relatório - demacamp planejamento projeto e consultoria · guilherme margarido ortega consultor em...

48
Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque 01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824 www.polis.org.br / [email protected] Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana 04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994 DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda. Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br [email protected] Relatório Leitura técnica para PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Vera Cruz - PDDU CONTRATO SEDUR-BA Nº 002/2014 OBJETO Contratação de serviços especializados de consultoria para a realização de estudos urbanísticos e a elaboração, com participação social, dos instrumentos de política urbana, essenciais e estratégicos relacionados ao desenvolvimento socioeconômico da macroárea de influência da Ponte Salvador – Itaparica/SVO. PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social Salvador-BA Julho 2015

Upload: buicong

Post on 08-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e

Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Relatório

Leitura técnica para PDDU

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

de Vera Cruz - PDDU

CONTRATO SEDUR-BA

Nº 002/2014

OBJETO

Contratação de serviços especializados de consultoria para

a realização de estudos urbanísticos e a elaboração, com

participação social, dos instrumentos de política urbana,

essenciais e estratégicos relacionados ao desenvolvimento

socioeconômico da macroárea de influência da Ponte Salvador

– Itaparica/SVO.

PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social

Salvador-BA

Julho 2015

Page 2: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

PREFEITURA MUNICIPAL DE VERA CRUZ

Prefeito

Antônio Magno

DEMACAMP

Eleusina Lavôr Holanda de Freitas coordenadora

Paola Paes Manso coordenadora da Mobilização Social

Maria Célia Caiado urbanista sênior

Sylvio Fleming Batalha da Silveira antropólogo

Fernanda Serralha consultora em Finanças Públicas

José Marcos Cunha consultor em Demografia

Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia

Késia Anastácio consultor em Demografia

Antonio Gonçalves Pires consultor em Meio Ambiente

Branca Perocco arquiteta e urbanista

Monica Mitie Kanematsu Wolf arquiteta e urbanista

Gabriella Rizzo arquiteta e urbanista

Rafael Baldan estagiário

INSTITUTO PÓLIS

Margareth Matiko Uemura coordenadora geral

Nelson Saule Junior coordenador

Danielle Klintowicz urbanista sênior

Guadalupe M.J.A.Almeida - advogada senior - coordenadora juridica PUI

Raphael Bishof advogado sênior

Mariana Levy advogada sênior

Paulo Romeiro advogado sênior

Helio Wicher Neto advogado pleno

Flavio Ghilardi sociólogo

Carolina Rocha advogada

Leandro Morais consultor em Economia

Thiago Dallaverde economista pleno

Jorge Kayano coordenador de indicadores sociais

Marcel Fantin consultor em Meio Ambiente

Felipe Moreira Arquiteto pleno

Vitor Nishida Arquiteto pleno

OFICINA CONSULTORES

Antonio Luis Mourão Santana engenheiro sênior

Arlindo Fernandes engenheiro sênior

Marcos Bicalho arquiteto sênior / consultor em mobilidade urbana

Felício Sakamoto engenheiro sênior / consultor em mobilidade urbana

Fátima Matos arquiteta sênior

Marcelo Nakasaki arquiteto sênior

Esnel Minetti engenheiro sênior – coordenador de pesquisas

André Nóbrega supervisor de pesquisas

Paulo Hatada apoio de informática e processamento

Rafael Simonato técnico em transportes

Edilberto de Aguiar Junior desenhista

Page 3: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Sumário Apresentação ............................................................................................................................ 3

Introdução ................................................................................................................................ 4

1. Crescimento populacional e do PIB acima da média regional e baixo dinamismo

econômico (baixos rendimentos e informalidade na economia e nas relações de trabalho) 4

2. Rico Patrimônio Ambiental Associado à Manutenção de Formas Tradicionais de

Subsistência e Elevado Grau de Antropização e Baixa Capacidade de Gestão Urbana ...... 9

3. Precariedade no acesso à infraestrutura e baixa densidade urbana ............................ 18

4. Predominância de uso ocasional na orla e adensamento dos assentamentos precários

pós Rodovia BA 001. ......................................................................................................... 28

5. Desfavoráveis condições de mobilidade e ineficiente sistema de transporte coletivo

dificultando os deslocamentos e reduzindo oportunidades aos moradores ........................ 32

6. Desarticulação física e funcional entre os núcleos urbanos e centralidades no

território municipal ............................................................................................................ 34

7. Distribuição espacial dos equipamentos sociais urbanos ........................................... 37

8. Déficit na produção de moradias e Precariedade habitacional ................................... 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 46

Page 4: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Apresentação

Este produto integra a terceira entrega do contrato celebrado entre a SEDUR e o Consórcio

DEMACAMP/ INSTITUTO PÓLIS/OFICINA, Processo Licitatório nº 1411130019416 –

SEDUR, Concorrência Pública nº 002/2013.

O objeto é a “Realização de estudos urbanísticos e a elaboração, com participação social, dos

instrumentos de Política Urbana essenciais e estratégicos relacionados ao desenvolvimento

socioeconômico da macroárea de influência da ponte/Sistema Viário Oeste (SVO)”.

A simultaneidade na elaboração dos estudos garante uma sinergia de propostas e ações, uma

vez que se trata de instrumentos voltados a construir um arcabouço de planejamento em

diversas escalas (regional, intermunicipal e local).

Além disso, também foram estabelecidos convênios entre a Prefeitura e os Municípios de

Itaparica e Vera Cruz para contratação do Plano Local de Habitação de Interesse Social

(PLHIS), do Plano de Mobilidade e do Plano de Saneamento Básico. Estes planos setoriais

devem atender as diretrizes estabelecidas no PUI e PDDUs e promover programas e projetos

para a gestão urbana, conforme definido nas diretrizes nacionais da política urbana.

Dessa forma, a terceira entrega do contrato compreende as seguintes atividades: Audiência

Pública de apresentação do PUI, Leitura técnica para os PDDUs, Capacitação 2º módulo

(Instrumentos da Política Urbana), Leituras Técnica, Jurídica e Social para os PDDUs. Tais

atividades compõem os seguintes produtos da terceira entrega:

P.1 - Plano Intermunicipal da Ilha (PUI)

PI. 1.7 - Audiência Pública de apresentação do PUI

PI. 2.1 - Leitura técnica para PDDU

PI. 2.2 - Capacitação 2º módulo - Instrumentos da Política Urbana

PI. 2.3 - Leitura Social

PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social

Neste relatório será apresentado o produto PI. 2.4 - Síntese da Leitura Técnica e Social do

Município de Vera Cruz.

Page 5: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Introdução

Com foco na elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PDDU será

apresentado neste documento a sistematização sobre análise dos dados levantados para

caracterização do município de Vera Cruz, segundo as dimensões técnica e social,

possibilitando o conhecimento sobre a realidade local.

O objetivo é através do cruzamento das análises realizadas nas duas dimensões acima citadas,

identificar os principais desafios que deverão ser enfrentados para a promoção do

desenvolvimento urbano. As observações produzidas a partir da análise dos dados e

informações levantadas permitiram identificar os principais gargalos ao desenvolvimento

urbano municipal, aqui apresentado de forma concisa, ilustrada pelos dados levantados.

1. Crescimento populacional e do PIB acima da média regional e baixo

dinamismo econômico (baixos rendimentos e informalidade na economia e nas

relações de trabalho)

A análise dos dados selecionados indica que Versa Cruz apresentou na última década melhoria

dos indicadores socioeconômicos, porém, cabe salientar, essa melhoria observada se deu sob

uma base muito baixa, colocando o município em posição inferior ao conjunto do Brasil e

abaixo, em grande parte dos indicadores, do Estado da Bahia, indicando fraco dinamismo

econômico. Apesar de pertencer institucionalmente à Região Metropolitana de Salvador, não

se beneficia diretamente dessa condição, apresentando inserção periférica, exercendo papel de

ligação territorial entre a sede e os municípios que integram as regiões do Recôncavo Baiano

e do Baixo Sul.

A população do município cresceu, entre de 2000 e 2010, à taxa de 2,37% ao ano, passando

de 29.716 para 37.567 habitantes, representando queda no ritmo de crescimento se comparado

à taxa observada par o período 1991-2000 (3,34%). Essa taxa foi superior à registrada no

Estado, que ficou em 0,70% ao ano, e superior aos 1,08% ao ano observados para a Região

Nordeste.

Vera Cruz assume posição desfavorável, em termos da produção de riquezas, no contexto da

RMS. Em 2010 apresentou o segundo menor PIB entre os municípios da região (R$

229.682,00), maior apenas que o vizinho município de Itaparica, resultado que se repete se

analisarmos o PIB per capita. O setor de Serviços representou 77,7% do PIB, revelando o

papel primordial do setor na sua composição.

A análise do PIB de Vera Cruz indica que o município apresentou crescimento entre os anos

1999 e 2011, superior ao observado para o estado da Bahia O PIB real a valores de 2011,

deflacionado pelo deflator implícito do PIB, de Vera Cruz evoluiu de R$ 138,4 milhões para

R$ 281,4 milhões. Entre 1999 e 2011, o Estado da Bahia apresentou crescimento de 50,0% de

seu PIB a valores constantes de 2011, já Vera Cruz, crescimento de 103,4%. Vale mencionar

que este crescimento bem acima da média nacional leva em conta um baixo ponto de partida

do PIB municipal em 1999.

Esse crescimento da cidade acima do crescimento do Estado elevou a participação de Vera

Cruz no total do PIB da Bahia, de 0,13%, para 0,17%. Apesar de apresentar ainda uma

participação pequena na produção de riqueza do Estado da Bahia, este crescimento observado

Page 6: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

em Vera Cruz mostra que o município teve uma dinâmica econômica superior aos períodos

anteriores.

É importante destacar também que o município de Vera Cruz, apresenta maior participação no

PIB da RI Salvador do que alguns municípios que estão em níveis hierárquicos superiores na

rede de cidades baiana. O crescimento do PIB do município de Vera Cruz no período 2006-

2010 foi o sétimo maior entre os municípios da RMS, acima da média da região e do município

de Salvador, embora em valores absolutos o município tenham apresentado, em 2010, a

segunda mais baixa participação no PIB total da RMS (Itaparica 0,15% e Vera Cruz 0,33%).

Observa-se que, em Vera Cruz, o crescimento do PIB foi puxado, em maior parte, pelas altas

taxas de variação apresentadas pelos Serviços (121,4%), pela Industria (108,9%) e pela

Administração, saúde e educação pública e seguridade social (98,5%), enquanto, apesar de

também ter apresentado variação positiva, a agropecuária apresentou variação inferior às

demais contas, de 41,5%. Assim sendo, explica-se o aumento na participação tanto dos

serviços, quanto da indústria, em detrimento das outras duas contas.

A análise da composição e evolução dos estabelecimentos permite reforçar a divisão setorial

do PIB, com uma concentração dos estabelecimentos no setor de serviços.

Em relação ao mercado de trabalho, notou-se uma evolução significativa da população em

idade ativa e da população economicamente ativa, entretanto a taxa de atividade é menor que

a observada no Estado. Em Vera Cruz, a PIA cresceu 16,9% entre 2000 e 2010. Isso implica

que o município dispõe de uma quantidade maior de pessoas aptas ao trabalho que há anos

atrás. Este fator pode ser explicado pelo crescimento populacional verificado.

A participação ainda alta da população em idade ativa na estrutura etária da população poderia

se constituir em oportunidade de dinamização da economia por representar maior potencial de

mão de obra, porém a falta de qualificação da população e de atividades geradoras de emprego

no território do município tem transformado essa oportunidade em fator gerador de emigração.

Em Vera Cruz a taxa de atividade cresceu 1,5 pontos percentuais, em virtude de um

crescimento mais elevado da PEA em relação à PIA, totalizando 52,5%. A taxa de atividade

de Vera Cruz está abaixo ao verificado na Bahia, de 55,7%. Isso implica que há uma parcela

da população que se encontra no mercado de trabalho menor do que aquela que está na mesma

situação na Bahia. Entretanto, em Vera Cruz houve aumento, o que pode ser correlacionado

com os fatores de desenvolvimento econômico apresentados anteriormente.

