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Publicidade Este suplemento faz parte integrante do Jornal de Negócios n. o 3761 de 6 de Junho de 2018 e não pode ser vendido separadamente. Regiões mais fortes Frutícolas e Hortícolas Financiamento Empresas agrícolas estão mais profissionais Case-study Os novos desafios da Ferreira da Silva O Oeste é o reino das hortícolas A pera-rocha é o farol das exportações Agricultura oferece emprego qualificado David Cabral Santos

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    Este suplemento faz parte integrante do Jornal de Negócios n.o 3761de 6 de Junho de 2018 e não pode ser vendido separadamente.

    Regiões mais fortesFrutícolas e Hortícolas

    FinanciamentoEmpresas agrícolas estão mais profissionaisCase-studyOs novos desafios da Ferreira da Silva

    O Oeste é o reino das hortícolasA pera-rocha é o farol das exportaçõesAgricultura oferece emprego qualificado

    David Cabral Santos

  • II|

    QUARTA-FEIRA|

    6 JUN 2018

    concelho de TorresVedrascom407km2é marcado, segundoLauraRodrigues,por

    uma diversidade marcada pelaruralidade, urbanidade e mariti-midade, o que coloca vários pro-blemas àgestão do território, so-bretudonumaregiãoemqueoli-toral é disputado por várias acti-vidades económicas.

    Há dificuldades em gerir asáreas agrícolas e as questões ur-banas, como ahabitação, as acti-vidades como o turismo, admiteLauraRodrigues. “No litoral, naszonas de areais, em determina-das épocas do ano, há uma ava-lanche de pessoas e a sua insta-lação disputa espaço com a hor-ticultura protegida”, referiu avice-presidente daCâmaraMu-nicipal de Torres Vedras.

    Há uma certa falta de orde-namento observou Domingosdos Santos, presidente da Fru-toeste.“Éprecisoqueopoderpú-blico, e nomeadamente as câma-ras municipais, tenham em con-sideração que uma exploraçãoagrícola, como um pomar, umavinha ou uma pecuária, é uma

    unidadeeconómica.Sedeixaremque alguémfaçaumacasapróxi-ma da exploração, passados al-guns anos, é o agricultorque estámal situado”.

    Turismo e paisagemAgestão equilibradados territó-rios implica ter em atenção que,a base económica do nosso lito-ral foi e é aactividade hortícolaehortofrutícola. “O turismo é im-portante e queremos que se des-envolva, em termos de sustenta-bilidade, mas tem de ser coorde-nado com actividades económi-casqueexistemnolocalequesãoas actividades agrícolas. Estastêm de estar bem integradas noespaço envolvente”, acrescentaLaura Rodrigues.

    Adianta que era importanteque,nopróximoquadrocomuni-tário,secomeçasseaincentivarosagricultoresadotaremassuasex-ploraçõescommaisqualidadeemtermos de paisagem. Dá o exem-plodavitivinicultura,emquepas-sou a haver mais cuidado paisa-gísticocomasvinhasporcausadaemergênciado enoturismo.

    Mas esta preocupação podeterimpactononegócio.“Seapai-sagem agrícola for valorizada, seoagricultorforoguardiãodapró-pria paisagem, devem ser com-pensados por algumas activida-desquenãopossamfazer”,admi-tiu Laura Rodrigues.

    Domingos dos Santos afinoupelo mesmo diapasão. “É impor-tante que o agricultor, além deproduzir produtos alimentares,também produza bens públicos,e, ao contrário daimagemque sedá,deumagricultorcomomalan-drodanatureza,éexactamenteocontrário, é um defensor da pai-sagem”.

    Exigências de clientesNa óptica deste produtor depera-rocha,acujaassociaçãopre-side,“sãoosagricultoresqueaca-bam por fazer um serviço muitoimportante para o equilíbrio doterritório, desde a retenção deáguas, ate à manutenção da pai-sagem para o turismo”, referiuDomingosdosSantos,agricultoredirigentedeváriasorganizaçõesagrícolas.

    OpresidentedaFrutoesteas-sinalou aindaque aUnião Euro-peia é a zona do mundo em quese produz com maior qualidade,e em que se cumprem um con-juntodenormasmuitoexigentes,tendo emcontaasustentabilida-de e a defesa do consumidor.

