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RESERVA NATURAL LOCAL DO SAPAL DO RIO COINA E MATA NACIONAL DA MACHADA RELATÓRIO DA DISCUSSÃO PÚBLICA 10 DE JULHO DE 2012

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RESERVA NATURAL LOCAL DO SAPAL DO RIO COINA E MATA

NACIONAL DA MACHADA

RELATÓRIO DA DISCUSSÃO PÚBLICA

10 DE JULHO DE 2012

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RESERVA NATURAL LOCAL DO SAPAL DO RIO COINA E MATA NACIONAL DA MACHADA Relatório da Discussão Pública

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1. INTRODUÇÃO

O presente documento constitui o relatório de apuramento e ponderação dos resultados da Discussão Pública da

Proposta de Criação da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e Mata Nacional da Machada (RNL). Este relatório

dá cumprimento ao disposto nos artigos 14º e 15º do Decreto-lei nº142/2008, de 24 de Julho (Regime Jurídico da

Conservação da Natureza e Biodiversidade) e é elaborado na sequência da deliberação nº80/2012 da Câmara Municipal

do Barreiro, de 15 de Fevereiro.

2. CRONOLOGIA DO PROCESSO

O reconhecimento pela Autarquia da importância da Mata Nacional da Machada e do Sapal do Rio Coina para o

Concelho do Barreiro concretizou-se numa proposta de criação do Parque Ambiental do Barreiro (PAB), que foi

aprovada em Reunião de Câmara no ano de 1992.

Depois de um interregno de mais de uma década na dinamização da Mata e do Sapal, no ano de 2008, a Autarquia dá

início a um conjunto de trabalhos de promoção e divulgação da Mata da Machada e do Sapal do Rio Coina,

nomeadamente com a realização de alguns estudos científicos de levantamento da fauna e da flora e vegetação

existentes.

Ainda em 2008 teve lugar uma profunda alteração no enquadramento legal de criação de áreas protegidas de âmbito

local e regional, com publicação do Decreto-Lei nº142/2008, de 24 de Julho, que revogou o Decreto-Lei nº19/93, de 23

de Janeiro. Este novo diploma estabelece o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e Biodiversidade, criando a

possibilidade de os municípios criarem áreas protegidas, por proposta da Câmara Municipal e, após consulta pública,

aprovação pela Assembleia Municipal.

Estavam então criadas as condições para que a Câmara Municipal do Barreiro (CMB) desse início a um conjunto de

trabalhos com o objectivo de criar uma área protegida de âmbito local, de forma a conservar o património natural

existente, e disponibilizando-o para usufruto da população.

Em Maio de 2010, teve lugar o arranque da classificação com um período prévio (informal) de consulta pública, no

decorrer da Agenda de Actividades | Ambiente e Biodiversidade, promovida pela CMB. Os resultados dos inquéritos

foram bastante satisfatórios, revelando que cerca de 90% dos inquiridos concordava com a classificação do Sapal do Rio

Coina como área protegida local.

Em Setembro de 2011, a Autarquia dinamizou uma sessão de participação pública sobre a Mata da Machada e Sapal

do Rio Coina, com a colaboração da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que contou

com a participação de diferentes grupos de actores locais, nomeadamente cidadãos, agências, instituições e

colectividades, autarcas e quadros técnicos da administração local e central. O relatório produzido no âmbito da sessão

sistematizou um conjunto de propostas muito interessantes e as expectativas dos vários participantes, permitindo

concluir que a área em questão é de extrema importância para o desenvolvimento do concelho, para a promoção da

qualidade de vida dos munícipes, que pretendem usufruir em pleno destes locais, e que a preservação dos valores

naturais em presença é também bastante defendida.

Tendo presente que a participação pública é essencial no decorrer de todo o processo, ainda no final do ano de 2011, e

aproveitando um inquérito que foi feito à população no âmbito do mapa de ruído, teve lugar um segundo momento de

auscultação aos munícipes relativamente à Reserva Natural. Numa amostra representativa da população, mais de 90%

concorda com a criação da área protegida local e 67% afirma que gostaria de apoiar esta iniciativa (sendo que destes,

83% disponibilizaram o contacto à CMB).

Ao longo dos trabalhos de preparação da proposta de regulamento e delimitação da Reserva Natural, teve lugar um

conjunto de reuniões com algumas das entidades com competências na área em questão.

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Em 15 de Fevereiro de 2012, a Câmara Municipal do Barreiro aprovou a proposta de criação da Reserva Natural Local

do Sapal do Rio Coina e Mata Nacional da Machada, que após um período de discussão pública, que agora termina,

será de novo presente a Reunião de Câmara e posteriormente à Assembleia Municipal, terminando todo o processo

com a publicitação em Diário da República.

3. PUBLICITAÇÃO DA DISCUSSÃO PÚBLICA

O período de Discussão Pública da proposta da RNL decorreu de 22 de Março de 2012 a 19 de Abril de 2012, anunciado

através do Aviso 3857/2012, publicado no Diário da República, 2ª série, N.º 51, de 12 de Março de 2012.

Foi divulgado nos seguintes locais de consulta, através de afixação de edital, com conteúdo igual ao Aviso:

Câmara Municipal do Barreiro

Junta de Freguesia do Barreiro

Junta de Freguesia do Lavradio

Junta de Freguesia da Verderena

Junta de Freguesia do Alto do Seixalinho

Junta de Freguesia de Santo André

Junta de Freguesia de Palhais

Junta de Freguesia de Coina

Junta de Freguesia de Santo António da Charneca

Foi também divulgado na comunicação social de âmbito regional e no Boletim Folha Viva, editado pelo Centro de

Educação Ambiental da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina.

Adicionalmente, o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, I.P. publicitou no seu site a abertura do

período de consulta pública e a Autarquia também fez referência ao mesmo no seu site.

Diário da República, 2ª série, N.º 51, de 12 de Março de 2012

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Anúncio publicado no Jornal do Barreiro e Diário da Região Edição nº31 do Boletim Folha Viva

Site do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, I.P.