Em Vera Cruz os ocupados cresceram 62,5%, entre 2000 e 2010. Essa variação corrobora o

bom desempenho do PIB da cidade. O impacto desta rápida evolução foi a queda acentuada

da taxa de desocupação. Em Vera Cruz a queda foi de 13 pontos percentuais, resultando em

uma taxa de desocupação de 12,9% em 2010, ante os 25,9% em 2000. Entretanto, apesar do

bom resultado e da redução drástica do desemprego, a cidade encontra-se ainda em posição de

fragilidade se comparadas aos resultados de taxa de desocupação do Estado da Bahia (10,9%).

Os dados indicam que há queda na taxa de desocupados, porém, a alta taxa de informalidade

mantém a condição de fragilidade do mercado de trabalho da região. Apesar da redução no

Estado da Bahia de 6,2 pontos percentuais, em Vera Cruz, houve aumento de 1,3 pontos

percentuais, resultando em 66,4% de informalidade em 2010.

Page 7: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Apesar da diferença entre os resultados da RAIS e do IBGE, algumas conclusões se mantêm,

como o maior dinamismo no mercado de trabalho das atividades relacionadas aos serviços.

Porém, conclui-se também o problema referente à formalização nas atividades centradas na

agricultura, pecuária, produção florestal, caça e pesca, uma vez que aqui se apresentam como

um dos principais setores no qual as ocupações estão concentradas.

Ao confrontar os dados da RAIS (apenas emprego formal) com os do IBGE (o qual inclui

também ocupações sem carteira assinada e por conta própria), percebe-se, por exemplo, que

no setor da agricultura, pecuária, produção florestal, caça e pesca, pelos dados da RAIS a

participação no emprego total é quase nula (0,3%) em Vera Cruz, ao passo que pelos dados do

IBGE, este setor comtempla 16,96%. Em Vera Cruz existem comunidades e vilas de

pescadores nas seguintes localidades: Baiacu, Ponta Grossa, Jiribatuba, Catu, Mar Grande,

Vila de Tairu (localizada no Mar Grande), Praia Barra do Gil, Praia da Coroa, Barra do Pote,

Praia Berlinque, Jaburu e Vila de Cacha-Pregos, onde existem cinco estaleiros (que fabricam

saveiros e escunas). Em algumas comunidades, além da pesca é desenvolvida a aquicultura.

Os rendimentos médios reais também sofreram elevação. Houve mudança na distribuição dos

rendimentos pelo salário mínimo, com uma grande parcela da população saindo da categoria

sem rendimentos, porém, são baixos se comparados ao observados para o Estado da Bahia.

A pesca artesanal está tradicionalmente ligada às comunidades costeiras, as quais devida a sua

baixa especialização e elevados níveis de pobreza fazem dela uma das principais fontes de

renda, portanto, uma ocupação importante no contexto socioeconômico do território analisado.

A ausência de informações estatísticas atuais e mais abrangentes a respeito da atividade (pesca

artesanal e amadora) torna difícil a análise quanto ao número de pessoas envolvidas, produção

comercial, espécies comercializadas, produtividade, valor da produção, dentre outros. No

entanto, sabe-se que, por um lado, neste território, a pesca marítima artesanal é um elemento

primordial para a economia local, contribuindo para a geração de trabalho e renda, inclusive

tida para muitos como a única fonte de subsistência. Por outro lado, trata-se de uma atividade

marcada pela sazonalidade e informalidade, prejudicial econômica e socialmente.

Em virtude dessas características, faz-se necessário programas de complementação de renda

para períodos em que a pesca não é permitida. O Seguro Defeso é uma assistência financeira

temporária concedida ao pecador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal. O

benefício serve para os pescadores que trabalham individualmente ou em regime de economia

familiar, ainda que com o auxílio eventual de parceiros, e que estejam com suas atividades

paralisadas no período de defeso. O pescador receberá um número de parcelas equivalentes

aos meses de duração do defeso, conforme portaria fixada pelo IBAMA, sendo que cada

parcela é de um salário mínimo.

O efeito do Seguro Defeso é positivo para o território, no momento em que a pesca artesanal

não é autorizada, privando parcela importante da população local de ter acesso a renda e fonte

de sobrevivência. Dessa forma, com essa compensação monetária, os pescadores mantêm uma

fonte de renda e, como efeito, o nível de atividade econômica.

Outro ponto a ser observado é a concentração dessas atividades em um setor que apresenta

pouca contribuição ao valor adicionado no PIB. A agropecuária tem a menor participação e

esta é cadente na década. Assim, pode-se concluir que são empregos de baixa produtividade e

Page 8: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

que contribuem pouco para o dinamismo econômico da região. Sugere-se, com isso, a

necessidade de uma discussão mais detalhada acerca das possibilidades de diversificação de

atividades econômicas, condizentes às suas potencialidades econômicas. Tal discussão pode

contribuir, inclusive, para reduzir os níveis de informalidade característicos do território.

Os dados indicam que Vera Cruz, durante a primeira década dos anos 2000, minimizou as suas

fragilidades sociais e econômicas, sendo influenciada, sobretudo pelos programas de

transferência de renda. Entretanto, a fraca base econômica de comparação, os indicadores

ainda inferiores ao do país e ao de seu estado e a alta dependência do setor público apontam

para a necessidade de contínua evolução, a fim de formar uma economia mais autônoma e

atingir níveis de desenvolvimento socioeconômico superiores. É preciso também trazer à tona

discussões latentes sobre a dinâmica econômica do território, como a problemática da

informalidade envolvendo setores importantes para a formação de renda e emprego na

sociedade da Ilha de Itaparica e os problemas e virtudes ligados à sazonalidade econômica do

veraneio.

As observações resultantes das oficinas realizadas com a comunidade local coadunam com os

resultados das análises a partir dos dados socioeconômicos. Ficou latente nas oficinas a

percepção dos moradores, das diversas localidades de Vera Cruz, sobre a falta de

oportunidades de trabalho no território municipal. Nas localidades onde existe a presença de

mangues, apicuns e praias, as principais atividades com possibilidades de emprego declaradas

são a pesca, predominantemente para os homens, e a mariscagem, predominantemente para as

mulheres, ambas para subsistência.

Segundo os relatos nas oficinas, dentre as principais fontes de trabalho e renda da população

local estão:

• A pesca e mariscagem, com destaque para as localidades da contracosta nos

trabalhos de pesca de rede e coleta de mariscos (como em Baiacu, Jiribatuba,

Matarandiba, Ponta Grossa, Catu, Campinas) e das localidades da costa na pesca

com utilização de embarcações motorizadas (como em Conceição, Barra do GIL,

Cacha Pregos, Aratuba, Jaburu e Mar Grande).

• O comércio, principalmente em Mar Grande, no Comercial Coroa – em Coroa, e

em mercadinhos locais.

• O setor de serviços, principalmente em Mar Grande. Os serviços de transporte,

formal ou informal, também são importantes geradores de trabalho e renda no

município.

• Muitas pessoas obtêm renda como “caseiros”, responsáveis pela manutenção e/ou

vigilância das casas de veraneio, muito comuns nas localidades e loteamentos

fechados (“condomínios”) da costa.

• O setor público – com destaque para a prefeitura municipal;

• Os repasses de programas sociais também foram citados como fontes relevantes

de renda nas localidades.

• De acordo com os moradores, a agricultura familiar também exerce papel

importante para famílias localizadas nas áreas entre a ocupação linear da costa e

as localidades da contracosta.

Page 9: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Page 10: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

2. Rico Patrimônio Ambiental Associado à Manutenção de Formas Tradicionais

de Subsistência e Elevado Grau de Antropização e Baixa Capacidade de

Gestão Urbana

O ambiente natural do território do município de Vera Cruz, composto por rico patrimônio

ambiental, é caracterizado pela incidência de remanescentes de floresta ombrófila em estágio

médio de regeneração, restinga, manguezais e apicuns, vegetação aluvial ou brejosa que

constituem o bioma Mata Atlântica, recifes de corais e praias.

Em Vera Cruz tem se intensificado o espraiamento e a expansão da mancha urbana através,

principalmente, da ocupação irregular de áreas urbanas, predominantemente nas porções de

terras localizadas após a BA 001, em direção ao interior do município. Esse fato se torna

preocupante em função da existência de áreas frágeis ambientalmente, e não adequadas à

ocupação urbana e da presença de ativos ambientais que precisam ser preservados para a

manutenção da qualidade de vida, sendo fundamental sua existência enquanto diferencial para

a dinamização da economia e sobrevivência de modos tradicionais de produção observados no

município.

O processo de ocupação irregular no município se deu principalmente por falta de controle da

ocupação do solo. O crescimento populacional do município, acima da média regional, e o

adensamento nos assentamentos precários, sugere transferência de população de baixa renda

que não consegue inserção nos municípios do entorno, inclusive da sede metropolitana, para

o território municipal.

Visando a identificação de áreas ambientalmente frágeis que precisam de regulamentação

urbanística para garantir a ocupação sustentável, foi realizada a análise sobre os meios físico

e biótico, com o objetivo de mapear a susceptibilidade à ocupação no território do município

de Vera Cruz. Os terrenos que apresentam fragilidades e potencialidades para a ocupação

urbana foram identificados e mapeados com base na análise integrada das informações sobre

o substrato rochoso e sedimentos, o relevo, o solo (cobertura dentrítica) e a dinâmica

superficial.

Em relação ao meio físico, o município de Vera Cruz é caracterizado oito (8) tipos de Terreno

denominados de: Amorreados Baixos, Colinosos, Colinosos com Morrotes, Planície Marinha,

Planície Fluvio-Marinha, Planície de Maré e Manguezais, Alagadiços e Brejos, e Praia, cuja

distribuição é apresentada na Mapa 1 - Mapa de Terreno. As características e a sensibilidade

geoambiental dos terrenos que caracterizam o município de Vera Cruz permitiram classificá-

los como tendo susceptibilidade baixa, média e alta à ocupação e como terrenos impróprios.

A susceptibilidade à ocupação foi assim classificada: Baixa: Quando são favoráveis ou

apresentam pequenos problemas e/ou exigem cuidados simples de implantação e conservação;

Média: Quando o uso é possível, porém com problemas e cuidados específicos para

implantação e conservação; Alta: Quando o uso só é possível em áreas localizadas, os

problemas são complexos e os cuidados são severos e restritivos para implantação e

conservação e Impróprios: Quando o uso é inadequado, devido a riscos geotécnicos e a

restrições ambientais e/ou legais.

Page 11: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 1 – Tipos de Terreno

Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

Foram considerados impróprios os Terrenos Planícies Alagadiças e Brejos, as Planície de

Maré e Manguezais, as Planícies Flúvio-Marinhas e as Praias.

Page 12: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 2 – Terrenos Segundo a Susceptibilidade à Ocupação Urbana

Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

Os Terrenos Alagadiços e Brejos ocorrem na porção leste da ilha estando às áreas mais

expressivas localizadas na porção central da ilha ao longo do rio Artur Pestana e dos riachos

do Peris, do Constantino e da Penha. Outras áreas significativas encontram-se na porção sul

Page 13: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

da ilha associadas aos ribeirões da Estiva e Cacha Prego. Essas áreas úmidas desempenham

várias funções ambientais regulando o aporte de água doce que chega aos estuários decorrentes

da exudação de mananciais hídricos subterrâneos; atuando como filtro biológico natural das

águas que chegam aos estuários, devido a sua vegetação hidrófila, mantendo o equilíbrio

físico-químico dos estuários, e regulando as condições ambientais de sobrevivência de

biocenoses extremamente frágeis que habitam estes ambientes (SEMARH, 2005).

Além do alagamento sazonal os terrenos Alagadiços e Brejos são áreas impróprias ao

parcelamento de solo e a urbanização devido à suscetibilidade muito alta a contaminação e a

recalques por adensamento de solos moles. Tais características conferem a esses terrenos uma

Sensibilidade Geoambiental Muito Alta. Embora apresente sérias restrições à ocupação, são

encontradas moradias, comércios, estradas, ruas e até um aeroporto, implantados sobre esses

terrenos. Essas atividades que promovem modificações no equilíbrio hidrológico destes

terrenos podem gerar várias modificações ambientais, tais como intensificação do risco de

contaminação das águas superficiais e subterrâneas e aumento no risco de inundação e da

insalubridade nas moradias implantadas nessas áreas.

