relações entre comunicação e cultura em uma organização varejista

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, RS – 2 a 6 de setembro de 2010

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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXXIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Caxias do Sul, RS 2 a 6 de setembro de 2010

Relaes entre comunicao e cultura em uma organizao varejista1 Carolina Ribeiro PAGLIARINI2 Tas Stefanello GHISLENI3 Centro Universitrio Franciscano Unifra, Santa Maria, RS RESUMO Este artigo analisa a Comunicao Integrada realizada pela Casas Eny e sua Cultura Organizacional. O estudo foi feito a partir do entendimento do conceito de Comunicao Integrada, que pode ser reinterpretado a partir das mudanas no ambiente interno e tecnolgico. J a Cultura Organizacional, passou a fazer parte do repertrio das tecnologias de gesto organizacional. A abordagem metodolgica utilizou natureza qualitativa, com aspectos quantitativos, tendo como instrumento de coletas de dados, a entrevista. A interpretao foi feita a partir dos dados coletados e com isso, foi possvel entender as aes de comunicao utilizadas pela empresa para efetuar as suas decises e perceber como ela se posiciona em relao a estes aspectos. Palavras-chave: comunicao integrada; cultura organizacional; organizao; casas ENY. INTRODUO Desde os primrdios, a comunicao j se fazia presente na vida dos homens. Na pr-histria, por exemplo, era expressa pelos desenhos desenvolvidos nas cavernas. Esta foi uma das maneiras encontradas para que os homens pudessem trocar informaes entre si. Esta contextualizao histrica, de acordo com Tofller (1980); Lynch e Kordis (1988) e Savage (1996), fez com que fosse descrito transformaes da sociedade sob forma de ondas. Segundo adaptao proposta pelos autores, preciso que haja mudanas de crenas, valores e comportamentos acumulados e disseminados nas sociedades e entre elas. A evoluo comunicativa das sociedades, que vai do homem das cavernas internet, melhorou muito atravs das ferramentas inventadas pelos seres humanos. Mas para McLuhan (1964) a voz humana, classificada como onda oral, que antes era o nico meio de transmisso das informaes, ainda o meio de informao mais rico no universo da comunicao.

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Trabalho apresentado na Diviso Temtica, da Intercom Jnior Jornada de Iniciao Cientfica em Comunicao, evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao.2

Estudante de Graduao 6 semestre do curso de Publicidade e Propaganda da UNIFRA - Santa Maria-RS, e-mail: [email protected]

Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Publicidade e Propaganda da Unifra - Santa Maria-RS, email: [email protected]

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Com o passar do tempo, a sociedade percebeu que a comunicao indispensvel no seu dia-a-dia. Afinal, comunicao um processo que desenvolve a troca de informaes, atravs da utilizao de smbolos que sero decodificados pelo receptor. Para Peruzzolo (1972, p.22) o nosso tempo o da manipulao de smbolos, na procura de comunicao mais intensa e mais eficaz. J para Megginson, Mosley e Pietri Jr.(1998, p.320) o processo de transferir significado de uma pessoa para outra na forma de idias ou informaes. Mas sabe-se que no basta apenas informar. preciso haver o entendimento desta informao, que visa tornar comuns conhecimentos, ideias, necessidades ou qualquer outra mensagem. De acordo com Neiva Jr. (1990, p.80) se a mensagem comunica informao e se a comunicao ordem, o que ordenar a informao? A informao ser ordenada pela estrutura do pblico para o qual a mensagem ser transmitida. O autor ainda enfatiza que preciso que a informao seja transmitida de maneira que os receptores consigam decodificar a mensagem passada. Sendo esta a funo do cdigo e da ordem da mensagem. Sabe-se que a comunicao importante, tanto para as pessoas quanto para as organizaes. Daft (2008, p.10) esclarece que organizaes [...] [so] entidades sociais, orientadas por metas, projetadas como sistemas de atividade deliberadamente estruturado, coordenados e ligadas ao ambiente externo. A comunicao

