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Relatório
Leitura técnica para PDDU
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
de Vera Cruz - PDDU
CONTRATO SEDUR-BA
Nº 002/2014
OBJETO
Contratação de serviços especializados de consultoria para
a realização de estudos urbanísticos e a elaboração, com
participação social, dos instrumentos de política urbana,
essenciais e estratégicos relacionados ao desenvolvimento
socioeconômico da macroárea de influência da Ponte Salvador
– Itaparica/SVO.
PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social
Salvador-BA
Julho 2015
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PREFEITURA MUNICIPAL DE VERA CRUZ
Prefeito
Antônio Magno
DEMACAMP
Eleusina Lavôr Holanda de Freitas coordenadora
Paola Paes Manso coordenadora da Mobilização Social
Maria Célia Caiado urbanista sênior
Sylvio Fleming Batalha da Silveira antropólogo
Fernanda Serralha consultora em Finanças Públicas
José Marcos Cunha consultor em Demografia
Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia
Késia Anastácio consultor em Demografia
Antonio Gonçalves Pires consultor em Meio Ambiente
Branca Perocco arquiteta e urbanista
Monica Mitie Kanematsu Wolf arquiteta e urbanista
Gabriella Rizzo arquiteta e urbanista
Rafael Baldan estagiário
INSTITUTO PÓLIS
Margareth Matiko Uemura coordenadora geral
Nelson Saule Junior coordenador
Danielle Klintowicz urbanista sênior
Guadalupe M.J.A.Almeida - advogada senior - coordenadora juridica PUI
Raphael Bishof advogado sênior
Mariana Levy advogada sênior
Paulo Romeiro advogado sênior
Helio Wicher Neto advogado pleno
Flavio Ghilardi sociólogo
Carolina Rocha advogada
Leandro Morais consultor em Economia
Thiago Dallaverde economista pleno
Jorge Kayano coordenador de indicadores sociais
Marcel Fantin consultor em Meio Ambiente
Felipe Moreira Arquiteto pleno
Vitor Nishida Arquiteto pleno
OFICINA CONSULTORES
Antonio Luis Mourão Santana engenheiro sênior
Arlindo Fernandes engenheiro sênior
Marcos Bicalho arquiteto sênior / consultor em mobilidade urbana
Felício Sakamoto engenheiro sênior / consultor em mobilidade urbana
Fátima Matos arquiteta sênior
Marcelo Nakasaki arquiteto sênior
Esnel Minetti engenheiro sênior – coordenador de pesquisas
André Nóbrega supervisor de pesquisas
Paulo Hatada apoio de informática e processamento
Rafael Simonato técnico em transportes
Edilberto de Aguiar Junior desenhista
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Sumário Apresentação ............................................................................................................................ 3
Introdução ................................................................................................................................ 4
1. Crescimento populacional e do PIB acima da média regional e baixo dinamismo
econômico (baixos rendimentos e informalidade na economia e nas relações de trabalho) 4
2. Rico Patrimônio Ambiental Associado à Manutenção de Formas Tradicionais de
Subsistência e Elevado Grau de Antropização e Baixa Capacidade de Gestão Urbana ...... 9
3. Precariedade no acesso à infraestrutura e baixa densidade urbana ............................ 18
4. Predominância de uso ocasional na orla e adensamento dos assentamentos precários
pós Rodovia BA 001. ......................................................................................................... 28
5. Desfavoráveis condições de mobilidade e ineficiente sistema de transporte coletivo
dificultando os deslocamentos e reduzindo oportunidades aos moradores ........................ 32
6. Desarticulação física e funcional entre os núcleos urbanos e centralidades no
território municipal ............................................................................................................ 34
7. Distribuição espacial dos equipamentos sociais urbanos ........................................... 37
8. Déficit na produção de moradias e Precariedade habitacional ................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 46
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Apresentação
Este produto integra a terceira entrega do contrato celebrado entre a SEDUR e o Consórcio
DEMACAMP/ INSTITUTO PÓLIS/OFICINA, Processo Licitatório nº 1411130019416 –
SEDUR, Concorrência Pública nº 002/2013.
O objeto é a “Realização de estudos urbanísticos e a elaboração, com participação social, dos
instrumentos de Política Urbana essenciais e estratégicos relacionados ao desenvolvimento
socioeconômico da macroárea de influência da ponte/Sistema Viário Oeste (SVO)”.
A simultaneidade na elaboração dos estudos garante uma sinergia de propostas e ações, uma
vez que se trata de instrumentos voltados a construir um arcabouço de planejamento em
diversas escalas (regional, intermunicipal e local).
Além disso, também foram estabelecidos convênios entre a Prefeitura e os Municípios de
Itaparica e Vera Cruz para contratação do Plano Local de Habitação de Interesse Social
(PLHIS), do Plano de Mobilidade e do Plano de Saneamento Básico. Estes planos setoriais
devem atender as diretrizes estabelecidas no PUI e PDDUs e promover programas e projetos
para a gestão urbana, conforme definido nas diretrizes nacionais da política urbana.
Dessa forma, a terceira entrega do contrato compreende as seguintes atividades: Audiência
Pública de apresentação do PUI, Leitura técnica para os PDDUs, Capacitação 2º módulo
(Instrumentos da Política Urbana), Leituras Técnica, Jurídica e Social para os PDDUs. Tais
atividades compõem os seguintes produtos da terceira entrega:
P.1 - Plano Intermunicipal da Ilha (PUI)
PI. 1.7 - Audiência Pública de apresentação do PUI
PI. 2.1 - Leitura técnica para PDDU
PI. 2.2 - Capacitação 2º módulo - Instrumentos da Política Urbana
PI. 2.3 - Leitura Social
PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social
Neste relatório será apresentado o produto PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social do
Município de Vera Cruz.
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Introdução
Com foco na elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PDDU será
apresentado neste documento a sistematização sobre análise dos dados levantados para
caracterização do município de Vera Cruz, segundo as dimensões técnica e social,
possibilitando o conhecimento sobre a realidade local.
O objetivo é através do cruzamento das análises realizadas nas duas dimensões acima citadas,
identificar os principais desafios que deverão ser enfrentados para a promoção do
desenvolvimento urbano. As observações produzidas a partir da análise dos dados e
informações levantadas permitiram identificar os principais gargalos ao desenvolvimento
urbano municipal, aqui apresentado de forma concisa, ilustrada pelos dados levantados.
1. Crescimento populacional e do PIB acima da média regional e baixo
dinamismo econômico (baixos rendimentos e informalidade na economia e nas
relações de trabalho)
A análise dos dados selecionados indica que Versa Cruz apresentou na última década melhoria
dos indicadores socioeconômicos, porém, cabe salientar, essa melhoria observada se deu sob
uma base muito baixa, colocando o município em posição inferior ao conjunto do Brasil e
abaixo, em grande parte dos indicadores, do Estado da Bahia, indicando fraco dinamismo
econômico. Apesar de pertencer institucionalmente à Região Metropolitana de Salvador, não
se beneficia diretamente dessa condição, apresentando inserção periférica, exercendo papel de
ligação territorial entre a sede e os municípios que integram as regiões do Recôncavo Baiano
e do Baixo Sul.
A população do município cresceu, entre de 2000 e 2010, à taxa de 2,37% ao ano, passando
de 29.716 para 37.567 habitantes, representando queda no ritmo de crescimento se comparado
à taxa observada par o período 1991-2000 (3,34%). Essa taxa foi superior à registrada no
Estado, que ficou em 0,70% ao ano, e superior aos 1,08% ao ano observados para a Região
Nordeste.
Vera Cruz assume posição desfavorável, em termos da produção de riquezas, no contexto da
RMS. Em 2010 apresentou o segundo menor PIB entre os municípios da região (R$
229.682,00), maior apenas que o vizinho município de Itaparica, resultado que se repete se
analisarmos o PIB per capita. O setor de Serviços representou 77,7% do PIB, revelando o
papel primordial do setor na sua composição.
A análise do PIB de Vera Cruz indica que o município apresentou crescimento entre os anos
1999 e 2011, superior ao observado para o estado da Bahia O PIB real a valores de 2011,
deflacionado pelo deflator implícito do PIB, de Vera Cruz evoluiu de R$ 138,4 milhões para
R$ 281,4 milhões. Entre 1999 e 2011, o Estado da Bahia apresentou crescimento de 50,0% de
seu PIB a valores constantes de 2011, já Vera Cruz, crescimento de 103,4%. Vale mencionar
que este crescimento bem acima da média nacional leva em conta um baixo ponto de partida
do PIB municipal em 1999.
Esse crescimento da cidade acima do crescimento do Estado elevou a participação de Vera
Cruz no total do PIB da Bahia, de 0,13%, para 0,17%. Apesar de apresentar ainda uma
participação pequena na produção de riqueza do Estado da Bahia, este crescimento observado
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em Vera Cruz mostra que o município teve uma dinâmica econômica superior aos períodos
anteriores.
É importante destacar também que o município de Vera Cruz, apresenta maior participação no
PIB da RI Salvador do que alguns municípios que estão em níveis hierárquicos superiores na
rede de cidades baiana. O crescimento do PIB do município de Vera Cruz no período 2006-
2010 foi o sétimo maior entre os municípios da RMS, acima da média da região e do município
de Salvador, embora em valores absolutos o município tenham apresentado, em 2010, a
segunda mais baixa participação no PIB total da RMS (Itaparica 0,15% e Vera Cruz 0,33%).
Observa-se que, em Vera Cruz, o crescimento do PIB foi puxado, em maior parte, pelas altas
taxas de variação apresentadas pelos Serviços (121,4%), pela Industria (108,9%) e pela
Administração, saúde e educação pública e seguridade social (98,5%), enquanto, apesar de
também ter apresentado variação positiva, a agropecuária apresentou variação inferior às
demais contas, de 41,5%. Assim sendo, explica-se o aumento na participação tanto dos
serviços, quanto da indústria, em detrimento das outras duas contas.
A análise da composição e evolução dos estabelecimentos permite reforçar a divisão setorial
do PIB, com uma concentração dos estabelecimentos no setor de serviços.
Em relação ao mercado de trabalho, notou-se uma evolução significativa da população em
idade ativa e da população economicamente ativa, entretanto a taxa de atividade é menor que
a observada no Estado. Em Vera Cruz, a PIA cresceu 16,9% entre 2000 e 2010. Isso implica
que o município dispõe de uma quantidade maior de pessoas aptas ao trabalho que há anos
atrás. Este fator pode ser explicado pelo crescimento populacional verificado.
A participação ainda alta da população em idade ativa na estrutura etária da população poderia
se constituir em oportunidade de dinamização da economia por representar maior potencial de
mão de obra, porém a falta de qualificação da população e de atividades geradoras de emprego
no território do município tem transformado essa oportunidade em fator gerador de emigração.
Em Vera Cruz a taxa de atividade cresceu 1,5 pontos percentuais, em virtude de um
crescimento mais elevado da PEA em relação à PIA, totalizando 52,5%. A taxa de atividade
de Vera Cruz está abaixo ao verificado na Bahia, de 55,7%. Isso implica que há uma parcela
da população que se encontra no mercado de trabalho menor do que aquela que está na mesma
situação na Bahia. Entretanto, em Vera Cruz houve aumento, o que pode ser correlacionado
com os fatores de desenvolvimento econômico apresentados anteriormente.
