relatÓrio tÉcnico do sobrevoo nas Áreas...

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS RELATÓRIO TÉCNICO DO SOBREVOO NAS ÁREAS PROPOSTAS PARA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DA CONTRA COSTA DE SOURE MAR TERRITORIAL – ILHA DE MARAJÓ – PARÁ BELÉM-PA 2012

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E

LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE

DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS

RELATÓRIO TÉCNICO DO SOBREVOO NAS ÁREAS PROPOSTAS PARA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DA CONTRA COSTA DE SOURE

MAR TERRITORIAL – ILHA DE MARAJÓ – PARÁ

BELÉM-PA 2012

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E

LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE

DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS

RELATÓRIO TÉCNICO DO SOBREVOO NAS ÁREAS PROPOSTAS PARA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DA CONTRA COSTA DE SOURE – MAR

TERRITORIAL – ILHA DE MARAJÓ – PARÁ

BELÉM-PA

2012

SIMÃO ROBISON OLIVEIRA JATENE Governador do Estado do Pará

HELENILSON CUNHA PONTES

Vice-governador do Estado do Pará

VILMOS DA SILVA GRUNVALD Secretário Especial de Estado de Infraestrutura e

Logística para o Desenvolvimento Sustentável

JOSÉ ALBERTO DA SILVA COLARES Secretário de Estado de Meio Ambiente

CRISOMAR LOBATO

Diretor de Áreas Protegidas

JOCILETE DE ALMEIDA RIBEIRO Coordenadora de Ecossistemas

NÍVIA GLÁUCIA PINTO PEREIRA Gerente de Proteção à Fauna - GPFAUNA

EQUIPE TÉCNICA

ANDERSON TAVARES Arquiteto

BENJAMIM FERREIRA

Agrônomo

IGOR CHAVES Oceanógrafo

NÍVIA PEREIRA

Bióloga

RICARDO MENDES Piloto

JOÃO MARCELO VIEIRA LIMA

Revisão Ortográfica/CEC

DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (Biblioteca da SEMA)

Sobrevoo realizado na Costa dos Municípios de Soure e Chaves: Relatório Técnico/ Secretaria de Estado de Meio Ambiente. – Belém: SEMA, 2012.

p.24.

1. Zona Costeira. 2. Município de Soure. 3. Município de Chaves I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente. II Título.

CDD 22.ed. – 333.7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mosaico das Unidades de Conservação Zona Costeira/Mar Territorial....................13

Figura 2 - Embarcações visualizadas na área proposta para REBIO. ......................................15

Figura 3 - Diferentes ecossistemas encontrados: A- manguezal; B- Dunas. ...........................16

Figura 4 - Diferentes ecossistemas encontrados: A – tabocal; B - Buritizal. ............................16

Figura 5 - Únicos residentes da Ilha da Machadinha. ................................................................17

Figura 6 - Fazenda encontrada na área proposta para REBIO. ................................................17

Figura 7 - Casa no meio do Tabocal. ...........................................................................................17

Figura 8 - Gado pastando em campo em área proposta para RDS. .........................................18

Figura 9 - Bando de garça sobrevoando o tabocal. ....................................................................19

Figura 10 - Águas do Rio Amazonas(em marrom) e águas do Oceano Atlântico(em verde) 20

Figura 11 - Canal da Tartaruga, limite entra a REBIO e RDS. ..................................................20

Figura 12 - Vila Nascimento. .........................................................................................................21

Figura 13 - Vila São Sebastião do Arapixi. ..................................................................................21

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 ÁREA DO SOBREVOO ......................................................................................... 13

3 OBJETIVO ............................................................................................................. 13

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 14

5 INFORMAÇÕES COLETADAS ............................................................................. 14

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

8

1 INTRODUÇÃO

A diversidade biológica na Terra não está distribuída uniformemente, pois os

organismos não se distribuem ao acaso. Este padrão de distribuição de espécies é

fortemente influenciado por caracteres históricos e ecológicos e deve ser visualizado

dentro do processo evolutivo de toda a biota. Como conseqüência disto existe áreas

que possuem maior biodiversidade do que outras áreas nos seus principais aspectos

como taxonômico, genético e de ecossistemas (CARVALHO, 2009).

