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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ASSILON LINDOVAL CARNEIRO DE FREITAS REGULARIZAÇÃO DOS ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR DESTINADOS ÀS ESCOLAS PÚBLICAS DA 20ª CRES CRATO-CE DIANTE DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE SANITÁRIO FORTALEZA 2013

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Page 1: REGULARIZAÇÃO DOS ALIMENTOS DA AGRICULTURA …. Regulação dos... · de escolares, e por outro lado, pela criação de mercados para os produtos da agricultora familiar. Nessa

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

ASSILON LINDOVAL CARNEIRO DE FREITAS

REGULARIZAÇÃO DOS ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

DESTINADOS ÀS ESCOLAS PÚBLICAS DA 20ª CRES – CRATO-CE

DIANTE DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE SANITÁRIO

FORTALEZA

2013

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ASSILON LINDOVAL CARNEIRO DE FREITAS

REGULARIZAÇÃO DOS ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

DESTINADOS ÀS ESCOLAS PÚBLICAS DA 20ª CRES – CRATO-CE

DIANTE DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE SANITÁRIO

Orientadora:

Ângela Fátima de Lemos Duarte Mourão

FORTALEZA

2013

Monografia submetida à Escola de Saúde

Pública Ceará, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Especialista em

Vigilância Sanitária.

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ASSILON LINDOVAL CARNEIRO DE FREITAS

REGULARIZAÇÃO DOS ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

DESTINADOS ÀS ESCOLAS PÚBLICAS DA 20ª CRES – CRATO-CE,

DIANTE DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE SANITÁRIO.

Especialização em Vigilância Sanitária

Escola de Saúde Pública do Ceará

Aprovado em: 09/12/2013

Banca Examinadora

ÂNGELA FÁTIMA DE LEMOS DUARTE MOURÃO

Mestre

LARISSA PEREIRA AGUIAR

Mestre

JOCÉLIA MARIA DE OLIVEIRA

Mestre

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AGRADECIMENTOS

A Orientadora, Mc. Ângela Fátima de Lemos Duarte Mourão, pela paciência, dedicação e

valorosas contribuições em todas as etapas do trabalho.

A minha esposa Cassia e ao nosso filho Rafael, pela motivação, paciência e compreensão

pelos dias distantes.

Aos amigos e colegas pela força e incentivo.

Aos coordenadores, professores e colegas do Curso, pois juntos trilhamos uma importante

etapa de nossas vidas.

Aos profissionais de vigilância sanitária entrevistados, pela concessão de informações para a

realização deste estudo.

A todos, que de algum modo, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho.

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RESUMO

O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE aparece como potencial integrador de

políticas de educação alimentar e nutricional relacionada à saúde da população de escolares, e

por outro lado, pela criação de mercados para os produtos da agricultora familiar. Nessa

perspectiva, é que a garantia da qualidade sanitária dos alimentos implicam na adoção de

medidas preventivas e de controle em toda a cadeia produtiva, desde a sua origem até o

consumo dos alimentos nos estabelecimentos escolares. O presente trabalho enfatiza as

práticas da vigilância sanitária e sua interação com os demais órgãos de fiscalização em

relação à regularização dos alimentícios da agricultura familiar destinado à alimentação

escolar. Foram entrevistados os coordenadores de vigilância sanitária da área de estudo, onde

se buscou avaliar a nível municipal, como se dão os processos de fiscalização e regularização

dos produtos alimentícios perante as normas legais. Conclui-se que são muitas as limitações

enfrentadas pelas vigilâncias sanitárias municipais, que vão desde o número de servidores

insuficiente e com pouca qualificação, o desconhecimento das normas e diretrizes do

programa PNAE, até à realização de inspeções e liberação de produtos de origem animal cuja

responsabilidade não lhe são atribuídas conforme determina a legislação. Cabe salientar que a

simples regularidade de um empreendimento quanto às normas sanitárias não garante, por si

só, uma efetiva qualidade dos produtos.

Palavras-Chaves: Vigilância Sanitária, Alimentação, Regulamentação

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ABSTRACT

The National School Nutrition Program - PNAE appears as integrative potential of policies of

food and nutrition education related to the health of the population of school, and secondly,

the creation of markets for the products of the family farmer. In this perspective, is the

guarantee of sanitary quality of foods involve the adoption of preventive measures and control

the entire production chain, from its origin to the consumption of food in schools. This work

emphasizes the practices of health surveillance and its interaction with other supervisory

agencies regarding regularization of family farming food for the school feeding. Were

interviewed coordinators of the study area, where we sought to evaluate the municipal level,

as they give the processes of supervision and regulation of food products with the legal

standards were interviewed. That there are many constraints faced by municipal health

surveillance, ranging from the number of poor and low-skilled servers, ignorance of the rules

and guidelines of the program PNAE, to conducting inspections and release of products of

animal origin for which it is concluded responsibility you are not assigned as required by law.

It should be emphasized that the mere regularity of an enterprise as to sanitary standards does

not guarantee, by itself, an effective quality products.

Key Words: Health Surveillance, Food, Regulatory

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8

2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 11

2.1. Objetivo Geral ......................................................................................................... 11

2.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 11

3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 12

3.1. O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE ......................................... 12

3.2. O Programa de Aquisição de Alimentos – PAA ...................................................... 14

3.3. O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional .................................... 16

3.4. A Segurança Alimentar e Nutricional ...................................................................... 18

3.5. A Vigilância Sanitária e sua Interseção no Sistema Único de Saúde ...................... 20

3.6. Objetos da Vigilância Sanitária ............................................................................... 22

3.7. Especificidade do Trabalho da Vigilância Sanitária ............................................... 23

3.8. Normas Fiscais Sanitárias ........................................................................................ 26

3.9. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA .............................. 28

3.10. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA ............................................ 29

4. METODOLOGIA .................................................................................................. 31

4.1. Local de Estudo ....................................................................................................... 31

4.2. Tipo de Estudo ......................................................................................................... 31

4.3. Levantamento Bibliográfico .................................................................................... 31

4.4. Coleta de Dados ...................................................................................................... 32

4.5. Análise de Dados ..................................................................................................... 32

4.6. Aspectos Éticos ........................................................................................................ 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 33

5.1. Parte I: Perfil dos Setores de Vigilâncias Sanitárias ............................................... 33

5.2. Parte II: Atuação da Vigilância Sanitária sobre o PNAE no Município ................. 33

5.3. Parte III: Controle Sanitário ..................................................................................... 36

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38

7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 40

8. APÊNDICE ............................................................................................................. 44

ANEXO

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, nas últimas décadas, observa-se um fenômeno chamado “transição

nutricional”, caracterizado por um aumento dos índices de sobrepeso e de doenças crônicas

não transmissíveis, associados ainda a uma grande, mas declinante, prevalência de déficits

nutricionais. Somado a isso, na esfera da produção, fortalece-se um modelo produtivo que

dissemina práticas e disponibiliza tipos de alimentos intimamente ligados a esse quadro de

saúde e a degradação ambiental (TRICHES, 2010).

A alimentação desempenha um papel primordial durante todo o ciclo de vida dos

indivíduos. Entre as distintas fases da vida pode-se destacar, como exemplo, a idade escolar,

que se caracteriza por um período em que a criança apresenta um metabolismo muito mais

intenso quando comparado ao do adulto (DANELON. M.; DANELON; SILVA, 2006).

Para Danelon M., Danelon e Silva (2006), a escola desempenha um importante

papel na formação dos hábitos alimentares, vistos que é no ambiente escolar que uma grande

proporção de crianças e adolescentes permanece por um expressivo período de tempo

diariamente. Contudo, é fundamental que a escola propicie a abordagem dos conceitos

relativos aos hábitos alimentares saudáveis aos alunos, e que os programas de educação

nutricional devam ir além das atividades em sala de aula.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE) são duas importantes ações públicas que vêm promovendo, de

forma paradigmática, a reintegração dos componentes alimentar e nutricional no campo das

políticas públicas, vinculando as demandas de acesso a alimentos de qualidades às

necessidades de mercado para os produtos da agricultura familiar.

Em 16 de junho de 2009, foi sancionada pelo Presidente da República a Lei nº

11.947/09, que trata do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que define a

alimentação escolar como um direito humano e incorpora dimensões estratégicas para a

promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional dos escolares, valorização da

cultura alimentar e da produção local, inclusão da educação alimentar e nutricional no projeto

pedagógico da escola, promoção da saúde do escolar e fortalecimento da agricultura familiar

(BRASIL, 2009).

O PNEA é considerado o maior programa de alimentação em atividade no Brasil,

e estabelece que os Estados e Municípios devam priorizar á seleção dos alimentos que

compõem o cardápio do programa, conforme a vocação agrícola e agroindustrial da

localidade, com o propósito de incentivar o desenvolvimento local sustentável e apoiar

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projetos de aquisição de alimentos da agricultura familiar e de cooperativas de pequenos

produtores.

No Ceará, a Secretaria de Educação (SEDUC) adotou o modelo de gestão escolar,

segundo as diretrizes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE), que ocorre

desde 1999, e que atualmente, tem embasamento na Portaria GAB/SEDUC nº 0158/2010, e

tem como objetivo contribuir para a construção da Segurança Alimentar, nas escolas da rede

pública estadual do Ceará, promovendo a adoção de práticas alimentares saudáveis no

ambiente escolar. A SEDUC, por meio da Coordenação do Programa Nacional de

Alimentação (PNAE/CE) é responsável pelo atendimento das unidades escolares da rede

pública estadual, repassando os recursos às escolas, que realizam todo o processo de aquisição

de alimentos, por meio de processo lactário, de acordo com a legislação pertinente ao

programa. Essa forma de gestão fortalece a autonomia escolar, bem como democratiza a

participação da comunidade, representada pelos organismos colegiados, possibilitando o

controle social dos recursos aplicados (CEARÁ, 2012).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) aparece como potencial

integrador de políticas de educação alimentar e nutricional relacionada à saúde da população

de escolares, e por outro lado, pela criação de mercados para os produtos da agricultora

familiar. Nessa perspectiva, é que a garantia da qualidade sanitária dos alimentos implicam na

adoção de medidas preventivas e de controle em toda a cadeia produtiva, desde sua origem até

o consumo dos alimentos nos estabelecimentos escolares. Portanto, a manipulação seguindo

as boas práticas de higiene é essencial para redução dos riscos de doenças transmissíveis pelos

alimentos. (BRASIL, 2006).

