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AMANDA LIMA BATISTA IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES MITOCONDRIAIS DE ADENILATOS AACs EM Arabidopsis thaliana Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2019

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Page 1: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

AMANDA LIMA BATISTA

IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES MITOCONDRIAIS DE ADENILATOS AACs EM Arabidopsis thaliana

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal, para obtenção do título de Magister Scientiae.

VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL

2019

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Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da UniversidadeFederal de Viçosa - Câmpus Viçosa

 T  Batista, Amanda Lima, 1994-B333i2019

        Importância fisiológica dos transportadores mitocondriaisde adenilatos AACs em Arabidopsis thaliana / Amanda LimaBatista. – Viçosa, MG, 2019.

          ix, 45 f. : il. (algumas color.) ; 29 cm.             Orientador: Adriano Nunes Nesi.          Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa.          Referências bibliográficas: f. 34-37.             1. Arabidopsis thaliana - Metabolismo. 2. Mitocôndria.

3. Respiração. 4. Redox. I. Universidade Federal de Viçosa.Departamento de Biologia Vegetal. Programa de Pós-Graduaçãoem Fisiologia Vegetal. II. Título.

   CDD 22. ed. 583.64

 

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ii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Juvenal e Márcia, pelo amor incondicional, exemplo e apoio sempre presente

À minha avó Orlandi, pelo abraço acalentado e pela confiança depositada

Ao meu noivo Vinicius, pelo amor, força, companheirismo e ajuda preciosa

Às minha irmãs Vanessa e Yasmin, pelo carinho, parceria e afago nas fases difíceis

DEDICO

“Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.”

Salmos 37.4-5

“Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim.”

Isaías 49.15-16

“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.”

Salmos 32.8

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iii

AGRADECIMENTO

Toda honra, toda glória e ações de graças sejam dadas a Deus, o criador da vida, o

provedor da inteligência, o consolador nas dificuldades sempre presentes, que me instruiu, me

ensinou o caminho em que andar e que me aconselhou sob suas vistas.

Sou grata aos meus pais, Juvenal e Márcia pelo amor genuíno que transborda ao ponto

de senti-lo sempre, mesmo a 700 km de distância, pelo apoio em cada decisão tomada e

confiança que sempre dispensaram sobre mim. Á minha avó Orlandi pelo seu carinho e

abraço acalentado que aperta meu coração de tantas saudades. Agradeço as minhas irmãs

Vanessa e Yasmin pela força, torcida e por sempre estarem disponíveis para ouvir os

desabafos frequentes. Ao meu noivo Vinicius que nunca mediu esforços para estender a mão,

inclusive na realização dos experimentos desse trabalho, pelo seu companheirismo em todos

os momentos e pelo encorajamento nos momentos difíceis. Aos meus familiares que sempre

estão de braços abertos cheios de amor e consideração, preocupação e carinho. Ao Tiago e a

Dinorah pela amizade e por ser família, com toda consideração e atenção dispensada a mim.

À família PIBI e IBMV pelas orações e pelo sustento e fortalecimento da minha vida

espiritual. Ao Pastor Elífio pelo cuidado e conselhos ao longo das tomadas de decisões.

Agradeço ao professor Adriano pela receptividade em me orientar desde o início e apoio

ao longo da realização desse trabalho, possibilitando a oportunidade de aprender e trabalhar

na ciência, confiando e acreditando nessa pesquisa. Agradeço aos meus supervisores e amigos

Elias, Paula e o Jorge por toda ajuda no planejamento dos experimentos, as ideias e esforços

investidos nesse trabalho, além dos desabafos e compartilhamento de experiências pessoais

que foram e que são importantes pra mim, que vou levar comigo. Ao professor Wagner

Araújo pelo tempo disponibilizado e contribuições feitas no trabalho. Aos outros membros do

laboratório Unidade de Crescimento de Plantas que de alguma forma contribuíram para a

realização desse trabalho, em especial a Carol, Danielle Brito, Dora, Helen, Marcelo e

Roberto, que participaram na companhia de madrugadas, disponibilizaram materiais

utilizados, auxílio na obtenção de resultados e conversas e conselhos preciosos dados. Aos

membros da banca, professor Adriano e Wagner, pós-doutorandos Dora e William por

aceitarem o convite e aos outros professores do curso por todas as sugestões propostas e

ensinamentos durante esse período.

Agradeço a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em especial ao Programa de Pós-

Graduação em Fisiologia Vegetal por fornecer todas as condições necessárias para o

desenvolvimento dessa dissertação e na aquisição de conhecimentos científicos preciosos com

Page 6: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

iv

a mais alta qualidade de ensino. Agradeço também à Fundação de Amparo a Pesquisa de

Minas Gerais (FAPEMIG), ao Max Planck Institute of Molecular Plant Physiology, ao

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento

da pesquisa e, especialmente, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) por financiar a bolsa que possibilitou a realização desse trabalho.

Obrigada a todos que se envolveram em minha vida nesse período, estando ou não

envolvidos diretamente com esse trabalho, mas que de forma especial foram instrumento

utilizados por Deus para que eu chegasse até aqui com as convicções que tenho hoje e que

contribuíram na jornada dessa vida rumo ao amadurecimento.

Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração. Tudo o que fizerem, seja em palavra seja em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.

Colossenses 3:15-17

Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante.

Eclesiastes 4:10

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Romanos 8:28

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v

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................ vi

ABSTRACT .................................................................................................................. viii

1 - INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2 - MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 5

2.1 - Material vegetal .................................................................................................... 5

2.2 - Condições de crescimento .................................................................................... 5

2.3- Construção do alinhamento de sequências de aminoácidos .................................. 6

2.4 - Análises de expressão gênica ............................................................................... 6

2.5 - Análises de tecidos autotróficos ........................................................................... 7

2.6 - Parâmetros biométricos ........................................................................................ 7

2.7 - Determinação de metabólitos ............................................................................... 7

2.8 - Experimento de luz e escuro contínuo .................................................................. 8

2.9 - Análises de tecidos heterotróficos ........................................................................ 9

2.10 - Análises estatísticas ............................................................................................ 9

3 - RESULTADOS ......................................................................................................... 10

3.1 - Padrão diferencial de expressão entre órgãos e estágios do desenvolvimento ... 10

3.2 - Isolamento de mutantes com inserção de T-DNA nos genes AACs. .................. 11

3.3 - Parâmetros de crescimento e trocas gasosas....................................................... 12

3.4 - Avaliação do metabolismo ao longo do dia ....................................................... 14

3.5 - Avaliação da condição redox das plantas ........................................................... 20

3.6 – Avaliação do metabolismo em condição de luz e escuro contínuos .................. 21

3.7 - Análises em tecidos heterotróficos ..................................................................... 24

4 - DISCUSSÃO ............................................................................................................. 27

5 – CONCLUSÕES ........................................................................................................ 33

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 34

7 - FIGURAS E TABELAS SUPLEMENTARES ........................................................ 38

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vi

RESUMO

BATISTA, Amanda Lima, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, março de 2019. Importância fisiológica dos Transportadores Mitocondriais de Adenilatos AACs em Arabidopsis thaliana. Orientador: Adriano Nunes Nesi.

A mitocôndria é a organela responsável pela maior parte do fornecimento do ATP necessário

para os processos metabólicos de manutenção do crescimento e respostas a vários estresses. O

transporte de adenilatos (AMP, ADP e ATP) através da membrana mitocondrial interna é

mediado por proteínas carreadoras especializadas, dentre as quais se encontram os carreadores

do tipo antiporte ADP/ATP (AAC), que exportam o ATP para o citosol e, simultaneamente,

importam o ADP para a matriz mitocondrial. Em Arabidopsis thaliana, são encontradas as

isoformas AAC1, AAC2 e AAC3, cujos papeis fisiológicos ainda permanecem desconhecidos.

Neste trabalho, avaliou-se em Arabidopsis thaliana o papel dos transportadores mitocondriais

de ADP/ATP, denominados AtAAC1, AtAAC2 e AtAAC3. Para tal, foram utilizadas

linhagens mutantes homozigotas com baixa expressão obtidas por inserção do T-DNA. Estas

plantas foram caracterizadas a nível fisiológico e bioquímico. A análise do padrão de

expressão dos genes AACs em plantas selvagens em condições ideais de cultivo demonstrou

que de fato eles provavelmente desempenham papeis fisiológicos distintos em função do

tecido e estágio do desenvolvimento. O gene AAC1 se apresentou como a isoforma mais

abundante, independente do tecido e estágio do desenvolvimento. O AAC2 e o AAC3 tiveram

expressão mais relevante em tecidos relacionados à fase reprodutiva, tais como grãos de

pólen, flores e síliquas. Análise da expressão demonstrou que, na ausência do gene AAC2,

ocorre regulação positiva dos demais transportadores de adenilatos da célula. Os mutantes

para os genes AAC1, AAC2 e AAC3 exibiram maiores taxas de respiração noturna em relação

a plantas WT sem apresentarem alterações na assimilação líquida de carbono e no

crescimento. Adicionalmente, a quantificação metabólica nas plantas mutantes das três

isoformas apontou tendência de maior acúmulo nos teores de aminoácidos, proteínas, glicose,

frutose, sacarose e amido ao longo do período luminoso e alto consumo dos mesmos durante

o período noturno. Também foram observadas maiores razões de poder redutor

[NAD(P)H/NAD(P)+] em mutantes para o gene AAC1, AAC2 e AAC3 comparado ao WT.

Tomados em conjunto, os resultados sugerem que, esses transportadores ADP/ATP estão

envolvidos principalmente no metabolismo do processo respiratório, balanço redox e

concentrações de metabólitos nitrogenados e carbonados. Assim, pode-se sugerir que a

dinâmica distribuição das moléculas de adenilato, promovida por estes transportadores, tenha

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vii

papeis relevantes na sincronia entre o metabolismo diurno e noturno em plantas, contribuindo

assim para a manutenção do steady-state celular, por mecanismos que precisam ser

investigados. Para tal, é necessário, aprofundar a compressão do papel destes transportadores

nos tecidos vegetais e condições adversas bem como o papel de enzimas chave que atuam no

processo.

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ABSTRACT

BATISTA, Amanda Lima, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, March, 2019. Physiological significance of Mitochondrial Adenylate Carriers AACs in Arabidopsis

thaliana. Advisor: Adriano Nunes Nesi.

Mitochondria is the organelle responsible for most of the ATP supply needed for the

metabolic processes of maintaining growth and responding to various stresses. The transport

of adenylates (AMP, ADP and ATP) through the internal mitochondrial membrane is

mediated by specialized carrier proteins, among which are carriers ADP / ATP antiport carrier

(AAC), which export the ATP to the cytosol and simultaneously , import the ADP into the

mitochondrial matrix. In Arabidopsis thaliana, the isoforms AAC1, AAC2 and AAC3 are

found, whose physiological roles remain unknown. In this work, the role of ADP / ATP

mitochondrial transporters, called AtAAC1, AtAAC2 and AtAAC3, was evaluated in

Arabidopsis thaliana. For this, homozygous mutant lines with low expression obtained by

insertion of the T-DNA were used. These plants were characterized at the physiological and

biochemical level. Analysis of the expression pattern of AAC genes in wild plants under

optimal culture conditions has shown that in fact they probably play distinct physiological

roles depending on the tissue and stage of development. The AAC1 gene presented as the most

abundant isoform, independent of tissue and stage of development. AAC2 and AAC3 had more

relevant expression in tissues related to the reproductive phase, such as pollen grains, flowers

and silica. Analysis of the expression demonstrated that, in the absence of the AAC2 gene,

positive regulation of the other adenylate transporters of the cell occurs. Mutants for the

AAC1, AAC2 and AAC3 genes exhibited higher rates of nocturnal respiration over WT plants

without showing changes in net carbon uptake and growth. In addition, metabolic

quantification in mutant plants of the three isoforms indicated a tendency of greater

accumulation in the amino acid, protein, glucose, fructose, sucrose and starch contents

throughout the light period and high consumption during the night period. Reducing power

ratios [NAD(P)H/NAD(P)+] were also observed in mutants for the AAC1, AAC2 and AAC3

gene compared to WT. Taken together, the results suggest that these ADP / ATP transporters

are mainly involved in respiratory process metabolism, redox balance and concentrations of

nitrogenous and carbonate metabolites. Thus, it may be suggested that the dynamic

distribution of the adenylate molecules, promoted by these transporters, has relevant roles in

the synchrony between diurnal and nocturnal metabolism in plants, thus contributing to the

maintenance of cell steady state, by mechanisms that need to be investigated. To this end, it is

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ix

necessary to deepen the compression of the role of these carriers in plant tissues and adverse

conditions as well as the role of key enzymes that act in the process.

