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1 Relação de trabalhos apresentados na forma de cartaz TÍTULO DO TRABALHO Número EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL PRÉ-TESTE DE MT2, UM AGONISTA M1, SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA INIBITÓRIA. R01 EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE MT3, ANTAGONOSTA COLINÉRGICO MUSCARÍNICO SELETIVO PARA O RECEPTOR M4, INFUNDIDA EM DIFENTES MOMENTOS DA CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA. R02 INIBIÇÃO DO METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL CAUSADA PELO ÁCIDO 3- HIDROXI-ANTRANÍLICO. R03 PAPEL DO HIPOCAMPO E DO SISTEMA CANABINÓIDE ENDÓGENO SOBRE A RECONSOLIDAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS R04 MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE NEURÔNIOS DE CÓRTEX CEREBRAL E CULTIVADOS COM CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS R05 INVESTIGAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO MAPK/ERK NO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA SOBRE A LINHAGEM DE GLIOMA U138- MG. R06 ESTUDO COM CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS EM UM MODELO IN VITRO DE MORTE CELULAR UTILIZANDO EXPOSIÇÃO DE CULTURAS ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS À PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO E GLICOSE. R07 EFEITO DAS VARIAÇÕES NO ESTADO REPRODUTIVO DAS RATAS FÊMEAS SOBRE O COMPORTAMENTO MATERNAL E A ESTIMULAÇÃO RECEBIDA PELOS NEONATOS R08 EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE OCITOCINA SOBRE OS NÍVEIS CIRCULANTES DE GLICOCORTICÓIDES E SUA RELAÇÃO COM A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA NA ESQUIVA INIBITÓRIA R09 ANÁLISE FUNCIONAL DA LOCOMOÇÃO EM RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO NA CIÁTICO R10

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1

Relação de trabalhos apresentados na forma de cartaz

TÍTULO DO TRABALHO Número

EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL PRÉ-TESTE DE MT2, UM

AGONISTA M1, SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA INIBITÓRIA.R01

EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE MT3, ANTAGONOSTA

COLINÉRGICO MUSCARÍNICO SELETIVO PARA O RECEPTOR M4, INFUNDIDA EM

DIFENTES MOMENTOS DA CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA.

R02

INIBIÇÃO DO METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL CAUSADA PELO ÁCIDO 3-

HIDROXI-ANTRANÍLICO.

R03

PAPEL DO HIPOCAMPO E DO SISTEMA CANABINÓIDE ENDÓGENO SOBRE A

RECONSOLIDAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS

R04

MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE NEURÔNIOS DE CÓRTEX CEREBRAL E

CULTIVADOS COM CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS

R05

INVESTIGAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO MAPK/ERK NO

EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA SOBRE A LINHAGEM DE GLIOMA U138-

MG.

R06

ESTUDO COM CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS EM UM MODELO IN VITRO DE

MORTE CELULAR UTILIZANDO EXPOSIÇÃO DE CULTURAS ORGANOTÍPICAS DE

HIPOCAMPO DE RATOS À PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO E GLICOSE.

R07

EFEITO DAS VARIAÇÕES NO ESTADO REPRODUTIVO DAS RATAS FÊMEAS SOBRE O

COMPORTAMENTO MATERNAL E A ESTIMULAÇÃO RECEBIDA PELOS NEONATOS

R08

EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE OCITOCINA SOBRE OS NÍVEIS

CIRCULANTES DE GLICOCORTICÓIDES E SUA RELAÇÃO COM A EVOCAÇÃO DA

MEMÓRIA NA ESQUIVA INIBITÓRIA

R09

ANÁLISE FUNCIONAL DA LOCOMOÇÃO EM RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO NA

CIÁTICO

R10

2

TREINAMENTO AERÓBICO ACELERA A REGENERAÇÃO DO NERVO CIÁTICO EM

RATOS

R11

ZINCO REVERTE A NEUROTOXICIDADE INDUZIDA POR MALATHION EM RATOS R12

EFEITO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES NANOENCAPSULADOS EM

LINHAGENS CELULARES DE GLIOMAS HUMANO E DE RATO E EM CULTURA

ORGANOTÍPICA

R13

SEPARAÇÃO MATERNA COMO UM POSSÍVEL FATOR DE RISCO PARA O

DESENVOLVIMENTO DO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO – EFEITOS

SEXO-ESPECÍFICOS E DE LONGA DURAÇAO SOBRE O COMPORTAMENTO E OS

NÍVEIS DE S100B

R14

AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA SINALIZAÇÃO MEDIADA PELA PI3K/AKT NA

AÇÃO NEUROPROTETORA DO RESVERATROL EM CULTURA ORGANOTÍPICA DE

HIPOCAMPO DE RATO

R15

IMUNORREATIVIDADE À CHAT E À SUBSTÂNCIA P EM MEGALOBULIMUS

ABBREVIATUS

R16

EFEITO DE DIFERENTES CONDIÇÕES DE CULTIVO SOBRE A ECTO-5’-

NUCLEOTIDASE EM LINHAGENS DE GLIOMAS

R17

A ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE ESCOPOLAMINA E MT3,

ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS, REVERTE O EFEITO

AMNÉSICO DA OCITOCINA SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA

INIBITÓRIA.

R18

INFUSÃO DE AM251 OU ANANDAMIDA NO VENTRÍCULO LATERAL DE RATOS APÓS

O TREINO NA ESQUIVA INIBITÓRIA.

R19

EFEITO DA REPOSIÇÃO DE ESTRADIOL SOBRE A LIBERAÇÃO E CAPTAÇÃO DE

GLUTAMATO NA MEDULA ESPINHAL DE RATAS OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS

AO ESTRESSE REPETIDO

R20

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS EMOCIONAIS DE CAMUNDONGOS ALTO E BAIXO R21

3

EXPLORADORES SUBMETIDOS A UM ESTRESSE CRÔNICO VARIADO.

EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO POR METILMERCÚRIO NO SISTEMA NERVOSO

CENTRAL

R22

ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DO TIPO ANSIOGÊNICAS APÓS SITUAÇÕES

ESTRESSANTES PODEM SER LINHAGEM E ESTRESSE DEPENDENTE.

R23

ATENUAÇÃO DAS RESPOSTAS DEFENSIVAS DE RATOS FRENTE AO ODOR DE GATO

ATRAVÉS DA ADMINISTRAÇÃO DE MUSCIMOL NA SUBSTÂNCIA CINZENTA

PERIAQUEDUTAL DORSOLATERAL ROSTRAL

R24

RESPOSTAS AFETIVAS AO ALIMENTO DOCE: EFEITO DO ESTRESSE CRÔNICO E DA

REPOSIÇÃO COM ESTRADIOL.

R25

VIÉS ATENCIONAL PARA ESTÍMULOS RELACIONADOS AO ÁLCOOL EM

BEBEDORES SOCIAIS.

R26

AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA, DA ANSIEDADE E DA ATIVIDADE MOTORA NA

TAREFA DE CAMPO ABERTO EM RATOS SUBMETIDOS AO CONSUMO DE DIETA

ALTAMENTE PALATÁVEL NA VIGÊNCIA DE UM MODELO DE ESTRESSE CRÔNICO

R27

EFEITO DA S100B EXÓGENA SOBRE A MEMÓRIA AVERSIVA EM RATOS: AÇÃO DA

PROTEÍNA SOBRE A SÍNTESE DE ARNm NECESSÁRIA PARA A CONSOLIDAÇÃO DE

UM NOVO APRENDIZADO.

R28

EFEITO DA INTERAÇÃO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS COM CULTURAS

ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS

R29

EFEITO DE DIFERENTES SABORES SOBRE A NOCICEPÇÃO EM RATAS

OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS AO ESTRESSE CRÔNICO REPETIDO

R30

A UTILIZAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA DIMINUI O CONSUMO DE ALIMENTO DOCE

SEM AFETAR O CONSUMO DE ALIMENTO SALGADO EM RATOS MACHOS

ALIMENTADOS.

R31

EFEITOS DA DIETA HIPERLIPÍDICA COM E SEM AQUECIMENTO SOBRE O DANO R32

4

OXIDATIVO AO ADN PERIFÉRICO E EM TECIDO NEURAL.

PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE HIPOCAMPAL NA EVOCAÇÃO DE

MEMÓRIAS AVERSIVAS

R33

BACLOFEN EM DOSE SUBEFETIVA REVERTE EFEITO AMNÉSICO DE MT3 QUANDO

INFUNDIDO CONCOMITANTEMENTE NO HIPOCAMPO DORSAL APÓS O TREINO NA

TAREFA ESQUIVA INIBITÓRIA EM RATOS.

R34

INVESTIGAÇÃO DO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA NA LINHAGEM DE

GLIOMA U138-MG.

R35

AÇÃO NEUROTÓXICA E NEUROPROTETORA DE DIFENIL DISSELENETO EM

MODELO DE FATIAS HIPOCAMPAIS DE RATOS JOVENS EXPOSTAS A METAIS

R36

EFEITO NEUROPROTETOR DO DIFENIL DISSELENETO EM INSULTO COM H2O2:

POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO

R37

AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA MARCHA DO RATO APÓS ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA

DO MÚSCULO GASTROCNÊMIO DESNERVADO

R38

RESTRIÇÃO SENSÓRIO-MOTORA PÓS-NATAL CAUSA DÉFICITS FUNCIONAIS EM

RATOS JOVENS

R39

ESTUDO DA DENSIDADE DE ESPINHOS DENDRÍTICOS NAS REGIÕES CA1

HIPOCAMPAL E PÓSTERO-DORSAL DA AMÍGDALA MEDIAL DURANTE A

FORMAÇÃO DA MEMÓRIA.

R40

EFEITO DA AMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA AGUDA E CRÔNICA DO ÁCIDO

GLUTÁRICO SOBRE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM CÉREBRO DE

RATOS

R41

INDUÇÃO DE ESTRESSE OXIDATIVO PELO ÁCIDO 3-HIDROXI-3-METIL-GLUTÁRICO

EM CÓRTEX CEREBRAL DE RATOS JOVENS.

R42

AGONISTAS DO RECEPTOR 5-HT1B, CÓRTEX PRÉ-FRONTAL E COMPORTAMENTO

AGRESSIVO MATERNAL APÓS PROVOCAÇÃO SOCIAL.

R43

5

TERAPIA CELULAR PROMOVE MIGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE

CÉLULAS-TRONCO ADULTAS NA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL E DIMINUIÇÃO

DE CRISES CONVULSIVAS EM MODELO ANIMAL DE EPILEPSIA

R44

PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA VANILÓIDE NA CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA NA

TAREFA DE ESQUIVA INIBITÓRIA.

R45

MEMÓRIA DECLARATIVA E CORTISOL SALIVAR EM CUIDADORES IDOSOS DE

PACIENTES COM DEMÊNCIA – DADOS PRELIMINARES.

R46

AVALIAÇÃO DO EFEITO ANSIOLÍTICO DE UMA FRAÇÃO DE FLAVONÓIDES

PURIFICADA DE PASSIFLORA ALATA CURTIS (PASSIFLORACEAE)

R47

EFEITO COMPORTAMENTAL E MORFOLÓGICO DA HIPÓXIA-ISQUEMIA NEONATAL

E DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL EM RATOS NA ADOLESCÊNCIA E NA VIDA

ADULTA

R48

ESTUDO COMPORTAMENTAL DE RATOS ADOLESCENTES SUBMETIDOS À HIPÓXIA-

ISQUEMIA NEONATAL MANTIDOS EM AMBIENTE ENRIQUECIDO

R49

O ÁCIDO CIS-4-DECENÓICO INDUZ ESTRESSE OXIDATIVO EM CÓRTEX CEREBRAL

DE RATOS JOVENS.

R50

OS ÁCIDOS GLUTÁRICO E 3-HIDROXIGLUTÁRICO ATUAM SINERGICAMENTE

INIBINDO O METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL DE RATOS JOVENS.

R51

AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO LIPÍDICO EM CÓRTEX CEREBRAL, HIPOCAMPO E

CEREBELO DE RATOS SUBMETIDOS AO MODELO EXPERIMENTAL DE

HIPERPROLINEMIA TIPO II.

R52

PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE SOBRE A CONSOLIDAÇÃO DA

MEMÓRIA E INDUÇÃO DA LTP

R53

6

SECREÇÃO DE S100B É ESTIMULADA POR FLUOXETINA VIA MECANISMO

INDEPENDENTE DE SEROTONINA.

R54

MODULAÇÃO DAS MAPKs NO SISTEMA VISUAL DE RATOS DURANTE O

DESENVOLVIMENTO

R55

7

R01 - EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL PRÉ-TESTE DE

MT2, UM AGONISTA M1, SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA

INIBITÓRIA.

Diehl, F.**, Oliveira, L.F.**, Camboim, C.**, Genro, B.**, Alvares, L.**, Lanziotti, V.**,

Henriques, T.P.*, Cerveñanski, C., Jerusalinsky, D. e Quillfeldt, J.A.

LPBNC, Depto. Biofísica, IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.

Objetivos: a toxina muscarínica MT2, agonista seletivo de receptores M1, extraído da

peçonha da serpente Mamba Verde Africana, tem-se mostrado uma ferramenta útil na

investigação do papel específico desse receptor na memória. Trabalhos anteriores

demonstraram um efeito facilitatório da infusão intra-hipocampal de MT2 sobre a

consolidação da memória na Esquiva Inibitória (EI). O objetivo deste trabalho é investigar o

papel dos receptores M1 na evocação da memória da EI através da infusão pré-teste de MT2.

Métodos e Resultados: 37 ratos Wistar machos foram canulados bilateralmente no

hipocampo dorsal. Após a recuperação da cirurgia, foram treinados na tarefa de Esquiva

Inibitória, com choque de 0,5 mA (3 s). Após 24 horas, receberam uma infusão de MT2

(0,75, 1,5 ou 6,0 µg/lado) ou de seu veículo, tampão fosfato-salina (TFS, volume 0,5 �l).

Vinte minutos após a infusão, os animais foram testados na EI. Foi imposto um teto de 180 s

para a latência de descida no teste. A comparação estatística entre todos os grupos apontou,

pelo menos, uma diferença entre eles (P=0,018, teste de Kruskal-Wallis). O teste “post hoc”

de Dunn demonstrou que somente os animais que receberam a dose de 0,75 µg/lado de MT2

(49 [29,25;180], N=12, sempre mediana [IQ25;IQ75]) tiveram desempenho estatisticamente

diferente (P<0,05) dos que receberam veículo (21 [16;34], N=11).

Discussão: a administração intra-hipocampal pré-teste de MT2 teve um efeito facilitatório

sobre a evocação da memória da Esquiva Inibitória. Esse resultado indica que, assim como

ocorre com o processo de consolidação, os receptores colinégicos muscarínicos M1

hipocampais modulam positivamente o processo de evocação.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.

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R02 - EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE MT3,

ANTAGONOSTA COLINÉRGICO MUSCARÍNICO SELETIVO PARA O

RECEPTOR M4, INFUNDIDA EM DIFENTES MOMENTOS DA CONSOLIDAÇÃO

DA MEMÓRIA.

Teixeira, R.S.*; Diehl, F.**; Camboim, C.**; Genro, B.P. **; Alvares, L.O.**; Bohn, N.R. *;

Lang L. F. *; Engelke D.S. *; Silva B.D. *; Cerveñansky, C.; Kornisiuk, E.; Jerusalinsky, D.;

Quillfeldt, J.A

(LPBNC, Departamento de Biofísica, Instituto de Biociências, UFRGS, Porto Alegre-RS).

Objetivos: o objetivo deste trabalho é investigar a modulação colinérgica muscarínica do

receptor M4 hipocampal em diferentes fases do processo de consolidação da memória da

Esquiva Inibitória.

Material e métodos: ratos Wistar machos com 3 meses de idade foram canulados

bilateralmente no hipocampo dorsal. Após a recuperação da cirurgia, foram treinados na

tarefa de Esquiva Inibitória (EI), com choque de 0,5 mA (3 s). Imediatamente, 90 min., ou

180 min após o treino os ratos receberam uma infusão de 0,5 ul de MT3, antagonista seletivo

para receptor M4, (2 ug/lado) ou de TFS (tampão fosfato-salina, controle). Após o período de

24 horas, os animais foram testados na EI. Resultados: os animais infundidos com MT3

apresentaram desempenhos estatisticamente diferentes no teste em comparação com seus

respectivos controles nos três momentos de administração do fármaco (P=0,018, P=0,044 e

P=0,014, respectivamente – Teste de Mann-Whitney). Os dados expressos em mediana [IQ25,

IQ75] para grupos controle e droga, respectivamente, são: 180[36,5; 180] N=10 e 20[12,5;

104,5] N=13; 23[15; 37] N=15 e 72[27,5; 180] N=17; 10[5; 19,5] N=13 e 35,5[10,75; 102,75]

N=14. Em todos os grupos houve um desempenho melhor no teste do que no treino (P<0,05 –

teste de Wilcoxon), o que confirma o aprendizado da tarefa. Conclusão: A MT3 infundida

imediatamente após o treino teve um efeito amnésico, porém, quando administrada 90 ou 180

min. após o treino, apresentou-se facilitatória sobre o processo de consolidação da tarefa de

EI. Este é um indício de que os fenômenos de plasticidade sináptica, inerentes do processo de

consolidação, atuam precocemente no recrutamento da modulação do subsistema M4

muscarínico modificando, também, sua função no decorrer da formação do traço de memória

no hipocampo dorsal.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.

9

R03 - INIBIÇÃO DO METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL CAUSADA

PELO ÁCIDO 3-HIDROXI-ANTRANÍLICO. Ceolato, P.C*., Ferreira, G.C**., Tonin,

A*., Schuck, P.F**., Viegas, C.M.*, Wajner, M. Depto Bioquímica, ICBS, UFRGS.

Objetivo: O ácido 3-hidroxiantranílico (3HA) é um metabólito da via das quinureninas capaz

de gerar radicais livres. Alteração nos níveis de 3HA tem sido encontrada em várias doenças

neurodegenerativas. Considerando que os mecanismos fisiopatológicos das doenças

neurodegenerativas ainda são pouco conhecidos, e que freqüentemente é encontrada uma

diminuição no metabolismo energético nessas doenças, este trabalho teve por objetivo avaliar

o efeito in vitro do ácido 3-hidroxiantranílico sobre alguns parâmetros do metabolismo

energético cerebral de ratos jovens. Métodos: Os parâmetros avaliados foram a captação de

glicose, a produção de 14CO2 e a atividade da enzima Na+, K+-ATPase. Ratos Wistar de 30

dias de vida foram sacrificados por decapitação e tiveram seu córtex cerebral isolado. Para a

determinação da captação de glicose, foram incubadas fatias de córtex cerebral de

aproximadamente 400 µm de espessura por 1 h a 37 ºC em tampão Krebs-Ringer na presença

ou ausência de 3HA (0,1 - 100 µM), e a glicose presente no meio foi determinada no início e

no fim da incubação pelo método da glicose oxidase. A captação de glicose foi determinada

pela diferença entre o início e o fim da incubação. Para a avaliação da produção de 14CO2, o

córtex cerebral foi homogeneizado em tampão Krebs-Ringer e incubados por 1 h a 37 ºC na

presença de D-[U14C]glicose, ácido [1-14C]acético ou ácido [1,5-14C]cítrico. A atividade da

enzima Na+, K+-ATPase foi determinada em membranas sinápticas de córtex cerebral, na

presença ou ausência de 100 µM de 3HA. Resultados: Observou-se que o 3HA inibiu a

produção de 14CO2 a partir de glicose [F(4,25)=16,76; p<0,01], acetato [F(4,25)=4,62; p<0,01] e

citrato [F(4,25)=7,172; p<0,01]. O 3HA também aumentou a captação de glicose por fatias de

córtex cerebral [F(4,25)=5,11; p<0,01], e não exerceu efeito sobre a atividade da enzima Na+,

K+-ATPase, [t(4)=0,782; p>0,05]. Conclusões: Foi encontrada uma inibição da produção de14CO2 a partir de todos os substratos testados na presença de 3HA, o que sugere um bloqueio

do ciclo do ácido cítrico. Esse bloqueio diminuiria o metabolismo oxidativo, aumentando a

glicólise anaeróbica, ocasionando um aumento na captação de glicose pelo tecido, na tentativa

de suprir a demanda energética. Tais resultados sugerem um déficit energético causado pelo

3HA, o que poderia estar relacionado, ao menos em parte, com o dano cerebral encontrado

nas doenças neurodegenerativas. Apoio Financeiro: CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS.

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R04 - PAPEL DO HIPOCAMPO E DO SISTEMA CANABINÓIDE ENDÓGENO

SOBRE A RECONSOLIDAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS1Lang, L. F.*; 2Alvares, L. O.**; 2Genro, B. P.**; 2Diehl, F.**; 2Camboim, C.**; 1Teixeira,

R.S.*; 1Bohn, N.R.*; 1Engelke, D. S.*; 3Molina, V.; 1,2Quillfeldt, J. A.

(1) LPBNC, Depto. de Biofísica, IB/UFRGS; (2) P.P.G. Neurociências, ICBS/UFRGS; (3)

Depto. de Farmacologia, FCQ, Universidad Nacional de Cordoba, Argentina.

Objetivos: neste trabalho verificamos se o hipocampo participa do processo da

reconsolidação da memória, e se o sistema endocanabinóide está envolvido neste. Métodos:

Ratos Wistar eram colocados numa caixa de condicionamento por 3 minutos (estímulo

condicionado, EC), em seguida os animais recebiam 2 choques de 1mA ,30Seg entre eles

(estímulo incondicionado, EI) (dia 1). 24h após, os ratos eram reexpostos no mesmo contexto

por 180 ou 240seg. 15 minutos antes, os animais eram administrados bilateralmente no

hipocampo dorsal com DRB (um inibidor da trancrição gênica) na concentração de 10ug/lado,

AM251 (antagonista dos receptores canabinóides CB1) na concentração de 5.5ng/lado ou seu

veículo (DMSO8% em TFS) (dia 2). 24h após, os animais eram colocados novamente na

caixa por 5 minutos (dia 3). Respostas de medo (congelamento) eram medidas. Resultados:

estão representados com a média de congelamento do teste em segundos (dia 3) em média ±

erro padrão; Grupo 180 seg de reexposição: AM251 X DMSO 43.65 ± 3.61 e 37.77 ± 4.09

(sempre grupo tratado com droga e seu controle respectivamente), p=0.305, teste t de Student,

n=17; DRB X DMSO 26.7 ± 3.86 e 37.77 ± 4.09, p=0.048, teste t de Student, n=19. Grupo

240seg de reexposição: AM251 X DMSO 43.04 ± 2.00 e 25.07 ± 6.16, p=0.014, teste t de

Student, n=17; DRB X DMSO 26.68 ± 5.43 e 25.07 ± 6.16, p=0.874, teste t de Student,

n=18. Conclusões: os resultados mostram que: um período de reexposição no contexto

originalmente pareado com o EI, é capaz de relabilizar a memória adquirida; tal processo é

dependente de transcrição gênica (foi inibido p/DRB); o sistema canabinóide endógeno,

através do receptor CB1, exerce um papel modulador negativo, posto que sua inibição

(p/AM251) causou uma facilitação na reconsolidação da memória. Esta nova abordagem é de

grande interesse teórico e clínico, tendo em vista a possibilidade de se amenizar recordações

traumáticas, potencialmente prejudiciais, ou até mesmo de se melhorar o acesso a

determinadas informações.