    Alémdisso, sublinhouque osagricultores deparam-se com“com clientes com exigências demercadomaisrigorasasdoqueasnormas legais. Grande parte daprodução é auditada e certifica-da”,concluiuDomingosdosSan-tos.�

    Era importante que, no próximo quadro comunitário, secomeçasse a pensar e incentivar os agricultores a terem as suasexplorações com mais qualidade, em termos de paisagem.Como na vitivinicultura em que, por causa do enoturismo,passou a haver cuidado paisagístico com as vinhas.

    FILIPE S. FERNANDES

    O

    Os guardiãesda paisagem

    Hoje existe umagricultorempresário,que seprofissionalizoue apostou muitona eficiênciadas suasculturas.CARLOS SANTOS LIMADirector coordenadorNegócios do BancoSantander

    Hoje o sectoragrícola é oque tem menosrisco e menosincobráveis,e que tem dadouma rentabilidadeinteressanteà banca.DOMINGOS DOS SANTOSPresidenteda Frutoeste

    NEGÓCIOS INICIATIVAS REGIÕES MAIS FORTES

    No âmbito Box SantanderAdvan-ce Empresas, aConversaSoltasobo mote “Regiões mais fortes”, quese realizou em Torres Vedras, foidedicadaao sectordos Frutícolase Hortícolas. Moderada por An-dreia Vale, jornalista, o debatecontou com António Gomes, pre-sidente daAssociação Interprofis-sional de Horticulturas do Oeste,Carlos Santos Lima, directorcoor-denador negócios do Banco San-tander, Domingos dos Santos, pre-sidente daFrutoeste, LauraRodri-gues, vice-presidente da CâmaraMunicipal de Torres Vedras eFrancisco Fragoso, gestor de ne-gócios no grupo Luís Vicente.

    ConversaSolta emTorres Vedras

    DEBATE

  • QUARTA-FEIRA|

    6 JUN 2018|

    SUPLEMENTO|

    III

    Carlos Santos LIma considera que a agricultura é uma aposta do Banco Santander no financiamento às empresas.

    David Cabral Santos

    Agricultura está mais profissional,o que agrada aos bancos

    “A imagem da agricultura é cadavez melhor. A agricultura repre-senta4%dofinanciamentonacio-nal, tendo o Santander um poucomais do que a média nacional nacarteiradecrédito.Oquetemavercom a profissionalização regista-da na agricultura”, referiu CarlosSantos Lima, DirectorCoordena-dorNegóciosdoBancoSantander.

    Acrescentou que, “hoje existeum agricultor empresário, que seprofissionalizou e que apostoumuitonaeficiênciadassuascultu-ras. O que é importante num paíspequenocomoPortugalemqueousomoseficientesounãoconsegui-mos mercado”.

    Na região do Oeste sente-se adiferençae os bancos perceberamisso, como disse Domingos dosSantos, presidente da Frutoeste.Nasuaopinião,“hádezanosatrás,quando se submetia qualquer pe-dido de crédito à banca olhavamparaos agricultores de umaformaenviesada. Hoje, de facto, o sectoragrícolaé o que temmenos risco emenos incobráveis, e que temdado uma rentabilidade interes-sante àbanca”

    OSantandercresceu,entre2016e 2017, 45% no apoio às empresas,porque, como explicouCarlos San-tos Lima, “o Santandergostade es-tarjuntodasboasempresaseissovê-

    seaoníveldagestão,daqualidade.Eisto estácadavez mais presente naagricultura”.

    Novas gerações“Hámuitofactoresnovosnaagri-culturaeaformadeasinstituiçõesfinanceiras olharem para a agri-culturaécompletamentediferen-te”, resumiu Carlos Santos Lima.Arededeuniversidadesepolitéc-nicos permite que a gestão nasempresas agrícolas esteja maisdisseminada, tanto nos recursoshumanos como financeiros.

    O gestor do banco Santanderconsidera que hoje a actividadeagrícoladeve muito pouco ao pas-

    sado. Relembrou que basta con-trastaro que eraumafeiraagríco-lano passado e no que é hoje, “emqueestápresenteumapanópliadesoluções técnicas e tecnológicas”.

