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p.1 Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

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p.1Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

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p. 2 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

FICHA TÉCNICA

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

César Maia

Secretaria Municipal de Urbanismo

Augusto Ivan Pinheiro de Freitas

Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Alice Amaral dos Reis

Gerência de Macroplanejamento

Cláudia Muricy

Luis Fernando Valverde Salandía

Carlos Alberto Krykhtine

Maria Paula Albernaz

Wanderson Correa

André Pelech

Pedro Rodrigo Rolim

Mônica Bahia Schlee

Maria Elizabeth Castro

Colaboração Especial

Assessoria da Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Marlene Ettrich

Núcleo de Informações Urbanísticas

Eugênia Vitória Camera Loureiro

Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimento eRevitalização do Patrimônio e da Memoria Histórico Cultural da Cidade do

Rio de Janeiro

André Luis Meuser Zambelli

Colaboração

Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos - IPP

Secretaria Municipal do Habitat - SMH

Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMAC

Secretaria Municipal de Transportes - SMTR

Rio Águas / Secretaria Municipal de Obras - SMO

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p.3Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

1Categorização consagrada no art. 4º da Lei Federal 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, que já vinha sendo usada pelos

planos diretores elaborados depois de 1988.

APRESENTAÇÃO

A Lei Complementar nº. 16, de 04/06/ 1992, instituiu o Plano DiretorDecenal da Cidade como instrumento básico da política urbana do Muni-cípio do Rio de Janeiro, estabelecendo normas e procedimentos para a re-alização desta política, fixando diretrizes, prevendo instrumentos e defi-nindo políticas setoriais, a fim de alcançar o pleno atendimento das fun-ções sociais da Cidade.

Apesar de prevista a sua revisão em um prazo de dez anos, conformesuas determinações, o Plano Diretor Decenal de 1992 não sofreu a citadarevisão neste período.

Em julho de 2001, foi aprovada a Lei Federal nº. 10.257, denominadaEstatuto da Cidade, que entrou em vigor no mês de outubro do mesmoano. Com o fim de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Fe-deral, lançou as bases gerais para orientar o pleno desenvolvimento dasfunções sociais da cidade e da propriedade urbana.

No Capítulo III do Estatuto da Cidade, o artigo 40 obriga a revisão doPlano Diretor a cada dez anos. Em atendimento à Lei Federal, o ExecutivoMunicipal do Rio de Janeiro encaminhou à Câmara o Projeto de Lei Com-plementar nº. 25/2001, que revê o Plano Diretor Decenal adaptando-o àsnovas determinações do Estatuto da Cidade.

Este documento sofreu alterações, até que em outubro de 2006 foi en-caminhada uma versão final do Projeto de Lei sob a forma de Substitutivonº. 3.

O presente relatório técnico apresenta os estudos elaborados à época darevisão do Plano Diretor e suas conclusões, assim como as novas propos-tas resultantes deste processo. O seu conteúdo foi atualizado em 2008 deforma a contribuir para a discussão do Projeto de Lei de revisão do PlanoDiretor em tramitação na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Para tanto, o relatório, após um prefácio que localiza o Plano Diretor nahistória da gestão urbana da Cidade, se divide em três partes: a primeirarelata o processo de revisão do Plano em vigor desde as primeiras inicia-tivas de avaliação do mesmo; a segunda parte traz uma leitura técnica daCidade do Rio de Janeiro, a partir da qual foi possível elaborar propostasde revisão do Plano de 1992; e a terceira parte descreve o documentoproposto e encaminhado à Câmara Municipal sob a forma de Projeto deLei nº. 25/ substitutivo nº. 3.

Os Planos preconizados pela Constituição de 1988, buscaram construircidades mais igualitárias no acesso aos direitos do cidadão, e integrar apolítica urbana às demais políticas setoriais. Este foi o caso do Rio de Ja-neiro, cujo Plano Diretor de 1992 serviu de modelo para diversas cidades.Porém na maior parte das vezes os planos tiveram dificuldades deinstitucionalizar a articulação intersetorial e garantir um sistema perma-nente e contínuo de planejamento.

Na revisão do Plano Diretor efetuada em 2006, a tentativa é justamentede preencher as lacunas deixadas pelo documento legal de 1992.

Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Na revisão do Plano Diretor Decenalde 1992 buscou-se não romper compressupostos, princípios e diretrizesque continuam válidos. Ao contrário,a proposta foi de reforçar o conteúdo,com foco na complementação do quehavia sido previsto para uma fase pos-terior, em atualizar o que já havia so-frido alteração no periodo de 15 anosque separam as duas iniciativas, e emcumprir as exigências do Estatuto daCidade.

A proposta de revisão do Plano Dire-tor elaborada em 2006 tem como re-ferência o conteúdo do Plano Diretorde 1992 em vigor. Os planos diretoresproduzidos no Brasil pós Constituiçãode 1988 sinalizaram para a incorpo-ração de instrumentos de planejamen-to municipal - tributários e financei-ros - jurídicos e políticos1, cuja efetivaaplicação, no entanto, esbarrou naausência de um marco legal de âmbi-to federal que os regulamentasse. Coma existência do Estatuto da Cidade,torna-se possível definir as bases paraaplicação dos instrumentos de políti-ca urbana.

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p. 4 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

SUMÁRIO

PREFÁCIOOS PLANOS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

PARTE IANTECEDENTES, FUNDAMENTOS E ELABORAÇÃO

1. INICIATIVAS PARA REVISÃO DO PLANO DIRETOR2. AVALIAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE 1992

3. PREMISSAS PARA REVISÃO DO PLANO DIRETOR4. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA REVISÃO DO PLANO DIRETOR

PARTE IIRECONHECIMENTO DA CIDADE

1. CRESCIMENTO URBANO1.1 Breve histórico

1.2 Dinâmica demográfica1.3 Dinâmica econômica1.4 Dinâmica imobiliária

2. CONDIÇÕES AMBIENTAIS2.1 Meio ambiente

2.2 Saneamento ambiental

3. SITUAÇÃO HABITACIONAL3.1 Favelas

3.2 Loteamentos irregulares3.3 Déficit habitacional

4. PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL4.1 Histórico

4.2 Acervo Cultural por Área de Planejamento

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p.5Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

5. TRANSPORTE5.1 Quadro geral5.2 Sistema viário5.3 Sistema sobre trilhos5.4 Sistema hidroviário

PARTE IIIPLANO DIRETOR EM 2006: PROPOSTA DE POLÍTICA URBANA

1. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA POLÍTICA URBANA

2. ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO2.1 Uso e ocupação do solo2.2 Macrozoneamento2.3 Ordenação para o planejamento

3. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA3.1 Instrumentos gerais de regulação urbanística3.2 Instrumentos de planejamento urbano3.3 Instrumentos de gestão do uso e ocupação do solo3.4 Instrumentos de gestão ambiental e cultural3.5 Instrumentos financeiros, orçamentários e tributários3.6 Instrumentos de gestão da política urbana

4. POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS

5. ÍNDICES DE APROVEITAMENTO DO TERRENO

ABREVIATURAS

BIBLIOGRAFIA

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Na visão de alguns críticos, faltou ao Rio de Janeiro um efetivo planejamento de seu território. A cidade teria crescido demodo espontâneo, sem lógica ou ordem estruturadora, e daí viriam os problemas e dificuldades freqüentemente apontados,em comparação a outras cidades, em diferentes contextos geográficos e administrativos. Entretanto, estudos recentes com-provam exatamente o contrário, quando demonstram a existência de um longo processo de pensamento sobre a organizaçãodo espaço da cidade.

Conforme pesquisas realizadas pelo geógrafo Maurício de Almeida Abreu, desde a ocupação do Morro do Descanso(futuro Morro do Castelo) em 1567, a metrópole portuguesa possuía um conjunto de normas – mínimo, mas efetivo –, paraa cidade real que se formava. Nos dois séculos seguintes, o crescimento e a ocupação do Rio de Janeiro foram limitados porcondicionantes físicos e por reduzidas funções de caráter administrativo. O território urbano era definido por um perímetrodelimitado por quatro morros, cujo processo de crescimento gradativo se expandiu da orla principal (local do porto e dafutura Praça XV), partindo da Rua Direita, na direção do interior. As ruas abertas assumiam funções de conexão entre pontosfocais do aglomerado e obedeciam normas de alinhamento e largura, para atender às exigências do transporte e circulaçãovigentes.

No final do século XVIII, a configuração urbana já apontava o que viria a ser no futuro. O centro, acanhado e confinado,ganhava novas características nas suas vertentes sul – local de lazer e passeio da população nos jardins do Passeio Público,resultado do aterro da Lagoa do Boqueirão –, e norte, em que as atividades de trabalho, as trocas comerciais com o interiorda Baía da Guanabara e a comercialização de escravos ocorriam.

A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil e a fixação de sua residência na Quinta da Boa Vista promoverá umaocupação nobre da região, com o desenvolvimento do futuro bairro de São Cristóvão. Outra Quinta, a do Caju – o primeirobalneário carioca –, assim como a Fazenda Real, nas distantes terras de Santa Cruz, também tiveram origem nesse contexto.

Data dos tempos de D. João a iniciativa de aterramento de terrenos alagados do Mangal de São Diogo, e, por meio daisenção da décima urbana, surge a Cidade Nova, a meio caminho entre a residência real e o núcleo urbano. O novo statusvivenciado pelo Rio de Janeiro como sede da metrópole portuguesa contabilizou assim não apenas melhoramentos comonovos edifícios, atividades administrativas e culturais, como também o crescimento do território e o surgimento de novosredutos residenciais para melhor atender às exigências de conforto e adaptação dos estrangeiros ao rigor de um climatropical.

É com a vinda da Missão Francesa que se inicia uma nova época. Ao risco dos projetistas, o espaço passa a ser objeto dealterações, ainda que na sua maioria tenham permanecido no papel. Este foi o caso das grandes avenidas propostas porGrandjean de Montigny, que rasgariam o centro velho para ampliar perspectivas e embelezar a cidade. A independência dopaís promoveu o crescimento da capital e trouxe consigo novos desafios. Em 1843, foi apresentado à Câmara Municipal umdossiê contendo propostas de Henrique Rohan de Beaurepaire, o então diretor de Obras Públicas, destinadas à remodelaçãoda cidade, sugerindo obras que priorizavam a salubridade pública, o aformoseamento da cidade e a comodidade de seushabitantes. Vale registrar que, na ocasião, era recomendada a demolição de cerca de 40% das edificações existentes, para quea reconstrução obedecesse a critérios como largura dos logradouros (8 braças, 17,60m), extensão de quarteirões (30 braças,66,00m) e testada de lotes (6 braças, 13,20m).

Ao tratar de outras questões como o levantamento do patrimônio municipal, na forma de uma carta cadastral, os investi-mentos que deveriam ser efetuados no interior do município, sobretudo em estradas, pontes e caminhos que facilitassem oescoamento da produção agrícola e a urgente ampliação dos impostos a serem aplicados na melhoria da urbanização dacidade, Beaurepaire formatou um plano de intenções destinado a alterar a cidade existente, modelando-a segundo melhorescondições de higiene, aeração, circulação e padrão construtivo de suas edificações. Ainda que o documento tenha sidopublicado e a cidade, dele tenha tomado ciência, a abrangência e a envergadura das obras recomendadas frente aos recursosnecessários e a outras prioridades acabaram por fazer cair no esquecimento tal iniciativa.

Nos anos de 1875 e 1876, por indicação do Ministério do Império, outro diagnóstico acompanhado de recomendaçõesfoi realizado para a capital. Os relatórios – preparados por uma comissão formada por engenheiros a serviço do governo, echefiada por Francisco Pereira Passos – priorizaram inicialmente o crescimento e expansão da Cidade na direção norte,estabelecendo o modelo considerado adequado e que em muito replicava o bairro de Vila Isabel, iniciativa recente elaboradapelo traço de Bittencourt da Silva. Numa segunda fase era a cidade velha, o trecho mais antigo e comprometido com opassado urbano a ser atacado, aberto, rasgado e alterado para promover a melhor circulação dos fluxos de pessoas, veículose da brisa marítima facilitando a higienização e salubridade da capital.

Em nome destes objetivos, os morros da vertente sul da Cidade, alguns símbolos da arquitetura colonial e muitos dos

PREFÁCIOOS PLANOS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

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densos quarteirões do centro urbano foram condenados ao arrasamento. A preocupação com a questão sanitária, com asepidemias que se agravavam em função da dinâmica econômica da cidade-porto e das condições insatisfatórias de moradiada população, ocupou o centro dos debates sobre o espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro até o inicio do século XX.

Apenas no ano de 1902, durante a gestão de Rodrigues Alves, grandes obras, consolidadas num plano de governo, foramexecutadas no Rio de Janeiro por uma equipe de engenheiros e médicos sanitaristas. Se não era possível fazer tudo quantodesejado, foi realizada, a título de demonstração, a intervenção no trecho mais simbólico da Cidade, que teve caráter educativopara a população. Tais obras estabeleceram uma oportunidade única que atribuiu forma ao pensamento amadurecido eenriquecido por críticas e distintos pontos de vista ao longo de muitos anos.

As reformas urbanísticas empreendidas na capital, que incluíram a realização de desmontes, demolições, aterros, abertu-ra de ruas, a introdução de novos padrões construtivos, aliados aos novos hábitos de lazer, moradia e consumo, alteraram demodo drástico a vida urbana. Era outro o Rio de Janeiro no início do século XX, ou pelo menos era isto que o esforçoempreendido pretendia ressaltar.

Ainda assim, nos anos vinte, outro plano é considerado necessário. Era a cidade das alturas que começava a se impor,fruto das tecnologias construtivas e dos edifícios; as novas “casas de apartamentos”. A contratação de um arquiteto francêse de um conjunto de profissionais, especialistas em distintas áreas do conhecimento, resultou na elaboração de um plano deextensão, remodelação e embelezamento para o Rio. Nele estavam indicadas distintas recomendações que contemplavam ozoneamento, determinando usos adequados por áreas da cidade, intervenções e projetos grandiosos, assim como normaslegais para campos distintos da vida urbana. Muito explorado em suas indicações arquitetônicas, o plano, que ficou conhe-cido pelo nome de seu principal formulador, Alfred Agache, oferece inovações surpreendentes para o seu tempo, antecipan-do preocupações atuais com o saneamento urbano, o uso inteligente dos recursos hídricos, o controle das enchentes, bemcomo a realização obrigatória de planos para cidades com mais de 10.000 habitantes. Sua aplicação, determinada para longoprazo, foi inviabilizada pelos novos rumos tomados pelo país, mas tornou-se fonte de pesquisa e inspirou ações da adminis-tração pública por longos anos.

A mudança do panorama urbano, a emergência da questão da moradia, a modernização dos transportes, a especial con-dição do Rio como cidade-estado após a mudança da capital em 1960 motivaram a contratação de outro estrangeiro,Constantinos Doxiades, detentor do maior escritório de planejamento urbano do mundo à sua época, para realizar mais umplano para a cidade. Os resultados, ainda hoje apontados como um dos melhores levantamentos quantitativos produzidossobre nossa cidade, registram um método de pensar intervenções compatibilizando escalas do espaço físico com a vidacomunitária e deixam duas propostas mais detalhadas, uma delas inspiradora da renovação urbana implantada na CidadeNova.

Pouco tempo depois, por força de outra alteração administrativa promovida na Cidade, é realizado o Plano Urbanísticoda Cidade do Rio de Janeiro, o PUB- Rio, esforço de técnicos brasileiros no reconhecimento das situações do urbano a seremenfrentadas pela reinserção do Município, agora capital, no Estado do qual havia sido recortado no passado. Nas contribui-ções do Plano encontram-se as estratégicas divisões do território como áreas de planejamento sobre as quais acumulam-selevantamentos, diagnósticos e diretrizes de desenvolvimento que estabeleceram um modo duradouro de pensar e agir sobreo espaço físico carioca. Desde os anos setenta, o documento síntese e seu raciocínio acompanham as iniciativas de planeja-mento e produção de planos, programas e projetos sobre e para o Rio. Foi assim no plano diretor de 1992 e no que agora seapresenta como sua revisão.

O Plano Diretor Decenal aprovado em 1992 foi construído no âmbito da discussão da Reforma Urbana, que fora desta-que nos debates da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica Municipal. Seguindo os preceitos do movimento nacio-nal, o Plano de 1992 pretendia não se limitar a soluções técnicas e propostas físico-territoriais, procurando uma atuação maisabrangente na gestão da Cidade e uma distribuição mais equilibrada dos benefícios da urbanização. Para tanto, o Planoavança nas políticas setoriais e introduz alguns instrumentos legais de implementação da política urbana que propõe.

Na longa história carioca torna-se impossível afirmar que não houve dedicação e trabalho de técnicos, profissionaisinteressados na construção de uma cidade mais humana, bela e organizada. Entretanto, neste esforço acumulado, é precisodiferenciar o planejamento, enquanto um processo contínuo, do plano, instrumento que cristaliza num determinado tempo asdecisões e as formas idealizadas para sua concretização.

Esta parece ser a questão de fundo a enfrentar e a assumir como objeto de discussão. E neste sentido, ganha maiorimportância todo o esforço dos responsáveis pela realização da presente tarefa, que com um corte no tempo, produz umplano que avalia, revisa e atualiza um processo de pensar, vale dizer, planejar a cidade do Rio de Janeiro.

Centro de Arquitetura e UrbanismoCoordenadoria Geral de Planejamento Urbano

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p. 8 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

PARTE IANTECEDENTES, FUNDAMENTOS E ELABORAÇÃO

A revisão da Lei Complementar nº. 16, de 04/06/1992, que institui oPlano Diretor Decenal da Cidade, é a base da proposta de revisão apre-sentada em 2006.

A discussão da revisão do Plano incluiu atividades executadas por téc-nicos municipais e ações institucionais da Prefeitura. Na avaliação dos dis-positivos da lei do Plano Diretor vigente verificaram-se princípios e eixosde atuação que deveriam permanecer e necessidades de ajustes e de acrés-cimos à Lei.

O processo de revisão exigiu encaminhamentos voltados para a articu-lação intersetorial e a participação social, que tiveram a coordenação daSecretaria Municipal de Urbanismo.

1. INICIATIVAS PARA REVISÃO DO PLANO DIRETOR

A proposta de revisão do Plano Diretor Decenal (Lei Complementarnº. 16/92) foi iniciada no final do ano 2000, pela Gerência de ProjetosEstratégicos da então Coordenadoria Técnica de Urbanismo da Secre-taria Municipal de Urbanismo, conforme consta no documento “NovasContribuições para o Processo de Avaliação do PDD”, trabalho realiza-do em 2003.

As primeiras atividades corresponderam a discussões e oficinas in-ternas realizadas no âmbito daquela Coordenadoria, cujos resultadosforam incorporados no documento intitulado “Indicações Preliminarespara a Revisão do Plano Diretor”, elaborado em 2001. Neste documen-to constam não só os resultados das oficinas, mas também subsídiosespecíficos produzidos por técnicos lotados nas demais gerências daCoordenadoria.

Uma pesquisa sobre estruturas formais de vários planos diretoresentão em vigor ou em andamento (Rio de Janeiro, Belém, Belo Hori-zonte, Porto Alegre e São Paulo), e do Plano Estratégico do Rio deJaneiro foi produzida pela mesma Coordenadoria Técnica de Urbanis-mo, especificamente pela Gerência de Normas Urbanas, sendo consoli-dada em documento intitulado “Planos Diretores – Lógicas Estruturais”2.

Em julho de 2001, foi criada pelo Decreto nº. 19.677 de 22/3/2001,uma Comissão de Coordenação do Plano Diretor - C-Plan, constituídapor representantes da Procuradoria Geral do Município (órgão que tevea função gestora dos trabalhos), e por representantes do Gabinete doPrefeito, da Controladoria Geral do Município e das Secretarias Muni-cipais de Urbanismo, de Governo, de Fazenda, de Administração e deHabitação.

Em setembro de 2001 a Secretaria Municipal de Urbanismo preparou eencaminhou sugestões para alterações pontuais nessa proposta de ajustepublicada.

A Secretaria Municipal de Urbanismo, após a realização de uma ofici-na no dia 25/05/2001, havia concluído a necessidade de um prazo até ofinal de dezembro de 2001, para apresentar as propostas na sua área decompetência, dando seqüência nos trabalhos realizados no final de 2000 einício de 2001. Os resultados acresceram os estudos já efetuados.

2Os trabalhos “Indicações Preliminares para a Revisão doPlano Diretor” e “Planos Diretores – Lógicas Estruturais” sãocitados em “Novas Contribuições para o Processo deAvaliação do PDD”, de 2003.

A C-Plan consolidou propostas de ajustes doatual Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio deJaneiro, encaminhadas pelas Secretarias Munici-pais de Esportes e Lazer, de Meio Ambiente, deTransportes, de Habitação, de Projetos Especiais,das Culturas, de Fazenda, de DesenvolvimentoSocial, de Obras, de Governo, de Educação, deTurismo, de Administração; as fundações Rio-Águas, Rio Esportes, Planetário, e Lar e EscolaFrancisco de Paula; a Companhia Municipal de Lim-peza Urbana (COMLURB); o Instituto Municipal deUrbanismo Pereira Passos (IPP); a Rio-Urbe e aRio-Filmes.

A proposta de ajuste realizada pela C-Plan foipublicada no Diário Oficial do Município do Rio deJaneiro de 11/09/2001, como suplemento ao De-creto nº. 20.499 de 06/09/2001, publicado no Diá-rio Oficial de 10/09/2001.

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p.9Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

3Comissão instituída para discutir a criação do Conselho

Municipal de Política Urbana.

Em 19/12/2002, por iniciativa da Secretaria Municipal de Urbanismo,foi realizada na Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, a pri-meira de uma série de oficinas sobre a revisão do Plano Diretor Decenal.

Em maio de 2003 a Secretaria Municipal de Urbanismo, após umareestruturação interna, retoma a revisão do Plano Diretor da Cidade do Riode Janeiro, a partir de um pequeno Grupo de Trabalho no Gabinete doSecretário.

A primeira etapa dos trabalhos deste Grupo no Gabinete do Secretário con-sistiu em uma avaliação em detalhe, dos títulos, seções e artigos do PlanoDiretor em vigor, seja em relação ao assunto específico abordado seja quantoa sua inserção no contexto da política urbana contemplada no Plano.

Em uma segunda etapa, foi solicitado ao Grupo o desenvolvimento deuma proposta preliminar de revisão do Plano Diretor, em forma de minutade projeto de lei, como ponto de partida para o início das discussões para asua revisão.

Este pequeno Grupo de Trabalho concluiu seus estudos, no final de2003, com a elaboração de uma programação indicando os procedimentosnecessários para a discussão e consolidação das propostas indicadas naminuta de Projeto de Lei.

No final de 2004, ainda no âmbito do Gabinete do Secretário, foramretomadas as discussões com coordenadores e representantes dos setoresinternos da Secretaria Municipal de Urbanismo para tratar do encaminha-mento mais adequado a ser dado a esta matéria. Foram formados grupospara o estudo e a elaboração de propostas referentes aos temas: instrumen-tos, princípios norteadores, estrutura do plano e participação popular, alémda avaliação do Plano Diretor de 1992. Os trabalhos destes grupos gera-ram algumas propostas sobre temas relevantes a serem contemplados emuma nova versão da lei do Plano e uma estrutura preliminar para suareformulação. Também se concluiu ao longo dessas discussões pela manu-tenção ao máximo possível do conteúdo da Lei em vigor, com os acrésci-mos e as alterações necessárias para atender ao disposto no Estatuto daCidade e as críticas que esta Lei vem recebendo.

Em 2005 foi instituído um Grupo de Trabalho através do Decreto nº.25.247/2005, com o objetivo de acompanhar e coordenar, no âmbito doExecutivo Municipal, o processo de revisão e alteração do Plano Diretorda Cidade. Coordenado pela Secretaria Municipal de Urbanismo, foi esta-belecido um prazo de 180 dias para seu funcionamento. Este foi o grupoque elaborou a proposta de revisão do Plano Diretor Decenal encaminhadaà Câmara Municipal, denominada Substitutivo n° 3.

Em paralelo, também em 2005, foi instituída na Câmara de Vereadoresa Comissão Especial de Revisão do Plano Diretor, que promoveu o Semi-nário “Plano Diretor - o desafio da nova ordem jurídico-urbanística”, entre15 de abril e 20 de maio, a fim de aprofundar e democratizar a discussãorelativa ao Plano, além de recolher informações e elementos para subsidiaros trabalhos dos parlamentares em relação a sua revisão.

O produto da primeira oficina realizada por ini-ciativa da Secretaria Municipal de Urbanismo em2002 está documentado numa memória preliminardo evento, que informa terem sido os participan-tes, basicamente, representantes das organizaçõesque compunham o plenário do Pró-COMPUR3 eprofissionais de órgãos da administração munici-pal que tiveram atuação destacada na elaboraçãoe implementação do Plano Diretor Decenal de 1992.

Os dois documentos anteriormente, produzidos,durante a gestão da Coordenadoria Técnica deUrbanismo - “Indicações Preliminares para a Revi-são do Plano Diretor” e “Planos Diretores – Lógi-cas Estruturais” – e as demais propostas feitas,foram entendidas não só como parte integrante doprocesso de revisão do Plano Diretor da Cidadedo Rio de Janeiro, mas, principalmente, como basee ponto de partida para o trabalho realizado em2003.

Neste trabalho foram ainda considerados osprodutos e sugestões obtidas em discussões reali-zadas em reuniões no Pró-COMPUR e na oficinada Fundação Planetário.

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p. 10 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

2. AVALIAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE 1992

O Plano Diretor Decenal de 1992 foi inovador por ter sido um dos pri-meiros a incorporar várias das propostas do Movimento Nacional pelaReforma Urbana. Avançou nos princípios relativos à função social da pro-priedade e da cidade, ao reconhecimento do direito à moradia, à regulari-zação de favelas e à aplicação de instrumentos jurídicos como o IPTU pro-gressivo no tempo e solo criado (outorga onerosa do direito de construir).Também foi pioneiro ao estabelecer instrumentos de controle do impactoambiental, participação popular na gestão da cidade e criação de conselhosmunicipais.

Como discutido em um dos estudos realizados na Secretaria Municipalde Urbanismo em 2001, “foram sem dúvida avanços, mas avanços incom-pletos, que poderão ganhar novo fôlego e factibilidade a partir da entradaem vigor dos novos institutos jurídicos instituídos pelo Estatuto da Cidadee de uma revisão do conteúdo do Plano Diretor, no qual estão inseridos” 4.

O trabalho desenvolvido na Secretaria Municipal de Urbanismo em2003, que buscou aprofundar a avaliação do conteúdo da Lei do PlanoDiretor Decenal em vigor com base nos estudos e propostas realizadas atéentão, apontou os seguintes itens a considerar na sua revisão:

O primeiro item diz respeito à hierarquia normativa vinculada aoPlano Diretor. Quando da aprovação do Plano Diretor Decenal de1992, a Constituição de 1988 era o único instrumento legal no âm-bito do governo federal a nortear a elaboração do Plano, indican-do a sua prevalência em relação a outros instrumentos de regulaçãourbanística do uso e ocupação do solo. Com a aprovação do Esta-tuto da Cidade, lei federal nº. 10.257 de 10/07/2001, os planos di-retores passam a sujeitar-se às suas previsões, apontando a neces-sidade de adequação e revisão do Plano Diretor em vigor.

O segundo refere-se ao macrozoneamento entendido como instru-mento básico para o ordenamento do uso do solo. No Plano Diretorde 1992, o território municipal é dividido em áreas comprometidascom a ocupação urbana ou com sua expansão, em áreas de restri-ção à ocupação por razões de proteção ambiental ou de destinaçãoagrícola, e em áreas totalmente impróprias à ocupação. Estacompartimentação voltada basicamente para a proteção do meioambiente mostrou-se insuficiente para orientar os vetores de cres-cimento da cidade e definir as principais diretrizes para a ocupa-ção ou reconversão do território municipal de forma sustentável. Autilização adequada do solo para garantir a qualidade de vida dapopulação com a dinamização da economia da cidade pressupõe acompatibilização da proteção do meio ambiente com o desenvolvi-mento econômico e social.

O terceiro item é relativo a uma concepção ainda idealizada daCidade pelo Plano Diretor de 1992. Cabe ao novo Plano Diretor,além de estabelecer as normas para a condução do seu desenvolvi-mento sustentável, definir as prioridades de ação do Executivo apartir de uma visão estratégica. Ou seja, o Plano Diretor deve serao mesmo tempo normativo e estratégico, incorporando a dimen-são política e a existência de conflitos de interesse.

O quarto diz respeito ao tratamento das políticas setoriais de mododesarticulado da política urbana no Plano Diretor de 1992. A revi-são do Plano Diretor deve propor-se à integração dessas políticas,com definição dos objetivos e das diretrizes comuns.

4“Indicações Preliminares para a Revisão do Plano Diretor”,

SMU/ CTU / 2001

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p.11Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

O quinto refere-se à amplitude territorial das políticas e diretrizesdo Plano Diretor de 1992, que ficam restritas aos limites da Cida-de, sem comunicação com as políticas e diretrizes dos municípiosvizinhos. Apenas algumas raras referências são feitas à Região Me-tropolitana ao longo de todo o Plano.

O sexto é relativo à amplitude temporal do Plano Diretor de 1992,que definiu prazos difíceis de serem atendidos para a adoção deiniciativas e medidas nele estabelecidas, sendo que muitos não fo-ram cumpridos.

O sétimo refere-se à falta de clareza e às vezes conflitos na profu-são de objetivos, diretrizes e metas para política urbana no PlanoDiretor de 1992. Carece a definição do que se entende por cidaderegular e ambiente urbano qualificado. Neste sentido, instrumen-tos instituídos no Plano para o controle da ocupação na cidade,que em grande parte se traduzem em ações factíveis ao longo dosanos, necessitam de iniciativas mais abrangentes que busquem re-duzir desigualdades sociais e acompanhem com maior eficácia oprocesso de expansão urbana espontânea, evitando a irregularida-de fundiária, urbanística e edilícia.

O oitavo item é o Sistema Municipal de Planejamento, que é previs-to, porém não instituído no Plano Diretor de 1992, apresentandouma concepção indefinida e incompleta. Não há esclarecimentossobre sua missão nem acerca dos instrumentos com os quais podecontar.

O nono refere-se aos instrumentos da política urbana. De acordocom o disposto no Estatuto da Cidade, na Constituição do Estadodo Rio de Janeiro e na Lei Orgânica Municipal, acresce-se a rela-ção dos instrumentos a serem tratados no Plano Diretor em rela-ção ao Plano de 1992, além de alguns deles necessitarem de revi-são e aperfeiçoamento.

Região Metropolitana do Rio de JaneiroFonte: Fundação Centro de Informações e Dados Estatísticos

do Rio de Janeiro.

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p. 12 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Como décimo item cabe mencionar a falta de vinculação no PlanoDiretor de 1992 entre as matérias relativas à ordenação do territó-rio e a matéria relativa ao uso e à ocupação do solo. São propostasdiferentes divisões do território municipal, sem referência clara àsformas de atuação. Considera-se a diferenciação entre os recortesurbanísticos, político-administrativos ou ambientais. As diretrizesde uso e ocupação do solo são previstas por Área de Planejamento,sem consideração à Cidade como um todo.

O décimo primeiro item refere-se aos aspectos essenciais de uso eocupação do solo, abordados no Título IV da lei do Plano Diretorde 1992. Neste Título da lei a estrutura urbana básica é entendidacomo o conjunto das áreas residenciais e industriais e o sistema decentros de comércio e serviços hierarquizados e integrados por umarede estrutural de transportes. Esta proposta aponta para uma ci-dade dividida espacialmente segundo as funções morar, trabalhare circular, vinculada, portanto, ao urbanismo funcionalista atual-mente considerado inadequado às reais necessidades urbanas. Háque se repensar uma nova proposta de estrutura urbana para aCidade.

O décimo segundo item diz respeito aos instrumentos de regulaçãodo uso e ocupação do solo indicados no Plano Diretor de 1992: aLei de Uso e Ocupação do Solo - LUOS e o Projeto de EstruturaçãoUrbana – PEU. Sobre eles cabem as algumas observações, tendoem vista alguns equívocos quanto ao seu tratamento e a larga ex-periência já adquirida pela Secretaria Municipal de Urbanismo nasua aplicação, e a revisão das disposições que lidam com a matériano Plano Diretor.

O objetivo central do PEU definido no Plano Diretor Decenal de1992 é regulamentar o controle do uso e ocupação do solo e orientar asações da administração para as Unidades Espaciais de Planejamento - UEP,desde que atendido o disposto no Plano Diretor e ouvida a população en-volvida. Entretanto, não é relacionado no Plano como legislação de con-trole do uso e ocupação do solo. Em decorrência, o PEU fica também semum contorno exato.

A referência no Plano de 1992 ao Projeto de Estruturação Urbana en-quanto instrumento que trata da estruturação das UEP pela hidrografia,hierarquização das vias, definição das intensidades de uso e ocupação edeterminação de áreas para equipamentos urbanos, não tem uma corres-pondência na definição do conteúdo mínimo da lei do PEU. Se o Projetode Estruturação Urbana atendesse às exigências previstas exigiria a abor-dagem de diretrizes próprias das políticas setoriais. O atendimento à deter-minação de áreas para equipamentos urbanos seria dificultado pela ausên-cia de especificação dos equipamentos a serem tratados.

Quanto à Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), onde deveria sermencionado seu conteúdo no Plano Diretor de 1992, consta apenas a pre-visão da divisão do Município em Zonas e Áreas, e as denominações edefinições de cada uma delas. A LUOS é apresentada como a legislaçãogeral de controle do território e a base para a elaboração dos Projetos deEstruturação Urbana. Nela constariam as principais diretrizes e orienta-ções para o uso e a ocupação do solo no território municipal, refletindo-senos PEUs e nas demais normas que abrigassem uma regulamentação urba-nística.

Áreas de planejamento são recortesterritoriais estabelecidos pelo PlanoPUB-Rio em 1977 para a gestão des-centralizada do Município. Atualmen-te a cidade do Rio de Janeiro possuicinco áreas de planejamento corres-pondentes a:

AP1 – área central, área portuária,Santa Teresa e Paquetá;

AP2 – Zona Sul, Tijuca, Vila Isabel eimediações;

AP3 – área suburbana;

AP4 – Barra da Tijuca e Jacarepaguá

AP5 – Zona Oeste.

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p.13Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Densidade Demográfica por Bairro - 2000Fonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de

Urbanismo Pereira Passos

Cabe ainda mencionar, relativo ao uso e à ocupação do solo no PlanoDiretor de 1992, as chamadas áreas de crescimento limitado, sendo aque-las consideradas como saturadas pelo poder público, segundo critérios dedensidade demográfica frente às condições físicas, urbanísticas e ambientais.São áreas que se delimitam por uma ou mais ruas, uma ou mais quadras, ouo bairro, incompatíveis com o aumento de suas densidades. A densidademáxima indicada no Plano é de 500 habitantes por hectare, sem definiçãode índices ou parâmetros de referência para estabelecer esta limitação.

Há que se repensar o critério de densidade e o índice estabelecido noPlano, pois se considerado o bairro como unidade de referência, não háefetivamente nenhuma área saturada na Cidade. Os bairros mais densos doRio de Janeiro são Catete e Copacabana, que apresentam, respectivamente,densidades de 422,3 hab/ha e 389,50 hab/ha, portanto, abaixo dos 500 hab/ha estabelecidos como marco para saturação.

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p. 14 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

3. PREMISSAS PARA REVISÃO DO PLANO DIRETOR

A lei do Plano Diretor de 1992 expressa em seus princípios e instru-mentos propostos, conquistas democráticas resultantes de um processo deluta política vivido no país ao longo da década de 1980. Suprindo lacunasdeixadas pela Lei Orgânica Municipal5, cumpriu seu papel constituinte,mas ao remeter planos e regulamentos urbanísticos à elaboração posterior,não se constitui como instrumento acabado de gestão da política urbana.

No encaminhamento das discussões relativas à revisão do Plano Diretor Decenal,tendo em vista o prazo estabelecido pelo Estatuto da Cidade e o ambiente político esocial em que o trabalho se insere, optou-se por, além de preservar ao máximo asconquistas obtidas com o Plano Diretor em vigor, incorporar a ele o aprendizadocom os sucessos e insucessos vividos ao longo dos anos de sua implementação.

No novo texto de lei revisada do Plano Diretor foram absorvidas críticas exis-tentes e incorporadas novas propostas construídas no âmbito do Executivo Munici-pal, sem, contudo, romper com os pressupostos, os princípios e as diretrizes doPlano Diretor Decenal de 1992. A proposta foi de reforçar seu conteúdo, com o focona complementação do previsto para uma fase posterior, em atualizar o que já haviasofrido alteração no período dos últimos 15 anos desde a aprovação do Plano vigen-te, e em cumprir as exigências do Estatuto da Cidade.