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A documentação para consulta encontrava-se disponível na Divisão de Sustentabilidade Ambiental, sita na Rua Stinville

nº14, 2830-144 Barreiro e ainda no site da Autarquia, e integrava os seguintes documentos:

Deliberação nº80/2012 da Câmara Municipal do Barreiro, de 15 de Fevereiro Informação interna sobre a Reserva Natural Local Proposta de Regulamento da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e Mata Nacional da

Machada e respectiva delimitação

ANEXO I Proposta de criação do Parque Ambiental do Barreiro (PAB) Protocolo entre CMB e Corpo Nacional de Escutas sobre o PAB Folhetos do Parque Ambiental do Barreiro

ANEXO II

Guia da Flora da Mata da Machada Aquisição de serviços para levantamento da flora e vegetação da Mata da Machada Relatório técnico: Diversidade, distribuição e conservação dos vertebrados terrestres na Mata

Nacional da Machada e Sapal do Rio Coina Aquisição de serviços para estudo da fauna da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina

ANEXO III

Decreto-Lei 142/2008, de 24 de Julho – Regime jurídico da conservação da Natureza e Biodiversidade

Ofício ICNB para ANMP sobre a criação de áreas protegidas de âmbito local e regional Documentação diversa sobre Áreas Protegidas (ICNB)

ANEXO IV “O rio que corre pela minha aldeia” – Relatório sobre a classificação do sapal do Coina Aquisição de serviços para avaliação da classificação do Sapal do Coina como área protegida

ANEXO V

Proposta para abertura de um período informal de consulta pública sobre a classificação do Sapal do Rio Coina como Área Protegida

Resultados dos inquéritos feitos aos participantes na Agenda de Actividades | Ambiente e Biodiversidade de 2010

Proposta de expansão da Zona de Protecção Especial (ZPE) do Estuário do Tejo na perspectiva da conservação das aves limícolas

ANEXO VI Relatório científico sobre os quirópteros da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina Aquisição de serviços para estudo dos quirópteros da Mata da Machada e Sapal do Rio Coina

ANEXO VII Relatório da Sessão de Participação Pública – A Mata da Machada e o Sapal do Rio Coina Aquisição de serviços para facilitação e dinamização da sessão de participação pública

ANEXO VIII Revista da Conferência sobre Áreas Protegidas Locais

ANEXO IX Relatório sobre a gestão de Áreas Protegidas Locais Aquisição de serviços para avaliação da gestão das áreas protegidas locais

ANEXO X Inquérito sobre a Mata da Machada e Sapal do Rio Coina

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Adicionalmente, deu-se conhecimento, através de ofício, datado de 15.03.2012, às seguintes entidades:

Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, I.P.

Agência Portuguesa de Ambiente, I.P.

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo

Guarda Nacional Republicana

Polícia de Segurança Pública

Associação de Municípios da Região de Setúbal

Instituto Português da Juventude, I.P.

Escola de Fuzileiros de Vale do Zebro

Junta de Freguesia de Palhais

Junta de Freguesia de Coina

Junta de Freguesia de Santo António

Junta de Freguesia de Santo André

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Associação Portuguesa de Educação Ambiental

Liga para a Protecção da Natureza

Simarsul – Sistema Integrado Multimunicipal de Águas Residuais da Península de Setúbal, S.A.

Self Energy – Solutions, S.A.

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Sul e Sueste

Bombeiros Voluntários do Corpo de Salvação Pública do Barreiro

Agrupamento de Escuteiros 586 - Palhais

Agrupamento de Escuteiros 1011 - Lavradio

Agrupamento de Escuteiros 74 - Santa Maria

Agrupamento de Escuteiros 1180 - Santa Cruz

Agrupamento de Escuteiros 927 - Santo André

Agrupamento de Escuteiros 690 - Barreiro

Instituto Politécnico Setúbal

Associação dos Diabéticos do Barreiro e Moita

Casa do Pessoal do Hospital do Barreiro

Associação Unitária dos Reformados, Pensionistas e Idosos do Lavradio

Associação de Reformados Pensionistas e Idosos de Santo André

Centro Social e Paroquial “Padre Abílio Mendes”

Centro Social de Santo António

CATICA – Centro Comunitário de Coina

Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Palhais

Santa Casa da Misericórdia do Barreiro

Grupo Dramático e Recreativo “Os Leças”

Clube Dramático Instrução e Recreio 31 de Janeiro “Os Celtas'”

Grupo Desportivo dos Ferroviários do Barreiro

Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense

Associação de Cicloturismo Fidalbyke

QVG BikeTeam

Casa dos Rapazes – Centro Social e Paroquial Santo André

Instituto dos Ferroviários

Futebol Clube Barreirense

Cooperativa Cultural Popular Barreirense

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Escolas Secundárias do Concelho do Barreiro

Escolas Básicas 2º e 3º Ciclos do Concelho do Barreiro

4. ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DA PARTICIPAÇÃO

De seguida serão transcritos os 8 contributos recebidos, a que se segue um comentário.

De referir que os dois primeiros contributos foram recebidos, antes ainda de se iniciar o processo de consulta pública,

apontando algumas questões importantes e que foram devidamente consideradas. Este aspecto revela um esforço de

envolvimento da população permanente ao longo de todo o processo, o que permitiu que chegassem contributos

mesmo antes do período formal de discussão pública.

Contributo 1: Vereador Nuno Santa Clara | 14/02/2012

1. Foi proposto à Câmara um Projeto de Regulamento da Reserva natural do Sapal do Rio Coina e

mata Nacional da Machada, datado de 30 de janeiro de 2012, para ser apreciado na sessão

pública de 15 de Fevereiro.

2. Desejo antes de mais saudar esta importante iniciativa, destinada a preservar, fruir e desenvolver

uma área de importância transcendente no nosso Concelho.

3. Dentro dessa postura, não posso deixar de tentar contribuir para uma melhor definição desse

Projeto, aditando alguns considerandos e sugerindo algumas correções.

4. Antes de mais, convém recordar que a legislação de enquadramento deste Projeto é o Decreto-lei

n.º 142/2008, de 24 de Julho, pelo que nenhuma disposição do regulamento proposto pode

contrariar o expresso do citado decreto-lei.