    Carlos Santos Lima salientouaindaqueobancovalorizaatrans-formaçãogeracionaldasempresasagrícolas, pois os jovens são factorde inovação. Referiu ainda que “oSantander valoriza também mui-tooassociativismo,porquedáumasegurançano escoamento do pro-duto” e que na análise bancária,tambémsãoimportantesossubsí-dios, pois têm um peso importan-te na conta de exploração de umempresário agrícola.�

    A agricultura representa 4% do financiamento nacional, tendo o Santander um poucomais do que a média nacional na carteira de crédito. Por que as empresas agrícolasestão mais profissionais, o que dá mais segurança aos bancos

    “Na oferta que o Santander tem,há um factor que a distingue daconcorrência. É a formação paraos gestores das empresas, e quepassa por cursos de formaçãogratuita feita com as principaisuniversidades”, explicou CarlosSantos Lima. Disse ainda queexiste “formação online para osempregados das empresas, que émuito específica . Estes cursos es-tão nanossaplataformae são dis-ponibilizados aos clientes”.O Santandertem um programadeestágios profissionais, em que su-porta os salários dos primeirostrês meses, e está disponível paraqualquer empresa que se candi-date. “O cliente é que diz qual é asua necessidade e nós escolhe-mos o perfil. Cerca de 50% dosestagiários ficam a trabalhar, oque mostra a qualidade dos esta-giários e da formação, e que es-tamos asuprirumanecessidade”,contou Carlos Santos Lima.Francisco Fragoso, do grupo LuísVicente, disse que “novos negó-cios no grupo nasceram de esta-giários licenciados, que ficaramna empresa”. A Frubis, snacks defruta desidratada, nasceu comuma universidade. “Trazer co-nhecimento para a empresa fez adiferença”, concluiu.

    A formação e ainternacionalização

    O projecto deinvestimento

    PONTOS-CHAVE

    1) O histórico do investidor.

    2) A aposta na eficiênciadas culturas e no escoamentodos produtos.

    3) A profissionalização.

    8%RENDIBILIDADEEm 2015 a rendibilidadedos capitais própriosdo sector agrícola,foi superior àregistada pelo totaldas empresas.

  • IV|

    QUARTA-FEIRA|

    6 JUN 2018

    sectorhortícoladoOeste sempre foimuito dinâmico”,

    disse António Gomes, presiden-te da Associação Interprofissio-nal de Horticultura do Oeste(AIHO). “O sector agrícola é anossaâncora”, afirmouLauraRo-drigues, vice-presidente da Câ-mara Municipal de Torres Ve-dras, salientando que nos dois úl-timos quadros comunitários fez-se um investimento muito signi-ficativo, o que se reflectiu no nú-mero, nas áreas e na qualidadedas explorações agrícolas. “Têmknow how, pois os empresáriosque hoje temos são, muitos deles,filhos de empresários agrícolas,têm um nível superior de escola-ridade, são mais novos, têm maiscompetências, estão mais abertosas tecnologias e ao investimento”,analisou Laura Rodrigues.

    António Gomes considerouque o momento determinantepara esta nova prosperidade emTorres Vedras, que é conhecidapor horticultura em estufa, foi ociclone, que, em 2009, devastouo sector. “As estufas foram re-construídas com novas tecnolo-gias, com mais áreas de produ-ção e capacidade para o merca-do de exportação”, lembrou.Como recordou Laura Rodri-gues, “houve uma mobilizaçãode outros agentes como a ligaçãode toda a fileira, dos serviços doMinistério da Agricultura, dosparceiros bancários e da Câma-ra Municipal de Torres Vedras”,relembrou.

    “Em todos os hortícolas a re-gião do Oeste tem uma palavra adizer”, referiu António Gomes,que é agricultor biológico. É umaregião em que, pela influência

    atlântica, atemperaturaé, no Ve-rão, mais amena, do que, porexemplo outras regiões daPenín-sula Ibérica, nomeadamente aAndaluzia, que é muito forte naprodução de hortícolas. “Conse-guimos assim que se produzamprodutos de alta qualidade reco-nhecidamente em toda a Europae conseguimos encontrar os ni-chos e os momentos em que sãomais valorizados”, assinalou An-tónio Gomes.

    Associaçãopara promoção“Os produtos hortícolas nãotêm marca, são couves, alfaces,tomate e é importante criar umvalor acrescentado através dacriação e promoção de marcas,pois temos produtos diferencia-dos”, referiu António Gomes. AAssociação Interprofissional deHorticultura do Oeste (AIHO)foi criada em 2000. Esta asso-ciação reúne agentes económi-cos relacionados com a fileirahortícola da Região Oeste e quereúne todos os players do sectordesde os factores de produção,produção, comércio, e até al-guns transformadores, “paraque todos estivessem unidosnuma única associação para sermais fortes e dinâmicos e actuarsobretudo numa das áreas maisdifíceis que é a promoção donosso produto”.

