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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DA COMISSÃO NACIONAL PARA OS DIREITOS HUMANOS 2010/2011 Lisboa, Abril de 2011

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES

DA

COMISSÃO NACIONAL PARA OS DIREITOS HUMANOS

2010/2011

Lisboa, Abril de 2011

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Índice

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3

Missão ..................................................................................................................................... 3

Competências ....................................................................................................................... 3

Composição ........................................................................................................................... 3

Enquadramento .................................................................................................................... 4

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2010/2011 ......................................................................... 6

1.ª Reunião ............................................................................................................................. 6

2.ª Reunião ............................................................................................................................. 7

3.ª Reunião ............................................................................................................................. 9

EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS NACIONAIS ................................................................ 11

ANEXOS .................................................................................................................................... 98

Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2010 ..................................................... 99

Regulamento interno da Comissão ............................................................................. 101

Lista dos representantes na Comissão ...................................................................... 104

Programa da 3.ª reunião da Comissão ....................................................................... 106

Lista de inscritos e participantes da sociedade civil na 3.ª reunião .................. 107

Resumo das intervenções nos debates da 3.ª reunião .......................................... 114

Textos das intervenções dos oradores na 3.ª reunião ........................................... 120

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INTRODUÇÃO

Missão

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos, criada pela Resolução do

Conselho de Ministros n.º 27/2010, de 8 de Abril (ver anexo), é um organismo

de coordenação interministerial, que visa uma abordagem integrada da

problemática dos direitos humanos e a concertação da acção de entidades

públicas e privadas competentes nesta matéria.

Competências

Entre as competências da Comissão Nacional para os Direitos Humanos

destaca-se a coordenação dos vários Ministérios, com vista, por um lado, à

definição da posição nacional nos organismos internacionais de direitos

humanos e, por outro, ao cumprimento por Portugal das obrigações

decorrentes de instrumentos internacionais neste domínio. A Comissão tem

também por competência fomentar a produção e a divulgação de

documentação sobre as boas práticas nacionais e internacionais nesta matéria

e promover a divulgação e o conhecimento da temática dos direitos humanos.

Composição

Estão representados na Comissão Nacional para os Direitos Humanos os

membros do Governo responsáveis pelos Negócios Estrangeiros, Defesa,

Administração Interna, Justiça, Trabalho e Solidariedade Social, Saúde,

Educação, Cultura, Imigração, Igualdade, Juventude e Comunicação Social

(ver lista dos representantes em anexo).

A Resolução que cria a Comissão prevê que esta possa contar com a

participação de outras entidades públicas e privadas, bem como com

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representantes da sociedade civil, tendo em vista a promoção de uma cultura

de cidadania, fundada no respeito pelos direitos humanos.

Enquadramento

A decisão de criar esta Comissão decorre do compromisso assumido pelo

Governo no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, em 4 de Dezembro

de 2009, por ocasião da apresentação do relatório sobre a situação global de

direitos humanos em Portugal e o estado de cumprimento das nossas

obrigações internacionais nesta matéria, no âmbito do exercício de Revisão

Periódica Universal, conhecido pela sigla inglesa UPR (Universal Periodic

Review).

O UPR é um mecanismo intergovernamental do Conselho de Direitos Humanos

de revisão pelos pares e com envolvimento de organizações não-

governamentais (ONGs) e de instituições nacionais de direitos humanos, criado

em 2006, que procede à avaliação da situação de direitos humanos de todos

os Estados-membros das Nações Unidas a cada quatro anos (48 países por

ano, repartidos por três sessões).

Da delegação nacional àquela sessão, que integrou representantes de vários

Ministérios e entidades públicas nacionais, fizeram também parte o Secretário

de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, e o Secretário de Estado

Adjunto e da Administração Interna, José Conde Rodrigues.

Elaborado pela primeira vez num trabalho conjunto de vários Ministérios e

entidades públicas, sob a coordenação do Ministério dos Negócios

Estrangeiros, o relatório português abordou a situação em diversas áreas,

designadamente a igualdade de género, os direitos económicos, sociais e

culturais, os direitos da criança, a não discriminação e integração de imigrantes

e a situação nas prisões.

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O relatório nacional foi debatido com os restantes Estados-membros numa

sessão do Grupo de Trabalho do UPR, a que também assistiram as ONGs

interessadas e as instituições nacionais de direitos humanos.

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2010/2011

1.ª Reunião

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos reuniu, pela primeira vez, no

Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 6 de Setembro de 2010.

Foi debatido o projecto de Regulamento Interno da Comissão, oportunamente

circulado pelos representantes, que foi posteriormente aprovado (ver anexo).

Foram identificadas as seguintes duas acções prioritárias:

- Em primeiro lugar, e à luz das competências da Comissão na monitorização

do cumprimento das obrigações internacionais assumidas por Portugal em

matéria de direitos humanos, foi decidida a convocação de um Grupo de

Trabalho com vista a dar seguimento às conclusões do exercício de revisão da

situação dos direitos humanos em Portugal pelo mecanismo de Revisão

Periódica Universal (UPR) do Conselho de Direitos Humanos das Nações

Unidas.

Este Grupo de Trabalho foi constituído tendo em perspectiva, por um lado, a

obrigação de apresentação por Portugal, em Março de 2011, do estado de

implementação das recomendações aceites em Março de 2010 e, por outro, a

necessidade de apresentar os relatórios nacionais de implementação das

várias convenções internacionais sobre direitos humanos de que o país é parte.

- Em segundo lugar, foi dado início à preparação da visita a Portugal do Grupo

de Trabalho sobre Pessoas de Ascendência Africana. Este Grupo de Trabalho,

que é um procedimento especial do Conselho de Direitos Humanos composto

por peritos independentes, visitará Portugal de 16 a 20 de Maio de 2011,

cabendo às autoridades portuguesas preparar um programa de contactos

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oficiais. O Ministério dos Negócios Estrangeiros comprometeu-se a assumir a

coordenação da preparação desta visita.

Considerando que compete à Comissão propor a adopção de medidas

internas, legislativas ou outras, necessárias ao cumprimento por Portugal das

obrigações internacionais em matéria de direitos humanos, foram os

representantes convidados a apresentar acções que pudessem constituir-se

como um futuro plano de actividades da Comissão.

Tendo em conta as competências da Comissão na divulgação de boas práticas

nacionais em matéria de direitos humanos, e em resposta a um pedido do

Comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa nesse sentido, foi

anunciado que seria apresentada àquela instituição, como boa prática nacional,

o exemplo dos Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante, tal como sugerido

pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. Os

representantes na Comissão foram convidados a divulgar exemplos de boas

práticas nas suas áreas de competência e a dar a conhecer à Comissão esses

exemplos.

A reunião terminou com um debate sobre a integração da população Roma,

tendo como pano de fundo a discussão sobre este assunto, em curso ao nível

da União Europeia, na sequência das medidas do governo francês de

repatriamento voluntário de cidadãos Roma, na sua maioria búlgaros e

romenos. Foram consensuais as posições dos membros da Comissão no que

diz respeito ao direito que assiste aos Estados de garantirem a segurança no

quadro da legalidade nacional e comunitária, bem como à recusa de discursos

generalistas que incentivam o preconceito e à defesa do reforço das medidas

de integração daquela população.

2.ª Reunião

A segunda reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos teve

lugar, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 10 de Dezembro de 2010.

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A escolha daquela data foi propositada, na medida em que se comemorava

naquele dia o 60.º aniversário do Dia Internacional dos Direitos Humanos,

decretado pelas Nações Unidas, em 1950, para evocar a adopção da

Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 10 de Dezembro de 1948.

A Comissão tomou nota dos resultados do Grupo de Trabalho convocado para

preparar o relatório de implementação das convenções internacionais de que

Portugal é parte, bem como para dar seguimento às recomendações aceites no

âmbito da avaliação regular da situação nacional em matéria de direitos

humanos (UPR), no Conselho de Direitos Humanos.

Foi decidida a elaboração de um plano anual de actividades, que deverá

funcionar como um programa de trabalho da Comissão. O objectivo deste

trabalho de planificação é permitir conferir uma visão estratégica aos trabalhos

da Comissão e contribuir para reforçar a sua qualidade de acção, bem como

possibilitar a compatibilização das actividades da Comissão com as principais

actividades levadas a cabo pelos vários Ministérios, direccionando os esforços

coordenados de todos os envolvidos para acções consideradas prioritárias no

período em causa.

À luz do n.º 18 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2010, foi decidido

que o primeiro relatório anual de actividades da Comissão Nacional para os

Direitos Humanos deveria conter uma parte introdutória, que enquadrasse a

criação desta Comissão, bem como uma parte contendo exemplos de boas

práticas nacionais neste domínio, que passasse a constar de todos os futuros

relatórios anuais (ver exemplos de boas práticas em anexo).

Tendo em conta as disposições sobre esta matéria constantes da Resolução

do Conselho de Ministros que a cria, bem como do respectivo Regulamento

Interno, a Comissão decidiu ainda realizar, no primeiro trimestre de 2011, uma

reunião alargada a representantes da sociedade civil que trabalhem na área

dos direitos humanos, em formato de workshop, de modo a permitir um debate

franco entre todos os intervenientes. Para além de definidos os temas a

debater nessa reunião (prioridades de Portugal para o mandato no Conselho

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de Segurança; direitos humanos e o tratado de Lisboa e direitos humanos a

nível interno - boas práticas), ficou ainda estabelecido que todos os

representantes na Comissão contribuiriam para a elaboração de uma lista, o

mais alargada possível, de representantes da sociedade civil, a convidar para

essa reunião.

3.ª Reunião

Na sequência da deliberação tomada nesse sentido na reunião anterior, a

terceira reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos foi,

simultaneamente, a primeira reunião da Comissão alargada à sociedade civil e

teve lugar, em 31 de Março de 2011, no Instituto Superior de Ciências Sociais e

Políticas.

Inscreveu-se mais de uma centena de representantes de organizações não-

governamentais, associações, universidades e outros parceiros da sociedade

civil, que aceitaram o convite para debater a problemática relativa aos direitos

humanos com os representantes dos vários membros do Governo que

compõem a Comissão (ver lista dos participantes em anexo).

O Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, presidiu aos

trabalhos desta reunião, tendo iniciado os mesmos com uma alocução sobre a

missão da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e os objectivos que

presidiram à sua criação. O encerramento dos trabalhos esteve a cargo da

Provedora-Adjunta de Justiça, Helena Vera-Cruz Pinto, em representação do

Provedor de Justiça (ver programa em anexo).

O objectivo da reunião era proporcionar um debate sobre as vertentes interna e

externa dos direitos humanos em torno de dois painéis:

- Portugal e a promoção internacional dos Direitos Humanos; e

- Direitos Humanos em Portugal.

No primeiro painel, que contou com as intervenções do Director Executivo do

Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Denis Huber, e do Subdirector-Geral

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de Política Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Rui Vinhas, foram

abordadas as possibilidades abertas neste domínio, respectivamente, pela

entrada em vigor do Tratado de Lisboa da União Europeia e pela participação

por Portugal, como membro não-permanente, no Conselho de Segurança das

Nações Unidas, desde Janeiro de 2011.

No segundo painel, em que interveio a Directora do Gabinete de

Documentação e Direito Comparado da Procuradoria-Geral da República,

Joana Gomes Ferreira, em representação do Procurador-Geral da República,

teve lugar um debate sobre os exemplos, internacionalmente reconhecidos, de

boas práticas nacionais e a possibilidade de os replicar em áreas onde são

possíveis maiores progressos.

Em anexo encontram-se os textos que serviram de base às intervenções dos

oradores, bem como um resumo das intervenções dos demais participantes,

proferidas nos debates que sucederam aos referidos painéis.

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EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS NACIONAIS

Defesa Nacional

1. Cooperação Técnico-Militar (MDN)

Na área da Cooperação Técnico-Militar (CTM) promove-se a introdução de

boas práticas nos projectos de CTM que têm vindo a ser desenvolvidos com os

Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) desde 1990, com base

em Acordos Internacionais e Programas-Quadro, os quais visam apoiar a

organização, reestruturação e formação dos Ministérios da Defesa, das Forças

Armadas (FA) e dos seus militares.

Descrição da Actividade

Os projectos têm por objectivo contribuir para que as Instituições Militares

sejam elementos agregadores dos Estados e nações e alicerce da unidade e

identidade nacionais. De uma forma geral, os projectos desenvolvem-se

mediante princípios de apartidarismo, subordinação aos órgãos de soberania

democráticos, respeito pelo Estado de Direito e boa governação, contribuindo

para a construção e consolidação dos Estados com os quais cooperamos.

Resultados alcançados

Desta boa prática decorre a proposta que junto do EMGFA/ IESM e Ramos das

FA, se realizassem acções de sensibilização que visam a inclusão de mais

mulheres nas missões de CTM, bem como para constassem dos curricula dos

cursos a ministrar por assessores militares portugueses palestras sobre esta

temática, propostas vertidas no já referido Plano Sectorial aprovado por

Despacho de 10 de Novembro, de S. Exa. o Secretário de Estado da Defesa

Nacional e dos Assuntos do Mar.

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2. Formação em matéria de Direitos Humanos (MDN)

As matérias relativas aos Direitos Humanos são nucleares em toda a formação

ministrada, fazendo parte do curriculum da generalidade dos cursos de

formação realizados junto dos militares provenientes dos PLOP’s, que

decorrem tanto nos respectivos países parceiros, como em Portugal.

Descrição da Actividade

Enquanto cadeira específica, a disciplina de Direitos Humanos aparece por

exemplo, no curriculum do Curso de Formação de Praças, em São Tomé e

Príncipe, no Curso Superior de Comando e Direcção, no Curso Conjunto de

Estado-Maior e no Curso de Promoção a Oficial Superior, na Escola Superior

de Guerra em Angola e ainda no Estágio de Ligação e Observação Militar, no

Curso Avançado de Operações de Apoio à Paz e no Curso Elementar de

Operações de Apoio à Paz, no Centro de Instrução de Operações de Paz,

também em Angola.

Toda a formação e assessoria ministradas pelos assessores militares nos

países onde se desenvolvem projectos de Cooperação Técnico-Militar, bem

como a formação aos PLOP em Portugal, em instituições como a Escola

Prática de Infantaria (Curso Elementar/Avançado de Operações de Apoio à

Paz), IESM, IDN e Academias Militar e da Força Aérea, bem como a Escola

Naval, assenta nos princípios inerentes aos Estados de Direito democráticos e

nas boas práticas daí decorrentes, nomeadamente no que concerne as

preocupações inerentes à protecção dos Direitos Humanos.

Resultados alcançados

Maior consciência para os problemas inerentes à matéria de Direitos da

Pessoa Humana, por parte dos militares dos PLOP’s.

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3. Aprovação do Plano Sectorial para a Igualdade de Género, Ministério da

Defesa Nacional (MDN)

Descrição da Actividade

Ao nível do Ministério da Defesa Nacional, foi aprovado por Despacho de 10 de

Novembro de 2010, do Secretário de Estado da Defesa Nacional e Assuntos do

Mar, o Plano Sectorial para a Igualdade de Género.

O Ministério da Defesa Nacional, juntamente com os Ramos das Forças

Armadas, tem representado desde sempre um papel activo e de grande

empenho na implementação dos vários Planos Nacionais e Sectoriais para a

Igualdade, atenta a estrutura específica deste Ministério e das Forças

Armadas, pelo que as medidas estabelecidas no Plano constituem um desafio

para o desenvolvimento de boas práticas em matéria de igualdade de género,

no plano interno, a implementar no decurso do próximo triénio.

Em 2009, a equipa interdepartamental do Ministério da Defesa Nacional,

constituída inicialmente por representantes dos ramos das Forças Armadas, foi

estendida aos serviços centrais de suporte, no sentido de permitir um maior

envolvimento de todos os organismos que integram o MDN, tanto militares

como civis.

Do conjunto de medidas específicas a aplicar a esta área, que se entendem

serem ajustadas aos desafios, e que vêm na sequência do trabalho

desenvolvido até à data e da experiência adquirida com a aplicação dos

anteriores Planos, destacam-se as seguintes:

- Previsão no plano de actividades da avaliação e nos balanços sociais das

medidas de promoção da igualdade e a sua avaliação;

- Promoção de acções de sensibilização e de formação em Igualdade de

Género para dirigentes;

- Promoção da paridade entre homens e mulheres no acesso aos cursos de

formação ministrados pelo IDN;

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- Promover o gozo efectivo da licença parental;

- Promover o incremento do número de mulheres nas FFAA, dinamizando

campanhas de incentivo ao seu ingresso;

- Promoção da participação das mulheres e a inclusão da dimensão igualdade

de género nas acções de Cooperação Técnico-Militar com os PALOP (CTM) e

de cooperação bilateral com outros Estados e organizações;

- Assegurar que a intervenção da CTM e que as acções do âmbito da restante

cooperação internacional (a nível bilateral, trilateral, ou multilateral) abordam,

sempre que tal se revele adequado, a temática da igualdade de género e do

papel das mulheres nos processos de construção e manutenção de paz.

Resultados alcançados

Esta Boa Prática pretende-se que venha a produzir resultados já a partir do

próximo ano, pelo que, neste momento ainda não se relevam resultados

concretos.

4. Formação ministrada aos militares em Cooperação Técnico-Militar (MDN)

Descrição da Actividade

Os militares que integram missões de CTM recebem um briefing que aborda as

questões consideradas como pertinentes para efeitos de desempenho das

respectivas funções no teatro operacional. Um dos temas abordados é a

necessidade de protecção do acervo de Direitos Humanos consagrados e

universalmente reconhecidos.

Resultados alcançados

Esta Boa Prática tem vindo a produzir resultados ao nível da formação dos

militares que integram as missões de CTM, permitindo-lhes fornecer formação

a este nível, nos países onde são colocados, nas mais diversas áreas.

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5. Conferência de celebração do 10.º aniversário da RCSNU 1325 (MDN)

Realização, no dia 8 de Novembro de 2010, no Instituto da Defesa Nacional

(IDN), a conferência de celebração do décimo aniversário da resolução 1325

do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre "Mulheres, Paz e

Segurança", na qual foi apresentado o Plano Nacional de Acção 1325.

Descrição da Actividade

Esta conferência, promovida pela Presidência do Conselho de Ministros

através da Secretaria de Estado da Igualdade, Ministério dos Negócios

Estrangeiros, Ministério da Defesa Nacional, Ministério da Administração

Interna e Ministério da Justiça, contou com a presença de elementos do

governo que tutelam o grupo de trabalho responsável pela operacionalização

do Plano de Acção. Estiveram presentes na audiência embaixadores,

directores-gerais e uma diversificada assistência, civil e militar, proveniente, em

boa parte, de vários ministérios e do meio académico. Paralelamente,

decorreu, no átrio do piso 1 do Instituto da Defesa Nacional, uma exposição

alusiva ao tema.

Resultados alcançados

Esta prática teve em vista uma maior partilha de informação em relação à

operacionalização do Plano de Acção para a Resolução 1325.

6. Estudo destinado a identificar o papel das mulheres nas Forças Armadas

(MDN)

Descrição da Actividade

Foram inquiridas jovens do sexo feminino acerca do Dia da Defesa Nacional,

bem como jovens incorporadas em Regime de Contrato/Voluntariado, a fim de

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aferir da opinião das mesmas em relação às FA e ao papel que as mulheres aí

desempenham.

Resultados alcançados

Em termos da representação das FA como instituição, há a ressalvar que:

- 92% confiam ou confiam muito nas FA;

- 90% consideram as FA necessárias para o país.

No que respeita às representações acerca da composição das FA em termos

de equilíbrio de género:

- 87% afirmam que as FA deveriam ter mais mulheres;

- 84% consideram que a presença das mulheres nas FA é vantajosa para a

instituição.

Relativamente ao processo de integração das mulheres nas FA:

- 63% consideram que a sociedade valoriza as mulheres que ingressam nas

FA;

- 55% consideram que os militares do sexo masculino aceitam bem a presença

das mulheres.

Uma outra forma de olhar estas representações prende-se com a

predisposição para ingresso nas FA, bem como com a respectiva valorização.

A este propósito pode destacar-se o seguinte:

- Não existem diferenças significativas, em termos de predisposição para

ingresso, entre homens e mulheres;

- 59% das mulheres participantes consideram que estão preparadas para todo

o tipo de tarefas nas FA ;

- 85% afirmam que seria um motivo de orgulho conseguir ingressar nas FA;

- 70% acham que ingressar nas FA seria positivo para o futuro.

7. Acções de Divulgação, para efeitos de recrutamento, realizadas pelos ramos

das Forças Armadas (MDN)

Descrição da Actividade

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Realização de acções de divulgação ao nível quer do recrutamento de militares

para ingresso nas fileiras dos três ramos das Forças Armadas, quer de

briefings informativos aquando da incorporação, onde é abordada a

importância das mulheres nas Forças Armadas.

Resultados alcançados

Registo de um aumento da representatividade das mulheres nos três ramos

das forças armadas ao longo dos últimos anos: 5 145 Militares do sexo

feminino dos Quadros Permanentes (QP) e dos Regimes de Voluntariado (RV)

e de Contrato (RC) (31 de Dezembro de 2008).

Nas Forças Armadas, as mulheres representavam em 31 de Dezembro de

2008:

- 14% do total de militares

- 5% dos militares dos QP

- 25% dos militares em RV/RC

Relativamente ao total de cada Ramo, as mulheres representavam em 31 de

Dezembro de 2008:

- 9% na Marinha (871);

- 17% no Exército (3017);

- 17% na Força Aérea (1257).

Número de mulheres com o posto mais elevado em cada categoria (31 de

Dezembro de 2008):

- 11 Capitães-de-Fragata / Tenentes-Coronéis;

- 330 Primeiros-Sargentos;

- 49 Cabos (dos QP da Marinha).

Existiam 70 mulheres em Missões Internacionais* (30 de Janeiro de 2009):

- 27 no Kosovo (KFOR), sendo 2 Oficiais, 6 Sargentos e 19 Praças;

- 21 no Líbano (UNIFIL), sendo 1 Oficial, 3 Sargentos e 17 Praças ;

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- 22 no Standing NATO Maritime Group 1, sendo 2 Oficiais, 2 Sargentos e 18

Praças.

*Representavam 10% do universo de 706 militares destacados.

Justiça

1. Plano Interno para a Igualdade (MJ)

Descrição da actividade

O Plano para a Igualdade do Ministério da Justiça foi elaborado em Julho de

2010 como medida de implementação do Plano Nacional para a Igualdade,

Cidadania e Género, pretendendo integrar a perspectiva de género nos seus

processos de decisão, através da definição de medidas transversais e

específicas.

Este Plano tem como objectivos essenciais: a) Aprofundar a integração da

perspectiva de género em todos os domínios da actividade do Ministério da

Justiça; b) Promover acções e adoptar medidas, no âmbito de uma política

geral de promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento, que

ofereçam possibilidades aos homens e às mulheres, sem discriminação, de

conciliar melhor a sua vida pessoal e profissional. Para tanto, propõe, entre

muitas outras, as seguintes medidas: divulgação de informação relativa aos

direitos e deveres dos trabalhadores e das trabalhadoras em matéria de

igualdade e não discriminação em função do sexo, maternidade e paternidade;

promover o aumento do gozo da licença parental exclusiva do pai entre os

homens trabalhadores; possibilitar, se aplicável, o trabalho em regime de

jornada contínua a trabalhadores e trabalhadoras com vista à conciliação entre

a vida profissional, familiar e pessoal; aplicar as virtudes trazidas pelo

progresso das tecnologias de informação e da comunicação à criação de novas

formas de organização e gestão do trabalho, acessíveis a trabalhadores e

trabalhadoras.

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O Plano destina-se a vigorar e a ser aplicado, de forma experimental, entre

2011 e 2013, nos seguintes serviços e entidades do MJ: Direcção-Geral da

Política de Justiça; Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP);

Direcção-Geral da Reinserção Social; Polícia Judiciária; Centro de Estudos

Judiciários; Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

Resultados alcançados

Prevê-se a sua avaliação uma vez concluído o respectivo período de vigência.

2. Promoção da igualdade no acesso ao emprego (MJ)

Descrição da actividade

Implementação de uma política de igualdade nos procedimentos de

recrutamento de pessoal e na progressão profissional, visando especificamente

a igualdade de género e as pessoas com deficiência; inclui, no que diz respeito

ao Centro de Estudos Judiciários, a adopção de medidas de promoção da não

discriminação e da igualdade de género em todos os processos de tomada de

decisão e a criação de informação tratada por sexo relativamente aos

processos de recrutamento e selecção de Auditores de Justiça e de pessoal.

3. Implementação de garantias penais (MJ)

Descrição da actividade

Implementação do Regulamento das Condições de Detenção em Instalações

da Polícia Judiciária e em Locais de Detenção Existentes nos Tribunais e em

Serviços do Ministério Público (Despacho n.º 12786/2009, de 19 de Maio, DR,

2.ª Série, n.º 104, de 29 de Maio de 2009), que prevê, inter alia, as seguintes

garantias:

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– Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de

forma compreensível das razões da sua detenção e dos seus direitos, podendo

exercê-los a partir do momento da privação material da liberdade (artigo 3.°, n.º

1);

– É obrigatória a afixação nos locais de detenção, de forma bem visível, de

painel com informação sobre os direitos e os deveres dos detidos; esta

informação deve constar de folheto disponível em vários idiomas, com

indicação sumária dos direitos e deveres da pessoa detida (art. 4.°, n.os 1 e 2);

– O detido tem o direito de contactar imediatamente advogado ou defensor

(artigo 5.°, n.° 1), e ainda familiar ou pessoa da sua confiança e, se estrangeiro,

as autoridades consulares do seu país (n.os 2 e 3 do mesmo artigo).

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.

4. Repressão de violações de Direitos Humanos (MJ)

Descrição da actividade

Instauração de processo disciplinar, a cargo do Serviço de Auditoria e

Inspecção (dirigido por um magistrado do Ministério Público), e aplicação de

sanções aos responsáveis no caso de apuramento de violações de Direitos

Humanos das pessoas privadas de liberdade.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: DGSP.

5. Adaptação do património imobiliário às necessidades das pessoas com

deficiência (MJ)

Descrição da actividade

Adaptação de salas para inquirição/interrogatório de pessoas portadoras de

deficiência motora; Aquisição de rampas telescópicas e plataformas

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elevatórias; Construção de instalações sanitárias específicas para deficientes

motores; Criação de balcões de atendimento dimensionados à escala de uma

cadeira de rodas; Colocação de sinalética identificativa dos locais relevantes;

aplicação nos elevadores de corrimãos, de botões de comando tácteis no

interior e exterior e de um sistema de alarme no poço;

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; CEJ; Instituto de

Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça; Instituto dos Registos e do

Notariado; Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios.

Resultados alcançados

Intervenções de adaptação de edifícios existentes tiveram lugar, entre outros,

no Palácio da Justiça de Bragança, Resende e Barcelos, em 2007, no Palácio

da Justiça de Caminha em 2008, no Palácio da Justiça do Cartaxo, Ovar, Peso

da Régua e Caldas da Rainha em 2009 e no Palácio da Justiça da Covilhã,

Leiria, Albufeira, Ourém, Montemor-o-Novo e Amarante em 2010. Estas

medidas foram igualmente implementadas em cerca de 100 processos de

substituição de instalações de serviços do IRN, em articulação com o IGFIJ e

autarquias. Os novos empreendimentos já reflectem esta mudança de atitude,

referindo-se a título de exemplo o Palácio da Justiça de Silves, Sintra, Loures,

Cascais, Cabeceira de Bastos, Vila Nova de Famalicão e Gouveia. Todas as

instalações dos Julgados de Paz se encontram adaptadas, em termos de

acessibilidades e instalações, a pessoas com deficiência, o que é um requisito

indispensável para a entrada em funcionamento de um Julgado de Paz.

6. Formação em matéria de direitos humanos (MJ)

Descrição da actividade

Formação dos técnicos de atendimento dos serviços para atendimento a

pessoas com deficiências ou incapacidades, em especial na área da deficiência

visual e da paralisia cerebral, tendo como meta dar 7 horas de formação a 600

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oficiais dos registos, em parceria com outras entidades, designadamente a

ACAPO e o Centro de Paralisia Cerebral da Fundação Calouste Gulbenkian

e/ou a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral;

Promoção da qualificação e especialização dos funcionários da PJ que

estabelecem contactos com menores vítimas de crimes;

Acções de formação realizadas na Escola de Polícia Judiciária subordinadas

aos seguintes temas: criminalidade sexual; entrevista cognitiva a crianças

vítimas de abuso sexual; investigação de crimes violentos contra as pessoas;

identificar e combater os crimes de ódio contra pessoas;

Realização, na Escola de Polícia Judiciária, do 1.º Congresso sobre Tráfico de

Seres Humanos, do Seminário Direitos Humanos e do Curso de Investigação

de Crimes Violentos contra Pessoas;

Acções de prevenção e formação realizadas pela PJ junto das Comissões de

Protecção de Crianças e Jovens e do Instituto da Droga e Toxicodependência,

tendo em vista a implementação de procedimentos rápidos e simples para

efectiva resposta policial às necessidades existentes.

Foram ministradas pelo CEJ, em média, cerca de 16 horas de formação em

Direitos Fundamentais como parte do programa da matéria de Direito

Constitucional e Direitos Fundamentais a 189 Auditores de Justiça, de onde

resultou um volume de formação de 3 010 horas;

Foram igualmente ministradas pelo CEJ, em média, cerca de 16 horas de

formação em Direitos Fundamentais como parte do programa da matéria de

Direito Constitucional e Direitos Fundamentais a 25 Magistrados e Auditores de

Justiça oriundos de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, de onde

resultou um volume de formação de cerca de aproximadamente 400 horas;

Promoção da inscrição e admissão de docentes do CEJ e magistrados em

acções de formação internacionais sobre questões relacionadas com direitos

humanos (6 pessoas);

Integração da matéria de Direitos Humanos em todos os cursos de formação

do pessoal da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, designadamente do

corpo da Guarda Prisional;

Realização de um Seminário dedicado à temática dos Direitos Humanos no

âmbito da formação inicial de guardas prisionais que decorreu de Setembro de

2009 a Março de 2010, tendo contado, pela primeira vez, com a presença,

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como orador, do membro português junto do Comité Europeu para a

Prevenção da Tortura.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; IRN; CEJ; DGSP.

7. Protecção de grupos vulneráveis no atendimento (MJ)

Descrição da actividade

Prioridade de atendimento dos idosos, doentes, grávidas, pessoas com

deficiência ou acompanhadas de crianças de colo e outros casos específicos;

Formação dos técnicos de atendimento dos serviços para atendimento a

pessoas com deficiências ou incapacidades, em especial na área da deficiência

visual e da paralisia cerebral, tendo como meta dar 7 horas de formação a 600

oficiais dos registos, em parceria com outras entidades, designadamente a

ACAPO e o Centro de Paralisia Cerebral da Fundação Calouste Gulbenkian

e/ou a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral; Criação, em colaboração

com o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, de dois postos de atendimento

da Conservatória dos Registos Centrais para fins de nacionalidade que

funcionam como extensões daquela entidade: um em Lisboa, com a afectação

de 5 funcionários, e outro no Porto, com 2 funcionários afectos; Criação de

balcões de atendimento dimensionados à escala de uma cadeira de rodas.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; IRN; IGFIJ.

8. Promoção do acesso à informação (MJ)

Descrição da actividade

Elaboração e distribuição de folhetos informativos (1000), em Braille e em

formato ampliado sobre alguns dos procedimentos do Simplex, cuja produção e

distribuição será efectuada em colaboração com a ACAPO;

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Conversão em Braille dos flyers de divulgação dos meios de resolução

alternativa de litígios (medida prevista para o próximo ano);

Adequação do sítio internet do IRN para os utilizadores com deficiência visual

(cegos e amblíopes) de toda a informação disponível, em colaboração com o

ITIJ;

Implementação e aprofundamento em todos os serviços do IRN do acordo de

cooperação com a Federação Portuguesa das Associações de Surdos;

Celebração de protocolos entre a Conservatória dos Registos Centrais e

associações de imigrantes1 com a finalidade de prestar informação sobre

questões relacionadas com a nacionalidade.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: IRN; GRAL.

