relatório ii - referenciais para a análise da dinâmica urbana do

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PROJETO Rede urbana do Brasil e da América do Sul PESQUISA Dinâmica urbana dos estados RELATÓRIO II Referenciais para a análise da dinâmica urbana do estado da Bahia 1998-2008 SALVADOR Dezembro, 2009

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  • PROJETORede urbana do Brasile da Amrica do Sul

    PESQUISADinmica urbana dos estados RELATRIO II

    Referenciais para a anlise da dinmica urbana do estado da Bahia1998-2008

    SALVADORDezembro, 2009

  • PROJETORede urbana do Brasile da Amrica do Sul

    PESQUISADinmica urbana dos estados RELATRIO II

    Referenciais para a anlise da dinmica urbana do estado da Bahia1998-2008

    SALVADORDezembro, 2010

  • Av. Luiz Viana Filho, 435, 4 Avenida - CABCEP 41745-002 Salvador - BA Tel.: (71) 3115-4787 Fax: (71) 3116-1781www.sei.ba.gov.br e-mail: [email protected]

    GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Jaques Wagner

    SECRETARIA DO PLANEJAMENTOAntnio Alberto Valena

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA Jos Geraldo dos Reis Santos

    DIRETORIA DE PESQUISASThaiz Braga

    DIRETORIA DE ESTUDOSEdgard Porto

    COORDENAO DA PESQUISA DINMICA URBANA DOS ESTADOS BAHIAPatricia Chame DiasIlce Carvalho

    EQUIPE DE ELABORAOAlcides dos Santos Caldas (bolsista Proredes/IPEA)Fbio Antnio Moura Costa de Souza (bolsista Proredes/IPEA)Ilce CarvalhoJacileda Cerqueira Santos (bolsista Proredes/IPEA)Mayara Mychella Sena ArajoPatricia Chame Dias

    SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATGICOS DA PRESIDNCIA DA REPBLICA Ministro Samuel Pinheiro Guimares Neto

    INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA Marcio Pochmann

    ASSOCIAO NACIONAL DAS INSTITUIES DE PLANEJAMENTO, PESQUISA E ESTATSTICASFelcia Reicher Madeira

    DIRETORIA DE ESTUDOS E POLTICAS REGIONAIS, URBANAS E AMBIENTAISLiana Maria da Frota Carleial (diretora)Bruno de Oliveira Cruz (diretor-adjunto)

    COORDENAO DE DESENVOLVIMENTO URBANOBolvar Pgo (coordenador geral da Pesquisa Dinmica Urbana dos Estados)Rafael Henrique Moraes Pereira (coordenador tcnico)

    REDAO fINALPatricia Chame DiasMayara Mychella Sena Arajo

    COLABORAOFrancisco Baqueiro Vidal

    CARTOGRAMASDiretoria de Informaes GeoambientaisCoordenao de Cartografia e Geoprocessamento

    NORMALIZAOCoordenao de Biblioteca e DocumentaoRaimundo Pereira Santos

    COORDENAO DE DISSEMINAO DE INfORMAES Mrcia Santos

    PADRONIZAO E ESTILO / EDITORIA DE ARTEElisabete Cristina Teixeira BarrettoAline Santana

    REVISO DE LINGUAGEMCalixto Sabatini

    CAPA / EDITORAONando Cordeiro

  • Sumrio

    12

    3

    Apresentao .................................................... 5

    Anlise de estudos: contedos e tendncias ... 7

    Anlise da dinmica urbana regional da Bahia ............................................................. 212.1. Questes conceituais e metodolgicas ........... 21

    2.2. Espacializao da economia baiana a partir do PIB ................................................. 26Distribuio espacial do PIB por grandes setores econmicos, por regio econmica e por municpios ....................................................... 29

    Indicadores complementares ..................................... 42

    Principais destinos tursticos ...................................... 43

    2.3. Principais tendncias de distribuio da populao na Bahia ................................... 46Consolidao da urbanizao.................................... 61

    Migrao:1995-2000 e 2002-2007 ............................ 64

    As sedes municipais: evoluo do porte .................... 73

    2.4. Indicadores de infraestruturas sociais e urbanas ............................................. 78Educao superior .................................................... 79

    Equipamentos pblicos de sade .............................. 88

    Aeroportos e fluxos de passageiros ........................... 94

    Anlise das entrevistas ..................................... 99

    Consideraes finais ......................................... 1034

  • 5 Proposies para atualizao da rede urbana do Brasil ................................................ 109

    Referncias ........................................................ 113

    Apndices .......................................................... 116Apndice A Pesquisa: Dinmica Urbana dos Estados Sntese da entrevista realizada no IBGE ..................... 116

    Apndice B Pesquisa: Dinmica Urbana dos Estados Sntese da entrevista realizada no Sebrae .................. 119

    Apndice C Pesquisa: Dinmica Urbana dos Estados Sntese da entrevista realizada na Secretaria da Educao do Estado da Bahia............................... 121

  • 5

    Apresentao

    Informaes e estudos sobre dinmica urbana vm sendo extremamente demandados. Instituies pblicas e privadas e, sobretudo, gestores esta-duais e municipais preocupam-se em compreender como os processos mais gerais influenciam e alteram a realidade local, especialmente seus reflexos na economia e nas questes sociais. Buscando realizar anlises que contribuam para aprofundar o conhecimento de tais processos, a Superintendncia de Estudos Econmicas e Sociais da Bahia (SEI), consoli-dando sua parceria com o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), apresenta este relatrio, uma das etapas da pesquisa Dinmica Urbana dos Estados.

    Segundo produto da referida pesquisa, este documento teve como objetivo efetuar um estudo da dinmica urbana da Bahia entre 1998 e 2008. Para tanto, elaborou-se um panorama, desenvolvido entre setembro e dezembro de 2010, quando foi entregue e validado pelo IPEA, das din-micas econmicas e demogrficas intraestaduais, levantando-se elementos que possibilitassem o conhecimento dos processos e tendncias em curso e que oferecessem subsdios para a proposio e construo de futuras etapas dessa pesquisa. Ressalte-se que as anlises aqui expostas tiveram como base pesquisa bibliogrfica e documental, alm do exame das bases de dados produzidas por rgos pblicos.

    Este relatrio foi dividido em trs partes. Na primeira, Anlise de estudos: contedos e tendncias, examinaram-se os documentos mais atuais que discutem a dinmica e a rede de cidades do pas Configurao atual e tendncias da rede urbana e Redes urbanas regionais: Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ambos da Srie Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil; Estudo da dimenso territorial para o planejamento: 2008;

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    Regies de influncia das cidades: 2007 (Regic 2007) , observando, parti-cularmente, como a Bahia foi tratada em cada um deles. Alm disso, luz de outros estudos que tm como objeto central a dinmica urbana baiana, apresentou-se e discutiu-se a hierarquia dos centros urbanos desse estado proposta por cada um daqueles documentos, bem como suas convergn-cias e divergncias quanto a resultados, conceitos e metodologias.

    Na segunda parte, intitulada Anlise da dinmica urbana regional do estado da Bahia, o propsito foi discutir estudos e indicadores que reve-lassem os aspectos mais recentes da sua dinmica urbana, considerando tanto os fatores econmicos quanto demogrficos. Buscou-se, para isso, analisar o estado pela perspectiva de seus municpios e regies, estabele-cendo relaes entre essas distintas escalas espaciais. Houve preocupao, tambm, com discusses sobre distribuio da economia; tendncias de crescimento econmico; centralidade; importncia do tamanho da popu-lao; tendncias de concentrao demogrfica; e relao entre portes demogrfico e econmico. Dada a diversidade de informaes apresen-tadas, essa segunda parte foi subdividida. O primeiro item que a compe foi voltado exposio das principais linhas metodolgicas e indicadores que constam deste relatrio. Seguem-se os itens Espacializao da economia baiana a partir do PIB; Principais tendncias de distribuio da populao na Bahia e Indicadores de infraestruturas social e urbana.

    Na sequncia, as Consideraes finais. Nesse item, elaborou-se uma sntese das principais tendncias evidenciadas a partir dos levantamentos realizados neste relatrio. Por fim, considerando as anlises postas, em Proposies para atualizao da rede urbana do Brasil, traaram-se algumas proposies para possveis desdobramentos da pesquisa Dinmica Urbana dos Estados.

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    Anlise de estudos: contedos e tendncias

    Nos ltimos anos, diferentes estudos tm sido desenvolvidos por insti-tuies e autores nacionalmente reconhecidos, voltados anlise das transformaes que vm ocorrendo na dinmica e estrutura urbana nacionais. Para tanto, esforos foram empreendidos no sentido de caracterizar, estabelecer tipologias, identificar hierarquias e relaes entre os centros urbanos. Igualmente, instituem-se discusses e refle-xes sobre os processos e agentes que, ao longo das ltimas dcadas, contriburam para a estruturao da rede urbana nacional. Entre esses trabalhos, dada a abrangncia e o nvel de detalhamento, trs podem ser destacados: Configurao atual e tendncias da rede urbana, Regic 2007 e Estudo da dimenso territorial para o planejamento: 2008. Esses estudos, como analisado mais detalhadamente no Relatrio I, caracterizaram e apontaram modificaes na rede urbana brasileira. Alm disso, classificaram os centros urbanos brasileiros a partir de

    1

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    um conjunto de indicadores1 (alguns comuns a todos os estudos, e outros, no), com o intuito de estabelecer centralidades e integrao, hierarquia e especializao funcional.

    Nos estudos Configurao atual e tendn-cias da rede urbana e Regic 2007, visava-se compreender a rede de cidades do Brasil e sua capacidade de organizar o territrio em regies. Embora ambos tenham sido assen-tados na teoria das localidades centrais, o primeiro utilizou os dados preliminares do Regic 1993 como subsdio e enfatizou a clas-sificao das cidades por tamanhos popu-lacionais, especializao funcional, nvel de dependncia e autonomia em relao a outros centros. O estudo possui anlises quantita-tivas com a combinao de um conjunto de indicadores sociais e econmicos, tratados com sofisticada metodologia estatstica , somadas a levantamentos histricos, estudos de dinmica e poltica econmica regional, e informaes qualitativas, obtidas junto a rgos governamentais e especialistas, permitindo estabelecer uma hierarquia para as cidades brasileiras.

    1 Os indicadores utilizados nesses estudos so, principalmente, extrados de pesquisas, como as elaboradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), assim como de levantamentos e registros realizados por empresas pblicas e instituies representativas, entre outras. Fundamentalmente, importa destacar que os dados que baseiam tais anlises no se referem exclusivamente rea urbana, tampouco as cidades. Boa parte deles tem como unidade de referncia o municpio. Essa situao no impacta sobremaneira a compreenso dos processos existentes nas reas mais urbanizadas e densas. Todavia, para as cidades mdias e pequenas, no que se refere a aspectos demogrficos e funcionais, os dados podem proporcionar uma viso equivocada da realidade, sendo preciso trat-los de forma detalhada, buscando referenciais que contribuam para sua compreenso. preciso lembrar ainda que os indicadores sociais constituem-se em [...] uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse terico (para pesquisa acadmica) ou programtico (para a formulao de polticas). um recurso metodolgico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanas que esto se processando na mesma (JANNUZZI, 2002, p. 54).

