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ção de Orígenes e de como ele se envolvia com suas histórias. Nesse somatório de encontros, fizemos para as crianças esse “convite à escrita”, para que cresçam e se descubram em suas histórias. Que tenham prazer em escrever e compartilhar suas idéias e seus registros. O NOVO PROJETO: “ENTRANDO NO CLIMANão demoramos para apresentar ao grupo um novo estudo. Afinal, eles já iniciaram o semestre com a maior expectativa sobre a Fei- ra Moderna. Falamos sobre a escolha de um projeto vol- tado para um tempo menos subjetivo, diferente do que havíamos estudado no primeiro semes- tre. Escolhemos o estudo do clima, que pode ser observado, sentido, registrado, medido... As crianças ficaram animadas e começaram a pesquisar, em casa, notícias sobre aconteci- mentos climáticos. Assim, em nosso mural, apareceram grandes chuvas, tempestades, enchentes, a seca no Nordeste, furacões, tor- nados, geadas, previsões do tempo, climas diferentes nos hemisférios, degelo, aquecimen- to dos oceanos... Daí partiram com as muitas perguntas que surgiram a respeito de cada fenômeno meteorológico apresentado. Outras questões também apareceram en- quanto tentavam definir clima... “Qual a diferença entre tempo e clima? Essas palavras são usadas como sinônimos, mas será que têm realmente o mesmo signifi- cado?” As crianças falaram, ainda, que para apren- dermos sobre o clima, precisaríamos estudar astronomia para conhecermos melhor o univer- so e o nosso planeta. Para aprendermos sobre os movimentos da Terra no sistema solar, so- bre a localização do sol... E, assim, fomos pla- nejando nossas pesquisas, estudos, tarefas e PROJETO PARA INICIAR A CONVERSA... Foi bom reencontrar o grupo. Voltaram das férias nitidamente mais crescidos e mais ama- durecidos para o novo semestre. Estavam cal- mos e com uma boa escuta, mais parceiros e muito disponíveis para o trabalho. Nas primeiras semanas, finalizamos o painel sobre os acontecimentos que marcaram épo- cas, escolhidos a partir da memória de suas famílias, iniciado no final do semestre anterior. Voltamos, também, nossa atenção para a confecção de um pequeno livro inspirado no texto de Roseana Murray, em seu livro “Retratos”. Foi um desafio e tanto! Cada um, com poucas palavras, deixou a marca do seu jeito de escrever, procurando encontrar a poesia na história de cada família inventada. As crianças cuidaram de suas produções, foram parceiras e ficaram muito satisfeitas com o resultado. As leituras que realizamos no início do se- mestre contribuíram muito para esse processo. Lemos, nesse tempo, trechos do livro “Para ler em Silêncio”, de Bartolomeu Campos de Queirós, que lindamente nos conta sobre suas sensações e intenções no ato de escrever e a importância de cada palavra escolhida para ser escrita. Sobre a palavra também lemos o texto “Palavras”, de Adriana Falcão, e seu livro “Mania de Explicação”, que promoveram outros tantos momentos de conversas e encantamen- to sobre as possibilidades e a força que as pa- lavras têm. A visita da esposa do Orígenes Lessa, Maria Eduarda, também enriqueceu esse aprendiza- do das crianças em se “tornarem escritores”. Ela nos trouxe um pouco do processo de cria- Relatório do Segundo Semestre / 2009 F4T Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232 www.sapereira.com.br - [email protected] TURMA: ALICE C, ALICE G, ANDRE, ANTONIA, BEATRIZ, DAVI, DORA, EDUARDA, FERNANDO, FRANCISCO, GIOVANNA, HELENA L, HELENA T, JOÃO, JOSÉ, JULIANA, LUIZA, MIGUEL, PEDRO A, PEDRO W, PEDRO X, RAFAEL, TÉO, THEO, TOMAS ADULTOS NO TURNO DA TARDE Professores e Auxiliares nas Turmas: F1T: Julia e Mariana F2TA: Flávia F2TB: Mariana Hue F3T: Marcelo F4T: Rita F5T: Andréa N Música: João e Manoela Expressão Corporal: Aninha Teatro: Helena Educação Física: Renata Artes Visuais: Moema Coral: Fernando, Raimundo e Rosangela Inglês: Rosangela Coordenação Pedagógica: Jade e Andrea N Auxiliar do Turno: Vivianne Orientação e Tribo: Cecilia Editoração: Viviane Direção: Tetê, Cecilia, Anselmo Secretaria: Sandra Auxiliares Pedro, José, Nívia, Lilian, Eduardo e Mário

