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Patrícia Campos Pereira Adriano Elias Estelamar Maria Borges Teixeira José Antônio Bessa Rosemar Rosa (Organizadores) RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS PROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM 2013

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Patrícia Campos PereiraAdriano EliasEstelamar Maria Borges TeixeiraJosé Antônio BessaRosemar Rosa(Organizadores)

RElATOs dE ExPERiênCiA dOs PROJETOs dE ExTEnsãO dO iFTM 2013

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS PROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM 2013

Patrícia Campos PereiraAdriano Elias

Estelamar Maria Borges teixeiraJosé Antonio Bessa

Rosemar Rosa(Organizadores)

1º Edição

Uberaba-MGIFTM2014

Reitor

Roberto Gil Rodrigues Almeida

Pró-Reitor de Extensão

Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

Diretor de Extensão

José Antônio Bessa

Coordenadora Geral de Extensão e Assistencia Esudantil

Estelamar Maria B. Teixeira

Coordenador de Extensão e Assistencia Estudantil

Adriano Elias

Coordenadora de Estágio e Acompanhamento de Egressos

Gianna Andréia F. Gobbi

Secretária da Pró-Reitoria de Extensão

Patrícia Campos Pereira

Apoio Administrativo

Cláudia Helena Rezende Lemes

Liciane Mateus da Silva

Revisão Textual

Tamara Aparecida Lourenço

Capa e Diagramação

Traço Leal Publicidade e Assessoria

Impresso no BrasilEdição:2014

ISBN: 978-85-64139-07-7Tiragem:700 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Instituto Federal do Triângulo Mineiro

R 586 Relatos de Experiências dos Projetos de Extensão do IFTM 2013/Organizadores: Patrícia Campos Pereira , Adriano Elias, Estelamar Maria Borges Teixeira, José Antonio Bessa, Rosemar Rosa [Orgs].--Uberaba- 114p.:il

Publicação realizada pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTM ISBN: 978-85-64139-07-7

1. Extensão universitária. 2. Pesquisa. 3. Educação profissional. 4. Livros de leitura. I. Pereira, Patrícia Campos. II. Elias, Adriano. III. Teixeira, Estelamar Maria Borges. IV. Bessa, José Antonio. V. Rosemar Rosa. II. Título

CDD 378.103

Apresentação

No ano de 2013, o Fórum de Pró-Reitores de Extensão - ForPROEXT

da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - EPCT definiu o conceito de extensão como prática acadêmica que interliga a Rede de EPCT nas suas atividades de ensino e de pesquisa com as demandas da maioria da população consolida a formação de um profissional cidadão e se credencia junto à sociedade como espaço privilegiado de produção e difusão do conhecimento na busca da superação das desigualdades sociais. Nesse sentido, é imperativo conceber a Extensão na Rede Federal de EPCT como uma práxis que possibilita o acesso aos saberes produzidos e experiências acadêmicas, oportunizando, dessa forma, o usufruto direto e indireto, por parte de diversos segmentos sociais, a qual se revela numa prática que vai além da visão tradicional de formas de acesso como também de participação.

Assim, a Pró-Reitoria de Extensão – PROEXT com seu Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnolo-gia do Triângulo Mineiro - IFTM têm buscado cumprir sua missão de ofertar a Educação Profissional e Tecnológica por meio do Ensino, Pesquisa e Ex-tensão promovendo o desenvolvimento na perspectiva de uma sociedade inclusiva e democrática, além de incentivar e valorizar as ações de extensão nos câmpus, contribuindo para uma formação integral e efetiva dos estu-dantes que têm a oportunidade de demonstrar e estender o conhecimento adquirido durante os cursos.

Em 2014, a PROEXT lançou sua primeira publicação intitulada “Livro de Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2012”, com o objetivo de divulgar nossas ações de extensão. Dando continuidade a este trabalho, esta pró-reitoria lança agora o “Livro de Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2013”, cujo conteúdo se trata das ações de extensão desenvolvidas em todos os câmpus no ano de 2013. Estas ações, descritas nos projetos selecionados através de edital institucional pelos pro-fessores coordenadores, abrangeram diversas áreas como: esportes, educa-ção inclusiva, sustentabilidade, artes, agropecuária, alimentação, informáti-ca, etc. Pela leitura dos relatos, é possível compreender a importância e o impacto das ações extensionistas em nossa instituição. E é por esse motivo

que consideramos a divulgação dessas ações de extrema relevância para o IFTM e as demais instituições da Rede de EPCT. Por isso apresentamos a todos mais esta obra e desejamos uma boa leitura!

Sumário

05 Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas

07 Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG

15 IFTM Inclui

23 Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS

33 Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG

47Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agro-indústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimen-tos do município de Uberaba

57 Incluir Brincando

65 Interação nas escolas públicas

71 Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de origem animal

79 A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pes-quisa e a comunidade rural

87 Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

97 Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recri-ando o Tropicalismo)

105Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de robôs autônomos móveis

111 Popularização de programas de controle biológico de pragas no município de Uberaba-MG.

Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas

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Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas

Resumo

1 Rodrigo Grassi Martins 2 André Luiz França Batista Ailton 2 Luiz Dias Siqueira Jr 2 Franciele de Car-

valho Ferreira 2 Ilma Aparecida Martins Silva 2 Luciney Florentina Gomes Belchior 2 Marco Antônio

Maciel Pereira 2 Reane Franco Goulart 3 Carlos Henrique da Silveira Campos 3 Gabriel Resende

Miranda 3 Pedro Henrique Chagas Alves 3 Thais Carolyne de Almeida 3 Erick Henrique Silva Nunes 3 Giselle Corrêa de Souza 3 Marc Sué Pires Moraes Júnior 3 Ronivon Albino Mendes Junior

Este trabalho proporcionou o envolvimento da equipe do projeto

ao desenvolvimento da área de informática/computação dentro do

Câmpus Ituiutaba. Proporcionou a confecção de material de cunho

teórico e prático dos conteúdos estudados nos cursos técnico e

superior da área de informática/computação do Campus Iutiutaba,

que serve de aparato para a divulgação junto às escolas públicas

municipais de Ituiutaba

1 Coordenador 2 Equipe executora, Servidores 3 Alunos Bolsistas

Palavras-chave:

Oficinas

Divulgação

Escolas

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoO projeto permitiu o envolvimento dos alunos bolsistas e voluntários com temáticas em voga no mercado de trabalho da informática. Os alunos do curso superior em Tecnologia de Análise e Desenvolvimento de Sistemas juntamente com os servidores envolvidos, orientaram os alunos do curso técnico de nível médio em Informática com o intuito de estudar a teoria e desenvolver algum conceito prático dentre as seguintes temáticas: jogos digitais, programação para dispositivos móveis, robótica, eletrônica e reali-dade virtual e aumentada. Assim, aliou-se o estudo teórico e sua aplicação na prática.

Os objetivos principais de cada grupo eram a elaboração de apostilas e boletins técnicos com toda a teoria envolvida e o desenvolvimento de pro-tótipos práticos que explorassem a teoria estudada e chamassem a atenção dos jovens em geral buscando que os mesmo viessem a ingressar em um curso na Instituição.

Com o desenvolvimento destas atividades, o Câmpus Ituiutaba con-seguiu atender o propósito de realizar uma ampla divulgação de algumas das temáticas estudadas nos cursos da área de Informática do Câmpus Ituiutaba.

DesenvolvimentoOs alunos envolvidos foram divididos em grupo. Cada grupo ficou encar-regado de abordar um dos seguintes temas: Jogos Digitais, Programação para dispositivos móveis, Robótica, Eletrônica e Realidade Virtual e Au-mentada.

Jogos DigitaisPara motivar os alunos jovens a aprenderem programação, propomos a construção de algoritmos de jogos digitais durante as atividades das dis-ciplinas de programação. Os primeiros jogos propostos são jogos simples, tais como: o clássico “Par ou ímpar”, o jogo “Jo-ken-po” (pedra-papelt-esoura), jogo de “Cobranças de pênaltis”, e o “Jogo da velha”. Os jogos iniciais, são desenvolvidos em linguagem C somente, são jogos com inter-face com o usuário em modo texto. Para desenvolver jogos com gráficos além de texto, usamos a biblioteca Allegro, que é escrita em C/C++, e é

Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas

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utilizada para desenvolvimento de jogos. O Allegro possui funções para manipulação de imagens, sons, teclado, mouse e joystick. Foram desen-volvidos jogos utilizando conceitos de interdisciplinaridade, tais como jo-gos de perguntas e respostas, onde as perguntas eram de assuntos vistos em disciplinas como Português, Inglês, Matemática, História, Geografia, Química, Física, e várias outras. Com esses jogos, os alunos praticam e estudam os ensinos de várias unidades curriculares ao mesmo tempo e de forma muito agradável.

Programação para Dispositivos MóveisUm dispositivo móvel como o próprio nome diz é um dispositivo o qual o usuário consegue locomover facilmente. No caso específico da informática estamos falando de computadores que podemos movimentar facilmente tais como: notebooks, netbooks, tablets e celulares (smartphones). Android é um sistema operacional para dispositivos móveis, como celulares, smartphones e tablets. Talvez a maneira mais fácil de explicar, seja dizer que o Android é o “Windows” de alguns celulares. Esse trabalho propõe uma maneira nova de desenvolvimento de softwares para dispositivos móveis. O presente projeto propõe a utilização do ambiente de programação AppInventor que se utiliza de programação visual como principal ferramenta de desenvolvimento. O objetivo principal do projeto é mostrar que o desenvolvimento de softwares para dispositivos móveis é possível até mesmo por alunos com pouca baga-gem em programação.

Figura 1: Telas de jogos desenvolvidos em Allegro por alunos do IFTM

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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RobóticaPara o desenvolvimento das práticas em robótica foi utilizado o kit da Lego em conjunto com o Kinect. A biblioteca de funções para o kit da Lego possui funções para diversas ações do comando NXT do kit, como por exemplo, definir o estado de um motor do robô. Esse estado do motor é definido por vários parâmetros como velocidade, angulação, rotação do motor. A angulação do motor é definida em graus. O Kinect é um kit de desenvolvimento que provê uma série de classes e métodos para auxiliar o processo de interação com o usuário. Como o Kinect retorna as posições das juntas do corpo humano em coordenadas cartesianas, foi necessário converter as coordenadas cartesianas (x, y, z) para coordenadas esféricas (raio r, ângulo θ , ângulo φ ).

Os alunos desenvolveram um braço mecânico que repete os movimentos que o usuário realiza. O uso de gestos para controle de robôs é uma linha de pesquisa que tem crescido recentemente diante das tecnologias disponíveis. No Japão tem se dado especial atenção ao uso de robôs nas atividades diárias e o uso de uma interface natural para comunicação com esses robôs é algo que mudará a forma como interagimos com as máquinas.

Figura 2 – Exemplo de aplicação desenvolvida pelos alunos.

Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas

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EletrônicaNo projeto, um conjunto de módulos microprocessados detecta a presença de uma pessoa em frente ao portão de uma casa. Esses módulos são respon-sáveis por manter ou detectar uma presença, capturar uma imagem e enviar um e-mail para o proprietário da casa.

O atuador é construído usando-se um microcontrolador, um computador bastante simples que inclui uma série de elementos de entrada e saída. O microcontrolador irá se comunicar com um módulo de transmissão e recep-ção que irá formar uma rede com os outros módulos e o servidor da casa. Para o projeto foi escolhido o microcontrolador Arduíno que é um dispositivo barato e facilmente encontrado no mercado com um custo médio de cerca de oitenta e cinco reais.

O microcontrolador comunica-se com o servidor através de uma inter-face de rede simulando o acesso a uma porta serial. No Servidor Web temos um servidor de aplicação responsável por fornecer páginas em HTML que irá ser utilizadas pelo usuário na interação com o sistema. As páginas serão adaptadas para dois tipos de navegadores Web: navegadores para desktop e celulares.

Figura 3 – Demonstração Matemática do Movimento do Braço.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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No projeto será utilizado o Apache com o plug-in do Phiton como servi-dor de aplicação, rodando sobre o sistema operacional Windows. Todas as ferramentas utilizadas no servidor Web são gratuitas.

O cliente é um navegador da internet instalado em um computador de mesa ou disponível em um celular, videogame ou outro dispositivo qualquer com acesso à internet. Através do navegador o usuário poderá controlar todo o sistema enviando requisições para o servidor Web e recebendo pági-nas com os resultados como retorno.

Figura 4 – Estrutura teórica do sistema de irrigação.

Realidade Virtual e Aumentada aplica a inclusãoO software foi criado usando a linguagem Java de programação através do IDE Eclipse. O aplicativo recebe dados orais e converte para a linguagem em libras que será exibido através de imagens no monitor. Como está represen-tado na figura 5.

Futuramente o software auxiliará também no ensino de Libras a quem não tem nenhum conhecimento. Será incluído um mecanismo robótico cuja função será exibir corretamente a representação de uma letra em Libras.

Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas

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ConclusãoA realização do projeto Oficinas de Informática: IFTM em interação com as escolas se mostrou de grande valia para todos os envolvidos. Possibilitou aos alunos uma aproximação maior com a parte profissionalizante do curso técnico em informática.

Essa grande participação, tanto dos alunos bolsistas quanto dos volun-tários, resultou em um maior envolvimento dos mesmos com o curso mel-horando o seu desempenho acadêmico e diminuindo a evasão dos cursos.

Além disso, para o público externo o projeto se mostrou como excelente forma de divulgação da Instituição. Para o próximo ano a ideia é que o pro-jeto continue e que mais escolas e alunos tenham contato com o projeto.

Participação em eventosOs bolsistas e voluntários participaram do III SIN (Seminário de Iniciação Científica) do IFTM, com os seguintes trabalhos:•Monitoramento de visitas em residências•SuperMarket

Os bolsistas e voluntários participaram da III Mostra de Ciência e Tecno-logia de Ituiutaba, com os seguintes trabalhos:

Figura 5 – Software SADA em execução

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Monitoramento de visitas em residências•Desenvolvimento de um sistema de irrigação automático•SADA- Sistema de Inclusão Digital•Sistema de Controle Automático de Aparelhos Eletrônicos.

É importante ressaltar que os alunos do projeto obtiveram o primeiro e terceiro lugar, na categoria Ciências Exatas; e primeiro e segundo lugar, na categoria Engenharia.

ReferênciasCRUZ-MARTÍN, A. A LEGO Mindstorms NXT approach for teaching at Data Acquisition, Control Systems Engineering and Real-Time. Computers and education, New York, p. 974-988, nov, 2012,

KIRNER, C. ; TORI, R.. Fundamentos de Realidade Aumentada. In: TORI, Romero; KIRNER, Claudio; SISCOUTO , Robson. (Orgs.). Fundamentos e Tecnologia de Realidade Virtual e Aumentada. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação - SBC, 2006. v. 1, p. 23-37.

NISE, N.S. Engenharia de Sistemas de Controle. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2002.

OLIVEIRA, I. A.. Interface de Usuário: A interação Homem-Computador através dos tempos – Olhar Científico, v.1, n. 2., 2010.

QUEIROZ, T.M.D. et al. Avaliação de sistema alternativo de automação da irrigação do feijoeiro em casa de vegetação Revista Engenharia Agrícola, v. 25, n. 3 p. 632-641, 2005

SOUSA, M.c.B.A.d. et al. Manejo da irrigação na cafeicultura irrigada por pivô central nas regiões norte do Espírito Santo e extremo sul da Bahia. Bioscience Journal, v. 27,n.4, p. 581-590, 2011.

TYLER, J. Google App Inventor for Android. Editora Willey, 2011.

Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG

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Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG

Resumo

1 Angélica Araújo Queiroz 2 Ravisa Magalhães 3 Vinícius Cruvinel 4 Wederson Gutemberg

O acesso de pequenos produtores a uma assistência técnica de

qualidade não é uma realidade hoje em dia devido aos custos,

portanto o presente trabalho realizado em propriedades rurais da

região do Sobradinho objetivou oferecer aos produtores assistên-

cia técnica sem custos com intuito de melhorar sua produtividade.

Foram realizadas amostragens de solo em quatro propriedades já

atendidas anteriormente por outro projeto de extensão do Instituto

e após sua interpretação, os dados foram repassados aos produ-

tores em uma discussão para se obter as melhores alternativas de

acordo com as condições de cada um. Como todos os produtores

tinham o cultivo de pastagens em sua propriedade e não realiza-

vam nenhum tipo de manejo, era esperado altos índices de acidez

como foi observado, e baixa fertilidade do solo, o que levou a in-

dicação de adubações em especial o uso de P, e também o uso de

calcário para correção do pH.

1 Professora do curso de Engenharia Agronômica. [email protected] 2 Técnica em Agropecuária. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2013. [email protected] 3 Graduando do curso Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2013. [email protected] 4 Graduando do curso Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2013. [email protected]

Palavras-chave:

Propriedades rurais

Amostragem de solo

Produtividade

Recomendações

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoAtualmente em um país dito como futuro celeiro do mundo devido a sua extensa produção agrícola e pecuária é difícil pensar em qualquer tipo de produção que não envolva modernas tecnologias e inevitavelmente, uma mão de obra qualificada de acordo com as exigências do mercado no âmbito nacio-nal. No entanto, grande parte do consumo interno hoje é fruto de pequenos produtores em sistemas de agricultura familiar que nem sempre tem condições de acesso a estes serviços. A maioria dos pequenos produtores no Brasil con-tam com mão de obra familiar e técnicas de cultivo advindas de conhecimento popular adquirido com vizinhos, família, etc.

Desta maneira, alcançar altos níveis de produção torna-se difícil, ainda mais levando em consideração as condições dos solos do Cerrado onde estão as propriedades atendidas pelo projeto. Sempre ácidos e pobres em nutrien-tes devido a sua elevada intemperização (característica que pode ser atribuí-da as condições climáticas desta região do Brasil) estes solos apresentam uma necessidade maior de investimento, que nem sempre é possível por parte dos agricultores como neutralização do pH (correção de acordo com a cultura), investimentos em adubação e maquinários para estas atividades, além de assistência técnica para indicar a necessidade de cada um dos procedimentos acima listados. Recorrer a estes tipos de tecnologias além de reverter as car-acterísticas indesejáveis do solo, torna a produção mais lucrativa ao produtor e o aproveitamento da área utilizada de uma maneira mais conservacionista.

Conhecer as características físicas (textura e estrutura) e químicas (fer-tilidade e acidez) do solo permitem ao agricultor produzir em quantidade e qualidade sem a necessidade de expansões que irão requerer desmatamento, ainda mais se tratando do bioma do Cerrado, tão devastado ao longo do tempo devido a atividades agropecuárias.

Solos pobres como estes não dificultam somente a agricultura mais tam-bém na manutenção de pastagens, como é o caso da maioria dos produtores atendidos pelo projeto. A baixa disponibilidade de P afeta a produção até mesmo de culturas mais resistentes as condições de clima e nutrientes da região e a falta de manejo e renovação destas culturas afeta ainda mais sua produção. Com o tempo de consumo e pisoteio por parte dos animais, a re-brota é dificultada e os nutrientes presentes no pasto já não são em tamanha quantidade como no início, deste modo, a produção de alimentação para os

Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG

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animais cai, e junto com isso o ganho de peso também decresce, o que leva a mais tempo de pasto por cabeça, consequentemente maior pisoteio e as-sim a degradação mais intensa. Para auxiliar no manejo adequado de suas propriedades é que se justifica o desenvolvimento deste projeto.

Como objetivo, o projeto se dedicou a conscientização dos produtores quanto a necessidade de conhecimento das características físicas e químicas dos solos para um adequado manejo deste, com intuito de conservá-lo e obter boa produtividade, além disso, como outros objetivos podemos citar:•A correta recomendação de adubos de acordo com a cultura produzida;•A correta recomendação de calcário de acordo com a cultura produzida;•A conscientização dos produtores quanto aos cuidados que devem ter com

suas terras, ainda que seja realizada uma atividade pecuária;•Elaborar um plano de ação e repassá-lo a cada produtor para que possa ser

realizada uma renovação das áreas que apresentam necessidades.

O relato de experiênciaNo decorrer do projeto, os alunos orientados pela professora eram envia-dos semanalmente às propriedades atendidas no projeto “Mapeamento Das Características Físicas e Químicas de Solos das Propriedades Rurais da Região do Sobradinho, Município de Uberlandia-MG” para que estas pudesse nova-mente ser atendidas pelos alunos. A escolha das propriedades se deu devido ao acompanhamento destas durante o outro projeto já citado acima, que permitiu um conhecimento de cada área.

Com os resultados obtidos e após uma aferição dos dados realizados pela orientadora, os alunos se dirigiam as fazendas e novamente eram coletadas amostras, porém, desta vez apenas das áreas a serem cultivadas. As amostras eram enviadas ao laboratório para que fossem realizadas análises químicas, uma vez que as físicas já haviam sido realizadas no projeto anterior.

De posse dos resultados os alunos realizavam a interpretação dos dados de acordo com as recomendações da CFSEMG (1999). Com os resultados e as re-comendações em mãos, os próprios alunos conversavam com os produtores e discutiam as melhores alternativas a serem seguidas, sempre levando em con-sideração as condições de cada produtor, uma vez que a maioria dependia de algum tipo de ajuda da prefeitura, que fosse calcário ou o próprio maquinário, portanto, era necessário se adequar as condições impostas por cada um.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Cada orientado possuía atribuições no projeto definidas na primeira re-união e de acordo com o andamento todos puderam participar de todas as etapas até a conclusão, relatar uns com os outros suas experiências através das reuniões semanais e terminar o projeto com o atendimento a quatro propriedades da região.

Material e Métodos Em um primeiro momento, os produtores determinaram em quais áreas seri-am feitas as amostras, dependendo do tamanho da propriedade assim como o tipo de utilização da área.

Após realizada a escolha, ficou sob responsabilidade dos bolsistas a reti-rada das amostras afim de se efetuar as análises. As amostras foram retiradas numa profundidade de 0 – 20 cm com o auxílio de um trado tipo Holandês.

Foram recolhidas amostras do tipo composta, uma vez que, ao se identificar as respectivas glebas, o bolsista se movia em sentido de zigue-zague recolhen-do pontos e depositando-os em um balde. Posteriormente, todo o material do balde era homogeneizado a fim de se formar uma única amostra para a gleba.

Todas as amostras recolhidas foram encaminhadas para obtenção da análise química. Também foi de responsabilidade dos bolsistas a interpreta-ção das análises e elaboração das recomendações da CFSEMG (1999).

Resultados e DiscussãoDe acordo com os resultados apresentados na tabela 1, de quantidade

necessária de calcário, percebe-se que de maneira geral, as áreas amostradas apresentaram uma acidez, Ca/Mg, m% e V% fora dos padrões para as cul-turas previstas no local.

Estes resultados demonstram que a maioria dos produtores não realiza manejo adequado do solo, pois um solo bem corrigido é a base para uma melhor produção.

O sucesso da prática da calagem depende fundamentalmente de três fa-tores: da dosagem adequada, do produto - ou melhor, das características do corretivo utilizado – e da aplicação correta.

Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (di-minuir ou eliminar) a acidez dos solos e ainda carrear nutrientes vegetais ao solo, principalmente cálcio e magnésio (Alcarde, 1992).

Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG

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Com relação às características químicas analisadas nos solos das proprie-dades visitadas foram analisadas os valores de pH em H2O, Ca, Mg, K, SB, V% e m%.