As ações de vigilância sanitária abrangem objetos de grande diversidade, cada vez

mais ampliada à medida que se amplia a produção de bens, quer sejam destinados à satisfação

de necessidades fundamental ou supérflua. Outra característica é o compartilhamento de

competências com outros setores institucionais, o que amplia a complexidade e implica em

vigoroso esforço de construção da intersetorialidade, dado que as racionalidades de outros

setores não são idênticas às da saúde (COSTA, 2009).

Costa (2009), afirma que as atuações da vigilância sanitária são extremamente

complexas, pois o campo de sua atuação é fragmentado e sua ação protetora abarca não

apenas os cidadãos e consumidores, mas também os produtores. O consumidor tem garantia

da proteção á sua saúde, ao seu poder aquisitivo e o produtor tem a proteção e a credibilidade

do seu produto.

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Criada através da Lei nº 9.782/99, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (

ANVISA) dispõe sobre o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), tem por

finalidade regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à

saúde pública. Destacam-se ainda, dentre as principais atribuições da ANVISA, as

competências para estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as

diretrizes e as ações de vigilância sanitária e para aplicar as penalidades aos infratores da

legislação sanitária, sendo-lhe atribuída a Coordenação do Sistema Nacional de Vigilância

Sanitária (AITH, 2009).

Os produtos alimentícios, por exemplo, são regulamentados e inspecionados por

dois ministérios: o Ministério da Saúde – MS e o Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA). Cabe ao MAPA a regulamentação dos produtos de origem animal.

O Ministério da Saúde através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é

responsável pelo registro e/ou notificação dos estabelecimentos e seus respectivos produtos

(ISNP, 2011).

Esse projeto de pesquisa nasce em função da demanda de um segmento

constituído por pequenos produtores familiar rural que produzem alimentos de origem vegetal

e animal (orgânico ou não) além de produtos alimentícios destinados a merenda escolar,

produzidos com baixa sofisticação tecnológica ligada à cultura local. A transformação desses

produtos ocorre de forma artesanal e informal em pequenas instalações domésticas ou

pequenos empreendimentos em forma de cooperativas. Contudo, faz-se necessário o estudo

do tema, uma vez que discutirá o papel dos Órgãos competentes para a construção de políticas

públicas locais que possam fortalecer essa interface entre Produtores, Escolas e a Segurança

Alimentar.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Traçar o perfil da gestão dos alimentos da agricultura familiar destinados ao

PNAE na 20ª CRES, diante dos órgãos competentes.

2.2. Objetivos Específicos

• Identificar, no âmbito dos 13 municípios que compõem a 20ª CRES, quais os órgãos

fiscalizadores que participam da regulação dos alimentos da agricultura familiar

destinados ao PNAE;

• Descrever a execução dos órgãos de vigilância sanitária quanto ao exercício da

atividade de regularização sanitária no que se concerne aos empreendedores rurais,

fiscalização e certificação dos produtos destinados ao público escolar;

• Apontar qual instrumento legal é expedido pela VISA no ato da liberação do alimento

da Agricultura Familiar para o PNAE.

• Verificar o cumprimento do controle de qualidade conforme determina o Termo de

Compromisso da Resolução FNDE/CD nº 26/2013 (Anexo V), pelos órgãos de

fiscalização sanitária.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE

A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 208, Inciso VII, diz que o dever do

Estado com a educação será efetivado mediante a garantia que:

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), gerenciado pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC), é

referência mundial na área da alimentação escolar e atende alunos matriculados na educação

infantil e ensino fundamental das escolas públicas e escolas filantrópicas do país, tendo por

base a perspectiva do direito humano à alimentação (APOIO FOME ZERO, 2005).

Em 1954, surgiu no Brasil a campanha da merenda escolar, que atendia somente

as escolas do Nordeste. Esta política ganhou destaque e abrangência nacional, com a

alimentação escolar passando a ser um direito constitucional em 1988. E daí surgiu o PNAE,

um programa social do Governo Federal na área de educação mais antigo do país. A partir de

1994, o programa foi descentralizado e foi criado o Conselho Nacional de Alimentação

Escolar (CAE), um órgão deliberativo, fiscalizador e de assessoramento, que tem o papel de

acompanhar e monitorar a utilização dos recursos financeiros repassados pelo FNDE as

Entidades Executoras e zelar pela qualidade da alimentação escolar. Deste modo, estados e

municípios que são responsáveis pelo uso dos recursos e pela qualidade nutricional das

refeições. O gerenciamento do programa ficou desde 1997, a cargo do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é vinculado ao Ministério da Educação (APOIO

FOME ZERO, 2005).

O Brasil tem longa experiência na implantação de programas sociais voltados para

a questão alimentar e nutricional, como por exemplo, o Programa Nacional de Alimentação

Escolar (PNAE), formalizado em 1983, porém, cuja origem data do ano de 1954, o Programa

de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado em 1976 e o Programa Nacional de

Alimentação e Nutrição (PRONAN), de 1973, entre outros. Todavia a descontinuidade e

desarticulação entre os diversos programas descaracterizam esta experiência como política

pública coerente e sistemática (CUSTÓDIO et al., 2011).

[...] atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas

suplementares de material didático-escolar, transporte alimentação e assistência à

saúde (BRASIL, 1988).

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Em 16 de junho de 2009, foi sancionada pelo Presidente da República a Lei nº

11.947/09, que trata do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e que define a

alimentação escolar como um direito humano e incorpora dimensões estratégicas para a

promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional dos escolares, valorização da

cultura alimentar e da produção local, inclusão da educação alimentar e nutricional no projeto

pedagógico da escola, promoção da saúde de escolar e fortalecimento da agricultura familiar.

O PNAE beneficia mais de 12 milhões de escolares do ensino médio e de jovens e adultos, e

define a responsabilidade técnica a ser exercida pelo(a) nutricionista. O Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE) é o maior e mais antigo programa na área da alimentação e

nutrição do Brasil, tanto em recursos alocados como em número de indivíduos atendidos. É

considerado o maior programa de alimentação escolar do mundo, com cobertura universal e

que atende gratuitamente, todos os seus beneficiários (PEIXINHO et al., 2011).

O PNAE teve seu inicio ainda na década de 50. Desde então, passou por diversas

transformações e esteve vinculado a diferentes órgãos. Em 1979 a ser denominado Programa

Nacional de Alimentação Escolar. Desde 1988, a Constituição Federal garante o direito à

alimentação escolar a todos os alunos matriculados em creches, pré-escolas e escolas do

ensino fundamental das redes públicas federal, estadual, do Distrito Federal e municipais,

inclusive as escolas localizadas em áreas indígenas e em localidades remanescentes de

quilombolas, por meio de programa suplementar de alimentação escolar, a ser oferecida pelos

governos federal, estaduais e municipais, de acordo com a Lei nº 11.497/2009, também

intitulada Lei da Alimentação Escolar. O objetivo do PNAE é contribuir para o crescimento e

o desenvolvimento biopsicossocial, para a aprendizagem, rendimento escolar e formação de

práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e

nutricionais e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o

período letivo (PEIXINHO et al., 2011).

A Lei nº 11.947/2009, pode se constituir num marco na história da alimentação

escolar no Brasil, desde logo, por conferir densidade institucional a um programa que, embora

antigo, carecia de definições em termos de diretrizes e obrigações dos gestores e entes

federativos envolvidos. O PNAE pode ser incluído entre os chamados “programas basilares”

do futuro Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional previsto na Lei nº

11.346/2006. Este qualificativo se deve ao fato de ser este um programa em área-chave que,

ademais, extrapola seus objetivos primeiros e estruturas específicas (BRASIL, 2009).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) teve, até 2008, a média de

aproximadamente 35 milhões de refeições diárias oferecidas, gratuitamente, nas escolas

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públicas em todo o país para as crianças de 0 a 14 anos, do Ensino Fundamental, incluindo

creches e pré-escolas. Com a inclusão, em 2009, dos alunos do Ensino Médio e do Programa

de Educação de Jovens e Adultos, eleva-se a estimativa para 47 milhões de refeições diárias.

Em 2009, o orçamento da União para a ação prevê gastos de R$ 2 bilhões (US$ 1,17 bilhão)

(PEIXINHO et al., 2011).

Desse modo, iniciado com a distribuição de leite em pó e de farinhas

enriquecidas, apoiado em instituições de auxilio internacional, o Programa de Merenda

transformou-se ao longo de sua trajetória, no Programa Nacional de Alimentação Escolar

(PNAE), sustentado e coordenado pelo Governo Federal e executado pelos governos

Estaduais e Municipais. O programa cresceu, diversificou-se e firmou-se como um dos

maiores, mais abrangentes e efetivos programas de distribuição de alimentos (SOBRAL e

COSTA, 2008).

3.2. O Programa de Aquisição de Alimentos - PAA

Criado em 2003, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma ação do

Governo Federal para colaborar com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao

mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar. Para isso, o programa utiliza mecanismos de

comercialização que favorecem a aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de

suas organizações, estimulando os processos de agregação de valor à produção. Criado no

âmbito do Programa Fome Zero, pelo art.19 da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003,

recentemente alterada pela Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011, e regulamentada pelo

Decreto nº 7.775, de 4 de julho de 2012, possui duas finalidades básicas: promover o acesso à

alimentação e incentivar a agricultura familiar. Contribui ainda para a constituição de

estoques públicos de alimentos produzidos por agricultores familiares e para a formação de

estoques pelas organizações da agricultura familiar. Promove o abastecimento alimentar por

meio de compras governamentais de alimentos; fortalece circuitos locais e regionais de redes

de comercialização; valoriza a biodiversidade e a produção orgânica e agroecológica de

alimentos; incentiva hábitos alimentares saudáveis e estimula o cooperativismo e o

associativismo (SAF, 2013).

