relatório final - cpi terras amazonas - grilagem

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RELATÓRIO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR A OCUPAÇÃO DE TERRAS PÚBLICAS NA REGIÃO AMAZÔNICA

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Relato conclusivo da história da grilagem de terras no Amazonas. Documento oficial disponibilizado pelo Congresso Nacional em dezembro de 2001.

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RELATRIO DA COMISSO PARLAMENTAR DE INQURITO DESTINADA A INVESTIGAR A OCUPAO DE TERRAS PBLICAS NA REGIO AMAZNICA

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NDICE AGRADECIMENTOS PARTE INTRODUTRIA 1. 2. 3. 4. 5. 6. Consideraes Gerais ........................................................ Do Ato de Criao da Comisso e de sua Composio ..... Das Reunies Realizadas pela Comisso .......................... Documentao Expedida pela Comisso ........................... Documentao Recebida pela Comisso ........................... Investigaes Realizadas pela Comisso ...........................

SITUAO NOS ESTADOS 7. 8. 9. 10. 11. 12. AMAZONAS ............................................................................... PAR ......................................................................................... ACRE ......................................................................................... AMAP E RORAIMA .................................................................. RONDNIA ................................................................................ MATO GROSSO ........................................................................

ANLISE GERAL 13. INTRODUO ....................................................................

14. HISTRICO DO COMBATE GRILAGEM NA AMAZNIA ................................................................................................................... 15. 16. 17. 18. RAZES HISTRICAS DA GRILAGEM .............................. HISTRICO E ATUAO DO INCRA ................................ GRILAGEM E TERRAS DEVOLUTAS ................................ OS FINS DA GRILAGEM .....................................................

19. COMO OCORRE A GRILAGEM: OS TIPOS DE FRAUDES .................................................................................................................... 20. 21. CARTRIOS ENVOLVIDOS COM A GRILAGEM ............... REGIME JURDICO DOS REGISTROS PBLICOS ............

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22. 23. 24. 25.

AES JUDICIAIS USADAS NA GRILAGEM ...................... A INFLUNCIA DO PODER JUDICIRIO ............................. LEVANTAMENTOS TOPOGRFICOS .................................. REGULARIZAO FUNDIRIA .............................................

26. OCUPAO ECONMICA DE BENS PBLICOS DOMINIAIS E DE USO ESPECIAL DESTINADOS A FINALIDADE ESPECFICA ....................................................................................................................... 27. 28. ATUAO DO IBAMA ............................................................. ATUAO DA FUNAI ..............................................................

29. RETOMADA DE TERRA PBLICAS INDEVIDAMENTE OCUPADAS ................................................................................................... 30. SISTEMA DE INFORMAES RURAIS ..................................

CONCLUSES E ENCAMINHAMENTOS 31. 32. 33. 34. PROPOSIES ........................................................................ ENCAMINHAMENTOS PENAIS ................................................ ENCAMINHAMENTOS GERAIS ................................................ SNTESE CONCLUSIVA ............................................................

ANEXOS

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente eu gostaria de fazer os agradecimentos necessrios a todos os Parlamentares, aos Sub-Relatores, aos rgos que auxiliaram este trabalho de dezoito meses que est sendo apresentado hoje e que vai ser v otado. A motivao para a criao desta CPI surgiu da constatao de que as contnuas denncias de irregularidades na ocupao e explorao da regio amaznica, com a expanso de grandes latifndios e grilagem desenfreada de terras, nunca havia merecido a apurao devida. Apesar de algumas iniciativas tomadas pelos governos estaduais e de rgos federais, a situao continuava se agravando com o registro de atos ilegais em cartrios, ocupao e explorao indiscriminada de terras indgenas e reservas ambientais. Era preciso trazer essa questo a um amplo debate pblico, fazer-se uma radiografia da regio. Como representante do Estado de Rondnia no pude ficar alheio a essa situao e, com o apoio de um grande nmero de Parlamentares desta Casa, conseguimos a instalao desta Comisso Parlamentar de Inqurito destinada a investigar a ocupao de terras pblicas na regio amaznica. Hoje, ao nos aproximarmos da aprovao do relatrio final desta CPI, posso dizer: foi a maior presso que j sofri em toda a minha vida pblica. So reclamaes, ameaas de processos judiciais e at de violncia fsica. Imaginava que tais presses viriam a acontecer, mas no imaginava que seriam to fortes. Afinal, a CPI investigou a legalidade da propriedade e da explorao de mais de 100 milhes de hectares de terras, algo equivalente a trs vezes o Estado de So Paulo. Devo confessar que em um determinado momento, quando as denncias e as complexidades das questes se avolumavam, cheguei a duvidar se teramos, nobres colegas, a capacidade de levar frente o trabalho a que nos propusemos. Mas a cada passo que dvamos, a cada denncia comprovada, a cada possibilidade identificada de reverter para o patrimnio pblico alguns milhares, s vezes milhes de hectares, nossa disposio e de nossa equipe era revigorada.Num pas onde milhes no tm terra alguma para produzir, onde se mata e se morre por cinco, dez, cinqenta hectares, no podemos fechar os olhos para a existncia de centenas de milhares, milhes de hectares em nome de uma s pessoa ou empresa, que s conseguiu registrar como suas essas propriedades por meio de fraudes, grotescas por vezes, perpetradas sob o manto da legalidade, fornecido por cartorrios inescrupulosos, pela omisso e, pior, conivncia do Poder Pblico. Fui ingnuo ao imaginar uma presso menor, porque no imaginava o tamanho e a extenso das fraudes que detectamos. Mas em momento algum me dispus a fazer um relatrio singelo. Sempre quis ir to a fundo quanto fosse humanamente possvel no espao de te mpo reservado ao funcionamento de uma CPI. E conseguimos. A presso que recebo reflexo de nosso sucesso. Nada, meus nobres colegas, que inclu em meu relatrio, com inestimvel apoio dos Sub-Relatores, foi feito sem critrio. O texto foi formulado com base em depoimentos de autoridades, de pessoas com conhecimento dos fatos, de escrituras pblicas, de processos judiciais. Os ind cios que apuramos so consistentes. O Ministrio Pblico e os demais rgos pblicos tero farto material para empreender as medidas civis, criminais e administrativas para punir e coibir mais abusos contra o patrimnio pblico. Assim, aps mais de dezesseis meses de funcionamento, de um intenso, comple-

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xo e abrangente trabalho, onde foram ouvidas dezenas de pessoas, realizadas inmeras diligncias, coletadas milhares de informaes e analisados centenas de documentos, esta CPI chega ao seu final, e, como j disse, considero que teve xito naquilo a que se props. Ainda que estejamos apresentando um relatrio volumoso, no temos a pretenso de apresentar neste trabalho solues para todos os problemas da regio. Mas indubitavelmente muitas propostas que aqui surgiram no teriam ocorrido em outro frum. A CPI funcionou como uma mola propulsora e j se verifica uma mudana de postura na atuao dos rgos federais e estaduais dos Poderes Executivo e Judicirio. O processo de grilagem na regio sofreu um primeiro e forte combate. A impunidade no campeia mais solta, estimulando mais e mais aventureiros a ocuparem e se locupletarem da ocupao e explorao ilegal, ilegtima, predatria de terras pblicas. Quero registrar os agradecimentos a todos os Deputados desta Comisso e principalmente aos Sub-Relatores, Deputados Antonio Feijo, Bab, Josu Bengtson, Nilson Mouro, Srgio Barros, e Deputada Vanessa Grazziotin pela lisura com que conduziram os trabalhos at aqui. Quero agradecer a dedicao aos servidores desta Comisso, da secretria Erles Gorini, dos consultores Jlio, Jos Maurcio, Maurcio Mercadante e Weder, e de nossos colaboradores, Dr. Raul, Everaldo, Clio Coutinho. No podemos deixar de enfatizar o apoio dado a nossa Comisso pelo Tribunal de Justia do Amazonas, na pessoa da desembargadora Dra. Marinildes, pelo Tribunal de Justia do Par, pela Receita Federal, pelo INCRA, pela Polcia Federal e pelo Ministrio Pblico do Amazonas. Um agradecimento especial Dra. Telma, do INPE, pelo excelente trabalho realizado no mapeamento do desflorestamento em reas ind genas e reservas ambientais. Sinto-me honrado com o trabalho efetuado. Passei a conhecer mais e melhor minha regio e, certamente, estimulado a lutar ainda mais para combater as mazelas relatadas neste relatrio e ver implementadas as recomendaes e polticas necessrias para o desenvolvimento sustentado, a preservao da regio amaznica e a uma melhor condio de vida para seus habitantes. A Amaznia do Brasil, no podemos nos esquecer disso. No podemos abandonar nossas obrigaes para com as futuras geraes. O Poder Legislativo Federal, com esta CPI, deu sua contribuio. Esperamos que seja o comeo de uma nova poltica para a regio. Eu gostaria aqui de fazer um agradecimento especial ao nosso Presidente, Luciano Castro, e quero dizer a V.Exa., Sr. Presidente, que, depois deste trabalho, eu passei a admirar muito mais o senhor, pela sua dedicao, pela sua conduta ilibada e que tem realmente conduzido esta CPI da melhor forma possvel. Muito obrigado. Se no fosse a posio do senhor aqui, pode ter certeza de que talvez esta CPI no estivesse hoje votando seu relatrio final. Muito obrigado a todos os Parlamentares componentes desta CPI.

Braslia, 29 de agosto de 2001.

Deputado SRGIO CARVALHO RELATOR

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PARTE INTRODUTRIA

1. Consideraes Gerais Conforme dispe o texto constitucional, a Comisso Parlamentar de Inqurito criada para a apurao de fato determinado, por prazo certo. O Regimento Interno da Cmara dos Deputados dispe que fato determinado o acontecimento de relevante interesse para a vida pblica e a ordem constitucional, legal, econmica e social do Pas. A divulgao pela imprensa brasileira de fatos relacionados efetiva ocupao econmica irregular e fraudulenta das terras pblicas na Regio Amaznica foi o que motivou o pedido de criao desta CPI, cuja iniciativa contou com a assinatura de 196 parlamentares.

2. Do Ato de Criao da Comisso e de sua Composio A Comisso Parlamentar de Inqurito Destinada a Investigar a Ocupao de Terras Pblicas na Regio Amaznica foi criada por iniciativa do Deputado Srgio Carvalho e outros, atravs do Requerimento n 2/99, e foi criada por Ato da Presidncia de 14 de maro de 2000, composta por dezessete membros. Indicados estes, conforme elenco que segue, instalou-se a Comisso em 25 de abril de 2000 com o prazo inicial de 120 (cento e vinte) dias. Os membros, titulares e suplentes, indicados pelas respectivas bancadas, foram:

TITULARES Bloco PSDB,PTB ANTONIO FEIJO (Gab: 738 / 4) - AP JOSU BENGTSON (Gab: 584 / 3) PA SRGIO BARROS (Gab: 801 / 4) - AC Bloco PMDB,PST,PTN ALCESTE ALMEIDA (Gab: 902 / 4) - RR

SUPLENTES

BADU PICANO (Gab: 733 / 4) - AP BONIFCIO DE ANDRADA (Gab: 235 / 4) - MG MAX ROSENMANN (Gab: 758 / 4) - PR

SRGIO CARVALHO (Gab: 342 / 4) - RO NICIAS RIBEIRO (Gab: 278 / 3) - PA

MARCOS AFONSO (PT) (Gab: 366 / 3) AC

ASDRUBAL BENTES (Gab: 410 / 4) - PA OSVALDO REIS (Gab: 835 / 4) - TO

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CONFCIO MOURA (Gab: 573 / 3) - RO 1 vaga(s) PFL AIRTON CASCAVEL (PPS) (Gab: 909 / EXPEDITO JNIOR (Gab: 240 / 4) - RO 4) RR TILA LINS (Gab: 730 / 4) AM LUCIANO CASTRO (Gab: 401 / 4) RR PT BAB (Gab: 480 / 3) PA NILSON MOURO (Gab: 376 / 3) AC PPB ALMIR S (Gab: 238 / 4) RR LUIZ FERNANDO (Gab: 943 / 4) - AM PDT GIOVANNI QUEIROZ (Gab: 534 / 4) PA Bloco PSB,PC do B EVANDRO MILHOMEN (Gab: 571 / 3) VANESSA GRAZZIOTIN (Gab: 735 / 4) AP AM Bloco PL,PSL ROBRIO ARAJO (Gab: 581 / 3) - RR PHS RENILDO LEAL (PTB) (Gab: 629 / 4) FRANCISCO RODRIGUES (PFL) (Gab: PA 304 / 4) - RR JOS ALEKSANDRO (Gab: 262 / 4) - AC EURPEDES MIRANDA (Gab: 252 / 4) RO JOO TOTA (Gab: 244 / 4) - AC SALOMO CRUZ (Gab: 739 / 4) - RR 2 vaga(s) OSCAR ANDRADE (PL) (Gab: 337 / 4) RO SRGIO BARCELLOS (Gab: 301 / 4) AP

Foram eleitos: Presidente, o Deputado Luciano Castro (PFL); 1 Vice-Presidente, o Deputado Alceste Almeida (PMDB); 2 Vice-Presidente, o Deputado Nilson Mouro (PT); 3 Vice-Presidente, o Deputado Almir S (PPB); e Relator, o Deputado Srgio Carvalho (PSDB). O prazo da CPI foi ampliado pelas seguintes prorrogaes: 1 - 12/9 a 10/11/2000 (aprovada em 23/8/2000);

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2 - 11/11 a 15/12/2000 (aprovada em 14/12/2000); 3 - 15/2 a 15/4/2001 (aprovada em 14/12/2000); 4 - 16/4 a 29/6/2001 (aprovada em 12/6/2001); e 5 - 1 a 30/8/2001 (aprovada em 20/6/2001).