Por serem planos e com nível freático elevado, os terrenos de Planícies Fluvio-Marinhas

apresentam risco de inundação, durante os períodos de alta pluviosidade devido à dificuldade

de escoamento. Tal situação pode ser intensificada quando os terrenos de Planície Flúvio-

Marinha ocorrem próximos a costa, onde eventos de alta pluviosidade e maré alta podem

intensificar as inundações. Tal situação confere a estes terrenos Sensibilidade Geoambiental

Alta. Essas planícies são mais frequentes na costa entre Barra do Gil e Barra Grande, ocorrendo

ainda no vale do Rio Campinas e em outros vales menores. Embora esses terrenos apresentem

problemas sérios para a ocupação, e constituam Áreas de Preservação Permanente (APP), eles

vêm sendo aterrados, drenados e utilizados para implantação de casas e viários que geralmente

apresentam problemas de alagamento e trafegabilidade devidos principalmente a falta de obras

de drenagem adequadas.

Por serem áreas com processos de movimentação sazonal ativa de sedimentos as praias

apresentam naturalmente mudanças significativas na morfologia e na dinâmica dos processos

erosivos e de deposição, mostrando também variações ao longo da costa. Esse comportamento

torna esses terrenos muito sensíveis a interferências, que podem intensificar ao longo dos anos,

os processos erosivos e de sedimentação alterando significativamente a feição existente. Essas

características conferem a essas áreas uma Sensibilidade Geoambiental Alta. Os terrenos de

praia por suas características e dimensões são os que se encontram mais alterados e degradados

na Ilha de Itaparica, visto que atualmente 53% dos primeiros cem metros de faixa costeira

encontram-se ocupados por construções fixas com perda significativa da qualidade estética da

paisagem e da capacidade recreacional de algumas praias. A densidade de ocupação hoje

observada nos terrenos de Praia e terrenos de Planície Marinha é responsável também pela

perda da qualidade das águas das praias e da alteração de sua balneabilidade

Os terrenos de Planície de Maré e Manguezais ocorrem ao longo de toda a contra costa e na

foz dos rios Ingá - Açu, Campinas, Sobrado e Cacha Pregos. Do lado oceânico têm-se ainda

pequenas ocorrências dos terrenos de Planície de maré e Manguezais, sendo as mais

expressivas observadas na foz do Riacho da Penha. Se desenvolve nas margens dos canais de

maré que predominam na contracosta, em locais abrigadas das circulações mais enérgicas das

marés, sendo caracterizada como áreas planas na faixa de oscilação das marés e de encontro

de águas doces e salgadas, que se associam a fitofisionomia de manguezais e apicuns. Esses

Page 14: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

terrenos que constituem Áreas de Preservação Permanente (APP) são impróprios à ocupação,

devido à inundação diária pela maré, a suscetibilidade muito alta a contaminação e a recalques

por adensamento de solos moles; e a presença de solos muito corrosivos devido à salinidade e

o elevado teor de ácidos orgânicos. Tais características conferem a esses terrenos uma

Sensibilidade Geoambiental Muito Alta.

Esses terrenos que constituem áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, para

fins de extrativismo, recreação e turismo embora se encontre em bom estado de conservação

em várias partes do município vem sendo alteradas pelo desmatamento, pela implantação de

aterros, residências ou comércio (palafitas, bares e restaurantes) pela poluição causada pelo

esgotamento sanitário, pelo uso predatório do extrativismo e pela contaminação por

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA’s), nas localidades de Baiacu, Ponta Grossa e

Cacha Prego.

No que se refere às restrições à ocupação ao meio biótico foi considerado como atributo biótico

os remanescentes vegetais do bioma Mata Atlântica - floresta ombrófila densa das terras

baixas, restinga (vegetação com influência marinha), manguezais (vegetação com influencia

fluvio-marinha), vegetação aluvial ou brejosa (vegetação com influência fluvial) e áreas

antropizadas - que ocupam parcelas do território e que por disposição legal podem estar

protegidos, condicionando o uso dessas áreas como de interesse ambiental e com restrições ao

parcelamento do solo.

No município de Vera Cruz, embora o processo de ocupação tenha descaracterizado grande

parte da vegetação de restinga, ainda existem grandes remanescentes de floresta ombrófila

densa, que apresentam conectividade entre si e com outras formações florestais como os

manguezais e a vegetação aluvial ou brejosa, o que caracteriza um patrimônio de grande valor

ambiental para o município. A floresta ombrófila densa das terras baixas, embora

descaracterizada pela implantação de loteamentos, ocupação irregular e rural, estradas e áreas

de empréstimos, apresenta remanescentes grandes e contínuos em estágio médio de

regeneração associados a estágio inicial ou antropizado (VS AMBIENTAL e NEMUS,

2014b).

Os manguezais no município de Vera Cruz ocorrem na contracosta e caracterizam a zona de

contato da terra firme com o mar, ocorrendo ainda no baixo curso (foz) dos riachos Jacu Açu,

Outeiro Grande e Gogo da Ema e dos rios Campinas, Sobrado e Cacha Pregos, tendo-se ainda

pequena ocorrência de manguezal na foz do Riacho da Penha. Os manguezais no município

apresentam estados de conservação variados, tendo-se áreas bem preservadas devido ao baixo

acesso populacional e áreas bem alteradas pelo desmatamento, pela implantação de aterros,

residências ou comércio (palafitas, bares e restaurantes) pela poluição causada pelo

esgotamento sanitário e pelo uso predatório do extrativismo.

Page 15: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 3 – Tipos de Vegetação Protegidas por lei

Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

Page 16: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

O grande valor ambiental da vegetação na Ilha de Itaparica reside na composição da paisagem,

onde formações florestais em diferentes estágios de conservação se interligam e muitas vezes

encontram-se conectadas a fitofisionomias de ambientes úmidos, sejam associados à água doce

ou salgada. Com base nas características da paisagem foram identificadas áreas de elevada

importância para a manutenção da fauna, tendo como base a extensão da área do núcleo de

vegetação remanescente e a conectividade com os demais fragmentos de paisagem.

Os fragmentos de vegetação mais importantes para a fauna estão localizados no sul da Ilha de

Itaparica nas proximidades de Jiribatuba e Caixa Pregos. Esses fragmentos apresentam

tamanho intermediário e tem elevada conectividade sendo considerada uma área de Alta

Importância para habitat da fauna. Na porção média da Ilha ocorrem também grandes áreas

núcleos de floresta com alta conectividade, apresentando ambiente favorável para as espécies

mais sensíveis da fauna.

Com base nos atributos dos fragmentos florestais e nas características das descontinuidades

que seccionam os fragmentos foram identificados quatro (4) remanescentes que se destacam

pela sua importância como Áreas de Interesse Ambiental para o município de Vera Cruz:

1. Remanescente Central (na contracosta estende-se até o mar, sendo limitado a norte por

uma pequena estrada a sul de Juerana, a leste por afluente do Riacho da Penha e pela

frente de desmatamento associado à ocupação irregular e a loteamentos, estendendo-

se a sul até a estrada para Ponta Grossa),

2. Remanescente da Margem Esquerda do Rio Campinas (ocupa parte da bacia

hidrográfica de afluente do Rio Campinas, e pequenas bacias que drenam diretamente

para as planícies de maré com manguezais, que ocorrem ao longo da contracosta. Esse

remanescente é limitado por duas pequenas estradas, que viabilizaram a ocupação e o

desmatamento na sua vizinhança),

3. Remanescente Sul (ocupa parte das bacias dos rios Cacha Prego e Sobrado, que

drenam para a contracosta, e a margem esquerda da bacia do Rio Estiva que drena para

a costa) e

4. Remanescente das Nascente do Rio Sobrado (ocupa boa parte das cabeceiras do rio

Sobrado e de algumas pequenas bacias que drenam diretamente para as planícies de

maré com manguezais da contracosta. Esse remanescente é separado do Remanescente

da Margem Esquerda do Rio Campinas por uma faixa de área desmatada, e do

Remanescente Sul pela BA 001.

Como resultado dessa análise foram mapeados alterações e impactos ambientais no município

de Vera Cruz, associados ao processo de urbanização e de uso dos terrenos. Foram

identificados 46 pontos com processo de degradação ambiental, que na verdade não

constituem a totalidade de áreas alteradas do município, mas uma amostragem dos principais

tipos de interferência e impactos que ocorrem.

Dentre os principais tipos de interferência e passivos ambientais observados destacam-se:

• Processos erosivos em ruas e vias de acesso, ocupação de encostas íngremes,

áreas de empréstimo abandonadas, que predominam nos terrenos Amorreados

baixos, ocorrendo ocasionalmente nos terrenos Colinosos e Colinosos com

Morrotes;

• O aterro municipal nos terrenos Amorreados baixos e pontos de lançamento de

lixo dispersos;

Page 17: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

• Aterramento, construção de casas, bares e restaurante e lançamento de esgoto e

águas servidas e degradação de APPs nos terrenos de Planície de maré e

manguezais; nos terrenos Alagadiços e Brejos, nos terrenos de Planícies Flúvio

marinhas; e em canais fluviais nos terrenos de Planície marinha e Colinosos;

• Construção de muros e casas na faixa de oscilação das marés de sizígia e

lançamento de esgoto e águas servidas na foz de riachos e rios nos terrenos de

Praia.

Vera Cruz apresentou na última década crescimento populacional acima da média da RMS, da

Bahia e do Brasil. O adensamento dos assentamentos precários ocorrido nas últimas décadas

preocupa, principalmente em função da existência de áreas ambientalmente frágeis, que

precisam ser preservadas, não apenas por qualidade de vida da população local, mas também

por motivos econômicos, por se constituírem em importante diferencial para o turismo no

Município e, em muitos casos, por abrigar as comunidades tradicionais, cuja sobrevivência

econômica e cultural depende desses ativos.

Em Vera Cruz a área já urbanizada corresponde a, aproximadamente, 11% do território

municipal. Somadas, as áreas impróprias e com restrições à ocupação representam 40% do

território municipal. Diferente do que ocorre no município vizinho de Itaparica, os

assentamentos precários de Vera Cruz estão, predominantemente, sobre áreas planas e

distantes de áreas alagadas. Em raras exceções, como no caso do assentamento Agreste

Conceição, estão sobre áreas ambientalmente frágeis.

No entanto, a fragilidade da gestão urbana e, consequentemente, do controle sobre o uso e

ocupação do solo no município representam uma ameaça à preservação dos ativos ambientais

e à manutenção da condição de não ocupadas das áreas ambientalmente frágeis.

A leitura social demostrou que as observações técnicas foram corroboradas pela percepção da

população local. Em relação ao avanço das ocupações irregulares sobre áreas frágeis sob o

enfoque ambiental. Uma questão que nas oficinas os participantes consideraram preocupante

é o modo como vem se dando o processo de ocupação urbana do território, geralmente com

fins habitacionais, mas também para outros usos, sobre áreas de risco ou áreas frágeis e

impróprias, como áreas de alagamento, margens de rio, mangues, apicuns e até praias.

Dentre as áreas em situação de risco relatadas com maior ênfase pelos moradores presentes

nas oficinas é possível destacar:

• Ocupação de áreas sob influência da maré (praias, manguezais e apicuns),

como em Gamboa, Cacha Pregos, Ponta Grossa, Catu, Mar Grande, Aratuba

e Berlinque.

• Ocupação de margens ou leito de rio ou em canais de drenagem natural, a

exemplo de Mar Grande, Conceição, Berlinque e Barra do Gil.

Ainda segundo os habitantes de Vera Cruz das diversas localidades de Vera Cruz, o município

possui muitos atributos e áreas de relevância para a preservação, tanto por aspectos naturais,

quanto culturais. Dentre eles:

• Praias, manguezais e apicuns: as praias e manguezais são considerados os

principais locais de lazer e de obtenção de renda, além de representar potencial para

turismo. Por isso sua relevância para a preservação é considerada grande pelos

moradores em geral.

