relatorio comissão proteção civil

Upload: esperidiao-amin

Post on 06-Apr-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    1/104

    CMARA DOS DEPUTADOS

    COMISSO ESPECIAL

    MEDIDAS PREVENTIVAS E SANEADORAS

    DE CATSTROFES CLIMTICAS

    RELATRIO

    Dep. Glauber Braga

    Relator

    Novembro - 2011

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    2/104

    1

    SUMRIO

    Membros da Comisso........................................................................................2

    Ato de Instalao.................................................................................................3

    I. Introduo.........................................................................................................4

    II. Legislao de defesa civil e temas correlatos.................................................7

    1. A Constituio Federal............................................................................7

    2. A legislao de defesa civil.....................................................................9

    3. A legislao ambiental...........................................................................11

    4. A legislao urbanstica.........................................................................24

    5. A legislao habitacional.......................................................................28

    6. A legislao sobre mitigao dos efeitos sociais das catstrofes.........30

    III. Projetos de Lei em tramitao......................................................................33

    IV. Os trabalhos da Comisso Especial.............................................................46

    V. Proposies...................................................................................................66

    Proposta de Emenda Constituio.........................................................66

    Projeto de Lei............................................................................................69

    Requerimento e Indicao.........................................................................97

    VI) Consideraes finais..................................................................................101

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    3/104

    2

    MEMBROS DA COMISSO

    Presidente: Perptua Almeida (PCdoB/AC)1 Vice-Presidente: Onofre Santo Agostini (PSD/SC)2 Vice-Presidente: Jorginho Mello (PSDB/SC)3 Vice-Presidente: Dr. Paulo Csar (PSD/RJ)Relator: Glauber Braga (PSB/RJ)

    TITULARES SUPLENTESDcio Lima PT/SC Chico D'angelo PT/RJJos Airton PT/CE Fernando Ferro PT/PELeonardo Monteiro PT/MG Jorge Boeira PT/SCLuci Choinacki PT/SC Pedro Eugnio PT/PEAdrian PMDB/RJ Fernando Jordo PMDB/RJCelso Maldaner PMDB/SC Joo Magalhes PMDB/MGEdinho Arajo PMDB/SP Esperidio Amin PP/SCMauro Lopes PMDB/MG Toninho Pinheiro PP/MGJorginho Mello PSDB/SC Vitor Penido DEM/MGOtavio Leite PSDB/RJ Paulo Foletto PSB/ESMrcio Reinaldo Moreira PP/MG Severino Ninho PSB/PE

    Simo Sessim PP/RJ Dr. Aluizio PV/RJLaercio Oliveira PR/SE Eros Biondini PTB/MGAudifax PSB/ES Andre Moura PSC/SEGlauber Braga PSB/RJ Jandira Feghali PCdoB/RJMarcelo Matos PDT/RJ Antonio Bulhes PRB/SPStepan Nercessian PPS/RJ Rosinha da Adefal PTdoB/ALWalney Rocha PTB/RJ Ademir Camilo PSD/MGHugo Leal PSC/RJ Arolde de Oliveira PSD/RJPerptua Almeida PCdoB/AC Silas Cmara PSD/AM

    Vitor Paulo PRB/RJ Aureo PRTB/RJDr. Paulo Csar PSD/RJ Edivaldo Holanda Junior PTC/MAOnofre Santo Agostini PSD/SC

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    4/104

    3

    ATO DA PRESIDNCIA DE 10/03/2011

    Designa membros para Comisso Especial

    destinada a efetuar estudo e apresentarpropostas em relao s medidas preventivase saneadoras diante de catstrofesclimticas.

    Nos termos da alnea "m" do inciso I do art. 17,

    combinado com o inciso II do art. 22, todos do Regimento Interno, esta

    Presidncia decide constituir Comisso Especial destinada a efetuar estudo e

    apresentar propostas em relao s medidas preventivas e saneadoras diante

    de catstrofes climticas, e

    Resolve

    I - designar para comp-la, na forma indicada pelas Lideranas, os Deputadosconstantes da relao anexa;

    II - convocar os membros ora designados para a reunio de instalao eeleio, a realizar-se no dia 16 de maro, quarta-feira, s 14h, no Plenrio 8 doAnexo II.

    Braslia, 10 de maro de 2011.

    Marco MaiaPresidente da Cmara dos Deputados

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    5/104

    4

    I. INTRODUO

    As calamidades pblicas provocadas por desastres

    climticos so comuns no territrio nacional. Temos diversos exemplosrecentes de catstrofes que afetaram a populao brasileira: o ciclone que

    atingiu o sul em 2004; a seca no Amazonas, em 2005; as chuvas e inundaes

    que assolaram Santa Catarina e Minas Gerais, no fim de 2008 e incio de 2009;

    e as chuvas e desbarrancamentos que atingiram o Estado do Rio de Janeiro

    em 2011. A Regio Semi-rida nordestina convive com a calamidade da

    estiagem recorrente.

    Os principais desastres climticos ocorrentes no Pas

    esto relacionados a instabilidades atmosfricas severas, que desencadeiaminundaes, vendavais, tornados, granizos e escorregamentos. De acordo com

    a Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), o Brasil o pas com o maior

    nmero de pessoas afetadas pelas chuvas e enchentes no Hemisfrio Sul.

    O Quadro 1 apresenta os desastres notificados Sedec

    em 2010. Foram 893 Municpios atingidos em todo o Brasil, devido a

    fenmenos climticos e, em alguns Estados, a terremotos e sismos e a

    incndios florestais.

    Entretanto, temos grandes dificuldades em lidar com as

    catstrofes naturais. A ocupao desordenada do solo e a falta de aes

    preventivas levam muitos brasileiros a habitarem zonas de risco, como

    encostas e margens de rios, especialmente nas reas urbanas.

    Essas dificuldades atingem, a cada ano, propores cada

    vez maiores e seu enfrentamento depende de que o Pas institua uma poltica

    de defesa civil abrangente, que contemple o planejamento integrado das aes

    de preveno, preparao, resposta e reconstruo.

    Nessa perspectiva, esta Comisso Especial de Medidas

    Preventivas e Saneadoras de Catstrofes Climticas buscou estruturar os seus

    trabalhos de forma a ouvir representantes dos governos federal, estaduais e

    municipais; especialistas e tcnicos de todas as regies, de rgos

    governamentais e no governamentais; e representantes da sociedade civil. O

    quadro completo dos palestrantes dos eventos organizados pela Comisso

    apresentado no Captulo IV.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    6/104

    5

    Quadro 1. DESASTRES NOTIFICADOS SEDEC EM 2010.

    ESTADO EVENTO

    NMERO DE

    MUNICPIOSATINGIDOS MORTOS AFETADOS

    AlagoasAlagamentos, enxurradas ouinundaes bruscas 337 333 206.598

    AmazonasEnchentes e inundaes graduais,eroso fluvial, desbarrancamentosde rios, terras cadas

    7 - 53.979

    Bahia

    Estiagens, enxurradas ou inun-daes bruscas, seca, escor-regamento ou deslizamento,alagamento

    55 13 429.672

    Cear Estiagem, terremotos e sismos 32 - 262.367Distrito

    FederalIncndios florestais - - 9.000

    Espritosanto

    Vendavais ou tempestades, gra-nizo, eroso marinha, estiagem,incndios florestais, enxurradas ouinundaes bruscas

    31 - 134.684

    Gois Enchentes e inundaes graduais 2 - 2.812

    MaranhoEstiagens, enchentes e inun-daes graduais, enxurradas ouinundaes bruscas

    38 - 214.748

    Mato Grossodo Sul

    Vendavais ou tempestades, en-xurradas e inundaes graduais,vendavais extremamente intensos,tornado, granizo

    25 1 80.516

    Mato Grosso Enxurradas ou inundaes brus-cas, eroso linear, e voorocas

    2 - 876

    MinasGerais

    Estiagens, desmoronamento demuros de conteno, enchentesou inundaes graduais, venda-vais ou tempestades, enxurradasou inundaes bruscas, erosofluvial, desbarrancamentos, terrascadas

    16 - 1. 048.426

    Par

    Enxurradas ou inundaes brus-cas, eroso fluvial, desbarranca-mentos, terras cadas, enchentesou inundaes graduais

    11 - 36.018

    Paraba Estiagens 21 - 64.458

    ParanEnxurradas ou inundaesbruscas, escorregamento oudeslizamento

    5 - 3.213

    PernambucoAlagamentos e deslizamentos, en-xurradas ou inundaes bruscas,inundaes, estiagem

    13 1 398.235

    Piau Estiagens, seca 113 - 772.646

    Rio de

    Janeiro

    Escorregamentos ou deslizamen-tos, alagamentos, enchentes, en-xurradas, inundaes graduais ebruscas, quedas, tombamentos,

    rolamento de mataces, inun-daes pela invaso do mar, estia-gens, vendavais e tempestades,sismos, secas

    132 92 6.436.182

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    7/104

    6

    Quadro 1. DESASTRES NOTIFICADOS SEDEC EM 2010. (continuao)

    Rio Grande

    do Norte

    Risco de colapso de gua,

    estiagens

    10 - 24.760

    Rio Grandedo Sul

    Enxurradas, inundaes bruscas,granizos, vendavais e tem-pestades, alagamentos, enchente,vendavais muito intensos ouciclones, trombas dgua, es-corregamentos ou deslizamentos,eroso marinha, risco de colapsode gua

    136 2 406.282

    RondniaEnxurradas, inundaes graduaisou bruscas 3 - 8.747

    SantaCatarina

    Enxurradas, inundaes graduaisou bruscas, vendavais e tem-

    pestades, enchentes, alagamen-tos, granizos, estiagens, erosomarinha

    155 1 739.324

    So Paulo

    Alagamentos, enxurradas, inun-daes graduais ou bruscas,enchentes, escorregamentos edeslizamentos, trombas dgua,quedas, tombamentos e rolamentode mataces, desbarrancamentode rios e quedas cadas

    28 13 629.754

    SergipeAlagamentos, granizo, estiagens,enxurradas, inundaes bruscas,vendavais ou tempestades

    20 - 118.497

    Fonte: http://www.defesacivil.gov.br/desastres/desastres.asp. Acesso em 23mar. 2011.

