relatorio de estagio em alfabetização

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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE METODOLOGIA DE ENSINO EDER EDSON DE CARVALHO RELATÓRIO FINAL PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO DOCENTE EM ALFA BETIZAÇÃO E LÍNGUA PORTUGUESA SÃO CARLOS 2014 1

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Relatório de estagio em alfabetização e letramento em Língua Portuguesa entregue no curso de pedagogia da ufscar.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

CENTRO DE EDUCAO E CINCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE METODOLOGIA DE ENSINOEDER EDSON DE CARVALHORELATRIO FINALPRTICA DE ENSINO E ESTGIO DOCENTE EM ALFABETIZAO E LNGUA PORTUGUESA

SO CARLOS

2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOSCENTRO DE EDUCAO E CINCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE METODOLOGIA DE ENSINOEDER EDSON DE CARVALHO

RELATRIO FINALPRTICA DE ENSINO E ESTGIO DOCENTE EM ALFABETIZAO E LNGUA PORTUGUESARelatrio apresentado disciplina Prtica de ensino e estgio docente em alfabetizao e Lngua Portuguesa, do curso de graduao Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de So Carlos, como parte das atividades avaliativas.Docente: Profa. Dra. Helosa Chalmers Sisla SO CARLOS2014

SUMRIO

INTRODUO.......................................................................................................4

1 REFERENCIAL TERICO..................................................................................5

1.1 O conceito de letramento........................................................................7

1.2 O conceito de alfabetizao....................................................................8

1.3 A polarizao dos mtodos em globais e sintticos............................9

2 CONTEXTUALIZAO DO ESTGIO...............................................................11

2.1 localizao, histria, espao fsico e recursos materiais....................12

2.1.1 Recursos materiais........................................................................13

2.1.2 A gesto escolar e os projetos desenvolvidos...........................14

2.2 Perfil da professora colaboradora.........................................................15

2.3 As aprendizagens: relao entre teoria e prtica.................................16

2.4 Um caso de ensino..................................................................................20

CONSIDERAES FINAIS...................................................................................21

REFERNCIAS......................................................................................................22

APNDICES...........................................................................................................22

DIRIO DE CAMPO 01...................................................................................22

DIRIO DE CAMPO 02...................................................................................26

DIRIO DE CAMPO 03...................................................................................28

DIRIO DE CAMPO 04...................................................................................30

DIRIO DE CAMPO 05...................................................................................32

DIRIO DE CAMPO 06...................................................................................34

DIRIO DE CAMPO 07...................................................................................37

PLANO DE REGNCIA..................................................................................42

ANEXOS................................................................................................................51

DIRIO DE CAMPO 01 CORRIGIDO

FICHA DE PRESENA

INTRODUO

O presente relatrio fruto das inseres em estgio docente em alfabetizao e Lngua Portuguesa na turma do primeiro ano C da Escola Municipal de Educao Bsica (EMEB) Prfessora Dalila Galli, localizada na rua Rio Araguaia, no bairro Jquei Clube, municpio de So Carlos, estado de So Paulo no primeiro semestre do ano de 2013.

O estgio parte dos crditos integralizados na disciplina de Prtica de ensino e estgio docente em alfabetizao e Lngua Portuguesa, do curso de graduao Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de So Carlos, tendo como docente e supervisora a Professora Doutora Helosa Chalmers Sisla.

O principal objetivo do estgio a integrao dos graduandos e futuros professores com a realidade enfrentada em sala de aula para que possam conflitar teoria e prtica buscando uma identidade com a docncia e contribuindo com a comunidade na minimizao dos problemas enfrentados na dimenso escolar nos processos de aquisio da leitura e da escrita e de seus usos sociais.

O processo de integrao da criana se realiza efetivamente atravs da aquisio da leitura e escrita, visto que o uso da linguagem oferece a ela condies de expressar e internalizar aes e informaes, favorveis ao desenvolvimento humano numa perspectiva harmoniosa. Assim a alfabetizao assume destacado papel no processo educativo da criana, influenciado por condicionantes socioculturais que atuam decisivamente na relao indivduo/sociedade.

Entender o processo de alfabetizao das crianas atravs da leitura e escrita, condio esta fundamental a integrao na vida social, oferece oportunidades de compreenso e respeito do universo da relao que influencia na construo da existncia da criana, e neste momento que o desenvolvimento humano ocorre a partir do entendimento do significado do mundo. Segundo Freire (1982), a leitura da palavra precede a leitura do mundo, e nesse contexto revela-se que a criana em nenhum momento deve ser tratada como analfabeta, vazia de conhecimento da realidade que a cerca, contudo cabe aos educadores refletirem em que bases educativas seu desenvolvimento cognitivo pode ser realizado.

Ento a alfabetizao de crianas sempre assume relevante objeto de estudo, indagaes, problematizaes, no momento em que as dificuldades contidas no processo de formao de professores voltados a alfabetizao, se expressam como obstculos que merecem ser transpostos na medida que as dificuldades de contextualizar o ensino da alfabetizao se propaga na sociedade.

Quando a alfabetizao de crianas pensada, torna-se impossvel deixar de lado o mundo infantil, mundo este caracterizado pelo brincar, imaginar, sonhar, e nesta viagem a criana idealiza um mundo construdo sob o olhar da inocncia, visto que a realidade da vida cotidiana em muitos casos ainda no apreendia claramente por ela.

Em geral, os educadores sabem que alfabetizar uma tarefa difcil e sujeita as influencias de inmeras variveis, tais como fatores pedaggicos, psicolgicos, sociais, lingusticos e outros que na se relevam, explicitamente, porm somatizam na totalidade do processo tornando-se favorvel seu estudo numa perspectiva cientfica, visando oferecer aos educadores, condies de intervir positivamente na elaborao de propostas conciliatrias que atendam a necessidade das crianas no estgio de alfabetizao.

Tambm quando pensada no processo de alfabetizao da criana, a discusso dos condicionantes socioculturais influenciadores no processo de aprendizagem se revelam, especialmente no momento que o processo de integrao sociedade se realiza, oferecendo nesse caso particular, a presena no meio social em educao.

Ento, a partir da superao da crena de que alfabetizar meramente codificar e decodificar e da tomada de conscincia a respeito do que significa realmente alfabetizar, que se deseja avanar para uma concepo maior sobre os processos de alfabetizao, que consideram os professores como mediadores e os alunos como sujeitos dessa construo.

1 REFERENCIAL TERICO

O aprendizado da leitura e da escrita no est ligada somente ao processo cognitivo, mas tambm a uma atividade social essencial para a criao de vnculos entre cultura e conhecimento na formao de sujeitos mais crticos e sensveis na luta dos seus direitos e deveres.

No Brasil a educao passa por um estgio de conflito entre as diversas concepes e teorias de alfabetizao. As concepes e prticas de alfabetizao so mltiplas, mas apesar de todas conflurem para a mesma intencionalidade ler e escrever como processo essencial para a aquisio da cidadania no h uma unanimidade quando se trata do ensino da leitura e da escrita.

Estamos num tempo em que a comunicao evolui de maneira muito rpida, dinmica e acelerada. Atualmente as redes sociais e os recursos miditicos tentam substituir a escola no papel do ensino e da aprendizagem tornando-se mais atraentes e inovadores, seduzindo cada vez mais sujeitos. A preocupao maior o distanciamento da famlia e da criana nos processos de construo do conhecimento estabelecidos no interior da escola.

A produo de imagens, linguagens sintticas, novas formas na organizao de mensagens exigem do sujeito outro domnio da leitura e da escrita que muitas vezes esto bem longes das prticas difundidas no interior das escolas. Interagir com novas linguagens, no apenas condio de comunicabilidade, mas consequentemente construo de conhecimento e desenvolvimento de cognio.

Frente aos desafios crescentes, bem como as novas perspectivas tericas, as cincias da educao redirecionam-se suas pesquisas no sentido de centrar-se no apenas na observao e na anlise do que e como se ensina, mas tambm na investigao minuciosa de como a criana aprende.

Nessa perspectiva, em meu estagio com a turma do primeiro ano do Ensino Fundamental, busquei compreender as dificuldades nos processos de alfabetizao e letramento que observei na turma, bem como identificar as dificuldades comuns entre os alunos e os mtodos usados como prtica docente para o ensino da leitura e da escrita nesse perodo.

Recorrentemente o professor alfabetizador desenvolve esse trabalho sem saber o quem vem a ser como se estabelecem os processos de aprendizagens da leitura e da escrita, no entanto sei que a questo tem sido objeto de pesquisa e de estudo de vrias cincias e para compreender esses processos abordarei os conceitos de alfabetizao e letramento e as discusses sobre os mtodos a luz dos estudos de Emlia Ferreiro, Magda Soares e Marlene Carvalho visando estabelecer relaes entre teoria e prtica.

1.1 O conceito de letramento

O conceito de letramento ainda muito recente no Brasil nos cenrios acadmicos e educacionais. Por muito tempo essa palavra inexistiu devida a incapacidade que a educao em nosso pas tinha de compreenso da funo da leitura e da escrita nas prticas sociais. Hoje muitas pesquisas apontam para a qualidade da alfabetizao quando est associada aos processos de letramento em sua concepo mais ampla.

A palavra letramento, recm-chegada ao vocabulrio da educao, surgiu em meados dos anos 80 a partir da traduo da verso em ingls literacy que implica diretamente na condio de ser letrado. Implcita a esta definio est a ideia de que a escrita traz consequncias sociais, culturais, polticas, econmicas, cognitivas, lingusticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivduo que aprenda a us-la.(SOARES, 2004)

Vygotsky (1989) j buscava o conceito de letramento afirmando que o desenvolvimento dos processos de leitura e escrita iniciam-se antes mesmo da criana entrar na escola, ou seja, dentro da famlia e da comunidade. Nessas ocasies a criana est sujeita a situaes de leitura e escrita, iniciando seu contato com o sistema lingustico de seus pares. O autor j identificava como se estabeleciam os processos de leitura e escrita nas prticas sociais e a importncia desses processos para a aquisio e domnio da linguagem o que hoje conceituamos como letramento.

Fazendo uma interface com a alfabetizao podemos perceber o conceito de letramento explicitamente quando, segundo Freire (1985), o processo de alfabetizao caracteriza-se no interior de um projeto poltico que deve garantir o direito de cada sujeito do protagonismo da palavra. Pois, segundo o autor, alfabetizar-se construir a conscincia reflexiva da cultura e reconstruir uma viso crtica sobre o mundo humano, em outras palavras, ir alm da representao das palavras como simples cdigos, buscar a leitura do mundo.

Com a contribuio dos autores citados entendemos que ser letrado fazer o uso de diferentes materiais escritos, compreend-los, interpret-los e extrair deles informaes. Inclusive englobando textos escritos no ciberespao, hipertextos, o que para os autores, colocaria o letramento como um fenmeno plural, historicamente e contemporaneamente, tendo em vista os diferentes meios em que podem se dar a leitura e a escrita.