Page 18: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

• Rios e nascentes: as nascentes e os rios, incluindo suas matas ciliares, surgiram nos

relatos de áreas degradas que deveriam ser melhor tratadas e preservadas em boas

condições.

• Áreas de vegetação remanescente: algumas áreas com presença marcante de

vegetação remanescente foram consideradas de grande importância para a

preservação, especialmente algumas áreas situadas no entorno ou entre diferentes

localidades. Dentre essas, foram apontadas a Reserva My Friend, a mata da Ilha de

Matarandiba e as grandes áreas verdes situadas no entorno de Mar Grande: ao norte

de Jaburu, entre Mar Grande e Ilhota e em Gamboa.

• Sítio histórico e patrimônio construído: as igrejas de Nosso Senhor de Vera Cruz,

de Santo Amaro e de Velasquez.

• Terreiros de candomblé e áreas verdes de entorno utilizadas nas atividades

religiosas.

Page 19: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

3. Precariedade no acesso à infraestrutura e baixa densidade urbana

Além de ocorrer de forma espraiada, sem muita integração entre as localidades, a ocupação

urbana em Vera Cruz foi sempre com padrão de baixa densidade e preferencialmente na Orla.

O espraiamento da ocupação urbana gerou uma densidade de ocupação urbana extremamente

baixa, o que torna mais onerosa à implantação da infraestrutura urbana. A precariedade no

acesso à infraestrutura urbana é uma característica marcante do processo de urbanização no

município de Vera Cruz, como se verá mais adiante.

A densidade populacional bruta de Vera Cruz é de apenas 1,25 hab/ha. A área efetivamente

urbanizada ocupa aproximadamente 17% do território, resultando em uma densidade

populacional de 18 hab/ha. A densidade populacional de Vera Cruz, extremamente baixa, não

torna sustentável a implantação e manutenção da infraestrutura urbana

No território de Vera Cruz, segundo os setores censitários IBGE 2010, a maior densidade

encontrada foi de 96,11 hab/ha. Os setores que apresentaram as mais altas densidades, entre

50 e 96,11 habitantes por ha se localizam na sede municipal, em Mar Grande e nas

proximidades de ocupações irregulares afastadas da Orla, nas proximidades de Ilhota e

Gamboa, tais como Terere, Maragogipinho, Estrada da Gamboa e Loteamento Santo Antônio.

A grande maioria do território com ocupação urbana de Vera Cruz apresenta densidade até 10

hab/ha, o que como foi demonstrado, encarece a implantação de infraestrutura urbana e

também dificulta a integração, a especialização e a hierarquia funcional entre as localidades

ocupadas. Incluem-se nessa faixa a grande maioria dos loteamentos situados entre a orla e a

BA 001, ao longo de todo o território municipal.

As áreas com ocupação irregular de Olimpicos, Santa Rita de Cássia, Beira Rio e Ilha Dourada,

localizadas no entroncamento da BA001 com a Rodovia que vai para Cacha Prego, assim

como outros poucos loteamentos situados entre a BA e a orla, espalhados pela costa,

apresentam densidades um pouco mais elevadas, entre 20 e 50 hab/ha, sendo, porém,

consideradas bastante baixas para uma ocupação urbana sustentável

Page 20: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 4: Densidades populacionais por setores censitários (hab/ha) - 2010

Fonte: Censo IBGE 2010. Elaboração Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

Assim, pode-se constatar que baixíssimas densidades, conforme reveladas na ilha de Itaparica,

especialmente no município de Vera Cruz, contribuem para a precariedade em relação ao

acesso à infraestrutura urbana, em função do alto custo para sua implantação, além de tornar

o acesso à terra e à moradia, mais oneroso e impeditivo, já que muitas vezes, estes custos

recaem sobre os moradores. A ocupação urbana dispersa, sem integração funcional entre as

localidades, a precariedade no acesso à infraestrutura urbana generalizada por todo território

municipal e o uso ocasional na ocupação em loteamentos exclusivamente residenciais

fechados e o adensamento das ocupações irregulares pós BA 001, em direção ao interior do

município, sem dúvida, são os grandes desafios que o ordenamento territorial deverá enfrentar

para promoção do desenvolvimento urbanos sustentável

Pode-se concluir que baixíssimas densidades, conforme reveladas em Vera Cruz, contribuem

para o alto custo das infraestruturas e equipamentos urbanos, além de tornar o acesso à terra e

à moradia, mais oneroso e impeditivo, já que muitas vezes, estes custos recaem sobre os

moradores.

Page 21: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Ao analisar o mapa da rede de abastecimento de água da EMBASA é possível observar que a

rede abrange quase todo o território do município. A rede compreende toda a costa de Vera

Cruz, de Gameleira até Cacha Pregos (com uma região sem rede, entre parte de Barra Grande

e Aratuba, abrangendo a localidade de Tairu), Juerana localizada no meio da ilha, e parte da

contracosta, nas localidades de Catu, Jiribatuba, Matarandiba e Baiacu não abrangendo as

localidades de Ponta Grossa e Campinas.

Mapa 5: Rede de abastecimento de água

Fonte: EMBASA / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.

Uma pequena porcentagem dos domicílios de Vera Cruz não possui abastecimento de água

adequado aos padrões, correspondendo a 4,72% dos domicílios. O mapa a seguir, apresenta a

Page 22: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

distribuição do abastecimento de água em domicílios no município de Vera Cruz, onde é

possível localizar as áreas com esta carência:

Mapa 6: Abastecimento de água em 2010

Fonte: Censo Demográfico, 2010, IBGE / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

Os setores censitários marcados com o menor índice de domicílios com abastecimento de água

(até 50%) localizam-se na localidade de Cacha Pregos, mas que corresponde exatamente a

uma região onde não há ocupação urbana, já que é uma área de reserva (Reserva do My

Friend). As áreas demarcadas com 50,01% a 80% dos domicílios com rede de água localizadas

na localidade de Porto Sobrado e Barra Grande, próximo à Tairu, também correspondem à

regiões onde a ocupação urbana é muito rarefeita. Por fim, na contra costa, Baiacu apresenta

uma região com baixo índice de domicílios com rede de água (entre 50,01% e 80%) que

corresponde às áreas das três invasões da localidade, Jararaca, Baiacu 1 e 2. A localidade de

Catu, que não aparece no mapa do Censo IBGE 2010, também possui rede de abastecimento

de água, conforme a informação da EMBASA.

Com relação à capacidade de abastecimento, a EMBASA aponta que a capacidade de produção

de água bruta e tratada atende à demanda atual da população fixa e flutuante, embora ocorram

problemas de disponibilidade de água nas áreas urbanas localizadas em cotas elevadas. Porém,

segundo relatório da AGERSA (2013) constatou-se aumento de reclamações referentes à falta

de água, principalmente no período do verão, evidenciando a existência de algumas lacunas

Page 23: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

no sistema que comprometem o abastecimento da população flutuante presente na Ilha durante

o verão.

No entanto quando o tema é coleta e tratamento de esgoto, o município de Vera Cruz possui

baixo índice de domicílios com esgotamento sanitário adequado, se comparado aos índices do

Estado da Bahia e do Brasil. Analisando dados do Censo IBGE 2010, verifica-se que o

município de Vera Cruz possui baixíssimo índice de domicílios com esgotamento sanitário

adequado, se comparado aos índices do Estado da Bahia e do Brasil, até mesmo de Itaparica.

A tabela a seguir, apresenta os dados do Censo, e revela que apenas 13,67% dos domicílios de

Vera Cruz estão ligados à rede geral de esgoto, e 11,69% possuem fossa séptica. O maior

número de domicílios possui esgotamento sanitário através de fossa rudimentar,

correspondendo à 65,99% dos domicílios.

Mapa 7: Esgotamento sanitário Vera Cruz 2010

Fonte: Censo Demográfico, 2010, IBGE / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

A fossa séptica é uma alternativa de disposição e tratamento de esgotos sanitários plenamente

aceitável, quando sua construção e operação forem bem executadas e quando for implantada

em áreas de baixa densidade de ocupação do solo que permita seu manejo correto, e devem

ser limpas de tempos em tempos, para remoção do lodo de esgoto depositado. Os responsáveis

Page 24: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

pela prestação dos serviços públicos de saneamento básico devem dar assistência para a

implantação e operação das fossas, especialmente para sua limpeza e desobstrução. As fossas

sépticas quando bem construídas e operadas, representam baixo risco de contaminação de

lençol freático, porém a incorreta disposição dos lodos das fossas pode provocar poluição do

solo e das águas.

Já as fossas rudimentares, que representam a alternativa mais presente nos domicílios do

município de Vera Cruz, são construídas sem qualquer cuidado quanto à contenção dos agentes

contaminantes presentes nos esgotos. São simplesmente buracos sem adequada vedação. Por

isso, representam alto risco de contaminação de lençol de água, podendo provocar doenças de

veiculação hídrica, principalmente quando são instaladas próximas a poços. No mapa a seguir,

é possível observar a pouca abrangência de um sistema de esgotamento sanitário adequado

(rede geral ou fossa séptica) no município de Vera Cruz.

Analisando o mapa anterior, é possível entender que as localidades de Mar Grande, parte de

Gamboa, Penha, parte da Barra do Gil e parte de Barra Grande, próximo à Tairu, possui

esgotamento sanitário satisfatório, ou com ligação na rede ou por fossa séptica.

Além desta informação, há o mapa elaborado através de dados da EMBASA, onde é possível

observar que a rede geral de esgoto do município de Vera Cruz abrange apenas algumas

localidades da costa, de Jaburu à Conceição, sem atingir o restante das localidades da costa,

de Conceição à Cacha Pregos, e nenhuma localidade da contracosta.

Page 25: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 8: Rede de esgotamento sanitário

Fonte: EMBASA / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.

Desta forma, em Barra Grande, próximo à Tairu, onde o mapa do Censo IBGE 2010 apresenta

áreas com um índice satisfatório de esgotamento sanitário (acima de 75%), pode-se dizer que

é uma região atendida prioritariamente pela solução por fossa séptica, já que a rede oficial de

esgoto não atinge a área.

As consequências da precariedade no acesso à infraestrutura urbana são facilmente

identificáveis. Os rios que drenam o lado leste da ilha geralmente apresentam águas

Page 26: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

visualmente límpidas nos seus cursos superiores e médios, passando a apresentar leitos

poluídos no curso inferior, devido ao lançamento de esgoto, águas servidas e lixo, proveniente

das áreas com ocupação urbana regular e irregular. Dentre os fatores que vem acarretando a

contaminação das águas doces da ilha e dos cursos d’água tem-se: lançamento de efluentes da

ETE de Vera Cruz no Riacho da Penha, lançamento de efluentes das EEs de Ilhota, Gamboa e

Jaburu no Riacho Jaburu, lançamento de águas residuais da ETE de Barra do Gil e da EE Barra

do Gil no Rio Gameleiras, contaminação difusa dos solos e de cursos d’água próximos ao

Aterro Integrado da Ilha devido à operação inadequada, e contaminação difusa dos solos e da

água devido ao escoamento de águas da rodovia BA 001 que atravessa vários trechos de áreas

alagadiças.

O serviço de coleta e disposição de resíduos sólidos também não é satisfatório em Vera Cruz.

Considerando a questão, os dados sobre a coleta de lixo do CENSO 2010, IBGE, demonstram

que em Vera Cruz 18,18% dos domicílios tem a disposição dos resíduos sólidos de forma

inadequada (queimado, enterrado, jogado em terreno baldio ou logradouro, jogado em corpos

hídricos, ou outros). Estes percentuais são superiores à média nacional (12,6%), e muito

superiores à Salvador (3,35%), entretanto, estão melhores do que a média do Estado da Bahia

(23,79%).

Mapa 9: Domicílios com lixo coletado

Fonte: Censo 2010 – IBGE / Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.