9. Implementação de Direitos sociais (MJ)

Descrição da actividade

Criação, na PJ, de um Gabinete de Psicologia, no âmbito dos serviços de

Medicina do Trabalho e de Psicologia Clínica, de modo a assegurar apoio

psicossocial e médico aos trabalhadores e garantir o acompanhamento

institucional dos casos de absentismo;

Existência e implementação de um sistema de Segurança, Higiene e Saúde no

Trabalho, incluindo, no INPI, um plano de vacinação antigripal;

Implementação de novas formas de organização e gestão do trabalho,

designadamente o teletrabalho2 e a adopção de horários de trabalho que

1 Associação Apoio ao Imigrante; Associação Serviço Jesuíta para os Refugiados; Associação

Solidariedade Imigrante; Casa do Brasil de Lisboa; Associação Olho Vivo. 2 Vantagens apontadas: flexibilidade horária para equilibrar tempos e responsabilidades familiares e

profissionais; possibilidade de capitalizar os picos pessoais de produtividade; conforto físico acrescido; redução de custos de transporte, estacionamento, alimentação, vestuário e cuidados com crianças; diminuição do nível de stress devido à ausência de supervisão, engarrafamentos no trânsito e melhorias financeiras devido à diminuição dos custos; desenvolvimento de um novo estilo de vida, com mais autonomia e auto-controlo; alteração nas comunicações entre trabalhador e chefia devido à utilização de novas formas e métodos de comunicação; desenvolvimento de novas competências; introdução das novas tecnologias no ambiente familiar.

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apresentem maior compatibilidade com as necessidades das pessoas com

deficiência;

Aquisição de cadeiras ergonómicas destinadas a funcionários portadores de

deficiência.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; INPI; SGMJ.

10. Celebração de acordos de cooperação com entidades especializadas (MJ)

Descrição da actividade

Colaboração com a ACAPO no âmbito da elaboração e distribuição de folhetos

informativos, em Braille e em formato ampliado, sobre alguns dos

procedimentos do Simplex;

Implementação e aprofundamento em todos os serviços do IRN de um acordo

de cooperação com a Federação Portuguesa das Associações de Surdos;

Parceria com a ACAPO e o Centro de Paralisia Cerebral da Fundação Calouste

Gulbenkian e/ou a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral para a

formação dos técnicos de atendimento dos serviços do IRN para atendimento a

pessoas com deficiências ou incapacidades, em especial na área da deficiência

visual e da paralisia cerebral;

Celebração de protocolos entre a Conservatória dos Registos Centrais e

associações de imigrantes3 com a finalidade de prestar informação sobre

questões relacionadas com a nacionalidade;

Apoio da PJ às Comissões de Protecção de Crianças e Jovens e ao Instituto da

Droga e Toxicodependência, nomeadamente, através de acções de prevenção

e formação, tendo em vista a implementação de procedimentos rápidos e

simples para efectiva resposta policial às necessidades existentes.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; IRN.

3 Associação Apoio ao Imigrante; Associação Serviço Jesuíta para os Refugiados; Associação

Solidariedade Imigrante; Casa do Brasil de Lisboa; Associação Olho Vivo.

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11. Combate à discriminação racial (MJ)

Descrição da actividade

Adopção da recomendações da Comissão para a Igualdade e contra a

Discriminação Racial no sentido de evitar revelar, nas comunicações oficiais ou

oficiosas de operações realizadas, a nacionalidade, a etnia, a religião ou

situação documental de qualquer alvo de acção policial ou inspectiva ou de

presumíveis autores de ilícitos criminais.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.

12. Código de Ética (MJ)

Descrição da actividade

Elaboração de um Código de Ética (em fase de aprovação) para os

trabalhadores, onde se afirmam os princípios da igualdade e não discriminação

em razão da ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião,

convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição

social ou orientação sexual.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.

13. Elaboração de Planos de acção (MJ)

Descrição da actividade

Participação na elaboração do Plano Nacional contra a Violência Doméstica e

do Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos.

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14. Protecção das vítimas de crimes (MJ)

Descrição da actividade

Criação de gabinetes adequados à inquirição de vítimas de crimes contra a

liberdade e a autodeterminação sexual: trata-se de um espaço físico que

permite a reserva necessária à privacidade dos assuntos tratados e dispõe de

condições de adaptação a entrevista de crianças vítimas daquele tipo de

crimes, de forma a criar um ambiente de empatia e segurança susceptível de

proporcionar conforto, descontracção e consequentemente disponibilidade

mental para abordar situações traumáticas a nível emocional;

Promoção da qualificação e especialização dos funcionários que estabelecem

contactos com menores vítimas de crimes;

Execução de procedimentos visando o alerta rápido dos desaparecimentos de

menores de catorze anos, adaptado aos indivíduos maiores de setenta e cinco

anos;

Apoio às Comissões de Protecção de Crianças e Jovens e ao Instituto da

Droga e Toxicodependência, nomeadamente, através de acções de prevenção

e formação, com vista à implementação de procedimentos rápidos e simples

para efectiva resposta policial às necessidades existentes;

Acções de formação realizadas na Escola de Polícia Judiciária subordinadas

aos seguintes temas: criminalidade sexual; entrevista cognitiva a crianças

vítimas de abuso sexual; investigação de crimes violentos contra as pessoas;

identificar e combater os crimes de ódio contra pessoas;

Realização, na Escola de Polícia Judiciária, do 1.º Congresso sobre Tráfico de

Seres Humanos, do Seminário Direitos Humanos e do Curso de Investigação

de Crimes Violentos contra Pessoas.

A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.

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Trabalho e Solidariedade Social

1. Acção de Formação sobre “Reforma dos Órgãos dos Tratados de Direitos

Humanos das Nações Unidas (MTSS)

Descrição da Actividade

Acção concebida para divulgar os Tratados Internacionais de Direitos Humanos

mais importantes (core human rights instruments), com particular incidência

nos que mais directamente se situam no âmbito de intervenção do MTSS, os

respectivos Protocolos Facultativos, e o sistema de monitorização pelos órgãos

responsáveis (comités de peritos independentes e relatores especiais)

Temas abordados em módulos:

Da Carta das Nações Unidas (1945) à Convenção para a Protecção dos

Direitos das Pessoas com Deficiência

Direitos Económicos, Sociais e Culturais

Tratados de aplicação transversal e para a garantia de direitos de grupos

específicos

A Reforma dos Órgãos dos Tratados – projecto adiado?

Meios utilizados: exposição oral, com suporte em ppt e exercícios práticos,

incluindo a simulação da apresentação de relatório nacional de implementação

do PIDESC

Objectivos principais

Sensibilizar os técnicos dos serviços do MTSS envolvidos na elaboração dos

relatórios de implementação dos Pactos e Convenções das Nações Unidas,

para o conteúdo dos mesmos e os desafios na sua implementação a nível

nacional, bem como para algumas questões que se colocam no âmbito da

reforma do sistema dos órgãos dos tratados tendo em vista o reforço da sua

eficácia e coerência

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Contribuir para aprofundar os conhecimentos sobre a trilogia do respeito,

protecção e realização dos direitos civis, culturais, económicos, políticos e

sociais e adquirir uma visão integrada do sistema no seu todo.

Resultados alcançados

Em 2009, participaram 12 técnicos e dirigentes de diversos serviços do MTSS,

designadamente: Comissão Interministerial para a Igualdade no Trabalho e no

Emprego; Gabinete de Estratégia e Planeamento; Instituto Nacional para a

Reabilitação; Direcção Geral da Segurança Social; Direcção Geral do Emprego

e Relações de Trabalho; Instituto da Segurança Social; e Instituto de Emprego

e Formação Profissional.

Em 2010, na sequência do alargamento aos Membros da Comissão Nacional

de Direitos Humanos, a acção de actualização contou com a participação de 26

técnicos, em representação da Presidência do Conselho de Ministros (Alto

Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural; Comissão para a

Cidadania e a Igualdade do Género; e Instituto Português da Juventude) e dos

Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social; Negócios Estrangeiros;

Defesa; e Justiça.

Temas abordados:

Ponto de situação da Reforma dos Órgãos dos Tratados dos Direitos Humanos

das Nações Unidas;

Integração dos princípios e standards de direitos humanos na revisão dos

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM);

Direitos Económicos, Sociais e Culturais (DESC) no contexto da crise

económica;

Comissão Nacional dos Direitos Humanos.

Com o objectivo de manter o grupo informado sobre os mais recentes

desenvolvimentos no sistema dos tratados bem como promover uma

plataforma para a troca de informação sobre as políticas públicas para

promoção e protecção dos direitos humanos, foi decidido manter a realização

semestral destas acções de actualização, promovidas pelo Ministério do

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Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS), em colaboração com os diversos

organismos e departamentos envolvidos na concretização das referidas

políticas. Assim, a próxima está agendada para o dia 10 de Maio de 2011,

sobre “Direitos Humanos dos Imigrantes” sendo o organismo anfitrião o Alto

Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).

2. Edição do livro “Tu tens direito” (MTSS)

Descrição da Actividade

O livro é uma versão infantil da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiências que utiliza uma linguagem fácil de leitura fácil para as pessoas

com limitações cognitivas e /ou intelectuais visando informar as crianças sobre

o que é uma Convenção, seus objectivos, a importância e necessidade de uma

Convenção específica sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e, ainda,

os significados da palavra "direito" e sua relevância, deficiência, design

universal. Também visa informar e capacitar as crianças para o exercício dos

seus direitos como o direito à dignidade, à não discriminação, à igualdade de

oportunidades, à acessibilidade, à justiça, à liberdade e à segurança, o acesso

à informação, à participação em todas as áreas, desde a artística, a desportiva,

ao lazer, à política, usufruindo em pleno de uma cidadania activa. Tem como

objectivo tornar acessível o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência junto da comunidade infantil e escolar, bem como o

“empowerment” das crianças com deficiência para o exercício e defesa dos

seus direitos fundamentais.

Resultados alcançados

Procedeu-se no dia 1 de Junho de 2010, na Fundação Calouste Gulbenkian, à

apresentação do livro, que tem sido distribuído nas escolas e está proposto

para integrar o Plano Nacional de Leitura.

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3. PIEF – Programa Integrado de Educação e Formação (MTSS)

Descrição da Actividade

O PIEF foi criado em 1999 como uma medida de combate ao trabalho infantil

em Portugal pelo Plano para a Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil

(PEETI), a que sucedeu o Programa para Prevenção e Eliminação da

Exploração do Trabalho Infantil (PETI), em 2004, e pelo PIEC, em 2009.

Actualmente continua a constituir-se como uma ferramenta de inclusão e

cidadania para crianças e jovens.

O PIEF integra um conjunto diversificado de medidas e acções prioritariamente

orientadas para a reinserção escolar, através da integração no percurso

escolar regular ou da construção de percursos alternativos, escolares e de

educação e ou formação, incluindo actividades de educação extra-escolar, de

ocupação e orientação vocacional e de desporto escolar, promovidas,

realizadas ou apoiadas pelos serviços e organismos dos Ministérios da

Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social. O PIEF concretiza-se,

relativamente a cada menor, mediante a elaboração de um plano de educação

e formação (PEF) com subordinação aos seguintes princípios: Individualização,

Acessibilidade, Flexibilidade, Continuidade, Faseamento, Celeridade e

Actualização. O PEF é assumido como forma de intervenção para a promoção

dos direitos e para a protecção da criança e do jovem em perigo, podendo ser

disponibilizado com vista a integrar acordos de promoção e protecção ou, no

âmbito de processo tutelar educativo, o PEF pode também ser apresentado

como plano de conduta.

Do número 2 do Despacho Conjunto 948/2003: o PIEF visa favorecer o

cumprimento da escolaridade obrigatória a menores e a certificação escolar e

profissional de menores a partir dos 15 anos, em situação de exploração de

trabalho infantil, nomeadamente nas formas consideradas intoleráveis pela

Convenção nº 182 da OIT. O PIEF tem ainda como objectivo favorecer o

cumprimento da escolaridade obrigatória associada a uma qualificação

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profissional relativamente a menores com idade igual ou superior a 16 anos

que celebrem contratos de trabalho.

Resultados alcançados

Em 2009/10, abriram 142 grupos turma, que corresponderam a 2130 vagas,

com uma taxa de ocupação de 92,2 %, uma taxa de frequência escolar de

83,8% que corresponderam a 916 crianças e jovens que aumentaram os seus

níveis de certificação (43,5%). Em 2010/11 houve um aumento de 32,4% no

número de vagas (mais 690).

4. Sistema de Qualificação das Respostas Sociais (MTSS)

Descrição da Actividade

O Sistema de Qualificação das Respostas Sociais baseia-se num conjunto de

critérios e requisitos que, uma vez cumpridos pelas instituições, lhes dá a

oportunidade de serem detentoras de uma Marca de Qualidade, legalmente

registada, que atesta a conformidade dos seus serviços com estes mesmos

requisitos.

Trata-se de um sistema de gestão da qualidade especificamente concebido

para as seguintes respostas sociais: centro de dia, centro de acolhimento

temporário, centro de actividades ocupacionais, creche, lar de idosos, lar de

infância e juventude, lar residencial, serviço de apoio domiciliário.

Quando um cidadão procura os serviços de um equipamento social quer

garantias de que este é capaz de responder às suas necessidades,

expectativas e exigências de qualidade. A certificação da qualidade das

respostas sociais é o reconhecimento, por uma entidade externa e

independente à Segurança Social (Entidade Certificadora), que os serviços

prestados satisfazem de uma forma eficaz os clientes e as exigências legais e

regulamentares ao seu funcionamento.

O Instituto da Segurança Social disponibiliza a Marca Resposta Social

certificada que apresenta 3 níveis de qualificação de crescente exigência.

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Dependendo do grau de desenvolvimento do sistema de gestão da qualidade,

a resposta social pode solicitar a qualificação Nível C, Nível B ou Nível A.

Com a certificação das respostas sociais existe a garantia de um serviço

personalizado, empenhado na satisfação dos clientes e de qualidade

publicamente reconhecida. Ao mesmo tempo, existe a garantia de um serviço

prestado por profissionais devidamente qualificados para o desempenho das

suas funções e responsabilidades bem como de que estão assegurados todos

os requisitos legais de funcionamento da resposta social (exemplo: segurança

ao incêndio, higiene e segurança alimentar, segurança, higiene e saúde no

trabalho, acessibilidade).

Resultados Alcançados

Em 2010 receberam Certificação 10 entidades, uma vez que o processo é

muito recente e está em fase de divulgação/implementação. Prevê-se a revisão

regular dos modelos (em 2010 foram revistos três dos modelos).

Está em fase de concepção a elaboração de um sistema de monitorização.

5. Projecto Casas Primeiro (implementa o modelo americano Housing First)

(MTSS)

Descrição da Actividade

O projecto Casas Primeiro parte de uma parceria entre o Instituto da

Segurança Social, IP e a AEIPS (Associação para o Estudo e Integração

Psicossocial) para implementação do modelo Housing First. O projecto visa

apoiar pessoas sem abrigo com doença mental que se encontrem a viver na

rua ou em abrigos da cidade de Lisboa, no processo de procura, escolha e

manutenção de habitação estável, integrada na comunidade, disponibilizando

apoio ao arrendamento e outros serviços de suporte individualizados e de

ligação com outros recursos da comunidade.

Tem como objectivo promover o acesso de 50 pessoas sem abrigo com

doença mental a uma habitação individualizada integrada na comunidade e o

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desenvolvimento de outros projectos individuais a nível educacional ou de

emprego que fomentem a participação e a autonomia dos participantes.

O compromisso com os objectivos definidos no âmbito dos Planos Nacionais

de Acção para a Inclusão, nomeadamente no que se refere aos relacionados

com o risco de exclusão dos grupos vulneráveis e participação de todos os

actores, tem estado na base de uma crescente preocupação do Governo

Português relativamente a alguns fenómenos que configuram formas extremas

de pobreza e exclusão, como é o caso das pessoas que, por qualquer razão,

correm o risco de perder ou perderam o seu direito à habitação, estando ainda,

em muitos casos, comprometido o acesso a outros direitos.

A necessidade de envolvimento de vários actores na identificação de

problemas que estão na base destas situações e de medidas específicas com

vista à sua resolução, esteve na base da criação de um Grupo

Interinstitucional, cuja missão foi a de desenvolver uma Estratégia Nacional

para a Integração das Pessoas sem Abrigo com vista, não só a cumprir as

directrizes europeias nesta matéria, mas também a implementar um conjunto

de medidas que permita criar condições para que sejam despistadas e

acompanhadas as situações de risco prevenindo a perda de habitação, e

garantindo que ninguém tenha de permanecer sem alojamento condigno.

Foi neste contexto que surgiu o projecto Casas Primeiro, com o objectivo de

promover o acesso à habitação a pessoas sem abrigo com doença mental,

através do modelo Housing First, um modelo americano já testado e avaliado

noutros países e que alcançou resultados sem precedentes na integração

social deste grupo social.

Resultados Alcançados

Os resultados do projecto-piloto na primeira fase foram bastante positivos.

Verificou-se que 90% dos participantes mantinham uma situação habitacional

estável no final do 1º ano e que 87,5% dos participantes se manifestavam

satisfeitos com o bairro de residência e com as relações com os vizinhos.

A maioria dos participantes (65%) assumiu que desde que desde que tem

habitação estável a sua perspectiva sobre o futuro de alterou de forma muito

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positiva e 100% declarou sentir que tem mais oportunidades de estudar, ter

emprego ou realizar outros projectos.

6. “Lei da Discriminação” (MTSS)

Descrição da Actividade

A Lei n.º 46/2006, de 28 de Agosto prevê a proibição de discriminação de

pessoas com base na deficiência e no risco agravado de saúde. A aplicação

desta lei implica que todos devemos prevenir e remediar os actos que se

traduzam na violação de quaisquer direitos fundamentais, ou na recusa ou

condicionamento do exercício de quaisquer direitos económicos, sociais,

culturais ou outros, por quaisquer pessoas, em razão da deficiência. Estão

também previstas sanções a aplicar a quem não respeita esta proibição.

O Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., recebe as queixas apresentadas,

encaminha-as para as entidades competentes e elabora um relatório anual

sobre a aplicação da Lei nº 46/2006. Foi elaborado um formulário de queixa

que se encontra acessível no site do INR, IP com vista a facilitar e aumentar a

apresentação de queixas por pessoas singulares.

Resultados alcançados

Em 2009 foram apresentadas um total de quarenta e sete reclamações. Os

dados de 2010 ainda não disponíveis.

7. Qualificação do Acolhimento de Crianças e Jovens em Lares de Infância e

Juventude: Plano DOM – Desafios, Oportunidades e Mudanças (MTSS)

Descrição da Actividade

Centrando a atenção nas crianças e jovens e tendo em conta que o

acolhimento em instituições deve ser temporário, foram definidas as condições

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necessárias para que a elaboração e concretização segura dos seus projectos

de vida, passassem a ser uma prática institucional assumida.

Paralelamente, foram criadas as condições institucionais que permitem às

crianças e jovens viver em Lar, no pleno usufruto dos seus direitos, tendo

garantidas as necessidades de atenção individualizada, bem-estar, protecção e

desenvolvimento pessoal.

Através do Plano DOM desenvolveram-se várias acções de qualificação

enquadradas por Protocolos celebrados entre o Instituto da Segurança social e

as instituições de acolhimento.

Tem como objectivo a implementação de medidas de qualificação da rede de

lares de infância e juventude, incentivadoras de uma melhoria contínua da

promoção de direitos e protecção das crianças e jovens acolhidas, no sentido

da sua educação para a cidadania e desinstitucionalização segura, em tempo

útil.

Considerando que as crianças e jovens, quando temporária ou definitivamente

privadas do seu ambiente familiar, têm direito à protecção e atenção

privilegiada do Estado, em obediência às normas e princípios consagrados na

Constituição da República Portuguesa e na Convenção sobre os Direitos da

Criança, foi reconhecida a necessidade prestar uma atenção sistemática à

melhoria das condições que concorrem para o cumprimento integral desse

direito inalienável.

Tendo presente o reconhecimento e manifesto papel essencial que

tradicionalmente tem sido desenvolvido pelas instituições particulares de

solidariedade social e demais entidades da sociedade civil junto das crianças e

jovens em perigo, que, complementando a acção directa do Estado e

respectivas instituições públicas, vêm assumindo importantes

responsabilidades, quer para o acolhimento de curta duração em centros de

acolhimento temporário quer para o acolhimento prolongado, em lares de

infância e juventude impõe-se que o Estado e a sociedade civil assegurem o

necessário fortalecimento técnico, organizativo e funcional dos lares de infância

e juventude, numa aposta clara das competências técnicas dos recursos

humanos destas instituições.

Resultados alcançados

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148 Lares de infância e juventude integraram já o Plano DOM, acolhendo no

conjunto, 4891 crianças e jovens.

Entre os resultados positivos já alcançados destacam-se os seguintes:

sensibilização para a desinstitucionalização reflectida e planificada,

concretização mais consolidada e segura de projectos de vida das crianças e

jovens, reforço e valorização das equipas técnicas, educativas e de apoio dos

lares, promoção efectiva e valorização dos direitos das crianças.

8. Código de Conduta do Instituto Nacional para a Reabilitação (MTSS)

Descrição da Actividade

Adopção de um Código que estabelece princípio éticos, incluindo o respeito

pelos directos humanos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos e

vincula todos os colaboradores do Instituto independentemente do vínculo e

posição hierárquica. Tem como objectivo aplicar os princípios dos direitos

humanos e de ética na actividade interna e externa do Instituto.

Responsabilizar todos os colaboradores na defesa dos princípios e no combate

às condutas discriminatórias.

Resultados

Foi criada uma Comissão de Ética que avalia a aplicação do código de

conduta, fiscaliza o seu cumprimento e recebe queixas dos colaboradores com

fundamento na violação das normas do código.

9. Divulgação do novo regime jurídico da parentalidade (MTSS)

Descrição da Actividade

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O Código do Trabalho aprovou um novo regime de parentalidade, que se

caracterizou pelo forte incentivo à partilha das licenças entre mães e pais, no

âmbito dos subsídios parentais iniciais, com a extensão dos direitos individuais,

reflectida nos subsídios parentais alargados.

No quadro do novo regime da parentalidade, que entrou em vigor dia 1 de Maio

de 2009, garantiu-se um reforço da protecção social em conjugação com a

promoção da conciliação entre vida familiar e profissional. Neste contexto,

assume particular ênfase a possibilidade de alargamento de 30 dias da licença

parental global em caso de partilha da licença entre o pai e a mãe.

Tem como objectivo aumentar a partilha de licenças parentais entre homens e

mulheres e assim contribuir para uma maior e efectiva igualdade e a não

discriminação no mundo laboral e na família.

Resultados alcançados

Os dados apurados no primeiro ano de vigência deste novo e inovador regime

já permitem mostrar uma evolução bastante positiva da partilha das licenças

entre mãe e pai. Em termos de tendências observa-se um crescimento no

âmbito do Subsídio Parental Inicial com partilha (com uma subida de menos de

1%, em vários anos anteriores, para 12%).

10. Prémios e Concursos para a promoção dos direitos humanos das pessoas

com deficiência (MTSS)

Descrição da Actividade

Estes Concursos/Prémios permitem envolver a sociedade civil tendo em vista

sensibilizar e informar sobre os Direitos Humanos, e especificamente os

Direitos das Pessoas com Deficiência.

O concurso “Cartaz 3 de Dezembro” tem por objectivo premiar o trabalho

gráfico que melhor represente a mensagem subjacente à comemoração deste

dia, nomeadamente celebrar os direitos humanos das pessoas com deficiência

e sensibilizar a sociedade para combater os preconceitos e os obstáculos que

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impedem estes cidadãos de exercer os seus direitos e participar activamente

em todos os aspectos da vida política, social, económica, cultural e artística.

Com esta iniciativa pretende-se igualmente envolver todos os cidadãos, de

todas as idades, em grupo ou individualmente, na sensibilização para os

direitos da igualdade de oportunidades e não-discriminação das pessoas com

deficiência.

O Concurso “Escola alerta” tem por objectivo sensibilizar e mobilizar os alunos

para a participação na superação da discriminação de que são alvo as pessoas

em geral e em particular as pessoas com deficiências ou incapacidade, através

da eliminação das barreiras sociais, urbanísticas e arquitectónicas, e/ou

relacionadas com a informação e comunicação, as quais dificultam ou

impedem a acessibilidade destas pessoas, o pleno gozo dos direitos humanos

e de cidadania e, consequentemente, o exercício efectivo dos seus direitos, e

ainda sensibilizar e mobilizar os alunos para a igualdade de oportunidades e

para os direitos humanos, em particular os direitos das pessoas com

deficiências ou incapacidade.

Resultados alcançados

Foram apresentados 17 trabalhos a concurso, tendo sido escolhido o cartaz

que foi editado e distribuído no âmbito das comemorações Nacionais do Dia

Internacional das Pessoas com Deficiência - dia 3 de Dezembro.

Foram apresentados cerca de 173 projectos a concurso de cerca de 150

escolas. Foram atribuídos prémios regionais e nacionais.

11. Estratégia Nacional para a Integração dos Sem Abrigo (ENIPSA) – (MS)

A coordenação do Grupo Interinstitucional (GIMAE), criado em 2007 para

desenvolver a Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem Abrigo,

foi cometida ao Instituto de Segurança Social, e nele estão representados

diferentes sectores e áreas de actividade pública e privada, no qual se inclui o

Alto Comissariado da Saúde, a Coordenação Nacional de Saúde Mental, a

Direcção-Geral da Saúde e o Instituto Português da Droga e da

Toxicodependência,. Descrição da Actividade

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Período temporal: 2009-2015

A presente Estratégia pretende assegurar a existência de condições que

garantam a promoção da autonomia, através da mobilização de todos os

recursos disponíveis e permitir o exercício pleno da cidadania (um dos

principais objectivos consiste na garantia do acesso de todos os direitos sociais

a todos os cidadãos, bem como o exercício pleno de cidadania), consagrando

dois eixos. O Primeiro Eixo desta Estratégia prevê o desenvolvimento de

medidas que visam o conhecimento do fenómeno, a informação, sensibilização

e educação da comunidade em geral para o fenómeno dos sem-abrigo e que

contribuem para a mudança das representações sociais discriminatórias

associadas a este problema. O Segundo Eixo prevê a qualificação da

intervenção visando criar a qualidade e eficiência das respostas.

No quadro do primeiro eixo estratégico, e no âmbito do Ano Europeu de

Combate à Exclusão Social 2010, o MS através do Alto Comissariado da

Saúde, a Coordenação Nacional da Saúde Mental e a AMI aderiram ao

projecto “Welcome HomeLess”, em colaboração com a UDENFOR, tendo

contado com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da Fundação Gulbenkian

e do Instituto da Segurança Social. Este Projecto é uma iniciativa pan-europeia

que consiste numa exposição itinerante de 13 esculturas de bronze, em

tamanho real, retratando pessoas sem abrigo. Esta exposição foi pensada para

locais públicos, nomeadamente ruas e praças das capitais europeias, com o

objectivo de dar a conhecer aos cidadãos europeus, a realidade das pessoas

sem abrigo.

A Estratégia identifica um conjunto de medidas dirigidas a diferentes níveis de

intervenção: prevenção junto de grupos de risco, intervenção em situação de

rua e alojamento temporário e intervenção ao nível do acompanhamento.

O modelo de intervenção geral da Estratégia contempla dois momentos: a

intervenção na emergência e o acompanhamento após a emergência. A saúde

actua nestes contextos como sinalizador e receptor/sinalizador na intervenção

em contexto de emergência e como resposta articulada no acompanhamento

após a emergência.

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A Estratégia parte da utilização de um conceito único (conceito operacional) de

pessoa sem-abrigo, que serve de referência às intervenções de todas as

Instituições envolvidas e que permite avaliar e monitorizar o fenómeno.

Resultados alcançados

Foi construído um modelo de intervenção em saúde decorrente da estratégia

pelos representantes da Saúde (DGS, ACS, CNSM, ENSP) no Grupo

Interinstitucional, o qual foi apresentado e validado pelas 5 Administrações

Regionais de Saúde, tendo sido elaborado um documento com orientações

estratégicas sobre o conceito e modelo de intervenção na saúde Deu-se início

à divulgação desse modelo de intervenção tendo em vista a implementação e

desenvolvimento da estratégia pelos serviços de saúde.

Foi desenvolvido um projecto-piloto para tratamento dos sem-abrigo com

problemas de saúde mental, na região de Lisboa, resultante de um Protocolo

de colaboração foi estabelecido entre o Centro Hospital Psiquiátrico de Lisboa

e a Coordenação Nacional para a Saúde Mental.

Saúde

1. “Resposta às múltiplas necessidades dos utentes com problemas

associados aos consumos de substâncias psicoactivas, numa lógica de

proximidade ao cidadão e à comunidade” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Período temporal: Esta actividade decorre das necessidades dos utentes e

realiza-se durante todo o ano civil.

Acções: O IDT, I.P. tem desenvolvido um intenso trabalho de mobilização de

diferentes actores dos sectores público e privado, criando uma rede de

recursos de saúde e sócio-sanitários com a qual se articula, quer através de

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protocolos formais, quer através do estabelecimento de múltiplos acordos de

cooperação, muitos deles informais, ditados por uma experiência de boas

práticas de articulação.

Agentes: Serviços do IDT, I.P.

Destinatários: Toda a população com problemas associados ao consumo de

álcool e drogas que procura tratamento nos serviços do IDT, I.P.

Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P. e parceiros

de outras instituições.

Objectivos pretendidos: Pretende-se promover boas práticas de integração de

cuidados de saúde à pessoa com problemas associados ao consumo de

substâncias psicoactivas lícitas ou ilícitas, a nível regional e local, que

possibilitem agilizar o seu tratamento na comunidade de pertença e evitem a

discriminação na utilização dos dispositivos de saúde.

Resultados alcançados

Avaliação com recurso a elementos quantitativos:

Durante o ano de 2009, foram assinados 27 novos protocolos, encontrando-se

em vigor 372 celebrados em anos anteriores e 724 articulações informais.

Avaliação com recurso a elementos qualitativos:

Existe uma grande diversidade de articulações e troca ou complementaridade

de serviços daí resultante, os quais permitem uma replicação de boas práticas

na prestação de serviços pelo IDT, I.P. e outras instituições, nomeadamente,

realização de consulta/serviço na área da toxicodependência ou alcoolismo,

prestação de cuidados de saúde específicos (infecciologia, odontologia, etc.) a

pessoas com problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas,

cedência de profissionais, instalações ou materiais do IDT, I.P. bem como da

área da Formação.

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De salientar a elaboração e proposta à tutela da criação da rede de

referenciação alcoológica, integrada pelos diferentes serviços de saúde para os

quais deverão ser encaminhados os utentes com problemas ligados ao álcool,

de acordo com os seus diversos níveis de gravidade e de necessidades.

2. Task Force sobre a Promoção da Saúde das Crianças e Adolescentes nos e

pelos Hospitais e Serviços de Saúde (Rede Internacional de Hospitais

Promotores da Saúde) - MS

Descrição da Actividade

Missão da Task Force: aplicar os princípios e critérios da Rede dos Hospitais

Promotores da Saúde no contexto específico da Promoção da Saúde para as

Crianças e Adolescentes no Hospital, através do desenvolvimento de um

quadro orgânico, conceptual e operativo e disponibilizá-lo a instituições,

políticos, organizações de cuidados de saúde e os seus profissionais, bem

como a assistentes sociais. A presente Task Force é constituída por 18

Membros, que representam, num total de 15 países, 8 hospitais pediátricos, 4

hospitais gerais com Serviço de Pediatria, 3 Associações (EACH, ESSOP,

IAC), 2 Universidades (Austrália, Bélgica), Instituto Nacional para a Saúde da

Criança (Hungria), Direcção-Geral de Saúde Pública (Governo regional das

Ilhas Canárias –Espanha), Alto Comissariado da Saúde (Portugal).

Função do MS enquanto Coordenador da Task Force: liderar a Task Force,

coordenar todos os projectos implementados a nível internacional, propor

novas áreas de trabalho, dar apoio técnico, acompanhar o representante

português da Task Force (IAC) na implementação de projectos a nível nacional.

Projectos a decorrer: Observatório de Boas Práticas de Promoção da Saúde de

Crianças e Adolescentes e o Modelo e Ferramenta de auto-avaliação sobre os

direitos da criança hospitalizada.

