relatório saúde da criança piesc iv

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE COLEGIADO DE MEDICINA RELATÓRIO DO MÓDULO PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO- COMUNIDADE IV (PIESC IV) DO BAIRRO TEOTÔNIO VILELA, ILHÉUS, BAHIA. BLOCO: INTRODUÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA Autor: Ramon Souza Lago Instrutor Fixo: Prof. Júlio Guzman Instrutor do Bloco: Profª. Leônidas Azevedo

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Page 1: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZDEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

COLEGIADO DE MEDICINA

RELATÓRIO DO MÓDULO PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-

COMUNIDADE IV (PIESC IV) DO BAIRRO TEOTÔNIO VILELA, ILHÉUS, BAHIA.

BLOCO: INTRODUÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA

Autor:

Ramon Souza Lago

Instrutor Fixo:

Prof. Júlio Guzman

Instrutor do Bloco:

Profª. Leônidas Azevedo

ILHÉUS – BAHIA

2010

Page 2: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

RELATÓRIO DO MÓDULO PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-

COMUNIDADE IV (PIESC IV) DO BAIRRO TEOTÔNIO VILELA, ILHÉUS, BAHIA.

BLOCO: INTRODUÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA

Relatório de atividades realizadas

no Bloco de Introdução em Saúde

da Criança, parte integrante do

módulo PIESC IV do curso de

Medicina da UESC.

Autor:

Ramon Souza Lago

Instrutor Fixo:

Prof. Júlio Guzman

Instrutor do Bloco:

Profª. Leônidas Azevedo

ILHÉUS – BAHIA

2010

Page 3: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

III

LISTA DE SIGLAS

ACS Agente Comunitário de Saúde

ESF Equipe de Saúde da Família

HDA História da doença atual

IS Interrogatório sintomatológico

IVAS Infecções das Vias Aéreas Superiores

MS Ministério da Saúde

PIESC Práticas de Integração Ensino - Serviço - Comunidade

PNI Programa Nacional de Imunização

PSF Programa de Saúde da Família

QP Queixa Principal

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SUS Sistema Único de Saúde

UESC Universidade Estadual de Santa Cruz

USF Unidade de Saúde da Família

Page 4: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

IV

RELATÓRIO DO MÓDULO PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-

COMUNIDADE IV (PIESC IV) DO BAIRRO TEOTÔNIO VILELA, ILHÉUS, BAHIA.

BLOCO: INTRODUÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA

RESUMO

O módulo PIESC IV, buscando substituir um paradigma na educação médica

e na organização do sistema de saúde, coloca o aluno em contato com atividades de

atenção básica à saúde, desenvolvendo ações e práticas de promoção da saúde,

prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, cura e reabilitação. Tem como

objetivos, dando seguimento às atividades realizadas nos módulos PIESC I e II e III,

integrar o aluno com a Equipe de Saúde da Família (ESF) inserindo-o no seu fazer

cotidiano e estimular a formação do raciocínio clínico.

As atividades do módulo PIESC IV, como no PIESC III, são divididas por

blocos de acordo com a assistência aos grupos populacionais criança, mulher e

adulto. Este relatório foi produzido com o objetivo de apresentar as atividades

desenvolvidas na Unidade de Saúde da Família I (USF I) do bairro Teotônio Vilela

de Ilhéus, Bahia durante o bloco de Introdução em Saúde da Criança.

As atividades que compõem o bloco são atividades em sala de vacina,

atividades educativas em sala de espera, consultas individuais, consultas coletivas e

visitas domiciliares. Neste relatório cada atividade será descrita e comentários serão

tecidos a respeito do aprendizado adquirido e das dificuldades encontradas na

realização. Tais atividades são fundamentais para a inserção do aluno na rotina

médica na conjuntura da atenção básica.

Palavras-chave: PIESC; Saúde da Criança; PSF; Medicina; Teotônio Vilela.

Page 5: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

V

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS..............................................................................................................................................III

RESUMO...............................................................................................................................................................IV

SUMÁRIO..............................................................................................................................................................V

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................6

2. DESENVOLVIMENTO.................................................................................................................................8

2.1. SALA DE VACINA...................................................................................................................................8

2.2. SALA DE ESPERA...................................................................................................................................9

2.3. CONSULTA INDIVIDUAL........................................................................................................................10

2.4. CONSULTA COLETIVA...........................................................................................................................23

2.5. VISITA DOMICILIAR.............................................................................................................................25

3. CONCLUSÃO...............................................................................................................................................26

REFERÊNCIAS:...................................................................................................................................................27

ANEXO I................................................................................................................................................................28

ANEXO II..............................................................................................................................................................29

ANEXO III.............................................................................................................................................................30

APÊNDICE I...........................................................................................................................................................31

Page 6: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

1. INTRODUÇÃO

Através do módulo Praticas de Integração Ensino-Serviço-Comunidade,

(PIESC), o curso de medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),

procura mudar o perfil do profissional médico formado pelas escolas tradicionais.

Este módulo, através da imediata aproximação do aluno com a realidade de saúde

de uma determinada comunidade, tem por objetivo inserir o mesmo no trabalho em

equipe multiprofissional, interdisciplinar e com visão integral da saúde como objeto

intrinsecamente ligado às condições sócio-econômico-culturais da população.

