relançar o algarve - ponto turismo 1

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6 opinião Relançar o Algarve ponto T U R I S M O Jorge Rebelo de Almeida (Presid. Cons. Adm) VILA GALÉ, S.A. P elo 4º ano consecutivo o Algarve tem vindo a registar quebras na ocupação e nas receitas tu- rísticas. Inúmeras empresas debatem-se com graves dificuldades financeiras e de sustenta- bilidade económica. A imobiliária turística parou. Mais grave do que tudo, o desemprego não pára de crescer e atinge níveis dramáticos. A época baixa cada vez mais longa avizinha-se assus- tadora, pois as operações charter esqueceram-se do Algarve, o número de voos “low cost” vai diminuir e de voos regulares, nem falar. Vive-se um tempo de grandes preocupações, de impre- visibilidade e paira no ar algum desespero. É imperioso e urgente inverter esta tendência de que- da. Não adianta gastar energias em lamentações, é meter mãos à obra. Temos muitos pontos positivos a nosso favor. O Algarve é hoje um destino turístico de grande quali- dade em termos de instalações e de serviço com uma oferta hoteleira, de restauração, rent-a-car, animação com muito bom nível e preço acessível. As infraestruturas melhoraram muito, graças ao esfor- ço de investimentos das Câmaras Municipais. O nível de profissionalismo de todos os agentes do se- tor do turismo melhorou consideravelmente. O turismo é muito importante para a economia do Al- garve, mas tem um peso excessivo. É fundamental que se desenvolvam outras atividades económicas. A agri- cultura, as pescas, a indústria de conservas, a gastro- nomia, o artesanato, a doçaria têm de ressurgir. Novos investimentos industriais e de serviços precisam-se, desde que não colidam com o turismo. A área de prestação de serviços de saúde deverá ser uma das grandes apostas do Algarve em ligação com o setor do turismo. O projeto do grande hospital do Al- garve é uma prioridade incontestável. É hora de pensar seriamente na reorganização admi- nistrativa do Algarve. A racionalização e a economia de custos apontam para a fusão de Câmaras Municipais e para a concentração de algumas atividades económicas, como a da água, a das obras municipais, etc. É urgente uma ação concertada dos bancos para evitar o fecho e abandono de alguns hotéis, com a inevitável degradação e uma má imagem para o destino e afinal prejuízo maior para os próprios bancos. É indispensável que o Governo e agentes do setor do turismo definam um plano para atração de investi- mento estrangeiro, que permita a venda do enorme volume de casas e apartamentos devolutos. Não basta falar, é essencial pôr em cima da mesa um conjunto de incentivos de natureza fiscal, económica, de concessão de residência, etc. e sobretudo divulgar e vender no exterior esse plano. A redinamização da atividade do Algarve passa inevita- velmente por esta área de negócio. O peixe, as ostras, a amêijoa, a conquilha, o lingueirão devem ser promovidos como imagem de marca da re- gião. Devem também manter-se vivas as tradições folclóri- cas e culturais do Algarve como fator de diferenciação do destino. Para quando o parque temático dos Desco- brimentos com recurso ao audiovisual? Por último, mas não menos importante é a divulgação, promoção e venda do destino Algarve, de forma incisi- va e eficaz junto do consumidor final. Esta uma área que carece de uma grande revolução de conceito e de mentalidade. É imperioso e urgente inverter esta tendência de queda. Não adianta gastar energias em lamentações, é meter mãos à obra. Temos muitos pontos positivos a nosso favor Inverter o ciclo de quebras Relançar o Algarve

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Inverter o ciclo de quebras - Relançar o Algarve, um artigo de Jorge Rebelo de Almeida, na 1ª edição da Ponto Turismo

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Page 1: Relançar o Algarve - Ponto Turismo 1

6 opinião Relançar o Algarve pontoT U R I S M O

Jorge Rebelo de Almeida(Presid. Cons. Adm) VILA GALÉ, S.A.

Pelo 4º ano consecutivo o Algarve tem vindo a registar quebras na ocupação e nas receitas tu-rísticas. Inúmeras empresas debatem-se com graves dificuldades financeiras e de sustenta-

bilidade económica. A imobiliária turística parou. Mais grave do que tudo, o desemprego não pára de crescer e atinge níveis dramáticos.A época baixa cada vez mais longa avizinha-se assus-tadora, pois as operações charter esqueceram-se do Algarve, o número de voos “low cost” vai diminuir e de voos regulares, nem falar.Vive-se um tempo de grandes preocupações, de impre-visibilidade e paira no ar algum desespero.É imperioso e urgente inverter esta tendência de que-da. Não adianta gastar energias em lamentações, é meter mãos à obra. Temos muitos pontos positivos a nosso favor.O Algarve é hoje um destino turístico de grande quali-dade em termos de instalações e de serviço com uma oferta hoteleira, de restauração, rent-a-car, animação com muito bom nível e preço acessível.As infraestruturas melhoraram muito, graças ao esfor-ço de investimentos das Câmaras Municipais.O nível de profissionalismo de todos os agentes do se-tor do turismo melhorou consideravelmente.O turismo é muito importante para a economia do Al-garve, mas tem um peso excessivo. É fundamental que se desenvolvam outras atividades económicas. A agri-