    No Regic 2007, a funo de gesto do territrio foi o prisma pelo qual se identifi-caram, analisaram e classificaram os centros urbanos. A partir disso, foram definidas as suas reas de influncia. A proposta meto-dolgica adotada para o desenvolvimento desse trabalho, como j ressaltado no Rela-trio I, baseou-se na noo de comando e controle, entendida como a presena de rgos da gesto pblica federal e empre-sarial. Pressups-se que a intensidade dessa presena interfere na capacidade de cada um desses centros em propagar decises, destinar investimentos e definir outras relaes. Disso resultou uma relao vertical, hierrquica, entre as cidades. Igualmente, entendeu-se que h complementaridade entre os centros, que, por isso mesmo, mantm relaes hori-zontais entre si. Essa complementaridade se efetiva em funo da especializao produ-tiva, diviso funcional de atividades e oferta de servios diversos em locais distintos. Por essa lgica, coexistem, portanto, redes hierr-quicas e no hierrquicas de cidades.

    Esses pressupostos tericos permitiram classificar os centros urbanos brasileiros de acordo com a funo de gesto do territrio em trs dimenses: nveis de centralidade da gesto pblica federal; nveis de centralidade da gesto empresarial; e a presena de alguns tipos de equipamentos e servios. Para iden-tificar suas reas (ou regies) de influncia, consideraram-se as relaes estabelecidas pelos centros urbanos a partir, mais uma vez, da anlise combinada de trs eixos: a gesto pblica federal; a gesto empresarial e a pres-tao de servios de sade.

    Comparando-se o estudo Configurao atual e tendncias da rede urbana ao Regic 2007, verificou-se que foram utilizados mtodos e indicadores distintos para delimitar as reas de influncia dos centros urbanos, sua importncia na estruturao do espao local e regional e sua capacidade de oferecer

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    servios e bens a um determinado conjunto de municpios, contguos ou no.

    J o estudo Dimenso territorial para o planejamento com um carter mais pros-pectivo, por ter a finalidade de fundamentar o Plano Plurianual (PPA) 2008-2011 possui uma abordagem cujo conceito fundamental o de territrio2. Nesse trabalho, pretendeu-se identificar uma regionalizao (ou territo-rializao) que expressasse mais apropriada-mente a dinmica recente do pas, partindo-se da noo de regio de polarizao, isto , da delimitao dos polos econmicos e suas respectivas reas de influncia. vlido mencionar que lhe serviram como subsdio as orientaes estratgicas do Plano Plurianual 2004-2007; as diretrizes apresentadas pela Agenda Nacional de Desenvolvimento; docu-mentos da Poltica Nacional de Desenvolvi-mento Regional (PNDR); o Plano da Amaznia Sustentvel (PAS), entre outros documentos voltados para o estudo do desenvolvimento regional. Observe-se ainda que o trabalho Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil e o Regic 2007, este ltimo em verso preliminar, tambm compuseram o referencial terico-metodolgico do docu-mento Dimenso territorial para o planeja-mento. Para fins prospectivos, foram agre-gadas anlise desses documentos algumas variveis socioeconmicas, por meio das quais identificaram-se seis conjuntos territoriais,

    2 Conforme o estudo Dimenso territorial para o planejamento, territrio um produto e um meio para a prtica espacial [...] que inclui a apropriao efetiva ou simblica de um espao e implica a noo de limite componente de qualquer prtica, manifestando a inteno de poder sobre uma poro precisa do espao (BRASIL, 2008, p. 29). O estudo trata, tambm, do conceito de Territrios da Estratgia, que [...] so territrios abrangentes definidos como tais por realar os traos fundamentais da organizao territorial do pas. Justificam-se no estudo por servirem de base para o delineamento dos vetores estratgicos de desenvolvimento, relacionando-se com as escalas macro e sub-regionais que referenciam as carteiras de investimento (BRASIL, 2008, p. 29).

    definindo-se cinco vetores estratgicos de desenvolvimento para cada um.

    Outro importante ponto da metodologia do estudo Dimenso territorial para o plane-jamento foi o uso do modelo gravitacional, proposto por Isard3, para a identificao das regies de polarizao. Por meio dele, identificaram-se os polos entre as unidades territoriais e definiu-se a sua capacidade de atuao frente s demais. Verificou-se ainda que, nesse estudo, conforme o referido modelo, o conceito de regio foi associado definio de lugar central ou centro urbano. Acrescente-se que, ao seguir a lgica nele estabelecida, ignorou-se, para efeito da proposio das aes e definio regional, a diviso poltico-administrativa do pas. Em outras palavras, novas regies foram elabo-radas considerando as estratgias de desen-volvimento econmico, e o centro urbano foi entendido como capaz de capitanear a orga-nizao da regio ou espao econmico. O resultado da aplicao dessa metodologia foi a elaborao de uma regionalizao para o Brasil em duas escalas: uma macrorregional e a outra sub-regional. Essas escalas serviriam, conforme os autores, como subsdios para a articulao de polticas pblicas, bem como para a escolha e alocao de investimentos.

    Ao analisar os resultados desses estudos, verificaram-se algumas convergncias e diver-gncias. Considerando-se especificamente a Bahia, notou-se que em Configurao atual e tendncias da rede urbana do Brasil, publi-cado em 20014, Salvador (capital do estado) foi considerada como uma Aglomerao Urbana

    3 O modelo gravitacional de Isard [...] baseia-se no princpio do campo de foras de Newton, isto , entre duas cidades onde se desenvolvem atividades humanas existe uma fora de interao que funo direta do tamanho de suas populaes e funo inversa da distncia que as separam (COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AO REGIONAL, 1997, p. 101).

    4 No estudo foram utilizados dados do perodo 1991-1998.

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    Metropolitana5 e classificada como Metrpole Nacional segundo nvel de gesto territorial no quadro proposto nesse trabalho. Observe-se que num patamar superior ao da capital baiana, no primeiro nvel de gesto territorial, estavam apenas So Paulo e Rio de Janeiro, consideradas metrpoles globais (INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA; INSTITUTO BRASI-LEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA; UNIVER-SIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2001a).

    No volume desse estudo dedicado s regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, verificou-se a importncia do porte demo-grfico como o principal parmetro para a estruturao de rede urbana baiana6. O indi-cador s no foi preponderante no caso de cidades pertencentes Regio Metropolitana de Salvador (RMS) a exemplo de Madre de Deus ou quando se identificou grande proximidade e forte ligao funcional de um centro menor com outro de importncia regional (Aglomerado Urbano No Metropoli-tano). Uma terceira possibilidade de relativizar a prevalncia do porte ocorreu quando, em uma dada cidade, se verificaram condies para a prtica de uma atividade econmica especfica, tal como turismo (novas territoria-

    5 Aglomerado Urbano Metropolitano um dos dois tipos de aglomerao urbana tratados no estudo Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil. So manchas urbanas que concentram grande contingente populacional, compostas por mais de um municpio e seu entorno (INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2001a).

    6 Nesse ponto, cabe assinalar que estudos sobre dinmica demogrfica realizados para a Bahia, considerando os dados de 1980, 1996 e 2000, indicaram que o resultado da Contagem de 1996 apresentou discrepncias quanto aos nmeros absolutos de habitantes e ao grau de urbanizao. Em relao a esse ltimo indicador, evidenciou-se que, em mais de 60% dos municpios baianos, os nveis de urbanizao foram impulsionados em boa medida pela expanso de permetros urbanos e no necessariamente por migrao. oportuno destacar ainda que parte desses municpios apresentava, mesmo em 2000, populaes inferiores a 50 mil habitantes (DIAS, 2003). Contudo, inegvel a tendncia ao crescimento das cidades pequenas e mdias, alm da elevao dos nveis de urbanizao.

    lidades). No Quadro 1, observam-se os muni-cpios da Bahia na hierarquia construda pelo IPEA. Note-se que, do total dos 415 municpios ento existentes, apenas 54 foram conside-rados importantes na rede nacional, o menor deles com 9.689 habitantes, em 1996.

    Ainda conforme Caracterizao e tendn-cias da rede urbana do Brasil, a regio de influncia de Salvador abrangia, no perodo enfocado, alm dos municpios da RMS, a aglomerao urbana de Feira de Santana, chegando at o estado de Sergipe. Concen-trava-se na poro costeira da Bahia, mas com algum alcance nas reas alm-So Francisco (INSTITUTO DE PESQUISA ECON-MICA APLICADA; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2001b).

    A rede urbana de Salvador polarizava, ao todo, 8,0% dos municpios do pas. Comparada s demais redes do Nordeste, era menos densa que a do Recife, que agrupava aproximadamente 10,0% do total de municpios brasileiros fato tambm identificado pelo Regic 2007. Os ncleos urbanos integrantes da rede urbana de Salvador tinham, em mdia, populaes inferiores a 20 mil habitantes e taxa de urbanizao de cerca de 64% abaixo da mdia nacional, que era de 78,5% (INSTITUTO DE PESQUISA ECON-MICA APLICADA; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2001a). Alm disso, essa rede foi caracterizada como um sistema urbano-industrial em fase de consolidao. Isso porque, alm do modelo econmico existente, contava com elevado incremento populacional urbano, assim como outras redes do Nordeste, diferentemente do que ocorria com os principais sistemas da regio Sudeste.

    No Regic 2007, foi apresentada uma hierar-quia urbana distinta da proposta contida no estudo coordenado pelo IPEA, com maior subdiviso da categoria Metrpole. Nessas circunstncias, So Paulo apareceu como a

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    nica classificada no primeiro nvel da hierar-quizao de cidades brasileiras: Metrpole Global. Rio de Janeiro e Braslia foram postas no segundo nvel, como metrpoles nacio-nais. Salvador, em conjunto com mais oito centros urbanos, foi classificada no terceiro nvel, como Metrpole (INSTITUTO BRASI-LEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2008). Em relao rede urbana do estado da Bahia, outras cidades destacadas no Regic 2007 foram Feira de Santana, Vitria da Conquista e o bipolo urbano Ilhus-Itabuna. Conforme o Quadro 2, alm do nvel de Metrpole, havia centros em outros sete nveis hierr-quicos (exceto em Capital Regional A, que era ocupada pela capital sergipana).

    Pelo exposto, na comparao dos resul-tados do estudo Caracterizao e tendncias

    da rede urbana do Brasil com os do Regic 2007, evidencia-se que, nesse ltimo, a Bahia no apresentava centros urbanos classificados em nvel imediatamente inferior ao de Metrpole7. Seguia-se, por ordem de importncia, a aglo-merao urbana no metropolitana de Feira de Santana. Foi observada sua forte ligao com Salvador e sua importncia como entreposto comercial. Tratava-se da segunda maior cidade da Bahia, demograficamente, e concentrava

    7 importante ressaltar a diferena metodolgica desses estudos para compreender seus resultados. Porm, cabe lembrar que, no trabalho desenvolvido pelo IPEA, a populao considerada foi a obtida pela Contagem Populacional de 1996, enquanto que no realizado pelo IBGE trabalhou-se com o Censo de 2000. Note-se que, no caso da Bahia, entre 1991 e 2000 houve significativo crescimento da populao urbana (ainda que menos intenso do que em 1980-1991), verificado, especialmente, nas suas cidades mdias e pequenas.

    Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

    Metrpole nacional

    Aglomerados urbanos metropolitanos

    Aglomerados urbanos no metropolitanos

    Centros urbanos regionais Novas territoria-

    lidadesOrdem 1 Ordem 2 Ordem 1 (1) Ordem 2 Ordem 3 Ordem 1 Ordem 2 Ordem 3

    Salvador - Salvador (Salvador, Camaari, Simes Filho, Lauro de Freitas, Candeias, So Sebas-tio do Pass, Dias dvila, Cacho-eira, Vera Cruz, So Francisco do Conde, Itaparica, Madre de Deus).

