relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO DO GRUPO PET/CONEXÕES DE SABERES PRÁXIS (LICENCIATURAS) NO ENAPET 2014 Erechim, agosto de 2014

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Page 1: Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL

RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO DO GRUPO PET/CONEXÕES DE SABERES –

PRÁXIS (LICENCIATURAS) NO ENAPET 2014

Erechim, agosto de 2014

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GRUPO PRÁXIS

Licenciaturas

Modalidade Conexões de Saberes

http://petconexoesdesaberes-uffs.blogspot.com.br/

Universidade Federal da Fronteira Sul

Campus Erechim – RS

Bolsistas – agosto de 2014

Daniel Gutierrez (Ciências Sociais)

Fernanda May (Ciências Sociais)

Jaqueline Bordin Kosloski (História)

Joviana Vedana da Rosa (Ciências Sociais)

Rovian Schenatto Palavicini (História)

Tutor

Prof. Dr. Thiago Ingrassia Pereira

Financiamento

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SUMÁRIO

PRIMEIRAS PALAVRAS 04

1 O GRUPO PET PRÁXIS (LICENCIATURAS) NA UFFS/ERECHIM 07

1.1 Pressupostos de trabalho 07

1.2 Linhas de atuação 09

1.2.1 Eixo Ensino 09

1.2.2 Eixo Pesquisa 10

1.2.3 Eixo Extensão 12

1.3 Breve síntese das atividades desenvolvidas 14

2 ENAPET 2014: TECENDO CONEXÕES 18

2.1 Sobre o ENAPET 18

2.2 Encontros do PET e a presença da UFFS 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS 28

REFERÊNCIAS 29

APÊNDICE 30

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PRIMEIRAS PALAVRAS

A consolidação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) passa pelo

desenvolvimento de suas atividades acadêmicas, considerando sua estrutura física e seu corpo

funcional. Pensada como parte do processo de interiorização do acesso ao ensino superior

público, a UFFS é uma jovem instituição que procura atender aos seus princípios fundantes1,

a saber:

1. Respeito à identidade universitária da UFFS, o que a caracteriza como espaço

privilegiado para o desenvolvimento concomitante do ensino, da pesquisa e da

extensão;

2. Integração orgânica das atividades de ensino, pesquisa e extensão desde a origem da

instituição;

3. Atendimento às diretrizes da Política Nacional de Formação de Professores do

Ministério da Educação, estabelecidas pelo DECRETO N. 6.755, DE 29 DE

JANEIRO DE 2009, cujo principal objetivo é coordenar os esforços de todos os entes

federados no sentido de assegurar a formação de docentes para a educação básica em

número suficiente e com qualidade adequada;

4. Universidade de qualidade comprometida com a formação de cidadãos conscientes e

comprometida com o desenvolvimento sustentável e solidário da Região Sul do País;

5. Universidade democrática, autônoma, que respeite a pluralidade de pensamento e a

diversidade cultural, com a garantia de espaços de participação dos diferentes sujeitos

social.

6. Universidade que estabeleça dispositivos de combate às desigualdades sociais e

regionais, incluindo condições de acesso e permanência no ensino superior,

especialmente da população mais excluída do campo e da cidade;

7. Uma Universidade que tenha na agricultura familiar um setor estruturador e

dinamizador do processo de desenvolvimento;

8. Uma universidade que tenha como premissa a valorização e a superação da matriz

produtiva existente;

9. Uma universidade pública e popular;

10. Uma universidade comprometida com o avanço da arte e da ciência e com a melhoria

da qualidade de vida para todos.

Nesse sentido, nestes seus primeiros anos de funcionamento, a universidade vai se

integrando a projetos de extensão e pesquisa, bem como de ensino. Além do aspecto técnico-

científico, a cessão de bolsas remuneradas nestas atividades contribui com o processo de

permanência dos estudantes. Tendo em vista o perfil preponderante de estudantes oriundos da

escola pública, o apoio para a permanência com qualidade dos estudantes de classe popular é

fator primordial para a UFFS ser além de pública, popular.

1 De acordo com seu Projeto Pedagógico Institucional (PPI), disponível em:

http://www.uffs.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=87&Itemid=825. Acesso em 03 ago

2014.

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Já no seu primeiro ano, a UFFS buscou fazer parte de um conjunto de atividades

acadêmicas pertinentes à construção de seu espaço acadêmico. Entre essas atividades, a

participação no Edital n. 9/2010 (MEC/SESu) para a criação de grupos do Programa de

Educação Tutorial (PET) foi uma iniciativa importante que ocorreu entre docentes de todos os

Campi da instituição.

Depois de um processo preliminar interno de seleção de propostas, algumas delas

foram submetidas em nível nacional. Ao fim, cinco grupos PET foram criados no âmbito da

UFFS. São eles:

PET/ASSESSORIA LINGUISTICA E LITERÁRIA DA UFFS - Campus Chapecó

http://petuffschapeco.blogspot.com

PET/CONEXÕES DE SABERES (GRUPO PRÁXIS) – Campus Erechim

http://petconexoesdesaberes-uffs.blogspot.com

PET/CIÊNCIAS – Campus Cerro Largo

http://petciencias.blogspot.com

PET/POLÍTICAS PÚBLICAS E AGROECOLOGIA - Campus Laranjeiras do Sul

http://petuffs.wix.com/agroecologia

PET/MEDICINA VETERINÁRIA E AGRICULTURA FAMILIAR – Campus Realeza

http://uffspetmv.blogspot.com.br/

São estes grupos que estão em atividade na instituição desde dezembro de 2010.

Criados no contexto inicial da própria UFFS, os grupos PET foram se constituindo em meio

ao processo de construção das estruturas físicas e do ingresso de mais estudantes e

professores. Mesmo neste cenário incipiente, é possível percebermos como o programa

tutorial vem consolidando seu espaço na UFFS, inclusive com a realização do primeiro

Seminário Interno dos Grupos PET da UFFS (SINPET), no Campus Chapecó/SC em 2013. O

II SINPET está agendado para outubro de 2014 no Campus Laranjeiras do Sul/PR.

Para além dos desafios internos, os grupos PET da UFFS precisam se integrar na

discussão nacional do programa. Nesse sentido, a participação nos eventos regionais e

nacionais do PET torna-se fundamental para que a UFFS se afirme na comunidade petiana

brasileira. Assim, este relatório procura registrar a participação do Grupo PET/Conexões de

Saberes Práxis (Licenciaturas) do Campus Erechim no XIX Encontro Nacional dos Grupos

PET.