Page 27: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

O mapeamento dos dados sobre a coleta de resíduos revela que este serviço é realizado de

maneira mais homogênea ao longo da costa. Observa-se que nas áreas ocupadas do outro lado

da rodovia BA-001 (lado oposto à costa) o serviço é mais deficitário, com menores taxas de

domicílios atendidos pelo serviço de coleta de resíduos.

As localidades da costa de Porto Sobrado e Jaburu são as menos atendidas pelo serviço, e o

restante possui regiões com atendimento mais precário deste serviço, coincidindo com as áreas

onde estão localizadas invasões. Uma parte de Mar Grande possui baixa porcentagem de

domicílios com resíduos coletados, que são as áreas do lado oposto à costa; Coroa, do outro

lado da rodovia, possui baixo índice de atendimento do serviço; e as localidades de Tairu,

Aratuba e Berlinque também possuem regiões com atendimento precário do serviço de coleta

de resíduos. Ainda na costa, a região demarcada com a menor porcentagem de atendimento da

coleta de resíduos é a reserva My Friend, onde não há ocupação urbana.

Já na contracosta a coleta de resíduos é realizada de maneira satisfatória, sendo que Baiacu

possui menores índices (40,01% a 75% dos domicílios com lixo coletado). Não estão

mapeados os dados das localidades de Catu, Campinas e Ponta Grossa, mas através da leitura

social realizada no município de Vera Cruz, foi possível coletar algumas informações

importantes sobre o serviço de coleta de lixo. Em Catu a coleta é feita três vezes por semana,

porém há uma área de acúmulo de lixo na entrada das localidades, próximo ao campo. Em

Campinas, segundo relatado pelos moradores, a coleta é realizada uma vez por semana,

considerada suficiente pela baixa produção de resíduos da localidade. Já em Ponta Grossa,

houve grande reclamação dos moradores em relação ao serviço, que afirmaram que a coleta é

feita sem periodicidade e a destinação final, no chamado “lixão”, sem adequação ambiental.

Os dados censitários (2010), também mostram significativa declaração de moradores que

queimam ou jogam os resíduos domiciliares em terrenos baldios ou logradouros, chegando a

16,55% dos domicílios no município de Vera Cruz.

Os resíduos são coletados pela empresa Arqtec Engenharia Ltda. e com disposição final no

Aterro Sanitário Integrado da Ilha, juntamente com os resíduos no município vizinho de

Itaparica.

Entretanto, a gestão inadequada do aterro sanitário o transformou em lixão. No final do ano

de 2005 foi executada pela CONDER uma intervenção visando à recuperação física e

ambiental do aterro sanitário da Ilha de Itaparica degradado ao longo do tempo pela sua má

operação. No entanto, ao que consta o aterro permanece com uma série de problemas

constatados por diferentes instituições. Em 2007, o Ministério Público da Bahia realizou uma

inspeção no aterro constatando uma série de e irregularidades. O relatório destacava, ainda,

que se tratava de um aterro sanitário convencional, sem registro de licença ambiental, já tendo

sido autuado administrativamente. As medidas exigidas à época pelo MP não foram cumpridas

e o aterro permanece inadequado.

Page 28: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Fotos 1 e 2: Aterro Sanitário Integrado da Ilha

Fonte: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2014.

A leitura social realizada revelou a percepção da população local sobre a qualidade da

infraestrutura urbana instalada. Em todas as oficinas foram comentadas a existência de esgoto

a céu aberto em vias públicas. Isso é muito comum pela ligação do esgoto das casas na rede

de drenagem natural ou em esgoto em valas que caem na praia.

De modo geral foram relatados pelos moradores de todas as localidades municipais muitos

problemas relativos ao abastecimento de água, principalmente interrupções no fornecimento.

Contudo, o caso mais grave relacionado ao abastecimento de água no Município de Vera Cruz

está, de acordo com relatos dos moradores, na localidade de Campinas, onde o abastecimento

é interrompido cotidianamente. Nesta localidade, os moradores já incorporaram em sua rotina

a falta d’água e as constantes reclamações junto a empresa concessionária do serviço de

abastecimento de água – a Embasa. .

De acordo com os relatos dos moradores, as praias e manguezais do município se encontram

bastante degradados e comprometidos por lançamento de esgotos. Em muitos casos o esgoto

corre a céu aberto até o rio e/ou praia.

De modo geral a limpeza pública e a destinação dos resíduos é considerada precária pelos

moradores, que destacaram em muitas localidades os pontos de acúmulo de lixo que geram

sérios transtornos.

Page 29: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

4. Predominância de uso ocasional na orla e adensamento dos assentamentos

precários pós Rodovia BA 001.

A ocupação do solo no município de Vera Cruz foi definida em função do papel assumindo

pelo seu território, na estruturação de cidades na rede urbana baiana. O papel de local de

veraneio da população, principalmente da população soteropolitana, intensificado a partir da

década de 1970, gerou a ocupação predominantemente de uso ocasional, de baixíssima

densidade, ocupando preferencialmente a orla.

Até a década de 1990 a ocupação de uso ocasional, típica de veraneio, gerou a abertura de

loteamentos destinados a este fim. A partir desta década, com a priorização dos investimentos

em direção ao litoral norte de Salvador, a ilha de Itaparica perdeu a atratividade para esse tipo

de ocupação, principalmente em função da precariedade no acesso ao seu território, se

comparada as vias de acesso implantadas que dão acesso aos municípios localizados no Norte

da RMS.

Esse declínio na sua função de local de veraneio gerou perda de dinamismo econômico, e

consequentemente queda na renda da população local, com intensificação das ocupações

irregulares de terra urbana. A baixa capacidade de gestão e controle urbano por parte da

administração local, ao longo dos anos, também favoreceu o incremento de adensamento e

surgimento de novas áreas de ocupação irregular.

Apesar do declínio da atratividade de Vera Cruz como local de veraneio, a ocupação de uso

ocasional é uma realidade até os dias atuais. Em Vera Cruz, segundo dados censitários do

IBGE, o Município passou de 20.719 domicílios em 2000 para 30.414 domicílios em 2010,

acompanhando o crescimento populacional em ritmo bastante acelerado ocorrido neste mesmo

período. De acordo com dados do Censo 2010, 14.647 domicílios recenseados em 2010 de

Vera Cruz são de uso ocasional, o que representa 48% dos domicílios existentes.

O maior percentual de domicílios de uso ocasional no munícipio de Vera Cruz está

concentrado ao longo da orla litorânea, tendo a rodovia como limitador, chegando a existir

setores com 90% domicílios nessa situação. São localidades nas quais predominam

loteamentos fechados, exclusivamente residenciais, destinados a utilização para veraneio. Por

outro lado, a maior concentração de domicílios de uso permanente, isto é, das pessoas que

moram no município de Vera Cruz está concentrado na mancha ocupada depois da rodovia.

Este fato caracteriza uma ocupação do município extremamente segredada, ficando reservado

a orla à população permanente com maior renda, como já vimos anteriormente, e aos

domicílios de uso ocasional, que utilizam o município apenas parte do ano, enquanto a maior

parte dos moradores de Vera Cruz está reservada a porção do território entre a rodovia e o

interior da Ilha.

É, com certeza, um percentual bastante elevado, que acarreta desocupação na maior parte do

ano, gerando subutilização da infraestrutura instalada, entre outras desvantagens para a gestão

urbana municipal. Além do mais, em função da perda de atratividade para o turismo ocasional

de veraneio, grande parte destes imóveis estão sem utilização, deixando para a cidade uma

impressão de abandono e de depreciação da paisagem urbana.

Esse fenômeno é presente em ambos os municípios que integram a Ilha de Itaparica. No

entanto se analisarmos a evolução no período intercensitário, é possível observar que o

município de Vera Cruz teve redução no ritmo de crescimento dos domicílios de uso ocasional

em relação ao crescimento do total de domicílios, o que pode significar aumento da população

Page 30: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

residente, enquanto no município vizinho de Itaparica mantem-se a tendência de maior

crescimento dos domicílios de uso ocasional, possivelmente mantendo sua função enquanto

local de turismo de veraneio, ainda que sem o dinamismo observado nas décadas anteriores.

O crescimento maior dos domicílios de uso permanente em Vera Cruz pode significar

transferência de população de Salvador e outros municípios do entorno, que encontram no

território municipal oportunidade de moradia mais acessível, sendo verificado o crescimento

e o adensamento das ocupações irregulares no município.

Gráfico 1: Crescimento do total de domicílios e dos domicílios de uso ocasional -

municípios que integram a ilha de Itaparica

Fonte: Censo 2000/2010 – IBGE

Os dados censitários sobre a evolução dos domicílios vagos demonstram a tendência de

crescimento deste tipo de domicílio, que também cresce a taxas mais elevadas que o número

total de domicílios, agravando os problemas relacionados à utilização ocasional e o abandono

do turismo de veraneio como atividade econômica, além dos problemas de estruturação e

integração urbana no município.

Tabela 1: Dados sobre evolução dos tipos de domicílios em Vera Cruz – 2000-

2010

Município Domicílios Vagos

(Unidades)

Domicílios Vagos

(%)

Crescimento

(%)

2000 2010 2000 2010 Dom Total Uso Ocasional Dom Vagos

Vera Cruz 2.287 3.822 11,04 12,57 46,79 39,22 67,11

Fonte: Censo 2010 - IBGE

Vera Cruz apresenta percentual importante de domicílios vagos, maior que o percentual

nacional em 2010 (9,02%). É importante notar, também, que houve uma tendência de

crescimento do número de domicílios vagos na última década, diferente da tendência nacional

que foi de queda. Este fato, é contraditório com as taxas de crescimento da população

observadas, o que pode representar adensamento de áreas já ocupadas, inclusive podendo

indicar a coabitação, ou mesmo fluxos de migração recente. É interessante notar também, que

38,06%

46,79%51,47%

39,22%

ITAPARICA VERA CRUZ

Dom Total Uso Ocasional

Page 31: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

em Vera Cruz o crescimento de domicílios vagos foi maior do crescimento de domicílios

permanentes e de uso ocasional.

Concomitantemente ao processo de ocupação da orla por loteamentos estritamente

residenciais, ocorre em Vera Cruz o surgimento de ocupação com características de

precariedade habitacional, denominados assentamentos precários, localizados nas áreas

situadas após a Rodovia BA 001.

Pelo levantamento realizado em campo, temos atualmente em Vera Cruz 33 assentamentos

precários. A distribuição destes assentamentos no território aponta para uma maior

concentração em: Mar Grande/Ilhota e Gamboa, após a BA 001, no entroncamento entre a BA

001 e o acesso para a ponte do funil.

Foram identificados também alguns assentamentos nas localidades de Baiacu, Jiribatuba e

Cacha Prego, que surgiram antes de 1959, como ocupações tradicionais espontâneas, local de

moradia para a comunidade pesqueira local.

A observação dos mapas de evolução da mancha urbana nos mostra que a maior parte destas

ocupações se deu no período de 1979 a 1989, período em que se inaugurou a rodovia BA 001

e o ferryboat, conectando a ilha a Salvador e ao Recôncavo. Desta forma entre 1979 e 1989 a

concentração de assentamentos precários se deu nas localidades de Mar Grande, Ilhota, Tairu

e Aratuba. No período mais recente, as ocupações continuam a adensar o entroncamento da

BA 001 na localidade de Tairu e acontecem também em menor escala em Cacha Prego. Ao

longo de toda a área urbana, as casas de veranistas coexistem com as moradias autoconstruídas,

que muitas vezes apresentam padrão construtivo bastante precário.

É nítida a diferença na qualidade do espaço urbano dos loteamentos regulares de veraneio e os

assentamentos precários. Se na orla a ocupação se deu de forma regular, planejada, seguindo

o arruamento aprovado no loteamento e com edificações de boa qualidade construtiva, no

interior da ilha é notável a carência mais acentuada de infraestrutura urbana, com arruamentos

descontínuos e improvisados, precários e sem acesso as redes de saneamento básico. Apenas

4 assentamentos precários que ocupam loteamentos que foram aprovados e implantados

parcialmente. São eles os assentamentos Champs Elysees, Pedrão, Enseada de Tairu e Tairu

de Cima.

