relatório de supervisão comportamental (2013).pdf

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    RELATRIO

    DE SUPERVISOCOMPORTAMENTAL2013

    Lisboa, 2014 www.bportugal.pt http://clientebancario.bportugal.pt

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    RELATRIO DE SUPERVISO COMPORTAMENTAL | 2014 Banco de Portugal Av. Almirante Reis, 71 | 1150-012 Lisboa

    www.bportugal.pt Edio Departamento de Superviso Comportamental Design, impresso, acabamento e distribuio

    Departamento de Servios de Apoio | rea de Documentao, Edies e Museu | Servio de Edies e Publicaes

    Tiragem 500 exemplares ISSN 1646-9216 (impresso) ISSN 2182-1771 (online) Depsito Legal n.o272452/08

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    ndice

    NOTA DO GOVERNADOR

    SUMRIO EXECUTIVO

    I. AGENDA INTERNACIONAL DA SUPERVISO COMPORTAMENTAL

    1. Unio Europeia | 25

    1.1. Comisso Europeia, Conselho da Unio Europeia e Parlamento Europeu | 25

    1.2. Autoridade Bancria Europeia (EBA) | 26

    Caixa 1 Parecer da EBA sobre boas prticas na concesso responsvel de crditohipotecrio | 27

    Caixa 2 Parecer da EBA sobre boas prticas no tratamento de muturioscom diculdades no pagamento do crdito hipotecrio | 31

    Caixa 3 Alerta da EBA aos consumidores sobre as moedas virtuais | 33

    1.3. Comit Conjunto das Autoridades de Superviso Europeias | 35

    Caixa 4 Princpios do Comit Conjunto das Autoridades de Superviso Europeiasrelativos aos procedimentos internos das instituies nanceiras na criao,aprovao e distribuio de produtos e servios | 36

    2. OCDE | 37

    2.1. Task Force on Financial Consumer Protection | 37

    2.2. International Network on Financial Education (INFE) | 38

    3. International Financial Consumer Protection Organisation (FinCoNet) | 40

    Caixa 5 Cooperao internacional da superviso comportamental do Bancode Portugal | 41

    II. ALTERAES AO QUADRO NORMATIVO DOS MERCADOS BANCRIOS DE RETALHO

    1. Regime geral do incumprimento | 47Caixa 6 Fiscalizao dos procedimentos internos e do cumprimento dos deveres

    de divulgao | 48

    1.1. Preveno de situaes de incumprimento PARI | 48

    1.2. Regularizao extrajudicial do incumprimento PERSI | 49

    Caixa 7 Contratos de crdito integrados no PERSI | 50

    Caixa 8 Solues acordadas no mbito do PERSI | 54

    Caixa 9 Motivos de extino do PERSI | 57

    Caixa 10 Fiscalizao do regime geral pelo Banco de Portugal | 59

    Caixa 11 Regularizao do incumprimento de contratos de crdito hipotecrio no PERSIe no regime extraordinrio | 60

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 20134

    2. Regime extraordinrio do incumprimento | 62

    Caixa 12 Boas prticas na implementao do regime extraordinrio | 63

    Caixa 13 Contratos de crdito com requerimento de acesso ao regime extraordinrio | 64

    Caixa 14 Solues acordadas no mbito do regime extraordinrio | 69

    Caixa 15 Fiscalizao do regime extraordinrio pelo Banco de Portugal | 70

    3. Rede de Apoio ao Consumidor Endividado | 70

    Caixa 16 Implementao da Rede de Apoio ao Consumidor Endividado | 71

    4. Novo regime da mora | 74

    Caixa 17 Entendimentos do Banco de Portugal sobre o novo regime da mora | 75

    5. Crdito hipotecrio | 76

    6. Crdito aos consumidores | 77

    Caixa 18 Entendimentos do Banco de Portugal sobre a proibio de aplicaode comisses em situao de ultrapassagem de crdito | 78

    Caixa 19 Evoluo das taxas mximas | 79

    7. Cartes de pagamento | 80

    8. Servios mnimos bancrios | 81

    Caixa 20 Evoluo das contas de servios mnimos bancrios | 82

    III. INICIATIVAS DE INFORMAO E FORMAO FINANCEIRA

    1. Portal do Cliente Bancrio | 89

    Caixa 21 Consultas ao Portal do Cliente Bancrio | 91

    2. Pedidos de informao de clientes bancrios | 97

    Caixa 22 Temas mais frequentes nos pedidos de informao sobre produtose servios bancrios | 100

    Caixa 23 Pedidos de informao sobre os regimes de preveno e gestodo incumprimento | 105

    3. Participao no Plano Nacional de Formao Financeira | 107

    Caixa 24 Referencial de Educao Financeira | 110Caixa 25 Divulgao das alteraes ao quadro normativo dos mercados bancrios

    de retalho | 111

    IV. ATIVIDADES DE SUPERVISO

    1. Fiscalizao sistemtica | 117

    1.1. Publicidade a produtos e servios bancrios | 118

    Caixa 26 Caratersticas dos suportes publicitrios scalizados | 119

    1.2. Depsitos indexados e duais | 124

    1.3. Taxas mximas no crdito aos consumidores | 126

    1.4. Prerios | 127

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    5

    2. Aes de inspeo | 129

    2.1. Fiscalizao da implementao do novo quadro normativo | 130

    2.2. Prerios | 137

    2.3. Depsitos simples | 138

    2.4. Crdito habitao e outros crditos com garantia hipotecria | 139

    2.5. Crdito aos consumidores e outros crditos | 140

    Caixa 27 Anlise de minutas de contratos de crdito pessoal e de crdito automvel | 141

    2.6. Servios de pagamento | 148

    2.7. Livro de reclamaes | 149

    3. Reclamaes dos clientes bancrios | 150

    Caixa 28 Competncias do Banco de Portugal na anlise de reclamaes | 150

    3.1. Evoluo recente | 151

    Caixa 29 Reclamaes atravs do Portal do Cliente Bancrio | 153

    3.2. Evoluo das reclamaes por matria | 154

    Caixa 30 Matrias mais reclamadas | 156

    Caixa 31 Instituies mais reclamadas no crdito aos consumidores | 163

    Caixa 32 Instituies mais reclamadas nas contas de depsito | 165

    Caixa 33 Instituies mais reclamadas no crdito habitao | 167

    3.3. Resultados da anlise | 169

    3.4. Prazos de encerramento | 169

    Caixa 34 Reclamaes sobre situaes de incumprimento | 170

    Caixa 35 Notas metodolgicas | 175

    4. Correo de irregularidades e sancionamento | 177

    4.1. Recomendaes e determinaes especcas | 1774.1.1. Publicidade | 1794.1.2. Prerios | 1814.1.3. Depsitos simples | 1824.1.4. Crdito habitao | 183

    4.1.5. Crdito aos consumidores | 1874.1.6. Servios de pagamento | 1904.1.7. Livro de reclamaes | 191

    4.2. Processos de contraordenao | 192

    Caixa 36 Processos de contraordenao no mbito da preveno e gestode situaes de incumprimento | 196

    V. SINOPSES

    1. Sinopse de iniciativas legislativas e regulamentares | 203

    2. Sinopse de iniciativas e eventos da agenda internacional | 205

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 20136

    ndice grficos

    Grco C.7.1 PERSI | Distribuio dos contratos de crdito integrados | 2013 | 50

    Grco C.7.2 PERSI | Distribuio dos contratos de crdito aos consumidores integrados,por tipo de crdito | 2013 | 51

    Grco C.7.3 PERSI | Contratos de crdito integrados, por durao do incumprimento| 2013 | 53

    Grco C.9.1 PERSI | Motivos de extino | Crdito hipotecrio | 2013 | 58

    Grco C.9.2 PERSI | Motivos de extino | Crdito aos consumidores | 2013 | 58

    Grco C.11.1 Crdito hipotecrio | Evoluo dos processos iniciados (PERSI erequerimentos de acesso ao regime extraordinrio)

    | Nov. 2012 Dez. 2013 | 60

    Grco C.13.1 Regime extraordinrio | Principal motivo de indeferimento dosrequerimentos de acesso | Nov. 2012 Dez. 2013 | 65

    Grco C.19.1 Crdito aos consumidores | Evoluo das taxas mximas | 2012 2013 | 79

    Grco C.20.1 SMB | Evoluo do nmero de contas | 2008 2013 | 82

    Grco C.20.2 SMB | Caracterizao das contas | 2012 2013 | 83

    Grco C.21.1 PCB | Evoluo do nmero de acessos | 2011 2013 | 91

    Grco C.21.2 PCB | Evoluo das visitas aos contedos por temas | 2011 2013 | 92

    Grco C.21.3 PCB | Evoluo das visitas s pginas de produtos bancrios| 2011 2013 | 92

    Grco C.21.4 PCB | Evoluo dos acessos aos simuladores | 2011 2013 | 93

    Grco C.21.5 PCB | Evoluo das visitas s pginas de servios do Banco de Portugal| 2011 2013 | 93

    Grco C.21.6 PCB | Documentos descarregados | 2011 2013 | 94

    Grco C.21.7 PCB | Documentos descarregados: acompanhamento do mercadobancrio | 2011 2013 | 94

    Grco C.21.8 PCB | Documentos descarregados: materiais de formao nanceira| 2011 2013 | 95

    Grco C.21.9 PCB |Documentos descarregados: projetos de literacia nanceira| 2011 2013 | 95

    Grco C.21.10 PCB | Documentos descarregados: servios do Banco de Portugal| 2011 2013 | 96

    Grco C.21.11 PCB | Documentos descarregados: Relatrios de SupervisoComportamental | 2011 2013 | 96

    Grco III.2.1 Pedidos de informao | Evoluo | 2011 2013 | 97

    Grco III.2.2 Pedidos de informao | Evoluo da distribuio temtica | 2012 2013 | 97

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    7

    Grco III.2.3 Pedidos de informao | Distribuio temtica | 2013 | 98

    Grco III.2.4 Pedidos de informao | Evoluo por tipo de produto e servio bancrio| 2011 2013 | 99

    Grco C.22.1 Pedidos de informao | Evoluo dos principais temas de depsitosbancrios | 2012 2013 | 100

    Grco C.22.2 Pedidos de informao | Distribuio dos depsitos bancrios por temas| 2013 | 100

    Grco C.22.3 Pedidos de informao | Evoluo dos principais temasde crdito habitao | 2012 2013 | 101

    Grco C.22.4 Pedidos de informao | Distribuio do crdito habitao por temas| 2013 | 101

    Grco C.22.5 Pedidos de informao | Evoluo dos principais temas de crdito aosconsumidores | 2012 2013 | 102

    Grco C.22.6 Pedidos de informao | Distribuio do crdito aos consumidores portemas | 2013 | 102

    Grco C.22.7 Pedidos de informao | Evoluo dos principais temas de crdito aempresas | 2012 2013 | 103

    Grco C.22.8 Pedidos de informao | Distribuio do crdito a empresas por temas| 2013 | 103

    Grco C.22.9 Pedidos de informao | Evoluo dos principais temas de servios depagamento | 2012 2013 | 104

