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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO MDA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SDT CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO CNPQ UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UFC CÉLULA DE ACOMPANHAMENTO E INFORMAÇÃO CAI INHAMUNS CRATEÚS RELATÓRIO ANALÍTICO SOBRE A REALIDADE DO TERRITÓRIO INHAMUNS/CRATEÚS - CEARÁ José César Vieira Pinheiro Coordenador do Projeto Edgar Marçal de Barros Filho Professor Colaborador Nilo Moreira de Souza Junior Técnico Responsável pela CAI Ana Karoline Rodrigues Dias Bolsista de Apoio à CAI Crateús, Setembro de 2011

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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – MDA

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E

TECNOLÓGICO – CNPQ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC

CÉLULA DE ACOMPANHAMENTO E INFORMAÇÃO – CAI INHAMUNS

CRATEÚS

RELATÓRIO ANALÍTICO SOBRE A REALIDADE DO TERRITÓRIO

INHAMUNS/CRATEÚS - CEARÁ

José César Vieira Pinheiro – Coordenador do Projeto

Edgar Marçal de Barros Filho – Professor Colaborador

Nilo Moreira de Souza Junior – Técnico Responsável pela CAI

Ana Karoline Rodrigues Dias – Bolsista de Apoio à CAI

Crateús, Setembro de 2011

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................04

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................05

3. QUESTIONÁRIO 2 – IDENTIDADE TERRITORIAL ....................................09

3.1. Definição dos limites territoriais ..................................................09

3.2. Gestão territorial ...........................................................................12

3.3. Visão de futuro...............................................................................14

3.4. Metas e objetivos ..........................................................................17

3.5. Características marcantes.............................................................19

3.6. História comum..............................................................................21

3.7. Conflitos no território....................................................................23

4. QUESTIONÁRIO 1 - CAPACIDADES INSTITUCIONAIS.............................26

4.1. Gestão dos conselhos...................................................................26

4.2. Capacidade das organizações......................................................29

4.3. Serviços institucionais disponíveis.............................................32

4.4. Instrumentos de Gestão Municipal...............................................34

4.5. Mecanismos de solução de conflitos...........................................37

4.6. Infraestrutura Institucional............................................................39

4.7. Iniciativas comunitárias.................................................................42

4.8. Participação....................................................................................43

5. QUESTIONARIO 3 – GESTÃO DOS COLEGIADOS TERRITORIAIS.........45

6. AVALIAÇÃO DE PROJETOS.......................................................................62

6.1. Avaliação da fase de planejamento dos projetos..................................63

6.2. Avaliação da fase de execução dos projetos.........................................84

6.3. Avaliação dos impactos dos projetos....................................................93

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7. ÍNDICE DE CONDIÇÃO DE VIDA...............................................................103

7.1. Características da população.....................................................104

7.2. 1ª Instância: Fatores que favorecem o desenvolvimento........110

7.3. 2ª Instância: Características do desenvolvimento....................122

7.4. 3ª Instância: Efeitos do desenvolvimento.................................128

8. ANÁLISE INTEGRADORA DE INDICADORES E CONTEXTO.................134

9. PROPOSTAS E AÇÕES PARA O TERRITÓRIO.......................................138

10. ANEXO: VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS.......140

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1. APRESENTAÇÃO

O presente relatório objetiva analisar o resultado do trabalho de

monitoramento e avaliação do Território da Cidadania Inhamuns/ Crateús

realizado pelos técnicos da Célula de Acompanhamento e Informação do

mesmo mediante a aplicação de cinco diferentes questionários elaborados pelo

Ministério do Desenvolvimento Agrário com a finalidade de identificar os

aspectos sócio-econômicos da região com suas devidas particularidades.

A proposta de monitoramento e avaliação pressupõe uma percepção do

desenvolvimento do território visto por todos os ângulos, isto é, na visão tanto

das instituições públicas como das organizações da sociedade civil e da

população enquanto foco da implantação das políticas de desenvolvimento.

Reforçando os enunciados, a abordagem do referido relatório consiste em

apresentar a sistematização dos dados coletados com a pesquisa de campo

nos vinte municípios que compõem o território.

A princípio apresenta as características relevantes do território onde se

desenvolve a pesquisa e em seguida inicia a análise da gestão das políticas

públicas tanto no âmbito político-institucional quanto no âmbito da sociedade

civil levando em conta as condições e recursos disponíveis para que as

instâncias organizacionais do território executem projetos que promovam seu

desenvolvimento.

Prossegue discorrendo sobre a questão da identidade, avaliando o

conhecimento que o colegiado tem das características da população do

território, considerando seus aspectos econômicos, culturais, religiosos,

políticos, educacionais e ambientais dentre outros. Revelando também o nível

de engajamento dos membros do colegiado na gestão das políticas de

desenvolvimento do território e sua percepção da influencia destas na vida da

população.

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Logo após, refere-se à análise do Índice de Condição de Vida onde foi

traçado um perfil da situação de desenvolvimento social do território por meio

de entrevistas diretamente com a população que por sua vez, pode dar seu

parecer de como às políticas públicas estão chegando, se estão sendo eficazes

na melhoria da qualidade de vida, e, se suas expectativas estão sendo

atendidas.

Posteriormente demonstra também a situação dos projetos de

investimento implantados no território por meio da análise dos

empreendimentos econômicos e sócio-culturais do mesmo. Observando se as

metas foram cumpridas, se os recursos foram implantados obedecendo à

finalidade e qual o nível de participação dos beneficiários na elaboração,

execução e gestão dos projetos.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

A definição de Território indica a existência de proximidade entre

municípios considerando suas especificidades no estreitamento de laços entre

pessoas, grupos sociais e instituições. Caracteriza-se por ser uma área que

sintetiza e materializa processos sociais, econômicos, ecológicos e culturais

complexos.

É uma instância de planejamento ancorada no desenvolvimento

sustentável que visa o protagonismo de atores locais da sociedade civil e do

poder público na elaboração, implementação, monitoramento e avaliação das

políticas públicas a partir da constituição de colegiados territoriais que passam

a exercer controle e gestão dessas políticas.

O Território da Cidadania Inhamuns/Crateús é composto por vinte

municípios: Ararendá, Catunda, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Poranga, Aiuaba,

Arneiroz, Crateús, Hidrolândia, Independência, Ipaporanga, Ipu, Nova Russas,

Novo Oriente, Parambu, Pires Ferreira, Quiterianópolis, Santa Quitéria,

Tamboril e Tauá.

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Foto 1: Mapa do território Inhamuns/Crateús.

Compreende uma população de aproximadamente 436.786 habitantes

divididos entre 143.195 que vivem na área urbana e 109.315 que habitam o

meio rural de acordo com Anuário Estatístico do Ceará de 2010. E, conforme a

Cartilha do Território Inhamuns/Crateús, abrange uma área demográfica de

32.327 km².

Historicamente, o Território da Cidadania Inhamuns/ Crateús teve origem

semelhante com a formação do Estado do Ceará, ou seja, constituiu-se com a

chegada dos colonizadores portugueses que vieram tomar posse das

sesmarias definidas pelo Rei de Portugal e travaram batalhas com os nativos

na tentativa de escravizá-los, esses povos resistiram e foram dizimados

restando poucos descendentes. O território foi então povoado e prevalecia a

atividade econômica de criação de gado, entretanto, posteriormente o que

predominou foi a exploração agrícola.

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Contudo, foi a partir do ano de 2003 que este território passou a integrar

as discussões sobre implementação de estratégias de desenvolvimento

territorial no Ceará. Daí em diante as ações iniciais voltaram-se para a

constituição da Comissão de Instalação das Ações Territoriais – CIATS, o que

posteriormente, no ano de 2006 viria a se transformar no Colegiado de

Desenvolvimento Territorial visando a articulação e parceria entre entidades do

poder público e da sociedade civil partindo do pressuposto de que estas tinham

pouca vivência de planejamento estratégico, participativo e com visão territorial.

O colegiado passou então a representar institucionalmente o território

responsabilizando-se pela elaboração de planos de desenvolvimento com

ênfase nas demandas da população, o principal deles é o PTDRS (Plano

Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável) que norteia as ações do

colegiado e serve de instrumento de negociação com os governos estadual e

federal para a aprovação das solicitações da base.

Atualmente a base da economia do território compreende o exercício de

atividades agropecuárias sendo principalmente: a bovinocultura,

ovinocaprinocultura, apicultura, avicultura e suinocultura caipira, fruticultura,

com destaque para a cajucultura, oleaginosas para produção de

bicombustíveis, produção de algodão, milho, e, feijão. Essas informações

constam no Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável/ 2011.

O comércio concentra-se nos centros das cidades e se mantém,

sobretudo com o fluxo de renda proveniente de aposentadorias, programas de

transferência de renda como o bolsa família e de salários de funcionários

públicos.

A infra-estrutura é composta no setor viário por estradas pavimentadas e

carroçáveis sendo essas últimas prevalecentes principalmente entre as

comunidades rurais, tais estradas permanecem em bom estado de

conservação durante maior parte do ano e se deterioram no período chuvoso,

fazendo-se necessária constante reestruturação. O setor hídrico, compõe-se

basicamente de bacias hidrográficas, açudes, algumas adutoras e poços

profundos para abastecimento da população, no que se refere a eletricidade,

percebe-se que em quase todo o território há distribuição de energia para as

comunidades salvo algumas residências mais isoladas.

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Ainda nesse aspecto, os municípios contam com postos de saúde da

família, escolas públicas, casas populares, praças, todavia no que se refere ao

saneamento básico percebe-se que este é precário ou inexistente no meio

rural.

A cultura manifesta-se das mais variadas formas, destacando-se as

festas de padroeiros e santos da igreja católica, as vaquejadas, os festivais de

quadrilha, as festas dançantes em clubes, está presente também sob a forma

de edificações sendo entre outras, as bibliotecas, teatros, rádios de

comunicação e igrejas, tudo isso relacionado a festejos tradicionais, no que diz

respeito a cultura do homem com a terra verifica-se um grande apego aos

costumes antigos de pecuária extensiva, razão pela qual nosso rebanho

encontra-se muito disperso e com índice de mortalidade alto nos períodos mais

difíceis do nosso clima, quanto a agricultura essa é praticada na grande maioria

de forma itinerante, herança dos primeiros agricultores da região que todo ano

abriam novos roçados com derrubada de matas e posterior queimadas

favorecendo ao aparecimento de áreas desertificadas e mudanças no clima em

algumas regiões do território com o aparecimento de ilhas de desertificação.

Quanto ao aspecto antropológico verifica-se uma grande mescla de

costumes indígenas, descendentes de escravos (quilombolas) e do colonizador

português que se fundiram e formaram nosso folclore dando origem as suas

diversas manifestações em forma de representações festivas e costumes

locais.

Com relação à organização político-institucional no atual contexto do

território, e, em concordância com o PTDRS (2011) podemos compreender que

esta centraliza-se na análise das estruturas de poder existentes, sejam estas

municipais, estaduais ou federais, visando o fortalecimento das novas

institucionalidades e sua governabilidade socioterritorial, na expectativa de

estabelecer uma moderna esfera pública, ampliada e democrática.

No território Inhamuns/ Crateús o arranjo político-institucional consolida-

se nas estratégias, eixos temáticos, programas e projetos da referida dimensão

construindo um ambiente favorável à participação da sociedade civil na

formulação, implantação, monitoramento e avaliação das ações sociais

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públicas bem como a realização das metas estabelecidas no plano principal do

território que é o PTDRS.

Após esta breve análise das dimensões geográfica, histórica,

demográfica, econômica, infraestrutura, cultura e de organização político-

institucional do Território Inhamuns/ Crateús, adentraremos a seguir na análise

do questionário que inicia o ciclo de pesquisas esclarecedoras das

características do mesmo nas visões dos atores que o compõem. Dar-se-á a

seguir a análise do Questionário 2 intitulado Identidade Territorial.

3. QUESTIONÁRIO 2 – IDENTIDADE TERRITORIAL

O termo identidade no contexto territorial denomina um conjunto de

características, valores e interesses de um povo, dada a proximidade de

municípios e a similaridade no surgimento de seus aspectos históricos e sócio-

culturais envolvendo as peculiaridades e traços distintos que diferenciam ou

assemelham a população.

O questionário 2 aplicado censitariamente aos membros do colegiado

territorial investiga a identidade como fator de coesão social no território,

identificando quais dos elementos investigados sintetizam as origens, os

modos de ocupação do espaço e o contexto social construído.

3.1. Definição dos limites territoriais

Em relação a delimitação territorial, o questionário explicita a importância

dos seguintes aspectos: ambiental, agricultura familiar, economia, pobreza,

etnia, colonização e aspecto político em sua relevância para a definição desses

limites.

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Figura 1 – Importância dos aspectos na definição dos limites do território. Fonte: SGE

Verifica-se na figura 1 que o quesito referente aos recursos ambientais

foi de grande importância para a delimitação das fronteiras territoriais devido a

homogeneidade das condições ambientais presentes nos diversos municípios

componentes do território, caracterizando-se principalmente pela

predominância da vegetação caatinga comum a todo o território, o clima semi-

árido, os rios intermitentes, entre outros aspectos.

O item agricultura familiar sobressai-se aos demais como um dos mais

marcantes para a delimitação dos limites territoriais na escolha dos

entrevistados, e, tendo em vista que não existem grandes áreas contínuas de

agricultura mecanizada esta caracteriza-se pela mão de obra familiar

predominante em toda sua extensão.

Quanto as atividades econômicas da região vemos que as tradicionais

que designam a economia do território influenciando na delimitação de

fronteiras são a criação de gado leiteiro e de corte, a forte prática da

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agricultura familiar e a criação de pequenos animais comercializados nas

maiores cidades do mesmo.

No tocante a pobreza, marginalidade ou os problemas sociais vemos

uma influência mediana nesse quesito para a delimitação territorial, podemos

compreender que na opinião dos membros do colegiado respondentes a esse

questionário o índice de marginalidade ainda é alto mas, ao mesmo tempo

não é um fator que exerça tanta influência nessa demarcação, todavia,

transparece uma realidade onde boa parcela da população vive em situação

de pobreza e enfrentamento de problemas sociais que traduzem-se como

sendo baixa escolaridade, falta de trabalho e renda, exclusão social e

precariedade no acesso a serviços básicos nos municípios.

Nota-se a pouca importância no que se refere as comunidades

tradicionais nesse processo, a maioria dos entrevistados considera baixa a

importância desse quesito. Talvez isso ocorra porque essas comunidades

tinham pouca visibilidade na sua formação, entretanto, analisando por outra

perspectiva são de grande importancia cultural para a identidade territorial.

Do ponto de vista crítico, os processos de colonização e ocupação

tiveram grande importância na construção do território pelo motivo de ter

ocorrido com características semelhantes em toda região propiciando uma

formação de identidade comum nos seus aspectos de produção e trabalho.

Verifica-se na observância da figura que entre os respondentes as opiniões se

dividem, mas, predomina o julgamento da maioria que o consideram como

sendo um fator importante nesse contexto.

A vontade de territorializar a região que tinha suas características de

clima, relevo, vegetação e humana bem homogênea fez com que movimentos

sociais se envolvessem nesse processo para conquistar a delimitação do

territorio o que favoreceu a vinda de politicas públicas direcionadas aos anseios

dos seus habitates que tinham na maioria dos casos as mesmas necessidades.

Esses movimentos pregam entre outras coisas a descentralização de terras e

com isso lhe são atribuídos bom nível de importância no referente a definição

de limites do território.

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3.2. Gestão territorial

Analisaremos a seguir o nível de engajamento das instituições abaixo

apresentadas na gestão do território, a participação de todas as categorias é

importante pela insersão das discussões, pela oportunidade de questionar,

propor, opinar e decidir.

Figura 2: Participação das instituições na gestão do território. Fonte: SGE.

Inicialmente, referindo-nos as organizações ambientais que visam a

conscientização da necessidade de conviver com o meio ambiente de maneira

sustentável usufruindo de seus recursos sem prejudicar sua capacidade de

renovação, percebemos que no território há que se considerar sua crucial

importância pois, de acordo como dados do PTDRS (Plano Territorial de

Desenvolvimento Rural Sustentável) a degradação do mesmo está se tornando

preocupante, as atividades de cultivo e as extrativas se dão de forma

inadequada sem cuidado na preservação dos recursos. Portanto, cabe a todos,

mas, principalmente às organizações ambientais estabelecer o diálogo reflexivo

e buscar soluções para esses problemas.

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Entretanto, a maioria do público respondente não considera grandiosa a

participação destas instituições dentro da gestão do território, atribuem-lhe grau

mediano de importância nesse segmento.

Quanto às organizações de agricultores familiares, é importante salientar

que são essas as que mais se destacam dentro da gestão do território haja

visto que a missão do território pauta-se principalmente pelo desenvolvimento

do meio rural e, portanto, seu engajamento é estratégico.

A figura 2, mostra que mais da metade dos entrevistados consideram

muito importante a participação dos agricultores familiares. Isso revela que a

articulação para implantação das politicas de desenvolvimento para o meio

rural que passam pelas instâncias gestoras do território fundamenta-se na

inserção dos agricultores familiares como protagonistas do processo.

As organizações de produtores também trazem em sí a perspectiva de

desenvolvimento para seu setor de interesse, todavia, com base no que a

figura 2 nos revela, há divergência de opiniões sobre o nível de participação

das mesmas nas gestão do território, contudo, a maioria as consideram com

bom grau de importância.

As organizações sociais e comunitárias transparecem a união de grupos

de pessoas com interesses comuns na busca da melhoria da qualidade de vida

de seus membros. E, sendo o território porta de entrada dos recursos

governamentais para investimento nas demandas da população, torna-se

fundamental a participação destas na gestão do território. Nota-se pelo

ilustração acima que a maior fração dos respondentes consideram boa a

participação dessas organizações.

Os povos provenientes de comunidades tradicionais também têm

espaço para participar do território na defesa do reconhecimento de sua

identidade e dos direitos de suas categorias, segundo a tabela sua estimativa

de participação é razoável na gestão territorial.

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Os Movimentos sociais e/ ou políticos destacam-se por sua boa

participação nas instâncias do território por indicação da maioria dos

pesquisados, isso porque compõem-se de entidades de iniciativa popular

fundamentadas na organização das classes menos favorecidas da sociedade

com vistas a promover seu desenvolvimento através luta contra a desigualdade

social, contra a concentração de dinheiro por uma minoria da população em

detrimento da maioria, pela descentralização do poder entre outras bandeiras

defendidas por esses movimentos.

Quanto as organizações públicas é imprescindível sua participação, é

através delas que os recursos são disponibilizados, e são também as principais

responsáveis pela gestão dos projetos devendo compartilhar essa gestão

democraticamente com a sociedade civil.

3.3. Visão de futuro

No tocante a visão de futuro do território traduz-se uma contínua busca

de avanços com base nos planejamentos e ações executadas objetivando

desenvolvê-lo em seus mais variados aspectos, e, apesar dos entraves,

persiste a expectativa de alcançar a realização do ideal que é ver o território

proguedir de maneira sustentável, com qualidade de vida elevada para seus

habitantes.

A seguir apresentam-se alguns aspectos pertinentes a esse

desenvolvimento:

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Figura 3: Importância dos aspectos na visão de futuro do território. Fonte: SGE.

Para o ítem recursos naturais, na visão de futuro do território há uma

preocupação em criar alternativas de produção e de convivência com o semi-

árido bem como de geração de renda para seus habitantes, e, contribuir com a

recuperação, preservação e a utilização do bioma caatinga de forma

sustentável. Conforme entrevistados é um quesito muito importante nas

discussões e planos para o futuro do território.

Quanto a agricultura familiar, percebe-se um peso ainda maior na visão de

futuro pois responde com grande significância por questões como segurança

alimentar que é condição básica para uma melhor qualidade de vida e de

desenvolvimento regional. Dentre todos é o que mais se destaca com elevado

índice de apontamento onde os repondentes a consideram um fator

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importantíssimo transparecendo ser um setor que só tem a crescer se depender

dos planos a serem realizados.