Finalizando a conceituao sobre leitura e escrita pode-se concluir que a prtica da leitura envolve uma srie de questes que transcendem o processo de alfabetizao. Isso, partindo do pressuposto de que ser alfabetizado significa dominar o cdigo da lngua escrita e, que, para a compreenso do significado de um texto necessrio mais do que isso. Entender um texto envolve alm da decodificao do cdigo lingustico a mobilizao de um campo de competncias especfico ao tema lido. Envolve a capacidade de compreender e interagir com os diferentes gneros textuais que esto postos na sociedade contempornea. O indivduo letrado consegue entender uma charge, uma piada, um anncio de jornal, enfim, consegue se relacionar nos mais diferenciados contextos sociais, interagindo com discursos escritos e orais que esto postos no mundo, nossa volta.

1.2 O conceito de alfabetizao

O termo alfabetizao ainda muito recente, pois tem sua origem na prpria origem da escola no ensinamento das primeiras letras e da gramtica para a aquisio de competncias da comunicao religiosa. O termo faz referncia ao processo mediante o qual uma pessoa pode aprender a ler e a escrever, duas atividades ou funes que lhe permitiro se comunicar com o resto dos seres humanos a um nvel mais profundo e abstrato.

O conceito alfabetizao sofreu ao longo do tempo modificaes, ficando muito amplo seu sentido, com isso, houve a necessidade do surgimento da palavra letramento, e estes termos: alfabetizao e letramento passaram a ser comumente confundidos.

Para Soares (2004), alfabetizao uma tcnica especfica e fundamental de aquisio do sistema de escrita, de domnio do cdigo alfabtico e ortogrfico, de acordo com as convenes gramaticais da lngua, possibilitando ao indivduo autonomia para ler e escrever. Este processo parte constituinte da prtica da leitura e da escrita e sua especificidade no pode ser desprezada, devendo ser ensinada de forma sistemtica, pois uma porta de entrada, na aquisio da lectoescrita.

Na ampliao do conceito de alfabetizao, passou-se a considerar alfabetizada a pessoa que consegue ler e escrever; e letrada a pessoa que, alm de saber ler e escrever consegue utilizar socialmente a leitura e a escrita, respondendo s necessidades sociais. Portanto, pode-se, definir letramento como o resultado da ao de ensinar e aprender as prticas sociais de leitura e escrita, nas quais ler e escrever tambm so necessrios.

Para alguns autores a alfabetizao ainda um processo praticamente mecnico apreendido, na maioria das vezes, dentro das salas de aula e o letramento um conjunto de conhecimentos que o indivduo acumula ao longo da vida. Seguindo esta linha de pensamento a alfabetizao um dia tem fim, isto , termina quando o indivduo adquire a capacidade de compreenso dos sinais que compreendem determinada lngua escrita.

Por fim o mais importante lembrar que, na sociedade, a lngua escrita marcante no cotidiano. As crianas, desde muito cedo, tm acesso a materiais escritos e, assim, vo construindo suas hipteses a respeito da escrita e de sua utilidade no meio social. Assim, alfabetizar e letrar devem ser aes concomitantes, com vistas a tornar a ao pedaggica mais adequada e produtiva.

1.3 A polarizao dos mtodos em globais e sintticos

Durante muito tempo e ainda hoje a discusso sobre os mtodos de alfabetizao recorrente nos cenrios acadmicos. A discusso principal destina-se a compreenso de quais so mais eficientes e eficazes, se os sintticos que compreende a relao letras/som, da slaba para a palavra ou os analticos globais que partem de unidades maiores da lngua. No desejo de minimizar as dificuldades dos alunos em relao a alfabetizao muitos educadores tentam mesclar esses mtodos, fazer combinaes de ambas abordagens terico-metodolgicas.

Para Carvalho (2005), os mtodos sintticos baseiam-se na associao de estmulos visuais e auditivos valendo-se da memorizao. H uma queixa comum de alunos que no conseguem se alfabetizar pela soletrao, dizem reconhecer as letras, entretanto no conseguem junt-las. Nesse sentido as palavras ficam fora de contexto e h poucas possibilidades de despertar no aluno o interesse pela leitura, desassociando alfabetizao de letramento.

Ainda segundo a autora para colher resultados satisfatrios necessrio ensinar as relaes estabelecidas entre letra e som de forma sistemtica, evitando que o ensino fique centrado excessivamente na decodificao. E no exerccio da codificao e decodificao no se pode perder o objetivo maior da alfabetizao que o de compreenso da leitura. (CARVALHO, 2005, p.45)

Muitos professores ainda adotam como prtica de alfabetizao, dentre os mtodos sintticos, o mtodo silbico com nfase excessiva na codificao e decodificao dos signos e apelo memria, apoiado no treino e na repetio. Muitos se utilizam tambm dos mtodos fnicos que ressaltam a dimenso sonora da lngua e enfatizam as relaes entre letra e sons, partem de palavras curtas e simples, entretanto est tambm mais voltado a prtica da alfabetizao dissociada do letramento.

Ferente as questes apresentadas importante pensar que a prtica constituda pela experincia e pela observao do educando muitas vezes convergem para o sucesso no processo de alfabetizao independente do mtodo utilizado. Confirmando o paragrafo Carvalho (2005) afirma que:

Para a professora, seja qual for o mtodo escolhido, o conhecimento das suas bases tericas condio essencial, importantssima, mas no suficiente. A boa aplicao tcnica de um mtodo exige prtica, tempo e ateno as relaes das crianas, registrar os resultados, ver o que acontece no dia a dia e procurar soluo para os problemas dos alunos que no acompanham. (CARVALHO, 2005, p.46)

Muitas vezes as propostas metodolgicas na prtica se tornam distantes do que a teoria ensina. O professor que se interessa pelo trabalho de alfabetizar busca orientao em algum modelo terico e ao aplicar procura adaptar as circunstncias reais de sua turma, mescla outros mtodos, aproveita o que considera interessante neste ou naquele e associa a outro no intuito de facilitar a aprendizagem do aluno.

A base dos mtodos globais ou analticos se constituem em processos de palavrao, sentenciao e contos, enfatizam de modo geral a compreenso do significado das palavras desde a etapa inicial da alfabetizao e no apenas a capacidade de decodificar. Tais mtodos valorizam mais as necessidades e interesses da criana, pois partem da realidade do aluno e estabelecem relaes entre a escola e o contexto social, aproximando-se mais das prticas de letramento. Os diversos mtodos utilizados na alfabetizao das crianas trazem resultados significativos a uma parte dos educandos, entretanto ainda no descobriram um mtodo que fosse eficiente para a alfabetizao de todas crianas ao mesmo tempo, porque essa questo est embricada em outras consideraes dinmicas da formao do sujeito.

Ferreiro (2003) enxerga a alfabetizao num sentido mais amplo, declara em uma entrevista dada a Revista Nova Escola que alfabetizar significa formar sujeitos que faam leitura uma de mundo que supere a compreenso das letras. Para ela, o conceito de letramento que vem sendo discutido por muitos como um conjunto de prticas sociais que usam a escrita um retrocesso, hoje o que se fala em letramento o que compreende e cabe a alfabetizao. o que se configura no exceto:

E o que aconteceu com a alfabetizao? Virou sinnimo de decodificao? Letramento passou a ser o estar em contato com distintos tipos de texto, o compreender o que se l. Isso um retrocesso. Eu me nego a aceitar um perodo de decodificao prvio quele em que se passa a perceber a funo social do texto. Acreditar nisso dar razo a velha conscincia fonolgica. (FERREIRO, 2003, p.30)

Fundamentada na teoria psicogentica do conhecimento, Ferreiro, vem colaborando para uma srie de ideias que modificavam o aprendizado da lectoescrita. Defensora das prticas pedaggicas contextualizadas e significativas para o sujeito apela para o resgate das efetivas prticas sociais da leitura e da escrita.

2 CONTEXTUALIZAO DO ESTGIO

Nos sete dias de estgio observei e compreendi como se desenvolveram as relaes das crianas com o espao fsico, como os projetos desenvolvidos na unidade e suas relaes diretas e indiretas na prtica docente. Durante esse tempo tambm entendi as implicaes de um espao fsico adequado s necessidades dos alunos e sua influencia com a aprendizagem das crianas.

A localizao, histria, e constituio do bairro e da escola o que traz identidade e caractersticas s prticas sociais e aos processos educativos que ocorrem na comunidade. As necessidades dos moradores refletem nas concepes de educao e embricam na finalidade da prtica educativa planejada pela escola.

Durante meu trajeto at chegar a escola percebi que o bairro, no geral, teve um crescimento organizado entretanto encontramos ainda muitas casas em fase de acabamento. Observei muito lixo jogado nas guias das ruas e duas praas com parquinhos infantis abandonadas em meio ao mato alto e grama sem aparar. O bairro conta com uma pequena estrutura de mercados de pequeno porte, padarias e uma papelaria em frente a escola. Conversando com uma moradora do bairro descobri que a populao sente falta de uma farmcia e de um centro comunitrio que j est em construo num terreno prximo a escola. ((APNDICES: DIRIO DE CAMPO 01)

As escolas pblicas, assim como posto de sade e centros comunitrios, so marcos referenciais para a populao do bairro. So tambm pontos de orientao na localizao do bairro.

A E.M.E.B. Professora Dalila Galli uma instituio de referencia para a comunidade, pois a maioria das crianas e adolescentes estudam na unidade em perodos regulares e/ou participam de projetos em perodos contrrios. Cheguei na escola por volta das 6h45min e observei que em sua maioria os alunos vo para escola a p na companhia dos colegas ou de irmos mais velhos que estudam no mesmo lugar. Observei que praticamente 90% dos alunos estavam uniformizados e que a escola atende crianas do primeiro ao nono ano de escolarizao. (APNDICES: DIRIO DE CAMPO 01)

As observaes, bem como as atividades prticas realizadas me permitiram valioso aprendizado e importante identificao com a prtica docente o que desencadeou um processo mais amplo na reelaborao da minha prtica docente.

2.1 localizao, histria, espao fsico e recursos materiais

A EMEB Escola Municipal de Educao Bsica Prof. Dalila Galli faz parte da rede pblica do municpio de So Carlos SP e est localizada na rua Rio Araguaia, no bairro Jquei Clube. O bairro perifrico e foi programado para ser rea industrial, razo pela qual, possui diversas indstrias. A populao do bairro possui gua encanada, energia eltrica, transporte pblico, escola e posto de sade. O bairro possui supermercados, papelarias, lanchonetes, sacolo, aougues, padarias e lojas de roupas, armarinhos e materiais de construo. No possui farmcia, mas j tem uma em construo. Em relao ao lazer a populao conta com uma minipista de caminhada, uma praa com um parquinho infantil, alm de uma rea de lazer ao lado da Igreja de So Cristovo, que possui duas quadras de futebol e outro parque infantil, que assim como o outro, infelizmente pouco utilizado devido ao trfico de drogas e aumento da prostituio.

