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REUNIÃO PLENÁRIA DE 18 DE ABRIL Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça Secretários: Exmos. Srs. Rui Miguel Moura Coelho Ana Mafalda Figueira da Costa Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 22 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Iniciou-se este período com a continuação dos pedidos de esclarecimento à intervenção proferida pelo Sr. Deputado Vicente Pestana (PSD) na Sessão do passado dia 28 de Março, tendo usado da palavra, para o efeito, os Srs. Deputados Carlos Pereira (PS), Rui Almeida (PAN) e Jaime Filipe Ramos (PSD). - Seguiram-se os pedidos de esclarecimento à intervenção proferida na Sessão de ontem, no âmbito da declaração política semanal, pelo Sr. Deputado Rui Almeida (PAN). Questionaram-no os Srs. Deputados José Manuel Coelho (PTP) e Savino Correia (PSD). - Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio, depois, o Sr. Deputado Emanuel Gomes (PSD). - Ainda neste período, foi presente à Mesa um Voto de Louvor, subscrito pelo PND, “À Chanceler Alemã, Angela Merkel”. Pronunciaram-se sobre o mesmo os Srs. Deputados Rubina Sequeira (PND), Lopes da Fonseca (CDS/PP), Edgar Silva (PCP), José Manuel Coelho (PTP), Victor Freitas (PS), Roberto Vieira (MPT) e Rui Almeida (PAN). Submetido à votação, o Voto foi rejeitado, com os votos contra do PSD, os votos a favor do PTP e do PND e as abstenções do CDS/PP, do PS, do PCP, do PAN e do MPT. Usou da palavra para uma declaração de voto, o Sr. Deputado Medeiros Gaspar (PSD). PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Deu-se início à I Parte com a leitura do parecer da Comissão de Regimento e Mandatos, e votação, por escrutínio secreto, nos termos regimentais, do pedido de levantamento da imunidade parlamentar do Deputado José Manuel Vieira da Mata Coelho, do PTP, no âmbito do processo n.º 2689/10.3TAFUN, conforme solicitação feita pelo Tribunal Judicial do Funchal 1.º Juízo Criminal, através do ofício n.º 7528764, de 31 de Janeiro de 2012, tendo o mesmo sido aprovado com 28 votos “Sim”, 17 votos “Não” e 1 voto nulo. - Entrou-se na II Parte com a continuação da apreciação, na generalidade, da proposta de Decreto Legislativo Regional que “Cria e aprova o regime jurídico da taxa pela utilização de embalagens não reutilizáveis na Região Autónoma da Madeira, denominada Ecotaxa”, apresentada com processo de urgência (aprovado na última Sessão). Usaram da palavra, a diverso título, no debate, os Srs. Deputados Agostinho Gouveia (PSD), Carlos Pereira (PS), Roberto Vieira (MPT), Jaime Filipe Ramos (PSD), Raquel Coelho (PTP), Rubina Sequeira (PND), Rui Almeida (PAN), José Rocha (PTP), Lino Abreu (CDS/PP), Martinho Câmara (CDS/PP), Rui Barreto (CDS/PP) e Edgar Silva (PCP). Submetida à votação, a proposta foi aprovada por maioria. …/… X Legislatura Número: 30 I Sessão Legislativa (2011/2012) Quarta-feira, 18 de abril de 2012 Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa

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REUNIÃO PLENÁRIA DE 18 DE ABRIL

Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça

Secretários: Exmos. Srs. Rui Miguel Moura Coelho

Ana Mafalda Figueira da Costa

Sumário

O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 22 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Iniciou-se este período com a continuação dos pedidos de

esclarecimento à intervenção proferida pelo Sr. Deputado Vicente Pestana (PSD) na Sessão do passado dia 28 de Março, tendo usado da palavra, para o efeito, os Srs. Deputados Carlos Pereira (PS), Rui Almeida (PAN) e Jaime Filipe Ramos (PSD).

- Seguiram-se os pedidos de esclarecimento à intervenção proferida na Sessão de ontem, no âmbito da declaração política semanal, pelo Sr. Deputado Rui Almeida (PAN). Questionaram-no os Srs. Deputados José Manuel Coelho (PTP) e Savino Correia (PSD).

- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio, depois, o Sr. Deputado Emanuel Gomes (PSD).

- Ainda neste período, foi presente à Mesa um Voto de Louvor, subscrito pelo PND, “À Chanceler Alemã, Angela Merkel”. Pronunciaram-se sobre o mesmo os Srs. Deputados Rubina Sequeira (PND), Lopes da Fonseca (CDS/PP), Edgar Silva (PCP), José Manuel Coelho (PTP), Victor Freitas (PS), Roberto Vieira (MPT) e Rui Almeida (PAN). Submetido à votação, o Voto foi rejeitado, com os votos contra do PSD, os votos a favor do PTP e do PND e as abstenções do CDS/PP, do PS, do PCP, do PAN e do MPT. Usou da palavra para uma declaração de voto, o Sr. Deputado Medeiros Gaspar (PSD).

PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Deu-se início à I Parte com a leitura do parecer da Comissão de Regimento e

Mandatos, e votação, por escrutínio secreto, nos termos regimentais, do pedido de levantamento da imunidade parlamentar do Deputado José Manuel Vieira da Mata Coelho, do PTP, no âmbito do processo n.º 2689/10.3TAFUN, conforme solicitação feita pelo Tribunal Judicial do Funchal – 1.º Juízo Criminal, através do ofício n.º 7528764, de 31 de Janeiro de 2012, tendo o mesmo sido aprovado com 28 votos “Sim”, 17 votos “Não” e 1 voto nulo.