Na primeira parte, será apresentado brevemente o Grupo Práxis (Licenciaturas) com

destaque para seus princípios estruturantes e atividades de ensino, pesquisa e extensão. Em

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seguida, o foco será o ENAPET 2014 e os principais elementos que captamos durante os

cinco dias de evento em Santa Maria/RS.

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1 O GRUPO PET PRÁXIS (LICENCIATURAS) NA UFFS/ERECHIM

Segundo o portal do Ministério da Educação2, o Programa de Educação Tutorial (PET)

foi criado para apoiar atividades acadêmicas que integram ensino, pesquisa e extensão.

Formado por grupos tutoriais de aprendizagem, o PET propicia aos alunos participantes, sob a

orientação de um tutor, a realização de atividades extracurriculares que complementem a

formação acadêmica do estudante e atendam às necessidades do próprio curso de graduação.

Os estudantes e o professor tutor recebem apoio financeiro de acordo com a Política Nacional

de Iniciação Científica.

A seguir, será abordada uma síntese dos princípios e atividades do PET/Conexões de

Saberes Práxis (Licenciaturas) do Campus Erechim em seus três anos e meio de atuação.

1. 1 Pressupostos de trabalho3

Ao estudarmos metodologia de pesquisa participante, nos deparamos com uma

reflexão provocativa: “A pesquisa é [...] um ato e uma forma de pronunciar o mundo” (Streck

2006, p. 259). Pensando na radicalidade dessa assertiva, nos vemos diante de uma

provocação: fazer pesquisa nos coloca o desafio de designar o mundo, as coisas, as relações,

enfim, sistematizar aquilo que aparentemente é, mas que, na verdade, está sendo.

Por isso, ao construir o projeto do Grupo Práxis, procuramos assentar nossas

atividades a partir dessa perspectiva curiosa e rigorosa, ou seja, a pesquisa, o ensino e a

extensão, como um ato e uma forma de pronunciar o mundo daria o tom do nosso trabalho.

Os Grupos PET são espaços potentes de experiências universitárias, pois se constituem

a partir do tripé que caracteriza a universidade brasileira: ensino, pesquisa e extensão. Dessa

forma, afirmamos a pesquisa como um princípio educativo (DEMO, 2011) e nosso grupo

vem trabalhando em ações que articulam três dimensões do processo de construção do

conhecimento na área de ciências sociais: ontologia, epistemologia e metodologia

(BAQUERO, 2009). Essas dimensões podem ser melhor visualizadas na figura abaixo.

2 O conjunto de disposições, normativas e orientações do PET estão no Portal do Ministério da Educação,

disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12223&Itemid=481.

Acesso em 03 ago 2014. 3 Adaptado de Pereira (2014).

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Conexões do processo de conhecimento

Percebemos a inter-relação entre os blocos que constituem a pesquisa, sugerindo a

“rigorosidade metódica” a que se refere Paulo Freire ao longo de sua obra. É importante que

os estudantes de licenciatura do campo das ciências humanas e sociais, como são os bolsistas

do Práxis, tenham sólida formação metodológica. Isso ajuda a romper com a ideia de que

professor não faz pesquisa, pois é, por definição, um reprodutor do conhecimento já existente.

Assim, quando em 2010 surgiu a oportunidade de termos na UFFS grupos do

Programa de Educação Tutorial, logo vislumbramos uma possibilidade de trabalho em duas

direções básicas: 1) construir um espaço de reflexão sobre o próprio processo expansionista

universitário a partir de dentro, ou seja, os sujeitos que constroem a universidade a

examinariam, ou, para retomar o início deste capítulo, a pronunciariam; 2) proporcionar aos

estudantes dos cursos noturnos de licenciatura do Campus Erechim oportunidade de

desenvolveram atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Na direção um, imaginamos que um aporte teórico-metodológico importante seria a

Educação Popular como um paradigma orientador de nossas atividades políticas e

pedagógicas, tendo em vista os grupos sociais de referência (classes populares) que o

programa pretendia apoiar e a experiência de escola pública desses estudantes-bolsistas.

Por sua vez, na direção dois, temos uma convicção política-pedagógica em relação às

licenciaturas: o professor, quanto tal, precisa se reconhecer como pesquisador (FREIRE,

2005). Não podemos cair no falso dilema entre licenciatura e bacharelado: de um lado, o

bacharel que pesquisa e produz conhecimento, de outro, o professor que ensina e reproduz o

conhecimento. Ora, além desse falso dilema, há outra questão importante: as licenciaturas do

Campus Erechim são cursos noturnos. Por isso, criar um programa que oportunizasse bolsas

remuneradas para a formação com base no tripé característico da universidade é algo

importante para este segmento.

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Dessa forma, procuramos romper com a ideia que universidade é somente aula. Um

dos diferenciais da uma universidade pública é a possibilidade de espaços como os programas

tutoriais. Experenciar rotinas acadêmicas, organizar seu tempo para o estudo, participar de

eventos de iniciação cientifica, seminários, viagens de estudos, publicar em livros e

periódicos, entre outras coisas, confere substantividade à vida universitária.

1.2 Linhas de atuação

A produção coletiva do conhecimento é um compromisso político que assumimos no

Grupo Práxis. O conceito que intitula nosso grupo de trabalho indica a relação sinérgica entre

teoria e prática, ou seja, sugere um conhecimento aplicado que se constrói em diálogo com

sujeitos sociais concretos. Essa é uma característica esperada dos grupos PET na modalidade

Conexões de Saberes, pois são grupos interdisciplinares e comprometidos com o desafio de

aliar excelência acadêmica com compromisso social.

Dessa forma, organizamos espaços formativos a partir de três ações básicas:

1 – Leitura e reflexão de textos acadêmicos sobre epistemologia, filosofia e história da

ciência, pesquisa participante e pesquisa-ação;

2 – Formação em métodos de pesquisa tanto da abordagem quantitativa, como na qualitativa;

3 – Exercícios empíricos de pesquisa, aproximando a atividade extensionista como espaço de

excelência para a produção do conhecimento.

1.2.1 Eixo Ensino

Neste eixo, organizamos nossas atividades a partir do Grupo de Estudos (GE).

Pensado como um espaço de formação teórica e conceitual acerca dos temas que interessam

como subsídios para as ações de pesquisa e extensão, o GE procura abarcar discussões dobre

epistemologia, metodologia de pesquisa e extensão, bem como referenciais sobre

universidade, políticas públicas, trajetórias de escolarização das classes populares entre

outros.