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1

1 - INTRODUÇÃO

As mitocôndrias são organelas com papel fundamental no processo respiratório e

suprimento de energia celular. Além disso, contribui para o fornecimento de precursores

metabólicos para inúmeros processos essenciais de biossíntese e fixação de nitrogênio, bem

como participação indispensável na fotorrespiração em plantas C3 e no equilíbrio do status

redox celular (Sweetlove et al., 2007; O‟Leary et al., 2018). Em função da natureza

hidrofóbica das membranas mitocondriais, proteínas de transporte especializadas são

necessárias para mediar a passagem de metabólitos através da membrana interna que delimita

a organela (Palmieri et al., 2008).

A família de carreadores mitocondriais (MCF) é um conjunto de proteínas que

desempenham a função de mediar o transporte de metabólitos através das membrana

fosfolipídicas. Elas são amplamente estudadas e caracterizadas como as principais proteínas

de membrana que catalisam o transporte específico de vários substratos em plantas (Picault et

al., 2004; Haferkamp and Schmitz-Esser, 2012; Lee and Millar, 2016). Proteínas MCFs estão

presentes em todas as células eucarióticas, abrangendo 35 genes identificados em

Saccharomyces cerevisiae, cerca de 50 genes em Homo sapiens e 58 genes em Arabidopsis

thaliana (Picault et al., 2004; Palmieri et al., 2011). Todos os membros da família de

transportadores mitocondriais MCF contêm seis hélices a transmembrana e cinco segmentos

hidrofílicos que podem ser divididos em três domínios. Cada domínio consiste em duas -

hélices transmembrana separadas por um loop extramembranar hidrofílico extenso. Os três

domínios estão ligados por pequenos segmentos hidrofílicos (Millar and Heazlewood, 2003;

Picault et al., 2004).

Embora as proteínas MCF estejam localizadas principalmente na membrana

mitocondrial interna, membros do grupo também ocorrem em plastídios, peroxissomos e

retículo endoplasmático desempenhado papel tão importante quanto às proteínas

mitocondriais (Palmieri et al., 2008; Palmieri et al., 2011). Um exemplo de MCF extra-

mitocondrial é o transportador de adenilatos localizado na membrana do retículo

endoplasmático em A. thaliana (ER-ANT1), caracterizado como essencial para o crescimento,

acúmulo de lipídios, proteínas relacionados ao ER e importante no metabolismo

fotorrespiratório (Leroch et al., 2008; Hoffmann et al., 2013).

Dentre os diversos substratos transportados pelas MCFs, os adenilatos (AMP, ADP e

ATP) são metabólitos demandados em diferentes organelas e, portanto, precisam ser

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2

distribuídos entre os compartimentos celulares para cumprirem suas múltiplas funções

biológicas. Tais compostos estão envolvidos em processos metabólicos fundamentais,

compreendendo síntese de ácidos nucleicos, atividade enzimática atuando como cofatores

(Missihoun et al., 2018), transdução de sinais intra e extracelulares (Cao et al., 2014; Pétriacq

et al., 2016) e fornecimento de energia para a célula (Geigenberger et al., 2010).

A adenosina trifosfato (ATP) é a principal molécula energética utilizada no

metabolismo de todos os seres vivos. Essa energia metabólica, grandemente fornecida pela

quebra das ligações fosfoéster do ATP, é demandada para manter os processos metabólicos de

manutenção do crescimento e respostas a vários estresses (Geigenberger et al., 2010; Fonseca-

pereira et al., 2018). Os principais locais de síntese de ATP em células vegetais são no

cloroplasto durante o dia, via etapa fotoquímica do processo fotossintético e, principalmente,

via fosforilação oxidativa mitocondrial através da atividade da ATP Sintase, que converte

ADP e fosfato inorgânico (Pi) em ATP na matriz mitocondrial, com relevância maior durante

a noite (Fernie et al., 2004; O‟Leary et al., 2018).

Para a partição eficiente da energia no interior da célula entre diversos processos

metabólicos, proteínas transportadoras específicas catalisam o transporte destes

compostos através da membrana interna da mitocôndria, fazendo a conexão entre a região de

produção de energia e o citosol (Geigenberger et al., 2010; Haferkamp; SChmitz-Esser, 2012;

Hoffmann et al., 2013; Fonseca-Pereira et al., 2018). Adicionalmente, através do transporte de

diversas moléculas entre os compartimentos, as proteínas de carreamento permitem a

manutenção do equilíbrio entre os níveis de ATP, ADP e AMP necessário para a otimização

da síntese de ATP (Roberts et al., 1997; Gout et al., 2014), bem como para a regulação

metabólica em células vegetais e manutenção do steady-state celular ( Igamberdiev;

Kleczkowski, 2009; Geigenberger; Riewe; Fernie, 2010; Fonseca-Pereira et al. 2018).

O transporte de adenilatos através da membrana mitocondrial interna é mediado por

proteínas carreadoras especializadas, dentre as quais se encontram os carreadores do tipo

antiporte ADP/ATP (AAC). O grupo das proteínas transportadoras AACs é altamente

conservado em células eucarióticas e desempenha importante função no balanço energético

entre mitocôndrias e citosol, sendo responsável pela troca do ATP produzido dentro da matriz

mitocondrial pelo ADP citosólico (Gnipová et al., 2015). Esses transportadores possuem

estrutura e função altamente relacionadas aos seus ortólogos de leveduras e animais

(Fontanesi et al., 2004; Haferkamp; Schmitz-Esser, 2012).

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3

Em Saccharomyces cerevisiae, estão presentes os genes AAC1-3, sendo que somente a

disfunção na expressão de AAC2 resulta em alteração no crescimento quando as linhagens

mutantes são submetidas a condições de fontes de carbono não-fermentáveis (Drgoň et al.,

1992). Em Homo sapiens, mutações associadas à principal isoformas AAC, o gene ANT1,

desencadearam desordens mitocondriais caracterizadas por deleções do DNA mitocondrial.

Além disso, geraram miopatia mitocondrial devido a estagnação da ATP Sintase, causada

pelo esgotamento do ADP da matriz mitocondrial, posteriormente resultando em aumento na

produção de espécies reativas de oxigênio (Palmieri et al., 2005; Echaniz-Laguna et al.,

2012). Acarretaram também em anomalias na atividade da DNA polimerase mitocondrial e

dobramento incorreto de proteínas (Fontanesi et al., 2004; Dallabona et al., 2017). Em

Trypanosoma brucei, em baixa expressão do gene AAC, foi constatado que outra proteína

pudesse estar compensando sua atividade, sendo as proteínas APCs fortes candidatas a

transportadores alternativos (Stael et al., 2011; Peña-Diaz et al., 2012) .

Em A. thaliana, o transporte de adenilatos através da membrana mitocondrial interna é

realizada por três grupos de proteínas: (i) os APCs 1-3 (Adenine nucleotide/Phosphate

Carriers 1-3) que importam nucleotídeos de adenina para a matriz mitocondrial e exportam Pi

para o citosol (Lorenz et al., 2015); (ii) o ADNT1 (Adenine Nucleotide Transporter1) que

catalisa a exportação de ATP para o citosol e importação de AMP para a matriz mitocondrial

(Palmieri et al., 2008); e os AACs 1-3 (ADP/ATP Carrier 1-3) que catalisam a importação de

ADP em troca de ATP (Palmieri et al., 2011; Fonseca-pereira et al., 2018).

A maior parte dos transportadores putativos em plantas parece ser expressa em baixos

níveis de acordo com Picault et al. (2004) que considera o número de ESTs (do inglês:

Expressed Sequence Tag) como estimativas brutas da abundância de transcritos. Dos 58

transportadores MCF, apenas 11 apresentam pelo menos 10 ESTs. Três desses são proteínas

transportadoras de adenilatos, ADNT1 (At4g01100), AAC1 (At3g8580) e AAC2

(At5g13490), sendo que duas delas são pertencentes ao grupo dos AACs, com o AAC1 sendo

o transportador com maior número de ESTs (Picault et al., 2004). Mesmo sendo os

transportadores mais abundantes de acordo com nível de expressão, até então somente o

ADNT1 foi caracterizado funcionalmente, o qual demonstra ter importância no crescimento

de raízes e no processo respiratório (Palmieri et al., 2008).

Assim, mesmo sendo as mais expressas do grupo, poucos são os trabalhos que

investigam a razão biológica dos organismos eucarióticos possuírem repetidas isoformas para

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4

as proteínas AACs, sugerindo semelhanças e possíveis redundâncias de funções bioquímicas

entre elas. Outra questão pertinente a ser investigada é se a expressão dessas isoformas é

específica em determinados tecidos ou fases do desenvolvimento da planta ou ainda sob

exposição a determinadas condições ambientais.

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo caracterizar o papel fisiológico dos

transportadores mitocondriais de adenilatos AAC1, AAC2 e AAC3 em A. thaliana, avaliando

os padrões de expressão desses genes em diferentes tecidos e fases de desenvolvimento. Além

disso, compreender como e em que nível o transporte de ADP/ATP mediado pelos

transportadores AACs possui papel relevante para processos fisiológicos e metabólicos em

condições normais e sob estresse em A. thaliana, a partir do isolamento de linhas mutantes

homozigotas com baixa expressão dos genes AAC1, AAC2 e AAC3.

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5

2 - MATERIAL E MÉTODOS

2.1 - Material vegetal

Foram utilizadas nos experimentos linhagens de A. thaliana do tipo selvagem, ecotipo

Columbia (Col-0) e plantas homozigotas com inserção de T-DNA com reduzida expressão

dos três genes que codificam para transportadores mitocondriais de ADP/ATP, AAC1

(At3g8580), AAC2 (At5g13490) e AAC3 (At4g28390). Os mutantes para os genes AAC1

(aac1), AAC2 (aac2) e AAC3 (aac3) foram obtidos da coleção SALK_134240C,

SALK_207505C e SAIL_623_DO4, respectivamente. Tais plantas mutantes homozigotas

foram selecionadas por meio de reações de PCR, utilizando iniciadores que anelam

especificamente em cada gene e no T-DNA (AtAAC1: forward 5‟-

CGTAACACATGGGAGAACAATAGAGAAA-3‟, reverse 5‟-

TAAACTAAAGTCAACAGATCCAAACGATTTTGA-3‟; AtAAC2: forward 5‟-

AACTACTACTTCTCCTGTGTTTGTCCAA-3‟; reverse 5‟-

GAAACTGCAAAAAAAATGGAGAAAAAAACAAAAGC-3‟; AtAAC3: forward 5‟-

TTTGGGTCCATTTAGAAGAAGTCAAGAC-3‟; reverse 5‟-

GTTCGAGCAAAACAATCACTGATTCCTT-3‟; T-DNA primer LBb1.3: 5‟-

ATTTTGCCGATTTCGGAAC-3‟; T-DNA primer LB3 for sail line 5‟-

TAGCATCTGAATTTCATAACCAATCTCGATACAC-3‟) (Figura Suplementar 1A). O

programa para o termociclador incluiu 40 ciclos de três etapas: (a) desnaturação a 95 °C por

45 segundos, (b) anelamento a 58 °C por 45 segundos e (c) extensão a 72 °C por um minuto e

25 segundos. O gel com as bandas referentes aos produtos de PCR pode ser visualizado na

Figura Suplementar 1B .