3. Das Reunies Realizadas pela Comisso

Segue-se a relao das reunies realizadas pela Comisso:

REUNIO DATA 1

PAUTA

CONVIDADO/DEPOENTE/TESTEMUNHA

25-04-00 Instalao da Comisso e eleio do Presidente e dos Vice-Presidentes. 02-05-00 Discusso do Roteiro e planejamento dos trabalhos a ser proposto pelo Relator, Deputado Srgio Carvalho. 09-05-00 Audincia Pblica e Convidados: Deliberao de Re- CNDIDO PARAGUASS LERES, querimentos. Prof. de Direito Fundirio da UFPA; e - LCIO FLAVIO DE FARIA PINTO, Jornalista. Testemunha: - POLICARPO JNIOR, Jornalista (no compareceu)

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11-05-00 Deliberao de Requerimentos. 16-05-00 Audincia Pblica Testemunha: para tomada de de- POLICARPO JNIOR, Jornalista do Corpoimento.

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reio Braziliense. 6 18-05-00 Audincia Pblica e Convidados: Apreciao de Re- SEBASTIO AZEVEDO, querimentos. Geral do INCRA;

Procurador-

- EDUARDO HENRIQUE FREIRE, Diretor de Cadastro Rural do INCRA; e - MARCELO AFONSO SILVA, Diretor de Recursos Fundirios do INCRA. 7 23-05-00 Audincia Pblica e Convidado: Deliberao de Re- Dr. KLESTER CAVALCANTI, Jornalista da querimentos. Revista Veja. 25-05-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade de Belm-PA. - CNDIDO PARAGUASS DE LEMOS LERES, Professor da UFPA; - OTVIO MENDONA, Especialista em Direito Agrrio e Professor da UFPA; CARLOS ALBERTO LAMARO CORREA, Procurador do Estado do Par; - FELCIO DE ARAJO PONTES JNIOR, Procurador da Repblica no Par; - LCIO FLVIO DE FARIA PINTO, Jornalista; - AIRTON FALEIROS, Presidente da Federao dos Trabalhadores Rurais do Par; - RONALDO BARATA, ex-Presidente do ITERPA; - UBIRATAN CAZETA, Procurador da R epblica no Par; e - JOO ALBERTO PAIVA, Relator do Processo da INCENXIL no TJ do Par (no compareceu). 9 26-05-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade de Belm-PA. - DULCE DE NAZAR LEONCY, Presidente do Instituto de Terras do Par -

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ITERPA; - MARIA DAS GRAAS MALHEIROS MONTEIRO, Delegada em Santarm/PA; - DARWIN BOERNER JUNIOR, Superintendente do INCRA no Estado do Par (o depoimento foi adiado); - EDUARDO MODESTO, ex-Vereador de Altamira; - MARIA DE NAZAR BRABO DE SOUZA, Desembargadora e Corregedora-Geral do Tribunal de Justia do Par; e - CARLOS FERNANDES XAVIER, Presidente da Federao da Agricultura do Estado do Par. Testemunhas: - MARIA DO SOCORRO DE SOUZA, Oficiala do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de So Flix do Xingu - ANTNIO MARIA SARMENTO PINTO, Oficial do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Vizeu; - MARIA JOS DE OLIVEIRA MACHADO, Escrevente do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de So Miguel do Guam; - RAIMUNDO CORREIA DE ALMEIDA, Escrevente do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Igarap-Mirim; - ODIR SIMEO MAIA JNIOR, Oficial do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Moj; e - KLESTER CAVALCANTE, Jornalista da Revista Veja. 10 26-05-00 Reunio reservada Testemunhas: para tomada depoimento na cidade de - PAULO CASTELO BRANCO, Superintendente do IBAMA no Par; e Belm-PA - AKIHITO TANAKA, Engenheiro Civil.

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30-05-00 Audincia Pblica e Convidados: Deliberao de Re- KENARD DA SILVA BALATA, Economista querimentos. e Especialista em rea Fundiria e Cadastro Tcnico; e - LA EMLIA BRAUNE PORTUGAL, Presidente dos Notrios e Registradores do Brasil.

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1-06-00 Audincia Pblica e Convidada: Apreciao dos Requerimentos de ns - MARLIA MARRECO CERQUEIRA, Pre71, 77, 81, 83, 84, sidente do IBAMA (justificou ausncia). 85, 86, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95 e 96. 06-06-00 Audincia Pblica e Convidados: Apreciao de Re- MAURCIO BENEDITO BARREIRA querimentos. VASCONCELOS, Superintendente da Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia SUDAM; - FLORA VALLADARES COELHO, Presidente do Banco da Amaznia S/A BASA; e CONSTANTINO CRONEMBERGER MENDES, Gerente de Fundos Fiscais do Fundo de Investimento da Amaznia FINAM.

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08-06-00 Apreciao de Requerimentos. 13-06-00 Audincia Pblica e Testemunhas: Apreciao de Re- CECLIO DO REGO ALMEIDA, Empresquerimentos. rio (justificou ausncia por meio de atestado mdico); e - CLAUDOMIRO GOMES DA SILVA, Prefeito da cidade de Altamira/PA (justificou ausncia).

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15-06-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade de Manaus- MRIO BRAULE PINTO DA SILVA, Pro-

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AM.

curador Regional do INCRA no Estado do Amazonas; - BENEDITO RANGEL DE MORAES, Administrador-Executivo Regional da FUNAI/AM (no compareceu); - JOO COELHO BRAGA, Superintendente da SUHAB/AM; - HAMILTON NOBRE CASARA, Superintendente do IBAMA no Estado do Amazonas; - LUIZ VASCONCELOS DA SILVA, Membro do Conselho Nacional dos Seringueiros (no compareceu); - FRANCISCO DE ASSIS AIRES ARQELLES, Procurador de Justia da Promotoria do Meio Ambiente do Estado do Amazonas; - SEBASTIO CARLOS BAPTISTA, Chefe de Diviso Fundiria da FUNAI; - CARLOS ALBERTO DE SALES, Assessor do Procurador-Geral do INCRA; - GEOVANNI ARAJO SILVA, representante do Ministrio Pblico do Estado do Amazonas (em substituio ao Sr. George Tasso Lucena Sampaio Calado, Superintendente do INCRA/AM); e - OSRIO BARBOSA, Procurador da Repblica (em substituio ao Dr. Srgio Lauria Ferreira).

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16-06-00 Audincia Pblica na Testemunhas: cidade de Manaus- DELMIA DA SILVA LEO, Oficiala do AM. Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Canutama (justificou ausncia por meio de atestado mdico); - ANTNIO LUIZ MENDES DA SILVA, Oficial do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Lbrea; - JOO GRAA SOUTO, Oficial do Cartrio

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de Registro de Imveis da Comarca de Boca do Acre (justificou ausncia); - MILTON PEREIRA DA COSTA, Oficial do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Caruari; - ANTONINO RABELO, Oficial do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Borba; - VALDA MARIA COSTA DA SILVA, Oficiala do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Barreirinha; - EDILBERTA FERREIRA DE MACEDO, Oficiala do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Apu (justificou ausncia por meio de atestado mdico); - RAIMAR DA SILVA AGUIAR, Presidente do Sindicato das Indstrias de Madeiras do Estado do Amazonas; e ERWIN ROMMEL GODINHO RODRIGUES, Oficial do Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Novo Aripuan. 18 19-06-00 Audincia Pblica na Depoentes: cidade de Boa Vista- HECTOR DANIEL GARIBOTTI, Fundador RR. da Associao Amaznia; - LUIZ ERON CASTRO RIBEIRO, Subtabelio do Cartrio do 2 Ofcio de Notas de Manaus-AM; - Prof. LUIZ ANTNIO NASCIMENTO DE SOUZA, Presidente da Associao Amaznia; - LURENES CRUZ DO NASCIMENTO, Presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais da Regio da Apia; - PLNIO LEITE DA ENCARNAO, exPresidente da Associao Amaznia (no compareceu); Convidados:

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- JOS DE SOUZA IGUATEMI, Presidente do Instituto de Terras de Roraima ITERAIMA; - Frei ARTHUR AGOSTINI, Coordenador da Comisso Pastoral da Terra - CPT; - ADEMIR JUNES DOS SANTOS, Superintendente do IBAMA/RR; -MANOEL ANDRADE DE FREITAS, Superintendente do INCRA/RR (no compareceu); - RENATO LANG, Assessor Estadual da Comisso Pastoral da Terra; - Dr. ALEIR GURSEN DE MIRANDA, Juiz de Direito da Comarca de Boa Vista; e - MARIA DE FTIMA SILVA DOS REIS, Me de vtima em acidente em Cotingo. 19 20-06-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade de Boa Vista- ALMIR ALBUQUERQUE ANSELMO; RR. - PAULO RODRIGUES; - CARLOS FERREIRA DA SILVA; - JOO SOARES GOMES; - MANOEL NASCIMENTO HORTA DA SILVA (no compareceu); - Dr DALVA MARIA MACHADO, Procuradora da Unio no Estado de Roraima; - WILSON JORDO MOTA BEZERRA, Vereador do Municpio de Uiramut-RR; - MANOEL ANDRADE DE FREITAS, Superinte ndente do INCRA/RR; - JOS FERNANDES DE OLIVEIRA, Vereador do Municpio de Mucaja-RR; - Dr. FELIPE BRETANHA SOUZA, Procurador Geral da Repblica em Roraima; - GILBERTO PEDROSA LIMA (ARIKON),

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Cacique da Aldeia Tuxaua; - TERNCIO LUIZ DA SILVA, Cacique Macuxi da Aldeia Ubaru (no compareceu); Depoentes: - LAURO BARBOSA, membro da Sociedade de Defesa dos ndios Unidos do Norte de Roraima - SODIUR; - JERNIMO PEREIRA DA SILVA, Coordenador Geral do Conselho Indgena de Roraima (no compareceu); e - MARTINHO ALVES DE ANDRADE JNIOR, Administrador Regional Substituto da FUNAI/RR. 20 27-06-00 Audincia Pblica e Convidada: apreciao de reque- MARLIA MARRECO CERQUEIRA, Prerimentos. sidente do IBAMA. 28-06-00 Audincia Pblica e Convidado: apreciao de reque- ALISON JOS COUTINHO, Interventor do rimentos. IBAMA no Par. 09-08-00 1. Debate do Cronograma de Trabalho para o segundo semestre; e 2. Apreciao Requerimentos. 23 de

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23-08-00 1. Apresentao do Cronograma de Trabalho para o segundo semestre; e 2. Apreciao Requerimentos. de

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12-09-00 1. Audincia Pblica; Convidados: e GILDO CORREA FERRAZ, ex2. Apreciao de Subprocurador da Repblica; e Requerimentos. - GERCINO JOS DA SILVA FILHO, Ouvi-

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dor Agrrio Nacional (no compareceu justificou ausncia). 25 09-10-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade Cuiab-MT. - APARECIDO ALVES DE OLIVEIRA, Superinte ndente do INTERMAT; - JOO BOSCO DE MORAES, Superintendente Interino do INCRA no Estado de Mato Grosso; - LUIZ FERNANDO CARDOZO DA CRUZ, Coordenador-Chefe da rea Tcnica da Coordenao de Interveno do IBAMA no Estado de Mato Grosso (em substituio ao Sr. Reginaldo Anaissi Costa); - ARIOVALDO JOS DOS SANTOS, Administrador Regional da FUNAI no Estado de Mato Grosso (no compareceu - ficou de apresentar atestado mdico); - CLVIS DE FIGUEIREDO CARDOSO, ex-Superintendente do INCRA (no compareceu); e - JOARI CATARINO ARANTES, Procurador do INCRA (Chefe da rea de cadastro). 26 10-10-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade de Porto Ve- General OLIVEIRA SOUZA, Diretor de lho-RO. Patrimnio do Exrcito; - Cel. Av. FERNANDO ANTONIO TACCA DE ANDRADE, Chefe do Estado-Maior do 7 Comando Areo Regional; - Del. JOS IVAN GUIMARES LOBATO, Superintendente da Polcia Federal em Rondnia; - NAILTON GREGRIO, Procurador Federal (em substituio ao Sr. Orlando Castro Silveira); e - OSMAN RIBEIRO BRASIL, Tcnico da FUNAI (em substituio ao Sr. Orlando Castro Silveira).