Diferente do que ocorre em Itaparica, os assentamentos precários de Vera Cruz escolheram

predominantemente áreas planas e distantes de áreas alagadas. Com raras exceções, os

assentamentos precários situam-se a beira da rodovia BA 001, no interior da ilha.

Page 32: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 10: Assentamentos precários

Page 33: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

5. Desfavoráveis condições de mobilidade e ineficiente sistema de transporte

coletivo dificultando os deslocamentos e reduzindo oportunidades aos

moradores

As condições de mobilidade são bastante precárias em Vera Cruz. Os problemas são

relacionados à infraestrutura viária, à deficiência na gestão dos transportes coletivos e às

dificuldades relacionadas à renda da população local.

Dentro da Ilha e do município, o sistema viário é estruturado por rodovias estaduais, fora,

portanto, da jurisdição das prefeituras. A BA 001 corta longitudinalmente todo o território da

Ilha, ligando o terminal do ferry-boat, em Bom Despacho, até a Ponte do Funil; seguindo o

caminho natural em direção ao litoral sul do Estado. A BA 532 liga os núcleos urbanos de

Vera Cruz e de Itaparica, cruzando a Ilha no sentido transversal, parte dela, na chegada dos

perímetros urbanos, já apresenta características físicas de sistema viário urbano. A BA 533 é

a Av. Beira Mar que liga o Bom Despacho com Itaparica, passando pela costa, com

características de via urbana em praticamente toda a sua extensão. A BA 882 se estende na

direção sul até Cacha Pregos.

Essas estradas têm papéis diferentes na estruturação da ocupação da Ilha e na sua circulação.

A BA-001 ao longo da qual se deu historicamente a ocupação da Ilha, é a mais complexa. Hoje

a rodovia, recebe intenso tráfego de passagem e tem apenas um curto trecho não ocupado,

entre o entroncamento com a BA-532 e a Estrada da Penha, A rodovia é o único acesso à

região sul da Ilha, não havendo um sistema viário alternativo de conexão entre as diversas

ocupações, que permita a circulação entre elas sem utilizá-la. Isto sobrecarrega a via, mesmo

no seu estágio atual de ocupação, e dificulta a configuração de um sistema de transporte

coletivo com uma cobertura mais abrangente.

As demais estradas mostram condições distintas. A BA-532 tem trechos sem nenhuma

ocupação lindeira, mas, na entrada do perímetro urbano, onde a urbanização é intensa, já se

configuram como um viário urbano, com meio-fio e calçadas e sinalização mais adequada. Em

outros núcleos de urbanização mais intensa a rodovia já se apresenta com características mais

compatíveis com o tráfego urbano, isto acontece em diversos trechos da BA-882, em Tairu,

Berlinque e Cacha Pregos, e em praticamente toda a extensão da BA-533.

Na área da Costa, em Vera Cruz, estradas secundárias e ruas partem da BA-001, na direção

das praias e também para o interior da Ilha, com ocupação predominante de residências, muitas

delas de uso temporário, para veraneio, mas com alguns núcleos de ocupação de baixa renda.

Na região da Coroa, algumas dessas vias de ligação com a orla estão pavimentadas, com

calçada e meio fio, e concentram estabelecimentos comerciais e de serviços para atendimento

à população local.

Na divisão modal agregada, predominam as viagens não motorizadas, principalmente as

viagens a pé; distâncias relativamente curtas e transporte coletivo precário estimulam esta

situação. A baixa participação de viagens por transporte individual, além das características

particulares de isolamento da Ilha, está associada à renda dos seus moradores, o que fica claro

quando a divisão modal é associada à classe. Na classe B a utilização do transporte individual

já é bastante significativa (23%).

As opções de transporte coletivo entre a Ilha e o continente são os serviços hidroviários, com

Salvador, e rodoviários, na direção sul. Segundo os dados do IBGE, 90% das viagens dos

Page 34: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

moradores da Ilha para o continente são realizadas por água, sendo que nas 10% restantes estão

incluídos todos os modos de transporte rodoviário, individual e coletivo.

Nas ligações internas os serviços de transporte coletivo são prestados por operadores

autônomos, com pouca estrutura operacional e utilizando vans, kombis e até mesmo em carros

pequenos, operados como taxi-lotação.

O município é atendido por “linhas” partindo de Mar Grande, organizadas com pouca ou

nenhuma participação do poder público local, prejudicado a regularidade dos serviços e sem

garantia de atendimento em horários de baixa demanda. O gerenciamento praticado pela

prefeitura praticamente se limita ao controle das disputas pelo mercado, ainda assim com

elevada tolerância em relação a operadores não autorizados (clandestinos) locais. Não há

participação do Governo do Estado na gestão das linhas intermunicipais dentro da Ilha (entre

Itaparica e Vera Cruz). As áreas de concentração de demanda, principalmente junto aos

terminais do transporte hidroviário, carecem de organização de instalações físicas e de

coordenação dos serviços, contribuindo para agravar as condições de circulação e

descaracterizar os espaços urbanos. No terminal de Mar Grande, por exemplo, os espaços no

entorno da Praça da Matriz estão totalmente tomados por operadores de vans, taxistas e

mototaxistas.

De modo geral a mobilidade é considerada um problema nas localidades de Vera Cruz,

especialmente no cone sul e na contracosta. As áreas mais servidas por transporte estão ao

longo do eixo da BA 001, em Bom Despacho (com terminais rodoviário e hidroviário) e em

Mar Grande.

Os problemas mais citados pelos moradores foram:

O alto custo dos transportes (o que gera diversos contratempos e desvantagens

para o morador). Este foi um problema considerado geral, mas em algumas

localidades essa questão foi considerada ainda mais grave.

A má qualidade dos serviços prestados. De acordo com moradores existem

muitos prestadores de serviço de transporte clandestinos, com motoristas

despreparados e veículos sem conservação adequada, o que põe em risco a

vida dos usuários. De acordo com os moradores, não há um padrão de serviços

bem estabelecido, de modo que os usuários muitas vezes ficam à mercê da

disposição dos motoristas para, por exemplo, completar todo o percurso.

A condição das vias também foi comentada pelos moradores, mais

gravemente na contracosta e cone sul. De modo geral as vias principais

oferecem melhores condições de tráfego, mas as vias locais não dispõem de

pavimentação ou passeio para pedestres. A falta de pavimentação é um

problema, segundo os moradores, porque gera muita poeira nos períodos de

seca e muita lama nos períodos de chuva.

Page 35: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

6. Desarticulação física e funcional entre os núcleos urbanos e centralidades no

território municipal

O município de Vera Cruz que corresponde a 87% de extensão da Ilha possui vinte e três

localidades. Ao longo da orla: parte de Gameleira; Buraco do Boi, Penha, Ilhota, Mar Grande,

Gamboa, Barra do Gil, Taipoca, Coroa, Barra do Pote, Conceição, Barra Grande, Tairu,

Aratuba, Berlinque e Cacha Pregos; na contracosta estão: Catu, Jiribatuba, Matarandiba, Ponta

Grossa e Baiacu; e no interior da Ilha estão Juerana e Campinas.

Comparado ao município vizinho de Itaparica, a ocupação em Vera Cruz foi mais ordenada,

sendo mais frequente a aprovação e implantação de loteamentos regulares. O lote médio dos

loteamentos aprovados é de 500 metros quadrados e estes lotes são predominantemente

voltados para o uso de veraneio. Muitos lotes permanecem vazios. Em Vera Cruz concentram-

se os loteamentos fechados da Ilha de Itaparica, localizados na costa.

A ocupação urbana em Vera Cruz reflete o papel assumido pela Ilha de Itaparica na rede de

cidades baianas, sob dois aspectos claramente identificados: a função de local de veraneio

expressa na proliferação de loteamentos de uso estritamente residencial, muitos deles

fechados, de uso predominantemente ocasional e pelo surgimento de localidades ao longo da

Rodovia BA 001, que liga Salvador (via transporte marítimo) e o Recôncavo Baiano (via ponte

do Funil), expressando o papel de ligação e articulação física que a Ilha de Itaparica, e

principalmente o município de Vera Cruz, assumem no território baiano.

Essa configuração urbana gerou desarticulação física entre as localidades, que não possuem

outra forma de ligação entre elas que não a rodovia, e também desarticulação funcional, uma

vez que são núcleos isolados, com pequenos e médios comércios para atendimento da demanda

localizada, com exceção de Mar Grande, que como se verá mais adiante, concentra comércio

e serviços de maior porte.

Além das características já elencadas, a ocupação urbana se deu de forma espraiada, com a

presença de loteamentos residenciais pouco adensados convivendo com inúmeras invasões

precárias e irregulares. Ao longo de toda a área urbana, as casas de veranistas coexistem com

as moradias autoconstruídas. O lote médio dos loteamentos aprovados em Vera Cruz é de 500

metros quadrados, predominantemente voltados para o uso residencial de veraneio. Muitos

lotes permanecem vazios.

O terminal de lanchas da ilha está localizado em Mar Grande, fator determinante para

caracterizar Mar Grande como a principal centralidade do município de Vera Cruz. As

Centralidades Municipais são as áreas que já apresentam maior densidade de ocupação urbana,

melhores condições de acessibilidade e oferta de serviços, comércio e equipamentos urbanos.

O comércio é diversificado, com um grande número de estabelecimentos: agencias bancarias,

restaurantes, hotéis, além de abrigar a prefeitura municipal e a biblioteca municipal.

Page 36: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 11: Foto aérea com sobreposição de loteamentos aprovados e fechamentos

Elaboração: Consórcio DEMACAMP/ PÓLIS/ OFICINA, 2014

Apesar da proximidade com Bom Despacho, centralidade do município vizinho que abriga o

atracadouro das balsas, não existe uma continuidade da mancha urbana entre ela e o núcleo de

Mar Grande, de modo que a única ligação terrestre entre eles é a rodovia estadual BA-001,

que articula a Ilha de Itaparica longitudinalmente.

A concentração de equipamentos públicos e particulares de educação e saúde também mostra

que se trata de um núcleo urbano consolidado e com uma população residente fixa relevante.

Segundo o PDDU (2004), as praias de Mar Grande e das Mercês são muito visitadas durante

o verão, estimulando ainda mais os estabelecimentos voltados ao turismo, como bares,

restaurantes, hotéis, sorveterias. Além disso, há a presença dos seguintes pontos turísticos:

Ruínas do Moinho das Mercês, Ruínas da Igreja de Santo Antônio de Vellasques e da ponte

velha, a igreja do Sagrado Coração de Jesus, o templo da Templo da Sociedade Brasileira de

Eubiose e as fontes da região.

Page 37: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

A exemplo de Bom Despacho, em Itaparica, a precariedade das instalações do terminal das

lanchas, inclusive no que se refere ao seu entorno, com a precarização dos serviços de

transporte público (vans e taxis), contribui para a desorganização da área central da Cidade. A

configuração original de urbanização se mantém, com um núcleo formado pela Igreja Matriz

do Sagrado Coração de Jesus, cujo patrimônio se encontra desvalorizado e oculto na paisagem,

devido a sobreposição desorganizada dos diversos usos presentes (terminal das lanchas, pontos

de embarque dos serviços de transporte público, comercio, etc.).

As demais localidades (classificadas no Plano Urbano Intermunicipal - PUI como

centralidades secundárias) apresentam estrutura física de serviços, comércio ou equipamentos

públicos, de baixa complexidade e de utilização cotidiana, alcançando uma menor área de

influência. São característicos dessa função o aglomerado conformado por Conceição, Coroa

e Barra do Gil estes núcleos já são referência de serviços locais da população, porém ainda

pouco estruturados economicamente; Barra Grande, Tairu, Jiribatuba e Cacha Pregos. A

localidade de Jiribatuba, localizada na Contracosta, apresenta função de centralidade

secundária pela facilidade de acesso pelas vias estruturais que ligam a ilha de Norte à Sul.

Entre as centralidades secundárias, Cacha-Pregos merece destaque. Situada no extremo sul da

Ilha, a cerca de 20 km de Mar Grande, é um dos núcleos urbanos mais antigos da Ilha, com

atividades de turismo, pesca e construção e reforma de embarcações.