A criação de unidades de conservação deve levar em consideração os

requisitos ecológicos das espécies e a quantidade de espaço necessário para

suportar uma população mínima viável, ou seja, a população deve ser grande o

bastante para manter a espécie fora do perigo da extinção estocástica. (RICKLEFS,

2003). Assim o estudo de fauna de regiões insuficientemente conhecidas tem

grande importância, não só para o acompanhamento do “status” de uma

determinada espécie como também o levantamento de espécies bioindicadoras que

fornecem informações relevantes do ecossistema em que vivem. (GRELLE et al.,

1999). A região amazônica é responsável por grande número de espécies novas

devido a extensas áreas ainda inexploradas, alvo de recentes expedições científicas.

É nesta região que foram descritas recentemente quatro novas espécies de primatas

(FERRARI et al., 1998).

O conhecimento científico existente sobre a diversidade amazônica ainda é

pequeno, principalmente devido a sua grande dimensão, elevada riqueza de

espécies e diversidade de habitat. Apesar do pouco conhecimento, sabe-se que a

maioria das espécies não é amplamente distribuída na região, mas ocorre em

mosaicos delimitados principalmente pelos grandes rios que cortam a floresta,

formando várias áreas de endemismo (PAULA; LEMOS, 2008).

O estudo de fauna em áreas protegidas é ainda insuficientemente, sendo o

mesmo considerado especialmente importante já que várias espécies são

consideradas bio-indicadoras, fornecendo indícios da situação do ecossistema em

que vivem, ou seja, é como uma avaliação integrada dos efeitos ecológicos. Alia-se

a isso o fato de muitas espécies silvestres serem frágeis ecologicamente,

necessitando normalmente de grandes espaços relativamente preservados para a

9

manutenção de populações viáveis. Os mamíferos também ocupam vários níveis na

cadeia trófica, atuando tanto como dispersores de sementes quanto como

predadores de topo da cadeia alimentar, sendo afetados direta ou indiretamente por

perturbações nos níveis inferiores (TERBORGH et al., 1999).

O Arquipélago do Marajó está localizado, integralmente, no Estado do Pará, é

considerado como uma área extremamente rica devido aos seus recursos naturais

(hídricos e biológicos) apresentando uma diversidade de ecossistemas, com

espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção ou endêmicas, apresentando

belezas únicas.

A área proposta para Unidade de Conservação- UC foco desse

trabalho/sobrevoo localiza-se nos municípios de Soure, S 00º43’00’’, O 48º31’24’1” e

Chaves S 00º09’36”, O 49°59’18”, compondo a Microrregião do Arari, no Arquipélago

do Marajó.

O Ministério do Meio Ambiente através da realização de uma série de

workshops para a definição de áreas prioritárias que resultaram na identificação de

900 áreas para a conservação da biodiversidade, sendo 385 na Amazônia e 164 na

zona costeira e marinha. Entre as áreas da Zona Costeira e Marinha, a região do

Marajó foi considerada como de importância extremamente alta para conservação.

O Arquipélago do Marajó é uma das mais ricas regiões do país em termos de

recursos hídricos e biológicos, além de possuir localização estratégica e privilegiada.

É formado por um conjunto de ilhas, que, em seu todo, constitui a maior ilha flúvio-

marítima do mundo, com 49.606 Km². Em sua porção noroeste, recebe águas

doces, barrentas e cheias de nutrientes do Rio Amazonas; ao norte, as águas

marinhas do Oceano Atlântico; a nordeste, as águas doces e barrentas da Baía do

Marajó; ao sul, as águas doces e barrentas do Rio Pará, propiciando pescarias em

áreas continentais e marinhas, com elevada diversidade de peixes provenientes

destes dois sistemas. (PLANO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

SUSTENTÁVEL DO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, 2007).

Pertence ao Bioma Zona Costeira/Marinha e está inserida no próprio contexto

da bacia amazônica, que possui a maior rede hidrográfica do planeta que são

determinantes para que a região sofra alagações periódicas, pois seus rios são

condicionados pelo próprio regime das chuvas que caem na região, que por sua vez

10

dependem da circulação atmosférica dentro da zona intertropical Sul-Americana e

dos deslocamentos das massas de ar. O clima é equatorial úmido quente-chuvoso

com temperatura média em torno dos 25º C, com chuvas torrenciais bem

distribuídas por todo o ano. Esse clima se caracteriza por possuir duas estações

anuais intensas, tanto a estação chuvosa quanto a seca. Nesta, o solo tende a secar

com o passar dos dias, rachando e tornando-se árido e duro, proporcionando as

torroadas (sulcos e alterações de terreno). Na estação chuvosa, as chuvas

contribuem para o aumento no volume da água dos rios, provocando as enchentes

que inundam a ilha em mais de dois terços de sua superfície (CRUZ, 1987).