cultura, as pescas, a indústria de conservas, a gastro-nomia, o artesanato, a doçaria têm de ressurgir. Novos investimentos industriais e de serviços precisam-se, desde que não colidam com o turismo.A área de prestação de serviços de saúde deverá ser uma das grandes apostas do Algarve em ligação com o setor do turismo. O projeto do grande hospital do Al-garve é uma prioridade incontestável.É hora de pensar seriamente na reorganização admi-nistrativa do Algarve.A racionalização e a economia de custos apontam para a fusão de Câmaras Municipais e para a concentração de algumas atividades económicas, como a da água, a das obras municipais, etc.É urgente uma ação concertada dos bancos para evitar o fecho e abandono de alguns hotéis, com a inevitável degradação e uma má imagem para o destino e afinal prejuízo maior para os próprios bancos.É indispensável que o Governo e agentes do setor do turismo definam um plano para atração de investi-mento estrangeiro, que permita a venda do enorme volume de casas e apartamentos devolutos.Não basta falar, é essencial pôr em cima da mesa um conjunto de incentivos de natureza fiscal, económica, de concessão de residência, etc. e sobretudo divulgar e vender no exterior esse plano.A redinamização da atividade do Algarve passa inevita-velmente por esta área de negócio.O peixe, as ostras, a amêijoa, a conquilha, o lingueirão devem ser promovidos como imagem de marca da re-gião.Devem também manter-se vivas as tradições folclóri-cas e culturais do Algarve como fator de diferenciação do destino. Para quando o parque temático dos Desco-brimentos com recurso ao audiovisual?Por último, mas não menos importante é a divulgação, promoção e venda do destino Algarve, de forma incisi-va e eficaz junto do consumidor final.Esta uma área que carece de uma grande revolução de conceito e de mentalidade.

É imperioso e urgente inverter esta tendência de queda. Não adianta gastar energias em lamentações, é meter mãos à obra. Temos muitos pontos positivos a nosso favor

Inverter o ciclo de quebrasRelançar o Algarve

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Page 2: Relançar o Algarve - Ponto Turismo 1

7Relançar o Algarve opiniãopontoT U R I S M O

ra de todos os agentes do setor (públicos e privados) - “Quem quer festa sua-lhe a testa”.Com capacidade para ouvir e aproveitar das experiên-cias anteriores de todos mas com poder e rapidez de decisão.Dotada de capacidade de contenção para reduzir cus-tos supérfluos e de escassa utilidade como postos de turismo, entre outros.Com capacidade para aproveitar as estruturas portu-guesas no exterior (Turismo de Portugal, AICEP, Embai-xadas, Casas de Portugal e outros) e mobilizá-las para ações concretas.Temos de concentrar todos os esforços em ações no ex-terior que possam captar novos turistas e fidelizar os existentes.Apoiar e subsidiar ações de formação de pessoal nos hotéis evitando mais desemprego e desocupação das pessoas. É preferível contribuir para o salário dos for-mandos do que gerar desemprego.

Em jeito de conclusão:Não esquecer que a solução para a gestão do Aeropor-to de Faro é crucial para o desenvolvimento da região, e por isso, deve ser acautelado na próxima privatização da ANA.

Vamos acreditar no Algarve e em Portugal. n

Precisamos de uma agência de promoção e venda do Algarve (APVA) unificada, de natureza privada, com participação pública no capital e no financiamento.Em alternativa a ações individuais, locais ou setoriais desgarradas e sem impacto, é fundamental congregar esforços e os escassos recursos financeiros e criar uma estrutura de pessoal enxuta, moderna, ágil, desburo-cratizada, jovem mas temperada com experiência de terreno.Com uma gestão assegurada por profissionais de reco-nhecida competência na área do Marketing e Vendas à margem de quaisquer influências político/partidárias.Com efetiva participação e comparticipação financei-

O turismo é muito importante para a economia do Algarve, mas tem um peso excessivo. É fundamental que se desenvolvam outras atividades económicas. Novos investimentos industriais e de serviços precisam-se, desde que não colidam com o turismo

A área de prestação de serviços de saúde, deverá ser uma das grandes apostas do Algarve em ligação com o setor do turismo.

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