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Page 1: Relatório do Segundo Semestre / 2009 F4T fileQueirós, que lindamente nos conta sobre suas sensações e intenções no ato de escrever e a importância de cada palavra escolhida

ção de Orígenes e de como ele se envolvia com suas histórias. Nesse somatório de encontros, fizemos para

as crianças esse “convite à escrita”, para que cresçam e se descubram em suas histórias. Que tenham prazer em escrever e compartilhar suas idéias e seus registros.

O NOVO PROJETO: “ENTRANDO NO CLIMA” Não demoramos para apresentar ao grupo

um novo estudo. Afinal, eles já iniciaram o semestre com a maior expectativa sobre a Fei-ra Moderna. Falamos sobre a escolha de um projeto vol-

tado para um tempo menos subjetivo, diferente do que havíamos estudado no primeiro semes-tre. Escolhemos o estudo do clima, que pode ser observado, sentido, registrado, medido... As crianças ficaram animadas e começaram

a pesquisar, em casa, notícias sobre aconteci-mentos climáticos. Assim, em nosso mural, apareceram grandes chuvas, tempestades, enchentes, a seca no Nordeste, furacões, tor-nados, geadas, previsões do tempo, climas diferentes nos hemisférios, degelo, aquecimen-to dos oceanos... Daí partiram com as muitas perguntas que surgiram a respeito de cada fenômeno meteorológico apresentado. Outras questões também apareceram en-

quanto tentavam definir clima... “Qual a diferença entre tempo e clima? Essas palavras são usadas como sinônimos,

mas será que têm realmente o mesmo signifi-cado?” As crianças falaram, ainda, que para apren-

dermos sobre o clima, precisaríamos estudar astronomia para conhecermos melhor o univer-so e o nosso planeta. Para aprendermos sobre os movimentos da Terra no sistema solar, so-bre a localização do sol... E, assim, fomos pla-nejando nossas pesquisas, estudos, tarefas e

PROJETO

PARA INICIAR A CONVERSA... Foi bom reencontrar o grupo. Voltaram das

férias nitidamente mais crescidos e mais ama-durecidos para o novo semestre. Estavam cal-mos e com uma boa escuta, mais parceiros e muito disponíveis para o trabalho. Nas primeiras semanas, finalizamos o painel

sobre os acontecimentos que marcaram épo-cas, escolhidos a partir da memória de suas famílias, iniciado no final do semestre anterior. Voltamos, também, nossa atenção para a

confecção de um pequeno livro inspirado no texto de Roseana Murray, em seu livro “Retratos”. Foi um desafio e tanto! Cada um, com poucas palavras, deixou a

marca do seu jeito de escrever, procurando encontrar a poesia na história de cada família inventada. As crianças cuidaram de suas produções,

foram parceiras e ficaram muito satisfeitas com o resultado. As leituras que realizamos no início do se-

mestre contribuíram muito para esse processo. Lemos, nesse tempo, trechos do livro “Para

ler em Silêncio”, de Bartolomeu Campos de Queirós, que lindamente nos conta sobre suas sensações e intenções no ato de escrever e a importância de cada palavra escolhida para ser escrita. Sobre a palavra também lemos o texto

“Palavras”, de Adriana Falcão, e seu livro “Mania de Explicação”, que promoveram outros tantos momentos de conversas e encantamen-to sobre as possibilidades e a força que as pa-lavras têm. A visita da esposa do Orígenes Lessa, Maria

Eduarda, também enriqueceu esse aprendiza-do das crianças em se “tornarem escritores”. Ela nos trouxe um pouco do processo de cria-

Relatório do Segundo Semestre / 2009

F4T

Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232

www.sapereira.com.br - [email protected]

TURMA: ALICE C, ALICE G, ANDRE, ANTONIA,

BEATRIZ, DAVI, DORA, EDUARDA, FERNANDO, FRANCISCO, GIOVANNA,

HELENA L, HELENA T, JOÃO, JOSÉ, JULIANA, LUIZA, MIGUEL, PEDRO A,

PEDRO W, PEDRO X, RAFAEL, TÉO, THEO, TOMAS

ADULTOS NO TURNO DA TARDE

Professores e Auxiliares nas Turmas:

F1T: Julia e Mariana F2TA: Flávia

F2TB: Mariana Hue F3T: Marcelo

F4T: Rita F5T: Andréa N

Música: João e Manoela Expressão Corporal: Aninha

Teatro: Helena Educação Física: Renata

Artes Visuais: Moema Coral: Fernando, Raimundo e Rosangela

Inglês: Rosangela Coordenação Pedagógica: Jade e Andrea N

Auxiliar do Turno: Vivianne Orientação e Tribo: Cecilia

Editoração: Viviane

Direção: Tetê, Cecilia, Anselmo

Secretaria: Sandra

Auxiliares

Pedro, José, Nívia, Lilian, Eduardo e Mário

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dias de muito trabalho. O resultado de tanto estudo e empenho foi visto por todos na Feira. Tínhamos uma equipe de pequenos exposito-res organizados e afinados, conhecedores dos assuntos e disponíveis para ensinar, demons-trar e explicar o que aprenderam. Foi muito bacana! Tínhamos, também, como projeto de literatu-

ra, trazer Shakespeare para as crianças. Inicia-mos essa apresentação através de “A Tempes-tade”, adaptação de Rui de Oliveira, que tam-bém nos contava um pouco da vida do autor e contextualizava o teatro de sua época. Encantados pela ilustração e pela temática

da história, as crianças partiram para o desafio de ler o texto original traduzido, no livro que ganharam de presente da escola. Entre tantas palavras difíceis, construções de

frase complexas, os pequenos não desistiram, queriam mais. Então, puderam apreciar outras obras do escritor através de filmes e de leituras de trechos de textos adaptados. Em nossas tardes apreciaram “Romeu e Julieta”, “Hamelet”, “Othelo”, “Sonhos de uma noite de verão” e “Muito barulho por nada”. Esse projeto ganhou as parcerias das aulas

de Inglês e de Teatro, que muito contribuíram para que todos desfrutassem de agradáveis momentos na companhia desse inesquecível escritor. Para finalizar, as crianças destacaram situa-

passeios. E conforme estudavam, mais curiosos fica-

vam:

“Por que perto da Linha do Equador o clima é mais quente do que os outros lugares do plane-ta?” “Como se formam as nuvens e as chuvas?” “De onde vem a neve?” “Como se forma uma corrente de ar?” “Como acontecem as estações do ano?” “Por que o tempo muda de repente”? "Por que temos tantos climas diferentes num mesmo continente?" Não faltavam perguntas para serem respon-

didas. Pedimos, então, que os ventos sopras-sem a nosso favor, ajudando-nos a dar conta de tantos estudos. Começamos com as visitas ao Planetário e

ao Museu de Astronomia, que foram de grande importância para os nossos primeiros passos. Depois de entender a relação que se estabele-ce entre a Terra e o Sol, partimos para a ampli-ação do nosso estudo. As crianças pensaram juntas e levantaram

muitas hipóteses sobre o assunto. Estudaram, pesquisaram, fizeram observações e chegaram a muitas conclusões. Logo chegou o momento dos preparativos da

Feira. Nossos meninos e meninas vivenciaram

ções recorrentes na obra de Shakespeare co-mo duelo, traição, romance e tragédias para inspirar suas próprias histórias. Nossos meninos e meninas terminam o ano

deixando saudades e levam com eles a alegria de aprender em conjunto, do dividir, do trocar e multiplicar conhecimentos. Levam, também, a certeza do valor das boas amizades, e que a construção de vínculos verdadeiros de afeto se faz a partir da confiança, da sinceridade e do respeito. E como despedida os versos do poeta:

“Amar o perdido Deixa confundido Este coração. Nada pode o olvido Contra o sem sentido Apelo do não. As coisa tangíveis Tornam-se insensíveis À palma da mão. Mas as coisas findas, Muito mais que lindas, Essas ficarão.”