Apoio financeiro: CAPES, CNPq, Fapergs.

11

R05 - MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE NEURÔNIOS DE CÓRTEX

CEREBRAL E DE MEDULA ESPINHAL CO-CULTIVADOS COM CÉLULAS-

TRONCO MESENQUIMAIS

Viegas M.*, Bruno A.N., Horn A.P.**, Chagastelles P.**, Salbego C.G., Lenz G., Nardi N.B.

Lab Sinalização Celular, IB, Deptos Biofísica, UFRGS, Porto Alegre-RS

Objetivo: Células-tronco mesenquimais (CTMs) podem ser obtidas de diferentes tecidos e

apresentam capacidade de expansão e liberação de uma série de fatores tróficos. Representam

assim, uma promissora opção terapêutica em patologias, incluindo doenças e lesões do

sistema nervoso. Entretanto, ainda existe um escasso conhecimento sobre a interação de

CTMs com o tecido nervoso e sua influência sobre as células neuronais. Dessa forma, esse

estudo busca investigar a influência de CTMs sobre a morfologia e desenvolvimento de

neurônios obtidos por dissociação enzimática de córtex cerebral e de medula espinhal.

Métodos: Para isso, CTMs obtidas de medula óssea e de pulmão de camundongos C57BL6

adultos que expressam a proteína fluorescente verde (GFP), bem como os seus respectivos

meios condicionados, foram co-cultivados com neurônios primários de córtex cerebral e de

medula espinhal de ratos Wistar com 17 dias de vida intra-uterina e mantidas em meio

Neurobasal, suplementado com B27(Gibco) e acrescido de Glutamato(25µM) em placas pré-

preparadas com Poly-L-lysine para adesão das células. As placas foram mantidas em estufa a

37oC e 95% de CO2. A análise morfológica foi realizada com o auxílio de um microscópio

invertido e as fotografias foram obtidas nos dias 4, 7 e 10 de co-cultura para a quantificação

do tamanho do corpo celular e da extensão dos processos neuronais através do programa

Image-J. A morte celular foi verificada com iodeto de propídio 7,5 µg/mL no 10° e último dia

de co-cultura. Resultados: Os resultados demonstraram um aumento significativo no tamanho

do corpo celular (entre 122% e 207%) e na extensão dos processos (entre 120 e 342%) dos

neurônios corticais e espinhais co-cultivados com as CTMs e com os seus respectivos meios

condicionados em relação a cultura contendo exclusivamente neurônios nos 3 dias analisados.

Em adição, as co-culturas apresentaram uma pronunciada redução no processo de morte

celular em relação aos controles. Conclusão: Estes resultados demonstram uma influência

benéfica das CTMs sobre o crescimento e a sobrevivência neuronal através de um possível

efeito parácrino e enfatizam o potencial terapêutico destas células em doenças e lesões que

afetam populações neuronais. Apoio financeiro: CNPq, Propesq/UFRGS.

12

R06 - INVESTIGAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO

MAPK/ERK NO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA SOBRE A

LINHAGEM DE GLIOMA U138-MG.

Gerhardt, D.**; Maier, M. R.*; Horn, A. P.**; Frozza, R.L.**; Zamin, L. L.**; Simão, F**.;

Salbego , C. G. ; Bioquímica - ICBS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Objetivo: Os gliomas são os tumores primários mais comuns do SNC, com uma incidência de

5-8/100.000 pessoas. Por serem multifocais, possuindo alto grau de invasividade e em geral

apresentando resistência aos tratamentos convencionais, os gliomas atribuem ao paciente uma

expectativa de vida média de 9-12 meses. Estudos de nosso grupo têm sugerido um efeito

antiproliferativo do alcalóide boldina (extraído do Peumus boldus) na linhagem U138-MG. O

objetivo deste trabalho foi investigar um possível mecanismo de ação deste alcalóide focando

sobre vias de sinalização celular envolvidas na sobrevivência e/ou morte da célula. Métodos:

As células da linhagem de gliomas U138-MG foram cultivadas em meio DMEM com 10% de

soro fetal bovino a 37°C em atmosfera com 5% CO2. Estas células foram semeadas em placas

e tratadas com boldina por 72h, nas concentrações de 1, 10, 50, 80, 100, 250 e 500 µM, com

trocas do meio contendo a droga uma vez ao dia. Na determinação do índice mitótico, obtido

pela análise do núcleo celular, foi possível identificar uma diminuição das células em mitose

nas doses (µM, %controle+EP, n=3, p<0,01): 10 (42,8+13,7), 50 (32,8+11,1), 80 (20,9+8,6),

100 (16,6+7,8), 250 (15,1+8,6), 500 (27,9+15,1). Com relação ao possível mecanismo

envolvido, foi avaliada a relação entre a fosforilação e o imunoconteúdo da enzima ERK pela

técnica de Western Blotting utilizando anticorpos específicos para a forma fosforilada e total

da enzima. Para tal, utilizamos a concentração de 80 µM de boldina expondo as células por

10, 30 e 60 min, uma vez que alterações nas vias de sinalização celular são disparadas

precocemente. Como resultado (% controle+EP, n=5, p<0,01) observou-se um pico de

fosforilação da ERK após 10 min de tratamento (208,4+29,7) o qual volta aos níveis do

controle em 30 (144,9+20,4) e se mantém aos 60 (113,8+16,6) min. Conclusões: A

diminuição no número de células em mitose após exposição à boldina sugere uma possível

ação citostática desse alcalóide, provavelmente agindo via inibição da proliferação nessa

linhagem. Observamos um pico de fosforilação da enzima ERK 10 min após o tratamento,

que voltou aos níveis do controle 30 e 60 min depois, sugerindo um possível envolvimento

desta via de sinalização no efeito causado pela boldina. Apoio: FAPERGS, CAPES, CNPq.

13

R07 - ESTUDO COM CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS EM UM MODELO IN

VITRO DE MORTE CELULAR UTILIZANDO EXPOSIÇÃO DE CULTURAS

ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS À PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO E

GLICOSE. Horn, A.P.**, Grudzinski, P.*, Frozza, R.**, Chagastelles, P.**, Gerhardt, D.**,

Simão, F.**, Lenz, G., Nardi, N.B. e Salbego, C., UFRGS, Porto Alegre.

Objetivo: As células-tronco mesenquimais (CTMs) podem ser obtidas de diferentes tecidos e

representam uma grande expectativa na medicina regenerativa. Entretanto, existe um escasso

conhecimento sobre o mecanismo de ação dessas células na melhora observada em pacientes

que as receberam após uma isquemia cerebral. O objetivo desse trabalho é estudar, em um

modelo in vitro, o possível efeito neuroprotetor das CTMs de medula óssea e pulmão frente à

privação de oxigênio e glicose (POG). Métodos: As culturas organotípicas de hipocampo

foram obtidas a partir de ratos Wistar machos de 6-8 dias e mantidas em MEM com 25% de

soro eqüino por 14 dias. A seguir essas culturas foram expostas à POG por 60 min e mantidas

em meio condicionado pelas CTMs (por 24 h) durante o período de recuperação (24 h). As

CTMs foram obtidas de medula óssea e pulmão de ratos Wistar machos adultos e cultivadas

em H-DMEM 10% de soro fetal bovino, sendo sempre utilizadas entre a 10ª e a 20ª

passagens. A técnica de RT-PCR foi utilizada para a caracterização das CTMs e a marcação

com iodeto de propídeo foi usada para a avaliação da morte celular das culturas de

hipocampo. A quantificação da morte celular foi feita por análise das imagens das culturas de

hipocampo utilizando-se o programa Scion Image. Os resultados foram analisados utilizando-

se ANOVA seguida do teste de Tukey. Resultados: Os resultados da caracterização das

CTMs derivadas de medula óssea e pulmão mostram que essas células não apresentam

marcadores específicos de astrócitos. Observamos a presença do marcador de célula tronco

neural nestina, indicando que estas células permanecem no estado indiferenciado, embora

também tenha sido detectada a presença da proteína enolase neurônio específica. Quando o

meio condicionado por essas células (tanto de medula óssea como de pulmão) foi adicionado

às fatias de hipocampo durante a sua recuperação pós-POG, observamos o aumento da morte

celular em relação às fatias que foram mantidas no meio de cultivo tradicional durante a

recuperação, sugerindo a presença de algum fator tóxico no meio condicionado pelas CTMs

(Resultados em % de morte no hipocampo+EP, n=9, p<0,05: POG: 18,26+1,57; POG + CTM

14

de medula óssea: 52,74+7,18; POG + CTM de pulmão: 56,72+3,52). Por outro lado,

observamos que o meio condicionado pelas CTMs apresentou efeito tóxico às células de

hipocampo mesmo nas condições basais, i.e. culturas não expostas à POG (Controle:

0,4+0,11; Controle + meio condicionado CTM medula: 17,88+4,52; Controle + meio

condicionado CTM de pulmão: 33,5+3,17). Conclusões: Nossos resultados sugerem que, em

nosso modelo, as CTMs possivelmente secretam algum fator neurotóxico às fatias de

hipocampo mantidas em cultura, uma vez que observamos uma intensa morte celular,

particularmente nas regiões CA2 e CA3. Quando as fatias de hipocampo são expostas à POG

a morte celular é ainda maior, sugerindo que o fator tóxico presente no meio condicionado

pelas CTM soma-se ao efeito da lesão induzida pelas condições de POG. Mais estudos são

necessários para a investigação de quais fatores estão sendo secretados e para averiguar se

esse fenômeno também acontece in vivo. Apoio: CNPq, Propesq/UFRGS.

15

R08 - EFEITO DAS VARIAÇÕES NO ESTADO REPRODUTIVO DAS RATAS

FÊMEAS SOBRE O COMPORTAMENTO MATERNAL E A ESTIMULAÇÃO

RECEBIDA PELOS NEONATOS

Rosa X. F.*, Uriarte N.**, Lucion A.B.

Depto de Fisiologia. ICBS. UFRGS. Porto Alegre

Introdução: Além do período de receptividade (estro comportamental) durante o ciclo estral,

as ratas apresentam um breve período de receptividade sexual durante as primeiras 12 horas

no pós-parto. O acasalamento neste estro pós-parto permite diminuir o tempo entre ninhadas

sucessivas e aumentar o sucesso reprodutivo da fêmea. Os filhotes juvenis podem permanecer

no ninho depois da idade do desmame, originando-se um tipo diferente de composição

familiar dado pela presença da mãe, dos juvenis e dos neonatos. Objetivos: Determinar se a

variação do estado reprodutivo da fêmea e da composição familiar afetam o comportamento

maternal e a estimulação recebida pelos filhotes.

Métodos: Comparou-se o comportamento maternal de 24 ratas Wistar em três situações

reprodutivas diferentes: a) lactação normal (n=10), b) lactação+gestação e c) lactação de duas

ninhadas com idades diferentes (neonatos e juvenis) (n=14). No 21o dia pós-parto da primeira

ninhada de cada rata, os filhotes foram desmamados, restando apenas um casal de juvenis

junto a cada mãe. Também foi registrado o comportamento dos filhotes juvenis em relação

aos irmãos neonatos. A análise estatística entre os grupos a) e b) e entre b) e c) foi realizada

pelo teste pareado t de Student. O comportamento recebido pelos filhotes neonatos foi

analisado através de ANOVA de medidas repetidas seguido do teste post-hoc de Tukey.

Resultados: Observou-se que as mães com lactação+gestação diminuíram o tempo de

amamentação quando comparadas às ratas lactantes normais, sem afetar outros

comportamentos. As fêmeas com duas ninhadas de diferentes idades preferiram os neonatos,

sendo quase nulo o cuidado recebido pelos juvenis. Essas mães apresentaram uma freqüência

menor de comportamento de lamber os neonatos, porém, a estimulação recebida por esses foi

igual aos das ninhadas simples, já que o déficit de estímulo foi compensado pelo

comportamento de lamber dos juvenis. Interessantemente, o tempo que os neonatos

permaneceram sozinhos no ninho foi menor, também devido ao comportamento desenvolvido

pelos filhotes juvenis.

16

Conclusões: Variações nas condições reprodutivas ocasionadas pelo acasalamento no estro

pós-parto modificaram o comportamento maternal. A estimulação recebida pelos filhotes

neonatos também foi diferente, pois os juvenis participaram ativamente do cuidado maternal.

Apoio financeiro: CNPq e FAPERGS

17

R09 - EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE OCITOCINA SOBRE OS

NÍVEIS CIRCULANTES DE GLICOCORTICÓIDES E SUA RELAÇÃO COM A

EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA NA ESQUIVA INIBITÓRIA. Lang, L.F.*, Oliveira, L.F.,

Camboim, C.**, Diehl, F.**, Dalmaz, C., Consiglio, A.R. e Quillfeldt, J.A. Depto. Biofísica,

IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.

Objetivos: investigar a relação entre ocitocina i.p. pré-teste, os níveis de glicocorticóides

plasmáticos e a evocação da memória na esquiva inibitória (EI).

Métodos e resultados: ratos Wistar machos adultos foram treinados na EI (choque de 0,5

mA) e testados 24 horas depois. A latência para descer da plataforma no teste é o índice de

memória para a tarefa. 30 minutos antes do teste, receberam uma administração de salina,

dexametasona 0,02 ug/kg (DXM) e/ou ocitocina 0,4 ug/kg (OT). O desempenho no teste foi:

salina (N=13, 180 [20/180], sempre mediana e intervalos interquartis), DXM (N=9, 50

[12/173,5]), OT (N=11, 13 [10/23], DXM/OT (N=11, 25 [14/180]). Um dos grupos foi

diferente no teste (P=0,034, teste de Krukal-Wallis), e este grupo foi o que recebeu apenas OT

(P<0,02, teste de Dunn). Adicionalmente, animais foram treinados na EI e, 24 horas depois,

receberam OT i.p. 0,4 ug/kg ou salina. 30 minutos depois, foram sacrificados, e o sangue foi

coletado; os níveis plasmáticos de corticosterona foram medidos por um enzima-imuno-

ensaio. O grupo que recebeu salina (N=6) teve um nível médio de corticosterona igual a

235,0+/-76,3 ng/ml; já o que recebeu ocitocina (N=7) apresentou um nível médio de 149,1+/-

58,2 ng/ml. A queda nos níveis de corticosterona é estatisticamente significativa (P=0,042,

teste t de Student). Ou seja, a admistração sistêmica de ocitocina promoveu uma queda nos

níveis circulantes de glicocorticóides, e a dexametasona reverteu o efeito amnésico da

ocitocina.

Conclusões: o efeito amnésico da ocitocina i.p. sobre a evocação parece se dar por

diminuição na liberação de glicocorticóides, uma vez que a administração de OT reduziu os

níveis circulantes de glicocorticóides, e uma dose exógena de um glicocorticóide sintético

reverteu o efeito amnésico da OT sobre a evocação da EI.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, Fapergs, Propesq/UFRGS, IFS.

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R10 - ANÁLISE FUNCIONAL DA LOCOMOÇÃO EM RATOS SUBMETIDOS AO

EXERCÍCIO NA ÁGUA APÓS LESÃO DO NERVO CIÁTICO

ARAUJO, R. T.**; ILHA, J.**; MALYSZ, T.**; ACHAVAL, M.

Programa de Pós-Graduação em Neurociências, Laboratório de Histofisiologia Comparada,

Depto de Ciências Morfológicas, ICBS, UFRGS, Brasil

OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do treinamento na água com ou

sem o uso de carga sobre a recuperação da locomoção em ratos após o esmagamento do nervo

ciático direito.

MÉTODOS E RESULTADOS: Ratos Wistar machos adultos (30) foram divididos em

grupo controle (CON; n=6), grupo sedentário (SED; n=8), grupo de nado livre (NL; n=8),

grupo de nado com carga (NC; n=8). Os ratos dos grupos SED, NL e NC foram anestesiados

e tiveram o nervo ciático direito esmagado por uma pinça hemostática de 1mm durante 30

segundos. Após 2 semanas os ratos dos grupos NL e NC iniciaram o treinamento de natação

em um tanque de vidro medindo 20x60x100cm, com água aquecida a 31°C (± 1°C), o qual

era realizado 5x/semana, por um período de 5 semanas de treinamento. O grupo NL iniciou

nadando 10 minutos na primeira semana, aumentando progressivamente até 60 minutos por

dia, na última semana. O grupo NC nadou com carga presa a cauda, iniciando com 2% do

peso corporal, aumentando progressivamente até alcançar 8% na última semana. Para a

análise da locomoção utilizou-se o índice de funcionalidade do ciático (IFC) verificado no dia

anterior ao começo do treino, ao longo das cinco semanas. O IFC é baseado nas marcas das

patas posteriores feitas sobre um papel colocado em uma pista. São verificados o

comprimento total da pata, a distância entre os cinco dedos e a distância entre o 2º e o 4º dedo

e comparados o lado experimental com o lado normal, cujo resultado é expresso em unidades

onde 0 indica normalidade e -100 falta total de funcionalidade. Os dados foram analisados por

ANOVA para medidas repetidas seguido pelo teste LSD (p<0,05). No dia anterior ao treino e

na avaliação após a primeira semana de treinamento, os grupos SED, NL e NC mostraram

diferença estatisticamente significante (p<0,001) do grupo CON (CON: -14,01±2,04; SED: -

117,57±7,30; NL: -107,38±4,18; NC: -102,51±5,45 e CON: -10,67±1,20; SED: -59,04±6,28;

NL: -49,24±5,6; NC: -43,91±6,25; média±epm), respectivamente. A 2ª avaliação mostra uma

melhora no grupo NL, visto que a diferença estatística significante permaneceu apenas entre

CON, SED e NC (CON: -11,34±1,92; SED: -39,77±9,44; NL: -23,79±4,87; NC: -32,73±2,66,

19

p<0,05); o que não ocorreu na terceira avaliação pós-treino,onde todos diferiram

estatisticamente do CON (CON: -8,69±2,46; SED: -25,91±2,57; NL: -27,21±2,98; NC:-

24,25±3,71, p<0,005). Na avaliação 4, novamente, houve diferença estatística significante

apenas entre o grupo CON, SED e NC(p<0,05, CON: -12,12±2,87; SED: -25,24±2,51; NL: -

20,07±2,84; NC: -23,48±2,38), demonstrando um melhora da locomoção no grupo NL, que se

manteve na avaliação 5 (CON: -7,77±1,83; SED: -18,50±2,85; NL: -14,72±2,98; NC: -

17,30±2,32 ,p<0,05).

CONCLUSÂO: Estes resultados sugerem que o uso de carga durante a natação retarda a

melhora funcional na locomoção de ratos submetidos à lesão nervosa periférica, enquanto o

nado livre acelera o processo de recuperação.

Este trabalho foi financiado pelo CNPq e CAPES.

20

R11 - TREINAMENTO AERÓBICO ACELERA A REGENERAÇÃO DO NERVO

CIÁTICO EM RATOS

Jocemar Ilha**, Rafaela Araujo**, Tais Malysz**, Paula Rigon**, Erica Hermel, Léder

Xavier, Matilde Achaval.

Programa de Pós-Graduação em Neurociências, Laboratório de Histofisiologia Comparada,

ICBS, UFRGS, Porto Alegre.

Introdução e objetivo: O exercício físico é freqüentemente usado para reabilitação de

pacientes com neuropatias periféricas, diminuindo complicações como contraturas e fraqueza

da musculatura desnervada, promovendo recuperação funcional. Estudos clínicos

experimentais têm aplicado o exercício físico na reabilitação de lesões traumáticas dos nervos

periféricos com o propósito de estimular a regeneração nervosa, promovendo a prevenção e a

reversão das alterações morfológicas da musculatura desnervada. Contudo, conflitantes

resultados têm sido obtidos. Um maior conhecimento dos efeitos do exercício físico na

regeneração dos nervos periféricos é crucial para prover uma melhor aplicação do exercício

como estratégia de terapia física na reabilitação das neuropatias periféricas. Sendo assim, o

objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do treinamento aeróbico na regeneração do nervo

ciático de ratos após esmagamento.

Materiais e Métodos: Ratos Wistar machos adultos (n=12) foram divididos grupo controle

(CON, n=4), grupo sedentário (SED, n=4) e grupo treino-aeróbico (ET, n=4). Os grupos SED

e ET foram anestesiados e tiveram seus nervos ciáticos direitos esmagados por uma pinça

hemostática durante 30 segundos. Duas semanas após a lesão, o grupo ET iniciou o

treinamento físico em esteira. Após 5 semanas de treinamento físico, os animais foram

anestesiados, sacrificados e tiveram a porção distal do nervo ciático removida cirurgicamente.

O material foi processado para a técnica de microscopia eletrônica, tendo sido obtidos cortes

semifinos (1µm) corados com azul de toluidina 1%. A estimativa da densidade de fibras

mielínicas, área média das fibras mielínicas, espessura da bainha de mielina, área total de

fibras mielínicas e área de tecido conjuntivo do coto distal do nervo lesionado foram obtidas

através do programa de análise de imagens Image Pro Plus 4.1. Os dados foram comparados

por ANOVA de uma via seguida pelo teste post-hoc LSD (p<0,05).

