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RELATÓRIO ANUAL EUROJUST 2010

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 RELATÓRIO ANUAL  

EUROJUST 2010  

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Índice  

 

1 Perspectiva Geral....................................................................................................................... 9

Relações com instituições da UE ................................................................................................... 9

Relações com Estados terceiros e organizações fora da União Europeia ..................................... 9

Aspectos relacionados com a administração............................................................................... 10

Tecnologias da informação...................................................................................................... 10

Acesso público a documentos da Eurojust.............................................................................. 11

2 Actividades operacionais......................................................................................................... 12

2.1 Introdução ...................................................................................................................... 12

2.2 Estatísticas sobre tratamentos de casos......................................................................... 12

2.3 Obstáculos no tratamento de casos de cooperação da Eurojust ................................... 12

2.4 Uso dos instrumentos de cooperação da Eurojust......................................................... 14

Reuniões de coordenação............................................................................................................ 14

Artigos 6.º e 7.º da Decisão Eurojust ........................................................................................... 15

A Convenção MLA 2000 e as questões relacionadas com os meios de prova ............................ 16

Mandados de Detenção Europeus............................................................................................... 18

Decisões de congelamento .......................................................................................................... 20

Perda e recuperação de bens ...................................................................................................... 21

Entregas controladas ................................................................................................................... 23

2.5 Cooperação judiciária em áreas de criminalidade prioritárias ....................................... 24

Terrorismo ................................................................................................................................... 24

Tráfico de estupefacientes........................................................................................................... 26

Tráfico de seres humanos............................................................................................................ 27

Fraude .......................................................................................................................................... 28

Corrupção .................................................................................................................................... 30

Cibercriminalidade....................................................................................................................... 31

Branqueamento ........................................................................................................................... 32

Actividades relacionadas com a presença de grupos de criminalidade organizada.................... 33

2.6 Equipas de investigação conjuntas ................................................................................. 37

A Eurojust e o apoio financeiro de operações de equipas de investigação conjuntas................ 38

2.7 Tratamento de casos da Eurojust envolvendo Estados terceiros................................... 38

Magistrados de Ligação de Estados terceiros destacados junto da Eurojust.............................. 39

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3 Relações com parceiros da União Europeia ............................................................................ 41

Rede Judiciária Europeia.............................................................................................................. 41

Europol......................................................................................................................................... 41

OLAF............................................................................................................................................. 42

Frontex......................................................................................................................................... 43

Rede de Formação Judiciária Europeia........................................................................................ 43

CEPOL........................................................................................................................................... 44

4 Desenvolvimentos ................................................................................................................... 45

Implementação da Decisão do Conselho 2009/426/JAI.............................................................. 45

Estratégia de Segurança Interna (COSI; Fórum Consultivo dos Procuradores Gerais e dos Directores do Ministério Público) ................................................................................................ 45

Cooperação JAI ............................................................................................................................ 46

5 Acompanhamento das Conclusões do Conselho .................................................................... 47

Anexo ............................................................................................................................................... 53

Gráfico 1: Evolução dos casos 2002 – 2010................................................................................. 53

Gráfico 2: Classificação geral dos casos ....................................................................................... 54

Gráfico 3: Tipos de criminalidade prioritários em casos da Eurojust .......................................... 55

Gráfico 4: Tipos de criminalidade prioritários e outros tipos de criminalidade no âmbito de casos da Eurojust ......................................................................................................................... 56

Gráfico 5: Casos da Eurojust por países requerentes .................................................................. 57

Gráfico 6: Casos da Eurojust por países requeridos .................................................................... 58

Gráfico 7: Número total de reuniões de coordenação ................................................................ 59

Gráfico 8: Reuniões de coordenação por países requerentes..................................................... 60

Gráfico 9: Reuniões de coordenação por países requeridos ....................................................... 61

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Nota sobre a Decisão Eurojust 

A  Decisão  do  Conselho,  de  28  de  Fevereiro  de  2002,  relativa  à  criação  da  Eurojust  a  fim  de reforçar  a  luta  contra  as  formas  graves  de  criminalidade,  alterada  pela  Decisão  do  Conselho 2009/426/JAI, de 16 de Dezembro de 2008, relativa ao reforço da Eurojust, é adiante designada por "Decisão Eurojust". 

Uma  versão  consolidada  da  Decisão  Eurojust  preparada  pelo  Secretariado  Geral  do  Conselho, apenas  para  efeitos  de  informação,  encontra‐se  disponível  na  internet,  em www.eurojust.europa.eu. 

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Lista de acrónimos 

AWF    Ficheiros de análise 

CEPOL    Academia Europeia de Polícia 

CMS    Sistema de Gestão de Casos 

COSI  Comité  Permanente  para  a  Cooperação Operacional  em matéria  de  Segurança Interna 

MDE    Mandado de Detenção Europeu 

RJE    Rede Judiciária Europeia 

REFJ    Rede Europeia de Formação Judiciária 

SNCE    Sistema Nacional de Coordenação da Eurojust 

PE    Procuradoria Europeia 

Frontex  Agência Europeia  de Gestão da Cooperação Operacional  nas Fronteiras Externas dos Estados‐Membros da União Europeia 

GTI  Grupo de Trabalho Informal para a Implementação da nova Decisão Eurojust nos Estados‐Membros  

EIC    Equipa de Investigação Conjunta 

MLA    Auxílio Judiciário Mútuo 

CP    Coordenação Permanente 

OCTA  Relatório de Avaliação de Ameaças da Criminalidade Organizada  

OLAF    Organismo Europeu de Luta Anti‐Fraude 

OSR    Revisão da Estrutura da Organização 

ROCTA  Relatório de Avaliação de Ameaças da Criminalidade Russa Organizada 

TE‐SAT    Relatório sobre a Situação do Terrorismo e suas Tendências  

TFUE    Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia 

TSH    Tráfico de Seres Humanos 

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Preâmbulo 

O nono Relatório Anual da  Eurojust dá  conta das  actividades desenvolvidas  em  2010. A nossa missão  vem  definida  no  Tratado  de  Lisboa,  é  a  luta  contra  as  formas  graves  de  criminalidade afectando  dois  ou mais  Estados‐Membros  da União  Europeia. O  presente  relatório  reflecte  os principais aspectos deste trabalho operacional. 

    

À semelhança dos anos  transactos, o número de casos   comunicados pelos Estados‐Membros à Eurojust  conheceu um  acréscimo. Pela primeira  vez, mais de  1  400  casos  foram  registados no nosso Sistema de Gestão de Casos. A Eurojust efectuou,  igualmente,  cerca de 140  reuniões de coordenação, nas quais investigadores e autoridades judiciárias participaram com o propósito de analisar os casos de criminalidade transnacional e resolver questões operacionais. Também neste domínio se verificou um acréscimo relativamente ao ano anterior, sendo de salientar que em 90% destas  reuniões  foi  discutida  criminalidade  identificada  como  representando  uma  ameaça específica a cidadãos da União Europeia, tais como terrorismo, tráfico de droga, tráfico de seres humanos,  fraude,  corrupção,  cibercriminalidade,  branqueamento  e  outras  actividades relacionadas com a presença de grupos de criminalidade organizada na economia. 

 

A  Eurojust,  contudo,  não  ficou  imune  às  pressões    resultantes  da  crise  financeira  global. Restrições financeiras em alguns Estados‐Membros levaram a que o acréscimo de casos tratados e  de  reuniões  de  coordenação  organizadas  não  tivesse  conduzido  ao  reforço  de  recursos humanos, cuja falta é sentida por algumas Representações Nacionais. 

Tendo em conta a  sua  importância, desde  logo ao nível da  intervenção operacional, a Eurojust efectuou  reuniões  sobre  a  implementação, nos Estados‐Membros, da  sua nova Decisão  (o que deverá ocorrer  até 4 de  Junho de 2011). Entre os diversos  aspectos  inovadores  com potencial para produzir um  impacto  imediato em questões fundamentais, destacamos aqui os que exigem dos  Estados‐Membros  o  intercâmbio,  com  a  Eurojust,  de  determinadas  informações  sobre tratamento de casos, bem como a disponibilidade permanente da Eurojust para prestar auxílio às autoridades judiciárias nos Estados‐Membros. 

Assistiu‐se, ao  longo do ano, ao  reforço do papel da Eurojust em aspectos  importantes da  luta judiciária contra a criminalidade transnacional. As equipas de investigação conjuntas são cada vez mais reconhecidas como um instrumento efectivo nesta luta. Em 2010, a Eurojust foi novamente incumbida da avaliação e concessão de subsídios a equipas de investigação conjuntas através de fundos  da  Comissão,  tendo,  ainda,  nomeado  um  coordenador    para  a  Rede  de  Equipas  de Investigação Conjuntas. Ao nível da política geral, a Eurojust deu o seu contributo, partindo da sua perspectiva judiciária, para as deliberações do Comité Permanente  para a Coperação Operacional em matéria de  Segurança Interna  (prevista no artigo 71.º do Tratado sobre o Funcionamento da União  Europeia).  A  Eurojust  providenciou,  igualmente,  apoio  ao  Fórum  Consultivo  de Procuradores‐Gerais e Directores do Ministério Público.  

Antecipando as disposições do Tratado de Lisboa e  já com o objectivo de promover a avaliação parlamentar da  sua actividade, a Eurojust diligenciou activamente no  sentido de explicar o  seu papel, tanto ao nível do parlamento europeu como dos parlamentos nacionais. 

 

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Internamente,  a  Eurojust  deu  continuidade  ao  seu  empenho  em melhorar  a  eficácia  dos  seus serviços e em antecipar respostas para alterações que venham a surgir a partir de propostas sobre o seu funcionamento futuro e sobre a criação, a partir da Eurojust, de uma Procuradoria Europeia. Foi desenvolvido um programa de implementação do projecto designado Revisão da Estrutura da Organização, tendo‐se, ainda,  registado progressos nas negociações   sobre as novas  instalações na Haia, por forma a que a Eurojust possa, finalmente, beneficiar do facto de trabalhar num único edifício. 

O  Relatório  Anual  2010  aperfeiçoa  as  alterações  ao  formato  e  ao  conteúdo  introduzidas  no relatório  do  ano passado,  amplamente  acolhidas.  Espero  que  o  presente  relatório  ofereça  um relato útil  das actividades da Eurojust na luta contra a criminalidade transnacional. 

 

 

 

ALED WILLIAMS 

Presidente da Eurojust 

Março de 2011 

 

 

 

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1 Perspectiva Geral  

Tratamento de casos 

Em 2010, os Estados‐Membros solicitaram a intervenção da Eurojust em 1 424 novos casos, o que representou  um  acréscimo  de  4%  de  casos  comunicados  (em  2009,  houve  1  372  pedidos  de intervenção). Cerca de um quinto destes casos envolveu três ou mais países. Em sintonia com a ênfase dada pela União Europeia à  luta contra os crimes que constituem uma ameaça especial  para os seus cidadãos, a Eurojust centrou a sua atenção, em 2010, no terrorismo, tráfico de droga, tráfico de seres humanos  (TSH),  fraude, corrupção, cibercriminalidade, branqueamento e outras actividades  relacionadas  com  a  presença  de  grupos  de  criminalidade  organizada  na  economia. Estes  tipos  de  criminalidade  ocorreram  1  015  vezes  em  casos  registados  na  Eurojust, representando um acréscimo de 4% relativamente ao número apresentado em 2009 (974). 

Em  2010,  a  Eurojust  efectuou  141  reuniões  de  coordenação,  o  que  confirmou  a  tendência crescente, com um aumento de 7%  relativamente ao número de  reuniões  (131) efectuadas em 2009.  Cerca  de  90%  das  reuniões  de  coordenação  trataram  de  um  tipo  de  criminalidade prioritária, conforme adiante se explicitará. 

O capítulo 2 providencia informações mais detalhadas sobre o tratamento de casos da Eurojust. 

Relações com instituições da UE 

A Eurojust continuou a desenvolver a sua actividade com parceiros operacionais e estratégicos, tais como a Rede Judiciária Europeia, a Europol, o OLAF, a Frontex, a REFJE e o CEPOL. O Capítulo 3 contém informação mais detalhada sobre esta matéria. 

A Eurojust aprofundou o seu relacionamento com as principais instituições da União Europeia no decurso do  ano de 2010. Em  Junho, a Comissária para  a  Justiça, os Direitos  Fundamentais e  a Cidadania,  Viviane Reding, visitou a Eurojust para debater a acção e o futuro desta organização. Pela primeira vez,   um  representante do Parlamento Europeu participou numa  reunião  regular que  contou  com  os  representantes  do  Trio  de  Presidências,  da  Comissão  Europeia  e  do Secretariado  Geral  do  Conselho.  A  Eurojust  convidou,  igualmente,  as  instituições  da  União Europeia   para  as  reuniões   do Grupo de Trabalho  Informal para  a  Implementação da Decisão Eurojust nos Estados‐‐Membros (GTI). 

A Eurojust participou ainda nas reuniões do Comité Permanente para a Cooperação Operacional em matéria de Segurança  Interna  (COSI), criado em 2010 nos  termos do artigo 71.º do Tratado sobre  o  Funcionamento  da  União  Europeia  (TFUE).  Através  desta  participação,  a  Eurojust pretendeu  colaborar  no  desenvolvimento  de  um  enquadramento  judiciário  adequado  em questões relacionadas com segurança interna. 

A Eurojust contribuiu para fóruns dedicados à melhoria da cooperação da justiça penal na União Europeia, incluindo o Grupo de Trabalho para a Cooperação Judiciária em Matéria Penal (COPEN), tendo disponibilizado os  seus  conhecimentos especializados para desenvolvimentos  legislativos relevantes  tais  como  o  Mandado  Europeu  de  Obtenção  de  Provas  (MEOP).  A  pedido  da Presidência do Conselho, a Eurojust participou em  reuniões do CATS  (ex Comité do artigo 36.º) visando garantir que o seu contributo da prática era tido em consideração no processo decisório. A Eurojust participou, ainda, no Grupo de Trabalho para as Questões Gerais e a Avaliação.  

Relações com Estados terceiros e organizações fora da União Europeia 

Em 2010, a Eurojust alargou a sua esfera de intervenção em matéria de cooperação judiciária. O Memorando de Entendimento entre a Eurojust e o Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e a Criminalidade (UNODC) foi assinado a 26 de Fevereiro de 2010. A Eurojust adicionou o Brasil, 

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Cabo Verde, a  Índia e o Cazaquistão à  sua  rede de pontos de  contacto em Estados  terceiros e apoiou diversas iniciativas nos Balcãs, entre as quais o Projecto da União Europeia para a Criação de Unidades  de  Coordenação  da  Aplicação  da  Lei  Internacionais  (ILECUS)  e  o  Secretariado  da Convenção de Cooperação Policial para o Sudeste da Europa (PCC SEE). 

Continuou‐se a trabalhar no sentido de alargar as possibilidades de cooperação operacional. Em 2010, foi reafirmado o carácter prioritário dos acordos de cooperação com a Federação Russa, a Ucrânia, e o Liechtenstein. A primeira  reunião do Grupo de Trabalho visando  resolver questões práticas  relacionadas  com a  cooperação  judiciária entre a União Europeia e a Federação Russa realizou‐se em Moscovo. As negociações para um acordo de  cooperação  com  a Ucrânia  foram retomadas.  Em  Junho,  a  Eurojust  informou  o  Conselho  sobre  a  sua  intenção  de  estabelecer negociações  formais  com  vista a um  acordo de  cooperação  com o  Liechtenstein. A Turquia  foi adicionada à lista prioritária para negociação de acordos de cooperação. 

Foram  visíveis os  resultados do  trabalho  anteriormente desenvolvido: o  acordo de  cooperação entre a Eurojust e a ex‐República Jugoslava da Macedónia (FYROM) entrou em vigor a 23 de Junho de 2013. A Eurojust participou,  igualmente, numa missão para apuramento de factos no Kosovo visando adquirir conhecimentos sobre o sistema judiciário e estabelecer contactos com a Missão da União Europeia para o Estado de Direito no Kosovo (EULEX). 

A Secção 2.7 contém  informações sobre o tratamento de casos da Eurojust envolvendo Estados terceiros, bem como sobre o papel desempenhado por Magistrados de Ligação destacados para a Eurojust.  

Aspectos relacionados com a administração  

Em 2010,  a  Eurojust preparou, pela primeira  vez, um Plano Estratégico Multi‐Anual  (PEMA). O PEMA  abrange  os  anos  2012  –  2014  e  estabelece  quatro  objectivos  estratégicos: melhorar  o trabalho  operacional,  tornar‐‐se  o  centro  efectivo  da  acção  judiciária  contra  a  criminalidade transnacional, melhorar as relações com parceiros fundamentais e obter uma maior eficácia nos métodos de trabalho.  

O orçamento da Eurojust para 2010 foi de 30,2 milhões de euros, do qual foram executados 98% de apropriações de compromisso. A parte operacional do orçamento sofreu um aumento (através de  transferências  orçamentais  internas)  de  14%,  devido,  fundamentalmente,  ao  continuado desenvolvimento da sua base de dados (que incluiu uma mudança de fornecedor) e a aquisição de hardware  adicional.  Foram  processadas  cerca  de  6  500  transacções  (compromissos  e pagamentos) no ano de 2010. A Eurojust prevê receber uma declaração de fiabilidade do Tribunal de Contas Europeu.  

Em  Julho de 2010, a Eurojust  recebeu uma proposta  relativa às novas  instalações por parte do Estado anfitrião, o qual se propôs financiar e construir um novo edifício destinado à Eurojust até finais  de  2015.  Em  2011,  a  Eurojust  submeterá  uma  análise  da  relação  custos‐benefícios  à autoridade responsável pelo orçamento, e solicitará o seu parecer. 

A Revisão da Estrutura da Organização (OSR), iniciada em Fevereiro de 2009, foi desenvolvida ao longo do ano de 2010. A  fase de  implementação teve  início no segundo semestre de 2010 com subprojectos  de  estruturas  de  governação,  execução  e  cooperação  entre  a  Eurojust  e  a  sua administração, formação e cultura organizacional.  

Tecnologias da informação 

A  Eurojust  continuou  a  desenvolver  o  seu  Sistema  de  Gestão  de  Casos  (CMS),  enquanto ferramenta de informação dedicada à gestão de casos operacionais. Em 2010, foi introduzida uma nova  versão  do  CMS,  contendo  melhoramentos  adicionais  a  nível  do  seu  manuseamento. Complementarmente, foi criado um grupo para preparar e gerir as alterações técnicas necessárias para  implementar a Decisão Eurojust,  incluindo o sistema de coordenação permanente  (CP) e o 

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projecto  EJ27,  visando  criar  um  canal  de  comunicações  seguras  com  cada  Estado‐ ‐Membro. Este projecto suportará a ligação do Sistema Nacional de Coordenação Eurojust (SNCE) nos Estados‐Membros ao CMS, bem como o  intercâmbio acrescido de  informações previsto no artigo 13.º da Decisão Eurojust.  

O  projecto  de  pesquisa  European  Pool  against Organised  Crime  (EPOC)  IV,  co‐financiado  pela Comissão  Europeia,  passou  da  fase  de  recolha  de  informações  para  a  fase  de  análise,  tendo produzido as primeiras propostas de criação de um padrão para o  intercâmbio de dados a nível judiciário. Paralelamente, o projecto  continuou a desenvolver uma derivação do CMS para uso nos  Estados‐Membros  como  a  componente  de  cooperação  internacional  nas  bases  de  dados nacionais. Três Estados‐Membros parceiros – Bulgária, Itália e Países Baixos – disponibilizaram‐se para testar esta potencial solução. 

Acesso público a documentos da Eurojust 

Em  2010,  foram  recebidos  quatro  pedidos  de  acesso  a  documentos  da  Eurojust.  Três  deles reportavam‐se a  investigações ou procedimentos penais em que a Eurojust estava envolvida e o outro pedido era relativo a uma questão ligada ao pessoal.  

O pedido  relacionado  com o pessoal  foi parcialmente  recusado  com base no  facto de  “a  total publicitação afectar a protecção de procedimentos judiciais e aconselhamento jurídico”.   

Um pedido relacionava‐se com um caso operacional e outros dois pedidos resultaram de estudos de investigação universitários, que procuravam obter acesso a recomendações da Eurojust sobre conflitos  de  jurisdição  nos  termos  dos  artigos  6.º  e  7.º  da  Decisão  Eurojust,  bem  como informações sobre Mandados de Detenção Europeus (MDE) concorrentes ou conflituantes, tendo sido disponibilizadas as informações possíveis. As recusas tiveram como justificação “a protecção de  procedimentos  judiciais  e  o  aconselhamento  jurídico...”,  bem  como  o  facto  de  “a  total publicitação  afectar  a  protecção  do  interesse  público....  a  privacidade  e  a  integridade  dos indivíduos…, procedimentos judiciais e aconselhamento jurídico...” e ainda “o processo decisório da Eurojust”. 

 

 

 

 

 

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2 Actividades operacionais 

2.1  Introdução 

O  presente  capítulo  sintetiza  as  estatísticas  do  tratamento  de  casos  e,  na  sequência  das Conclusões  do  Conselho  sobre  o  Relatório  Anual  do  ano  transacto,  aborda  os  obstáculos  à cooperação  judiciária,  a  utilização  das  ferramentos  de  cooperação  judiciária  da  Eurojust  no tratamento  de  casos  e  a  avaliação  dos  instrumentos  judiciários.  Os  obstáculos  à  cooperação judiciária  identificados até agora são  fruto da experiência da Eurojust em  função dos casos que lhe foram comunicados, não precedendo de uma base mais alargada.  

O presente capítulo tem,  igualmente, em consideração áreas de criminalidade na perspectiva da coordenação e da cooperação judiciárias. Estas prioridades foram adoptadas à luz das Conclusões do  Conselho  sobre  as  avaliações  das  ameaças  que  a  criminalidade  organizada  e  o  terrorismo colocam, tendo a Eurojust contribuido para tais avaliações. Os tipos de criminalidade identificados foram  o  terrorismo,  o  tráfico  de  droga,  o  tráfico  de  seres  humanos,  a  fraude,  a  corrupção,  a cibercriminalidade, o branqueamento e outras actividades relacionadas com a presença de grupos criminosos organizados na economia. 

2.2  Estatísticas sobre tratamentos de casos 

Em 2010, o CMS registou 1 424 novos casos em que os Estados‐Membros solicitaram a assistência da Eurojust. Os gráficos 1, 5 e 6 do anexo contêm informação mais detalhada sobre o aumento do número de casos tratados e os países envolvidos. 

 

Os gráficos 2, 3 e 4 do anexo fornecem informação sobre o tratamento de casos de acordo com os objectivos e as prioridades das actividades da Eurojust estabelecidas em  conformidade  com as decisões  do  Conselho.  Cerca  de  90%  dos  casos  comunicados  à  Eurojust  envolve  os  tipos  de criminalidade e de  infracções  relativamente aos quais a Europol  tem,  igualmente,  competência para actuar (n.º1 do artigo 4.º da Decisão Eurojust). Nos restantes casos, a assistência da Eurojust foi solicitada nos  termos do n.º 2 do artigo 4.º  relativamente a outros  tipos de criminalidade a pedido das autoridades competentes dos Estados‐Membros. 