O cenário de atuação do PIESC são as Unidades de Saúde da Família (USF)

que se configuram como a estrutura física integrante do Programa de Saúde da

Família (PSF), estratégia desenvolvida pelo Ministério da Saúde (MS) com a

finalidade de promover ações e serviços de atenção básica à saúde em uma área

previamente delimitada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

No módulo PIESC IV, as atividades acontecem em um turno por semana e

são desenvolvidas por um grupo de 09 alunos, além de instrutores, que trabalham

em parceria com a comunidade e a USF. Utilizam a problematização como

estratégia para o aprendizado, sendo a observação e vivência na realidade de

serviços de saúde locais geradores da aprendizagem. Três blocos compõem o

PIESC IV, são eles: Introdução à Saúde da Criança, da Mulher e do Adulto. Em cada

bloco, atividades específicas são realizadas de acordo com um cronograma e sob a

supervisão de um instrutor fixo e um instrutor do bloco. Cada grupo é dividido em

duplas que fazem um rodízio nas atividades de cada bloco. O bloco Introdução à

saúde da criança contém as seguintes atividades:

Sala de vacina

Sala de Espera

Consulta individual

Consulta Coletiva

Visita Domiciliar

As atividades tendem a seguir a rotina da USF a que se vincula e estão

sujeitas às mesmas dificuldades enfrentadas por estas. Em 2010, o grupo do PIESC

IV – Teotônio Vilela teve como instrutor fixo o Dr. Júlio Guzman e, durante o bloco

voltado à saúde da criança, contou com a presença do pediatra Dr. Leônidas

Azevedo como instrutor do bloco. As atividades que serão descritas neste relatório

Page 7: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

foram realizadas pela dupla composta pelos alunos Jamerson Sampaio e Ramon

Lago.

Tanto a população quanto os alunos são beneficiados com as atividades do

PIESC. Estes têm a oportunidade de por em prática habilidades e conhecimentos

teóricos adquiridos em outros momentos durante o curso enquanto aqueles se

beneficiam do atendimento prestado tendo a oportunidade também de somar mais

conhecimento sobre diversos temas relacionados à sua saúde apresentados nas

atividades educativas desenvolvidas pelo grupo.

As atividades relatadas a seguir tiveram como objetivo conhecer as

atribuições e competências do médico na atenção básica, com relação à saúde

criança, levando em conta as particularidades da consulta pediátrica, desenvolvendo

ações e práticas de promoção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,

tratamento, cura e reabilitação, na perspectiva do cuidado integral, interagindo com

a Equipe de Saúde da Família, coletivo, famílias e usuários.

Page 8: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

2. DESENVOLVIMENTO

1.1. Sala de Vacina

Conhecer os calendários de vacinação da criança (ANEXO I), bem como as

atividades relacionadas à sala de vacina são atividades que fazem parte do módulo

PIESC IV.

Sabemos que além do indiscutível aspecto biológico envolvido na imunização

temos também o aspecto econômico, já que, torna-se muito mais dispendioso tratar

e/ou reabilitar crianças acometidas por doenças que são passíveis de prevenção

pela imunização. Por isso torna-se tão importante o conhecimento desse setor.

Os programas de imunização ou calendários vacinais são dinâmicos e

instituídos em função de diversos fatores: geográficos, culturais, econômicos, etc. O

Ministério da Saúde (MS) no Brasil, através do Programa Nacional de Imunização

(PNI) preconiza, obrigatoriamente, as vacinas contra tuberculose, Hepatite B

poliomielite, difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae b, rotavírus,

sarampo, caxumba e rubéola em todo o território nacional e contra a febre amarela,

em algumas regiões. No calendário preconizado pela Sociedade Brasileira de

Pediatria (SBP), demonstrado no ANEXO 2, outras vacinas são acrescidas ao

calendário, porém, nem todas estão disponíveis pelo sistema público.

A dupla, Jamerson Sampaio e Ramon Lago, teve dois momentos para

realização dessa atividade, no entanto, a sala de vacina praticamente não funcionou

nesses dois dias e por esse motivo não foram realizadas nenhuma atividade.

Havia expectativa de acompanhar a vacinação já que estava havendo

campanha da vacina H1N1, no entanto, nem a triagem neonatal (Teste do Pezinho)

que normalmente também é feito na sala de vacina ocorreu.

Essas atividades são de grande importância, pois é necessário o bom

entendimento a respeito de vacinas e até mesmo do teste do pezinho para que

possamos recomendá-los e sanar quaisquer dúvidas que possam existir por parte

dos responsáveis pela criança.

Nos dias de atividade em sala de vacina, a dupla tentava acompanhar

atividades de outras duplas para não ficar com o tempo ocioso.

Page 9: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

1.2. Sala de Espera

A atividade de sala de espera no PIESC IV contou com uma inovação para o

grupo. O instrutor Dr. Leônidas propôs que as atividades fossem realizadas não na

sala de espera, como de costume, mas nas salas de aula de um colégio do bairro.

Então o grupo entrou em contato com um colégio próximo à unidade com o qual já

havíamos trabalhado ,durante o PIESC II, e programamos uma atividade educativa

para as crianças.

Os temas a serem discutidos eram decididos pela dupla responsável

contando com a participação do grupo. A escola disponibilizou um horário todas as

quintas-feiras para trabalharmos em 2 ou 3 salas por dia. Foram atividades rápidas,

mas com bastante participação e grande entusiasmo por parte das crianças e

professores.

O tema trabalhado pela dupla Jamerson e Ramon foi “Higiene pessoal e

ambiental”. Esse tema foi iniciado por outra dupla no dia 18/03/10 e continuado pela

dupla Jamerson e Ramon no dia 25/03/10, para que todas as turmas fossem

contempladas com a atividade. Momentos de conversa com as crianças além de

atividades lúdica fizeram parte da programação da atividade. Inicialmente

buscávamos saber o que eles entendia pelo tema proposto e a partir daí a discussão

acontecia e brincadeiras eram realizadas para tentar consolidar as informações

compartilhadas. O grau de informação das crianças e a curiosidade pelo assunto foi

empolgante.