No incio de suas atividades a escola funcionava com a CeMEI (Centro Municipal de Educao Infantil) Ida Vinci Guerra sob o nome de Escola Municipal de 1 Grau Jckey Club, e atendia os alunos do ciclo I do Ensino Fundamental, sendo oficializada como EMEB Prof. Dalila Galli em dezembro de 1991, mesmo ano em que iniciou as atividades.

A escola passou a funcionar em prdio prprio, ao lado da CeMEI, no ano de 1993 e passou a atender tambm alunos do ciclo II do Ensino Fundamental e no ano de 1995 teve incio a Educao de Jovens e Adultos. Em dezembro do ano de 2002 foi inaugurada a Escola do Futuro.

A Lei 11274 de 06 de fevereiro de 2006, que tornou obrigatria a incluso de alunos de seis anos o EF, passando este a ter durao de nove anos, tornou necessria a ampliao do espao fsico escolar e ainda no ano de 2006 foram construdas em um terreno cedido pela Unidade Bsica de Sade localizada ao lado da escola, duas salas de aula, um ptio, e um parque para atender os alunos do primeiro ano, este ltimo, ao lado da Escola do Futuro.

2.1.1 Recursos materiais

A escola conta com kits multimdia, bebedouros, ventiladores, impressoras, copiadoras, microcomputadores, retroprojetor, projetores multimdias mquina fotogrfica, geladeira, fogo industrial, freezer, balana, mesa de pebolim e mesa de pingue-pongue, sendo os dois ltimos itens para uso dos alunos, durante os intervalos das aulas.

2.1.2 A gesto escolar e os projetos desenvolvidos

A gesto da escola tem por objetivo ser democrtica e busca atender as necessidades dos alunos e da comunidade na qual a escola est inserida. Por essa razo, no ano de 2006, iniciou-se o processo que a transformou em Comunidade de Aprendizagem.

A clientela atendida na EMEB diversificada, formada por alunos extremamente carentes, que vivem em situao precria e mal conseguem acompanhar os contedos aplicados, e alunos de classe mdia com relativo conhecimento cultural. A escola atende ainda, por volta de 90 alunos da rea rural e tambm uma mdia de 35 alunos portadores de necessidades especiais, sendo a maior parte para a sala bilngue (libras), que a nica no municpio.

Atualmente a escola desenvolve o projeto Escola Nossa, que atende alunos e crianas da comunidade de at 16 anos. O projeto oferece oficinas diversas, alm de promover atividades fsicas, basicamente futebol, devidamente acompanhado por um profissional responsvel. Em 2012 o projeto, que desenvolvido sempre aos sbados, tinha durao mdia de 8 H, das 09:00hs s 17:00hs, mas no ano de 2013 passou a atender apenas no perodo matutino, das 08:00hs s 12:00hs.

O programa Mais Educao outro projeto desenvolvido pela escola. Atende 100 crianas, 50 por perodo, e acontece de segunda a quinta-feira, sempre em horrio contrrio ao das aulas.O objetivo do programa ensinar atravs do ldico, com jogos e brincadeiras. O processo de seleo segue a ordem de inscrio dos interessados.

Durante as frias de janeiro a escola oferece o Projeto Frias, que tem durao de duas semanas e oferece diversas oficinas, atividades de recreao, almoo e lanche, para crianas da comunidade com idade entre 05 e 12 anos.

2.2 Perfil da professora colaboradora

A professora da turma graduada em geografia pela Uniara Centro universitrio de Araraquara no ano de 1995. formada em nvel de Ensino Mdio no antigo Normal, tambm conhecido como magistrio. Trabalhou na rede Estadual de Educao de 1990 1997 lecionando para as turmas de ciclo I do Ensino Fundamental; deste sete anos os quatro primeiros lecionou na cidade de Gavio Peixoto/SP onde nasceu e os outros trs no municpio de So Carlos/SP.

Segundo conversas realizadas com a professora durante o perodo de estgio, ela parou de lecionar quando decidiu ter filho e s retornou no ano de 2001 quando comeou a lecionar em cargo efetivo na rede municipal de educao da cidade de So Carlos/sp. At o ano de 2007 lecionou apenas em uma escola, antigo CAIC Centro de Ateno Integral Criana, hoje chamada de Escola Municipal de Educao Bsica (EMEB) Afonso Fioca Vitalli. A partir do ano de 2008 passou a lecionar na EMEB Dalila Galli onde trabalha at a presente data.

A professora no pensa, no momento, em fazer pedagogia, entretanto gosta de lecionar para crianas da faixa etria do ciclo I, visto que lecionou geografia na rede estadual de So Carlos durante um ano e no gostou da experincia com adolescentes. Durante seu percurso ela fez alguns cursos de capacitao voltados para a alfabetizao e para o letramento. O curso mais significativo que a professora relata ter transformado sua prtica foi o PROFA Programa de Formao de Professores Alfabetizadores durante os anos de 2004 e 2005.

Durante o tempo que estagiei percebi que a professora uma profissional que busca subsdios para sua prtica pedaggica promovendo assim, uma aprendizagem mais significativa. Possui excelente domnio de classe. Em relao a sua postura, mostra-se tica, atenciosa com os alunos demonstrando ter autoridade sem ser autoritria, alm de se perceber sempre uma grande afetividade e respeito pelos educandos. Utiliza linguagem clara e objetiva ao relacionar-se com seus alunos. uma profissional comprometida e muito organizada, fazendo seus alunos perceberem que por meio desta organizao a rotina da sala flui com mais tranquilidade.

Em sua linha de trabalho procura desenvolver as habilidades cognitivas e afetivas das crianas. Constatou-se tambm que ela considera e respeita, muito, a realidade dos alunos, diversificando na medida do possvel as atividades propostas. Tambm mostrou-se muito disposta em auxiliar o estgio disponibilizando materiais usados por ela, como tambm oportunizando ver o planejamento do primeiro ano, bem como os livros didticos que compra no intuito de proporcionar aos seus alunos uma diversidade metodolgica e pedaggica.

2.3 As aprendizagens: relao entre teoria e prtica

A experincia de estgio no primeiro ano foi muito produtiva. Mesmo cumprindo metade da carga horria exigida, o que acredito j ser insuficiente, pude refletir sobre os processos de alfabetizao e letramento desencadeados nas relaes estabelecidas em sala de aula. Toda teoria que foi proposta no curso da disciplina, permitiu um olhar mais profundo em relao as hipteses de escrita e de leitura levantadas pelas crianas, bem como, as dificuldades e facilidades encontradas pela professora colaboradora nesse percurso.

A organizao da rotina e dos materiais so pontos fundamentais para a organizao da ao pedaggica. Constam em minhas observaes que:

[] o ambiente interno da sala de aula, acredito que tem muita informao nas paredes. um pouco desorganizado com alguns cartazes pendurados em pssimo estado. Na parte superior da lousa tem um alfabeto pendurado com a figura de umas bocas. Reparei que a professora sempre se recorre a ele quando tenta ensinar uma slaba para a criana que no sabe. Logo abaixo desse alfabeto tem uma tela retrtil para projeo pode ser um bom instrumento para se utilizar nas aulas j que a escola possui um projetor. Na parede do fundo as cortinas esto bem velhas e rasgadas. Algumas esto caindo e por isso no bloqueiam o sol atrapalhando um pouco os alunos enxergarem o contedo da lousa. (APNDICES: DIRIO DE CAMPO 02)

Vrios estudos apontam para as condies materiais e os recursos didtico-pedaggicos como ferramentas necessrias a uma aprendizagem de sucesso. Entretanto, muitos profissionais confundem a utilizao desses recursos com a sofisticao de materiais e do espao. Muitas vezes a elaborao e adaptao simples desses recursos trazem mais significados para uma aula: como o uso de um simples cartaz de papel no lugar de um projetor multimdia por exemplo. A escola deve oferecer criana a oportunidade de aprender num ambiente alfabetizador que est diretamente relacionado com a funo social da leitura e da escrita. Tais apontamentos forma feitos durante o estgio:

O que achei interessante foi um cartaz na parede do lado esquerdo onde esto escrito algumas metas propostas para o ano de 2013 com os alunos do primeiro ano como por exemplo: aprender a ler e escrever, aprender a letra cursiva, entre outras coisas. As carteiras das crianas ficam muito desorganizadas. Parece-me que elas no tem um lugar certo para sentar e isso me incomoda bastante, acredito que para alfabetizao um ambiente organizado, limpo e planejado ajuda na orientao que a criana precisa na hora de aprender. A lousa tambm muito alta para as crianas o que dificulta a participao delas nas atividades, principalmente nos momentos de socializao das hipteses. (APNDICES: DIRIO DE CAMPO 02)

Conversei muito com a professora colaboradora durante meu estgio. Percebi que ela ainda se sente muito insegura com relao a aprendizagem das crianas. Entretanto, a participao que me permitiu em suas aulas me ajudaram a compreender melhor como a criana pensa em relao a suas hipteses de escrita e de leitura. Descrevo de forma simples essa participao em todos meus dirios:

A professora da turma me pediu para que ajudasse na correo da tarefa individualmente com as duplas. A atividade consistia em colocar a vogal que estava faltando. Nesse momento eu fiz algumas perguntas para as crianas para que refletissem acerca das palavras que tinham errado, assim algumas crianas apagaram e corrigiram o que haviam errado. (APNDICES: DIRIO DE CAMPO 02)

O que se confirma tambm no trecho recortado de outro dirio:

[] A professora pediu para eu ajudar as crianas a preencherem o calendrio. Atendi prontamente ajudando as crianas a pintarem o dia de hoje com o lpis de cor azul. A professora pede para os alunos pintarem os dias de aula de azul e os dias que no tem aula de vermelho. Assim as crianas j identificam os dias do ms correspondendo com os dias da semana que tem aula. Depois fui lousa para fazer as linhas em que a professora escreveu o cabealho enquanto ela conversava com uma me de aluno na porta. A professora elogiou a organizao das minhas linhas na lousa, pois eu procurei ser fiel as pautas do caderno das crianas. Reparei que normalmente ela no faz esse tipo de coisa. A organizao da lousa de forma que os alunos se identifiquem com o caderno facilita a orientao na hora de escrever, por isso acho muito importante, no incio da alfabetizao a lousa ser organizada de forma a se aproximar o mximo com a estrutura do caderno dos alunos.(APNDICES: DIRIO DE CAMPO 03)

Alfabetizar mais que decodificar. Ao invs da clssica pergunta: como se deve ensinar a escrever, Emlia Ferreiro pergunta como algum aprende a ler e escrever independente do ensino.