    Grco C.22.10 Pedidos de informao | Distribuio dos servios de pagamento portemas | 2013 | 104

    Grco C.23.1 Pedidos de informao | Evoluo dos principais temas dos regimes doincumprimento | 2013 | 105

    Grco C.23.2 Pedidos de informao | Distribuio dos regimes do incumprimento portemas | 2013 | 106

    Grco IV.1.1.1 Publicidade | Nmero de suportes publicitrios scalizados| 2012 2013 | 118

    Grco C.26.1 Publicidade | Suportes publicitrios scalizados, por tipo de produto| 2013 | 120

    Grco C.26.2 Publicidade | Tipos de suportes scalizados | 2012 2013 | 121

    Grco C.26.3 Publicidade | Tipos de suportes scalizados, por produto | 2013 | 122

    Grco C.26.4 Publicidade | Tipos de suportes scalizados | Crdito aos consumidores| 2013 | 122

    Grco C.26.5 Publicidade | Produtos publicitados por tipo de suporte | 2013 | 122

    Grco IV.1.1.2 Publicidade | Percentagem de suportes publicitrios alterados| 2012 2013 | 123

    Grco IV.1.1.3 Publicidade | Percentagem de suportes publicitrios alterados por tipode produto | 2013 | 123

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 20138

    Grco IV.1.3.1 Crdito aos consumidores | Nmero de contratos reportados| 2011 2013 | 126

    Grco IV.2.1 Aes de inspeo | Distribuio das matrias relativas ao novo quadro

    normativo | 2013 | 130

    Grco IV.2.2 Aes de inspeo | Nmero de aes por matria | 2013 | 130

    Grco IV.2.1.1 Aes de inspeo | Regime de servios mnimos bancrios | 2013 | 131

    Grco IV.2.1.2 Aes de inspeo | Regime geral do incumprimento | 2013 | 132

    Grco IV.2.1.3 Aes de inspeo | Regime extraordinrio do incumprimento | 2013 | 133

    Grco IV.2.1.4 Aes de inspeo | Alargamento do regime de crdito habitao aoutros crditos hipotecrios | 2013 | 135

    Grco IV.2.1.5 Aes de inspeo | Alteraes no regime de crdito aos consumidores

    | 2013 | 136

    Grco C.27.2 Anlise de minutas | Distribuio dos incumprimentos superioresa 20 por cento nas minutas de contratos de crdito pessoal | 146

    Grco C.27.1 Anlise de minutas | Distribuio dos incumprimentos superioresa 20 por cento nas minutas de contratos de crdito automvel | 147

    Grco IV.3.1.1 Reclamaes | Evoluo do nmero de entradas, por provenincia| 2007 2013 | 151

    Grco IV.3.1.2 Reclamaes | Nmero de entradas, por provenincia | 20112013 | 151

    Grco C.29.1 Reclamaes | Evoluo das reclamaes enviadas pelo PCB face ao totalde RCO | 2011 2013 | 153

    Grco C.29.2 Reclamaes | Evoluo do acesso consulta | 2011 2013 | 153

    Grco IV.3.2.1 Reclamaes | Matrias reclamadas (em percentagem) | 2012 2013 | 155

    Grco C.30.1 Reclamaes | Produtos de crdito aos consumidores | 2013 | 156

    Grco C.30.2 Reclamaes | Cartes de crdito, crdito pessoal e crdito automvel| 2013 | 156

    Grco C.30.3 Reclamaes | Contas de depsito | 2013 | 157

    Grco C.30.4 Reclamaes | Crdito habitao | 2013 | 158

    Grco C.30.5 Reclamaes | Cartes | 2013 | 159

    Grco C.30.6 Reclamaes | Transferncias | 2013 | 159

    Grco C.30.7 Reclamaes | Cheques | 2013 | 160

    Grco C.30.8 Reclamaes | Crdito s empresas | 2013 | 160

    Grco IV.3.2.2 Reclamaes | Variao em termos absolutos e em termos relativos,por matrias | 2013 | 162

    Grco C.31.1 Reclamaes | Por 1000 contratos de crdito aos consumidores | 2013 | 164

    Grco C.32.1 Reclamaes | Por 1000 contas de depsito ordem | 2013 | 166

    Grco C.33.1 Reclamaes | Por 1000 contratos de crdito habitao | 2013 | 168

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    ndice quadros

    Quadro C.7.1 PERSI | Processos iniciados, em anlise e concludos | Crdito hipotecrio| 2013 | 51

    Quadro C.7.2 PERSI | Processos iniciados, em anlise e concludos| Crdito aos consumidores | 2013 | 52

    Quadro C.7.3 PERSI | Contratos de crdito integrados, por ano de celebrao | 2013 | 52

    Quadro C.7.4 PERSI | Contratos de crdito integrados, por durao do incumprimento

    | 2013 | 53

    Quadro C.8.1 PERSI | Processos concludos com regularizao do incumprimento | 2013 | 55

    Quadro C.8.2 PERSI | Solues acordadas nos processos concludos | 2013 | 55

    Quadro C.8.3 PERSI | Condies renegociadas nos processos concludos | 2013 | 56

    Quadro C.9.1 PERSI | Motivos de extino | 2013 | 58

    Quadro C.11.1 Crdito hipotecrio | Regularizao do incumprimento no mbito doPERSI e do regime extraordinrio | 2013 | 61

    Quadro C.13.1 Regime extraordinrio | Requerimentos de acesso| Nov. 2012 Dez. 2013 | 64

    Grco C.34.1 Reclamaes | Regimes de incumprimento | 2013 | 170

    Grco C.34.2 Reclamaes | Distribuio das reclamaes relativas a situaes deincumprimento, por provenincia | 2013 | 172

    Grco C.34.3 Reclamaes | Situaes de incumprimento, por tipo de crdito | 2013 | 172

    Grco C.34.4 Reclamaes | Motivo das reclamaes relativas ao regime geral | 2013 | 172

    Grco C.34.5 Reclamaes | Motivo das reclamaes relativas ao regime extraordinrio| 2013 | 172

    Grco C.34.6 Reclamaes | Por 1000 contratos de crdito em incumprimento | 2013 | 173

    Grco IV.4.1.1 Recomendaes e determinaes especcas | Distribuio sobre o novoquadro normativo, por matria | 2013 | 177

    Grco IV.4.1.2 Recomendaes e determinaes especcas | Por matria | 2013 | 178

    Grco IV.4.1.3 Recomendaes e determinaes especcas | Distribuio napublicidade por tipo de produto | 2013 | 179

    Grco IV.4.1.4 Recomendaes e determinaes especcas | Incumprimentos ao Avison. 10/2008 | 2012 2013 | 180

    Grco IV.4.2.1 Processos de contraordenao | Evoluo do nmero de processosinstaurados | 2008 2013 | 193

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201310

    Quadro C.13.2 Regime extraordinrio | Requerimentos de acesso deferidos| Nov. 2012 Dez. 2013 | 66

    Quadro C.13.3 Regime extraordinrio | Contratos de crdito com requerimento de

    acesso deferido, por ano de celebrao | Nov. 2012 Dez. 2013 | 66

    Quadro C.13.4 Regime extraordinrio | Contratos de crdito com requerimento deacesso deferido, por durao do incumprimento | 2013 | 67

    Quadro C.14.1 Regime extraordinrio | Solues acordadas e processos extintos| Nov. 2012 Dez. 2013 | 69

    Quadro C.20.1 SMB | Nmero de contas | 2012 2013 | 82

    Quadro C.20.2 SMB | Evoluo do nmero de contas constitudas | 2012 2013 | 83

    Quadro C.20.3 SMB | Evoluo do nmero de contas encerradas | 2012 2013 | 84

    Quadro C.20.4 SMB | Evoluo dos encargos anuais denidos em prerio| 2012 2013 | 84

    Quadro III.2.1 Pedidos de informao | Evoluo por tipo de produto e servio bancrio| 2012 2013 | 99

    Quadro C.23.1 Pedidos de informao | Regimes do incumprimento, por matrias| 2013 | 106

    Quadro IV.1 Atividades de superviso | Quadro resumo | 2013 | 117

    Quadro C.26.1 Publicidade | Suportes publicitrios scalizados por tipo de produto

    | 2012 2013 | 120

    Quadro IV.1.2.1 Depsitos indexados e duais | Prospetos informativos | 2012 2013 | 125

    Quadro IV.1.2.2 Depsitos indexados e duais | Fiscalizao das remuneraes (TANB)| 2013 | 125

    Quadro IV.1.4.1 Prerios | Fiscalizao dos prerios reportados | 2013 | 127

    Quadro IV.1.4.2 Prerios | Divulgao no PCB do folheto de comisses e despesas| 2013 | 128

    Quadro IV.2.1 Aes de inspeo | Quadro resumo | 2013 | 129

    Quadro IV.2.2.3 Aes de inspeo | Fiscalizao dos prerios divulgados | 2013 | 137

    Quadro IV.2.3.1 Aes de inspeo | Depsitos simples | 2013 | 138

    Quadro IV.2.4.1 Aes de inspeo | Crdito habitao e outros crditos hipotecrios| 2013 | 139

    Quadro IV.2.5.1 Aes de inspeo | Crdito aos consumidores e outros crditos | 2013 | 140

    Quadro C.27.1 Anlise de minutas | Contratos de crdito pessoal e automvel | 141

    Quadro C.27.2 Anlise de minutas | Distribuio do incumprimento de deveres deinformao e de outras regras imperativas no crdito pessoal | 142

    Quadro C.27.3 Anlise de minutas | Distribuio do incumprimento de deveres deinformao e de outras regras imperativas no crdito automvel | 144

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    11

    Quadro IV.2.6.1 Aes de inspeo | Servios de pagamento | 2013 | 148

    Quadro IV.2.7.1 Aes de inspeo | Livro de reclamaes | 2013 | 149

    Quadro IV.3.1.1 Reclamaes | Nmero de entradas, por provenincia | 2011 2013 | 152

    Quadro C.29.1 Reclamaes | Acessos consulta e nmero de entradas | 2011 2013 | 154

    Quadro IV.3.2.1 Reclamaes | Matrias reclamadas (valores absolutos) | 2012 2013 | 155

    Quadro IV.3.2.2 Reclamaes | Matrias reclamadas (valores relativos) | 2012 2013 | 162

    Quadro C.31.1 Reclamaes | Por 1000 contratos de crdito aos consumidores | 2013 | 163

    Quadro C.32.1 Reclamaes | Por 1000 contas de depsito ordem | 2013 | 165

    Quadro C.33.1 Reclamaes | Por 1000 contratos de crdito habitao | 2013 | 167

    Quadro IV.3.3.1 Resultados dos processos de reclamao | 2011 2013 | 169

    Quadro C.34.1 Reclamaes | Regimes do incumprimento | 2013 | 170

    Quadro C.34.2 Reclamaes | Regimes do incumprimento por tipo de crdito | 2013 | 171

    Quadro C.34.3 Reclamaes | Por 1000 contratos de crdito em incumprimento | 2013 | 174