2.2 - Condições de crescimento

Sementes de todos os genótipos foram superficialmente esterilizadas com álcool a

70% durante um minuto e lavadas com água Mili-Q autoclavada. Posteriormente colocadas

em solução de hipoclorito a 2% e continuamente agitadas durante quinze minutos, e então

lavadas novamente com água Mili-Q autoclavada. Após a esterilização, foram germinadas em

meio MS (Murashige and Skoog, 1962) com metade da força iônica, suplementado com 1%

(p/v) de sacarose. As placas com as sementes foram submetidas ao processo de estratificação

por um período de três dias a 4 °C no escuro e, posteriormente, mantidas em câmara de

crescimento à 22 ± 2 ºC, umidade relativa de 60%, irradiância de 150 µmol de fótons m-2 s -1 e

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6

fotoperíodo de 8 h de luz e 16 h de escuro, durante dez dias. Posteriormente, as plântulas

foram transplantadas para potes plásticos de 0.1-L de capacidade em substrato comercial

(Tropstrato HT®) e mantidas nas mesmas condições por um período de cinco semanas,

quando foram realizadas as avaliações fisiológicas e bioquímicas. Para as análises

bioquímicas as rosetas foram coletadas e imediatamente congeladas em nitrogênio líquido e

armazenadas a freezer -80 °C até a realização das avaliações. Para as avaliações dos tecidos

heterotróficos, após a estratificação, as placas de petri foram mantidas em sala de crescimento

a 22 ± 2 ºC, umidade relativa de 60%, irradiância de 150 µmol de fótons m-2 s -1 e fotoperíodo

de 8 h de luz e 16 h de escuro, durante dez dias e posteriormente transplantadas para substrato

até a produção de sementes.

2.3- Construção do alinhamento de sequências de aminoácidos

Alinhamentos múltiplos de sequências proteicas dos transportadores de adenilato foram

realizados através da base de dados GenBank (NCBI-NIH, Estados Unidos). Foi utilizada a

ferramenta “BLAST” (do inglês: Basic Local Alignment Search Tool) fornecida pelo NCBI

(do inglês: National Center for Biotechnology Information) para comparação de similaridades

entre as sequências de aminoácidos entre os genes analisados.

2.4 - Análises de expressão gênica

Para a análise da expressão gênica foi utilizada a técnica de PCR quantitativo em

tempo real (qRT-PCR). Foi realizada a extração do RNA total de plântulas e folhas maduras

utilizando-se o reagente TRIzol® (InvitrogenTM) conforme indicações do fabricante. Em

seguida o RNA total foi submetido a tratamento com DNase/RNase-free (InvitrogenTM) e

quantificado em espectrofotômetro a 260 nm. Aproximadamente 1 µg de RNA isolado foram

utilizados para sintetizar a fita de DNA complementar (cDNA) com o kit ImProm-II(TM)

Reverse Transcription System (Promega, Brasil) e Oligo (dT)15, seguindo as recomendações

descritas no mesmo. As reações de qRT-PCRs foram realizadas utilizando-se o equipamento

7300 Real Time System (Applied Biosystems, Foster, CA, USA) e o kit de amplificação

Power SYBR® Green PCR Master Mix (Life Technologies/Applied Biosystem) nas

recomendações do produto. Foram utilizados primers dos genes que codificam proteínas

transportadoras de adenilato estudada descritos na Tabela Suplementar 1, sendo usada o gene

constitutivamente expresso actina (At2g37620) como controle endógeno para normalização

dos valores da expressão gênica. Os primers usados foram desenhados usando o programa de

código aberto QuantPrime-qPCR (Arvidsson et al., 2008) e são descritos na Tabela

Page 18: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

7

Suplementar 1. Foram utilizadas quatro plantas por genótipo e as amostras foram amplificadas

em duplicata com as seguintes etapas: 94 °C por 10 min, seguidos de 40 ciclos de 94 ºC por

15 s, 58 ºC por 15 s e 72 ºC por 15 s.

2.5 - Análises de tecidos autotróficos

Os parâmetros de trocas gasosas foram avaliados nas plantas com cinco semanas de

idade, após 30 minutos iniciado período luminoso através de um analisador de gases a

infravermelho em sistema aberto (IRGA – Infrared Gas Analyzer), modelo LI 6400XT (LI-

COR, Lincoln, NE,EUA), com fluorômetro acoplado (LI-6400-40, LI-COR Inc.) e com fluxo

contínuo de ar no sistema de 300 mol s-1. Curvas de resposta de taxa de assimilação líquida

de CO2 (A) em relação a radiação fotossinteticamente ativa (A/RFA) foram obtidas utilizando-

se uma câmara foliar de 2 cm2, temperatura de 25 ºC, concentração ambiente de CO2 (Ca)

dentro da câmara de 400 μmol CO2 mol–1 e variações da RFA na sequência: 1000, 1200, 1000,

800, 600, 400, 300, 150, 50, 25, 10 e 0 μmol fótons m-2s-1. As variáveis derivadas das curvas

A/RFA foram estimadas a partir de ajustes da curva de resposta à luz.

As taxas de respiração foram determinadas durante o período de escuro, após o período

de 30 minutos aclimatação da planta a condição. Para essas avaliações foram avaliadas dez

plantas por genótipo.

2.6 - Parâmetros biométricos

Plantas crescidas nas condições mencionadas no item 3.2 foram coletadas com cinco

semanas de idade para avaliação dos parâmetros de crescimento, sendo eles a massa seca da

roseta (MSR), massa seca do sistema radicular (MSSR), razão raiz/parte aérea (RPA), número

de folhas (NF), área foliar total (AFT), área foliar específica (AFE), área foliar da roseta

(AFR) e área foliar específica da roseta (AFER). A AFT e AFR foi determinada pela

digitalização de imagem, onde a imagem do material vegetal foi digitalizada com auxílio de

um scanner (HP Scanjet G2410 1200X1200) e as imagens obtidas foram processadas a partir

do software imageJ. A AFE e AFER foram obtidas pela fórmula: AFE(ou AFER)=AFT(ou

AFR)/MSR.

2.7 - Determinação de metabólitos

Cinco rosetas inteiras de cada linhagem foram coletadas e imediatamente congeladas

em nitrogênio líquido às 0h, 4h e 8h, correspondendo ao início, meio e fim do período

Page 19: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

8

luminoso, e às 16h e 0h que representam o meio e final do período de escuro e armazenadas a

-80 ºC até as análises. Posteriormente, as amostras foram homogeneizadas e alíquotas de

aproximadamente 20 mg de matéria fresca foram submetidas à extração metanólica conforme

descrito por Lisec et al. (2006). Utilizando-se um leitor de microplacas (OptiMax Tunable

Microplate Reader) foi quantificado na fração solúvel os teores de clorofilas, nitrato (Sulpice

et al., 2009), glicose, frutose e sacarose (Fernie et al., 2001), aminoácidos solúveis totais

(Sienkiewicz-porzucek et al., 2010) e ácidos orgânicos como malato e fumarato (Nunes-Nesi

et al., 2007). Já na fração insolúvel foram determinados os teores de amido (Fernie et al.,

2001) e proteína (Bradford, 1976). A taxa de síntese de sacarose e amido foram calculadas

pela diferença líquida do conteúdo do composto no final da noite (0h) e no final do dia (8h)

em razão do tempo (em horas) desse período. A taxa de degradação foi calculada a partir da

diferença líquida no conteúdo do composto no final do dia (8h) e no final da noite (0h) em

razão do tempo (em horas) desse período.

Para quantificação de nucleotídeos de piridina foram realizadas alíquotas de

aproximadamente 20 mg de amostras foliares foram coletadas no meio do período de luz para

quantificação dos nucleotídeos NAD+, NADH, NADP+ e NADPH de acordo com o protocolo

descrito por (Gibon et al., 1997). Foram utilizadas cinco plantas por genótipo em todas as

análises.

2.8 - Experimento de luz e escuro contínuo

Para este experimento foi utilizado o procedimento detalhado no item 3.2, com plantas

WT, aac1, aac2 e aac3 com cinco semanas a partir da germinação. Para o controle do

experimento, rosetas de cinco plantas de cada genótipo foram coletadas no meio do período

luminoso (4h). Depois, algumas plantas foram mantidas a luz contínua à irradiância de 150

µmol de fótons m-2 s -1 e outras mantidas a pleno escuro, na mesma câmara de crescimento.

Para o experimento de luz contínua, rosetas de cinco plantas diferentes foram coletadas em

intervalos de 28 e 52 horas após a exposição nessa condição. No escuro, cinco rosetas

diferentes foram coletadas após quatro e oito dias após submissão da condição. Quanto a

coleta dos materiais, após terem sido coletados foram imediatamente congeladas em

nitrogênio líquido e armazenadas a -80 °C até as análises bioquímicas.

Page 20: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

9

2.9 - Análises de tecidos heterotróficos

A viabilidade do grão de pólen foi avaliada pela metodologia proposta por, Lorenzon e

Almeida (1996), tendo comutado o comprimento do tubo polínico a partir da digitalização de

imagem e auxílio do software ImageJ. Foi computado comprimento das síliquas produzidas

por cada um dos genótipos, bem como o número, comprimento e largura de sementes por

síliquas através do auxílio do software ImageJ. Também foi avaliada a massa de mil

sementes. Foram utilizadas seis repetições biológicas para a realização dessa caracterização.

Sementes das plantas aac1, aac2, aac3 e WT foram esterilizadas e plaqueadas para

germinar em meio MS (Murashige and Skoog, 1962) com metade da força iônica,

suplementado com 1% de sacarose e mantidas sob mesmas condições descritas no item 3.2

por 72 horas. Posteriormente, foram avaliadas a percentagem de germinação, o índice de

velocidade de germinação (IVG), o tempo médio de germinação (TMG) e velocidade média

de germinação (VMG) utilizando oito repetições com 50 sementes para cada um dos

genótipos. As variáveis foram calculadas segundo Bruginski et al. (2009) com as seguintes

fórmulas:

- Germinação: calculada pela fórmula Germinação = (N/100) x 100, em que: N =

número de sementes germinadas ao final do teste. Unidade: %.

- IVG: calculado pela fórmula IVG = Σ (ni/ti), em que: ni = número de sementes que

germinaram no tempo „i‟; ti = tempo após instalação do teste. Unidade: adimensional.

- TMG: calculado pela fórmula TMG = (Σniti)/Σni, em que: ni = número de sementes

germinadas por dia; ti = tempo de incubação. Unidade: dias.

- VMG: calculada pela fórmula VMG = 1/t em que: t = tempo médio de germinação.

Unidade: dias-1.