O número de  reuniões de coordenação aumentou 7%, em comparação com 2009, passando de 131  casos para 141  casos. Destas  reuniões, 14 ocorreram  fora das  instalações da  Eurojust por razões  operacionais  e  63%  envolveram  três  ou mais  países.  Em  2010,  92%  (130  de  141)  das reuniões  de  coordenação  disseram  respeito  a  tipos  de  criminalidade  de  áreas  prioritárias.  As restantes reuniões abordaram  formas graves de criminalidade  (como o homicídio) não  incluídas nos  tipos  de  criminalidade  de  áreas  prioritárias. Os  gráficos  7,  8  e  9  do  anexo  contêm  dados estatísticos detalhados sobre reuniões de coordenação realizadas em 2010. 

2.3  Obstáculos no tratamento de casos de cooperação da Eurojust  

A Convenção do Conselho da Europa relativa ao Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal, de  20 de Abril de 1959  (a Convenção MLA de 1959), a Convenção relativa ao Auxílio Judiciário Mútuo em  Matéria  Penal  entre  os  Estados‐Membros  da  União  Europeia,  de  29  de  Maio  de  2000 (Convenção MLA de 2000), bem  como a Decisão‐Quadro, de 13 de  Junho de 2002,  relativa  ao Mandado de Detenção Europeu e aos processos de entrega entre os Estados‐Membros (Decisão‐Quadro  relativa  ao  MDE)  continuaram  a  ser  os  instrumentos  jurídicos  mais  frequentemente referenciados no trabalho de cooperação  judiciária da Eurojust. Quando se suscitaram questões jurídicas,  a  Eurojust  apoiou,  com  o  seu  parecer,  sobre  a  interacção  entre  as  normas  legais europeias e nacionais e sobre a forma de superar as dificuldades jurídicas.  

 

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O  tratamento  de  casos  da  Eurojust  em  2010 mostra  que  os  obstáculos  práticos  e  jurídicos  à cooperação  judiciária  na  União  Europeia  estão,  frequentemente,  interligados.  Os  obstáculos práticos  incluem a  falta de recursos a nível nacional necessários para uma execução, em tempo útil,  de pedidos de cooperação judiciária, o que é evidenciado não só pelos atrasos mas também pelas  dificuldades  decorrentes  da  baixa  qualidade  das  traduções  ou  da  insuficiência  das informações constantes dos pedidos. Em alguns casos, a falta de equipamento adequado impediu a  execução  física  dos  pedidos,  como  no  caso  da  detecção  de  entregas  controladas,  de videoconferências ou da intercepção de comunicações. 

 

Directamente  relacionados  com  esta  falta  de  recursos  surgem  outros  problemas  relacionados com a falta de formação e de confiança. Em alguns casos, as autoridades de execução solicitaram informações  adicionais extensas  sobre  variadas questões,  tais  como  todas  as decisões  judiciais anteriormente proferidas e  relacionadas  com a pessoa  investigada, meios de  recurso, decisões sobre meios de recurso, normas legais específicas, estilo de vida da pessoa, etc, o que contribuiu para  a  ocorrência  de  atrasos  significativos. A  falta  de  confiança  e  de  formação  podem  induzir dificuldades  técnicas  que  impedem  a  formulação  célere  de  pedidos  de  cooperação  judiciária. Estes problemas foram sentidos no caso de MDE.  

A  Eurojust  contribuiu  frequentemente  para  ajudar  a  reduzir  atrasos  associados  a  pedidos  de auxílio  judiciário  (MLA)  tradicionais  através  da  facilitação  do  intercâmbio  de  informação,  da prestação  de  assistência  imediata  a  autoridades  dos  Estados‐Membros,  contribuindo,  desse modo, para a protecção dos cidadãos. A título de exemplo, a Eurojust recebeu um pedido urgente  no decurso do  julgamento de um perigoso  suspeito por  crime  sexual. No prazo de 48 horas, a Eurojust conseguiu que um  tribunal de um dos Estados‐Membros obtivesse a percepção exacta do perigo que o arguido representava a partir de informações constantes de um processo judicial de outro tribunal, o que implicou a apreciação de diferentes formas de tratamento legislativo da infracção. 

Foi,  ainda,  necessário  ultrapassar  outros  problemas  técnicos  na  execução  de  pedidos  de cooperação judiciária devido a diferenças na utilização prática de termos relevantes. Por exemplo, a execução de pedidos  solicitando o  “congelamento”,  “apreensões” e  a  “declaração de perda” suscitaram  dificuldades.  A  Eurojust  desempenhou  um  papel  fundamental  na  clarificação  das necessidades das autoridades envolvidas e no aconselhamento sobre soluções práticas.  

A execução problemática de decisões de  congelamento  ilustra outra área onde  as dificuldades jurídicas se fizeram sentir. As autoridades nacionais mostraram‐se, por vezes, reluctantes em usar os instrumentos disponíveis a nível europeu para efeitos de cooperação. Por vezes, esta situação ocorre porque  tais  instrumentos parecem não  corresponder, de  imediato, às necessidades dos operadores Por exemplo, a  forma prevista na Decisão‐Quadro 2003/577/JAI, de 22 de  Julho de 2003, relativa à execução na União Europeia das decisões  de congelamento de bens ou de provas (Decisão‐Quadro  sobre  decisões  de  congelamento  de  bens  ou  de  provas)  tem  sido  pouco utilizada, mesmo  quando  o  instrumento  jurídico  foi,  entretanto,  transposto  para  a  legislação nacional. As decisões de congelamento são analisadas em mais detalhe na secção 2.4. 

Um dos obstáculos  jurídicos directamente relacionados,  identificado no tratamento de casos da Eurojust,  é  a  deficiente  implementação  da  legislação  europeia,  ou mesmo  a  sua  ausência.  Em alguns  casos,  por  exemplo,  as  autoridades  judiciárias  têm  dificuldade  em  criar  equipas  de investigação  conjuntas  (EIC) devido à  inadequada  transposição da  legislação da União Europeia para a legislação nacional em alguns Estados‐Membros. 

 Ocasionalmente,  podem  surgir  outros  obstáculos  jurídicos  relacionados  com  a  existência  de diferentes  regras  aplicáveis  à  admissibilidade da  prova,  como  é o  caso da  legislação  relativa  à intercepção de comunicações, do depoimento de testemunhas, do nível de protecção concedido 

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às testemunhas e dos requisitos do julgamento equitativo. Os diferentes procedimentos relativos à  recolha  de  depoimentos  de  testemunhas  resultaram  em  problemas  práticos,  como  os depoimentos  sem  notificação  prévia  da  defesa  num  Estado‐Membro  que  poderão  não  ser admissíveis como prova noutro Estado‐Membro.  

 Os  problemas  resultam,  igualmente,  de  diferenças  processuais.  Por  exemplo,  existem  formas pelas  quais    os  pedidos  de  cooperação  judiciária  podem  ser  transmitidos,  os  quais  incluem  a transmissão directa entre autoridades  judiciárias, a  Interpol, o Sistema de  Informação Schengen (SIS), a Eurojust e a Rede  Judiciária Europeia  (RJE). Esta  situação pode gerar  incerteza entre os operadores quanto ao canal apropriado a utilizar.  

 

Os  problemas  com  origem  na  diferença  da  definição  de  infracções  penais  ou  medidas investigatórias também ocorrem ocasionalmente. Um exemplo desta situação é dado na secção 2.5 sob a epígrafe Branqueamento. 

 

Muitas  das  dificuldades  generalizadas  acima  referidas  poderiam  ser  ultrapassadas mediante  a utilização da experiência da Eurojust e garantindo que esta recebe uma descrição precisa do caso. A intervenção da Eurojust é frequentemente solicitada para resolver um problema específico, mas poderá haver outros aspectos do caso que desconhece e relativamente aos quais poderia ser uma mais‐valia.  A  total  implementação  dos  requisitos  de  notificação  previstos  na  Decisão  Eurojust poderá ser um importante auxílio nesta questão. 

Em síntese, as investigações e os procedimentos penais transnacionais são considerados de difícil e  onerosa  execução.  É  fundamental  sensibilizar  as  autoridades  judiciárias  nacionais  para  a importância  da  cooperação  judiciária  internacional  em  geral,  e  para  o  papel  da  Eurojust  em particular. Em termos gerais, o envolvimento da Eurojust numa fase  inicial,  isto é, desde o  início da cooperação policial, é crucial para garantir que o investimento em recursos  investigatórios se traduza em resultados judiciários. 

 

2.4  Uso dos instrumentos de cooperação da Eurojust  

Reuniões de coordenação 

As  reuniões  de  coordenação  continuam  a  ser  uma  ferramenta  de  grande  utilidade    para procuradores,  juizes e  investigadores dos Estados‐Membros em casos transnacionais. Encorajam o  intercâmbio  imediato  de  informação  sobre  investigações  interligadas  e  a  coordenação  de acções  operacionais.  Estas  reuniões  permitem  às  autoridades  nacionais  competentes  e  aos Membros Nacionais para a Eurojust, bem como aos representantes dos parceiros da UE (Europol e Organismo Europeu de  Luta Antifraude  ‐ OLAF), acordar numa estratégia comum, bem  como planear  e  coordenar  investigações  e  acções  simultâneas,  tais  como  detenções,  buscas  e apreensão de bens.  

 

As  reuniões de  coordenação  fornecem  "simetria de  informação", na medida em que permitem aos países participantes  identificar o tipo de  informação que necessitam permutar num formato válido para todos os parceiros. Os canais apropriados e o momento certo para a transmissão da informação podem,  igualmente,  ser  identificados. Do mesmo modo,  as  autoridades  envolvidas têm a oportunidade de se reunir e construir relações de trabalho efectivas.  

Existem duas etapas simples para melhorar o recurso às reuniões de coordenação: garantir que os acordos feitos em reuniões de coordenação são executados em tempo útil por todas as partes; o 

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intercâmbio  de  informação  e  a  discussão  de  obstáculos  jurídicos  antes  das  reuniões  de coordenação  podem  ser  uma mais  valia.  Poder‐se‐ia,  então,  dispensar  atenção  especial,  nas reuniões, às acções específicas necessárias para a execução de pedidos de cooperação  judiciária (p.ex., entregas controladas, buscas domiciliárias em simultâneo, etc). 

Artigos 6.º e 7.º da Decisão Eurojust 

Os artigos 6.º e 7.º da Decisão Eurojust prevêem que os Membros Nacionais e o Colégio  façam recomendações  às  autoridades  nacionais  competentes  sobre  tratamento  de  casos.  Estas recomendações  são  instrumentos  valiosos  para  a melhoria  da  cooperação  judiciária  em  casos transnacionais que tenham incidência a nível da União Europeia, reflectindo um diálogo contínuo entre Membros Nacionais para a Eurojust e as suas autoridades em questões relacionadas com o tratamento de casos operacionais.  

Por vezes, este diálogo é o tema de  intercâmbios  formais  (decisões ou pedidos  formais entre o Membro Nacional e as suas autoridades judiciárias) mas, na maioria dos casos, o intercâmbio tem natureza  informal.  O  uso  de  pedidos  formais  reflecte,  frequentemente,  práticas  processuais específicas de Estados‐Membros, nomeadamente a necessidade de deixar um registo de decisões de exercício da acção penal.  

Em  2010,  foram  emitidos  29  pedidos  formais  nos  termos  do  artigo  6.º.  Vários  pedidos  foram emitidos  nos  termos  da  alínea  a‐i)  do  n.º  1  do  artigo  6.º  (dar  início  a  uma  investigação  ou instaurar um procedimento penal por factos precisos): a acção da Eurojust representou uma mais valia  ao  alertar  as  autoridades  competentes  de  um  Estado‐Membro  para  a  necessidade  de considerar  a  investigação  ou  o  procedimento  penal,  apesar  de  o  caso  ter  tido  origem  noutro Estado‐Membro. A  Representação  Portuguesa,  por  exemplo,  solicitou  às  suas  autoridades  que considerassem  uma  investigação  que  tinha  tido  origem  num  caso  belga  relativo  a cibercriminalidade e branqueamento de capitais, o qual envolveu oito Estados‐Membros e dois Estados  terceiros.  Noutra  situação,  a  Eurojust  alertou  várias  autoridades  responsáveis  pelo procedimento penal da mesma jurisdição para a necessidade de agir. Numa investigação austríaca sobre  fraude  com  investimentos  envolvendo  sete  Estados‐Membros  e  dois  Estados  terceiros, solicitou‐se  às  autoridades  judiciárias  nacionais  de  seis  cidades  italianas  que  identificassem vítimas de actividades  fraudulentas, dessem continuidade ao caso  registando queixas  formais e disponibilizassem informação bancária.  

 

Podemos  identificar  outros  exemplos  nos  termos  da  alínea  a‐ii)  do  n.º  1  do  artigo  6.º  (as autoridades competentes devem admitir que uma delas está em melhor posição para dar início a uma  investigação  ou  instaurar  um  procedimento  penal  por  factos  precisos):  solicitou‐se  às autoridades nacionais portuguesas e espanholas que admitissem que as autoridades portuguesas  estavam  em  melhor  posição  para  dar  início  à  investigação  e,  subsequemente,  instaurar  o procedimento  penal  relativamente  a  um  caso  de  rapto,  tentativa  de  homicídio,  fogo  posto  e falsificação  de  documentos  por  infracções  penais  praticadas  por  nacionais  portugueses. Numa outra situação, a Eurojust  intermediou um acordo entre autoridades espanholas, neerlandesas e britânicas num caso de tráfico de droga sobre qual dessas autoridades estaria em melhor posição para  instaurar o procedimento penal. Em todos os casos, as autoridades nacionais competentes seguiram as recomendações da Eurojust. 

 

As Representações Nacionais sumeteram pedidos nos termos da alínea a‐iii) do n.º 1 do artigo 6.º (coordenação entre as autoridades competentes dos Estados‐Membros  interessados): num caso de  intercepção de comunicações, a Eurojust assegurou a execução de um mandado espanhol, o que era fundamental para garantir a coordenação com um Estado‐Membro requerente.  

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As Representações Nacionais submeteram pedidos nos termos da alínea a‐v) do n.º 1 do artigo 6.º (fornecer todas as informações necessárias ao desempenho das funções do Membro Nacional): a Eurojust  pode,  com  frequência,  prestar  informações  de  forma  célere  e  eficiente  que,  embora simples, são relevantes para a investigação adequada da criminalidade transnacional. Nos termos da  referida alínea, a  rápida  identificação pela Eurojust na  jurisdição de execução do pedido, do procurador ou do  tribunal  responsável  fez  toda a diferença: as autoridades de execução  foram contactadas  com  vista à  intervenção  imediata,  tendo‐se  as  intercepções de  comunicações e  as buscas domiciliárias traduzido em obtenção de provas.  

Em 2010, o Colégio da Eurojust recebeu um pedido  formal nos termos do artigo 7.º da Decisão Eurojust: o artigo 7.º estabelece que a Eurojust deve agir colegialmente. Nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 7.º, o Colégio assegura a informação recíproca das autoridades competentes dos Estados‐Membros sobre as  investigações e os procedimentos penais que possam  ter  relevância para  elas.  O  Colégio  usou  esta  competência  numa  ocasião,  em  2010.  As  autoridades  belgas estavam a investigar uma série de homicídios e de crimes de natureza sexual ocorridos na Bélgica desde os anos 90, alegadamente cometidos por um professor. Ao ser detido pelo homicídio de um  jovem  casal, o  suspeito  confessou  o homicídio de uma  rapariga  alguns  anos  antes.  Era de considerar a hipótese de o suspeito ser responsável pelo desaparecimento de jovens mulheres em diferentes jurisdições. 

Nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 7.º, o Colégio decidiu intervir neste caso para "garantir que  as  autoridades  competentes  dos  Estados‐Membros  se  mantenham  reciprocamente informadas sobre as investigações ou os procedimentos penais  de que tenham conhecimento e que  tenham  incidência  a  nível  da  União  Europeia  ou  que  possam  dizer  respeito  a    Estados‐Membros  que  não  os  directamente  envolvidos".  Em  resposta,  as  autoridades  belgas consideraram a hipótese de criar uma base de dados de pessoas desaparecidas relacionadas com a exploração sexual. 

A Convenção MLA 2000 e as questões relacionadas com os meios de prova  

As Representações Nacionais reportaram positivamente sobre a utilização da Convenção MLA, de 2000, a qual é considerada um enquadramento sólido para a cooperação judiciária não tendo, em geral,  sido  encontrados  problemas  significativos  na  sua  aplicação.  Contudo,  regista‐se  alguma dificuldade relativamente à multiplicidade de instrumentos disponíveis. Os operadores judiciários viram‐se confrontados com a escolha entre a Convenção MLA, de 2000, os artigos relevantes da Convenção de Aplicação do Acordo Schengen, de 14 de Junho de 1985, (o acervo Schengen) e a Convenção  MLA  de  1959  e  respectivos  Protocolos.  Afirmar  que  a  Convenção  MLA  de  2000 complementa a Convenção MLA de 1959 poderia originar alguma  incerteza relativamente à sua utilização. 

Além  disso,  nem  todos  os  Estados‐Membros  ratificaram  ou  implementaram  integralmente  a Convenção MLA de 2000, o que poderá causar problemas nomadamente quanto à dificuldade de constituir  equipas  de  investigação  conjuntas  ou,  quanto  à  inexistência  de  instalações  para viodeconferência.  A  Eurojust  empenhou‐se  em  encontrar  soluções  práticas  para  estas dificuldades.  Uma  questão  recorrente  prendia‐se  com  a  dificuldade  de  encontrar  o  equilíbrio entre os requisitos de produção de prova do Estado requerente e os procedimentos do Estado de execução, não obstante o disposto no artigo 4.º da Convenção MLA de 2000, nos termos do qual o Estado  requerido observa os procedimentos e as  formalidades expressamente  indicadas pelo Estado  requerente. A  título de  exemplo,  regras  estritas  sobre divulgação de meios de prova  à defesa poderia  impedir a execução de pedidos de MLA confidenciais. Diferenças em matéria de competência e jurisdicção entre sistemas nacionais (os diferentes níveis de intervenção da polícia, de  juizes  de  instrução  criminal  e  de  procuradores)  gerou,  igualmente,  incertezas  entre  os operadores dos Estados‐Membros sobre qual o interlocutor envolvido.  

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A Eurojust desempenhou um papel importante na recolha de meios de prova, clarificando normas e  requisitos  legais  de  acordo  com  o  direito  nacional,  facilitando  o  intercâmbio  de  informação entre autoridades  competentes,  reformulando pedidos e prestando  informação  complementar. Em  casos urgentes,  a  intervenção da Eurojust  facilitou o  contacto entre autoridades nacionais,  por forma a tornar desnecessária a emissão de uma carta rogatória formal.  

O nível diferenciado a que a  informação vulgarmente procurada em casos de natureza criminal era centralizada em Estados‐Membros originou, igualmente, pedidos de assistência da Eurojust. A obtenção  de  informação  bancária  é  ilustrativa  dessa  assistência.  Alguns  Estados‐Membros (França,  Itália,  Alemanha,  Portugal,  Roménia,  por  exemplo)  dispõem  de  um  banco  de  dados bancários  centralizado,  o  que  facilita  a  execução  de  pedidos  de  informação  bancária. Noutros Estados‐Membros, que não dispõem de um  sistema centralizado, as diligências para  localizar o titular  de  uma  conta  podem  traduzir‐se  em  perdas  de  tempo.  Idênticas  dificuldades  foram igualmente  sentidas  relativamente  a  informações  sobre  bens  imobiliários,  na  ausência  de informação centralizada sobre registo predial. 

Em contraste com a obtenção de prova,  foi elencado só um relativamente  reduzido número de problemas  no  tocante  à  sua  admissibilidade,  tendo  a  Eurojust  contribuido  para  este  resultado positivo  na  medida  em  que  facilitou  ex  ante  tal  admissibilidade  através  da  clarificação  de requisitos jurídicos relevantes e do aconselhamento e a adopção de soluções práticas.  

Contudo,  alguns  aspectos  da  Convenção  MLA  2000  foram  identificados  como  áreas  de dificuldade. O disposto no nº 1 do artigo 8.º  relativo à  restituição de objectos  furtados poderia suscitar  problemas  quando  utilizado  em  conjunto  com  alertas  SIS.  Por  exemplo,  um  veículo furtado,  adquirido  de  boa  fé,  poderia  tornar‐se  alvo  de  um  alerta  SIS.  Em  tal  situação,  o procedimento de retirada de alertas SIS deveria ser considerado. 

Foi  identificada outra dificuldade operacional  relacionada com a autorização de  intercepção de telecomunicações nos termos do n.º 2 do artigo 20.º da Convenção MLA 2000. O disposto neste número  aplica‐se  aos  casos  em que  as  autoridades de um  Estado‐Membro podem  interceptar telecomunicações no  território de outro  Estado‐Membro  sem  necessitar de  assistência  técnica deste para efectuar a intercepção.  

Neste  caso,  o  n.º  2  do  artigo  20.º  da  Convenção MLA  2000  determina  que  o  Estado‐Membro interceptor informe o outro Estado‐Membro, antes da intercepção, caso tenha conhecimento, ao ordená‐la, que a pessoa visada  se encontra no  território do Estado‐Membro notificado ou, nos restantes  casos,  após  se  ter  apercebido  de  que  a  pessoa  visada  se  encontra  no  território  do Estado‐Membro notificado. Contudo, a maioria das  intercepções é registada automaticamente e posteriormente analisada pela autoridade competente. O n.º 4 do artigo 20.º da Convenção MLA 2000  (que  permite  ao  Estado‐Membro  notificado  aprovar,  recusar  ou  de  outro modo  reagir  à notificação) não abrange a situação em que se efectua registo automático para análise posterior.  

Neste contexto, a Eurojust suscitou uma série de questões, tais como a de saber se é necessário informar outro Estado‐Membro  sobre uma  intercepção  transnacional  concluída e  se é possível aprovar  tais  intercepções  com  efeitos  retroactivos.  Foram  recebidas  respostas  de  20  Estados‐Membros. O  resultado mostrou que  as  opiniões,  a  legislação  e  a  prática de  Estados‐Membros nesta área da  cooperação diferem  consideravelmente e que esta questão parece necessitar de clarificação  a  nível  da  UE.  Atendendo  a  que  o  artigo  20.º  da  Convenção  MLA  2000  já  não corresponde  à  prática  comum  em  que  a  maioria  das  intercepções  são  efectuadas automaticamente e depois analisadas, podem  surgir problemas  relativamente à admissibilidade do material  interceptado. Duas  soluções possíveis poderão  ser  colocadas  à  consideração:  (1)  a autorização dada num Estado‐Membro poderia ser considerada como base suficiente para uma intercepção efectuada noutro Estado‐Membro, sempre que a assistência  técnica não se mostre necessária; ou (2) em alternativa, o Estado‐Membro  interceptor deveria solicitar permissão para 

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usar o  resultado da  intercepção  sempre que esta  tivesse  sido efectuada no  território de outro Estado‐Membro, sem necessidade de assistência técnica.  