Inicialmente estranhei um pouco, pois achei que não seria proveitoso sair da

unidade para falar com crianças que muitas vezes não estão nem um pouco

interessadas em ouvir determinados assuntos. Além disso, atividades lúdicas nunca

foram o meu ponto forte, por isso tive receio de não ser capaz de cumprir

decentemente as atividades.

Contudo, esta atividade foi de grande importância, pois pela primeira vez tive

a impressão de estar sendo útil na atividade de sala de espera. Pude superar um

pouco do meu receio e acredito que as atividades foram bem realizadas. Perceber o

interesse de alunos, professores e diretores serviu de estimulo para que

preparássemos sempre o melhor para aquele dia.

Page 10: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

1.3. Consulta Individual

A consulta pediátrica apresenta características próprias que a diferencia da

observação clínica dos pacientes adultos. Dependendo da idade do paciente

pediátrico a história deve ser obtida através das informações do informante - pais ou

acompanhantes tornando difícil avaliar os sintomas subjetivos, outras vezes, obtêm-

se informações dos acompanhantes complementados com informações do paciente

e, até mesmo, esporadicamente, informações fornecidas exclusivamente pelos

pacientes (adolescentes). Estas características acarretam na obtenção de duas

histórias, uma dos pais e outra da criança. Os pais darão sua interpretação dos

sinais e sintomas da criança, que muitas vezes será influenciada por seus próprios

problemas e ansiedade.

Outra característica da observação clínica pediátrica é a chamada consulta de

rotina, nesta consulta, mesmo que não haja queixas, a criança é periodicamente

avaliada com relação ao seu crescimento, desenvolvimento, alimentação e

vacinação, momento em que se aproveita para fornecer orientações às mães.

A atividade de consulta individual no bloco de saúde da criança tem como

objetivo conhecer o enfoque da atenção básica para esse grupo populacional e

praticar as habilidades médicas, adquiridas durante o curso, na realização de

anamnese e exame físico, preparando o aluno no desenvolvimento do raciocínio

clínico, dentro das atribuições do médico generalista.

Através da consulta individual, foi possível obter uma visão ampla da rotina

médica no Programa de Saúde da Família (PSF) em especial no atendimento a

pacientes pediátricos.

Durante as atividades, o grupo se deparou com dificuldades já conhecidas,

como a falta de estrutura adequada da unidade, além de novos empecilhos impostos

por uma relação conturbada vivida pela equipe no momento. Isso trouxe grande

prejuízo para o grupo que não conseguiu contar com o apoio da equipe para a

marcação de pacientes por exemplo. No entanto o grupo tentou driblar as

adversidades e, na mediada do possível, realizou todas as suas atividades.

Segue abaixo duas anamneses e exames físicos realizados pelo aluno

Ramon Lago, autor desse relatório.

Page 11: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

ANAMNESE 1

Data: 18/03/10 Hora: 08:25

IDENTIFICAÇÃO:

SJA, sexo masculino, cor parda, 1 ano e 7 meses, nascido no dia 07/08/08

em Ilhéus –BA, cidade de onde procede.

Informante: Mãe.

QUEIXA PRINCIPAL (QP):

Catarro no nariz há 3 dias.

HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA):

Mãe refere que há 3 dias a criança apresenta rinorréia seromucosa

bilateralmente. Informa também que a criança não apresenta nenhum outro sintoma

associado, como espirro, tosse e dispnéia e relata que esse quadro não tem

repercutido no estado geral da criança e que esta continua se alimentando

normalmente. A rinorréia se exacerba à noite, no entanto, a mãe diz não haver

obstrução nasal. Não se observa fatores de melhora. Nenhum medicamento foi

utilizado, para o quadro, até o momento e não faz uso de outras medicações.

INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS):

Sintomas gerais: Nega febre, sudorese, prurido, alterações de peso e

prostração.

Cabeça: Nega alterações na forma do crânio, no couro cabeludo e no cabelo.

Nega traumatismos.

Olhos: Nega conjuntivites, lacrimejamento e outras alterações oculares.

Ouvidos: Nega hipoacusia, otalgia, otorréia, e otorragia. Nega alterações no

pavilhão auricular.

Nariz: Refere rinorréia (vide HDA), nega epistaxe.

Boca: Nega alterações em toda a cavidade oral

Pescoço: Nega dificuldade na movimentação. Nega presença de massas ou

glândulas palpáveis.

Tórax: Nega lesões na parede torácica, abaulamentos e retrações.

Cardiovascular: Nega taquicardia.

Respiratório: Nega dispnéia e tosse.

Page 12: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Abdômen: Nega dor e presença de massas palpáveis, refere alteração na

cicatriz umbilical (“hérnia”). Relata hábito intestinal normal.

Geniturinário: Refere micções com frequência regular e coloração amarelo

claro. Informa haver apenas um testículo na bolsa escrotal (direito) e prepúcio não

retrátil.

Sistema nervoso: Nega convulsões, desmaio, refere irritabilidade.

ANTECEDENTES PESSOAIS:

o Pré-natais: Mãe realizou pré-natal, não sabe informar o número de

consultas, realizou todos os exames sem alterações. Gestação tranqüila, sem

intercorrências. Primeiro fílho, mãe nega aborto anterior (G1P1A0). Mãe relata ganho

de peso normal durante a gestação.

o Natais: Nascido de parto cesáreo, sem intercorrências, indo em seguida

para alojamento conjunto. Chorou ao nascer.

Ao nascer:

Peso: 3470 g Comp.: 51,5 cm PC: 37 cm PT: 35,5 cm

IG: 42 semanas e 4 dias. Tipo sanguíneo: O neg. (mãe: O+)

o Pós-natal: Logo que teve alta foi para casa sem nenhuma ocorrência.

História vacinal:

Encontra-se com o calendário vacinal atualizado.

