relatório sobre governação

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01/12/2012 1 Iº RELATÓRIO SOBRE A GOVERNAÇÃO EM ANGOLA «ELEIÇÕES E GESTÃO DA DIVERSIDADE EM ANGOLA» Resultados Provisórios Luanda, Cabinda, Benguela, Huambo e Kuando-Kubango Coordenação Técnica: Professor Doutor Carlos Teixeira Professor Doutor Jacob Massuanganhe Equipa pesquisadores: Carlos Cavuquila Israel Bonifacio Patrício Mangovo . OBJECTIVOS DO ESTUDO: Analisar a relação entre eleições, gestão da diversidade e a promoção do progresso democrático; Analisar as tendências, problemas, desafios e perspectivas na relação entre as eleições e a gestão da diversidade; Explicar a forma como os conflitos e violência eleitorais podem ser atenuados em África e em busca de como promover os mecanismos eleitorais eficazes de apoio, incluindo mecanismos alternativos de resolução de conflitos; Rever a estrutura, os processos e a realização das eleições, a fim de trazer ideias inovadoras na realização de eleições livres e transparentes; Propor recomendações de políticas e reformas necessárias que garantam que as eleições constituam um mecanismo viável na gestão do pluralismo social e da diversidade política, mantendo o principio fundamental e ideal das eleições democráticas que correspondam aos desejos do povo.

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Relatório sobre a governação

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  • 01/12/2012

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    I RELATRIO SOBRE A GOVERNAO EM ANGOLA ELEIES E GESTO DA DIVERSIDADE EM ANGOLA

    Resultados Provisrios

    Luanda, Cabinda, Benguela, Huambo e Kuando-Kubango

    Coordenao Tcnica: Professor Doutor Carlos Teixeira

    Professor Doutor Jacob Massuanganhe

    Equipa pesquisadores: Carlos Cavuquila Israel Bonifacio

    Patrcio Mangovo

    . OBJECTIVOS DO ESTUDO:

    Analisar a relao entre eleies, gesto da diversidade e a

    promoo do progresso democrtico; Analisar as tendncias, problemas, desafios e perspectivas na

    relao entre as eleies e a gesto da diversidade; Explicar a forma como os conflitos e violncia eleitorais podem

    ser atenuados em frica e em busca de como promover os mecanismos eleitorais eficazes de apoio, incluindo mecanismos alternativos de resoluo de conflitos;

    Rever a estrutura, os processos e a realizao das eleies, a fim de trazer ideias inovadoras na realizao de eleies livres e transparentes;

    Propor recomendaes de polticas e reformas necessrias que garantam que as eleies constituam um mecanismo vivel na gesto do pluralismo social e da diversidade poltica, mantendo o principio fundamental e ideal das eleies democrticas que correspondam aos desejos do povo.

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    O trabalho de campo cobriu as

    provncias de Luanda Benguela,

    Cabinda, Huambo e Kuando Kubango.

    Os resultados apontam que em termos de agrupamentos etnolingusticos do pas, 62% dos especialistas pertencem ao grupo etnolingustico Ambundus (falantes do Kimbundu), 18% ao grupo etnolingustico Ovimbundus (falantes do Umbundu), 13% a vrios grupos etnolingusticos (Vangangela, Ovanyaneka-kumbi, Ovahelelo, Cokwe, etc.) e, em fim, os Bakongos (falantes de Kikongo) a representarem 7%.

    7%

    62%

    18%

    13%Bakongo

    Ambundus

    Ovimbundus

    Outros

    78%71%

    56%

    100%

    22%29%

    44%

    0%0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    Masculino

    Feminino

    Figura 14 Grupos Etnolingusticos Figura 16 Escolaridade e Sexo

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    Em termos de equilbrio de gnero, a maioria dos especialistas ser homem (69,6%) e as mulheres (30,4%), em termos do nvel de escolaridade os homens representarem uma percentagem bastante alta em todos os nveis (78% ensino mdio, 71% licenciatura e 56% mestrado), embora as mulheres representem 44% dos mestres. A mesma situao reflecte-se ao nvel nacional em relao ao sector profissional dos especialistas, onde os homens representam a esmagadora dos trabalhadores na funo pblica (68%), no sector privado (74%) e tambm nos negcios por conta prpria (80%),

    68% 74%80%

    32% 26% 20%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Pblico Privado Conta prpria

    Masculino

    Feminino

    Figura 15 Sector Profissional e Sexo

    10%

    26%

    33%

    14%

    18%

    A Constituio no protege nem promove a diversidade e interesses minoritrios, que nunca so respeitados na prticaA Constituio protege e promove a diversidade e interesses minoritrios, os quais so raramente respeitados na prticaA Constituio protege e promove a diversidade e interesses minoritrios, os quais so s vezes respeitados na prticaA Constituio protege e promove a diversidade e interesses minoritrios, os quais so muitas vezes respeitados na prticaA Constituio protege e promove a diversidade e interesses minoritrios, que so sempre respeitados na prtica

    A maioria dos especialistas (33%) defendeu

    que a Constituio do pas protege e

    promove a diversidade e interesses

    minoritrios, mas o respeito na prtica deste

    princpio feito apenas s vezes.

