região nordeste avança no social com as contas em dia · dados da associação nacional dos...

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Sem Opção Veículo: O Globo - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto: Economia - Página: 19,20 - Publicação: 23/02/20 URL Original: Região Nordeste avança no social com as contas em dia Região Nordeste avança no social com as contas em dia Estados controlam contas públicas, investem mais e avançam no social O Globo 23 Feb 2020 CÁSSIA ALMEIDA E HENRIQUE GOMES BATISTA [email protected] MATEUS PEREIRA/DIVULGAÇÃO GOVERNO DA BAHIA/28-12-2018 Mais obras. Início da construção da ponte que liga Ilhéus ao Pontal, na Bahia, em dezembro de 2018. O estado inicia agora a construção da ligação entre Itaparica e Salvador, um projeto de R$ 6 bilhões Resultadodeaçõesiniciadasanosatrás,estados e capitais do Nordeste têm se destacado com boa situação fiscal, avanço acelerado de indicadores sociais — principalmente na educação —e atração de investimentos privados. Mesmo administrados por partidos diferentes, eles têm atuado de forma coordenada. Região menos desenvolvida do país, o Nordeste tem se destacado no cenário nacional com uma situação rara: boa situação fiscal, avanço acelerado de indicadores sociais e atração de investimentos privados. Fruto de ações que começaram anosa trás, os estadoseasc apitais da região, mesmo administrados por partidos diferentes, vivem momento semelhante e atuam cada vez mais em coordenação. Estão conseguindo investir, feito invejável quando a maioria dos estados, principalmente os do Sule do Sudeste, lutap aramante rascont asem dia. Os estados nordestinos estão em melhor situação fiscal e aceleram o passo para reduzir o atraso na área social, com destaque para a educação. Apesar de avanços, a região ainda sofre com pobreza e taxas de desemprego mais altas que no resto do país. E a segurança pública é um desafio, mesmo com resultados positivo sem Pernambuco e Paraíba. Dos dez estados que mais investem hoje no país, cinco são do Nordeste, segundo dados de Claudio Hamilton Santos, coordenador de Políticas Macroeconômicas do Ipea, que vem acompanhando as finanças estaduais. Ceará e Alagoas despontam na primeira posição, destinando 8,8% e 8,5% de suas receitas ao investimento público. Segundo Santos, dos

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SemOpção

Veículo: O Globo - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto:Economia - Página: 19,20 - Publicação: 23/02/20URL Original:

Região Nordeste avança no social com as contas emdiaRegião Nordeste avança no social com as contas em diaEstados controlam contas públicas, investem mais e avançam no social

O Globo23 Feb 2020CÁSSIA ALMEIDA E HENRIQUE GOMES BATISTA [email protected]

MATEUS PEREIRA/DIVULGAÇÃO GOVERNO DA BAHIA/28-12-2018Mais obras. Início da construção da ponte que liga Ilhéus ao Pontal, na Bahia, em dezembro de 2018. O estadoinicia agora a construção da ligação entre Itaparica e Salvador, um projeto de R$ 6 bilhõesResultadodeaçõesiniciadasanosatrás,estados e capitais do Nordeste têm se destacado com boa situação fiscal, avançoacelerado de indicadores sociais — principalmente na educação —e atração de investimentos privados. Mesmo administradospor partidos diferentes, eles têm atuado de forma coordenada.Região menos desenvolvida do país, o Nordeste tem se destacado no cenário nacional com uma situação rara: boa situaçãofiscal, avanço acelerado de indicadores sociais e atração de investimentos privados. Fruto de ações que começaram anosa trás,os estadoseasc apitais da região, mesmo administrados por partidos diferentes, vivem momento semelhante e atuam cada vezmais em coordenação. Estão conseguindo investir, feito invejável quando a maioria dos estados, principalmente os do Sule doSudeste, lutap aramante rascont asem dia. Os estados nordestinos estão em melhor situação fiscal e aceleram o passo parareduzir o atraso na área social, com destaque para a educação. Apesar de avanços, a região ainda sofre com pobreza e taxas dedesemprego mais altas que no resto do país. E a segurança pública é um desafio, mesmo com resultados positivo semPernambuco e Paraíba. Dos dez estados que mais investem hoje no país, cinco são do Nordeste, segundo dados de ClaudioHamilton Santos, coordenador de Políticas Macroeconômicas do Ipea, que vem acompanhando as finanças estaduais. Ceará eAlagoas despontam na primeira posição, destinando 8,8% e 8,5% de suas receitas ao investimento público. Segundo Santos, dos