Relativo as atividades econômicas da região, a visão de futuro do

território planeja a organização da produção e comercialização priorizando a

agricultura familiar, por meio da garantia a disponibilidade de crédito de

incentivo a essa produção em tempo hábil, da criação de tecnologias que

promovam a produção em convivência sustentável com o semi-árido, do

estabelecimento de arranjos institucionais e de conexão de sistemas de

produção via organização de cadeias produtivas, objetiva entre outras coisas,

atribuir valor aos produtos da agricultura familiar por meio do beneficiamento

tanto dos agrícolas como dos artesanais bem como apoiar a criação de

cooperativas para organização dos agricultores.

Prosseguindo com essa análise, no concernente aos processos de

colonização/ ocupação sua importância relaciona-se com o objetivo de assegurar

aos trabalhadores rurais o acesso à terra sem necessidade de pagar renda a patrões

de forma a gerar trabalho e renda no campo por meio da reforma no setor agrário.

Para a maioria dos opinantes, este aspecto ainda é de média importância, todavia, é

necessário que haja planejamento de ações para esse setor com vistas a reverter o

quadro de pobreza proveniente da falta de terra para moradia e cultivo.

Quanto a pobreza, a marginalidade ou os problemas sociais, para o futuro

existe grande preocupação com esses itens já que sua existência reflete indicadores

negativos para o progresso correndo sério risco, se negligenciados, de

impulsionarem um retrocesso no desenvolvimento devido aos problemas nascentes

da marginalidade principalmente nos jovens pela falta de inclusão e pela dificuldade

de acesso aos programas de políticas públicas. Para o futuro estima-se uma

melhora nesse quadro, segundo o público entrevistado é um aspecto importante a se

considerar.

Constatamos na visão de futuro referente a existência de povos e/ou

comunidades tradicionais que há a preocupação em se tomar providências para que

esses sujeitos dos territórios possam ter a inclusão desejada capacitando líderes

compromissados e conscientizando essas populações a exercer sua cidadania.

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Atuantes no território, os movimentos sociais e/ ou políticos são cruciais para

ajudar a desenvolver projetos e lutar por mais politicas públicas que promovam um

verdadeiro desenvolvimento tanto econômico quanto humano e político.

Estatisticamente falando a maioria das opiniões à essa questão apontam ser este

um importante aspecto na visão de futuro anteriomente mencionada.

3.4. Metas e objetivos.

Quanto a definição de metas e objetivos de desenvolvimento podemos

dizer que é uma das atribuições da composição colegiada do território traçá-las

criando diretrizes que orientem e atraiam o crescimento para a região. A seguir

analisa-se alguns aspectos conexos a esse desenvolvimento:

Figura 4: Importância dos aspectos na definição de metas e objetivos de desenvolvimento propostos pelo território. Fonte: SGE.

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Em todos os planos territoriais para definir metas e objetivos o item

recursos naturais é contemplado com grande espaço se tornando grande fator

de convergência entre os colegiados territoriais. Sua importancia na definição

dessas metas corresponde a significativa parcela em citação pelos

estrevistados.

Sempre muito bem colocada a agricultura familiar no contexto territorial

segundo os entrevistados é sempre motivo de espectativa de metas futuras

para fomentar o desenvolvimento nas comunidades traçando planos de

crescimento e sustentabilidade, sendo portanto, considerada aspecto

importante nos objetivos a serem alcançados no território.

No concernente a pobreza, a marginalidade ou os problemas sociais,

verificamos na figura acima que existem metas definidas para esse ítem o que

deve vir a garantir condições para equacionar o problema dessa situação

crônica que muitas vezes é posta de lado.

No ítem referente a existência de povos e/ ou comunidades tradicionais

nota-se a falta de algum tipo de planejamento comprometido com uma

reivindicação onde se possa traçar metas de desenvolvimento direcionado a

esses povos que pela leitura da figura é de média importância.

Quanto aos processos de colonização/ ocupação nota-se grande

interesse na definição de alguma meta ou objetivo para o setor nos levando a

concluir que esse é um processo em construção e que a idealização de

projetos para esse segmento se assemelha com a questão da visão de futuro

anteriormente citada.

Em quase todas as metas e objetivos estabelecidos há a influência de

grupos políticos e movimentos sociais para que se tenha uma legitimação

dentro do território, com a população e demais entidades. O que os

entrevistados sinalizaram pela observância da figura acima dado o elevado

índice de citação como sendo um aspecto importante, que é pela força desses

movimentos que se impulsiona o surgimento e implantação de políticas

voltadas ao desenvolvimento territorial.

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3.5. Características marcantes.

Relativo as características marcantes do território pressupõe-se os

símbolos de sua identificação, aqueles que ao serem mencionadas já levam à

lembrança do lugar em questão, são fatores que configuram o espaço dando-lhe

notoriedade. A seguir analisaremos quais dos aspectos pesquisados são mais

relevantes na definição destas características no território Inhamuns/ Crateús

com base no exposto na figura 5:

.

Figura 5: Importância dos aspectos na definição das características marcantes território. Fonte: SGE.

Alusivo a influência dos recursos naturais na caracterização do território,

entende-se que a vegetação, o clima, os animais, os recursos hidrográficos o tipo

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de solo, o relevo, as serras, cachoeiras, olhos d’água, entre outros são símbolos

marcantes que distinguem e identificam o território com suas peculiares

semelhanças e diferenças para com os demais existentes. Segundo os

respondentes são aspectos importantes nessa definição e delineiam o diagnóstico

das potencialidades e fraquezas da região.

Em relação a agricultura familiar, de acordo com a maioria dos

entrevistados é um fator que caracteriza bem o território pelo motivo de sua

população ser majoritariamente composta por pessoas que exercem essa

atividade agrícola.

Referente as atividades econômicas da região como características

marcantes, nota-se pelo exposto que são consideradas importantes fatores de

identificação traduzindo-se em produções agropecuárias desenvolvidas de forma

semelhante em todos os municípios do território, por meio do cultivo de lavouras

temporárias, criação de animais de pequeno e grande porte, comercialização de

maneira geralmente informal nas sedes dos municípios, enfim, evidenciam os

talentos dos habitantes em diversas àreas produtivas.

A importância do ítem pobreza, marginalidade e problemas sociais está

intrinsecamente ligado as necessidades financeiras da população manifestando-

se enquanto característica marcante por ser um fator comum e disseminado por

toda a região apresentando níveis diferentes de impacto de acordo com o grau de

desenvolvimento dos municípios.

Na perspectiva dos entrevistados a existência de povos e/ou comunidades

tradicionais é citada como tendo uma importância mediana nessa definição, isso

se dá por não haver ainda efetiva identificação desses povos e, por isso, os

integrantes do colegiado não tiveram certeza ao reponder sobre isso.

Os processos de colonização/ ocupação são características marcantes que

se tornam cada vez mais importantes, prevalecendo traços desde a origem da

colonização deste território até as ocupações ocorridas nos dias atuais.

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Os movimentos sociais e políticos sempre foram fortes nesse território

desde o princípio caracterizando-se por seu empenho em vencer as barreiras da

desigualdade social e atuando portanto, em toda a região sendo principalmente

os sindicatos presentes em todos os vinte municípios na luta pela organização e

conscientização política da população e os movimentos sociais de trabalhadores

agindo na mobilização popular e na ocupação e desapropriação de terras em

benefício dos menos favorecidos.

3.6. História comum

Quanto a história comum do território verifica-se dentre os aspectos

investigados na figura 6, quais abrangem os municípios revelando suas

similaridades:

Figura 6: Importância dos aspectos na história comum do território. Fonte: SGE.

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No sentido da história comum do território, os recursos naturais exercem

papel fundamental no tocante a preocupação que gera em toda a região

quando o assunto é a preservação. São fatores que sofreram transformações e

que por isso, pautam as metas estabelecidas para reverter o quadro de

destruição que se observa ao longo do território, garantido que nessa história

as futuras gerações também possam usufruir desses bens.

O ítem agricultura familiar aparece como principal fator prevalecente na

história difundida nessa região, sendo uma característica comum a todo o

território desde os primórdios de sua formação.

Identificamos na apreciação dos dados que as atividades econômicas

tradicionais permeiam a história do território mas, na visão dos respondentes é

um fator com grau mediano de importância nesse contexto.

Quanto a pobreza, marginalidade ou os problemas sociais, são fatores

sempre presentes nas civilizações desde quando se tem notícia, e portanto,

fazem parte da história desse território, trata-se de um problema arraigado em

nossa cultura que persiste ao longo dos anos e, embora tentativas sejam feitas

no sentido de mudar essa realidade poucas são as vitórias, entretanto, a

maioria dos entrevistados estimam que a importância desse segmento na

história comum do território está em nível médio.

Sobre a existência de povos e comunidades tradicionais, sabe-se que

compõem essa história tornando-se cada vez mais notáveis a medida que tem

sua identidade e seus direitos reconhecidos podendo manifestar sua cultura e

doutrinas religiosas diferenciadas enriquecendo o contexto histórico da região.

A história inicia justamente com o processo de colonização e ocupação

do território, portanto, é inegável que este aspecto seja comum no mesmo,

apesar de os entrevistados citarem-lhe apenas como tendo média importância

nessa conjuntura.

Referente aos movimentos sociais e políticos nota-se sua

expressividade não só fazendo-se presente na história do território como

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também ajudando a construí-la, para a maioria são fatores de grande

importância nesse processo.

3.7. Conflitos no território

Dando continuidade às análises avaliaremos agora as respostas obtidas

sobre a importância dos aspectos identificados na figura 27 em relação aos

principais conflitos existentes no território, para tanto, é importante ressaltar

que tais conflitos decorrem principalmente da insatisfação da população sobre

suas condições financeiras e de trabalho, e que, o programa território da

cidadania foi estratégicamente idealizado visando entre outras coisas, diminuir

o conflito da sociedade civil com o poder público na administração das políticas

de desenvolvimento levando os a atuar em parceria e não em lados opostos.

Entretanto, as situações conflitantes ocorrem quando a população

indignada, exerce pressão sobre o poder público para que cumpram seu papel

de gerir os recursos oriundos da coleta de impostos devolvendo-os à sociedade

sob a forma de benefícios com rapidez e transparência.

Observando a ilustração da figura 7 podemos identificar que nesse

território todos os segmentos pesquisados são reconhecidos como causas de

conflitos:

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Figura 7 – Importância dos aspectos nos principais conflitos existentes no território. Fonte: SGE

No concernente aos recursos naturais, muitos conflitos ocorrem nesse

setor, particularmente relacionado a exploração desenfreada do bioma pela

extração da madeira bem como a caça predatória de animais gerando revolta

entre os defensores da causa e com isso as situações conflitantes.

No âmbito da agricultura familiar, conflitos estão sempre presentes

devido as constantes reivindicações decorrentes desse setor pelas quais as

organizações mobilizadoras dessa categoria tornam explícito seu

descontentamento frente as injustiças sociais e vão as ruas tornar pública suas

solicitudes pressionando o poder público a atender suas demandas.

Quanto as atividades econômicas, nota-se pela ilustração que na opinião

dos respondentes têm alta importância nos conflitos existentes no território,

refere-se entre outros fatores às insatisfações populares com as precárias

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condições de produção e comercialização, acesso ao crédito e posterior

dificuldade para quitar a dívida.

Em relação a pobreza, marginalidade e problemas sociais, também

considera-se importante pois, daí decorrem constantes revoltas. Trata-se de

problemas que afligem boa parcela da população do território e não raro estes

recorrem às organizações sociais para que intercedam junto ao poder público

no atendimento às suas necessidades de sobrevivência, todavia, havendo

resistência ou demora nesse atendimento os conflitos podem ultrapassar o

limite das negociações pacíficas.

Quanto aos povos e comunidades tradicionais, seu índice de

apontamento já é menos significante na opinião dos entrevistados, entretanto,

sabe-se da situação de exclusão que persiste para essas categorias

evidenciando que a medida que se organizam e lutam por seus direitos geram

conflitos com instâncias da sociedade que se recusam ou demoram a atendê-

los prontamente.

Os processos de colonização e ocupação denotam a existência de

situações conflitantes pois, desde o princípio, como já foi visto, no processo de

ocupação do território houveram disputas com os habitantes que aqui viviam,

desde então o espaço configura-se com concentração de terras em mãos de

poucos levando a população a ocupar esses espaços e permanecer, é o caso

dos assentamentos de reforma agrária espalhados por todo o território, daí

surgem acentuados conflitos pela resistência dos latifundiários em defender o

direito que consideram ter sobre a terra, e com isso a situação vai desde

processos jurídicos à confrontos físicos.

No concernente aos movimentos sociais e políticos nota-se sua

expressividade ao impulsionarem ações que geram aborreçimento ao poder

público por não querer que a população exija seus direitos, são movimentos

que expõem os problemas sociais e atraem a simpatia da opinião pública

pressionando os governos a atenderem suas reivindicações.

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4. QUESTIONÁRIO 1 - CAPACIDADES INSTITUCIONAIS

O questionário que mede as Capacidades Institucionais avalia o

protagonismo das entidades componentes do território tanto as de origem

político-institucional quanto as de iniciativa da sociedade civil e de

representação estatal/ social no que se refere à participação destas na

elaboração, execução e gestão das políticas de desenvolvimento do mesmo,

bem como identifica as condições e recursos disponíveis para a efetiva gestão

dessas políticas e para a execução de seus projetos.

Para realização da pesquisa referente ao questionário Q1, utilizou-se a

amostra aleatória para obtenção dos dados mediante entrevista com

representantes do poder público, sendo gestores ou assessores das prefeituras

designados para participar das plenárias do colegiado consistindo na aplicação

de apenas um questionário por município.

A mencionada pesquisa visa identificar as potencialidades institucionais

do território e tem importante relevância social por gerar indicadores que

refletem o nível de participação, atuação e conhecimento por parte das

instituições públicas das ações de desenvolvimento propostas e executadas no

colegiado e seu impacto na melhoria da qualidade de vida da população.

Nesse processo, as entrevistas tiveram por diretriz um questionário

elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA) que

aborda as seguintes dimensões: Gestão dos Conselhos, Capacidade das

Organizações, Serviços Institucionais Disponíveis, Instrumentos de Gestão

Municipal, Mecanismos de Solução de Conflitos, Infra-estrutura Institucional,

Iniciativas Comunitárias e Participação.

4.1. Gestão dos conselhos

No tocante a existência e atuação dos Conselhos Municipais como

ferramentas de acompanhamento e controle da sociedade civil dos setores

pertinentes ao progresso da população, a pesquisa revelou que os conselhos

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estão tendo uma boa atuação e um bom nível de controle no apoio ao

desenvolvimento de vários segmentos sociais conforme o exposto nas figuras 8

e 9.

Figura 8 – Conselhos e/ ou Consórcios Públicos atuantes nos Municípios. Fonte: SGE

A figura 8 revela que dentre os conselhos mais atuantes destacam-se os

de saúde constituídos em todos os municípios, conselhos estes de fundamental

importância por sua finalidade em contribuir com a saúde pública do território

cabendo-lhes participar da elaboração de metas para esse segmento, fiscalizar

as verbas disponibilizadas e as ações executadas.

Os conselhos de crianças e adolescentes também em evidência são

deliberadores, formuladores e controladores das políticas públicas que

asseguram o atendimento e a proteção às crianças e adolescentes

principalmente os que estão em situação de vulnerabilidade, e, estão presentes

em quase todos os municípios. Os de desenvolvimento rural sustentável

também são expressivos e completam o quadro dos mais disseminados no

território Inhamuns/ Crateús mostrando que a participação social é significativa

nessas áreas. Este se volta para o desenvolvimento do meio rural contribuindo

com a organização para o aumento da produção agropecuária, geração de

emprego e renda e consequentemente a melhoria da qualidade de vida das

famílias rurais.

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No que se refere ao conselho de segurança alimentar nota-se sua

expressividade enquanto órgão de apoio as políticas que tem o propósito de

garantir alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para benefício da

população economicamente desfavorecida. Com percentual de indicação

semelhantes estão os conselhos de meio ambiente, traduzindo-se aí um

espaço privilegiado de discussões voltadas para a prevenção e solucionamento

dos problemas ambientais.

Com relação aos consórcios de segurança alimentar e desenvolvimento

local (CONSAD) que consistem em promover a cooperação entre municípios

incentivando a produção de alimentos de qualidade e garantindo a

comercialização dos mesmos em prol do desenvolvimento sustentável, nota-se

sua incidência em apenas 5% dos municípios fazendo-se necessário a

implantação nos que ainda não possuem e fortalecimento aos que já existem,

pois, além de sua importância no incentivo à produção agrícola desses

alimentos gerando renda para o meio rural, podem ser determinantes na

garantia a alimentos (inclusive a água) de qualidade e em quantidade suficiente

para uma vida saudável à famílias em situação de risco.

Em complemento ao que foi anteriormente descrito sobre os conselhos,

de acordo com a figura 9, para o público entrevistado a atuação no território é

bastante satisfatória já que numa escala de 0 a 5, a maioria considera em nível

4 o controle destes.

Figura 9 – Nível de controle realizado pelos Conselhos Municipais na Aplicação dos investimentos públicos. Fonte: SGE

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4.2. Capacidade das organizações

No concernente a capacidade de gestão das organizações presentes e

atuantes no território buscou-se identificar quais as que se relacionam ao meio

rural e cooperam com seu desenvolvimento. Pelo exposto na Figura 10

percebemos que são os sindicatos de trabalhadores rurais e as associações de

agricultores familiares os maiores apoiadores da organização da população rural

do território, são instâncias da sociedade civil presentes em todos os vinte

municípios e consistem em unificar essa população na defesa de seus direitos e

do fortalecimento de suas potencialidades pela educação e conscientização do

povo.

Através da mobilização social objetivam democratizar a distribuição de

renda para esse meio que por tanto tempo foi negligenciado pelas políticas

públicas. No entanto, em um contexto mais recente e graças a luta das

organizações sindicais e associações vem se tornando principal foco dessas

politicas desenvolvimentistas. Os entrevistados reconhecem a relevância

conferida aos sindicatos e associações de agricultores familiares nesse

processo.

Figura 10 – Segmentos sociais que realizam ações de apoio às áreas rurais do município. Fonte: SGE

Logo em seguida aparece também de maneira expressiva as

associações de assentados da reforma agrária, as mesmas tem área de atuação

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mais delimitada agindo apenas dentro dos assentamentos instituídos. Os grupos

religiosos também são significativos no apoio às areas rurais, vale ressaltar que

neste território as primeiras manifestações de organicidade da população menos

favorecida principalmente os agricultores familiares e, que deram origem ao

movimento sindical aconteceram dentro dos grupos religiosos.

As comunidades quilombolas, embora com pouca representação

populacional no território são consideradas como importantes apoiadoras por

boa parcela dos respondentes, já os movimentos sociais pela reforma agrária

parecem perder prestígio uma vez que são organizações pautadas pelo

desenvolvimento das áreas rurais e apresentam baixo índice de indicação nessa

pesquisa.

Em menor escala surgem as cooperativas de produtores, trata-se de

intituições apropriadas para organizar as cadeias produtivas gerando lucro com

os produtos da agricultura familiar principalmente se forem uma iniciativa dos

próprios produtores, porém, são organizações complexas e, no território existem

poucas devido a problemas de administração.

Por ordem decrescente na figura 10 segue-se com análise da atuação

dos grupos de jovens levando nos a refletir que a pouca estimativa desses

grupos no apoio as áreas rurais evidencia a problemática do êxodo rural

mostrando que um grande número de famílias desesperançosos com as

dificuldades enfrentadas pelo trabalho agrícola, enviam seus jovens para os

grandes centros urbanos visando a melhoria das condições finaceiras.