    As audincias pblicas internas e externas foram

    organizadas em torno dos seguintes temas: a legislao pertinente defesa

    civil; os principais desastres que atingiram o Brasil nos ltimos dez anos,

    decorrentes de extremos de chuvas e secas; regies assoladas e principais

    causas dos desastres ocorridos; o planejamento das aes preventivas, como

    levantamento de reas de risco e controle do uso do solo; a estrutura e a

    coordenao dos rgos pblicos para enfrentamento de situaes de

    emergncia.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    8/104

    7

    II. LEGISLAO DE DEFESA CIVIL E TEMAS CORRELATOS

    1. A Constituio FederalSegundo a Constituio Federal, compete privativamente

    Unio legislar sobre defesa civil. Diz a Carta Magna:

    Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:

    ............................................................................................

    XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesamartima, defesa civil e mobilizao nacional;

    De acordo com a Carta Magna, compete Unio

    promover a defesa contra calamidades pblicas, mas cabe Unio, aos

    Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios proteger o meio ambiente,

    conservar a vegetao nativa, implantar programas habitacionais e o

    saneamento bsico:

    Art. 21. Compete Unio:

    ............................................................................................

    XVIII - planejar e promover a defesa permanente contraas calamidades pblicas, especialmente as secas e asinundaes.

    ............................................................................................

    Art. 23. competncia comum da Unio, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municpios:

    ............................................................................................VI - proteger o meio ambiente e combater a poluio emqualquer de suas formas;

    VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

    ............................................................................................

    IX - promover programas de construo de moradias e amelhoria das condies habitacionais e de saneamentobsico;

    Alm disso, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os

    Municpios, juntamente com a coletividade, tm o dever de garantir o direito ao

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    9/104

    8

    meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, caput), devendo o Poder

    Pblico, entre outras aes, preservar e restaurar os processos ecolgicos

    essenciais e promover a educao ambiental (art. 225, 1, I e VI).

    A poltica de desenvolvimento urbano cabe ao Municpio.

    Aqueles com mais de vinte mil habitantes devem executar essa poltica por

    meio do plano diretor, o qual define as exigncias para que a propriedade

    urbana cumpra sua funo social. Diz a Constituio:

    Art. 182. A poltica de desenvolvimento urbano,executada pelo Poder Pblico municipal, conformediretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

    pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade egarantir o bem- estar de seus habitantes.

    1 O plano diretor, aprovado pela Cmara Municipal,obrigatrio para cidades com mais de vinte milhabitantes, o instrumento bsico da poltica dedesenvolvimento e de expanso urbana.

    2 A propriedade urbana cumpre sua funo socialquando atende s exigncias fundamentais de ordenaoda cidade expressas no plano diretor.

    Cabe Unio instituir incentivos que favoream a

    recuperao das terras em regies de baixa renda sujeitas a secas peridicas:

    Art. 43. Para efeitos administrativos, a Unio poderarticular sua ao em um mesmo complexogeoeconmico e social, visando a seu desenvolvimento e reduo das desigualdades regionais.

    ............................................................................................ 2 Os incentivos regionais compreendero, alm deoutros, na forma da lei:

    ............................................................................................

    IV - prioridade para o aproveitamento econmico e socialdos rios e das massas de gua represadas ourepresveis nas regies de baixa renda, sujeitas a secasperidicas.

    3 Nas reas a que se refere o 2, IV, a Unioincentivar a recuperao de terras ridas e cooperarcom os pequenos e mdios proprietrios rurais para o

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    10/104

    9

    estabelecimento, em suas glebas, de fontes de gua e depequena irrigao.

    A Constituio Federal estabelece que cabe aos

    bombeiros militares executar as atividades de defesa civil (art. 144, 5).

    O art. 225, 3, da Constituio Federal, prev a

    aplicao de sanes penais e administrativas a pessoas fsicas e jurdicas que

    adotarem condutas ou exercerem atividades lesivas ao meio ambiente,

    independentemente da obrigao de reparar os danos causados. O dispositivo

    foi regulamentado pela Lei 9.605/1998, a Lei de Crimes Ambientais, descrita

    adiante.

    2. A legislao de defesa civil

    A defesa civil regida pela Lei 12.340, de 1 de

    dezembro de 2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil

    (SINDEC), sobre as transferncias de recursos para aes de socorro,

    assistncia s vtimas, restabelecimento de servios essenciais e reconstruonas reas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para Calamidades

    Pblicas, e d outras providncias.

    A Lei 12.340/2010 cria o Sistema Nacional de Defesa

    Civil (SINDEC), com o objetivo de planejar, articular e coordenar as aes de

    defesa civil no territrio nacional (art. 1). O Sindec composto pelos rgos da

    administrao pblica da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos

    Municpios e das entidades da sociedade civil responsveis pelas aes de

    defesa civil (art. 2). O rgo coordenador do Sindec a Secretaria Nacional deDefesa Civil (SEDEC), do Ministrio da Integrao Nacional (art. 2, 2).

    Tambm integra o Sindec o Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC)1, de

    natureza consultiva e deliberativa, responsvel pela formulao e deliberao

    de polticas e diretrizes governamentais do Sistema (art. 2, 3).

    1 De acordo com o art. 6 do Decreto n 7.257/2010, que regulamenta a Medida Provisria n 494, de 2 de julho de 2010, que deu origem Lei 12.340/2010, compem o Condec: Ministrio da IntegraoNacional; Casa Civil; Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da Repblica; Ministrio da

    Defesa; Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto; Ministrio das Cidades; Ministrio doDesenvolvimento Social e Combate Fome; Ministrio da Sade; Secretaria de Relaes Institucionaisda Presidncia da Repblica; dois representantes dos Estados e Distrito Federal; trs representantes dosMunicpios; e trs representantes da sociedade civil.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    11/104

    10

    Compete aos Estados e ao Distrito Federal encaminhar

    Sedec o mapeamento das reas de risco de seu territrio, a ser atualizado

    anualmente. Cabe aos Estados apoiar os Municpios que no disponham decapacidade tcnica na elaborao de seu plano de trabalho (art. 1, 1).

    Unio compete prestar apoio complementar aos Estados, Distrito Federal e

    Municpios que tiverem situao de emergncia ou estado de calamidade

    pblica reconhecido pelo Poder Executivo federal. O reconhecimento dar-se-

    mediante requerimento do Poder Executivo do Estado, do Distrito Federal ou

    do Municpio afetado pelo desastre (art. 3).

    So obrigatrias as transferncias da Unio aos rgos e

    entidades dos Estados, Distrito Federal e Municpios para a execuo de aesde socorro, assistncia s vtimas, restabelecimento de servios essenciais e

    reconstruo (art. 4). O Ministrio da Integrao Nacional define o montante a

    ser transferido e fiscaliza a sua aplicao (arts. 4, 1 e 5, caput)2.

    No caso de reconstruo, as transferncias da Unio

    dependem de: reconhecimento do estado de calamidade pblica ou de

    situao de emergncia; de decreto declaratrio do estado de calamidade

    pblica ou da situao de emergncia; de apresentao da Notificao

    Preliminar de Desastre (NOPRED), emitido pelo rgo pblico competente; e

    do plano de trabalho com proposta de aes de reconstruo em reas

    atingidas por desastres (art. 17 e art. 4, 2).

    2 De acordo com o Decreto n 7.257/2010:Art. 2 Para os efeitos deste Decreto, consideram-se:..........................................................................................................................................................................VI - aes de assistncia s vtimas: aes imediatas destinadas a garantir condies de incolumidade ecidadania aos atingidos, incluindo o fornecimento de gua potvel, a proviso e meios de preparao dealimentos, o suprimento de material de abrigamento, de vesturio, de limpeza e de higiene pessoal, a

    instalao de lavanderias, banheiros, o apoio logstico s equipes empenhadas no desenvolvimento dessasaes, a ateno integral sade, ao manejo de mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministrio daIntegrao Nacional;VII - aes de restabelecimento de servios essenciais: aes de carter emergencial destinadas aorestabelecimento das condies de segurana e habitabilidade da rea atingida pelo desastre, incluindo adesmontagem de edificaes e de obras-de-arte com estruturas comprometidas, o suprimento edistribuio de energia eltrica, gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza urbana, drenagem das guaspluviais, transporte coletivo, trafegabilidade, comunicaes, abastecimento de gua potvel edesobstruo e remoo de escombros, entre outras estabelecidas pelo Ministrio da Integrao Nacional;VIII - aes de reconstruo: aes de carter definitivo destinadas a restabelecer o cenrio destrudo pelodesastre, como a reconstruo ou recuperao de unidades habitacionais, infraestrutura pblica, sistemade abastecimento de gua, audes, pequenas barragens, estradas vicinais, prdios pblicos e comunitrios,cursos d'gua, conteno de encostas, entre outras estabelecidas pelo Ministrio da Integrao Nacional; e

    IX - aes de preveno: aes destinadas a reduzir a ocorrncia e a intensidade de desastres, por meio daidentificao, mapeamento e monitoramento de riscos, ameaas e vulnerabilidades locais, incluindo acapacitao da sociedade em atividades de defesa civil, entre outras estabelecidas pelo Ministrio daIntegrao Nacional.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    12/104

    11

    A Lei 12.340/2010 dispe sobre o Fundo Especial para

    Calamidades Pblicas (FUNCAP), criado pelo Decreto-Lei n 950/1969

    (revogado pela Lei). O Funcap visa custear aes de reconstruo (art. 8). Ouso de recursos do Funcap para custear aes imediatas de socorro,

    assistncia s vtimas e restabelecimento de servios essenciais em reas

    afetadas por desastres constitui caso excepcional, a ser autorizado pelo

    Conselho Diretor do Fundo (art. 13). O Conselho Diretor composto por trs

    representantes da Unio, um representante dos Estados e do Distrito Federal e

    um representante dos Municpios (art. 10).

    O Funcap constitudo por cotas voluntrias

    integralizadas anualmente pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios(art. 9, caput e 1). Para cada parte integralizada pelos Estados, Distrito

    Federal e Municpios, a Unio deve integralizar trs (art. 9, 2). Os cotistas

    podem realizar saques (o limite de suas cotas mais o valor correspondente

    aportado pela Unio) somente dois anos aps a data de integralizao (arts. 9,

    4 e 11, caput). O valor aportado pela Unio deve ser restitudo, se aplicado

    em aes que no a reconstruo (art. 11, 2).