Para analisar o crescimento radicular, foram germinadas de seis a oito sementes de

cada um dos genótipos em placas verticais mantidas em mesmas condições já descritas no

presente item. O comprimento das raízes foi calculado a cada dois dias num período total de

dez dias, iniciando após o período de estratificação e exposição à luz, baseado em Palmieri

(2008). Foram utilizadas 7 placas como repetição para cada genótipo.

2.10 - Análises estatísticas

Os resultados obtidos foram submetidos a análise de variância, com repetições

referentes a cada análises considerando o delineamento inteiramente casualizado. Os

resultados entre os genótipos foram comparados por teste t de Student utilizando o algoritmo

Page 21: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

10

contido no software Microsoft Excel (Microsoft Corporation, Seattle, WA, EUA), sendo

considerados significantes os valores com P < 0,05.

3 - RESULTADOS

3.1 - Padrão diferencial de expressão entre órgãos e estágios do desenvolvimento

O genoma de A. thaliana codifica 58 proteínas carreadoras do tipo MCF, onde uma

análise filogenética classificou os genes AAC1, AAC2 e AAC3 como membros do MCF,

agrupando-os no mesmo táxon que os genes ER-ANT1 e PM-ANT1 (localizados no retículo

endoplasmático e membrana plasmática, respectivamente) (Picault et al., 2004). Entre os

transportadores AACs, o AAC1 apresenta maior similaridade entre as sequências de

aminoácidos com AAC2 do que com AAC3, com 86,53% e 74,94% de similaridade,

respectivamente. Entre o AAC2 e AAC3 são apresentados 74,62% de similaridade na

sequência de aminoácidos (Tabela Suplementar 2).

Figura 1. Padrão de expressão dos transportadores de adenilatos AAC1, AAC2 e AAC3 em plantas de A. thaliana do tipo selvagem (Col 0) em diferentes órgãos e estágios de desenvolvimento. Os órgãos e estágios de desenvolvimento foram respectivamente sementes com dois dias de idade depois de embebidas, plântula com quatro dias após a germinação, folha jovem (15 dias), folha madura (um mês), folha senescente (dois meses), nervura (um mês), flor (dois meses), pólen maduro(dois meses), síliqua (dois meses) e raiz (um mês). Os valores representam a média ± erro padrão de três amostras independentes

0

1

2

3

4 AAC1 AAC2 AAC3

Expr

essã

o re

lativ

aD

2D 4D FJ FM FS N FL P SIL R

Page 22: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

11

Para avaliar o padrão de expressão dos genes AAC1, AAC2 e AAC3 em A. thaliana,

plantas WT cultivadas em condições ideais de crescimento tiveram seus níveis de transcrição

analisados em vários órgãos e estágios de desenvolvimento por meio da técnica de RT-PCR

quantitativo, utilizando a expressão do gene da actina endógena como referência interna. Nos

diferentes órgãos analisados, o gene AAC1 foi distintamente o mais expresso em todas as

situações, independente do tipo de órgão e do estágio de desenvolvimento (Figura 1)..

Verificou-se que os genes AAC2 e AAC3 são expressos em níveis relativamente mais baixos

em tecidos vegetativos, porém são regulados positivamente na fase reprodutiva nos tecidos

florais, síliquas e grão de pólen (Figura 1).

Os padrões de expressão verificados estão de acordo com os resultados observados em

trabalhos anteriores, onde o perfil de expressão gênica por microarranjo disponíveis

publicamente (Figura suplementares 2, 3 e 4) (Winter et al., 2007).

3.2 - Isolamento de mutantes com inserção de T-DNA nos genes AACs.

Com o objetivo de avaliar o papel fisiológico dos transportadores AACs, foram

selecionadas linhagens homozigotas de A. thaliana com única inserção de T-DNA para os

genes AAC1, AAC2 e AAC3. As linhagens isoladas para os genes AAC1, AAC2 e AAC3 foram

obtidos da coleção SALK_134240C, SALK_207505C e SAIL_623_DO4, com inserção de T-

DNA na região promotora, no íntron e no éxons, respectivamente (Figura 2A). Nas linhagens

mutantes genotipadas e isoladas para o gene AAC1 (aac1), AAC2 (aac2) e AAC3 (aac3) foram

encontrados apenas 47%, 0,15% e 0,15%, respectivamente, da expressão observada no

genótipo selvagem (WT), respectivamente (Figura 2B).

Selecionadas as linhagens mutantes homozigotas, foi verificado o nível de expressão

dos outros transportadores de adenilatos nos mutantes e compará-las ao status de expressão do

WT. A princípio foi realizada a análise de expressão para os transportadores localizados

somente na mitocôndria (Figura 2C) e, posteriormente, para os transportadores de adenilatos

não-mitocondriais, localizados nos plastídios, peroxissomo e retículo endoplasmático (Figura

2D). Tanto nos transportadores localizados na mitocôndria como os das outras organelas foi

possível observar variações no padrão de expressão em plantas mutantes em comparação com

plantas tipo selvagem. Na linhagem aac2, houve aumento significativo na expressão de todos

os transportadores avaliados em relação ao padrão de expressão observado nos demais

genótipos. Logo, em situações de baixa expressão do transportador AAC2, verificou-se um

Page 23: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

12

aumento no nível de expressão dos outros transportadores de adenilatos da célula, sugerindo

um efeito compensatório adotado pela planta ao nível de expressão. Na linhagem aac3 foram

observadas alterações significativas no nível de expressão somente para os transportadores de

adenilato localizados no peroxissomo, PNC1 e PNC2. Já na linhagem aac1, não houve

variações significativas na expressão entre os transportadores localizados na mitocôndria.

Entretanto, a maioria dos transportadores de adenilatos com localização não-mitocondrial

NTT1, NTT2, PNC1 e PNC2 teve seu nível de expressão significativamente diminuída em

plantas mutantes para AAC1.

3.3 - Parâmetros de crescimento e trocas gasosas

Selecionadas as linhagens mutantes, as plantas WT, aac1, aac2 e aac3 foram cultivadas

e avaliadas na quinta semana de cultivo. Embora as linhagens mutantes isoladas tenham

confirmada baixa expressão dos seus respectivos transportadores, elas não apresentaram

fenótipo visivelmente anormal ou diferente nesta idade em comparação com o WT (Figura

1E). A análise mais detalhada dos parâmetros de crescimento confirmou que o crescimento

das plantas mutantes não apresentam diferenças significativas em relação ao WT (Tabela 1).

Foi realizada avaliação de curva de resposta da fotossíntese à luz, na qual as plantas

foram submetidas variação de radiação fotossinteticamente ativa (PAR) de 0 a 1200 mols de

fótons m-2 s-1, à 400 mol de CO2 sob um fluxo constante no sistema de 300 mol s-1. Nessa

avaliação não foi encontrada diferença significativa na assimilação de CO2 entre as linhagens

mutantes e WT em nenhuma das irradiâncias avaliadas (Figure 3A).

As demais análises de trocas gasosas foram realizadas sob condição de 400 mols de

CO2 com PAR de 150 mols de fótons m-2 s-1, condição na qual as plantas foram submetidas

durante o seu crescimento no período das cinco semanas. Referente a gs, Ci, Ci/Ca, ETR e E,

não foram encontradas diferenças significativas entre as linhagens mutantes e o tipo selvagem

(Figura 3B,C,D,E,F e G). No entanto, houve aumento na taxa de respiração noturna (Rd) para

as linhagens aac1, aac2 e aac3, em 9,06%, 13,54% e 20,28% em relação aos valores

apresentados pelo WT, respectivamente (Figura 3H).

Page 24: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

13

Figura 2. Isolamento e caracterização genética de linhagens mutantes por inserção de T-DNA para os transportadores de adenilato AAC1, AAC2 e AAC3 em Arabidopsis thaliana. A, representação esquemática do gene AtAAC1 (At3g08580), AtAAC2 (At5g13490) e AtAAC3 (At4g28390) indicando os respectivos locais de inserção do T-DNA. As caixas representam os éxons e as setas pretas indicam as posições dos primers usados na técnica RT-PCR quantitativo para seleção das plantas mutantes. B, expressão de AAC1, AAC2 e AAC3 em folhas de A. thaliana do tipo selvagem (WT) e nas respectivas linhagens mutante. C, expressão dos transportadores de adenilatos mitocondriais nos genótipos avaliados no trabalho (WT, aac1, aac2 e aac3). D, expressão dos transportadores de adenilatos não-mitocondriais nos genótipo avaliados no trabalho (WT, aac1, aac2 e aac3). E, fenótipo das rosetas dos genótipos de A. thaliana com cinco semanas de idade com reduzida expressão dos transportadores de adenilato em relação ao WT. Os valores representam a média ± erro padrão de quatro plantas e os asteriscos indicam diferenças significativas pelo teste t de Student (P < 0,05) em comparação com o WT. As plantas avaliadas possuíam cinco semanas de idade no momento da coleta. Transportadores: *AAC1: ADP/ATP carrier 1, AAC2: ADP/ATP

Page 25: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

14

carrier 2, AAC3: ADP/ATP carrier 3, APC1: Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 1, APC3: Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 3, ADNT1: Adenine Nucleotide Transporter 1, NTT1: nucleotide transporter 1, NTT2: nucleotide transporter 2, ATBT1: Arabidopsis Brittle 1, PCN1: Peroxisomal adenine nucleotide carrier 1, PCN2: Peroxisomal adenine nucleotide carrier 2, ER-ANT1: Endoplasmic Reticulum Adenylate Transporter1.

Tabela 1. Parâmetros de crescimento de plantas de A. thaliana com baixa expressão dos genes AAC1, AAC2 e AAC3. As plantas avaliadas possuíam cinco semanas de idade.

PARÂMETROS WT aac1 aac2 aac3

MSR 0,125 ± 0,006 0,135 ± 0,005 0,128 ± 0,006 0,116 ± 0,003

MSSR 0,015 ± 0,001 0,017 ± 0,001 0,017 ± 0,001 0,014 ± 0,001

RPA 0,104 ± 0,003 0,114 ± 0,003 0,120 ± 0,005 0,1105 ± 0,002

NF 30,50 ± 2,850 28,50 ± 0,544 28,00 ± 1,490 24,50 ± 0,470

AFT 58,70 ± 2,910 65,91 ± 2,360 65,00 ± 2,270 58,72 ± 1,610

AFE 46,63 ± 1,974 48,691 ± 1,627 50,14 ± 1,580 51,25 ± 0,970

AFR 55,36 ± 2,600 55,95 ± 1,710 56,37 ± 1,560 54,40 ± 1,110

AFER 43,97 ± 2,011 41,33 ± 1,306 43,90 ± 1,330 46,71 ± 0,955

Os valores representam a média ± erro padrão de seis amostras independentes. Abreviações: *MSR: massa seca da roseta (g), MSSR: massa seca do sistema radicular (g), RPA: razão raiz/parte aérea, NF: número de folhas, AFT: área foliar total (cm2), AFE: área foliar específica (m2 kg-1), AFR: área foliar da roseta (cm2), AFER: área foliar específica da roseta (m2 kg-1).

3.4 - Avaliação do metabolismo ao longo do dia

Para avaliar os efeitos resultantes da baixa da expressão dos transportadores AACs no

metabolismo, foram quantificados pigmentos ao meio do dia (4h) e compostos associados ao

metabolismo do nitrogênio (Figura 4) e do carbono (Figura 5) ao longo do dia, em condições

ideais de crescimento.