Ao nascer: BCG e 1ª dose Hepatite. B

1 mês: 2ª dose Hepatite B

2 meses: 1ª dose Tetravalente (DTP+Hib), VOP e VORH

4 meses: 2ª dose Tetravalente (DTP+Hib), VOP e VORH

6 meses: 3ª dose Tetravalente (DTP+Hib), VOP e Hepatite B

9 meses: Febre amarela

12 meses: SCR (tríplice viral)

15 meses: reforço da VOP e da DTP

As próximas vacinas são: 1º reforço da SCR e 2º da DTP com 4-6 anos

História Alimentar:

Aleitamento materno exclusivo até os 3 meses. O desmame ocorreu após os

3 meses de forma progressiva com a introdução de mucilon. Posteriormente, foram

introduzidos sulcos e papas de frutas. Em seguida, o alimento salgado começou a

ser introduzido.

Page 13: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Atualmente, já se alimenta com o alimento sólido da família.

o Diário alimentar:

Manhã: Mingau (aveia, mucilon ou neston)

Lanche: Biscoito de maisena com suco de fruta.

Almoço: Arroz, feijão, batata, cenoura, beterraba e chuchu. Varia entre carne

bovina, frango e peixe.

Lanche: Biscoito e leite integral

Jantar: Mesma comida do almoço.

Noite: Mingau como o da manhã.

ANTECEDENTES MÓRBIDOS:

Nega patologias pregressas, manifestações alérgicas, intervenções cirúrgicas

e internamentos.

ANTECEDENTES FAMILIARES:

Mãe e Pai hígidos, não possui histórico de tuberculose, problemas mentais,

cardíacos, alérgicos, HAS, neoplasias ou distúrbios metabólicos na família. Avós

maternos e paternos ainda vivos e sem problemas de saúde.

DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR:

Andou aos 9 meses e falou a primeira palavra aos 12 meses. Ainda não

controla totalmente os esfíncteres, mas já apresenta controle parcial.

HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS:

Mora em casa de tábua com 4 cômodos com o pai, mãe, e mais 4 pessoas da

família. Possui rede elétrica, abastecimento de água, mas não possui rede de esgoto

e não possui banheiro dentro de casa. Possui um gato como animal de estimação,

mas desconhece a procedência do mesmo. Convive com 4 fumantes que fumam

dentro de casa e próximos à criança.

Apresenta sono tranqüilo e regular durante toda a noite.

EXAME FÍSICO

ANTROPOMETRIA:

Peso: 13kg Comp.: 84 cm PC: 47 cm

Classificação de Gomez: Eutrófico (116%)

Page 14: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

SINAIS VITAIS:

FC: 140bpm FR: 48 ipm Tax: 36,5ºC

ECTOSCOPIA:

Paciente em bom estado geral, ativo, reativo, acianótico, anictérico, hidratado,

corado e com fáscies atípico. Afebril

PELE E FÂNEROS:

Pele e mucosas normocrômicas, presença de miliária e lesões por picada de

inseto. Cabelos e unhas com aspecto normal.

CABEÇA:

Apresenta face simétrica, crânio com formato normal e couro cabeludo

íntegro.

o Olhos: Reflexo pupilar presente, direto e consensual, conjuntiva e

esclerótica normocrômicas, ausência de secreções e hiperemia.

o Ouvido: Implantação adequada do pavilhão auricular, ausência de lesões

no pavilhão e ausência de secreções. Otoscopia não realizada.

o Nariz: Sem lesões externas. Ausência de obstruções e secreções.

o Boca e orofaringe: Mucosas e gengiva normocoradas. Ausência de lesões

em cavidade oral. Palato íntegro.

PESCOÇO:

Sem abaulamentos ou tumorações, sem linfadenopatia. Movimentação

preservada.

TÓRAX:

Simétrico, parede íntegra e mamilos normais. Ausência de abaulamentos,

retrações ou tiragens.

o Respiratório: Murmúrio vesicular presente e audível bilateralmente. Sem

ruídos adventícios.

o Cardiovascular: Precórdio normal, bulhas normofonéticas em 2 tempos

sem sopros.

Page 15: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

ABDÔMEN:

Globoso, flácido, sem visceromegalias, ruídos hidroaéreos presentes e

normais. Ausência de massas palpáveis e de circulação colateral. Presença de

hérnia umbilical.

GENITÁLIA, PERÍNEO E ÂNUS:

Sem gânglios inguinais palpáveis, pulso femoral presente. Pênis com forma

normal, prepúcio não retrátil, meato uretral em posição adequada e bolsa escrotal

normal com criptorquidia à esquerda.

Períneo sem lesões ou dermatites e ânus pérvio.

NEUROLÓGICO:

Calmo, ativo e reativo a eventos do ambiente.

Diagnóstico nutricional: Eutrófico.

Hipótese diagnóstica:

1. IVAS

2. Miliária

3. Criptorquidia à esquerda

Conduta:

1. Paracetamol: 10 gotas se tiver febre maior que 38ºC.

2. Orientações para melhora da miliária.

3. Encaminhamento para o urologista

As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são um dos problemas mais

comuns encontrados em serviços de atendimento médico pediátricos, resultando em

morbidade significativa em todo o mundo. As IVAS são a causa mais comum de

crianças atendidas por infecção respiratória aguda.

Como regra geral, as desordens das vias aéreas superiores não são

condições graves, ameaçadoras da vida, são tipicamente benignas e autolimitadas

na maioria das vezes. São extremamente frequentes, ocorrendo a uma frequência

de 4-8 episódios/ano em menores de 5 anos (principalmente entre 6-24 meses).

Page 16: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Dentre os principais fatores de risco para aquisição de IVAS estão a baixa idade (6-

24 meses), fumo passivo e aleitamento artificial.