    Conforme o Decreto 7.257, de 4 de agosto de 2010, que

    regulamenta a Lei 12.340/2010, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios

    em situao de desastre devem instalar uma sala de coordenao de resposta,

    conforme sistema de comando unificado de operaes adotado pela Secretaria

    Nacional de Defesa Civil (art. 5, 4). O Decreto tambm prev, na estrutura

    da Unio, o Grupo de Apoio a Desastres (GADE) vinculado Sedec, formado

    por equipe multidisciplinar, mobilizvel a qualquer tempo, para atuar em fase

    de desastre (art. 5, 5), bem como o Centro Nacional de Gerenciamento de

    Riscos e Desastres, para agilizar respostas e monitorar desastres, riscos e

    ameaas (art. 5, 6).

    3. A legislao ambiental

    Este tpico abrange a Lei 4.771/1965 (Cdigo Florestal),

    a Lei 9.433/1997 (Recursos Hdricos), a Lei 9.605/1998 (Crimes Ambientais), a

    Lei 9.795/1999 (Educao Ambiental), a Lei 11.445/2007 (Saneamento

    Bsico), a Lei 12.114/2009 (Fundo Nacional sobre Mudana do Clima), a Lei

    12.187/2009 (Poltica Nacional sobre a Mudana do Clima), a Lei 12.305/2010(Resduos Slidos), e o Decreto s/n de 15/9/2010 (Controle de Queimadas no

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    13/104

    12

    Cerrado).

    - O Cdigo Florestal

    A Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o

    Novo Cdigo Florestal, contm diversos dispositivos de controle do

    desmatamento. O mais importante a rea de Preservao Permanente

    (APP), instituda com a finalidade de proteger a biodiversidade, conservar o

    solo e os recursos hdricos e assegurar o bem estar das populaes (art. 1,

    2, II).

    As APPs localizam-se em reas ecologicamente frgeis,

    ao longo de cursos dgua, em torno de nascentes, nas encostas e outras

    mencionadas no art. 2 do Cdigo Florestal:

    Art. 2Consideram-se de preservao permanente, pe los efeito desta Lei, as florestas e demais formas devegetao natural situadas:

    a) ao longo dos rios ou de qualquer curso dgua desde

    o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja larguramnima ser:

    1 - de 30 (trinta) metros para os cursos dgua de menosde 10 (dez) metros de largura;

    2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos dgua quetenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

    3 - de 100 (cem) metros para os cursos dgua quetenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros delargura;

    4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos dgua quetenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros delargura;

    5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos dguaque tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

    b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios dguanaturais ou artificiais;

    c) nas nascentes, ainda que intermitentes e noschamados "olhos dgua", qualquer que seja a suasituao topogrfica, num raio mnimo de 50 (cinquenta)metros de largura;

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    14/104

    13

    d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

    e) nas encostas ou partes destas, com declividade

    superior a 45, equivalente a 100% na linha de maio rdeclive;

    f) nas restingas, como fixadoras de dunas ouestabilizadoras de mangues;

    g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir dalinha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100(cem) metros em projees horizontais;

    h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros,qualquer que seja a vegetao.

    As APPs destinam-se proteo da vegetao nas reas

    sensveis mencionadas no art. 2 do Cdigo Florestal. Ao longo dos corpos

    dgua, a cobertura vegetal essencial para a conservao dos recursos

    hdricos, uma vez que ela protege o solo contra a eroso e evita o processo de

    assoreamento e poluio hdrica3. A cobertura vegetal das APPs reduz a

    drenagem para os corpos dgua e aumenta a estabilidade geolgica ao longo

    de encostas e margens de rios4.

    Alm das APPs institudas no caputdo art. 2, h outras,

    a serem definidas caso a caso pelo Poder Pblico, com as funes previstas no

    art. 3 do Cdigo Florestal:

    Art. 3 Consideram-se, ainda, de preservaopermanente, quando assim declaradas por ato do PoderPblico, as florestas e demais formas de vegetaonatural destinadas:

    a) a atenuar a eroso das terras;

    3 GANEM, ROSELI SENNA. 2007. rea de preservao permanente em reas urbanas. BibliotecaDigital da Cmara dos Deputados/Centro de Informao e Documentao/Coordenao da Biblioteca.Disponvel emhttp://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/1233/area_preservacao_senna.pdf?sequence=3. Acesso em 27/7/2011.

    4 MMA (MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE). 2011. reas de Preservao Permanente e Unidades deConservao & reas de Risco: o que uma coisa tem a ver com a outra? MMA/SBF. Relatrio deInspeo da rea atingida pela tragdia das chuvas Regio Serrana do Rio de Janeiro, no perodo de 24 a

    26 de janeiro de 2011. Disponvel emhttp://www.mma.gov.br/estruturas/202/_arquivos/livro_apps_e_ucs_x_areas_de_risco_202.pdf. Acessoem 07/04/2011.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    15/104

    14

    b) a fixar as dunas;

    c) a formar faixas de proteo ao longo de rodovias e

    ferrovias;...........................................................................................

    h) a assegurar condies de bem-estar pblico.

    As APPs do art. 3, alneas a, b, ce h, por suas funes,

    tambm tm importante funo na segurana pblica e no controle de

    catstrofes climticas. Sua delimitao depende de ato especfico e pode

    ocorrer no mbito do plano diretor ou das leis municipais de uso do solourbano, com o objetivo de impedir a ocupao de reas de risco.

    Para as reas urbanas, especificamente, o pargrafo

    nico do art. 2 do Cdigo Florestal determina que observar-se- o disposto

    nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princpios

    e limites a que se refere este artigo. Embora essa redao no seja muito

    clara, entende-se que os Municpios, por meio dos planos diretores e leis de

    uso do solo, podem aumentar os limites de APP expressos no caputdo art. 2,

    mas no diminu-los, uma vez que devem respeitar os princpios e limites aque se refere este artigo5.

    No entanto, a supresso de APP pode ser autorizada, em

    caso de baixo impacto e, ainda, em caso de utilidade pblica ou de interesse

    social devidamente caracterizado e motivado em procedimento administrativo

    prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional ao empreendimento

    proposto (art. 4). O Cdigo Florestal delega ao Conselho Nacional de Meio

    Ambiente (CONAMA) a possibilidade de definir obras, planos, atividades ou

    projetos, alm daqueles j indicados na Lei, que podem constituir casos de

    utilidade pblica ou de interesse social (art. 1, 2, IV, c e V, c). Assim, a

    Resoluo Conama n 369, de 28 de maro de 2006, art. 2, II, c, inclui a

    regularizao fundiria sustentvel de rea urbana entre os casos de

    interesse social. A mesma Resoluo (art. 2, I, d) tambm inclui a

    implantao de rea verde pblica em rea urbana entre os casos de utilidade

    5 GANEM, ROSELI SENNA. 2007. rea de preservao permanente em reas urbanas. Biblioteca

    Digital da Cmara dos Deputados/Centro de Informao e Documentao/Coordenao da Biblioteca.Disponvel emhttp://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/1233/area_preservacao_senna.pdf?sequence=3.Acesso em 27/7/2011.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    16/104

    15

    pblica.

    Como regra geral, a autorizao para supresso de APP

    dada pelo rgo ambiental estadual competente (art. 4, 1), mas, em rea

    urbana, depende do rgo ambiental competente, desde que o municpio

    possua conselho de meio ambiente com carter deliberativo e plano diretor,

    mediante anuncia prvia do rgo ambiental estadual competente

    fundamentada em parecer tcnico (art. 4, 2). A autorizao deve ser

    precedida de indicao das medidas mitigadoras e compensatrias a serem

    adotadas (art. 4, 4). Em nascentes, dunas e mangues, a autorizao pode

    ser dada apenas em caso de utilidade pblica (art. 4, 5).

    A rigidez do Cdigo Florestal, no controle da supresso

    das APPs, justifica-se em razo de sua importncia para, entre outras funes,

    garantir a segurana das populaes em relao a desastres climticos.

    Manter as APPs essencial para evitar ou minimizar a ocorrncia de

    deslizamentos de terra, enxurradas, enchentes, inundaes e outros desastres

    relacionados com o solo e os recursos hdricos, como demonstrou a inspeo

    realizada pelo Ministrio do Meio Ambiente, acerca do desastre ocorrido na

    regio serrana do Estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011:

    O presente estudo demonstra que se a faixa de 30metros em cada margem (60 metros no total)considerada rea de Preservao Permanente ao longodos cursos dgua estivesse livre para a passagem dagua, bem como, se as reas com elevada inclinao eos topos de morros, montes, montanhas e serrasestivessem livres da ocupao e intervenesinadequadas, como determina o Cdigo Florestal, osefeitos da chuva teriam sido significativamente menores.

    O presente estudo constatou que tanto nas regiesurbanas, quanto nas rurais, as reas mais severamenteafetadas pelos efeitos das chuvas foram:

    a) as margens de rios (incluindo os pequenos crregos emargens de nascentes). As reas diretamente maisafetadas so aquelas definidas pelo Cdigo Florestalcomo reas de Preservao Permanente APPs.

    b) as encostas com alta declividade (geralmente acimade 30 graus). Nos casos dos deslizamentos observou-se

    que a grande maioria est associada a reasantropizadas, onde j no existe a vegetao originalbem conservada ou houve interveno para construo

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    17/104

    16

    de estradas ou terraplanagem para construo deedificaes diversas.

    c) reas no sop dos morros, montanhas ou serras.Observou-se que as rochas e terra resultantes dosdeslizamentos das encostas e topos de morro atingiramtambm edificaes diversas construdas muito prximasda base.

    d) Fundos de vale. Observou-se tambm que reas emfundos de vale, especialmente aquelas reas planasassociadas a curvas de rio foram atingidas pelaelevao das guas e pelo corrimento e deposio delama e detritos.

    Registrou-se tambm que em reas com florestas bemconservadas, livres de intervenes como estradas,edificaes ou queimadas, o nmero de deslizamentos muito menor do que nas reas com intervenes e,obviamente, as consequncias em termos de perdasmateriais e humanas so nulas.6

    Ressalte-se, que a Lei 11.977/2009, que institui o

    Programa Minha Casa, Minha Vida, permite a regularizao fundiria de

    interesse social em APPs situadas em rea urbana consolidada e ocupadas at

    31 de dezembro de 2007, desde que essa interveno implique a melhoria das

    condies ambientais em relao situao da ocupao irregular anterior (art.

    54, 1). Essa Lei ser analisada detalhadamente adiante.

    Outro aspecto tratado no Cdigo Florestal, importante

    para este estudo, refere-se ao controle do uso do fogo. Diz a Lei:

    Art. 27. proibido o uso de fogo nas florestas e demaisformas de vegetao.