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nove estados da região, sete já reformaram seus sistemas de Previdência e dois estão com projetos em tramitação. Alagoas,Bahia, Ceará, Piauí e Sergipe, além de aumentarem as alíquotas de contribuição para 14% (obrigação imposta pela reforma daPrevidência federal), também fixaram idade mínima, avançando nas reformas. No Sudeste, só Espírito Santo o fez até agora.— Em geral, os estados do Nordeste estão indo melhor que os do centro-sul e do Sudeste em particular (nas contas públicas).Bahia, Ceará e Alagoas são mais bem geridos. Como dependem mais da dinâmica agrícola, foram menos afetados pela recessão(em comparação com estados industrializados), e a arrecadação sofreu menos. Há estados nos quais a receita já está 10% maiorque em 2014 (início da crise) —diz Santos.MAIS DINHEIRO PARA OBRASFábio Klein, economista da Tendências Consultoria, afirma que Alagoas, Piauí, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte têm notafiscal (que combina endividamento, poupança, liquidez, resultado primário e despesa com pessoal) acima da média nacional. Oendividamento baixo da região ajuda nos outros fatores. Nos cálculos da consultoria, a estrelado paí sé o Espírito Santo. Logoem seguida, vem um estado nordestino, o Ceará. —Pela nossa métrica, a estrelado Nordesteéo Ceará. ACM Neto, prefeito deSalvador e presidente nacional do DEM, avalia que os políticos da região entenderam que, sem responsabilidade fiscal, ninguémse reelege: —Os políticos do Nordeste, seja de qual partido, aprenderam que a responsabilidade f isca lé algo sério. Até porinteresse eleitoral. Os eleitores punem os políticos irresponsáveis e populistas. Manoel Vitório, secretário de Fazenda da Bahia,administrada pelo PT, concorda: — Houve uma conscientização, que se intensificou na crise, de que é preciso ser responsávelfiscalmente.Com uma ação para racionalizar gastos públicos, a Secretaria baiana da Fazenda conseguiu, entre 2015 e 2019, economizar R$4 bilhões, o que representa 8% do orçamento do estado em 2019. Nenhum dos nove estados do Nordeste tem classificaçãofiscal baixa no Tesouro Nacional. Três dos sete estados de Sule Sudeste têm nota“D ”. Só o Espírito Santo tem nota A. Alagoas,quet em notaB,é um exemplo desse avanço. George André Santoro, secretário de Fazenda do estado, diz que as verbas decusteio estão no mesmo patamar que em 2014, menos em educação, saúde e segurança pública: —Nas demais secretarias, háquase um teto de gastos. Passamos de D para B no Tesouro. Não somos Apor causa do nosso endividamento, que ainda é alto.A situação mais confortável permitiu ampliar investimentos públicos. No ano passado, foram R$ 600 milhões. Este ano, aprevisão do governo alagoano, do MDB, é destinar R$ 700 milhões para obras como duplicação de estradas e a construção decinco hospitais. —Temos a pior relação entre leitos e população do país —diz Santoro.A Bahia também está conseguindo fazer investimentos como a Ponte Ilhéus-Pontal, que ajuda na integração do sul do estado edeve ser inaugurada em março. O estado inicia agora o que é considerada a maior obra pública do país hoje: aponte