Resultados: A área total analisada em cada nervo foi 4082.4 µm2. Não foi encontrada

diferença estatisticamente significativa (p>0,05) entre a densidade de fibras mielínicas dos

21

grupos CON (média ± E.P.M., 15371±1478/mm2), ET e SED (21984±4245/mm2 e

20025±1055/mm2, respectivamente). A área média das fibras mielínicas no grupo CON

(45.32±7.03 µm2) foi significativamente maior do que nos grupos ET e SED (17.66±2.23

µm2 e 11.47±2.09 µm2, respectivamente, p<0.01). Os grupos CON e ET mostraram maior

espessura da bainha de mielina do que o grupo SED (1.08±0.07 µm, 0.72±0.09 µm e

0.47±0.02 µm, respectivamente, p<0.05). O grupo SED mostrou menor área total de fibras

mielínicas do que os grupos CON e ET (921.78±136.99 µm2, 2717.55±192.82 µm2 e

1480.68±160.57 µm2, respectivamente, p<0.05). A área de tecido conjuntivo foi

significativamente maior no grupo SED (3158.22±136.99 µm2) do que nos grupos CON e ET

(1362.45±192.82 µm2 e 2599.32±160.57 µm2, p<0.05).

Conclusão: Estes resultados sugerem que 5 semanas de treinamento aeróbico acelera a

regeneração do nervo ciático em ratos após lesão traumática por esmagamento.

Apoio: CNPq e CAPES.

22

R12 - ZINCO REVERTE A NEUROTOXICIDADE INDUZIDA POR MALATHION

EM RATOS

Franco, JL1,2**; Posser, T2**; Trevisan, R1*; Brocardo, PS2**; Leal, RB2; Rodrigues, ALS2;

Farina, M2; Dafre, AL1 - 1Departamento de Ciências Fisiológicas/CCB; 2Departamento de

Bioquímica/CCB – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis - SC

O malathion (Mal) é um organofosforado amplamente utilizado como pesticida, podendo

ocasionar intoxicação durante seu manuseio. O zinco é um metal endógeno relacionado com a

estrutura e função de diversas metaloenzimas e fatores de transcrição. Funções antioxidantes,

antiapoptóticas e antiinflamatórias podem ser atribuídas a este metal. O objetivo deste

trabalho é estudar os possíveis efeitos protetores do pré-tratamento com cloreto de zinco (Zn)

em ratos intoxicados com Mal. Neste trabalho foram estudados os efeitos do Zn e Mal sobre

as enzimas antioxidantes Glutationa Redutase (GR), Glutationa-S-Transferase (GST),

Glutationa Peroxidase (GPx), Catalase (CAT) e Superoxido Dismutase (SOD) no córtex e

hipocampo de ratos Wistar adultos. As concentrações utilizadas foram: 300 mg/L de Zn via

oral por 30 dias e 250 mg/kg de Mal via i.p. por 24h. Os animais foram separados em 4

grupos de 6 indivíduos: controle, tratados somente com Zn, tratados somente com Mal e

tratados com Zn e Mal. Para determinar as atividades enzimáticas, os tecidos foram

homogeneizados em tampão HEPES 20 mM, centrifugadas (20.000g, 30 minutos) e ensaiadas

espectrofotometricamente. Os resultados demonstraram que o Zn sozinho não alterou nenhum

dos parâmetros analisados no córtex e hipocampo. Por outro lado, o Mal causou uma inibição

significativa em todas as atividades enzimáticas analisadas, porém este efeito foi observado

apenas no hipocampo. O tratamento com Zn reverteu, a níveis do controle, a inibição das

enzimas causada pelo Mal. O Zn foi capaz de reverter os efeitos do Mal observados no

hipocampo dos animais tratados. Sabendo, que GR, GPx, CAT, SOD e GST, são enzimas

fundamentais na defesa celular antioxidante, o Zn aparentemente impediria o

desencadeamento de um estado pró-oxidativo. Baseados nos dados obtidos, novos

experimentos serão conduzidos para elucidar os mecanismos envolvidos neste processo.

Apoio: CAPES, CNPq, IFS, UFSC

23

R13 - EFEITO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES

NANOENCAPSULADOS EM LINHAGENS CELULARES DE GLIOMAS HUMANO

E DE RATO E EM CULTURA ORGANOTÍPICA

Bernardi, A.**1; Frozza, R.L.**1; Bavaresco, L.**1; Jäger, E.**2; Salbego, C.1; Pohlmann,

A.R.2; Guterres, S.S.3; Battastini, A.M.O.1

1Departamento de Bioquímica-ICBS/UFRGS, 2Instituto de Química/UFRGS, 3Faculdade de

Farmácia/UFRGS.

Objetivos: Os gliomas são os mais freqüentes tumores primários do SNC. A terapêutica

(cirurgia e quimioterapia) apresenta eficácia limitada. Numerosos estudos têm demonstrado o

potencial efeito dos antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) como agentes farmacológicos

no tratamento de vários tipos de tumor. O controle da liberação de fármacos em sítios de ação

específicos, através da utilização de vetores tem sido uma área de intensa pesquisa. Dessa

forma, o objetivo do nosso trabalho é estudar o efeito de AINES na forma de nanocápsulas no

tratamento quimioterápico dos gliomas.

Métodos: As nanocápsulas contendo AINEs foram preparadas pelo método de

nanoprecipitação de polímeros biodegradáveis pré-formados. As linhagens celulares de

glioma humano (U138-MG) e de rato (C6) foram obtidas da ATCC e mantidas a 37°C em

incubadora contendo 5% de CO2, em meio DMEM suplementado com soro fetal bovino.

Após a semiconfluência, as células foram tratadas por 48h com a indometacina (Indo) e com o

éster deste fármaco (IndoOEt), ambos na forma livre e em nanocápsulas (NC). As

concentrações utilizadas foram 25, 50 e 100 µM. A proliferação celular foi avaliada pelo

método de contagem de células em hemocitômetro e a viabilidade celular foi avaliada pelo

método do MTT. Culturas organotípicas de hipocampo de ratos Wistar (machos, 6-8 dias)

foram utilizadas para avaliar o efeito dos AINEs nanoencapsulados em tecido não tumoral. As

culturas foram tratadas com a indometacina (50 µM), bem como com o éster deste fármaco

(50 µM) por 24h. A morte celular foi quantificada pela incorporação do Iodeto de Propídeo

(IP), um marcador de necrose celular.

Resultados: A Indo em NC foi capaz de diminuir a viabilidade celular na linhagem C6 de uma

forma muito mais significativa quando comparada ao mesmo fármaco na forma livre

(Resultados em % de viabilidade celular calculado em relação ao controle 100% ± DP, n=4,

p<0,001): Indo 25 (88,5% ± 4,3) / Indo-NC 25 (46,2% ± 6,7); Indo 50 (68,7% ± 8,4) / Indo-

24

NC 50 (37,8 % ± 6,9); Indo 100 (51,5% ± 3,6) / Indo-NC 100 (27,8% ± 1,5). Resultados

similares foram observados na linhagem de glioma U-138MG. Interessantemente, o IndoOEt

mostrou-se menos eficaz na forma nanoencapsulada sendo que o fármaco na forma livre

causou uma maior diminuição na viabilidade celular: IndoOEt 25 (34,8 ± 5,1) / IndoOEt-NC

25 (55,1 ± 7,1); IndoOEt 50 (20,3 ± 5,8) / IndoOEt-NC 50 (37,3 ± 8,4); : IndoOEt 100 (7,37

± 2,5) / IndoOEt-NC 100 (24,9 ± 4,8). Estes resultados estão de acordo com a diminuição na

proliferação celular observada em ambas as linhagens. Resultados preliminares mostram que

ambos os fármacos em NC não exercem efeitos citotóxicos em culturas organotípicas (n=6).

Conclusões: Nossos resultados mostram que a Indo em NC foi mais eficaz que na forma livre

em diminuir a viabilidade e inibir a proliferação celular em ambas as linhagens de glioma.

Considerando a ausência de citotoxicidade observada nas culturas organotípicas, sugere-se

uma possível seletividade desta formulação para células tumorais. Estudos estão sendo

realizados para avaliar o potencial uso terapêutico dos AINES nanoencapsulados em um

modelo de glioma in vivo.

Apoio financeiro: CAPES, CNPq e FAPERGS

25

R14 - SEPARAÇÃO MATERNA COMO UM POSSÍVEL FATOR DE RISCO PARA O

DESENVOLVIMENTO DO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO –

EFEITOS SEXO-ESPECÍFICOS E DE LONGA DURAÇAO SOBRE O

COMPORTAMENTO E OS NÍVEIS DE S100B.

Luisa Amália Diehl**, Patrícia Pelufo Silveira**, Marina C. Leite**, Leonardo Machado

Crema**, Andre Krumell Portella**, Mauro Nör Billodre*, Edelvan Nunes*, Thiago Pereira

Henriques*, Linda Brenda Fidelix-da-Silva*, Martha D. Heis*, Carlos Alberto Gonçalves,

Jorge Alberto Quillfeldt, Carla Dalmaz.

Departamento de Biofísica – IB, Departamento de Bioquímica e Programa de Pós-Graduação

em Neurociências – ICBS, UFRGS, Porto Alegre.

Objetivos: Pacientes com história de adversidades precoces apresentam maior freqüência do

transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Em ratos, a separação da mãe (SM) por

períodos longos leva a uma resposta exagerada ao estresse. Nosso objetivo foi estudar se a

SM pode ser fator de risco para o TEPT, analisando seus efeitos após um estressor na idade

adulta sobre a ansiedade e sobre os níveis plasmáticos de corticosterona (CORT) e da proteína

S100B.

Métodos: Ratas Wistar prenhes foram randomicamente selecionadas. Vinte e quatro horas

após o nascimento, todas as ninhadas foram padronizadas em 8 filhotes. As ninhadas foram

então divididas em grupo controle e grupo com separação da mãe. A separação da mãe

consistia em colocar os filhotes numa incubadora a 34°C 3h/dia dos dias 1 a 10 de vida. A

mãe ficava no mesmo local onde estavam os filhotes na incubadora. Após as 3h a ninhada era

devolvida à mãe. No grupo controle os filhotes permaneciam com suas mães sem qualquer

tipo de intervenção, nem mesmo a limpeza das caixas moradia. Aos 21 dias era feito o

desmame e a sexagem. Quando adultos, foram divididos em expostos ou não a um evento

traumático (modelo de TEPT - choque inescapável de 1mA/20s) e a mais 3 recordatórios

situacionais (RS), onde o animal era colocado no mesmo aparato, mas não recebia choque e

em 2 min o tempo de imobilidade (TI) era contado (medida de medo condicionado). Um mês

após o choque, os animais foram expostos a um campo aberto por 5 min, observando-se o

número de cruzamentos (parâmetro de atividade exploratória) e o tempo nos quadrados

centrais (TQC), (parâmetro de ansiedade). Uma semana após a tarefa comportamental, os

animais foram sacrificados e CORT e S100B foram avaliadas no plasma por ELISA. Os

26

resultados foram analisados por ANOVA de três vias (choque, SM e sexo), sendo

consideradas significativas diferenças quando P<0,05.

Resultados: Em machos, o choque diminuiu o número de cruzamentos tanto nos separados

quanto nos não-separados, em relação ao grupo sem choque, o que não ocorreu nas fêmeas.

Houve efeito da separação da mãe e do choque sobre o TQC. Enquanto nos machos separados

se somou ao efeito do choque, aumentando a ansiedade, nas fêmeas não se observou

diferença; isso se reflete em interações significativas entre SM-sexo e choque-sexo no TQC.

O choque também aumentou o medo condicionado nos RS em machos (p<0,001). Houve

também efeito do sexo, porque as fêmeas não expostas ao choque apresentaram menos TI em

relação aos machos sob as mesmas condições (p<0,001). Ambas as intervenções (SM e

exposição ao choque) diminuíram a CORT (uma característica observada em pacientes com

TEPT) e aumentaram os níveis de S100B, especialmente em machos.

Conclusões: Sugerimos que, em machos, a SM funcione como um fator agravante das

alterações comportamentais induzidas pela exposição a um trauma na idade adulta. Os níveis

plasmáticos de S100B parecem estar relacionados com a gravidade desse transtorno, ao

menos em ratos.

Apoio Financeiro: CNPq.

27

R15 - AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA SINALIZAÇÃO MEDIADA PELA

PI3K/AKT NA AÇÃO NEUROPROTETORA DO RESVERATROL EM CULTURA

ORGANOTÍPICA DE HIPOCAMPO DE RATO

Zamin, L.L.**; Dillenburg-Pilla, P.*; Comiram, R,A.*; Frozza, R.L.**; Horn, A.P.**; Simão,

F.**; Gerhardt, D.**; Nassif, M.** e Salbego, C. Departamento de Bioquímica – ICBS –

UFRGS – Porto Alegre/RS

Objetivos: Episódios isquêmicos são caracterizados pela redução total ou parcial do fluxo

sangüíneo ao cérebro, resultando em intensa degeneração celular. Estudos demonstram que o

resveratrol, um polifenol isolado da casca da uva, apresenta atividades antioxidante,

antiinflamatória, antitumoral, anticoagulante, vasodilatadora e neuroprotetora. Considerando o

amplo espectro de ação atribuído ao resveratrol, o objetivo de nosso trabalho foi avaliar o

efeito neuroprotetor deste estilbeno, bem como seu possível mecanismo de ação, em um

modelo in vitro de Privação de Oxigênio e Glicose (POG).

Métodos: Culturas organotípicas de hipocampo de ratos Wistar, machos de 6-8 dias, foram

tratadas com resveratrol nas concentrações 10, 25 e 50 µM e expostas à POG por 60 minutos

seguidas por um período de recuperação de 24 horas. A morte celular foi quantificada pela

incorporação do corante Iodeto de Propídeo (IP), um marcador de necrose celular. A

investigação do possível mecanismo de ação do resveratrol na neuroproteção foi feita pela

análise da via de sinalização celular mediada pela cascata enzimática PI3K/AKT por Western

blotting.

Resultados: Os resultados revelaram uma redução da incorporação de IP nas culturas tratadas

com resveratrol e submetidas à POG quando comparadas às culturas controle (Resultados em

% de morte no hipocampo±EP, n=6, p<0,05: C 1,5±0,34; CR10 2,16±0,52; CR25 0,54±0,24;

C50 4,22±1,3; POG 44±3,5; POGR10 22±4,4; POGR25 13±5,1; POGR50 11,2±2,2). O uso

do LY294002, um inibidor da PI3K, preveniu esse efeito, aumentando a incorporação de IP

nas cultuas POG tratadas com resvertrol 50 µM, porém o inibidor da via MEK/ERK,

PD98059, não preveniu a neuroproteção induzida pelo resveratrol (C 5,3±2,3; CR50 2±2;

CLY 10,8±3,2; CR50LY 4,7±2,6; CPD 2,7; CRPD 5,9±3,5; POG 46±6,2; POGR 15,9±3,3;

POGLY 45,8±3,9; POGRLY 34,4±7,3; POGPD 27,7±6,4; POGRPD 9,6±2,2). Foi observado

um aumento na relação pAKT/AKT nas culturas expostas à POG e tratadas com resveratrol

50 µM, sendo esse aumento prevenido pelo uso do LY294002 (Resultados % em relação

28

controle 100%±EP, n=6, p<0,05: C 100±0; CR 107,6±10,5; CLY 76±4,5; CRLY 101,9±10,9;

POG 104,1±11,9; POGR 155,5±24,6; POGLY 50,6±10,1; POGRLY 89,7±13,3). Da mesma

forma foi observado um aumento na relação pGSK-3β/GSK-3β e conseqüente diminuição de

sua atividade apoptótica. Esse efeito também foi prevenido pelo uso do inibidor LY294002 (C

100±0; CR 109,3±11,8; CLY 92,9±12,8; CRLY 89,1±9,7; POG 82,3±9,9; POGR 166,3±17,4;

POGLY 87,5±14,2; POGRLY 104,7±14,5).

Conclusões: Os resultados mostram um efeito neuroprotetor do resveratrol contra a morte

celular induzida pela exposição de culturas organotípicas de hipocampo de rato à POG. Esse

efeito parece envolver a via de sinalização mediada pela enzima PI3K/Akt.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES e FAPERGS

29

R16 - IMUNORREATIVIDADE À CHAT E À SUBSTÂNCIA P EM

MEGALOBULIMUS ABBREVIATUS

Marina Luisa Marchi*, Paula Rigon**, Sandro Antunes da Silva*, Matilde Achaval, Wania

Partata e Maria Cristina Faccioni Heuser. Laboratório de Histofisiologia Comparada do

Instituto de Ciências Básicas da Saúde/UFRGS - Porto Alegre.

Introdução e objetivos: A inervação da musculatura pediosa de M. abbreviatus é suprida

pelos nervos originados nos gânglios pedais, nos quais têm sido identificados neurônios

imunorreativos à Substância P e positivos à colinesterase. O objetivo desse estudo é detectar

a presença e distribuição da imunorreatividade à anti-ChAT no gânglio pedal e a

imunorreatividade à SP e à ChAT na musculatura pediosa de Megalobulimus abbreviatus,

utilizando o procedimento de anticorpo não-marcado de Stemeberger (1979). Materiais e

métodos: Foram utilizados caracóis terrestres, M. abbreviatus, adultos coletados no município

de Charqueadas, mantidos em terrários telados e alimentados com água e alface ad libitum. O

animais foram anestesiados em uma solução saturada de mentol, removidos o complexo

subesofageano e porções da musculatura pediosa. O material foi fixado em paraformaldeido 4

%, crioprotegido em sacarose 15% e 30% e seccionado em criostado (50 µm). O bloqueio da

atividade peroxidásica endógena foi feito em uma solução de metanol 10 % e H2O2 3% e

após lavado em PBS e incubado em anticorpo primário: anti-ChAT monoclonal para rato

(1:200) por 96h, ou anti-substância P policlonal pra coelho (1:100), por 24h. Após, o material

foi lavado em PBS e incubado com anticorpo secundário anti IgG de rato conjugado com

PAP (1:100) por 2 h quando o primeiro anticorpo era anti-ChAT e anti IgG de coelho (1:100)

2h seguido de PAP (1:100) por 2 h, quando o anticorpo primário era anti-SP; depois disso, o

material foi revelado com DAB (diaminobenzidino) 0,06% 5 min e H2O2 0,01% 5 min. Os

cortes foram desidratados, montados em lâminas de vidro e analisados em microscópio

óptico. Resultados: Na musculatura pediosa foi detectada imunorreatividade à SP e ChAT em

toda extensão do plexo pedioso, bem como na região associada ao epitélio (plexo subepitelial)

. As fibras SP-ir dos nervos do plexo, penetram nos gânglios, sendo que algumas delas o

atravessam, emitindo projeções que rodeiam os somas neuronais, continuando-se em outro

nervo. Axônios SP-ir emergem dos nervos, formando arranjos geométricos na região

subepidérmica. Neuronios ChAT foram observados entre as células epiteliais do epitélio

ventral da musculatura pediosa, no entanto , não foi observada imunorreatividade na região

30

próxima ao epitélio dorsal da musculatura. Nos gânglios do anel subesofageano foram

observadas fibras imunorreativas no neuropilo do gânglio pedal, sem a presença de células.

Apoio: CNPq- PIBIC, PROPESQ.

31

R17 - EFEITO DE DIFERENTES CONDIÇÕES DE CULTIVO SOBRE A ECTO-5’-

NUCLEOTIDASE EM LINHAGENS DE GLIOMAS

Bavaresco L.**, Bernardi A.**, Braganhol E.**, Battastini A.M.O**.

Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do

Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Objetivos: Os gliomas são os tumores primários mais comuns que afetam o sistema nervoso

central. Apesar do tratamento, os gliomas apresentam elevados índices de recorrência devido

a sua alta proliferação, invasividade e resistência à radiação. A ecto-5’-nucleotidase é uma

enzima pertencente à classe das ectonucleotidases, sendo responsável pela hidrólise do AMP

extracelular até adenosina. Além da atividade catalítica, a ecto-5’-nucleotidase tem sido

descrita como proteína envolvida na motilidade celular, na proliferação e ativação de

linfócitos e na adesão dos mesmos ao endotélio. Dados na literatura demonstram

modificações nesta atividade enzimática em diferentes estágios de confluência de células de

glioblastoma em cultura, sugerindo que esta atividade poderia estar correlacionada com a

proliferação celular. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é estudar o efeito de diferentes

condições de cultivo sobre a ecto-5’-Nucleotidase e correlacionar com o processo de

proliferação celular em linhagens celulares de gliomas.

Métodos: As células de gliomas humanos (U138-MG e U87) e de rato (C6) foram obtidas da

ATCC e mantidas em meio de cultivo DMEM suplementado com soro fetal bovino, em

condições adequadas de temperatura e umidade. A atividade da ecto-5’-Nucleotidase foi

determinada pela liberação de fosfato inorgânico pelo método do verde de malaquita. A

determinação da proteína foi realizada pelo método do comassie blue. Para os experimentos

de proliferação celular, as células foram lavadas com PBS, dissociadas com tripsina/EDTA

0.25% e então contadas em hemocitômetro. Resultados: Os resultados demonstraram que a

atividade específica da ecto-5’-nucleotidase está aumentada com o aumento da confluência

das células. Observou-se um aumento significativo da atividade da ecto-5’-nucleotidase

quando comparado com os respectivos controles (C6: 117% ± 8,3; U-138MG: 176% ± 15,3;

U87: 165% ± 24,3; sendo n=3, p<0,05). Da mesma forma, um aumento na atividade

específica da enzima com os crescentes dias de cultivo foi observado. Além disso, quando foi

utilizou-se um inibidor da ecto-5’-nucleotidase, o α,β- metileno ADP, houve uma

32

significativa redução da proliferação celular (20% ± 4,1; n=3, p<0,01), o que está de acordo

com os dados que sugerem o possível envolvimento desta enzima na sobrevivência celular.

Conclusões: Estes dados sugerem um envolvimento da ecto-5’-nucleotidase no processo de

proliferação e sobrevivência celular dos gliomas. Experimentos de citometria de fluxo e RT-

PCR estão sendo realizados para melhor elucidar o envolvimento desta enzima na biologia

dos gliomas.

Apoio: CNPq e CAPES.

33

R18 - A ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE ESCOPOLAMINA E MT3,

ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS, REVERTE O EFEITO

AMNÉSICO DA OCITOCINA SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA

INIBITÓRIA.

Darski, B.S.*, Oliveira, L.F.**, Diehl, F.**, Camboim, C.**, Lanziotti, V.**, Alvares, L.**,

Genro, B.*, Henriques, T*, Consiglio, A.R. e Quillfeldt, J.A. Depto. Biofísica, IB/UFRGS,

Porto Alegre, RS.