- Entrou-se na II Parte com a continuação da apreciação, na generalidade, da proposta de Decreto Legislativo Regional que “Cria e aprova o regime jurídico da taxa pela utilização de embalagens não reutilizáveis na Região Autónoma da Madeira, denominada Ecotaxa”, apresentada com processo de urgência (aprovado na última Sessão). Usaram da palavra, a diverso título, no debate, os Srs. Deputados Agostinho Gouveia (PSD), Carlos Pereira (PS), Roberto Vieira (MPT), Jaime Filipe Ramos (PSD), Raquel Coelho (PTP), Rubina Sequeira (PND), Rui Almeida (PAN), José Rocha (PTP), Lino Abreu (CDS/PP), Martinho Câmara (CDS/PP), Rui Barreto (CDS/PP) e Edgar Silva (PCP). Submetida à votação, a proposta foi aprovada por maioria.

…/…

X Legislatura Número: 30

I Sessão Legislativa (2011/2012) Quarta-feira, 18 de abril de 2012

Região Autónoma da Madeira

Diário Assembleia Legislativa

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Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 30 X Legislatura, I Sessão Legislativa (2011/2012) Quarta-feira, 18 de abril de 2012

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Bom dia, Srs. Deputados.

Estavam presentes os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD) Agostinho Ramos de Gouveia Ana Mafalda Figueira da Costa Pereira Ana Maria de Gouveia Serralha Edgar Alexandre Garrido Gouveia Emanuel Sabino Vieira Gomes Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos Jaime Filipe Gil Ramos José António Coito Pita José Gualberto Mendonça Fernandes José Jardim Mendonça Prada José Lino Tranquada Gomes José Luís Medeiros Gaspar José Miguel Jardim Olival Mendonça José Paulo Baptista Fontes José Pedro Correia Pereira José Savino dos Santos Correia Maria João França Monte Maria Rafaela Rodrigues Fernandes Miguel José Luís de Sousa Nivalda Nunes Silva Gonçalves Pedro Emanuel Abreu Coelho Roberto Paulo Cardoso da Silva Rui Miguel Moura Coelho Vânia Andrea de Castro Jesus Vicente Estevão Pestana

CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP) António Manuel Lopes da Fonseca Carlos Alberto Morgado Fernandes José Roberto Ribeiro Rodrigues Lino Ricardo Silva de Abreu Maria Isabel Vieira Carvalho de Melo Torres Mário Jorge de Sousa Pereira Martinho Gouveia da Câmara Rui Miguel da Silva Barreto Teófilo Alírio Reis Cunha

…/… Na especialidade, foram presentes à Mesa duas propostas, uma de eliminação e outra de emenda, da autoria do

PCP, as quais, após as intervenções dos Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Agostinho Gouveia (PSD), José Manuel Coelho (PTP), Carlos Pereira (PS), José Manuel Coelho (PTP), Carlos Pereira (PS), Lino Abreu (CDS/PP), Rubina Sequeira (PND), Roberto Vieira (MPT) e Rui Almeida (PAN), foram rejeitadas.

Após aprovação na especialidade desta proposta, a Mesa, ao abrigo do artigo 69.º, ponto 3, do Regimento, interrompeu a II Parte, passando à IV Parte, com as seguintes votações:

- Votação final global da proposta de Decreto Legislativo Regional que “Cria e aprova o regime jurídico da taxa pela utilização de embalagens não reutilizáveis na Região Autónoma da Madeira, denominada Ecotaxa”, aprovada por maioria;

- Votação de um requerimento subscrito por deputados do Partido Socialista e do Partido Comunista, propondo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito “Sobre as irregularidades verificadas no sector das pescas na Região Autónoma da Madeira”, rejeitado;

- Votação de um requerimento, subscrito pelo Partido Socialista, propondo a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito “Sobre os contratos relativos às parcerias público-privadas Via Litoral e Via Expresso”, também rejeitado.

- Por fim, e de novo no âmbito da II Parte, a Câmara rejeitou, após as intervenções dos Srs. Deputados Roberto Vieira (MPT), Edgar Silva (PCP), José Manuel Coelho (PTP), Carina Ferro (PS), Mário Pereira (CDS/PP) e Vânia Jesus (PSD), o pedido de processo de urgência relativo ao projeto de Decreto Legislativo Regional, da autoria do Partido Comunista Português, denominado “Realização de estudo sobre a pobreza”.

O Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos às 13 horas.

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PARTIDO SOCIALISTA (PS) Ana Carina Santos Ferro Fernandes Avelino Perestrelo da Conceição Carlos João Pereira Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça Maximiano Alberto Rodrigues Martins Vítor Sérgio Spínola de Freitas

PARTIDO TRABALHISTA PORTUGUÊS (PTP) José Manuel da Mata Vieira Coelho José Luís Gonçalves Rocha Raquel da Conceição Vieira Coelho

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP) Edgar Freitas Gomes Silva

PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND) Rubina Filipa Gouveia Jardim Sequeira

PARTIDO PELOS ANIMAIS E PELA NATUREZA (PAN) Rui Manuel dos Santos Almeida

MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT) Roberto Paulo Ferreira Vieira

Já dispomos de quórum, vamos iniciar a nossa Sessão. Eram 9 horas e 22 minutos. Transitaram de ontem três pedidos de esclarecimento reportados à intervenção do Sr. Deputado Vicente Pestana. O primeiro pedido esclarecimento é do Sr. Deputado Carlos Pereira. Faz favor, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Vicente Pestana, a minha

pergunta, em nome do grupo parlamentar, é solicitar a V. Exa. se tem conhecimento de qual será a estratégia e quais serão as ações políticas e as propostas políticas do Governo Regional para dar corpo àquilo que foi o desafio do Ministro das Finanças, do PSD, Vítor Gaspar, que é que a Madeira tem que gerar 2 mil milhões de euros nos próximos 3 anos.