Nas localidades da contracosta ainda se expressa, em termos territoriais, a importância do mar

e da pesca nas características sociais, econômicos e culturais históricas de seus moradores. Lá

ainda persiste como meio de subsistência e construção de identidade cultural a presença do

mar e todas as atividades a ele relacionadas, como a navegação e a pesca, que tiveram no

passado papel importante na vida cotidiana dos moradores da Ilha. Pela função que essas

localidades cumprem na organização territorial foram classificadas como centralidades

culturais.

As localidades de Baiacu e Matarandiba foram destacadas, pois nelas existe uma população

que, em maior ou menor escala, pratica a atividade da pesca e, na maioria dos casos, também

a mariscagem, utilizando-se de saberes e práticas de caráter tradicional. No povoado de Baiacu

há bens de valor histórico tombado, como a ruína da Igreja do Nosso Senhor de Vera Cruz.

A precariedade no acesso à infraestrutura urbana é uma característica marcante do processo

de ocupação urbana em vera Cruz, e atingem de forma geral todas as localidades do município,

independente da sua função na estruturação urbana,

Page 38: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

7. Distribuição espacial dos equipamentos sociais urbanos

A distribuição espacial da população (moradias), das atividades econômicas geradoras de

emprego e dos equipamentos sociais de prestação de serviços revela a estruturação funcional

da cidade, subsidiando o conhecimento sobre as especificidades fundamentais para

proposições que visem o seu ordenamento territorial.

Com intuito de conhecer a rede social disponibilizada, foi realizado levantamento do território

municipal sobre os equipamentos de educação, saúde, lazer, esportes e cultura, assistência

social e segurança pública. Dados obtidos junto às secretarias municipais e estaduais nos

ajudam a conhecer os equipamentos disponíveis, entender sua capacidade de atendimento e

suas condições de funcionamento. Foram levantadas informações através de cada secretaria e

departamento das diferentes esferas da Administração Pública. Essas instâncias contribuíram

para qualificar e atualizar dados secundários levantados nas diferentes fontes de dados

disponíveis (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde – CNES do Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP do Ministério da Educação, entre outros).

Além de conhecer a distribuição espacial dos equipamentos, o que nos permite identificar

possíveis regiões do território municipal sem atendimento por determinados equipamentos, o

cruzamento desses dados com a localização da população por faixa etária nos permite

estabelecer a relação entre oferta e demanda para cada um dos equipamentos sociais

disponibilizados, indicando, por exemplo, áreas passíveis ou com restrições ao adensamento.

A localização espacial das Unidades Básicas de Saúde no território municipal demonstra

concentração de unidades nas regiões com maior número de domicílios, e localizadas

próximas ás áreas com maior número de população não ocasional, com exceção da localidade

de Jiribatuba que não possui UBS. No mapa apresentado a seguir foram localizadas as

Unidades de Saúde da Família e atribuído a elas um raio de abrangência de 1 Km, sobreposto

à informação sobre o número total de domicílios, segundo o censo IBGE 2010.

Analisando a localização geográfica das unidades de saúde, exceto Jiribatuba, não parece ser

a quantidade de Unidades o grande problema do município. É claro que essa informação não

indica bom desempenho ou resolutividade no atendimento à demanda por serviços de saúde

no município. O objetivo do mapeamento foi, em se tratando de proposições de ordenamento

territorial, mapear áreas com déficit de equipamento para futuras proposições de adensamento,

ou necessidade de previsão de áreas para esse tipo de equipamento.

Page 39: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 12: Localização e raio de abrangência das Unidades de Saúde da Família em Vera

Cruz

Fonte: Elaboração Consórcio Polis/Demacamp/Oficina, 2014

O mesmo pode ser observado em relação aos equipamentos de educação. Segundo as

informações da Secretaria Municipal de Educação a demanda por matrículas em Vera Cruz

está atendida, não existindo lista de espera em praticamente nenhuma das escolas municipais.

A distribuição espacial das creches revela regiões não atendidas, existindo apenas cinco

creches públicas, duas localizadas nas proximidades de Mar Grande e uma em cada uma das

seguintes localidades: Baiacu, Jiribatuba e Berlinque. Se sobrepusermos os raios de

atendimento desses equipamentos ao mapeamento dos domicílios com os maiores percentuais

de crianças de 0 a 4 anos, podemos observar que a maioria das localidades não é atendida por

esse tipo de equipamento. O setor próximo a Berlinque, que apresenta maior percentual de

crianças de 0 a 4 anos, aparentemente está atendido pelo equipamento existente, mas nos

demais setores da orla não existem creches públicas.

Page 40: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 13: Localização e Raio de Atendimento das Escolas Municipais - 2015

Fonte: Censo IBGE 2010. Elaboração Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

A distribuição espacial das unidades de educação infantil e ensino fundamental do sistema

municipal de ensino revela a sobreposição do raio de atendimento da demanda em na porção

ocupada com maior intensidade por domicílios de uso não ocasional no território municipal.

O que se pode depreender da análise da disposição das escolas no município, em comparação

com os setores censitários que apresentam os maiores números de domicílios e o cruzamento

com setores que apresentaram os maiores percentuais de população em idade escolar, é que no

que diz respeito ao número de estabelecimentos escolares, aparentemente não existe problemas

relacionados ao atendimento da demanda existente

Evidentemente, a qualidade do ensino nas diferentes escolas da rede influencia na geração de

demanda para cada uma das escolas. A existência de vagas excedentes em algumas escolas da

rede municipal pode significar a preferência, por parte da população, por outras escolas, ainda

que mais afastadas do local de moradia, em função do melhor desempenho em relação à

qualidade do serviço prestado.

Segundo o resultado da Prova Brasil 2013, em relação à rede municipal, apenas 21% dos

alunos até o 5º ano e 18% até o 9º ano apresentaram aprendizado adequado à sua etapa escolar

em Português e 13% e 3%, respectivamente, em matemática. A análise sobre a evolução dos

resultados do IDEB revela melhoria nos índices de Vera Cruz, principalmente no que se refere

ao aprendizado de português dos alunos até o 5º ano. em relação a 2009, quando apenas 13%

dos alunos na rede municipal apresentaram aprendizado adequado, atingindo os níveis

Page 41: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

avançado (1%) e proficiente (12%).Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica – IDEB (indicador de qualidade educacional), do Ministério da Cultura para escola,

município, unidade da federação, região e Brasil são calculados a partir do desempenho obtido

pelos alunos que participaram da Prova Brasil/Saeb 2013 e das taxas de aprovação, calculadas

com base nas informações prestadas ao Censo Escolar 2013. Dessa forma, cada uma dessas

unidades de agregação tem seu próprio IDEB. A combinação entre fluxo e aprendizagem do

IDEB vai expressar, em valores de 0 a 10, o andamento dos sistemas de ensino, em âmbito

nacional, nas unidades da Federação e município

Em Vera Cruz o IDEB 2013 para os anos iniciais (1º ao 5º ano), por escolas, variou entre 2,7

(Colegio Municipal Geralda Maria da Conceição em Gameleira) e 4,7 (Escola Municipal

Almiro Antunes de Brito, em Juerana e Escola Municipal Gaudencio Acelino Marques, em

Barra do Pote). Para os anos finais (6º ao 9º ano) variou entre 2,8 (Colégio Municipal Vera

Cruz localizado em Tairu) e 2,1 (Escola Municipal Jarbas Passarinho em Gamboa). Esses

dados, embora não permitam uma conclusão apuradas sobre a qualidade de ensino na rede

pública de educação, não revelam a existência de relação entre a localização espacial das

escolas e a qualidade do serviço prestado.

Conforme dados do último Censo Demográfico em 2010, a taxa de analfabetismo das pessoas

de 10 anos ou mais era de 7,2%. Na área urbana, a taxa era de 7,2% e na zona rural era de

0,0%. Entre adolescentes de 10 a 14 anos, a taxa de analfabetismo era de 4,8%.

De acordo com dados do INEP, em 2012, a taxa de distorção idade-série no ensino

fundamental foi de 38% do 1º ao 5º ano e de 55% do 6º ao 9º ano. A taxa de distorção idade-

série no ensino fundamental municipal foi maior, quando comparada às taxas da Região

Nordeste, maior que a do estado e maior que a do Brasil. A taxa de distorção idade-série no

ensino médio do município (61%) foi maior que a taxa do Brasil, maior que a da região e

menor que a do estado.

O Ensino médio é disponibilizado apenas 03 escolas da rede Estadual. As escolas Des. Julio

Virgínio de Santana (Mar Grande) e Juracy Magalhães Junior (Cacha Prego) atendem os níveis

de ensino fundamental e médio e a Escola de Educação Profissional do Oceano, localizada em

Conceição, atende apenas o ensino médio.

O quadro de carência é mais evidente em relação aos equipamentos de esporte, cultura e lazer.

Observa-se, no município, não há uma quantidade expressiva de espaços esportivos. São 03

espaços ou equipamentos mantidos pela Prefeitura para a realização de atividades esportivas

ou de lazer: Estádio Municipal Orlando Avelino de Jesus e Fonte do Tererê, em Ilhota e o

Estádio Municipal de Mar Grande. Além desses equipamentos existem 10 campos de futebol,

espalhados por todo o território municipal.As praças são 28, espalhada pela área urbana,

apresentando concentração nas centralidades mais expressivas, Gameleira, Mar Grande,

Gamboa e Barra do Gil.

Page 42: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Mapa 14: Equipamentos de esporte e lazer

Elaboração: Consórcio DEMACAMP/PÓLIS/OFICINA, 2015.

Page 43: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Quanto aos espaços de cultura foram identificados doze equipamentos espalhados pelo

território ocupados, sendo quatro bibliotecas. Os equipamentos culturais identificados se

concentram na orla, Entre Mar Grande e Conceição.

Os resultados da leitura social revelam a carência de equipamentos e insatisfação com os

serviços prestados. Em relação a saúde e educação, os moradores consideram os serviços de

baixa qualidade e os equipamentos (prédios escolares e de saúde) desestruturados e em

condições precárias.

A unidade de pronto atendimento fica em Mar Grande. O Hospital Geral de Itaparica – HGI,

que atende toda a Ilha e outros municípios e oferece atendimento considerado de baixa

qualidade. Não conta com atendimento de alta complexidade, o que demanda articulação para

centros urbanos maiores, principalmente para Salvador.

De modo geral, considera-se a oferta de educação insuficiente no município e na Ilha de

Itaparica, especialmente por não haver oferta de ensino superior, o que condiciona a pessoa à

migração ou a movimentos diários de ida e volta para Salvador ou outra cidade maior.

As áreas de lazer mais utilizadas, de acordo com os relatos dos moradores, são as praias,

apicuns e campos de futebol. Um problema considerado pelos moradores é a questão do acesso

às praias, muitas vezes impedidos pelos “condomínios” existentes em grandes glebas a beira

mar.

Alguns participantes de oficinas se referiram aos bares das localidades como sendo áreas de

lazer dos moradores

Page 44: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

8. Déficit na produção de moradias e Precariedade habitacional

O processo de evolução da precariedade no município se deu principalmente por falta de

controle da ocupação do solo. Uma das consequências da ausência do poder público neste

processo foi a ocupação destas áreas ou do seu entorno, pela população de baixa renda. Por

outro lado, a prefeitura não conseguiu favorecer a oferta de habitação social para a população

de baixa renda, que sem ter condições financeiras para adquirir um lote ou unidade

habitacional no mercado formal, teve como única opção ocupar de forma precária e irregular

locais impróprios a ocupação urbana.

Segundo dados da FJP, o déficit habitacional básico em Vera Cruz totaliza 1.619 unidades

habitacionais, o que corresponde a 12,9% do total de domicílios do município. Destaca-se

também que este número equivale a aproximadamente metade do total de domicílios vagos

existentes em 2010 (3.670 domicílios), segundo dados do mesmo instituto. Esta situação típica

de Vera Cruz, não é comum na maioria dos municípios brasileiros, que em geral apresentam

o número de domicílios vagos igual ou menor que o déficit habitacional.