Em Vera Cruz os ocupados cresceram 62,5%, entre 2000 e 2010. Essa variação corrobora o
bom desempenho do PIB da cidade. O impacto desta rápida evolução foi a queda acentuada
da taxa de desocupação. Em Vera Cruz a queda foi de 13 pontos percentuais, resultando em
uma taxa de desocupação de 12,9% em 2010, ante os 25,9% em 2000. Entretanto, apesar do
bom resultado e da redução drástica do desemprego, a cidade encontra-se ainda em posição de
fragilidade se comparadas aos resultados de taxa de desocupação do Estado da Bahia (10,9%).
Os dados indicam que há queda na taxa de desocupados, porém, a alta taxa de informalidade
mantém a condição de fragilidade do mercado de trabalho da região. Apesar da redução no
Estado da Bahia de 6,2 pontos percentuais, em Vera Cruz, houve aumento de 1,3 pontos
percentuais, resultando em 66,4% de informalidade em 2010.
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Apesar da diferença entre os resultados da RAIS e do IBGE, algumas conclusões se mantêm,
como o maior dinamismo no mercado de trabalho das atividades relacionadas aos serviços.
Porém, conclui-se também o problema referente à formalização nas atividades centradas na
agricultura, pecuária, produção florestal, caça e pesca, uma vez que aqui se apresentam como
um dos principais setores no qual as ocupações estão concentradas.
Ao confrontar os dados da RAIS (apenas emprego formal) com os do IBGE (o qual inclui
também ocupações sem carteira assinada e por conta própria), percebe-se, por exemplo, que
no setor da agricultura, pecuária, produção florestal, caça e pesca, pelos dados da RAIS a
participação no emprego total é quase nula (0,3%) em Vera Cruz, ao passo que pelos dados do
IBGE, este setor comtempla 16,96%. Em Vera Cruz existem comunidades e vilas de
pescadores nas seguintes localidades: Baiacu, Ponta Grossa, Jiribatuba, Catu, Mar Grande,
Vila de Tairu (localizada no Mar Grande), Praia Barra do Gil, Praia da Coroa, Barra do Pote,
Praia Berlinque, Jaburu e Vila de Cacha-Pregos, onde existem cinco estaleiros (que fabricam
saveiros e escunas). Em algumas comunidades, além da pesca é desenvolvida a aquicultura.
Os rendimentos médios reais também sofreram elevação. Houve mudança na distribuição dos
rendimentos pelo salário mínimo, com uma grande parcela da população saindo da categoria
sem rendimentos, porém, são baixos se comparados ao observados para o Estado da Bahia.
A pesca artesanal está tradicionalmente ligada às comunidades costeiras, as quais devida a sua
baixa especialização e elevados níveis de pobreza fazem dela uma das principais fontes de
renda, portanto, uma ocupação importante no contexto socioeconômico do território analisado.
A ausência de informações estatísticas atuais e mais abrangentes a respeito da atividade (pesca
artesanal e amadora) torna difícil a análise quanto ao número de pessoas envolvidas, produção
comercial, espécies comercializadas, produtividade, valor da produção, dentre outros. No
entanto, sabe-se que, por um lado, neste território, a pesca marítima artesanal é um elemento
primordial para a economia local, contribuindo para a geração de trabalho e renda, inclusive
tida para muitos como a única fonte de subsistência. Por outro lado, trata-se de uma atividade
marcada pela sazonalidade e informalidade, prejudicial econômica e socialmente.
Em virtude dessas características, faz-se necessário programas de complementação de renda
para períodos em que a pesca não é permitida. O Seguro Defeso é uma assistência financeira
temporária concedida ao pecador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal. O
benefício serve para os pescadores que trabalham individualmente ou em regime de economia
familiar, ainda que com o auxílio eventual de parceiros, e que estejam com suas atividades
paralisadas no período de defeso. O pescador receberá um número de parcelas equivalentes
aos meses de duração do defeso, conforme portaria fixada pelo IBAMA, sendo que cada
parcela é de um salário mínimo.
O efeito do Seguro Defeso é positivo para o território, no momento em que a pesca artesanal
não é autorizada, privando parcela importante da população local de ter acesso a renda e fonte
de sobrevivência. Dessa forma, com essa compensação monetária, os pescadores mantêm uma
fonte de renda e, como efeito, o nível de atividade econômica.
Outro ponto a ser observado é a concentração dessas atividades em um setor que apresenta
pouca contribuição ao valor adicionado no PIB. A agropecuária tem a menor participação e
esta é cadente na década. Assim, pode-se concluir que são empregos de baixa produtividade e
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que contribuem pouco para o dinamismo econômico da região. Sugere-se, com isso, a
necessidade de uma discussão mais detalhada acerca das possibilidades de diversificação de
atividades econômicas, condizentes às suas potencialidades econômicas. Tal discussão pode
contribuir, inclusive, para reduzir os níveis de informalidade característicos do território.
Os dados indicam que Vera Cruz, durante a primeira década dos anos 2000, minimizou as suas
fragilidades sociais e econômicas, sendo influenciada, sobretudo pelos programas de
transferência de renda. Entretanto, a fraca base econômica de comparação, os indicadores
ainda inferiores ao do país e ao de seu estado e a alta dependência do setor público apontam
para a necessidade de contínua evolução, a fim de formar uma economia mais autônoma e
atingir níveis de desenvolvimento socioeconômico superiores. É preciso também trazer à tona
discussões latentes sobre a dinâmica econômica do território, como a problemática da
informalidade envolvendo setores importantes para a formação de renda e emprego na
sociedade da Ilha de Itaparica e os problemas e virtudes ligados à sazonalidade econômica do
veraneio.
As observações resultantes das oficinas realizadas com a comunidade local coadunam com os
resultados das análises a partir dos dados socioeconômicos. Ficou latente nas oficinas a
percepção dos moradores, das diversas localidades de Vera Cruz, sobre a falta de
oportunidades de trabalho no território municipal. Nas localidades onde existe a presença de
mangues, apicuns e praias, as principais atividades com possibilidades de emprego declaradas
são a pesca, predominantemente para os homens, e a mariscagem, predominantemente para as
mulheres, ambas para subsistência.
Segundo os relatos nas oficinas, dentre as principais fontes de trabalho e renda da população
local estão:
• A pesca e mariscagem, com destaque para as localidades da contracosta nos
trabalhos de pesca de rede e coleta de mariscos (como em Baiacu, Jiribatuba,
Matarandiba, Ponta Grossa, Catu, Campinas) e das localidades da costa na pesca
com utilização de embarcações motorizadas (como em Conceição, Barra do GIL,
Cacha Pregos, Aratuba, Jaburu e Mar Grande).
• O comércio, principalmente em Mar Grande, no Comercial Coroa – em Coroa, e
em mercadinhos locais.
• O setor de serviços, principalmente em Mar Grande. Os serviços de transporte,
formal ou informal, também são importantes geradores de trabalho e renda no
município.
• Muitas pessoas obtêm renda como “caseiros”, responsáveis pela manutenção e/ou
vigilância das casas de veraneio, muito comuns nas localidades e loteamentos
fechados (“condomínios”) da costa.
• O setor público – com destaque para a prefeitura municipal;
• Os repasses de programas sociais também foram citados como fontes relevantes
de renda nas localidades.
• De acordo com os moradores, a agricultura familiar também exerce papel
importante para famílias localizadas nas áreas entre a ocupação linear da costa e
as localidades da contracosta.
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2. Rico Patrimônio Ambiental Associado à Manutenção de Formas Tradicionais
de Subsistência e Elevado Grau de Antropização e Baixa Capacidade de
Gestão Urbana
O ambiente natural do território do município de Vera Cruz, composto por rico patrimônio
ambiental, é caracterizado pela incidência de remanescentes de floresta ombrófila em estágio
médio de regeneração, restinga, manguezais e apicuns, vegetação aluvial ou brejosa que
constituem o bioma Mata Atlântica, recifes de corais e praias.
Em Vera Cruz tem se intensificado o espraiamento e a expansão da mancha urbana através,
principalmente, da ocupação irregular de áreas urbanas, predominantemente nas porções de
terras localizadas após a BA 001, em direção ao interior do município. Esse fato se torna
preocupante em função da existência de áreas frágeis ambientalmente, e não adequadas à
ocupação urbana e da presença de ativos ambientais que precisam ser preservados para a
manutenção da qualidade de vida, sendo fundamental sua existência enquanto diferencial para
a dinamização da economia e sobrevivência de modos tradicionais de produção observados no
município.
O processo de ocupação irregular no município se deu principalmente por falta de controle da
ocupação do solo. O crescimento populacional do município, acima da média regional, e o
adensamento nos assentamentos precários, sugere transferência de população de baixa renda
que não consegue inserção nos municípios do entorno, inclusive da sede metropolitana, para
o território municipal.
Visando a identificação de áreas ambientalmente frágeis que precisam de regulamentação
urbanística para garantir a ocupação sustentável, foi realizada a análise sobre os meios físico
e biótico, com o objetivo de mapear a susceptibilidade à ocupação no território do município
de Vera Cruz. Os terrenos que apresentam fragilidades e potencialidades para a ocupação
urbana foram identificados e mapeados com base na análise integrada das informações sobre
o substrato rochoso e sedimentos, o relevo, o solo (cobertura dentrítica) e a dinâmica
superficial.
Em relação ao meio físico, o município de Vera Cruz é caracterizado oito (8) tipos de Terreno
denominados de: Amorreados Baixos, Colinosos, Colinosos com Morrotes, Planície Marinha,
Planície Fluvio-Marinha, Planície de Maré e Manguezais, Alagadiços e Brejos, e Praia, cuja
distribuição é apresentada na Mapa 1 - Mapa de Terreno. As características e a sensibilidade
geoambiental dos terrenos que caracterizam o município de Vera Cruz permitiram classificá-
los como tendo susceptibilidade baixa, média e alta à ocupação e como terrenos impróprios.
A susceptibilidade à ocupação foi assim classificada: Baixa: Quando são favoráveis ou
apresentam pequenos problemas e/ou exigem cuidados simples de implantação e conservação;
Média: Quando o uso é possível, porém com problemas e cuidados específicos para
implantação e conservação; Alta: Quando o uso só é possível em áreas localizadas, os
problemas são complexos e os cuidados são severos e restritivos para implantação e
conservação e Impróprios: Quando o uso é inadequado, devido a riscos geotécnicos e a
restrições ambientais e/ou legais.
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Mapa 1 – Tipos de Terreno
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
Foram considerados impróprios os Terrenos Planícies Alagadiças e Brejos, as Planície de
Maré e Manguezais, as Planícies Flúvio-Marinhas e as Praias.
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Mapa 2 – Terrenos Segundo a Susceptibilidade à Ocupação Urbana
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
Os Terrenos Alagadiços e Brejos ocorrem na porção leste da ilha estando às áreas mais
expressivas localizadas na porção central da ilha ao longo do rio Artur Pestana e dos riachos
do Peris, do Constantino e da Penha. Outras áreas significativas encontram-se na porção sul
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da ilha associadas aos ribeirões da Estiva e Cacha Prego. Essas áreas úmidas desempenham
várias funções ambientais regulando o aporte de água doce que chega aos estuários decorrentes
da exudação de mananciais hídricos subterrâneos; atuando como filtro biológico natural das
águas que chegam aos estuários, devido a sua vegetação hidrófila, mantendo o equilíbrio
físico-químico dos estuários, e regulando as condições ambientais de sobrevivência de
biocenoses extremamente frágeis que habitam estes ambientes (SEMARH, 2005).