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11-10-00 Audincia Pblica na Convidados: cidade de Porto Ve- ANTNIO RENATO RODRIGUES, Sulho-RO. perintendente Regional do INCRA em Ro ndnia; - ERISMAR MOREIRA DA SILVA, Representante do IBAMA em Rondnia; - ALZAK CINTA LARGA, Representante da Associao Pamar do Povo Cinta Larga; - OITA MATINA, Representante da Associao Pamar do Povo Cinta Larga; - ADILSON JOS JACOBOWSKI, exFuncionrio da FUNAI; - MARCELO SANTOS, Indigenista da FUNAI; - SIDNEY POSSUELO, Diretor do Departamento de ndios Isolados da FUNAI; - OSNI FERREIRA, Indigenista; - ANTENOR DUARTE DO VALE, Indigenista da FUNAI; - JAIR MELCHIOR BRUXEL, Representante da Comisso Pastoral da Terra no Estado de Rondnia (em substituio ao Sr. Vitor Hugo); - HEITOR TINTI BATISTA, Prefeito de Vilhena (no compareceu); e - LUIZ CLUDIO FERNANDES, Topgrafo.

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13-10-00 Audincia Pblica e Convidados: diligncias na cidade - ANTNIO CARLOS CARBONE, Advogade Rio Branco-AC do e ex-Procurador do INCRA; - EVA EVANGELISTA, Corregedora do Tribunal de Justia do Estado do Acre; - RAIMUNDO ARAJO LIMA, exSuperintendente do INCRA no Estado do Acre; - JOO DE DEUS RODRIGUES, Coorde-

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nador da Federao dos Agricultores do Estado do Acre; - RAIMUNDO PEREIRA DA SILVA, Seringueiro de Novo Andir; - LUIZ VASCONCELOS DA SILVA, Secretrio de Produo do Sindicato dos Seringueiros; - MARCUS VINICIUS, Procurador da R epblica no Estado do Acre; - ALDEMOR FERNANDES DE SOUSA, Superintendente do INCRA no Estado do Acre; - ALCIONE TORRES DE CARVALHO, exProcurador do INCRA no Estado do Acre (no compareceu - ausncia justificada); - OTHLIA BAPTISTA MELO DE SAMPAIO, Assessora Especial para Assuntos Jurd icos do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, ex-Superintendncia do INCRA/AC (no compareceu - ausncia justificada); e - ASSUERO DOCA VERONEZ, Presidente da Federao da Agricultura do Estado do Acre (no compareceu). Testemunhas: - ELZO NASCIMENTO DE SOUZA, Oficial de Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Senador Guiomar; - JOO DA GRAA SOUTO, Oficial de Cartrio de Registro de Imveis da Comarca de Boca do Acre; e - CLAUDETE KERN PASCOAL. 29 17-10-00 Audincia Pblica; e Testemunhas:

Deliberao de Re- - ADRIANO QUEIROZ SANTOS FILHO, querimentos. Tabelio do Cartrio do 3 Ofcio de Notas de Belm; - MARIA SLVIA MONTEIRO DO AMARAL, Advogada; e

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- GLUCIA ALENCAR ROCHA, Advogada. 30 31-10-00 Deliberao de Requerimentos.

MEIRELLES

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09-11-00 Audincia Pblica no Convidados: Estado do Par. - WANDA LUCZYNSKI, Procuradora de Justia (aposentada); e - LUIZ ERNANI FERREIRA RIBEIRO MALATO, Juiz Titular da 3 Vara da Comarca de Altamira (no compareceu); Testemunhas: - FLVIO AUGUSTO TITAN VIEGAS, exprocurador do Sr. Carlos Medeiros; - JUVENAL DE OLIVEIRA BARROS, Desenhista Tcnico Cartogrfico (no compareceu - justificou ausncia); e - EUGNIA SILVA DE FREITAS, ex-Oficial do Cartrio de Registro de Imveis de Altamira (no compareceu - entrou com "habeas corpus")..

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10-11-00 Audincia Pblica no Testemunhas: Estado do Par. - MARIA AVELINA IMBIRIBA HESKETH, Presidente da OAB/PA; - LUS GASPAR VILELA MACHADO, Oficial de Cartrio da Comarca de So Miguel do Guam; - ISMAR JOS DA SILVA SOUZA, Oficial de Cartrio da Comarca de Senador Jos Porfrio; - ODIR SIMEO MAIA SANTOS, Oficial de Cartrio de Imveis da Comarca de Moj; - MARIA DO SOCORRO DE SOUZA, Oficial de Cartrio da Comarca de So Flix do Xingu; - ELIELSON AYRES DE SOUZA, Procura-

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dor do IBAMA/RJ; - NELSON FIGUEIREDO, ex-Presidente do Banco do Estado do Par; - MRIO RAMOS RIBEIRO, Presidente do Banco do Estado do Par; - ALUZIO AUGUSTO LOPES CHAVES, ex-Presidente do Banco do Estado do Par; - ROSA CRISTINA GIIA SANTOS, Advogada e procuradora do Sr. Carlos Medeiros; - MARINHO GOMES FIGUEIREDO, exprocurador de Carlos Medeiros (no compareceu); - ROBERTO BELTRO DE ALMEIDA, proprietrio de terras em Altamira (no compareceu); e - JOO ALBERTO PAIVA, Desembargador do Tribunal de Justia do Estado do Par (no compareceu - entrou com "habeas corpus"). 33 13-11-00 Audincia Pblica na Testemunhas: cidade de Macap- ALESSANDRO GALLAZZI, representante AP da Pastoral da Terra do Estado do Amap; e - GERALDO EVANGELISTA, Titular do Cartrio de Imveis do Municpio de AmapAP; Convidados: ANTNIO CARLOS ALMEIDA CAMPELO, Diretor-Presidente do Instituto de Terras do Amap TERRAP; - ENAS DOS SANTOS RAIOL, Superintendente do INCRA no Estado do Amap; - ADALBERTO PLNIO DA SILVA, GerenteGeral da Empresa Chamflora; - REGINALDO SRGIO LIBERATO, Gerente-Geral do Projeto Amapari, da Empre-

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sa Anglogold-Itajobi; - SRGIO PAULO DE SOUZA JORGE, Engenheiro Agrrio do INCRA; - RUBENS DE ROCHA PORTAL, Assessor do IBAMA; - JOAQUIM GOMES DE OLIVEIRA, Procurador do IBAMA; - RUBENS FRANCISCO TOCCI, Diretor de Recursos Naturais e Assuntos Fundirios do JACEU; - JOS CLUDIO SARDINHA, Presidente da JARCEL CELULOSE; - REGINALDO BRITO DE MIRANDA, Prefeito eleito do Municpio de Laranjal do Jari (no compareceu); - LUIZ DE FRANA MAGALHES, Prefeito eleito de Vitria do Jari; - EDELSON SANTIAGO LIMA, Prefeito eleito do Municpio de Serra do Navio (no compareceu); - MARIA DO SOCORRO PELAES, Prefeita eleita do Municpio de Pedra Branca do Amapari; e - MURILO AUGUSTINHO PINHEIRO, representa nte Regional do IBAMA. 34 21-11-00 Audincia Pblica Testemunha: para tomada de de- MARINHO GOMES FIGUEIREDO, expoimento procurador do Senhor Carlos Medeiros. Convidado: - GERALDO JOS DE ARAJO, Superintendente da Polcia Federal do Estado do Par. 35 24-11-00 Audincia Pblica Depoente: para tomada de de(09h30) poimento na cidade - EUGNIA SILVA DE FREITAS, hospitalizada na Clnica dos Acidentados na cidade de Belm-PA. de Belm-PA (tomada de depoimento efe-

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tuada na prpria clnica). 36 24-11-00 Audincia Pblica na Convidado: cidade de Belm/PA (16h45) - LUZ ERNANE FERREIRA RIBEIRO MALATO, Juiz de Direito da Comarca de Altamira. 28-11-00 Audincia Pblica Testemunha: para oitiva de teste- NAIRA NUNAN RIBEIRO SOARES, Admunha; e vogada. Deliberao de Requerimentos. 29-11-00 Audincia Pblica Testemunha: para oitiva de teste- RAIMUNDO NOGUEIRA NETO, proprietmunha; e rio da empresa Alfa Engenharia Materiais e Deliberao de Re- Servios Ltda. querimentos. 05-12-00 Audincia Pblica Testemunhas: para oitiva de teste- LUIZ DE AMORIM JAYME, Advogado; e munha. - DENISE ABDALA NOGUEIRA, Scia da Empresa Alfa Engenharia. 40 12-12-00 Deliberao de Requerimentos. 20-02-01 Deliberao de Requerimentos. 07-03-01 Deliberao de Requerimentos. 15-03-01 1. Audincia Pblica Convidados: na cidade de MaMARINILDES COSTEIRA DE naus-AM; e MENDONA LIMA, Corregedora-Geral de 2. Deliberao de Justia do Estado do Amazonas; Requerimentos. - GERCINO JOS DA SILVA FILHO, Desembargador e Ouvidor Agrrio do INCRA; - GIOVANI DE ARAJO SILVA, Superintendente do INCRA/AM;

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- JOS MAIA, INCRA/AM;

ex-Superintendente

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- MRIO BRAULE PINTO, Procurador Regional do INCRA na Amaznia; - JACINTO BOTTINELY, ex-Procurador do INCRA; - JOO COELHO BRAGA, Diretor da SUHAB; - FRANCISCO LIMA CARIOCA; - JOS RIBAMAR FURTADO, ex-Chefe de Cadastro do INCRA; - EDIRALDO SAMPAIO DE OLIVEIRA, Presidente da Associao MANAIRO; - RUBENS JORGE LIMA SANTIAGO, Executor da Unidade do INCRA em Manacapuru; - ARTHEMIO WAGNER DANTAS; - MARCO ANTNIO DE SOUZA, Gerente da Agro-Industrial Manacapuru (no compareceu). 44 16-03-01 1. Audincia Pblica Testemunhas: na cidade de Ma- FALB SARAIVA DE FARIAS, Empresrio; naus-AM; e 2. Deliberao Requerimentos. de - MUSTAF SAID, Comerciante; - FRANCISCO DAS CHAGAS SARAIVA DE FARIAS; - DANIEL FERREIRA DA SILVA, VicePresidente do Tribunal de Justia do Amazonas; - LUIZ MANOEL HIDALGO BARROS; - CARLOS ALBERTO SALLES, Procurador do INCRA/AM; - FERNANDO MIRANDA LISBOA, Diretor da Agro Florestal da Amaznia; - ALFREDO LOPES, Presidente Executivo

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da ONG Amazonas - Forever Green; - HUGO FERNANDES LEVY FILHO, Juiz (no compareceu); - RAIMUNDO NONATO SPINDOLA DE ARAJO, Diretor da MANASA (no compareceu); - ALOYSIO SERWY, Proprietrio da Empresa Agro-Industrial Manacapuru S/A (no compareceu); Convidada: - FRANCISCA CRISTINA SARAIVA DE FARIAS. 45 16-03-01 1. Audincia Pblica Testemunha: na cidade de Ma- DANIEL FERREIRA DA SILVA, Desemnaus-AM; e bargador (Tribunal de Justia do Estado do 2. Deliberao de Amazonas). Requerimentos. 21-03-01 1. Audincia Pblica; Convidados: e - Dr. RAUL JUNGMANN, Ministro do Des2. Apreciao de envolvimento Agrrio; e Requerimentos. - General ALBERTO CARDOSO, MinistroChefe do Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da Repblica. 22-03-01 Deliberao de Requerimentos. 28-03-01 1. Audincia Pblica; Testemunhas: e - ADALBERTO CORDEIRO E SILVA; e 2. Deliberao de - ABDALLA GEORGES SLEIMANN. Requerimentos. 17-04-01 1. Audincia Pblica; Depoentes: e - ALOYSIO SERWY, Scio Majoritrio da 2. Deliberao de AgroIndstria Manacapuru; e Requerimentos. - ANDR SERWY, Procurador de AgroIndstria Manacapuru.

