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FEDAPAGAIA Comissão de acompanhamento das NEE RELATÓRIO Junho 2009

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FEDAPAGAIA

Comissão de acompanhamento das NEE

RELATÓRIO

Junho 2009

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Relatório Comissão NEE Fedapagaia – Julho 2009 2

I. Introdução

No âmbito do seu plano de actividades, a Federação das Associações de Pais de Vila Nova de Gaia, FEDAPAGAIA, entendeu criar uma comissão para acompanhamento de crianças com necessidades educativas especiais (NEE) que terá, entre outros objectivos, o apoio às familias destas crianças e às Associações de Pais das escolas que as mesmas frequentam. Assim, e visando contribuir para a resolução dos problemas inerentes a crianças com necessidades educativas especiais do concelho de Vila Nova de Gaia, propõem-se esta comissão a:

1. Caracterizar a população estudantil com NEE do Concelho;

2. Caracterizar os meios adstritos à NEE;

3. Caracterizar as necessidades e dificuldades existentes no grupo;

4. Estabelecer uma comunicação efectiva com os pais/EE;

5. Apoiar as AP´s em cujas escolas estejam inseridas crianças com NEE;

6. Auxiliar na resolução dos problemas deste sector;

7. Elaborar um relatório com as conclusões elaboradas, referentes apenas aos Agrupamentos

Verticais de Vila Nova de Gaia, no final do ano lectivo 2008/2009, a ser entregue aos Órgãos

de Poder Regional e Central

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Relatório Comissão NEE Fedapagaia – Julho 2009 3

II. Enquadramento

O concelho de Vila Nova de Gaia é constituído por 24 freguesias, com uma área total de 168,7 Km2 e com uma população residente de 288 749 habitantes (densidade populacional de 1 711,8 Hab/Km2, dados de 2001). Neste concelho, as escolas públicas do pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos estão organizadas em 15 Agrupamentos Verticais:

• Agrupamento Vertical de Santa Marinha • Agrupamento Vertical de D. Pedro I • Agrupamento Vertical da Madalena • Agrupamento Vertical Dr. Costa Matos • Agrupamento Vertical de Avintes • Agrupamento Vertical de Oliveira do Douro • Agrupamento Vertical de Anes de Cernache • Agrupamento Vertical de Canelas • Agrupamento Vertical de Júlio Dinis • Agrupamento Vertical de Soares dos Reis • Agrupamento Vertical de Olival • Agrupamento Vertical de S. Pedro de Pedroso • Agrupamento Vertical de Sofia de Mello Breyner • Agrupamento Vertical de Valadares • Agrupamento Vertical de Vila D´Este

Existem no concelho 9 Escolas Secundárias com 3º ciclo (não agrupadas). O número médio de alunos que frequentam os níveis de ensino básico e secundário:

♦ 1º ciclo cerca de 12 500 alunos ♦ 2º e 3º ciclos (nos Agrupamentos Verticais) cerca de 10 500 alunos

(média de 600/agrupamento) ♦ Escolas Secundárias com 3º ciclo (inclui 2 privadas) cerca de 10 600 alunos

(Fonte: Carta Educativa de Vila Nova de Gaia, 2006)

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III. Acções efectuadas

A FEDAPAGAIA e a sua Comissão NEE estiveram presentes em vários encontros e reuniões, a nível local, regional e nacional, cuja temática versou o Ensino Especial e/ou as crianças com Necessidades Educativas Especiais:

• 15 de Janeiro – Escola EB 2/3 de Santa Marinha, com a presença da Sra. Dra. Filomena Pereira (ME) e Sra. Dra. Conceição Menino (DREN) – Crianças surdas de Vila Nova de Gaia

• 27 de Fevereiro – Reunião com associações e pais na FECAP (presentes APD, APPACDM, ACAPO, APAIC, APECDA, APA, APPC, ...)