Quanto aos pigmentos quantificados, maiores níveis de clorofila a foram encontrados

em plantas aac2 e aac3 (Figura suplementar 5A) enquanto que a concentração de clorofila b

tendeu a aumentar para todos os genótipos mutantes, sendo significante apenas para aac3

(Figura suplementar 5B). Assim, foi possível observar menores valores na razão clorofila a/b

para os mutantes das três linhagens (Figura suplementar 5D) e tendência de aumento nos

níveis totais de clorofila a e b para os três mutantes em relação ao WT.

Page 26: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

15

Figura 3. Efeito da redução da expressão de AAC1, AAC2 e AAC3 nos parâmetros de trocas gasosas em folhas de plantas de A. thaliana com cinco semanas de idade. A, curva de resposta da fotossíntese líquida (A) à intensidade de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) em plantas submetidas a 400 ppm de CO2. B, taxa de assimilação líquida de CO2 (A) em função da unidade de área foliar. C, condutância estomática (gs). D, concentração interna de CO2 (Ci). E, taxa de transporte de elétrons no PSII (ETR). F, razão entre as concentrações de CO2 intercelular da folha e a do ar (Ci/Ca). G, transpiração (E). H, respiração no escuro (Rd). Valores representam a média ± erro padrão de dez plantas individuais. Asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT).

A B

C D

E F

G H

RFA ( mol m -2 s -1)

0 200 400 600 800 1000 1200

A (

mol

CO

2 m

-2 s

-1 )

-2

0

2

4

6

8

10

12

WT aac1aac2aac3

A (µ

mol

CO

2 m

-2 s

-1)

0

1

2

3

4

5

6*RFA: 150 mol m -1 s -1

gs (

mol

CO

2 m

-2 s

-1)

0.0

0.1

0.2

0.3

Ci (

µmol

CO

2 m

-2 s

-1)

0

100

200

300

400

ET

R (µ

mol

m-2

s-1

)

0

10

20

30

40

50

E (

nmol

H2O

m-2

s-1

)

0

1

2

3

Ci/C

a (µm

ol C

O2

m-2

s-1

)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Rd (

µmol

CO

2 m

-2 s

-1)

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

**

*

A B

C D

E F

G H

WT aac1 aac2 aac3 WT aac1 aac2 aac3

Page 27: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

16

Figura 4. Quantificação de metabólitos em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, cinco semanas após a germinação. A, nitrato B, aminoácidos. C, proteína. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas. Asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT). A área cinza do gráfico representa o período de escuro. MF: massa fresca.

Entre os outros compostos associados ao metabolismo do nitrogênio, foi possível

observar que, ao meio do dia, as linhas aac1 e aac2 exibiram alta concentração de nitrato em

relação ao WT, o qual é catabolizado até o final do dia (Figura 4A). Esse consumo de nitrato é

acompanhado concomitantemente com aumento significativo nos teores de aminoácidos e

Nitr

ato

(mm

ol k

g-1 M

F)

*

* *

*

0

2

4

6

8

10

12

14

Am

inoá

cido

s (m

mol

kg-1

MF)

*

*

* *

*

*

*

Prot

eína

(mg

g-1 M

F)

4h 8h

*

0h0

5

10

15

20

* *

Horário de coleta

A

B

C

0

4

8

12

16

20 WT aac1 aac2 aac3

Page 28: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

17

proteínas nas três linhagens mutantes em relação ao WT, resultando no acúmulo dessas

moléculas no final do dia (8h) (Figura 4B e C). Esse comportamento sugere que o nitrato foi

utilizado na síntese de aminoácidos e proteínas. Observando a avaliação do final da noite (0h),

é possível observar teores similares e até menores desses compostos, sugerindo um alto

consumo de aminoácidos e proteínas durante a noite.

Maiores alterações observadas entre as plantas mutantes e o WT ocorreram em relação

aos compostos associados ao metabolismo do carbono. Diferenças maiores na concentração

de malato foram encontradas durante o período luminoso, sugerindo acúmulo de ácidos

orgânicos ao longo desse período em plantas mutantes para AAC1 e AAC2 (Figura 5A). Nas

concentrações de fumarato, foram observados maiores acúmulos ao final do período luminoso

entre as plantas mutantes aac1 e aac2, e grande consumo desse composto durante a noite,

destacando maiores efeitos no genótipo aac2 e menores efeitos em plantas aac3 (Figura 5B).

Uma visão geral da flutuação das concentrações de ácidos orgânicos, em função do período de

coleta, pode ser observada na Figura 5H. Observando a soma de malato e fumarato, é possível

estabelecer um padrão em que, durante o período luminoso, o mutante aac2 principalmente,

aumenta consideravelmente a concentração desses compostos, o qual é consumido

rapidamente durante o período de escuro.

Quanto aos outros compostos associados ao metabolismo do carbono, foi possível

observar diferenças na concentração de carboidratos não-estruturais entre as plantas mutantes

e WT entre os diferentes pontos de coleta. Foi constatado aumento nos níveis de glicose,

frutose, sacarose e amido ao longo do período luminoso acarretando no acúmulo dos mesmos

no final do dia e rápido consumo durante a noite (Figura 5C, D, E e F). No caso do amido,

somente o aac2 apresentou acúmulos significativos durante o dia. Porém, no meio da noite

(16h), os mutantes das três isoformas apresentaram menores concentrações de amido. No final

da noite (24h) e no início do dia (0h) os mutantes das três isoformas apresentaram

concentrações de amido similares as do selvagem, sugerindo que durante a noite os mutantes

tiveram uma maior e mais rápida degradação do amido. Uma visão geral das flutuações das

concentrações de carboidratos totais, em função do período de coleta, pode ser observada na

Figura 5G. Observando a soma de glicose, frutose, sacarose e amido, é possível constatar um

padrão onde mutante aac2 apresenta altos teores desses carboidratos durante o período

luminoso, o qual é consumido rapidamente durante o período de escuro.

Page 29: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

18

Figura 5. Quantificação de metabólitos em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade. A, malato. B, fumarato. C, glicose. D, frutose. E, sacarose. F, amido. G, carboidratos totais referente à soma dos valores de glicose, frutose, sacarose e amido. H, soma de malato e fumarato. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas. Asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT). A área cinza do gráfico representa o período de escuro. MF: massa fresca.

0

1

2

3

4

5

6

Glic

ose

(mm

ol k

g-1 M

F)

*

0

10

20

30

Am

ido

(mm

ol d

e gl

ic e

quiv

kg-1

MF)

*

*

*

*

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Frut

ose

(mm

ol k

g-1 M

F)

*

*

*

*

*

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Saca

rose

(m

mol

kg-1

MF) *

*

*

*

0

2

4

6

8M

alat

o (m

mol

kg-1

MF)

**

*

*

*

Fum

arat

o (m

mol

kg-1

MF)

*

* *

**

*

*

Horário de coleta

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Horário de coleta

Som

a do

s áci

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*

*

*

WT aac1 aac2 aac3

Page 30: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

19

Dados os resultados da taxa de síntese de sacarose, foi possível constatar maior taxa de

síntese nas três linhagens mutantes aac1, aac2 e aac3, acrescidos em 195%, 215% e 123% em

relação ao WT (Figura 6A). Já as taxas de síntese e degradação do amido apresentaram

aumento significativo na linhagem aac2 em relação ao WT, com acréscimo de 47,8% na taxa

de síntese e 39,8% na degradação (Figura 6B e C).

Figura 6- Taxas de síntese e degradação de sacarose e amido em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade. A, taxa de síntese de sacarose. B, taxa de síntese de amido. C, taxa de degradação de amido. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas individuais. Asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT). MF: massa fresca.

0.00

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*

Page 31: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

20

3.5 - Avaliação da condição redox das plantas

Sabendo da importância que o balanço entre as formas reduzidas e oxidadas dos

nucleotídeos de piridina exercem no funcionamento da célula e que medidas centrais de status

redox celular são as razões de NADH/NAD+ e NADPH/NADP+, foram quantificadas as

concentrações de NADH, NAD+, NADPH, NADP+ e suas razões. A linhagem aac1

apresentou um aumento significativo na concentração de NADH (Figura 7A) e na razão

NADH/NAD+ em relação ao WT (Figura 7E). Com relação às concentrações de NADPH

(Figura 7B) não foram observadas diferenças significativas entre as linhas mutantes e o WT.

Já nas concentrações de NADP+ (Figura 7D) apresentaram uma tendência de diminuição nas

linhas mutantes. Aumentos significativos na NADPH/NADP+ foram observados para os

mutantes aac2 e aac3 (Figura 7F).

Figura 7. Quantificação de nucleotídeos de piridina em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade coletadas no meio do período de luz. A, NADH. B, NADPH. C, NAD+. D, NADP+. E, NADH/NAD+. F, NADPH/NADP+. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas. Asteriscos indicam diferenças significativas (P < 0,05) segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT). MF: massa fresca.

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*A B

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Page 32: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

21

3.6 – Avaliação do metabolismo em condição de luz e escuro contínuos

Como observado no experimento sob condições ideais de cultivo, as plantas mutantes

apresentaram um padrão na flutuação das concentrações dos compostos associados ao

metabolismo do carbono, principalmente, em função do período de coleta. A fim de

aprofundar o entendimento dos dados obtidos, foi proposto um experimento onde as plantas

mutantes e o tipo selvagem foram submetidos a duas contições independentes, luz e escuro

contínuos.

A concentração de clorofila a apresentou maiores valores em plantas e aac3 (Figura

suplementar 5A), enquanto que a concentração de clorofila b não alterou significativamente

comparada ao WT (Figura suplementar 5B). De forma similar, não observou-se alterações na

soma das clorofilas, nem na razão das clorofila a e b (Figura suplementar 5C e D)

Entre os compostos associados ao metabolismo do nitrogênio, as linhagens mutantes

aac2 e aac3 apresentaram acúmulo na concentração de aminoácidos ao longo das 52 horas de

luz contínua. Em adição, foi observado aumento na concentração dos aminoácidos ao longo

dos oito dias na condição de escuro, mas apenas para o mutante aac2 (Figura 8A).

Concomitantemente, os teores de proteínas sofreram maiores alterações entre mutantes e WT

no período de escuro. Nessa condição, os mutantes aac2 e aac3 apresentaram tendência de

acumular mais proteínas comparado ao tipo selvagem ao longo dos oito dias na condição

imposta (Figura 8B).

As maiores alterações foram observadas entre as plantas com baixa expressão dos

transportadores AACs e WT em relação aos compostos associados ao metabolismo do

carbono. Quanto ao malato, ainda que a variação das concentrações não tenha sido

estatisticamente diferente, é possível observar tendência de acúmulo do composto nos

mutantes, principalmente aac2 na condição de exposição à luz contínua. No escuro, é

interessante observar menores concentrações do composto nos genótipos aac1 e aac3, em

relação ao WT (Figura 9A). Quanto ao fumarato, foram observados maiores níveis em plantas

aac2 em relação a plantas tipo selvagem no escuro (Figura 9B). Essa descrição observada de

forma geral na Figura 9H, com o comportamento das flutuações da soma das concentrações

de malato e fumarato.

Page 33: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

22

Figura 8. Quantificação de metabólitos em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade e posteriormente expostas a condições de 28 horas de luz contínua, 52 horas de luz continua, quatro dias de pleno escuro e oito dias de pleno escuro. As amostras foram coletadas no mesmo período do dia. A, aminoácidos. B, proteína. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas. Asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT). A área branca do gráfico representa a condição controle referente à coleta realizada antes da submissão do tratamento luminoso, a amarela é referente às condições de luz contínua e a cinza é referente às condições de pleno escuro. MF: massa fresca.