Uma vez por semana nos reunimos para realizar esse debate. A dinâmica é flexível e

muda ao longo do nosso calendário: apresentações individuais, seminários, leituras dirigidas,

resumos e debate. Seja por texto por blocos temáticos, o objetivo é sempre registrar os

fichamentos e disponibilizar no blog do grupo.

Além do GE, este eixo do programa conta, a partir de 2014, com mais uma atividade

formativa: o ciclo de debates “PET em debate”, abordando o conceito de “popular” na UFFS.

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Em 2014, promoveremos três meses de discussão, previstas para os meses de junho, setembro

e novembro, abordando, respectivamente, os seguintes assuntos: a) a relação escola pública-

universidade pública o acesso das classes populares à universidade; b) a permanência na

universidade pública; c) o projeto popular da UFFS e a parceria com os movimentos sociais.

Esta atividade é uma boa amostra de que o PET atua de forma indissociável no tripé

que caracteriza a universidade, pois além de servir como formação de ensino aos bolsistas do

programa, se constitui em atividade de extensão aberta ao público universitário e externo.

1.2.2 Eixo Pesquisa

Ao estabelecermos a pesquisa como princípio educativo no Grupo Práxis, criamos um

espaço de curiosidade, partindo das experiências concretas dos sujeitos que constituem a nova

universidade. E essa curiosidade é construída a partir da sistematização de experiências

(HOLLIDAY, 2006) provenientes das nossas atividades de ensino, extensão e pesquisa.

Assim, produzir conhecimento não se torna uma atividade burocrática apenas, mas se torna

algo vivo, pulsante e desafiador.

Desde o início o Práxis desenvolveu ações de pesquisa sobre alguns temas originados

das temáticas centrais de nossa proposta de trabalho. O trabalho com os memoriais

formativos da trajetória escolar (e de vida) dos bolsistas foi um trabalho fecundo que

constituiu o PET no Campus Erechim. Assim como o exercício de pesquisa social

quantitativa, quando realizamos a pesquisa sobre o perfil dos calouros. Em termos de

pesquisa social qualitativa, realizamos pesquisa com alguns integrantes do Conselho

Estratégico Social (CES) da UFFS, proveniente do Movimento Pró-Universidade,

importante espaço político da sociedade civil para a conquista da instituição.

As pesquisas desenvolvidas a partir de 2012 são ilustrativas do nosso projeto

formativo no Práxis. Para realizar a pesquisa sobre o perfil dos calouros da UFFS/Erechim,

contamos com a assessoria do Prof. Douglas Santos Alves, especialista em métodos

quantitativos aplicados às ciências sociais. Nosso objetivo com esta pesquisa é saber quem

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está chegando ao Campus Erechim da UFFS. A nova universidade, de fato, está aberta a

quem? De onde? As pessoas entraram no curso que sempre sonharam? Essas e outras

questões motivaram a construção de um instrumento de pesquisa (questionário com questões

fechadas e abertas, autoaplicável), a realização de questionários para teste (“piloto”), o

contato com as coordenações dos cursos de graduação da UFFS/Erechim, a aplicação dos

questionários nas turmas de ingressantes (1º semestre), a sistematização dos questionários e o

trabalho com o banco de dados (SPSS), tendo em vista a sua “alimentação” (digitação) e

posterior análise por meio de frequências e cruzamentos.

Ao participarem desse momento, os bolsistas experenciaram todas as etapas da

pesquisa social quantitativa e tiveram formação introdutória sobre estatística. Alguns achados

dos levantamentos de 2012 e 2013 foram apresentados em eventos de iniciação científica em

diversas universidades. Certamente, essa é uma formação incipiente, que carece de maior

aprofundamento com posteriores estudos. Contudo, ao vivenciarem o manejo com banco de

dados e a lógica quantitativa (com seus limites e alcances), os bolsistas terão uma base

adequada para se posicionarem como pesquisadores em problemáticas que indicam o uso de

técnicas quantitativas apoiadas na estatística e, sobretudo, pela sua condição de licenciandos,

poderão orientar estudantes da educação básica na interpretação de gráficos e tabelas, além de

noções básicas de amostragem e probabilidade relacionadas ao exame de conteúdos de suas

áreas de formação.

No que se refere ao método qualitativo, a pesquisa com o CES/UFFS foi pensada a

partir do papel desempenhado por esse Conselho na mediação entre a comunidade

universitária e a sociedade em geral. Proveniente do processo de construção da UFFS, a partir

da atuação política do Movimento Pró-Universidade, o CES possui função consultiva acerca

dos aspectos administrativos e pedagógicos da universidade. Por isso, dentro dos propósitos

temáticos do Grupo Práxis, nos pareceu pertinente escutar algumas pessoas envolvidas com o

CES, destacando aspectos avaliativos dos primeiros anos da UFFS, bem como algumas

noções sobre princípios de atuação e metas institucionais, como é o caso do conceito de

“popular”.

Para isso, organizamos um roteiro com questões orientadoras das entrevistas. Ainda,

antes disso, realizamos pesquisa na internet sobre o Movimento Pró-Universidade e

caracterizamos a atuação do CES na UFFS. A partir disso, definimos os interlocutores e a

forma de nossa abordagem. Realizamos entrevistas por meio do roteiro construído pelo nosso

grupo e vivenciamos a riqueza do processo de pesquisa social qualitativa. Durante a

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construção deste livro, estávamos envolvidos com o processo de coleta de informações com

alguns membros do CES.

Da mesma forma que com a pesquisa com os calouros, esta pesquisa com o CES nos

colocou diante de inúmeras questões pertinentes ao processo de construção da nova

universidade. Seja lançando mão de técnicas quantitativas e/ou qualitativas, a experiência de

pesquisa social cumpriu importante espaço formativo junto aos bolsistas.

Grupo Práxis em formação sobre pesquisa social quantitativa. Julho/2013

1.2.3 Eixo Extensão

Nosso trabalho extensionista nos possibilitou importante canal de diálogo com a

comunidade regional. Nossa presença em escolas públicas da área de abrangência da 15ª

Coordenadoria Regional de Educação (CRE/RS) oportunizou aos estudantes de licenciatura o

contato direto com o ambiente escolar, além da possibilidade de dialogar com alunos

concluintes do ensino médio público sobre a UFFS e o papel da continuidade dos estudos na

sociedade contemporânea.