Mandados de Detenção Europeus 

Em 2010, a Eurojust registou um total de 280 casos relacionados com MDE, perfazendo  cerca de 20% da totalidade dos casos.  

Casos  relacionados  com  pedidos múltiplos  de MDE  (n.º  2  do  artigo  16.º,  Decisão‐Quadro relativa ao MDE) 

Nos termos do n.º 2 do artigo 16 da Decisão‐Quadro relativa ao MDE, a autoridade judiciária de execução poderá solicitar aconselhamento da Eurojust para decidir qual dos MDE emitidos contra a mesma pessoa por dois ou mais Estados‐Membros será executado. Em 2010, foram registados alguns casos em que a Eurojust tratou e prestou aconselhamento sobre MDE conflituantes. Além disso, a Eurojust desempenhou um papel prático  relevante na  facilitação da execução de MDE promovendo a comunicação, em tempo útil, entre as autoridades judiciárias envolvidas.  

 

Casos ilustrativos: 

Um  procurador  belga  recebeu  mandados  de  detenção  europeus  da  Áustria  e  da  Alemanha relativos  a  dois  nacionais  alemães  mantidos  em  prisão  preventiva  pelos  seus  tribunais.  Os mandados  de  detenção  europeus  foram  emitidos    no  âmbito  de  acusações  paralelamente deduzidas na Áustria e na Alemanha, por  tráfico de marijuana. O n.º 1 do artigo 29.º da Lei de Implementação belga, de 19 de Dezembro de 2003,   relativa ao mandado de detenção europeu prevê  que  "sempre  que  vários  Estados‐Membros  tenham  emitido  um mandado  de  detenção europeu  relativo  à mesma  pessoa,  o  procurador  informa  o  procurador  federal  deste  facto  e submete a questão à Câmara do Conselho para decisão sobre qual dos Mandados de Detenção Europeus será executado". O procurador federal solicitou a colaboração da Eurojust para resolver a  questão,  em  particular  face  aos  prazos  reduzidos  impostos  pelo  tribunal.  Na  Eurojust,  a Representação Belga discutiu o assunto com os seus colegas austríacos e alemães. O acordo  foi alcançado num prazo de 72 horas, dando prioridade ao mandado de detenção europeu alemão à luz da nacionalidade dos infractores e das particulares circunstâncias dos crimes. A recomendação dada pela  Eurojust  foi  transmitida  ao procurador  federal. O  tribunal  seguiu  a  recomendação e ambos os suspeitos foram entregues às autoridades alemãs em Maio de 2010. 

 

Noutro caso, um tribunal espanhol solicitou o parecer da Eurojust sobre a entrega de um nacional da Estónia procurado tanto pela Estónia como pela Itália. A Representação Espanhola na Eurojust consultou  os  seus  colegas,  tendo  sido  emitido  parecer  no  sentido  que  o  arguido  deveria  ser entregue  à  Estónia,  tendo  em  consideração  as  disposições  relevantes  da  legislação  nacional espanhola  e  o  disposto  no  n.º  2  do  artigo  16.º  da  Decisão‐Quadro    relativa  ao mandado  de detenção  europeu.  Alguns  dos  factores  considerados  foram  os  seguintes:  as  infracções  penais pelas quais o indivíduo era pretendido pela Estónia eram mais graves (homicídio e roubo com uso de  arma)  do  que  aquelas  pelas  quais  era  pretendido  pela  Itália  (roubo  com  uso  de  arma, participação em associação criminosa e posse ilegal de armas); o mandado de detenção europeu da  Estónia  fora  emitido  antes  do  mandado  de  detenção  europeu  da  Itália  (2006  e  2007, respectivamente);  embora  ambos  os mandados  de  detenção  europeus  tivessem  sido  emitidos para efeitos de procedimento penal, a  fase de  investigação  fora concluída em 2006 no caso da Estónia e em 2007 no caso da  Itália; os  factos pelos quais os mandados de detenção europeus foram emitidos tinham sido cometidos em 2001, no caso da Estónia, e em 2004, no caso da Itália. 

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Casos  relativos ao  incumprimento de prazos de execução  (n.º 7 do artigo 17.º da Decisão‐Quadro relativa ao mandado de detenção europeu) 

Sempre  que  um  Estado‐Membro  não  possa,  em  circunstâncias  especiais,  cumprir  os  prazos  previstos no artigo 17.º da Decisão‐Quadro relativa ao mandado de detenção europeu, o Estado‐Membro em  causa deverá  informar  a Eurojust de  tal  facto,  indicando  as  razões do  atraso. Em 2010, foram comunicados 85 incumprimentos à Eurojust. Três destes casos foram registados pela Eurojust e  requereram  acção  subsequente das Representações Nacionais envolvidas, enquanto que os outros casos  foram encaminhados para  informação. Algumas disparidades na prática de comunicação  podem  ocorrer,  se  considerarmos  que  a  Irlanda  notificou  79  dos  85  casos  de incumprimento.  Os  restantes  casos  foram  comunicados  à  Eurojust  por  8  Estados‐Membros (República Checa, Suécia, Malta, Letónia, Franca, Espanha, Bélgica e República Eslovaca), o que deixa supor que 18 Estados‐Membros não tiveram situações de incumprimentos de mandados de detenção europeus ou que estes não foram comunicados à Eurojust.   As principais  razões para os atrasos na execução de mandados de detenção europeus  foram os pedidos    de  informação  adicional  (p.ex.  clarificação  da  natureza  jurídica  dos  factos  ou  a  não recepção de documentos originais) e a natureza de recursos.  

Questões identificadas na aplicação prática dos mandados de detenção europeus 

Em termos gerais, os procedimentos relativos ao mandado de detenção europeu funcionam bem e a situação melhorou à medida que as autoridades competentes  foram adquirindo experiência na sua utilização. Contudo, continuam a verificar‐se dificuldades práticas no tratamento de casos da Eurojust. Em particular, foram identificados problemas relacionados com: 

‐ Falta de informações ou informações pouco claras: em vários casos, a descrição das infrações  foi  insuficiente  ou  pouco  clara,  foi  difícil  obter  os  documentos  originais,  a  relação  entre  a punição e a  infracção não era clara, houve difuldade de compreender os requisitos  jurídicos específicos e as  informações sobre o período de  tempo  já cumprido pela pessoa procurada em prisão preventiva não foi comunicado.  

‐ Pedidos de informações adicionais: por vezes, as recusas em executar mandados de detenção europeus  estavam  ligadas  a pedidos de  informações  adicionais    em  situações nas quais    a necessidade de  tal  informação não era óbvia. Em alguns casos,  tal poderia ser  interpretado  pelo  Estado  emissor  como  reflectindo    uma  falta  de  confiança    na  decisão  da  autoridade emissora, ou opiniões divergentes  sobre como o princípio  de proporcionalidasde  nos termos do artigo 49.º, n.º 3 da Carta dos Direitos Fundamentais deveria ser aplicado. Permanecem dificuldades na aplicação do princípio do mútuo reconhecimento.  

‐ Questões  relacionadas  com  a  tradução:  traduções  de  mandados  de  detenção  europeus revelando  baixa  qualidade  ou  imprecisões  causaram  problemas  fundamentais  na compreensão  dos  mandados  de  detenção  europeus.  Por  vezes,  a  Eurojust  foi  capaz    de ultrapassar  estas  dificuldades  práticas,  dada  a  sua  combinação  de  experiência  técnica  e competências  linguísticas.  A  escolha  entre  a  utilização  do  termo  "arguido"  ou  do  termo "suspeito"  pode  ter  consequências  alargadas  para  a  execução  do  mandado  de  detenção europeu. 

‐ Julgamentos  à  revelia:  foi  constatado  um  problema  específico  com  condenações  à  revelia. Nestes casos, a garantia de um novo  julgamento em caso de entrega suscitou a questão   de saber se o mandado de detenção europeu tinha sido emitido para fins de procedimento penal ou  de  execução  de  sentença.  Este  ponto  é  de  relevante  importância  prática  devido  às diferentes  informações  que  o  mandado  de  detenção  europeu  deve  conter,  conforme  o mandado de detenção europeu é emitido para efeitos de procedimento penal ou de execução de  sentença.  A  situação  poderá melhorar  quando  os  Estados‐Membros  implementarem  a 

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Decisão‐Quadro 2009/299/JAI, de 26 de Fevereiro de 2009, a qual altera, inter alia, a Decisão‐Quadro  relativa  ao mandado  de  detenção  europeu  introduzindo  novas  disposições  sobre julgamentos à revelia. 

‐ Diferenças  entre  sistemas  jurídicos:  os  problemas  relacionados  com  diferenças  entre  os sistemas de direito comum e direito civil persistem. Nestes casos, a Eurojust desempenhou um  importante papel no apoio às autoridades nacionais, alargando a compreensão mútua e disponibilizando  soluções  práticas. A  adopção  da  jurisprudência    do  Tribunal  de  Justiça  da União Europeia e, em particular, o princípio constante do caso Pupino, C‐105/03, que impõe a obrigação  de  interpretar  legislação  nacional  em  conformidade  com  os  objectivos  das Decisões‐Quadro, podem contribuir para a resolução de dificuldades ainda existentes.  

‐ Proporcionalidade: a emissão de um mandado de detenção europeu poderia ser considerada desproporcional  à  luz  de  factores  como  a  natureza  relativamente menor  da  infracção,  a previsível pena imposta, o tempo que pode ser cumprido em detenção durante um processo de mandado  de  detenção  europeu,  bem  como  os  elevados  custos  de  processamento  do mandado de detenção europeu. Qualquer um destes factores pode dar origem a dificuldades na execução do pedido.  

‐ Regra da especialidade: as diferenças entre Estados‐Membros   relativamente à aplicação do artigo  27.º  da  Decisão‐Quadro  relativa  ao  mandado  de  detenção  europeu,  sobre  o procedimento  penal  por  outras  infracções    cometidas  antes  da  entrega,    continuaram  a suscitar algumas dificuldades práticas.   

‐ Regresso de nacionais a  fim de cumprir pena após entrega para  julgamento: as dificuldades nesta  área  causaram  atrasos  em  alguns  processos. A  execução  deste  tipo de mandado  de detenção europeu  ficaria  facilitada  se as autoridades emissoras especificassem  claramente, no  formulário  do  mandado  de  detenção  europeu,  se  consentem  no  regresso  da  pessoa requerida ao Estado executante em condições especificadas. 

‐ Organização prática da entrega do suspeito: em alguns casos, a data acordada para entrega não foi respeitada, o que suscitou dificuldades práticas. 

Sempre  que  a  obtenção  urgente  de  informações  com  vista  a  facilitar  a  decisão  final  sobre  a entrega era vital, a Eurojust desempenhou um papel‐chave ao acelerar  as comunicações entre as autoridades  nacionais  envolvidas  e  ao  clarificar  os  requisitos  das  autoridades  judiciárias executantes. A Eurojust aconselhou,  igualmente,  sobre a preparação do mandado de detenção europeu  antes da  sua emissão. Além disso,  a Eurojust encorajou  activamente os operadores  a usarem  as  ferramentas  existentes  relativas  ao  mandado  de  detenção  europeu,  tais  como  o Manual  Europeu  sobre  como  emitir  um mandado  de  detenção  europeu  e  o  Atlas  relativo  ao mandado de detenção europeu no sítio web da Rede Judiciária Europeia.  

Decisões de congelamento 

Apesar  dos  Estados‐Membros  deverem  implementar  a  Decisão‐Quadro  sobre  as  decisões  de congelamento de bens ou de provas até 2 de Agosto de 2005, a experiência com a aplicação deste instrumento é ainda muito limitada. A análise dos casos da Eurojust mostra que foram suscitadas várias dificuldades na sua aplicação prática.  

O  formulário da Decisão‐Quadro sobre decisões de congelamento de bens ou de provas é visto como desnecessariamente  complicado  e  requerendo  informação nem  sempre disponível. Além disso,  quando  os  bens  não  são  identificados,  deve  ser  expedida  uma  carta  rogatória  com  o propósito de os identificar e, só depois, deverá ser emitida a decisão de congelamento. O uso do instrumento  também  não  é  praticável  no  contexto  das  buscas,  pelo  que  uma  carta  rogatória normal nos termos da Convenção MLA 1959 ou da Convenção MLA 2000 é vista pelos operadores como mais conveniente.  

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A  complexidade dos  requisitos  formais,  a  sua  interpretação divergente,  a  incerteza  sobre  se  a utilização do formulário‐tipo é obrigatória ou não, bem como diferenças substanciais nos sistemas jurídicos e nos procedimentos são elementos que tornam problemática a execução de decisões de congelamento nos  termos da Decisão‐Quadro  sobre decisões de  congelamento de bens ou de provas.  

Estas dificuldades podem ser agravadas pela tradução. Em termos exemplificativos, num caso, o formulário original não foi usado para a versão traduzida da decisão, o que impediu a autoridade executante  de  reconhecer  o  documento  como  tratando‐se  de  uma  dcisão  de  congelamento requerendo uma acção imediata. Como consequência, a decisão foi retirada porque deixou de ser possível detectar os bens.  

Em vários casos, a Eurojust desempenhou um papel relevante no aconselhamento sobre soluções práticas  e  no  encorajamento  da  compreensão  comum  e  cooperação  entre  as  autoridades envolvidas.  Neste  âmbito,  poderão  ser  apresentadas  sugestões  práticas.  Uma  maior implementação da Decisão‐Quadro sobre decisões de congelamento de bens ou de provas pelos Estados‐Membros  é  susceptível  de  fomentar  um  uso  mais  efectivo  deste  instrumento.  A construção de um "Atlas" específico, similar ao  já disponibilizado para o mandado de detenção europeu,  poderia  facilitar  o  uso  de  decisões  de  congelamento.  Além  disso,  a  listagem  de requisitos  específicos    para  a  execução  de  decisões  de  congelamento  nos  diferentes  Estados‐Membros  poderia ser de utilidade prática. 

Perda e recuperação de bens  

A perda  e a recuperação de produtos do crime são dois instrumentos poderosos na luta contra a formas graves de criminalidade  transnacional. A  fim de camuflar a sua  riqueza obtida de  forma ilegal,  os  grupos    criminosos  organizados  escondem,  frequentemente,  o  dinheiro  em  contas bancárias no estrangeiro ou convertem os produtos em bens difíceis de localizar. A apreensão e a declaração  de  perda  dos  proventos  do  crime  são,  portanto,  instrumentos  efectivos  entre  tais práticas.  

 

Contudo, as diferenças nas regras substantivas e processuais nos Estados‐Membros continuam a representar  obstáculos  significativos  à  investigação,  identificação,  detecção  e  recuperação  de bens provenientes de actividades de grupos crimonosos organizados transnacionais. A aplicação do princípio da dupla  incriminação e o ónus da prova da origem  ilícita de bens  são obstáculos jurídicos comuns ao reconhecimento e à execução de decisões de perda.  

 

Os Estados‐Membros  têm  regimes de  recuperação de bens muito diferenciados. Enquanto que, em muitos,  os  bens  podem  ser  recuperados  após  uma  condenação  criminal,  alguns  Estados‐Membros prevêm decisões de recuperação cíveis ou outros meios em que uma decisão sobre a perda é possível sem haver condenação criminal. O reconhecimento transnacional de apreensões cíveis e da declaração de perda representam um problema na União Europeia. As dificuldades são causadas por diferenças na terminologia e nos conceitos jurídicos. 

As questões relacionadas com a declaração de perda e com a recuperação de bens são tratadas pela  Eurojust  tanto  em  reuniões  entre  as  Representações  Nacionais,  como  em  reuniões  de coordenação  com  autoridades  nacionais.  Duas  Representações  Nacionais  reuniram‐se  para discutir  se  numa  jurisdicção  poderia  ser  emitida  uma  providência  cautelar  sobre  os  bens  do arguido  para  garantir  uma  futura  reparação  da  vítima.  A  Eurojust  desempenhou  um  papel relevante na aplicação dos  instrumentos da UE no âmbito do congelamento e da declaração de perda de bens com vista a garantir a reparação das vítimas.  

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Em  2010  foi  declarado  perdido  um  considerável  número  de  bens  ou  será  sujeito  a  perda  no âmbito dos casos registados na Eurojust no decorrer do presente ano. O quadro abaixo dá uma ideia generalizada de alguns casos em que, com a assistência da Eurojust, os Estados‐Membros recuperaram dinheiro e bens ou alcançaram um acordo para efeitos da sua recuperação. 

 

Estado‐Membro  Bens sujeitos a perda com a assistência da Eurojust 

Bélgica  Duas embarcações a serem declaradas perdidas em Espanha (dois casos Eurojust diferentes) 

Bulgária  37 000€ em dinheiro e bens imobiliários declarados perdidos no Reino Unido  

República Checa  Facilitou a declaração de perda, pelas autoridades austríacas, de 700.000 coroas checas (28 650€) 

Alemanha  100  000  000,00€  perdidos  num  importante  caso  de  fraude  fiscal  envolvendo buscas coordenadas em 15 países 

Irlanda  Montantes significativos de bens declarados perdidos em Espanha e Irlanda 

Espanha  Cinco  casos  envolvendo  perda  de  112  000  000,00€,  17  000  000,00€,  1  000 000,00€,  23  000,00€,  e  9  000  000,00€  (todos  estes  montantes  deverão  ser declarados perdidos após o trânsito em julgado da decisão) 

Itália  Perda provisória de 400 000,00€ nos Países Baixos  Apreensão de 800 kg de produtos contrafeitos em 10 países Apreensão de um relógio de luxo na Alemanha Apreensão de 300 kg de cocaína na Bélgica, em Espanha, na Itália e na República Checa Apreensão  de  documentos  relacionados  com  o  registo  de  100  veículos  na Alemanha Apreensão  de  700  kg  de  haxixe,  um  computador  portátil,  telemóveis  e documentos em França, em Espanha e no Reino Unido Apreensão de um servidor na Áustria 

França  Bens e veículos em Itália, um navio e a apreensão de 1.400 kg de cocaína 

Áustria  140  000,00€  declarados  perdidos  na  República  Checa  num  importante  caso  de fraude em carrossel com IVA 200  000,00€  a  serem  declarados  perdidos  na  Bélgica  num  importante  caso  de fraude em carrossel com IVA 

Finlândia  13  000,00€  a  serem  declarados  perdidos  em  Espanha  num  caso  de branqueamento 47 500,00€ a serem declarados perdidos em Portugal 

Suécia   1 685 800,00€ declarados perdidos na Suécia e um navio noutro país 

Reino Unido  Todos  os  bens  e  dinheiro  de  um  suspeito  principal  (incluindo  uma  casa,  uma lancha e dinheiro, tudo perfazendo um valor total superior a 1 200 000,00€) Vários veículos de luxo em Espanha  

 

Em 2010,  a  Eurojust elaborou um questionário  sobre  a declaração de perda ou  a  recuperação cível com base em não condenações nos Estados‐Membros. A partir das 22 respostas recebidas, a Eurojust  constatou  que,  por  força  de  restrições  constitucionais,  apenas  alguns  Estados‐ ‐Membros dispõem de  legislação que previa  tais medidas. Por exemplo, a  Itália  tem uma  longa experiência em  lidar  com a  criminalidade organizada, o que  se  reflecte na  sua  legislação  sobre declaração de perda baseada em não condenação.  

O questionário também pretendia saber se os sistemas  jurídicos dos Estados‐Membros previam ferramentas análogas à declaração de perda ou recuperação cível com base em não condenações. Mesmo  nos  casos  em  que  os  Estados‐Membros  não  prevêm  a  declaração  de  perda  ou  a recuperação cível com base em não condenações, muitos Estados‐Membros  implementaram   a Decisão‐Quadro  2005/212/JAI  relativa  à  perda  e  previam  a  perda  alargada.  Contudo,  poucos Estados‐Membros dispoêm de um  sistema em que os bens podem  ser declarados perdidos na 

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ausência de um procedimento penal relacionado.  

Em princípio, uma carta rogatória deveria ser suficiente para efeitos de execução de decisões de congelamento ou de perda no contexto de um procedimento penal. Contudo, os procedimentos não  são  lineares;  por  exemplo,  os  destinatários    de  cartas  rogatórias  podem  variar  de Estado‐Membro para Estado‐Membro de acordo com a fase do processo e a localização dos bens a  serem apreendidos ou declarados perdidos. Em alguns casos, as cartas  rogatórias  têm de ser remetidas para os tribunais de primeira  instância ou para os serviços do Ministério Público com jurisdicção  territorial  sobre  o  local  onde  os  bens  estão  situados;  noutros  casos,  as  cartas rogatórias têm de ser remetidas para autoridades centrais para a cooperação  judiciária; noutros casos, ainda, o envio deve ser feito para os Ministérios da Justiça.   As respostas ao questionário sugerem que a execução de decisões de perda é mais simples nos Estados‐Membros  que  transpuseram  as  disposições  da  Decisão‐Quadro  2006/783/JAI  sobre reconhecimento mútuo de decisões de perda.  Surgem mais dificuldades no caso de pedidos de execução transnacional de decisões de perda ou recuperação  cível baseadas em não  condenações devido  aos diferentes  conceitos   e  requisitos jurídicos. A Lei luxemburguesa de 1 de Agosto de 2007 sobre a perda representa uma tentativa de ultrapassar esta dificuldade. Esta lei permite que uma decisão de perda estrangeira baseada numa condenação penal ou, estando preenchidas determinadas ciurcunstâncias, numa decisão  judicial de  natureza  penal  que  reconheça  que  uma  ou mais  infracções  foram  cometidas  ‐  o  que  terá originado a decisão de perda ‐ possa ser reconhecida e executada. 

Os acordos entre os Estados‐Memnbros com vista à disposição de bens declarados perdidos e de partilha de bens facilitaram o modo de privar os infractores de bens adquiridos através da prática de  infracções  penais.  A  Eurojust  prestou  assistência  aos  Estados‐Membros  na  obtenção  desse acordo. A título exemplificativo, dois casos de branqueamento registados pela Eurojust em 2010 envolviam decisões de perda para execução em Espanha e Portugal. Na sequência da intervenção da Eurojust, ambas as autoridades nacionais acordaram em transferir os montantes em dinheiro recuperados para um Estado terceiro. 

Entregas controladas  

Nos  termos  do  n.º  1  do  artigo  12.º  da  Convenção MLA  de  2000,  cada  Estado‐Membro  deve garantir que, a pedido de outro Estado‐Membro, possam ser autorizadas entregas controladas no seu  território  no  âmbito  de  procedimentos  penais  relativos  a  infracções  que  permitam  a extradição.  As  entregas  controladas  podem  ficar  sob  a  alçada  tanto  da  polícia  como  da cooperação  judiciária,  dado  que  em  certos  Estados‐Membros  é  necessária  uma  autorização judicial para a execução de tais operações. Além disso, as entregas controladas são explicitamente referidas  na alínea d) do n.º 1 do artigo 9.º‐C, na alínea a) do artigo 9.º‐D e na alínea b) do nº 7 do artigo 13.º da Decisão Eurojust, a qual realça o âmbito de cooperação judiciária de tais medidas. 

