relatÓrio de actividades - xxi governo - república ... · a comissão nacional para os direitos...
TRANSCRIPT
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES
DA
COMISSÃO NACIONAL PARA OS DIREITOS HUMANOS
2010/2011
Lisboa, Abril de 2011
2
Índice
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3
Missão ..................................................................................................................................... 3
Competências ....................................................................................................................... 3
Composição ........................................................................................................................... 3
Enquadramento .................................................................................................................... 4
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2010/2011 ......................................................................... 6
1.ª Reunião ............................................................................................................................. 6
2.ª Reunião ............................................................................................................................. 7
3.ª Reunião ............................................................................................................................. 9
EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS NACIONAIS ................................................................ 11
ANEXOS .................................................................................................................................... 98
Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2010 ..................................................... 99
Regulamento interno da Comissão ............................................................................. 101
Lista dos representantes na Comissão ...................................................................... 104
Programa da 3.ª reunião da Comissão ....................................................................... 106
Lista de inscritos e participantes da sociedade civil na 3.ª reunião .................. 107
Resumo das intervenções nos debates da 3.ª reunião .......................................... 114
Textos das intervenções dos oradores na 3.ª reunião ........................................... 120
3
INTRODUÇÃO
Missão
A Comissão Nacional para os Direitos Humanos, criada pela Resolução do
Conselho de Ministros n.º 27/2010, de 8 de Abril (ver anexo), é um organismo
de coordenação interministerial, que visa uma abordagem integrada da
problemática dos direitos humanos e a concertação da acção de entidades
públicas e privadas competentes nesta matéria.
Competências
Entre as competências da Comissão Nacional para os Direitos Humanos
destaca-se a coordenação dos vários Ministérios, com vista, por um lado, à
definição da posição nacional nos organismos internacionais de direitos
humanos e, por outro, ao cumprimento por Portugal das obrigações
decorrentes de instrumentos internacionais neste domínio. A Comissão tem
também por competência fomentar a produção e a divulgação de
documentação sobre as boas práticas nacionais e internacionais nesta matéria
e promover a divulgação e o conhecimento da temática dos direitos humanos.
Composição
Estão representados na Comissão Nacional para os Direitos Humanos os
membros do Governo responsáveis pelos Negócios Estrangeiros, Defesa,
Administração Interna, Justiça, Trabalho e Solidariedade Social, Saúde,
Educação, Cultura, Imigração, Igualdade, Juventude e Comunicação Social
(ver lista dos representantes em anexo).
A Resolução que cria a Comissão prevê que esta possa contar com a
participação de outras entidades públicas e privadas, bem como com
4
representantes da sociedade civil, tendo em vista a promoção de uma cultura
de cidadania, fundada no respeito pelos direitos humanos.
Enquadramento
A decisão de criar esta Comissão decorre do compromisso assumido pelo
Governo no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, em 4 de Dezembro
de 2009, por ocasião da apresentação do relatório sobre a situação global de
direitos humanos em Portugal e o estado de cumprimento das nossas
obrigações internacionais nesta matéria, no âmbito do exercício de Revisão
Periódica Universal, conhecido pela sigla inglesa UPR (Universal Periodic
Review).
O UPR é um mecanismo intergovernamental do Conselho de Direitos Humanos
de revisão pelos pares e com envolvimento de organizações não-
governamentais (ONGs) e de instituições nacionais de direitos humanos, criado
em 2006, que procede à avaliação da situação de direitos humanos de todos
os Estados-membros das Nações Unidas a cada quatro anos (48 países por
ano, repartidos por três sessões).
Da delegação nacional àquela sessão, que integrou representantes de vários
Ministérios e entidades públicas nacionais, fizeram também parte o Secretário
de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, e o Secretário de Estado
Adjunto e da Administração Interna, José Conde Rodrigues.
Elaborado pela primeira vez num trabalho conjunto de vários Ministérios e
entidades públicas, sob a coordenação do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, o relatório português abordou a situação em diversas áreas,
designadamente a igualdade de género, os direitos económicos, sociais e
culturais, os direitos da criança, a não discriminação e integração de imigrantes
e a situação nas prisões.
5
O relatório nacional foi debatido com os restantes Estados-membros numa
sessão do Grupo de Trabalho do UPR, a que também assistiram as ONGs
interessadas e as instituições nacionais de direitos humanos.
6
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2010/2011
1.ª Reunião
A Comissão Nacional para os Direitos Humanos reuniu, pela primeira vez, no
Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 6 de Setembro de 2010.
Foi debatido o projecto de Regulamento Interno da Comissão, oportunamente
circulado pelos representantes, que foi posteriormente aprovado (ver anexo).
Foram identificadas as seguintes duas acções prioritárias:
- Em primeiro lugar, e à luz das competências da Comissão na monitorização
do cumprimento das obrigações internacionais assumidas por Portugal em
matéria de direitos humanos, foi decidida a convocação de um Grupo de
Trabalho com vista a dar seguimento às conclusões do exercício de revisão da
situação dos direitos humanos em Portugal pelo mecanismo de Revisão
Periódica Universal (UPR) do Conselho de Direitos Humanos das Nações
Unidas.
Este Grupo de Trabalho foi constituído tendo em perspectiva, por um lado, a
obrigação de apresentação por Portugal, em Março de 2011, do estado de
implementação das recomendações aceites em Março de 2010 e, por outro, a
necessidade de apresentar os relatórios nacionais de implementação das
várias convenções internacionais sobre direitos humanos de que o país é parte.
- Em segundo lugar, foi dado início à preparação da visita a Portugal do Grupo
de Trabalho sobre Pessoas de Ascendência Africana. Este Grupo de Trabalho,
que é um procedimento especial do Conselho de Direitos Humanos composto
por peritos independentes, visitará Portugal de 16 a 20 de Maio de 2011,
cabendo às autoridades portuguesas preparar um programa de contactos
7
oficiais. O Ministério dos Negócios Estrangeiros comprometeu-se a assumir a
coordenação da preparação desta visita.
Considerando que compete à Comissão propor a adopção de medidas
internas, legislativas ou outras, necessárias ao cumprimento por Portugal das
obrigações internacionais em matéria de direitos humanos, foram os
representantes convidados a apresentar acções que pudessem constituir-se
como um futuro plano de actividades da Comissão.
Tendo em conta as competências da Comissão na divulgação de boas práticas
nacionais em matéria de direitos humanos, e em resposta a um pedido do
Comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa nesse sentido, foi
anunciado que seria apresentada àquela instituição, como boa prática nacional,
o exemplo dos Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante, tal como sugerido
pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. Os
representantes na Comissão foram convidados a divulgar exemplos de boas
práticas nas suas áreas de competência e a dar a conhecer à Comissão esses
exemplos.
A reunião terminou com um debate sobre a integração da população Roma,
tendo como pano de fundo a discussão sobre este assunto, em curso ao nível
da União Europeia, na sequência das medidas do governo francês de
repatriamento voluntário de cidadãos Roma, na sua maioria búlgaros e
romenos. Foram consensuais as posições dos membros da Comissão no que
diz respeito ao direito que assiste aos Estados de garantirem a segurança no
quadro da legalidade nacional e comunitária, bem como à recusa de discursos
generalistas que incentivam o preconceito e à defesa do reforço das medidas
de integração daquela população.
2.ª Reunião
A segunda reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos teve
lugar, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 10 de Dezembro de 2010.
8
A escolha daquela data foi propositada, na medida em que se comemorava
naquele dia o 60.º aniversário do Dia Internacional dos Direitos Humanos,
decretado pelas Nações Unidas, em 1950, para evocar a adopção da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 10 de Dezembro de 1948.
A Comissão tomou nota dos resultados do Grupo de Trabalho convocado para
preparar o relatório de implementação das convenções internacionais de que
Portugal é parte, bem como para dar seguimento às recomendações aceites no
âmbito da avaliação regular da situação nacional em matéria de direitos
humanos (UPR), no Conselho de Direitos Humanos.
Foi decidida a elaboração de um plano anual de actividades, que deverá
funcionar como um programa de trabalho da Comissão. O objectivo deste
trabalho de planificação é permitir conferir uma visão estratégica aos trabalhos
da Comissão e contribuir para reforçar a sua qualidade de acção, bem como
possibilitar a compatibilização das actividades da Comissão com as principais
actividades levadas a cabo pelos vários Ministérios, direccionando os esforços
coordenados de todos os envolvidos para acções consideradas prioritárias no
período em causa.
À luz do n.º 18 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2010, foi decidido
que o primeiro relatório anual de actividades da Comissão Nacional para os
Direitos Humanos deveria conter uma parte introdutória, que enquadrasse a
criação desta Comissão, bem como uma parte contendo exemplos de boas
práticas nacionais neste domínio, que passasse a constar de todos os futuros
relatórios anuais (ver exemplos de boas práticas em anexo).
Tendo em conta as disposições sobre esta matéria constantes da Resolução
do Conselho de Ministros que a cria, bem como do respectivo Regulamento
Interno, a Comissão decidiu ainda realizar, no primeiro trimestre de 2011, uma
reunião alargada a representantes da sociedade civil que trabalhem na área
dos direitos humanos, em formato de workshop, de modo a permitir um debate
franco entre todos os intervenientes. Para além de definidos os temas a
debater nessa reunião (prioridades de Portugal para o mandato no Conselho
9
de Segurança; direitos humanos e o tratado de Lisboa e direitos humanos a
nível interno - boas práticas), ficou ainda estabelecido que todos os
representantes na Comissão contribuiriam para a elaboração de uma lista, o
mais alargada possível, de representantes da sociedade civil, a convidar para
essa reunião.
3.ª Reunião
Na sequência da deliberação tomada nesse sentido na reunião anterior, a
terceira reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos foi,
simultaneamente, a primeira reunião da Comissão alargada à sociedade civil e
teve lugar, em 31 de Março de 2011, no Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas.
Inscreveu-se mais de uma centena de representantes de organizações não-
governamentais, associações, universidades e outros parceiros da sociedade
civil, que aceitaram o convite para debater a problemática relativa aos direitos
humanos com os representantes dos vários membros do Governo que
compõem a Comissão (ver lista dos participantes em anexo).
O Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, presidiu aos
trabalhos desta reunião, tendo iniciado os mesmos com uma alocução sobre a
missão da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e os objectivos que
presidiram à sua criação. O encerramento dos trabalhos esteve a cargo da
Provedora-Adjunta de Justiça, Helena Vera-Cruz Pinto, em representação do
Provedor de Justiça (ver programa em anexo).
O objectivo da reunião era proporcionar um debate sobre as vertentes interna e
externa dos direitos humanos em torno de dois painéis:
- Portugal e a promoção internacional dos Direitos Humanos; e
- Direitos Humanos em Portugal.
No primeiro painel, que contou com as intervenções do Director Executivo do
Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Denis Huber, e do Subdirector-Geral
10
de Política Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Rui Vinhas, foram
abordadas as possibilidades abertas neste domínio, respectivamente, pela
entrada em vigor do Tratado de Lisboa da União Europeia e pela participação
por Portugal, como membro não-permanente, no Conselho de Segurança das
Nações Unidas, desde Janeiro de 2011.
No segundo painel, em que interveio a Directora do Gabinete de
Documentação e Direito Comparado da Procuradoria-Geral da República,
Joana Gomes Ferreira, em representação do Procurador-Geral da República,
teve lugar um debate sobre os exemplos, internacionalmente reconhecidos, de
boas práticas nacionais e a possibilidade de os replicar em áreas onde são
possíveis maiores progressos.
Em anexo encontram-se os textos que serviram de base às intervenções dos
oradores, bem como um resumo das intervenções dos demais participantes,
proferidas nos debates que sucederam aos referidos painéis.
11
EXEMPLOS DE BOAS PRÁTICAS NACIONAIS
Defesa Nacional
1. Cooperação Técnico-Militar (MDN)
Na área da Cooperação Técnico-Militar (CTM) promove-se a introdução de
boas práticas nos projectos de CTM que têm vindo a ser desenvolvidos com os
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) desde 1990, com base
em Acordos Internacionais e Programas-Quadro, os quais visam apoiar a
organização, reestruturação e formação dos Ministérios da Defesa, das Forças
Armadas (FA) e dos seus militares.
Descrição da Actividade
Os projectos têm por objectivo contribuir para que as Instituições Militares
sejam elementos agregadores dos Estados e nações e alicerce da unidade e
identidade nacionais. De uma forma geral, os projectos desenvolvem-se
mediante princípios de apartidarismo, subordinação aos órgãos de soberania
democráticos, respeito pelo Estado de Direito e boa governação, contribuindo
para a construção e consolidação dos Estados com os quais cooperamos.
Resultados alcançados
Desta boa prática decorre a proposta que junto do EMGFA/ IESM e Ramos das
FA, se realizassem acções de sensibilização que visam a inclusão de mais
mulheres nas missões de CTM, bem como para constassem dos curricula dos
cursos a ministrar por assessores militares portugueses palestras sobre esta
temática, propostas vertidas no já referido Plano Sectorial aprovado por
Despacho de 10 de Novembro, de S. Exa. o Secretário de Estado da Defesa
Nacional e dos Assuntos do Mar.
12
2. Formação em matéria de Direitos Humanos (MDN)
As matérias relativas aos Direitos Humanos são nucleares em toda a formação
ministrada, fazendo parte do curriculum da generalidade dos cursos de
formação realizados junto dos militares provenientes dos PLOP’s, que
decorrem tanto nos respectivos países parceiros, como em Portugal.
Descrição da Actividade
Enquanto cadeira específica, a disciplina de Direitos Humanos aparece por
exemplo, no curriculum do Curso de Formação de Praças, em São Tomé e
Príncipe, no Curso Superior de Comando e Direcção, no Curso Conjunto de
Estado-Maior e no Curso de Promoção a Oficial Superior, na Escola Superior
de Guerra em Angola e ainda no Estágio de Ligação e Observação Militar, no
Curso Avançado de Operações de Apoio à Paz e no Curso Elementar de
Operações de Apoio à Paz, no Centro de Instrução de Operações de Paz,
também em Angola.
Toda a formação e assessoria ministradas pelos assessores militares nos
países onde se desenvolvem projectos de Cooperação Técnico-Militar, bem
como a formação aos PLOP em Portugal, em instituições como a Escola
Prática de Infantaria (Curso Elementar/Avançado de Operações de Apoio à
Paz), IESM, IDN e Academias Militar e da Força Aérea, bem como a Escola
Naval, assenta nos princípios inerentes aos Estados de Direito democráticos e
nas boas práticas daí decorrentes, nomeadamente no que concerne as
preocupações inerentes à protecção dos Direitos Humanos.
Resultados alcançados
Maior consciência para os problemas inerentes à matéria de Direitos da
Pessoa Humana, por parte dos militares dos PLOP’s.
13
3. Aprovação do Plano Sectorial para a Igualdade de Género, Ministério da
Defesa Nacional (MDN)
Descrição da Actividade
Ao nível do Ministério da Defesa Nacional, foi aprovado por Despacho de 10 de
Novembro de 2010, do Secretário de Estado da Defesa Nacional e Assuntos do
Mar, o Plano Sectorial para a Igualdade de Género.
O Ministério da Defesa Nacional, juntamente com os Ramos das Forças
Armadas, tem representado desde sempre um papel activo e de grande
empenho na implementação dos vários Planos Nacionais e Sectoriais para a
Igualdade, atenta a estrutura específica deste Ministério e das Forças
Armadas, pelo que as medidas estabelecidas no Plano constituem um desafio
para o desenvolvimento de boas práticas em matéria de igualdade de género,
no plano interno, a implementar no decurso do próximo triénio.
Em 2009, a equipa interdepartamental do Ministério da Defesa Nacional,
constituída inicialmente por representantes dos ramos das Forças Armadas, foi
estendida aos serviços centrais de suporte, no sentido de permitir um maior
envolvimento de todos os organismos que integram o MDN, tanto militares
como civis.
Do conjunto de medidas específicas a aplicar a esta área, que se entendem
serem ajustadas aos desafios, e que vêm na sequência do trabalho
desenvolvido até à data e da experiência adquirida com a aplicação dos
anteriores Planos, destacam-se as seguintes:
- Previsão no plano de actividades da avaliação e nos balanços sociais das
medidas de promoção da igualdade e a sua avaliação;
- Promoção de acções de sensibilização e de formação em Igualdade de
Género para dirigentes;
- Promoção da paridade entre homens e mulheres no acesso aos cursos de
formação ministrados pelo IDN;
14
- Promover o gozo efectivo da licença parental;
- Promover o incremento do número de mulheres nas FFAA, dinamizando
campanhas de incentivo ao seu ingresso;
- Promoção da participação das mulheres e a inclusão da dimensão igualdade
de género nas acções de Cooperação Técnico-Militar com os PALOP (CTM) e
de cooperação bilateral com outros Estados e organizações;
- Assegurar que a intervenção da CTM e que as acções do âmbito da restante
cooperação internacional (a nível bilateral, trilateral, ou multilateral) abordam,
sempre que tal se revele adequado, a temática da igualdade de género e do
papel das mulheres nos processos de construção e manutenção de paz.
Resultados alcançados
Esta Boa Prática pretende-se que venha a produzir resultados já a partir do
próximo ano, pelo que, neste momento ainda não se relevam resultados
concretos.
4. Formação ministrada aos militares em Cooperação Técnico-Militar (MDN)
Descrição da Actividade
Os militares que integram missões de CTM recebem um briefing que aborda as
questões consideradas como pertinentes para efeitos de desempenho das
respectivas funções no teatro operacional. Um dos temas abordados é a
necessidade de protecção do acervo de Direitos Humanos consagrados e
universalmente reconhecidos.
Resultados alcançados
Esta Boa Prática tem vindo a produzir resultados ao nível da formação dos
militares que integram as missões de CTM, permitindo-lhes fornecer formação
a este nível, nos países onde são colocados, nas mais diversas áreas.
15
5. Conferência de celebração do 10.º aniversário da RCSNU 1325 (MDN)
Realização, no dia 8 de Novembro de 2010, no Instituto da Defesa Nacional
(IDN), a conferência de celebração do décimo aniversário da resolução 1325
do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre "Mulheres, Paz e
Segurança", na qual foi apresentado o Plano Nacional de Acção 1325.
Descrição da Actividade
Esta conferência, promovida pela Presidência do Conselho de Ministros
através da Secretaria de Estado da Igualdade, Ministério dos Negócios
Estrangeiros, Ministério da Defesa Nacional, Ministério da Administração
Interna e Ministério da Justiça, contou com a presença de elementos do
governo que tutelam o grupo de trabalho responsável pela operacionalização
do Plano de Acção. Estiveram presentes na audiência embaixadores,
directores-gerais e uma diversificada assistência, civil e militar, proveniente, em
boa parte, de vários ministérios e do meio académico. Paralelamente,
decorreu, no átrio do piso 1 do Instituto da Defesa Nacional, uma exposição
alusiva ao tema.
Resultados alcançados
Esta prática teve em vista uma maior partilha de informação em relação à
operacionalização do Plano de Acção para a Resolução 1325.
6. Estudo destinado a identificar o papel das mulheres nas Forças Armadas
(MDN)
Descrição da Actividade
Foram inquiridas jovens do sexo feminino acerca do Dia da Defesa Nacional,
bem como jovens incorporadas em Regime de Contrato/Voluntariado, a fim de
16
aferir da opinião das mesmas em relação às FA e ao papel que as mulheres aí
desempenham.
Resultados alcançados
Em termos da representação das FA como instituição, há a ressalvar que:
- 92% confiam ou confiam muito nas FA;
- 90% consideram as FA necessárias para o país.
No que respeita às representações acerca da composição das FA em termos
de equilíbrio de género:
- 87% afirmam que as FA deveriam ter mais mulheres;
- 84% consideram que a presença das mulheres nas FA é vantajosa para a
instituição.
Relativamente ao processo de integração das mulheres nas FA:
- 63% consideram que a sociedade valoriza as mulheres que ingressam nas
FA;
- 55% consideram que os militares do sexo masculino aceitam bem a presença
das mulheres.
Uma outra forma de olhar estas representações prende-se com a
predisposição para ingresso nas FA, bem como com a respectiva valorização.
A este propósito pode destacar-se o seguinte:
- Não existem diferenças significativas, em termos de predisposição para
ingresso, entre homens e mulheres;
- 59% das mulheres participantes consideram que estão preparadas para todo
o tipo de tarefas nas FA ;
- 85% afirmam que seria um motivo de orgulho conseguir ingressar nas FA;
- 70% acham que ingressar nas FA seria positivo para o futuro.
7. Acções de Divulgação, para efeitos de recrutamento, realizadas pelos ramos
das Forças Armadas (MDN)
Descrição da Actividade
17
Realização de acções de divulgação ao nível quer do recrutamento de militares
para ingresso nas fileiras dos três ramos das Forças Armadas, quer de
briefings informativos aquando da incorporação, onde é abordada a
importância das mulheres nas Forças Armadas.
Resultados alcançados
Registo de um aumento da representatividade das mulheres nos três ramos
das forças armadas ao longo dos últimos anos: 5 145 Militares do sexo
feminino dos Quadros Permanentes (QP) e dos Regimes de Voluntariado (RV)
e de Contrato (RC) (31 de Dezembro de 2008).
Nas Forças Armadas, as mulheres representavam em 31 de Dezembro de
2008:
- 14% do total de militares
- 5% dos militares dos QP
- 25% dos militares em RV/RC
Relativamente ao total de cada Ramo, as mulheres representavam em 31 de
Dezembro de 2008:
- 9% na Marinha (871);
- 17% no Exército (3017);
- 17% na Força Aérea (1257).
Número de mulheres com o posto mais elevado em cada categoria (31 de
Dezembro de 2008):
- 11 Capitães-de-Fragata / Tenentes-Coronéis;
- 330 Primeiros-Sargentos;
- 49 Cabos (dos QP da Marinha).
Existiam 70 mulheres em Missões Internacionais* (30 de Janeiro de 2009):
- 27 no Kosovo (KFOR), sendo 2 Oficiais, 6 Sargentos e 19 Praças;
- 21 no Líbano (UNIFIL), sendo 1 Oficial, 3 Sargentos e 17 Praças ;
18
- 22 no Standing NATO Maritime Group 1, sendo 2 Oficiais, 2 Sargentos e 18
Praças.
*Representavam 10% do universo de 706 militares destacados.
Justiça
1. Plano Interno para a Igualdade (MJ)
Descrição da actividade
O Plano para a Igualdade do Ministério da Justiça foi elaborado em Julho de
2010 como medida de implementação do Plano Nacional para a Igualdade,
Cidadania e Género, pretendendo integrar a perspectiva de género nos seus
processos de decisão, através da definição de medidas transversais e
específicas.
Este Plano tem como objectivos essenciais: a) Aprofundar a integração da
perspectiva de género em todos os domínios da actividade do Ministério da
Justiça; b) Promover acções e adoptar medidas, no âmbito de uma política
geral de promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento, que
ofereçam possibilidades aos homens e às mulheres, sem discriminação, de
conciliar melhor a sua vida pessoal e profissional. Para tanto, propõe, entre
muitas outras, as seguintes medidas: divulgação de informação relativa aos
direitos e deveres dos trabalhadores e das trabalhadoras em matéria de
igualdade e não discriminação em função do sexo, maternidade e paternidade;
promover o aumento do gozo da licença parental exclusiva do pai entre os
homens trabalhadores; possibilitar, se aplicável, o trabalho em regime de
jornada contínua a trabalhadores e trabalhadoras com vista à conciliação entre
a vida profissional, familiar e pessoal; aplicar as virtudes trazidas pelo
progresso das tecnologias de informação e da comunicação à criação de novas
formas de organização e gestão do trabalho, acessíveis a trabalhadores e
trabalhadoras.
19
O Plano destina-se a vigorar e a ser aplicado, de forma experimental, entre
2011 e 2013, nos seguintes serviços e entidades do MJ: Direcção-Geral da
Política de Justiça; Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP);
Direcção-Geral da Reinserção Social; Polícia Judiciária; Centro de Estudos
Judiciários; Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
Resultados alcançados
Prevê-se a sua avaliação uma vez concluído o respectivo período de vigência.
2. Promoção da igualdade no acesso ao emprego (MJ)
Descrição da actividade
Implementação de uma política de igualdade nos procedimentos de
recrutamento de pessoal e na progressão profissional, visando especificamente
a igualdade de género e as pessoas com deficiência; inclui, no que diz respeito
ao Centro de Estudos Judiciários, a adopção de medidas de promoção da não
discriminação e da igualdade de género em todos os processos de tomada de
decisão e a criação de informação tratada por sexo relativamente aos
processos de recrutamento e selecção de Auditores de Justiça e de pessoal.
3. Implementação de garantias penais (MJ)
Descrição da actividade
Implementação do Regulamento das Condições de Detenção em Instalações
da Polícia Judiciária e em Locais de Detenção Existentes nos Tribunais e em
Serviços do Ministério Público (Despacho n.º 12786/2009, de 19 de Maio, DR,
2.ª Série, n.º 104, de 29 de Maio de 2009), que prevê, inter alia, as seguintes
garantias:
20
– Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de
forma compreensível das razões da sua detenção e dos seus direitos, podendo
exercê-los a partir do momento da privação material da liberdade (artigo 3.°, n.º
1);
– É obrigatória a afixação nos locais de detenção, de forma bem visível, de
painel com informação sobre os direitos e os deveres dos detidos; esta
informação deve constar de folheto disponível em vários idiomas, com
indicação sumária dos direitos e deveres da pessoa detida (art. 4.°, n.os 1 e 2);
– O detido tem o direito de contactar imediatamente advogado ou defensor
(artigo 5.°, n.° 1), e ainda familiar ou pessoa da sua confiança e, se estrangeiro,
as autoridades consulares do seu país (n.os 2 e 3 do mesmo artigo).
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.
4. Repressão de violações de Direitos Humanos (MJ)
Descrição da actividade
Instauração de processo disciplinar, a cargo do Serviço de Auditoria e
Inspecção (dirigido por um magistrado do Ministério Público), e aplicação de
sanções aos responsáveis no caso de apuramento de violações de Direitos
Humanos das pessoas privadas de liberdade.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: DGSP.
5. Adaptação do património imobiliário às necessidades das pessoas com
deficiência (MJ)
Descrição da actividade
Adaptação de salas para inquirição/interrogatório de pessoas portadoras de
deficiência motora; Aquisição de rampas telescópicas e plataformas
21
elevatórias; Construção de instalações sanitárias específicas para deficientes
motores; Criação de balcões de atendimento dimensionados à escala de uma
cadeira de rodas; Colocação de sinalética identificativa dos locais relevantes;
aplicação nos elevadores de corrimãos, de botões de comando tácteis no
interior e exterior e de um sistema de alarme no poço;
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; CEJ; Instituto de
Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça; Instituto dos Registos e do
Notariado; Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios.
Resultados alcançados
Intervenções de adaptação de edifícios existentes tiveram lugar, entre outros,
no Palácio da Justiça de Bragança, Resende e Barcelos, em 2007, no Palácio
da Justiça de Caminha em 2008, no Palácio da Justiça do Cartaxo, Ovar, Peso
da Régua e Caldas da Rainha em 2009 e no Palácio da Justiça da Covilhã,
Leiria, Albufeira, Ourém, Montemor-o-Novo e Amarante em 2010. Estas
medidas foram igualmente implementadas em cerca de 100 processos de
substituição de instalações de serviços do IRN, em articulação com o IGFIJ e
autarquias. Os novos empreendimentos já reflectem esta mudança de atitude,
referindo-se a título de exemplo o Palácio da Justiça de Silves, Sintra, Loures,
Cascais, Cabeceira de Bastos, Vila Nova de Famalicão e Gouveia. Todas as
instalações dos Julgados de Paz se encontram adaptadas, em termos de
acessibilidades e instalações, a pessoas com deficiência, o que é um requisito
indispensável para a entrada em funcionamento de um Julgado de Paz.
6. Formação em matéria de direitos humanos (MJ)
Descrição da actividade
Formação dos técnicos de atendimento dos serviços para atendimento a
pessoas com deficiências ou incapacidades, em especial na área da deficiência
visual e da paralisia cerebral, tendo como meta dar 7 horas de formação a 600
22
oficiais dos registos, em parceria com outras entidades, designadamente a
ACAPO e o Centro de Paralisia Cerebral da Fundação Calouste Gulbenkian
e/ou a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral;
Promoção da qualificação e especialização dos funcionários da PJ que
estabelecem contactos com menores vítimas de crimes;
Acções de formação realizadas na Escola de Polícia Judiciária subordinadas
aos seguintes temas: criminalidade sexual; entrevista cognitiva a crianças
vítimas de abuso sexual; investigação de crimes violentos contra as pessoas;
identificar e combater os crimes de ódio contra pessoas;
Realização, na Escola de Polícia Judiciária, do 1.º Congresso sobre Tráfico de
Seres Humanos, do Seminário Direitos Humanos e do Curso de Investigação
de Crimes Violentos contra Pessoas;
Acções de prevenção e formação realizadas pela PJ junto das Comissões de
Protecção de Crianças e Jovens e do Instituto da Droga e Toxicodependência,
tendo em vista a implementação de procedimentos rápidos e simples para
efectiva resposta policial às necessidades existentes.
Foram ministradas pelo CEJ, em média, cerca de 16 horas de formação em
Direitos Fundamentais como parte do programa da matéria de Direito
Constitucional e Direitos Fundamentais a 189 Auditores de Justiça, de onde
resultou um volume de formação de 3 010 horas;
Foram igualmente ministradas pelo CEJ, em média, cerca de 16 horas de
formação em Direitos Fundamentais como parte do programa da matéria de
Direito Constitucional e Direitos Fundamentais a 25 Magistrados e Auditores de
Justiça oriundos de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, de onde
resultou um volume de formação de cerca de aproximadamente 400 horas;
Promoção da inscrição e admissão de docentes do CEJ e magistrados em
acções de formação internacionais sobre questões relacionadas com direitos
humanos (6 pessoas);
Integração da matéria de Direitos Humanos em todos os cursos de formação
do pessoal da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, designadamente do
corpo da Guarda Prisional;
Realização de um Seminário dedicado à temática dos Direitos Humanos no
âmbito da formação inicial de guardas prisionais que decorreu de Setembro de
2009 a Março de 2010, tendo contado, pela primeira vez, com a presença,
23
como orador, do membro português junto do Comité Europeu para a
Prevenção da Tortura.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; IRN; CEJ; DGSP.
7. Protecção de grupos vulneráveis no atendimento (MJ)
Descrição da actividade
Prioridade de atendimento dos idosos, doentes, grávidas, pessoas com
deficiência ou acompanhadas de crianças de colo e outros casos específicos;
Formação dos técnicos de atendimento dos serviços para atendimento a
pessoas com deficiências ou incapacidades, em especial na área da deficiência
visual e da paralisia cerebral, tendo como meta dar 7 horas de formação a 600
oficiais dos registos, em parceria com outras entidades, designadamente a
ACAPO e o Centro de Paralisia Cerebral da Fundação Calouste Gulbenkian
e/ou a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral; Criação, em colaboração
com o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, de dois postos de atendimento
da Conservatória dos Registos Centrais para fins de nacionalidade que
funcionam como extensões daquela entidade: um em Lisboa, com a afectação
de 5 funcionários, e outro no Porto, com 2 funcionários afectos; Criação de
balcões de atendimento dimensionados à escala de uma cadeira de rodas.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; IRN; IGFIJ.
8. Promoção do acesso à informação (MJ)
Descrição da actividade
Elaboração e distribuição de folhetos informativos (1000), em Braille e em
formato ampliado sobre alguns dos procedimentos do Simplex, cuja produção e
distribuição será efectuada em colaboração com a ACAPO;
24
Conversão em Braille dos flyers de divulgação dos meios de resolução
alternativa de litígios (medida prevista para o próximo ano);
Adequação do sítio internet do IRN para os utilizadores com deficiência visual
(cegos e amblíopes) de toda a informação disponível, em colaboração com o
ITIJ;
Implementação e aprofundamento em todos os serviços do IRN do acordo de
cooperação com a Federação Portuguesa das Associações de Surdos;
Celebração de protocolos entre a Conservatória dos Registos Centrais e
associações de imigrantes1 com a finalidade de prestar informação sobre
questões relacionadas com a nacionalidade.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: IRN; GRAL.