• 18 de Abril – Encontro Regional da Comunidade Educativa – PAIS IGUAIS, FILHOS ESPECIAIS, Porto

• 27 de Abril – Audição Parlamentar sobre Ensino Especial (PCP)

• 30 de Maio – “Crianças com Necessidades Especiais de Ensino, à beira do século XXI – e agora?”, Odivelas, organização da FAPODIVEL

• 30 de Maio – Sessão de formação relativa aos Projectos de Intervenção em Dislexia, Escola Superior de Educação Paula Frassinetti – Departamento de Educação Especial

• Reuniões mensais da FEDAPAGAIA nas quais os contacto com Aps e pais de crianças com NEEs têm vindo a ser uma constante, com resultados muito positivos para a caracterização das necessidades e dificuldades com o ensino actual destas crianças.

• Dia 22 de Maio - Reunião com Aps de Vila Nova de Gaia • Dia 27 de Maio – reunião com Sr. Dr. Manuel Joaquim Ramos e Dra Filomena Pereira

(Ministério da Educação), na DREN, onde foram discutidos alguns pontos que falham no ensino especial em Gaia, assim como a entrega do projecto para a criação de uma escola de referência para crianças surdas, feito por pais e encarregados de educação das mesmas.

Ao longo do processo encetaram-se as diversas acções abaixo discriminadas:

� Envio de ofício tipo aos CE dos Agrupamentos e escolas não agrupadas No dia 19 de Fevereiro foram enviados, a todos os Conselhos Executivos dos 15 agrupamentos de Vila Nova de Gaia, ofícios nos quais era pedido a estes órgãos de gestão a colaboração com o envio do número de crianças referenciadas a beneficiar de ensino especial nas diversas escolas, assim como o tipo de domínio a que estas crianças pertenciam (CIF) e o contacto do responsável da educação especial do Agrupamento. A resposta de 13 agrupamentos foi praticamente imediata e permitiu começar a perceber a distribuição destes alunos no nosso concelho.

� Agradecimento da informação O agradecimento a esta colaboração foi dado via telefone pelos elementos da equipa.

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� Contacto com agrupamentos não disponíveis Três agrupamentos, Olival, Anes Cernache e Vila D´ Este não responderam ao pedido. Contactados telefonicamente, Olival enviou de imediato os elementos pretendidos. O agrupamento de Vila D´Este prontificou-se a colaborar e Anes Cernache reencaminhou essa função para a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN).

� Envio de cópias de ofício às Aps dos agrupamentos que não colaboraram Foi enviado um mail/fax às Aps dos agrupamentos que não colaboraram e efectuado contacto telefónico para o Presidente da AP de Vila D´Este e para um elemento do Conselho Pedagógico da EB1 de Mariz, na tentativa de obter as respostas pretendidas. Estes contactos resultaram infrutíferos.

� Contacto com Aps, Pais, EE e responsáveis pelo ensino especial dos agrupamentos Durante estes meses (de Fevereiro a Maio) foram encetados contactos com Aps, pais de crianças com NEEs e alguns dos responsáveis pelo ensino especial dos agrupamentos de Vila Nova de Gaia, tendo sido recolhida informação de grande importância quanto a esta temática.

� Reunião com Associações de Pais realizada na FEDAPAGAIA, no dia 22 de Maio de

2009 Com o fim de contactar o maior número possivel de Aps, representantes do Conselho Geral Transitório e pais de crianças com NEEs foi organizada pela FEDAPAGAIA, no dia 22 de Maio, pelas 21h, uma reunião que tinha por objectivo caracterizar, de uma forma mais directa no terreno, os meios adstritos às NEEs, assim como as necessidades e dificuldades existentes em cada agrupamento. Nesta reunião estiveram representados por Associações de Pais os agrupamentos de Canelas, D. Pedro I, Santa Marinha, S. Pedro de Pedroso, Valadares, Avintes, Costa Matos, Oliveira do Douro e a Escola Secundária dos Carvalhos. Após uma breve apresentação a todos os presentes sobre o Decreto-Lei 3/2008, de 7 de Janeiro, legislação que actualmente regula o Ensino Especial, foram de seguida ouvidos os diversos representantes dos agrupamentos presentes tendo sido recolhida informação de extrema importância para este ponto de trabalho.