Além do alagamento sazonal os terrenos Alagadiços e Brejos são áreas impróprias ao
parcelamento de solo e a urbanização devido à suscetibilidade muito alta a contaminação e a
recalques por adensamento de solos moles. Tais características conferem a esses terrenos uma
Sensibilidade Geoambiental Muito Alta. Embora apresente sérias restrições à ocupação, são
encontradas moradias, comércios, estradas, ruas e até um aeroporto, implantados sobre esses
terrenos. Essas atividades que promovem modificações no equilíbrio hidrológico destes
terrenos podem gerar várias modificações ambientais, tais como intensificação do risco de
contaminação das águas superficiais e subterrâneas e aumento no risco de inundação e da
insalubridade nas moradias implantadas nessas áreas.
Por serem planos e com nível freático elevado, os terrenos de Planícies Fluvio-Marinhas
apresentam risco de inundação, durante os períodos de alta pluviosidade devido à dificuldade
de escoamento. Tal situação pode ser intensificada quando os terrenos de Planície Flúvio-
Marinha ocorrem próximos a costa, onde eventos de alta pluviosidade e maré alta podem
intensificar as inundações. Tal situação confere a estes terrenos Sensibilidade Geoambiental
Alta. Essas planícies são mais frequentes na costa entre Barra do Gil e Barra Grande, ocorrendo
ainda no vale do Rio Campinas e em outros vales menores. Embora esses terrenos apresentem
problemas sérios para a ocupação, e constituam Áreas de Preservação Permanente (APP), eles
vêm sendo aterrados, drenados e utilizados para implantação de casas e viários que geralmente
apresentam problemas de alagamento e trafegabilidade devidos principalmente a falta de obras
de drenagem adequadas.
Por serem áreas com processos de movimentação sazonal ativa de sedimentos as praias
apresentam naturalmente mudanças significativas na morfologia e na dinâmica dos processos
erosivos e de deposição, mostrando também variações ao longo da costa. Esse comportamento
torna esses terrenos muito sensíveis a interferências, que podem intensificar ao longo dos anos,
os processos erosivos e de sedimentação alterando significativamente a feição existente. Essas
características conferem a essas áreas uma Sensibilidade Geoambiental Alta. Os terrenos de
praia por suas características e dimensões são os que se encontram mais alterados e degradados
na Ilha de Itaparica, visto que atualmente 53% dos primeiros cem metros de faixa costeira
encontram-se ocupados por construções fixas com perda significativa da qualidade estética da
paisagem e da capacidade recreacional de algumas praias. A densidade de ocupação hoje
observada nos terrenos de Praia e terrenos de Planície Marinha é responsável também pela
perda da qualidade das águas das praias e da alteração de sua balneabilidade
Os terrenos de Planície de Maré e Manguezais ocorrem ao longo de toda a contra costa e na
foz dos rios Ingá - Açu, Campinas, Sobrado e Cacha Pregos. Do lado oceânico têm-se ainda
pequenas ocorrências dos terrenos de Planície de maré e Manguezais, sendo as mais
expressivas observadas na foz do Riacho da Penha. Se desenvolve nas margens dos canais de
maré que predominam na contracosta, em locais abrigadas das circulações mais enérgicas das
marés, sendo caracterizada como áreas planas na faixa de oscilação das marés e de encontro
de águas doces e salgadas, que se associam a fitofisionomia de manguezais e apicuns. Esses
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terrenos que constituem Áreas de Preservação Permanente (APP) são impróprios à ocupação,
devido à inundação diária pela maré, a suscetibilidade muito alta a contaminação e a recalques
por adensamento de solos moles; e a presença de solos muito corrosivos devido à salinidade e
o elevado teor de ácidos orgânicos. Tais características conferem a esses terrenos uma
Sensibilidade Geoambiental Muito Alta.
Esses terrenos que constituem áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, para
fins de extrativismo, recreação e turismo embora se encontre em bom estado de conservação
em várias partes do município vem sendo alteradas pelo desmatamento, pela implantação de
aterros, residências ou comércio (palafitas, bares e restaurantes) pela poluição causada pelo
esgotamento sanitário, pelo uso predatório do extrativismo e pela contaminação por
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA’s), nas localidades de Baiacu, Ponta Grossa e
Cacha Prego.
No que se refere às restrições à ocupação ao meio biótico foi considerado como atributo biótico
os remanescentes vegetais do bioma Mata Atlântica - floresta ombrófila densa das terras
baixas, restinga (vegetação com influência marinha), manguezais (vegetação com influencia
fluvio-marinha), vegetação aluvial ou brejosa (vegetação com influência fluvial) e áreas
antropizadas - que ocupam parcelas do território e que por disposição legal podem estar
protegidos, condicionando o uso dessas áreas como de interesse ambiental e com restrições ao
parcelamento do solo.
No município de Vera Cruz, embora o processo de ocupação tenha descaracterizado grande
parte da vegetação de restinga, ainda existem grandes remanescentes de floresta ombrófila
densa, que apresentam conectividade entre si e com outras formações florestais como os
manguezais e a vegetação aluvial ou brejosa, o que caracteriza um patrimônio de grande valor
ambiental para o município. A floresta ombrófila densa das terras baixas, embora
descaracterizada pela implantação de loteamentos, ocupação irregular e rural, estradas e áreas
de empréstimos, apresenta remanescentes grandes e contínuos em estágio médio de
regeneração associados a estágio inicial ou antropizado (VS AMBIENTAL e NEMUS,
2014b).
Os manguezais no município de Vera Cruz ocorrem na contracosta e caracterizam a zona de
contato da terra firme com o mar, ocorrendo ainda no baixo curso (foz) dos riachos Jacu Açu,
Outeiro Grande e Gogo da Ema e dos rios Campinas, Sobrado e Cacha Pregos, tendo-se ainda
pequena ocorrência de manguezal na foz do Riacho da Penha. Os manguezais no município
apresentam estados de conservação variados, tendo-se áreas bem preservadas devido ao baixo
acesso populacional e áreas bem alteradas pelo desmatamento, pela implantação de aterros,
residências ou comércio (palafitas, bares e restaurantes) pela poluição causada pelo
esgotamento sanitário e pelo uso predatório do extrativismo.
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Mapa 3 – Tipos de Vegetação Protegidas por lei
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
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O grande valor ambiental da vegetação na Ilha de Itaparica reside na composição da paisagem,
onde formações florestais em diferentes estágios de conservação se interligam e muitas vezes
encontram-se conectadas a fitofisionomias de ambientes úmidos, sejam associados à água doce
ou salgada. Com base nas características da paisagem foram identificadas áreas de elevada
importância para a manutenção da fauna, tendo como base a extensão da área do núcleo de
vegetação remanescente e a conectividade com os demais fragmentos de paisagem.
Os fragmentos de vegetação mais importantes para a fauna estão localizados no sul da Ilha de
Itaparica nas proximidades de Jiribatuba e Caixa Pregos. Esses fragmentos apresentam
tamanho intermediário e tem elevada conectividade sendo considerada uma área de Alta
Importância para habitat da fauna. Na porção média da Ilha ocorrem também grandes áreas
núcleos de floresta com alta conectividade, apresentando ambiente favorável para as espécies
mais sensíveis da fauna.
Com base nos atributos dos fragmentos florestais e nas características das descontinuidades
que seccionam os fragmentos foram identificados quatro (4) remanescentes que se destacam
pela sua importância como Áreas de Interesse Ambiental para o município de Vera Cruz:
1. Remanescente Central (na contracosta estende-se até o mar, sendo limitado a norte por
uma pequena estrada a sul de Juerana, a leste por afluente do Riacho da Penha e pela
frente de desmatamento associado à ocupação irregular e a loteamentos, estendendo-
se a sul até a estrada para Ponta Grossa),
2. Remanescente da Margem Esquerda do Rio Campinas (ocupa parte da bacia
hidrográfica de afluente do Rio Campinas, e pequenas bacias que drenam diretamente
para as planícies de maré com manguezais, que ocorrem ao longo da contracosta. Esse
remanescente é limitado por duas pequenas estradas, que viabilizaram a ocupação e o
desmatamento na sua vizinhança),
3. Remanescente Sul (ocupa parte das bacias dos rios Cacha Prego e Sobrado, que
drenam para a contracosta, e a margem esquerda da bacia do Rio Estiva que drena para
a costa) e
4. Remanescente das Nascente do Rio Sobrado (ocupa boa parte das cabeceiras do rio
Sobrado e de algumas pequenas bacias que drenam diretamente para as planícies de
maré com manguezais da contracosta. Esse remanescente é separado do Remanescente
da Margem Esquerda do Rio Campinas por uma faixa de área desmatada, e do
Remanescente Sul pela BA 001.
Como resultado dessa análise foram mapeados alterações e impactos ambientais no município
de Vera Cruz, associados ao processo de urbanização e de uso dos terrenos. Foram
identificados 46 pontos com processo de degradação ambiental, que na verdade não
constituem a totalidade de áreas alteradas do município, mas uma amostragem dos principais
tipos de interferência e impactos que ocorrem.
Dentre os principais tipos de interferência e passivos ambientais observados destacam-se:
• Processos erosivos em ruas e vias de acesso, ocupação de encostas íngremes,
áreas de empréstimo abandonadas, que predominam nos terrenos Amorreados
baixos, ocorrendo ocasionalmente nos terrenos Colinosos e Colinosos com
Morrotes;
• O aterro municipal nos terrenos Amorreados baixos e pontos de lançamento de
lixo dispersos;
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• Aterramento, construção de casas, bares e restaurante e lançamento de esgoto e
águas servidas e degradação de APPs nos terrenos de Planície de maré e
manguezais; nos terrenos Alagadiços e Brejos, nos terrenos de Planícies Flúvio
marinhas; e em canais fluviais nos terrenos de Planície marinha e Colinosos;
• Construção de muros e casas na faixa de oscilação das marés de sizígia e
lançamento de esgoto e águas servidas na foz de riachos e rios nos terrenos de
Praia.
Vera Cruz apresentou na última década crescimento populacional acima da média da RMS, da
Bahia e do Brasil. O adensamento dos assentamentos precários ocorrido nas últimas décadas
preocupa, principalmente em função da existência de áreas ambientalmente frágeis, que
precisam ser preservadas, não apenas por qualidade de vida da população local, mas também
por motivos econômicos, por se constituírem em importante diferencial para o turismo no
Município e, em muitos casos, por abrigar as comunidades tradicionais, cuja sobrevivência
econômica e cultural depende desses ativos.
Em Vera Cruz a área já urbanizada corresponde a, aproximadamente, 11% do território
municipal. Somadas, as áreas impróprias e com restrições à ocupação representam 40% do
território municipal. Diferente do que ocorre no município vizinho de Itaparica, os
assentamentos precários de Vera Cruz estão, predominantemente, sobre áreas planas e
distantes de áreas alagadas. Em raras exceções, como no caso do assentamento Agreste
Conceição, estão sobre áreas ambientalmente frágeis.