    Quadro C.34.4 Reclamaes | Resultados dos processos de reclamaes relativosa situaes de incumprimento | 2013 | 174

    Quadro IV.4.1.1 Recomendaes e determinaes especcas | Por matria | 2013 | 178

    Quadro IV.4.1.2 Recomendaes e determinaes especcas | Publicidade, por tipode produto | 2013 | 179

    Quadro IV.4.1.3 Recomendaes e determinaes especcas | Prerios | 2013 | 181

    Quadro IV.4.1.4. Recomendaes e determinaes especcas | Depsitos simples| 2013 | 182

    Quadro IV.4.1.5. Recomendaes e determinaes especcas | Crdito habitao| 2013 | 183

    Quadro IV.4.1.6 Recomendaes e determinaes especcas| Crdito aos consumidores | 2013 | 187

    Quadro IV.4.1.7 Recomendaes e determinaes especcas | Servios de pagamento| 2013 | 190

    Quadro IV.4.1.8 Recomendaes e determinaes especcas | Livro de reclamaes| 2013 | 191

    Quadro IV.4.2.1 Processos de contraordenao | Instaurados pelo Banco de Portugal,por diploma habilitante | 2013 | 193

    Quadro IV.4.2.2 Processos de contraordenao | Instaurados pelo Banco de Portugal,por matria | 2013 | 194

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201312

    Abreviaturas ATMAutomated Teller Machine

    CEComisso Europeia CMVMComisso do Mercado de Valores Mobilirios

    CPLPComunidade dos Pases de Lngua Portuguesa

    CRCCentral de Responsabilidades de Crdito

    EBAEuropean Banking Authority

    EIOPAEuropean Insurance and Occupational Pensions Authority

    ESAEuropean Supervisory Authorities

    ESMAEuropean Securities and Markets Authority

    FCDFolheto de comisses e despesas do prerio das instituies de crdito

    FGDFundo de Garantia de Depsitos

    FIIAHFundo de Investimento Imobilirio para Arrendamento Habitacional FINFicha de informao normalizada

    FinCoNetInternational Financial Consumer Protection Organization

    FSBFinancial Stability Board

    FTJFolheto de taxas de juro do prerio das instituies de crdito

    G20Grupo dos 20

    ICInstituio de crdito

    INFEInternacional Network on Financial Education

    ISPInstituto de Seguros de Portugal

    OCDEOrganizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    PARIPlano de ao para o risco de incumprimento

    PCBPortal do cliente bancrio

    PERSIProcedimento extrajudicial de regularizao de situaes de incumprimento

    PNFFPlano Nacional de Formao Financeira

    PRIPPacotes de produtos de investimento de retalho (packaged retail investment products)

    RACERede de Apoio ao Consumidor Endividado

    RCLReclamao proveniente do Livro de reclamaes

    RCOReclamao proveniente de outros meios

    RGICSFRegime geral das instituies de crdito e sociedades nanceiras

    RJSPMERegime jurdico dos servios de pagamento e moeda eletrnica

    SCConFinStanding Committee on Consumer Protection and Financial Innovation

    SICAMSistema integrado do crdito agrcola mtuo

    SICOISistema de compensao interbancria

    SMBServios mnimos bancrios

    TAETaxa anual efetiva

    TAEGTaxa anual de encargos efetiva global

    TAERTaxa anual efetiva revista

    TANBTaxa anual nominal bruta

    TANTaxa anual nominal

    TPATerminal de pagamento automtico

    TSCTaxa de servio do comerciante

    UEUnio Europeia

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    Nota do GovernadorO m ltimo da superviso bancria assegurar a conana no mercado bancrio. A conana

    estimula as transaes e favorece o investimento e o crescimento, diminuindo o custo das ati-vidades econmicas. Quando no existe plena conana, as transaes ou no se realizam oupassam a incorporar prmios de risco que agravam o preo dos bens e servios transacionadose, como consequncia, penalizam a competitividade das empresas e o ritmo de desenvolvimentoeconmico de um territrio ou de um pas. A conana ainda mais essencial para otimizar aalocao da poupana, quer porque determina o nanciamento de projetos de investimento commaior retorno econmico e social mas dependentes de nanciamento de terceiros, quer porquedetermina a disponibilidade de nanciamento para projetos com ciclos de vida longos e, por con-seguinte, com necessidades de nanciamento de longo prazo.

    O que signica que a intensidade e a natureza da atividade nanceira de um pas dependem, deforma crtica, dos nveis de conana que resultam do quadro institucional em que tem lugar a

    atividade nanceira e, dentro desse quadro, da natureza e da qualidade das prticas das institui-es que se ocupam da captao da poupana dos agentes aforradores e do nanciamento dosagentes investidores.

    As instituies de crdito devem ter bem presente o valor da conana. Trata-se da pedra angularda sua atividade. Por isso, tm de adotar boas prticas internas na criao e na distribuio deprodutos, nas estruturas de remunerao dos colaboradores e nos mtodos de controlo de ris-cos, incluindo do risco reputacional.

    Em Portugal, necessrio continuar a reforar o quadro de regras e de valores, garantindo umambiente concorrencial que favorea mercados nanceiros saudveis, dinmicos e ecientes, commenor endividamento dos particulares e maior propenso para o aforro, e mais disponveis parananciar as atividades econmicas produtivas. Por outras palavras, mercados nanceiros que per -

    mitam aos agentes econmicos nanciar-se, investir, inovar e crescer. A regulao e a supervisodos mercados bancrios de retalho e a formao nanceira dos clientes bancrios so instrumentosfundamentais na promoo de um ambiente concorrencial favorvel conana e ao investimento.

    Apesar de a superviso comportamental bancria s ter sido introduzida no ordenamento jurdicoportugus em 2008, o quadro normativo j consideravelmente vasto e, como o presente relatrioilustra, a atividade de superviso comportamental incide sobre um extenso conjunto de matrias.

    Neste domnio, a atuao do Banco de Portugal est circunscrita aos poderes que lhe foramconferidos pelo legislador. O supervisor no est, por exemplo, incumbido de dirimir questescontratuais entre o cliente e a instituio de crdito: a soluo destes litgios exige o recurso ameios judiciais ou arbitrais.

    Na regulao dos mercados bancrios de retalho, o Banco de Portugal procura atuar sempre de

    forma equilibrada, ponderando os vrios interesses em presena nas iniciativas regulamentares.Para assegurar a conana no sistema, o Banco de Portugal tem tomado medidas para que a rela-o que os bancos estabelecem com os clientes bancrios seja transparente. Anal, s se conaplenamente no que se conhece.

    S existe um ambiente verdadeiramente concorrencial com ganhos quer para os clientes quer paraos prprios agentes (porque se destacam as instituies que prestam o melhor servio) se o clien-te bancrio tiver efetivo poder de escolha. E para o efeito, o setor bancrio deve ser transparente.Em particular, necessrio algum grau de padronizao de produtos bancrios, porque para escolher preciso, antes de mais, poder comparar e s se pode comparar o que efetivamente comparvel.

    O Banco de Portugal tem preconizado a padronizao e a simplicao de produtos bancrios,que pela sua comparabilidade e transparncia permitam ancorar um processo de escolha infor-

    mada dos clientes e, por essa via, promovam a concorrncia entre instituies. Tal no signicacondicionar a inovao nanceira ou a criao de produtos no padronizados, nem limitar asopes de escolha de clientes mais informados ou com necessidades diferenciadas.

    Nota do Governador

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201314

    No rescaldo da crise nanceira internacional, estas preocupaes continuaro na agenda dosreguladores. Tal deve-se, por um lado, lio aprendida sobre a importncia da regulao e dasuperviso comportamental para a estabilidade nanceira e, por outro lado, inovao nanceira.

    A inovao nanceira constitui um desao permanente para os reguladores interessados em salva -guardar, por um lado, o princpio da escolha consciente pelo cliente bancrio o que, como se disse,pressupe transparncia e comparabilidade e, por outro, a adequao dos produtos s necessida-des da procura. Cada vez mais estimulada pelas novas tecnologias, a inovao nanceira exige que aregulao se adapte constantemente aos novos agentes nanceiros, novos canais e novos produtos,alguns dos quais emergem fora do permetro clssico da superviso. Assim, tanto os reguladorescomo os supervisores esto confrontados com os imperativos de uma deteo precoce e de umareexo clere sobre o curso da inovao nanceira e os novos riscos que colocam tanto do pontode vista da proteo dos clientes bancrios como da salvaguarda da conana nas instituies.

    Teremos tambm de revisitar velhos temas da agenda regulatria, como as comisses bancrias,que tm merecido a ateno do legislador europeu. Com efeito, as prticas comerciais de comis-sionamento tm sido muito criticadas por associaes de defesa dos consumidores e pela opinio

    pblica em geral, inclusive junto do poder legislativo. Tal com a generalidade dos agentes econ-micos, as instituies de crdito apenas esto condicionadas na xao do preo dos servios quecomercializam quando o legislador o determinou. No caso das instituies de crdito, quando acobrana de comisses bancrias est condicionada ou proibida por norma legal. H que reetirsobre a forma como se pode conciliar o princpio da liberdade contratual que rege o comissiona-mento com o respeito por princpios de proporcionalidade e de boa-f. Esta reexo j est emcurso e dever conduzir a ajustamentos nas estratgias comerciais das instituies de crdito.

    O supervisor tem de ser capaz de atuar num contexto marcado por interesses divergentes e devesaber explicar publicamente o que faz, pela estabilidade nanceira e pela proteo do clientebancrio, na regulao e na scalizao dos mercados bancrios de retalho.

    Outro desao que se coloca ao Banco de Portugal consiste em apoiar a implementao de um

    mercado europeu que as autoridades europeias pretendem cada vez mais integrado e unicado.Nos prximos dois anos, ser necessrio incorporar no ordenamento jurdico portugus um impor-tante acervo comunitrio sobre matrias como o crdito hipotecrio, a comparabilidade dos encar-gos associados s contas de pagamento e as comisses cobradas na prestao de servios bancrios.

    Se a verdade que a crise nanceira exigiu a instalao de um quadro de regulao e super -viso ajustado queles imperativos, depois de ter posto em evidncia os custos da insucienteregulao e da superviso dos mercados bancrios de retalho, importa estar consciente de quea construo do quadro de regulao e superviso uma obra sempre incompleta. Subsistem e,ao mesmo tempo, emergem novos problemas, que, pela complexidade e pela natureza dos equi-lbrios a salvaguardar, constituem um grande desao para quem tem a seu cargo a salvaguarda,por um lado, do bem pblico que a conana no sistema nanceiro e, por outro, de um quadro

    concorrencial que garanta a melhoria da ecincia intertemporal e a solidez das instituies nan-ceiras um grande desao que, em primeira linha, interpela os supervisores.

    O Banco de Portugal continuar empenhado em salvaguardar e reforar a conana no sistemabancrio nacional, num quadro de progressiva integrao dos mercados e de constante ino-vao. S assim poderemos ter mercados nanceiros saudveis e ecientes, que promovam oinvestimento em atividades com valor acrescentado e, desta forma, o crescimento sustentado daeconomia e o bem-estar da populao.