9. Implementação de Direitos sociais (MJ)
Descrição da actividade
Criação, na PJ, de um Gabinete de Psicologia, no âmbito dos serviços de
Medicina do Trabalho e de Psicologia Clínica, de modo a assegurar apoio
psicossocial e médico aos trabalhadores e garantir o acompanhamento
institucional dos casos de absentismo;
Existência e implementação de um sistema de Segurança, Higiene e Saúde no
Trabalho, incluindo, no INPI, um plano de vacinação antigripal;
Implementação de novas formas de organização e gestão do trabalho,
designadamente o teletrabalho2 e a adopção de horários de trabalho que
1 Associação Apoio ao Imigrante; Associação Serviço Jesuíta para os Refugiados; Associação
Solidariedade Imigrante; Casa do Brasil de Lisboa; Associação Olho Vivo. 2 Vantagens apontadas: flexibilidade horária para equilibrar tempos e responsabilidades familiares e
profissionais; possibilidade de capitalizar os picos pessoais de produtividade; conforto físico acrescido; redução de custos de transporte, estacionamento, alimentação, vestuário e cuidados com crianças; diminuição do nível de stress devido à ausência de supervisão, engarrafamentos no trânsito e melhorias financeiras devido à diminuição dos custos; desenvolvimento de um novo estilo de vida, com mais autonomia e auto-controlo; alteração nas comunicações entre trabalhador e chefia devido à utilização de novas formas e métodos de comunicação; desenvolvimento de novas competências; introdução das novas tecnologias no ambiente familiar.
25
apresentem maior compatibilidade com as necessidades das pessoas com
deficiência;
Aquisição de cadeiras ergonómicas destinadas a funcionários portadores de
deficiência.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; INPI; SGMJ.
10. Celebração de acordos de cooperação com entidades especializadas (MJ)
Descrição da actividade
Colaboração com a ACAPO no âmbito da elaboração e distribuição de folhetos
informativos, em Braille e em formato ampliado, sobre alguns dos
procedimentos do Simplex;
Implementação e aprofundamento em todos os serviços do IRN de um acordo
de cooperação com a Federação Portuguesa das Associações de Surdos;
Parceria com a ACAPO e o Centro de Paralisia Cerebral da Fundação Calouste
Gulbenkian e/ou a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral para a
formação dos técnicos de atendimento dos serviços do IRN para atendimento a
pessoas com deficiências ou incapacidades, em especial na área da deficiência
visual e da paralisia cerebral;
Celebração de protocolos entre a Conservatória dos Registos Centrais e
associações de imigrantes3 com a finalidade de prestar informação sobre
questões relacionadas com a nacionalidade;
Apoio da PJ às Comissões de Protecção de Crianças e Jovens e ao Instituto da
Droga e Toxicodependência, nomeadamente, através de acções de prevenção
e formação, tendo em vista a implementação de procedimentos rápidos e
simples para efectiva resposta policial às necessidades existentes.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ; IRN.
3 Associação Apoio ao Imigrante; Associação Serviço Jesuíta para os Refugiados; Associação
Solidariedade Imigrante; Casa do Brasil de Lisboa; Associação Olho Vivo.
26
11. Combate à discriminação racial (MJ)
Descrição da actividade
Adopção da recomendações da Comissão para a Igualdade e contra a
Discriminação Racial no sentido de evitar revelar, nas comunicações oficiais ou
oficiosas de operações realizadas, a nacionalidade, a etnia, a religião ou
situação documental de qualquer alvo de acção policial ou inspectiva ou de
presumíveis autores de ilícitos criminais.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.
12. Código de Ética (MJ)
Descrição da actividade
Elaboração de um Código de Ética (em fase de aprovação) para os
trabalhadores, onde se afirmam os princípios da igualdade e não discriminação
em razão da ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião,
convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição
social ou orientação sexual.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.
13. Elaboração de Planos de acção (MJ)
Descrição da actividade
Participação na elaboração do Plano Nacional contra a Violência Doméstica e
do Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos.
27
14. Protecção das vítimas de crimes (MJ)
Descrição da actividade
Criação de gabinetes adequados à inquirição de vítimas de crimes contra a
liberdade e a autodeterminação sexual: trata-se de um espaço físico que
permite a reserva necessária à privacidade dos assuntos tratados e dispõe de
condições de adaptação a entrevista de crianças vítimas daquele tipo de
crimes, de forma a criar um ambiente de empatia e segurança susceptível de
proporcionar conforto, descontracção e consequentemente disponibilidade
mental para abordar situações traumáticas a nível emocional;
Promoção da qualificação e especialização dos funcionários que estabelecem
contactos com menores vítimas de crimes;
Execução de procedimentos visando o alerta rápido dos desaparecimentos de
menores de catorze anos, adaptado aos indivíduos maiores de setenta e cinco
anos;
Apoio às Comissões de Protecção de Crianças e Jovens e ao Instituto da
Droga e Toxicodependência, nomeadamente, através de acções de prevenção
e formação, com vista à implementação de procedimentos rápidos e simples
para efectiva resposta policial às necessidades existentes;
Acções de formação realizadas na Escola de Polícia Judiciária subordinadas
aos seguintes temas: criminalidade sexual; entrevista cognitiva a crianças
vítimas de abuso sexual; investigação de crimes violentos contra as pessoas;
identificar e combater os crimes de ódio contra pessoas;
Realização, na Escola de Polícia Judiciária, do 1.º Congresso sobre Tráfico de
Seres Humanos, do Seminário Direitos Humanos e do Curso de Investigação
de Crimes Violentos contra Pessoas.
A medida foi identificada pelas seguintes entidades: PJ.
28
Trabalho e Solidariedade Social
1. Acção de Formação sobre “Reforma dos Órgãos dos Tratados de Direitos
Humanos das Nações Unidas (MTSS)
Descrição da Actividade
Acção concebida para divulgar os Tratados Internacionais de Direitos Humanos
mais importantes (core human rights instruments), com particular incidência
nos que mais directamente se situam no âmbito de intervenção do MTSS, os
respectivos Protocolos Facultativos, e o sistema de monitorização pelos órgãos
responsáveis (comités de peritos independentes e relatores especiais)
Temas abordados em módulos:
Da Carta das Nações Unidas (1945) à Convenção para a Protecção dos
Direitos das Pessoas com Deficiência
Direitos Económicos, Sociais e Culturais
Tratados de aplicação transversal e para a garantia de direitos de grupos
específicos
A Reforma dos Órgãos dos Tratados – projecto adiado?
Meios utilizados: exposição oral, com suporte em ppt e exercícios práticos,
incluindo a simulação da apresentação de relatório nacional de implementação
do PIDESC
Objectivos principais
Sensibilizar os técnicos dos serviços do MTSS envolvidos na elaboração dos
relatórios de implementação dos Pactos e Convenções das Nações Unidas,
para o conteúdo dos mesmos e os desafios na sua implementação a nível
nacional, bem como para algumas questões que se colocam no âmbito da
reforma do sistema dos órgãos dos tratados tendo em vista o reforço da sua
eficácia e coerência
29
Contribuir para aprofundar os conhecimentos sobre a trilogia do respeito,
protecção e realização dos direitos civis, culturais, económicos, políticos e
sociais e adquirir uma visão integrada do sistema no seu todo.
Resultados alcançados
Em 2009, participaram 12 técnicos e dirigentes de diversos serviços do MTSS,
designadamente: Comissão Interministerial para a Igualdade no Trabalho e no
Emprego; Gabinete de Estratégia e Planeamento; Instituto Nacional para a
Reabilitação; Direcção Geral da Segurança Social; Direcção Geral do Emprego
e Relações de Trabalho; Instituto da Segurança Social; e Instituto de Emprego
e Formação Profissional.
Em 2010, na sequência do alargamento aos Membros da Comissão Nacional
de Direitos Humanos, a acção de actualização contou com a participação de 26
técnicos, em representação da Presidência do Conselho de Ministros (Alto
Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural; Comissão para a
Cidadania e a Igualdade do Género; e Instituto Português da Juventude) e dos
Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social; Negócios Estrangeiros;
Defesa; e Justiça.
Temas abordados:
Ponto de situação da Reforma dos Órgãos dos Tratados dos Direitos Humanos
das Nações Unidas;
Integração dos princípios e standards de direitos humanos na revisão dos
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM);
Direitos Económicos, Sociais e Culturais (DESC) no contexto da crise
económica;
Comissão Nacional dos Direitos Humanos.
Com o objectivo de manter o grupo informado sobre os mais recentes
desenvolvimentos no sistema dos tratados bem como promover uma
plataforma para a troca de informação sobre as políticas públicas para
promoção e protecção dos direitos humanos, foi decidido manter a realização
semestral destas acções de actualização, promovidas pelo Ministério do
30
Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS), em colaboração com os diversos
organismos e departamentos envolvidos na concretização das referidas
políticas. Assim, a próxima está agendada para o dia 10 de Maio de 2011,
sobre “Direitos Humanos dos Imigrantes” sendo o organismo anfitrião o Alto
Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).
2. Edição do livro “Tu tens direito” (MTSS)
Descrição da Actividade
O livro é uma versão infantil da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiências que utiliza uma linguagem fácil de leitura fácil para as pessoas
com limitações cognitivas e /ou intelectuais visando informar as crianças sobre
o que é uma Convenção, seus objectivos, a importância e necessidade de uma
Convenção específica sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e, ainda,
os significados da palavra "direito" e sua relevância, deficiência, design
universal. Também visa informar e capacitar as crianças para o exercício dos
seus direitos como o direito à dignidade, à não discriminação, à igualdade de
oportunidades, à acessibilidade, à justiça, à liberdade e à segurança, o acesso
à informação, à participação em todas as áreas, desde a artística, a desportiva,
ao lazer, à política, usufruindo em pleno de uma cidadania activa. Tem como
objectivo tornar acessível o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência junto da comunidade infantil e escolar, bem como o
“empowerment” das crianças com deficiência para o exercício e defesa dos
seus direitos fundamentais.
Resultados alcançados
Procedeu-se no dia 1 de Junho de 2010, na Fundação Calouste Gulbenkian, à
apresentação do livro, que tem sido distribuído nas escolas e está proposto
para integrar o Plano Nacional de Leitura.
31
3. PIEF – Programa Integrado de Educação e Formação (MTSS)
Descrição da Actividade
O PIEF foi criado em 1999 como uma medida de combate ao trabalho infantil
em Portugal pelo Plano para a Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil
(PEETI), a que sucedeu o Programa para Prevenção e Eliminação da
Exploração do Trabalho Infantil (PETI), em 2004, e pelo PIEC, em 2009.
Actualmente continua a constituir-se como uma ferramenta de inclusão e
cidadania para crianças e jovens.
O PIEF integra um conjunto diversificado de medidas e acções prioritariamente
orientadas para a reinserção escolar, através da integração no percurso
escolar regular ou da construção de percursos alternativos, escolares e de
educação e ou formação, incluindo actividades de educação extra-escolar, de
ocupação e orientação vocacional e de desporto escolar, promovidas,
realizadas ou apoiadas pelos serviços e organismos dos Ministérios da
Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social. O PIEF concretiza-se,
relativamente a cada menor, mediante a elaboração de um plano de educação
e formação (PEF) com subordinação aos seguintes princípios: Individualização,
Acessibilidade, Flexibilidade, Continuidade, Faseamento, Celeridade e
Actualização. O PEF é assumido como forma de intervenção para a promoção
dos direitos e para a protecção da criança e do jovem em perigo, podendo ser
disponibilizado com vista a integrar acordos de promoção e protecção ou, no
âmbito de processo tutelar educativo, o PEF pode também ser apresentado
como plano de conduta.
Do número 2 do Despacho Conjunto 948/2003: o PIEF visa favorecer o
cumprimento da escolaridade obrigatória a menores e a certificação escolar e
profissional de menores a partir dos 15 anos, em situação de exploração de
trabalho infantil, nomeadamente nas formas consideradas intoleráveis pela
Convenção nº 182 da OIT. O PIEF tem ainda como objectivo favorecer o
cumprimento da escolaridade obrigatória associada a uma qualificação
32
profissional relativamente a menores com idade igual ou superior a 16 anos
que celebrem contratos de trabalho.
Resultados alcançados
Em 2009/10, abriram 142 grupos turma, que corresponderam a 2130 vagas,
com uma taxa de ocupação de 92,2 %, uma taxa de frequência escolar de
83,8% que corresponderam a 916 crianças e jovens que aumentaram os seus
níveis de certificação (43,5%). Em 2010/11 houve um aumento de 32,4% no
número de vagas (mais 690).
4. Sistema de Qualificação das Respostas Sociais (MTSS)
Descrição da Actividade
O Sistema de Qualificação das Respostas Sociais baseia-se num conjunto de
critérios e requisitos que, uma vez cumpridos pelas instituições, lhes dá a
oportunidade de serem detentoras de uma Marca de Qualidade, legalmente
registada, que atesta a conformidade dos seus serviços com estes mesmos
requisitos.
Trata-se de um sistema de gestão da qualidade especificamente concebido
para as seguintes respostas sociais: centro de dia, centro de acolhimento
temporário, centro de actividades ocupacionais, creche, lar de idosos, lar de
infância e juventude, lar residencial, serviço de apoio domiciliário.
Quando um cidadão procura os serviços de um equipamento social quer
garantias de que este é capaz de responder às suas necessidades,
expectativas e exigências de qualidade. A certificação da qualidade das
respostas sociais é o reconhecimento, por uma entidade externa e
independente à Segurança Social (Entidade Certificadora), que os serviços
prestados satisfazem de uma forma eficaz os clientes e as exigências legais e
regulamentares ao seu funcionamento.
O Instituto da Segurança Social disponibiliza a Marca Resposta Social
certificada que apresenta 3 níveis de qualificação de crescente exigência.
33
Dependendo do grau de desenvolvimento do sistema de gestão da qualidade,
a resposta social pode solicitar a qualificação Nível C, Nível B ou Nível A.
Com a certificação das respostas sociais existe a garantia de um serviço
personalizado, empenhado na satisfação dos clientes e de qualidade
publicamente reconhecida. Ao mesmo tempo, existe a garantia de um serviço
prestado por profissionais devidamente qualificados para o desempenho das
suas funções e responsabilidades bem como de que estão assegurados todos
os requisitos legais de funcionamento da resposta social (exemplo: segurança
ao incêndio, higiene e segurança alimentar, segurança, higiene e saúde no
trabalho, acessibilidade).
Resultados Alcançados
Em 2010 receberam Certificação 10 entidades, uma vez que o processo é
muito recente e está em fase de divulgação/implementação. Prevê-se a revisão
regular dos modelos (em 2010 foram revistos três dos modelos).
Está em fase de concepção a elaboração de um sistema de monitorização.
5. Projecto Casas Primeiro (implementa o modelo americano Housing First)
(MTSS)
Descrição da Actividade
O projecto Casas Primeiro parte de uma parceria entre o Instituto da
Segurança Social, IP e a AEIPS (Associação para o Estudo e Integração
Psicossocial) para implementação do modelo Housing First. O projecto visa
apoiar pessoas sem abrigo com doença mental que se encontrem a viver na
rua ou em abrigos da cidade de Lisboa, no processo de procura, escolha e
manutenção de habitação estável, integrada na comunidade, disponibilizando
apoio ao arrendamento e outros serviços de suporte individualizados e de
ligação com outros recursos da comunidade.
Tem como objectivo promover o acesso de 50 pessoas sem abrigo com
doença mental a uma habitação individualizada integrada na comunidade e o
34
desenvolvimento de outros projectos individuais a nível educacional ou de
emprego que fomentem a participação e a autonomia dos participantes.
O compromisso com os objectivos definidos no âmbito dos Planos Nacionais
de Acção para a Inclusão, nomeadamente no que se refere aos relacionados
com o risco de exclusão dos grupos vulneráveis e participação de todos os
actores, tem estado na base de uma crescente preocupação do Governo
Português relativamente a alguns fenómenos que configuram formas extremas
de pobreza e exclusão, como é o caso das pessoas que, por qualquer razão,
correm o risco de perder ou perderam o seu direito à habitação, estando ainda,
em muitos casos, comprometido o acesso a outros direitos.
A necessidade de envolvimento de vários actores na identificação de
problemas que estão na base destas situações e de medidas específicas com
vista à sua resolução, esteve na base da criação de um Grupo
Interinstitucional, cuja missão foi a de desenvolver uma Estratégia Nacional
para a Integração das Pessoas sem Abrigo com vista, não só a cumprir as
directrizes europeias nesta matéria, mas também a implementar um conjunto
de medidas que permita criar condições para que sejam despistadas e
acompanhadas as situações de risco prevenindo a perda de habitação, e
garantindo que ninguém tenha de permanecer sem alojamento condigno.
Foi neste contexto que surgiu o projecto Casas Primeiro, com o objectivo de
promover o acesso à habitação a pessoas sem abrigo com doença mental,
através do modelo Housing First, um modelo americano já testado e avaliado
noutros países e que alcançou resultados sem precedentes na integração
social deste grupo social.
Resultados Alcançados
Os resultados do projecto-piloto na primeira fase foram bastante positivos.
Verificou-se que 90% dos participantes mantinham uma situação habitacional
estável no final do 1º ano e que 87,5% dos participantes se manifestavam
satisfeitos com o bairro de residência e com as relações com os vizinhos.
A maioria dos participantes (65%) assumiu que desde que desde que tem
habitação estável a sua perspectiva sobre o futuro de alterou de forma muito
35
positiva e 100% declarou sentir que tem mais oportunidades de estudar, ter
emprego ou realizar outros projectos.
6. “Lei da Discriminação” (MTSS)
Descrição da Actividade
A Lei n.º 46/2006, de 28 de Agosto prevê a proibição de discriminação de
pessoas com base na deficiência e no risco agravado de saúde. A aplicação
desta lei implica que todos devemos prevenir e remediar os actos que se
traduzam na violação de quaisquer direitos fundamentais, ou na recusa ou
condicionamento do exercício de quaisquer direitos económicos, sociais,
culturais ou outros, por quaisquer pessoas, em razão da deficiência. Estão
também previstas sanções a aplicar a quem não respeita esta proibição.
O Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., recebe as queixas apresentadas,
encaminha-as para as entidades competentes e elabora um relatório anual
sobre a aplicação da Lei nº 46/2006. Foi elaborado um formulário de queixa
que se encontra acessível no site do INR, IP com vista a facilitar e aumentar a
apresentação de queixas por pessoas singulares.
Resultados alcançados
Em 2009 foram apresentadas um total de quarenta e sete reclamações. Os
dados de 2010 ainda não disponíveis.
7. Qualificação do Acolhimento de Crianças e Jovens em Lares de Infância e
Juventude: Plano DOM – Desafios, Oportunidades e Mudanças (MTSS)
Descrição da Actividade
Centrando a atenção nas crianças e jovens e tendo em conta que o
acolhimento em instituições deve ser temporário, foram definidas as condições
36
necessárias para que a elaboração e concretização segura dos seus projectos
de vida, passassem a ser uma prática institucional assumida.
Paralelamente, foram criadas as condições institucionais que permitem às
crianças e jovens viver em Lar, no pleno usufruto dos seus direitos, tendo
garantidas as necessidades de atenção individualizada, bem-estar, protecção e
desenvolvimento pessoal.
Através do Plano DOM desenvolveram-se várias acções de qualificação
enquadradas por Protocolos celebrados entre o Instituto da Segurança social e
as instituições de acolhimento.
Tem como objectivo a implementação de medidas de qualificação da rede de
lares de infância e juventude, incentivadoras de uma melhoria contínua da
promoção de direitos e protecção das crianças e jovens acolhidas, no sentido
da sua educação para a cidadania e desinstitucionalização segura, em tempo
útil.
Considerando que as crianças e jovens, quando temporária ou definitivamente
privadas do seu ambiente familiar, têm direito à protecção e atenção
privilegiada do Estado, em obediência às normas e princípios consagrados na
Constituição da República Portuguesa e na Convenção sobre os Direitos da
Criança, foi reconhecida a necessidade prestar uma atenção sistemática à
melhoria das condições que concorrem para o cumprimento integral desse
direito inalienável.
Tendo presente o reconhecimento e manifesto papel essencial que
tradicionalmente tem sido desenvolvido pelas instituições particulares de
solidariedade social e demais entidades da sociedade civil junto das crianças e
jovens em perigo, que, complementando a acção directa do Estado e
respectivas instituições públicas, vêm assumindo importantes
responsabilidades, quer para o acolhimento de curta duração em centros de
acolhimento temporário quer para o acolhimento prolongado, em lares de
infância e juventude impõe-se que o Estado e a sociedade civil assegurem o
necessário fortalecimento técnico, organizativo e funcional dos lares de infância
e juventude, numa aposta clara das competências técnicas dos recursos
humanos destas instituições.
Resultados alcançados
37
148 Lares de infância e juventude integraram já o Plano DOM, acolhendo no
conjunto, 4891 crianças e jovens.
Entre os resultados positivos já alcançados destacam-se os seguintes:
sensibilização para a desinstitucionalização reflectida e planificada,
concretização mais consolidada e segura de projectos de vida das crianças e
jovens, reforço e valorização das equipas técnicas, educativas e de apoio dos
lares, promoção efectiva e valorização dos direitos das crianças.
8. Código de Conduta do Instituto Nacional para a Reabilitação (MTSS)
Descrição da Actividade
Adopção de um Código que estabelece princípio éticos, incluindo o respeito
pelos directos humanos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos e
vincula todos os colaboradores do Instituto independentemente do vínculo e
posição hierárquica. Tem como objectivo aplicar os princípios dos direitos
humanos e de ética na actividade interna e externa do Instituto.
Responsabilizar todos os colaboradores na defesa dos princípios e no combate
às condutas discriminatórias.
Resultados
Foi criada uma Comissão de Ética que avalia a aplicação do código de
conduta, fiscaliza o seu cumprimento e recebe queixas dos colaboradores com
fundamento na violação das normas do código.
9. Divulgação do novo regime jurídico da parentalidade (MTSS)
Descrição da Actividade
38
O Código do Trabalho aprovou um novo regime de parentalidade, que se
caracterizou pelo forte incentivo à partilha das licenças entre mães e pais, no
âmbito dos subsídios parentais iniciais, com a extensão dos direitos individuais,
reflectida nos subsídios parentais alargados.
No quadro do novo regime da parentalidade, que entrou em vigor dia 1 de Maio
de 2009, garantiu-se um reforço da protecção social em conjugação com a
promoção da conciliação entre vida familiar e profissional. Neste contexto,
assume particular ênfase a possibilidade de alargamento de 30 dias da licença
parental global em caso de partilha da licença entre o pai e a mãe.
Tem como objectivo aumentar a partilha de licenças parentais entre homens e
mulheres e assim contribuir para uma maior e efectiva igualdade e a não
discriminação no mundo laboral e na família.
Resultados alcançados
Os dados apurados no primeiro ano de vigência deste novo e inovador regime
já permitem mostrar uma evolução bastante positiva da partilha das licenças
entre mãe e pai. Em termos de tendências observa-se um crescimento no
âmbito do Subsídio Parental Inicial com partilha (com uma subida de menos de
1%, em vários anos anteriores, para 12%).
10. Prémios e Concursos para a promoção dos direitos humanos das pessoas
com deficiência (MTSS)
Descrição da Actividade
Estes Concursos/Prémios permitem envolver a sociedade civil tendo em vista
sensibilizar e informar sobre os Direitos Humanos, e especificamente os
Direitos das Pessoas com Deficiência.
O concurso “Cartaz 3 de Dezembro” tem por objectivo premiar o trabalho
gráfico que melhor represente a mensagem subjacente à comemoração deste
dia, nomeadamente celebrar os direitos humanos das pessoas com deficiência
e sensibilizar a sociedade para combater os preconceitos e os obstáculos que
39
impedem estes cidadãos de exercer os seus direitos e participar activamente
em todos os aspectos da vida política, social, económica, cultural e artística.
Com esta iniciativa pretende-se igualmente envolver todos os cidadãos, de
todas as idades, em grupo ou individualmente, na sensibilização para os
direitos da igualdade de oportunidades e não-discriminação das pessoas com
deficiência.
O Concurso “Escola alerta” tem por objectivo sensibilizar e mobilizar os alunos
para a participação na superação da discriminação de que são alvo as pessoas
em geral e em particular as pessoas com deficiências ou incapacidade, através
da eliminação das barreiras sociais, urbanísticas e arquitectónicas, e/ou
relacionadas com a informação e comunicação, as quais dificultam ou
impedem a acessibilidade destas pessoas, o pleno gozo dos direitos humanos
e de cidadania e, consequentemente, o exercício efectivo dos seus direitos, e
ainda sensibilizar e mobilizar os alunos para a igualdade de oportunidades e
para os direitos humanos, em particular os direitos das pessoas com
deficiências ou incapacidade.
Resultados alcançados
Foram apresentados 17 trabalhos a concurso, tendo sido escolhido o cartaz
que foi editado e distribuído no âmbito das comemorações Nacionais do Dia
Internacional das Pessoas com Deficiência - dia 3 de Dezembro.
Foram apresentados cerca de 173 projectos a concurso de cerca de 150
escolas. Foram atribuídos prémios regionais e nacionais.
11. Estratégia Nacional para a Integração dos Sem Abrigo (ENIPSA) – (MS)
A coordenação do Grupo Interinstitucional (GIMAE), criado em 2007 para
desenvolver a Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem Abrigo,
foi cometida ao Instituto de Segurança Social, e nele estão representados
diferentes sectores e áreas de actividade pública e privada, no qual se inclui o
Alto Comissariado da Saúde, a Coordenação Nacional de Saúde Mental, a
Direcção-Geral da Saúde e o Instituto Português da Droga e da
Toxicodependência,. Descrição da Actividade
40
Período temporal: 2009-2015
A presente Estratégia pretende assegurar a existência de condições que
garantam a promoção da autonomia, através da mobilização de todos os
recursos disponíveis e permitir o exercício pleno da cidadania (um dos
principais objectivos consiste na garantia do acesso de todos os direitos sociais
a todos os cidadãos, bem como o exercício pleno de cidadania), consagrando
dois eixos. O Primeiro Eixo desta Estratégia prevê o desenvolvimento de
medidas que visam o conhecimento do fenómeno, a informação, sensibilização
e educação da comunidade em geral para o fenómeno dos sem-abrigo e que
contribuem para a mudança das representações sociais discriminatórias
associadas a este problema. O Segundo Eixo prevê a qualificação da
intervenção visando criar a qualidade e eficiência das respostas.
No quadro do primeiro eixo estratégico, e no âmbito do Ano Europeu de
Combate à Exclusão Social 2010, o MS através do Alto Comissariado da
Saúde, a Coordenação Nacional da Saúde Mental e a AMI aderiram ao
projecto “Welcome HomeLess”, em colaboração com a UDENFOR, tendo
contado com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da Fundação Gulbenkian
e do Instituto da Segurança Social. Este Projecto é uma iniciativa pan-europeia
que consiste numa exposição itinerante de 13 esculturas de bronze, em
tamanho real, retratando pessoas sem abrigo. Esta exposição foi pensada para
locais públicos, nomeadamente ruas e praças das capitais europeias, com o
objectivo de dar a conhecer aos cidadãos europeus, a realidade das pessoas
sem abrigo.
A Estratégia identifica um conjunto de medidas dirigidas a diferentes níveis de
intervenção: prevenção junto de grupos de risco, intervenção em situação de
rua e alojamento temporário e intervenção ao nível do acompanhamento.
O modelo de intervenção geral da Estratégia contempla dois momentos: a
intervenção na emergência e o acompanhamento após a emergência. A saúde
actua nestes contextos como sinalizador e receptor/sinalizador na intervenção
em contexto de emergência e como resposta articulada no acompanhamento
após a emergência.
41
A Estratégia parte da utilização de um conceito único (conceito operacional) de
pessoa sem-abrigo, que serve de referência às intervenções de todas as
Instituições envolvidas e que permite avaliar e monitorizar o fenómeno.
Resultados alcançados
Foi construído um modelo de intervenção em saúde decorrente da estratégia
pelos representantes da Saúde (DGS, ACS, CNSM, ENSP) no Grupo
Interinstitucional, o qual foi apresentado e validado pelas 5 Administrações
Regionais de Saúde, tendo sido elaborado um documento com orientações
estratégicas sobre o conceito e modelo de intervenção na saúde Deu-se início
à divulgação desse modelo de intervenção tendo em vista a implementação e
desenvolvimento da estratégia pelos serviços de saúde.
Foi desenvolvido um projecto-piloto para tratamento dos sem-abrigo com
problemas de saúde mental, na região de Lisboa, resultante de um Protocolo
de colaboração foi estabelecido entre o Centro Hospital Psiquiátrico de Lisboa
e a Coordenação Nacional para a Saúde Mental.
Saúde
1. “Resposta às múltiplas necessidades dos utentes com problemas
associados aos consumos de substâncias psicoactivas, numa lógica de
proximidade ao cidadão e à comunidade” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Período temporal: Esta actividade decorre das necessidades dos utentes e
realiza-se durante todo o ano civil.
Acções: O IDT, I.P. tem desenvolvido um intenso trabalho de mobilização de
diferentes actores dos sectores público e privado, criando uma rede de
recursos de saúde e sócio-sanitários com a qual se articula, quer através de
42
protocolos formais, quer através do estabelecimento de múltiplos acordos de
cooperação, muitos deles informais, ditados por uma experiência de boas
práticas de articulação.
Agentes: Serviços do IDT, I.P.
Destinatários: Toda a população com problemas associados ao consumo de
álcool e drogas que procura tratamento nos serviços do IDT, I.P.
Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P. e parceiros
de outras instituições.
Objectivos pretendidos: Pretende-se promover boas práticas de integração de
cuidados de saúde à pessoa com problemas associados ao consumo de
substâncias psicoactivas lícitas ou ilícitas, a nível regional e local, que
possibilitem agilizar o seu tratamento na comunidade de pertença e evitem a
discriminação na utilização dos dispositivos de saúde.
Resultados alcançados
Avaliação com recurso a elementos quantitativos:
Durante o ano de 2009, foram assinados 27 novos protocolos, encontrando-se
em vigor 372 celebrados em anos anteriores e 724 articulações informais.
Avaliação com recurso a elementos qualitativos:
Existe uma grande diversidade de articulações e troca ou complementaridade
de serviços daí resultante, os quais permitem uma replicação de boas práticas
na prestação de serviços pelo IDT, I.P. e outras instituições, nomeadamente,
realização de consulta/serviço na área da toxicodependência ou alcoolismo,
prestação de cuidados de saúde específicos (infecciologia, odontologia, etc.) a
pessoas com problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas,
cedência de profissionais, instalações ou materiais do IDT, I.P. bem como da
área da Formação.
43
De salientar a elaboração e proposta à tutela da criação da rede de
referenciação alcoológica, integrada pelos diferentes serviços de saúde para os
quais deverão ser encaminhados os utentes com problemas ligados ao álcool,
de acordo com os seus diversos níveis de gravidade e de necessidades.
2. Task Force sobre a Promoção da Saúde das Crianças e Adolescentes nos e
pelos Hospitais e Serviços de Saúde (Rede Internacional de Hospitais
Promotores da Saúde) - MS
Descrição da Actividade
Missão da Task Force: aplicar os princípios e critérios da Rede dos Hospitais
Promotores da Saúde no contexto específico da Promoção da Saúde para as
Crianças e Adolescentes no Hospital, através do desenvolvimento de um
quadro orgânico, conceptual e operativo e disponibilizá-lo a instituições,
políticos, organizações de cuidados de saúde e os seus profissionais, bem
como a assistentes sociais. A presente Task Force é constituída por 18
Membros, que representam, num total de 15 países, 8 hospitais pediátricos, 4
hospitais gerais com Serviço de Pediatria, 3 Associações (EACH, ESSOP,
IAC), 2 Universidades (Austrália, Bélgica), Instituto Nacional para a Saúde da
Criança (Hungria), Direcção-Geral de Saúde Pública (Governo regional das
Ilhas Canárias –Espanha), Alto Comissariado da Saúde (Portugal).
Função do MS enquanto Coordenador da Task Force: liderar a Task Force,
coordenar todos os projectos implementados a nível internacional, propor
novas áreas de trabalho, dar apoio técnico, acompanhar o representante
português da Task Force (IAC) na implementação de projectos a nível nacional.