    Pargrafo nico. Se peculiaridades locais ou regionaisjustificarem o emprego do fogo em prticas agropastorisou florestais, a permisso ser estabelecida em ato doPoder Pblico, circunscrevendo as reas eestabelecendo normas de precauo.

    6 MMA (MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE). 2011. reas de Preservao Permanente e Unidades deConservao & reas de Risco: o que uma coisa tem a ver com a outra? MMA/SBF. Relatrio de

    Inspeo da rea atingida pela tragdia das chuvas Regio Serrana do Rio de Janeiro, no perodo de 24 a26 de janeiro de 2011. Disponvel emhttp://www.mma.gov.br/estruturas/202/_arquivos/livro_apps_e_ucs_x_areas_de_risco_202.pdf. Acessoem 07/04/2011.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    18/104

    17

    Portanto, as queimadas so proibidas pelo Cdigo

    Florestal, podendo ser empregadas em atividades silvoagropastoris somente

    com permisso do Poder Pblico.

    - A Lei de Recursos Hdricos

    A Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, institui a Poltica

    Nacional de Recursos Hdricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de

    Recursos Hdricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituio

    Federal, e altera o art. 1 da Lei n 8.001, de 13 de maro de 1990, que

    modificou a Lei n 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

    A Poltica Nacional de Recursos Hdricos tem como

    objetivo, entre outros, a preveno e a defesa contra eventos hidrolgicos

    crticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos

    naturais (art. 2) e, como diretrizes, a integrao da gesto de recursos

    hdricos com a gesto ambiental e a articulao da gesto de recursos

    hdricos com a do uso do solo (art. 3, III e V, respectivamente).

    O Sistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHdricos composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hdricos, pela

    Agncia Nacional de guas, pelos Conselhos de Recursos Hdricos dos

    Estados e do Distrito Federal, pelos Comits de Bacia Hidrogrfica, pelos

    rgos dos poderes pblicos federal, estaduais, do Distrito Federal e

    municipais cujas competncias se relacionem com a gesto de recursos

    hdricos e pelas Agncias de gua de cada bacia hidrogrfica (art. 33). Os

    Comits de Bacia Hidrogrfica tm como rgo executivo as Agncias de gua

    (art. 41).

    Entre os instrumentos da Poltica Nacional de Recursos

    Hdricos, interessam preveno das catstrofes climticas os Planos de

    Recursos Hdricos, a outorga e a cobrana pelo uso da gua e o Sistema de

    Informaes sobre Recursos Hdricos (art. 5, I, IV e VI).

    Os Planos de Recursos Hdricos so planos de longo

    prazo, elaborados por bacia hidrogrfica, por Estado e para o Pas (arts. 7 e

    8). O plano da bacia hidrogrfica elaborado pela respectiva Agncia de gua(art. 44, X). Inclui, em seu contedo, o diagnstico da situao atual dos

    recursos hdricos, a anlise de modificaes dos padres de ocupao do solo

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    19/104

    18

    e as propostas para a criao de reas sujeitas a restrio de uso, com vistas

    proteo dos recursos hdricos (art. 7). As informaes e o planejamento de

    uso da bacia hidrogrfica contidos nesses planos so essenciais para umapoltica de preveno de catstrofes envolvendo deslizamentos, enxurradas,

    enchentes e inundaes. O Plano de Recursos Hdricos pode estabelecer

    medidas de controle do desmatamento e da ocupao do solo, visando garantir

    a regularidade da vazo dos rios e a desobstruo de reas com risco natural

    de enchentes.

    Conforme o art. 31, da Lei, cabe aos Municpios e ao

    Distrito Federal integrar as polticas locais de saneamento bsico, de uso,

    ocupao e conservao do solo e de meio ambiente com as polticas federal eestaduais de recursos hdricos.

    Ressalte-se que as guas so bens da Unio

    (Constituio Federal, art. 20, III: os lagos, rios e quaisquer correntes de gua

    em terrenos de seu domnio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de

    limites com outros pases, ou se estendam a territrio estrangeiro ou dele

    provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais) e dos

    Estados (Constituio Federal, art. 26, I: as guas superficiais ou subterrneas,

    fluentes, emergentes e em depsito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei,

    as decorrentes de obras da Unio).

    Conforme a Lei 9.433/1997, cada bacia hidrogrfica

    dotada de um comit, ao qual compete, entre outras atribuies, aprovar o

    Plano de Recursos Hdricos da bacia e acompanhar a sua execuo (art. 38).

    Os Comits so compostos por representantes da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal ou dos Municpios situados, no todo ou em parte, em sua rea

    de atuao, dos usurios das guas da bacia em questo e das entidades civisde recursos hdricos com atuao comprovada na bacia (art. 39). Os Comits

    integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos e visam

    garantir a articulao do setor pblico e dos usurios das guas.

    A outorga de direitos de uso de recursos hdricos um

    dos instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos que visa assegurar

    o controle quantitativo e qualitativo dos usos da gua e o efetivo exerccio dos

    direitos de acesso gua (art. 11). Esto sujeitos outorga os diversos usos

    da gua superficial e subterrnea, exceto o atendimento a pequenos ncleospopulacionais no meio rural e as derivaes, captaes, lanamentos e

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    20/104

    19

    acumulaes de volumes considerados insignificantes (art. 12, 1). A outorga

    pode ser suspensa, parcial ou totalmente, no caso de necessidade premente

    para atender situaes de calamidade, inclusive as decorrentes de condiesclimticas adversas, e para prevenir ou reverter grave degradao ambiental

    (art. 15, III e IV).

    A cobrana aplica-se aos usos da gua sujeitos outorga

    e objetiva, entre outros aspectos, a obteno de recursos para o financiamento

    dos programas e intervenes contemplados nos planos de recursos hdricos

    (arts. 19, III, e 20). Os mecanismos de cobrana e os valores a serem cobrados

    so institudos por bacia hidrogrfica por seu respectivo Comit (art. 38, VI). A

    cobrana em si fica a cargo da Agncia de gua, rgo executivo do Comit(arts. 41 e 44, III). Os valores arrecadados devem ser aplicados

    prioritariamente na bacia hidrogrfica em que foram gerados (art. 22). Portanto,

    recursos da cobrana pelo uso da gua podem ser utilizados na implantao

    de medidas de preveno de catstrofes climticas envolvendo os recursos

    hdricos, como enchentes e inundaes.

    Por fim, o Sistema de Informaes sobre Recursos

    Hdricos abrange a coleta, o tratamento, o armazenamento e a recuperao de

    informaes sobre recursos hdricos e fatores intervenientes em sua gesto

    (art. 25, caput). O Sistema implantado e gerido pelos Poderes Executivos

    Federal, estaduais e do Distrito Federal, e pelas Agncias de gua, nas suas

    respectivas esferas de atuao (arts. 29, III; 30, III; e 44, VI).

    O funcionamento do Sistema de Informaes sobre

    Recursos Hdricos tem como princpios a descentralizao da obteno e

    produo de informaes, a coordenao unificada do sistema e a garantia de

    acesso a toda a sociedade (art. 26). O Sistema visa reunir, dar consistncia edivulgar os dados sobre a situao dos recursos hdricos, atualizar

    permanentemente as informaes sobre disponibilidade e demanda de

    recursos hdricos em todo o territrio nacional e subsidiar a elaborao dos

    Planos de Recursos Hdricos (art. 27).

    - A Lei de Crimes Ambientais

    A Lei 9.665, de 12 de fevereiro de 1998, dispe sobre assanes penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    21/104

    20

    meio ambiente, e d outras providncias, em consonncia com as

    determinaes da Constituio Federal, art. 225, 3, que prev a aplicao de

    sanes penais e administrativas a pessoas fsicas e jurdicas que adotaremcondutas ou exercerem atividades lesivas ao meio ambiente.

    Entre os crimes ambientais definidos pela Lei 9.605/1998,

    interessam preveno das catstrofes climticas:

    Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada depreservao permanente, mesmo que em formao, ouutiliz-la com infringncia das normas de proteo:

    ...........................................................................................Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetao primria ousecundria, em estgio avanado ou mdio deregenerao, do Bioma Mata Atlntica, ou utiliz-la cominfringncia das normas de proteo:

    ...........................................................................................

    Art. 41. Provocar incndio em mata ou floresta:

    ...........................................................................................

    Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balesque possam provocar incndios nas florestas e demaisformas de vegetao, em reas urbanas ou qualquertipo de assentamento humano:

    ...........................................................................................

    Art. 48. Impedir ou dificultar a regenerao natural deflorestas e demais formas de vegetao:

    ...........................................................................................

    Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ouplantadas ou vegetao fixadora de dunas, protetora demangues, objeto de especial preservao:

    ...........................................................................................

    Art. 54. Causar poluio de qualquer natureza em nveistais que resultem ou possam resultar em danos sadehumana, ou que provoquem a mortandade de animaisou a destruio significativa da flora:

    ...........................................................................................

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    22/104

    21

    Art. 64. Promover construo em solo no edificvel, ouno seu entorno, assim considerado em razo de seuvalor paisagstico, ecolgico, artstico, turstico, histrico,

    cultural, religioso, arqueolgico, etnogrfico oumonumental, sem autorizao da autoridade competenteou em desacordo com a concedida:

    As penas variam entre seis meses e quatro anos de

    deteno ou recluso ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Nos

    crimes previstos nos arts. 38 a 50, a pena aumentada de um sexto a um tero

    se do fato resultar a diminuio de guas naturais, a eroso do solo ou a

    modificao do regime climtico ou se o crime for cometido em poca de secaou inundao (art. 53, I e II, d).

    - A Lei de Educao Ambiental

    A Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, dispe sobre a

    educao ambiental, institui a Poltica Nacional de Educao Ambiental e d

    outras providncias. A educao ambiental faz parte da educao nacional e

    articula-se ao processo educativo formal e no formal (art. 2).

    A Lei concebe a educao ambiental de forma integrada

    s disciplinas tradicionais e tem, entre seus objetivos:

    Art. 5 So objetivos fundamentais da educaoambiental:

    I - o desenvolvimento de uma compreenso integrada domeio ambiente em suas mltiplas e complexas relaes,

    envolvendo aspectos ecolgicos, psicolgicos, legais,polticos, sociais, econmicos, cientficos, culturais eticos;

    ...........................................................................................III - o estmulo e o fortalecimento de uma conscinciacrtica sobre a problemtica ambiental e social;

    A educao ambiental deve constar do currculo da

    educao escolar em todos os seus nveis (infantil, fundamental, mdiosuperior, especial, profissional) (art. 9).