influenciada por vrios aspectos da sociedade, sendo a cultura um destes aspectos determinantes. Para entendermos esta relao comunicao x cultura, precisamos primeiro saber o que significa cultura. De acordo com o dicionrio eletrnico Houaiss, cultura o conjunto de padres, de comportamento, crena, conhecimento e costumes, que distinguem um grupo social de outro. Peruzzolo citando Morin acredita que (1972, p.301) a cultura constitui um corpo complexo de normas, smbolos, mitos, imagens, concepes, modos de vida, que penetrando o indivduo em sua intimidade, estrutura a sua conduta e seu modo de ser. Para compreender a cultura e a comunicao com as organizaes locais, o presente estudo visa descrever o uso das comunicaes promovidas pelas novas tecnologias redes sociais que a Casas Eny est utilizando e perceber como sua cultura organizacional se comporta diante destas novas possibilidade de interao. Esta pesquisa utilizou natureza qualitativa, com aspectos quantitativos e o instrumento de

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coletas de dados foi entrevista4. A interpretao foi feita a partir dos dados coletados na entrevista. Com isso, foi possvel entender as aes de comunicao utilizadas pela empresa, para efetuar as suas decises e perceber como ela se posiciona em relao a estes aspectos. COMUNICAO NAS ORGANIZAES Existem vrias formas de comunicao que uma organizao pode utilizar para estabelecer relao com o seu pblico e/ou para alcanar determinados objetivos. A comunicao organizacional, segundo Neves (2002), a soma de todas as formas de comunicar que uma empresa utiliza. Pode ser fragmentada em comunicao institucional e em comunicao mercadolgica. E se, ento, estas duas estiverem condizentes faro parte da comunicao integrada. Dubrin (2006) defende que, para que a comunicao organizacional obtenha resultado, existem duas categorias de canais pelos quais passam as mensagens nas organizaes e que so categorizadas pela direo que seguem. Sendo os canais formais de comunicao, os caminhos oficiais para o envio de informaes dentro e fora da organizao; e os canais informais de comunicao, a rede no oficial de canais que suplementam os canais formais. O autor afirma ainda, que nas organizaes as mensagens viajam em cinco direes distintas: Comunicao para baixo, comunicao para cima, comunicao horizontal, comunicao diagonal e comunicao esfrica. Assim, a primeira consiste no fluxo de mensagens de determinado nvel para um nvel inferior; a segunda na transmisso de mensagens de um nvel inferior a um superior; a terceira no envio de mensagens entre pessoas que esto no mesmo nvel; a quarta consiste na transmisso de mensagens entre departamentos diferentes e a quinta a que acontece entre os membros de equipes diferentes na organizao em rede. Para Megginson, Mosley e Pietri Jr. (1998), a compreenso da comunicao em uma organizao tambm se examina atravs das direes bsicas em que ela se desloca. Sendo as vias de comunicao formal os caminhos prescritos pela organizao atravs dos quais o fluxo da mensagem se processa. Porm, os nomes dados a estas vias, se diferenciam das citadas pelo autor anterior. Assim, as vias de comunicao formal so a comunicao descendente; a comunicao ascendente e a comunicao lateral, no classificam a comunicao esfrica. J as vias de comunicao informal visam 4

A entrevista foi realizada com Fabrise Muller e Jones Machado3

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satisfao das necessidades pessoais, contrabalanando os efeitos do tdio ou monotonia, tentando influenciar o comportamento dos outros, sendo fontes de informao relacionada ao trabalho. Como citado anteriormente, uma das principais fragmentaes da comunicao organizacional a comunicao institucional, que, para Lupetti (2007), auxiliar na identidade corporativa e na imagem passada pela empresa, tendo como objetivo conquistar a confiana, a credibilidade e a simpatia dos pblicos de interesse da organizao. Alm disso, ela importante por estabelecer um conceito pblico para a empresa, difundindo sua filosofia, misso, viso e valores, que sero, assim, retratados em suas polticas e prticas. J a comunicao mercadolgica, de acordo com Kunsch (2003), a responsvel por toda a produo comunicativa em torno dos objetivos mercadolgicos, tendo em vista a divulgao publicitria dos produtos ou servios de uma empresa. Mas, para que a empresa consiga atingir os objetivos propostos por esses trs tipos de comunicao, preciso que os funcionrios tenham um clima produtivo. De acordo com Torquato (2004), gerar consentimentos e produzir aceitao devem ser dois dos principais objetivos da comunicao interna. Sendo a misso bsica da comunicao interna contribuir para o desenvolvimento e a manuteno de um clima produtivo, propcio ao cumprimento das metas estratgicas da organizao e ao crescimento continuado de suas atividades e servios e expanso de suas linhas de produto. Com a realizao dessas trs comunicaes citadas, ir ser formada a comunicao integrada, que para Kunsch (2003, p.150), a responsvel pela constituio de uma unidade harmoniosa, apesar das diferenas e das peculiaridades de cada rea e das respectivas subreas. A convergncia de todas as atividades, com base numa poltica global, claramente definida, e nos objetivos gerais da organizao, possibilitar aes estratgicas e tticas de comunicao mais pensadas e trabalhadas com vistas na eficcia. Uma das estratgias das empresas utilizar os meios de comunicao como ferramentas que iro facilitar a recepo e/ou transmisso de uma informao. Cada meio permite que haja comunicao de uma maneira diferente, sendo a natureza de cada uma determinante para o tipo e a qualidade da informao passada. Hoje em dia, os meios de comunicao participam ativamente dos mais variados aspectos da sociedade, disseminando ideias e construindo opinies. Pio XII, citado por Peruzollo (1972, p.13) informa que no exagerado dizer que o futuro da humanidade4