Analisando o pH em CaCl2, pode-se observar que este variou de 4,3 a 4,9, ou seja, apresenta acidez considerada elevada.

Com relação à saturação por bases (V%), notou-se que em média esta variou de 13 a 42 %. Assim, foi recomandado aos produtores que fosse realizada calagem para elevar a saturação por bases para 30-35% nos casos em que a pastagem era de espécies pouco exigentes como a Brachiaria de-cumbens, B. ruziziensis e B. humidicola; e para 45-50% para as gramíneas mais exigentes como a B. brizantha; Panicum maximum; e para as áreas que forem cultivar milho.

Para tanto, foi utilizada a fórmula de necessidade de calagem expressa abaixo, sendo T a CTC efetiva a pH 7,00; V, a saturação por bases; SB a soma de bases e f a relação 100/PRNT do calcário.

N.C (t/ha)= [(Tx V%)] – SB x fO teor de P, encontrado em todas as áreas analisadas foi considerado

baixo ou muito baixo para o teor de argila dos solos. Os teores variaram de 1,1 a 4,0 mg dm-3, considerado muito baixo, ou baixo para as especies pouco exigentes.

Com relação a recomendação de adubação, como a recomendação foi para a manutenção das pastagens e para evitar a degradação, foi recomendado aplicar em cobertura o nitrogênio (N) e o fosforo (P) na dose de 40kg/ha/ano de N e 20 kg ha-1 de P2O5 a cada dois anos, na forma de fosfato solúvel, como o adubo superfosfato simples (SSP), monoamonio fosfato (MAP) ou super-fosfatotriplo (TSP). Quanto ao potássio (K) foi recomendado aplicar 50 kg/ha

Tabela 1 - Necessidade de calcário, nas propriedades visitadas da região da Faz. So-

bradinho, Uberlândia-MG, 2012.

Propriedade/Proprietário Necessidade de calagem

t/ha

1. Avenir 0,98

2. Rubens 1,9

3. Robson 2,3

3.b Robson 2,9

4.a Helio 1,6

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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de K2O, quando o teor de K no solo cair para menos de 30 mg dm-3 de uma fonte potássica como o cloreto de potássio (KCl), que a o adubo potássio mais disponível no mercado . E a reposição de 20kg/ha de enxofre, como gesso, ou em conjunto com uma das fontes de N e P, também é importante.

A fonte de N recomendada para as áreas de textura argilosa e para a esta-ção chuvosa foi a Uréia, o pois evita-se assim a perda do N por volatilização.

A recomendação de calagem para manutenção é importante quando os teores de V% cair para 20 a 30% para as espécies pouco exigentes como a Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola; e para 45% para as espécies moderadamente exigentes como B. brizantha; Panicum maximum.

A adubação fosfatada e os demais nutrientes foi recomendada para ser feita logo no início da estação chuvosa, exceto o nitrogênio que deve ser aplicado no final da estação chuvosa, em função das perdas que podem acontecer. O calcário pode ser feito ainda no periodo seco, para favorecer sua reação no solo, quando do início das chuvas, preparando o mesmo para receber as adubações recomendadas.

O fosforo é o nutriente mais importante para a formação de pastagens na região do Cerrado. As fontes de fósforo, como o superfosfato simples ou triplo e os termofosfato, apresentam a mesma eficiência no solo. Já os fosfatos naturais, como os Fosfato Natural de Araxá e de Patos de Minas, apresetam baixa reatividade, no entanto, apresentam a vantagem de reagirem com o solo ao longo do tempo, sendo importante serem incorporados ao solo e aplicados a lanço. Com relação as fontes de P solúvel, foi recomendada a aplicação in-corporada no solo, quando do estabelecimento de novas áreas de pastagem.

O potássio (K) foi recomendado ser aplicado junto com a adubação fosfa-tada, ou então ser aplicado de 30 a 40 dias após a semeadura das forrageiras.

Com este manejo recomendado, busca-se a reversão da degradação dos solos e das pastagens já estabelecidas na região da Faz. Sobradinho o que irá permitir a obtenção de melhor rendimento da atividade, agropecuária.

Para os produtores que plantaram milho para silagem, recomendamos diferentes doses de NPK, variando com as características químicas de cada solo e com a produtividade esperada por cada produtor (40-60 t ha-1). As doses variaram de 280 a 330 kg ha-1 do adubo formulado 8-28-16 na cobe-rtura, e de 380 a 500 kg ha-1 do formulado 36-00-16, divididos em 2 doses, uma aplicada no estagio V3 e a outra em V6.

Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG

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O incremento em produtividade de uma área é uma condição que des-favorece a ocupação de novas áreas, através do desmatamento, reduzindo também a perda de solos por processos erosivos. Com uma melhor produ-tividade o produtor terá uma maior rentabilidade o que favorecerá a sua permanência no meio rural.

ConclusãoAuxiliou-se os produtores no manejo adequado a ser tomado de acordo com as características da sua área. Sobretudo, foi possível conscientizá-los quanto à importância dos cuidados a serem tomados e com isso pode ser proveitoso na obtenção dos resultados. Também puderam ter a oportunidade de corrigir o solo para assim, alcançarem níveis mais promissores de produção (mesmo no caso das pastagens). Com todos estes avanços, eles podem enfim desen-volver um plano de manejo adequado, de acordo com suas condições.

Referências

ALCARDE, J.C.; PAULINO, V.T. & DENARDIN, J.S. Avaliação da reatividade de corretivos da acidez dos solos. R. bras. Ci. Solo, Campinas, v.13, n.3, p.387-392, 1989-b.

CFSEMG-COMISSÃO, DE FERTILIDADE DO SOLO; DO ESTADO, DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa-MG: Universidade Federal de Viçosa, 1999.

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IFTM Inclui

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IFTM Inclui

Resumo

1 Bianca Soares Oliveira Gonçalves 2 Junia Magalhães Rocha 3 Juliana de Fátima Franciscani 4 Pâmela

Junqueira Freitas 5 Rogério Rodrigues Lacerda Costa 6 Ademir da Guia de Oliveira 7 Flamarion Assis

Jerônimo Inácio 8 Natanael Theodoro dos Santos 9 Monalisa Fidelis Ferreira 10 Marcos Vinícius Brito de

Lima 11 Joaquim Onofre dos Reis Júnior 12 Arthur Otávio Prates 13 Douglas Diniz Carvalho 14 Rafael

de Oliveira Carvalho Soares

Este programa teve como objetivo a inclusão digital de parcelas

da sociedade que sofrem às consequências sociais, econômicas e

culturais da distribuição desigual do acesso a computadores e In-

ternet. Em 2012 o programa IFTM Inclui teve como público: ido-

sos, jovens em situação de risco, professores da rede municipal e

duas comunidades rurais. No ano de 2013 o público participante

do programa foi: idosos, comunidade rural e jovens em situação de

risco. Como resultado foram capacitados oito bolsistas que desen-

volveram algumas habilidades pedagógicas para ministrar os cur-

sos de informática além da ampliação do conhecimento técnico.

O projeto teve ao todo 127 alunos nestes dois anos ilustrando o

sucesso do programa.

Palavras-chave:

Infoinclusão

Tecnologias de informação e comunicação

Computadores

1 Doutora em Engenharia de Produção, Professora EBTT, [email protected]. 2 Mestre em Ciência da Computação, Pro-fessora EBTT, [email protected]. 3 Especialista em banco de dados, Professora EBTT, [email protected]. 4 Especialista em psicopedagogia institucional, assistente de alunos, [email protected]. 5 Especialista em banco de dados, Professor EBTT, [email protected]. 6 Especialista em tecnologias integradas à educação, Professor EBTT, [email protected] 7 Especialista em gestão de telecomunicações, Diretor do Campus Patrocínio, [email protected]. 8 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected]. 9 Graduanda em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012, [email protected]. 10 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/[email protected]. 11 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected]. 12 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de ex-tensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/[email protected]. 13 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012, [email protected]. 14 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012, [email protected].

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoÉ em meio ao processo de globalização, caracterizado pela anulação das fron-teiras físicas e pela alteração da noção espaço-temporal que o espaço ciber-nético da informática propicia a rapidez dos fluxos. Paralelo a esse cenário existem milhares de pessoas totalmente excluídas do acesso aos principais meios de comunicação da pós-modernidade: o computador e a internet. Es-sas pessoas estão, cada vez mais, distantes do polo de riqueza que domina o mundo e, caso não sejam preparadas para dominar o ambiente digital, a tendência é que seu estado de exclusão aumente cada vez mais (BARROS et al., 2008).

O programa IFTM Inclui tem por justificativa a necessidade de reduzir os índices de exclusão digital, buscando oferecer novas alternativas de acesso à informação aos excluídos digitalmente e propiciar uma formação e quali-ficação. O programa visa garantir também a universalização do acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), e a qualificação perman-ente do trabalho humano no processo de formação de uma nova geração, valorizando e fortalecendo as relações econômicas e sociais, e ampliando seus horizontes de atuação através do acesso ao conhecimento.

Cabe ressaltar a vocação do IFTM Campus Patrocínio que conta com os cursos Técnico em Informática e o superior de Tecnologia em Análise e De-senvolvimento de Sistemas. Sendo assim, o programa atende em nível de extensão as atividades de prática na especificidade dos cursos de Informática, no que tange às atividades, serviços, estágios etc, que complementem a for-mação dos alunos dentro dos seus respectivos cursos. Serve desta forma como alavancador de atividades de interação dos estudantes com o meio onde fu-turamente poderão desenvolver suas atividades. Desta forma, esta experiên-cia passa a ser ação prática de conhecer/relacionar/transformar incluindo os sujeitos imersos no projeto em outras dimensões não naturais a eles.

Os professores e estudantes que se envolvem em ambientes coopera-tivos de aprendizagem e tecem em rede com outros sujeitos, o saber e o conhecimento, passam a olhar o aluno e o seu fazer de um outro modo, pois se colocam em um novo lugar, de quem provoca e potencializa os processos de produção conhecimento. Desta forma os estudantes passam a vivenciar uma experiência construtiva do fazer, ou seja, em ação nos am-bientes onde aprende.

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DesenvolvimentoUma das dimensões da inclusão digital pode ser apreciada pela disponibili-zação do acesso às informações e serviços prestados via internet à maioria de uma população. Neste sentido, trata-se de uma democratização da in-formática que pressupõe diferentes níveis de ação por parte do governo, de instituições de ensino, empresas privadas e terceiro setor (SILVINO e ABRAHÃO, 2003). Inclusão digital ou infoinclusão é a democratização do acesso às tecnologias da informação. Dentre as estratégias inclusivas, estão os projetos e as ações que facilitam o acesso de pessoas de baixa renda às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s).

A infoinclusão não pode se preocupar apenas com um primeiro acesso, precisa encontrar os meios para que a inclusão digital favoreça a apropriação da tecnologia de forma consciente, tornando o indivíduo capaz de decidir quando, como e para que utilizá-la. Para que isso aconteça, as iniciativas de promoção à inclusão digital precisam estar diretamente relacionadas à motivação e à capacidade para a utilização das TIC’s, de uma forma não só empreendedora, mas também crítica, objetivando o desenvolvimento pes-soal e comunitário (BUZATO, 2008). A principal meta é fazer com que os in-divíduos apropriem-se desses novos conhecimentos e ferramentas, de modo que possa desenvolver a consciência ética, histórica e política, associada a uma ação cidadã e de transformação social, ao mesmo tempo em que se qualificam profissionalmente.

Para que haja realmente uma inclusão digital, não basta apenas que se disponibilizem computadores, mas também que haja a capacitação das pes-soas para o uso efetivo dos recursos tecnológicos. Para que alguém seja considerado preparado para usar o ambiente digital, precisa estar preparado para usar essas máquinas, com uma preparação educacional que permi-ta usufruir plenamente de seus recursos. O acesso ao mundo digital vai proporcionar ao indivíduo o direito básico à informação e à liberdade de opinião e expressão, garantido pela Constituição Federal, além de contribuir para o seu desenvolvimento intelectual, social, econômico e político (SORJ e GUEDES, 2005).

Sugere-se que o aumento do uso de novas tecnologias e suas possibili-dades interativas ou irão ampliar a participação social ou aumentarão a já existente divisão entre os que podem ter acesso e fazer bom uso delas e

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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os excluídos por diversas barreiras (GUEDES, 1998). O que exacerba a dis-tância já existente é a questão econômica. Assim, o que se vê é como au-mentar o acesso à sociedade da informação. Diferentes autarquias oferecem ao cidadão serviços virtuais que representam ganhos significativos em níveis distintos. Dois exemplos de sucesso são o Receita Net da Receita Federal, e a Concessão de Benefícios da Previdência Social. Organizações como estas atendem uma clientela heterogênea no que se refere à idade, grau de in-strução, nível econômico e familiaridade com sistemas informatizados (SI). De fato, quais são as camadas da população capazes de operar tais aplica-tivos? Malgrada a divulgação da alta frequência de uso destes serviços e da sua função social, o que se verifica é que os cidadãos com baixa escolaridade solicitam a terceiros a mediação para o acesso ao serviço. Assim, por exem-plo, são as patroas que solicitam o auxilio maternidade de suas empregadas domésticas. O princípio subjacente ao processo de informatização que deve-ria, por esta via, minimizar a exclusão digital encontra seus limites (SILVINO e ABRAHÃO, 2003).

Questiona-se, portanto, se a democracia cibernética chegará. Segundo Serpa (2000), a revolução tecnológica das últimas décadas que provocou o aumento dos excluídos, viabilizou a ética da inclusão, mas para que se torne efetiva, será preciso transformar a prática das relações entre grupos sociais e indivíduos.

O IFTM Inclui, projeto de extensão desenvolvido no IFTM – Campus Pa-trocínio teve como objetivo gerar para públicos diversos a inclusão digital e oportunidades de acesso a informação e conhecimento através do uso de computadores ligados à Internet, além de outras ferramentas de tecnologia da informação, ampliando as alternativas de atuação no mercado de trab-alho, gerando renda e qualidade de vida. Na primeira versão iniciada em 2012 o programa atendeu os seguintes públicos: idosos, professores da rede pública de ensino do município de Patrocínio, jovens em situação de risco, comunidades rurais e comunidade acadêmica, envolvendo seis professores, uma técnica em assuntos educacionais e cinco alunos, qualificados sessenta e cinco alunos. Cada professor do IFTM – Campus Patrocínio orientou um projeto e cada projeto dentro do Programa IFTM Inclui tratou de um público.

O projeto Professores Digitais contou com doze professores da rede pública matriculados. O foco do curso foi o sistema operacional Linux uma

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vez que as escolas públicas utilizam este sistema operacional e os professo-res encontravam muitas dificuldades em utilizá-lo. Além disso foi enfatizado softwares para auxiliar na preparação de aulas, como por exemplo software para produção de texto e apresentação de slides.

O projeto Campo Digital atendeu quatorze pessoas com idades variadas da Comunidade Rural do Tejuco. Para viabilizar este projeto o IFTM - Cam-pus Patrocínio fez uma parceria com a Associação de Moradores do local que emprestou o galpão para a realização do curso e o IFTM emprestou dez computadores que foram instalados no local. A multinacional Vale S.A. doou para a associação de moradores as antenas e todos os equipamentos ne-cessários para a instalação da Internet. A comunidade utilizou o laboratório de informática montado para o projeto nas suas atividades cotidianas, como por exemplo para viabilizar o acesso as aulas online de autoescola, para os moradores que estavam no processo de retirada da habilitação. Moradores da região nos relatou a importância do laboratórios de informática na comu-nidade e das aulas no projeto de inclusão. O foco do curso para a Comu-nidade do Tejuco foi os serviços públicos que poderiam ser realizados pela internet como pagamento de contas, segundas vias de agua e luz.

O projeto Jovens Digitais atendeu a dez jovens que encontravam em situa-ção de risco uma vez que o projeto foi realizado na região do Chapadão de Ferro, uma comunidade rural que sofre com o problema das drogas. Para a realização do projeto foi feita uma parceria com a escola municipal que fun-ciona neste local, Escola Municipal João Batista Romão, que cedeu uma sala e o IFTM – Campus Patrocínio emprestou os computadores para o desen-volvimento das aulas. O foco deste curso foi principalmente jogos e sites que contribuíssem para o aprendizado do aluno fora da sala de aula.

O projeto foi ofertado para a comunidade interna do campus, que re-alizou o treinamento de cinco alunos, que apresentavam dificuldades em informática dentro das salas de aulas. O foco do curso foram as dúvidas dos alunos que compareciam nos plantões.

O projeto Melhor Idade atendeu vinte e quatro alunos, possuindo ap-enas um requisito, o aluno deveria ter idade igual ou superior a 60 anos. O curso foi realizado nos laboratórios do IFTM – Campus Patrocínio, com carga horária flexível, pois as dúvidas foram mais frequentes e o curso acompanhou o ritmo dos alunos; normalmente os cursos de informática

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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aconteciam de dois a três meses, para este público aos aulas aconteciam de cinco a seis meses. O foco no curso foi o uso das redes sociais, celular e câmeras digitais etc.

Em 2012 foram sessenta e cinco alunos que participaram do programa do IFTM Inclui. Ao final do ano foi realizada uma reunião com cada co-munidade participante dos projetos supracitados e o projeto no Tejuco não teve prosseguimento uma vez que o acesso do bolsista a comunidade estava esbarrando em várias dificuldades e o projeto relativo a comunidade interna foi encerrado por falta de bolsista.

Em 2013 o Programa IFTM Inclui teve continuidade com os seguintes projetos: Campo Digital (na comunidade do Chapadão de Ferro) que ca-pacitou vinte alunos; Jovens Digitais (na ONG Lar da Criança) que qualificou trinte e um adolescente que estavam em situação de risco e o Melhor Idade que atendeu onze idosos. No ano de 2013 o projeto envolveu duas profes-soras, uma técnica em assuntos educacionais e quatro alunos, qualificados sessenta e dois alunos.

Resumos dos participantes e assistidos do Projeto IFTM Inclui nos anos de 2012 e 2013

Ano de 2012

Servidores do Campus Patrocínio Atividade Desempenhada

Bianca Soares Oliveira Gonçalves eCoordenação do Projeto IFTM Inclui

Juliana de Fátima Franciscani

Pâmela Junqueira Freitas Acompanhamentos dos Bolsistas

Rogério Rodrigues Lacerda CostaResponsável pelo Projeto IFTM Inclui – Professores Digitais

Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Campo DigitalJunia Magalhães Rocha

Flamarion Assis Jerônimo InácioResponsável pelo Projeto IFTM Inclui – Jovens Digitais

Servidores do Campus Patrocínio Atividade Desempenhada

Ademir da Guia de OliveiraResponsável pelo Projeto IFTM Inclui – Comunidades Digitais

Juliana de Fátima FranciscaniResponsável pelo Projeto IFTM Inclui – Melhor Idade

Continua...

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Ano de 2013

Servidores do Campus Patrocínio Atividade Desempenhada

Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia Magalhães Rocha

Coordenação do Projeto IFTM Inclui

Pâmela Junqueira Freitas Acompanhamentos dos Bolsistas

Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia Magalhães Rocha

Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Campo Digital

Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia Magalhães Rocha

Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Jovens Digitais

Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia Magalhães Rocha

Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Melhor Idade

Alunos do Campus Patrocínio Atividade Desempenhada

Douglas Diniz Carvalho

Ministrar aulas para os alunos do Projeto IFTM Inclui

Marcos Vinícius Brito de Lima

Monalisa Fidelis Ferreira

Rafael de Oliveira Carvalho Soares

Alunos Assistidos com o Projeto IFTM Inclui

Ano de 2012 Ano de 2013 Total

65 62 127

Ano de 2012

Alunos do Campus Patrocínio Atividade Desempenhada

Natanael Theodoro dos Santos

Ministrar aulas para os alunos do Projeto IFTM Inclui

Monalisa Fidelis Ferreira

Marcos Vinícius Brito de Lima

Joaquim Onofre dos Reis Júnior

Gilber Júnior de Barros

Arthur Otávio Prates

...Continuação

Os bolsistas são os mediadores na relação entre os usuários e os com-putadores. São eles que ministram cursos, oficinas e estão capacitados para resolver dúvidas básicas dos alunos, preparando o aluno para um apren-dizado permanente, autônomo e dinâmico. Sendo assim, foi desenvolvido nos bolsistas habilidades básicas para a elaboração de planos de aula, mel-hores práticas, desenvolvimento de novos programas de capacitação em

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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informática básica e avaliação contínua, além de desenvolverem projetos/oficina /cursos que atendam as demandas da comunidade de acordo com o objetivo do programa. Os bolsistas foram capacitados para o uso da solução Ubuntu Linux, BrOffice e para promover o uso inteligente dos recursos das Tecnologias de Informação e Comunicação; além de oferecer uma formação humanística por meio da participação neste projeto de extensão.

Considerações FinaisComo resultado da Programa IFTM – Inclui conseguiu-se a redução da desigualdade no acesso a ferramentas de tecnologia da informação, um ex-emplo é o caso da Escola Municipal João Batista Romão que não possuía computador, telefone, internet e por meio do IFTM Inclui a escola passou a ter acesso a internet, telefone e dez computadores, portanto seus alunos, professores e funcionários que não tinham acesso a tecnologia passaram a ter.

Minimizar o analfabetismo e a exclusão digital, promovendo a inclusão social foi alcançado, um exemplo foram quatro idosos que após participaram do Programa IFTM Inclui continuaram seus estudos fazendo cursos à distân-cia, isto é, o programa possibilitou o acesso das pessoas menos favorecidas à rede mundial de computadores e a busca por qualificação.

Outra conquista alcançada tanto no Tejuco quanto no Chapadão de Ferro foi a melhoria da qualidade de vida, aumentando a atratividade do meio rural como local de permanência das pessoas, principalmente dos jovens. Por fim, oportunizando maior agregação de valor por meio do uso da tecnologia e de acesso ao conhecimento e à informação, o Programa IFTM Inclui ga-rantiu a universalização da educação e o acesso à informação nos locais em que se fez presente.

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Referências

BARROS,C. et al. O computador chega à zona rural: Escolas de Inclusão Digi-tal e Cidadania. CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICA-ÇÃO, 21, 2008, Natal, RN. Anais... Natal, RN, 2008.

BUZATO, M. Inclusão digital como invenção do quotidiano: um estudo de caso. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 38, maio/ago. 2008.

FELICIANO, Antônio Marcos; BROETTO, Renato. Programa de inclusão digi-tal beija-flor. Florianópolis: Instituto Cepa/SC/SAR, 2007. 130p.

_______. et. al. Impacto da tecnologia da informação (TI) sobre o processo decisório do agricultor familiar. Florianópolis: Instituto Cepa/SC, 2004. 107p.

GASPARETTO, Neiva Aparecida. Modelo de inclusão digital para organiza-ções, como prática de responsabilidade social. 2006. 126f. Tese (Douto-rado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, 2006.

GUEDES, Olga. As novas tecnologias de comunicação e informação: novos mecanismos de Informação & informática/organização. Salvador: EDUFBA, 2000. p. 181-206

SERPA, Luis Felipe Perret. Realidade virtual: novo modo de produção de para-digmas. In: SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Software livre e inclusão digital. São Paulo: Conrad Livros, 2003.