Dentre os carboidratos, variações mais evidentes são vistas na quantificação de sacarose

e amido. Em plena luz, as plantas mutantes das três linhagens se caracterizam por maior

acúmulo de sacarose. No escuro (após oito dias), é possível visualizar que a concentração de

sacarose continua elevada em plantas mutantes em relação as plantas WT (Figura 9E). Por

outro lado, não foram observadas diferenças nos conteúdos de amido durante o período

luminoso entre plantas mutantes e WT. Entretanto, no período escuro, plantas mutantes aac1

e aac3 apresentaram menores teores de amido, sugerindo uma maior degradação do amido

nessas linhas comparado ao tipo selvagem (Figura 9F). Esses dados inferem que o excesso de

sacarose entre os mutantes observada aos oito dias de escuro não era devido ao baixo

consumo desse composto durante a noite, mas possivelmente, devido da alta degradação do

amido, que disponibiliza grande quantidade de sacarose nessa condição, talvez mediante a

uma alta demanda celular. Essa descrição pode ser observada de forma geral na Figura 9H,

com o comportamento das flutuações da soma das concentrações da glicose, frutose, sacarose

e amido.

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0

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Page 34: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

23

Figura 9. Quantificação de metabólitos em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade e posteriormente expostas a condições de 28 horas de luz contínua, 52 horas de luz continua, quatro dias de pleno escuro e oito dias de pleno escuro. As amostras foram coletadas no mesmo período do dia. A, malato. B, fumarato. C, glicose. D, frutose. E, sacarose. F, amido. G, carboidratos totais referentes a soma dos valores de glicose, frutose, sacarose e amido. H, soma dos valores de malato e fumarato. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas. Asteriscos indicam

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Controle 28 h de luz

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4 dias deescuro

8 dias deescuro

Horário de coleta Horário de coleta

Page 35: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

24

diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem. A área branca do gráfico representa a condição controle referente à coleta realizada antes da submissão do tratamento luminoso, a amarela é referente às condições de luz contínua e a cinza é referente às condições de pleno escuro. MF: massa fresca.

3.7 - Análises em tecidos heterotróficos

Com base nos resultados obtidos nas análises de expressão diferencial dos

transportadores AACs em diferentes órgãos e estágios de desenvolvimento, foi possível

constatar alta expressão dos transportadores AAC2 e AAC3 em órgãos e tecidos associados

ao estágio reprodutivo da planta, sugerindo que esses transportadores exercem papel

importante nessa fase. Com o objetivo de conferir o efeito da baixa expressão dos

transportadores AACs nesses tecidos, parâmetros de caracterização da fase reprodutiva e

desenvolvimento de sementes foram avaliados.

Foram realizadas análises de germinação de grãos de pólen e comprimento do tubo

polínico entre as plantas mutantes o controle. Para ambas as análises, germinação de pólen e

comprimento do tubo polínico, não foram observadas alterações significativas entre o tipo

selvagem e as linhagens mutantes (Figura 10A e B).

Plantas com baixa expressão do transportador AAC1 produziram um menor número de

síliquas por planta, 27,8% a menos que o WT (Figura 10C). Em relação ao comprimento das

síliquas, o número de sementes por síliqua e à massa de 1000 sementes, foram observadas

alterações nos genótipos aac2 e aac3, os quais foram significativamente superiores quando

comparados ao WT (Figura 10D, E e F). Além disso, as plantas mutantes apresentaram

menores valores das dimensões aferidas das sementes, sendo elas o comprimento e a largura,

que foram estatisticamente diferentes das observadas nas plantas WT, sugerindo que as

sementes das linhagens mutantes são menores que as do WT (Figura 10G e H).

Foi verificada a porcentagem de germinação em função do tempo (dias) dos genótipos

estudados em duas condições diferentes em relação à concentração de sacarose adicionada ao

meio de cultura usado como substrato para as sementes. Foi observado que no meio sem

sacarose o genótipo aac3 apresentou maior germinação (Figura suplementar 7A e B), sem

apresentar diferenças estatísticas nos parâmetros IVG, TMG e VMG (Tabela suplementar 3).

Já no meio com 1% de sacarose, não houve alteração entre as linhagens mutantes e o WT

(Figura suplementar 7C e D), sem apresentar diferenças estatísticas nos parâmetros IVG,

TMG e VMG (Tabela suplementar 3).

Page 36: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

25

Figura 10. Parâmetros relacionados a fase reprodutiva de plantas WT e com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3. A, número total de síliquas. B, comprimento da síliqua. C, número de sementes por síliqua. D, massa de 1000 sementes. E, comprimento das sementes. F, largura das sementes. G, germinação do grão de pólen. H, comprimento do tubo polínico. Valores representam a média ± erro padrão de seis plantas. Asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem (WT).

* *

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Page 37: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

26

Também foi avaliado o crescimento radicular dos genótipos estudados em função do

tempo (dias) em três condições diferentes em relação à concentração de sacarose adicionada

ao meio de cultura usado como substrato para as sementes. Na condição sem sacarose, não

houve diferenças estatísticas entre os mutantes e o WT, mas houve um leve aumento no

comprimento das raízes dos genótipos mutantes (Figura suplementar 8A e B). Não houve

alterações no crescimento radicular na condição com 0% se sacarose (Figura suplementar 8C

e D). No meio com 2% se sacarose também não houve alterações significativas, porém

observa-se tendência de menor crescimento radicular entre os mutantes em comparação com o

WT (Figura suplementar 8D e E).

Page 38: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

27

4 - DISCUSSÃO

Os resultados das análises qRT-PCR indicam que o gene AAC1 é a isoforma dominante

entres os AACs em A. thaliana, independente do tecido e estágio do desenvolvimento. Essa

observação é consistente com os dados de expressão gênica publicamente disponíveis (Winter

et al., 2007) (Figura Suplementar 2). Como já caracterizado em outros estudos, AAC1 é a

mais abundante das proteínas transportadoras mitocondriais, apresentando mais de 300 ESTs,

três vezes o número do Transportador de Fosfato 1 (do inglês Phosphate Carrier 1 [PiC1 ;

At5g14040]), o segundo membro mais abundante registrado (Millar and Heazlewood, 2003;

Picault et al., 2004; Haferkamp, 2007). Portanto, pode-se sugerir que o transportador AAC1

cumpre a função principal na transferência de energia das mitocôndrias para o citosol em A.

thaliana (Haferkamp, 2007) e talvez por esse motivo, no presente trabalho, não foi possível

isolar um mutante knockout capaz de se desenvolver até a fase reprodutiva.

Os genes AAC2 e AAC3 apresentam níveis de expressão consideravelmente inferiores

aos do AAC1, com picos de expressão em tecidos relacionados à fase reprodutiva como

encontrados nas flores, pólen e síliquas, corroborando com Haferkamp (2007) e com os dados

de expressão (Figuras suplementares 3 e 4, respectivamente). Ainda que não tenha o nível de

expressão comparado ao gene AAC1, o AAC2 também está entre os 11 transportadores

mitocondriais que apresentam pelo menos 10 ESTs (do inglês: Expressed Sequence Tag)

sendo, portanto, um dos transportadores MCFs mais expressos (Picault et al., 2004). Essa

variação no padrão de expressão entre órgãos e estágios do desenvolvimento sugere que esses

transportadores exerçam o papel fisiológico de forma não redundante.

Teoricamente, a diminuição na expressão dos transportadores AACs, ao reduzir a

quantidade destes transportadores, contribui para uma menor capacidade de distribuição do

ATP da matriz mitocondrial para o citosol. Dessa forma o processo pelo qual o ATP é

exportado da mitocôndria para o citossol e o ADP é importado para a matriz mitocondrial

ocorre em menores proporções limitando a atividade da ATP Sintase. O turnover de adenilato

limita a via respiratória, em função da restrição no fornecimento de adenilatos (O‟Leary and

Plaxton, 2017; O‟Leary et al., 2018). Quando ocorre de forma lenta, pode acarretar em

alterações no steady-state energético (Geigenberger et al., 2010), contribuindo assim para a

redução da cadeia transportadora de elétrons da mitocôndria (mCTE). Essa redução da mCTE

promove aumento no poder redutor da organela, que quando não regenerado à sua forma

oxidada, pode comprometer o balaço redox no compartimento. Considerando que,

Page 39: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

28

principalmente durante o dia, a mitocôndria esta envolvida com a dissipação de redutores

provenientes de outros processos metabólicos como fotossíntese e fotorrespiração (Scheibe

and Dietz, 2012; Liang et al., 2015; Selinski and Scheibe, 2018), o turnover reduzido dos

adenilatos pode contribuir para uma sobrecarga na atividade mitocondrial e um

comprometimento dela no período luminoso (Zhang et al., 2012; Liang et al., 2015). Assim, a

hipótese em que a baixa expressão dos transportadores AACs acarreta no aumento do poder

redutor celular no período luminoso, pode ser corroborada com os resultados apresentados na

Figura 7, onde a razão NADPH/NADP+ é maior nas linhagens aac2 e aac3, e NADH/NAD+ é

maior em aac1.

Considerando a menor capacidade de distribuição do ATP/ADP como um fator que

promove o estresse oxidativo no sistema, pode-se sugerir que a proteína AAC2 tenha um

importante papel na distribuição de energia no estresse, uma vez que o gene é up-regulado

nessa condição (Fonseca-pereira et al., 2018). O transportador AAC2 também é caracterizado

por apresentar menor afinidade aos substratos ATP/ADP e maiores valores de Vmáx,

comparado ao transportador AAC1 (Haferkamp et al., 2002). Assim o AAC2 pode agir como

transportador de menor afinidade, que é requerido em situação de maior razão ATP/ADP na

matriz mitocondrial. Sendo assim, pode-se inferir que o transportador AAC2 atue na

complementação da atividade do AAC1 quando há excesso de energia na mitocôndria. No

caso da ausência desse transportador, a alta razão ATP/ADP na matriz mitocondrial não seria

redistribuída de forma dinâmica, sendo necessário que os outros transportadores de adenilatos

compensassem essa função, com o propósito de evitar alteração no steady-state energético

celular. Essa hipótese justifica o aumento significativo encontrado na expressão, tanto dos

transportadores de adenilato mitocondriais, como nos não-mitocondriais na linhagem aac2,

favorecendo assim a exportação de ATP da mitocôndria e a importação dessa molécula em

outras organelas, respectivamente, contribuindo para um turnover dinâmico de adenilatos.

Apesar de constatada baixa expressão dos genes AAC1, AAC2 e AAC3 nas linhas

mutantes isoladas, a diminuição da expressão dos transportadores AACs na mitocôndria não

teve efeito letal nos mutantes para nenhuma das isoformas. Isso pode ser explicado pelo fato

de existirem as outras isoformas AACs na ausência a isoformas suprimida, bem como a

existência de outros transportadores de adenilato na mitocôndria que podem assumir o papel

da isoformas suprimida, compensando a falta do transportador. Em T. brucei, por exemplo,

proteinas APC‟s demonstraram compensar o transporte de adenilatos em baixa expressão do

gene AAC (Stael et al., 2011; Peña-Diaz et al., 2012).