Projectos a decorrer: Observatório de Boas Práticas de Promoção da Saúde de
Crianças e Adolescentes e o Modelo e Ferramenta de auto-avaliação sobre os
direitos da criança hospitalizada.
Resultados alcançados
44
A Task Force acima identificada elaborou em Janeiro de 2009 o Modelo e
Ferramenta de auto-avaliação do respeito dos direitos da criança hospitalizada,
o qual tem como objectivo verificar o cumprimento dos direitos da criança
hospitalizada, de modo a identificar e implementar acções de melhoria da
prestação de cuidados de saúde, no contexto da Convenção sobre os Direitos
da Criança.
Este Modelo e Ferramenta de auto-avaliação foi implementado, entre Janeiro
de 2009 e Dezembro de 2010, em 15 hospitais de 9 países diferentes, incluindo
3 hospitais portugueses.
Participaram no total aproximadamente 200 participantes, incluindo
profissionais de saúde, pais, crianças (utentes) e associações de utentes.
Em Portugal, a entidade responsável por implementar o Modelo e Ferramenta
de auto-avaliação foi o Instituto de Apoio à Criança (IAC). Participaram um total
de 14 profissionais de 3 hospitais e do IAC. Foram realizadas 11 reuniões
individuais entre os 3 hospitais.
Os principais resultados alcançados foram: a identificação de acções de
melhoria do cumprimento dos direitos da criança hospitalizada e a constatação
da aplicação dos princípios gerais e dos direitos proclamados na Convenção
sobre os Direitos da Criança à área da saúde, em geral e aos hospitais e outros
serviços de saúde, em particular, pretendendo-se que o cumprimento dos
direitos da criança no hospital e a sua avaliação sejam partes integrantes da
prestação de cuidados de saúde em Portugal e nos restantes países-membros
da Rede Internacional dos Hospitais Promotores da Saúde.
A partir de Janeiro de 2011, terá inicio a implementação do Modelo e
Ferramenta a nível nacional em todos os Serviços de Pediatria, num projecto
de 2 anos conduzido em parceria pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto de
Apoio à Criança.
3. Construção do Plano Nacional de Saúde 2011-2016 (PNS) – (MS)
45
Descrição da Actividade
Período temporal: Junho de 2009 a Março de 2011.
Acções: Consulta, pesquisa, analise, discussão e debate, comunicação e
gestão do conhecimento.
Objectivos pretendidos: O PNS, que se encontra na fase final de elaboração,
afirma os valores essenciais sobre os quais se fundamentam o Sistema de
Saúde: universalidade, o acesso a cuidados de qualidade, a equidade e a
solidariedade, no intuito de construir um quadro estratégico de resposta aos
mesmos.
O conteúdo do PNS, através dos seus eixos estratégicos e objectivos
estruturantes privilegia e operacionaliza um sistema de saúde dirigido para o
reforço dos direitos humanos.
Os 4 eixos estratégicos do PNS são:
- Equidade e acesso adequados aos cuidados de saúde - o PNS enquadra a
equidade e o acesso como eixo estratégico para a obtenção de ganhos em
saúde, estabelecendo instrumentos de monitorização. O acesso adequado e
atempado aos cuidados de saúde deve ser promovido activamente pelos vários
actores e intervenientes do sistema de saúde, valorizando-se a capacidade de
resposta pela melhoria do estado de saúde e redução das desigualdades das
populações que servem. Sublinha-se a importância da flexibilidade na resposta,
permitindo cuidados próximos e acessíveis a grupos vulneráveis e com
necessidades especiais. Enquadra-se o acesso e as iniquidades em saúde
como factores-chave para a redução das desigualdades e trabalhando com
outros sectores nas respostas integradas e proactivas às necessidades em
saúde dos grupos vulneráveis.
- Qualidade em saúde
- Cidadania em saúde - o PNS sublinha como orientação estratégica:
a) promover uma cultura de cidadania baseada na literacia, capacitação,
participação e empowerment tendo como eixos a difusão de informação e o
46
envolvimento e participação na decisão individual, institucional e politica,
criando condições para que os cidadãos se tornem mais autónomos e
responsáveis em relação à sua saúde e de quem deles depende, bem como
promovendo o protagonismo a favor de uma visão positiva em saúde.
b) assegurar que as instituições concretizam processos de melhoria continua
do exercício da cidadania, através de avaliações regulares das necessidades
dos cidadãos/utentes, intervenções promotoras da literacia e competências,
bem como promoção de processos de participação e empowerment do cidadão
e de estruturas representativas.
c) promover e divulgar a Carta de Direitos e Deveres do Cidadão/Utente,
adaptando-se às especificidades de cada local e contexto. Avaliar os
conhecimentos dos cidadãos/utentes dos serviços sobre os direitos e deveres,
bem como melhorar continuamente as condições para o exercício destes.
- Politicas saudáveis – que envolve um maior enfoque para a
multidisciplinariedade e para os determinantes sociais.
Os 4 objectivos estruturantes do PNS:
- promover na sociedade um contexto favorável a nascer, crescer e viver com
saúde e segurança e morrer com dignidade (OE1), garantindo que o potencial
de saúde de cada um é prosseguido em cada contexto de vida (escola,
comunidade, prisões, lares, etc).
- obter mais valor em saúde através de serviços efectivos, eficientes e
sustentáveis e ainda da capacitação do cidadão e compromisso da sociedade
(OE2), com atenção às desigualdades na população.
- reforçar os mecanismos de segurança social e económica na saúde e na
doença (OE3), garantindo que os cuidados de saúde não são condicionados
pelos determinantes sociais ou económicos ou estatuto legal.
- reforçar a participação de Portugal na Saúde Global: envolvimento pró activo,
multilateral e bilateral (OE4).
No processo de construção do PNS, o envolvimento dos actores e
intervenientes do sistema de saúde constituiu um dos valores orientadores.
Nos intervenientes e actores envolvidos incluem-se aqueles que estão
envolvidos directa e indirectamente na promoção da saúde, assim como a
47
administração central, o prestador de cuidados de saúde, o cidadão, as
instituições nacionais, locais, o sector público, o social e privado, a comunidade
científica, as organizações não-governamentais. Neste quadro incluem-se
também outros sectores governamentais e não-governamentais fora da saúde,
bem como organizações nacionais e internacionais com a missão de melhorar
o estado de saúde das nações, que contribuem no mesmo sentido.
O Plano de Consulta e Envolvimento do PNS tem como objectivos:
1) Identificar e recolher a contribuição dos diferentes intervenientes e públicos-
alvo, promovendo um processo de participação e discussão que permita obter
os melhores contributos;
2) Promover o alinhamento e a sinergia de processos de planeamento em
saúde a decorrer em paralelo (ex: Regiões de Saúde, ACES), incorporando
todos os intervenientes, públicos-alvo e decisores numa lógica cíclica de
planeamento-intervenção-avaliação;
3) Garantir que a versão final do PNS seja resultado do contributo de todos os
responsáveis pela sua implementação;
4) Promover a (auto-)responsabilização no alinhamento de estratégias, acções
e esforços aos vários níveis;
5) Validar a interpretação dos conteúdos do PNS por parte dos intervenientes
e público-alvo.
No processo de construção do PNS foi criado, em Março de 2010, um microsite
do PNS (http://www.acs.min-saude.pt/pns2011-2016), que tem como objectivo
promover um meio de discussão, envolvimento e consulta ao longo de todo o
processo de construção do PNS 2011-2016. O presente espaço potencia uma
construção participada, aberta, transparente e bem informada do processo de
elaboração do PNS 2011-2016, sendo um meio de comunicação privilegiado
entre a equipa de trabalho, o cidadão e as instituições.
Resultados alcançados
No microsite do PNS foram colocados à disposição:
- estudos, documentos de análise e de reflexão nacionais e internacionais, que
pretendem informar e promover discussão do PNS;
48
- contributos da sociedade civil e de instituições, associações, organizações
não governamentais, etc., do sector da saúde e de outros sectores;
- versões preliminares de temas e secções para discussão pública e
reformulação.
É possível comentar e/ou enviar documentos criando fóruns de discussão em
cada artigo ou página publicada no microsite.
Estão incluídas páginas de conteúdos referentes ao processo de construção;
modelo conceptual; identificação de eixos estratégicos e de estratégias
transversais ao PNS; processo de consulta e de envolvimento; respostas a
perguntas frequentes, entre outras.
O microsite do PNS já contou, até à data, com 36461 visitas, 291 comentários,
48 estudos e 226 contributos.
Nos dias 8 e 9 de Março de 2010 realizou-se o 3.º Fórum Nacional de Saúde
que contou com 1500 participantes e no mês de Junho e Julho de 2010 tiveram
lugar 5 fóruns regionais que contaram com um total de 1250 participantes.
4. Política activa de igualdade entre homens e mulheres no acesso ao emprego
e o respeito pelas quotas fixadas para pessoas portadoras de deficiência - MS
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade e Resultados alcançados
Integração de Trabalhadores Portadores de Deficiência
O IDT, I.P. promove a integração de trabalhadores portadores de deficiência,
existindo 33 trabalhadores portadores de deficiência em exercício de funções
dos quais 7 são homens e 26 mulheres.
Acessibilidades de Pessoas Portadoras de Deficiência:
No que respeita as acessibilidades o IDT, I.P detém 103 imóveis dos quais:
30 Imóveis com acessibilidades – (do tipo: rampas de acesso, elevadores,
casas de banho adaptada, etc.) - (29%);
73 Imóveis sem adaptabilidade – (71%).
Igualdade de Género
49
O IDT, I.P., que conta com o número total de trabalhadores de 1575, dos quais
373 Homens e 1202 Mulheres, assegura, também, a garantia de igualdade no
âmbito do direito da família e à respectiva assistência, prosseguindo a
igualdade direitos no âmbito da concessão de jornada contínua para apoio a
descendentes menores de 12 anos, entre homens e mulheres; existem 172
trabalhadores nesta situação, dos quais 23 são homens e 149 são mulheres.
5. Participação do IDT na implementação da Estratégia Nacional para a
Integração das Pessoas Sem Abrigo, com base no Modelo de Intervenção e
Acompanhamento Integrado (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Desde 14 de Março de 2009, data da entrada em vigor da Estratégia Nacional
para a Integração das Pessoas Sem-Abrigo, que o IDT, I.P. tem participado
activamente na sua implementação, sob a coordenação do Instituto de
Segurança Social, I.P.
Esta estratégia define guidelines de intervenção – Modelo de Intervenção e
Acompanhamento, em sintonia com as guidelines do IDT, I.P., em que a figura
do gestor de caso assume uma especial importância no processo de
acompanhamento das pessoas sem-abrigo e respectivos planos individuais de
inserção.
A Estratégia operacionaliza-se nas redes sociais locais, tendo para o efeito sido
constituídos Núcleos de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) que
envolvem todas as entidades que trabalham na área.
O IDT, I.P. faz parte integrante de todos os NPISA criados, 13 no total,
partilhando responsabilidades na dinamização e concretização dos objectivos e
acções previstas na Estratégia. Os técnicos do IDT, I.P. são gestores de caso
dos indivíduos em situação de sem-abrigo com uso/abuso de substâncias
psicoactivas associado.
50
A Estratégia tem como objectivo que “ninguém tenha de permanecer na rua
mais do que 24 horas”. Prevê a criação de respostas habitacionais de
emergência, de média duração e respostas de longa duração de diversa
natureza, onde a autonomização e o regresso à família (quando existe)
constituem prioridades. Tendo em vista uma maior articulação de esforços, a
Estratégia contempla a implementação de um modelo específico de
intervenção numa lógica de garantir o acompanhamento transversal das
pessoas sem-abrigo, por problemática emergente. Consegue-se deste modo
uma maior rentabilização de recursos humanos e financeiros, bem como evitar
a duplicação de respostas e qualificar a intervenção junto dos utentes. Prevê
ainda a intervenção ao nível da prevenção das situações de sem abrigo.
Resultados alcançados
Com base no conceito único de pessoa sem-abrigo, aprovado pela Estratégia
Nacional, as equipas de reinserção do IDT, I.P. identificaram 628 pessoas em
situação de sem-abrigo, num total de 1 443 Utentes com necessidades no
âmbito da habitação.
6. “Modelo de Intervenção em Reinserção Social” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
O Modelo de Intervenção em Reinserção Social, denominado MIR, em vigor
desde 2009 por via de uma Orientação Técnica, contempla um conjunto de
orientações para a intervenção em reinserção. A centralidade nas
necessidades do cidadão e o comprometimento mútuo da instituição e do
utente na definição de objectivos e no planeamento da intervenção, constituem
pilares deste Modelo, adoptado em cerca de 90% dos serviços locais. São alvo
desta intervenção os cidadãos que recorrem aos serviços locais do IDT, I.P.
com problemas associados ao consumo de substâncias licitas e ilícitas. A
51
metodologia subjacente pressupõe o diagnóstico participado das necessidades
dos utentes e a contratualização de Planos Individuais de Inserção e a
respectiva avaliação periódica que pode resultar em alta social. Pressupõe
também o acompanhamento sistemático e mediação social, numa lógica de
gestão de caso. São agentes desta intervenção os técnicos das equipas de
reinserção dos serviços locais do IDT, I.P.
O trabalho que é desenvolvido com os utentes pode enfocar nas dimensões
inerentes ao exercício dos direitos e deveres de cidadania, na facilitação do
acesso aos serviços públicos e de proximidade, na melhoria das condições
básicas de vida, nomeadamente o acesso à habitação ou a um abrigo
condigno, o acesso à protecção social, assim como no acesso a respostas no
âmbito da educação, formação e emprego. Pretende-se com este modelo
harmonizar e qualificar a intervenção a nível nacional, e promover percursos de
inserção sustentados e duradouros, ajustados às necessidades do utente.
Resultados alcançados
Destacamos apenas alguns dos dados que podem ser consultados no
Relatório de Monitorização das Actividades de Reinserção – 2009 (IDT, I.P.,
Lisboa, 2010).
Dos cerca de 15.000 utentes atendidos e acompanhados em consultas
socioterapêuticas e de Serviço Social, 1160 contratualizaram Planos Individuais
de Inserção, dos quais cerca de 20% foram alvo de avaliação
No âmbito da habitação, as intervenções desenvolvidas responderam a 41%
das necessidades dos 1443 utentes, considerando para este cálculo respostas
habitacionais de carácter temporário.
7. “Programa Vida-Emprego”. Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P.
(IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
52
O Programa Vida Emprego (PVE) é um programa de apoio financeiro e técnico
aos empregadores para a contratação de pessoas toxicodependentes em
processo de tratamento e reinserção. Trata-se de um Programa de
discriminação positiva, que tem por finalidade potenciar a inserção ou
reinserção social e profissional de pessoas consumidoras de substâncias
psicoactivas em situação de desvantagem e de desfavorecimento social.
Pretende-se deste modo promover a aproximação ao mercado de trabalho e
facilitar o processo de inserção social e do exercício pleno da cidadania.
Concomitantemente promove-se uma maior consciência e responsabilidade
social, desmontando os estereótipos associados a pessoas com percursos de
dependência.
Considera-se que esta é uma boa prática na promoção dos direitos humanos
uma vez que o tratamento por via do emprego previne situações de exclusão
social e inverte percursos tendentes à marginalização, à privação da liberdade
e dos direitos e deveres individuais. O acesso a um emprego ou a uma
profissão satisfatória permite ao indivíduo retomar a sua condição de cidadão e
exercer os seus direitos e deveres de cidadania na comunidade onde se insere,
proporciona meios de subsistência e promove a reconstrução de redes sociais.
São desenvolvidas estratégias de mediação e acompanhamento social, as
quais são fundamentais na mobilização das respostas e recursos disponíveis
para a concretização de itinerários de inserção social, que passam por
desenvolver estratégias integradas de actuação em cada um dos agentes e na
relação entre eles (indivíduos, serviços de tratamento, entidades empregadoras
e formadoras, serviços sociais, entre outros).
Resultados alcançados
De acordo com informação disponibilizada pelo IEFP, I.P., em 2009 foram
abrangidos pelo Programa 1099 consumidores de substâncias psicoactivas em
situação de exclusão, que beneficiaram das seguintes medidas específicas:
Estágios de integração socioprofissional – 586; Apoios ao Emprego – 473;
Prémios de Integração Socioprofissional – 39; Apoio ao Auto-Emprego – 1.
De entre as medidas específicas do PVE destaca-se a medida Estágios de
Integração Socioprofissional como aquela que maior número de pessoas
53
abrangeu (586) e que correspondendo a uma formação prática em contexto de
trabalho, se constitui como um meio de aquisição de competências pessoais e
profissionais tendo em vista a posterior inserção. As medidas Apoio ao
Emprego e Prémio de Integração Socioprofissional que se traduzem,
respectivamente, em apoios financeiros a entidades empregadoras que
integram toxicodependentes em recuperação, mediante contrato a termo certo,
no primeiro caso, e sem termo, no segundo caso, envolveram, em conjunto, a
integração laboral de 512 pessoas, o que merece igualmente destaque num
contexto de recessão do mercado de trabalho.
Em termos financeiros, durante o ano de 2009, os encargos com o PVE
corresponderam a um total de 3.481.241,88€, na sua maioria afectos a custos
directos com o desenvolvimento das medidas específicas.
8. Encaminhamento de Indiciados às Comissões de Dissuasão da
Toxicodependência (CDT’s) em especial dos menores de idade - MS
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
O modelo de descriminalização de drogas em Portugal é uma politica
construtiva, que permitiu substituir os mecanismos repressivos e judiciários por
uma intervenção jus-psicológica centrada nas necessidades do indiciado, quer
sejam preventivas, sanitárias, terapêuticas ou ainda sancionatórias, e que
incorpora um conjunto de princípios como o Humanismo, o Pragmatismo, a
Territorialidade e a Centralidade no cidadão que estão presentes em toda a
linha de intervenção das Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência.
Desde 1 de Julho de 2001 o acto de consumir ou a posse para consumo
próprio, em quantidades até 10 dias, de qualquer substância ilícita deixou de
constituir um crime e passou a ser um ilícito de mera ordenação social; o
consumidor de drogas deixou de ser considerado como um criminoso e passou
a ser encarado como um doente que precisa de cuidados – sem restrição do
seu direito à liberdade e com direito ao acesso e escolha dos meios de saúde
54
pública existentes; os processos por consumo de drogas foram retirados dos
tribunais tendo-se criado dispositivos locais mais próximos dos consumidores –
as Comissões de Dissuasão da Toxicodependência (CDT’s), onde estes
podem usufruir de um atendimento e apoio técnico especializado; não há lugar
ao registo criminal, apenas ao registo contra-ordenacional que não tem efeitos
punitivos ou restritivos de outros direitos do Homem; o consumidor é visto
como um ser humano na sua plenitude, que precisa de cuidados e cujos
Direitos à saúde, à liberdade, à família e à vida social, à reserva da intimidade
privada, ao sigilo, ao bom nome, ao trabalho e à integração social devem ser
respeitados e fomentados; o processo corre na área da residência do indiciado
– permitindo uma abordagem de integração a vários níveis, atendendo às suas
necessidades, sanitárias, terapêuticas e de reinserção, com possibilidade de
contar com o apoio dos seus familiares e amigos durante todo o processo; o
processo reveste uma forma processual simplificada, sem obrigação de
presença de advogados ou especialistas (mas assegurando esses direitos caso
o indiciado os queira exercer) uma vez que o processo corre numa Comissão
multidisciplinar (CDT) composta por psicólogos, sociólogos e juristas com
experiência comprovada na área da Dissuasão dos consumos, o que permite
fazer um melhor acompanhamento de todo o processo; permite que as várias
instituições locais possam fomentar uma melhor articulação tendo em vista a
eficácia das medidas e a não reincidência dos consumos e do seu estado de
saúde em geral; garante a protecção e o direito à reserva e ao bom nome do
indiciado, através do direito ao sigilo a que os profissionais envolvidos estão
obrigados; utiliza preferencialmente notificação telefónica – via telemóvel –
para os indiciados cujas relações familiares possam ser conflituosas e
protecção de informação confidencial; assegura o direito dos
toxicodependentes à informação e ao consentimento informado, como
corolários da dignidade do ser humano e da inviolabilidade da sua integridade
física, que se consubstancia, no âmbito dos serviços de saúde, nomeadamente
na Base XIV da Lei nº 48/90, de 24 de Agosto, na carta dos direitos e deveres
dos doentes, e na Convenção para a protecção dos direitos do homem e da
dignidade do ser humano face às aplicações da biologia e da medicina.
Quando se verifica que os indiciados têm menos de 16 anos as CDT’s fazem o
apoio e acompanhamento dos menores de 16 anos sem formalização de um
55
processo por consumo de drogas mas com a possibilidade de sinalização e
encaminhamento para estrutura adequada aos seus problemas, consumos ou
riscos para a sua saúde e desenvolvimento educacional e escolar, social e
familiar.
Resultados alcançados
Verifica-se a diminuição e prevenção de consumos ocasionais ou do risco de
consumo por via de uma abordagem mais especializada; a implementação
desta inovadora política pública de descriminalização do consumo de drogas,
na sequência do estabelecido na Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga
de 1999 -2004, permitiu mudar mentalidades e diminuir o estigma social do
indivíduo consumidor de drogas.
No contexto das contra-ordenações por consumo de drogas, nas 18 Comissões
para a Dissuasão da Toxicodependência com sede em cada capital de distrito
de Portugal Continental, foram instaurados 7549 processos relativos às
ocorrências de 2009, o que representa o valor mais elevado de sempre e um
acréscimo de 15% em relação a 2008. Apesar do acréscimo do volume de
trabalho e de processos, verificado em algumas comissões, com a reposição
de quórum associado à escassez de recursos humanos, 2009 foi um ano de
consolidação e de organização das actividades e trabalhos desenvolvidos
pelas Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT). Registou-se
um acréscimo no cumprimento dos objectivos traçados e uma maior eficácia na
aplicação da Lei n.º 30/2000, bem como, uma melhoria na articulação com as
entidades envolvidas na aplicação da Lei, nomeadamente autoridades policiais,
o que levou a um aumento muito significativo de novos processos e das
respostas dadas aos indiciados.
De acordo com o Relatório Anual 2009 - A Situação do País em Matéria de
Drogas e Toxicodependências (Instituto da Droga e da Toxicodependência,
I.P., Lisboa, 2010) cerca de 76% dos processos de contra-ordenação abertos
em 2009 referem-se a indiciados primários. Dos 778 indiciados primários
toxicodependentes, 747 (96%) aceitaram aderir voluntariamente a tratamento,
no âmbito de uma suspensão provisória do processo. Deste universo, 215
(28,8%) nunca tinham estabelecido contacto com estruturas de tratamento, 94
56
(12,6%) retomaram o tratamento que tinham abandonado e 438 (58,6%)
encontravam-se em tratamento no momento da prática do ilícito contra-
ordenacional. É de referir o aumento do número de indiciados primários
toxicodependentes que aceitaram aderir voluntariamente a tratamento,
relativamente a 2008 (+ 13%) e a 2007 (+ 39%). Do total de indiciados
primários não toxicodependentes (3.563), 771 (21,6%) foram alvo apenas de
diligências de motivação, 522 (14,6%) foram alvo de diligências de motivação e
encaminhados para apoio e 958 (26,8%) foram directamente encaminhados
para apoio sem necessidade de diligências de motivação. Constata-se que
2.251 (63%) do universo de indiciados primários não toxicodependentes foram
diagnosticados como consumidores em situação problemática que poderia
indiciar situações de maior risco face à toxicodependência, carecendo de apoio
especializado e diferenciado.
9. Projecto “Eu e os Outros” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
O Projecto “Eu e os Outros” teve o seu inicio em 2007, estando presentemente
numa fase de difusão e consolidação de parcerias. Para tal conta com o apoio
da Direcção Geral Desenvolvimento e Inovação Curricular (DGDIC) do
Ministério da Educação, da Direcção Geral da Saúde (DGS), da Comissão para
a Igualdade de Género (CIG) da Secretaria de Estado para a Igualdade de
Género, do Instituto Português da Juventude (IPJ), do Programa de Educação
para a Cidadania (PIEC) do Ministério do Trabalho, da Polícia de Segurança
Pública e do Instituto Português de Cardiologia Preventiva.
Este projecto tem por objectivo genérico promover a reflexão em formato grupal
sobre temas do desenvolvimento ligado à adolescência, criando uma dinâmica
de grupo geradora de crescimento pessoal e social. Constitui-se como um
instrumento promotor de processos de tomada de decisão, confrontação no
57
seio do grupo e exploração de informação dirigido a grupos de jovens entre os
10 e os 18 anos.
O Projecto “Eu e os Outros” tem por base 8 histórias e um manual em suporte
electrónico, cada uma delas abordando temas ligados ao desenvolvimento
pessoal e social. Os jogadores têm por objectivo de jogo conduzirem um grupo
de personagens, mediante um conjunto de decisões partilhadas, na resolução
de problemas do dia-a-dia.
As histórias estão organizadas por parágrafos, no final dos quais os jogadores,
assumindo o papel do personagem principal, são confrontados com várias
opções das quais podem escolher apenas uma. Este processo de decisão no
seio de um grupo, bem como a exploração dos conteúdos que lhe estão
subjacentes serão objecto de análise no manual de suporte.
Neste sentido a estrutura do manual comporta um breve enquadramento
teórico, regras para a utilização das narrativas interactivas, propostas de
exploração dos temas de cada uma das histórias e, finalmente, bibliografia de
suporte.
Geralmente é aplicado a grupos de jovens em contexto de sala de aula, em
sessões de 90 minutos, cada história é aplicada entre 6 a 8 sessões com o
ritmo de 2 histórias por ano.
Os aplicadores são geralmente professores, estudantes universitários,
animadores sociais, psicólogos, enfermeiros, com formação específica para o
fazer.
O processo de avaliação compreende a avaliação de processo e de resultados,
com a utilização do ROPELOC na sua versão reduzida com a designação de
LEQUE.
Neste momento o processo de construção e validação do material está
terminado e o material encontra-se em fase de produção e em processo de
certificação pelo Conselho Cientifico-Pedagógico para Professores de Braga.
Resultados alcançados
No ano de 2008/09 foram envolvidos 21 Centros de Respostas Integradas
(CRIs) do IDT, abrangendo mais de 3.661 alunos e 473 Aplicadores (291
professores, técnicos de diferentes formações 105, psicólogos, enfermeiros,
58
técnicos de serviço social, educadores e 76 estudantes universitários),
prevendo-se que no ano 2009/2010 (dado o ano lectivo estar a decorrer não
existem ainda dados para este ano) os números de 2008/2009 sejam
ultrapassados, consolidando deste modo a implementação do projecto no
terreno.
10. “Centro de Acolhimento de Alcântara e Centro de Acolhimento o Farol”
(MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Considerando como pressuposto o direito a uma vida digna e à habitação e
particular, o IDT,IP financiou em 2010 duas estruturas de alojamento
destinadas a toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar4, uma em
Coimbra e outra em Lisboa.
Para além da disponibilização de alojamento, cuidados de higiene e
alimentação, estas estruturas têm como objectivo proporcionar as condições
físicas e humanas para a construção de um projecto de vida visando a
reabilitação e inserção social dos seus beneficiários.
Assim, nestas estruturas são prestados cuidados de saúde (enfermagem,
consulta médica, encaminhamento para estruturas de saúde), apoio social e
psicológico e são desenvolvidas actividades de promoção de competências
sócio-cognitivas e sócio-profissionais.
Resultados alcançados
No período de um ano, estas estruturas beneficiaram 350 toxicodependentes.
4 No âmbito do acordo com o Instituto de Segurança Social, o Centro de Acolhimento O Farol, em particular, serve
também população não toxicodependente.
59
Tendo como referência os dados de 2009, exemplifica-se a realização, neste
contexto, de cerca de 2250 sessões de apoio social, 566 sessões de apoio
psicológico, 352 consultas médicas e 228 rastreios.
11. “Implementação de Projectos de Redução de Riscos e Minimização de
Danos” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Os projectos de Redução de Riscos e Minimização de Danos (Equipas de Rua,
Gabinetes de Apoio) são estruturas de baixo limiar de exigência (low threshold)
destinadas a toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar, que
funcionam numa lógica de proximidade a esta população.
A problemática da dependência de drogas, particularmente de opiáceos e de
cocaína, compromete a adopção de estilos de vida saudáveis e,
essencialmente, de auto-protecção destes indivíduos, situação que numa franja
da população particularmente vulnerável, tem repercussões ao nível de uma
acentuada marginalização a nível social e de uma grande fragilidade do seu
estado de saúde, acentuadas pela fraca utilização das estruturas de saúde e a
nível social, cujas características em termos de funcionamento não são por
vezes as mais adequadas para o acesso desta população específica.
Face a esta realidade, entendendo que todos os cidadãos têm direito a uma
vida digna, ao nível da saúde e bem-estar, principalmente quanto à
alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto
aos serviços sociais necessários, tem sido orientação deste Instituto financiar
estruturas que se destinam a esta população específica, com o propósito de
melhorar a sua saúde (e/ou evitar a maior degradação desta) e as suas
condições de vida a nível social (acesso a alimentação, vestuário, alojamento,
bens pecuniários), serviços estes providenciados pelos próprios projectos ou
60
através da mediação realizada por estes entre o toxicodependente e os
equipamentos existentes na comunidade.
Para além da prestação de serviços directa a esta população, a generalidade
destes projectos compreende como grupos alvo estratégicos os técnicos
sociais e de saúde das redes de apoio e, em alguns casos, agentes policiais,
no sentido de contribuir para o conhecimento destes agentes acerca desta
problemática e consequente facilitação do acesso desta população aos
serviços em causa.
Resultados alcançados
No ano de 2010 o IDT, I.P. financiou cerca de 35 Equipas de Rua, 3 Gabinetes
de Apoio e 1 Programa de Substituição Opiácea em baixo limiar5, localizados
em zonas prioritárias quanto a esta problemática. Em 2009/2010 estes
projectos contactaram com cerca de 17.000 toxicodependentes. A população-
alvo desta intervenção teve acesso a serviços de natureza psicossocial
(atendimentos psicossociais, apoio psicológico, cuidados de higiene, apoio
alimentar, encaminhamentos), cuidados de saúde (consultas médicas,
cuidados de enfermagem, rastreios, terapêutica medicamentosa, vacinação) e
a iniciativas de informação e sensibilização.
12. “Projecto InPar” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
O InPar consiste num Projecto Experimental para a Pré-Profissionalização e
Estabilização de Toxicodependentes sem enquadramento sócio-familiar, co-
financiado pelo IDT, I.P. e implementado por uma ONG (a APDES – Agência
Piaget para o Desenvolvimento), durante 2 anos. No âmbito deste projecto,
pretende-se contribuir para o direito à inserção sócio-profissional e participação
5 Note-se que quanto a respostas estas tipologias não são mutuamente exclusivas, o que significa que alguns
Gabinetes de Apoio implementam PSOBLE, o PSOBLE dois gabinetes de apoio de retaguarda e as Equipas de rua também podem ter gabinetes de apoio de retaguarda, por exemplo.
61
cívica dos utilizadores de drogas, testando metodologias ao nível da reinserção
social em utentes de equipas de rua. Tem duas componentes principais:
A integração de utilizadores de drogas em equipas de rua enquanto
Educadores de Pares. Neste âmbito, as estratégias utilizadas consistem no
acompanhamento e mediação social, tendo sido definido uma figura de
mediação, designada como tutor de reinserção, responsável pelo
acompanhamento individual de cada participante e pela mediação com a
equipa de rua onde cada um foi integrado. De forma a criar condições para a
efectiva inserção dos participantes, foram ainda desenvolvidas acções de
preparação das oito Equipas de Rua envolvidas e de consultoria no decorrer do
processo.
A integração pré-profissional em sistemas sociais formais (como por exemplo:
mercado de trabalho, formação), no âmbito do qual se prevê a intervenção na
dimensão individual e na dimensão contexto. Através do desenvolvimento de
metodologias de balanço de competências, acções formativas e de treino de
competências, são elaborados planos individuais de inserção e melhoradas as
condições de empregabilidade dos participantes. A dimensão contextual é
desenvolvida através de sessões de mediação familiar, sempre que
necessário, e através de estratégias de aproximação e articulação com as
respostas da rede.
Transversalmente a estas duas componentes, está em curso um processo de
investigação, de forma a avaliar o processo de reinserção destes públicos,
identificando factores facilitadores e obstáculos.