Resultados alcançados

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A Task Force acima identificada elaborou em Janeiro de 2009 o Modelo e

Ferramenta de auto-avaliação do respeito dos direitos da criança hospitalizada,

o qual tem como objectivo verificar o cumprimento dos direitos da criança

hospitalizada, de modo a identificar e implementar acções de melhoria da

prestação de cuidados de saúde, no contexto da Convenção sobre os Direitos

da Criança.

Este Modelo e Ferramenta de auto-avaliação foi implementado, entre Janeiro

de 2009 e Dezembro de 2010, em 15 hospitais de 9 países diferentes, incluindo

3 hospitais portugueses.

Participaram no total aproximadamente 200 participantes, incluindo

profissionais de saúde, pais, crianças (utentes) e associações de utentes.

Em Portugal, a entidade responsável por implementar o Modelo e Ferramenta

de auto-avaliação foi o Instituto de Apoio à Criança (IAC). Participaram um total

de 14 profissionais de 3 hospitais e do IAC. Foram realizadas 11 reuniões

individuais entre os 3 hospitais.

Os principais resultados alcançados foram: a identificação de acções de

melhoria do cumprimento dos direitos da criança hospitalizada e a constatação

da aplicação dos princípios gerais e dos direitos proclamados na Convenção

sobre os Direitos da Criança à área da saúde, em geral e aos hospitais e outros

serviços de saúde, em particular, pretendendo-se que o cumprimento dos

direitos da criança no hospital e a sua avaliação sejam partes integrantes da

prestação de cuidados de saúde em Portugal e nos restantes países-membros

da Rede Internacional dos Hospitais Promotores da Saúde.

A partir de Janeiro de 2011, terá inicio a implementação do Modelo e

Ferramenta a nível nacional em todos os Serviços de Pediatria, num projecto

de 2 anos conduzido em parceria pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto de

Apoio à Criança.

3. Construção do Plano Nacional de Saúde 2011-2016 (PNS) – (MS)

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Descrição da Actividade

Período temporal: Junho de 2009 a Março de 2011.

Acções: Consulta, pesquisa, analise, discussão e debate, comunicação e

gestão do conhecimento.

Objectivos pretendidos: O PNS, que se encontra na fase final de elaboração,

afirma os valores essenciais sobre os quais se fundamentam o Sistema de

Saúde: universalidade, o acesso a cuidados de qualidade, a equidade e a

solidariedade, no intuito de construir um quadro estratégico de resposta aos

mesmos.

O conteúdo do PNS, através dos seus eixos estratégicos e objectivos

estruturantes privilegia e operacionaliza um sistema de saúde dirigido para o

reforço dos direitos humanos.

Os 4 eixos estratégicos do PNS são:

- Equidade e acesso adequados aos cuidados de saúde - o PNS enquadra a

equidade e o acesso como eixo estratégico para a obtenção de ganhos em

saúde, estabelecendo instrumentos de monitorização. O acesso adequado e

atempado aos cuidados de saúde deve ser promovido activamente pelos vários

actores e intervenientes do sistema de saúde, valorizando-se a capacidade de

resposta pela melhoria do estado de saúde e redução das desigualdades das

populações que servem. Sublinha-se a importância da flexibilidade na resposta,

permitindo cuidados próximos e acessíveis a grupos vulneráveis e com

necessidades especiais. Enquadra-se o acesso e as iniquidades em saúde

como factores-chave para a redução das desigualdades e trabalhando com

outros sectores nas respostas integradas e proactivas às necessidades em

saúde dos grupos vulneráveis.

- Qualidade em saúde

- Cidadania em saúde - o PNS sublinha como orientação estratégica:

a) promover uma cultura de cidadania baseada na literacia, capacitação,

participação e empowerment tendo como eixos a difusão de informação e o

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envolvimento e participação na decisão individual, institucional e politica,

criando condições para que os cidadãos se tornem mais autónomos e

responsáveis em relação à sua saúde e de quem deles depende, bem como

promovendo o protagonismo a favor de uma visão positiva em saúde.

b) assegurar que as instituições concretizam processos de melhoria continua

do exercício da cidadania, através de avaliações regulares das necessidades

dos cidadãos/utentes, intervenções promotoras da literacia e competências,

bem como promoção de processos de participação e empowerment do cidadão

e de estruturas representativas.

c) promover e divulgar a Carta de Direitos e Deveres do Cidadão/Utente,

adaptando-se às especificidades de cada local e contexto. Avaliar os

conhecimentos dos cidadãos/utentes dos serviços sobre os direitos e deveres,

bem como melhorar continuamente as condições para o exercício destes.

- Politicas saudáveis – que envolve um maior enfoque para a

multidisciplinariedade e para os determinantes sociais.

Os 4 objectivos estruturantes do PNS:

- promover na sociedade um contexto favorável a nascer, crescer e viver com

saúde e segurança e morrer com dignidade (OE1), garantindo que o potencial

de saúde de cada um é prosseguido em cada contexto de vida (escola,

comunidade, prisões, lares, etc).

- obter mais valor em saúde através de serviços efectivos, eficientes e

sustentáveis e ainda da capacitação do cidadão e compromisso da sociedade

(OE2), com atenção às desigualdades na população.

- reforçar os mecanismos de segurança social e económica na saúde e na

doença (OE3), garantindo que os cuidados de saúde não são condicionados

pelos determinantes sociais ou económicos ou estatuto legal.

- reforçar a participação de Portugal na Saúde Global: envolvimento pró activo,

multilateral e bilateral (OE4).

No processo de construção do PNS, o envolvimento dos actores e

intervenientes do sistema de saúde constituiu um dos valores orientadores.

Nos intervenientes e actores envolvidos incluem-se aqueles que estão

envolvidos directa e indirectamente na promoção da saúde, assim como a

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administração central, o prestador de cuidados de saúde, o cidadão, as

instituições nacionais, locais, o sector público, o social e privado, a comunidade

científica, as organizações não-governamentais. Neste quadro incluem-se

também outros sectores governamentais e não-governamentais fora da saúde,

bem como organizações nacionais e internacionais com a missão de melhorar

o estado de saúde das nações, que contribuem no mesmo sentido.

O Plano de Consulta e Envolvimento do PNS tem como objectivos:

1) Identificar e recolher a contribuição dos diferentes intervenientes e públicos-

alvo, promovendo um processo de participação e discussão que permita obter

os melhores contributos;

2) Promover o alinhamento e a sinergia de processos de planeamento em

saúde a decorrer em paralelo (ex: Regiões de Saúde, ACES), incorporando

todos os intervenientes, públicos-alvo e decisores numa lógica cíclica de

planeamento-intervenção-avaliação;

3) Garantir que a versão final do PNS seja resultado do contributo de todos os

responsáveis pela sua implementação;

4) Promover a (auto-)responsabilização no alinhamento de estratégias, acções

e esforços aos vários níveis;

5) Validar a interpretação dos conteúdos do PNS por parte dos intervenientes

e público-alvo.

No processo de construção do PNS foi criado, em Março de 2010, um microsite

do PNS (http://www.acs.min-saude.pt/pns2011-2016), que tem como objectivo

promover um meio de discussão, envolvimento e consulta ao longo de todo o

processo de construção do PNS 2011-2016. O presente espaço potencia uma

construção participada, aberta, transparente e bem informada do processo de

elaboração do PNS 2011-2016, sendo um meio de comunicação privilegiado

entre a equipa de trabalho, o cidadão e as instituições.

Resultados alcançados

No microsite do PNS foram colocados à disposição:

- estudos, documentos de análise e de reflexão nacionais e internacionais, que

pretendem informar e promover discussão do PNS;

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- contributos da sociedade civil e de instituições, associações, organizações

não governamentais, etc., do sector da saúde e de outros sectores;

- versões preliminares de temas e secções para discussão pública e

reformulação.

É possível comentar e/ou enviar documentos criando fóruns de discussão em

cada artigo ou página publicada no microsite.

Estão incluídas páginas de conteúdos referentes ao processo de construção;

modelo conceptual; identificação de eixos estratégicos e de estratégias

transversais ao PNS; processo de consulta e de envolvimento; respostas a

perguntas frequentes, entre outras.

O microsite do PNS já contou, até à data, com 36461 visitas, 291 comentários,

48 estudos e 226 contributos.

Nos dias 8 e 9 de Março de 2010 realizou-se o 3.º Fórum Nacional de Saúde

que contou com 1500 participantes e no mês de Junho e Julho de 2010 tiveram

lugar 5 fóruns regionais que contaram com um total de 1250 participantes.

4. Política activa de igualdade entre homens e mulheres no acesso ao emprego

e o respeito pelas quotas fixadas para pessoas portadoras de deficiência - MS

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade e Resultados alcançados

Integração de Trabalhadores Portadores de Deficiência

O IDT, I.P. promove a integração de trabalhadores portadores de deficiência,

existindo 33 trabalhadores portadores de deficiência em exercício de funções

dos quais 7 são homens e 26 mulheres.

Acessibilidades de Pessoas Portadoras de Deficiência:

No que respeita as acessibilidades o IDT, I.P detém 103 imóveis dos quais:

30 Imóveis com acessibilidades – (do tipo: rampas de acesso, elevadores,

casas de banho adaptada, etc.) - (29%);

73 Imóveis sem adaptabilidade – (71%).

Igualdade de Género

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O IDT, I.P., que conta com o número total de trabalhadores de 1575, dos quais

373 Homens e 1202 Mulheres, assegura, também, a garantia de igualdade no

âmbito do direito da família e à respectiva assistência, prosseguindo a

igualdade direitos no âmbito da concessão de jornada contínua para apoio a

descendentes menores de 12 anos, entre homens e mulheres; existem 172

trabalhadores nesta situação, dos quais 23 são homens e 149 são mulheres.

5. Participação do IDT na implementação da Estratégia Nacional para a

Integração das Pessoas Sem Abrigo, com base no Modelo de Intervenção e

Acompanhamento Integrado (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Desde 14 de Março de 2009, data da entrada em vigor da Estratégia Nacional

para a Integração das Pessoas Sem-Abrigo, que o IDT, I.P. tem participado

activamente na sua implementação, sob a coordenação do Instituto de

Segurança Social, I.P.

Esta estratégia define guidelines de intervenção – Modelo de Intervenção e

Acompanhamento, em sintonia com as guidelines do IDT, I.P., em que a figura

do gestor de caso assume uma especial importância no processo de

acompanhamento das pessoas sem-abrigo e respectivos planos individuais de

inserção.

A Estratégia operacionaliza-se nas redes sociais locais, tendo para o efeito sido

constituídos Núcleos de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) que

envolvem todas as entidades que trabalham na área.

O IDT, I.P. faz parte integrante de todos os NPISA criados, 13 no total,

partilhando responsabilidades na dinamização e concretização dos objectivos e

acções previstas na Estratégia. Os técnicos do IDT, I.P. são gestores de caso

dos indivíduos em situação de sem-abrigo com uso/abuso de substâncias

psicoactivas associado.

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A Estratégia tem como objectivo que “ninguém tenha de permanecer na rua

mais do que 24 horas”. Prevê a criação de respostas habitacionais de

emergência, de média duração e respostas de longa duração de diversa

natureza, onde a autonomização e o regresso à família (quando existe)

constituem prioridades. Tendo em vista uma maior articulação de esforços, a

Estratégia contempla a implementação de um modelo específico de

intervenção numa lógica de garantir o acompanhamento transversal das

pessoas sem-abrigo, por problemática emergente. Consegue-se deste modo

uma maior rentabilização de recursos humanos e financeiros, bem como evitar

a duplicação de respostas e qualificar a intervenção junto dos utentes. Prevê

ainda a intervenção ao nível da prevenção das situações de sem abrigo.

Resultados alcançados

Com base no conceito único de pessoa sem-abrigo, aprovado pela Estratégia

Nacional, as equipas de reinserção do IDT, I.P. identificaram 628 pessoas em

situação de sem-abrigo, num total de 1 443 Utentes com necessidades no

âmbito da habitação.

6. “Modelo de Intervenção em Reinserção Social” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

O Modelo de Intervenção em Reinserção Social, denominado MIR, em vigor

desde 2009 por via de uma Orientação Técnica, contempla um conjunto de

orientações para a intervenção em reinserção. A centralidade nas

necessidades do cidadão e o comprometimento mútuo da instituição e do

utente na definição de objectivos e no planeamento da intervenção, constituem

pilares deste Modelo, adoptado em cerca de 90% dos serviços locais. São alvo

desta intervenção os cidadãos que recorrem aos serviços locais do IDT, I.P.

com problemas associados ao consumo de substâncias licitas e ilícitas. A

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metodologia subjacente pressupõe o diagnóstico participado das necessidades

dos utentes e a contratualização de Planos Individuais de Inserção e a

respectiva avaliação periódica que pode resultar em alta social. Pressupõe

também o acompanhamento sistemático e mediação social, numa lógica de

gestão de caso. São agentes desta intervenção os técnicos das equipas de

reinserção dos serviços locais do IDT, I.P.

O trabalho que é desenvolvido com os utentes pode enfocar nas dimensões

inerentes ao exercício dos direitos e deveres de cidadania, na facilitação do

acesso aos serviços públicos e de proximidade, na melhoria das condições

básicas de vida, nomeadamente o acesso à habitação ou a um abrigo

condigno, o acesso à protecção social, assim como no acesso a respostas no

âmbito da educação, formação e emprego. Pretende-se com este modelo

harmonizar e qualificar a intervenção a nível nacional, e promover percursos de

inserção sustentados e duradouros, ajustados às necessidades do utente.

Resultados alcançados

Destacamos apenas alguns dos dados que podem ser consultados no

Relatório de Monitorização das Actividades de Reinserção – 2009 (IDT, I.P.,

Lisboa, 2010).

Dos cerca de 15.000 utentes atendidos e acompanhados em consultas

socioterapêuticas e de Serviço Social, 1160 contratualizaram Planos Individuais

de Inserção, dos quais cerca de 20% foram alvo de avaliação

No âmbito da habitação, as intervenções desenvolvidas responderam a 41%

das necessidades dos 1443 utentes, considerando para este cálculo respostas

habitacionais de carácter temporário.

7. “Programa Vida-Emprego”. Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P.

(IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

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O Programa Vida Emprego (PVE) é um programa de apoio financeiro e técnico

aos empregadores para a contratação de pessoas toxicodependentes em

processo de tratamento e reinserção. Trata-se de um Programa de

discriminação positiva, que tem por finalidade potenciar a inserção ou

reinserção social e profissional de pessoas consumidoras de substâncias

psicoactivas em situação de desvantagem e de desfavorecimento social.

Pretende-se deste modo promover a aproximação ao mercado de trabalho e

facilitar o processo de inserção social e do exercício pleno da cidadania.

Concomitantemente promove-se uma maior consciência e responsabilidade

social, desmontando os estereótipos associados a pessoas com percursos de

dependência.

Considera-se que esta é uma boa prática na promoção dos direitos humanos

uma vez que o tratamento por via do emprego previne situações de exclusão

social e inverte percursos tendentes à marginalização, à privação da liberdade

e dos direitos e deveres individuais. O acesso a um emprego ou a uma

profissão satisfatória permite ao indivíduo retomar a sua condição de cidadão e

exercer os seus direitos e deveres de cidadania na comunidade onde se insere,

proporciona meios de subsistência e promove a reconstrução de redes sociais.

São desenvolvidas estratégias de mediação e acompanhamento social, as

quais são fundamentais na mobilização das respostas e recursos disponíveis

para a concretização de itinerários de inserção social, que passam por

desenvolver estratégias integradas de actuação em cada um dos agentes e na

relação entre eles (indivíduos, serviços de tratamento, entidades empregadoras

e formadoras, serviços sociais, entre outros).

Resultados alcançados

De acordo com informação disponibilizada pelo IEFP, I.P., em 2009 foram

abrangidos pelo Programa 1099 consumidores de substâncias psicoactivas em

situação de exclusão, que beneficiaram das seguintes medidas específicas:

Estágios de integração socioprofissional – 586; Apoios ao Emprego – 473;

Prémios de Integração Socioprofissional – 39; Apoio ao Auto-Emprego – 1.

De entre as medidas específicas do PVE destaca-se a medida Estágios de

Integração Socioprofissional como aquela que maior número de pessoas

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abrangeu (586) e que correspondendo a uma formação prática em contexto de

trabalho, se constitui como um meio de aquisição de competências pessoais e

profissionais tendo em vista a posterior inserção. As medidas Apoio ao

Emprego e Prémio de Integração Socioprofissional que se traduzem,

respectivamente, em apoios financeiros a entidades empregadoras que

integram toxicodependentes em recuperação, mediante contrato a termo certo,

no primeiro caso, e sem termo, no segundo caso, envolveram, em conjunto, a

integração laboral de 512 pessoas, o que merece igualmente destaque num

contexto de recessão do mercado de trabalho.

Em termos financeiros, durante o ano de 2009, os encargos com o PVE

corresponderam a um total de 3.481.241,88€, na sua maioria afectos a custos

directos com o desenvolvimento das medidas específicas.

8. Encaminhamento de Indiciados às Comissões de Dissuasão da

Toxicodependência (CDT’s) em especial dos menores de idade - MS

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

O modelo de descriminalização de drogas em Portugal é uma politica

construtiva, que permitiu substituir os mecanismos repressivos e judiciários por

uma intervenção jus-psicológica centrada nas necessidades do indiciado, quer

sejam preventivas, sanitárias, terapêuticas ou ainda sancionatórias, e que

incorpora um conjunto de princípios como o Humanismo, o Pragmatismo, a

Territorialidade e a Centralidade no cidadão que estão presentes em toda a

linha de intervenção das Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência.

Desde 1 de Julho de 2001 o acto de consumir ou a posse para consumo

próprio, em quantidades até 10 dias, de qualquer substância ilícita deixou de

constituir um crime e passou a ser um ilícito de mera ordenação social; o

consumidor de drogas deixou de ser considerado como um criminoso e passou

a ser encarado como um doente que precisa de cuidados – sem restrição do

seu direito à liberdade e com direito ao acesso e escolha dos meios de saúde

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pública existentes; os processos por consumo de drogas foram retirados dos

tribunais tendo-se criado dispositivos locais mais próximos dos consumidores –

as Comissões de Dissuasão da Toxicodependência (CDT’s), onde estes

podem usufruir de um atendimento e apoio técnico especializado; não há lugar

ao registo criminal, apenas ao registo contra-ordenacional que não tem efeitos

punitivos ou restritivos de outros direitos do Homem; o consumidor é visto

como um ser humano na sua plenitude, que precisa de cuidados e cujos

Direitos à saúde, à liberdade, à família e à vida social, à reserva da intimidade

privada, ao sigilo, ao bom nome, ao trabalho e à integração social devem ser

respeitados e fomentados; o processo corre na área da residência do indiciado

– permitindo uma abordagem de integração a vários níveis, atendendo às suas

necessidades, sanitárias, terapêuticas e de reinserção, com possibilidade de

contar com o apoio dos seus familiares e amigos durante todo o processo; o

processo reveste uma forma processual simplificada, sem obrigação de

presença de advogados ou especialistas (mas assegurando esses direitos caso

o indiciado os queira exercer) uma vez que o processo corre numa Comissão

multidisciplinar (CDT) composta por psicólogos, sociólogos e juristas com

experiência comprovada na área da Dissuasão dos consumos, o que permite

fazer um melhor acompanhamento de todo o processo; permite que as várias

instituições locais possam fomentar uma melhor articulação tendo em vista a

eficácia das medidas e a não reincidência dos consumos e do seu estado de

saúde em geral; garante a protecção e o direito à reserva e ao bom nome do

indiciado, através do direito ao sigilo a que os profissionais envolvidos estão

obrigados; utiliza preferencialmente notificação telefónica – via telemóvel –

para os indiciados cujas relações familiares possam ser conflituosas e

protecção de informação confidencial; assegura o direito dos

toxicodependentes à informação e ao consentimento informado, como

corolários da dignidade do ser humano e da inviolabilidade da sua integridade

física, que se consubstancia, no âmbito dos serviços de saúde, nomeadamente

na Base XIV da Lei nº 48/90, de 24 de Agosto, na carta dos direitos e deveres

dos doentes, e na Convenção para a protecção dos direitos do homem e da

dignidade do ser humano face às aplicações da biologia e da medicina.

Quando se verifica que os indiciados têm menos de 16 anos as CDT’s fazem o

apoio e acompanhamento dos menores de 16 anos sem formalização de um

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processo por consumo de drogas mas com a possibilidade de sinalização e

encaminhamento para estrutura adequada aos seus problemas, consumos ou

riscos para a sua saúde e desenvolvimento educacional e escolar, social e

familiar.

Resultados alcançados

Verifica-se a diminuição e prevenção de consumos ocasionais ou do risco de

consumo por via de uma abordagem mais especializada; a implementação

desta inovadora política pública de descriminalização do consumo de drogas,

na sequência do estabelecido na Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga

de 1999 -2004, permitiu mudar mentalidades e diminuir o estigma social do

indivíduo consumidor de drogas.

No contexto das contra-ordenações por consumo de drogas, nas 18 Comissões

para a Dissuasão da Toxicodependência com sede em cada capital de distrito

de Portugal Continental, foram instaurados 7549 processos relativos às

ocorrências de 2009, o que representa o valor mais elevado de sempre e um

acréscimo de 15% em relação a 2008. Apesar do acréscimo do volume de

trabalho e de processos, verificado em algumas comissões, com a reposição

de quórum associado à escassez de recursos humanos, 2009 foi um ano de

consolidação e de organização das actividades e trabalhos desenvolvidos

pelas Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT). Registou-se

um acréscimo no cumprimento dos objectivos traçados e uma maior eficácia na

aplicação da Lei n.º 30/2000, bem como, uma melhoria na articulação com as

entidades envolvidas na aplicação da Lei, nomeadamente autoridades policiais,

o que levou a um aumento muito significativo de novos processos e das

respostas dadas aos indiciados.

De acordo com o Relatório Anual 2009 - A Situação do País em Matéria de

Drogas e Toxicodependências (Instituto da Droga e da Toxicodependência,

I.P., Lisboa, 2010) cerca de 76% dos processos de contra-ordenação abertos

em 2009 referem-se a indiciados primários. Dos 778 indiciados primários

toxicodependentes, 747 (96%) aceitaram aderir voluntariamente a tratamento,

no âmbito de uma suspensão provisória do processo. Deste universo, 215

(28,8%) nunca tinham estabelecido contacto com estruturas de tratamento, 94

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(12,6%) retomaram o tratamento que tinham abandonado e 438 (58,6%)

encontravam-se em tratamento no momento da prática do ilícito contra-

ordenacional. É de referir o aumento do número de indiciados primários

toxicodependentes que aceitaram aderir voluntariamente a tratamento,

relativamente a 2008 (+ 13%) e a 2007 (+ 39%). Do total de indiciados

primários não toxicodependentes (3.563), 771 (21,6%) foram alvo apenas de

diligências de motivação, 522 (14,6%) foram alvo de diligências de motivação e

encaminhados para apoio e 958 (26,8%) foram directamente encaminhados

para apoio sem necessidade de diligências de motivação. Constata-se que

2.251 (63%) do universo de indiciados primários não toxicodependentes foram

diagnosticados como consumidores em situação problemática que poderia

indiciar situações de maior risco face à toxicodependência, carecendo de apoio

especializado e diferenciado.

9. Projecto “Eu e os Outros” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

O Projecto “Eu e os Outros” teve o seu inicio em 2007, estando presentemente

numa fase de difusão e consolidação de parcerias. Para tal conta com o apoio

da Direcção Geral Desenvolvimento e Inovação Curricular (DGDIC) do

Ministério da Educação, da Direcção Geral da Saúde (DGS), da Comissão para

a Igualdade de Género (CIG) da Secretaria de Estado para a Igualdade de

Género, do Instituto Português da Juventude (IPJ), do Programa de Educação

para a Cidadania (PIEC) do Ministério do Trabalho, da Polícia de Segurança

Pública e do Instituto Português de Cardiologia Preventiva.

Este projecto tem por objectivo genérico promover a reflexão em formato grupal

sobre temas do desenvolvimento ligado à adolescência, criando uma dinâmica

de grupo geradora de crescimento pessoal e social. Constitui-se como um

instrumento promotor de processos de tomada de decisão, confrontação no

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seio do grupo e exploração de informação dirigido a grupos de jovens entre os

10 e os 18 anos.

O Projecto “Eu e os Outros” tem por base 8 histórias e um manual em suporte

electrónico, cada uma delas abordando temas ligados ao desenvolvimento

pessoal e social. Os jogadores têm por objectivo de jogo conduzirem um grupo

de personagens, mediante um conjunto de decisões partilhadas, na resolução

de problemas do dia-a-dia.

As histórias estão organizadas por parágrafos, no final dos quais os jogadores,

assumindo o papel do personagem principal, são confrontados com várias

opções das quais podem escolher apenas uma. Este processo de decisão no

seio de um grupo, bem como a exploração dos conteúdos que lhe estão

subjacentes serão objecto de análise no manual de suporte.

Neste sentido a estrutura do manual comporta um breve enquadramento

teórico, regras para a utilização das narrativas interactivas, propostas de

exploração dos temas de cada uma das histórias e, finalmente, bibliografia de

suporte.

Geralmente é aplicado a grupos de jovens em contexto de sala de aula, em

sessões de 90 minutos, cada história é aplicada entre 6 a 8 sessões com o

ritmo de 2 histórias por ano.

Os aplicadores são geralmente professores, estudantes universitários,

animadores sociais, psicólogos, enfermeiros, com formação específica para o

fazer.

O processo de avaliação compreende a avaliação de processo e de resultados,

com a utilização do ROPELOC na sua versão reduzida com a designação de

LEQUE.

Neste momento o processo de construção e validação do material está

terminado e o material encontra-se em fase de produção e em processo de

certificação pelo Conselho Cientifico-Pedagógico para Professores de Braga.

Resultados alcançados

No ano de 2008/09 foram envolvidos 21 Centros de Respostas Integradas

(CRIs) do IDT, abrangendo mais de 3.661 alunos e 473 Aplicadores (291

professores, técnicos de diferentes formações 105, psicólogos, enfermeiros,

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técnicos de serviço social, educadores e 76 estudantes universitários),

prevendo-se que no ano 2009/2010 (dado o ano lectivo estar a decorrer não

existem ainda dados para este ano) os números de 2008/2009 sejam

ultrapassados, consolidando deste modo a implementação do projecto no

terreno.

10. “Centro de Acolhimento de Alcântara e Centro de Acolhimento o Farol”

(MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Considerando como pressuposto o direito a uma vida digna e à habitação e

particular, o IDT,IP financiou em 2010 duas estruturas de alojamento

destinadas a toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar4, uma em

Coimbra e outra em Lisboa.

Para além da disponibilização de alojamento, cuidados de higiene e

alimentação, estas estruturas têm como objectivo proporcionar as condições

físicas e humanas para a construção de um projecto de vida visando a

reabilitação e inserção social dos seus beneficiários.

Assim, nestas estruturas são prestados cuidados de saúde (enfermagem,

consulta médica, encaminhamento para estruturas de saúde), apoio social e

psicológico e são desenvolvidas actividades de promoção de competências

sócio-cognitivas e sócio-profissionais.

Resultados alcançados

No período de um ano, estas estruturas beneficiaram 350 toxicodependentes.

4 No âmbito do acordo com o Instituto de Segurança Social, o Centro de Acolhimento O Farol, em particular, serve

também população não toxicodependente.

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Tendo como referência os dados de 2009, exemplifica-se a realização, neste

contexto, de cerca de 2250 sessões de apoio social, 566 sessões de apoio

psicológico, 352 consultas médicas e 228 rastreios.

11. “Implementação de Projectos de Redução de Riscos e Minimização de

Danos” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Os projectos de Redução de Riscos e Minimização de Danos (Equipas de Rua,

Gabinetes de Apoio) são estruturas de baixo limiar de exigência (low threshold)

destinadas a toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar, que

funcionam numa lógica de proximidade a esta população.

A problemática da dependência de drogas, particularmente de opiáceos e de

cocaína, compromete a adopção de estilos de vida saudáveis e,

essencialmente, de auto-protecção destes indivíduos, situação que numa franja

da população particularmente vulnerável, tem repercussões ao nível de uma

acentuada marginalização a nível social e de uma grande fragilidade do seu

estado de saúde, acentuadas pela fraca utilização das estruturas de saúde e a

nível social, cujas características em termos de funcionamento não são por

vezes as mais adequadas para o acesso desta população específica.

Face a esta realidade, entendendo que todos os cidadãos têm direito a uma

vida digna, ao nível da saúde e bem-estar, principalmente quanto à

alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto

aos serviços sociais necessários, tem sido orientação deste Instituto financiar

estruturas que se destinam a esta população específica, com o propósito de

melhorar a sua saúde (e/ou evitar a maior degradação desta) e as suas

condições de vida a nível social (acesso a alimentação, vestuário, alojamento,

bens pecuniários), serviços estes providenciados pelos próprios projectos ou

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através da mediação realizada por estes entre o toxicodependente e os

equipamentos existentes na comunidade.

Para além da prestação de serviços directa a esta população, a generalidade

destes projectos compreende como grupos alvo estratégicos os técnicos

sociais e de saúde das redes de apoio e, em alguns casos, agentes policiais,

no sentido de contribuir para o conhecimento destes agentes acerca desta

problemática e consequente facilitação do acesso desta população aos

serviços em causa.

Resultados alcançados

No ano de 2010 o IDT, I.P. financiou cerca de 35 Equipas de Rua, 3 Gabinetes

de Apoio e 1 Programa de Substituição Opiácea em baixo limiar5, localizados

em zonas prioritárias quanto a esta problemática. Em 2009/2010 estes

projectos contactaram com cerca de 17.000 toxicodependentes. A população-

alvo desta intervenção teve acesso a serviços de natureza psicossocial

(atendimentos psicossociais, apoio psicológico, cuidados de higiene, apoio

alimentar, encaminhamentos), cuidados de saúde (consultas médicas,

cuidados de enfermagem, rastreios, terapêutica medicamentosa, vacinação) e

a iniciativas de informação e sensibilização.

12. “Projecto InPar” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

O InPar consiste num Projecto Experimental para a Pré-Profissionalização e

Estabilização de Toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar, co-

financiado pelo IDT, I.P. e implementado por uma ONG (a APDES – Agência

Piaget para o Desenvolvimento), durante 2 anos. No âmbito deste projecto,

pretende-se contribuir para o direito à inserção sócio-profissional e participação

5 Note-se que quanto a respostas estas tipologias não são mutuamente exclusivas, o que significa que alguns

Gabinetes de Apoio implementam PSOBLE, o PSOBLE dois gabinetes de apoio de retaguarda e as Equipas de rua também podem ter gabinetes de apoio de retaguarda, por exemplo.

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cívica dos utilizadores de drogas, testando metodologias ao nível da reinserção

social em utentes de equipas de rua. Tem duas componentes principais:

A integração de utilizadores de drogas em equipas de rua enquanto

Educadores de Pares. Neste âmbito, as estratégias utilizadas consistem no

acompanhamento e mediação social, tendo sido definido uma figura de

mediação, designada como tutor de reinserção, responsável pelo

acompanhamento individual de cada participante e pela mediação com a

equipa de rua onde cada um foi integrado. De forma a criar condições para a

efectiva inserção dos participantes, foram ainda desenvolvidas acções de

preparação das oito Equipas de Rua envolvidas e de consultoria no decorrer do

processo.

A integração pré-profissional em sistemas sociais formais (como por exemplo:

mercado de trabalho, formação), no âmbito do qual se prevê a intervenção na

dimensão individual e na dimensão contexto. Através do desenvolvimento de

metodologias de balanço de competências, acções formativas e de treino de

competências, são elaborados planos individuais de inserção e melhoradas as

condições de empregabilidade dos participantes. A dimensão contextual é

desenvolvida através de sessões de mediação familiar, sempre que

necessário, e através de estratégias de aproximação e articulação com as

respostas da rede.

Transversalmente a estas duas componentes, está em curso um processo de

investigação, de forma a avaliar o processo de reinserção destes públicos,

identificando factores facilitadores e obstáculos.

Resultados alcançados

No 1.º ano de implementação do projecto, o principal resultado alcançado foi a

integração de oito utilizadores de drogas a exercer funções como educadores

de pares em Equipas de Rua, como previsto.