O PAA conta com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate

à Fome (MDS) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), sendo executado em

parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), estados e municípios. Ele

prevê a compra governamental de produtos alimentares, diretamente de agricultores

familiares, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais. O programa

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tem dois grandes objetivos: apoiar a comercialização agropecuária dos agricultores familiares,

estimulando a produção de alimentos; facilitar o acesso a esses alimentos pelas famílias em

situação de insegurança alimentar. Trata-se de juntar os produtores agrícolas e os

consumidores. Os alimentos adquiridos de associações de agricultores familiares, com apoio

operacional de governos estaduais, municipais e da CONAB, seguem, como doação, para

abastecimento da rede de proteção e promoção social e para os equipamentos públicos de

alimentação e nutrição tais como restaurantes populares, bancos de alimentos e cozinhas

comunitárias, bem como para a rede pública de ensino e para a composição de cestas de

alimentos distribuídas pelo MDS (CONSEA, 2009).

Partindo de uma concepção intersetorial de segurança alimentar e nutricional, o

PAA contempla tanto as demandas de acesso aos alimentos das populações em situação de

insegurança alimentar como as necessidades dos agricultores familiares de conseguir

mercados para seus produtos. O PAA, portanto, adquiri os produtos dos agricultores

familiares visando: (i) o suporte da rede pública de equipamentos de alimentação e nutrição e

da rede de instituições sócio assistentes; (ii) a estruturação de circuitos locais de

abastecimento; (iii) a formação de estoques para prestar assistência alimentar a populações

específicas, populações atingidas por catástrofes e populações escolares em situação de

insegurança alimentar. Portanto, trata-se de um programa que integra a politica de segurança

alimentar e nutricional à politica agrícola (GRISA et al., 2011).

Em pouco mais de sete anos de operacionalização do PAA (2003-2010), o

governo Federal investiu um total de R$ 3,5 bilhões, montante relativamente pequeno frente

ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), para o qual

foram disponibilizados R$ 16 bilhões somente na safra 2011/2012. De qualquer forma, esses

recursos permitiram que, em média, cerca de 112 mil agricultores familiares fossem

beneficiados por ano pelo PAA (CONSEA, 2010).

O PAA tem se destacado por incentivar a diversificação, na medida em que

conecta a oferta da produção familiar a uma demanda diversificada. Segundo algumas

avaliações que tiveram como objetivo de investigação a implementação do programa em

diferentes ambientes rurais, muitos agricultores passaram a diversificar e valorizar produtos

locais que, até então, eram depreciados ou não tinham seu valor comercial reconhecido.

Frutas, verduras, produtos de origem animal e agroindustrializados são exemplos de alimentos

adquiridos pelo PAA. Além da diversificação, o PAA incentiva a produção em base

agroecológicas ou orgânica, ou seja, apoia sistemas de produção, que prezam pela preservação

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do meio ambiente, pela valorização da biodiversidade, pelo aproveitamento dos recursos

locais, pelo respeito à biodiversidade cultural e aos saberes local (GRISA et at., 2011).

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) destaca a política

adotada por alguns países latino-americanos, em especial o Brasil, de integração dos pequenos

produtores aos mercados domésticos por meio dos programas sociais. “O Brasil tem sido um

dos países mais ativos na implementação desse tipo de iniciativa, com o Programa de

aquisição de Alimentos (PAA), usado para facilitar compras diretas pelo governo de produtos

alimentares provenientes de pequenos produtores”. Esses alimentos são utilizados

parcialmente para construir reservas estratégicas e em geral são usados em programas

alimentar, como alimentação escolar, cozinhas públicas e cestas básicas (FAO, 2013).

O PAA instrumentaliza e fortalece o papel do Estado, nas três esferas que

compõem a Federação, na promoção do direito a alimentação e garantia da segurança

alimentar e nutricional, mediante o apoio à estruturação de sistemas públicos de

abastecimento, contribuindo para concretizar a implantação da Política Nacional de Segurança

Alimentar e Nutricional e de Sistemas Descentralizados de Segurança Alimentar. O PAA, a

partir de suas diferentes modalidades e executores, é um instrumento que contribui para a

regulação de mercados locais e regionais e para afirmar o alimento enquanto direito humano,

e não como mercadoria. Desta forma, propicia o fortalecimento da estrutura institucional

pública existente (CADERNO-BALANÇO-PAA, 2010).

3.3. O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

A preocupação em promover uma alimentação saudável no ambiente escolar tem

sido foco de atenção de políticas públicas relacionadas às áreas de saúde e de educação. Nesta

perspectiva, os Ministérios da Saúde e da Educação estabeleceram diretrizes considerando as

recomendações da Estratégia Global para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde

da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o desafio de incorporar o tema da alimentação e

nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimentação saudável e na promoção da saúde,

reconhecendo a escola como um espaço propício à formação de hábitos saudáveis e à

construção da cidadania. Essas diretrizes foram instituídas para a promoção da alimentação

saudável nas instituições de educação infantil, de ensino fundamental e médio das redes

públicas e privadas com o objetivo de propiciar a adesão da comunidade escolar a hábitos

alimentares saudáveis e atitudes de auto cuidado e promoção da saúde (ASSAO; CERVATO-

MANCUSO, 2008).

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A Constituição Brasileira de 1988, possui um dos textos mais avançados no que se

refere à proteção e a promoção dos direitos humanos. O Direito Humano à Alimentação

Adequada (DHAA) está previsto entre os direitos sociais da Constituição, desde a aprovação

da Emenda Constitucional nº 64, em fevereiro de 2010. Antes disso, o DHAA já estava

implícito em outros dispositivos constitucionais tais como o direito à saúde, ao salário

mínimo, à assistência social, à educação, à alimentação escolar, à reforma agrária, a não

discriminação e o direito à vida, dentre outros. A Constituição Federal estabelece também

como um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil a dignidade da

pessoa humana. O DHAA se realiza quando todas as pessoas tem acesso garantido e

ininterrupto à alimentação adequada e saudável por meios próprios e sustentáveis (CONSEA,

2010).

A criação de uma política para promoção da segurança dos alimentos, na qual,

todas as partes interessadas na cadeia alimentar dividam as responsabilidades pela produção

de alimentos seguros, nutritivos e aptos para o consumo por toda a população. Essa política

deve ser acompanhada por uma série ampla de medidas destinadas a melhorar e tornar

coerente os requisitos estabelecidos pela legislação de alimentos que abrange todos os

aspectos associados aos produtos alimentares “desde a fazenda até a mesa” (PINHEIRO,

2007).

A proposta de um Sistema e de uma Política Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional teve origem em dois eventos ocorridos em meados da década de 1980, um mais

técnico e outro político. Primeiro, a elaboração do documento: Segurança Alimentar –

proposta de uma política de combate à fome no âmbito do Ministério da Agricultura, em

1985, que deu mais ênfase às dimensões social e econômica. Segundo, a mobilização da

sociedade civil, que levou à realização da I Conferência Nacional de Alimentação e Nutrição

(CNAN), em 1986, cujas proposições levaram, entre outras, à introdução do qualificativo

nutricional à noção de segurança alimentar (C0NSEA, 2009).

O Brasil, contribuindo para a construção de um ambiente propício para que as

pessoas possam se alimentar com dignidade sancionou, em setembro de 2006, a Lei nº

11.346/2006, criando o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), que

objetiva assegurar o DHAA. O principal objetivo do SISAN é formular e implementar

políticas e planos de Segurança Alimentar e Nutricional, estimular a integração dos esforços

entre governo e sociedade civil, bem como promover o acompanhamento e a avaliação da

Segurança Alimentar e Nutricional do pais. A lei estabelece os componentes (membros do

governo e da sociedade civil, o CONSEA e a Conferência Nacional de SAN) que integram o

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SISAN, por meio do qual o poder público, com a participação da sociedade civil organizada,

deverá atuar com vistas a assegurar o DHAA. Ela prevê que o SISAN funcione, de forma

integrada, por meio de um conjunto de órgãos públicos e de instituições privadas, com ou sem

fins lucrativos, relacionadas à SAN, obedecendo a um conjunto de princípios e diretrizes

(CUSTÓDIO et al., 2011).

3.4. A Segurança Alimentar e Nutricional

No Brasil, a segurança alimentar e nutricional é definida como “o direito de todos

ao acesso regular e permanente a alimentos com qualidade, em quantidade suficiente, sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como bases praticas

alimentares promotora da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social,

econômica e ambientalmente sustentável”. Em outras palavras, segurança alimentar tem a ver

com a renda e informação de que as pessoas dispõem para que possam ter acesso aos

alimentos em quantidades adequadas e de forma a atender as suas necessidades nutricionais,

levando em conta sua cultura alimentar e a necessidade de preservar a saúde e o meio

ambiente (ANVISA, 2008).

O termo segurança alimentar é mencionado sob diferentes conceitos. No sentido

quantitativo, relaciona-se ao direito ao acesso a alimentos básicos em quantidade e qualidade

adequadas, e suficientes, para a obtenção de uma nutrição adequada e manutenção de saúde.

Este conceito prevê que essa obtenção de alimentos se dará de modo permanente e sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, baseando-se em práticas alimentares

saudáveis, contribuindo assim, para existência digna, em um contexto de desenvolvimento

integral do ser humano, de modo que as pessoas tenham também acesso aos recursos e meios

que possibilitem produzir ou adquirir alimentos seguros e saudáveis, conforme os hábitos e

práticas alimentares de sua cultura (PINHEIRO, 2007).

O conceito de Segurança Alimentar veio à luz a partir da 2ª Grande Guerra com

mais da metade da Europa devastada e sem condições de produzir o seu próprio alimento.

Esse conceito leva em conta três aspectos principais: quantidade, qualidade e regularidade no

acesso aos alimentos (BELIK, 2003). Refletia assim, a capacidade de cada país de produzir

sua própria alimentação, evitando assim vulnerabilidades, e adquiriu uma perspectiva

internacional com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização das

Nações Unidas para a Agricultura e da Alimentação (FAO), bem como dos outros organismos

financeiros internacionais (CUSTÓDIO et al., 2011).