A minha pergunta é se o Sr. Deputado, enquanto deputado do PSD, já tem conhecimento da estratégia do seu Governo, do Governo que a sua bancada suporta, para gerar 2 mil milhões de euros em 3 anos. Ainda por cima tendo em conta que nós geramos à partida 680 milhões de euros de receitas fiscais, que têm que servir para a manutenção e o funcionamento da administração pública regional, como é que a Madeira vai gerar 2 mil milhões de euros para fazer face aos compromissos assumidos pelo seu Governo, aos compromissos assumidos pelo Governo do PSD nos últimos anos, que estão a gerar um descontrolo total no desemprego na Região Autónoma da Madeira, lançando a Madeira para um caos social.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Vicente, para responder. O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Pereira, eu bem sei que a minha intervenção já tem alguns dias que foi feita mas, que eu saiba, foi sobre a área do ambiente, o Dia Mundial da Florestal e educação ambiental. Concluo que o Sr. Deputado não conhece o Regimento. Concluo que o Sr. Deputado não conhece o Regimento.

Mas relativamente a essa questão da geração de receitas por parte da Região Autónoma, e já que não é para cumprir o Regimento, eu pergunto ao Sr. Deputado qual foi a sua posição e qual foi a sua preocupação quando o Governo da República, do seu partido, retirou à Madeira cerca de mil milhões de euros, que já vai perto disso…

Risos do Sr. Victor Freitas (PS). O SR. VICTOR FREITAS (PS):- É preciso ter lata!

O ORADOR:- …e o que fez ao Centro Internacional de Negócios…

Burburinho na bancada socialista. Oh! Sr. Deputado, qual foi a sua posição quanto ao Centro Internacional de Negócios que no mínimo, nos retirará

140 milhões por ano?

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Oh! Sr. Deputado, só aqui o senhor já tinha uma boa parcela desses milhões. Qual foi a sua posição e a posição do seu partido? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Rui Almeida estava inscrito. Faz favor, tem a palavra. O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Vicente Pestana, na sua

intervenção a meu ver começava por referir que a Madeira tem duas grandes virtudes: é bela e é fértil. E sendo fértil, já houve tempos em que produziu mais, só que entretanto a agricultura, muita que era de subsistência, era vista como algo retrógrado, quando comparada com o potencial de exploração da atividade económico como o turismo. E temos agora muitos poios abandonados, mas muito mais dinheiro a fluir por via do sector turístico.

Mas o belo e o caraterístico da nossa ilha foi algo afetado por algumas visões algo megalómanas, de grandes empreendimentos que vedaram grande parte do acesso ao mar, aqui junto à cidade do Funchal, e mais recentemente também rasgaram-se de forma algo descontrolada os nossos maciços rochosos e, como disse um amigo recentemente, tornámo-nos algo como toupeiras, aqui na ilha. Eu sou muito cético relativamente ao modelo de desenvolvimento, como já referi ontem, mas também cético relativamente à motivação que move muitos empresários, pois a lógica é sempre a de gerar lucro e quanto mais lucro, melhor, e para isso é necessário destruir, afetar ou até explorar então os recursos naturais, e isso acontece sempre, impreterivelmente, com pouco respeito ou discernimento em prejuízo da natureza, não fosse a nossa visão algo antropocêntrica.

Quando não há este conflito de interesses, podemos então regozijar-nos com a reflorestação, o reconhecimento de património da Unesco, a Reserva da Biosfera, pronto, e com isto nós podemos congratular-nos.

Agora, as questões que eu quero… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Só vou referir as questões.

Não quer o PSD conceber um regime mais avançado de proteção da natureza, algo que vá ao encontro de reconhecer o valor intrínseco do nosso património natural e vivo, florestal, educar para o valor sagrado da natureza? Não querem também garantir por lei e na prática leis mais avançadas de proteção da natureza, que destaquem a Madeira a nível internacional?

A nossa proximidade com a natureza é importante não só para os turistas mas também para os madeirenses. Qual é a sua posição relativamente à intenção…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, agradeço que conclua.

O ORADOR:- Sim.

…relativamente à intenção de agora podermos ter levadas pagas? Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Vicente Pestana, para responder. O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Rui Almeida, relativamente às questões que me coloca sobre a agricultura, embora não esteja no âmbito da minha intervenção, a agricultura realmente aqui na Madeira, em qualquer parte do mundo mas em especial aqui na Madeira, tem muito a ver com as questões ambientais. No entanto, eu recordo ao Sr. Deputado que a Madeira, antes da autonomia, tinha mais de 40% da população a viver e a sobreviver em condições de extrema pobreza na agricultura. E portanto, se há poios hoje abandonados eu diria que ainda bem que os há, porque para viver e para as pessoas aproveitarem essas pequeníssimas parcelas de terreno nas condições que faziam antes da autonomia, Sr. Deputado, eu espero bem que não voltemos a esses tempos.

É preciso ter em conta que grande parte das propriedades agrícolas têm menos de um hectare, mais de 90% tem menos de um hectare e próximo dos 96% até tem menos do que meio hectare. Ou seja, não me custa nada admitir que haja alguns poios abandonados, que haja algumas parcelas abandonadas, até porque servem como que de um banco de terras para que quando as pessoas regressem da emigração, ou por uma outra dificuldade, ou se reformem, tenham uma ocupação para ocupar o seu tempo ou para sobrevivência e portanto por aí não há problema de maior.

Quanto à questão de a Madeira ter mais do que um parque natural. A Madeira já tem cerca de 6 reservas naturais, tem o Parque Natural que ocupa 2/3 da área total da Madeira, tem a rede de reservas marinhas e terrestres do Porto Santo e portanto não tem mais do que um, já tem várias, tem muitas. E não me custa nada admitir que, com a evolução e com estudos aprofundados e sempre que seja possível, se alargue as áreas protegidas da Madeira. No entanto, tem de ser feito com muito cuidado, porque estas questões dos galardões e das classificações em termos ambientais tem as suas responsabilidades, tem as suas limitações e é preciso haver um equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a ocupação do território e as áreas protegidas, sob pena de não estarmos a fazer bem nem uma coisa, nem outra. Podemos fazer as coisas…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente.