Carlos Drummond de Andrade

MATEMÁTICA Retornamos das férias continuando a discu-

tir, de forma mais sistemática, as relações entre as tabuadas. Perceber, por exemplo, que saber a tabuada de 3 pode ajudar no aprendizado da tabuada de 6 foi motivo de muitas conversas e tarefas. Na verdade, todas as dinâmicas realizadas

nas aulas, incluindo atividades em fichas ou cadernos e jogos, foram aproveitadas para ajudar nesse aprendizado, que também neces-sitou de uma boa parcela de estudo em casa. Não é por acaso que a técnica operatória da

divisão é a última a ser apresentada. De difícil apropriação, por ser a síntese de todas as ope-rações, a divisão é apresentada com um proce-dimento diferente do que os adultos estão a-costumados a ver e utilizar. As operações que nos ajudam a resolver as

divisões mais complexas, e que muitas vezes ficam apenas na cabeça, ganham destaque e passam a ser anotadas, numa caixa de ajuda, ao lado dos algoritmos. Esse é mais um estí-mulo para que as crianças mostrem como es-tão pensando para que possamos planejar in-tervenções adequadas e promover novas a-

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prendizagens. Para isso, foi importante valori-zar e cobrar a organização e a clareza dos re-gistros. A opção por esse jeito de dividir possibilita o

melhor entendimento do que estão fazendo, percebendo e registrando todas as etapas da operação. A técnica convencional de resolução da operação será apresentada no Quinto Ano. Continuamos resolvendo problemas, discu-

tindo as informações do enunciado, o que é relevante e o que não é. Os textos se tornaram mais complexos, fazendo com que as crianças precisassem estar ainda mais atentas para resolvê-los. Apareceram problemas cujas reso-luções necessitaram de mais de uma ou de duas operações diferentes, colocando em práti-ca os conhecimentos que já possuíam. Outro destaque, do finalzinho do semestre, é

a apresentação dos primeiros estudos das fra-ções que será continuado no Quinto Ano. Assim, chegamos ao final de mais um ano,

com um grupo que adora aprender Matemática nesse clima de descontração, de muito trabalho e estudos e tantas descobertas.

TRIBO Esta é uma turma de gente muito sabida,

competente e articulada. Gostam de uma boa conversa e sempre, nas Tribos, compartilham muitas experiências valiosas. Durante todo o ano foram bons parceiros e realizaram juntos muitas conquistas. Hoje, mais amigos do que nunca, estão prontos para seguir adiante. Sa-bem o que é preciso para uma produtiva e har-mônica convivência, se organizam espontanea-mente, se posicionam e reivindicam seus direi-tos de forma eficiente e respeitosa. Fechamos 2009 sabendo que, no próximo ano, esse grupo terá muito o que comemorar. No início do semestre foi inevitável o tema

"Gripe Suína". Tinham algumas informações, mas estavam preocupados com as recomenda-ções e os novos hábitos a adquirir. O consumo e o desperdício, tanto de copos descartáveis quanto de Álcool Gel e, ainda, os cuidados que deveriam ter em relação a atitudes individuais e coletivas, foram tratados nas Tribos e, aos pou-

Fechamos o assunto assistindo ao delicado filme “Dona Cristina perdeu a memória”, de Ana Luiza Azevedo. Com grande sensibilidade e muita poesia, a trama nos mostra o dia a dia de uma relação bastante especial entre um meni-no e uma senhora que vive em um asilo. Con-versamos muito sobre essa relação que nos parece tão distante, mas que pode ser tão pró-xima, cheia de afetos e afinidades. De certa forma, a experiência, a velhice, a memória e a diferença dos ritmos entre crianças, jovens e velhos, também foi tratada no primeiro semes-tre com a leitura de "Guilherme Augusto de Araújo Fernandes", de Mem Fox, e a encena-ção da F4T, assistida por todas as turmas e, ainda, no contato travado com o texto da Festa de Encerramento, "O Homem que Roubava Horas", de daniel Munduruku. Em um segundo momento, nos envolvemos

com “A Infância”, assunto bem conhecido de todos. Quando perguntados sobre o que é ser criança, vimos que todos pensavam ser uma etapa da vida em que brincam e se divertem muito, têm poucas obrigações, e quase não têm com o que se preocupar. Mas, quando questionados sobre a escola, logo mudam de discurso, parece "cair a ficha", como dizem. Aí falaram dos seus deveres de estudante, dos seus compromissos e responsabilidades. Tam-bém refletimos sobre as várias infâncias, o quanto a cultura, o ambiente e as oportunida-des fazem com que cada um de nós seja único e especial. Assistimos a vários filmes da série “Minha