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O tema Segurança Alimentar é um mecanismo complexo que envolve

instrumentos e medidas criadas para garantir a saúde, vida e bem estar humano, não obstante a

preservação ambiental. O tema adquire cada vez mais notoriedade e ocupa cenário na

discussão mundial, para que os consumidores tenham seus direitos resguardados (SANTOS,

2011).

Dentre os principais fatores que influenciam e culminam no aumento de exigência

por atributos de segurança nos alimentos, por parte dos consumidores, do governo e das

instituições privadas, pela segurança e pela gestão da qualidade de alimentos, estão à

industrialização e a urbanização, o aumento da competitividade, o desenvolvimento da

pesquisa científica, a globalização e as mudanças e novas demandas dos consumidores

(SPERS, 2003 apud PINHEIRO, 2007).

Para o consumidor, a segurança alimentar é mais do que um produto livre de

organismos patogênicos. Ele considera como produto alimentício seguro, aquele que ao ser

ingerido, não produz efeito prejudicial à saúde. A higiene dos alimentos compreende o

conjunto de condições e medidas necessárias para assegurar a inocuidade dos alimentos nas

etapas da cadeia alimentar, desde a exploração agrícola até a mesa do consumidor

(PINHEIRO, 2007).

Para garantir a segurança dos alimentos, a vigilância sanitária estabelece normas

específicas para a indústria e o comércio, bem como um conjunto de medidas de higiene,

chamadas de Boas Práticas. Os agentes de vigilância sanitária também fiscalizam esses

estabelecimentos, para verificar se as regras estão sendo respeitadas. Boa parte dessas normas

diz respeito à higiene do local, dos utensílios e dos funcionários que manipulam alimentos

(ANVISA, 2008).

A indústria de alimentos é responsável pela criação e ampliação de sistemas que

garantam a produção de produtos seguros e de boa qualidade. Porém, após a entrada em

funcionamento dos sistemas, compete ao Estado efetuar fiscalização, para verificar se estes

cumprem os requisitos necessários. Os instrumentos mais conhecidos de garantia da

inocuidade dos alimentos são as Boas Práticas de Higiene (BPH) e as Boas Práticas de

Fabricação (BPF), os quais se constituem como requisitos para uma alimentação segura,

desde a produção primária até o consumo final (PINHEIRO, 2007).

No Brasil, os diversos procedimentos utilizados para garantir a segurança dos

alimentos, são editados principalmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (

ANVISA), ligada ao Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) (ISNP, 2011).

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3.5. A Vigilância Sanitária e sua Interseção no Sistema Único de Saúde

A Lei Orgânica da Saúde nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, foi aprovada para

regulamentar a estrutura e o funcionamento do SUS, dispondo sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde. Essa lei inclui como campo da saúde a Vigilância

Epidemiológica, a Vigilância Sanitária, a Saúde do Trabalhador e Assistência Integral,

inclusive a Farmacêutica (LUCCHESE, 2006).

As ações de Vigilância Sanitária estão alocadas no campo de atuação do sistema

único de Saúde – SUS, portanto devem estar pautadas nos mesmos Princípios e Diretrizes. A

vigilância sanitária, no Brasil, assume um amplo escopo de ações diferenciadas em relação a

outros países. Seu arcabouço institucional também tem peculiaridades, com destaque para a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que tem possibilitado avanços nas

formas de gestão da vigilância sanitária (O’DWYER, REIS; SILVA, 2010).

O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária está submetido aos mesmos princípios

e diretrizes, sua plena organização e a realização de ações efetivas são condições

fundamentais para a consecução da integralidade e proteção da saúde de numerosos riscos

reais e potenciais que se estabelecem ao longo do ciclo produtivo dos bens e serviços (AITH,

2009).

No Brasil, a saúde é um direito social, inscrito na Constituição Federal de 1988,

que também instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS) como meio de concretizar esse direito.

O artigo 200 da Constituição Federal estabelece, em seus incisos I e VI, a competência do

SUS através da vigilância sanitária de controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e

substâncias de interesse para a saúde, e também de fiscalizar e inspecionar alimentos, bebidas

e águas para o consumo humano (LUCCHESE, 2006).

[...] Os produtos alimentícios a serem adquiridos para o alunado PNAE deverão

atender ao disposto na legislação de alimentos, estabelecida pela Agência Nacional

de Vigilância Sanitária – ANVISA do Ministério da Saúde – MS e pelo Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.

§5º A EEx. ou a UEx. poderá prever em edital de licitação ou chamada pública

apresentação de amostras pelo licitante classificado provisoriamente em primeiro

lugar, para avaliação e seleção do produto adquirido, as quais deverão ser

submetidas as análises necessárias, imediatamente após a fase de homologação

(BRASIL, 2013).

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A definição incorporada à Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080/90, Art.6º, parágrafo

1º, delineia um marco referencial de natureza preventiva e do âmbito das relações sociais

produção-consumo como:

A vigilância sanitária constitui uma das ferramentas que estruturam e

operacionalizam o SUS na busca da concretização do direito à saúde, principalmente devido à

ação normativa e fiscalizadora sobre os serviços prestados, produtos e insumos terapêuticos

de interesse da saúde; permanente avaliação da necessidade de prevenção do risco;

possibilidade de interação constante com a sociedade, em termos de promoção da saúde, da

ética e dos direitos da cidadania (LUCCHESE, 2006).

A vigilância sanitária integra a área da Saúde Coletiva, suas origens constitui a

configuração mais antiga da Saúde Pública e atualmente é sua face mais complexa. Conforma

um campo singular de articulações complexas entre o domínio econômico, o jurídico-político

e o médico-sanitário. Engloba atividades de natureza multiprofissional e interinstitucional que

demanda conhecimentos de diversas áreas articuladas (COSTA, 2009).

Suas ações estão historicamente associadas ao processo de regulação,

monitoramento e fiscalização de produtos e serviços, com a finalidade de prevenir e reduzir os

riscos à saúde individual e coletiva. Não é à toa, portanto, que a face punitiva seja a mais

visível e imediatamente associada ao termo. No entanto, em décadas recentes, a vigilância

sanitária tem tido suas funções, responsabilidades e atribuições enormemente ampliadas,

consequência de diversos processos socioeconômicos e politico institucionais (SOUZA;

COSTA, 2010).

Após a promulgação da Constituição foram aprovados diplomas legais que

assinam o adensamento da institucionalização da proteção jurídica à saúde no Brasil. Dentre

estes instrumentos legais, foi criada através da Lei nº 9.782/99 a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) e dispõe sobreo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária –

SNVS. Além de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam

risco à saúde pública. Destacam-se, dentre as principais atribuições da ANVISA, as

[...] um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde

de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e

circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo o

controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a

saúde, compreendidas todas as etapas e processos, de produção ao consumo; o

controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a

saúde (BRASIL, 1990).

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competências para estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as

diretrizes e as ações de vigilância sanitária e para aplicar as penalidades aos infratores da

legislação sanitária, sendo-lhe atribuída a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância

Sanitária (AITH, 2009).

Atualmente o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária – SNVS brasileiro possui

os seguintes componentes; no nível Federal, a ANVISA e o Instituto Nacional de Controle de

Qualidade em Saúde – INCQS, vinculado administrativamente à Fundação Oswaldo Cruz –

FIOCRUZ e tecnicamente à ANVISA; no nível estadual, os 27 órgãos de vigilância sanitária

das secretarias estaduais de saúde, que contam com um suporte de laboratórios em cada

estado, com grandes diferenças de capacidade analíticas; e no nível municipal, os serviços de

vigilância sanitária, que variam muito em termos de estrutura, recursos e capacidade operativa

(O’DWYER; REIS; SILVA, 2010).

3.6. Objetos da Vigilância Sanitária

Os “objetos de trabalho” em vigilância sanitária podem ser vistos como “objetos

complexos” que se situam num espaço de relações de entre a ciência, a saúde e o mercado.

Desse modo, identifica-se natureza híbrida desses objetos como sendo, ao mesmo tempo,

“meios de vida” e mercadorias, necessitando de contribuições de saberes de vários campos

disciplinares. Tais objetos (medicamentos, alimentos, tecnologias médicas, serviços de

interesse da saúde, etc.) são considerados produções sociais que resultam do grau de

desenvolvimento das forças produtivas – ciência e tecnologia e força de trabalho- em

detrimentos do momento histórico (SOUZA; COSTA, 2010).

Dado que os objetos da vigilância sanitária são objetos complexos e exigem a

integração de saberes de diversos campos disciplinares e o tratamento das dimensões éticas,

políticas e institucionais para sua intervenção, organização do trabalho deve se basear nos

princípios da (inter)complementaridade e interdependência dos processos e dos meios de

trabalho e assentar-se no trabalho em equipe e na multiprofissionalidade (SOUZA, 2009).

O Estado, representado pelas ações da vigilância sanitária institucionalizada, deve

buscar garantir na dimensão sanitária, os atributos que são requeridos dos objetos de interesse

da saúde para que se efetivem, no mercado, como bens sociais. Os atributos são propriedades

atinentes aos objetos concretos, definidos em normas, tais como: identidade, finalidade,

qualidade, eficácia e segurança. O significado desses atributos, nas normas e regulamentos,

varia de acordo com o grau de conhecimento e valores que se constrói a cerca de cada objeto

(SOUZA; COSTA, 2010).

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Secundo ainda Sousa e Costa (2010), tanto os objetos quanto os meios e controles

sanitários se modificam ao longo do tempo e em cada sociedade em particular. Isso confere

aos processos de trabalho da vigilância sanitária um caráter provisório e histórico, permeado

por contradições geradas por interesses, muitas vezes antagônicas, entre saúde publica e

mercado. A contextualização dos objetos de intervenção da vigilância sanitária possibilita

compreender em que medida as ações de proteção da saúde em cada sociedade, em particular,

são condicionadas pelos fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. Dado que os

objetos da vigilância sanitária são objetos complexos e exigem a integração de saberes de

diversos campos disciplinares e o tratamento de dimensões éticas, políticas e institucionais

para sua intervenção, a organização do trabalho deve se basear nos princípios da

(inter)complementaridade e interdependência dos processos e dos meios de trabalho.