A rinofaringite aguda é a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais

comum da infância. É causada quase que exclusivamente por vírus. Entre as

centenas deles, os mais freqüentes são rinovírus, coronavírus, vírus sincicial

respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus e outros mais

raros.

O período de incubação é de 1-3 dias. A coriza (rinorréia) e a obstrução nasal

estão sempre presentes. Diferencia-se resfriado comum e gripe por esta apresentar

rotineiramente febre alta, mialgia e prostração. A rinorréia é abundante, sendo clara

nos primeiros 3 dias, mas frequentemente se torna purulenta nos últimos dias devido

a uma infecção bacteriana secundária que leva a uma descamação do epitélio e

acúmulo de polimorfonuclares. A duração média do resfriado comum é de 1 semana.

A terapia envolve principalmente antitérmicos (quando a febre for maior 38ºC),

instilação de soluções salinas isotônicas nas narinas ou vaporizadores para

fluidificação das secreções, além de uma boa hidratação. Outra medida importante é

evitar a exposição à fumaça de cigarro em casos de contactantes fumantes.

No caso desse paciente especificamente, tudo indica se tratar de uma

rinofaringite viral em fase inicial. A criança apresenta os fatores de risco já citados e

abre o quadro com a rinorréia fortalecendo a suspeita diagnóstica.

Foi necessário orientar a mãe sobre o curso da doença e a necessidade de

proteger essa criança da exposição à fumaça de cigarro já que convive com 4

fumantes no domicílio.

A miliária (brotoeja) é uma erupção cutânea que afeta bebês e crianças

pequenas. É causada pelo suor abundante que ocasiona em inflamação das

glândulas sudoríparas. Devido a essa inflamação, o suor não chega à superfície da

pele, ficando retido e causando irritação, frequentemente com prurido. As

recomendações visam aliviar o desconforto para o bebê, principalmente ao refrescar

e secar a área afetada. Banhos, roupas frescas e a prevenção de condições que

provavelmente causam suor são as principais recomendações para a criança com

miliária.

A criptorquidia é um problema congênito geniturinário muito comum. Sua

incidência é maior em prematuros. Em alguns casos pode ainda completar a descida

durante o primeiro ano de vida. A criptorquidia corresponde a testículos que não

Page 17: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

tiveram uma migração completa e encontra-se em algum ponto de sua trajetória

normal. O testículo ectópico é aquele que se encontra em algum ponto da sua

trajetória normal como, por exemplo, na região inguinal, base do pênis, cavidade

abdominal ou região perineal. As crianças devem ser tratadas entre 1 e 2 anos de

idade, antes que comece a ocorrer lesão histológica do testículo.

ANAMNESE 2

Data: 06/05/10 Hora:09:00

IDENTIFICAÇÃO:

EHSR, parda, sexo feminino, 11 meses de idade, nascido no dia 11/06/09 em

Ilhéus-Ba e procedente dessa mesma cidade.

Informante: Mãe

QUEIXA PRINCIPAL (QP):

Ficou sem respirar e mole há 5 dias.

HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA):

Mãe refere que há 1 semana, a criança iniciou um quadro febril com

temperatura máxima mensurada de 39ºC. Após 2 dias a criança apresentou uma

piora do estado geral, cursando com cianose e, segundo informação da mãe, em um

determinado momento, não respirava e não respondia a quaisquer estímulos. Mãe

diz que achou que a filha estava morta. A criança foi levada por uma vizinha ao

posto 24h do bairro onde foi atendida e prescrito sulfametoxazol-trimetropim e

paracetamol. A mãe não sabe informar qual foi a suspeita diagnóstica do médico

atendente. A criança voltou para casa bem e tem feito uso da medicação prescrita

desde então.

Atualmente, não tem apresentado sintomas semelhantes aos anteriores e,

segundo a mãe, está bem.

Não faz uso de nenhuma medicação além da já referida.

INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS):

Sintomas gerais: Nega febre (vide HDA), sudorese e desidratação. Refere

prostração e perda de peso, mas não sabe quantificar.

Cabeça: Nega alterações no couro cabeludo e na conformação do crânio.

Page 18: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Olhos: Nega lacrimejamento, conjuntivite ou qualquer alteração ocular.

Ouvidos: Nega otorréia, otorragia e otalgia. Nega também alterações no

pavilhão auricular.

Nariz: Nega congestão, rinorréia e epistaxe.

Boca: Refere gengivas edemaciadas que diz ser por conta do nascimento

dos dente. Nega outras lesões em cavidade oral.

Pescoço: Nega nodulações e rigidez nos movimentos.

Tórax: Nega abaulamentos e alterações na parede torácica.

Cardiovascular: Nega taquicardia e presença de circulações

colaterais.

Respiratório: Nega dispnéia, tosse, expectoração e tiragens.

Abdômen: Nega distensão, massas palpáveis, refere hábito intestinal normal

com fezes de consistência pastosa.

Geniturinário: Nega lesões genitais, disúria e hematúria. Refere urina de cor

amarelo claro e em quantidade normal.

Sistema nervoso: Nega irritabilidade, refere perda da consciência (vide

HDA). Nega convulsões.

ANTECEDENTES PESSOAIS:

o Gestacionais: Mãe G2 P2 A0 (1 óbito neonatal por causa desconhecida),

refere ter realizado 06 consultas de pré-natal onde foram realizados os exames de

rotina, sem alterações nos resultados. Não houve intercorrências durante a

gestação.

o Parto: Nasceu de parto normal, não chorou ao nascimento, só algum

tempo depois. Foi em seguida para o alojamento conjunto com a mãe.

Não portava cartão da criança e não sabia informar dados do nascimento como

peso, comprimento e idade gestacional.

o Pós-natal: Após ter alta foi para casa sem intercorrências posteriores.

