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Sistema de Abastecimento de Água do distrito de Bom Jesus do Galego
pertencente ao município de Capelinha
Belo Horizonte Janeiro 2015
RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO
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ÍNDICE
1. IDENTIFICAÇÃO DA AGÊNCIA REGULADORA ......................................................................... 5
2. IDENTIFICAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇOS ................................................................... 5
3. CARACTERÍSTICAS DA FISCALIZAÇÃO.................................................................................... 5
4. OBJETIVO ..................................................................................................................................... 5
5. METODOLOGIA ............................................................................................................................ 6
6. REPRESENTANTES PRESENTES .............................................................................................. 6
7. CRONOGRAMA DE TRABALHO ................................................................................................. 7
8. ENTREVISTAS REALIZADAS ...................................................................................................... 7
8.1. Prefeitura Municipal ........................................................................................................ 7
8.2. Ministério Público ........................................................................................................... 7
9. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ................................. 8
10. ÁREAS FISCALIZADAS ................................................................................................................ 9
10.1. SEGMENTOS OPERACIONAIS E UNIDADES FISCALIZADAS ............................... 9
10.2. ROTINAS OPERACIONAIS E ASPECTOS LEGAIS .................................................. 9
11. FATOS LEVANTADOS SOBRE O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ........................ 9
11.1. Captação Subterrânea .............................................................................................. 10
11.2. Tratamento da Água ................................................................................................. 11
11.3. Reservatório .............................................................................................................. 12
11.4. Rede de Distribuição ................................................................................................. 14
11.5. Controle da Qualidade da Água ................................................................................ 14
11.5.1. Práticas Operacionais ........................................................................................ 14
11.5.2. Registros de Qualidade da Água ....................................................................... 15
11.5.3. Coleta e Análise da Qualidade da Água ............................................................ 16
11.5.4. Análises da qualidade da água .......................................................................... 17
12. FATOS LEVANTADOS – ATENDIMENTO AO PÚBLICO .......................................................... 17
12.1. Aspectos Gerais ........................................................................................................ 17
3
12.2. Prazos para execução dos serviços ......................................................................... 18
12.3. Fatura de Água ......................................................................................................... 18
13. SITUAÇÃO CONTRATUAL ......................................................................................................... 18
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 18
15. CONSTATAÇÕES E NÃO CONFORMIDADES ......................................................................... 20
16. RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................... 23
17. EQUIPE TÉCNICA ...................................................................................................................... 24
18. AGENTE DE FISCALIZAÇÃO ..................................................................................................... 24
ANEXO
ANEXO I CROQUI ESQUEMÁTICO: SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ...................26
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GLOSSÁRIO
AAB Adutora de Água Bruta
ARSAE-MG Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais
COPANOR Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S/A
COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
DN Diâmetro Nominal
ETA Estação de Tratamento de Água
PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico
REL Reservatório Elevado
SAA Sistema de Abastecimento de Água
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1. IDENTIFICAÇÃO DA AGÊNCIA REGULADORA
Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais – ARSAE-MG. Endereço: Cidade Administrativa - Rodovia Prefeito Américo Gianetti, nº 4.001 - Serra Verde –
Edifício Gerais / 12º andar – BH / MG – CEP 31.630-901.
Telefone: (31) 3915-8058 Fax: (31) 3915-2060
2. IDENTIFICAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇOS
Nome: Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S/A – COPANOR. Endereço: Rua Joaquim Ananias Toledo, nº 125 – Bairro Doutor Laerte Laender – Teófilo
Otoni – MG – CEP: 39.803-171.
Telefone: (33) 3523-5354.
3. CARACTERÍSTICAS DA FISCALIZAÇÃO
Tipo de Fiscalização Fiscalização Direta e Indireta
Município Endereço Local
Capelinha - Distrito de Bom Jesus do Galego
Sede COPANOR: Diamantina
Telefone: (38) 3726-2044
Serviço Fiscalizado Sistema de Abastecimento de Água
Ofícios Encaminhados Prestador: Ofício ARSAE-MG/DG n° 0731/2014
Prefeitura: Ofício ARSAE-MG/DG n° 0733/2014
Ministério Público: Ofício ARSAE-MG/DG n° 0732/2014
Período da Inspeção de Campo 17 a 21 de novembro de 2014.