Objetivos: verificar os efeitos da infusão intra-hipocampal de escopolamina, antagonista

muscarínico não-seletivo, e de MT3, antagonista seletivo para o receptor M4, sobre o efeito

amnésico da administração i.p. pré-teste de ocitocina na esquiva inibitória (EI).

Métodos e resultados: ratos Wistar machos adultos, treinados na EI (choque: 0,5 mA) e

testados 24 horas depois. A latência para descer da plataforma no teste é o índice de memória

para a tarefa. 30 minutos antes do teste, receberam uma infusão intra-hipocampal de

escopolamina 0,5ug/lado no experimento 1, MT3 0,5ug/lado no experimento 2 ou tampão

fosfato-salina (TFS), controle em ambos experimentos, seguida de uma infusão i.p. de salina

ou de ocitocina 0,4 ug/kg (OT). No experimento 1, o desempenho no teste foi: TFS/Salina

(N=9, 51 [31,5/121,5], sempre mediana e intervalos interquartis), Scopo/Salina (N=8, 86,5

[34,25/180], TFS/OT (N=12, 26 [15/32,25] e Scopo/OT (N=9, 62 [37,5/162,5]). No

experimento 2, o desempenho no teste foi: TFS/Salina (N=21, 31 [20/49,5]), MT3/Salina

(N=15, 47 [24/80]), TFS/OT (N=18, 16 [8,75/23]) e MT3/OT (N=17, 40 [24/70,5]). Em

ambos experimentos, um grupo diferiu dos outros no teste (P=0,005 no exp.1 e P=0,003 no

exp.2, teste de Kruskal-Wallis). Nos dois casos, este grupo foi o TFS/OT (P<0,05 em ambos,

teste de Dunn). Ou seja, nos dois experimentos, a administração intra-hipocampal de um

antagonista muscarínico, não-seletivo ou seletivo para M4, reverteu o efeito amnésico da

ocitocina i.p. na evocação da EI.

Conclusões: o efeito amnésico da ocitocina i.p. sobre a evocação parece se dar por aumento

na quantidade de acetilcolina hipocampal, especificamente, da ligação desta ao receptor M4,

já que antagonistas muscarínicos reverteram esse efeito amnésico.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, Fapergs, Propesq/UFRGS, IFS.

34

R19 - INFUSÃO DE AM251 OU ANANDAMIDA NO VENTRÍCULO LATERAL DE

RATOS APÓS O TREINO NA ESQUIVA INIBITÓRIA.

Cassini, L.F.*; Genro, B.P.**; Alvares, L.**; Diehl, F.**; Camboim, C.**; Bohn, N. R. *;

Teixeira, R. S. *;Engelke, D.S.*, e Quillfeldt, J.A. LPBNC, Depto. Biofísica, IB/UFRGS,

Porto Alegre, RS.

Objetivos: O objetivo deste trabalho é verificar os efeitos da administração

intracerebroventricular (ICV) de anandamida, um agonista canabinóide, e AM251, um

antagonista seletivo dos receptores CB1, ambos sobre a consolidação da memória da Esquiva

Inibitória (EI).

Métodos: Ratos Wistar machos foram treinados na tarefa de EI (com choque de 0,5 mA

durante 3 segundos) e testados 24 horas depois. O tempo de latência para descida da

plataforma foi utilizado como medida de retenção da memória. Imediatamente após o treino,

um grupo recebeu uma infusão no ventrículo lateral de anandamida na dose de 0,25µg/2,5µl

ou seu veículo (Tocrisolvent®/TFS), e outro grupo recebeu de AM251 200µM ou salina

(TFS).

Resultados: Não foi encontrada diferença (p=0741; Mann-Witney), no experimento com

anandamida (N=30), entre os desempenhos dos grupos no teste. Foi encontrada diferença

estatística (p=0,017; Mann-Witney) no experimento com o antagonista AM251, sendo a

mediana e os intervalos para o grupo controle [180 (180/180), N=16] e grupo droga [17

(6,25/180). Todos os grupos aprenderam a tarefa (p<0,005, teste de Wilcoxon).

Conclusões: O agonista anandamida, quando administrada ICV não apresentou efeitos sobre

a consolidação da memória da EI em ratos na dose de 0,25µg/2,5µl, tal resultado pode ser

devido à concentração utilizada experimentalmente, que possivelmente difere da fisiológica,

ou pelo fato de ser um agonista pouco específico, podendo exercer seus efeitos em outros

receptores. Houve um efeito facilitatório do antagonista AM251 na concentração de 200µM

quando injetado no ventrículo lateral, o que confere com dados da literatura onde a

administração de antagonistas canabinóides foi realizada de forma sistêmica. Provavelmente o

efeito facilitatório encontrado se justifique pela inespecificidade de seus alvos, permitindo que

o fármaco atue em outras estruturas associadas, já que é sabido que a administração intra-

hipocampal do mesmo antagonista prejudicou a consolidação da memória.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.

35

R20 - EFEITO DA REPOSIÇÃO DE ESTRADIOL SOBRE A LIBERAÇÃO E

CAPTAÇÃO DE GLUTAMATO NA MEDULA ESPINHAL DE RATAS

OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS AO ESTRESSE REPETIDO

Leonardo Machado Crema, Ana Paula Horn, Ana Paula Aguiar, Luisa Amália Diehl,

Edelvan Nunes, Fernanda Urruth Fontella, Cristiane Salbego, Deusa Vendite e Carla

Dalmaz.

Depto de Bioquímica e Programa de Pós Graduação em Neurociências, ICBS, UFRGS

Objetivos: O glutamato (Glu) é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso,

estando intimamente envolvido, entre outras funções, na transmissão de estímulos

nociceptivos. Além disso, evidências na literatura demonstram mudanças induzidas pelo

estresse na liberação e captação de Glu, assim como a possível influência dos hormônios

gonadais, especificamente o estradiol (E2), na modulação da transmissão sináptica

glutamatérgica na medula espinhal, estrutura essencial na transmissão nociceptiva. Portanto, o

objetivo desse trabalho foi verificar o possível efeito da reposição de E2 sobre a liberação e

captação de Glu na medula espinhal em ratas ovariectomizadas expostas ao estresse repetido.

Métodos e Resultados: Foram utilizadas ratas Wistar ovariectomizadas, as quais foram

divididas em 2 grupos: estresse por contenção (1h/dia, 5 dias/semana durante 40 dias) ou

controle (sem contenção). Esses grupos foram subdivididos em (a) reposição com E2 (5%) ou

(b) óleo de girassol (veículo), utilizando-se cápsulas de silicone subcutâneas. Por fim, havia 4

grupos experimentais (n= 5-7 por grupo): CO (controle+óleo), CH (controle+hormônio), EO

(estresse+óleo) e CH (controle+hormônio). Vinte e quatro horas após a última sessão de

estresse os animais foram sacrificados e a medula espinhal dissecada. Para a técnica de

captação e liberação de glutamato foi utilizado o método descrito por Dunkley et al. (1988) e

para a verificação da expressão do imunoconteúdo dos transportadores de glutamato foi

realizada a técnica de Western Blott através do uso de anticorpos específicos para os

transportadores GLAST, GLT-1 e EAAC1.

Resultados: Uma ANOVA de duas vias mostrou efeito do estradiol [F(1, 1,2)= 5,39,

p=0,003], aumentando a captação de glutamato, e efeito do estresse crônico, diminuindo a

captação de glutamato [F(1,20)= 7,94, p=0,01] em sinaptossomas de medula espinhal. Houve

diferença significativa entre a liberação de glutamato basal (baixo K+ ) e após estimulação

36

(alto K+ ) [F(1,16) = 22,99, p<0,001], porém não houve diferença significativa na liberação de

glutamato entre os grupos (p>0,05) para os fatores estresse e estradiol.

Na análise do imunoconteúdo dos transportadores de glutamato em medula espinhal houve

efeito significativo da reposição de estradiol (p<0,05), aumentando a expressão dos 3

transportadores estudados. Os dados foram expressos como média + desvio padrão e

analisados em relação à porcentagem do grupo controle (CO). Ver tabela abaixo:

Grupos

Transportadores CO CH EO EH

GLAST 100 231,97 + 89,36 128,37 + 36,33 159,17 + 50,05

GLT-1 100 143,56 + 13,18 88,13 + 31,45 87,72 + 24,04

EAAC-1 100 158,45 + 37,85 85,55 + 11,18 91,27 + 37,38

Conclusões: Neste trabalho, observou-se que a exposição ao estresse crônico reduziu a

captação de glutamato em medula espinhal, curiosamente sem alterar a expressão dos

transportadores. Em contraste, a reposição com E2 aumentou a captação de glutamato,

possivelmente relacionada ao aumento na expressão dos três transportadores avaliados. Pode-

se sugerir que o estresse modula a transmissão glutamatérgica na medula, sendo que o

estradiol possivelmente tenha um papel neuroprotetor frente ao estresse crônico.

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R21 - AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS EMOCIONAIS DE CAMUNDONGOS ALTO

E BAIXO EXPLORADORES SUBMETIDOS A UM ESTRESSE CRÔNICO

VARIADO.

Thiago Pereira Henriques*, Luisa Amália Diehl**, Taise Michele Lorenzi Ferreira**, Denis

Broock Rosemberg**, Carla Denise Bonan, Carla Dalmaz, Diogo Rizzato Lara. Depto

Bioquímica – ICBS/UFRGS, Porto Alegre.

Objetivos: Nossos estudos anteriores demonstraram que o comportamento de camundongos

avaliados no Campo Aberto (CA) apresenta variações individuais, podendo ser classificados

como Alto-Exploradores (AE), Baixo-Exploradores (BE) ou Intermediários (IE). Também

demonstramos que essas diferenças são estáveis ao longo do tempo e correlacionáveis com

outros parâmetros comportamentais. Sugerimos que os AE e os BE sejam análogos aos

temperamentos de busca de novidades e de evitação de risco, respectivamente. O objetivo

deste trabalho foi avaliar diferentes parâmetros emocionais de camundongos AE, BE e IE

submetidos a um protocolo de estresse crônico variado.

Métodos: 72 camundongos CD1 machos adultos foram submetidos a 5 min de CA, onde foi

avaliado o tempo na porção central (TPC). Os grupos AE (n=15) e BE (n=14) representam os

extremos desta população, e os IE (n=15), os intermediários. Definidos os grupos, estes foram

submetidos a um protocolo de estresse crônico variado (ECV) por 42 dias. O teste da bebida

doce (TBD) foi usado para avaliar anedonia, sendo que este foi aplicado antes do ECV e após

cada 7 dias de estresse, até totalizar 7 testes. Logo após a última semana de estresse, foi

realizado novamente o CA – modificado, a fim de evitar efeitos relativos à habituação – para

avaliar a influência do ECV sobre o comportamento dos grupos. Posteriormente foi realizado

um 8º TBD depois de uma semana sem estresse de modo a avaliar a recuperação do ECV.

Resultados: A análise estatística demonstrou que continuou havendo diferença entre os grupos

no 2º CA, sendo que os BE apresentaram uma diferença significativa em relação aos demais

(p<0,05). Quanto ao TBD, os BE consumiram menos bebida doce no 8º teste comparados aos

AE e IE, apresentando um efeito marginal (p=0,052). Contudo, os resultados são

preliminares, pois falta um grupo controle (sem ECV).

Conclusões: Nossos resultados permitiram concluir que, apesar do ECV, os AE, IE e BE

continuaram apresentando diferenças entre si no CA. O TBD, usado para avaliar um possível

comportamento anedônico causado pelo ECV, demonstrou que os BE se recuperaram menos

38

dos efeitos do ECV em relação aos demais grupos após uma semana sem estresse. Esse

resultado está de acordo com esperado para indivíduos com o temperamento do tipo evitação

de risco ou “depressivo”. No entanto, um grupo controle ainda é necessário para demonstrar

que nossos resultados são de fato devidos ao ECV ou a outro fator.

Apoio financeiro: CNPq

39

R22 - EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO POR METILMERCÚRIO NO SISTEMA

NERVOSO CENTRAL

Natalia Figueiredo*, Póti Gavillon*, Victor Ceréser**, Sheila Trentin*, Camila Oliveira*,

Ana Corbellini*, Lindolfo Meirelles, Alcyr Oliveira; UFRGS, Porto Alegre.

Introdução: A intoxicação por metilmercúrio (MeHg) tem sido bastante estudada devido à

sua alta toxicidade, sobretudo pela sua alta capacidade de neurodegeneração. No sistema

nervoso central, o MeHg afeta principalmente células das regiões do córtex visual e do

cerebelo, resultando em disfunções como parestesia perioral, perturbações na coordenação

motora, fala, audição e pensamento, sintomas que caracterizam a síndrome de Minamata. A

liberação de resíduos das atividades industriais e vazamentos de mineração carbonífera e

aurífera são as principais fontes de contaminação do meio ambiente. A ingestão de alimentos

ou água contaminados representa a via mais comum de intoxicação humana. Embora os

mecanismos de ação do MeHg não sejam totalmente esclarecidos, estudos têm revelado sua

atividade sobre a neurotransmissão, através da obstrução dos canais de Ca++ e conseqüente

acumulo intracelular desse íon. Também é apontada a desregulação dos níveis

glutamatérgicos e estresse oxidativo, causador da ruptura e fragmentação da membrana

celular resultante da ação de radicais livres. Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar

os efeitos neurocomportamentais de duas doses de MeHg ingeridos por camundongos.

Métodos: Para isso, foram realizados dois experimentos em que camundongos adultos,

machos, CF1 receberam como única fonte de líquidos durante 14 dias, MeHg diluído em H2O

nas seguintes concentrações de 20mg/L e 40mg/L. Em ambos os experimentos, os grupos

controle receberam apenas H2O como única fonte de líquidos durante o mesmo período.

Nenhum dos grupos sofreu restrição alimentar. Para avaliação dos efeitos

neurocomportamentais, realizou-se bateria SHIRPA (Manfroi, et al. Toxicol.Sci. 81:172-8,

2004) em todos os animais. A primeira etapa dos testes foi aplicada anteriormente à exposição

ao MeHg. Passados 14 dias de tratamento, novo exame foi realizado e, após 30 dias, uma

terceira aplicação da bateria SHIRPA. Resultados: Os resultados indicam que os animais

intoxicados com 40mg/L apresentaram problemas motores significativos, assim como

acentuada perda de peso, entre outros itens, não verificados nos camundongos tratados com

20mg/L. Houve um elevado número de perda de animais do grupo de 40 mg/L. Conclusões:

40

Esses dados indicam que a dose de 40mg/L possui grau de toxicidade evidentemente maior da

dose de 20mg/L.

Apoio Financeiro: CNPQ.

41

R23 - ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DO TIPO ANSIOGÊNICAS APÓS

SITUAÇÕES ESTRESSANTES PODEM SER LINHAGEM E ESTRESSE

DEPENDENTE.

Lach, G.**; De Lima, T.C.M. Laboratório de Neurofarmacologia, Departamento de

Farmacologia, UFSC – Florianópolis - SC

Objetivos: Tanto em homens quanto em animais, o estresse parece facilitar a emocionalidade.

Sabe-se que linhagens diferentes respondem de maneira distinta a um mesmo protocolo de

estresse demonstrando o envolvimento genotípico. O objetivo deste trabalho foi analisar o

comportamento duas linhagens isogênicas contrastante para ansiedade, Lewis (LEW), animal

com característica do tipo ansiôgenica e ratos espontaneamente hipertensos (SHR), com perfil

do tipo ansiolítico, além da linhagem não-isogênica, Wistar (WTR), roedor mais utilizado em

pesquisa animal, submetidos a protocolos de estresse com características distintas e avaliados

no modelo do labirinto em cruz elevado (LCE).

Métodos e resultados: 134 ratos machos (WTR=43; SHR=40; LEW=51) com três meses de

idade foram testados no LCE 24h após o último estímulo estressor. Os parâmetros utilizados

foram a porcentagem de tempo de permanência nos braços abertos (%TAB) e porcentagem do

número de entradas nestes mesmos braços (%AB) para verificar alterações do estado de

ansiedade do animal. O número de entradas nos braços fechados (FE) foi utilizado como

parâmetro indicativo de um possível prejuízo locomotor. O experimento dividiu-se em três

protocolos de acordo com o tipo de estressor utilizado. O experimento 1 (S28) consistiu em 4

semanas de estresse moderado, sendo que todos os estressores se repetiam a cada 1 semana

(adaptado de Eur. J. Pharmacol. 296: 126-136, 1996). O experimento 2 (S10i) teve duração de

10 dias com dois estressores diferentes a cada dia. O terceiro experimento (S10p), também

com duração de 10 dias, utilizou-se o mesmo estímulo estressor durante todo o período

(adaptado de Neuropsychopharmacology 14: 443-452, 1996).

No experimento 1, o grupo estressado (str) da linhagem WTR apresentou uma diminuição da

%TAB e %AB no LCE em relação ao grupo controle (con) (%TAB – con= 32,0±5,2; str=

15,6±3,8 p<0,05 e %AB – con= 50,4±7,0; str= 26,6±3,0 p<0,05). Enquanto isso, as linhagens

isogênicas LEW e SHR não alteraram seu comportamento depois do período de estresse. No

experimento 2, observou-se uma redução do %TAB e %AB do LCE em todas as linhagens

estudadas quando comparados aos seus respectivos grupos controle (WTR - %TAB – con=

42

25,5±2,6; str= 11±3 p<0,05 e %AB – con= 43,0±3,7; str= 22,8±6,5 p<0,05) (LEW - %TAB –

con= 31,1±6,2; str= 9,1±4,6 p<0,05 e %AB – con= 41,0±6,0; str= 14,1±6,4 p<0,05) (SHR –

%TAB – con= 72,7±10,8; str= 29,4±11,3 p<0,05 e %AB – con= 71,6±7,7; str= 28,0 ±9,9

p<0,05). No terceiro experimento, os ratos LEW e WTR não apresentaram diferença em

relação ao grupo controle, enquanto que os ratos SHR tiveram uma redução significante da

%AB e uma tendência em reduzir a %TAB (%TAB – con= 72,7±10,8; str= 45,1±12,6 p<0,05

e %AB – con= 71,6±7,7; str= 41,42±9,9 p<0,1). O parâmetro FE não foi modificado

significativamente nos grupos estressados, descartando a possível influência de prejuízo

motor nas alterações comportamentais aqui estudadas.

Conclusão: Nossos dados reforçam a hipótese de que diferentes estímulos estressores podem

modular distintamente o comportamento entre linhagens. Entretanto, novos experimentos

estão em andamento para melhor elucidar tais efeitos do estresse nestas diferentes linhagens.

Apoio financeiro: CAPES

43

R24 - ATENUAÇÃO DAS RESPOSTAS DEFENSIVAS DE RATOS FRENTE AO

ODOR DE GATO ATRAVÉS DA ADMINISTRAÇÃO DE MUSCIMOL NA

SUBSTÂNCIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL DORSOLATERAL ROSTRAL

Souza RR**, Do Monte FHM**, Carobrez AP. Departamento de Farmacologia, Universidade

Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, SC.

Objetivos: A exposição de ratos a um predador ou ao seu odor evoca padrões de atividade

neuronal em diferentes áreas cerebrais relacionadas ao comportamento defensivo (CD), dentre

elas, a Substância Cinzenta Periaquedutal Dorsolateral (SCPdl). Estudos prévios demonstram

diferenças na expressão de proteína Fos ao longo do eixo rostrocaudal da SCPdl em ratos

expostos ao odor de gato. Além disto, a transmissão Gabaérgica tem sido implicada na

mediação do CD frente a estímulos ameaçadores. Assim sendo, o objetivo do presente estudo

foi avaliar o envolvimento dos receptores GABAA ao longo do eixo rostrocaudal da SCPdl na

expressão do CD de ratos expostos ao modelo do odor de gato.

Método e Resultados: Ratos Wistar machos (n=6-9), previamente implantados com cânulas

guias direcionadas à SCPdl rostral ou dorsal, foram submetidos ao modelo do odor de gato em

uma caixa de acrílico dividida em dois compartimentos, um aberto (40x26x36) e um fechado

(20x26x36). Durante a sessão de familiarização uma flanela neutra (sem odor) foi fixada na

extremidade distal do compartimento aberto. Uma flanela idêntica, porém previamente

impregnada com odor de gato, foi utilizada como estímulo aversivo 24 h após a

familiarização. Os animais foram subdivididos em seis grupos experimentais microinjetados

com PBS ou Muscimol (1 ou 3 nmol) nas porções rostrais ou caudais da SCPdl. ANOVA

revelou diferenças estatísticas apenas entre os animais microinjetados na SCPdl rostral. Uma

redução do CD, caracterizada por uma diminuição na porcentagem de tempo escondido

(%TE; 52,95±6,83*) e no parâmetro de avaliação de risco “head-out” (TH; 46,75±10,79*),

foi visualizada nos animais que receberam Muscimol 1 nmol na PAGdl rostral quando

comparados ao grupo controle (PBS; %TE= 84,27±2,62; TH= 123,33±29,66 (Newman Keuls

- post hoc *p<0,05, média ± e.p.m).

Conclusão: Os resultados sugerem um envolvimento da transmissão gabaérgica da SCPdl

rostral, mas não da SCPdl caudal, na mediação das respostas defensivas de ratos frente ao

odor de gato, sugerindo distintos padrões de atividade neuronal ao longo do eixo rostrocaudal

da SCPdl frente a ameaça predatória. Apoio- CNPq, CAPES, FAPESC, FAPESP, UFSC

44

R25 - RESPOSTAS AFETIVAS AO ALIMENTO DOCE: EFEITO DO ESTRESSE

CRÔNICO E DA REPOSIÇÃO COM ESTRADIOL.

Assis S.A.C.N; **Crema L.M; Diehl L.A; *Aguiar A.P.; Dalmaz C.

Depto. Bioquímica, ICBS, UFRGS, Porto Alegre -RS

Introdução: Estudos prévios do nosso laboratório demonstram que a exposição ao estresse

crônico (EC) altera o consumo de alimentos palatáveis em ratos, mas não em fêmeas. Sabe-se

que diferentes estímulos podem levar ao “gostar” e/ou ao “querer”. Gostar se reflete em

padrões positivos de reações afetivas comportamentais ao impacto hedônico imediato dos

eventos prazerosos (Berridge et al., 2003). Um protótipo de reações afetivas positivas são as

reações hedônicas ao sabor doce.