� Contacto directo com as escolas

Através das Associações de Pais, foram realizados contactos directos com alguns agrupamentos (Santa Marinha, Avintes, D. Pedro I, Costa Matos, Olival, Valadares, S. Pedro de Pedroso e Soares dos Reis), durante os últimos meses de Maio de Junho.

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Através destes contactos tomamos conhecimento de: • Idades das crianças portadoras de multideficiência e autismo inscritas nestes agrupamentos.

Com o fim de verificar se a criação de apenas uma unidade para os 2º e 3º ciclos, em Gaia, seria suficiente para abranger a totalidade destes alunos.

• Da vontade manifestada pelo Conselho Executivo do Agrupamento de Santa Marinha, em Fevereiro/Março do presente ano, junto da DREN, para criar uma Unidade de Apoio Especializada para apoio a jovens com multideficiência que necessitem de frequentar os 2º e 3º ciclos do ensino básico. Na falta de uma resposta pela Direccção Regional a ideia foi abandonada. Apesar de todas as dificuldades que um projecto desse tipo implica ao ser implementado num mês, o agrupamento mantêm-se aberto à situação. Opina, porém, que uma outra unidade a criar deveria ser mais afastada do agrupamento Dr. Costa Matos, para que as duas Unidades não se localizassem na mesma freguesia e pudessem servir melhor estas crianças, estando o mais próximo possível das suas residências e evitando grandes deslocações para as mesmas. Este agrupamento integra, há mais de 10 anos, os alunos surdos de Vila Nova de Gaia que frequentam os 2º e 3º ciclos de escolaridade obrigatória, tendo sido considerada Unidade de Apoio a Alunos Surdos durante esse período de tempo (ao abrigo do Despacho 7520/98). Após a entrada em vigor do Decreto-Lei 3/2008 e a alteração do enquadramento legal para a educação destes alunos, apercebendo-se da consequente instabilidade provocada quer nas crianças quer nos pais e encarregados de educação das mesmas, o agrupamento elaborou um projecto para alunos com deficiência auditiva que possuem a língua portuguesa como língua natural (em anexo) que espera ainda resposta da DREN. O agrupamento manifesta ainda disponibilidade para a criação de escola de referência para um melhor ensino destes alunos.

• A enorme vontade do Agrupamento de Avintes (EB1 da Aldeia Nova) em criar uma Unidade de Apoio Especializada para crianças com multideficiencia (1º ciclo), uma vez que actualmente frequentam esta escola 4 alunos nesta situação e outras quatro crianças desta freguesia poderiam também beneficiar deste serviço especializado (2 alunos estão na Unidade do Olival, um irá no próximo ano para o agrupamento Costa Matos e uma criança frequenta agora o JI necessitando porém, no 1º ciclo, da frequência numa UAE). Foi já enviado à DREN o projecto (já obteve resposta positiva) e à Câmara de Gaia um relatório/projecto das necessidades físicas da escola para preparação desta unidade (criação de 2 salas). Foi observada e constatada pela Comissão as excelentes condições da escola para apoio a estes alunos, nomeadamente espaço verde, acessibilidade fácil para ambulâncias e serviços de urgência, ambiente exterior calmo e tranquilo que em muito podem beneficiar o desenvolvimento destas crianças, assim como uma total adaptação/integração entre a escola e as crianças que a frequentam.

• A situação delicada em que se encontram algumas crianças no Agrupamento D. Pedro I – a escola EB 2/3 Inês de Castro precisa de duas salas para um apoio ideal aos alunos com NEEs que a frequentam, assim como de outras estruturas, uma vez que no próximo ano receberá crianças com várias limitações físicas. A escola está a planear um projecto que vise o treino da autonomia e um melhor acompanhamento aos seus alunos. O caso de um aluno com distrofia muscular de Duchenne que no próximo ano frequentará esta escola, levou o seu Conselho Directivo a solicitar à DREN (em Abril/Maio) um funcionário para acompanhar esta criança de 10 anos que manifesta frequentemente a vontade de se matricular na EB 2/3

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Inês de Castro. Foi-nos ainda referida a necessidade de construir uma casa de banho adaptada e rampas de acesso, assim como a obtenção de uma cadeira elevatória que beneficie esta criança. A situação da terapia da fala para vários alunos, manifestada permanentemente pelo Presidente da Associação de Pais de uma das escolas do agrupamento junto da FEDAPAGAIA, está neste momento controlada por parte do seu Conselho Directivo e esperamos que, no ano lectivo de 2009/2010, todos os alunos necessitados desta especialidade possam dela usufruir na totalidade.