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19-04-01 1. Audincia Pblica; Convidado: e - NILO SRGIO GALIAO D'VILA, repre2. Deliberao de sentante do Greenpeace; Requerimentos. Testemunha: - ANTNIO LUIZ MENDES DA SILVA, exCartorrio da Comarca de Lbrea/AM.

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24-04-01 Deliberao de Requerimentos. 19-06-01 Deliberao de Requerimentos. 26-06-01 Reunio Reservada Depoente: para tomada de de- RICARDO PERNE VIANA. poimento.

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4. Documentao Expedida pela Comisso Foram expedidos novecentos e trinta ofcios a autoridades do Executivo e Judicirio, mormente quelas que cuidam dos atos registrais, das terras pblicas, dos processos e questes agrrias.

5. Documentao Recebida pela Comisso A CPI recebeu 550 ofcios, encaminhando documentao de cartrios, de institutos de terra estaduais, do INCRA, IBAMA, FUNAI e Receita Federal, de juristas ligados ao Direito Agrrio e Registral.

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6. Investigaes Realizadas pela Comisso A Comisso percorreu todas as capitais dos Estados da Amaznia Legal, exceo do Maranho e Tocantins. Suas investigaes voltaram-se, notadamente, para os cartrios de registro de imveis, com jurisdio em reas com grande incidncia de grilagem. Farta documentao relativa propriedade imobiliria rural foi entregue e analisada pela CPI. Procurou-se cruzar as informaes prestadas pelos diferentes rgos pblicos envolvidos com a gesto dos recursos fundirios, de forma a permitir que as investigaes caminhassem para esclarecer as brechas legais, operacionais e institucionais que permitem a ocupao desordenada de terras pblicas na Amaznia. Buscou-se, ainda, confrontar testemunhos de pessoas ligadas administrao das terras pblicas com os de seus ocupantes particulares, de forma a permitir o contraditrio enriquecedor dos debates. Foram quebrados os sigilos fiscal, bancrio e telefnico de cerca de quarenta e quatro pessoas sobre as quais pesam fortes indcios de estarem ligadas a esquemas de grilagem. Os relatrios das investigaes so apresentados a seguir, por unidade da federao. Ressalte-se que tais relatrios no apresentam homogeneidade no enfrentamento da questo, pois eles refletem o contexto regional das modalidades de irregularidades dominiais das terras pblicas, que varia de Estado para Estado. Foram aproveitados, praticamente na ntegra, os abrangentes e contundentes sub-relatrios apresentados pelos seguintes deputados: Deputada VANESSA GRAZZIOTIN AMAZONAS; Deputados BAB e JOSU BENGTSON PAR; Deputados NILSON MOURO e SRGIO BARROS ACRE; Deputado ANTNIO FEIJO RORAIMA E AMAP.

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RELATRIO DO ESTADO DO AMAZONAS

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SUMRIO I. INTRODUO II. CONSIDERAES GERAIS III. DESAPROPRIAO NO AMAZONAS 3.1 RELAO DAS REAS DESAPROPRIADAS 3.1.1 Vila Amaznia 3.1.2 Aliana 3.1.3 Seringais 3.1.4 Uatum 3.2 LOTEAMENTOS 3.2.1 Processos Indenizatrios da Eletronorte 3.2.2 Uatum 3.3 Desapropriao de rea do Governo do Estado - Decretos n 10.338 e 11.294 IV. ATUAO DAS INSTITUIES PBLICAS NO AMAZONAS 4.1 INCRA 4.2 SUHAB V. GRILAGEM 5.1 MUSTAF SAID 5.1.1 Histrico 5.1.2 Desapropriao 5.1.3 Seringais So Pedro I e II 5.1.4 Demais seringais 5.1.5 Situao atual Novos contratos 5.1.6 Anlise dos Imveis 5.2 MIRTYL LEVY 5.2.1 Histrico 5.2.2 Situao Atual 5.2.3 Concluso 5.3 APLUB AGROFLORESTAL AMAZNIA S.A 5.3.1 Histrico

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5.3.2 Concluso 5.4 FALB FARIAS 5.5 MOSS 5.5.1 Histrico 5.5.2 Concluso 5.6 AGROINDUSTRIAL MANACAPURU E CIA AMAZONENSE 5.6.1 Sobre o incio das investigaes 5.6.2 Sobre a propriedade dos imveis 5.6.3 O projeto da Agroindustrial Manacapuru financiado pela SUDAM 5.6.4 O projeto da Cia Amazonense financiado pela SUDAM 5.6.5 Concluso 5.7 ESPLIO LEONEL JOS DE ARAJO 5.8 FAZENDA PARAN 5.9 IMVEL BATURIT 5.10 OSCARINA LIBERATO DE CARVALHO 5.11 BOA ESPERANA 5.12 CASO ECOPEIXE / CONSTRUTORA EXATA VI. CARTRIOS 6.1 SITUAO DAS TERRAS 6.2 SITUAO ATUAL 6.3 CONCLUSO VII. SERVIDORES PBLICOS 7.1 DANIEL FERREIRA DA SILVA 7.2 JACINTO BOTTINELLY VIII. ESTRANGEIROS

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I.

INTRODUO

O presente relatrio oferece algumas informaes analisadas a partir das documentaes recebidas de vrios rgos pblicos Municipais, Estaduais e Federais, do Poder Judicirio, de pessoas fsicas e de outras fontes, principalmente dos cartrios de ttulos e notas, das corregedorias dos Tribunais de Justia e do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA). Da anlise realizada, pode-se dizer que ao longo dos ltimos 30 anos, o processo de registros de terras rurais no Estado do Amazonas, certamente como em outros Estados da Amaznia, apresenta muitas falhas e irregularidades, que podero ser observadas no decorrer do relatrio. Porm, faz-se necessrio abordar alguns de seus aspectos. Primeiramente, a existncia de uma extensa, vasta e alarmante quantidade de terras pblicas matriculadas irregularmente e ilegalmente por particulares, os quais foram favorecidos por atuaes de flagrante delito, executadas por um grande nmero de Registradores Pblicos das Comarcas do interior do Estado, os quais em certos perodos contaram com a cobertura de integrantes do prprio Poder Judicirio e dos Institutos de Terras estaduais e federais. Segundo, pela extenso do Estado e dada a falta de fiscalizao por parte da Justia, houve a falsificao e multiplicao de Registros de Imveis Rurais com procedncia ilegal ou fictcia. Havia, e ainda h a possibilidade de duplicidade de registros e de proprietrios, como tambm o registro do imvel em um mesmo municpio ou em outro, ou ainda de um mesmo imvel em mais de um municpio. Terceiro, certides de terras foram outorgadas por autoridades estaduais, em desacordo com documentos legais e legtimos. Quarto, pela ausncia de regras de procedimentos correcionais nos cartrios, emanadas de rgos superiores, havia, e h, a prtica de atos de Registro Pblico sem a presena das partes envolvidas, o que facilita em muito a fraude, acarretando registro de demarcatrias, aumentando em alguns casos em mais de 30.000% as reas originais. Quinto, a partir da fraude era possvel criar, por meio de Certides Vintenrias, de Inteiro Teor e outras, Cadeias Dominiais sem o devido lastro da origem legal e autenticidade que as comprovassem. Por ltimo, apesar de ter ocorrido, ainda na dcada de 70, uma fiscalizao por parte do Ministrio Pblico Federal, o qual havia proposto o cancelamento do registro de inmeras glebas, as sentenas da Justia Federal ordenando o cancelamento de matrculas, abertas ou demarcadas indevidamente no ocorreram efetivamente. E, ainda mais, quando admitidas, abriam-se novas matrculas do mesmo imvel em outros Livros do Cartrio, encobrindo, manipulando e desobedecendo as sentenas, tornando incua a ordem judicial. Observa-se que os ilcitos praticados, se estendem adulterao de firmas em procuraes e em formais de partilha, na compra de direitos hereditrios e na montagem de Matriculas de Imveis, pela via da lavratura dolosa de

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Escrituras de Compra e Venda. Aqui, vale ressaltar o desmembramento das mesmas reas vrias vezes, o registro da mesma rea com denominao diferente, a emisso de Laudos de Avaliao por vultosos valores e as sentenas de partilha de bens e de adjudicao. Isso tudo com a presena freqente de inmeros proprietrios, acima dos 80 anos, assinando Escrituras de Compra e Venda, adquiridas h mais de 40 ou 50 anos. Nota-se que a Direo do INCRA, atravs da Procuradoria no Amazonas, em um determinado momento, principalmente a partir de 1998, tem feito levantamentos em alguns cartrios do interior do Estado e requerido Corregedoria de Justia do Estado a apurao e regularizao dos atos incorretos praticados pelos serventurios dos cartrios. Infelizmente sem muito sucesso nos anos de 1998/1999, em face dos sistemticos indeferimentos. S a partir do incio da administrao da atual Corregedora, Desembargadora Marinildes Costeira de Mendona Lima, foi que a Corregedoria do Amazonas iniciou um amplo trabalho de correio nos cartrios do interior do Estado, com grande nfase a partir da instalao desta CPI. Em razo desses trabalhos, j foram cancelados registros imobilirios irregulares e fraudulentos no Estado do Amazonas correspondentes a mais de 20 milhes de hectares, que retornaram ao patrimnio da Unio. Alm dessa ao articulada entre esta CPI e a Corregedoria de Justia do Amazonas entendemos que o trabalho da CPI teve um mbito maior do que se pode concretizar na investigao, apurao e a proposio da prpria reviso e atualizao das normas legais que regulam a matria. Este relatrio parcial do Amazonas, procura abordar as seguintes questes: 1. As desapropriaes (III); 2. A situao e atuao das Instituies Pblicas ligadas as questes fundirias no Estado; 3. Alguns casos graves de grilagem; 4. Os procedimentos dos Cartrios de Ttulos e notas; 5. A conduta de alguns servidores pblicos; 6. Alguns casos sobre a posse de terras por estrangeiros; e 7. Concluses e Sugestes.

II.

CONSIDERAES GERAIS

evidente a grande quantidade de casos tipificados como irregulares, detectados atravs dos trabalhos investigativos desta CPI, das correies realizadas pela Corregedoria do Tribunal de Justia do Amazonas e pelo INCRA, entretanto, pela exigidade de tempo, pela limitao de recursos humanos e

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materiais, pelas muitas dificuldades que esta CPI encontrou em ter acesso a informaes solicitadas aos rgos pblicos e aos cartrios, e ainda pela extenso territorial do Estado do Amazonas, no conseguimos alcanar, do ponto de vista investigativo, a totalidade dos casos e portanto no se formalizou ainda a regularizao dos Registros Imobilirios no territrio do Amazonas. Aps se completar o trabalho de levantamento da situao fundiria, o que deve continuar a ser feito, principalmente pela Corregedoria do TJA e pelos Institutos de Terras, ser necessrio que a legislao fundiria seja cumprida risca pelos correspondentes serventurios da Justia e que no haja a complacncia e falta de controle dos diferentes rgos envolvidos. Por quanto, os diplomas legais que regulam esta matria, ainda que fartos, no so contraditrios, nem incompletos, nem insuficientes, como forma de se deixar de ter e manter o sistema de Registro de Imveis em perfeita ordem. A situao da gesto dos Cartrios de Registro de Imveis e de Notas de muitas Comarcas do Estado do Amazonas, por dezenas de anos, tem sido negligenciada, como se denota da reiterada e profusa produo de ttulos de domnio de glebas, muitas existentes to somente na imaginao geogrfica das verdadeiras quadrilhas de grileiros que existem h vrios anos e vem se locupletando indevida e criminalmente, criando assim uma situao de desordem fundiria no Estado, extremamente grave.