No entanto, a fragilidade da gestão urbana e, consequentemente, do controle sobre o uso e
ocupação do solo no município representam uma ameaça à preservação dos ativos ambientais
e à manutenção da condição de não ocupadas das áreas ambientalmente frágeis.
A leitura social demostrou que as observações técnicas foram corroboradas pela percepção da
população local. Em relação ao avanço das ocupações irregulares sobre áreas frágeis sob o
enfoque ambiental. Uma questão que nas oficinas os participantes consideraram preocupante
é o modo como vem se dando o processo de ocupação urbana do território, geralmente com
fins habitacionais, mas também para outros usos, sobre áreas de risco ou áreas frágeis e
impróprias, como áreas de alagamento, margens de rio, mangues, apicuns e até praias.
Dentre as áreas em situação de risco relatadas com maior ênfase pelos moradores presentes
nas oficinas é possível destacar:
• Ocupação de áreas sob influência da maré (praias, manguezais e apicuns),
como em Gamboa, Cacha Pregos, Ponta Grossa, Catu, Mar Grande, Aratuba
e Berlinque.
• Ocupação de margens ou leito de rio ou em canais de drenagem natural, a
exemplo de Mar Grande, Conceição, Berlinque e Barra do Gil.
Ainda segundo os habitantes de Vera Cruz das diversas localidades de Vera Cruz, o município
possui muitos atributos e áreas de relevância para a preservação, tanto por aspectos naturais,
quanto culturais. Dentre eles:
• Praias, manguezais e apicuns: as praias e manguezais são considerados os
principais locais de lazer e de obtenção de renda, além de representar potencial para
turismo. Por isso sua relevância para a preservação é considerada grande pelos
moradores em geral.
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• Rios e nascentes: as nascentes e os rios, incluindo suas matas ciliares, surgiram nos
relatos de áreas degradas que deveriam ser melhor tratadas e preservadas em boas
condições.
• Áreas de vegetação remanescente: algumas áreas com presença marcante de
vegetação remanescente foram consideradas de grande importância para a
preservação, especialmente algumas áreas situadas no entorno ou entre diferentes
localidades. Dentre essas, foram apontadas a Reserva My Friend, a mata da Ilha de
Matarandiba e as grandes áreas verdes situadas no entorno de Mar Grande: ao norte
de Jaburu, entre Mar Grande e Ilhota e em Gamboa.
• Sítio histórico e patrimônio construído: as igrejas de Nosso Senhor de Vera Cruz,
de Santo Amaro e de Velasquez.
• Terreiros de candomblé e áreas verdes de entorno utilizadas nas atividades
religiosas.
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3. Precariedade no acesso à infraestrutura e baixa densidade urbana
Além de ocorrer de forma espraiada, sem muita integração entre as localidades, a ocupação
urbana em Vera Cruz foi sempre com padrão de baixa densidade e preferencialmente na Orla.
O espraiamento da ocupação urbana gerou uma densidade de ocupação urbana extremamente
baixa, o que torna mais onerosa à implantação da infraestrutura urbana. A precariedade no
acesso à infraestrutura urbana é uma característica marcante do processo de urbanização no
município de Vera Cruz, como se verá mais adiante.
A densidade populacional bruta de Vera Cruz é de apenas 1,25 hab/ha. A área efetivamente
urbanizada ocupa aproximadamente 17% do território, resultando em uma densidade
populacional de 18 hab/ha. A densidade populacional de Vera Cruz, extremamente baixa, não
torna sustentável a implantação e manutenção da infraestrutura urbana
No território de Vera Cruz, segundo os setores censitários IBGE 2010, a maior densidade
encontrada foi de 96,11 hab/ha. Os setores que apresentaram as mais altas densidades, entre
50 e 96,11 habitantes por ha se localizam na sede municipal, em Mar Grande e nas
proximidades de ocupações irregulares afastadas da Orla, nas proximidades de Ilhota e
Gamboa, tais como Terere, Maragogipinho, Estrada da Gamboa e Loteamento Santo Antônio.
A grande maioria do território com ocupação urbana de Vera Cruz apresenta densidade até 10
hab/ha, o que como foi demonstrado, encarece a implantação de infraestrutura urbana e
também dificulta a integração, a especialização e a hierarquia funcional entre as localidades
ocupadas. Incluem-se nessa faixa a grande maioria dos loteamentos situados entre a orla e a
BA 001, ao longo de todo o território municipal.
As áreas com ocupação irregular de Olimpicos, Santa Rita de Cássia, Beira Rio e Ilha Dourada,
localizadas no entroncamento da BA001 com a Rodovia que vai para Cacha Prego, assim
como outros poucos loteamentos situados entre a BA e a orla, espalhados pela costa,
apresentam densidades um pouco mais elevadas, entre 20 e 50 hab/ha, sendo, porém,
consideradas bastante baixas para uma ocupação urbana sustentável
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Mapa 4: Densidades populacionais por setores censitários (hab/ha) - 2010
Fonte: Censo IBGE 2010. Elaboração Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
Assim, pode-se constatar que baixíssimas densidades, conforme reveladas na ilha de Itaparica,
especialmente no município de Vera Cruz, contribuem para a precariedade em relação ao
acesso à infraestrutura urbana, em função do alto custo para sua implantação, além de tornar
o acesso à terra e à moradia, mais oneroso e impeditivo, já que muitas vezes, estes custos
recaem sobre os moradores. A ocupação urbana dispersa, sem integração funcional entre as
localidades, a precariedade no acesso à infraestrutura urbana generalizada por todo território
municipal e o uso ocasional na ocupação em loteamentos exclusivamente residenciais
fechados e o adensamento das ocupações irregulares pós BA 001, em direção ao interior do
município, sem dúvida, são os grandes desafios que o ordenamento territorial deverá enfrentar
para promoção do desenvolvimento urbanos sustentável
Pode-se concluir que baixíssimas densidades, conforme reveladas em Vera Cruz, contribuem
para o alto custo das infraestruturas e equipamentos urbanos, além de tornar o acesso à terra e
à moradia, mais oneroso e impeditivo, já que muitas vezes, estes custos recaem sobre os
moradores.
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Ao analisar o mapa da rede de abastecimento de água da EMBASA é possível observar que a
rede abrange quase todo o território do município. A rede compreende toda a costa de Vera
Cruz, de Gameleira até Cacha Pregos (com uma região sem rede, entre parte de Barra Grande
e Aratuba, abrangendo a localidade de Tairu), Juerana localizada no meio da ilha, e parte da
contracosta, nas localidades de Catu, Jiribatuba, Matarandiba e Baiacu não abrangendo as
localidades de Ponta Grossa e Campinas.
Mapa 5: Rede de abastecimento de água
Fonte: EMBASA / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
Uma pequena porcentagem dos domicílios de Vera Cruz não possui abastecimento de água
adequado aos padrões, correspondendo a 4,72% dos domicílios. O mapa a seguir, apresenta a
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distribuição do abastecimento de água em domicílios no município de Vera Cruz, onde é
possível localizar as áreas com esta carência:
Mapa 6: Abastecimento de água em 2010
Fonte: Censo Demográfico, 2010, IBGE / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
Os setores censitários marcados com o menor índice de domicílios com abastecimento de água
(até 50%) localizam-se na localidade de Cacha Pregos, mas que corresponde exatamente a
uma região onde não há ocupação urbana, já que é uma área de reserva (Reserva do My
Friend). As áreas demarcadas com 50,01% a 80% dos domicílios com rede de água localizadas
na localidade de Porto Sobrado e Barra Grande, próximo à Tairu, também correspondem à
regiões onde a ocupação urbana é muito rarefeita. Por fim, na contra costa, Baiacu apresenta
uma região com baixo índice de domicílios com rede de água (entre 50,01% e 80%) que
corresponde às áreas das três invasões da localidade, Jararaca, Baiacu 1 e 2. A localidade de
Catu, que não aparece no mapa do Censo IBGE 2010, também possui rede de abastecimento
de água, conforme a informação da EMBASA.
Com relação à capacidade de abastecimento, a EMBASA aponta que a capacidade de produção
de água bruta e tratada atende à demanda atual da população fixa e flutuante, embora ocorram
problemas de disponibilidade de água nas áreas urbanas localizadas em cotas elevadas. Porém,
segundo relatório da AGERSA (2013) constatou-se aumento de reclamações referentes à falta
de água, principalmente no período do verão, evidenciando a existência de algumas lacunas
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no sistema que comprometem o abastecimento da população flutuante presente na Ilha durante
o verão.
No entanto quando o tema é coleta e tratamento de esgoto, o município de Vera Cruz possui
baixo índice de domicílios com esgotamento sanitário adequado, se comparado aos índices do
Estado da Bahia e do Brasil. Analisando dados do Censo IBGE 2010, verifica-se que o
município de Vera Cruz possui baixíssimo índice de domicílios com esgotamento sanitário
adequado, se comparado aos índices do Estado da Bahia e do Brasil, até mesmo de Itaparica.
A tabela a seguir, apresenta os dados do Censo, e revela que apenas 13,67% dos domicílios de
Vera Cruz estão ligados à rede geral de esgoto, e 11,69% possuem fossa séptica. O maior
número de domicílios possui esgotamento sanitário através de fossa rudimentar,
correspondendo à 65,99% dos domicílios.
Mapa 7: Esgotamento sanitário Vera Cruz 2010
Fonte: Censo Demográfico, 2010, IBGE / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
A fossa séptica é uma alternativa de disposição e tratamento de esgotos sanitários plenamente
aceitável, quando sua construção e operação forem bem executadas e quando for implantada
em áreas de baixa densidade de ocupação do solo que permita seu manejo correto, e devem
ser limpas de tempos em tempos, para remoção do lodo de esgoto depositado. Os responsáveis
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pela prestação dos serviços públicos de saneamento básico devem dar assistência para a
implantação e operação das fossas, especialmente para sua limpeza e desobstrução. As fossas
sépticas quando bem construídas e operadas, representam baixo risco de contaminação de
lençol freático, porém a incorreta disposição dos lodos das fossas pode provocar poluição do
solo e das águas.
Já as fossas rudimentares, que representam a alternativa mais presente nos domicílios do
município de Vera Cruz, são construídas sem qualquer cuidado quanto à contenção dos agentes
contaminantes presentes nos esgotos. São simplesmente buracos sem adequada vedação. Por
isso, representam alto risco de contaminação de lençol de água, podendo provocar doenças de
veiculação hídrica, principalmente quando são instaladas próximas a poços. No mapa a seguir,
é possível observar a pouca abrangência de um sistema de esgotamento sanitário adequado
(rede geral ou fossa séptica) no município de Vera Cruz.
Analisando o mapa anterior, é possível entender que as localidades de Mar Grande, parte de
Gamboa, Penha, parte da Barra do Gil e parte de Barra Grande, próximo à Tairu, possui
esgotamento sanitário satisfatório, ou com ligação na rede ou por fossa séptica.
Além desta informação, há o mapa elaborado através de dados da EMBASA, onde é possível
observar que a rede geral de esgoto do município de Vera Cruz abrange apenas algumas
localidades da costa, de Jaburu à Conceição, sem atingir o restante das localidades da costa,
de Conceição à Cacha Pregos, e nenhuma localidade da contracosta.