…em simultâneo e é bom que assim seja, mas é preciso que haja cuidado, moderação e bom senso neste aspeto.

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos. O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Vicente Pestana, eu

gostaria em primeiro lugar de realçar a sua intervenção porque o Sr. Deputado, ao contrário de muitos deputados nesta Casa, não se refugia em temáticas só supostamente mediáticas na opinião pública mas que não têm substância.

E eu queria aqui dizer que o senhor é sem dúvida um deputado que tem aqui a imagem daquilo que é o trabalho sério, de quem conhece a realidade do ambiente na Madeira, de quem tem trabalho no terreno e não apenas no mediatismo da comunicação social.

Estranho é que quando se quer falar nesta terra de ambiente, só se vão buscar alguns pseudo ambientalistas que supostamente só são bons quando não são do PSD, porque quando estão no PSD ou no Governo também já não prestam, mas se voltarem a sair do Governo, voltam a ser altamente qualificados nessa mesma matéria.

E por isso, na sua pessoa, eu quero elogiar todos aqueles que têm feito uma obra fantástica na proteção do ambiente na Madeira e duma vez por todas peço ao Sr. Deputado para desmistificar a ideia que não há políticas ambientais na Madeira, a ideia que não se faz a preservação da natureza, a ideia que na Madeira o ambiente enão é uma opção do próprio Governo Regional.

E por isso, Sr. Deputado, peço que mais uma vez reforce neste Parlamento, mas para a opinião pública, a importância que o ambiente tem para todos nós.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Vicente Pestana, faz favor, tem a palavra.

O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Jaime Filipe, desde já agradeço as suas palavras, mas realmente isso condiz com a maneira de ser e de estar ao longo destes anos nesta questão do ambiente. É uma questão de feitio.

Mas realmente o Sr. Deputado tocou aqui em três questões fundamentais, que é a questão dos militantes ideológicos do ambiente que se colocam atrás duma capa ambiental mas que apenas querem fazer política à custa do ambiente e não é por acaso que hoje pela primeira vez eu ouvi alguém se regozijar pela questão da Biosfera, que foi o Sr. Deputado Rui Almeida agora na questão anterior, porque normalmente quando a Região é premiada, é galardoada, é distinguida, parece que se passa um certo período de nojo, que não se fala de ambiente, ah! que chatice porque a Madeira foi distinguida, porque a Madeira foi referenciada positivamente.

Aparte inaudível do Sr. Victor Freitas (PS).

Eu não me lembro, nestes 30 anos de Governo Regional, de alguma dessas instituições ou de alguma força política,

ou de alguma pseudo associação vir publicamente dizer uma palavra de apreço e de reconhecimento por essas distinções que a Madeira tem vindo a obter.

E é por isso que o Sr. Deputado tem toda a razão. Não há dúvida nenhuma que o PSD, desde a implantação da autonomia, e ao longo de todo este período sempre se preocupou, aliás como eu ontem referi, é preciso ter em consideração que o Parque Natural da Madeira foi formado em 1982 quando em Portugal pouca ou nenhuma importância se dava a estas situações. Ao longo do período autonómico, fomos criando áreas protegidas, a Madeira está na vanguarda da proteção ambiental e do desenvolvimento sustentado e nunca ouvi, até hoje, da parte dessas instituições e desses…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente.

…indivíduos que se arvoram em defensores do ambiente, uma palavra, uma única palavra de reconhecimento pelo trabalho que tem sido desenvolvido e pelo reconhecimento internacional que a Madeira tem conseguido nessa vertente.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Transitaram de ontem dois pedidos de esclarecimento ao Sr. Deputado Rui Almeida a propósito da sua intervenção no espaço da declaração política semanal.

A primeira inscrição, o primeiro deputado inscrito é o Sr. Deputado Coelho. Faz favor. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- Obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, muito bom dia para

todos. Ia perguntar ao Sr. Deputado Rui Almeida o seguinte: o Sr. Deputado também acompanha estas temáticas do

ambiente, da interação do homem com a natureza, a paz que o homem deve ter com a natureza e gostava que o Sr. Deputado na sua ótica de deputado especialista, enfim, no naturismo, no vegetarianismo, no bem-estar animal, no bem-estar da sociedade, na harmonia do homem com a natureza, explicasse o seguinte: por exemplo, nós temos aqui o Sr. Deputado Vicente Pestana que diz que a Madeira está na vanguarda da preservação do ambiente e recursos naturais; o que é que acha, na sua ótica, em relação à desordem urbanística que se fez na freguesia daquele senhor, no Caniço? A construção desordenada de prédios que surgiram duma forma anárquica, sem nenhum planeamento? Por exemplo, o Sr. Deputado Vicente Pestana que fala tanto que estamos na vanguarda da defesa do ambiente aqui na Madeira, gostava que o Sr. Deputado Rui Almeida me falasse, por exemplo, da Rede Natura 2000, na Ponta de São Lourenço, aonde o grupo Sousa fez lá um resort em plena zona natural, zona protegida, zona que está na Rede Natura 2000 e que é considerada uma zona privilegiada para o habitat das aves e das espécies endémicas ali existentes, e que até

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recebemos dinheiro da União Europeia para preservar essa zona. O que acha daquele atentado de construir um resort em plena zona protegida, onde ninguém pode fazer?

E o que é que acha também aquela senhora doutora, magistrada do Ministério Público, que está feita com o regime Jardinista, que construiu uma casa para cães lá em cima na zona do Poiso, a zona do…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …Parque Natural da Madeira? Onde ela tem lá um canil para criar cães e tem uma quinta de Verão,

ali, em pleno espaço, enfim, do Parque Natural da Madeira? Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Rui Almeida, para responder.

O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Obrigado, Sr. Deputado José Manuel Coelho.