Escola”, de Patrick Pounaud, TV Futura, e co-nhecemos um pouco de outras infâncias e reali-dades bem diferentes das de nossos alunos. O relaxamento sempre faz parte dos nossos

encontros e é um momento especial vivenciado pelo grupo com muito envolvimento e serieda-de. Nessa hora, todos buscam silenciar a voz, os movimentos, e se permitem uma pausa para imaginar diferentes histórias. Essa prática, aos poucos, amplia a percepção que têm de si mes-mos, os sensibiliza e os ajuda na busca do auto-controle. De olhos fechados, ouvindo as batidas e o ritmo do coração e os sons inespe-rados do ambiente fora da Tribo, desaceleram

cos, as crianças se adaptaram e nossas tardes voltaram a ser quase como antes. Em seguida, nos debruçamos sobre o Proje-

to “Dois Tempos de Vida: A Velhice e a Infân-cia". Vimos e ouvimos documentários, animações,

filmes e poesias. Muitas foram as conversas sobre os idosos em diferentes sociedades e contextos, sua importância, os preconceitos, as dificuldades, como se divertem e se relacionam afetivamente, quais cuidados necessitam e o que pode ser um projeto social que os acolha. Os capítulos oito e nove do filme "O Menino

Maluquinho” foram apreciados por todos e nos possibilitaram discutir sobre a morte, assunto muito delicado, que parece ser de gente gran-de, mas sobre o qual muito conhecem as nos-sas crianças. Não foram poucas as histórias que compartilharam sobre perdas recentes. Juntas, elaboraram um pouco mais essas do-res, falaram dos medos e anseios que muitas vezes os apavoram. Todos se apoiaram, se consolaram e se fortaleceram com essa vivên-cia.

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e percebem um outro tempo, o tempo presente, o tempo do agora. Finalizamos nossas Tribos relendo e quei-

mando nossos desejos de estudante, escritos em uma folha de papel, na primeira Tribo do ano. Durante essa prática simbólica, de mãos dadas e olhos bem fechados, tentamos acredi-tar que todos os nossos desejos serão realiza-dos e ainda aproveitamos a ocasião para nos desejar um ano novo cheio de novas alegrias.

INGLÊS Ufa! Trabalhamos muito durante todo este

ano! A turma do Quarto Ano demonstrou inte-resse, participando ativamente das atividades propostas, e contribuindo com ideias e livros, textos, jogos e imagens relacionadas ao projeto “Shakespeare, the playwriter”. Muita ênfase foi dada à elaboração e à leitu-

ra de textos contendo informações pessoais, verdadeiras ou sobre algum personagem. Ex-perimentamos várias formações diferentes para essas atividades. Fizemos textos em dupla, textos individuais, textos coletivos e até um que foi construído em parceria pelos dois grupos, manhã e tarde, sobre William Shakespeare, e que foi postado no blog das turmas. Durante essas atividades de escrita, algumas

questões surgiram, ora relacionadas ao voca-bulário, ora à gramática. O uso do dicionário de bolso e a descoberta do dicionário virtual "www.dictionary.com" enriqueceu os textos com pala-vras novas. As questões gramaticais foram esclarecidas

através da construção dos conceitos básicos da língua inglesa e de exercícios que serviram de suporte ao desenvolvimento e aperfeiçoamento do texto. As crianças aprenderam a reconhecer e a utilizar os pronomes pessoais relacionando-os ao verbo "To Be". Praticaram seu uso diver-sas frases na forma afirmativa, negativa e inter-rogativa. As crianças também praticaram a leitura de

textos em voz alta, testando a pronúncia com desembaraço. A oportunidade de ler o texto biográfico sobre Shakespeare, e do reconto de algumas de suas peças, os motivou, e até os mais tímidos estão se sentindo mais confiantes e seguros. O blog surgiu como espaço para o registro

do que trabalhamos nas aulas e como um por-tal de acesso a vídeos e sites através de links ligados aos temas do projeto. Apesar de ter sido muito bem aceito, as crianças precisam de um tempo maior para se apropriar desa ferra-

menta e usá-la com criatividade e autonomia. Os objetivos traçados no início do semestre

foram todos atingidos, reforçando a parceria e o vínculo que se estabeleceu entre as crianças e a professora.