A área estudada é, ainda, fortemente influenciada pelo sistema de dispersão

de sedimentos do Rio Amazonas, cuja descarga máxima ocorre entre os meses de

maio a junho, quando atinge 240.000 m3/s, decrescendo nos meses de outubro e

novembro, quando alcança 110.000 m3/s. (CUTRIM et al. (2001), p. 61 a 62 apud

NITTROUER et al., 1990). Na época de maior precipitação, as águas do Rio

Amazonas invadem o Oceano Atlântico sobre a plataforma continental, até

aproximadamente 70 km da costa, gerando uma pluma superficial de água de baixa

salinidade e coloração barrenta (ZACARDI et al., 2008, p. 10 apud CAMARGO;

ISAAC, 2003).

A flutuação da descarga do rio causa o deslocamento da zona de contato

entre as águas oceânicas e costeiras no estuário. No período chuvoso caracterizado

pelo aumento da descarga dos rios as águas marinhas se afastam da costa e a baía

do Marajó, ao sul da Ilha de Marajó, e a parte externa da foz do Rio Amazonas, ao

norte da mesma, tornam-se uma continuação do Rio Amazonas. No período de seca

ocorre o inverso, pois as águas com influência marinha penetram na baía de Marajó

e se aproxima da desembocadura do Rio Amazonas, mas não chegam a penetrar no

rio (EGLER & SCHWASSMANN, 1962; SCHWASSMANN et al., 1989; BARTHEM &

SCHWASSMANN, 1994).

Os ambientes costeiros são favoráveis aos estágios iniciais dos ciclos de vida

de diversos seres aquáticos, principalmente, de peixes sendo, portanto,

freqüentados por espécies ecologicamente distintas ou que exibem diferentes

hábitos de desova (ZACARDI et al., 2008, p. 10 apud DOYLE et al., 1993; LEIS,

1993). É caracterizado por possuir maior disponibilidade de alimento, baixa

11

abundância de predadores, além de apresentarem padrões de circulação que

favorecem a retenção dos estágios ictioplanctônicos (ZACARDI et al., 2008, p. 10

apud CASTILLO et al., 1991). Apresenta uma grande quantidade de algas e muitos

indivíduos juvenis de peixes e principalmente de camarões. (CUTRIM et al., 2001). A

foz amazônica caracteriza-se por um gigantesco complexo deltaico-estuarino

submetido à ação de processos fluviais e marinhos, com desenvolvimento de

planícies alagadas, caracterizando o grande número de ilhas do arquipélago

marajoara (ZACARDI et al., 2008, p. 10 apud COUTINHO, 1995).

A fauna e flora desta zona costeira compõem um sistema biológico complexo

e sensível, que abriga extraordinária inter-relação de processos e pressões,

exercendo um papel fundamental na maior parte dos mecanismos reguladores

costeiros. Esses ecossistemas são responsáveis por ampla gama de “funções

ecológicas”, tais como a prevenção de inundações, intrusão salina e erosão costeira;

proteção contra tempestades; reciclagem de nutrientes e substâncias poluidoras; e

provisão de habitats e recursos para uma variedade de espécies explotadas, direta

ou indiretamente (MMA, 2002 apud MMA, 2007).

Segundo Barthem (1985), o Estuário Amazônico forma um ambiente peculiar

e pouco conhecido, abrigando espécies marinhas e dulcícolas, representando para o

Estado do Pará um rendimento anual por volta de dezenas de milhões de dólares

oriundos através da exportação de pescado e camarões capturados nessa área, em

grande escala, principalmente, pela pesca industrial. A atividade pesqueira aí

desenvolvida é diversificada, atuando desde pescadores artesanais, que empregam

tecnologia simples e pequenas embarcações de casco de madeira, até empresas de

grande porte, que fazem uso de tecnologia sofisticada e embarcações de casco de

metal.

Encontram-se muitos relatos de que a ictiofauna amazônica possui boa

representatividade com 85% das espécies citadas como espécies amazônicas.

Dever-se-ia, portanto, concretizar a devida importância da realização de um

levantamento amostral das espécies de peixes endêmicos marajoaras, delimitados

ao estuário amazônico/marajoara. Já ressaltando dentro desse levantamento a

composição taxonômica dos recursos pesqueiros do Arquipélago do Marajó, com

12

ênfase na dinâmica biológica e de inundação, com propriedade para divulgar a

biologia e ecologia dos peixes do golfão marajoara.