A ação denominada de “Quero entrar na UFFS” se constitui em palestras, debates e

oficinas nas escolas públicas estaduais que ofertam ensino médio regular e na modalidade

Educação de Jovens e Adultos (EJA) da 15ª CRE. De um total de 50 escolas em 41

municípios do norte gaúcho, nosso projeto de extensão, considerando o período 2011-2013, já

esteve em 28 municípios e em mais de 30 escolas.

Nossa presença nas escolas objetiva levar informações aos estudantes do ensino médio

sobre a UFFS e as demais políticas de acesso ao ensino superior (PROUNI, UAB, Lei de

Cotas, SISU, FIES), problematizando o significado em termos culturais e de projeto de vida

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(trabalho) que representa a continuidade dos estudos na graduação. Além dessa dimensão

informativa, buscamos ouvir os estudantes sobre suas concepções de universidade, sobre seus

projetos futuros e sobre os condicionantes sociais que interferem na tomada de decisão. Não é

simples morar em um município pequeno e de base agrícola e ir para a universidade. Mesmo

não pagando mensalidade, há custos de transporte, alimentação, moradia, livros e outras

questões pertinentes à manutenção da vida.

Capa do material produzido pelo Práxis para as oficinas do “Quero entrar na UFFS”.

Além disso, percebemos um aspecto subjetivo importante: o apoio dos grupos sociais

de referência (em especial a família) nem sempre é positivo em se tratando de continuar a

estudar. A necessidade do trabalho remunerado é um fato relevante, tanto pela necessidade

material imediata, como por uma noção moral que constrói o sentido de pertencimento social.

Em outras palavras: trabalhar é mais importante do que estudar.

Contraditoriamente, sabemos que anos de estudo se relacionam com maiores ganhos

financeiros no mercado de trabalho. Contudo, por ainda ser algo novo na região, a

universidade pública, diferente do verificado em outras cidades em que já se encontra mais

enraizada, ainda não desperta essa valorização subjetiva que poderia ser fator importante de

incentivo para os concluintes do ensino médio.

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1.3 Breve síntese das atividades desenvolvidas

Junto às ações mencionadas anteriormente, o Grupo PET/Conexões de Saberes Práxis

(Licenciaturas) realizou viagens de estudos. Tivemos a oportunidade de conhecer as escolas

do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No mês de novembro de 2013,

estivemos em visita de estudos no Iterra, em Veranópolis, RS. Em julho de 2014, visitamos o

Instituto Educar, em Pontão, também no estado gaúcho. Essas duas escolas do MST são

referências na formação de quadros dos movimentos sociais do campo, apresentando a

“metodologia da alternância” como princípio pedagógico. Também, as duas escolas firmaram

parceria com a UFFS/Erechim para a oferta de cursos superiores em Licenciatura em História

(Iterra) e Bacharelado em Agronomia, com ênfase em Agroecologia (Educar).

Nosso Grupo PET também teve encontros de formação em leitura e produção textual e

estabeleceu parceria com outros grupos de pesquisa e extensão do Campus Erechim da UFFS.

Estivemos envolvidos com a organização de eventos, como o XIV Fórum de Estudos: leituras

de Paulo Freire (maio, 2012) e o debate sobre o livro de Ivan Illich “Sociedade sem escolas”

em parceria com o Grupo de Pesquisa (CNPq) Anticapitalismo e Sociabilidades Emergentes

(GPASE).

Grupo do PET Práxis na oficina de produção textual com a Profa Zoraia Bittencourt. Agosto/2013.

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Visita ao Instituto Educar. Julho/2014.

Outras ações importantes neste período de três anos do Práxis:

- Acompanhamento das visitas guiadas de escolas nas instalações do Campus provisório da

UFFS/Erechim. Parceria com a Coordenação Acadêmica.

- Produção de duas coletâneas

2012

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2014

- Participação em eventos acadêmicos com apresentação de trabalhos:

SEPE/UFFS (2011, 2012, 2013)

Fórum de Estudos: leituras de Paulo Freire (2011, 2012, 2013) – Santa Rosa, Erechim e

Taquara

SIFEDOC (2012) – Pelotas

Salão UFRGS (2013) – Porto Alegre

Fórum FAPA (2011, 2012) – Porto Alegre

Seminário Nacional Diálogos com Paulo Freire (2013) – Rio Grande

SINPET/UFFS (2013) – Chapecó

- Atividade junto às escolas indígenas (2013)

PET Práxis na Escola Indígena Toldo Coroado em Benjamin Constant do Sul. Abril/2014.

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17

As ações desenvolvidas pelo nosso grupo PET apontam para o grande potencial dos

estudantes originários da escola pública. Cabe à universidade proporcionar espaços de

formação e políticas de permanência, contribuindo para o desenvolvimento de espíritos

inquietos, curiosos e comprometidos com uma sociedade mais justa, diversa e feliz.

Em síntese, são essas as atividades do nosso Grupo PET:

Disponível em: http://petconexoesdesaberes-uffs.blogspot.com.br/p/quem-somos.html.

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2 ENAPET 2014: TECENDO CONEXÕES

Entrada do Campus da UFSM.

Compartilhar experiências, tecer conexões. Talvez, esse seja o “espírito” de um

encontro nacional como o ENAPET. Já em sua 19ª edição, reuniu no interior gaúcho mais de

2000 pessoas entre petianos (como são designados os estudantes-bolsistas do PET), tutores e

gestores do Ministério da Educação.

A UFFS esteve representada pelo PET Práxis (Licenciaturas) do Campus Erechim. É a

partir das experiências deste grupo que o relatório a seguir é construído.

2.1 Sobre o ENAPET

O XIX Encontro Nacional dos Grupos PET (ENAPET) foi realizado de 28 de julho e

02 de agosto de 2014 na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul.

As informações relacionadas a seguir foram extraídas de três espaços virtuais: do portal do

PET (http://www.portalpet.feis.unesp.br/), do portal do XIX ENAPET

(http://www.enapet2014.org/) e do perfil do ENAPET 2014 no facebook

(https://www.facebook.com/Enapet2014). Junto a elas, acrescentaremos nossas anotações

produzidas durante os cinco dias do evento.

