regulação neuroendócrina integração de sinais periféricos ... · controle homeostático do...
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Ingestão de alimento
Regulação neuroendócrina
Integração de sinais periféricos e
centros cerebrais
Subnutrição
Deficiência
energética
Supernutrição
Excesso
energético
Vertebrados homeostase do peso corporal e composição
corporal
Equilíbrio entre ingestão e gasto de ENERGIA
Ingestão de alimento
Área de pesquisa com aplicação na clínica médica (desordens
alimentares) e na produção animal.
v
Importância dos estudos com animais de criação
O conhecimento dos fatores que interferem na ingestão de alimentos pode
levar a um manejo adequado assegurando:
• melhor produtividade e bem-estar dos animais
• melhor utilização do alimento
• menor custo de produção
• uso dos animais (porcos) como modelo para estudos para aplicação
em humanos. Mais adequados que ratos/camundongos.
Fatores que controlam a ingestão de alimentos e
podem ser enfocados de forma prática no manejo
(intrínsecos e extrínsecos):
Fatores biológicos (fisiológicos e comportamentais)
e
Fatores ambientais
Fatores importantes quando se discute ingestão alimentar:
• Fatores ambientais (temperatura, fotoperíodo, alteração do ciclo
claro/escuro, etc)
• Composição nutricional da dieta – seleção de macronutrientes
(carboidratos, proteínas, gorduras)
• Composição física e química da dieta – fontes de energia, conteúdo de
energia digestível. Atratibilidade/palatabilidade (estímulos olfatórios)
• Tempo de alimentação - comportamento alimentar e aproveitamento
do alimento
• Aprendizado - Memória das consequências metabólicas dos alimentos
por propriedades sensoriais (aparência, sabor e textura) - escolha
• Relação social (dominância, submissão)
• Ritmos alimentares (relógio biológico)
• Fatores biológicos (fase de crescimento, reprodução, genótipo)
• Fatores nutricionais (adiposidade, jejum – reservas energéticas –
sinais metabólicos)
• Regulação endócrina da ingestão (peptídeos centrais e periféricos)
A ingestão de alimentos é afetada por diferentes grupos de fatores,
agrupados em 3 categorias:
1) Fatores relacionados ao alimento (características físicas e
químicas);
2) Fatores relacionados ao animal (condição fisiológica, tamanho,
genótipo);
3) Fatores relacionados ao ambiente (temperatura, alojamento e
prevalência de doenças).
O artigo revisa nova abordagem na regulação da ingestão de alimentos em
ruminantes de uma perspectiva de ritmos cronofisiológicos.
Fatores da dieta, do animal e cronoambientais (alojamento, agrupamento e
estratégias de manejo alimentar) afetam a ingestão.
Ritmos circadianos naturais de pastagem e ruminação são levados em conta:
- ruminação acontece mais a noite e pastagem durante o dia, especialmente no
nascer e por do sol. Assim, a fermentação ruminal, assimilação de nutrientes pós-
ruminal e metabolismo periférico possuem um ritmo circadiano. Estes ritmos no
comportamento alimentar geram ritmos na endocrinologia destes animais.
O artigo discute as alterações propositais no manejo alimentar como forma de
alterar os ritmos e melhorar a eficiência dos diferentes processos relacionados à
alimentação.
O artigo sugere que a alimentação noturna oferece vantagens para otimizar os
ritmos de ingestão de matéria seca e eficiência na produção de ruminantes.
Teorias sobre o controle da ingestão de alimentos
1. Teoria glicostática (Mayer, 1953) – flutuações da glicose em sincronia
com as refeições. Manutenção da glicemia controlada por um sistema de
monitoramento no SNC. Ruminantes ? AGV (fermentação ruminal).
v
2. Teoria lipostática (Kennedy, 1953). Sinal crônico de regulação da
ingestão. Aumento e diminuição das reservas corporais. LEPTINA. v
3. Capacidade do trato digestivo – fator limitante da alimentação. Limite
físico. Ruminantes. Relação positiva entre enchimento do trato/digestão e
ingestão voluntária de alimentos (Balch & Campling, 1962).
v
Evidências atuais – controle da ingestão de alimentos é uma interação
das diferentes teorias. v
4. Propriedades químicas e osmóticas da digesta – controle “metabólico”.
Ruminantes. v
Humanos – Estudos cada vez mais frequentes. Aumento do
consumo de alimentos e prevalência global de obesidade.
1. Controle homeostático do apetite – necessidade de manter
reservas corporais.