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    23/104

    22

    - A Lei do Saneamento Bsico e a Lei de Resduos Slidos

    A Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabelece

    diretrizes nacionais para o saneamento bsico; altera as Leis ns 6.766, de 19

    de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de

    1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei n 6.528, de 11 de maio

    de 1978; e d outras providncias. De acordo com a Lei, o saneamento bsico

    inclui:

    Art. 3.................................................................................

    I - .......................................................................................

    a) abastecimento de gua potvel:

    ...........................................................................................

    b) esgotamento sanitrio:

    ...........................................................................................

    c) limpeza urbana e manejo de resduos slidos:

    conjunto de atividades, infraestruturas e instalaesoperacionais de coleta, transporte, transbordo,tratamento e destino final do lixo domstico e do lixooriginrio da varrio e limpeza de logradouros e viaspblicas;

    d) drenagem e manejo das guas pluviais urbanas:conjunto de atividades, infraestruturas e instalaesoperacionais de drenagem urbana de guas pluviais, detransporte, deteno ou reteno para o amortecimentode vazes de cheias, tratamento e disposio final das

    guas pluviais drenadas nas reas urbanas;

    So princpios da prestao de servios pblicos de

    saneamento bsico: a universalizao do acesso e a disponibilidade, em todas

    as reas urbanas, de servios de drenagem e de manejo das guas pluviais

    adequados sade pblica e segurana da vida e do patrimnio pblico e

    privado (art. 2, I e IV).

    Compete ao Ministrio das Cidades coordenar aelaborao do Plano Nacional de Saneamento Bsico (PNSB), que deve conter

    as metas nacionais e regionalizadas, de curto, mdio e longo prazos, para a

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    24/104

    23

    universalizao dos servios, bem como os programas, projetos e aes

    necessrios para atingi-las (art. 52, capute I, ae c).

    J a Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a

    Poltica Nacional de Resduos Slidos; altera a Lei n 9.605, de 12 de fevereiro

    de 1998; e d outras providncias. So objetivos dessa Poltica, entre outros,

    a no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos resduos

    slidos, bem como a disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos

    (art. 7, II).

    Compete ao Distrito Federal e aos Municpios a gesto

    integrada dos resduos slidos (art. 10). Os Municpios devem elaborar o planomunicipal de gesto integrada de resduos slidos, que inclui o diagnstico da

    situao dos resduos slidos; a identificao de reas favorveis para sua

    disposio final; programas de educao ambiental; metas de reduo,

    reutilizao, coleta seletiva e reciclagem e identificao dos passivos

    ambientais relacionados aos resduos slidos e respectivas medidas

    saneadoras (art. 19, I, II, X, XIV e XVIII). A Lei de Resduos Slidos veda a

    disposio de lixo em praias, no mar, em qualquer corpo dgua e a cu aberto

    (art. 47).

    - A Lei da Poltica Nacional sobre Mudana do Clima e a Lei do Fundo

    Nacional sobre Mudana do Clima

    A Lei 12. 187, de 29 de dezembro de 2009, institui a

    Poltica Nacional sobre Mudana do Clima - PNMC e d outras providncias. A

    PNMC visa, entre outros objetivos: reduzir as emisses antrpicas de gases de

    efeito estufa; implantar medidas para promover a adaptao mudana doclima pelas trs esferas da Federao, com a participao e a colaborao dos

    agentes econmicos e sociais interessados ou beneficirios, em particular

    aqueles especialmente vulnerveis aos seus efeitos adversos; consolidar e

    expandir as reas legalmente protegidas, incentivar os reflorestamentos e

    recompor a cobertura vegetal em reas degradadas (art. 4).

    Entre os instrumentos da PNMC, destacam-se: o Plano

    Nacional sobre Mudana do Clima; o Fundo Nacional sobre Mudana do Clima;

    os Planos de Ao para a Preveno e Controle do Desmatamento nosbiomas; as medidas de divulgao, educao e conscientizao; o

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    25/104

    24

    monitoramento climtico nacional; e o estabelecimento de padres ambientais

    e de metas, quantificveis e verificveis, para a reduo de emisses

    antrpicas por fontes e para as remoes antrpicas por sumidouros de gasesde efeito estufa.

    O Fundo Nacional sobre Mudana do Clima (FNMC) foi

    criado pela Lei 12.114, de 9 de dezembro de 2009. O FNMC vincula-se ao

    Ministrio do Meio Ambiente (MMA) e tem a finalidade de assegurar recursos

    para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que

    visem mitigao da mudana do clima e adaptao mudana do clima e

    aos seus efeitos (art. 2). Entre suas fontes de recursos, o FNMC conta com

    60% da participao especial destinada ao MMA decorrente da produo dopetrleo, conforme o art. 50, 2, II da Lei 9.478, de 6 agosto de 1997, que

    dispe sobre a poltica energtica nacional, as atividades relativas ao

    monoplio do petrleo, institui o Conselho Nacional de Poltica Energtica e a

    Agncia Nacional do Petrleo e d outras providncias.

    Os recursos podem ser aplicados nas seguintes

    atividades, entre outras especificadas na Lei: Cincia do Clima, Anlise de

    Impactos e Vulnerabilidade; adaptao da sociedade e dos ecossistemas aos

    impactos das mudanas climticas; projetos de reduo de emisses de

    carbono pelo desmatamento e degradao florestal; desenvolvimento e difuso

    de tecnologia para a mitigao de emisses de gases do efeito estufa;

    recuperao de reas degradadas e restaurao florestal, priorizando reas de

    Reserva Legal e reas de Preservao Permanente (art. 5, 4).

    4. A legislao urbanstica

    Este tpico discorre sobre a Lei 6.766/1979

    (Parcelamento do Solo Urbano) e a Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade).

    - A Lei do Parcelamento do Solo Urbano

    A Lei 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispe

    sobre o parcelamento do solo urbano e d outras providncias, admite o

    parcelamento apenas em zonas urbanas, de expanso urbana ou deurbanizao especfica previstas no plano diretor ou em outra lei municipal (art.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    26/104

    25

    3, caput) e veda o parcelamento nas seguintes reas:

    Art. 3.................................................................................

    Pargrafo nico..................................................................

    I - em terrenos alagadios e sujeitos a inundaes, antesde tomadas as providncias para assegurar oescoamento das guas;

    .............................................................................................

    III - em terreno com declividade igual ou superior a 30%(trinta por cento), salvo se atendidas exignciasespecficas das autoridades competentes;

    IV - em terrenos onde as condies geolgicas noaconselham a edificao;

    V - em reas de preservao ecolgica ou naquelas ondea poluio impea condies sanitrias suportveis, at asua correo.

    A Lei tambm estabelece requisitos urbansticos e de

    infraestrutura mnima para que o projeto de parcelamento seja aprovado, taiscomo: reas de circulao e espaos livres de uso pblico (art. 4, I); rea

    mnima do lote de 125 m2, salvo em conjuntos habitacionais de interesse social

    previamente aprovados pelos rgos pblicos (art. 4, II); definio de

    coeficiente mximo de ocupao no zoneamento urbano (art. 4, 1) e

    previso de sistema para escoamento das guas pluviais, nas zonas

    habitacionais de interesse social (art. 2, 6, II).

    Ressalte-se que o loteador deve indicar, no projeto,

    entres outros aspectos, os espaos livres previstos e a localizao dos cursosd'gua e bosques (art. 6, capute III). Por sua vez, cabe prefeitura indicar ao

    loteador a localizao aproximada das reas livres de uso pblico, as faixas do

    terreno necessrias ao escoamento das guas pluviais e as faixas no

    edificveis (art. 7, III e IV). proibida alterao de destinao de reas

    definidas no projeto aprovado como espaos livres de uso comum (art. 17).

    Verifica-se, portanto, que a Lei 6.766/1979 vem ao

    encontro do Cdigo Florestal, porque veda a ocupao de reas sujeitas aenchentes regulares, de terrenos muito inclinados e de locais sujeitos a risco

    geolgico, institui diretrizes de ocupao do solo urbano destinadas

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    27/104

    26

    manuteno de reas livres de ocupao necessrias para a drenagem das

    guas e prev a implantao obrigatria de sistema de escoamento das guas

    pluviais.

    - O Estatuto da Cidade

    A Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, regulamenta os

    arts. 182 e 183 da Constituio Federal, estabelece diretrizes gerais da poltica

    urbana e d outras providncias. A poltica urbana tem, entre suas diretrizes, a

    garantia do direito a cidades sustentveis, a ordenao e controle do uso do

    solo, a proteo, preservao e recuperao do meio ambiente natural econstrudo e a regularizao fundiria e urbanizao de reas ocupadas por

    populao de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de

    urbanizao (art. 2, I, VI, XII e XIV).

    O plano diretor, previsto no art. 182 da Constituio

    Federal, constitui um dos instrumentos da poltica urbana, deve ser aprovado

    por lei municipal e ser revisto a cada dez anos (art. 40, capute 3). O plano

    engloba todo o territrio do Municpio (art. 4, 2) e obrigatrio para cidades:

    Art. 41..................................................................................

    I com mais de vinte mil habitantes;

    II integrantes de regies metropolitanas e aglomeraesurbanas;

    III onde o Poder Pblico municipal pretenda utilizar osinstrumentos previstos no 4 do art. 182 da ConstituioFederal7;

    IV integrantes de reas de especial interesse turstico;

    V inseridas na rea de influncia de empreendimentosou atividades com significativo impacto ambiental dembito regional ou nacional.

    7 Art. 182............. 4 facultado ao Poder Pblico municipal, mediante lei especfica para rea includa no plano diretor,exigir, nos termos da lei federal, do proprietrio do solo urbano no edificado, subutilizado ou noutilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:I - parcelamento ou edificao compulsrios;

    II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;III - desapropriao com pagamento mediante ttulos da dvida pblica de emisso previamente aprovadapelo Senado Federal, com prazo de resgate de at dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,assegurados o valor real da indenizao e os juros legais.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    28/104

    27

    Conforme o art. 50 do Estatuto da Cidade, tais Municpios

    deveriam ter plano diretor aprovado at a data de 30 de junho de 2008. De

    acordo com o art. 52, incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei

    8.429, de 2 de junho de 1992, o Prefeito que deixar de cumprir o disposto no

    art. 50, bem como aquele que no revisar o plano diretor no prazo previsto no

    art. 40, 3 (dez anos) ou que elaborar o plano sem a publicidade e a

    participao pblica previstas no art. 40, 4, I a III.