Bem, eu não sou especialista em praticamente nada e naquela área mesmo que é a minha formação também não posso considerar grande especialista, portanto também não estou muito à vontade para fazer comentários específicos relativamente a algumas questões que levantou, mas de forma geral, obviamente que a construção, a urbanização desorganizada ou que não respeite os planos diretores municipais é algo que deve ser condenado e que deve ser a todo o custo evitado. Creio que também quando se refere ao resort na Ponta de São Lourenço, pronto, há aqui, parece-me que naquela zona o plano diretor municipal não devia permitir que se fizesse aquela construção. Aconteceu! Realmente nós lamentamos que isso tenha acontecido.

Eu também não sou, obviamente… não conheço esta casa, este canil, talvez devesse porque estou, as pessoas conotam-me muito ligado à causa animal, mas esta casa na reserva eu não conheço. Se tiver lá cães, não é por isso que eu também vou aprovar o facto de se construir numa reserva.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Savino Correia, está inscrito para um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Rui Almeida, a propósito da intervenção que fez.

O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, já agora eu gostaria de ouvir do Sr. Deputado

Rui Almeida o seguinte: explique lá à população do Caniçal, explique à população do Caniçal, que não tem trabalho e que procura arranjar trabalhos nos empreendimentos e nos investimentos que vão surgindo, explique às pessoas do Caniçal que se não for o investimento privado onde é que vão arranjar trabalho! Já que todos nós estamos preocupados com o emprego - primeira coisa. E falou relativamente a esse empreendimento turístico, com o qual eu concordo absolutamente.

Agora a segunda questão que lhe queria dizer aqui é o seguinte: é que eu ouvi a história das galinhas. A galinha, na Idade Média se calhar era mais maltratada do que hoje. Na década de 50, 60, 70, 80 as galinhas, há uma consciência cada vez mais ecológica e ambiental e eu também gosto muito dos animais, agora como é que se compreende que num mundo em que há um défice alimentar, num mundo em que naturalmente há um défice na Europa, em Portugal, para não falar na África, agora por causa de que há um prazo muito apertado, se V. Exa. apesar de defender os animais, pensando que isto tem tantos efeitos para a economia, para as pessoas e para a alimentação, se também defende que se até junho ou julho não se adaptar, que temos que fazer essa mortandade toda, com os efeitos na economia, com os efeitos no preço dos bens e também do ovo que é um bem alimentar.

Muito obrigado. O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- As galinhas agradecem!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Rui Almeida, faz favor. O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Obrigado, Sr. Deputado Savino Correia. Agradeço esta oportunidade que me fornece

para começar então por esclarecer ou por dar a minha opinião relativamente a esta última questão que referiu, relativamente às galinhas poedeiras e às suas condições.

Em 12 anos não se conseguiu fazer nada. Agora estão todos preocupados porque não se fez nada e é necessário adiar esta medida que era suposto já estar completamente resolvida. Não está, foram dados mais seis meses e eu espero que realmente não seja necessário que as empresas se mexam para fornecer condições condignas a estes animais, que são sencientes, que estão em gaiolas minúsculas, se são animais que têm certas caraterísticas, não conseguem abrir as asas, na postura têm a tendência de refugir ao natural, não gostam de pôr ovos, muitas delas, para fazerem posturas juntam-se às outras e tentam fazê-lo de forma abrigada e tentam reter a postura o mais possível porque ninguém gosta de fazer as necessidades também em público, e é ao que estas galinhas estão sujeitas.

Nós comemos. O problema da falta de alimentação podia ser resolvido se tivéssemos uma consciência mais apurada relativamente à maneira como comemos. Nós comemos de forma desregrada e, a meu ver, se hoje em dia temos mais preocupação com a questão do bem-estar animal, com a questão da preservação da natureza e de a poluir menos, isto é um sinal de evolução dos tempos e o facto de haverem pessoas, movimentos, partidos que se preocupam com esta questão é, a meu ver, um sinal muito positivo da evolução das mentalidades.

Eu não tenho… o investimento privado não é solução para todos os problemas da nossa sociedade. Se o público não consegue… se a atividade e o investimento público também não conseguiu criar as condições apropriadas para

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satisfazer e para gerir bem aquelas poucas empresas que têm, isso é um sinal de que não temos pessoas com formação suficiente nem com motivação suficiente para trabalhar, para fazer a promoção de muitos serviços que deviam de ser realmente públicos, só que não há capacidade, não há…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente, obrigado.

…motivação e isto é algo que diz um pouco dos valores e da entrega de muitas pessoas ao serviço de… a administração tem no exercício das suas funções.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Para uma intervenção política, tem a palavra o Sr. Deputado Emanuel Gomes. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- Olha, o traidor do Padre Martins vai falar! O traidor!

O SR. EMANUEL GOMES (PSD):- Bom dia, Sr. Presidente.

Senhor Presidente,

Senhoras e senhores deputados, Eu vou começar a minha intervenção a propósito da Quinta do Lorde, uma vez que V. Exas. sabem que fui eu, na

qualidade de presidente da câmara, que licenciei aquela obra e portanto ficaria mal, e a propósito deste espaço que me dão para intervir, não falar-vos da Quinta do Lorde. Para dizer duas coisas: primeiro, é a grande falácia que se quis transmitir à opinião pública de que a Quinta do Lorde ficava dentro da reserva natural da Ponta de São Lourenço, o que era mentira, isso, depois da providência cautelar, como sabem, promovida e estimulada pelo Partido Socialista, o tribunal várias vezes, por mais do que uma vez, provou a legalidade do processo, deu razão à câmara no seu licenciamento, insistindo, dizendo e reconhecendo que de facto a Quinta do Lorde não estava dentro das linhas que definiam a reserva natural da Ponta de São Lourenço. E também dizer que o Partido Socialista aqui nesta Casa promoveu um inquérito parlamentar onde eu estive presente para explicar os detalhes do licenciamento e mesmo assim, depois de tudo isso, depois de estarmos aqui no Parlamento a explicar as razões do licenciamento, depois do tribunal nos dar razão, é lamentável que ainda nesta Casa alguns deputados continuem a insistir na ilegalidade da Quinta do Lorde. Isto é de facto para demonstrar que a oposição, mesmo não tendo razão, insiste na falácia, insiste na mentira.

