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0 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CAMPO MOURÃO CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA CIVIL Relatório de Estágio Curricular Marcel Cassandri Romero Farinha Prof. Msc. Paula Cristina de Souza Autorizo para encaminhamento à banca examinadora, _____________________________ Assinatura do Professor Orientador CAMPO MOURÃO 2011

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS CAMPO MOURÃO

CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA CIVIL

Relatório de Estágio Curricular

Marcel Cassandri Romero Farinha

Prof. Msc. Paula Cristina de Souza

Autorizo para encaminhamento à banca examinadora,

_____________________________

Assinatura do Professor Orientador

CAMPO MOURÃO

2011

1

Resumo

O presente relatório de estágio descreverá sobre a experiência de trabalho em uma empresa

multinacional de engenharia civil, que presta serviços de gerenciamento de obras e projetos. No caso

especifico desse trabalho será abordado o gerenciamento de uma obra com estrutura pré-moldada,

fechamento em blocos de concreto e cobertura metálica, envolvendo varias equipes do setor da

construção com a finalidade de executar de um supermercado de uma rede especificam. São de

escopo da gerenciadora o recebimento de buy-outs (equipamentos ou serviços), compatibilização de

projetos, confecção e gerenciamento das SIC’s (Serviço de Informação pela Contratada) e de GI’s

(Guia de Informação) e a realização de reuniões semanais entre proprietário, construtores e

fornecedores de buy-outs.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do empreendimento. ............................................................................................ 5

Figura 2: Compatibilização entre projeto hidráulico e frio alimentar. ...................................................... 9

Figura 3: Compatibilização entre projeto hidráulico e frio alimentar. .................................................... 10

Figura 4: Interferência entre rede de sprinklers e estrutura metálica. .................................................. 11

Figura 5: Interferência entre rede de sprinklers e estrutura metálica. .................................................. 12

Figura 6: Solução da interferência entre rede de sprinklers e estrutura metálica. ............................... 12

Figura 7: Interferência entre rede de sprinklers e eletrocalhas de alimentação. .................................. 13

Figura 8: Interferência entre rede de sprinklers e dutos de ventilação, e interferência entre dutos de

ventilação e dutos de exaustão. ............................................................................................................ 14

Figura 9: Solução para interferência de dutos de ar e rede de sprinklers. ........................................... 15

3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 4

2. DESCRIÇÃO DA OBRA ...................................................................................................................... 5

3. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................ 6

3.1 Recebimentos de Buy-Outs .......................................................................................................... 6

3.2 Compatibilizações de Projetos ...................................................................................................... 8

3.3 SIC’s e GI’s ................................................................................................................................. 16

3.3 Reuniões semanais .................................................................................................................... 16

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 18

5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 19

ANEXO A ............................................................................................................................................... 20

ANEXO B ............................................................................................................................................... 27

ANEXO C .............................................................................................................................................. 29

ANEXO D .............................................................................................................................................. 31

4

1. INTRODUÇÃO

A comunicação entre executores, projetistas e proprietários sempre foi, de certa maneira,

conflitante, principalmente quanto a fatores que envolvem prazos de entrega, qualidade, economia,

entre outros.

Devido esses fatores, o gerenciamento e assessoria de obras têm sua devida importância,

pois cria um vinculo entre os envolvidos no desenvolvimento da obra.

O gerenciamento é o ato de administrar, dirigir uma organização ou uma empresa ou serviço,

garantindo à economia e a eficiência dos serviços executados. A partir do momento que os

fornecedores e empreiteiros foram contratados pelos proprietários, fica a cargo da gerenciadora a

programação, recebimento e conferência de materiais, equipamentos e serviços.

No contrato da gerenciadora com o proprietário a finalidade principal é a consumação de uma

obra de engenharia de maneira global. Isso não quer dizer que esta deve executar fisicamente a

obra, mas sim analisar e organizar os documentos necessários, fiscalizar e cobrar pela qualidade de

execução.

Para garantir esta finalidade, fica a cargo da gerenciadora a resolução de problemas

financeiros, executivos e jurídicos que possam ocorrer sem afetar, ou afetando o mínimo, o projeto

inicialmente concebido.