 

Em 2010, os Estados‐Membros comunicaram casos de entregas controladas à Eurojust com vista à facilitação da sua execução atempada e eficiente. O sucesso das entregas controladas depende, em muito, de uma efectiva coordenação e de curtos tempos de resposta. Num  importante caso de  tráfico de droga, a Eurojust prestou assistência na execução de uma entrega controlada em quatro Estados‐Membros, que culminou com a apreensão de 1.400 kg de cocaína.  

A Eurojusta prestou,  igualmente, assistência   na clarificação dos requisitos jurídicos relacionados com  os  procedimentos  de  entrega,  os  quais  podem  variar  substancialmente  de  um  Estado‐Membro  para  outro.  Num  caso  em  que  agentes  encobertos  deveriam  intervir  numa  entrega controlada,  haveria  que  ponderar  requisitos  específicos  sobre  a  sua  segurança.  A  Eurojust 

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desempenhou um papel decisivo na clarificação  dos requisitos e no aconselhamento de Estados‐Membros envolvidos sobre a melhor forma de proceder. Ainda no mesmo caso, a Eurojust apoiou o  Estado‐Membro  requerente  na  célere  identificação  das  autoridades  competentes  doEstado‐Membro  requerido  que  tratavam  da  logística  e  da  segurança  dos  agentes  encobertos.  Em consequência da assistência prestada pela Eurojust, a entrega  controlada  foi bem‐sucedida e o principal suspeito foi detido. 

Contudo,  persistem  dificuldades  e  obstáculos  jurídicos  que  podem  entravar  a  execução  de entregas controladas nos Estados‐Membros. A título exemplificativo, as autoridades num país de destino poderão só ganhar consciência de  identificar um carregamento  ilegal quando este  já se encontra em trânsito ou já depois de ter alcançado o território daquelas autoridades. Além disso, as rotas pretendidas podem ser alteradas inesperadamente.  

 

 

2.5 Cooperação judiciária em áreas de criminalidade prioritárias  

Conforme se deixou referido, as áreas de criminalidade que colocam, actualmente, maiores riscos para a União Europeia foram identificadas como terrorismo, tráfico de estupefacientes, tráfico de seres  humanos,  fraude,  corrupção,  cibercriminalidade,  branqueamento  e  outras  actividades relacionadas com a presença de grupos criminosos organizados  na economia. 

Alguns aspectos do tratamento de casos da Eurojust nestas áreas são analisados a seguir.  

Terrorismo  

A  luta contra o  terrorismo, em particular o  financiamento do  terrorismo, o ciberterrorismo e o terrorismo químico, biológico, radioactivo e nuclear (QBRN) é uma área de  interesse vital para a Eurojust.  O  número  de  casos  operacionais  envolvendo  crimes  de  terrorismo,  incluindo  o terrorismo  financeiro,  relativamente  ao qual  a  assistência da  Eurojust  foi  solicitada,  aumentou  para 28 em 2010, por comparação com 21 casos em 2009. As  informações com base na Decisão do Conselho 2005/671/JAI, de 20 de Setembro de 2005, permitiram à Eurojust  ter uma melhor noção   das  cartas  rogatórias enviadas para  todo o  território da União Europeia, bem  como da situação dos julgamentos.  

A  Eurojust  publicou  três  edições  da Monitorização  de  Condenações  por  Terrorismo,  de  2010, distribuida pelos Correspondentes Nacionais para as questões do terrorismo, a fim de  identificar não apenas casos com  interesse na União Europeia, mas também para reunir  informação sobre desenvolvimentos legislativos e boas práticas através da análise de casos judiciais.  

Durante o ano,  foram efectuadas 5  reuniões de coordenação nas  instalações da Eurojust sobre casos relacionados com terrorismo. A Europol participou numa dessa reuniões. 

Tendo em conta que, em 2009, a Eurojust acompanhou atentamente as actividades do Partido dos Trabalhadopres do Curdistão (PKK) na Europa, o Comité Permanente (COSI) sugeriu, em 2010, que a Eurojust estudasse a viabilidade prática e jurídica da criação de uma equipa de investigação conjunta entre um Estado‐Membro e um Estado  terceiro. Contudo,  tal não  se  revelou possível dada a ausência de  legislação apropriada neste último. Com o apoio da Eurojust, foi criada uma equipa de  investigação conjunta entre a Bélgica e a Dinamarca num caso de terrorismo em que um  indivíduo de origem  chechena  tentou  levar a  cabo um ataque  terrorista em Copenhaga. O ataque  falhou  e  o  suspeito  foi  detido.  Esta  equipa  de  investigação  conjunta  recebeu financiamento comunitário através da Eurojust.  

 

 

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Casos ilustrativos: 

  

Num caso italiano, foi iniciada uma investigação em 2007 sobre as actividades de um grupo criminoso organizado no Afeganistão, no Paquistão, na Roménia, na Albânia e na  Itália. O grupo,  sediado  em  Roma  e  em Milão,  estava  envolvido  em  imigração  ilegal  e  tráfico  de droga para fins de financiamento do terrorismo radical islâmico. O grupo traficava nacionais afegãos  e  paquistaneses  para  a  Itália,  a  Turquia  e  a  Grécia,  via  Irão,  utilizando documentação  falsificada. Após  chegarem a  Itália,  as  vítimas eram  colocadas em  veículos pesados  com  destino  à  Alemanha,  à  Suécia,  à  Bélgica,  ao  Reino  Unido  e  à  Noruega.  A Eurojust  facilitou  a  investigação  ao  evitar  a  sobreposição  de  investigações  nacionais  e potenciais  ne  bis  in  idem,  sincronizou  a  execução  de mandados  de  detenção  europeus, participou  activamente  na  coordenação  das  últimas  operações  policiais  sincronizadas,  de elevada  dificuldade,  em  três  Estados‐Membros  e  facilitou  a  cooperação  das  autoridades judiciárias ao longo da operação.  

A Eurojust  apoiou um  caso dinamarquês em que,  após  anos de  investigações,    a estação televisiva curda Roj TV, sediada na Dinamarca, foi objecto de procedimento penal em 2010 por promoção do terrorismo. Este foi o primeiro caso em que foi deduzida acusação contra um órgão de  comunicação  social dinamarquês por  factos  relacionadas  com  terrorismo. A assistência  da  Eurojust  foi  necessária  para  promover  um  entendimento  comum  entre  os países envolvidos sobre a especificidade do crime em causa. O  julgamento deverá ocorrer em 2011.  

 

Em Junho de 2010, a Eurojust acolheu a sexta reunião estratégica anual sobre terrorismo. Estas reuniões  funcionam  como uma plataforma para os  técnicos, em particular os  correspondentes nacionais para as questões do terrorismo, trocarem opiniões, informações e boas práticas na área do contra‐terrorismo. Os principais pontos da agenda foram uma avaliação da experiência com as listas de pessoas e entidades da União Europeia na luta contra o terrorismo e o financiamento do terrorismo,  bem  como  a  utilização  de  tecnologia  encriptada  para  fins  de  terrorismo. Relativamente  ao  último  tópico,  os  participantes  reconheceram  que  continuarão  a  ser desenvolvidas  futuras  gerações  de  arquitecturas  de  rede  entre  pares,  criando  dificuldades acrescidas  às  autoridades  responsáveis  pela  aplicação  da  lei  no  tocante  à monitorização  e  à intercepção de comunicações entre pessoas com  intenção criminosa ou terrorista. O  reforço da legislação comunitária na área das escutas telefónicas e privacidade e comunicações electrónicas foi considerado um contributo  importante para que as autoridades  judiciárias e policiais possam receber informações de fornecedores de Protocolo de Voz através da Internet (VoIP) sobre dados beta (origem e destino, data, hora, duração, tipo, equipamento do utilizador) e sobre o teor das comunicações. 

 

Relativamente  às  listas da União  Europeia, os participantes  concluiram que  a  simples  listagem pode não ser suficiente para obter uma condenação por crimes relacionados com terrorismo, mas deve ser sempre analisada em conjunto com outras circunstâncias do caso. De qualquer forma, a actualização regular das  listas nacionais, para além das duas actualizações anuais a nível da UE, seria essencial para as autoridades nacionais.  

Para além dos tópicos acima referidos, a reunião estratégica anual abordou questões relacionadas com  o  Relatório  sobre  a  Situação  e  Tendências  do  Terrorismo  (TE‐SAT),  o  intercâmbio  de informações com base na Decisão do Conselho 2005/671/JAI e duas apresentações sobre casos de França e Espanha ‐ o primeiro relativo a uma condenação proferida contra os Tigres de Libertação 

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dos  Tamil  Eelam  (LTTE)  por  financiamento  do  terrorismo,  e  o  segundo  sobre  actividades terroristas  da  ETA  e  actividades  organizadas  de  partidos  políticos  referente  a  uma  decisão  do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, de 30 de Junho de 2009. 

  Acordo UE‐EUA sobre o Programa de Detecção de Financiamento do Terrorismo 

O  Acordo  UE‐EUA  sobre  o  Programa  de  Detecção  de  Financiamento  do  Terrorismo  (TFTP), celebrado entre a União Europeia e os EUA, entrou em vigor a 1 de Agosto de 2010. O Acordo TFTP  permite  a  transferência  para  o  Departamento  do  Tesouro  dos  EUA  de  determinadas categorias de dados armazenados no território da UE, relacionados com operações bancárias, por um  fornecedor  de  serviços  de  envio  de mensagens  de  pagamento  financeiro.  Nos  termos  do Acordo  TFTP,  a  Eurojust  rececerá  e  poderá  transferir  determinados  tipos  de  informação  para efeitos de prevenção,  investigação, detecção ou procedimento penal de actos de terrorismo ou financiamento do terrorismo. A Eurojust poderá, ainda, solicitar ao Departamento do Tesouro dos EUA que efectue buscas visando a obtenção de  informações relevantes por aplicação do Acordo TFTP, sempre que houver motivo para crer que uma pessoa ou entidade está ligada ao terrorismo ou ao seu financiamento. 

A  Eurojust  iniciou  conversações  com  os  parceiros  relevantes,  nomeadamente  a  Europol,  para identificar  procedimentos  visando  a  implementação  das  disposições  pertinentes,  tendo  ainda disponibilizado  um  perito  judiciário  para  participar  na  revisão  do Acordo. O  texto  revisto  será submetido ao Parlamento Europeu, entre outros organismos. 

 

 

Tráfico de estupefacientes  

O Pacto Europeu de Luta contra o Tráfico Internacional de Droga ‐ destruir as rotas da cocaína e da heroína, adoptado pelo Conselho da União Europeia em Junho de 2010, estabelece claramente que o tráfico de droga continua a constituir uma séria ameaça para a segurança e o bem‐estar dos cidadãos da UE. As respostas eficazes a ameaças transnacionais têm de ser dadas a nível europeu dado que as redes criminosas organizadas envolvidas são de natureza transnacional e se adaptam às medidas adoptadas individualmente pelos Estados‐Membros.  

Os  Estados‐Membros  têm  utilizado  os  recursos  da  Eurojust  para  facilitar  a  cooperação  e  a coordenação entre as autoridades  judiciárias nacionais envolvidas para  fazer  face ao  tráfico de droga. O maior número de casos (254) registados pela Eurojust em 2010 dizia respeito ao tráfico de estupefacientes. Devido ao papel activo da Eurojust na coordenação destes casos, foi possível, em muitas  situações,  estabelecer  ligações  a  países  fora  da  União  Europeia.  Em  particular,  o tratamento de  casos da Eurojust demonstrou o envolvimento  crescente de nacionais da África Ocidental com distribuidores de estupefacientes da Turquia e da Colômbia.  

Em 2010, a Eurojust efectuou 39 reuniões de coordenação sobre casos relacionados com tráfico de droga, a maior categoria entre os tipos de criminalidade, tendo a Eurojust convidado a Europol a participar em metade dessas  reuniões. Em  três  casos,  foi  criada uma equipa de  investigação conjunta com a assistência da Eurojust, tendo uma delas contado com a participação da Europol.  

Foram  detectados  problemas  específicos  no  procedimento  penal  de  casos  de  tráfico  de estupefacientes.  Por  exemplo,  as  preocupações  com  o  princípio  da  proporcionalidade  podem causar atrasos no  cumprimento de cartas  rogatórias  sempre que o Estado‐Membro executante considere que a quantidade de estupefacientes não é significativa. Noutros Estados‐Membros, o princípio  da  legalidade  de  procedimentos  penais  impõe  que  as  autoridades  nacionais  iniciem investigações relacionadas com o tráfico de estupefacientes  independentemente da quantidade 

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envolvida.  A  Eurojust  agiu  como mediadora  em  pedidos  de  obtenção  de  prova,  tais  como  as intercepções, em que as perspectivas diferenciadas dos Estados‐Membros criaram dificuldades.  

Tráfico de seres humanos  

O tratamento de casos da Eurojust confirma que o tráfico de seres humanos tem como finalidade mais comum o trabalho forçado e/ou a exploração sexual. Em 2010, a cooperação com a Eurojust permitiu  facilitar a coordenação de  investigações e procedimentos penais relativamente a casos de tráfico de seres humanos. 

Em 2010, registou‐se um total de 87 casos, o que representa 6% do total de casos tratados. 

O número de reuniões de coordenação sobre casos relacionados com tráfico de seres humanos aumentou de cinco em 2009 para treze em 2010.  

 

Casos ilustrativos: 

A Representação Nacional búlgara para a Eurojust  foi  solicitada a prestar asisstência num caso envolvendo um grupo criminoso organizado que traficava mulheres grávidas búlgaras para a Grécia, onde davam à  luz. As mães eram, então,  forçadas a entregar os seus  filhos recém‐nascidos  para  adopção. As  vítimas usavam  documentos  de  identificação  falsos. As autoridades nacionais búlgaras solicitaram à Eurojust que abrisse um caso de coordenação e considerasse a criação de uma equipa de  investigação conjunta. A reunião de coordenação na Eurojust contou com a participação das autoridades judiciárias e policiais da Bulgária e da Grécia, bem  como da Europol. Como  consequência da  reunião,  tanto  as  investigações na Grécia, que  já  tinham sido  iniciadas, como a execução do pedido de cooperação  judiciária búlgaro foram acelerados. Realizaram‐se reuniões adicionais com as autoridades judiciárias e policiais na Bulgária e na Grécia. As autoridades policiais de ambos os Estados‐Membros intensificaram,  igualmente, a sua cooperação,  tendo sido  trocadas  informações  relevantes directamente e através da Eurojust. Foram efectuadas detenções coordenadas na Bulgária e na  Grécia,  em  consequência  das  quais  seis  pessoas  foram  detidas  na  Bulgária  e  cinco pessoas  foram detidas na Grécia. Cinco mandados de detenção europeus  foram emitidos pela Bulgária e transmitidos para a Grécia.  

 

Cidadãos  da  República  Checa  e  da  República  Eslovaca,  bem  como  de  outros  países  da Europa Oriental, foram trazidos para o Reino Unido por um grupo criminoso organizado com a promessa de  emprego. As  viagens  foram  tratadas pelo proprietário da  empresa  fictícia usando  os  endereços  de  e‐mail,  telemóveis  e  meios  de  transporte  do  seu  sócio.  Os documentos  de  identificação  pessoal  das  vítimas  eram  utilizados  pelo  grupo  criminoso organizado para obter, de  forma  fraudulenta, subsídios e benefícios  junto das autoridades do  Reino  Unido.  O  grupo  criminosos  organizado  era  constituído  por  nacionais  checos  e eslovacos. Outra empresa  fictícia  foi constituida no Reino Unido por um nacional eslovaco com  o  propósito  de  registar  as  vítimas  como  funcionárias  da  empresa  e  de  abrir  contas bancárias no Reino Unido, nas quais os subsídios governamentais eram depositados. Ao ficar com o controlo das  contas bancárias das vítimas, o proprietário da empresa  fictícia podia apropriar‐se de quaisquer fundos aí depositados. Decorridos alguns dias sobre o pagamento dos  subsídios,  as  vítimas  eram  forçadas  a  abandonar  o  Reino Unido.  A  Eurojust  prestou assistência,  com  sucesso, na  coordenação das  acções, de que  resultaram  a detenção  e o procedimento penal contra seis suspeitos, bem como a recuperação de determinados bens.  

 

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Os obstáculos jurídicos verificados à cooperação judiciária entre Estados‐Membros no domínio do tráfico de seres humanos disseram respeito principalmente à admissibilidade da prova. Em muitos casos,  as  vítimas  de  tráfico  para  fins  de  exploração  sexual  ou  laboral  são  também  imigrantes ilegais.  Quando  um  grupo  criminoso  organizado  é  desmantelado,  as  vítimas  são  detidas  e chamadas  a  depor  contra  os  membros  do  grupo  criminoso,  enquanto  testemunhas.  Nessa qualidade,  as  vítimas  mostram‐se,  frequentemente,  reticentes  ou  mesmo  indisponíveis  para comparecer  em  tribunal.  Pelo  que,  os  seus  depoimentos  iniciais  não  são  confirmados  em julgamento e não podem ser aceites como prova na maioria dos Estados‐Membros. Além disso, as ameaças  directas  e  actos  de  violência  contra  as  vítimas  ou  as  suas  famílias  são  motivos dissuasores importantes. Em vários casos registados pela Eurojust, as redes criminosas conhecem os  familiares  das  vítimas,  o  que  aumenta  a  possibilidade  de  estas  virem  a  ser  ameaçadas  e estarem em perigo antes e após o  julgamento. Em  alguns  casos, as  famílias das  vítimas  foram obrigadas a pagar uma "dívida" à rede criminosa. 

 Estas dificuldades estão subjacentes à preocupação  identificada no Parecer n.º 7/2010 do Grupo de  Peritos  sobre  o  Tráfico  de  Seres  Humanos,  da  Comissão  Europeia.  Embora  se  tenha identificado um acréscimo do número de vítimas de tráfico de seres humanos, não é visível um acréscimo do número de procedimentos penais. 

 

Fraude  

A presente secção centra‐se nos crimes relacionados com fraude e burla,  incluindo fraude fiscal, burla  informática,  fraude  agravada,  apropriação  indevida  de  bens  empresariais  e  fraude  em matéria de  IVA. Foram  registados, em 2010, um  total de 198 casos  relacionados com  fraude, o que  representa  um  ligeiro  decréscimo  comparativamente  aos  anos  anteriores.  Estes  casos representam 14% do total de casos tratados pela Eurojust. Em 2010, foram registados seis casos relativos a infracções penais lesivas dos interesses financeiros da União Europeia. 

Neste âmbito, foram efectuadas 17 reuniões de coordenação. 

Tal  como  sucede  com  outros  tipos  de  criminalidade,  a  demora  na  execução  de  pedidos  de cooperação  judiciária  é  um  problema  comum  nos  casos  de  fraude  transnacional. Os  casos  de fraude  envolvem,  tipicamente,  quantidades  significativas  de  provas  documentais,  impondo exigências de capacidade de resposta às autoridades judiciárias que emitem os pedidos e às  que os executam. Tanto do ponto de vista do tempo necessário como do ponto de vista dos meios, a execução de cartas rogatórias necessita de recursos significativos que terão de ser desviados de outras  áreas  de  intervenção  nacionais  importantes.  A  execução  de  pedidos  de  cooperação judiciária  internacional  raramente  figura  entre  os  indicadores  de  performance  das  autoridades nacionais,  podendo,  antes,  ser  encarada  como  impeditiva  do  alcance  dos  objectivos  de performance nacionais. 

Uma dificuldade conexa decorrente de conflitos de  jurisdição negativos, ocorre quando nenhum país é capaz de  investigar ou proceder penalmente. Alguns casos  registados em 2010  tornaram claro que a fraude é praticada à escala global, frequentemente recorrendo à  internet, em que o princípio  de  jurisdição  territorial  poderá  obstar  a  uma  resposta  efectiva.  A  fraude  pode  ser intencionalmente cometida em vários locais e países por indivíduos de diferentes nacionalidades. Os suspeitos estão, frequentemente,  localizados noutros países sem ligação com o crime e cujos tribunais  não  têm  competência  para  exercer  a  acção  penal  com  base  nos  princípios  da territorialidade ou da nacionalidade. 

 

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Casos ilustrativos:  

A Hungria solicitou o apoio da Eurojust no seu maior caso de fraude em carrossel relativa ao IVA envolvendo 13 Estados‐Membros, 5 Estados  terceiros e  tendo cidadão  israelitas como intervenientes principais. Na Hungria, a perda estimada de IVA ascendia a €33.4 milhões. O principal papel foi desempenhado por uma empresa comercial a que um grande número de empresas dos países envolvidos forneciam mercadorias ou simplesmente facturas falsas; de seguida, aquela "importava‐as" através de um elevado número de empresas‐tampão com o único objectivo de possibilitar à empresa central reclamar o respectivo IVA  indevidamente. As  actividades  de  algumas  destas  empresas  estrangeiras  de  importação/exportação  já estavam a ser investigadas nos países de registo – nomeadamente, na Letónia e em Espanha –  como parte de uma  rede criminosa ainda mais ampla do que a  investigada na Hungria. Foram  usadas  empresas  offshore  nas  Ilhas  Seychelles  para  branquear  o  dinheiro  obtido através das  actividades  criminosas. Os  seus autores obtiveram um  lucro duplo, dado que também  vendiam  a mercadoria. Não  se  trata  de  um  caso  típico  de  fraude  em  carrossel, considerando  que,  por  várias  ocasiões,  apenas  foram  emitidas  as  facturas  falsas  com inexistência de mercadorias; outras vezes, as facturas falsa documentavam mercadorias de outro  tipo  ou  quantidade.  Dada  a  complexidade  do  esquema  de  fraude,  as  autoridades húngaras solicitaram a assistência   da Eurojust e da Europol. Uma reunião de coordenação realizada  no  início  de  2010,  na  Eurojust,  contou  com  a  presença  de  procuradores  e investigadores da Bulgária, de Chipre, da Alemanha, da Grécia, da Letónia, da Lituânia, da Polónia, da Roménia, da Espanha e da República Eslovaca. Nessa  reunião  foram  trocadas informações,  preparadas  cartas  rogatórias  incorporando  todos  os  elementos    das informações  trocadas  e  criada  uma  estratégia  visando  desmantelar  a  rede.  Graças  à coordenação da Eurojust, a maior parte das cartas rogatórias da Hungria forem executadas até finais de 2010.  