Quanto à abordagem da gestão do planejamento, optou-se nesta revisão em2006 por um maior detalhamento do Sistema Municipal de Planejamento, preven-do-se a integração das políticas setoriais e a possibilidade de articulação com osmunicípios vizinhos.

4. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA REVISÃO DOPLANO DIRETOR

O processo de revisão do Plano Diretor Decenal de 1992, a partir dainstituição do Grupo de Trabalho já citado, no âmbito do Executivo Muni-cipal, através do Decreto nº. 25.247 de 14/05/2005, compreendeu a reali-zação de uma série de atividades desenvolvidas por técnicos dos órgãosmunicipais, tendo como referência o texto da lei Complementar n° 16/1992 – Plano Diretor Decenal.

Integraram oficialmente o Grupo de Trabalho os seguintes órgãos:

Secretaria Municipal de Urbanismo – coordenação

Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos;

Secretaria Municipal de Fazenda;

Secretaria Municipal de Habitação (atual Secretaria Municipaldo Habitat);

Secretaria Municipal de Transportes;

Secretaria Municipal de Meio Ambiente;

Secretaria Municipal das Culturas;

Secretaria Especial de Turismo;

Secretaria Especial do Plano Estratégico (atualmente dissolvida).

Permanecem atuais os princípios quenortearam o Plano Diretor de 1992 e grande partedas ferramentas nele instituídas. São princípios noPlano:

O cumprimento da função social da cida-de e da propriedade urbana.

A valorização e a proteção do meio ambi-ente e do patrimônio natural, cultural epaisagístico no processo de desenvolvimen-to da Cidade.

A prevalência do interesse coletivo sobre ointeresse particular.

A universalização do acesso à terra e à mo-radia regular.

A efetiva participação da sociedade no pro-cesso de planejamento.

A distribuição justa e equilibrada da infra-estrutura, dos serviços públicos e dos be-nefícios da urbanização.

As ferramentas instituídas pelo Plano Diretorde 1992 que se mantém atualizadas são:

A inclusão da obrigatoriedade de partici-pação popular.

Os instrumentos propostos pelo MovimentoNacional de Reforma Urbana.

O reconhecimento da cidade real atravésda criação de Áreas de Especial InteresseSocial.

A criação de programas habitacionais: pro-gramas de urbanização e regularizaçãofundiária de favelas e loteamentos de bai-xa renda; programa de lotes urbanizados;programa de construção de habitação paraa população de baixa renda.

Os instrumentos de controle de impactoambiental.

Os conselhos e fundos municipais.

Os instrumentos que auxiliam na gestãopública das particularidades regionais elocais.

5A Lei Orgânica Municipal foi publicada em 05/05/1990.

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p.15Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Além dessas, a Procuradoria Geral do Município e a Secretaria Munici-pal de Obras e Serviços prestaram uma colaboração.

No início dos trabalhos do Grupo acima referido foram debatidos osestudos já consolidados pela Secretaria Municipal de Urbanismo anterior-mente, e promovidas avaliações dos representantes dos outros órgãos emrelação às atividades e aos programas implementados em seus respectivossetores.

Estes debates iniciais também buscaram identificar as questões re-levantes e os problemas ou aspectos da realidade urbana específicos daCidade do Rio de Janeiro que deveriam ser abordados na revisão doPlano Diretor.

Com base nas avaliações e na definição das questões relevantes, foramdefinidos e consolidados os princípios e objetivos do Plano Diretor revis-to, que passaram a constituir as referências gerais a orientar a revisão daspolíticas, instrumentos, programas e ações a ser incluídos no novo Projetode Lei.

GRUPO DE TRABALHO E SUBGRUPOS TEMÁTICOS

Coube à Secretaria Municipal de Urbanismo, através da suaCoordenadoria de Planejamento Local, exercer a coordenação técnica edar suporte ao Grupo de Trabalho criado em 2005. Como assessoramento aeste Grupo instituiu-se quatro subgrupos com atribuições especificas.

As atividades dos quatro subgrupos foram desenvolvidas paralelamen-te às do Grupo de Trabalho oficialmente instituído, cabendo-lhes a elabo-ração de propostas de acordo com as temáticas definidas para cada um dossubgrupos.

Cada subgrupo, coordenado por um técnico da Coordenadoria de Pla-nejamento Local da Secretaria Municipal de Urbanismo, contou com a pre-sença de representantes dos órgãos municipais participantes do Grupo deTrabalho.

As inúmeras interfaces e complementaridades entre as áreas temáticasabordadas nos subgrupos foram trabalhadas nas reuniões semanais do Grupode Trabalho, bem como em reuniões gerais com todos os técnicos partici-pantes, realizadas com o objetivo de promover a articulação e integraçãodas propostas.

AUDIÊNCIAS PÚBLICAS E SEMINÁRIOS

Durante os meses de agosto e setembro de 2005 foi realizado umciclo de audiências públicas e seminários, coordenados pelo SecretárioMunicipal de Urbanismo, coordenador geral da revisão do Plano DiretorDecenal de 1992, com o objetivo de debater as propostas preliminares de-senvolvidas no Grupo de Trabalho de Acompanhamento e Coordenação enos subgrupos temáticos.

Participaram dos seminários representantes de associações e órgãos declasse da sociedade civil, além dos órgãos municipais que integravam o Grupode Trabalho.

Os seminários foram organizados em torno dos seguintes temas:Estatuto da Cidade e Instrumentos; Educação, Saúde e Assistência Social;

Atribuições dos subgrupos temáticos:

Subgrupo 1: Políticas Públicas Setoriais

Sistematização das informações e di-agnósticos existentes.

Revisão e articulação das políticas pú-blicas setoriais.

Subgrupo 2: Planejamento Territorial

Concepção de um modelo deordenamento territorial e revisão dasdiretrizes por Área de Planejamento.

Definição das disposições sobre uso eocupação do solo e quanto à estrutu-ra urbana básica.

Subgrupo 3: Instrumentos da Política UrbanaRevisão das disposições relativas aosinstrumentos de regulação e controledo uso e ocupação do solo.

Definição dos instrumentos de preser-vação do meio ambiente e dopatrimônio cultural.

Revisão dos institutos jurídicos, polí-ticos, financeiros e tributários.

Subgrupo 4: Gestão da Política UrbanaConcepção de um modelo deimplementação do Sistema de Plane-jamento Urbano.

Proposição da consolidação dos siste-mas existentes: de Planejamento eGestão Ambiental, de InformaçõesUrbanas e de Defesa da Cidade.

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p. 16 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Transportes; Infra-estrutura e Águas; Habitação; Patrimônio Ambiental eCultural; Desenvolvimento Econômico, Turismo, Esporte e Lazer; Uso eOcupação do Solo.

Paralelamente foram realizadas audiências públicas para avaliaçãoe debate das diretrizes para cada Área de Planejamento, promovidas nasseguintes regiões: Santa Teresa, Catumbi, Rio Comprido e Paquetá; ZonaSul; Madureira e Méier; Tijuca e Vila Isabel; Ilha do Governador e Penha;Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes; Campo Grande e Bangu;Jacarepaguá; Santa Cruz, Guaratiba e Sepetiba.

REDAÇÃO DO PROJETO DE LEI

A redação do Projeto de Lei para revisão do Plano Diretor Decenal de1992 acompanhou a seqüência das seguintes atividades:

Consolidação das propostas em uma minuta de lei preliminar,executada pela coordenação técnica do Plano Diretor.

Avaliação e ajustes finais pelo Grupo de Trabalho de Acompa-nhamento e Coordenação da revisão do Plano Diretor.

Encaminhamento da minuta de lei preliminar ao Conselho Mu-nicipal de Política Urbana – COMPUR.

Realização de oficina convocada pela Comissão de Relatoria doPlano Diretor, do COMPUR.

Sistematização das propostas e ajustes decorrentes dos trabalhosrealizados junto ao COMPUR, pela coordenação técnica do Pla-no Diretor.

Encaminhamento e apresentação da proposta ao Prefeito da Ci-dade do Rio de Janeiro.

Em outubro de 2006, a versão final do projeto de lei foi encaminhada àCâmara Municipal sob a forma de Substitutivo n° 3 ao projeto de lei ante-riormente encaminhado em 2001, com a proposta de ajustes no Plano Di-retor Decenal de 1992.

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p.17Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

PARTE IIRECONHECIMENTO DA CIDADE

A Parte II deste Relatório embasa as propostas contidas na revisão do Pla-no Diretor do Rio de Janeiro. Apresenta uma avaliação do contexto atual quese inicia no Plano Diretor de 1992, descrito nos respectivos estudos que servi-ram para a sua elaboração, passa pela análise do desenvolvimento da Cidadenos 15 anos transcorridos de 1992 até 2006 e conclui com a estimativa dasperspectivas atuais. Apóia-se, entre outros, nos seguintes estudos:

Relatório de Indicadores Ambientais do Rio de Janeiro6 ;

Relatório de Gestão da Secretaria de Meio Ambiente no período1994-20047;

Plano Municipal de Redução de Risco8;

Plano Diretor de Transportes da Cidade do Rio de Janeiro9;

Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana doRio de Janeiro10;

Relatório de Licenças e Habite-se no ano de 200611.

Esta parte do trabalho foi feita com base nas informações levantadas pordiferentes orgãos da Prefeitura, especialmente a Diretoria de Informações Ge-ográficas do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos. Nesta parte doRelatório aborda-se o crescimento urbano, as condições ambientais, opatrimônio histórico e cultural, os transportes e os assentamentos informaisurbanos.

O Rio de Janeiro, pelo seu destaque nacional e internacional, tem sido aolongo do tempo objeto de inúmeros estudos e análises da sua evolução urbana,que avaliam os caminhos do seu desenvolvimento e estruturação sócio-territorial. Porém a compreensão dos fatores que determinaram o crescimentourbano do Rio de Janeiro por vezes ultrapassa as fronteiras municipais, exigin-do para o seu entendimento uma visão mais abrangente.

Como visto no Prefácio deste Relatório, a Cidade foi e continua sendoobjeto de uma série de planos, programas e projetos, realizados ou não. O dia-a-dia do Rio de Janeiro é debatido e exposto constantemente na mídia, refletin-do a sua importância. Em decorrência, torna-se desnecessário aprofundar-senos aspectos do cotidiano. Mas é preciso entender seus impactos e mostrarcomo as propostas feitas de revisão do Plano Diretor, buscam dar conta depontos positivos e negativos da Cidade na tentativa de um crescimento social-mente includente e ambientalmente sustentável.

Através do “Reconhecimento da Cidade” o objetivo é encontrar as basespara entender a formulação de diretrizes e medidas voltadas a implementar umplano que possibilite encaminhamentos. Em suma, direcionado a um processocontínuo de planejamento, referencial para a gestão da política urbana. Aoidentificar os principais problemas da Cidade, apontou-se para a necessidadede fortalecer instrumentos e ferramentas previstas no Plano Diretor. Os dadosmostram que um dos principais desafios a serem enfrentados é o crescimentoda ocupação informal e a pressão resultante em áreas de preservação ambiental,a ser freado através da articulação entre política habitacional e controle urbanoe ambiental. Mostram também a premência da integração entre políticas detransporte, de uso e ocupação do solo e de habitação como estratégia para umdesenvolvimento urbano sustentável.

6Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,

Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, SecretariaMunicipal de Urbanismo, Secretaria Municipal de Meio

Ambiente – 2005.7

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipalde Meio Ambiente – 2004.

8Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Geo-Rio – 2006.

9Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal

de Transporte – 2005.10

Governo do Estado do Rio Janeiro, Secretaria Estadual deTransportes – 2003.

11Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,

Secretaria Municipal de Urbanismo, Coordenadoria de PlanosLocias – 2006.

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p. 18 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

1. CRESCIMENTO URBANO

1.1 BREVE HISTÓRICO

Uma breve retrospectiva de como a cidade do Rio Janeiro ganha im-portância e complexidade mostra a relevância para a atual configuração desua relação com o circuito do poder. No século XVIII a Cidade se tornoucapital colonial. Meio século depois, distrito neutro da Corte. Logo a se-guir, capital e principal cidade do Império. Antes mesmo do fim do séculoXIX, com o advento da República, tornou-se capital federal. Os seguintesperíodos são indicativos da relação do Rio de Janeiro com estruturas depoder:

1763-1808: capital colonial

1808-1822: município neutro da Corte

1822-1889: capital do Império

1889-1960: capital federal

Plano da Cidade do Rio de Janeiro Capital do Estado do Brazil, 1769Fonte: PCRJ. SMU. CAU. Do Cosmógrafo ao Satélite – Mapas da cidade doRio de Janeiro. 2000. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro. (Manuscritoaquarelado sobre pergaminho)

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p.19Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Município Neutro da Corte e municípios da província do Rio de Janeiro - 1840Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados Estatísticos do Estado do Rio de Janeiro

Nota: Mapa elaborado pela Fundação CIDE com base na carta da província do Rio de Janeiro 1840 (Litografiado Archivo Nacional) e na legislação referente à divisão político administrativa da época em questão.

O núcleo central se originou na extremidade leste do Município. Na segunda metade do século XIX, por conta da modernização dosmeios de transporte, começou a se estender para além da delimitação do antigo núcleo, hoje correspondente à área central. A cidade cresceulinearmente, condicionada pela topografia, mais precisamente em duas linhas: ao Norte e ao Sul dos maciços de montanhas. Desde aí atopografia destaca-se na construção da Cidade.

A estrada de ferro possibilitou a expansão da cidade operária, industrializada, pela vertente ao norte do maciço da Tijuca, enquanto obonde, além de complementar a estrutura viária da vertente norte, foi facilitador da expansão burguesa pela vertente sul. Deste duplocrescimento decorreu padrões de ocupação urbana distintos entre as duas vertentes. As diferenças se acentuaram com o tempo e, emconseqüência, os valores da terra foram se tornando cada vez mais díspares entre as duas áreas.

A área correspondente à vertente sul sempre apresentou um forte interesse imobiliário, atraindo investimentos privados e absorvendogrande parte dos recursos públicos para urbanização. A atual zona sul, que ocupa um percentual pequeno do território municipal e quepossui um patrimônio natural e paisagístico de grande valor, foi totalmente ocupada, restando apenas áreas sob algum regime de proteçãoambiental. A expansão territorial e populacional da vertente sul ampliou-se, então, em direção à Barra da Tijuca, área pouco infra-estruturadae com grande fragilidade ambiental.

A vertente norte obedeceu uma dinâmica de crescimento em direção ao oeste, semelhante à da vertente sul, porém com característicasurbanas distintas e, em relação à sua área e população, com menores investimentos em equipamentos e infra-estrutura urbana. As zonasnorte e suburbana cresceram em direção à zona oeste.

O legado do longo período como sede do estado nacional transparece na configuração urbana no século XX que ultrapassa os limitesdo território carioca. Em 1960, quando a capital é transferida para Brasília, o Rio de Janeiro é transformado na Cidade-Estado da Guanabara.Em 1975 quando a cidade do Rio de Janeiro se torna capital do Estado do Rio de Janeiro, já unificado com a Guanabara, sua malha urbanaestá bastante expandida.

No século XX o Rio de Janeiro consolidou-se também como área metropolitana que alcança, no século XXI mais de 10 milhões dehabitantes. Desses, 55% residem no Município do Rio de Janeiro que, como núcleo metropolitano, é ponto de concentração da região.Apesar deste contexto, e em prejuízo dele, há uma carência de uma estrutura de planejamento que dê conta das demandas de medidas eações conjuntas, articulando as políticas setoriais em âmbito metropolitano.

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p. 20 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Imagem de satélite da região Metropolitana do Rio de Janeiro e arredoresFonte: www.maps.google.com Consulta em 14.10.2008

Entre 1974 e 1989 coube à Fundação para o Desenvolvimento da Re-gião Metropolitana – FUNDREM - a atribuição de pensar e planejar a re-gião. Mas a conjuntura política em que foi criada inviabilizou a participa-ção ativa dos municípios envolvidos, fator principal para sua extinção como advento da democratização 12.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro inclui na atualidade os mu-nicípios de Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá,Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, SãoJoão de Meriti, Mesquita, Nilópolis, Japeri, Queimados, Seropédica eParacambi. Quando da sua criação, abrangia o município de Petrópolis,posteriormente classificado como Região Serrana. Desde 2001, a divisãoadministrativa do Estado do Rio de Janeiro13 excluiu também os municípi-os de Maricá (incluído na Região das Baixadas Litorâneas) e os municípi-os de Itaguaí e Mangaratiba (incluídos na Região da Ilha Grande), aindaconsiderados nos dados demográficos mais recentes, do Censo de 2000como integrantes da Região Metropolitana. O recorte vigente tem sidoquestionado por abranger municípios sem participação efetiva na dinâmi-ca metropolitana.

Estudos recentes14 constatam que na atual década consolidou-se a ten-dência de desaceleração das taxas de crescimento demográfico no Municí-pio e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, sendo detectados fluxosmigratórios em direção a outras regiões do Estado.

12De acordo com Oliveira (2000), “inicialmente, a FUNDREMatuava como assessoria técnica às prefeituras, principalmente,na elaboração de planos diretores e na tentativa de gestão dosserviços de interesses comuns.... Mas sua importância comoórgão de planejamento foi sendo esvaziada, por interessescoorporativos dos sucessivos governos estaduais eprincipalmente, pela desativação dos fundos federais dedesenvolvimento urbano, no início dos anos 80, até suaextinção total em 1983. Sem recursos para estimularas demandas que a mantivessem com visibilidade, aFUNDREM foi extinta em 1989.”

13A Lei Complementar 87/1997 alterada pelas leis 89/1998 e 97/2001 definiu as regiões administrativas do Estado do Rio deJaneiro e os municípios que as compõem.

14Oliveira, F., Cavaliere, F., “.Novas estimativas do IBGE para apopulação do Rio de Janeiro Nota técnica“ de Fabrício Leal deOliveira e Fernando Cavallieri no Instituto Pereira Passos ondefoi realizada uma avaliação da situação demográfica do Estadodo Rio de Janeiro e da proporção populacional do Municípiosobre Estado e Região Metropolitana.

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p.21Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Região Metropolitana do Rio de Janeiro e municípios excluídos pela divisão administrativa vigente no EstadoFonte: PCRJ/ Secretaria Municipal de Urbanismo/Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano.

1.2 DINÂMICA DEMOGRÁFICA

Para a primeira década do século XXI, os percentuais projetados dapopulação do Município do Rio de Janeiro sobre as populações do Estadoe da Região Metropolitana praticamente não mudam, permanecendo emtorno de 40% e 55%, respectivamente. Isto se explica pela queda tanto dastaxas do crescimento demográfico do Rio de Janeiro quanto de boa partedos municípios fluminenses, especialmente para o período 2000-2006.

(1) – Baixada Fluminense: Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, NovaIguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti, Seropédica(2) – Leste Metropolitano: Guapimirim, Itaboraí, Niterói, São Gonçalo, TanguáEvolução da população do Estado e da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (1970-2008)Fonte: IBGE, censos 1970, 1980, 1991, 2000. Estimativa 2008.Tabulação: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

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p. 22 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Na comparação entre regiões de governo do Estado do Rio de Janeiro,boa parte registrou taxas decrescentes de crescimento demográfico a partirde 1980, o que já acontecia com a Região Metroplitana a partir de 1960. Apartir das projeções de crescimento demográfico estimadas pelo IBGE em2008, observa-se que, exceto pela maioria dos municípios mais beneficia-dos pelos royalties do petróleo, essas taxas foram revistas para baixo.

Há uma tendência de taxas menores no Município do Rio de Janeiroem relação à Região Metropolitana, e desta em relação ao Estado do Riode Janeiro, como aponta o IBGE. A constatação é de um saldo migratórionegativo na capital, que pode ser traduzido e quantificado pela saída anualaproximada de mais de 20.000 habitantes.

Na análise das taxas de crescimento anual das últimas décadas, a Re-gião Metropolitana do Rio de Janeiro apresentou entre 1950 e 1960, a suamaior taxa média de crescimento demográfico anual, de 4,36%. Após esteperíodo, as taxas médias, embora positivas, tiveram ritmo decrescente atin-gindo um ponto de inflexão, de 1,03%, no período entre 1980 e 1991. De1991 a 2000 a taxa de crescimento da Região apresentou uma leve tendên-cia de elevação, com 1,14% ao ano.

Evolução do crescimento populacional do Estado do Rio de Janeiro (1940-2000)Fonte: Fundação CIDE. Centro de informações e Dados Estatísticos do Rio de JaneiroDados: IBGE, CIDE

Evolução da população do Estado do Rio de Janeiro por regiões administrativas (1970-2000)Fonte: IBGE, censos 1970, 1980, 1991, 2000Tabulação: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

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p.23Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

A Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de janeiro - CIDEelaborou um mapa da evolução do crescimento populacional dos municí-pios do Estado do Rio de Janeiro entre 1940 e 2000 através do qualespacializa as dinâmicas registradas nos intervalos censitários analisados.O Município do Rio de Janeiro, assim como a maioria dos municípios maispopulosos da Região Metropolitana, se situa em na categoria “diminuiçãodo crescimento”, indicando progressiva redução das taxas de crescimento,contraste com os municípios mais periféricos da Região Metropolitana,nos quais se registra um crescimento constantemente elevado.

O Município do Rio de Janeiro mostra um perfil semelhante, porém,com taxas médias anuais inferiores às registradas na Região Metropolita-na. A maior taxa média anual de crescimento, de 3,36%, foi na década de1950 e o ponto de inflexão, de 0,67%, foi entre 1980 e 1991. Na últimadécada a taxa média anual de crescimento registrou 0,74%, com uma ligei-ra alta em relação à década anterior.

Taxa média geométrica anual de crescimento populacional doMunicípio, da Região Metropolitana e do Estado do Rio deJaneiro,– 1960/2000Fonte: IBGE, Censos 1960, 1970, 1980, 1991, 2000

Na comparação dos mapas por municipios e também por distritos épossível perceber de forma mais clara os vetores de crescimento metropo-litano. Identifica-se um núcleo metropolitano mais denso e áreas menosdensas, com taxas de crescimento demográfico mais altas, nos distritosmais distantes.

Estimativas do IBGE apontam que a população do Município do Riode Janeiro cresceu 4,76% entre 2000 e 2006, considerando taxas médiasanuais de crescimento de 0,78%15. Dados utilizados no PDTU16 indicampara uma tendência de esvaziamento das regiões administrativas de SãoCristóvão (-9,8%), Centro (-13,7%) e Rio Comprido (-7,4%), enquantoque as regiões a oeste da Cidade, como Campo Grande (12,1%), Guaratiba(27,8%) e Barra da Tijuca (32,7%) além da Rocinha (13,9%), são as queapresentam maior crescimento.

Em termos absolutos, Campo Grande (543.508 hab.) e Jacarepaguá(465.094 hab.) são as regiões administrativas que possuem maiores contin-gentes populacionais, seguidos das regiões de Bangu (442.713 hab.), Méier(387.062 hab.) e Madureira (374.719 hab.). As regiões centrais, por outrolado, são as que possuem menores contingentes populacionais.

A cidade do Rio de Janeiro possui uma densidade populacional médiade 52,8 hab/ha. As regiões administrativas da Rocinha (446,8 hab/ha) e doJacarezinho (362,1 hab/ha) são as que possuem maiores densidadespopulacionais, seguidas por Copacabana (315 hab/ha). As de menor densi-dade são Santa Cruz (20,9 hab/ha), Barra da Tijuca (17,0 hab/ha) e Guaratiba(8,5 hab/ha).

15O IBGE fez uma revisão das estimativas de crescimento

demográfico anual na atual década, apontando para uma taxade 0,59% no Município do Rio de Janeiro.

16Plano Diretor de Transporte Urbano da Cidade do Rio de

Janeiro

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p. 24 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Região Metropolitana do Rio de Janeiro com taxas médias de crescimento demográfico anualconsiderando as divisões administrativas por município (1991-2000).

Fonte: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano / Gerencia de Macro-Planejamento

Região Metropolitana do Rio de Janeiro com taxas decrescimento demográfico anual por município (1991-2000)Fonte: PCRJ/ Secretaria de Urbanismo/Coordenadoria Geralde Planejamento Urbano

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p.25Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Região Metropolitana do Rio de Janeiro densidadedemográfica considerando as Áreas de Planejamento dos

municípios do Rio de Janeiro e Niterói (2000)Fonte: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de Planejamento

Urbano / Gerencia de Macro-planejamentoRegião Metropolitana do Rio de Janeiro densidadedemográfica (2000)Fonte: PCRJ/ Secretaria de Urbanismo/Coordenadoria Geralde Planejamento Urbano

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p. 26 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

População e densidade demográfica bruta nas áreas de planejamento – Município do Rio de Janeiro – 1991/2000Fonte: PCRJ, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos com base nos dados IBGE Censos 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000.

População, área territorial e densidade demográfica bruta nas áreas de planejamento – Município do Rio de Janeiro – 1991/2000Fonte: PCRJ, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos com base nos dados do IBGE.

17Indicadores Ambientais da Cidade do Rio de Janeiro. IPP2005, p17

Para além da quantificação da dinâmica demográfica, há a qualificaçãodo perfil deste crescimento que se materializa numa espacialização da qualse constata uma diferenciação sócioespacial, explicada pelas formas dis-tintas de expansão urbana nas áreas de planejamento da Cidade

Em 2005, a publicação “Indicadores Ambientais do Rio de Janeiro”apontava que “a desagregação para o nível das áreas de planejamento daCidade com dados dos censos de 1991 e 2000 permitiu a demonstração dediferenças existentes entre os grupos populacionais nas principaiscompartimentações da cidade”17.

A espacialização destes indicadores, seja por bairros ou por áreas deplanejamento, permite uma compreensão da realidade em diversas escalasde aproximação que certamente ajudará na estruturação de políticassetoriais, de um modo geral, e de uma política de uso e ocupação do solo,em especial.

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p.27Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Através dos levantamentos referentes à dinâmica demográfica, cons-tata-se que, além da formulação de mecanismos de regulação urbanísti-ca, é fundamental criar condições de implementação de uma política deuso e ocupação do solo que observe as necessidades dos diferentesgurpos da população e as particularidades das regiões.

(1) Exclusive os rendimentos dos moradores cuja condição no domicílio era pensionista, empregado doméstico e parente do empregadodoméstico.(2) Inclusive os domicílios cujos moradores receberam somente em benefícios(3) Exclusive os domicílios sem declaração do valor do rendimentoDomicílios particulares e valor do rendimento médio mensal domiciliar, segundo as classes de rendimento mensal domiciliar - 2001.Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001.

Rendimento médio mensal em salários mínimos do responsável por domicílio – Município do Rio de Janeiro – 2000Fonte: PCRJ, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos.

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p. 28 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Média Anual de Transações Imobiliárias na década de 90, por regiões administrativas – Município do Rio de Janeiro – 2000Fonte: PCRJ, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos.

1.3 DINÂMICA ECONÔMICA

A participação da cidade do Rio de Janeiro no contingente da popu-lação trabalhadora fluminense atingiu 40,7%, com mais da metade (53,8%)residente na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 200018. Para amesma época, no Estado do Rio, 50% do Valor Adicionado Fiscal (VAF) e54,9% do Produto Interno Bruto foram gerados pela economia carioca. Aarrecadação de impostos no Município do Rio respondeu por 70,4% doImposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e 65,2% doImposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Quanto àreceita tributária fluminense em 1999, a carioca foi também a maior res-ponsável pelos principais tributos oriundos da atividade econômica e doterritório urbano: 79,7% do Imposto sobre Serviços (ISS) e 71,8% do Im-posto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que acrescidas de outras fontesde menor importância deram à capital do Estado, na média, participaçãoem 72,3% de todas as receitas geradas19.

As informações citadas demonstram o elevado grau de importância dacidade do Rio de Janeiro para a sociedade e economia fluminenses.

Quanto aos setores econômicos desenvolvidos, segundo estudo do eco-nomista do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, Helcio deMedeiros Júnior (2003), o terciário sempre teve um papel proeminente aolongo da história da cidade por sua relevância política: capital da colônia(a partir de meados do século XVIII), local de recepção da família realportuguesa (1808), capital republicana (início do século XX) e do Estado

18Anuário Estatístico (CIDE, 2002)19Idem.

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p.29Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Estrutura do Valor Adicionado do Brasil, do Estado do Rio deJaneiro e do Município do Rio de Janeiro, segundo a

participação percentual dos setores e atividades - 1985/2000Fonte: Armazém de Dados / IPP

/PCRJ

da Guanabara (até 1975). As atividades de serviços se desenvolveram eforam suportadas por uma fração populacional de alta renda.

O mesmo estudo avalia que o setor primário é praticamente inexistente,dada à condição de quase completa urbanização do Município, com a cres-cente ocupação das áreas agropecuárias especialmente na Zona Oeste, poráreas industriais ou para moradia. Estima ainda que a orientação da produ-ção industrial da cidade do Rio de Janeiro para seu mercado interno compouca extroversão nacional e internacional, resultou numa estagnação quelevou à mudança de empresas para fora da Cidade e do estado.

A situação da distribuição dos setores econômicos está ilustrada na ta-bela a seguir, tendo como referência os anos de 1985 e 2000:

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p. 30 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

A importância do setor terciário no Rio de Janeiro é constatada por suaposição na distribuição do Produto Interno Bruto por setores econômicosnas capitais brasileiras. O Rio de Janeiro é a 8ª capital em concentração nosetor terciário (São Paulo é a 21ª), e a 17ª no setor secundário (São Paulo éa 7ª).

Distribuição do PIB por setores econômicos nas capitaisbrasileiras- 2005Fonte: Armazém de Dados / IPP com base nos dados do IBGE- Diretoria de Pesquisas - Departamento de Contas Nacionais -Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2005.

A partir dos dados da Secretaria Municipal de Fazenda, relativos à arre-cadação do Imposto Sobre Serviços – ISS verifica-se a distribuição dasatividades econômicas por regiões administrativas. Em 2001, as maioresconcentrações, em ordem decrescente, estavam no Centro, Botafogo, La-goa, Barra da Tijuca e Rio Comprido. Em 2006, houve uma alteração, ob-servando-se as maiores concentrações no Centro, Botafogo, Barra da Tijuca,Lagoa e Copacabana, apontando a ascensão da Barra e a queda de RioComprido. O Centro passou de 353 milhões para 591 milhões reais arreca-dados.

Para o período de 2001-2006, as maiores variações se deram nas regiõesadministrativas de Guaratiba (693%), Barra da Tijuca (153%), São Cristóvão(133%), Complexo do Alemão (125%) e Portuária (120%) – acima da médiamunicipal (68%). As menores variações se registraram na Rocinha (-23%),Ilha do Governador (-7%), Cidade de Deus (10%) e Vigário Geral (29%).Apesar das variações percentuais, verificam-se menores alterações no Com-plexo do Alemão e na Rocinha em decorrência dos baixos valores arrecada-dos, situados abaixo de meio milhão de reais por ano.

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p.31Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Arrecadação de Imposto Sobre Serviços por Regiões Administrativas – 2001, 2004 e 2006 - não incluídos valores recolhidospara inscrições genéricas e inscrições inválidas, e a receita de Inclusão Predial.Fonte: Armazém de Dados / IPP com base nos dados da Secretaria Municipal de Fazenda - SMF

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p. 32 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

1.4 DINÂMICA IMOBILIÁRIA

De acordo com os últimos censos realizados, a área construída total dacidade do Rio de Janeiro, em 1991 e 2000, era de, respectivamente,126.798.983m2 e 144.336.257m2.

Área construída total, residencial e outras, segundo as áreasde planejamento 2000 e 1991Fonte: PCRJ/SMF/Armazém de DadosDados relativos às transações imobiliárias e concessão de alvarás aju-

dam na compreensão da dinâmica imobiliária da cidade do Rio de Janeiro.As licenças concedidas para construção indicam a tendência do potencialde crescimento urbano, enquanto a concessão de “habite-se” aponta o queefetivamente se concretizou.

No período 1996-2006 foram licenciados cerca de 29 milhões de metrosquadrados de área construída, correspondentes a aproximadamente 20%do total da área construída na Cidade, conforme apuração do CadastroImobiliário da Secretaria Municipal de Fazenda. O somatório das áreas dasconstruções licenciadas nesse período, por áreas de planejamento, é apre-sentada no quadro abaixo.

Área das construções licenciadas, segundo as áreas deplanejamento 1996-2006Fonte: PCRJ/SMU - Coordenadoria Geral de PlanejamentoUrbano.Nota: Os totais incluem construções, modificações comacréscimo e legalizações

Em complemento a esses dados, verifica-se que o total da área de cons-trução licenciada em 2006, incluindo modificações com acréscimos e lega-lizações de 3.942.986m². Assemelha-se ao observado para o ano de 2005,de 3.850.820m², um aumento de 2% em relação ao ano anterior20.

20Estes dados foram consolidados pelo Núcleo de Informações Urbanísticas, da Coordenadoria deInformações Urbanísticas, da Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano, da Secretaria Municipalde Urbanismo, em relatório produzido com base nas licenças de obras e de “habite-se“ concedidospara o ano de 2005 e 2006.

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p.33Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Variação da Área total Construída Licenciada 2005/2006Fonte: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de Planejamento

Urbano / Núcleo de Informações Urbanísticas.

Evolução da Área Total Licenciada 1996-2006Fonte: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de Planejamento

Urbano / Núcleo de Informações Urbanísticas.

Analisando-se os dados relativos à última década, observa-se que amédia anual de área total licenciada no período 1996-2004 manteve-se emtorno de 2,5 milhões de metros quadrados. Excetuam-se os anos de 1997 e2000, cujos totais de área licenciada alcançaram os 3 milhões de metrosquadrados, em grande parte devido ao movimento de licenciamento gera-do com a aprovação de dispositivos legais especiais. Em 1997, foi aprova-da a lei municipal complementar no 31/97, que dispõe sobre a regulariza-ção de obras de construção, modificação ou acréscimo já executadas emedificações que contrariassem as normas urbanísticas e edilícias vigentes.Dois anos depois, foi aprovada a lei municipal complementar no 41/99,que dispõe sobre o licenciamento e o funcionamento de hotéis residênciano Município segundo parâmetros excepcionais21. Só em 2006 aproximou-se dos 4 milhões de m², sob influência de uma conjuntura favorável.

O ritmo elevado de licenças de área de construção iniciado em 2005responde a fatores conjunturais mais duradouros. Diversos indicadoreseconômicos, como a abertura de capital das empresas imobiliárias com acaptação de recursos externos; a participação dos fundos de pensão nomercado imobiliário; a queda da taxa de juros; e de indicadores sociais,como o aumento do salário mínimo e do rendimento médio das famílias,implicaram em mudanças significativas nos investimentos públicos e pri-vados.

Apesar da criação do Sistema Financeiro Imobiliário - SFI em 1997com a aprovação da legislação sobre os Certificados de Recebíveis Imobi-liários - CRIs, sua regulamentação só veio a ser aprimorada em outubro de2005. O SFI representa a possibilidade de associação do capital financeiroe do capital imobiliário, disponibilizando mais recursos financeiros e con-ferindo maior agilidade às empresas construtoras. Os certificados são pa-péis emitidos por instituições securitizadoras baseados em contratos definanciamento de compra e venda, arrendamento e locação de longo prazo.Os investimentos são feitos por fundos de pensão e fundos de investimen-to que compram os certificados de longo prazo.

21A lei 41/99 foi objeto de um processo de inconstitucionalidade,por contrariar a Lei Orgânica Municipal, tendo recebido liminarem 2000, resultando na suspensão de novos licenciamentos,

sendo finalmente deferida em 2005.

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p. 34 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Área Total Licenciada por Bairro e Principais Eixos Viários e deTransporte – 2007Fonte: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de PlanejamentoUrbano / Núcleo de Informações Urbanísticas.

Área Total Licenciada por Bairro e Principais Eixos Viários e deTransporte – 2007Fonte: PCRJ / SMU / Coordenadoria Geral de PlanejamentoUrbano / Núcleo de Informações Urbanísticas.Nota: Os totais não incluem modificações com acréscimo elegalizações

A associação do capital financeiro e do capital imobiliário está tambémna origem da ligação do mercado imobiliário brasileiro com empresas ame-ricanas e européias.

Diante das modificações, o mercado imobiliário ampliou sua atua-ção, atendendo uma gama maior do mercado consumidor e estendendoa área de abrangência dos seus investimentos. Percebe-se a preferênciapor regiões antes pouco valorizadas, que possibilitam a ocorrência deterrenos grandes a custos mais baixos.