Page 40: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

29

Ainda que o efeito da baixa da expressão das proteínas AACs favoreça o estresse

oxidativo do sistema, não houve alteração nos parâmetros de trocas gasosas sugerindo que a

eficiência fotossintética não foi afetada pela redução na expressão individual de

transportadores AACs. Uma possível explicação para esse resultado são os diversos

mecanismos de regeneração dos aceptores de elétrons essenciais na fase fotoquímica. Dentre

esses mecanismos, existe a migração do excesso do poder redutor proveniente dos

cloroplastos para a mitocôndria via “lançadeiras de malato” durante o período luminoso. O

malato proveniente dos plastídios pode ser importado pela mitocôndria e oxidado a

oxaloacetato, gerando NADH nesse processo e contribuindo para o aumento de poder redutor

no compartimento (Noguchi and Yoshida, 2008; Scheibe and Dietz, 2012; O‟Leary et al.,

2018; Selinski and Scheibe, 2018). Esses mecanismos constituem uma vantagem fundamental

em termos de flexibilidade metabólica em situações em que a oferta de poder redutor é maior

que a demanda para seu uso (O‟Leary et al., 2018). No presente estudo, as linhagens mutantes

apresentaram tendência de acúmulo de malato durante o período luminoso, que pode ser

resultante da dissipação energética a partir do malato, acompanhado pela possível baixa taxa

de consumo desse metabólito pela mitocôndria, uma vez que o efeito da redução das proteínas

transportadoras AACs possivelmente favorece um desbalanço redox na organela e

consequentemente uma sobrecarga na atividade mitocondrial.

Não foi possível verificar alterações nos parâmetros de crescimento entre os mutantes e

o tipo selvagem. No entanto, foi observada maior respiração noturna entre os mutantes.

Considerando que a respiração noturna é responsável por grande parte do fornecimento de

esqueleto de carbono e alta produção energética, essa via metabólica possibilita atender as

demanda necessárias nos processos de manutenção, resultando em altas taxas de crescimento

dos tecidos (Ainsworth and Long, 2005; Markelz et al., 2014). Assim, pode-se inferir que

maiores taxas respiratórias entre os mutantes durante a noite pode compensar o crescimento

vegetativo e outras demandas, possivelmente comprometido durante o período luminoso,

acarretando na similaridade fenotípica entre os mutantes AACs e o WT. Além disso, visto que

as plantas mutantes tendem a apresentar estresse oxidativo, complexos proteicos

desacopladores de energia podem estar sendo regulados positivamente e estarem atuando na

membrana interna da mitocôndria, desvinculando a alta taxa respiratória da produção

energética (Vishwakarma et al., 2015). Esse mecanismo pode ser realizado através da

atividade da Oxidase Alternativa (AOX) que reduz o O2 à H2O com menor bombeamento de

Page 41: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

30

prótons para o espaço intermembrana da mitocôndria, contribuindo assim para um redução na

produção de ATP via processo respiratório (Vishwakarma et al., 2015).

Nas avaliações metabólicas, foi possível constatar padrões na flutuação das

concentrações dos compostos quantificados mediante aos cinco pontos de coleta, deixando

evidente diferentes comportamentos do metabolismo durante o período luminoso e o escuro.

Com o propósito de confirmar os padrões e intensificar os fenótipos observados, foi realizado

o experimento onde as plantas mutantes e WT foram submetidas sob condições independentes

de luz contínua e pleno escuro. Os resultados foram condizentes com os obtidos previamente

no experimento sob condições normais.

Quanto aos compostos relacionados ao nitrogênio, verificou-se uma alta concentração

de nitrato ao meio dia para os mutantes das três isoformas de AACs em relação ao WT. Esse

excesso de nitrato foi consumido ao longo do dia, concomitantemente com aumentos

significativos na quantidade de aminoácidos e proteínas, inferindo que esse nitrato foi

utilizado para a síntese dessas outras moléculas. Durante o dia, o poder redutor fornecido pela

fotossíntese e fotorrespiração às mitocôndrias pode substituir a necessidade de formação de

redutores através do ciclo TCA, tornando-o principal fornecedor de esqueleto de carbono para

síntese de outras moléculas (Sweetlove et al., 2010; Tcherkez et al., 2012). Considerando que

os mutantes AACs tenderam a possuir maior poder redutor, essa condição possibilita que o

ciclo TCA atenda demandas ainda maiores de esqueleto de carbono para vias de biossíntese

aminoácidos e proteínas (Noguchi and Yoshida, 2008; Liang et al., 2015; O‟Leary et al.,

2018), o que corrobora com as altas concentrações desses compostos observadas nas plantas

mutantes AACs.

Além do metabolismo do nitrogênio, alterações foram observadas nos níveis de

compostos associados ao metabolismo do carbono. Os mutantes com baixa expressão para os

transportadores AACs, principalmente o aac2, apresentaram maiores concentrações de

carboidratos não-estruturais ao final do período de luz, principalmente da sacarose. Esse

resultado sugere que esse açúcar pode ter sido consumindo em menor quantidade ou

sintetizado em maior quantidade, ou ainda que ambos os processos estivesses acontecendo

durante o período luminoso. Dentre os fatores que podem acarretar na diminuição respiração

diurna, vale destacar a regulação pós-traducional de enzimas importantes da respiração. O

Complexo Piruvato Desidrogenase (PDC) (Tovar-Méndez et al., 2003) e Glicose-6-fosfato

Desidrogenase plastidial (Wenderoth et al., 1997), por exemplo, podem ser inibidas pela luz e

Page 42: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

31

pelo aumento de poder redutor sendo esses, portanto, fatores importantes no processo

respiratório. Considerando que o possível aumento da razão ATP/ADP pode inibir a mCTE e

gerar acúmulo de redutores na matriz mitocondrial em plantas com baixa expressão dos AAC,

essas enzimas podem ter sido inibidas, acarretando no aumento da concentração de

substrato/intermediários das reações da via respiratória, fazendo com que a sacarose não

estivesse sendo consumida na mesma velocidade como em condições normais, favorecendo

seu acúmulo (O‟Leary et al., 2018). Além dessa regulação, diversos produtos da respiração,

quando acumulados, tem a capacidade inibir enzimas da glicólise e do ciclo TCA (O‟Leary

and Plaxton, 2017; O‟Leary et al., 2018), contribuindo para também para o consumo mais

lento da sacarose e outros intermediários metabólicos utilizados na respiração, como malato,

fumarato, glicose e frutose, que também tenderam a acumular em maior quantidade nos

mutantes avaliados. Esses resultados corroboram a hipótese que, durante o dia, a respiração é

dificultada em função da baixa expressão dos transportadores AACs.

Por outro lado, o trabalho realizado por Liang et al. (2015), com A. thaliana mutantes

que exibiam altos níveis energéticos na forma de ATP, no cloroplasto durante o dia, e na

mitocôndria durante a noite, demonstraram maiores concentrações de sacarose durante o

período luminoso, dada pela maior atividade da sacarose fosfato sintase (SPS) promovida

pelo excesso de ATP. Essa possibilidade pode ser sustentada para o presente trabalho

considerando que o estresse oxidativo pode estimular a expressão dos transportadores de

adenilato da célula, contribuindo para exportação do ATP da mitocôndria, o qual pode atuar

na atividade da SPS, promovendo assim alta síntese de sacarose.

Curiosamente, ao longo do período de escuro, os açúcares acumulados durante o dia

foram catabolizados de modo que, no início do dia, as concentrações dos carboidratos não-

estruturais foram similares ou até menores que às do tipo selvagem (Figura 5 e 9). No escuro,

as condições redox da célula são mais favoráveis à homeostase, uma vez que a fase

fotoquímica da fotossíntese nem a fotorrespiração não mais contribui com poder redutor para

a mitocôndria. Além disso, no escuro as proteínas da mCTE são maximizadas, bem como a

maior capacidade de algumas enzimas do ciclo TCA, fazendo da mitocôndria a principal

fornecedora de ATP para a célula nesse período (Lee et al., 2010; Liang et al., 2015; O‟Leary

et al., 2018). Isso sugere que essa concentração extra de açúcares permitiu que mais substrato

estivesse disponível à noite, induzindo uma maior respiração noturna mitocondrial, como foi

constatado nos mutantes estudados (Figura 3H).

Page 43: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

32

Assim, numa visão geral, os transportadores de adenilato AAC1-3 contribuem para um

fornecimento da energia para os demais compartimentos celulares, promovendo o turnover

dinâmico dos adenilatos. Essa renovação dinâmica de ATP e ADP contribui para o steady-

state celular, de modo auxiliar na manutenção do estado redox do sistema. Ainda poucas

abordagens foram realizadas para avaliar o efeito de pools alterados de adenilato nas plantas,

fazendo-se necessários experimentos mais aprofundados para auxiliar no esclarecimento desse

campo de estudo.

Page 44: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

33

5 – CONCLUSÕES

O transportador mitocondrial de adenilato AAC1 é a isoformas é dominante entre os

AACs em A. thaliana, independente do tecido e estágio do desenvolvimento. AAC2 e o

AAC3 são expressos em baixos níveis em nos tecidos e ao longo das fases do

desenvolvimento, sendo regulados positivamente em tecidos relacionados a fase reprodutiva,

como grão de pólen, flor e síliqua. A diminuição da expressão dos genes AAC1, AAC2 e

AAC3 não tem efeito letal nos mutantes para nenhuma das isoformas, provavelmente pelo

efeito de compensação da atividade suprimida dos AACs assumido pelos outros

transportadores de adenilato existentes na mitocôndria. Nem o crescimento e nem o processo

fotossintético é compromentido nas plantas mutantes isoladas no trabalho. Porém as plantas

mutantes para as três isoformas apresentam maiores taxas de respiração noturna. Além da

respiração, o metabolismo das plantas mutantes exibem alterações nos padrões de

comporamento no período diurno e noturmo. Durante o dia ocorre aumento de poder redutor

nas formas de NADPH e NADH. Da mesma forma, ocorre acúmulo de compostos

nitrogenados e carbonados, o qual são rapidamente consumido durante a noite. Dessa forma, o

excesso de subtrato acumulado durante o dia, provavelmente impulsiona maiores taxas de

respiração durante a noite. Assim, maiores taxas respiratórias entre os mutantes durante o

escuro podem compensar o crescimento vegetativo, possivelmente comprometido durante o

período luminoso, ou ainda ser resultado de maior dissipação do excesso energético pela

AOX. Assim, os transportadores AACs promovem uma dinâmica partição de adenilatos que

contribue para sincronismo entre o metabolismo diurno e noturno, favorescendo a

manutenção do estado redox e steady-state celular.

Page 45: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

34

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 49: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

38

7 - FIGURAS E TABELAS SUPLEMENTARES

Figura 1- Genotipagem das plantas mutantes homozigotas com inserção de T-DNA para os genes AAC1, AAC2 e AAC3. A, representação esquemática do gene AtAAC1 (At3g08580), AtAAC2 (At5g13490) e AtAAC3 (At4g28390) indicando os respectivos locais de inserção do T-DNA. As caixas pretas representam os éxons e as setas cinzas indicam as posições dos primers usados na técnica PCR para genotipagem para seleção das plantas mutantes homozigotas. B, As bandas em gel de agarose 1% correspondentes aos produtos da reação de PCR, utilizando-se primers indicados no item 2.1.