Nas teorias desenvolvidas por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky o processo de aprender desloca-se para o ato de aprender por meio da construo de conhecimento que realizado pelo educando que passa ser visto como agente e no como ser passivo que recebe e absorve o que foi "ensinado".

Nos trabalhos desenvolvidos por Ferreiro, os conceitos de prontido, imaturidade, habilidades motoras deixam de ter sentido isoladamente como costumam ser trabalhados. Estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos, so importantes, mas vinculados ao contexto da realidade sociocultural dos alunos.

Para Ferreiro, "hoje a perspectiva construtivista considera a interao de todos eles, numa viso poltica, integral, para explicar a aprendizagem".

Durante o processo de alfabetizao o aluno se encontra em diferente nveis que vo ocorrendo durante a construo e que assumem importante papel porque a interao entre eles fator de suma importncia para o desenvolvimento do processo. Os diferentes nveis explicam os diferentes ritmos e as diferenas individuais de cada aluno.

Segundo Ferreiro e Teberosky (1986) esses nveis se compe da seguinte forma:

1) Nvel Pr-Silbico no se busca correspondncia com o som; as hipteses das crianas so estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. Nesse nvel a criana tenta: diferenciar entre desenho e escrita; utilizar no mnimo duas ou trs letras para poder escrever palavras reproduzir os traos da escrita, de acordo com seu contato com as forma grficas, escolhendo a que mais familiar para usar nas suas hipteses de escrita.

2) Nvel Silbico pode ser dividido entre Silbico e Silbico Alfabtico: Silbico a criana compreende que as diferenas na representao escrita est relacionada com o "som" das palavras, oque a leva a sentir a necessidade de usar uma forma grfica para cada som. Utiliza os smbolos grficos de foram aleatria, usando apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o nmero de slabas das palavras.

Outro aspecto relevante a ser considerado em minhas anlises e observaes quanto a prtica docente o momento para a leitura inicial. A leitura feita pelo professor garante que a criana, mesmo sem saber ler ou escrever, construa mecanismos para tornar-se um compete tente leitor. atravs dessa leitura que as crianas passam a identificar as diferentes formas e entonaes dadas a leitura, dimensionando um mundo que ainda desconhece. Recortei de alguns dirios esses momentos para ilustrar um pouco da prtica observada que aqui est sendo descrita:

Depois da tarefa corrigida a professora fez a leitura inicial do livro A Zeropia de Herbert de Souza discutindo logo em seguida o contexto da histria e suas implicaes morais. Em conversa com as crianas a professora discutiu sobre ouvir as pessoas, fazer o que se tem vontade, dar palpite na vida dos outros e questes relacionadas a identidade de cada indivduo. A atividade demorou aproximadamente uma aula.(APNDICES: DIRIO DE CAMPO 02)

Em outro trecho trago o recorte ressaltando a importncia do debate, que a professora realizava com as crianas, aps a leitura inicial:

[] a professora fez a leitura inicial do livro O Pssaro sem Cor de Lus Norberto Pscoal. O livro conta a histria de uma pssaro que no tinha cor e por isso no era muito popular na floresta. Conforme o pssaro ajudava os seres da floresta com os problemas do dia a dia ia ganhando cores at ficar totalmente colorido ao final da histria. O livro muito interessante para trabalhar com questes de tica, cidadania e solidariedade. Depois da leitura a professora fez uma roda de conversa com as crianas buscando abordar o aspecto da solidadriedade com o prximo, que ajudar os colegas com suas dificuldades nos deixa mais coloridos assim como o pssaro e ficamos mais felizes.(APNDICES: DIRIO DE CAMPO 03)

A regncia permitiu uma maior aproximao com as aprendizagens dos alunos e com a reflexo sobre a teoria aprendida na universidade e a prtica de uma sala de aula. No trecho recortado do ltimo dirio de campo isso se revela:

Enquanto as crianas foram realizando a atividade, a vanda, a professora da turma, a supervisora de estagio e eu passamos pelas duplas fazendo intervenes acerca das hipteses de escritas dos alunos. Para algumas duplas foi difcil a escrita da brincadeira, ento a professora da turma props a escrita do no nome de um brinquedo. Foi muito interessante observar como as crianas pensam a escrita. Alguns alunos se apoiaram nos cartazes pendurados na sala, entre eles o texto instrucional da brincadeira Corre Cutia que produzimos anteriormente, para escreverem as brincadeiras na tabela.(APNDICES: DIRIO DE CAMPO 07)

A aprendizagem proporcionada pelo estgio e pela conexo da teoria com a prtica permitiu uma nova identidade com a prtica docente e com o compromisso por uma educao e uma alfabetizao com maior qualidade nas escolas pblicas.

2.4 Um caso de ensino

Durante o estgio passei a observar um aluno que tinha muita dificuldade em associar a escrita das palavras com a quantidade de letras necessrias e sua representao com o nome das coisas. O aluno misturava letras com nmeros em quantidades que ele jugava necessria de acordo com o tamanho do objeto, conforme exemplificado abaixo:

QCFOP4355PJHJD46KHSOPFHFU TRG4

Esse estgio compreendido no nvel pr silbico. O fato da criana j reconhecer que a escrita representa algo ou alguma coisa. Neste estgio a criana comea a discriminar o nmero de letras a partir da dimenso do objeto de escrita. A escrita de uma criana que se utiliza de muitas letras para escrever a palavra BOI e poucas letras para escrever PERNILONGO.

Geralmente no nvel pr silbico as crianas utilizam-se de letras, nmeros e desenhos tem algum significado para elas, ento comum usarem as letras do no nome e o nmero da sua idade para se apoiarem nessa escrita.

Segundo o Guia de Planejamento e Orientaes Didticas do Professor Alfabetizador I ano (Ler e Escrever) nessa fase inicial da alfabetizao preciso criar situaes didticas que favoream a alfabetizao dos alunos nesse estgio. Escrever os nomes dos colegas da classe pode ser uma boa situao de aprendizagem. O apoio na escrita de listas, na leitura de cantigas e material escrito que faa parte do universo das crianas nesse nvel tornam-se tambm timas condies didticas para a evoluo nas hipteses dessas crianas.

Nesse momento esses alunos necessitam de muita ateno do professor para fazer a mediao entre esses processos e formular novas hipteses sobre a escrita, para isso se faz necessrio boas intervenes e questionamentos que levem as crianas com dificuldades a confrontar e refletir sobre seus conhecimentos. Criar agrupamentos produtivos uma tima ferramenta para auxiliar o professor nessa tarefa.CONSIDERAES FINAIS

Primeiramente necessrio considerar que alfabetizar no uma tarefa fcil. Entender como a criana pensa a leitura e a escrita para ajud-la nesse processo de construo uma atividade que exige muita reflexo sobre as prticas e sobre os mtodos adotados pelos professores alfabetizadores. Para tornar-se um bom professor alfabetizador necessrio entender as necessidades das crianas e buscar condies didticas para resolver os problemas que emergem nessa dimenso.

Durante o estgio busquei estabelecer um paralelo entre a teoria e a prtica para compreender de forma mais clara como se estabelecem os processos de aprendizagem da leitura e da escrita nas interaes sociais e nas situaes de aprendizagem produzidas no ambiente escolar. A aprendizagem que me proporcionou o estgio trouxe uma reflexo sobre minha atuao em sala de aula, visto que j atuo na docncia do ciclo I do Ensino Fundamental, proporcionando uma base mais resistente e trazendo confiana para iniciar uma prtica de alfabetizador no meu percurso como professor dos anos iniciais.

Contudo o estgio uma ferramenta indispensvel na formao inicial de professores e no aperfeioamento de prticas mais eficazes e eficientes no ensino da lngua materna. Atuar como estagirio uma experincia muita rica e dinmica do que de fato ser um professor.REFERENCIAS

CARVALHO, M. Alfabetizar e Letrar: um dilogo entre teoria e prtica. Petrpolis, RJ, Vozes, 2005.

FERREIRO, E. Alfabetizao e cultura escrita, entrevista concedida Denise Pellegrini. In. Nova Escola A revista do Professor. So Paulo, Abril, maio/2003.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicognese da lngua escrita. Traduo de Diana Myriam Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1985.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 11ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

SO PAULO.Guia de Planejamento e Orientaes Didticas: Professor Alfabetizador Iano. Ler e Escrever. 3 ed., So Paulo, 2012.

SOARES, M.. Alfabetizao e Letramento: caminhos e descaminhos.In. Revista Ptio n.29 fev/abr 2004.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. So Paulo, Martins Fontes, 1989.APNDICESDIRIO DE CAMPO 01So Carlos, 10 de abril de 2013 (quarta-feira)

Iniciei hoje meu estgio de alfabetizao e letramento na E.M.E.B. Professora Dalila Galli. A escola municipal e localiza-se no bairro Joquei Clube. A rua onde localiza-se a escola muito bem ampla, limpa e organizada, percebe-se que essa parte do bairro foi planejada. Ao lado direito da unidade encontra-se o Posto de Sade da Famlia e ao lado esquerdo uma unidade de Educao Infantil.

Durante meu trajeto at chegar a escola percebi que o bairro, no geral, teve um crescimento organizado entretanto encontramos ainda muitas casas em fase de acabamento. Observei muito lixo jogado nas guias das ruas e duas praas com parquinhos infantis abandonadas em meio ao mato alto e grama sem aparar. O bairro conta com uma pequena estrutura de mercados de pequeno porte, padarias e uma papelaria em frente a escola. Conversando com uma moradora do bairro descobri que a populao sente falta de uma farmcia e de um centro comunitrio que j est em construo num terreno prximo a escola.

A E.M.E.B. Professora Dalila Galli uma instituio de referencia para a comunidade, pois a maioria das crianas e adolescentes estudam na unidade em perodos regulares e/ou participam de projetos em perodos contrrios. Cheguei na escola por volta das 6h45min e observei que em sua maioria os alunos vo para escola a p na companhia dos colegas ou de irmos mais velhos que estudam no mesmo lugar. Observei que praticamente 90% dos alunos estavam uniformizados e que a escola atende crianas do primeiro ao nono ano de escolarizao.

Na minha chegada fui recepcionado pela coordenadora pedaggica, que me apresentou a professora colaboradora do 1 ano Turma C. As turmas do primeiro ano ficam num bloco mais isolado do restante do prdio e tem at um porto exclusivo para a entrada das crianas. Percebe-se que essas salas foram construdas depois para atender uma demanda j que o padro da construo difere um pouco do restante do prdio. Em frente as salas localiza-se um pequeno parque infantil com brinquedos coletivos feitos em madeira. As crianas tem acesso ao restante do prdio por um pequeno porto de ferro.