    Conta com cerca de 30 asso-ciados, entre organizações deprodutores, sociedades de agri-cultura de grupo, agricultores atítulo individual e empresas. Oscinco principais produtos da re-gião – couve, alho francês, bata-ta, abóbora e tomate – em 7800hectares. São produzidas 320 miltoneladas, mais de 40 por centopara exportação. Estima-se quemais de metade da produção na-cional de hortícolas é produzidana região Oeste. �

    Oeste, o reino dashortícolas em Portugal

    “O sector agrícola é a nossa âncora”, salientou Laura Rodrigues, presidente da Câmara de Torres Vedras.

    David Cabral Santos

    A hortado Oeste

    Ahorticulturaconstituiumadas fi-leiras estratégicas da região Oeste.Existemcercade 70 produtos agrí-colasplantadosnaregiãoOeste.Ba-tata, couve, cebola, cenoura, toma-te,alface,feijão-verde,pepino,abó-bora e alho são os principais. “So-mos muito fortes nos hortícolas dearlivre”,sublinhouAntónioGomes,presidentedaAssociaçãoInterpro-fissional de Horticultura do Oeste(AIHO).

    Nas culturas ao ar livre, e deInverno, produzem-se 100 mil to-neladas de couves, 70% exporta-da. O alho francês abastece o mer-cado interno e exporta cerca de30% da produção. Na Primavera,o domínio é da batata e da abóbo-ra. Metade da produção desta úl-tima é exportada. Em estufa, o to-mate ocupa 500 hectares e pro-duzem-se 100 mil toneladas porano, metade para Espanha.

    A vez da batataRecentemente criaram uma asso-ciação para a batata que é um pro-duto que não é frutícolanem hortí-cola,equeemtermoseuropeusnãoestá na OCM europeia de frutas elegumes.APor-Batataassociatodoo sector a nível nacional, porque“eraumsectorqueestavadesprote-gido e temgrandes players e opera-dores que, por não estarem juntos,nãotinhamforça”,sublinhouAntó-nioGomes.Vãolançarumacampa-nha, a partir de 11 de junho, paracombateromitodequeabatataen-gorda, com a chancela da Associa-ção Portuguesa da Nutrição.

    A Bolsa dos legumes“Somos aúnicaregião em Portugalque tem um sistema de comércio etransacções porleilão”, referiuAn-tónio Gomes. Os produtos saemdaprodução agrícola e ao serem ven-didos através dos leilões, “percep-ciona-se melhor o valor do produ-to”, explicou António Borges.Acrescentaquese“criaramumasé-rie de operadores e de players, quetêm vindo a crescer e a encontrar,no mercado europeu, os nichos e oslocais onde podemos valorizarme-lhor os nossos produtos”.�

    FSF

    Em todos os hortícolas a região do Oeste tem uma palavra a dizer,mas os produtos hortícolas não têm marca, e é importante gerar valoracrescentado através da criação e promoção de marcas.

    NEGÓCIOS INICIATIVAS REGIÕES MAIS FORTES

    “O 9%DAS EMPRESASSegundo dados dosBanco de Portugal,existiam 3.150empresas agrícolasentre as 35 milempresasexistentes emPortugal em 2015.

  • QUARTA-FEIRA|

    6 JUN 2018|

    SUPLEMENTO|

    V

    Com o projecto Mais Tejo pensa-se utilizar a bacia hidrográficado Tejo para fazer a irrigação não só do Ribatejo mas tambémda região do Oeste.

    Os agricultores alertampara o uso da água

    agricultor não con-some água, apenas autiliza, e, parte da

    água que a planta absorve, é devol-vidaàatmosferapelaevapotranspi-ração da planta e a restante vai re-carregar os lençóis freáticos. Comas alterações climáticas, e foi notó-rionestasecaqueatravessámos,te-mos de pensar em armazenar aságuas superficiais, e de utilizar aágua de uma mais forma racional,paratermosmaisdisponibilidades”,referiu Domingos dos Santos.

    “Temos culturas de regadio, eparahorticultura,aáguaéessencial.Mas não podemos estar com esteritmo de perfurações e furos arte-sianos, cada vez mais profundos,que têm sido feitos ao longo dosanos. Mesmo sem a seca, é uma si-tuação insustentável, pois pode le-var ao esgotamento dos lençóis deágua e a próximos períodos de es-cassez de água”, disse LauraRodri-gues, vice-presidente da CâmaraMunicipal de Torres Vedras.