As comunidades indígenas que lutam pela garantia dos direitos da sua

categoria também são apontadas como agentes de apoio as áreas rurais e, por

serem povos inteiramente ligados ao campo, suas ações e reinvidicações

envolvem demandas que beneficiam não só a seu grupo especifico, mas a todos

os habitantes desse meio. Os grupos de mulheres ao apresentarem baixo índice

de indicação pelos respondentes, mostra que apesar destas se organizarem

cada vez mais, de conquistarem seus espaços, ainda não tem importância

reconhecida como instrumento de apoio ao meio rural.

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Com dado incoerente à seu propósito surgem as cooperativas de

técnicos com um índice relativamente baixo não condizente com sua função já

que, teoricamente são os técnicos os responsáveis pelo apoio direto ao

trabalhador rural na forma de orientação e acompanhamento visando a melhoria

da produção bem como facilitar o acesso a crédito para geração renda e

dignidade. Porém, o baixo percentual das respostas para esse segmento na

contribuição às áreas rurais pode significar que falta reconhecimento do trabalho

desses profissionais, pode ser também que este trabalho não esteja sendo feito

ou então que é insuficiente para atender a demanda da população.

Após identificarmos os segmentos sociais que colaboram com o

desenvolvimento do campo, podemos perceber pela representação na figura 11

que na grande maioria dos municípios, o apoio acontece também por meio de

investimentos de estímulo à melhoria da qualidade de vida norteado pela

existência de cadeias produtivas que podem ser compreendidas como o

processo de produção desde a exploração da matéria prima, passando pelo

beneficiamento e finalizando com a comercialização.

Figura 11 – Investimentos municipais de estímulo ao desenvolvimento orientados por cadeias produtivas. Fonte: SGE

Torna-se imprescindível ressaltar que embora existam investimentos nas

cadeias produtivas principais do território como bovinocultura de leite, apicultura

e ovinocaprinocultura, estas ainda encontram-se dispersas com produtores

potenciais fora do contexto de produção por ainda não haver um organismo que

dê visibilidade e organização nos principais pólos produtores.

Entendendo que a produção do território é subsidiada por investimentos

governamentais e que orienta-se pela existência de cadeias produtivas,

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identificamos pela pesquisa que relativo a compra e venda dos produtos da

agricultura familiar se destaca positivamente a existência de acordos entre

produtores e organizações para comercialização. É o que mostra a figura 12:

Figura 12 – Existência de acordos de venda da produção entre produtores e organizações para comercialização. Fonte: SGE

Tais acordos dão-se principalmente na parceria entre agricultores

familiares e os governos das esferas municipal, estadual e federal na execução

de programas voltados para o incentivo da produção e da compra garantida dos

alimentos por eles produzidos tais como o Programa de Aquisição de Alimentos

(PAA) que é uma política pública que beneficia grupos sociais que apresentam

mais dificuldades para produzir ou obter alimentos e o Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE), que garante a alimentação escolar dos alunos de

toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e

educação de jovens e adultos).

4.3. Serviços institucionais disponíveis

No território Inhamuns/ Crateús, as instituições de prestação de serviços

são geralmente cooperativas de técnicos que atuam realizando assessoria,

consultoria, organização e acompanhamento da produção.

Em relação a essa assistência disponibilizada, o estudo identificou que

para a maioria dos respondentes, há entre uma e três instituições de prestação

de serviços tecnológicos em seus municípios, outros consideram que existem

de quatro a seis instituições e há ainda os que divulgam que exitem de sete a

dez conforme a figura 13. Essa divergencia de opiniões configura-se pela

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individualidade de cada município pesquisado, ou seja, em alguns há mais

prestadoras de serviços institucionais do que em outros assim como há

também as instituições que prestam assistência a mais de um município.

Figura 13 – Instituições de prestação de serviços tecnológicos para apoio e melhoria das atividades produtivas. Fonte: SGE

Há que se considerar nos municípios os serviços institucionais

responsáveis pela divulgação de informações comerciais e de mercado que

avisam e orientam sobre preços, locais de compra e venda, existência de feiras,

entre outras publicações que facilitam a comercialização de produtos

movimentando o comércio e favorecendo o crescimento da economia do

território.

Conforme a figura 14 a seguir, em todos os municípios foram indicados

agentes propagadores desses dados, porém, os que mais se destacam são os

órgãos de assistência técnica, seguindo-se pelas informações fornecidas pelas

prefeituras, e logo após as informações disponibilizadas na internet, o sistema

de informação digital estima-se em menor escala justificando-se pela

inacessibilidade a esse serviço.

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Figura 14 – Disponibilização das informações comerciais e de mercado. Fonte: SGE

Em continuidade à análise anterior, nota-se na figura 15 que tais

informações são publicadas principalmente via mídia de massa sobretudo

através de rádios e carros de som. A mídia focal por meio de jornais e boletins

informativos também é bastante utilizada, já a estimativa de uso da internet é

coerente com a questão anterior pois aparece em menor nível de utilização

podendo ser entendida como um meio de comunicação pouco acessível à

grande maioria da população principalmente do meio rural.

Figura 15 – Meios de divulgação das informações comerciais e de mercado. Fonte: SGE

4.4. Instrumentos de Gestão Municipal

São mecanismos disponíveis nos municípios para o

desenvolvimento de sua gestão. No que diz respeito ao cadastro de imóveis

rurais, dispor de controle desses imóveis significa permitir a execução

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articulada de políticas públicas de diferentes áreas e ainda como

conseqüência, auxiliar na resolução de problemas sociais. Entretanto,

conforme a figura 15, a pesquisa revela que mais da metade das prefeituras

não possuem cadastro dos imóveis rurais de sua jurisdição.

Figura 15 – Prefeituras que possuem cadastro de imóveis rurais. Fonte: SGE

Em abordagem sobre a conservação dos recursos naturais com base

nos intrumentos de que os municípios se apropriam para realizarem suas

atividades de gestão evidenciam-se na figura 16 normas e procedimentos

adotados para assegurar a preservação e sustentabilidade ambiental.

Figura 16 – Normas expedidas pelas prefeituras nos últimos dois anos como propósito de garantir a conservação dos recursos naturais. Fonte: SGE

O questionamento indaga aos sujeitos da pesquisa sobre os últimos

dois anos e conclui que a norma prevalecente na maioria dos municípios

refere-se ao regulamento para o manejo de resíduos, trata-se do recolhimento,

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transporte, tratamento e destinação do lixo. Entretanto, o que se oberva nos

municípios do território é a existência de lixões a céu aberto que provoca

poluição do solo e do ar.

Outra que se destaca é o ordenamento do uso do solo dada a sua

importância nas discussões relativas a preservação ambiental como forma de

garantir uma produção agrícola sustentável preservando os nutrientes do

mesmo para que a terra se mantenha fértil e com boa capacidade produtiva.

Um assunto que também aparece de forma relevante são as instruções

para o monitoramento e avaliação do patrimônio ambiental, como forma de

combate a degradação e desertificação conservando a fauna e a flora no seu

ciclo natural por meio do estabelecimento de áreas de preservação.

As normas para avaliação do impacto ambiental de atividades produtivas

e regulamentos para o uso de produtos perigosos também são mencionadas,

porém, pelo exposto no gráfico revela-se que no entendimento de apenas ¼

dos entrevistados houve nos últimos dois anos orientação para o exercício da

atividade agrícola de forma a reduzir os impactos ambientais com o manejo

sustentável de queimadas, desmatamentos e evitabilidade da utilização de

agrotóxicos através do incentivo ao uso de defensivos naturais.

Há ainda que se considerar a opinião dos respondentes que avaliam que

em seus municípios nenhum tipo de medida foi tomado nos últimos dois anos.

Ainda em alusão as questões ambientais, a figura 17, esclarece que na

maioria dos municipios do território não há mapeamento das áreas degradadas

ou de risco de degradação nas prefeituras, geralmente para essa pergunta os

respondentes demonstravam dúvida ao afirmar que sim e supunham que a

instituição EMATER CE ( Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Ceará) é quem poderia dispor dessa informação.

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Figura 17 – Existência de mapas de áreas degradadas e de risco

de degradação. Fonte: SGE

Entretanto, vale ressaltar que uma pequena parcela mesmo com certa

dúvida confirmaram a existência desse mapeamento.

Vale ressaltar a importância da existência de mapas das áreas em

estado de degradação por sua utilidade no embasamento às iniciativas no

planejamento de recuperação desses ambientes com vistas a promover entre

outros benefícios, a recuperação das paisagens, preservação dos recursos

hídricos, das matas ciliares, contenção da erosão do solo e das mudanças

drásticas no clima.

4.5. Mecanismos de solução de conflitos

Os mecanismos de solução de conflitos abrangem o conjunto de

instâncias e estratégias utilizadas na resolução de eventuais confrontos verbais

ou físicos ocasionados pela divergência de opiniões e ideologias ou pela

reivindicação de direitos.

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Figura 18 – Mecanismos de negociação e resolução de conflitos adotados pela sociedade civil. Fonte: SGE

A figura 18 apresentada demonstra as estruturas de negociação

disponíveis caso haja necessidade.

Conforme a representação, recorrem-se principalmente a autoridades

municipais para solucionar problemas de ordem político-ideológica, aponta-se

que também é importante recorrer a membros das comunidades e aos

conselhos comunitários, não havendo consenso deve-se recorrer aos juízes, e,

uma minoria dos entrevistados defende que se deve apelar também as

delegacias do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário).

Vale ressaltar que nessa questão pode se recorrer a mais de um

mecanismo caso seja pertinente.

Conhecendo os mecanismos de solução de conflitos, continuamos na

análise agora referindo-nos aos protestos ou manifestações sociais ocorridos

do território. Com base no questionário a pesquisa detém-se apenas ao último

ano anterior a aplicação do mesmo.

Tais protestos são relacionados a inquietação da população quando

consideram que suas condições de vida e trabalho não estão satisfazendo

plenamente suas necessidade ou quando consideram que a administração

pública está sendo negligente com os problemas sociais do município, dentre

outros fatores são esses os que mais impulsionam a ocorrência de greves,

paralisações, passeatas ou reivindicação de direitos.

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Entretanto, a pesquisa esclarece que no último ano na maioria dos

municípios do território não houve nenhuma manifestação desse tipo, apenas

uma pequena parcela revela que houve de uma a três manifestações, e uma

minoria afirma a ocorrência de quatro e seis manifestos, ressaltamos que todos

foram protestos pacíficos pois não houve quem apresentasse queixas de

embates em que possam ter ocorrido atos de violência física. É o que está

exposto na figura 19:

Figura 19 – Protestos ou manifestações sociais ocorridas no último ano. Fonte: SGE

4.6. Infraestrutura Institucional

Refere-se à existência de infraestrutura pública para o desenvolvimento

de atividades econômicas, sociais, culturais e políticas, nos territórios.

No concernente as atividades culturais, conforme a figura 20 os espaços

disponíveis no território são predominantemente os salões de festa, trata-se de

locais onde acontecem festas dançantes embaladas principalmente pelo forró.

As casas de cultura também são significativas nesse aspecto, e em

menor escala existem os parques, teatros e até cinemas, por esses elementos

investigados constata-se a carência de incentivo e investimento à cultura e

lazer para benefício da população do território.

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Figura 20 – Estruturas existentes para atividades culturais. Fonte: SGE

Referente ao desenvolvimento rural dos municípios investigados,

constatamos, conforme a figura 21, a existência de secretarias específicas para

fomentar o avanço desse setor em quase todos restando apenas 5% que não

apresentam tal característica. A referida secretaria é uma instância de

desenvolvimento que tem a função de planejar, executar e avaliar as políticas

públicas voltadas para o crescimento do setor agrário e agropecuário no âmbito

municipal.

Figura 21 – Existência de Secretaria de Desenvolvimento Rural ou Similar nos municípios. Fonte: SGE

Questionados sobre a existência de técnicos de apoio ao

desenvolvimento rural na forma de assistência aos agricultores, grande parcela

dos respondentes afirmam existir na secretaria anteriormente mencionada

quadro de técnicos permanentes auxiliando as ações da mesma. Porém em

alguns municípios inexiste esse assessoramento específico. Isso está explícito

na figura 22:

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Figura 22 – Existência de quadro de técnicos permanente na Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar. Fonte: SGE

Portanto, se compararmos as figuras 21 e 22, perceberemos que ao

passo que 95% das prefeituras possuem secretarias de desenvolvimento rural

ou similar, apenas 80% possuem quadro de técnicos permanentes, ou seja, em

15% dos municípios participantes da pesquisa, a secretaria está constituída

mas não há técnicos disponíveis para acompanhar esse departamento.

Entre as funções desempenhadas por essa secretaria conforme a figura

23, descatam-se prioritariamente a formulação de projetos que fomentam a

aquisição de crédito para financiamento da produção agrícola, seguida pela

atividade de assistência técnica a produtores, embora no início dessa análise

tenhamos constatado na figura 3 que a operacionalidade da assistência técnica

deixa a desejar.

Figura 23 – Funções desempenhadas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural ou similar. Fonte: SGE

Funções como elaboração de diagnósticos e coordenação com

instituições federais e estaduais também apresentam percentual expressivo. A

secretaria também desempenha papel importante na elaboração de planos de

desenvolvimento rural. Vale lembrar que alguns respondentes embora sejam

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poucos, afirmam que nenhuma dessas alternativas corresponde as atividades

desempenhadas pela mesma.

4.7. Iniciativas comunitárias

Quanto ao desenvolvimento político da população, as figuras a seguir

ajudam a identifcar o nível de sua participação nesse processo. Na figura 24,

por exemplo, apresentam-se os projetos de iniciativa comunitária realizadas

sem o apoio de governos.

Estão em evidência as iniciativas populares em projetos culturais que

podem ser exemplificados como sendo: festas de padroeiros das igrejas, festas

dançantes, vaquejadas, torneios de futebol entre outros. Incidem também

iniciativas em projetos produtivos e sociais, mostrando que a população rural

do território dependendo da necessidade consegue se articular e elaborar

projetos que viabilizem melhorias na produção para as comunidades bem como

criam alternativas para resolver problemas sociais.

Em alguns municípios as iniciativas populares voltam-se para projetos

de preservação ambiental visando a conscientização popular da necessidade

de manter os recursos para ter sempre, outros em menor escala, indicam

existir iniciativa em projetos turísticos, enquanto que para boa parcela dos

entrevistados não há representação em nenhum desses tipos de projetos.

Figura 24 – Projetos de iniciativa comunitária ou de produtores desenvolvidos sem apoio de governos. Fonte: SGE

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4.8. Participação

A seguir apresenta-se análise do resultado da parceria entre produtores

rurais e as prefeituras municipais no desenvolvimento de projetos locais que

viabilizem a ação conjunta na elaboração e gestão para o atedimento às

demandas da população segundo suas potencialidades e necessidades.

Dos itens ponderados conforme a figura 25, o desenvolvimento de

projetos sociais é o mais expressivo nessa parceria, nota-se por essa

informação a preocupação que há em solucionar os problemas que atrapalham

o progresso do território.

Dos respondentes a esse questionamento, muitos reconhecem a

existência de parceria para desenvolvimento de projetos produtivos que

pressupõem o fortalecimento da economia e consequentemente a melhoria da

qualidade de vida. O desenvolvimento de atividades culturais também são

bastante indicados evidenciando índices positivos de participação das

organizações municipais bem como dos beneficiários desses projetos.

O desenvolvimento de projetos de proteção ambiental estão presentes

em destaque indicando que existe conscientização da necessidade de explorar

os recursos para extrair o sustento de forma responsável permitindo que o

ambiente tenha condições de se recompor. Esse percentual empata com o

relativo a desenvolvimento de projetos de infra-estrutura que sugerem a

edificação de estruturas para benefício coletivo como escolas, postos de

saúde, etc. ou que propiciem o desenvolvimento da produção como por

exemplo, as unidades de beneficiamento. Tais projetos requerem minucioso

planejamento para que as obras construídas sejam feitas de forma sustentável

preservando o meio ambiente.

Em poucos municípios os entrevistados afirmam não haver nenhum tipo

de parceria na execução das ações apontadas na figura abaixo:

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Figura 25– Finalidade da parceria entre produtores rurais e a prefeitura municipal. Fonte: SGE

Diante dessa afirmações fica claro que o desenvolvimento dessas

atividades não pode ocorrer de forma desordenada sendo necessário haver

planejamento das ações a serem executadas nessas parcerias. Para tanto, o

planejamento estratégico municipal de fomento a implantação dos projetos

anteriormente mencionados requer estudo, análise, elaboração, previsão

orçamentária, organização, acompanhamento e gestão. Essa tarefa é

responsabilidade das secretarias municipais de planejamento nos municípios

em que são constituídas. Entretanto, de acordo com a figura 26 as Secretarias

Municipais de Planejamento existem em apenas menos da metade dos

municípios do território. Esse índice revela que na maioria das prefeituras as

atividades de planejamento são executadas por outras secretarias não

específicas para isso.

Figura 26 – Existência nos municípios de Secretaria Municipal de Planejamento. Fonte: SGE

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5. QUESTIONARIO 3 – GESTÃO DOS COLEGIADOS

TERRITORIAIS

O colegiado territorial constitui-se de entidades representantes da

sociedade civil e do poder público estrategicamente instituído para gerir ações

de desenvolvimento do território conduzindo o planejamento, a implantação e a

gestão das políticas públicas.

O questionário relativo à gestão dos colegiados aplicado censitariamente

aos integrantes do colegiado do território Inhamuns/ Crateús avalia o nível de

organicidade das entidades nas decisões e deliberações sobre os rumos

estratégicos de desenvolvimento do mesmo e também o grau de articulação e

conhecimento dos membros sobre as ações realizadas.

Para que haja integração dos componentes torna-se necessária a

articulação visando a comunicação e divulgação das informações de interesse

de todos bem como promoção de encontros para discussões, planejamentos e

encaminhamentos das atividades cabíveis. Nesse sentido é pertinente a

existência de assessoria técnica que apóie a gestão do colegiado se

responsabilizando entre outras coisas por essa articulação.

Indagados sobre isso, para a maioria dos entrevistados existe um

assessor responsável por articular o grupo, por ajudar a preparar os momentos

de encontro e divulgar as notícias do território a todos que compõem o

colegiado, uma boa parcela destes discordam dessa afirmativa dizendo não

haver assessoria permanente, outros preferiram assumir que não sabem. É o

que nos revela a figura 27:

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Figura 27 – Existência de assessoria técnica que apoie permanentemente à gestão do colegiado. Fonte: SGE

Baseado nas respostas obtidas com a questão anterior, a figura 28 a

seguir identifica a existência de outro assessor que não seja especificamente

designado para isso mas que apóie a gestão do colegiado:

Figura 28 – Existência de outro técnico que apóie a gestão do colegiado no caso de não existir

um assessor. Fonte: SGE

Pela observância dos dados fica evidente que dentre os que negam a

existência desse colaborador um número significante afirma que há um técnico

do governo municipal exercendo essa função, uns poucos asseguram que o

técnico é integrante do governo estadual, e outros discordam afirmando que o

apoio ao colegiado é feito por um técnico pertencente ao governo federal. Tal

divergência de opiniões demonstra discrepância de informações entre os

membros do colegiado sobre os aspectos organizacionais do mesmo.

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Durante as entrevistas pudemos identificar entre outras razões que essa

desconexão de informações acontece por haver troca constante de

representantes de entidades na composição da plenária geral ocasionando

dificuldade de articulação e de propagação do que é debatido e deliberado nos

encontros.

Analisaremos em seguida a forma como os componentes do colegiado

territorial são selecionados a participar do mesmo de acordo com a opinião de

seus próprios integrantes e, que são objetos de pesquisa desse questionário.

Por essa indagação estes podem expressar dentre as alternativas qual a que

mais se aplica à situação a que foram submetidos para ingressar nesse grupo.