Percebi que alguns pais deixam as crianas diretamente na sala de aula aps as 7 horas. No momento em que fui apresentado a professora, ela estava resolvendo um conflito com uma me que provavelmente aconteceu em dia anterior. Esperei uns minutinhos para conversar com a professora. O 1 ano C, conta com uma turma de 27 alunos dos quais cinco hoje estavam ausentes. Em conversa comigo a professora disse que seria melhor para ela que eu estagiasse na sexta-feira, porque as quartas ela j tem a rotina bem arrochada pelas aulas de Msica, Educao Fsica e uma aula especial ofertada pela coordenadora pedaggica. A professora disse tambm que adora os estagirios da UFSCar pois ajuda muito no desenvolvimento das atividades com as crianas em sala de aula e que ela gostaria de um estagirio em cada dia da semana, entretanto na quarta-feira j havia muitas pessoas para ajud-la nessa tarefa. Disse a professora que se fosse possvel trocaria o dia de estgio para sexta-feira.

A primeira aula das crianas foi de Educao Fsica com um professor que me disse ser aposentado e j ter mais de 30 anos de carreira. Falei para ele sobre minha admirao pela escola e ele disse que a escola era muito melhor e que havia sido abandonada pela gesto municipal anterior. No ptio as crianas fizeram exerccios de alongamento e aquecimento e duas crianas, um menino e uma menina, forma escolhidas para serem os professores mirins onde, aos comandos do professor, faziam os movimentos que eram imediatamente imitados pelo restante da turma.

Depois as crianas foram conduzidas at a quadra onde, sob as orientaes do professor, brincaram da brincadeira O gato e o rato. As crianas se divertiram muito, percebi que elas gostaram muito da atividade.

Quando os alunos voltaram para a sala de aula a professora da sala leu uma histria para as crianas. A histria era muito longa, percebi que as crianas ficaram um pouco cansadas, pois a leitura da professora ultrapassou os 15 minutos. Em seguida a professora fez uma atividade de preenchimento do calendrio e faz a chamada usando um cartaz de pregas e os crachs do nome de cada criana. A atividade consistia na proposta de identificar o nome dos colegas e colocar no cartaz de pregas. uma atividade interessante, entretanto poderia ter sido mais significativa se fosse de forma coletiva e se os nomes das crianas que haviam faltado estivessem presentes dentre o montante de crachs. Essa atividade tambm seria um timo momento para se trabalhar com as habilidades matemticas se a professora explorasse com as crianas o nmero de alunos presentes (meninos e meninas) e o nmero de alunos ausentes (meninos e meninas), poderia ser trabalhado com a adio e a subtrao desses nmeros, mesmo que fosse oralmente.

A atividade proposta posteriormente foi a cpia do cabealho. A maioria das crianas tiveram muita dificuldade para execut-la, percebi que algumas crianas no sabiam segurar o lpis e nem reconheciam as letras do alfabeto. Acredito que se no lugar do cabealho fosse trabalhado o nome dessas crianas ou at mesmo o nome da escola com o alfabeto mvel a atividade seria mais significativa para elas, pois da forma com que foi proposta muitas crianas desistiram pelo alto grau de dificuldade que tiveram.

Em seguida as crianas foram para o recreio, onde se alimentaram e brincaram livremente pelo ptio da escola. Ao trmino do intervalo as crianas assistiram a uma palestra com os profissionais de sade do PSF sobre alimentao saudvel, higiene pessoal e atividades fsicas. Aps a palestra os alunos voltaram para a sala onde tiveram uma aula bem legal sobre slidos geomtricos com a coordenadora pedaggica. A coordenadora distribuiu vrios tipos de sucatas para as crianas que sentaram em crculo ao fundo da sala. Ela explorou o tipo de material que era feito cada objeto e depois foi pedindo aos alunos que agrupassem esses objetos de acordo com suas caractersticas. No fim a coordenadora disse o nome de cada grupo as crianas fazendo relaes com suas faces e com conhecimentos que as crianas j possuam sobre o assunto. Um dos alunos foi excludo da atividade porque estava brincando com a bolinha de gude que era seu objeto. Acredito que essa no seria a melhor sada, mas se no lugar de ter excludo o aluno a coordenadora tivesse trocado seu objeto talvez teria dado mais resultados e o aluno continuaria participando da atividade.

As crianas desfrutaram depois de uma aula de msica. O professor de msica props a apreciao de um vdeo contando a histria de Beethoven. Percebi que as crianas ficaram entediadas e comearam a dispersar, pois o vdeo era muito longo. De repente se o professor falasse apenas de Beethoven e de msica clssica oralmente com as crianas e depois colocasse uma das sinfonias do msico para que eles conhecessem e propusesse uma atividade na qual as crianas deveriam criar a sua prpria sinfonia utilizando materiais alternativos seria mais significativo para elas.

Assim meu estgio termina s 11 horas desta manh. Senti falta da exposio de uma rotina para as crianas. Instrumento que favorece a organizao no tempo, espao, materiais, alm de ser uma ferramenta significativa para o trabalho com a alfabetizao.

DIRIO DE CAMPO 02So Carlos, 29 de abril de 2013 (segunda-feira)

Cheguei na escola por volta das 7h para mais um dia de estgio. No incio da aula ajudei os alunos a preencherem o calendrio a pedidos da professora da turma. Em seguida ajudei na chamada com a contagem dos crachs dos nomes. Depois a professora fez o cabealho na lousa com a ajuda das crianas e colocou meu nome dizendo para os alunos que eu tambm fao parte da turma. As crianas copiaram o cabealho e demoraram um pouco.

A professora da turma me pediu para que ajudasse na correo da tarefa individualmente com as duplas. A atividade consistia em colocar a vogal que estava faltando. Nesse momento eu fiz algumas perguntas para as crianas para que refletissem acerca das palavras que tinham errado, assim algumas crianas apagaram e corrigiram o que haviam errado.

Depois da tarefa corrigida a professora fez a leitura inicial do livro A Zeropia de Herbert de Souza discutindo logo em seguida o contexto da histria e suas implicaes morais. Em conversa com as crianas a professora discutiu sobre ouvir as pessoas, fazer o que se tem vontade, dar palpite na vida dos outros e questes relacionadas a identidade de cada indivduo. A atividade demorou aproximadamente uma aula.

Como proposta de atividade a professora pediu aos alunos que a ajudassem a escrever os nomes dos personagens da histria. Os alunos ditavam e a professora escrevia na lousa ao passo que fazia questionamentos sobre a escrita dessas palavras. Em seguida pediu para as crianas desenharem a Zeropia, personagem principal, no caderno e copiassem a lista das personagens.

Depois do intervalo a professora props aos alunos uma atividade em que tiveram que escrever o nome de alguns brinquedos. Essa atividade, conforme me explicou a professora, estava adequada de acordo com as hipteses silbicas das crianas: para os alfabticos e silbico-alfabticos ela deixou os campos em branco para que os alunos, distribudos em duplas produtivas, colocassem o nome dos brinquedos. Para os alunos silbicos com valor e sem valor sonoro a atividade consistia em colocar apenas a letras que estavam faltando e para os pr silbicos a escrita do nome dos brinquedos era com o apoio do banco de dados. Gostei muito da atividade pois todos alunos fizeram e se empenharam. Acompanhei alguns alunos e percebi que as duplas realmente discutiam sobre suas hipteses de como escreveriam o nome do brinquedo.

Depois de finalizada a atividade fomos para a biblioteca onde os alunos deveriam trocar os livros que levaram para a casa. Uma vez por semana as crianas pegam livros na biblioteca para lerem em casa. Desta vez os alunos no puderam levar livros novos porque o sistema no funcionava. As crianas ficaram muito tristes por no levar o livro, pois agora s pegariam livros na outra semana.

Quando voltamos para sala de aula a professora distribuiu uma atividade para as crianas que foi realizada coletivamente. O objetivo da atividade era colocar as vogais que estavam faltando no incio e no fim de cada palavra que representava o desenho de um objeto.no haviam terminado quando saram para o almoo as 11h.

Tenho reparado o ambiente interno da sala de aula, acredito que tem muita informao nas paredes. um pouco desorganizado com alguns cartazes pendurados em pssimo estado. Na parte superior da lousa tem um alfabeto pendurado com a figura de umas bocas. Reparei que a professora sempre se recorre a ele quando tenta ensinar uma slaba para a criana que no sabe. Logo abaixo desse alfabeto tem uma tela retrtil para projeo pode ser um bom instrumento para se utilizar nas aulas j que a escola possui um projetor. Na parede do fundo as cortinas esto bem velhas e rasgadas. Algumas esto caindo e por isso no bloqueiam o sol atrapalhando um pouco os alunos enxergarem o contedo da lousa.

O que achei interessante foi um cartaz na parede do lado esquerdo onde esto escrito algumas metas propostas para o ano de 2013 com os alunos do primeiro ano como por exemplo: aprender a ler e escrever, aprender a letra cursiva, entre outras coisas. As carteiras das crianas ficam muito desorganizadas. Parece-me que elas no tem um lugar certo para sentar e isso me incomoda bastante, acredito que para alfabetizao um ambiente organizado, limpo e planejado ajuda na orientao que a criana precisa na hora de aprender. A lousa tambm muito alta para as crianas o que dificulta a participao delas nas atividades, principalmente nos momentos de socializao das hipteses.

DIRIO DE CAMPO 03So Carlos, 03 de maio de 2013 (sexta-feira)

Hoje cheguei na escola por volta das 7h. Na entrada as crianas j vieram correndo e me abraaram. Foi uma recepo bastante calorosa. A professora pediu para eu ajudar as crianas a preencherem o calendrio. Atendi prontamente ajudando as crianas a pintarem o dia de hoje com o lpis de cor azul. A professora pede para os alunos pintarem os dias de aula de azul e os dias que no tem aula de vermelho. Assim as crianas j identificam os dias do ms correspondendo com os dias da semana que tem aula. Depois fui lousa para fazer as linhas em que a professora escreveu o cabealho enquanto ela conversava com uma me de aluno na porta. A professora elogiou a organizao das minhas linhas na lousa, pois eu procurei ser fiel as pautas do caderno das crianas. Reparei que normalmente ela no faz esse tipo de coisa. A organizao da lousa de forma que os alunos se identifiquem com o caderno facilita a orientao na hora de escrever, por isso acho muito importante, no incio da alfabetizao a lousa ser organizada de forma a se aproximar o mximo com a estrutura do caderno dos alunos.