    O contedo mnimo do plano diretor deve abranger a

    delimitao das reas urbanas onde poder ser aplicado o parcelamento,edificao ou utilizao compulsrios, o sistema de acompanhamento e

    controle e as disposies para aplicao de instrumentos de poltica urbana

    previstos na Lei (art. 42). Entretanto, o Estatuto da Cidade no obriga a

    indicao, no plano diretor, de reas de risco onde a ocupao humana deve

    ser impedida.

    O Estatuto da Cidade prev, entre seus instrumentos, as

    operaes consorciadas e a transferncia do direito de construir. As operaes

    consorciadas so definidas como intervenes coordenadas pelo PoderPblico municipal, com a participao dos proprietrios, moradores, usurios

    permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcanar, em uma

    rea, transformaes urbansticas estruturais, melhorias sociais e valorizao

    ambiental (art. 32, 1). Entre as intervenes, podero ser previstas a

    modificao de caractersticas de parcelamento, uso e ocupao do solo e

    subsolo, alteraes das normas edilcias e regularizao de construes,

    reformas ou ampliaes executadas em desacordo com a legislao vigente

    (art. 32, 2, I e II). Considerando-se que as operaes consorciadasdestinam-se melhoria social e valorizao ambiental, poder-se- avaliar os

    benefcios e a viabilidade de aplicao dessas intervenes para reorganizao

    de ocupaes em reas de risco, quando tais medidas forem capazes de

    eliminar ameaas e garantir a qualidade ambiental.

    A transferncia do direito de construir constitui uma

    autorizao ao proprietrio de imvel urbano privado ou pblico, por meio de lei

    municipal, de exercer em outro local ou alienar o direito de construir previsto no

    plano diretor ou em legislao urbanstica dele decorrente (art. 35, caput). Aautorizao dada para, entre outras finalidades, preservao de imvel

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    29/104

    28

    considerado de interesse ambiental e implantao de programas de

    regularizao fundiria, urbanizao de reas ocupadas por populao de

    baixa renda e habitao de interesse social (art. 35, III). Assim, por exemplo,em uma rea sujeita a inundao, o proprietrio pode receber a autorizao

    para transferir o potencial de construo para outra rea, mais segura. No

    exemplo dado, a rea inundvel poderia ser destinada implantao de um

    parque ecolgico.

    5. A legislao habitacional

    Este tpico trata da Lei 11.977, de 7 de julho de 2009,que dispe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida PMCMV e a

    regularizao fundiria de assentamentos localizados em reas urbanas, altera

    o Decreto-Lei n 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis ns 4.380, de 21 de

    agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de

    1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisria n 2.197-43, de

    24 de agosto de 2001 e d outras providncias.

    O PMCMV visa incentivar a produo e a aquisio de

    novas unidades habitacionais ou a requalificao de imveis urbanos, bem

    como a produo ou reforma de habitaes rurais, para famlias com renda

    mensal de at R$ 4.650,00 (art. 1, caput). Entre as famlias prioritariamente

    atendidas pelo Programa esto as residentes em reas de risco ou insalubres

    ou que tenham sido desabrigadas (art. 3, III).

    O PMCMV compreende dois subprogramas: o Programa

    Nacional de Habitao Urbana (PNHU) e o Programa Nacional de Habitao

    Rural (PNHR) (art. 1, I e II). Para implantao de empreendimentos no mbitodo PNHU, devem-se observar, entre outros aspectos, a localizao do terreno

    na malha urbana ou em rea de expanso que atenda aos requisitos

    estabelecidos pelo Poder Executivo federal, observado o plano diretor; a

    adequao ambiental do projeto; e a presena de drenagem de guas pluviais

    (art. 5-A, I, II).

    A Lei 11.977/2009 tambm prev a regularizao

    fundiria de assentamentos irregulares, por meio de medidas jurdicas,

    urbansticas, ambientais e sociais que garantam o direito social moradia, opleno desenvolvimento das funes sociais da propriedade urbana e o direito

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    30/104

    29

    ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 46). A regularizao

    fundiria deve ampliar o acesso terra urbanizada pela populao de baixa

    renda, com prioridade para sua permanncia na rea ocupada, asseguradas ahabitabilidade e a sustentabilidade urbanstica, social e ambiental (art. 48, I).

    Entre os elementos mnimos do projeto de regularizao

    fundiria, incluem-se as medidas necessrias para a promoo da

    sustentabilidade urbanstica, social e ambiental da rea ocupada, incluindo-se

    compensaes urbansticas e ambientais, e as condies de segurana das

    populaes em situao de risco, considerando-se as vedaes de ocupao

    do disposto no pargrafo nico do art. 3 da Lei 6.766/1979 (art. 51, III e IV).

    A regularizao fundiria pode ser de interesse social ou

    especfico. A regularizao fundiria de interesse social abrange

    assentamentos irregulares ocupados predominantemente por populao de

    baixa renda, nos casos em que a rea esteja ocupada, de forma mansa e

    pacfica, h, pelo menos, cinco anos, situada em Zona Especial de Interesse

    Social (ZEIS) ou em reas da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos

    Municpios declaradas de interesse para implantao de projetos de

    regularizao fundiria de interesse social (art. 57, VII). Quando no se aplicam

    esses critrios de interesse social, a regularizao fundiria denomina-se de

    interesse especfico (art. 57, VIII).

    A regularizao fundiria de interesse social depende da

    aprovao do Municpio (art. 53, caput). A aprovao municipal corresponder

    ao licenciamento urbanstico e ao licenciamento ambiental, se o Municpio tiver

    conselho de meio ambiente e rgo ambiental capacitado8 (art. 53, 1).

    A regularizao fundiria de interesse social pode ocorrer

    mesmo em reas de Preservao Permanente (APPs) situadas em reaurbana consolidada e ocupadas at 31 de dezembro de 2007, desde que essa

    interveno implique a melhoria das condies ambientais em relao

    situao da ocupao irregular anterior (art. 54, 1). Essa melhoria deve ser

    comprovada por meio de estudo tcnico elaborado por profissional legalmente

    habilitado, que contenha, no mnimo:

    8 Considera-se rgo ambiental capacitado o rgo municipal que possua em seus quadros ou suadisposio profissionais com atribuio para anlise do projeto e deciso sobre o licenciamento ambiental(art. 53, 2).

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    31/104

    30

    Art. 54..................................................................................

    2.......................................................................................

    III proposio de intervenes para o controle de riscosgeotcnicos e de inundaes;

    IV recuperao de reas degradadas e daquelas nopassveis de regularizao;

    V comprovao da melhoria das condies desustentabilidade urbano-ambiental, considerados o usoadequado dos recursos hdricos e a proteo dasunidades de conservao, quando for o caso;

    VI comprovao da melhoria da habitabilidade dosmoradores propiciada pela regularizao proposta; e

    .............................................................................................

    A regularizao fundiria de interesse social em APP

    poder ser admitida pelo Estado quando o Municpio no for competente para

    realizar o licenciamento ambiental correspondente, mantida a exigncia de

    licenciamento urbanstico pelo Municpio (art. 54, 3).A regularizao fundiria de interesse especfico depende

    de licenciamento urbanstico e ambiental (art. 61, caput). O projeto deve

    respeitar as APPs e demais disposies previstas na legislao ambiental (art.

    61, 1). Para a regularizao, a autoridade licenciadora poder exigir

    contrapartida e compensaes urbansticas e ambientais (art. 61, 2).

    6. A legislao sobre mitigao dos efeitos sociais das catstrofes

    Neste tpico, so descritos dispositivos legais utilizados

    para minimizar os impactos sociais das catstrofes climticas, quais sejam: a

    Lei 8.666/1993 (Lei de Licitaes), a Lei 8.036/1990 (Fundo de Garantia do

    Tempo de Servio) e a Lei 9.472/1997 (Servios de Telecomunicaes), alm

    da prpria Lei 12.340/2010 (Sistema Nacional de Defesa Civil).

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    32/104

    31

    - A Lei de Licitaes

    A Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art.

    37, inciso XXI, da Constituio Federal, institui normas para licitaes e

    contratos da Administrao Pblica e d outras providncias. A licitao

    dispensada na ocorrncia de catstrofes, nas seguintes condies:

    Art. 24. dispensvel a licitao:

    .............................................................................................

    IV - nos casos de emergncia ou de calamidade pblica,quando caracterizada urgncia de atendimento de

    situao que possa ocasionar prejuzo ou comprometer asegurana de pessoas, obras, servios, equipamentos eoutros bens, pblicos ou particulares, e somente para osbens necessrios ao atendimento da situaoemergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras eservios que possam ser concludas no prazo mximo de180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,contados da ocorrncia da emergncia ou calamidade,vedada a prorrogao dos respectivos contratos;

    - A Lei do Fundo de Garantia do Tempo de Servio

    A Lei 8.036, de 11 de maio de 1990, que dispe sobre o

    Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS), determina:

    Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderser movimentada nas seguintes situaes:

    .............................................................................................

    XVI - necessidade pessoal, cuja urgncia e gravidadedecorra de desastre natural, conforme disposto emregulamento, observadas as seguintes condies:

    a) o trabalhador dever ser residente em reascomprovadamente atingidas de Municpio ou do DistritoFederal em situao de emergncia ou em estado decalamidade pblica, formalmente reconhecidos peloGoverno Federal;

    b) a solicitao de movimentao da conta vinculada ser

    admitida at 90 (noventa) dias aps a publicao do atode reconhecimento, pelo Governo Federal, da situao deemergncia ou de estado de calamidade pblica; e

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    33/104

    32

    c) o valor mximo do saque da conta vinculada serdefinido na forma do regulamento.

    - A Lei 9.472/1997 (Servios de Telecomunicaes)

    A Lei 9.472, de 16 de julho de 1997, dispe sobre a

    organizao dos servios de telecomunicaes, a criao e funcionamento de

    um rgo regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda

    Constitucional n 8, de 1995. A Lei determina que a Agncia Nacional de

    Telecomunicaes estabelea servio gratuito de emergncia (art. 109, II) e

    que mantenha plano com a atribuio, distribuio e destinao de

    radiofrequncias e a previso de faixas de radiofrequncia de servios de

    emergncia e de segurana pblica (art. 158, 1, IV).