    - Feira de Santana (Feira de Santana, So Gonalo dos Campos. Conceio do Jacupe; Amlia Rodrigues e Conceio da Feira); Ilhus/Itabuna (Ilhus e Itabuna).

    Petrolina (Petrolina/PE e Juazeiro) Teixeira de Freitas (Teixeira de Freitas, Eunpolis e Porto Seguro); Santo Antonio de Jesus (Santo Antonio de Jesus, Santo Amaro, Cruz das Almas e Nazar).

    Vitria da Conquista, Jequi, Alagoi-nhas, Barreiras, Jacobina e Guanambi.

    Paulo Afonso, Senhor do Bonfim, Serrinha, Valena, Itamaruju, Brumado, Itaberaba, Itapetinga, Conceio do Coit e Irec.

    Ipir, Campo Formoso, Euclides da Cunha e Monte Santo.

    Lenis, Andara, Nova Viosa, Caravelas, Prado, Conde e Santa Cruz Cabrlia.

    Quadro 1Classificao dos principais centros baianos na rede urbana brasileira, segundo o estudo Redes urbanas regionais: Norte, Nordeste e Centro-Oeste

    Fonte: INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2001b.(1) A Bahia no possua cidades listadas nessa categoria, conforme definio do estudo.

  • 12

    6% do PIB estadual. J a aglomerao urbana de Ilhus-Itabuna, localizada na zona do cacau, enquadrada, semelhana de Feira de Santana, como Centro Sub-regional 1, registrava 9% do

    PIB baiano. Considerou-se que essas cidades se constituam em um bipolo urbano, exer-cendo influncia sobre sedes menores, inte-grantes da cadeia produtiva do cacau e do

    Metrpole

    Capitais regionais Centros subregionais Centros de zona

    Centros locais

    Capitais regionais A (1 cidade)

    Capitais regionais B (4 cidades)

    Capitais regionais C (2 cidades)

    Centros subregionais A (7 cidades)

    Centros subregionais B (9 cidades)

    Centros de zona A

    (11 cidades)

    Centros de zona B

    (20 cidades)

    Salvador. Aracaju (SE). Feira de Santana, Ilhus-Itabuna e Vitria da Conquista (BA) - corres-pondentes a 15% do total dessa categoria de centros urbanos no pas.

    Juazeiro e Barreiras (BA) - que representam 15% do total brasileiro.

    Guanambi, Irec, Jacobina, Jequi, Paulo Afonso, Santo Antnio de Jesus e Teixeira de Freitas (BA) - o que equivale a 8, 23% do total do pas.

    Alagoinhas, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cruz das Almas, Eun-polis, Itabe-raba, Ribeira do Pombal, Senhor do Bonfim e Valena (BA) e Itabaina (SE) - que corres-pondem a 11,39% do total dessa categoria no Brasil.

    Caetit, Camacan, Conceio do Coit, Ipia, Itapetinga, Macabas, Porto Seguro, Santa Maria da Vitria, Seabra, Serrinha e Xique-Xique (BA), Ouricuri (PE), Estncia, Largato, Nossa Senhora da Glria e Propri (SE) - corres-pondendo a 6,25% do total brasileiro.

    Amargosa, Barra, Boquira, Cacul, Capim Grosso, Ccero Dantas, Euclides da Cunha, Gandu, Ibicara, Ibotirama, Jaguaquara, Livramento de Nossa Senhora, Nazar, Paramirim, Poes, Riacho do Jacupe, Rio Real, Santana, Serra Dourada e Valente (BA), Belm de So Fran-cisco (PE), Canidm de So Francisco, Nepolis e Nossa Senhora das Dores (SE), Pedra Azul (MG) - sendo que a Bahia apresenta 5,49% do total do pas.

    So 167 cidades os centros locais baianos - represen-tando 3,73% do total dos existentes no pas.

    Quadro 2 Rede urbana da Bahia segundo o estudo Regies de influncia das cidades: 2007

    Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2008.

  • 13

    turismo na regio. Quanto aglomerao de Juazeiro-Petrolina (BA/PE), Centro Sub-regional, notou-se um incremento no dinamismo econ-mico a partir da dcada de 1980, sobretudo no setor da fruticultura irrigada, baseada em tcnicas mais modernas de produo destinada ao mercado nacional e internacional.

    Ainda em relao aos resultados do estudo Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil, Teixeira de Freitas abarcando Eunpolis e Porto Seguro e Santo Antnio de Jesus foram enquadrados como aglome-rados urbanos no metropolitanos de terceira ordem (Quadro 1). Em relao a esses muni-cpios, ressaltaram-se o elevado crescimento demogrfico e a ampliao acelerada da urbanizao no complexo Teixeira de Freitas-Eunpolis-Porto Seguro, entre os anos 1980 e 1990. Tal situao foi associada sua apro-priao para fins tursticos, aos investimentos na celulose e modernizao da pecuria bovina, que resultaram no incremento no setor tercirio. Por sua vez, com forte dina-mismo nesse ltimo setor, a aglomerao de Santo Antnio de Jesus possua como funo primordial concentrar e redistribuir os exce-dentes da produo agrcola das cidades do Recncavo baiano. Contudo, sua dinamizao foi limitada pela falta de investimentos em infraestruturas impulsionadoras da expanso de atividades econmicas a desenvolvidas (INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2001b).

    J no Regic 2007, abaixo do nvel de Salvador (Metrpole) viria Aracaju/SE (Capital Regional A), enquanto as sedes municipais de Feira de Santana, Vitria da Conquista, Ilhus e Itabuna seriam de terceira ordem (capitais regionais B). Ademais, a anlise dos resul-tados dessa pesquisa demonstra que a Bahia apresentava um dinamismo que a colocava em posio de liderana na rede urbana do

    Nordeste. Todavia, parte dos seus municpios era polarizada pela rede urbana da cidade do Rio de Janeiro, que alcanava o extremo sul do estado. Quanto regio oeste baiana, era liderada por Barreiras e Lus Eduardo Maga-lhes, cidades que se encontravam vinculadas rede urbana de Braslia. A poro norte do estado, por sua vez, estabelecia fortes relaes com a rede urbana do Recife. Tal situao no causa estranheza: alm das questes associadas ao seu processo de desenvolvimento econ-mico e forma como as diferentes estruturas produtivas foram distribudas espacialmente, a extenso territorial da Bahia, bem como a localizao de Salvador e das principais vias estaduais de circulao, produziram, historica-mente, estreitas relaes de alguns municpios baianos com outros estados, notadamente com aqueles com os quais fazem fronteira.

    De modo geral, pode-se afirmar, com base nos quatro estudos Regic elaborados pelo IBGE nos ltimos 40 anos, que a rede urbana da Bahia tem mantido a mesma estrutura, com poucas modificaes em sua hierarquia. Exemplos de mudanas so a ascenso da cidade de Barreiras ao grupo das sete cidades baianas mais importantes e a relativa perda de importncia de Jequi, em funo das transformaes ocorridas na espacializao da produo econmica do estado nas ltimas duas dcadas. Salvador se mantm em sua posio de Metrpole, estendendo sua influncia ao estado vizinho de Sergipe (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSITICA, 2008).

    Esses resultados indicaram que, embora adotando critrios distintos, Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil e Regic 2007 registraram um hiato urbano entre Salvador e as cidades mdias baianas. Essa avaliao est em consonncia com vrios estudos locais (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1997; PORTO, 2003; DIAS, 2003).

  • 14

    Outra convergncia relativa diz respeito a Jequi e Alagoinhas, que em Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil foram classificadas como centros urbanos regionais de primeira ordem, enquanto que no Regic 2007 foram consideradas como centros sub-regionais (Jequi no nvel A e Alagoinhas no B), como demonstram os quadros 1 e 2.

    Contrariamente, as sedes municipais de Feira de Santana, Vitria da Conquista, Ilhus e Itabuna, que figuraram como cabeas de redes secundrias no Regic 2007, na pesquisa realizada pelo IPEA, pelo IBGE e Unicamp (2001b) mostraram-se niveladas a outras sedes de menor centralidade. Tal dado pode simplesmente sinalizar mudanas na dinmica territorial, geradoras de diferen-ciaes na funcionalidade urbana para esses quatro centros urbanos, entre si e relativa-mente aos demais. Alm disso, suas posies observadas naquela pesquisa tambm no convergem com diversas anlises das din-micas intraestaduais baianas. Feira de Santana figura como a segunda maior populao do estado e apresenta papel de destaque na sua atividade econmica. Ainda importante ponto de conexo viria entre o Sudeste e o Nordeste, tal como atestado pela referida pesquisa e por estudo da Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (1997), entre outros trabalhos. De fato, trata-se da segunda rea urbana da Bahia. Em menor escala, prxima fronteira baiana com Minas Gerais, Vitria da Conquista a maior cidade do sudoeste, com ampla rea de influncia.

    Por sua vez, o estudo da Dimenso territo-rial para o planejamento8 classificou Salvador

    8 vlido lembrar que, alm de uma proposta de regionalizao, esse estudo teve como objetivo subsidiar a abordagem da dimenso territorial para o planejamento nacional no horizonte de 20 anos, identificando a distribuio da capacidade produtiva, da infraestrutura, da rede de oferta e de servios, dos fluxos migratrios, dos impactos territoriais de novas tecnologias, entre outras perspectivas.

    como centro de uma das 11 macrorregies exis-tentes no pas, ou seja, parte da rede principal de cidades. Nesse grupo figuravam tambm as cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Manaus, Recife e So Paulo. Em um segundo nvel estava, no semirido, Vitria da Conquista e as cidades mineiras de Montes Claros e Tefilo Otoni. Elas formavam uma rede urbana triangular com o objetivo de integrar as regies do norte de Minas, da Bahia e o Vale do Jequitinhonha-Mucuri. No semirido central, os subpolos de Juazeiro/Petrolina (BA/PE), Cear Meridional (Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, o Crajub) e Souza/PB formariam uma outra rede, com o propsito de dinamizar esse territrio (BRASIL, 2008). Em relao lgica que presidiu a configurao dessas redes, formadas por centros de diferentes unidades da Federao, cabe acrescentar que o territrio baiano foi dividido, com suas partes integradas a trs regies, a saber:

    Serto Semirido Nordestino rea com ecossistema predominantemente de caatinga, caracterizada pela ocupao relativamente rarefeita, com elevado nvel de pobreza e baixo potencial econmico. O perfil iden-tificado para essa regio indica tendncia para oportunidades produtivas, sobretudo em projetos de irrigao, uma nova fronteira agrcola na faixa dos cerrados e atividades industriais de bens de consumo de massa na linha de confeces ou outros produtos.Litoral Norte-Nordestino caracteriza-se por elevado grau de urbanizao, alta densidade urbana e baixo nvel de renda da populao. Salvador e outras metrpoles localizam-se nesta regio, para a qual o estudo sugeriu a implantao de [...] um programa de desenvolvimento que assegure a criao de riqueza e ocupao, baseado em atividades urbano-industriais, em servios e em poten-ciais especiais, a exemplo do turismo [...] (BRASIL, 2008, p. 87).

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    Centro-Norte compreende os cerrados orien-tais, com menor nvel de desenvolvimento e de renda da populao e condies climticas desfavorveis. O estudo sugere, para esta regio, a implementao de experincias e alternativas tecnolgicas que combinem incluso social e transformao ambiental monitorada, que podem tambm ser reproduzidas em outras regies semiridas (BRASIL, 2008).