Resultados alcançados
No 1.º ano de implementação do projecto, o principal resultado alcançado foi a
integração de oito utilizadores de drogas a exercer funções como educadores
de pares em Equipas de Rua, como previsto.
Quanto às principais vantagens identificadas pelas Equipas de Rua tal como a
participação do Educador de Pares na intervenção desenvolvida, a percepção
é muito positiva quer sobre a sua integração nas equipas quer como sobre o
trabalho por eles desenvolvido.
62
Entre vários aspectos destacam-se os seguintes: a aproximação a novos
utentes e a novos locais de intervenção.
Relativamente à segunda componente do projecto, ao longo do 1.º ano foi
possível acompanhar 10 utentes, e só será possível avaliar resultados no final
do projecto, uma vez que foi necessário alterar estratégias de intervenção
inicialmente definidas.
13. “Programa Específico de Troca de Seringas (PETS)” - MS
Ministério da Justiça (Direcção Geral dos Serviços Prisionais), em parceria com
o Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Na sequência da elaboração do Plano de Acção Nacional para Combate à
Propagação de Doenças Infecciosas em Meio Prisional (Julho de 2006)
constituiu-se um grupo de trabalho interministerial com vista a operacionalizar e
avaliar um Programa Específico de Troca de Seringas em dois
estabelecimentos prisionais: Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira e
Estabelecimento Prisional de Lisboa.
No contexto deste trabalho foi estabelecido o enquadramento legal para o
Programa Específico de Troca de Seringas (Lei nº 3/2007 de 16 de Janeiro),
bem como o seu respectivo Regulamento (Despacho nº 22 144/2007 dos
Ministérios da Justiça e da Saúde).
Este programa tem como pressuposto que o recluso em meio prisional perde
apenas o direito à liberdade, mantendo os restantes direitos humanos, como o
direito à saúde, que se traduzem na possibilidade de aceder aos mesmos
serviços disponíveis em meio livre, como é o caso das medidas de redução de
riscos e minimização de danos.
Em ambos os estabelecimentos prisionais promoveu-se um programa de
formação específico para funcionários (técnicos e guardas prisionais) e outro
para reclusos, nas áreas da prevenção e tratamento de doenças infecciosas,
toxicodependência, sobre o próprio PETS e saúde em geral.
63
A componente de troca de seringas do PETS iniciou-se em 2007, a 10 de
Dezembro no Estabelecimento Prisional de Lisboa e a 21 de Novembro no de
Paços de Ferreira.
Resultados alcançados
O ano de 2009 constitui-se como um momento de reflexão e avaliação do
Programa Especifico de Troca de Seringas (PETS) enquadrado através do
Plano de Acção Nacional de Combate à Propagação de Doenças Infecciosas
em Meio Prisional. Este Plano é operacionalizado em cinco áreas de
intervenção: promoção da saúde e prevenção da doença, tratamento da
toxicodependência, tuberculose, doenças infecciosas virais, redução de riscos
e minimização de danos.
De facto, embora a acção que ganhou maior evidência pública no âmbito do
PETS tenha sido a realização de troca de seringas (com resultados nulos),
desde o primeiro momento que a componente de RRMD se integra numa
estratégia mais abrangente (do PANCPDI), constituindo em si mesma uma
diversidade maior de objectivos e acções do que a troca de seringas por si.
Na avaliação realizada considerou-se que a implementação do PETS nos dois
EP resultou em ganhos em três dimensões fundamentais: Trabalho
multidisciplinar e inter-institucional em torno da saúde em meio prisional;
Divulgação de informação sobre saúde, doenças infecciosas, consumo de
substâncias; Aproximação do recluso a serviços de saúde.
14. “Prestação de cuidados à população com problemas ligados ao uso de
substâncias psicoactivas conjugando recursos para o plano de tratamento
individualizado” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
64
Período temporal: O acompanhamento de pessoas com problemas ligados ao
uso de substâncias psicoactivas verifica-se durante todo o ano civil.
Acções: Desenvolvimento nos serviços do IDT, I.P., em articulação com outras
entidades, de serviços de avaliação, triagem, acompanhamento e tratamento
de pessoas com problemas ligados ao uso de substâncias psicoactivas.
Agentes: Equipas dos serviços ambulatórios e de internamento do IDT, I.P.
Destinatários: Toda a população com problemas ligados ao consumo de
substâncias psicoactivas.
Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P.
Objectivos pretendidos: Baseado no princípio do Humanismo, pretende-se que
seja reconhecida e devolvida a plena dignidade humana das pessoas
envolvidas no fenómeno dos comportamentos aditivos (das drogas, do álcool,
dos medicamentos ou outros) assumindo-se a centralidade no cidadão e nas
suas necessidades objectivas e subjectivas, de acordo com os seus direitos e
deveres.
Resultados alcançados
Avaliação com recurso a elementos quantitativos: Em 2009 foi garantido,
através de uma intervenção integrada, o tratamento em ambulatório nas
unidades do IDT, I.P. a 47.893 utentes, sendo 38.970 atendidos nos Centros de
Respostas Integradas (CRI) e 8.923 nas Unidades de Alcoologia (UA).
O número de novos utentes admitidos, em 2009, foi de 10.209, sendo 7.722
nos CRI e 2.487 nas UA.
O número total de consultas/atendimentos realizados, em 2009, foi de 680.119,
dos quais 634.759 efectuadas nos CRI e 45.360 nas UA.
No ano de 2009 estiveram internados para desabituação, 1644 utentes nas 4
Unidades de Desabituação Públicas, 1.032 nas 10 Unidades Privadas de
Desabituação Licenciadas, 1.137 nas 3 Unidades de Alcoologia Públicas.
Ainda em 2009, estiveram ainda internados 127 utentes nas 3 Comunidades
Terapêuticas Públicas, 4.451 nas 67 Comunidades Terapêuticas Privadas
Licenciadas, 70 utentes frequentaram os 2 Centros de Dia Públicos, 407
utentes os 7 Centros de Dia Privados Licenciados.
65
Avaliação com recurso a elementos qualitativos:
Toda a população atendida é encarada como sendo constituída por pessoas
com problemas de saúde e não por pessoas com problemas de criminalidade.
A todos os utentes é garantido o anonimato e a confidencialidade,
reconhecendo-se-lhe os seus plenos direitos de pessoa e cidadão.
Oferta de programas de tratamento universais e gratuitos, organizados
sequencialmente segundo planos de tratamento individualizados.
15. “Discriminação positiva de grávidas e puérperas” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Período temporal: O acompanhamento diferenciado de grávidas e puérperas
com problemas de consumo de álcool ou drogas verifica-se durante todo o ano
civil.
Acções:
Estabelecimento de prioridade para o atendimento de grávidas, puérperas e
seus companheiros.
Existência de programas técnicos de apoio específico em Comunidade
Terapêutica com pagamento diferenciado para estimular a sua implementação.
Estabelecimento de articulação dos serviços do IDT, I.P. com maternidades,
com compromisso de feedback bidireccional.
Agilização da disponibilização de Metadona durante os internamentos e
agilização da disponibilização de doses de Metadona para tomar em casa,
como medida de apoio a puérperas.
Acompanhamento privilegiado de serviço social, na articulação com a
Segurança Social e outros serviços de apoio social.
Agentes: Equipas dos serviços ambulatórios e de internamento do IDT,I.P.
Destinatários: Grávidas, puérperas e suas famílias, com problemas de
consumo de álcool ou drogas.
Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P.
66
Objectivos pretendidos: Tornar os serviços mais atraentes para esta população,
através da melhoria do atendimento de grávidas e puérperas, e da promoção
de uma melhor prestação de cuidados, que se traduzam numa maior qualidade
de vida e na diminuição dos efeitos negativos provocados pelo consumo de
álcool e drogas, na mãe e na criança.
Resultados alcançados
Avaliação com recurso a elementos quantitativos:
Verificou-se uma redução da taxa de transmissão mãe-filho do VIH
(actualmente 1-2%).
Entre 2007 e 2009, o número de grávidas acompanhadas em Metadona baixou
significativamente, sendo de 119 em 2007, de 121 em 2008 e de 87 em 2009.
Em 2009 existiram programas dirigidos especificamente a grávidas com PLA
(Problemas Ligados ao Álcool) em 24 instituições.
Em 2010 estiveram internadas em camas convencionadas de Comunidades
Terapêuticas, privadas ou públicas, 11 grávidas e 18 mulheres com filhos
internados com elas.
Avaliação com recurso a elementos qualitativos:
A maioria das grávidas atendidas na maternidade já teve algum tipo de
acompanhamento nos serviços do IDT, I.P. pelo que hoje em dia é raro
aparecer num hospital/maternidade uma toxicodependente em trabalho de
parto que nunca tenha sido anteriormente avaliada/acompanhada.
Graças a um crescente intercâmbio e diálogo entre as equipas, a atitude dos
técnicos das maternidades face às grávidas consumidoras, que era no passado
muito culpabilizante, tem-se vindo a modificar, prevalecendo actualmente uma
postura de apoio e suporte, levando estas mulheres a procurarem mais
precoce e assiduamente os serviços.
16. “Programa Terapêutico com Metadona nas Farmácias” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
67
Descrição da Actividade
Período temporal: Esta actividade desenvolve-se durante todo o ano civil.
Acções: Disponibilização de Metadona em farmácias a utentes dependentes de
opiáceos.
Agentes: Equipas de Tratamento do IDT,I.P. e Profissionais das farmácias
aderentes ao Programa.
Destinatários: Utentes consumidores de opiáceos em tratamento com
Metadona.
Meios: Equipas de Tratamento dos serviços do IDT, I.P., 498 farmácias e 749
farmacêuticos.
Objectivos pretendidos: Tornar os serviços mais acessíveis aos utentes não
necessitando assim estes de se deslocarem diariamente às unidades do IDT,
I.P. pois as doses para tratamento são disponibilizadas por uma farmácia na
área de residência ou perto do local de trabalho.
Resultados alcançados
Avaliação com recurso a elementos quantitativos:
Desde o início do programa até 31 de Dezembro de 2009 integraram este
programa 498 farmácias, 749 farmacêuticos e 2433 utentes.
Das 498 farmácias, 226 seguiram 848 utentes em 2009 e à data de 31 de
Dezembro de 2009 estavam em programa de Metadona nas farmácias, 714
indivíduos, (mais 135 indivíduos que na mesma data em 2008), tendo sido de
24 meses o tempo médio de permanência em programa dos utentes activos.
Desde o início do programa até à data de 31 de Dezembro de 2009, 202
doentes tiveram alta, após cumprirem o esquema terapêutico de redução de
doses. No ano de 2009 foram realizadas 3 formações, abrangendo
farmacêuticos de 39 farmácias.
68
17. “Resposta às múltiplas necessidades dos utentes com problemas
associados aos consumos de substâncias psicoactivas, numa lógica de
proximidade ao cidadão e à comunidade” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Período temporal: Esta actividade decorre das necessidades dos utentes e
realiza-se durante todo o ano civil.
Acções:
O IDT, I.P. tem desenvolvido um intenso trabalho de mobilização de diferentes
actores dos sectores público e privado, criando uma rede de recursos de saúde
e sócio-sanitários com a qual se articula, quer através de protocolos formais,
quer através do estabelecimento de múltiplos acordos de cooperação, muitos
deles informais, ditados por uma experiência de boas práticas de articulação.
Agentes: Serviços do IDT, I.P.
Destinatários: Toda a população com problemas associados ao consumo de
álcool e drogas que procura tratamento nos serviços do IDT, I.P.
Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P. e parceiros
de outras instituições.
Objectivos pretendidos: Pretende-se promover boas práticas de integração de
cuidados de saúde à pessoa com problemas associados ao consumo de
substâncias psicoactivas lícitas ou ilícitas, a nível regional e local, que
possibilitem agilizar o seu tratamento na comunidade de pertença e evitem a
discriminação na utilização dos dispositivos de saúde.
Resultados alcançados
Avaliação com recurso a elementos quantitativos:
Durante o ano de 2009, foram assinados 27 novos protocolos, encontrando-se
em vigor 372 celebrados em anos anteriores e 724 articulações informais.
Avaliação com recurso a elementos qualitativos:
69
Existe uma grande diversidade de articulações e troca ou complementaridade
de serviços daí resultante, os quais permitem uma replicação de boas práticas
na prestação de serviços pelo IDT, I.P. e outras instituições, nomeadamente,
realização de consulta/serviço na área da toxicodependência ou alcoolismo,
prestação de cuidados de saúde específicos (infecciologia, odontologia, etc.) a
pessoas com problemas associados ao consumo de substâncias psicoactivas,
cedência de profissionais, instalações ou materiais do IDT, I.P. bem como da
área da Formação.
De salientar a elaboração e proposta à tutela da criação da rede de
referenciação alcoológica, integrada pelos diferentes serviços de saúde para os
quais deverão ser encaminhados os utentes com problemas ligados ao álcool,
de acordo com os seus diversos níveis de gravidade e de necessidades.
18. “Promoção de medidas que permitam facilitar o acesso aos diversos
programas de tratamento, gerindo os tempos de espera de acordo com critérios
éticos e científicos e as realidades locais” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Descrição da Actividade
Período temporal: Esta actividade decorre das necessidades dos utentes e
realiza-se durante todo o ano civil.
Acções: Redução dos tempos de espera para entrada em programa de
tratamento, nomeadamente para entrada nos programas de desabituação em
internamento, para primeira consulta, para programas terapêuticos com
Metadona e para comunidade terapêutica.
Agentes: Equipas dos serviços ambulatórios e de internamento do IDT, I.P.
Destinatários: Toda a população com problemas associados ao consumo de
álcool e drogas que procura tratamento nos serviços do IDT, I.P.
Meios: Mobilização das equipas técnicas dos serviços do IDT, I.P. e parceiros
de outras instituições.
70
Objectivos pretendidos: Facilitar o acesso aos diversos programas de
tratamento, minimizando os abandonos, diminuindo o sofrimento e melhorando
a qualidade de saúde das pessoas com problemas ligados ao consumo de
substâncias psicoactivas.
Resultados alcançados
Avaliação com recurso a elementos quantitativos:
Foi realizado a nível nacional junto das Equipas de Tratamento dos CRI
(Centros de Respostas Integrados) o levantamento dos tempos de espera para
diferentes programas de tratamento. Os dados obtidos são comparados com os
tempos de espera considerados razoáveis para cada um dos programas já
mencionados, sendo inferiores a estes em todos os casos.
A percentagem de atendimentos em primeira consulta nas ET (Equipas de
Tratamento) realizados em menos de 15 dias foi de 90% (6.636/7.406).
A percentagem de atendimentos em primeira consulta nas UA (Unidades de
Alcoologia), realizados em menos de 30 dias, foi de 98% (2.425/2.487).
Apresentaram tempos de espera médios aceitáveis para admissão 84% dos
programas de Metadona e 3 das 4 Unidades de Desabituação e todas as
Comunidades Terapêuticas.
19. “Segurança e Saúde do Trabalho e a Prevenção do Consumo de
Substâncias Psicoactivas: Linhas Orientadoras para Intervenção em Meio
Laboral” (MS)
Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (IDT), Ministério da Saúde.
Protocolo com a Autoridade para as Condições de Trabalho.
Descrição da Actividade
O documento referencia um conjunto amplo de direitos, liberdades e garantias
individuais na população trabalhadora, pretendendo-se que os conceitos e
71
conteúdos enquadradores do documento tenham aplicação em empresas e
instituições de média e grande dimensão, designadamente:
A acessibilidade aos serviços de saúde das empresas deve constituir um direito
inalienável de todos trabalhadores;
A problemática do consumo de substâncias psicoactivas como integrante das
políticas e programas de saúde das organizações;
A consideração que o problema do consumo de substâncias psicoactivas deve
ser entendido como uma questão de saúde e tratada como tal no que respeita
a todos os aspectos, nomeadamente: incapacidade temporária, subsídio de
doença e outros benefícios sociais;
A garantia da confidencialidade de toda a informação em todos os pontos do
processo de detecção de substâncias psicoactivas nos trabalhadores, bem
como no tratamento e na reabilitação;
A inexistência de qualquer forma de discriminação por parte dos empregadores
relativamente aos trabalhadores que se queiram sujeitar a tratamento, sendo-
lhes garantido o posto de trabalho e as mesmas oportunidades de promoção;
A condenação da criação de sanções à margem da lei, como seja considerar
justa causa de despedimento o mero consumo de substâncias psicoactivas em
si.
Resultados alcançados
A Comissão Nacional de Protecção de Dados aprovou o documento em sessão
plenária, através da Deliberação 890/2010, de 15 de Novembro.
A implementação deste Protocolo junto das entidades visadas está pendente
da aprovação das Senhoras Ministras da Saúde e do Trabalho e Solidariedade.
Cultura
1. LUGARES MÁGICOS, projecto desenvolvido pela Direcção Regional de
Cultura do Algarve/Ministério da Cultura, durante o ano de 2010 (MC)
Descrição da Actividade
72
Reconhecendo o pleno direito de todos os cidadãos à cultura, a Direcção
Regional de Cultura do Algarve promoveu, em parceria com Ateliers Educativos
– Atelier Educativo/Associação para o Desenvolvimento da Educação pela
Arte, no âmbito do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social,
um projecto que teve como premissa:(des)construir olhares e potenciar
diálogos entre a(s) nossa(s) identidade(s) e as práticas de criação artística e
que contribuísse para a educação e fruição de monumentos, por parte de
jovens em risco e/ou com mobilidade reduzida ou inadaptados.
Tratou-se de um projecto de educação artística e patrimonial que tomou como
lugar de reflexão e cenário de trabalho quatro monumentos nacionais, no
Algarve: Castelo de Paderne, Ruínas Romanas de Milreu, Monumentos
Megalíticos de Alcalar e Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe e teve como
objectivo proporcionar uma visão mais abrangente da arte, disponibilizando e
sensibilizando para a união das artes, na formação individual e do mundo.
Para o efeito, após selecção no território algarvio de alguns centros
temporários de crianças e jovens de risco em regime temporário e de uma
instituição destinada ao acolhimento de doentes físicos e mentais, convidou-se
um conjunto de tutores muito qualificados nas suas disciplinas - fotografia,
cerâmica, estampagem têxtil, dança e olaria - que, através da elaboração de
exercícios e objectivos, conceberam sessões de trabalho de grande riqueza de
materiais e de técnicas, sempre em ligação com o lugar e o contexto físico
onde decorreram os ateliers, culminando numa mostra dos trabalhos
realizados.
De salientar que no monumento da Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe
foram criadas condições para que jovens de mobilidade reduzida pudessem
desenvolver uma criação artística na área da dança.
As Associações envolvidas foram, designadamente para as Ruínas Romanas
de Milreu a Casa do Povo de Estói, Associação de Apoio à Rapariga (Centro
Temporário), de Faro e a Casa da Primeira Infância, em Loulé; para o Castelo
de Paderne o Lar da Gaivota, da St.ª Casa da Misericórdia de Albufeira; Ermida
de Nossa Senhora de Guadalupe o Núcleo de Educação da Criança
Inadaptada (NECI), de Lagos e para o Monumento Megalítico de Alcalar o Lar
de Crianças Bom Samaritano, Portimão.
73
Resultados alcançados
Nos 4 ateliers /4 monumentos foram convidados 4 formadores, envolvidas 7
Associações (1 Associação como produtora do projecto) e 48 jovens
formandos.
O balanço é muito positivo. Elevada participação, dedicação e entusiasmo,
foram de par com a introdução e problematização de novas formas de olhar e
integrar o património numa perspectiva de crescimento individual.
A iniciativa foi divulgada na pág. Web da Direcção Regional, teve reportagens
em jornais regionais e, para o ano de 2011, será editado um livro sobre o
desenvolvimento do projecto e os resultados obtidos, prevendo-se, também,
um seminário sobre a temática da inclusão pela arte.
Imigração
1. Projecto-Piloto Mediadores Municipais (ACIDI)
O Projecto-Piloto Mediadores Municipais é promovido pelo Alto Comissariado
para a Imigração e Diálogo Intercultural, Instituto Público na dependência
directa da Presidência do Conselho de Ministros.
Descrição da Actividade
O Projecto-Piloto Mediadores Municipais está a decorrer no terreno desde 1 de
Outubro de 2009 e encontra-se no seu segundo ano de execução.
Surgiu na sequência da análise positiva da actuação dos mediadores em
contextos multiculturais, com o objectivo de melhorar o acesso das
comunidades ciganas a serviços e equipamentos locais e promover a
comunicação entre comunidades ciganas e a comunidade envolvente, com
vista à prevenção de conflitos. Dirigido a todas as Câmaras Municipais de
Portugal continental que, tendo ciganos entre os seus habitantes,
reconhecessem a importância de estabelecer pontes para um diálogo
construtivo, o projecto visa colocar mediadores nos serviços das Câmaras
74
Municipais ou em iniciativas promovidas por estas, no âmbito de um programa
de formação em contexto de trabalho.
Os mediadores devem ser ciganos, residentes na área de intervenção da
autarquia ou concelhos limítrofes, sendo seleccionados pelos municípios. No
âmbito deste projecto, o Acidi coordena um conjunto de acções de formação
dirigidas aos mediadores em três grandes áreas – Leis e Normas Institucionais,
Mediação e Comunicação, com a transversalidade da Língua Portuguesa oral e
escrita. A formação pretende clarificar temas que oferecem maior dificuldade
ou que vêm complementar alguns conhecimentos já adquiridos pelos
mediadores.
No primeiro ano, o projecto contemplou quinze municípios: Lamego, Paredes,
Peso da Régua, Idanha-a-Nova, Aveiro, Coimbra, Marinha Grande, Sintra,
Amadora, Seixal, Setúbal, Sines, Beja, Moura e Vidigueira.
O Acidi participa com 75% dos vencimentos e os municípios com 25%,
estabelecendo-se uma parceria em que o Alto Comissariado, entidade
promotora, os municípios, entidades interlocutoras, e instituições da sociedade
civil, entidades gestoras, com quem são celebrados os contratos de trabalho
dos mediadores.
O Projecto contém vários projectos, todos diferentes, pela localização
geográfica, pelo contexto local e a respectiva comunidade cigana, pelo tipo de
questões que se colocam, pelo próprio mediador que, enquanto indivíduo, pode
ter sensibilidades diferentes, perante problemas idênticos.
A acção dos mediadores ciganos no terreno está ancorada no Plano de
Intervenção elaborado por cada mediador e o seu coordenador técnico e,
consoante o contexto local e as necessidades identificadas é feita a
intervenção nas áreas consideradas prioritárias.
O grupo dos mediadores é bastante diversificado: em termos de género, de
níveis etários, de experiência e também de habilitações académicas, na
generalidade, baixas.
Resultados alcançados
Através do seu Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas, o ACIDI tem
vindo a monitorizar a intervenção dos mediadores no terreno. Este gabinete
75
criou um instrumento de avaliação, mensalmente enviado pelos coordenadores
técnicos, onde constam os indicadores – número de atendimentos do
mediador, número de reuniões inter-institucionais e o número de actividades
em que o mediador esteve envolvido. Procura-se também saber, dentro das
actividades desenvolvidas, o tipo de actividades realizadas, os seus objectivos,
as entidades envolvidas e o número de intervenientes por entidade, a área/s de
intervenção e o número de destinatários envolvidos.
Para além de um dispositivo de avaliação interno, o Projecto conta ainda com
uma equipa de avaliação externa cujo o objectivo é dotar as entidades
envolvidas na concepção, implementação e execução do projecto, de dados
relevantes que permitam estabelecer um quadro de referência teórico e prático
para uma análise objectiva e aprofundada dos processos envolvidos nas
diferentes fases, analisar os resultados e impactes na inserção das
comunidade ciganas, nas competências dos mediadores e nas dinâmicas de
mudança dos contextos locais, bem como formular recomendações
estratégicas que possam servir de base à definição de futuras intervenções.
Na grande maioria dos municípios abrangidos as relações interinstitucionais
têm-se revelado profícuas, sendo prática corrente a solicitação do apoio do
mediador por parte dos vários Serviços.
O desenvolvimento da capacidade de iniciativa e de superar obstáculos foi
notório, tendo os mediadores, em muitos casos, proposto novas estratégias de
intervenção que se revelaram bastante adequadas, trazendo maior agilidade a
nível dos procedimentos com as comunidades ciganas.
De uma maneira geral a capacidade de comunicação destes mediadores é boa
e em alguns casos particulares notou-se uma melhoria considerável, fruto da
segurança que foram adquirindo, tanto pela intervenção positiva junto das
comunidades ciganas, como pela articulação com coordenadores técnicos e
instituições, cujo apoio e solicitação de partilha de sugestões, foi fundamental
nesta área.
Relativamente a indicadores de execução física entre 1 de Outubro de 2009 e
30 de Setembro de 2010, o Projecto envolveu 15 mediadores que realizaram
1501 atendimentos, 15 Municípios que, em conjunto com 128 parceiros,
promoveram 866 actividades, abrangendo um total de 21125 destinatários.
76
2. Serviço Tradução Telefónica (ACIDI)
Descrição da Actividade
Com o objectivo fazer face a eventuais barreiras de comunicação entre os
imigrantes e os serviços a que este recorrem, colocadas pelos
desconhecimento da Língua falada pelos imigrantes por parte de quem faz
esse atendimento, o ACIDI, I.P criou, em Junho de 2006, o Serviço de
Tradução Telefónica (STT). Este Serviço, c, que coloca em conferência
telefónica, o técnico da instituição prestadora de serviços, um tradutor e o
imigrante. Dotado de uma Bolsa de Tradutores6, o Serviço de Tradução
Telefónica dirige-se a todos os interlocutores portugueses que precisam de
comunicar com estrangeiros. Para os imigrantes usufruírem deste serviço,
apenas terão de ligar para a Linha SOS Imigrante.
Resultados alcançados
Dotado de uma bolsa de 53 tradutores que dominam, perfeitamente, para além
do Português, um ou mais idiomas, o Serviço de Tradução Telefónica dirige-se
a todos os interlocutores portugueses que precisam de comunicar com
estrangeiros. Em 2010, de acordo com os últimos dados foram disponibilizados
990 traduções telefónicas.
3. Programa Escolhas (ACIDI)
Descrição da Actividade
No ano de 2010, em Janeiro, deu-se o arranque da execução da 4.ª Geração
do Programa Escolhas (PE), um programa de âmbito nacional, que funciona
6 O STT dispõe de uma Bolsa de Tradutores, com 53 tradutores seleccionados para 60 idiomas, que vão desde o inglês, francês, passando pelo romeno ou russo, chinês, bengali, crioulos, árabe, japonês, entre outros.
77
junto do ACIDI, que visa promover a inclusão social de crianças e jovens
provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, entre os 6 e os
24 anos de idade, particularmente dos descendentes de imigrantes e minorias
étnicas, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão
social.
A 4.ª Geração, criada através da Resolução do Conselho de Ministros n.º
63/2009, de 23 de Julho, tem a duração de três anos (2010-2012), tendo sido
objecto de reforço financeiro com um orçamento de cerca de 32 milhões de
euros, com vista a apoiar um maior número de projectos (130 novos projectos e
10 projectos experimentais) e uma estimativa de envolvimento de 97.000
beneficiários em 5 áreas estratégicas de intervenção: Medida I, inclusão
escolar e educação não formal; Medida II, formação profissional e
empregabilidade; Medida III, dinamização comunitária e cidadania; Medida IV,
inclusão digital e Medida V, empreendedorismo e capacitação.
Resultados alcançados
Por sua vez, em Novembro de 2010, foi apresentada publicamente a avaliação
externa da 3.ª Geração do Programa Escolhas, realizada pelo Centro de
Estudos Territoriais do ISCTE. Foi destacado o seu impacto global no
desenvolvimento de competências pessoais e sociais, na capacidade de
promover o sucesso escolar e na inclusão digital como ferramentas para a
inclusão social.
Destacou-se, ainda, a capacidade deste Programa se ir adaptando e
flexibilizando, nas suas sucessivas gerações, aos desafios emanados pela
sociedade, bem como o contributo para a capacitação das organizações da
sociedade civil, através da sua co-responsabilização e mobilização efectiva.
Decorreram na terceira fase 121 projectos, em 71 concelhos do território
nacional. Através do modelo de consórcio já adoptado no Escolhas 2ª Geração,
o Programa Escolhas reuniu cerca de 780 instituições e 480 técnicos
abrangendo cerca de 81.695 destinatários.
4. Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (ACIDI)
78
Descrição da Actividade
Os Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAI) foram criados em Março
de 2004, primeiro em Lisboa e depois no Porto. Mais recentemente, em Abril
de 2009, foi aberta uma extensão do CNAI de Lisboa em Faro, na Loja do
Cidadão, sob a forma de Posto de Atendimento.
Os CNAI7 congregam e fazem cooperar, dentro de um mesmo espaço e com
idêntica filosofia de funcionamento (o modelo One-Stop-Shop), vários Serviços
governamentais, com intervenção em áreas relacionadas com o processo de
integração dos imigrantes (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras -
SEF/Ministério da Administração Interna; Segurança Social/Ministério do
Trabalho e da Solidariedade Social; Autoridade para as Condições de Trabalho
- ACT/Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; Conservatória dos
Registos Centrais/Ministério da Justiça; Ministério da Educação e da Saúde),
paralelamente a gabinetes específicos de apoio, criados pelo ACIDI IP, com
vista a dar resposta a necessidades concretas dos imigrantes, não
respondidas, na integra, pelos serviços existentes (Gabinetes de Apoio ao
Reagrupamento Familiar; Gabinete de Apoio Jurídico ao Imigrante, Gabinete
de Apoio Social, Gabinete de Apoio ao Emprego, Gabinete de Apoio Imigrante
ao Consumidor e Gabinete de Apoio à Qualificação).
Os CNAI têm sido alvo de reconhecimento enquanto boa prática, quer nacional
quer internacional, a saber:
Em 2004, no “Handbook on Integration for policy-makers and practitioners”8;
Em 2005, com o 1.º lugar pelo Prémio de Boas Práticas nos Serviços Públicos,
promovido pela Deloitte e pelo Jornal Económico;
Em 2008, na publicação da OCDE, “Jobs for Immigrants: Labour market
integration in Belgium, France, The Netherlands and Portugal”9;
7 Os CNAI funcionam de segunda a sexta-feira, normalmente, das 8:30 às 18:30. 8 Disponível, para download, em Português em http://ec.europa.eu/home-affairs/doc_centre/immigration/docs/handbook_1sted_pt.pdf e, em Inglês, em http://ec.europa.eu/home-affairs/doc_centre/immigration/docs/handbook_1sted_en.pdf.
79
O CNAI de Lisboa foi, ainda, o modelo para o Projecto Europeu “One-Stop
Shop: A New Answer for Immigrant Integration” Project (JLS/2006/INTI/148),
coordenado pelo ACIDI. 10
O atendimento nos CNAI é feito por mediadores socioculturais, colocados por
Associações de Imigrantes, que desempenham, assim, um papel inovador e
relevante ao constituir uma ponte cultural, linguística e afectiva com os utentes
dos Centros. Essa proximidade reflecte-se, também, ao nível da língua, uma
vez que nos CNAI, os mediadores falam cerca de 13 línguas e dialectos
diferentes. Para os casos em que a comunicação não é possível por
desconhecimento da língua/dialecto do utente, o ACIDI IP disponibiliza ainda,
através do Serviço de Tradução Telefónica, tradutores para mais de 50
línguas/idiomas.
Resultados alcançados
No decurso do ano 2010, os números dos atendimentos foram:
a) CNAI Lisboa – 181 865
b) CNAI Porto – 126 025
c) Extensão CNAI Faro – 27 238
Mais recente, o Relatório da Organização Internacional para as Migrações:
'The future of migration: building capacities for change', disponível em
http://acidi.gov.pt.s3.amazonaws.com/docs/2010/relatorio_avaliacao/RelatorioA
valiacao_2009_2010.pdf realçou o projecto como uma Boa Prática.