Segundo circular no site do ENAPET 2014:

A 19ª edição do Encontro Nacional dos Grupos PET (ENAPET) deste ano será

realizado na cidade de Santa Maria, nos dias de 28 de julho a 02 de agosto e está

sendo organizado pelos grupos PET da Universidade Federal de Santa Maria. Neste

ano o evento retorna a região sul depois de 8 anos (XI ENAPET em Florianópolis -

2006) e ao Rio Grande do Sul depois de 15 anos (IV ENAPET em Porto Alegre -

1999). Os organizadores convidam todos para virem a Santa Maria participar do

evento com o objetivo de discutir sobre inovação dentro do programa PET, bem

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como, a formação acadêmica do petiano dentro do mesmo. O tema do evento é:

“Inovação e formação: o desafio dessa construção”.

O logo do evento foi este:

A programação foi constituída de modo a propiciar o debate sobre questões

importantes do Programa de Educação Tutorial. Previsto para um público de 2000

participantes, o evento contou com lista de espera. O processo de submissão de trabalhos foi

realizado pelo Portal do PET e se constituiu de resumo expandido e apresentação de banner.

O valor da inscrição (R$150,00) contemplava alimentação e alojamento. A seguir a

programação do ENAPET 2014.

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20

O Grupo PET Práxis chegou a Santa Maria no início da tarde de segunda-feira, dia 28

de julho. A primeira ação foi o credenciamento.

Neste momento, recebemos uma ecobag composta por: guia do petiano, crachá de

identificação, folhas de ofício para anotações, caneta, caneca plástica do evento, manta do

evento, marcadores de páginas personalizados do ENAPET e cartões para participação nas

votações da assembleia. No final do primeiro dia, seriam entregues os tíquetes para a

alimentação (café, almoço e janta).

Assim, no primeiro dia de evento realizou-se o credenciamento dos grupos, seguido de

uma atividade de abertura com falas de autoridades e posterior apresentação artística com

jantar típico.

Bolsistas do Práxis no Centro de Eventos da UFSM na cerimônia de abertura.

Page 21: Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim

21

No segundo dia de evento, terça-feira, no turno da manhã o grupo Práxis participou

das palestras relativas ao tema do evento (inovação e formação). Os convidados trataram dos

objetivos esperados pelo programa PET, indicando três dimensões importantes relativas ao

programa: a educação tutorial, o trabalho coletivo e a tríade ensino, pesquisa e extensão. Logo

após as falas, foi aberto espaço para perguntas, as quais giraram em torno de assuntos ligados

aos CLAAs, ao valor das bolsas PET, aos grupos interdisciplinares e os grupos Conexões de

Saberes e, também, referentes aos tutores, quanto à substituição, o papel e o perfil do tutor

PET.

À tarde o grupo de bolsistas do Práxis participou do Encontro de Petianos e

Egressos, enquanto o tutor do grupo marcava presença no Encontro de Tutores. A discussão

realizada pelos petianos e egressos pautou cinco pontos: 1) a tríade ensino, pesquisa e

extensão 2) intercâmbio dos estudantes e o Programa Ciências sem Fronteiras 3) Relevância

do programa PET diante de outros programas nas Universidades 4) Métodos de avaliação do

PET e 5) Flexibilidade do uso do recurso de custeio do programa.

No encontro de tutores, realizado no Anfiteatro Imembuí na Reitoria da UFSM,

tivemos a participação de cerca de 100 tutores de universidades de todo o país. Seis pontos de

pauta foram construídos: 1) Comissão Executiva Nacional do PET – CENAPET, 2) Avaliação

do PET, 3) Administração do PET, 4) Custeio, 5) Prestação de contas e 6) Bolsas.

Neste espaço destinado ao encontro dos tutores, apenas os dois primeiros pontos de

pauta foram debatidos. No que se refere ao mandato dos membros da CENAPET, muitas

discussões foram realizadas, tendo em vista que até o momento nenhuma chapa havia se

inscrito para a eleição prevista no estatuto da Comissão. O atual presidente da CENAPET,

Prof. Álvaro Leonardi Ayala Filho (UFPel) fez um balanço de sua gestão, destacando o

intenso trabalho para o fortalecimento do programa tutorial junto ao Ministério da Educação e

às instituições de ensino. Neste momento, diversos oradores se sucederam, apresentando

diferentes pontos de vista sobre a condução da CENAPET, além da proposição de

encaminhamentos para a vacância da sua diretoria. Ao fim do debate, foi realizada proposta

de continuidade em outro horário da programação do evento e que seria ponto de discussão da

assembleia geral de sexta-feira.

Sobre a avaliação do PET, o debate focou a discussão sobre a reforma do Manual de

Orientações Básicas (MOB) do programa. O encaminhamento foi no sentido de fortalecer o

trabalho dos tutores e bolsistas indicados para a Comissão de Avaliação da CENAPET e

continuar o debate no Grupo de Discussão e Trabalho (GDT) sobre Avaliação e CLAA, que

seria realizado em dois turnos na quarta-feira.

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Ainda no segundo dia de evento, o grupo Práxis apresentou o trabalho em formato de

banner denominado “Universidade Popular? Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão do

grupo Práxis”. A apresentação ficou a cargo do bolsista Daniel Gutierrez. Porém, o banner foi

resultado do trabalho de todo o grupo.

Apresentação dos banners. Ginásio de Esportes da UFSM.

Este trabalho foi precedido pela escrita de um resumo expandido (em apêndice),

destacando as ações do Práxis desde dezembro de 2010 na UFFS/Erechim. Na oportunidade,

nosso grupo pode transitar e conhecer diversos trabalhos de todo o país que estavam sendo

apresentados.

Grupo PET Práxis reunido na apresentação do banner.

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Banner do Grupo PET Práxis

No terceiro dia de evento, o grupo Práxis participou dos Grupos de Discussão e

Trabalho (GDTs). Nosso grupo se dividiu: participou dos GDTs denominados “Ensino,

Pesquisa e Extensão e a articulação com a responsabilidade social”, “Avaliação e CLAA” e

“Inserção do Programa na vida acadêmica”, neste último foram debatidas diversas questões,

mas o tema que se destacou foi a permanência ou não do aluno que deixa o programa para

participar de projetos de intercambio estudantil.

No GTD “Ensino, Pesquisa e Extensão e a articulação com a responsabilidade social”,

a tríade que compõe o programa PET foi debatida no sentido de tornar claro o papel de cada

uma das dimensões e a indissociabilidade entre elas. Porém, o que se sobressaiu nas

discussões foi o debate sobre as atividades de extensão. A extensão foi caracterizada como

uma relação dialógica que deve respeitar a cultura e os saberes das comunidades nas quais se

realiza no intuito de realizar uma troca de saberes e não uma imposição dos saberes

acadêmicos.