Objetivos: Neste trabalho, estudamos os efeitos do EC em ratas sobre o consumo de alimento

doce e o padrão de reações à exposição a diferentes concentrações de sacarose e a possível

interação com estradiol.

Métodos: Foram utilizadas ratas Wistar adultas (60dias). Os animais foram anestesiados com

Cetamina e Xilasina . Foi feita uma cirurgia de ovariectomia , a partir de uma incisão

abdominal abrindo-se a cavidade peitoneal . Os ovários foram expostos, efetuou-se a ligadura

na tuba uterina , o ovário foi retirado e a incisão suturada. Após um período de recuperação de

pelo menos 1 semana , os animais foram anestesiados e receberam implantes subcutâneos de

uma cápsula de silicone contendo β-estradiol a 5% ou veiculo (óleo de girassol). A seguir, os

grupos foram divididos em controle e estressados cronicamente (1h/dia , 5 dias /semana

durante 40 dias). Após esse período, foi avaliado o consumo de alimento doce quando se

oferecia aos animais rosquinhas doces (Froot Loops). Esse alimento era oferecido durante

períodos de 3 min/dia, até os animais habituarem –se ao novo alimento. O consumo foi

medido com os animais alimentados ad libitum. Posteriormente, o padrão facial de respostas

(protrusões de língua) após a administração de sacarose em diferentes doses (0,1M e 1M) foi

avaliado. Esses comportamentos foram filmados durante 1min e avaliados quadro a quadro

(freqüência e duração).

Resultados: O estradiol aumentou o consumo de alimento doce (ANOVA de 2 vias, P<0,05

para o estradiol). Houve diferença entre os grupos na freqüência e duração das respostas

faciais à sacarose 0,1M (Teste de Kruskal-Wallis, P<0,05), sendo que o estresse diminuiu a

45

freqüência e o estradiol aumentou a freqüência e a duração desses comportamentos (Teste U

de Mann-Whitney, P<0,05). Para Sacarose 1M, não houve diferença entre os grupos.

Conclusão: O EC parece diminuir o impacto hedônico ao sabor doce; o estradiol apresentou

efeito contrário e preveniu o efeito do estresse. Estes são dados preliminares, e o número de

animais por grupo está sendo aumentado para chegarmos a conclusões mais definitivas.

Apoio: CNPq.

46

R26 - VIÉS ATENCIONAL PARA ESTÍMULOS RELACIONADOS AO ÁLCOOL EM

BEBEDORES SOCIAIS.

Ana Carolina Peuker, Augusto Pires, Jeronimo Soro, Atila Jungblut, Lisiane Bizarro. PPG

Psicologia, UFRGS.

Bebedores sociais freqüentes tendem a apresentar viés na atenção para estímulos ambientais

associados ao álcool. Este viés pode favorecer a transição do uso ocasional à dependência da

droga. O processo atencional pode ser divido em dois subsistemas: orientação inicial e

manutenção da atenção. Esta última é mais influenciada por variáveis motivacionais e é

avaliada em tempos de exposição maiores (2000 ms). Já a orientação inicial é um processo

rápido, que pode ser avaliado com exposições de estímulos curtas (100-200 ms). Objetivo:

examinar o viés atencional para pistas associadas ao álcool em indivíduos com diferentes

padrões de consumo alcoólico: abstêmios (ABS), bebedores de baixo (BR) e alto risco (AR)

para desenvolver dependência. Método: participaram 53 universitários da UFRGS (dos quais,

25 eram homens; idade média 21,91 anos, dp=3,34). O padrão de consumo alcoólico foi

avaliado através do Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT): ABS (escore zero),

BR (escore <8) e AR (escore≥ 8). O viés atencional foi investigado através de uma tarefa

atencional computadorizada (Dot-probe Task). Nesta tarefa, duas imagens (uma relacionada

ao álcool e uma controle) são apresentadas, simultaneamente, em um de três tempos de

exposição (200, 500 e 2000 milissegundos). Logo após, uma delas é substituída por uma seta.

O participante deve indicar rapidamente a direção da seta (↑ou↓). Tempos de reação menores

quando a seta substitui imagens relacionadas ao álcool revelam viés na atenção para esta

classe particular de estímulos. Os participantes foram abordados ao acaso no Campus de

Saúde da UFRGS. Os procedimentos de coleta seguiram as diretrizes éticas para pesquisa

com humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS, processo

nº. 2005417. Resultados: constatou-se que 17% (n=9) eram ABS; 41,5% (n=22)

apresentavam padrão BR e 41,5% (n=22) padrão AR. Os tempos de reação dos grupos ABS,

BR e AR foram comparados nos três tempos de exposição (200, 500 e 2000 ms), através da

ANOVA, incluindo o teste Post Hoc Tukey. Observou-se interação entre grupo e tempo de

exposição (p<0,05). O grupo AR apresentou maior viés para pistas associadas ao álcool no

tempo 200 ms. Nos demais tempos de exposição, não foi constatado efeito de grupo, tempo de

exposição nem de interação entre estes fatores. Conclusão: o resultado corrobora a literatura,

47

revelando que bebedores sociais mais freqüentes apresentam maior viés na atenção para

estímulos relacionados ao álcool. No grupo AR, o viés associou-se à orientação inicial da

atenção, avaliada no menor TE (200 ms). Este processo opera automaticamente, podendo

indicar que, com o maior uso de álcool, pistas relacionadas à droga adquirem propriedades

reforçadoras e destacam-se no ambiente em detrimento de outros estímulos. A exposição

repetida a estas pistas pode exacerbar o desejo de beber e levar à transição do consumo

ocasional à dependência de álcool.

Apoio Financeiro: Capes

48

R27 - AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA, DA ANSIEDADE E DA ATIVIDADE MOTORA

NA TAREFA DE CAMPO ABERTO EM RATOS SUBMETIDOS AO CONSUMO DE

DIETA ALTAMENTE PALATÁVEL NA VIGÊNCIA DE UM MODELO DE

ESTRESSE CRÔNICO

Rachel Krolow Santos Silva; Cristie Grazziotin Noschang; Andrelisa Fachin; Edelvan Nunes;

Mauro Nor Billodre; Liane Tavares Bertinetti; Fabiane Bastiani; William Peres; Carla

Dalmaz. Depto Bioquímica, UFRGS

Tem sido sugerido que alimentos palatáveis sejam utilizados pela população em geral como

uma forma de reduzir o estresse, bem como aliviar angústias psicológicas. Dados anteriores

de nosso laboratório sugerem que animais repetidamente estressados apresentam maior

consumo de alimentos palatáveis quando expostos a esse tipo de alimento por curto período

de tempo. A exposição ao estresse crônico pode levar a alterações na memória e no grau de

ansiedade. Objetivo: Avaliar os efeitos do estresse crônico sobre a memória de habituação, a

ansiedade e a atividade motora na vigência de dieta altamente palatável, comparada com uma

dieta composta por ração padrão, em ratos machos. No experimento foram utilizados

dezesseis ratos Wistar machos divididos inicialmente em dois grupos diferenciados pela dieta:

grupo chocolate mais ração e grupo ração. Após cinco dias esses grupos foram subdivididos

em estressados e controles formando, quatro grupos: CHOC (chocolate-controle), CHOE

(chocolate-estresse), RC (ração-controle) e RE (ração-estresse). O procedimento de estresse

empregado foi o de imobilização por uma hora cinco dias por semana, durante sete semanas.

Após esse período, os animais foram expostos a um campo aberto durante cinco minutos

(sessão de treino) e, 24 h após, nova exposição foi realizada (teste). Foram medidos número

de respostas de orientação nas duas sessões (sendo a diminuição nessas respostas na segunda

sessão considerada um índice de memória), tempo gasto nos quadrados centrais (índice de

ansiedade) e número de cruzamentos (atividade motora). Os dados foram analisados por

ANOVA de medidas repetidas, usando como fatores entre sujeitos estresse e dieta.

Observamos que todos os grupos apresentaram memória, com redução da atividade

exploratória na segunda sessão (P<0,001). Não houve diferença significativa na ansiedade ou

no número de cruzamentos entre os grupos, porém houve uma tendência (P=0,067) a um

efeito da dieta neste último parâmetro, pois os animais que receberam chocolate apresentaram

maior atividade. Uma possível interação entre estresse x dieta x sessão também é sugerida na

49

atividade exploratória (P=0,088), embora os dados não atinjam significância estatística (houve

redução com o estresse, revertida pela dieta com chocolate). Esses dados são preliminares e

um maior número de animais deverá ser analisado. Apesar que não foram observadas

interações significativas entre os tratamentos, os resultados indicam a possibilidade de haver

uma interação de modo que a oferta de chocolate poderia modificar os efeitos do estresse

crônico sobre a atividade exploratória.

Apoio: CNPq

50

R28 - EFEITO DA S100B EXÓGENA SOBRE A MEMÓRIA AVERSIVA EM

RATOS: AÇÃO DA PROTEÍNA SOBRE A SÍNTESE DE ARNm NECESSÁRIA

PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UM NOVO APRENDIZADO.1Camboim, C.**; 1Oliveira, L. F.**; 1Draski, B.*, 1Bohn, N. R.*; 1Diehl, F.**; 1Alvares, L.

O.**; 1Genro, B. P.**, 1Teixeira, R. S.*; 1Lang, L. F.*; 2Souza, T. M.; 2Gonçalves CA;1Quillfeldt, J. A. 1Dep. Biofísica – IB/UFRGS; 2Dep. de Bioquímica – ICBS/UFRGS. Porto

Alegre/RS.

Objetivos: A proteína astrocitária S100B quando infundida em hipocampo dorsal exerce um

papel facilitatório sobre a consolidação da memória aversiva em ratos. Neste trabalho

investigaremos um dos componentes do mecanismo pelo qual a S100B estaria modulando a

consolidação da memória, em particular, saber se a síntese de ARNm tem algum papel neste

processo.

Métodos: 75 ratos Wistar machos foram submetidos a uma cirurgia esterotáxica para a

implantação bilateral de cânulas em hipocampo dorsal; após a recuperação, os animais foram

treinados na tarefa de Esquiva Inibitória (EI), com choque de 0,4 mA, durante 3s. O teste foi

realizado 24 horas depois. No Exp. 1, as drogas infundidas foram: S100B 2uM, ou seu veículo

TFS, e DRB 0,8ng/ul, ou seu veículo DMSO 20%. A dose de S100B usada é sabidamente

facilitatória e a de DRB não tem efeito próprio sobre a memória. No Experimento 1, os

animais foram divididos em quatro grupos e infundidos após o treino: TFS + DMSO (GA), ou

S100B + DMSO (GB), ou TFS + DRB (GC) ou S100B + DRB (GD). No Exp. 2, os animais

foram divididos nos mesmos quatro grupos, mas a infusão do DRB ou seu veículo foi feita 2h

após o treino.

Resultados: Exp. 1: Todos os grupos aprenderam a tarefa (teste de Wilcoxon), porém

nenhum grupo foi significativamente diferente do grupo controle (GA) no teste (teste

Kruskal-Wallis); Exp. 2: Todos os grupos aprenderam a tarefa (teste de Wilcoxon). Houve

diferença significativa apenas do grupo GB em relação ao grupo GA (teste post-hoc de Dunn),

o que indica um efeito facilitatório da S100B.

Conclusões: O efeito facilitatório da proteína S100B sobre a consolidação da memória

depende da síntese de ARNm que ocorre após a aquisição, particularmente na segunda fase de

transcrição gênica, necessária para a consolidação de um novo aprendizado.

51

R29 - EFEITO DA INTERAÇÃO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS COM

CULTURAS ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS Grudzinski, P.B.*,

Horn, A.P.**, Frozza, R.**, Mayer, M.R.*, Chagastelles, P.**, Gerhardt, D.**, Lenz, G.,

Nardi, N.B. e Salbego, C., UFRGS, Porto Alegre, Brasil.

Objetivo:

As células tronco mesenquimais (CTMs) podem ser obtidas de diferentes tecidos e

apresentam uma esperança na cura de várias doenças neurodegenerativas, como Alzheimer,

Parkinson e isquemia cerebral. Apesar da atual utilização na clínica, ainda existe um escasso

conhecimento sobre a interação de CTMs com o tecido nervoso e sobre a sua influência nas

células neuronais. O principal objetivo desse trabalho foi verificar o efeito do meio

condicionado pelas CTMs sobre fatias de tecido nervoso.

Métodos:

As CTMs foram obtidas de medula óssea e pulmão de ratos Wistar machos adultos e foram

cultivadas em H-DMEM 10% SFB, sendo utilizadas entre a 10ª e a 20ª passagens. As culturas

organotípicas foram obtidas a partir de hipocampos de ratos Wistar machos de 6-8 dias e

cultivadas sobre membranas específicas durante 14 dias em MEM com 25% de soro eqüino.

No 14° dia as membranas contendo o tecido foram colocadas sobre CTMs de pulmão ou

medula óssea em semi-confluência, assim como sobre outros tipos celulares (glioma U87,

carcinoma H647 e linhagem HEK293) usados como controles, ficando dessa forma em

contato com o meio condicionado, durante 24 horas, por estes tipos celulares. Foi testado

também o efeito da diluição (1:1) do meio condicionado em H-DMEM 10% e da fervura deste

meio por 30 minutos sobre a viabilidade das fatias de hipocampo. Vinte e quatro horas após o

contato, foi adicionado ao meio o corante fluorescente iodeto de propídeo (IP), um indicador

de morte celular. Esse foi incubado por 1h e a seguir as culturas foram fotografadas. Quando

necessário, a morte celular foi quantificada com o programa Scion Image e os dados

analisados por ANOVA de uma via seguida do teste de Tukey.

Resultados:

Os resultados obtidos mostraram que o contato das fatias hipocampais com o meio

condicionado pelas CTMs (medula óssea e pulmão) apresentou efeito tóxico para algumas

células do hipocampo (resultados expressos em % de morte no hipocampo: média+EP, n=3-9,

p<0,05; controle: 0,24+0,11; n=9; meio CTM medula óssea: 26,73+5,57, n=9 e meio CTM

52

pulmão: 33,68+2,96, n=9). Quando o meio condicionado pelas CTMs foi fervido (meio CTM

medula óssea: 7,31+1,93, n=6 e meio CTM pulmão: 0,79+0,31, n=3) ou diluído em H-

DMEM 10% na proporção 1:1 (meio CTM medula óssea: 5,35+2,18, n=9; meio CTM

pulmão: 9,83+2,45, n=3) observamos uma diminuição do efeito tóxico desse meio, sugerindo

que o fator tóxico secretado possa ser peptídico. O contato das fatias hipocampais com o meio

condicionado por outras linhagens celulares (glioma U87, carcinoma H647 e linhagem

Hek293) não induziu morte celular na intensidade da observada na presença de CTMs de

medula óssea e pulmão.

Conclusões:

Nossos resultados sugerem que, em nosso modelo, algum fator tóxico está sendo secretado

pelas CTMs e está induzindo morte celular nas células hipocampais. Esse fator parece ser

específico desse tipo celular e os resultados sugerem que seja de natureza peptídica, uma vez

que seu efeito é diminuído pela fervura. Sugerimos que mais estudos sobre a interação dessas

células com células nervosas sejam realizados, uma vez que as CTM de medula óssea humana

já estão sendo introduzidas em pacientes.

Apoio Financeiro: CNPq, Propesq/UFRGS.

53

R30 - EFEITO DE DIFERENTES SABORES SOBRE A NOCICEPÇÃO EM RATAS

OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS AO ESTRESSE CRÔNICO REPETIDO

Ana Paula Aguiar; Leonardo M. Crema; Luisa A. Diehl; Flávia Pederiva; Simone Assis;

Edelvan Nunes; Fernanda Fontella, Carla Dalmaz

Depto Bioquímica e PPG Neurociências, UFRGS

A exposição a eventos estressantes provoca alterações na resposta nociceptiva. Estudos

prévios do nosso laboratório demonstram que machos submetidos a estresse crônico repetido

apresentam hipernocicepção, não havendo efeito em fêmeas. Acredita-se que haja a

participação de hormônios gonadais nesse mecanismo. Além disso, há relatos na literatura de

que a exposição a diferentes sabores influencia a modulação de respostas nociceptivas.

Objetivos: verificar o possível efeito dos sabores doce e ácido sobre a nocicepção em ratas

ovariectomizadas com e sem reposição de estradiol. Métodos: foram utilizadas 80 ratas

Wistar adultas ovariectomizadas divididas em 2 grupos: recebendo implante subcutâneo de

estradiol ou de óleo de girassol (veículo). Posteriormente, 20 ratas de cada grupo foram

expostas ao estresse repetido por contenção durante 40 dias, 5 dias/semana, 1h/dia. Um dia

após a última sessão de estresse, as ratas foram habituadas a um novo tipo de alimento (froot-

loops) e ao aparelho de tail-flick. Um dia depois, realizou-se uma medida basal do limiar

nociceptivo no teste de latência de retirada da cauda, seguindo-se a exposição dos animais aos

sabores durante 4 min e repetiu-se o teste de latência. Resultados: uma ANOVA de medidas

repetidas mostrou efeito antinociceptivo do doce e do ácido, além de interação estradiol-doce

e ácido-estresse. Conclusão: o estradiol acentua o efeito antinociceptivo associado ao

estímulo gustativo doce, enquanto o estresse crônico repetido acentua o efeito antinociceptivo

associado ao estímulo gustativo ácido.

Apoio finaceiro: CNPq e CAPES.

54

R31 - A UTILIZAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA DIMINUI O CONSUMO DE

ALIMENTO DOCE SEM AFETAR O CONSUMO DE ALIMENTO SALGADO EM

RATOS MACHOS ALIMENTADOS.

Pettenuzzo, L.F.; Noschang, C.; Diehl, L.; Dalmaz, C.

Depto Bioquímica, UFRGS.

A cafeína é a droga psicoativa mais consumida no mundo ocidental; não é considerada uma

droga de abuso e os governos não têm imposto restrições ao seu uso. A obesidade por sua vez

está se tornando um problema de saúde pública, e a descoberta de meios eficazes para

controlar o interesse por certos alimentos, especialmente por doces, pode ajudar a diminuir

esse problema. Em animais, as metilxantinas, dependendo do estado fisiológico do animal,

podem produzir anorexia ou não apresentar efeito, além de se observar tolerância para alguns

de seus efeitos. Por outro lado, a exposição a determinados modelos de estresse crônico

aumenta o consumo de alimento doce em ratos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi

verificar o efeito da administração crônica de cafeína sobre o comportamento alimentar de

ratos machos estressados repetidamente. Para isto os animais foram estressados por contenção

por 1 hora/dia, 5 dias/semana durante 40 dias, e/ou receberam solução de cafeína (0,3 g/L) na

água de beber durante 40 dias. Após o tratamento os animais foram submetidos às tarefas para

avaliar o comportamento alimentar. Durante a realização das tarefas os animais continuaram

sendo estressados e/ou recebendo a solução de cafeína. O presente estudo verificou que a

administração crônica de cafeína diminui o consumo de doces (Froot Loops®) , mas não afeta

o consumo de salgado (Cheetos®), tanto em ratos controles quanto em ratos estressados,

quando esses animais estavam alimentados, não alterando o padrão de consumo durante a

restrição alimentar. Além disso, o efeito encontrado parece ser mais pronunciado em ratos

estressados. Com isso concluímos que, uma vez que a cafeína não afeta o consumo de ração

padrão ou de salgado, apenas de alimento doce e apenas quando os animais encontram-se

saciados, os efeitos observados podem estar relacionados com o impacto hedônico inerente ao

consumo deste tipo de alimento. Além disso, tendo em vista o fato da cafeína apresentar

efeitos ansiogênicos na dosagem estudada, os efeitos sobre o consumo de alimento doce

provavelmente não estão relacionados a esse aspecto das ações da cafeína.

Apoio: CNPq

55

R32 - EFEITOS DA DIETA HIPERLIPÍDICA COM E SEM AQUECIMENTO SOBRE

O DANO OXIDATIVO AO ADN PERIFÉRICO E EM TECIDO NEURAL. Leticia C.

Ribeiro**, Adriano M. Assis**, Juliana K. Rocha*,Patrícia Nardin**, Ana C. Andreazza**,

Carlos-Alberto Gonçalves, Marcos L. S. Perry, Carmem Gottfried. PPGs de Neurociências e

de Bioquímica - ICBS, UFRGS, Porto Alegre, RS.

A dieta hiperlipídica apresenta um grande potencial de produção de produtos avançados de

glicação (PAGs), e quando passa por processos de aquecimento, potencializa ainda mais a

geração de PAGs. Esse processo de geração de PAGs, implica em um aumento do estresse

oxidativo. Portanto, a alimentação é um dos fatores que influenciam na taxa de estresse

oxidativo, e, conseqüentemente no dano oxidativo resultante, que pode afetar lipídeos,

proteínas e ADN. Além disso, estudos sugerem que tanto os PAGs quanto o estresse oxidativo

estão envolvidos no dano neuronal e possivelmente na geração de patologias

neurodegenerativas. Objetivo: Verificar os efeitos de uma dieta com 60% de lipídios e desta

mesma dieta quando submetida a aquecimento sobre dano oxidativo ao ADN periférico, e em

estruturas cerebrais a fim de verificar o quanto esta dieta pode levar a um dano neuronal.

Métodos: Foram utilizados 15 ratos Wistar, machos, provenientes do biotério do

Departamento de Bioquímica/UFRGS, que foram divididos em três grupos: 1, ratos controle

que recebiam a ração padrão de laboratório contendo 5% de lipídeos (Nuvilab – CR1,

proveniente de Nuvital, Curitiba, Brasil); 2, ratos que receberam a dieta hiperlipídica (59% de

banha de porco e 1% de óleo de soja); e grupo 3, que receberam a mesma dieta hiperlipídica

do grupo 2 entretanto com aquecimento (130oC/30 min). Na dieta hiperlipídica que foi

submetida ao aquecimento, a mistura vitamínica foi adicionada após o aquecimento. Os

animais foram submetidos às dietas a partir dos dois meses de idade e continuaram com a

dieta até completarem seis meses de idade. Para avaliar os danos recentes ao ADN foi

utilizado o Ensaio Cometa em sangue total e em homogenizados de hipocampo e estriado. Os

danos permanentes ao ADN foram analisados através do Teste de Micronúcleos somente em

sangue total. Resultados: Os danos periféricos (sangue total) recentes ao ADN mostraram-se

aumentados no grupo 2 (53 ± 2,6) e no grupo 3 (106 ± 4,5) quando comparados com o grupo

1 (12 ± 2,1). O mesmo perfil de dano recente ao ADN foi verificado no hipocampo (16 ±

1,98, 49 ± 2,01 e 93 ± 4,77; grupos 1, 2 e 3 respectivamente); já no estriado, os grupos 2 e 3

mostraram aumento (35 ± 2,6 e 32 ± 4,5) quando comparados com o grupo 1 ( 16 ± 2,1).