• A necessidade de proceder a obras urgentes para a nova Unidade de Apoio Especializada criada na EB 2/3 Teixeira Lopes – Agrupamento Dr. Costa Matos - (que acolherá alunos com multidefeciência nos 2º e 3º ciclos e entrará em funcionamento já no próximo ano lectivo), assim como da garantia por parte das instituições próprias do fornecimento de equipamentos e materiais para um pleno funcionamento desta Unidade, que se encontra já com o número máximo de alunos inscritos para o próximo ano lectivo. Uma outra preocupação que aqui sentimos junto dos pais e encarregados de educação são as respostas para estas crianças ao nível do ensino secundário ou pós 9º ano de escolaridade, preocupação essa motivadora de ansiedade e stress e carente de tratamento e divulgação. Neste agrupamento pudemos também constatar a falta de pessoal docente especializado em número suficiente para as crianças com NEEs que a frequentam, assim como faltas diversas de materiais e equipamentos.

• No Agrupamento do Olival foi possivel obter informação sobre o número de crianças com multideficiência que frequentam a Unidade de Apoio Especializada (Escola EB1 de Lavadores): são 10 alunos entre os 6 e os 14 anos de idade, número muito além do razoável.

• No contacto com pais de alunos que frequentam o Agrupamento Vertical de S. Pedro de Pedroso foi-nos possivel tomar conhecimento de alguns casos em que a necessidade de institucionalização de algumas crianças teria já um carácter urgente e grave. Num desses casos, a criança estava inclusivé sinalizada pela CPCJ como criança de alto risco, tendo o pai manifestado pessoalmente a esta federação o temor que sentia perante a vida do filho. Esta criança está já, neste momento, a frequentar a CERCIGAIA. A criação de uma Unidade de Intervenção Especializada (multideficiência 2º e 3º ciclos), segunda UEA em Gaia, é uma necessidade e seria encarada com agrado pela comunidade educativa. Foram entregues as necessidades materiais urgentes das escolas do agrupamento para os alunos com NEE, assim como referida como muito urgente a necessidade de um psicólogo para apoio ao agrupamento.

• No contacto com o Agrupamento de Valadares, onde actualmente funcionam Unidades de Apoio Especializadas para a multideficiência (1ºciclo) e autismo (1ºciclo e 2/3º ciclo), verificamos as falhas nas infraestruturas de apoio (EB 2/3 de Valadares e EB1 de Lagos). A Escola de Lagos não possui casas de banho adaptadas a estas crianças, situação já referenciada à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e DREN, e a EB 2/3 de Valadares necessita de aumentar/adaptar o espaço da UEE (única no concelho). Foi referida a falta de espaço para um bom funcionamento do “centro de recursos” para a Intervenção Precoce na EB 2/3 (que aí está estabelecida e é a única em Gaia), situação que poderá ser resolvida com o apoio da Junta de Freguesia local.

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O número de crianças que frequentam as UIE existentes no agrupamento não permitem acolher mais alunos referenciados. Foi referida a falta de psicólogo, terapeuta da fala e assistente social.

• No que respeita ao Agrupamento de Soares dos Reis, o contacto permitiu-nos tomar conhecimento de falhas a nivel de equipamentos, materiais e estruturas nas escolas, na relação com elementos das equipas pluridisciplinares (médicos, psicólogos, etc) que ao abrigo da aplicação da CIF deveriam funcionar, do número elevado de crianças e da falta de pessoal docente e não docente especializado. Foi referido por parte de Encarregados de Educação a enorme dificuldade em encaminhar algumas crianças para instituições ou unidades especializadas assim como a falta de respostas para aqueles que já consideram ter completado a escolaridade obrigatória.