Mas isto vem a propósito exatamente da minha intervenção porque, Sras. e Srs. Deputados, é frequente, no atual momento de crise financeira, dadas as circunstâncias e a grande apreensão dos madeirenses, que se levantem algumas vozes da oposição e alguma comunicação social associada, motivados por um conveniente e oportuno aproveitamento político, numa tentativa de ajuste de contas com o PSD, fazendo ataque agressivo e sistemático à grande maioria das obras realizadas pelo Governo ou pelas Câmaras Municipais, escolhendo algumas menos bem-sucedidas para generalizar a ideia de que os investimentos feitos na Madeira só provocaram dívida e que foram todos mal feitos, não servindo para quase nada, não tendo qualquer interesse para as populações.

Essa campanha para denegrir a imagem dos investimentos realizados um pouco por toda a Região, não me parece justa nem correta.

Para compensar, contrariando tudo isso, curiosamente, continua a haver, na opinião pública madeirense, a convicção de que, apesar de tudo, valeu a pena o Governo Regional e as Câmaras Municipais da Madeira terem apostado de forma ousada na construção dessas inúmeras infraestruturas que mudaram de forma decisiva as condições de vida dos madeirenses.

Os senhores deputados já ouviram esta argumentação inúmeras vezes, mas faço questão, neste momento, de repetir que, de facto, não é fácil encontrar uma região ultraperiférica, isolada no meio do oceano, a mais de mil quilómetros da sua capital e centro de decisão, uma região sem recursos naturais significativos que tivesse aproveitado a sua oportunidade histórica para alcançar níveis tão elevados de desenvolvimento, conforto e bem-estar, num curto período de três décadas. É verdade que para isso tivemos o apoio da União Europeia. Mas nós, apesar dos custos adicionais, soubemos e bem agarrar essa oportunidade.

Foi uma política de investimento público muito ousada, mas necessária para a Madeira poder superar dos atrasos seculares em que andava mergulhada. Foi uma política que teve os seus riscos, é evidente, e que levou à acumulação de dívidas elevadas. Mas estamos convencidos que isso valeu a pena. Valeu a pena termos proporcionado aos madeirenses condições de vida semelhantes à dos demais cidadãos portugueses e europeus, numa mudança rápida e sem paralelo. Passando o comum madeirense a dispor de novas e modernas escolas, novos centros de saúde, centros de cultura, novas acessibilidades, habitação social para os carenciados, fornecimento global de água e eletricidade, serviços sociais generalizados, espaços de lazer e desporto para todos, acessos marítimos, etc., etc., em todos os concelhos. Foi, sem dúvida, uma obra notável.

E quando se anda no terreno, como os autarcas, quando se acompanha a execução dos trabalhos e se sente o agrado do povo pela passagem de uma nova estrada, quando se vê a expressão de alegria no rosto de um idoso porque finalmente vê que a ambulância lhe chega à porta e que, por isso, nunca mais descerá o cabeço aos ombros dos bombeiros para ir ao centro de saúde, então sim, então aí sabemos que apesar de todas as críticas da oposição, apesar da dívida e das atuais restrições, tudo isso teve um lado muito positivo.

Foi positivo termos sido audazes. Termos percebido que na vida pública e comum dos homens, como na vida privada, há oportunidades únicas que não se pode desperdiçar.

É a nossa convicção, a de que tivemos uma grande oportunidade que soubemos e quisemos aproveitar. Assim como é nossa crença de que os desafios e dificuldades do futuro próximo não serão superiores àqueles que os madeirenses tiveram de ultrapassar durante anos e séculos para chegar até aqui.

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Senhoras e senhores deputados, Não é por, eventualmente, ter havido um ou outro investimento mais ousado, menos ajustado ou menos bem-

sucedido, que se pode questionar tão negativamente os múltiplos investimentos sociais, culturais, desportivos que se fizeram em toda a Região.

E por isso, também quero aproveitar esta ocasião, ao falar de investimentos, para esclarecer e desmistificar algumas mentiras e equívocos que se foram construindo sobre os equipamentos públicos que, nos últimos anos foram construídos na Madeira, tomando como exemplo o concelho de Machico, município de que me orgulho ter presidido durante dez anos, tendo, como é óbvio a minha quota-parte de responsabilidade sobre as iniciativas levadas por diante naquele concelho, quer da responsabilidade da respetiva Câmara Municipal, do Governo Regional, diretamente, ou através de várias instituições, o Instituto de Habitação, a Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento e outros.

E para os que não sabem ou, convenientemente, se fazem de esquecidos, gostava de realçar, com esse propósito, nesta minha intervenção, alguns investimentos que se dizem polémicos, contrariando a opinião negativa que, sobre eles, vem sendo divulgada:

Começo pelo Fórum Machico, um centro cultural que muitos querem confundir com um centro comercial; um centro cultural que funciona regularmente, com uma biblioteca moderna, gerida pela Câmara, que só não integra a rede nacional de bibliotecas públicas porque o anterior Governo da República, através do Instituto do Livro, não assumiu os compromissos assumidos com a autarquia de Machico.

Fórum este, cultural, que tem como núcleo principal, uma zona cultural onde se desenvolveram, só no ano de 2011, mais de 80 eventos culturais repartidos pelo auditório, pelo hall de exposições e pela sala de cinema, com espetáculos de teatro, dança e música de elevada qualidade e entusiasticamente frequentados por machiquenses e madeirenses de diversos concelhos.