    - A Lei do Sistema Nacional de Defesa Civil

    O art. 15 da Lei 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema

    Nacional de Defesa Civil, probe a cobrana de juros de mora, por

    estabelecimentos bancrios e instituies financeiras, sobre ttulos de qualquernatureza, cujo vencimento se d durante o perodo de suspenso do

    atendimento ao pblico em suas dependncias em razo de desastres, quando

    caracterizadas situaes de emergncia ou estado de calamidade pblica,

    desde que sejam quitados no primeiro dia de expediente normal, ou em prazo

    superior definido em ato normativo especfico.

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    34/104

    33

    III. PROJETOS DE LEI EM TRAMITAO NO CONGRESSO NACIONAL

    Apresentam-se, neste captulo, os projetos de lei em

    tramitao no Congresso Nacional, sobre catstrofes climticas e temas

    correlatos. O levantamento tem o objetivo de avaliar as propostas legislativas

    dos parlamentares e verificar se elas atenderiam as demandas normativas do

    setor.

    A busca de proposies em tramitao foi realizada por

    meio da pgina http://intranet2.camara.gov.br/home.html, no dia 25 de maro

    de 2011, atualizada no dia 02 de novembro de 2011. A pesquisa revelou a

    existncia de 93 projetos de lei em tramitao na Cmara dos Deputados e noSenado Federal, indicadas nos quadros abaixo, que tratam de catstrofes de

    diversos tipos, defesa civil, calamidade pblica, situao de emergncia e

    outros temas correlatos aos trabalhos da Comisso Especial de Medidas

    Preventivas e Saneadoras de Catstrofes Climticas.

    Em linhas gerais, os projetos de lei identificados na

    Cmara dos Deputados e no Senado Federal abordam quatro matrias

    bsicas: preveno; mitigao dos efeitos da catstrofe para as vtimas e as

    comunidades; estrutura da defesa civil; e recursos para a defesa civil. OsQuadros 2 e 3 mostram a distribuio desses projetos por tema, para a Cmara

    dos Deputados e o Senado Federal, respectivamente.

    Quadro 2. Distribuio dos projetos de lei da Cmara do Deputados por tema.

    MATRIA PROJETOS DE LEINMERO DE

    PROPOSIES

    Preveno

    2441/2011; 2.440/2011; 1562/2011; 1385/2011;1310/2011; 840/2011; 753/2011; 666/2011; 60/2011;7.117/2010; 6.342/2009; 6.077/2009; 2.447/2007;

    1.778/2007; 1.739/2007; 1.069/2007; 31/2007; 20/2007;5.670/2005; 3.469/2004; 601/2003; 3.801/1989

    22

    Mitigao

    2.445/2011; 1.470/2011; 753/2011; 728/2011;380/2011; 115/2011; 11/2011; 7.472/2010; 7.343/2010;6.982/2010; 4.468/2008; 2.537/2007; 1.319/2003;7.343/2010

    14

    Defesa civil

    1229/2011; 870/2011; 784/2011; 248/2011; 7.309/2010;5.320/2009; 5.273/2009; 3.567/2008; 3.265/2008;967/2007; 515/2007; 91/2007; 2.285/2003; 508/2003;4.395/1998

    15

    Recursos2.382/2011; 1.220/2011; 978/2011; 60/2011;7.143/2010; 6.494/2009; 5.194/2009; 4.971/2009;4.569/2009; 4.504/2008; 1.434/2003

    11

    TOTAL 62

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    35/104

    34

    Quadro 3. Distribuio dos projetos de lei do Senado Federal por tema.

    MATRIA PROJETOS DE LEI NMERO DE

    PROPOSIESPreveno

    432/2011; 119/2011; 116/2011; 85/2011;27/2011; 26/2011; 23/2011; 99/2010;65/2010; 39/2010; 4/2010; 100/2007

    12

    Mitigao36/2011; 24/2011; 22/2011; 72/2010;41/2010; 572/2009; 547/2009; 324/2009;577/2007

    9

    Defesa civil 25/2011; 490/2009 2

    Recursos227/2011; 189/2010; 193/2010; 85/2009;57/2009; 41/2009; 29/2009;PLC 388/2008 (complementar)

    8

    TOTAL 31

    No tema Preveno, os projetos de lei tratam de:

    - precauo no uso do fogo em canaviais (CD: PL 666/2011);

    - proibio das queimadas em canaviais (CD: PL 1.778/2007);

    - proibio das queimadas para abertura de novas reas para explorao

    agropecuria na regio amaznica (CD: PL 3.801/1980);

    - alterao Lei 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), para agravar a penapara quem fabricar, vender, transportar ou soltar bales que possam

    provocar incndios nas florestas e demais formas de vegetao, em reas

    urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano (CD: PL 753/2011);

    - instituio de um cronograma para eliminao das queimadas no cultivo da

    cana-de-acar (CD: PL 6.077/2009);

    - implantao a uma poltica nacional de combate desertificao (CD: PL

    2.447/2007);

    - instituio de uma Poltica de Reduo dos Efeitos da Seca na Amaznia

    (SF: PL 100/2007);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), tendo em vista instituir

    a obrigatoriedade de elaborao da Carta Geotcnica, como instrumento de

    planejamento da ocupao do solo urbano (CD: PL 7.117/2010);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), para determinar que a

    elaborao do plano diretor ser orientada por carta geotcnica (CD:

    2.440/2011; SF: 116/2011 e 39/2010);

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    36/104

    35

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), para exigir a

    elaborao de levantamento geolgico, geotcnico e topogrfico para a

    edificao em morro, montanha, macio, promontrio ou ponto, caverna,chapada, campo de duna, ou qualquer sedimento no consolidado, solos

    arenosos, bem como em terrenos alagadios ou sujeitos inundao,

    plancie de inundao, pntanos, solo encharcado, aquferos, curso de

    gua, lago, lagoa, ribeiro, ribeira, regado, arroio, riacho, crrego,

    boqueiro, lajeado, mangues, tabuleiro, vrzea ou qualquer terreno do

    gnero (SF: PL 4/2010);

    - alterao Lei n 10.257/2001, para estabelecer diretriz quanto adoo

    de tecnologias construtivas ambientalmente adequadas (CD: 1562/2011);

    - alterao Lei n 10.257/2001, prevendo a implantao de caladas

    ecolgicas (CD: 1385/2011

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), para obrigar

    Municpios que possuam reas de risco a elaborar o plano diretor (CD:

    22.441/2011; SF: PL 23/2011);

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil, obrigando os Estados, o Distrito Federal e os Municpios a

    realizarem e atualizarem anualmente o mapeamento das reas de risco de

    seu territrio (SF: PL 26/2011);

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil, autorizando a Unio a criar o cadastro nacional das reas de

    risco (SF: PL 26/2011);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), visando incluir a

    delimitao de reas de risco e de proteo ambiental onde a ocupao

    deve ser evitada no contedo mnimo do plano diretor (SF: PL 65/2010);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), para incluir entre as

    diretrizes da poltica urbana: a ordenao do solo urbano e a regularizao

    fundiria que evitem a ocupao e o adensamento de reas de risco e a

    observncia do ordenamento territorial na implantao dos servios de

    infraestrutura urbana (SF: PL 65/2010);

    - alterao Lei n 10.438/2002, que dispe sobre a expanso da oferta deenergia eltrica emergencial, estabelecendo que a implantao de redes

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    37/104

    36

    de distribuio de energia eltrica deve obedecer ao disposto no plano

    diretor e na legislao urbanstica e vedando o atendimento nas reas de

    risco indicadas na Lei n 6.766/1979 (SF: PL 65/2010);

    - alterao Lei n 11.445/2007, que dispe sobre o saneamento bsico,

    para incluir no contedo do plano de saneamento bsico relativo

    drenagem e manejo de guas pluviais os seguintes aspectos: reteno local

    de guas pluviais, pavimentao no impermeabilizante, identificao de

    reas de risco, redimensionamento de redes de drenagem (SF: PL

    65/2010);

    - alterao Lei n 9.433/1997 (Lei de Recursos Hdricos), incluindo nocontedo mnimo dos Planos de Recursos Hdricos o mapeamento das

    reas urbanas e de expanso urbana sujeitas a alagamento e inundaes e

    avaliao da convenincia de realizao do manejo da vazo dos cursos

    dgua (SF: PL 65/2010);

    - alterao s Leis ns 6.766/1979 e 10.257/2001, para incluir a implantao

    de eventuais redes subterrneas de servios previamente s obras de

    pavimentao e vedar a concesso de financiamento federal a obras

    municipais que no sigam esse princpio (SF: 119/2011);

    - alterao s Leis ns 6.766/1979 e 11.445/2007, para estimular a adoo de

    medidas voltadas para o amortecimento e a reteno das guas pluviais em

    reas urbanas (432/2011);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), para incluir, no

    contedo mnimo do plano diretor, as diretrizes para o sistema de drenagem

    urbana, incluindo limite mximo de impermeabilizao dos terrenos

    conforme cada rea da cidade; o sistema de reas verdes urbanas; aregularizao fundiria de assentamentos urbanos irregulares; os planos de

    contingncia em relao s reas de risco de enchentes, deslizamentos de

    terra ou eventos similares (CD: PL 840/2011);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), para determinar que o

    contedo do plano diretor dever ser compatvel com as disposies

    insertas nos planos de recursos hdricos, consoante a Lei n 9.433/1997

    (CD: PL 840/2011);

    - alterao Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), tendo em vista a

    elaborao e a implantao de planos municipais de sustentabilidade do

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    38/104

    37

    ambiente construdo, a ser aprovado por lei municipal, que dever incluir,

    entre outros objetivos, a minimizao da impermeabilizao do solo e a

    reduo de danos ao meio ambiente natural (CD: PL 1.739/2007);

    - alterao s Leis ns 10.257/2001, 11.445/2007 e 12.340/2010, para

    assegurar medidas de preveno de enchentes, deslizamentos de terra e

    eventos similares (CD: 840/2011);

    - implantao de medidas de conteno de guas de chuva em edificaes

    urbanas, incluindo, em estacionamentos, a reserva de terreno com piso

    drenante ou naturalmente permevel (CD: PL 1.069/2007);

    - instituio de uma Poltica Nacional de Gesto e Manejo Integrado deguas Urbanas (CD: 1.310/2011);

    - regularizao fundiria sustentvel, destinada a adequar os assentamentos

    informais preexistentes s conformaes legais, de modo a garantir o direito

    social moradia e o equilbrio ecolgico do meio ambiente, incluindo

    normas relativas s ocupaes urbanas em reas de preservao

    permanente (CD: PLs 31/2007 e 20/2007, que revogam a Lei n 6.766/1979,

    do Parcelamento do Solo Urbano);

    - prioridade a moradores de reas de risco, insalubridade e de preservao

    ambiental em programa de moradia social (CD: PL 6.342/2009).