A aplicação de modelos de gestão, métodos executivos, compatibilização de projetos e

soluções técnicas faz do gerenciamento de obras um papel importante dentro da cadeia produtiva da

construção.

O proprietário do empreendimento é composto por um grupo multinacional com participação

considerável no mercado de varejo brasileiro, com cerca de 500 lojas entre supermercados,

hipermercados e shoppings. Esse grupo emprega em torno de 83 mil funcionários no país e teve um

faturamento no ano de 2010 de R$22.3 bilhões. A previsão para 2011 são de mais 80 lojas e 7 mil

empregos.

A construtora responsável pela execução da obra tem sua sede na cidade de Porto Alegre,

RS. Em 17 anos de história, essa empresa já construiu mais de 370.000m² em obras de

supermercados, shoppings, indústrias e incorporações.

O gerenciamento da obra, assunto desse relatório, é de responsabilidade da Cabeza Sastre

Assessoria e Projetos Ltda., objeto desse relatório, foi fundada em 1979, tem sua sede na cidade de

São Paulo, SP. É uma empresa multinacional, com escritórios em Madri, Lisboa, Cidade do México e

com participação em obras e projetos em toda América Latina. Possui em seu histórico 4,2 milhões

de m² projetados e 4,0 milhões de m² gerenciados.

5

2. DESCRIÇÃO DA OBRA

A obra localiza-se na Perimetral Tancredo de Almeida Neves n°315, no Jardim

Copacabana próxima ao terminal rodoviário de Campo Mourão. Trata-se de da construção

de um supermercado com área de aproximadamente 7.600 m2, incluindo instalações

anexas como a central de gás, cabine primária entre outros.

Figura 1: Localização do empreendimento. .

Segundo o croqui de localização, existe um terreno que se situa entre o

empreendimento e o terminal rodoviário de Campo Mourão que foi alugado pela construtora

responsável pela obra para instalação do canteiro de obras, onde está alocada a central de

armadura, central de carpintaria, central de argamassas, refeitório, sanitários, escritórios,

serviços terceirizados da construtora e local para os buy-outs.

6

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Recebimentos de Buy-Outs

Os buy-outs são equipamentos ou serviços específicos contratados paralelamente pelo

proprietário. É do escopo da gerenciadora programar, receber e fiscalizar os buy-outs ou a execução

dos mesmos.

Nas reuniões semanais, um dos itens da pauta é o buy-out. Nesse item se discutem datas,

modificação de fornecedores por parte do proprietário, melhor maneira de execução do mesmo,

inclusão ou exclusão de itens para buy-outs entre outros.

Nessa obra especificadamente, os principais buy-outs são:

• CASH-OFFICE (COFRES, PORTAS DE SEGURANÇA);

• CHECK-OUTS;

• ESTRUTURA METÁLICA DE COBERTURA;

• FORNOS DA PADARIA;

• GRUPO GERADOR DE ENERGIA;

• LUMINÁRIAS;

• PLATAFORMA ELEVATÓRIA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS;

• QUADROS DE ENERGIA, NO-BREAKS;

• SISTEMA DE AR CONDICIONADO (SPLITS, ROOF-TOPS, FANCOLETS)

• SISTEMA DE FRIO-ALIMENTAR (RACK-HOUSE, CÂMARAS, FORÇADORES, BALCÕES);

• TRANSFORMADOR;

Adota-se o uso de buy-outs para evitar o que chamamos de “nota sobre nota”, esse artificio é

utilizado para redução de carga tributaria. Quando um serviço ou equipamento são comprados pela

construtora, esta pagaria impostos sobre estes e repassaria o valor do serviço mais o BDI (benefícios

e despesas indiretas) onerando o valor da obra.

Primeiramente é analisado o cronograma físico da obra, e assim se faz um planejamento de

quando o referido buy-out deverá ser entregue, no caso de equipamentos ou executado, no caso de

serviços.

Essas datas são encaminhadas a construtora para análise e conhecimento, e se caso esta

conteste, por algum motivo de execução ou de logística, é modificado a data de entrega. Geralmente

essas datas sofrem modificações no cronograma devido as interferências como : condições

climáticas, condições de execução de serviços específicos

Assim que aprovadas, as novas datas são disponibilizadas a todos os interessados, no caso

proprietários e construtores.