Quanto às principais vantagens identificadas pelas Equipas de Rua tal como a

participação do Educador de Pares na intervenção desenvolvida, a percepção

é muito positiva quer sobre a sua integração nas equipas quer como sobre o

trabalho por eles desenvolvido.

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Entre vários aspectos destacam-se os seguintes: a aproximação a novos

utentes e a novos locais de intervenção.

Relativamente à segunda componente do projecto, ao longo do 1.º ano foi

possível acompanhar 10 utentes, e só será possível avaliar resultados no final

do projecto, uma vez que foi necessário alterar estratégias de intervenção

inicialmente definidas.

13. “Programa Específico de Troca de Seringas (PETS)” - MS

Ministério da Justiça (Direcção Geral dos Serviços Prisionais), em parceria com

o Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Na sequência da elaboração do Plano de Acção Nacional para Combate à

Propagação de Doenças Infecciosas em Meio Prisional (Julho de 2006)

constituiu-se um grupo de trabalho interministerial com vista a operacionalizar e

avaliar um Programa Específico de Troca de Seringas em dois

estabelecimentos prisionais: Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira e

Estabelecimento Prisional de Lisboa.

No contexto deste trabalho foi estabelecido o enquadramento legal para o

Programa Específico de Troca de Seringas (Lei nº 3/2007 de 16 de Janeiro),

bem como o seu respectivo Regulamento (Despacho nº 22 144/2007 dos

Ministérios da Justiça e da Saúde).

Este programa tem como pressuposto que o recluso em meio prisional perde

apenas o direito à liberdade, mantendo os restantes direitos humanos, como o

direito à saúde, que se traduzem na possibilidade de aceder aos mesmos

serviços disponíveis em meio livre, como é o caso das medidas de redução de

riscos e minimização de danos.

Em ambos os estabelecimentos prisionais promoveu-se um programa de

formação específico para funcionários (técnicos e guardas prisionais) e outro

para reclusos, nas áreas da prevenção e tratamento de doenças infecciosas,

toxicodependência, sobre o próprio PETS e saúde em geral.

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A componente de troca de seringas do PETS iniciou-se em 2007, a 10 de

Dezembro no Estabelecimento Prisional de Lisboa e a 21 de Novembro no de

Paços de Ferreira.

Resultados alcançados

O ano de 2009 constitui-se como um momento de reflexão e avaliação do

Programa Especifico de Troca de Seringas (PETS) enquadrado através do

Plano de Acção Nacional de Combate à Propagação de Doenças Infecciosas

em Meio Prisional. Este Plano é operacionalizado em cinco áreas de

intervenção: promoção da saúde e prevenção da doença, tratamento da

toxicodependência, tuberculose, doenças infecciosas virais, redução de riscos

e minimização de danos.

De facto, embora a acção que ganhou maior evidência pública no âmbito do

PETS tenha sido a realização de troca de seringas (com resultados nulos),

desde o primeiro momento que a componente de RRMD se integra numa

estratégia mais abrangente (do PANCPDI), constituindo em si mesma uma

diversidade maior de objectivos e acções do que a troca de seringas por si.

Na avaliação realizada considerou-se que a implementação do PETS nos dois

EP resultou em ganhos em três dimensões fundamentais: Trabalho

multidisciplinar e inter-institucional em torno da saúde em meio prisional;

Divulgação de informação sobre saúde, doenças infecciosas, consumo de

substâncias; Aproximação do recluso a serviços de saúde.

14. “Prestação de cuidados à população com problemas ligados ao uso de

substâncias psicoactivas conjugando recursos para o plano de tratamento

individualizado” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

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Período temporal: O acompanhamento de pessoas com problemas ligados ao

uso de substâncias psicoactivas verifica-se durante todo o ano civil.

Acções: Desenvolvimento nos serviços do IDT, I.P., em articulação com outras

entidades, de serviços de avaliação, triagem, acompanhamento e tratamento

de pessoas com problemas ligados ao uso de substâncias psicoactivas.

Agentes: Equipas dos serviços ambulatórios e de internamento do IDT, I.P.

Destinatários: Toda a população com problemas ligados ao consumo de

substâncias psicoactivas.

Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P.

Objectivos pretendidos: Baseado no princípio do Humanismo, pretende-se que

seja reconhecida e devolvida a plena dignidade humana das pessoas

envolvidas no fenómeno dos comportamentos aditivos (das drogas, do álcool,

dos medicamentos ou outros) assumindo-se a centralidade no cidadão e nas

suas necessidades objectivas e subjectivas, de acordo com os seus direitos e

deveres.

Resultados alcançados

Avaliação com recurso a elementos quantitativos: Em 2009 foi garantido,

através de uma intervenção integrada, o tratamento em ambulatório nas

unidades do IDT, I.P. a 47.893 utentes, sendo 38.970 atendidos nos Centros de

Respostas Integradas (CRI) e 8.923 nas Unidades de Alcoologia (UA).

O número de novos utentes admitidos, em 2009, foi de 10.209, sendo 7.722

nos CRI e 2.487 nas UA.

O número total de consultas/atendimentos realizados, em 2009, foi de 680.119,

dos quais 634.759 efectuadas nos CRI e 45.360 nas UA.

No ano de 2009 estiveram internados para desabituação, 1644 utentes nas 4

Unidades de Desabituação Públicas, 1.032 nas 10 Unidades Privadas de

Desabituação Licenciadas, 1.137 nas 3 Unidades de Alcoologia Públicas.

Ainda em 2009, estiveram ainda internados 127 utentes nas 3 Comunidades

Terapêuticas Públicas, 4.451 nas 67 Comunidades Terapêuticas Privadas

Licenciadas, 70 utentes frequentaram os 2 Centros de Dia Públicos, 407

utentes os 7 Centros de Dia Privados Licenciados.

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Avaliação com recurso a elementos qualitativos:

Toda a população atendida é encarada como sendo constituída por pessoas

com problemas de saúde e não por pessoas com problemas de criminalidade.

A todos os utentes é garantido o anonimato e a confidencialidade,

reconhecendo-se-lhe os seus plenos direitos de pessoa e cidadão.

Oferta de programas de tratamento universais e gratuitos, organizados

sequencialmente segundo planos de tratamento individualizados.

15. “Discriminação positiva de grávidas e puérperas” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Período temporal: O acompanhamento diferenciado de grávidas e puérperas

com problemas de consumo de álcool ou drogas verifica-se durante todo o ano

civil.

Acções:

Estabelecimento de prioridade para o atendimento de grávidas, puérperas e

seus companheiros.

Existência de programas técnicos de apoio específico em Comunidade

Terapêutica com pagamento diferenciado para estimular a sua implementação.

Estabelecimento de articulação dos serviços do IDT, I.P. com maternidades,

com compromisso de feedback bidireccional.

Agilização da disponibilização de Metadona durante os internamentos e

agilização da disponibilização de doses de Metadona para tomar em casa,

como medida de apoio a puérperas.

Acompanhamento privilegiado de serviço social, na articulação com a

Segurança Social e outros serviços de apoio social.

Agentes: Equipas dos serviços ambulatórios e de internamento do IDT,I.P.

Destinatários: Grávidas, puérperas e suas famílias, com problemas de

consumo de álcool ou drogas.

Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P.

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Objectivos pretendidos: Tornar os serviços mais atraentes para esta população,

através da melhoria do atendimento de grávidas e puérperas, e da promoção

de uma melhor prestação de cuidados, que se traduzam numa maior qualidade

de vida e na diminuição dos efeitos negativos provocados pelo consumo de

álcool e drogas, na mãe e na criança.

Resultados alcançados

Avaliação com recurso a elementos quantitativos:

Verificou-se uma redução da taxa de transmissão mãe-filho do VIH

(actualmente 1-2%).

Entre 2007 e 2009, o número de grávidas acompanhadas em Metadona baixou

significativamente, sendo de 119 em 2007, de 121 em 2008 e de 87 em 2009.

Em 2009 existiram programas dirigidos especificamente a grávidas com PLA

(Problemas Ligados ao Álcool) em 24 instituições.

Em 2010 estiveram internadas em camas convencionadas de Comunidades

Terapêuticas, privadas ou públicas, 11 grávidas e 18 mulheres com filhos

internados com elas.

Avaliação com recurso a elementos qualitativos:

A maioria das grávidas atendidas na maternidade já teve algum tipo de

acompanhamento nos serviços do IDT, I.P. pelo que hoje em dia é raro

aparecer num hospital/maternidade uma toxicodependente em trabalho de

parto que nunca tenha sido anteriormente avaliada/acompanhada.

Graças a um crescente intercâmbio e diálogo entre as equipas, a atitude dos

técnicos das maternidades face às grávidas consumidoras, que era no passado

muito culpabilizante, tem-se vindo a modificar, prevalecendo actualmente uma

postura de apoio e suporte, levando estas mulheres a procurarem mais

precoce e assiduamente os serviços.

16. “Programa Terapêutico com Metadona nas Farmácias” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

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Descrição da Actividade

Período temporal: Esta actividade desenvolve-se durante todo o ano civil.

Acções: Disponibilização de Metadona em farmácias a utentes dependentes de

opiáceos.

Agentes: Equipas de Tratamento do IDT,I.P. e Profissionais das farmácias

aderentes ao Programa.

Destinatários: Utentes consumidores de opiáceos em tratamento com

Metadona.

Meios: Equipas de Tratamento dos serviços do IDT, I.P., 498 farmácias e 749

farmacêuticos.

Objectivos pretendidos: Tornar os serviços mais acessíveis aos utentes não

necessitando assim estes de se deslocarem diariamente às unidades do IDT,

I.P. pois as doses para tratamento são disponibilizadas por uma farmácia na

área de residência ou perto do local de trabalho.

Resultados alcançados

Avaliação com recurso a elementos quantitativos:

Desde o início do programa até 31 de Dezembro de 2009 integraram este

programa 498 farmácias, 749 farmacêuticos e 2433 utentes.

Das 498 farmácias, 226 seguiram 848 utentes em 2009 e à data de 31 de

Dezembro de 2009 estavam em programa de Metadona nas farmácias, 714

indivíduos, (mais 135 indivíduos que na mesma data em 2008), tendo sido de

24 meses o tempo médio de permanência em programa dos utentes activos.

Desde o início do programa até à data de 31 de Dezembro de 2009, 202

doentes tiveram alta, após cumprirem o esquema terapêutico de redução de

doses. No ano de 2009 foram realizadas 3 formações, abrangendo

farmacêuticos de 39 farmácias.

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17. “Resposta às múltiplas necessidades dos utentes com problemas

associados aos consumos de substâncias psicoactivas, numa lógica de

proximidade ao cidadão e à comunidade” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Período temporal: Esta actividade decorre das necessidades dos utentes e

realiza-se durante todo o ano civil.

Acções:

O IDT, I.P. tem desenvolvido um intenso trabalho de mobilização de diferentes

actores dos sectores público e privado, criando uma rede de recursos de saúde

e sócio-sanitários com a qual se articula, quer através de protocolos formais,

quer através do estabelecimento de múltiplos acordos de cooperação, muitos

deles informais, ditados por uma experiência de boas práticas de articulação.

Agentes: Serviços do IDT, I.P.

Destinatários: Toda a população com problemas associados ao consumo de

álcool e drogas que procura tratamento nos serviços do IDT, I.P.

Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P. e parceiros

de outras instituições.

Objectivos pretendidos: Pretende-se promover boas práticas de integração de

cuidados de saúde à pessoa com problemas associados ao consumo de

substâncias psicoactivas lícitas ou ilícitas, a nível regional e local, que

possibilitem agilizar o seu tratamento na comunidade de pertença e evitem a

discriminação na utilização dos dispositivos de saúde.

Resultados alcançados

Avaliação com recurso a elementos quantitativos:

Durante o ano de 2009, foram assinados 27 novos protocolos, encontrando-se

em vigor 372 celebrados em anos anteriores e 724 articulações informais.

Avaliação com recurso a elementos qualitativos:

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Existe uma grande diversidade de articulações e troca ou complementaridade

de serviços daí resultante, os quais permitem uma replicação de boas práticas

na prestação de serviços pelo IDT, I.P. e outras instituições, nomeadamente,

realização de consulta/serviço na área da toxicodependência ou alcoolismo,

prestação de cuidados de saúde específicos (infecciologia, odontologia, etc.) a

pessoas com problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas,

cedência de profissionais, instalações ou materiais do IDT, I.P. bem como da

área da Formação.

De salientar a elaboração e proposta à tutela da criação da rede de

referenciação alcoológica, integrada pelos diferentes serviços de saúde para os

quais deverão ser encaminhados os utentes com problemas ligados ao álcool,

de acordo com os seus diversos níveis de gravidade e de necessidades.

18. “Promoção de medidas que permitam facilitar o acesso aos diversos

programas de tratamento, gerindo os tempos de espera de acordo com critérios

éticos e científicos e as realidades locais” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Descrição da Actividade

Período temporal: Esta actividade decorre das necessidades dos utentes e

realiza-se durante todo o ano civil.

Acções: Redução dos tempos de espera para entrada em programa de

tratamento, nomeadamente para entrada nos programas de desabituação em

internamento, para primeira consulta, para programas terapêuticos com

Metadona e para comunidade terapêutica.

Agentes: Equipas dos serviços ambulatórios e de internamento do IDT, I.P.

Destinatários: Toda a população com problemas associados ao consumo de

álcool e drogas que procura tratamento nos serviços do IDT, I.P.

Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P. e parceiros

de outras instituições.

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Objectivos pretendidos: Facilitar o acesso aos diversos programas de

tratamento, minimizando os abandonos, diminuindo o sofrimento e melhorando

a qualidade de saúde das pessoas com problemas ligados ao consumo de

substâncias psicoactivas.

Resultados alcançados

Avaliação com recurso a elementos quantitativos:

Foi realizado a nível nacional junto das Equipas de Tratamento dos CRI

(Centros de Respostas Integrados) o levantamento dos tempos de espera para

diferentes programas de tratamento. Os dados obtidos são comparados com os

tempos de espera considerados razoáveis para cada um dos programas já

mencionados, sendo inferiores a estes em todos os casos.

A percentagem de atendimentos em primeira consulta nas ET (Equipas de

Tratamento) realizados em menos de 15 dias foi de 90% (6.636/7.406).

A percentagem de atendimentos em primeira consulta nas UA (Unidades de

Alcoologia), realizados em menos de 30 dias, foi de 98% (2.425/2.487).

Apresentaram tempos de espera médios aceitáveis para admissão 84% dos

programas de Metadona e 3 das 4 Unidades de Desabituação e todas as

Comunidades Terapêuticas.

19. “Segurança e Saúde do Trabalho e a Prevenção do Consumo de

Substâncias Psicoactivas: Linhas Orientadoras para Intervenção em Meio

Laboral” (MS)

Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.

Protocolo com a Autoridade para as Condições de Trabalho.

Descrição da Actividade

O documento referencia um conjunto amplo de direitos, liberdades e garantias

individuais na população trabalhadora, pretendendo-se que os conceitos e

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conteúdos enquadradores do documento tenham aplicação em empresas e

instituições de média e grande dimensão, designadamente:

A acessibilidade aos serviços de saúde das empresas deve constituir um direito

inalienável de todos trabalhadores;

A problemática do consumo de substâncias psicoactivas como integrante das

políticas e programas de saúde das organizações;

A consideração que o problema do consumo de substâncias psicoactivas deve

ser entendido como uma questão de saúde e tratada como tal no que respeita

a todos os aspectos, nomeadamente: incapacidade temporária, subsídio de

doença e outros benefícios sociais;

A garantia da confidencialidade de toda a informação em todos os pontos do

processo de detecção de substâncias psicoactivas nos trabalhadores, bem

como no tratamento e na reabilitação;

A inexistência de qualquer forma de discriminação por parte dos empregadores

relativamente aos trabalhadores que se queiram sujeitar a tratamento, sendo-

lhes garantido o posto de trabalho e as mesmas oportunidades de promoção;

A condenação da criação de sanções à margem da lei, como seja considerar

justa causa de despedimento o mero consumo de substâncias psicoactivas em

si.

Resultados alcançados

A Comissão Nacional de Protecção de Dados aprovou o documento em sessão

plenária, através da Deliberação 890/2010, de 15 de Novembro.

A implementação deste Protocolo junto das entidades visadas está pendente

da aprovação das Senhoras Ministras da Saúde e do Trabalho e Solidariedade.

Cultura

1. LUGARES MÁGICOS, projecto desenvolvido pela Direcção Regional de

Cultura do Algarve/Ministério da Cultura, durante o ano de 2010 (MC)

Descrição da Actividade

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Reconhecendo o pleno direito de todos os cidadãos à cultura, a Direcção

Regional de Cultura do Algarve promoveu, em parceria com Ateliers Educativos

– Atelier Educativo/Associação para o Desenvolvimento da Educação pela

Arte, no âmbito do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social,

um projecto que teve como premissa:(des)construir olhares e potenciar

diálogos entre a(s) nossa(s) identidade(s) e as práticas de criação artística e

que contribuísse para a educação e fruição de monumentos, por parte de

jovens em risco e/ou com mobilidade reduzida ou inadaptados.

Tratou-se de um projecto de educação artística e patrimonial que tomou como

lugar de reflexão e cenário de trabalho quatro monumentos nacionais, no

Algarve: Castelo de Paderne, Ruínas Romanas de Milreu, Monumentos

Megalíticos de Alcalar e Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe e teve como

objectivo proporcionar uma visão mais abrangente da arte, disponibilizando e

sensibilizando para a união das artes, na formação individual e do mundo.

Para o efeito, após selecção no território algarvio de alguns centros

temporários de crianças e jovens de risco em regime temporário e de uma

instituição destinada ao acolhimento de doentes físicos e mentais, convidou-se

um conjunto de tutores muito qualificados nas suas disciplinas - fotografia,

cerâmica, estampagem têxtil, dança e olaria - que, através da elaboração de

exercícios e objectivos, conceberam sessões de trabalho de grande riqueza de

materiais e de técnicas, sempre em ligação com o lugar e o contexto físico

onde decorreram os ateliers, culminando numa mostra dos trabalhos

realizados.

De salientar que no monumento da Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe

foram criadas condições para que jovens de mobilidade reduzida pudessem

desenvolver uma criação artística na área da dança.

As Associações envolvidas foram, designadamente para as Ruínas Romanas

de Milreu a Casa do Povo de Estói, Associação de Apoio à Rapariga (Centro

Temporário), de Faro e a Casa da Primeira Infância, em Loulé; para o Castelo

de Paderne o Lar da Gaivota, da St.ª Casa da Misericórdia de Albufeira; Ermida

de Nossa Senhora de Guadalupe o Núcleo de Educação da Criança

Inadaptada (NECI), de Lagos e para o Monumento Megalítico de Alcalar o Lar

de Crianças Bom Samaritano, Portimão.

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Resultados alcançados

Nos 4 ateliers /4 monumentos foram convidados 4 formadores, envolvidas 7

Associações (1 Associação como produtora do projecto) e 48 jovens

formandos.

O balanço é muito positivo. Elevada participação, dedicação e entusiasmo,

foram de par com a introdução e problematização de novas formas de olhar e

integrar o património numa perspectiva de crescimento individual.

A iniciativa foi divulgada na pág. Web da Direcção Regional, teve reportagens

em jornais regionais e, para o ano de 2011, será editado um livro sobre o

desenvolvimento do projecto e os resultados obtidos, prevendo-se, também,

um seminário sobre a temática da inclusão pela arte.

Imigração

1. Projecto-Piloto Mediadores Municipais (ACIDI)

O Projecto-Piloto Mediadores Municipais é promovido pelo Alto Comissariado

para a Imigração e Diálogo Intercultural, Instituto Público na dependência

directa da Presidência do Conselho de Ministros.

Descrição da Actividade

O Projecto-Piloto Mediadores Municipais está a decorrer no terreno desde 1 de

Outubro de 2009 e encontra-se no seu segundo ano de execução.

Surgiu na sequência da análise positiva da actuação dos mediadores em

contextos multiculturais, com o objectivo de melhorar o acesso das

comunidades ciganas a serviços e equipamentos locais e promover a

comunicação entre comunidades ciganas e a comunidade envolvente, com

vista à prevenção de conflitos. Dirigido a todas as Câmaras Municipais de

Portugal continental que, tendo ciganos entre os seus habitantes,

reconhecessem a importância de estabelecer pontes para um diálogo

construtivo, o projecto visa colocar mediadores nos serviços das Câmaras

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Municipais ou em iniciativas promovidas por estas, no âmbito de um programa

de formação em contexto de trabalho.

Os mediadores devem ser ciganos, residentes na área de intervenção da

autarquia ou concelhos limítrofes, sendo seleccionados pelos municípios. No

âmbito deste projecto, o Acidi coordena um conjunto de acções de formação

dirigidas aos mediadores em três grandes áreas – Leis e Normas Institucionais,

Mediação e Comunicação, com a transversalidade da Língua Portuguesa oral e

escrita. A formação pretende clarificar temas que oferecem maior dificuldade

ou que vêm complementar alguns conhecimentos já adquiridos pelos

mediadores.

No primeiro ano, o projecto contemplou quinze municípios: Lamego, Paredes,

Peso da Régua, Idanha-a-Nova, Aveiro, Coimbra, Marinha Grande, Sintra,

Amadora, Seixal, Setúbal, Sines, Beja, Moura e Vidigueira.

O Acidi participa com 75% dos vencimentos e os municípios com 25%,

estabelecendo-se uma parceria em que o Alto Comissariado, entidade

promotora, os municípios, entidades interlocutoras, e instituições da sociedade

civil, entidades gestoras, com quem são celebrados os contratos de trabalho

dos mediadores.

O Projecto contém vários projectos, todos diferentes, pela localização

geográfica, pelo contexto local e a respectiva comunidade cigana, pelo tipo de

questões que se colocam, pelo próprio mediador que, enquanto indivíduo, pode

ter sensibilidades diferentes, perante problemas idênticos.

A acção dos mediadores ciganos no terreno está ancorada no Plano de

Intervenção elaborado por cada mediador e o seu coordenador técnico e,

consoante o contexto local e as necessidades identificadas é feita a

intervenção nas áreas consideradas prioritárias.

O grupo dos mediadores é bastante diversificado: em termos de género, de

níveis etários, de experiência e também de habilitações académicas, na

generalidade, baixas.

Resultados alcançados

Através do seu Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas, o ACIDI tem

vindo a monitorizar a intervenção dos mediadores no terreno. Este gabinete

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criou um instrumento de avaliação, mensalmente enviado pelos coordenadores

técnicos, onde constam os indicadores – número de atendimentos do

mediador, número de reuniões inter-institucionais e o número de actividades

em que o mediador esteve envolvido. Procura-se também saber, dentro das

actividades desenvolvidas, o tipo de actividades realizadas, os seus objectivos,

as entidades envolvidas e o número de intervenientes por entidade, a área/s de

intervenção e o número de destinatários envolvidos.

Para além de um dispositivo de avaliação interno, o Projecto conta ainda com

uma equipa de avaliação externa cujo o objectivo é dotar as entidades

envolvidas na concepção, implementação e execução do projecto, de dados

relevantes que permitam estabelecer um quadro de referência teórico e prático

para uma análise objectiva e aprofundada dos processos envolvidos nas

diferentes fases, analisar os resultados e impactes na inserção das

comunidade ciganas, nas competências dos mediadores e nas dinâmicas de

mudança dos contextos locais, bem como formular recomendações

estratégicas que possam servir de base à definição de futuras intervenções.

Na grande maioria dos municípios abrangidos as relações interinstitucionais

têm-se revelado profícuas, sendo prática corrente a solicitação do apoio do

mediador por parte dos vários Serviços.

O desenvolvimento da capacidade de iniciativa e de superar obstáculos foi

notório, tendo os mediadores, em muitos casos, proposto novas estratégias de

intervenção que se revelaram bastante adequadas, trazendo maior agilidade a

nível dos procedimentos com as comunidades ciganas.

De uma maneira geral a capacidade de comunicação destes mediadores é boa

e em alguns casos particulares notou-se uma melhoria considerável, fruto da

segurança que foram adquirindo, tanto pela intervenção positiva junto das

comunidades ciganas, como pela articulação com coordenadores técnicos e

instituições, cujo apoio e solicitação de partilha de sugestões, foi fundamental

nesta área.

Relativamente a indicadores de execução física entre 1 de Outubro de 2009 e

30 de Setembro de 2010, o Projecto envolveu 15 mediadores que realizaram

1501 atendimentos, 15 Municípios que, em conjunto com 128 parceiros,

promoveram 866 actividades, abrangendo um total de 21125 destinatários.

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2. Serviço Tradução Telefónica (ACIDI)

Descrição da Actividade

Com o objectivo fazer face a eventuais barreiras de comunicação entre os

imigrantes e os serviços a que este recorrem, colocadas pelos

desconhecimento da Língua falada pelos imigrantes por parte de quem faz

esse atendimento, o ACIDI, I.P criou, em Junho de 2006, o Serviço de

Tradução Telefónica (STT). Este Serviço, c, que coloca em conferência

telefónica, o técnico da instituição prestadora de serviços, um tradutor e o

imigrante. Dotado de uma Bolsa de Tradutores6, o Serviço de Tradução

Telefónica dirige-se a todos os interlocutores portugueses que precisam de

comunicar com estrangeiros. Para os imigrantes usufruírem deste serviço,

apenas terão de ligar para a Linha SOS Imigrante.

Resultados alcançados

Dotado de uma bolsa de 53 tradutores que dominam, perfeitamente, para além

do Português, um ou mais idiomas, o Serviço de Tradução Telefónica dirige-se

a todos os interlocutores portugueses que precisam de comunicar com

estrangeiros. Em 2010, de acordo com os últimos dados foram disponibilizados

990 traduções telefónicas.

3. Programa Escolhas (ACIDI)

Descrição da Actividade

No ano de 2010, em Janeiro, deu-se o arranque da execução da 4.ª Geração

do Programa Escolhas (PE), um programa de âmbito nacional, que funciona

6 O STT dispõe de uma Bolsa de Tradutores, com 53 tradutores seleccionados para 60 idiomas, que vão desde o inglês, francês, passando pelo romeno ou russo, chinês, bengali, crioulos, árabe, japonês, entre outros.

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junto do ACIDI, que visa promover a inclusão social de crianças e jovens

provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, entre os 6 e os

24 anos de idade, particularmente dos descendentes de imigrantes e minorias

étnicas, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão

social.

A 4.ª Geração, criada através da Resolução do Conselho de Ministros n.º

63/2009, de 23 de Julho, tem a duração de três anos (2010-2012), tendo sido

objecto de reforço financeiro com um orçamento de cerca de 32 milhões de

euros, com vista a apoiar um maior número de projectos (130 novos projectos e

10 projectos experimentais) e uma estimativa de envolvimento de 97.000

beneficiários em 5 áreas estratégicas de intervenção: Medida I, inclusão

escolar e educação não formal; Medida II, formação profissional e

empregabilidade; Medida III, dinamização comunitária e cidadania; Medida IV,

inclusão digital e Medida V, empreendedorismo e capacitação.

Resultados alcançados

Por sua vez, em Novembro de 2010, foi apresentada publicamente a avaliação

externa da 3.ª Geração do Programa Escolhas, realizada pelo Centro de

Estudos Territoriais do ISCTE. Foi destacado o seu impacto global no

desenvolvimento de competências pessoais e sociais, na capacidade de

promover o sucesso escolar e na inclusão digital como ferramentas para a

inclusão social.

Destacou-se, ainda, a capacidade deste Programa se ir adaptando e

flexibilizando, nas suas sucessivas gerações, aos desafios emanados pela

sociedade, bem como o contributo para a capacitação das organizações da

sociedade civil, através da sua co-responsabilização e mobilização efectiva.

Decorreram na terceira fase 121 projectos, em 71 concelhos do território

nacional. Através do modelo de consórcio já adoptado no Escolhas 2ª Geração,

o Programa Escolhas reuniu cerca de 780 instituições e 480 técnicos

abrangendo cerca de 81.695 destinatários.

4. Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (ACIDI)

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Descrição da Actividade

Os Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAI) foram criados em Março

de 2004, primeiro em Lisboa e depois no Porto. Mais recentemente, em Abril

de 2009, foi aberta uma extensão do CNAI de Lisboa em Faro, na Loja do

Cidadão, sob a forma de Posto de Atendimento.

Os CNAI7 congregam e fazem cooperar, dentro de um mesmo espaço e com

idêntica filosofia de funcionamento (o modelo One-Stop-Shop), vários Serviços

governamentais, com intervenção em áreas relacionadas com o processo de

integração dos imigrantes (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras -

SEF/Ministério da Administração Interna; Segurança Social/Ministério do

Trabalho e da Solidariedade Social; Autoridade para as Condições de Trabalho

- ACT/Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; Conservatória dos

Registos Centrais/Ministério da Justiça; Ministério da Educação e da Saúde),

paralelamente a gabinetes específicos de apoio, criados pelo ACIDI IP, com

vista a dar resposta a necessidades concretas dos imigrantes, não

respondidas, na integra, pelos serviços existentes (Gabinetes de Apoio ao

Reagrupamento Familiar; Gabinete de Apoio Jurídico ao Imigrante, Gabinete

de Apoio Social, Gabinete de Apoio ao Emprego, Gabinete de Apoio Imigrante

ao Consumidor e Gabinete de Apoio à Qualificação).

Os CNAI têm sido alvo de reconhecimento enquanto boa prática, quer nacional

quer internacional, a saber:

Em 2004, no “Handbook on Integration for policy-makers and practitioners”8;

Em 2005, com o 1.º lugar pelo Prémio de Boas Práticas nos Serviços Públicos,

promovido pela Deloitte e pelo Jornal Económico;

Em 2008, na publicação da OCDE, “Jobs for Immigrants: Labour market

integration in Belgium, France, The Netherlands and Portugal”9;

7 Os CNAI funcionam de segunda a sexta-feira, normalmente, das 8:30 às 18:30. 8 Disponível, para download, em Português em http://ec.europa.eu/home-affairs/doc_centre/immigration/docs/handbook_1sted_pt.pdf e, em Inglês, em http://ec.europa.eu/home-affairs/doc_centre/immigration/docs/handbook_1sted_en.pdf.

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O CNAI de Lisboa foi, ainda, o modelo para o Projecto Europeu “One-Stop

Shop: A New Answer for Immigrant Integration” Project (JLS/2006/INTI/148),

coordenado pelo ACIDI. 10

O atendimento nos CNAI é feito por mediadores socioculturais, colocados por

Associações de Imigrantes, que desempenham, assim, um papel inovador e

relevante ao constituir uma ponte cultural, linguística e afectiva com os utentes

dos Centros. Essa proximidade reflecte-se, também, ao nível da língua, uma

vez que nos CNAI, os mediadores falam cerca de 13 línguas e dialectos

diferentes. Para os casos em que a comunicação não é possível por

desconhecimento da língua/dialecto do utente, o ACIDI IP disponibiliza ainda,

através do Serviço de Tradução Telefónica, tradutores para mais de 50

línguas/idiomas.

Resultados alcançados

No decurso do ano 2010, os números dos atendimentos foram:

a) CNAI Lisboa – 181 865

b) CNAI Porto – 126 025

c) Extensão CNAI Faro – 27 238

Mais recente, o Relatório da Organização Internacional para as Migrações:

'The future of migration: building capacities for change', disponível em

http://acidi.gov.pt.s3.amazonaws.com/docs/2010/relatorio_avaliacao/RelatorioA

valiacao_2009_2010.pdf realçou o projecto como uma Boa Prática.

9 Para mais informações, ver

http://www.oecd.org/document/20/0,3343,en_2649_33931_41633620_1_1_1_37415,00.html. 10 Para mais informação sobre este projecto, ver http://www.oss.inti.acidi.gov.pt/index.php?lang=en ou http://www.oss.inti.acidi.gov.pt . No âmbito deste projecto, entre outras actividades relevantes, foi publicado um Manual sobre como implementar um One-Stop-Shop, disponível em http://www.oss.inti.acidi.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=140&Itemid=78&lang=en

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5. Projecto Mediação Intercultural em Serviços Públicos (ACIDI)

Descrição da Actividade

Importa realçar que o projecto de “Mediação Intercultural em Serviços Públicos”

(MISP), referido anteriormente, lançado a 17 de Junho de 2009, visa a

colocação de agentes de mediação intercultural em serviços públicos ligados

ao processo de acolhimento e atendimento de imigrantes, com vista a integrar

a gestão da diversidade cultural em serviços de atendimento da administração

pública; afirmar o princípio da interculturalidade enquanto pilar de coesão

social; e, ainda, contribuir para a definição do perfil dos agentes de mediação.