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IV. Considerações finais

De todos os dados recolhidos no tocante à problemática das crianças com NEEs, nos agrupamentos verticais de Vila Nova de Gaia, somos levados a considerar:

1. O número e as idades das crianças portadoras de multideficiência inscritas nos

Agrupamentos de Vila Nova de Gaia indicam claramente que o número de Unidades Especializadas existente neste concelho é insuficiente. Existem aqui 4 unidades no 1º ciclo, Cabo Mor (Dr. Costa Matos), Lavadores (Olival), Quinta da Chãs (Santa Marinha) e Lagos (Valadares), que deveriam ter em média 6 alunos. Está já prevista a criação da primeira unidade na EB 2/3 Teixeira Lopes (Dr. Costa Matos), que acolherá crianças com multideficiência dos 2º e 3º ciclos, neste mês de Junho já com a lotação completa (6 crianças) e na EB1 da Aldeia Nova (Avintes), para crianças do 1º ciclo.

2. As crianças com deficiência auditiva encontram-se, na sua maioria, concentradas nas duas escolas que possuiam Unidades de Apoio a Alunos Surdos (UAAS) de Vila Nova de Gaia: EB1/JI da Bandeira (Costa Matos) e EB 2/3 de Santa Marinha (há pelos menos mais três casos conhecidos da comissão, um no Agrupamento Vertical de S. Pedro de Pedroso, um no Agrupamento Vertical de Soares dos Reis e um outro numa escola do Agrupamento Vertical Costa Matos).

3. Pela informação recebida, as crianças com deficiência visual ter-se-ão deslocado, na sua

maioria, para a escola de referência do Porto – daí o seu reduzido número no concelho (recebemos da parte de uma docente cega um projecto que poderá ser aplicado em Vila Nova de Gaia e assim evitar a deslocação para estas crianças – em anexo).

4. Algumas das 12 crianças com espectro do autismo espalhadas pelos agrupamentos poderiam também, caso fosse a vontade dos seus pais e encarregados de educação, frequentar Unidades de Ensino Estruturado. Porém, apenas existem no concelho duas UEE para o 1º ciclo (Sofia de Mello Breyner e Valadares) e uma para os 2/3ºciclos também no agrupamento de Valadares, que já acolhem 22 crianças.

Situação dos alunos surdos de Vila Nova de Gaia

• Existem 32 crianças portadoras dos vários niveis de surdez inscritas nas escolas de Gaia, sendo que a maioria se encontra a frequentar as escolas que tinham Unidades de Apoio a Alunos Surdos neste concelho (EB1/JI da Bandeira – Agrupamento Dr. Costa Matos e EB 2/3 de Santa Marinha)

• Com a entrada em vigor do Decreto-Lei 3/2008, estes alunos teriam de frequentar a escola de referência prevista, no Agrupamento Vertical Eugénio de Andrade (Paranhos, Porto) tornando Gaia um concelho sem resposta a estas crianças

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• Pais e Encarregados de Educação manifestaram desde cedo a sua relutância na deslocação dos seus filhos e educandos para o concelho vizinho e optaram por manter os alunos em Vila Nova de Gaia, tendo estes ficado sem qualquer apoio de Língua Gestual Portuguesa, língua oficial e que deveria ser de acesso a qualquer aluno surdo para uma melhor formação académica

• Destes 32 alunos, 31 estão a ser apoiados por 6 docentes especializadas na área da surdez

• Existe uma proposta para formação de Unidade de apoio a alunos surdos oralistas pelo Agrupamento Vertical de Santa Marinha, entregue já na DREN

• Pais e Encarregados de Educação manifestaram ao longo do ano lectivo em curso o seu desagrado, nomeadamente junto do Sr. Secretário de Estado da Educação, Dr. Valter Lemos e por despacho deste foi colocada, em 19 de Março de 2009, na Escola EB 2/3 de Santa Marinha, uma interprete de LGP