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Mapa 8: Rede de esgotamento sanitário
Fonte: EMBASA / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
Desta forma, em Barra Grande, próximo à Tairu, onde o mapa do Censo IBGE 2010 apresenta
áreas com um índice satisfatório de esgotamento sanitário (acima de 75%), pode-se dizer que
é uma região atendida prioritariamente pela solução por fossa séptica, já que a rede oficial de
esgoto não atinge a área.
As consequências da precariedade no acesso à infraestrutura urbana são facilmente
identificáveis. Os rios que drenam o lado leste da ilha geralmente apresentam águas
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visualmente límpidas nos seus cursos superiores e médios, passando a apresentar leitos
poluídos no curso inferior, devido ao lançamento de esgoto, águas servidas e lixo, proveniente
das áreas com ocupação urbana regular e irregular. Dentre os fatores que vem acarretando a
contaminação das águas doces da ilha e dos cursos d’água tem-se: lançamento de efluentes da
ETE de Vera Cruz no Riacho da Penha, lançamento de efluentes das EEs de Ilhota, Gamboa e
Jaburu no Riacho Jaburu, lançamento de águas residuais da ETE de Barra do Gil e da EE Barra
do Gil no Rio Gameleiras, contaminação difusa dos solos e de cursos d’água próximos ao
Aterro Integrado da Ilha devido à operação inadequada, e contaminação difusa dos solos e da
água devido ao escoamento de águas da rodovia BA 001 que atravessa vários trechos de áreas
alagadiças.
O serviço de coleta e disposição de resíduos sólidos também não é satisfatório em Vera Cruz.
Considerando a questão, os dados sobre a coleta de lixo do CENSO 2010, IBGE, demonstram
que em Vera Cruz 18,18% dos domicílios tem a disposição dos resíduos sólidos de forma
inadequada (queimado, enterrado, jogado em terreno baldio ou logradouro, jogado em corpos
hídricos, ou outros). Estes percentuais são superiores à média nacional (12,6%), e muito
superiores à Salvador (3,35%), entretanto, estão melhores do que a média do Estado da Bahia
(23,79%).
Mapa 9: Domicílios com lixo coletado
Fonte: Censo 2010 – IBGE / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
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O mapeamento dos dados sobre a coleta de resíduos revela que este serviço é realizado de
maneira mais homogênea ao longo da costa. Observa-se que nas áreas ocupadas do outro lado
da rodovia BA-001 (lado oposto à costa) o serviço é mais deficitário, com menores taxas de
domicílios atendidos pelo serviço de coleta de resíduos.
As localidades da costa de Porto Sobrado e Jaburu são as menos atendidas pelo serviço, e o
restante possui regiões com atendimento mais precário deste serviço, coincidindo com as áreas
onde estão localizadas invasões. Uma parte de Mar Grande possui baixa porcentagem de
domicílios com resíduos coletados, que são as áreas do lado oposto à costa; Coroa, do outro
lado da rodovia, possui baixo índice de atendimento do serviço; e as localidades de Tairu,
Aratuba e Berlinque também possuem regiões com atendimento precário do serviço de coleta
de resíduos. Ainda na costa, a região demarcada com a menor porcentagem de atendimento da
coleta de resíduos é a reserva My Friend, onde não há ocupação urbana.
Já na contracosta a coleta de resíduos é realizada de maneira satisfatória, sendo que Baiacu
possui menores índices (40,01% a 75% dos domicílios com lixo coletado). Não estão
mapeados os dados das localidades de Catu, Campinas e Ponta Grossa, mas através da leitura
social realizada no município de Vera Cruz, foi possível coletar algumas informações
importantes sobre o serviço de coleta de lixo. Em Catu a coleta é feita três vezes por semana,
porém há uma área de acúmulo de lixo na entrada das localidades, próximo ao campo. Em
Campinas, segundo relatado pelos moradores, a coleta é realizada uma vez por semana,
considerada suficiente pela baixa produção de resíduos da localidade. Já em Ponta Grossa,
houve grande reclamação dos moradores em relação ao serviço, que afirmaram que a coleta é
feita sem periodicidade e a destinação final, no chamado “lixão”, sem adequação ambiental.
Os dados censitários (2010), também mostram significativa declaração de moradores que
queimam ou jogam os resíduos domiciliares em terrenos baldios ou logradouros, chegando a
16,55% dos domicílios no município de Vera Cruz.
Os resíduos são coletados pela empresa Arqtec Engenharia Ltda. e com disposição final no
Aterro Sanitário Integrado da Ilha, juntamente com os resíduos no município vizinho de
Itaparica.
Entretanto, a gestão inadequada do aterro sanitário o transformou em lixão. No final do ano
de 2005 foi executada pela CONDER uma intervenção visando à recuperação física e
ambiental do aterro sanitário da Ilha de Itaparica degradado ao longo do tempo pela sua má
operação. No entanto, ao que consta o aterro permanece com uma série de problemas
constatados por diferentes instituições. Em 2007, o Ministério Público da Bahia realizou uma
inspeção no aterro constatando uma série de e irregularidades. O relatório destacava, ainda,
que se tratava de um aterro sanitário convencional, sem registro de licença ambiental, já tendo
sido autuado administrativamente. As medidas exigidas à época pelo MP não foram cumpridas
e o aterro permanece inadequado.
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Fotos 1 e 2: Aterro Sanitário Integrado da Ilha
Fonte: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.
A leitura social realizada revelou a percepção da população local sobre a qualidade da
infraestrutura urbana instalada. Em todas as oficinas foram comentadas a existência de esgoto
a céu aberto em vias públicas. Isso é muito comum pela ligação do esgoto das casas na rede
de drenagem natural ou em esgoto em valas que caem na praia.
De modo geral foram relatados pelos moradores de todas as localidades municipais muitos
problemas relativos ao abastecimento de água, principalmente interrupções no fornecimento.
Contudo, o caso mais grave relacionado ao abastecimento de água no Município de Vera Cruz
está, de acordo com relatos dos moradores, na localidade de Campinas, onde o abastecimento
é interrompido cotidianamente. Nesta localidade, os moradores já incorporaram em sua rotina
a falta d’água e as constantes reclamações junto a empresa concessionária do serviço de
abastecimento de água – a Embasa. .
De acordo com os relatos dos moradores, as praias e manguezais do município se encontram
bastante degradados e comprometidos por lançamento de esgotos. Em muitos casos o esgoto
corre a céu aberto até o rio e/ou praia.
De modo geral a limpeza pública e a destinação dos resíduos é considerada precária pelos
moradores, que destacaram em muitas localidades os pontos de acúmulo de lixo que geram
sérios transtornos.
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4. Predominância de uso ocasional na orla e adensamento dos assentamentos
precários pós Rodovia BA 001.
A ocupação do solo no município de Vera Cruz foi definida em função do papel assumindo
pelo seu território, na estruturação de cidades na rede urbana baiana. O papel de local de
veraneio da população, principalmente da população soteropolitana, intensificado a partir da
década de 1970, gerou a ocupação predominantemente de uso ocasional, de baixíssima
densidade, ocupando preferencialmente a orla.
Até a década de 1990 a ocupação de uso ocasional, típica de veraneio, gerou a abertura de
loteamentos destinados a este fim. A partir desta década, com a priorização dos investimentos
em direção ao litoral norte de Salvador, a ilha de Itaparica perdeu a atratividade para esse tipo
de ocupação, principalmente em função da precariedade no acesso ao seu território, se
comparada as vias de acesso implantadas que dão acesso aos municípios localizados no Norte
da RMS.
Esse declínio na sua função de local de veraneio gerou perda de dinamismo econômico, e
consequentemente queda na renda da população local, com intensificação das ocupações
irregulares de terra urbana. A baixa capacidade de gestão e controle urbano por parte da
administração local, ao longo dos anos, também favoreceu o incremento de adensamento e
surgimento de novas áreas de ocupação irregular.
Apesar do declínio da atratividade de Vera Cruz como local de veraneio, a ocupação de uso
ocasional é uma realidade até os dias atuais. Em Vera Cruz, segundo dados censitários do
IBGE, o Município passou de 20.719 domicílios em 2000 para 30.414 domicílios em 2010,
acompanhando o crescimento populacional em ritmo bastante acelerado ocorrido neste mesmo
período. De acordo com dados do Censo 2010, 14.647 domicílios recenseados em 2010 de
Vera Cruz são de uso ocasional, o que representa 48% dos domicílios existentes.
O maior percentual de domicílios de uso ocasional no munícipio de Vera Cruz está
concentrado ao longo da orla litorânea, tendo a rodovia como limitador, chegando a existir
setores com 90% domicílios nessa situação. São localidades nas quais predominam
loteamentos fechados, exclusivamente residenciais, destinados a utilização para veraneio. Por
outro lado, a maior concentração de domicílios de uso permanente, isto é, das pessoas que
moram no município de Vera Cruz está concentrado na mancha ocupada depois da rodovia.
Este fato caracteriza uma ocupação do município extremamente segredada, ficando reservado
a orla à população permanente com maior renda, como já vimos anteriormente, e aos
domicílios de uso ocasional, que utilizam o município apenas parte do ano, enquanto a maior
parte dos moradores de Vera Cruz está reservada a porção do território entre a rodovia e o
interior da Ilha.
É, com certeza, um percentual bastante elevado, que acarreta desocupação na maior parte do
ano, gerando subutilização da infraestrutura instalada, entre outras desvantagens para a gestão
urbana municipal. Além do mais, em função da perda de atratividade para o turismo ocasional
de veraneio, grande parte destes imóveis estão sem utilização, deixando para a cidade uma
impressão de abandono e de depreciação da paisagem urbana.
Esse fenômeno é presente em ambos os municípios que integram a Ilha de Itaparica. No
entanto se analisarmos a evolução no período intercensitário, é possível observar que o
município de Vera Cruz teve redução no ritmo de crescimento dos domicílios de uso ocasional
em relação ao crescimento do total de domicílios, o que pode significar aumento da população
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residente, enquanto no município vizinho de Itaparica mantem-se a tendência de maior
crescimento dos domicílios de uso ocasional, possivelmente mantendo sua função enquanto
local de turismo de veraneio, ainda que sem o dinamismo observado nas décadas anteriores.
O crescimento maior dos domicílios de uso permanente em Vera Cruz pode significar
transferência de população de Salvador e outros municípios do entorno, que encontram no
território municipal oportunidade de moradia mais acessível, sendo verificado o crescimento
e o adensamento das ocupações irregulares no município.
Gráfico 1: Crescimento do total de domicílios e dos domicílios de uso ocasional -
municípios que integram a ilha de Itaparica
Fonte: Censo 2000/2010 – IBGE
Os dados censitários sobre a evolução dos domicílios vagos demonstram a tendência de
crescimento deste tipo de domicílio, que também cresce a taxas mais elevadas que o número
total de domicílios, agravando os problemas relacionados à utilização ocasional e o abandono
do turismo de veraneio como atividade econômica, além dos problemas de estruturação e
integração urbana no município.