A biodiversidade na região estudada é consideravelmente alta de acordo com

a bibliografia levantada. Também chamado de golfão marajoara, o golfão do

Amazonas é caracterizado, segundo Avaliação (1999), pela riqueza biológica em

ecossistemas de campos inundáveis, manguezais, várzeas, igapós e vegetação de

terra firme, que servem de abrigo para rotas de aves migratórias e espécies vegetais

e animais ameaçadas de extinção.

A degradação ambiental na região é em parte causada por fatores externos,

naturais ou antrópicos, alguns dos quais ainda não foram suficientemente

estudados, sendo o Bioma Zona Costeira/Marítimo na região Norte considerado bem

preservado em relação à região Sul da Costa brasileira. A ação de ventos erosivos

em Soure e Salvaterra é bastante preocupante, pois afeta especialmente os

manguezais e dunas existentes no local. Moradores do lugar chegam a afirmar que

“[...] o mar está invadindo a terra”. A força erosiva da água é testemunhada,

portanto, por quem mora no local. (PLANO DE DESENVOLVIMENTO

TERRITORIAL SUSTENTÁVEL DO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, 2007).

Os manguezais servem como local de reprodução e de alimentação para

várias espécies de animais marinhos e de água doce, além de abrigarem uma fauna,

também com baixa diversidade específica, porém com muitos indivíduos, alguns

deles de importância econômica como o camarão, o caranguejo e a ostra. (PLANO

DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SUSTENTÁVEL DO ARQUIPÉLAGO DO

MARAJÓ, 2007).

A área da costa marítima do arquipélago caracteriza-se por apresentar uma

diversidade de espécies aquáticas concentradas nessa faixa devido à grande

quantidade de alimentos descarregada pelo Rio Amazonas no Oceano Atlântico,

sendo considerada como zona de alimentação onde os peixes jovens migradores,

permanecem para se desenvolverem. (PLANO DE DESENVOLVIMENTO

TERRITORIAL SUSTENTÁVEL DO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, 2007).

13

2 ÁREA DO SOBREVOO

A área de estudo compreende a zona da contra costa de Chaves e Soure,

área proposta para criação de Unidade de Conservação Zona Costeira/ Mar

Territorial localizada na Região do Marajó/PA, que se estende desde o Rio Arapixi

no Município de Chaves até faixa do mar territorial.

Figura 1: Mosaico das Unidades de Conservação Zona Costeira/Mar Territorial.

Fonte: SEMA (2012).

3 OBJETIVO

Coleta de informações que possam complementar os estudos do meio

biológico, através da observação de grupo de aves, ninhais, locais dormitório da

avifauna e macro fauna marinha.

14

4 METODOLOGIA

O levantamento de informações do Sobrevoo nas áreas propostas para

Unidades de Conservação da Natureza em Categoria de Reserva Biológica e

Reserva de Desenvolvimento Sustentável ocorreu com uma aeronave tipo

BIOMOTOR, com asa ALTA e capacidade para 06 pessoas (um piloto e CINCO

TÉCNICOS da SEMA/PA), que sobrevoou o Município de Soure e parte do

Município de Chaves com velocidade média de 190 km/h.

Para uma eficaz execução do desenvolvimento de coleta de informações

durante o sobrevoo, foi necessária a utilização dos dados cartográficos das áreas;

para o registro das imagens utilizou-se máquina fotográfica NIKON D90 18-105 VR,

algumas imagens fotográficas sofreram “Correção automática” do Microsoft Office

Picture Manager; também foi utilizado GPS de marca UNISTRONG modelo Dora

Gray para georreferenciar pontos considerados muito importantes para o relatório de

fauna.

5 INFORMAÇÕES COLETADAS

Iniciamos a viagem com saída de Belém aproximadamente 08:10, o dia

encontrava-se claro sem ameaça de chuva, com temperatura de 28°.

Durante o percurso inicial no Município de Soure, mas especificamente a

partir de Joanes até a ponta do Maguari, apenas do lado direito do avião foram

contabilizados sessenta e seis embarcações.

De acordo com o 1º Relatório da Fauna na área propostas para REBIO e RDS

elaborado em 2011 pela equipe da Gerência de Proteção à Fauna – GPFAUNA há

confirmação de sobrepesca da área, principalmente na região próxima da Ilha da

Machadinha, Ponta do Maguari e área da RESEX, sendo muito utilizada por

pescadores oriundos do próprio Município de Soure, Chaves, de outros municípios

do Pará (Abaetetuba, Belém, entre outros) e até de outros Estados como Amapá e

Maranhão.