História vacinal:

Mãe refere que o calendário vacinal encontra-se atualizado com exceção da

vacina contra Febre Amarela que deveria ser administrada aos 9 meses e encontra-

se em atraso. Por não portar o cartão não foi possível confirmar.

História Alimentar:

Page 19: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Aleitamento materno exclusivo até 2-3 meses, quando então foi introduzido

leite de vaca integral.

o Diário alimentar:

Manhã: Leite materno

Lanche: Mingau de farinha láctea.

Almoço: Papinha de verdura com caldo de feijão. Uma hora e meia depois

oferece biscoito e iogurte.

Lanche: Mingau de farinha láctea

Jantar: Leite materno

ANTECEDENTES MÓRBIDOS:

Nega patologias prévias. Nega internações, cirurgias e alergias até o

momento.

ANTECEDENTES FAMILIARES:

Mãe, pai e irmão hígidos. Avós são vivos, mas não sabe informar sobre

estado de saúde. Nega história de câncer, tuberculose, asma, epilepsia e problemas

mentais na família.

HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS:

Mora em casa de alvenaria com rede elétrica, de água e esgoto. Possui

banheiro dentro de casa. Nesta casa moram a mãe, o pai, o irmão e mais 4 pessoas

da família.

Não possuem animal de estimação e não há convívio com fumantes.

EXAME FÍSICO

ANTROPOMETRIA:

Peso: 7 kg (<p3) Comp.: 66 cm (< p3) PC: 49 cm

Classificação de Gomez: Desnutrição grau I (82%)

SINAIS VITAIS:

FC: 88 bpm FR: 48 ipm Tax: 36,5ºC

Page 20: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

ECTOSCOPIA:

Criança em bom estado geral, ativa, consciente, acianótica, anictérica,

hidratada e com fáscies atípico. Afebril no momento da consulta.

PELE E FÂNEROS:

Pele e mucosas normocoradas sem lesões. Apresenta unhas em condições

normais e cabelo com aspecto e implantação normais.

CABEÇA:

Forma normal, sem lesões em couro cabeludo. Face simétrica.

o Olhos: Conjuntiva e escleróticas normocrômicas.

o Ouvido: Pavilhão auricular normal, com implantação adequada. Não

apresenta secreções. Otoscopia não realizada.

o Nariz: Ausência de secreções e obstrução.

o Boca e orofaringe: Mucosa oral e gengivas normocrômicas e sem lesões.

Gengiva levemente edemaciada, por provável nascimento dos dentes. Ausência de

alterações palatinas.

PESCOÇO:

Mobilidade normal e ausência de massas palpáveis.

TÓRAX:

Simétrico com parede íntegra.

o Respiratório: Padrão respiratório normal, sem tiragens intercostais e

subcostais, ausência de batimento de asa de nariz. Murmúrio vesicular presente

bilateralmente sem ruídos adventícios.

o Cardiovascular: Precórdio calmo, bulhas rítmicas e normofonéticas em 2

tempos, sem sopros.

ABDÔMEN:

Flácido, sem visceromegalias e sem circulação colateral. Ausência de massas

palpáveis e de herniações. Ruídos hidroaéreos normais.

GENITÁLIA, PERÍNEO E ÂNUS:

Page 21: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Genitália feminina, sem alterações. Períneo normal sem sinais de dermatites.

Ânus pérvio.

NEUROLÓGICO:

Tônus muscular normal, paciente ativa e reativa. Encontrava-se levemente

irritada.

Diagnóstico nutricional: Desnutrição leve (grau I)

Hipóteses diagnósticas:

1. Crise convulsiva?

Conduta:

1. Dieta de transição (Apêndice I).

2. Protovite – 10 gotas pela manhã.

3. Protofer – 10 gotas às 10h da manhã.

A análise dos dados do paciente, permitiu a detecção de um caso de

desnutrição leve (grau I) segundo o Critério de Gomez, proposto a mais de 40 anos

por Gomez e modificado por Bengoa no início dos anos 70, mantém-se válida em

crianças até 2 anos de idade. Centrado na intensidade da desnutrição e baseando-

se na adequação do peso para idade e sexo, em relação ao percentil 50, define 4

categorias (ANEXO III). Essa desnutrição também pode ser observada através da

curva de peso por idade na qual a criança encontra-se abaixo do percentil 3 (p3) e,

provavelmente encontra-se em estágio crônico já que se observa repercussão na

estatura utilizando a curva de estatura por idade, onde a criança encontra-se

próximo ao percentil 3 (p3).

A desnutrição infantil é uma doença de origem multicausal e complexa que

tem suas raízes na pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes

necessários para o seu metabolismo fisiológico devido à falta de aporte ou problema

na utilização do que lhe é ofertado. Assim sendo, na maioria dos casos, a

desnutrição é o resultado de uma ingesta insuficiente ou fome e de doenças.

Existe na literatura um considerável número de estudos e publicações

relacionadas à desnutrição, suas causas e conseqüências. Diversos modelos

Page 22: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

causais têm sido propostos, por vários autores e instituições, para explicar a gênese

da desnutrição. Alguns propõem um esquema mais abrangente que inclui as

práticas de cuidado com a criança, as suas condições de vida e introduzindo a

natureza do vínculo mãe-filho como importante fator na gênese da desnutrição. A

OMS sugere que o esquema “alimento-saúde-cuidados”, proposto pelo UNICEF,

seja utilizado como instrumento analítico da interação dos vários determinantes da

desnutrição nos diferentes níveis da sociedade. Nesse esquema, a desnutrição

infantil é mostrada como resultado de dieta inadequada e doenças que resultam de

falta de segurança alimentar, de cuidados inadequados da mãe para com a criança,

e de serviços de saúde deficientes.