As principais características dos novos empreendimentos são a implan-tação em áreas maiores ou iguais a 10.000m² no caso de uso residencial,que possibilite a implantação de vários blocos e muitas unidades (como é ocaso dos empreendimentos Cores da Lapa e Arena Park, entre outros). Emgeral, a preferência é por unidades residenciais com área média de 75m²,localização próxima a grandes eixos de transporte e ligação com a regiãoda Barra da Tijuca. Nesses moldes são construídos prédios na área subur-bana, no entorno do Norte Shopping e nas margens da Linha Amarela.

O destaque nas áreas de construção licenciadas foram as Áreas de Pla-nejamento 1 e 3 – AP 1 e AP 3 (equivalentes à área central e à área subur-bana), com crescimento da área total licenciada de 48% e 42%, respectiva-mente, em relação a 2005.

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p.35Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

No caso da AP 1, observou-se a ocorrência de empreendimentos comerciais deporte, como o situado na Rua Henrique Valadares, com 132 mil m², de um hotel naAv. Marechal Câmara com cerca de 12 mil m² e outro conjunto comercial na Av.Chile, com 60 mil m². Além desses empreendimentos comerciais no Centro, foramlicenciadas duas edificações residenciais multifamiliares no bairro de São Cristóvãototalizando 44 mil m² e 280 unidades no total.

A preferência no uso comercial ainda está voltada para a área central, através daocupação de terrenos vazios e de grandes imóveis construídos, visando a utilizaçãopor grandes empresas. A reforma e ocupação do Edifício Andorinhas pela Petrobrásé um exemplo deste último caso. A construção de empreendimento situado ao ladodo Centro Administrativo São Sebastião, sede da Prefeitura, com locação contrata-da pela BR Distribuidora por 15 anos, enquadra-se no primeiro caso.

Em relação à AP 3, a Região Administrativa do Méier representou 54% do totalde área licenciada, em especial nas áreas próximas ao Norte Shopping, e dentro doperímetro ou nas proximidades da Área de Especial Interesse Urbanístico - AEIUdo Engenhão, nos bairros do Engenho de Dentro, Cachambi e Méier. Destacam-seo empreendimento Arena Park na Av. Dom Helder Câmara, com 8 blocos de 12 e15 unidades, totalizando 991 unidades e 148 mil metros quadrados de área licenci-ada, e o próprio Estádio João Havelange com mais de 140 mil metros quadrados.Ainda na AP 3, a Região Administrativa da Ilha do Governador participa com 11%do total de área licenciada, e a de Madureira, com 10%.

Houve um crescimento de 9% no total de área licenciada na Área de Planeja-mento 4 - AP 4 e uma redução significativa nas Áreas de Planejamento 2 e 5 - AP 2e AP 5. No caso da AP 2, este decréscimo reflete, sem dúvida, o esgotamento deáreas disponíveis para construção, além de confirmar uma tendência para diversifi-cação da localização dos investimentos imobiliários.

O principal fator de crescimento do licenciamento nos últimos anos na AP 5 temsido a demanda por empreendimentos de natureza social regulamentados pela leimunicipal no 40/99, dependentes dos financiamentos feitos pela Caixa EconômicaFederal.

Em termos absolutos, a liderança na distribuição de área total licenciada, para osanos de 2005 e 2006 é da Área de Planejamento 4 - AP 4, que representa 59% dototal. Segue-se a Área de Planejamento 3 - AP 3 com 19%, a Área de Planejamento5 - AP 5 com 8%, a Área de Planejamento 1 - AP 1 com 7% e a Área de Planejamen-to 2 - AP 2 com 6%.

Diferentemente do verificado em termos de área total licenciada, para o período2003 – 2006 houve um decréscimo de área total construída que recebeu o “habite-se”. No ano de 2006, o total foi de 1.479.664m², uma redução de 26% em relação aoverificado em 2005.

Notas:(1) Refere-se, apenas, as licenças contidas nas certidões de habite-se(2) No cálculo das áreas não estão incluídas as áreas de uso comum das edificações mistas.Habite-se – Licenças, Edificações, Unidades e Áreas licenciadas, segundo as Áreas de PLanejamento – Município do Rio de Janeiro – 2006Fonte: PCRJ/ Secretaria Municipal de Urbanismo

A instabilidade que se observa entre a conces-são de licença e de “habite-se” pode refletir o con-junto de mudanças que o mercado imobiliário vemexperimentando ou traduzir a lentidão naconcretização de grandes empreendimentos. Emgeral, admite-se um período de até quatro anospara concretizar o potencial representado pela li-cença inicial.

Nos empreendimentos com área igual ou su-perior a 1.000m², o tempo médio entre o início doprocesso - com o pedido para aprovação do proje-to - e a emissão da primeira licença para obras éde cerca de um ano. Uma vez obtida a licença, otempo médio até a concessão do “habite-se” é deaproximadamente três anos, totalizando quatroanos. Além disso, são possíveis, ainda, de seremexpedidas várias licenças - de modificação de pro-jeto aprovado, de acréscimo de área, de prorroga-ção da obra – prolongando o prazo entre a licençapara obras e a concessão do “habite-se” da cons-trução.

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p. 36 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

2. CONDIÇÕES AMBIENTAIS

2.1 Meio Ambiente

O Município do Rio de Janeiro apresenta condições geográficas quedeterminam a fragmentação da mancha urbana entre maciços. Boa partedesses maciços configura áreas de preservação pela grande importânciaambiental e paisagística. No entanto, essas áreas sofrem pressões perma-nentes por ocupação, ameaçando seus atributos naturais e gerando situa-ções de risco.

Os índices relativos à variação da cobertura vegetal, variação da urba-nização, relação entre unidades de conservação e população, poluição decorpos hídricos e qualidade do ar, apresentados no trabalho “IndicadoresAmbientais da cidade do Rio de Janeiro”22 , foram importantes subsídiosno levantamento sobre o meio ambiente visando a compreensão das trans-formações no espaço carioca. Muitos dos dados apresentados foram levan-tados e organizados pela Diretoria de Informações Geográficas do Institu-to Municipal de Urbanismo Pereira Passos.

Variação da Cobertura Vegetal

No período de 1984 a 2001, houve uma redução gradual da área decobertura vegetal do Município. Consideram-se como classes de vegeta-ção a Floresta Atlântica e seus ecossistemas associados – Mangue eRestinga. A classe de Florestas sofreu uma variação percentual negativa daordem de 16% de 1984 a 2001, enquanto Mangues e Restingas sofreramvariações negativas da ordem de 2,84% e 30,04%, respectivamente. OMunicípio apresenta, em geral, no período de 17 anos, uma redução de15,70% da cobertura vegetal, considerando as três classes de vegetação. Variação da Cobertura Vegetal Nativa – Município do Rio de

Janeiro – 1984/2001Fonte: PCRJ – IPP Indicadores Ambientais da Cidade do Riode Janeiro

22 Indicadores ambientais da cidade do Rio de Janeiro. InstitutoMunicipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP, SecretariaMunicipal de Urbanismo, Secretaria Municipal de MeioAmbiente – Departamento de Tecnologia e Informação. – Riode Janeiro: IPP, 2005. 180p.

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p.37Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

(1) considerando-se “floresta” e “floresta alterada”.(2)considerando-se “mangue” e “apicum”.

Variação da Cobertura Vegetal Nativa de acordo com asclasses – Município do Rio de Janeiro – 1984/2001

Fonte: PCRJ – IPP Indicadores Ambientais da Cidade do Riode Janeiro Em termos das áreas de planejamento, os indicadores apontam para a

redução da cobertura vegetal, nas três classes consideradas, em todas asÁreas de Planejamento, excetuando-se a Área de Planejamento 1 – AP 1que apresentou incremento de 0,7% (3 ha) em área de Floresta, no períodode 1984 a 2001. Constata-se que as maiores perdas na área de coberturavegetal de Floresta ocorreram nas Áreas de Planejamento 3, 4 e 5 - AP 3,AP 4 e AP 5, com índices de redução da ordem de 31%, 13,7% e 24,3%,respectivamente. As Áreas de Planejamento 4 e 5 apresentaram as maioresperdas absolutas de áreas com cobertura vegetal de Floresta, o que signifi-ca uma perda de 4.575 ha, cerca de 91% da área total suprimida no Muni-cípio. As grandes transformações recentes no ambiente natural das AP 4 eAP 5 estão relacionadas com o processo de expansão da cidade em direçãoa essas áreas.

Variação da Área de Floresta por área de planejamento – Município do Rio de Janeiro – 1984/2001Fonte: PCRJ, Secretaria Municipal de Meio Ambiente

A área de cobertura vegetal correspondente à classe de Mangue sofreumaiores perdas relativas na AP 3. A redução de 17,4% equivale, em núme-ros absolutos, a 16 ha de área suprimida. A AP 5 apresentou a menor vari-ação relativa de área de Mangue no Município, equivalente, às maioresperdas em números absolutos por área de planejamento, da ordem de 79ha. Não existem ocorrências de mangue na AP 1 e AP 2.

* considerando-se mangue e apicumVariação da Área de Mangue por área de planejamento –

Município do Rio de Janeiro – 1984/2001Fonte: PCRJ, SMAC

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p. 38 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

A análise da evolução da cobertura vegetal da classe de Restinga per-mite observar a ampla variação da área deste tipo de vegetação, no períodode 1984 a 2001. Nas Áreas de Planejamento 4 e 5, únicas a apresentaremvegetação de Restinga, verifica-se a redução de 42,2% e 22,2% da cober-tura vegetal desta classe, expressando uma ampla ocupação dos ambientescosteiros. Em números absolutos, a perda total representa 30% ou 331 hada cobertura vegetal em relação ao ano de 1984.

Variação da Área de Restinga por Área de Planejamento – Município do Rio de Janeiro – 1984/2000Fonte: PCRJ, Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Variação da Urbanização

O processo de urbanização ocasiona cada vez mais pressãosobre os ambientes naturais do Município do Rio de Janeiro. A variação daárea urbana, de 1984 a 2001, alcançou um patamar de 9.857 ha em termosabsolutos, significando um acréscimo de 23,3 % na área urbana em relaçãoà 1984.

Crescimento da Urbanização – Município do Rio de Janeiro –1984/2001Fonte: Indicadores Ambientais da Cidade do Rio de Janeiro -IPP / SMU / SMAC

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p.39Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

As Áreas de Planejamento 4 e 5 apresentaram os maiores crescimentosabsoluto e relativo - 2.809 ha e 40,9%; 4.964 ha e 35,0%, respectivamente,revelando os vetores de crescimentos intra-urbanos das últimas décadas. AÁrea de Planejamento 3 apresenta o maior percentual de área urbanizadado Município em 2001, equivalente a 16.769 ha, representando 82,4% deseu território total (20.349,1 ha). As menores variações do percentual deáreas urbanizadas correspondem às Áreas de Planejamento 1 e 2, algo emtorno de 4% e 9%, respectivamente.

Variação Percentual da Área Urbana por Área dePlanejamento do Município do Rio de Janeiro - 1984-2001.

Fonte: PCRJ, Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Evolução das Áreas Urbanizadas por Área de Planejamento –Município do Rio de Janeiro – 1984-2001

Fonte: PCRJ, Secretaria Municipal de Meio Ambiente

Unidades de Conservação

De acordo com a lei federal n. ° 9.985, de 18 de julho de 2000, conhe-cida como lei do SNUC, unidade de conservação é o “espaço territorial eseus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com caracte-rísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, comobjetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de admi-nistração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”23. As uni-dades de conservação possuem atributos ecológicos específicos e deman-dam gestão diferenciada, estando submetidas a regras especiais para ma-nutenção de suas qualidades ambientais frente a sua convivência com asdemais áreas urbanas.

O Município do Rio de Janeiro possui 23.408 ha de áreas protegidas24,algo em torno de 19,1% do território, incluindo as unidades de conserva-ção. Em 2004, essa extensão correspondia a 93 áreas protegidas, sendo 34parques, 26 áreas de proteção ambiental, 3 áreas de proteção ambiental erecuperação urbana, dentre outras importantes categorias de proteção. Amaior alteração quantitativa ocorreu no período de 1999 a 2000 em funçãoda criação, no final da gestão 1997/2000, de uma série de unidades deconservação.

23Inciso I do artigo 2º da lei 9.985 de 18/07/2000, que institui oSistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.24Dados de 2004. Fonte: PCRJ, SMAC.Indicadores ambientais da cidade do Rio de Janeiro. Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos– IPP, Secretaria Municipal de Urbanismo, SecretariaMunicipal de Meio Ambiente– Departamento de Tecnologia e Informação.– Rio de Janeiro: IPP, 2005. 180p.

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p. 40 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Áreas protegidas com tutela municipal, estadual e federal em território municipal – 2008.Fonte: Basegeo Web / Armazém de Dados / IPP / PCRJ - Confecção Gerencia de Macro-Planejamento / CGPU / SMU.

Evolução das áreas protegidas de tutela municipal, valores acumulados – 1994-2004Fonte: Relatório de Gestão da SMAC no período 1994-2004

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p.41Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

As Áreas de Planejamento 4 e 5 congregam 81% das áreas conserva-das, cerca de 19.000 ha.

Gráfico de Distribuição percentual das unidades deconservação por Áreas de Planejamento – Município do Rio

de Janeiro – 2004.Fonte: PCRJ, SMAC. Adaptado de Indicadores Ambientais da

Cidade do Rio de Janeiro.

As unidades de conservação sofrem pressão do avanço de áreas urba-nas, sobretudo de favelas que se encontram em seu interior ou próximas deseus limites. Segundo dados de 2003, 680 favelas foram mapeadas e 101,ou 15%, encontram-se a até 400 metros de distância de unidades de con-servação. Somando-se a estas, e inseridas dentro dos limites das própriasáreas das unidades de conservação, encontram-se 17 favelas, cerca de 2,5%do total.Unidades de Conservação e favelas –

Município do Rio de Janeiro.Base: Adaptado de BaseGeo Web, IPP 2003.

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p. 42 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Corpos Hídricos

Os corpos hídricos da Cidade recebem diariamente boa parte dos esgotos domésticos sem tratamento e dos despejosindustriais. As águas pluviais também contribuem para a sua contaminação, carreando às praias, rios e lagoas detritos e lixourbano, formando as chamadas “línguas negras”.

São 106,4km de extensão de praias oceânicas e interiores, uma área de 17,6km² de sistemas lagunares e 520,3km deextensão de rios e canais integrantes das diversas bacias e sub-bacias de drenagem do Município. A principal atividadecontribuinte à poluição hídrica varia de acordo com a região da Cidade, destacando-se o extravasamento de esgoto domés-tico, efluentes de postos de abastecimento e oficinas mecânicas nas Áreas de Planejamento 1 e 2 e os efluentes industriais edomésticos nas Áreas de Planejamento 3 ,4 e 5.

A análise da qualidade das águas das praias do Município, no período que compreende os anos de 1996 a 2004, indicaque as praias oceânicas apresentaram balneabilidade bastante superior às praias das baías. A tabela apresentada indica o altograu de poluição das baías além dos corpos hídricos que contribuem para esses ambientes.

Praias como Botafogo e Ramos chegaram a apresentar, em alguns anos, 100% das amostras analisadas impróprias aobanho. Outras praias das baías, como Praia da Bica, Praia do Flamengo, Praia da Engenhoca e Praia da Guanabara, na Baíade Guanabara, e Praia de Sepetiba e Praia das Brisas, na Baía de Sepetiba, apresentaram menos de 20% de amostras própriaspara banho.

As praias oceânicas apresentam um quadro mais satisfatório em relação às análises de balneabilidade. A maior parte daspraias apresentou amostras próprias para banho em mais de 80% das análises. A Praia da Barra, junto ao Quebra Mar,apresentou os piores resultados, mantendo uma média anual de amostras próprias para banho em torno de 50%. Ressalta-sea importância de uma ampla distribuição dos pontos de monitoramento das praias do Município, sendo monitorados tanto aspraias oceânicas, como as praias das Baías de Guanabara e de Sepetiba.

Pontos de monitoramento de praia no município do Rio deJaneiroFonte: Indicadores Ambientais da Cidade do Rio de janeiro -IPP / SMU / SMAC

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p.43Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Percentual anual de análises consideradas próprias para banho das praias da Baia de Sepetiba, daBaia de Guanabara e as praias oceânicas- Município do Rio de Janeiro – 1996/2004.Fonte: PCRJ, Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMAC

Dos 246 rios da Cidade, grande parte encontra-se com suas margensocupadas. Este quadro dificulta a limpeza mecânica e a manutenção doscursos d’água, pois os equipamentos muitas vezes não conseguem chegarao leito destes rios. Ações de recuperação propostas para combater a polui-ção dos corpos hídricos, somam-se aos serviços especiais de limpeza emrios, canais e lagoas, priorizando-se os corpos d’água que se encontram emsituação crítica de degradação, seja por resíduos sólidos e/ou pela perda dasua mata ciliar original.

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p. 44 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Bacias e Sub-Bacias Hidrográficas doMunicípio do Rio de Janeiro.Fonte: Basegeo Web / Armazém de Dados/ IPP / PCRJ - Confecção Gerencia deMacro-Planejamento / CGPU / SMU.

Qualidade do Ar

A qualidade do ar do Município do Rio de Janeiro pode ser medidaa partir dos dados levantados no monitoramento das diversas bacias aéreasque fazem parte da Cidade e da Região Metropolitana. A influência decontribuições de municípios vizinhos na qualidade do ar das bacias aéreasdo território municipal exige uma análise na escala da Região Metropolita-na do Rio de Janeiro. As bacias aéreas I, II e III indicadas no Mapa dasBacias aéreas e altimetria do Município do Rio de Janeiro, possuem maiorexpressão e abrangência territorial, enquanto a bacia aérea de Copacabanarestringe-se espacialmente às fronteiras físicas do Maciço da Tijuca, a no-roeste da praia de mesma denominação.

Segundo a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente -FEEMA, os poluentes provenientes do tráfego veicular destacam-se den-tre os fatores que contribuem para a degradação da qualidade do ar naRegião Metropolitana do Rio alcançando a marca de 77%. Contribuemainda para a deterioração da qualidade do ar na Região Metropolitana atopografia acidentada, influência do mar e da Baía de Guanabara na distri-buição e dispersão de poluentes, altas temperaturas que favorecem a for-mação de processos fotoquímicos, além da intensa ocupação do solo.1

A avaliação da qualidade do ar considera a configuração e densidadede pontos da rede de amostragem na cidade e Região Metropolitana, que,

25FEEMA, 2008

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p.45Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

de acordo com a FEEMA, orienta em sua quase totalidade para a mediçãodas concentrações de poluentes provenientes do tráfego de veículos. A aná-lise do comportamento anual de alguns parâmetros, como máxima concen-tração de poluentes, número de violações do padrão primário nacional econcentração média anual, classificando-os segundo padrões estabeleci-dos pela legislação vigente, permite chegar a conclusões acerca da quali-dade do ar do Município do Rio de Janeiro.

A série histórica de dados obtidos pela rede da FEEMA aponta parauma tendência estacionária ou de declínio das concentrações máximas emédias de poluentes. Os dados de máxima concentração anual de poluentesconfirmam a afirmativa de estabilização ou redução dos índices observa-dos ao longo do período avaliado. Os poluentes Partículas Totais em Sus-pensão (PTS), Partículas Inaláveis (PM-10) e Dióxido de Enxofre (SO2)apresentam uma tendência de redução ao longo dos anos, assim como oMonóxido de Carbono (CO). A redução de concentração deste últimopoluente é de grande significância, apresentando uma grande amplitudeentre o primeiro e o último ano de avaliação. Tal fato pode ser associadoparcialmente à redução das emissões de monóxido de carbono por veícu-los automotores fruto do Programa de Controle da Poluição do Ar por Ve-ículos Automotores - PROCONVE2. O poluente Ozônio (O3), por outrolado, apresenta tendência de aumento de sua concentração, apresentandoparâmetros acima dos permitidos pela legislação nos últimos anos demonitoramento.

Bacias aéreas e altimetria do Município do Rio de Janeiro.Fonte: Basegeo Web / Armazém de Dados / IPP / PCRJ -Confecção Gerencia de Macro-Planejamento / CGPU / SMU.

26Programa criado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente -

CONAMA em 1986, com o principal objetivo de reduzir osníveis de emissão de poluentes nos veículos automotoresestabelecendo limites máximos de emissão de poluentes

segundo categoria de veículos.

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p. 46 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Máxima concentração anual observada por poluente, naRegião Metropolitana do Rio de Janeiro - 1995-2006Fontes: Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente -FEEMA apresentado em Indicadores de desenvolvimentosustentável (2005); IBGE, 2008.

Da mesma forma, os números de violações do padrão primário nacio-nal apresentam em geral tendência de redução das ocorrências, excetuan-do-se o caso do parâmetro Ozônio (O3).

Número de violações do padrão primário nacional de qualidadedo ar, por poluente, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro- 1995-2006Fontes: FEEMA apresentado em Indicadores dedesenvolvimento sustentável (2005); IBGE, 2008.

Os dados de concentração média anual por poluente apontam para aredução gradual e contínua das médias de Partículas Totais em Suspensão(PTS) e de Partículas Inaláveis (PM-10). As reduções observadas ao longodo período apesar de significativas, ainda não são suficientes para que sealcancem os padrões primários exigidos. Já os parâmetros de Dióxido deEnxofre (SO2) e Dióxido de Nitrogênio (NO2) mantém-se dentro dos pa-drões primários exigidos.

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p.47Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Concentração média anual, por poluente, na RegiãoMetropolitana do Rio de Janeiro - 1995-2006

Fontes: FEEMA em Indicadores de desenvolvimentosustentável (2008); IBGE, 2008.

Saneamento AmbientalQuadro geral

A análise do saneamento ambiental remete às condições de prestaçãodos serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário,manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais. O quadro geral dosaneamento ambiental na cidade do Rio de Janeiro está traçado na Pesqui-sa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística – IBGE.

Os dados dos censos efetuados nos anos de 1991 e 2000 indicam oaumento da porcentagem de acesso aos serviços de abastecimento de água,esgotamento sanitário e coleta de lixo pela população carioca. A porcenta-gem da população com acesso a esses serviços aumentou de 87,71% para90,67%. O resultado dos dados tabulados por áreas de planejamento apon-tam o aumento porcentual em todo território municipal, com destaque paraa Área de Planejamento 5 – AP 5, com variação de 80,78% para 86,29%.As Áreas de Planejamento 1, 2 e 3 – AP 1, AP 2 e AP 3, apresentam núme-ros, para o ano 2000, acima dos 90%, o que lhes confere os melhorespercentuais no Município. Os dados referentes às Áreas de Planejamento 4e 5, para o mesmo ano, indicam uma maior deficiência de serviços nessasáreas, com percentuais de 82,43% e 86,29%, respectivamente.

Total da população e percentual com acesso aos serviços deabastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo

no Município do Rio de Janeiro – 1991/2000Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,

Censo 1991 e 2000 / PCRJ - Instituto Municipal de UrbanismoPereira Passos -IPP (tabulação por área de planejamento).

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p. 48 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Abastecimento de Água

O Município do Rio de Janeiro possui rede de abastecimento de águade aproximadamente 9.282km de extensão27. A Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios (PNAD 2001/2006) indica que 99,5% dos domicí-lios particulares permanentes dispunham de acesso à rede geral de abaste-cimento de água no ano de 2006. Esse dado pode ser considerado muitosatisfatório do ponto de vista quantitativo, mas não esclarece a qualidadedo serviço prestado à população. O aumento do percentual de acesso àrede de abastecimento de água em relação ao ano de 2001 também é obser-vado, ainda que haja oscilações dos valores ao longo dos anos.

27Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB - 1989 e2000.

Percentual de domicilios particulares permanentes com acesso à rede geral de água no Município doRio de Janeiro – 1991/2006.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, PNAD 1991/2006.

Em relação à distribuição territorial dos serviços, as Áreas de Planeja-mento 4 e 5 – AP 4 e AP 5 apresentam os menores percentuais de abasteci-mento da rede geral - 93,40% e 95,80%, respectivamente. Para o ano de2000, apresentam formas alternativas de abastecimento de água, atravésde poços, nascentes e outras formas, em 5,50% e 3,30%, respectivamente,dos domicílios. Na comparação entre os dados de 1991 e 2000 observa-seuma tendência de pequeno aumento no acesso à rede geral de abasteci-mento de água, com diminuição gradativa da participação de outras for-mas de abastecimento. A exceção ocorre na AP 5, onde há um aumentopercentual na participação de outras formas de abastecimento e pequenaqueda no acesso à rede geral de abastecimento.

(1) Inclui poços, nascentes ou outras formas deabastecimento.Total da população e percentual com acesso a rede de água,por área de planejamento - Município do Rio de Janeiro –1991/2000.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,Censo 1991 e 2000 / PCRJ - Instituto Municipal de UrbanismoPereira Passos - IPP (tabulação por área de planejamento).

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p.49Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Em relação ao acesso à rede geral de abastecimento de água nos bair-ros, em geral, verifica-se um percentual de atendimento superior a 90%.Poucos bairros apresentam percentual inferior a 86-89%, sendo os pioresresultados encontrados em Vargem Grande, Vargem Pequena e Camorim,na Área de Planejamento 4. Este grupo de bairros são contíguos a Guaratiba,bairro integrante da Área de Planejamento 5, que também apresenta baixopercentual. Na Área de Planejamento 3, Tomás Coelho destaca-se como obairro com maior deficiência de atendimento.

Percentual de pessoas que vivem em domicílios com água encanada por bairros.Fonte dos dados: IBGE. Censo Demográfico 2000.Cálculos e tabulação: Fundação João Pinheiro-MG (Convênio: IPP, IUPERJ, IPEA – 2003)Mapa temático: Gerência de Macroplanejamento/CGPU/SMU/PCRJ.

Esgotamento Sanitário

A cidade do Rio de Janeiro com seus 6 milhões de habitantes pro-duz cerca de 470 toneladas/dia de esgotos domésticos, sendo que boa partefica sem tratamento, além dos esgotos industriais. A rede geral de esgotodo Município tem a capacidade para atender o acesso de 73% dos seusdomicílios, atingindo 4.192km de extensão28 e percentual de 83% de trata-mento do esgoto coletado29. Verifica-se uma oscilação no percentual dedomicílios com acesso à rede geral de esgoto, a partir de 1991, no períodoentre 2000 e 2006, permanecendo em uma média de acesso à rede de apro-ximadamente 72%30.

28Dados referentes ao ano de 2004 -

25/06/2007. Fonte: Ministério das Cidades - SecretariaNacional de Saneamento Ambiental - Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento – SNIS. Consultado em:www.armazemdedados.rio.rj.gov.br

29Tratamento referente ao esgoto coletado no ano de 2004 -

25/06/2007. Fonte: Ministério das Cidades - SecretariaNacional de Saneamento Ambiental - Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento – SNIS. Consultado em:www.armazemdedados.rio.rj.gov.br

30Fonte: IBGE, PNAD 2006.

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p. 50 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Percentual de domicílios particulares permanentes com acesso à rede geral de esgoto no Municípiodo Rio de Janeiro – 1991/2006.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, PNAD 1991/2006

Os percentuais do Município do Rio de Janeiro destacam-se frente àsoutras capitais do país, apesar de apresentar ainda certa deficiência desseserviço. Em relação às áreas de planejamento, o acesso ao sistema de esgo-to quantitativamente é satisfatório, mas além da rede geral de esgoto, con-sidera o uso de fossas sépticas. No período de 1991 a 2000, verifica-se oaumento percentual do sistema de esgoto total adequado em todas as áreasde planejamento. Destaca-se o crescimento do acesso à rede geral em todoo Município, especialmente na Área de Planejamento 5 - AP 5 que apre-sentou um acréscimo de 10,7% para 50%, reduzindo, ainda, a utilização defossas sépticas e outras formas de descarte de esgoto – como fossa sépticasem escoadouro, fossa rudimentar e vala negra.

(1) Inclui fossa séptica sem escoadouro, fossa rudimentar e vala negra, para o ano de 1991; incluidomicílio sem banheiro e sanitário, fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar e outro escoadouro para oano de 2000.Total da população e percentual de acesso ao sistema de esgoto adequado por área de planejamento– Município do Rio de Janeiro – 1991/2000.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Censo 1991 e 2000 / PCRJ - InstitutoMunicipal de Urbanismo Pereira Passos - IPP (tabulação por área de planejamento).

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p.51Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Manejo de resíduos sólidos

No ano de 2007, foram coletados 1.519.338 toneladas de lixodomiciliar e 1.315.377 toneladas de lixo público em todo o Municí-pio, significando aproximadamente 0,26 e 0,22 toneladas por habi-tante/ano, respectivamente31. Os números expressam a magnitude eimportância desse serviço do saneamento ambiental.

A análise de destino final do lixo coletado diariamente indicaque, em geral, os aterros tem sido a opção mais utilizada pelo Mu-nicípio no descarte do lixo. No ano de 1989, aproximadamente 95%da quantidade de lixo coletado diariamente na Cidade eram dispos-tos em aterros controlados. Em 2000 do total de descarte do lixoproduzido diariamente, passou a ser 23,38% em aterro controlado,e 73,40% em aterros sanitários. Destaca-se ainda a participação de3,21% de estações de compostagem, indicando que novas alternati-vas ao descarte do lixo, menos agressivas ao meio ambiente, têmsido utilizadas pelo Município.

31COMLURB; Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos/

SMU/ PCRJ.

(1) Em 2000, o item de destino final “reciclagem” não foi pesquisado.Quantidade diária de lixo coletado, por unidade de destino final do lixo coletado segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB,1989 / 2000.Fonte: Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB - 1989 e 2000.

O sistema municipal de coleta de lixo é composto basicamentepor serviço de limpeza geral e por serviço de limpeza por caçamba.Estes serviços atendiam, em 2000, 97,9% da população da Cidade,número bem satisfatório. Na análise do acesso ao serviço de coletade lixo pela população por área de planejamento, nos anos de 1991e 2000, verifica-se que houve um aumento significativo do atendi-mento em todas as áreas de planejamento, com destaque para a Áreade Planejamento 5 – AP 5, que apresentou um acréscimo no servi-ço, passando de 89,8% em 1991 para 96,7% em 2000.

Em geral, todas as áreas de planejamento apresentaram incre-mento no acesso ao serviço de coleta de lixo de 1991 a 2000, alcan-çando percentuais de atendimento acima dos 95 %. Cabe destacarque apesar da forte queda dos percentuais de utilização de outrasformas de descarte de lixo (queimado, enterrado, jogados em terre-nos baldios ou corpos hídricos), somente a sua presença já repre-senta a existência de formas que provocam grande impactoambiental.

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p. 52 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

(1) Inclui os itens: queimado, enterrado, jogado em terrenobaldio, jogado em rio, lago ou mar e outro para 1991;queimado, enterrado, terreno baldio ou logradouro, jogado emrio, lago ou mar e outro destino para o ano de 2000.Total da população e percentual com acesso a coleta de lixopor tipo de coleta por área de planejamento – Município do Riode Janeiro – 1991/2000.

Na análise do serviço na escala dos bairros, se observa claramente ondese encontram as maiores deficiências do serviço de coleta de lixo dentro decada área de planejamento. A variação, no entanto, entre a qualidade dosserviços nos bairros é pequena, com percentuais de atendimento em todosos bairros acima de 90%. Os dados indicam que apenas alguns bairros dasÁreas de Planejamento 3, 4 e 5 – AP 3, AP 4 e AP 5, não apresentampercentuais superiores a 95% de acesso, situando, mesmo assim, acima de90%.

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p.53Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Percentual de pessoas que vivem em domicílios urbanos comcoleta de lixo por bairros.Fonte dos dados: IBGE. Censo Demográfico 2000.Cálculos e tabulação: Fundação João Pinheiro-MG (Convênio:IPP, IUPERJ, IPEA – 2003)Mapa temático: Gerência de Macroplanejamento/CGPU/SMU/PCRJ.

Manejo de resíduos líquidos

O Município apresenta grande parte do seu território de planície abaixoda cota altimétrica de 5 metros. Esta condição favorece eventos de inunda-ções e alagamentos por ocasião de altos índices pluviométricos ou altera-ção positiva do nível do mar. Tal fato exige que uma atenção especial sejadada às áreas de baixada. Uma das áreas mais desfavorecidas em relação àdrenagem é a baixada de Jacarepaguá. Com os elevados índices de cresci-mento urbano das últimas décadas essa situação tende a se agravar, poden-do provocar inclusive repercussões negativas na saúde pública, no meioambiente e no deslocamento da população. Outras áreas baixas, além dasjá altamente consolidadas, são as mais a jusante dos rios.

Áreas Inundáveis do Município do Rio de Janeiro (Cotasaltimétricas entre 0 e 5 metros).

Fonte: Basegeo Web / Armazém de Dados / IPP / PCRJ -Confecção Gerencia de Macro-Planejamento / CGPU / SMU.

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p. 54 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

3. SITUAÇÃO HABITACIONAL

Para abordar a situação habitacional no Município foram utilizados,sobretudo, os dados levantados pelo IBGE e organizados pelo InstitutoMunicipal de Urbanismo Pereira Passos relativos aos domicílios em fave-las, além da publicação elaborada pela Fundação João Pinheiro referenteao déficit habitacional no Brasil.

A ênfase dada neste item do relatório foi à habitação para os segmentosda população não atendidos pelo mercado formal, que ocupam os assenta-mentos informais urbanos32 , que compreendem, no caso da cidade do Riode Janeiro, principalmente as favelas e os loteamentos irregulares.

A construção de moradias para os estratos sociais de mais baixa renda,que durante um período correspondeu basicamente aos conjuntoshabitacionais, ficou muito aquém das demandas habitacionais deste seg-mento da população, e não impediu o intenso circuito da produção infor-mal da moradia. Muitas vezes, alguns desses conjuntos, tornaram-se, porsi só, em problemas, não só pela baixa qualidade das soluções habitacionaispropostas, em termos construtivos e estéticos, como em termos urbanísti-cos, sendo indutores da favelização das suas imediações33 .

3.1 FAVELAS

A favela é definida pelo Plano Diretor Decenal de 1992 como a áreapredominantemente habitacional, caracterizada por ocupação da terra porpopulação de baixa renda, precariedade da infra-estrutura urbana e de ser-viços públicos, vias estreitas e de alinhamento irregular, lotes de forma etamanho irregular e construções não licenciadas, em desconformidade comos padrões legais.

As favelas estão presentes na paisagem carioca há mais de 110 anos.Elas surgiram ao final do século XIX, como resposta tanto aos ataquesmaciços empreendidos pelos governos daquela época contra os “cortiços”,a habitação coletiva típica do Rio oitocentista, quanto em decorrência dareforma urbanística de 1902-1906 que acabou expulsando um grande nú-mero de pessoas pobres da área central. As levas imigratórias ocorridasnas décadas de 1940 e 1950 difundiram ainda mais esses assentamentosinformais pela Cidade que continuaram crescendo nas décadas seguintes.

Somente a partir do censo demográfico de 1950, quando já abrigavam169.305 pessoas, as favelas passaram a integrar os levantamentos oficiais,e apenas na década seguinte passaram a ser representadas na documenta-ção cartográfica oficial da Cidade34 . Na década de 1960, foi adotado umamplo programa de erradicação de favelas que perdurou até meados dosanos 197035 . No bojo do processo de “abertura política” no país, as favelaspassaram a ser reconhecidas como partes integrantes do tecido social cari-oca, sendo iniciado um período de execução de melhorias urbanísticas nosassentamentos informais, ao mesmo em que se tornam objeto de estudosmais acurados. O Plano Diretor Decenal de 1992 ao encarar a cidade real ea gravidade da situação habitacional das camadas de mais baixa renda doMunicípio reconhece como direito a permanência das moradias nas fave-las, exceto quando em situação de risco ambiental ou geotécnico.

Nos anos 1980 surgiu o primeiro “cadastro de favelas” da Cidade, deinício, sob a forma de um simples arquivo em papel, que guardava mapase informações qualitativas e quantitativas sobre as favelas, muitas delasobtidas por meio de entrevistas realizadas com antigos residentes e líderescomunitários. Em 1990, o cadastro tornou-se mais complexo e a partir dacompreensão de que os processos de ocupação das favelas demandavam

32O IBGE tem usado a nomenclatura “assentamentossubnormais” para referir-se às ocupações urbanas que secaracterizam pela informalidade no processo de ocupação epela precariedade tanto das construções como da infra-estrutura.33 IQM - Índice de Qualidade dos Municípios: NecessidadesHabitacionais. Fundação CIDE (2005)34 CAVALLIERI, Fernando, VIAL, Adriana, LOPES Gustavo,“Diferenciais Intra-urbanos no Rio de Janeiro: contribuição aocumprimento da meta 11 do milênio” in Sistemas deInformación Geográfica aplicados a Estudios Urbanos:experiencias latinoamericanas, Cambridge (EUA), LincolnInstitute of Land Policy (LILP).35 ABREU, M. A. Reconstruindo uma história esquecida: origeme expansão inicial das favelas do Rio de Janeiro. Espaço &Debates, 14 (37), 1994, 34-46; PEREIRA DA SILVA, M. L .Favelas cariocas (1930-1964).