Tabela 1: Dados sobre evolução dos tipos de domicílios em Vera Cruz – 2000-
2010
Município Domicílios Vagos
(Unidades)
Domicílios Vagos
(%)
Crescimento
(%)
2000 2010 2000 2010 Dom Total Uso Ocasional Dom Vagos
Vera Cruz 2.287 3.822 11,04 12,57 46,79 39,22 67,11
Fonte: Censo 2010 - IBGE
Vera Cruz apresenta percentual importante de domicílios vagos, maior que o percentual
nacional em 2010 (9,02%). É importante notar, também, que houve uma tendência de
crescimento do número de domicílios vagos na última década, diferente da tendência nacional
que foi de queda. Este fato, é contraditório com as taxas de crescimento da população
observadas, o que pode representar adensamento de áreas já ocupadas, inclusive podendo
indicar a coabitação, ou mesmo fluxos de migração recente. É interessante notar também, que
38,06%
46,79%51,47%
39,22%
ITAPARICA VERA CRUZ
Dom Total Uso Ocasional
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em Vera Cruz o crescimento de domicílios vagos foi maior do crescimento de domicílios
permanentes e de uso ocasional.
Concomitantemente ao processo de ocupação da orla por loteamentos estritamente
residenciais, ocorre em Vera Cruz o surgimento de ocupação com características de
precariedade habitacional, denominados assentamentos precários, localizados nas áreas
situadas após a Rodovia BA 001.
Pelo levantamento realizado em campo, temos atualmente em Vera Cruz 33 assentamentos
precários. A distribuição destes assentamentos no território aponta para uma maior
concentração em: Mar Grande/Ilhota e Gamboa, após a BA 001, no entroncamento entre a BA
001 e o acesso para a ponte do funil.
Foram identificados também alguns assentamentos nas localidades de Baiacu, Jiribatuba e
Cacha Prego, que surgiram antes de 1959, como ocupações tradicionais espontâneas, local de
moradia para a comunidade pesqueira local.
A observação dos mapas de evolução da mancha urbana nos mostra que a maior parte destas
ocupações se deu no período de 1979 a 1989, período em que se inaugurou a rodovia BA 001
e o ferryboat, conectando a ilha a Salvador e ao Recôncavo. Desta forma entre 1979 e 1989 a
concentração de assentamentos precários se deu nas localidades de Mar Grande, Ilhota, Tairu
e Aratuba. No período mais recente, as ocupações continuam a adensar o entroncamento da
BA 001 na localidade de Tairu e acontecem também em menor escala em Cacha Prego. Ao
longo de toda a área urbana, as casas de veranistas coexistem com as moradias autoconstruídas,
que muitas vezes apresentam padrão construtivo bastante precário.
É nítida a diferença na qualidade do espaço urbano dos loteamentos regulares de veraneio e os
assentamentos precários. Se na orla a ocupação se deu de forma regular, planejada, seguindo
o arruamento aprovado no loteamento e com edificações de boa qualidade construtiva, no
interior da ilha é notável a carência mais acentuada de infraestrutura urbana, com arruamentos
descontínuos e improvisados, precários e sem acesso as redes de saneamento básico. Apenas
4 assentamentos precários que ocupam loteamentos que foram aprovados e implantados
parcialmente. São eles os assentamentos Champs Elysees, Pedrão, Enseada de Tairu e Tairu
de Cima.
Diferente do que ocorre em Itaparica, os assentamentos precários de Vera Cruz escolheram
predominantemente áreas planas e distantes de áreas alagadas. Com raras exceções, os
assentamentos precários situam-se a beira da rodovia BA 001, no interior da ilha.
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Mapa 10: Assentamentos precários
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5. Desfavoráveis condições de mobilidade e ineficiente sistema de transporte
coletivo dificultando os deslocamentos e reduzindo oportunidades aos
moradores
As condições de mobilidade são bastante precárias em Vera Cruz. Os problemas são
relacionados à infraestrutura viária, à deficiência na gestão dos transportes coletivos e às
dificuldades relacionadas à renda da população local.
Dentro da Ilha e do município, o sistema viário é estruturado por rodovias estaduais, fora,
portanto, da jurisdição das prefeituras. A BA 001 corta longitudinalmente todo o território da
Ilha, ligando o terminal do ferry-boat, em Bom Despacho, até a Ponte do Funil; seguindo o
caminho natural em direção ao litoral sul do Estado. A BA 532 liga os núcleos urbanos de
Vera Cruz e de Itaparica, cruzando a Ilha no sentido transversal, parte dela, na chegada dos
perímetros urbanos, já apresenta características físicas de sistema viário urbano. A BA 533 é
a Av. Beira Mar que liga o Bom Despacho com Itaparica, passando pela costa, com
características de via urbana em praticamente toda a sua extensão. A BA 882 se estende na
direção sul até Cacha Pregos.
Essas estradas têm papéis diferentes na estruturação da ocupação da Ilha e na sua circulação.
A BA-001 ao longo da qual se deu historicamente a ocupação da Ilha, é a mais complexa. Hoje
a rodovia, recebe intenso tráfego de passagem e tem apenas um curto trecho não ocupado,
entre o entroncamento com a BA-532 e a Estrada da Penha, A rodovia é o único acesso à
região sul da Ilha, não havendo um sistema viário alternativo de conexão entre as diversas
ocupações, que permita a circulação entre elas sem utilizá-la. Isto sobrecarrega a via, mesmo
no seu estágio atual de ocupação, e dificulta a configuração de um sistema de transporte
coletivo com uma cobertura mais abrangente.
As demais estradas mostram condições distintas. A BA-532 tem trechos sem nenhuma
ocupação lindeira, mas, na entrada do perímetro urbano, onde a urbanização é intensa, já se
configuram como um viário urbano, com meio-fio e calçadas e sinalização mais adequada. Em
outros núcleos de urbanização mais intensa a rodovia já se apresenta com características mais
compatíveis com o tráfego urbano, isto acontece em diversos trechos da BA-882, em Tairu,
Berlinque e Cacha Pregos, e em praticamente toda a extensão da BA-533.
Na área da Costa, em Vera Cruz, estradas secundárias e ruas partem da BA-001, na direção
das praias e também para o interior da Ilha, com ocupação predominante de residências, muitas
delas de uso temporário, para veraneio, mas com alguns núcleos de ocupação de baixa renda.
Na região da Coroa, algumas dessas vias de ligação com a orla estão pavimentadas, com
calçada e meio fio, e concentram estabelecimentos comerciais e de serviços para atendimento
à população local.
Na divisão modal agregada, predominam as viagens não motorizadas, principalmente as
viagens a pé; distâncias relativamente curtas e transporte coletivo precário estimulam esta
situação. A baixa participação de viagens por transporte individual, além das características
particulares de isolamento da Ilha, está associada à renda dos seus moradores, o que fica claro
quando a divisão modal é associada à classe. Na classe B a utilização do transporte individual
já é bastante significativa (23%).
As opções de transporte coletivo entre a Ilha e o continente são os serviços hidroviários, com
Salvador, e rodoviários, na direção sul. Segundo os dados do IBGE, 90% das viagens dos
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moradores da Ilha para o continente são realizadas por água, sendo que nas 10% restantes estão
incluídos todos os modos de transporte rodoviário, individual e coletivo.
Nas ligações internas os serviços de transporte coletivo são prestados por operadores
autônomos, com pouca estrutura operacional e utilizando vans, kombis e até mesmo em carros
pequenos, operados como taxi-lotação.
O município é atendido por “linhas” partindo de Mar Grande, organizadas com pouca ou
nenhuma participação do poder público local, prejudicado a regularidade dos serviços e sem
garantia de atendimento em horários de baixa demanda. O gerenciamento praticado pela
prefeitura praticamente se limita ao controle das disputas pelo mercado, ainda assim com
elevada tolerância em relação a operadores não autorizados (clandestinos) locais. Não há
participação do Governo do Estado na gestão das linhas intermunicipais dentro da Ilha (entre
Itaparica e Vera Cruz). As áreas de concentração de demanda, principalmente junto aos
terminais do transporte hidroviário, carecem de organização de instalações físicas e de
coordenação dos serviços, contribuindo para agravar as condições de circulação e
descaracterizar os espaços urbanos. No terminal de Mar Grande, por exemplo, os espaços no
entorno da Praça da Matriz estão totalmente tomados por operadores de vans, taxistas e
mototaxistas.
De modo geral a mobilidade é considerada um problema nas localidades de Vera Cruz,
especialmente no cone sul e na contracosta. As áreas mais servidas por transporte estão ao
longo do eixo da BA 001, em Bom Despacho (com terminais rodoviário e hidroviário) e em
Mar Grande.
Os problemas mais citados pelos moradores foram:
O alto custo dos transportes (o que gera diversos contratempos e desvantagens
para o morador). Este foi um problema considerado geral, mas em algumas
localidades essa questão foi considerada ainda mais grave.
A má qualidade dos serviços prestados. De acordo com moradores existem
muitos prestadores de serviço de transporte clandestinos, com motoristas
despreparados e veículos sem conservação adequada, o que põe em risco a
vida dos usuários. De acordo com os moradores, não há um padrão de serviços
bem estabelecido, de modo que os usuários muitas vezes ficam à mercê da
disposição dos motoristas para, por exemplo, completar todo o percurso.
A condição das vias também foi comentada pelos moradores, mais
gravemente na contracosta e cone sul. De modo geral as vias principais
oferecem melhores condições de tráfego, mas as vias locais não dispõem de
pavimentação ou passeio para pedestres. A falta de pavimentação é um
problema, segundo os moradores, porque gera muita poeira nos períodos de
seca e muita lama nos períodos de chuva.
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6. Desarticulação física e funcional entre os núcleos urbanos e centralidades no
território municipal
O município de Vera Cruz que corresponde a 87% de extensão da Ilha possui vinte e três
localidades. Ao longo da orla: parte de Gameleira; Buraco do Boi, Penha, Ilhota, Mar Grande,
Gamboa, Barra do Gil, Taipoca, Coroa, Barra do Pote, Conceição, Barra Grande, Tairu,
Aratuba, Berlinque e Cacha Pregos; na contracosta estão: Catu, Jiribatuba, Matarandiba, Ponta
Grossa e Baiacu; e no interior da Ilha estão Juerana e Campinas.
Comparado ao município vizinho de Itaparica, a ocupação em Vera Cruz foi mais ordenada,
sendo mais frequente a aprovação e implantação de loteamentos regulares. O lote médio dos
loteamentos aprovados é de 500 metros quadrados e estes lotes são predominantemente
voltados para o uso de veraneio. Muitos lotes permanecem vazios. Em Vera Cruz concentram-
se os loteamentos fechados da Ilha de Itaparica, localizados na costa.
A ocupação urbana em Vera Cruz reflete o papel assumido pela Ilha de Itaparica na rede de
cidades baianas, sob dois aspectos claramente identificados: a função de local de veraneio
expressa na proliferação de loteamentos de uso estritamente residencial, muitos deles
fechados, de uso predominantemente ocasional e pelo surgimento de localidades ao longo da
Rodovia BA 001, que liga Salvador (via transporte marítimo) e o Recôncavo Baiano (via ponte
do Funil), expressando o papel de ligação e articulação física que a Ilha de Itaparica, e
principalmente o município de Vera Cruz, assumem no território baiano.