56

Quanto aos danos permanentes ao ADN somente o grupo 3 (12 ± 2,78) mostrou freqüência

de dano significativamente aumentada em relação ao grupo 1 (3 ± 1,2). Conclusões: Com

estes resultados podemos observar que a dieta hiperlipídica tanto aquecida ou não podem

elevar os danos recentes ao ADN, porém somente a dieta hiperlipídica aquecida pode deixar

danos permanentes ao ADN mostrando um provável envolvimento dos PAGs. Os resultados

obtidos sugerem o aprofundamento dos estudos sobre danos neuronais deste e de outros tipos

de dietas, decorrentes de PAGs.

CNPq, PRONEX, FAPERGS, CAPES.

57

R33 - PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE HIPOCAMPAL NA

EVOCAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS1Engelke, D. S.; 2Alvares, L. O.; 1Lang, L. F.; 2Genro, B. P.; 2Diehl, F.; 2Camboim, C.;1Teixeira, R.S.; 1Bohn, N.R.; 1,2Quillfeldt, J. A. (1) LPBNC, Depto. de Biofísica, IB/UFRGS;

(2) P.P.G. Neurociências, ICBS/UFRGS.

Os receptores CB1 estão expressos em grande quantidade em todo o encéfalo, especialmente

em regiões relacionadas com o aprendizado e memória, como o hipocampo, a amígdala e o

córtex entorrinal. Estudos anteriores realizados em nosso laboratório demonstraram um

importante papel do sistema canabinóide endógeno hipocampal na consolidação da memória,

com um efeito amnésico pós-treino. Nesse trabalho investigamos os efeitos pré-teste do

antagonista AM251 seletivo para o receptor canabinóide CB1 e do agonista endógeno

anandamida (ANA), o que avalia seu papel na evocação da memória. Ratos Wistar canulados

bilateralmente no hipocampo dorsal foram treinados na tarefa da esquiva inibitória (choque de

0,5mA por 3s) e testados 24 horas depois; 15min antes do teste recebiam 0,5ul (em cada

cânula), ou de AM251 (5,5ng/lado), ou de ANA (50µg/lado), ou de seu veículo (DMSO 8%

em TFS). O grupo que AM251 diferiu do grupo controle (P=0,019, teste de Mann-Withney),

mas não houve efeito da ANA (p=0,539, teste de Mann-Withney); todos os grupos

aprenderam a tarefa (p<0,05, teste de Wilcoxon). Assim, a administração intrahipocampal de

AM251 facilitou a evocação da memória, enquanto que a ANA não teve efeito (possivelmente

devido à sua meia-vida curta, sua inespecificidade, ou, ainda, a sua concentração muito acima

da fisiológica). O efeito da AM251 demonstra que o sistema canabinóide endógeno participa

(negativamente) do processo de evocação da memória, uma vez que sua interrupção foi

facilitatória.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, Propesq/UFRGS, IFS (Suécia).

58

R34 - BACLOFEN EM DOSE SUBEFETIVA REVERTE EFEITO AMNÉSICO DE

MT3 QUANDO INFUNDIDO CONCOMITANTEMENTE NO HIPOCAMPO

DORSAL APÓS O TREINO NA TAREFA ESQUIVA INIBITÓRIA EM RATOS.

Bohn, N.R.*; Lanziotti, V.**; Diehl, F.**; Alvares, L.**; Oliveira, L.F.**; Camboim, C.**;

Genro, B.**; Henriques, T.P.*; Quillfeldt, J.A. e Souza, T.M. - LPBNC, Depto. Biofísica,

IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.

Objetivo: Trabalhos anteriores de nosso grupo demonstraram um efeito amnésico do

antagonista colinérgico muscarínico seletivo ao receptor M4, MT3, com infusão intra-

hipocampal após o treino. O objetivo deste trabalho é investigar uma possível interação entre

o sistema GABAérgico e o sistema colinérgico muscarínico através da infusão intra-

hipocampal concomitante de MT3 e de um agonista GABA B (Baclofen).

Métodos: 61 ratos Wistar machos de 250 a 350g foram canulados bilateralmente no

hipocampo dorsal. Após a recuperação da cirurgia, foram treinados na tarefa de esquiva

inibitória, com choque de 0,5 mA (3 s). Imediatamente após o treino, receberam uma infusão

bilateral de 1 ul de Baclofen (0,125 ug/lado), MT3 (2 ug/lado), MT3+Baclofen (mesmas

doses) ou veículo (tampão fosfato salino, grupo controle). 24 horas após, os animais foram

testados. O tempo de permanência dos ratos na plataforma na sessão de teste foi tomado como

índice de memória.

Resultados: Houve diferença entre os grupos (P=0,020, ANOVA de Kruskal-Wallis), onde

apenas os animais infundidos com MT3 (9[19;60], N=19, sempre mediana [IQ25;IQ75])

tiveram pior desempenho que o grupo controle (30,75[52,5;180], N=16) (“post hoc” de Dunn,

p<0,05).

Conclusão: Portanto, a administração intra-hipocampal pós-treino de Baclofen (dose

subefetiva) reverteu o efeito amnésico da MT3, o que nos faz sugerir a existência de uma

importante interação entre os sistemas colinérgico muscarínico e GABAérgico no hipocampo,

através da modulação dos receptores M4 sobre os interneurônios GABAérgicos.

Apoio financeiro: CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS, CAPES, IFS.

59

R35 - INVESTIGAÇÃO DO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA NA

LINHAGEM DE GLIOMA U138-MG.

Maier, M. R*.; Gerhardt, D.**; Horn, A. P.**; Frozza, R.L.**; Zamin, L. L.**; Simão, F.**;

Salbego , C. G. ; Bioquímica - ICBS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Objetivo: Os tumores cerebrais são a terceira causa mais freqüente de morte relacionada ao

câncer em adultos, levando a uma média de sobrevivência inferior a 12 meses. Neste estudo

utilizamos a boldina, um alcalóide do Boldo (Peumus boldus) que vem recebendo atenção

devido as suas aplicações como antioxidante além do seu uso como colerético. O objetivo

deste trabalho foi avaliar o efeito da boldina sobre a proliferação da linhagem de glioma

humano U138-MG. Métodos e Resultados: As células da linhagem de gliomas U138-MG

foram cultivadas em meio DMEM acrescido de 10% de soro fetal bovino e mantidas a 37°C

em atmosfera contendo 5% CO2. Estas células foram semeadas em placas de 24 poços e

tratadas com boldina por 72h, nas concentrações de 1, 10, 50, 80, 100, 250 e 500 µM, com

trocas do meio contendo a droga duas vezes ao dia. O número de células, analisado pela

contagem em câmara de Neubauer, foi significativamente menor nas doses (µM,

%controle+EP, n=6, p<0,01): 80 (33,5+9,7), 100 (32,4+11,1), 250 (35,8+8,7) e 500

(30,6+14,1). Observamos um resultado semelhante na análise das células aderidas pelo

método da Sulforrodamina B (µM, %controle+EP, n=6, p<0,05): 80 (39,2+3,2), 100

(61,4+11,5), 250 (60,3+8,5) e 500 (47,8+9,3). As técnicas de análise da viabilidade celular

(redução do MTT e marcação com o corante Iodeto de Propídeo) sugerem que a boldina não

induziu a morte celular em nenhuma das doses testadas. A análise morfológica das culturas

após 72h de tratamento mostra um visível aumento no núcleo das células tratadas com o

alcalóide. Conclusões: A ausência de marcação com IP assim como de alterações

significativas na redução do MTT, juntamente com o menor número de células observadas

nas doses de boldina acima de 80µM e as alterações nucleares observadas, sugerem uma

possível ação citostática desse alcalóide, provavelmente agindo via inibição da proliferação

celular nessa linhagem de gliomas humanos.

Apoio Financeiro: PROPESQ, FAPERGS ,CNPq, CAPES

60

R36 - AÇÃO NEUROTÓXICA E NEUROPROTETORA DE DIFENIL

DISSELENETO EM MODELO DE FATIAS HIPOCAMPAIS DE RATOS JOVENS

EXPOSTAS A METAIS1Posser, T**.; 1,2Franco, J.L**.; 1Santos, D.A.*; 1Rigon, A.P.**; 2Dafré, A.L.; 1Farina, M.;3Alvarez-Silva, M.; 4Rocha, J.B.; 1Leal, R.B.

Deptos 1Bioquímica, 2Ciências Fisiológicas, 3Biologia Celular, Embriologia e

Genética/CCB/UFSC – Florianópolis, SC; 4Depto Química/CCNE/UFSM – Santa Maria, RS.

Cádmio (Cd2+) e metilmercúrio (MeHg) são poluentes ambientais que representam um grave

problema de saúde pública. O zinco (Zn2+) é um metal endógeno e pode ser liberado nas

sinapses (especialmente hipocampais) em grandes concentrações podendo exercer ações

associadas a neuroplasticidade e neuroproteção, mas sendo também neurotóxico em certas

situações patológicas como isquemia. No período inicial de desenvolvimento pós-natal o

sistema nervoso central (SNC) é bastante suscetível à ação de agentes neurotóxicos que

podem alterar o desenvolvimento e causarem danos cognitivos e alterações comportamentais

irreversíveis. A utilização de agentes antioxidantes pode ser uma alternativa importante no

tratamento da intoxicação por metais, justificando a busca de novos compostos para

minimizar os danos causados pela intoxicação por metais no SNC. Neste estudo foi analisado

o efeito do composto orgânico de selênio, difenil disseleneto, sobre a viabilidade celular de

fatias hipocampais expostas a diferentes metais. Neste sentido, fatias hipocampais de ratos de

14 dias foram incubadas com MeHg (30µM), Cd2+ (100µM) ou Zn2+ (30-100µM) por 2 horas,

na presença ou ausência de difenil disseleneto (1-100µM). A viabilidade celular foi avaliada

pelo teste do MTT. O difenil disseleneto isoladamente não alterou a viabilidade celular. O

MeHg diminuiu 30% a viabilidade celular e o difenil disseleneto (100µM) reverteu totalmente

este efeito. Zn2+ e Cd2+ (100µM) diminuíram a viabilidade das fatias em 22% e 25%,

respectivamente. Entretanto, na presença de difenil disseleneto a neurotoxicidade destes

metais foi aumentada, sendo observada uma diminuição de 40% na viabilidade das fatias. O

tratamento com Zn2+ 30µM não alterou a viabilidade celular, entretanto, na presença de

difenil disseleneto (100µM) houve uma queda de 30% na viabilidade das fatias. Desta forma,

nossos resultados demonstram que o difenil disseleneto pode proteger ou potencializar a

61

toxicidade dependendo do metal, apontando para diferentes mecanismos de interação com os

metais.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPESC, UFSC e ISN

62

R37 - EFEITO NEUROPROTETOR DO DIFENIL DISSELENETO EM INSULTO

COM H2O2: POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO1Posser, T.;** 1,2Franco, J.L.**; 1Santos, D.A.*; 2Dafré, A.L.; 1Farina, M.; 3Alvarez-Silva,

M.; 4Rocha, J.B.; 1Leal, R.B.1Depto Bioquímica, 2Depto Ciências Fisiológicas, 3Depto Biologia Celular, Embriologia e

Genética, CCB, UFSC – Florianópolis, SC; 4Depto Química, CCNE, UFSM – Santa Maria,

RS

O aumento na produção de H2O2 pela célula está envolvido na patogênese de doenças

neurodegenerativas. Desta forma, a pesquisa de compostos com ação antioxidante para

potencial utilização terapêutica torna-se necessária. Compostos orgânicos de selênio, entre

eles o difenil disseleneto têm sido sintetizados por serem excelentes nucleófilos e atuarem

como antioxidantes. Neste estudo foi avaliado o possível efeito protetor do difenil disseleneto

frente ao insulto com H2O2 em fatias hipocampais de ratos adultos, bem como os possíveis

mecanismos de ação envolvidos no efeito do composto. Fatias hipocampais de ratos adultos

foram incubadas por 1 hora com 2 mM de H2O2 na presença ou ausência de difenil

disseleneto (0,1-10 µM), glutationa (GSH), GSH-monoetil éster e ditiotreitol (DTT). Foram

avaliadas a viabilidade celular (através da medida de redução do MTT), lipoperoxidação

(TBARS), conteúdo de GSH, tióis protéicos (PSH) e atividade de glutationa peroxidase (GPx)

após os diferentes tratamentos. Os resultados mostraram que os níveis de GSH, PSH e

atividade GPx das fatias não sofreram alteração pelo tratamento com difenil disseleneto. O

tratamento com H2O2 diminuiu em 30% a viabilidade celular e aumentou em 50% os níveis de

TBARS, efeito este revertido pelo difenil disseleneto (10µM). Quando as fatias foram

incubadas na presença de GSH e DTT, observou-se um aumento na proteção mediada pelo

difenil disseleneto, inclusive em concentrações menores do que observado na ausência destes

tióis. Entretando, a pré-incubação com GSH-monoetil éster, que causou aumento nos níveis

intracelulares de GSH, não alterou a atividade protetora do difenil disseleneto. Este estudo

demonstra uma ação neuroprotetora do difenil disseleneto em um modelo de insulto agudo

com H2O2 em fatias hipocampais e sugere que o composto esteja atuando de forma

extracelular.

Suporte financeiro: CNPq, CAPES, FAPESC, UFSC e International Society fo

Neurochemistry

63

R38 - AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA MARCHA DO RATO APÓS ESTIMULAÇÃO

ELÉTRICA DO MÚSCULO GASTROCNÊMIO DESNERVADO1,2TIAGO SOUZA DOS SANTOS*, 2,3EDISON SANFELICE ANDRÉ1Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional de Blumenau - Blumenau,

SC. 2Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional de Blumenau –

orientador. 3Laboratório de Fisioterapia Neurológica Experimental – LFNE

A reconhecida reciprocidade de interações existente entre o nervo periférico e o tecido por ele

inervado fomenta a busca por modelos experimentais na tentativa de conjugar conhecimentos

sobre regeneração nervosa e o desenvolvimento de estratégias que promovam a recuperação

do segmento corporal afetado. Objetivos: neste contexto, realizamos um trabalho com intuito

de avaliar algumas das características funcionais da marcha do rato após a estimulação

elétrica (EE) do músculo gastrocnêmio desnervado. Métodos: os animais (n=30) foram

divididos aleatoriamente em três grupos de dez animais – 5 no grupo experimental e 5 no

grupo controle. Foram submetidos ao mesmo protocolo de estimulação, sendo que no GC o

aparelho estava desligado. Os três grupos diferiram entre si somente quanto ao momento em

que o protocolo foi aplicado: no grupo 1 (G1), do 1° ao 7° dia; no grupo 2 (G2), do 8° ao 14°

dia e no grupo 3 (G3), do 15° ao 21° dia. Resultados: os resultados analisados pela ANOVA

apontaram que a EE provocou efeitos deletérios à regeneração do nervo ciático do rato,

observados nas comparações feitas no G2 e no G3, sendo que nos dois casos os animais que

receberam a EE apresentaram IFC inferior aos controles. Pela avaliação isolada dos tempos de

estimulação de cada um dos grupos experimentais foi possível observar que os animais que

receberam EE mais cedo (GE1) apresentaram resultados mais satisfatórios. Conclusões: a EE

sob o protocolo adotado, retardou a regeneração do nervo ciático, provavelmente por

interferência direta sobre os mecanismos bioquímicos envolvidos com a regeneração axonal

do nervo ciático.

Palavras-chave: Lesão do nervo ciático. Estimulação elétrica. Regeneração nervosa.

Avaliação funcional.

64

R39 - RESTRIÇÃO SENSÓRIO-MOTORA PÓS-NATAL CAUSA DÉFICITS

FUNCIONAIS EM RATOS JOVENS

Simone Marcuzzo**, Jocemar Ilha**, Patrícia S. do Nascimento**, Lisiane Osório*, Pedro

Kalil-Gaspar**, Rafaela Araujo**, Matilde Achaval. PPG Neurociências, Depto. de Ciências

Morfológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

Introdução: A restrição sensório-motora em ratos no período pós-natal precoce é uma

estratégia de interferência no desenvolvimento motor e tem sido utilizada como um modelo de

desuso na paralisia cerebral em humanos.

Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar os efeitos da restrição sensório-motora pós-

natal no desempenho motor de ratos jovens.

Material e métodos: Os filhotes (ratos Wistar) tiveram seus membros posteriores contidos

em posição estendida do P2 ao P28 durante 16 h/dia (grupo restrição sensório-motora – RS; n

= 6); o grupo controle (GC) consistiu de filhotes não-manipulados (n = 6). O peso, habilidade

motora e marcha foram avaliados durante 3 semanas seguintes após a restrição sensório-

motora. Os testes funcionais consistiram em grid runway (GR; pista feita de malha de arame

contendo fendas de 1,5 cm) e análise das pegadas (footprint analysis - FA; patas posteriores

foram manchadas com tinta e os animais caminharam em uma pista de 100 cm coberta com

papel). A média do número de erros ao atravessar o GR foi comparada entre os grupos. A

análise do FA foi baseada nas medidas do comprimento da passada e na base de apoio. A

marcha foi filmada e observada qualitativamente por 2 examinadores. Os dados foram

comparadas pela ANOVA de uma via e teste post hoc LSD. O nível de significância foi

estabelecido em p < 0,05.

Resultados: O RS mostrou menor taxa de crescimento (23%, 13%, 14%) que o GC,

respectivamente, nas 3 semanas. No GR, os erros do RS (media + e.p.m.; 2,09 + 0,15; 2,05 +

0,34; 0,77 + 0,14) foram maiores que o GC (0,41 + 0,16; 0,55 + 0,16; 0,16 + 0,11;

respectivamente para a 1ª, 2ª e 3ª semanas). Diferença estatisticamente significativa foi

encontrada entre o GC e RS na 1ª e 2ª semanas (p < 0,001). No FA, as médias do

comprimento da passada do RS (8,08 + 0,21; 10,80 + 0,23) foram mais baixas que o GC (9,90

+ 0,44; 11,79 + 0,03) na 1ª e 3ª semanas, respectivamente. Diferença estatisticamente

significativa foi encontrada entre GC e RS na 1ª (p < 0,001) e na 3ª semanas (p < 0,05). Na 2ª

semana, a média do comprimento da passada no RS foi maior que no GC (11,05 + 0,16; 10,07

65

+ 0,27, respectivamente; p < 0,05). As medidas da base de apoio somente mostraram

diferença estatisticamente significativa na 2ª semana (3,65 + 0,12 e 3,15 + 0,1,

respectivamente para GC e RS; p < 0,05). Nos animais RS a análise da marcha mostrou

padrões anormais, incluindo redução da amplitude de movimento das articulações do joelho e

do tornozelo, quadris elevados e flexão compensatória da coluna vertebral caudal.

Conclusões: Esses resultados mostram que apesar de a restrição sensório-motora prejudicar o

ganho de peso e as habilidades motoras, o padrão anormal de marcha diminui durante as 3

semanas de observação, nas quais os animais não estavam sendo submetidos à restrição, no

entanto, sem atingir os valores obtidos pelo grupo controle. Isto sugere que a restrição

sensório-motora é um componente importante para o modelo de paralisia cerebral em ratos.

Esse trabalho foi financiado pelo CNPq e CAPES.

66

R40 - ESTUDO DA DENSIDADE DE ESPINHOS DENDRÍTICOS NAS REGIÕES

CA1 HIPOCAMPAL E PÓSTERO-DORSAL DA AMÍGDALA MEDIAL DURANTE A

FORMAÇÃO DA MEMÓRIA.

Janaína Brusco*, Alberto Rasia-Filho, Cyntia Alencar Fin. Departamento de Ciências

Fisiológicas, FFFCMPA, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Objetivos: Acredita-se que alterações no número de contatos sinápticos são fundamentais

para a formação da memória e que os espinhos dendríticos constituam o sítio da memória de

longa duração. Em CA1, durante o período de tardio de consolidação da memória de esquiva

inibitória (entre 3h e 6h após o treino), ocorrem picos de atividade de cascatas bioquímicas

dependentes da PKA e MAPK; aumento da fosforilação, e conseqüente ativação, das

proteínas CREB nuclear e mitocondrial; aumento da expressão de c-fos; síntese de mRNA;

síntese protéica; participação das proteínas NCAM. A amígdala medial (AMe) está envolvida

com a expressão de alguns tipos de memória e pode ter um papel modulatório na formação da

memória de esquiva inibitória. A sua região póstero-dorsal (AMePD) estabelece conexões que

podem colocá-la em condição direta para modular o circuito trissináptico hipocampal. O

objetivo deste estudo foi determinar a densidade de espinhos dendríticos nas regiões CA1

hipocampal e AMePD de ratos, 6h pós-treino na tarefa da esquiva inibitória.

Métodos: Ratos Wistar machos, entre 2 e 3 meses de idade foram divididos em 3 grupos (n=6

por grupo): treinado, submetidos à uma sessão de treino em esquiva inibitória (choque

0,6mA); choque, submetidos a um choque elétrico nas patas por 2s (0,6mA); e controle, não

submetidos a nenhum tratamento comportamental. Seis horas após o tratamento

comportamental, os animais foram anestesiados, perfundidos por via transcardíaca e tiveram

seus encéfalos removidos para a realização da técnica de impregnação de Golgi e posterior

análise histológica de 8 ramos dendríticos/animal.

Resultados: A densidade de espinhos dendríticos (número de espinhos/�m de ramo

estudado) foi submetida ao teste da análise hierárquica da variância, no qual não houve

diferença significativa entre os grupos nas duas regiões estudadas (F=0,578, p=0,573 para a

AMePD, e F= 0,718, p= 0,504 para a região CA1 hipocampal.

Conclusões: Estes resultados demonstram que no tempo de 6h pós-treino em esquiva

inibitória não houve alteração na densidade de espinhos dendríticos nas regiões estudadas.