    O Governador

    Carlos da Silva Costa

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    Sumrio executivoNo Relatrio de Superviso Comportamental,

    o Banco de Portugal divulga, anualmente, a

    sua atuao na scalizao dos mercados

    bancrios de retalho e na promoo da infor-

    mao e da formao nanceira. Analisa ain-

    da a evoluo do quadro legal e regulamentar

    e as reexes em curso nos diversos fruns

    internacionais sobre a proteo dos clientes

    bancrios.

    O Banco de Portugal, no exerccio da sua fun-

    o de superviso comportamental, scaliza a

    atuao das instituies de crdito, socieda-des nanceiras, instituies de pagamento e

    instituies de moeda eletrnica nos merca-

    dos bancrios de retalho, em que so comer-

    cializados depsitos, produtos de crdito e

    servios de pagamento, com o disposto nas

    normas legais e regulamentares aplicveis.

    A superviso comportamental dos mercados

    bancrios de retalho um pilar essencial da

    estabilidade do sistema nanceiro. A atuao

    do Banco de Portugal neste domnio limita-da pelo disposto na lei. O Banco de Portugal

    apenas pode emitir normas regulamentares

    nos casos e condies expressamente previs-

    tos na lei e no dispe de competncia para

    scalizar a atuao das instituies de crdi-

    to quando estas atuam em domnios como a

    intermediao nanceira ou a mediao de

    seguros, nem pode intervir em aspetos das

    relaes comerciais que as instituies man-

    tenham com os clientes que no sejam regu-

    lados por normas por cujo cumprimento estincumbido de zelar. O Banco de Portugal no

    pode pronunciar-se sobre a validade de con-

    tratos. Os instrumentos utilizados pelo Banco

    no exerccio das suas funes de superviso

    so os que se encontram tipicados na lei. Na

    anlise de reclamaes, compete ao Banco de

    Portugal exigir a correo de incumprimentos

    e sancionar as faltas graves que as institui-

    es tenham cometido; a reparao de danos

    resultantes de irregularidades praticadas

    pelas instituies compete, nos termos da lei,

    aos tribunais ou a entidades arbitrais.

    O Relatrio de Superviso Comportamental de

    2013:

    Assinala os principais temas na agenda dos

    fruns internacionais da superviso com-

    portamental (Captulo I);

    Avalia a implementao das alteraes ao

    quadro normativo dos mercados bancrios

    de retalho (Captulo II);

    Apresenta os projetos de informao e for-

    mao nanceira desenvolvidos (Captulo III);

    Sintetiza as atividades de superviso com-

    portamental (Captulo IV).

    No relatrio so ainda divulgadas sinopses

    das iniciativas legislativas e regulamentares e

    da agenda internacional.

    Alteraes ao quadro normativo

    dos mercados bancrios de retalho

    Em 2013, foi implementado um conjunto

    signicativo de alteraes ao quadro legal eregulamentar dos mercados bancrios de

    retalho. Estas alteraes ampliaram os direi-

    tos e garantias dos clientes bancrios, trazen-

    do importantes desaos ao Banco de Portugal

    na scalizao das instituies de crdito.

    Preveno e gesto de situaes de

    incumprimento

    Em 2013, num contexto econmico particu-

    larmente difcil para as famlias, foram imple-mentados o regime geral de preveno e

    gesto do incumprimento e o regime extraor-

    dinrio de proteo de devedores de crdito

    habitao em situao econmica muito dif-

    cil e criada a Rede de Apoio ao Consumidor

    Endividado (RACE), que auxilia gratuitamente

    os clientes bancrios na renegociao de cr-

    ditos em incumprimento.

    Sumrio executivo

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201316

    Com impacto na gesto de crditos em incum-

    primento, a reviso do regime da mora esta-

    beleceu normas e valores mximos para o

    comissionamento associado a prestaes ematraso e imps um teto mximo para a sobre-

    taxa de juros moratria. O alargamento do

    regime do crdito habitao a outros crdi-

    tos hipotecrios garantiu que os direitos con-

    feridos por aquele regime se mantm na con-

    solidao do crdito habitao com outro

    tipo de crditos frequentemente com nalida-

    de de consumo. A consolidao do crdito

    habitao com outro tipo de crditos uma

    opo muitas vezes utilizada por clientes com

    emprstimos bancrios em incumprimento.

    No relatrio, o Banco de Portugal apresenta

    os principais indicadores da implementao

    dos regimes do incumprimento, com base

    nos elementos reportados pelas instituies

    de crdito. Em resultado do aperfeioamento

    dos sistemas de informao das instituies,

    os dados agora publicados reveem os divulga-

    dos para o primeiro semestre de 2013.

    Os regimes do incumprimento denem direi-

    tos e deveres para os clientes que enfrentam

    diculdades no cumprimento de contratos de

    crdito habitao e/ou de crdito aos con-

    -sumidores. Este quadro legal constitudo

    por um regime geral, que estabelece medidas

    para prevenir (PARI) e promover a regulariza-

    o extrajudicial do incumprimento (PERSI)

    de contratos de crdito, e um regime extraor-

    dinrio de proteo dos devedores de crdi-

    to habitao em situao econmica muito

    difcil.

    No mercado do crdito habitao existem,

    assim, dois procedimentos complementares

    para a regularizao extrajudicial de situa-

    es de incumprimento: o PERSI, regulado

    pelo regi-me geral, e o regime extraordin-

    rio. A implementao do regime geral tem

    tido abrangncia crescente, uma vez que as

    instituies tm adotado uma atitude mais

    pr-ativa e clere na preveno e gesto do

    incumprimento. A implementao do regimeextraordinrio, por seu turno, tem traduzido

    as exigentes condies de acesso e o facto

    de estar dependente da iniciativa dos clien-

    tes bancrios. A desacelerao dos requeri-

    mentos de acesso a este regime registada aolongo do ano reete tambm a progressiva

    incluso dos contratos em incumprimento no

    regime geral.

    At nal de 2013, as instituies, por sua ini-

    ciativa ou por solicitao dos clientes, deram

    incio a 182 016 processos (PERSI e regime

    extraordinrio) visando a regularizao do

    incumprimento de 147 808 contratos de cr-

    dito hipotecrio; 91 por cento dos processos

    foram concludos at nal do ano. O incum-primento foi regularizado em 42,1 por cento

    dos processos concludos. A percentagem de

    processos concludos com a regularizao do

    incumprimento aumentou de 34,1 por cento,

    no primeiro semestre, para 55,4 por cento, no

    segundo semestre de 2013.

    No mercado do crdito aos consumidores,

    a regularizao extrajudicial de situaes de

    incumprimento regulada pelo regime geral,

    atravs do PERSI. Em 2013, foram iniciados

    657 948 processos PERSI relativos a 570 823

    contratos de crdito aos consumidores;

    90 por cento dos processos iniciados foram

    concludos at ao nal do ano. As situaes de

    incumprimento foram regularizadas em 33,6

    por cento dos processos concludos. Tambm

    no crdito aos consumidores se observou, ao

    longo do ano, um aumento da percentagem

    de processos concludos com a regulariza-

    o do incumprimento, de 29,5 por cento, no

    primeiro semestre, para 40,4 por cento, nosegundo semestre de 2013.

    Crdito aos consumidores

    No regime do crdito aos consumidores, as

    alteraes foram particularmente signicati-

    vas nas disposies relativas ao custo do cr-

    dito. Foi revista a metodologia de determina-

    o das taxas mximas e alargada a aplicao

    destas taxas a todos os descobertos bancrios

    e s ultrapassagens de crdito, cujo comissio-namento foi proibido. A alterao da regra

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    de clculo das taxas mximas aproximou-as

    da mdia das taxas praticadas em mercado

    e consolidou a descida da taxa mxima do

    crdito carto e dos outros crditos revolving.A taxa mxima do crdito revolvingpassou de

    37,3 por cento no nal de 2012 para 24,2 por

    cento no nal de 2013.

    Servios mnimos bancrios

    Em 2013, foi implementada a reviso do regi-

    me de servios mnimos bancrios (SMB). As

    contas de SMB triplicaram (9646 contas no

    nal do ano). Cerca de 20 por cento das novas

    contas de SMB foram criadas por converso

    de conta ordem. Para o aumento do nmero

    de contas de SMB ter tambm contribudo

    o reforo dos deveres de informao das ins-

    -tituies de crdito aderentes na divulgao

    destes servios junto da populao.

    Servios de pagamento

    O Banco de Portugal transmitiu s institui-

    es, em fevereiro de 2013, que, para obser-

    var princpios de transparncia e de propor-

    cionalidade, o comissionamento associado

    aceitao de cartes de pagamento deve cor-

    responder exclusivamente natureza da ope-

    rao efetuada (a dbito ou a crdito) e no

    classicao do carto utilizado.

    Atividades de superviso

    A estratgia de scalizao desenvolvida

    pelo Banco de Portugal assenta em trs for -

    mas de atuao: a scalizao sistemtica,as aes de inspeo e a anlise de reclama-

    es. Sempre que so detetadas situaes

    irregulares ou incumprimentos, o Banco de

    Portugal emite recomendaes e determina-

    es especcas e pode instaurar processos

    de contraordenao

    Em 2013, o Banco de Portugal teve de refor-

    ar a sua atuao scalizadora para vericar

    o cumprimento do novo quadro legal e regu-

    lamentar dos mercados bancrios de reta-lho. O aumento das reclamaes contra as

    instituies de crdito recebidas no Banco de

    Portugal, num quadro de novos direitos dos

    clientes bancrios, exigiu tambm um esforo

    acrescido de superviso.

    Fiscalizao sistemtica

    Em 2013, o Banco de Portugal analisou 6900

    suportes de publicidade a produtos e servios

    bancrios, tendo emitido 94 recomendaes

    e determinaes especcas para a respe-

    tiva correo. Vericou a conformidade de

    159 prospetos informativos de depsitos

    indexados e duais previamente sua comer-

    cializao, tendo o nmero de depsitos inde-xados e duais comercializados aumentado

    expressivamente em relao ao ano anterior.

    O Banco avaliou ainda o cumprimento das

    taxas mximas em todos os novos contratos

    de crdito aos consumidores celebrados e s-

    calizou os prerios das instituies de crdi-

    to, incluindo a implementao das alteraes

    ao quadro normativo em vigor com reexo no

    comissionamento de produtos e servios.

    Aes de inspeo

    Em 2013, o Banco de Portugal realizou 1403

    aes de inspeo a instituies de crdito;

    mais de metade para avaliar o cumprimento

    das alteraes ao quadro legal e regulamen-

    tar aplicvel.

    Gesto de reclamaes

    Em 2013, o Banco de Portugal recebeu 17 911

    reclamaes de clientes bancrios contra ins-

    -tituies de crdito, mais 15 por cento do que

    no ano anterior. Em 2012, j se tinha regista-

    do um aumento de 6 por cento nas reclama-

    es, invertendo a trajetria de decrscimo

    obser-vada nos dois anos anteriores.