Figura suplementar 2- Análise in silico do gene AAC1 em diferentes tecidos. Fonte: Arabidopsis eFP Browser <http://bar.utoronto.ca/efp/cgi-bin/efpWeb.cgi>

Page 50: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

39

Figura suplementar 3- Análise in silico do gene AAC2 em diferentes tecidos. Fonte: Arabidopsis eFP Browser <http://bar.utoronto.ca/efp/cgi-bin/efpWeb.cgi>

Figura suplementar 4- Análise in silico do gene AAC3 em diferentes tecidos. Fonte: Arabidopsis eFP Browser < http://bar.utoronto.ca/efp/cgi-bin/efpWeb.cgi>

Page 51: IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS TRANSPORTADORES …

40

Figura suplementar 5. Quantificação de clorofilas em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade coletadas ao meio do dia. A, clorofila a. B, clorofila b. C, conteúdo de clorofila a + b. D, razão clorofila a/b. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas individuais e os asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem. MF: matéria fresca

0

1

2

3

4

Clo

rofi

la a

/b (

mg

g-1

MF)

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Clo

rofi

la a

+b (

mg

g-1

MF)

*

* *

Clo

rofi

la a

(m

g g-

1 M

F)

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

Clo

rofi

la b

(m

g g-

1 M

F)

0.0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

WT aac1

*

aac2 aac3 WT aac1 aac2 aac3

A B

C D

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

Clo

rofi

la b

(m

g g-1

MF)

*

*

Clo

rofi

la a

(m

g g-1

MF)

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0WTaac1aac2aac3

0

1

2

3

4

Clo

rofi

la a

+b (

mg

g-1 M

F)

A B

C D

0

1

2

3

4

Clo

rofi

la a

/b (

mg

g-1 M

F)

Controle 28 h de luz

52 h de luz

4 dias deescuro

8 dias deescuro

Controle 28 h de luz

52 h de luz

4 dias deescuro

8 dias deescuro

Horário de coleta Horário de coleta

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41

Figura suplementar 6. Quantificação de clorofilas em folhas de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3, em plantas com cinco semanas de idade e posteriormente expostas a condições de 28 horas de luz contínua, 52 horas de luz continua, quatro dias de pleno escuro e oito dias de pleno escuro. As amostras foram coletadas no mesmo período do dia. A, clorofila a. B, clorofila b. C, conteúdo de clorofila a + b. D, razão clorofila a/b. Valores representam a média ± erro padrão de cinco plantas individuais e os asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem. A área branca do gráfico representa à condição controle referente à coleta realizada antes da submissão do tratamento luminoso, a amarela é referente às condições de luz contínua e a cinza é referente às condições de pleno escuro. MF: massa fresca.

Figura Suplementar 7- Germinação de sementes de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3. Percentual de germinação em meio MS com 0% (A) e 1% (C) de sacarose ao longo de três dias. Percentual de germinação em meio MS com 0% (B) e 1% (D) de sacarose ao final da avaliação. Valores representam a média ± erro padrão de dez placas, cada uma com 50 sementes por genótipo e os asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem. MS: Murashige e Skoog.

0

80

100

0

20

40

60

80

100

WTaac1aac2aac3

Ger

min

ação

a

0% d

e sa

caro

se (

%)

*

Ger

min

ação

a

0% d

e sa

caro

se (

%)

Dias

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

0

20

40

60

80

100

WTaac1aac2aac3

Ger

min

ação

a

1% d

e sa

caro

se (

%)

0

80

100

Ger

min

ação

a

1% d

e sa

caro

se (

%)

A B

C D

WT aac1 aac2 aac3

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42

Figura suplementar 8- Avaliação do crescimento radicular a partir de sementes de A. thaliana com expressão reduzida de AAC1, AAC2 e AAC3. Comprimento radicular avaliado num período de 13 dias com sementes cultivadas em meio MS contendo 0% (A),1% (C) e 2% (E) de sacarose. Comprimento radicular ao final do período de avaliação de sementes cultivadas em meio MS contendo 0% (B), 1% (D) e 2% (F) de sacarose. Valores representam a média ± erro padrão de oito placas, cada uma com cinco sementes por genótipo e os asteriscos indicam diferença significativa (P < 0,05), segundo o teste t de Student, em comparação com o tipo selvagem. MS: Murashige e Skoog.

Dias

Com

prim

ento

rad

icul

arco

m 0

% d

e sa

caro

se (

cm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

WTaac1aac2aac3

Com

prim

ento

rad

icul

arco

m 1

% d

e sa

caro

se (

cm)

0

2

4

6

0

1

2

3

4

5

6

7

Com

prim

ento

rad

icul

arco

m 1

% d

e sa

caro

se (

cm)

Dias

2 4 6 8 10 12 14

0

2

4

6

8

Com

prim

ento

rad

icul

arco

m 2

% d

e sa

caro

se (

cm)

0

2

4

6

8

Com

prim

ento

rad

icul

arco

m 2

% d

e sa

caro

se (

cm)

C D

E F

WT aac1 aac2 aac3

Com

prim

ento

rad

icul

arco

m 0

% d

e sa

caro

se (

cm)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

A B

WTaac1aac2aac3

WTaac1aac2aac3

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43

Tabela Suplementar 1- Primers utilizados nas análises de RT-PCR realizadas neste estudo

Gene Locus Forward primer Reverse primer

AAC1 At3g08580 5‟-CTCCTCACTGGTGACTTACAGGAC-3‟ 5‟-TTGTACTTGACAGCTTCACCAGAC-3‟

AAC2 At5g13490 5‟- CTCATTTCTTCTTCTTCGCTCA-3‟ 5‟- AGCTCAAGAGTTGGCCAGAA-3‟

AAC3 At4g28390 5‟- GTGTTGGGTAAGAAGTATGGCT-3‟ 5‟- AGAACTAAGACAAAGGGCCACA-3‟

APC1 At5g61810 5'-GGAGCCAGGTCCTTTGATACAAC-3' 5'-TCAGAAACTCTTGGCCCATGC-3'

APC3 At5g07320 5'-CGAGATGGGCGTGTTGATTACC-3' 5'-AATGCCGGCCTTAACAAGAGC-3'

ADNT1 At4g01100 5'-TGGAAGGCTAACTGTCCAGACC-3' 5'-TGGAAGCCAACCACGGTACAAG-3'

NTT1 At1g80300 5'-TGTGTATGTCGGTGCCCTTCAG-3' 5'-GCAGCTTTGCCTTTAACCTTGG-3'

NTT2 At1g15500 5'-TACTCGCAGCAGTGTACGTTGG-3' 5'-GCAGCTTTGCCTTTAACCTTGG-3'

ATBT1 At4g32400 5'-CTCGCCTTACAATTCAGAGAGGTG-3' 5'-AGAGTTCTGTGGGTCCTTCCTC-3'

PNC1 At3g05290 5'-ATCCAGCAATCAGGTGCAAGG-3' 5'-TTCTCCATATGGCATACACAACCC-3'

PNC2 At5g27520 5'-TCTCTGCCTTTATGGCGTTTGTG-3' 5'-GCTTGAATCATAACCTTGCACCTG-3'

ER-ANT1 At5g17400 5'-TGGAGAGGAAACCAAGCCAATGTC-3' 5'-TGCAAAGTTGGAAGCCTGTGTAGG-3'

ACT At2g37620 5'-CTTGCACCAAGCAGCATGAA -3' 5'-CCGATCCAGACACTGTACTTCCTT-3'

AAC1: ADP/ATP carrier 1, AAC2: ADP/ATP carrier 2, AAC3: ADP/ATP carrier 3, APC1: Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 1, APC3: Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 3, ADNT1: Adenine Nucleotide Transporter 1, NTT1: nucleotide transporter 1, NTT2: nucleotide transporter 2, ATBT1: Arabidopsis Brittle 1, PCN1: Peroxisomal adenine nucleotide carrier 1, PCN2: Peroxisomal adenine nucleotide carrier 2, ER-ANT1: Endoplasmic Reticulum Adenylate Transporter1, ACT: Actin.

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Tabela Suplementar 2- Similaridade (em porcentagem) entre sequências de aminoácidos deduzidos de todas as proteínas transportadoras de adenilatos contidas na célula vegetal, até então descritas em Arabidopsis thaliana.

(%) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

1 -AAC1 100,00

2 -AAC2 86,53 100,00

3 -AAC3 74,94 74,62 100,00

4 -APC1 27,30 27,05 28,25 100,00

5 -APC2 29,54 28,32 29,29 67,62 100,00

6 -APC3 26,84 27,21 27,78 80,83 74,33 100,00

7 -ADNT1 26,54 26,89 27,71 36,31 34,58 35,49 100,00

8 -NTT1 - - - - - - 47,37* 100,00

9 -NTT2 - - - - - - 47,37* 89,42 100,00

10 -TAAC/PAPST1 30,00 29,39 31,43 30,22 36,69 30,97 31,73 - - 100,00 11 -ATBT1 28,72 27,30 29,89 35,02 32,85 35,14 34,47 - - 33,45 100,00

12 -PNC1 23,23 22,64 22,52 24,91 26,53 23,37 22,73 - - 27,81 22,07 100,00 13 -PNC2 24,24 22,97 22,90 24,05 24,57 24,05 25,74 - - 24,08 21,62 86,73 100,00

14 -ER-ANT1 61,77 61,09 63,79 28,21 28,62 26,64 28,66 - - 30,79 28,09 24,88 25,56 100,00 15 -PM-ANT1 40,40 39,40 39,27 30,26 25,48 27,39 30,47 35,48* 26,56* 28,00 25,68 20,58 21,41 37,25 100,00

AAC1 (AT3G08580): ADP/ATP carrier 1, AAC2 (AT5G13490): ADP/ATP carrier 2, AAC3 (At4g28390): ADP/ATP carrier 3, APC1 (At5g61810) : Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 1, APC2 (At5g51050): Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 2, APC3 (At5g07320): Adenine nucleotide/Phosphate Carrier 3, ADNT1(At4g01100): Adenine Nucleotide Transporter 1, NTT1(At1g80300): nucleotide transporter 1, NTT2 (At1g15500): nucleotide transporter 2, TAAC/PAPST1 (At5g01500): PAPS/PAP carrier in plastids and an ATP/ADP carrier in the thylakoid membrane, ATBT1(At4g32400): Arabidopsis Brittle 1 PCN1 (At3g05290): Peroxisomal adenine nucleotide carrier 1, PCN2 (At5g27520): Peroxisomal adenine nucleotide carrier 2, ER-ANT1(At5g17400): Endoplasmic Reticulum Adenylate Transporter1, PM-ANT1(At5g56450): Plasma Membrane Adenylate Transporter. O símbolo „*‟ representa similaridades com valor de cobertura menor que 20. O símbolo „-„ representa similaridade não detectada.

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Tabela suplementar 3. Parâmetros relacionados à avaliação da germinação de plantas de A. thaliana com baixa expressão dos genes AAC1, AAC2 e AAC3 em meio MS contendo 0% e 1% de sacarose. As avaliações foram realizadas num período de três dias, a contar posteriormente ao período de estratificação, onde as sementes foram submetidas ao escuro numa temperatura de 4°C durante três dias

0% sacarose

PARÂMETROS WT aac1 aac2 aac3

IVG 46,58 ± 1,44 46,6 ± 2,00 45,76 ± 0,81 43,87 ± 1,67

TMG 0,94 ± 0,03 0,93 ± 0,04 0,92 ± 0,01 0,87 ± 0,03

VMG 1,07 ± 0,04 1,08 ± 0,05 1,09 ± 0,02 1,15 ± 0,05

1% sacarose

PARÂMETROS WT aac1 aac2 aac3

IVG 50,02 ± 1,15 49,84 ± 1,19 47,33 ± 1,45 49,20 ± 1,95

TMG 1,00 ± 0,02 1,00 ± 0,03 0,94 ± 0,02 0,99 ± 0,03

VMG 0,99 ± 0,03 0,99 ± 0,04 1,05 ± 0,03 1,01 ± 0,05

Os valores representam a média ± erro padrão de oito placas independentes contendo 50 sementes de cada genótipo; valores em negrito apresentam diferenças significativas pelo teste t de Student (P < 0,05) em comparação com o tipo selvagem (WT). Abreviações: *IVG: índice de velocidade de germinação (adimensional). TMG: tempo médio de germinação (dias). VMG: velocidade média de germinação (-dias). MS: Murashige e Skoog.