Salvador-Itaparica. O projeto de R$ 6 bilhões e 12,3 quilômetros —comparável à Ponte Rio-Niterói, com 14 quilômetros— é uma parceriacom empresas chinesas. Flávio Dino( PC do B ), governador do Maranhão, diz que o desafio foi grande durante a crise, mas queseu estado nunca deixou de cumprir o Plano de Ajuste Fiscal (PAF), firmado há cinco anos com o Tesouro, nem atrasou salários:—Reduzimos o cus toda gestão( foram R $300 milhões a menos em 2019), agimos com probidade, combatendo a corrupção, eampliamos a receita.FOCO NA MOBILIDADEDados da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos mostram que, em 2019, o Nordeste tinha omesmo número de projetos do setor que o Sudeste: três. Mas, enquanto o VLT e o metrô de Fortaleza estavam em obras e omonotrilho de Salvador dependia apenas de licenças ambientais para funcionar, duas das três expansõesdo metrô de São Pauloestavam paradas, aguardando solução de problemas legais e licitações, e a terceira estava em fase final de conclusão. Outroponto que favorece o avanço dar egiãoéa articulação entrego vernadores, independentemente da cor partidária. Maisque umfórum político, o Consórcio Nordeste, que reúne os nove estados, dá frutos econômicos. Em bloco, os estados oferecem aoexterior licitações em transporte, saneamento e serviços públicos, que podem gerar R$ 33 bilhões em contratos.Em 2019, empresas investiram R$ 15 bilhões em Pernambuco, de montadoras ao centro de distribuição da Amazon. Para ogovernador do estado, Paulo Câmara (PSB), gestão responsável atrai investimento privado: — As empresas investem mais emestados fiscalmente responsáveis. Cláudio Frishtak, sócio da Inter. B Consultoria, aval iaque a pobreza histórica levou a regiãoater compromisso fiscal mais forte. O economista destaca ainda o fim de oligarquias que dominavam os estados: —O Nordestevive a antítese da “doença holandesa” (quando há dependência de uma única atividade e co nômica).Éo inverso do Rio. ONordeste agora vive um boom de energia, com eólica e solar.ENERGIA LIMPAEnquanto o Sudeste explora o petróleo do pré-sal, o Nordeste apos tana energia limpa. Ageração eólica já responde por 49,5%da demandada região e gera renda. —Se no Sudeste falavam do pré-sal, no Nordeste podemos dizer que vivemos o “prévento”.Pequenos produtores rurais viviam, às vezes, com R$ 150 reais de Bolsa Família. Agora, recebem R$ 1.500 por mês por cadaaerogerador em sua propriedade, e continuam com espaço para sua plantação—diz Elbia Gannoum, presidente da AssociaçãoBrasileira de Energia Eólica. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), em 6 de setembro de 2019, o setor bateu recordede geração, suprindo 88,8% da demanda da região, que concentra 80% dos parques eólicos do país. Rio Grande do Norte, Bahiae Ceará lideram, com 66% da potência instalada. Na energia solar, 70% da capacidade estão no Nordeste. —ONordesteéagrande estrelada energias o lardo Brasil. Se colocarmos um mesmo equipamento no Japão ou no Nordeste, ageração doNordeste será odo broda japonesa — compara Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Associação Brasileira de Energia SolarFotovoltaica (Absolar).