Estudos realizados por Marcuzzo e colaboradores (2006) em ratos submetidos a diferentes

67

situações de estresse contenção, demonstraram que após 1h de estresse agudo houve uma

redução no número de espinhos dendríticos na AMePD, quando comparados aos grupos

controle, submetido a um estresse de 6h, e submetidos a um estresse crônico por 28 dias,

indicando que alterações nos espinhos dendríticos podem ser temporárias. Novos estudos

estão sendo realizados em nosso laboratório com o intuito de verificar se há alteração na

densidade de espinhos, 1h pós-treino, e se a morfologia dos espinhos é modificada durante a

formação da memória.

Apoio Financeiro: FFFCMPA e CNPq

68

R41 - EFEITO DA AMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA AGUDA E CRÔNICA DO

ÁCIDO GLUTÁRICO SOBRE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM

CÉREBRO DE RATOS

Amaral AU*, Latini A, Ferreira GC**, Schuck PF**, Scussiato K**, Leipnitz G**, Solano

A**, Wajner M.

Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Departamento de Bioquímica, ICBS,

Universidade Federal de Rio Grande do Sul; Hospital de Clínicas, Serviço de Genética

Médica, Porto Alegre – RS, Brasil.

OBJETIVOS A acidemia glutárica tipo I (AGI) é um erro inato do metabolismo

caracterizado bioquimicamente pela deficiência da atividade da enzima glutaril-CoA

desidrogenase, levando ao acúmulo tecidual principalmente de ácido glutárico (AG) e, em

menores concentrações, de ácido 3-hidroxiglutárico. Os pacientes afetados apresentam

sintomas neurológicos severos cuja fisiopatologia ainda não está completamente definida.

Portanto, o objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito da administração subcutânea

aguda e crônica do AG sobre vários parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral,

cérebro médio e cerebelo de ratos Wistar.

MÉTODOS Para o tratamento agudo, as concentrações cerebrais de AG, similares às

encontradas em pacientes AGI, foram induzidas mediante a administração de três injeções

subcutâneas de AG (5 µmol/g peso) em ratos de 22 dias de vida. Para o tratamento crônico, os

animais foram tratados do 5º ao 22º dia de vida com três injeções diárias de AG na mesma

dose utilizada no tratamento agudo. Em ambos os tratamentos, os animais controles

receberam solução salina. Os animais submetidos ao tratamento agudo foram sacrificados 1

hora após a última injeção de AG, e os submetidos ao tratamento crônico, 12 horas após a

última injeção. Os parâmetros analisados foram quimiluminescência, substâncias reativas ao

ácido tiobarbitúrico (TBA-RS), reatividade antioxidante total (TAR), níveis de glutationa

(GSH), e as atividades da catalase e glutationa peroxidase (GPx).

RESULTADOS Observamos que os valores de TAR e a atividade da GPx se encontraram

significativamente diminuídos, enquanto que as concentrações de TBA-RS aumentaram

significativamente no cérebro médio de ratos tratados cronicamente com o AG. Por outro

69

lado, as concentrações de GSH, a quimiluminescência e a atividade da catalase não foram

modificadas. Resultados similares foram observados na administração aguda de AG.

CONCLUSÃO Esses dados indicam uma alteração no equilíbrio entre as defesas

antioxidantes e o dano oxidativo, particularmente no cérebro médio, sugerindo que o estresse

oxidativo pode estar envolvido na toxicidade do AG.

Apoio financeiro: CNPq, PROPESq/UFRGS, FAPERGS/PRONEX.

70

R42 - INDUÇÃO DE ESTRESSE OXIDATIVO PELO ÁCIDO 3-HIDROXI-3-METIL-

GLUTÁRICO EM CÓRTEX CEREBRAL DE RATOS JOVENS.

Bianca Seminotti*, Guilhian Leipnitz**, Manuela Borges Dalcin*, Karina Scussiato*, Karina

Borges Dalcin**, Alexandre Solano*, Alexandra Latini**, Carolina Viegas*, Ângela T. S.

Wyse, Clóvis M. D. Wannmacher, Carlos S. Dutra-Filho, Moacir Wajner.

Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Departamento de Bioquímica, Instituto de

Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS.

Objetivos: A acidúria 3-hidroxi-3-metilglutárica (HMGA) é uma doença hereditária

neurometabólica causada pela deficiência da atividade da enzima 3-hidroxi-3-metilglutaril-

CoA liase presente na rota de degradação da leucina. Bioquimicamente a HMGA é

caracterizada pelo acúmulo predominante de ácido 3-hidroxi-3-metil-glutárico (HMG), bem

como dos ácidos 3-metilglutacônico, 3-metil-glutárico, 3-hidroxiisovalérico e 3-

metilcrotônico, nos tecidos e líquidos biológicos dos pacientes afetados. Os indivíduos

acometidos pela HMGA apresentam principalmente uma severa disfunção neurológica cuja

etiologia é desconhecida. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito

in vitro do HMG (0,1-5 mM) sobre parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral de

ratos jovens para tentar esclarecer o dano neurológico característico desta doença.

Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos de 30 dias, os quais foram sacrificados, o

córtex cerebral dissecado e homogeneizado em tampão fosfato de sódio 20 mM contendo 140

mM de KCl, pH 7,4. O homogeneizado foi incubado durante 1 hora na ausência (grupo

controle) ou na presença do metabólito e, após a incubação, alíquotas foram retiradas para a

avaliação dos seguintes parâmetros de estresse oxidativo: medida dos níveis de substâncias

reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA-RS), potencial antioxidante total (TRAP), reatividade

antioxidante total (TAR), medida das concentrações de glutationa reduzida (GSH), oxidação

da diclorofluoresceína reduzida (DCFH) e formação de carbonilas. Também foi verificado o

efeito do metabólito sobre a medida de grupos tióis totais em membranas mitocondriais de

córtex cerebral de ratos.

Resultados: Nossos resultados demonstraram que o HMG aumentou significativamente os

níveis de TBA-RS, além de diminuir significativamente as concentrações de GSH, o TRAP e

a TAR. Também foi observado um aumento na formação de carbonilas pelo HMG.

71

Finalmente verificamos que o metabólito não alterou a oxidação do DCFH e a medida de

grupamentos tióis.

Conclusões: O presente trabalho demonstra que o HMG alterou as defesas antioxidantes não-

enzimáticas, além de induzir peroxidação lipídica e causar dano protéico. Esses achados

indicam que o estresse oxidativo induzido pelo HMG pode estar envolvido, ao menos em

parte, com o dano neurológico presente nos pacientes portadores da HMGA.

(Suporte financeiro: CNPq, FAPERGS, PRONEX, PROPESQ/UFRGS).

72

R43 - AGONISTAS DO RECEPTOR 5-HT1B, CÓRTEX PRÉ-FRONTAL E

COMPORTAMENTO AGRESSIVO MATERNAL APÓS PROVOCAÇÃO SOCIAL.

Veiga, C. P.1, Miczek, K. A.2, Lucion, A. B.1, Almeida, R. M. M. 3

1Laboratório de Neuroendocrinologia do Comportamento, UFRGS, Porto Alegre, Rio

Grande do Sul, BR, 2Tufts University, Boston, USA,3Universidade do Vale do Rio dos Sinos,

São Leopoldo, RS, BR.

Objetivos: A serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT) é um dos neurotransmissores que possui

um papel importante na neurobiologia do comportamento agressivo. Os receptores 5-HT1B

estão envolvidos em funções comportamentais e emocionais. Recentemente, no córtex pré-

frontal, mais especificamente na região orbitofrontal, foi verificada uma importante inibição

do comportamento agressivo. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos de 2 agonistas dos

receptores 5-HT1B, o CP-94,253 e o CP-93,129, microinjentados no córtex pré-frontal: na

região orbitofrontal, sobre o comportamento agressivo (elementos ofensivo e defensivo) de

ratas Wistar submetidas à provocação social.

Métodos e Resultados: O agonista dos receptores 5-HT1B, o CP-94,253 foi microinjetado nas

doses de 0,56 (n=8) e 1,0 µg/0,2µl (n=8). O grupo controle consistiu de Dimetilsulfóxido

(DMSO) 5% juntamente com 5% de Tween 80 diluídos em água destilada. (n=8). O outro

agonista dos receptores 5-HT1B, o CP-93,129 foi microinjetado na dose de 1,0 µg/0,2µl (n=9)

e o grupo controle consistiu de solução salina (n=8). Os resultados mostraram que o CP-

93,129 diminuiu significativamente a freqüência dos comportamentos agressivos de: ataque

lateral, postura agressiva e dominar (2,8 ± 1,1; 0,9 ± 0,6 e 0,1 ± 0,1), quando comparado com

o grupo controle (12,0 ± 2,5; 6,1 ± 1,8 e 4,6 ± 1,2), ou seja, teve efeito somente sobre o

elemento ofensivo do comportamento agressivo das fêmeas estudadas e não alterou os

elementos motores.

Conclusão: O CP-93,129, um agonista com maior especificidade para os receptores 5-HT1B

tem um efeito inibitório sobre o comportamento ofensivo, quando microinjetado no córtex

pré-frontal, na região orbitofrontal de ratas submetidas à provocação social.

Apoio Financeiro: Financiamento: UNISINOS, TUFTS UNIVERSITY e CAPES.

73

R44 - TERAPIA CELULAR PROMOVE MIGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE

CÉLULAS-TRONCO ADULTAS NA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL E DIMINUIÇÃO

DE CRISES CONVULSIVAS EM MODELO ANIMAL DE EPILEPSIA

Samuel Greggio1*, Zaquer Suzana Munhoz Costa2**, Affonso Santos Vitola1*,

Fernanda de Borba Cunha1*, Christian Viezzer1*, Jeremiah Mistrello Lubianca1*,

Denise Cantarelli Machado1**, Ricardo Ribeiro dos Santos3**, Jaderson Costa da Costa1**

1Laboratório de Neurociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre/RS, 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS e 3Laboratório de

Engenharia Tecidual, Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz – FIOCRUZ, Salvador/BA.

Introdução e objetivos: dos indivíduos com epilepsia do lobo temporal, 1/3 possuem

refratariedade aos fármacos anticonvulsivantes vigentes. Estudos recentes têm demonstrado

migração e diferenciação de células-tronco da medula óssea (CTMO) no tecido nervoso

central em animais e humanos, sugerindo uma alternativa terapêutica para estes pacientes.

Assim, objetivou-se verificar migração e diferenciação de CTMO na formação hipocampal de

ratos epilépticos pelo modelo lítio-pilocarpina, assim como o efeito na freqüência de crises

convulsivas recorrentes. Materiais e Métodos: 38 ratos Wistar machos (250-300g) receberam

LiCl (127mg/kg i.p.), e 24 horas depois estes foram administrados com metilescopolamina

(1mg/kg i.p.) e hidrocloreto de pilocarpina (60mg/kg i.p.). Somente os animais que

apresentaram status epilepticus e atingiram grau 5 da escala de Racine constituíram o grupo

experimental. Após terem permanecido por 1 hora neste estado de mal epiléptico, as crises

convulsivas foram abortadas com diazepam (10mg/kg i.p.). Depois da fase de latência (15

dias), os animais foram monitorados por VHS durante 1 semana, tendo o comportamento

registrado 12 horas/dia. Passado esta fase experimental, 18 animais foram transplantados com

CTMO GFP+ (107/200µL) pela veia caudal. As respectivas células foram obtidas a partir da

medula de ossos longos (úmero, fêmur e tíbia) de camundongos C57BL6/EGFP. Em

contrapartida, os animais controle receberam 200µL de salina (e.v.). Novamente, realizou-se

vídeo monitoramento por mais 14 dias nos animais xenotransplantados e controle. O método

de análise foi a contagem do número de crises epilépticas recorrentes (CER) por dois

observadores “cegos” ao sistema. Somente as manifestações epileptiformes de grau ≥ 3 foram

consideradas, conforme a escala mencionada. Os dados foram analisados pelo teste T pareado,

onde um valor de p < 0,05 indicava diferença estatisticamente significativa. Após 45 dias do

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respectivo transplante, aplicou-se técnicas de imunofluorescência em cortes coronais

encefálicos de 8 animais epilépticos. As secções (10µm) foram analisadas com anticorpos

específicos para células GFP+ (GFP), núcleos celular (DAPI) e neuronal (NeuN), células

precursoras neurais (Nestina), migração e diferenciação neuronal (DCX), astrócitos (GFAP) e

microglia (CD11b). As imagens foram obtidas em microscopia óptica e confocal, e analisadas

no programa Image-Pro Plus versão 6.0. Resultados: houve redução significativa do número

médio de CER diárias nos animais epilépticos e transplantados (p < 0,0001). Células

provenientes do doador (GFP+) foram identificadas na formação hipocampal dos animais

epilépticos e xenotransplantados. Além disto, tais células expressaram também fenótipo

neuronal (imaturas e maduras), glial e de células precursoras neurais. Conclusão: os dados

indicam que CTMO possuem potencial terapêutico para o tratamento das epilepsias de difícil

controle. Apoio: CAPES, CNPq, FUNPAR, PUCRS e UFRGS.

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R45 - PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA VANILÓIDE NA CONSOLIDAÇÃO DA

MEMÓRIA NA TAREFA DE ESQUIVA INIBITÓRIA.

Genro, B.P.**; Alvares, L.**; Diehl, F.**; Camboim, C.**; Bohn, N. R. *; Teixeira, R. S.*;Engelke, D.S.*, e Quillfeldt, J.A. LPBNC, Depto. Biofísica, IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.

Objetivos: Os receptores vanilóides (TRPV1 ou VR1), clonados em 1997, são canais

catiônicos permeáveis a Na+ e principalmente a Ca2+, podendo ser ativado por capsaicina (o

componente que confere a ardência característica das pimentas), baixo pH, altas temperaturas

e alguns ligantes endógenos, que podem ativar tanto os receptores canabinóides CB1, como os

receptores vanilóides VR1. Embora a maioria da atenção tenha sido, ao longo dos anos,

direcionada para os neurônios sensoriais das vias da dor como os principais sítios de ação da

capsaicina, há um número crescente de evidências que apontam que essa substância atua

diretamente também em diversas regiões encefálicas, inclusive relacionadas com aprendizado

e memória. O objetivo deste trabalho é verificar os efeitos da administração

intracerebroventricular (ICV) e no hipocampo (HPC) de capsaicina e capsazepina

(respectivamente, agonista e antagonista dos receptores VR1), ambos sobre a consolidação da

memória na Esquiva Inibitória (EI).

Métodos: Quatro grupos de ratos Wistar machos foram treinados na tarefa de EI (com choque

de 0,5 ou 0,6 mA durante 3 segundos) e testados 24 horas depois. O tempo de latência para

descida da plataforma foi utilizado como medida de retenção da memória. Imediatamente

após o treino, (1) um grupo recebeu uma infusão ICV de capsazepina na dose de 200 ou

2000µM ou seu veículo (DMSO/TFS), e (2) outro grupo recebeu 20, 200 ou 2000µM no HPC

ou DMSO. Ou ainda, (3) capsaicina 100 µM ICV ou DMSO e (4) outro grupo 10, 100 e 1000

µM no HPC ou seu veículo.

Resultados: Não foi encontrada diferença significativa entre as latências dos testes entre

nenhuma das doses, tanto de capsaicina quanto de capsazepina, injetados no hipocampo ou

ventrículo lateral.

Conclusões: Os resultados encontrados até agora não demonstraram nenhum efeito dos

agentes vanilóides sobre a consolidação da memória da tarefa de esquiva inibitória. Tanto

com a capsazepina (antagonista vanilóide) testada em 3 diferentes doses no HPC e 2 em ICV ,

quanto com a capsaicina (agonista vanilóide) , também testada em 3 doses no HPC e em uma

dose em ICV não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos controle e

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tratado. Os experimentos estão em uma primeira fase não se mostrando ainda conclusivos. Os

fármacos testados podem não apresentar efeitos devido às concentrações testadas, já que não

há experimentos de comportamento realizado com nenhum destes administrados diretamente

no encéfalo.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.

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R46 - MEMÓRIA DECLARATIVA E CORTISOL SALIVAR EM CUIDADORES

IDOSOS DE PACIENTES COM DEMÊNCIA – DADOS PRELIMINARES.1**Palma, K.A.X.A., 1**Balardin, J. B., 1* Vedana, G., 1Argimon, I.I.L., 1Schröder, N.,1Bromberg, E. 1Laboratório de Biologia e Desenvolvimento do Sistema Nervoso, Biociências,

PUCRS, ** PPG em Gerontologia Biomédica, PUCRS, 2Faculdade de Psicologia, PUCRS.

Objetivos: Verificar o efeito do estresse decorrente da função de cuidar sobre a memória

declarativa e sobre o ritmo circadiano de cortisol de idosos cuidadores de pacientes com

demência. Métodos e Resultados: Idosos cuidadores de pacientes com demência (grupo I,

n=7) e idosos não cuidadores (controles, grupoII, n=11), com mais de 60 anos, foram

submetidos ao teste de vocabulário da Escala Wechsler de Inteligência para Adultos, à Escala

de Depressão Geriátrica (GDS) e ao Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Critérios de

exclusão: déficits sensoriais, alterações neurológicas e medicação que comprometessem os

resultados dos testes de memória, quadros demenciais e depressão. A memória declarativa foi

avaliada usando-se uma história neutra, composta de 11 slides com uma narração. Na fase de

treino, os sujeitos assistiram à história. No teste, 24 horas após o treino, os sujeitos

responderam um questionário de múltipla escolha sobre a história. Amostras de cortisol

salivar, coletadas pelos próprios sujeitos às 8hs, 16hs e 22hs do dia do treino foram analisadas

por radioimunoensaio. O projeto foi aprovado pelo CEP-PUCRS (n°877-04). Os resultados

foram submetidos aoTeste T para amostras independentes e dependentes (no caso da

avaliação circadiana do cortisol). P≤0,05 indicou diferença significativa. Os resultados são

expressos como média + EP. A média de respostas corretas no teste de memória declarativa

do grupo I foi estatisticamente menor (44,72+5,34) do que a do grupo II (57,25+3,06). Foram

observados decréscimos nos níveis de cortisol ao longo do dia em ambos os grupos, sendo as

concentrações médias (nMol/L) do grupo I 17, 64+1,53 às 8hs, 8,85+0,75 às 16hs e 7,13+0,91

às 22hs; e do grupo II 20,47+ 1,38 às 8hs, 11,14+0,99 às 16hs e 6,85+1,14 às 22hs.

Entretanto, as médias das 16hs (8,85+0,75) e das 22h (7,13+0,91) do grupo I não diferiram

estatisticamente. Conclusões: Observamos que os idosos cuidadores apresentaram déficit de

memória declarativa e alterações no ritmo circadiano de cortisol, um hormônio secretado em

resposta ao estresse e capaz de modular negativamente diversos aspectos cognitivos quando

em níveis cronicamente elevados. Apoio Financeiro: PUCRS, FAPERGS, CAPES.

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R47 - AVALIAÇÃO DO EFEITO ANSIOLÍTICO DE UMA FRAÇÃO DE

FLAVONÓIDES PURIFICADA DE PASSIFLORA ALATA CURTIS

(PASSIFLORACEAE)

Gustavo Provensi1**, Raquel Fenner1**, Fernanda Costa1*, Everton Morais1*, Cristina

Wasowski2, Grace Gosman1, Mariel Marder2, Stela M. K. Rates1. 1Programa de Pós-

Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto

Alegre - Brasil). 2Insituto de Química y Fisicoquimica Biológicas, Facultad de Farmacia y

Bioquimica, Universidad de Buenos Aires (Buenos Aires - Argentina).

Introdução e Objetivo: Espécies do gênero Passiflora são utilizadas, tradicionalmente, como

calmante. Diversos estudos demonstraram atividade central para espécies deste gênero.

Extratos hidroetanólicos e aquosos de P. alata, espécie oficial da Farmacopéia Brasileira,

apresentam efeito ansiolítico, em ratos (Reginato et al. Phytoter. Res. 20 (5): 348 - 51).

Contudo, a identidade dos constituintes ativos no gênero ainda é controversa. Nesse trabalho,

avaliamos o perfil psicofarmacológico de uma fração enriquecida em flavonóides (FLA)

purificada do extrato aquoso de P. alata. Também foi realizada uma avaliação inicial da

ligação de FLA sobre o complexo receptor GABAA-benzodiazepínico.

Métodos: As folhas de P. alata foram extraídas por refluxo (1:10 m/v, 1h) e FLA foi

purificada do extrato usando-se cromatografia de exclusão molecular. FLA (300 mg/kg) foi

administrada oralmente a camundongos (CF1, machos), por gavagem, e avaliada em modelos

animais clássicos de ansiedade e sedação (labirinto em cruz elevado, hole board, tempo de

sono barbitúrico e open field). No intuito de estudar o mecanismo de ação desta fração foram

realizados ensaios de deslocamento de radioligação em membranas sinaptossomais de córtex

cerebral murino, usando os radioligantes [3H]-flunitrazepam 0.6 nM (FLA 100, 300, 450

µg/mL e vitexina e isovitexina 100 e 300 µg/mL) ou [3H]-TBOB 0.8 nM, em presença de

GABA 0.3 µM (FLA 10 – 500 µg/mL).

Resultados: O tratamento com FLA aumentou os percentuais de entradas (SAL=20±10,

n=12; FLA=35±9, n=7; p<0,001) e de tempo de permanência (SAL=24±12, n=12;

FLA=40±13, n=7; p<0,001) nos braços abertos e diminuiu os percentuais de entradas

79

(SAL=79,6±10,4, n=12; FLA=64,7±9,3, n=7; p<0,001) e de tempo de permanência nos

braços fechados (SAL=75±12, n=12; FLA=60±13,4, n=7; p<0,001) do labirinto em cruz

elevado e também aumentou a duração do sono barbitúrico (SAL=30±16, n=12;

FLA=105±66, n=12; p<0,001). Não houve mudanças na atividade locomotora e no

comportamento dos animais no teste de hole board. FLA e os flavonóides vitexina e

isovitexina, presentes nessa fração, não foram capazes de deslocar a ligação de [3H]-

flunitrazepam em membranas sinaptossomais de córtex de ratos em concentrações até 300

�M. Porém, FLA deslocou a ligação de [3H]-TBOB (CI50=181,65 �g/mL) de forma análoga

ao diazepam (CI50=278,8 �M).