(…)

10. No art.º 9.º - n.º 1 – alínea o) refere-se “um representante da Guarda Nacional Republicana –

SEPNA, a definir pelo Comandante do Destacamento o Montijo”. Não parece curial designar

quem, dentro da GNR, designa o seu representante; parece mais correta a fórmula da alínea p) “

Um agente da polícia de Segurança Pública – BRIPA”.

11. No art.º 11.º - alínea d) parece mais correto utilizar a expressão “… ou domésticas nas linhas de

água, no solo…“.

12. No art. º 12. -º - n.1, diz-se que “… ficam sujeitos a autorização prévia da comissão diretiva da

Reserva natural…”. É questionável se a comissão diretiva tem poderes instituições para conceder

ou negar autorizações. Seria melhor referir “… sujeitos a apreciação prévia, com efeito

vinculativo,…”.

13. No art.º 12.º - n.º 1 alínea f), embora concordando com o teor, tenho dúvidas quanto à

capacidade de fiscalização.

14. No art.º 13.º - n.º 3, alterar para ”… consoante os casos, que a autorização …”.

15. No Anexo I ao Projeto, há que salvaguardar a pequena área da Freguesia de Coina onde decorre o

Mercado de Levante. Propõe-se que fique fora da Reserva natural a faixa de terreno entre o Rio

Coina e a EN10-3, e entre a ponte da EN-3 para Coina e a nova ponte de ligação ao Seixal. Deste

modo, evitar-se-ia a colisão entre o regulamento proposto e o constante no DL 142/2008.

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Comentário ao Contributo 1:

Relativamente às notas 10. e 14. foram efectuadas as devidas alterações no Regulamento da RNL. Foi igualmente

retirada a área correspondente ao Mercado de Levante da Reserva Natural Local.

Contributo 2: Capitania do Porto de Lisboa | 05/03/2012

Esta Capitania teve conhecimento que o projecto de Regulamento, mencionado em epígrafe, se

encontra em fase de elaboração. Analisando o seu teor constatou-se que o Conselho consultivo é

composto pelo presidente da comissão directiva e por representantes de várias entidades, nas quais

não se inclui a Capitania do Porto de Lisboa.

A área que se pretende venha a integrar a Reserva natural local do sapal do rio Coina e mata nacional

da Machada, encontra-se localizada na área de jurisdição marítima desta Capitania, conforme

Decreto-Lei nº265/72, de 31 de julho, com a redação introduzida pelos diversos diplomas legais que

vieram alterar este Decreto-Lei.

Tendo em consideração as competências do capitão de Porto de Lisboa – decreto-lei nº44/2002, de 2

de março -, a Lei da água – Lei nº58/2005, de 29 de dezembro, e por forma a agilizar futuras decisões

que venham a ser tomadas no âmbito deste Conselho, julga-se que seria conveniente a presença

neste, de um representante desta Capitania.

Comentário ao Contributo 2:

Considera-se bastante pertinente a sugestão feita, que por isso foi devidamente considerada, tendo sido acrescentado

ao nº1 do Artigo 9º, a alínea s) “Um representante da Capitania do Porto de Lisboa”.

Contributo 3: CNE - Agrupamento 586 – Palhais | 26/03/2012

Na sequência do vosso ofício nº04/12 e no âmbito do período de consulta pública relativamente à

criação da “Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e Mata Nacional da Machada”, o

Agrupamento 586 Palhais do Corpo Nacional de Escutas (CNE) congratula-se com esta iniciativa, pois

vê agora o sapal de Coina a ser reconhecido, e a juntar-se à Mata Nacional da Machada enquanto

espaço a proteger e a conservar, para além de se constituir uma estrutura local responsável por estes

espaços e mais próxima do cidadão local que no fundo irá ser o usufrutuário deste património, onde o

Corpo Nacional de Escutas se inclui e que passará a dispor de interlocutor directo para a prossecução

das suas acções.

(…)

Em suma da análise do projecto de Regulamento da “Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e

Mata Nacional da Machada” algumas dúvidas se colocam:

1. Quais as outras autorizações, pareceres ou licenças a que ficam sujeitas a realização de fogos

controlados e a prática de campismo ou caravanismo fora dos locais destinados a esse fim, para

além da autorização ou parecer a conceder por parte da comissão directiva da Reserva Natural?

2. Possibilidade de reapreciação do prazo máximo para a concessão de autorizações e pareceres (45

dias)?

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3. Quais os requisitos e modo de selecção das “Organizações não-governamentais com intervenção

na área da Reserva Natural, consideradas em conjunto e em sistema rotativo, com mandato de

um ano” com possibilidade de assento no Conselho Consultivo?

Comentário ao Contributo 3:

Questão 1. Refere-se a todas as autorizações, pareceres ou licenças de actividades que já se encontram

regulamentadas por legislação própria, conforme o disposto pelo nº 1 do Artigo 13º do projecto de regulamento da

Reserva Natural.

Por “Fogo Controlado” entende-se uma ferramenta de gestão de espaços florestais que consiste no uso do fogo sob

condições, normas e procedimentos conducentes à satisfação de objectivos específicos e quantificáveis e que é

executada sob responsabilidade de técnico credenciado.

Assim, e conforme indicado na alínea e), do nº 1 do Artigo 12º, a realização de fogo controlado encontra-se sujeita à

Portaria nº 1061/2004, de 21 de Agosto. Esta define conceitos e procedimentos relativos ao planeamento e à

concretização da queima e consequente avaliação da satisfação e quantificação dos objectivos programados. Sendo

que o objectivo da referida portaria é estabelecer o regulamento do Fogo Controlado, bem como definir os requisitos

dos técnicos habilitados a planear e a exercer a técnica de uso do fogo, de acordo com o disposto nos artigos 17º e 20º

do Decreto-Lei nº 156/2004, de 30 de Junho, com redacção no Decreto-Lei nº 17/2009, de 14 de Janeiro.