MÚSICA Voltamos das férias a todo vapor! Além de

relembrar “Canto do Povo de um Lugar”, come-çamos a trabalhar com a música “Lua de São Jorge”, também de Caetano Veloso, escolhida em função do estudo de Projeto, relacionado à nova capa da agenda. Esta música nova foi ouvida e cantada e, aos poucos, fomos traba-lhando sua melodia na flauta doce. Nas aulas de Projeto as crianças produziram outras ver-sões da sua letra e algumas foram escolhidas para serem cantadas junto com a letra original. Em paralelo, começamos a investir no traba-

lho com O Passo. As crianças receberam a folha inicial do método e foram progredindo conforme seu estudo e investimento pessoal. O Passo foi utilizado nas aulas quando tocamos percussão, para ajudar no canto, na compreen-são e na resolução de questões rítmicas na

execução da flauta doce. Os progressos, sobre-tudo na percussão, foram muito empolgantes e serviram de grande estímulo para as crianças. No trabalho com percussão, além de realizar uma adaptação dos ritmos ouvidos em “Lua de São Jorge”, a turma ainda aprendeu a tocar um pouco de ciranda. Os momentos de estudo da metodologia d’ O Passo durante as aulas servi-ram, também, para criar e reforçar vínculos de companheirismo e incentivar o trabalho em conjunto. Terminamos o semestre nos preparando

para reapresentar, na Festa de Encerramento, o arranjo de “Canto do Povo de um Lugar”, mais consolidado e fluente para as crianças. Neste segundo semestre a turma manteve

sua postura muito interessada e disponível, valorizando e curtindo sempre o desenvolvi-mento de sua produção musical. Ao longo desse trabalho de dois anos nas

aulas de Música, que teve como fio condutor o estudo da flauta doce soprano, muitas conquis-tas foram feitas pelas crianças. O desenvolvi-mento de uma escuta musical mais aprimorada, de uma maior autonomia na execução musical e as noções de leitura da partitura trabalhadas permitem, aos que o desejarem, procurar um aprofundamento e desenvolvimento maior de suas habilidades musicais.

CORAL Em nossos encontros semanais buscamos

sensibilizar as crianças para o despertar e o desenvolver de sua musicalidade, assim como o espírito de colaboração e companheirismo, buscando, sempre, o melhor resultado do con-junto; um resultado que seja ao mesmo tempo de todos e de cada um. Ao invés de trabalharmos um extenso núme-

ro de músicas, cantando-as a uma só voz, op-tamos por trabalhar um repertório mais reduzi-do, com arranjos mais elaborados, a duas ou mais vozes, que coloquem maiores desafios. Certamente procuramos fazer com que as mú-sicas introduzidas no repertório tenham uma boa aceitação e despertem entusiamo já nos

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primeiros ensaios. Com essa abordagem quali-tativa, as questões musicais podem ser mais aprofundadas em seus diversos aspectos como a polifonia, a dinâmica, a percussão corporal, a agógica. Procuramos buscar o entendimento de que

um Coral, apesar de necessitar de concentra-ção e cuidado, pode ser uma atividade extre-mamente prazerosa e divertida. Valorizamos o silêncio, não só como imprescindível para a atividade, mas também como parte dela! Sem silêncio não se escuta. E sem uma boa escuta não se faz música! Outro critério importante na definição do re-

pertório do coral é a coerência com o Projeto Institucional. "O Tempo", com certeza, atraves-sou todo o trabalho, não somente nas canções escolhidas, mas também como uma referência importante de reflexão e aquisição de sentido, já que a música e suas divisões rítmicas trans-correm no tempo. Assim, diversas noções associadas ao Tem-

po foram discutidas, como a necessidade das repetições, para que se possa alcançar um melhor resultado e a lembrança de etapas ante-riores da construção do trabalho. Uma conver-sa avaliativa na qual se procura relacionar fatos distanciados no tempo, acaba ampliando o significado do processo e de seus cortes tem-porais. Desta maneira, terminamos mais um ano

cantando um repertório razoavelmente comple-xo, polifônico, a até 3 vozes ou mais, se consi-derarmos as vozes adicionais nas intervenções da platéia durante as apresentações, além da percussão vocal e corporal. Depois da apresentação na Mostra de Artes,

as crianças tiveram a oportunidade de se apre-sentar ao ar livre, durante o encontro do Spanti-nha, na Lagoa, além de terem se apresentado internamente para as crianças menores, cum-prindo o papel de "formadores de platéia". Uma menção especial deve ser dada ao

Quarto Ano pela competência na superação de novos desafios, e ao Quinto Ano que, com sua maior experiência, pôde demonstrar um sentido de cooperação e união; e que todos sigam seus caminhos com alegria, companheirismo e muita música!