4. OBJETIVO
O objetivo do Relatório de Fiscalização é descrever e detalhar as condições técnicas e
operacionais dos serviços de abastecimento de água, prestados pela COPANOR, no distrito de
Bom Jesus do Galego, pertencente ao município de Capelinha.
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A ação de fiscalização direta e indireta, realizada por fiscais credenciados visa a determinar o
grau de conformidade do sistema auditado, em consonância com a legislação pertinente,
especialmente, as Resoluções expedidas pela ARSAE-MG.
5. METODOLOGIA
A metodologia para desenvolvimento da fiscalização compreendeu entrevistas iniciais com o
Prefeito Municipal e com o Promotor de Justiça do Município, reunião de abertura com o
Prestador de Serviços, além dos procedimentos de vistoria técnica, levantamentos em campo,
análise e avaliação documental, obtenção de informações e dados do sistema, identificação e
frequência de ocorrências.
A vistoria foi acompanhada por representante designado pelo Prestador de Serviços e pela
equipe técnica local, que se encarregaram de explicar os processos operacionais e a
funcionalidade de cada unidade e equipamento.
6. REPRESENTANTES PRESENTES
Funcionário designado pelo Prestador:
• Herlen Ueslei Ferreira Cardoso – Supervisor do Núcleo Operacional de Diamantina
Equipe técnica local:
• Júlio Márcio Silva – Supervisor Adjunto do Núcleo Operacional de Diamantina
• Wesley Pereira Lopes – Supervisor de Tratamento de Água e Esgoto
• Isabel Lourenço Torres – Técnica-Química
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7. CRONOGRAMA DE TRABALHO
8. ENTREVISTAS REALIZADAS
8.1. Prefeitura Municipal
Os agentes de fiscalização da ARSAE-MG foram recebidos pelo o Prefeito de Capelinha, o Sr.
José Antônio Alves de Sousa e pelo Secretário da Administração, Fazenda e Planejamento, Sr.
Weliton Gomes Vitor. Inicialmente, os técnicos da ARSAE-MG explicaram a razão e os
objetivos da fiscalização técnico-operacional a ser realizada no distrito. Em seguida, o Prefeito
proferiu seus comentários acerca dos serviços de abastecimento de água prestados pela
COPANOR no distrito de Bom Jesus do Galego considerando os mesmos satisfatórios, mas
ressaltando que há reclamações pontuais de intermitência no abastecimento.
8.2. Ministério Público
Os agentes de fiscalização da ARSAE-MG estiveram no gabinete da Promotoria de Justiça da
Comarca de Capelinha responsável pelas demandas judiciais do município de Capelinha e
PERÍODO Segunda-feira
17/11/2014
Terça-feira
18/11/2014
Quarta-feira
19/11/2014
Quinta-Feira
20/11/2014
Sexta-feira
21/11/2014
Manhã - Viagem de Belo Horizonte para
Capelinha.
- Fiscalização do SAA e SES de
Capelinha (COPASA).
- Reunião de abertura com o Prestador de Serviços dos distritos de Capelinha
(COPANOR);
- Fiscalização do SAA do distrito de Chapadinha (COPANOR).
- Fiscalização do SAA e SES de
Capelinha (COPASA);
- Reunião de encerramento
com o Prestador de Serviços de
Capelinha (COPASA).
- Reunião de encerramento
com o Prestador de Serviços dos
distritos de Capelinha
(COPANOR).
Tarde
- Viagem de Belo Horizonte para
Capelinha;
- Reunião de abertura com o Prestador de Serviços de Capelinha
(COPASA).
- Fiscalização do SAA e SES de
Capelinha (COPASA);
- Reunião com o Ministério Público da Comarca de
Capelinha;
- Reunião com o Prefeito do
município de Capelinha.
- Fiscalização do SAA do distrito
de Bom Jesus do Galego
(COPANOR).
- Viagem de Capelinha para
Diamantina.
- Viagem de Diamantina para Belo Horizonte.
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distritos. A Dra. Hosana Regina Andrade de Freitas, a quem foi enviado o ofício 0732/2014
estava em licença, dessa forma a equipe de fiscalização foi atendida pelo Promotor de Defesa
do Consumidor, Dr. Leonardo Diniz Faria e pelo Promotor de Meio Ambiente, Dr. Cristiano
Moreira Silva, os quais relataram não haver nenhuma demanda judicial a respeito dos serviços
de abastecimento de água prestados pela COPANOR no Distrito de Bom Jesus do Galego.
9. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
O sistema é composto pelas seguintes unidades operacionais1:
• Captação Subterrânea
Identificação Localização Vazão do poço (l/s)
Vazão captada (l/s)
Vazão outorgada (l/s)
Nível estático (m)
Nível dinâmico (m)
Poço C-01 17,483749ºS, 42,572612ºO 8,69 2,25 Não há outorga 2,50 21,92
Tempo de funcionamento: 6 horas por dia.
• Tratamento:
Etapas Função
Cloração Oxidação do ferro e manganês, e desinfecção da água bruta
Filtro Remoção de ferro e manganês.
• Adução:
Adutora Tipo Descrição
Água Tratada (AAT) Por recalque. PVC PBA CL 15 DN 75 mm.
• Reservatórios:
Reservatório Capacidade (m3) Função
REL 30 Garantir tempo mínimo para atendimento à localidade sem a fonte principal de produção.
- População atendida estimada: 385 habitantes.
- Rede de distribuição: extensão total – 2.388 metros.
1 Informações obtidas junto ao Prestador de Serviços, referentes à época da fiscalização.
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- Número total de ligações: 146, sendo: 132 residenciais, 8 comerciais e 6 públicas.
- Percentual de hidrometração: 100%.
- Não há estimativas de Índice de Perdas.
A discriminação das características das unidades operacionais consta no croqui esquemático
do sistema enviado pelo Prestador de Serviços – COPASA-MG (Anexo I).
10. ÁREAS FISCALIZADAS
10.1. SEGMENTOS OPERACIONAIS E UNIDADES FISCALIZADAS
Descrição
Abastecimento de Água
Segmento Operacional Unidade Fiscalizada
• Captação subterrânea - Poço C-01
• Tratamento - Pré-cloração
- Filtro de remoção de ferro e manganês
• Reservatório - REL 30 m³.
10.2. ROTINAS OPERACIONAIS E ASPECTOS LEGAIS
Controle da Qualidade da Água
• Práticas Operacionais
• Registros de Qualidade da Água
• Procedimento de Coleta de Amostras
Atendimento ao Público
• Disponibilidade de atendimento ao público
Situação Contratual • Contrato de Programa
11. FATOS LEVANTADOS SOBRE O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
São listados neste item os fatos apurados na inspeção de campo sobre o sistema de
abastecimento de água do distrito de Bom Jesus do Galego pertencente à sede do município
de Capelinha e as informações coletadas junto ao Prestador de Serviços, no sentido de
verificar o cumprimento da regulamentação expedida pela ARSAE-MG.
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11.1. Captação Subterrânea
Poço C–01
• Condições adequadas de acesso ao Poço (Foto 1);
• Unidade possui aviso de advertência, entretanto não está identificada (Foto 2);
• Unidade em bom estado de conservação e operação (Fotos 3 e 4);
• Não há bomba reserva.
Foto 1
Foto 2
Foto 3
Foto 4
• Quadro de comando em bom estado de conservação (Foto 5);
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Foto 5 11.2. Tratamento da Água
Posto de Cloração
Armazenamento e operação da bomba dosadora em boas condições, bem como instalação de
pré-cloração (Fotos 6 e 7). Não há presença de equipamentos de proteção individual no local.
Foto 6
Foto 7
Filtro de Remoção de Ferro e Manganês
Indício de operação da válvula de alívio (marcas de descarga de água) (Fotos 8 a 10). Cabe
destacar que o filtro não encontra-se identificado, e tampouco está presente no croqui atual do
SAA (ANEXO I). Não há macromedidor que possibilite a medição do volume de água tratada
na saída ou em qualquer ponto do sistema de abastecimento de água.
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Foto 8
Foto 9
Foto 10
11.3. Reservatório
REL – 01
O reservatório possui capacidade de reservação adequada à demanda de consumo. Ademais,
ele encontra-se em bom estado de conservação e devidamente cercado.
• Unidade possui aviso de advertência, entretanto não está identificada (Foto 11);
• Indício de extravasamento do reservatório (Foto 12);
13
• Cerca de proteção da área danificada (Foto 13);
• Indícios de vazamento no registro ao lado da ventosa (Foto 14).