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p.55Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

um sistema próprio de acompanhamento e avaliação, o governo municipal,através do IPLANRIO - atual Instituto Municipal de Urbanismo PereiraPassos, IPP – decidiu criar o Sistema de Assentamentos de Baixa-Renda –SABREN.

O crescimento percentual da população em favelas entre os anos 1991e 2000 foi muito superior ao crescimento do total do Município, excluindoou não as áreas de favela. A tendência tem sido o crescimento no númerode favelas no Rio de Janeiro36 , mas foi verificado também o adensamentodas favelas existentes através da verticalização das construções existentes.

Crescimento populacional nas favelas 1991 e 2000Fonte: Armazém de Dados/ Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos a partir dos dados doIBGE

Mapa das Favelas na Cidade do Rio de Janeiro - 2004Fonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos

36A relação completa das favelas do Município do Rio de Janeiro

está disponível no Armazém de Dados do Instituto Municipalde Urbanismo Pereira Passos: www.rio.rj.gov.br. Na consulta

realizada em 09.05.2008 constavam 643 favelas.

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p. 56 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Verifica-se que a Área de Planejamento (AP) com maior percentual demoradores em favelas é a AP 1, com 29%, seguida da AP 3, com 23%, e daAP 4, com 21%, todas acima da média municipal, de 19%. Entre 1991 e2000 a maior mudança se deu na AP 4, onde a população residente emfavelas passou de 14% da população total, para 21%, correspondentes aum crescimento de 100%, passando de 72.182 para 144.394 habitantesresidindo em 41.289 domicílios, equivalente a um acréscimo de 22.499domicílios em favelas.

A Área de Planejamento 3 - a mais populosa do Município em 2000,com 2.3 milhões de habitantes - permaneceu como a de maior populaçãoem favelas, 544.737 habitantes, equivalentes a 23,1% do total, residentesem 153.617 domicílios, com um aumento de 31.482 domicílios em 9 anos.O acréscimo de população em favelas foi de 64.213 habitantes,correspondendo a um crescimento no período de 13,4%.

A Área de Planejamento 1, que proporcionalmente tem mais habitantesresidindo em favelas no Município - 29% - foi a única que apresentoudeclínio da população em favelas, reduzindo de 85.182 habitantes para76.787. Mas esta redução se verificou também no número total da popula-ção residente, que passou de 303.395 para 268.280 habitantes, confirman-do a tendência de expansão urbana rumo às Áreas de Planejamento 4 e 5 econfirmando a tendência de esvaziamento residencial das áreas centrais.

A Área de Planejamento 5, a mais distante do Centro, embora perma-neça com o menor percentual de moradores em favela, registrou um acrés-cimo populacional nas favelas de 53,2%, inferior apenas ao registrado naAP4 (que dobrou em 9 anos), e bem superior ao crescimento formal regis-trado no período.

Evolução populacional das favelas do Município do Rio deJaneiro por área de planejamento - 1991 e 2000Fonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de UrbanismoPereira Passos com base nos dados do IBGE

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p.57Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

População vivendo em assentamentos formais einformais (favelas), em valores absolutos e

relativos, por Áreas de Planejamento – Municípiodo Rio de Janeiro – 1991/2000

Fonte: IBGE, Censos 1991 e 2000/ PCRJ –Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos –

IPP (Tabulação por área de planejamento)

População vivendo em assentamentos formais e informais(favelas), em valores absolutos e relativos, por Áreas dePlanejamento – Município do Rio de Janeiro – 1991/2000Fonte: IBGE, Censos 1991 e 2000/ PCRJ – Instituto Municipalde UrbanismoPereira Passos – IPP (Tabulação por Área dePlanejamento)

Em relação às regiões administrativas observa-se que as de maior nú-mero de residentes em favelas - mais de 40.000 habitantes– são: Jacarepaguá,Bangu, Pavuna, Maré, Ilha do Governador, Rocinha, Complexo do Ale-mão, Madureira, Penha e Ramos. O Centro e Paquetá não possuem favelase as Regiões Administrativas de Cidade de Deus, Guaratiba e Santa Teresapossuem menos de 9.000 residentes em favelas. As demais regiões, no ano2000, apresentavam entre 40.000 e 10.000 moradores em favelas. Em ter-mos da densidade domiciliar dos “aglomerados subnormais”37 recenseadapelo IBGE, em 2000, a variação entre as regiões é pequena– variando damáxima de 3,69 moradores por domicílio em Madureira à mínima de 3,38em Copacabana.

Merece destaque o fato da Região Administrativa de Guaratiba ter re-gistrado um aumento de 195% na população de favelas. Outras regiões queapresentaram crescimento acelerado foram Santa Cruz, Barra da Tijuca eJacarepaguá, com crescimento superior a 100%. Na tabela a seguir pode-mos observar as regiões administrativas com maior crescimento no perío-do 1991-2000:

37Os aglomerados subnormais (categoria usada pelo IBGE)

nas regiões administrativas citadas abrangem basicamentefavelas.

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p. 58 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Populacional nas favelas 1991 e 2000 por RAem ordem decrescente de população (2000)Fonte: Armazém de Dados / InstitutoMunicipal de Urbanismo Pereira Passos combase nos dados do IBGE.

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p.59Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Habitação – Domicílios, população residente em favelas (Setores Censitários – AglomeradosSubnormais) e densidade domiciliar, segundo as Áreas de Planejamento e Regiões Administrativas –1991/2000.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo Demográfico 1991 e Base deInformações por setor censitário do Censo Demográfico 2000. Tabulação: IPP/DIG.Nota: Os dados do Censo 1991 são apresentados segundo a estrutura administrativa vigente em 2000e foram obtidos através da compatibilização entre os setores censitários.

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p. 60 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Habitação – Domicílios, população residente em favelas(Setores Censitários – Aglomerados Subnormais) e densidadedomiciliar, segundo as Áreas de Planejamento e RegiõesAdministrativas – 1991/2000.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,Censo Demográfico 1991 e Base de Informações por setorcensitário do Censo Demográfico 2000. Tabulação: IPP/DIG.Nota: Os dados do Censo 1991 são apresentados segundo aestrutura administrativa vigente em 2000 e foram obtidosatravés da compatibilização entre os setores censitários.

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p.61Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

3.2 LOTEAMENTOS IRREGULARES

A coibição por parte do poder público à moradia nas favelas nos anos1960, ainda que intermitente, propiciou a produção de um grande númerode loteamentos em terras até então com uso agrícola. As característicasdessa modalidade de assentamento habitacional são: o padrão de ocupaçãoextensiva em função dos baixos preços da terra onde se implantaram; aausência ou deficiência de infra-estrutura urbana, abaixo dos requisitosmínimos exigidos pela legislação, e a distância das áreas centrais 38.

A cidade do Rio de Janeiro possui aproximadamente 907 loteamentos

irregulares e clandestinos, ocupados por população de baixa renda. Esti-mativas indicam que estes correspondem a 188.000 lotes e abrigam 750.000moradores. Até 2006 haviam sido pré-inscritos no “Núcleo de Regulariza-ção de Loteamentos” 515 loteamentos, dos quais 129 foram regularizados,equivalentes a mais de 20.000 lotes nos quais residem aproximadamente80.000 pessoas39.

Em relação às áreas de planejamento, estima-se que aproximadamente85% dos loteamentos irregulares e clandestinos estão situados nas Áreasde Planejamento 3, 4 e 5. Constata-se que na AP 4 - que possui as maisaltas taxas de crescimento populacional, constituindo–se o principal vetorde expansão para o mercado imobiliário de rendas média e alta e destino designificativos investimentos públicos em equipamentos e infra-estruturaviária - tem proliferado atividades clandestinas de subdivisão do solo eacelerado processo de favelização do Município40.

38IQM - Índice de Qualidade dos Municípios: Necessidades

Habitacionais. Fundação CIDE (2005)39

Núcleo de Regularización y Programa Morar Legal: un relatode la experiencia en regularización de loteos de la ciudad de

Rio de Janeiro, VERÍSSIMO (2007), a partir de estimativas doInstituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos

40 - Id.

Favelas e Loteamentos irregularesFonte: Basegeo Web, Armazém de Dados, IPP e IBGE -

confecção do mapa pela Gerencia de Macro Planejamento /CGPU / SMU

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p. 62 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Já na Área de Planejamento 5 – AP 5 – a de menor densidadepopulacional do Município, com maior carência de serviços, equipamen-tos urbanos e meios de transporte coletivo - há predominância deloteamentos habitados por população de baixa renda, por ter sido até oinicio dos anos 1960 basicamente área agrícola e conter, ainda hoje, umnúmero significativo de áreas sem uso, configurando uma forte predispo-sição à ocupação irregular.

NÚCLEO DE REGULARIZAÇÃO DE LOTEAMENTOS

O Núcleo de Regularização de Loteamentos foi criado para ser um canal dearticulação entre moradores, lideranças comunitárias, técnicos da Prefeitura, Es-tado, Governo Federal e concessionárias de serviço público. As reivindicaçõesdebatidas e aprovadas pelos seus integrantes são encaminhadas ao órgão res-ponsável para solução do problema e ao órgão municipal de habitação, que atuana regularização urbanística e fundiária dos loteamentos inscritos no Núcleo. Des-de a sua criação, em 1987, já foram regularizados 167 loteamentos.

O Núcleo tem as suas ações fundamentadas na participação popular das as-sembléias realizadas bimestralmente reuniões plenárias. Participam destes en-contros representantes das Secretarias Municipais do Habitat, Urbanismo, Fazen-da e Obras, do Instituto Municipalde Urbanismo Pereira Passos, da ProcuradoriaGeral do Município, das Subprefeituras, da RioLuz, Cedae, Defensoria Pública,Ministério Público Estadual, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano eLight.

Além desses encontros, representantes do Conselho de Moradores e de ór-gãos públicos realizam reuniões paritárias para discutir ou encaminhar temas es-pecíficos e assembléias nas comunidades - principalmente antes das interven-ções - para esclarecer dúvidas em relação ao projeto e a obra. Representantesdos moradores também são convidados para acompanhar as licitações das obrasque serão executadas nessas áreas.

3.2 DÉFICIT HABITACIONAL

O déficit habitacional da cidade do Rio de Janeiro incorpora duas di-mensões: a insuficiência quantitativa no número de moradias e a suainadequação correspondente às deficiências de infra-estrutura básica, àinadequação fundiária ou à precariedade do próprio domicílio. Também seinclui no déficit, embora não acrescentado aos demais componentes, o ônusexcessivo com aluguel, uma vez que, para os estratos de renda mais baixoda população, isso significa um limite para desagregação social.

Verifica-se que a demanda na Cidade para incremento no estoque do-miciliar para as camadas situadas nas faixas de renda mais baixas no anode 2000 é de 126.612 unidades, representando um percentual de 43,49%em relação ao Estado do Rio de Janeiro, e de 57,09% em relação à RegiãoMetropolitana. O total da demanda para o Estado do Rio de Janeiro é de293.848 unidades, representando um percentual de 6,89% em relação aoestoque domiciliar permanente. Este percentual é acompanhado pela Re-gião Metropolitana do Rio de Janeiro, que apresenta 6,92%, e do Municí-pio do Rio de Janeiro, que apresenta 7%.

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p.63Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Legislação aplicável à regularização de loteamentosFonte: Secretaria Municipal do Habitat. Tabulação: GMP/CGPU/SMU

(1) Refere-se aos domicílios duráveis ocupados, não incluindo vagos, rústicos ou improvisados.(2) Refere-se à necessidade de construção de novas moradias para a solução de problemasquantitativos e qualitativos habitacionais.(3) Não inclui os domicílios rústicos.(4) Compreende as moradias onde há soma das famílias conviventes secundárias.(5) Domicílios particulares compostos por um ou mais aposentos localizados em casa decômodo, cortiço, e outras formas de habitação coletiva.(6) Em relação ao total de domicílios particulares permanentes.Déficit habitacional simplificado e ônus social com aluguel, Município, Região Metropolitana e Estadodo Rio de Janeiro - 2000Fonte: IBGE - Censo 2000 - (Tabulação Fundação CIDE. 2005).

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p. 64 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Com base em estudo elaborado pela Fundação João Pinheiro (2005)41

pode-se analisar características de inadequação dos domicílios localizadosem assentamentos considerados “aglomerados subnormais”. Tanto na Re-gião Metropolitana como no Município do Rio de Janeiro a principalinadequação refere-se à carência de infra-estrutura, seguida de perto peloadensamento excessivo e pela inadequação fundiária. Entende-seadensamento excessivo quando o domicílio apresenta um número médiode moradores superior a três por dormitório e a inadequação fundiária ur-bana, a situação onde pelo menos um dos moradores do domicílio declarater a propriedade da moradia, mas informa não possuir a propriedade, totalou parcial, do terreno ou a fração ideal de terreno (no caso de apartamento)em que ela se localiza.

41Os resultados do Estudo da Fundação João Pinheiro/Ministériodas Cidades (2004) e da Fundação CIDE (2005), para oEstado do Rio de Janeiro e Região Metropolitana do Rio deJaneiro, apresentam divergências em alguns componentes,provavelmente pela diferença entre as respectivas bases dedados utilizadas, apesar de não justificar algumas variaçõespercentuais.

(1) Apenas casas e apartamentos urbanos. (2) Casas e apartamentos urbanos que não possuem um ou mais dos serviços de infra-estrutura:iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água, rede geral de esgotamento sanitário oufossa séptica, e coleta de lixo.Inadequação dos domicílios localizados em aglomerados subnormais (2000)Fonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos com base nos dados doIBGE, Censo 2000 e informações por setor (Tabulação da CGPU/SMU)

Domicílios Urbanos Não-Atendidos por Serviços de Infra—Estrutura (2000)Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)

Em relação às áreas de planejamento, a “inadequação de moradia”,tendo por base os critérios estabelecidos na publicação “DéficitHabitacional no Brasil Municípios Selecionados e Microrregiões Geo-gráficas – 2003” (Fundação João Pinheiro, 2004), verifica-se que asÁreas de Planejamento 3 e 5 – AP 3 e AP 5, apresentam os piores resul-tados em números absolutos, mantidos para o período de 1991 e 2000.Quanto ao percentual de moradias que não proporcionam condiçõesmínimas de habitabilidade para os seus moradores em relação ao totalde domicílios inadequados no Município, as Áreas de Planejamento 4 e5 apresentam os piores resultados, observando melhorias para o perío-do de 1991 e 2000.

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p.65Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

A maior parte do déficit habitacional do Município (61% equivalentesa 146.003 unidades habitacionais) se encontra na faixa de renda de até 3salários mínimos, que por sua vez representa 50,77% do déficit nessa faixana Região Metropolitana. Na faixa de renda entre 3 e 5 salários mínimossitua-se 16% do déficit habitacional do Município, correspondendo a 58%do déficit na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Adensamento Urbano Excessivo, por Faixas de Renda – 2000Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)

Evolução populacional das favelas do Município do Rio de Janeiro por área de planejamento - 1991 e 2000Fonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos com base nos dados do IBGE

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4. PATRIMÔNIO CULTURAL NA CIDADE DO RIO DEJANEIRO

Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimen-to e Revitalização do Patrimônio e da Memoria Histórico

Cultural da Cidade do Rio de Janeiro

Patrimônio cultural é todo e qualquer testemunho do fazer humano quetenha caráter memorial e de pertencimento para uma sociedade.

O conceito de patrimônio cultural, ao longo do século XX, evoluiu daproteção dos grandes monumentos isolados ao reconhecimento e valorizaçãode obras modestas que, com o tempo, adquiriram significado cultural comoreferência de um grupamento social, incluindo-se a preservação da ambiênciados conjuntos urbanos e da memória coletiva e intangível de um povo. Esseconceito foi consolidado na Constituição Federal de 198842, que também con-feriu aos municípios a defesa do patrimônio cultural local43.

O Rio de Janeiro, apesar de cosmopolita, é uma cidade histórica. Foi capi-tal da colônia portuguesa, sede do Reino Unido de Portugal e Algarves, sededo Império e capital da República, ditou moda e produziu referências. Porintermédio da sua arquitetura conseguimos identificar a história do Brasil. Édessa pluralidade e diversidade que o nosso patrimônio cultural, material eimaterial, é constituído.

A Cidade guarda, entre seus bens tombados, bens naturais e paisagísticos,obras de arte (fontes, estátuas, pinturas, mobiliário), conjuntos urbanos e bensde natureza imaterial que, por sua representatividade coletiva, preservam aalma e o jeito de ser do carioca, como por exemplo: a Banda de Ipanema, osfotógrafos Lambe-lambe, a obra literária de Machado de Assis e as Escolas deSamba que desfilam na Cidade.

Existem hoje cerca de 1.900 bens tombados no Município do Rio de Janei-ro, que ajudam a contar a sua história e de seus moradores. São exemplaresarquitetônicos do período colonial até construções modernistas de excepcio-nal valor, mesmo após as diversas tentativas de “modernização” da cidadecom a destruição de grandes exemplares.

4.1 Histórico

A Cidade, fundada aos pés do Morro Cara de Cão, na Urca, em 1565,transferiu-se para o alto do Morro do Castelo, em 1567, por motivos estratégi-cos de defesa e, a partir daí, se desenvolveu. Até o século XVIII, a malhaurbana do Rio de Janeiro restringia-se à área entre os morros do Castelo, SãoBento, Santo Antônio e da Conceição.

Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, houve um grandeimpacto demográfico e grandes benefícios econômicos para a Cidade, promo-vendo novo impulso na expansão do seu espaço urbano.

Entre 1808 e 1818 foram construídos mais de 600 sobrados na área urba-na, onde predominavam casas térreas, e cerca de 150 chácaras ao redor dacidade, onde passou a morar a população mais abastada. Em direção à ZonaSul, a malha urbana passa a englobar a Lapa, o Catete e a Glória. Em direçãoà Zona Norte, começa a surgir a Cidade Nova, área que se separava da “CidadeVelha” pelo Campo de Santana. A área de São Cristóvão se desenvolveu devi-do à proximidade da Quinta da Boa Vista, residência da família Real, que seligava à área central pelo Caminho do Aterrado.

Com a revolução industrial iniciada na Europa nos fins do século XVIII, ascidades cresceram desordenadamente, criando aglomerados urbanos com pés-

42 Art. 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens denatureza material e imaterial, tomados individualmente ou emconjunto, portadores de referência à identidade, à ação, àmemória dos diferentes grupos formadores da sociedadebrasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II– os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas,artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos,edificações e demais espaços destinados às manifestaçõesartísticos-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valorhistóricos, paisagísticos, artístico, arqueológico, aleontológico,ecológico e científico.

43Artigo30 da Constituição Federal.

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p.67Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

simas condições de habitabilidade. Isto vai se refletir no Brasil, principalmen-te, na sua capital. No século XX, os governantes e técnicos começaram a apli-car teorias e políticas de “planejamento” das cidades, alegando razões de higi-ene e modernização: alargaram ruas, abriram avenidas, destruíram conjuntosarquitetônicos.

No Brasil, adquiriu-se o hábito de renegar e destruir o passado para valorizar anova ordem. Este hábito tornou-se mais eloqüente no século XX. A Reforma Perei-ra Passos, a grande reforma urbana e “embelezadora”, que atingiu, sobretudo, ocentro da cidade, entre os anos de 1903 e 1906, foi elaborada pelo Prefeito doDistrito Federal, Pereira Passos. Inspirada na reforma efetuada por Haussman44 noséculo anterior em Paris, esta nossa reforma abriu e alargou inúmeras vias (Aveni-das Central, atual Rio Branco, Rodrigues Alves, Beira Mar, Rua da Carioca), crioue urbanizou praças e parques e ampliou o porto, visando facilitar a circulação urbanae “embelezar”, sanear e dar uma aparência moderna à cidade. Com isso, inúmerosconjuntos arquitetônicos foram destruídos, assim também como a malha urbanacolonial. Na década de 1920, o Prefeito Carlos Sampaio, preparando a cidade paraas comemorações do 1º Centenário da Independência, mandou demolir o Morro doCastelo, destruindo o sítio histórico mais antigo do Rio de Janeiro.

Com a Revolução de 1930 e o início da era Vargas, há um grande incentivoao setor industrial. Nesta época, a cidade já havia se expandido em direção aosul, ao norte e aos subúrbios. O Estado definiu como zona industrial o subúr-bio (ao longo da linha da Estrada de Ferro Central do Brasil) e incentivou averticalização da Zona Sul. Foi aberta a Avenida Brasil (concluída em 1946). Aárea central caracterizava-se, então, como área comercial, de serviços e deadministrações públicas. Em 1937, em plena ditadura Vargas, é criado o Servi-ço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) que viria a protegerbens de importância nacional; nesse sentido, protegem-se, por meio do tomba-mento, exemplares do Brasil colonial e imperial. São projetados os edifícios daAssociação Brasileira de Imprensa e do Ministério da Educação e Saúde.

Na década de 1940, houve a abertura da Av. Presidente Vargas, que mudoudrasticamente a fisionomia da cidade com a demolição de uma grande quanti-dade de residências, casas de comércios e igrejas, algumas delas tombadascomo patrimônio histórico e artístico nacional45.

Em 1952, outro morro remanescente da ocupação inicial da cidade foi demoli-do, o Morro de Santo Antônio, cujas terras e pedras foram utilizadas para a realiza-ção do Aterro do Flamengo. É dessa época a construção do Conjunto ResidencialMendes de Morais, mais conhecido como Conjunto do Pedregulho, obra impar deAfonso Eduardo Reidy. Na segunda metade da década de 50, durante o governoJuscelino Kubitschek, houve um forte movimento modernizador na sociedade bra-sileira e no Rio de Janeiro que renegava suas tradições, revolucionando os costu-mes. Surgia a Bossa Nova e Copacabana abrigava o Beco das Garrafas, local ondese aglomeravam pequenos bares que apresentavam “pocket shows” com músicosiniciantes como Carlos Lira, Dom Um Romão, Silvinha Telles, Dolores Durand,Marisa Gata Mansa. Na década seguinte ficou conhecido como o “Templo da BossaNova”, apresentando para a vida musical brasileira, artistas como Nara Leão, LenyAndrade, Pery Ribeiro, Silvio César, Alaíde Costa e Elis Regina .

Em 1960, a capital federal foi transferida para Brasília. A “Bela Cap” Riode Janeiro é transformada em Estado da Guanabara. Carlos Lacerda é eleito oprimeiro governador do novo Estado e durante sua gestão inúmeras transfor-mações urbanas são realizadas e planejadas. Diante de radicais transforma-ções, é criada a Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado daGuanabara que tomba diversos bens ameaçados de demolição. Ipanema seprojeta no cenário cultural brasileiro. As Escolas de Samba passam por pro-funda transformação rumo à espetaculosidade que ocorrerá na década de1970.

44George Eugène Haussman (1809/1891) - Prefeito de Paris

entre 1853 e 1869 na gestão de Napoleão III. Entre asprincipais diretrizes da reforma urbana por ele implementada

em Paris, destacamos: ilhar monumentos através de grandesperspectivas, melhorar o estado de saúde da cidade com adestruição de ruelas e assegurar a paz pública por meio da

criação de amplos bulevares para melhor areação.

45C.f. LIMA, Evelyn Furquim Werneck.

Avenida Presidente Vargas– uma drástica cirurgia . Rio de Janeiro, SMCT, 1995

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Na década de 1960, um grupo de boêmios e escritores cria a Banda deIpanema, símbolo do carnaval da Zona Sul. Ao final dessa década, a Cinematecado MAM se impõe como pólo difusor do cinema de arte e o Cinema Paissandufica famoso ao projetar filmes dos grandes diretores; ambos tornam-se centrosde resistência cultural e das liberdades democráticas. Surge a “GeraçãoPaissandu”.

Os anos 1970, conhecidos como do “desbunde” geram espaços pela Cida-de, aglutinando uma nova geração representativa da intelectualidade carioca:em Ipanema nas “Dunas da Gal” e na Feira Hippie da Praça General Osório. OTeatro Ipanema apresentava “Hoje é Dia de Rock” e “A China é Azul”, lan-çando autores como José Vicente, José Wilker e Isabel Câmara. Surge, emCopacabana, o Teatro Teresa Rachel, palco de grandes espetáculos e grandesdiretores.

A legislação urbanística modifica-se, proporcionando uma transformaçãoradical na paisagem urbana em favor de um mercado imobiliário impiedoso.Surge o conjunto habitacional no Leblon, conhecido como “Selva de Pedra”dando início à verticalização daquele bairro e de Ipanema. O inicio das obrasde implantação do Metrô proporcionou a uma nova era de demolições pelacidade e bairros perderam suas características históricas, como por exemplo, oCatete.

Na segunda metade dos anos 1970, há a fusão do Estado da Guanabaracom o antigo Estado do Rio de Janeiro, nascendo um novo Estado do Rio deJaneiro, com capital nesta Cidade. O governo estadual criou o Instituto Esta-dual do Patrimônio Cultural – Inepac – órgão responsável pela aplicação dapolítica de proteção e valorização do patrimônio cultural no território estadual.A Cidade continua sofrendo transformações com prejuízo à memória urbana.O Palácio Monroe, antiga sede do Ministério da Agricultura, sobrados e edifí-cios da Cinelândia são demolidos.

Até o início da década de 1980, o único instrumento que existia para aproteção do patrimônio cultural era o Tombamento, instituído pelo DecretoLei 25/37, que criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.Era preciso, portanto, criar outro tipo de proteção para o conjunto de edificaçõesque conferiam identidade urbana a seus cidadãos, diferentemente do tomba-mento. Surgiu daí, pioneiramente no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, umnovo tipo de proteção que conseguia conjugar o desenvolvimento urbano coma preservação do patrimônio edificado. Assim nasceu o conceito das Áreas deProteção Ambiental - APA - para proteção dos conjuntos urbanos, futuras APAC– Áreas de Proteção do Ambiente Cultural.

Este conceito de proteção baseia-se nas normas internacionais de preser-vação do patrimônio cultural, consolidadas nos encontros mundiais para dis-cussão dos temas afins. Na década de 1970, quando a política mundial deurbanização negava o existente e privilegiava a reconstrução sucessiva da ci-dade sobre si mesma, ocorreu o encontro promovido pela Unesco, em Nairóbi(1976), que produziu a Recomendação relativa à salvaguarda dos conjuntoshistóricos e sua função na vida contemporânea, da qual o Brasil é signatário.

Nos anos 1980 a Cidade ganha um novo Conselho Municipal de Proteçãodo Patrimônio Cultural (CMPC) e uma nova legislação de tombamento. Mo-vimentos populares pela manutenção da história e memória urbana conseguemimpedir a demolição do Castelinho do Flamengo e da Fundição Progresso. Énesse momento que moradores criam suas associações representativas e co-meçam a pressionar o Poder Público no sentido de salvaguardar seus bairros.Surge, em 1984, o Corredor Cultural e a Área de Proteção Ambiental (APA)de Santa Teresa e, em 1985, a APA dos bairros da Saúde, Gamboa e SantoCristo.

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Em 1986, é criado o Departamento Geral de Patrimônio Cultural (DGPC)no âmbito da Secretaria Municipal de Cultural, para a gestão das áreas urbanasprotegidas pelo instrumento da APA e estudar e propor proteção para outrasáreas da Cidade, além de assessorar o Conselho Municipal de Proteção Cultu-ral. Em 1986, é criada a APA de São Cristóvão e, em 1988, o bairro da Urca éprotegido.

A década de 1990 traz uma política de preservação que consolida os con-ceitos aplicados na década de 1980. Em 1992, a Lei Complementar 16/1992criou o Plano Diretor Decenal, no qual estão estabelecidas as diretrizes para aproteção do patrimônio cultural edificado. Instituiu-se o sistema de gestãoambiental integrado, o qual criou oito Unidades de Conservação Ambiental,cuja APAC - Área de Proteção do Ambiente Cultural – é uma delas, diferenci-ando-se da Área de Proteção Ambiental (APA), que passou a ser aplicada, apartir de então, apenas para conjuntos naturais. As APAs anteriores ao PlanoDiretor que possuem características de APAC, foram automaticamente reco-nhecidas como tal.

A APAC é aplicada na proteção de conjuntos urbanos significativos. É uminstrumento moderno de planejamento urbano, que equilibra a renovação e odesenvolvimento urbano sem prejuízo da proteção e da valorização dos con-juntos de interesse cultural, preservando signos que resgatam a identificaçãoda população com sua cidade, fortalecendo a cidadania e o reconhecimento dacultura carioca. Permite-se proteger o que é tradicional e renovar o que é ne-cessário, com a revitalização do patrimônio cultural e a utilização racional doacervo construído. Trata-se de uma tendência mundial.

No inicio do século XXI, o foco das atenções voltou-se para a proteção doacervo arquitetônico que sobrevivera à drástica transformação urbana dos bairrosda Zona Sul. Assim, Leblon, Jardim Botânico, Botafogo, Ipanema, Catete,Gloria e Humaitá passam a contar com uma política preservadora do seu acer-vo urbano tradicional.

Em 2003, a Prefeitura acrescenta mais um instrumento de proteção damemória coletiva, ao instituir o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterialatravés do Decreto no 23.162, de 21/07/2003. A instituição do Registro de BensCulturais de Natureza Imaterial permitiu que fosse feito o registro de bens quenão se enquadravam nas características preconizadas pelo Plano DiretorDecenal, por serem de caráter intangível, imensurável e dinâmico. Não podemser tombados nem podem ser protegidos através da legislação de APAC. En-contram-se inscritos nos diversos Livros, os seguintes bens: Sítio Cultural deIpanema, Banda de Ipanema, fotógrafos Lambe-Lambe, obra musical dePixinguinha, Beco das Garrafas, Cordão da Bola Preta, Bossa Nova, Torcidado Flamengo, as Escolas de Samba que desfilam na cidade do Rio de Janeiro,obra literária de Machado de Assis.

Em 2006, o Departamento Geral de Patrimônio Cultural é transformadoem Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimento eRevitalização do Patrimônio e da Memória Histórico-Cultural da Cidade doRio de Janeiro.

Nos últimos 20 anos, o órgão executivo municipal do patrimônio cultu-ral teve atuação ativa na formulação e aplicação de políticas públicas paraproteção do patrimônio cultural carioca, ampliando sua participação nasdecisões referentes ao planejamento da Cidade, atendendo a um dos obje-tivos do Plano Diretor Decenal da Cidade, qual seja “compatibilizar o de-senvolvimento urbano com a proteção do meio ambiente pela utilizaçãoracional do patrimônio natural, cultural e construído, sua conservação,recuperação e revitalização”.

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4.2 Acervo cultural por Áreas de Planejamento

A cidade do Rio de Janeiro, há mais de 4 séculos, é o espelho do Brasilditando comportamentos, hábitos e costumes, confundindo sua história coma própria história do País. Consequentemente, incidem, no território dacidade do Rio de Janeiro, inúmeras legislações de proteção do patrimôniocultural em nível federal, estadual e municipal.

Na Área de Planejamento 1, que corresponde à área central da cidade,encontramos a maior parte do acervo protegido por tombamento, princi-palmente os bens de valor nacional, com uma concentração de bens doséculo XVII até o século XIX, e alguns exemplares do século XX, tendoem vista a evolução da cidade. Alem disso, existem 10 APAC:

1. Catumbi/Cidade Nova

2. Corredor Cultural

3. Cruz Vermelha

4. Entorno do Ministério da Fazenda

5. Entorno do Mosteiro de São Bento

6. Estácio

7. Paquetá

8. Sagas

9. Santa Teresa

10. São Cristóvão

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Na Área de Planejamento 2, relativa à Zona Sul e parte da Zona Norte,além de remanescentes do século XIX e início do século XX, encontram-se conjuntos urbanos das décadas de 1930 a 1960, repletos de significaçãocultural e referências simbólicas dos hábitos e costumes da população cari-oca. Além dos bens tombados individualmente, há 15 APAC, a saber:

1. Bairro Peixoto

2. Botafogo

3. Catete/Glória

4. Cosme Velho

5. Entorno do Colégio Batista

6. Entorno do Colégio Militar

7. Humaitá

8. Ipanema

9. Jardim Botânico

10. Jockey Club

11. Laranjeiras

12. Leblon

13. Lido

14. Urca

15. Vila Isabel

Na Área de Planejamento 3, existem as casas de fazendas e igrejas re-manescentes dos séculos XVIII e XIX, edificações do final do século XIX,românticos exemplares de arquitetura pitoresca, como quiosques, galpõescom estruturas de ferro industrializadas, palacetes de natureza eclética, obrasarquitetônicas e pictóricas de caráter moderno. Não há APAC nesta área.

Na Área de Planejamento 4, há uma diversidade de bens tombados quevão desde antigas sedes de fazendas e igrejas do século XVIII a contempo-râneos quiosques praieiros, passando por arquitetura do século XIX, repre-sas, aquedutos, obras de arte, arquitetura moderna e elementos naturais epaisagísticos. Não há APAC.

Na Área de Planejamento 5, que abrange a Zona Oeste, há uma interes-sante diversidade de exemplares de bens culturais tombados, tais comoigrejas seculares, sede de fazendas, palacetes, pontes, fábricas, coretos ro-mânticos, hangar, bens de natureza paisagística, edificações do inicio doséculo XX. Há uma única APAC, Santa Cruz.

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5. TRANSPORTE

5.1. QUADRO GERAL

Como em muitas cidades de porte médio e grande, o trânsito e as defi-ciências no sistema de transportes são considerados por boa parte dos mo-radores do Rio de Janeiro como o maior problema urbano. Nas décadaspassadas, apesar dos principais investimentos no setor se destinarem aampliação da malha viária, o crescimento da frota de veículos se deu numritmo muitas vezes superior à sua capacidade. Em poucos anos se estaráatingindo a média de dois veículos por habitante, com o conseqüente au-mento no tempo de deslocamento da população e ônus para o desenvolvi-mento urbano.

Nas décadas passadas, assim como aconteceu em muitos países, a op-ção no modal rodoviário, com ênfase no transporte individual, resultou nainsuficiência de investimentos no transporte de massa. No caso do Municí-pio do Rio de Janeiro, que está consolidada como cidade metropolitana,trens, metrô e barcas ajudam a estruturar uma complexa rede de transpor-tes, mas são incapazes de atender a demanda dos passageiros.

Os estudos elaborados recentemente, como o Plano de Transporte deMassa (PTM), de caráter metropolitano, e principalmente o Plano Diretorde Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDTU/RMRJ) elaborado em 2003, apoiado em ampla pesquisa de demanda eoferta, diagnóstico, simulações de alternativas e avaliações econômico-financeiras e ambientais dos impactos das intervenções, serviu como sub-sídio para a elaboração deste item do relatório.

O Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Riode Janeiro indica que 50% das pessoas que se deslocam na cidade do Riode Janeiro vivem fora do município sede da Região. O alto percentual dasviagens apontam para a necessidade de compartilhamento da gestão dotransporte das instâncias governamentais envolvidas com o setor. Esta aná-lise tomou como base as seguintes macrozonas de trânsito:

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p.73Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Macrozonas de trânsito da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 2005Fonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Macrozonas de trânsito do Município do Rio de Janeiro, 2005Fonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

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p. 74 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Linhas de desejo com origem e destino na macrozona detrânsito 1 (Centro do Município do Rio de Janeiro)Fonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano daRegião Metropolitana do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro possui um Plano Municipal de Transporte Urbano –PDTU, elaborado em 2006, que deverá orientar as ações futuras da Cidadena área de transportes. Prioriza o transporte público, o transporte não-mo-torizado e a sustentabilidade das propostas do ponto de vista ambiental,econômico e financeiro. O foco das propostas do PDTU aponta para anecessidade de racionalizar todo o sistema de transportes da Cidade, fun-damentada em ações concretas.

Na tabela de viagens realizadas pelo modo principal na Região Metro-politana é identificada uma distribuição desequilibrada entre as opçõesexistentes, com destaque para os deslocamentos a pé (33,85%) e em ôni-bus (33,08%). O transporte sobre trilhos (trem, metrô e bonde) totaliza3,31%, menos da metade do transporte alternativo (8,19%).

Viagens realizadas por modo principalFonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro. Resultado da Pesquisa Origem destino2002/2003.

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p.75Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

No quadro geral dos transportes no Município, desde a década de 1960,pelo menos, o modal rodoviário vem prevalecendo, como demonstram aspesquisas feitas nos planos de transporte elaborados recentemente. A mai-or redução se deu transporte sobre trilhos, mesmo se somarmos trem emetrô. Desde 1994 houve o aumento do transporte individual, que haviacaído se comparado com 1976.