Das opções expostas, convite direto a organizações selecionadas foi a

mais indicada evidenciando que quando as ações de uma entidade no território

identificam-na como comprometida com a causa do desenvolvimento

sustentável, esta logo é convidada a participar e contribuir com suas idéias e

metodologias de trabalho, entretanto há que se considerar a paridade que há

nessa composição, ou seja, para cada instituição da sociedade civil inserida

nessa instância deve haver uma do poder público.

Entre as demais escolhas, conforme o apresentado na figura 29,

convocatória aberta para eleição de representantes surge com bom índice de

apontamento mostrando que em algumas situações ainda prevalece a

tradicional escolha por votação, uma parcela dos respondentes acreditam que

a seleção se dê também através de convite pessoal, e, voltamos então a

questão da paridade, pois, se há um dos segmentos sociedade civil ou poder

público com representantes a mais, cabe ao colegiado convidar representantes

da que tem menos para manter a equidade.

Há também os que consideram que haja a solicitação voluntária por

parte dos interessados em participar, ou seja, os casos em que as próprias

entidades enviam ofícios solicitando sua inclusão sujeitando-se a avaliação e

posterior aprovação de seu pedido. Partindo dessas premissas a figura 29

ilustra a forma como os membros são eleitos para compor esse grupo:

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Figura 29 – Forma como se realiza a seleção e eleição dos membros do colegiado. Fonte: SGE

Posterior ao entendimento de como ocorre a composição do colegiado, o

questionário pondera sobre o nível de conhecimento de seus membros em

relação a detalhes básicos que abrangem a dinâmica da constituição do

mesmo e alguns de seus aspectos internos. Os questionamentos a seguir

dão continuidade a reflexão da importância de conhecer os trâmites da

organização dessa instância de desenvolvimento para uma inserção plena e

eficaz dos integrantes cumprindo com o objetivo primordial que é gestão social

das políticas desenvolvimentistas por parte do público alvo a ser beneficiado.

A princípio indaga-se a respeito da data em que o colegiado foi

constituído, e, pelas respostas obtidas fica claro o desconhecimento dessa

informação por parte de grande maioria dos entrevistados. É importante frisar

que inicialmente quando surgiu a idéia de territorializar o Estado, o que hoje

denomina-se Território da Cidadania antes era chamado de Território Rural e

apresentava características um pouco diferentes da formação atual, com isso,

geram-se dúvidas sobre esse dado, pois, para alguns o colegiado surgiu

juntamente com a idéia de territorialização por regiões enquanto que para

outros essa composição ocorreu anos depois com a transformação de

Território Rural para Território da Cidadania, baseado nisso a maioria preferiu

responder que não tem certeza dessa data.

Outro fato que também pode justificar esse desconhecimento é a

inclusão de entidades posterior a composição do colegiado e que porventura

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não tenham tido acesso a esse dado. Vemos então a figura 30 que elucida

essas afirmativas:

Figura 30 – Informação sobre a data de constituição do colegiado. Fonte: SGE

Continuando nessa linha de raciocínio, o exposto na figura 31 a seguir

apresenta a estimativa da quantidade de reuniões já realizadas pela plenária

geral desde a constituição, sabe-se a importância da existência desses

momentos para que haja socialização das informações e anseios, alcance de

concensos e democratização das decisões. Partindo desse pressuposto, do

total de pesquisados sobre esse assunto a maioria declara não saber

certamente, tal índice é coerente com o que foi revelado na questão anterior

sobre a data de constituição do colegiado, ou seja, se não se sabe quando o

colegiado foi composto não há como saber quantas reuniões ocorreram desde

então.

Figura 31– Quantidade de reuniões formais que o colegiado realizou desde sua constituição. Fonte: SGE

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Prosseguindo com a observância da figura 31, vemos que boa parte dos

respondentes supõem que foram mais de vinte reuniões, alguns poderam entre

onze e vinte, outros responderam que houve entre seis e dez reuniões, uma

minoria acredita na ocorrência de apenas duas a cinco reuniões desde a

constituição, e, uns poucos consideram que essa pergunta não se aplica ao

contexto devido não haver controle estabelecido, portanto, para essa questão,

pudemos perceber que a grande maioria respondeu por meio de suposições e

não da certeza dos fatos.

Na sequencia, o questionário quis saber qual a frequência de reuniões

da plenária geral do colegiado, e, dentre as alternativas um número significante

dos entrevistados optaram por marcar que estas acontecem com intervalos de

três a quatro meses, outros proferem que acontecem a cada dois meses, há

quem diga ser a cada cinco ou seis meses e há também um relevante índice

dos que admitem não saber essa resposta, uns poucos crêem que os períodos

são superiores a seis meses, entretanto, há que se considerar a opinião de

uma minoria que afirmam que a pergunta não se adequa ao contexto pois, as

reuniões são feitas de acordo com a necessidade não sendo estabelecida

frequência para realizá-las. O enunciado acima está ilustrado na figura 32:

Figura 32 - Frequência de reuniões da plenária do colegiado. Fonte: SGE

Vemos novamente a divergência das respostas obtidas entre os

colegiados demonstrando que a frequencia às reuniões é um dos problemas

enfrentados para o funcionamento pleno dessa instância, ou seja, com tantas

respostas diferentes fica difícil estabelecer um consenso sobre essa questão e

torna-se perceptível a situação anteriormente mencionada de troca de

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integrantes entre as plenárias que dificulta ou até mesmo inviabiliza ações de

longo prazo no território.

Todavia, apesar de os índices mostrarem o contrário, pelo que

observamos do funcionamento do colegiado territorial inhamuns/ crateús

externamente à aplicação do questionário, concordamos que não há uma

frequência entre as reuniões, estas ocorrem conforme a necessidade.

Ainda no que se refere aos momentos de reunião da plenária geral do

colegiado abordaremos daqui em diante sobre a capacidade de decisão dos

membros do colegiado nas questões pertinentes ao desenvolvimento do

território. Pela ilustração na figura 33 e interpretações a seguir verifica-se que

cada categoria distinta de entidades apresenta nível de poder de deliberação

de acordo com o grau de participação nesses momentos de reunião e debate,

sendo assim, é fundamental o comparecimento e o efetivo engajamento.

Figura 33 – Capacidade de decisão dos membros do colegiado. Fonte: SGE

Analisamos então a situação dos representantes do governo federal, que

na opinião da maior parte dos entrevistados apresentam poder de decisão em

nível médio, entretanto, um número significante discorda dessa afirmativa e

defende ser boa a capacidade decisiva desses representantes. Há também os

que defendem ser muito alta a aptidão conferida a estes justificando-se por

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sua ligação direta com a principal instância deliberativa do país. Porém, na

opinião de uns poucos seu poder deliberativo varia de baixo a muito baixo por

sua constante ausência nas plenárias, alguns não souberam responder, assim

como outros disseram não ser aplicável essa pergunta pelo fato de todos terem

igual poder de voto e decisão.

Quanto aos representantes do governo estadual, a maioria considera

que estes têm boa capacidade deliberativa, e em ordem decrescente vem os

que acreditam que esta capacidade está em nível mediano, depois os que

apontam como sendo muito alta. Opondo-se a esse posicionamento há os que

afirmam que a capacidade decisiva destes é baixa seguindo-se pelo índice dos

que não sabem claramente sobre esse dado e pelos que preferem crer que

todas as entidades tem igual poder de decisão.

Os representantes dos governos municipais do território também foram

avaliados em sua capacidade de decisão no colegiado, entretanto,

ressaltamos que sente-se a ausência dos gestores públicos nessas ocasiões.

Apesar disso, a maioria dos membros do colegiado defendem que o poder de

decisão destes está satisfatório, podemos entender então, que o fato de ser

através da administração municipal que se estabelecem os convênios para

liberação de recursos e implantação de projetos no território influencia nessa

indicação. Em contraponto a isso, um bom percentual rebaixa essa capacidade

por afirmarem que estes pouco participam. Em verdade, muito dificilmente os

gestores municipais com assento na plenária comparecem, são sempre

representados por assessores ou secretários.

Com índice elevado de capacidade de decisão na opinião dos

respondentes estão os representantes de agricultores familiares, demonstrando

que são engajados e que se interessam em participar para atrair para sua

categoria projetos que venham a melhorar a qualidade de vida. Vale lembrar

que há também os que consideram a capacidade destes de média a baixa

justificando que os mesmos pouco participam dos momentos deliberativos.

Os representantes dos movimentos sociais compreendem o conjunto de

entidades civís comprometidas com as lutas sociais pela igualdade de direitos

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para a população, e, por terem esse respaldo, seu poder de decisão nas

reuniões oscila na preferência da maioria de médio a muito alto mostrando com

isso o reconhecimento de sua importância na defesa de idéias que considerem

fomentar o desenvolvimento da classe trabalhadora.

Quanto aos representantes de comunidades tradicionais, por seu baixo

número de representantes dentro do colegiado, apresentam percentual de

decisão de médio a muito baixo, são categorias ainda em processo de

reconhecimento de sua identidade e por isso são poucas as entidades que os

representam nesse grupo, porém, é também uma das bandeiras defendidas

pelo território criar condições para que esses segmentos se organizem e

tenham seus direitos garantidos.

Com grande expressividade, os representantes de associações e

sindicatos são os que apresentam maior índice de capacidade nas decisões do

colegiado, variando de alta a muito alta e sendo poucos os que se opõem a sua

significância, são segmentos voltados para a organização da população menos

favorecida e que participam ferrenhamente do colegiado, polemizam as

discussões na busca por um consenso que favoreça o desenvolvimento

igualitário e sustentável para todos.

O potencial atribuído as organizações não governamentais varia

positivamente entre médio e alto mostrando que as iniciativas populares com

vez e voto na plenária são reconhecidas em sua fundamental importância na

dinâmica do desenvolvimento territorial.

Já os representantes de universidades, pelo entendimento dos

entrevistados pouco participam e com isso a maioria respondeu com dúvidas

atribuindo-lhes poder de decisão de médio a muito baixo sendo que boa parte

assumiu não saber sobre isso enquanto que um número expressivo considera

inaplicável essa questão para o segmento alegando sua ausência nos

momentos de decisão. Com índice semelhante estão as entidades colegiadas,

oscilando também de médio a muito baixo.

Baseando-nos nesses enunciados, averiguamos que apesar de todas as

entidades terem igual poder de decisão em se tratando do valor de seu voto, a

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ausência nas plenárias acarreta a perda de oportunidades de atrair benefícios

principalmente na priorização de áreas mais vulneráveis do território. Cada

representatividade tem sua importância e não é a toa que compõem o

colegiado, são estratégicas na garantia da elaboração e implantação de

políticas de desenvolvimento para seus respectivos setores.

Após entendermos a importância das reuniões e poder de decisão das

entidades componentes do colegiado nesses momentos, abordamos a seguir

sobre os meios de que o colegiado dispõe para divulgar suas notícias e

tomadas de decisões para a base, ou seja, é necessário multiplicar o que for

proposto ou deliberado na plenária estabelecendo-se parcerias para que essas

informações abranjam o maior número possível de pessoas, principalmente as

que estão no topo da finalidade dos projetos de desenvolvimento territorial que

são as famílias rurais. Observemos então a ilustração na figura 34:

Figura 34 – Mecanismos de comunicação utilizados pelo colegiado para informar suas ações e decisões a comunidade. Fonte: SGE

Com esta podemos perceber as mais variadas formas de divulgação das

informações de interesse da população, um leque de opções apontadas pelos

respondentes que permitem multiplicar as ações e decisões do colegiado

tornando a população conhecedora e protagonista de seu próprio

desenvolvimento.

O uso da internet apesar de ser um meio de comunicação ainda pouco

utilizado no meio rural, é usado por exemplo, pelos sindicatos que ao

receberem essas informações podem transmití-las às comunidades. Parcerias

também são estabelecidas com entidades governamentais para essa

finalidade, há comunicação pessoal, reuniões nas comunidades, divulgação por

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meio de rádios, carros de som, cartazes, folhetos, entre outros, tais

mecanismos são necessários para que haja envolvimento e compreensão por

parte da população dos subsídios governamentais que venham a interferir na

sua realidade através do território.

Consecutivamente, ainda no contexto das reuniões do colegiado, o

questionário indaga sobre os assuntos que mais são debatidos e planejados,

pressupondo desenvolvimento e fortalecimento dos principais aspectos da vida

da população.

As opiniões se dividem, porém, pela observância da figura 35 que

aglutina as indicações dos integrantes do colegiado sobre essa questão, os

projetos são os assuntos mais tratados e estão presentes na maioria das

discussões, tal fato é compreensível já que são eles que movimentam as ações

territoriais de desenvolvimento, e é através deles que se obtém os recursos

necessários para investir nessas ações.

Figura 35 – Frequência com que os temas são tratados no colegiado. Fonte: SGE

Todos os assuntos apresentados tem sua importância não somente no

debate mas, também na concretização de ações efetivas para seus setores,

com isso, podemos perceber que desenvolvimento agropecuário é um assunto

tratado com frequencia por referir-se a uma esfera que movimenta a economia

da região. A saúde também sempre é debatida por promover a reflexão e a

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preocupação com o bem estar dos habitantes do território no sentido tanto

preventivo quanto do tratamento.

O meio ambiente é tema constante por sua relevância a nível

internacional, e objetiva propiciar o desenvolvimento em convivência

sustentável com o meio preservando os recursos para manutenção da vida.

Quando o assunto é a educação discute-se tanto a melhoria da qualidade da

educação convencional quanto a consolidação de uma educação para o campo

que atenda as especificidades desse público diferenciado.

Referente a infra-estrutura pressupõe-se a edificação de bens que

auxiliem na habitação, na disponibilidade de espaços para beneficiamento da

produção, na construção de estruturas de acúmulo de água para

enfrentamento de situações de estiagem, na manutenção de estradas e de

prédios históricos entre outros benefícios atribuídos a essa esfera.

Quanto a cultura ressaltam-se discussões sobre as manifestações dos

valores e crenças, sobre incentivo aos talentos artísticos e a preservação da

identidade cultural do território bem como a criação de espaços para difusão e

fortalecimento desse setor. O planejamento é outro assunto pertinente por

nortear as ações para todos os âmbitos.

O controle social sugere a descentralização da coordenadoria das

instituições governamentais sobre os projetos enfatizando a gestão

compartilhada com a sociedade civil. Quanto a cidadania e inclusão social

também expressamente apontado, transmite-se a idéia da distribuição

igualitária de terra e renda com geração de condições para sustento das

famílias com total suprimento de suas necessidades.

Entre os debatidos com menos frequência, estão os assuntos políticos

por já se inserirem nas demais discussões, a questão da segurança também

não é tão constantemente abordada embora deva ser lembrada devido a

situação de vulnerabilidade e insegurança a que está submetida a população à

margem da sociedade. Em relação ao tema justiça também pouco se discute

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caracterizando uma situação de negligência com as injustiças sociais

abundantes na realidade do território.

O debate sobre o lazer também deixa a desejar transparecendo uma

realidade onde a juventude fica a mercê de atividades ilícitas por não haver

preocupação com o entretenimento saudável destes, entretanto, um assunto

mais preponderante que o lazer é a reforma agrária que por sua vez também

não é frequentemente tratado pelo menos não diretamente, tendo em vista que

se insere de forma subliminar em demais discussões voltadas para o progresso

do meio rural. É um tema que incorpora a transformação da realidade do meio

rural onde há centralização de terras nas mãos de poucos em detrimento da

maioria que vive submetida a condições precárias de produção por não ter

terra para trabalhar.

Após identificarmos os assuntos mais debatidos nas instâncias do

colegiado territorial, falaremos agora a respeito dos gargalos que

comprometem o funcionamento pleno das ações deste na defesa intransigente

dos direitos, reivindicações e interesses gerais ou particulares de cada

segmento anteriormente citado.

Conforme exposto na figura 36, a pouca participação dos gestores

públicos é um problema que prejudica bastante a atuação do colegiado deste

território, a ausência e falta de engajamento desses impossibilita o

desempenho tendo em vista sua fundamental importância no estabelecimento

de convênios através dos quais os recursos financeiros chegam ao território

para fomento de suas ações.

Regularmente outro problema marcante é a baixa capacidade técnica

para avaliação de projetos, ou seja, as demandas e idéias são planejadas,

porém, a preparação técnica para análise da viabilidade de implantação dos

mesmos é insuficiente. A influência política também atrapalha pois, embora

haja a perspectiva de uma gestão compartilhada, na hora da execução dos

projetos em alguns casos notamos desvio da finalidade por questões políticas

inerentes ao estabelecido no colegiado.

Constata-se também que a alta rotatividade dos membros dificulta a

execução de ações por causar descontinuidade dos planos, ocasionando

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desarticulação das proposições e metas estabelecidas. E, o fato de o colegiado

muitas vezes não ser escutado em outras instâncias acentua ainda mais esse

quadro, pois, segundo os respondentes, isso decorre na falta de interesse do

poder público em disponibilizar recursos para o atendimento às solicitações da

população.

Verifica-se também que a falta de participação dos produtores é

apontada por alguns como prejudicial ao desempenho do colegiado

demonstrando que estes ainda se ausentam dos momentos de reunião, já o

fato de o colegiado não representar os verdadeiros interesses do território é

apontado como pouco prejudicial devido ser esse uma instância criada para

justamente representar esses interesses. Esses enunciados evidenciam-se

pela figura 36:

Figura 36 – Frequência com que os problemas prejudicam o desempenho do colegiado. Fonte: SGE

O colegiado responde pela execução de ações de fomento ao

desenvolvimento do território, entretanto, antes mesmo de planejar essas

ações torna-se imprescindível conhecer os aspectos do mesmo com suas

carências e potencialidades, e com isso indagados pelo questionário, pelo que

mostra a figura 37, os entrevistados identificaram que o colegiado desempenha

papel crucial na elaboração do diagnóstico territorial:

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Figura 37- Papel desempenhado pelo colegiado na elaboração do diagnóstico territorial. Fonte: SGE

Seguindo por essa linha de raciocínio é do conhecimento da maioria que

o colegiado também se responsabiliza por elaborar planos de longo prazo para

o território, o principal deles é o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável (PTDRS) que tem por objetivo atender aos interesses da

população visando principalmente a sustentabilidade. As figuras 38, 39 e 40

elucidam essa afirmação, segundo os entrevistados o colegiado participa

desde a concepção, das oficinas de debate para construção do plano baseado

nas demandas da população indo até a revisão desses planos antes de sua

consolidação em documento.

Figura 38 – Elaboração de plano que contenha uma visão de longo prazo do

Território (visão de futuro). Fonte: SGE

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Figura 39 – Papel desempenhado pelo colegiado na elaboração da visão de futuro do território. Fonte: SGE

Figura 40 - Papel desempenhado pelo Colegiado Territorial na elaboração do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentavel - PTDRS caso o território possua. Fonte: SGE

É importante ressaltar que esses planos são flexíveis e sucetíveis a

mudanças para melhor adequação às mudanças que porventura venham a

ocorrer na realidade do território partindo do pressuposto de que o mundo é

dinâmico e se altera constantemente, portanto, o território não está a margem

desse processo.