• Desde então, o pessoal não docente que acompanha estas crianças é constituído apenas por um terapeuta da fala (para o JI e EB1) e uma intérprete de LGP (para o 2º e 3º ciclos), o que facilmente se percebe ser extremamente insuficiente

• Não existe em Vila Nova de Gaia qualquer escola secundária, actualmente, com recursos humanos disponíveis para que estes alunos prossigam no concelho a sua formação – no próximo ano lectivo de 2009/2010 poderão estar neste nível de ensino 6 crianças portadoras de surdez que na sua maioria não vêm na Escola Secundária Alexandre Herculano, no Porto, (escola de referência) o curso que pretendem seguir. Em Vila Nova de Gaia, a escola Secundária António Sérgio está disponível a acolher estas crianças (teve já experiência com estes alunos ao abrigo dos Despacho 7520/98), desde que os devidos recursos sejam para lá disponibilizados, sendo que aqui existe actualmente um grande leque de cursos profissionais que vão ao encontro dos anseios futuros destes alunos

• Há necessidade extrema de ser criada uma Unidade de Intervenção Precoce que assegure o desenvolvimento correcto, desde a sinalização da deficiência auditiva, a estas crianças, em Vila Nova de Gaia

• Mediante a situação que viveram na 1ª pessoa ao longo do ano lectivo 2008/2009, Pais e Encarregados de Educação elaboraram uma proposta para a criação de uma Escola de Referência para Alunos Surdos em Vila Nova de Gaia, que integre os níveis de ensino básico e secundário (estão dispostos a esta proposta os agrupamentos de Santa Marinha, Costa Matos e Escola Secundária António Sérgio) e reuna todas as condições para um sucesso educativo destas crianças, neste concelho. A ideia da criação neste concelho de uma Unidade onde a LGP possa ser ministrada como 2ª língua e não de uma Escola De Referência é também do agrado dos pais, que se manisfestaram satisfeitos com essa situação pois assim podem, com mais consciência e responsabilidade, optar pelo melhor percurso para os seus filhos

• Existe o temor profundo junto dos pais e encarregados de educação dos alunos surdos, assim como das escolas que estes frequentam, sobre a possibilidade de não se manter o transporte para que estas crianças, oriundas de diversas freguesias de Vila Nova de Gaia, possam continuar a frequentar as escolas EB1 da Bandeira e EB 2/3 de Santa Marinha. Mesmo que se tratem de crianças portadoras de surdez leve ou moderada, estão os pais conscientes de que o convívio com surdos é benéfico para o desenvolvimento dos seus filhos; nestas escolas as crianças obtêm apoio de professores especializados na área da surdez; a transferência destes alunos para a escola da área de residência não será, de todo, a melhor solução para o seu

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desenvolvimento; se é permitido aos pais a escolha quanto à escola que os seus filhos devem frequentar, não sentimos ser correcto que essa opção possa ser colocada, aos pais dos alunos surdos, entre a escola de referência, com todos os apoios, transporte e alimentação e as escolas que as crianças sempre frequentaram, sem qualquer tipo de apoio de LGP, sem transporte e, quem sabe, sem alimentação. Perante esta situação, muitos dos pais optarão pela transferência para a escola da área de residência, o que trará consequências nefastas ao desenvolvimento destes alunos. O parecer da Dra Paula Duarte do Gabinete Jurídico da FEDAPAGAIA, em anexo.

Situação dos alunos com multideficiência de Vila Nova de Gaia

• Frequentam os 13 agrupamentos, 58 crianças portadoras de multideficiência • Existem em Vila Nova de Gaia 4 Unidades Especializadas no 1º ciclo para estas crianças –

Agrupamento Vertical de Valadares (EB1 de Lagos), Agrupamento Vertical de Santa Marinha (EB1 Quinta da Chãs), Agrupamento Vertical do Olival (EB1 Lavadores) e Agrupamento Vertical Dr. Costa Matos (EB 1 Cabo Mor). No próximo ano esperamos que a EB1 da Aldeia Nova tenha já sido alvo de reestruturação física para poder dar início ao projecto a que se propõe, de criação de uma nova unidade