9 Para mais informações, ver
http://www.oecd.org/document/20/0,3343,en_2649_33931_41633620_1_1_1_37415,00.html. 10 Para mais informação sobre este projecto, ver http://www.oss.inti.acidi.gov.pt/index.php?lang=en ou http://www.oss.inti.acidi.gov.pt . No âmbito deste projecto, entre outras actividades relevantes, foi publicado um Manual sobre como implementar um One-Stop-Shop, disponível em http://www.oss.inti.acidi.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=140&Itemid=78&lang=en
80
5. Projecto Mediação Intercultural em Serviços Públicos (ACIDI)
Descrição da Actividade
Importa realçar que o projecto de “Mediação Intercultural em Serviços Públicos”
(MISP), referido anteriormente, lançado a 17 de Junho de 2009, visa a
colocação de agentes de mediação intercultural em serviços públicos ligados
ao processo de acolhimento e atendimento de imigrantes, com vista a integrar
a gestão da diversidade cultural em serviços de atendimento da administração
pública; afirmar o princípio da interculturalidade enquanto pilar de coesão
social; e, ainda, contribuir para a definição do perfil dos agentes de mediação.
Co-financiado pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países
Terceiros, congregou 11 parcerias, mais concretamente, dez associações de
imigrantes reconhecidas pelo ACIDI, I.P. e uma organização não
governamental com experiência no apoio à imigração: 3 localizadas no distrito
de Lisboa, 7 no distrito de Setúbal e 3 no distrito de Faro.
Resultados alcançados
O projecto possibilitou a colocação de 28 agentes de mediação intercultural em
25 serviços públicos: 15 em serviços de saúde, 8 em Câmaras Municipais e 1
em cada uma das seguintes áreas - habitação, emprego, segurança social,
educação e Policia de Segurança Pública.
6. Programa Português para Todos (MTSS)
Descrição da actividade
O Programa Português para Todos visa contribuir para o acolhimento e
inserção socioprofissional de imigrantes legalizados e tem como objectivo
desenvolver um conjunto de acções de formação em língua portuguesa e
português técnico.
81
Os percursos de formação respeitam a duas áreas de competência:
a) Língua portuguesa, que visa a aquisição e o reforço de competências no
domínio elementar da língua portuguesa, tendo por base o Referencial de
“Português para Falantes de Outras Línguas”, da responsabilidade do
Ministério da Educação e estruturado com base nos níveis comuns de
referência que resultam da adequação dos descritores do Quadro Europeu
Comum de Referência para as Línguas Estrangeiras;
b) Português técnico, que tem por objectivo a aquisição e o reforço de
competências técnicas, favorecedoras do exercício e da melhoria do
desempenho profissional, tendo por base um conjunto de referenciais técnicos
concebidos pelo IEFP, IP, sendo abrangidas quatro áreas de actividade
profissional, nas quais se regista uma mais elevada taxa de empregabilidade
dos públicos imigrantes (Comércio, Restauração, Cuidados de Beleza e
Construção Civil e Engenharia Civil).
O então designado, Programa Portugal Acolhe foi criado em 2001 pelo
Ministério do Trabalho – Secretaria de Estado do Emprego e Formação, como
um contributo para a Política de Imigração no âmbito das atribuições da
Comissão Interministerial para o Acompanhamento das Políticas de Imigração.
Neste sentido foi conferido ao IEFP, IP, a responsabilidade de operacionalizar
as Medidas de Formação preconizadas para este Programa, contando para a
sua implementação, com a rede de Centros de Emprego e Centros de
Formação Profissional, em associação com outros organismos com
competência técnica e vocação específica para a integração de populações
imigrantes.
Tendo decorrido uma primeira fase experimental em 2001, com a
implementação de um conjunto de acções-piloto, a generalização das Medidas
de Formação e o seu alargamento a toda a rede de Centros do IEFP, IP,
ocorreu a partir de Dezembro do mesmo ano.
Em 2008 foram promovidas medidas que visavam o alargamento e adequação
do Programa Portugal Acolhe ao público-alvo e desenvolvimento de programas
de formação em língua portuguesa especializados para determinados
contextos profissionais que exigem um vocabulário próprio.
82
Com a entrada em vigor do QREN, a gestão do eixo 6, tipologia 6.6 “Formação
em Língua Portuguesa para Estrangeiros” é atribuída ao ACIDI, na qualidade
de organismo intermédio do POPH, responsável pela iniciativa de divulgação
nacional do Programa “Português para Todos” (designação que veio substituir
a de Portugal Acolhe) que integra acções de formação em língua portuguesa e
português técnico, a promover pelos Centros de Formação Profissional do
IEFP, IP, mas também pela Rede de Escolas do Ministério da Educação.
Em meados de 2010, com a publicação no Catálogo Nacional de Qualificações
das Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD) de língua portuguesa, a
utilizar neste Programa, a estrutura curricular universalmente adoptada passou
a apresentar 6 UFCD sequenciais de 25 horas cada, estruturadas em dois
níveis de proficiência (A1 e A2) num total de 150 horas.
Resultados alcançados
Em 2009 foram abrangidos 2236 imigrantes, tendo-se atingido um grau de
execução de 119% (a meta de abrangidos para esse ano era de 1891
imigrantes). A maioria dos imigrantes abrangidos são de nacionalidade
ucraniana, moldava, romena e russa. Em 2010 (dados provisórios) foram
abrangidos por esta formação 1783 imigrantes.
Igualdade
1. Modelo de Sinalização – Identificação-Integração das Vítimas de Tráfico de
Seres Humanos (CIG)
A Coordenação pertence à Presidência do Conselho de Ministros com o
envolvimento, em especial, do Ministério da Administração Interna, Ministério
da Justiça, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social e ONG.
Descrição da Actividade
83
O modelo de sinalização-identificação-integração das vítimas de tráfico teve
como objectivo criar um mecanismo padronizado e estruturado de intervenção
e apoio às vítimas de Tráfico de Seres Humanos. Dentro desse quadro, foi
criada uma harmonização de condutas e mecanismos entre os diversos actores
envolvidos, tais como, as forças de segurança e as ONG. Nesse sentido a
sinalização (que surge a partir do momento em que é identificada uma possível
vítima) tem como elementos essenciais o preenchimento do: “Guia Único de
Registo (GUR)”, por parte dos Órgãos de Polícia Criminal, ou do “Guia de
Sinalização (GS)”, por parte de ONG. Qualquer pessoa ou instituição pode
sinalizar uma vítima de tráfico, existindo igualmente uma linha de apoio.
Através desses dados procede-se posteriormente à confirmação dos factos e à
recolha de mais informação no sentido de se proceder à sua identificação como
vítima. Com o processo de identificação, é iniciada uma resposta de integração
que pode ser implementada em Portugal (através de programas oficiais
existentes), ou no seu país de origem (caso seja essa a sua vontade), em
coordenação com estruturas internacionais e do seu país de origem.
Período temporal, Acções, Agentes, Destinatários, Meios, Objectivos
pretendidos
Teve início em meados do ano de 2008
Agentes - Órgão de Polícia Criminal, ONG, outras instituições e qualquer
pessoa em geral.
Destinatários/as - Vítimas de Tráfico de Seres Humanos (pretende-se promover
a sua protecção, apoio e integração.
Resultados alcançados
Avaliação, se possível com recurso a elementos quantitativos (vg. Número de
pessoas abrangidas), bem como qualitativos (vg. Feedback dos destinatários).
ANO DE 200911
Sinalização de vítimas – 85 – (69 por via do GUR e 16 pelo GS)
Identificação – 7
Sexo das vítimas sinalizadas – 61 femininas e 19 masculinas –
11
Dados do Relatório Anual de Segurança Interna - MAI
84
Confirmadas - 6 femininas e 1 masculina
Quanto ao acolhimento de situações sinalizadas, 10 casos foram acolhidos no
CAP (Casa Abrigo para Vítimas de Tráfico de Seres Humanos).
Juventude
1. Eu Dou a Cara (contra a Pobreza, pelos ODM, pelos Direitos Humanos) - IPJ
Promotores: CNJ e Campanha Pobreza Zero
Parceiros: Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto; Instituto
Português da Juventude, Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão
Social , Ano Internacional da Juventude.
Financiamento: Sem financiamento. Recursos Humanos CNJ
Data de realização: De 17 de Outubro 2010 - actualidade
Local/Meio de realização: Internet e redes sociais
Público-alvo: jovens cidadãs e cidadãos residentes em Portugal; organizações
públicas e privadas, organizações de juventude, sociedade civil.
Descrição da actividade
Em Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social e perante um dos
maiores desafios globais de todos os tempos – o combate à pobreza rumo à
sua erradicação – o CNJ e a Campanha Pobreza Zero lançaram o Projecto EU
DOU A CARA no Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza. Alicerçado
nas novas tecnologias, meio privilegiado de acesso a um conjunto alargado e
diversificado de pessoas, ultrapassando barreiras físicas, este projecto em
contínuo crescimento e construção, pretende que um número assinalável de
organizações e pessoas não hesitem em “Dar a Cara” Contra a Pobreza, pelo
Alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, pelos Direitos
Humanos, deixando inclusive o seu testemunho e o seu contacto para criar
uma rede de “Agentes contra a Pobreza”. O site www.eudouacara.org funciona
como lugar de encontro e de partilha entre cidadãos/ãs comprometidos/as com
o combate à pobreza e nele podem ser encontradas as caras, os seus
testemunhos, vídeos e uma brochura informativa com dados qualitativos e
85
quantitativos sobre pobreza, que pode ser descarregada e cujo objectivo é a
multiplicação.
Participantes: Neste momento (Dezembro 2010) este projecto conta já com a
participação de mais de 300 pessoas e cerca de vinte organizações que deram
a cara contra a Pobreza.
Resultados obtidos/esperados
Este projecto contou logo nos seus primeiros dias com a adesão de vários
cidadãos e organizações que, dando a cara, assumiram o seu compromisso
em contribuir no combate à pobreza. O projecto Eu dou a Cara teve bastante
visibilidade mediática na imprensa escrita, rádios e televisão com uma
entrevista do presidente do CNJ no canal TVI 24. Este projecto teve um dos
seus pontos altos no dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos
Humanos, com o I Fórum de Educação para os Direitos Humanos e Diálogo
Intercultural e para o qual todos os que deram a cara foram convidados. Ele
continua a ser enriquecido com novos testemunhos, novas caras, novos
conteúdos, sendo objectivo das entidades promotoras continuar com este
projecto ao longo de 2011, desenvolvendo esta plataforma, de modo a que ela
possa conter novos e diversificados conteúdos envolvendo os seus
participantes.
2. I Fórum Educação para os Direitos Humanos e Diálogo Intercultural (IPJ)
Promotores: CNJ e Campanha Pobreza Zero
Parceiros: Amnistia Internacional; Ano Internacional da Juventude; Ano
Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social
Financiamento: Fundação Europeia para a Juventude do Conselho da Europa;
Aliança Internacional CIVICUS
Data de realização: 10 a 12 de Dezembro 2010
Local/Meio de Realização: Fórum em formato residencial, Hotel Roma, Lisboa
Público alvo: Educadores, Facilitadores e Formadores, Trabalhadores com
jovens, jovens activistas; líderes juvenis, (jovens) trabalhadores do terceiro
86
sector; jovens interessados nos temas, decisores públicos e políticos nas áreas
da educação e formação, juventude, direitos humanos.
Descrição da actividade
O I Fórum em EDHDI realizado em formato residencial aliou conferências,
grupos de trabalho e programa social, colocando em rede actores e projectos
na área da EDHDI. “Pobreza e Exclusão Social: violação aos direitos
humanos”; “EDHDI na Europa e no Mundo”; “Diálogo Intercultural e
Interreligioso” e “EDHDI em Portugal: situação e desafios” foram os temas das
conferências. Para além do mais, e no âmbito da Educação para os Direitos
Humanos (EDH), este foi um espaço em que os temas de “Igualdade de
Género, Sexismo e Homofobia”; “A EDHDI em contexto escolar”; “O papel das
organizações de juventude na EDH” e “A EDH e Deficiência” foram os temas
de quatro grupos de trabalho orientado por facilitadores da Bolsa de
Formadores do CNJ. Teve o seu início no Dia Internacional dos Direitos
Humanos – Dia 10 de Dezembro
Participantes: Juntou 75 educadores e formadores, trabalhadores com jovens,
líderes juvenis, jovens activistas, académicos, decisores públicos e políticos e
jovens interessados nestes temas. Muitos dos participantes eram ou foram
membros de organizações de juventude de âmbito nacional e/ou regional e
local.
Resultados obtidos/esperados
Este Fórum foi rico em aprendizagens, partilha de saberes, de experiências e
em construção conjunta. O facto de aliar conferências, grupos de trabalho e
programa social e cultural foi muito apreciado pelos participantes, bem como o
facto de este Fórum decorrer em formato residencial. Este foi também
enriquecido com a presença de resource person; com a Biblioteca de Direitos
Humanos através da qual os presentes puderam tomar contacto com um
conjunto de livros e recursos pedagógicos na área da EDHDI; com o Open
Space - espaço para apresentação de projectos – em que foram apresentados
4 projectos de intervenção; com a Banca de Materiais de organizações e com a
87
Exposição do Instituto de Apoio à Criança sobre os direitos das crianças.
Resultaram dos quatro grupos de trabalho, linhas de acção concretas e
caminhos a seguir. Sendo este Fórum um dos pontos altos da Campanha Eu
dou a Cara, no dia 10 de Dezembro, os presentes associaram-se à Campanha
Internacional Barefoot Against Poverty, descalçando-se contra a pobreza. O
Secretário de Estado da Juventude e do Desporto -Dr. Laurentino Dias -
gravou, no Fórum, um vídeo de apoio a esta campanha e a Secretária de
Estado para a Igualdade - Dr.ª Elza Pais - também a ela manifestou o seu
apoio. Ambos estiveram presentes no Fórum. O CNJ colocou em contacto os
participantes e irá agora documentar e partilhar com os demais todos os inputs
deste Fórum através, nomeadamente, de uma publicação online a ser
divulgada em meados de Fevereiro 2011.
3. Kit Pedagógico sobre Género e Juventude. Educação não-formal para o
mainstreaming de género na área da juventude (IPJ)
Promotores: Rede de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre
Mulheres e Homens
Parceiros: Conselho Nacional de Juventude, Instituto Português da Juventude,
I.P
Financiamento: Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género
Data de realização: 2010
Local/Meio de realização: 1000 exemplares. Será também disponibilizado
online
Público alvo: líderes e sócios de associações juvenis, organizações que
desenvolvem trabalho junto de jovens, grupos informais de jovens, e entidades
públicas com responsabilidades na área da juventude, de forma a incluir a
dimensão de género nas suas práticas e culturas organizacionais
Descrição da actividade
O Kit Pedagógico Género e Juventude encontra-se estruturado em torno de
sete temáticas: igualdade de género; sexualidades; violência; participação e
88
cidadania; educação e emprego; comunicação, media, linguagem e imagem; e
direitos humanos.
No início de cada temática é facultada alguma informação de natureza mais
teórica.
Passa-se, então, para um conjunto de dinâmicas adstritas às temáticas. Cada
dinâmica comporta um conjunto de palavras-chave a serem exploradas no
decurso da implementação da dinâmica; uma breve introdução sintética do
conteúdo; os seus objectivos, a dimensão desejável do grupo, a duração da
dinâmica e os materiais/equipamento/logística necessários. Explana-se, em
seguida, o desenvolvimento da dinâmica e, por último, algumas observações
em jeito de tópicos de discussão, sugestões e/ou derivações da dinâmica.
O Kit Pedagógico Género e Juventude recorre à educação não-formal, tendo-a
como um instrumento particularmente eficaz para a participação activa, o
desenvolvimento de competências pessoais, sociais, cívicas e profissionais e o
potenciar de aprendizagens reflexivas
Resultados obtidos/esperados
A promoção e efectivação da igualdade entre raparigas e rapazes são
propósitos mais do que pertinentes, nomeadamente num contexto de educação
não formal e de aprendizagem cívica. Foi a escassez de instrumentos que
promovam a inclusão da dimensão e perspectiva de género no contexto do
associativismo juvenil que motivou este projecto, o qual visa, essencialmente,
contribuir para o mainstreaming de género nas associações juvenis, nos grupos
formais e informais de jovens e no trabalho que algumas entidades públicas e
privadas desenvolvem com jovens. Pretende-se objectivamente dotá-las de um
instrumento capacitador, permitindo abordar e trabalhar, de forma transversal,
os diferentes aspectos e as várias dimensões relacionadas com o género e a
igualdade de homens e mulheres. Pretende-se, ainda e desta forma, contribuir
para a construção de culturas e práticas organizacionais inclusivas do género.
Foi assim criado um instrumento de educação não-formal, apelativo e fácil de
utilização, a ser disponibilizado gratuitamente a um conjunto de organizações
de juventude, grupos informais de jovens, entidades públicas trabalhando com
jovens.
89
No seio do CNJ, este recurso será facultado às nossas organizações membro e
associadas bem como à nossa bolsa de formadores.
4. Projecto Roteiro 3456 (IPJ)
Promotor: O Conselho Nacional de Juventude é parceiro do Projecto Roteiro
3456 - Igualdade, Saúde, Cidadania e Desenvolvimento, promovido pela
Associação para o Planeamento da Família, com o apoio do Instituto Português
de Cooperação e Desenvolvimento (IPAD) e o Fundo das Nações Unidas para
a População (UNFPA). São também parceiros a Associação das Nações
Unidas de Portugal e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Financiamento: IPAD e Fundo das Nações Unidas para a População
Data de realização: Julho de 2010 a Julho de 2011
Local/Meio de realização: Portugal continental - de âmbito nacional, esta
campanha incidiu com particular relevância em cinco regiões: Norte, Centro,
Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
Descrição da actividade
O Roteiro 3456 é composto por diversas actividades e materiais, visando
contribuir para que a indignação mobilize vontades, iniciativas e mudanças que
começam pela consciência e tomada de posição de cada um de nós na escola,
na rádio, na televisão, na bancada do parlamento, no gabinete, em casa, nos
espaços públicos. Com vista a sensibilizar a população em geral e os decisores
técnicos e políticos para a necessidade de se cumprirem os compromissos
internacionais assumidos na Cimeira do Milénio (2000), esta campanha de
advocacy produziu: 4 postais (alusivos aos ODM 3, 4, 5 e 6 – referentes à
promoção da Igualdade de Género, melhoria da Saúde Materna, redução da
Mortalidade Infantil e prevenção do VIH/SIDA), que foram distribuídos no
circuito postal free e através das redes dos parceiros, posteriormente entregues
à Assembleia da República; 4 folhas de dados, referentes aos mesmos ODM, a
serem distribuídas pelas redes dos parceiros; 8 vídeos (de 1 minuto) com a
temática dos 8 ODM, para serem disponibilizados online; 5 seminários
90
regionais com a participação da Academia, sociedade civil, peritos e decisores
políticos da Cooperação; 1 estudo sobre os ODM na Ajuda Pública ao
Desenvolvimento portuguesa; 1 conferência internacional de encerramento (a
ter lugar em 2011) e a Premiação de peças jornalísticas sobre a temática dos
ODM (3, 4, 5 e 6) escritas no segundo semestre de 2010.
Público-alvo: Jovens Líderes; Decisores Técnicos e Políticos; Parlamentares;
população em geral.
Resultados obtidos/esperados
Após a recolha de assinaturas em postais alusivos aos principais desafios dos
ODM, os parceiros do Roteiro 3456 foram recebidos em audiência parlamentar,
Comissão Parlamentar de Saúde da Assembleia da República, no Dia
Internacional para a Eliminação de todas as formas de violência contra as
mulheres, 25 de Novembro.
O evento visou a apresentação do projecto e a entrega dos postais assinados
pelo povo português entre Setembro e Novembro de 2010. O Roteiro 3456 foi
aplaudido por todas as bancadas parlamentares, com o reconhecimento de que
as áreas da Saúde Sexual e Reprodutiva e da Igualdade de Género são
centrais na promoção do desenvolvimento. Ficou a promessa de se tomarem
acções futuras em breve, com base nas premissas do estudo e do projecto
apresentados.
Os seminários regionais produziram recomendações e reflexões que serão
integradas numa declaração final a ter voz na conferência internacional.
Esperamos mobilizar vontades para que os orçamentos sejam coerentes e
permitam a consistência de políticas e programas sobre os ODM na
Cooperação Portuguesa.
5. Publicação estatística “Jovens, Objectivos de Desenvolvimento do Milénio,
Direitos Humanos e Saúde Sexual e Reprodutiva” (IPJ)
91
Promotor: O Conselho Nacional de Juventude em parceria com a Associação
para o Planeamento da Família e o Fundo das Nações Unidas para a
População (UNFPA)
Financiamento: Fundo das Nações Unidas para a População
Data de realização: Agosto de 2010
Local/Meio de realização: Brochura estatística
Descrição da actividade
Inserida na campanha internacional “Countdown 2015 Europe”, para o acesso
universal aos serviços de saúde reprodutiva, promovida em Portugal pela APF,
foi produzida uma brochura, com dados estatísticos, de âmbito internacional
sobre os jovens, ODM, Direitos Humanos e Saúde Sexual e Reprodutiva.
Público-alvo: Jovens Líderes; Decisores Técnicos e Políticos; Parlamentares;
população em geral.
Resultados obtidos/esperados
Com esta brochura, o CNJ, a APF e o FNUAP visam a difusão de um
conhecimento actualizado e aprofundado sobre os jovens, os ODM e as
questões de saúde sexual e reprodutiva.
A brochura será distribuída pelas redes dos parceiros e têm como objectivo
sensibilizar os jovens, as organizações juvenis, as pessoas/entidades que
trabalham com os jovens, os decisores técnicos e políticos e parlamentares
para a temática. Ambicionamos assim, que leis, programas e iniciativas de
apoio aos jovens sejam baseadas nas situações reais experienciadas pelos
jovens.
6. Escola de Desenvolvimento Juvenil – IV Formação de Formadores em
Educação Direitos Humanos - IPJ
Promotor: Conselho Nacional de Juventude, em parceria com a Associação
Académica do Minho
92
Financiamento: Conselho da Europa
Data de realização: 6 a 14 de Novembro de 2010
Local/Meio de realização: Póvoa de Lanhoso, Braga
Descrição da actividade
O evento teve as seguintes finalidades: promover o desenvolvimento de
competências dos participantes acerca da Educação para os Direitos Humanos
(EDH), a nível local e nacional em Portugal; capacitar os participantes para
serem multiplicadores da EDH, especialmente em actividades educativas a
nível nacional e local, organizadas pelo CNJ, organizações membro ou outras
associações juvenis, Instituto Português da Juventude e/ou sistema escolar;
promover a ENF e a versão Portuguesa do Compass – Farol, nomeadamente
no espaço do associativismo juvenil e no contexto de educação formal como a
Universidade do Minho. Representou uma oportunidade para capacitar as
nossas organizações membros e outras associações juvenis para
desenvolverem actividades de Educação para os Direitos Humanos e de
Educação Não Formal em Portugal. São também oportunidades únicas para
desenvolver parcerias entre o CNJ, as associações juvenis e diversas
instituições das áreas da Juventude e Educação.
Público-alvo: jovens e trabalhadores juvenis que estão em condições de agir
como “multiplicadores” para uma filosofia socio-educacional baseada na
participação, numa democracia pluralista e inclusiva, na aprendizagem
intercultural e direitos humanos, num contexto global.
Resultados obtidos/esperados
O CNJ e a sua Bolsa de Formadores são reconhecidos nacionalmente bem
como a nível europeu e internacional pela sua qualidade, profissionalismo e
abordagem educativa. Para correspondermos a esta expectativa e visão acerca
do nosso trabalho, é importante a conceptualização na área da Educação Não
Formal e entrar no debate a nível nacional e europeu de reconhecimento de
competências nesta área. Pensamos que é bastante positivo a abertura que
existe neste projecto, bem como noutras actividades, a outras organizações
93
juvenis (não membro) e até a entidades públicas e outras, com trabalho
desenvolvido na área da Juventude. Ter tal diversidade de experiências e
perfis, nomeadamente na Formação de Formadores em Educação para os
Direitos Humanos (FFEDH), permite não só mapear o que se faz nesta área
em Portugal bem como promover o próprio Conselho Nacional de Juventude, a
sua Bolsa e a sua visão e filosofia de trabalho. O formato residencial das
formações permitiu um processo pedagógico mais completo e reflexivo,
promovendo um desenvolvimento de competências também pessoais e sociais.
Desta EDJ e da FFEDH, saíram pessoas motivadas e prontas para se
envolverem e dedicarem mais a esta área, quer através do efeito multiplicador
que terão no seu contexto, quer pela participação no Fórum de Educação para
os Direitos Humanos e Diálogo Intercultural bem como na própria Bolsa do
CNJ.
7. Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento – II Escola de
Jovens Líderes da CPLP (IPJ)
Promotor: Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Comissão Europeia,
Fórum Europeu de Juventude, Federação Cabo-verdiana de Juventude,
Conselho Nacional de Juventude de Portugal, Fórum de Juventude da CPLP
Financiamento: Conselho da Europa, Comissão Europeia, Cooperação
Luxemburguesa, Governo de Cabo Verde, União Pan-africana de Juventude,
IPAD, CPLP.
Data de realização: 4 a 12 de Julho
Local/Meio de realização: Cabo Verde
Descrição da actividade
A II Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento teve por missão
criar um espaço para o debate e reflexão; a promoção de políticas de juventude
e da acção afirmativa dos jovens; a educação global e sensibilização para o
desenvolvimento; a formação e educação não formal; bem como para o diálogo
intercultural e inter-regional no âmbito da cooperação juvenil euro-africana. É
94
também um espaço para o acompanhamento da Cimeira da Juventude África-
Europa e para a preparação da II Cimeira da Juventude África-Europa.
Fazem parte da II Universidade Africana de Juventude e Desenvolvimento: a II
edição do Curso de Formação para Jovens Líderes da Diáspora Africana na
Europa; o II Seminário Residencial – Curso de Formação de Longo Prazo para
formadores no âmbito da Cooperação Juvenil África-Europa (promovido pelo
Centro Norte-Sul do Conselho da Europa); o Fórum Nacional de Juventude
sobre a Carta Africana da Juventude (promovido pela Federação Cabo-
verdiana da Juventude e Ligas Juvenis locais); um evento de “Reforço da
cooperação entre organizações juvenis em África” (promovido pela Delegação
Regional Africana do World Scout Bureau e outras organizações juvenis
internacionais parceiras) e a Escola de Jovens Líderes da CPLP e do Sul da
Europa (promovido pelo CNJ).
O principal objectivo da segunda edição da Escola de Líderes da Juventude da
CPLP foi proporcionar um espaço para a partilha de experiências e a reflexão
sobre as prioridades entre os Conselhos do Sul da Europa (SYC) e o Fórum da
Juventude da CPLP (FJ-CPLP), a fim de desenvolver uma agenda comum no
âmbito da parceria estratégica UE-África e os processos globais de juventude.
Nomeadamente: a participação em eventos como a Conferência Mundial da
Juventude; a cooperação inter-regional Europa - África - América Latina e
Caraíbas; o acompanhamento da Cimeira de Juventude África Europa; a
cooperação regional e os direitos da juventude; a cooperação internacional na
África; bem como o acompanhamento da cooperação no âmbito das
estratégias de formação e educação não formal entre membros SYC e FJ-
CPLP.
Público-alvo: jovens líderes e educadores que trabalham ou visam trabalhar no
âmbito da coopreação euro-africana.
Participantes: 100 jovens participantes da Europa e de África.
Resultados obtidos/esperados
O evento, realizado no seguimento da Cimeira de Juventude África-Europa,
produziu uma declaração que foi lida e entregue ao Presidente da República de
Cabo Verde, dirigida aos Chefes de Estado e de Governo com assento na III
95
Cimeira UE-África. O texto dispõe preocupações e recomendações com vista à
melhoria do enquadramento para a cooperação juvenil euro-africana e das
condições de vida dos jovens europeus, africanos e jovens migrantes (Diáspora
africana).
Comunicação Social
1. Prémio de Jornalismo “Direitos Humanos & Integração” (MAP)
Entidades promotoras: Gabinete para os Meios de Comunicação Social
(GMCS), na dependência do Ministro dos Assuntos Parlamentares, e Comissão
Nacional da Unesco (CNU), inserida no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Descrição da Actividade
Atribuição de um prémio anual a jornalistas que tenham produzido trabalhos
jornalísticos em temáticas relacionadas com os direitos humanos, exibidos em
meios de comunicação social escritos e audiovisuais, cuja divulgação tenha
ocorrido no ano civil anterior.
Última edição – 2010:
A apreciação dos trabalhos jornalísticos dos candidatos e a decisão sobre os
galardoados coube a um júri independente presidido pelo Dr. Guilherme de
Oliveira Martins, tendo o 1º prémio de cada categoria recebido a quantia de
€3.000. Foram também atribuídas menções honrosas.
A cerimónia pública em que foram anunciados os resultados realizou-se a 18
de Junho, no Palácio Foz, tendo sido premiados os seguintes candidatos:
- Imprensa – o 1º prémio foi atribuído a Ricardo Rodrigues pela peça “Pobres
como Nós”, publicada na revista “Notícias Magazine” do DN e JN, tendo sido
atribuída uma Menção Honrosa a São José Almeida, pela peça
“Homossexuais, o Estado Novo dizia que não havia mas perseguia-os”,
publicada na revista Pública” do Público;
Rádio – o 1º prémio foi atribuído a Maria Augusta Casaca, pela peça “O
Silêncio dos Dias”, emitida na TSF, tendo sido atribuída uma Menção Honrosa
96
a Rita Colaço pela peça “Os Três Mosqueteiros de Bulenga”, emitida na Antena
1; e
Meios Audiovisuais – o 1º prémio foi atribuído a Margarida Abreu Metello pela
peça “Esta é a Nossa Rua”, emitida na RTP, tendo sido atribuída uma Menção
Honrosa a Sofia Arêde, Jorge Pelicano e Marco Carrasqueira pela peça
“Mentes Inquietas”, emitida na SIC.
Objectivos:
Aumentar o nível de consciencialização dos cidadãos em geral para os direitos
humanos e promover o respeito pelos mesmos; Estimular e distinguir a
qualidade de trabalhos jornalísticos que abordem, de forma rigorosa e
apelativa, questões relacionadas com os direitos humanos, designadamente
dos que visam a protecção de grupos da população mais vulneráveis a
situações de exclusão social; Dar visibilidade a realidades menos conhecidas
da comunidade em geral, permitindo uma melhor compreensão e um novo
olhar, mais inclusivo, sobre as situações relatadas.
Resultados alcançados
A média das candidaturas dos últimos três anos situa-se nos 71 trabalhos
jornalísticos, o que se pode considerar uma adesão com significado. Apesar de
não haver uma avaliação sobre o impacto da atribuição do prémio que permita
mensurar os efeitos verificados em concreto, quer ao nível da
consciencialização da população para as questões dos direitos humanos quer
ao nível do respeito dos mesmos pelos cidadãos, é inquestionável que a
atribuição do prémio tem contribuído para colocar a questão dos direitos
humanos na agenda mediática e, por essa via, tem contribuído para que se
façam progressos na prossecução dos objectivos visados.
2. Código de Conduta (MAP)
Entidade promotora: Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS),
na dependência do Ministro dos Assuntos Parlamentares
97
Descrição da Actividade
Elaboração e adopção de um Código de Conduta aplicável a todos os
colaboradores, colocando, em documento assinado por todos, os valores e
princípios que devem orientar a actividade profissional que cada um
desenvolve, assumindo preocupações no que respeita à inclusão, ao respeito
pela diversidade, à promoção da conciliação da vida profissional com a vida
pessoal e familiar, na busca de um equilíbrio entre a valorização pessoal e
profissional dos colaboradores e reflectindo preocupações em matéria de
protecção ambiental.
Objectivos:
Promover, junto dos colaboradores, a reflexão e a afirmação de princípios de
responsabilidade social, estimulando a sua aplicação no exercício da actividade
profissional;
Valorizar os colaboradores e as colaboradoras enquanto pessoas, no
pressuposto de que deve ser promovida a conciliação da vida profissional com
a vida pessoal e familiar de cada membro do GMCS.
Resultados alcançados
A iniciativa é bastante recente, pelo que ainda não é possível adiantar
informação sobre o seu impacto.
98
ANEXOS
99
Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2010
100
101
Regulamento interno da Comissão
(Presidência e Membros)
1. A Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH) é presidida pelo
representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que se poderá fazer
substituir pelo respectivo suplente ou, em caso de simultâneo impedimento
deste, pelo representante do Ministério seguinte na ordem estabelecida no
decreto-lei que aprova a orgânica do Governo.