2. Controle hedônico do apetite (ingestão por prazer; não por
necessidade calórica)
Animais de produção
REGULAÇÃO APETITE/PESO CORPORAL/BALANÇO ENERGÉTICO
Fenômeno complexo envolvendo interação entre cérebro e sinais
periféricos (hormônios e nutrientes):
Hipotálamo e outros centros nervosos (telencéfalo ventral e bulbo
olfatório) produzem fatores-chave que estimulam (orexigênico) ou
inibem (anorexigênico) a ingestão de alimento;
Trato gastrointestinal é o principal sítio de digestão do alimento e
absorção dos nutrientes; monitora a quantidade de alimento e o
conteúdo nutricional
Outros tecidos (tecido adiposo e pâncreas) – produção de fatores
que controlam a ingestão de alimentos
Integração de sinais periféricos, tônicos e episódicos, com o SNC
Neuropeptídeos Receptores
TGI libera mais de 20 hormônios (15 diferentes tipos celulares) – diferentes
processos;
Alguns são liberados pela distensão gástrica e por interações entre
nutrientes e parede intestinal – ativação do nervo vago (por mecano e
quimioreceptores) – núcleo do trato solitário e área postrema (tronco cerebral
caudal); saciedade aguda;
Parte destes hormônios pode agir alterando os sinais de hormônios
hipotalâmicos;
Estes hormônios podem mediar mecanismos de feedback inibitórios do
trânsito intestinal, contribuindo para prolongar a distensão gástrica e
saciedade aumentada entre refeições.
Peptideo tirosina tirosina (PYY)
Glucagon-like peptideo-1 (GLP-1)
Oxintomodulina (OXM)
Colecistoquinina (CCK)
Polipeptideo pancreático (PP)
Glucagon
Grelina
Disponibilidade de
nutrientes estabiliza
o crescimento de E.
coli, com mudanças
em proteínas da
bactéria que
mimetizam o α-
MSH, que induz a
saciedade no
hospedeiro.
Fatores hormonais de regulação da ingestão de alimentos
Orexigênicos Anorexigênicos
Hormônios
do cérebro
Neuropeptídeo Y (NPY)
Orexinas (hipocretinas A e B)
Galanina
Peptídeo agouti-related (AgRP)
Horm. Concent. melanina (MCH)
Dopamina
Noradrenalina
Opióides – β endorfina
Óxido nítrico (NO)
Grelina
Transcritos de cocaína e anfetamina (CART)
Sistema melanocortina (MSH) - pro-opiomelanocortina (POMC)
Peptídeo glucagon-like 1 (GLP-1)
CRH - related peptides, cortisol
Peptídeo liberador de bombesina/gastrina (BBS/GRP)
Taquicininas (substância P, Neuropeptídeo , neuroquinina A, ciliorrininas,
carassinas)
Serotonina (5-HT)
Hormônios
periféricos
Grelina (estômago, pâncreas)
Galanina (TGI)
Colecistoquinina (CCK) / gastrina
Bombesina BBS (GRP/gastrin related peptides/neuromedina B)
Peptídeo glucagon-like 1 (GLP-1)
PYY
Oxintomodulina
Leptina (gordura)
Obestatina (gordura)
Amilina (pâncreas)
Insulina/glucagon (pâncreas)
Polipeptídeo pancreático (pâncreas)
Estimulantes da Ingestão de Alimento
Orexigênicos
Neuropeptideo Y (NPY)
Peptídeo de 36 AA - família dos polipeptídeos pancreáticos;
Um dos mais potentes agentes orexigênicos hipotalâmicos.
Expressão aumentada em condições de demanda energética
maior.
Co-expresso com o AgRP (Agouti-related protein) – ARC
(principalmente).
5 receptores identificados.
Age em múltiplos locais, interagindo com diferentes hormônios.
Efeitos evidentes em aves, suínos, peixes e ovinos.
O estudo determinou o perfil de expressão de vários neuropeptídeos em
duas linhagens de aves selecionadas para alta ou baixa ingestão de
alimento, mantidas sob condições de alimentação normal e restrita.
NPY AgRP
Orexinas (hipocretinas)
Orexina A – peptídeo de 33 AA
Orexina B – peptídeo de 28 AA
atua através de 2 receptores:
- OX 1R – afinidade com a orexina A
- OX 2R – se liga tanto com a orexina A como com a B;
Efeito descrito em suínos, aves, peixes, ruminantes.
Orexina
NPY e orexina
Hormônio concentrador de melanina (MCH)
isolado inicialmente na hipófise do salmão como um hormônio
mediador da mudança de cor;
posteriormente identificado em mamíferos com papel
importante na homeostase energética e na alimentação;
Neuropeptídeo cíclico – regula a ingestão de alimentos centralmente
e o estresse.