• As unidades devem acolher o número máximo de 6 crianças pelo que o ideal seria que se abrissem mais 3 UAEs no concelho, incluindo obrigatoriamente os 2º e 3º ciclos (proposta já aceite pela DREN para a EB 2/3 Teixeira Lopes) e que reunam todas as condições exigiveis por lei para o acompanhamento correcto e digno destas crianças

Situação dos alunos autistas de Vila Nova de Gaia

• Frequentam os 13 agrupamentos, 34 crianças com espectro do autismo (e Síndrome de Asperger)

• Existem em Vila Nova de Gaia apenas três UEE de Apoio à Educação de jovens com esta perturbação – agrupamento vertical de Valadares: EB 1 de Lagos e EB 2/3 de Valadares e agrupamento vertical de Sofia de Mello Breyner, EB1 de Matosinhos

• As unidades deverão acolher o número máximo de 6 crianças, sendo ideal a abertura de mais UAEs no concelho, distribuídas pelos diversos ciclos, que funcionem simultaneamente como centros de recursos para as crianças com sucesso de inclusão

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V. Conclusões / Propostas

Da ampla recolha de informação e debate desta temática na comunidade educativa de Gaia somos a concluir:

1. Muita necessidade de divulgação! A informação é ainda insuficiente quanto ao novo Decreto-Lei 3/2008, o que traz problemas logo na fase de referenciação e escolha da escola mais adaptada à criança, sendo ainda muitos pais desconhecedores dos seus direitos

2. Referenciação/avaliação não generalizada de todas as crianças com “características ilegiveis” 3. Faltas significativas ao nível do pessoal docente especializado 4. Faltas muito significativas ao nível do pessoal não docente (psicólogos, terapeutas,

intérpretes e formadores de LGP, técnicos de serviço social, auxiliares de acção educativa (de preferência com formação))

5. Faltas muito significativas ao nível dos recursos materiais referenciais, que vão desde o mobiliário ao material didáctico, informático e de desgaste (dependentes das características, capacidades e necessidades das crianças)

6. Faltas muito significativas ao niveis das estruturas nas escolas de acordo com as necessidades e características das crianças (casas de banho adaptadas, bancadas de muda de fraldas, materiais adaptados para a alimentação, ...)

7. Unidades de Apoio Especializadas para apoio à educação de crianças e jovens com multideficiência em número insuficiente para a população inscrita nas escolas do concelho

8. Unidades de Ensino Estruturado à educação de crianças e jovens com pertubações do espectro do autismo em número insuficiente para a população inscrita nas escolas do concelho, de preferência com actividades extra-curriculares vocacionadas para estas crianças

9. Inexistência de Escola de Referência para o ensino de crianças surdas, onde estes alunos possam usufruir do ensino da Língua Gestual Portuguesa e onde esta possa ser ensinada como 1ª ou como 2ª língua, assim como a não existência de uma equipa pluridisciplinar que promova a intervenção precoce nesta área e o acompanhamento aos pais

10. Inexistência de qualquer unidade de apoio com técnicos especializados para alunos cegos ou com baixa visão

11. Necessidade de generalizar as actividades proporcionadas pela Gaianima, como a hipoterapia, de interesse máximo para crianças com multideficiência e autismo, a todas as crianças com NEEs que com elas possam beneficiar

12. Necessidade de terapeutas da fala em número suficiente para as diversas escolas que possam requerer estes técnicos com vista a apoiar devidamente os seus alunos que deles necessitam

13. Reforçar criar centros de Intervenção precoce e colaboração de todos os participantes nas equipas pluridisciplinares – protocolos com Hospital Central de Vila Nova de Gaia, Instituições particulares de Saude e Centros de Saúde do Concelho

14. Supervisão/monotorização de todo o processo educativo destas crianças por entidades independentes

15. Necessidade de manter os educadores de infância, os auxiliares e tarefeiros junto das crianças com NEEs nos JI, de forma a haver continuidade da adaptação e trabalho de desenvolvimento com aqueles que iniciam a inclusão