Os primeiros contatos são com o setor de compra do proprietário a fim de saber sobre ordem

de compra (OC), pedidos, especificações entre outros. Essas ordens de compras são verificadas em

projeto se atendem as necessidades da obra. As especificações coletadas são levadas a campo para

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análise de impacto. Caso ocorra algum impacto, ou problemas de execução ou problemas de

compatibilidade, a gerenciadora comunica o proprietário para que seja refeito a OC com o

equipamento ou serviço adequado.

Após essa verificação a gerenciadora entra em contato com os fornecedores para alinhar os

cronogramas. Pode ocorrer que os fornecedores não atendam o cronograma, ou por capacidade

fabril ou execução. Por exemplo, a empresa que faz as câmaras frias não podia atender na semana

solicitada, pois tinha outra obra em andamento. Quando isso ocorre, é comunicado ao proprietário

essa interferência e seu respectivo setor de compra e engenharia entra em contato com o fornecedor

para adiantar ou atrasar alguns dias, conforme a necessidade da obra.

Quando, no caso de equipamentos como o transformador, por exemplo, ocorre uma

divergência de datas, é solicitado à construtora que determine um local de depósito de acordo com as

especificações de armazenamento do produto para guardar esse equipamento até sua utilização.

Quando acordadas as datas com fornecedores e construtora faz-se o pedido de entrega ou

entrada de serviço.

No recebimento de buy-outs de equipamentos é fotografada a chegada do caminhão de

entrega e número da placa, para verificação com nota da transportadora. Antes de começar a

descarregar é aberto o compartimento de carga do caminhão e novamente fotografado verificando se

há avarias no mesmo.

No momento do desembarque dos equipamentos é conferido com a nota fiscal, nota de

embarque e ordem de compra e também fotografado. Após o desembarque, no local de estocagem, é

verificado novamente com as notas e fotografado novamente e estando tudo conforme, a

transportadora é liberada.

Caso ocorra, no transporte, algum extravio ou avaria de equipamentos é feito um relatório

fotográfico e encaminhado para o proprietário para medidas cabíveis.

A partir desse momento a responsabilidade pelos buy-outs é da construtora. Caso ocorra

algum extravio ou avaria destes, a construtora deve repor esse equipamento.

No caso de recebimento de buy-outs de serviços, como execução das câmaras frias, após os

acertos de datas é solicitada a ordem de entrada na obra. Todo o suporte necessário para a empresa

fornecedora deve estar pronto para inicio da execução dos serviços.

O procedimento de recebimento dos serviços é feito de maneira semelhante aos

equipamentos. A diferença que o acompanhamento de serviços é realizado todos os dias e, havendo

vícios ou patologias, e então solicitada a empresa que resolva o mesmo até sua saída da obra. Caso

isso não ocorra, fica a cargo do departamento de engenharia do proprietário, por meios legais, entrar

em contato com esse fornecedor para a resolução dessa situação.

O maior problema nesse tipo de compra é o alinhamento de cronogramas. O proprietário

acerta o fornecedor, geralmente, quando a obra já está em andamento, dificultando assim os

procedimentos para recebimento dos mesmos.

Outro problema encontrado foi à desorganização do setor de compras do proprietário. Alguns

fornecedores de buy-outs foram trocados, ou mesmo passados a escopo da construtora, pois o

proprietário tinha pendencias financeiras com os fornecedores.

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3.2 Compatibilizações de Projetos

É de conhecimento de todos que a compatibilização de projetos se torna necessário a partir

do momento que se tenha vários sistemas agindo em um mesmo edifício.

Os principais projetos contemplados nessa obra são:

• ACÚSTICA;

• ALARME E SOM;

• ARQUITETURA;

• COBERTURA (ESTRUTURA METÁLICA);

• ELÉTRICA;

• ESTRUTURAS DE FUNDAÇÃO;

• ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADAS;

• FRIO ALIMENTAR;

• HIDRÁULICA;

• INFRAESTRUTURA (DRENAGEM PLUVIAL E PAVIMENTAÇÃO);

• MECÂNICA (AR CONDICIONADO);

• PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS;

• REFRIGERAÇÃO;

Essa compatibilização de projetos pode ser feita de maneira convencional, sobrepondo

desenhos em 2D, modelagem 3D, ou pela plataforma BIM (Building Information Modeling). No caso

específico desse trabalho, usou-se a compatibilização por meio de projetos em 2D e modelagem 3D.