Induz ingestão de alimentos em roedores.
Humanos – estudos sugerem relação do receptor de MCH na ingestão
de alimentos e desordens afetivas – sérias ameaças à saúde.
Descoberta de antagonistas dos MCHRs poderia levar ao
desenvolvimento de drogas para tratamento de obesidade, ansiedade
e síndromes depressivas.
Galanina (GAL) e Galanin-like peptide (GALP)
peptídeo de 29 AA inicialmente isolado do intestino de suínos;
em mamíferos, amplamente distribuído no trato gastrointestinal
e sistema nervoso central;
Β-cell-tropin – peptídeo derivado do ACTH – secretagogo de insulina.
IICV aumentou a ingestão de alimentos em ratos.
Este estudo mostrou que a IICV em pintinhos aumentou a ingestão por 60 minutos.
Inibidores da Ingestão de Alimento
Anorexigênicos
Fatores liberadores de corticotropina (CRF/CRH)
hormônio hipotalâmico que estimula a liberação de ACTH, que
estimula a secreção do cortisol pela adrenal;
inibe a ingestão, aumenta o gasto de energia e promove perda
de peso;
conhecido como mediador central do efeito anorexigênico da
LEP;
Injeção central de LEP estimula atividade de eixo HHA.
Efeitos consistentes em bovinos, particularmente por ocasião de
partos e outras situações estressantes.
Sistema melanocortina
Melanocortinas (POMC, α-MSH)
grupo de hormônios da hipófise derivados da molécula pró-
opiomelanocortina (POMC), que inclui a adrenocorticotropina
(ACTH) e o α-, β-, γ- hormônio estimulador do melanócito (MSH);
envolvidos na homeostase energética e na ingestão de alimento;
receptores MC3 e MC4.
estudos em animais domésticos ainda não trazem evidências
consistentes.
Agouti-gene-related peptide (AgRP)
ASP (agouti signalling peptide) – gene ligado a cor da pelagem.
Atenua os efeitos anorexígenos das melanocortinas;
liga-se aos receptores MCs, como antagonista.
Cocaine and amphetamine-regulated transcript (CART)
peptídeos originalmente isolados após administração aguda de
estimulantes psicomotores (cocaína e a anfetamina) no cérebro de
ratos;
interage com outros reguladores de apetite apresentando efeito
inibitório
O estudo indica que o CART
é um dos mais importantes
reguladores da alimentação
em aves, mas que pode
variar entre linhagens.
O CART interage com NPY
Colecistoquinina (CCK)
CCK está presente no TGI e no sistema nervoso central e periférico; co-secretado
com o PYY nas células L. Hormônio da fase inicial da saciedade. Ação aguda na
homeostase energética.
Possui 2 receptores conhecidos:
- CCK 1 – localizado no pâncreas, vesícula biliar e fibras do nervo vago do TGI;
também no hipotálamo em áreas reguladoras da ingestão;
- CCK 2 – localizado no córtex, hipotálamo, aferências do vago e mucosa gástrica.
CCK é liberado logo após o alimento no intestino. Detecta ácidos graxos de cadeia
longa e produtos da digestão da proteína. Media liberação de PYY e inibe grelina
(orexigênico).
CCK media liberação de enzimas pancreáticas, sais biliares – digestão de proteínas e
gorduras.
Potencia o sinal vagal da distensão gástrica. Ramos do nervo vago no TGI
expressam receptores CCK1.
Regula o esvaziamento gástrico.
Resultados consistentes em aves, suínos e ovinos.
GLP-1 (glucagon-like peptide)
Pertencente a família dos peptídeos similares ao glucagon; derivado
da clivagem do proglucagon; encontrado no intestino e sistema
nervoso central;
Liberado pelas células L do intestino após presença de alimento.
Reduz o esvaziamento gástrico e inibe a ingestão de alimento
(via nervo vago).
Tem forte efeito de incretina na secreção de insulina e inibe a
secreção de glucagon.
Injeção central (área postrema, NTS e núcleo paraventricular) e
periférica induziu a anorexia. Administração crônica induziu perda
de peso (terapia do diabetes tipo 2).
PYY 3–36
Peptídeo com 36AA secretado pelas células L do intestino na presença
de ácidos graxos, fibras e ácido biliar.
PYY plasmático baixo no jejum; aumento ao final da refeição.
Diminui esvaziamento gástrico.
Evidências de que os efeitos do PYY3-36 periférico dependam de
aferências vagais.
Estudos com RM – PYY modula atividade de áreas associadas ao
controle do apetite e, também, de áreas superiores associadas a
controle de recompensa e hedônico.