Relativamente à “prática de campismo ou caravanismo fora dos locais destinados a esse fim”, esclarece-se que de

acordo com o Artigo 19º, a Reserva Natural Local será dotada de um plano de gestão, que para além da definição dos

diferentes graus e áreas de protecção, irá igualmente definir os seus usos. Adicionalmente determinará os

procedimentos de gestão corrente.

Questão 2. De acordo com o nº2 do Artigo 13º, “na falta de disposição especial aplicável, o prazo para a emissão das

autorizações e pareceres pela comissão directiva da Reserva Natural é de 45 dias”. Esclarece-se que este prazo não se

refere a questões correntes, mas trata-se de um procedimento genérico e aplicável às diversas situações que careçam

de autorização ou pareceres por parte da comissão directiva. Contudo, e de acordo com o Artigo 19º, o plano de gestão

a elaborar deverá definir procedimentos de gestão corrente.

Questão 3. A alínea m), do nº 1 do Artigo 9º, passará a ter a seguinte redacção: “Três organizações não governamentais

com intervenção na área da Reserva Natural, designadas ao abrigo do Regulamento sobre a representação das

associações de defesa do ambiente / organizações não governamentais de ambiente (ADA/ONGA) em organismos

públicos”

Assim os requisitos e modo de selecção das ADA/ONGA, nas quais se incluem as associações escutistas, a serem

representadas no conselho consultivo da Reserva Natural, terão que obedecer ao regulamento acima indicado.

Contributo 4: Fraternidade de Nuno Álvares - Núcleo de Santo André | 9/04/2012

O Núcleo de Santo André da fraternidade de Nuno Álvares, alegra-se com a iniciativa da Câmara

Municipal do Barreiro no reconhecimento e criação da “Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e

Mata Nacional da Machada”, no âmbito local para a conservação da natureza e da biodiversidade e

valorização do património natural e paisagístico, sendo gerida mais próximo de quem usufrui do

espaço para a realização das suas atividades.

(…)

Da análise ao projeto de Regulamento, e para o desenvolvimento das atividades escutistas,

solicitamos os seguintes esclarecimentos:

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Composição do Conselho Consultivo - Art.º 9º, nº1-m)

o Quais os requisitos e modo de seleção das “Organizações não-governamentais com

intervenção na área da Reserva Natural, consideradas em conjunto e em sistema rotativo,

com o mandato de um ano.” Com possibilidade de assento no Conselho Consultivo? Achamos

importante a presença de um elemento da nossa Associação FNA uma vez que somos uma

associação distinta do CNE.

Atos e atividades interditas - Art.º 11º - i)

o Quando se referem a que é interdito “A prática de atividades desportivas e de lazer fora

dos locais destinados a esse fim, especialmente as que impliquem veículos motorizados”,

solicitamos esclarecimentos sobre os critérios para a definição dos locais para esses fins?

Atos e atividades condicionadas - Art.º 12º, nº1- e), g)

o “A realização de fogos controlados…” e “A prática de campismo ou caravanismo fora dos

locais destinados a esse fim” ficam obrigados a autorização prévia da Comissão diretiva da

Reserva Natural. Esta autorização prévia poderá entrar em contradição com a alínea g) do

artigo 12º e com as autorizações solicitadas pelo artigo 13º, nº1.

Autorizações e pareceres - Art.º 13º, nº2 e nº4

o Nº2 - “Na falta de disposição especial aplicável…” a que se refere? Protocolos com

associações?

o Nº2 - “…o prazo para a emissão das autorizações e pareceres pela comissão diretiva da

Reserva Natural é de 45 dias”. O prazo em nossa opinião é excessivo, pois pressupõe um

planeamento muito antecipado que em algumas situações se torna muito difícil de realizar.

Solicitamos a reapreciação deste prazo.

o Nº4 - “As autorizações e pareceres emitidos pela comissão diretiva da Reserva Natural ao

abrigo do presente diploma caducam decorridos dois anos sobre a data de emissão…”.

Solicitamos esclarecimentos sobre este procedimento, ou seja, tendo sido solicitado uma

autorização ou parecer para qualquer tipo de atividade tem a validade de 2 anos?

Comentário ao Contributo 4:

Composição do Conselho Consultivo - Art.º 9º, nº1-m)

A alínea m), do nº 1 do Artigo 9º, passará a ter a seguinte redacção: “Três organizações não governamentais com

intervenção na área da Reserva Natural, designadas ao abrigo do Regulamento sobre a representação das associações

de defesa do ambiente / organizações não governamentais de ambiente (ADA/ONGA) em organismos públicos”.

Assim os requisitos e modo de selecção das ADA/ONGA, nas quais se incluem as associações escutistas, a serem

representadas no conselho consultivo da Reserva Natural, terão que obedecer ao regulamento acima indicado.

Atos e atividades interditas - Art.º 11º - i)

Esclarece-se que de acordo com o Artigo 19º, a Reserva Natural Local será dotada de um plano de gestão, que para

além da definição dos diferentes graus e áreas de protecção, irá igualmente definir os seus usos.

Atos e atividades condicionadas - Art.º 12º, nº1- e), g)

Não existe contradição com o nº1 do Artigo 13º, pois é claramente indicado que “… não dispensam outras autorizações,

pareceres ou licenças que legalmente forem devidas.”, sendo igualmente indicado de forma clara no nº 1 do Artigo 12º

que “Sem prejuízo dos restantes condicionalismos legais…”.

Concretamente, e utilizando o exemplo indicado – Fogo Controlado, que consta na alínea e), do nº 1 do Artigo 12º, a

autorização por parte da comissão directiva da Reserva Natural não é vinculativa uma vez que, como referido, a

realização de fogo controlado encontra-se sujeita à Portaria nº 1061/2004, de 21 de Agosto. Esta define conceitos e

procedimentos relativos ao planeamento e à concretização da queima e consequente avaliação da satisfação e

quantificação dos objectivos programados. Sendo que o objectivo da referida portaria é estabelecer o regulamento do

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Fogo Controlado, bem como definir os requisitos dos técnicos habilitados a planear e a exercer a técnica de uso do

fogo, de acordo com o disposto nos artigos 17º e 20º do Decreto-Lei nº 156/2004, de 30 de Junho, com redacção no

Decreto-Lei nº 17/2009, de 14 de Janeiro.