2. Os representantes efectivos podem fazer-se substituir, em caso de
impedimento, pelos suplentes, circunstância em que estes assumirão
responsabilidade pelas deliberações tomadas durante as reuniões em que
participem.
3. Todos os representantes que compõem a Comissão serão co-responsáveis
pelas diversas fases do processo e pela prossecução dos seus objectivos,
através da participação assídua nas reuniões da Comissão e da prestação
atempada da informação sectorial indispensável, sempre que tal for solicitado
pela Comissão.
4. Para a concretização do estipulado no número anterior, os membros
designados que compõem a Comissão serão responsáveis, com carácter
sistemático, pela produção de documentos e pela participação nas acções
decididas no âmbito daquela.
(Deliberações)
5. Com excepção do previsto no número 6, a CNDH delibera por maioria
simples dos votos dos membros presentes, dispondo o Presidente de um voto
qualificado em caso de empate.
6. A CNDH delibera por unanimidade as propostas de vinculação do Estado
Português a instrumentos internacionais em matéria de direitos humanos, nos
termos do n.º 2, alínea e) da Resolução do Conselho de Ministros nº 27/2010, e
as propostas de decisões sobre encargos financeiros, nos termos do n.º 17 da
mesma Resolução.
102
(Secretariado Executivo)
7. O Secretariado Executivo da CNDH incluirá de forma permanente o
Ministério dos Negócios Estrangeiros, acompanhado, de acordo com as
matérias em causa, por outras entidades que a Comissão designar.
8. Compete ao Secretariado Executivo:
a) Redigir o relatório de cada reunião da Comissão, bem como o resumo
das acções a desenvolver na sequência das mesmas;
b) Assegurar a difusão dos elementos de informação indispensáveis ao
bom funcionamento das reuniões da Comissão;
c) Preparar, sob mandato da Comissão, propostas concretas para
assegurar o cumprimento das obrigações internacionais em matéria
de direitos humanos;
d) Dar seguimento às deliberações da Comissão;
e) Redigir o relatório anual de actividades da Comissão.
(Subcomissões e Grupos de Trabalho)
9. Os membros da CNDH poderão designar outros representantes para integrar
as Subcomissões e os Grupos de Trabalho referidos no n.º 14 da Resolução do
Conselho de Ministros nº 27/2010.
10. Os resultados do trabalho desenvolvido por aquelas Subcomissões e
Grupos de Trabalho terão que ser aprovados pela Comissão.
(Participação da sociedade civil)
11. A CNDH reunirá com composição alargada aos representantes da
sociedade civil que trabalhem na área dos direitos humanos, nos termos do n.º
8 da Resolução do Conselho de Ministros nº 27/2010, pelo menos uma vez por
ano.
(Periodicidade)
12. Para a concretização das suas atribuições, a CNDH realizará uma reunião
trimestral, sem prejuízo de outras reuniões de carácter extraordinário sempre
que se afigure conveniente para o eficaz cumprimento da sua missão, podendo
103
estas ser convocadas por iniciativa do Presidente ou a pedido de qualquer um
dos representantes.
(Local das reuniões)
13. As reuniões da CNDH realizar-se-ão nas instalações do Ministério dos
Negócios Estrangeiros.
104
Lista dos representantes na Comissão
Entidade Nome Data da
alteração Cargo
Contactos (telefone/ e-mail)
Ministério dos Negócios
Estrangeiros
Dr. Pedro Lourtie
(Membro efectivo)
Dr. Rui Vinhas
(Membro suplente)
01/03/2011
Secretário de Estado dos Assuntos Europeus
Subdirector-Geral de Política Externa
21 393 8301 [email protected]
v.pt
Ministério da Defesa
Nacional
Dr. Marcos Perestrello (Membro efectivo)
Dr. Luís Faro
Ramos (Membro suplente)
Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos
Assuntos do Mar
Director Geral de Política de Defesa Nacional
21 303 86 33 marcos.perestrello
@mdn.gov.pt
Ministério da Administração
Interna
Dr. José Manuel Conde
Rodrigues (Membro efectivo)
Dr. Ricardo
Carrilho (Membro suplente)
Secretário Estado Adjunto e da Administração
Interna
Director da Área de Relações Internacionais
da Direcção Geral de Administração Interna
21 323 20 00 91 346 05 95
21 394 71 20 ricardo.carrilho@d
gai.mai.gov.pt
Ministério da Justiça
Dr.João de Assunção
Ribeiro (Membro efectivo)
Dr. João
Arsénio de Oliveira
(Membro suplente)
Director do Gabinete de Relações Internacionais
da Direcção-Geral de Política de Justiça
Subdirector do Gabinete de Relações
Internacionais da Direcção-Geral de Política
de Justiça
21 792 40 30 [email protected]
Ministério do Trabalho e da Solidariedade
Social
Dra. Virgínia Brás Gomes
(Membro efectivo)
Dra. Odete Severino (Membro suplente)
Assessora Principal da Direcção Geral da Segurança Social
Chefe de Equipa das Relações Internacionais
do Gabinete de Estratégia e Planeamento
21 381 73 00 virgínia.b.gomes@
seg-social.pt
21 115 50 46 odete.severino@g
ep.mtss.gov.pt
105
Ministério da Saúde
Dra. Rita de Brito Gião (Membro efectivo)
Dra. Ana Veiga
Correia (Membro suplente)
Adjunta da Ministra da Saúde
Assessora do Alto Comissariado da Saúde
21 330 51 62 [email protected].
pt
Ministério da Educação
Prof. Doutor Alexandre Ventura (Membro efectivo)
Dra. Alexandra
Marques (Membro suplente)
Secretário de Estado Adjunto e da Educação
Directora Geral para a Inovação e o
Desenvolvimento Curricular
21 781 18 00 alexandre.ventura
@me.gov.pt
21 393 45 05 [email protected]
Ministério da Cultura
Dra. Joana Cardoso (Membro efectivo)
Dra. Carla Velez (Membro suplente)
Directora Geral do Gabinete de Planeamento,
Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais
Subdirectora-Geral do Gabinete de Planeamento,
Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais
21 324 19 30 91 708 30 96
96 682 85 05 carla.velez@gpeari
Alto Comissariado
para a Imigração e o
Diálogo Intercultural
Dr. Bernardo Sousa
Director do Alto
Comissariado para a Imigração e o Diálogo
Intercultural
21 810 61 01 bernardo.sousa@a
cidi.gov.pt
Comissão para a Cidadania e a Igualdade de
Género
Dra. Teresa Fragoso
01/01/2011 Presidente da Comissão
para a Cidadania e Igualdade de Género
21 798 30 00 teresa.fragoso@cig
.gov.pt
Instituto Português da
Juventude
Dra. Helena Alves
(Membro permanente)
Arq. João Paulo
Bessa (Membro suplente)
Presidente do Instituto Português da Juventude
21 317 94 34 [email protected]
Gabinete do Ministro dos
Assuntos Parlamentares
Dra. Margarida Pimenta
Outubro 2010
Directora Adjunta para o Gabinete de Comunicação
Social
21 392 05 00 margarida.pimenta
@gmcs.pt
À data de 15.04.2011
106
Programa da 3.ª reunião da Comissão
III Reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
Lisboa, 31 de Março de 2011
14h00 – Recepção dos participantes
14h30 – Início dos trabalhos
Abertura
Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie
15h00 – I Painel: Portugal e a promoção internacional dos Direitos Humanos
A agenda de Direitos Humanos e o mandato de Portugal no Conselho de
Segurança das Nações Unidas
Subdirector-Geral de Política Externa do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, Rui Vinhas
O Tratado de Lisboa e as novas oportunidades para defesa e promoção
dos Direitos Humanos na Europa e pela Europa
Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Denis
Huber
15h30 – Debate
16h15 – Coffee break
16h30 – II Painel: Direitos Humanos em Portugal
Casos de boas práticas em Portugal
Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado, Joana
Gomes Ferreira (em representação do Procurador-Geral da República)
16h45 – Debate
17h30 – Conclusão dos trabalhos
Encerramento
Provedora-Adjunta de Justiça, Helena Vera-Cruz Pinto (em
representação do Provedor de Justiça)
107
Lista de inscritos e participantes da sociedade civil na 3.ª reunião
Nome
Telefone
Fax
Notas
Abraço – Associação de Apoio a Pessoas com VIH/SIDA
217 997 500
217 997 599
[email protected] [email protected] [email protected]
Dra. Paula Policarpo Vice-Presidente (91 914 80 71)
Associação para a Cooperação entre os Povos
217 950 175
217 950 176
Dra. Fátima Proença
Associação de Defesa dos Direitos Humanos
213 648 171
[email protected] [email protected]
Dra. Andreia Gonçalves Técnica Superior de Politica Social / Coordenação de Projecto
Amnistia Internacional
213 861 652
213 861 782
[email protected] [email protected]
Dr. Victor Nogueira, membro dos Órgãos Sociais (96 655 55 73)
AGIR XXI – Associação para a Inclusão Social
218 595 421
218 595 421
[email protected] [email protected]
Dra. Joana Amaro da Costa (91 316 23 13)
Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
213 587 900
218 876 351
Dr. João Lázaro, Director Executivo Dra. Joana Ruivo
Associação Portuguesa de Deficientes – Sede
213 889 883 213 871 311 932 653 007
213 871 095
[email protected] [email protected]
Dr. Humberto Fernando Simões Presidente da Direcção Nacional da Associação Portuguesa de Deficientes
Associação para o Planeamento da Família
213 853 993
213 887 379
[email protected] [email protected]
Dra. Sara Duarte
Associação de Escoteiros de Portugal
213 639 339
213 623 722
[email protected] www.escoteiros.pt
Nelson Raimundo, Chefe nacional
Associação Novo Olhar 244 833 268
Ana Patrícia Quintanilha Nobre; Maria João Gandara
Associação Salvador
213 184 851
213 572 260
[email protected] [email protected]
Salvador Mendes de Almeida
108
Associação Bem Sorrir
214 194 405
214 194 405
[email protected] [email protected]
Dra. Alexandrina Batalha
Associação Mulher Migrante – Assoc. de Estudo, Cooperação e Solidariedade
213 909 417 218 484 76
Dra. Isabel Lopes da Silva – Presidente (96 625 30 95)
Associação Nacional de Mulheres Empresárias
213 150 323
213 150 311
[email protected] [email protected]
Dra. Anabela Pereira da Silva (96 425 06 34)
Associação Portuguesa de Mulheres Juristas
217 594 499
217 594 124
[email protected] [email protected]
Margarida Blasco Desembargadora (96 986 30 57)
Associação de Apoio à criança – Nariz Vermelho
213 618 256
[email protected] [email protected]
Dra. Beatriz Quintela
Associação de Mulheres contra a Violência
213 802 160
213 802 160
Drª Margarida Medina Martins – Vogal da Direcção (96 252 22 72)
Associação ILGA Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero
218 873 918 917 005 410
218 873 922
[email protected] [email protected]
Sara Martinho
Associação Jovem Valor
219 172 137 916 157 998
Dr. Francisco Pereira Presidente da Direcção
Associação PAR - Respostas Sociais
210 935 349
210 935 349
[email protected] [email protected]
Dr. Amândio Rodrigues Presidente
Associação para o Estudo e Integração Psicossocial
218 453 580
[email protected] [email protected]
Teresa Duarte Presidente da Direcção
Associação Passo a Passo
213 622 793
213 622 794
Dra. Andreia Pereira
Associação Portuguesa das Nações Unidas
Dra. Mónica Ferro Directora de Projectos
CAIS
218 369 000
218 369 019
[email protected] [email protected]
Henrique Pinto
Caritas Portuguesa
218 454 220
218 454 221
[email protected] [email protected]
Eugénio Fonseca Presidente
109
Centro ABCREAL Portugal
[email protected] [email protected]
Dra. Albertina Marçal (96 404 27 47)
Centro de Direitos Humanos da Universidade de Coimbra
239 824 478
239 836 309
[email protected] [email protected]
Dra. Carla Gomes (966 889 667)
Centro de Estudos para a Intervenção Social – CESIS
213 845 560
213 867 225
[email protected] [email protected]
Dra. Elsa Figueiredo Assistente Social (964 339 313)
Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados
218 824 076 218 823 550
218 862 403
Dr. Jerónimo Martins Presidente
Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português
218 427 020
218 427 039
Dra. Carla Simões
Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes
218 394 970
218 394 979
José Reis Presidente da Direcção
Comissão para a Liberdade Religiosa
Dra. Ester Mucznik
Comissão Nacional da Pastoral da Saúde
217 931 435 217 961 303
217 954 212
Mons. Vítor Feytor Pinto
Comité Português da UNICEF
213 177 500 213 177 511
213 547 913
Dra. Madalena Marçal Grilo -Directora Executiva
Conselho Português para os Refugiados
218 314 372
218 37 5072
Mónica d'Oliveira Farinha Coordenadora Jurídica
Crescerser – Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família
214 527 377
214 527 379
[email protected] [email protected]
Dra. Fátima Serrano 96 213 30 66
Crinabel
213 943 350
213 943 359
[email protected] [email protected]
Dra. Maria Cristina Ferro Mealha Vogal de Direcção e Directora Técnica
110
do Lar Residencial
Cruz Vermelha Portuguesa
213 913 924
213 913 993
[email protected] [email protected]
Diana Castela Araújo
Espaço T - Associação para Apoio à Integração Social e Comunitária
226 081 919
225 431 041
[email protected] [email protected] [email protected]
Dr. Jorge Oliveira Presidente – 919805009 e Lúcia Leite
European Business Ethics Network – EBEN
933 480 357 969 510 251
Dra. Ana Varela Responsável pelo grupo de interesse de direitos humanos e negócios
Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral
217 525 016
[email protected] [email protected]
Prof. António Barata (91 705 67 16)
Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais
210 168 465
Tânia Costa (Técnica da Federação) e Fátima Monteiro (Vice-Presidente da Direcção
Federação Nacional das Cooperativas de Solidariedade Social
217 112 580
217 112 581
Prof. Rogério Cação
Fraternidade das Instituições de Apoio ao Recluso
219 242 326
219 242 326
Dra. Sílvia Sousa Pinto Vogal da Direcção (91 914 26 00)
Federação Nacional de Associações Juvenis
222 007 767
222 007 868
[email protected] [email protected]
Dra. Ana Cristina Martins (91 919 11 06)
Federação Portuguesa das Associações de Surdos
214 998 308
214 998 310
Paulo Garcia – Director Geral
Fundação Calouste Gulbenkian
217 823 000
217 823 021
Drª. Isabel Mota
Fundação de Assistência Médica Internacional
218 362 124
218 362 199
[email protected] [email protected]
Dra. Luísa Nemésio Secretária-Geral
111
Fundação Instituto Marquês de Valle-Flôr
213 256 300 213 256 304
213 471 904
[email protected] [email protected]
Dra. Hermínia Ribeiro Dra. Ana Teresa Santos
Fundação João XIII – Casa do Oeste
261 422 790
261 422 790
Dr António Ludovino Secretário Conselho de Administração
Fundação Pro Dignitate
213 929 310
213 970 279
Dra. Maria Barroso Soares, Presidente
Gabinete do Agente do Governo junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
213 820 306 213 820 360
Dra. Ana Garcia Marques
GRAAL
220 130 078
[email protected] [email protected]
Paula Cristina Pereira Sarreira
Instituto de Apoio à Criança
213 617 880
213 617 889
[email protected] [email protected]
Dra. Dulce Rocha, Presidente Executiva do IAC (91 979 42 11)
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
218 473 865
218 473 866
Dra. Isabel Patrício Vice-Presidente do IED
Inst. das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus
217 125 110 217 108 153 961 541 749 (Irmã Isabel Morgado)
217 125 119
[email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected]
Dra. Patrícia César Dra. Paula Marques
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
962 522 422
[email protected] [email protected]
Dra. Maria Francisca Saraiva
Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária
213 957 831 213 907 206
213 907 206
Rita Leota
JRS Portugal
217 552 790 217 530 624
217 552 799 217 530 624
[email protected] [email protected] [email protected] [email protected]
Dr. Roque Martins (membro direcção) 937 541 620 Dra. Filipa Louro (Coordenadora do Centro Pedro Arrupe) 938 483 992
Liga Portuguesa Contra a SIDA
213 225 575 213 225 576
213 479 376 213 465 973
[email protected] [email protected]
Dra. Maria Eugénia Saraiva, Presidente Ana Filipa Santos
Médicos do Mundo
213 619 520 213 619 521
213 619 529
Dr. Ricardo Brilhante Dias
112
NOUNI – Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento
217 968 241
217 966837
Dr. José Almeida de Carvalho Vice-Presidente
Núcleo de Estudos para a Paz da Universidade de Coimbra
239 855 593
239 855 589
[email protected] [email protected] [email protected]
Dra. Tatiana Moura Dra. Daniela Nascimento, Prof. Auxiliar da Faculdade de Economia
O Companheiro
217 155 757
217 160 018 217 160 069
Dr. José Brites Director
Obra Católica Portuguesa das Migrações
218 855 470
218 855 469
[email protected] [email protected]
Fr. Francisco Sales Diniz Director
Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos
218 855 468 218 855 466
218 855 467
Francisco Monteiro
OIKOS - Cooperação e Desenvolvimento
218 823 630
218 823 635
[email protected] [email protected]
Dr. João José Fernandes Director Executivo
Olho Vivo – Associação para Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos
214 353 810 214 366 483
Dra. Flora Silva Presidente (919 735 939)
Paramédicos de Catástrofe Internacional -
217 966 378
217 966 378
Bruno José dos Reis Ferreira - Presidente
Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres
[email protected] [email protected] [email protected]
Dra. Margarida Marcelino Marques (96 266 98 50) e Ana Coucello (96 440 05 84)
Proatlântico – Associação Juvenil
935 109 389
214 218 417
Dr. Nuno Chaves
Rarissimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras
217 786 100
Dr. Jorge Nunes (91 727 17 28)
Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal
225 420 800
225 403 250
Agostinho Jardim Moreira
Saúde em Português
239 702 723
239 705 186
Dra. Ana Figueiredo
113
SOS-Racismo
217 552 700
217 552 709
José Falcão (91 911 62 69)
TESE – Associação para o Desenvolvimento da Tecnologia, Engenharia, Saúde e Educação
213 868 404
213 868 405
[email protected] [email protected]
Dra. Piedade Coruche (91 265 24 59) e Dr. Henrique Gomes
União de Mulheres Alternativa e Resposta 218 873 005 218 884 086
[email protected] [email protected]
Dra. Catarina Moreira e Dra. Carla Kristensen (91 927 03 17)
União das Misericórdias Portuguesa
218 110 559 218 110 540
218 121 324
[email protected] [email protected]
Dr. Paulo Moreira (96 951 09 85)
114
Resumo das intervenções nos debates da 3.ª reunião
A 3.ª reunião da Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH) teve
lugar no dia 31 de Março, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas,
em Lisboa. Esta reunião da CNDH contou, pela primeira vez, com a
participação de representantes da sociedade civil, em conformidade com o
disposto no artigo 8.º da Resolução do Conselho de Ministros nº 27/2010.
A reunião foi presidida por S. Exa. o Secretário de Estado dos Assuntos
Europeus (SEAE), Dr. Pedro Lourtie, e contou com a participação dos
representantes efectivos e/ou suplentes dos Ministros da Presidência (MP),
Defesa Nacional (MDN), Administração Interna (MAI), Justiça (MJ), Trabalho e
Solidariedade Social (MTSS), Saúde (MS), Cultura (MC) e Assuntos
Parlamentares (MAP). Estiveram ainda representadas mais de 60 organizações
da sociedade civil (cf. lista anexa).
A reunião desenvolveu-se em torno de dois painéis dedicados aos seguintes
temas:
1) Portugal e a promoção internacional dos Direitos Humanos; e
2) Direitos Humanos em Portugal.
Na intervenção introdutória, S. Exa. o SEAE (cf. esta e restantes intervenções
dos oradores em anexo a este relatório) mencionou a criação da CNDH no
contexto do exame nacional à situação de direitos humanos no nosso país, que
teve lugar a 4 de Dezembro de 2009, no âmbito do Mecanismo de Revisão
Periódica do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UPR).
Adiantou ainda que Portugal anunciou recentemente a sua candidatura a
membro do Conselho de Direitos Humanos para o período 2014-2017.
No âmbito do 1.º painel, a intervenção do Subdirector-Geral de Política Externa
do MNE foi dedicada à agenda internacional de Direitos Humanos e ao
mandato de Portugal no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
115
De seguida tomou a palavra o Director Executivo do Centro Norte-Sul do
Conselho da Europa, que abordou o tema das novas oportunidades em termos
de defesa e promoção dos direitos humanos na Europa proporcionadas pelo
Tratado de Lisboa.
O 2.º painel foi dedicado à temática dos Direitos Humanos em Portugal tendo a
Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado da Procuradoria-
Geral da República feito uma intervenção inicial.
Seguiu-se um debate muito participado, durante o qual os representantes das
organizações da sociedade civil tiveram oportunidade de apresentar os seus
pontos de vista, críticas e preocupações relativamente aos temas em debate e
ao próprio funcionamento e actividades da Comissão. A maioria das
intervenções sublinhou a importância de a CNDH manter abertos os canais de
comunicação com a sociedade civil.
De seguida se elencam as principais questões/recomendações formuladas
durante o debate:
Relativas ao funcionamento e actividades da CNDH:
Aumentar a periodicidade das reuniões da CNDH com as organizações
da sociedade civil;
Promover a inclusão na CNDH de um representante do Ministério com a
tutela da área da Habitação (o Ministério do Ambiente no actual
Governo);
Conferir à CNDH um papel de fiscalização quanto ao cumprimento dos
direitos humanos;
Importância de ser considerada a possibilidade de dispor de indicadores
sobre o cumprimento de direitos humanos que possam ser
monitorizados;
116
Criação de um Portal para os Direitos Humanos com informação
sistematizada;
Assegurar a participação das ONGs no processo de elaboração do 3.º
relatório periódico sobre a implementação da Convenção sobre os
Direitos da Criança: proposta de criação de uma sub-comissão da
CNDH para as crianças;
Assegurar o follow-up do UPR, nomeadamente através da elaboração
de um relatório intercalar, garantindo-se a participação das ONGs neste
processo.
Relativas à situação de Direitos Humanos em Portugal:
Privilegiar parcerias entre entidades públicas e privadas envolvidas na
defesa e promoção dos direitos humanos em Portugal, incluindo
administração central e local, ONGs, sector académico e outros
organismos privados;
Promover uma mais ampla divulgação dos instrumentos internacionais
de Direitos Humanos ratificados por Portugal, com vista a uma maior
sensibilização para os mesmos;
Contribuir para a correcção do défice na divulgação e descodificação
dos instrumentos de direitos humanos para crianças e jovens;
Promover a integração dos direitos humanos nos currículos escolares e
a implementação da Estratégia Nacional de Educação para o
Desenvolvimento;
Incrementar a formação das forças de segurança sobre matérias de
direitos humanos e maior vigilância em relação a casos de tortura;
Assegurar que as políticas de integração de imigrantes não excluam
pessoas em situação irregular;
Promover a reflexão sobre a questão da atribuição do direito ao voto aos
imigrantes;
Combater a discriminação de comunidades ciganas, nomeadamente no
que respeita ao acesso à habitação;
117
Assegurar a aplicação da legislação em vigor sobre tráfico de seres
humanos;
Assegurar resposta adequada ao problema da violência doméstica;
Encarar a pobreza como violação de direitos humanos;
Assegurar a implementação da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência;
Apostar na reabilitação e intervenção intensiva para pessoas com
perturbações de desenvolvimento, nomeadamente autismo. Promover a
sensibilização para questões de saúde mental enquanto problema de
saúde pública.
Agenda Internacional de Direitos Humanos:
Garantir uma maior coerência entre os princípios de respeito e
promoção dos direitos humanos inscritos na Carta das Nações Unidas e
a acção dos Estados no quadro internacional;
União Europeia deve assumir as suas responsabilidades no quadro
promoção e protecção dos direitos humanos também no interior das
suas fronteiras, nomeadamente no que respeita ao tratamento das
questões de imigração e de minorias, incluindo as comunidades ciganas;
Assegurar respeito dos direitos humanos por empresas multinacionais a
actuar no estrangeiro e relevância nesta matéria do mecanismo de
queixas da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico);
Incluir a protecção e promoção dos direitos humanos no mandato da
MINURSO (Missão das Nações Unidas para o referendo no Saara
Ocidental);
Registar a disponibilidade do Centro de Direitos Humanos da
Universidade de Coimbra para partilhar trabalhos investigação na área
das crianças e conflitos armados;
Apelo a que Portugal contribua para que a representação no Conselho
de Direitos Humanos das Nações Unidas seja limitada aos países que
efectivamente respeitam os direitos humanos;
118
Registada o carácter incipiente da Estratégia Nacional para Acção
Humanitária;
Importância de promover a reflexão sobre as questões do direito à água
e ao saneamento e do direito à alimentação no âmbito da ajuda pública
ao desenvolvimento.
Após o debate, S. Exa. o SEAE congratulou-se com o elevado nível de
participação na discussão e a qualidade das intervenções.
Lembrou que a missão da CNDH, nos termos da resolução do Conselho de
Ministros que a criou, consiste, no essencial, em: 1) assegurar a coordenação
ministerial em matéria de direitos humanos no plano internacional e interno; 2)
efectuar a monitorização do seguimento dado pelos vários Ministérios às
obrigações que decorram do plano internacional em matéria de direitos
humanos, designadamente através de propostas de adopção de medidas
necessárias ao cumprimento das obrigações assumidas no plano externo; 3)
propor a vinculação do Estado Português a instrumentos internacionais em
matéria de direitos humanos, bem como a adopção de legislação interna; 4)
promover a divulgação nacional e internacional de boas práticas nacionais; e 5)
divulgar a temática dos direitos humanos em território nacional.
Acrescentou que não obstante a protecção e promoção dos direitos humanos
caber aos diferentes Ministérios, a CNDH congregava representantes das
entidades relevantes e daí o seu valor acrescentado. Por esse motivo, as ideias
e preocupações manifestadas nesta ocasião tinham, de imediato, sido
escutadas pelas entidades competentes e seriam objecto de análise pela
CNDH.
O SEAE considerou indispensável manter o diálogo com a sociedade civil
sobre estas matérias. Referindo-se, em particular, ao follow-up do UPR,
anunciou a intenção de entregar, no próximo ano, um relatório intercalar sobre
a implementação das recomendações aceites pelo nosso país. À semelhança
do que já sucedeu aquando da preparação do relatório nacional do UPR sobre
119
a situação de direitos humanos em Portugal, em 2009, estaria também prevista
a consulta às organizações da sociedade civil.
Relativamente à periodicidade das reuniões da CNDH com a sociedade civil,
referiu que o regulamento interno da Comissão previa que esta reunisse com
composição alargada aos representantes da sociedade civil, pelo menos uma
vez por ano, pelo que poderia vir a ser considerado útil a realização de
encontros adicionais, parecendo-lhe desejável que estes tivessem uma
periodicidade semestral. Concordou também com a proposta de incluir na
Comissão um representante do Ministério do Ambiente que tutela a Habitação.
O encerramento dos trabalhos esteve a cargo da Provedora de Justiça Adjunta,
na qualidade de representante do Provedor de Justiça, instituição nacional de
direitos humanos.
120
Textos das intervenções dos oradores na 3.ª reunião
(Só o texto lido faz fé)
121
Intervenção do Secretário de Estado dos Assuntos Europeus
Senhor Presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Prof.
Dr. João Bilhim,
Senhora Provedora de Justiça Adjunta, Dra. Helena Vera-Cruz Pinto,
Senhora Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado da
Procuradoria-Geral da República, Dra. Joana Gomes Ferreira,
Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, Dr.
Denis Huber,
Senhor Subdirector-Geral de Política Externa do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, Dr. Rui Vinhas,
Representantes na Comissão Nacional para os Direitos Humanos,
Representantes das Organizações e Associações da Sociedade Civil,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Quero começar por dar as boas vindas à terceira reunião da Comissão
Nacional para os Direitos Humanos, que é também a primeira reunião da
Comissão aberta à participação dos representantes da sociedade civil.
Devo admitir que esta sessão estava inicialmente prevista para ter lugar no
Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas ao verificar, com satisfação, o
elevado número de organizações que aceitou o convite para participar nesta
reunião constatámos que a teríamos de realizar noutro local.
É, por isso, de inteira justiça que as minhas primeiras palavras se dirijam ao
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, na pessoa do seu Presidente,
Prof. Dr. João Bilhim, pela disponibilidade prontamente demonstrada para nos
acolher neste Instituto e neste auditório.
122
O facto de esta reunião se realizar não num edifício governamental mas numa
universidade, numa escola, não deixa também de ser simbólico da abertura
que se pretende com a realização desta sessão.
Para mais, numa faculdade cujo trabalho académico e de investigação em
matéria de Direitos Humanos é conhecido e reconhecido.
Quero também agradecer aos nossos oradores. Tenho a certeza de que a sua
qualidade e as suas intervenções estimularão uma ampla troca de ideias em
cada um dos painéis.
Por último, e muito em especial, quero deixar uma palavra de apreço a todos
os que aderiram a esta sessão. Aos representantes de organizações não-
governamentais, associações, universidades e outros parceiros da sociedade
civil ligados à defesa e promoção dos Direitos Humanos que aceitaram debater
as questões ligadas aos Direitos Humanos, de forma aberta, com
representantes do Estado e do Governo.
Um debate franco e aberto é, precisamente, o objectivo desta primeira reunião
alargada a representantes da sociedade civil, e desse debate espero que todos
possam retirar conclusões positivas para a sua actividade, em particular para o
trabalho das instituições governamentais na defesa dos Direitos Humanos e
tendo em vista o objectivo de manter Portugal na linha da frente internacional
da promoção dos Direitos Humanos.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Como saberão, a Comissão Nacional para os Direitos Humanos foi criada em
Abril do ano passado, com o objectivo de permitir uma abordagem integrada
dos Direitos Humanos e a concertação da acção de entidades públicas com
competências nesta matéria.
Por um lado, a Comissão pretende assumir-se como um fórum de coordenação
da actividade dos departamentos da administração pública em matéria de
123
Direitos Humanos. Estão representados na Comissão – e também nesta
reunião – os ministérios responsáveis pelos Negócios Estrangeiros, Defesa,
Administração Interna, Justiça, Trabalho e Solidariedade Social, Saúde,
Educação, Cultura, Imigração, Igualdade, Juventude e Comunicação Social.
No âmbito deste pilar do trabalho da Comissão Nacional para os Direitos
Humanos, que é o da coordenação das entidades públicas, destacam-se, como
funções desta Comissão, a preparação da posição nacional nos organismos
internacionais em matéria de Direitos Humanos, bem como o acompanhamento
do cumprimento por Portugal das obrigações decorrentes de instrumentos
internacionais nesta área.
Mas por outro lado, esta Comissão pretende também ser um interface de
diálogo sobre estas matérias com a sociedade civil, tendo em vista a
identificação de boas práticas e a promoção de uma cultura de cidadania,
alicerçada no respeito pelos Direitos Humanos.
Isto decorre da Resolução do Conselho de Ministros que criou esta Comissão,
a qual prevê que possam ser convidados a participar nas suas reuniões
representantes de organizações não-governamentais e outros elementos da
sociedade civil. E isso mesmo ficou reflectido no regulamento interno da
Comissão que estabelece que, em cada ano, pelo menos uma reunião seja
aberta à participação da sociedade civil.
Atribuímos, pois, a maior importância a um diálogo regular com a sociedade
civil, no âmbito desta tarefa comum de aprofundar a promoção e a protecção
dos Direitos Humanos. Diálogo que naturalmente não substitui, mas é
complementar aos contactos e diálogo que existem em áreas particulares da
promoção e defesa dos Direitos Humanos.