Com a consolidação de planos incorpora-se a necessidade de

estabelecer consensos na aprovação de projetos que priorizem o atendimento

as necessidades mais urgentes, essa decisão é tomada nas plenárias através

principalmente de aclamação de voto direto, ou de acordos concebidos pela

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maioria, considera-se ainda que para alguns, cada segmento do colegiado

defende seus próprios interesses ressaltando a individualidade presente nesse

contexto, bem como a formação articulada de grupos na defesa de interesses

próprios não levando em conta a maior necessidade dos outros. Uns poucos

respondentes afirmam que o colegiado avalia, opina mas não decide, esse

papel decisivo seria então desempenhado pelos órgãos municipais, estaduais

ou federais de controle. É o que nos mostra a figura 41:

Figura 41 – Mecanismos utilizados para a tomada de decisões no colegiado. Fonte: SGE

No tocante a execução de projetos compete ao colegiado traçar

estratégias para viabilizar sua efetiva implementação, revendo conceitos e

métodos. Por essa premissa, a figura 42 disposta a seguir demonstra

mecanismos adotados para gerir os projetos dentro o território:

Figura 42 - Ações desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos projetos de desenvolvimento territorial. Fonte: SGE

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Na sequencia apresentam-se as áreas em que os integrantes do

colegiado foram capacitados para melhor compreenderem as nuances de sua

realidade e se tornem capazes de argumentar e defender suas opiniões nas

instâncias do mesmo. Apenas um número baixo de respondentes não

souberam dessa informação, os demais apontaram todas as áreas

relacionadas na figura como habilitações disponibilizadas aos membros para

que se apropriem da sua conjuntura social e posteriormente multipliquem esses

saberes. A figura 43 elucida o exposto:

Figura 43 – Áreas em que os membros do colegiado receberam capacitação. Fonte: SGE

Repassar os conhecimentos é necessário tendo em vista que nem todos

os integrantes foram capacitados em todas as áreas acima descritas, alguns

afirmaram saber a existência de oficinas de discussão sobre os assuntos

apresentados e mesmo assim admitem não participar.

6. QUESTIONÁRIO Q5 - AVALIAÇÃO DE PROJETOS

Apresenta-se neste segmento a análise dos dados oriundos de um

formulário de entrevista extraído do Sistema de Gestão Estratégica - SGE cujo

objetivo é avaliar o andamento dos empreendimentos econômicos ou sócio-

culturais implantados no território visando identificar os sucessos e fracassos

através da percepção da entidade executora, do colegiado e dos beneficiários,

espera-se com isso estabelecer um panorama da situação dos projetos

identificando seus impactos no desenvolvimento territorial.

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A presente análise abrange a idealização dos projetos desde a fase de

coleta de informações para elaboração do planejamento, o financiamento e a

execução dos mesmos bem como a implementação e o gerenciamento

compartilhado das atividades em funcionamento englobando também a

percepção das implicações econômicas e sócio-culturais destas na vida da

população do território.

Para tanto, utilizou-se coleta de dados mediante a aplicação de um

questionário sendo que para cada projeto foram entrevistados um

representante da entidade executora, no caso as prefeituras, um representante

do colegiado territorial e um beneficiário do projeto. Nesse processo foram

visitados e georreferenciados via GPS os locais onde se localizam os

empreendimentos.

Constatou-se que no território Inhamuns/ Crateús, a maioria dos projetos

averiguados apresentam condições precárias de funcionamento, sendo que

alguns não foram nem concluídos devido a impedimentos burocráticos, vale

ressaltar que o maior problema que aflige o pleno funcionamento destes

consiste na falta ou ineficácia da gestão.

Prosseguindo na análise veremos a princípio como ocorreu a fase de

planejamento dos projetos.

6.1. Avaliação da fase de planejamento dos projetos

Nesse quesito pondera-se sobre as etapas de idealização dos projetos,

englobando a área de intervenção, diagnóstico e formulação de propostas.

Inicialmente a abordagem refere-se a forma como se deu o procedimento de

indicação dos mesmos, vejamos portanto, a seguinte ilustração:

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Figura 44: Indicação de como ocorreu a definição do projeto. Fonte: SGE

Em observação da figura 44 nota-se que para a maioria dos

respondentes nenhuma das alternativas expostas se aplicam à forma como

ocorreu a definição dos projetos por eles analisados, contudo, entre os que

opinaram, indicação pela SDT/MDA foi a mais apontada revelando sua

influência no que se refere a definição e priorização de projetos para o

território.

Em relação aos objetivos centrais destes verificou-se que os mesmos,

quando pensados e implantados quase sempre estavam visando esses três

itens: fortalecimento das capacidades locais, fortalecimento de cadeias

produtivas e geração de renda, os outros aparecem com menos importância

dependendo do tipo de projeto.

É o que se observa na figura 45:

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Figura 45: Objetivos centrais do projeto. Fonte: SGE

Conforme o apresentado na figura 45 nota-se uma gama de objetivos

que se concretizados contribuem substancialmente para o progresso e

fortalecimento das potencialidades do território, dentre todos, a geração de

renda surge como a principal finalidade por criar condições dignas de

sobrevivência, redução da pobreza e miséria, e, promover a inclusão e

ascenção social expandindo a economia local.

No que concerne a participação dos beneficiários revela-se na opinião

da maioria dos respondentes que não há envolvimento dos mesmos na

elaboração dos projetos de fomento ao desenvolvimento, tal fato evidencia que

ainda falta consolidar a integração destes, do contrário não se engajam e talvez

seja esse um dos motivos para tantos casos de fracasso. O índice de

participação está contemplado na figura 46:

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Figura 46: Existência de participação dos beneficiários na elaboração dos projetos. Fonte: SGE

Ressalta-se a importância da inserção dos beneficiários nas etapas

elaborativas para que possam dar suas sugestões sendo sujeitos participativos

na construção de um objeto que será de grande importância tanto para sí

quando para sua comunidade se concebido e discutido pela maioria como

pertencentes ao processo e não apenas meros espectadores e/ou usuários.

Entretanto, em oposição à maioria uma boa parcela indica que houve

participação dos beneficiários nos processos elaborativos, resta saber em que

fases do projeto ela ocorreu. Para tanto segue análise da figura 47:

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Figura 47 – Fases do projeto em que ocorreu participação dos beneficiários. Fonte: SGE

Nas fases em que houve participação dos beneficiários a maior

incidência deu-se na definição do tipo de projeto, no acompanhamento do

processo de implementação e na gestão, ambos apresentam índices muito

próximos mostrando que houve certo envolvimento na construção e

desenvolvimento dos empreendimentos implantados, entretanto, com a

precariedade observada na maioria dos projetos esta participação parece ter

sido ineficiente e descontínua, ou seja, ocorreu apenas em algumas etapas e

depois deixou-se de ter controle. Partindo dessas premissas, para a maioria

dos respondentes essa pergunta não é aplicável ao contexto já que afirmam a

inexistência de participação dos beneficiários.

Tendo em vista que os projetos implantados no território não conseguem

abranger completamente toda a demanda da população, estabelecem-se

critérios de seleção para identificar e beneficiar os que necessitam com mais

urgência dessas ações. Na observância da figura 48 veremos na percepção

dos três segmentos respondentes a esse questionário, quem participou da

definição de critérios para selecionar os beneficiários dos projetos:

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Figura 48: Participou na definição de critérios para identificação dos beneficiários do projeto. Fonte: SGE

Pelo exposto na figura 48 nota-se que a responsalidade por essa

seleção é majoritariamente da entidade proponente, no caso, a prefeitura. Os

critérios variam conforme o tipo de objeto escolhido seja apicultura, kit de

comercialização, estruturas para exposição de animais entre outros, contudo,

essa realidade denota que apesar de uma boa parcela dos respondentes

considerar a existência de participação do colegiado nesse processo, a gestão

ainda está muito centralizada ao poder público.

Entre os critérios estabelecidos para elegibilidade dos beneficiários a

figura 49 apresenta os mais acentuados:

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Figura 49 - Critérios utilizados para a elegibilidade dos beneficiários do projeto. Fonte: SGE

Dos itens ponderados três critérios se destacam com mais veemencia:

potencial produtivo, participação em associações/ cooperativas e ser agricultor

familiar. São fatores interligados no que se refere ao setor produtivo rural

tornando-se instrumentos que qualificam a identificação da população carente

para viabilizar a garantia do acesso à oportunidades de melhorias da qualidade

de vida à quem mais precisa.

Paralelo à identificação da utilização desses critérios, apresentam-se os

tipos de organizações da sociedade civil apoiadas pelos projetos investigados.

Vejamos emtão,a figura 50 adiante:

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Figura 50- Tipos de organizações apoiadas pelo projeto. Fonte: SGE

De acordo com a figura 50, detectamos que as associações informais

são as mais beneficiadas pelos projetos em detrimento das demais

mencionadas conforme a opinião dos respondentes, são organismos

previlegiados nesse sentido por situarem-se nas comunidades e serem

compostas por uma parcela da população que se organiza buscando sua

inclusão social, e, sendo grupos já constituídos facilitam a implementação das

políticas públicas sob a forma de projetos.

Com índices expressivos aparecem também as cooperativas que já são

grupos articulados propriciando agilidade no repasse de recursos e da gestão

dos projetos de beneficiamento das atividades por elas já realizadas ou para

fomentar a iniciativa em outras ações, assim como os empreendimentos

autônomos onde os produtores rurais tem acesso a projetos que promovem o

desenvolvimento de suas atividades individuais.

Com relação a projetos sócio-culturais, ressaltamos que na amostra dos

municípios escolhidos não foram avaliados esse tipo de empreendimentos

sendo predominantemente averiguados os projetos relativos a infra-estrutura e

comercialização.

Referente a abrangência dentro do território ressaltamos que mais

importante que implantar projetos é garantir que estes influam positivamente na

vida da população e que abranjam o maior número possível de beneficiários

direta ou indiretamente, com isso, segue abaixo na figura 51 alguns critérios

apontados para que essa abrangência aconteça:

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Figura 51 - Critérios utilizados para definir a abrangência do projeto dentro do território. Fonte: SGE

Nota-se pelo exposto que o fato de ser um território rural apoiado pela

SDT/MDA é relevante para que o projeto tenha alcance a nível territorial. O

critério político/administrativo também influi bastante por ser um aspecto que

envolve a autoridade, intervenção e influência política, os critérios

fisico/geográfico e ambiental também são notáveis demonstrando a importância

conferida a esses fatores na criação de projetos que visem desenvolvê-los em

toda a extensão territorial.

Após a compreensão da importância da abrangência dos projetos dentro

do território e dos critérios que a definem, vejamos que atividades da sociedade

são atendidas com a execução dos mesmos conforme a figura 52 a seguir:

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Figura 52 - Atividades da sociedade atendidas com a execução dos projetos. Fonte: SGE

Dentre os segmentos tidos como mais atendidos pelos respondentes

destacam-se o setor produtivo e a infra-estrutura produtiva transparecendo o

desejo de que estes se desenvolvam e prosperem, entretanto, não se pode

deixar de considerar a importância das demais atividades mencionadas, todas

merecem investimento por parte dos projetos para que o desenvolvimento

aconteça plenamente em todos os setores.

Por falar em setores a serem desenvolvidos no território, voltamo-nos

para um assunto corriqueiro no conteúdo dos questionários abordados, trata-se

da preservação ambiental, um dos assuntos atuais e mais preocupantes no

contexto da sociedade, discorremos então sobre a implicação dos aspectos

ambientais e de desenvolvimento sustentável e se estes estão sendo

contemplados na execução dos projetos. Na figura 53 estão mencionadas

algumas das ações realizadas de forma a preservar os recursos ambientais:

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Figura 53 - Aspectos ambientais e de desenvolvimento sustentável do território contemplados pelo projeto. Fonte: SGE

Conforme a figura 53, para os respondentes a questão do uso

sustentável de recursos naturais é o mais mencionado traduzindo-se aí a

crescente preocupação pela manutenção dos ecossistemas do território. Os

projetos governamentais tem uma lógica voltada para a sustentabilidade o que

reflete entre outras ações na educação ambiental para conscientização dos

beneficiários. As medidas de manejo dos impactos também foram

significativamente citadas revelando ser uma das estratégias importantes na

implantação e execução dos projetos quando o objetivo é convivência

sustentável com o meio.

No tocante as ações utilizadas na fase de planejamento dos projetos

monitorados analisemos a figura 54 a seguir:

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Figura 54 - Ações utilizadas no planejamento do projeto. Fonte: SGE

Pela observância da figura 54 nota-se que anterior a implementação dos

projetos são necessárias muitas ações de planejamento para aprimoramento

das idéias centrais e análise da viabilidade de execução dos mesmos, bem

como investigação da demanda populacional e previsão dos impactos

decorrentes dessa prática. Com isso, o levantamento de informações ergue-se

como sendo a ação mais utilizada na fase de elaboração, por meio do qual se

diagnosticam as necessidades e perspectivas da população a ser beneficiada

levando em conta as solicitudes destes.

A questão da formação/ capacitação também é importante por tornar os

receptores do projeto aptos a gerenciá-los e obter lucros superando as

dificuldades que possa afligí-los. Assitência técnica em produção e assessoria

em gestão também são ações importantes garantindo que práticas corretas

sejam adotadas pelos beneficiários. Visitas técnicas e intercâmbios promovem

a socialização com experiências de outros podendo-se fazer um comparativo e

aderir a novas idéias, ressalta-se ainda a crucial importância do acesso ao

crédito para financiamento das ações propostas.

Todavia, para que os recursos destinados aos projetos obedeçam a

finalidade à qual foram propostos, torna-se necessário o acompanhamento

pelos atores que compõem o processo, nesse sentido questiona-se quais

meios são adotados para realização desse monitoramento financeiro. Vejamos

a figura 55 que segue:

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Figura 55 – Existência de algum sistema de auditoria e acompanhamento financeiro do projeto. Fonte: SGE

Conforme o apresentado na figura 55, indagados sobre a existência de

auditoria que acompanhe a destinação dos recursos, a maioria admitiu não

saber essa resposta, com isso fica evidente que para os mesmos não há

controle social do dinheiro investido ficando essa atribuição apenas sob

domínio das entidades executoras. Contudo, opondo-se a esse dado, boa

parcela dos respondentes consideram que a sociedade civil desempenha

algum papel na fiscalização dos recursos investidos e outros revelam ainda que

existem auditorias internas e acompanhadas pelo colegiado territorial.

Esse controle fiscal é imprescindível na contenção de fraudes e desvio

de finalidade dos recursos públicos.

Após compreender a importância de haver controle financeiro para o

sucesso da execução dos projetos convém ressaltar a importância de se firmar

parcerias tendo em vista que estas facilitam e agilizam o processo.

Observemos os dados contidos na figura 56:

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Figura 56 – Parcerias firmadas para implantação do projeto. Fonte: SGE

Todas essas parcerias citadas são de fundamental importância para o

acontecimento dos projetos em qualquer território, um bom entrosamento entre

esses parceiros com certeza produzirá bons frutos e dará credibilidade aos

mesmos. A parceria em maior destaque é celebrada com as prefeituras sendo

através das quais que os recursos chegam aos municípios, as organizações da

sociedade civil também são cruciais pois, organizam a população e identificam

as carências, menciona-se também as parcerias com o governo do estado

evidenciando a sua importância deliberativa na implantação dos projetos assim

como com as entidades de assistência técnica que garantem a viabilidade dos

mesmos. Agindo conjuntamente ambas as instâncias promovem o êxito da

implantação dos projetos tendo em vista que são processos meticulosos que

não podem ser feitos por nenhuma dessas isoladamente.

Contudo, afirmamos que muitas das organizações da sociedade civil não

têm abrangência territorial, limitando sua atuação apenas ao município em que

estão inseridas.

Em referência a participação dos beneficiários nas etapas de elaboração

dos projetos na figura 57 verificam-se diversas opiniões:

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Figura 57 - Etapas de elaboração do projeto que houve participação dos beneficiarios. Fonte: SGE

Todas as alternativas apresentadas foram apontadas como tendo havido

participação dos beneficiários nessas etapas com ênfase para a definição dos

componentes que tiveram acesso aos projetos, contudo, boa parcela afirma

que estes não estiveram inseridos em nehuma das fases.

Indagados sobre o papel desempenhado pelo colegiado territorial no

desenho e definição dos componentes dos projetos, os respondentes avaliaram

que o mesmo é consultado, prepara propostas, avalia e co-administra os

projetos, uma pequena parcela afirma que este chega até a autorizar

desembolsos, porém, um número relevante dos entrevistados desconhecem

essa informação, é o que mostra a figura 58:

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Figura 58 - Papel do Colegiado Territorial no desenho e definição dos componentes do projeto. Fonte: SGE

Conforme a figura, o papel principal dos colegiados é avaliar a

viabilidade econômica e técnica para implantação nos municipios escolhidos de

acordo com as necessidades locais.

Entre as entidades públicas observa-se que as mesmas são, no

entendimento dos respondentes, as responsáveis por elaborar as propostas,

sendo que também aprovam, co-financiam, avaliam e participam com apoio

técnico, entretanto, é sabido que os projetos implantados no território

inhamuns/crateús são a concretização dos planos contidos no PTDRS, e com

isso, espera-se que esses ítens sejam definidos na parceria entre o colegiado e

as entidades públicas.

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Figura 59– Papel das entidades públicas no desenvolvimento do projeto. Fonte: SGE

Na observância da figura 59 percebe-se que todos as opções são

apontadas com índices semelhantes o que significa que as entidades públicas

estão envolvidas em todos os passos do desenvolvimento dos projetos.

Uma das principais finalidades dos projetos averiguados no território é

fortalecer as atividades econômicas visando a promoção da melhoria da

qualidade de vida, na figura 60 a seguir apresentam-se algumas das atividades

promovidas pela execução destes:

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Figura 60 – Atividades econômicas que foram promovidas pelo projeto. Fonte: SGE

A agricultura e comercialização são enfatizadas demonstrando ser

pontos chave do desenvolvimento rural do território propiciando a geração de

renda aos habitantes das comunidades e incentivando a produção através do

financiamento e da apropriação de novos métodos. Todavia, as demais

atividades citadas são significantes e variam de acordo com o tipo de projeto

avaliado pelos respondentes.

Quanto aos projetos averiguados e que se relacionam com as cadeias

produtivas ressalta-se na figura 61 as atividades que promovem seu

fortalecimento dentro do território:

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Figura 61: Ações realizadas para o fortalecimento dos projetos caso estejam relacionados a alguma cadeia produtiva. Fonte: SGE

As ações de fortalecimento passam por diversos entendimentos entre os

participantes que vão desde estudos da cadeia, acordos entre clientes e

fornecedores, aquisição de novas tecnologias, incentivos fiscais para valorizar

preços e vinculação à outros empreendimentos que sejam solidários à cadeia,

isso tudo com certeza são fatores que fortalecem a produção trazendo muitos

benefícios ao setor.

Com efeito, essas ações configuram uma realidade onde as cadeias

produtivas no território partem da iniciativa popular e posteriormente são

fortalecidas e reorganizadas pelas políticas públicas ao perceberem sua

existência e abrangência no território.

Em caso de projetos produtivos ou de fomento a comercialização

normalmente o que se espera é elevar a competitividade dos produtos dos

beneficiários, na figura 62 constam ações que impulsionam o poder competitivo

das atividades econômicas no meio rural:

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Figura 62- Ações a que os projetos estão relacionados caso considerem metas explícitas para o aumento da competitividade. Fonte: SGE

O primeiro passo segundo os respondentes é o aumento da

produtividade, e a diversificação produtiva, seguindo-se pelo aumento do

capital de giro traçando estratégias de mercado para venda e escoamento dos

produtos, acesso ao crédito também é importante por fomentar todas as

demais ações descritas, inclui-se também o gerenciamento racional e a

apropriação de novas técnicas de produção, com isso tudo arranjado de forma

a diminuir os custos para produzir com certeza teremos grande competitividade

dos produtos da agricultura.

Para que haja êxito na execução dos projetos é necessário estudar sua

viabilidade e implicações na vida da população, na figura 63 a seguir,

destacam-se algumas áreas que merecem atenção especial nesse processo:

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Figura 63 – Segmentos em que o projeto realizou estudos sobre o mercado de produtos ou serviços. Fonte: SGE

Verifica-se que na opinião dos respondentes para efetivação dos

projetos realizou-se estudos principalmente da qualidade dos produtos, da

demanda da população a ser beneficiada e da análise de preços e sanidade

dos mesmos, bem como análise da comercialização. Análise de custos e de

localização também são feitas assim como das condições de transporte para

escoamento e também das normas de comércio prevalecentes na região,

esses estudos são importantes por permitir que se contorne os problemas e as

dificuldades decorrentes da falta de planejamento e do desconhecimento das

condições para implementação dos projetos.