A distribuição do déficit habitacional por faixas de renda em 2010, aponta que Vera Cruz

concentrava 82,7% dos domicílios em déficit na faixa de até três salários mínimos. O

diagnóstico indica que esta relação do déficit habitacional com as faixas de renda está

diretamente correlacionada com a presença de domicílios concentrados até 2 SM, o que faz

com que também a concentração do déficit seja maior nestas faixas de renda.

O estudo sobre o déficit tem os seguintes componentes: domicílios precários, coabitação

familiar, ônus excessivo com aluguel e adensamento excessivo em domicílios alugados. A

partir destes dados podemos verificar que o componente que mais influencia no déficit

habitacional de Vera Cruz é a coabitação familiar, com 42% do total de domicílios em déficit,

seguido pelos componentes domicílios precários e ônus excessivo com aluguel, que

representam 32% e 21%, respectivamente

Segundo dados da FJP, três quartos (75,6%) dos domicílios de Vera Cruz são inadequados por

pelo menos um dos componentes mensal (Adensamento excessivo em domicílios próprios,

Inexistência de unidade sanitária domiciliar exclusiva e Domicílios com carência de

infraestrutura) totalizando 8.336 domicílios. Na maior parte destes domicílios (79,0%) temos

famílias com até 3 salários mínimos de renda

Em relação aos domicílios inadequados, podemos observar que três quartos (74,8%) dos

domicílios apresentam algum tipo de carência de infraestrutura de pelo menos um dos

componentes, totalizando 8.249 domicílios, segundo dados da FJP. Os imóveis próprios que

apresentam adensamento excessivo e os que não possuem unidade sanitária domiciliar

exclusiva são pouco expressivos, representando 4,2% e 3,0% do total de domicílios.

A infraestrutura de serviços de saneamento básico relaciona-se com a adequação das moradias

e sua consequência para o bem-estar e saúde dos moradores. O conceito adotado pelo IBGE

no Censo Demográfico 2010 para classificar a inadequação de domicílios considera

infraestrutura de saneamento básico o abastecimento de água por rede geral, no esgotamento

por rede geral e fossa séptica, e na coleta de lixo dos domicílios.

O número de domicílios sem esgotamento sanitário ultrapassa 7.500 unidades, que significa

que mais de 68% do total de domicílios de Vera Cruz não possui esgotamento sanitário

Page 45: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

adequado. O segundo componente mais representativo é a carência de coleta de lixo, que

atinge quase 12% dos domicílios do município.

Pelo levantamento realizado em campo, temos atualmente em Vera Cruz 33 assentamentos

precários. A distribuição destes assentamentos no território aponta para uma maior

concentração em: Mar Grande/Ilhota e Gamboa, após a BA 001, no entroncamento entre a BA

001 e o acesso para a ponte do funil.

Foram identificados também alguns assentamentos nas localidades de Baiacu, Jiribatuba e

Cacha Prego, que surgiram antes de 1959, como ocupações tradicionais espontâneas, local de

moradia para a comunidade pesqueira local.

A observação dos mapas de evolução da mancha urbana nos mostra que a maior parte destas

ocupações se deu no período de 1979 a 1989, período em que se inaugurou a rodovia BA 001

e o ferryboat, conectando a ilha a Salvador e ao Recôncavo. Desta forma entre 1979 e 1989 a

concentração de assentamentos precários se deu nas localidades de Mar Grande, Ilhota, Tairu

e Aratuba. No período mais recente, as ocupações continuam a adensar o entroncamento da

BA 001 na localidade de Tairu e acontecem também em menor escala em Cacha Prego.

Assim como ocorreu em Itaparica, as principais centralidades do município de Vera Cruz se

consolidaram ao longo das vias estruturadoras que partem do terminal de ferry boat e de

lanchas, localizados em Bom Despacho e Mar Grande, quais sejam: a BA-001 e BA- 532 e o

acesso a ponte do funil e Cacha Pregos na BA-882.

Se por um lado a ocupação urbana formal de Vera Cruz se deu preferencialmente na orla com

predominância de residências de veraneio e na contracosta com as comunidades tradicionais

de pescadores; no interior da ilha, após a inauguração da BA 001 em direção ao interior,

surgiram inúmeros núcleos habitacionais precários e irregulares, aqui denominados

assentamentos precários. Ao longo de toda a área urbana, as casas de veranistas coexistem

com as moradias autoconstruídas, que muitas vezes apresentam padrão construtivo bastante

precário.

É nítida a diferença que se percebe na qualidade do espaço urbano dos loteamentos regulares

de veraneio e os assentamentos precários. Se na orla a ocupação se deu de forma regular,

planejada, seguindo o arruamento aprovado no loteamento e com edificações de boa qualidade

construtiva, no interior da ilha é notável a carência de infraestrutura urbana, com arruamentos

descontínuos e improvisados, precários e sem acesso as redes de saneamento básico. Apenas

4 assentamentos precários ocupam loteamentos que foram aprovados e implantados

parcialmente. São eles os assentamentos Champs Elysees, Pedrão, Enseada de Tairu e Tairu

de Cima.

Diferente do que ocorre em Itaparica, os assentamentos precários de Vera Cruz escolheram

predominantemente áreas planas e distantes de áreas alagadas. Com raras exceções, os

assentamentos precários situam-se a beira da rodovia BA 001, no interior da ilha.

A leitura social demonstrou que os participantes consideram preocupante é o modo como vem

se dando o processo de ocupação urbana do território, geralmente com fins habitacionais mas

também para outros usos, sobre áreas de risco ou áreas frágeis e impróprias, como áreas de

alagamento, margens de rio, mangues, apicuns e até praias.

Page 46: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

Os registros dos moradores deram conta de uma questão importante: a insegurança quanto a

propriedade dos imóveis pela inexistência de registros em cartório de imóveis. Parte dos

documentos comprobatórios de imóveis consiste em contratos / recibos de compra e venda.

Outras questões surgidas quanto à habitação dizem respeito às características construtivas:

existem habitações em condições construtivas precárias, casos de casas de taipa, sanitários

rústicos.

Dentre as áreas em situação de risco relatadas com maior ênfase pelos moradores presentes

nas oficinas estão:

Ocupação de áreas sob influência da maré (praias, manguezais e apicuns), como em

Gamboa, Cacha Pregos, Ponta Grossa, Catu, Mar Grande, Aratuba e Berlinque.

Ocupação de margens ou leito de rio ou em canais de drenagem natural, a exemplo de

Mar Grande, Conceição, Berlinque e Barra do Gil.

Esforços no sentido da universalização do acesso ao saneamento básico devem ser priorizados,

bem como o estabelecimento de uma política eficiente de regularização fundiária associada a

um controle urbano mais eficiente.

Page 47: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUSTIN, M.P. & COCKS, K.D. 1978. Land use on the south coast of new south wales. A

study in methods of acquiring and using information to analyse regional land use

options. Australia, v.1 e 2. Commonweath Scientific and Industrial Research

Organization (General Report).

BARROS JUNIOR, F. C. R., CRUZ, I.C.S., KIKUCHI, R.K.P., LEÃO, Z.M.A.N. 200 -

Ambiente Bentônico. p211- 241.il.. In: HATJE, V. e ANDRADE J.B. 2009 - Baía de

Todos os Santos: aspectos oceanográficos. - Salvador : EDUFBA, 2009. 306 p. : il.

DOMINGUEZ, J. M. L. E BITTENCOURT A. C. da S. P. 2009 – Geologia. p: 28 – 66. In:

HATJE, V. e ANDRADE J.B. 2009 - Baía de Todos os Santos: aspectos oceanográficos.

- Salvador: EDUFBA, 2009. 306 p.il.

EMBRAPA, 2013 - Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação

de Solos: Brasília. 2013, 3ed.revisada e ampliada, 353 p.

MABBUTT, J.A. 1968. Review of concepts of land classification. In STEWARTT, G. A. ed.

Land Evoluation. Melburne. Macmillan, p.11 – 28.

MAGNAVITA, L.P., SILVA, R.R. e SANCHES, C.P., 2005 - Guia de Campo da Bacia do

Recôncavo, NE do Brasil B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 301-334,

maio/nov. 2005

MARTIN, L.; BITTENCOURT, A.C.S.P.; VILAS BOAS, G.S.; FLEXOR, J.M., 1980. Mapa

Geológico do Quaternário Costeiro do Estado da Bahia - Esc. 1:250.000. Salvador-

BA,SME/CPM. (Texto explicativo e mapa), 60p.

NASCIMENTO, L. 2012 – Comportamento da linha de costa nos últimos 50 anos e riscos de

prejuízos econômicos na face oceânica da ilha de Vera Cruz– Bahia. Tese de Doutorado.

Instituto de Geociências UFB. Salvador, Bahia. 123 p.il.

OAS, ODEBRECHT e CANARGO CORREA 2010 – Projeto Vetor Oeste – Estudo de

antecipação dos Riscos e Incertezas Ambientais. Diagnóstico: Recursos Terreno. 99p.

Il.

PEREIRA, E.R. de S., 2009 - Caracterização Hidrogeoquímica da Ilha de Itaparica, Bahia.

DISSERTACÃO DE MESTRADO. Intituto de Geociencias . UFB. Salvador Bahia. 129

p.il.

RADAMBRASIL 1981 - Folha SD.24.Salvador - Levantamento de Recursos Naturais - Vol.

24. Min. das Minas e Energia - Rio de Janeiro.

SANTOS, E.C. 2012 – Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA’s) e saturados em

sedimentos superficiais de manguezais da Ilha de Itaparica, Bahia, Brasil. Salvador,

2012. Dissertação de Mestrado. Instituto de Geociências. Universidade Federal da

Bahia.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y 2013 - Situação Atual do Grupo de Ecossistemas: “Manguezal,

Marisma e Apicum”, incluindo os Principais Vetores de Pressão e as Perspectivas Para

Sua Conservação e Usos Sustentável

Page 48: Relatório - DEMACAMP Planejamento Projeto e Consultoria · Guilherme Margarido Ortega consultor em Demografia Késia Anastácio consultor em Demografia Antonio Gonçalves Pires consultor

Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais Rua Araújo, 124 – Vila Buarque

01220-020 – São Paulo – SP Fone: (11) 2174-6800 / Fax: (11) 2174-6824

www.polis.org.br / [email protected]

Oficina Consultores Associados Rua Ouvidor Peleja, 375 – Vila Mariana

04128-000 – São Paulo – SP Fone/ Fax: (11) 5078-8994

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria S/S Ltda.

Rua Dirce Barbieri Gianese, 167– Vl. São João 13084-568 – Campinas – SP Fone/ Fax: (19) 3289-0357 www.demacamp.com.br

[email protected]

SEMARH, 2005 - Plano de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial das Povoações da

APA do Litoral Norte do Estado da Bahia 2005 .Governo do Estado da Bahia Secretaria

de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Centro de Recursos Ambientais (Cra)

Projeto de Gerenciamento Costeiro. Salvador, Bahia 2005. 74p.il.

VIEIRA, M. J. A. 2012 - Proposta de zonas ambientalmente relevantes para os municípios de

Vera Cruze Vera Cruz – BA: um aporte ao ordenamento territorial e à conservação

frente ao Decreto Estadual 13.388/2011. Monografia de Bacharelado. Instituto de

Biologia da Universidade Federal Bahia. 53p.il.

VS AMBIENTAL e NEMUS, 2014a – Estudos Ambientais para a Implantação de Sistema de

travessia Salvador Ilha de Itaparica, sobre a Baia de Todos os Santos: Diagnóstico

ambiental – Meio físico. V.1.1. 563 p.il

VS AMBIENTAL e NEMUS, 2014b – Estudos Ambientais para a Implantação de Sistema de

travessia Salvador Ilha de Itaparica, sobre a Baia de Todos os Santos: Diagnóstico

ambiental – Meio Biótico. Vol.1.1. 546 p.il.

ZONNEVELD, I. 1992. Land evolution and landscape science. International Institute for

Aerospace Survey and Earth Sciences (ITC). The Netherlands, 22 p