Por “Fogo Controlado” entende-se uma ferramenta de gestão de espaços florestais que consiste no uso do fogo sob

condições, normas e procedimentos conducentes à satisfação de objectivos específicos e quantificáveis e que é

executada sob responsabilidade de técnico credenciado.

Autorizações e pareceres - Art.º 13º, nº2 e nº4

No nº2 do Artigo 13º, “Na falta de disposição especial aplicável…” refere-se a autorizações/pareceres que se prendem

com regulamentos específicos, legislação e demais enquadramento jurídico, e que por isso requerem prazos concretos

para emissão de autorização ou parecer.

Relativamente à questão do prazo de 45 dias ser excessivo e da validade de 2 anos dos pareceres, reforça-se o facto de

que estes prazos não se referem a questões correntes, mas trata-se de um procedimento genérico e aplicável às

diversas situações que careçam de autorização ou pareceres por parte da comissão directiva. Contudo, e de acordo

com o Artigo 19º, o plano de gestão a elaborar deverá definir procedimentos de gestão corrente.

Contributo 5: Filomena Limpo | 10/04/2012

Com base na Consulta Pública relativa à Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e Mata Nacional

da Machada venho por este meio exprimir as minhas opiniões e preocupações.

Assim sendo, começo por salientar os limites da proposta da Reserva Natural Local do Sapal do Rio

Coina e Mata Nacional da Machada descrita no Anexo I do Projecto de Regulamento.

Quando é referido no Anexo I a delimitação a Este, nomeadamente “*…+ até ao nó em que o primeiro

intercepta o Itinerário Complementar 32 *…+ a Oeste com a Mata Nacional da Machada. *…+”, seria

natural, segundo minha opinião, que a delimitação da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e

Mata Nacional da Machada acompanhasse o terreno para Sul e até ao seu limite, confinando com o

Caminho Municipal 1028 e a Estrada Municipal 510, até ao eixo de ligação com o IC21.

Contudo, se assim fosse, possivelmente o IC32 não teria sido viabilizado, visto não poder integrar a

Reserva. Ainda assim e apesar de convenientemente terem procedido à delimitação da Reserva

confinada ao traçado do IC32, não me parece viável do ponto de vista do ruído, atmosférico e pluvial a

localização do referido IC32, o qual está convenientemente quase concluído e só agora ter sido

apresentado a Consulta Pública e a posteriori a criação da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina

e Mata Nacional da Machada, processo que teve o seu início há 20 anos, o que é no mínimo irónico.

Faz-me questionar igualmente certas e determinadas prioridades.

Falando ainda deste limite da Reserva adequado ao IC32, é de denotar igualmente o impacto visual

que o mesmo provoca ao meio ambiente envolvente, que considero chocante.

No que concerne ao articulado, ressalvo várias preocupações:

Artigo 11.º, nas suas alíneas a), c), e), f), g), h) e i)

É expectável que haja uma intervenção deveras activa de vigilância de qualquer uma destas possíveis

acções e que a mesma seja extensível na sanção aplicável por parte das entidades fiscalizadoras,

conforme aplicação do Artigo 15.º do Projecto de Regulamento.

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Insisto nestas alíneas pelo facto de que se houver uma postura forte de prevenção, mas igualmente de

fiscalização e aplicação das sanções, que as mesmas revistam um carácter a curto e a longo prazo

preventivo e educacional.

Artigo 11.º, alínea b)

Levantou-se-me aqui uma dúvida, visto que existe um depósito de ferro velho e/ou sucata à beira da E.

N. 10-3 (do lado direito, já no início da subida e após a passagem da Escola de Fuzileiros Navais, no

sentido Coina – Palhais).

Apesar de desconhecer a titularidade do terreno ocupado e da existência ou não de licença para tal

actividade, é, no mínimo irónico e contraditório, que a área de terreno ocupado com o ferro velho e

sucata tenha aumentado nos últimos anos, numa zona de grande impacto visual e extremamente

perto da entrada da Mata Nacional da Machada.

A questão que aqui levanto é a seguinte:

Após a aprovação em Diário da República da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e Mata

Nacional da Machada, o que é que vai ser feito em relação a esta sucateira?

Artigo 11.º, alínea d)

Esta alínea apresenta-se-me como pertinente devido a duas particularidades:

1.ª A delimitação da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e Mata Nacional da Machada em

acompanhar o traçado do Projecto IC32/CRIPS, ainda que considere que este deveria ser na

continuidade do terreno para Sul e até ao seu limite, confinando com o Caminho Municipal 1028,

seguindo depois a Estrada Municipal 510 até ao eixo de ligação com o IC21, como anteriormente

referi.

2.ª A relevância desta alínea está, em minha opinião, ligada à minha ressalva anterior, porque ainda

que convenientemente tenham colocado o limite da Reserva Natural Local do Sapal do Rio Coina e

Mata Nacional da Machada a acompanhar o traçado do IC32, ainda assim vão ocorrer escorrências

para o terreno (que inclui o terreno da Reserva), provenientes da circulação de veículos automóveis no

referido IC32.

As minhas questões são:

1 - Quem é que vai ser responsabilizado por esta acção de poluição que vai lançar “*…+ no solo ou no

subsolo sem tratamento adequando ou de forma susceptível de causar efeitos negativos no ambiente;

*…+”?

2 - Visto que estas escorrências vão integrar o subsolo e consecutivamente contaminá-lo, bem como

aos veios freáticos, quem será responsabilizado?

3 – Foi considerado, aquando da aprovação do traçado do IC32, que a contaminação do solo, subsolo

e água iria afectar o normal desenvolvimento e a biodiversidade do sapal, já que as escorrências vão

acompanhar o percurso do rio Coina para jusante (afectando a parte integrante da Reserva),

contaminando tudo à sua passagem?

4 - Quem será igualmente responsabilizado pela poluição atmosférica e do ruído daí advindas, que se

vão reflectir igualmente na área da Reserva?