    O aumento das reclamaes contra a atua-

    o das instituies de crdito vericou-se

    em matrias relativas ao crdito aos consu-

    midores e crdito habitao, com base em

    situaes de sobre-endividamento enquadra-

    das no regime geral de preveno e gesto doincumprimento. Em 48 por cento dos casos,

    Sumrio executivo

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201318

    no foram detetados indcios de infrao pela

    instituio reclamada, o que representa um

    aumento deste tipo de resultado face ao ano

    anterior. Este crescimento est associado aofacto de 72 por cento das reclamaes enqua-

    dradas pelo regime geral do incumprimento,

    com peso signicativo no total de reclama-

    es encerradas, no apresentarem indcios

    de infrao.

    Anlise de minutas de contratos

    O Banco de Portugal scalizou, em 2013, 365

    minutas de contratos de 136 instituies de

    crdito relativas a produtos de crdito pessoale de crdito automvel. A partir das minutas

    de contratos de crdito com clientes particu-

    lares que as instituies esto obrigadas a

    reportar ao Banco de Portugal foi avaliada a

    conformidade das respetivas clausulas com

    as normas legais e regulamentares aplicveis.

    Correo de irregularidades e atuao

    sancionatria

    Na sequncia da sua ao scalizadora, o

    Banco de Portugal emitiu, em 2013, 1030

    recomendaes e determinaes espec-

    cas, exigindo s instituies supervisionadas

    a correo das irregularidades e incumpri-

    mentos detetados. Destas recomendaes e

    determinaes especcas, 500 resultaram da

    avaliao da implementao das alteraes

    ao quadro normativo introduzidas em 2013,

    nomeadamente do regime geral do incumpri-

    mento, do regime extraordinrio, da extenso

    do crdito habitao a outros crditos hipo-tecrios, dos servios mnimos bancrios e do

    regime da mora.

    No mbito das suas funes de superviso

    comportamental, o Banco de Portugal instau-

    rou, em 2013, 56 processos de contraordena-

    o contra 23 instituies, dos quais 11 res-

    peitaram ao regime geral do incumprimento.

    O Banco concluiu 33 processos de contraor-

    denao, 19 transitados de anos anteriores e

    14 instaurados em 2013.

    Iniciativas de informao

    e formao nanceira

    A importncia atribuda pelo Banco de Portugal

    informao e da formao nanceira conti-nuou a reetir-se nas suas atividades de super-

    viso comportamental.

    Em 2013, o Banco de Portugal desenvolveu ini-

    ciativas de divulgao das alteraes ao quadro

    normativo dos mercados bancrios de retalho,

    com destaque para os regimes do incumpri-

    mento e dos servios mnimos bancrios, quer

    atravs da criao de reas e contedos dedi-

    cados no Portal do Cliente Bancrio quer da

    publicao de brochuras e desdobrveis espe-ccos (disponveis para download no portal).

    Em 2013, o nmero mdio de acessos dirios

    ao portal aumentou 32 por cento em relao a

    2012, em grande parte por efeito da procura

    destes novos contedos.

    O Banco de Portugal participou tambm em

    sesses de informao, realizadas em diver-

    sas zonas do pas, para divulgar os direitos e

    deveres dos clientes bancrios denidos pelos

    novos regimes e promover a formao de

    formadores nestas reas. Algumas iniciativasforam dirigidas formao dos colaboradores

    das entidades que integram a RACE, em cola-

    borao com a Direo-Geral do Consumidor.

    O Banco de Portugal continuou a participar ati-

    vamente nos trabalhos do Plano Nacional de

    Formao Financeira, que tem dado particular

    nfase s iniciativas de formao nanceira em

    contexto escolar. Em 2013, foi concretizada

    uma importante etapa do Plano, com a adoo,

    pelo Ministrio da Educao e da Cincia, doReferencial de Educao Financeira. Este refe-

    rencial prope uma abordagem de educao

    nanceira para cada nvel de ensino e poder

    ser utilizado pelos professores de qualquer

    disciplina ou rea no disciplinar. A realizao

    da primeira conferncia internacional do Plano,

    a reedio do concurso Todos Contam e as

    comemoraes do Dia da Formao Financeira

    em cooperao com a rede de escolas Todos

    Contam evidenciaram a prioridade que o Plano

    tem atribudo formao nanceira dos jovense o papel que as escolas podem desempenhar

    na sua promoo.

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    21/212

    19

    Agenda internacional da

    superviso comportamental

    Em 2013, a regulao e a superviso dos mer -

    cados bancrios de retalho estiveram, maisuma vez, em destaque na agenda de diversos

    organismos e fruns internacionais em cujos

    trabalhos o Banco de Portugal participa.

    Na Unio Europeia, merecem destaque os

    trabalhos da Comisso, do Conselho e do

    Parlamento Europeu, na preparao de novas

    diretivas e regulamentos dirigidos aos mer-

    cados bancrios de retalho, bem como os da

    Autoridade Bancria Europeia, que intensi-

    cou a sua atividade na proteo dos clientesbancrios e se manteve particularmente aten-

    ta ao tema da inovao nanceira. Igualmente

    relevante foi a atuao da OCDE/G20, que

    deniu princpios e publicou recomendaes

    sobre os direitos dos consumidores.

    Em 2013, foi criada uma organizao interna-

    cional para a proteo do consumidor de pro-

    dutos e servios nanceiros, reunindo auto-

    ridades de superviso comportamental de

    diversos pontos do mundo, com enfoque nocrdito e servios de pagamento: a FinCoNet

    (International Financial Consumer Protection

    Organisation).

    Sumrio executivo

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    22/212

    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201320

    A superviso comportamental em nmeros

    Fiscalizao dos regimes do incumprimento:

    Analisada a informao relativa a 839 603

    processos de PERSI sobre contratos de cr-

    dito habitao e aos consumidores

    Analisada a informao relativa a 1830

    requerimentos de acesso ao regime

    extraordinrio

    Recebidas 1336 reclamaes sobre matrias

    dos regimes do incumprimento, das quais

    48 dizem respeito ao regime extraordinrio

    Recebidos 141 pedidos de informao declientes bancrios sobre incumprimen-

    to, dos quais 9 dizem respeito ao regime

    extraordinrio

    Realizadas 297 aes de inspeo sobre

    a implementao dos regimes do incum-

    primento, das quais 36 sobre o regime

    extraordinrio

    Atividades de scalizao sistemtica:

    Analisados 6900 suportes publicitrios,70 por cento dos quais a produtos de cr-

    dito aos consumidores, abrangendo 55

    instituies

    Fiscalizados previamente 159 prospetos

    informativos de depsitos indexados e

    duais, comercializados por 11 instituies

    Vericado o cumprimento das taxas mxi-

    mas a partir da informao reportada por

    53 instituies sobre 1 253 672 novos con-

    tratos de crdito aos consumidores

    Fiscalizados 1533 prerios (986 folhetos

    de comisses e despesas e 547 folhetos de

    taxas de juro) de 95 instituies

    Aes de inspeo realizadas:

    357 aes sobre o prerio de 94 instituies

    123 aes sobre depsitos bancrios

    comercializados por 54 instituies, das

    quais:

    37 aes em 6 instituies sobre o regi-

    me de servios mnimos bancrios

    284 aes sobre crdito habitao conce-

    dido por 45 instituies, das quais:

    101 sobre a implementao do regime

    geral do incumprimento

    36 sobre a implementao do regime

    extraordinrio do incumprimento

    40 sobre a implementao do regime da

    mora

    60 sobre a implementao da extenso

    do regime de crdito hipotecrio a outros

    crditos hipotecrios

    400 aes sobre crdito a consumidores

    concedido por 88 instituies, das quais:

    160 sobre a implementao regime geral

    do incumprimento

    111 sobre a implementao das alte-

    raes ao regime do crdito aos

    consumidores

    75 sobre a implementao do regime da

    mora

    197 aes sobre servios de pagamento

    prestados por 113 instituies

    365 minutas de contratos de crdito pes-

    soal e automvel avaliadas, de 136 institui-

    es de crdito

    Gesto de reclamaes:

    Recebidas 17 911 reclamaes, numa

    mdia de 1493 por ms Recebidas 1288 reclamaes relacionadas

    com o regime geral do incumprimento e

    48 relacionadas com o regime extraordin-

    rio do incumprimento

    Pedidos de informao:

    Recebidos 2864 pedidos de informao de

    clientes bancrios, numa mdia de 239 por

    ms

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    23/212

    Sumrio executivo 21

    Correo de irregularidades e

    sancionamento:

    1030 recomendaes e determinaes

    especcas para sanao de irregularidadesemitidas, das quais:

    296 sobre a implementao dos regimes

    do incumprimento

    20 sobre a implementao do regime

    da mora

    103 sobre a implementao da exten-

    so do regime do crdito habitao a

    outros crditos hipotecrios

    25 sobre a implementao das alteraesao regime do crdito aos consumidores

    44 sobre a implementao do regime

    dos servios mnimos bancrios

    Instaurao de 56 processos de contraor-

    denao para sancionamento do incumpri-

    mento de normas.

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    24/212

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    I.

    AGENDAINTERNACIONAL

    DA SUPERVISOCOMPORTAMENTAL

    1. Unio Europeia

    2. OCDE

    3. International Financial Consumer

    Protection Organisation (FinCoNet)

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    25

    I. AGENDA INTERNACIONAL DA SUPERVISOCOMPORTAMENTALO Banco de Portugal participa nos fruns inter-

    nacionais especializados na regulao e super-

    viso da conduta em mercado das instituies

    de crdito e na formao nanceira dos clientes.

    A participao nestes fruns permite a troca de

    experincias e a discusso das melhores prticas

    internacionais. Tem vindo ainda a desempenhar

    um papel ativo em aes de cooperao, desig-

    nadamente na Comunidade dos Pases de Lngua

    Portuguesa (CPLP).

    O Banco de Portugal, na qualidade de autorida-

    de de superviso comportamental dos mercados

    bancrios de retalho, integra grupos de peritos no

    mbito da preparao de iniciativas de regula-

    o da Comisso Europeia. O Banco de Portugal,

    enquanto entidade supervisora do setor bancrio,

    membro da Autoridade Bancria Europeia (EBA)

    e, enquanto supervisor da conduta em mercado

    das instituies de crdito, tem assento no respeti-

    vo Standing Committee on Consumer Protection

    and Financial Innovation (SCConFin) e na corres-

    pondente estrutura do Comit Conjunto das trs

    Autoridades de Superviso Europeias (ESA) quecoordena a atuao destas autoridades em mat-

    rias transversais.

    1. Unio Europeia1.1. Comisso Europeia, Conselho da

    Unio Europeia e Parlamento Europeu

    A Comisso Europeia tem vindo a desempe-

    nhar um papel importante na criao de um

    quadro normativo para os mercados banc-rios de retalho, com a publicao de diversas

    iniciativas neste mbito. Rera-se, a ttulo de

    exemplo, os diplomas j em vigor no mbito

    do crdito aos consumidores1 e dos servios

    de pagamento2, que introduziram, na Unio

    Europeia, um enquadramento harmonizado

    destes mercados.