    Em sntese, ressalta-se que as principais convergncias metodolgicas dos trs estudos foram o destaque dado ao tamanho popula-cional da cidade ou aglomerao, a anlise das suas funes e a aplicao da noo de densi-dade econmica dos territrios polarizados. No que diz respeito a resultados, observou-se concordncia na definio dos principais centros urbanos dos sistemas regionais (So Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza). Quanto s caractersticas da rede, em Carac-terizao e tendncias da rede urbana do Brasil entendeu-se que, embora apresentando aspectos similares aos dos demais integrantes do sistema urbano do Nordeste, os ndices de crescimento econmico da Bahia, nas dcadas de 1980 e 1990, apresentaram mdias acima da nacional, o que teve reflexos na intensificao de sua dinmica urbana. Com relao aglo-merao urbana metropolitana de Salvador, confirmou-se sua absoluta primazia em relao s demais do estado (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSITICA, 2008.).

    Em linhas gerais, a anlise da rede urbana da Bahia, pela comparao entre os trs estudos, pode ser assim sintetizada: em Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil, o estado foi compreendido como um sistema hierrquico composto por cinco nveis, para os quais foram definidas caractersticas e tendncias; no Regic 2007, cerca de 220 cidades foram classificadas na rede urbana baiana, hierarquizando-as tambm em cinco grandes nveis, apesar de essa pesquisa totalizar nove nveis hierrquicos;

    e, por fim, no estudo da Dimenso territorial para o planejamento, com a Bahia desagre-gada por trs regies, destacavam-se, alm de Salvador, Vitria da Conquista, Barreiras e o bipolo Juazeiro-Petrolina num segundo nvel hierrquico. Ademais, esses trabalhos eviden-ciaram a forte liderana exercida pela capital do estado, com uma rea de influncia que ultrapassa os limites oficiais da Bahia.

    Na busca por uma anlise comparativa, tanto da estrutura quanto da base terico-metodolgica entre, de um lado, os trabalhos da Srie Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil, o Regic 2007 e o Estudo da Dimenso territorial para o planejamento e, de outro, trabalhos realizados no mbito da Bahia, destacaram-se, nesse ltimo caso, alguns traba-lhos: Programas de Desenvolvimento Regio-nais Sustentveis (PDRS), de 1997, elaborados pela Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional (CAR)9; e os volumes da Srie Estudos e Pesquisa (SEP) Cidades da Bahia, de 1997, e Desenvolvimento e territrio na Bahia, de 2003, de autoria de Edgard Porto ambos publicados pela SEI.

    Os PDRS, em conjunto com outros programas que utilizaram o modelo de plane-jamento fundamentado no paradigma da sustentabilidade, constituem-se em propostas voltadas ao desenvolvimento regional de longo prazo, visando menor excluso social, efetiva participao da sociedade e maior responsabi-lidade ambiental. Nesses estudos, as unidades espaciais utilizadas foram as regies econ-micas do estado da Bahia (15 regies)10, ento oficialmente adotadas pelo sistema de plane-jamento estadual.

    9 Empresa vinculada Secretaria do Desenvolvimento e Integrao Regional do Estado da Bahia (Sedir).

    10 Para maiores informaes sobre essas regies, ver, por exemplo, o volume Dinmica sociodemogrfica da Bahia: 1980-2000, publicado pela SEI em 2003. Essa diviso regional do estado, para fins de planejamento, foi oficialmente substituda, a partir de 2007, por 26 territrios de identidade.

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    A importncia dos PDRS reside na aderncia de seus objetivos com os deste estudo: propor uma rede urbana funcional e hierarquizada. Mesmo considerando que cada um dos PDRS possui especificidades, no geral os estudos seguiram uma linha de trabalho semelhante. Alm disso, cada rela-trio foi estruturado em trs partes. Nas partes I e II, foram apresentados, respecti-vamente, o contexto geral para formulao do programa, incluindo a apresentao do perfil regional, e os mtodos e instrumentos utilizados. Na parte III, explanou-se sobre a estrutura e o sistema de gesto do programa. Foi proposta a estratgia de desenvolvimento regional sustentvel, sendo relacionados todos os projetos idealizados, classificados em estruturantes, produtivos e sociais. Como estratgia metodolgica, em cada PDRS foi criada uma classificao por subespaos dentro das regies econmicas e estabelecida uma hierarquia de cidades, considerando a interdependncia entre os centros urbanos mais importantes de cada regio e sua rea de influncia. Foi empregado, na maioria dos casos, como referncia principal, o modelo gravitacional-potencial (COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AO REGIONAL, 1997), uma variante do modelo gravita-cional de Isard utilizado pelo Estudo da dimenso territorial para o planejamento.

    Para a aplicao desse modelo, foram esta-belecidos os seguintes critrios: cidades que tinham em 1991, ou em 2000, populaes urbanas acima de 5 mil habitantes (devido ao nmero de cidades baianas com populao inferior a 10 mil habitantes); cidades fora da regio de estudo, mas que, provavelmente, polarizavam determinadas pores dessa regio, pois possuam populaes consider-veis e se localizavam em reas prximas s fronteiras do espao regional estudado, inclu-sive em outras unidades federativas, formando uma nica aglomerao urbana; quilmetro

    como unidade de medida para distncia entre as cidades, considerando os seguintes coefi-cientes: estrada asfaltada = 1 e estrada no asfaltada = 2 (COMPANHIA DE DESENVOLVI-MENTO E AO REGIONAL, 1997)11.

    Segundo o relatrio elaborado pela Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional (1997), outros condicionantes para a delimitao dos subespaos foram: acesso a um meio de comunicao que permitisse sua ligao com o resto da regio; continui-dade espacial na rea estudada (isto , no ponto limite de um subespao deveria iniciar-se a rea de outro); envolver toda a regio em foco; uma determinada rea no deveria pertencer simultaneamente a dois ou mais subespaos; e conter certo nmero de munic-pios, com ao menos um centro urbano que se caracterizasse por polarizar uma rea em um determinado nvel hierrquico. A depender da extenso da regio, a aplicao desses procedimentos resultou na identificao das seguintes categorias hierrquicas: um Centro Regional, um Centro Sub-regional, dois ou mais centros zonais, dois ou mais centros subzonais e vrios municpios componentes. Ainda que os quantitativos dessas categorias sejam diferentes a depender de cada Centro Sub-regional, a hierarquizao funcional definida no PDRS da regio de Serra Geral (Quadro 3) serve como exemplo.

    Ainda buscando correlacionar a estrutura e a base terico-metodolgica apresentada pelos trs estudos bsicos, foram analisadas duas publicaes da Srie Estudos e Pesquisa, uma de autoria de tcnicos da SEI Cidades da Bahia (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1997) e outra de Edgard Porto Desenvolvimento e territrio na Bahia (SUPERINTENDNCIA

    11 No PDRS, justificou-se a utilizao do peso 2 para estradas no asfaltadas devido dificuldade (ou grau de sacrifcio) de uma pessoa se deslocar por esse tipo de estrada.

  • 17

    DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2003). Esses trabalhos tm sua impor-tncia reconhecida em mbito estadual, dada a quantidade e a qualidade das informaes e anlises, obtidas por meio da discusso da relao entre a dinmica urbana e os movi-mentos gerais da economia, em contextos historicamente determinados. Com isso, viabilizou-se a compreenso das alteraes funcionais e estruturais de diversas cidades baianas. Alm disso, traaram-se perspectivas de desenvolvimento.

    Em Cidades da Bahia (1997), trabalhou-se com as principais sedes municipais do estado, tendo como pressuposto a anlise da relao entre produo e organizao do territrio. Para identificar os papis por elas exercidos na rede estadual, ressaltou-se a necessidade de [...] reconhecer o carter dos fluxos econmicos responsveis pelo seu funcionamento, indiferentemente da origem desses fluxos (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA

    BAHIA, 1997, p. 21). Nesse sentido, foi calcu-lado um ndice do Produto Municipal (IPM) que pudesse medir a produo econmica em cada municpio, refletir a densidade espacial dos fluxos econmicos municipais e exprimir em nveis hierrquicos a espaciali-zao da produo. As informaes utilizadas para compor o IPM foram as estimativas do valor agregado da agropecuria e do setor de servios (exceto o setor comercial) e as informaes do Projeto de Contas Regionais para os 415 municpios.

    A concepo terico-metodolgica utili-zada em Cidades da Bahia foi pautada na perspectiva de que o estudo estabeleceria o porte e a hierarquia das cidades, sendo neces-srio, para tanto, investigar como os fluxos econmicos se utilizavam desses espaos. Nessa perspectiva, foram analisados cinco tipos de fluxos: depsitos bancrios; ligaes telefnicas; salrios pagos pelo governo da Bahia e benefcios pagos pelo INSS; popu-lao das sedes dos municpios baianos; e

    Centro regional Centro subregional (1) Centro de zona (1) Centro de subzona (1) Municpios componentes

    Salvador Vitria da Conquista

    Guanambi

    Guanambi

    Candiba, Guanambi, Palmas de Monte Alto, Pinda, Sebastio Laran-jeiras e Urandi.

    Brumado

    Aracatu, Brumado, Contendas do Sincor, Dom Baslio, Ituau, Livra-mento de Nossa Senhora, Malhada de Pedras e Tanhau.

    CaculCacul, Guajeru, Jacaraci, Licnio de Almeida e Rio do Antnio.

    CaetitCaetit, Ibiassuc, Igapor e Lagoa Real.

    Vitria da Conquista Vitria da Conquista

    Condeba, Cordeiros, Maetinga, Mortugaba, Pirip e Presidente Jnio Quadros.

    Quadro 3Hieraquizao funcional definida no PDRS de Serra Geral

    Fonte: Companhia de Desenvolvimento e Ao Regional (1997).(1) As categorias Centro Sub-regional, Centro de Zona e Centro de Subzona recebem o nome do principal centro urbano em cada escala trabalhada.

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    consumo de energia eltrica (SUPERINTEN-DNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1997).

    O uso desses procedimentos resultou na identificao das 28 cidades baianas mais importantes na rede estadual, classificadas em dois nveis hierrquicos. No primeiro nvel ficaram as dez consideradas como a rede urbana principal da Bahia: Salvador, Feira de Santana, Itabuna, Camaari, Vitria da Conquista, Ilhus, Paulo Afonso, Juazeiro, Alagoinhas e Barreiras. Observe-se que parte delas tambm foi selecionada nos traba-lhos de mbito nacional numa categoria considerada, de forma generalizada, como secundria. No segundo nvel hierrquico ficaram os 18 municpios restantes: Jequi, Santo Antnio de Jesus, Guanambi, Jacobina, Teixeira de Freitas, Eunpolis, Senhor do Bonfim, Itapetinga, Santo Amaro, Valena, Porto Seguro, Serrinha, Cruz das Almas, Brumado, Irec, Itamaraju, Bom Jesus da Lapa e Itaberaba.

    Nesse trabalho, chamou-se a ateno para a discrepncia entre os dois grupos de cidades. As do primeiro nvel concentravam quase 50% da populao urbana; 94% das unidades de ensino superior; 75% dos mdicos; 60% dos dentistas; e sediavam 90% das emissoras de televiso aberta. J as do segundo nvel foram responsveis por apenas 4% dos depsitos bancrios e 5% da produo, alm de contarem com apenas 7% dos mdicos e 8% dos dentistas do estado da Bahia (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1997).