SILVINO, A.; ABRAHÃO, J. Navegabilidade e inclusão digital: usabilidade e competência. RAE-eletrônica, v. 2, n. 2, jul-dez/2003.

SORJ, Bernardo; GUEDES, L. Exclusão Digital: Problemas conceituais, evidên-cias empíricas e políticas públicas. Novos estudos, n. 72, 2005.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS

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Núcleo de extensão universitária: núcleo de estu-dos para produção de alimentos seguros – NEPAS

Resumo

1 Deborah Santesso Bonnas 2 Elaine Alves dos Santos 3 Letícia Vieira Castejon 3 Pedro Alves 3 Thiago

Taham 4 Caroline Silva 4 Adriana Fernandes Carrijo 4 Suellen Maciel Monteiro 4 Andressa Santos Vieira

Todos os indivíduos carecem de uma alimentação saudável. Para

tal, é de suma importância o treinamento dos manipuladores que

entrarão em contato com os alimentos oferecidos à população.

O presente relato tem como objetivo apresentar as atividades do

NEPAS projeto de extensão universitária, com objetivo de propiciar

aos alunos do curso superior de tecnologia em alimentos atuarem

na qualificação de manipuladores de alimentos do IFTM e do Mu-

nicípio de Uberlândia, por meio da oferta de cursos de capacitação

profissional.

1 Doutora em Ciência dos Alimentos.Professora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos . Coordenadora. Email: [email protected] 2 Tecnóloga em Alimentos. Técnica em laboratório de agroindústria. 3 Professores do curso superior de tecnologia em alimentos 4 Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012.

Palavras-chave:

Alimento seguro

Formação Inicial e Continuada

Boas Práticas de Fabricação

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoBuscando o atendimento a um dos setores de maior desenvolvimento em Uberlândia-MG, o setor de serviços, foi constituído, junto ao Curso Superior de Tecnologia em Alimentos do IFTM - Campus Uberlândia, o Núcleo de Extensão em Produção de Alimentos Seguros (NEPAS), projeto de extensão que objetiva a qualificação profissional por meio da oferta de cursos de Se-gurança Alimentar na Manipulação de Alimentos. Tal projeto propicia aos alunos, atuarem junto a pequenas empresas e ambulantes informais.

Observa-se que atualmente o conceito de segurança alimentar abrange diferentes aspectos que superam a acessibilidade e disponibilidade dos ali-mentos e que na percepção dos consumidores está cada vez mais relacio-nada à sua qualidade, a higiene, ao método de produção desses alimentos a fim de torná-los seguros para o consumo. Assim qualificar pessoal para o trabalho no setor é essencial.

No Brasil os serviços de alimentação tiveram um crescimento acumulado de 203,5% no período de 1996 a 2006, gerando grande quantidade de empregos. Em Uberlândia, não há dados estatísticos oficiais que compro-vem o crescimento do setor, mas a evolução é perceptível. Existem hoje na cidade, entre os estabelecimentos cadastrados como ativos — segundo dados do Imposto Sobre Serviços (ISS) — 297 restaurantes, pizzarias e churrascarias; 326 pastelarias, lanchonetes e similares e 742 bares e chope-rias (SERVIÇOS, 2008).

Os alimentos podem ser causadores de doenças, dependendo da quan-tidade e dos tipos de micro-organismos neles presentes. Sendo assim, é preciso orientar os manipuladores sobre os cuidados na aquisição, acondi-cionamento, manipulação, conservação e exposição à venda dos alimentos, bem como a estrutura física do local de manipulação para que a qualidade sanitária do alimento não esteja em risco pelos perigos químicos, físicos e biológicos. Desta forma, as Boas Práticas de Manipulação são regras que, quando praticadas, ajudam a evitar ou reduzir os perigos ou contaminação de alimentos (FORSYTHE, 2002).

Para a garantia da qualidade dos alimentos deve-se adotar as Boas Práti-cas para a manipulação dos alimentos (BPF) que são regulamentadas pela Lei Federal a RDC nº 216/2004 (BRASIL, 2004). Essas normas estabelecem exigências desde a higiene pessoal daqueles que preparam as refeições, pas-

Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS

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sando pela limpeza do ambiente de trabalho e dos equipamentos, até cuida-dos com os próprios alimentos e controle de doenças transmitidas por eles (BRASIL, 2004).

A importância do treinamento é dar aos manipuladores conhecimentos teórico- práticos (Boas Práticas de Fabricação) necessários para capacitá-los e levá-los ao desenvolvimento de habilidades e atitudes de trabalho específico na área de alimentos (GÓES et al., 2001).

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo proporcionar a capacitação de manipuladores de alimentos, com foco especial nos ambulan-tes, que não tem acesso a cursos de formação, melhorando a qualidade dos alimentos produzidos, assim como integrar os alunos do curso de tecnologia em alimentos participantes do projeto a empresas do setor.

DesenvolvimentoPara a participação no projeto foi estabelecido como pré requisito alunos que tivessem cursado as disciplinas: principios de conservação dos alimentos, se-gurança alimentar, microbiología de alimentos, higiene dos alimentos. Foram selecionadas quatro(4) alunas, três (3) bolsistas e uma voluntária

Foram realizados quatro cursos ao longo do ano de 2013: a) Dois cursos de 08 horas cada para Manipuladores de Alimentos de acor-

do com a RDC 216, para capacitação dos funcionários do abatedouro do IFTM- Campus Uberlândia. No total de 16 manipuladores capacitados. Os docentes do Curso de Tecnologia em Alimentos acompanharam e supervisionaram os bolsistas no preparo e condução dos treinamentos. Esses cursos foram ministrados de 18 a 27 de junho de 2013.

b) Um curso de 40 horas cada de acordo com a RDC 216, capacitando o total de 25 manipuladores de alimentos desenvolvido em parceria com o SEBRAE/ACIUB/VIGILANCIA SANITÁRIA PMU realizado na ACIUB no período de 19 de setembro a 04 de outubro de 2013.

c) Dois mini-cursos para manipuladores de alimentos destinados aos manipu-ladores que atuam no refeitório da Instituição e ainda não haviam sido capacitados por cursos anteriores. Estes se realizaram em dois períodos de duas horas totalizando 4 horas de treinamento cada. Os mini- cursos foram realizados no IFTM Campus Uberlândia em 12 e 14 novembro de 2013 e o segundo nos dias 19 e 21 do mesmo mês.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Durante o curso ofertado para a ACIUB procedeu-se as ações de diag-nóstico e avaliação descritas a seguir:

Foram inscritos 25 membros participantes que foram inscritos pelo pro-grama Empreender, parceria entre a ACIUB e o SEBRAE, que é um programa de mobilização, onde empresários de micro, pequenas e medias empresas se reúnem, trocam experiências, auxiliam-se e conquistam mercados, atu-ando como agentes estratégicos no processo de desenvolvimento da cidade e região.

Dos 25 membros inscritos foram identificados 12 (doze) ambulantes, 9 (nove) microempresários e 4 (quatro) funcionários de empresas, todos atu-antes na área de manipulação de alimentos.

Esse grupo foi submetido a estudos realizado em 3 (três) etapas, sendo elas: Etapa 1- Diagnóstico inicial dos manipuladores quanto ao conhecimento

sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF), por meio da aplicação de um ques-tionário previamente formulado, baseado na RDC n° 275, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério de Saúde, de 21 de outubro de 2002 (BRA-SIL, 2002), com o intuito de realizar uma avaliação global dos conhecimentos anteriores à aplicação do curso de qualificação, bem como traçar o perfil destes manipuladores, questionando a rotina destes quanto as Boas Práticas de Fabricação (BPF).

Etapa 2- Capacitação dos manipuladores, através da realização do curso para Responsável Técnico na Manipulação de Alimentos conforme exigên-cias da RDC n° 216/2004 da ANVISA (BRASIL, 2004).

Etapa 3- Diagnóstico final dos conhecimentos agregados sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF) e elaboração do POP (Procedimento Operacio-nal Padrão), através da aplicação do questionário final, elaborado com base na RDC nº 275 de 21 de Outubro de 2002 (BRASIL, 2002) e da elaboração do POP 4, com o objetivo de avaliar o conhecimento adquirido pelos ma-nipuladores quanto à identificação e redução de fatores que comprometam a inocuidade dos alimentos, conhecimento quanto aos aspectos de saúde, higiene pessoal e conduta higiênico-sanitária e a capacidade de modificar condições inadequadas, bem como a capacidade para elaborar o Procedi-mento Operacional Padrão 4.

O conteúdo programático do curso foi elaborado de acordo com as Resoluções RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 e RDC n° 216 de 15

Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS

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de setembro de 2004, organizado em consonância com as exigências da Vigilância Sanitária do Município de Uberlândia.

ResultadosNos treinamentos realizados procedeu-se a avaliação dos conhecimentos so-procedeu-se a avaliação dos conhecimentos so-bre Boas Práticas de Fabricação antes e após os treinamentos, para se identi-ficar os conhecimentos agregados pelos cursos. A melhoria dos conhecimen-tos sobre as Boas Práticas de Manipulação estão apresentados na Figura 1.

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Os treinamentos tiveram impacto na melhoria do conhecimento dos par-ticipantes envolvidos. Dessa forma se espera que tenham reflexos positivos nas atividades dos profissionais. O objetivo principal do curso foi conscienti-zar e reeducar os manipuladores quanto às boas práticas bem como todos os itens vinculados ao assunto.

Considerações FinaisO curso oferecido pelo NEPAS é uma ação social que busca suprir a necessi-dade de qualificação de uma parcela de manipuladores. Ofertar um curso de

1Microbiologia; 2Doenças Transmitidas por Alimentos; 3Boas Práticas de Manipulação

Figura 1 - Variação de acertos de acordo com cada conteúdo ministrado, antes de de-

pois do treinamento.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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qualificação totalmente gratuito propicia que indivíduos carentes tenham a possibilidade de aprender e modificar hábitos errados e, principalmente, con-scientizar os mesmos quanto aos riscos oferecidos por alimentos contamina-dos, à importância da higiene e mostrar que todo manipulador é responsável pela saúde dos consumidores.

Para os alunos o projeto oportunizou a ampliação de seus conhecimentos práticos, por meio da realização das atividades envolvendo o Ensino, a Pes-quisa e a Extensão. Eles tiveram contato com a realidade profissional, apli-caram conhecimentos adquiridos na academia, desenvolveram habilidades de treinamento entre outras.

Como ganho indireto tem-se a divulgação do IFTM como referencia em formação profissional e instituição que tem a inclusão, a educação e a mel-horia da sociedade como elementos norteadores de sua atuação.

Referências

BRASIL. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados e apli-cados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. D.O.U. de 06/11/2002.

_______. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 16 de setembro de 2004.

FORSYTHE, S. J. Microbiologia da Segurança Alimentar. Porto Alegre: Art-med, 2002. 76p.

GÓES, J. A. W.; SANTOS, J. M.; VELOSO, I. S. Capacitação dos Manipula-dores de Alimentos e a Qualidade da Alimentação Servida. Higiene Alimen-tar. São Paulo, v. 15, n. 82, p.20-22, mar. 2001.

SERVIÇOS. Investe São Paulo - Alimentos. Disponível em: <http://www.investe.sp.gov.br/uploads/midias/documentos/alimentos_saopaulo.pdf>. Acesso em 29 Ago. 2013.

Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG

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Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG

Resumo

1 Dione Chaves Macedo 1 Estelamar Maria Borges Teixeira 2 Luciene Lacerda Costa 2 Mariana Camilo

Estima-se que mais de 70% do nitrato ingerido diariamente pelo

homem são fornecidos pelos vegetais. Daí a preocupação de re-

alizar um trabalho com os fornecedores das feiras e varejões da

região de Uberaba MG. Neste sentido, o objetivo do presente es-

tudo foi avaliar o teor de nitrato em hortaliças folhosas (alface

americana, crespa, lisa e roxa, e rúcula) produzidas por diferentes

sistemas de cultivo (convencional e hidropônico) e comparando o

teor de nitrato das hortaliças de cada produtor, incluindo também

as hortaliças folhosas couve e repolho. A amostragem foi realizada

no período de maio a outubro/2013, sendo que as hortaliças foram

adquiridas junto aos produtores, em suas propriedades. Dentre as

hortaliças incluídas neste estudo, as cultivadas convencionalmente

são as responsáveis pela maior contribuição na ingestão de nitrato.

Os resultados apontam a necessidade de um controle do teor de

nitrato na adubação no sistema convencional e da solução nutritiva

no sistema de hidroponia. Conclui-se que em geral, vegetais folho-

sos cultivados por sistema convencional apresentam teor de nitrato

superior àqueles produzidos por cultivo hidropônico.

1 Professora do I Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Email : [email protected]; [email protected]; [email protected] 2 Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. Email. [email protected]; [email protected]

Palavras-chave:

Antinutrientes

Nitrato

Sistema de produção

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoNa sociedade moderna, a qualidade do alimento passou a ser considerado fator de segurança nutricional, sendo relacionado não apenas à produção em quantidade suficiente e acesso garantido, mas também à promoção da saúde daqueles que o consomem. Não há segurança alimentar, se o con-sumidor não dispuser de produtos sem agentes que possam oferecer risco à sua saúde, sob a forma de contaminação química ou biológica.

O mercado hortícola encontra-se em ampla tendência de crescimento. Com isso, os produtores têm adotado novos sistemas de cultivo, como os protegidos (túneis e estufas) e o hidropônico, em alternativa ao sistema tradi-cional – a campo (BERNARDI et al, 2005). Nos últimos dez anos, a produção de hortaliças no Brasil aumentou 33 % e a produtividade incrementou 38 %, mesmo com a área de cultivo reduzida em 5 %.

No entanto, alerta-se que o teor de nitrato é um importante índice da quali-dade dos alimentos folhosos, pois quando ingerido se transforma quimicamente em nitrito, o qual pode gerar compostos prejudiciais ao organismo humano. O nitrato em excesso é prejudicial à saúde humana, importante lembrar que os vegetais são a principal fonte de nitrato e nitrito na dieta da humanidade.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo diário de nitrato tolerável para o organismo humano é de 5mg/kg. Em out-ras palavras, uma pessoa adulta com peso até 50 Kg não pode ultrapassar a ingestão de nitrato em 300mg/dia. Por isso, no uso alimentar dos folhosos deve-se atentar para os teores nitrato.

Nesse contexto, o sistema de produção dos alimentos pode interferir no teor de substâncias prejudiciais à saúde. Dessa forma, o cultivo denomi-nado, atualmente, de convencional baseia-se na utilização intensiva de insu-mos químicos (agrotóxicos), mecanização pesada e melhoramento genético voltado para a produtividade física. No entanto, esse padrão de produção visando exclusivamente à produtividade, tem sido questionado, em função de aspectos negativos, tais como esgotamento dos recursos naturais, de-gradação ambiental, exclusão social, elevação dos custos de produção, con-taminação dos alimentos por agrotóxicos e principalmente redução de sua qualidade (STAUB, 2003; CAMPOS, 2004; ARBOS, 2010).

Feitas essas considerações preliminares, a realização do presente estudo justifica-se pela necessidade de assegurar aos consumidores de Uberaba-MG

Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG

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produtos de qualidade, que além de nutricionalmente preservados, sejam is-entos de substâncias tóxicas ou compostos que quando ingeridos continu-amente possam trazer algum malefício a saúde do ser humano. Uberaba destaca-se por ser uma região produtora de alimentos tanto para consumo próprio como para venda aos municípios vizinhos. Por isso, muitas pessoas podem estar sendo expostas a substâncias como o nitrato/nitrito ao ingerirem verduras folhosas sem o devido processamento. O nitrato/nitrito são substân-cias que possuem alto potencial carcinogênico e, portanto deve-se diminuir ao máximo o consumo de alimentos que possuam este antinutriente.

Hortaliças e frutos podem ser cultivados no sistema de produção conven-cional, no qual esses alimentos são cultivados diretamente no solo, com o uso de fertilizantes químicos diversos e agrotóxicos, os quais impedem a prolifera-ção dos agentes que parasitam essas plantas (ORMOND et al, 2002; STAUB, 2003; CAMPOS, 2004). Embora esse sistema de produção satisfaça o quesito produtividade, a sociedade começa a cobrar os custos ambientais e sociais de suas atividades mediante maior controle por parte do governo, ou pela mudança nos hábitos do consumidor que privilegia as empresas responsáveis social e ecologicamente. O sistema hidropônico caracteriza-se pelo uso de uma solução nutritiva fornecendo os nutrientes para o desenvolvimento das plantas, Os dois sistemas requerem a incorporação de fertilizantes, só que um é no solo e outro na solução hidropônica.

Entre as folhosas, a alface está entre as hortaliças mais plantadas no Brasil, sendo também a mais consumida. Entretanto, a partir de 1990, a rúcula tem ganhado espaço no mercado consumidor, com aumento de 78% na comer-cialização entre 1997 e 2003. Sendo assim, Purquerio et al (2007) realizaram experimentos com doses de nitrogênio na rúcula em campo e constataram que há um aumento na produtividade, porém eleva os níveis de nitrato, razão pela qual o sistema de produção deve ser bem manejado, para que a colheita seja realizada no momento certo de modo a evitar o acumulo dessa substância.

Considerando-se o exposto, este estudo determinou o teor de nitrato em hortaliças folhosas produzidas nos dois tipos de cultivo, avaliando junto aos produtores qual dos sistemas de cultivo produz alimentos com menor teor de nitrato. Além disso, busca comparar diferenças e particularidades dos sistemas de cultivo convencional, com o sistema hidropônico que pode influenciar no teor de nitrato das hortaliças folhosas.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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DesenvolvimentoPara realização deste projeto participaram 2 bolsistas sendo uma do curso de mestrado profissional em alimentos e outra do curso de Licenciatura em química, orientadas pelas professoras dos cursos Técnico em Nutrição e Di-etética e Tecnologia em Alimentos. Foi escolhido aleatoriamente quatro produtores de hortaliças folhosas através de contato com a secretaria mu-nicipal de Uberaba-MG, sendo um do sistema de produção hidropônica e 3 do sistema de produção convencional que abastecem os varejões da cidade. Entramos em contato com esses produtores e convidamos para uma reunião e na mesma foi feita a apresentação do projeto e sensibilização dos produ-tores, mostrando os objetivos e a importância de verificar a quantidade de nitrato nos folhosos, reforçando na nossa exposição que “o nitrato e nitrito são substâncias tóxicas ao homem. O nitrato ingerido através dos alimentos pela população humana sofre na boca ação microbiana, reduzindo-se a ni-trito. Este, na corrente sanguínea, oxida o ferro (Fe2+ Fe3+) da hemoglobina, produzindo a metahemoglobina. Essa forma de hemoglobina é incapaz de transportar o oxigênio, causando a chamada metahemoglobinemia. Enquan-to esse processo é reversível em pessoas adultas, mas podem levar bebes à morte, principalmente até os três meses de idade (Maynard et al., 1976).

Desse modo, o controle desses compostos nos alimentos, mais especifi-camente nos folhosos, é primordial a fim de assegurar a qualidade das hor-taliças consumidas pelo ser humano. E a partir dessas análises poderemos verificar e comparar o teor encontrado em cada sistema de produção. Ponto de partida para uma reflexão sobre o tipo de adubação e tratamento dessas hortaliças para minimizar essa substância.

Para as análises foi solicitado amostra dos folhosos produzido nas pro-priedades dos produtores participantes do estudo e foram coletados pelos bolsistas sem prévio aviso. Os folhosos analisados foram: Alface, couve, re-polho e rúcula.

As colheitas de folhosos foram feitas sem mexer na rotina dos agricul-tores, exatamente da forma que sai das suas propriedades e são colocadas no mercado para consumo. A colheita dos folhosos do produtor 1 do sistema de produção convencional foi feita no período da tarde de acordo com a sua rotina, que entrega seus produtos nos varejões no início da noite. Os produ-tores 2, 3 e 4 fazem suas colheitas no início da manhã e entrega logo a seguir.

Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG

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Os folhosos colhidos foram levadas pelas bolsistas do projeto ao Labo-ratório de Bromatologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnolo-gia do Triangulo Mineiro- IFTM (Campus Uberaba) onde as bolsistas fizeram as análises.

Houve dificuldade em conseguir o mesmo tipo de folhosos entre os siste-mas de produção onde coincidiu somente rúcula, alface Americana, crespa e roxa nos dois sistemas (convencional e hidroponia).

As demais somente analisamos o teor de nitrato, não tendo parâmetro para comparação.

Podemos observar que tanto a rúcula e os três tipos de alface (ameri-cana, crespa e a roxa) tem um teor maior de nitrato no sistema conven-cional (figura 1) , sendo que a alface crespa possui teor menor de nitrato que a roxa.

Figura 1: Teor de nitrato de rúcula, alface americana, crespa e roxa nos sistemas de

produção convencional e hidroponia.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Rúcula

Hidroponia

Sistema convencional

Alface Americana

Alface Roxa

Alface Crespa

A rúcula tanto no sistema convencional como na hidroponia apresen-tam altos valores de nitrato cinco vezes mais que o tolerável. Nesse caso, o excesso de nitrato pode causar manifestações tóxicas agudas e crônicas, além de ocorrer a metahemoglobinemia em crianças. Assim sendo, é im-portante monitorar os níveis limítrofes de nitrato na alface e rúcula con-sumida pelo ser humano.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Podemos observar que as alfaces crespas, roxa de hidroponia e do sistema convencional apresentaram teores de nitrato diferentes entre si, sendo que o sistema convencional apresenta-se acima do teor preconizado em 1000 mg/ kg de MF (Matéria fresca), possuindo um teor de nitrato 2 vezes e meia maior que o sistema hidropônico. A alface roxa nos dois sistemas (hidroponia e convencional) encontra acima dos valores toleráveis.

De acordo com gráfico (1) acima e tabela (1) abaixo o sistema de cultivo não pode ser considerado como um fator de acúmulo de nitrato nos folhosos.

Tabela 1 - Produtores, sistema de produção, quantidade de nitrato por mg NO3-/Kg

MF Média

Produtores Sistema de produção convencional mg NO3- / Kg MF Média

1 Alface Americana 948,60

2 Alface Americana 1534,60

3 Alface Americana 3069,00

1 Alface roxa 1450,8

2 Alface roxa 1060,2

2 Alface Crespa 2622,6

3 Alface Crespa 334,80

1 Repolho Branco 279,00

2 Couve 2511,00

3 Couve 2678,40

2 Rúcula 5189,40

Sistema de produção Hidropônico

4 Alface Americana 1004,40

4 Alface crespa 725,40

4 Alface roxa 1339,20

4 Alface lisa 502,20

4 Rúcula 5580,00

Portanto, deve-se observar a forma de cultivo, a quantidade de nitrogênio ,horário de colheita, espécie e variedade destes vegetais. Convém lembrar que nitrato em quantidades suportadas pelo organismo humano é benéfico na prevenção de patologias gastrointestinais, principalmente a úlcera e até mesmo o câncer de estômago (LIMA et al 2008).

Dentre as hortaliças avaliadas, o repolho foi a hortaliça que apresentou menor teor de nitrato, o fato relaciona-se ao suprimento apropriado de ni-

Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG

45

trogênio, diretamente ligado à elevada atividade de fotossíntese e ao desen-volvimento vigoroso das plantas.