O fim almejado é gerar uma ação transformadora tanto para o público alvo das

atividades de extensão como para o extensionista, devendo gerar um efeito multiplicador, ou

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24

seja, fazendo com que as ações continuem se desenvolvendo após o termino da atividade de

extensão. A tarde deu-se a continuidade das discussões que geraram os seguintes

encaminhamentos que seriam levados à assembleia geral: o programa PET deve realizar

atividades com responsabilidade social, focando nas demandas da comunidade, bem como,

realizar atividades que contribuam para o currículo tanto dos bolsistas PET quanto para os

cursos envolvidos, e ainda buscar apoio financeiro a partir do PROEXT.

Já no GDT “Avaliação e CLAA”, a proposta construída em encontros regionais e pela

Comissão de Avaliação (CA) do PET, ligada à CENAPET, foi colocada em pauta. A ideia

principal é que a avaliação seja contínua, não punitiva. Outro aspecto importante é que os

critérios de avaliação dos Grupos PET devem seguir a mesma lógica do SINAES. Pela

exposição realizada, as quatro esferas de atuação do programa tutorial são:

1. Gestão Superior – Conselho Superior, SeSU e Comissão de Avaliação (CA)

2. IES – Administração Superior (Pró-Reitoria) e CLAA

3. Grupos PET – Tutor, petianos

4. CENAPET

Nesse sentido, os Grupos PET produzem seus planejamentos e relatórios, os CLAAs

avaliam e fazem a interlocução institucional com o MEC e a CA avalia o relatório

institucional produzido pelo CLAA. Todas as propostas discutidas sobre os critérios de

avaliação do PET devem ser levadas ao MEC ainda em 2014, tendo em vista o processo

eleitoral e a troca de governo em nível federal.

Outro ponto discutido neste GDT foi a funcionalidade da plataforma SIGPET. A

proposta é que as postagens dos relatórios e dos planejamentos estejam disponíveis o ano

todo, permitindo que os tutores possam ir construindo os documentos de forma processual.

Por fim, algumas questões envolvendo o trabalho do CLAA em algumas instituições foram

trazidas. Algumas reclamações de desorganização ou ausência do CLAA encontraram

acolhida entre os presentes. Na verdade, há diversas possibilidades de arranjos dos CLAAs

Brasil afora. Parte dessas discussões foi retomada no encontro dos interlocutores PET e

CLAAs na quinta-feira. À noite realizou-se a Festa Oficial do Evento.

No quarto dia de evento, 31/07, realizaram-se os encontros por área pela manhã, tendo

o grupo de bolsistas do Práxis participado do encontro das Ciências Humanas. Este encontro

foi marcado pelos relatos de experiência de atividades dos grupos PET, no qual foi possível

compreender a importância do trabalho coletivo dos grupos e a necessidade do sentimento de

pertencimento dos bolsistas. Foi um importante espaço de diálogo, de proposições e ideias.

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Já o tutor do Práxis participou do Encontro de interlocutores e PET e CLAAs, na sala

218 da Reitoria da UFSM. Foi uma reunião concorrida, contanto com representantes de mais

de quinze instituições, entre universidades e institutos federais. Sete pontos de pauta foram

apresentados, mas somente dois foram discutidos: 1) dificuldades na condução e interlocução

PET e ações dos CLAAs, 2) valorização institucional dos Grupos PET – Tutores e petianos.

Muitos relatos de experiências foram realizados nesta manhã.

À tarde realizaram diversas oficinas, envolvendo atividades de dança, de teatro, de

como preparar o chimarrão e o churrasco, entre outras.

No quinto e último dia de evento realizou-se a assembleia geral na qual foram

debatidos e votados os encaminhamentos trazidos pelos GDTs. Foi uma longa atividade,

chegando perto de 8h de debates e votações. Os pontos de pauta apresentados a aprovados

foram:

1 – Relato CENAPET

2 – Prestação de contas da CENAPET

3 – Posse do Conselho Superior da CENAPET (membros eleitos nos encontros regionais)

4 – Deliberações sobre eleição da nova diretoria da CENAPET

5 – Definição dos ENAPETs 2015 e 2016

6 – Deliberações dos encaminhamentos dos GDTs

7 – Encerramento do encontro

Os três primeiros pontos de pauta foram conduzidos pelo Prof. Ayala (UFPel), atual

presidente da CENAPET. Em relação à nova eleição da diretoria, devido à falta de chapa

inscrita no prazo previsto em edital, a assembleia se posicionou pela possibilidade de

inscrição da nominata até o início dos trabalhos da tarde. Já havia uma tratativa que indicou

certa composição de tutores e petianos.

Em relação ao ponto 5, foram apresentadas algumas candidaturas para sediar o

ENAPET em 2015 e 2016. O critério de itinerância regional apontava para a região sudeste o

encontro de 2015. Contudo, não houve no encontro regional anterior e no próprio evento

nacional a indicação de instituições desta região. Assim, foi acolhida a aclamada a

Universidade Federal do Pará como sede do ENAPET 2015. Já o evento nacional de 2016

será realizado na Universidade Federal do Acre.

O ponto 6 foi o mais extenso e que demandou maior tempo para intervenções e

votações. Cada GDT encaminhou suas conclusões para esta assembleia. No decorrer das

atividades, pouco a pouco, algumas delegações iam deixando a plenária, tendo em vista a

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logística da viagem de retorno. Mesmo assim, o trabalho se estendeu até perto das 21h. Os

principais pontos discutidos foram:

- Sobre os CLAAs: avaliação do tutor pelas IES e pelos estudantes e indicação de visitas de

acompanhamento aos Grupos PET. O Comitê deve ser avaliado também pelos Grupos PET da

instituição;

- Necessidade de realização de eventos internos anuais dos Grupos PET;

- Apoio à participação de eventos com aporte de recursos por parte das IES;

- Fiscalização por parte do CLAA acerca da infra-estrutura disponibilizada pela IES ao PET e

encaminhamento de relatório à Comissão de Avaliação (CENAPET);

- Presença mínima de 50% de bolsistas na comissão de seleção de tutores PET;

- A participação nos Grupos PET deve contar pontos no Currículo Lattes e ser incentivada

pela Pró-Reitoria de Graduação das IES;

- O PET deve ter o mesmo tratamento de programas como o PIBIC e o PIBID;

- Permanência do tutor PET: pela legislação atual, a tutoria é exercida pelo período de três (3)

anos, com uma renovação por igual período. A proposta que está sendo trabalhada em nível

nacional é que a permanência do tutor seja indeterminada tal qual é o Grupo PET na IES,

desde que apresente produtividade acadêmica e cumprimento das normas do programa.

