacional, cujos principais objetivos são avaliar a
longo prazo a segurança do ME em indivíduos com MP VII, bem como avaliar a eficácia a longo
prazo do ME na redução de GAGs no substrato urinário nos mesmos doentes.
Dia Nacional de luta contra a paramiloidose
Sessão de palestras organizadas pela Unidade Corino de Andrade- Departamento de Neurociências do
Hospital de Santo António, a propósito da comemoração dos 75 anos da descoberta da paramiloidose
em Portugal e no Hospital de Santo António. A polineuropatia amilóidica familiar caracteriza-se por
uma mutação no gene da transtirretina.
Apresentação de bolsas de investigação
Assistência a apresentações de bolseiros de investigação sobre a aplicação dos dispositivos médicos
nos ensaios clínicos e a aplicação de técnicas de diagnóstico na paramiloidose.
Vista de Início do estudo
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Rituximab para a nefrite lúpica tem como meta a remissão: estudo multicêntrico aleatório, aberto, da
iniciativa do investigador.
Formação Janssen
Formação proporcionada pela farmacêutica Janssen. Importância do farmacêutico na adesão à
quimioterapia oral.
Formação Hemofilia
Formação proporcionada pela Baxalta. Formação sobre hemofilia e seu tratamento.
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