Em  Julho  de  2010,  o  Serviço  de  Informação  e  Investigação  holandês,  sob  a  direcção  do Ministério Público Nacional para as Formas Graves de Fraude e a Criminalidade Ambiental, deteve  nove  agricultores  num  caso  envolvendo  branqueamento,  documentos  falsos  e participação  em  organização  criminosa.  A  Procuradoria  Holandesa  suspeitava  que  os agricultores tinham branqueado dezenas de milhões de euros através de um negócio falso. No  total,  estiveram  envolvidos  nas  investigações  225  agentes  policiais,  bem  como inspectores dos serviços fiscais. As investigações ocorreram também na Polónia, em Chipre, na  Bélgica,  na  Dinamarca,  em  França  e  na  Suíça.  Só  nos  Países  Baixos  se  procedeu  a detenções, mas foi solicitada documentação e  foi apreendido dinheiro em todos os países envolvidos.  Esta  acção  transnacional  coordenada  só  foi  possível  após  várias  reuniões  ‐ incluindo  uma  reunião  de  coordenação  realizada  nas  instalações  da  Eurojust  ‐  com investigadores e procuradores dos países envolvidos, a fim de gerir a obtenção de meios de prova, a apreensão de activos e detenções.  

O  envolvimento  inicial  da  Eurojust  evitou  um  conflito  de  jurisdição  num  caso  de  fraude agravada envolvendo dois Estados‐Membros. Os autores da  fraude   no Estado‐Membro A tinham defraudado expatriados abastados no Estado‐Membro B em vários milhões de libras através da operação de um esquema Ponzi. Os fundos de um grupo de  investidores foram usados  para  pagar  dividendos  a  outros  investidores.  Ambas  as  jurisdições  tinham identificado suspeitos e  tinham dado  início a  investigações. A Eurojust  foi alertada para a existência de  investigações paralelas e convocou uma reunião de coordenação, em que foi suscitado o potencial conflito de  jurisdição e em que o acesso a material detido por outra jurisdicção para efeitos de procedimento penal foi acordado em princípio. O envolvimento inicial da Eurojust  reduziu o perigo de  se verificarem procedimentos penais paralelos por fraude e os custos desnecessários para os Estados‐Membros, e aumentou a possibilidade de 

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se fazer justiça levando os seus autores a julgamento. 

As  autoridades  búlgaras  solicitaram  a  assistência  da  Eurojust  num  caso  de  fraude  com projectos  financiados pelo Programa SAPARD  (um programa da Comissão Europeia para a agricultura e o desenvolvimento rural) cometida entre 2004 e 2006. As autoridades búlgaras já  tinham  começado  a  trabalhar  no  caso  com  o  OLAF,  tendo  a  assistência  da  Eurojust permitido  criar  uma  equipa  de  investigação  conjunta  entre  a  Espanha  e  a  Bulgária.  As investigações búlgaras começaram por identificar as empresas e os indivíduos envolvidos no esquema de fraude. As autoridades previsavam de localizar as mercadorias, adquiridas com fundos do Programa SAPARD, bem como de mapear os  fluxos  financeiros. Após a  recolha dos dados,  as  autoridades búlgaras decidiram  declarar  a  perda dos produtos do  crime  e levar o caso a julgamento. A Eurojust acolheu uma reunião de coordenação em Junho, entre a Bulgária, a Espanha, a Hungria e o OLAF, na qual se concluiu que a investigação num dos Estados‐Membros  já  estava  em  fase  muito  avançada  por  comparação  com  a  outra.  A reunião de coordenação permitiu analisar todas as vertentes da situação, embora, no caso particular, se evidenciasse que a adopção de procedimentos penais distintos em diferentes jurisdições se mostrasse mais apropriados. 

 

Em 2010, a Eurojust continuou a desenvolver dois projectos já em curso: 

‐ o projecto estratégico  sobre alargamento do  intercâmbio de  informação e auxílio  judiciário mútuo entre autoridades judiciárias dos Estados‐Membros na área do fraude com IVA; e 

‐ o  projecto  sobre  o  alargamento  do  auxílio  judiciário mútuo  e  intercâmbio  de  informação entre Estados‐Membros e outros países europeus e  territórios no domínio da criminalidade económica e financeira. 

 Simultaneamente, a Eurojust participou na 5ª  ronda de avaliações mútuas   sobre criminalidade financeira  e  investigações  financeiras. Os  observadores  da  Eurojust  desempenharam  um papel activo durante as visitas de avaliação e contribuiram para a elaboração dos relatórios de avaliação finais,  garantido  que  seria  dada  suficiente  atenção  a  aspectos  de  cooperação  judiciária  neste domínio e identificados quaisquer obstáculos práticos e jurídicos.  

Corrupção  

O tipo de crime corrupção registou um total de 31 casos em 2010, o que representa um acréscimo de  55%  por  comparação  com  2009.  Foram  identificados  crimes  de  corrupção  em  11  das  141 reuniões de coordenação realizadas em 2010.  

Entre  as  novas  disposições  constantes  da  Decisão  Eurojust  encontra‐se  a  criação  do  Sistema Nacional de Coordenação da Eurojust  (SNCE) que envolverá pontos de contacto anti‐corrupção, juntamente com outros actores nacionais  fundamentais da  cooperação  judiciária. A Decisão do Conselho  2008/852/JAI,  de  24  de  Outubro  de  2008,  sobre  uma  rede  de  pontos  de  contacto determina no seu artigo 1.º que "A fim de melhorar a cooperação entre autoridades e serviços na prevenção  e  combate  à  corrupção  na  Europa,  é  criada  uma  rede  de  pontos  de  contacto  dos Estados‐Membros  da  União  Europeia  (...).  A  Comissão  Europeia,  a  Europol  e  a  Eurojust  são plenamente associadas às actividades da rede”. A Eurojust garante que a rede anti‐corrupção será devidamente tida em consideração na implementação do SNCE. 

 

Caso ilustrativo: 

Graças  à  intervenção da  Eurojust,  foi  criada uma  equipa de  investigação  conjunta  entre dois Estados‐Membros com o objectivo de progredir nas  investigações e no procedimento penal de um caso envolvendo graves alegações de corrupção. Tinham sido disponibilizados  fundos para 

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aquisição  de medicamentos  destinados  a  países  em  que  se  verificavam  doenças  endémicas, tendo,  no  entanto,  a  concessão  de  um  contrato  para  os medicamentos  sido  alegadamente obtida  através  de  corrupção.  Dada  a  natureza  internacional  do  caso,  surgiram  problemas específicos na obtenção de prova testemunhal de pessoas localizadas em diferentes jurisdições. A Eurojust facilitou a elaboração e a assinatura em A Haia de um acordo relativo a uma equipa de  investigação  conjunta  entre  os  Estados‐Membros  envolvidos.  Esta  prova  crucial  foi rapidamente obtida e o caso está a decorrer. 

 

Cibercriminalidade  

A cibercriminalidade ilustra claramente as dificuldades de investigar e proceder penalmente casos de  criminalidade  que  ultrapassa  fronteiras  nacionais.  A  partir  do  seu  tratamento  de  casos,  a Eurojust pode constatar que, em casos de cibercriminalidade,  tantas vezes multilaterias dada a sua natureza, ocorreram conflitos de jurisdicção: as autoridades nacionais concentram‐se apenas nas actividades  ilícitas dentro das suas fronteiras em vez de procurarem combater o problema a nível  europeu,  propiciando  o  aumento  do  risco  desta  criminalidade  ficar  impune.  Em  2010,  a Eurojust  trabalhou  com parceiros  com o propósito de  combater  a  impunidade,  realçando‐se  a participação na Plataforma  Europeia para  a Cibercriminalidade, que  inclui o  Sistema Online de Comunicação da Criminalidade na Internet e o Ficheiro de Análise (AWF) CIBORG da Europol.  

A Eurojust registou 32 casos de cibercriminalidade em 2010.  

No  entanto,  nestes  números  há  a  considerar  subcomunicação  de  elementos.  De  facto, considerando  que,  compreensivelmente,  as  autoridades  nacionais  se  concentraram  nos resultados  da  cibercriminalidade  (difusão  de material  terrorista,  fraude,  furto  de  propriedade intelectual, pornografia, etc) nas suas  jurisdições, os métodos através dos quais os crimes foram cometidos nem sempre foram fulcrais para efeitos de registo. A Eurojust realizou uma reunião de coordenação em 2010.  

 

Caso ilustrativo:  

A Eurojust coordenou uma acção policial e judiciária em 13 países europeus contra grupos de servidores que acolheram material pirata e redes que difundiram tal material. No  início das  investigações,  em  2008,  foram  identificados  os  quatro  grupos  mais  importantes envolvidos na distribuição, via  Internet, de 80% das produções em  língua neerlandesa ou línguas estrangeiras com legendas em neerlandês. O Juiz de instrução criminal e a Unidade de criminalidade informática da Polícia Federal belga envolveram a Eurojust e a Europol na coordenação  de  acções  internacionais  e  na  assistência  à  execução  de  cartas  rogatórias  dirigidas aos Estados‐Membros e aos Magistrados de Ligação da Croácia e da Noruega. A acção  internacional coordenada  foi  facilitada pela  intervenção da Eurojust e da Europol, e visava  o  encerramento  e  a  apreensão  de  48  servidores  ou  grupos  de  servidores identificados  como  fazendo parte da  rede que  acolhia material pirata.  Foram detidas  16 pessoas. Calcula‐se que o material pirateado tenha representado uma perda de direitos de autor  de  €30 milhões  para  as  empresas  de  produção,  só  na  Bélgica,  e  cerca  de  €6 mil milhões na Europa.  

Foi desmantelado um caso  italiano, envolvendo uma grande organização criminosa activa em pornografia  infantil  e  abuso  através da  Internet  com  software  encriptado. Devido  ao apoio sustentado e atempado da Eurojust, a área de  investigação foi alargada a 11 outros países. Durante uma reunião de coordenação, os logs de computadores e endereços IP que 

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ligam  estes  outros  países  foram  partilhados,  tendo‐se  dado  início  às  investigações  nos outros paises envolvidos. A Eurojust monitorizou as investigações e a execução sincronizada de  detenções  e  apreensões  de  material,  tendo  depois  fornecido,  a  várias  autoridades nacionais,  novos  endereços  IP  nos  países  em  que,  devido  aos  respectivos  regimes  de protecção de dados, as  listas  IP tinham sido apagadas pelos  fornecedores de  internet. Em consequência da investigação coordenada, foram efectuadas 12 buscas domiciliárias em 10 países e 8 pessoas  foram detidas.   Foram apreendidos numerosos computadores e outros objectos. O caso está a decorrer. 

 

Branqueamento 

Em 2010, o branqueamento continou a ser um dos mais significativos tipos de criminalidade, com um total de 146 casos. Embora se tenha registado um pequeno acréscimo do número de casos de branqueamento, não deixa de ser significativo face aos 103 casos em 2008 e 125 em 2009.   O branqueamento de capitais  foi tema de discussão nas reuniões de coordenação realizadas na Eurojust ao longo do ano. O envolvimento da Europol foi solicitado em nove destas reuniões. Em 2010, foram criadas 3 equipas de investigação conjuntas nesta área de criminalidade.  A Eurojust, em conjunto com a presidência espanhola da União Europeia, acolheu um seminário estratégico  em  Granada,  Espanha,  em  2010,  sobre  branqueamento  dos  produtos  do  crime  e detecção e disposição de activos obtidos  ilegalmente. O seminário centrou‐se no intercâmbio de informação  sobre  criminalidade  financeira  entre  os  Estados‐Membros,  bem  como  sobre  a utilização de  instrumentos de auxílio  judiciário mútuo e o  reconhecimento mútuo em questões relacionadas  com  a  criminalidade  económica  e  a  recuperação  de  activos.  Os  participantes acordaram na necessidade de ter sistemas nacionais eficientes de  luta contra o branqueamento, de uma cooperação  internacional melhorada e de uma contribuição mais activa da Eurojust em casos  complexos  e multilaterais  relacionados  com  branqueamento,  congelamento  e  perda  de produtos do crime.  

  

Casos ilustrativos:  

 

Numa reunião de coordenação abordou‐se a questão da dificuldade na obtenção de provas no domínio das transferências de dinheiro. Neste caso particular, os  fundos  transferidos a partir da Grécia, via Western Union,  ficavam abaixo do  tecto estabelecido para efeitos de controlo. O problema dos diferentes  tectos existentes nos Estados‐Membros, para efeitos de  controlo, poderá  ser  contornado  se, por exemplo, as  transferências de dinheiro  forem processadas mediante a disponibilização de produtos financeiros ou outros. O envolvimento da  Eurojust  e  as  reuniões  de  coordenação  representam  uma mais‐valia  na  obtenção  de meios  de  prova  na  medida  em  que  permitem  clarificar  disposições  legais,  facilitar  o intercâmbio de  informação entre  autoridades nacionais,  reformular um pedido de  auxílio judiciário mútuo e disponibilizar informações complementares. 

 

Os grupos de criminalidade organizada têm sido expeditos na exploração de possibilidades financeiras de comércio fraudulento de autorização de emissões em conexão com a prática de  fraude  em  matéria  de  IVA  e  branqueamento  de  capitais  à  escala  internacional.  O alegados  autores  tinham  criado,  desde  2009,    váras  cadeias  de  comércio  de  créditos  de carbono na Alemanha, as quais  faziam parte de ums estrutura  internacional de  fraude em carrossel relativa ao IVA. Um operador fictício alemão comprava autorizações de emissão a 

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fornecedores  estrangeiros  e  disponibilizava,  aos  seus  compradores,  facturas  com  IVA declarado.  Ao  revender  os  créditos  de  carbono,  o  IVA  não  era  declarado  nem  pago  às autoridades  fiscais. Os  créditos de  carbono eram, então,  vendidos e entregues a diversas empresas‐tampão  até  serem  exportados,  de  novo,  para  outro  Estado‐Membro  pelo designado “distribuidor”. Este distribuidor  reclamou o  reembolso das  taxas anteriormente cobradas  junto  das  autoridades  fiscais  com  base  nas  facturas  recebidas  dos  anteriores membros da  cadeia de  comércio. A  Eurojust  apoiou  a  investigação  coordenando mais de 100 buscas e congelando activos, tudo planeado para ser posto em prática em simultâneo em nove Estados‐Membros e em cinco Estados terceiros. Dada a rápida execução da carta rogatória  e  a  coordenação  da  Eurojust,  foi  possível  à  Procuradoria‐Geral  de  Frankfurt proceder  à  apreensão  de  um  montante  total  de  €100  000  000.  Graças  à  imediata transmissão dos meios de prova apreendidos nos diferentes Estados‐Membros, foi possível fundamentar  a  detenção  de  vários  lideres  do  grupo  criminoso  organizado,  acusados  da prática de mais de um crime grave. O caso ilustra a mais‐valia, para os Estados‐Membros, da intervenção da Eurojust em casos de fraude fiscal. 

 Um dos obstáculos judiciários específicos na  luta contra o branqueamento ocorre sempre que a legislação  nacional  exige  que  a  infracção  subjacente  de  branqueamento  seja  determinada  de forma  precisa.  O  tratamento  de  casos  da  Eurojust  mostra  que  os  grupos  de  criminosos organizados diversificam, frequentemente, os tipos de criminalidade a que se dedicam: o tráfico de droga pode ser englobado num negócio comercial de tráfico de seres humanos e uma «mula» de droga   pode,  igualmente, ser  traficada para  fins de exploração sexual. A exigência de que a infracção  subjacente  seja  especificada  de  forma  precisa  pode  tornar  a  luta  contra  o branqueamento  de  capitais  particularmente  difícil.  Acresce  que  as  diferenças  na  criação organizacional de departamentos de  investigação financeira e acção penal em diversos Estados‐Membros podem suscitar dificuldades. Uma vez mais, alguns Estados‐Membros não criminalizam o “auto‐branqueamento”: nestas  jurisdições, o branqueamento não é objecto de procedimento penal se  for praticado pela pessoa que obteve os  fundos  indevidamente. Deste modo, torna‐se muito difícil investigar e localizar o fluxo de “dinheiro sujo”.  

Na maioria dos casos complexos de branqueamento, o  tráfico de estupefacientes é a  infracção subjacente. Em Itália, tais casos envolvem, muitas vezes, grupos criminosos do tipo mafioso e os proventos  ilícitos  obtidos  através  das  suas  actividades  são  frequentemente  branqueados,  por vezes  nesse  país.  Em  alternativa,  os  produtos  do  crime  são  investidos  em  bens    ou  empresas estrangeiros através de diferentes  canais  financeiros.   A  “poluição”  causada pelo envolvimento criminoso em actividades comerciais legais pode prejudicar a concorrência relativamente a outras actividades comerciais. A  distorção  da  concorrência  dos  mercados  pode  ser  um  indicador  de  actividades  de branqueamento decorrente de actividades criminosas organizadas. 

Actividades relacionadas com a presença de grupos de criminalidade organizada 

Nas suas conclusões sobre o Relatório Anual da Eurojust 2009, o Conselho expressou o seu apoio à “intenção da Eurojust de melhorar as suas ferramentas por forma a disponibilizar ao Conselho números mais  detalhados  sobre  os  crimes  caracterizados  por  este  fenónemo.”  Tem  sido  dada continuidade  a  este  trabalho,  e  o  sistema  de  gestão  de  casos  inclui  dois  tipos  de  crimes especificamente  relacionados  com  a  presença  de  grupos  criminosos  organizados. Os  referidos tipos de crime são “participação numa organização criminosa” e “roubo organizado”. Em 2010, o número  de  casos  registados  pela  Eurojust  com  estes  dois  tipos  de  crimes  foi  233  (153  e  80, respectivamente), por comparação com 254 casos em 2009.  

Casos  relacionados  com  roubo  organizado  foram  tratados  em  13  reuniões  de  coordenação, enquanto  que  a  participação  em  organização  criminosa  foi  abordada  em  30  reuniões  de 

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coordenação. A Europol foi convidada a participar em reuniões de coordenação relacionadas com 6 casos envolvendo roubo organizado e em 15 reuniões de coordenação envolvendo participação em organização criminosa.   Em  2010,  a  Eurojust  contribuiu  para  o  Relatório  de  Avaliação  de  Ameaças  da  Criminalidade Organizada  (OCTA), da Europol, com algumas descobertas específicas sobre as  ligações entre as actividades  de  criminalidade  organizada    e  outros  tipos  de  criminalidade,  do  ponto  de  vista judiciário.  Enquanto  que  no  Reino  Unido,  em  França  e  em Malta  os  casos  de  criminalidade organizada  estão  principalmente,  ligados  ao  tráfico  de  droga,  ao  auxílio  à  imigração  ilegal,  ao branqueamento de capitais, ao tráfico ilícito de armas e à fraude, na Finlância estes casos estão, geralmente,  ligados  a  crimes  contra  a  vida,  a  integridade  física  e  a  liberdade  pessoal  (rapto, sequestro e tomada de reféns). Na Irlanda, o terrorismo (participação no IRA) constitui o principal tipo de crime relacionado com a participação em organização criminosa. Na Polónia, a maioria dos grupos  criminosos organizados estão envolvidos no  tráfico de droga, extorsão,  contrabando de alcool  e  contrabando  de  BMK  (anfetaminas)  da  Federação  Russa  (onde  a  produção  de BMK  é legal).  Na  Lituânia,  a  maior  parte  dos  grupos  criminosos  organizados  está  envolvido  na distriibuição  de  drogas,  roubos  organizados,  fraude  em matéria  de  IVA,  introdução  ilegal  de mercadorias, tráfico de seres humanos e fraude. Em  Itália, os casos de criminalidade organizada envolvem, habitualmente,  grupos  criminosos de  tipo mafioso que participam directamente em actividades  criminosas  ou  autorizam  outros  grupos  criminosos  a  praticá‐las.  Portugal,  pelo contrário,  não  tem  grupos  criminosos  organizados  estabelecidos  (como,  por  exemplo,  do  tipo mafioso, gangs de  rua,  clãs  familiares, etc);  constata‐se, antes, a existência de organizações ad hoc, cuja actuação se  limita a um determinado período de tempo. Estas organizações envolvem‐se, principalmente, no tráfico de droga e no auxílio à imigração ilegal.  

 

Os casos relacionados com a criminalidade organizada comunicados à Eurojust em 2010 reflectem as Conclusões do Conselho  sobre a luta contra crimes cometidos  por grupos criminosos móveis (itinerantes).  Estes  grupos  criminosos  cometem  crimes  contra  a priopriedade  – principalmente furto e fraude – e estão em constante movimento, explorando a ausência de fronteiras na União Europeia,  mas  operando  também  fora  da  União  Europeia:  Escandinávia,  Federação  Russa, Ucrânia, Biolorússia e China. A título exemplificativo, na Estónia, grupos criminosos especializados em  roubos em  joalharias  e  lojas de produtos de  luxo deslocalizaram  as  suas  actividades desse território  para  outros  Estados‐Membros.  Na  Lituânia,  alguns  grupos  envolvidos  em  tráfico  de droga  organizam  as  suas  actividades  criminosas  fora  do  país  e  evitam  o  trânsito  de drogas/precursores pelo território lituano.  

 

Foram  identificados alguns problemas específicos relacionados com a cooperação entre Estados‐Membros no tocante à  luta contra a criminalidade organizada. A Decisão‐Quadro 2008/841/JHA do Conselho, de 24 de Outubro de 2008, relativa à luta contra a criminalidade organizada apelava à  aproximação,  nos  Estados‐Membros,  da  definição  das  infracções  relacionadas  com  a participação em organização criminosa e à  imposição de sanções adequadas à gravidade dessas infracções às pessoas singulares e colectivas que as tenham cometido ou que sejam responsáveis pela sua prática.  

 

Os Estados‐Membros foram instados a cumprir as disposições contidas nesta Decisão‐Quadro até 11  de Maio  de  2010. A  legislação  sobre  esta matéria  varia de  forma  considerável   de  Estado‐Membro  para  Estado‐Membro.  Existem  diferenças  notórias  sobre  pontos  específicos  (por exemplo, tipo de  infracções subjacentes, continuidade, sanções, etc) e alguns Estados‐Membros não prevêem  infracções  relacionadas com a participação numa organização  criminosa nos  seus 

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códigos penais, embora tenham previsto as  infracções de associação criminosa para a prática de infracções específicas. Esta  situação poderá explicar  as  consideráveis diferenças no número de casos  comunicados  à  Eurojust  pelos  Estados‐Membros  relativamente  ao  tipo  de  criminalidade “participação  em  organização  criminosa”,  na  medida  em  que  alguns  Estados‐Membros  não registaram qualquer caso relacionado com este tipo de criminalidade.  

 

 

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Casos ilustrativos:  

Em fins de Novembro de 2010, foi executada uma acção policial e judiciária em larga escala na  França  e  em  Itália,  simultaneamente,  visando  um  gang  internacional  designado  por “Crianças dos Metros.” A organização criminosa utilizava crianças dos 10 aos 16 anos para furtar  carteiras  e  malas  nas  estações  e  carruagens  do  Metro.  As  vítimas  eram, essencialmente, turistas.  Jovens cúmplices, com  idades compreendidas entre os 17 e os 19 anos,  organizavam  os  furtos  no  local.  A  polícia  francesa  deteve  16  suspeitos  e  a  polícia taliana deteve outros 6 suspeitos. A organização criminosa era, ainda, suspeita de organizar esquemas ilegais de branqueamento de capitais e furto de veículos. As detenções ocorreram na  sequência  de  acordos  e  de  uma  estratégia  elaborados  durante  uma  reunião  de coordenação  realizada  nas  instalações  da  Eurojust,  em  Outubro  de  2010.  Um  juiz  de nstrução criminal francês emitiu mandados de detenção europeus após a reunião.  