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depende, em grande parte, do equilbrio mantido entre a potncia das tcnicas da difuso e da capacidade de reao da pessoa. Estar inserido na sociedade faz com que se tenha necessidade de estar sempre estabelecendo comunicao. Tambm assim com as empresas, que dependem dos meios de comunicao em massa para propagar informaes aos clientes, que com o compreendimento da mensagem, tero vnculo, compromisso e relao com a marca. De acordo com Peruzzolo (1972) estamos vivendo o sculo da comunicao. E cada vez mais, os Meios de Comunicao Social e a Publicidade Comercial se impem ao lado da Famlia, da Igreja, do Estado e da Escola, como moldadores do carter [necessidade], das crenas e das aspiraes do povo, complementa o autor (1972, p.10). Com o crescimento da procura dos meios como formadores de opinio, transmissores de informao e disseminadores de cultura, os meios tradicionais comearam a assumir novas formas e, em seguida, recebeu-se o impacto dos meios eletrnicos, sendo, a partir desta evoluo, a inveno da comunicao de massa. Termo este, que se est to acostumado a ouvir em qualquer ambiente social. atravs da tecnologia dos meios de comunicao de massa que cada consumidor recebe informaes de forma simultnea, instantnea e universal. De acordo com Peruzzolo (1972, p. 83), os meios de comunicao de massa so, ento, os massa media [...] cuja caracterstica fundamental, comunicar a um pblico-vasto-emsituao-de-massa. Peruzzolo (1972, p.83) cita ainda Luiz Costa Lima, professor e escritor, que relaciona os meios de comunicao de massa como sendo canais dotados de lato poder de alcance e/ou reproduo: jornais, estrias em quadrinhos, revistas da atualidade, rdio, cinema, disco, fita magntica, e TV. Pode-se notar que a Internet, por exemplo, ainda no era um meio massificado como agora, em 2010. De maneira resumida, os meios de comunicao de massa so utilizados pelas empresas com os objetivos de convencer e vender a imagem da marca ou produto. Apesar de usarem vrias estratgias e tticas para vender a marca ou o produto, os publicitrios e os profissionais de marketing precisam respeitar a cultura organizacional defendida pela empresa. DuBrin (2006) justifica que a cultura organizacional representa um sistema de valores e crenas compartilhados que influenciam o comportamento do trabalhador. Sua origem est nos valores, nas prticas administrativas e na personalidade do fundador. A cultura organizacional responde e reflete s escolhas conscientes e inconscientes e aos padres de comportamento dos gerentes executivos.