TEATRO O Clima foi a linha condutora do trabalho no

segundo semestre. Logo na primeira aula ouvi-

mos a música “Ladeira da Memória”, de Zé Carlos Ribeiro, interpretada pelo Grupo Rumo, que conta como uma chuva repentina pode mudar a trajetória rotineira das pessoas. A letra serviu como motivação para criarem uma cena em grupo. Vimos vídeos de Telejornais com a previsão do tempo, que também serviram como material para a criação do nosso “Jornal do Tempo”. Assim, começamos a estudar as varia-ções climáticas, como nosso corpo se comporta no frio e no calor; quais são as mudanças de atitude, de sentimento, de comportamento que variam conforme o clima. Através de alguns exercícios teatrais, fomos experimentando es-sas diferenças em nosso corpo, voz, expres-são. Em seguida, entramos em contato com as

catástrofes climáticas. Assistimos diversos ví-deos sobre as forças da natureza e como elas podem ser criadoras e destruidoras. Os terre-motos, enchentes, vendavais, vulcões, avalan-ches, foram os temas das nossas encenações. Decidimos, então, trabalhar com peças que

falassem desses fenômenos da natureza. As professoras de Projeto se dispuseram a ler, com as turmas, A Tempestade, de William Sha-kespeare. Assim, nas aulas de Teatro, começa-mos um estudo sobre Shakespeare e o Teatro Elizabethano. Aprendemos que no século XVI as peças eram encenadas apenas por homens, que faziam tanto os papeis masculinos como os femininos, e que a companhia teatral de Sha-kespeare atuava no Teatro do Globo, construí-do em 1594 às margens do rio Tâmisa. Assisti-mos a trechos do filme "Shakespeare Apaixo-

nado" e assim as crianças puderam ter uma ideia mais clara do contexto histórico, cultural e estético no qual o dramaturgo escrevia suas peças, tão reconhecidas e encenadas até hoje. O interesse das crianças pelos textos e a

vida de Shakespeare foi tão grande que decidi-mos não só trabalhar com "A Tempestade", mas estudar, a cada aula, pequenos trechos de três peças do autor. Começando com "Sonhos de Uma Noite de Verão", as crianças leram e encenaram uma cena desta comédia. Em se-guida, passando para a tragédia, ao invés de ler um texto, assistimos à cena final do filme "Romeu e Julieta". Por fim, chegamos a "A Tempestade". Lemos as duas primeiras cenas da peça e, depois, as turmas se reuniram em três grupos que as trabalharam apresentaram em sala de aula. Foi visível o crescimento da turma ao longo

do semestre. O contato com um texto escrito trouxe mais seriedade ao trabalho. Primeira-mente ficaram amedrontados, tentando decorar as cenas e sem se sentir muito à vontade para experimentar. Aos poucos foram se soltando e percebendo que texto, filme, ou qualquer outro material que usássemos, podiam e deveriam servir como fonte de inspiração. O resultado foi muito positivo e, no fim, estavam compondo personagens e até mesmo criando cenários.

EXPRESSÃO CORPORAL A turma aproveitou bastante todas as ativida-

des realizadas durante o semestre. Começamos as aulas fazendo aquecimentos

que favoreceram a organização e a conscienti-zação da estrutura corporal. Retomamos o es-quema corporal e as funções de cada parte do corpo: os órgãos, tecidos (ósseo, envoltório, muscular), as articulações, cabeça, tronco e membros. Abordamos o controle motor e as possibilidades estéticas do movimento produzi-das pelas diferentes qualidades que transfor-mam a ação dependendo da intenção e da força empregada. Inspirados na imagem da Lua, utilizada para

ilustrar a capa da agenda do segundo semes-tre, falamos sobre gravidade e a variação de peso e realizamos exercícios de sustentação e de equilíbrio. Rolamentos e pirâmides, além de outras manobras, como o colchão humano e suas variações, foram alguns dos movimentos