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    O servio pblico nacional reflecte a diversidade do pas na sua composio sobre a nomeao e promoo e obedece-a as vezes (37%), embora uma minoria apenas negou esta possibilidade

    Figura 19 Acesso aos bens pblicos, Grupos de Identidade e Composio do Governo

    8% 18% 14% 35% 25%

    6%21% 15% 39% 20%

    12%16% 16% 35% 21%

    0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

    100%

    Discorda totalmente

    Discorda No discorda

    nem concorda

    Concorda Concorda totalmente

    "Y5: O Acesso aos bens pblicos muito influenciado pela

    identidade no oficial"

    "Y4: Os Grupos de identidade sectria tm influncia no

    processo poltico do pas"

    "Y3: A Composio do Governo e da Liderana representa todos

    os segmentos e diversos interesses"

    8% 27%16%

    37%12%

    10% 25%11%

    37%17%

    0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

    100%

    Discorda totalmente

    Discorda No discorda

    nem concorda

    Concorda Concorda totalmente

    "Y7: Os Partidos polticos praticam a democracia interna na eleio dos

    dirigentes e candidatos para eleies gerais"

    "Y6: Os partidos polticos so formados e mobilizam o apoio

    eleitoral na base da identidae sectria"

    Figura 20 Opinio sobre a Democracia interna dos partidos e Formao/Mobilizao das bases

    Sobre os partidos polticos, 37% dos

    especialistas concorda que so formados e

    mobilizam o apoio eleitoral na base da identidade

    sectria, mas tambm concordam que os

    partidos praticam a democracia interna na eleio

    dos seus dirigentes e candidatos para as eleies

    gerais (37%).

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    23%

    20%32%

    10%14%

    3%

    18%38%

    25%17%

    3%11% 29%

    29% 27%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Nunca Raramente s vezes Muitas vezes Sempre

    "Y10: A mulher desempenha papel de relevo no processo eleitoral"

    "Y9: A mulher desempenham um papel de relevo nos partidos polticos"

    "Y8: Os Partidos polticos tm igual acesso aos recursos eleitorais"

    Questionados sobre igualdade de acesso aos recursos

    eleitorais, a maioria dos especialistas defendeu que s s

    vezes que os partidos polticos tinham igual acesso aos

    recursos eleitorais (32,3%). Da avaliao feita sobre a

    participao das mulheres quer ao nvel poltico quer ao nvel

    eleitoral, os especialistas (37,5%) defenderam que s s vezes

    que a mulher desempenha um papel importante nos partidos

    polticos, sendo a mesma tendncia relativamente ao

    envolvimento das mulheres no processo eleitoral, considerado de

    s vezes/muitas vezes (29,2%, respectivamente).

    Figura 21 Opinio dos Especialistas sobre Acesso Recursos Eleitorais e Papel da Mulher no Processo Eleitoral e nos Partidos Polticos

    A Comisso Nacional Eleitoral foi considerada como Independente e totalmente competente para conduzir eleies credveis (35%), e o Desempenho desta instituio foi dada nota Razovel, da a necessidade de mais independncia poltica, administrativa e financeira (52%).

    6%8%

    43%

    30%

    13%Muito mau

    Mau

    Razovel

    Bom

    Muito bom

    Figura 24 Desempenho da Comisso Nacional Eleitoral

    8%

    14%

    20%

    23%

    35%

    A Comisso Eleitoral no independente nem competente para conduzir eleies credveis

    A Comisso Eleitoral no independente, mas raramente competente para conduzir eleies

    credveis

    A Comisso Eleitoral no independente, mas razoavelmente competente para conduzir

    eleies credveis

    A Comisso Eleitoral independente e razoavelmente competente para conduzir eleies credveis

    A Comisso Eleitoral independente e totalmente competente para conduzir eleies

    credveis

    Figura 23 Independncia da Comisso Nacional Eleitoral

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    O processo do registo eleitoral considerado pelos especialistas (a maioria de 29,4%) como sendo s vezes credvel, transparente e bem conduzido, sendo as eleies nacionais tida na mesma condio, isto , s vezes livres, justas e transparentes (28%). O Voto do eleitorado s s vezes motivado pelo programa e agenda dos partidos polticos (23,6%).

    O Sistema Eleitoral do pas caracterizado pelos especialistas tendo o poder de promover a incluso e a representao de diversos grupos (cerca de 46%), sendo a lei eleitoral considerada razovel para a gesto da diversidade nas eleies.

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    Figura 25 Estabilidade Eleitoral, Representao Proporcional, Governo de

    Unidade Nacional, Sistema de Quotas para

    mulheres, Gesto Disputas Eleitorais

    11% 24%25% 32%

    7%

    9% 24%

    30%

    29%

    9%

    9% 16%

    22%

    34%

    19%

    2% 9%19%

    44%25%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Discorda totalmente

    Discorda No concorda

    nem discorda

    Concorda Concorda totalmente

    "Y27: A Estabilidade eleitoral e gesto da diversidade atravs

    da representao proporcional"

    "Y26: A Formao do governo de coligao ou governo de

    unidade nacional opo vlida"

    "Y25: O sistema de quota para a nomeao nas posies

    executivas e eleio para o parlamento deveria ser adoptado para as mulheres"

    .