    Em Desenvolvimento e territrio na Bahia (PORTO, 2003), apesar de se retomar a proposta metodolgica contida em Cidades da Bahia, houve alguns avanos na cons-truo terico-metodolgica, principalmente por formatar e apresentar um projeto pelo qual a rede de cidades da Bahia fosse alvo de intervenes que potencializassem o desem-

    penho das funes identificadas para cada centro no estudo anterior. Para tanto, foram aplicados alguns indicadores produzidos pela prpria SEI para o conjunto dos 28 munic-pios mais importantes do estado: o ndice de Desenvolvimento Econmico (IDE); o ndice de Desenvolvimento Social (IDS); o ndice Geral de Desenvolvimento Socioeconmico (IGDS) calculado a partir da mdia geomtrica do IDE e do IDS e o PIB municipal, responsvel por expressar o desempenho da produo local, permitindo reconhecer o processo de desenvolvimento provocado pelas interven-es pblicas e investimentos privados.

    Ao comparar esses dois estudos espec-ficos com os de mbito nacional, notou-se que eles caminharam na mesma perspec-tiva do trabalho Caracterizao e tendncias da rede urbana do Brasil e do Regic 2007. Adotaram pressupostos semelhantes, consi-deraram a existncia de uma hierarquia na rede de cidades e apresentaram resultados convergentes, quando no similares. E isso ocorreu ainda que os modelos e indicadores empregados no tenham sido coincidentes. Acredita-se que os elementos que realmente assinalaram diferenas entre os estudos foram as categorias hierrquicas nas quais se agru-param os principais centros urbanos brasileiros e baianos. Outro ponto que pode ter gerado diferenas em parte dos resultados se refere escala de anlise. O conhecimento das reali-dades e dinmicas mais especficas dificilmente captado por estudiosos que pretendam dar conta da totalidade nacional.

    Por essa lgica comparativa, cidades como Eunpolis e Teixeira de Freitas j se desta-cavam, desde a dcada de 1990, na regio sul da Bahia (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1997). No mbito estadual, foram classificadas, ao lado de Vitria da Conquista, Feira de Santana, Juazeiro, Barreiras, Jequi, Itabuna e Santo Antnio de Jesus, como cidades comerciais

  • 19

    de porte interestadual (PORTO, 2003). Assim, em Cidades da Bahia e em Desenvolvimento e territrio na Bahia, essas cidades ocupavam o mesmo nvel hierrquico, o que no ocorreu nos estudos de mbito nacional.

    Ressalte-se, ainda, que os estudos nacio-nais, devido ao seu grau de abrangncia e critrios utilizados sobretudo os referentes a classes de populao , no conseguiram identificar centros urbanos importantes para o semirido baiano, regio conhecida como miolo da Bahia. Mesmo que bastante extensa, representando quase 70,0% do territrio estadual, essa regio teve apenas as cidades de Guanambi, Irec e Jacobina em um universo de, aproximadamente, 260 municpios avaliadas como detentoras de uma maior condio de centralidade extramu-nicipal pelos estudos nacionais. Essa situao no corresponde aos resultados apresentados pelos estudos locais, que identificaram nessa regio, alm das trs cidades citadas, mais quatro centros urbanos: Bom Jesus da Lapa, Brumado, Itaberaba e Senhor do Bonfim.

    Em sntese, as anlises realizadas pelos diversos trabalhos revelaram um quadro de desconcentrao concentrada, no qual os centros urbanos baianos mais importantes esto localizados, historicamente, ao longo do litoral notadamente no entorno metropoli-tano de Salvador e no Recncavo baiano e, mais recentemente, nos extremos do territrio baiano. Essa configurao foi identificada tanto nos estudos nacionais quanto nos locais. Assim, no norte, h as cidades de Juazeiro e Paulo

    Afonso; no sudoeste, Vitria da Conquista, Jequi, Itapetinga, Guanambi e Brumado; no extremo sul, Teixeira de Freitas, Eunpolis, Porto Seguro e Itamaraju; e no oeste, rea de desen-volvimento e adensamento bastante recente, ganha destaque a cidade de Barreiras.

    O que se pretendeu alcanar com os estudos sobre a rede urbana brasileira foi a otimizao de investimentos pblicos e privados em equipamentos, servios e infraes-trutura voltados para o desenvolvimento das potencialidades das aglomeraes urbanas, considerando suas funes e capacidades de organizao espacial. Portanto, procurou-se observar os critrios e indicadores utilizados para tais anlises, de modo que se obtivesse um resultado que refletisse de forma fidedigna a realidade de cada unidade federativa.

    Em se tratando da rede urbana baiana, concluiu-se que as cidades identificadas pelos estudos bsicos de carter nacional como as mais importantes do estado, de acordo com os trabalhos realizados no mbito estadual, de fato o so. No entanto, ao atribuir a esses centros um posicionamento equivocado comparado ao que se evidenciou nos estudos que versam especificamente sobre as reali-dades baianas em termos de hierarquia urbana e ao no identificar algumas cidades de importncia microrregional, esses estudos poderiam induzir a polticas territoriais federais e estaduais tambm equivocadas, que no seriam capazes de atender s necessidades municipais e regionais, agravando as desi-gualdades j existentes.

  • 21

    Anlise da dinmica urbana regional da Bahia

    2.1. Questes conceituais e metodolgicas

    O objetivo central deste item elaborar um diagnstico sobre a dinmica urbano-regional da Bahia. Considerando-se que, para isso, informaes de cunho econmico e social so fundamentais, realizou-se a comparao de um conjunto de indicadores capazes de fornecer subsdios para a compreenso das tendncias de distribuio espacial da economia em perodos mais recentes e de concentrao e descon-centrao demogrfica. Analisaram-se tambm indicadores que deno-tassem as centralidades e apontassem as hierarquias existentes entre os municpios baianos, selecionados a partir da metodologia adotada nos estudos bsicos desta pesquisa12 e nos trabalhos analisados que versam sobre a realidade baiana.

    12 Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica e Universidade Estadual de Campinas (2001a); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (2008); Brasil (2008).

    2

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    As informaes utilizadas neste relatrio foram agregadas, sempre que possvel, em quatro escalas: municpios, reas urbanas, cidades (ou sedes municipais) e regies econ-micas. As trs primeiras foram entendidas conforme as definies estabelecidas pelo IBGE, rgo responsvel pela execuo da maioria das pesquisas que serviram como base de dados para este estudo. Assim, entende-se por municpio a menor unidade dotada de autonomia poltico-administrativa em que pode ser dividido um estado no Brasil. Por rea urbana o espao interno ao permetro urbano de uma cidade ou vila, definida por lei municipal, e que difere da sede municipal por abranger ncleos urbanos descontnuos terri-torialmente. Por sede municipal ou cidade, a rea urbana do distrito-sede, estabelecida por lei municipal, e onde est sediada a prefei-tura municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2003).

    Com relao regionalizao, a dimenso territorial da Bahia, a quantidade de municpios em que se encontra dividida e a diversidade dos processos e caractersticas de suas vrias pores fazem com que o entendimento de suas dinmicas gerais assim como daquelas mais especficas ganhe maior consistncia quando correlacionado s dinmicas ocor-ridas nas regies em que se situam. Julgou-se, assim, necessrio trabalhar com informaes agregadas tambm de forma regionalizada. A escolha das regies econmicas como mais adequadas para as anlises aqui desenvol-vidas justifica-se pelo fato de que esse foi o critrio adotado pelo sistema de planejamento estadual nos anos 1990 e incio dos 2000. Por isso mesmo, embora atualmente o governo da Bahia utilize outra forma de regionalizao (territrios de identidade), existem estudos, pesquisas sociais e econmicas e base de dados organizados conforme a regionali-zao anterior. Assim, tendo em vista a neces-sidade de entender os processos passados,

    considerar as regies econmicas apresentou como vantagem a possibilidade de obter um conjunto de conhecimentos significativos que fundamentam anlises comparativas entre as dinmicas econmicas e populacionais atuais (2000-2007) e as do perodo anterior (1991-2000 ou mesmo antes).

    Vale acrescentar que as regies econ-micas, distribudas no estado conforme a Figura 1, so oficialmente enumeradas de 1 a 15. Nas tabelas postas neste estudo, esto representadas por siglas, a saber:

    Regio Metropolitana de Salvador RMS1. Regio Litoral Norte LN2. Regio Recncavo Sul RS3. Regio Litoral Sul LS4. Regio Extremo Sul ES5. Regio Nordeste NOR6. Regio Paraguau PAR7. Regio Sudoeste SUD8. Regio Baixo Mdio So Francisco BMSF9. Regio Piemonte da Diamantina PIE10. Regio Irec IRC11. Regio Chapada Diamantina CD12. Regio Serra Geral SG13. Regio Mdio So Francisco MSF14. Regio Oeste OES15.

    Em relao aos indicadores, para a elabo-rao de um panorama da economia na ltima dcada, foram examinados dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB), apresentados pela participao dos municpios e regies econ-micas no total estadual, e desagregados, em escala municipal, por setores econmicos (agropecuria, indstria e servios). Essas informaes foram levantadas pela SEI para o perodo de 2002-2006. Ainda dentro da perspectiva econmica, com o propsito de verificar a distribuio das estruturas produ-tivas que, teoricamente, implicaram maior dinamizao socioeconmica e que, por isso mesmo, contaram com investimentos significativos dos governos, apresentou-se a localizao de distritos industriais e das zonas

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    OC

    EA

    NO

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    -38

    -38

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    -40

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    -42

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    -44

    -46

    -46

    -8 -8

    -10 -10

    -12 -12

    -14 -14

    -16 -16

    -18 -18

    01 - METROPOLITANA DESALVADOR

    02 - LITORAL NORTE

    06 - NORDESTE

    07 - PARAGUAU

    10 - PIEMONTE DADIAMANTINA

    09 - BAIXO MDIOSO FRANCISCO

    11 - IREC

    14 - MDIO SOFRANCISCO

    15 - OESTE12 - CHAPADADIAMANTINA

    13 - SERRA GERAL

    08 - SUDOESTE

    04 - LITORAL SUL

    05 - EXTREMO SUL

    03 - RECNCAVO SUL

    ESPRITOSANTO

    ALAGOAS

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    N A M B U C O

    G E R A I S

    REGIES ECONMICASEstado da Bahia, 2010

    figura 1Regies econmicas do estado da Bahia

    Fonte: Elaborao SEI.

  • 24

    tursticas do estado. Essa ltima informao foi levantada pela importncia atribuda a tal atividade nas polticas estaduais de gerao de emprego e renda, sendo entendida como fator de dinamizao regional13. As informa-es referentes ao turismo foram obtidas em publicaes e no stio eletrnico da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur).

    Outro elemento que foi agregado para discutir a centralidade dos municpios baianos foi a presena de instituies no governa-mentais que contribuem para a consolidao de atividades produtivas, como o Servio Brasi-leiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb-BA). Procurou-se observar, com isso, a distribuio espacial de unidades ou escritrios regionais dessas entidades e a rede assim configurada.

    Em relao s informaes demogrficas, fundamentais para a compreenso das din-micas sociais, trabalhou-se com os censos demogrficos de 1991 e de 2000 e com a Contagem de Populao de 2007, realizados pelo IBGE. Dessas pesquisas, extraram-se os seguintes dados: populaes total, urbana e da sede municipal e suas respectivas taxas de crescimento geomtrico; grau de urbanizao e migrao intraestadual (ocorrida no interior do estado) e interestadual (resultante da troca de pessoas entre as unidades da Federao). Esses dados permitiram conhecer os diferen-ciais de porte e as tendncias de distribuio da populao dos municpios, cidades e regies da Bahia, bem como os volumes dos fluxos migratrios e seu direcionamento no contexto do estado e do pas.