Nessa perspectiva, segundo Purquerio et al (2007), o uso do nitrogênio em hortaliças pode elevar a produtividade, mas, por outro lado, aumenta o teor de nitrato, motivo pelo qual o sistema de produção precisa ser contro-lado e analisado, para que a colheita seja feita no momento adequado de maneira a evitar o aumento do nível de nitrato.Observou se também que a rúcula é a hortaliça que possui o maior teor de nitrato chegando a 5 vezes mais que o tolerável pelo organismo.

Quando compara – se o sistema de produção (convencional e hidroponia) os valores de nitrato são menores nos folhosos cultivados no sistema hi-dropônico.

Não pode afirmar que o horário de colheita interferiu no teor de nitrato, uma vez, que as hortaliças foram coletadas nos períodos de comercialização dos produtos.

Houve diferença na concentração de nitrato quando compara os produ-tores do cultivo convencional. O que reforça que a adubação poderá ter influenciando nos resultados, mas merece um monitoramento e investigação sistematizada.

ConclusãoDiante desses resultados, os agricultores foram contatados pela equipe e in-formados quanto as variáveis que podem interferir no teor de nitrato, para que prossigam seu plantio de forma que o nível de nitrato recomendados pela Organização Mundial para a Agricultura e Alimentação (FAO) , pois necessita-se buscar orientação quanto ao plantio, adubação, tipo de irriga-ção necessitando um monitoramento do teor de nitrato nos alimentos e, uma vez que poderão ser formados compostos prejudiciais à saúde humana e animal após sua ingestão.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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ReferênciasARBOS, K. A. et al. Atividade antioxidante e teor de fenólicos totais em hor-taliças orgânicas e convencionais. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.30, n.2, p.501-506, abr.-jun. 2010.

BERNARDI, A. C. C. et al. Produção, aparência e teores de nitrogênio,fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita. Horticultura Brasilei-ra, Brasília, v. 23, n. 4, p. 920-924, out-dez, 2005.

CAMPOS, M.C. Territorialização da agricultura orgânica no Paraná: preser-vando o meio ambiente e produzindo alimentos sadios. Disponível em: <http://www.igeo.uerj.br/VICBG 2004/Eixo1/e1%20279.htm>. Acesso em: 18 de abril de 2005.

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_______. Codex Alimentarius – alimentos producidos orgánicamente. Roma; 2002. 77 p.

LIMA, J.D. et al. Acúmulo de Compostos Nitrogenados e Atividade da Redutase do Nitrato em Alface Produzida sob Diferentes Sistemas de Cultivo. Pesquisa Agropecuária Tropical. v. 38, n. 3, p. 180-187, jul./set. 2008.

MAYNARD D. N. et al. Nitrate accumulation in vegetables. Advances in Agronomy v. 28, 71–118. 1976

ORMOND, J.G.P. et al.. Agricultura orgânica: quando o passado é futuro. Rio de Janeiro: BNDES Setorial, 2002. 34 p.

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STAUB, G .A. O financiamento do Banco do Brasil à agricultura orgânica e preservação ambiental do Estado do Paraná. 2003. 139 f. Dissertação (Mes-trado em Gestão da Qualidade e Produtividade), Florianópolis: UFSC, 2003.

Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba

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Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba

Resumo

1 Elaine Donata Ciabotti 2 Cíntia Cristina de Oliveira 3 Simone Cristina de Oliveira 4 Hannah Moachar

Elias 5 Leila Carolina Freitas Camargos Dias 6 Karina Aparecida Damasceno 7 Giovane Tonelli 8 Luiz

Otávio de Queiroz Vieira

Produtores e comerciantes de produtos cárneos e lácteos das

pequenas e médias agroindústrias de Uberaba necessitam de su-

porte no controle higiênico e sanitário de seus produtos. O Serviço

de Inspeção Municipal realizou o contato entre esse segmento e o

IFTM – Câmpus Uberaba a fim de compartilhar experiências com

pequenos industriais e comerciantes que trabalham com produção

alimentar na comunidade Uberabense. Foram realizadas 184

análises de 56 produtos de origem animal, incluindo as águas uti-

lizadas pelas indústrias. As indústrias visitadas tinham como o prin-

cipal problema a qualidade da água e a educação para a higiene,

o que levou a equipe do projeto a ministrar cursos de higiene para

manipuladores de alimentos, voltado para três grupos específicos

(feirantes, indústrias e supermercados). O contato realizado com

produtores e a verificação de sua realidade e dificuldades, assim

como ter levado a microbiologia ao alcance das pequenas indús-

trias e comerciantes foi uma experiência enriquecedora para alu-

nos, professores, profissionais do Serviço de Inspeção Municipal

e do segmento produtivo e comercial. Além disso, o consumidor

uberabense ganhou em qualidade e segurança alimentar.

1 Doutora em Agronomia. Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected] 2 Graduanda em Tecnologia de Alimentos. Bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected] 3 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected] 4 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected] 5 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected] 6 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 05/2012. [email protected] 7 Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Diretor do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba. [email protected]. 8 Médico Veter-inário, Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba. [email protected]

Palavras-chave:

Agroindústria familiar

Segurança alimentar

Inspeção Municipal

Treinamento de Manipuladores

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoApesar de ser uma das principais cidades produtoras de carne e leite, Ubera-ba tem uma carência de mão de obra especializada e de orientações técnicas, principalmente no que se refere à higiene na manipulação de alimentos nas suas pequenas e médias agroindústrias. Famosos são os queijos e churras-quinhos dessa região, fortemente presentes no cardápio Mineiro e grande contribuição ao turismo local. O Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba assim como outros órgãos nacionais, estaduais e municipais de fiscalização da segurança alimentar, têm dificuldade em comprovar a qualidade dos produtos, devido à carência de laboratórios especializados. Com a tradição de vinte e três anos de atuação na área da Tecnologia de Alimentos, o IFTM – Câmpus Uberaba muito pode auxiliar esses produtores a melhorarem a qualidade dos seus produtos e serviços. Da carência citada e dessa experiên-cia do câmpus nasceu o acordo de mútua cooperação entre o IFTM- Câmpus Uberaba e a Prefeitura Municipal de Uberaba, que desde agosto de 2012 vêm trabalhando juntos nesse projeto. Ou seja, em 2014 o Projeto faz an-iversário de 2 anos. O planejamento das ações sempre foi realizado em con-junto: Coordenadora, Veterinários do Serviço de Inspeção Municipal, Técnica do Laboratório de Microbiologia e alunos bolsistas. Entre alunos bolsistas e voluntários, já passaram pelo projeto 20 alunos.

Além disso, promover o contato com a comunidade produtora é uma ex-periência de valor inestimável para alunos e professores. Permite a vivência e aplicação dos conhecimentos adquiridos no curso de Tecnologia de alimentos e no Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, mais especificamente da Microbiologia e da Higiene Alimentar. Essa assessoria abrange o processo produtivo desde a aquisição de matéria-prima, passando pela produção, arma-zenamento e chegando à comercialização de alimentos. Todas as ações desse projeto foram alinhadas com o Projeto Político Pedagógico Institucional, sem separar o ensino, a pesquisa e a extensão. O objetivo geral desse projeto foi compartilhar experiências com pequenos e médios produtores agroindustriais, assentamentos, fornecedores e comerciantes de produtos cárneos e lácteos, detectando problemas e discutindo soluções para a melhoria da qualidade dos seus produtos e serviços. Os objetivos específicos foram:1. Emitir resultados de análises microbiológicas preventivas em pelo menos

3 amostras (matéria-prima, amostras de equipamentos, ambientes e ma-

Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba

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nipuladores) por semana provenientes da agricultura familiar, da produção alimentar local de assentados e pequenos produtores agroindustriais;

2. Orientar o público alvo para a melhoria da qualidade microbiológica da matéria-prima e dos produtos finais baseando-se nos resultados das análises, atendendo cada produtor separadamente de acordo com a condição específica, em seu local de trabalho, facilitando o acesso às in-formações necessárias ao fornecimento de um alimento seguro para a população.

3. Treinar grupos de alunos em análises microbiológicas, intensificando suas práticas de laboratório, promovendo maior segurança na realização e na interpretação das mesmas;

4. Aplicar os resultados das análises microbiológicas na detecção de prob-lemas higiênicos e sanitários dos alimentos analisados, conversando com o produtor sobre as possíveis causas e soluções para a sua correção.

5. Estimular os produtores que prezam pela qualidade de seus produtos a continuar fornecer produtos seguros ao consumidor, levando a eles a re-sposta da microbiologia às boas práticas de fabricação.

6. Divulgar o Curso de Tecnologia de Alimentos e situar o profissional Tec-nólogo em Alimentos no contexto produtivo.

7. Visitar diferentes instalações agroindustriais, verificando as diversas pos-sibilidades de implantação e ao mesmo tempo visualizando as vantagens e dificuldades do seu funcionamento.

8. Treinar manipuladores, iniciando pelos conceitos de microbiologia e che-gando aos cuidados essenciais da manipulação de alimentos.

DesenvolvimentoOs bolsistas foram selecionados seguindo rigorosamente os critérios esta-belecidos no edital, sem discriminação de pessoas e sem privilégios a estu-dantes. No primeiro dia de trabalho foi feita uma reunião para deixar claro o compromisso ético com os produtores e com o Serviço de Inspeção Munici-pal. Uma das regras mais importantes do trabalho é manter sigilo absoluto sobre os resultados obtidos no laboratório. O principal apelo para isso é que se as informações saírem do laboratório, o laboratório perderia a credibili-dade junto aos produtores e à Prefeitura, fechando-se as portas para a nossa Instituição e consequentemente para os estudantes.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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As análises microbiológicas eram realizadas semanalmente e seguiam sempre o mesmo ritual: •Coleta das amostras através do Serviço de Inspeção Municipal (SIM);•Recepção das amostras;•Preparação e esterilização de materiais, meios de cultura e vidrarias para

as analises;•Realização das análises e verificação dos resultados (SILVA et al., 2007); •Elaboração dos laudos (BRASIL, 2001);•Reunião técnica para discussão e comparação com padrão estabelecido

pela legislação: BRASIL (1997); (BRASIL, 201a) e (BRASIL, 2011b);•Descarte e esterilização de materiais contaminados;•Reuniões e visitas semanais aos produtores e banco de alimentos;•Oferta de Mini-curso, sempre organizado em conjunto.

Foram realizadas 184 análises de 56 produtos de origem animal, incluin-do também água utilizada pelas indústrias, obtendo os resultados constantes nas Tabelas 1 e 2.

Em 60% dos casos, o resultado estava dentro dos padres microbiológicos aceitáveis para a comercialização dos produtos. De acordo com os resultados e com a visita para verificação in loco das condições da indústria e ainda das en-trevistas realizadas, os produtores que não conseguiam atingir o padrão micro-biológico mínimo tinham três problemas básicos: higiene do manipulador, quali-dade da matéria-prima quando leite fornecido por outros e qualidade da água.

Assim, foi montado pela equipe um curso de Higiene na manipulação de alimentos que foi executado por três vezes no ano de 2013, atingindo um total de 60 participantes. Antes de ser ministrado, foi apresentado ao SIM para aprovação. Três adaptações foram feitas nesse curso, atingindo as espe-cificidades comerciais ou industriais: 1. Manipuladores de produtos cárneos da feira livre de Uberaba – maio de

2013; 2. Pequenas e médias agroindústrias e comércio de processamento da carne

de Uberaba – julho de 2013;3. Manipuladores de carne e derivados da rede de supermercados Bretas –

dezembro de 2013.Os cursos foram divulgados para produtores e comerciantes que fazem

parte da abrangência do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), seguindo

Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba

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a sugestão de datas e horários fornecidos pelos mesmos, ao longo das visitas. Porém, a participação não atingiu o universo pretendido. A melhor participação foi no curso ministrado para a rede Bretas de Supermercados, cuja gerência mobilizou os seus colaboradores, demostrando conscientiza-ção sobre a importância do curso. Em relação às indústrias e feirantes, acredita-se que o baixo comparecimento seja devido à pequena equipe de colaboradores, que se for deslocada para fazer o curso, deixa de pro-duzir. Além disso, essas pequenas equipes na maioria das vezes têm so-brecarga de trabalho. Ainda assim, os estudantes mostraram um pouco do que aprendem no IFTM, levando honrosamente o nome da Instituição aos três segmentos. Exercitaram a comunicação com o público e a pesquisa, e ainda aprenderam a fazer adaptações a diferentes públicos, pois, o curso tinha que ser modificado, conforme a realidade de cada segmento. Os palestrantes eram os alunos, sempre supervisionados pela coordenadora, que estava presente em todos os momentos do curso, suprindo possíveis dúvidas.

No mês de novembro as análises pararam por falta de material. Por prob-lemas da burocracia de aquisição de produtos, os produtos não puderam ser adquiridos. Os recursos destinados à compra de materiais não foram gastos até o presente momento. O tempo foi aproveitado para confecção do curso para a rede de supermercados.

Os estudantes bolsistas participaram de todas as atividades descritas, sempre em conjunto. Nada foi feito na ausência dos mesmos e nenhuma ação foi isolada. A equipe trabalhou feliz no laboratório e as visitas técnicas eram o ponto alto do trabalho, que mais satisfez os estudantes. Algumas visitas foram feitas por toda equipe, utilizando seus carros particulares, mas quando havia apenas o transporte da prefeitura, que é um carro de passeio para 5 passageiros, apenas 3 estudantes participavam. Um dos fatos interessantes é que sempre que acontecia a ausência de um, por mo-tivos justificados, nos cursos ministrados, outro membro assumia a parte do outro, sempre com a mesma competência e sem perda de qualidade. Dentro do laboratório outra regra básica é que o trabalho é responsabili-dade de todos. Se um membro da equipe ou do IFTM tem que fazer uma análise fora do projeto, todos colaboram e aquele que foi ajudado sempre colabora com o projeto.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Tabela 1 - Produtores e produtos analisados nas pequenas e médias agroindústrias de

Uberaba.

Produtor e data da visita Produto

Art Queijos Indústria e Comércio LTDA - SIM: 208 - 18/09/2013

Leite Pasteurizado, Queijo Minas Frescal temperado, água.

"Queijos Delmi - SIM: 215 - 15/10/2013; Laticínios Eduarda SIM 204; Queijaria Santos Reis SIM: 218 08/07/2013"

Leite Pasteurizado, Queijo Minas Padrão, água.

Dandara Milk 14/08/2013 Leite de Búfala Pasteurizado, Mussarela de leite de búfala, água.

"Queijaria Trança Trança SIM: 201 08/08/2013"

Leite cru, queijo Nozinho, água.

"Beira Rio Indústria de Alimentos SIM 114 30/10/2013; Valfrios Alimentos"

Água, Linguíça de frango, linguíça suína, Linguíça de pernil

Churrasquinho Uberaba - Murilo Nascimento M. E - SIM 107 17/06/2013

Kafta carne, Kafta de frango, Linguíça, Chur-rasquinho de frango com bacon, espeto de carne, água.

"Feira Livre da Abadia Barraca do Silvano - 28/06/2013 e 28/09/2013 Barraca do Pincel - 14/06/2013 e 14/09/2013 Barraca do Pedro - 21/06/2013 e 21/09/2013"

Pernil com osso, Lombo suíno, Pernil sem osso, Costela suína, Pé suíno

"Banco de Alimentos de Uberaba Fevereiro de março de 2013"

Cenoura desidratada, Sopa desidratada, Mandioca desidratada e Mel (3 marcas)

Tabela 2 - Análises realizadas nos diferentes tipos de produtos.

Produto Análises realizadas

Leite Pasteurizado, Leite de Búfala pasteuri-zado, leite cru

Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Frescal temperado e sem tempero, Queijo Minas Padrão, Mussarela de leite de búfala, Mussarela Nozinho,

Coliformes totais e termotolerantes; Staphilo-coccus coagulase positiva e Samonella

Continua...

Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba

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Em relação ao Banco de Alimentos de Uberaba, três visitas com reuniões com a Coordenadora foram realizadas, onde foram levantadas as demandas da Instituição. Foi verificado que o principal problema está na recepção dos produtos na Central de Abastecimento – CEASA – MG de Uberaba. Como as atividades nesse local são matutinas, esse horário coincidiu com o horário do curso de Tecnologia de Alimentos e inviabilizou nossa atuação. Inclusive a CEASA está procurando estagiários para esse horário. Mesmo assim, foi verificado as atividades que poderiam ser desenvolvidas no Banco. Após essas reuniões e resultados do levantamento, por solicitação da Coordena-dora, foi passado um comunicado à Secretaria de Desenvolvimento Social solicitando autorização para iniciar os trabalhos. A Secretaria não respon-deu à solicitação do projeto e então o trabalho não pôde ser executado. Por fazermos parte do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Uberaba, fomos informados da futura transformação do Banco de Alimen-tos de Uberaba em Cozinha Social, que pretende distribuir refeições prontas para restaurantes populares em outros bairros da cidade. Ainda assim, 6

...Continuação

Produto Análises realizadas

Água Coliformes totais e termotolerantes

Linguíça de pernil Coliformes totais e termotolerantes; Staphilo-coccus coagulase positiva e Samonella

Linguíça de frango, Linguíça suína, Kafta carne, Kafta de frango, Churrasquinho de frango com bacon, Espeto de carne

Coliformes totais e termotolerantes e Samo-nella

Pernil com osso, Lombo suíno, Pernil sem osso, Costela suína, Pé suíno

Coliformes totais e termotolerantes; Staphi-lococcus coagulase positiva, contagem de aeróbios mesófilos e Samonella

Mel

Presença de sacarose; contagem de aeróbios mesófilos, bolores e leveduras; Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva, contagem de aeróbios mesófilos e Samonella

Cenoura desidratada, Sopa desidratada, Mandioca desidratada

Contagem de aeróbios mesófilos e bolores e leveduras; Coliformes totais e termotoler-antes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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amostras de alimentos foram coletadas no Banco de Alimentos, a pedido da Coordenadora do mesmo.

Considerações finaisA equipe visitou 12 estabelecimentos de produção de derivados da carne e produtores de queijos de Uberaba. As instalações para produtos cárneos foram consideradas muito boas, carecendo apenas de educação do manipu-lador. As instalações para produtos lácteos, no entanto, são mais desprovidas de boas instalações e também carecem de educação para o manipulador. O produtor de queijos que tem vários fornecedores sofre com a má qualidade da matéria prima. O manipulador não tem preparo técnico suficiente para exercer a função e a inconstância de funcionários não permite um trein-amento eficaz desses trabalhadores. A água do meio rural está muito con-taminada e os produtores desconhecem seus riscos, sua qualidade e ainda os mecanismos de tratamento dessa água. O trabalho do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) com a comunidade produtora da região é essencial para a conscientização dos mesmos sobre a importância dos cuidados higiênicos na produção e aceitação das Tecnologias a serem adotadas e consequente-mente para o sucesso do trabalho de extensão. Ao mesmo tempo, o trabalho do Laboratório de Microbiologia do IFTM deu apoio e respaldo ao trabalho do SIM, comprovando através das análises a qualidade dos produtos, e em alguns casos as falhas dos mesmos.

Para o próximo ano, além de continuar com as análises e treinamento de manipuladores, pretende-se avançar para o controle de qualidade do leite, alcançando os pequenos fornecedores e inserindo novos treinamentos que abranjam o controle da matéria-prima na recepção do leite.

A atividade proporcionou novas experiências e consequente crescimento a toda equipe.

Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba

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ReferênciasBRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997: aprova o Regulamento Técnico sobre “Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industri-alizadores de Alimentos”. 1997. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>. Acesso em 15 out. 2012

______.Ministério da Agricultura. Resolução da Diretoria Colegiada Nº12, de 02 de janeiro de 2001: aprova o Regulamento Técnico sobre “Padrões microbiológicos para alimentos”. 2001. Disponível em: <http://portal.an-visa.gov.br/wps/wcm/connect/a 47bab804 7458b9 0 9541d53fbc4c6735/RDC_12_2001.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 10 jul 2013

______. Portaria n° 2.914 de 12 de Dezembro de 2011. 2011a Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15 out. 2012

______. Instrução Normativa Nº 62, de 29 de dezembro de 2011. 2011b. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15 out. 2012

SILVA, Neuseli; JUNQUEIRA, Valéria; SILVEIRA, Neliane. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. São Paulo,SP: Livraria Varela, 2007.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Incluir Brincando

57

Incluir Brincando

Resumo

1 Eliane Teresa Borela 2 Jeniffer Rocha Gomes 3 Luciana Araujo Valle de Resende 4 Phelipe Carvalho

Silva 5 Gustavo de Almeida Andrade

Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de ex-

tensão intitulado Incluir Brincando, sob o apoio do Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital

01/2012. Os bolsistas participantes, no período de abril a dezem-

bro de 2013, desenvolveram atividades do projeto no laboratório

de informática da Escola Estadual Bom Jesus, em Uberlândia-MG,

atendendo alunos dos primeiros aos quintos anos do ensino funda-

mental. Objetivou-se, por meio da inclusão digital, contribuir com

o aprendizado desses alunos nas diversas áreas do conhecimento

contempladas pela escola, representando, assim, um suporte para

o trabalho dos professores regentes. Trata-se de um projeto de

relevância visto que, cada vez mais, a aquisição do conhecimen-

to passa pelo domínio das novas tecnologias, ficando excluídos

aqueles que não se integram ao processo.

1 Mestre em Engenharia Elétrica/Rede de Computadores. Profa. do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. [email protected] 2 Graduanda em Tecnologia em Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected] 3 Mestre em Educação. Profa. do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. [email protected] 4 Graduando em Tec-nologia em Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected] 5 Graduando em Tecnologia em Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]

Palavras-chave:

Inclusão digital

Ferramentas computacionais

Aquisição de conhecimentos

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoO projeto Incluir Brincando teve como objetivo geral proporcionar, de forma lúdica, aos alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Bom Jesus a possibilidade de ampliar seus conhecimentos nas áreas de informática e de-mais conhecimentos ofertados pela escola, bem como possibilitar aos alu-nos bolsistas do IFTM Câmpus Uberlândia Centro o contato com o universo infantil e suas especificidades. Dentro deste objetivo maior, almejamos: a) ensinar informática e os conteúdos do currículo escolar de forma lúdica; b) estimular a aprendizagem de disciplinas de difícil compreensão através de jogos e outros aplicativos; c) desenvolver a criatividade e a agilidade de ra-ciocínio; d) propiciar aos bolsistas do IFTM a oportunidade de vivenciar o cotidiano escolar e as práticas de ensino e, finalmente, elaborar o material a ser utilizado nas aulas.

Este projeto justificou-se sob dois pontos de vista: quanto à sua metodo-logia e quanto à necessidade premente de colaborar com escolas estaduais na oferta de aulas de informática. Com relação ao primeiro aspecto, vários estudiosos, dentre eles Piaget e Vygotsky, buscando compreender como a criança aprende e se desenvolve, defendem a importância do brincar para a formação integral da criança. Dessa forma, a informática, através de jogos e outros aplicativos, pode se tornar um excelente aliado dessa aprendizagem. O outro aspecto diz respeito à falta de pessoas habilitadas para aplicar essa metodologia nas escolas estaduais. Hoje, a maioria dessas escolas já pos-sui laboratório de informática e os mesmos são subutilizados devido à essa carência de profissionais. Esse projeto se propôs a minimizar essa necessi-dade com a inserção dos alunos dos cursos de graduação do IFTM-Câmpus Uberlândia Centro na aplicação dessa metodologia de incluir as crianças das primeiras séries do ensino fundamental, tanto no mundo digital quanto no das várias áreas do conhecimento, brincando.