A professora ento, fez o cabealho com a ajuda das crianas e colocou mais uma vez meu nome. Depois a professora pediu que eu fizesse a chamada com as crianas usando os crachs. Gostei muito das iniciativas da professora, pois ela faz com que coloquemos a mo na massa o que ajuda bastante a aquisio da prtica pedaggica. O controle e o manejo da turma tambm so importantes nesse processo, mas percebo que h uma recorrncia na desorganizao das atividades na sala. As crianas levantam o tempo todo, brincam com os colegas e atrapalham os que ainda esto fazendo a atividade. Percebo que normalmente so os alunos que terminam primeiro e ficam sem ter o que fazer nesse perodo. Por vrias vezes a professora reclamou sobre essa situao, ento sugeri a ela que preparasse algumas atividades que complementassem a proposta da aula, assim os alunos que terminassem primeiro deveriam fazer mais uma atividade at que todos terminassem. Outra sugesto que dei foi a possibilidade de adaptar as atividades s hipteses de escrita das crianas, assim as que tem mais dificuldade poderiam acompanhar os que j dominam a escrita. No caso do cabealho disse que poderia digitar e simplificar algumas informaes para os alunos com maior dificuldade, deixando lacunas para eles preencherem.

Depois a professora fez a leitura inicial do livro O Pssaro sem Cor de Lus Norberto Pscoal. O livro conta a histria de uma pssaro que no tinha cor e por isso no era muito popular na floresta. Conforme o pssaro ajudava os seres da floresta com os problemas do dia a dia ia ganhando cores at ficar totalmente colorido ao final da histria. O livro muito interessante para trabalhar com questes de tica, cidadania e solidariedade. Depois da leitura a professora fez uma roda de conversa com as crianas buscando abordar o aspecto da solidadriedade com o prximo, que ajudar os colegas com suas dificuldades nos deixa mais coloridos assim como o pssaro e ficamos mais felizes.

Em seguida a professora colocou na lousa um esquema para explicar a formao da famlia silbica da letra P. O esquema era parecido com a figura abaixo:

Depois de feito o esquema na lousa com a ajuda das crianas e recorrendo a todo momento a tcnica do movimento da boca expressa no alfabeto fixado acima da lousa, a professora distribuiu uma folhinha com algumas gravuras para que as crianas colocassem a slaba que estava faltando, nesse caso da famlia silbica do P. eu passei em algumas duplas para auxili-las. Os alunos demoraram um pouco nessa atividade, mas concluram. Alguns alunos no se interessaram muito para fazer, foi o que percebi.

Depois do intervalo a professora props aos alunos que escrevessem a msica Atirei o Pau no Gato usando slabas mveis. As crianas que terminaram primeiro ela pediu que copiassem no caderno e depois que fizessem o desenho. Eu procurei auxiliar uma dupla que estava com muita dificuldade. No geral as crianas gostaram mais dessa atividade do que da anterior. Algumas crianas no haviam acabado quando foram para o almoo.

Hoje resolvia acompanhar as crianas no almoo para ver como se comportam. Elas utilizam o sistema de self-service e pegam a comida sozinhas. Algumas crianas parecem ainda no estarem habituadas com essa prtica e tem muita dificuldade coordenao de segurar o prato e pegar o alimento nas cubas. O muito interessante que sempre tem algum para ajud-los, hoje foi uma educadora alimentar (anteriormente chamada de merendeira) quem fez esse trabalho. Ao passo que ajudava as crianas ela ia incentivando-as a pegarem os alimentos que eles mais rejeitavam, que se tratavam dos refogados.

Na sala de aula a professora explicou a atividade de tarefa para casa que as crianas deveriam fazer. Distribuiu alguns panfletos de supermercado e revistas e pediu para as crianas recortarem as slabas e colassem de forma que escrevessem dez palavras que tivessem a famlia silbica da letra P fosse no incio, meio ou final de cada uma delas. Enquanto a professora explicava os alunos que no haviam terminado, puderam concluir a atividade anterior.

DIRIO DE CAMPO 04So Carlos, 06 de maio de 2013 (segunda-feira)

Hoje cheguei na escola por volta de 6h50min. As crianas me receberam com muito carinho e mais uma vez a professora estava ocupada conversando com pais de alunos na porta. As crianas dos primeiros anos entram por um porto exclusivo que d acesso diretamente entrada das salas de aula, talvez isso o que contribui para os pais estarem sempre conversando com a professora nesse momento. Acredito que isso muito bom, pois aproxima a professora dos pais dos alunos e os problemas podem ser resolvidos e esclarecidos mais rapidamente, entretanto no certo deixar as crianas esperando na sala sozinhas e sem nenhuma atividade para fazer. Hoje a coordenadora estava junto com a professora conversando com uma me sobre o problema de um aluno que no procurei saber detalhes.

Enquanto a professora conversava eu entrei e pedi aos alunos que abrissem o caderno e j fossem preenchendo o calendrio. Enquanto isso fui at a lousa e j organizei as linhas para fazer o cabealho. Como a professora me autorizou fiz a chamada e, em seguida, j elaborei o cabealho com as crianas, eles forma ditando enquanto eu escrevia na lousa. Depois os alunos copiaram o que eu escrevi em seus cadernos.

A professora fez a leitura inicial do conto Gaspar eu caio de Ricardo de Azevedo. As crianas adoraram a histria contada pela professora e prestaram muita ateno. Depois a professora conversou um pouco com as crianas sobre medo e sustos e perguntou se alguma delas j haviam tomado um susto muito grande. Nesse momento todas as crianas queriam falar e a professora pediu que levantassem a mo e contassem um por vez. Em seguida ela pediu para as crianas elegerem a melhor histria. As crianas escolheram a histria de um colega que a professora escreveu na lousa com ajuda do ditado das crianas. Depois os alunos copiaram a histria do colega no caderno e fizeram uma ilustrao. Gostei muito da atividade da professora, mas achei um pouco cansativa pois demorou muito. Algumas crianas ficaram um pouco entediadas e comearam a fazer baguna atrapalhando os colegas. Acredito que se fosse escrito num cartaz em vrios trechos e depois que as crianas divididas em grupos desenhassem a ilustrao de cada trecho seria mais interessante. Ao final poderia at ser fixado nas paredes externas da sala de aula para a apreciao dos pais.

Aps o intervalo dos alunos a professora props que eles escrevessem o nome de dez coisas que assustavam ou que causassem medo. Para os alunos pr silbicos a professora deu um folheto com algumas gravuras faltando as vogais para eles completarem, para os silbicos faltando algumas letras e para os alfabticos em branco para eles escreverem sozinhos. Terminada a atividade os alunos deveriam fazer a lista dos melhores amigos no caderno. Os alunos pr silbicos escreveram alguns nomes em grupo com alguns alunos na hiptese silbica com valor usando o alfabeto mvel como apoio. Neste momento eu auxiliei a escrita do grupo.

Aprendi muito sobre como as crianas pensam a leitura e a escrita hoje, entretanto o mais significante foi pensar sobre atividade mais prazerosas para que as crianas nessa faixa etria fiquem motivadas a ler e a escrever. Fui embora as 11h e as crianas ainda no haviam terminado a atividade.

DIRIO DE CAMPO 05So Carlos, 17 de maio de 2013 (sexta-feira)

Hoje cheguei na escola por volta de 6h45m para instalar os equipamentos necessrios minha docncia. As crianas ficaram muito felizes quando eu cheguei e foram logo me abraando e perguntando se eu que daria aula hoje. J criei laos afetivos com os alunos o que me d mais segurana para ministrar uma regncia a essa altura. A professora da turma tambm ficou muito entusiasmada com a minha chegada, pois foi ela quem sugeriu que eu usasse os recursos tecnolgicos para realiz-la.

Montei o projetor, o computador e as caixas de som. Em seguida fiz a leitura do livro Marcelo, Marmelo, Martelo de Ruth Rocha como leitura inicial. Depois foi necessrio discutir com as crianas sobre o nome dos objetos. Nesse debate levantamos outros nomes que poderiam ser dados as coisas: escrevedor no lugar de lpis, apagador para a borracha, ensinadora para a professora. Surgiram vrias sugestes e, por fim, expliquei que tudo tinha nome porque se no tivesse seria uma confuso, as pessoas no conseguiriam se comunicar e por isso o nome da maioria das coisas padronizado dentro da lngua de cada pas, logo no podemos fazer como Marcelo que dava outros nomes para os objetos. As crianas divertiram-se bastante com a leitura e com a possibilidade de inventar nomes para as coisas.

Depois da leitura fiz a chamada com as crianas. Para isso peguei os crachs dos alunos e misturei na mesa da professora. Chamei uma criana por vez para retirar um crach. As meninas deveriam pegar o crach de um menino e os meninos de uma menina. Posteriormente deveriam falar se o dono do crach havia faltado aula. Quando os alunos erravam a turma ajudava coletivamente ou o dono do crach auxiliava o colega. As crianas gostaram muito da atividade. Todos participaram, apenas dois alunos tiveram maior dificuldade mas deixei o tempo necessrio para que eles obtivessem sucesso na atividade.

Para que as crianas se organizassem e soubessem o que aconteceria coloquei a rotina na lousa e pedi que eles copiassem no caderno. Conforme as atividades se encerravam eu pedia a eles para marcar com um pequeno x ao lado. Assim os alunos ficaram sabendo do aconteceriam durante minha regncia.

Na atividade do jogo da forca chamei aluno por aluno para ir ao computador digitar o nome das figuras que apareciam projetadas no telo da parede. Os alunos adoraram a atividade. Os alunos que tinham dificuldade pediam ajuda aos colegas que prontamente ajudavam. Entretanto fiz algumas intervenes para que os alunos refletissem sobre a escrita das palavras como:

1. Tem alguma letra ou slaba dessa figura no seu nome?

2. Comea com a letra do nome de algum colega?

3. Tem algum objeto que voc conhece o nome que parece com o nome dessa figura?

A professora tambm fez algumas intervenes enquanto a turma jogava. Os alunos foram vrias vezes ao computador at o momento do recreio. Depois do intervalo conversamos um pouco sobre a atividade o que acharam, se aprenderam alguma palavra nova e se j conheciam alguma daquelas palavras. As figuras apresentadas no jogo eram de alimentos, animais, objetos domsticos, materiais escolares, brinquedos, roupas, objetos pessoais e profissionais, entre outros. A maioria das crianas j conheciam as palavras porque a professora j trabalhou muito com algumas listas para apoiar a escrita das crianas.

Aps a conversa pedi para cada dupla de alunos desenhar e escrever, espontaneamente, uma das palavras que viram no jogo da forca. Os alunos com maior dificuldade receberam intervenes minhas e da professora. Depois dessa atividade propus aos alunos, a pedidos da professora, que me ajudassem a escrever uma lista, coletivamente, na lousa com o nome dos itens e alimentos que eram servidas na merenda da escola. Escrevemos doze nomes: arroz, feijo, macarro, frango, carne, salsicha, batata, cenoura, alface, beterraba, ma e suco de goiaba. Depois a professora pediu que eles copiassem no caderno. Os alunos no haviam concludo a cpia quando forma para o almoo e fui embora.