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Após aqui exprimir as minhas opiniões e preocupações relativas à criação da Reserva Natural Local do

Sapal do Rio Coina e Mata Nacional da Machada, não posso, contudo, deixar de FELICITAR a sua

criação, algo que já deveria ter ocorrido há muito tempo e que teria possivelmente evitado o traçado

do IC32, bem como o traçado (da eventual e espero que não) futura ligação Barreiro-Seixal, que

igualmente não acolhe qualquer favorecimento da minha parte enquanto filha da terra, pois nem tudo

o que é progresso o é, enquanto progresso sustentável e equilibrado.

Comentário ao Contributo 5:

Relativamente à sucata referida, esta já foi devidamente fiscalizada e posteriormente notificada pelos serviços

camarários, não se verificando actualmente a existência desta actividade no local.

As demais questões referidas pela munícipe, apesar de pertinentes, são da responsabilidade das Estradas de Portugal,

nomeadamente ao nível do acompanhamento do RECAPE - Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de

Execução, sendo por isso externas à Autarquia.

Contributo 6: Instituto da Conservação da Natureza e Florestas | 16/04/2012

(…)

Sendo inegável o interesse subjacente o interesse subjacente À criação RNL-SC/MNM, figura que

consideramos adequada à conservação e valorização dos recursos naturais e paisagens na maior parte

da área nela incluída, é contudo nosso parecer que deverão ser assegurados diversos aspetos

essenciais, os quais passamos a enunciar:

1. No que respeita aos limites da RNL-SC/MNM, reafirmamos o anteriormente transmitido, a 15.02-

2012, nomeadamente quanto à vantagem de não serem incluídos nos limites da Reserva Natural

Local (tipologia que deve ser entendida como um repositório de valores naturais) porções de

território de valor natural mais discutível e/ou áreas mais degradadas em termos ambientais; o

mesmo quanto aos cuidados a ter com terrenos de propriedade privada ou dependentes de outra

entidade, situações em que é importante garantir-se, a anterior da classificação, que tal

circunstância não representará um óbice à gestão da futura APL;

2. No que respeita à interseção com a gestão do domínio hídrico, tema que se prende também com a

questão referida no ponto anterior, os comentários do ICNB, de Fevereiro último, focavam a

questão da titularidade do DPH (a parte ocupada pelo sapal de Coina constitui DPH); ora,

determinando a legislação que estabelece a titularidade dos recursos hídricos (Lei n.º 54/204. De

15 de novembro) que a mesma recai no estado – através dos serviços de administração dos

recursos hídricos, será indispensável garantir-se uma articulação prévia com a entidade

competente (Agência Portuguesa do Ambiente, I.P.), sob pena da entidade gestora da RNL não

poder legalmente intervir em tais espaços.

3. Analisando o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, estabelecido pelo

Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho, verifica-se que neste momento o Plano Diretor

Municipal do Barreiro não prevê para a totalidade da área em causa um “regime de proteção

compatível”, tal como exige o referido Regime – art. os 11.º e 13.º e n.º 2 do art.º 15.º. Com

efeito, impedem sobre a Mata Nacional da Machada (e, também, sobre outros terrenos propostos

para inclusão na RNL-SC/MNM) várias servidões de natureza militar que em parte afetam esses

terrenos exclusivamente a atividades militares, estando definidos pelo atual PDM do Barreiro

(carta de ordenamento) diversos usos que não se traduzem no “regime de proteção compatível”

exigido pela legislação referida;

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4. No âmbito da Mata Nacional da Machada, está neste momento em fase de aprovação o respetivo

plano de gestão florestal (PGF), que enquadra a gestão florestal e o ordenamento do espaço sob

gestão da Autoridade Florestal Nacional, o qual incorpora já todas as preocupações de natureza

florestal, de conservação e de valorização paisagística e recreativa desta Mata Nacional. Neste

sentido, sendo conveniente evitar a duplicação de procedimentos administrativos no âmbito da

Administração Pública, deverá ser incluído neste regulamento um artigo que explicitamente

declare que os atos e atividades constantes do PGF aprovado, ou necessários à proteção da Mata

Nacional da Machada, não estão sujeitos ao regime previsto nos artigos 11.º a 13.º do

Regulamento da RNL-SC/MNM;

5. Alerta-se para o facto de a execução de diversos atos e atividades referidos nos artigos 11.º e 12.º

revestir, por vezes, um caráter de emergência, decorrente de ações de combate a incêndios

florestais, surtos de pragas e doenças e outras catástrofes não previsíveis, devendo ser

devidamente explicitado no Regulamento da RNL-SC/MNM que as atividades decorrentes de

ações de emergência no âmbito da proteção civil e da proteção florestal não estão sujeitas ao

regime previsto;

6. É suposto, sob o artigo 21.º do projeto de regulamento da RNL-SRC/MNM analisado, que o estado

possa estar envolvido no financiamento de investimentos e despesas de funcionamento daquela

Reserva, através de “contratos-programa”. Relativamente a esta matéria, que versa diretamente

sobre o financiamento de autarquias locais, a sua viabilidade estará sempre dependente do estrito

cumprimento prévio das prescrições e pressupostos estabelecidos na Lei das Finanças Locais, até

porque, por princípio, não são permitidas quaisquer formas de subsídios ou comparticipações

financeiras aos municípios e freguesias por parte do Estado, dos institutos públicos ou de fundos

autónomos (vd. Art.º 8.º, n-º 1 da Lei n.º 2/2007, de 15 de janeiro, na redação em vigor).

7. Constata-se que o artigo 6º (Comissão diretiva) continua a incluir o ICNB (ICNF) neste órgão de

gestão da APL, não tendo portanto tido em conta o comunicado pelo ICNB em 15.02.2012;

reafirma-se que as instituições existentes nesta matéria são as que de a gestão das APL pertence

aos respetivos municípios (n.2 do artigo 13.º do decreto-Lei, n.º 142/2008, de 24 de Julho), pelo

que, num tal contexto, a presença do instituto só se justificará, neste caso, no Conselho

Consultivo.