Co-financiado pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países

Terceiros, congregou 11 parcerias, mais concretamente, dez associações de

imigrantes reconhecidas pelo ACIDI, I.P. e uma organização não

governamental com experiência no apoio à imigração: 3 localizadas no distrito

de Lisboa, 7 no distrito de Setúbal e 3 no distrito de Faro.

Resultados alcançados

O projecto possibilitou a colocação de 28 agentes de mediação intercultural em

25 serviços públicos: 15 em serviços de saúde, 8 em Câmaras Municipais e 1

em cada uma das seguintes áreas - habitação, emprego, segurança social,

educação e Policia de Segurança Pública.

6. Programa Português para Todos (MTSS)

Descrição da actividade

O Programa Português para Todos visa contribuir para o acolhimento e

inserção socioprofissional de imigrantes legalizados e tem como objectivo

desenvolver um conjunto de acções de formação em língua portuguesa e

português técnico.

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Os percursos de formação respeitam a duas áreas de competência:

a) Língua portuguesa, que visa a aquisição e o reforço de competências no

domínio elementar da língua portuguesa, tendo por base o Referencial de

“Português para Falantes de Outras Línguas”, da responsabilidade do

Ministério da Educação e estruturado com base nos níveis comuns de

referência que resultam da adequação dos descritores do Quadro Europeu

Comum de Referência para as Línguas Estrangeiras;

b) Português técnico, que tem por objectivo a aquisição e o reforço de

competências técnicas, favorecedoras do exercício e da melhoria do

desempenho profissional, tendo por base um conjunto de referenciais técnicos

concebidos pelo IEFP, IP, sendo abrangidas quatro áreas de actividade

profissional, nas quais se regista uma mais elevada taxa de empregabilidade

dos públicos imigrantes (Comércio, Restauração, Cuidados de Beleza e

Construção Civil e Engenharia Civil).

O então designado, Programa Portugal Acolhe foi criado em 2001 pelo

Ministério do Trabalho – Secretaria de Estado do Emprego e Formação, como

um contributo para a Política de Imigração no âmbito das atribuições da

Comissão Interministerial para o Acompanhamento das Políticas de Imigração.

Neste sentido foi conferido ao IEFP, IP, a responsabilidade de operacionalizar

as Medidas de Formação preconizadas para este Programa, contando para a

sua implementação, com a rede de Centros de Emprego e Centros de

Formação Profissional, em associação com outros organismos com

competência técnica e vocação específica para a integração de populações

imigrantes.

Tendo decorrido uma primeira fase experimental em 2001, com a

implementação de um conjunto de acções-piloto, a generalização das Medidas

de Formação e o seu alargamento a toda a rede de Centros do IEFP, IP,

ocorreu a partir de Dezembro do mesmo ano.

Em 2008 foram promovidas medidas que visavam o alargamento e adequação

do Programa Portugal Acolhe ao público-alvo e desenvolvimento de programas

de formação em língua portuguesa especializados para determinados

contextos profissionais que exigem um vocabulário próprio.

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Com a entrada em vigor do QREN, a gestão do eixo 6, tipologia 6.6 “Formação

em Língua Portuguesa para Estrangeiros” é atribuída ao ACIDI, na qualidade

de organismo intermédio do POPH, responsável pela iniciativa de divulgação

nacional do Programa “Português para Todos” (designação que veio substituir

a de Portugal Acolhe) que integra acções de formação em língua portuguesa e

português técnico, a promover pelos Centros de Formação Profissional do

IEFP, IP, mas também pela Rede de Escolas do Ministério da Educação.

Em meados de 2010, com a publicação no Catálogo Nacional de Qualificações

das Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD) de língua portuguesa, a

utilizar neste Programa, a estrutura curricular universalmente adoptada passou

a apresentar 6 UFCD sequenciais de 25 horas cada, estruturadas em dois

níveis de proficiência (A1 e A2) num total de 150 horas.

Resultados alcançados

Em 2009 foram abrangidos 2236 imigrantes, tendo-se atingido um grau de

execução de 119% (a meta de abrangidos para esse ano era de 1891

imigrantes). A maioria dos imigrantes abrangidos são de nacionalidade

ucraniana, moldava, romena e russa. Em 2010 (dados provisórios) foram

abrangidos por esta formação 1783 imigrantes.

Igualdade

1. Modelo de Sinalização – Identificação-Integração das Vítimas de Tráfico de

Seres Humanos (CIG)

A Coordenação pertence à Presidência do Conselho de Ministros com o

envolvimento, em especial, do Ministério da Administração Interna, Ministério

da Justiça, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério do Trabalho e da

Solidariedade Social e ONG.

Descrição da Actividade

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O modelo de sinalização-identificação-integração das vítimas de tráfico teve

como objectivo criar um mecanismo padronizado e estruturado de intervenção

e apoio às vítimas de Tráfico de Seres Humanos. Dentro desse quadro, foi

criada uma harmonização de condutas e mecanismos entre os diversos actores

envolvidos, tais como, as forças de segurança e as ONG. Nesse sentido a

sinalização (que surge a partir do momento em que é identificada uma possível

vítima) tem como elementos essenciais o preenchimento do: “Guia Único de

Registo (GUR)”, por parte dos Órgãos de Polícia Criminal, ou do “Guia de

Sinalização (GS)”, por parte de ONG. Qualquer pessoa ou instituição pode

sinalizar uma vítima de tráfico, existindo igualmente uma linha de apoio.

Através desses dados procede-se posteriormente à confirmação dos factos e à

recolha de mais informação no sentido de se proceder à sua identificação como

vítima. Com o processo de identificação, é iniciada uma resposta de integração

que pode ser implementada em Portugal (através de programas oficiais

existentes), ou no seu país de origem (caso seja essa a sua vontade), em

coordenação com estruturas internacionais e do seu país de origem.

Período temporal, Acções, Agentes, Destinatários, Meios, Objectivos

pretendidos

Teve início em meados do ano de 2008

Agentes - Órgão de Polícia Criminal, ONG, outras instituições e qualquer

pessoa em geral.

Destinatários/as - Vítimas de Tráfico de Seres Humanos (pretende-se promover

a sua protecção, apoio e integração.

Resultados alcançados

Avaliação, se possível com recurso a elementos quantitativos (vg. Número de

pessoas abrangidas), bem como qualitativos (vg. Feedback dos destinatários).

ANO DE 200911

Sinalização de vítimas – 85 – (69 por via do GUR e 16 pelo GS)

Identificação – 7

Sexo das vítimas sinalizadas – 61 femininas e 19 masculinas –

11

Dados do Relatório Anual de Segurança Interna - MAI

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Confirmadas - 6 femininas e 1 masculina

Quanto ao acolhimento de situações sinalizadas, 10 casos foram acolhidos no

CAP (Casa Abrigo para Vítimas de Tráfico de Seres Humanos).

Juventude

1. Eu Dou a Cara (contra a Pobreza, pelos ODM, pelos Direitos Humanos) - IPJ

Promotores: CNJ e Campanha Pobreza Zero

Parceiros: Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto; Instituto

Português da Juventude, Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão

Social , Ano Internacional da Juventude.

Financiamento: Sem financiamento. Recursos Humanos CNJ

Data de realização: De 17 de Outubro 2010 - actualidade

Local/Meio de realização: Internet e redes sociais

Público-alvo: jovens cidadãs e cidadãos residentes em Portugal; organizações

públicas e privadas, organizações de juventude, sociedade civil.

Descrição da actividade

Em Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social e perante um dos

maiores desafios globais de todos os tempos – o combate à pobreza rumo à

sua erradicação – o CNJ e a Campanha Pobreza Zero lançaram o Projecto EU

DOU A CARA no Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza. Alicerçado

nas novas tecnologias, meio privilegiado de acesso a um conjunto alargado e

diversificado de pessoas, ultrapassando barreiras físicas, este projecto em

contínuo crescimento e construção, pretende que um número assinalável de

organizações e pessoas não hesitem em “Dar a Cara” Contra a Pobreza, pelo

Alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, pelos Direitos

Humanos, deixando inclusive o seu testemunho e o seu contacto para criar

uma rede de “Agentes contra a Pobreza”. O site www.eudouacara.org funciona

como lugar de encontro e de partilha entre cidadãos/ãs comprometidos/as com

o combate à pobreza e nele podem ser encontradas as caras, os seus

testemunhos, vídeos e uma brochura informativa com dados qualitativos e

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quantitativos sobre pobreza, que pode ser descarregada e cujo objectivo é a

multiplicação.

Participantes: Neste momento (Dezembro 2010) este projecto conta já com a

participação de mais de 300 pessoas e cerca de vinte organizações que deram

a cara contra a Pobreza.

Resultados obtidos/esperados

Este projecto contou logo nos seus primeiros dias com a adesão de vários

cidadãos e organizações que, dando a cara, assumiram o seu compromisso

em contribuir no combate à pobreza. O projecto Eu dou a Cara teve bastante

visibilidade mediática na imprensa escrita, rádios e televisão com uma

entrevista do presidente do CNJ no canal TVI 24. Este projecto teve um dos

seus pontos altos no dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos

Humanos, com o I Fórum de Educação para os Direitos Humanos e Diálogo

Intercultural e para o qual todos os que deram a cara foram convidados. Ele

continua a ser enriquecido com novos testemunhos, novas caras, novos

conteúdos, sendo objectivo das entidades promotoras continuar com este

projecto ao longo de 2011, desenvolvendo esta plataforma, de modo a que ela

possa conter novos e diversificados conteúdos envolvendo os seus

participantes.

2. I Fórum Educação para os Direitos Humanos e Diálogo Intercultural (IPJ)

Promotores: CNJ e Campanha Pobreza Zero

Parceiros: Amnistia Internacional; Ano Internacional da Juventude; Ano

Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social

Financiamento: Fundação Europeia para a Juventude do Conselho da Europa;

Aliança Internacional CIVICUS

Data de realização: 10 a 12 de Dezembro 2010

Local/Meio de Realização: Fórum em formato residencial, Hotel Roma, Lisboa

Público alvo: Educadores, Facilitadores e Formadores, Trabalhadores com

jovens, jovens activistas; líderes juvenis, (jovens) trabalhadores do terceiro

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sector; jovens interessados nos temas, decisores públicos e políticos nas áreas

da educação e formação, juventude, direitos humanos.

Descrição da actividade

O I Fórum em EDHDI realizado em formato residencial aliou conferências,

grupos de trabalho e programa social, colocando em rede actores e projectos

na área da EDHDI. “Pobreza e Exclusão Social: violação aos direitos

humanos”; “EDHDI na Europa e no Mundo”; “Diálogo Intercultural e

Interreligioso” e “EDHDI em Portugal: situação e desafios” foram os temas das

conferências. Para além do mais, e no âmbito da Educação para os Direitos

Humanos (EDH), este foi um espaço em que os temas de “Igualdade de

Género, Sexismo e Homofobia”; “A EDHDI em contexto escolar”; “O papel das

organizações de juventude na EDH” e “A EDH e Deficiência” foram os temas

de quatro grupos de trabalho orientado por facilitadores da Bolsa de

Formadores do CNJ. Teve o seu início no Dia Internacional dos Direitos

Humanos – Dia 10 de Dezembro

Participantes: Juntou 75 educadores e formadores, trabalhadores com jovens,

líderes juvenis, jovens activistas, académicos, decisores públicos e políticos e

jovens interessados nestes temas. Muitos dos participantes eram ou foram

membros de organizações de juventude de âmbito nacional e/ou regional e

local.

Resultados obtidos/esperados

Este Fórum foi rico em aprendizagens, partilha de saberes, de experiências e

em construção conjunta. O facto de aliar conferências, grupos de trabalho e

programa social e cultural foi muito apreciado pelos participantes, bem como o

facto de este Fórum decorrer em formato residencial. Este foi também

enriquecido com a presença de resource person; com a Biblioteca de Direitos

Humanos através da qual os presentes puderam tomar contacto com um

conjunto de livros e recursos pedagógicos na área da EDHDI; com o Open

Space - espaço para apresentação de projectos – em que foram apresentados

4 projectos de intervenção; com a Banca de Materiais de organizações e com a

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Exposição do Instituto de Apoio à Criança sobre os direitos das crianças.

Resultaram dos quatro grupos de trabalho, linhas de acção concretas e

caminhos a seguir. Sendo este Fórum um dos pontos altos da Campanha Eu

dou a Cara, no dia 10 de Dezembro, os presentes associaram-se à Campanha

Internacional Barefoot Against Poverty, descalçando-se contra a pobreza. O

Secretário de Estado da Juventude e do Desporto -Dr. Laurentino Dias -

gravou, no Fórum, um vídeo de apoio a esta campanha e a Secretária de

Estado para a Igualdade - Dr.ª Elza Pais - também a ela manifestou o seu

apoio. Ambos estiveram presentes no Fórum. O CNJ colocou em contacto os

participantes e irá agora documentar e partilhar com os demais todos os inputs

deste Fórum através, nomeadamente, de uma publicação online a ser

divulgada em meados de Fevereiro 2011.

3. Kit Pedagógico sobre Género e Juventude. Educação não-formal para o

mainstreaming de género na área da juventude (IPJ)

Promotores: Rede de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre

Mulheres e Homens

Parceiros: Conselho Nacional de Juventude, Instituto Português da Juventude,

I.P

Financiamento: Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

Data de realização: 2010

Local/Meio de realização: 1000 exemplares. Será também disponibilizado

online

Público alvo: líderes e sócios de associações juvenis, organizações que

desenvolvem trabalho junto de jovens, grupos informais de jovens, e entidades

públicas com responsabilidades na área da juventude, de forma a incluir a

dimensão de género nas suas práticas e culturas organizacionais

Descrição da actividade

O Kit Pedagógico Género e Juventude encontra-se estruturado em torno de

sete temáticas: igualdade de género; sexualidades; violência; participação e

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cidadania; educação e emprego; comunicação, media, linguagem e imagem; e

direitos humanos.

No início de cada temática é facultada alguma informação de natureza mais

teórica.

Passa-se, então, para um conjunto de dinâmicas adstritas às temáticas. Cada

dinâmica comporta um conjunto de palavras-chave a serem exploradas no

decurso da implementação da dinâmica; uma breve introdução sintética do

conteúdo; os seus objectivos, a dimensão desejável do grupo, a duração da

dinâmica e os materiais/equipamento/logística necessários. Explana-se, em

seguida, o desenvolvimento da dinâmica e, por último, algumas observações

em jeito de tópicos de discussão, sugestões e/ou derivações da dinâmica.

O Kit Pedagógico Género e Juventude recorre à educação não-formal, tendo-a

como um instrumento particularmente eficaz para a participação activa, o

desenvolvimento de competências pessoais, sociais, cívicas e profissionais e o

potenciar de aprendizagens reflexivas

Resultados obtidos/esperados

A promoção e efectivação da igualdade entre raparigas e rapazes são

propósitos mais do que pertinentes, nomeadamente num contexto de educação

não formal e de aprendizagem cívica. Foi a escassez de instrumentos que

promovam a inclusão da dimensão e perspectiva de género no contexto do

associativismo juvenil que motivou este projecto, o qual visa, essencialmente,

contribuir para o mainstreaming de género nas associações juvenis, nos grupos

formais e informais de jovens e no trabalho que algumas entidades públicas e

privadas desenvolvem com jovens. Pretende-se objectivamente dotá-las de um

instrumento capacitador, permitindo abordar e trabalhar, de forma transversal,

os diferentes aspectos e as várias dimensões relacionadas com o género e a

igualdade de homens e mulheres. Pretende-se, ainda e desta forma, contribuir

para a construção de culturas e práticas organizacionais inclusivas do género.

Foi assim criado um instrumento de educação não-formal, apelativo e fácil de

utilização, a ser disponibilizado gratuitamente a um conjunto de organizações

de juventude, grupos informais de jovens, entidades públicas trabalhando com

jovens.

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No seio do CNJ, este recurso será facultado às nossas organizações membro e

associadas bem como à nossa bolsa de formadores.

4. Projecto Roteiro 3456 (IPJ)

Promotor: O Conselho Nacional de Juventude é parceiro do Projecto Roteiro

3456 - Igualdade, Saúde, Cidadania e Desenvolvimento, promovido pela

Associação para o Planeamento da Família, com o apoio do Instituto Português

de Cooperação e Desenvolvimento (IPAD) e o Fundo das Nações Unidas para

a População (UNFPA). São também parceiros a Associação das Nações

Unidas de Portugal e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Financiamento: IPAD e Fundo das Nações Unidas para a População

Data de realização: Julho de 2010 a Julho de 2011

Local/Meio de realização: Portugal continental - de âmbito nacional, esta

campanha incidiu com particular relevância em cinco regiões: Norte, Centro,

Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

Descrição da actividade

O Roteiro 3456 é composto por diversas actividades e materiais, visando

contribuir para que a indignação mobilize vontades, iniciativas e mudanças que

começam pela consciência e tomada de posição de cada um de nós na escola,

na rádio, na televisão, na bancada do parlamento, no gabinete, em casa, nos

espaços públicos. Com vista a sensibilizar a população em geral e os decisores

técnicos e políticos para a necessidade de se cumprirem os compromissos

internacionais assumidos na Cimeira do Milénio (2000), esta campanha de

advocacy produziu: 4 postais (alusivos aos ODM 3, 4, 5 e 6 – referentes à

promoção da Igualdade de Género, melhoria da Saúde Materna, redução da

Mortalidade Infantil e prevenção do VIH/SIDA), que foram distribuídos no

circuito postal free e através das redes dos parceiros, posteriormente entregues

à Assembleia da República; 4 folhas de dados, referentes aos mesmos ODM, a

serem distribuídas pelas redes dos parceiros; 8 vídeos (de 1 minuto) com a

temática dos 8 ODM, para serem disponibilizados online; 5 seminários

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regionais com a participação da Academia, sociedade civil, peritos e decisores

políticos da Cooperação; 1 estudo sobre os ODM na Ajuda Pública ao

Desenvolvimento portuguesa; 1 conferência internacional de encerramento (a

ter lugar em 2011) e a Premiação de peças jornalísticas sobre a temática dos

ODM (3, 4, 5 e 6) escritas no segundo semestre de 2010.

Público-alvo: Jovens Líderes; Decisores Técnicos e Políticos; Parlamentares;

população em geral.

Resultados obtidos/esperados

Após a recolha de assinaturas em postais alusivos aos principais desafios dos

ODM, os parceiros do Roteiro 3456 foram recebidos em audiência parlamentar,

Comissão Parlamentar de Saúde da Assembleia da República, no Dia

Internacional para a Eliminação de todas as formas de violência contra as

mulheres, 25 de Novembro.

O evento visou a apresentação do projecto e a entrega dos postais assinados

pelo povo português entre Setembro e Novembro de 2010. O Roteiro 3456 foi

aplaudido por todas as bancadas parlamentares, com o reconhecimento de que

as áreas da Saúde Sexual e Reprodutiva e da Igualdade de Género são

centrais na promoção do desenvolvimento. Ficou a promessa de se tomarem

acções futuras em breve, com base nas premissas do estudo e do projecto

apresentados.

Os seminários regionais produziram recomendações e reflexões que serão

integradas numa declaração final a ter voz na conferência internacional.

Esperamos mobilizar vontades para que os orçamentos sejam coerentes e

permitam a consistência de políticas e programas sobre os ODM na

Cooperação Portuguesa.

5. Publicação estatística “Jovens, Objectivos de Desenvolvimento do Milénio,

Direitos Humanos e Saúde Sexual e Reprodutiva” (IPJ)

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Promotor: O Conselho Nacional de Juventude em parceria com a Associação

para o Planeamento da Família e o Fundo das Nações Unidas para a

População (UNFPA)

Financiamento: Fundo das Nações Unidas para a População

Data de realização: Agosto de 2010

Local/Meio de realização: Brochura estatística

Descrição da actividade

Inserida na campanha internacional “Countdown 2015 Europe”, para o acesso

universal aos serviços de saúde reprodutiva, promovida em Portugal pela APF,

foi produzida uma brochura, com dados estatísticos, de âmbito internacional

sobre os jovens, ODM, Direitos Humanos e Saúde Sexual e Reprodutiva.

Público-alvo: Jovens Líderes; Decisores Técnicos e Políticos; Parlamentares;

população em geral.

Resultados obtidos/esperados

Com esta brochura, o CNJ, a APF e o FNUAP visam a difusão de um

conhecimento actualizado e aprofundado sobre os jovens, os ODM e as

questões de saúde sexual e reprodutiva.

A brochura será distribuída pelas redes dos parceiros e têm como objectivo

sensibilizar os jovens, as organizações juvenis, as pessoas/entidades que

trabalham com os jovens, os decisores técnicos e políticos e parlamentares

para a temática. Ambicionamos assim, que leis, programas e iniciativas de

apoio aos jovens sejam baseadas nas situações reais experienciadas pelos

jovens.

6. Escola de Desenvolvimento Juvenil – IV Formação de Formadores em

Educação Direitos Humanos - IPJ

Promotor: Conselho Nacional de Juventude, em parceria com a Associação

Académica do Minho

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Financiamento: Conselho da Europa

Data de realização: 6 a 14 de Novembro de 2010

Local/Meio de realização: Póvoa de Lanhoso, Braga

Descrição da actividade

O evento teve as seguintes finalidades: promover o desenvolvimento de

competências dos participantes acerca da Educação para os Direitos Humanos

(EDH), a nível local e nacional em Portugal; capacitar os participantes para

serem multiplicadores da EDH, especialmente em actividades educativas a

nível nacional e local, organizadas pelo CNJ, organizações membro ou outras

associações juvenis, Instituto Português da Juventude e/ou sistema escolar;

promover a ENF e a versão Portuguesa do Compass – Farol, nomeadamente

no espaço do associativismo juvenil e no contexto de educação formal como a

Universidade do Minho. Representou uma oportunidade para capacitar as

nossas organizações membros e outras associações juvenis para

desenvolverem actividades de Educação para os Direitos Humanos e de

Educação Não Formal em Portugal. São também oportunidades únicas para

desenvolver parcerias entre o CNJ, as associações juvenis e diversas

instituições das áreas da Juventude e Educação.

Público-alvo: jovens e trabalhadores juvenis que estão em condições de agir

como “multiplicadores” para uma filosofia socio-educacional baseada na

participação, numa democracia pluralista e inclusiva, na aprendizagem

intercultural e direitos humanos, num contexto global.

Resultados obtidos/esperados

O CNJ e a sua Bolsa de Formadores são reconhecidos nacionalmente bem

como a nível europeu e internacional pela sua qualidade, profissionalismo e

abordagem educativa. Para correspondermos a esta expectativa e visão acerca

do nosso trabalho, é importante a conceptualização na área da Educação Não

Formal e entrar no debate a nível nacional e europeu de reconhecimento de

competências nesta área. Pensamos que é bastante positivo a abertura que

existe neste projecto, bem como noutras actividades, a outras organizações

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juvenis (não membro) e até a entidades públicas e outras, com trabalho

desenvolvido na área da Juventude. Ter tal diversidade de experiências e

perfis, nomeadamente na Formação de Formadores em Educação para os

Direitos Humanos (FFEDH), permite não só mapear o que se faz nesta área

em Portugal bem como promover o próprio Conselho Nacional de Juventude, a

sua Bolsa e a sua visão e filosofia de trabalho. O formato residencial das

formações permitiu um processo pedagógico mais completo e reflexivo,

promovendo um desenvolvimento de competências também pessoais e sociais.

Desta EDJ e da FFEDH, saíram pessoas motivadas e prontas para se

envolverem e dedicarem mais a esta área, quer através do efeito multiplicador

que terão no seu contexto, quer pela participação no Fórum de Educação para

os Direitos Humanos e Diálogo Intercultural bem como na própria Bolsa do

CNJ.

7. Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento – II Escola de

Jovens Líderes da CPLP (IPJ)

Promotor: Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Comissão Europeia,

Fórum Europeu de Juventude, Federação Cabo-verdiana de Juventude,

Conselho Nacional de Juventude de Portugal, Fórum de Juventude da CPLP

Financiamento: Conselho da Europa, Comissão Europeia, Cooperação

Luxemburguesa, Governo de Cabo Verde, União Pan-africana de Juventude,

IPAD, CPLP.

Data de realização: 4 a 12 de Julho

Local/Meio de realização: Cabo Verde

Descrição da actividade

A II Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento teve por missão

criar um espaço para o debate e reflexão; a promoção de políticas de juventude

e da acção afirmativa dos jovens; a educação global e sensibilização para o

desenvolvimento; a formação e educação não formal; bem como para o diálogo

intercultural e inter-regional no âmbito da cooperação juvenil euro-africana. É

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também um espaço para o acompanhamento da Cimeira da Juventude África-

Europa e para a preparação da II Cimeira da Juventude África-Europa.

Fazem parte da II Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento: a II

edição do Curso de Formação para Jovens Líderes da Diáspora Africana na

Europa; o II Seminário Residencial – Curso de Formação de Longo Prazo para

formadores no âmbito da Cooperação Juvenil África-Europa (promovido pelo

Centro Norte-Sul do Conselho da Europa); o Fórum Nacional de Juventude

sobre a Carta Africana da Juventude (promovido pela Federação Cabo-

verdiana da Juventude e Ligas Juvenis locais); um evento de “Reforço da

cooperação entre organizações juvenis em África” (promovido pela Delegação

Regional Africana do World Scout Bureau e outras organizações juvenis

internacionais parceiras) e a Escola de Jovens Líderes da CPLP e do Sul da

Europa (promovido pelo CNJ).

O principal objectivo da segunda edição da Escola de Líderes da Juventude da

CPLP foi proporcionar um espaço para a partilha de experiências e a reflexão

sobre as prioridades entre os Conselhos do Sul da Europa (SYC) e o Fórum da

Juventude da CPLP (FJ-CPLP), a fim de desenvolver uma agenda comum no

âmbito da parceria estratégica UE-África e os processos globais de juventude.

Nomeadamente: a participação em eventos como a Conferência Mundial da

Juventude; a cooperação inter-regional Europa - África - América Latina e

Caraíbas; o acompanhamento da Cimeira de Juventude África Europa; a

cooperação regional e os direitos da juventude; a cooperação internacional na

África; bem como o acompanhamento da cooperação no âmbito das

estratégias de formação e educação não formal entre membros SYC e FJ-

CPLP.

Público-alvo: jovens líderes e educadores que trabalham ou visam trabalhar no

âmbito da coopreação euro-africana.

Participantes: 100 jovens participantes da Europa e de África.

Resultados obtidos/esperados

O evento, realizado no seguimento da Cimeira de Juventude África-Europa,

produziu uma declaração que foi lida e entregue ao Presidente da República de

Cabo Verde, dirigida aos Chefes de Estado e de Governo com assento na III

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Cimeira UE-África. O texto dispõe preocupações e recomendações com vista à

melhoria do enquadramento para a cooperação juvenil euro-africana e das

condições de vida dos jovens europeus, africanos e jovens migrantes (Diáspora

africana).

Comunicação Social

1. Prémio de Jornalismo “Direitos Humanos & Integração” (MAP)

Entidades promotoras: Gabinete para os Meios de Comunicação Social

(GMCS), na dependência do Ministro dos Assuntos Parlamentares, e Comissão

Nacional da Unesco (CNU), inserida no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Descrição da Actividade

Atribuição de um prémio anual a jornalistas que tenham produzido trabalhos

jornalísticos em temáticas relacionadas com os direitos humanos, exibidos em

meios de comunicação social escritos e audiovisuais, cuja divulgação tenha

ocorrido no ano civil anterior.

Última edição – 2010:

A apreciação dos trabalhos jornalísticos dos candidatos e a decisão sobre os

galardoados coube a um júri independente presidido pelo Dr. Guilherme de

Oliveira Martins, tendo o 1º prémio de cada categoria recebido a quantia de

€3.000. Foram também atribuídas menções honrosas.

A cerimónia pública em que foram anunciados os resultados realizou-se a 18

de Junho, no Palácio Foz, tendo sido premiados os seguintes candidatos:

- Imprensa – o 1º prémio foi atribuído a Ricardo Rodrigues pela peça “Pobres

como Nós”, publicada na revista “Notícias Magazine” do DN e JN, tendo sido

atribuída uma Menção Honrosa a São José Almeida, pela peça

“Homossexuais, o Estado Novo dizia que não havia mas perseguia-os”,

publicada na revista Pública” do Público;

Rádio – o 1º prémio foi atribuído a Maria Augusta Casaca, pela peça “O

Silêncio dos Dias”, emitida na TSF, tendo sido atribuída uma Menção Honrosa

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a Rita Colaço pela peça “Os Três Mosqueteiros de Bulenga”, emitida na Antena

1; e

Meios Audiovisuais – o 1º prémio foi atribuído a Margarida Abreu Metello pela

peça “Esta é a Nossa Rua”, emitida na RTP, tendo sido atribuída uma Menção

Honrosa a Sofia Arêde, Jorge Pelicano e Marco Carrasqueira pela peça

“Mentes Inquietas”, emitida na SIC.

Objectivos:

Aumentar o nível de consciencialização dos cidadãos em geral para os direitos

humanos e promover o respeito pelos mesmos; Estimular e distinguir a

qualidade de trabalhos jornalísticos que abordem, de forma rigorosa e

apelativa, questões relacionadas com os direitos humanos, designadamente

dos que visam a protecção de grupos da população mais vulneráveis a

situações de exclusão social; Dar visibilidade a realidades menos conhecidas

da comunidade em geral, permitindo uma melhor compreensão e um novo

olhar, mais inclusivo, sobre as situações relatadas.

Resultados alcançados

A média das candidaturas dos últimos três anos situa-se nos 71 trabalhos

jornalísticos, o que se pode considerar uma adesão com significado. Apesar de

não haver uma avaliação sobre o impacto da atribuição do prémio que permita

mensurar os efeitos verificados em concreto, quer ao nível da

consciencialização da população para as questões dos direitos humanos quer

ao nível do respeito dos mesmos pelos cidadãos, é inquestionável que a

atribuição do prémio tem contribuído para colocar a questão dos direitos

humanos na agenda mediática e, por essa via, tem contribuído para que se

façam progressos na prossecução dos objectivos visados.

2. Código de Conduta (MAP)

Entidade promotora: Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS),

na dependência do Ministro dos Assuntos Parlamentares

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Descrição da Actividade

Elaboração e adopção de um Código de Conduta aplicável a todos os

colaboradores, colocando, em documento assinado por todos, os valores e

princípios que devem orientar a actividade profissional que cada um

desenvolve, assumindo preocupações no que respeita à inclusão, ao respeito

pela diversidade, à promoção da conciliação da vida profissional com a vida

pessoal e familiar, na busca de um equilíbrio entre a valorização pessoal e

profissional dos colaboradores e reflectindo preocupações em matéria de

protecção ambiental.

Objectivos:

Promover, junto dos colaboradores, a reflexão e a afirmação de princípios de

responsabilidade social, estimulando a sua aplicação no exercício da actividade

profissional;

Valorizar os colaboradores e as colaboradoras enquanto pessoas, no

pressuposto de que deve ser promovida a conciliação da vida profissional com

a vida pessoal e familiar de cada membro do GMCS.

Resultados alcançados

A iniciativa é bastante recente, pelo que ainda não é possível adiantar

informação sobre o seu impacto.

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98

ANEXOS

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Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2010

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Regulamento interno da Comissão

(Presidência e Membros)

1. A Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH) é presidida pelo

representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que se poderá fazer

substituir pelo respectivo suplente ou, em caso de simultâneo impedimento

deste, pelo representante do Ministério seguinte na ordem estabelecida no

decreto-lei que aprova a orgânica do Governo.

2. Os representantes efectivos podem fazer-se substituir, em caso de

impedimento, pelos suplentes, circunstância em que estes assumirão

responsabilidade pelas deliberações tomadas durante as reuniões em que

participem.

3. Todos os representantes que compõem a Comissão serão co-responsáveis

pelas diversas fases do processo e pela prossecução dos seus objectivos,

através da participação assídua nas reuniões da Comissão e da prestação

atempada da informação sectorial indispensável, sempre que tal for solicitado

pela Comissão.