Na compatibilização em 2D, se insere um projeto base, por exemplo o de instalações

hidrosanitárias, em bloco e em seguida algum outro projeto, como por exemplo o de prevenção contra

incêndios. Esse tipo de compatibilização é um tanto quanto falha, pois omite algumas informações

como cotas de tubulações entre outros, porém algumas interferências e falhas de projetos podem ser

verificadas dessa maneira, como verificado na figura 2 e 3.

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Figura 2: Compatibilização entre projeto hidráulico e frio alimentar.

Os erros assinalados dentro do circulo da figura 2, nos mostram as seguintes situações:

1- Grelhas de escoamento da refrigeração não contempladas;

2- Dreno dos forçadores de refrigeração não contemplados;

3- Interferência das grelhas de escoamento da refrigeração com a tubulação;

Essas deficiências de projetos foram verificadas antes do inicio da execução das tubulações e

foram encaminhadas para a construtora para analise técnica e de custos de execução.

As resoluções para essas incompatibilidades foram:

1- No caso 1 foram prolongadas as tubulações das grelhas mais próximas para atendê-

las.

2- No caso 2 foram adicionados ralos sifonados para a captação da água dos drenos

dos forçadores

3- No caso 3 foram deslocadas as grelhas ou rotacionadas na medida do possível para

atender as necessidades da obra.

Todas as interferências acima citadas foram sanadas, porém, isso gerou custos adicionais

para o proprietário.

Outra incompatibilidade resolvida pelo processo de analise em 2D foi a falta de drenos na

unidade do rack-house (local onde se gera o frio alimentar). Após a sobreposição dos projetos

verificou-se os seguintes conflitos detalhados na figura 3:

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Figura 3: Compatibilização entre projeto hidráulico e frio alimentar.

Os erros assinalados dentro do circulo nos mostram as seguintes situações:

1- Drenos dos racks pedidos no projeto de frio alimentar não foram contemplados no projeto de

hidráulica;

2- Após analise do projeto elétrico, verificou-se também que não havia esse ponto de 380V

previsto no projeto de frio alimentar;

As resoluções para essas incompatibilidades foram:

1- Execução de rede e caixas sifonadas para captação da água gerada por esse equipamento;

2- Execução de rede elétrica para atender a esse ponto não contemplado no projeto;

Novamente as soluções tomadas impactaram no valor final do projeto, pois não haviam sido

previstas anteriormente pelos projetistas ou pelo setor de projeto e engenharia do proprietário.

Pelo processo de compatibilização em 3D foram analisados os projetos elétricos, prevenção

de incêndio, estrutura metálica e mecânica. O problema conflitante foi que a cota da rede de

sprinklers estava coincidindo diretamente com a viga metálica da estrutura de cobertura. Esse

problema interferiu em quase todos os sistemas que dependiam da altura da cobertura para sua

fixação, verificado com mais detalhes na figura 4.

Após analise mais detalhada dos projetos verificou-se que a empresa contratada para

executar a estrutura metálica modificou o projeto inicial para adequar o seu sistema construtivo. Essa

mudança alterou a altura da viga de transição e a viga da cumeeira de 525 mm para 998 mm o que

impediu a passagem da rede de sprinklers.

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Figura 4: Interferência entre rede de sprinklers e estrutura metálica.

A figura 5 nos mostra o local onde a rede de sprinklers conflita com a estrutura. Essa situação

foi executada a pedido da gerenciadora para informar ao proprietário o erro de projeto, já que o

mesmo, por meio de projetos não conseguia entender o problema. A cota da rede de sprinklers foi

locada com auxilio de estação total, usando a cota de altitude, conforme o projeto pedia. A distância

da superfície do tubo até a mesa superior da viga é de aproximadamente 190 mm. Visto que

anteriormente a viga teria 525 mm, essa interferência não ocorreria.