15

Figura 2 - Embarcações visualizadas na área proposta para REBIO.

Fonte: SEMA (2012).

Na área que pertecente a proposta para a REBIO durante os dez primeiros

minutos de sobrevoo houve a procura por embarcações, foram observados nesses

minutos cinco embarcações.

Após constatação de embarcações de pesca na área proposta para REBIO o

foco de procura e observação passou a ser a confirmação de alguns ecosssitemas

importantes para a fauna e áreas antropizadas a fim de demonstrar possíveis

degradação do habitat.

Notou-se ecossitemas com diferentes fitofisionomias tais como: manguezais,

áreas de de praias, dunas, restinga, tabocais ou banbuzal, buritizais e campos.

16

Figura 3 - Diferentes ecossistemas encontrados: A- manguezal; B- Dunas.

Fonte: SEMA (2012). Figura 4 - Diferentes ecossistemas encontrados: A – tabocal; B - Buritizal.

Fonte: SEMA (2012).

Foram observadas quatro fazendas, poucas casas isoladas, um foco de

queimada dentro da área de fazenda. De acordo com estudo já realizado e

levantamento bibliográfico, pode-se inferir que provavelmente a queimada era para

liberação de terra para plantação de pasto ou mesmo agricultura de subsistência.

17

Figura 5 - Únicos residentes da Ilha da Machadinha.

Fonte: SEMA (2012). Figura 6 - Fazenda encontrada na área proposta para REBIO.

Fonte: SEMA (2012).

Figura 7 - Casa no meio do Tabocal.

Fonte: SEMA (2012).

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O gado e búfalo foram visualizados em menor quantidade na área proposta

para REBIO e em maior quantidade na área proposta para RDS.

Figura 8 - Gado pastando em campo em área proposta para RDS.

Fonte: SEMA (2012).

Foram visualizados bando de guará, garça e biguá, a observação destas aves

já era esperada, pois no relatório da fauna da área elaborado pela equipe da

GPFAUNA/CEC/DIAP no ano de 2011 já havia mencionado tais ocorrências:

“A Grande concentração de garça-branca-pequena Egretta thula sempre foi observada em todas as localidades visitadas. Assim como o avistamento de garças-azuis Egretta caerulea, garça-branca-grande Cosmerodio alba, colhereiros Platalea ajaja, guarás Eudocimus ruber e biguás Phalacrocorax brasilianus”

19

Figura 9 - Bando de garça sobrevoando o tabocal.

Fonte: SEMA (2012).

Não foi observado nenhum espécime da macro-fauna aquática, pois as águas

do Rio Amazonas são excessivamente barrentas impossibilitando a possível

visualização de algum exemplar da fauna aquática de cima do avião.

Foi notado e registrado a mistura das águas do Rio Amazonas e águas do

Oceano Atlântico.

É importante ressaltar que bibliografias informam que a grande força

hidrodinâmica presente no local relacionada às variações no volume e vazão das

águas favorece uma peculiaridade na costa marajoara, pois essa região fica à mercê

da ditadura das águas sofrendo influência direta da força das águas do Rio

Amazonas que desembocam no Oceano Atlântico, e da força das águas oceânicas

que invadem o Rio Amazonas, dependo da época do ano. Essa grande atividade

hídrica chega a provocar fenômenos naturais como a “Pororoca” gerando constantes

processos de erosão e sedimentação além de promover a formação de extensos

manguezais e de uma faixa litorânea elevada.

20

Figura 10 - Águas do Rio Amazonas (em marrom) e águas do Oceano Atlântico (em verde).

Fonte: SEMA (2012).

A área proposta para RDS também foi registrada em seu limite inicial até o

seu ponto final. Na RDS podemos verificar a grande quantidade pessoas morando

na área, também foi observado áreas de fazenda

Figura 11 - Canal da Tartaruga, limite entra a REBIO e RDS.

Fonte: SEMA (2012).

21

Figura 12 - Vila Nascimento.

Fonte: SEMA (2012). Figura 13 - Vila São Sebastião do Arapixi.

Fonte: SEMA (2012).