A experincia de ministrar uma regncia antes da avaliativa me trouxe um pouco mais na preparao do plano de aula avaliativo. Sentir a turma numa regncia importante para organizar e otimizar o tempo. Acredito que foi um sucesso minha regncia, pois foi dentro do tempo previsto e as crianas puderam refletir um pouco mais sobre a leitura e a escrita.

DIRIO DE CAMPO 06So Carlos, 24 de maio de 2013 (sexta-feira)

Hoje cheguei por volta das 7h. A professora estava atendendo alguns pais na porta da sala, por isso fui entrando e conversando com as crianas que esperavam dentro da sala. As crianas sempre ficam muito felizes em me ver, perguntaram se era eu quem daria aula novamente. Eu disse a elas que eu apenas ajudaria a professora, mas que na prxima vez a Vanda e eu daramos aula para eles. Eles ficaram muito contentes.

A professora me pediu que fizesse a leitura inicial para as crianas enquanto ela atendia os pais. Aproveitei para ler um livro que eu havia levado: O Monstro debaixo da Cama de Adriano Messias e ilustrado por Rubem Filho. O livro conta a histria de Henrique, um menino de aproximadamente quatro a nos de idade, que tinha certeza que embaixo da sua cama havia um monstro pavoroso, desses bem gosmentos e melequentos. O problema era que ningum acreditava nele, nem mesmo a me que s dava ateno para seu irmozinho mais novo que acabara de nascer. Mas um dia o garoto tomou coragem e resolveu enfrentar seu monstro e caiu num universo de grandes aventuras dentro da literatura.

Aps a leitura conversei com as crianas sobre os nossos monstros embaixo da cama, disse que todos temos medos de vrias coisas e nem sempre as pessoas esto prontas para nos ajudar, ento precisamos criar coragem e enfrent-los sozinhos. Eu disse que j havia enfrentado vrios monstros e ainda precisava enfrentar outros. Alguns alunos falaram que j haviam enfrentado monstros do armrio e o bicho papo. Eu disse a eles que os monstros de que eu falava eram nossos problemas e que precisamos encar-los de frente e ter fora e coragem para resolv-los, como o problema de no saber ler ou escrever, por exemplo. As vezes ns quem transformamos nossos problemas em grandes monstros.

Em seguida pedi as crianas para pintarem no calendrio, que estava afixado no caderno, o dia 24. Depois fizemos o cabealho coletivamente, onde eu atuava como o escriba. As crianas copiavam o cabealho no caderno, enquanto a professora chamava os alunos para pegarem os crachs dos colegas para a chamada. Tenho notado um grande avano na turma, alunos que no identificavam os nomes dos colegas j esto encontrando mais facilmente os crachs. A professora pedia aos alunos que tinham dificuldade para falar o som da letra e identificar, pelo movimento da boca, no alfabeto fixado na parede a letra correspondente. Mesmo assim um aluno no conseguiu acertar a letra, mas ele sabia de quem era o crach do nome, talvez por j ter memorizado o nome do colega.

Depois da chamada a professora props aos alunos que escrevessem, em duplas, uma lista dos objetos do material escolar. Enquanto escreviam, a professora e eu passvamos pelas duplas fazendo intervenes para desencadear um processo de reflexo sobre a escrita. Trs duplas terminaram muito rpido a atividade e acabaram tumultuando um pouco a alua, ento a professora pediu para que eles desenhassem os objetos que tinham escrito no caderno. Duas duplas demoraram muito, tiveram muita dificuldade para escrever, eu fiquei o tempo todo dando um suporte para essas duplas. Disse para a professora que seria interessante usar o alfabeto mvel com esses alunos. Ela disse que sim, mas eles precisavam treinar a escrita no caderno porque se no fizessem no aprenderiam a escrever no caderno.

As crianas foram almoar. No refeitrio as crianas tem autonomia para pegarem a comida na quantidade que escolherem. Percebi que a maioria no gosta de refogados e no existe nenhum trabalho de educao alimentar que incentive as crianas a adotarem hbitos alimentares saudveis. Talvez iniciar um pequeno projeto sobre o tema desencadearia significativas situaes de alfabetizao. Conversei com a professora sobre o assunto e ela achou muito interessante, disse que pensaria em alguma coisa com a coordenadora pedaggica.

Quando voltamos para sala de aula a professora props aos alunos que escrevessem um bilhete coletivamente sobre a arrecadao de prendas para a festa junina da escola tendo ela como a escriba. As crianas foram ditando para a professora e ela escrevendo na lousa. Quando terminou a professora pediu que copiassem no caderno e mostrassem aos pais para darem cincia. Duas duplas no participaram dessa atividade, pois estavam terminando a atividade anterior. Eu ajudei as duplas que estavam atrasadas a terminar a atividade e logo eles forma copiar o bilhete da lousa.

Acredito que as crianas copiam muita coisa da lousa no caderno. Penso que seria interessante se elas fizessem cpias mais significativas como foi a do bilhete, que teve uma finalidade social. Trabalhar com escritas espontneas e escritas de cantigas e parlendas de memria traria mais prazer para a criana na hora de escrever e trabalharia com mais habilidades do que simplesmente copiar o cabealho. As escritas espontneas e de memria desencadeiam um processo de reflexo que ajudam as crianas a evolurem nas suas hipteses.

Tenho aprendido muito com o estgio. A professora adota algumas prticas muito significativas para o desenvolvimento da leitura e da escrita pelas crianas, entretanto algumas eu modificaria e faria de uma outra forma.

DIRIO DE CAMPO 07So Carlos 06 de junho de 2013 (quinta-feira)

Hoje cheguei na escola por volta das 6h40min, pois foi o dia da regncia avaliativa. Como combinado com a professora anteriormente a Vando e eu aplicamos a regncia de quatro aulas detalhadas no plano. Primeiramente conversamos com as crianas sobre o que aconteceria durante o perodo e, em seguida, colocamos a rotina na lousa para as crianas se organizarem quanto ao tempo e as atividades propostas.

As crianas completaram o calendrio em seus cadernos e depois fizemos a chamada usando os crachs com o nome. Conversamos com as crianas sobre as regras da brincadeira Corre Cutia, visto que esta j faz parte do universo das aulas de Educao Fsica. Os alunos explicaram como eles brincavam e quais materiais eram necessrios. Depois fomos at o ptio da frente onde brincamos com a brincadeira. Brincamos de forma que todas as crianas participassem e depois fizemos uma roda de conversa falando sobre o regionalismo na letra da msica da brincadeira. As crianas conheciam outras variveis e ns tambm mostramos outros jeitos de se cantar. Explicamos que cada lugar tem modos diferentes de se brincar uma mesma brincadeira e que isso faz parte da cultura de cada local.

Depois de j realizada a brincadeira voltamos para sala de aula onde a proposta foi a escrita coletiva de um texto instrucional explicando como se brincava de Corre Cutia. Nesta atividade procuramos abordar a escrita do nome da brincadeira, a quantidade de participantes, os materiais necessrios e as regras da brincadeira. As crianas participaram ativamente da escrita enquanto ora a Vanda, ora eu ramos os escribas. O texto foi registrado num cartaz que foi fixado na parede para que as crianas se apoiassem nessa escrita para escrever novas palavras, textos, e fazer novos registros. Enquanto escrevamos o texto no cartaz, perguntvamos s crianas se algum sabia como se escrevia a palavra, ou com que letra comeava. Fizemos vrias intervenes com questionamentos que fizeram as crianas refletirem sobre a escrita das palavras e do texto. Tambm fizemos alguns questionamentos sobre o texto instrucional, para que serviam e quando usvamos esse tipo de texto. Perguntamos se eles conheciam textos como esses e alguns alunos responderam: receitas e bula de remdio. No foi difcil a compreenso dos alunos porque a professora j havia trabalhado com esse gnero textual na sala de aula.

Terminada a atividade iniciamos outra s que dessa vez de leitura. Colocamos um cartaz com a letra da msica da cantiga na lousa e com o apoio de uma vareta cantamos coletivamente com as crianas a letra da msica. Em seguida pedimos para os alunos identificarem onde estavam escritas as palavras, conforme ditamos, no cartaz. Os alunos apontavam a palavra no cartaz e depois circulava com um canto hidro cor. Fizemos alguns questionamentos aos alunos que tinham maior dificuldade na inteno de faz-los refletirem sobre a escrita dessas palavras. Em ltimo caso os alunos da turma ajudavam o colega.

A atividade foi muito produtiva porque para os alunos em hiptese prxima da alfabtica procuramos ditar os verbos da msica e para os outros os substantivos. A ausncia de uma parede limpa (sem objetos fixados) dificultou um pouco a atividade, pois a lousa era alta e atrapalhou um pouco as crianas na hora de identificar as palavras e contorn-las. Mesmo assim foi possvel ter sucesso na atividade. Nesta atividade tivemos a presena da nossa supervisora de estgio que observou os encaminhamentos feitos por ns e a participao das crianas.

Para finalizar a nossa regncia propomos uma atividade de escrita espontnea que consistiu de uma tabela, onde de um lado as crianas desenhavam a brincadeira que eles j conheciam e do outro lado elas escreviam como sabiam o nome dessas brincadeiras. Distribumos as folhas contendo a atividade para as crianas e explicamos como seria feito. Como as crianas j estavam agrupas produtivamente em duplas pedimos para que os alunos discutissem com os colegas das duplas sobre suas dvidas.

Enquanto as crianas foram realizando a atividade, a vanda, a professora da turma, a supervisora de estagio e eu passamos pelas duplas fazendo intervenes acerca das hipteses de escritas dos alunos. Para algumas duplas foi difcil a escrita da brincadeira, ento a professora da turma props a escrita do no nome de um brinquedo. Foi muito interessante observar como as crianas pensam a escrita. Alguns alunos se apoiaram nos cartazes pendurados na sala, entre eles o texto instrucional da brincadeira Corre Cutia que produzimos anteriormente, para escreverem as brincadeiras na tabela.

As atividades terminaram dentro do tempo proposto e foi muito gratificante realizar essa regncia. Descobri que ainda tenho muito para aprender sobre alfabetizao, pois apesar de j atuar na Educao Bsica ainda tenho muito pouca experincia nessa rea. Em reunio com a supervisora percebemos que podemos fazer alguns ajustes para melhorar nossa prtica. Tambm entendemos que o sucesso da aula est intimamente ligada ao planejamento, por isso o plano de aula um instrumento de extrema importncia nos processos de ensinos e aprendizagens instaurados no ambiente escolar.