A solução mostrada na figura 6 cria um sifão invertido, que gera uma significativa perda de

carga no sistema. Quando questionado, o engenheiro de instalações, não soube responder quanto à

viabilidade técnica e encerrou argumentando que havia um parecer favorável de um projetista

particular. Esse sifão que foi criado, consumiu mais 4 joelhos de 90º, por rede de sprinklers, e gerou

custo adicional ao proprietário.

Principalmente essa interferência recebeu maior atenção dos engenheiros de execução pois

se trata de um sistema de proteção de incêndios, que se falhar, pode ferir ou matar clientes e

funcionários que estejam no local em um momento de incêndio.

12

Figura 5: Interferência entre rede de sprinklers e estrutura metálica.

Figura 6: Solução da interferência entre rede de sprinklers e estrutura metálica.

13

Outras incompatibilidades encontradas foram na distribuição de eltrocalhas e dutos de ar

condicionado. No projeto de elétrica existem as eletrocalhas de força, iluminação e alimentação.

Pelos projetos as diferentes eletrocalhas e seus devidos perfilados correm em cotas diferentes. No

projeto de mecânica existem dutos de ventilação e dutos de exaustão. Esses projetos ainda foram

analisados junto com a rede de sprinklers e a rede de hidrantes.

Os problemas encontrados nesse caso foram principalmente o de interferência entre

eletrocalhas e sprinklers (figura 7), e dutos e sprinklers (figura 8).

Essa incompatibilização foi resolvida após reunião com a empresa instaladora das redes de

sprinklers e hidrantes. A solução foi erguer em 200 mm a rede de sprinklers na região do depósito,

local onde ocorreu a interferência. Como nessa área não ocorria incidência de dutos ficou mais

simples a solução, porém, com custos adicionais ao proprietário.

Figura 7: Interferência entre rede de sprinklers e eletrocalhas de alimentação.

Outros problemas encontrados foram às interferências entre dutos de ar condicionados, que

são buy-outs, com a rede de sprinklers. Já nesse caso o problema ocorreu no mezanino dos

associados, que fica na parte frontal da obra.

14

Figura 8: Interferência entre rede de sprinklers e dutos de ventilação, e interferência entre dutos de ventilação e dutos de exaustão.

Conforme se pode ver na figura 8 a rede de sprinklers (1) passa dentro do duto de ventilação.

A solução encontrada, já que nessa região não existia a possibilidade de levantar a rede de

sprinklers, foi rebaixar os dutos e fazer passagem elevadas entre os banzos da estrutura e a

cobertura, como mostra a figura 9.

Ainda citando a figura 8, pode se observar os dutos de ventilação sendo atravessados pelos

dutos de exaustão (2). A solução encontrada para esse problema foi o rebaixo da exaustão, pois são

dutos menores e mais leves e isso facilitaria no momento de se fazer transições.

Essas interferências, por envolverem deslocamentos e uso de mais materiais de sustentação,

como perfilados, gerou um adicional feito pela empresa de ar condicionado e repassado diretamente

para o proprietário.

Para se pedir um adicional de custos, como foram citados várias vezes acima, é necessário

um parecer técnico e provar por meio dos projetos que a solução apresentada por eles se torna

inviável. Geralmente, esses aditivos são passados a gerenciadora por meio de SIC’s, que serão

tratadas a seguir.

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Figura 9: Solução para interferência de dutos de ar e rede de sprinklers.

Segundo Motteu apud Costa (2007) os erros na concepção projeto representam 46% das

perdas, atrasos e retrabalhos dentro da construção civil. Essas interferências oneram

consideravelmente o custo final da obra e muitas vezes as soluções propostas no canteiro de obra

são praticáveis, porém a manutenção predial fica limitada ou impraticável.

Uma solução para essas incompatibilidades encontradas em projeto é o uso da plataforma

BIM (Building Information Modeling). Esse tipo de plataforma integraliza os projetos e os projetistas,

fazendo com que trabalhem em cima de um projeto base, geralmente o de arquitetura.