2. A INVESTIGAO REALIZADA PELA CPI

A Comisso Parlamentar de Inqurito das Terras Pblicas da Amaznia, foi instalada em 25 de abril 2000, para investigar diversos acontecimentos envolvendo a apropriao indevida e ilegal de extensas reas de terras pertencentes ao patrimnio pblico que, sem ter o devido respaldo documental, passaram por mecanismos ilcitos a mos de particulares, pessoas fsicas e jurdicas, com grave leso para os Estados e Unio. Isto agravado pela falta de controle, a respeito do seu enquadramento nas diretrizes de desenvolvimento traada pelo Estado, direcionadas explorao sustentvel e no predatria, e de proteo ao acervo da flora e fauna amaznica e seus correspondentes recursos naturais. Esta situao chegou ao seu clmax, com o conhecimento de rumorosos e estrondosos casos, noticiados publicamente nos meios de comunicao, destacando os grandes latifundirios nos Estados do Amazonas, do Par e Mato Grosso. Cujas propriedades alcanavam a milhes ou milhares de hectares, como o caso de Falb Saraiva de Farias, APLUB AGRO FLORESTAL AMAZNIA S/A, Mustaf Said, Manasa e Mabral, Mirtyl Levi, Moss, entre outros, no Amazonas. Agravado com ofertas veiculadas na Internet e em jornais e re-

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vistas dos estados Unidos, oferecendo extensas reas na regio, todas, " devidamente legalizadas ". A primeira pergunta a se fazer, como algum poderia ter adquirido na regio amaznica tamanhas reas, se de conformidade aos dispositivos legais, quer de titulao, quer de registro, isto no seria possvel. Era preciso, adentrar no conhecimento do processo histrico dos acontecimentos nos sculos XVIII e XIX, e a legislao e o processo de ocupao que norteou a transferncia a particulares, da terras sob o domnio da Coroa portuguesa que por direito prprio lhe passaram a pertencer ao Rei de Portugal, como objeto da conquista e posse do Brasil por Pedro Alvarez Cabral; assim como, da legislao que regulou a transferncia das terras pblicas aos Estados, com motivo da Constituio de 1891, e as Leis que estes ditaram para administrar o processo de transio que significou a regularizao das posses, concesses, sesmarias e ttulos legtimos, concedidos pelos Governos Geral e Provinciais da era pr-republicana ou monrquica. Como tambm, definir atravs do termo terras devolutas, quais eram as pblicas que por direito constitucional e histrico, passaram-lhe a pertencer. Foi necessrio, tambm, adentrar-se na compilao e conhecimento da profcua e ampla legislao que versou sobre diversos aspectos da questo das terras pblicas, da Unio e dos Estados e as diretrizes que nortearam a diviso da terra como um benefcio social. Este conhecimento, teve que ser ampliado s decises dos altos Tribunais de Justia, motivado pelos inmeros processos judiciais envolvendo a ao dos grileiros que foram analisados. Concomitantemente com conhecer o embasamento histrico do direito sobre as terras por parte do Estado e os mecanismos empregados para a sua transferncia ao domnio particular, foi necessrio conhecer a legislao sobre os Registros Pblicos que amparavam a cadeia sucessria das terras tituladas desde o tempo do Imprio, e sua evoluo at o presente. O devido conhecimento destes dois conjuntos de dispositivos legais e administrativos, junto com o conhecimento histrico e geogrfico da regio, fizeram que esta CPI pudesse detectar, no to somente os casos pontuais representativos dos diferentes tipos de ilcitos acontecidos nos ltimos 100 anos, como tambm, chegar a decifrar os esquemas fraudulentos que verdadeiras quadrilhas organizaram para esbulhar o patrimnio pblico, e, em muitos casos tambm, o particular. Infelizmente, com a participao e ou complacncia de esprios agentes do poder administrativo e judicial. Levar a cabo, e chegar a bom trmino, sem dvida seria uma ingente tarefa. Tendo em vista a extenso territorial da regio amaznica, como a diversidade de rgos federais e estaduais envolvidos na questo fundiria. Porm, com o correr dos acontecimentos, a Comisso se deparou que tambm, demandaria um maior tempo daquele que inicialmente havia sido estimado, para poder angariar e analisar milhares de documentos. Como tambm para organizar audincias pblicas nas cidades de Manaus, com a oitiva de testemunhas e convidados, que se tornaram necessrias dada a gravidade dos casos denunciados, que inclusive resultou na priso em Manaus de um dos depoentes, o maior grileiro do Pas, Sr. Falb Saraiva de Farias.

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Era o povo, que inconformado com a situao de descalabro e impunidade de agentes pblicos que administravam as questes de terras, clamava por justia. Da que esta CPI, compreendeu a grande responsabilidade que tinha nas suas mos, que tem servido de estmulo para concluir este ingente trabalho, estimamos com xito, para assim no defraudar coletividade. A complexidade do assunto tambm era bem maior, daquilo que se imaginava. Tendo em vista, o alto grau de faltas corriqueiramente e despudoradamente cometidas por inmeros serventurios de justia dos Cartrios de Registro de Imveis, e que, os casos de irregularidades detectadas, vinham repetindo-se, sem maior restrio, h mais de 50 anos; apesar, em algumas pocas passadas, da ao de diligentes agentes do executivo e do judicirio, que ao conhecer estes casos de verdadeiros desmandos administrativos, arbitraram oportunamente, as medidas saneadoras competentes, muitas das quais pautaram jurisprudncias, que, infelizmente com o passar do tempo, em alguns casos no foram mais observadas, pelos aplicadores da Lei. O material compilado e o conhecimento dos fatos, adquiridos, foram produto de uma ao permanente e determinada dos componentes desta CPI, formada por Deputados dos diferentes Estados envolvidos, promovendo a participao de particulares neste processo de arrecadao de informaes, que possibilitou atingir um acervo documental extenso, completo e irrefutvel que radiografa de maneira perfeita e concludente os fatos delituosos cometidos, os mecanismos empregados, os feitores, encobridores e comparsas participantes, os objetivos planejados e os benefcios obtidos pelos pilantras envolvidos, e as falhas administrativas e legais encontradas. E, infelizmente, em muitos casos, a evidente omisso dos fiscalizadores do processo. Por outra parte, h de ser reconhecida a ampla e irrestrita cooperao recebida de todos os rgos pblicos e seus representantes, traduzida na oportuna e diligente entrega de informaes e milhares de documentos, solicitados pela CPI no desenvolvimento dos seus trabalhos. O que, data venia, temos a destacar, facilitou de maneira primordial as tarefas de anlise e estudo que deram como resultado, o presente Relatrio. Por tal razo, merecem especial destaque, a Corregedoria Geral da Justia do Amazonas; como tambm, o Instituto de Terras do Amazonas; a Superintendncia Regional do INCRA no Estado; o CPRM que nos emprestou o suporte tcnico de geoprocessamento de importantes informaes; os titulares de inmeros Cartrios de Registro de Imveis; o Ministrio da Agricultura; a Secretaria de Segurana Estadual; entre outros tantos. Formando parte da metodologia de trabalho, a CPI concentrou a anlise em alguns casos que se noticiavam, como os mais representativos dos tipos de falhas do sistema de titulao e registro das terras no Estado, e pelo quantum que representavam nos diferentes Municpios onde estavam localizados. Como tambm, em alguns casos denunciados por pessoas de bem que se prontificaram a ajudar espontaneamente e sem qualquer interesse pessoal, neste processo. Para levar a efeito estes trabalhos:

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Foram requisitados dos Cartrios os documentos correspondentes aos registros pblicos de imveis, sendo analisadas as cadeias dominiais de mais de trs mil matrculas para detectar se procediam, no seu primeiro registro, de ttulo vlido, que neste caso seria o expedido ou reconhecido pelo Estado ou Unio. Como tambm, os posteriores atos traslativos do domnio. Foram requisitadas informaes sobre o acervo fundirio rural administrado e/ou controlado pelos diferentes rgos e autarquias pblicos e Estados envolvidos, tais como INCRA, IBAMA; FUNAI, Exrcito, para servir de anlise composio, distribuio, utilizao e venda das reas rurais na Amaznia. Foram requisitadas informaes ao INCRA e Institutos de Terras dos Estados, a respeito do projetos de colonizao e venda de terras pblicas sob sua jurisdio. Como tambm, os casos de desapropriao de terras particulares na dcada dos anos 70 a 90, e seu grau de implantao e aproveitamento. Foram requisitadas informaes s diferentes Instituies envolvidas, sobre processos em andamento relacionados com a ocupao ilegal de terras pblicas por particulares. Foram requisitados Secretria do Senado, analisadas e complementadas, as informaes relativas s Resolues autorizando a alienao de terras pblicas maiores de 3.000 e 2.500 hectares de conformidade ao disposto na Constituio de 67 e 88, respectivamente. Foram compilados os textos legais que ho disciplinado as atividades ligadas titulao dos imveis rurais e dos seus correspondentes registros cartoriais, desde 1850 a hoje, para poder subsidiar os trabalhos de anlise, tendo em conta as respectivas pocas histricas em que os casos aconteceram, e que lhes deram origem influenciaram. O critrio na apresentao dos casos foi baseado no conceito de: (1) magnitude e grau e tipo de infrao, das normas legais correspondentes aos Registros Pblicos: (2) as falhas de controle, sobre o processo e procedimentos destes Registros; (3) a amplitude da rede de falsrios que tem atuado no decorrer destes ltimos 40 anos, amparados, at hoje, na maior impunidade, facilitada pela conduta imoral de funcionrios revestidos de F Pblica que atuam nas Instituies encarregadas de registrar as transaes dos imveis rurais e acautelar os interesses do Patrimnio Pblico.

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Este trabalho podemos resumi-lo, em que no Estado do Amazonas, foram identificadas por esta CPI, mais de 50 milhes de hectares com ttulos irregulares e ilegais, das quais, j foram cancelados seus registros de 37 milhes, pela interveno da Corregedora-Geral de Justia, Desembargadora Marinildes Costeira de Mendona Lima, fazendo que a investigao desta CPI, servisse de incentivo para que as medidas judiciais em andamento, algumas que j levam muitos anos, possam ser finalizadas em breve prazo.

2.2

IRREGULARIDADES CONSTATADAS.

As irregularidades e atos delituosos constatados por esta CPI foram tantos, de tal gravidade e revestidos de tal audcia e impunidade, que mereceram a adoo de urgentes e decididas aes saneadoras, acatadas pelo Poder Judicirio Estadual, do qual destacamos as providncias adotadas pela Corregedoria Geral da Justia do Amazonas, conducentes realizao de correio extraordinria em oito Cartrios de Registro de Imveis desse Estado, que deu como resultado preliminar o cancelamento de matrculas de mais de 37 milhes de hectares.

2.2.1 NOS SERVIOS CARTORIAIS. As principais irregularidades detectadas nos procedimentos de titulao e registro de imveis rurais, de maneira geral, nos diferentes Estados foram as seguintes, ressaltando que os casos envolvidos nestas irregularidades mais destacados e representativos da impunidade reinante at agora no Estado do Amazonas so: Falb Saraiva de Farias, APLUB AGRO FLORESTAL AMAZNIA S/A, Mustaf Said, Moss, Mabral, Manasa, Mali Emaoula, Adalberto Cordeiro e Silva, Mirtyl Levy; e ntre outros. Sendo estes, de maneira importante motivados por aes de usucapio prolatadas por Juizes estaduais, registro de posses como ttulos definitivos, alargamento das reas mediante simples registros de levantamentos topogrficos, entre outros tipos. Cabe destacar que a responsabilidade direta destas irregularidades cabe aos Oficiais Registradores, observado e concluindo, que grande parte destes despautrios e excessos cometidos, tambm so produto da ausncia quase total de uma fiscalizao sistemtica e efetiva das Corregedorias Estaduais de Justia, que se h mantido ausente nos ltimos dez ou vinte anos. Chegando ao cmulo dos casos de duas reas registradas no Cartrio de Canutama, Amazonas, a Fazenda Eldorado e Santa Maria, com uma rea de UM BILHO E QUINHENTOS MILHES DE HECTARES; e a outra, a Fazenda Boca do Pamafari, com uma rea de DOZE BILHES DE HECTARES.