No caso “Gomorra”  ‐ que envolveu o  tráfico de produtos contrafeitos  tais como geradores eléctricos,  serras de  correia, martelos pneumáticos e  vestuário – os produtos  ilícitos eram produzidos na China e distribuídos a nível mundial, a partir de Nápoles. Depois de colocarem etiquetas  contrafeitas  de  reputadas  empresas  nos  produtos,  o  gang  vendia‐os  através  de vendedores  porta‐a‐porta,  em  áreas  rurais.  As mercadorias  eléctricas  não  obedeciam  aos requisitos de segurança impostos pela União Europeia, o que representava um risco de saúde e segurança para os seus utilizadores. A actividade criminosa era altamente rentável – a título exemplificativo, um grupo de dois vendedores gerou um  lucro de €250 000 após 2‐3 meses de actividade ilegal. O grupo criminoso, altamente organizado e com células  espalhadas por toda  a  Europa,  era  constituído  por  mais  de  60  pessoas,  na  sua  maioria  italianos.  As nvestigações  financeiras  apontavam  para  Nápoles  e,  aparentemente,  os  lucros  eram branqueados através da Austrália e da Islândia. A operação teve início com uma investigação belga  e  foi  desenvolvida  na  Europol,  cujos  relatórios  analíticos  conduziram  à  abertura  de várias  investigações a nível europeu, com a  intervenção da Eurojust. Foram realizadas cinco reuniões de coordenação para efeitos de  intercâmbio de  informação, para compreender as igações entre crimes de aparente baixa prioridade (contrafacção) e cartéis de criminalidade organizada  relacionados  com  a  Camorra,  bem  como  para  coordenação  das  acções  das diferentes autoridades policiais e judiciárias com vista à execução de operações simultâneas. Foi  adoptada  uma  estratégia  judiciária  específica  para  a  coordenação  das  operações (detenções  e  apreensões)  posteriormente  efectuadas  em  diversos  Estados‐Membros, evitando‐se,  desse modo,  a  dispersão  dos meios  de  prova  ou  a  fuga  dos  suspeitos.  Eram vários  os  desafios  colocados  por  esta  investigação:  a  reconstrução  da  rede  criminosa,  a abertura  de  investigações  e  a  execução  de  operações  simultâneas.  A  última  fase  das detenções, bem como das buscas e apreensões simultêneas, criaram desafios acrescidos: a urgência  das  diligências  (em  menos  de  duas  semanas),  a  identificação  das  autoridades competentes, os diferentes requisitos jurídicos e o ónus da prova para efeitos de autorização das buscas em determinados países a baixa qualidade da tradução das cartas e a necessidade de execução das cartas rogatórias em tempo real no dia da iimplementação das diligências. A Eurojust  realizou  uma  reunião  com  os  Estados‐Membros  envolvidos  para  resolver  estes problemas, tendo coordenado o dia da acção com a Europol, através de um escritório móvel em Nápoles. Em resultada da acção, foram detidos 67 suspeitos, foram feitas buscas em 143 armazéns,   mais de 800 toneladas de produtos contrafeitos foram apreendidos (no valor de €12 milhões),  foram  recuperados  activos  de  valor  superior  a  €16 milhões,  e  foram  ainda dentificadas novas pistas de investigação apontando para outro país.  

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Ponto de Contacto para a Protecção das Crianças 

 

A Eurojust registou, desde 2004, um total de 135 casos envolvendo crianças, acrescidos de outros quatro  casos  registados  pela  Noruega  sobre  questões  relacionadas  com  crianças.  Em  2010,  a Eurojust registou 40 casos envolvendo crianças. 

 

No que se refere aos casos registados pela Eurojust, os tipos de crimes mais frequentes visando as crianças  são  o  abuso  sexual,  incluindo  violação  e  exploração  sexual,  imagens  de  abusos  de crianças (pornografia infantil) e tráfico de seres humanos. 

 

O Ponto de Contacto para  a Protecção das Crianças para  a Eurojust  reforçou a  cooperação da Eurojust com a Coligação Financeira Europeia contra a exploração sexual de crianças na Internet (EFC) e intensificou contactos neste domínio. O Ponto de Contacto para a Protecção das Crianças e o Grupo de Trabalho EU‐EUA para a Protecção da Criança efectuaram uma reunião deste Grupo de Trabalho nas  instalações da Eurojust, tendo sido discutidos os princípios subjacentes a redes online e sítios de redes sociais como forma utilizada para trocar imagens de abusos de crianças, as mais recentes tecnologias utilizadas  (como, por exemplo, e‐mail, salas de conversação  ligadas à Internet, serviços de SMS, Sistemas de Painéis Informativos, P2P, etc) e as estratégias para anular encriptações  e  outros  meios  utilizados  pelas  redes  de  abusos  de  crianças.  Foram,  ainda, transmitidas boas práticas sobre como lidar com dados encriptados e anónimos.   Os EUA participaram em casos envolvendo  imagens  ilícitas de abusos sexuais de crianças. Estes casos  levantaram  dificuldades  técnicas  relacionadas  com  encriptação  ou  outros  métodos  de ocultação e com a descoberta da verdadeira identidade dos agentes. O envolvimento do Ponto de Contacto para a Protecção das Crianças para a Eurojust também contribuiu para a criação de um grupo  de  trabalho  técnico  dedicado  ao  combate  destes  crimes. Neste  grupo  de  trabalho,  que envolve  a  Eurojust,  a  Europol  e  a  Divisão  Criminal  do  Departamento  de  Justiça  dos  EUA, magistrados e especialistas forenses partilham as mais recentes tecnologias e identificam a forma como os agentes procuram ocultar as suas actividades e disfarçar as suas identidades. O gupo de trabalho  já efectuou diversas reuniões com o Ponto de Contacto para a Protecção das Crianças, estando planeada uma visita às unidades e centros de protecção das crianças em   Washington, DC, em 2011.  

 

2.6 Equipas de investigação conjuntas  

Em 2010, a Eurojust continuou a apoiar as equipas de investigação conjuntas e a encorajar a sua criação prestando, para o efeito, informações e aconselhamento aos operadores.  

Nos  termos  do  disposto  no  artigo  9.º‐F  da  Decisão  Eurojust,  os  Membros  Nacionais  para  a Eurojust participaram, em 2010, em 20 equipas de investigação conjuntas, tendo agido tanto em representação  da  Eurojust  como  na  sua  qualidade  de  autoridades  nacionais  competentes  no âmbito  de  tipos  de  crimes  relacionados,  inter  alia,  com  fraude,  corrupção,  furto  de  veículos, tráfico de estupefacientes e tráfico de seres humanos. A Eurojust recebeu, ainda, 11 notificações de Estados‐Membros relativas à criação de equipas de  investigação conjuntas em conformidade com o n.º 5 do artigo 13.º da Decisão Eurojust.  

A Eurojust continua a apoiar e encorajar a formação judiciária alargada quanto ao uso de equipas de  investigação  conjuntas  dentro  e  fora  da  União  Europeia.  Assim,  a  Eurojust  participou  no programa  interno  de  formação  da  Europol  sobre  as  equipas  de  investigação  conjuntas  e  fez 

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acções de formação em foruns técnicos tais como a Academia Europeia de Polícia (CEPOL) e em workshops  organizados  pelo  Secretariado  da  Convenção  de  Cooperação  Policial  na  Europa  do Sudeste (PCC SEE). 

Em Dezembro de 2010, a Eurojust e a Europol organizaram, conjuntamente, a sexta reunião anual da  rede de peritos nacionais  sobre equipas de  investigação  conjuntas. A  reunião,  realizada nas instalações da Europol,  contou  com  a presença de peritos e  técnicos de 22 Estados‐Membros, bem  como  de  representantes    da  Comissão  e  do  Secretariado  Geral  do  Conselho.  Os  temas abordaram  questões  relacionadas  com  os  aspectos  práticos  de  vários  sistemas  nacionais  ao criarem equipas de  investigação conjuntas, o apoio dado às equipas de  investigação  conjuntas, equipas  de  investigação  conjuntas  com  Estados  terceiros  e  futuras  tendências  de  equipas  de investigação conjuntas. Realizaram‐se dois seminários, um subordinado ao tema “Requisitos para um perfil de perito de equipas de investigação conjuntas a nível nacional, identificação da função e  da missão”  e  o  outro  constituído  por  uma  discussão  visando  a  obtenção  de  soluções    para questões  vulgarmente  colocadas  aquando  da  criação,  da  implementação  e  da  conclusão  de equipas de investigação conjuntas, conforme identificadas pelos operadores.  

A Eurojust e o apoio financeiro de operações de equipas de investigação conjuntas 

A  Eurojust  continuou  a  apoiar  equipas  de  investigação  conjuntas  em  2010,  prestando‐lhe assistência  financeira  e  logística.  Com  base  em  duas  aplicações  bem‐sucedidas  submetidas  à Comissão  Europeia,  no  âmbito  do  seu  programa  financeiro  ‐  “Prevenção  e  Luta  contra  a Criminalidade 2007‐2013”,  a Eurojust  recebeu  fundos para dois Projectos de  financiamento de equipas  de  investigação  conjuntas.  Em  ambos,  a  Eurojust  prestou  assistência  em  dois  tipos comuns  de  despesas  relacionadas  com  as  actividades  das  equipas  de  investigação  conjuntas: deslocação  e  alojamento,  tradução  e  interpretação.  Para  além  do  apoio  financeiro,  a  Eurojust disponibilizou equipamento, por tempo determinado, do tipo telemóveis, computadores portáteis e, no âmbito do segundo projecto, digitalizadores e impressoras portáteis.   O primeiro (piloto) Projecto de financiamento de equipas de investigação conjuntas, denominado “Apoio financeiro, administrativo e logístico a Equipas de Investigação Conjuntas com a criação de um  centro  de  peritagem  com  ponto  de  contacto  central”  foi  lançado  em  Julho  de  2009  e concluído a 31 de Dezembro de 2010. O orçamento atribuído a este projecto foi de €316 473. De um total de 34 pedidos de financiamento no âmbito deste projecto, foram recebidos 29 no ano de 2010. O  projecto  apoiava  10  equipas  de  investigação  conjuntas  em  13  Estados‐Membros,  em 2010, tendo adjudicado um total de €292 537.  O  segundo Projecto de  financiamento de  equipas de  investigação  conjuntas, denominado  “Em apoio de um maior recurso a equipas de investigação conjuntas”, teve o seu início a 1 de Outubro de 2010 e decorrerá até 30 de Setembro de 2013. O orçamento para este segundo projecto foi de €2  272  800,  o  que  representa  um  acréscimo  significativo.  A  Eurojust  recebeu  12  pedidos  de financiamento  no  âmbito  deste  projecto  entre  25  de Outubro  e  26  de  Dezembro  de  2010,  e apoiou 12 equipas de  investigação conjuntas em 15 Estados‐Membros, adjudicando um total de €265 161.  Para mais  informações sobre o Projecto de  financiamento de equipas de  investigação conjuntas actualmente em curso, consultar o sítio web da Eurojust. 

2.7  Tratamento de casos da Eurojust envolvendo Estados terceiros  

A  cooperação da  Eurojust  com  Estados  terceiros  é  feita nos  termos do n.º 2 do  artigo 3.º, do artigo 26.º‐A e do artigo 27.º‐B.º da Decisão Eurojust. Em 2010, foi conduzido um estudo sobre o tratamento de casos da Eurojust envolvendo Estados terceiros de 1 de Setembro de 2008 a 31 de Agosto de 2010.  

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O  Estado  terceiro mais  frequentemente  requerido  foi  a  Suíça,  seguida  dos  Estados Unidos  da América, da Noruega, da Croácia, da Federação Russa, da Turquia, da Albânia e da Ucrânia. Os principais tipos de crimes em casos envolvendo, pelo menos, um Estado terceiro foram o tráfico de droga, a burla e a  fraude, o branqueamento, a participação numa organização criminosa e o tráfico de seres humanos.  

Um grande número de casos dizia respeito à facilitação de pedidos de cooperação e coordenação judiciária. Na sua maioria, a Eurojust permitiu uma execução mais  rápida de pedidos de auxílio judiciário  mútuo,  incluindo  pedidos  de  extradição.  A  demora  na  execução  de  pedidos  de cooperação judiciária foi um obstáculo recorrente identificado neste domínio.  

Os pedidos de  cooperação  judiciária para Estados  terceiros,  facilitados pela  Eurojust,  incluiam, entre  outros,  pedidos  de  informação  bancária,  audições  de  testemunhas  e  interrogatórios  de suspeitos, declarações por videoconferência,  intercepção de telecomunicações, buscas, entregas controladas, notificações, bem como o congelamento, a apreensão e a perda de activos. 

A  Eurojust  realizou,  igualmente,  reuniões  de  coordenação  que  facilitaram  o  intercâmbio  de informação e meios de prova entre autoridades competentes, execuções simultâneas de pedidos de  cooperação  judiciária, mandados de detenção  internacionais e buscas domiciliárias, e  ainda entregas  controladas.  Os  Estados  terceiros  mais  frequentemente  envolvidos  em  reuniões  de coordenação na Eurojust  foram a Suíça, os Estados Unidos da América, a Noruega, a Croácia, a Federação  Russa,  a  Turquia,  a Albânia  e  a Uncrânia.  Em  conformidade  com  os  procedimentos relativos à protecção de dados, a Eurojust  facilitou os  intercâmbios de  informação operacional, incluindo dados pessoais, apenas com os Países terceiros com os quais tinha sido celebrado um acordo de cooperação. 

A  assistência  às  autoridades  competentes  nos  Estados‐Membros  foi  facilitada  pelo  adequado contacto com os pontos de contacto da Eurojust nos Estados terceiros. Os oficiais de liagação e os magistrados  de  ligação  colocados  pelos  Estados‐Membros  junto  de  Estados  terceiros  foram, igualmente, contactados sempre que necessário.   

Magistrados de Ligação de Estados terceiros destacados junto da Eurojust 

Oa Magistrados de Ligação de Estados terceiros destacados  junto da Eurojust podem registar os seus próprios  casos  com base nos  acordos de  cooperação  celebrados  entre os  seus países e  a Eurojust  Actualmente, existem três Magistrados de Ligação.    O Magistrado  de  Ligação  da Noruega  junto  da  Eurojust  registou  50  casos  em  2010. Os  casos estavam  relacionados  com  tráfico  de  droga,  crimes  contra  a  propriedade  ou  o  bem  público incluindo fraude, crimes contra a vida, a integridade física ou a liberdade pessoal, tráfico de seres humanos e cibercriminalidade. O Magistrado de Ligação efectuou três reuniões de coordenação em 2010 envolvendo representantes de oito Estados‐Membros, dos EUA e da Interpol.   O Magistrado  de  Ligação  da  Croácia  junto  da  Eurojust  registou  11  casos  em  2010.  Os  casos estavam,  principalmente,  relacionados  com  corrupção,  crimes  contra  a  propriedade  ou  o  bem público incluindo fraude, crimes contra a vida, a integridade física ou a liberdade pessoal e tráfico de droga. Dos 11 casos registados pela Croácia, sete diziam respeito a casos de corrupção, alguns envolvendo o congelamento de contas bancárias, activos, etc.    O Magistrado de Ligação dos Estados Unidos da América destacado junto da Eurojust registou três casos em 2010. Os casos estavam, principalmente, relacionados com crimes contra a propriedade ou o bem público  incluindo fraude, corrupção, tráfico de seres humanos e cibercriminalidade. O 

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Magistrado  de  Ligação  realizou  duas  reuniões  de  coordenação  em  2010  envolvendo representantes da Alemanha, Grécia,  França, Hungria, Países Baixos e Reino Unido, bem  como representantes da ex‐República Jugoslava da Macedónia e da Suíça.  

Casos ilustrativos:    Através do Magistrado de Ligação norueguês, a Eurojust apoiou, desde 2008, uma  investigação relacionada com abuso sexual de menores e produção e distribuição de  imagens de abusos de crianças. À medida que a  investigação progredia, foram sendo descobertas possíveis  ligações a outros países e suspeitos,  incluindo a  Itália, os Estados Unidos da América, a Roménia, o Reino Unido, a Bélgica, a França, a Alemanha, a República Checa, o Afeganistão e o Brasil. Graças ao esforços  das  autoridades  nacionais  envolvidas,  coordenadas  pela  Eurojust,  foi  posta  a descoberto  uma  rede  de  pedofilia  que  actuava  a  nível  mundial.  Actualmente,  estão  a  ser investigados  cerca  de  30  suspeitos,  a maior  parte  nos  Estados  Unidos  da  América,  e  foram identificadas mais  de  70  vítimas.  Realizaram‐se  cinco  reuniões  de  coordenação,  nas  quais  os países  participantes  partilharam meios  de  prova  e  coordenaram  pedidos  de  auxílio  judiciário mútuo e acções a empreender contra os agentes. A coordenação e o intercâmbio de informação através da Eurojust facilitaram o início e a condução das investigações, e permitiram determinar qual seria a  jurisdicção com mais competência para  investigar e exercer a acção penal. Foram planeadas  e  executadas  acções  conjuntas  das  autoridades  norueguesas,  italianas,  romenas  e americanas,  incluindo  buscas  domiciliárias,  detenções  e  interrogatórios  de  suspeitos.  A cooperação internacional, facilitada pela Eurojust, permitiu às autoridades policiais e judiciárias identificarem os autores dos crimes e recuperar numerosas crianças‐vítimas.  

   O Gabinete croata para a Repressão da Corrupção e da Criminalidade Organizada conduziu uma investigação  contra oito  altos  funcionários,  incluindo um  ex‐político, por,  entre 2006  e  2009, terem  ilegalmente  aprovado  e  atribuído  empréstimos  destinados  à  aquisição  de  meios  de financiamento visando a compra de acções através de numerosas outras empresas no território da Croácia e no estrangeiro. Estima‐se que os prejuízos tenham atingido €54 000 000. Ao longo desta  longa  investigação  foram  ouvidas  29  testemunhas  noutros  Estados,  foram  verificadas numerosas  empresas  e  contas  bancárias  localizadas  noutros  Estados  e  foi  recolhida  a correspondente  documentação.  Foram  enviados  pedidos  de  auxílio  judiciário mútuo  para  o Reino Unido, a Noruega, a Hungria, a República Checa, Malta, a República Sérvia, a Suíça e Itália, tendo  a  sua  execução  sido  facilitada  pela  Eurojust.  Esta  facilitação  produziu  excelentes resultados, tendo sido possível obter alguns documentos no espaço de 24 horas e a maioria dos restantes  decorridos  apenas  alguns  dias.  Magistrados  da  Croácia  assistiram  à  audição  de testemunhas na Hungria  e em Malta. As buscas no  território de Malta  foram  realizadas  com êxito, tendo sido garantida a segurança de importantes documentos. Prevê‐se que o julgamento decorra em 2011, na Croácia. 

 Os Magistrados  de  Ligação  confirmaram  que  enfrentaram  obstáculos  no  tratamento  de  casos similares aos detectados pelas representações Nacionais.  

A  organização  de  reuniões  de  coordenação  em  casos  complexos  é  um  dos  contributos mais significativos da Eurojust na sua cooperação com os Magistrados de Ligação. Esta parceria traduz‐se  na  aceleração  significativa  da  execução  de  pedidos  e  permite  resolver  outros  problemas práticos e jurídicos. De uma forma geral, a presença de Magistrados de Ligação junto da Eurojust tem  auxiliado  os  operadores  na  abordagem  das  disposições  legais  complexas  aplicáveis  na cooperação judiciária entre a União Europeia, os Estados‐Membros e parceiros externos.  

 

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3 Relações com parceiros da União Europeia  

Rede Judiciária Europeia 

Nos  termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 25.º‐A da Decisão Eurojust, o Secretariado da Rede Judiciária  Europeia  está  integrado  no  pessoal  da  Eurojust,  mas  opera  como  uma  unidade autónoma.  

Em 2010, as relações entre a Eurojust e a Rede Judiciária Europeia foram reforçadas. Em Junho e Novembro, foram convidados representantes da Rede Judiciária Europeia para participar nas duas reuniões  do Grupo  de  Trabalho  Informal.  Entre  outras  questões, os  participantes discutiram  o papel dos Estados‐Membros, da Eurojust e da Rede Judiciária Europeia enquanto garantes de uma interacção mais frutífera entre a Eurojust e a Rede Judiciária Europeia.  

A complementariedade entre a Eurojust e a Rede Judiciária Europeia foi um tema abordado em duas reuniões específicas realizadas na Eurojust. Em Outubro, a Presidência do Colégio, o Director Administrativo  e o Coordenador da  Equipa Rede  Judiciária  Europeia & Magistrados de  Ligação reuniram‐se  com  a  Presidência  Tripartida  da  Rede  Judiciária  Europeia  e  o  Secretário  da  Rede Judiciária Europeia a fim de discutirem a melhor forma de alargar a cooperação entre a Eurojust e a Rede  Judiciária Europeia. A discussão  centrou‐se em  três  áreas:  como melhorar os  fluxos de informação entre a Eurojust e os Pontos de Contacto da Rede Judiciária Europeia; em que tipos de casos  operacionais  poderiam  a  Eurojust  e  a  Rede  Judiciária  Europeia  desenvolver  actividades complementares;  como  avaliar,de  forma  regular,  a  cooperação  entre  a  Eurojust  e  a  Rede Judiciária  Europeia.  Foi  alcançado  um  acordo  quanto  à  criação  de  um  Grupo  de  Intervenção Conjunto,  composto  por  representantes  da  Eurojust  e  do  seu  Secretariado,  incumbido  de encontrar formas práticas de reforçar a cooperação entre a Eurojust e a Rede Judiciária Europeia.  

O  Grupo  de  Intervenção  Conjunto  reuniu‐se,  pela  primeira  vez,  à margem  da  5.ª  Reunião  do Grupo de Trabalho Informal. Os membros acordaram em que, a nível europeu, poderia haver uma divisão de actuação entre a Eurojust e a Rede Judiciária Europeia, pelo que os Estados‐Membros deveriam  considerar  as  duas  instituições  como  uma  equipa.  Neste  contexto,  a  possibilidade oferecida pelo  Sistema de Coordenação Nacional da Eurojust  (ENCS) de uma  colaboração mais estreita  entre  a  Eurojust  e  a Rede  Judiciária  Europeia deveria  ser plenamente  aproveitada. Do mesmo modo, os Membros Nacionais para a Euurojust poderiam tornar‐se Pontos de Contacto da Rede  Judiciária  Europeia,  sempre  que  necessário  e  em  conformidade  os  diferentes  sistemas jurídicos nacionais.  