Essa configuração urbana gerou desarticulação física entre as localidades, que não possuem
outra forma de ligação entre elas que não a rodovia, e também desarticulação funcional, uma
vez que são núcleos isolados, com pequenos e médios comércios para atendimento da demanda
localizada, com exceção de Mar Grande, que como se verá mais adiante, concentra comércio
e serviços de maior porte.
Além das características já elencadas, a ocupação urbana se deu de forma espraiada, com a
presença de loteamentos residenciais pouco adensados convivendo com inúmeras invasões
precárias e irregulares. Ao longo de toda a área urbana, as casas de veranistas coexistem com
as moradias autoconstruídas. O lote médio dos loteamentos aprovados em Vera Cruz é de 500
metros quadrados, predominantemente voltados para o uso residencial de veraneio. Muitos
lotes permanecem vazios.
O terminal de lanchas da ilha está localizado em Mar Grande, fator determinante para
caracterizar Mar Grande como a principal centralidade do município de Vera Cruz. As
Centralidades Municipais são as áreas que já apresentam maior densidade de ocupação urbana,
melhores condições de acessibilidade e oferta de serviços, comércio e equipamentos urbanos.
O comércio é diversificado, com um grande número de estabelecimentos: agencias bancarias,
restaurantes, hotéis, além de abrigar a prefeitura municipal e a biblioteca municipal.
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Mapa 11: Foto aérea com sobreposição de loteamentos aprovados e fechamentos
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/ PÓLIS/ OFICINA, 2014
Apesar da proximidade com Bom Despacho, centralidade do município vizinho que abriga o
atracadouro das balsas, não existe uma continuidade da mancha urbana entre ela e o núcleo de
Mar Grande, de modo que a única ligação terrestre entre eles é a rodovia estadual BA-001,
que articula a Ilha de Itaparica longitudinalmente.
A concentração de equipamentos públicos e particulares de educação e saúde também mostra
que se trata de um núcleo urbano consolidado e com uma população residente fixa relevante.
Segundo o PDDU (2004), as praias de Mar Grande e das Mercês são muito visitadas durante
o verão, estimulando ainda mais os estabelecimentos voltados ao turismo, como bares,
restaurantes, hotéis, sorveterias. Além disso, há a presença dos seguintes pontos turísticos:
Ruínas do Moinho das Mercês, Ruínas da Igreja de Santo Antônio de Vellasques e da ponte
velha, a igreja do Sagrado Coração de Jesus, o templo da Templo da Sociedade Brasileira de
Eubiose e as fontes da região.
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A exemplo de Bom Despacho, em Itaparica, a precariedade das instalações do terminal das
lanchas, inclusive no que se refere ao seu entorno, com a precarização dos serviços de
transporte público (vans e taxis), contribui para a desorganização da área central da Cidade. A
configuração original de urbanização se mantém, com um núcleo formado pela Igreja Matriz
do Sagrado Coração de Jesus, cujo patrimônio se encontra desvalorizado e oculto na paisagem,
devido a sobreposição desorganizada dos diversos usos presentes (terminal das lanchas, pontos
de embarque dos serviços de transporte público, comercio, etc.).
As demais localidades (classificadas no Plano Urbano Intermunicipal - PUI como
centralidades secundárias) apresentam estrutura física de serviços, comércio ou equipamentos
públicos, de baixa complexidade e de utilização cotidiana, alcançando uma menor área de
influência. São característicos dessa função o aglomerado conformado por Conceição, Coroa
e Barra do Gil estes núcleos já são referência de serviços locais da população, porém ainda
pouco estruturados economicamente; Barra Grande, Tairu, Jiribatuba e Cacha Pregos. A
localidade de Jiribatuba, localizada na Contracosta, apresenta função de centralidade
secundária pela facilidade de acesso pelas vias estruturais que ligam a ilha de Norte à Sul.
Entre as centralidades secundárias, Cacha-Pregos merece destaque. Situada no extremo sul da
Ilha, a cerca de 20 km de Mar Grande, é um dos núcleos urbanos mais antigos da Ilha, com
atividades de turismo, pesca e construção e reforma de embarcações.
Nas localidades da contracosta ainda se expressa, em termos territoriais, a importância do mar
e da pesca nas características sociais, econômicos e culturais históricas de seus moradores. Lá
ainda persiste como meio de subsistência e construção de identidade cultural a presença do
mar e todas as atividades a ele relacionadas, como a navegação e a pesca, que tiveram no
passado papel importante na vida cotidiana dos moradores da Ilha. Pela função que essas
localidades cumprem na organização territorial foram classificadas como centralidades
culturais.
As localidades de Baiacu e Matarandiba foram destacadas, pois nelas existe uma população
que, em maior ou menor escala, pratica a atividade da pesca e, na maioria dos casos, também
a mariscagem, utilizando-se de saberes e práticas de caráter tradicional. No povoado de Baiacu
há bens de valor histórico tombado, como a ruína da Igreja do Nosso Senhor de Vera Cruz.
A precariedade no acesso à infraestrutura urbana é uma característica marcante do processo
de ocupação urbana em vera Cruz, e atingem de forma geral todas as localidades do município,
independente da sua função na estruturação urbana,
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7. Distribuição espacial dos equipamentos sociais urbanos
A distribuição espacial da população (moradias), das atividades econômicas geradoras de
emprego e dos equipamentos sociais de prestação de serviços revela a estruturação funcional
da cidade, subsidiando o conhecimento sobre as especificidades fundamentais para
proposições que visem o seu ordenamento territorial.
Com intuito de conhecer a rede social disponibilizada, foi realizado levantamento do território
municipal sobre os equipamentos de educação, saúde, lazer, esportes e cultura, assistência
social e segurança pública. Dados obtidos junto às secretarias municipais e estaduais nos
ajudam a conhecer os equipamentos disponíveis, entender sua capacidade de atendimento e
suas condições de funcionamento. Foram levantadas informações através de cada secretaria e
departamento das diferentes esferas da Administração Pública. Essas instâncias contribuíram
para qualificar e atualizar dados secundários levantados nas diferentes fontes de dados
disponíveis (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde – CNES do Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP do Ministério da Educação, entre outros).
Além de conhecer a distribuição espacial dos equipamentos, o que nos permite identificar
possíveis regiões do território municipal sem atendimento por determinados equipamentos, o
cruzamento desses dados com a localização da população por faixa etária nos permite
estabelecer a relação entre oferta e demanda para cada um dos equipamentos sociais
disponibilizados, indicando, por exemplo, áreas passíveis ou com restrições ao adensamento.
A localização espacial das Unidades Básicas de Saúde no território municipal demonstra
concentração de unidades nas regiões com maior número de domicílios, e localizadas
próximas ás áreas com maior número de população não ocasional, com exceção da localidade
de Jiribatuba que não possui UBS. No mapa apresentado a seguir foram localizadas as
Unidades de Saúde da Família e atribuído a elas um raio de abrangência de 1 Km, sobreposto
à informação sobre o número total de domicílios, segundo o censo IBGE 2010.
Analisando a localização geográfica das unidades de saúde, exceto Jiribatuba, não parece ser
a quantidade de Unidades o grande problema do município. É claro que essa informação não
indica bom desempenho ou resolutividade no atendimento à demanda por serviços de saúde
no município. O objetivo do mapeamento foi, em se tratando de proposições de ordenamento
territorial, mapear áreas com déficit de equipamento para futuras proposições de adensamento,
ou necessidade de previsão de áreas para esse tipo de equipamento.
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Mapa 12: Localização e raio de abrangência das Unidades de Saúde da Família em Vera
Cruz
Fonte: Elaboração Consórcio Polis/Demacamp/Oficina, 2014
O mesmo pode ser observado em relação aos equipamentos de educação. Segundo as
informações da Secretaria Municipal de Educação a demanda por matrículas em Vera Cruz
está atendida, não existindo lista de espera em praticamente nenhuma das escolas municipais.
A distribuição espacial das creches revela regiões não atendidas, existindo apenas cinco
creches públicas, duas localizadas nas proximidades de Mar Grande e uma em cada uma das
seguintes localidades: Baiacu, Jiribatuba e Berlinque. Se sobrepusermos os raios de
atendimento desses equipamentos ao mapeamento dos domicílios com os maiores percentuais
de crianças de 0 a 4 anos, podemos observar que a maioria das localidades não é atendida por
esse tipo de equipamento. O setor próximo a Berlinque, que apresenta maior percentual de
crianças de 0 a 4 anos, aparentemente está atendido pelo equipamento existente, mas nos
demais setores da orla não existem creches públicas.
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Mapa 13: Localização e Raio de Atendimento das Escolas Municipais - 2015
Fonte: Censo IBGE 2010. Elaboração Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
A distribuição espacial das unidades de educação infantil e ensino fundamental do sistema
municipal de ensino revela a sobreposição do raio de atendimento da demanda em na porção
ocupada com maior intensidade por domicílios de uso não ocasional no território municipal.
O que se pode depreender da análise da disposição das escolas no município, em comparação
com os setores censitários que apresentam os maiores números de domicílios e o cruzamento
com setores que apresentaram os maiores percentuais de população em idade escolar, é que no
que diz respeito ao número de estabelecimentos escolares, aparentemente não existe problemas
relacionados ao atendimento da demanda existente
Evidentemente, a qualidade do ensino nas diferentes escolas da rede influencia na geração de
demanda para cada uma das escolas. A existência de vagas excedentes em algumas escolas da
rede municipal pode significar a preferência, por parte da população, por outras escolas, ainda
que mais afastadas do local de moradia, em função do melhor desempenho em relação à
qualidade do serviço prestado.
Segundo o resultado da Prova Brasil 2013, em relação à rede municipal, apenas 21% dos
alunos até o 5º ano e 18% até o 9º ano apresentaram aprendizado adequado à sua etapa escolar
em Português e 13% e 3%, respectivamente, em matemática. A análise sobre a evolução dos
resultados do IDEB revela melhoria nos índices de Vera Cruz, principalmente no que se refere
ao aprendizado de português dos alunos até o 5º ano. em relação a 2009, quando apenas 13%
dos alunos na rede municipal apresentaram aprendizado adequado, atingindo os níveis
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avançado (1%) e proficiente (12%).Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica – IDEB (indicador de qualidade educacional), do Ministério da Cultura para escola,
município, unidade da federação, região e Brasil são calculados a partir do desempenho obtido
pelos alunos que participaram da Prova Brasil/Saeb 2013 e das taxas de aprovação, calculadas
com base nas informações prestadas ao Censo Escolar 2013. Dessa forma, cada uma dessas
unidades de agregação tem seu próprio IDEB. A combinação entre fluxo e aprendizagem do
IDEB vai expressar, em valores de 0 a 10, o andamento dos sistemas de ensino, em âmbito
nacional, nas unidades da Federação e município
Em Vera Cruz o IDEB 2013 para os anos iniciais (1º ao 5º ano), por escolas, variou entre 2,7
(Colegio Municipal Geralda Maria da Conceição em Gameleira) e 4,7 (Escola Municipal
Almiro Antunes de Brito, em Juerana e Escola Municipal Gaudencio Acelino Marques, em
Barra do Pote). Para os anos finais (6º ao 9º ano) variou entre 2,8 (Colégio Municipal Vera
Cruz localizado em Tairu) e 2,1 (Escola Municipal Jarbas Passarinho em Gamboa). Esses
dados, embora não permitam uma conclusão apuradas sobre a qualidade de ensino na rede
pública de educação, não revelam a existência de relação entre a localização espacial das
escolas e a qualidade do serviço prestado.