4. Para a concretização do estipulado no número anterior, os membros

designados que compõem a Comissão serão responsáveis, com carácter

sistemático, pela produção de documentos e pela participação nas acções

decididas no âmbito daquela.

(Deliberações)

5. Com excepção do previsto no número 6, a CNDH delibera por maioria

simples dos votos dos membros presentes, dispondo o Presidente de um voto

qualificado em caso de empate.

6. A CNDH delibera por unanimidade as propostas de vinculação do Estado

Português a instrumentos internacionais em matéria de direitos humanos, nos

termos do n.º 2, alínea e) da Resolução do Conselho de Ministros nº 27/2010, e

as propostas de decisões sobre encargos financeiros, nos termos do n.º 17 da

mesma Resolução.

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102

(Secretariado Executivo)

7. O Secretariado Executivo da CNDH incluirá de forma permanente o

Ministério dos Negócios Estrangeiros, acompanhado, de acordo com as

matérias em causa, por outras entidades que a Comissão designar.

8. Compete ao Secretariado Executivo:

a) Redigir o relatório de cada reunião da Comissão, bem como o resumo

das acções a desenvolver na sequência das mesmas;

b) Assegurar a difusão dos elementos de informação indispensáveis ao

bom funcionamento das reuniões da Comissão;

c) Preparar, sob mandato da Comissão, propostas concretas para

assegurar o cumprimento das obrigações internacionais em matéria

de direitos humanos;

d) Dar seguimento às deliberações da Comissão;

e) Redigir o relatório anual de actividades da Comissão.

(Subcomissões e Grupos de Trabalho)

9. Os membros da CNDH poderão designar outros representantes para integrar

as Subcomissões e os Grupos de Trabalho referidos no n.º 14 da Resolução do

Conselho de Ministros nº 27/2010.

10. Os resultados do trabalho desenvolvido por aquelas Subcomissões e

Grupos de Trabalho terão que ser aprovados pela Comissão.

(Participação da sociedade civil)

11. A CNDH reunirá com composição alargada aos representantes da

sociedade civil que trabalhem na área dos direitos humanos, nos termos do n.º

8 da Resolução do Conselho de Ministros nº 27/2010, pelo menos uma vez por

ano.

(Periodicidade)

12. Para a concretização das suas atribuições, a CNDH realizará uma reunião

trimestral, sem prejuízo de outras reuniões de carácter extraordinário sempre

que se afigure conveniente para o eficaz cumprimento da sua missão, podendo

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103

estas ser convocadas por iniciativa do Presidente ou a pedido de qualquer um

dos representantes.

(Local das reuniões)

13. As reuniões da CNDH realizar-se-ão nas instalações do Ministério dos

Negócios Estrangeiros.

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Lista dos representantes na Comissão

Entidade Nome Data da

alteração Cargo

Contactos (telefone/ e-mail)

Ministério dos Negócios

Estrangeiros

Dr. Pedro Lourtie

(Membro efectivo)

Dr. Rui Vinhas

(Membro suplente)

01/03/2011

Secretário de Estado dos Assuntos Europeus

Subdirector-Geral de Política Externa

21 393 8301 [email protected]

v.pt

Ministério da Defesa

Nacional

Dr. Marcos Perestrello (Membro efectivo)

Dr. Luís Faro

Ramos (Membro suplente)

Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos

Assuntos do Mar

Director Geral de Política de Defesa Nacional

21 303 86 33 marcos.perestrello

@mdn.gov.pt

[email protected]

Ministério da Administração

Interna

Dr. José Manuel Conde

Rodrigues (Membro efectivo)

Dr. Ricardo

Carrilho (Membro suplente)

Secretário Estado Adjunto e da Administração

Interna

Director da Área de Relações Internacionais

da Direcção Geral de Administração Interna

21 323 20 00 91 346 05 95

[email protected]

21 394 71 20 ricardo.carrilho@d

gai.mai.gov.pt

Ministério da Justiça

Dr.João de Assunção

Ribeiro (Membro efectivo)

Dr. João

Arsénio de Oliveira

(Membro suplente)

Director do Gabinete de Relações Internacionais

da Direcção-Geral de Política de Justiça

Subdirector do Gabinete de Relações

Internacionais da Direcção-Geral de Política

de Justiça

21 792 40 30 [email protected]

[email protected]

Ministério do Trabalho e da Solidariedade

Social

Dra. Virgínia Brás Gomes

(Membro efectivo)

Dra. Odete Severino (Membro suplente)

Assessora Principal da Direcção Geral da Segurança Social

Chefe de Equipa das Relações Internacionais

do Gabinete de Estratégia e Planeamento

21 381 73 00 virgínia.b.gomes@

seg-social.pt

21 115 50 46 odete.severino@g

ep.mtss.gov.pt

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105

Ministério da Saúde

Dra. Rita de Brito Gião (Membro efectivo)

Dra. Ana Veiga

Correia (Membro suplente)

Adjunta da Ministra da Saúde

Assessora do Alto Comissariado da Saúde

21 330 51 62 [email protected].

pt

[email protected]

Ministério da Educação

Prof. Doutor Alexandre Ventura (Membro efectivo)

Dra. Alexandra

Marques (Membro suplente)

Secretário de Estado Adjunto e da Educação

Directora Geral para a Inovação e o

Desenvolvimento Curricular

21 781 18 00 alexandre.ventura

@me.gov.pt

21 393 45 05 [email protected]

Ministério da Cultura

Dra. Joana Cardoso (Membro efectivo)

Dra. Carla Velez (Membro suplente)

Directora Geral do Gabinete de Planeamento,

Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais

Subdirectora-Geral do Gabinete de Planeamento,

Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais

21 324 19 30 91 708 30 96

[email protected]

96 682 85 05 carla.velez@gpeari

.pt [email protected]

Alto Comissariado

para a Imigração e o

Diálogo Intercultural

Dr. Bernardo Sousa

Director do Alto

Comissariado para a Imigração e o Diálogo

Intercultural

21 810 61 01 bernardo.sousa@a

cidi.gov.pt

Comissão para a Cidadania e a Igualdade de

Género

Dra. Teresa Fragoso

01/01/2011 Presidente da Comissão

para a Cidadania e Igualdade de Género

21 798 30 00 teresa.fragoso@cig

.gov.pt

Instituto Português da

Juventude

Dra. Helena Alves

(Membro permanente)

Arq. João Paulo

Bessa (Membro suplente)

Presidente do Instituto Português da Juventude

21 317 94 34 [email protected]

t [email protected]

Gabinete do Ministro dos

Assuntos Parlamentares

Dra. Margarida Pimenta

Outubro 2010

Directora Adjunta para o Gabinete de Comunicação

Social

21 392 05 00 margarida.pimenta

@gmcs.pt

À data de 15.04.2011

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Programa da 3.ª reunião da Comissão

III Reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos

Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

Lisboa, 31 de Março de 2011

14h00 – Recepção dos participantes

14h30 – Início dos trabalhos

Abertura

Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie

15h00 – I Painel: Portugal e a promoção internacional dos Direitos Humanos

A agenda de Direitos Humanos e o mandato de Portugal no Conselho de

Segurança das Nações Unidas

Subdirector-Geral de Política Externa do Ministério dos Negócios

Estrangeiros, Rui Vinhas

O Tratado de Lisboa e as novas oportunidades para defesa e promoção

dos Direitos Humanos na Europa e pela Europa

Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Denis

Huber

15h30 – Debate

16h15 – Coffee break

16h30 – II Painel: Direitos Humanos em Portugal

Casos de boas práticas em Portugal

Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado, Joana

Gomes Ferreira (em representação do Procurador-Geral da República)

16h45 – Debate

17h30 – Conclusão dos trabalhos

Encerramento

Provedora-Adjunta de Justiça, Helena Vera-Cruz Pinto (em

representação do Provedor de Justiça)

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Lista de inscritos e participantes da sociedade civil na 3.ª reunião

Nome

Telefone

Fax

E-mail

Notas

Abraço – Associação de Apoio a Pessoas com VIH/SIDA

217 997 500

217 997 599

[email protected] [email protected] [email protected]

Dra. Paula Policarpo Vice-Presidente (91 914 80 71)

Associação para a Cooperação entre os Povos

217 950 175

217 950 176

[email protected]

Dra. Fátima Proença

Associação de Defesa dos Direitos Humanos

213 648 171

[email protected] [email protected]

Dra. Andreia Gonçalves Técnica Superior de Politica Social / Coordenação de Projecto

Amnistia Internacional

213 861 652

213 861 782

[email protected] [email protected]

Dr. Victor Nogueira, membro dos Órgãos Sociais (96 655 55 73)

AGIR XXI – Associação para a Inclusão Social

218 595 421

218 595 421

[email protected] [email protected]

Dra. Joana Amaro da Costa (91 316 23 13)

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

213 587 900

218 876 351

[email protected]

Dr. João Lázaro, Director Executivo Dra. Joana Ruivo

Associação Portuguesa de Deficientes – Sede

213 889 883 213 871 311 932 653 007

213 871 095

[email protected] [email protected]

Dr. Humberto Fernando Simões Presidente da Direcção Nacional da Associação Portuguesa de Deficientes

Associação para o Planeamento da Família

213 853 993

213 887 379

[email protected] [email protected]

Dra. Sara Duarte

Associação de Escoteiros de Portugal

213 639 339

213 623 722

[email protected] www.escoteiros.pt

Nelson Raimundo, Chefe nacional

Associação Novo Olhar 244 833 268

[email protected]

Ana Patrícia Quintanilha Nobre; Maria João Gandara

Associação Salvador

213 184 851

213 572 260

[email protected] [email protected]

Salvador Mendes de Almeida

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Associação Bem Sorrir

214 194 405

214 194 405

[email protected] [email protected]

Dra. Alexandrina Batalha

Associação Mulher Migrante – Assoc. de Estudo, Cooperação e Solidariedade

213 909 417 218 484 76

[email protected]

Dra. Isabel Lopes da Silva – Presidente (96 625 30 95)

Associação Nacional de Mulheres Empresárias

213 150 323

213 150 311

[email protected] [email protected]

Dra. Anabela Pereira da Silva (96 425 06 34)

Associação Portuguesa de Mulheres Juristas

217 594 499

217 594 124

[email protected] [email protected]

Margarida Blasco Desembargadora (96 986 30 57)

Associação de Apoio à criança – Nariz Vermelho

213 618 256

[email protected] [email protected]

Dra. Beatriz Quintela

Associação de Mulheres contra a Violência

213 802 160

213 802 160

[email protected]

Drª Margarida Medina Martins – Vogal da Direcção (96 252 22 72)

Associação ILGA Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero

218 873 918 917 005 410

218 873 922

[email protected] [email protected]

Sara Martinho

Associação Jovem Valor

219 172 137 916 157 998

[email protected]

Dr. Francisco Pereira Presidente da Direcção

Associação PAR - Respostas Sociais

210 935 349

210 935 349

[email protected] [email protected]

Dr. Amândio Rodrigues Presidente

Associação para o Estudo e Integração Psicossocial

218 453 580

[email protected] [email protected]

Teresa Duarte Presidente da Direcção

Associação Passo a Passo

213 622 793

213 622 794

[email protected]

Dra. Andreia Pereira

Associação Portuguesa das Nações Unidas

[email protected]

Dra. Mónica Ferro Directora de Projectos

CAIS

218 369 000

218 369 019

[email protected] [email protected]

Henrique Pinto

Caritas Portuguesa

218 454 220

218 454 221

[email protected] [email protected]

Eugénio Fonseca Presidente

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Centro ABCREAL Portugal

[email protected] [email protected]

Dra. Albertina Marçal (96 404 27 47)

Centro de Direitos Humanos da Universidade de Coimbra

239 824 478

239 836 309

[email protected] [email protected]

Dra. Carla Gomes (966 889 667)

Centro de Estudos para a Intervenção Social – CESIS

213 845 560

213 867 225

[email protected] [email protected]

Dra. Elsa Figueiredo Assistente Social (964 339 313)

Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados

218 824 076 218 823 550

218 862 403

[email protected]

Dr. Jerónimo Martins Presidente

Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português

218 427 020

218 427 039

[email protected]

Dra. Carla Simões

Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes

218 394 970

218 394 979

[email protected]

José Reis Presidente da Direcção

Comissão para a Liberdade Religiosa

Dra. Ester Mucznik

Comissão Nacional da Pastoral da Saúde

217 931 435 217 961 303

217 954 212

[email protected]

Mons. Vítor Feytor Pinto

Comité Português da UNICEF

213 177 500 213 177 511

213 547 913

[email protected]

Dra. Madalena Marçal Grilo -Directora Executiva

Conselho Português para os Refugiados

218 314 372

218 37 5072

[email protected]

Mónica d'Oliveira Farinha Coordenadora Jurídica

Crescerser – Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família

214 527 377

214 527 379

[email protected] [email protected]

Dra. Fátima Serrano 96 213 30 66

Crinabel

213 943 350

213 943 359

[email protected] [email protected]

Dra. Maria Cristina Ferro Mealha Vogal de Direcção e Directora Técnica

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do Lar Residencial

Cruz Vermelha Portuguesa

213 913 924

213 913 993

[email protected] [email protected]

Diana Castela Araújo

Espaço T - Associação para Apoio à Integração Social e Comunitária

226 081 919

225 431 041

[email protected] [email protected] [email protected]

Dr. Jorge Oliveira Presidente – 919805009 e Lúcia Leite

European Business Ethics Network – EBEN

933 480 357 969 510 251

[email protected]

Dra. Ana Varela Responsável pelo grupo de interesse de direitos humanos e negócios

Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral

217 525 016

[email protected] [email protected]

Prof. António Barata (91 705 67 16)

Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais

210 168 465

[email protected]

Tânia Costa (Técnica da Federação) e Fátima Monteiro (Vice-Presidente da Direcção

Federação Nacional das Cooperativas de Solidariedade Social

217 112 580

217 112 581

[email protected]

Prof. Rogério Cação

Fraternidade das Instituições de Apoio ao Recluso

219 242 326

219 242 326

[email protected]

Dra. Sílvia Sousa Pinto Vogal da Direcção (91 914 26 00)

Federação Nacional de Associações Juvenis

222 007 767

222 007 868

[email protected] [email protected]

Dra. Ana Cristina Martins (91 919 11 06)

Federação Portuguesa das Associações de Surdos

214 998 308

214 998 310

[email protected]

Paulo Garcia – Director Geral

Fundação Calouste Gulbenkian

217 823 000

217 823 021

[email protected]

Drª. Isabel Mota

Fundação de Assistência Médica Internacional

218 362 124

218 362 199

[email protected] [email protected]

Dra. Luísa Nemésio Secretária-Geral

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111

Fundação Instituto Marquês de Valle-Flôr

213 256 300 213 256 304

213 471 904

[email protected] [email protected]

Dra. Hermínia Ribeiro Dra. Ana Teresa Santos

Fundação João XIII – Casa do Oeste

261 422 790

261 422 790

[email protected]

Dr António Ludovino Secretário Conselho de Administração

Fundação Pro Dignitate

213 929 310

213 970 279

[email protected]

Dra. Maria Barroso Soares, Presidente

Gabinete do Agente do Governo junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

213 820 306 213 820 360

[email protected]

Dra. Ana Garcia Marques

GRAAL

220 130 078

[email protected] [email protected]

Paula Cristina Pereira Sarreira

Instituto de Apoio à Criança

213 617 880

213 617 889

[email protected] [email protected]

Dra. Dulce Rocha, Presidente Executiva do IAC (91 979 42 11)

Instituto de Estudos para o Desenvolvimento

218 473 865

218 473 866

[email protected]

Dra. Isabel Patrício Vice-Presidente do IED

Inst. das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus

217 125 110 217 108 153 961 541 749 (Irmã Isabel Morgado)

217 125 119

[email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected]

Dra. Patrícia César Dra. Paula Marques

Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

962 522 422

[email protected] [email protected]

Dra. Maria Francisca Saraiva

Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária

213 957 831 213 907 206

213 907 206

[email protected]

Rita Leota

JRS Portugal

217 552 790 217 530 624

217 552 799 217 530 624

[email protected] [email protected] [email protected] [email protected]

Dr. Roque Martins (membro direcção) 937 541 620 Dra. Filipa Louro (Coordenadora do Centro Pedro Arrupe) 938 483 992

Liga Portuguesa Contra a SIDA

213 225 575 213 225 576

213 479 376 213 465 973

[email protected] [email protected]

Dra. Maria Eugénia Saraiva, Presidente Ana Filipa Santos

Médicos do Mundo

213 619 520 213 619 521

213 619 529

[email protected]

Dr. Ricardo Brilhante Dias

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NOUNI – Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento

217 968 241

217 966837

[email protected]

Dr. José Almeida de Carvalho Vice-Presidente

Núcleo de Estudos para a Paz da Universidade de Coimbra

239 855 593

239 855 589

[email protected] [email protected] [email protected]

Dra. Tatiana Moura Dra. Daniela Nascimento, Prof. Auxiliar da Faculdade de Economia

O Companheiro

217 155 757

217 160 018 217 160 069

[email protected]

Dr. José Brites Director

Obra Católica Portuguesa das Migrações

218 855 470

218 855 469

[email protected] [email protected]

Fr. Francisco Sales Diniz Director

Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos

218 855 468 218 855 466

218 855 467

[email protected]

Francisco Monteiro

OIKOS - Cooperação e Desenvolvimento

218 823 630

218 823 635

[email protected] [email protected]

Dr. João José Fernandes Director Executivo

Olho Vivo – Associação para Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos

214 353 810 214 366 483

[email protected]

Dra. Flora Silva Presidente (919 735 939)

Paramédicos de Catástrofe Internacional -

217 966 378

217 966 378

[email protected]

Bruno José dos Reis Ferreira - Presidente

Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres

[email protected] [email protected] [email protected]

Dra. Margarida Marcelino Marques (96 266 98 50) e Ana Coucello (96 440 05 84)

Proatlântico – Associação Juvenil

935 109 389

214 218 417

[email protected]

Dr. Nuno Chaves

Rarissimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras

217 786 100

[email protected]

Dr. Jorge Nunes (91 727 17 28)

Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal

225 420 800

225 403 250

[email protected]

Agostinho Jardim Moreira

Saúde em Português

239 702 723

239 705 186

[email protected]

Dra. Ana Figueiredo

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113

SOS-Racismo

217 552 700

217 552 709

[email protected]

José Falcão (91 911 62 69)

TESE – Associação para o Desenvolvimento da Tecnologia, Engenharia, Saúde e Educação

213 868 404

213 868 405

[email protected] [email protected]

Dra. Piedade Coruche (91 265 24 59) e Dr. Henrique Gomes

União de Mulheres Alternativa e Resposta 218 873 005 218 884 086

[email protected] [email protected]

Dra. Catarina Moreira e Dra. Carla Kristensen (91 927 03 17)

União das Misericórdias Portuguesa

218 110 559 218 110 540

218 121 324

[email protected] [email protected]

Dr. Paulo Moreira (96 951 09 85)

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114

Resumo das intervenções nos debates da 3.ª reunião

A 3.ª reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH) teve

lugar no dia 31 de Março, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas,

em Lisboa. Esta reunião da CNDH contou, pela primeira vez, com a

participação de representantes da sociedade civil, em conformidade com o

disposto no artigo 8.º da Resolução do Conselho de Ministros nº 27/2010.

A reunião foi presidida por S. Exa. o Secretário de Estado dos Assuntos

Europeus (SEAE), Dr. Pedro Lourtie, e contou com a participação dos

representantes efectivos e/ou suplentes dos Ministros da Presidência (MP),

Defesa Nacional (MDN), Administração Interna (MAI), Justiça (MJ), Trabalho e

Solidariedade Social (MTSS), Saúde (MS), Cultura (MC) e Assuntos

Parlamentares (MAP). Estiveram ainda representadas mais de 60 organizações

da sociedade civil (cf. lista anexa).

A reunião desenvolveu-se em torno de dois painéis dedicados aos seguintes

temas:

1) Portugal e a promoção internacional dos Direitos Humanos; e

2) Direitos Humanos em Portugal.

Na intervenção introdutória, S. Exa. o SEAE (cf. esta e restantes intervenções

dos oradores em anexo a este relatório) mencionou a criação da CNDH no

contexto do exame nacional à situação de direitos humanos no nosso país, que

teve lugar a 4 de Dezembro de 2009, no âmbito do Mecanismo de Revisão

Periódica do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UPR).

Adiantou ainda que Portugal anunciou recentemente a sua candidatura a

membro do Conselho de Direitos Humanos para o período 2014-2017.

No âmbito do 1.º painel, a intervenção do Subdirector-Geral de Política Externa

do MNE foi dedicada à agenda internacional de Direitos Humanos e ao

mandato de Portugal no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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115

De seguida tomou a palavra o Director Executivo do Centro Norte-Sul do

Conselho da Europa, que abordou o tema das novas oportunidades em termos

de defesa e promoção dos direitos humanos na Europa proporcionadas pelo

Tratado de Lisboa.

O 2.º painel foi dedicado à temática dos Direitos Humanos em Portugal tendo a

Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado da Procuradoria-

Geral da República feito uma intervenção inicial.

Seguiu-se um debate muito participado, durante o qual os representantes das

organizações da sociedade civil tiveram oportunidade de apresentar os seus

pontos de vista, críticas e preocupações relativamente aos temas em debate e

ao próprio funcionamento e actividades da Comissão. A maioria das

intervenções sublinhou a importância de a CNDH manter abertos os canais de

comunicação com a sociedade civil.

De seguida se elencam as principais questões/recomendações formuladas

durante o debate:

Relativas ao funcionamento e actividades da CNDH:

Aumentar a periodicidade das reuniões da CNDH com as organizações

da sociedade civil;

Promover a inclusão na CNDH de um representante do Ministério com a

tutela da área da Habitação (o Ministério do Ambiente no actual

Governo);

Conferir à CNDH um papel de fiscalização quanto ao cumprimento dos

direitos humanos;

Importância de ser considerada a possibilidade de dispor de indicadores

sobre o cumprimento de direitos humanos que possam ser

monitorizados;

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116

Criação de um Portal para os Direitos Humanos com informação

sistematizada;

Assegurar a participação das ONGs no processo de elaboração do 3.º

relatório periódico sobre a implementação da Convenção sobre os

Direitos da Criança: proposta de criação de uma sub-comissão da

CNDH para as crianças;

Assegurar o follow-up do UPR, nomeadamente através da elaboração

de um relatório intercalar, garantindo-se a participação das ONGs neste

processo.

Relativas à situação de Direitos Humanos em Portugal:

Privilegiar parcerias entre entidades públicas e privadas envolvidas na

defesa e promoção dos direitos humanos em Portugal, incluindo

administração central e local, ONGs, sector académico e outros

organismos privados;

Promover uma mais ampla divulgação dos instrumentos internacionais

de Direitos Humanos ratificados por Portugal, com vista a uma maior

sensibilização para os mesmos;

Contribuir para a correcção do défice na divulgação e descodificação

dos instrumentos de direitos humanos para crianças e jovens;

Promover a integração dos direitos humanos nos currículos escolares e

a implementação da Estratégia Nacional de Educação para o

Desenvolvimento;

Incrementar a formação das forças de segurança sobre matérias de

direitos humanos e maior vigilância em relação a casos de tortura;

Assegurar que as políticas de integração de imigrantes não excluam

pessoas em situação irregular;

Promover a reflexão sobre a questão da atribuição do direito ao voto aos

imigrantes;

Combater a discriminação de comunidades ciganas, nomeadamente no

que respeita ao acesso à habitação;

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117

Assegurar a aplicação da legislação em vigor sobre tráfico de seres

humanos;

Assegurar resposta adequada ao problema da violência doméstica;

Encarar a pobreza como violação de direitos humanos;

Assegurar a implementação da Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência;

Apostar na reabilitação e intervenção intensiva para pessoas com

perturbações de desenvolvimento, nomeadamente autismo. Promover a

sensibilização para questões de saúde mental enquanto problema de

saúde pública.

Agenda Internacional de Direitos Humanos:

Garantir uma maior coerência entre os princípios de respeito e

promoção dos direitos humanos inscritos na Carta das Nações Unidas e

a acção dos Estados no quadro internacional;

União Europeia deve assumir as suas responsabilidades no quadro

promoção e protecção dos direitos humanos também no interior das

suas fronteiras, nomeadamente no que respeita ao tratamento das

questões de imigração e de minorias, incluindo as comunidades ciganas;

Assegurar respeito dos direitos humanos por empresas multinacionais a

actuar no estrangeiro e relevância nesta matéria do mecanismo de

queixas da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Económico);

Incluir a protecção e promoção dos direitos humanos no mandato da

MINURSO (Missão das Nações Unidas para o referendo no Saara

Ocidental);

Registar a disponibilidade do Centro de Direitos Humanos da

Universidade de Coimbra para partilhar trabalhos investigação na área

das crianças e conflitos armados;

Apelo a que Portugal contribua para que a representação no Conselho

de Direitos Humanos das Nações Unidas seja limitada aos países que

efectivamente respeitam os direitos humanos;

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Registada o carácter incipiente da Estratégia Nacional para Acção

Humanitária;

Importância de promover a reflexão sobre as questões do direito à água

e ao saneamento e do direito à alimentação no âmbito da ajuda pública

ao desenvolvimento.

Após o debate, S. Exa. o SEAE congratulou-se com o elevado nível de

participação na discussão e a qualidade das intervenções.

Lembrou que a missão da CNDH, nos termos da resolução do Conselho de

Ministros que a criou, consiste, no essencial, em: 1) assegurar a coordenação

ministerial em matéria de direitos humanos no plano internacional e interno; 2)

efectuar a monitorização do seguimento dado pelos vários Ministérios às

obrigações que decorram do plano internacional em matéria de direitos

humanos, designadamente através de propostas de adopção de medidas

necessárias ao cumprimento das obrigações assumidas no plano externo; 3)

propor a vinculação do Estado Português a instrumentos internacionais em

matéria de direitos humanos, bem como a adopção de legislação interna; 4)

promover a divulgação nacional e internacional de boas práticas nacionais; e 5)

divulgar a temática dos direitos humanos em território nacional.

Acrescentou que não obstante a protecção e promoção dos direitos humanos

caber aos diferentes Ministérios, a CNDH congregava representantes das

entidades relevantes e daí o seu valor acrescentado. Por esse motivo, as ideias

e preocupações manifestadas nesta ocasião tinham, de imediato, sido

escutadas pelas entidades competentes e seriam objecto de análise pela

CNDH.

O SEAE considerou indispensável manter o diálogo com a sociedade civil

sobre estas matérias. Referindo-se, em particular, ao follow-up do UPR,

anunciou a intenção de entregar, no próximo ano, um relatório intercalar sobre

a implementação das recomendações aceites pelo nosso país. À semelhança

do que já sucedeu aquando da preparação do relatório nacional do UPR sobre

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a situação de direitos humanos em Portugal, em 2009, estaria também prevista

a consulta às organizações da sociedade civil.

Relativamente à periodicidade das reuniões da CNDH com a sociedade civil,

referiu que o regulamento interno da Comissão previa que esta reunisse com

composição alargada aos representantes da sociedade civil, pelo menos uma

vez por ano, pelo que poderia vir a ser considerado útil a realização de

encontros adicionais, parecendo-lhe desejável que estes tivessem uma

periodicidade semestral. Concordou também com a proposta de incluir na

Comissão um representante do Ministério do Ambiente que tutela a Habitação.

O encerramento dos trabalhos esteve a cargo da Provedora de Justiça Adjunta,

na qualidade de representante do Provedor de Justiça, instituição nacional de

direitos humanos.

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120

Textos das intervenções dos oradores na 3.ª reunião

(Só o texto lido faz fé)

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Intervenção do Secretário de Estado dos Assuntos Europeus

Senhor Presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Prof.

Dr. João Bilhim,

Senhora Provedora de Justiça Adjunta, Dra. Helena Vera-Cruz Pinto,

Senhora Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado da

Procuradoria-Geral da República, Dra. Joana Gomes Ferreira,

Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Dr.

Denis Huber,

Senhor Subdirector-Geral de Política Externa do Ministério dos Negócios

Estrangeiros, Dr. Rui Vinhas,

Representantes na Comissão Nacional para os Direitos Humanos,

Representantes das Organizações e Associações da Sociedade Civil,

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Quero começar por dar as boas vindas à terceira reunião da Comissão

Nacional para os Direitos Humanos, que é também a primeira reunião da

Comissão aberta à participação dos representantes da sociedade civil.

Devo admitir que esta sessão estava inicialmente prevista para ter lugar no

Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas ao verificar, com satisfação, o

elevado número de organizações que aceitou o convite para participar nesta

reunião constatámos que a teríamos de realizar noutro local.

É, por isso, de inteira justiça que as minhas primeiras palavras se dirijam ao

Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, na pessoa do seu Presidente,

Prof. Dr. João Bilhim, pela disponibilidade prontamente demonstrada para nos

acolher neste Instituto e neste auditório.

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O facto de esta reunião se realizar não num edifício governamental mas numa

universidade, numa escola, não deixa também de ser simbólico da abertura

que se pretende com a realização desta sessão.

Para mais, numa faculdade cujo trabalho académico e de investigação em

matéria de Direitos Humanos é conhecido e reconhecido.

Quero também agradecer aos nossos oradores. Tenho a certeza de que a sua

qualidade e as suas intervenções estimularão uma ampla troca de ideias em

cada um dos painéis.

Por último, e muito em especial, quero deixar uma palavra de apreço a todos

os que aderiram a esta sessão. Aos representantes de organizações não-

governamentais, associações, universidades e outros parceiros da sociedade

civil ligados à defesa e promoção dos Direitos Humanos que aceitaram debater

as questões ligadas aos Direitos Humanos, de forma aberta, com

representantes do Estado e do Governo.

Um debate franco e aberto é, precisamente, o objectivo desta primeira reunião

alargada a representantes da sociedade civil, e desse debate espero que todos

possam retirar conclusões positivas para a sua actividade, em particular para o

trabalho das instituições governamentais na defesa dos Direitos Humanos e

tendo em vista o objectivo de manter Portugal na linha da frente internacional

da promoção dos Direitos Humanos.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Como saberão, a Comissão Nacional para os Direitos Humanos foi criada em

Abril do ano passado, com o objectivo de permitir uma abordagem integrada

dos Direitos Humanos e a concertação da acção de entidades públicas com

competências nesta matéria.

Por um lado, a Comissão pretende assumir-se como um fórum de coordenação

da actividade dos departamentos da administração pública em matéria de

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Direitos Humanos. Estão representados na Comissão – e também nesta

reunião – os ministérios responsáveis pelos Negócios Estrangeiros, Defesa,

Administração Interna, Justiça, Trabalho e Solidariedade Social, Saúde,

Educação, Cultura, Imigração, Igualdade, Juventude e Comunicação Social.

No âmbito deste pilar do trabalho da Comissão Nacional para os Direitos

Humanos, que é o da coordenação das entidades públicas, destacam-se, como

funções desta Comissão, a preparação da posição nacional nos organismos

internacionais em matéria de Direitos Humanos, bem como o acompanhamento

do cumprimento por Portugal das obrigações decorrentes de instrumentos

internacionais nesta área.

Mas por outro lado, esta Comissão pretende também ser um interface de

diálogo sobre estas matérias com a sociedade civil, tendo em vista a

identificação de boas práticas e a promoção de uma cultura de cidadania,

alicerçada no respeito pelos Direitos Humanos.

Isto decorre da Resolução do Conselho de Ministros que criou esta Comissão,

a qual prevê que possam ser convidados a participar nas suas reuniões

representantes de organizações não-governamentais e outros elementos da

sociedade civil. E isso mesmo ficou reflectido no regulamento interno da

Comissão que estabelece que, em cada ano, pelo menos uma reunião seja

aberta à participação da sociedade civil.

Atribuímos, pois, a maior importância a um diálogo regular com a sociedade

civil, no âmbito desta tarefa comum de aprofundar a promoção e a protecção

dos Direitos Humanos. Diálogo que naturalmente não substitui, mas é

complementar aos contactos e diálogo que existem em áreas particulares da

promoção e defesa dos Direitos Humanos.