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Destacando, que o primeiro caso, corresponderia superfcie do Estado do Amazonas, e, o segundo, seria maior que o territrio brasileiro. Felizmente, estes dois casos, tendo em vista o seu absurdo, foram anulados prontamente pela Douta Corregedora-Geral de Justia do Amazonas. Porm, ho de servir, como o mais notvel exemplo do estgio a que se chegou provocado pela improbidade dos serventurios da justia e pela falta de um sistema adequado e moderno, de controle e de gesto dos atos relacionados com o patrimnio pblico, e particular, relativos propriedade rural no Brasil. Estes fatos, sem dvida, encerrados os trabalhos desta CPI, no podero ficar no esquecimento, nem relegadas a um segundo plano as urgncias parlamentares, em ordem a provocar uma ampla discusso em torno das questes agrrias da Nao, e as medidas corretivas, amparadas, nas circunstncias que motivaram estes excessos, para munido dos recursos tecnolgicos existentes, possam constituir um sistema confivel, onde a fraude e a ilicitude no tenham cabida, nem guarida. Nota-se tambm, em muitos casos, a falta de preparo tcnico dos serventurios de justia no exerccio de suas funes, principalmente, no tocante atualizao costumeira da legislao. E a falta de um programa de reciclagem ou treinamento. Estes atos incorretos, ao se materializar no cancelamento dos registros por causa de sua ilegitimidade, certamente vo significar a inmeros compradores de boa f, ingentes perdas pecunirias, que pela esperteza dos grileiros dificilmente iro recuperar. v Irregularidades detectadas: (1) registro, sem o correspondente ttulo de domnio ou do registro anterior, de centenas de escrituras de compra e venda, legalizando assim o domnio sobre extensas reas, em muitos casos superiores a cem mil hectares e que chegaram a mais de um milho. (2) duplicidade de registro de matrcula de imveis, fazendo que as mesmas terras fossem multiplicadas, atravs do subterfgio do desmembramento ilegal em inmeras reas, as quais por sua vez recebiam, novas matrculas, ou pela abertura de matrcula da mesma gleba em Livros diferentes, ou em cartrios de Comarcas diferentes. (3) aceitao do registro de imveis constantes em sentenas de partilha de bens, que no apresentavam as correspondentes provas dos ttulos de domnio, e que no estavam matriculados no correspondente Cartrio. Sendo assim, legitimados, ttulos sem nenhum valor, ou simples posses. (4) registro de averbaes ou abertura de novas matrculas, correspondentes a demarcatrias de glebas, sem autorizao judicial e do INCRA, alargando-as e/ou determinando novos confinantes, em dimenses exorbitantes.

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(5) registro de escrituras de compra e venda, e outros pretensos ttulos de domnio, emitidos com uma antigidade de 20 ou mais anos por Tabelies de Comarcas de Estados diferentes, que no esto amparados por Ttulo de Domnio legtimo. Inclusive, alguns formando uma cadeia dominial baseado em escrituras de mais de cem anos, cuja origem estaria na emisso de Sesmaria. (6) registro de imveis, supostamente registrados em outra Comarca, sem o respaldo da correspondente Certido do respectivo Cartrio. (7) lavratura de escrituras de compra e venda e registro das mesmas no Cartrio de Registro de Imveis, onde constam pessoas fsicas ou jurdicas estrangeiras como compradores em condio contraria legislao em vigor. (8) lavratura de Escrituras de Compra e Venda, pelos Tabelies, alm de apresentar os defeitos descritos no nmero anterior, tendo como agravante que pelo menos uma das partes, no esteve presente no ato, nem seus documentos e/ou antecedentes pessoais lhe correspondiam. (9) lavratura de escrituras de compra e venda, e registro destas no Cartrio de Registro de Imveis, tendo o transmitente, comprovadamente, falecido h muitos anos. (10) emisso de laudos de avaliao de glebas, por Oficiais Registradores. (11) matrcula de imveis, supostamente registrados em outra Comarca, sem o respaldo da correspondente Certido do respectivo Cartrio. Sendo a este respeito, o caso mais notvel, o registro no Cartrio de Tapau no Amazonas, a nome do Sr. Falb Saraiva de Farias, sem nenhum suporte legal, de sessenta e trs glebas perfazendo um total de mais de 7,5 milhes de hectares. dizer, o equivalente a 87% do Municpio. (12) lavratura de Escrituras de Compra e Venda, pelos Tabelies, com a transferncia de glebas sem indicao da matrcula de origem, e sem preencher as condicionantes fixadas em Lei. Permitindo assim, que inidneos Oficiais Registradores de Cartrios de Registro de Imveis, levassem a registro tais imveis, sem sequer estarem matriculados. Sendo esta mais uma das formas de legalizar arbitrariamente o domnio de terras. Em relao ao acima exposto, serve como exemplo o caso da Gleba Pajeu de Flores, existente somente no papel, desmembrada por Falb Saraiva de Farias em mais de 60 imveis dos quais 38 foram vendidos a empresas de transporte localizadas nos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito federal, Maranho, Minas Gerais, So Paulo, Mato Grosso, Paran, Rio de Janeiro e Rondnia. Certamente, para servir para o pagamento de encargos sociais ou tributrios.

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2.2.3 DO INSTITUTO DE TERRA ESTADUAL - SUHAB. Os Institutos de Terras dos Estados, sob qualquer nome que existam, so os administradores do acervo fundirio estadual, representado pelos R egistros e Livros prprios para o assentamento dos Ttulos de Domnio concedidos, de conformidade com as Leis de Terras promulgadas por cada Estado a partir do advento do Artigo 64 da Constituio Federal de 1890, e as legitimaes e revalidaes dos Ttulos Legtimos, amparados no Decreto N 1.318, de 30 de janeiro de 1854, que os Estados herdaram da administrao Imperial. Assim tambm, os Governos estaduais atravs destes Institutos, promoveram em diferentes ocasies a venda de lotes de terras, com fins de ocupao e explorao, outorgando aos beneficirios o correspondente Ttulo Definitivo. H de se destacar a importante misso e responsabilidade que lhes cabe a estes Institutos, para extremar os cuidados a respeito da proteo e conservao fsica dos documentos deste centenrio acervo, tendo em vista que a partir deste, que ho de ser solucionadas possveis controvrsias surgidas da necessidade da verificao da veracidade ou autenticidade dos citados Ttulos Definitivos, respeito das terras que so ou foram pblicas, do Estado, ou com anterioridade, da Coroa. O mapeamento e a demarcatria das glebas, tanto das pblicas - as denominadas devolutas, as demarcadas e as arrecadadas - pertencentes ao patrimnio Estadual e Unio e suas autarquias, como as particulares, tituladas, demarcadas ou no, deveriam a esta poca de avanada tecnologia de geoprocessamento de informaes, estarem perfeitamente processadas e informatizadas. Porm, infelizmente, em quase todos os Estados, este assunto e providncias, tem sido relegadas a segundo plano e nem sequer esto na lista dos projetos a ser viabilizados a curto prazo. Como o caso do Estado do Amazonas, onde o seu acervo h passado pelo caminho da transformao do seu Instituto de Terras, durante os ltimos 20 anos, por cinco Instituies diferentes, estando hoje alojado em precrias condies que dificulta o seu acesso, e o predispe a irrecuperveis sinistros, como segundo nos foi informado, j aconteceu no passado. Desta forma, este atraso tecnolgico, injustificvel, limita a produo de informaes, que, concomitantemente com vir ajudar ao planejamento estratgico, atravs do conhecimento exato dos bens imveis, prprios e alheios, poderia oferecer subsdios rpidos e consistentes a diversos interessados, principalmente, no tocante s disputas judiciais envolvendo a legitimidade da titularidade das terras rurais, em que em inmeras vezes, o prprio Estado parte. Sem dvida, esta precariedade estrutural, h favorecido os embates delituosos dos denominados grileiros, que tem demonstrado uma audcia e capacidade imaginativa indiscutvel para surrupiar extensas reas de terras rurais

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do patrimnio pblico estadual, nas prprias barbas, do verdadeiro dono, o Estado. Estamos convencidos, que se estes Institutos, estivessem amparados nestes sistemas, mltiplas situaes relacionadas com a grilagem de terras na Amaznia, ou no existiriam, ou seriam rapidamente elucidadas e/ou evitadas. Porque, no caso dos Estados, quem o maior dono da terra deve cuidar e zelar por seu domnio. O que indefectivelmente, no tem acontecido nestes ltimos 30 anos. O problema mais grave, que esta CPI detectou, foi, no caso do Estado do Amazonas, da emisso indiscriminada e sem nenhuma base administrativolegal, de certides declarando a autenticidade de Ttulos Definitivos, alargando s reas originais. Cujo efeito ficou representado pela matrcula irregular de uma gleba de 485.000 ha. pelo seu pseudo proprietrio Sr. Mustaf Said, no Registro de Imveis, cujas matrculas, feitas em duplicidade em Cartrios de duas Comarcas, haviam sido cancelados, pelo extinto Tribunal de Recursos, por ter sua origem em sentenas de aes de Usucapio, prolatadas pelo clebre Juiz Dr. Ruy Morato em 1973, cujo caso forma parte deste Relatrio. Produzindo assim, de maneira ilegal a transferncia de terras pblicas a um particular tangenciando ou ludibriando a Lei. Em outros casos, a emisso de certides com textos difusos, certificavam que no existiam pendncias envolvendo tal ou qual gleba. Sem definir que as tais, nem sequer tinham Ttulo Definitivo, permitindo assim que o grileiro, em conluio com o Oficial Registrador de posse desta certido, fizesse a matrcula, de uma gleba inexistente. Outros casos, esto relacionados, com a obteno por terceiros interessados, de certides de ttulos definitivos outorgados a comeo do sculo XX, e que foram utilizados para montar de maneira irregular Escrituras de Compra e Venda, fazendo os mortos reviver para assina-las, como o caso que forma parte deste Relatrio, de 8 glebas, perfazendo 55.830 ha., localizadas no Municpio de Lbrea, AM, cujas escrituras de compra e venda foram lavradas na cidade de Rio Preto da Eva, AM, adquiridas por Oscarina Liberato de Carvalho. Estas certides, formam parte de um lote de 28 glebas solicitadas SUHAB/AM, pelo Sr. Joo Alfredo Moss, perfaze ndo um total de 237.244 ha. Ainda mais, registramos o caso da Certido contendo o desmembramento de uma gleba de 162.124 ha. e a sua transferncia a Ana Suely Lacerda Moss, no caso relatado que forma parte deste Relatrio, mediante a qual esta a registrou no Cartrio ao seu nome, eliminando assim, os atos naturais de Escritura de cesso de domnio, a certido do cadastro do INCRA, CCIR, e o que mais grave, a sonegao do ITBI - Imposto de Transmisso Inter-vivos. Estes so alguns casos que fazem refletir sobre as medidas que devero ser adotadas, formando parte de um conjunto harmnico, que permitam coibir, atravs de um sistema eficaz de controle, estes lamentveis excessos cometidos. Concatenando, o Registro Imobilirio, com a certificao do respectivo Ttulo de Domnio outorgado pelo Estado, formando assim um elo inseparvel e ininterrupto.