Conforme dados do último Censo Demográfico em 2010, a taxa de analfabetismo das pessoas
de 10 anos ou mais era de 7,2%. Na área urbana, a taxa era de 7,2% e na zona rural era de
0,0%. Entre adolescentes de 10 a 14 anos, a taxa de analfabetismo era de 4,8%.
De acordo com dados do INEP, em 2012, a taxa de distorção idade-série no ensino
fundamental foi de 38% do 1º ao 5º ano e de 55% do 6º ao 9º ano. A taxa de distorção idade-
série no ensino fundamental municipal foi maior, quando comparada às taxas da Região
Nordeste, maior que a do estado e maior que a do Brasil. A taxa de distorção idade-série no
ensino médio do município (61%) foi maior que a taxa do Brasil, maior que a da região e
menor que a do estado.
O Ensino médio é disponibilizado apenas 03 escolas da rede Estadual. As escolas Des. Julio
Virgínio de Santana (Mar Grande) e Juracy Magalhães Junior (Cacha Prego) atendem os níveis
de ensino fundamental e médio e a Escola de Educação Profissional do Oceano, localizada em
Conceição, atende apenas o ensino médio.
O quadro de carência é mais evidente em relação aos equipamentos de esporte, cultura e lazer.
Observa-se, no município, não há uma quantidade expressiva de espaços esportivos. São 03
espaços ou equipamentos mantidos pela Prefeitura para a realização de atividades esportivas
ou de lazer: Estádio Municipal Orlando Avelino de Jesus e Fonte do Tererê, em Ilhota e o
Estádio Municipal de Mar Grande. Além desses equipamentos existem 10 campos de futebol,
espalhados por todo o território municipal.As praças são 28, espalhada pela área urbana,
apresentando concentração nas centralidades mais expressivas, Gameleira, Mar Grande,
Gamboa e Barra do Gil.
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Mapa 14: Equipamentos de esporte e lazer
Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.
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Quanto aos espaços de cultura foram identificados doze equipamentos espalhados pelo
território ocupados, sendo quatro bibliotecas. Os equipamentos culturais identificados se
concentram na orla, Entre Mar Grande e Conceição.
Os resultados da leitura social revelam a carência de equipamentos e insatisfação com os
serviços prestados. Em relação a saúde e educação, os moradores consideram os serviços de
baixa qualidade e os equipamentos (prédios escolares e de saúde) desestruturados e em
condições precárias.
A unidade de pronto atendimento fica em Mar Grande. O Hospital Geral de Itaparica – HGI,
que atende toda a Ilha e outros municípios e oferece atendimento considerado de baixa
qualidade. Não conta com atendimento de alta complexidade, o que demanda articulação para
centros urbanos maiores, principalmente para Salvador.
De modo geral, considera-se a oferta de educação insuficiente no município e na Ilha de
Itaparica, especialmente por não haver oferta de ensino superior, o que condiciona a pessoa à
migração ou a movimentos diários de ida e volta para Salvador ou outra cidade maior.
As áreas de lazer mais utilizadas, de acordo com os relatos dos moradores, são as praias,
apicuns e campos de futebol. Um problema considerado pelos moradores é a questão do acesso
às praias, muitas vezes impedidos pelos “condomínios” existentes em grandes glebas a beira
mar.
Alguns participantes de oficinas se referiram aos bares das localidades como sendo áreas de
lazer dos moradores
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8. Déficit na produção de moradias e Precariedade habitacional
O processo de evolução da precariedade no município se deu principalmente por falta de
controle da ocupação do solo. Uma das consequências da ausência do poder público neste
processo foi a ocupação destas áreas ou do seu entorno, pela população de baixa renda. Por
outro lado, a prefeitura não conseguiu favorecer a oferta de habitação social para a população
de baixa renda, que sem ter condições financeiras para adquirir um lote ou unidade
habitacional no mercado formal, teve como única opção ocupar de forma precária e irregular
locais impróprios a ocupação urbana.
Segundo dados da FJP, o déficit habitacional básico em Vera Cruz totaliza 1.619 unidades
habitacionais, o que corresponde a 12,9% do total de domicílios do município. Destaca-se
também que este número equivale a aproximadamente metade do total de domicílios vagos
existentes em 2010 (3.670 domicílios), segundo dados do mesmo instituto. Esta situação típica
de Vera Cruz, não é comum na maioria dos municípios brasileiros, que em geral apresentam
o número de domicílios vagos igual ou menor que o déficit habitacional.
A distribuição do déficit habitacional por faixas de renda em 2010, aponta que Vera Cruz
concentrava 82,7% dos domicílios em déficit na faixa de até três salários mínimos. O
diagnóstico indica que esta relação do déficit habitacional com as faixas de renda está
diretamente correlacionada com a presença de domicílios concentrados até 2 SM, o que faz
com que também a concentração do déficit seja maior nestas faixas de renda.
O estudo sobre o déficit tem os seguintes componentes: domicílios precários, coabitação
familiar, ônus excessivo com aluguel e adensamento excessivo em domicílios alugados. A
partir destes dados podemos verificar que o componente que mais influencia no déficit
habitacional de Vera Cruz é a coabitação familiar, com 42% do total de domicílios em déficit,
seguido pelos componentes domicílios precários e ônus excessivo com aluguel, que
representam 32% e 21%, respectivamente
Segundo dados da FJP, três quartos (75,6%) dos domicílios de Vera Cruz são inadequados por
pelo menos um dos componentes mensal (Adensamento excessivo em domicílios próprios,
Inexistência de unidade sanitária domiciliar exclusiva e Domicílios com carência de
infraestrutura) totalizando 8.336 domicílios. Na maior parte destes domicílios (79,0%) temos
famílias com até 3 salários mínimos de renda
Em relação aos domicílios inadequados, podemos observar que três quartos (74,8%) dos
domicílios apresentam algum tipo de carência de infraestrutura de pelo menos um dos
componentes, totalizando 8.249 domicílios, segundo dados da FJP. Os imóveis próprios que
apresentam adensamento excessivo e os que não possuem unidade sanitária domiciliar
exclusiva são pouco expressivos, representando 4,2% e 3,0% do total de domicílios.
A infraestrutura de serviços de saneamento básico relaciona-se com a adequação das moradias
e sua consequência para o bem-estar e saúde dos moradores. O conceito adotado pelo IBGE
no Censo Demográfico 2010 para classificar a inadequação de domicílios considera
infraestrutura de saneamento básico o abastecimento de água por rede geral, no esgotamento
por rede geral e fossa séptica, e na coleta de lixo dos domicílios.
O número de domicílios sem esgotamento sanitário ultrapassa 7.500 unidades, que significa
que mais de 68% do total de domicílios de Vera Cruz não possui esgotamento sanitário
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adequado. O segundo componente mais representativo é a carência de coleta de lixo, que
atinge quase 12% dos domicílios do município.
Pelo levantamento realizado em campo, temos atualmente em Vera Cruz 33 assentamentos
precários. A distribuição destes assentamentos no território aponta para uma maior
concentração em: Mar Grande/Ilhota e Gamboa, após a BA 001, no entroncamento entre a BA
001 e o acesso para a ponte do funil.
Foram identificados também alguns assentamentos nas localidades de Baiacu, Jiribatuba e
Cacha Prego, que surgiram antes de 1959, como ocupações tradicionais espontâneas, local de
moradia para a comunidade pesqueira local.
A observação dos mapas de evolução da mancha urbana nos mostra que a maior parte destas
ocupações se deu no período de 1979 a 1989, período em que se inaugurou a rodovia BA 001
e o ferryboat, conectando a ilha a Salvador e ao Recôncavo. Desta forma entre 1979 e 1989 a
concentração de assentamentos precários se deu nas localidades de Mar Grande, Ilhota, Tairu
e Aratuba. No período mais recente, as ocupações continuam a adensar o entroncamento da
BA 001 na localidade de Tairu e acontecem também em menor escala em Cacha Prego.
Assim como ocorreu em Itaparica, as principais centralidades do município de Vera Cruz se
consolidaram ao longo das vias estruturadoras que partem do terminal de ferry boat e de
lanchas, localizados em Bom Despacho e Mar Grande, quais sejam: a BA-001 e BA- 532 e o
acesso a ponte do funil e Cacha Pregos na BA-882.
Se por um lado a ocupação urbana formal de Vera Cruz se deu preferencialmente na orla com
predominância de residências de veraneio e na contracosta com as comunidades tradicionais
de pescadores; no interior da ilha, após a inauguração da BA 001 em direção ao interior,
surgiram inúmeros núcleos habitacionais precários e irregulares, aqui denominados
assentamentos precários. Ao longo de toda a área urbana, as casas de veranistas coexistem
com as moradias autoconstruídas, que muitas vezes apresentam padrão construtivo bastante
precário.
É nítida a diferença que se percebe na qualidade do espaço urbano dos loteamentos regulares
de veraneio e os assentamentos precários. Se na orla a ocupação se deu de forma regular,
planejada, seguindo o arruamento aprovado no loteamento e com edificações de boa qualidade
construtiva, no interior da ilha é notável a carência de infraestrutura urbana, com arruamentos
descontínuos e improvisados, precários e sem acesso as redes de saneamento básico. Apenas
4 assentamentos precários ocupam loteamentos que foram aprovados e implantados
parcialmente. São eles os assentamentos Champs Elysees, Pedrão, Enseada de Tairu e Tairu
de Cima.
Diferente do que ocorre em Itaparica, os assentamentos precários de Vera Cruz escolheram
predominantemente áreas planas e distantes de áreas alagadas. Com raras exceções, os
assentamentos precários situam-se a beira da rodovia BA 001, no interior da ilha.
A leitura social demonstrou que os participantes consideram preocupante é o modo como vem
se dando o processo de ocupação urbana do território, geralmente com fins habitacionais mas
também para outros usos, sobre áreas de risco ou áreas frágeis e impróprias, como áreas de
alagamento, margens de rio, mangues, apicuns e até praias.
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Os registros dos moradores deram conta de uma questão importante: a insegurança quanto a
propriedade dos imóveis pela inexistência de registros em cartório de imóveis. Parte dos
documentos comprobatórios de imóveis consiste em contratos / recibos de compra e venda.
Outras questões surgidas quanto à habitação dizem respeito às características construtivas:
existem habitações em condições construtivas precárias, casos de casas de taipa, sanitários
rústicos.
Dentre as áreas em situação de risco relatadas com maior ênfase pelos moradores presentes
nas oficinas estão:
Ocupação de áreas sob influência da maré (praias, manguezais e apicuns), como em
Gamboa, Cacha Pregos, Ponta Grossa, Catu, Mar Grande, Aratuba e Berlinque.
Ocupação de margens ou leito de rio ou em canais de drenagem natural, a exemplo de
Mar Grande, Conceição, Berlinque e Barra do Gil.
Esforços no sentido da universalização do acesso ao saneamento básico devem ser priorizados,
bem como o estabelecimento de uma política eficiente de regularização fundiária associada a
um controle urbano mais eficiente.
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