16. Torna-se necessária uma mais rápida resposta por parte da DREN para os projectos para criação de unidades de apoio às crianças com NEEs para uma melhor execução e realização dos mesmos

17. Necessidade de criar e divulgar “centros de apoio e acolhimento” para os alunos que tenham terminado a escolaridade obrigatória ou para os casos apreciados como“excepcionais”

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Relatório Comissão NEE Fedapagaia – Julho 2009 13

VI. Anexos

Anexo 1

Quadro Resumo de Conclusões

Áreas de

INTERVENÇÃO Medidas/locais Observações

INTERVENÇÃO

PRECOCE

Apoiar centro de recursos existente para a Intervenção precoce

• Agr. Valadares (EB 2/3) Possibilidade de criar novas unidades de IP

• Alunos surdos • Outras NEEs

- Necessidade de melhores e maiores instalações - Descentralização

JI 1ºCICLO 2ºCICLO 3ºCICLO

Criar UIE nos agrupamentos proponentes:

• Multideficiência 1º ciclo (Avintes) • Multideficiência 2/3º ciclo (Dr. Costa

Matos, Pedroso) Criar UEE Autismo ( local a designar) Criar ER surdos, desde JI ao Secundário (Sta. Marinha )

Número crianças/unidades insuficiente Não existente

PÓS ENSINO OBRIGATÓRIO

Responder caso a caso às solicitações dos pais/EE Saídas para instituições de enquadramento Novas instituições de apoio

Colaboração de entidades como CPCJ, Centros de Saúde e Centros de Recursos para uma boa apreciação

RECURSOS HUMANOS

Falta generalizada de docentes, técnicos e pessoal de apoio especializados Falta de equipas multidisciplinares (para referenciação/avaliação)

RECURSOS MATERIAIS

Falta generalizada de equipamentos, adaptação de infraestruturas, ...

• Casas de banho adaptadas (em várias escolas), salas de apoio, etc

• Rampas e outras acessibilidades • Material didáctico e de desgaste

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Relatório Comissão NEE Fedapagaia – Julho 2009 14

Anexo 2

Tabela de caracterização da população estudantil com NEEs, que frequenta os

Agrupamentos Verticais de Vila Nova de Gaia

Observações:

o Alguns destes dados carecem de confirmação e actualização. o Este levantamento engloba alunos dos Jardins de Infância, escolas básicas do 1º, 2º e 3º ciclos

de escolaridade, pertencentes apenas aos Agrupamentos Verticais de Vila Nova de Gaia. o Não foi feito ainda um estudo quanto aos alunos com NEEs que frequentam as Escolas

Secundárias com 3º ciclo neste concelho.

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Relatório Comissão NEE Fedapagaia – Julho 2009 15

Anexo 3

Mapa de Unidades de Apoio Especializadas existentes e proponentes

Unidades Especializadas para Alunos com Multideficiência e Surdocegueira Congénita já existentes (EB1 Cabo Mor e EB1 da Quinta das Chãs, em Santa Marinha, EB1 Igreja de Lavadores, em Olival, EB1 de Lagos, em Valadares) Unidades de Ensino Estruturado para Alunos com Perturbações do Espectro do Autismo já existentes (EB1 de Lagos e EB 2/3 de Valadares, em Valadares, e EB1 de Matosinhos, em Arcozelo) Agrupamentos dispostos a criar Unidades Especializadas para Alunos com Multideficiência e Surdocegueira Congénita (EB1 Aldeia Nova, em Avintes (já aprovado), EB 2/3 Padre António Luis Moreira, em Pedroso, EB 2/3 Teixeira Lopes, em Santa Marinha (já aprovado), EB 2/3 de Santa Marinha, em Santa Marinha) Agrupamentos dispostos a criar Escola de Referência para Alunos Surdos – Agrps. Santa Marinha e Dr. Costa Matos

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Relatório Comissão NEE Fedapagaia – Julho 2009 16

Anexo 4

Transportes das crianças surdas