    António Gomes frisa que anti-

    gamente o sectordas estufas estavaa utilizar água de subsolo, que eraescassae de máqualidade. “Muda-mosoparadigmaehojeoagricultoré auto sustentável em água, poisaproveita toda a água da chuva,guarda em reservatórios e a rega éaltamente tecnológica, e só se dá aáguaqueaplantaprecisa”,explicou.

    Projecto Mais TejoAautarca refere que os ministériosdaAgriculturaedoAmbientenuncamostraramgrandereceptividadeemrelação à questão da água. Sublinhaqueexistemrioseribeirosnaregião,que poderiam ser aproveitados.

    ComoacentuouLauraRodrigues,há“incentivosparaosagricultoresfaze-remassuasprópriascharcaseapro-veitaremdas águas dachuva, de for-ma a rentabilizar todo o sistema”.Mas, quando o “agricultor faz umapequena charca para regra 4 ou 5hectaresnãodeveservistocomoumcriminoso, mas como alguém queestáafazeralgo emprol dasocieda-de”, avisouDomingos dos Santos.

    António Gomes afirmou quenão se tinha pensado em unir o Ri-batejo e o Oeste, mas ,“com o pro-jecto Mais Tejo, pensa-se utilizar abacia hidrográfica do Tejo, que játem muitas barragens construídas,equepodemdarumamaiorsusten-tabilidade aeste projecto. Águaquegeraenergiae, depois, regaterras, eédevolvidaaoslençóisfreáticos,emvez de seguir para o mar”.

    Mas como disse Domingos dosSantos,“estascoisasdemorammui-to tempo a fazer-se por causa dosprocessos como os estudos de im-pacto ambiental e os financiamen-tos”. � FSF

    “A agriculturaé geradora de empregode qualidade”

    Com o aumento de produção,a queda do desemprego, hámais dificuldades em ter mão-de-obra disponível. O perfil deemprego também estáamudarcom exigência de mais compe-tências.

    “A mão-de-obra é um fac-tor limitador da actividadeagrícola e, em especial, no sec-tor hortofrutícolaaindaneces-sita de muita mão-de-obra,porque navinha, olival, cereais,milhos já há um grau de meca-nização relevante,”, disse Do-mingos dos Santos, presidenteda Frutoeste. Na zona da Cha-musca, por exemplo, já se uti-lizam tractores autónomos.

    Na sua opinião, podem-seautomatizar muitos dos pro-cessos produtivos, mas há ou-tros, como as colheitas ou omanuseamento dos produtosnas centrais hortofrutícolas,que necessitamde recursos hu-manos. “Com o aumento deprodução, a queda do desem-prego, temos muitas dificulda-des em ter mão-de-obradispo-nível paraaactividade”, assina-lou Domingos dos Santos.

    Importaçãode mão-de-obraAponta para uma necessidadede se reverem processos e pro-cedimentos para a importaçãode mão-de-obra. No seuenten-der, “o IEFP e o SEF têm pro-

    cessos utópicos, burocráticos emorosos”. Domingos dos San-tos considerou que “é um desí-gnio dos agricultores e das suasorganizações e das autarquias,que têm de ter um papel muitoimportante na pressão politicaque se tem de fazer para que seconsiga a importação de mão-de-obra. Temde se cumprirumconjuntodeprocedimentosmasdeviam ser rápidos e céleres”.

    António Gomes preferiulançar um outro olhar sobre aquestão. Na agricultura não senecessitasó mão-de-obraparaas colheitas. “Aagriculturaé ge-radorade emprego de qualida-de, precisade pessoas como en-genheiros agrónomos, qualida-de, tecnologia, engenheiros deambiente, técnicos agrícolas.Vêm do Instituto Superior deAgronomia, dos Politécnicosde Santarém, Leiria”, concluiuAntónio Gomes, presidente daAssociação Interprofissionalde Horticultura do Oeste.

    “É preciso trazer profissio-nais, por exemplo, de marke-ting, comunicação, o que erauma coisa impensável há 15anos. Hoje ser agricultor não ésó plantar e produzir, é neces-sário adicionar uma série decompetências como aáreatec-nológica, farmacêutica”, refe-riu Francisco Fragoso, gestorde negócios na Luís Vicente. �

    FSF

    “Estes grandes projectos como o Mais Tejo demoram o seu tempo”, admitiu Domingos dos Santos, presidente da Frutoeste.