    13 Ressalte-se que no foram utilizadas informaes sobre renda per capita nem sobre ocupao da Populao Economicamente Ativa (PEA), importantes para caracterizar o perfil da populao e verificar a dinmica socioeconmica, tendo em vista o ltimo dado disponvel, datado do ano 2000. No entanto, vlido salientar que, em estudos posteriores, esses indicadores devem ser analisados.

    Ressalte-se que as pesquisas censitrias (tal como as de 1991 e de 2000) abarcaram a totalidade dos municpios do pas. Contudo, embora em 2000 a Bahia j contasse com 417 municpios, com Barrocas e Lus Eduardo Magalhes emancipados em maro de 2000, os dados foram divulgados para 415 unidades municipais, desconsiderando, para efeito dessa pesquisa, tais desmembramentos14. J em relao Contagem de Populao, ocorrida em 2007, observa-se que foi reali-zada em municpios brasileiros com popula-es inferiores a 170 mil habitantes, conforme as projees de populao elaboradas pelo IBGE para o ano de 2005. Assim, a ltima pesquisa populacional disponvel em escala municipal no foi realizada em Salvador, Feira de Santana, Vitria da Conquista, Camaari, Ilhus, Itabuna e Juazeiro. Desse modo, a populao total desses municpios baianos em 2007, diferentemente dos demais, foi estimada pelo IBGE. Ademais, para esses no h informaes oficiais sobre populao urbana ou rural, tampouco quanto popu-lao da sede ou migrao. Para efeito deste estudo, tendo em vista os ritmos de cresci-mento urbano e rural anteriores, adotou-se uma postura conservadora em relao populao urbana e da cidade desses muni-cpios, considerando-os na mesma faixa de tamanho de populao registrada em 2000.

    Houve preocupao, ainda, em apresentar dados relacionados a alguns equipamentos de infraestrutura social e urbana, entendendo-os como reveladores de centralidade. Isso permite correlacionar sua presena a fluxos migratrios, pendulares ou no, e discutir sua influncia no movimento populacional e econmico regionais. Nesse sentido, seu estudo permite avaliar o papel estratgico de algumas cidades baianas, luz da quantidade

    14 Para maiores informaes, ver as notas metodolgicas do Censo Demogrfico de 2000.

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    e/ou complexidade dos equipamentos nelas existentes. Com esse intuito, observou-se a espacializao das instituies de educao superior e de sade. Buscou-se, ainda, compreender a relao entre essa localizao e o porte econmico dos municpios nos quais essas instituies esto presentes.

    Examinou-se, para tanto, informaes sobre a localizao de instituies de ensino superior (IES) e a de equipamentos de sade conveniados ao Sistema nico de Sade (SUS). Com relao s IES, observou-se ainda o seu avano e a tendncia de concentrao e de disperso entre 2000 e 2007. Foram utilizadas, para a obteno desses dados, publicaes de rgos federais e estaduais, relatrios do Datasus e do Censo Educacional Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep). O Datasus constitui-se num banco de dados disponibilizado pelo Minis-trio da Sade, que informa a quantidade de hospitais e clnicas especializadas conveniados ao SUS. O Censo Educacional rene infor-maes sobre as instituies de educao superior em suas diferentes formas de orga-nizao acadmica e categorias administra-tivas. Traz ainda dados sobre os cursos de graduao presenciais ou distncia, vagas oferecidas, inscries, matrculas, os ingres-santes e concluintes, alm de informaes sobre as funes docentes.

    Agregou-se ainda, para discutir a circulao e fluxos, informaes da Agncia Nacional de

    Aviao Civil (ANAC), particularmente sobre a quantidade de ligaes (definida como as operaes de chegada e sada de vos), o volume de passageiros e de carga, em 2000 e em 2007.

    Como um dos objetivos da pesquisa Dinmica Urbana nos Estados identificar, para fins de formulao de polticas pblicas, as cidades responsveis pela estruturao da rede urbana da Bahia e tendo como referncia trabalhos em que o foco foi a anlise da realidade desse estado (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1997; PORTO, 2003), utilizou-se como estratgia metodolgica destacar nos levan-tamentos e anlises os 30 principais muni-cpios ou cidades para cada indicador sele-cionado, quando os dados disponveis assim permitiram. Desse modo, possvel discutir a proposta da rede principal de cidades da Bahia e verificar as tendncias apresentadas em tais estudos, assim como observar a propriedade da hierarquia proposta nas trs publicaes que abordam o contexto nacional que subsidiam esta pesquisa. Tambm, para cumprir principalmente a finalidade de ser um estudo til ao planejamento pblico, realizaram-se entrevistas com atores pblicos e privados verificando quais estratgias por eles utilizadas para pensar a rede estadual e alocar suas estruturas e aes. Desse modo, pretendeu-se averiguar quais as demandas de tais instituies em relao a estudos sobre a rede urbana.

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    2.2. Espacializao da economia baiana

    a partir do PIB15

    15 No primeiro trimestre de 2007, ocorreu uma mudana na metodologia de clculo do PIB. O IBGE, responsvel pela pesquisa, elaborou a retropolao dos dados at 1995 e no autorizou os rgos de pesquisa estaduais a realizar o mesmo processo para os anos anteriores. Desse modo, embora seja possvel tratar das tendncias em perodos passados, os dados do PIB anteriores a esse ano no so comparveis com os atuais.

    A Bahia, ao longo das ltimas dcadas, vem se caracterizando como a primeira economia da regio Nordeste e a sexta do Brasil. Entre 2002 e 2006, o estado contribuiu, em mdia, com 4,1% do PIB do pas, enquanto a regio Nordeste participava com 31,7% na produo de riqueza nacional (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2009a).

    Observando-se a distribuio do PIB baiano, verifica-se uma concentrao na sua faixa litornea (especialmente na RMS) e em aproximadamente 30 de suas 417 unidades municipais, conforme analisado por tcnicos da SEI (1997), por Porto (2003) e Silva e Fonseca (2007). Considerando o perodo sob anlise, destacou-se o setor agropecurio, que entre 2004 e 2005 apresentou crescimento expressivo (27,4% e 12,7%, respectivamente). Isso pode ser associado, principalmente, produo de soja, algodo, feijo, milho, mandioca e cana-de-acar (culturas tempo-rrias), banana, caf, cacau, manga, mamo, uva, laranja (culturas permanentes). Todavia, em 2006, o PIB desse setor cresceu a taxas negativas: -4,1%. Esse fato foi relacionado a dois conjuntos de fatores: questes clim-ticas (chuvas irregulares nas principais reas produtoras) e questes de ordem econmica (descapitalizao dos agricultores e queda nos preos das commodities internacionais).

    No que diz respeito ao PIB do setor tercirio, os destaques ficaram por conta do comrcio varejista, especificamente nos ramos de hipermercados e supermercados, mveis e eletrodomsticos e produtos alimen-tcios, bebidas e fumo. Tal setor apresentou-se sempre como o de maior importncia na

    composio do total e, em 2006, foi o que registrou maior crescimento (3,5%). Nesse mesmo ano, o PIB industrial observou um crescimento de 2,2%, o que decorreu princi-palmente dos resultados da indstria de trans-formao, nos segmentos de papel e celulose, refino de petrleo e produo de lcool e metalurgia bsica (ECONOMIA..., 2009).

    Para a anlise da composio desse quadro, cabe considerar alguns dos elementos fundamentais do desenvolvimento econ-mico baiano. Na dcada de 1960, a compo-sio setorial do PIB era a seguinte: 40,0% no setor primrio, 12,0% no setor secun-drio, enquanto o setor tercirio representava 48,0% do total. Essa situao modificou-se substancialmente a partir da implantao, ainda nos anos 1960, da poltica nacional de industrializao, o que, no estado, implicou a instalao dos distritos industriais nas suas diversas regies econmicas.

    No perodo compreendido entre 1965 e 2000, acompanhando a poltica de integrao de mercados, de estmulo industrializao e de desconcentrao da atividade produ-tiva, patrocinada, sobretudo, pela Superin-tendncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), foram instalados 14 distritos indus-triais na Bahia (Quadro 4). Na RMS, ocorreu a implantao do Centro Industrial de Aratu (CIA), em 1965, e do Polo Petroqumico de

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    Camaari (Copec), em 1978. Esses empreen-dimentos contriburam expressivamente para a manuteno de uma dinmica populacional ainda mais concentrada nessa regio e para uma intensa mobilidade no interior da RMS. Entre o perodo de 1970 e 1990, a populao de Salvador, por exemplo, dobrou, agravando os problemas habitacionais, de saneamento, sade, renda e emprego j existentes. Isso porque o ritmo demogrfico no foi acompa-nhado de polticas pblicas capazes de suprir as demandas sociais que se avolumavam. Ao mesmo tempo, era ali que estava o maior mercado de trabalho da Bahia, o que esti-mulou os residentes das reas deprimidas a se dirigirem para l.

    Na regio Paraguau, em 1969, foi insta-lado, em Feira de Santana, o Centro Industrial Suba (CIS), distante do CIA e do Copec 120 km. No Litoral Norte, ocorreu a implantao do Distrito Industrial de Alagoinhas, em 1996, distante apenas 72 km do CIS.

    J no Sudoeste, foram criados distritos industriais nos municpios de Vitria da

    Conquista (1972) e Jequi (1976). No Litoral Sul, iniciou-se a implantao, em 1973, do distrito industrial no municpio de Ilhus.

    Mais recentemente, nos anos 1990, e vinculados a uma estratgia de desconcen-trao estadual da economia, novos distritos foram instalados na Bahia. Por conta da expanso dos permetros voltados fruticul-tura irrigada, no Baixo Mdio So Francisco, especificamente no municpio de Juazeiro, em 1992, ocorreu a instalao de uma dessas estruturas. Associados existncia da BR-116 que faz ligao entre as regies Norte/Nordeste e Sul/Sudeste do pas e sua possi-bilidade de uso para circulao de mercado-rias, em Itapetinga e Itoror, novos distritos industriais foram estabelecidos em 1997 e em 1998, correspondentemente.

    No Oeste e no Extremo Sul, igualmente, a instalao de distritos industriais foi mais recente. Na primeira dessas regies, os muni-cpios de Barreiras e Lus Eduardo Magalhes foram contemplados em 1992 e 2002, respec-tivamente, em consonncia com a nova fron-

    N Ordem Distrito Industrial Ano de Criao

    1 Centro Industrial de Aratu Dec. n 19.432 de fevereiro de 1965

    2 Centro Industrial Suba Dec. n 3.304 de 12 de julho de 1969

    3 Distrito Industrial de Vitria da Conquista Dec. n. 22.333 de 16 de novembro de 1972

    4 Distrito Industrial de Juazeiro Dec. n. 23.221 de 16 de novembro de 1972

    5 Distrito Industrial de Ilhus Dec. n. 2.590 de 22 de novembro de 1973

    6 Distrito Industrial de Jequi Dec. n. 23.342 de 31 de janeiro 1976

    7 Plo Petroqumico de Camaari 1978

    8 Distrito Industrial de Barreiras Dec. n. 1.436 de 20 de agosto de 1992

    9 Distrito Industrial de Teixeira de Freitas Dec. n. 2.590 de 11 de novembro de 1993

    10 Distrito Industrial de Alagoinhas Dec. n. 5.549 de 04de juho de 1996

    11 Distrito Industrial de Itapetinga Dec. n. 6.262 de 01de maro de 1997

    12 Distrito Industrial de Eunpolis 1998

    13 Distrito Industrial de Itoror Dec. n 7.227 de 25 de janeiro de 1998

    14 Distrito Industrial de Lus Eduardo Magalhes 2002

    Quadro 4Distritos industriais na Bahia

    Fonte: Spnola (2003).