Evolução da divisão modalFonte: SMTR – Plano Diretor de Transporte da Cidade do Rio de Janeiro

Principais Vias TerrestresFonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de Urbanismo

Pereira Passos

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p. 76 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Ciclovias Existentes e ProjetadasFonte: Armazém de Dados / Instituto Municipal de UrbanismoPereira Passos

5.2. SISTEMA VIÁRIO

CARACTERÍSTICAS GERAIS

O sistema viário principal de suporte ao transporte sobre pneus noMunicípio do Rio de Janeiro possui um total de 3.357km, ressaltando-seque na categoria de vias locais são consideradas apenas aquelas significa-tivas em termos de tráfego urbano. O sistema que suporta o transportecoletivo sobre pneus, por sua vez, totaliza 2.420km.

As restrições impostas pela topografia do Município e a configuraçãoradial das principais vias em direção ao centro da Cidade fazem com quehaja uma grande concentração de viagens em poucos corredores com aquase totalidade deles convergindo para a área central.

Os fluxos de veículos particulares somados aos de ônibus representamuma enorme solicitação ao sistema viário, nem sempre preparado para su-portar adequadamente o tráfego, o que provoca congestionamentos em boaparte dos corredores.

Nos corredores onde há grande fluxo de ônibus e, portanto, indicadospara o transporte coletivo ser priorizado, existem problemas para acomo-dar os diversos tipos de tratamento indicados, que muitas vezes dependemde desapropriações e adequações no sistema viário.

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p.77Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Carregamento de transporte coletivo no Rio de JaneiroFonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano

Carregamento de transporte individual na em parte daRegiãoMetropolitano Rio de Janeiro

Fonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano

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Carregamento de transporte individual no Município do Rio deJaneiroFonte: SETRAN – Plano Diretor de Transporte Urbano

EXPANSÕES PREVISTAS

Em termos de expansão da rede viária, existem alguns projetos visandoa melhoria da circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dentre eles destaca-se o projeto do Anel Viário, compreendendo melhorias em trechos já exis-tentes. Prevê-se também a abertura de novos trechos, com a implantaçãode corredores de transporte coletivo em via segregada. Relacionam-se noscorredores previstos:

Ligação B: ampliação da capacidade da Estrada do Margaça;

Ligação C: construção de corredor viário;

Ligação Via Light: prolongamento do trecho existente até a Av.Brasil;

Linha Vermelha: construção do acesso norte ao Aeroporto doGaleão e Ilha do Governador;

Linha Amarela: ampliação da capacidade com a construção deduas pistas laterais entre a Av. Brasil e o bairro do Méier.

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p.79Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Há ainda a previsão da implantação do Projeto Sacode, que abrange umconjunto de 7 obras visando a melhoria do tráfego viário. São elas:

1) Ligação Madureira a Cavalcanti;

2) Ligação entre a Rua Teles e a Rua João Romeiro, emCampinho;

3) Ligação entre a Rua Andrade Figueira e a Rua Bezerra deMenezes, passando pela Rua Pescador Josino, em Madureira;

4) Duplicação do viaduto sobre a Supervia ligando a Av. Brásde Pina à Av. Lobo Júnior, em Penha Circular;

5) Ligação entre a R. Paranapanema e a Av. Itaoca, emBonsucesso;

6) Ligação entre a Av. Meriti e a Estrada Velha da Pavuna(Linha Amarela), passando sob o Grotão da Penha e a Serra daMisericórdia, em diretriz sobre a Faixa da Light, com a alternati-va da ligação entre a Av. Vicente de Carvalho e a Av. Brás de Pina(túnel sob o Grotão da Penha);

Melhorias Físico-Operacionais na Rua Olinda Ellis e Adjacências, emCampo Grande.

Cartograma do Arco Rodoviário MetropolitanoFonte: SETRAN 2008

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p. 80 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Cartograma das Principais intervenções de trânsito etransportes previstas no PDTU e incorporadas ao Plano deLegado Urbano e Ambiental Rio 2016Fonte: GMP/CGPU/SMU 2008

5.3. SISTEMA SOBRE TRILHOS

CONDIÇÕES GERAIS

Embora haja diferenças tecnológicas significativas entre o metrô e otrem, no Rio de Janeiro, os modais sobre trilhos apresentam condições deoperação semelhantes: a subutilização e as baixas eficiências e eficáciasoperacionais, o que resulta em quantidades de passageiros transportadosmuito aquém das desejáveis e em baixa eficiência energética.

A integração entre o trem e o metrô no Rio de Janeiro é muitoinsatisfatória. Esta condição, embora não suficiente, é indispensável àviabilização econômica, financeira e energética do sistema sobre trilhos.

Em função dos problemas citados, e à competição direta do transportesobre pneus com os modais ferroviário e metroviário, o desempenho dosistema sobre trilhos tem sido bastante modesto, captando apenas 7% dospassageiros de transporte coletivo da Região Metropolitana do Rio de Ja-neiro.

Hoje os ônibus concorrem com os sistemas ferroviários e metroviáriose oferecem freqüência de transporte e velocidades competitivas e valendo-se das deficiências do sistema sobre trilhos são responsáveis por 93% dotransporte coletivo da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Os valores indicados representam os carregamentos de passageiros-dia

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estimados nos ramais e nas linhas e em algumas seções de via referentesaos passageiros de ônibus.

Entre os sistemas sobre trilhos, o metrô tem condições operacionaismais vantajosas que os trens urbanos, as quais vão além do equipamentomais moderno.

A linha 1 do metrô possui uma taxa de utilização muito maior que a dostrens. Por atravessar o centro da cidade e servir bairros de maior densidadepopulacional, distribui os fluxos de passageiros ao longo do dia em situa-ção mais favorável. A distribuição é feita com três picos de passageiros: demanhã, ao meio dia e à tarde. É o modal que pode solucionar a carência detransporte nas áreas mais densamente urbanizadas, como o bairro deCopacabana, que recentemente teve concluída a Estação Cantagalo.

Já os trens urbanos têm uma característica predominante de transportependular, com grande concentração nos horários de pico em um único sen-tido - para as áreas centrais de manhã e no sentido inverso, à tarde. Essefator reduz de modo significativo a relação demanda/oferta, exigindo umafrota muito maior para o mesmo transporte, tornando-o mais caro.

A linha 2 do metrô também tem demanda pendular, com um aproveita-mento maior da distribuição de passageiros no fluxo dos dois principaispicos horários: de manhã e à tarde.

METRÔ

O Metrô do Rio de Janeiro foi inaugurado em março de 1979. O iníciodas operações contou com apenas 5 Estações: Praça Onze, Central, Presi-dente Vargas, Cinelândia e Glória. No ano seguinte, foram inauguradas asEstações Uruguaiana, Estácio, Catete, Morro Azul - hoje, Flamengo – Lar-go do Machado e Botafogo e foi inaugurada a linha 2, apenas com as esta-ções São Cristóvão e Maracanã.

Em 1982 entraram em operação as estações de Afonso Pena, São Fran-cisco Xavier e Saens Peña, da linha 1. Em 1983 foram inauguradas as esta-ções Maria da Graça, Del Castilho, Inhaúma e Irajá, da linha 2. A EstaçãoTriagem da linha 2 foi inaugurada em 1988. Em 1991 foi inaugurada aEstação Engenho Rainha da linha 2. De 1991 até 1996 apenas duas esta-ções foram inauguradas: Tomás Coelho e Vicente de Carvalho, ambas dalinha 2.

Em dezembro de 1997 o Consórcio Opportrans adquiriu o direito deexplorar o serviço metroviário, durante 20 anos, assumindo em abril de1998, o controle do serviço de transporte público metroviário.

Em julho de 1998 foi a inaugurada a Estação Cardeal Arcoverde, emCopacabana, integrante da linha 1. No mesmo ano foram iniciadas as ope-rações de mais 5 estações: Irajá, Colégio, Coelho Neto, Engenheiro RubensPaiva, Acari/Fazenda Botafogo e Pavuna, na linha 2.

Inicialmente, a concessionária tinha sob seu controle a administração ea operação do Metrô Rio, ficando as expansões da rede metroviária e aqui-sição de novos trens a cargo da Rio Trilhos, empresa do governo do Esta-do. No final de dezembro de 2007, a concessão foi renovada até 2038, maso Metrô Rio assumiu a responsabilidade pela construção da linha 1A, queligará a linha 2 à linha 1, a compra de 108 carros e a construção das esta-ções Uruguai e Cidade Nova.

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O novo trecho da linha 1A evitará a transferência na Estação do Estácio,sobrecarregada com fluxo de passageiros. Os investimentos exigidos vi-sam aumentar o número de pessoas atendidas diariamente pelo metrô, pas-sando dos atuais 550 mil clientes/dia para 1,1 milhão clientes/dia.

A partir de 2000, o Metrô Rio estabeleceu diversas parcerias com ointuito de facilitar e baratear o transporte coletivo da Cidade. Em 2000, foiimplantada a integração metrô-trem. Em janeiro de 2002, foi inaugurada alinha de extensão “Metrô na Superfície” que ligava a Estação CardealArcoverde, da linha 1, em Copacabana, a Ipanema. Com a inauguração daEstação Siqueira Campos, também em Copacabana, em março de 2003, alinha de extensão foi transferida para essa estação e passou também a aten-der aos bairros do Leblon e Gávea.

Em 2004, o Metrô Rio deu início a operação aos domingos e aimplementação das “linhas expressas metrô-ônibus”. Entre 2004 e 2005,foram inauguradas 12 linhas expressas metrô-ônibus.

Em 2007 foi inaugurada uma nova estação em Copacabana, a EstaçãoCantagalo, e duas novas linhas de extensão: o Metrô Na Superfície queliga a Estação Botafogo à Gávea, passando pelo Humaitá e Jardim Botâni-co, e o Metrô Barra, que liga a Estação Siqueira Campos à Barra, passandopor Ipanema, Leblon e São Conrado.

Atualmente, a linha 1 - Cantagalo/Saens Peña - possui 13,7km de ex-tensão e 17 estações, todas subterrâneas, conectando as Zonas Sul e Norteimediata, passando pelo centro da cidade e pelos bairros de maior densida-de do Município.

A linha 1 foi planejada para utilizar trens de 6 carros em intervalos de 3minutos, mas não atingiu ainda a oferta pretendida por ter remanejado al-guns trens disponíveis para a linha 2, ficando, portanto, limitada ao inter-valo de 4 min.

A linha 2 - Estácio/Pavuna - possui 22km e 16 estações, sendo 10 emnível, 5 elevadas e 1 subterrânea. Conecta os bairros do subúrbio do Rio,que é uma área com menos alternativas de transporte ao centro da cidade e,portanto, com uma demanda reprimida volumosa. A operação é feita comintervalo semelhante ao de um trem suburbano (4’55’’) e utilização de fro-ta mista, com trens de 4, 5 e 6 carros.

A linha 2 por não ter como ponto terminal o centro da cidade - destinoda maior parte dos usuários - tem sua oferta limitada à capacidade de ab-sorção dos passageiros pela linha 1 na Estação do Estácio, restringindo asua oferta.

A linha 2 opera num período pouco superior à linha 1 – de 5:30h às23:00h - pois possui como ponto terminal norte a Estação Pavuna, locali-zada praticamente no Município de São João de Meriti e, dessa forma,população residente na região da Baixada.

Por exigir enorme volume de recursos de investimentos para estar emcondição de se tornar, efetivamente, um sistema eficiente de transporte demassa, é preciso estabelecer programas de curto, médio e longos prazospara a adequação do sistema de metrô no Rio de Janeiro.

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p.83Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Em curto prazo, são prioridades para o sistema de metrô de:

Na linha 1: melhorias nos sistemas de alimentação elétrica, desinalização, de controle de trens e de configuração do terminalprovisório da Zona Sul, que restringem o intervalo entre trens econseqüentemente o número de trens em operação e a oferta delugares.

Na linha 2: melhorias nos sistemas de alimentação elétrica, desinalização e de controle de trens; implantação do trecho Estácio-Carioca, que permitirá integração com o modal ônibus, além des-carregar o excesso de passageiros da linha 1 e uma integraçãomais racional com as linhas do sistema ferroviário em estaçõesintermediárias como Maria da Graça, Triagem, Maracanã e SãoCristóvão.

Nas estações previstas para integrarem a linha 1 e linha 2, e nasestações das linhas 1 e 2 integradas com as linhas ferroviárias:ligação entre mezaninos com aumento da capacidade de circula-ção nas escadas/corredores e plataformas, e melhoria no funcio-namento das plataformas.

Aumento na frota de trens, modernização e eliminação de defici-ências já detectadas nos atuais trens/carros.

Linhas de Metrô.Fonte: www.metrorio.com.br

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p. 84 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

EXPANSÃO DO METRÔ NO MUNICÍPIO

Linha 1: Trecho Siqueira Campos – General Osório

É prevista a expansão da linha 1 até Ipanema com a estação Ge-neral Osório. Com 1.080 metros de extensão total, o trecho seráquase que inteiramente executado em rocha, inclusive as esta-ções. O tempo de execução deste trecho deverá ser pequeno, jáque no final da década de 1980 suas obras foram iniciadas e pa-ralisadas pouco tempo depois, tendo sido executada a escavaçãode 670 metros de túnel em rocha até à Estação Cantagalo, o aces-so da Rua Xavier da Silveira, em Copacabana, e parte do acessoda Rua dos Jangadeiros, em Ipanema.

Linha 2: Trecho Estácio - Carioca

Ainda sem prazo definido para iniciar as obras, mas consideradade importância vital à continuidade da expansão da redemetroviária, este trecho, de cerca de 3km de extensão que incluiuma estação (Cruz Vermelha), permitirá desafogar a linha 1 eaumentar a oferta da linha 2. Irá principalmente torná-la capazde absorver a demanda proveniente dos trens suburbanos e deoutras futuras linhas metroviárias transversais à rede existente,dotando a cidade do Rio de Janeiro de uma rede estrutural detransporte de massa. Sua implantação permitirá o atendimentopleno da demanda representando um acréscimo significativo depassageiros ao sistema metroviário e fazendo a ligação sem trans-bordos da Baixada Fluminense e subúrbios com o Centro da Ci-dade.

Linha 3: Rio – Niterói - São Gonçalo - Itaboraí

A ser implantada inicialmente nos municípios de Niterói, SãoGonçalo e Itaboraí, interligando-os, em uma fase posterior atingeo Município do Rio de Janeiro através de construção de túnelsubaquático, conectando-se, em princípio à linha 1 e, posterior-mente, à linha 2, quando implantada a ligação Estácio-Carioca,no Centro. A extensão total da linha é de 36km, com 16 estações,beneficiando uma população de cerca de 1,6 milhões de pessoas.A primeira fase, já licitada, liga Niterói a São Gonçalo (EstaçãoGuaxindiba), com 22km e 14 estações, em superfície e elevado,aproveitando o leito da ferrovia existente. A segunda fase, atéItaboraí, com 14km de extensão encontra-se em estágio de estu-do. A linha 3 é considerada estratégica em função da implantaçãodo complexo petroquímico do Estado do Rio de Janeiro nas cida-des de Itaboraí e de São Gonçalo.

Linha 4: Ligação Barra da Tijuca - Botafogo

Esta linha foi concedida em 1998, contando com a participaçãofinanceira do Estado para sua implantação. Liga a Barra daTijuca, desde a localidade Jardim Oceânico até a linha 1 na Esta-ção Rio Sul, situada no trecho Arcoverde/Botafogo, passando pe-los bairros de São Conrado, Gávea, Jardim Botânico e Humaitá.Possui 16km aproximados de extensão e 6 estações. Cogita-se amudança de seu traçado no trecho de Botafogo, para evitar a so-brecarga de passageiros na linha 1 e conseqüente cerceamentoda expansão desta linha, restringindo a sua oferta, havendo, emestudo, algumas alternativas ao trajeto traçado.

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Linha 5: Aeroporto Tom Jobim – Rodoviária Novo Rio – Aeropor-to Santos Dumont

Esta linha, inicialmente concebida para atender a candidatura dacidade do Rio de Janeiro a sede das Olimpíadas de 2004, deveráligar a Ilha do Governador/Aeroporto Tom Jobim ao AeroportoSantos Dumont, atendendo também à Rodoviária Novo Rio e aoTerminal de Transporte Marítimo de Passageiros da CONERJ eTRANSTUR. Tal como as demais linhas, também se conecta àrede metroviária na Estação Carioca. Sua extensão aproximada éde 17km e contará com 11 estações. Será construída sempre quepossível em elevado e superfície para reduzir o custo de implanta-ção, à exceção do trecho próximo à Rodoviária que provavelmen-te será em subterrâneo.

Linha 6: Terminal Alvorada – Penha Circular - Galeão

Constitui-se no eixo transversal de maior importância no contex-to da rede estrutural de transportes de massa do Município, porpermitir a conexão não só com as linhas 2, 4 e 5 do metrô, comopor seccionar todos os ramais ferroviários do lado oeste da baíade Guanabara, possibilitando rápido acesso para usuários daBaixada Fluminense aos bairros de Jacarepaguá e Barra daTijuca. Inserida no Corredor Transversal T5, previsto pelo PlanoDoxiades, esta linha inicia-se na Alvorada, no bairro da Barra daTijuca, e termina na Ilha do Governador, passando pelas regiõesde Jacarepaguá, Madureira e Penha. Sua extensão aproximada éde 38km, contando com 15 estações.

As linhas previstas poderão vir a serem modificadas, dependendo deprioridades, análises e simulações que venham a ser estabelecidas. Cabefrisar que apresentam, de acordo com o Plano Diretor de Transporte Urba-no da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDTU/RMRJ), uma basepara o traçado da rede estrutural de transportes que se pretende para a Re-gião Metropolitana.

TREM

O sistema ferroviário de transporte de massa da Região Metropolitanado Rio de Janeiro hoje é operado predominantemente pela concessionáriaSupervia.

Originalmente o sistema ferroviário estava sob a responsabilidade doGoverno Federal. Nessa época caracterizou-se pela falta de investimentosregulares e contínuos, gerando ao longo dos anos uma demanda pormelhorias em infra-estrutura e material rodante.

Antecedeu à privatização da operação dos trens metropolitanos ocorri-da em 1998, o repasse do sistema ferroviário ao Governo Estadual, em1993/1994, com a criação da Flumitrens.

A malha ferroviária possui 245 km de extensão, sendo 214 km de tra-ção elétrica. Atende 15 dos 20 municípios da Região Metropolitana e éresponsável pelo transporte de cerca de 350.000 passageiros/dia.

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p. 86 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

O sistema ferroviário é utilizado basicamente por usuários situados nafaixa de renda familiar de até 3 salários mínimos, representando 83% dademanda, com uma freqüência semanal predominante de 3 a 5 dias (51%)e tendo o trabalho como motivo principal de 91% das viagens realizadas.

Está dividido em 6 ramais, operados pela Supervia, e 2 ramais opera-dos pela Central:

Ramal de Santa Cruz

Ramal de Japeri

Ramal de Belford Roxo

Ramal de Gramacho

Ramal de Deodoro

Ramal de Vila Inhomirim

Ramal de Guapimirim

Ramal de Niterói-Itaboraí

Apesar de estar na faixa de domínio da Central, o ramal Niterói-Itaboraiestá sendo objeto de estudos para ser operado pelo sistema metroviário,como a linha 3.

Não só os resultados operacionais obtidos no passado, mas ainda a con-figuração em rede que este apresenta, indicam a enorme importância dosistema ferroviário para a Região Metropolitana.

Contudo, os enormes recursos necessários à adequação e à moderniza-ção das diversas linhas/ramais e as suas grandes extensões mostram queprogramas de curto, médio e longo prazo necessitam ser estabelecidos,viabilizados às possibilidades de empresa operadora e com o envolvimentodos diversos níveis governamentais (federal, estadual e municipal.

O sistema de trens metropolitanos apresenta hoje entre seus problemas:

Deficiências e obsolescência nos sistemas elétricos, de sinaliza-ção e de controle de trens e de telecomunicações.

Trens necessitando de reformas/modernizações e desuplementação /substituição por materiais mais modernos.

Inadequação da oferta às reais necessidades dos usuários.

Inadequação dos espaços internos/externos das estações/termi-nais para a melhoria da acessibilidade dos passageiros lindeiros eprovenientes da integração com outros modos de transporte.

Deficiências nas estações e terminais, projetados para um siste-ma “sub-urbano” e que não foram adequados a um sistema me-tropolitano/urbano.

Falta de abrangência de integração com as linhas de metrô e ôni-bus para maior eficiência e eficácia operacional e energética.

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p.87Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

A expectativa com os investimentos no sistema de trens urbanos emvigor, através de financiamentos pelo Banco Mundial com a contrapartidade responsabilidade dos governos federal e estadual, é atingir, num primei-ro momento, um total de 900 mil passageiros/dia; e, em seguida, de 1,3milhões de passageiros/dia.

5.4. SISTEMA HIDROVIÁRIO

O transporte hidroviário se compõe das linhas de barcas, catamarãs eaerobarcos entre a Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro, e o Municípiode Niterói, e das linhas de barcas entre a Praça XV e a Ilha de Paquetá e aIlha do Governador (na Ribeira), operadas pelo concessionário Barcas S.A.

Este modal, que no passado chegou a participar com 3,8% das viagensde transporte coletivo na Região Metropolitana, hoje conta com apenas0,7%, fruto principalmente da construção da Ponte Rio-Niterói. Além dis-so, há a competição direta com as linhas de ônibus intermunicipais. Estesônibus saem do Terminal João Goulart, em Niterói, e chegam na Praça XV,em uma concorrência que, no mínimo, dificulta a integração intermodal.

As questões importantes neste modo a serem consideradas são:

Tratamento das questões do túnel metro-ferroviário da Linha 3,sob a Baia, em relação as linhas hidroviárias entre Niterói e Riode Janeiro;

As melhorias previstas com relação as barcas atuais que estão emprocesso de substituição por barcas mais rápidas com tempo deviagem de 11 minutos entre praças XV e Araribóia;

A implantação pelo Contrato de Concessão para as ligações entrePraça XV com Charitas, já em operação, e com São Gonçalo;

Processo licitatório do transporte seletivo (catamarãs) entre a pra-ças XV e Araribóia.

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PARTE IIIPLANO DIRETOR EM 2006:PROPOSTA DE POLÍTICA URBANA

O texto do Projeto de Lei encaminhado ao Legislativo Municipal estáorganizado em quatro títulos, com conteúdos bem definidos:

O Título I - Política Urbana reúne a matéria relativa às bases quefundamentam o desenvolvimento do Plano: os princípios e as diretrizes dapolítica urbana que se pretende implantar na Cidade; os objetivos do PlanoDiretor como instrumento de aplicação desta política urbana; as normas eos procedimentos que o compõem e as exigências para o cumprimento dafunção social da propriedade, como rege a Constituição Federal.

No Plano Diretor de 1992 esta matéria está distribuída nos Títulos I eII, além de ter alguns princípios e diretrizes mencionados no Título VI.

O Título II - Ordenação do Território reúne e organiza as matériasque integram a política municipal de ordenação do território. Enuncia oselementos da estrutura urbana básica do Município, define e conceitua aocupação urbana e suas restrições. Trata ainda da nova proposta demacrozoneamento, indicando vetores de crescimento da cidade, áreas su-jeitas à intervenção e de ordenação do território para o planejamento, como objetivo de orientar a ação do poder público municipal por macrozonas.

No Plano Diretor de 1992 esta matéria está distribuída nos Títulos V e VI.

O Título III - Instrumentos da Política Urbana reúne, organiza eregulamenta uma ampla gama de instrumentos necessários à implementaçãoda política urbana. Os instrumentos estão classificados da seguinte forma:

Regulação urbanística: são os que se referem ao parcelamento,uso e ocupação do solo, obras e edificações, licenciamento e fis-calização, além da menção a um novo módulo a ser estruturado,contendo normas para ocupação do espaço público, hoje extensi-vamente explorado por concessionárias dos serviços públicos.

Planejamento urbano: são os que definem as atribuições dos pla-nos, programas e projetos de desenvolvimento urbano, com des-taque para o Plano de Estruturação Urbana, sob novo formatodecorrente das modificações propostas para a Lei de Uso e Ocu-pação do Solo.

Gestão de uso e ocupação do solo: constitui o conjunto dos ins-trumentos instituídos pelo Estatuto da Cidade que precisam deregulamentação em Plano Diretor, e outros que vêm sendo utili-zados como ferramentas de gestão, para os quais foram propostosaperfeiçoamentos.

Gestão ambiental e cultural: reúne os instrumentos de gestão e deproteção ambiental, e os de gestão do patrimônio cultural, igual-mente aperfeiçoados em decorrência da experiência acumuladacom a aplicação destes instrumentos.

Financeiros, orçamentários e tributários: dispõe sobre os fundosmunicipais existentes e os a criar, e sobre a vinculação entre asações de planejamento e gestão urbana e o planejamento do orça-mento municipal.

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p.89Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Gestão da política urbana: dispõe sobre os sistemas de planeja-mento urbano, informações urbanas, planejamento e gestãoambiental, e defesa da cidade – como forma de gerenciar a im-plantação da política urbana expressa no Plano Diretor.

No Plano Diretor de 1992 esta matéria somente contempla alguns pon-tos nos Títulos III e IV.

O Título IV - Políticas Públicas Setoriais reúne as políticas setoriaisque, em conjunto, integram a política urbana do Município e orientam asações dos agentes públicos e privados no processo de gestão do espaçourbano. Foram acrescentadas às seis políticas setoriais constantes do PlanoDiretor Decenal de 1992 as políticas de regularização urbanística e fundiária,trabalho e renda, turismo, educação, saúde, assistência social, cultura, in-formação, segurança urbana e administração tributária.

No Plano Diretor de 1992 esta matéria é contemplada no Título VII.

1. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA POLÍTICA URBANA

A proposta de 2006 para revisão do Plano Diretor Decenal de 1992reafirma os princípios e diretrizes que o nortearam, e reforça a ênfase quese deu à proteção do meio ambiente desde então, condicionando a ocupa-ção urbana à proteção do patrimônio natural e cultural da Cidade. A pro-posta também busca aperfeiçoar instrumentos para: atender à crescentepreocupação com o controle da irregularidade e com a expansão das fave-las e sua integração à cidade formal; orientar o adensamento segundo dis-ponibilidade de infra-estrutura; viabilizar a reabilitação do patrimônioconstruído em áreas degradadas ou subutilizadas.

Na definição das linhas estruturadoras do Plano e dos objetivos e dire-trizes da política urbana, foram considerados relevantes, os seguintes as-pectos relativos à dinâmica da Cidade, destacados e debatidos ao longo doprocesso de revisão do Plano:

SOCIOECONÔMICOS

Centralidade regional político-administrativa e econômica do Mu-nicípio.

Existência de instalações portuárias de relevância nacional.

Polarização de atividades culturais e turísticas em âmbito estadu-al, nacional e internacional.

Alterações nos processos de produção e de localização industrial.

Esvaziamento da produção agrícola.

Esvaziamento populacional e evasão das atividades econômicasnas áreas centrais e consolidadas.

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p. 90 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

AMBIENTAIS

Presença de maciços e de áreas com intensa vegetação junto àsáreas urbanizadas.

Importância da integração do ambiente natural com a ocupaçãourbana.

Existência de topografia adversa à ocupação urbana.

Longa extensão da orla marítima e de áreas baixas com manguese lagoas.

Crescente ameaça aos elementos naturais, à paisagem urbana eao patrimônio cultural e histórico.

Progressiva redução dos padrões de qualidade ambiental: polui-ção das praias, lagoas e demais corpos hídricos, desmatamento eerosão de encostas.

DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Acentuado desequilíbrio do valor do solo entre os diversos bair-ros.

Adensamento de áreas desprovidas de suficiente infra-estrutura.

Crescimento das favelas e loteamentos irregulares e clandestinos,e das ocupações em áreas de risco e de proteção ambiental.

Rigidez e inadequação da legislação de regulação urbanística ede gestão do uso e ocupação do solo.

DE INFRA-ESTRUTURA URBANA

Predominância da estrutura viária longitudinal, ampliando asdistâncias, os custos e as dificuldades de deslocamento.

Prevalência do sistema rodoviário sobre o transporte sobre tri-lhos para o transporte coletivo.

Insuficiência das redes de drenagem, esgotamento sanitário e abas-tecimento de água em áreas efetivamente ocupadas.

Carência de equipamentos públicos, especialmente nas áreas aonorte e oeste da Cidade.

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p.91Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Identificados esses aspectos como relevantes, foram definidas comolinhas estruturadoras e eixos de ação para a gestão físico-ambiental doMunicípio, as seguintes estratégias de desenvolvimento:

Acesso à terra e produção de moradia regular.

Controle do adensamento das áreas consolidadas e estímulo à ocu-pação das áreas infra-estruturadas e subutilizadas.

Preservação e valorização do patrimônio natural, cultural, histó-rico, artístico e turístico.

Requalificação e revitalização das áreas consideradas degrada-das.

Promoção da mobilidade urbana.

Implantação de infra-estruturas para o desenvolvimento econô-mico e social.

Para a ordenação do território, foi prevista a divisão do Município emmacrozonas, o estabelecimento de restrições à ocupação urbana e a defini-ção de vetores de crescimento da cidade, com a indicação de áreasprioritárias para intervenção através de planos, projetos, obras ou novoregime urbanístico que busquem alcançar as transformações urbanísticasestruturais indicadas no Plano.

A Cidade do Rio de JaneiroFonte: SMU / Instituto Municipal de Urbansimo Pereira Passos

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2. ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO

O território municipal é ordenado de acordo com os vetores de crescimento, omacrozoneamento e as diretrizes de uso e ocupação do solo. A ordenação do territó-rio observa também as condições ambientais, tendo como referência as bacias esub-bacias hidrográficas definidas pelos maciços montanhosos e baixadas.

2.1. USO E OCUPAÇÂO DO SOLO.ESTRUTURA URBANA BÁSICA

O território municipal é considerado integralmente urbano. Possui áreas ocupa-das ou comprometidas com ocupação e áreas destinadas ao crescimento da Cidade.Intercalam-se extensas áreas sob regime de proteção ambiental ou que estão subme-tidas a outras restrições para a ocupação urbana. Algumas dessas áreas são explora-das por atividades agrícolas.

A estrutura básica deste ambiente urbano é constituída pelo ambiente natural,formado pelos maciços e montanhas, a vegetação, o litoral e o sistema hídrico, epelo ambiente construído de uso predominantemente residencial ou misto, compos-to por áreas urbanizadas formais e áreas de ocupação irregular. Além da infra-estru-tura - composta pelo conjunto das redes viária, de transportes, de saneamento básicoe de equipamentos e serviços públicos -, abrange também os elementos que inte-gram as funções urbanas e determinam o equilíbrio econômico e social intra-urbano, sendo eles:

Um sistema de centros e subcentros de comércio e serviços.

Áreas industriais.

Locais de desenvolvimento das atividades turísticas.

Grandes equipamentos que dão suporte à dinâmica econômicada cidade.

Os centros e subcentros de comércio e serviços concentram atividadesdiversificadas ou especializadas, formando uma rede de centros de alcance metro-politano, municipal e local. No Plano Diretor Decenal de 1992, com o objetivo deredução da atratividade de tráfego das áreas centrais ou da região sul da Cidade, oscentros e subcentros de comércio e serviços foram hierarquizados. Nesta revisão doPlano Diretor em 2006, propõe-se que o desequilíbrio gerado pela elevada atratividadedessas áreas seja atenuado mediante ações - públicas ou privadas, orientadas poruma classificação do território municipal em macrozonas, com controles específi-cos das suas densidades, e fortalecimento da diversidade de usos e de padrões deurbanização e edificação.

A localização industrial, no Plano Diretor 92 está condicionada aos seguintesfatores:

Ciclo de produção e suas características.

Possibilidade de escoamento da produção.

Oferta de serviços básicos (energia elétrica, gás, telefone, água eesgotamento sanitário).

Possibilidade de integração entre indústrias.

Disponibilidade de mão-de-obra e seu acesso às áreasestabelecidas.

Condições ambientais.

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p.93Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Na proposta de revisão em 2006, são ainda reconhecidas as transforma-ções ocorridas nos processos de produção industrial e, admitida a convi-vência entre usos e atividades diversificados, no intuito de evitar a segre-gação dos espaços. Na nova proposta, a atividade industrial passa a estarcondicionada, fundamentalmente, ao adequado controle ambiental.

Como diretriz para a regulação da densidade e da intensidade daocupação e do uso do solo estabeleceu-se que sejam consideradas:

Restrições de natureza ambiental.

Elementos de relevante interesse da paisagem e do ambien-te urbano.

Densidades populacionais e construtivas existentes.

Oferta existente ou projetada de equipamentos e serviçospúblicos, de infra-estrutura de transportes e de saneamentobásico.

Segurança individual e coletiva.

Condições de mobilidade.

Existência de vazios urbanos.

Capacidade ociosa de áreas com possibilidades de absorçãode maior densidade.

ÁREAS DE RESTRIÇÃO Á OCUPAÇÃO

As áreas de restrições à ocupação urbana, que no Plano Diretor de 1992foram definidas como Macrozonas de Restrição à Ocupação Urbana, narevisão do Plano Diretor são caracterizadas como:

1) Áreas objeto de proteção ambiental: são aquelas institu-ídas legalmente como unidades de conservação da naturezaou áreas de preservação permanente, bem como as passí-veis de serem protegidas.

2) Áreas com condições físicas adversas à ocupação: são asáreas frágeis de encostas, sujeitas a deslizamentos, desmo-ronamentos e outras alterações geológicas que comprome-tam ou possam comprometer a sua estabilidade, e as áreasfrágeis de baixada, sujeitas a alagamento, inundação ourebaixamento decorrente de sua composição morfológica.

3) Áreas de transição entre as áreas objeto de proteçãoambiental e as áreas com ocupação urbana: são aquelas des-tinadas aos usos agrícola e residencial de baixa densidade,às agroindústrias e às atividades de comércio e serviços com-plementares ao uso agrícola, e às atividades turísticas, re-creativas e culturais.

Para as áreas assim caracterizadas são fixados na revisão do Plano Di-retor condicionantes para sua ocupação.

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p. 94 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Fica estabelecido, ainda, que não serão permitidas construções em áre-as consideradas impróprias pela administração municipal, tais como:

Áreas de risco geotécnico.

Faixas non aedificandi ao longo das margens de águas superfici-ais.

Faixas de proteção de adutoras e de redes elétricas de alta tensão.

Faixa de domínio de estradas federais, estaduais e municipais.

Áreas que não possam ser dotadas de condições satisfatórias deurbanização e saneamento básico.

2.2. MACROZONEAMENTO

A função do macrozoneamento do território municipal é o de indicar omodo pelo qual o poder público procederá no controle das densidades, daintensidade e da expansão da ocupação urbana. Esse controle poderá serfeito através de:

Interferência sobre o processo de adensamento com a definiçãodos índices de aproveitamento de terreno.

Implementação de planos, programas e projetos, segundo priori-dades de intervenção.

Aplicação dos instrumentos da política urbana instituídos peloEstatuto da Cidade.

Elaboração das normas urbanísticas de regulação do solo.

Além de orientar a ação do poder público no controle sobre uso e ocu-pação do solo, o macrozoneamento serve como referência territorial paradefinição de prioridades para a distribuição dos investimentos públicos eprivados.

O Plano Diretor Decenal de 1992 apresenta um macrozoneamento paraordenação da ocupação do solo que divide o território em três macrozonas:urbana, de expansão urbana, e de restrição à ocupação urbana.

A revisão do Plano Diretor em 2006 divide o território municipal emquatro macrozonas, levando em consideração fatores espaciais, sociais,culturais, econômicos e ambientais. Sob esse novo formato demacrozoneamento, construído com o objetivo de orientar a implementaçãodas políticas públicas de forma articulada, as áreas sob restrição à ocupa-ção urbana integram-se às demais áreas pertencentes à macrozona, respei-tadas as suas características e os seus condicionantes.

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p.95Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

MACROZONAS DE OCUPAÇÃO

As Macrozonas de Ocupação estão assim definidas na revisão do PlanoDiretor:

I - Macrozona de Ocupação Controlada, onde o adensamentopopulacional e a intensidade construtiva serão limitados, a reno-vação urbana se dará preferencialmente pela reconstrução ou pelareconversão de edificações existentes, e o crescimento das ativi-dades de comércio e serviços ocorrerá em locais onde a infra-es-trutura seja suficiente, respeitadas as áreas predominantementeresidenciais.

II - Macrozona de Ocupação Incentivada, onde o adensamentopopulacional, a intensidade construtiva e o incremento das ativi-dades econômicas e equipamentos de grande porte serão estimu-lados, preferencialmente nas áreas com maior disponibilidade oupotencial de implantação de infra-estrutura.