    David Cabral Santos

    Com o projectoMais Tejoprocura-se usaro Tejo para darágua ao Oeste.

    “O

    A agricultura precisa de pessoas qualificadas, disse António Gomes.

    David Cabral Santos

  • VI|

    QUARTA-FEIRA|

    6 JUN 2018

    marca Portugal hojeé umamarcacomva-loracrescentado, por

    todas as iniciativas que vão acon-tecendo como a Eurovisão, as vi-tórias no desporto, o prestígio docalçado e do têxtil. Qualquer con-sumidorhoje ao comprarumpro-duto de marca Portugal, se não fi-car decepcionado, compra outrosprodutosdamesmaproveniência”,disseDomingosdosSantos,presi-dente daFrutoeste, daAssociaçãoNacional de Produtores de PeraRocha e da Federação Nacionaldas Organizações de produtoresde Frutas e Hortícolas (FNOP). AFrutoeste foi criada em 1977 com19associados,massóem1988ini-ciou a sua actividade com a cons-trução da central fruteira. Hojetem cerca de 160 associados e acentral fruteira o triplo da área.

    Portugal não vai ter produtosem massa, até pelas limitaçõesgeográficas de dimensão e hetero-geneidade, a que se acrescentamasalteraçõesclimáticas,asmudan-ças dos hábitos e das preferências

    dosconsumidores.“Temosdepro-duzir produtos com qualidade eprocurarosnichosdemercadoquemais os valorizem”, acentuouDo-mingos dos Santos.

    Dá o exemplo da pera-rocha,quetemconsolidadoasuaposiçãoemmercados tradicionais e acon-quistado novos mercados exigen-tes, e que a valorizam. “E é nestesmercados que temos de fazer asnossas apostas na pera-rocha, namaçã,noscitrinos,noshortícolas”,referiu. Acrescentouque, no caso,do tomate fresco, que tem umaqualidade acima da média, queatrai muitos clientes, e do tomateindústria,queaproduçãotransfor-mou num produto de excelência,“peca, ainda, por uma falta de co-municação positiva do produto”.

    Promoção pelo preçoParaesteempresárioagrícola,“co-municamosbemosnossosprodu-tos aos clientes, operadores, ca-deias de distribuição, mas comu-nicamosmalparaoconsumidorfi-nal”. Sublinhou que “se estabele-

    cemosocontacto,numafeira,comumcliente numafeiraque estáin-teressadoemvenderapera-rocha,deveríamosdar-lheos instrumen-tos de comunicação para estimu-laroconsumodasnossafrutasjun-to dos seus consumidores finais”.

    “A promoção dos nossos pro-dutos é feitapelagrande distribui-ção e é sempre pelo preço”, disseDomingos dos Santos. Por isso, “aexportação tem de ser uma alter-nativaàdistribuição,parasairdes-te colete de forças, mesmo quan-do produzimos menos do que seconsome em Portugal”.

    Referiu que em Portugal, as 6ou 7 cadeias de distribuição têm67%domercadodefrescos,“e,pormuito que aprodução se organize,nunca vamos conseguir estar empé de igualdade perante o podereconómico da distribuição”. Estafoi essencial no início, obrigou osprodutores e as organizações aadaptarem-se ao novo paradigmade mercado, acabou por dar for-mação, mas tem sido um factor li-mitador da rentabilidade.�

    “A

    FRancisco FRagoso, gestor de negócios nas Luís Vicente, refere que hoje se exporta um conjunto variado de frutas.

    David Cabral Santos

    NEGÓCIOS INICIATIVAS REGIÕES MAIS FORTES

    A marca Portugal temvalor acrescentadoPortugal não vai ter produtos em massa. “Temos de produzirprodutos com qualidade e procurar os nichos de mercado quemais os valorizem”, acentua Domingos dos Santos, da Frutoeste.

    pera-rochatem sidoa porta de entradaem mercados inter-

    nacionais de outros produtos. Éuma fruta conhecida, bem aco-lhida no mercado e alavancououtras frutícolas e hortícolas”,disse Domingos dos Santos. Re-cordou que, nas primeiras pre-senças em feiras internacionais,a pera-rocha era o grande desta-que. “Hoje há mais produtos etêm aproveitado a boleia”, con-cluiu. O potencial produtivo depera-rocha instalado em Portu-gal andanaordem das 220 a250mil toneladas e ade maçãde 300mil toneladas.