PLANO DE REGNCIA

DATA PROVVEL DA REGNCIA: 06 de junho de 2013.PBLICO ALVO: Alunos do 1 ano c do Ensino Fundamental na EMEB Professora Dalila Galli.REA DO CONHECIMENTO: Lngua Portuguesa- Alfabetizao.TEMA: Valorizao das Brincadeiras Cantadas da Tradio Oral.CONTEDO: Brincadeiras Cantadas da Tradio Oral.DURAO TOTAL: Aproximadamente quatro aulas de 50 minutos.

PROBLEMATIZAO

A turma para a qual propomos esta sequencia de atividades esto em diferentes nveis de aprendizagem. Alguns alunos no leem e nem escrevem convencionalmente. Outros conhecem as letras, mas no montam palavras nem frases em funo das hipteses que encontram-se e boa parte j identifica, localiza e escreve palavras inseridas em textos que conhecem de memria tais como as parlendas, cantigas e brincadeiras cantadas.

Pretendemos oferecer aos alunos ferramentas que contribuam para o processo de reflexo nos diferentes eixos da lngua portuguesa: Comunicao Oral, Leitura e Escrita buscando ampliar o sucesso da alfabetizao e o avano de suas hipteses.JUSTIFICATIVA

Decidimos trabalhar com cantigas de roda, por que, assim como as parlendas, so textos de fcil memorizao e possibilitam trabalhar com a leitura e escrita mesmo com crianas que ainda no sabem ler.

Os textos que as crianas sabem de memria so importantes para se trabalhar na alfabetizao inicial e devem ser utilizados em situaes didticas em que os estudantes so desafiados a ler e a escrever por si prprios.

O fato de trabalhar com um texto que sabem de cor, faz com que os alunos se preocupem em como ler, ajustando a fala com a escrita, e no como escrever, pensando em quais letras usar e em qual ordem.

As atividades de leitura e escrita mobilizam saberes distintos e ensinam contedos diferentes.

Nas atividades de leitura de textos que sabem de cor, as crianas tm de fazer a correspondncia entre as partes do texto que j sabem com os trechos escritos, descobrindo a relao entre fonema e grafia, conhecendo letras novas e como se d a segmentao das frases em pedaos menores e independentes, as palavras.

Nas atividades de escrita, as crianas precisam colocar em prtica o que j conhecem do sistema alfabtico e o que j sabem a respeito da escrita convencional.

Apesar da necessidade de se trabalhar com atividades de leitura e escrita na alfabetizao, uma no necessariamente pr-requisito para outra.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEMOBJETIVOS GERAIS:

Propiciar condies para que o aluno possa: Comunicar-se no cotidiano;

Ler mesmo que no convencionalmente;

Produzir textos escritos ainda que no saiba escrever convencionalmente.

OBJETIVOS ESPECFICOS:

Propiciar condies para que o aluno possa: Usar o repertrio de textos da tradio oral tais como, parlendas, adivinhas, quadrinhas, para brincar e jogar;

Identificar quadrinhas, e cantigas de tradio oral apresentados pelo professor;

Ajustar o falado ao escrito a partir de uma quadrinha ou cantiga de memria;

Localizar palavras num texto que sabe de memria, tais como as brincadeiras cantadas;

Antecipar significados de um texto escrito a partir das caractersticas do gnero cantigas e instrucional;

Usar caractersticas estruturais do texto instrucional ao produzi-lo ditando para o professor;

Antecipar significados de um texto escrito;

Arriscar-se a escrever, segundo suas hipteses.

ATIVIDADE 01: Brincando de Corre Cutia

Durao: Aproximadamente uma aula de 50 minutos. Material necessitrio: Um pequeno leno ou pedao de pano;

Iniciar uma conversa com as crianas questionando sobre as regras da brincadeira, uma vez que esta j faz parte do cotidiano das aulas de Educao fsica das crianas. Depois levar as crianas para um local amplo como o ptio ou mesmo a quadra da escola e propor ento a brincadeira.

Brinca-se assim:

1. As crianas formam uma roda e sentam no cho, menos uma.

2. A criana que sobrou corre pelo lado de fora da roda com o leno na mo ao ritmo da ciranda:

Corre cutia

Na casa da tia

Corre cip

Na casa da v

Lencinho na mo

Caiu no cho

Moa(o) bonita(o) do meu corao

Criana: Posso jogar?Roda: Pode!Criana: Ningum vai olhar?Roda: No!

3. Nesse momento, as crianas da roda abaixam a cabea e tapam os olhos com as mos. A criana que est fora deixa cair o lencinho atrs de alguma outra que esteja sentada. Quando esta perceber, comea o pega-pega entre as duas. Quem est com o leno o pegador. O lugar vazio na roda o pique.

4. Quem perder fica fora da roda (ou dentro) e a brincadeira recomea.

Depois de terminada a brincadeira, aproveitar a formao das crianas e propor uma roda de conversa. Falar que Corre Cutia uma brincadeira que a maioria das pessoas conhecem ou j brincaram um dia. Naturalmente, em cada lugar, as crianas cantam a ciranda de um modo diferente. Um jeito mais bonito que o outro:Corre cutia

De noite e de dia

Debaixo da cama

Da sua tiaE as vezes cantam:

Lencinho branco

Caiu no cho

Aproveitar a situao para questionar os alunos se eles conhecem uma outra variao da brincadeira. Neste momento importante valorizar o que cada criana vai contar, dando oportunidade de participao a todos.

ATIVIDADE 02: Escrevendo Coletivamente as Instrues da Brincadeira

Durao: Aproximadamente uma aula de 50 minutos. Material necessitrio: Um cartaz com a tabela anexada, canetas hidro cores, giz , lousa e fita adesiva para a fixao do cartaz;

Comear a atividade conversando com as crianas sobre o que ser proposto. Neste momento interessante e significativo levantar os conhecimentos prvios das crianas sobre o gnero textual que ser produzido, perguntando:

1. Vocs j ouviram falar em texto instrucional (Um texto instrucional aquele cuja funo instruir, ensinar, mostrar como algo deve ser feito. Descrevem as etapas que devem ser seguidas para um determinado procedimento.)? Para que serve?

2. Onde encontramos em nosso dia a dia os textos instrucionais?

3. Quem j observou os pais, amigos e/ou familiares lendo bula de remdio, manual de aparelhos eletrnicos ou mesmo as regras para saber como se joga um jogo?

importante, neste momento, fazer boas intervenes remetendo as recordaes das crianas ao uso social desse tipo de gnero que tem como finalidade orientar e instruir quem o utiliza nas diferentes formas.

Em seguida, apresentar um cartaz com a tabela abaixo para que os alunos ditem as palavras e frases que esto faltando para a montagem das regras da brincadeira Corre Cutia. Nessa hora importante fazer os alunos refletirem sobre a escrita das palavras e do texto podendo usar a lousa para registrarem suas hipteses sobre a escrita e socializarem com toda a turma.

NOME DA BRINCADEIRA

MATERIAL NECESRIO

NUMERO DE PARTICIPANTES

COMO SE BRINCA?

Aps o trmino da atividade propor a atividade seguinte.

ATIVIDADE 03: Localizando Palavras na Ciranda

Durao: Aproximadamente uma aula de 50 minutos. Material necessitrio: Um cartaz com a letra da brincadeira cantada CORRE CUTIA, canetas hidro cores e fita adesiva para fixao do cartaz;

Iniciar a atividade deixando claro os objetivos e sua proposta para as crianas em uma breve conversa. Em seguida, fixar o cartaz com a letra da brincadeira cantada Corre Cotia na lousa para as crianas acompanharem:CORRE CUTIACorre cutia

Na casa da tia

Corre cip

Na casa da v

Lencinho na mo

Caiu no cho

Moa bonita do meu corao

Posteriormente cantar a ciranda com as crianas acompanhando com uma rgua ou antena as palavras conforme sero cantadas pelo menos trs vezes e com tranquilidade. Depois pedir s crianas que localizem as palavras: Corre, cutia, cip, casa, v, Lencinho, mo, Caiu, cho, Moa, bonita, corao em ordem aleatria. Usar canetas hidro cores para circular as palavras e aproveitar o momento para a participao das crianas na hora de marcar o cartaz.

Para finalizar, reler com as crianas a ciranda cantada e as palavras nela circuladas. Depois propor a atividade 04.

ATIVIDADE 04: Lista de Brincadeiras

Durao: Aproximadamente uma aula de 50 minutos. Material necessitrio: 30 cpias da tabela em anexo, lpis de cor, lpis preto grafite e borracha ;

Esta uma atividade de escrita espontnea que necessitar de intervenes acerca das hipteses de escrita levantadas pelas crianas. Para essa atividade necessria a organizao da turma em duplas produtivas (de acordo com suas hipteses de escrita).

Posteriormente entregar para cada criana uma tabela conforme modelo abaixo:

NOMES: _________________________________________________________

_________________________________________________________

DESENHONOME DA BRINCADEIRA

Pedir aos alunos que preencham as tabelas escrevendo como eles sabem e fazendo o desenho das brincadeiras que eles conhecem e recordam em duplas. Quando os alunos terminarem, recolher as atividades para avaliao e investigao sobre o que as crianas j sabem e ainda no sabem sobre a escrita de letras, palavras e frases. importante valorizar a produo das crianas e no limitar em mxima e mnima a quantidade de brincadeiras que elas escrevero.AVALIAO

Observar se o aluno foi capaz de: Realizar as atividades dentro da proposta e do tempo previsto;

Interagir e contribuir coletivamente para a formulao de hipteses e reflexo sobre a leitura e a produo dos textos;

Expor suas opinies e reflexes sobre a leitura e a escrita dos gneros trabalhados;

Realizar integralmente as propostas das atividades, superando limites, capacidades e hipteses.

Para tanto sero utilizados os registros de observaes escritas como ferramenta desencadeadora de um processo reflexivo sobre a prtica docente e a aprendizagem das crianas.CONSIDERAES FINAIS

Partindo sempre de uma aprendizagem significativa e com nfase ao estimulo e avano do educando propomos um plano flexvel, podendo surgir conceitos, aprendizagens e atividades que aqui no esto programadas, entretanto sero registradas posteriormente.

REFERNCIAS

SO PAULO (Estado) Secretaria da Educao. Ler e escrever: guia de planejamento e orientaes didticas. So Paulo: FDE, 2011. (1 ano);

Parmetros Curriculares Nacionais: lngua portuguesa/ Secretaria de Educao Fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SO PAULO, Secretaria da Educao;

http://www.projetodecolar.com.br/?p=319 acesso em 22 de maio de 2013.

ANEXOS LECTOESCRITA: habilidade adquirida de poder ler e escrever.

ESCOLA DO FUTURO: so bibliotecas escolares comunitrias que atendem tanto os alunos, professores e funcionrios das EMEB Escola Municipal de Educao Bsica.

COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: um programa desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educao em parceria com o Ncleo de Investigao e Ao Social e Educativa (NIASE), da Universidade Federal de So Carlos.

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