Foi encaminhada nova composição administrativa da CENAPET em chapa única

inscrita durante o período da manhã da assembleia. Todas as informações das deliberações

deste ENAPET estarão disponíveis no portal da comissão - http://cenapet.adm.feis.unesp.br/.

2.2 Encontros do PET e a presença da UFFS

O que nos pareceu muito claro ao participarmos do ENAPET 2014 foi a importância

dos encontros regionais do programa. Cada região do país organiza anualmente o seu

encontro. Na região sul temos o SULPET. O encontro nacional serve para encaminhamento

das questões discutidas e votadas nos encontros regionais.

Portanto, politicamente é imprescindível a presença de petianos da UFFS no SULPET,

tendo em vista que é um espaço de tomada de decisões e estabelecimento de acordos que

impactam na vida gerencial e acadêmica do PET.

Em 2015, o SULPET será sediado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),

com agenda definida de 18 a 21 de abril. Durante o ENAPET foi reforçada a necessidade de

contrapartida da universidade que acolhe programas tutoriais, com apoio financeiro e logístico

que garanta a participação de seus professores, estudantes e membros do CLAA.

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Assim, em articulação com os encontros regionais, os encontros nacionais dos

próximos dois anos já têm locais definidos:

XX ENEPET – 2015 – Universidade Federal do Pará – Belém.

XXI ENAPET – 2016 – Universidade Federal do Acre – Rio Branco.

Pela natureza estrutural do PET na UFFS, torna-se necessário, desde já, planejarmos a

participação dos Grupos PET da instituição nestes eventos. Também, é fundamental

acompanharmos as discussões que envolvem a CENAPET e participarmos de espaços como a

lista virtual de tutores.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ressaltamos, por fim, a importância da participação do grupo Práxis neste evento, no

qual foi possível conhecer melhor o programa PET em nível nacional, considerando que

somos parte da primeira experiência de programa PET na UFFS devido a sua recente

instalação.

O contato com os demais grupos PET permite além da troca, da partilha de

experiências, repensar nossas ações enquanto grupo e criar novas ideias para implantar em

nossos programas com intuito de fortalecê-los e qualificá-los ainda mais.

A experiência deste encontro nacional contribuiu para repensarmos o lugar do PET na

UFFS e o próprio desenvolvimento de nossas atividades no Campus Erechim. Dessa forma,

apontamos:

- O necessário reconhecimento da UFFS da importância do PET na permanência qualificada

de seus estudantes;

- A garantia de adequado espaço físico para o desenvolvimento das atividades tutoriais nos

Campi definitivos da universidade;

- Apoio financeiro à participação dos Grupos PET em eventos de iniciação científica,

extensão e ensino com vistas ao aprimoramento acadêmico dos petianos e tutores, bem como

à participação nos eventos regionais e nacional do programa;

- Apoio para publicação dos trabalhos desenvolvidos pelos Grupos PET da UFFS, em

especial, na editora da universidade;

- Fortalecimento das ações do CLAA na UFFS, observando orientações normativas nacionais

e, principalmente, valorizando o diálogo com os tutores e petianos da instituição;

- Sustentação política para a continuidade e o aprofundamento da experiência dos Grupos

PET na modalidade Conexões de Saberes, tendo em vista o projeto institucional que aponta

para o caráter popular da UFFS;

- Potencialização do espaço acadêmico-formativo do SINPET/UFFS.

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29

REFERÊNCIAS

BAQUERO, M. A pesquisa quantitativa nas ciências sociais. Porto Alegre: Editora da

UFRGS, 2009.

DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. ed. São

Paulo: Paz e Terra, 2005.

HOLLIDAY, O. J. Sistematização de experiências: algumas apreciações. In: BRANDÃO, C.

R.; STRECK, D. R. (Orgs.). Pesquisa participante: a partilha do saber. Aparecida/SP: Ideais

& Letras, 2006, p. 227-243.

PEREIRA, T. I. (Org.). Universidade pública em tempos de expansão: entre o vivido e o

pensado. Erechim: Evangraf, 2014.

_____ (Org.). Há uma universidade no meio do caminho: caminhadas dos bolsistas do

PET/Conexões de Saberes da UFFS/Erechim até a universidade. Erechim: Evangraf, 2012.

STRECK, D. R. Pesquisar é pronunciar o mundo. In: BRANDÃO, C. R.; STRECK, D. R.

(Orgs.). Pesquisa participante: a partilha do saber. Aparecida/SP: Ideais & Letras, 2006, p.

259-276.

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APÊNDICE

Universidade Popular? As experiências de extensão, ensino e pesquisa do Grupo Práxis

Daniel Gutierrez, Fernanda May, Jaqueline Bordin Kosloski, Joviana Vedana da Rosa e

Rovian Schenatto Palavicini ¹; Thiago Ingrassia Pereira².

¹ Bolsistas do Grupo Práxis – PET/Conexões de Saberes da UFFS/Erechim. ² Tutor do Grupo

Práxis – PET/Conexões de Saberes da UFFS/Erechim

Introdução

O Grupo Práxis - Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de Saberes da

Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Erechim, criado em 2010, tem como

público-alvo os estudantes de origem popular dos cursos de licenciatura em História,

Geografia, Filosofia, Ciências Sociais, Educação do Campo e Pedagogia.

Em termos epistemológicos, o campo da Educação Popular é o referencial orientador que se

desdobra em concepções metodológicas de pesquisa participante e pesquisa-ação (PEREIRA,

2011). Pensar e viver a nova universidade são tarefas representativas do cenário de expansão

do acesso ao ensino superior fomentado por políticas públicas.

Assim, por meio dos eixos ensino, pesquisa e extensão, o Grupo procura legitimar a nova

universidade como um espaço de produção de conhecimento. No ensino, o programa

desenvolve o grupo de estudos. Na extensão, realizam-se atividades nas escolas públicas da

região - “Quero Entrar na UFFS”. Referente ao eixo pesquisa, desde 2012, realiza-se a

pesquisa sobre o perfil dos calouros do Campus Erechim. Este trabalho, portanto, abordará

sobre estas atividades e os resultados obtidos pelo Práxis, tendo em vista sua criação em meio

à criação da UFFS no Alto Uruguai Gaúcho.