    Para Francisco Fragoso nãofoi aperarochaque perdeu peso,mas os produtos, como a maçã, opinhão, frutos vermelhos, quecresceram. “É muito diferentehoje chegar a uma feira comoBerlim, em que está o mundo dafruta todo representado, e esta-rem cinco empresas portuguesaspresentes, ou chegar com umumbrelaPortugal e umavarieda-de de produtos, que representamo Atlantic taste. Conseguimoschegar a clientes mais exigentese que valorizam mais o produto”,explicou o gestor de negócios naLuís Vicente.

    ExemploFresh FusionO Grupo Luís Vicente nasceu hámais de 50 anos no Turcifal. Co-meçou pelas frutas e produtoshortícolas produzidos na regiãoe diversificou o negócio por paí-

    ses e produtos. Produz frutícolasem Angola, Brasil e CostaRica, ecomercialmente, está presentePortugal, Espanha, Holanda eAngola.

    “A pera-rocha e maçã fazemsempre parte do nosso ADN”,realçou Francisco Fragoso.Adiantou que “uma das coisasque ajudou muito o sector foi acriação da Portugal Fresh, resul-tado do associativismo de váriasempresas e produtores, em que oOeste e apera-rochativeram umpeso determinante nasuaforma-ção”. Enfatizou que “o futuropa-sa pelo associativimo para che-gar mais longe”.

    Deu o exemplo da criação daFresh Fusion, que é um ACE de14 empresas que se juntarampara servir um único cliente naAlemanha, arede de distribuiçãoLidl, e consome 429 camiões depera-rocha, a que se segue o Lidlem França.

    “Nenhum de nós sozinho te-ria dimensão para o fornecer ecumprir as exigências destecliente e com perspectivas decrescimento todos os anos”, re-matou Francisco Fragoso.

    Em termos globais, as expor-tações de frutas, legumes e floresaumentaram 16% nos primeiros11 meses de 2017, atingindo cer-ca de 1,4 mil milhões de euros. Oprincipal destino é Espanha, se-guido de França, Reino Unido eHolanda. A Portugal Fresh temcomo objectivo chegar aos 2000milhões de euros de exportaçõesem 2020. � FSF

    “A

    A pera-rochatem sidoo farol

    A pera-rocha abriu a porta em mercadosinternacionais para outras frutícolas e hortícolas,produzidas em Portugal, como a maçã, o pinhão,o frutos vermelhos, a couve.

  • QUARTA-FEIRA|

    6 JUN 2018|

    SUPLEMENTO|

    VII

    pera-rocha é um dosprincipais produtos ex-portados pela empresa,

    a que se acrescenta a procura defruta com qualidade, como amaçã. Por isso, a Ferreira da Sil-va começou a produzir fruta naCasa Agrícola da Gafa (Bombar-ral), com 40 hectares de maçãroyal gala e 20 hectares de pera-rocha.

    Mas o negócio principal daFerreira da Silva é a distribuiçãode frutaem Portugal e naEuropa,tendo facturado, em 2017, 38 mi-lhões de euros. Importa banana,ananás, pera, maçã, para garantirum fornecimento constante e re-gular aos seus clientes, sem estaràmercê dasazonalidade de algunsprodutos.

    A empresa fez parcerias empaíses como aCostaRicae aÁfri-ca do Sul, que garantem um stockpermanente de frutas ao longo detodo o ano. No Brasil, “vendemospera e maçã. Importamos maçãs,mangos e papaias”, referiu VítorFonseca, sócio e responsável pelosector internacional da Ferreirada Silva. A empresa foi fundadaem 1988, mas foi adquirida pelosactuais sócios em 1993.

    Embargo à RússiaA empresa faz a distribuição defruta na Europa para mercadoscomo Espanha, França, Polónia,Irlanda, Holanda, Itália. Tinhauma presença comercial na Rús-sia com alguma relevância, mas,com o embargo da União Euro-peia, deixou de poder vender asfrutas e legumes para o país lide-rado por Vladimir Putin.Adiversficação de mercados é um

    objectivo da empresa. Para VítorFonseca, “os principais desafiosnaprodução e distribuição de fru-taestão naentradaemnovos mer-cados fora da União Europeia,como a Índia, a Costa Marfim,Singapura e a Jordânia”.

    Tem umafrotade 20 camiões,mas a opção pela distribuiçãoprópria, “depende se temos trans-porte de regresso, é normal tam-bém aluguer transporte e serviçovia container em muitos casos”explicou Vítor Fonseca.