A diversidade dos objetos (alimentos, agrotóxicos, saneantes, cosméticos,

medicamentos, múltiplos serviços de saúde, meios diagnósticos, equipamentos, derivados do

tabaco e tantos outros), e de práticas (normatização, autorização de funcionamento de

empresas, licenciamento de estabelecimentos, registro de produtos, inspeções, fiscalizações,

monitoramento de qualidade e outros atributos, de efeitos adversos, controle de propaganda,

rótulos, bulas e embalagens, entre outras) requer multiprofissionalidade de seu corpo técnico,

informação e conhecimento científico amplo, aprimorado e permanentemente atualizado, de

modo a que a vigilância sanitária funcione como uma “inteligência sanitária” capaz de lidar,

de forma competente, com uma variedade multiforme de risco em co-relação com noções

como inocuidade, segurança, eficácia e qualidade (COSTA, 2008).

A forma com que a vigilância sanitária aborda alguns dos seus objetos, sendo o

medicamento o mais emblemático, também é integral. Ela atua sobre o medicamento desde a

produção até o consumo, da autorização de funcionamento da indústria farmacêutica,

passando pela propaganda, até a farmacovigilância. A abordagem integral sobre o

medicamento implica responsabilidade com o seu consumo, em um contexto de utilização

assimétrica de tecnologias médicas influenciada pelo poder econômico e cultural, fenômeno

que vem sendo identificado como medicalização (O’DWYER; REIS; SILVA, 2010).

3.7. Especificidade do Trabalho da Vigilância Sanitária

Na área da vigilância sanitária, além da complexidade que cerca a gestão em

saúde, algumas características lhe conferem dificuldades adicionais. Existe uma baixa

demanda social por ações de promoção e prevenção aliada a um grau potencialmente maior de

conflitos, visto que parte importante do produto Interno Bruto (PIB) brasileiro está sujeito à

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vigilância sanitária. Por outro lado, as ações de proteção e de promoção que caracterizam a

vigilância sanitária implicam atuação dentro e fora do setor saúde, em um contexto de

competências compartilhadas entre as esferas do governo Federal, Estadual e Municipal e

entre diferentes órgãos de uma mesma esfera de governo (DE SETA; SILVA, 2006).

As ações de vigilância sanitária portam certas especificidades: são ações de saúde

dirigidas, fundamentalmente, ao controle de riscos reais e potenciais, ou seja, têm natureza

essencialmente preventiva, não só de danos, mas dos próprios riscos. Desse modo, permeiam

todas as práticas medico-sanitárias: d promoção à proteção, recuperação e reabilitação da

saúde. Nas diversas atividades relacionadas com a saúde faz-se necessária alguma ação de

vigilância sanitária, também exercida sobre o meio ambiente e o ambiente de trabalho

(COSTA, 2009).

O trabalho em vigilância sanitária apresenta especificidades que o distinguem do

trabalho em saúde em geral, em relação ao objeto, aos meios de trabalho e elementos que

compõem os seus processos de trabalho, e se insere no espaço regulatório do Estado, como

serviço público estatal, com atribuições indelegáveis de controle sanitário de processos,

ambientes, produção e consumo de bens e serviços de interesse da saúde (SOUZA; COSTA,

2010).

As ações de vigilância sanitária incorporam diferentes acepções de risco, tais

como: perigo virtual, ameaça de agravos relacionados com determinados elementos e, na

acepção epidemiológica, a probabilidade de ocorrer um evento adverso à saúde, na presença

de determinado fator (FREITAS; SANTOS, 2013).

A reflexão sobre o trabalho em vigilância sanitária conduz à problematização dos

seus instrumentos de intervenção e à compreensão do papel que lhe é reservado na divisão

social e técnica do trabalho em saúde. Fundamentalmente, a especificidade do trabalho da

vigilância sanitária está na natureza dos objetos de intervenção e no caráter estatal regulatório

e disciplinador de suas ações (SOUZA, 2009).

Para o controle de riscos e exercício do poder de polícia a vigilância sanitária

aciona um conjunto de tecnologias intervenção ou instrumentos de ação. Uns estão

determinados em leis e uns integram outras práticas em saúde. Os principais instrumentos são:

a legislação (normas jurídicas e técnicas), a fiscalização, a inspeção, o monitoramento, o

laboratório, a vigilância de eventos adversos e outros agravos, a pesquisa epidemiológica e as

ações em torno da informação, comunicação e educação para a saúde (COSTA, 2009).

Para Souza (2009), as ações de vigilância sanitária podem ser vistas como

atividades complexas que se situam num espaço de relações entre a ciência, a saúde e o

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mercado, desse modo, identifica-se a natureza híbrida desses objetos como sendo, ao mesmo

tempo, meios de vida e mercadorias, necessitando de contribuições de saberes de vários

campos disciplinares. Os produtos como medicamentos, alimentos, saneantes, tecnologias

médicas e serviços de interesse da saúde, são considerados produções sociais que resultam do

grau de desenvolvimento das forças produtivas como ciência e tecnologia e da força do

trabalho, em determinado momento histórico.

Conforme Lucchese (2006), a vigilância sanitária é um dos braços executivos que

estruturam e operacionalizam o SUS na busca da concretização do direito social à saúde. Sua

função principal é eliminar e/ou minimizar os riscos sanitários envolvidos na produção,

circulação e consumo de produtos, processos e serviços. Em síntese, a vigilância sanitária tem

um papel importante na estruturação do SUS, principalmente devido à:

• Ação normativa e fiscalização sobre os serviços prestados, produtos e insumos terapêuticos

de interesse para a saúde;

• Permanente avaliação da necessidade de prevenção do risco;

• Possibilidade de interação constante com a sociedade, em termos de promoção da saúde,

da ética e dos direitos de cidadania.

A título de síntese Souza e Costa (2010), pontua algumas especificidades no

processo de trabalho em vigilância sanitária, especialmente vinculadas ao caráter público e

estatal de suas funções:

1. “Os agentes do trabalho são servidores públicos investidos do dever-poder do

Estado”, na defesa do interesse público da saúde, ou seja, são trabalhadores investidos do

poder de autoridade do Estado ou “poder de polícia” administrativa, quando em atividade de

trabalho.

2. Por ser realizado pelo Estado, tal trabalho é regido pelos princípios da

Administração Pública, cujos princípios essenciais são os da legalidade, da supremacia do

interesse público sobre o particular e da indisponibilidade do interesse público, dos quais

derivam os demais princípios.

3. A “proteção da saúde” é a razão tecnológica do trabalho em vigilância sanitária. É

essa finalidade que orienta o conjunto de práticas como regulamentação sanitária,

fiscalização, inspeção, registro de produtos, apreensões para análises, interdição de atividades,

entre outras, realizadas para o controle de risco associados a um conjunto de objetos

socialmente definidos como vigilância sanitária.

4. Por sua “ação regulatória” há uma racionalidade voltada para a organização

econômica da sociedade nas práticas da vigilância sanitária, essa função regulatória de

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controle sanitário exige permanente e ágil atualização de conhecimentos, para acompanhar o

desenvolvimento tecnológico dos empreendimentos produtivos.

5. Ademais, o trabalho em vigilância sanitária tem dimensão ética que ultrapassa o

âmbito individual e ganha uma dimensão coletiva, compatível com o significado de

responsabilidade social do trabalho nessa área. A responsabilização ética dos trabalhadores da

vigilância sanitária é no sentido de que o interesse público se sobreponha às pressões políticas

e econômicas dos setores contrariados em seus interesses.

6. O trabalho técnico da vigilância sanitária ocorre em ambientes de tensão, gerada

pela possibilidade de pressões e interferências externas sobre o resultado do trabalho, já que

os pareceres emitidos pelos técnicos e que vão subsidiar a tomada de decisão, pelos gestores,

podem contrariar interesses políticos e/ou econômicos.

7. Para se legitimar diante da sociedade, as decisões devem estar embasadas em

critérios técnico-científicos e em um conjunto de condicionalidades moldadas nas normas

jurídicas. Isso faz com que cada parecer seja um “parecer crítico” que, para sua realização,

necessita articular os diversos dados técnicos e também as normas jurídicas.

A nova vigilância tem como sujeitos a equipe de vigilância sanitária, entendida

como uma equipe de saúde com tarefas específicas, mas integrando o conjunto dos

profissionais e trabalhadores de saúde, em atenção conjunta com eles, com equipes dos outros

níveis do sistema de vigilância sanitária e com outros sujeitos coletivos, representantes da

população organizada, e não apenas os representantes do segmento produtivo (COSTA,

2008).

3.8. Normas Fiscais Sanitárias

O primeiro marco regulatório relevante no controle da qualidade dos alimentos foi

a Lei nº 1.123, de 18 de dezembro de 1950, que estabeleceu a obrigatoriedade da fiscalização

sanitária prévia dos produtos de origem animal, atribuindo tal tarefa ao Ministério da

Agricultura e seus congêneres nos Estados. Naquela época, o Brasil iniciava um intenso

processo de urbanização, começando a deixar para traz uma sociedade rural e a intensificar o

processo de afastamento da produção de alimentos do local de consumo. A mais recente foi a

criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), instituída sob a Lei nº 9.782,

de 26 de janeiro de 1999. Foi um grande passo à adequação à realidade mundial das ações de

fiscalização das atividades relacionadas aos alimentos (PINHEIRO, 2007).

Os produtos alimentícios são regulamentados e inspecionados por dois

ministérios: Ministério da Saúde – MS e o Mistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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(MAPA). Cabe ao MAPA à regulamentação dos de produtos de origem animal, de bebidas e

vegetais in natura para registro dos estabelecimentos e respectivos produtos. Os demais

produtos vegetais (conservas, doces compotas, desidratados, pastifícios, cereais, amidos e

derivados, castanhas e amêndoas, especiais, entre outros), água mineral ou natural e aditivos

alimentares (energéticos e repositores de sais), são regulamentados pelo Ministério da Saúde

(MS) através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e das secretarias

estaduais e municipais de saúde através das vigilâncias sanitárias, responsáveis pelo registro

dos estabelecimentos e respectivos produtos (INSP, 2011).