    Em 2013, foram concludos os trabalhos rela-

    tivos proposta de Diretiva sobre contratos

    de crdito hipotecrio (proposta apresentadapela Comisso Europeia em maro de 2011).

    Esta Diretiva foi aprovada pelo Parlamento

    Europeu, em dezembro de 2013, e pelo

    Conselho, j no incio de 2014, e dever ser

    transposta at 21 de maro de 2016.

    A Diretiva sobre contratos de crdito hipote-

    crio assume particular relevncia pelo fac-

    to de ser a primeira dirigida ao mercado do

    crdito hipotecrio da Unio Europeia, e por

    ter surgido num contexto de preocupao

    a nvel internacional com o funcionamentodeste mercado, reconhecidos os riscos que o

    mesmo pode gerar para a estabilidade nan-

    ceira. A Diretiva dirige-se aos contratos de cr-

    dito hipotecrio celebrados com particulares

    e dene um vasto conjunto de regras de con -

    duta e deveres de informao a cumprir pelasinstituies de crdito e pelos intermedirios

    de crdito. As novas regras visam promover

    a concesso responsvel de crdito e abran-

    gem as prticas de comercializao prvias

    celebrao do contrato, regulamentando

    aspetos como a publicidade, informao pr-

    -contratual, dever de assistncia, aconselha-

    mento e avaliao de solvabilidade. So ainda

    estabelecidas regras de clculo da TAEG (taxa

    anual de encargos efetiva global), requisitos

    para crditos em moeda estrangeira e dis-posies relativas ao reembolso antecipado

    e a situaes de incumprimento. A Diretiva

    dene tambm um modelo de superviso

    para os intermedirios de contratos de crdi-

    to hipotecrio, que prev o registo e a auto-

    rizao para o exerccio da atividade a partir

    do cumprimento de requisitos de idoneidade

    e capacidade tcnica em matria de contra-

    tos de crdito hipotecrio. Ainda ao nvel do

    Conselho, no nal de 2013 prosseguia a dis-

    cusso das propostas de Regulamento relativo

    ao documento de informao pr-contratual

    Agenda internacional da superviso comportamental

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    28/212

    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201326

    a disponibilizar na comercializao de produ-

    tos nanceiros complexos (Packaged Retail

    Investment Products PRIPs)3 e de reviso da

    Diretiva e Regulamento relativos aos merca-dos de instrumentos nanceiros4. Estas pro-

    postas incluem nos respetivos mbitos de

    aplicao os depsitos estruturados sujeitos

    superviso comportamental do Banco de

    Portugal, cuja comercializao passar a ter

    de cumprir as regras de conduta e deveres de

    informao harmonizados ao nvel da Unio

    Europeia.

    A Comisso Europeia apresentou, em 2013,

    novas propostas de iniciativas legislativas, mere-

    cendo destaque a proposta de Diretiva relativa comparabilidade dos encargos relacionados

    com as contas de pagamento, mudana de

    conta de pagamento e ao acesso a contas de

    pagamento com caratersticas bsicas5, apre-

    sentada pela Comisso Europeia em maio.

    Esta proposta cobre trs grandes reas de

    atuao, que correspondem aos seguintes

    objetivos visados: promover a transparncia

    e a comparabilidade das comisses cobra-

    das em associao s contas e servios depagamento, atravs da denio de uma ter-

    minologia estandardizada, de documentos

    de informao sobre comisses e da criao

    de um stio de Internet comparativo; facilitar

    a mudana de banco, mediante o estabeleci-

    mento de procedimentos e prazos a cumprir

    pelos prestadores de servios de pagamento

    envolvidos no processo; e facilitar o acesso a

    contas de pagamento com caratersticas bsi-

    cas, denindo um conjunto de condies apli-

    cveis sua disponibilizao e ao seu acessopor parte dos consumidores.

    A proposta de Diretiva foi objeto de discus-

    so no mbito do Working Party on Financial

    Services do Conselho da Unio Europeia, no

    qual o Banco de Portugal participou enquan-

    to perito tcnico a convite do Ministrio das

    Finanas e, em simultneo, no Parlamento

    Europeu. As verses daqui resultantes (apro-

    vadas no nal de 2013) formam a base para

    a negociao tripartida entre a Comisso,

    o Parlamento e o Conselho de uma verso

    nal da Diretiva, que ser posteriormente

    transposta, pelos Estados-Membros da Unio

    Europeia, para os respetivos ordenamentos

    jurdicos nacionais.

    A Comisso Europeia apresentou ainda, emjulho de 2013, um pacote de propostas legis-

    lativas no mbito dos servios de pagamento

    que inclui uma proposta de reviso da Diretiva

    2007/64/CE, relativa aos servios de paga-

    mento no mercado interno e uma propos-

    ta de Regulamento relativo s comisses de

    intercmbio aplicveis a operaes de paga-

    mento associadas a cartes6. O incio dos tra-

    balhos de discusso destas propostas ao nvel

    do Conselho da Unio Europeia est previsto

    para 2014.

    1.2. Autoridade Bancria Europeia (EBA)

    O Standing Committee on Consumer Protection

    and Financial Innovation(SCConFin) tem vindo

    a desenvolver um trabalho crescente na imple-

    mentao do mandato da EBA no domnio da

    proteo dos consumidores de produtos e

    servios bancrios e da inovao nanceira, no

    qual o Banco de Portugal participa ativamente.

    Como parte das suas funes, este Comit

    identica e analisa as principais tendncias

    nos mercados bancrios de retalho, reetin-

    do as concluses dessa avaliao num rela-

    trio publicado em base anual (EBA Consumer

    Trends Report).

    Em consonncia com as principais tendncias

    e riscos identicados no nal de 2012, os tra-

    balhos deste Comit centraram-se, em 2013,

    no tema do crdito responsvel e sobre-endi-

    vidamento, focando em particular o crdito habitao. Neste mbito, foram publicados

    dois pareceres (Opinions), sobre boas prti-

    cas para a concesso responsvel de crdito

    hipotecrio (Caixa 1)e sobre boas prticas no

    tratamento de muturios com diculdades no

    pagamento de crdito hipotecrio (Caixa 2).

    A adoo destes dois pareceres pela EBA visa

    promover um tratamento adequado, pelas

    instituies de crdito, dos riscos potenciais

    associados concesso de crdito habita-

    o e gesto de situaes de diculdades no

    pagamento da hipoteca, minimizando, assim,

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    29/212

    Agenda internacional da superviso comportamental 27

    as respetivas consequncias para muturios,

    credores e, de um modo geral, para a esta-

    bilidade do sistema nanceiro. Procura ainda

    contribuir para a harmonizao de prticasnesta rea, no conjunto da Unio Europeia.

    A preparao dos dois pareceres baseou-

    -se num inqurito, realizado pela EBA, sobre

    as prticas nacionais de superviso mais

    comuns na Unio Europeia relacionadas com

    crdito responsvel e com o tratamento dos

    muturios com diculdades no pagamento

    de crdito hipotecrio. O parecer sobre

    boas prticas para a concesso responsvel

    de crdito hipotecrio teve ainda por base

    os Principles for Sound Residential MortgageUnderwriting Practicesdenidos pelo Financial

    Stability Board(FSB) em 2012.

    Estes pareceres devero sustentar a emisso

    futura, pela EBA, de instrumentos legais de

    cariz vinculativo (como, por exemplo, linhas

    de orientao Guidelines).

    Caixa 1 Parecer da EBA sobre boas prticas na concesso responsvel

    de crdito hipotecrio

    No parecer sobre boas prticas para a conces-

    so responsvel de crdito hipotecrio, a EBA

    apresenta 17 boas prticas (algumas das quais

    resultam dos Princpios do FSB, encontrando-

    -se identicadas como tal), as quais abrangem

    aspetos como: a vericao das informaes

    prestadas pelo potencial muturio, a cober-

    tura razovel do servio da dvida, rcios ade-

    quados entre o valor do emprstimo e o valor

    da avaliao do imvel (loan-to-value (LTV))

    e processos de concesso de crdito e de

    superviso7.

    Boa prtica 1

    (i) Assegurar que os credores procedem

    s averiguaes necessrias e tomam medi-das razoveis para conrmar os rendimentos

    do consumidor. Tal signica que os credores

    devem obter e analisar informao suciente

    sobre o historial de rendimentos do consu-

    midor e adotar as medidas necessrias para

    identicar qualquer variabilidade desses ren-

    dimentos. Estes relatrios de rendimentos

    devem ter por base fontes qualicadas;

    (ii) Permitir que os credores solicitem infor-

    maes ainda mais completas ou a conrmao

    por terceiros para comprovar os rendimentos

    e os lucros potenciais dos trabalhadores por

    conta prpria, ou dos consumidores que tm

    fontes de rendimentos sazonais ou irregulares(Princpio do FSB 1.1).

    Disponvel para downloadem http://clientebancario.bportugal.pt

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    30/212

    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201328

    Boa prtica 2 Especicar, ou exigir aos cre-

    dores que especiquem, aspetos do processo

    de conrmao dos rendimentos, como, por

    exemplo, a informao necessria ou os meiosutilizados para proceder a essa conrmao,

    tais como a recolha de provas documentais

    relativas ao salrio.

    Boa prtica 3

    (i) Assegurar que os credores conservam

    toda a documentao relativa informao

    que fundamentou a deciso de aprovao do

    crdito hipotecrio. A referida documentao

    deve comprovar o historial de rendimentos

    apurado para cada consumidor, bem como asmedidas tomadas para conrmar esses rendi-

    mentos. Os credores devem conservar estes

    documentos durante alguns anos aps a con-

    cesso do emprstimo;

    (ii) Assegurar a disponibilizao imediata s

    autoridades competentes de documentos com

    uma explicao adequada das medidas toma-

    das para conrmar os rendimentos (Princpio

    do FSB 1.2).

    Boa prtica 4 Exigir aos credores que espe-ciquem a sua abordagem para a conrmao

    dos rendimentos, e os documentos a conser-

    var, como parte de uma poltica de concesso

    responsvel de crdito.

    Boa prtica 5

    (i) As autoridades competentes devem

    assegurar que os incentivos esto alinhados

    com uma apresentao rigorosa dos rendi-

    mentos e de outras informaes nanceiras

    dos consumidores. Os requisitos de docu-mentao em matria de concesso de crdi-

    to devem ter por nalidade ajudar a identicar

    a prestao de informao incorreta por parte

    do consumidor, do credor ou do intermedi-

    rio de crdito;

    (ii) Considerar, quando detetada uma

    situao de fraude, a adequao de recorrer

    ao sistema judicial, sempre que tal seja possvel

    (Princpio do FSB 1.3).

    Boa prtica 6

    (i) Assegurar que os credores, tendo emconsiderao as regras de proteo de dados

    pessoais vigentes na respetiva jurisdio, ava-liam adequadamente a capacidade dos con-

    sumidores para assumir o servio da dvida ereembolsar integralmente os seus emprs-

    timos sem criar diculdades indevidas ou oendividamento excessivo do consumidor;

    (ii) Assegurar que os credores estabelecem

    processos apropriados para avaliar a capacida-de do consumidor para reembolsar o emprsti-

    mo; revm regularmente estes processos; e con-servam registos atualizados destes processos;

    (iii) Assegurar que os credores tm em con-ta todos os fatores relevantes que podero

    inuenciar as perspetivas de reembolso do

    emprstimo, de acordo com os respetivos ter-mos e condies, ao longo da sua vigncia.