22

6 CONCLUSÃO

As informações coletadas durante o sobrevoo nas áreas proposta para

REBIO e RDS na Zona Costeira/Mar Territorial, localizadas nos municípios de Soure

e Chaves são consideradas satisfatórias de acordo com as condições climáticas,

velocidade e altura que se encontrava a aeronave do sobrevoo.

As informações adquiridas irão corroborar com os dados anteriormente

coletados e principalmente com o preenchimento de lacunas de conhecimentos que

ainda necessitavam ser plenamente confirmadas.

Á área indicada para REBIO, apesar de apresentar algumas constatações de

perturbações antrópicas, aparentemente demonstra ser uma área bem preservada

com presença de ecossistemas considerados importantes na manutenção da

biodiversidade da Zona Costeira.

O limite entre as duas UCs mostrou-se bem definido, já que de fato a

densidade populacional observada se deu na área determinada para RDS.

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REFERÊNCIAS

BARTHEM, Ronaldo Borges. Ocorrência, distribuição e biologia dos peixes da Baía do Marajó, Estuário Amazônico. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Zoologia. VOL. 2 (1): 49-69, 15.XII. 1985.

CARVALHO, José Barros. Padrões de endemismos e a conservação da biodiversidade. Universidade Federal do Paraná. Volume 5. Curitiba-PR, 2009.

CUTRIM, R. da S. F.; SILVA, K. C. de A.; CINTRA, I. H. A. Composição dos Recursos Pesqueiros Capturados na Área da “Lixeira”, Pará, Brasil. In. Boletim Técnico Científico do CEPNOR, Belém. V. 1, n. 1, p. 59 – 76, 2001.

CRUZ, M. E. M. 1987. Marajó, essa imensidão de ilha. São Paulo, 111 p.

EGLER, W. A. & SCHWASSMANN, H. O. 1962 – Limnological studies in the Amazon estuary. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Avulsa. 1: 2 – 25.

FERRARI, S.F.; IWANAGA, S.; MESSIAS, M.R.; RAMOS, E.M.; RAMOS, P.C.S.; CRUZ NETO, E.H.; COUTINHO. P.E.G. 1998. Relatório de Mastofauna Em: Diagnóstico Sócio Econômico Ecológico do Estado de Rondônia e Assistência Técnica para Formulação da Segunda Aproximação do Zoneamento Sócio Econômico Ecológico - PLANAFLORO. Contrato no 005/96 – PGE.

GRELLE, C.E.V.; FONSECA, G.A.B.; FONSECA, M.T.; COSTA, L.P. 1999. The question of ecale in threat analysis: a case study with Brazilian mammals. Animal Conservation, Reino Unido, v.2, p. 149-52.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. 2002a. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade das zonas costeira e marinha. Fundação Bio-

RIO, SECTAM, IDEMA, SNE, Brasília. 72pp. CD-Rom. Apud MMA- Ministério de

Meio Ambiente Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira: Atualização - Portaria

MMA Nº 09, de 23 de janeiro de 2007.

MMA. Ministério do Meio Ambiente. PROBIO/Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira. Sub-projeto/Avaliação Ecológica e Seleção de Áreas Prioritárias à Conservação de Savanas Amazônicas, Arquipélago do Marajó, Estado do Pará. Relatório Final. Belém-Pará, 2007.

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PAULA, Rogério Cunha; LEMOS, Frederico Gemesio. Avaliação ecológica rápida para o diagnóstico faunístico do mosaico de UCs da terra do meio, Estado do Pará, 2008.

PLANO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SUSTENTÁVEL DO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ. Governo Federal e Governo Estadual do Pará, 2007.

RICKLEFS, Robert E. A economia da Natureza. 5ª edição, Ed. Guanabara,

2003.

TERBORGH, J., J.A. Estes, P. Paquet, K. Ralls, D. BOYD-HEGER, B.J. Miller, R.F. Noss 1999. The Role of Top Carnivores in Regulating Terrestrial Ecosystems. Em: M.E. Soulé & J. Terborgh (eds.), Continental Conservation: Scientific Foundations of Regional Reserve. Pp. 39-64. Island Press, Washington, D.C. and Covelo, California.

ZACARDI, D. M.; BITTENCOURT, S. C. S. ; RAWIETSCH, A. K. ;

NAKAYAMA, L.; Ictioplâncton Marinho da Plataforma Continental e Ágiuas Adjacentes à Foz do Rio Amazonas (Operação Norte III – REVIZEE SCORE NORTE). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Zoologia. VOL. 8, n.1, p. 9-20, 2008.