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2.2.4 A ATUAO DO INCRA. O INCRA - Instituto de Colonizao e Reforma Agrria, por fora do Decreto N 72.106 de 18 de abril de 1973, que regulamentou a Lei N 5.868 de 12 de setembro de 1972, adquiriu, entre outras, a responsabilidade de

v Fazer o levantamento sistemtico dos arrendatrios e parceiros rurais, para conhecimento das reais condies de uso temporrio da terra, vigentes nas vrias regies do Pais. v Fazer o levantamento sistemtico das terras pblicas federais, estaduais e municipais, visando o conhecimento das disponibilidades de reas apropriadas aos programas de Reforma Agrria e Colonizao e da situao dos posseiros e ocupantes em terras pblicas. No seu Artigo 1, este Decreto estabelece o Sistema Nacional de Cadastro Rural, institudo com o objetivo de promover a integrao e sistematizao da coleta, pesquisa e tratamento de dados e informaes sobre o uso e posse da terra, compreendendo: Cadastro de Imveis Rurais; Cadastro de Proprietrios e Detentores de Imveis Rurais; Cadastro de Arrendatrios e Parceiros Rurais; Cadastro de Terras Pblicas A citada Lei conjuntamente com fixar os parmetros e condies para o cumprimento e arrecadao do ITR - Imposto Territorial Rural, estabelece a responsabilidade da emisso anual por cada imvel cadastrado, o Certificado de Cadastramento de Imvel Rural, o qual, ser necessria apresentao, para a lavratura dos atos notariais, relativos a imveis, de conformidade ao disposto no Artigo 1 , III, letra b) deste Decreto 93.240 de 9 de setembro de 1986. Complementarmente, ao exposto, a Lei 4.947, de 6 de abril de 1966, estabeleceu no pargrafo 1 do artigo 22. que sem a apresentao do Certificado de Cadastro, no podero os proprietrios, a partir da data a que se refere este artigo, sob pena de nulidade, desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda imveis rurais. Fixando tambm, no seu artigo 19, pena de recluso de 2 a 6 anos, quem, utilizar, como prova de propriedade ou de direitos a ela relativos, docu-

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mento expedido pelo IBRA, depois INCRA, para fins cadastrais ou tributrios, em prejuzo de outrem ou em proveito prprio ou alheio. E, no seu artigo 20, fixa a pena de deteno de 6 meses a 3 anos, para quem, invadir, com inteno de ocupa-las, terras da Unio, dos Estados e dos Municpios. No obstante isto, e at o ano 1998, simplesmente foi um mero receptor e processador das informaes apresentadas anualmente pelos possuidores de terras rurais, qualquer fosse a forma de domnio, dos seus Cadastros. Emitindo como contrapartida, o Certificado de Cadastro de Imvel Rural - CCIR. Sendo que em virtude destes Cadastros, os ocupantes ao cumprirem tambm com o pagamento do ITR -Imposto Territorial Rural, davam a transaes de alienao aparente contedo legal sobre o domnio destas. Tudo, aceito de maneira complacente pelos Cartrios e Tabelies. Sendo o caso, mais notvel, os CCIR que apesar de serem cancelados pelo INCRA/ Amazonas em 1998 e 1999, sobre a Gleba So Pedro de 485.000 ha., foram utilizados pelo seu pseudo proprietrio Sr. Mustaf Said, inclusive para tentar comprovar em Juzo a sua legitimidade do seu domnio, para avalizar a venda que fez de dita propriedade a empresa estrangeira, em desacordo com a Lei. Mesmo diante de fato to grave, como relataremos a seguir, no foi instaurado no INCRA/AM o devido processo administrativo. Infelizmente, nestes anos todos: inmeras posses foram cadastradas. E de posse dos correspondentes CCIR e do pagamento do ITR, o pseudo proprietrio, obteve nos Cartrios de Registro de Imveis, o registro como trata-se de Ttulo de Domnio. Subentendendo-se que seria o INCRA o saneador desta carncia. observamos, que de maneia geral, tanto os Tabelies, quanto os Oficiais Registradores dos Cartrios de Registro de Imveis, no cumpriram os dispositivos legais, expostos precedentemente, aceitando para lavratura e registro centenas de casos de desmembramentos de reas, hipotecas e vendas de imveis rurais, sem a apresentao dos correspondentes CCIR e ITR. Ou, em muitos casos, fazendo meno, sem indicar seus correspondentes nmeros. observamos tambm, que de maneira corriqueira, os Cartrios de Registro, no escrituravam de maneira precisa as informaes sobre o pagamento do ITBI, de alada da Prefeitura onde se encontrava localizado o imvel, estimando-se que sem dvida houve sonegao deste imposto com grave leso para os Municpios afetados. A este respeito, chamaram a ateno os irrisrios valores dados s terras nestas transaes, chegando alguns casos em que 100.000 ou mais hectares eram transacionados pelo equivalente a dois ou pouco mais salrios mnimos. No existindo assim nenhuma fiscalizao, destes valores, cuja determinao faculdade exclusiva da respectiva Prefeitura.

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Assim, apesar do tempo transcorrido na vigncia da responsabilidade legal do INCRA, na administrao deste Cadastro, somente a partir de 1998, e mesmo assim timidamente, que se nota um esforo no sentido de enfrentar esta situao, que de to descontrolada, considerando seus efeitos a respeito da atuao de conhecidos grileiros como os senhores Falb Saraiva de Farias e Carlos Medeiros, entre outros, manobrando a alienao ilegal de terras pblicas, o desmembramento das glebas e o registro irregular nos Cartrios de Registro de Imveis, inclusive acolhendo a compra de terras por estrangeiros, significou a apropriao indevida de mais de 50 milhes de hectares. Certamente, nota-se que a partir da instalao desta CPI e no decorrer de sua atuao houve em determinados segmentos institucionais dos Estados que formam parte desta Investigao, um esforo para agir e resolver ou pelo menos minimizar este gravssimo problema que a regularizao das aes delituosas envolvendo a transferncia ilegal de terras do Patrimnio Pblico ao particular. Neste sentido, no poderamos deixar de reconhecer e destacar alg umas iniciativas do Ministrio da Poltica Fundiria para poder adotar e levar adiante as medidas administrativas e judiciais que, anteriormente, no tinham causado o efeito e ressonncia desejados no sentido de enfrentar esta completa desorganizao fundiria e nos prprios setores pblicos responsveis por ela.

2.2.5 A ATUAAO DO JUDICIRIO. Os Tribunais Superiores de Justia nestes ltimos 50 anos tm atuado de maneira diligente, e em alguns perodos como foi na dcada dos anos 70, de maneira bastante rdua, avocados a dirimir as questes das prticas ilegais de transferncia de terras pblicas, representadas por aes de usucapio, demarcatrias com o alargamento superlativo das reas e cancelamento do registro indevido de ttulos de domnio sem procedncia legal. Como tambm, e por causa destes processos, na edio de Smulas e Sentenas destinadas a firmar jurisprudncia sobre estes assuntos, como necessrio complemento da Legislao em vigncia. Clebres so posies adotadas por alguns ilustres Magistrados a respeito do domnio natural e centenrio do Estado sobre as terras no Brasil, que a maneira de exemplo, ora trazemos, mostrar que j h mais de 50 anos os abaixo citados tiveram que definir os conceitos sobre as denominadas terras devolutas, que so justamente as que ho sido de maneira permanente objeto da cobia de grileiros e maus brasileiros, e que esta CPI est de maneira obstinada e decidida, a combater. Ministro Aliomar Baleeiro, ao julgar o RE n 51.290.

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" O Estado de Gois no precisa provar nada. A presuno de que a terra dele. O particular que tem que de provar, por uma cadeia sucessria, que as terras foram desmembradas do patrimnio pblico. No h nenhuma dvida a respeito disso" Ministro Alckmin, ao julgar o RE n 72.020. " no cabe ao Estado provar que determinada gleba devoluta; cabe a quem a afirma do domnio particular o nus da prova. Terras devolutas se conceituam por excluso: so devolutas as terras que nunca entraram, legitimamente, no domnio particular".

Turma Cvel do Distrito Federal, ao julgar a APC n 51.936/99 em processo envolvendo terras pblicas. " Quando as terras, objeto de litgio, pertencem ao poder pblico, no h que se falar de posse, e sim em mera deteno, situao ftica que ocorre quando a pessoa ocupa a coisa alheia por mera permisso ou tolerncia do possuidor. A posse de natureza precria no gera direito de proteo possessria ". Ministro Mario Guimares, ao relatar o RE n 26.341. " A palavra TTULO, para efeito de registro forense, tomada em sentido concreto, indicativo de prova material do domnio. Os Estados so senhores das TERRAS DEVOLUTAS por fora de dispositivo constitucional. No possuem ttulo, em sentido material, que os habilite a requerer aquele registro". Finalmente, e para no pairar nenhuma dvida, a respeito do domnio histrico do Estado sobre as terras no Brasil, nos remontamos ao texto do artigo 3 da Lei 601 de 18 de setembro de 1850, que dispe sobre as terras devolutas do Imprio. " So terras devolutas, as que no se acharem no domnio particular por qualquer ttulo legtimo, nem forem

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havidas por sesmarias e outras concesses do Governo Geral ou Provincial, no incursas em comisso por falta do cumprimento das condies de medio, confirmao e cultura". (grifo nosso)

No obstante, estas sbias decises e a completa e rigorosa legislao, smulas e jurisprudncias dos superiores Tribunais de Justia, ao longo do sculo passado, diversos Juizes de primeira instncia, no passado recente, teimaram em dar interpretao prpria, contrria ao ensinamentos dos seus mestres e superiores prpria Lei, em decises, todas contestadas na esfera judicial superior. Situao esta, representada pelo Dr. Ruy Morato, MM Juiz da Comarca de Lbrea no Amazonas, na dcada dos anos 70 a 80, que teve o recorde de prolatar, pelo menos, 20 sentenas de usucapio e demarcatria, envolvendo mais de dez milhes de hectares, com grave leso do Patrimnio Pblico. De um total levantado por esta CPI que alcanou a mais de dezessete milhes de hectares em 39 aes, segundo o demonstrativo.

2.2.5.1 CARTRIOS.

DA

CORREIO

EXTRAORDINRIA

NOS

Como destacamos precedentemente, a atual Corregedora-Geral da Justia, Desembargadora Marinildes Costeira de Mendona Lima, atuando no cargo desde julho de 2000, diante as graves denuncias recebidas desta CPI e do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, adotou medidas no sentido de intervir nos Cartrios dos Municpios de Lbrea, Canutama, Novo Aripuan, Tapau, Pauin, Borba, Manicor, Juru e Itamarat, decretando Correio Extraordinria. O resultado noticiado atravs de Relatrios precisos e circunstanciados, foi o cancelamento, de mais de trinta e sete milhes de hectares de terras, correspondentes a imveis indevidamente matriculados e centenas de glebas desmembradas atravs do registro das correspondentes matrculas, em aberta contraveno aos dispositivos legais em vigor. Como tambm, na regularizao das averbaes de diversas decises do extinto Tribunal Superior de Recursos, mandando cancelar sentenas de usucapio e demarcatrias, prolatadas por Juizes de diversas comarcas do Estado na dcada dos anos 70, muitas das quais ainda permaneciam em aberto. Esta atuao da Corregedoria-Geral da Justia, tomou como base as informaes apresentadas pelo INCRA, produto de um rduo trabalho realizado de levantamento em 1998 em diversos Cartrios de Registro de Imveis de di-

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versas Comarcas do Estado , no obstante inmeras dificuldades. Entras estas, inclusive a sonegao de informaes e documentos por parte de alguns Oficiais Registradores. Entretanto, de conformidade a anlise realizada por esta CPI da documentao que recebemos dos diversos Cartrios de Registro de Imveis atravs da Corregedoria-Geral, verificamos que deixaram de ser canceladas inmeras matrculas de imveis. Isto, porque entendemos que certamente houve limitaes de tempo. Como tambm, porque os trabalhos foram eminentemente direcionados base de dados levantados pelo INCRA. Tal como podemos verificar que ainda que canceladas matrculas de imveis, algumas outras, que correspondiam a averbao de desmembramentos, no foram consideradas. E em outros casos, matrculas que estavam em duplicidade, com outras que foram canceladas, tambm no foram detectadas. No obstante isto acreditamos que o trabalho realizado pela equipe da Corregedoria contando com a colaborao do INCRA, tem sido importante e elucidativo a respeito dos problemas que j haviam sido detectados. Os quais, em carter similar, porm sem alcanar a dimenso atual, tambm haviam sido objeto de correio em diversas oportunidades nos ltimos 30 anos, pelos Corregedores-Gerais. Esta CPI recomenda, entretanto, que seria oportuno que a verificao feita, pudesse abranger a totalidade dos Registros, para assim ter certeza que a depurao conseguida at agora, seja plenamente realizada. Para assim assegurar aos futuros compradores de imveis rurais localizados no Estado, a idoneidade dos registros assegurando plenamente o domnio da propriedade.

III.

DESAPROPRIAO NO AMAZONAS

Iniciamos o trabalho de anlise das desapropriaes solicitando ao Incra a relao das reas desapropriadas pelo rgo Federal no Estado e, de posse de tal relao, requisitamos do prprio Incra e da Justia Federal os processos que tramitaram ou que tramitam em relao s mesmas, cuja anlise passamos a apresentar. Levantamos preliminarmente que este referido levantamento e estudo dos dados relativos s desapropriaes foi feito ainda de forma muito superficial, devido a exigidade de tempo e a extrema dificuldade com que nos deparamos durante a coleta de dados, visto que a maioria dos processos aos quais tivemos acesso est incompleta, faltam pginas ou at mesmo partes inteiras. Mesmo com a precariedade dos dados relativos a vrios casos de desapropriaes, classificamos como extremamente graves os fatores que nortearam as mesmas, visto a quantidade de fatos ilegais e irregulares que permearam a maior parte dos processos, conforme veremos a seguir.