III - Macrozona de Ocupação Condicionada, onde o adensamentopopulacional e a intensidade construtiva e a instalação das ativi-dades econômicas serão restringidos de acordo com a capacidadedas redes de infra-estrutura e subordinados à proteção ambientale paisagística, podendo ser progressivamente ampliados com oaporte de recursos privados.

IV - Macrozona de Ocupação Assistida, onde o adensamentopopulacional, o incremento das atividades econômicas e a insta-lação de complexos econômicos deverão ser acompanhados porinvestimentos públicos em infra-estrutura e por medidas de prote-ção ao meio ambiente e à atividade agrícola.

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p. 96 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Para orientar o desenvolvimento da Cidade e o uso e ocupação dosolo foram estabelecidas no Plano Diretor de 1992, diretrizes por cadauma das 5 Áreas de Planejamento da Cidade do Rio de Janeiro, segundosuas características específicas, a serem obedecidas nas ações de planeja-mento e implementação de melhorias urbanas. Estas diretrizes foramreavaliadas e atualizadas ao longo das Audiências Públicas realizadas sobcoordenação do Secretário Municipal de Urbanismo, consolidadas pormacrozona de ocupação em Anexo do projeto de lei da revisão do PlanoDiretor, encaminhado à Câmara dos Vereadores em 2006 da seguinte for-ma:

Na Macrozona de Ocupação Controlada

1) Promover melhorias nas condições de mobilidade mediante:

Racionalização do serviço de ônibus e redução de veículos emcirculação, remanejamento de terminais e criação de corredoresexpressos para ônibus de alta capacidade.

Apoio à implantação progressiva e contínua das linhas 1 e 4 dosistema metroviário e ampliação de sua abrangência para as áre-as adjacentes, através do transporte integrado.

Criação de alternativas para estacionamento e guarda de veícu-los compatíveis com as características locais em todos os bairros,com critério de prioridade para os moradores.

Ampliação do sistema cicloviário existente, com infra-estruturade apoio, regulamentação e fiscalização de sua utilização.

2) Elaborar plano geral para melhoria sócio-espacial do ambiente ur-bano nos assentamentos de baixa renda e seus entornos, para implantaçãode:

Programas de regularização urbanística e fundiária.

Projetos de urbanização.

Subzonas de incentivo à moradia popular.

Áreas de Especial Interesse Social - AEIS.

3) Promover a diversificação do uso e ocupação na Área Central, pormeio de:

Incentivo ao uso residencial, misto com residência e de hospeda-gem.

Implantação de transporte de média capacidade na Área Centrale adjacências, conexão intermodal, integração às barcas, Aero-porto Santos Dumont e à rede cicloviária.

4) Estimular a reconversão de imóveis tombados e preservados para ouso comercial e de serviços complementares ao uso residencial, atividadesde hospedagem, apoio ao turismo, culturais, artísticas e de lazer.

5) Promover melhorias urbanísticas, preservando o patrimônio cultu-ral e ambiental de Santa Teresa, mediante:

Estímulo à ocupação de terrenos vazios e à reforma ou reconstru-ção de imóveis subutilizados, visando o aumento de unidadesresidenciais.

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p.97Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Ampliação do comércio de apoio ao uso residencial e ao turismo,com estímulo às atividades turística e cultural, preservando a iden-tidade local.

Racionalização da mobilidade e ampliação da acessibilidade, pormeio do transporte coletivo intrabairro e integração ao transportede massa para as Zonas Sul e Norte.

6) Priorizar a requalificação em áreas urbanas com alto potencial paraa reprodução dos investimentos.

7) Controlar o adensamento e a intensidade de ocupação do solo naZona Sul, na defesa de um ambiente urbano de qualidade, por meio de:

Contrapartidas para a preservação da qualidade do ambiente ur-bano na implantação de novos centros comerciais (shoppingcenters) de grande porte e ampliação dos já existentes.

Restrição à promoção de empreendimentos residenciais, de co-mércio e serviços de grande porte em áreas consideradas saturadas.

Preservação de ambientes construídos pela reutilização e conser-vação de imóveis de valor cultural

Na Macrozona de Ocupação Incentivada

1) Priorizar o investimento na melhoria geral do ambiente urbano edas condições de ocupação, mediante reforço e ampliação de programas einiciativas, tais como:

Implantação de subzonas de incentivo à produção de moradiasregulares de interesse social.

Definição de Áreas de Especial Interesse Social.

Urbanização de favelas.

Regularização urbanística e fundiária.

Reconversão de edificações e reaproveitamento das estruturas exis-tentes, vazias ou subutilizadas em áreas industriais e outras áreasdegradadas.

2) Promover a criação de áreas verdes, espaços para recreação, espor-te, lazer e atividades culturais, mediante as seguintes iniciativas:

Estímulo à criação de espaços públicos e privados para atividadesculturais e recreativas.

Estabelecimento de critérios para preservação do patrimônio cul-tural e em especial nos bairros da VIII Região Administrativa -Tijuca e da IX Região Administrativa - Vila Isabel.

Recuperação ambiental das áreas remanescentes da desativaçãode grandes instalações industriais, comerciais, complexos milita-res, industriais e de exploração mineral.

Criação de vilas olímpicas em comunidades carentes.

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p. 98 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Implantação do Parque de Madureira, na área remanescente dacompactação das linhas de transmissão da LIGHT, com melhoriada infra-estrutura de transportes, habitação, qualificação do co-mércio informal e incentivo a investimentos imobiliários.

Instituição de unidades de conservação nas Serras da Misericór-dia e do Engenho Novo.

3) Promover a requalificação urbana e ambiental em áreas considera-das degradadas, mediante:

Estruturação, integração e recuperação das áreas ao longo daslinhas dos sistemas ferroviário e metroviário e remanescentes daimplantação de grandes obras viárias, com a implantação efetivados projetos de alinhamento e estímulo à ocupação adequada dosolo.

Investimento nas obras para recuperação do sistema de drena-gem das bacias e sub-bacias.

Redefinição das áreas destinadas à ocupação industrial e dos pó-los industriais existentes.

Priorização da intervenção urbanística nas áreas de favela naregião do entorno ao complexo hospitalar de Acari, e em VigárioGeral, com a recuperação e ampliação do sistema de esgotamentosanitário e a criação de programas sociais e de oferta de empre-gos.

Recuperação das faixas ao longo dos rios Acari, Pavuna eTrapicheiros, entre outros, para a circulação de pedestres e in-corporação dos terrenos remanescentes do Metrô à malha urba-na.

Tratamento paisagístico e reurbanização dos espaços públicos elindeiros aos acessos a túneis e viadutos.

Recuperação das vias junto às estações ao longo das estradas deferro e nos centros de comércio e serviço e ao longo das princi-pais vias estruturadoras.

4) Promover melhorias nas condições de mobilidade, mediante:

Remanejamento de terminais e racionalização do serviço de ôni-bus.

Melhoria das condições de acesso rodoviário ao bairro do Caju.

Melhoria da rede viária e de transportes.

Estabelecimento de plano de prioridades para implantação dosprojetos de alinhamento das principais vias de ligação do Centrocom os bairros da Zona Norte.

Criação de linhas de transporte integrado nos bairros servidospelo sistema metroviário.

Alargamento e melhorias no complexo viário nos arredores dasestações e dos corredores lindeiros à linha férrea.

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p.99Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Provimento de terminais rodoviários, viadutos, ciclo faixas,bicicletários e edifícios–garagem, fortalecendo as centralidadesregionais.

Melhoria das condições físicas dos terminais municipais especi-almente as condições de integração dos terminais ferroviário,metroviário e rodoviário.

Melhoria das condições de segurança das passagens sob as linhasférreas.

Instalação de sinalização semafórica e gráfica, horizontal e verti-cal nas principais vias.

5) Rever a legislação de uso e ocupação do solo para promoção demelhorias específicas especialmente em Jacarepaguá e nos bairros da Ilhado Governador.

6) Promover a revitalização urbana da Zona Portuária e dos bairros daSaúde, Gamboa e Santo Cristo, mediante:

Renovação urbana, com investimentos em infra-estrutura e pro-dução de moradia.

Requalificação dos espaços públicos, ampliação das áreas verdese da arborização.

Recuperação de imóveis com importância histórica, arquitetônicaou estética, do patrimônio arquitetônico e do patrimônio cultural.

Estímulo à implantação de hotéis, lojas, escritórios, centros cultu-rais e entretenimento.

Melhoria das condições de acesso rodoviário ao bairro do Caju.

7) Estimular a reconversão de prédios ociosos, degradados, ou aque-les inadequados para os fins a que se destinavam originalmente, para no-vos usos e destinações.

Na Macrozona de Ocupação Condicionada

1) Promover a melhoria do ambiente urbano mediante:

Definição das áreas e comunidades onde deverão ser implantadasÁreas de Especial Interesse Social - AEIS.

Incentivo à atividade hoteleira com a instalação de tipos diversifi-cados de hospedagem.

Elaboração de legislação específica e revisão de parâmetros deuso e ocupação do solo.

Definição de critérios específicos de uso e ocupação para o entor-no dos morros tombados.

Elaboração de plano para a área da Colônia Juliano Moreira.

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p. 100 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

2) Promover a proteção ambiental mediante:

Criação de parques urbanos nas orlas das lagoas e no entornodas encostas.

Efetivação da implantação do Parque Natural Municipal deMarapendi.

Adoção de critérios para a ocupação das ilhas das lagoas da Bai-xada de Jacarepaguá.

Reflorestamento de áreas degradadas em baixadas e encostas eimplantação de ecolimites.

Implementação de medidas que inibam a ocupação desordenadade áreas públicas e de áreas para implantação de infra-estruturana Baixada de Jacarepaguá.

3) Estabelecer plano de prioridades para implantação do sistema viá-rio principal e promover melhorias nas condições de mobilidade na Baixa-da de Jacarepaguá.

4) Incentivar o desenvolvimento de atividades turísticas, desportivase culturais, em especial o eco turismo e atividades ligadas à educaçãoambiental e à pesquisa e proteção da fauna, flora e dos recursos naturais.

5) Estabelecer padrões de urbanização a serem adotados nas áreas emprocesso de ocupação pela iniciativa privada e condições de estabelecer ascontrapartidas cabíveis visando à boa da qualidade do ambiente urbano e aproteção ambiental na implantação de novos empreendimentos de grandeporte.

Na Macrozona de Ocupação Assistida

1) Priorizar a melhoria das condições de ocupação, mediante o refor-ço e ampliação de programas e iniciativas, tais como:

Implantação de subzonas de incentivo à produção de moradiasregulares de interesse social.

Urbanização de favelas.

Regularização urbanística e fundiária.

Implantação de infra-estrutura de saneamento ambiental.

Desenvolvimento de subcentros funcionais na região de SantaCruz.

2) Promover a melhoria nas condições do ambiente urbano, mediante:

Reurbanização de áreas.

Promoção da regularização urbanística.

Desenvolvimento de subcentros funcionais.

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p.101Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

3) Promover melhorias nas condições de mobilidade e acessibilidademediante:

Reestruturação do sistema viário de circulação e de transportepúblico com prioridade para a criação de faixas exclusivas paratransporte de alta capacidade nas vias estruturais e para a cons-trução de terminais rodoviários de integração.

Revitalização do ramal da rede ferroviária próximo à Avenida Bra-sil.

Atendimento de todos os bairros por linhas de ônibus regulares.

Ampliação do número das passagens de pedestres ao longo daAvenida Brasil e da via férrea.

Implantação de melhorias físicas e alargamento das principaisvias.

Implantação de estação de integração de transporte público.

Ampliação da rede cicloviária na região promovendo a ligaçãoentre os bairros de Campo Grande, Bangu e Santa Cruz/Paciên-cia e pontos de integração com outros sistemas modais ao longoda Avenida Brasil e no Parque Industrial de Campo Grande.

Implantação de abrigos em todos os pontos de ônibus das princi-pais vias.

Intervenções visando à segurança dos usuários e acessibilidadeno entorno das estações.

Integração viária e de transportes entre Campo Grande eGuaratiba.

4) Promover a proteção do meio ambiente natural mediante:

Controle da ocupação de faixas marginais de proteção de corposhídricos, privilegiando a implantação de avenidas canais, áreasde lazer, ou replantio de mata ciliar, reassentando a populaçãolocalizada em áreas de risco, quando necessário.

Implantação de Unidades de Tratamento nos rios e dragagem per-manente de rios e canais, principalmente aqueles próximos às áreasde produção agrícola e às áreas sujeitas à inundação.

Instituição e regulamentação de Unidades de ConservaçãoAmbiental.

5) Promover a proteção e conservação do patrimônio cultural utilizan-do-o para fins culturais, educativos e de lazer mediante:

Definição de critérios de proteção para os bens integrantes da Áreade Proteção do Ambiente Cultural - APAC Santa Cruz.

Execução de projetos de recuperação e valorização dos bens devalor para o patrimônio cultural e do meio ambiente natural.

Apoio à criação e implantação de projetos de museografia.

Reconversão de prédios disponíveis para criação de equipamen-tos culturais e de lazer.

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p. 102 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

6) Estimular as atividades turísticas na região litorânea, contemplando:

Serviços e equipamentos com preservação das característicasambientais e culturais.

Inventário turístico dos bens históricos, pontos turísticos, servi-ços e trilhas da região.

Implantação de Pólo Turístico e Gastronômico.

Abertura de trilhas de acesso às paisagens naturais.

7) Revitalizar as atividades do setor agropecuário e pesqueiro, por meio da:

Proteção das áreas e atividades remanescentes e em atividade.

Criação de mercados do produtor para venda dos produtos da re-gião.

Apoio ao desenvolvimento da floricultura, priorizando a instala-ção de centro de comercialização de plantas e flores.

Recuperação das vias de escoamento da produção e das estradasvicinais.

Organização de centros de comercialização pesqueira direta aoconsumidor.

Criação de entreposto pesqueiro.

Criação de Reserva Extrativista de Pesca Sustentável da Baía deSepetiba e adjacências.

VETORES DE CRESCIMENTO

A diretriz contida no Plano Diretor Decenal de 1992 para orientação daocupação urbana no Município é de consolidação dos grandes vetores decrescimento do centro da Cidade para a Zona Norte, para a Zona Oeste epara a Baixada de Jacarepaguá, bem como os que irradiam dos demaiscentros de comércio e serviços do Município.

Na revisão do Plano em 2006, é mantida a orientação quanto à consoli-dação dos vetores de crescimento para as áreas de expansão urbana, acres-cida da proposta de ocupação dos vazios urbanos em áreas infra-estruturadase a indicação de áreas prioritárias a serem fortalecidas.

São vetores de crescimento:

Adensamento da população e das construções na Macrozona deOcupação Incentivada, preferencialmente nas vias estruturadorasda Zona Norte e de Jacarepaguá.

Reconversão de edificações na área central e adjacências daMacrozona de Ocupação Incentivada.

Ocupação de vazios urbanos nas Macrozonas de Ocupação In-centivada e Ocupação Assistida, especialmente na faixa de terri-tório compreendida pela Avenida Brasil e o leito da estrada deferro.

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p.103Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Intensificação da ocupação junto aos centros de comércio e servi-ços e aos eixos viários estruturadores do espaço nos subúrbios ena Zona Oeste, respectivamente nas Macrozonas de OcupaçãoIncentivada e de Ocupação Assistida.

Expansão da malha urbana nas Macrozonas de Ocupação Assis-tida e Condicionada a partir da associação de investimentos dainiciativa privada aos recursos federais, estaduais e municipaispara implantação de infra-estrutura e equipamentos urbanos.

ÁREAS SUJEITAS À INTERVENÇÃO

O Plano Diretor Decenal de 1992 declarou um conjunto de áreas sujei-tas à intervenção, em função das seguintes situações: características urba-nísticas e ambientais específicas; necessitarem de obras ou redefinição dascondições de uso e ocupação ou de regularização fundiária.

O instrumento Áreas de Especial Interesse, nas suas diferentes modali-dades, instituído pela mesma Lei, respalda juridicamente as alterações re-lativas aos controles sobre o uso do solo que se façam necessárias nessasáreas sujeitas à intervenção.

Mapa Vetores de CrescimentoFonte: Coordenadoria geral de Planejamento urbano - SMU /

PCRJ

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p. 104 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Na revisão do Plano Diretor em 2006 poderão ser definidas áreas sujei-tas à intervenção para as seguintes situações:

Estruturação ou alterações na estrutura física.

Integração à malha urbana formal.

Implantação ou readequação da infra-estrutura viária e de sane-amento.

Conservação e recuperação das condições do meio ambiente na-tural e construído.

Implantação de equipamentos urbanos.

Produção e regularização de moradias.

A relação das áreas indicadas foi revista, estendendo-se a elas a possi-bilidade de utilização do instrumento da política urbana Operação Urbana,previsto pelo Estatuto da Cidade, como modalidade de intervenção.

2.3. ORDENAÇÃO PARA O PLANEJAMENTO

O Plano Urbanístico Básico – PUB-Rio, elaborado em 1976, dividiu acidade em 6 áreas de planejamento a partir de critérios de homogeneidadeinterna, compartimentação ambiental e características demográficas, fun-

Mapa Áreas Sujeitas a Intervenção do poder Público /Proteção AmbientalFonte: Coordenadoria geral de Planejamento urbano - SMU /PCRJ

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p.105Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

damentado em pesquisa qualitativa realizada na época. Posteriormente asilhas foram incorporadas às áreas de planejamento continentais, reduzindoseu número para 5, o que perdura até hoje como referência administrativae histórico-geográfica.

Integra o diagnóstico realizado para o PUB-Rio, a divisão do territóriomunicipal em 55 unidades espaciais de planejamento, das quais 9 foramobjeto de projetos de estruturação urbana (PEU) segundo o conceito pro-posto naquele Plano.

O Plano Diretor de 1992 institucionaliza essas 55 unidades espaciais deplanejamento – UEP, que deveriam ser objeto de projetos de estruturaçãourbana - PEU. Passados mais de 10 anos, apenas 10 UEP foram objeto de 7projetos de estruturação urbana, sendo que destes 7, somente 5 foram apro-vados pelo Legislativo Municipal.

Por outro lado, o Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro, reali-zado no período 2000 – 2004, observando a heterogeneidade da Cidade,adotou a divisão da Cidade em 12 regiões. Essas regiões apresentam carac-terísticas histórico-geográficas únicas, ambiente e topografia distintas, sendohabitadas por populações com maneira de pensar, sentir e agir singulares.A caracterização de cada uma das regiões envolveu extenso levantamentode dados, de natureza qualitativa, oriundos de questionários de percepção,e de natureza quantitativa, cujos dados foram provenientes de várias fontesoficiais. Esta divisão espacial objetiva modernizar a gestão administrativa,política e social, de forma a promover o desenvolvimento intra-regional,levando em conta as especificidades das áreas.

Posteriormente, o trabalho realizado junto aos diversos órgãos munici-pais apontou a necessidade de ampliação de 12 para 16 regiões, no intuitode compatibilizar as informações agregadas segundo as diversas divisõesterritoriais pelos órgãos municipais descentralizados.

A revisão do Plano Diretor em 2006 adota a divisão em 16 regiões deplanejamento, para efetivar a articulação das políticas públicas geridas pe-los diferentes órgãos setoriais.

3. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

O Plano Diretor Decenal de 1992 prevê a aplicação de instrumentos dapolítica urbana, sendo a maioria deles considerados pela revisão do PlanoDiretor em 2006. Além de propor ajustes em alguns desses instrumentos,na revisão do Plano são incluídos outros que foram instituídos pelo Estatu-to da Cidade. São também inseridos no Plano Diretor revisto, instrumentosde planejamento e gestão urbana em uso, ou formulados ao longo de traba-lhos desenvolvidos no período de vigência do Plano Diretor de 1992.

Outra modificação em relação ao Plano de 1992 foi o acréscimo dasdisposições que se referem aos instrumentos de regulação urbanística, in-cluindo-os no item que trata dos demais instrumentos da política urbana.No Plano de 1992 esta matéria estava disposta em outro capítulo. A inten-ção com esta alteração é atribuir um novo enfoque à Lei de Uso e Ocupa-ção do Solo, alterando o seu papel na regulação urbanística. A integraçãodo instrumento Plano de Estruturação Urbana aos demais instrumentos doplanejamento, que em conjunto implementam a política urbana através doSistema Municipal de Planejamento Urbano, tem como intenção evitar afragmentação da regulação urbanística hoje verificada.

Os instrumentos considerados de caráter institucional pelo Plano de1992 - Sistema Municipal de Planejamento e Sistema de Defesa da Cidade

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- e dispostos no título da Lei referente ao processo de planejamento, sãotratados na proposta de revisão do Plano Diretor em 2006 como instru-mentos de gestão da política urbana. A ampliação do capítulo sobre osinstrumentos na revisão do Plano teve como objetivo criar condições efe-tivas para implementar um processo de planejamento contínuo e integra-do.

3.1. INSTRUMENTOS GERAIS DE REGULAÇÃOURBANÍSTICA

Constituem instrumentos de regulação urbanística:

A legislação de parcelamento do solo, de uso e ocupação do solo,de obras e edificações e de licenciamento e fiscalização.

Os instrumentos legais que se referem à forma de ocupação dosolo instituídos através de Planos de Estruturação Urbana.

Os instrumentos legais que se referem à forma de ocupação dosolo instituídos para Áreas de Especial Interesse, para Áreas deProteção do Ambiente Cultural e para Áreas de Proteção do En-torno de Bens Tombados.

Integram as disposições contidas na revisão do Plano Diretor em 2006os conceitos e o conteúdo básico das leis de Parcelamento do Solo Urbano,Uso e Ocupação do Solo, Código de Obras e Edificações e Código deLicenciamento e Fiscalização. Neste último são acrescidas disposições so-bre procedimentos considerados básicos em relação ao conjunto de nor-mas que regem o exercício da fiscalização.

Em relação à Lei de Uso e Ocupação do Solo propõe-se uma modifica-ção substantiva ao disposto no Plano de 1992. A Lei de Uso e Ocupação doSolo deixa de ter um papel basicamente conceitual, passando a ser o marcode regulação urbanística em substituição ao decreto municipal dezoneamento em vigor (Decreto municipal 322 de 1976), e às suas posteri-ores alterações, até hoje vigentes. Este novo marco deve ser construídotendo como referência a experiência técnica dos órgãos de licenciamentodo Município e a nova linguagem desenvolvida com a elaboração dos vá-rios Projetos de Estruturação Urbana (PEU) já implementados.

Para a regulamentação de particularidades regionais e situações espe-ciais que venham a exigir modificações desta norma urbanística maior,permanecem os instrumentos que vêm sendo adotados com esta finalidadedesde a aprovação do Plano Diretor Decenal de 1992 – os Planos deEstruturação Urbana, as Áreas de Especial Interesse nas suas diferentesmodalidades, as Áreas de Proteção Ambiental e as Áreas de Proteção doAmbiente Cultural, no que couber, além dos demais instrumentos legaisdisponíveis para a preservação ou proteção ambiental.

Além da indicação dos índices de aproveitamento do terreno máximo,impondo limites para construção por unidades espaciais de planejamento,vistos mais adiante, foram incluídas na revisão do Plano Diretor em 2006,algumas disposições urbanísticas que deverão ser incorporadas aos instru-mentos de regulação urbanística. Estas disposições tratam daobrigatoriedade de padronização de alguns parâmetros para o uso residencialem subzonas de incentivo à moradia popular e para edificação de pequenoporte nas Macrozonas de Ocupação Incentivada e Assistida, além dareconversão de edificações tombadas ou preservadas.

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p.107Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

3.2 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO URBANO

Na revisão do Plano Diretor em 2006, foi definida a natureza dos pla-nos, programas e projetos da administração municipal, constantes comoinstrumentos de planejamento urbano.

Em conseqüência da adoção das 16 regiões de planejamento em substi-tuição às antigas 55 unidades espaciais de planejamento, como unidadeterritorial que possibilita viabilizar a articulação intersetorial das políticaspúblicas, na revisão do Plano Diretor prevê-se como principais instrumen-tos dessa articulação os Planos Regionais e Planos ou Programas Setoriais.Integram ainda os instrumentos de planejamento urbano, os órgãos muni-cipais setoriais, o Plano Estratégico, a Agenda 21 e outras instâncias quevenham a ser criadas com a finalidade de integrar políticas setoriais, desdeque articuladas ao Plano Diretor, instrumento básico da política urbana.

Ao Plano de Estruturação Urbana – PEU caberá definir diretrizes dedesenvolvimento e/ou preservação e indicação das áreas sujeitas à inter-venção, para um bairro ou conjunto de bairros. Este instrumento mantém afunção de revisão de índices e parâmetros urbanísticos no nível local, quandoesta revisão ou detalhamento do disposto na Lei de Uso e Ocupação doSolo se fizer necessária devido a particularidades regionais.

A proposta de revisão do Plano Diretor em 2006 inclui ainda o ProjetoUrbano aos instrumentos de planejamento, definindo sua natureza e finali-dades às quais se destina.

3.3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO USO EOCUPAÇÃO DO SOLO

O Plano Diretor de 1992 incorporou instrumentos da política urbanapropostos no pelo Movimento Nacional pela Reforma Urbana. Entretanto,a maioria não foi regulamentada, motivada pela ausência de regulamenta-ção federal ao longo dos anos que se seguiram, contribuindo ainda pararetardar a falta de iniciativa do Município na regulamentação desses ins-trumentos.

Em 2001 com a aprovação do Estatuto da Cidade, foram criadas ascondições efetivas para a instituição pelo Município de novos instrumen-tos de gestão do uso e ocupação do solo, particularmente aqueles voltadosà captura da valorização imobiliária produzida por investimentos de toda asociedade.

Pode-se considerar que nas cidades, o valor da terra é função da inser-ção do terreno em uma divisão econômica e social do espaço, que por umlado é definida pela oferta e acessibilidade a equipamentos, serviços, em-prego e outros bens urbanos, e por outro, por uma representação social,aleatória, produzida historicamente.

No primeiro caso, o valor da terra pode ser entendido como o fruto deinvestimentos – em sua maioria, públicos – de toda a sociedade. No segun-do, traduz-se como produto de uma convenção social que elege em quaisáreas se confere status ou prestígio, e em quais, ao contrário, são estigma-tizadas.

Mesmo no segundo caso, as localizações consideradas socialmente boasou ruins, melhores ou piores, dependem, quase sempre, de condições míni-mas de acessibilidade ou infra-estrutura que, também elas, foram produzi-

Entre os novos instrumentos de gestão do usoe ocupação do solo do Estatuto da Cidade, vincu-lou-se obrigatoriamente ao Plano Diretor:

Parcelamento, Edificação ou Utiliza-ção Compulsórios;

Direito de Preempção;

Outorga Onerosa do Direito de Cons-truir e de Alteração de Uso;

Transferência do Direito de Construir;

Operação Urbana Consorciada.

Abriu-se ainda a possibilidade de aplicação dosseguintes instrumentos através da sua previsão noPlano Diretor, não sendo obrigatória a suavinculação:

IPTU Progressivo no Tempo e a De-sapropriação com Pagamento em Tí-tulos da Dívida Pública, decorrentesda aplicação do Parcelamento,Edificação ou Utilização Compulsó-rios;

Consórcio Imobiliário;

Relatório de Impacto de Vizinhança;

Direito de Superfície;

Concessão de Direito Real de Uso;

Usucapião Especial de imóvel urba-no individual e coletivo;

Concessão de Uso Especial para finsde moradia individual e coletiva.

Pela comprovação de sua eficácia para a cida-de do Rio de Janeiro, na revisão do Plano Diretorem 2006, dos novos instrumentos de gestão do usoe ocupação do solo, instituídos pelo Plano Diretor92, foram mantidos:

Urbanização Consorciada;

Operação Interligada;

Áreas de Especial Interesse, nas suasdiferentes modalidades.

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das por investimento de toda a sociedade, na maior parte através de inves-timento público.

Assim, pode-se afirmar que o esforço de toda a sociedade, além dosinvestimentos públicos, tem produzido valores fundiários que são apropri-ados de forma desigual por proprietários privados durante o processo deurbanização e de reprodução social da cidade. Essa constatação justifica edá legitimidade à criação, pelo poder público, de instrumentos de capturadesta valorização fundiária.

Com a aprovação do Estatuto da Cidade, prevendo a aplicação dessesinstrumentos da política urbana e estabelecendo as condições para sua uti-lização pelos municípios, ficou definida a abrangência a ser dada à suaregulamentação no Plano Diretor.

ÁREAS DE ESPECIAL INTERESSE

Instrumento instituído pelo Plano Diretor de 1992 para delimitar deforma permanente ou transitória áreas que serão submetidas a regime ur-banístico específico. Na revisão do Plano Diretor em 2006 foram destaca-das como importante instrumento da gestão do uso e da ocupação do solourbano.

A possibilidade de implementação de políticas públicas e formas decontrole específicas sobrepostas aos controles urbanísticos definidos porzona ou subzona na legislação urbanística, comprovou sua eficácia ao lon-go dos anos de vigência do Plano Diretor de 1992.

A natureza diferenciada entre os regimes urbanísticos específicos estáexpressa nas seguintes denominações e conceitos:

1) Área de Especial Interesse Urbanístico (AEIU) é aquela desti-nada a projetos específicos de estruturação ou reestruturação,renovação e revitalização urbana.

2) Área de Especial Interesse Social (AEIS) é aquela ocupada porfavelas, loteamentos irregulares e conjuntos habitacionais, desti-nadas a programas específicos de urbanização e regularizaçãofundiária.

O Plano Diretor de 1992 definia também a possibilidade de delimitarcomo Área de Especial Interesse Social os imóveis públicos ou privadosnecessários à implantação de programas habitacionais. Previa inclusive aformação de consórcios com esta finalidade.

3) Área de Especial Interesse Ambiental (AEIA) é aquela destina-da à criação de Unidade de Conservação ou à Área de Proteçãodo Ambiente Cultural, visando à proteção do meio ambiente na-tural e cultural.

4) Área de Especial Interesse Turístico (AEIT) é aquela com po-tencial turístico e para qual se façam necessários controle de usose atividades, investimentos e intervenções visando ao desenvolvi-mento da atividade turística.

5) Área de Especial Interesse Funcional (AEIF) é aquela carac-terizada por atividades de prestação de serviços e de interesse pú-blico que exija regime urbanístico específico.

6) Área de Especial Interesse Agrícola (AEIG) é aquela destinada

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à manutenção da atividade agropecuária, podendo abranger asáreas com vocação agrícola e outras impróprias à urbanização ounecessárias à manutenção do equilíbrio ambiental, recuperáveispara o uso agrícola.

PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO OU UTILIZAÇÃOCOMPULSÓRIOS

A aplicação deste instrumento tem como principal objetivo induzir aocupação e o aproveitamento racional de terrenos vazios ou subutilizadosem locais que tenham sido objeto de investimentos em infra-estrutura ur-bana, buscando evitar a retenção especulativa dessas terras.

Como estabelece o Estatuto da Cidade, este mecanismo constitui umaprimeira iniciativa, no sentido de se alcançar o objetivo pretendido, comprazo de vigência estabelecido na lei federal. O procedimento previsto aseguir é o da aplicação do IPTU Progressivo no Tempo, instrumento queinstitui uma alíquota acrescida do imposto predial e territorial urbano paraos terrenos vazios ou subutilizados. Sob o nome de Imposto Progressivono Tempo, este instrumento, já havia sido previsto no Plano Diretor 92,porém nunca foi regulamentado.

Ao final do processo, tendo um prazo definido pela lei federal se esgo-tado, caso se faça necessário, a previsão é da aplicação seqüencial do ins-trumento Desapropriação com Pagamento em Títulos da Dívida Pública.

Na revisão do Plano Diretor em 2006 propõe-se a aplicação doParcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios e os demais instru-mentos seqüenciais, somente na Macrozona de Ocupação Incentivada, comsua utilização condicionada à regulamentação em lei específica de iniciati-va do Executivo Municipal, de acordo com o que estabelece a lei federal.

DIREITO DE PREEMPÇÃO

Trata-se de instrumento para induzir o desenvolvimento urbano, insti-tuído no Estatuto da Cidade, que permite o Poder Público exercer o direitode preferência na aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosaentre particulares. A intenção é abrir a possibilidade, com maior facilidadee menos ônus, para implantação de equipamentos ou instalação de infra-estrutura necessária à Cidade. Eventualmente, é ainda um instrumento queviabiliza a regularização fundiária de áreas ocupadas irregularmente.

Estão relacionadas na revisão do Plano Diretor as diferentes situaçõesnas quais o Poder Público poderá exercer o direito de preempção, ficandopara ser regulamentada em lei municipal a delimitação das áreas sobre asquais incidirá este direito.

OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR EDE ALTERAÇÃO DE USO

O Estatuto da Cidade instituiu o instrumento Outorga Onerosa do Di-reito de Construir que permite captar parte da valorização imobiliária in-corporada a lotes urbanos em decorrência de um maior aproveitamentoconcedido a eles por parte do Poder Público.

A justificativa para aplicação do instrumento decorre do fato de que asformas clássicas de captura da valorização fundiária – impostos como o

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Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU e o Imposto de Transmissãode Bens Imobiliários - ITBI – não têm se mostrado eficazes para uma dis-tribuição mais justa e eqüitativa dos benefícios da urbanização. Busca-se,desta maneira, um financiamento do desenvolvimento urbano onde os prin-cipais beneficiários do processo de urbanização devem arcar com uma par-cela maior dos custos envolvidos.

A opção no Plano Diretor de 1992, foi adotar um coeficiente de apro-veitamento de terreno básico único fixado em 1, a partir do qual conside-rou-se solo criado sujeito ao pagamento de uma contrapartida financeirana utilização de todo e qualquer potencial construtivo concedido a maispela legislação urbanística.

Na revisão do Plano Diretor de 2006, a proposta é aplicar a OutorgaOnerosa do Direito de Construir em áreas onde foram realizados ou estãoprevistos pelas diretrizes do Plano Diretor, expressivos investimentos pú-blicos e privados. Essas áreas são aquelas consideradas também em condi-ções de absorver densidade construtiva além da decorrente da aplicação doíndice de aproveitamento do terreno permitido pela legislação urbanística.

Para efeito da aplicação da Outorga Onerosa do Direito de Construir éinstituído um coeficiente de aproveitamento de terreno básico, acima doqual será cobrado um ônus para a construção até um limite fixado comocoeficiente de aproveitamento de terreno máximo.

A possibilidade de utilização do instrumento Outorga Onerosa do Di-reito de Construir está prevista:

Em praticamente toda a Macrozona de Ocupação Controlada.

Nas áreas situadas ao longo dos eixos estruturais da Cidade situadosna Macrozona de Ocupação Incentivada.

Na maior parte da Macrozona de Ocupação Condicionada.

Em alguns casos específicos na Macrozona de Ocupação Assistida.

Na Macrozona de Ocupação Controlada – historicamente bastante benefi-ciada pelos investimentos públicos e com altos preços fundiários -, o coefici-ente de aproveitamento do terreno básico é inferior ao índice de aproveitamen-to do terreno máximo permitido pelo Plano Diretor de 1992. Passa a ser so-mente passível de utilização dos coeficientes de aproveitamento iguais ou si-milares aos hoje vigentes mediante a aplicação da Outorga Onerosa do Direitode Construir, sendo indicados como índices de aproveitamento máximos. Oobjetivo é de impor um mecanismo de restrição ao aumento da densidadeconstruída tendo em vista a saturação da área e suas características ambientais.

Na Macrozona de Ocupação Incentivada, ao contrário, prevê-se um au-mento do índice de aproveitamento de terreno máximo em relação ao PlanoDiretor de 1992. A intenção é fomentar o desenvolvimento para algumas áre-as. Estima-se que a possibilidade de uso de potencial construtivo adicionalmediante Outorga Onerosa do Direito de Construir ampliará as possibilidadesde investimentos no desenvolvimento urbano daquela região.

Na Macrozona de Ocupação Condicionada o aumento dos limites de cons-trução através de Outorga Onerosa do Direito de Construir foi previsto tendoem conta a demanda do mercado imobiliário. A intenção é de obter umacontrapartida financeira, pois existe a necessidade de investimentos em assen-tamentos de baixa renda localizados em áreas impróprias à ocupação, além deproblemas vinculados à proteção do meio ambiente.

A lei federal indica duas possibilidades para suaaplicação da Outorga onerosa do Direito de Cons-truir::

1) Utilização de um coeficiente de aproveita-mento de terreno básico único para áreas sujeitasà aplicação do instrumento, a partir do qual, sendoindicado um coeficiente de aproveitamento de ter-reno máximo, é cobrada uma contrapartida finan-ceira, pela adoção de potencial construtivo adicio-nal.