Europol  

A Eurojust e a Europol persistiram nos seus esforços de alcançar uma maior cooperação na  luta contra  a  criminalidade  grave  transnacional,  tendo  aumentado  o  nível  de  intercâmbio  de informação  e melhorado  a  sua  cooperação  estratégica  e operacional. A  1 de  Janeiro de  2010, entrou  em  vigor  o  Acordo  de  Cooperação  revisto,  o  qual  oferece  novas  possibilidades    de cooperação alargada entre as duas organizações, em particular ao especificar as situações em que a cooperação a nível do  tratamento de casos entre as duas  instituições pode ser desplotada. O Acordo prevê, igualmente, a colocação temporária de representantes de uma das instituições nas instalações  da  outra,  bem  como  a  obrigação  de  se  informarem  reciprocamente  sobre  a participação  em  equipas  de  investigação  conjuntas  Nos  termos  do  artigo  22.º  do  Acordo  de Cooperação  revisto,  todos  os  anos  deverá  ser  submetido  ao  Conselho  um  relatório  anual conjunto. 

Em 2010, a Eurojust convidou a Europol a dar continuidade à sua participação activa nas reuniões do  Grupo  de  Trabalho  Informal,  em  particular  no  âmbito  da  discussão  sobre  as  formas  de 

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promover  relações mais  estreitas  entre  o  Sistema  Nacional  de  Coordenação  da  Eurojust  e  as Unidades Nacionais da Europol, conforme na alínea d) do n.º 5 do artigo 12.º da Decisão Eurojust. 

A  Eurojust  participu  em  várias  reuniões  de  Chefes  das Unidades Nacionais  da  Europol  (HENU) realizadas nas  instalações da Europol. Realizou,  igualmente, uma reunião no sentido de permitir aos  HENU  e  ao  Colégio  adquirir  uma maior  consciencialização  do  papel  desempenhado  pela Eurojust  em  Ficheiros  de  Análise  e  de  um  potencial  aumento  da  cooperação  à  luz  das  novas disposições constantes do Acordo de Cooperação revisto.  

A Eurojust continuou a desenvolver a sua cooperação estratégica com a Europol no domínio da criminalidade organizada e do terrorismo. Em Outubro de 2010, a Eurojust deu uma contribuição substancial para o Relatório de Avaliação de Ameaças da Criminalidade Organizada 2011 seguindo uma metodologia rigorosa desenvolvida pelos analistas da Eurojust e da Europol. A contribuição inclui  informação qualitativa e quantitativa sobre dois anos de tratamento de casos da Eurojust nas  principais  áreas  de  criminalidade  prioritárias  abrangidas  pelo  Relatório  de  Avaliação  de Ameaças da Criminalidade Organizada. Os dados para a análise quantitativa  foram  retirados do Sistema de Gestão de Casos e trabalhados pela Equipa de Gestão de Casos da Eurojust, enquanto que a avaliação qualitativa foi fundamentalmente baseada em entrevistas com as Representações Nacionais sobre uma selecção de casos. 

A  Eurojust  continuou  a desenvolver  a  sua  cooperação  estratégica  com  a  Europol  em questões relacionadas  com  o  terrorismo,  tendo  discutido,  em  várias  reuniões,  políticas  e  estratégias relativas à luta contra o terrorismo e tendo contribuído para os Relatório TE‐SAT da Europol.  

No domínio da cooperação operacional, a Eurojust associou‐se, em 2010, a mais três ficheiros de análise relativos à cibercriminalidade, à pirataria marítima e ao tráfico de heroína, prefazendo um total de 15 associações da Eurojust a ficheiros de análise. A Europol participou em 41 reuniões de coordenação da Eurojust. O intercâmbio de informação através da linha de comunicações segura aumentou em 27%, num total de 675 mensagens trocadas em 2010. A qualidade da cooperação traduziu‐se  em  excelentes  resultados  dos  casos  operacionais  com  a  Europol,  tendo  a  Eurojust coordenado  actividades  de  cooperação  judiciária  com  base  nos  relatórios  de  análise providenciados.  

Por forma a garantir o intercâmbio de mais informação altamente confidencial, a Europol propôs à Eurojust, a 20 de Outubro de 2010, a revisão da Tabela de Equivalências entre os  respectivos padrões  de  confidencialidade  e  segurança,  por  forma  a  permitir‐lhes  elevar  o  intercâmbio  de informação ao nível “EU Top Secret”. As negociações para um novo Memorando de Entendimento entre a Eurojust e a Europol  foram dadas como concluídas em  Janeiro de 2011 e entraram em vigor a 15 de Fevereiro de 2011. 

Relativamente  aos  casos  envolvendo  a  Europol,  consultar o Capítulo  2,  em particular  na parte referente à criminalidade organizada e cibercriminalidade. 

OLAF 

A  fim  de  reforçar  a  luta  contra  a  fraude,  a  corrupção  e  outros  crimes  lesivos  dos  interesses financeiros da União Europeia, a Eurojust e o OLAF continuaram a coordenar esforços e a manter contactos  regulares  em  2010.  A  implementação  do  Acordo  Prático  sobre  as modalidades  de cooperação  entre  a  Eurojust  e  o OLAF,  assinado  em  2008,  (o  “Acordo  Prático”)  provou  que  a colaboração em casos complexos foi alargada, registando‐se um acréscimo do intercâmbio sobre casos  comunicados,  resumos  de  casos  e  informação  relacionada  com  casos,  bem  como  um acompanhamento  regular  de  casos  correntes.  Em  2010,  o  OLAF  comunicou  quatro  casos  à Eurojust e a Eurojust comunicou um caso ao OLAF. 

 

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A  9  de  Julho  de  2010,  o  Presidente  da  Eurojust  e  o  Director‐Geral  do  OLAF,  em  exercício, reuniram‐se em Bruxelas para avaliar o nível de cooperação e discutir a necessidade de melhorar métodos  de  identificação  de  casos  que  beneficiariam  dessa  colaboração.  A  necessidade  de explorar sinergias entre as duas instituições foi realçada no contexto das possibilidades previstas no Tratado de Lisboa.   

 

Em  2010,  continuaram  a  realizar‐se  reuniões  de  ligação  regulares  entre  a  Eurojust  e  o OLAF, visando o reforço da cooperação mediante o intercâmbio  de sumários sobre casos relevantes e a prestação de feedback geral sobre as actividades levadas a efeito nos referidos casos. As reuniões de  ligação monitorizaram,  igualmente, os progressos alcançados no que se reporta à criação de uma rede de comunicações segura para troca de informação entre a Eurojust e o OLAF. Esta rede está  a  ser  criada  no  âmbito  da  Decisão  do  Conselho  2009/917/JAI  relativa  à  utilização  da informática no domíniuo aduaneiro, a qual prevê o acesso  imediato da Eurojust ao Sistema de Informação  Aduaneiro  e  ao  Ficheiro  de  Identificação  dos  Processos  de  Inquérito  Aduaneiro  a partir  de Maio  de  2011,  facultando  à  Eurojust  o  acesso  imediato  à  informação  que  permitirá alargar o apoio das autoridades judiciárias nos Estados‐Membros.  

 

No  âmbito  do  Programa  de  Intercâmbio  Eurojust‐OLAF,  investigadores  superiores  e  chefes  de unidade do OLAF visitaram a Eurojust em Março. Os representantes do OLAF  foram  informados sobre  as  funções  da  Eurojust,  a  infraestrutura  de  comunicações  seguras  e  o  impacto  da implementação  do  Acordo  Prático  e  da  Decisão  Eurojust  sobre  a  cooperação  judiciária.  Em contrapartida, os representantes das Representações Nacionais para a Eurojust participaram, em Setembro, na  reunião do Conselho Executivo do OLAF,  tendo  tido  a oportunidade de partilhar experiências  com  os  representantes  de  várias  unidades  do  OLAF,  incluindo  as  unidades  de investigação a aduaneira.  

 

Em Dezembro,  a  Eurojust  acolheu,  conjuntamente  com  a  Europol,  a  18.ª  reunião  da  Rede  de Comunicadores  Antifraude  do  OLAF  (OAFCN).  A  Eurojust  tem  sido,  desde  2004,  um membro institucional da OAFCN,  a  rede de  responsáveis pela  comunicação das  autoridades nacionais  e organizações envolvidas na luta contra a fraude.  

 

Relativamente aos casos envolvendo o OLAF, consultar o tema Fraude na Secção 2.5. 

Frontex  

Em 2010, a Eurojust  intensificou os contactos com a Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados‐Membros da União Europeia  (Frontex),  com o objectivo de estabelecer e manter relações de cooperação nos termos do n.º 1 do artigo 26.º da Decisão Eurojust.  

A 29 de Abril de 2010, para efeitos de acompanhamento dos contactos  informais entre as duas instituições,  o  Presidente  da  Eurojust  e  o  Director  Executivo  da  Frontex  reuniram‐se  nas instalações da Eurojust a fim de discutirem possíveis áreas de uma futura cooperação. O Director Executivo  da  Frontex  participou  numa  reunião  do  Colégio  a  fez  uma  apresentação  sobre  a organização e o funcionamento da Frontex.  

A  Eurojust  iniciou  contactos  com  a  Frontex  tendo  em  vista  a  eventual  negociação  de  um instrumento de cooperação nos termos do n.º 1 do artigo 26.º da Decisão Eurojust.  

Rede de Formação Judiciária Europeia  

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A base para a cooperação entre a Eurojust e a Rede de Formação Judiciária Europeia    (RFJE) no domínio da formação judiciária encontra‐se definida mo Memorando de Entendimento assinado a 7 de Fevereiro de 2008.   Nos termos do Programa de  intercâmbio para 2010, as Representações Nacionais italiana e austríaca para a Eurojust realizaram duas acções de formação, cada uma com três meses de duração. Além disso, a Eurojust participou e prestou apoio activo nos seminários da RFJE sobre “A Cooperação  Judiciária  Internacional em Matéria Penal na Prática – simulações de MDE e MLA”, realizados em Outubro e Novembro de 2010.  

Em  2010,  a  Eurojust  propôs  que  os  delegados  judiciários  e  policiais  participassem  juntos  num curso  de  equipas  de  investigação  conjuntas  que  deveria  decorrer  em  Lyon,  envolvendo,  deste modo,  tanto  a  RFJE  e  a  CEPOL.  A  Eurojust  contribuiu,  além  disso,  de  forma  directa  dando formação técnica.  

CEPOL  

O Memorando  de  Entendimento  assinado  entre  a  Eurojust  e  a  Academia  Europeia  de  Polícia (CEPOL), cujo objectivo é o de definir, encorajar e melhorar a formação de polícias e magistrados na luta contra as formas graves de criminalidade, entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2010.  

A cooperação entre a Eurojust e a CEPOL continuou a ser desenvolvida através do apoio dado pela Eurojust  às  actividades  de  formação  da  CEPOL,  e  da  participação  da  CEPOL  nos  seminários  e conferências da Eurojust. De realçar, o facto de a Eurojust ter acolhido duas visitas de estudo da CEPOL em 2010. Além disso, a Eurojust apoiou activamente o seminário da CEPOL sobre equipas de investigação conjuntas, que se realizou em Outubro de 2010. A Eurojust contribuiu, ainda, para a avaliação externa da CEPOL por um período de cinco anos.  

A Eurojust e a CEPOL acordaram na análise de opções com vista à  formação de  funcionários de polícia superiores e de magistrados sobre equipas de investigação conjuntas em cooperação com a  RFJE.  A  Eurojust  contribuirá  para  o  desenvolvimento  e  a  implementação  de materiais  para cursos e de um Curriculum Comum sobre a Eurojust.  

 

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4 Desenvolvimentos 

Implementação da Decisão do Conselho 2009/426/JAI  

A  revisão  da  Decisão  Eurojust,  publicada  em  Junho  de  2009,  visa  tormar  a  Eurojust  mais operacional. A transmissão de determinada informação sobre o tratamento de casos à Eurojust e a possibilidade de a assistência da Eurojust ser disponibilizada aos técnicos nos Estados‐Membros, numa base 24/7, são elementos fundamentais para alcançar tal pretensão.  

Dado que as disposições da Decisão Eurojust  têm de ser  transpostas nos Estados‐Membros até Junho  de  2011,  a  Eurojust  deu  continuidade  ao  seu  programa  de  implementação  para  2010 através do seu Grupo de Trabalho Informal (GTI), envolvendo peritos do Parlamento Europeu, do Conselho,  da  Comissão  e  dos  Estados‐Membros.  O  programa  foi  criado  com  o  objectivo  de garantir que os mecanismos adequados de  coordenação,  comunicação,  informação e avaliação estavam operacionais.  

Realizaram‐se  duas  reuniões  do  GTI  em  2010,  as  quais  se  centraram  fundamentalmente  na criação  e  no  funcionamento  do  Sistema  Nacional    de  Coordenação  da  Eurojust,  no  fluxo  de informação entre a Eurojust e os Pontos de Contacto da Rede Judiciária Europeia, e nas relações externas da  Eurojust  com  Estados  terceiros. A proposta  EPOC  IV para  a  criação de normas no intercâmbio de dados (ver Capítulo 1) foi apresentada como um provável instrumento ICT para o Sistema Nacional de Coordenação da Eurojust. 

A  ferramenta  para  a  facilitação  da  transmissão  de  informação  sobre  tratamento  de  casos  dos Estados‐Membros  para  a  Eurojust  constitui  um  importante  elemento  no  programa  de implementação. Para tal, a Eurojust tem trabalhado no sentido de criar um formulário de normas  através  do  qual  a  informação  pode  ser  transferida,  bem  como  de  desenvolver  as  disposições técnicas de suporte  para a transmissão  e o processamento seguros da informação.   

Num  desenvolvimento  conexo,  está  a  ser  criada  a  Coordenação  de  Permanência  (CP),  o  que permite  à  Eurojust  receber  e  processar  pedidos  que  lhe  sejam  comunicados  numa  base  permanente. A CP ficará operacional em 2011 e alargará a capacidade da Eurojust de intervir em casos urgentes.  

As alterações  introduzidas na Decisão Eurojust  também apelam à  responsabilização da Eurojust pelos  Secretariados  das  Redes  de  Equipas  de  Investigação  Conjuntas  e  Genocídio  e  crimes conexos. Em 2010, a Eurojust concluiu o processo de recrutamento de coordenadores para cada rede, os quais assumirão funções no início de 2011 e farão parte do pessoal da Eurojust.  

Estratégia de Segurança Interna (COSI; Fórum Consultivo dos Procuradores Gerais e dos Directores do Ministério Público) 

Em  2010,  a  Eurojust  participou  em  vários  desenvolvimentos  estratégicos  a  nível  europeu.  A Estratégia de Segurança Interna, aprovada pelo Conselho em Fevereiro de 2010, cria um ciclo de politicas  em  quatro  etapas  para  o  estabelecimento  de  um  enquadramento  referencial  para  a segurança  interna da União Europeia. O Comité Permanente para a Cooperação Operacional em Matéria de Segurança Interna (COSI) foi criado em conformidade com a Decisão de Novembro de 2009,  estando  incumbido  de  coordenar  e  avaliar  políticas  de  segurança  no  âmbito  da  União Europeia  incluindo,  se necessário,    a  cooperação  judiciária  em matéria  penal  relevante  para  a cooperação  operacional  em matéria  de  segurança  interna.  O  objectivo  do  Projecto  Harmony, iniciado pela Presidência belga em 2010, é o de direccionar e  integrar  instrumentos europeus  já existentes e novos desenvolvimentos  providenciando, entre outros, para um conceito de modelo genérico europeu de Dados confidenciais sobre a criminalidade e um verdadeiro ciclo de política europeia. As Conclusões do Conselho  sobre a  criação e  implementação de um  ciclo político da União Europeia para a criminalidade  internacional grave e organizada, adoptadas pelo Conselho JAI  em  Novembro  de  2010,  propõem  o  estabelecimento  de  um  ciclo  político  plurianual  em 

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matéria  de  criminalidade  internacional  grave  e  organizada,  composto  por  quatro  etapas: avaliação das ameaças, definição das prioridades de política, implementação e avaliação.  

 

À  luz  destes  desenvolvimentos,  a  Eurojust  considera  que  o  seu  envolvimento  no  panorama judiciário  relativo  às  questões  de  segurança  interna  pode  ser  uma mais‐valia,  tendo,  por  isso, apoiado  o  trabalho  do  Fórum  Consultivo  de  Procuradores‐Gerais  e  Directores  dos Ministérios Públicos dos Estados‐Membros da União Europeia em 2010. A Eurojust prestou apoio alargado às reuniões organizadas pela Presidência Espanhola, em Maio de 2010. Durante a  sua  reunião de Dezembro, o Fórum Consultivo acordou no seu mandato para o futuro e solicitou à Eurojust que assumisse a responsabilidade de acolher as suas reuniões e considerasse a prestação de apoio a nível administrativo e de secretariado, incluindo na preparação das suas reuniões.  

Task Force sobre o Futuro da Eurojust 

Em Dezembro de 2009, a Eurojust aprovou a criação de uma Task Force sobre o seu Futuro, a qual deveria  considerar  possíveis  desenvolvimentos  nos  termos  dos  artigos  85.º  (regulamentos relativos à Eurojust) e 86.º (criação de uma Procuradoria Europeia a partir da Eurojust) do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. O principal objectivo da Task Force é o de promover a discussão  interna  com  base  na  experiência  prática  da  Eurojust  e  contribuir,  sempre  que necessário, para discussões em diferentes instituições e fóruns europeus. 

A Task  Force  reuniu‐se  regularmente em 2010 para  tratar de diferentes questões  relacionadas com o futuro da Eurojust nos termos do Tratado de Lisboa, com contribuições tanto dos peritos externos como dos técnicos da Eurojust. Em Setembro de 2010, a Eurojust realizou um seminário em  Bruges  subordinado  ao  tema  "A  Eurojust  e  o  Tratado  de  Lisboa:  para  uma  acção  mais efectiva",  em  cooperação  com  a  Presidência  Belga  da União  Europeia. Mais  de  120  peritos  – incluindo  académicos,  representantes  dos  Estados‐Membros,  instituições  e  órgãos  da  União Europeia, Membros Nacionais para a Eurojust – discutiram o futuro desenvolvimento da Eurojust e a possível criação de uma Procuradoria Europeia (EPPO) à luz das novas disposições introduzidas pelo Tratado de Lisboa. Foi publicada uma síntese do seminário como documento do Conselho. 

A Eurojust contribuiu para um estudo sobre o EPPO, que estava a ser submetido ao Parlamento Europeu. O  referido estudo estabelecia a  importância de uma avaliação geral do  impacto e de análises baseadas em meios de prova na perspectiva do tratamento de casos e dos operadores  

Cooperação JAI 

A necessidade de uma cooperação alargada entre as instituições europeias envolvidas na área da Justiça  e Assuntos  Internos  (JAI)  tem  sido  constantemente  enfatizada.  Em Outubro de  2009,  a Eurojust,  a  Europol,  a  CEPOL  e  a  Frontex  foram  solicitadas  pela  Presidência  do  Conselho  a participar  na  elaboração  de  um  relatório  conjunto  sobre  a  cooperação  melhorada  entre instituições  europeias  dedicadas  à  luta  contra  o  crime.  A  Eurojust  e  os  seus  parceiros identificaram  áreas  de  possível melhoramento  da  cooperação  bilateral  e multilateral  e  o  seu relatório  final  foi  adoptado  pelo  COSI  em  Junho  de  2010.  O  COSI  convidou  os  órgãos  a implementarem  as medidas  constantes  do  relatório  final  até  finais  de  2011  e  a  organizarem regularmente  reuniões  dos  directores  das  instituições  da  área  Justiça  e Assuntos  Internos.  Foi elaborado  um  quadro  para  indicar  o  estado  das  diferentes medidas  e  para  identificar  ideias específicas de  implementação de  tais medidas, que é  regularmente actualizado. Na  reunião de directores das instituições da área Justiça e Assuntos Internos, realizada em Novembro de 2010 e acolhida  pela  Europol,  ficou  acordado  que  a  Eurojust  deveria  acolher  o  Secretariado  dessas Instituições, em 2011. 

 

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5 Acompanhamento das Conclusões do Conselho  

Em  3  de  Junho  de  2010,  o  Conselho  JAI/Justiça  e  Assuntos  Internos  adoptou  as  Conclusões relativas ao oitavo Relatório Anual da Eurojust (Documento da UE 9959/10). No presente capítulo e  à  semelhança  de  relatórios  anteriores,  a  Eurojust  presta  informações  sobre  as  áreas relativamente às quais o Conselho formulou recomendações. 

 

Dados relativos ao tratamento de casos: análise, avaliação e identificação de obstáculos 

Melhorar a capacidade da Eurojust de analisar  os  obstáculos  à  cooperação judiciária  a  nível  da  União  Europeia, através do uso dos  seus  instrumentos de  avaliação  do  tratamento de  casos. Prestar,  periodicamente,  informações relativas  ao  estado  da  cooperação judiciária  no  seio  da  União  Europeia. Reunir  informações  sobre  as dificuldades  práticas  e  jurídicas relacionadas  com  o  uso  de instrumentos de cooperação  judiciária e reportar ao Conselho, ao Parlamento e à Comissão.  

A Eurojust deu continuidade à avaliação sistemática do tratamento de casos com vista à identificação de obstáculos à cooperação judiciária internacional. O  capítulo  2  do  presente  Relatório  Anual  resume  os  dados  relativos  ao tratamento  de  casos  e,  na  sequência  das  Conclusões  do  Conselho  sobre  o Relatório  Anual  do  ano  passado,  aborda  os  obstáculos  à  cooperação judiciária, o uso de instrumentos de cooperação judiciaria nos casos tratados pela Eurojust e a avaliação dos  instrumentos  judiciários. Os presentes dados reportam‐se aos casos aí referidos.  

A  Eurojust  está  a  diligenciar  no  sentido  de  desenvolver  um  Manual  de Tratamento de Casos da Eurojust. 

Classificação dos casos tratados e respectivas estatísticas 

Disponibilizar estatísticas  sobre  casos‐tipo  e  casos  complexos  e  sobre  casos bilaterais/multilaterais  que  requerem coordenação. 

Foi reintroduzida a classificação de casos bilaterais e multilaterais. Como é evidente, a classificação “bilateral” atribuída a um caso não significa que se trata  de  uma  infracção menos  grave  ou  que  apenas  seja  necessário  um envolvimento  reduzido  da  Eurojust.  Um  caso  bilateral  de  fraude  em matéria de  IVA pode  resultar num prejuízo de vários milhões de euros e pode  requerer  a  total  dedicação  dos  recursos  da  Eurojust  dada  a  sua complexidade  jurídica e probatória, bem como a necessidade de abordar aspectos como intercepções transnacionais e perda de activos. Do mesmo modo,  alguns  casos  multilaterais  de  tráfico  de  estupefacientes  podem envolver apreensões menores e requerer um apoio reduzido da Eurojust. Além disso, um caso bilateral pode ser multilateral num Estado‐Membro.  