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H neste item, um indicativo que merece ser ressalvado, o fato de que a maioria das desapropriaes as quais contm muitas irregularidades ocorreram no perodo em que ocupava o posto de Ministro da Reforma Agrria o atual Presidente do Senado da Repblica, o Senador Jader Barbalho, contra quem pesa uma srie de denncias, devido as irregularidades ocorridas nas desapropriaes e nas emisses de TDAs, durante a sua passagem no ministrio. Precisamos destacar ainda o fato de que aproximadamente 75% das emisses de TDAs ocorreram durante a gesto do atual Presidente do Senado, o que um dado extremamente significativo e que refora ainda mais a necessidade de uma profunda investigao, pelos rgos competentes, sobre os fatos, pois, como j afirmado, no se trata de um caso ou outro, onde, porventura, tenha ocorrido alguma irregularidade, a qual pudesse Ter fugido ao conhecimento do Ministro e de seus assessores mais diretos, no, so quase que todos os casos marcados por profundas e graves irregularidades, e quase sempre as mesmas: 1) terras suspeitas de terem sido griladas ou que tiveram seus registros adulterados; 2) desapropriao de reas imprprias para a reforma agrria; 3) falta de amparo tcnico que justificasse as desapropriaes, visto que muitos pareceres tcnicos do instituto fundirio eram contrrios a desapropriao; 4) valores das desapropriaes em desacordo com os pareceres tcnicos (pagos quase sempre em quantias acima do estipulado nos pareceres); 5) pagamentos feitos muitas vezes antes do prazo devido ou em tempo recorde; 6) agilidade e facilidade com que tramitavam os processos, na instncia superior , os quais eram decididos algumas vezes em poucos dias; Este item, Desapropriaes de Terras, como j destacado, merece uma profunda investigao, a qual deve incluir o Exmo Senador Jader Barbalho, visto a freqncia com que seu nome (e de seus colaboradores diretos) aparece quando do relato de irregularidades e ilegalidades.

3.1. PROJETOS DE REFORMA AGRRIA EM EXECUO CRIADOS AT 04/04/2001 NO AMAZONAS Segundo dados fornecidos pelo INCRA, existem 30 projetos de reforma agrria em execuo no Amazonas. Em nove desses projetos a rea foi adquirida atravs de desapropriao, nos outros casos as reas foram adquiridas pelo Instituto das seguintes formas:

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14 por Arrecadao; 02 por Incorporao; 02 por Compra e Venda; 01 por Reconhecimento; 01 por Desafetao; 01 no informado; e 09 por desapropriao.

REAS ADQUIRIDAS POR DESAPROPRIAO: DENOMINAO PROJETO DO FASE MUNICPIO 02 02 03 04 02 03 03 02 03 Maus Manacapuru Rio Preto da Eva Careiro Careiro Presidente Figueiredo Parintins Eirunep Pauin REA(ha) 2.348,4237 2.214,8905 27.809,7472 2.373,0559 3.633,2505 23.742,2858 78.270,0000 21.525,0000 139.235,9400 CAPACIDADE DE FAMLIAS 75 87 907 28 280 374 2478 200 2000

Aliana Aquidaban Ipor Nova Residncia Panelo Uatum Vila Amaznia Santo Antnio Mouro Terrua

3.2

RELAO DAS REAS DESAPROPRIADAS

3.2.1

Vila Amaznia

Desapropriado: Antnio Cabral de Abreu e Luiz do Vale Miranda Ao Inicial: 02/02/1988 Data ltimo Documento: 03/02/1988 rea Proposta: Imvel Vila Amaznia, no Municpio de Parintins(Am), totalizando 78.270ha.

Em 19/11/1986, a Superintendncia Regional do Extremo Norte do INCRA, pelo Ofcio INCRA/SR (15)/N514/86, solicitou aos srs. Antnio Cabral de Abreu e Luiz do Vale Miranda a comprovao do domnio da rea denominada Vila Amaznia, localizada no Municpio de Parintins (Am), com rea total

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de 78.270 ha para fins de desapropriao da rea por interesse social para execuo de reforma agrria. Em 04/12/1986, uma comisso de Avaliao criada para vistoria e avaliao do imvel apresentou relatrio favorvel desapropriao. Em 05/12/1986 a executora do Projeto Fundirio Manaus do INCRA, por meio do Of.INCRA/PF-MAO/N004/86, indica Superintendncia do rgo a rea denominada Vila Amaznia como prioritria para Reforma Agrria, sugerindo a sua desapropriao para futuro assentamento de 1.308 famlias e estabelecendo o valor indenizatrio em CZ$7.543.426,45. Em 25/09/1987, o Decreto n. 94.969, considera como rea prioritria para Reforma Agrria o imvel Vila Amaznia. O delegado regional, Jos Maia, informa ao secretrio da SEREF que foi feito o depsito de Cz$880.742,00 (referentes indenizao das benfeitorias). O advogado dos expropriados, Silvio Romero de Miranda Leo, prope ao Ministro da Reforma Agrria a conciliao amigvel fazendo uma contra proposta no valor de Cz$313.120.000,00. H documentos da Cmara Federal (ass.pelos Dep. zio Ferreira-PFL/AM, Jos Dutra-PMDB/AM, Fco. Benjamim-PFL/BA, Jos Loureno-Lder do PFL, Amaral Netto-Lder do PDS e Bonifcio de Andrada-Vice Lder do PDS) e da Assemblia Legislativa do Amazonas (assinado por 15 Deputados) solicitando celeridade consensual no processo expropriatrio da Vila Amaznia. Em 22/12/1987, o Secretrio de Recursos Fundirios do INCRA, Antnio Csar Pinho Brasil, encaminha ao Ministro parecer favorvel proposta dos expropriados. Parecer este ratificado em 28/01/1988. Em 19/01/1988, atravs da Portaria 045, o ento Ministro Jader Barbalho, autoriza a celebrao de acordo de indenizao com os expropriados Antnio Cabral de Abreu e herdeiros Luiz do Vale Miranda, no valor de Cz$313.120.000,00, os TDAs referentes ao pagamento deveriam ser emitidos em janeiro e fevereiro do mesmo ano e o resgate em trs anos, sendo 50% no 2.ano; 30% no 3ano; e 20% no 4ano. A portaria 045 foi retificada pela portaria 084 de 02/02/1988. Em 03/02/1988, o ento Ministro Jader Barbalho autorizou o Termo de Acordo, assinado posteriormente por todas as partes. A proposta dos expropriados foi integralmente aceita, inclusive os prazos para resgate dos TDAs. Isso remete a um processo anteriormente analisado referente a uma representao contra Jader Barbalho, onde um dos pontos colocados o fato do ento Ministro sempre pagar os TDAs antes do prazo mximo que a lei possibilita, 20 anos, facilitando sempre a situao dos expropriados. Este caso, portanto mais uma evidncia de que procedimentos foram adotados para favorecer os interesses de particulares em detrimento dos interesses da Unio, visto que pelos indicadores do processo os TDAs foram res-

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gatados em 4 (quatro) anos, enquanto poderiam ter sido num perodo de 20 (vinte) anos. Ento foram detectadas por esta CPI graves irregularidades quanto a esta desapropriao. Uma delas foi o superfaturamento do valor inicial sugerido pelo INCRA. O valor autorizado pelo Ministro Jader Barbalho foi cerca de 50 vezes maior que o original. Outra, na rea indenizada aos dois proprietrios, j existiam mais de 800 proprietrios que possuam ttulo definitivo das propriedades. H aes de usucapio sobre 38 dos 78.000 ha, com parecer favorvel do juiz de Parintins. Devido a esses problemas, o INCRA no chegou a assentar nem 1/3 da rea. Alm disso, esse mesmo imvel est registrado no Estado do Par, com o mesmo, tendo uma rea equivalente a 293.000 ha. Essa irregularidade foi detectada em 1977, pelo Subprocurador Geral da Repblica, Gildo Corra Ferraz, o qual levou ao conhecimento da Justia o registro ilegal dos ttulos definitivos. No julgamento feito poca pelo Ministro Cunha Peixoto no ficou afastada a possibilidade da avocatria referente Vila Amaznia. Nesse sentido, foram feitos encaminhamentos ao ITERAM junto com os precedentes jurisprudenciais, que davam respaldo avocatria das aes demarcatrias, como poder ser observado no item Cartrios deste relatrio. Cabe observar ainda que essas terras tornam-se ainda mais irregulares quando vrios outros prprios possuem ttulos definitivos sobre a mesma, expedidos inclusive pelo Governo do Estado do Par e h aes demarcatrias da FUNAI. Ou seja, no contentes com o golpe aplicado no municpio de Pari ntins, os expropriados querem repetir a dose. O que pior a Justia do Amazonas ter dado aos proprietrios ganho de causa. O processo encontra-se atualmente em Braslia, pois o INCRA recorreu da deciso. Ento, urgente que uma atitude da CPI de Terras seja tomada no sentido de evitar que o governo pague uma fortuna em terras que j possuem outros donos e onde no ser possvel realizar qualquer assentamento.

I . Resumo dos Processos de Desapropriao(1.443/86) 1. rea de 78.270 ha. Localizao: Parintins Amazonas (01) 2. Em 19.11.86 o INCRA solicitou ao Senhor Antnio Cabral de Abreu e Luiz do Vale Miranda comprovao de domnio da rea Vila Amaznia. (01) 3. Em 05.12.86 estabelecido o valor de CZ$ 7.543.426,49. (01) 4. Em 11.06.87 o Procurador-Geral do INCRA afirma que o melhor caminha seria o processo de usucapio; (02)

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5. Em 25.09.87 o Decreto n. 94.969, considera a rea como prioritria para Reforma Agrria. (03) 6. Em 21.10.87 emitida a Guia de TDE: Em TDAs: CZ$ 6.662.684,45 Em dinheiro: CZ$ 880.742,00 Totalizando: CZ$ 7.543.426,45. (04) 7. Em 27.11.87 empenhado o valor de CZ$ 880.742,00. (04) 8. Em 17.12.87 Os advogados dos expropriados encaminham ofcio ao MIRAD solicitando a reavaliao da rea para CZ$ 313.120.000,00 (4.051% de acrscimo !!! em 1 ano). No h carimbo ou qualquer outro instrumento que demonstre a data do recebimento no ministrio. (05) 9. Em 17.12.87 A SEREF, em nome do Ministro, envia telegrama ao INCRA do Amazonas solicitando o envio do processo n 1443/86 (06) 10. Em 22.12.87 o Superintendente do INCRA no Amazonas (Jos Maia) assina ofcio remetendo o processo Braslia. 11. No mesmo ofcio o Superintendente do INCRA no Amazonas informa que foi efetivado o deposito relativo ao pagamento das benfeitorias. (07) 12. Em 22.12.87, mesmo dia, O Secretrio de Assuntos Fundirios do MIRAD, Antnio Csar Pinho Brasil envia ao Ministro Jader Barbalho parecer aprovando a proposta de novo valor apresentada pelos expropriados. O despacho favorvel do Ministro dado no mesmo dia. Como o ofcio pde chegar no mesmo dia a Braslia? Como o Sr. Pinho Brasil e o ento Ministro tiveram tempo para estudar e se manifestarem favoravelmente ao pleito dos expropriados? (08) 13. Em 28.12.87, o Secretrio de Assuntos Fundirios do MIRAD, Antnio Csar Pinho Brasil envia Ofcio ao Advogado dos expropriados (Silvio Romero de Miranda Leo), comunicando que o Ministro Jader Barbalho havia exarado despacho aprovando a mencionada proposta com o valor de CZ$ 313.120.000,00 (4.051% acima do valor inicial de 1 ano atrs). 14. Na mesma data Antonio Csar Pinho Brasil encaminhou, ao Ministro, MINUTA da Portaria que definiu os termos do acordo , o qual recebe despacho favorvel do Ministro no mesmo dia (28.12.87). (09) 15. Em 07.01.88 o INCRA prope ao juiz federal a ao de desapropriao da gleba Vila Amaznia. (10) 16. Em 11.01.88 o INCRA Am envia Braslia um telex informando que no dia 08.01.88 foi ajuizada a ao desapropriatria RC NR 25.412/88. (11) 17. Em 27.01.88 o juiz determina que o Cartrio de Registro de Imveis de Parintins (1 Ofcio) proceda a matricula do referido imvel em nome da Unio, o que feito em 02.02.88. (12)

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18. Em 19.01.88 assinado pelo Ministro Jader Barbalho a Portaria/MIRAD/N 045 /88 que auto