mesmo com fase ruim da seca agricultora produz hortaliças e muda sua história

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Mesmo com fase ruim da seca agricultora produz hortaliças e muda sua história Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1184 Agosto/2013 Campinas do Piauí Campinas é uma cidade que fica no semiárido piauiense a 418 km da capital do Piauí, uma das cidades afetadas pela maior seca das últimas décadas. Apesar das poucas chuvas e alta temperatura, a população vem sobrevivendo e convivendo o período de estiagem na região. E para aqueles que pensam que os moradores de lá pretendem sair da cidade, se enganam. A resistência das famílias agricultoras dessa região é marca forte, e todos sempre dispostos a trabalhar na terra para que haja um pedaço de pão em cima da mesa no dia seguinte. Prova disso é o casal Jesse Teixeira da Silva e Janilma José Figueiredo de Carvalho Silva, casados há mais de nove anos, e moradores da cidade desde sempre. Eles vivem no povoado Lagoa Dantas, há 10 km da sede, junto com sua filha. E é lá que eles produzem sua renda extra. Janilma explica que antes da primeira água era ruim porque tinha que buscar água no barreiro do sogro. “O bom é que não era muito longe, mas de qualquer forma, não era legal ter que acordar cedo da manhã só para ir buscar água para que todos pudessem tomar banho ou fazer a comida”, lembra a agricultora. A agricultora conta que há sete anos começou a trabalhar com um canteiro, quando foi cavado um pequeno poço nas terras da família, para que pudessem plantar hortaliças para o consumo da casa. Mesmo com a água salgada, Janilma conseguiu produzir alguns canteiros de cheiro verde e outros legumes que faziam parte do seu tempero. No começo era só um pequeno canteiro no quintal de casa, mas, devido a um pedido de uma amiga, a agricultora decidiu aumentar sua produção e vender suas hortaliças na feira da cidade. Atualmente a família tem um canteiro com alface, coentro, cebolinha, pimentão,

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Mesmo com fase ruim da seca agricultora

produz hortaliças e muda sua história

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1184

Agosto/2013

Campinas do Piauí

Campinas é uma cidade que fica no semiárido piauiense a 418 km da capital do Piauí, uma das cidades afetadas pela maior seca das últimas décadas. Apesar das poucas chuvas e alta temperatura, a população vem sobrevivendo e convivendo o período de estiagem na região. E para aqueles que pensam que os moradores de lá pretendem sair da cidade, se enganam. A res is tênc ia das famí l ias agricultoras dessa região é marca forte, e todos sempre dispostos a trabalhar na terra para que haja um pedaço de pão em cima da mesa no dia seguinte. Prova disso é o casal Jesse Teixeira da Silva e Janilma José Figueiredo de Carvalho Silva, casados há mais de nove anos, e moradores da cidade desde sempre. Eles vivem no povoado Lagoa Dantas, há 10 km da sede, junto com sua filha. E é lá que eles produzem sua renda extra. Janilma explica que antes da primeira água era ruim porque tinha que buscar água no barreiro do sogro. “O bom é que não era muito longe, mas de qualquer forma, não era legal ter que acordar cedo da manhã só para ir buscar água para que todos pudessem tomar banho ou fazer a comida”, lembra a agricultora. A agricultora conta que há sete anos começou a trabalhar com um canteiro, quando foi cavado um pequeno poço nas terras da família, para que pudessem plantar hortaliças para o consumo da casa. Mesmo com a água salgada, Janilma conseguiu produzir alguns canteiros de cheiro verde e outros legumes que faziam parte do seu tempero. No começo era só um pequeno canteiro no quintal de casa, mas, devido a um pedido de uma amiga, a agricultora decidiu aumentar sua produção e vender suas hortaliças na feira da cidade. Atualmente a família tem um canteiro com alface, coentro, cebolinha, pimentão,

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pimentinha, abóbora, milho, macaxeira. Eles ainda cultivam plantas medicinais como romã, c a p i m s a n t o , e r v a cidreira, boldo, hortelã e criam ovelha e gado. A produção, a lém de alimentar as três pessoas de casa e os animais, faz com que a família vá à fe i ra do munic íp io apenas uma vez por semana. Janilma fala dos tempos de dificuldades que passou antes de receber a primeira cisterna. “Era muito difícil, até porque a

água da gente beber que tinha na comunidade era muito salgada. Às vezes trazíamos garrafões de água de Simplício Mendes, que é uma água melhor pra beber. O reservatório da cisterna é bem lacrado, porque eu só uso para o nosso consumo. A água daqui é muito pouca. Agora com esse programa da cisterna calçadão, o P1+2, pretendo aumentar meu plantio”, comenta. Toda a família está esperançosa e muito feliz com a chegada da nova cisterna, a segunda água, que será construída próximo ao canteiro ecológico. A iniciativa faz parte do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com realização da Obra Kolping do Piauí. A agricultora conclui dizendo que a principal mudança em sua vida foi ter água boa e potável pertinho de casa. “Hoje temos água de boa qualidade e isso para mim e minha família é o que mais importa”, ressalta Janilma.