Conclusões: A fração de flavonóides (FLA) de P.alata apresentou efeito ansiolítico e

hipnótico, mas não efeito sedativo, na dose testada. Os dados obtidos nos ensaios in vitro

sugerem que os flavonóides são moduladores alostéricos do canal GABAA, através de ligação

a sítios não benzodiazepínicos no complexo receptor.

80

R48 - EFEITO COMPORTAMENTAL E MORFOLÓGICO DA HIPÓXIA-

ISQUEMIA NEONATAL E DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL EM RATOS NA

ADOLESCÊNCIA E NA VIDA ADULTA1Atahualpa Cauê Paim Strapasson*, 1Lenir Orlandi Pereira**, 2Patrícia Machado Nabinger

*, 1Anderson Padilha da Rocha*, 1Carlos Alexandre Netto1Departamento de Bioquímica – UFRGS; 2Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas

de Porto Alegre.

Objetivo: O modelo de hipóxia-isquemia (HI) neonatal vem, freqüentemente, sido estudado

enfocando-se os prejuízos cognitivos na vida adulta. Resultados prévios do nosso grupo de

pesquisa corroboram este resultado e ainda, relacionam o déficit de memória com a atrofia do

hipocampo, também resultante do evento hipóxico-isquêmico. O objetivo deste trabalho é

investigar a memória de trabalho no período da adolescência e avaliar a morfologia do

estriado, na vida adulta, em animais submetidos à HI neonatal e ao enriquecimento ambiental

(EA).

Métodos: Foram utilizados ratos Wistar, machos e fêmeas, divididos nos grupos: Controle,

ambiente padrão (CTAP, n=20); Controle, ambiente enriquecido (CTEA, n=21); HIAP (n=17)

e HIEA (n=19). N menor foi utilizado para a análise morfológica (dados ainda em análise).

Aos sete dias de vida, os neonatos foram submetidos à cirurgia de isquemia, com oclusão

permanente da artéria carótida comum direita. Após 150 min, sofreram exposição a ambiente

hipóxico (8%-O2; 92%-N2) por 90 min. Do 8º ao 30º dia pós-natal, as ninhadas foram

mantidas em gaiolas com diferentes níveis contendo brinquedos e objetos utilizados na

experiência enriquecedora. Após este período de estimulação, os animais foram testados no

labirinto aquático de Morris - LAM (4 sessões/dia por 4 dias consecutivos para a memória de

trabalho). Aos 3 meses de idade, os animais foram sacrificados e os encéfalos foram

preparados para a avaliação da extensão da lesão estriatal. Cortes ao nível de Bregma 1.2mm

(figura 13, Atlas Paxinos) foram utilizados, nos quais a área do estriado foi mensurada.

Resultados: A ANOVA de duas vias seguida do teste de Duncan demonstrou a presença de

maiores latências nos grupos HIAP (46.5±3.2; 44±3.2 e 42.6±3.2) e HIAE (40.4±3.2; 40.9±4

e 37.5±3.4) em relação aos grupos CTAP (18.5±2.4; 14.3±2.3 e 12±2) e CTAE (23.8±2.3;

18.7±2.1 e 19±2.5) na segunda, terceira e quarta sessão do LAM no período da adolescência,

respectivamente. O enriquecimento ambiental não resultou em diferenças significativas na

81

memória dos animais neste período. A análise estatística também indicou efeito da HI sobre a

morfologia do estriado. O grupo HIAP (2.2±0.4mm2) apresentou atrofia desta estrutura,

ipsilateral à oclusão arterial, quando comparado com o grupo CTAP (10.7±0.6 mm2). O EA,

por sua vez, resultou em reversão desta atrofia, sendo a média das áreas dos estriados do

grupo HIAE (8.1±0.9 mm2) significativamente maior que aquela encontrada no grupo HIAP e

de dimensões semelhantes às dos grupos CT.

Conclusões: A HI resultou em déficit na memória de trabalho em ratos adolescentes e atrofia

estriatal; o EA, por sua vez, foi neuroprotetor sobre a extensão da lesão tecidual no estriado,

sem causar efeito sobre a memória.

Apoio Financeiro: CNPq.

82

R49 - ESTUDO COMPORTAMENTAL DE RATOS ADOLESCENTES

SUBMETIDOS À HIPÓXIA-ISQUEMIA NEONATAL MANTIDOS EM AMBIENTE

ENRIQUECIDO2Patrícia Machado Nabinger*, 1Lenir Orlandi Pereira**, 1Atahualpa Cauê Paim

Strapasson*, 1Anderson Padilha da Rocha*, 1Carlos Alexandre Netto1Departamento de Bioquímica – UFRGS; 2Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas

de Porto Alegre.

Objetivo: Estudos prévios indicam que a hipóxia-isquemia (HI) neonatal resulta em déficits

de memória na idade adulta e que a estimulação por enriquecimento ambiental (EA) reverte

este quadro. O presente estudo objetiva investigar as conseqüências da HI encefálica neonatal

sobre a memória de reconhecimento de objetos e espacial de ratos adolescentes e verificar se

estas conseqüências são modificadas pelo EA.

Métodos: Foram utilizados ratos Wistar, machos e fêmeas, divididos nos grupos: Controle,

ambiente padrão (CTAP, n=20); Controle, ambiente enriquecido (CTAE, n=21); HIAP (n=17)

e HIAE (n=19). Aos sete dias de vida, os neonatos foram submetidos à cirurgia de isquemia,

com oclusão permanente da artéria carótida comum direita. Após 150 min, sofreram

exposição a ambiente hipóxico (8%-O2; 92%-N2) por 90 min. Do 8º ao 30º dia pós-natal, as

ninhadas foram mantidas em gaiolas com diferentes níveis contendo brinquedos e objetos

utilizados na experiência enriquecedora. No dia seguinte, foi realizada a avaliação

comportamental através de teste de reconhecimento de objetos. Neste, os animais foram

expostos à livre exploração de dois objetos de diferentes tamanhos e texturas por 5 min,

seguido por um intervalo de mesmo período, depois do qual um dos objetos foi trocado; os

animais foram então expostos a eles por mais 5 min. Para avaliar a memória de

reconhecimento, na 2ª exposição foi calculada a porcentagem de tempo de exploração do

objeto novo sobre o tempo total de exploração. Na sequência, os animais foram submetidos ao

protocolo de avaliação da memória de referência no labirinto aquático de Morris (LAM): 10

dias de treino com 4 tentativas/dia. A memória de referência é apresentada como médias das

latências para encontrar uma plataforma submersa no LAM em blocos de dois dias. Uma

ANOVA de duas vias seguida do teste de Duncan foi utilizada na análise estatística.

Resultados: A HI causou prejuízo na memória de reconhecimento de objetos, tendo o grupo

HIAP menor índice de exploração do objeto novo (49,6±8,6), em comparação com o grupo

83

CTAP (79,7±6,8). Observou-se também um aumento do tempo de exploração do objeto novo

no grupo HIAE (83,7±6,8), em comparação com o grupo HIAP. O grupo HIAE foi

estatisticamente igual ao grupo CTAP. Na avaliação da memória de referência, encontrou-se

prejuízo pela HI nos blocos 1, 2, 3, 4 e 5, tendo os grupos HIAP e HIAE médias

estatisticamente maiores que os grupos CTAP e CTAE. O fator enriquecimento ambiental não

resultou em diferenças significativas no LAM. Diferença significativa para p<0,05.

Conclusões: A HI resultou em prejuízo na memória de reconhecimento de objetos e na

memória espacial de referência no período da adolescência. A estimulação pelo ambiente

enriquecido, por sua vez, reverteu o déficit cognitivo apenas na memória de reconhecimento

de objetos.

Apoio Financeiro: CNPq.

84

R50 - O ÁCIDO CIS-4-DECENÓICO INDUZ ESTRESSE OXIDATIVO EM CÓRTEX

CEREBRAL DE RATOS JOVENS.

Schuck, P.F.**, Ferreira, G.C.**, Ceolato, P.C.*, Tonin, A.*, Leipnitz, G.**, Latini, A.,

Wajner, M. Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Departamento de Bioquímica,

ICBS, UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

Objetivos: A deficiência da desigrogenase de acil-CoA de cadeia média (MCAD) é um

defeito da oxidação de ácidos graxos em que há acúmulo de ácidos graxos de cadeia média,

principlamente dos ácidos octanóico, decanóico e cis-4-decenóico (cDA) no sangue e em

outros tecidos dos pacientes afetados. Clinicamente, caracteriza-se por episódios de vômitos e

letargia após jejum, disfunção hepática, paralisia cerebral e retardo no crescimento e no

desenvolvimento psicomotor. O objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito do ácido

cis-4-decenóico, que é o metabólito patognomônico na deficiência da MCAD, sobre alguns

parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral de ratos jovens, na tentativa de um

melhor entendimento da fisiopatologia da doença.

Métodos e Resultados: Foi utilizado córtex cerebral de ratos Wistar machos de 30 dias de

vida. Os parâmetros avaliados foram substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA-RS),

glutationa reduzida (GSH) e reatividade antioxidante total do tecido (TAR) na presença do

cDA em concentrações variando de 0,1 a 1 mM. Observou-se que o cDA aumentou o TBA-

RS (66%), e diminui as defesas antioxidantes avaliadas pelo TAR (45%) e GSH (30%). Na

tentativa de reverter o efeito do cDA sobre o TBA, co-incubou-se o cDA com alguns

antioxidantes, tais como GSH (200 µM), L-NAME(500 µM), vitamina E (10µM) ou catalase

e superoxido dismutase (50 um . mL-1). Verificou-se que nenhum dos antioxidantes foi capaz

de prevenir o efeito do ácido.

Conclusão: O presente trabalhou demonstrou que o ácido cis-4-decenóico foi capaz de

induzir estresse oxidativo, aumentando a lipoperoxidação e diminuindo as defesas

antioxidantes não-enzimáticas em córtex cerebral de ratos. Tais achados podem estar

relacionados, ao menos em parte, ao dano neurológico apresentado pelos portadores da

deficiência da MCAD.

Apoio Financeiro: CNPq, PROPESQ/UFRGS, FAPERGS, PRONEX II.

85

R51 - OS ÁCIDOS GLUTÁRICO E 3-HIDROXIGLUTÁRICO ATUAM

SINERGICAMENTE INIBINDO O METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL

DE RATOS JOVENS.

Ferreira,G.C.**, Tonin, A..*, Ceolato,P.C.*, Schuck,P.F.**, Viegas, C.M.*, Wajner, M.

Departamento de Bioquímica,ICBS,UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

Objetivo: A acidemia glutárica tipo I (AG I) é uma doença causada pela deficiência da

enzima glutaril-CoA desidrogenase, em que há um aumento das concentrações de ácido

glutárico (AG), 3-hidróxiglutárico (3HG) e possivelmente do ácido quinolínico (AQ) nos

tecidos e fluidos biológicos dos pacientes. Os achados clínicos mais comuns nesses pacientes

são distonia e discinesia secundárias à degeneração estriatal, hipotonia e macrocefalia.

Considerando a possibilidade de uma ação conjunta desses metabólitos, o objetivo do presente

trabalho foi investigar um possível efeito sinérgico dos ácidos AQ, 3HG e AG nas

concentrações de 100 µM, 1mM e 5mM, respectivamente, sobre importantes parâmetros do

metabolismo energético em córtex cerebral de ratos Wistar de 30 dias de vida.

Métodos e Resultados: Foram investigadas a produção de 14CO2 a partir de D-[U-14C]

glicose, ácido [1-14C] acético ou ácido [1,5-14C] cítrico, as atividades dos complexos da

cadeia respiratória (I-IV) e das enzimas creatina quinase e sucinato desidrogenase. Quando

AG e 3HG foram testados simultaneamente, houve uma diminuição da produção de 14CO2 a

partir de glicose e inibição das atividades dos complexos I-III e II-III da cadeia respiratória e

da enzima creatina quinase. Porém, quando testados AG, 3HG e AQ isoladamente ou uma

combinação de AG e AQ ou 3HG e AQ, nenhuma alteração nestes parâmetros foi observada.

Conclusões: Esses resultados sugerem que AG e 3HG possam interferir de uma maneira

sinérgica sobre alguns parâmetros de metabolismo energético. Caso esses achados possam ser

extrapolados para a condição humana, tais resultados poderiam explicar, ao menos em parte, a

fisiopatologia do dano cerebral dos pacientes afetados pela AG I.

Apoio finaceiro: CNPq, PROPESq/UFRGS, FAPERGS, PRONEX.

86

R52 - AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO LIPÍDICO EM CÓRTEX CEREBRAL,

HIPOCAMPO E CEREBELO DE RATOS SUBMETIDOS AO MODELO

EXPERIMENTAL DE HIPERPROLINEMIA TIPO II.

**Luciene P. Vianna, *Tatiana Dourado Hoffmann, **Daniela Delwing, *Fábria Chiarani,

Angela T. S. Wyse, Vera M. T. Trindade (Dep. Bioquímica - ICBS - UFRGS, Porto Alegre)

A hiperprolinemia tipo II é um erro inato do metabolismo de aminoácidos causado pela

deficiência hepática da enzima �1–pirrolino-5-carboxilato-desidrogenase, que gera níveis

plasmáticos elevados de prolina, causando disfunções neurológicas. A doença caracteriza-se

por epilepsia e um grau variável de retardo mental. Gangliosídios, fosfolipídios e colesterol

são lipídios presentes em alta concentração na membrana plasmática das células neurais cuja

composição e integridade são essenciais para as atividades normais do Sistema Nervoso

Central (SNC). Objetivos: Este trabalho avaliou o efeito de um modelo experimental de

hiperprolinemia tipo II sobre o conteúdo de colesterol, gangliosídios e fosfolipídios em córtex

cerebral, hipocampo e cerebelo de ratos. Métodos: Ratos Wistar receberam uma injeção

subcutânea diária de prolina do sexto ao vigésimo oitavo dia de vida pós-natal com doses

variáveis conforme a idade e a massa corporal. Os ratos controle receberam volumes iguais de

salina. Os animais foram sacrificados 12 horas após o término do tratamento, as estruturas

cerebrais foram dissecadas, pesadas e homogeneizadas com clorofórmio-metanol. Alíquotas

dos extratos lipídicos foram usadas para a dosagem dos conteúdos de colesterol (Trinder),

gangliosídios (Resorcinol) e fosfolipídios (Fiske-Subbarow). Os dados foram avaliados

estatisticamente por teste t de Student. Resultados: Não foram detectadas diferenças no

conteúdo de colesterol em nenhuma das estruturas estudadas. Entretanto, o conteúdo de

gangliosídios foi maior em córtex e hipocampo nos ratos hiperprolinêmicos em relação aos

respectivos controles. O tratamento crônico também causou um aumento significativo de

fosfolipídios em hipocampo. Conclusões: Nossos resultados indicaram que o tratamento

crônico com prolina atua de forma distinta sobre os componentes de membrana de estruturas

diferentes do SNC. Os dados de córtex e hipocampo foram compatíveis com os da literatura,

que sugere um envolvimento dos gangliosídios na neurotransmissão excitatória, aumentada na

hiperprolinemia tipo II.

(BIC/PROPESQ-UFRGS, FAPERGS, CNPQ

87

R53 - PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE SOBRE A

CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA E INDUÇÃO DA LTP

Alvares, L.O.1,2, Genro, B.P.1,2, Da Costa, J.C.3, Quillfeldt, J.A1,2

1 LPBNC, Depto. de Biofísica, UFRGS; 2 Programa de Pós-Graduação em Neurociências,

ICBS, UFRGS; 3 Neurolab, IPB, PUCRS

Objetivo: a potenciação de longa duração (LTP) é um modelo clássico eletrofisiológico para

estudar a memória. Os receptores canabinóides CB1 estao presentes em altas concentraçoes

no encéfalo, especialmente no hipocampo, estrutura chave para a formação da memória e

extensivamente estudada sobre a LTP. Neste trabalho estudamos os efeitos da administração

intahipocampal do antagonista seletivo dos receptores CB1 AM251 e o agonista canabinóide

endógeno anandamida sobre a consolidação da memória (na tarefa da esquiva inibitória (IA))

e na indução da LTP em ratos.

Métodos: nos registros eletrofisiológicos registrava-se a amplitude (potencial de campo) das

respostas na regiao CA1 do hipocampo após uma estimulação tetânica (100Hz) sob o efeito

do AM251 (0.2uM) ou anandamida (28.8uM), ou de seu veículo (DMSO 8% em TFS). Na

IA, imediatamente após o treino, os animais eram infundidos bilateralmente no hipocampo

dorsal com AM251 (0.55 or 5.5 ng/side), anandamida (0.05, 0.5 or 1µg/side) ou seus veículos,

e testados 24h depois.

Resultados: nossos resultados comportamentais mostraram que o antagonista CB1 prejudicou

a formação da memória, enquanto o agonista anandamida nao diferiu dos animais controle. Os

estudos eletrofisiológicos mostraram o mesmo padrao de resultados, inibindo a indução da

LTP com o AM251 e a anandamida sendo inefetiva.

Conclusoes: esse trabalho demonstra a importância dos canabinóides endógenos (liberados

fisiologicamentes) sobre a formação da memória e indução da LTP. Pensamos que a

anandamida administrada exogenamente fique fora de uma “janela de concentração efetiva”,

daí, a ausência de efeito.

Apoio financeiro: CAPES, CNPq, FAPERGS.

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R54 - SECREÇÃO DE S100B É ESTIMULADA POR FLUOXETINA VIA

MECANISMO INDEPENDENTE DE SEROTONINA.

Francine Tramontina**, Ana Carolina Tramontina*, Daniela F Souza**, Marina C Leite**,

Lucia M V de Almeida**, Maria Cristina Barea Guerra*, Carmem Gottfried, Carlos-Alberto

Gonçalves. Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil.

Objetivos: S100B é uma proteína ligante de cálcio, produzida e secretada por astrócitos, que

possui uma atividade parácrina neurotrófica. Estudos clínicos sugerem que sua elevação

sérica é positivamente correlacionada com a resposta terapêutica antidepressiva observada

com o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina, por um mecanismo ainda

desconhecido. Neste trabalho nós medimos a secreção de S100B em culturas de astrócitos

hipocampais expostos a fluoxetina.

Métodos: Foram utilizadas culturas primárias de astrócitos hipocampais de ratos wistar

neonatos cultivadas com DMEM contendo 10% SFB em 5% CO2/95% ar a 37oC por 21 dias.

O meio celular foi substituído por DMEM sem soro com ou sem fluoxetina, NAN-190 e/ou

H89. O meio extracellular foi coletado em 1, 6 ou 24 h e a quantificação da secreção de

S100B foi realizada pela técnica de ELISA.

Resultados: Fluoxetina induziu um aumento transitório da S100B extracelular em 1 e 6

horas, nenhum efeito foi observado em 24h. Os efeitos da fluoxetina foram bloqueados por

H89 (inibidor de PKA) indicando que essa via está envolvida. Inexplicavelmente, serotonina

(50uM) induziu uma diminuição na secreção de S100B em 6 e 24h, NAN-190 (antagonista

específico de 5HT1A) bloqueou esse efeito. Nenhum efeito no conteúdo intracelular de S100B

ou GFAP foi observado.

Conclusões: Embora os efeitos da fluoxetina aparentemente dependam de AMPc, pode-se

especular que a serotonina possa agir através de ligação ao receptor acoplado negativamente a

adenilato ciclase. Apesar dessa hipótese ser compatível com o mecanismo de transdução de

sinal pelos receptores serotoninérgicos (particularmente 5HT-1), ela não está de acordo com

os dados atuais que consideram ser a secreção de S100B induzida por 5HT1A. Utilizamos,

pela primeira vez, de nosso conhecimento, serotonina para investigar secreção de S100B ao

invés de agonistas de serotonina. Porém, estudos adicionais são necessários para caracterizar

os receptores de serotonina em nossas condições de cultura. Os presentes dados são

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pertinentes com os efeitos da fluoxetina na liberação de S100B, que poderiam contribuir para

o aumento da neurogênese hipocampal, proposto como tendo um efeito antidepressivo.

Apoio Financeiro: CAPES, CNPq e FAPERGS.

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R55 - MODULAÇÃO DAS MAPKs NO SISTEMA VISUAL DE RATOS DURANTE O

DESENVOLVIMENTO

C.S. Oliveira**, A.P. Rigon**, R.B. Leal, F.M. Rossi

Laboratório de Neuroquímica-3, Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências

Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil

O sistema visual é um excelente modelo para estudar processos plásticos e de

desenvolvimento no Sistema Nervoso Central. Muitos fatores têm sido apontados como

importantes participantes da maturação do sistema visual, porém, as vias de sinalização

intracelular envolvidas permanecem pouco conhecidas. De particular interesse são as

proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPKs: ERK1/2, p38MAPK), uma família de

quinases implicadas em várias funções celulares, como proliferação, diferenciação, morte, e

processos plásticos associados ao desenvolvimento e memória. No sistema visual, foi

recentemente demonstrado que ERK1/2 tem um papel fundamental na plasticidade do córtex

visual e das projeções retino-talâmicas. No entanto, pouco se sabe sobre o papel de outras

MAPKs, como a p38MAPK. Além disso, a expressão e modulação de ambas MAPKs durante o

desenvolvimento não está bem caracterizada. O objetivo desse estudo é analisar a expressão

das formas ativadas de ERK1/2 e p38MAPK nas áreas visuais de ratos (retina; colículo superior;

córtex visual), durante diferentes pontos do desenvolvimento, do dia pós natal 0 ao 45 (P0-

P45), usando a técnica de western blot. Nossos resultados preliminares mostram que: 1) na

retina tem um pico da forma fosforilada de p38MAPK em P4, coincidindo com um pico de

morte programada das células ganglionares; 2) no colículo superior, a fosforilação de ambas

MAPKs aumenta entre p4 e P15, o que corresponde com o período de plasticidade retino-

colicular; 3) no córtex visual, a fosforilação de ERK1/2 aumenta de p15 (dia da abertura dos

olhos, sugerindo uma modulação pela atividade visual) até P45, em coincidência com o

período de plasticidade cortical. A correlação entre o tempo da ativação das MAPKs e os

períodos críticos para correta maturação do sistema visual sugerem um papel direto dessas

quinases em tais processos fisiológicos.

Apoio: CNPq, CAPES, FAPESC, UFSC and International Society for Neurochemistry.