O Fórum de Machico, construção que muitos contestaram, não sendo como muitos têm em mente, e repito, não sendo um centro comercial, tem ainda, para complementar os espaços culturais, para além de uma oferta significativa de estacionamentos em cave, ao serviço do centro da cidade, tem cinco espaços comerciais alugados à iniciativa privada, dos quais apenas um, o café, se encontra temporariamente encerrado, sendo isso o único pretexto para toda a campanha negativa que se quer lançar sobre esta obra da Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento, que muito tem servido à cultura de Machico, onde a população passou a ter também, finalmente, graças a este espaço, um equipamento cultural de qualidade.

A Sociedade Metropolitana também construiu o Parque Desportivo de Água de Pena e a zona balnear da Praia da Lagoa, no Porto da Cruz, obras que não têm merecido grandes reparos dos habituais críticos, até porque, e sobretudo o parque desportivo, têm uma grande afluência de utentes.

O Parque Desportivo de Água de Pena já atingiu uma média anual de mais de 45 mil utentes apenas nos recintos desportivos, sendo este número consideravelmente superior, se consideramos o usufruto livre e gratuito de alguns espaços, bem como a grande frequência de eventos sociais, desportivos, culturais e até políticos.

Da responsabilidade direta do Governo, através da secretaria do Equipamento Social, construiu-se, em Machico, a praia artificial de areia amarela, uma outra obra, que aqui foi qualificada, ainda há pouco, de "lamentável", aquando da discussão do último orçamento para o turismo, por um deputado do CDS/PP, como se esta, ocupando apenas uma quarta parte da baía de Machico, descaraterizasse a frente mar da cidade, esquecendo-se os senhores deputados das mais-valias, também turísticas, mas sobretudo para os banhistas madeirenses, que aquele espaço veio oferecer, o que se confirma pela enorme afluência de utentes, alguns dos quais, críticos rendidos à evidência de que a ação do homem não foi válida apenas quando se construiu a Avenida do Mar e o molhe da Pontinha, no Funchal, mas também tem resultados positivos em obras recentes.

No caso da praia de areia de Machico, já que o mar não a destruiu, o que seria isso lamentável mas oportuno para a crítica, fácil e irresponsável, resolveu o CDS dizer que é lamentável que ela tivesse sido construída e ainda lá esteja. Lamentável, lamentável é também uma palavra que me ocorre, quando ouço estas atordoadas da oposição.

Senhor Presidente, Senhoras e senhores deputados, Poderia continuar a evidenciar os benefícios de muitas outras infraestruturas criadas no concelho de Machico, o que

muitos outros colegas aqui têm feito a propósito dos seus respetivos concelhos, ainda ontem se falou aqui da Casa das Mudas, na Calheta, mas vou quedar-me, para não fugir à questão, pelo novo Museu da Baleia, no Caniçal.

É verdade que a obra custou muito dinheiro, é verdade que o seu custo superou o inicialmente previsto devido às especificidades da obra, mas também não posso deixar de constatar o silêncio que bruscamente se fez após a inauguração da referida infraestrutura, sabendo que a maioria dos deputados e partidos que protestaram na rua ainda não se dignaram entrar nas instalações para conhecer o novo museu e reconhecer as mais-valias culturais e científicas do investimento, verificando que afinal pelo número crescente de visitantes, já se pode afirmar tratar-se de mais um polo de elevado interesse turístico.

Por estes e outros investimentos, reconhecendo erros e falhas que possam ter existido, é comum ouvir-se o povo dizer: ''temos a dívida mas temos as obras". E estas obras não são coisa de somenos que possam ser esquecidas, ou de diminuta importância quando se discute a atual situação das finanças públicas regionais.

A verdade, senhoras e senhores deputados, é que a população da Madeira passou a viver melhor (e todos os dados estatísticos o confirmam) neste período que coincide, exatamente, com o grande boom das obras públicas. Primeiro, pelo que a realização das obras derramou de dinheiro na economia madeirense, mas também pelo usufruto que a própria população passou a ter destas novas infraestruturas, em particular a população de fora do Funchal.

Tenho dito. Transcrito do original. Aplausos do PSD.

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Esgotamos o tempo da primeira parte do período de antes da ordem do dia. Passamos à segunda parte, com um Voto de Louvor à “Chanceler Alemã, Angela Merkel”, da autoria do PND. Consta do seguinte:

Voto de Louvor O PND vem propor o seguinte voto de louvor:

O discurso clarividente proferido pela Exma. Chanceler Alemã, Angela Merkel, no passado dia 6 de Fevereiro de 2012, diante de uma plateia jovem em Berlim, referindo a dado passo, que “Quem já foi à Madeira pode ver para onde foram todos os fundos estruturais. Há muitos túneis e vias-rápidas bonitas, mas isso não contribuiu para a competitividade”, teve o condão de despertar no coração do povo madeirense um sentimento de gratidão, por saber que, afinal, esta terrível hecatombe socioeconómica e financeira que nos assola e nos arruína, apesar de tão cruel, não é um sacrifício em vão! Também não foi em vão, a morte de Cristo, Nosso Senhor e nosso redentor, na tenebrosa cruz.

A nossa desgraça, como alertou Angela Merkel, servirá de ensinamento até ao fim dos tempos, e é mais uma advertência a todos os povos europeus para resistirem à vil tentação de gastarem dinheiro (ainda para mais, dinheiro dos outros!) em futilidades e obras megalómanas, para riqueza e vaidade provinciana de alguns, em detrimento do bem comum e do desenvolvimento sustentável e equilibrado.

Graças a esta grande líder Germânica, a nossa sacrificada Madeira foi elevada à condição de “aviso à navegação”, de sinal de alarme, e será a partir de agora o farol lampejante, que alerta, sem quaisquer eufemismos, os outros povos, para os perigos de navegarem próximo de tão terríveis baixios, como é o dinheiro fácil, o esbanjamento e o desgoverno alucinado.

Pelos factos acima descritos, o Partido Nova Democracia propõe a esta assembleia, com um sentimento de justeza e infinita gratidão, este voto de louvor à Chanceler Alemã, Angela Merkel.