Foto 11
Foto 12
Foto 13
Foto 14
• Escada de acesso ao topo do reservatório facilita o acesso de pessoas não autorizadas
(Foto 15);
14
Foto 15
11.4. Rede de Distribuição
A rede de distribuição apresenta extensão de 2.388 metros, sendo composta por tubulações
em PVC com DN variando de 25 a 50 milímetros. Não há registro de manobra ou descarga na
rede de distribuição. O Prestador de Serviços não possui medição, ou estimativa, de perdas do
SAA.
11.5. Controle da Qualidade da Água 11.5.1. Práticas Operacionais
Foram verificados, através da documentação requerida pelos agentes de fiscalização, alguns
procedimentos utilizados no controle da qualidade da água, como registros e formulários.
- A inspeção do reservatório, bem como sua limpeza e desinfecção, é registrada em formulário
chamado “PAO – Programação das Atividades Operacionais – 2014”, entretanto, as
informações acerca da inspeção do reservatório contidas em tal formulário não condizem com
aquelas repassadas pelo funcionário designado pelo Prestador de Serviços em declaração
específica para tal fim.
- “Relatório Mensal de Sistemas – RMS”: há incongruências nos valores presentes no campo
“volume mensal aduzido” (m³/mês), comparado com o produto da “vazão média (m³/h)” com o
“tempo de funcionamento total” (h/mês); também há divergências entre o resumo mensal de
qualidade de água de agosto de 2014 e a “Ficha para Coletas e Análises de Amostras” do
mesmo mês. Tais fatos constituem deficiências nos procedimentos de compilação de dados do
Prestador de Serviços, potencialmente prejudicando a análise das informações.
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- O tempo de funcionamento diário da ETA repassado pelo funcionário designado pelo
Prestador de Serviços em declaração específica para a ARSAE-MG é diferente daquele
presente no “Relatório Mensal de Sistemas – RMS”.
De um modo geral, nota-se que há espaço para melhorias na gestão do controle da qualidade
da água.
11.5.2. Registros de Qualidade da Água
Os registros de qualidade da água na rede de distribuição de Bom Jesus do Galego fornecidos
pelo Prestador cobrem o período de janeiro de 2014 a agosto de 2014, e são dispostos,
juntamente com os seus respectivos valores limites estabelecidos pela Portaria MS 2.914/2011,
no Gráfico 1.
Gráfico 1
A qualidade da água distribuída em diversos meses descumpre o Padrão de Potabilidade do
Ministério da Saúde (Portaria nº 2.914/2011) em relação à turbidez (fevereiro de 2014) e
residual de cloro livre (janeiro, fevereiro, março e maio de 2014). É importante verificar que a
adequação da concentração de cloro residual livre com relação aos limites do Padrão de
Potabilidade, nos meses de julho e agosto de 2014, foi consequência da duplicação do
consumo do desinfetante utilizado (hipoclorito de cálcio) (Tabela 1).
0
2
4
6
8
10
Turb
idez
(NTU
)
Turbidez
Máximo Médio
Mínimo Máximo Portaria 2914
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Clor
o Re
sidua
l Liv
re (m
g/L)
Concentração de Cloro Residual Livre
Máximo Médio
Mínimo Mínimo Portaria
Máximo Portaria
16
Tabela 1: Consumo de hipoclorito de cálcio com relação ao tempo. Mês
01/2014 02/2014 03/2014 05/2014 07/2014 08/2014 Consumo de hipoclorito de cálcio (kg) 11 12 10 12 22 22
Volume de água distribuída (m³) 974,67 834,00 865,56 957,08 1065,35 922,96
Concentração de hipoclorito de cálcio (kg/m³) 0,011 0,014 0,012 0,012 0,021 0,024
Em nenhum momento do período amostrado é cumprido o número obrigatório de análises na
saída do tratamento exigido pela Portaria MS nº 2.914/2011. Nos 4 primeiros meses (janeiro,
fevereiro, março e maio de 2014) não foi cumprido o número mínimo obrigatório de análises na
rede de distribuição, tendo sido feitas apenas de 3 a 4 amostragens mensais. Em julho e
agosto o registro mensal aponta a ocorrência de 10 amostragens mensais, em conformidade
com a Portaria MS nº 2.914/2011. Cabe ressaltar a ausência de amostragens no reservatório
elevado, exigido pela referida Portaria.