    Tal deve incluir uma avaliao adequada deoutras obrigaes de servio de dvida, como,

    por exemplo, o montante de outros emprsti-mos (garantidos ou no), a taxa de juro e o sal-

    do do capital em dvida, e qualquer evidncia deincumprimento. Os credores devem igualmen-

    te avaliar se expectvel que o emprstimo,incluindo o capital, os juros, os impostos e os

    seguros, seja reembolsado dentro do perodode reembolso previsto, tendo por base os recur-

    sos prprios dos consumidores (rendimento epatrimnio8) sem criar diculdades indevidas ou

    uma situao de endividamento excessivo;

    (iv) Especicar que os rendimentos tempora-

    riamente elevados devem ser adequadamen-te descontados. Se o prazo do emprstimo se

    estender para alm da idade normal de refor-

    ma, os credores devem ter devidamente emconta a adequao dos rendimentos espera-

    dos e a capacidade de reembolso dos consu-midores reformados;

    (v) Especicar que a avaliao da capacidadedo consumidor para reembolsar o crdito no

    deve ter por base o pressuposto de que o valordo imvel ir registar uma apreciao (exceto

    se o propsito do emprstimo for construirou renovar o imvel para habitao) nem um

    esperado aumento signicativo da capacidadede reembolso do consumidor (exceto se tal for

    sucientemente certo) (Princpio do FSB 2.1).

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    31/212

    Agenda internacional da superviso comportamental 29

    Boa prtica 7

    (i) Especicar aspetos da avaliao porme-

    norizada (como, por exemplo, a informao a

    recolher sobre a situao pessoal e nanceirado consumidor) ou pressupostos a utilizar na

    avaliao (por exemplo, o prazo mximo do

    emprstimo);

    (ii) Especicar, ou exigir aos credores que

    especiquem, limiares de crdito que possam

    servir de mecanismo de apoio a qualquer ava-

    liao individual de solvabilidade;

    (iii) Claricar que o valor do bem dado em

    garantia deve ser tomado em considerao

    puramente por questes prudenciais e nopara efeitos de avaliao da solvabilidade (exce-

    to se existir uma razo clara e credvel para que

    lhe seja aplicado um tratamento diferente).

    Boa prtica 8

    (i) Assegurar que os credores tomam devi-

    damente em conta as despesas obrigatrias

    e outras despesas no discricionrias na ava-

    liao da solvabilidade. Tal poder passar pela

    determinao das obrigaes efetivas dos con-

    sumidores, incluindo a comprovao e consi-derao apropriada das despesas normais da

    vida privada;

    (ii) Exigir que os credores incluam igualmente

    limites de risco nas suas polticas de crdito inter-

    nas, especicando, por exemplo, os nveis mni-

    mos do rendimento lquido remanescente aps

    o cumprimento das obrigaes ou rcios xos de

    reembolso em relao a uma determinada medi-

    da de rendimento bruto ou lquido (por exemplo,

    rcio entre o montante da dvida e o rendimento,entre o valor dos encargos com o emprstimo e

    os rendimentos) (Princpio do FSB 2.2).

    Boa prtica 9 Incentivar os credores a denir

    uma poltica de gesto de risco como parte da

    sua estratgia de negcio (ver a seco nal do

    presente parecer no que respeita a uma boa

    prtica relacionada com polticas e processos

    de crdito).

    Boa prtica 10 Assegurar que os credores

    tomam devidamente em conta futuros resul-

    tados negativos. Os credores devem salva-

    guardar um aumento das taxas de juro dereferncia no caso dos emprstimos hipo-

    tecrios com taxa de juro varivel ou uma

    variao desfavorvel (para um consumidor)

    da taxa de cmbio, no caso dos emprsti-

    mos hipotecrios em moeda estrangeira.

    Como tal, os clculos da capacidade de reem-

    bolso podero ter em conta o pagamento mais

    elevado que atualmente se prev durante a

    vigncia do emprstimo e no apenas utilizar os

    primeiros pagamentos taxa de juro ou taxa de

    cmbio prevalecente. Os credores devem igual-mente salvaguardar o aumento dos pagamen-

    tos futuros devido a amortizaes negativas, a

    um valor residual (balloon payment), ou ao diferi-

    mento de capital ou juros (Princpio do FSB 2.3).

    Boa prtica 11

    (i) Considerar o impacto de testes de esforo

    (stress-tests), como, por exemplo, a capacidade

    de assegurar os pagamentos luz de potenciais

    aumentos da taxa de juro dos emprstimos

    hipotecrios com taxa de juro varivel;(ii) Adoptar uma abordagem de divulgao

    abrangente relativamente aos emprstimos

    em moeda estrangeira, por exemplo utilizan-

    do cenrios para ilustrar o efeito dos movi-

    mentos nas taxas de juro e de cmbio (como,

    por exemplo, na Recomendao do ESRB de

    setembro de 20119);

    (iii) Especicar critrios ou um enquadramen-

    to para os credores aquando dos testes de esfor-

    o aos clculos de avaliao da solvabilidade.Boa prtica 12 Assegurar que os credores

    disponibilizam informao suciente aos con-

    sumidores que lhes permita compreender

    claramente os principais elementos utilizados

    para determinar a capacidade de reembol-

    so de um consumidor, as principais carate-

    rsticas do emprstimo, incluindo os custos,

    e os riscos associados ao emprstimo, de

    modo a permitir que os consumidores ava-

    liem se o emprstimo se adequa s suas

    necessidades e circunstncias nanceiras. importante que a informao disponibilizada

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

    32/212

    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201330

    aos consumidores seja clara, sucinta, de-

    digna, comparvel, de fcil acesso, oportuna

    e completa (ou seja, a informao deve ter

    igualmente em conta o efeito da variao nastaxas de juro e o efeito conjunto de emprsti-

    mos e de qualquer outro produto associado).

    Esta informao deve ser disponibilizada aos

    consumidores gratuitamente e deve efetiva-

    mente indicar o custo total do emprstimo

    hipotecrio durante a totalidade do perodo

    de vigncia, tendo em conta os termos e con-

    dies do emprstimo (Princpio do FSB 2.4).

    Boa prtica 13 Assegurar que os credores

    adotam rcios LTV prudentes, obrigando rea-

    lizao de um adiantamento adequado, a par-

    tir dos recursos prprios do consumidor e no,

    por exemplo, de outro nanciador, de modo a

    assegurar que o consumidor tem um interesse

    nanceiro adequado na garantia (Princpio do

    FSB 3.2).

    Boa prtica 14Assegurar, nos casos em que

    o ordenamento jurdico nacional estabelece

    controlos, padres ou incentivos relativamente

    aos rcios LTV, que os credores se certicam de

    que o rcio LTV tem em considerao o valorreal do bem dado em garantia, que poder

    ser calculado com base (i) numa abordagem

    slida e prudente s avaliaes de imveis10;

    (ii) em todos os emprstimos que so garanti-

    dos pelo mesmo imvel ou que visam nanciar

    parte dos custos do imvel. Tal dever incluir

    emprstimos concedidos juntamente com o

    crdito hipotecrio principal (por exemplo,

    emprstimos conexos, para obras de renova-

    o ou decorao); e (iii) qualquer aumento do

    montante autorizado do emprstimo dever

    implicar uma avaliao completa da capacida-

    de de reembolso do consumidor e a vericao

    de um rcio adequado do valor do emprstimo

    em relao ao valor do imvel (LTV) aquando

    da sua subscrio, e no depender da mar-

    gem da cobertura hipotecria. Qualquer re-

    nanciamento posterior que seja garantido por

    um direito sobre o imvel deve, sempre que

    possvel, obrigar ao clculo do novo rcio LTV.

    necessria particular ateno na concessode um novo emprstimo com garantia sobre

    o imvel se tal implicar um aumento do rcio

    LTV acima do nvel originalmente acordado

    (Princpio do FSB 3.3).

    Boa prtica 15 Ponderar se devem ser de-nidos padres de concesso de crdito hipo-

    tecrio de acordo os quais ser inaceitvel a

    concesso de crdito nos casos em que certas

    dimenses de um emprstimo no respeitem

    determinados nveis mnimos absolutos, inde-

    pendentemente dos parmetros vericados

    nas outras dimenses. Dever assegurar-se

    se determinada caraterstica de um produto

    ou contrato prejudicial para os interesses do

    consumidor em causa (Princpio do FSB 6.3).

    Boa prtica 16 Exigir que os credores identi-

    quem grupos de emprstimos com um perl

    de risco mais elevado e que estes emprstimos

    sejam sujeitos a um conjunto de normas espe-

    ccas (Princpio do FSB 7.3).

    Boa prtica 17 Exigir que os credores espe-

    ciquem uma poltica de crdito responsvel,

    estipulando a sua avaliao dos riscos e as

    prticas e procedimentos implementados para

    assegurar que a sua concesso de crdito

    responsvel.

  • 7/13/2019 Relatrio de Superviso Comportamental (2013).pdf

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    Agenda internacional da superviso comportamental 31

    Caixa 2 Parecer da EBA sobre boas prticas no tratamento de muturios

    com diculdades no pagamento do crdito hipotecrio

    As boas prticas no tratamento de muturioscom diculdades no pagamento do crdito

    hipotecrio denidas neste parecer cobrem

    diferentes aspetos do tratamento dos mutu-

    rios com diculdades no pagamento do cr-

    dito hipotecrio princpios gerais, polticas

    e procedimentos, prestao de informaes

    e de apoio ao muturio e processo de reso-

    luo. Estas boas prticas visam a identi-

    cao de solues viveis para situaes de

    incumprimento, bem como a identicao e

    interveno em situaes em que, apesar de

    no existir incumprimento so visveis sinais

    de alerta para problemas relacionados com o

    emprstimo. Estas boas prticas j se encon-

    tram reetidas no enquadramento legal e

    regulamentar vigente em Portugal sobre a

    preveno e gesto de situaes de incumpri-

    mento em contratos de crdito com clientes

    particulares.

    Boa prtica 1 Assegurar que, quando lidam

    com um muturio com diculdades de paga-mento, os credores:

    atuam com honestidade, equidade e

    prossionalismo;

    incentivam, de forma pr-ativa, o mutu-

    rio a comunicar-lhes as suas diculdades

    nanceiras;

    prestam informao adequada e apoio aos

    muturios em diculdades de pagamento;

    comunicam em linguagem clara e simples;

    garantem que todas as reunies com o

    muturio relacionadas com as suas dicul-

    dades de pagamento so realizadas em

    privado;

    exigem apenas o pagamento de encargos

    permitidos, sendo que estes encargos no

    devero exceder o necessrio para com-

    pensar o credor pelos custos incorridos em

    resultado das diculdades de pagamento.