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propostos. Em duplas, coletivamente, com uma só pessoa movendo, ou todo um grupo em rolamento, as crianças foram percebendo e se conscientizando sobre o peso do corpo. E, no decorrer da brincadeira, foram todos dando conta da necessidade de realizar movimentos cuidadosos para conseguir rolar sobre os cor-pos dos outros, provocando uma pressão su-portável para os amigos. Fizemos um pequeno estudo sobre a história

da dança. Abordamos suas manifestações co-letivas de exaltação e louvor à natureza, con-textualizando a dança primitiva. Vimos um ví-deo, no Youtube, que apresentava o percurso da dança moderna à contemporânea. Fomos, então, fazendo um paralelo com nossa prática, percebendo os elementos que apareceram na dança dos bailarinos e das companhias apreci-adas. Pina Baush e Mercê Cunnigham foram os mais apreciados e fizemos vários exercícios inspirados no que vimos sobre suas técnicas e propostas. Trouxemos, também, alguns nomes da cena brasileira para novas apreciações e realizamos atividades inspiradas no que foi visto: exercícios de improviso, composições coletivas, cruzamentos diagonais, deslocamen-tos lúdicos, encaixe e expressão estática e dinâmica do corpo. No final do semestre entramos no processo

de composição e criação da coreografia da canção "Paciência", de Lenine, que exigiu um esforço de atenção e sincronia, contando com a colaboração e participação de todos!

ARTES Inauguramos o semestre apreciando a capa

da agenda, retirada do filme "Viagem à Lua", de Georges Méliès, produzido no início do século XX. Em seguida, assistimos ao flime e conver-samos sobre algumas especificidades da lin-guagem, quando ainda eram disponíveis pou-cos recursos técnicos. Destacamos as caracte-rísticas do cenário e da encenação ainda muito parecidos com os utilizados nos espetáculos teatrais, as técnicas de animação utilizadas, a atuação exagerada para dar conta da ausência do som. Conversamos sobre planos, chegando a observar que a produção é quase toda em

plano aberto. Em seguida selecionamos os momentos mais significativos do roteiro - o pla-nejamento da viagem, a construção, a decola-gem, a chegada, o contato com os extra-terrestres, a fuga, o retorno, a recepção. Tenta-mos, a partir daí, relacionar os conceitos traba-lhados no estudo sobre planos com a lingua-gem de quadrinhos, incorporando outros co-nhecimentos como a utilização dos balões para diálogos, diagramação das páginas etc. Propu-semos, então, a montagem de uma história em quadrinhos que tivesse como tema uma viagem espacial. O trabalho foi feito em pequenos gru-pos, passando por muitas etapas. Cada um dos componentes exerceu e exercitou diferentes funções nas atividades de criação, planejamen-to e execução. Dedicamos muitas aulas a esse trabalho. O resultado foi surpreendente e ainda temos esperança de conseguir editar uma cole-tânea com a produção de todas as turmas. Nos breves intervalos entre um trabalho e

outro, ou nos momentos em que uma ou outra crianças se sentia mais ociosa, foram estimula-

das a desenhar e pintar livremente, utilizando diferentes técnicas como a pintura a dedo, o lápis de cor, hidrocores ou outros materiais disponíveis em sala, dando-lhes a oportunidade de uma expressão individual, já que as propos-tas de organização do semestre foram sempre coletivas. Esse modo de organização favoreceu um

clima cooperativo, de bastante escuta e compa-nherismo, no qual todas as crianças puderam desenvolver habilidades estéticas de leitura, crítica e expressão.

EDUCAÇÃO FÍSICA Após um longo recesso, retornamos aos

jogos e brincadeiras do Pereirão com alegria e entusiasmo. O tempo parecia sempre pouco para tanta energia. Os jogos já conhecidos como futebol, hande-

bol, basquete, queimado e pique-bandeira con-tinuaram divertindo a garotada. E, com o tem-po, pudemos perceber o quanto as crianças melhoraram seu deslocamento no espaço e suas habilidades, realizando, com maior destre-za, ações como correr e parar, mudar de dire-ção, girar, saltar, arremessar. Como os grupos vêm se esforçando para

realizar o trabalho coletivo, nos “Pereirões Li-vres”, com liberdade, as crianças puderam es-colher suas brincadeiras favoritas, se organiza-ram em pequenos grupos, demonstrando auto-nomia e todos puderam se divertir no mesmo espaço, simultaneamente O grupo é bastante habilidoso e, durante o

semestre, pôde por em prática tudo o que já conhecem. Como gostam muito de jogar, é comum termos uma lista de nomes aguardando convocação para completar os times. Também são habilidosos e claros em suas argumenta-ções quando não compreendem ou não concor-dam com algum lance marcado.