Nos projetos com finalidade produtiva observa-se que foram realizados

estudos de viabilidade econômica conforme a figura 64 a seguir:

Figura 64 – Realização de estudo sobre viabilidade econômica caso seja projeto com finalidade produtiva. Fonte: SGE

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Tal estudo é necessário para identificar as dificuldades que podem surgir

se o projeto não considerar o potencial produtivo do município no qual se

pretende implantá-lo, ou seja, se o projeto for implantando em desacordo com

a necessidade local, está propenso à falência.

6.2. Avaliação da fase de execução dos projetos

Analisa-se nesse segmento os aspectos concernentes à execução dos

projetos visando identificar a abrangência dos resultados e o envolvimento dos

atores do processo na gestão.

A princípio, voltando a tratar da problemática da gestão, nota-se pela

figura 65 abaixo que os projetos em sua maioria são administrados pelas

prefeituras municipais:

Figura 65 - Instância gestora do projeto. Fonte: SGE

Com base nos dados contidos na figura 65 acima, ressalta-se

novamente a centralidade da gestão no domínio das entidades executoras

ficando muito singular a participação da sociedade civil nesses processos.

Quanto a inserção dos beneficiários nas fases de planejamento,

elaboração, execução e gestão dos projetos a grande maioria admite que os

mesmos foram suficientemente informados sobre os passos da implementação.

É o que se observa na figura 66 a seguir:

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Figura 66 – Informação dos beneficiários sobre o projeto. Fonte: SGE

Percebe-se que mesmo os beneficiários não se envolvendo ativamente

tomaram conhecimento da existência dos projetos cabendo-lhes procurar se

inserir ou não.

Quanto ao acompanhamento do processo de implementação por parte

dos beneficiários, nota-se que de acordo com a percepção da maioria dos

respondentes estes estiveram inseridos, porém, a indagação não identifica se

nesse acompanhamento teve participação e interferência dos mesmos ou se

foram meramente expectadores. O enunciado está exposto na figura 67 a

seguir:

Figura 67 – Acompanhamento dos beneficiários na implementação do projeto. Fonte: SGE

Adiante, questionados sobre o repasse da gestão dos projetos para as

instâncias responsáveis, os respondentes acreditam que foi um processo

ocorrido em conformidade com a legislação vigente. É o que mostra a figura 68

a seguir:

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Figura 68 – Devida legalidade do repasse da gestão, incluindo a cessão dos bens edificados, adquiridos e/ou recuperados. Fonte: SGE

Observando a figura 68, compreende-se que o procedimento de

transferência dos bens edificados para os beneficiários são feitos conforme a

lei, tal fato serve para legitimar os projetos e consequentemente transmite a

segurança de que não haverão complicações jurídicas após a implantação dos

mesmos.

Em menção aos indicadores de acompanhamentos dos projetos

identificou-se que para a maioria dos respondentes não foram definidos meios

para que os atores do processo tenham conhecimento de suas nuances. é o

que mostra a figura 69 abaixo:

Figura 69 – Definição de indicadores de acompanhamento conhecidos pelos atores que participam do projeto. Fonte: SGE

Entretanto, nessa análise também houve uma boa parcela que revelou

haver indicadores definidos, e com isso sente-se a necessidade de

compreender qual a periodicidade em que eles são utilizados para monitorar os

projetos. Para tanto vejamos a figura 70 a seguir:

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Figura 70 – Utilização de indicadores periodicamente para monitoramento do projeto. Fonte: SGE

Nessa ilustração é possível perceber que os indicadores são utilizados

periodicamente para fiscalizar o andamento dos projetos pelos atores que o

compõem identificando as falhas que precisam ser resolvidas. Porém a maior

incidência de apontamento da alternativa ‘não se aplica’ condiz com o

anteriormente exposto onde os respondentes acreditam que não há

indicadores de acompanhamento.

Vale ressaltar que nem sempre o planejado para os projetos se

concretiza, muitas vezes, faz-se necessário reajustes para adequação ao

contexto no qual se inserem, com base nessa premissa, identifica-se pela

observação da figura 71 a seguir mecanismos que possam e que tenham sido

utilizados para ajustar os projetos após os resultados verificados com o

acompanhamento:

Figura 71 - Mecanismos utilizados para ajustar o projeto depois dos resultados verificados com o acompanhamento do projeto. Fonte: SGE

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Dentre os mecanismos expostos, a maior incidência de apontamento

está na reprogramação de atividades e na mudança de participantes isso

decorre da necessidade de aperfeiçoar os projetos, de completar as lacunas

que possam existir e dependendo do caso e do tipo de projeto, mudar os

integrantes preenchendo vagas que porventura fiquem a disposição ou

beneficiando quem mais se adequa aos critérios. Os demais itens citados são

utilizados também conforme a necessidade.

Para identificação dos problemas a serem ajustados após a

implementação dos projetos é preciso haver constante monitoramento das

atividades, com isso, vejamos quem são os responsáveis por esse

monitoramento em conformidade com a figura 72:

Figura 72 – Responsáveis pelo monitoramento do projeto. Fonte: SGE

Notamos que mais uma vez as entidades executoras se sobrepõem as

demais, já sendo anteriormente identificadas como principais responsáveis pela

gestão dos projetos e agora também pelo monitoramento destes, entretanto, os

beneficiários e o colegiado também são vistos como exercendo esse papel.

Na gestão social dos projetos verifica-se que os Conselhos Municipais

de Desenvolvimento Rural Sustentável são a principal instância de controle

destes, é o que nos revela a figura 73:

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Figura 73 – Instâncias de controle social do projeto. Fonte: SGE

São conselhos presentes em quase todos os municípios do território

mas que nem sempre são atuantes, todavia, o colegiado territorial também

exerce esse controle embora as vezes de maneira superficial. Em menor

escala estão as associações e sindicatos.

Nesse quesito ressalta-se a importância da participação social nesse

segmento garantindo que os recursos sejam adequadamente utilizados para

isso, adotam estratégias que podem ser conferidas na figura 74 a seguir:

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Figura 74- Estratégias de monitoramento e controle social do projeto. Fonte: SGE

Dentre as estratégias mais adotadas foram apontadas as reuniões de

avaliação e o acompanhamento por comitê gestor, entretanto, é imprescindível

afirmar que não foi identificado nenhum comitê que esteja funcionando.

A divulgação pública dos resultados tambem se faz necessária para

tornar a população conhecedora dos aspectos concernentes aos projetos.

No território inhamuns/ crateus, o processo de gestão caracteriza-se

principalmente no âmbito da prefeitura municipal conforme a figura 75 a seguir:

Figura 75 – Características do processo de gestão. Fonte: SGE

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Conforme o exposto, neste território falta entrosamento das demais

instâncias no compartilhamento dessa gestão tendo em vista que as prefeituras

são as entidades proponentes de todos os projetos.

Quanto as estruturas edificadas, não há espaço que não esteja sendo

utilizado. A figura 76 abaixo retrata essa informação:

Figura 75 – Funcionamento da estrutura com capacidade ociosa. Fonte: SGE

Indagados sobre a utilização dos bens materiais adquiridos os

respondentes em sua maioria revelam que não há equipamentos que não

estejam sendo utilizados, entretanto, no decorrer das visitas observamos que

muitos estão desgastados e inutilizados e que há insatisfação quanto à

qualidade do material. Nesse aspecto também identificamos que muita das

vezes os beneficiários se apropriam dos objetos e não devolvem para ser

usado por outros, é o caso por exemplo, das barracas e balanças contidas no

kit feira de comercialização. Esse dado é apresentado na figura 77 a seguir:

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Figura 77 – Existência de equipamentos não utilizados. Fonte: SGE

Com os desgastes decorrentes do uso dos bens materiais e das

estruturas edificadas, surge a necessidade de fazer a manutenção para que os

projetos prosperem beneficiando a população por muito tempo. Diante dessa

afirmação observemos a figura 78 que se segue:

Figura 78 – Forma como é garantida a manutenção da estrutura existente. Fonte: SGE

Verifica-se portanto que as estruturas são mantidas por acesso a

recursos da prefeitura municipal e em menor escala pelos lucros do próprio

empreendimento.

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6.3. Avaliação dos impactos dos projetos

Doravante o relatório detém-se a análise dos impactos dos projetos na

realidade da população do território em toda sua amplitude, considerando as

nuances do processo de implementação, o gerenciamento do empreendimento

bem como os resultados previsto e alcançados por estes.

Inicialmente em relação ao processo de implementação, questionou-se

sobre o prazo de execução das obras no caso de projetos de infra-estrutura, a

média de respostas aponta para um periodo superior a seis anos na opinião da

maioria, porém a maior parcela dos respondentes preferiu assumir que

desconhecem essa informação. A figura 79 ilustra o exposto:

Figura 79 – Periodo de execução das obras entre a contratação e o início de operação do projeto. Fonte: SGE

Quanto a proporção de atendimento aos beneficiários de acordo com o

previsto no plano de trabalho dos projetos, verifica-se que baseado na figura

80 esta oscila entre 80 a 100 por cento, e, em oposição um número semelhante

declara que esse atendimento está sendo inferior a 40%, tal fato demonstra os

projetos implantados são diversos e que uns podem ter atendido bem à

demanda da população ao passo que outros deixam a desejar. A figura 80

explicita o enunciado:

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Figura 80 – Proporção em que os beneficiários estão sendo atendidos em relação ao previsto no plano de trabalho do projeto. Fonte: SGE

O público alvo atendido pelos projetos é predominantemente composto

por agricultores familiares, conforme mostra a figura 81:

Figura 81 – Públicos atendidos pelos projetos. Fonte: SGE

O dado apresentado configura a realidade do planejamento e execução

de atividades desenvolvidas pelo território para garantir o avanço desse

segmento da sociedade que é geralmente compostos por famílias em situação

de vulnerabilidade econômica.

Porém, para a maioria dos entrevistados não há outros públicos sendo

atendidos pelos projetos de acordo com a figura 82:

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Figura 82 – Beneficiamento de outros públicos além dos que foram previstos no projeto. Fonte: SGE

Contudo, é também expressivo o número dos que afirmam o oposto. A

utilização por terceiros dos bens e materiais oriundos dos projetos configura-se

por exemplo, no caso dos kits de comercialização onde identificamos que são

utilizados por comerciantes em eventos alheios a finalidade a qual são

propostos, há também casos em que as barracas são alugadas para os

próprios agricultores familiares nos festejos municipais.

Sobre o atendimento às expectativas dos beneficiários, numa escala de

1 a 5 os respondentes revelam que apesar das dificuldades os projetos

atenderam bem as necessidades, é o que mostra a figura 83:

Figura 83 – Atendimento às expectativas pelo projeto na visão dos beneficiários. Fonte: SGE

No entanto, as reclamações são frequentes nas estrevistas colhidas, ou

seja, apesar de afirmarem que as expectativas foram atendidas, nota-se uma

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insatisfação decorrente da pouca abrangência dos projetos ou do numero

reduzido de beneficiários atendidos.

Numa escala semelhante, os respondentes afirmam que com a

implantação dos projetos houveram melhoras na qualidade de vida da

população, isso está configurado na figura 84:

Figura 84 – Quanto o projeto melhorou a qualidade de vida dos beneficiados após a implementação. Fonte: SGE

É justamente essa a finalidade dos projetos, promover a elevação da

qualidade de vida.

Toda ação gera uma reação, com base nessa afirmativa constatamos

que no território ocorrem mudanças decorrentes da implantação dos projetos,

esse fato está ilustrado na figura 85 adiante:

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Figura 85 – Mudanças no território atribuídas à implementação do projeto. Fonte: SGE

Os projetos no território promovem principalmente maior acessibilidade a

mercados, qualificação dos produtos, aumento da produção e da

disponibilidade de alimentos, integração de cadeias produtivas, melhoria da

infra-estrutura, elevação da auto-estima das comunidades, e maior

envolvimento das mulheres no setor produtivo, entre outras ações

mencionadas na figura 85. Todas essas mudanças são benéficas e contribuem

positivamente para o progresso sócio-econômico da região.

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Em termos institucionais os ganhos atribuídos ao projeto foram

principalmente a aliança entre os produtores em concordância com as opiniões

expressas pela figura 86:

Figura 86 – Ganhos atribuídos ao projeto em termos institucionais. Fonte: SGE

Contudo, além da parceria entre produtores, os projetos produziram

alianças também entre instituições do território e as comunidades, entre

instituições locais e estaduais, enfim, entre os diversos atores do processo,

essas parcerias surgem da implantação mas, é importante que persistam

garantindo a continuidade do funcionamento dos mesmos.

Segundo os respondentes, dos projetos implantados no território, a

maioria está operando de 80 a 100% de sua capacidade:

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Figura 87 – Proporção em que os projetos estão funcionando de acordo com a capacidade instalada. Fonte: SGE

Com incidência semelhante, estão os que afirmam que a

operacionalidade destes oscila em menos de 40%, assim como também há os

que revelam que os projetos operam de 60 a 80% de suas capacidades, essa

divergência dá-se pela diversidade dos projetos analisados por esse

questionário.

Seguindo por essa linha de raciocínio percebemos que a demanda

identificada anterior a implementação do projeto para a maioria dos

entrevistados, teve um aumento de até 35% após a execução destes, surge

com isso a necessidade ampliá-los para contemplar essa demanda posterior:

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Figura 88 – Cobertura da demanda identificada antes e após a implantação do projeto. Fonte: SGE

Notamos por esta figura (88) que houve um avanço na qualidade de

vida dos beneficiários, entretanto, faz-se necessário esclarecer que nem todos

os projetos alcançam esse objetivo, em sua maioria os empreendimentos não

funcionam ou não cumprem com seu objetivo programado.

A renda familiar dos beneficiários também sofre alterações pela ação

dos projetos em concordância com a figura 89 abaixo:

Figura 89 – Alteração na renda familiar dos beneficiados. Fonte: SGE

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Elevar a renda familiar da população é um dos objetivos centrais da

execução desses projetos e com isso, constatou-se pela análise que para a

maioria a renda foi elevada em aproximadamente 35% sendo que para outros a

condição financeira melhorou entre 35 e 70%. Todavia, uma parcela mais

pessimista afirma que não houve alteração nesse aspecto, vale ressaltar que

esses dados variam conforme o tipo de projeto averiguado.

Quanto ao acesso a mercados, as atividades econômicas provenientes

desses projetos permitiram a população estabelecer relações comerciais a

nível principalmente municipal, territorial e estadual, consistindo sobretudo na

exposição e comercialização dos produtos em feiras regionais e estaduais. Em

menor escala notifica-se o acesso aos mercados nacional, institucional/

governamental e internacional, sendo que nesse último detectamos unidades

produtivas de mel no território que exportam seus produtos, esses dados são

perceptíveis na figura 90 a seguir:

Figura 90 – Acesso a mercados adicionais através do projeto. Fonte: SGE

Doravante apresentam-se elementos que auxiliam na sustentabilidade

dos projetos, dentre os mais citados estão a consolidação de lideranças locais

a apropriação de novas tecnologias e o acesso ao crédito, a existência de

planos de comercialização também são fatores marcantes que garantem o

funcionamento contínuo destes de acordo com o exposto na figura 92:

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Figura 92 – Elementos que auxiliam a sustentabilidade do projeto. Fonte: SGE

Perante o exposto, constatamos que garantir a sustentabilidade é

fundamental para que as ações não se limitem apenas à remediação de

problemas, é imprescindível que estes sirvam para transformar a realidade

construindo um futuro promissor para a população.

Por fim revelam-se na figura 93 as principais dificuldades enfrentadas

para o alcance de êxito nos projetos:

Figura 93 –Principais dificuldades para que o projeto possa operar de forma ideal. Fonte: SGE

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Dentre os mais acentuados estão os problemas na melhoria da

produção, a falta de capital de giro e de financiamento.

É importante salientar que essas dificuldades existem mas, que podem

ser amenizadas pela ação conjunta da sociedade e do poder público com o

envolvimento dos beneficiários assim, os projetos serão exitosos.

7. ÍNDICE DE CONDIÇÃO DE VIDA – ICV

O questionário de Índice de Condição de Vida investiga a qualidade de

vida das famílias rurais do território permitindo que elas próprias reflitam e

avaliem a realidade na qual estão inseridas. As perguntas são subjetivas e

expressam o ponto de vista dos entrevistados sobre os diversos aspectos

pertinentes as suas condições de sobrevivência.

Anterior ao início da pesquisa foi definida uma amostra probabilística

estabelecendo-se a quantidade de unidades a serem investigadas, o intervalo

entre as casas, onde e como aplicar os questionários com descrições e mapas.

Baseado nessa premissa, o questionário foi aplicado a habitantes de

distritos do território onde obteve por meio de pesquisa amostral um perfil da

realidade rural da região pela perspectiva da população. Fizeram parte da

amostra 260 famílias de 10 municípios do território, em cada um deles foram

realizadas 26 entrevistas dividindo-se entre agricultores familiares com renda

oriunda principalmente de atividades agrícolas e agricultores com renda

principal proveniente de outra atividade, os chamados agricultores não

familiares.

Para execução da pesquisa de campo, de posse dos questionários e de

aparelhos GPS, os técnicos da Célula de Acompanhamento e Informação do

Território Inhamuns/ Crateús percorreram as comunidades entrevistando as

famílias e georreferenciando suas casas para futura análise comparativa.

Cada família abordada teve a oportunidade de julgar e criticar o impacto

das políticas de desenvolvimento do território nas suas vidas, nesse processo

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foram entrevistados principalmente os chefes de família sendo que na

ausência destes, as esposas ou filhos e filhas. Entretanto, vale lembrar que os

mesmos, receosos de que os entrevistadores tivessem alguma influência

sobre os programas de distribuição de renda do governo, muitas vezes

sonegavam informações evidentes.

A seguir, verificam-se traços do perfil da população do território mediante

identificação dos respondentes e das famílias a que representam bem como

aspectos do modo de produção detectando se existe e se é ou não familiar. Na

seqüência aborda-se as informações adquiridas com a pesquisa mediante a

avaliação de três dimensões principais: fatores que favorecem o

desenvolvimento, características do desenvolvimento e efeitos do

desenvolvimento.

7.1. Características da população.

Nesse item apresentam-se as características que identificam a

população respondente do questionário de avaliação do Índice de Condição de

Vida no Território Inhamuns/ Crateús, diante disso, vemos pelo exposto na

figura abaixo que os mesmos foram majoritariamente do sexo masculino

embora um número significante do sexo feminino também tenha dado sua

contribuição.

Figura 95 – Sexo dos entrevistados. Fonte: SGE

A maioria dos questionários foi respondida pelos chefes das famílias

independente de ser homem ou mulher, seguida das esposas ou maridos. Os

filhos também responderam em alguns casos, principalmente na ausência dos

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pais, ou por solicitação destes ao se considerarem incapazes de responder

devido serem analfabetos. A figura 96 abaixo demonstra isso:

Figura 96 – Posição que entrevistado ocupa na família. Fonte: SGE

As famílias geralmente apresentam uma média de três pessoas por

residência, mostrando que o aspecto demográfico do meio rural tem se

modificado e que estas estão se tornando menos numerosas. Por outro ponto

de vista, dentro outros fatores, há também que se considerar os casos em que

os filhos já saíram da casa dos pais ou os casos em que a formação familiar é

recente justificando a pouca quantidade de familiares na casa. Contudo, uma

boa parcela ainda apresenta-se como tendo mais de cinco pessoas da família

residindo no domicílio.

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Figura 97 – Quantidade de pessoas que fazem parte da família e moram no estabelecimento/domicílio. Fonte: SGE

E relação ao modo de produção das famílias rurais, o questionário revela

que pelo menos duas pessoas por família trabalham apenas no local em que

vivem exercendo atividades agrícolas de subsistência ou atividades comerciais

em pequenos negócios, essa estimativa pode ser observada na seguinte

ilustração:

Figura 98 – Quantidade de pessoas que trabalham apenas no domicílio/estabelecimento. Fonte: SGE

Coerente com esse dado, são poucas as pessoas do meio rural entre as

famílias entrevistadas que exercem atividade remunerada apenas fora das

comunidades, ou seja, pessoas que trabalham na sede das cidades sendo

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corriqueiramente no comércio, na construção civil ou nas instituições públicas.