Como notas finais, revelamos ainda:

No sentido de garantir uma eficaz articulação entre os processos de criação e gestão da Reserva

Natural e de aprovação do PGF da Mata nacional da Machada, propomos igualmente que seja

agendada uma reunião entre as duas entidades no âmbito desta matéria;

O facto de ter estado disponível, durante o processo de Discussão Pública, um extenso e

interessante rol de documentação, quer ligada diretamente ao processo de classificação

propriamente dito, quer com a preocupação histórica de preservar esta zona do concelho do

Barreiro;

A circunstância de se terem detetado 2 lapsos, durante o processo em causa, já oportunamente

comunicados à CMB: por um lado o facto de o Aviso referente à publicação da Discussão Pública

referir a tipologia da APL incorretamente (“Reserva Natural” em vez de “Reserva Natural Local”) e,

por outro lado, sendo o período da Discussão Pública de 20 dias (úteis, de acordo com o Código de

Procedimento Administrativo), o imperativo legal de o mesmo decorrer de 22 de Março a 19 de

Abril do corrente ano e não apenas até 10 de Abril, como indicado no portal da Autarquia.

Comentário ao Contributo 6:

Nota 1. Embora tenham sido feitos todos os esforços para definir a área a integrar na Reserva tendo em atenção os seus

valores naturais mais relevantes e por isso objectivo de conservação, só uma intervenção consequente e continuada no

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tempo poderá em pleno ilustrar as áreas com efectivo valor relevante. Não obstante esse facto, a inclusão de áreas

territoriais de propriedade não pública não seguiu um critério diferente das demais reservas naturais de âmbito

nacional já delimitadas e geridas pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, que incluem nos seus limites

áreas de propriedade privada sempre que se considerou existirem razões que justificaram a sua inclusão para os

objectivos da figura legal de delimitação adoptada.

Nota 2. Está salvaguardada a articulação funcional com a Entidade Responsável (Agência Portuguesa de Ambiente, I.P.),

não só através do trabalho conjunto em sede da preparação da proposta de criação da Reserva, como no futuro, através

da sua participação no conselho consultivo.

Nota 3. Ainda que em abstracto se pudesse considerar que existiriam dúvidas sobre a eventual compatibilidade das

classificações de algumas parcelas – mesmo que de reduzida expressão face à área total – para as quais estão definidas

classificações de uso do solo que se mostram na sua definição, de difícil compatibilização com um regime de protecção

pretendido para a área em causa, quer a prática, quer a vontade expressa das entidades e em especial o conjunto de

valores naturais em presença e o seu estado de conservação justificam plenamente a sua inclusão. Não obstante este

facto, subsiste em qualquer dos casos a compatibilização assegurada através do próprio regulamento da RNL, que

refere no nº1 do Artigo 7º “Compete à comissão directiva, em geral, a administração dos interesses específicos da

Reserva Natural, executando as medidas contidas nos instrumentos de gestão e assegurando o cumprimento das

normas legais e regulamentares em vigor”.

Nota 4. A efectiva responsabilidade da gestão da RNL cometida à comissão directiva a constituir nos termos do

regulamento de criação, decorre do enquadramento legal que estabelece as atribuições e competências deste órgão.

Sem prejuízo das demais atribuições e competências atribuídas às diferentes entidades da Administração com

intervenção territorial ou temática, o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade previu esta como

a forma de corporizar a gestão do território da RNL, prevendo ainda a eventual participação de diferentes entidades na

gestão desta, através da sua participação na comissão directiva, preocupação que esteve sempre presente nas

propostas que foram sendo protagonizadas pela CMB, sem que no entanto esse esforço de compatibilização e

articulação pudesse ser acompanhado, pelo que considera que está previsto no regulamento a possível articulação

entre os objectivos de gestão a atingir, com outros objectivos sectoriais ou parcelares que eventualmente pendam

sobre partes do território da Reserva, como é o caso do plano de gestão florestal da Mata Nacional da Machada.

Nota 5. Foi incluído, no Regulamento, no nº2 do Artigo 11º e no nº3 do Artigo 12º o seguinte: “Por motivo de interesse

público ou em casos de emergência, no âmbito da protecção civil ou protecção florestal, não se aplica o número

anterior”.

Nota 6. Foi retirado o Artigo 21º do Regulamento da RNL.

Nota 7. Foi promovida a alteração solicitada, retirando o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, I.P. da

comissão directiva e prevendo a sua participação no conselho consultivo.

Contributo 7: Escola de Fuzileiros | 18/04/2012

(…)

Relativamente ao conteúdo do referido regulamento coloca-se à consideração de V. Ex.ª a

adequabilidade da inclusão da referência aos diplomas legais que rege a servidão militar em

causa, referente às áreas de infraestruturas militares da Escola de Fuzileiros, Decreto nº.41625, de

16 de maio de 1958 e do Centro de Comunicações, de Dados e de Cifra da Marinha – polo Penalva,

decreto n.º 578/73 de 03 novembro.

(…)

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Comentário ao Contributo 7:

Registaram-se os diplomas supracitados, porém considerou-se não ser necessário referi-los em concreto ao nível do

Regulamento da Reserva, uma vez que é referido de forma mais abrangente no Artigo 11º: “Dentro dos limites da

Reserva Natural, sem prejuízo dos demais condicionalismos e enquadramentos legais específicos, são interditos os

seguintes actos e actividades (…)” e no Artigo 12º: “Sem prejuízo dos restantes condicionalismos legais, ficam sujeitos a

autorização prévia (…)”, salvaguardando devidamente as servidões militares e outras.

Contributo 8: Empreendimentos Xavier de Lima | 19/04/2012

(…)

Somos proprietários da Quinta de S. Vicente, em Coina, onde, segundo a Reserva,a parte norte

que confina com os acessos ao IC32 fica abrangida pela mancha delimitativa da respectiva

Reserva.

(…)

Pelo PDM de 1994, a propriedade em causa está tipificada na UOPG e designada

“COINA/EXPANSÃO NORTE” que significa área de expansão habitacional do núcleo urbano de

Coina correspondendo integralmente à antiga Quinta de S. Vicente, vulgarmente designado

Pomar de Coina, e um pequeno grupo de habitações junto à EN 10.3 incluindo dois antigos fornos

de cal, com USO DOMINANTE de habitação, e USOS COMPATÍVEIS de comércio, serviços,

atividades oficinais e equipamentos, até um limite de 3 800 fogos.