Oxintomodulina
Derivado do proglucagon e co-secretado com o GLP-1 pelas células L
intestinais após ingestão de alimento.
Oxi induz saciedade, aumenta gasto de energia e reduz peso corporal.
IICV de glucagon, GLP-1 e oxintomodulina reduzem a ingestão de alimento em
mamíferos e aves. Neste estudo, a IICV de OXMch diminuiu a ingestão de alimento e
aumentou glicose e corticosterona.
GCGL (novel glucagon-like peptide)
Recente descoberta no cérebro de aves.
Descrito também em peixes e anfíbios
GCGL (novel glucagon-like peptide)
Neste estudo, a IICV de GCGL em aves suprimiu a ingestão de alimentos.
Insulina
Níveis circulantes estão associados a níveis de
nutrientes, que também parecem informar ao cérebro a
condição metabólica dos animais.
Evidências – insulina interage com peptídeos
orexigênicos e anorexigênicos centrais em mamíferos.
Em ruminantes, papel na ingestão crônica de
alimentos e peso corporal, mas não em vacas leiteiras,
no início da lactação (insulina baixa).
Este estudo avaliou o efeito da IICV de insulina em pintinhos na
ingestão de alimentos. Doses baixas - não interferiram na glicemia.
Insulina diminuiu a ingestão de alimento.
Houve aumento da expressão de mRNA de POMC e diminuição do
mRNA de NPY.
Co-injeção de antagonista de melanocortina evitou a redução da
ingestão de alimento.
O estudo sugere que, em pintinhos, a insulina atua como supressor
de apetite no SNC e que o Sistema Melanocortina media as ações da
insulina, como em mamíferos.
Amilina
Co-secretada com a insulina pelas células β do pâncreas em
resposta a elevação da glicemia. Tem potente efeito anti-
diabetogênico.
Amilina parece reduzir a ingestão de alimentos por uma
combinação de mecanismos centrais e indiretamente por redução
do esvaziamento gástrico.
Ainda não são conhecidos os mecanismos pelos quais a amilina
atravessa a barreira hemato-encefálica e interage com o
hipotálamo.
Administração periférica de amilina e calcitonina (amylin-related
peptide).
O estudo mostra, pela primeira vez, efeito anorexigênico da amilina em
ruminantes. Calcitonina também promoveu o efeito anorexigênico
Bombesina (BBS), Peptídeo liberador de gastrina
(GRP) e neuromedina B (NMB)
BBS – peptídeo purificado da pele da rã Bombina bombina;
GRP e NMB são peptídeos homólogos ao BBS;
Peptídeos amplamente distribuídos no trato GI e cérebro;
Quando administrados central ou perifericamente inibem a
ingestão.
Resultados consistentes em suínos e ovinos.
Em mamíferos, os homólogos deste peptídeo (BBS) incluem 3 formas de
GRP (gastrin-releasing peptide): GRP-10, GRP-27, GRP-29, e um
decapeptídeo chamado de neuromedina-B (NMB).
Estes peptídeos estimulam respostas que incluem hipertermia,
bradicardia, inibição do esvaziamento gástrico e inibição da ingestão
de alimentos.
Bombesina, GRP e NMB atuam no controle agudo da ingestão de
alimento.
Aferências do nervo vago e esplâncnico no TGI que se projetam em áreas
de alimento no cérebro são necessárias para ação destes peptídeos.
Potenciais mecanismos de ação neuroendócrino e endócrino destes
peptídeos requerem mais pesquisas.
Serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT)
Aves em postura – injeção ICV reduziu consumo. Frangos -
Resultados não foram claros.
Suínos – efeitos contraditórios, dependendo do grau de restrição.
Ovelhas – efeitos pouco intensos
Relação inversa entre serotonina cerebral e ingestão de alimentos é
conhecida.
Aumento de serotonina inibe ingestão / depleção de serotonina – hiperfagia
e ganho de peso.
Descoberta recente indica um mecanismo primário pelo qual a serotonina
atua (receptores específicos) influenciando o sistema melanocortina.
Outros mecanismos são possíveis (interação com CRH, NPY, orexinas,
oxitocina, noradrenalina).
Alvo dos estudos – desenvolvimento de drogas para controle de desordens
metabólicas.
Integração de sinais periféricos, tônicos e episódicos, com o SNC
IICV de apoE em ratos
diminuiu a ingestão de
alimentos.
Administração de anti-apoE
aumentou.
ApoE estimulou expressão de
POMC – efeito anoréxico da
apoE está associado ao
sistema melanocortina.