A figura seguinte elucida essa questão:

Figura 99 – Quantidade de pessoas que trabalha apenas fora do etabelecimento/ domicílio.Fonte: SGE

Prosseguindo nessa investigação sobre o perfil das famílias, indaga-se

sobre a quantidade de pessoas que trabalham tanto na comunidade quanto

fora dela. A estimativa aponta para um índice muito baixo de indivíduos nessa

situação, isto é, na grande maioria da população não se encontram

trabalhadores permanentes ou temporários atuando simultaneamente nesses

dois ambientes distintos. É o que nos mostra a seguinte ilustração:

Figura 100 – Quantidade de pessoas que trabalham no estabelecimento/ domicílio e também em outro local, permanente ou temporário. Fonte: SGE

De agora em diante, as questões aplicadas diferenciam os agricultores

familiares dos não familiares, dividindo-os entre quem tem produção agrícola e

quem não possui. Tais questões abrangem a opinião apenas dos que

possuem essa produção, pois, para as famílias que não produzem, as

perguntas são inaplicáveis. Com isso, do total de 260 famílias abordadas por

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essa pesquisa, apenas 186 respondem pelas questões que abrangem as

características dos meios de produção e sua influência na realidade do campo.

Indagados sobre esse assunto, identifica-se que a maioria do público

alvo entrevistado são de agricultores familiares, embora esse fato já tenha sido

propositalmente estabelecido pela quantidade e o tipo de unidades amostrais a

serem pesquisadas. A figura a seguir referencia esse dado:

Figura 101 – Existência de produção no estabelecimento/ domicílio .Fonte: SGE

Referente ao tipo de estabelecimento avaliado na pesquisa, indaga-se

sobre o tamanho da área de produção com base no módulo fiscal de cada

município pertencente a amostra. Notou-se que a área de trabalho dos

respondentes é inferior a quatro módulos fiscais caracterizando as famílias

como pequenas produtoras que exercem essa atividade visando geralmente o

próprio consumo. São áreas de produção que não ultrapassam 3 hectares o

que torna difícil ou quase impossível encontrar um agricultor familiar no

território que produza em um espaço superior 4 módulos fiscais tendo em vista

que aqui um módulo varia em torno de 60 a 95 hectares dependendo do

município e não há quem produza em tão larga escala.

Quanto a mão de obra empregada na produção familiar, 100% dos

entrevistados afirmam ser principalmente da família alegando entre outras

questões que a diária de trabalho está muito cara nesse setor e que por isso

quando precisam de ajuda na sua produtividade trocam dias de serviço com

parentes e vizinhos.

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As famílias consideram que sua renda provém principalmente dessa

atividade agrícola, mesmo os que afirmam produzir apenas para o consumo a

reconhecem como renda por não precisarem comprar os produtos.

Quanto a administração das atividades desenvolvidas nos

estabelecimentos rurais as famílias afirmam ser elas mesmas as responsáveis

por essa gestão, embora em muitos casos trabalhem em terras de outros, o

espaço destinado à produção é dirigido exclusivamente por estas.

Na sequencia, indagados sobre a existência de empregados na unidade

familiar os respondentes admitem ter entre zero e dois empregados

permanentes. Geralmente para essa questão, respondeu-se que não há

empregados decorrendo do fato de que muitas vezes por trabalharem em

terras de pequenos proprietários sujeitam-se ao pagamento de renda (a cada

cinco sacos colhidos um é do proprietário) e com isso, não sobra recurso para

pagar funcionários.

Diante dessas afirmativas, conforme a figura 102, detecta-se que os

estabelecimentos averiguados são unidades produtivas onde se desenvolve a

agricultura familiar:

Figura 102 – Tipo de estabelecimento. Fonte: SGE

Indagados sobre produtividade da familia, a maioria respondeu que a

principal finalidade da sua produção é o consumo próprio, evidenciando a

precariedade lucrativa desse setor no território onde enfrentam-se inúmeras

dificuldades para se ter algum retorno com o trabalho agrícola, outros dizem

vender quando sobra ou quando a realidade imediata lhes impõe isso, nenhum

dos respondentes afirmou produzir somente para vender.

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Figura 103 – Finalidade da produção do estabelecimento. Fonte: SGE

7.2. 1ª Instância - Fatores que favorecem o desenvolvimento.

Daqui em diante a análise detém-se aos fatores que favorecem o

desenvolvimento, as perguntas são de múltipla escolha onde as famílias

avaliam os aspectos de sua realidade apontando a situação entre péssima a

ótima.

Inicialmente, com relação a mão de obra familiar, revela-se que para a

maioria a situação da quantidade de pessoas da família trabalhando está

regular demonstrando um certo conformismo com a realidade, ou seja,

afirmam que a situação não está tão boa mas, pelo menos está melhor de que

não ter nenhuma ocupação ou nenhuma pesrpectiva de vida. Pela ilustração

nota-se também que para um bom percentual a situação está boa ou até

mesmo ótima transparecendo ainda mais o contentamento com a

ciscunstância de trabalho da família, em contraponto a esse fato há os que

afirmam que a situação está ruim ou péssima já que alguns jovens não

querem trabalhar nessa profissão e por isso, geralmente são os mais velhos

que se mantêm na atividade. Tal dado expressa-se na seguinte figura:

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Figura 104 – Situação de trabalho em relação a quantidade de pessoas da família que estão trabalhando. Fonte: SGE

No referente as características da mão de obra da família entre os que

estão trabalhando, pela observância da figura, a situação também está regular

sendo poucos os que a consideram boa, ruim, ótima ou péssima, dependendo

do caso:

Figura 105 – Características da mão de obra da família. Fonte: SGE

Com base nesses dados é relevante esclarecer que os trabalhadores

rurais enfrentam demasiadas dificuldades como problemas de saúde, falta de

conhecimento e de tempo para se dedicar a essa atividade prejudicando com

isso o resultado da produção.

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Relativo a área de produção, dentre os respondentes a maioria

considera que a mesma está boa ou regular, ou seja, embora hajam

problemas de enfraquecimento do solo, erosão, desertificação e

consequentemente redução da produtividade com o passar dos anos, os

entrevistados, provavelmente por falta de consciência a esse respeito dizem

que a situação está boa inclusive quando admitem que a terra já está “fraca”.

Revelam também usar agrotóxicos, ocasionando com isso riscos a saúde do

solo e da população em sí.

Figura 106 – Situação da área utilizada na produção. Fonte: SGE

Tratando do aspecto da escolaridade das famílias, vemos que no

território a maioria dos jovens e adultos maiores de 15 anos são alfabetizados,

porém, um número significante ainda encontra-se em situação de

analfabetismo. Tal realidade evidencia que apesar de todos os projetos de

alfabetização disponibilizados para os jovens e adultos, o analfabetismo ainda

é fator marcante no contexto do território, e com isso as pessoas ficam à

margem do progresso por não compreenderem os aspectos burocráticos

desse processo participando da implantação dos projetos produtivos de forma

alienada muitas vezes servindo apenas como mão de obra.

A seguir a ilustração da figura 107 revela o nível de alfabetização dos

respondentes:

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Figura 107 – Percentual de membros das famílias maiores de quinze anos e que são alfabetizados. Fonte: SGE

A realidade é ainda mais preocupante quando mostra que a grande

maioria não conseguiu concluir o ensino fundamental, geralmente afirmam que

foram tirados das escolas para poder ajudar os pais no trabalho agrícola e

depois entendendo que já tinham passado da idade de ir pra escola,

acomodaram-se por compreenderem que dá pra sobreviver sem estudo.

Todavia, muitos admitem o desejo que têm de dar continuidade ao

aprendizado escolar. A figura 108 retrata essa realidade:

Figura 108 – Percentual de adultos que completaram o ensino fundamental. Fonte: SGE

Contudo, numa realidade mais recente e com a frequente implantação

de programas governamentais de incentivo ao estudo, as crianças e

adolecentes em idade escolar estão matriculadas e frequentam regularmente

as escolas, embora isso não signifique que estas estão sendo plenamente

formadas e tendo acesso a uma educação de qualidade. Vemos essa

estimativa na figura 109:

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Figura 109 – Crianças e adolescentes em idade escolar matriculados e frequentando regularmente a escola. Fonte: SGE

Indagados sobre o que acham do nível de escolaridade, as opiniões se

dividem e verifica-se que as famílias consideram a situação com variância

entre regular, boa ou ruim apresentando índices semelhantes nessas

alternativas, esse questionamento evidencia uma realidade de insatisfação

para uns que gostariam de ter estudado mais e conseguido uma profissão

melhor remunerada, e, por outra lado, há os que consideram a realidade boa

se pelo menos os jovens da família conseguirem concluir as etapas de estudo.

É o que mostra a figura 110 abaixo:

Figura 110 – Situação da escolaridade dos membros da família. Fonte: SGE

Em relação a realidade econômica das famílias, indagou-se sobre

objetos e bens materiais básicos, úteis e que proporcionam uma vida mais

confortável. Com isso, percebeu-se que a maioria dispõe de recursos como

energia elétrica e água, banheiro próximo ou dentro de casa e

eletrodomésticos como geladeira, fogão, telefone, principalmente o celular,

todavia um número relevante de famílias não dispõem desses instrumentos

sobretudo o computador, e, demonstram uma realidade de pobreza que os

entristece e envergonha, muitos deles, com ar desesperançoso perguntavam

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se ao responder esse questionário teriam como consequência a melhoria da

sua condição financeira, a figura 111 descreve esses dados:

Figura 111 – Bens materiais da casa da família. Fonte: SGE

Um dado curioso foi evidenciado nos momentos em que as famílias

foram questionadas sobre o que acham das suas condições de moradia, a

maioria considera boa a situação da casa em que habitam, uns acham regular,

outros ruim, uns poucos são bastante otimistas ao passo que uma minoria

considera péssima sua condição de moradia, mas, o fato curioso é que nas

casas mais simples e com menos recursos as famílias diziam ser boa a

condição de moradia relatando que pelo menos moram no que é de sua

propriedade, enquanto que nas casas aparentemente mais estruturadas, os

respondentes lamentavam-se da situação e mostravam desejo de uma

condição melhor, ou seja, os mais pobres estão mais acomodados enquanto

que os que tem alguma condição querem ainda mais. A figura 112 em seguida

abrange essa informação:

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Figura 112 – Condições de moradia das famílias. Fonte: SGE

Quanto a comercialização dos produtos do meio rural, entre os que

admitiram produzir para o consumo e também para vender, nota-se a

prevalecencia da desorganização, da desvalorização do produto e da atuação

de atravessadores no território:

Figura 113 – Venda de produtos para cooperativas ou por meio de associações.Fonte: SGE

De acordo com a figura 113, a grande maioria da população revela

nunca vender seus produtos para cooperativas ou através de organizações

como as associações, não há planejamento para o futuro, as vendas são feitas

de acordo com a necessidade imediata e a negociação de preços varia de

acordo com a abundância ou escassez destes.

Entretanto, os entrevistados avaliam como sendo negativa a existência

de atravessadores que compram os produtos ofertando preço abaixo do valor

de mercado para poder obter lucro posterior, porém, mesmo conscientes

dessa situação, se obrigam a vender por causa da necessidade financeira e

pelo fato de analisarem que se forem deslocar seus produtos para as sedes

municipais e não conseguirem vender tendo com isso que retornar com os

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mesmos, o prejuízo torna-se maior do que vender para alguem que vem

comprar em suas próprias casas, mesmo assim, a seguinte ilustração mostra

que para os respondentes a atuação dos atravessadores é prejudicial:

Figura 114 –Avaliação da atuação de intermediários/atravessadores.Fonte: SGE

Quanto as condições de acesso aos mercados, revela-se na figura 115,

que na percepção dos entrevistados a situação de distância, deslocamento e

transporte para chegar a sede das cidades está regular, entretando, deve-se

considerar a opinião tanto dos que consideram boas quanto dos que

consideram ruins essas circunstâncias:

Figura 115 – Condições para ir até os mercados. Fonte: SGE

Esse dado varia de acordo com a diversidade do contexto observado

nas comunidades sobre esses aspectos, ou seja, umas são mais próximas das

sedes, com estradas mais estruturadas e outras comunidades são mais

distantes e de difícil acesso principalmente no período chuvoso.

Já as condições para a compra de insumos são consideradas ruins,

tanto pela questão do deslocamento quanto pela situação financeira das

famílias, conforme o expresso na figura 116:

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Figura 116 – Condições para compra de insumos. Fonte: SGE

Nota-se que a grande maioria dos respondentes não compra ou acha

dificil adquirir os insumos pelo preço que não vai compensar se aplicado a

uma pequena área de produção, tal fato ocasiona problemas como o

emprobrecimento da terra, a diminuição da produtividade, o alto índice de

mortalidade animal e carência de acesso a tecnologia.

Referente a venda de produtos, percebe-se a insatisfação da maioria

dos respondentes pois, quem produz e sobra alguma coisa para vender não

acha preço que compense seus investimentos isso porque numa agricultura

sem diversidade, prevalecendo o cultivo de milho e feijão, a sazonalidade da

produção empurra os preços para baixo fazendo que o agricultor não tenha

opção para ter algum lucro se submetendo ao preço que não paga nem o

trabalho que teve para produzir. A figura 117 expõe o enunciado:

Figura 117 – Avaliação da venda de produtos. Fonte: SGE

Novamente fazendo menção ao aspecto das condições de acesso aos

mercados no território, nota-se pela figura 118 que a situação em sua maioria

está de regular a boa, porém, dependendo das condições climáticas o acesso

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se torna precário piorando muito na epoca chuvosa, sem falar a situação do

transporte de pessoas geralmente feito em cima de caminhões e camionetas,

os chamados paus de arara, onde é difícil a acomodação de passageiros e

mercadorias, são esses os meios prevalecentes para deslocamento do meio

rural até aos mercados das sedes municipais, e mesmo com todas essas

dificuldades a população demonstra contentamento com a situação ao

indicarem que a condição está boa:

Figura 118 – Situação das condições de acesso aos mercados. Fonte: SGE

A imagem 119 a seguir mostra que das comunidades visitadas quase

todos os entrevistados participam ou já participaram de algum programa do

governo, esses programas têm importante relevância social por servir como

instrumento para minimizar a expressiva situação de miséria que se instalou

de forma crônica no meio rural atingindo principalmente as famílias de

trabalhadores da agricultura de sequeiro.

Figura 119 – Participação da família em algum programa do Governo.

Fonte: SGE

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Em continuidade à análise desses programas, questionou-se sobre as

condições de acessibilidade aos mesmos, conforme o exposto na figura 120

adiante:

Figura 120 –Condições para conseguir participar dos programas de Governo.

Fonte: SGE

Nota-se pelo exposto que os respondentes consideram complicada a

acessibilidade a esses programas sendo poucos os que discordam afirmando

que o processo é simples. Os entraves burocráticos são os fatores que mais

dificultam, impõem-se muitas exigências com o intuito de filtrar as famílias que

realmente necessitam dos benefícios, entretanto, mesmo com as dificuldades

e os impecilhos os programas como bolsa familia, bolsas escola, seguro safra

dentre outros são bastante difundidos no território.

Posterior a esse entendimento desenvolve-se análise sobre as

condições para acessar crédito e investir na produção. Diante dos dados

expostos na figura 121 percebe-se que a grande maioria acha complicado

obter financiamento para a produção por falta de conhecimento e por excesso

de burocracia, sempre necessitando de apoio técnico para intermediar o

contato e a negociação com bancos e outras entidades financeiras.

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Figura 121 – Condições para ter crédito/financiamento para a produção. Fonte: SGE

Outro fator preocupante pertinente a esse assunto é que ao conseguir

acesso ao crédito muitas vezes por falta de assistência e acompanhamento do

investimento as famílias não conseguem empregar o recurso corretamente e

ao invés de lucro obtem prejuízo que os leva a inadimplência por não

conseguir quitar a dívida.

Referente a assistência técnica, a maioria da população também

considera complicado acessar esse serviço, muitos afirmam que nunca

souberam da existência de visitas ou acompanhamentos em suas

comunidades, a figura 122 retrata essa realidade:

Figura 122 – Condições para receber assistência técnica para a produção.Fonte: SGE

Pela observância da figura 122 torna-se evidente que os orgãos de

assistência técnica deixam muito a desejar nesse territorio, existem entidades

estaduais com quadro de técnicos insuficientes para suprir a demanda fazendo

com que a população fique desprovida de orientação e capacitação para uso

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de novas tecnologias de produção, por outro lado existem as instituições

terceirizadas que iniciam a assistência mas não oferecem acompanhamento

contínuo pois, seus técnicos são contratados temporariamente sendo que a

cada vencimento dos contratos há demora para renovação desestimulando o

agricultor que passa a desacreditar desses assessores.

No concernente a presença de instituições que favorecem o

desenvolvimento rural no território, a figura 123 mostra que a atuação das

mesmas dentro das comunidades escolhidas está de regular a boa na

percepção de seus habitantes, traduz-se aí uma realidade onde as pessoas

crêem que é por meio destas que o poder público pode atender suas

reivindincações. São atuantes na implementação das politica públicas

principalmente os sindicatos e associações e, as cooperativas e demais

órgãos também fazem sua parte porém com menos expressividade:

Figura 123 –Atuação de instituições e organizações na localidade. Fonte: SGE

O relatório continua com a abordagem da segunda dimensão da

pesquisa, onde elucida os aspectos concernentes ao desenvolvimento do

território.

7.3. 2ª Instância: Características do desenvolvimento.

As características do desenvolvimento configuram-se por elementos de

conversão que proporcionam a melhoria qualidade de vida.

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Inicialmente essas características referem-se a situação de renda da

família, e, pelo ilustrado na figura 124 percebe-se claramente que quase

metade dos entrevistados optou por afirmar que a situação está regular

seguido pela opinião de uma significante parcela que afirma como sendo ruim

sua situação financeira, isso reflete que os programas de governo ajudam

mas, não resolvem o problema, faltam estratégias que promovam lucro com as

atividades agrícolas, que melhorem a oferta de emprego no meio rural, enfim

que amplie as oportunidades para os habitantes desse ambiente elevarem seu

aspecto econômico.

Figura 124 – Situação de renda da família.Fonte: SGE

Quanto a produtividade do trabalho, verifica-se que para os

respondentes o resultado da produção considerando a quantidade de trabalho

utilizada está majoritariamente em um nível de regular a ruim, demonstrando

com isso que o retorno da produção agrícola tal como é praticada no território

é insuficiente para compensar o esforço dos trabalhadores.

Figura 125 – Resultado da produção levando em conta a quantidade de trabalho utilizada. Fonte: SGE

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Em análise desse mesmo resultado só que levando em conta a área

utilizada, conclui-se na percepção dos entrevistados que o espaço de

produção está de regular a bom, entretanto, os mesmos se contradizem

quando afirmam que a terra já está “fraca” e a produtividade diminuindo a cada

ano, com áreas pobres para o cultivo e incerteza de produção que causa

constante preocupação, mesmo assim, a maioria optou por dizer que a

situação é boa evidenciando uma distorção da realidade tendo em vista que

ocupar toda área com plantio sem técnica e achar que a mesma foi bem

utilizada para a produção decai numa falsa verdade. É o que mostra a figura

126:

Figura 126 – Resultado da produção levando em conta a área utilizada. Fonte: SGE

Sobre a diversificação da produção agrícola, a estimativa dos

entrevistados aponta que esse é um setor que pouco varia conforme o

explicitado na figura 127:

Figura 127 – Diversificação da produção.Fonte: SGE

Em todas as comunidades visitadas a produção predominante é sempre

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milho e feijão, o agricultor ainda tenta aproveitar o espaço plantando melancia

e abóbora entre as fileiras, mas, isso é apenas tradição eles não consideram

essa cultura como produção e sim um paliativo.