O projetista constrói um modelo virtual com todos os sistemas que envolvem o edifício,

criando uma base de dados. Esses modelos são criados por meio de softwares como o Autodesk

Revit e Graphisoft Archicad. A atenção do projetista fica voltada para soluções técnicas e não para

desenhos técnicos. Com essa base de dados unificada, podem-se criar estações de trabalho, onde

vários projetistas trabalham de maneira conjunta. Quando se muda um projeto (por exemplo, uma

parede no projeto arquitetônico), todos os outros projetos envolvidos nessa base de dados (por

exemplo, projeto elétrico, hidrosanitário, estrutural, ar condicionado) também sofrem modificações

(SCHEER et all, 2007).

A modelagem de projetos na plataforma BIM (Building Information Modeling) é considerada o

novo grande advento da construção civil. Embora esse novo sistema já seja uma realidade em países

europeus e Estados Unidos, aqui no Brasil ainda é deficiente. Esse problema dá-se pela falta de

conhecimento de novas tecnologias que acarreta em várias falhas e retrabalhos que oneram

severamente o custo das edificações (RIBEIRO, 2010).

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Como é de nosso conhecimento, o tempo e o custo são os fatores que impactam na

execução de um empreendimento. Por esses fatos citados uma compatibilização de projetos

satisfatória se torna necessária, pois as não conformidades, que tomam muito tempo, seriam

diminuídas e assim o cronograma mantido.

3.3 SIC’s e GI’s

As incompatibilidades de projetos são encaminhadas para o setor de engenharia por meio de

SIC’s (Serviço de Informação pela Contratada) e GI’s (Guia de Informação).

As SIC’s podem ser feitas pela gerenciadora, construtora ou pelos buy-outs. Quando não são

formuladas pela gerenciadora, essas são encaminhadas a ela e depois distribuídas para o setor de

engenharia do proprietário e para os projetistas, que são contratados pelo proprietário. Nessas SIC’s

contém os locais de interferência ou dúvidas, os projetos que envolvem esse problema e se gerarão

custos adicionais.

Após analisadas pelos projetistas de cada área, essa resposta volta para a gerenciadora que

a distribui aos interessados. Quando, mesmo após o parecer dos projetistas, a resolução das SIC’s

não estiver a contento das partes ou não atender as necessidades da obra ela é refeita ou pede-se

uma revisão da mesma citando os impactos das respostas dadas pelos projetistas.

As GI’s fazem o caminho contrário das SIC’s. Elas partem do proprietário para a construtora

ou gerenciadora analisar os impactos.

Uma das GI’s relacionadas a esta obra diz sobre a ampliação da cabine de entrada de

energia. Esta não estava de acordo com as especificações pedidas a COPEL e precisou passar por

modificações. Então o proprietário elaborou uma GI e encaminhou a gerenciadora que fez a

distribuição para as partes interessadas.

Esta GI foi analisada e visto que a cabine de entrada já havia sido executada, além de gerar

um adicional pelo aumento do pé direito e pelo aumento de uma de suas cabines, ainda teve um

adicional de demolição.

3.3 Reuniões semanais

Nesta obra, por existir em um mesmo empreendimento várias empresas distintas, ocorrem

durante sua execução, problemas de comunicação equipes. Para tentar minimizar os conflitos, são

realizadas reuniões semanais entre todos os responsáveis envolvidos no processo de gerenciamento

e execução.

Os conflitos mais comuns ocorreram por interferências no serviço da outra empresa, como

por exemplo, a instaladora de redes elétricas precisam movimentar suas plataformas elevatórias,

porém a construtora necessitava terminar o piso de concreto.

A segurança no trabalho é um assunto sempre presente nas pautas, onde são tratados os

problemas de acidentes de trabalho, DDS’s (Diálogo Diário de Segurança) que é realizado a cada dia

com uma empresa diferente, e sobre a integração de novas equipes que entram na obra.

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Outro fator levado em conta nas reuniões são os controles tecnológicos e controle de

qualidade. Os controles são feitos através de ensaios, por empresa certificada mantem um

engenheiro para acompanhamento da obra e coletas dos materiais a serem ensaiados.