11.5.3. Coleta e Análise da Qualidade da Água
Durante a fiscalização foi solicitado à COPANOR, a realização de coletas e análises da
qualidade da água para consumo humano em pontos específicos do sistema de abastecimento
de água do distrito de Bom Jesus do Galego.
Foram coletadas amostras de água, em consonância com a Portaria MS nº 2.914/2011, nos
seguintes pontos:
• Saída dos filtros (para avaliação de turbidez remanescente, conforme determina o Artigo 30
da Portaria MS nº2. 914/2011);
• Saída do Reservatório (saída do tratamento, para avaliação de turbidez, cor, cloro residual livre e pH);
• Ponta de rede de distribuição (para avaliação de turbidez, cor, cloro residual livre e pH). A
coleta foi realizada na Rua Peçanha, nº 5240.
Em nenhuma das coletas o responsável pela atividade desinfetou a torneira e tampouco
utilizou luvas ou higienizou as mãos. Ademais, o local escolhido para coleta na rede de
distribuição era também alimentado por água proveniente de reservatório não operado pelo
Prestador de Serviços, havendo necessidade de fechar o registro desta tubulação, antes de
realizar a coleta.
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11.5.4. Análises da qualidade da água
As amostras foram analisadas no laboratório da COPASA, na sede do município de Capelinha.
Foram realizadas análises dos parâmetros físico-químicos como turbidez, cor, pH e cloro.
O resultado completo das análises para os parâmetros físico-químicas das amostras coletadas
(reservatório e ponta de rede) estão de acordo com os padrões de potabilidade, estabelecidos
pela Portaria MS n.º 2.914/2011 (Tabela 2).
Tabela 2: Resultado das análises das amostras coletadas durante a fiscalização do SAA do distrito de Bom Jesus do Galego (19/11/2014).
Local da Coleta Físico-químico
Cor (uH) pH Turbidez (uT) Cloro (mg/L)
Saída do Filtro ≤ 2,5 7,6 3,9 1,8
Saída do reservatório ≤ 2,5 7,0 2,0 1,2
Ponta de rede ≤ 2,5 7,4 2,5 0,8
Valor Permitido2 ≤ 15 6,0 a 9,5 ≤ 5,0 Recomendado: ≤ 2
Obrigatório: ≤ 5
12. FATOS LEVANTADOS – ATENDIMENTO AO PÚBLICO
12.1. Aspectos Gerais
O distrito de Bom Jesus do Galego não possui posto de atendimento, entretanto em dois dias
da semana funcionários da COPANOR recebem as demandas dos usuários no distrito, as
quais são encaminhadas ao Posto de Atendimento do município de Diamantina. Entretanto,
não há explicitada qualquer informação em nenhuma das unidades do sistema de
abastecimento de água, sobre esses dias de atendimento aos usuários no distrito.
O Plano Municipal de Saneamento Básico de Capelinha, instituído pela Lei Municipal nº 1.876,
de 14 de maio de 2014, aponta a dificuldade em entrar em contato com a COPANOR, quando
da ocorrência de falhas no sistema de abastecimento de água.
2 Faixa de referência (Portaria MS nº 2.914/2011).
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12.2. Prazos para execução dos serviços
Não foram registrados pedidos de vistoria, ligação de água e reparos de vazamentos no
período amostrado (maio a outubro de 2014).
12.3. Fatura de Água
Foram amostradas duas faturas de água, dos meses de setembro e outubro de 2014. Nas
faturas referidas não constam informações acerca do atendimento telefônico da Ouvidoria da
ARSAE-MG. Por outro lado, constam o resultado das análises de água na fatura, em
cumprimento ao Decreto nº 5.440.
13. SITUAÇÃO CONTRATUAL
O Contrato de Programa firmado entre a Prefeitura de Capelinha e o Prestador de Serviços,
COPANOR, foi assinado em 19 de novembro de 2008 com prazo de 30 anos.
O objetivo do presente contrato é a prestação de serviços públicos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário nos distritos de Chapadinha, Ponte Nova, Vila Nova de Resplendor,
Bom Jesus do Galego, Vendinhas e São Caetano, conforme autorizado pela Lei Municipal
1.457/2007 e pelo Convênio de Cooperação entre o Município de Capelinha e o Estado de
Minas Gerais (assinado em 4 de abril de 2008). Ressalta-se que o Contrato de Programa
apresentado pela COPANOR não possui o Anexo III, relativo às metas de atendimento, embora
seja feita referência a esse Anexo no referido instrumento administrativo.