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CULTURA ORGANIZACIONAL A comunicao como fonte de informao, tem relao direta com a cultura organizacional, que, de acordo com Fleury citado por Freitas, compreende um "conjunto de valores e pressupostos bsicos, expressos em elementos simblicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significaes, construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de comunicao e consenso como instrumentaliza as relaes de dominao". Para haver uma relao palpvel com o pblico de interesse, preciso que a organizao estabelea um entendimento eficaz e compreensvel. Sabe-se que a comunicao importante, tanto para as pessoas quanto para as organizaes. Daft (2008, p.10) esclarece que organizaes [...] [so] entidades sociais, orientadas por metas, projetadas como sistemas de atividade deliberadamente estruturado, coordenados e ligadas ao ambiente externo. Assim, a comunicao influenciada por vrios aspectos da sociedade, sendo a cultura um dos determinantes. Para entender-se esta relao comunicao versus cultura, precisa-se primeiro saber o que significa cultura. Peruzzolo (1972, p.301) citando Morin acredita que a cultura constitui um corpo complexo de normas, smbolos, mitos, imagens, concepes, modos de vida, que penetrando o indivduo em sua intimidade, estrutura a sua conduta e seu modo de ser. J de acordo com Freitas, no processo de investigao da cultura de uma organizao que identificamos aspectos formadores da identidade organizacional. Hoje em dia a tecnologia serve como uma aliada na disseminao da identidade organizacional de cada empresa, pois atravs da tecnologia que elas disseminam a sua cultura nas mais variadas formas, inserindo-se nessas novas ferramentas e chamando ateno do seu pblico de interesse. [...] Fala-se muitas vezes no impacto das novas tecnologias da informao sobre a sociedade ou a cultura. A tecnologia seria algo comparvel a um projtil (pedra, obus, mssil?) e a cultura ou a sociedade um alvo vivo. (LVY, 1999, p. 21) Para apreender a significncia da cultura e da comunicao inserida nas novas tecnologias nas organizaes locais, este estudo visa pesquisar a cultura organizacional que as Casas Eny tm em relao comunicao como uma viso estratgica para a cidade de Santa Maria - RS.

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CASAS ENY5 As Casas Eny tm mais de 80 anos de existncia no mercado de calados do Rio Grande do Sul, sendo considerada uma das maiores empresas do estado, que oportuniza aos clientes variedade de preos e marcas de qualidade. O fundador, Salvador Isaia, comeou no ramo aos 15 anos de idade e, atravs da empresa, fez histria na cidade de Santa Maria e regio. As vendas prosperaram e, em 1927, a loja, ainda sem nome, foi transferida para a esquina Rio Branco com Silva Jardim, a fim de atender a parte central da cidade. Neste momento foi criada uma seo exclusiva de calados femininos e uma das marcas era Eny, ento, por isso o nome da loja atualmente. Em 1941, Carlos Isaia e, mais tarde, em 1954, Guido Isaia passaram a fazer parte da administrao da Casa Eny juntamente com Salvador. Nos anos 60, a empresa iniciou a expanso de seus negcios, inaugurando uma loja na Galeria do Comrcio e a loja Eny Calados Femininos. Em 1970, foram inauguradas as lojas: Eny Calados Masculinos e a Eny Calados Infantis. Nesta dcada, comprovaram-se a continuidade da expanso e sucesso da empresa com a marca de mais de meio milho de calados comercializados, assim, aconteceu a abertura de duas novas unidades: Eny Malas e Artefatos de Couro e Eny Boutique, que com o tempo, configuraram-se casas comerciais na cidade. Salvador Isaia acompanhou o crescimento e expanso da empresa at seu falecimento em 30 de maro de 1992. Com a credibilidade conquistada no mercado, a empresa expandiu para outros municpios, criando-se mais duas lojas: Eny Santa Cruz do sul e Eny Bourbon, em Porto Alegre. A empresa atualmente possui treze lojas que se localizam em Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha e Porto Alegre. Com esta expanso, foi necessrio aumentar as possibilidades de venda, surgindo o Carto Eny para as vendas a prazo. Hoje, mais de 115 mil pessoas compram na Eny com o Carto, sendo 93 mil pessoas em Santa Maria, 7 mil em Santa Cruz e 15 mil em Porto Alegre. Todos os investimentos e procedimentos adotados pela organizao so projetados atravs de um planejamento estratgico, que tem como meta o crescimento e as atividades da empresa. Pela tecnologia que cada vez mais se fazia e se faz presente na vida dos cidados, a Eny sentiu necessidade de atuar com as mais modernas ferramentas

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A base das informaes deste captulo foi retirada do site 7