Objetivos

O principal objetivo deste trabalho reside em fomentar problematizações críticas acerca de

políticas de expansão e permanência dos estudantes de origem popular no âmbito de uma

universidade que nasce a partir da luta dos movimentos sociais. Além disso, pretendemos dar

visibilidade e demarcar um campo político e acadêmico que possibilite de forma efetiva que a

UFFS seja, além de pública, popular.

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O desdobramento deste objetivo ocorre em dimensões epistemológicas e pedagógicas que, a

nosso ver, potencializam o debate e embasam ações dotadas de rigor científico e, sobretudo,

sensibilidade social. Assim, ao partir da experiência do Grupo PET/Conexões de Saberes,

buscamos discutir a própria função da universidade pública brasileira neste início da segunda

década do século XXI.

Afinal, o que faz de uma universidade pública, popular? A expansão de vagas públicas pode

“democratizar”, de fato, a universidade? Até que ponto a universidade pode incluir as pessoas

no mesmo sistema social que as excluí? Como popularizar a universidade sem abrir mão da

qualidade/excelência? Em outras palavras: como o nosso Grupo PET poderá associar rigor e

excelência acadêmica com a formação política e sensibilidade social?

Metodologia

Para a execução das ações do nosso Grupo PET/Conexões de Saberes, utilizamos os

princípios teóricos e epistemológicos do campo da Educação Popular. A partir disso,

orientamos este trabalho tendo em vista a reflexão-ação sobre nossas práticas nos eixos

constituintes do nosso programa.

O grupo de estudos propicia aos alunos integrados ao PET Práxis UFFS/Erechim a ampliação

de conhecimentos, além de um melhor domínio teórico e conceitual sobre as questões que

orientam os trabalhos realizados. Entre os temas estudados estão: a educação popular, a

escola, o ensino superior, a construção dos saberes, a democratização da educação, o acesso e

a permanência de estudantes de origem popular na universidade, os movimentos sociais,

dentre outros.

O objetivo da pesquisa com os calouros é entender o perfil dos estudantes que chegam à

UFFS/Erechim, bem como proporcionar aos estudantes “petianos” formação em pesquisa

social quantitativa. Para isso, esta pesquisa é realizada por meio de um questionário

autoaplicável, com as turmas que ingressam no primeiro e no segundo semestre letivo. Entre

outras questões, procura-se saber: quem são estes estudantes? De que cidades provêm? Qual

sua idade? Sua raça/etnia? Estudaram em escola pública ou privada? A ideia é construir uma

série histórica a partir de 2012. A pesquisa 2014 está em andamento.

O projeto “Quero entrar na UFFS” é desenvolvido nas escolas estaduais pertencentes a 15ª

Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Tem como objetivo dialogar com os alunos

sobre as possibilidades de inserção no ensino superior ou técnico. Sendo a UFFS uma

instituição recente, criada em 2010, em uma região onde até então o ensino superior público

era inexistente, busca-se levar informações sobre a universidade, seu caráter gratuito, políticas

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de acesso e permanência. Sobretudo, procura-se dialogar a respeito da importância de

continuar estudando para além do Ensino Médio, tendo em vista a discussão sobre o projeto

de vida.

Resultados e discussão

As atividades do Grupo Práxis redundaram na publicação de dois livros, além de

apresentações de trabalhos em eventos científicos. O primeiro livro, de 2012, “Há uma

universidade no meio do caminho”, trata-se de uma coletânea de memoriais escritos pelos

bolsistas em que estes narram e refletem sobre suas trajetórias até a universidade, marcadas

por expectativas e dificuldades de acesso ao ensino superior. O segundo livro, de 2014,

“Universidade em tempos de expansão: entre o vivido e o pensado”, traz, entre outros estudos

e reflexões, os resultados da pesquisa sobre o perfil dos calouros 2012, apontando novos

perfis de estudantes, confirmados em 2013, historicamente não comuns no ensino superior

público. Trata-se de alunos, em sua maioria, provenientes de escola pública, primeira geração

da família a chegar à universidade e com características, principalmente nos cursos noturnos,

de estudante trabalhador.

Dessa forma, as atividades desenvolvidas apontam para a construção de um espaço acadêmico

de debate acerca da expansão do acesso e da permanência ao ensino superior de dentro, ou

seja, refletida por seus próprios protagonistas.

Nesse sentido, o Grupo Práxis refletindo sobre o acesso e a permanência na universidade, a

partir da própria trajetória dos estudantes bolsistas e investigando o perfil dos estudantes

ingressos, percebe que a maioria dos alunos da UFFS Campus Erechim possuem trajetórias

escolares semelhantes e são provenientes das mesmas condições socioeconômicas, isto é,

estudantes de origem popular. É neste sentido que o grupo discute sobre o conceito de

“popular”, o papel social da universidade, a expansão do ensino etc. Ademais, ultrapassa-se o

âmbito da universidade, apresentando possibilidades de continuidade nos estudos para

estudantes das escolas públicas da região.

Conclusão

A articulação entre os eixos ensino, com discussões teóricas e conceituais, a pesquisa sobre o

perfil dos calouros, com formação em pesquisa social quantitativa, e o projeto “Quero Entrar

na UFFS”, realizando atividades com estudantes do Ensino Médio em escolas públicas da

região sobre a continuidade nos estudos, busca contribuir para o aperfeiçoamento de políticas

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de acesso e permanência de estudantes de origem popular na universidade, constituindo-se em

um espaço de debate acerca desta temática e de formação acadêmica.

Assim, este trabalho é resultado do processo de auto-reflexão do nosso grupo sobre suas

atividades instituintes de ensino, pesquisa e extensão.

Referências

PEREIRA, T. I. Construindo uma universidade pública e popular: intencionalidades políticas,

pedagógicas e epistemológicas da proposta do grupo PET/Conexões de Saberes na

UFFS/Erechim. In: ZITKOSKI, J. J.; MORIGI, V. (Orgs.). Educação popular e práticas

emancipatórias: desafios contemporâneos. Porto Alegre: Corag, 2011, p. 25-34.

_____. (org.). Há uma universidade no meio do caminho. Erechim: Evangraf, 2012.

_____. (Org.). Universidade em tempos de expansão: entre o vivido e o pensado. Erechim:

Evangraf, 2014.