Devido ao reconhecimento da multicausalidade, a desnutrição passou a ser,

freqüentemente, preocupação de muitos, mas ninguém a tem realmente assumido

como responsabilidade. Vários profissionais de saúde rotulam a desnutrição infantil

como sendo um “problema social” e adotam uma atitude de descaso, de pouca

importância ou derrotista face à criança desnutrida ou em risco de desnutrição, e de

menos valia em relação à promoção da nutrição para a saúde da criança. Atuam de

forma desintegrada e muitas vezes se mantêm distanciados dos constantes avanços

do conhecimento para tentar controlar a desnutrição.

Segundo o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, toda criança de 6

a 18 meses de idade devem receber suplementação para prevenir a anemia por

deficiência de ferro.

As alterações encontradas na paciente podem ser tanto devidas à transição

que a criança fez do leite materno para os outros alimentos, como também

decorrente da pobreza enfrentada pela maioria famílias da comunidade. Por isso,

seria importante que pudéssemos acompanhar essa paciente para que se

conhecesse melhor o ambiente onde vive e aí sim, pudesse haver uma intervenção

mais eficaz.

Page 23: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

1.4. Consulta Coletiva

O espaço coletivo é uma rica oportunidade para se experimentar

verdadeiramente a participação e a produção coletiva do conhecimento (ASSIS,

1998). A consulta coletiva tem grande utilidade como atividade de acompanhamento

dos pacientes e ao mesmo tempo um espaço para debate, construção de

pensamentos e reflexões importantes sobre a saúde.

Como em outras atividades, muitas dificuldades também foram encontradas

na realização das consultas coletivas. Boa parte da dificuldade se devia ao

desconhecimento por parte da equipe e comunidade a cerca da consulta coletiva.

Com vistas à superação desse obstáculo, o grupo se reuniu com os agentes

comunitários e com a equipe para mais uma vez explicar o que é a consulta coletiva

e sua importância. No entanto, isso não bastou. A equipe encontrava-se em um

conflito interno e o PIESC acabava ficando à margem. Ainda assim, buscamos mais

uma vez os agentes comunitárias de saúde (ACS) e realizamos umas busca na

comunidade. Ao final do módulo conseguimos realizar duas consultas coletivas.

Dessa vez, as duplas já estava misturadas e os alunos Ramon Lago, Tiza

Matos e Rafaelle Cordeiro foram os responsáveis pela realização de uma dessas

consultas coletivas. Durante a atividade outros membros do grupo participaram.

O tema da consulta coletiva foi “Primeiros cuidados com o recém nascido e no

1º ano de vida. Estavam presentes 4 mães com filhos de até 1 ano e uma gestante

de 36 semanas. Esse tema foi escolhido com o intuito de contemplar a alimentação

e os cuidados gerais com a criança.

A atividade se iniciou com uma conversa em roda onde cada mãe pode contar

um pouco de sua experiência além de expor dúvidas sobre os diversos assuntos. A

gestante teve a oportunidade de se informar um pouco mais e se preparar para

receber o 1º filho que já estava para nascer.

Dados foram coletados de cada criança (peso, comprimento, alimentação,

etc) e foram colocados nas curvas de crescimento. Devido ao desmame precoce da

maioria e na tentativa de prevenir um alimentação incorreta, as mães receberam

informações para alimentação correta e as que ainda não tinham desmamado foram

estimuladas a manter o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. Uma dieta de

transição (apêndice I) foi distribuída para tentar orientar a alimentação daquelas

crianças.

Page 24: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

Lamentavelmente as consultas coletivas no módulo não aconteceram na

maioria das vezes. As duas atividades que aconteceram mostraram a importância

desse tipo de atividade na prevenção de agravos.

Page 25: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

1.5. Visita Domiciliar

Por ser uma medida preconizada na atenção básica, a Visita Domiciliar faz

parte das atividades inseridas na programação do PIESC e tem um papel importante

na atenção à saúde da criança por prestar cuidados no domicílio englobando ações

preventivas e curativas, além de observar in loco as condições de vida dessas

crianças. Deve ser realizada mediante agendamento e a identificação das crianças

que necessitam de cuidados domiciliares se dá, principalmente, através do

acompanhamento do agente comunitário de saúde. São realizadas visitas

principalmente a crianças cujas mães não têm buscado a unidade ou que por algum

motivo não podem se deslocar.

Infelizmente essa foi outra atividade muito prejudicada pela situação

conflituosa na qual se encontrava toda a unidade. A dupla Jamerson e Ramon não

teve a oportunidade de realizar essa atividade. No entanto, pude acompanhar a

atividade de uma outra dupla ao final do módulo. Foi uma atividade pouco

proveitosa, só tínhamos uma casa para visitar, a moradora não estava nos

esperando e, como muitos alunos ainda não tinham realizado essa atividade, 4

alunos estavam presentes. A casa era pequena e, sem perceber, com a ânsia pela

atividade, entramos todos na casa e começamos a fazer várias perguntas e a dar

várias orientações. Foi uma situação desconfortável que só serviu para que

refletíssemos sobre o nosso papel na comunidade. Naquele momento, a paciente

era não mais que um objeto de aprendizado e, só depois, percebemos como

estávamos nos comportando.

Enfim, a atividade de visita domiciliar deixou muito a desejar neste módulo,

mas trouxe também um aprendizado a cerca do comportamento frente ao paciente.

Page 26: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

3. CONCLUSÃO

O bloco saúde da criança contou com muita organização, os alunos estavam

empenhados, tínhamos um instrutor de bloco bem comprometido e que gostava de

organização. No entanto, não pude perceber um crescimento particular durante esse

módulo. Estive sim, mais à vontade com os pacientes, mais seguro na realização

dos exames, no entanto, não acho que foi possível crescer satisfatoriamente nos

quesitos raciocínio clínico e terapêutica, que acredito serem focos do PIESC IV.