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema de abastecimento de água da sede do distrito de Bom Jesus do Galego vem sendo
operado satisfatoriamente em relação à quantidade de água distribuída. Constatou-se que o
Distrito não possui macromedição da água tratada, instrumento indispensável para a adequada
operação e manutenção do sistema de abastecimento.
Em relação à qualidade da água, as amostras coletadas durante a fiscalização apresentaram,
para os parâmetros físico-químicos, resultados em conformidade com o estabelecido pela
Portaria MS n.º 2.914/2011. Entretanto, os registros de qualidade da água fornecidos pelo
Prestador, referente ao período de janeiro de 2014 a agosto de 2014, apresentaram resultados
em desconformidade com a referida Portaria para os parâmetros turbidez e cloro residual.
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O sistema de abastecimento de água do distrito possui Plano de Contingência exclusivo para a
interrupção do abastecimento de água devido a vazamento na adutora de água tratada e falta
de energia elétrica. Não há diretrizes, entretanto, quando de falhas mecânica na bomba
submersa.
A Lei Municipal nº 1.876, de 14 de maio de 2014 instituiu o Plano Municipal de Saneamento
Básico de Capelinha, estimando para 2016 eventuais ampliações para cumprir a demanda de
abastecimento de água do distrito.
É importante ressaltar ainda a existência de um reservatório no distrito de Bom Jesus do
Galego, cujo funcionamento não está incluso na concessão do serviço de abastecimento de
água, não havendo nem operação, nem controle por parte da COPANOR. A alimentação do
reservatório e a distribuição dessa água, paralelamente ao serviço prestado pela COPANOR,
entra em conflito, primeiramente, com um dos itens do Contrato de Programa:
“Cláusula Primeira: do objeto
O objeto do presente CONTRATO é a prestação de serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nas comunidades de Vila Nova de Resplendor, Chapadinha, Bom Jesus do Galego, Vendinhas, São Caetano e Ponte Nova, conforme autorizado pela Lei Municipal 1.457/2007. (...)
Parágrafo Segundo: os serviços mencionados no caput desta Cláusula serão prestados, com exclusividade, pela COPANOR, que poderá exercer suas atividades direta ou indiretamente, por intermédio de sociedades por ela constituídas ou de que venha a participar, majoritária ou minoritariamente” (grifos nossos).
Ademais, foi constatado durante a fiscalização de campo que a água proveniente de tal
reservatório mistura-se à água fornecida pela COPANOR nas ligações prediais das economias
atendidas pela concessionária. Essa situação é proibida pelo Artigo 45 da Lei Federal nº
11.445/2007, pois põe em risco a segurança da água proveniente do sistema público (e
portanto a saúde pública), bem como prejudica a prestação dos serviços de saneamento da
COPANOR:
“Art. 45. Ressalvadas as disposições em contrário das normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeita ao pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços. (...)
§2º. A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes” (grifo nosso).
Dessa forma, verifica-se a necessidade do prestador de serviços buscar entendimento com a
Prefeitura Municipal quanto ao sistema alternativo não operado pela COPANOR, buscando
encontrar uma adequada solução ou sua desativação.
20
Destaca-se, também, que, caso a situação permaneça sem solução, o Prestador de Serviços
terá a prerrogativa de interromper o abastecimento de água nas economias em que houver
sobreposição de redes de água, conforme consta no Contrato de Programa:
“Cláusula Terceira: da prestação dos serviços (...)
Parágrafo Quarto: a COPANOR poderá se recusar a executar os serviços, ou interrompê-los, sempre que considerar a instalação predial, ou parte dela, insegura, inadequada ou não apropriada a recebê-los, ou quando a mesma interferir com a continuidade ou qualidade do serviço”.
Conclui-se portanto que uma solução deve ser pactuada prioritariamente entre Prefeitura
Municipal e Prestador de Serviços, de forma a assegurar que os serviços de abastecimento de
água prestados à população do distrito de Bom Jesus do Galego atendam aos requisitos de
qualidade preconizados pela Lei nº 11.445/2007 e pelas resoluções da ARSAE-MG.