Em seguida a análise identifica a diversidade das fontes de renda

adquiridas pelas famílias. Conforme os dados contidos na figura 128, conclui-

se que essas fontes são pouco variadas sendo oriundas principalmente das

atividades agrícolas, das aposentadorias e pensões e dos programas

governamentais de transferência de renda:

Figura 128 – Fonte de renda ou ganhos de dinheiro da família. Fonte: SGE

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Na sequencia, a ilustração contida na figura 129 contempla o exposto na

figura 128 onde indaga-se aos respondentes sobre a variedade de suas fontes

de renda e chega-se à conclusão de que há pouca diversificação:

Figura 129 – Variância das fontes de renda ou ganhos de dinheiro da família. Fonte: SGE

Em referência ao uso e preservação dos recursos naturais, os

entrevistados foram indagados sobre conservação da água, do solo e da

vegetação nativa.

Com relação a preservação das fontes de água de acordo com as

respostas obtidas e ilustradas na figura 130, nota-se que para os

respondentes a situação nas suas comunidades é considerada boa:

Figura 130 – Conservação das fontes de água que abastecem o estabelecimento. Fonte: SGE

Entretanto, é do conhecimento de todos a dependência desse recurso

para a sobrevivencia das espécies, com isso, algumas comunidades possuem

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abastecimento de água retirada de poços profundos ou açúdes, na maioria dos

casos essa é imprópria para beber e aí entram as cisternas de placas também

presentes em quase todas essas localidades e que tem a função de acumular

água da chuva para essa finalidade. Observamos portanto, que os

entrevistados de equivocaram a esse respeito pois, a qualidade da água

proveniente dos poços e açúdes não supre a necessidade primordial que é

beber.

Em se tratando da conservação do solo, o questionário abordou sobre a

situação da área de produção e constatou que os entrevistados em sua maioria

consideram que a terra em que produzem está conservada e de boa qualidade.

Figura 131– Conservação da área de produção. Fonte: SGE

Contudo, os respondentes entram em contradição ao dizer que a terra já

está “fraca” e por seu manejo rústico a cada ano se torna cada vez mais

desgastada, porém, insistiam em responder que mesmo assim a situação do

local de produção está boa.

No que concerne a vegetação nativa, segundo as pessoas entrevistadas

as respostas foram diversificadas com maior peso entre ruim, regular e boa,

mesmo sabendo que nas áreas exploradas por esses agricultores para o

cultivo se faz broca (derrubada e corte da mata) para depois queimar, poucos

são os que fazem outros manejos menos agressivos. Vale também salientar

que diminuiu substancialmente o desmatamento pela fiscalização constante de

orgãos governamentais o que tem reduzido essa prática danosa. É o que

mostra a figura 132:

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Figura 132 – Preservação da vegetação nativa. Fonte: SGE

Finda a análise das características do desenvolvimento prosseguiremos

no relatório com a apreciação dos indicadores concernentes aos efeitos desse

desenvolvimento na realidade das famílias.

7.4. 3ª Instância: Efeitos do desenvolvimento.

No que se refere aos efeitos do desenvolvimento indaga-se sobre

aspectos impactantes das ações desenvolvimentistas na vida das pessoas.

A princípio a análise direciona-se para a percepção da condições de

alimentação e nutrição, que, segundo os respondentes estão niveladas de

regular a boa, esse dado evidencia uma realidade onde as famílias ficam

satisfeitas por ter condição de comprar algum alimento o que não significa que

essa alimentação seja de qualidade e em quantidade suficiente, embora

observássemos a pouca condição financeira das famílias, só de ter o que

comer, já era motivo para que estas respondessem que sua condição de

alimentação e nutrição está boa, mostrando que a população aos poucos vai

saindo da categoria de miséria e entrando na pobreza que não deixa de ser

algum progresso. É o que revela a figura 133:

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Figura 133 – Condições de alimentação e nutrição da família. Fonte: SGE

A problemática da saúde também é outra questão que envolve

contradições entre os respondentes, sabe-se da precariedade do Sistema

Único de Saúde, da dificuldade que é conseguir atendimento em caso de

necessidade, e, mesmo assim, constata-se na figura 134 que no geral para as

famílias do território participantes da amostragem a situação de saúde está

boa.

Figura 134 – Condições de saúde. Fonte: SGE

Entretanto, há que se considerar, por exemplo, que os índices de

enfermidades infantis como polio, catapora, sarampo, tétano dentre outras,

estão bem contraladas pelos programas de saúde do governo, tanto na

prevenção quanto no tratamento a essas patologias, porém, ainda falta

empenho para o garantir o pleno funcinamento dos PSFs (Programa de Saúde

da Familia). Entre os adultos, as principais queixas relatadas referem-se a

hipertensão e diabetes, onde alguns respondentes reclamaram da dificuldade

para conseguir os medicamentos de controle dessas doenças. Há também

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casos de dengue e constante contágio pelo vírus da gripe principalmente entre

as crianças e de forma acentuada no período chuvoso.

Outro problema de saúde observado refere-se ao expressivo índice

pessoas com deficiência mental nas comunidades. Provavelmente hajam

outros problemas corriqueiros que não pudemos identificar, todavia quando

indagados, mesmo sabendo de todos essas questões as famílias aparentam

conformismo com a situação ao relatar que a saúde é boa, e justificam que dá

para ir sobrevivendo.

No referente a permanencia dos membros da família na unidade de

produção o questionário investiga se os integrantes dos núcleos familiares em

algum momento migraram para outras cidades em busca de oportunidade e

melhoria das condições financeiras. Essa questão torna-se explícita na figura

135:

Figura 135 – Quantidade de membros da família que tiveram de sair do

domicílio/estabelecimento para trabalhar fora. Fonte: SGE

Percebe-se que o acentuado índice de êxodo rural de outrora tem

diminuido no atual contexto do território devido ao gradativo fortalecimento da

agricultura familiar, mesmo assim muitos habitantes das comunidades saem

para trabalhar fora em época de dificuldade (principalmente por fatores

climáticos), as condições de trabalho e renda são fatores que influenciam para

que isso aconteça.

Sobre a renda, a explanação esclarece a opinião dos respondentes em

relação as mudanças ocorridas na situação econômica de sua família nos

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últimos cinco anos anteriores a aplicação do questionário. Conforme a figura

136 disposta em seguida:

Figura 136- Mudanças na situação econômica da família nos últimos cinco anos. Fonte: SGE

Nesse item verificou-se grande avanço na situação financeira das

pessoas nas comunidades escolhidas, fruto de programas sociais do governo

que fez com que as populações dessas comunidades tivessem garantia de

renda para o sustento familiar, e mais acesso a créditos. Entretanto, há os que

afirmam que a situação permaneceu estável, sem alterações significantes.

A situação ambiental também foi avaliada considerando os últimos cinco

anos anteriores a pesquisa, ficou esclarecido que na percepção da maioria dos

respondentes a situação não teve mudanças significantes, conforme o que

está evidenciado na figura 137:

Figura 137– Mudanças na situação ambiental nos últimos cinco anos. Fonte: SGE

Para opinar sobre esse assunto os entrevistados não consideraram

dentre outros fatores, as constantes mudanças climáticas, as queimadas e

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desmatamentos, a escassez de água, o lixo espalhado nas encostas de rios e

margens de estradas problemas comumente decorrentes no meio rural. Para

os mesmos a situação não tem se agravado, embora a realidade dos fatos

seja outra.

Em reflexão sobre a participação social, cultural e política das famílias,

demonstra-se que a maioria está inserida e participando de organizações

comunitárias como por exemplo, as associações e cooperativas. Observamos

que em todas as comunidades visitadas havia uma ou mais associações

constituídas, já cooperativas são menos marcantes. O grau de participação

está explícito na figura 138:

Figura 138 – Participação das famílias em organizações comunitárias. Fonte: SGE

É importante ressaltar que a inserção nessas organizações pautam-se

pela mobilização dessas pessoas visando defesa e reivindicaçao de seus

direitos bem como sua conscientização política.

Relativo as atividades culturais, a maioria das famílias afirmam não

participar dos eventos em sua localidade, relatam que em geral nem existem e

quando acontecem somente os jovens se envolvem, conforme a ilustração

contemplada na figura 139:

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Figura 139 – Participação da família em atividades culturais na localidade.Fonte: SGE

Já em se tratando da participação política foi superior o número de

famílias que consideram ruim sua participação nesse segmento, entendiam

logo que se tratava de política partidária, e embora explicássemos os demais

aspectos dessa questão, a maioria optou por afirmar que é ruim seu

envolvimento nesses assuntos, tal fato evidencia o quanto a população ainda

permanece à margem das discussões e atitudes políticas por falta de

conhecimento. Porém há que se considerar o expressivo número dos que

manifestam que sua participação é boa nesse setor, mostrando que

significativa parcela da população se envolvem nas assembléias, participam

de conselhos, eleições de sindicatos e associações as quais pertencem dentre

outras atitudes pertinentes a essa questão. A figura 140 engloba o conjunto

desses dados:

Figura 140 – Participação política das famílias. Fonte: SGE

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8. ANÁLISE INTEGRADORA DE INDICADORES E CONTEXTO

O Território Inhamuns/ Crateús, tem um histórico repleto de lutas que

remetem a um passado anterior a sua delimitação territorial, nesse passado

originaram-se as desigualdades sociais persistentes na atualidade. Na tentativa

de reverter essa situação instituiu-se estrategicamente a organização de

regiões por limites territoriais para facilitar a introdução de políticas que

favoreçam o desenvolvimento sócio-econômico da população por meio da

definição de eixos estratégicos, programas estruturantes e ações prioritárias.

Para obter um perfil que sintetize o território em suas peculiaridades no

referente ao desenvolvimento foram realizadas pesquisas no intuito de

conhecer a realidade e os impactos das políticas públicas de fomento ao

progresso pelo olhar dos que atuam diariamente na construção da história do

mesmo.

Essa pesquisa materializou-se na aplicação de cinco questionários

distintos, mas, que dialogam entre si nos resultados obtidos, os mesmos

ponderam sobre a Identidade Territorial, as Capacidades Institucionais, a

Gestão dos Colegiados Territoriais, o Índice de Condição de Vida e a Avaliação

de Projetos.

A questão da Identidade é um conceito pouco difundido entre os

habitantes do território inclusive entre alguns membros do colegiado, contudo é

um termo abrangente que aglutina o conjunto de situações similares

vivenciadas quotidianamente pela população e exprime com isso um

sentimento de pertencer ao espaço que se ocupa, à região. Nesse sentido, os

municípios componentes do território assemelham-se nos seus aspectos

culturais, climáticos, antropológicos e econômicos, dentre outros fatores que

influenciam diretamente na formação da identidade desse povo.

Entretanto, é a agricultura familiar o aspecto principal que define essa

identidade sendo comum a todos os municípios e semelhante na forma de

cultivo, nas dificuldades enfrentadas, na mão de obra empregada e na

finalidade seja para consumo ou para comercialização.

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É uma atividade que, em concordância com os indicadores do

questionário de Índice de Condição de Vida, sofre com a imprevisibilidade no

setor influenciada pelo clima e, portanto, a quantidade e a qualidade dos

produtos ficam comprometidas, não garantido a subsistência das famílias que

se valem dos programas de transferência de renda. Não há como os

trabalhadores rurais saberem quanto vão produzir nem o preço a receberem

pelos produtos predominando a incerteza e a falta de perspectiva no campo.

Assim, a atividade agrícola cada vez mais deixa de ser praticada

principalmente entre os jovens gerando com isso um elevado índice de êxodo

para os grandes centros urbanos na busca por trabalho e renda especialmente

nos meses de seca onde as expectativas no campo ficam reduzidas.

As instituições que compõem o colegiado sejam de iniciativa

governamental ou da sociedade civil constituem importantes mecanismos de

enfrentamento da situação de precariedade vivenciada no ambiente rural,

compete-lhes organizar a base e mediar a aquisição de programas e projetos,

estabelecendo estratégias que favoreçam a implantação e gestão popular das

políticas públicas de promoção à melhoria da qualidade de vida. Todavia,

quando o assunto são as Capacidades Institucionais, surge a polemica de suas

limitações ocasionadas pelas difíceis condições de trabalho e pela insuficiência

dos recursos disponíveis. Esses obstáculos refletem negativamente na

qualidade de sua participação na gestão territorial.

Nesse sentido, as ações desses organismos ficam sujeitas a um poderio

maior que é o sistema político, embora haja organização, reivindicação e

elaboração de diagnósticos, demandas e planos, o que se consegue ainda é

incapaz de suprir as necessidades da população, ocorrem entraves

burocráticos e geralmente por falta de gestão firme, os projetos que se obtêm

logo se desedificam não havendo continuidade nem benefícios em longo prazo.

Portanto, as instituições e que tem por princípio a defesa dos direitos da

classe que representam, muitas vezes não atingem seu objetivo. Segundo

consta na pesquisa há pelo menos três instituições por município que devem

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orientar a produção, a comercialização, o manejo sustentável dos recursos

entre outras atuações, todavia, para os agricultores conforme revela o ICV

(Índice de Condição de Vida) é difícil ter acesso à assistência, o quadro de

técnicos é insuficiente e descontínuo pela alta rotatividade proveniente das

precárias condições de trabalho, assim, a maioria da população permanece

desassistida em suas necessidades.

No que condiz a Gestão dos Colegiados nota-se que a mesma é

fragilizada pela desarticulação entre os membros e pela constante mudança de

representantes das organizações, no resultado dos questionários tanto de

Capacidades Institucionais como de Gestão dos Colegiados, transparece um

desconhecimento dos aspectos da constituição e das ações desenvolvidas pelo

colegiado.

Porém, é no âmbito das instituições governamentais e da sociedade civil

que deve se consolidar o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e

duradouras criando condições de desenvolvimento sustentável e

conseqüentemente causando redução das acentuadas diferenças sociais.

Nesse processo é fundamental conhecer os aspectos que identificam o

território para que se possam priorizar ações mais urgentes.

O conhecimento é o alicerce das transformações sociais, contudo,

dentre os problemas que atingem as famílias e inibem o desenvolvimento

sobressai o baixo índice de escolaridade, é importante frisar que o ensino

ofertado nessas áreas é descontextualizado não havendo capacitação na área

da agropecuária que oportunize a apropriação de estratégias de sobrevivência

e permanência no campo, mesmo assim, de acordo com a pesquisa há um

conformismo em relação a esse aspecto onde as famílias relatam que o índice

de escolaridade está bom quando os adultos simplesmente conseguem

escrever o próprio nome e os jovens apenas concluem no máximo o ensino

médio de maneira bem sofrível.

Políticas de consolidação de uma educação voltada para o contexto rural

nas escolas do campo são constantemente discutidas e lentamente

concretizadas na prática, a ênfase centra-se nos projetos de fortalecimento das

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atividades de comercialização, de cultivo embora pouco diversificado, ou de

manejo de animais, na Avaliação de Projetos fica claro que estes promovem

certa melhoria, porém, enfraquecem na falta de gestão compartilhada entre os

diversos segmentos sociais.

Com o resultado das análises do questionário de Avaliação de Projetos é

notório que em linhas gerais, durante as etapas compreendidas entre a

elaboração e a execução dos projetos não se consolida efetiva participação

dos atores a serem beneficiados, existe ainda a competição entre municípios

para atrair recursos financeiros à sua jurisdição sobrepondo-se à necessidade

dos que precisam com mais urgência. E, a posterior deficiência da gestão

causa deterioração das estruturas edificadas bem como dos bens adquiridos,

há também que se considerar o desvio de finalidade onde é possível perceber

que nem sempre os beneficiados são agricultores e sim outras categorias

menos carentes.

Com efeito, para amenizar a situação de retrocesso que assola o campo

torna-se crucial o engajamento dos governantes, mas, principalmente da

população se articulando, propondo, reivindicando, reformulando e aceitando

ou não as políticas desenvolvimentistas. Isolados dificilmente se farão ouvir,

daí a importância de estarem inseridos nos movimentos, nas associações, nos

sindicatos e principalmente de inserir representantes no colegiado territorial

que atualmente é quem coordena as ações e projetos voltados para o

progresso do meio rural em questão.

Contudo, segundo o ICV (Índice de Condição de Vida) nas comunidades

ainda é pequena a organização dos trabalhadores em associações ou

sindicatos, quando participam geralmente visam apenas o acesso a projetos ou

programas governamentais, não há uma política de conscientização da

categoria quanto aos seus direitos perante a sociedade, tanto é que varias

comunidades possuem mais de uma associação que disputam entre si e com

isso dificultam o acesso à benefícios e direitos.

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Diante dos fatos elencados, de modo geral predomina no território um

elevado índice de pobreza e consequentemente são vários os problemas

sociais, dentre os mais marcantes podemos citar o baixo nível de escolaridade,

a desorganização na produção e na comercialização, a pouca ou nenhuma

assistência técnica disponível e contínua, os problemas de saúde, a ocorrência

de prostituição e uso de drogas que mesmo não constando explicitamente na

pesquisa crescem vertiginosamente no meio rural.

Por essa perspectiva, a estratégia política de territorialização só

funcionará plenamente quando dentro das instâncias colegiadas houver

comprometimento e dedicação das forças sociais atuando conjuntamente para

resolver os problemas que afligem o campo, em suma, essa causa deve ser

priorizada pelas instituições do território tendo estas a incumbência de pensar e

consolidar estratégias de enfrentamento. É importante salientar que as

organizações da sociedade civil exercem papel fundamental nesse processo.

9. PROPOSTAS E AÇÕES PARA O TERRITÓRIO

Apresentamos a seguir proposições para realização de pesquisas em

caráter complementar que tendem a contribuir para o desenvolvimento deste

território:

Levantamento das cadeias produtivas mais economicamente viáveis e

ambientalmente sustentáveis para empreender ações de fortalecimento

das mesmas;

Diagnostico do potencial turístico do território em áreas de interesse

arqueológico e paleontológico.

Identificar os grupos étnicos/tradicionais existentes no território e

incentivar sua integração ao colegiado.

Quanto às propostas e ações voltadas para a qualificação da política

territorial da SDT sugere-se:

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Criar equipes que se responsabilizem por ir às comunidades realizar

palestras divulgando as metas e ações do colegiado tendo em vista que

nas comunidades o termo colegiado é pouco conhecido e a atuação do

mesmo também.

Realizar frequentemente capacitação dos membros dos colegiados

sobre ações que favoreçam o desenvolvimento territorial.

Revitalizar e fortalecer os Comitês de Gestão dos projetos implantados

no território e as ações de fiscalização por parte das secretarias

estaduais de desenvolvimento garantindo a manutenção dos bens

adquiridos.

Estimular a adoção de atitudes responsáveis de conservação do meio

ambiente.

Capacitar às equipes técnicas que atuam na base e garantir-lhes

estabilidade para que realizem um acompanhamento contínuo dos

agricultores familiares em sua função.

Instigar a criação de cooperativas nas comunidades rurais para

fortalecimento das atividades produtivas e de comercialização.

Solidificar projetos de desenvolvimento da Educação do Campo.

Revitalizar os projetos parcialmente ou totalmente desativados.

Capacitar os beneficiários para gerir os projetos antes, durante e após o

repasse da gestão.

Desburocratizar a implantação de projetos.

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10. ANEXO: VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS E

PROCEDIMENTOS

Referente a aplicabilidade dos instrumentais utilizados propomos que na

realização de futuras pesquisas tente-se evitar questões com sentido

semelhante para que não haja repetição das respostas, e, que as perguntas

tenham linguagem mais acessível principalmente quando direcionadas a

trabalhadores rurais devido a maioria possuir baixo nível de escolaridade

dificultando com isso a interpretação.

Sugerimos ainda que o questionário de avaliação de projetos seja mais

objetivo e sucinto para evitar desistência e reclamações quanto ao número de

perguntas.