Por estar inserido em uma unidade de saúde, o grupo teve a oportunidade de

dividir tanto o lado funcional do serviço como suas limitações. A experiência

proporcionou uma visão mais clara da importância do programa de saúde da família

na atenção básica como a porta de entrada para o serviço de saúde, bem como uma

vivência nas dificuldades encontradas para o seu bom funcionamento. A visão que

o estudante de medicina passa a ter através desta inserção os permite integrar os

conhecimentos, adquiridos em outros momentos, às práticas e adequá-los á

realidade da população.

Como no PIESC III, passar por esse bloco reforçou a visualização das

particularidades e complexidades que compõem o atendimento pediátrico e a

importância de conhecê-las para se tornar um médico generalista melhor

capacitado.

A evolução dos alunos depende do empenho e dedicação dos mesmos, do

suporte dado pelos instrutores, que sempre contribuem com sua experiência dando

aos alunos mais segurança na realização de cada atividade, e é claro da confiança

de cada paciente e cooperação dos membros da equipe. Acredito que os diversos

pontos são responsáveis pelos ganhos e perdas que possam ter ocorrido durante o

bloco.

Page 27: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

REFERÊNCIAS:

ASSIS, M. Educação e Saúde e Qualidade de Vida: para além dos modelos, a busca da comunicação. Rio de Janeiro: UERJ/IMS; 1998.

BATES, B. Propedêutica Médica. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. In:http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21462

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual operacional do Programa Nacional de Suplementação de Ferro. Departamento de Atenção Básica. - Brasília : Ministério da Saúde, 2005.

CARVALHAES, M.A. et. al. Capacidade materna de cuidar e desnutrição infantil. Rev Saúde Pública 2002;36(2):188-97

MARCONDES, E. et.al. Pediatria Básica – Tomo III. 9 ed. São Paulo: Sarvier, 2004

MONTE, C.M.G. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. J. pediatr. (Rio J.). 2000; 76 (Supl.3): S285-S29.

PORTO, C.C. Exame Clínico: Bases para a prática médica – 6. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

Page 28: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

ANEXO I

Calendário Básico de Vacinação da Criança

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

Ao nascerBCG - ID dose única Formas graves de tuberculose Vacina contra hepatite B (1) 1ª dose Hepatite B

1 mês Vacina contra hepatite B 2ª dose Hepatite B

2 meses

 Vacina tetravalente (DTP + Hib) (2)

 1ª dose  Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 1ª dose Poliomielite (paralisia infantil)VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) (3)

1ª dose Diarréia por Rotavírus

Vacina tetravalente (DTP + Hib)

2ª doseDifteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

4 meses VOP (vacina oral contra pólio) 2ª dose Poliomielite (paralisia infantil)VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) (4)

2ª dose Diarréia por Rotavírus

6 meses

Vacina tetravalente (DTP + Hib)

3ª doseDifteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 3ª dose Poliomielite (paralisia infantil)Vacina contra hepatite B 3ª dose Hepatite B

9 meses Vacina contra febre amarela (5)

dose inicial Febre amarela

12 meses SRC (tríplice viral) dose única Sarampo, rubéola e caxumba15 meses VOP (vacina oral contra pólio) reforço Poliomielite (paralisia infantil)

DTP (tríplice bacteriana) 1º reforço Difteria, tétano e coqueluche

4 - 6 anosDTP (tríplice bacteriana 2º reforço Difteria, tétano e coquelucheSRC (tríplice viral) reforço Sarampo, rubéola e caxumba

10 anos Vacina contra febre amarela reforço Febre amarela

(1) A primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose.

(2) O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforços com a Tríplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos.

(3) É possível administar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida).

(4) É possível administrar a segunda dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mínimo preconizado entre a primeira e a segunda dose é de 4 semanas.

(5) A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade, que residam ou que irão viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para áreas de risco, vacinar contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem.

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ANEXO II

Page 30: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

ANEXO III

Critério de Gomez (1956)

P/I = ______PESO ENCONTRADO ______ x 100

PESO IDEAL PARA IDADE (p50)

P/I – relação peso-idade

Não desnutrido: acima de 90%

Desnutrido leve (grau I): de 76 a 90%

Desnutrido moderado (grau II): de 61 a 75% e

Desnutrido grave (grau III): igual ou abaixo de 60%

Obs.: A presença de edema clínico, independente da adequação P/I,

caracteriza a forma grave.

Page 31: Relatório Saúde da Criança PIESC IV

APÊNDICE I

DIETA DE TRANSIÇÃO

Manhã (ao acordar): Leite materno

09:00 – Suco de fruta ou papa de fruta ou fruta raspada.

12:00 – Papa salgada *

15:00 – Suco de fruta ou papa de fruta ou fruta raspada

18:00 – Leite materno em livre demanda

* Papa salgada:

1. Raiz (carboidrato): Batata, aipim, inhame, arroz ou macarrão.

2. Legumes (2 ou 3 por vez): Abóbora, cenoura, beterraba, chuchu,

maxixe, quiabo ou jiló.

3. Grãos (1 tipo por vez): Feijão, soja, ervilha, grão de bico, vagem ou

andu.

4. Verduras (1 por vez): Alface, couve, repolho, espinafre, agrião ou

acelga.

5. Proteínas (1 vez por semana): carne, peixe, frango, fígado ou ovo.

Temperos: sal, alho, cebola, pimentão, coentro e cebolinha.

Após o cozimento, deixar esfriar amassando com o garfo.

Óleo (1 colher média após cozimento) – azeite de oliva, óleo de soja ou óleo

de girassol.