Desenvolvimento do projetoA carga horária dedicada por cada um dos dois bolsistas ao projeto foi de doze horas semanais, sendo estas distribuídas, aproximadamente, da seguinte forma: onze horas no laboratório de informática da escola, em atividades com alunos do ensino fundamental ou de planejamento con-junto com a supervisora da escola, e uma hora de encontro com as profes-

Incluir Brincando

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soras orientadoras para esclarecimentos, socialização do desenvolvimento do projeto e planejamento. Essa dinâmica perdurou nos oito meses de ex-ecução do projeto, que constou de três etapas, a saber: 1ª) atendimento aos alunos dos quartos e quintos anos nos meses de abril, maio, junho e julho, sendo o primeiro e o último incompletos, em função da data de início do projeto e das férias escolares; 2ª) atendimento aos alunos dos segundos e terceiros anos nos meses de agosto, setembro e outubro; 3ª) atendimento aos alunos dos primeiros anos nos meses de novembro e dezembro, tam-bém incompleto, devido ao término do ano letivo. É importante salientar que, embora o período destinado aos alunos dos primeiros anos tenha sido menor, não houve prejuízo de carga horária de trabalho, comparativa-mente com os demais anos, em razão de ser apenas uma série atendida e, consequentemente, a frequência em que esses alunos foram ao laboratório foi maior que os das etapas anteriores.

Em cada uma das etapas, o trabalho foi iniciado com uma avaliação diag-nóstica dimensionada para o nível de escolaridade em que os alunos se en-contravam para uma sondagem dos conhecimentos computacionais prévios, visto que, em hipótese, pensávamos que alguns deles, em ambientes famili-ares, escolares e sociais, já teriam contato com desktops, notebooks, tablets, celulares e games.

Para exemplificar a adequação dessas avaliações às séries em curso, podemos citar o fato de que, para os primeiros anos, em função de alguns não possuírem uma leitura fluente, a avaliação foi oral e as respostas regis-tradas pelos bolsistas. Cabe aqui também mencionar que, a hipótese supra-mencionada foi verificada.

Após a aplicação da avaliação diagnóstica seguiu-se com a realização das atividades planejadas, que serão objeto de apresentação dos próximos pará-grafos, e, para conclusão da etapa, nova avaliação foi aplicada visando a identificação do desenvolvimento obtido por cada aluno. Buscou-se, dessa forma, identificar os pontos de partida e de chegada de cada aluno com o projeto e, assim, verificar a sua eficácia quanto aos objetivos apresentados anteriormente.

Após a aplicação da avaliação diagnóstica da primeira etapa, os bolsistas deram sequência ao projeto utilizando a internet para trabalhar com jogos educativos. Após algumas semanas, devido à dificuldade de acesso à rede

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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por parte de alguns computadores, os bolsistas optaram pela aplicação de recursos disponíveis nos programas já instalados nos equipamentos, como KoulorPaint, que é o editor de imagens do Linux semelhante ao Paint do Windows, editor de texto e vídeos.

Abrimos, aqui, um parêntese para mencionar algumas dificuldades en-contradas no desenvolvimento do projeto, salientando que não se tratam de questões específicas da escola parceira, mas atinentes à grande parte dos estabelecimentos escolares da rede de ensino a que a escola pertence. O laboratório de informática possui quinze computadores em funciona-mento. Entretanto, em determinados períodos, alguns deles não possibili-tavam o acesso à internet e, mesmo que bem organizado, o laboratório está instalado em um espaço físico bastante reduzido, o que dificulta a circulação dos bolsistas/professores para atender aos alunos. Em função do número reduzido de máquinas em relação à quantidade de estudantes, o tempo de utilização dos recursos computacionais por cada aluno não foi o que consideraríamos o ideal.

A título de esclarecimento, em cada turma havia, aproximadamente, trinta alunos e três turmas em cada ano, ou seja, trinta alunos em cada tur-ma, três turmas em cada ano, totalizando, aproximadamente, 450 alunos nos cinco anos iniciais do ensino fundamental. Considerando que foram desenvolvidas, por semana, onze horas de atividade com os alunos (450 divididos em turmas de quinze), que cada mês possui, em média, quatro semanas e meia e que a duração do projeto foi de oito meses, temos a seguinte operação: (11 x 4,5 x 8) : (450:15) = 13,2 horas de trabalho para cada aluno. Isto se considerássemos 100% de aproveitamento das horas destinadas para o projeto e desprezássemos as ausências dos alunos na es-cola e os dias em que as atividades não foram desenvolvidas em função de outras atividades do calendário escolar, como visitas, avaliações e projetos.

Outra dificuldade encontrada foi um sistema instalado nas máquinas que, automaticamente, deletava todos os arquivos salvos no computador após o seu desligamento. Isto ocasionou a perda de algumas atividades realizadas pelas crianças que seriam salvos em dispositivos particulares dos bolsistas para posterior avaliação.

A escassa quantidade de recursos financeiros para o desenvolvimento do projeto, o curto período de tempo para a sua execução e a inadequação

Incluir Brincando

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de equipamentos representaram um limitador para a obtenção dos resul-tados desejados.

Encerrando nosso parêntese, passamos à abordagem da interação entre os bolsistas e alunos da E. E. Bom Jesus. Alguns destes, por serem mais acan-hados e introvertidos, tiveram um pouco de receio de estabelecerem um rel-acionamento com os bolsistas. Este fato os motivou a participar dos recreios para terem maior contato com os alunos, jogando carimbada e dançando com eles. Com o passar dos dias e dos encontros, eles foram se acostumando e participando mais das aulas.

Os bolsistas conversaram com os professores da escola e com os pro-fissionais do núcleo pedagógico sobre o que estava sendo trabalhado em sala de aula para que o material utilizado fosse coerente com a proposta pedagógica. Fizeram reunião com a supervisora para definir os horários a serem trabalhados com cada turma de forma a não prejudicar o rendimento escolar dos alunos.

Por meio desses contatos e da observação do cotidiano escolar, foi con-statado que a maioria dos professores não tem um conhecimento adequado em informática que os subsidie na elaboração de material didático e na uti-lização do laboratório. Com isso, os bolsistas passaram a amparar os profes-sores sanando suas dúvidas e auxiliando-os em atividades alheias ao projeto, como impressão de material pedagógico, figuras, pesquisa de recursos didáti-cos, acesso a e-mails e download de arquivos, montagens de Datashow para auxilio nas atividades em sala de aula, dentre outras.

Devido ao tamanho do laboratório, as turmas foram divididas em dois subgrupos, A e B, que se revezavam na realização das atividades propostas em sala de aula com a professora regente e no laboratório com os bolsistas.

As atividades desenvolvidas abarcaram diversos temas nas várias áreas do conhecimento e tiveram objetivos diversificados. Como o presente tex-to não nos permitir uma exposição mais ampla e detalhada dessas ativi-dades, mencionaremos, no quadro a seguir, apenas algumas delas a título de exemplificação.

Para registro e acompanhamento das ações do projeto, foi criado um formulário no google drive, que gera e alimenta uma planilha quando novos dados são introduzidos por esse formulário. O uso desse dispositivo auxiliou no trabalho em equipe e na coordenação das ações.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Quadro 1 - Atividades desenvolvidas e respectivos objetivos

Atividade desenvolvida Objetivo

Atividade no site de Jogos Iguinho www.iguinho.com.br.

Aprender a acessar um site da internet e a utilizar o seu conteúdo.

Atividade da Magali.Conhecer algumas peças do computador, en-contrar seus nomes no caça-palavras e colorir.

Atividade de geografia, matemática e colorir.Conhecer o mapa do Brasil e trabalhar a multiplicação.

Atividade de vídeos educativos sobre sus-tentabilidade.

Conscientizar os alunos sobre a sustentabi-lidade no planeta, a sua importância e seu impacto no meio ambiente. Entender a forma correta de descartar o lixo e não desperdiçar os recursos hídricos.

Atividade sobre alimentação utilizando recur-sos do KolourPaint.

Entender a importância de se alimentar bem e desenvolver habilidades para lidar com os recursos do KolourPaint.

Atividade de Ciências e Português.Fixar o conteúdo estudado em sala de aula e familiarizar-se com as ferramentas computa-cionais.

Atividade de geografia (Brasil e América do Sul).

Fixar o conteúdo estudado em sala de aula; aprimorar a leitura e a interpretação de textos e familiarizar-se com as ferramentas computacionais.

Atividade do bombeiro.Ampliar os conhecimentos acerca das ativi-dades desenvolvidas pelos bombeiros e sua importância para a sociedade.

Atividade do antônimo.Fixar o conteúdo estudado em sala de aula e familiarizar-se com as ferramentas computa-cionais.

Livre escolha de um site da internet.Aprender a selecionar sites adequados na internet.

Jogo educativo de matemáticaReforçar o aprendizado em matemática, tra-balhando a coordenação motora, concentra-ção, usando o Jogo "TuxMath".

Desenho no Kolourpaint

Trabalhar a coordenação motora com o uso do mouse, a criação de desenhos geométri-cos reforçando os conceitos dos mesmos e criatividade.

Incluir Brincando

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ConclusãoAo término dos oito meses de execução do projeto de extensão Incluir Brin-cando, apesar das dificuldades mencionadas, podemos fazer uma avaliação bem positiva dos resultados obtidos. Primeiramente, em relação aos alunos dos primeiros aos quintos anos do ensino fundamental da E. E. Bom Jesus, verificamos que o desenvolvimento foi perceptível, tanto no que se refere à desenvoltura ao lidar com os recursos computacionais contemplados nas atividades, quanto à postura desses alunos frente a essa ferramenta como fonte de conhecimento.

Os encontros foram sempre lúdicos, com jogos interativos, vídeos, ma-nipulação de imagens, sem perder de vista o objetivo pedagógico, buscando a ampliação dos conhecimentos trabalhados nas disciplinas curriculares. Esta dinâmica facultou uma grande aceitação do projeto por parte dos alunos, conquistando o interesse e o envolvimento até dos considerados mais in-disciplinados em sala de aula, bem como dos profissionais da escola, como um todo.

Em segundo lugar, em relação ao trabalho como bolsistas, que, segundo relato dos mesmos, a participação no projeto foi de grande importância, uma vez que proporcionou uma melhor compreensão do contexto das es-colas estaduais, assim como uma vivência do universo infantil e de como lidar com ele.

E, finalmente, para as coordenadoras do projeto que, além do enriqueci-mento profissional, foi aberta mais uma via de aproximação com a realidade da educação básica, onde são lançadas as bases da formação acadêmica dos indivíduos que sustentarão o trabalho realizado nas instituições de en-sino superior.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Interação nas escolas públicas

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Interação nas escolas públicas

Resumo

1 Emerson Andrade Câmara 2 Ana Carolina Pinton 3 João Marcos Rodrigues Maciel 4 Mirelle Mendes

Ribeiro 5 Rutânia Rodrigues Maciel

O presente trabalho trata do programa de intervenção estratégica

de agentes de desenvolvimento local na Escola Estadual Dom Se-

rafim Gomes Jardim, em prol do fomento da melhoria da quali-

dade de ensino e fortalecimento de um ambiente agradável para

a comunidade estudantil e acadêmica da referida instituição.O

projeto busca desenvolver a extensão através da interação com

a comunidade estudantil das escolas públicas de Paracatu, estab-

elecendo uma ação de marketing socialmente responsável, dando

a contrapartida as escolas que prepararam o corpo discentes do

IFTM – Câmpus Paracatu. Fortalecendo o laço e a marca IFTM na

comunidade paracatuense com ações proativas em prol dos ense-

jos existentes. Bem como possibilitar ao aluno do IF uma experiên-

cia de crescimento e desenvolvimento social integrado. O presente

relato de experiência do projeto Interação nas Escolas Públicas para

o programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus

Paracatu – edital 03/2013.

1 Mestre em Administração. Professor EBTT Câmpus Paracatu. [email protected]; 2 Técnico em Comércio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013. [email protected]; 3 Técnico em Comércio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013; 4 Técnico em Comércio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Edu-cação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013;[email protected]; 5 Técnico em Comércio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013.

Palavras-chave:

Interação

Comunidade

Responsabilidade Sociale Extensão

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoO Projeto Interação com a Comunidade embasa-se no tripé da educação: Ensino, Extensão e Pesquisa, Este projeto articula-se com a extensão através da interação com a comunidade estudantil das escolas públicas de Paracatu.Dessa forma, os discentes do IFTM Câmpus Paracatu colocaram em prática os conhecimentos adquiridos.

Articulando parcerias estratégicas para atendimento das necessidades das escolas públicas no âmbito social, ambiental, cultural, saúde e qualidade de vida. Os laços entre o Instituto Federal com a comunidade foram fortaleci-dos, cumprindo seu papel social de dar contrapartida do investimento aplica-do no instituto à comunidade a qual pertence, fazendo assim seu marketing socialmente responsável.

Neste trabalho foi selecionada a Escola Estadual Dom Serafim Gomes Jardim, devido a experiência e relacionamento adquirido na Mostra dos Sa-beres no ano de 2.013, quando se iniciou o projeto efetivamente através de um diagnóstico das demandas e solicitações da escola para planejamento e desenvolvimento do projeto.

DesenvolvimentoInicialmente foi feito o contato com a diretora da escola, Sra. Rosa Helena Luís de Araújo, que prontamente abraçou o projeto. Para alavancar os tra-balhos organizou uma reunião com todos os professores, realizando assim o diagnóstico inicial das demandas e ensejos da comunidade acadêmica da Escola Estadual Dom Serafim Gomes Jardim. No qual foi detectado a neces-sidade das seguintes ações:•Construção de uma horta escolar;•Realização de atividades culturais relacionadas com o meio ambiente;•Desenvolver ações de prevenção e conscientização referente ao uso de

drogas e defesa da mulher;•Interação com a comunidade circunvizinha (bairro arraial d´angola);•Realização de atividades recreativase de sociabilização dos discentes;

Com as demandas levantadas realizou-se dois momentos de intera-ção com a escola, o primeiro para atender a Mostra dos Saberes 2013 que tinha em seu regulamento, como prova a ser cumprida, a realização de um momento de conscientização contra a Dengue,na comunidade do Arraial

Interação nas escolas públicas

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D´Angola, e em segundo momento a realização de uma confraternização de final de ano para a comunidade acadêmica.

Para a realização desses dois momentos foram feitos trabalhos de prospecção de parceiras com entidades públicas e privadas, no qual os alunos do IFTM tiveram a oportunidade de realizar diversas reuniões, desenvolven-do o marketing de relacionamento da Instituição e engrandecerem sua “net-working”, ganhando um “Know-how” em realização de parcerias e eventos.

Os parceiros forma divididos em quatro grupos:•Meio Ambiente: Secretária Municipal de Meio Ambiente, Furnas, IMA,

Emater, Secretária Municipal de Agricultura;•Saúde Pública: Funasa, Secretaria Municipal de Saúde, Delegacia da Mul-

her, Posto de Saúde do Arraial D´Angola, Curso de Medicina da Faculdade Atenas;

•Cultura: Secretaria Municipal de Cultura, Casa de Cultura, Grupo Cenikas, Sesc;

•Recreação e Esporte: Secretaria Municipal de Esporte;As ações desenvolvidas ocorreram na Mostra dos Saberes e no Dia de

Descontração no Final do Ano Acadêmico no dia 04 de Dezembro de 2.013, foram realizadas as seguintes ações:•Construção de uma horta vertical com o plantio realizado pelos próprios

alunos da escola, sendo orientados e supervisionados por um engenheiro agrícola, tendo plantado cenoura, alface, couve, beterraba, salsinha, ce-bola de cabeça e de folha, rabanete e acelga.

•Ensino de uso de recicláveis para confecção de brinquedos e ornamentos para casa, com oficinas práticas desenvolvidas por profissionais especial-izados;

•Oficinas de teatro e dança com apresentações realizadas pelos próprios alunos ao final do evento;

•Um curso de defesa da mulher e como cobrar seus direitos na prevenção de atos de violência e exploração sexual;

•Aferição de pressão e glicemia dos moradores da comunidade, bem como a conscientização de ações de melhoria da qualidade de vida através de hábitos mais saudáveis.

•Ação com a comunidade contra a Dengue, ensinando desde a conscien-tização até a confecção de armadilhas para o mosquito e ações locais que

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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podem ser realizadas pelos mesmos em suas moradias, finalizando com uma caminhada de conscientização no bairro;

•Jogos esportivos que contemplam desde jogos antigos como queimada, futebol de casal, circuito de atividades, amarelinha, pique-bandeira e twist-er até jogos eletrônicos de interação com Kinect;

Considerações Finais A experiência significou, principalmente, a possibilidade de qualificação dos discentes envolvidos no projeto, desenvolvendo suas inteligências múltiplas em prol do próximo, desenvolvendo a visão holística da responsabilidade social dentro da comunidade a qual estão envolvidos, enfatizando suas raízes e origens.

Entendendo a relevância de estratégias de interação social eficazes e efi-cientes para atingir as pessoas que querem ou precisam de ações efetivas de fomento e incentivo a melhoria da qualidade de ensino nas escolas públicas, sem perder a relevância social local, mas que, por razões diversas, podem se afastar do contexto de vida e comunidade local ao qual estão inseridos, salienta-se a efetividade deste projeto na minimização da possibilidade de engajar os alunos de forma dinâmica ao processo de ensino aprendizagem, respeitando a independência e autonomia, estabelecendo elos entre a apren-dizagem e a experiência de vida e o convívio social.

O Projeto de Interação com a Comunidade na Escola Estadual Dom Se-rafim Gomes Jardim conseguiu atingir todas as demandas solicitadas pela comunidade acadêmica, porem no caso da horta acadêmica, deve-se fazer ações de automação e irrigação inteligente, pois constatou-se que a manu-tenção da mesma, para obtenção de eficiência,não foi realizada de forma sistemática pelas pessoas da comunidade acadêmica. Nessa premissa, cons-tatou-se a necessidade de implementação, com métodos de automação e irrigação inteligente, visando economia de mão de obra, de água e melhoria naeficácia do projeto da horta. Essas ações já foram prospectadas para o ano de 2.014.

Conclui-se que este projeto deve ser ampliado e ofertado as outras es-colas públicas da cidade de Paracatu nos anos seguintes, pois dessa forma o IFTM -Câmpus Paracatu estará cumprindo sua missão, uma vez que ao aplica-lo promove a uniãoda sua capacidade científica e tecnológica com as

Interação nas escolas públicas

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necessidades da sociedade, fomentando a pesquisa, o crescimento, o empre-endedorismo e o desenvolvimento da responsabilidade social dos alunos ao disseminar o conhecimento adquirido no Instituto.

ReferênciasBROWN, T. Design Thinking: Harvard Business Review, 2008.

MARTELETO, R.M, SILVA, A.B.O. Redes e capital social: o enfoque da infor-mação para o desenvolvimento local.Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 3, p.41-49, set./dez. 2004 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a06v33n3.pdf Acesso em 15 out 2012

RICO, E.M., A responsabilidade social empresarial e o Estado: uma aliança para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Em Perspectiva, 2004.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de origem animal

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Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de ori-gem animal

Resumo

1 Isaura Maria Ferreira 2 Jessie Divina Silva Rezende 2 Suzana Cintra Alves 3 João Vitor P. Ferreira.

Fontoura 3 Júlio Henrique O. Silva 3 Matheus da S. Belezário 3 Pedro Henrique P. Franco. Martins 3 Vinícius de Carvalho

Os pequenos produtores possuem dificuldades de acesso às in-

formações sobre legislação e adoção de Boas Práticas de Fabri-

cação (BPFs). Os alimentos de origem animal oferecem condições

intrínsecas favoráveis à contaminação e proliferação microbiana.

Devido a essa condição é necessária uma atenção maior a orien-

tação para o manejo adequado no momento da obtenção dos

mesmos. Objetivou-se com este trabalho desenvolver materiais e

utensílios que permitam os pequenos produtores para uma obten-

ção higiênica e sanitária de alimentos provindos de animais, melho-

rando a qualidade desses produtos. Serão oferecidos treinamentos

e capacitação referentes às BPF’s e outras práticas comuns em pro-

priedade rural; utilizando-se de palestras, minicursos, cartilhas em

linguagem simples e confecção de utensílios com materiais reuti-

lizados para os produtores rurais de Ituiutaba e cidades vizinhas. O

trabalho foi baseado em referências bibliográficas de órgãos gover-

namentais diretamente ligados ao setor de produção e publicações

na área. Espera-se assim que estes diminuam custos na produção,

agreguem valor aos seus produtos aumentando a renda familiar;

com intuito de produzir alimentos seguros e saudáveis, visando

à saúde da população.A participação dos discentes neste projeto

trouxe um aprendizado significativo para toda equipe.

1 Mestre em Ciências Veterrinárias -PEBTT- Câmpus Ituiutaba- [email protected] 2 Técnico em Agroindústria Concomi-tante- Formação. Bolsista de extensão do programa de apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/12. 3 Técnico em Agroindústria Integrado Formação. Bolsista de extensão do programa de apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/12. 3 Técnicos em Agro-indústria Bolsistas -Voluntários

Palavras-chave:

Capacitação

Produtor Rural

Alimentos

Saúde Pública

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoA agroindústria familiar merece atenção especial pela dificuldade de acesso às informações. Por outro lado, a adoção de Boas Práticas de Fabricação (BPFs) exige largas doses de comprometimento de todo o pessoal envolvido no pro-cessamento. Tão importante quanto identificar os pontos críticos de contami-nação e implementar as soluções adequadas é a mudança de comportamento e de hábitos arraigados, muitas das vezes difíceis de serem controlados.

Segundo Deves e Filippi (2008) o produtor rural tem buscado várias for-mas de sobrevivência, ora através da diversificação, ora com a intensificação de atividades tecnificadas, ou exigentes em capital, ora em mão de obra, como nos policultivos, ou na produção de leite, suínos, bem como, em ex-periências de agregação de valor (agroindústrias) aos produtos que anterior-mente eram fornecidos in natura, entre outras atividades.

Do plantio ou criação, até a mesa do consumidor, os alimentos passam pelas etapas de manipulação, tecnologia de fabricação, limpeza dos equipa-mentos um longo trajeto, pontuado por riscos de contaminação e, com isso, a qualidade dos produtos poderá estar em risco. A falta de cuidados com a segurança e a qualidade dos alimentos pode ter um alto custo para toda a sociedade (SENAI; SEBRAE, 2003).

Portocarrero e Kososki (2006) relata a visão atual do consumidor, o con-ceito de qualidade de um alimento engloba não só as características de sabor, aroma, aparência e padronização, mas também a preocupação em adquirir alimentos que não causem danos à saúde. Amparado pelo Código de Def-esa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11/09/1990), que estabelece direitos básicos como proteção à vida, saúde e à segurança contra riscos provocados por produtos e serviços, o consumidor tem o direito à garantia de qualidade, a aquisição de alimento seguro e a informação clara e precisa a respeito dos alimentos adquiridos.