Ao nível da implementação dos compromissos internacionais em matéria de

Direitos Humanos, a sociedade civil tem vindo a ser envolvida através da

auscultação feita, em particular às ONGs, no âmbito do relatório nacional

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apresentado no contexto do exercício de Revisão Periódica Universal do

Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Recordo que com a criação do Conselho de Direitos Humanos, em 2006, todos

os Estados-Membros das Nações Unidas passaram a ser avaliados em matéria

de Direitos Humanos, a cada quatro anos, no âmbito de um mecanismo

intergovernamental de revisão pelos seus pares. Portugal sujeitou-se, pela

primeira vez, em Dezembro de 2009, a este exame onde teve oportunidade de

apresentar um relatório sobre o estado de cumprimento das nossas obrigações

internacionais na matéria e debatê-lo com os nossos parceiros internacionais

em sessão aberta.

Uma das principais recomendações que nos foi feita nessa ocasião consistia,

precisamente, na criação de uma Comissão Nacional para os Direitos

Humanos – recomendação com a qual concordámos plenamente e que

implementámos.

Outro exemplo de diálogo com a sociedade civil foi o convite feito a

representantes da sociedade civil para participarem, em Novembro último, na

conferência de apresentação do Plano Nacional para Aplicação da Resolução

1325 das Nações Unidas sobre Mulheres e Conflitos Armados. Portugal voltou

a demonstrar pioneirismo em matéria de Direitos Humanos, ao ser um dos

primeiros países a adoptar um plano nacional sobre esta temática.

A minha convicção é de que todos têm a ganhar com uma interacção

substantiva com os representantes da sociedade civil, e um dos resultados que

esperamos ao institucionalizar este diálogo através da Comissão Nacional é

fazer com que o diálogo se torne mais amplo e assuma, nesse formato, um

carácter regular.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

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125

Preparámos para esta reunião um programa de trabalhos que quisemos que

fosse actual e abordasse quer a vertente externa quer a vertente interna dos

Direitos Humanos.

O primeiro painel abordará dois temas relativos à vertente externa da defesa e

promoção dos Direitos Humanos – um no plano global das Nações Unidas e

outro no âmbito regional da União Europeia.

A primeira intervenção a cargo do Dr. Rui Vinhas, subdirector-geral de Política

Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, versa sobre “A agenda de

Direitos Humanos e o mandato de Portugal no Conselho de Segurança das

Nações Unidas”, onde procurará expor o que pode ser o contributo de Portugal

em matéria de Direitos Humanos no âmbito do Conselho de Segurança.

Como é sabido, Portugal assumiu, no passado mês de Janeiro, um lugar de

membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, após

uma campanha renhida, onde disputávamos o lugar com a Alemanha e o

Canadá, e onde a nossa eleição confirmou que Portugal é, na cena

internacional, um país com grande credibilidade, respeitado pelos seus

parceiros, com uma política externa coerente e consistente, e que dispõe de

uma capacidade especial de interlocução junto dos variados parceiros

internacionais.

O facto de terem sido esses os trunfos da nossa bem sucedida campanha, e

não a dimensão do país nem a sua capacidade económica – domínios onde

claramente o peso dos nossos concorrentes é muito superior – baliza o nosso

mandato no Conselho de Segurança.

Para além de se representar a si próprio no Conselho de Segurança, Portugal

deve representar os valores – que são também os valores perenes da sua

política externa - do direito internacional e do Estado de direito, da paz e da

segurança, e dos Direitos Humanos.

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126

Tem sido essa a postura do Portugal democrático no seio das Nações Unidas e

é também com essa coerência que Portugal anunciou recentemente a sua

candidatura ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para o

triénio 2014-2017. Candidatura que nos deve mobilizar a todos aqui presentes

como mais uma oportunidade para reforçarmos um lugar central na promoção

e defesa dos Direitos Humanos.

Ainda neste primeiro painel, o Director do Centro Norte-Sul do Conselho da

Europa, Dr. Denis Huber, falar-nos-á sobre “O Tratado de Lisboa e as novas

oportunidades para defesa e promoção dos Direitos Humanos na Europa e

pela Europa”.

O Centro Norte-Sul, que está sediado em Lisboa, comemorou, no ano passado,

o seu 20.º aniversário. Não posso deixar de me referir ao crescente dinamismo

do Centro Norte-Sul na promoção dos valores sobre os quais se funda o

Conselho da Europa, nomeadamente Direitos Humanos, Democracia e Estado

de Direito.

Para Portugal, a cooperação entre o Conselho da Europa e a União Europeia é

particularmente importante, podendo ser ainda mais aprofundada, por exemplo,

através de uma maior colaboração das instituições da União Europeia com o

Comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa e a Comissão de

Veneza.

Também o Tratado de Lisboa abre novas perspectivas para a defesa – na

Europa e pela Europa – dos Direitos Humanos. A entrada em vigor do novo

Tratado abriu as portas à adesão da União Europeia à Convenção Europeia

dos Direitos do Homem, processo que está actualmente em curso.

Esta adesão tem uma importância política significativa, uma vez que reforçará

a credibilidade internacional da União em matéria de Direitos Humanos no

contexto das suas relações internacionais, ficando sujeita à jurisdição

internacionalmente reconhecida do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

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127

O Tratado de Lisboa integra ainda formalmente a Carta dos Direitos

Fundamentais da União Europeia, que vincula a actuação das instituições

europeias bem como os Estados-Membros na aplicação do direito da União,

contribuindo para o reforço da protecção dos direitos dos cidadãos europeus.

O Tratado de Lisboa é também claro no que se refere às relações da União

com o resto do mundo, relações essas que se baseiam na afirmação e

promoção dos valores centrais do projecto europeu.

No segundo painel procuraremos debater a actividade que tem sido

desenvolvida em Portugal na promoção e protecção dos Direitos Humanos. A

presença nesta sala de várias entidades públicas e privadas com competências

nesta matéria proporcionará uma discussão interessante em torno do caminho

que já percorremos e daquele que ainda podemos percorrer.

Esse debate será antecedido de uma intervenção da Dra. Joana Gomes

Ferreira, Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado, em

nome do Senhor Procurador-Geral da República.

Estou certo que do debate sairão propostas construtivas, que permitirão

reforçar a nossa cooperação em prol dos Direitos Humanos em Portugal.

Espero também que no debate sejam identificadas boas práticas que

possamos replicar noutras áreas. Temos sempre algo a melhorar ao mesmo

tempo que temos orgulho nos bons resultados obtidos, reconhecidos em

diversos relatórios internacionais.

O relatório das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Humano («Ultrapassar

Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humano»), de 2009, aponta Portugal

como o país que tem a melhor política de integração dos imigrantes em todo o

mundo. Os Centros Nacionais de Apoio aos Imigrantes são considerados o

exemplo de uma boa prática, quer pelo Comissário de Direitos Humanos do

Conselho da Europa, quer pela Organização Internacional para as Migrações

nas Conclusões do seu Relatório Mundial relativo a 2010. E pela segunda vez

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consecutiva, Portugal foi classificado, pelo Migrant Integration Policy Index, em

segundo lugar entre 31 países, pelas suas políticas de integração de

imigrantes.

Por fim, os nossos trabalhos serão encerrados pela Senhora Provedora-

Adjunta de Justiça, Dra. Helena Vera-Cruz Pinto, que nos apresentará uma

comunicação do Senhor Provedor de Justiça, impossibilitado de estar aqui

presente – como era sua intenção – por ter sido entretanto convocado para

esta tarde o Conselho de Estado.

Nunca é demais referir o muito valioso trabalho da Provedoria de Justiça,

enquanto instituição nacional de Direitos Humanos de acordo com os Princípios

de Paris das Nações Unidas, na promoção e protecção dos Direitos Humanos,

especialmente no que diz respeito à resposta e ao acompanhamento das

situações concretas com que se confrontam os cidadãos.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Portugal é um país fortemente empenhado no respeito pelos direitos e

liberdades fundamentais, tal como consagrados na nossa Constituição, assim

como no respeito por todos os Direitos Humanos consagrados nos

instrumentos internacionais de que o nosso país é parte.

A promoção e a protecção dos Direitos Humanos ocupam um lugar central na

política externa do nosso país, o que se manifesta, desde logo, no facto de

Portugal ser parte dos mais significativos instrumentos internacionais de defesa

dos Direitos Humanos.

Há, sem dúvida, muitas áreas em que os nossos esforços merecem

reconhecimento, tal como há certamente outras em que Portugal poderá fazer

mais e melhor. A defesa dos Direitos Humanos é uma tarefa sem fim – e é

também uma tarefa que não se resume exclusivamente à actividade do

Governo e das entidades públicas.

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129

O papel da sociedade civil assume neste domínio um particular relevo. E é por

isso que estamos aqui hoje reunidos. Para ver como podemos aprofundar a

nossa cooperação neste desígnio comum.

Faço votos para que os nossos trabalhos sejam proveitosos e que sirvam para

identificar não apenas os bons exemplos, que podem e devem ser replicados e

divulgados, mas também o que mais pode ainda ser feito para que Portugal

mantenha a sua posição de vanguarda nos Direitos Humanos e para que esta

posição central tenha uma concretização cada vez mais efectiva e consistente.

Permitam-me duas palavras finais:

Primeiro, uma palavra de agradecimento dirigida aos organismos públicos e

aos ministérios que colaboraram para criar a Comissão Nacional dos Direitos

Humanos. Esta Comissão é um trabalho conjunto, de várias entidades públicas

e governamentais que há muito vêm trabalhando, nas suas respectivas áreas,

em prol dos Direitos Humanos.

Segundo, uma palavra final, dirigida a todos os participantes. Esta é a primeira

reunião alargada à sociedade civil. Mas só fará sentido se a esta se seguirem

outras, e o trabalho aqui feito for traduzido e incorporado por todos os

participantes na sua actividade e se, em cada reunião e em cada actividade, se

souber aproveitar e potenciar os resultados positivos e melhorar o que houver

para melhorar.

É também, para o futuro, este o desafio que gostaria de aqui deixar.

Muito obrigado.

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Intervenção do Subdirector-Geral de Política Externa do

Ministério dos Negócios Estrangeiros

Senhor Secretário de Estado,

Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul

Senhor Presidente do ISCSP

Senhoras e Senhores

Foi-me pedido, enquanto Subdirector-Geral de Política Externa que no

Ministério dos Negócios Estrangeiros tutela a área multilateral que engloba a

dos Direitos Humanos, que fizesse uma intervenção sobre a agenda de Direitos

Humanos e o mandato de Portugal no Conselho de Segurança das Nações

Unidas.

Proponho-me dividir a minha telegráfica apresentação em três partes.

A nossa agenda de Direitos Humanos no plano internacional (o que

temos feito em termos de protecção e promoção dos DH). O Conselho de

Segurança (a campanha e mandato no biénio 2011-12). E, por último, a

recente candidatura portuguesa ao Conselho de Direitos Humanos.

1) Portugal e o sistema multilateral de Protecção dos Direitos Humanos

Portugal, desde que vive em democracia, tem mantido um perfil que

podemos qualificar de elevado nos fora multilaterais de Direitos Humanos. Da

3ª Comissão da AGNU à desaparecida Comissão dos Direitos Humano – na

qual foi eleito para 4 mandatos – passando pelos órgãos temáticos como a

Comissão do Estatuto da Mulher e a Comissão para o Desenvolvimento Social,

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ou pelo processo de substituição da antiga Comissão de Direitos Humanos por

um Conselho de Direitos Humanos, a nossa participação tem sido muito activa.

Sem ter a pretensão – ou a vontade - de ser exaustivo, nem querendo

estabelecer qualquer tipo de hierarquia, gostaria de salientar oito aspectos,

muito diversos no tempo e no conteúdo, que traduzem bem o elevado grau de

compromisso que assumimos no plano multilateral em matéria de Direitos

Humanos:

O nosso compromisso com o sistema internacional de promoção e

protecção dos Direitos Humanos traduz-se, em primeiro lugar, no facto

de sermos Estado-parte da grande maioria dos instrumentos

internacionais de Direitos Humanos, tendo ratificado, sem reservas, sete

instrumentos fundamentais das Nações Unidas; bem como no facto de

reconhecermos as competências, em toda a sua extensão, do conjunto

dos Comités que monitorização essas Convenções, mantendo ainda um

convite permanente a eventuais visitas ao nosso país de todos os

mecanismos e procedimentos especiais do Conselho de Direitos

Humanos.

Os Direitos Económicos, Sociais e Culturais, em que somos autores de

duas resoluções já com muita tradição e significado na ONU: a

resolução sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais e a Resolução

sobre Direito à Educação. Reconhecemos também, neste contexto, os

mecanismos de queixas da OIT.

Na promoção da abolição da pena de morte onde temos uma particular

autoridade resultante do facto de termos sido o primeiro país a abolir a

pena capital. Nesta questão central para a credibilidade do sistema de

protecção dos DH, fomos promotores, na qualidade Presidência da UE

em 2007, da primeira resolução adoptada na AGNU a favor do

estabelecimento de uma moratória universal com vista à abolição da

pena de morte.

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132

Somos parte do Estatuto de Roma que criou o Tribunal Penal

Internacional, reconhecendo como obrigatória a sua jurisdição

Portugal é parte da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da

maioria dos seus protocolos, bem como de um vasto leque de

convenções temáticas do Conselho da Europa e encontra-se vinculado à

jurisdição do tribunal Europeu dos Direitos dos Homem. Reconhecemos,

igualmente, a competência do Comité Europeu sobre os Direitos Sociais

e do Comité para a Prevenção da Tortura.

No contexto da OSCE e do processo de Revisão da Estrutura de

Segurança Europeia, a nossa Representante Permanente assumiu

durante o ano de 2010 a Presidência do Comité da Dimensão Humana e

foi co-facilitadora do tema no processo de negociação que levou à

Cimeira de Astana de Dezembro passado.

Desenvolvemos, na antiga CDH e durante todo o período em que Timor-

Leste esteve sob ocupação indonésia, um importante trabalho,

mantendo activa a questão de TL na agenda da Comissão dos Direitos

Humanos, facto fundamental para evitar que a luta do povo timorense

caísse no esquecimento.

A sustentabilidade no tempo da nossa activa participação nos fora

multilaterais de Direitos Humanos foi desenvolvida com base num grupo

de funcionários nacionais com elevada expertise nesta matéria, facto

que foi sendo reconhecido internacionalmente e contribuiu para o reforço

do prestígio do nosso país nestas áreas. Testemunho desse

reconhecimento é o facto de duas peritas nacionais ocuparem

actualmente altos cargos no seio do sistema de Direitos Humanos das

Nações Unidas: Marta Santos Pais, Representante do SG para a

Violência contra as Crianças e Catarina Albuquerque, Perita

Independente para o Direito à Água e ao Saneamento. Estivemos

também, até muito recentemente, representados respectivamente pela

Dra. Virgínia Brás Gomes e pela Dra. Regina Tavares da Silva nos

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Comités de Direitos Económicos, Sociais e Culturais e sobre a

Eliminação da Discriminação contra as Mulheres.

2) Portugal no Conselho de Segurança (campanha e mandato 2011-12)

Começaria com umas curtas notas de enquadramento.

A Carta da Nações Unidas atribuiu ao Conselho de Segurança a

responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais.

Desta forma, o CSNU nunca teve, não tem, nem poderá ter uma agenda

abrangente de Direitos Humanos, como as existentes no Conselho de Direitos

Humanos ou na 3ª Comissão da Assembleia-Geral da ONU porque não é essa

sua vocação. No entanto, o CSNU foi constatando, desde o fim da guerra-fria,

que a proliferação de situações de ruptura da paz colocavam progressivamente

os Direitos Humanos numa situação de particular vulnerabilidade, tendo, nos

últimos 12 anos, vindo a desenvolver uma doutrina e uma massa de

competências que foram permitindo a sua actuação em torno do conceito geral

de protecção de civis.

As áreas em torno das quais o CSNU, qual corpo legislativo da ONU,

fundamentou a sua capacidade actuação em matéria de DH são

essencialmente, as seguintes: a Protecção de Civis, Crianças e Conflitos

Armados, Mulheres Paz e Segurança e Violência Sexual em Conflito Armados.

Desde 1999, data em que foi aprovada a primeira resolução do

Conselho de Segurança sobre uma questão de Direitos Humanos (Crianças em

Conflitos Armados), que o CSNU tem vindo a desenvolver conceptualmente

estes quatro temas – que estão em diferentes estádios de estruturação e

maturação entre si - e a inserir paulatinamente nos seus textos deliberativos

sobre situações de crise em diferentes países, referências aos Direitos

Humanos e ao Direito Humanitário, maxime através da inclusão das chamadas

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dimensões de “Protecção de Civis” nos mandatos das missões de manutenção

da paz.

O CS evoluiu assim de uma interpretação muito estrita das suas

atribuições para uma leitura mais ampla do conceito de segurança, abrangendo

os Direitos Humanos e chamando a si responsabilidade de proteger civis.

A título puramente ilustrativo da recorrência com o que o CS introduz,

hoje em dia, estas questões nas suas resoluções, vale a pena referir: i) a ainda

recente e politicamente polémica resolução 1973 sobre a Líbia que autorizou

uma operação militar com base no conceito da protecção de civis; ii) ou que

quatro operações de manutenção da paz em curso têm disposições específicas

nos seus mandatos sobre protecção de civis (na RDC, no Sudão, no Darfur e

na Costa do Marfim); iii) ou ainda as múltiplas listas de indivíduos que ao abrigo

dessa cláusulas são objecto de regimes de sanções aprovados pelo CSNU.

Portugal/CSNU

Portugal assumiu em Janeiro um lugar de membro não permanente no

CSNU na sequência de uma campanha muito disputada. Foi, como é sabido e

permitam-me o elogio em causa própria, uma importante vitória político-

diplomática frente a dois pesos pesados do sistema de relações internacionais:

a Alemanha e o Canadá, este último que viria a ser derrotado. Muitos balanços

e análises foram já feitos, quer no MNE, quer na comunicação social e

Institutos especializados, mas a verdade é que, para além de muito trabalho,

determinação e inteligência táctica, o perfil e a postura internacionais de

Portugal em que traços como a moderação, a sua dimensão média, a

diversidades de organizações e espaços a que pertence – da UE e da NATO à

CPLP e à Ibero-Americana - a capacidade de diálogo, a capacidade de

estabelecer pontes entre diferentes culturas e grupos regionais na ONU e a

defesa dos Direitos Humanos muito contribuíram para esta importante vitória.

Em matéria de promoção e protecção dos Direitos Humanos, questão

que assumiu aliás lugar destacado no conjunto de compromissos eleitorais que

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assumimos, durante a nossa campanha, perante a “membership” da ONU,

cabe recordar que Portugal tem um importante “curriculum” no quadro do

CSNU. Durante a sua última participação (em 1997-98), Portugal assumiu

iniciativas absolutamente pioneiras nesta matéria, como foi o caso da

organização de uma sessão na “fórmula Arria”, mecanismo criativamente

inventado para permitir discussões, no âmbito do CSNU, sobre questões não

“formalmente admitidas”, para discutir direitos humanos, tendo sido

simbolicamente – pelas suas origens estarem ligadas a Portugal -convidada a

Amnistia Internacional (facto que até há pouco tempo constava do página da

AI). Em 1998, foi por nós convocado o primeiro “briefing” informal na história do

CSNU especificamente na área dos DH, realizado pelo Representante Especial

do SGNU sobre Crianças e Conflitos Armados, o que viria a abrir a porta para a

inclusão do tema na agenda deste órgão e para a aprovação da primeira

resolução – que já referi - em 1999.

O nosso programa para este biénio 2011-12 pretende prosseguir

activamente esta linha de consolidação da dimensão dos DH na agenda do

CSNU.

A nossa actuação passa e passará, nomeadamente por:

- promover, de forma sistemática, avanços nas áreas temáticas e a sua

tradução nos textos deliberativos;

- defender que as renovações de mandatos das missões de paz incluam,

sempre que possível e se justifique, referências aos temas de Protecção de

Civis. Desde que iniciámos o mandato em Janeiro, já contribuímos para a

inclusão de linguagem concreta sobre estas temáticas nos mandatos

renovados da AMISOM (Somália), da UNAMA (Afeganistão) e da UNOCI

(Costa do Marfim).

- exigir que os briefings do Secretariado das NU, quer temáticos, quer sobre

países incluam referências à dimensão DH

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A este respeito, sugerimos, durante a Presidência brasileira do CS em

Fevereiro, que o Conselho deveria ter consultas regulares sobre o tema

Mulheres, Paz e Segurança, reproduzindo o modelo que existe para as

consultas trimestrais sobre “peacekeeping”. Propusemos, assim, que se

convidasse a Directora Executiva da UN Women, Michelle Bachelet, para

realizar esses briefings ao CS, o que se vai já efectivar no próximo dia 12 de

Abril, durante a Presidência colombiana.

Temos também previsto propor brevemente a organização de uma

reunião aberta a países não membros e à sociedade civil (a tal fórmula Arria)

sobre a participação de mulheres em processos de paz e na mediação de

conflitos, levando, para o efeito, a Nova Iorque mulheres africanas (Angola,

Costa do Marfim, Libéria etc.).

Por último, durante a nossa presidência do Conselho de Segurança em

Novembro de 2011, caber-nos-á organizar um debate sobre protecção de civis

em que combinaremos as dimensões DH e de Direito Humanitário e que será

antecedido por reuniões em formato aberto (formula Arria com sociedade civil).

3. A nossa candidatura ao Conselho de Direitos Humanos

Queria terminar aproveitando a ocasião para falar sobre a candidatura

portuguesa a um mandato no Conselho de Direitos Humanos no triénio 2014-

2017. Julgo que esta candidatura surge um pouco como corolário de tudo o

que antes referi, ou seja, reafirmando que a promoção e protecção coerente e

sustentada dos Direitos Humanos se tornou uma linha de força ou mesmo um

eixo importante da nossa política externa e da nossa estratégia de projecção e

afirmação internacionais.

Com efeito, o CDH é o principal órgão das NU em termos de mandato na

área dos DH, tendo sido criado em 2006 com objectivo não apenas de suceder

à “velha” Comissão de Direitos Humanos, mas também de fazer mais e melhor,

de ser mais eficaz e mais visível. É certo que estes seus primeiros anos não

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têm sido fáceis, sendo objecto de muitas críticas por não estar a corresponder

às expectativas. Sabemos que a questão da composição do CDH não tem

ajudado, mas são essas as regras de funcionamento das NU, embora a UE

esteja a tentar dinamizar uma reforma do CDH.

O CDH manteve globalmente as mesmas atribuições da Comissão que o

antecedeu, tendo-lhe, no entanto, sido conferidos novos instrumentos para as

prosseguir. É o caso das Revisões Periódicas Universais sobre a situação dos

DHs em cada país, a que todos os Estados das Nações Unidas se

comprometeram a submeter-se.

Portugal efectuou o seu primeiro exercício de Revisão em Dezembro de

2009, tendo recebido 89 recomendações, das quais aceitámos 86, o que

demonstra o nosso elevado compromisso com a implementação de medidas

que promovam os Direitos Humanos a nível nacional e internacional.

Na sequência do anúncio oficial da nossa candidatura, feito em Genebra

pelo Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação

há um mês atrás, iniciámos já uma forte campanha diplomática das nossas

Embaixadas com o intuito de obter o máximo de apoios países já nesta fase

inicial e ainda com uma grande antecedência. As eleições para o CDH são

tradicionalmente muito difíceis – como vimos quando fomos candidatos em

2006 a membros fundadores do Conselho - , mas a nossa motivação é grande

e estamos, depois da vitória para o CS, optimistas quanto à nossa eleição.

Muito Obrigado.

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Centro Norte-Sul do Conselho da Europa

“O Tratado de Lisboa e as novas oportunidades para a defesa e promoção dos direitos humanos na Europa e pela Europa”

Por Denis Huber

Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa

Lisboa, 31 de Março de 2011

Introdução

O Tratado de Lisboa entrou em vigor no dia 1 de Dezembro de 2009 (há 16 meses). O objectivo geral do tratado consiste em dotar a União Europeia de instituições modernas e de métodos de trabalho optimizados que permitam melhorar a sua eficácia e a sua legitimidade democrática assim como a coerência da sua acção. O Tratado veio acabar com a antiga estrutura comunitária com base em 3 pilares, tal como definida pelo Tratado de Maastricht, ao estabelecer a fusão entre o pilar comunitário e os dois pilares inter-governamentais de forma a criar uma União Europeia única e coesa. Refira-se no entanto que apesar do Tratado de Lisboa ter transformado os três antigos pilares num único quadro jurídico, as competências nas diferentes áreas políticas passaram a dividir-se nas seguintes categorias: competências exclusivas (a grande maioria em áreas que não estão

directamente relacionadas com as actividades do Conselho da Europa); competências partilhadas (por exemplo, no sector da política social e em

matérias de liberdade , segurança e justiça); e competências complementares (por exemplo, no domínio da cultura, da

educação, da juventude e do desporto). Apesar de introduzir modificações, o Tratado de Lisboa em si não pretende substituir os Tratados pré-existentes. Entre as várias novidades introduzidas pelo Tratado de Lisboa podemos destacar:

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a criação de dois postos de trabalho chave, o de Presidente do Conselho Europeu e o de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança;

o reconhecimento da personalidade jurídica da União Europeia; o aumento dos poderes legislativos do Parlamento Europeu; o reforço do papel dos parlamentos nacionais nos procedimentos legislativos; o lançamento da chamada iniciativa de “cidadania europeia” que abre a

possibilidade a um milhão de cidadãos europeus de apresentarem propostas legislativas;

a criação de um procedimento de urgência junto do Tribunal de Justiça da União Europeia que irá permitir ao Tribunal actuar, dentro de um curto prazo, nas situações em que o caso em questão diz respeito a uma pessoa detida;

a criação da instância de Procurador Público da União Europeia e de um serviço europeu para a acção externa;

uma cláusula de secessão; a solidariedade mútua se um Estado membro for vítima de uma ataque

terrorista ou de uma catástrofe causada pela acção humana; uma utilização reforçada do voto por maioria qualificada no Conselho dos

Ministros e uma presidência rotativa de 18 meses no Conselho dos Ministros partilhada por uma troika de Estados Membros;

a Carta dos Direitos Fundamentais tornou-se juridicamente vinculativa. Claramente, o Tratado de Lisboa não somente reforça a União Europeia na sua legitimidade democrática e na sua vontade de exemplaridade na área dos Direitos Humanos, como também lhe oferece importantes possibilidades para a promoção da democracia e dos direitos humanos para além das suas fronteiras, mais particularmente através do SEAE (Serviço Europeu para a Acção Externa). Enquanto funcionário do Conselho da Europa, irei desenvolver ao longo desta exposição as novas possibilidades que se abrem com o Tratado de Lisboa no que toca ao desenvolvimento de uma acção comum entre o Conselho da Europa e a União Europeia em prol dos Direitos Humanos. I. Algumas considerações sobre à Carta Em virtude do artigo 6 do Tratado da União Europeia, a Carta dos Direitos Fundamentais da União europeia tem o mesmo valor jurídico que os Tratados da União Europeia. Convém destacar que este artigo prevê que as disposições da Carta “não alargam, de modo algum, as competências da União tais como definidas nos Tratados”. As disposições da Carta dirigem-se às instituições e aos órgãos da União, no pleno respeito do princípio de subsidiariedade, e aos Estados membros, quando está em causa a aplicação do Direito Comunitário no ordenamento jurídico nacional. Em consequência, o Tribunal do Luxemburgo pode pronunciar-se sobre a compatibilidade da legislação de um Estado membro ou de uma instituição da União Europeia com a Carta, quando estiver em causa a aplicação do Direito Comunitário. A

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natureza jurídica vinculativa da Carta implica que todas as competências da União Europeia que tenham implicações para os indivíduos estejam abrangidas pela jurisdição do TEJ (mais de 30 julgamentos desde 1 de Dezembro de 2009). A Carta não terá aplicação na República Checa, na Polónia nem no Reino Unido. O que há de novo? 1. Não existe nada de fundamentalmente novo na Carta que, aliás, constituí sobretudo uma síntese do Direito Europeu na área dos Direitos Humanos no sentido lato, i.e.: do direito comunitário, incluindo a jurisprudência do tribunal do Luxemburgo; do direito do Conselho da Europa, em particular da CEDH (Comissão Europeia

dos Direitos do Homem), a jurisprudência de Estrasburgo e a versão revista da Carta Social e outras Convenções (por exemplo nos domínios da bioética e da protecção de dados).

Tudo isto está em estrita conformidade com a legislação das Nações Unidas, em particular com os dois Tratados de 1966 sobre os Direitos civis e políticos por um lado e económicos, sociais e culturais por outro, assim como com a Convenção para os direitos das crianças. 2. Ao mesmo tempo, “que fantástico e único catálogo!” (ver a este respeito Jeremy Rifkind) que vem renovar o princípio da indivisibilidade dos Direitos Humanos da DUDH (Declaração Universal dos Direitos do Homem) de 1948. Imediatamente a seguir à entrada em vigor da Carta dos Direitos Fundamentais, em

Dezembro de 2009, o Conselho Europeu adoptou o Programa de Estocolmo. Trata-se

de num plano estratégico da União Europeia, para os próximos 5 anos, que veio definir

aquelas que devem ser as acções prioritárias da União Europeia com vista à criação de

uma área de Justiça, Liberdade e Segurança no espaço europeu. O programa pretende

colocar os direitos fundamentais no “coração” da União Europeia ao defender que:

o carácter vinculativo da Carta da União Europeia coloca os direitos fundamentais no centro da intervenção da União Europeia nos domínios da Liberdade, Segurança e da Justiça;

a Carta obriga as instituições europeias não somente a respeitar mas também a promover os direitos fundamentais;

o respeito pelos direitos fundamentais e pelo Estado de Direito devem estar no centro da acção da União Europeia no que toca o combate ao crime organizado e ao terrorismo;

a protecção das bases de dados pessoais é crucial para a garantia da segurança e da justiça.

II. A adesão da União Europeia à CEDH (Carta Europeia dos Direitos do Homem)12 12

Poucos dias depois da data desta intervenção, a Comissão Europeia divulgou o Relatório 2010 sobre a aplicação da Carta dos direitos fundamentais da União Europeia onde anuncia no seu parágrafo 3.5 que a UE está a preparar-se para aderir à Convenção Europeia dos Direitos do Homem, sublinhando o “apoio total da UE ao regime de protecção dos direitos erigido pelas instituições de Estrasburgo…que permitirá

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A adesão da União Europeia à CEDH tem sido alvo de discussões que se arrastam há mais de trinta anos. Tentando resumir os argumentos daqueles que defendem esta adesão, podemos dizer que a adesão oferece uma possibilidade única para se conseguir criar em toda a Europa um sistema coerente de protecção dos direitos fundamentais, no qual 47 governos e as instituições da UE passariam a estar ligados entre si por um conjunto partilhado de normas de Direitos Humanos sob a vigilância do mesmo Tribunal de Direitos Humanos. Tal sistema irá permitir aos cidadãos beneficiarem de uma protecção contra as acções da União semelhante àquela da qual já beneficiam contra os próprios Estados membros. Trata-se de um argumento que ganhou ainda maior relevância a partir do momento em que com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa os Estados membros da EU transferiram importantes poderes para a União. A adesão é igualmente crucial na medida em que a protecção acordada pela União europeia é de grau inferior à da CEDH. Acresce ainda que a adesão permitirá um controlo externo sobre a ordem jurídica da UE e consequentemente irá contribuir para melhorar a credibilidade da sua acção – ao nível interno e externo – na salvaguarda dos direitos fundamentais. Num cenário em que a Carta europeia dos direitos fundamentais passa a constituir uma “declaração de direitos” interna que fixa os limites dos poderes das instituições da União Europeia, o mecanismo da CEDH passa a funcionar como um controle externo responsável por vigiar as actividades da União. A adesão irá ainda contribuir para o desenvolvimento harmonioso da jurisprudência dos dois Tribunais europeus - o Tribunal de Justiça sedeado no Luxemburgo, e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem de Estrasburgo - nomeadamente em razão da necessidade acrescida de diálogo e cooperação, e irá criar assim um sistema integral no seio do qual dois Tribunais irão funcionar em harmonia. A adesão não constitui uma ameaça à autonomia jurisdicional do Tribunal do Luxemburgo que continuará a ser o único Tribunal supremo em matéria de questões de direito comunitário e sobre a validade das iniciativas da UE. Será considerado pelo Tribunal de Estrasburgo como um “Tribunal interno” dotado de um estatuto semelhante ao dos Tribunais supremos e constitucionais de todos os Estados que integram a CEDH. Por seu turno o Tribunal de Estrasburgo deverá ser considerado como um “Tribunal especializado” que exerce uma supervisão externa da conformidade da EU com as obrigações do direito internacional que decorrem da sua adesão à CEDH tendo subjacente o princípio da subsidiariedade Embora todos estes argumentos a favor da adesão da EU à CEDH já fossem válidos antes da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, o que mudou desde então é que não somente o Tratado de Lisboa serve de base jurídica ao lançamento das negociações com vista à adesão como também se exige que esta adesão produza resultados (ver a este respeito o artigo 6 do Tratado de Lisboa). Além disso, o programa de Estocolmo da UE apela expressamente a uma adesão “rápida” à CEDH. Ao nível do Conselho da Europa, a entrada em vigor do Protocolo 14), a 1 de Junho de 2010, veio criar as condições jurídicas necessárias para que essa adesão se concretize

um desenvolvimento harmonioso das jurisprudências do Tribunal de Justiça e do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem” (COM 2011) 160 final.