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de gesto empresarial aliando tecnologia e inovaes. Preservou, inovou e ampliou suas relaes de mercado tendo como meta: a satisfao de colaboradores e clientes. De acordo com Fabrise Muller, responsvel desde 2002 pelo setor de Relaes Pblicas das Casas Eny, a empresa conta com, aproximadamente, 300 colaboradores entre funcionrios, estagirios e prestadores de servios. O conceito de qualidade, passa pela satisfao dos colaboradores, refletindo no perfil dos profissionais, desde o vendedor ao quadro de gerentes. Visando aes e um trabalho dinmico aos funcionrios, a empresa propicia convnios, festas anuais, jantares e confraternizao. Os funcionrios so incentivados a estudar, participar de cursos e palestras, evidenciando a preocupao com a qualidade de vida de todos. A fundao Eny investe na capacitao dos funcionrios, custeando cursos de graduao, ps-graduao, treinamentos, seminrios, e cursos, possibilitando a realizao de atividades que contribuem com a melhoria do ambiente de trabalho. Outra forma de incentivar e motivar a equipe o programa de participao nos resultados (PPR) cuja receita da empresa dividida entre todos os colaboradores, tendo como base a avaliao dos seguintes itens: vendas, produtividade, satisfao do cliente e giro de estoques. Tambm h planos de sade e tquetes de alimentao. Por isso, a marca Eny est consolidada no mercado caladista como uma empresa que planeja a perfeio dos servios prestados. Esta relao repassada aos clientes, transferindo o jeito de pensar e a cultura adotada pela organizao. O crescimento da empresa est aliado melhoria de vida dos colaboradores e da comunidade. A cada ano a empresa vem constituindo-se em uma das empresas locais que mais influenciam para o retorno Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servio ao municpio de Santa Maria, destinando 9%6, anualmente, de seu faturamento para o custeio de encargos sociais e folha de pagamento. Assim, possvel perceber que, a partir da viso da empresa, a mesma constituise como um empreendimento que comercializa produtos de qualidade, oferecendo variedade e menor preo, preservando valores construdos com base na honestidade, humildade, responsabilidade, comprometimento e disciplina; cultivando, assim, a viso de ser referncia no ramo, oferecendo servios que atendam s necessidades dos clientes, buscado a rentabilidade e o contnuo desenvolvimento da empresa. Com a

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Informao retirada do TFG da aluna Luiza Coronel Urdapilleta, A prtica da comunicao organizacional interna: um estudo de caso das Casas Eny em Santa Maria.8

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insero e a evoluo da tecnologia nos dias atuais, a organizao sentiu-se obrigada a utilizar ferramentas que proporcionem um contato direto com o pblico. FERRAMENTAS DE COMUNICAO UTILIZADAS PELA ORGANIZAO Cada vez esta mais visvel o crescimento de informaes transmitidas atravs da internet, assim, percebe-se que a influncia das redes sociais na sociedade se torna cada vez mais significativa no momento em que influencia diretamente os vnculos interpessoais existentes. No final da dcada de 90, a informao ganhou agilidade pela estabilidade da tecnologia digital como principal ferramenta utilizada para o desenvolvimento da administrao de organizaes pblicas e privadas. Hoje em dia, esta tecnologia se encontra muito presente na Internet, sendo atravs das mais variadas ferramentas oferecidas pelo meio, que o cliente e a empresa estabelecem contato. Para Primo (2007, p.56), a partir da observao do relacionamento que h entre os interagentes [usurio emissor receptor], possvel detectar dois tipos de interao: a mtua e a reativa. A interao mtua aquela caracterizada por relaes interdependentes e processos de negociao, em que cada interagente participa da construo inventiva e cooperada do relacionamento, afetando-se mutuamente; j a interao reativa limitada por relaes determinsticas de estmulo e resposta. O autor ainda lembra que em muitos relacionamentos a comunicao no se d atravs de um nico canal. Pode-se, ento, pensar em algo como uma multiinterao, no sentido de que vrias podem ser as interaes simultneas. (PRIMO, 2007, p. 58). A organizao ENY busca estar sempre inserida nas mais novas redes sociais para manter dilogo direto com os clientes. Alm de redes tradicionais, como o site, hoje em dia outras ferramentas vm sendo utilizadas, como o formspring, twitter e Orkut. De acordo com Jones Machado, estudante de Relaes Pblicas e estagirio da rea de redes sociais da Eny, as redes so utilizadas para divulgar a imagem institucional da empresa e estabelecer comunicao com o pblico. No site, o cliente tem acesso a toda histria da organizao; s novidades na vitrine virtual; preenche dados para adquirir o Carto Eny; participa do clube de prmios; d sugestes e solicita informaes; faz cadastro para receber notcias no e -mail (e-mail marketing); participa de promoes e fica sabendo de vantagens oferecidas; l informaes a respeito de eventos culturais e sociais ligados a empresa; conhece curiosidades sobre calados e