Nos casos em que o estabelecimento processar tanto produtos de competência do

MAPA quanto da ANVISA, este deverá ser licenciado por ambos os Ministérios, como por

exemplo, das agroindústrias que processam doces de frutas e doce de leite, ou ainda de

unidades de processamento de doces, conservas ou compotas de frutas e polpas de frutas

(INSP, 2011).

Os estabelecimentos que exercem atividades pertinentes à área de alimentos

regulamentados pelo MAPA são licenciados e inspecionados pelas estruturas competentes

subordinadas ao MAPA. Os estabelecimentos licenciados por meio do Serviço de Inspeção

Municipal (SIM), animal ou vegetal, conforme a natureza dos produtos, somente poderão

comercializar seus produtos no município que expediu a licença. Os estabelecimentos

licenciados por meio do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), animal ou vegetal, conforme a

natureza dos produtos no âmbito do estado que expediu a licença. Os estabelecimentos

licenciados por meio do Serviço de Inspeção Federal (SIF), animal ou vegetal, conforme

natureza dos produtos poderão comercializar seus produtos em todo o território nacional

(ISNP, 2011).

A Lei nº 7.889, de 23 de novembro de 1989, dispõe sobre a inspeção sanitária e

industrial dos produtos de origem animal, determina em seu Art. 4º que são competentes para

realizar a fiscalização de que trata esta Lei:

A regulação sanitária em favor dos interesses da saúde não se faz sem conflitos

com interesses econômicos; portanto, a vigilância sanitária requer competência técnico-

cientifica e politica pari passu com desenvolvimento científico e tecnológico para

regulamentar, fiscalizar o cumprimento das normativas e intervir com estratégias

diversificadas, visando a controlar risco e garantir a segurança sanitária. As diversas situações

[...] d) os órgãos de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos

Territórios, nos estabelecimentos de que trata a alínea g do mesmo art. 3º

(BRASIL, 1989).

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reais que se apresentam para decisões da vigilância sanitária, e que nem sempre estão

emolduradas na lei, implicam em capacidade de julgamento e de manejo do poder

discriminatório de que dispõe, com profundo senso ético e de responsabilidade pública

(COSTA, 2008).

A norma legal que regulamenta sobre registro, licenciamento e inspeção dos

estabelecimentos de produtos de origem animal e o Decreto nº 30.691/1952, que dispõe sobre

o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de produtos de Origem Animal (RIISPOA).

Esta está sob revisão no MAPA, mas ainda sem data para sua publicação. No sentido de

estabelecer as condições higiênico-sanitária dos estabelecimentos e manipuladores de

alimentos as Portarias MS/SVS nº 326/1997 e MAPA nº 368/1997, apresentam o

Regulamento Técnico das condições higiênico-sanitária na área de alimentos (ISNP, 2012).

A fiscalização industrial e sanitária, em qualquer estabelecimento industrial ou

entreposto de produtos de origem animal, de acordo com a Lei nº 1.283/1950, alterada pela lei

nº 7.889/1989, deve ser exercida por um único órgão, sendo assim, proibida, em todo o

território nacional, a duplicidade desta fiscalização (PINHEIRO, 2007).

Através da Resolução da Diretoria Colegiada / RDC / ANVISA nº 27/2010, a

ANVISA isentou da obrigatoriedade de registro uma grande parcela de produtos, sendo que

muitos dos produtos da agricultura familiar enquadram-se nestas categorias. Importante

lembrar que os alimentos continuam sujeitos ao cumprimento dos regulamentos, à

obrigatoriedade do Alvará Sanitário ou Licença Sanitária para funcionamento das empresas e

às demais ações de fiscalização. Nestes casos, o estabelecimento deverá comunicar sua

fabricação à Vigilância Sanitária do município ou do Estado no prazo de 10 dias após início

da produção (ISNP, 2012).

3.9. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA

O Ministério da Agricultura, originalmente denominado de Secretaria de Estado

dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, foi criado no século XIX por

decisão da Assembleia Legislativa, quando da promulgação do Decreto Imperial nº 1.067, de

28 de julho de 1860, passando a integrar a estrutura formal do Gabinete do 2º Império. Após

1990, a denominação e a estrutura organizacional da Pasta da Agricultura foram sendo

adequadas. A denominação Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi

incorporada pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, em clara

demonstração da importância da do segmento da pecuária (MAPA, 2013).

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29

Responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo

fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao setor, o

Mapa visa à garantia de segurança alimentar da população brasileira e a produção de

excedentes para exportação, fortalecendo o setor produtivo nacional e favorecendo a inserção

do Brasil no mercado internacional. Encontra-se organizado em secretarias, responsáveis

pelos diferentes setores do agronegócio, a Secretaria de Defesa Agropecuária – DAS é

responsável por assegurar a origem, a conformidade e a segurança dos produtos de origem

animal e vegetal destinados à alimentação humana ou animal. Sua atuação é importante para

oferta de alimentos seguros, evitando a possíveis riscos à saúde do consumidor e práticas

desleais do comércio (MAPA, 2013).

Na legislação brasileira não só os estabelecimentos fabricantes de alimentos

devem ser registrados e inspecionados, mas também todos os seus produtos alimentícios. A

lista de produtos sob registro do MAPA consta no Decreto nº 30.691 de 29 de março de 1952,

e compreende: carnes e derivados, leite e derivados, pescados e derivados, ovos e derivados,

mel e cera de abelha e seus derivados, as bebidas categorizadas em não-alcóolicas, dietéticas,

alcoólicas fermentadas, alcoólicas destiladas, destilados alcoólicos, alcoólicos por mistura e

alcoólicas retificadas e os vegetais in natura (ISNP, 2011)

3.10. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA

Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, foram aprovados diplomas

legais que assinalam o adensamento da institucionalização da proteção jurídica à saúde no

Brasil, como é o caso da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90 e 8.142/90) que as ações e

serviços públicos destinados a promover, proteger e recuperar a saúde, da Lei 9.656/98, que

disciplina planos de saúde privados de assistência à saúde, e da Lei nº 9.782/99, que cria a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dispõe sobre o Sistema Nacional de Vigilância

Sanitária, destinado a eliminar, diminuir ou prevenir risco à saúde (AITH, 2009).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), instituída pela Lei nº

9.782 de 26 de janeiro de 1999, e regulamentada pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de

1999, foi concebida para:

[...] promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle

sanitário da produção da comercialização de produtos e serviços submetidos à

vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos, aeroportos e

fronteiras (BRASI, 1999).

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30

Além de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam

risco à saúde pública, destaca-se, entre as principais atribuições da ANVISA, as competências

para estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações

de vigilância sanitária e para aplicar as penalidades aos infratores da legislação sanitária,

sendo-lhe atribuída a coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Esse variado

leque de atribuições evidencia que a ANVISA, dispõe de amplo poder de polícia para

autorizar ou intervir o funcionamento de empresas e estabelecimentos de saúde, registrar ou

recusar o registro de produtos de interesse da saúde, monitorar a evolução dos preços de

medicamentos, possuindo inclusive poderes normativos, especialmente em áreas técnicas que

exigem conhecimento especializado, como por exemplo, o estabelecimento de padrões sobre

limites de contaminantes, resíduos tóxicos, desinfetantes, metais pesados, etc. (AITH, 2009).

A ANVISA constitui-se como Autarquia sob regime especial vinculada ao

Ministério da Saúde, através do contrato de Gestão, que fixa metas e resultados a serem

alcançados, caracteriza-se pela independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes,

autonomia financeira, patrimônio e receita própria. Coordena o SNVS e é presidida por uma

Diretoria Colegiada composta por 5 diretores, indicados e nomeados pelo Presidente da

República com aprovação do Senado Federal (PINTO, 2009).

As “Autarquias sob regime especial” é uma denominação para as Agências

reguladoras, que teriam, por conta disso, mais autonomia que as demais figuras autárquicas

em nosso ordenamento. Gozam de mais liberdade que as demais autarquias, principalmente

pelo fato dos seus dirigentes terem mandato por prazo determinado, uma vez indicados não

podem ser substituídos ao bel-prazer do governo do momento, o que impermeabiliza as

agências de influência política (CARVALHO, 2004).

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31

4. METODOLOGIA

4.1. Local de Estudo

A pesquisa foi realizada no período outubro de 2012 a novembro de 2013, a área

do estudo foi a 20ª Microrregional de Saúde - Crato – Ceará, que é composta pelos municípios

de Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Campos Sales, Farias Brito, Nova Olinda,

Potengi, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas e Várzea Alegre. Compreende uma área territorial

de 8.974,126 km² com uma população de 330.643 habitantes (IBGE, 2010). O município de

Crato é classificado como município Polo, assumindo a responsabilidade de atendimento das

referências dos demais municípios por dispor de maior capacidade resolutiva em vários

serviços de Média e Alta Complexidade – MAC (Figura 1).

FIGURA 01 - Localização e Composição da 20ª Região de Saúde de Crato. Estado do Ceará, 2012.

4.2. Tipo de Estudo

O modelo teórico abordado nesta pesquisa apresenta caráter exploratório, de

abordagem quantitativa. A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa que trabalha com

indicadores numéricos e segue critérios estatísticos (ARAGÃO, 2011).

4.3. Levantamento Bibliográfico

O estudo bibliográfico da pesquisa foi relacionado aos programas governamentais

do PNAE, PAA, órgãos reguladores ANVISA e MAPA através de obras e documentos que

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32

abordam normas alimentares, publicações sobre a Segurança Alimentar e Nutricional, da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento.

4.4. Coleta de Dados

Para a investigação dessa temática, foi elaborado um modelo de questionário

(check-list) aplicado aos coordenadores das vigilâncias sanitárias referente à gestão do PNAE,

constituído em três partes: a Parte I destinada à identificação e informações sobre o setor de

vigilância sanitária, a Parte II busca informações sobre as ações do PNAE no município e a

Parte III destina-se a informações sobre o controle sanitário dos produtos (apende-se 1).