As etapas de construção são largamente questionadas quanto a tecnologias empregadas,

disponibilidade de mão de obras, qualidade dos materiais entre outros e feita a programação dos

serviços a serem executados. A execução do piso de concreto, por exemplo, teve nas reuniões

semanais, a programação de concretagem, tecnologias usadas, traço dos concretos, aditivos entre

outros demais fatores definidos. Nessa reunião foi levantado pela gerenciadora que a carta traço, que

é o traço do concreto fornecido pela concreteira, tinha um consumo de cimento e de água maior que

o permitido, segundo o caderno de especificações do proprietário que é baseado nas NBR’s, ACI’s e

Eurocode, e que as fibras (sintéticas) não atendiam as especificações do proprietário. A construtora

teve respaldo de seu engenheiro projetista e se responsabilizou por possíveis patologias que possam

ocorrer devido a essa escolha e estendeu a garantia por mais 2 anos.

Na parte de buy-outs são tratados os problemas de programação e situação que se encontra

os subsídios necessários para implantação dos mesmos. São levantados problemas com ordens de

compras do proprietário, chegada e previsão de chegada de buy-outs.

Os temas referentes à sustentabilidade e ação social, também costumam ser tratados nestas

reuniões. No contrato entre o construtor e o proprietário existe uma cláusula que diz a respeito de

sustentabilidade e ações sociais junto à comunidade. Algumas das medidas tomadas nessa obra

estão, por exemplo, a doação de todo o lixo reciclável para a associação de catadores de papel de

Campo Mourão. Em outras obras a placa teste do piso, que é um pano de piso executado para testar

o traço do concreto, foi executada em creches, asilos entre outros.

Como existem vários serviços e empresas trabalhando paralelamente na obra, torna-se

necessário o controle de documentos das varias colaboradoras, tais como: ART’s (Anotação de

Responsabilidade Técnica), licenças e projetos aprovados. Especificadamente nessa obra, como foi

citada acima dentro de SIC’s, a cabine de entrada de energia precisou passar por uma revisão de

projeto, pois estava em desacordo com as especificações da COPEL, esse problema foi levantado

em uma das reuniões.

As respostas das SIC’s e GI’s, ou propostas de novas SIC’s seguem na sequência da pauta

da reunião. O controle e solicitação de novas SIC’s são feitas e registradas em ata para as devidas

providências.

Com relação a problemas de obra e execução, a construção possui um setor de obras no

canteiro. Nessa parte, se discute sobre soluções de interferências de obra, como por exemplo, caixa

de passagem de galerias pluviais que não estavam compatíveis com as cotas do greide do terreno,

ficando decidido pela execução de um rebaixo da caixa para atender a inclinação mínima necessária

para o escoamento.

A ata de reunião é confeccionada pela gerenciadora e encaminhada por e-mail um dia após a

reunião. Para manifestações e indagações sobre o que está documentado na ata tem-se um prazo de

48 horas. Estando tudo correto, na próxima reunião semanal esta ata é impressa, assinada e

arquivada pela gerenciadora.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção de supermercados e shoppings são experiências realmente interessantes, pois

em um curto espaço de tempo e de espaço físico, existem vários sistemas compondo o edifício.

Apesar de não estar na responsabilidade da gerenciadora, na qual estava vinculado, não ser

responsável pela execução propriamente dita, foi possível visualizar vários processos executivos que

não são convencionais na região, como estruturas pré-moldadas e estruturas em perfis laminados e

soldados. Além da execução de pisos industriais que necessitam de vários cuidados por possuírem

panos de concretagem extensos.

Dentro do escopo da gerenciadora, a compatibilização de projetos foi à atividade mais

desenvolvida, despertando um grande interesse. Percebeu-se que os retrabalhos devido às

interferências e erros de projetos oneram consideravelmente o preço final da obra.

O fato de não se ter um contato direto com o projetista, atrasa os processos de

compatibilização. Essa mediação feita pela gerenciadora toma muito tempo fazendo com que

serviços mais importantes deixem de ser executados, como por exemplo, a programação de buy-outs.

As programações e recebimentos de buy-outs são ocupações que mostram negociações

entre fornecedores e compradores que são ações corriqueiras e importantes na vida profissional de

qualquer engenheiro. Além disso, foi observado que apesar do proprietário ser responsável por uma

empresa de grande porte, ainda comete falhas comuns e vícios construtivos.