15. CONSTATAÇÕES E NÃO CONFORMIDADES
CONSTATAÇÃO – C1
Poço C-01
- Ausência de identificação no poço.
Tratamento
- Ausência de identificação na pré-cloração e no filtro de remoção de ferro e manganês.
- Ausência de equipamento de proteção individual para o manuseio dos produtos químicos.
Reservatório
- Ausência de identificação do reservatório.
- Sinal de vazamento em registro do reservatório, localizado ao lado da ventosa.
- Cerca de isolamento da área do reservatório está danificada.
- Escada de acesso ao topo do reservatório facilita o acesso de pessoas não autorizadas.
Rede de Distribuição
- Ausência de registro de descarga na rede de distribuição.
NÃO CONFORMIDADE
NC1 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 8° da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
21
“Art. 8° O prestador de serviços executará, de forma constante, a conservação e a manutenção dos sistemas públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, mantendo-os em condições adequadas de operação, segurança e limpeza, obedecendo às normas e aos procedimentos técnicos pertinentes. § 1° O prestador deverá evitar vazamentos de água e extravasamentos de esgoto com a finalidade de prevenir perdas no sistema público de abastecimento de água ou contaminação do meio ambiente. § 2° O prestador, quando for informado da ocorrência de vazamentos nas redes de abastecimento de água ou de extravasamentos de esgoto sanitário, adotará medidas imediatas e manterá registros com as providências adotadas. § 3° Nos casos de impedimento da adoção de medidas imediatas, o Prestador registrará as razões. § 4° O prestador deverá adotar medidas de segurança e de prevenção de acidentes, bem como medidas adequadas de proteção no sentido de restringir o acesso de pessoa não autorizada às unidades operacionais. § 5° As unidades operacionais deverão dispor de identificação própria e do prestador de serviços e conter avisos de advertência. § 6° A manutenção de unidades operacionais obedecerá ao estipulado no Manual de Operação e as intervenções serão obrigatoriamente registradas. § 7° Os registros referidos neste artigo deverão ser mantidos no livro de ocorrência de cada unidade operacional por pelo menos 24 (vinte e quatro) meses.”
CONSTATAÇÃO – C2
Controle da Qualidade da Água
- Descumprimento da portaria de potabilidade quanto aos parâmetros turbidez e cloro residual
livre.
- Descumprimento dos requisitos mínimos estabelecidos pela Portaria MS nº 2.914/2011 para o
Plano de Amostragem.
NÃO CONFORMIDADE
NC2 – A COPANOR não está cumprindo os artigos 4º e 12º da Resolução nº 40/2013 da
ARSAE-MG, transcrito a seguir:
“Art. 4°. O prestador deverá assegurar o suprimento de água potável de forma contínua, garantindo sua disponibilidade durante as vinte e quatro horas do dia. (...) § 4° O prestador deverá manter controle integral e sistemático da qualidade da água distribuída para consumo humano, em especial o Plano de Segurança da Água, conforme exigências da Portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde. (...) Art. 12º. O prestador controlará, de acordo com Portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, a qualidade e a potabilidade da água por ele distribuída para consumo humano com a finalidade de mantê-las nos padrões e níveis estabelecidos. § 1° O prestador deverá encaminhar, à autoridade de saúde pública competente, relatórios das análises dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais, com informações sobre o controle da qualidade da água, conforme modelo estabelecido pela referida autoridade. § 2° O prestador possibilitará acesso da ARSAE-MG aos resultados das análises de controle da qualidade da água disponibilizados aos órgãos competentes.”
CONSTATAÇÃO – C3
- Ausência de macromedidor no sistema de abastecimento de água.
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NÃO CONFORMIDADE
NC3 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 13º da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
“Art. 13º. O prestador utilizará instrumento permanente de medição para gerar informações referentes à: I – vazão e volume de água captada, volume de água distribuída e de água utilizada;”
CONSTATAÇÃO – C4
Poço C-01
- Ausência de bomba reserva.
NÃO CONFORMIDADE
NC4 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 4° da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
“Art. 4º O prestador deverá assegurar o suprimento de água potável de forma contínua, garantindo sua disponibilidade durante as vinte e quatro horas do dia. § 1° O fornecimento de água deverá ser realizado mantendo na rede pública uma pressão dinâmica disponível mínima que permita o abastecimento contínuo. § 2° O prestador deverá estar preparado para solucionar problemas decorrentes de qualquer eventualidade que prejudique o funcionamento normal do sistema.”