De acordo com Chesca et al. (2001) e Jay (2005), os produtos de origem animal são os que mais oferecem condições para o desenvolvimento micro-biano devido suas características intrínsecas e a maneira como são expostos á venda. Conforme Palú e colaboradores (2002) a condição de armazenamento do alimento durante sua distribuição também apresenta riscos, pois a ma-nutenção das amostras em temperaturas inadequadas por longo período, as-sociada á possibilidade da contaminação cruzada, representam um potencial

Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de origem animal

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risco quando da ingestão de alimentos. Neste contexto a Segurança alimen-tar, torna-se importante para a saúde pública ao se considerar os dados atuais referentes ao aparecimento ou re-emergência de diversas doenças veiculadas por alimentos (NASCIMENTO, 2002).

O objetivo deste trabalho foi conscientizar os alunos da importância da higiene na obtenção de produtos de origem animal e com isto sensibilizar os pequenos produtores desta importância. Mostrando que é possível diminuir custos na produção, agregar valor aos produtos comercializados, aumentar a renda familiar, produzir alimentos seguros e saudáveis visando à saúde pública.Para isto foi confeccionado cartilhas e palestras para treinamento.

DesenvolvimentoAs boas práticas são importantes para todos os produtores rurais, inde-pendente do tamanho do seu negócio, pois visam assegurar a qualidade dos produtos produzidos na propriedade e contribuir para o aumento da produção. No caso especial do pequeno produtor, as boas práticas são mais fáceis de serem assimiladas, uma vez que nesses estabelecimentos normal-mente não existe rotatividade de mão de obra, pois as atividades geralmente são feitas pelo produtor e sua família. Então, desde que o produtor tenha comprometimento e compreensão dessas atividades, as boas práticas são rapidamente assimiladas. (Guaraldo, 2004).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, a agro-pecuária familiar reúne 13,78% milhões de pessoas, 77% do total de agricul-tores e detém 85,2% dos estabelecimentos agrícolas do país. Os Agricultores familiares são responsáveis por 38% do Valor Bruto da Produção Agro-pecuária Nacional, recebendo apenas 25,3% do financiamento destinado a agricultura (MADAETS, 2006). Quanto à produção para fins alimentares, a Agricultura Familiar responde por 60%, ou seja, a maior parte, dos alimentos que são consumidos pela população do país (MDA, 2006). Dentre alguns dos principais alimentos da cesta básica nacional, a Agricultura Familiar re-sponde pela produção interna de 85% da mandioca, 75% da cebola, 74% dos suínos, 70% do feijão, 70% do frango e 69% das hortaliças. No caso do leite, principal produto do setor, 82% dos estabelecimentos rurais produtores são de Agricultura Familiar, de um total de 1,8 milhões de estabelecimentos (INCRA/FAO, 2000).

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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A proposta do plano do bolsista é desenvolver material didático, desen-volver aula práticas sobre obtenção higiênica de alimentos e com isto realizar capacitação de pequenos produtores rurais no que tange a higiene e segu-rança alimentarem de produtos de origem animal, que são comercializados na cidade de Ituiutaba. Por meio deste trabalho o mesmo aprenderá a realizar levantamentos bibliográficos; conhecer e aplicar as boas práticas de fabricação; ministrar treinamentos, visando uma melhor obtenção de matéria-prima, reali-zar relatórios referentes às atividades, manuscritos para publicação. O discente exercerá papel fundamental na educação do pequeno produtor provocando mudanças de comportamento, objetivando desenvolvimento social, econômi-co-financeiro, melhoria na qualidade de vida, com a produção de alimentos respeitando o meio ambiente. Também visa a estimular a participação do dis-cente na extensão como prática acadêmica, contribuindo com as atividades de ensino, pesquisa e extensão do IFTM.

MateriaisMaterial didático como cartilhas em papel A4, com ilustração manual; e apresentação em multimeios (slides); confecção de utensílios de material re-ciclável para demonstração de higienização de tetos antes da ordenha man-ual; folders para apresentação em eventos.

Métodos •Realizou-se a primeira reunião do grupo, discutiram-se propostas, de como

seria feito a preparação de materiais didáticos para, serem apresentados aos produtores; bem como seria o procedimento.

•Dividiu-se a turma em dois grupos para o levantamento teórico e a con-strução de duas cartilhas com os seguintes temas “Boas práticas na ordenha manual” e “Boas práticas de vacinação”. Além das cartilhas foi proposta a preparação de minicursos e palestra sobre estes temas por cada grupo e a busca de materiais de fácil preparação, obtenção e de baixo custo para o produtor. Ao treiná-los levaríamos uma proposta de confecção dos seus próprios utensílios sem gastos, estimulando a sustentabilidade, praticidade e acesso a estes materiais.

•Estipulou-se inicialmente que nossas reuniões seriam realizadas, todas as quintas com a orientadora e todo o grupo para, troca de ideias e supervisão

Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de origem animal

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da orientadora. A orientadora pediu a leitura do projeto e que os integran-tes buscassem informações de sites de órgão que dão apoio ao pequeno produtor.

•Levantou-se o material teórico e pesquisas bibliográficas sobre boas práti-cas de ordenha e Boas práticas de vacinação, como proceder corretamente e quais os problemas causados quando não se procede corretamente, gas-tos com o tratamento de tetos com mastite, entre outras informações rel-evantes.

•Assistiu-se a um vídeo do programa Dia do Campo na TV. Nesse vídeo apresentou-se a importância dos procedimentos operacionais padroniza-dos (POP’s), procedimento padrão de higiene operacional (PPHO), a im-portância da higienização das instalações, móveis, equipamentos e utensí-lios; o uso de água potável; higiene e saúde dos manipuladores; descarte correto do leite contaminado e manipulação correta de alimentos de ori-gem animal.

•Pesquisou-se no manual de Recomendações Básicas para a Aplicação das Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação na Agricultura Familiar; orga-nizado Fénelon do Nascimento Neto, material da Embrapa.

•Pesquisaram-se materiais bibliográficos e levantamento de ideias para construção de materiais práticos e de fácil confecção para os pequenos produtores.

•Selecionaram-se os materiais encontrados e organização do conteúdo para construção de cartilha ilustrada dos procedimentos na ordenha manual, assim como dicas pra o produtor.

•Construiu-se um utensílio similar ao usado no pré-dipping, com uma gar-rafa pet de 600 mL e uma embalagem de detergente.

•Construiu-se também um utensílio para colocar no cinto do produtor com duas garrafas pet. De um lado coloca-se o papel toalha e o outro joga o papel já usado para enxugar os tetos da vaca. Porém só segundo equipa-mento foi aprovado, os primeiros por ser frágeis continua em teste para encontrar outro material.

•Iniciou-se a construção das cartilhas com a orientação das orientadoras bolsistas.

•Reuniu-se para trocas de ideias para a cartilha e revisão ortográfica.•Reuniu-se para continuação da cartilha com as alunas bolsistas; e estudou-

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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se a possibilidade de um novo utensílio similar ao pré-dipping, elaborou-se uma apresentação em slides sobre as cartilhas.

•Participaram-se como ouvintes na “Palestra ao pé da vaca – Qualidade e Manejo do leite”; ministrada pelo professor doutor Manoel Dantas, du-rante a Feciagro 2013.

•Procurou-se o ilustrador (desenhista) para os desenhos da cartilha, escol-heu-se quais os desenhos seriam colocados e corrigiu-se ortografia, com-plementou-se o conteúdo da cartilha.

•Construiu-se um novo utensílio com uma garra pet de 600 mL e um bor-rifador de água.

Considerações finaisOs projetos extensão oferecidos pelo IFTM oportuniza a “prática acadêmi-ca” interligando a Instituição nas suas atividades de ensino e pesquisa com as demandas da população. Os resultados alcançados pelos discentes foram à participação no 3° Seminário de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (SIN). Os dois temas das cartilhas foram inscritos na Mostra de (MOCT) sendo que o trabalho referente às boas práticas na ordenha obteve o primeiro lugar na área de ciências agrárias e de boas práticas de vacinação o terceiro lugar. O projeto despertou interesse não só pela bolsa oferecida, pois número de discentes voluntários foi grande, mostrando assim interesse em participar da divulgação de conhecimentos.

ReferênciasCARVALHO FILHO, O. M.; et al.. Sistema de ordenha higiênica para peque-nos produtores de leite no semi-árido. In: ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PRODUÇÃO DO SEMI-ÁRIDO, 6, 2004. Sergipe. Aracaju. Anais...Sergipe Aracaju, 2004.

CHESCA, A. C. et al. Levantamento das temperaturas de armazenamento de carnes em açougues e supermercados de Uberaba, MG. Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n.84, p51-55, maio, 2001

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DEVES, O. D. ; FILIPPI, E. E. A Segurança alimentar e as experiências das políticas agro-alimentares locais no fortalecimento da agricultura familiar. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE LA RED SIAL ,MAR DEL PLATA ARGEN-TINA, 4, 2006. Argentina. Anais... Argentina, 2006

GUARALDO, M. C. Boas práticas na ordenha para sistema de produção de leite, 2012. disponível em: http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/pro-gramacao /2012/boaspraticas-na-ordenha-em-sistemas-de-producao-de-leite/RELEASE%2034%20ne.mp3/view Acesso 08 de 2012

INCRA/FAO. Novo Retrato da Agricultura: o Brasil redescoberto. Brasília: MDA, 2000

JAY, J. M. Microbiologia de Alimentos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MEDAETES, J. P et al., Agricultura familiar e uso sustentável da agrobiodiver-sidade nativa. Programa Biodiversidade Brasil- Itália, Brasília-DF, 2006. 172p.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Desenvolvimento Agrário como estratégia: balanço MDA, 2003-2006. Porto Alegre: Nead, 2006, p. 25.

NASCIMENTO, S. P. Rastreabilidade assegura qualidade da carne bovina. Re-vista Higiene Alimentar, São Paulo, v.16, n.68-74, mar.2002

PALÚ. A.P. Avaliação microbiológica de frutas e hortaliças frescas, servidas em restaurantes self-service privados, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Revista Higiene Alimentar, v.16, p. 67-74, 2002

PORTOCARRERO, M.A.; KOSOSKI, A.R. Segurança Alimentar – Política de Estado, Revista AgroAnalysis. Jul., 2006

SENAI, SEBRAE. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Alimentos Seguros do Campo à Mesa. 2. ed. Brasília: Senai, 2003. 13p.

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A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural

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A Semana da Família Rural – diálogo entre o en-sino, a pesquisa e a comunidade rural

Resumo

1 Leila Márcia Costa Dias 2 Maria Aparecida de Lima 2 Adriana Silva de Souza Vieira 2 Márcio Henrique Ferreira Junior 2 Mariana Rodrigues Silva 3 Tamires Ferreira de Freitas 4 Adriele Lima Alves 4 Bethânia Ferreira e Silva 4 Bianca Naves Silva 4 Carlos Henrique Pereira 4 Diogo César Pasiani Dias 4 Gabriel Moreira Ramos 4 Gabriel Vitório Soares Pereira 4 Gabriel Moreira Ramos 4 Gabriel Vitório Soares Pereira 4 Guilherme Gondim de Morais 4 Gustavo Alves Marques 4 Helen Catrine Gonçalves Borges 4 Humberto Machado Borges Neto 4 Hygor Luís Gonçalves de Fátima 4 Lindomar Pereira da Silva Filho 4 Maria Vitória Prado Monteiro 4 Mateus Minaré Tizzo 4 Mateus Vidal Magalhães 4 Maxwel Claudo-miro 4 Mônica Aparecida Ribeiro 4 Paulo Naves Júnior 4 Paulo Henrique da Silva Ferreira 4 Steffany Cristiny Silva 4 Victor Velasco Cunha 4 Vinícius dos Santos Peres 4 Weverton de Oliveira Fernandes 5 Janna Nayad de Souza Castro 5 João Paulo de Oliveira 5 Kathleen Siqueira Silva 6 Athos Gabriel Gonçalves Nascimento 6 Enock Borges Júnior 6 Gabriel Moreira Ramos 6 Igor Gabriel de Paulo 6 Leo-poldo Faria Santana 6 Lorrayne Lucinda Silva 6 Luana Rodrigues da Cruz 6 Mariane Pereira Riceto 6 Pablo José Fernandes de Almeida 6 Siro Paulo Moreira 6 Talles Narval Brandão 6 Thales Marques Ribeiro 6 Willian Rodrigues Valadares

O presente relato apresenta ações e experiências desenvolvidas durante a organização e realização da 25ª Semana da Família Ru-ral, realizada no IFTM Câmpus Uberlândia, no período de 10 a 13 de julho de 2013. Este evento de extensão é realizado em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais –EMATER/MG, Prefeitura de Uberlândia, por meio da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento, e Cooperativa Escola dos Alunos do Instituto Federal de Triângulo Mineiro Câmpus Uberlândia. É dirigido a agricultores e seus fa-miliares, oriundos de diversos municípios do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Goiás. Tem como objetivo proporcionar qualificação e aperfeiçoamento do conhecimento técnico e admin-istrativo, por meio de cursos nas áreas de agropecuária, agroindús-tria, artesanato, meio ambiente, administração rural e informática. Proporciona também o acompanhamento das tendências de mer-cado, além de propiciar oportunidades de integração e trocas de experiências entre os participantes.

1 Mestre em Geografia, Técnica em Assuntos Educacionais, [email protected]. 2 Especialista em Gestão de Políticas Públi-cas, responsável pela Coordenação de Integração Escola –Comunidade – CIEC do IFTM Câmpus Uberlândia, [email protected]. 3 Graduandos do curso de Tecnologia em Alimentos do IFTM Câmpus Uberlândia, Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected]. 4 Estudantes do curso Técnico em Agropecuária do IFTM Câmpus Uberlândia, Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected]. 5 Estudantes curso Técnico de Manutenção e Suporte em Informática do IFTM Câmpus Uberlândia, Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected]. 6 Graduandos do curso de Engenharia Agronômica do IFTM Câmpus Uberlândia, Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected].

Palavras-chave:

Semana da Família Rural

Qualificação

Aperfeiçoamento

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IntroduçãoA articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão é fundamental no pro-cesso de produção do conhecimento, pois permite estabelecer um diálogo entre o saber científico e a realidade econômico-social. Buscando promover esse diálogo é que o IFTM Câmpus Uberlândia realiza a Semana da Família Rural, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Ru-ral do Estado de Minas Gerais – EMATER/MG, Prefeitura de Uberlândia, por meio da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento, e a Cooperativa Escola dos Alunos do Instituto Federal de Triângulo Mineiro Câmpus Uberlândia.

A Semana da Família Rural tem periodicidade anual e foi realizada pela primeira vez em 1980 tendo recebido, àquela época, o nome de “Semana do Produtor Rural”. O objetivo é promover a qualificação e aperfeiçoamento do conhecimento técnico e administrativo do trabalhador do campo e seus familiares, em sintonia com os arranjos produtivos e com vistas a promover o desenvolvimento social e econômico local e regional. Proporciona, também, o acompanhamento das tendências de mercado e oportunidades de integra-ção, lazer e troca de experiências entre os participantes.

Primeiramente os cursos ofertados compreendiam as áreas de agricul-tura e pecuária. Com o passar do tempo e o surgimento de novas neces-sidades de capacitação, foram sendo organizados novos cursos e, atual-mente, abrangem também a agroindústria, o artesanato, o meio ambiente e a administração rural.

Esse movimento evolutivo foi, ao longo do tempo, conferindo ao evento um caráter de união familiar e fortalecimento da propriedade rural pois, se no início contava-se quase que exclusivamente com a participação do principal responsável pela núcleo familiar rural (geralmente o pai), a oferta de novos cursos ampliou as oportunidades de capacitação e atraiu outros membros da família (esposas, filhos e filhas). Diante dessa realidade, foi criado “Encontro da Mulher Rural”, paralelamente à “Semana do Produtor Rural” e finalmente, após alguns anos, adotou-se o atual nome: Semana da Família Rural.

O planejamento que antecede a realização da Semana foi conduzido por uma equipe constituída por docentes, técnicos administrativos e estudantes dos cursos técnicos e de graduação do IFTM Câmpus Uberlândia e equipes

A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural

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das instituições parceiras. As providências foram divididas entre os envolvi-dos e contou-se, também, com o apoio: da Diretoria de Pesquisa, Ensino e Extensão (e suas respectivas coordenações-gerais) e dos setores de Apoio ao Estudante, Audiovisual, Mecanografia, Serviços de Apoio e Refeitório. Apresenta-se a seguir as atividades desenvolvidas, culminando com a real-ização da 25ª Semana da Família Rural.

DesenvolvimentoA etapa preparatória é realizada no primeiro semestre do ano, em que são pensados os cursos a serem ofertados, definidos os coordenadores7 bem como as demais atividades (técnicas e/ou culturais) e o pessoal necessário para o evento, com base na avaliação da Semana do ano anterior.

Na sequência, são elaborados os conteúdos programáticos dos cursos, definidos os palestrantes8, planejadas as providências quantos aos materiais, equipamentos e transporte necessários, indicados os locais de realização de experimentos prévios e os de realização de cada curso, levando-se em conta a natureza dos mesmos (por exemplo, cursos de processamento artesanal de alimentos são ministrados nas plantas agroindustriais). Nesse momento são pensadas também as ações de divulgação e os meios a serem utilizados (folder, panfleto, cartaz, banner e internet), bem como o mecanismo de re-cepção das inscrições.

Primeiramente, definiu-se que a divulgação seria realizada por meio de meio de um sítio eletrônico, folders e cartazes. No sítio eletrônico constaram a lista dos cursos, as respectivas vagas e orientações sobre procedimentos de inscrição. Esse mecanismo facilitou o acesso dos(as) interessados(as) e a es-colha do curso adequado à sua necessidade. Nessa etapa os alunos do curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática do IFTM Câmpus Uber-lândia tiveram a oportunidade de colocar em prática os seus conhecimentos pois, ficaram sob a responsabilidade deles a elaboração do sítio eletrônico e a arte do material a ser impresso em gráfica.

7 Para cada curso da Semana da Família Rural é escolhido um coordenador, de acordo com a afinidade entre a sua área de atuação e do curso coordenado, que fica responsável, por organizar o conteúdo programático, os respectivos ministrantes e solicitar os materiais e equipamentos necessários à sua realização. 8 São chamados palestrantes, profissionais de áreas específicas, convidados pelos organizadores do curso, para ensinar sobre determinada parte do conteúdo programático. Atuam como palestrantes professores, estudantes, profissionais das instituições parceiras e de empresas e/ou órgãos públicos.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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A equipe da Emater/MG, por meio de seus escritórios regionais em Uber-lândia e região, responsabilizou-se pela recepção das inscrições e acompa-nhamento do preenchimento das vagas. Auxiliou também a providenciar os materiais e equipamentos necessários aos cursos, sobretudo os das áreas de artesanato e processamento artesanal de alimentos.

Com relação aos materiais necessários à realização dos cursos, cada co-ordenador encaminhou uma lista à equipe responsável pelo evento. Os ti-pos de materiais e/ou serviços variam de acordo com os cursos e incluem: transporte para palestrantes e visitas técnicas; equipamentos de multimídia (projetor e computadores); apostilas; gêneros e embalagens para os cursos de processamento de alimentos; insumos para os da área de agricultura e pecuária; materiais específicos para cursos de artesanato e os de consumo geral (papéis, canetas, lápis e pasta).

A organização de cada curso ficou sob a responsabilidade de um docente ou técnico administrativo (do Câmpus Uberlândia e do Câmpus Uberlândia Centro) ou extensionista da Emater-MG, de acordo com a área de trabalho/saberes de cada um, com a participação de um(a) bolsista, selecionado(a) por meio de edital.

A culminância foi a realização da 25ª Semana da Família Rural, no período de 10 a 13 de julho de 2013 e que contou com 629 pessoas inscritas, dentre produtores rurais, seus familiares e demais interessados, alcançando o mu-nicípio de Uberlândia e outros, situados principalmente nas regiões do Triân-gulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Goiás. Foram ofertados os seguintes cursos, de acordo com as áreas: 1. Agropecuária: Apicultura, Avicultura Caipira, Bovinocultura de Leite, Ca-

feicultura, Cana-de-Açúcar: Processamento de Cachaça, Cultivo de Flores-tas Plantadas e Tratamento de Madeira, Cultivo de Hortaliças, Fruticultura – Pomar Doméstico, Integração, Lavoura, Pecuária, Floresta, Jardinagem e Paisagismo, Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas, Piscicul-tura – Convencional, Piscicultura Tanque-Rede.

2. Administração Rural: Como Gerir uma Propriedade Rural. 3. Agroindústria: Processamento Artesanal de Carnes – Defumação, Pro-

cessamento Artesanal de Derivados do Leite, Processamento Artesanal de Farinhas e Farináceos, Processamento Artesanal de Frutas, Proces-samento Artesanal de Pimentas e Vegetais.

A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural

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4. Artesanato: Artesanato em Couro, Flores com Folhas do Cerrado, Bon-eca de Pano e Eco-Bag, Bordado a Mão, Macramê, Sabonetes Artesanais e Medicinais.

5. Meio Ambiente: Produção de Mudas Nativas, Manejo, Conservação e Recuperação de Nascentes e Áreas Degradadas, Recuperação de Pasta-gens Degradadas.

Os cursos mais procurados foram o de Produção de Mudas Nativas, Manejo, Conservação, Recuperação de Nascentes e Áreas Degradadas, Pisci-cultura Tanque-rede, Piscicultura Convencional, Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas, Bovinocultura, Cultivo Orgânico de Hortaliças e Processamento Artesanal de Derivados do Leite.

Paralelamente aos cursos, nos horários de intervalo (almoço e final da tarde), foram ofertadas aos cursistas as atividades: 1. Roda de Conversa “Gestão de Recursos Hídricos”; 2. Palestra “Combate ao Agrotóxico”; 3. Orientações sobre Inspeção Municipal; 4. Câmara Itinerante; 5. Atendimento jurídico - família, criminal, cível e previdenciário; 6. Campanha de vacinação anti-rábica;7. Plantões Técnicos: •Atendimento aos programas: Aquisição de Alimentos, Leite, Horta, Man-

dala, Piscicultura, Feira Urbana, Feira de Produtos Rurais, Pró-pão, Segu-rança Alimentar e Nutricional;

•Informações em: Crédito Rural, PRONAF, DAP, Piscicultura, PAA, PNAE, Associativismo, Cooperativismo, Agroindústria, Artesanato e Habitação Rural;

•Regularização ambiental da propriedade rural e assessoria jurídica na área rural;

•Agroindústria de Pequeno Porte.Tais atividades foram realizadas com a participação dos parceiros do even-

to e, além dos benefícios trazidos à organização do trabalho na propriedade rural, proporcionaram integração entre os participantes e oportunidades de trocas de experiências.

Os(as) bolsistas, juntamente com o coordenador de cada curso, desen-volveram as seguintes atividades:

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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•organização de arquivos eletrônicos compartilhados pelos envolvidos no evento, que possibilitaram as inscrições, o acompanhamento destas pelos envolvidos e registro de atividades;

•elaboração de arte para impressão de material gráfico de divulgação do evento (cartazes e folders);

•organização dos cursos (definição dos temas, palestrantes e convites);•organização de palestra ou tópico específico, sob orientação do coordena-

dor do curso (orientador);•implantação e acompanhamento de experimentos para demonstração du-

rante a Semana; •Apresentação de resultados do projeto de extensão: Perdas na colheita

mecanizada no curso de manutenção de máquinas e implementos agrí-colas.Também auxiliaram durante o evento na organização do credenciamento,

das apostilas e dos espaços físicos em que foram realizados os cursos. Con-tribuíram com os coordenadores de curso nos registros de frequência dos cursistas; nas visitas técnicas; na realização de aulas práticas nos setores de bovinocultura, olericultura, piscicultura, suinocultura, avicultura, apicultura, fruticultura, bem como nas plantas agroindustriais de carnes, vegetais e leite. Responsabilizaram-se, ainda, pela aplicação da avaliação aos cursistas e im-pressão dos certificados, colaborando na entrega dos mesmos.