Ao nível da implementação dos compromissos internacionais em matéria de
Direitos Humanos, a sociedade civil tem vindo a ser envolvida através da
auscultação feita, em particular às ONGs, no âmbito do relatório nacional
124
apresentado no contexto do exercício de Revisão Periódica Universal do
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Recordo que com a criação do Conselho de Direitos Humanos, em 2006, todos
os Estados-Membros das Nações Unidas passaram a ser avaliados em matéria
de Direitos Humanos, a cada quatro anos, no âmbito de um mecanismo
intergovernamental de revisão pelos seus pares. Portugal sujeitou-se, pela
primeira vez, em Dezembro de 2009, a este exame onde teve oportunidade de
apresentar um relatório sobre o estado de cumprimento das nossas obrigações
internacionais na matéria e debatê-lo com os nossos parceiros internacionais
em sessão aberta.
Uma das principais recomendações que nos foi feita nessa ocasião consistia,
precisamente, na criação de uma Comissão Nacional para os Direitos
Humanos – recomendação com a qual concordámos plenamente e que
implementámos.
Outro exemplo de diálogo com a sociedade civil foi o convite feito a
representantes da sociedade civil para participarem, em Novembro último, na
conferência de apresentação do Plano Nacional para Aplicação da Resolução
1325 das Nações Unidas sobre Mulheres e Conflitos Armados. Portugal voltou
a demonstrar pioneirismo em matéria de Direitos Humanos, ao ser um dos
primeiros países a adoptar um plano nacional sobre esta temática.
A minha convicção é de que todos têm a ganhar com uma interacção
substantiva com os representantes da sociedade civil, e um dos resultados que
esperamos ao institucionalizar este diálogo através da Comissão Nacional é
fazer com que o diálogo se torne mais amplo e assuma, nesse formato, um
carácter regular.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
125
Preparámos para esta reunião um programa de trabalhos que quisemos que
fosse actual e abordasse quer a vertente externa quer a vertente interna dos
Direitos Humanos.
O primeiro painel abordará dois temas relativos à vertente externa da defesa e
promoção dos Direitos Humanos – um no plano global das Nações Unidas e
outro no âmbito regional da União Europeia.
A primeira intervenção a cargo do Dr. Rui Vinhas, subdirector-geral de Política
Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, versa sobre “A agenda de
Direitos Humanos e o mandato de Portugal no Conselho de Segurança das
Nações Unidas”, onde procurará expor o que pode ser o contributo de Portugal
em matéria de Direitos Humanos no âmbito do Conselho de Segurança.
Como é sabido, Portugal assumiu, no passado mês de Janeiro, um lugar de
membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, após
uma campanha renhida, onde disputávamos o lugar com a Alemanha e o
Canadá, e onde a nossa eleição confirmou que Portugal é, na cena
internacional, um país com grande credibilidade, respeitado pelos seus
parceiros, com uma política externa coerente e consistente, e que dispõe de
uma capacidade especial de interlocução junto dos variados parceiros
internacionais.
O facto de terem sido esses os trunfos da nossa bem sucedida campanha, e
não a dimensão do país nem a sua capacidade económica – domínios onde
claramente o peso dos nossos concorrentes é muito superior – baliza o nosso
mandato no Conselho de Segurança.
Para além de se representar a si próprio no Conselho de Segurança, Portugal
deve representar os valores – que são também os valores perenes da sua
política externa - do direito internacional e do Estado de direito, da paz e da
segurança, e dos Direitos Humanos.
126
Tem sido essa a postura do Portugal democrático no seio das Nações Unidas e
é também com essa coerência que Portugal anunciou recentemente a sua
candidatura ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para o
triénio 2014-2017. Candidatura que nos deve mobilizar a todos aqui presentes
como mais uma oportunidade para reforçarmos um lugar central na promoção
e defesa dos Direitos Humanos.
Ainda neste primeiro painel, o Director do Centro Norte-Sul do Conselho da
Europa, Dr. Denis Huber, falar-nos-á sobre “O Tratado de Lisboa e as novas
oportunidades para defesa e promoção dos Direitos Humanos na Europa e
pela Europa”.
O Centro Norte-Sul, que está sediado em Lisboa, comemorou, no ano passado,
o seu 20.º aniversário. Não posso deixar de me referir ao crescente dinamismo
do Centro Norte-Sul na promoção dos valores sobre os quais se funda o
Conselho da Europa, nomeadamente Direitos Humanos, Democracia e Estado
de Direito.
Para Portugal, a cooperação entre o Conselho da Europa e a União Europeia é
particularmente importante, podendo ser ainda mais aprofundada, por exemplo,
através de uma maior colaboração das instituições da União Europeia com o
Comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa e a Comissão de
Veneza.
Também o Tratado de Lisboa abre novas perspectivas para a defesa – na
Europa e pela Europa – dos Direitos Humanos. A entrada em vigor do novo
Tratado abriu as portas à adesão da União Europeia à Convenção Europeia
dos Direitos do Homem, processo que está actualmente em curso.
Esta adesão tem uma importância política significativa, uma vez que reforçará
a credibilidade internacional da União em matéria de Direitos Humanos no
contexto das suas relações internacionais, ficando sujeita à jurisdição
internacionalmente reconhecida do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
127
O Tratado de Lisboa integra ainda formalmente a Carta dos Direitos
Fundamentais da União Europeia, que vincula a actuação das instituições
europeias bem como os Estados-Membros na aplicação do direito da União,
contribuindo para o reforço da protecção dos direitos dos cidadãos europeus.
O Tratado de Lisboa é também claro no que se refere às relações da União
com o resto do mundo, relações essas que se baseiam na afirmação e
promoção dos valores centrais do projecto europeu.
No segundo painel procuraremos debater a actividade que tem sido
desenvolvida em Portugal na promoção e protecção dos Direitos Humanos. A
presença nesta sala de várias entidades públicas e privadas com competências
nesta matéria proporcionará uma discussão interessante em torno do caminho
que já percorremos e daquele que ainda podemos percorrer.
Esse debate será antecedido de uma intervenção da Dra. Joana Gomes
Ferreira, Directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado, em
nome do Senhor Procurador-Geral da República.
Estou certo que do debate sairão propostas construtivas, que permitirão
reforçar a nossa cooperação em prol dos Direitos Humanos em Portugal.
Espero também que no debate sejam identificadas boas práticas que
possamos replicar noutras áreas. Temos sempre algo a melhorar ao mesmo
tempo que temos orgulho nos bons resultados obtidos, reconhecidos em
diversos relatórios internacionais.
O relatório das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Humano («Ultrapassar
Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humano»), de 2009, aponta Portugal
como o país que tem a melhor política de integração dos imigrantes em todo o
mundo. Os Centros Nacionais de Apoio aos Imigrantes são considerados o
exemplo de uma boa prática, quer pelo Comissário de Direitos Humanos do
Conselho da Europa, quer pela Organização Internacional para as Migrações
nas Conclusões do seu Relatório Mundial relativo a 2010. E pela segunda vez
128
consecutiva, Portugal foi classificado, pelo Migrant Integration Policy Index, em
segundo lugar entre 31 países, pelas suas políticas de integração de
imigrantes.
Por fim, os nossos trabalhos serão encerrados pela Senhora Provedora-
Adjunta de Justiça, Dra. Helena Vera-Cruz Pinto, que nos apresentará uma
comunicação do Senhor Provedor de Justiça, impossibilitado de estar aqui
presente – como era sua intenção – por ter sido entretanto convocado para
esta tarde o Conselho de Estado.
Nunca é demais referir o muito valioso trabalho da Provedoria de Justiça,
enquanto instituição nacional de Direitos Humanos de acordo com os Princípios
de Paris das Nações Unidas, na promoção e protecção dos Direitos Humanos,
especialmente no que diz respeito à resposta e ao acompanhamento das
situações concretas com que se confrontam os cidadãos.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Portugal é um país fortemente empenhado no respeito pelos direitos e
liberdades fundamentais, tal como consagrados na nossa Constituição, assim
como no respeito por todos os Direitos Humanos consagrados nos
instrumentos internacionais de que o nosso país é parte.
A promoção e a protecção dos Direitos Humanos ocupam um lugar central na
política externa do nosso país, o que se manifesta, desde logo, no facto de
Portugal ser parte dos mais significativos instrumentos internacionais de defesa
dos Direitos Humanos.
Há, sem dúvida, muitas áreas em que os nossos esforços merecem
reconhecimento, tal como há certamente outras em que Portugal poderá fazer
mais e melhor. A defesa dos Direitos Humanos é uma tarefa sem fim – e é
também uma tarefa que não se resume exclusivamente à actividade do
Governo e das entidades públicas.
129
O papel da sociedade civil assume neste domínio um particular relevo. E é por
isso que estamos aqui hoje reunidos. Para ver como podemos aprofundar a
nossa cooperação neste desígnio comum.
Faço votos para que os nossos trabalhos sejam proveitosos e que sirvam para
identificar não apenas os bons exemplos, que podem e devem ser replicados e
divulgados, mas também o que mais pode ainda ser feito para que Portugal
mantenha a sua posição de vanguarda nos Direitos Humanos e para que esta
posição central tenha uma concretização cada vez mais efectiva e consistente.
Permitam-me duas palavras finais:
Primeiro, uma palavra de agradecimento dirigida aos organismos públicos e
aos ministérios que colaboraram para criar a Comissão Nacional dos Direitos
Humanos. Esta Comissão é um trabalho conjunto, de várias entidades públicas
e governamentais que há muito vêm trabalhando, nas suas respectivas áreas,
em prol dos Direitos Humanos.
Segundo, uma palavra final, dirigida a todos os participantes. Esta é a primeira
reunião alargada à sociedade civil. Mas só fará sentido se a esta se seguirem
outras, e o trabalho aqui feito for traduzido e incorporado por todos os
participantes na sua actividade e se, em cada reunião e em cada actividade, se
souber aproveitar e potenciar os resultados positivos e melhorar o que houver
para melhorar.
É também, para o futuro, este o desafio que gostaria de aqui deixar.
Muito obrigado.
130
Intervenção do Subdirector-Geral de Política Externa do
Ministério dos Negócios Estrangeiros
Senhor Secretário de Estado,
Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul
Senhor Presidente do ISCSP
Senhoras e Senhores
Foi-me pedido, enquanto Subdirector-Geral de Política Externa que no
Ministério dos Negócios Estrangeiros tutela a área multilateral que engloba a
dos Direitos Humanos, que fizesse uma intervenção sobre a agenda de Direitos
Humanos e o mandato de Portugal no Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
Proponho-me dividir a minha telegráfica apresentação em três partes.
A nossa agenda de Direitos Humanos no plano internacional (o que
temos feito em termos de protecção e promoção dos DH). O Conselho de
Segurança (a campanha e mandato no biénio 2011-12). E, por último, a
recente candidatura portuguesa ao Conselho de Direitos Humanos.
1) Portugal e o sistema multilateral de Protecção dos Direitos Humanos
Portugal, desde que vive em democracia, tem mantido um perfil que
podemos qualificar de elevado nos fora multilaterais de Direitos Humanos. Da
3ª Comissão da AGNU à desaparecida Comissão dos Direitos Humano – na
qual foi eleito para 4 mandatos – passando pelos órgãos temáticos como a
Comissão do Estatuto da Mulher e a Comissão para o Desenvolvimento Social,
131
ou pelo processo de substituição da antiga Comissão de Direitos Humanos por
um Conselho de Direitos Humanos, a nossa participação tem sido muito activa.
Sem ter a pretensão – ou a vontade - de ser exaustivo, nem querendo
estabelecer qualquer tipo de hierarquia, gostaria de salientar oito aspectos,
muito diversos no tempo e no conteúdo, que traduzem bem o elevado grau de
compromisso que assumimos no plano multilateral em matéria de Direitos
Humanos:
O nosso compromisso com o sistema internacional de promoção e
protecção dos Direitos Humanos traduz-se, em primeiro lugar, no facto
de sermos Estado-parte da grande maioria dos instrumentos
internacionais de Direitos Humanos, tendo ratificado, sem reservas, sete
instrumentos fundamentais das Nações Unidas; bem como no facto de
reconhecermos as competências, em toda a sua extensão, do conjunto
dos Comités que monitorização essas Convenções, mantendo ainda um
convite permanente a eventuais visitas ao nosso país de todos os
mecanismos e procedimentos especiais do Conselho de Direitos
Humanos.
Os Direitos Económicos, Sociais e Culturais, em que somos autores de
duas resoluções já com muita tradição e significado na ONU: a
resolução sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais e a Resolução
sobre Direito à Educação. Reconhecemos também, neste contexto, os
mecanismos de queixas da OIT.
Na promoção da abolição da pena de morte onde temos uma particular
autoridade resultante do facto de termos sido o primeiro país a abolir a
pena capital. Nesta questão central para a credibilidade do sistema de
protecção dos DH, fomos promotores, na qualidade Presidência da UE
em 2007, da primeira resolução adoptada na AGNU a favor do
estabelecimento de uma moratória universal com vista à abolição da
pena de morte.
132
Somos parte do Estatuto de Roma que criou o Tribunal Penal
Internacional, reconhecendo como obrigatória a sua jurisdição
Portugal é parte da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da
maioria dos seus protocolos, bem como de um vasto leque de
convenções temáticas do Conselho da Europa e encontra-se vinculado à
jurisdição do tribunal Europeu dos Direitos dos Homem. Reconhecemos,
igualmente, a competência do Comité Europeu sobre os Direitos Sociais
e do Comité para a Prevenção da Tortura.
No contexto da OSCE e do processo de Revisão da Estrutura de
Segurança Europeia, a nossa Representante Permanente assumiu
durante o ano de 2010 a Presidência do Comité da Dimensão Humana e
foi co-facilitadora do tema no processo de negociação que levou à
Cimeira de Astana de Dezembro passado.
Desenvolvemos, na antiga CDH e durante todo o período em que Timor-
Leste esteve sob ocupação indonésia, um importante trabalho,
mantendo activa a questão de TL na agenda da Comissão dos Direitos
Humanos, facto fundamental para evitar que a luta do povo timorense
caísse no esquecimento.
A sustentabilidade no tempo da nossa activa participação nos fora
multilaterais de Direitos Humanos foi desenvolvida com base num grupo
de funcionários nacionais com elevada expertise nesta matéria, facto
que foi sendo reconhecido internacionalmente e contribuiu para o reforço
do prestígio do nosso país nestas áreas. Testemunho desse
reconhecimento é o facto de duas peritas nacionais ocuparem
actualmente altos cargos no seio do sistema de Direitos Humanos das
Nações Unidas: Marta Santos Pais, Representante do SG para a
Violência contra as Crianças e Catarina Albuquerque, Perita
Independente para o Direito à Água e ao Saneamento. Estivemos
também, até muito recentemente, representados respectivamente pela
Dra. Virgínia Brás Gomes e pela Dra. Regina Tavares da Silva nos
133
Comités de Direitos Económicos, Sociais e Culturais e sobre a
Eliminação da Discriminação contra as Mulheres.
2) Portugal no Conselho de Segurança (campanha e mandato 2011-12)
Começaria com umas curtas notas de enquadramento.
A Carta da Nações Unidas atribuiu ao Conselho de Segurança a
responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais.
Desta forma, o CSNU nunca teve, não tem, nem poderá ter uma agenda
abrangente de Direitos Humanos, como as existentes no Conselho de Direitos
Humanos ou na 3ª Comissão da Assembleia-Geral da ONU porque não é essa
sua vocação. No entanto, o CSNU foi constatando, desde o fim da guerra-fria,
que a proliferação de situações de ruptura da paz colocavam progressivamente
os Direitos Humanos numa situação de particular vulnerabilidade, tendo, nos
últimos 12 anos, vindo a desenvolver uma doutrina e uma massa de
competências que foram permitindo a sua actuação em torno do conceito geral
de protecção de civis.
As áreas em torno das quais o CSNU, qual corpo legislativo da ONU,
fundamentou a sua capacidade actuação em matéria de DH são
essencialmente, as seguintes: a Protecção de Civis, Crianças e Conflitos
Armados, Mulheres Paz e Segurança e Violência Sexual em Conflito Armados.
Desde 1999, data em que foi aprovada a primeira resolução do
Conselho de Segurança sobre uma questão de Direitos Humanos (Crianças em
Conflitos Armados), que o CSNU tem vindo a desenvolver conceptualmente
estes quatro temas – que estão em diferentes estádios de estruturação e
maturação entre si - e a inserir paulatinamente nos seus textos deliberativos
sobre situações de crise em diferentes países, referências aos Direitos
Humanos e ao Direito Humanitário, maxime através da inclusão das chamadas
134
dimensões de “Protecção de Civis” nos mandatos das missões de manutenção
da paz.
O CS evoluiu assim de uma interpretação muito estrita das suas
atribuições para uma leitura mais ampla do conceito de segurança, abrangendo
os Direitos Humanos e chamando a si responsabilidade de proteger civis.
A título puramente ilustrativo da recorrência com o que o CS introduz,
hoje em dia, estas questões nas suas resoluções, vale a pena referir: i) a ainda
recente e politicamente polémica resolução 1973 sobre a Líbia que autorizou
uma operação militar com base no conceito da protecção de civis; ii) ou que
quatro operações de manutenção da paz em curso têm disposições específicas
nos seus mandatos sobre protecção de civis (na RDC, no Sudão, no Darfur e
na Costa do Marfim); iii) ou ainda as múltiplas listas de indivíduos que ao abrigo
dessa cláusulas são objecto de regimes de sanções aprovados pelo CSNU.
Portugal/CSNU
Portugal assumiu em Janeiro um lugar de membro não permanente no
CSNU na sequência de uma campanha muito disputada. Foi, como é sabido e
permitam-me o elogio em causa própria, uma importante vitória político-
diplomática frente a dois pesos pesados do sistema de relações internacionais:
a Alemanha e o Canadá, este último que viria a ser derrotado. Muitos balanços
e análises foram já feitos, quer no MNE, quer na comunicação social e
Institutos especializados, mas a verdade é que, para além de muito trabalho,
determinação e inteligência táctica, o perfil e a postura internacionais de
Portugal em que traços como a moderação, a sua dimensão média, a
diversidades de organizações e espaços a que pertence – da UE e da NATO à
CPLP e à Ibero-Americana - a capacidade de diálogo, a capacidade de
estabelecer pontes entre diferentes culturas e grupos regionais na ONU e a
defesa dos Direitos Humanos muito contribuíram para esta importante vitória.
Em matéria de promoção e protecção dos Direitos Humanos, questão
que assumiu aliás lugar destacado no conjunto de compromissos eleitorais que
135
assumimos, durante a nossa campanha, perante a “membership” da ONU,
cabe recordar que Portugal tem um importante “curriculum” no quadro do
CSNU. Durante a sua última participação (em 1997-98), Portugal assumiu
iniciativas absolutamente pioneiras nesta matéria, como foi o caso da
organização de uma sessão na “fórmula Arria”, mecanismo criativamente
inventado para permitir discussões, no âmbito do CSNU, sobre questões não
“formalmente admitidas”, para discutir direitos humanos, tendo sido
simbolicamente – pelas suas origens estarem ligadas a Portugal -convidada a
Amnistia Internacional (facto que até há pouco tempo constava do página da
AI). Em 1998, foi por nós convocado o primeiro “briefing” informal na história do
CSNU especificamente na área dos DH, realizado pelo Representante Especial
do SGNU sobre Crianças e Conflitos Armados, o que viria a abrir a porta para a
inclusão do tema na agenda deste órgão e para a aprovação da primeira
resolução – que já referi - em 1999.
O nosso programa para este biénio 2011-12 pretende prosseguir
activamente esta linha de consolidação da dimensão dos DH na agenda do
CSNU.
A nossa actuação passa e passará, nomeadamente por:
- promover, de forma sistemática, avanços nas áreas temáticas e a sua
tradução nos textos deliberativos;
- defender que as renovações de mandatos das missões de paz incluam,
sempre que possível e se justifique, referências aos temas de Protecção de
Civis. Desde que iniciámos o mandato em Janeiro, já contribuímos para a
inclusão de linguagem concreta sobre estas temáticas nos mandatos
renovados da AMISOM (Somália), da UNAMA (Afeganistão) e da UNOCI
(Costa do Marfim).
- exigir que os briefings do Secretariado das NU, quer temáticos, quer sobre
países incluam referências à dimensão DH
136
A este respeito, sugerimos, durante a Presidência brasileira do CS em
Fevereiro, que o Conselho deveria ter consultas regulares sobre o tema
Mulheres, Paz e Segurança, reproduzindo o modelo que existe para as
consultas trimestrais sobre “peacekeeping”. Propusemos, assim, que se
convidasse a Directora Executiva da UN Women, Michelle Bachelet, para
realizar esses briefings ao CS, o que se vai já efectivar no próximo dia 12 de
Abril, durante a Presidência colombiana.
Temos também previsto propor brevemente a organização de uma
reunião aberta a países não membros e à sociedade civil (a tal fórmula Arria)
sobre a participação de mulheres em processos de paz e na mediação de
conflitos, levando, para o efeito, a Nova Iorque mulheres africanas (Angola,
Costa do Marfim, Libéria etc.).
Por último, durante a nossa presidência do Conselho de Segurança em
Novembro de 2011, caber-nos-á organizar um debate sobre protecção de civis
em que combinaremos as dimensões DH e de Direito Humanitário e que será
antecedido por reuniões em formato aberto (formula Arria com sociedade civil).
3. A nossa candidatura ao Conselho de Direitos Humanos
Queria terminar aproveitando a ocasião para falar sobre a candidatura
portuguesa a um mandato no Conselho de Direitos Humanos no triénio 2014-
2017. Julgo que esta candidatura surge um pouco como corolário de tudo o
que antes referi, ou seja, reafirmando que a promoção e protecção coerente e
sustentada dos Direitos Humanos se tornou uma linha de força ou mesmo um
eixo importante da nossa política externa e da nossa estratégia de projecção e
afirmação internacionais.
Com efeito, o CDH é o principal órgão das NU em termos de mandato na
área dos DH, tendo sido criado em 2006 com objectivo não apenas de suceder
à “velha” Comissão de Direitos Humanos, mas também de fazer mais e melhor,
de ser mais eficaz e mais visível. É certo que estes seus primeiros anos não
137
têm sido fáceis, sendo objecto de muitas críticas por não estar a corresponder
às expectativas. Sabemos que a questão da composição do CDH não tem
ajudado, mas são essas as regras de funcionamento das NU, embora a UE
esteja a tentar dinamizar uma reforma do CDH.
O CDH manteve globalmente as mesmas atribuições da Comissão que o
antecedeu, tendo-lhe, no entanto, sido conferidos novos instrumentos para as
prosseguir. É o caso das Revisões Periódicas Universais sobre a situação dos
DHs em cada país, a que todos os Estados das Nações Unidas se
comprometeram a submeter-se.
Portugal efectuou o seu primeiro exercício de Revisão em Dezembro de
2009, tendo recebido 89 recomendações, das quais aceitámos 86, o que
demonstra o nosso elevado compromisso com a implementação de medidas
que promovam os Direitos Humanos a nível nacional e internacional.
Na sequência do anúncio oficial da nossa candidatura, feito em Genebra
pelo Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação
há um mês atrás, iniciámos já uma forte campanha diplomática das nossas
Embaixadas com o intuito de obter o máximo de apoios países já nesta fase
inicial e ainda com uma grande antecedência. As eleições para o CDH são
tradicionalmente muito difíceis – como vimos quando fomos candidatos em
2006 a membros fundadores do Conselho - , mas a nossa motivação é grande
e estamos, depois da vitória para o CS, optimistas quanto à nossa eleição.
Muito Obrigado.
138
Centro Norte-Sul do Conselho da Europa
“O Tratado de Lisboa e as novas oportunidades para a defesa e promoção dos direitos humanos na Europa e pela Europa”
Por Denis Huber
Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa
Lisboa, 31 de Março de 2011
Introdução
O Tratado de Lisboa entrou em vigor no dia 1 de Dezembro de 2009 (há 16 meses). O objectivo geral do tratado consiste em dotar a União Europeia de instituições modernas e de métodos de trabalho optimizados que permitam melhorar a sua eficácia e a sua legitimidade democrática assim como a coerência da sua acção. O Tratado veio acabar com a antiga estrutura comunitária com base em 3 pilares, tal como definida pelo Tratado de Maastricht, ao estabelecer a fusão entre o pilar comunitário e os dois pilares inter-governamentais de forma a criar uma União Europeia única e coesa. Refira-se no entanto que apesar do Tratado de Lisboa ter transformado os três antigos pilares num único quadro jurídico, as competências nas diferentes áreas políticas passaram a dividir-se nas seguintes categorias: competências exclusivas (a grande maioria em áreas que não estão
directamente relacionadas com as actividades do Conselho da Europa); competências partilhadas (por exemplo, no sector da política social e em
matérias de liberdade , segurança e justiça); e competências complementares (por exemplo, no domínio da cultura, da
educação, da juventude e do desporto). Apesar de introduzir modificações, o Tratado de Lisboa em si não pretende substituir os Tratados pré-existentes. Entre as várias novidades introduzidas pelo Tratado de Lisboa podemos destacar:
139
a criação de dois postos de trabalho chave, o de Presidente do Conselho Europeu e o de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança;
o reconhecimento da personalidade jurídica da União Europeia; o aumento dos poderes legislativos do Parlamento Europeu; o reforço do papel dos parlamentos nacionais nos procedimentos legislativos; o lançamento da chamada iniciativa de “cidadania europeia” que abre a
possibilidade a um milhão de cidadãos europeus de apresentarem propostas legislativas;
a criação de um procedimento de urgência junto do Tribunal de Justiça da União Europeia que irá permitir ao Tribunal actuar, dentro de um curto prazo, nas situações em que o caso em questão diz respeito a uma pessoa detida;
a criação da instância de Procurador Público da União Europeia e de um serviço europeu para a acção externa;
uma cláusula de secessão; a solidariedade mútua se um Estado membro for vítima de uma ataque
terrorista ou de uma catástrofe causada pela acção humana; uma utilização reforçada do voto por maioria qualificada no Conselho dos
Ministros e uma presidência rotativa de 18 meses no Conselho dos Ministros partilhada por uma troika de Estados Membros;
a Carta dos Direitos Fundamentais tornou-se juridicamente vinculativa. Claramente, o Tratado de Lisboa não somente reforça a União Europeia na sua legitimidade democrática e na sua vontade de exemplaridade na área dos Direitos Humanos, como também lhe oferece importantes possibilidades para a promoção da democracia e dos direitos humanos para além das suas fronteiras, mais particularmente através do SEAE (Serviço Europeu para a Acção Externa). Enquanto funcionário do Conselho da Europa, irei desenvolver ao longo desta exposição as novas possibilidades que se abrem com o Tratado de Lisboa no que toca ao desenvolvimento de uma acção comum entre o Conselho da Europa e a União Europeia em prol dos Direitos Humanos. I. Algumas considerações sobre à Carta Em virtude do artigo 6 do Tratado da União Europeia, a Carta dos Direitos Fundamentais da União europeia tem o mesmo valor jurídico que os Tratados da União Europeia. Convém destacar que este artigo prevê que as disposições da Carta “não alargam, de modo algum, as competências da União tais como definidas nos Tratados”. As disposições da Carta dirigem-se às instituições e aos órgãos da União, no pleno respeito do princípio de subsidiariedade, e aos Estados membros, quando está em causa a aplicação do Direito Comunitário no ordenamento jurídico nacional. Em consequência, o Tribunal do Luxemburgo pode pronunciar-se sobre a compatibilidade da legislação de um Estado membro ou de uma instituição da União Europeia com a Carta, quando estiver em causa a aplicação do Direito Comunitário. A
140
natureza jurídica vinculativa da Carta implica que todas as competências da União Europeia que tenham implicações para os indivíduos estejam abrangidas pela jurisdição do TEJ (mais de 30 julgamentos desde 1 de Dezembro de 2009). A Carta não terá aplicação na República Checa, na Polónia nem no Reino Unido. O que há de novo? 1. Não existe nada de fundamentalmente novo na Carta que, aliás, constituí sobretudo uma síntese do Direito Europeu na área dos Direitos Humanos no sentido lato, i.e.: do direito comunitário, incluindo a jurisprudência do tribunal do Luxemburgo; do direito do Conselho da Europa, em particular da CEDH (Comissão Europeia
dos Direitos do Homem), a jurisprudência de Estrasburgo e a versão revista da Carta Social e outras Convenções (por exemplo nos domínios da bioética e da protecção de dados).
Tudo isto está em estrita conformidade com a legislação das Nações Unidas, em particular com os dois Tratados de 1966 sobre os Direitos civis e políticos por um lado e económicos, sociais e culturais por outro, assim como com a Convenção para os direitos das crianças. 2. Ao mesmo tempo, “que fantástico e único catálogo!” (ver a este respeito Jeremy Rifkind) que vem renovar o princípio da indivisibilidade dos Direitos Humanos da DUDH (Declaração Universal dos Direitos do Homem) de 1948. Imediatamente a seguir à entrada em vigor da Carta dos Direitos Fundamentais, em
Dezembro de 2009, o Conselho Europeu adoptou o Programa de Estocolmo. Trata-se
de num plano estratégico da União Europeia, para os próximos 5 anos, que veio definir
aquelas que devem ser as acções prioritárias da União Europeia com vista à criação de
uma área de Justiça, Liberdade e Segurança no espaço europeu. O programa pretende
colocar os direitos fundamentais no “coração” da União Europeia ao defender que:
o carácter vinculativo da Carta da União Europeia coloca os direitos fundamentais no centro da intervenção da União Europeia nos domínios da Liberdade, Segurança e da Justiça;
a Carta obriga as instituições europeias não somente a respeitar mas também a promover os direitos fundamentais;
o respeito pelos direitos fundamentais e pelo Estado de Direito devem estar no centro da acção da União Europeia no que toca o combate ao crime organizado e ao terrorismo;
a protecção das bases de dados pessoais é crucial para a garantia da segurança e da justiça.
II. A adesão da União Europeia à CEDH (Carta Europeia dos Direitos do Homem)12 12
Poucos dias depois da data desta intervenção, a Comissão Europeia divulgou o Relatório 2010 sobre a aplicação da Carta dos direitos fundamentais da União Europeia onde anuncia no seu parágrafo 3.5 que a UE está a preparar-se para aderir à Convenção Europeia dos Direitos do Homem, sublinhando o “apoio total da UE ao regime de protecção dos direitos erigido pelas instituições de Estrasburgo…que permitirá
141
A adesão da União Europeia à CEDH tem sido alvo de discussões que se arrastam há mais de trinta anos. Tentando resumir os argumentos daqueles que defendem esta adesão, podemos dizer que a adesão oferece uma possibilidade única para se conseguir criar em toda a Europa um sistema coerente de protecção dos direitos fundamentais, no qual 47 governos e as instituições da UE passariam a estar ligados entre si por um conjunto partilhado de normas de Direitos Humanos sob a vigilância do mesmo Tribunal de Direitos Humanos. Tal sistema irá permitir aos cidadãos beneficiarem de uma protecção contra as acções da União semelhante àquela da qual já beneficiam contra os próprios Estados membros. Trata-se de um argumento que ganhou ainda maior relevância a partir do momento em que com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa os Estados membros da EU transferiram importantes poderes para a União. A adesão é igualmente crucial na medida em que a protecção acordada pela União europeia é de grau inferior à da CEDH. Acresce ainda que a adesão permitirá um controlo externo sobre a ordem jurídica da UE e consequentemente irá contribuir para melhorar a credibilidade da sua acção – ao nível interno e externo – na salvaguarda dos direitos fundamentais. Num cenário em que a Carta europeia dos direitos fundamentais passa a constituir uma “declaração de direitos” interna que fixa os limites dos poderes das instituições da União Europeia, o mecanismo da CEDH passa a funcionar como um controle externo responsável por vigiar as actividades da União. A adesão irá ainda contribuir para o desenvolvimento harmonioso da jurisprudência dos dois Tribunais europeus - o Tribunal de Justiça sedeado no Luxemburgo, e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem de Estrasburgo - nomeadamente em razão da necessidade acrescida de diálogo e cooperação, e irá criar assim um sistema integral no seio do qual dois Tribunais irão funcionar em harmonia. A adesão não constitui uma ameaça à autonomia jurisdicional do Tribunal do Luxemburgo que continuará a ser o único Tribunal supremo em matéria de questões de direito comunitário e sobre a validade das iniciativas da UE. Será considerado pelo Tribunal de Estrasburgo como um “Tribunal interno” dotado de um estatuto semelhante ao dos Tribunais supremos e constitucionais de todos os Estados que integram a CEDH. Por seu turno o Tribunal de Estrasburgo deverá ser considerado como um “Tribunal especializado” que exerce uma supervisão externa da conformidade da EU com as obrigações do direito internacional que decorrem da sua adesão à CEDH tendo subjacente o princípio da subsidiariedade Embora todos estes argumentos a favor da adesão da EU à CEDH já fossem válidos antes da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, o que mudou desde então é que não somente o Tratado de Lisboa serve de base jurídica ao lançamento das negociações com vista à adesão como também se exige que esta adesão produza resultados (ver a este respeito o artigo 6 do Tratado de Lisboa). Além disso, o programa de Estocolmo da UE apela expressamente a uma adesão “rápida” à CEDH. Ao nível do Conselho da Europa, a entrada em vigor do Protocolo 14), a 1 de Junho de 2010, veio criar as condições jurídicas necessárias para que essa adesão se concretize
um desenvolvimento harmonioso das jurisprudências do Tribunal de Justiça e do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem” (COM 2011) 160 final.