    Boa prtica 2 Assegurar que os credoresestabelecem polticas para um tratamento

    ecaz dos muturios com diculdades de

    pagamento.

    Boa prtica 3 Assegurar que os credores

    estabelecem procedimentos para detetar pre-

    cocemente indcios de que os muturios se

    encontram em risco de enfrentar diculdades

    de pagamento.

    Boa prtica 4 Assegurar que os credores

    do formao adequada aos empregados quelidam com os muturios com diculdades de

    pagamento.

    Boa prtica 5 Assegurar que os credores

    acompanham indicadores que permitam a

    identicao de muturios com potenciais di-

    culdades de pagamento.

    Boa prtica 6 Assegurar que os credores

    atuam de forma imediata quando um mutu-

    rio entra em diculdades de pagamento ou

    informa o credor de que poder vir a enfrentardiculdades de pagamento.

    Disponvel para downloadem http://clientebancario.bportugal.pt

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201332

    Boa prtica 7 Assegurar que os credores dis-

    ponibilizam recursos de informao especcos,

    como a divulgao de informao nos respetivos

    stios de Internet ou numa brochura, para osmuturios com diculdades nanceiras ou com

    preocupaes dessa natureza.

    Boa prtica 8 Assegurar que os credores

    mantm um nvel proporcionado e no exces-

    sivo de contacto e comunicao com um

    muturio com diculdades de pagamento.

    Boa prtica 9 Assegurar que os credores se

    inibem de exercer presses excessivas sobre

    os muturios relativamente s suas dicul-

    dades de pagamento e realizam contactos

    apenas em momentos razoveis para cada

    muturio, incluindo os contactos efetuados

    atravs de entidades contratadas pelo credor.

    Boa prtica 10 Assegurar que os credores infor-

    mam os devedores com diculdades de paga-

    mento quando tencionam envolver empresas de

    cobrana de dvidas para lidar com os muturios.

    Boa prtica 11 Assegurar que os credores

    criam e mantm registos adequados das suas

    interaes com os muturios com diculdades

    de pagamento.

    Boa prtica 12 Assegurar que os credores

    revm periodicamente estas polticas e proce-

    dimentos ou que acompanham a sua execuo.

    Boa prtica 13 Assegurar que os credores,

    logo que tomem conhecimento de que o

    muturio est com diculdades de pagamen-

    to, comuniquem de forma rpida e clara com

    o muturio a m de compreender os motivos

    subjacentes a essas diculdades.

    Boa prtica 14 Assegurar que os credores

    prestam, de forma atempada, a seguinte infor-

    mao ao muturio:

    a. o nmero de prestaes em dvida ou

    parcialmente pagas;

    b. o montante total da prestao em dvida;

    c. os encargos incorridos em virtude do

    no pagamento da prestao;

    d. a importncia de o muturio colaborar

    com o credor para a resoluo da situao;

    e. informao relativa s consequncias da

    falta de pagamento (por exemplo, pro-

    cedimentos legais, custos, juros de mora,

    possvel perda de propriedade, etc.);

    f. informao relativa aos prazos previs-tos do processo, por exemplo, princi-

    pais etapas, tempos mdios, etc.; e

    g. informao relativa a esquemas ou

    apoios pblicos disponveis.

    Boa prtica 15 Assegurar que, mantendo-

    -se as diculdades de pagamento, os credores

    disponibilizam, trimestralmente, uma verso

    atualizada desta informao.

    Boa prtica 16 Assegurar que os credores tm

    em considerao o papel da informao ou acon-selhamento aos muturios na preveno ou reso-

    luo das diculdades de pagamento quando:

    a. h factos que indiciam que o muturio

    est potencialmente em diculdades; ou

    b. o muturio recuperou recentemente

    de diculdades de pagamento.

    Boa prtica 17 Assegurar que os credores

    avaliam, tendo em considerao as circuns-

    tncias individuais do muturio, a sua capaci-dade de reembolso do emprstimo e os seus

    melhores interesses, se ser adequada a ado-

    o de uma ou mais das seguintes medidas:

    a. prorrogar o prazo do crdito hipotecrio;

    b. alterar o tipo de contrato de crdito;

    c. diferir o pagamento da totalidade ou

    de parte das prestaes durante um

    certo perodo de tempo;

    d. consolidar crditos;

    e. alterar a taxa de juro;

    f. capitalizar a prestao em dvida;

    g. conceder um perodo de carncia;

    h. apoiar o muturio na venda voluntria

    do imvel.

    Boa prtica 18 Assegurar que os credo-

    res documentam as razes pelas quais a(s)

    soluo(es) apresentada(s) ao muturio

    (so) adequada(s) para as suas circunstncias

    individuais e manter essa documentao por

    um perodo de tempo razovel.

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    Agenda internacional da superviso comportamental 33

    A EBA colocou ainda em consulta pblica um

    projeto de normas tcnicas de regulamenta-

    o sobre o montante mnimo de cobertura

    do seguro de responsabilidade civil prossio-nal dos intermedirios dos contratos de cr-

    dito hipotecrio. A responsabilidade da EBA

    pela elaborao deste projeto de normas

    tcnicas de regulamentao decorre da pro-

    posta de Diretiva sobre contratos de crdito

    habitao e outros crditos garantidos por

    hipoteca sobre bem imvel, que prev que os

    intermedirios de contratos de crdito hipo-

    tecrio tenham de subscrever um seguro de

    responsabilidade civil prossional (ou de qual-

    quer outra garantia equivalente) que cubra

    as responsabilidades resultantes de eventual

    negligncia prossional.

    Ao nvel dos trabalhos sobre produtos inovado-

    res, merecem destaque os trabalhos do SCConFinrelativos s moedas virtuais, que tm vindo a regis-

    tar uma disseminao crescente a nvel mundial.

    De uma primeira anlise realizada no mbito des-

    te Comit resultou a emisso pela EBA de um aler-

    ta (Warning) para assinalar os riscos em que pode

    incorrer quem compra, detm ou negoceia moe-

    das virtuais (como a Bitcoin) (Caixa 3). Atendendo

    ao vasto conjunto de riscos identicados em asso-

    ciao s moedas virtuais, os trabalhos da EBA

    neste mbito devero prosseguir em 2014.

    Caixa 3 Alerta da EBA aos consumidores sobre as moedas virtuais

    Em dezembro de 2013, a Autoridade Bancria

    Europeia (EBA) emitiu um alerta para assina-

    lar os riscos em que os consumidores podem

    incorrer quando comprarem, detiverem ou

    negociarem moedas virtuais, como a Bitcoin.

    As moedas virtuais continuam a ser notcia egozam de uma popularidade crescente.

    O que so moedas virtuais?

    Moeda virtual uma modalidade no regu-

    lada de dinheiro digital que no emitido ou

    garantido por um banco central e que sus-

    cetvel de ser utilizado como meio de paga-

    mento. Tm sido criadas moedas virtuais de

    muitos tipos, que comearam por surgir no

    contexto de jogos de computador online

    e de redes sociais, evoluindo para meios

    de pagamento aceites offline ou na vida

    real. Atualmente o uso de moedas virtuais

    como meio de pagamento de bens e servi-

    os no comrcio a retalho e em restauran-

    tes e estabelecimentos de diverso est em

    expanso. frequente que as transaes

    em causa no estejam sujeitas ao pagamen-

    to de taxas ou encargos nem envolvam qual-

    quer banco.

    Mais recentemente, a moeda virtual Bitcoin

    abriu caminho a uma nova gerao de moedas

    virtuais descentralizadas,peer-to-peer tambm

    designadas como criptomoedas. Na sequncia

    da sua crescente difuso, tem-se assistido ao

    surgimento de dzias de outras moedas virtuais.

    Disponvel para downloadem http://clientebancario.bportugal.pt

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    BANCO DE PORTUGAL Relatrio de Superviso Comportamental 201334

    Como funcionam?

    Tomando a Bitcoin como exemplo, as moedas

    virtuais podem ser adquiridas com dinheiro

    convencional numa plataforma de negociao.So depois transferidas para uma conta perso-

    nalizada em bitcoins, designada por carteira

    digital. Utilizando essa carteira, os consumi-

    dores podem enviar bitcoins por via eletrni-

    ca para qualquer pessoa que esteja disposta

    a aceit-las, ou reconvert-las em moeda at

    convencional (como o Euro, a Libra ou o Dlar).

    Novas bitcoins so geradas online com recur-

    so a software de processamento intensivo

    conhecido pela expresso Bitcoin miners.Esse software permite aos consumidores gerar

    pequenas quantias da moeda atravs da reso-

    luo de algoritmos deliberadamente comple-

    xos. Todavia, o crescimento da oferta da moe-

    da limitado de forma a restringir o volume de

    emisso da mesma ao longo do tempo.

    Quais so os riscos de que deve estar

    ciente?

    A EBA identicou diversas caratersticas e ris-

    cos que deve conhecer ao comprar, deter ounegociar moedas virtuais.

    Pode perder o seu dinheiro na plataforma

    de negociao

    Pode adquirir moedas virtuais mediante compra

    direta a algum que as possua ou atravs de uma

    plataforma de negociao. Estas plataformas no

    so, em regra, reguladas. Registou-se um conjun-

    to de casos de colapso ou falncia de plataformas

    de negociao parte deles devido a aes de

    pirataria levadas a cabo por terceiros. A EBA temconhecimento de casos de consumidores que

    perderam irreversivelmente quantias avultadas

    que detinham em plataformas desse tipo.

    Deve estar ciente de que as plataformas de nego-

    ciao no so bancos que recebem a sua moeda

    virtual atravs de depsitos. Quando uma platafor-

    ma de negociao sofre perdas ou vai falncia,

    no existe qualquer mecanismo legal especco de

    proteo por exemplo, um sistema de garantia

    de depsitos que o cubra das perdas de fundos

    nela detidos, mesmo que a mesma se encontre

    registada junto de uma autoridade nacional.

    O seu dinheiro pode ser roubado da sua

    carteira digital

    Quando compra moeda virtual, esta armazena-

    da numa carteira digital, num computador, por-ttil ou smartphone. As carteiras digitais possuem

    uma chave pblica, e uma chave secreta ou pala-

    vra-passe que lhe permite o acesso s mesmas.

    Contudo, no so invulnerveis a ataques de pira-

    tas informticos (hackers). Assim, o valor guardado

    nestas carteiras pode, semelhana do que suce-

    de nas carteiras convencionais, ser roubado. H

    notcia de casos em que consumidores perderam

    quantias superiores a um milho de dlares ameri-

    canos, com escassas perspetivas de recuperao.

    Alm disso, perdendo a chave ou palavra-pas-

    se da sua carteira digital, pode car de vez sem

    a sua moeda virtual. No h agncias centrais

    que registem as palavras-passe em vigor ou

    emitam palavras-passe substitutas.

    No est protegido ao usar moedas

    virtuais como meio de pagamento

    Ao utilizar moedas virtuais como meio de paga-

    mento de bens e servios, no est protegido

    por quaisquer direitos de reembolso ao abri-go do direito da UE, como os consa