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Região assume liderança em índices educacionaisEmbora ainda desiguais, estados do Nordeste são os que mais avançam noIdeb do ensino médio desde 2005. Ceará se destaca no ensino fundamental.Mortalidade infantil ainda é maior que a média nacional, mas distânciaagora é menor

CÁSSIA ALMEIDA E HENRIQUE GOMES BATISTA [email protected]

HENRIQUE GOMES BATISTAMais vagas. Larissa com Bruna, de 1 ano, e Diego, de 4, que está na escolaONordeste avança a passos largos para quitar sua dívida social na educação. Segundo dados do Instituto Unibanco, entre os dezestados brasileiros que mais avançaram no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio entre 2005 e2017, quatro são do Nordeste: Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará. No ranking, o avanço nordestino sedá em saltos. OCearáera o11º em 2005 e subi upara quarto em 2017. Pernambucos alto uda20ªposiçã opara a terceira, e o Maranhão, da 25ªpara a 14ª. Já o Piauí saiu da penúltima posição para a 16ª. — Não há solução mágica. Foi um trabalho de continuidade, queultrapassou governos, uma política de Estado. Organizaram a rede, estabelecerammetas ousadas, mas factíveis e com sistemade monitoramentoforte. As ideias vêm das próprias escolas. No Piauí, uma diretora percebeu que alunos do ensino médiofaltavam muito na sexta-feira e decidiu botar baião de dois no almoço. O absenteísmo caiu — conta Ricardo Henriques, doInstituto Unibanco.Na taxa de abandono do ensino médio, onde a evasão é maior, o movimento se repete. Dos dez estados que mais melhoraram,oito são da região, e orankingé liderado por Pernambuco,onde a taxa de abando noé de 1,2%. Em 2007, era de 24%. Para opesquisador da consultoria IDados Guilherme Hirata, o fenômeno ainda é localizado. Ele aponta o Ceará como o caso maisevidente: —Sobral tema melhor rede do país no quinto e nono anos. Ou troca sobem conhecido, destaca Hira ta,éo ensino médiode Pernambuco, que aposta no tempo integral: —Mas não foi só tempo integral. Houve melhoria na gestão, mais tempo deestudo em português e matemática. Paulo Câmara( PS B ), governador de Pernambuco, diz que educação é prioridade e umtrabalho de longo prazo, que começou em 2007: —Sabemos o que ocorre em cada escola de Pernambuco. Em 2007, o estado sótinha oito escolas com tempo integral, com menos de 2% dos alunos, e hoje tem 400, com 62%. A metaécheg ara 70% em 2022.No Ceará, Laura Machado, especialista de educação na cátedra do Instituto AyrtonSen nano Insper, vê avanço maior no ensinofundamental:— Há um programa de incentivo para os municípios, com o ICMS. Quem apresenta bons resultados só recebe metade do prêmio.Só recebe a outra metades e ajudar outra cidade que está mal. É uma política de difusão de boas praticas muito forte. No Piauí,a capita léo destaque. Teresina aparece como a melhor no Ideb do ensino fundamental há cinco anos. —Outra cidade, ade Cocalde Alves, coleciona uma lista de prêmios imensa. Mas não conseguiram ainda difundiras boas práticas —aponta Laura.NA SAÚDE, AVANÇO MAIOROs seis estados com maior cobertura de pré-escola no Brasil são do Nordeste: Ceará, Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande doNorte e Bahia. Em Salvador, Larissa da Conceição, de 27 anos, diz ser fundamental ter o filho mais velho, Diego, de 4 anos, naescola. Na Bahia, 96% das crianças entre 4 e 5 anos estão matriculadas.— Lá ele recebe alimentação, educação, está bem cuidado. Hoje, é muito mais simples conseguir creche. Isso ajuda muito,porque uma olhadora no bairro onde moro, em Cajazeiras, cobra R $350 por mês —diz Larissa, que está desempregada e aindacuida em casa da filha Bruna, de 1 ano. Na saúde, a região avançou maisque o Brasil, embora continue atrás nos principais

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indicadores. Na mortalidade infantil, são 15,8 mortes por mil nascidos vivos, média superior à brasileira, de 13,4, mas o avançofoi impressionante. Há 20 anos, a taxa era 35,9 contra 26,1 do Brasil. Pernambuco, que tinha taxa de 34 mortes por mil em2000, apresentou 13,3 em 2017, dado mais recente, a mesma média de Minas, que tinha 25,7 em 2000. Cristiano Boccolini,pesquisador de saúde pública da Fio cruz, concorda que o Nordeste evoluiu mais, mas diz que os estados ainda nãoconseguiram alcançar os mais desenvolvidos país. Cita a criação de bancos de leite, a maior expansão do Programa Saúde daFamília no país e o Bolsa Família como fatores que favoreceram o desempenho do Nordeste.