    O Sistema Eleitoral do pas caracterizado pelos especialistas como tendo o poder de promover a incluso e a representao de diversos grupos (cerca de 46%), sendo a lei eleitoral considerada razovel para a gesto da diversidade nas eleies

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    AS FORAS DE SEGURANA SO CONSIDERADAS PELOS ESPECIALISTAS COMO (CERCA DE 29%) S VEZES JUSTAS E NO PARTIDARIZADAS DURANTE O PROCESSO ELEITORAL.

    A ideia de um Governo de Unidade Nacional foi reforada por cerca de 34% dos especialistas (a maioria que concordou), sendo o sistema proporcional considerado como factor importante para a estabilidade eleitoral e gesto da diversidade (44%)

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    Sobre o Pluralismo Democrtico, Angola considerado por cerca de 52% dos especialistas como uma democracia estvel e multipartidria com dois ou mais partidos polticos independentes onde o partido no poder domina e dita todas as polticas e programas nacionais

    A Legitimidade da Autoridade Eleitoral considerada por cerca de 30% dos especialistas como aceite pelos partidos polticos e os candidatos.

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    Relativamente aos rgos de fiscalizao, uma boa parte dos especialistas (cerca de 50%) apontaram que existe total e significativo equilbrio e fiscalizao entre os diferentes rgos de governo, quando outros acharam tambm que havia muito pouco equilbrio e fiscalizao entre alguns rgos de governo. (21,1%)

    No que tange ao Controlo do Poder Legislativo sobre o Executivo, os especialistas acharam que este controlo era apenas ocasionalmente eficaz na responsabilizao do executivo (cerca de 26%),

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    o poder judicirio revelou-se, segundo uma percentagem muito reduzida dos especialistas (cerca de 30%) como independente dos outros rgos do governo, seguindo daqueles que o acham um pouco independente e terceiro lugar, visto como totalmente dependente dos rgos do governo (18%)

    O Poder Judicirio e Servio Pblico, respectivamente, so considerados como razoavelmente corrupto (31,1% e 39,1%).

    19% 24% 39%6%

    12%

    14% 25% 31%7%

    24%

    0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

    100%

    "X321: Corrupo do Servio Pblico"

    "X26: Corrupo do Poder Judiciria"

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    o Acesso aos servios do governo, cerca de 41% dos especialistas defenderam que era limitado, e o Governo Local considerado como Responder razoavelmente s necessidades bsicas das comunidades.

    SOBRE OS DIREITOS HUMANOS, OS ESPECIALISTAS DEFENDERAM QUE SO S VEZES RESPEITADOS (CERCA DE 35%); E O GOVERNO S VEZES RESPEITA O ESTADO DE DIREITO E AOS AGENTES DE SEGURANA TAMBM VISTOS COMO RARAMENTE E S VEZES RESPEITAREM OS DIREITOS HUMANOS.

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    A SOCIEDADE CIVIL TAMBM VISTA PELOS ESPECIALISTAS COMO CONTRIBUIR RAZOAVELMENTE NA PROMOO DA RESPONSABILIDADE E TRANSPARNCIA NA GOVERNAO; E A IMPRENSA ACTUA NUM AMBIENTE ONDE TODAS OU MUITAS DAS IMPRENSAS IMPORTANTES ESTO SOB CONTROLO DO PARTIDO NO PODER (27%).

    AS EMPRESAS PBLICAS SO TAMBM APONTADAS PELOS ESPECIALISTAS COMO TOTALMENTE DEPENDENTE DO GOVERNO E/OU DO PARTIDO NO PODER (CERCA DE 33%), E APENAS 11% ACHAM-NAS COMO INDEPENDENTE DO GOVERNO E/OU PARTIDO NO PODER.

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    Os especialistas tambm defenderam que o Governo toma algumas medidas eficazes para assegurar a competio na economia (36%), e notaram tambm o raro apoio no investimento local em poucos sectores da esfera local. Da, a participao do sector privado na governao ser vista como s vezes envolver o prprio sector privado na tomada de medida que afectam o seu desenvolvimento.

    CONCLUSES Do estudo, pode-se concluir que: Atendendo a gesto eleitoral e da diversidade,

    a governao em Angola considerada pelo entrevistados como assegurando os princpios constitucionais.

    Que a Constituio consagra e assegura os princpios bsicos da participao do cidado na vida poltica.

    A confiana pelas instituies pblicas, embora no no nvel desejado, h registo de melhoria nos ltimos anos.

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    RECOMENDAES O estudo, face as concluses, identifica as seguintes recomendaes: Aprofundar a democracia por via da

    participao do cidado na gesto dos processos polticos e definio de polticas pblicas

    Melhorar os nveis de incluso social na gesto e administrao da coisa pblica reforando para o efeito o quadro da descentralizao.

    MUITO OBRIGADO