As expropriações para os acessos ao IC32 tiveram em linha de conta o facto da propriedade ter

aptidão urbana, e, por isso admitimos que o terreno utilizado para esse fim, deve ser deduzido nos

limites de construção constantes da UOPG, em termos proporcionais.

Agora parece-nos incompatível esta redução drástica sem qualquer contrapartida, tanto mais que

estão previstos a construção de acessos/trilhos na área da Reserva, em terrenos privados.

Deste modo, apresentamos esta nossa reclamação, que é pertinente, se atendermos até ao que se

encontra escrito no Estudo que serviu de base à deliberação dos Órgãos Autárquicos, como

DESVANTAGENS DA CLASSIFICAÇÃO – “ alguma conflitualidade potencial com os usos alternativos

para a zona”.

Comentário ao Contributo 8:

Relativamente a este contributo, existem três aspectos relevantes a ter em conta:

1. O Regulamento da Reserva nunca se sobrepõe a qualquer instrumento de gestão territorial.

2. O actual PDM em vigor data de 1994, com base num estudo prospectivo do final da década de 80, e como tal

apresenta alguma desadequação à realidade.

3. O actual PDM encontra-se em processo de revisão.

De facto, a Reserva terá sempre de se adequar ao que decorre do PDM, seja o actual, seja o que vier a ser aprovado.

Por outro lado, a proposta de delimitação inclui apenas uma parte da referida UOPG, para onde não existe de momento

qualquer proposta de intervenção.

Considera-se que a área em questão, pela sua natureza, apresenta condições para ser integrada na Reserva, ainda que

funcione como uma “zona-tampão” ou de apoio às actividades da área protegida, salvaguardando no entanto que

estará sempre de acordo com o que é definido em sede de PDM.

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5. OUTRAS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO

Ainda no decorrer do período de consulta pública, a Câmara Municipal do Barreiro, através da Divisão de

Sustentabilidade Ambiental, promoveu três Sessões de Participação Pública acerca da proposta de Criação da Reserva

Natural Local. Estas sessões foram dinamizadas com o apoio da equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da

Universidade Nova de Lisboa, liderada pelo Professor João Farinha, e foram destinadas a três públicos-alvo distintos:

a) Comunidade Escolar:

Decorreu no dia 21 de Março de 2012, assinalando o Dia Mundial da Árvore, no Auditório da Escola Secundária de

Santo André, e contou com a participação de cerca de uma centena de alunos.

Aos jovens foram solicitadas “opiniões e sugestões daquilo que poderia ser feito para tornar a Mata um local mais

apelativo e mais vivido”, tendo sido recebidos resultados muito interessantes e que serão oportunamente

considerados.

Em resposta à pergunta “O que gostarias que a Reserva Natural Local tivesse para ser mais atractiva para ti?”, os alunos

destacaram actividades desportivas, em especial as actividades radicais e de recreio e lazer que mais interesse

despertam nos jovens.

A melhoria dos acessos à Reserva Natural Local é uma questão fundamental para a dinamização do espaço. Os jovens

sugeriram a criação de uma ciclovia com ligação à Mata da machada; mais sinalização; e mais e maior frequência dos

transportes públicos.

Outro dos aspectos mencionados prende-se com a divulgação das actividades a desenvolver, assim como dar a

conhecer os valores existentes para captar interesse e uma maior participação e envolvimento das pessoas. Nesse

sentido, forma referidos aspectos como a criação de locais de observação da fauna; a criação de percursos de natureza

(bem identificados); e actividades de observação de animais, assim como, a realização de visitas guiadas para dar a

conhecer a fauna e flora locais.

b) Entidades:

Decorreu no dia 27 de Março de 2012, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro. Esta sessão contou com a

participação das entidades que constituem o Conselho Consultivo da Reserva Natural, e outras entidades que

normalmente colaboram com o Centro de Educação Ambiental, constituindo parceiros privilegiados no âmbito da

Reserva.

Aos cerca de 30 participantes presentes foi solicitado que identificassem 3 categorias de áreas distintas dentro do limite

da Reserva Natural: áreas de grande valor natural, áreas carentes de requalificação e áreas de potencial conflito. Foram

ainda enumeradas sugestões com vista à constituição de uma comissão de gestão de excelência para a área protegida.

c) População em geral:

Decorreu no dia 28 de Março de 2012, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro.

Segundo a opinião dos cerca de 40 participantes, foram identificados os limites da reserva natural que apresentam

valores naturais muito elevados e que devem ser protegidos e os limites da reserva que podem causar problemas às

actividades económicas e sociais existentes.

Os participantes foram ainda questionados relativamente aos Artigos 11º e 12º da proposta de regulamento da Reserva

Natural Local, tendo sido registadas as observações/questões colocadas.

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Todas as questões foram respondidas pelo Vereador Nuno Banza aquando da sessão de participação, disponibilizando-

se igualmente para posteriormente fazer um atendimento mais personalizado e com todos os elementos reunidos de

forma a dar respostas mais precisas a algumas das questões colocadas.

O relatório completo relativo às várias sessões de participação encontra-se em anexo (ANEXO I).

6. PONDERAÇÃO E INCLUSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES

Depois de analisados todos os contributos recebidos no período da consulta pública, considerou-se importante integrar

algumas das propostas, de onde resulta a nova redacção do Regulamento da Reserva Natural Local do Sapal do Rio

Coina e da Mata Nacional da Machada, com ligeiras alterações em relação à primeira versão, e que se encontra em

anexo (ANEXO II).

7. PROPOSTA DE CONTINUAÇÃO DO PROCESSO

Nestes termos, propõe-se que a Câmara Municipal do Barreiro aprove a proposta de Regulamento em anexo, com as

devidas alterações introduzidas como resultado do processo de discussão pública. Posteriormente deverá ser enviado

para aprovação da Assembleia Municipal, após o que se procederá à sua publicação em Diário da República.