CONSTATAÇÃO – C5
- Registros de inspeção, limpeza e desinfecção do reservatório incongruentes com declaração
do Prestador, não restando claro as periodicidades e datas das intervenções.
NÃO CONFORMIDADE
NC5 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 10° da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
“Art. 10º O prestador realizará inspeção sanitária e análises específicas nos reservatórios de distribuição e acumulação, no mínimo a cada 3 (três) meses, para identificar a necessidade de manutenção e limpeza. Parágrafo único. Identificada a necessidade, será realizada a limpeza e desinfecção imediata do reservatório, com registro obrigatório da intervenção.”
CONSTATAÇÃO – C6
- Croqui utilizado não contempla a presença do filtro de remoção de ferro e manganês.
NÃO CONFORMIDADE
NC6 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 14° da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
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"Art. 14 O prestador manterá as informações referentes aos sistemas públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário organizadas e atualizadas, sendo obrigatório: (...) III – croqui geral do sistema contendo a localização esquemática das unidades com suas características principais;"
CONSTATAÇÃO – C7
- Ausência, na fatura de água, do número de atendimento telefônico da Ouvidoria da ARSAE-
MG.
NÃO CONFORMIDADE
NC7 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 10° da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
“Art. 91º. A fatura deverá conter obrigatoriamente as seguintes informações: (...) XIX – informações mensais sobre a qualidade da água para consumo humano, conforme estabelecido no Decreto Presidencial n° 5.440/2005; XX – números de atendimento telefônico do prestador, da Ouvidoria do prestador, quando houver, da Ouvidoria da ARSAE-MG, com tamanho de fonte regressivo, nesta ordem, sendo os de contato com o prestador em negrito e em destaque;”
CONSTATAÇÃO – C8
- Não há divulgação sobre horários e meios de atendimento ao público no distrito de Bom
Jesus do Galego, caracterizando a inadequação da estrutura de atendimento ao público.
NÃO CONFORMIDADE
NC8 – A COPANOR não está cumprindo o artigo 18° da Resolução nº 44/2014 da ARSAE-MG,
transcrito a seguir:
“Art. 18º. O prestador adotará estrutura adequada e meios de atendimento ao público e ao usuário, presencial, telefônico, sítios eletrônicos e de outros meios que se fizerem necessários que possibilitem o provimento de informações e o recebimento de solicitações e reclamações, de acordo com Resolução específica da ARSAE-MG. § 1° O prestador manterá meios de atendimento presencial em todos os municípios em que haja prestação de serviço.”
16. RECOMENDAÇÕES
1. Adotar providências quanto às constatações mencionadas nesse relatório a fim de
atender às Resoluções Normativas ARSAE-MG n°40/2013 e nº 44/2014.
2. Realizar dosagem de flúor, de acordo com a recomendação da Portaria BSB nº
635/1975.
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3. Solicitar outorga de água junto ao órgão ambiental pertinente e proceder o envio para a
ARSAE-MG de cópia do comprovante do pedido.
4. Assegurar o cadastro do sistema de abastecimento de água de Bom Jesus do Galego
no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
(SISÁGUA) e promover a alimentação contínua do mesmo com os dados do SAA.
5. Caso esteja ocorrendo com frequência o acionamento da válvula de alívio (filtro de
remoção de ferro e manganês) e/ou extravasamento (reservatório), intervir no sistema
para que essas unidades operem de forma adequada.
6. Buscar entendimento com a Prefeitura Municipal quanto ao sistema alternativo não
operado pela COPANOR, buscando encontrar uma adequada solução ou sua
desativação.
17. EQUIPE TÉCNICA
Ronaldo Coelho de Freitas – MASP: 361.966-5 – Engenheiro Civil
Otávio Henrique Campos Hamdan – MASP: 1.371-429-0 – Engenheiro Químico
Walter Lorenzo Zilio Motta de Souza – MASP: 1.371.636-0 – Engenheiro Ambiental
18. AGENTE DE FISCALIZAÇÃO
Ronaldo Coelho de Freitas
Otávio Henrique Campos Hamdan
Walter Lorenzo Zilio Motta de Souza
Belo Horizonte, janeiro de 2015.