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assuntos afins; participa de enquetes, alm de poder preencher uma ficha para trabalhar na empresa e tambm poder pedir patrocnio/apoio.FIGURA 1: SITE EMPRESA ENY CALADOS

FONTE: Disponvel em: Acesso em 29/06/2010

Em matria publicada no blog do jornal Estado7, formspring.me se trata de uma espcie de rede social em que possvel se cadastrar e ento receber perguntas, annimas ou no, de quem entrar no seu perfil. O perfil da empresa ainda no muito utilizado, contendo apenas uma apresentao da empresa, um link que encaminha o usurio ao site da loja e background das fotos das lojas. At a finalizao desta pesquisa, nenhuma pergunta havia sido feita ao perfil da empresa. (ver figura 2)FIGURA 2: FORMSPRING EMPRESA ENY CALADOS

FONTE: Disponvel em: Acesso em 16/06/2010

De acordo com Recuero (2009, p. 174) twitter construdo enquanto microblogiing porque permite que sejam escritos pequenos textos de at 140 caracteres7

http://blogs.estadao.com.br/link/formspring-me-permite-perguntas-anonimas/ Matria publicada no dia 14 de Dezembro de 2009.10

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a partir da pergunta O que voc est fazendo?. O Twitter estruturado com seguidores e pessoas a seguir, onde cada twitter pode escolher quem deseja seguir e ser seguido por outros. Para Marcelo Tripoli Morais (2009), escritor e presidente da agncia de marketing digital ithink,O consumo de contedo rpido e superficial oferecido pelo Twitter um dos fenmenos recentes da internet e pode ser til ao marketing e relacionamento de sua empresa com seu pblico de diversas maneiras. [...] A tamanha popularidade deste tipo de ferramenta chamou, claro, a ateno das empresas, especialmente das reas de marketing, nas quais os profissionais tm muitas dvidas sobre a amplitude do Twitter e como ele pode ser utilizado para conectar marcas e consumidores, agregando vantagens competitivas. [...] Esta ferramenta, fundada em 2006, por uma empresa de So Francisco, nos Estados Unidos, quebrou paradigmas e tem como principal caracterstica limitar as mensagens em at 140 caracteres. Esta restrio, em pouco tempo, concretizou definitivamente o sucesso do Twitter.

De acordo com o autor, o sucesso do Twitter atingido por ser a nica rede social que delimita a mensagem, a partir desta restrio as empresas (os usurios em geral) obrigam-se a ser criativo e usar informaes especficas que chamem a ateno do receptor (consumidor)Ao limitar o tamanho dos posts [...] [fica mais prtico e rpido enviar as mensagens, assim, a empresa] [...] se adequa definitivamente a um fenmeno, descrito na capa da Wired de alguns meses atrs, como Snack Culture o consumo de contedo cada vez mais rpido e superficial e baseado em um mundo cada vez mais digital. Isso faz total sentido: o tempo de ateno que dispensamos para um assunto cada vez menor e a tecnologia tem que se adequar.

O uso do Twitter pode ser bastante til para empresas que querem se destacar atravs de novas ferramentas para manter contato com o seu pblico de interesse, para exemplificar isto, Morais (2009) destaca algumas utilidades da rede para as organizaes Pesquisar o que esto falando da sua marca ou do seu produto; Abrirum canal de comunicao e suporte aos seus consumidores; Divulgar contedos e informaes em primeira mo para os consumidores que seguem; Transmitir ofertas de produtos e promoes, entre outras.

Para Machado (2010), o perfil da empresa utilizado para passar informaes, apresentar novidades, divulgar promoes em gerais, alm de haver promoes exclusivas para os usurios que seguem a empresa.