Violência, desemprego e pobreza ainda são mazelasnordestinasEstados da região têm as maiores taxas de informalidade e de homicídios

23 Feb 2020

JOSÉ LEOMARMotim. Carros da polícia tiveram os pneus esvaziados nos atos em FortalezaOavanço relativo do Nordeste, mesmo com ganhos em indicadores sociais, ainda não foi suficiente para extinguir mazelashistóricas. A região ainda ostenta a maior taxa de desemprego do país. Entre os dez estados que têm os maiores índices desubemprego, oito são do Nordeste. A informalidade também é alta. São seis estados nordestinos na lista das taxas mais altas.Na segurança pública, a situação também avançou pouco. Os recentes episódios do motim da Polícia Militar no Ceará e apersistência decida desnor destinas noto p odos rankings das mais violentas do país mostram os desafios na área. Nessa áreaalgum progresso surgiu em estados como a Paraíba, segundo Daniel Cerqueira, responsável pelo Atlas da Violência do Ipea:—É uma política baseada em dois pilares, repressão qualificada e prevenção social, trabalhando para evitar que os jovensentrem no crime. Segundo os últimos números do Monitor da Violência, do G1 em parceria com o Fórum Brasileiro de SegurançaPública, houve queda de 19% nos números de homicídios no país em 2019. O destaque foi o Ceará, onde aqueda foi de 50,3%.Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, diz que além de uma nova abordagem da polícia,com mais uso de inteligência, algumas iniciativas, com o Compaz de Recife tentam alterar o cenário com prevenção. Espécie deUPP social, os centros do programa, localizados nos bairros mais violentos da capital pernambucana, oferecem lazere esportepara jovens. No mercado de trabalho da região, areação econômica ainda está longe. Bruno Ottoni,p esquis ador da Consultoria IDados, afirma que o Nordeste ainda não conseguiu reduzir o desemprego na mesma velocidade que o resto do país. —Apesar deter avançado em anos de estudo, é uma mão de obra menos qualificada e mais jovem, mais vulnerável em períodos de crise.MERCADO DE TRABALHOAlessandro Azevedo, de 33 anos, morador de Salvador, está desempregado há 2 anos. —A gente vê notícia de crescimento, masemprego não tem. Eu era operador de produção na Ford, mas hoje ninguém me contrata, dizem que eu tenho pouca qualificação—conta, com o currículo embaixo do braço. (Henrique Gomes Batista e Cássia Almeida)

A arte imita a vida: bom momento chega às telasCom destaque internacional, cinema nordestino rouba a cena e liderabilheterias e premiações

O Globo23 Feb 2020

Não é só nos indicadores sociais, fiscais e de investimento que os estados do Nordeste começam a se destacar. Nas grandestelas, o sucesso é evidente. Um estado campeão incontestável nessa área é Pernambuco, seguido de perto pelo Ceará. Muitoalém de “Bacurau”, do pernambucano Kleber Mendonça Filho, que conquistou público e crítica no festival de Cannes, na França,

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outras produções nordestinas se destacaram pelo mundo. “A Vida Invisível”, do cearense Karim Aïnouz, que tentou um lugar noOscar deste ano, também chamou a atenção no último festival da exclusiva cidade francesa. “Divino Amor” foi um dosdestaques em Sundance e no Festival de Berlim, que também rendeu frutos para “Estou me guardando para quando o carnavalchegar” . Roterdã premiou “No coração do Mundo”. No Brasil, o mesmo se repetiu. O Festival de Gramado de 2019 teve comograndes estrelas o cearense “Pacarrete” e o curta-metragem “Marie”, de Pernambuco. A cultura e a diversidade nordestinaexplicam parte do sucesso. Mas uma política pública de incentivos também abriu caminho para os cinemas. Pernambuco, nãopor acaso, foi o primeiro estado do país a garantir incentivos fiscais em uma lei do audiovisual. A prática foi seguida pela capital,Recife, e pelo Ceará. Pelo visto, gestão não faz bem apenas à economia.

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