2) Utilização de coeficientes de aproveitamen-to de terreno básicos e máximos diferenciados poráreas específicas dentro do território da Cidade,onde se prevê a aplicação do instrumento, a partirdo qual é cobrada uma contrapartida financeira,pela adoção de potencial construtivo adicional.

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p.111Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Na Macrozona de Ocupação Assistida, os fatores “demanda” e “fomentoao desenvolvimento” não justificam um aumento de índices de aproveita-mento do terreno máximos. O que se deseja é a predominância do investi-mento público, principalmente considerando a carência de infra-estruturaadequada.

Nas Áreas de Especial Interesse e nas áreas onde se prevê a aplicaçãodo instrumento Operação Urbana Consorciada poderão ocorrer alteraçõesnos limites estabelecidos nos índices de aproveitamento do terreno máxi-mos estabelecidos como coeficientes de aproveitamento de terreno bási-cos, desde que inferiores ao coeficiente de aproveitamento de terreno má-ximo.

Quanto ao instrumento Outorga Onerosa do Direito de Alteração deUso, optou-se por restringir sua aplicação às áreas instituídas como de es-pecial interesse ou objeto de aplicação do instrumento Operação UrbanaConsorciada.

A previsão na revisão do Plano Diretor em 2006 é de que os valoreseconômicos das contrapartidas financeiras auferidas pelo Poder Públicocom a aplicação dos instrumentos Outorga Onerosa do Direito de Cons-truir e de Alteração de Uso sejam calculados com base nos valores do mer-cado imobiliário do Município, e sigam um índice corrigido, no mínimo,trimestralmente.

TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR

O instrumento Transferência do Direito de Construir, também instituí-do pelo Estatuto da Cidade, tem a finalidade de permitir a utilização depotencial construtivo em área distinta ao do imóvel considerado, quandosob este recai alguma restrição urbanística. As finalidades específicas paraaplicação do instrumento estão previstas na lei federal.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, este instrumento tem sua utiliza-ção restrita a áreas objeto da aplicação do instrumento Operação UrbanaConsorciada. Esta opção decorre da existência, na Cidade do Rio de Janei-ro, de expressivo quantitativo em imóveis e edificações sob preservaçãoou tutela que estariam sujeitos a uma transferência do potencial construti-vo.

Estender a possibilidade de aplicação da Transferência do Direito deConstruir para outras situações poderia diminuir substantivamente aschances de obtenção da captura de mais valias através da aplicação doinstrumento Outorga Onerosa do Direito de Construir.

A regulamentação para a utilização da Transferência do Direito de Cons-truir fica, portanto, vinculada à lei que instituirá uma Operação UrbanaConsorciada. Incluem-se na lei, os procedimentos que prevêem a possibili-dade de conversão do potencial construtivo de imóveis atingidos por medi-das voltadas à proteção ambiental ou cultural ou de interesse público, e aemissão dos certificados a serem livremente negociados na área objeto daOperação Urbana Consorciada.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, so-mente as áreas indicadas como Áreas Sujeitas àIntervenção poderão ser objeto de uma OperaçãoUrbana Consorciada. Estas, de diferentes nature-zas, estão relacionadas por Macrozona de Ocupa-ção, podendo, ao serem delimitadas para aplica-ção do instrumento Operação Urbana, ter como fi-nalidade básica as seguintes intervenções:

Implantação de qualquer tipo de infra-estrutura e, especificamente, da redeestrutural de transporte viário.

Execução de programa ou projetohabitacional de interesse social.

Implantação de equipamento urbanoou comunitário.

Criação de espaço público de lazer eárea verde.

Requalificação de área de interessehistórico, cultural ou paisagístico.

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p. 112 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA

Operação Urbana Consorciada é um conjunto de intervenções e medi-das, coordenadas pelo Poder Público, com a participação dos proprietári-os, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o obje-tivo de alcançar transformações estruturais, melhorias sociais e valoriza-ção ambiental de determinada área. Cada operação urbana, com seu res-pectivo plano, deve ser aprovada em lei específica.

A Operação Urbana Consorciada permite atrair os investimentos priva-dos oferecendo maiores oportunidades, pois entre outras medidas, prevêna lei que a cria, a modificação dos índices e dos parâmetros urbanísticos eedilícios constantes na legislação vigente para a área.

Ao contrário do instrumento Outorga Onerosa do Direito de Construir,de natureza redistributiva, a Operação Urbana Consorciada, também pre-vista pelo Estatuto da Cidade, tem um caráter estratégico. O objetivo éinduzir o desenvolvimento em uma área claramente demarcada do territó-rio da Cidade.

Uma de suas características é a instituição de limitações territoriais paraa redistribuição de investimentos. As contrapartidas obtidas no âmbito deuma Operação Urbana Consorciada só podem ser investidas na área ondefoi aplicado o instrumento.

A revisão do Plano Diretor em 2006 oferece outro incentivo para ainiciativa privada investir em área sujeita à aplicação da Operação UrbanaConsorciada. Trata-se da permissão da emissão de Certificados de Poten-cial Adicional de Construção – CEPACs, em conformidade com as medi-das previstas no Plano da Operação Urbana.

Estes certificados, alienados em leilão ou utilizados diretamente nopagamento das obras necessárias à própria Operação Urbana, podem serlivremente negociados, podendo ser somente convertidos em direito deconstrução na própria área objeto da aplicação do instrumento.

URBANIZAÇÃO CONSORCIADA

A Urbanização Consorciada foi instituída pelo Plano Diretor de 1992com a finalidade de ser aplicado nos empreendimentos a serem realizadosem conjunto com a iniciativa privada ou com os governos federal e estadu-al. Como tem se apresentado como uma alternativa adequada às condiçõesda cidade do Rio de Janeiro, esse instrumento foi mantido na revisão doPlano Diretor em 2006.

A intenção foi de incentivar a sua utilização não só nos empreendimen-tos a serem realizados através de parceria público-privada, mas tambémnos programas de regularização a serem implementados nas Áreas de Es-pecial Interesse.

CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO

O Consórcio Imobiliário é um dos instrumentos previstos pelo Estatutoda Cidade que consta da revisão do Plano Diretor em 2006. Sua aplicaçãopossibilita viabilizar financeiramente o aproveitamento de um imóvel nãoutilizado ou subutilizado através de sua transferência ao Poder PúblicoMunicipal, que indenizará o proprietário cedente com unidades imobiliári-as após a realização das obras de urbanização ou edificação.

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p.113Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

OPERAÇÃO INTERLIGADA

A Operação Interligada foi instituída no Plano Diretor de 1992, tendosido regulamentada em lei específica. A previsão é de sua utilização emcasos em que o Poder Público autoriza a alteração de determinadosparâmetros urbanísticos, mediante contrapartida financeira dos interessa-dos, nos termos definidos na referida lei.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, optou-se por manter a Opera-ção Interligada pela eficácia que apresentou para a Cidade do Rio de Janei-ro durante a vigência do Plano Diretor de 1992.

RELATÓRIO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA – RIV

O instrumento Relatório de Impacto de Vizinhança – RIV, previsto narevisão do Plano Diretor em 2006, destina-se à avaliação dos efeitos nega-tivos e positivos decorrentes da implantação de um empreendimento ou deuma atividade econômica em um determinado local, e à identificação demedidas para a redução, mitigação ou extinção dos efeitos negativos.

READEQUAÇÃO DE POTENCIAL CONSTRUTIVO

A Readequação de Potencial Construtivo é um instrumento previstopela revisão do Plano Diretor em 2006, que permite a concessão deparâmetros urbanísticos menos restritivos do que os já estabelecidos pelalegislação em vigor. Essa concessão é aplicável desde que os parâmetrosurbanísticos adotados não ultrapassem a área total edificável máxima per-mitida para a totalidade do terreno.

O instrumento aplica-se aos imóveis incluídos nas seguintes situações:

Atingido por ato de preservação ambiental ou cultural.

Com obrigatoriedade de cessão de área de recuo quando da im-plantação de logradouro público nos casos de vinculação a proje-tos urbanos em execução.

Como incentivo à renovação de áreas e de imóveis degradados.

3.4. INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL ECULTURAL

As dimensões ambiental e do patrimônio cultural têm sido objeto depolíticas setoriais implementadas com êxito, particularmente desde 1992,quando foi aprovado o Plano Diretor Decenal. A partir de então, os instru-mentos de gestão ambiental e cultural nele instituídos, para dar suporte àimplementação destas políticas setoriais, vêm sendo aperfeiçoados.

Os instrumentos básicos de gestão ambiental e cultural que vêm sendoaplicados e aperfeiçoados pelos órgãos municipais competentes, sendoenunciados na revisão do Plano Diretor em 2006, são:

Áreas de Especial Interesse Ambiental.

Instrumentos de Gestão Ambiental.

Instrumentos de Gestão do Patrimônio Cultural.

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p. 114 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

ÁREAS DE ESPECIAL INTERESSE AMBIENTAL

Como no Plano Diretor de 1992, a revisão do Plano em 2006, insti-tui a Área de Especial Interesse Ambiental, de caráter temporário, paraavaliação do interesse ambiental, visando:

Proteção do meio ambiente natural e do ambiente cultural.

Revitalização de áreas agrícolas.

Manutenção de áreas com baixa densidade.

INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Além dos previstos na legislação pertinente, são instrumentos degestão ambiental:

Unidades de Conservação da Natureza.

Áreas de Preservação Permanente.

Sistema Municipal de Licenciamento Ambiental.

A revisão do Plano Diretor em 2006 prevê que a criação de Unidadesde Conservação da Natureza no Município, para proteção de recursosambientais com características naturais relevantes, se dê conforme o dis-posto pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.

Outras categorias de Unidades de Conservação da Natureza poderãoser criadas desde que seja observada a normativa federal pertinente.

São Áreas de Preservação Permanente aquelas estabelecidas pela LeiFederal nº 4.771, de 15 de setembro 1965, e pela Resolução CONAMA nº303, de 20 de março de 2002.

Também serão consideradas de preservação permanente, quando assimdeclaradas por ato do Poder Público, as áreas cobertas por formas de vege-tação natural destinadas a atenuar a erosão das terras, fixar dunas, protegersítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico, asilar exem-plares da fauna ou flora ameaçados de extinção, ou assegurar condições debem-estar público.

O Sistema Municipal de Licenciamento Ambiental regulamenta olicenciamento ambiental relativo à localização, construção, instalação,ampliação, modificação, operação e desativação de empreendimentos, ati-vidades e obras - de origem pública ou privada:

Utilizadoras de recursos ambientais.

Consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou capazes,de qualquer modo, de causar alteração no meio ambiente naturale na qualidade de vida.

Inclui-se no licenciamento ambiental a indicação para adoção de medi-das compensatórias ou mitigadoras relativa à degradação dos recursos na-turais.

As Unidades de Conservação da Natureza pre-vistas no SNUC e passíveis de delimitação na ci-dade do Rio de Janeiro dividem-se em dois gru-pos:

I. Unidades de Proteção Integral, como objetivo básico da preservação danatureza, sendo admitido apenas o usoindireto dos seus recursos naturais.

II. Unidades de Uso Sustentável, como objetivo básico de compatibilizar aconservação da natureza com o usosustentável de parcela de seus recur-sos naturais.

As Unidades de Proteção Integral dividem-senas seguintes categorias:

I. Parque Natural Municipal – áreade domínio público, destinada à pre-servação de ecossistemas naturais derelevância ecológica e beleza cênica,permitida a visitação pública e o lazerem contato com a natureza.

II. Monumento Natural – área de do-mínio público ou particular, destina-da à preservação de sítios naturaisraros, singulares ou de grande belezacênica.

III. Reserva Biológica – área de do-mínio público, destinada à preserva-ção integral da biota, sendo a visitaçãoadmitida apenas com fins educativosou científicos, mediante autorizaçãodo órgão responsável.

IV. Estação Ecológica – área de do-mínio público, com o objetivo de pre-servação da natureza e realização depesquisas científicas, com a visitaçãopública apenas para fins educacio-nais.

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p.115Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOPATRIMÔNIO CULTURAL

A utilização do instrumento tombamento está regulamentada na LeiMunicipal nº 166, de 27 de maio de 1980.

Para a proteção da integridade, ambiência e visibilidade dos bens tom-bados poderão ser estabelecidas Áreas de Entorno do Bem Tombado, dedomínio público ou privado, que integre e componha a ambiência dos bensimóveis tombados. Na aplicação do instrumento são estabelecidas restri-ções para garantir a visibilidade do bem tombado e para preservar a harmo-nia da ambiência com as construções que guardam, com o bem tombado eentre si, afinidade cultural ou urbanística relevantes para a sua valorização.

Entende-se Área de Proteção do Ambiente Cultural – APAC como ter-ritório de domínio público ou privado, que apresenta conjunto edificado derelevante interesse cultural. A ocupação e renovação da Área de Proteçãodo Ambiente Cultural – APAC devem ser compatíveis com a proteção e aconservação de sua ambiência e suas características sócio-espaciaisidentificadas como relevantes para a memória da Cidade e para a manuten-ção da diversidade da ocupação urbana constituída ao longo do tempo. Aaplicação desse instrumento poderá ocorrer através da sobreposição da áreacom zonas e subzonas definidas na legislação de zoneamento.

Os bens situados dentro de Área de Proteção do Ambiente Culturalserão classificados como:

I. Bens Preservados: que compõem os conjuntos urbanos de inte-resse para a preservação, por possuírem características tipológicase morfológicas que conferem identidade cultural à área e nãopodem ser demolidos.

II. Bens Renováveis: que integram a ambiência dos conjuntos ur-banos preservados, conforme limitações estabelecidas em funçãodas características do conjunto preservado do qual faz parte.

O instrumento Sítio Arqueológico, enunciado na revisão do Plano Di-retor em 2006, destina-se a proteger o local onde se tenham preservadovestígios materiais que refletem toda e qualquer atividade humanasignificante para a compreensão da ocupação pré-histórica e histórica deum determinado território.

Entende-se por Reserva Arqueológica a área de domínio público com-posta por um ou mais Sítios Arqueológicos, para os quais serão estabeleci-dos mecanismos de preservação, conservação e valorização.

O Sítio Cultural é o espaço da Cidade, de domínio público ou privado,que por suas características sócio-espaciais e por sua história constitui-seem relevante referência do modo de vida carioca. Também se enquadracomo Sito Cultural o local de significativas manifestações culturais, ouque possua bens imateriais que contribuam para perpetuar sua memória.

As Unidades de Uso Sustentável dividem-senas seguintes categorias:

I. Área de Relevante Interesse Ecoló-gico – ARIE, área de domínio públicoou privado, com pouca ou nenhumaocupação humana, com o objetivo demanter ecossistemas naturais e regu-lar o uso admissível dessas áreas.

II. Área de Proteção Ambiental – APA,área de domínio publico ou privado,com certo grau de ocupação humana,dotada de características ecológicas epaisagísticas importantes para a qua-lidade de vida, com os objetivos de pro-teger a diversidade biológica e disci-plinar o processo de ocupação da área.

III. Área de Proteção Ambiental e Re-cuperação Urbana – APARU, de do-mínio público ou privado, que apre-senta as características descritas noinciso anterior e depende de ações doPoder Público para a regulação do usoe ocupação do solo e restauração desuas condições ecológicas e urbanas.

IV. Reserva de Desenvolvimento Sus-tentável – RDS, área natural, de do-mínio público ou privado, que abrigapopulações tradicionalmenteestabelecidas na área, destinada a pre-servar a natureza e, ao mesmo tempo,assegurar as condições e os meios ne-cessários para a reprodução dessaspopulações.

V. Reserva Particular do PatrimônioNatural – RPPN é uma área privada,gravada com perpetuidade, com obje-tivo de conservar a diversidade bioló-gica.

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p. 116 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Integrados aos instrumentos de gestão do patrimônio cultural, ins-tituídos na revisão do Plano Diretor em 2006, estão ainda os registros debens de natureza material ou imaterial que compõem o Patrimônio Cultu-ral carioca, quais sejam:

1) Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conheci-mentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunida-des.

2) Livro de Registro das Atividades e Celebrações, onde serão ins-critos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho,da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vidasocial.

3) Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscri-tas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas.

4) Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos os espaçospúblicos e demais locais onde se concentram a se reproduzem prá-ticas culturais coletivas.

3.5. INSTRUMENTOS FINANCEIROS,ORÇAMENTÁRIOS E TRIBUTÁRIOS

Estão relacionados na revisão do Plano Diretor em 2006 todos os fun-dos municipais já instituídos em lei e os que se encontram em fase deformulação pelos respectivos órgãos municipais responsáveis, conformeseguem:

I. Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano: com a finalida-de de dar suporte financeiro a programas e projetos relativos àregularização fundiária e urbanística, à recuperação de equipa-mentos urbanos, de áreas degradadas ou vinculadas a projetos derevitalização urbana e à implementação de programas de interes-se público.

II. Fundo Municipal de Conservação Ambiental: com o objetivode oferecer financiamento para projetos de recuperação e restau-ração ambiental, prevenção de danos ao meio ambiente e de edu-cação ambiental, com gestão a cargo do órgão executivo centraldo sistema de gestão ambiental e fiscalização e acompanhamentopelo Conselho Municipal de Meio Ambiente da Cidade do Rio deJaneiro.

III. Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico e Traba-lho: destinado ao apoio e fomento a pequenos e micro empreendi-mentos econômicos, formais ou informais, e a iniciativas de enti-dades que promovam ações indutoras do aumento do nível deemprego e da renda e que sejam instaladas na Cidade do Rio deJaneiro.

IV. Fundo Municipal de Habitação: com a finalidade de dar su-porte à implementação dos programas e projetos relativos à im-plantação de infra-estrutura de saneamento básico e urbaniza-ção, reassentamentos de populações situadas em áreas de risco eprodução de moradia de interesse social.

São instrumentos básicos para proteção dopatrimônio cultural, além de outros previstos na le-gislação pertinente:

Tombamento.

Instituição de Área de Entorno do BemTombado.

Criação de Área de Proteção do Am-biente Cultural – APAC.

Declaração de Reserva Arqueológica.

Declaração de Sítio Cultural.

Instrumentos específicos relativos àpreservação dos bens de natureza in-tangível.

Incentivos e benefícios fiscais e finan-ceiros.

Na aplicação dos instrumentos para proteçãodo patrimônio cultural devem ser obrigatoriamenteestabelecidos:

Delimitação das áreas.

Classificação dos bens e imóveis.

Indicação dos critérios de proteção ede conservação das áreas e dos bens.

Definição das restrições edilícias eambientais de uso e ocupação.

Estabelecimento das disposições rela-tivas à gestão das áreas.

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p.117Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

V. Fundo Municipal de Conservação do Patrimônio Cultu-ral: de natureza contábil-financeira, sem personalidade jurídicae de duração indeterminada, com objetivo de proporcionar recur-sos ao planejamento e à execução dos programas e projetos dapolítica de Patrimônio Cultural da Cidade.

VI. Fundo Municipal de Transportes: deverá ser regulamentadoem conformidade com a legislação federal e estadual sobre a ma-téria.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, além da previsão que os pro-gramas e as ações constantes do Plano Plurianual de Governo estejam rela-cionados às disposições do Plano Diretor, desdobrados em prioridades emetas anuais e incorporados pelos orçamentos instituídos por lei, exige-sea elaboração de Relatório de Acompanhamento e Controle do Plano Dire-tor, com base no desdobramento anual das metas contempladas nas diretri-zes orçamentárias instituídas por lei.

3.6. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DAPOLÍTICA URBANA

Os instrumentos de gestão da política urbana se propõem a adequaro aparato institucional do Executivo Municipal de forma a organizá-lo ecapacitá-lo para a implementação da política urbana proposta pelo PlanoDiretor. Os instrumentos listados como de gestão da política urbana são:

Sistema Municipal de Planejamento Urbano.

Sistema de Planejamento e Gestão Ambiental.

Sistema Municipal de Informações Urbanas.

Sistema de Defesa da Cidade.

SISTEMA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO URBANO

O Plano Diretor de 1992 previa um Sistema Municipal de Planejamen-to a ser instituído por uma lei que definiria a sua estrutura. A Lei Comple-mentar Nº16/92, que instituiu aquele Plano, apenas enumerou as responsa-bilidades do Sistema e estabeleceu que o Conselho Municipal de PolíticaUrbana integraria o seu quadro.

A lei de criação do Sistema Municipal de Planejamento prevista nuncachegou a ser elaborada e este acabou por não se concretizar. Desta forma, arevisão do Plano Diretor em 2006 optou por instituir o Sistema Municipalde Planejamento Urbano no próprio texto da lei do Plano.

Integram as disposições relativas ao Sistema Municipal de PlanejamentoUrbano na revisão do Plano Diretor em 2006:

a função do Sistema;

a composição do Sistema;

as atribuições de seus componentes.

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p. 118 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

O Sistema Municipal de Planejamento Urbano proposto pretende pos-sibilitar um processo contínuo e integrado de planejamento urbano noMunicípio do Rio de Janeiro, onde as diversas ações setoriais secomplementem segundo uma única política de desenvolvimento urbano.

Este processo compreende:

Formulação contínua da política urbana, através da regulamen-tação, detalhamento, revisão e atualização de diretrizes, progra-mas e instrumentos do Plano Diretor.

Gerenciamento e implementação do Plano Diretor, através da exe-cução e integração intersetorial de planos, programas, projetosurbanos e ações decorrentes de suas propostas, assim como pelagestão de seus instrumentos legais.

Monitoramento do processo de implementação do Plano Diretore avaliação de seus resultados.

O Sistema Municipal de Planejamento Urbano é composto por:

Um órgão municipal de planejamento urbano.

Demais órgãos setoriais da administração municipal, vinculadosdireta ou indiretamente ao desenvolvimento urbano e ambiental.

Conselho Municipal de Política Urbana (COMPUR).

Demais Conselhos Municipais vinculados, direta ou indiretamente,ao desenvolvimento urbano e ambiental.

Cabe ao órgão de planejamento urbano:

Suporte técnico-administrativo ao Sistema Municipal de Planeja-mento Urbano.

Elaboração dos instrumentos de regulação urbanística e de pla-nejamento urbano (exceto planos e programas setoriais).

Aplicação dos instrumentos de gestão do uso e ocupação do solo –que estão previstos no Título III, Capítulo III do Projeto de Leique faz ade revisão do Plano Diretor de 1992.

Os demais órgãos setoriais da administração municipal são responsá-veis por:

Desenvolvimento e aplicação das políticas públicas setoriaisestabelecidas no Plano Diretor.

Aplicação de instrumentos de planejamento urbano.

Elaboração dos planos e programas setoriais – que estão previs-tos no Título III, Capítulo II do Projeto de Lei de revisão do PlanoDiretor 92.

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p.119Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Os Conselhos Municipais integrantes do Sistema Municipal de Plane-jamento Urbano são órgãos consultivos e de assessoria do Poder Executi-vo. Suas atribuições são:

Analisar, propor e dar publicidade às medidas de concretizaçãoda política urbana definida no Plano Diretor.

Verificar para que as medidas de concretização da política urba-na sejam executadas de forma articulada.

Para possibilitar um processo integrado de planejamento urbano, o Sis-tema de Planejamento Urbano se articula aos Sistemas de InformaçõesUrbanas, de Defesa da Cidade, de Planejamento e Gestão Ambiental e aquaisquer outros sistemas municipais que forneçam subsídios à plena con-secução de suas atribuições. Além disso, os órgãos executores do Sistemase articulam através de seus setores de planejamento e têm representaçãono Conselho Municipal de Política Urbana.

Com a finalidade de integrar os processos de planejamento entre muni-cípios da Região Metropolitana, a revisão do Plano Diretor em 2006 prevêque o Executivo Municipal firme convênios ou consórcios com os municí-pios vizinhos, para com eles articular planos, programas e ações de interes-se, destinados à superação de problemas setoriais ou regionais comuns,que abranjam a totalidade ou parte de seu território.

A revisão do Plano Diretor em 2006 ainda garante que o Relatório deAcompanhamento e Controle do Plano Diretor fique disponível para con-sulta pública. Este relatório tem por base o desdobramento anual das metasdo Plano Plurianual de Governo que, por sua vez, incorpora os objetivos ediretrizes do Plano Diretor.

SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

Para execução da política de meio ambiente – com responsabilidadesobre os recursos naturais, paisagem natural, agentes modificadores do meioambiente efetivos ou potenciais e suas intervenções - a revisão do PlanoDiretor em 2006 prevê um Sistema Municipal de Planejamento e GestãoAmbiental, integrado ao Sistema Municipal de Planejamento Urbano.

O Sistema Municipal de Planejamento e Gestão Ambiental é compostopor:

Um órgão executivo central.

Autarquias e fundações a ele vinculadas.

Conselho Municipal de Meio Ambiente (CONSEMAC).

Fundo Municipal de Conservação Ambiental.

A revisão do Plano Diretor em 2006 atende àsexigências do Estatuto da Cidade quanto à adoçãode uma gestão democrática. Suas propostas nestesentido visam garantir o acompanhamento e con-trole social das atividades de competência do Sis-tema Municipal de Planejamento Urbano, atravésdo acesso às informações, e da participação dapopulação e de associações representativas emtodas as etapas do processo de planejamento mu-nicipal, regional ou local.

São mecanismos para garantia da permanenteparticipação social:

Conselhos Municipais.

Debates, audiências e consultas públicas.

Conferências sobre assuntos de interes-se urbano.

Iniciativa popular de projeto de lei oude planos, programas e projetos de de-senvolvimento urbano.

O Sistema de Planejamento e Gestão Ambientalcompreende, entre outras atribuições:

Formulação de programas e projetosde proteção, recuperação e conserva-ção do patrimônio natural.

Integração das ações dos órgãos mu-nicipais encarregados da formulaçãoe execução da política ambiental, ecompatibilização com as ações dosórgãos estaduais e federais.

Avaliação da situação ambiental doMunicípio através de monitoramentose diagnósticos ambientais, e acompa-nhamento do cumprimento das metasda política ambiental.

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SISTEMA MUNICIPAL DE INFORMAÇÕES URBANAS

O Plano Diretor de 1992 atribui ao Sistema Municipal de Planejamentoa responsabilidade de criação e atualização de um sistema de informaçõessobre a Cidade, compreendendo, entre outros, cadastro de terras e infra-estrutura e dados gerais sobre uso e ocupação do solo urbano.

A revisão do Plano Diretor em 2006 institui o Sistema Municipal deInformações Urbanas, com a finalidade de gerir e disseminar publicamen-te as informações sobre a Cidade do Rio de Janeiro.

Estabelece que o Sistema Municipal de Informações Urbanas deveráser constituído por Ato do Poder Executivo. Os princípios que deverãopautar este Sistema na utilização dos dados e na disseminação das infor-mações urbanas municipais são:

Transparência.

Autonomia.

Isenção.

Neutralidade.

SISTEMA DE DEFESA DA CIDADE

O Plano Diretor de 1992 cria um Sistema de Defesa da Cidade, consti-tuído por órgãos públicos municipais, visando coordenar as ações e atuarpreventiva e imediatamente nos casos de ameaça ou dano às condiçõesnormais de funcionamento da Cidade.

A revisão do Plano Diretor em 2006 amplia os objetivos e atribuiçõesdo Sistema de Defesa da Cidade.

Com base nos princípios e diretrizes da Política Urbana expressos narevisão do Plano Diretor, compreende-se como ameaça ou dano às condi-ções normais de funcionamento da Cidade as situações de risco à popula-ção e/ou de ameaça ao seu patrimônio.

4. POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS

As políticas públicas setoriais constituem capítulo específico da pro-posta de Revisão do Plano Diretor em 2006, buscando abranger os diver-sos setores da administração municipal que possuem uma interface com apolítica urbana. Definem diretrizes e prioridades para o setor tratado, damesma forma que estabelecem uma relação com o tema principal do Planoe que diz respeito aos princípios e condicionantes da ordenação do territó-rio municipal.

A elaboração do conjunto das políticas no âmbito do Plano se desen-volveu conforme quatro vertentes distintas, mas relacionadas. A primeiravertente diz respeito à consolidação dos avanços observados no Plano Di-retor Decenal de 1992. Neste sentido, foram seguidas as orientações dasdemais temáticas contempladas no Plano. A segunda refere-se à aborda-gem de alguns aspectos específicos referentes a cada uma das políticaspúblicas tratadas. A terceira, destacou um aspecto amplamente debatido, aimportância do exercício da intersetorialidade no médio e longo prazo,como forma de superar os limites de uma atuação que, em geral, só são

Esses elementos estão expressos nas 17 polí-ticas públicas setoriais que integram a proposta derevisão do Plano, que incluem, entre outros, seto-res até então não tratados pelo Plano Diretor de1992, como:

Saúde.

Educação.

Assistência Social.

Trabalho e Renda.

Segurança Urbana.

Informação.

Administração Tributária.

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superados quando “uma ação esbarra na outra”. Por fim, a necessidade decriar aderência entre as políticas públicas setoriais e uma política de orde-nação do território capaz de orientar a localização dos equipamentos, ge-rou uma convergência entre os diversos aspectos setoriais, em uma políticaurbana, visando o bem estar da população e a melhoria de sua qualidade devida.

A partir de depoimentos sobre a situação atual em cada setor, dos avan-ços registrados nos últimos anos em diversas capitais e mesmo nacional-mente, sobre o que ao longo dos últimos 10 anos foi sendo elaborado nocampo do planejamento e do desenvolvimento urbano, foi composto o amplopainel sob a forma de artigos e itens de um projeto de lei que constitui ocapitulo sobre as políticas públicas setoriais.

No que tange à consolidação dos avanços registrados no Plano Diretor1992, sobressai a relevância atribuída a uma política de Habitação que, aolongo dos anos, se concretizou na criação de diversos tipos de programas:

Urbanização e regularização fundiária de favelas e loteamentosde baixa renda.

Lotes urbanizados.

Construção de novas moradias.

Posteriormente, essas iniciativas levaram à criação de uma Secretaria específicano âmbito da Prefeitura. Outro aspecto importante foi a preocupação com a adoçãode uma política que contemplasse os assentamentos de baixa renda levando à cria-ção do conceito de Áreas de Especial Interesse Social – as AEIS, da mesma forma auniversalização do acesso à terra e o direito à moradia regular.

Foi também dada a devida ênfase à política de Meio Ambiente como uma polí-tica determinante na Cidade. A relevância ao Meio Ambiente no Plano Diretor de1992, por meio da criação de instrumentos de controle de impacto e preservaçãoambiental - este último através da implantação de unidades de conservação - refle-tiu-se na constituição de um órgão municipal específico.

Merece igualmente destaque a valorização do patrimônio cultural, ambiental epaisagístico da cidade, por meio de instrumentos que garantem a preservação dessepatrimônio.

Um dos principais avanços da revisão do Plano Diretor em 2006 foi o de tentarabordar a universalidade de demandas e necessidades mais sentidas pela populaçãoe a completude dos aspectos que representam esse conjunto de preocupações refe-rentes ao bem estar da população e sua qualidade de vida.

Além de ampliar os setores tratados no Plano Diretor de 1992, a revisão doPlano Diretor em 2006, desdobra a política de Meio Ambiente e Patrimônio Cultu-ral, tratadas em conjunto. O mesmo ocorre com Habitação e Regularização Urba-nística e Fundiária. Por sua importância para a Cidade, se destacaram da política deDesenvolvimento Econômico traçada no Plano Diretor de 1992, políticas específi-cas para o Turismo e Trabalho e Renda.

Articular as diferentes visões setoriais não é uma tarefa simples, pois a maioriadas políticas públicas está atrelada a órgãos e instrumentos legais independentes.Esse é o caso do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural, Desenvolvimento Eco-nômico e Administração Tributária, sem mencionar a Saúde, a Educação e a Assis-tência Social. As opções foram de fazer referência aos principais componentes daspolíticas setoriais e de apresentar graus diferenciados de associação com a política

A separação das políticas de Habitação e deRegularização Urbanística e Fundiária se baseounos seguintes aspectos:

1) Importância de enfocar a produçãode moradias novas, a urbanização defavelas e loteamentos irregulares, oreassentamento de populações em áre-as de risco e a ocupação de vazios ur-banos e imóveis subutilizados na polí-tica habitacional.

2) Especificidade e abrangência deproblemas distintos no que tange àregularização urbanística e fundiária.

3) Necessidade de aprofundar e deta-lhar aspectos relativos à regularizaçãourbanística e fundiária, e a formamais apropriada para equacionar pro-blemas.

Destaca-se a proposição das Regiões de Pla-nejamento como elemento de articulação entre to-das as políticas setoriais no território. Outras pro-posições da revisão do Plano Diretor em 2006 paraintegração intersetorial são:

Elaboração de Planos Regionais comoforma de traduzir o trabalhointersetorial.

Estabelecimento de focos e priorida-des.

Articulação/aderência entre as diretri-zes das políticas públicas setoriais e osinstrumentos previstos pelo Estatutoda Cidade.

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urbana tradicionalmente centrada em Habitação, Transportes e Saneamento.

Outro ponto considerado um avanço na revisão do Plano Diretor em 2006 foi oenfrentamento da dificuldade sistemática no encaminhamento das regulamenta-ções, comprometendo a implantação de diversas iniciativas propostas no PlanoDiretor de 1992. A alternativa encontrada foi a introdução de dispositivos que visamtornar auto-aplicáveis as propostas contidas nas políticas públicas setoriais a partirda aprovação da lei do Plano Diretor.

A construção da intersetorialidade foi debatida de forma recorrente no processode elaboração da revisão do Plano Diretor. A opção foi propor mecanismos possí-veis de serem aplicados na prática, na experiência do trabalho em comum, adequa-dos para o planejamento de médio e longo prazo e que possam servir de base para aelaboração do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anualda Cidade, além de se prestar para orientação para otimização dos recursos públi-cos.

A produção de dados e informações compatíveis aos setores e a manutenção decadastros - origem da inclusão de uma política de Informação nas Políticas PúblicasSetoriais - foram propostas tendo em vista também construir a intersetorialidade.

Os Planos Regionais aprimoram a proposta dos antigos Projetos de EstruturaçãoUrbana – PEUs, adotando como referência territorial as 16 Regiões de Planejamen-to propostas na revisão do Plano Diretor em 2006.

Para cada uma das políticas públicas setoriais tratadas na revisão do Plano Diretor em 2006,são previstos, no mínimo, um conjunto de disposições referentes aos objetivos e às diretrizes. Aspolíticas públicas setoriais que apresentam uma maior interface com as políticas urbanas, comoTransportes e Habitação, são enfatizadas.

A proposta apresentada para a Política do Meio Ambiente foi extensa e abrangente, buscandoavançar nas disposições previstas no Plano Diretor 92. Destaca aspectos da gestão e seus instru-mentos, do licenciamento ambiental e dos programas responsáveis pela realização dos objetivosmencionados, além das definições das categorias de proteção das unidades de conservação.

A Política do Patrimônio Cultural destaca os conceitos aplicáveis e as áreas de interesse deproteção cultural. Avalia igualmente a possibilidade de intervenção nessas áreas.

Na Política de Habitação foi introduzido o conceito de Subzona de Moradia Popular – SIMP,como forma de contemplar o foco prioritário na produção de moradia, a partir da avaliação danecessidade de barateamento do acesso à terra e de reunião dos recursos imprescindíveis paraessa produção.

As Subzonas de Moradia Popular respondem à proposta de identificação de áreas específicaspara promoção de novas moradias de habitação de interesse social, que no Plano Diretor de 1992eram tratadas indistintamente como Áreas de Especial Interesse Social - AEIS em conjunto com asáreas de regularização urbanística e fundiária de habitação de interesse social. Esta modificaçãofoi motivada pela experiência de planos diretores mais recentes ao adotarem as ZEIS – ZonasEspecial Interesse Social, que identificam categorias distintas de áreas de habitação de interessesocial. As AEIS continuam existindo, mas referem-se unicamente às áreas de regularização urba-nística e fundiária.

A Política de Segurança buscou responder ao surgimento recorrente nos debates da “questãoda violência”, sem pretender esgotá-la. No intuito de dar uma feição organizada à discussão, foidestacado o papel da segurança centrada na promoção da cidadania, na inclusão social e naatenção aos segmentos mais vulneráveis da população como formas preventivas da segurançaurbana.

A Política de Informação trata do acesso público à informação e da compatibilização dos dadospelos setores.

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No período anterior a 1976, quando foi instituído o decreto municipalno 322/76, só havia limitação do número de pavimentos para alguns bair-ros, ou trechos de bairros, estabelecida através de Projeto Aprovado deAlinhamento (PAA).

