relatório sobre oliver cromwell em christopher hill

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Christopher Hill. O Eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa. Capítulos VIII e IX. Esses dois capítulos do livro de Hill destacam a história de Oliver Cromwell e sua influência na Revolução Inglesa. O capítulo VIII nos apresenta a oposição entre a monarquia absolutista e o parlamento, que em sua maioria era composto por puritanos. Dada essa oposição e outros fatores, a Inglaterra entrou numa guerra civil: parlamento e o rei Carlos I. Neste período surge Oliver Cromwell que lidera a Inglaterra. Ele não era um político por natureza, o próprio autor destaca a sua inocência para tal. O que Cromwell queria como mostra Hill era a unidade parlamentar. Ele definiu os quatro pontos fundantes de seu governo: 1. Governo por uma única pessoa e um só Parlamento; 2. Nenhum Parlamento se perpetuaria; 3. Liberdade de consciência; 4. Controle da milícia pelo protetor e pelo Parlamento. O autor enfatiza que Oliver não era democrático. Por isso gasta muitos parágrafos falando de seus opositores, diversos movimentos contrários às idéias deste estadista. O medo desse líder era deixar o poder nas mãos de gente que só vivia para respirar, ao que os chama de massa, ou pobres. Lutou contra o direito de voto para todos por esse mesmo motivo. O que o livro destaca enfaticamente é o tipo de governo religioso de Cromwell, onde assevera que Deus estaria ao seu lado. O segundo capítulo, um pouco mais longo que o anterior trata especificamente da contribuição calvinista e teológica a ideologia de Cromwell e dos revolucionários ingleses (puritanos). Ao falar sobre a doutrina da predestinação o autor reitera muitas vezes que essa doutrina, ao contrário do que se pensa, ou se pensou, foi o grande motor dos revolucionários ingleses a ação. Devemos perceber que a sua teologia os ajudou a viver e a mudar o mundo conforme eles o encontraram. Os protestantes enfatizavam o dever de trabalhar arduamente em favor da comunidade, da república. Percebemos que a fé, no sentido calvinista deixou de ser encarada como fonte de uma força psicológica interior, para um engajamento do homem honesto em desempenhar uma tarefa mundana. O autor diz: “... o protestantismo se destinava unicamente àqueles que agiam”. Pg. 201. Os eleitos eram ativos e corajosos por definição, mas não para se tornarem eleitos.

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Christopher Hill. O Eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa.

Capítulos VIII e IX.

Esses dois capítulos do livro de Hill destacam a história de Oliver Cromwell e

sua influência na Revolução Inglesa. O capítulo VIII nos apresenta a oposição entre

a monarquia absolutista e o parlamento, que em sua maioria era composto por

puritanos. Dada essa oposição e outros fatores, a Inglaterra entrou numa guerra

civil: parlamento e o rei Carlos I.

Neste período surge Oliver Cromwell que lidera a Inglaterra. Ele não era um

político por natureza, o próprio autor destaca a sua inocência para tal. O que

Cromwell queria como mostra Hill era a unidade parlamentar. Ele definiu os quatro

pontos fundantes de seu governo: 1. Governo por uma única pessoa e um só

Parlamento; 2. Nenhum Parlamento se perpetuaria; 3. Liberdade de consciência; 4.

Controle da milícia pelo protetor e pelo Parlamento.

O autor enfatiza que Oliver não era democrático. Por isso gasta muitos

parágrafos falando de seus opositores, diversos movimentos contrários às idéias

deste estadista. O medo desse líder era deixar o poder nas mãos de gente que só

vivia para respirar, ao que os chama de massa, ou pobres. Lutou contra o direito de

voto para todos por esse mesmo motivo. O que o livro destaca enfaticamente é o

tipo de governo religioso de Cromwell, onde assevera que Deus estaria ao seu lado.

O segundo capítulo, um pouco mais longo que o anterior trata

especificamente da contribuição calvinista e teológica a ideologia de Cromwell e dos

revolucionários ingleses (puritanos).

Ao falar sobre a doutrina da predestinação o autor reitera muitas vezes que

essa doutrina, ao contrário do que se pensa, ou se pensou, foi o grande motor dos

revolucionários ingleses a ação. Devemos perceber que a sua teologia os ajudou a

viver e a mudar o mundo conforme eles o encontraram.

Os protestantes enfatizavam o dever de trabalhar arduamente em favor da

comunidade, da república. Percebemos que a fé, no sentido calvinista deixou de ser

encarada como fonte de uma força psicológica interior, para um engajamento do

homem honesto em desempenhar uma tarefa mundana. O autor diz: “... o

protestantismo se destinava unicamente àqueles que agiam”. Pg. 201. Os eleitos

eram ativos e corajosos por definição, mas não para se tornarem eleitos.

Christopher Hill. O Eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa.

Capítulos VIII e IX.

Passividade era intolerável. A integração puritana da liberdade e da necessidade é

também uma integração do indivíduo ao processo histórico.

Uma amostra clara deste pensamento foi destacada pelo puritano Richard

Sibbes:

“Não devemos, descuidados, tudo atribuir à providência, mas primeiro levar em consideração qual é a parte que nos cabe e, na medida em que Deus caminha diante de nós, e nos proporciona ajuda e meios, não podemos deixar de cumprir o nosso dever.” p. 203.

A ação política não era, portanto, algo indiferente e poderia ser um dever

religioso. O autor nos diz o contrário do que nos é apresentado em muitas correntes

acadêmicas acerca do puritanismo: “o puritanismo não precipitava os homens no

fatalismo.” p. 210. A predestinação e o livre-arbítrio, ainda eram dialeticamente

amalgamados e Deus é seu ponto de união. Em Deus “vemos reconciliadas as mais

altas contradições”, acreditava John Bunyan, pg. 214.

Mais adiante no fim do capítulo, quando Cromwell foi deposto de seu cargo,

vemos a Inglaterra voltando ao sistema anterior de governo com Carlos II e aquela

teoria puritana que foi revolucionária se transformou em conservadorismo banal.