    A preocupação com a quali-dade dos produtos comercializa-dos e a menor aceitação do pro-duto vendido a granel levaram aempresa a fazer investimentos nacalibragem, selecção e embala-gem de todos os produtos. Hojeconta com uma área de 12500metros quadrados e cerca de 5mil paletes de armazenamento.Tem a marca Doce Mel/ HoneySweet. �

    FSF

    Os novos desafiosda Ferreira da Silva

    A empresa faz a distribuição de fruta para mercadoScomo a Espanha, França, Polónia, Irlanda, Holanda,Itália. O futuro passa pela Índia, Costa Marfim,Singapura e Jordânia.

    NEGÓCIOS INICIATIVAS REGIÕES MAIS FORTES

    A om a grande distri-buição perdeu-se oconceito de produ-to da época”, assinalou AntónioGomes. “O consumo de produtosna época é uma questão de quali-dade,mastambémdepegadaeco-lógica, mas paraisso temos de co-municar paraas pessoas saberemqual é aépocaboade cadaprodu-to”.Esteexigênciadeprodutotodooano,“fazcomqueseprocurepro-dutosemtodoomundoparasatis-fazer os consumidores”, explicouFrancisco Fragoso, gestor de ne-gócios naLuís Vicente.

    Hoje em dia comercializa-sepera-rochaquasetodooano.“Comaperaconseguimosarrastarnotem-poacampanha,mascomoscitrinos,auva, os melões, as melancias, ain-danãoépossível.Temosvindoafa-zer investimentos pesados e ausartecnologiasmuitoavançadaseinó-cuas para conseguir o máximo deconservação,” disse Francisco Fra-goso. “As empresas têm de se unirparafazer investigação, o que estáserfeitoemalgunscasos.Ainvesti-gação implicamuito investimento,como estáaacontecercomapera-rocha,porqueseosectorganhar,ga-nhamostodos”,referiu.

    Tecnologia de pontaNo sector horto-frutícola, o

    Centro Tecnológico de Hortofru-ticultura em Alcobaça “tem feitotransferência de conhecimento einovado em novas culturas e emnovosprocessos.Aconservaçãodamaçã e da pera-rocha quase umanointeiroestáassociadoatecno-logiaeinvestigação,aconhecimen-to.Ospequenosfrutoseraumacul-turaquequasenãoexistiaemPor-

    tugal e foi introduzida por I&D”,afirmouDomingos dos Santos.

    “Ahorto-fruticulturaé inova-doraecomtecnologiadeponta.Oque existe em Israel, na Holanda,França, existe no Oeste”, subli-nhou Laura Rodrigues. Tem umaeficiênciamuitogrande,umbaixoconsumoderecursose,aocontrá-rio da ideia feita, a agricultura usapoucos pesticidas e químicos.

    Fiscalização totalSegundoavice-presidentedaCâ-mara de Torres Vedras, “falta umpólotecnológicoedeinvestigaçãojuntodaprodução.Masexisteumaligação com o Instituto Superiorde Agronomia, os Politécnicos deSantarém e de Leiria”. Referiu,ainda, que “há uma candidatura afundos comunitários para a cria-çãodeumlaboratóriocolaborati-vo para horto-fruticultura e vini-cultura”.

    AntónioGomessalientouquehoje, por exemplo, o “tomate quecada vez mais tem de ter sabor ecor, tem de se conservar bem, atéparapensarnaexportação,supor-tar o transporte, as diferenças detemperatura e o tempo na prate-leira”.Estãoadesenvolverumpro-jectodeinvestigaçãocomoINIAV(Instituto Nacional de Investiga-ção Agráriae Veterinária) e o ISAparamelhoraraconservaçãosemautilização de aditivos.

    “ProduzirnaEuropaéprodu-zir no sítio mais difícil do mundoporquetemasregrasmaisexigen-tesdoMundo. Somosfiscalizadosem toda a cadeia pelas autorida-des, pelas certificadoras e pelosconsumidores”,adiantouDomin-gos dos Santos. �

    Colheitas e frutascom tecnologiae inovação

    A horto-fruticultura é um sector inovador e comtecnologia de ponta, em que há transferência deconhecimento dos polos tecnológicos e dasuniversidades para os negócios.

    “C

    Vítor Fonseca é o responsável pelos negócios internacionais da Ferreira da Silva.

    David Cabral Santos

    200FUNCIONÁRIOSnúmero de funcionários

    38MILHÕES DE EUROSVolume de negócios (2017)

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