142
(consultar artigo 59 da CEDH modificado pelo Protocolo 14). Na sessão ministerial de 11 de Maio de 2010, os Ministros do Conselho da Europa saudaram o empenho da UE em aderir à CEDH e incitaram a uma conclusão rápida das negociações e consequente adesão. Contudo, a adesão da União Europeia pressupõe um acordo que, segundo o Tratado de Lisboa, deverá ser adoptado na sequência de um procedimento complexo e exigente, i.e., por unanimidade do Conselho Europeu, com o consentimento de 2/3 do Parlamento Europeu e a ratificação pelo conjunto dos Estados membros da UE. A adopção de um mandato de negociação (directivas de negociação) pelo Conselho da UE constava das prioridades da Presidência espanhola da UE. Ao nível do Conselho Europeu, uma vasta maioria de países é a favor de negociações rápidas muito embora alguns países (v.g. Reino Unido e a Polónia) já tivessem alertado para a possibilidade das negociações poderem ser demoradas e defenderam que a qualidade dos preparativos deveria primar sobre a urgência. O que é um facto é que apesar destes sinais de alerta o Conselho da UE acabou por adoptar directrizes de negociação que autorizaram a Comissão a negociar o acordo de adesão a 4 de Junho de 2010, ou seja mais cedo do que estava inicialmente previsto (final de Junho de 2010). Com esta iniciativa o Conselho da União europeia enviou um forte sinal político do seu empenho numa adesão rápida. Muito embora o conteúdo das directrizes de negociação seja confidencial, é do conhecimento geral que foram formuladas de forma a ser possível deixar em aberto várias questões jurídicas, salvaguardando uma certa flexibilidade na escolhas que serão efectuadas apenas no final da negociações, de forma a que mais rapidamente se consiga chegar a uma decisão positiva. No que toca ao Conselho da Europa, a 28 de Maio de 2004, os delegados dos Ministros do Conselho da Europa, já haviam encarregue o Comité Director dos Direitos do Homem (CDDH) de elaborar, antes de 30 de Junho de 2011, um instrumento jurídico que enunciasse as modalidades de adesão da UE à CEDH, incluindo a sua participação no sistema da Convenção e, nesse contexto, de examinar todas as questões daí decorrentes. Convidaram na altura o Secretário-Geral a assegurar que os trabalhos seriam realizados com a maior eficácia tendo em vista a sua rápida conclusão. Na semana seguinte, o CDDH elegeu 14 membros (7 dos quais Estados membros da UE e 7 não membros) para formarem um grupo de trabalho informal e restrito encarregue de implementar o mandato ad hoc atrás mencionado e de conduzir da melhor forma as negociações com a Comissão. As grandes questões abordadas durante as negociações são as seguintes: a extensão da adesão da EU ao sistema da CEDH e, em particular, se a adesão
se limitará à CEDH enquanto tal ou se irá incluir igualmente os seus protocolos. O Parlamento europeu pronunciou-se a favor de uma adesão ao conjunto dos protocolos da CEDH “que digam respeito a direitos abrangidos pela Carta dos direitos fundamentais”, independentemente de terem sido ou não ratificados pelo conjunto dos Estados membros da UE. A segunda opção consistia na adesão da UE a todos os protocolos sem excepção da CEDH, tivessem ou não sido ratificados pelo conjunto dos Estados membros, quer digam ou não respeito aos “direitos que estão relacionados com a Carta dos direitos fundamentais” – um critério que
143
segundo alguns é de difícil aplicação. A terceira opção, a mais restritiva, consiste na adesão da UE à CEDH e unicamente aos protocolos ratificados por todos os Estados membros da UE. Uma opção que exclui a adesão aos protocolos 4,7,9,10,12 e 13 por não terem sido ratificados por todos os Estados membros da UE; as questões institucionais : a participação da EU nas actividades dos orgãos do Conselho da Europa que exercem funções relacionadas com a CEDH; várias questões jurídicas relativas a procedimentos do Tribunal europeu dos Direitos do Homem, em particular o mecanismo de co-defesa e a questão do meio mais indicado para assegurar uma adesão conforme às condições do Tratado de Lisboa (em particular o artigo 6 do TUE e do respectivo Protocolo 8), a saber a preservação do monopólio do Tribunal de Justiça da EU em matérias de interpretação do direito comunitário e a questão do controlo interno e prévio dos assuntos apresentados junto do Tribunal de Estrasburgo que emanem de actos das instituições da UE;
III. As perspectivas de um “salto qualitativo” na cooperação entre o Conselho da Europa e a UE
A adesão da UE a outras convenções chave do Conselho da Europa iria contribuir para criar um espaço jurídico comum no espaço europeu que iria antes de mais beneficiar os cidadãos europeus. A adesão da União europeia às convenções do Conselho da Europa sobre a prevenção do terrorismo, prevenção da tortura e sobre a luta contra o tráfico de seres humanos, sobre a protecção das crianças contra abusos sexuais, assim como à versão revista da Carta Social Europeia iria garantir a aplicação à escala pan-europeia de um mínimo de normas comuns sem no entanto impedir a UE de ir mais longe e assegurar normas mais elevadas para os seus membros uma vez que todo os membros do Conselho da Europa podem prever na sua legislação normas nacionais mais elevadas que aquelas que são garantidas pelas convenções do Conselho da Europa. É no entanto fundamental evitar duplicações das normas. Através da resolução de 19 de Maio de 2010 o Parlamento europeu marcou uma posição clara sobre este assunto ao manifestar que a adesão à CEDH constituía um primeiro passo essencial mas que seria necessário completar através da adesão da UE a outras convenções do Conselho da Europa tais como a versão revista da Carta Social. Por seu lado, o posicionamento da UE, é o de que a adesão a essas convenções só poderá materializar-se após a conclusão do processo de adesão da União europeia à CEDH, optando-se por uma abordagem progressiva de forma a não comprometer a própria adesão à CEDH. Os recentes acontecimentos no Norte de África e Médio Oriente vieram igualmente reforçar a necessidade de se aprofundar a cooperação entre a UE e o Conselho da Europa em matéria de protecção de Direitos Humanos e liberdades fundamentais. À luz destes acontecimentos, e com o objectivo de apoiar as reformas políticas em curso, a UE comprometeu-se a prosseguir uma nova parceria destinada a apoiar os países do Sul do Mediterrâneo que passa por uma colaboração estreita com o Conselho da Europa em matérias de apoio aos processos democráticos e ao Estado de Direito, vectores fundamentais para que se criem as condições necessárias ao
144
desenvolvimento socio-económico daqueles países para a salvaguarda da estabilidade regional. É neste contexto que o Centro Norte-Sul13, com mais de 20 anos de expertise desenvolvido na área da cooperação “Norte-Sul”, em matérias como a protecção do DH, Educação Global e formação de jovens, se propõe a desempenhar um papel chave como “interface” de comunicação entre os povos de ambas os lados do Mediterrâneo, facilitando pontes de diálogo que favoreçam a compreensão mútua e o desenvolvimento sustentável das suas populações, incentivando o envolvimento da sociedade civil e da juventude nesse diálogo. Foi com este propósito que o Centro Norte-sul criou em 1994 o Fórum de Lisboa, que consiste precisamente numa plataforma destinada a favorecer o diálogo e a troca de experiências entre a Europa e outros continentes, em especial com o Médio Oriente e África. A edição deste ano, que terá lugar nos dias 3 e 4 de Novembro, irá precisamente abordar o papel da cooperação internacional e mais especificamente do Conselho da Europa e do Centro Norte-Sul nos recentes desenvolvimentos no Norte de África e Médio Oriente no apoio à implementação de reformas democráticas que vão ao encontro das legítimas aspirações e exigências das populações desses países.
------------------*----------------
13
Acordo parcial criado há mais de 20 anos por alguns Estados do Conselho da Europa com o objectivo
de fornecer um quadro para a cooperação europeia em matéria de sensibilização da opinião pública para
as questões de interdependência mundial e para a promoção de políticas de solidariedade mundial em
consonância com os objectivos e princípios (respeito pelos DH, democracia e Estado de Direito) do
Conselho da Europa.
145
Intervenção da Directora do Gabinete de Documentação e Direito
Comparado da Procuradoria-Geral da República
Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Europeus,
Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa,
Senhora Provedora de Justiça Adjunta,
Senhor Subdirector-Geral de Política Externa do Ministério dos Negócios
Estrangeiros,
Senhoras e Senhores,
Desejo, em primeiro lugar, em nome de Sua Excelência o Procurador-Geral da
República, agradecer o convite para participar nesta terceira reunião da
Comissão Nacional para os Direitos Humanos. Irei proferir a minha intervenção
na qualidade de directora do Gabinete de Documentação e Direito Comparado
(GDDC) da Procuradoria-Geral da República (PGR). Desde a sua fundação,
em 1980, que o GDDC colabora com o Ministério dos Negócios Estrangeiros
(MNE) na área dos direitos humanos. Assim, é com muito gosto que encaro
esta ocasião como uma excelente oportunidade para partilhar experiências e
reflectir em conjunto sobre a actual situação de direitos humanos do país,
procurando as melhores vias para assegurar o cumprimento, por Portugal, das
suas obrigações internacionais nesta área.
Caras Senhoras e Senhores,
É de conhecimento geral que Portugal tem vindo, nas últimas décadas, a
assumir um elevado número de compromissos internacionais em matéria de
direitos humanos. Logo em 1978, escassos dois anos após a aprovação da
nova Constituição – a qual reconhece também um vasto conjunto de direitos
fundamentais – procedemos à ratificação de três importantes tratados de
146
direitos humanos de âmbito generalista: a Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, adoptada sob a égide do Conselho da Europa; e os dois Pactos
Internacionais sobre Direitos Humanos das Nações Unidas: um em matéria de
direitos civis e políticos (PIDCP) e o outro em matéria de direitos económicos,
sociais e culturais (PIDESC).
Desde então, o nosso país tornou-se Parte em vários outros tratados de
direitos humanos, nomeadamente nas convenções das Nações Unidas sobre
direitos da criança, discriminação racial, discriminação contra as mulheres,
tortura e direitos das pessoas com deficiência. Segundo foi já publicamente
divulgado, em breve deverá estar concluído o processo de ratificação da
Convenção contra os Desaparecimentos Forçados, bem como do Protocolo
Facultativo ao PIDESC, ambos das Nações Unidas.
Assim, não restam dúvidas de que Portugal se vinculou, na ordem
internacional, a um importante conjunto de instrumentos de direitos humanos,
que nos obrigam a respeitar e a garantir direitos e liberdades tão diversificados
como, por exemplo, o direito à vida, a proibição da tortura e dos maus tratos e
as liberdades de pensamento, consciência, religião, informação, reunião,
associação e expressão.
Mas também direitos frequentemente reclamados mas por vezes não
identificados como sendo direitos humanos, como os direitos a um nível de vida
suficiente (incluindo alimentação, vestuário e habitação condignos), ao
trabalho, à saúde e à educação. É importante relembrar que também estes são
direitos humanos, garantidos por um tratado que nos vincula – assim como a
160 outros Estados Membros da comunidade internacional, incluindo toda a
União Europeia – desde 1978; e que o seu respeito, protecção e garantia
constituem verdadeiras obrigações jurídicas – e não meras faculdades – do
Estado português. E é particularmente importante relembrá-lo na conjuntura
que actualmente atravessamos. É fundamental relembrar que os Estados
Partes no PIDESC devem adoptar medidas com vista à realização progressiva
147
dos direitos ali consagrados e que quaisquer retrocessos na realização destes
direitos devem ser cuidadosamente justificados pelo Estado Parte.
Caras Senhora e Senhores,
Para além da sua vinculação a um vasto conjunto de tratados de direitos
humanos, Portugal tem vindo a dar provas de cooperação com os órgãos
internacionais de direitos humanos: além da reconhecida cooperação com o
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem – que levou a que, por exemplo, em
2007 tivessem sido introduzidas alterações nos Códigos de Processo Civil e de
Processo Penal a fim de permitir a revisão de sentenças civis ou penais
transitadas em julgado caso as mesmas sejam incompatíveis com as decisões
das instâncias internacionais vinculativas para Portugal (alteração na qual o
próprio GDDC se empenhou) – o nosso país tem também dado sinais de
cooperação com outros órgãos do Conselho da Europa (veja-se o caso do
Comité para a Prevenção da Tortura) e das Nações Unidas.
Com efeito, Portugal dirigiu um convite permanente aos procedimentos
especiais do Conselho de Direitos Humanos, isto é aos Relatores Especiais,
Peritos Independentes e Grupos de Trabalho da ONU, assim exprimindo
formalmente a sua disponibilidade para receber visitas de tais peritos a
qualquer momento. E este ano – proclamado Ano Internacional para as
Pessoas de Ascendência Africana – irá precisamente receber a visita do Grupo
de Trabalho criado com o objectivo de promover os direitos humanos destas
pessoas e combater a discriminação que as afecta. Outro exemplo eloquente
da cooperação do nosso país com as instâncias internacionais de direitos
humanos é o facto de ter reconhecido o leque de competências mais amplo
possível aos comités dos tratados das Nações Unidas.
É assim possível a qualquer pessoa sujeita à jurisdição de Portugal apresentar
hoje uma comunicação aos Comités da ONU por violação das disposições do
PIDCP ou das convenções sobre discriminação racial, discriminação contra as
mulheres, tortura ou pessoas com deficiência. É igualmente reconhecida a
148
competência dos comités respectivos para examinar queixas inter-estaduais
por violação do PIDCP ou das Convenções contra a tortura e contra a
discriminação racial, assim como a competência para instaurar inquéritos em
caso de violação grave ou sistemática das convenções contra a tortura, sobre a
eliminação da discriminação contra as mulheres e sobre os direitos das
pessoas com deficiência. Na maioria das vezes, o reconhecimento destas
competências não era sequer consequência necessária da ratificação do
tratado principal em causa, tendo exigido actos adicionais por parte do Estado
português.
Mas Portugal foi ainda mais longe e, verificando que o sistema de protecção
dos direitos económicos, sociais e culturais não estava dotado dos mesmos
mecanismos disponíveis para a efectivação dos chamados direitos “civis e
políticos”, liderou os esforços tendentes a dotar o Comité dos Direitos
Económicos, Sociais e Culturais (Comité DESC) de competências pelo menos
idênticas às de que o Comité dos Direitos do Homem (responsável pela
monitorização do PIDCP) já dispunha: a adopção por consenso do Protocolo
Facultativo ao PIDESC a 10 de Dezembro de 2008, pela Assembleia Geral da
ONU, veio coroar de êxito estes esforços, permitindo ao Comité DESC a
análise de comunicações individuais e inter-estaduais, assim como a
instauração de inquéritos, a exemplo do que já sucedia com a maioria dos
outros comités dos tratados de direitos humanos da ONU. Por favor, deixem-
me sublinhar o papel que o GDDC desempenhou neste âmbito, já que a
presidência das negociações deste Protocolo Facultativo foi assegurada por
uma técnica do meu Gabinete.
Caras Senhoras e Senhores,
Tendo presente este enquadramento jurídico-internacional, importa agora
saber até que ponto Portugal cumpre de facto as obrigações por si assumidas
ao nível dos direitos humanos. Claramente, muito foi já feito.
149
Em 2008, o Comité para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres
saudou a adopção de uma série de planos e programas para promover a
igualdade de género e o progresso das mulheres, nomeadamente o Terceiro
Plano de Acção para a Igualdade, o Terceiro Plano contra a Violência
Doméstica e o Primeiro Plano contra o Tráfico de Seres Humanos. Todos estes
Planos conheceram revisões que se encontram já em vigor. Congratulou-se
também, por exemplo, com a introdução da dimensão de género nos critérios
para a certificação de manuais escolares, assim como com a alteração dos
critérios de admissão nas forças de segurança, que tendiam a prejudicar as
candidatas do sexo feminino.
O Comité contra a Tortura, na sequência da sua análise do quarto relatório
periódico de Portugal, destacou aspectos positivos como a entrada em vigor da
nova lei de estrangeiros (que passou a proibir expressamente a deportação de
um estrangeiro para um país onde a pessoa corra o risco de vir a ser
torturada), a criação da Inspecção Geral dos Serviços de Justiça em 2000 e a
adopção do Código Deontológico do Serviço Policial em 2002.
Quanto ao Comité para a Eliminação da Discriminação Racial, já em 2004 se
congratulava, por exemplo, com a criação de vários mecanismos destinados a
prestar assistência aos imigrantes em Portugal, como o Observatório da
Imigração, a Linha SOS Imigrante e os centros nacionais e locais de apoio aos
imigrantes. Estas e outras medidas entretanto introduzidas levaram a que
Portugal fosse considerado como o país do mundo com as melhores políticas
de integração de imigrantes e colocado no segundo lugar entre os países
desenvolvidos no índice MIPEX 2007, elaborado pela ONG Migration Policy
Group.
O Comité dos Direitos do Homem exprimiu nomeadamente satisfação com a
criação da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), com as medidas
destinadas a reduzir a sobrelotação das prisões e melhorar a condição dos
150
reclusos e com a concessão de capacidade eleitoral activa e passiva a
cidadãos estrangeiros nas eleições locais, sob condição de reciprocidade.
O Comité dos Direitos da Criança apontou como aspectos positivos da situação
portuguesa, entre outros, o tratamento das crianças entre os 12 e os 16 anos
em situação de risco separadamente das crianças envolvidas em actividades
ilícitas, o estabelecimento do sistema de educação pré-escolar e o aumento
para 18 anos da idade de serviço militar.
O Comité DESC saudou designadamente a adopção de medidas legislativas
destinadas a promover a igualdade entre homens e mulheres.
Os esforços de Portugal no domínio da educação e informação em matéria de
direitos humanos – muitos deles levados a cabo através do GDDC – têm
também sido saudados por vários organismos de direitos humanos. Com efeito,
diversos comités das Nações Unidas se têm vindo a congratular com o trabalho
em curso desde 1998 de elaboração e tradução de materiais informativos sobre
direitos humanos e sua distribuição mais ampla possível, assim como a sua
difusão via Internet. Também o Serviço de Execução de Acórdãos do Tribunal
Europeu dos Direitos do Homem considera louváveis os trabalhos de
informação pública sobre o procedimento de queixa para o Tribunal Europeu,
assim como de disponibilização dos acórdãos deste Tribunal na página do
GDDC, logo no mês seguinte àquele em que foram adoptados – esta é aliás
considerada uma parte importante da execução dos referidos acórdãos, tendo
recentemente começado a ser incluídos documentos importantes relativos à
sua execução.
Caras Senhoras e Senhores,
Todos estes são aspectos destacados como positivos pelos comités da ONU.
No entanto, todos os comités apontaram um número muito superior de áreas
151
de preocupação e formularam recomendações com vista a fomentar um mais
cabal cumprimento, por Portugal, das suas obrigações de direitos humanos.
Por vezes, estas recomendações foram seguidas: foi, entre outros, o caso da
recomendação de conceder efeito suspensivo ao recurso judicial interposto em
caso de indeferimento de um pedido de asilo pelas autoridades administrativas,
diversas vezes formulada por órgãos como o Comité dos Direitos do Homem e
a Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância, cujas posições sobre
este ponto coincidiram com a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos
do Homem e do Tribunal de Justiça da União Europeia, assim como com
disposições de direito comunitário. Também foi esse o caso no que concerne
às recomendações do Comité dos Direitos da Criança no sentido de Portugal
abolir todas as formas de castigos corporais contra crianças e de criminalizar a
venda de crianças, prostituição e pornografia infantis.
Outras vezes, tal não sucedeu. Porquê? As causas são tão diversificadas quão
diversificadas são as obrigações emergentes dos instrumentos internacionais
de direitos humanos: falta de vontade política; desconhecimento das
recomendações formuladas pelas instâncias internacionais; inexistência de
uma autoridade que assegure uma visão de conjunto da situação de direitos
humanos no país e do estado de aplicação das decisões ou recomendações
formuladas pelos órgãos internacionais; escasso envolvimento da sociedade
civil; falta de recursos humanos, técnicos e, sobretudo, financeiros. E,
certamente, muitas outras.
Esta Comissão Nacional visa precisamente corrigir alguns destes problemas e
funcionar como um fórum para o acompanhamento da situação de direitos
humanos em Portugal e para a coordenação dos esforços das entidades da
administração pública e da sociedade civil no sentido da melhoria de tal
situação.
152
A Comissão Nacional nasceu na sequência da revisão da situação de direitos
humanos em Portugal levada a cabo pelo Conselho de Direitos Humanos da
ONU no âmbito do seu mecanismo de Revisão Periódica Universal, em
Dezembro de 2009. Nesta ocasião, 47 delegações dirigiram ao nosso país 89
recomendações, das quais apenas duas foram recusadas.
É tempo de todos nós, nas nossas respectivas áreas de competência e de
actividade, olharmos para todas estas decisões, observações e
recomendações. Vermos o muito que foi feito e o mais que está por fazer.
Percebermos que a promoção e realização dos direitos humanos são tarefas
infinitas e inesgotáveis. Por natureza, estão sempre por fazer. E colocam
desafios especiais em tempos de crise como os que vivemos.
Mas a realização dos direitos humanos é, não só indispensável, como possível
se todos nós, agentes envolvidos – a nível local, nacional e internacional –
tivermos plena consciência do nosso papel e das nossas responsabilidades. E
se nos esforçarmos por reforçar a colaboração recíproca em prol de um esforço
que tem de ser comum.
Muito obrigada.
153
Intervenção da Provedora-Adjunta de Justiça
Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Europeus,
Senhor Subdirector-Geral da Política Externa,
Senhor Director Executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa,
Senhores Membros da Comissão Nacional para os Direitos Humanos,
Senhor Presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas,
Estimados representantes da Sociedade Civil,
Foi com grande prazer que acedi ao convite para participar nesta primeira
reunião alargada da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e nela
proferir a intervenção de encerramento dos trabalhos.
Começo estas breves palavras congratulando-me com a criação da nova
Comissão, a qual, ainda que em plano distinto, partilha com o Provedor de
Justiça a importante missão de contribuir para o reforço da promoção e
protecção dos direitos humanos no nosso país.
Com efeito, embora divirjam na sua natureza e no concreto elenco das suas
atribuições, Comissão Nacional e Provedor de Justiça aproximam-se em três
pontos que gostaria de assinalar:
A contribuição para o reforço da promoção e protecção dos direitos
humanos no nosso país;
A identidade de algumas das suas competências, como a de proporem
medidas internas para cumprimento das obrigações internacionais do
Estado português em matéria de direitos humanos e a de promoverem a
divulgação e o conhecimento desta temática a nível nacional;
O papel essencial que a interacção com outras entidades, públicas e
privadas, desempenha no contexto das respectivas actividades.
154
Julgo, nesta medida, que o diálogo entre ambas as instituições se revelará
natural e proveitoso, e espero que o dia de hoje constitua apenas o primeiro
passo, seguidos por outros que permitam a sua progressiva sedimentação.
Considero igualmente significativo que tal diálogo se tenha iniciado aqui de
forma trilateral, com participação activa da sociedade civil. Desta interacção
advirá, creio eu, um conhecimento mais apurado do sentir social e da realidade
“no terreno” do estado da implementação dos direitos humanos em Portugal.
Por seu turno, tal conhecimento possibilitará um melhor ajustamento da
intervenção pública nestes domínios.
Tem sido essa, pelo menos, a experiência do Provedor de Justiça na sua
própria actividade. Seja através de queixa formal, seja por qualquer outra via, o
Provedor de Justiça tem muitas vezes sido destinatário das preocupações da
sociedade civil em matéria de direitos fundamentais dos cidadãos. Por seu
lado, e nos limites das suas atribuições, tem procurado dar voz a estas
preocupações, quando legítimas, promovendo junto das entidades públicas
uma solução para os problemas identificados, funcionando assim como uma
espécie de “canal privilegiado” no diálogo entre sociedade civil e poderes
públicos. A isto vêm-se somando iniciativas mais ou menos pontuais de reforço
da interacção, sobretudo com Organizações Não Governamentais, como
sucedeu, por exemplo, com o Protocolo de Cooperação celebrado com o
Instituto de Apoio à Criança e com os contactos estabelecidos com
Organizações Não Governamentais de direitos dos migrantes e representativas
das principais comunidades estabelecidas em Portugal, com vista a apurar as
específicas dificuldades por estes vividas.
É importante assinalar que, como resulta do respectivo instrumento
constitutivo, a participação do Provedor de Justiça nos trabalhos da Comissão
Nacional se faz “...tendo em conta o papel que este último desempenha como
instituição nacional de direitos humanos, de acordo com os Princípios de
Paris...” (ponto 6 da Resolução n.º 27/2010).
155
Este é um estatuto que me tem parecido algo desconhecido a nível nacional,
não por força de menor relevância do mesmo, mas talvez, em parte, devido a
alguma secundarização que tem sofrido em termos de divulgação.
Com efeito, no nosso país tem sido uso pensar-se no Provedor de Justiça
essencialmente como uma instituição de tipo Ombudsman, herdeira do modelo
institucional sueco nascido no início do séc. XIX. Uma instituição independente
de resolução extrajudicial de litígios entre cidadãos e poderes públicos,
actuante sobretudo com base em queixas, e dedicada a assegurar a legalidade
e a justiça no exercício dos poderes públicos, tutelando os direitos
fundamentais dos cidadãos perante aqueles poderes.
Apesar da clara relevância que este papel tradicionalmente assume na
actividade do Provedor de Justiça, facto é que ele não esgota, hoje, todas as
vertentes da sua actuação. De forma cada vez mais vincada, o Provedor
afirma-se também como órgão de direitos humanos, função que releva não
somente do seu papel de Ombudsman, mas sobretudo daquela outra missão a
que há pouco aludi, de Instituição Nacional de Direitos Humanos.
Permitam-me uma breve explicação.
Por “Instituição Nacional de Direitos Humanos” designa-se uma variedade de
instituições administrativas (isto é, não judiciais ou parlamentares)
vocacionadas para a promoção e protecção dos direitos humanos.
Genericamente, fala-se em dois tipos de Instituição: as Comissões de Direitos
Humanos e os Ombudsman.
Em 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu um conjunto de
princípios relativos ao estatuto destas Instituições, definindo aspectos da sua
composição, competência e funcionamento e garantias de imparcialidade e
pluralismo. Ficaram conhecidos como os “Princípios de Paris” e são hoje
considerados o padrão de referência mínimo a respeitar por todas as
Instituições Nacionais de Direitos Humanos, numa óptica de plena
independência, pluralismo e eficácia da sua actuação.
156
Também em 1993, foi constituído o Comité Internacional de Coordenação das
Instituições Nacionais para a Promoção e Protecção dos Direitos Humanos
(ICC), cuja principal missão passa por apreciar a conformidade destas
Instituições com aqueles Princípios, através de um processo de acreditação e
re-acreditação de que podem resultar três classificações: A (plenamente
conforme), B (alguns aspectos não conformes) e C (não conforme).
A comunidade internacional reconhece às Instituições Nacionais de Direitos
Humanos acreditadas com estatuto A um papel fulcral na efectivação de
sistemas nacionais robustos de protecção e promoção dos direitos humanos,
bem como de ligação destes sistemas com o sistema internacional de direitos
humanos.
Com efeito, elas são consideradas parceiros essenciais das entidades
internacionais actuantes em matéria de direitos humanos, quer porque
contribuem com o seu conhecimento e experiência para informar a acção
daquelas, quer porque os seus poderes e especial entrosamento na realidade
nacional lhes permite dar continuidade no plano interno às recomendações e
outras determinações de tais entidades.
Esta importância das Instituições Nacionais de Direitos Humanos é
especialmente saliente no quadro das Nações Unidas, onde lhes vem sendo
reconhecido um conjunto específico de direitos de participação nalgumas
instâncias, maxime no Conselho de Direitos Humanos, como sejam a
apresentação de documentos próprios, a assistência a reuniões e a
intervenção oral autónoma.
Em Portugal, como disse, é o Provedor de Justiça que assume o papel de
Instituição Nacional de Direitos Humanos. Aliás, desde 1999, o Provedor
encontra-se acreditado pelo ICC com estatuto A, atestando-se assim a sua
plena conformidade com os padrões exigidos pelos Princípios de Paris.
157
De um ponto de vista temático, a vertente de direitos humanos é especialmente
patente em certas áreas de actuação do Provedor de Justiça, como, por
exemplo, a matéria do sistema penitenciário e dos direitos dos reclusos; a
matéria de direitos dos migrantes; e também a dos direitos das crianças, dos
idosos e das pessoas com deficiência.
Aí se jogam, tantas vezes, os direitos, liberdades e garantias mais nucleares,
mais estreitamente inerentes ao princípio da dignidade da pessoa humana, e
que surgem largamente consagrados em instrumentos internacionais como as
Convenções das Nações Unidas e do Conselho da Europa.
Já no plano orgânico-formal, a perspectiva de direitos humanos manifesta-se,
nomeadamente, na forma como se encontra definido o elenco dos poderes do
Provedor de Justiça, com inclusão de poderes como o poder de actuação por
iniciativa própria, o poder de recomendação legislativa e o poder de iniciativa
junto do Tribunal Constitucional.
Estas três prerrogativas permitem ao Provedor de Justiça uma intervenção de
índole mais genérica e sistemática, contribuindo para o maior alinhamento
possível da legislação e prática portuguesas com o direito internacional em
matéria de direitos humanos, bem como com as recomendações emitidas pelos
órgãos internacionais de monitorização do respeito por esses direitos.
Por outro lado, o conhecimento e experiência adquiridos pelo Provedor no
exercício das suas funções permitem-lhe fornecer às entidades internacionais
uma perspectiva imparcial e detalhada da situação dos direitos humanos em
Portugal, habilitando-as assim a desempenharem a sua missão de modo mais
informado.
Neste contexto, o Provedor tem sido frequentemente chamado a contribuir com
informação, comentários e posicionamentos para a actividade dos mecanismos
de monitorização como, entre outros, a Revisão Periódica Universal das
Nações Unidas, os Comités estabelecidos nas Convenções das Nações Unidas
158
e do Conselho da Europa e os Altos Comissários para os Direitos Humanos de
um e outro espaço de cooperação.
No plano interno, o Provedor vem também contribuindo, a pedido das
autoridades nacionais competentes, com informação pertinente para a
elaboração dos relatórios nacionais de implementação dos tratados de direitos
humanos aos quais o Estado português se encontra vinculado.
Tendo em conta a presença de inúmeros representantes da sociedade civil,
não quis deixar de dar nota desta componente sempre presente mas nem
sempre evidente da actuação deste órgão do Estado, contribuindo assim para
a sua maior divulgação.
Essa divulgação foi, aliás, um desafio que elegi para o meu mandato, e por
força do qual determinei que, já no ano de 2010, e pela primeira vez, venha a
ser incluída no nosso Relatório Anual à Assembleia da República, um capítulo
especificamente dedicado ao Provedor de Justiça enquanto Instituição
Nacional de Direitos Humanos.
Ex.mos Senhores,
Concluo onde comecei. Saudando, com agrado, o nascimento deste novo
espaço de colaboração, no qual nos foi possível – e, espero, continuará a sê-lo
– convergir em torno da partilha de conhecimentos, experiências, dificuldades,
sucessos e desafios.
Pela parte do Provedor de Justiça, fica expressa, desde já, a inteira
disponibilidade para prosseguir o diálogo em oportunidades futuras, não
apenas neste fórum, mas por todas as vias que se revelem pertinentes.
Muito obrigado.