    - alterao Lei n 11.977/2009, que dispe o Programa Minha Casa Minha

    Vida, visando possibilitar ao Municpio direcionar integralmente as aes do

    Programa para famlias residentes em reas de risco ou insalubres ou

    famlias que estejam desabrigadas (SF: PL 27/2011);

    - alterao Lei n 11.977/2009, que dispe o Programa Minha Casa MinhaVida, determinando que a regularizao fundiria deve obedecer s

    diretrizes da Lei n 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) e da alterao Lei n

    6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano) (SF: PL 99/2010);

    - alterao Lei n 6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano),

    aumentando a pena para quem faz loteamento ou desmembramento do

    solo para fins urbanos ilegal (CD: PL 5.670/2005);

    - alterao Lei n 6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano), paravedar a implantao de infraestrutura urbana nas reas frgeis e imprprias

    para parcelamento indicadas no art. 3 da Lei (SF: PL 99/2010);

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    39/104

    38

    - alterao Lei n 6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano),

    incluindo as reas sujeitas a desmoronamento entre aquelas indicadas no

    art. 3 como imprprias para o parcelamento urbano (SF: PL 65/2010);

    - alterao Lei n 6.766/1979 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano),

    instituindo pena de recluso para quem autorizar o parcelamento de reas

    imprprias indicadas no art. 3 da Lei (SF: PL 99/2010);

    - criao de uma Poltica Nacional de Planejamento Regional Urbano, que

    entre outros objetivos, promover a organizao de um Sistema Nacional

    de Planejamento e Informaes Urbanas de base georreferenciada, o qual,

    por sua vez, incluir a criao de base cartogrfica digital e de bancos dedados setoriais para cada unidade regional urbana (CD: PL 3.460/2004);

    - alterao Lei n 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidade e

    regula o respectivo processo de julgamento contra Presidente da

    Repblica, Ministros de Estado, Ministros do Supremo Tribunal Federal ou

    Procurador Geral da Repblica, incluindo entre os crimes de

    responsabilidade, a omisso ou retardamento na tomada de medidas

    oportunas e eficazes contra desastres, concorrendo para o seu

    agravamento, apesar de alertado por rgo ou entidade do sistema dedefesa civil (CD: PL 601/2003);

    - alterao ao Decreto-Lei n 201/1967, que dispe sobre a responsabilidade

    dos Prefeitos e Vereadores, incluindo entre os crimes de responsabilidade

    dos Prefeitos a omisso ou retardamento na tomada de medidas oportunas

    e eficazes contra desastres, concorrendo para o seu agravamento, apesar

    de alertado por rgo ou entidade do sistema de defesa civil (CD: PL

    601/2003); e

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil, definindo como crime de responsabilidade do Prefeito

    Municipal ou do Governador de Estado a no elaborao do mapeamento

    de reas de risco (SF: PL 26/2011).

    No tema Mitigao, os projetos de lei tratam de:

    - autorizao ao Poder Executivo a abrir linha de crdito subsidiado em

    instituies bancrias oficiais para atender as vtimas de calamidadespblicas (CD: PL 728/2011);

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    40/104

    39

    - concesso de seguro-desemprego ao agricultor familiar rural e/ou

    extrativista que tenha suas terras inundadas por ocasio de enchentes

    sazonais (CD: PL 380/2011);

    - concesso de seguro-desemprego ao trabalhador rural que exera sua

    atividade individualmente ou em regime de economia familiar, em caso de

    calamidades naturais (SF: PL 577/2009);

    - concesso de seguro-desemprego ao empregado urbano ou rural, cujo

    empregador interrompeu temporariamente suas atividades, e os

    profissionais autnomos e empreendedores individuais urbanos ou rurais,

    que perderam os instrumentos ou condies para o exerccio da atividade,em decorrncia de calamidade natural (SF: PL 36/2011);

    - iseno ao pagamento de segunda via de documentos pessoais danificados

    ou destrudos devido ocorrncia de sinistro ou catstrofe natural (CD: PL

    115/2011);

    - alterao Lei n 8.036/1990, que dispe sobre o Fundo de Garantia do

    Tempo de Servio (FGTS), para incluir o trabalhador residente em reas em

    situao de emergncia ou em estado de calamidade pblica entre aqueles

    que podem utilizar os recursos do FGTS (CD: PL 7.472/2010);

    - alterao Lei n 8.036/1990, que dispe sobre o Fundo de Garantia do

    Tempo de Servio (FGTS), para permitir o uso do FGTS em casos de

    destruio da casa prpria do trabalhador devido a calamidade pblica ou

    caso fortuito (CD: PL 4.468/2008);

    - alterao Lei n 8.036/1990, que dispe sobre o Fundo de Garantia do

    Tempo de Servio (FGTS), para definir, entre os eventos que so

    considerados desastre natural, para fins de liberao do FGTS, os

    vendavais intensos, muito intensos ou extremamente intensos,

    tempestades, ciclones tropicais e extratropicais, furaces, tufes, tornados e

    trombas dgua, precipitaes de granizo, enchentes ou inundaes

    graduais ou bruscas, enxurradas, alagamentos, inundaes litorneas

    provocadas pela brusca invaso do mar e deslizamentos de encostas ou

    quedas de barreiras (CD: PL 7.343/2010);

    - alterao Lei n 8.666/1993 (Lei de Licitaes), para dispensar a licitaonas aquisies realizadas por municpios nos casos de calamidade pblica

    (CD: PL 6.982/2010);

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    41/104

    40

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil (SINDEC), para autorizar as instituies financeiras pblicas a

    instituir linha especial de crdito imobilirio para aquisio, construo ereforma de imveis residenciais ou comerciais, novos ou usados, urbanos

    ou rurais, atingidos por desastres, quando caracterizada situao de

    emergncia ou estado de calamidade pblica (SF: PL 24/2011);

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil (SINDEC), visando autorizar a iseno fiscal, anistia e

    remisso, totais ou parciais, para as pessoas fsicas e jurdicas

    efetivamente atingidas por desastres, quando caracterizado situao de

    emergncia ou estado de calamidade pblica (SF: PL 22/2011);

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil (SINDEC), para incluir entre as aes custeadas pelo Funcap a

    recuperao dos solos e dos investimentos produtivos realizados em

    propriedades de agricultura familiar (SF: PL 85/2011);

    - alterao Lei n 11.977/2009, que dispe sobre o Programa Minha Casa,

    Minha Vida, para possibilitar a suspenso da prestao caso os efeitos de

    calamidade pblica afetem a capacidade de pagamento do financiado (SF:PL 41/2010);

    - alterao Lei n 10.188/2001, que cria o Programa de Arrendamento

    Residencial, para possibilitar a suspenso do pagamento caso os efeitos de

    calamidade pblica afetem a capacidade de pagamento do arrendatrio

    (SF: PL 41/2010);

    - alterao Lei n 7.713/1988, que altera a legislao do imposto de

    renda, para isentar do imposto de renda os rendimentos percebidos porpessoas fsicas atingidas por desastres, quando caracterizado estado de

    emergncia ou de calamidade pblica (SF: PL 22/2011);

    - alterao Lei n 9.393/1996, que dispe sobre o Imposto sobre a

    Propriedade Territorial Rural (ITR), para determinar que ser considerada

    como efetivamente utilizada a rea dos imveis rurais situados, at um ano

    antes da publicao do ato, em rea de ocorrncia de calamidade pblica

    decretada pelo Poder Pblico (SF: PL 72/2010);

    - suspenso de pagamentos dos dbitos de Municpios junto Unio, entre

    os que se encontrem em situao de emergncia ou calamidade pblica,

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    42/104

    41

    nas condies especificadas (CD: PL 2.537/2007);

    - alterao Lei n 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais para o

    saneamento bsico, visando estabelecer prioridade nas polticas e aes

    pblicas habitacionais da Unio ao cidado que perdeu o seu imvel

    residencial em virtude de enchentes e alagamentos urbanos (SF: PL

    572/2009);

    - proibio de cobrana de multa e juros de mora quando o consumidor no

    receber o boleto bancrio, antecipadamente em domiclio, pela ocorrncia

    de casos fortuitos ou de fora maior (CD: 2.445/2011).

    No tema Defesa Civil, os projetos de lei tratam de:

    - alterao Lei n 12.340/2010, que dispe sobre o Sistema Nacional de

    Defesa Civil (SINDEC), para estabelecer que o reconhecimento da situao

    de emergncia ou do estado de calamidade pblica por parte do Poder

    Executivo Federal dever ocorrer em at quarenta e oito horas a contar da

    apresentao, por parte do requerente, da documentao exigida pela

    presente Lei (CD: PL 784/2011);

    - criao de banco de profissionais recm graduados em instituies pblicasde ensino ou custeados por recursos pblicos, para prestar servios

    remunerados, em comunidades carentes de profissionais em suas

    respectivas reas de formao, em municpios sob situao de emergncia

    ou estado de calamidade pblica (CD: PL 248/2011; PL 3.265/2008);

    - instituio do direito de acesso gratuito ao rdio e televiso, a rgos de

    segurana, visando, entre outros objetivos, divulgar instrues sobre

    procedimentos a serem adotados em casos de emergncia e calamidade

    (CD: PL 7.309/2010);

    - iseno do Imposto de Importao e do Imposto sobre Produtos

    Industrializados a aparelhos prprios para radioamadorismo, quando

    importados ou adquiridos por radioamador habilitado e participante da Rede

    Nacional de Emergncia de Radioamadores (Rener), integrante do Sistema

    Nacional de Defesa Civil (Sindec) (CD: PL 5.320/2009);

    - alterao Lei n 10.029/2000, que estabelece normas gerais para a

    prestao voluntria de servios administrativos e de servios auxiliares desade e de defesa civil nas Polcias Militares e nos Corpos de Bombeiros

  • 8/3/2019 Relatorio comisso proteo civil

    43/104

    42

    Militares, para admitir como voluntrios prestao dos servios auxiliares

    os cidados maiores de dezoito e menores de vinte e trs anos, de ambos

    os sexos (CD: PL 5.273/2009);

    - alterao Lei n 10.029/2000, que estabelece normas gerais para a

    prestao voluntria de servios administrativos e de servios auxiliares de

    sade e de de