4.5. Análise de Dados

A análise dos dados foi realizada sob forma descritiva tendo como suporte o

programa Excel 2010, a partir da interpretação das informações obtidas do questionário

aplicado.

4.6. Aspectos Éticos

Os sujeitos da pesquisa ao qual foi aplicado o questionário foram os coordenadores dos

setores de vigilância sanitária das secretarias de saúde dos municípios. Antes de serem

submetidos a responder o questionário, os entrevistados foram informados do conteúdo e da

finalidade do documento, os quais autorizavam a utilização dos dados como fonte de

informação, expresso em um Termo de Autorização de Uso de Dados, redigido de acordo com os itens

da Resolução CNS nº 196/96 (Anexo 1).

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33

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no trabalho apontam que os setores de vigilância sanitária

dos municípios da 20ª CRES, não realizam conforme determinam as normas sanitárias e as

legislações inerentes ao PNAE e PAA, as atividades de fiscalização e regularização sanitária

sobre os gêneros alimentícios destinados à alimentação escolar.

5.1. Parte I: Nº de Profissionais de Vigilância Sanitária e Nível de Escolaridade

O número de profissionais nos setores de vigilância sanitária é de cinquenta e

cinco profissionais para os treze municípios. A maioria das equipes é formada por dois ou

quatro servidores, quantidade insuficiente de profissionais para desenvolver as atividades de

fiscalização sanitária no município. Observa-se ainda que a maioria desses profissionais é de

nível médio, com pouco conhecimento para executar as ações que lhe são próprias, com

exceção da equipe de vigilância sanitária do município de Crato, que dispõem de um quadro

de profissionais a contento e instituída na sua maioria, por profissionais de nível superior

(Gráfico 01). Observa-se ainda que apenas quatro municípios dispõe de coordenadores de

vigilância sanitária com nível superior.

GRÁFICO 01: PROFISSIONAIS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA POR NÍVEL DE ESCOLARIDA

FONTE: Questionário Aplicado na Pesquisa pelo Pesquisador

5.2. Parte II: Atuação da Vigilância Sanitária sobre o PNAE no Município

Nas informações sobre a aquisição de alimentos através do PNAE nos municípios,

praticamente todos responderam que as secretarias de educação mantem convênios com o

MEC/FNDE para adquirir os gêneros alimentícios no âmbito do PNAE e PAA, produzidos

0

2

4

6

8

10

12

14

16

N. MÉDIO

N. SUPERIOR

TOTAL

* Municípios com Coordenadores de Nível Superior

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pelos pequenos empreendimentos familiares rurais destinados à alimentação escolar da rede

pública de ensino. Apenas a vigilância sanitária do município de Antonina do Norte, não sob

informar se o município mantém alguma forma de convênio com o FNDE para à aquisição de

alimentos, uma vez que não consta no órgão de vigilância sanitária nenhum cadastro referente

a produtor familiar rural, nem tão pouco são realizadas inspeções sanitárias sobre algum tipo

de alimento da agricultura familiar destinado às escolas do município.

Existem 144 produtores rurais cadastrados nos órgãos de vigilância sanitária, que

juntos, abastecem 174 estabelecimentos escolares com alimentos para o alunado dos

municípios que participam do PNAE e PAA. Observa-se que não existe um ordenamento por

parte dos setores de vigilância sanitária, quando se trata do cadastro dos produtores e das

escolas, apenas seis municípios (Araripe, Campos Sales, Farias Brito, Potengi, Salitre e

Tarrafas) os setores de vigilância sanitária mantem o cadastro dos produtores rurais e a

relação dos estabelecimentos escolares que adquirem os alimentos. Os municípios de Crato e

Nova Olinda mantem o cadastro dos produtores, porém, não tem conhecimento sobre os

estabelecimentos escolares. Os municípios de Altaneira, Assaré e Santana do Cariri tem

conhecimento apenas dos estabelecimentos escolares que adquirem os alimentos. Os

municípios de Antonina do Norte e Várzea Alegre não possuem nenhum registro sobre

produtores e escolas em seus arquivos (Gráfico 02).

GRÁFICO 02: Nº DE PRODUTORES DO PNAE E ESCOLAS CADASTRADAS NA VISA MUNICIPA

FONTE: Questionário aplicado na Pesquisa pelo Pesquisador

Quando se trata do quesito do controle de qualidade pelo qual os alimentos

deverão ser previamente submetidos, todas as Vigilâncias informaram acompanhar as ações

0

50

100

150

200

250

300

350

Nº PRODUTORES

Nº ESCOLAS

TOTAL

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do PNAE no município e confirmaram realizar inspeções sanitárias sobre os alimentos antes

dos mesmos serem processados nas cantinas das escolas, com exceção dos municípios de

Antonina do Norte, Crato e Várzea Alegre que não realizam nenhuma inspeção sobre os

produtos, porém, todos afirmam desconhecer qualquer outro tipo de controle de qualidade,

como por exemplo, a coleta de amostras para realização de análises laboratoriais dos

produtos.

Os produtos fornecidos para a alimentação dos alunos são: bolos, sequilhos, pães,

polpas de frutas, hortaliças e verduras, além dos produtos cárneos, leite e alguns de seus

derivados como o queijo e iogurte, na sua maioria, produzidos em unidades residenciais. A

frequência com que são entregues esses alimentos nas escolas, verificamos que na maioria dos

municípios acontecem semanalmente, os municípios de antonina do Norte, Crato e Várzea

Alegre não tem conhecimento da entrega dos alimentos (Tabela 01).

TABELA 01: FREQUÊNCIA DE ENTREGA DE ALIMENTOS NAS ESCOLAS

Município Diária Semanal Quinzenal Mensal

Altaneira - X - -

Antonina do Norte - - - -

Araripe - X - -

Assaré - X - -

Campos Sales - X - -

Crato - - - -

Farias Brito - X - -

Nova Olinda - X - -

Potengi - X - -

Salitre - X - -

Santana do Cariri - - - X

Tarrafas - X - -

Várzea Alegre - - - -

FONTE: Questionário aplicado na Pesquisa pelo Pesquisador

Os alimentos são entregues diretamente nas escolas ou em um entreposto que

geralmente são os almoxarifados das secretarias de educação, onde fica a disposição das

escolas e dos órgãos de fiscalização. Os municípios de Crato, Nova Olinda, Potengi e Santana

do Cariri, os alimentos são entregues diretamente nas escolas, Altaneira, Assaré, Campos

Sales e Tarrafas os alimentos são entregues nos entrepostos, e os munícipios de Araripe,

Farias Brito e Salitre, informaram que parte dos alimentos são entregues no entreposto e

outros vão diretamente para as escolas (Tabela 02).

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TABELA 02: LOCAL DE ENTREGA DOS ALIMENTOS

MUNICÍPIO Escolas Entrepostos L. de Produção

Altaneira - X -

Antonina do Norte - - -

Araripe X X -

Assaré - X -

Campos Sales - X -

Crato X - -

Farias Brito X X -

Nova Olinda X - -

Potengi X - -

Salitre X X -

Santana do Cariri X - -

Tarrafas - X -

Várzea Alegre X - -

FONTE: Questionário aplicado na Pesquisa pelo Pesquisador

5.3. Parte III: Controle Sanitário

Neste quesito, foi observado as informações referentes às ações da vigilância

sanitária sobre os procedimentos adotados quanto às fiscalizações sanitárias nos locais de

produção e manipulação dos alimentos destinados as escolas. Os municípios de Altaneira,

Araripe, Campos Sales, Crato, Potengi e Salitre, responderam que realizam entre duas ou

quatro fiscalizações por ano nos ambientes familiares onde são produzidos os alimentos, os

demais, Antonina do Norte, Assaré, Farias Brito, Nova Olinda, Santana do Cariri, Tarrafas e

Várzea Alegre, responderam não realizarem nenhuma inspeção nos locais de produção dos

alimentos destinados as escolas nos municípios.

Os entrevistados que declararam realizar inspeções sanitárias nos locais de

produção, responderam os locais de produção são residenciais com pouca estrutura, e que não

atendem aos critérios das Boas Práticas de Fabricação conforme determinam as normas

pertinentes. As irregularidades observadas são relatadas nos laudos de inspeções, uma vez que

nenhum município emite relatórios de inspeção sanitária com relatos detalhados das

inspeções.

Perguntados quanto à presença de outros órgãos de fiscalização sanitária como

Secretaria de Agricultura e órgãos similares no município, quando se refere à fiscalização dos

produtos de origem animal, todos os entrevistados confirmaram que estas fiscalizações ainda

ficam a cargo das vigilâncias sanitárias por falta da presença dos órgãos responsáveis por este

setor no município. Alguns municípios como Araripe, Campos Sales, Crato e Potengi,

possuem o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), porém não realizam as fiscalizações que lhe

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são atribuídas, nos demais municípios não existe este órgão institucionalizado. Nenhum

declarou ter conhecimento sobre a presença ou ações pontuais de outros órgãos, estadual ou

federal.

Quando interrogados sobre o Instrumento Legal expedido pela vigilância sanitária

como forma de regularização dos produtos alimentícios fiscalizados, a maioria declara

expedir apenas um Laudo de Inspeção Sanitária. Os municípios de Araripe e Crato expedem

um Laudo de Inspeção para os produtores individuais e o Alvará Sanitário quando se trata de

um empreendimento devidamente regularizado. O município de Nova Olinda declarou

expedir apenas uma declaração constando a inspeção dos produtos (Tabela 03).

TABELA 03: INSTRUMENTOS LEGAIS EXPEDIDOS

MUNICÍPIO Alvará Relatório Laudo Declaração

Altaneira - - X -

Antonina do Norte - - - -

Araripe X - X -

Assaré - - X -

Campos Sales - - X -

Crato X - X -

Farias Brito - - X -

Nova Olinda - - - X

Potengi - - X -

Salitre - - X -

Santana do Cariri - - -

Tarrafas - - X -

Várzea Alegre - - X -

FONTE: Questionário aplicado na Pesquisa pelo Pesquisador

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38

6. CONCLUSÃO

A regularização sanitária representa, na maioria dos casos, a etapa mais complexa

para os pequenos produtores, uma vez que, os estabelecimentos que fabricam ou

comercializam alimentos devem estar devidamente regularizados nos órgãos responsáveis.