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FIGURA 3: TWITTER EMPRESA ENY CALADOS

FONTE: Disponvel em: Acesso em 08/06/2010

De acordo com Recuero (2009, p.165)o Orkut um site de rede social propriamente dito que alcanou grande popularidade entre os internautas brasileiros. [...] O Orkut funciona basicamente atravs de perfis e comunidades. Os perfis so criados pelas pessoas ao se cadastrar, que indicam tambm quem so seus amigos. As comunidades so criadas pelos indivduos e podem agregar grupos, funcionando como fruns, com tpicos [...] e mensagens [...].

Pela empresa, de acordo com Machado, o Orkut mais utilizado para divulgar fotografias das lojas, produtos e estabelecer a comunicao entre os funcionrios. At o trmino deste estudo, o perfil da empresa e a comunidade estavam sob responsabilidade de funcionrios que j haviam criado esta conta antes de o setor de relaes pblicas interferir. A partir de agora, os profissionais de relaes pblicas da empresa iro entrar em contato com os responsveis para ter acesso conta e poder usa-l para divulgar os servios, assim como fazem no twitter.FIGURA 4: ORKUT EMRPESA ENY CALADOS

FONTE: Disponvel em: Acesso em 30/06/2010.

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CONSIDERAES FINAIS Atravs das informaes coletadas na entrevista com Machado (2010), percebemos que a organizaes ENY procura manter a comunicao com o pblico externo e interno, inserindo-se em diferentes redes sociais. A incluso da empresa na internet comeou a acontecer quando houve a contratao de um pessoal para ficar responsvel, dentro do departamento de Relaes Pblicas, pela comunicao com o pblico atravs do meio. Percebe-se que a Eny conta com uma estrutura profissionalizada de comunicao, mas, esta estrutura no est no topo do seu organograma. Notamos que a empresa busca estabelecer um relacionamento transparente e pr-ativo com o pblico de interesse e a partir da Fundao Eny tambm procura estabelecer este relacionamento com a comunidade em geral. A Fundao Eny realiza aes de cunho social, cultural e intelectual. E tem como objetivos a promoo social dos colaboradores e de atividades culturais, educacionais, tcnico-cientficas, de assistncia social, filantrpicas e esportivas. Os projetos desenvolvidos visam o compromisso com a qualidade, sempre com foco no bem-estar da comunidade santamariense. A partir de entrevista realizada com Muller (2010), percebemos que a empresa responde s demandas dos veculos de comunicao e mantm com cada um, uma relao de parceria. A Eny aposta na integrao das mais variadas mdias e agora, com a contratao de profissionais responsveis pelo meio internet, possvel notar a presena da empresa na divulgao de seus servios em diferentes meios, tais como, rdio, televiso, jornal e internet. Aos poucos percebemos que a empresa procura utilizar todas as mdias de maneira rpida e interativa, mas ainda preciso haver investimento para maior desenvolvimento nesta rea, que de acordo com Muller (2010), estamos em um processo de aprendizado e testes. Muller (2010) ressalta ainda que a empresa usa pesquisas com clientes, acessos ao site e retorno em vendas como instrumentos para avaliar a eficcia das aes de comunicao. A Eny dispe de metodologia para acompanhar o trabalho de seus concorrentes, mas at o trmino deste estudo no foi revelado como isto feito. Analisamos que a Casas Eny, apesar de ter uma cultura tradicional, aos poucos est tentando se inserir nessa nova realidade tecnolgica. Com profissionais qualificados possvel observar que a organizao procura estabelecer interao mtua com os consumidores; de acordo com a ideia de Primo (2007, p. 56),13

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a interao mtua aquela caracterizada por relaes interdependentes e processos de negociao, em que cada interagente participa da construo inventiva e cooperada do relacionamento, afetando-se mutuamente.

Assim, a partir das entrevistas com Fabrise Muller e Jones Machado, percebemos que a organizaes Eny tem que apresentar uma abordagem mais significativa nas mdias, havendo uma integrao, para conseguir conquistar a fidelidade do pblico de interesse atravs do uso de redes sociais. Toda a pesquisa leva ao entendimento de que a organizao Eny busca, a cada dia, se adequar s necessidades tecnolgicas para, alm de manter contato direto com o seu pblico, esta a par de todas as aes realizadas pelos concorrentes nas redes sociais e tambm para ter controle do que est sendo comentado em relao a sua imagem; visto que a empresa precisa de mais investimento na rea para conseguir maior destaque nas redes sociais.

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