O decreto municipal no 322 de 3/03/19/76 instituiu um zoneamento mu-nicipal para todo o território municipal, prevalecendo a exigência do gaba-rito de altura de 18 pavimentos em relação ao nível do mar para asedificações afastadas das divisas do lote e o número máximo de 5 pavi-mentos para as edificações coladas nas divisas. Havia algumas exceçõespara áreas com características peculiares. Quanto à Área Total Edificável(ATE), as restrições só existiam para as edificações coladas nas divisas,que deviam se adequar à fórmula ATE = N x S x 0,7, onde S corresponde àárea do lote e N a um índice estabelecido de acordo com o bairro e a zonaonde esteja situado o imóvel, que equivale na maioria das vezes ao númeromáximo de pavimentos permitido.

Em 1987, com a edição do decreto municipal no 6.461/87, a mesmafórmula adotada para edificações coladas nas divisas foi aplicada às afas-tadas das divisas. Esta modificação foi motivada pela indução aosremembramentos e à predominância de grandes empreendimentos no de-creto anterior (de 1976). Esta medida ocasionou a redução do potencialconstrutivo para as edificações afastadas das divisas, uma vez que o valor

5. ÍNDICES DE APROVEITAMENTO DO TERRENO

De um modo geral, ao longo do tempo, os índices de aproveitamento do terrenoem vigor na cidade do Rio de Janeiro seguem as mudanças seqüenciais da normaurbanística que regulamenta o uso e a ocupação do solo, além de acompanhar tam-bém reformulações localizadas ou regionalizadas através de legislações específicaspor bairro ou conjunto de bairros.

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de N é no máximo 5, que ao multiplicar por 0,7 resulta o índice 3,5, valorreafirmado na lei que aprovou o Plano Diretor de 1992 para grande partedos bairros mais adensados da Cidade.

Outro dispositivo que restringiu o potencial construtivo dos lotes foi aLei Orgânica Municipal de 1990, que em seu Artigo 448 restringiu a alturadas edificações coladas nas divisas a 12 metros de altura. Regulamentaçãoposterior isentou dessa obrigação edificações situadas em bairros regidospor legislação urbanística específica.

Em 1992, com a aprovação do Plano Diretor Decenal, foram definidoslimites do crescimento para as diversas áreas da Cidade, expressos atravésdos índices de aproveitamento de terreno máximos por unidades espaciaisde planejamento. Os índices previstos resultaram de estudos, que além dosaspectos físico-territoriais, consideravam simulações desenvolvidas combase em um modelo de análise que relacionava o uso do solo com os gran-des movimentos pendulares do sistema de transportes. Os índices de apro-veitamento de terreno máximos consideram também a capacidade e a satu-ração da infra-estrutura, a oferta de empregos e a ameaça ao meio ambientee à memória urbana.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, estes índices foram revistos e atualizadossegundo critérios similares, tendo por base estudos realizados em 2002 já voltadospara a revisão do Plano Diretor.

Os índices de aproveitamento de terreno máximos revistos - que na revisão doPlano Diretor em 2006, correspondem aos coeficientes de aproveitamento básicosda intensidade de construção no lote admitida hoje ou em revisões futuras da legis-lação urbanística - foram definidos por bairro.

A diferenciação entre os índices de aproveitamento de terreno máximos refle-tem a distribuição de vetores de indução da ocupação distintos em partes da Cidade,uma vez que a repartição de patamares máximos de densidade construída por loteinduz à distribuição de densidades populacionais futuras diferenciadas.

Um dos principais elementos para distinção dos índices é a capacidade de infra-estrutura e a oferta existente de equipamentos e serviços de cada área para oadensamento, considerando-se os projetos existentes e o potencial de ampliação oumelhoria dos serviços que cada área oferece. Como esta capacidade geralmente nãoé homogênea em sua área de incidência, resulta na diferenciação dos índices.

Em função do escopo e dos objetivos do Plano Diretor, a definição dos índicesde aproveitamento do terreno máximos no Plano obedece a um limite máximo geralpara a ocupação no lote. Uma restrição maior desses índices, em função de particu-laridades, caberá à legislação específica de uso e ocupação do solo.

Fica assegurado o respeito à legislação vigente no caso em que o índice deaproveitamento de terreno resultante da aplicação da legislação em vigor for inferiorao previsto no Plano Diretor. Desta forma, situações específicas de restrição aoadensamento são atendidas até que seja feito novo estudo de revisão dos índices atéo limite máximo estabelecido no Plano Diretor.

O estabelecimento dos índices de aproveitamento de terreno máximo por bairroseguiu as seguintes orientações segundo o macrozoneamento municipal:

Na Macrozona de Ocupação Controlada o adensamento populacional ea intensidade construtiva devem ser limitados, e os índices de aproveita-mento de terreno máximos devem ser inferiores, ou no máximo iguais, aoque estabelece a legislação em vigor em 2006.

Na Macrozona de Ocupação Incentivada - onde se quer estimular o

Os estudos sobre os indíces de aproveitamen-to do terreno realizados em 1992 através de ofici-nas - tiveram como referência as informaçõesfornecidas pelo banco de dados da Prefeitura e do-cumentos e dados existentes de diversas origens.

Os levantamentos realizados geraram avalia-ções das densidades de construção hoje permiti-das, através da análise das seguintes variáveis:

Dinâmica entre os mercados imobiliá-rio formal e informal.

Dinâmica populacional.

Renda da população.

Condições do estoque imobiliário.

Estrutura fundiária nas áreas de expan-são urbana.

Dinâmica das centralidades.

Condições para moradia e realização deatividades econômicas.

Acessibilidade aos centros de comércioe serviços e às fontes de trabalho.

Segurança e segregação sócio-espacial.

Existência de restrições ouinadequações na legislação urbanísticaconflitantes com a dinâmica local.

Presença de assentamentos ilegais econdições de dinamismo do mercadoimobiliário ilegal.

Disponibilidade de áreas verdes e delazer.

Acesso a equipamentos públicos de saú-de, educação e culturais e a serviçospúblicos.

Distribuição do risco ambiental.

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p.125Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Na definição dos índices de aproveitamento doterreno máximos foi levada em conta a articulaçãoda legislação urbanística com as seguintes condi-ções específicas do ambiente de implantação dasedificações, entre outras:

Restrições de natureza ambiental.

Elementos de relevante interesse da paisa-gem e do ambiente urbano.

Densidades populacionais e construtivasexistentes.

Oferta existente ou projetada de equipa-mentos e serviços públicos.

Infra-estrutura de transportes e saneamen-to básico.

Condições de mobilidade.

Existência de vazios urbanos.

Capacidade ociosa existente de absorçãode maior densidade.

adensamento e a intensidade construtiva - os índices de aproveitamentode terreno máximos podem ser mais altos do que estabelece o Plano Dire-tor de 1992, desde que caracterizada a maior disponibilidade de infra-estrutura e a oferta adequada de equipamentos e serviços.

Na Macrozona de Ocupação Assistida - onde as condições para oadensamento populacional e o incremento das atividades econômicas de-pendem de novos investimentos públicos em infra-estrutura e medidas deproteção ao meio ambiente e à atividade agrícola - os índices de aprovei-tamento de terreno máximos previstos são, de modo geral, mais baixos doque os índices de aproveitamento de terreno da Macrozona de OcupaçãoIncentivada. Deste modo, o estímulo aos vetores de expansão se dá paraas áreas já servidas por infra-estrutura e serviços. Há, contudo, casosespecíficos – como as áreas próximas às estações de trem e aos centros decomércio e serviços – onde, dadas às condições satisfatórias de acessibili-dade a equipamentos e serviços, são permitidos índices de aproveitamentode terreno maiores.

Na Macrozona de Ocupação Condicionada - onde os índices em vigorsão geralmente baixos e onde o adensamento populacional e a intensida-de construtiva devem ser restringidos de acordo com a capacidade dasredes de infra-estrutura e subordinados à proteção ambiental e paisagística- os índices de aproveitamento de terreno máximos podem sofrer altera-ções de acordo com as especificidades das diferentes áreas, mas devempermanecer baixos. Índices mais elevados serão permitidos apenas pormeio da aplicação do instrumento Operação Urbana Consorciada, capazde alterar e ampliar a capacidade das redes de infra-estrutura, de atendi-mento dos equipamentos e serviços, sem agredir o meio ambiente e apreservação da paisagem.

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p. 126 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

ÍNDICES DE APROVEITAMENTO DO TERRENO NAMACROZONA DE OCUPAÇÃO CONTROLADA

Integram a Macrozona de Ocupação Controlada:

Centro da Cidade;

bairros da Zona Sul;

bairros de Santa Teresa e Alto da Boa Vista;

Ilha de Paquetá.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, são objetivos em relação ao Centro:

Controle do adensamento em bairro de ocupação já saturada emrelação ao sistema viário e operando no limite da capacidade darede de esgotos e drenagem.

Criação de condições para a redistribuição dos investimentos pú-blicos.

Para o trecho do bairro do Centro inserido na área Central 2 (AC-2), oPlano Diretor de 1992 estabelece o índice 15. Na revisão do Plano Diretorem 2006, propõe-se a redução para o índice 11. A intenção é de criar con-dições para a aplicação pontual de índices mais elevados mediante aplica-ção do instrumento Outorga Onerosa do Direito de Construir, sem que se-jam ultrapassados os índices hoje em vigor, reafirmados na legislação ur-banística que regulamentou a Área de Especial Interesse Urbanístico doCentro da Cidade (AEIU-Centro) através da lei municipal no 2.236/94.

Além disso, no Centro grande parte da área já se encontra protegidapor Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (APACs), e grande parte estáedificada possuindo volumetria definida anteriormente por antigos proje-tos de urbanização, quando o índice podia chegar a 25.

Macrozona Controlada – Índice deAproveitamento do Terreno

Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismosobre base elaborada peloInstituto

Municipal de Urbanismo Pereira Passos

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p.127Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

Para os bairros de Santa Teresa e Paquetá, o Plano Diretor de 1992estabelece índice de aproveitamento de terreno igual a 1, visando mantersuas características residenciais de baixa densidade. A legislação elabora-da para os bairros ficou, no entanto, impossibilitada de ser aplicada comeste índice igual 1. O aumento proposto de 0,5 no índice de aproveitamen-to de terreno objetiva viabilizar o tipo de edificação prevista pela legisla-ção vigente, sem que haja comprometimento dos aspectos considerados napreservação da área.

Além disso, ficam ampliadas as possibilidades de regularização dasmodificações realizadas em imóveis existentes, contribuindo para revertera tendência de ocupação irregular e favelização que vem ocorrendo parti-cularmente no bairro de Santa Teresa.

A região que corresponde à Zona Sul, definida como Área de Planeja-mento 2, é constituída na maior parte pelos bairros mais valorizados daCidade. Bem servida em termos de transporte e infra-estrutura, abriga gran-des e diversificados centros de comércio e serviços e tem uma populaçãoque apresenta os indicadores sócio-econômicos mais favoráveis da Cida-de.

No entanto, a ocupação de seus bairros mais antigos, próximos à áreacentral, remonta ao século XIX, e a expansão da malha urbana que se deuao longo das áreas litorâneas durante o século XX, já tinha sofrido até adécada de 1970 um acelerado processo de adensamento e verticalização.Com isso, a infra-estrutura instalada desde os primórdios de sua ocupaçãojá dá mostras de desgaste, atuando no limite da capacidade em termos darede de esgotos e de drenagem. Quanto ao sistema viário, a situação não émuito diferente - os constantes engarrafamentos atestam o quanto seus prin-cipais eixos estão próximos da saturação.

Independente desse quadro, o interesse do imobiliário incessante fezcom que restassem poucos lotes vazios, passando o mercado a se utilizarda renovação de imóveis. No princípio foram as casas e mais recentementeas edificações com até 4 pavimentos, resultando na descaracterização dasambiências e destruição das referências culturais e afetivas dos bairros.

Com a constatação de que os processos de adensamento extremo e deverticalização ocorridos nos bairros Flamengo, Catete e Copacabana ame-açavam se reproduzir em outros bairros, a legislação urbanística foi se tor-nando cada vez mais restritiva, tentando corrigir os malefícios da intensaocupação do solo.

Em 1978, apenas dois anos após a publicação do decreto municipal no

322/76 que instituiu um zoneamento para todo o território municipal, foielaborado e aprovado o primeiro Projeto de Estruturação Urbana (PEU)estabelecendo condições especiais de ocupação para o bairro da Urca (de-creto municipal no 1.446/78). A esse PEU seguiram-se outros, sempre coma intenção de elaborar normas que fossem ao encontro à preservação dascaracterísticas dos bairros, todos encontrando grande interesse por parte dapopulação.

Apesar de diversos bairros dessa região ter sido objeto de PEUs, esseinstrumento não foi suficiente para resguardar edificações tradicionais econjuntos arquitetônicos importantes que representavam diferentes fasesde ocupação dos bairros. A escassez de lotes vazios e imóveis renováveis,associada à intensa valorização imobiliária, passou a ameaçar em grandeescala edificações que se julgava consolidadas, como as de 3 e 4 pavimen-tos, comprometendo a preservação da ambiência cultural de diversos bair-ros.

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p. 128 PCRJ | Secretaria Municipal de Urbanismo | Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano

Para garantir a preservação dos conjuntos arquitetônicos remanescen-tes institui-se, como política pública, a criação de Áreas de Proteção doAmbiente Cultural (APACs) em diversos bairros, nas quais foram defini-dos imóveis a serem preservados. Embora individualmente sua arquiteturapossa não ser de extraordinário valor para tombamento, o conjunto de seusexemplares tem valor inestimável para o ambiente dos bairros e como par-te da história de sua formação, o que torna imprescindível sua permanên-cia como referência cultural para a Cidade.

Na revisão do Plano Diretor em 2006, diante do quadro de saturaçãoque se encontra a infra-estrutura nesses bairros sob vários aspectos, optou-se pela redução do índice de aproveitamento de terreno em vigor atravésdo Plano Diretor de 1992, buscando-se uma volumetria resultante similar àmédia das edificações preservadas ou tuteladas das áreas ou ainda decor-rente do permitido pelo Artigo 442 da Lei Orgânica Municipal – edificaçõesde 4 ou 5 pavimentos. Trata-se de uma escala adequada à disponibilidadeexistente de imóveis passíveis de renovação e à largura média das viaslocais onde esses imóveis se encontram. Este índice de 2,5, que tende àprodução de edificações de 4 ou 5 pavimentos, pode aumentar ou diminuira altura máxima da edificação dependendo da taxa de ocupação do terrenoutilizada no projeto.

Exceção a esta diretriz geral constitui o bairro da Urca, onde foi estabe-lecido um acréscimo de índice em relação ao Plano Diretor de 1992. O jámencionado PEU, em vigor desde 1978 através do decreto municipal no

1.446/78, incontestavelmente atingiu seus objetivos de proteção ambientale preservação paisagística, conservando no bairro a ambiência caracterís-tica que se queria manter. Porém o Plano Diretor de 1992, fixando o índicede aproveitamento de terreno em 1, não viabiliza o tipo de edificação dis-posta naquela legislação. Tampouco reproduz o padrão característico dobairro.

Na revisão do Plano Diretor em 2006 está sendo estabelecido o índicede 1,5 buscando compatibilizar índice de aproveitamento de terreno comos parâmetros da legislação de proteção, que permite a ocorrência do ga-barito médio de 3 pavimentos, recorrente no bairro. Cabe a ressalva, queeste índice permanece ainda abaixo do que resultaria no padrão edilícioexistente no bairro, que está em torno do índice 2, o que equivale a dizerque, se a Urca fosse reconstruída segundo o novo índice, ou mesmo aindasegundo o disposto no PEU, seria menos densa do que é atualmente.

É importante registrar que esta modificação não visa novas constru-ções, fato quase impossível neste bairro, mas sim aumenta a possibilidadede regularização de modificações em imóveis existentes, impossibilitadapela extrema rigidez do índice vigente igual a 1.

Para o bairro Alto da Boa Vista, de ocupação antiga e consolidada esituado em meio a áreas de proteção ambiental, ficou mantido o índicevigente igual a 1.

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p.129Relatório do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janerio | DEZ.2008

ÍNDICES DE APROVEITAMENTO DO TERRENO NAMACROZONA DE OCUPAÇÃO INCENTIVADA

Situam-se na Macrozona de Ocupação Incentivada:

Área portuária;

bairros da zona norte da Cidade;

bairros que constituem os subúrbios até o Realengo;

parte dos bairros que compõem a região de Jacarepaguá.

Macrozona Incentivada – Índice de Aproveitamento do TerrenoFonte: Secretaria Municipal de Urbanismo sobre base elaborada pelo Instituto Municipal deUrbanismo Pereira Passos

Para os bairros da Saúde, Gamboa, Santo Cristo e parte do Centro foimantido o mesmo índice de aproveitamento de terreno igual a 5, estabele-cido no Plano Diretor de 1992. Este índice corresponde ao que foi previstonos projetos realizados para a Área de Especial Interesse Urbanístico doPorto (AEIU do Porto), e consideradas ainda as várias Áreas de Proteçãodo Ambiente Cultural (APACs) existentes na área - SAGAS, Cruz Verme-lha e Teófilo Otoni.

Para o bairro do Caju, o Plano Diretor de 1992 reduziu para 2 os váriosíndices anteriormente em vigor, que podiam chegar a 4,2. Atualmente, coma previsão de implantação do Projeto Porto do Rio, o Caju passa a ter no-vas funções, que podem atrair empreendimentos que dêem suporte à ativi-dade portuária. O índice de aproveitamento de terreno máximo foi amplia-

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do para 3, com exceção da Avenida Brasil, para a qual está proposto oíndice 4. O aumento do índice de aproveitamento do terreno nessa Aveni-da visa igualar aos demais trechos desta via e criar incentivo para a ocupa-ção dos vazios urbanos ali existentes.

Nos bairros do Catumbi, Estácio e Rio Comprido verificou-se grandeestagnação urbanística e econômica após a redução dos índices promovidapelo Plano Diretor de 1992 (de até 5,8 para 2,5). A adoção de índice maiselevado, igual a 4, aproxima-os do previsto para o bairro da Tijuca, visan-do reverter este quadro e criar condições de dinamização nesses bairrospor interesse imobiliário. Além disso, busca-se com essa medida, incenti-var o preenchimento dos vazios urbanos resultantes da implantação doMetrô.

Já na Cidade Nova, foi mantido o mesmo índice igual a 11 estabelecidono Plano Diretor de 1992, que visava a implantação dos projetos previstospara a área: Teleporto e Projeto SÁS. Esse índice também é coerente coma diretriz de renovação e ocupação dos grandes vazios ainda existentes naAvenida Presidente Vargas e na área do Teleporto, ressalvada a área daAPAC Cidade Nova, com sua preservação garantida pela legislação emvigor.

Nos bairros São Cristóvão, Mangueira, Benfica e Vasco da Gama foiestabelecido um aumento do índice em relação ao Plano Diretor de 1992de 5,5 para 6, que visa promover a revitalização do bairro, por meio deincentivos ao uso residencial, de forma pontual, especialmente na reciclagemde edificações vazias ou subutilizadas, conforme previsto na lei municipalnº 73/04 (PEU São Cristóvão) e conforme ações previstas no plano desen-volvido para a reabilitação integrada desta área.

Para os bairros da Tijuca e Praça da Bandeira, integrados à Área dePlanejamento 2, os índices de aproveitamento de terreno estabelecidos peloPlano Diretor de 1992 foram mantidos igual a 3,5.

Os bairros de Vila Isabel, Maracanã e Andaraí tiveram seu índice redu-zido de 4 para 3,5, tendo em vista que 4 somente encontra-se em vigor parapoucas ruas ou trechos de ruas. Cabe mencionar que, pela legislação urba-nística vigente, este índice aparentemente permissivo, na verdade, resultaem um potencial construtivo mais baixo que o mesmo índice aplicado embairros limítrofes, uma vez que está incluída no cálculo da área totaledificável (ATE), aquela destinada a estacionamento de veículos, não com-putada neste cálculo na maior parte da Cidade.

Na redução para um índice igual a 3,5 em uma área que se pretenderevitalizar, se busca criar as condições básicas para o tratamento integradoentre bairros limítrofes atravessados pelos mesmos grandes eixos viáriosestruturais – Avenida Maracanã, Rua Barão de Mesquita e Rua Uruguai.Quando da revisão da legislação urbanística destes bairros contíguos, jáprevista, deverão ser adotadas as mesmas regras de cálculo, o que deveráresultar em uma paisagem urbana mais claramente definida em seu con-junto.

O mesmo critério foi adotado para elevar o índice do bairro do Grajaúde 3 para 3,5 – evitar diferenças significativas em termos de densidadeconstrutiva máxima entre bairros vizinhos, muitas vezes ao longo de ummesmo eixo viário.

Para as áreas da Macrozona Incentivada que correspondem aos subúr-bios da Cidade situados na Área de Planejamento 3, o Plano Diretor de1992 estabeleceu índices de aproveitamento do terreno máximos com baseem levantamentos relativos à área territorial, legislação de zoneamento vi-

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gente, crescimento populacional, capacidade da malha viária, quantitativode unidades residenciais e comerciais e densidades bruta e líquida.

A dinâmica urbana ao longo dos quinze anos posteriores à aprovaçãodo Plano Diretor de 1992 e os processos de ocupação que ocorreram emcada bairro dessa região, identificados ao longo de vários estudos e análi-ses realizados, levaram a concluir pela necessidade de serem propostosíndices de aproveitamento de terreno, com os seguintes critérios:

Ajuste ao atual processo de perda de valor econômico dos imóveissituados nas áreas mais afetadas pela violência urbana, com con-seqüente evasão do mercado imobiliário formal.

Incentivo à permanência dos usos e atividades formais em locaishoje fragilizados, revertendo o quadro existente de degradaçãourbana.

Possibilidade de adensamento equilibrado das áreas dotadas deinfra-estrutura com potencial ou em processo de renovação.

Os estudos desenvolvidos indicam que os índices constantes do PlanoDiretor de 1992 são ainda adequados, para grande parte dos bairros destaregião, nas áreas bem estruturadas. Esta constatação baseia-se principal-mente na verificação do ainda não esgotamento do potencial construtivoprevisto, por força de dispositivos mais restritivos constantes na legislaçãode uso e ocupação do solo em vigor. Além disso, justifica-se a manutençãodos índices de aproveitamento de terreno máximos do Plano Diretor de1992 para garantir a preservação da tipologia residencial de pequeno portenas áreas eminentemente residenciais.

Por outro lado é diretriz da revisão do Plano Diretor em 2006 buscarreforçar os núcleos comerciais atrativos e os bairros em seu entorno, comoMadureira, Cascadura, Rocha Miranda, Irajá, Méier, Del Castilho, Penha,Vila da Penha, Bonsucesso, Pavuna, e Portuguesa e Cacuia na Ilha do Go-vernador.

Desta forma, para 44 bairros de um total de 80, estão propostos na revi-são do Plano Diretor em 2006 os mesmos índices do Plano Diretor de 1992,suficientes para atender a demanda e a oferta construtiva existentes, mes-mo considerando as condições mais recentes de circulação, oferta de trans-porte coletivo e a busca de equilíbrio entre o processo de renovação dese-jável e a preservação das características locais.

Para os eixos principais e áreas próximas às estações ferroviárias emetroviárias, elementos estruturadores na dinâmica de ocupação ou reno-vação urbana, a proposta é um maior adensamento com o objetivo de tirarproveito da infra-estrutura existente ou potencial - casos da Linha Amare-la, da Avenida Dom Hélder Câmara, dos corredores lindeiros às linhas fér-reas, dos corredores ao longo da Linha 2 do Metrô, além dos importanteseixos viários Avenida Brasil, Rodovia Presidente Dutra e Rodovia Washing-ton Luís, responsáveis pela integração com os municípios vizinhos e maisrecentemente por abrigarem grandes equipamentos urbanos, como porexemplo os terminais de logística.

Para os demais 36 bairros são propostos índices ligeiramente maiores,com acréscimos variando de 0,5 a 1 ponto. Estes índices foram levementeelevados para gerar uma expectativa de ganho construtivo que incentive apermanência no local, hoje esvaziado economicamente e suscetível à de-gradação urbana, em função de sérios problemas de segurança. Este é ocaso, por exemplo, da Ilha do Governador e dos bairros de Inhaúma, Jaca-

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ré, Vigário Geral e Jardim América, em significativo processo de fragilizaçãourbana e perda de identidade.

Integram ainda a Macrozona de Ocupação Incentivada os bairrosDeodoro, Vila Militar, Campo dos Afonsos, Jardim Sulacap, MagalhãesBastos e Realengo, situados na Área de Planejamento 5.

Os investimentos e melhorias operacionais na Avenida Brasil que vêmsendo feitos desde 1992, com a construção de viadutos, vias laterais e pas-sarelas, estenderam-se a esses bairros, com expressivos benefícios na flui-dez do tráfego da via e nas interseções de acesso aos bairros adjacentes.

Outros investimentos em equipamentos e melhoria de acessos feitos naVila Militar e em Deodoro, ocorreram em função das competições dos Jo-gos Pan-Americanos em julho de 2007.

A boa infra-estrutura viária e de transportes existente nesta área, comlinhas de ônibus para diversos locais da Cidade, além de estações ferrovi-árias bem localizadas em relação às áreas mais populosas da região, so-mam-se à situação de proximidade do Centro e dos bairros das Áreas dePlanejamento 3 e 4, conferindo-lhe uma posição privilegiada em relaçãoaos outros bairros da Área de Planejamento 5.

Há ainda extensas áreas militares nesta região, especialmente nos bair-ros de Deodoro e Vila Militar, em processo de desocupação pelas ForçasArmadas. Nestas áreas com potencial de utilização para o uso residencial,onde se verifica a necessidade futura de parcelamento e de criação de no-vas vias integradas ao sistema viário estrutural da Cidade, o aumento doíndice de aproveitamento de terreno em relação ao Plano Diretor de 1992visa promover sua ocupação regular mediante incentivo aos investimentosdo mercado imobiliário.

Já nos bairros de Campo dos Afonsos e Jardim Sulacap, mais próximosda Área de Planejamento 4, este incentivo possibilita o adensamento aolongo de eixos viários já implantados e que constituem ligações importan-tes às Áreas de Planejamento limítrofes.

Magalhães Bastos e Realengo, bairros mais densos e populosos da re-gião, com boa rede viária e de transportes, possuem parcelamento do soloconsolidado e com pouca renovação edilícia. A definição de aumento parao índice de aproveitamento do terreno máximo atual possibilitará, futura-mente, o adensamento e o desenvolvimento destas áreas.

Para o trecho ao longo da Avenida Brasil está previsto o índice de apro-veitamento de terreno igual a 4. Para os bairros Deodoro, Vila Militar,Campo dos Afonsos, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos e Realengo, ondeo Plano Diretor de 1992 estabelece um índice de aproveitamento de terre-no igual a 2, propõe-se o aumento para 3,5, permitindo-se dessa formamaior adensamento nos bairros próximos ou limítrofes a bairros perten-centes às Áreas de Planejamento 3 e 4, que permitem densidades similares.

A recente entrada em vigor da lei que regulamenta o Projeto deEstruturação Urbana - PEU para os bairros Freguesia, Pechincha, Taquarae Tanque, deu um novo impulso a esta área. Apesar do Plano Diretor de1992 ter estabelecido índices de aproveitamento de terreno generosos paraos bairros contemplados com esta nova legislação, estes se encontravamlimitados pela legislação que vigorava para a área, o decreto municipal no

2.418/79. Entre outras disposições restritivas, este decreto exigiaparcelamentos em grandes lotes para extensa área no intuito de manter asgrandes propriedades originais.

São bairros da Área de Planejamento 4 inseri-dos na Macrozona de Ocupação Incentivada, osbairros:

Freguesia;

Pechincha;

Taquara;

Tanque;

Praça Seca

Vila Valqueire;

Anil;

Gardênia Azul;

Curicica;

parte de Jacarepaguá;

Cidade de Deus.

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O referido PEU, atendendo os ditames do Plano Diretor de 1992, pro-moveu a adequação da legislação urbanística, sendo já visíveis os resulta-dos positivos destas novas disposições. Na revisão do Plano Diretor em2006 permanece o índice máximo de aproveitamento de terreno estabele-cido em 1992, já absorvido pela legislação de uso e ocupação do solo paraa área – igual a 3 para Freguesia e Pechincha e igual a 4 para os bairrosTaquara e Tanque.

As áreas situadas fora dos limites de abrangência deste PEU vêm seressentindo da falta de flexibilidade na legislação, com a construção apre-sentando quadro de estagnação. Excetuando-se os bairros de Vila Valqueiree Praça Seca, para os quais o Plano Diretor de 1992 já tinha fixado umíndice de aproveitamento de terreno igual a 3, os demais, de característicassimilares, permaneceram limitados por um índice igual a 1,0. Trata-se dosbairros Anil, Gardênia Azul e Curicica, hoje estagnados e ameaçados pelaocupação irregular, que necessitam de um incentivo à renovação urbana, aexemplo do que ocorre com os bairros que foram objeto de Projeto deEstruturação Urbana. Nesses bairros é recomendável a fixação de índicesde aproveitamento de terreno maiores dos hoje permitidos.

Desta forma, foram fixados para os bairros de Jacarepaguá, Anil,Gardênia Azul e Curicica o índice de aproveitamento de terreno máximoigual a 2, que conjugado a outras disposições urbanísticas tenderá a impul-sionar o desenvolvimento urbano destes bairros de forma ordenada.

Para os bairros de Praça Seca e Vila Valqueire foi mantido o índiceigual a 3, que permanece compatível com a ocupação que se pretende paraeles, semelhante aos bairros contíguos Tanque e Pechincha.

O bairro Cidade de Deus, que devido às características singulares des-de sua ocupação inicial, deve ter sua legislação revisada de forma a pro-porcionar um impulso renovador capaz de reverter a situação de abandonohoje existente.

ÍNDICES DE APROVEITAMENTO DO TERRENO NAMACROZONA DE OCUPAÇÃO CONDICIONADA

Foram definidas como Macrozona de Ocupação Condicionada as áreasque integram os bairros:

Joá;

Itanhangá;

Barra da Tijuca;

Recreio dos Bandeirantes;

Camorim;

Vargem Grande;

Vargem Pequena;

parte de Jacarepaguá.

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Salvo o bairro do Joá, as demais áreas da Macrozona foram quase integralmente regulamentadas quanto ao uso e ocupação dosolo pelo decreto no 3.046/81 – Plano Lúcio Costa, legislação, absorvida pelo Plano Diretor de 1992 como referência para essesbairros.

Este decreto, tradução do “Plano-Piloto para a Urbanização da Baixada compreendida entre a Barra da Tijuca, o Pontal deSernambetiba e Jacarepaguá” de autoria do arquiteto Lúcio Costa, pautou-se, principalmente, pela preservação da área, como sepode constatar nas notas iniciais do Plano por ele escritas, conforme segue:

“A reserva biológica aspirava à preservação de toda essa área como parque nacional. E de fato, o que atraía irresistivelmente ali,e ainda agora, até certo ponto, atrai, é o ar lavado e agreste; o tamanho – as praias e dunas parecem não ter fim; e aquela sensaçãoinusitada de se estar num mundo intocado, primevo.”

Assim, o decreto acima citado - decreto municipal no 3.046/81 - determina para a área por ele abrangida – a baixada deJacarepaguá - índices de aproveitamento de terreno entre os mais baixos do Município.

A conjugação de fatores como a disponibilidade ainda existente de terrenos vagos, a proximidade com a Zona Sul e a ligaçãocom os bairros da Zona Norte, tem sido, no entanto, indutora de ocupação urbana nesta área, em grande velocidade. Segundo asestatísticas oficiais, essa é a área que mais cresce em volume de construção na cidade do Rio de Janeiro.

Apesar da ocupação, predomina a precariedade das redes de infra-estrutura, principalmente de esgoto sanitário. Tambémocorre uma saturação do sistema viário existente, baseado primordialmente no transporte rodoviário individual. Esses fatores,aliados ao imperativo de proteção ambiental e paisagística, são impeditivos de fixação de índices de aproveitamento de terrenoaltos.

O objetivo da revisão do Plano Diretor em 2006 foi o de conciliar a urbanização na escala que se impõe, com a salvaguarda,embora parcial, das peculiaridades ambientais e paisagísticas que importa preservar, considerando a capacidade de suporte dainfra-estrutura.

Reafirma-se, mesmo hoje, a necessidade de contenção dos índices de aproveitamento do terreno máximos, aos valores vigen-tes, quais sejam: igual a 3 para os núcleos de subzonas e 1,5 para as demais áreas.

Como se constata através do volume de edificações licenciadas, estes índices não são impeditivos à ocupação de forma regular.

Macrozona Condicionada – Índice de Aproveitamento do TerrenoFonte: Secretaria Municipal de Urbanismo sobre base elaborada pelo Instituto Municipal deUrbanismo Pereira Passos

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Para o bairro do Joá, não incluído na áreaabrangida pelo decreto no 3.046/81, foi mantido oíndice 1 estabelecido pelo Plano Diretor de 1992,que permanece coerente com a legislação em vi-gor para a área, restrita ao uso residencialunifamiliar.

Os bairros Recreio dos Bandeirantes, Camorim,Vargem Grande e Vargem Pequena, objetos dePlano de Estruturação Urbana recente, a revisãodo Plano Diretor em 2006 manteve os índices deaproveitamento máximo definidos no Plano Diretorde 1992, quais sejam: 1,5 para o Recreio, Camorim,Vargem Pequena e as áreas situadas ao longo doeixo Avenida das Américas; 1 para Vargem Gran-de.

Do mesmo modo, para os bairros Barra deGuaratiba, Pedra de Guaratiba e Guaratiba, inte-grados à Área de Planejamento 5, foi mantido oíndice de aproveitamento do terreno estabelecidono Plano Diretor de 1992, igual a 1,5.

ÍNDICES DE APROVEITAMENTO DO TERRENO NAMACROZONA DE OCUPAÇÃO ASSISTIDA

Integram a Macrozona de Ocupação Assistida os bairros identificadoscomo da Zona Oeste da Cidade, situados na Área de Planejamento 5.

Macrozona Assistida – Índice de Aproveitamento do TerrenoFonte: Secretaria Municipal de Urbanismo sobre base

elaborada pelo Instituto Municipal de Urbanismo PereiraPassos

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Os bairros de Padre Miguel, Bangu, Senador Camará e Campo Grandepossuem características similares de uso e ocupação do solo. Os índices deaproveitamento do terreno máximos para esses bairros foram estabeleci-dos, por zonas, pelo Projeto de Estruturação Urbana – PEU de CampoGrande, a lei complementar no 72/2004. Após alguns anos de vigência,esses índices têm se mostrado adequados à ocupação da região. Para aszonas residenciais, as predominantes, o índice de aproveitamento do terre-no máximo é de 2,5. A proposta da revisão do Plano Diretor em 2006 foimanter o índice máximo igual a 3,5 estabelecido no Plano Diretor de 1992.

O bairro de Santa Cruz tem seu uso e ocupação do solo regido pelodecreto municipal no 322/76. Os índices de aproveitamento do terreno nes-se bairro é limitado em 2 pelo Plano Diretor de 1992. É um bairro com boarede viária, sendo atendido por transporte de massa sobre trilhos.

De importância estratégica para o Município, devido às suas fronteirascom municípios vizinhos e aos investimentos que vem recebendo em lazere estrutura viária (Arco Rodoviário), e ainda devido à implantação da Com-panhia Siderúrgica do Atlântico, próxima ao Distrito Industrial, e da Com-panhia Siderúrgica Nacional, no Município de Itaguaí, além da proximida-de com o Porto de Itaguaí, teve ampliado o índice de aproveitamento deterreno máximo para 3 pela revisão do Plano Diretor em 2006. O objetivofoi de criar incentivo à ocupação regular de seus vazios e de possibilitar ocrescimento ordenado da região.

O bairro de Paciência, vizinho à Santa Cruz, também tem como legisla-ção urbanística em vigor o decreto municipal no 322/76, que estabeleceíndices variados entre 0,7 e 2,8 para cada zona em que é dividido o bairro.O limite estabelecido pelo Plano Diretor de 1992 é de 2.

Ao longo destes 15 anos o bairro de Paciência, que dispõe de áreaslivres com possibilidade de adensamento, passou por diversas melhoriasem vias estruturais e favelas, justificando o aumento do índice de aprovei-tamento do terreno máximo pela revisão do Plano Diretor em 2006 para2,5.

Já Sepetiba é um bairro com fragilidade ambiental, similar a outrosbairros da região de Guaratiba. Possui malha viária formada predominan-temente por vias locais, precário atendimento por transporte coletivo, grandedistância dos centros de trabalho, comércio e lazer, e pouca oferta de em-prego local.

Desta forma, ainda que estejam previstos investimentos prioritários,por parte da Prefeitura, e a implantação da rede de esgotos no bairro, aopção na revisão do Plano Diretor em 2006 foi de manter as característicasda sua ocupação atual e, consequentemente, o índice de aproveitamento deterreno máximo igual a 1,5, conforme estabelecido no Plano Diretor de1992.

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