Uma das lições que são passadas no estágio é a importância de se ter uma rede de trabalho,

chamada de network. A engenharia civil abrange várias áreas e é difícil ter conhecimento prático de

todos esses serviços, logo se faz a importância de se ter uma network. Muitas vezes o importante não

é executar um serviço especifico dentro de uma construção, mas saber delegar tarefas e gerenciar

equipes.

De todas as experiências profissionais se podem tirar lições técnicas e de relacionamento que

se levará para toda a vida. Assim, absorver o máximo de informações é necessário para um melhor

aprendizado profissional.

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5. BIBLIOGRAFIA

JUNIOR, Milton Paulinio da Costa. Origem das patologias – Perdas origem das perdas na construção

civil a importância do projeto. 2001. Disponível em:

http://www.lamb.eng.br/novo/artigos/5e0af8e656184711147f586a9057e596.pdf. Acessado dia:

18/09/2011

MELHADO , Silvio Burratino. Gestão, cooperação e integração para um novo modelo voltado à

qualidade do processo de projeto na construção de edifícios. São Carlos: Escola Politécnica da USP.

Disponível em:

http://silviobm.pcc.usp.br/TESE%20LIVRE%20DOC%C3%8ANCIA%20SILVIO%20MELHADO.pdf

Acessado dia: 18/09/2011

RIBEIRO, Tollendal Gomes Ribeiro. Modelagem de informações de edificações aplicadas no

processo de projetos de aeroportos. Brasília: Universidade de Brasília, 2010. Disponível em:

http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/7727/1/2009_JulioTollendalGomesRibeiro.pdf. Acessado

dia: 18/09/2011

SCHER, Sergio et all. Impactos do uso do sistema CAD geométrico e do uso do sistema CAD-BIM no

processo de projeto em escritórios de arquitetura. 2007. Encontrado em:

http://www.cesec.ufpr.br/workshop2007/Artigo-30.pdf. Acessado dia: 18/09/2011

HUGO, Magda Veridiana dos Santos. Gerenciamento da comunicação de projetos de obras de

construção civil com base nas práticas do PMBOK/PMI. Revista da Graduação, Vol. 03. Porto Alegre,

2010. Disponível em:

http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/giugliani/TCC_2010_2_Modelos_de_TCC_2010_1_Magda_

Hugo.pdf. Acessado dia: 18/09/2011

UTFPR, Normas Para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos. Curitiba, 2008. Disponível em:

http://www3.utfpr.edu.br/dibib/normas-para-elaboracao-de-trabalhos-academicos/normas_trabalhos

_utfpr.pdf. Acessado dia: 18/09/2011

.

20

ANEXO A – RELATÓRIO DE RECEBIMENTO DE BUY-OUTS.

21

RELATÓRIO DE RECEBIMENTO DE BUY-OUT Roof Top (Spring Carrier)

19 de Setembro de 2011

22

OBJETIVO Esse relatório tem como objetivo a apresentação do recebimento dos materiais (Buy Out) em conferência com as necessidades da obra BIG Campo Mourão - PR. RECEBIMENTO Informamos o recebimento no dia 19/09/2011, dos Roof Top fornecidos pela Spring Carrier, onde temos:

ITEM DESCRIÇÃO DE FORNECIMENTO Qtd de Fornecimento

Qtd de Projeto

38ABA480386WM

Unidade Condensadora 480K 380-3-60 WM 4 5

40RTC480236WM

Unidade Evap Roof Top 480K 220-380/60 WM 4 5

CONCLUSÃO Informamos que os materiais acima citados foram recebidos em 19/09/2011 e estão conforme descrição de Ordem de Compra nº 98927 e NFe nº 000.108.504.

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RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

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NOTA FISCAL ELETRÔNICA nº 000.108.504

25

ORDEM DE COMPRA Ordem de Compra nº 98927

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TERMO DE RECEBIMENTO A guarda destes equipamentos esta sob a responsabilidade da construtora até o momento da entrega técnica ao proprietário.

_____________________ Eng. Responsável pela obra

Construtora Recebido ___ /Setembro de 2011

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ANEXO B – MODELO DE SIC

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ANEXO C – MODELO DE GI

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ANEXO D – MODELO DA ATA