 

Após ponderada consideração, não  foi  reintroduzida a classificação entre casos‐tipo  e  casos  complexos.  Numa  tentativa  de  transmitir  alguma objectividade à distinção, efectuou‐se a experiência a partir de uma matriz com diferentes factores, mas chegou‐se à conclusão que tal não era viável na prática. Dados sugerindo complexidade podem não ser visíveis aquando do registo do caso no Sistema de Gestão de Casos, mas podem surgir mais tarde.  Do  mesmo  modo,  um  caso  inicialmente  considerado  complexo pode,  na  realidade,  não  exigir  o  total  envolvimento  dos  recursos  da Eurojust como são as reuniões de coordenação, devendo antes ser tratado como  caso‐tipo.  Acresce  que,  um  caso  classificado  pela  Eurojust  como caso‐tipo  pode  ter  implicações  que  o  tornem  complexo  para  as autoridades nacionais envolvidas. Um apoio limitado da Eurojust pode ser, contudo, crucial e ter um impacto significativo a nível nacional.  

 

A distinção entre casos‐tipo e casos complexos pode não ter facilitado, do ponto  de  vista  estratégico,  a  apreciação  do  tratamento  de  casos  da Eurojust.  Tem  sido  sugerido  que  os  casos  complexos  estão  relacionados com  casos  de  criminalidade  organizada,  quando  tal  nem  sempre  se verifica.  Do mesmo modo,  a  classificação  casos‐tipo  e  casos  complexos pode sobrepor‐se com a classificação casos bilaterais e casos multilaterais 

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de  forma  prejudicial:  Os  termos  ‘bilateral’  e  ‘tipo’  (e  ‘multilateral’  e ‘complexo’)  podem  ser  erroneamente  entendidos  como  sinónimos.  Tal situação poderia conduzir a comunicações  inadequadas de casos a outros órgãos  em  vez  de  se  solicitar  a  intervenção  da  Eurojust.  O  seguinte exemplo ilustra esta dificuldade: a facilitação da execução de um mandado de detenção europeu pode envolver a  resolução de problemas “tipo” de comunicação  e  informação  relativos  a  diferentes  práticas  jurídicas. Contudo,  a  execução  pode,  igualmente,  revelar  questões  de  natureza “complexa” (como, por exemplo, o princípio ne bis in idem, a natureza dos mandados: para procedimento criminal ou para cumprimento de pena ou medida de segurança, a interpretação da decisão “definitiva”, a interacção entre  a  legislação  comunitária  e  a  legislação  nacional,  a  existência  de mandados conflituantes).  

Os  9  gráficos  estatísticos  em  anexo  fornecem  informações  sobre  (1) número de casos registados pela Eurojust entre 2002 e 2010, bem como a sua distribuição em bilaterais  e multilaterais;  (2)  classificação em  função das competências da Eurojust (n.

os 1 e 2 do artigo 4.º, e casos relativos a 

«Temas  jurídicos»);  (3)  tipos  de  criminalidade  prioritários  nos  casos  da Eurojust;  (4)  tipos  de  criminalidade  prioritários  e  outros  tipos  de criminalidade no  âmbito de  casos da  Eurojust;  (5)  casos da  Eurojust por países  requerentes;  (6)  casos  da  Eurojust  por  países  requeridos;  (7) número  total de  reuniões de  coordenação;  (8)  reuniões de  coordenação por  países  requerentes;  e  (9)  reuniões  de  coordenação  por  países requeridos.  

 

Eurojust ‐ EJN  

Relatório  sobre  medidas  específicas relativas  à  comunicação  de  casos  à Rede  Judiciária  Europeia,  indicando obstáculos neste domínio.  

A  Eurojust  comunica,  frequentemente,  casos  à  Rede  Judiciária  Europeia  de forma  rápida  e  eficaz.  Do mesmo modo,  têm  sido  comunicados  casos  aos Magistrados de Ligação dos Estados‐Membros.  

Relativamente a casos que podem ser comunicados aos pontos de contacto da  Rede  Judiciária  Europeia,  a  Eurojust  desenvolveu  diferentes  práticas consoante  a  natureza  dos  casos:  algumas  Representações  Nacionais informam,  sistematicamente,  as  suas  autoridades  nacionais  que  a  questão poderia  ter  sido  colocada  à  Rede  Judiciária  Europeia;  outras  procedem  à comunicação imediata aos pontos de contacto da Rede Judiciária Europeia; e outras estabeleceram contactos estreitos com os seus Pontos de Contacto e Correspondentes  Nacionais  da  Rede  Judiciária  Europeia.  Procura‐se  que  as cartas  rogatórias  sejam  enviadas,  inicialmente,  à  Eurojust  para  controlo  de qualidade,  por  forma  a  evitar  problemas  que  podem  fazer  perigar  um processo nacional numa fase posterior. 

Deve notar‐se que a Eurojust e a Rede Judiciária Europeia se complementam e beneficiam mutuamente dos seus conhecimentos técnicos no exercício das suas  funções.  No  domínio  das  Conclusões  do  Conselho,  os  obstáculos  que conduzem  à  comunicação  de  casos  à  Eurojust  em  detrimento  da  Rede Judiciária Europeia são, fundamentalmente, de dois tipos: em primeiro lugar, alguns  casos  chegam  ao  conhecimento  da  Eurojust  após  tentativas  mal‐sucedidas  de  resolver  questões  de  cooperação  judiciária  através  da  Rede Judiciária Europeia. A Eurojust é abordada perante a  falta de  resultados de outros  canais;  em  segundo  lugar, outros  casos  são  comunicados  à  Eurojust face  a  uma  necessidade  específica  de  intervenção  urgente,  o  que  uma estrutura de pontos de contacto nem sempre consegue providenciar. 

 

Reuniões de coordenação e envolvimento da Europol e do OLAF 

Promover  reuniões de  coordenação e envolver,  sempre  que  necessário, outras  instituições da União  Europeia tais  como  a  Europol  ou  o  OLAF. Acolher  o  acesso  da  Eurojust  a 

Em 2010, a Eurojust realizou 141 reuniões de coordenação, mais dez do que em  2009.  A  Europol  participou  em  41  reuniões  de  coordenação  e  o  OLAF numa reunião. 

A Eurojust associou‐se a mais três ficheiros de análise em 2010, o que perfaz 

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informações sobre Ficheiros de análise da  Europol,  bem  como  o  acesso  da Europol  a  informações  sempre  que intervém  em  iniciativas  de coordenação.  

um total de 15 associações da Eurojust a ficheiros de análise.  

A Eurojust e a Europol  colaboram estreitamente em  iniciativas  relacionadas com equipas de investigação conjuntas. 

No  Capítulo  3,  disponibiliza‐se mais  informação  sobre  a  cooperação  com  a Europol e o OLAF.  

Contribuição da Eurojust para os Relatórios OCTA e TE‐SAT  

Contribuir  para  os  Relatórios OCTA  e TE‐SAT.  

Em  Outubro  de  2010,  a  Eurojust  deu  um  significativo  contributo  para  o Relatório  OCTA  2011,  incluindo  informações  qualitativas  e  quantitativas referentes a dois anos de tratamento de casos da Eurojust nas principais áreas de  criminalidade  prioritárias  abrangidas.  A  Eurojust  contribuiu,  igualmente, para  o  Relatório  TE‐SAT  fornecendo  informações  judiciárias  qualitativas  e quantitativas referentes a questões relacionadas com o terrorismo. A Eurojust participou  regularmente  em  reuniões  do  conselho  consultivo  TE‐SAT  da Europol.  

Uso dos artigos 6.º e 7.º da Decisão Eurojust 

Incrementar o uso de providências nos termos dos artigos 6.º e 7.º. 

As  Representações  Nacionais  recomendam,  com  frequência,  às  suas autoridades nacionais que actuem  sem  se  reportarem  formalmente às  suas competências  nos  termos  do  artigo  6.º.  Com  base  na  experiência  do tratamento de casos, parece deduzir‐se que apenas alguns Estados‐Membros fazem  uso  das  recomendações  escritas  formais  devido  a  regras  específicas relacionadas com a condução de investigações. Nos casos em que os pedidos formais foram emitidos, alguns deles deram origem à abertura de novos casos da Eurojust e à organização de reuniões de coordenação. Em 2010, foi emitida uma recomendação do Colégio nos termos do artigo 7.º.  

A Eurojust considera prematuro proceder a uma avaliação sobre o uso do n.º 2 do artigo 7.º em casos de conflitos de jurisdição, e do n.º 3 do artigo 7.º em casos  de  dificuldades  recorrentes  de  cooperação  judiciária.  As Representações Nacionais  resolvem,  actualmente,  os  conflitos  de  jurisdição através do exercício dos seus poderes e sem a emissão de pareceres escritos não  vinculativos pelo Colégio. Até agora, poder‐se‐ia  ter  feito um uso mais pro‐activo do n.º 3 do artigo 7.º no que se  refere aos pareceres escritos do Colégio  sobre as dificuldades detectadas. A Eurojust propõe‐se preparar um manual sobre a emissão de pareceres escritos não vinculativos, bem como um manual  sobre  a  emissão de pareceres  em  casos de mandados de detenção europeus conflituantes nos termos do n.º 2 do artigo 16.º da Decisão‐Quadro relativa aos mandados de detenção europeus.  

Para mais  informações, ver a Secção 2.4 na parte relativa ao uso dos artigos 6.º e 7.º. 

O Sistema Nacional de Coordenação da Eurojust  

Aumentar  os  esforços  da  Eurojust  e dos  Estados‐Membros  com  vista  à implementação  eficiente  do  sistema até Junho de 2011. 

Tendo  em  consideração  o  prazo  para  implementação  da  nova  Decisão Eurojust  e  no  âmbito  do  Projecto  de  Sistema Nacional  de  Coordenação  da Eurojust  e  de  Intercâmbio  de  Informação,  verificaram‐se  progressos  na elaboração  dos  projectos,  devendo  os  documentos  estar  disponíveis  até Junho de 2011: 

 

‐ Formulário para  transmissão de  informação à Eurojust nos  termos dos n.

os 5 a 7 do artigo 13.º da Decisão Eurojust;  

‐ Comunicação  sobre  a  interpretação  dos  n.os  5  a  7  do  artigo  13.º  da Decisão Eurojust; 

‐ Comunicação sobre as funções do Sistema Nacional de Coordenação da Eurojust  (incluindo  “o  denominador  comum”)  e  sobre  o  perfil  e  as funções  práticas  dos  Correspondentes  Nacionais  para  a  Eurojust relativamente ao uso, em particular, do n.º 5 do artigo 12.º; 

‐ Linhas  mestras  sobre  o  conteúdo,  a  frequência  e  o  formato  da informação  e  do  feedback  a  serem  prestados  pela  Eurojust  às 

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autoridades competentes nacionais e da União Europeia; e 

‐ Formulário  sobre  “Fichas  Suecas”  para  recolha  de  dados  disponíveis sobre  as  especificidades  da  implementação  da  Decisão  Eurojust relativamente  à  criação  e  ao  funcionamento  do  Sistema  Nacional  de Coordenação  da  Eurojust  e  de  intercâmbio  de  informação  (incluindo contactos).  

Equipas de investigação conjuntas  

Promover,  entre  os  operadores,  a criação  de  equipas  de  investigação conjuntas, bem como o envolvimento, se  necessário,  de  outras  instituições da União Europeia tais como a Europol e o OLAF. 

Em 2010, os Membros Nacionais para a Eurojust estiveram envolvidos em 20 equipas  de  investigação  conjuntas,  nos  termos  do  artigo  9.º‐F  da  Decisão Eurojust,  tendo agido quer em nome da Eurojust quer na  sua qualidade de autoridades  nacionais  competentes,  em  tipos  de  criminalidade  envolvendo, entre outros, a  fraude, o  furto de veículos, o  tráfico de estupefacientes e o tráfico de seres humanos. 

 

Além  disso,  a  Eurojust  recebeu  11  notificações  de  Estados‐Membros relativamente à criação de equipas de  investigação conjuntas nos termos do n.º 5 do artigo 13.º da Decisão Eurojust. 

  

Para mais informações, ver Secção 2.6. 

Sistema de Gestão de Casos 

Implementar  as  novas  disposições  da Decisão  Eurojust  e  explorar  todo  o potencial  do  Sistema  de  Gestão  de Casos  tendo  em  vista  possíveis pedidos  de  início  de  investigações  a Estados‐Membros com base na análise de referências cruzadas.  

Está a ser efectuada uma avaliação profunda do Sistema de Gestão de Casos. Foram  introduzidas  importantes  alterações  em  2010,  para  o  tornar  mais amigo  do  utilizador.  Além  disso,  continuam  a  ser  efectuados  esforços  no sentido de  o  transformar  num  instrumento  efectivo de  armazenamento  de dados  relevantes  do  tratamento  de  casos  e  de  análise  e  avaliação  do tratamento  de  casos,  permitindo,  de modo  adequado,  o  uso  de  análise  de referências. As novas disposições da Decisão Eurojust  serão  introduzidas no futuro  Sistema  de  Gestão  de  Casos.  O  formulário  para  transmissão  da informação  prevista  no  artigo  13.º  está  a  ser  desenvolvido,  permitindo  a introdução no Sistema de Gestão de Casos de forma quase automática. 

O sítio web da Eurojust – Secretariados das Redes  

Criar secções no sítio web da Eurojust para  Redes  relativamente  às  quais  a Eurojust deva criar Secretariados.  

O Secretariado da Rede de Equipas de Investigação Conjuntas disporá do seu próprio espaço no sítio web da Eurojust no decurso do ano de 2011, devendo o mesmo verificar‐se relativamente aos futuros secretariados de outras redes. 

Projecto estratégico – fraude relativa ao IVA 

Informar  sobre  o  resultado  do projecto estratégico.  

Em  2010,  a  Eurojust,  em  estreita  colaboração  com  a  Europol,  continuou  a trabalhar no projecto estratégico relativo ao alargamento do  intercâmbio de informação  e  ao  auxílio  judiciário mútuo  entre  autoridades  judiciárias  dos Estados‐Membros  no  domínio  da  fraude  relativa  ao  IVA.  Com  base  num questionário  divulgado  junto  das  autoridades  judiciárias  dos  Estados‐Membros, a Eurojust e a Europol prepararam o programa e os  case  studies para o seminário sobre fraude relativa ao IVA, a ter lugar no dia 28 de Março de 2011, na  sede da Eurojust e que contará com a presença de operadores experientes em  investigações e procedimentos  criminais por  fraude  relativa ao IVA, identificados através das Representações Nacionais. 

Cooperação entre a Eurojust and o Frontex 

Estabelecer  acordos  de  trabalho formais com o Frontex, que poderão ir além  da  cooperação  ad  hoc estabelecida até agora.  

A Eurojust iniciou contactos com o Frontex com vista a possíveis negociações para a elaboração de um instrumento de cooperação em conformidade com o n.º 1 do artigo 26.º da Decisão Eurojust. Ver Capítulo 3. 

 

Reforço das relações com Estados terceiros e organizações 

Reforçar as suas relações com Estados terceiros e organizações fora da União 

Ver  as  secções  sobre  relações  com  Estados  terceiros  e  organizações  e  o tratamento de casos da Eurojust, envolvendo Estados terceiros , no a Capítulo 

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Europeia,  em  particular  tendo  em vista as dificuldades relacionadas com a questão da protecção de dados.  

1 e Secção 2.7.   

Projecto sobre o Desempenho do Colégio e Revisão da Estrutura da Organização 

Apresentar  os  resultados  destes projectos. Centralização nas questões essenciais  da  Eurojust,  ponderando  a introdução de medidas para reduzir o peso  colocado  sobre  o  Colégio  e  os Membros Nacionais,  libertando‐os de tarefas que não estejam previstas nos artigos 6.º e 7.º da Decisão Eurojust  

 

 

 

 

 

  

A  Eurojust  adoptou  decisões  sobre  a  reestruturação  da  sua  organização  e funcionamento na sequência das conclusões do Relatório Final da empresa de consultadoria sobre a Fase 1 – Passo 4 do Projecto de Revisão da Estrutura da Organização,  em  Junho  de  2010.  Foi  adoptado,  em  Outubro  de  2010,  um plano  de  acção  para  as  alterações  organizacionais,  o  qual  descreve  as principais actividades,  recursos humanos e prazos,  incluindo propostas para medidas a ser tomadas na fase de implementação. 

Foram criados sete projectos diferenciados visando a  facilitação do  trabalho da Eurojust: (1) delegação de algumas decisões de gestão do Colégio Eurojust para  um  Conselho  Executivo;  (2)  agrupamento  de  áreas  de  trabalho actualmente  a  cargo  de  equipas  do  Colégio  numa  estrutura  de  gestão  em carteira;  (3)  desempenho  e  gestão  de  riscos;  (4)  garantir  que  as  estruturas administrativas  da  Eurojust  estão  alinhadas  com  as  áreas  funcionais nucleares;  (5)  reestruturação  e  reclassificação  do  pessoal;  (6)  cultura;  e  (7) formação. 

Estreitamente relacionada com as funções fundamentais, está a ser estudada a revisão do conceito do tour de table operacional com vista a permitir mais tempo  para  discussão  de  obstáculos  jurídicos  à  cooperação  judiciárias  em matéria penal. 

Implementação da Decisão Eurojust 

Continuar  o  trabalho  de implementação da Decisão Eurojust.   

ver a secção relativa à implementação da Decisão do Conselho 2009/426/JAI, de 16 de Dezembro de 2008, no Capítulo 4. 

Revisão do Regulamento Interno da Eurojust 

Rever o Regulamento Interno.   Foi  posto  em  prática  um  projecto  estratégico  sobre  as  funções,  as responsabilidades, a gestão e os métodos de trabalho do Colégio, incluindo a revisão do seu regulamento Interno. As propostas sobre a forma de melhorar os  métodos  de  trabalho  da  Eurojust  estão  a  ser  estudadas,  com  vista  à implementação  da  Decisão  Eurojust  e  às  propostas  de  decisões  a  serem consideradas nos termos da Revisão da Estrutura da Organização.  

Coordenação de Permanência  

Reportar sobre a criação do serviço de Coordenação de Permanência e sobre a  mais‐valia  que  este  Serviço representa.  

O projecto Coordenação de Permanência foi  lançado em Maio de 2010, para que a Eurojust possa receber e tratar, numa base permanente, os pedidos que lhe  são  comunicados.  As  estratégias  e  os  procedimentos  internos  foram aprovados. Foi, ainda, decidida a adopção de uma solução técnica permitindo às  autoridades  judiciárias  e  policiais  contactar  a  Eurojust  a  qualquer momento.  O  projecto  prevê,  igualmente,  uma  solução  técnica  para  a actualização  e    busca  automática  dos  representantes  do  serviço  do Coordenação de Permanência. Está a ser preparado material promocional em todas as línguas oficiais da União Europeia. 

 

 

 

 

 

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Anexo 

Gráfico 1: Evolução dos casos 2002 – 2010 

Em 2010, a Eurojust registou 1.424 casos, que mantiveram a tendência ascendente do número de comunicações para assistência pelos Estados‐Membros desde 2002. Cerca de um quinto destes casos envolveu três ou mais países. 

 

 

 

 

 

 

 

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Gráfico 2: Classificação geral dos casos 

Nos termos do n.º 1 do artigo 4.º da Decisão Eurojust, a esfera de competência geral da Eurojust abrange os  tipos de criminalidade e as  infracções em  relação às quais a Europol  tem, a  todo o tempo, competência para actuar e outras infracções cometidas conjuntamente com estes tipos de criminalidade e infracções. 

Em  relação  a  outros  tipos  de  infracções,  a  Eurojust  pode,  segundo os  seus  objectivos,  prestar assistência em  investigações e procedimentos penais, a pedido de uma autoridade competente de um Estado‐Membro ao abrigo do n.º 2 do artigo 4º. 

A Eurojust pode igualmente, a pedido de um Estado‐Membro, prestar assistência em matérias ou assuntos de natureza mais geral que não tenham necessariamente uma relação directa com um caso  operacional  pendente,  dizendo  respeito  à  legislação  interna  ou  a  procedimentos  (casos relativos a temas jurídicos). 

 

 

 

 

 

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Gráfico 3: Tipos de criminalidade prioritários em casos da Eurojust  

As áreas operacionais prioritárias adoptadas pela Eurojust em 2010 abrangem o tráfico de droga, o  tráfico  de  seres  humanos,  o  terrorismo,  a  fraude,  a  corrupção,  o  branqueamento,  a cibercriminalidade,  assim  como  outras  actividades  relacionadas  com  a  presença  de  grupos criminosos organizados no seio da economia.  

O gráfico  reflecte o número de vezes que estes  tipos de  criminalidade  foram  identificados nos casos  registados na Eurojust em 2009 e 2010. Um caso pode abranger mais do que um tipo de criminalidade. Informações complementares constam das secções pertinentes do capítulo 2. 

 

 

 

 

 

 

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Gráfico 4: Tipos de criminalidade prioritários e outros tipos de criminalidade no âmbito de casos da Eurojust 

As  áreas operacionais  prioritárias  adoptadas  pela  Eurojust  em  2010  abrangem  o  terrorismo,  o tráfico  de  droga,  o  tráfico  de  seres  humanos,  a  fraude,  a  corrupção,  a  cibercriminalidade,  o branqueamento,  assim  como  outras  actividades  relacionadas  com  a  presença  de  grupos criminosos organizados no seio da economia.  

O gráfico reflecte o número de vezes que estes tipos de criminalidade, nas áreas prioritárias de criminalidade, bem como outros tipos de criminalidade, foram identificados nos casos registados na Eurojust em 2009 e 2010. Um caso pode abranger mais do que um tipo de criminalidade. 

 

 

 

 

 

 

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Gráfico 5: Casos da Eurojust por países requerentes  

O  gráfico  espelha, por  Estado‐Membro,  a  evolução do número de  vezes que  a  intervenção da Eurojust foi solicitada em 2009 e 2010. 

 

 

 

 

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Gráfico 6: Casos da Eurojust por países requeridos 

O gráfico reflecte o número de vezes que a assistência das autoridades, em cada Estado‐Membro, foi solicitada através da Eurojust em 2009 e 2010. 

 

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Gráfico 7: Número total de reuniões de coordenação 

O gráfico reflecte o número de reuniões de coordenação realizadas pela Eurojust. As reuniões de coordenação  são,  normalmente,  realizadas  nas  instalações  da  Eurojust,  em  A  Haia.  Em determinadas situações as reuniões de coordenação também  foram realizadas  fora da Eurojust, num Estado‐Membro ou num Estado terceiro. 

 

 

 

 

 

 

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Gráfico 8: Reuniões de coordenação por países requerentes 

O gráfico reflecte o número de reuniões de coordenação realizadas pela Eurojust na sequência de pedidos de assistência formulados por cada um dos Estados‐Membros ou Estados terceiros. 

 

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Gráfico 9: Reuniões de coordenação por países requeridos 

O  gráfico  reflecte  o  número  de  vezes  que  as  autoridades  dos  Estados‐Membros  participaram numa reunião de coordenação da Eurojust após terem sido solicitadas a prestar assistência.