Entendemos que para o estudante esse trabalho oportuniza o contato com o produtor para que conheça a realidade do mesmo, aprenda e possa agregar conhecimentos no sentido completo da extensão acadêmica.

Conclusão Por meio de depoimentos colhidos na avaliação feita pelos cursistas e com base nas experiências vivenciadas pela equipe responsável pela organização e realização do evento, podem ser considerados pontos fortes da 25ª Se-mana da Família Rural: •A sua abrangência, que possibilita alcançar uma quantidade significativa

e pessoas;•A qualidade e a diversidade dos cursos, em consonância com os arranjos

produtivos locais e regionais;•As atividades técnico-científicas desenvolvidas;

A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural

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•A participação dos docentes, técnicos-administrativos e estudantes do IFTM Câmpus Uberlândia e das instituições parceiras;

•As parcerias, fundamentais para a organização, divulgação e realização do evento e que contribuem para a consolidação do IFTM, no cenário local e regional, como instituição geradora de conhecimentos técnicos-científicos que contribuem para melhorar a qualidade do trabalho (e da vida) da co-munidade.

•As atividade complementares desenvolvidas paralelamente aos cursos, que contribuíram significativamente para enriquecer o evento e incre-mentar as possibilidades de aprendizagem e de interação entre os cur-sistas.A promoção do encontro entre estudantes, docentes e agricultores pos-

sibilitou aos discentes vivenciarem a prática do ensino comprometido com demandas reais, levando conhecimento aos produtores, mas também apren-dendo e gerando conhecimento.

Algumas dificuldades como atrasos na aquisição de materiais e serviços e a necessidade de melhorar a logística das visitas técnicas apontam que o planejamento com maior antecedência é fundamental para garantir o aten-dimento satisfatório a essas ações.

Identificou-se também a necessidade de intensificar orientações prévias e acompanhamento dos alunos bolsistas, com vistas a auxiliá-los no desen-volvimento de estratégias na ação extensionista.

Em sentido amplo, além de capacitar os produtores rurais nas áreas dos cursos ofertados e possibilitar a aplicação de conhecimentos constituídos no âmbito do espaço escolar, a Semana da Família Rural também proporcionou a integração da Instituição com a sociedade, no cumprimento de seu papel de criar soluções que agreguem melhorias na qualidade de vida da comu-nidade. Assim, considerando a extensão como uma troca de saberes, a 25ª Semana da Família Rural possibilitou a interação do Instituto (por meio dos estudantes, docentes e técnicos-administrativos) com as necessidades da ca-pacitação profissional de pessoas que desenvolvem ou desejam desenvolver atividades produtivas do setor rural.

Propiciar a profissionalização do(a) agricultor(a) familiar faz com este possa, a partir do que aprendeu, melhorar a qualidade da sua produção e agregar-lhe valor. Na medida em que se profissionaliza, constrói e solidifica

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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os seus próprios meios de sobrevivência, inserindo-se e permanecendo no mundo do trabalho. Essa capacitação e aperfeiçoamento profissional contri-bui para elevar a qualidade de vida no meio rural, na medida em que possi-bilita melhorar as condições de produção e do próprio trabalho, por meio do emprego de conhecimentos/técnicas que possibilitam melhorar o produto ou serviço, aumentar a produção e, consequentemente a renda. Essa é uma ma-neira eficaz de inclusão social, na medida em que o trabalho no meio rural é valorizado e é capaz de criar e manter condições dignas de subsistência para o(a) agricultor(a), evidenciando relevante o papel social da extensão, na me-dida em que leva para a sociedade o conhecimento que pode ser aplicado, que auxilia na melhora das condições de trabalho e de vida das pessoas.

Referências

INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO – IFTM. 24ª Semana da Família Rural - projeto. Uberlândia: Coordenação de Integração Escola Co-munidade do Câmpus Uberlândia - CIEC, 2013.

_______. Resolução nº 27/2012. Aprova o Regulamento das Atividades de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Uberaba: CONSUP, 2012.

_______. Resolução nº 139/2011. Dispõe sobre a aprovação da Regulamen-tação das Atividades de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Uberaba: CONSUP, 2011.

Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

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Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

Resumo

1 Carlos Humberto 2 Flávio Borges 3 Luís Felipe Barroso 4 Maria de Lourdes Ribeiro Gaspar 5 Maria

Fernanda Ruggiero 6 Polyana Aparecida Roberta Silva 7 Sírley Cristina Oliveira

A segunda etapa do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Inter-

locução com a Cultura Negra em Uberlândia, continuou circun-

scrito no Patrimônio, um bairro historicamente constituído por

negros, a maioria descendentes de escravos. A problemática da

pesquisa convergiu para as seguintes questões: Como os jovens

que habitam e frequentam o bairro Patrimônio enxergam a sua

história? - Esses jovens, essas crianças entre 08 e 15 anos conhe-

cem as práticas culturais e artísticas dos negros? - Eles percebem

as transformações, os valores da modernidade, do progresso que

vem suplantando a cultura e a história da comunidade afrode-

scendente da cidade de Uberlândia? Como a informática e as

diferentes tecnologias computacionais podem ser utilizadas para

divulgar a cultura e a história dos negros do Patrimônio?Para

responder a essas questões optamos por trabalhar com as crian-

ças, os jovens que frequentam o Centro de Formação do bairro

Patrimônio. Alguns são moradores, outros são frequentadores as-

síduos do Patrimônio, pois estudam no Centro de Formação e tem

contato direto com a cultura negra do bairro. Com esta perspectiva

de trabalho, aliamos a educação computacional aos temas da cul-

tura dos afrodescendentes do bairro Patrimônio, ou seja, a fim de

responder a problemática da pesquisa oferecemos aulas de infor-

mática que tratasse tanto das linguagens formais do computador

quanto do embasamento teórico que fundamenta a história dos

negros do Patrimônio.

1 Aluno e bolsista do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro/ [email protected] 2 Aluno e bolsista do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro/ [email protected] 3 Aluno e bolsista do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro/ [email protected] 4 Profa. MS da Área de Educação do Curso de Licenciatura em Computação. Campus IFTM Uberlândia Centro/[email protected] 5 Técnica em Assuntos Educacionais do Campus IFTM Uberlândia Centro/[email protected] 6 Profa MS. da Área de Educação do Curso de Licenciatura em Computação. Campus IFTM Uberlândia Centro/ [email protected] 7 Profa. Dra.de História da Educação do Curso de Licenciatura em Computação. Campus IFTM Uberlândia Centro/ [email protected]

Palavras-chave:

Bairro

Patrimônio

Afrodescendentes

Educação Computacional

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

88

IntroduçãoNesta segunda etapa o objeto de estudo do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia, continuou cir-cunscrito no Patrimônio, um bairro historicamente constituído por negros, a maioria descendentes de escravos. São homens, mulheres e crianças, todos trabalhadores, que com sua força de trabalho e experiência de vida ajudaram não só a construir a cidade de Uberlândia, mas a escrever a sua História.

Embora, o Patrimônio seja uma referência histórica para a cidade e região no que diz respeito à cultura e a identidade negra, muitas transformações vêm ocorrendo no bairro: moradores antigos estão partindo para outros setores da cidade, manifestações culturais e rituais da cultura negra apresen-tam fortes sinais de esgotamento e mais, os novos moradores não se iden-tificam com as práticas culturais e artísticas desenvolvidas pela população tradicional do bairro.

Em um passado longínquo, o Patrimônio foi à representação social do bairro pobre de Uberlândia, reconhecido simplesmente por habitar negros que trabalhavam na Charqueada Omega, no Frigorifico e em serviços in-formais nos diversos setores da cidade. Era o local onde residiam os homens de “pé vermelho”, ou seja, aqueles que tinham os pés sujos, empoeirados, marcados e sofridos pela labuta do dia a dia. Enfim, eram os trabalhadores pobres e negros de Uberlândia.

Mas as dificuldades sociais e econômicas não fizeram do bairro Patrimônio apenas um local de gente sofrida! Ao contrário, o bairro agregou de forma inventiva e com bastante originalidade as manifestações artísticas e culturais que deram identidade a população negra de Uberlândia. Foram os mora-dores do Patrimônio que protagonizaram a realização da Festa da Congada (festa religiosa em homenagem a nossa Senhora do Rosário e São Benedito), a capoeira, os grupos de folia de reis e as rodas de samba.

Atualmente, o bairro patrimônio não carrega - como no passado - a vi-talidade cultural e identitária da população negra de Uberlândia. As transfor-mações urbanísticas e as agressivas reformas nos espaços públicos da cidade, fez com que paulatinamente o Bairro Patrimônio abandonasse a sua carac-terização de bairro pobre e de negros. Sua localização privilegiada acabou se transformando em um dos lugares mais valorizados da cidade. Os lotes, os quintais das casas antigas e as ruas largas tornaram-se “produtos atrativos”

Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

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para o mercado imobiliário. Logo, o bairro começou a ser “povoado” por uma população branca e de posses, bem diferente da tradicional comuni-dade de negros.

Na primeira etapa do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra, entrevistamos tanto moradores que ainda perman-ecem no bairro, quanto os que já haviam se mudado. Ambos reconhecem o “embranquecimento do bairro” e as dificuldades em preservar a cultura e a identidade da comunidade negra que o habitava no passado. Mesmo assim, avaliam que as transformações urbanísticas, o progresso e a modernidade avassaladora que entrou no bairro, não foram capazes de destruir a cultura, a identidade, a arte e a historia dos negros. Para eles, existe resistência, existe luta da comunidade negra. A Congada permanece, os ternos sobre-vivem, a música negra ainda embala as atividades culturais do bairro, enfim o negro ainda tem voz e divulga a sua experiência. São, portanto, sujeitos de uma história.

Em suas narrativas, em seus depoimentos, em seus olhares a comuni-dade do Patrimônio considera o bairro como um “lugar de memória”, onde ainda se encontram os ternos de congada, a música negra, o carnaval popu-lar, a culinária antiga dos escravos, enfim a cultura e experiência histórica do negro.

Mas, se em meio às transformações urbanísticas e sociais pelas quais vem passando o Patrimônio, os antigos moradores ainda apresentam sentimentos de pertencimento ao bairro, ainda enxergam suas práticas culturais como manifestações de resistência e luta dos negros numa cidade de valores emi-nentemente brancos, a problemática que fundamenta a segunda fase desse projeto é a seguinte: - Como os jovens que habitam e frequentam o bairro Patrimônio enxergam a sua história? - Esses jovens, essas crianças entre 08 e 15 anos conhecem as práticas culturais e artísticas dos negros? - Eles percebem as transformações, os valores da modernidade, do progresso que vem suplantando a cultura e a história da comunidade afrodescendente da cidade de Uberlândia? Como a informática e as diferentes tecnologias com-putacionais podem ser utilizadas para divulgar a cultura e a história dos negros do Patrimônio?

Para responder a essas questões optamos por trabalhar com as crian-ças, os jovens que frequentam o Centro de Formação do bairro Patrimônio.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Alguns são moradores, outros são frequentadores assíduos do Patrimônio, pois estudam no Centro de Formação e tem contato direto com a cultura negra do bairro. Com esta perspectiva de trabalho, aliamos a educação computacional aos temas da cultura dos afrodescendentes do bairro Pat-rimônio, ou seja, a fim de responder a problemática da pesquisa oferecemos aulas de informática que tratasse tanto das linguagens formais do computa-dor quanto do embasamento teórico que fundamenta a história dos negros do Patrimônio.

O relato de experiênciaEducação Computacional, a História e a Cultura dos Afrodes-centes do Bairro PatrimônioA realização das oficinas ficou sob a responsabilidade dos bolsistas envolvi-dos no Projeto. O trabalho de pesquisa e a prática docente possibilitaram à produção de vários materiais didáticos relacionando o tema da educação computacional a questão dos afrodescendentes do Patrimônio. Entre as ofi-cinas realizadas pelos bolsistas do Curso de Licenciatura em Computação, a linguagem Word foi de fundamental importância, pois possibilitou aos es-tudantes contato com uma ferramenta imprescindível para a produção do conhecimento. A escrita digital possibilitou a construção de textos, poesias, depoimentos que apresentaram os olhares e as percepções que as crianças têm sobre o bairro Patrimônio. Assim, fez a poesia de Letícia Marcelly Silva Melo, aluna do Centro de Formação do Patrimônio e frequentadora das ofi-cinas de Informática do IFTM Campus Uberlândia Centro:

O bairro patrimônioCom muito harmônio

Cheio de emoçãoTraz muitas tradições.

Qual é o bairro?Qual é o bairro?Que tem belezasQue tem riquezasE deixa para trás As suas tristezas.Que tem culturasQue tem culturaQue tem doçura

Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

91

É o bairro patrimônioQue é cheio de harmônico.

Moradores, moradoresDá valores, dá valores

Nesse bairro tão lindo

Porque nele tem um povo unido.

Outra manifestação de respeito aos negros e ao bairro pode ser visual-izada na pequena, mas instigante poesia da estudante Amanda Agda Dias de Souza:

O Patrimônio é muito espacialPois tem muita cultura

E só coisa original

Os negros fez nossa cidadeFez o bairro Patrimônio

Agradeça todos elesPor sua lealdade.

Através da escrita digital exercitada nas Oficinas de Word, foi possível perceber que muitos estudantes enxergam o Patrimônio como um lugar da tradição africana. O olhar de Pedro Henrique Campos é significativo nesse sentido: “O bairro patrimônio é um local onde as tradições de origem afri-cana são mantidas. Há uma irmandade de Nossa Senhora dos Rosários dos homens de cor. são eles que organizam o basto do Rosário que se realiza no dia 13 de novembro”.

Já a poesia de Tália Gonçalves de Jesus, identifica o patrimônio como um lugar de negros que não admitem o racismo:

Do Patrimônio veio à escravidãoDa escravidão veio os negros

Dos negros veio os mulatos queAgora tomam contam do Patrimônio.

Patrimônio é um bairroOnde todos são aceitos

Sejam brancos, sejam negrosSejam pardos ou mulatos

Um bairro para unir o povo brasileiroUm bairro de gente não vive o racismo desordeiro.

O olhar de Saymor é salutar, pois identifica com clareza a relação pas-sado presente na história do bairro patrimônio. Observe sua fala: “No bairro patrimônio nos anos 60 não existia quase anda, nada como ruas de asfalto

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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praças e calçadas. Aqui somente uma fazenda com muitas discriminações. Na questão cultural até hoje existe o Congado, a Folia de Reis e o Carna-val”. A percepção de Amanda Agda também converge para a relação pas-sado presente: “eu penso que podia deixar a cultura e as casas antigas, pois se uma pessoa “renovada” que não conhece casa antiga, pode vir ao bairro e saber como era antigamente”.

Quando perguntados sobre as manifestações culturais do bairro Pat-rimônio, as respostas indicaram respeito e valorização pela cultura do negro. O olhar de Geovana Ramos dos Santos exprime esses sentimentos: “Eu acho muito legal a cultura dos negros. eu me pergunto: como eles criarão tudo isso? A congada, a folia de Reis, o carnaval? Foi muito bom saber um pouco mais sobre os negros!”.

Outra oficina que apresentou uma importante ferramenta digital aos es-tudantes foi a Oficina de Praint, cuja aplicabilidade permite a criação de de-senhos, imagens e pinturas. A partir dessa oficina os alunos responderam as seguintes questões: o que é o bairro Patrimônio? Como a cultura do negro está presente no bairro?

O desenho de Douglas de Oliveira Campos privilegiou a capoeira, tradição cultural antiga dos negros. No passado era uma das manifestações muito presente no cotidiano da comunidade negra do Patrimônio.

Já Ana Carolina interpretou o Patrimônio a partir de um dos ternos de Congada tradicionais do bairro, o Princesa Isabel.

Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

93

O desenho de Letícia Marcely traduz a poesia, a vivacidade da comu-nidade negra presente no Patrimônio: “um bairro repleto de amor, alegria, riquezas, paz, bem, organizado e cheio de conquistas”.

Amanda Agda relaciona a definição do bairro Patrimônio a participação do negro na Festa da Congada: “a congada é uma das festas dos negros para a celebração de nossa senhora do rosário; nas festas usam muitas cores e alegria. O bairro Patrimônio é um bairro onde os negros levou cultura e suas tradições ao passar dos tempos”.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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ConclusãoA segunda etapa do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia, nos possibilitou refletir acerca do papel das novas tecnologias informacionais na produção e divulgação da história e da cultura dos afrodescendentes que habitam a cidade de Uberlândia. As ofici-nas de informática aliaram tanto o aspecto técnico da informática quanto as reflexões políticas e sociais que fundamental a questão do negro no Brasil.

O bairro Patrimônio (constituído tradicionalmente por negros) dispõe de um Centro de Formação para jovens e crianças negras e brancas que habi-tam o bairro. Esses jovens que acompanham as transformações urbanas e o progresso que paulatinamente vêm entrando no bairro se reconhecem não só como sujeitos da história do Patrimônio como também fomentadores de uma cultura, de uma história que vem se prendendo em meio à modernidade que se instala na cidade. Essas crianças reconhecem nas diferentes mani-festações artísticas e culturais símbolos da resistência negra.

Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG

95

ReferênciasCARMO, Luís Carlos do. Função de Preto: trabalho e cultura de trabalhadores negros em Uberlândia. 2000. Dissertação (Mestrado). São Paulo: PUC/SP, 2000.

_____. Os caminhos e o direto às escolhas de um grupo: a experiência de tra-balho nas funções de preto na cidade de Uberlândia. História & Perspectiva, Uberlândia, n. 36 e 37, p. 133-173, 2007.

HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na Sala de Aula: visita a História contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

LANDES, Ruth. As Religiões Africanas no Brasil: Contribuição para uma So-ciologia das Interpenetrações de Civilizações. São Paulo: Livraria Pioneira, 1989.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

96

Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)

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Panis et circencis: o processo das oficinas do fu-turo (recriando o Tropicalismo)

Resumo

1 Eduardo Borges 2 Michele Soares 3 Aline Aparecida 3 Luana Júlia 3 Lunamaris Goulart 3 Mariana

Cintra 3 Natália Fernandes 3 Nayara Gabriela 3 Paulo Gustavo

O projeto de extensão “Panis et Circensis: o processo das ofici-

nas do futuro” aprovado no edital 03/2012, foi desenvolvido no

Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) / campus Ituiutaba,

de maio à novembro, elaborando uma montagem cênico-musical

com posterior debate com os estudantes na platéia, a respeito da

temática principal Tropicalismo que aborda, a partir dos contextos

políticos, culturais e sociais, tantos outros temas, como liberdade,

ditadura militar, conflito de gerações, contracultura, mentalidades

e valores, subversões, tabus, juventudes, entre outros. O projeto

ao tratar do movimento tropicália (1967 – 1968) que rompeu com

os padrões artístico-culturais estabelecidos no final da década de

1950 e início dos anos 1960, visou retomar esse movimento como

forma de recordar o cenário político, histórico e cultural da época,

embasado na produção artística. Porém, com o interesse maior de

estabelecer um diálogo com a juventude estudantil da contem-

poraneidade. Recordar era retomar o passado com os olhos do

presente, vivê-lo ao modo de hoje, sugar desse contato o que nos

alimenta agora e fecunda novas ações, de um novo corpo em novo

tempo e espaço. O método que conduz o projeto é inspirado nas

Oficinas do Futuro, elaboradas por Jungk e Muellert no final dos

anos 1960, processo em que os atores envolvidos não são apenas

ouvintes e sim co-participantes no processo de construção e inte-

gração, o que desperta o sentido de coletividade, criatividade e o

senso crítico. Além da utilização de códigos e linguagens inerentes

a música, a literatura, as artes cênicas e as artes visuais.

1 Especialista em Programas e Projetos Sociais pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro e graduado em Alimentos pelo Instituto Federal de Minas Gerais. Docente no IFTM/campus Ituiutaba. [email protected] 2 Doutoranda em Artes Cênicas / UNIRIO, mestre em História Cultural / UFU e licenciada em Artes Cênicas e História. Docente no IFTM/campus Ituiutaba. [email protected] 3 Discentes de cursos técnicos integrados (Agroindústria e Informática). Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012.

Palavras-chave:

Sociedade

Processos Criativos em Arte

Juventude e contemporaneidade

Ele é vivo agora e é perigoso. Como diz o Guimarães Rosa: ‘viver é perigoso’. Mas é preciso estar num estado a perigo, num estado de jagunço, para compreender e recriar o

Tropicalismo, para não cair no tropicapitalismo. José Celso Correa Martinez

La subversión poética es subversión corporal. Octavio Paz

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoO projeto de extensão “Panis et Circensis: Recriando o Tropicalismo” aprova-do no edital 03/2012, foi desenvolvido no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) / campus Ituiutaba, de maio à novembro, elaborando uma montagem cênico-musical apresentada aos alunos do referido campus, com posterior debate com os estudantes na platéia, a respeito da temática prin-cipal - Tropicalismo que aborda, a partir dos contextos políticos, culturais e sociais, tantos outros temas, como liberdade, ditadura militar, conflito de ge-rações, contracultura, mentalidades e valores, subversões, tabus, juventudes, entre outros. Ao retomar o movimento tropicalista (1967 – 1968) que rompeu com os padrões artístico-culturais estabelecidos no final da década de 1950 e início dos anos 1960, nos interessava estabelecer um diálogo com a juventude estudantil da contemporaneidade. Recordar era retomar o passado com os olhos do presente, vivê-lo ao modo de hoje, sugar desse contato o que nos alimenta agora e fecunda novas ações, de um novo corpo em novo tempo e espaço. Contrariando a idéia de uma juventude alienada e desinteressada das questões político-sociais de seu tempo, as jornadas de junho (2013), mo-stravam esses mesmos jovens inquietos, provocados e provocativos, constru-indo vozes, dissonâncias e empoderamentos. Coincidente a esse período, ou mesmo sendo gerado por ele, o grupo envolvido na oficina de teatro do IFTM - incluindo os bolsistas do presente projeto, recebeu entusiasticamente a pro-posta de estudar a Tropicália, no momento comemorativo aos seus 40 anos, pois se reconheciam naquela rebeldia, alegria e subversões.

Para o processo de criação, iniciamos a pesquisa não só do movimento Tropicalista, mas a investigação de linguagem de um novo espetáculo cêni-co, onde queríamos levar os desejos e ideais individuais de seus integrantes para a sala de ensaio. Esses interesses que partiam de cada um, se relaciona-vam com a esfera coletiva, social e pública, quando percebíamos que eram questões que tocavam a todos. Nesse movimento, a elaboração artística se dava em conjunto, por múltiplas vozes e direções. Eu, como professora e coordenadora do projeto, não me colocava no lugar de direção artística do trabalho, mas como orientadora e provocadora ao mesmo tempo em que me percebia instigada pelos alunos-atores quando expunham suas inquietações ora nas rodas de conversa de nossos encontros ou mesmo nos laboratórios de criação.

Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)

99

Desenvolvimento“(...) Morreu como um afogado, agonizando, torturado

Morreu como seu pai, desaparecido

Mas ninguém esperava que ele fosse re-viver

(...) Que não adianta represar os rios se não se pode parar a chuva

Ninguém esperava que seus amigos, irmãos, todos

Todos soubessem de tudo

(...) Mas o que eu quero dizer

É que ninguém esperava que eu - justamente eu - filha da mesma noite

contasse essa história”. Bailei na Curva, Júlio Conte

Estávamos compostos por muitas histórias. Histórias pessoais, autorais, mas também por aquelas que se pareciam com as nossas e por isso lhes tomávamos lugar, pedaços, sonoridades, cores ou então, outras que tão dis-tantes de nós queríamos lhes afagar, abrir-lhes portas e deixar que tomas-sem assento entre nós. Assim, fomos compondo e descompondo o estudo e a criação cênico-musical de Panis et Circensis e a Tropicália. Compondo, porque durante o período de desenvolvimento do projeto que envolveu mui-tas etapas, íamos sendo provocados e alimentados, gestando novas idéias, discursos, movimentos, cenas.

O projeto Panis et Circencis é um trabalho artístico elaborado a partir da proposta estética e conceitual do movimento Tropicália (1967 e 1968), ideal-izado por um grupo de artistas, cujos destaques foram os cantores-composi-tores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além da participação da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes e do Maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão, os letristas José Carlos Capinam e Torquato Neto e o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte também integraram o movimento. O método que conduziu o projeto foi inspirado nas Oficinas do Futuro, elaboradas por Jungk e Muellert no final dos anos 1960, processo em que os atores envolvidos não são apenas ouvintes e sim coparticipantes no processo de construção e integração, o que desperta o sentido de coletividade.

A criação das Oficinas do Futuro é precedida, a priori, por uma fase de pre-paração. Posteriormente, seguem outras três fases: a crítica, a utópica e a de realização. Na fase de preparação, os aspectos organizacionais relacionados

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

100

ao ambiente e aos materiais utilizados são decisivos e de extrema importân-cia. A preparação de um ambiente agradável é fundamental para a realiza-ção das oficinas, bem como o fornecimento de explicações claras sobre a dinâmica do projeto. A fase crítica visa: a) Expressar e documentar (cada um do seu ponto de vista e da sua percepção) problemas e críticas; b) Des-carregar eventuais agressões (ligadas ao tema ou a relações interpessoais) através de debates e discussões. Na fase utópica deve-se criar um ambiente capaz de despertar, sobretudo, a criatividade. O objetivo foi coletar ideias, criar soluções e despertar o universo lúdico dos participantes. Por fim, a fase de realização é descrita como a “volta para a realidade”. Nessa etapa, é pre-ciso definir as ações de melhoria, baseado nos resultados obtidos nas duas fases anteriores para, assim, chegar à concretização de um plano de ação. O moderador - e aqui, se incluem os bolsistas, durante a oficina, tem o papel de conduzir o processo de elaboração para um resultado realista, com metas e prazos, que ajudem na realização das propostas e documentem os processos criativos. A avaliação é baseada na frequência aos encontros presenciais e participação nas discussões, na realização satisfatória das atividades previstas e na auto avaliação, considerando o percurso, as contribuições das oficinas e debates. Todos os aprendizes devem ser avaliados em momentos individuais e coletivos, bem como as próprias ações em si, estimulando o dialogo entre os participantes, atividades cognitivas e técnicas.

A pesquisa teórica contou com diversas modalidades discursivas como documentários, filmes, textos literários, dramatúrgicos, jornalísticos, narra-tivas historiográficas, cartas e poesias. Assim, a dramaturgia foi sendo con-struída como roteiro do espetáculo, como teatralização de nossas fontes de pesquisa. Não houve uma etapa primeira da investigação teórica para depois começarmos a criação artística, tudo se deu paralelamente como uma ma-neira de um momento alimentar o outro.

Mas em meio a esse movimento, havia o desejo de não simplesmente repetirmos aquilo que estávamos conhecendo através da pesquisa teórica e prática, mas de nos apropriarmos de tais saberes antropofagicamente, usando um termo dos modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922, que tanto influenciaram os tropicalistas. Ou seja, o desejo era de que tais saberes fossem lentamente, individual e coletivamente, deglutidos, regurgi-tados e transformados em palavras e imagens conectadas a nós e a platéia,

Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)

101

homens e mulheres do século XXI. Para vivenciar tal subversão, era preciso que abríssemos para a subversão da cena. Daí, a importância de descompor esteticamente o espaço, a roteirização do espetáculo, o ator, as relações dire-tor-ator e ator-platéia. Algo que já estava presente em outras práticas e pro-jetos artísticos desenvolvidos no IFTM, como em “A Comédia do Trabalho: exercícios cênicos sobre a ordem social a partir da atividade do trabalho” e nos estudos sobre a linguagem da performance e da instalação.

O texto e o espetáculo se constituíram em composições marcadamente fragmentárias, com abordagens temáticas múltiplas a partir do contexto central do Tropicalismo, assim como eram as significações e leituras que o espectador podia fazer. Dessa forma, queríamos tocar os contempladores, rompendo com o seu papel passivo, sensibilizando-os para lançar um olhar novo para a vida lá fora ou para vida que se passa por dentro. Essa sensibili-zação e despertar podia se estabelecer não só pelo discurso verbal da mon-tagem cênica, mas através de todos os seus elementos - a música, os deslo-camentos dos atores pelo espaço e por entre os espectadores, a proximidade física dos atores com a platéia pela alteração do espaço, o figurino, os objetos cênicos e até mesmo alimento (bananas) oferecido, lançado e dividido com o espectador. Tudo gerava um ambiente para melhor proporcionar reflexões sensíveis, em que o sentido daquilo que o público vivencia se desprende da força unificadora e dominante de uma só voz, uma só interpretação, para lançar múltiplos significados.

Na escolha dos processos criativos e dos modos de produção de sentidos, está uma nova visão de teatro que determina uma nova pedagogia. A partir do teatro performativo, busca-se a autonomia, liberdade e felicidade do indi-víduo participante, seja ele o ator ou o espectador. Tais condições de desen-volvimento do aluno, aliada a proposição de sua emancipação das condições opressivas do sistema. E não, ao contrário, a problemática de se ter na Arte o viés de aprimoramento de qualidades e habilidades do indivíduo que estará melhor preparado para o mundo do mercado. Aliás, reportando ao ensino da arte, essa questão problema pode ser

“verificado nas justificativas e nos objetivos da valorização da arte

na legislação do ensino básico brasileiro. A ênfase que a concep-

ção de educação da atual Lei de Diretrizes e Bases coloca sobre a

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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tecnociência, como princípio e requisito básico no saber, na socie-

dade e na cultura, é contrabalançada pelo ‘conhecimento da arte’

(...) Aquilo que aí se denomina ‘estética da sensibilidade’ tem uma

clara intenção de matizar os efeitos, na formação, no indivíduo e na

cultura, dos excessos da racionalidade instrumental”4.

Tais considerações lançam a necessidade de se pensar o papel da arte na escola, especialmente em se tratando de uma escola técnica e profis-sionalizante, bem como o papel do educador e do discente em sociedade. A Arte não está nos Institutos Federais apenas como atenuante de cargas horárias tecnicistas extensivas e nem mesmo para complementar o trab-alho desenvolvido pelas disciplinas das Humanas, nos quesitos criticidade, comunicação, sociabilidade, entre outros. Mas, antes de tudo, para prob-lematizar a nossa relação com os outros, com o presente, com nossos atos e valores.

ConclusãoO projeto para além do estudo da temática central, o Tropicalismo, teve a grande importância em fomentar a criação e apreciação artística no espaço escolar formal, como viés de provocação ao estabelecido, ao regrado, ao senso comum, despertando novos olhares sobre as realidades e que essas bem como a criação artística, estão em constante construção.

Ao final do espetáculo, quando se distribui bananas para a platéia, numa alusão ao “yes, nós temos bananas” de Caetano Veloso, quer se despertar para além da mente, o corpo com suas habilidades de percepção, seus canais de sensibilização.

E cada vez mais, pensar e promover o Instituo Federal como campo para a experiência artística e pedagógica do aluno-ator-espectador.

4 FAVARETTO, Celso F. Arte Contemporânea e Educação. In: Revista Iberoamericana de Educación. n.º 53, 2010, pp. 225-235.

Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)

103

ReferênciasBRASIL. Secretaria de Educação Básica. Linguagens, códigos e suas tecnolo-gias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. p.187. (Orientações curriculares para o ensino médio; v.1).

COSTA FILHO, José da. Teatro Contemporâneo no Brasil: criações partilha-das e presença diferida. Rio de Janeiro: Letras, 2009. 248p.

DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. São Paulo: Hucitec, 2003.

________. Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hu-citec, 2006.

FAVARETTO, Celso F. Arte Contemporânea e Educação. Revista Iberoameri-cana de Educación., n.53, 2010, pp. 225-235.

JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Metodologia do ensino do teatro. Campinas, SP: Papirus, 2001.

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de robôs autônomos móveis

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Robótica Educacional - o universo das ferramen-tas de lógica computacional e da manipulação de robôs autônomos móveis

Resumo

1 Adrian Ribeiro Ferreira 2 Gabriel Azevedo Braz 3 Iago Oliveira Melo Borges 4 Isaias Maicon Silva

Duarte 5 Ronaldo Eduardo Diláscio

O princípio da indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e exten-

são é assegurado nos Projetos Pedagógicos dos cursos do IFTM.

Através de um ambiente de aprendizagem na área de robótica e a

produção de atividades interdisciplinares, o projeto proporcionou

aos bolsistas a oportunidade de desenvolver outras habilidades

que se estabelece com a tecnologia no cotidiano, além de atrair a

comunidade de Paracatu para as novas tecnologias. Desenvolvido

em grande parte do tempo dentro dos laboratórios de eletrônica,

o projeto teve como objetivos o desenvolvimento de um robô

autônomo, despertando o interesse dos alunos envolvidos pela

robótica, a interação do ambiente educacional com alunos de es-

colas públicas de Paracatu e a participação na OBR (Olimpíada

Brasileira de Robótica), objetivos esses alcançados com sucesso.

1 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a pro-jetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 2 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 3 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 4 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 5 Doutorando em Ciência da Computação. Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica do IFTM - Câmpus Paracatu. [email protected]

Palavras-chave:

Robótica Educacional

Inclusão Tecnológica

Kit-Lego

Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013

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IntroduçãoO projeto de extensão Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de robôs autônomos móveis foi desenvolvido com o intuito de fornecer aos alunos experiências de robótica, para que os mesmos adquirissem conhecimentos nessa área, muito impor-tante para a automação industrial, onde utiliza-se robôs autônomos, tecno-logia projetada com o intuito de ajudar o homem no seu trabalho.

O projeto teve como inspiração o prazer que os alunos de eletrônica têm quando o assunto é robótica, seja por causa dos filmes futuristas que apresentam robôs que agem como humanos ou seja pelos dias de hoje nas fábricas em que os robôs montam carros e eletrodomésticos, dentre outros produtos, sem a ajuda dos humanos. Isso é um fato que irá se tornar cada vez mais frequente.

Durante a elaboração do projeto adquirimos conhecimentos tanto de ele-trônica e programação, quanto de mecânica, pois o KIT-Lego nos facilita a aprendizagem na construção dos robôs para quem ainda é iniciante na área.

Promover um ambiente de aprendizagem na área da robótica através da montagem de um sistema robotizado, aprimorar o raciocínio lógico, colocar o bolsista como responsável pelo processo da sua aprendizagem, desenvolv-er o conhecimento interdisciplinar envolvendo a robótica e suas aplicações, participar da Olimpíada Brasileira de Robótica, foram os objetivos do projeto e de aprendizagem. Também tínhamos como objetivo a extensão à comu-nidade, através do convite a estudantes das escolas públicas para conhecer o projeto em nossos laboratórios e a participação do robô desenvolvido no desfile comemorativo da cidade. As atividades foram desenvolvidas no período de abril a novembro de 2013, por meio do coordenador do projeto, quatro bolsistas e um servidor colaborador.

DesenvolvimentoInicialmente o projeto tinha a intenção de utilizar peças avulsas para mon-tar e testar o robô, pondo em prática os ensinamentos obtidos no curso de eletrônica. Mas como não foi possível, devido às especifidades das peças e o pouco tempo para licitar e comprar, decidimos obter o Kit-LEGO que é internacionalmente conhecido e é, para a área de robótica, um dos mais conhecidos e considerado ideal para projetos na área.

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Como primeiro passo, fizemos um estudo da programação em LEGOs tanto lendo o manual na internet quanto vendo vídeos, muitas vezes em espanhol e inglês, das pessoas ensinando a programar e mostrando o func-ionamento. Isso permitiu que o nosso grupo imaginasse um modelo para o nosso robô, que chamaria então AGI², representando os nomes dos compo-nentes do grupo (Adrian, Gabriel, Iago e Isaías).

Numa das etapas do projeto, fomos até Uberlândia participar da OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica) parte prática, em que vimos realmente o funcionamento do Lego. Lá se encontravam outros Institutos Federais, mas éramos os únicos que representávamos o IFTM e com isso levamos o nome de Paracatu regionalmente para ser representado. Lá obtivemos con-hecimento sobre as limitações do LEGO, sobre as provas práticas que são realizadas na OBR, os erros que podem ser reparados, dentre outras coisas que foram de extrema importância para o grupo.

Assim que as peças do Kit chegaram, a primeira coisa a fazer foi conferir se estava tudo correto. Após a conferência inicial, começamos a montar o modelo que vem no manual e também a instalar os softwares para iniciar também a programação do LEGO. Logo após todo esse processo começa-mos a montar modelos desenvolvidos pela equipe até que chegamos ao modelo final, que é o AGI².

Construímos uma pista para simular a que existe na OBR e assim fazer testes com o robô. Isso permitiu um ajuste correto da programação para que na hora da competição possa se obter um melhor resultado. No dia 20 de outubro de 2013, como constava no cronograma do projeto, levamos o robô para o desfile da cidade e isso permitiu à sociedade paracatuense ter o conhe-cimento do nosso trabalho e ainda gerar repercussão e comentários por todos que estavam admirados, pois até então nunca tinham visto um robô de perto.

No final construímos um manual para os próximos que prosseguirem com o projeto terem uma base e uma maior facilidade no desenvolvimento e permitir a eles a utilização do conhecimento construído para a criação de um próximo robô.

O projeto instigou outros alunos a participarem da OBR, parte teórica, tendo o IFTM - Câmpus Paracatu conseguido uma medalha de prata nível nacional, o que eleva o nome de nosso Instituto e faz com que mais alunos se interessem pela robótica.

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O resultado mais esperado para o projeto, no âmbito social, foi a pos-sibilidade de realizar a inclusão tecnológica digital/robótica para alunos das escolas públicas de Paracatu quando das visitas aos nossos laboratórios. É despertar nesses jovens o espírito da inovação e da tecnologia. Outro re-sultado esperado foi divulgar ainda mais o IFTM - Câmpus Paracatu como instituição voltada para a educação, ciência e tecnologia. Nas visitas real-izadas aos nossos laboratórios, os alunos se encantaram com a eletrônica e com a robótica, sendo essa atividade de grande importância no âmbito da extensão, possibilitando abrir as mentes dos jovens para novas tecnologias.

Cosiderações finaisO projeto Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica com-putacional e da manipulação de robôs autônomos móveis foi concluído com sucesso e com todas as etapas estipuladas cumpridas. Permitiu um aprofun-damento maior no mundo da robótica e também um maior aprendizado que será repassado para as próximas equipes de eletrônica que assumirem essa extensão. Deixamos um manual para ser seguido, caso encontrem al-guma dificuldade, e também fotos de como montar o AGI², o que permitirá uma maior facilidade para os próximos bolsistas. A participação na OBR foi extremamente importante para tirarmos a ideia para construir o robô e tam-bém para vermos como é interessante a participação numa Olimpíada desse nível. Os alunos das escolas públicas que visitaram o ambiente educacional ficaram encantados, estimulando o interesse na comunidade pelas novas tecnologias. O último evento foi a participação no desfile comemorativo do município de Paracatu-MG, que foi onde a população da cidade viu o nosso trabalho e a resposta foi a surpresa e satisfação de todos em verem de perto um robô Lego, o que foi gratificante para nós que realizamos o trabalho.

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ReferênciasHALMA, A. Robomind.net – Welcome to Robomind.net, the new way to learn programming. 2009. Disponível em: <http://www.robomind.net>. Acesso em: jun. 2013.

LEGO GROUPS. MINDSTORMS NXT Home. 2009. Disponível em:<http://mindstorms.lego.com>. Acesso em: jun. 2013.

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Popularização de programas de controle biológico de pragas no município de Uberaba-MG

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Popularização de programas de controle biológico de pragas no município de Uberaba-MG

Resumo

1 Américo Iorio Ciociola Jr 2 Robson Thomaz Thuler 3 Débora Luiza de Sousa 3 Jaqueline Grazziellii

de Assis

O presente trabalho de extensão teve como principal objetivo

divulgar por meio de oficinas em escolas públicas do município

de Uberaba e participações no projeto Integração no bairro, a

armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue. Foram

realizadas oficinas nos colégios Tiradentes, Uberaba, Corina de

Oliveira e nas 4 integrações no bairro realizadas em Uberaba du-

rante 2013. Outras atividades também foram realizadas como a

criação da vespinha Trichogramma pretiosum e o besouro Digiton-

thophagus gazella, ambos agentes de controle biológico de pragas.

Com a realização as oficinas, o resultado foi bastante gratificante

onde várias pessoas aprovaram a iniciativa do IFTM em divulgar a

armadilha que foi desenvolvida por um professor da UFRJ. Em Abril

de 2013, a armadilha foi apresentada no programa “Bem Estar” da

Rede Globo e teva ampla repercussão nacional.

1 Eng. Agrônomo, Prof. do IFTM câmpus Uberaba. (Coord. do projeto). Email: [email protected] 2 Eng. Agrônomo, Prof. do IFTM câmpus Uberaba. (Membro) Email: [email protected] 3 Bolsista de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro câmpus Uberaba – Edital 02/2013. Email: [email protected] 4 Bolsista de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro câmpus Uberaba – Edital 02/2013.E-mail: [email protected]

Palavras-chave:

Relato de experiência

Mosquitérica

Aedes aegypti

Dengue

Saúde pública

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IntroduçãoA dengue é uma doença causada por um vírus que é transmitido pela picada do pernilongo Aedes aegypti. Esta doença está em todas as regiões do Brasil, causando sérios problemas de saúde pública, e pode até matar na sua forma mais agressiva que é a dengue hemorrágica. Em Uberaba, a dengue foi um problema sério de 2012 a 2013. Para que a doença seja controlada cuidados simples podem ser tomados como a não permanência de água parada em vasos de plantas em pneus vazios, caixas d’água sem tampa, lotes sujos, etc. A luta é de todas as camadas da sociedade ou seja de todos nós. Só as-sim poderemos viver sem problemas da dengue em Uberaba e em todas as cidades do nosso país.

DesenvolvimentoIniciou-se a criação de Trichogramma pretiosum no laboratório de entomo-logia do IFTM campus Uberaba. Cartelas com ovos de Anagasta kuehniella foram enviadas semanalmente para o IFTM para viabilizar a multiplicação das vespinhas. As vespinhas foram liberadas no IFTM campus Uberaba. Criou-se por uma geração o besouro Digitonthophagus gazella em laboratório. Devido a condições adversas de clima e local de criação, não foi possível dar continui-dade na criação deste inimigo natural. Como naquele momento, a cidade de Uberaba passava por uma epidemia de dengue, decidiu-se dar maior ênfase as oficinas, proporcionando informação de grande importância para a socie-dade. O realização das oficinas foi bem interessante e produtiva, pois é uma área de grande interesse por se tratar de problema de saúde pública onde a presença do pernilongo da dengue no município de Uberaba, causou sérios problemas em 2012/2013. As oficinas foram realizadas em escolas públicas e participações em todos os eventos de “Integração no Bairro” no ano de 2013, onde houve ampla divulgação do projeto de combate ao pernilongo da den-gue que foi realizado pelo IFTM campus Uberaba, utilizando a armadilha de captura de larvas deste inseto. Esta divulgação foi feita da seguinte maneira: 4 participações do “Integração no Bairro”(Praça Jorge Frange, Praça Carlos Gomes, Praça Santa Teresinha e CRAC Morumbi) e a divulgação em três es-colas (Tiradentes, Corina de Oliveira e Uberaba), onde aproximadamente 720 alunos (as) aprenderam como se faz a armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue a baixo custo. Na atividade de “Integração no Bairro”,

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distribuiu-se cartilhas do IFTM sobre como fazer a armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue (passo a passo).

Em abril de 2013, foi feita uma reportagem com a Rede Globo de televisão no programa matinal “Bem Estar” sobre o uso da armadilha e a repercussão foi ótima, onde na reportagem, mostrou-se uma das oficinas de confecção da armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue em sala de aula do IFTM campus Uberaba. Posteriormente na mesma reportagem, a armadilha foi colocada à prova pelos apresentadores do pro-grama “Bem Estar” quando perguntaram a um especialista da área sobre a armadilha, que aprovou o seu uso e sua eficiência.

Considerações finaisDiante do trabalho de extensão realizado, as principais considerações finais foram:•Divulgação na mídia local, regional e nacional do nome do IFTM e do pro-

jeto de extensão realizado;•Conscientização de estudantes e da comunidade Uberabense com relação

à importância e o uso da armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue;

•Dever cumprido de levar a sociedade, uma atividade desenvolvida por pro-fessores, e alunos do IFTM câmpus Uberaba,

•Ampla aceitação do uso da armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue no município de Uberaba.

ReferênciasDENGUE: decifra-me ou devoro-te. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/kitdengue2/epidemiologia/imagens.html Acesso em 20/09/2011.

MOSQUITO da dengue. Disponível em: http://www.dengue.org.br/mos-quito_aedes.html Acesso em 20/09/2011.

SANTOS, L.L.G.; COSTA, J. de O.; CIOCIOLA JR. A.I. IFTM CONTRA A DENGUE. Acabe com este perigo na sua cidade, Reciclando, aprendendo e ensinando. S/D. 8p.

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Em 2014, a Pró-Reitoria de Extensão – PROEXT lançou sua pri-meira publicação intitulada “Livro de Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2012”, com o objetivo de divulgar nossas ações de extensão. Dando continuidade a este trabalho, esta pró-reitoria lança agora o “Livro de Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2013”, cujo conteúdo se trata das ações de extensão desenvolvidas em todos os câmpus no ano de 2013. Estas ações, descritas nos projetos selecionados através de edital institucional pelos professores coordenadores, abrangeram diversas áreas como: esportes, educação inclusiva, sustentabili-dade, artes, agropecuária, alimentação, informática, etc. Pela leitura dos relatos, é possível compreender a importância e o impacto das ações extensionistas em nossa instituição. E é por esse motivo que consideramos a divulgação dessas ações de extrema relevância para o IFTM e as demais instituições da Rede de EPCT.