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    teira agrcola baiana pautada na produo de soja, algodo, caf e milho. Na segunda, o Extremo Sul, os distritos de Teixeira de Freitas e Eunpolis foram estabelecidos em 1993 e 1998, respectivamente. Assim, nos anos 1990, o governo estadual estabelecia uma estrutura industrial em locais distantes de Salvador, em municpios que, segundo o Regic 2007, estavam na rede de influncia de outras capitais: o Oeste, de Braslia, e o Extremo Sul, do Rio de Janeiro.

    Essas iniciativas para acelerar a indus-trializao em diferentes partes do estado resultaram na instalao de distritos indus-triais em sete das suas 15 regies econmicas. Conforme Spnola (2003), tais distritos contri-buram para a dinamizao e desconcentrao das estruturas produtivas na Bahia, mas no foram capazes de diminuir a centralizao da RMS. Nessa regio estavam aqueles que viriam a agregar indstrias produtoras de bens inter-medirios, importantes em mbito nacional.

    Vale ressaltar que a ao dos governos federal e estadual, ao tentar diversificar e descentralizar os investimentos industriais com o objetivo de dinamizar a economia de outros recantos do territrio baiano, contri-buiu para o processo de urbanizao e cresci-mento das cidades mdias que receberam os distritos, bem como a formao de sistemas urbano-regionais. Esses instrumentos efeti-vamente promoveram o desenvolvimento econmico de diferentes partes da Bahia. Isso no indica, contudo, a inexistncia da necessidade de polticas que atraiam outras atividades produtivas e de servios para reas distantes da RMS. Ao contrrio, precisa-se de estratgias governamentais que estimulem a instalao de pequenas, mdias e grandes empresas nos diversos distritos industriais, aproveitando-se, dessa forma, da infraestru-tura disponvel.

    Ao final da dcada de 1990, resultado das intensas polticas voltadas industrializao,

    a composio do PIB na Bahia estava signi-ficativamente diferente da encontrada nos anos de 1960. J em 1999, 7,3% do total era representado pelo setor primrio, 27,2% pelo secundrio e 65,5% pelo tercirio. Nessa dcada, ressalte-se, foram realizadas tenta-tivas de aumentar a participao da Bahia no PIB nacional. A principal delas resultou na instalao do Complexo Automotivo da Ford na RMS, atraindo mais uma vez para essa regio diversas empresas de segunda, terceira e quarta geraes. Com isso, o PIB perma-neceu concentrado no entorno da capital.

    O turismo foi outra atividade econmica que contou com intenso incentivo pblico nas ltimas duas dcadas. Partindo da concepo de que esse setor produz pouco impacto ambiental, levando em conta o potencial e a diversidade natural, os aspectos histricos e culturais da Bahia, o governo do estado, com apoio de organismos internacionais de financiamento, definiu nos anos 1990 zonas tursticas (conforme sero mostradas adiante) nas quais foram concentrados os investi-mentos dirigidos ao incremento desse vetor de desenvolvimento.

    Pensando em termos de regio econ-mica, esses investimentos foram alocados, principalmente, na RMS (em Salvador), na poro costeira do Litoral Norte (na Costa do Saupe, Praia do Forte e Imbassa, situados no municpio de Mata de So Joo, e em Guara-juba, em Camaari), no Litoral Sul (Itacar, Valena e Ilhus) e no Extremo Sul (Porto Seguro, Santa Cruz Cabrlia e Prado). Importa destacar que foram implantadas zonas turs-ticas tambm no interior baiano, tais como a localizada na regio econmica da Chapada Diamantina, que envolve os municpios de Lenis, Mucug, Rio de Contas, Palmeiras e Morro do Chapu; no Baixo Mdio So Fran-cisco, contemplando Juazeiro e Sobradinho; no Oeste, em Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Santa Maria da Vitria; no Nordeste, em Paulo

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    Afonso, Cip, Serrinha; e no Recncavo Sul, especificamente, nos municpios de Cacho-eira, So Flix, Santo Amaro, Amargosa, Mutupe, Santa Ins e Jiquiri. Esses inves-timentos foram direcionados principalmente instalao ou melhoria do sistema virio e aerovirio, ao apoio implantao de equipamentos relativos ao setor hoteleiro e melhoria, em alguns municpios, da infraes-trutura urbana. Alm disso, o estado vem investindo em campanhas de divulgao dos atrativos da Bahia.

    Mais recentemente, a partir dos anos 2000, visando ainda aumentar a participao do PIB baiano nas economias regional e nacional, bem como a competitividade de alguns segmentos econmicos, os governos estadual e federal criaram os Arranjos Produtivos Locais (APL)16. Na Bahia, havia 11 APL, todos articulados em torno do Programa Progedir, coordenado pela Secretaria de Cincia, Tecnologia e Inovao do Estado da Bahia (SCTI). Eles beneficiavam os seguintes setores/regies: tecnologia da informao, transformao plstico (RMS), confeces (RMS e Paraguau especifica-mente, nessa, em Feira de Santana), fruticul-tura (Baixo Mdio So Francisco, destaque para Juazeiro), cadeia de fornecedores auto-motivos (RMS, Paraguau Feira de Santana), turismo (Litoral Sul Ilhus e Itacar), pisci-cultura (Nordeste Paulo Afonso), derivados da cana-de-acar (Chapada Diamantina), caprinovinocultura (Piemonte da Diaman-

    16 Segundo a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inativos Locais (RedeSist) (IE-UFRJ), os Arranjos Produtivos Locais so um conjunto de agentes econmicos, polticos e sociais, localizados em um mesmo territrio, desenvolvendo atividades econmicas correlatas e que apresentam vnculos expressivos de produo, interao, cooperao e aprendizado. Os APL geralmente incluem empresas produtoras de bens e servios finais, fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestao de servio, comerciantes, clientes etc., cooperativas, associaes e representaes e demais organizaes voltadas formao e treinamento de recursos humanos, informao, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoo e financiamento.

    tina Senhor do Bonfim, e Baixo Mdio So Francisco Juazeiro), rochas ornamentais (Piemonte da Diamantina Ourolndia e Jacobina, e RMS Lauro de Freitas) e sisal (Nordeste Serrinha e Valente).

    Distribuio espacial do PIB por grandes setores econmicos, por regio

    econmica e por municpios

    A distribuio do PIB da Bahia, durante a dcada de 1990, apresentou momentos de queda, estabilizao e ascenso segundo os setores econmicos17. Nesse perodo, o setor de servios se destacou como o de maior participao percentual no total do estado. Embora com oscilaes, manteve valores acima dos 63%. O setor industrial, no qual, igualmente, houve variao na tendncia, em 1999, registrou o patamar mais elevado do perodo, 27,2%. J o agropecurio verificou pequeno declnio ao longo da dcada, signi-ficando cerca de 7,3% do PIB total ao fim de 1999. Em 2000, houve alguma recuperao dos setores primrio e secundrio, com 8,8% e 28,9%, respectivamente. O tercirio figurou com 62,4% do total.

    Em relao indstria baiana, na dcada de 1990, os segmentos mais importantes foram os da qumica, celulose e papel, concentrando cerca de 60,0% dos investi-mentos do setor. A RMS era a local do estado onde se localizavam as principais plantas das reas de qumica, metalrgica, papel, plstico,

    17 Conforme mencionado anteriormente, a comparabilidade dos valores do PIB s pode ser realizada a partir de 1995, ainda que tcnicos da rea observem que, no caso da Bahia, as tendncias tenham se mantido ao longo da dcada dos 1990.

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    bebidas, material eltrico e de comunicaes e de informtica. No municpio de Camaari, onde se encontra importante complexo petro-qumico, iniciou-se, no final dessa dcada, a implantao de um polo automotivo.

    No Recncavo Sul e no Sudoeste, a indstria de calados (Amargosa e Cruz das Almas, na primeira regio, e Jequi, na segunda) comeou a ser estabelecida ainda nos anos 1990. No Litoral Sul, se destacavam as indstrias de material eltrico e de comu-nicaes, essas associadas aos investimentos em produo de equipamentos de inform-tica, em polos ento criados para esse fim em Ilhus e Itabuna. No Extemo Sul, por sua vez, a indstria madeireira e a de papel e papelo (situadas em Mucuri e Eunpolis) consistiam na principal fonte de dinamismo econmico. Observe-se que a fruticultura era importante na economia dessas regies e que, por isso, a produo de polpa de frutas surgiu como uma alternativa crise da indstria do cacau.

    Nas regies econmicas do Baixo Mdio So Francisco (em Juazeiro), Mdio So Fran-cisco (em Bom Jesus da Lapa), Irec (em Xique-Xique e Irec) e Chapada Diamantina, ainda em referncia dcada de 1990, a economia foi fortemente relacionada a esse tipo de produo. Isso porque, a partir da implantao pela Companhia de Desenvol-vimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba (Codevasf) de projetos de irrigao

    ao longo do Vale do So Francisco, houve incremento na produo e comercializao de frutas. No Oeste baiano investiu-se na fruti-cultura e produo de gros, em Barreiras. No mesmo perodo, a regio de Serra Geral, voltava-se para a produo de algodo, e o Piemonte da Diamantina, para a pecuria extensiva.

    No Paraguau, destacavam-se a fruticul-tura e as indstrias de calados (em Itabe-raba, Conceio de Feira e Feira de Santana), metalrgica, de papel e papelo e de bebidas. Na regio Nordeste da Bahia, tambm houve implantao de indstrias de calados (em Serrinha). No Litoral Norte, estavam estabele-cidas indstrias de calados (em Pojuca), papel e papelo, bebidas e havia novos investi-mentos em metalurgia, alm da fruticultura.

    Analisando a composio percentual do PIB baiano por grandes setores em anos mais recentes, entre 2002 e 2006, verifica-se a diminuio do peso do setor primrio, ao passo que se elevou o do setor tercirio (Tabela 1), na qual, houve relativa estabili-dade. Esse fato pode sinalizar um processo de expanso das atividades econmicas mais associadas ao fenmeno da urbanizao.

    Em relao distribuio do PIB no terri-trio baiano, evidenciou-se que a RMS, entre 2002 e 2006, absorvia aproximadamente 50,0% do PIB total (Tabela 2). Para se ter uma ideia da intensidade de tal concentrao,

    Tabela 1 Distribuio relativa do PIB segundo grandes setores da atividade econmicaBahia 2002-2006

    Ano Primrio Secundrio Tercirio

    2002 10,5 28,8 60,7

    2003 10,6 28,8 60,6

    2004 10,8 30,7 58,5

    2005 8,6 32,2 59,2

    2006 7,9 30,7 61,5

    Fonte: Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (2009a).