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(consultar artigo 59 da CEDH modificado pelo Protocolo 14). Na sessão ministerial de 11 de Maio de 2010, os Ministros do Conselho da Europa saudaram o empenho da UE em aderir à CEDH e incitaram a uma conclusão rápida das negociações e consequente adesão. Contudo, a adesão da União Europeia pressupõe um acordo que, segundo o Tratado de Lisboa, deverá ser adoptado na sequência de um procedimento complexo e exigente, i.e., por unanimidade do Conselho Europeu, com o consentimento de 2/3 do Parlamento Europeu e a ratificação pelo conjunto dos Estados membros da UE. A adopção de um mandato de negociação (directivas de negociação) pelo Conselho da UE constava das prioridades da Presidência espanhola da UE. Ao nível do Conselho Europeu, uma vasta maioria de países é a favor de negociações rápidas muito embora alguns países (v.g. Reino Unido e a Polónia) já tivessem alertado para a possibilidade das negociações poderem ser demoradas e defenderam que a qualidade dos preparativos deveria primar sobre a urgência. O que é um facto é que apesar destes sinais de alerta o Conselho da UE acabou por adoptar directrizes de negociação que autorizaram a Comissão a negociar o acordo de adesão a 4 de Junho de 2010, ou seja mais cedo do que estava inicialmente previsto (final de Junho de 2010). Com esta iniciativa o Conselho da União europeia enviou um forte sinal político do seu empenho numa adesão rápida. Muito embora o conteúdo das directrizes de negociação seja confidencial, é do conhecimento geral que foram formuladas de forma a ser possível deixar em aberto várias questões jurídicas, salvaguardando uma certa flexibilidade na escolhas que serão efectuadas apenas no final da negociações, de forma a que mais rapidamente se consiga chegar a uma decisão positiva. No que toca ao Conselho da Europa, a 28 de Maio de 2004, os delegados dos Ministros do Conselho da Europa, já haviam encarregue o Comité Director dos Direitos do Homem (CDDH) de elaborar, antes de 30 de Junho de 2011, um instrumento jurídico que enunciasse as modalidades de adesão da UE à CEDH, incluindo a sua participação no sistema da Convenção e, nesse contexto, de examinar todas as questões daí decorrentes. Convidaram na altura o Secretário-Geral a assegurar que os trabalhos seriam realizados com a maior eficácia tendo em vista a sua rápida conclusão. Na semana seguinte, o CDDH elegeu 14 membros (7 dos quais Estados membros da UE e 7 não membros) para formarem um grupo de trabalho informal e restrito encarregue de implementar o mandato ad hoc atrás mencionado e de conduzir da melhor forma as negociações com a Comissão. As grandes questões abordadas durante as negociações são as seguintes: a extensão da adesão da EU ao sistema da CEDH e, em particular, se a adesão

se limitará à CEDH enquanto tal ou se irá incluir igualmente os seus protocolos. O Parlamento europeu pronunciou-se a favor de uma adesão ao conjunto dos protocolos da CEDH “que digam respeito a direitos abrangidos pela Carta dos direitos fundamentais”, independentemente de terem sido ou não ratificados pelo conjunto dos Estados membros da UE. A segunda opção consistia na adesão da UE a todos os protocolos sem excepção da CEDH, tivessem ou não sido ratificados pelo conjunto dos Estados membros, quer digam ou não respeito aos “direitos que estão relacionados com a Carta dos direitos fundamentais” – um critério que

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segundo alguns é de difícil aplicação. A terceira opção, a mais restritiva, consiste na adesão da UE à CEDH e unicamente aos protocolos ratificados por todos os Estados membros da UE. Uma opção que exclui a adesão aos protocolos 4,7,9,10,12 e 13 por não terem sido ratificados por todos os Estados membros da UE; as questões institucionais : a participação da EU nas actividades dos orgãos do Conselho da Europa que exercem funções relacionadas com a CEDH; várias questões jurídicas relativas a procedimentos do Tribunal europeu dos Direitos do Homem, em particular o mecanismo de co-defesa e a questão do meio mais indicado para assegurar uma adesão conforme às condições do Tratado de Lisboa (em particular o artigo 6 do TUE e do respectivo Protocolo 8), a saber a preservação do monopólio do Tribunal de Justiça da EU em matérias de interpretação do direito comunitário e a questão do controlo interno e prévio dos assuntos apresentados junto do Tribunal de Estrasburgo que emanem de actos das instituições da UE;

III. As perspectivas de um “salto qualitativo” na cooperação entre o Conselho da Europa e a UE

A adesão da UE a outras convenções chave do Conselho da Europa iria contribuir para criar um espaço jurídico comum no espaço europeu que iria antes de mais beneficiar os cidadãos europeus. A adesão da União europeia às convenções do Conselho da Europa sobre a prevenção do terrorismo, prevenção da tortura e sobre a luta contra o tráfico de seres humanos, sobre a protecção das crianças contra abusos sexuais, assim como à versão revista da Carta Social Europeia iria garantir a aplicação à escala pan-europeia de um mínimo de normas comuns sem no entanto impedir a UE de ir mais longe e assegurar normas mais elevadas para os seus membros uma vez que todo os membros do Conselho da Europa podem prever na sua legislação normas nacionais mais elevadas que aquelas que são garantidas pelas convenções do Conselho da Europa. É no entanto fundamental evitar duplicações das normas. Através da resolução de 19 de Maio de 2010 o Parlamento europeu marcou uma posição clara sobre este assunto ao manifestar que a adesão à CEDH constituía um primeiro passo essencial mas que seria necessário completar através da adesão da UE a outras convenções do Conselho da Europa tais como a versão revista da Carta Social. Por seu lado, o posicionamento da UE, é o de que a adesão a essas convenções só poderá materializar-se após a conclusão do processo de adesão da União europeia à CEDH, optando-se por uma abordagem progressiva de forma a não comprometer a própria adesão à CEDH. Os recentes acontecimentos no Norte de África e Médio Oriente vieram igualmente reforçar a necessidade de se aprofundar a cooperação entre a UE e o Conselho da Europa em matéria de protecção de Direitos Humanos e liberdades fundamentais. À luz destes acontecimentos, e com o objectivo de apoiar as reformas políticas em curso, a UE comprometeu-se a prosseguir uma nova parceria destinada a apoiar os países do Sul do Mediterrâneo que passa por uma colaboração estreita com o Conselho da Europa em matérias de apoio aos processos democráticos e ao Estado de Direito, vectores fundamentais para que se criem as condições necessárias ao

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desenvolvimento socio-económico daqueles países para a salvaguarda da estabilidade regional. É neste contexto que o Centro Norte-Sul13, com mais de 20 anos de expertise desenvolvido na área da cooperação “Norte-Sul”, em matérias como a protecção do DH, Educação Global e formação de jovens, se propõe a desempenhar um papel chave como “interface” de comunicação entre os povos de ambas os lados do Mediterrâneo, facilitando pontes de diálogo que favoreçam a compreensão mútua e o desenvolvimento sustentável das suas populações, incentivando o envolvimento da sociedade civil e da juventude nesse diálogo. Foi com este propósito que o Centro Norte-sul criou em 1994 o Fórum de Lisboa, que consiste precisamente numa plataforma destinada a favorecer o diálogo e a troca de experiências entre a Europa e outros continentes, em especial com o Médio Oriente e África. A edição deste ano, que terá lugar nos dias 3 e 4 de Novembro, irá precisamente abordar o papel da cooperação internacional e mais especificamente do Conselho da Europa e do Centro Norte-Sul nos recentes desenvolvimentos no Norte de África e Médio Oriente no apoio à implementação de reformas democráticas que vão ao encontro das legítimas aspirações e exigências das populações desses países.

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13

Acordo parcial criado há mais de 20 anos por alguns Estados do Conselho da Europa com o objectivo

de fornecer um quadro para a cooperação europeia em matéria de sensibilização da opinião pública para

as questões de interdependência mundial e para a promoção de políticas de solidariedade mundial em

consonância com os objectivos e princípios (respeito pelos DH, democracia e Estado de Direito) do

Conselho da Europa.

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Intervenção da Directora do Gabinete de Documentação e Direito

Comparado da Procuradoria-Geral da República

Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Europeus,

Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa,

Senhora Provedora de Justiça Adjunta,

Senhor Subdirector-Geral de Política Externa do Ministério dos Negócios

Estrangeiros,

Senhoras e Senhores,

Desejo, em primeiro lugar, em nome de Sua Excelência o Procurador-Geral da

República, agradecer o convite para participar nesta terceira reunião da

Comissão Nacional para os Direitos Humanos. Irei proferir a minha intervenção

na qualidade de directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado

(GDDC) da Procuradoria-Geral da República (PGR). Desde a sua fundação,

em 1980, que o GDDC colabora com o Ministério dos Negócios Estrangeiros

(MNE) na área dos direitos humanos. Assim, é com muito gosto que encaro

esta ocasião como uma excelente oportunidade para partilhar experiências e

reflectir em conjunto sobre a actual situação de direitos humanos do país,

procurando as melhores vias para assegurar o cumprimento, por Portugal, das

suas obrigações internacionais nesta área.

Caras Senhoras e Senhores,

É de conhecimento geral que Portugal tem vindo, nas últimas décadas, a

assumir um elevado número de compromissos internacionais em matéria de

direitos humanos. Logo em 1978, escassos dois anos após a aprovação da

nova Constituição – a qual reconhece também um vasto conjunto de direitos

fundamentais – procedemos à ratificação de três importantes tratados de

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direitos humanos de âmbito generalista: a Convenção Europeia dos Direitos do

Homem, adoptada sob a égide do Conselho da Europa; e os dois Pactos

Internacionais sobre Direitos Humanos das Nações Unidas: um em matéria de

direitos civis e políticos (PIDCP) e o outro em matéria de direitos económicos,

sociais e culturais (PIDESC).

Desde então, o nosso país tornou-se Parte em vários outros tratados de

direitos humanos, nomeadamente nas convenções das Nações Unidas sobre

direitos da criança, discriminação racial, discriminação contra as mulheres,

tortura e direitos das pessoas com deficiência. Segundo foi já publicamente

divulgado, em breve deverá estar concluído o processo de ratificação da

Convenção contra os Desaparecimentos Forçados, bem como do Protocolo

Facultativo ao PIDESC, ambos das Nações Unidas.

Assim, não restam dúvidas de que Portugal se vinculou, na ordem

internacional, a um importante conjunto de instrumentos de direitos humanos,

que nos obrigam a respeitar e a garantir direitos e liberdades tão diversificados

como, por exemplo, o direito à vida, a proibição da tortura e dos maus tratos e

as liberdades de pensamento, consciência, religião, informação, reunião,

associação e expressão.

Mas também direitos frequentemente reclamados mas por vezes não

identificados como sendo direitos humanos, como os direitos a um nível de vida

suficiente (incluindo alimentação, vestuário e habitação condignos), ao

trabalho, à saúde e à educação. É importante relembrar que também estes são

direitos humanos, garantidos por um tratado que nos vincula – assim como a

160 outros Estados Membros da comunidade internacional, incluindo toda a

União Europeia – desde 1978; e que o seu respeito, protecção e garantia

constituem verdadeiras obrigações jurídicas – e não meras faculdades – do

Estado português. E é particularmente importante relembrá-lo na conjuntura

que actualmente atravessamos. É fundamental relembrar que os Estados

Partes no PIDESC devem adoptar medidas com vista à realização progressiva

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dos direitos ali consagrados e que quaisquer retrocessos na realização destes

direitos devem ser cuidadosamente justificados pelo Estado Parte.

Caras Senhora e Senhores,

Para além da sua vinculação a um vasto conjunto de tratados de direitos

humanos, Portugal tem vindo a dar provas de cooperação com os órgãos

internacionais de direitos humanos: além da reconhecida cooperação com o

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem – que levou a que, por exemplo, em

2007 tivessem sido introduzidas alterações nos Códigos de Processo Civil e de

Processo Penal a fim de permitir a revisão de sentenças civis ou penais

transitadas em julgado caso as mesmas sejam incompatíveis com as decisões

das instâncias internacionais vinculativas para Portugal (alteração na qual o

próprio GDDC se empenhou) – o nosso país tem também dado sinais de

cooperação com outros órgãos do Conselho da Europa (veja-se o caso do

Comité para a Prevenção da Tortura) e das Nações Unidas.

Com efeito, Portugal dirigiu um convite permanente aos procedimentos

especiais do Conselho de Direitos Humanos, isto é aos Relatores Especiais,

Peritos Independentes e Grupos de Trabalho da ONU, assim exprimindo

formalmente a sua disponibilidade para receber visitas de tais peritos a

qualquer momento. E este ano – proclamado Ano Internacional para as

Pessoas de Ascendência Africana – irá precisamente receber a visita do Grupo

de Trabalho criado com o objectivo de promover os direitos humanos destas

pessoas e combater a discriminação que as afecta. Outro exemplo eloquente

da cooperação do nosso país com as instâncias internacionais de direitos

humanos é o facto de ter reconhecido o leque de competências mais amplo

possível aos comités dos tratados das Nações Unidas.

É assim possível a qualquer pessoa sujeita à jurisdição de Portugal apresentar

hoje uma comunicação aos Comités da ONU por violação das disposições do

PIDCP ou das convenções sobre discriminação racial, discriminação contra as

mulheres, tortura ou pessoas com deficiência. É igualmente reconhecida a

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competência dos comités respectivos para examinar queixas inter-estaduais

por violação do PIDCP ou das Convenções contra a tortura e contra a

discriminação racial, assim como a competência para instaurar inquéritos em

caso de violação grave ou sistemática das convenções contra a tortura, sobre a

eliminação da discriminação contra as mulheres e sobre os direitos das

pessoas com deficiência. Na maioria das vezes, o reconhecimento destas

competências não era sequer consequência necessária da ratificação do

tratado principal em causa, tendo exigido actos adicionais por parte do Estado

português.

Mas Portugal foi ainda mais longe e, verificando que o sistema de protecção

dos direitos económicos, sociais e culturais não estava dotado dos mesmos

mecanismos disponíveis para a efectivação dos chamados direitos “civis e

políticos”, liderou os esforços tendentes a dotar o Comité dos Direitos

Económicos, Sociais e Culturais (Comité DESC) de competências pelo menos

idênticas às de que o Comité dos Direitos do Homem (responsável pela

monitorização do PIDCP) já dispunha: a adopção por consenso do Protocolo

Facultativo ao PIDESC a 10 de Dezembro de 2008, pela Assembleia Geral da

ONU, veio coroar de êxito estes esforços, permitindo ao Comité DESC a

análise de comunicações individuais e inter-estaduais, assim como a

instauração de inquéritos, a exemplo do que já sucedia com a maioria dos

outros comités dos tratados de direitos humanos da ONU. Por favor, deixem-

me sublinhar o papel que o GDDC desempenhou neste âmbito, já que a

presidência das negociações deste Protocolo Facultativo foi assegurada por

uma técnica do meu Gabinete.

Caras Senhoras e Senhores,

Tendo presente este enquadramento jurídico-internacional, importa agora

saber até que ponto Portugal cumpre de facto as obrigações por si assumidas

ao nível dos direitos humanos. Claramente, muito foi já feito.

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Em 2008, o Comité para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres

saudou a adopção de uma série de planos e programas para promover a

igualdade de género e o progresso das mulheres, nomeadamente o Terceiro

Plano de Acção para a Igualdade, o Terceiro Plano contra a Violência

Doméstica e o Primeiro Plano contra o Tráfico de Seres Humanos. Todos estes

Planos conheceram revisões que se encontram já em vigor. Congratulou-se

também, por exemplo, com a introdução da dimensão de género nos critérios

para a certificação de manuais escolares, assim como com a alteração dos

critérios de admissão nas forças de segurança, que tendiam a prejudicar as

candidatas do sexo feminino.

O Comité contra a Tortura, na sequência da sua análise do quarto relatório

periódico de Portugal, destacou aspectos positivos como a entrada em vigor da

nova lei de estrangeiros (que passou a proibir expressamente a deportação de

um estrangeiro para um país onde a pessoa corra o risco de vir a ser

torturada), a criação da Inspecção Geral dos Serviços de Justiça em 2000 e a

adopção do Código Deontológico do Serviço Policial em 2002.

Quanto ao Comité para a Eliminação da Discriminação Racial, já em 2004 se

congratulava, por exemplo, com a criação de vários mecanismos destinados a

prestar assistência aos imigrantes em Portugal, como o Observatório da

Imigração, a Linha SOS Imigrante e os centros nacionais e locais de apoio aos

imigrantes. Estas e outras medidas entretanto introduzidas levaram a que

Portugal fosse considerado como o país do mundo com as melhores políticas

de integração de imigrantes e colocado no segundo lugar entre os países

desenvolvidos no índice MIPEX 2007, elaborado pela ONG Migration Policy

Group.

O Comité dos Direitos do Homem exprimiu nomeadamente satisfação com a

criação da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), com as medidas

destinadas a reduzir a sobrelotação das prisões e melhorar a condição dos

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reclusos e com a concessão de capacidade eleitoral activa e passiva a

cidadãos estrangeiros nas eleições locais, sob condição de reciprocidade.

O Comité dos Direitos da Criança apontou como aspectos positivos da situação

portuguesa, entre outros, o tratamento das crianças entre os 12 e os 16 anos

em situação de risco separadamente das crianças envolvidas em actividades

ilícitas, o estabelecimento do sistema de educação pré-escolar e o aumento

para 18 anos da idade de serviço militar.

O Comité DESC saudou designadamente a adopção de medidas legislativas

destinadas a promover a igualdade entre homens e mulheres.

Os esforços de Portugal no domínio da educação e informação em matéria de

direitos humanos – muitos deles levados a cabo através do GDDC – têm

também sido saudados por vários organismos de direitos humanos. Com efeito,

diversos comités das Nações Unidas se têm vindo a congratular com o trabalho

em curso desde 1998 de elaboração e tradução de materiais informativos sobre

direitos humanos e sua distribuição mais ampla possível, assim como a sua

difusão via Internet. Também o Serviço de Execução de Acórdãos do Tribunal

Europeu dos Direitos do Homem considera louváveis os trabalhos de

informação pública sobre o procedimento de queixa para o Tribunal Europeu,

assim como de disponibilização dos acórdãos deste Tribunal na página do

GDDC, logo no mês seguinte àquele em que foram adoptados – esta é aliás

considerada uma parte importante da execução dos referidos acórdãos, tendo

recentemente começado a ser incluídos documentos importantes relativos à

sua execução.

Caras Senhoras e Senhores,

Todos estes são aspectos destacados como positivos pelos comités da ONU.

No entanto, todos os comités apontaram um número muito superior de áreas

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de preocupação e formularam recomendações com vista a fomentar um mais

cabal cumprimento, por Portugal, das suas obrigações de direitos humanos.

Por vezes, estas recomendações foram seguidas: foi, entre outros, o caso da

recomendação de conceder efeito suspensivo ao recurso judicial interposto em

caso de indeferimento de um pedido de asilo pelas autoridades administrativas,

diversas vezes formulada por órgãos como o Comité dos Direitos do Homem e

a Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância, cujas posições sobre

este ponto coincidiram com a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos

do Homem e do Tribunal de Justiça da União Europeia, assim como com

disposições de direito comunitário. Também foi esse o caso no que concerne

às recomendações do Comité dos Direitos da Criança no sentido de Portugal

abolir todas as formas de castigos corporais contra crianças e de criminalizar a

venda de crianças, prostituição e pornografia infantis.

Outras vezes, tal não sucedeu. Porquê? As causas são tão diversificadas quão

diversificadas são as obrigações emergentes dos instrumentos internacionais

de direitos humanos: falta de vontade política; desconhecimento das

recomendações formuladas pelas instâncias internacionais; inexistência de

uma autoridade que assegure uma visão de conjunto da situação de direitos

humanos no país e do estado de aplicação das decisões ou recomendações

formuladas pelos órgãos internacionais; escasso envolvimento da sociedade

civil; falta de recursos humanos, técnicos e, sobretudo, financeiros. E,

certamente, muitas outras.

Esta Comissão Nacional visa precisamente corrigir alguns destes problemas e

funcionar como um fórum para o acompanhamento da situação de direitos

humanos em Portugal e para a coordenação dos esforços das entidades da

administração pública e da sociedade civil no sentido da melhoria de tal

situação.

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A Comissão Nacional nasceu na sequência da revisão da situação de direitos

humanos em Portugal levada a cabo pelo Conselho de Direitos Humanos da

ONU no âmbito do seu mecanismo de Revisão Periódica Universal, em

Dezembro de 2009. Nesta ocasião, 47 delegações dirigiram ao nosso país 89

recomendações, das quais apenas duas foram recusadas.

É tempo de todos nós, nas nossas respectivas áreas de competência e de

actividade, olharmos para todas estas decisões, observações e

recomendações. Vermos o muito que foi feito e o mais que está por fazer.

Percebermos que a promoção e realização dos direitos humanos são tarefas

infinitas e inesgotáveis. Por natureza, estão sempre por fazer. E colocam

desafios especiais em tempos de crise como os que vivemos.

Mas a realização dos direitos humanos é, não só indispensável, como possível

se todos nós, agentes envolvidos – a nível local, nacional e internacional –

tivermos plena consciência do nosso papel e das nossas responsabilidades. E

se nos esforçarmos por reforçar a colaboração recíproca em prol de um esforço

que tem de ser comum.

Muito obrigada.

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Intervenção da Provedora-Adjunta de Justiça

Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Europeus,

Senhor Subdirector-Geral da Política Externa,

Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa,

Senhores Membros da Comissão Nacional para os Direitos Humanos,

Senhor Presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas,

Estimados representantes da Sociedade Civil,

Foi com grande prazer que acedi ao convite para participar nesta primeira

reunião alargada da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e nela

proferir a intervenção de encerramento dos trabalhos.

Começo estas breves palavras congratulando-me com a criação da nova

Comissão, a qual, ainda que em plano distinto, partilha com o Provedor de

Justiça a importante missão de contribuir para o reforço da promoção e

protecção dos direitos humanos no nosso país.

Com efeito, embora divirjam na sua natureza e no concreto elenco das suas

atribuições, Comissão Nacional e Provedor de Justiça aproximam-se em três

pontos que gostaria de assinalar:

A contribuição para o reforço da promoção e protecção dos direitos

humanos no nosso país;

A identidade de algumas das suas competências, como a de proporem

medidas internas para cumprimento das obrigações internacionais do

Estado português em matéria de direitos humanos e a de promoverem a

divulgação e o conhecimento desta temática a nível nacional;

O papel essencial que a interacção com outras entidades, públicas e

privadas, desempenha no contexto das respectivas actividades.

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Julgo, nesta medida, que o diálogo entre ambas as instituições se revelará

natural e proveitoso, e espero que o dia de hoje constitua apenas o primeiro

passo, seguidos por outros que permitam a sua progressiva sedimentação.

Considero igualmente significativo que tal diálogo se tenha iniciado aqui de

forma trilateral, com participação activa da sociedade civil. Desta interacção

advirá, creio eu, um conhecimento mais apurado do sentir social e da realidade

“no terreno” do estado da implementação dos direitos humanos em Portugal.

Por seu turno, tal conhecimento possibilitará um melhor ajustamento da

intervenção pública nestes domínios.

Tem sido essa, pelo menos, a experiência do Provedor de Justiça na sua

própria actividade. Seja através de queixa formal, seja por qualquer outra via, o

Provedor de Justiça tem muitas vezes sido destinatário das preocupações da

sociedade civil em matéria de direitos fundamentais dos cidadãos. Por seu

lado, e nos limites das suas atribuições, tem procurado dar voz a estas

preocupações, quando legítimas, promovendo junto das entidades públicas

uma solução para os problemas identificados, funcionando assim como uma

espécie de “canal privilegiado” no diálogo entre sociedade civil e poderes

públicos. A isto vêm-se somando iniciativas mais ou menos pontuais de reforço

da interacção, sobretudo com Organizações Não Governamentais, como

sucedeu, por exemplo, com o Protocolo de Cooperação celebrado com o

Instituto de Apoio à Criança e com os contactos estabelecidos com

Organizações Não Governamentais de direitos dos migrantes e representativas

das principais comunidades estabelecidas em Portugal, com vista a apurar as

específicas dificuldades por estes vividas.

É importante assinalar que, como resulta do respectivo instrumento

constitutivo, a participação do Provedor de Justiça nos trabalhos da Comissão

Nacional se faz “...tendo em conta o papel que este último desempenha como

instituição nacional de direitos humanos, de acordo com os Princípios de

Paris...” (ponto 6 da Resolução n.º 27/2010).

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Este é um estatuto que me tem parecido algo desconhecido a nível nacional,

não por força de menor relevância do mesmo, mas talvez, em parte, devido a

alguma secundarização que tem sofrido em termos de divulgação.

Com efeito, no nosso país tem sido uso pensar-se no Provedor de Justiça

essencialmente como uma instituição de tipo Ombudsman, herdeira do modelo

institucional sueco nascido no início do séc. XIX. Uma instituição independente

de resolução extrajudicial de litígios entre cidadãos e poderes públicos,

actuante sobretudo com base em queixas, e dedicada a assegurar a legalidade

e a justiça no exercício dos poderes públicos, tutelando os direitos

fundamentais dos cidadãos perante aqueles poderes.

Apesar da clara relevância que este papel tradicionalmente assume na

actividade do Provedor de Justiça, facto é que ele não esgota, hoje, todas as

vertentes da sua actuação. De forma cada vez mais vincada, o Provedor

afirma-se também como órgão de direitos humanos, função que releva não

somente do seu papel de Ombudsman, mas sobretudo daquela outra missão a

que há pouco aludi, de Instituição Nacional de Direitos Humanos.

Permitam-me uma breve explicação.

Por “Instituição Nacional de Direitos Humanos” designa-se uma variedade de

instituições administrativas (isto é, não judiciais ou parlamentares)

vocacionadas para a promoção e protecção dos direitos humanos.

Genericamente, fala-se em dois tipos de Instituição: as Comissões de Direitos

Humanos e os Ombudsman.

Em 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu um conjunto de

princípios relativos ao estatuto destas Instituições, definindo aspectos da sua

composição, competência e funcionamento e garantias de imparcialidade e

pluralismo. Ficaram conhecidos como os “Princípios de Paris” e são hoje

considerados o padrão de referência mínimo a respeitar por todas as

Instituições Nacionais de Direitos Humanos, numa óptica de plena

independência, pluralismo e eficácia da sua actuação.

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Também em 1993, foi constituído o Comité Internacional de Coordenação das

Instituições Nacionais para a Promoção e Protecção dos Direitos Humanos

(ICC), cuja principal missão passa por apreciar a conformidade destas

Instituições com aqueles Princípios, através de um processo de acreditação e

re-acreditação de que podem resultar três classificações: A (plenamente

conforme), B (alguns aspectos não conformes) e C (não conforme).

A comunidade internacional reconhece às Instituições Nacionais de Direitos

Humanos acreditadas com estatuto A um papel fulcral na efectivação de

sistemas nacionais robustos de protecção e promoção dos direitos humanos,

bem como de ligação destes sistemas com o sistema internacional de direitos

humanos.

Com efeito, elas são consideradas parceiros essenciais das entidades

internacionais actuantes em matéria de direitos humanos, quer porque

contribuem com o seu conhecimento e experiência para informar a acção

daquelas, quer porque os seus poderes e especial entrosamento na realidade

nacional lhes permite dar continuidade no plano interno às recomendações e

outras determinações de tais entidades.

Esta importância das Instituições Nacionais de Direitos Humanos é

especialmente saliente no quadro das Nações Unidas, onde lhes vem sendo

reconhecido um conjunto específico de direitos de participação nalgumas

instâncias, maxime no Conselho de Direitos Humanos, como sejam a

apresentação de documentos próprios, a assistência a reuniões e a

intervenção oral autónoma.

Em Portugal, como disse, é o Provedor de Justiça que assume o papel de

Instituição Nacional de Direitos Humanos. Aliás, desde 1999, o Provedor

encontra-se acreditado pelo ICC com estatuto A, atestando-se assim a sua

plena conformidade com os padrões exigidos pelos Princípios de Paris.

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De um ponto de vista temático, a vertente de direitos humanos é especialmente

patente em certas áreas de actuação do Provedor de Justiça, como, por

exemplo, a matéria do sistema penitenciário e dos direitos dos reclusos; a

matéria de direitos dos migrantes; e também a dos direitos das crianças, dos

idosos e das pessoas com deficiência.

Aí se jogam, tantas vezes, os direitos, liberdades e garantias mais nucleares,

mais estreitamente inerentes ao princípio da dignidade da pessoa humana, e

que surgem largamente consagrados em instrumentos internacionais como as

Convenções das Nações Unidas e do Conselho da Europa.

Já no plano orgânico-formal, a perspectiva de direitos humanos manifesta-se,

nomeadamente, na forma como se encontra definido o elenco dos poderes do

Provedor de Justiça, com inclusão de poderes como o poder de actuação por

iniciativa própria, o poder de recomendação legislativa e o poder de iniciativa

junto do Tribunal Constitucional.

Estas três prerrogativas permitem ao Provedor de Justiça uma intervenção de

índole mais genérica e sistemática, contribuindo para o maior alinhamento

possível da legislação e prática portuguesas com o direito internacional em

matéria de direitos humanos, bem como com as recomendações emitidas pelos

órgãos internacionais de monitorização do respeito por esses direitos.

Por outro lado, o conhecimento e experiência adquiridos pelo Provedor no

exercício das suas funções permitem-lhe fornecer às entidades internacionais

uma perspectiva imparcial e detalhada da situação dos direitos humanos em

Portugal, habilitando-as assim a desempenharem a sua missão de modo mais

informado.

Neste contexto, o Provedor tem sido frequentemente chamado a contribuir com

informação, comentários e posicionamentos para a actividade dos mecanismos

de monitorização como, entre outros, a Revisão Periódica Universal das

Nações Unidas, os Comités estabelecidos nas Convenções das Nações Unidas

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e do Conselho da Europa e os Altos Comissários para os Direitos Humanos de

um e outro espaço de cooperação.

No plano interno, o Provedor vem também contribuindo, a pedido das

autoridades nacionais competentes, com informação pertinente para a

elaboração dos relatórios nacionais de implementação dos tratados de direitos

humanos aos quais o Estado português se encontra vinculado.

Tendo em conta a presença de inúmeros representantes da sociedade civil,

não quis deixar de dar nota desta componente sempre presente mas nem

sempre evidente da actuação deste órgão do Estado, contribuindo assim para

a sua maior divulgação.

Essa divulgação foi, aliás, um desafio que elegi para o meu mandato, e por

força do qual determinei que, já no ano de 2010, e pela primeira vez, venha a

ser incluída no nosso Relatório Anual à Assembleia da República, um capítulo

especificamente dedicado ao Provedor de Justiça enquanto Instituição

Nacional de Direitos Humanos.

Ex.mos Senhores,

Concluo onde comecei. Saudando, com agrado, o nascimento deste novo

espaço de colaboração, no qual nos foi possível – e, espero, continuará a sê-lo

– convergir em torno da partilha de conhecimentos, experiências, dificuldades,

sucessos e desafios.

Pela parte do Provedor de Justiça, fica expressa, desde já, a inteira

disponibilidade para prosseguir o diálogo em oportunidades futuras, não

apenas neste fórum, mas por todas as vias que se revelem pertinentes.

Muito obrigado.