Através da RDC nº 27/2010, a ANVISA isentou da obrigatoriedade de registro uma grande

parcela de produtos, sendo que muitos dos produtos da agricultura familiar enquadram-se a

esta norma.

Ocorre que, com todos os esforços feitos pelos setores de vigilância sanitária,

existem muitas dificuldades pelos produtores rurais frente aos entraves burocráticos em se

adequarem as normas sanitárias, quais seja pela inadequação das instalações e tecnologia da

produção, a inadequação e/ou inexistência de embalagens, as condições inadequadas de

acondicionamento e de transporte e, principalmente, no que diz respeito à documentação

necessária para regularização do empreendimento.

A Direção Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária colocou para

Consulta Pública no período de 28 de agosto a 28 de outubro de 2013, uma proposta de

Resolução que disporá sobre a regularização para o exercício de atividade de interesse

sanitário do microempreendedor individual, do empreendimento familiar rural e do

empreendimento econômico solidário, que terá como objetivo estabelecer normas para a

regularização dos produtores de bens e prestadores de serviços sujeitos à vigilância sanitária.

Esta norma trará grande contribuição para as vigilâncias sanitárias locais, uma vez que a sua

proposta é de simplificar e desburocratizar a formalização dos empreendimentos de que se

trata a referida Resolução.

É importante lembrar que todos os estabelecimentos produtores que exercerem

atividades pertinentes à área de alimentos devem ser inspecionados e licenciados pela

autoridade sanitária e que estão sujeitos ao cumprimento dos regulamentos, a obrigatoriedade

dos Alvarás Sanitários ou Licença Sanitária para o funcionamento, a fim de garantir a

qualidade sanitária dos alimentos e a conformidade dos produtos alimentícios com os

regulamentos técnicos.

Quando se trata do controle de qualidade dos produtos destinados a alimentação

escolar, cabe a vigilância sanitária o papel de avaliar e intervir nos processos de fabricação e

de distribuição dos alimentos, principalmente, aqueles produzidos em ambientes residenciais,

ou em pequenos empreendimentos rurais. Nas poucas fiscalizações que acontecem nestes

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ambientes, é observado que as instalações de funcionamento dos mesmos não atendem às

normas de padronização e de higiene determinadas pelas legislações sanitárias vigentes.

A inexistência dos Serviços de Inspeção Municipal – SIM, nas secretarias de

agricultura, é outro gargalo para os setores de vigilância sanitária nos municípios de pequeno

e médio porte. É sabido que as fiscalizações sanitárias sobre os produtos de origem animal e

seus derivados sejam realizadas pelo SIM, no entanto, embora não disponibilizar de

profissionais habilitados para exercer a função, o que vemos é esta fiscalização sendo

realizada pelas vigilâncias sanitárias locais, por um lado, porque na maioria dos municípios o

SIM ainda não é um serviço institucionalizado, por outro, porque naqueles poucos municípios

que já dispõem do SIM, as fiscalizações continuam sendo realizadas pelos setores de

vigilância sanitária por falta de uma equipe técnica de fiscalização sanitária nas secretarias de

agricultura.

Por tanto, concluímos que a atuação das vigilâncias sanitárias nos municípios da

20ª CRES, quanto ao exercício da regularização dos produtos alimentícios destinados à

alimentação escolar provenientes do agricultor familiar rural, inscrito no Programa Nacional

de Alimentação Escolar – PNAE e no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, precisa

ser reavaliado, em parte, porque os setores de vigilância sanitária enfrentam serias

dificuldades nas gestões locais como: número de servidores reduzidos para atender as

demandas de fiscalização dos produtos, a pouca qualificação dos servidores contribui

negativamente com a qualidade das fiscalizações e o desconhecimento das diretrizes e normas

legais pertinentes aos programas PNAE e PAA. Outra questão diz respeito à fiscalização e

liberação dos produtos sem o devido controle de qualidade emitido pelos demais órgãos de

fiscalização competente, ficando a cargo do setor de vigilância sanitária a inspeção e liberação

de produtos pelos os quais a responsabilidade não lhe são atribuídas conforme determina a

legislação.

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7. REFERÊNCIAS

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8. APÊNDICE – 1

QUESTIONÁRIO

I. IDENTIFICAÇÃO DA VISA MUNICIPAL

Município: __________________________________________

Nº de Servidores na VISA: ________________

Nível de Escolaridade dos Servidores da VISA

Ensino Médio: ______________ Ensino Superior: ______________

Coordenador: _____________________ Nível de Escolaridade: ____________________

II. CONHECIMENTOS SOBRE O PNAE NO MUNICÍPIO

1. O município adquiri produtos da agricultura familiar para refeições nas escolas da Rede

Pública de Educação Básica conforme a Lei nº 11.947/2009 e a Resolução/CD/FNDE nº

26/2013?

SIM ( ) NÃO ( )

2. Qual o número de empreendimentos/produtores de gêneros alimentícios da agricultura

familiar encontram-se cadastrados na vigilância sanitária do município?

R __________________

3. Quantos estabelecimentos escolares no município adquirem os produtos alimentícios da

clientela do PNAE?

R _________________

4. Os produtos alimentícios da clientela do PNAE são previamente submetidos ao Controle

de Qualidade na forma do Termo de Compromisso previsto no Inciso 1º do Art. 33 da

Resolução CD/FNDE nº 26/2013)?

SIM ( ) NÃO ( )

5. Quais os gêneros alimentícios do PNAE são adquiridos pelos estabelecimentos escolares

para a alimentação escolar?

R.________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

6. Qual o cronograma de entrega dos produtos alimentícios aos estabelecimentos escolares

provenientes do PNAE?

Diária ( ) Semanal ( ) Quinzenal ( ) Mensal ( )

7. Qual o local de entrega dos produtos alimentícios provenientes do PNAE destinados à

alimentação escolar?

Diretamente nas escolas ( ) Entreposto ( ) Local de Produção ( )

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III. CONTROLE SANITÁRIO

8. Com que frequência são realizadas as inspeções sanitárias sobre os produtos

alimentícios da clientela do PNAE destinados à alimentação escolar do município?

Diário ( ) Semanal ( ) Quinzenal ( ) Mensal ( ) Não Realiza ( )

9. A VISA municipal realiza inspeção sanitária nos locais de produção dos alimentos da

clientela do PNAE?

SIM ( ) NÃO ( )

10. Quando inspecionados, os locais de produção de alimentos atendem aos critérios das

Boas Práticas de Fabricação quanto a: Edificação, instalações, equipamentos, móveis,

utensílios, higiene dos manipuladores, abastecimento de água, controle de pragas e vetores,

manejo de resíduos, matérias- primas, ingredientes, embalagens, armazenamento e

transporte.

SIM ( ) Sem Restrições SIM ( ) Com Restrições NÃO ( )

11. A VISA Municipal emite Relatórios de Inspeção Sanitária dos alimentos inspecionados

conforme determina o Inciso 3º, Art. 33 / Resolução/CD/FNDE nº 26/2013, firmado pelos

Gestores municipais?

SIM ( ) NÃO ( )

12. Qual Serviço de Agricultura ou órgão similar realiza inspeção sanitária sobre os produtos

de origem animal no município?

Municipal ( ) Estadual ( ) Federal ( ) Outro: ___________________

13. Existe o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) na Secretaria de Agricultura ou órgão

similar do município?

SIM ( ) NÃO ( )

14. Qual instrumento Legal é expedido pela VISA municipal para regularização dos produtos

alimentícios do PNAE?

Alvará Sanitário ( ) Relatório de Inspeção ( ) Licença sanitária ( )

Outro ___________________

15. Na sua visão de Gestor de VISA Municipal qual o instrumento Legal é o mais viável para

a regularização do micro empreendimentos/produtos alimentícios provenientes da

agricultura familiar?

Alvará Sanitário ( ) Relatório de Inspeção ( ) Licença sanitária ( )

Outro_______________

____________________________________________________ Responsável pelas Informações

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ANEXO A - AUTORIZAÇÃO DE USO DE DADOS

ANTES DE ASSINAR ESTE TERMO, VOCÊ DEVE INFORMAR-SE PLENAMENTE

SOBRE O MESMO, NÃO HESITANDO EM FORMULAR PERGUNTAS SOBRE

QUALQUER ASPECTO QUE JULGAR CONVENIENTE ESCLARECER.

Eu, _____________________________________________RG_______ ________________,

venho pela presente autorizar a utilização dos dados no projeto de pesquisa intitulado

“Regularização dos Alimentos da Agricultura Familiar Destinados às Escolas Públicas

da 20ª CRES – Crato-CE, Diante dos Órgãos de Controle Sanitário”, que é um estudo

desenvolvido pelo Pesquisador Assilon Lindoval Carneiro de Freitas, para obtenção do

Título de Especialização em Vigilância Sanitária, pela Escola de Saúde Pública do Ceará –

ESP/CE.

O objetivo desta pesquisa é “Traçar o perfil da gestão dos alimentos da agricultura

familiar destinados ao PNAE na 20ª CRES, diante dos órgãos competentes”.

Concordo que o Pesquisador está habilitado a usar os dados no projeto, incluindo o direito de

cópia sem limitação do número de edições.

Por se tratar de um trabalho sem fins comerciais, estou de acordo que todo material resultante

deste projeto incluindo suas cópias, não produzirá qualquer forma de pagamento ou

reembolso em meu benefício.

Crato-CE, de de 2013

Assinatura do Entrevistado

Informações para Contato

Nome do Pesquisador: Assilon Lindoval Carneiro de Freitas

20ª Coordenadoria Regional de Saúde – Crato-CE

Endereço: Rua Capitão José Joaquim de Macedo nº 680 São Miguel – Crato - CE

Telefone: (88) 3102-1255 / (88) 8814-0938 e-mail: [email protected]