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    observe-se que as regies Paraguau, Litoral Sul, Sudoeste, na segunda, terceira e quarta colocao do ranking nesse perodo, partici-pavam com apenas 6,4%, 6,4% e 5,7% do PIB, respectivamente, em 2006. Vale salientar que nessas trs ltimas regies esto loca-lizados os municpios de Feira de Santana, Vitria da Conquista, Ilhus e Itabuna, que, em 2000 e 2007, estavam entre os de maior populao da Bahia. Do mesmo modo, ao longo das ltimas duas dcadas, como visto acima, a RMS tem sido alvo de uma srie de investimentos, o que consolidou sua impor-tncia econmica no cenrio estadual.

    A Tabela 2 tambm mostra que as regies Chapada Diamantina (1,7%), Irec (1,1%) e

    Mdio So Francisco (1,1%) mantiveram-se nas ltimas colocaes do ranking do PIB baiano. Nessas regies, respectivamente, os destaques foram os municpios de Irec, Bom Jesus da Lapa e Ibicoara, que, mesmo sendo relevantes para o entendimento da dinmica regional, no esto entre aqueles que possuem maiores PIB municipais.

    A anlise dos municpios com os 30 maiores PIB em 2006 (Tabela 3) mostra que apenas Salvador concentrava 24,9% do PIB total da Bahia. Ainda na RMS se destacaram os muni-cpios de Camaari (9,9%), So Francisco do Conde (6,9%), Candeias (2,3%), Simes Filho (2,2%), Lauro de Freitas (1,8%) e Dias Dvila (1,4%). No Paraguau, o que apresentou mais

    Tabela 2 Participao relativa das regies econmicas na composio do PIB estadualBahia 2002-2006

    Class.Regies

    econmicas

    Produto Interno Bruto (%)

    2002 2003 2004 2005 2006

    BAhIA 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

    1Metropolitana de Salvador 50,1 48,9 49,5 50,7 49,8

    2 Paraguau 6,1 6,2 5,8 6,2 6,4

    3 Litoral Sul 7,1 7,1 6,7 6,4 6,4

    4 Sudoeste 5,2 5,3 5,2 5,5 5,7

    5 Extremo Sul 4,7 4,9 4,9 4,7 4,9

    6 Nordeste 4,8 5,0 4,7 4,4 4,8

    7 Litoral Norte 4,0 4,0 4,2 4,2 4,5

    8 Oeste 4,5 5,2 6,1 5,2 4,2

    9 Recncavo Sul 2,8 2,9 2,8 2,8 2,9

    10Baixo Mdio So Francisco 2,6 2,4 2,3 2,2 2,5

    11Piemonte da Diamantina 1,8 2,0 2,0 1,9 2,0

    12 Serra Geral 1,9 1,9 1,8 1,9 1,9

    13Chapada Diamantina 1,6 1,7 1,6 1,6 1,7

    14 Irec 1,2 1,2 1,2 1,1 1,1

    15Mdio So Francisco 1,3 1,3 1,2 1,1 1,1

    Fonte: Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (2009a).

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    relevncia foi o de Feira de Santana (4,0%); no Sudoeste, Vitria da Conquista (2,1%); e no Litoral Sul, os municpios de Itabuna (1,6%) e Ilhus (1,6%). A localizao dos maiores PIB municipais pode ser melhor visualizada na Figura 2.

    Esses dados permitem concluir que os municpios com os mais elevados PIB em 2006 correspondem aos com as maiores concentraes populacionais em 2007. Todavia, a recproca no verdadeira. Apesar de Irec e Bom Jesus da Lapa

    Tabela 3 Municpios com os 30 maiores PIBs a preos correntes e sua participao relativa no estado Bahia 2006

    Class. Regies econmicas MunicpiosProduto Interno Bruto

    (R$ milhes)Participao no estado

    BAhIA 96.558,9 100,0

    1 RMS Salvador 24.072,4 24,9

    2 RMS Camaari 9.534,3 9,9

    3 RMS So Francisco do Conde 6.673,7 6,9

    4 PAR Feira de Santana 3.853,3 4,0

    5 RMS Candeias 2.236,1 2,3

    6 RMS Simes Filho 2.152,7 2,2

    7 SUD Vitria da Conquista 1.994,8 2,1

    8 RMS Lauro de Freitas 1.770,3 1,8

    9 LS Itabuna 1.579,1 1,6

    10 NOR Paulo Afonso 1.544,6 1,6

    11 LS Ilhus 1.534,8 1,6

    12 RMS Dias Dvila 1.332,6 1,4

    13 BMSF Juazeiro 1.313,4 1,4

    14 OES Barreiras 1.187,0 1,2

    15 SUD Jequi 1.133,0 1,2

    16 LN Alagoinhas 951,0 1,0

    17 LN Pojuca 934,4 1,0

    18 ES Eunpolis 913,6 0,9

    19 OES Lus Eduardo Magalhes 841,9 0,9

    20 ES Teixeira de Freitas 675,8 0,7

    21 ES Mucuri 666,8 0,7

    22 LN Catu 617,5 0,6

    23 ES Porto Seguro 600,0 0,6

    24 OES So Desidrio 580,1 0,6

    25 RS Santo Antnio de Jesus 554,3 0,6

    26 SUD Itapetinga 378,9 0,4

    27 BMSF Sobradinho 357,6 0,4

    28 LS Valena 356,5 0,4

    29 SG Guanambi 343,0 0,4

    30 SG Brumado 342,0 0,4

    Fonte: Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (2009a).

  • 33

    estarem entre os 30 municpios mais popu-losos do estado, conforme a Contagem de 2007, isso no foi condio suficiente para a gerao de riqueza de modo que estivessem entre os de maior dinamismo tambm em

    termos econmicos. Mesmo assim, para as regies nas quais as cidades de Irec (Irec) e Bom Jesus da Lapa (Mdio So Francisco) se situam, exercem a funo de Subcentro Regional.

    -38

    -38

    -40

    -40

    -42

    -42

    -44

    -44

    -46

    -46

    -8 -8

    -10 -10

    -12 -12

    -14 -14

    -16 -16

    -18 -18

    Sta Rita deCssia Barra

    Irec

    ItaberabaFeira deSantana

    Alagoinhas

    Ribeirado Pombal

    Euclides daCunha

    Senhor doBonfim

    Jacobina

    Serrinha

    Valena

    Seabra

    Ibotirama

    Santa Mariada Vitria

    Bom Jesus daLapa

    Guanambi

    Vitria daConquista

    Itapetinga

    Eunpolis

    Teixeirade Freitas

    Cocos

    Pilo Arcado

    Juazeiro Paulo Afoso

    Ipir

    Jequi

    Brumado

    Abaira

    Condeba

    Caravelas

    Porto Seguro

    IlhusItabuna

    Salvador

    Conde

    Barreiras

    Itanhm

    01 - Metropolitanade Salvador

    02 - Litoral Norte

    06 - Nordeste

    07 - Paraguau

    10 - Piemonte daDiamantina

    09 - Baixo Mdio So Francisco

    11 - Irec

    14 - Mdio SoFrancisco

    15 - Oeste 12 - ChapadaDiamantina

    13 - Serra Geral08 - Sudoeste

    04 - Litoral Sul

    05 - Extremo Sul

    03 - Recncavo Sul

    ESPRITOSANTO

    ALAGOAS

    M I N A S

    TO

    CA

    NT

    IN

    S

    P

    IA

    U

    SE

    RG

    IP

    E

    GO

    I

    S

    P ER N A

    M B U C O

    G E R A I S

    OC

    EA

    NO

    AT

    L

    NT

    I CO

    PIB POR MUNICPIOEstado da Bahia, 2006

    Fonte: SEI, 2009.

    Limite Regio Econmica

    R$ (milhes)

    10,14 - 100,00

    100,01 - 250,00

    250,01 - 500,00

    500,01 - 1.000,00

    1.000,01 - 24.072,40

    figura 2PIB por municpioEstado da Bahia 2006

    Fonte: SEI, 2009.

  • 34

    Ainda tratando da centralidade urbana, dados do Cadastro Central de Empresas (INSTI-TUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATS-TICA, 2009) revelaram que, em 2007, a RMS concentrava 31,3% das empresas do estado, destacando-se Salvador com 25,1% desse conjunto, ou 53.564 empresas. Essas eram, sobretudo, especializadas no comrcio e em reparao de veculos automotores e de bici-cleta (com 41,5% desse total). Feira de Santana (no Paraguau), segundo nesse ranking, detinha 11.960 delas, e Vitria da Conquista (no Sudoeste), em terceiro lugar, 6.771 empresas. Seguiam-se Lauro de Freitas, situado na RMS, Itabuna (no Litoral Sul) e Camaari (na RMS).

    O PIB do setor agropecurio representava 7,9% do total baiano em 2006. Os segmentos de agricultura, silvicultura e explorao vegetal consistiam no principal componente desse PIB na Bahia, com 73,6%. Os segmentos da pecuria e pesca representavam 26,4% (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECON-MICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2009a).

    Analisando esse mesmo indicador por municpio para 2006 (Tabela 4), verificou-se que aqueles que mais se destacaram foram So Desidrio (6,2%), Barreiras (4,2%), Lus Eduardo Magalhes (2,6%) e Correntina (1,4%), localizados na regio Oeste; Juazeiro (3,9%), no Baixo Mdio So Francisco; Barra do Choa (2,4%), Vitria da Conquista (1,2%), Ibicoara (2,0%) e Jaborandi (1,2%), no Sudoeste; Prado (1,6%) e Itamaraju (1,0%), no Extremo Sul. Os demais apresentaram uma participao menor que 1,0% no PIB agro-pecurio do estado.

    Considerando-se a localizao de So Desidrio, Barreiras, Lus Eduardo Magalhes e Correntina, pode-se afirmar que as cidades que comandavam o agronegcio baiano eram concentradas no Oeste do estado, onde predominava a produo de gros (soja e milho) e de algodo herbceo. Esse ltimo era plantado, em 2007, em praticamente

    todos os 16 municpios do Oeste, desta-cando-se So Desidrio (47,0% da produo da Bahia), Barreiras (17,2%), Formosa do Rio Preto (9,5%), Lus Eduardo Magalhes (9,4%), Correntina (5,2%), Riacho das Neves (4,9%) e Jaborandi (3,3%). Por sua vez, a produo de soja de todo o estado estava concentrada em apenas 11 municpios dessa regio, espe-cialmente So Desidrio, Barreiras, Corren-tina e Lus Eduardo Magalhes. Juntos, eram responsveis por 73,3% dessa produo estadual (Figura 3).

    Observa-se tambm, analisando-se os dados por produto, que a cultura do feijo migra definitivamente para os municpios do Nordeste (Ftima, Euclides da Cunha, Quijingue, Stio do Quinto, Adustina, Tucano, Paripiranga, Jeremoabo, Santa Brgida e Ccero Dantas), classificados entre os primeiros produtores do ranking, com 40,0% do total, apesar de o feijo ser encontrado em prati-camente todos os municpios baianos. Em relao s culturas permanentes, a da manga estava presente em quase todas as unidades localizadas no Baixo Mdio So Francisco, com destaque para Juazeiro (56,3%), Cura (11,2%), Casa Nova (10,7%), Sento S (2,4%) e Livramento de Nossa Senhora (9,6%) no Mdio So Francisco. J a cultura do mamo encontrava-se principalmente no Extremo Sul, em Porto Seguro (20,6%), Prado (19,2%), Teixeira de Freitas (6,4%), Nova Viosa (5,6%), Mucuri (4,7%) e Alcobaa (4,6%).

    O setor industrial representava 30,7% do PIB baiano em 2006 (Figura 4). Em sua composio, os seg