A Deputada do PND, Ass.: Rubina Sequeira.- Sra. Deputada Rubina, tem a palavra. A SRA RUBINA SEQUEIRA (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, em primeiro lugar queria esclarecer que este

não é um voto de louvor à Chanceler Alemã, é um voto de louvor às declarações da Chanceler. E as declarações foram as seguintes: “A Madeira constitui um mau exemplo de aplicação dos fundos estruturais

europeus. As verbas serviram para construir túneis e autoestradas mas não para aumentar a competitividade”. E dito isto, instala-se o pânico na Região. Alguém acendeu a luz e os senhores foram apanhados com as calças na mão!

A Chanceler Alemã não disse que não deviam ter sido construídas infraestruturas, e os senhores perceberam isso! O que ela disse era que essas infraestruturas deixaram de ser básicas e passaram a ser um investimento inútil. A Europa sabia que nós estávamos a fazer uma grande coisa. O que a Europa não sabia, o que o mundo não sabia e o que os madeirenses também não sabiam era que essa grande coisa tinha extravasado em larga escala o orçamento disponível e que nós tínhamos aplicado os fundos europeus para transformar esses fundos numa grande dívida, uma dívida que ninguém entende! E uma dívida que trouxe zero valor acrescentado à economia, que ainda vai causar uma recessão económica!

Muitos parabéns! E para quê, Srs. Deputados? Para quê tudo isto? Para andarmos todos orgulhosos que temos uma ilha esburacada

e conseguimos dar a volta à ilha numa hora e meia. Muitos parabéns. Agora estamos todos contentes que as crianças do Porto Moniz podem vir à escola no Funchal. Srs. Deputados, já

ninguém tem dinheiro para gasolina! Meus senhores, gerir uma casa não pode ser construir ou fazer obras na cozinha de três em três meses, é preciso

gerir um orçamento, é preciso pagar as contas, é preciso cuidar da alimentação, da saúde, da educação das crianças. Nós não nos podíamos ter contentado com uma cozinha funcional? Não! Tínhamos que ter uma grande cozinha…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sra. Deputada.

A ORADORA:- Só para terminar.

…tínhamos que ter uma grande cozinha, com muitos fogões que ninguém utiliza! E depois ficamos ofendidos quando alguém repara no resto da casa. Nós esquecemos o resto da casa! O resto da casa é uma vergonha, Srs. Deputados!

Podem dar as cambalhotas que quiserem, já sei que vão votar contra, tudo bem! mas eu sei que os senhores sabem que isto é verdade, toda a gente sabe que os senhores sabem que isto é verdade!

E só para terminar, Sr. Presidente, aceite aqui o meu pesar pela figura ridícula que fez ontem em todos os telejornais nacionais, porque quem ficou mal na fotografia outra vez foi V. Exa.! E não obstante, aceite também os meus parabéns, Sr. Presidente, por ter conseguido fazer sozinho aquilo que o PND não conseguiu fazer em anos, que foi mostrar ao País a tirania deste sistema…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sra. Deputada, faz favor de concluir.

A ORADORA:- …e a inutilidade desta Assembleia.

Aplausos do PTP.

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Lopes da Fonseca.

O SR. LOPES DA FONSECA (CDS/PP):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, as afirmações da Sra. Chanceler Angela Merkel não são mais do que aquilo que há, sobretudo nos últimos 10 anos, o CDS e outros partidos têm vindo a dizer nesta Região. Obviamente que o princípio da autoridade da Sra. Angela Merkel eventualmente, sobretudo no âmbito europeu, é outro, mas o CDS por muitas vezes já afirmou que não estando em causa obviamente muitas das obras que foram feitas para desenvolvimento da Região, sempre disse que essas obras não alimentavam a população.

As obras, os túneis, as estradas são importantes mas não são elas que dão o alimento que as populações necessitam e também colmatam as necessidades que as famílias neste momento passam.

Sem dúvida que o CDS já o afirmou, está escrito, está publicado, que as obras foram feitas, sobretudo as que foram feitas antes dos últimos 10 anos eram essenciais, eram estruturantes, mas sobretudo aquelas que foram feitas nos últimos 10 anos, foram obras supérfluas, pura e simplesmente para se gastar dinheiro e se justificar uma dívida que quanto a nós nunca teve o peso, em termos de orçamento, que aqui foi sempre anunciado.

Sempre dissemos que as obras estavam alicerçadas em valores virtuais e veio a confirmar-se que na realidade as obras representaram um peso em termos de dívida que estava muito acima daquilo que o Governo sempre anunciou.

Infelizmente, nós consideramos que não seria necessário que viesse a Chanceler Alemã constatar uma realidade que o CDS sempre afirmou. Infelizmente.

Por isso mesmo nós consideramos que somos nós, na Região, que devemos ter o princípio da autoridade em denunciar as atitudes e a governação do PSD ao longo dos 35 anos, e nós consideramos que não há necessidade de termos que sufragar afirmações da Sra. Angela Merkel no sentido de apresentar um voto de louvor, porque se fôssemos assim, também nós teríamos que ter um voto de louvor, porque as afirmações foram as mesmas que nos últimos 10 anos anunciámos aqui em relação ao PSD.

E vamo-nos abster por esta realidade. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Edgar Silva. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este voto de louvor tem o mérito de transportar uma dose muito interessante de ironia, de ser corrosivo, um discurso irónico, certamente sarcástico para com a forma como a maioria e o Governo têm esbanjado os dinheiros públicos e é, na sua redação, uma dose de ironia muito significativa e corrosiva para o poder.

No entanto, nós teremos dificuldade em acompanhar o interesse pela leitura irónica que este voto apresenta, temos dificuldade em acompanhar num voto favorável, porque não deixa de ser, como diz o texto, um louvor, e citando o texto, à grande líder germânica. E se bem que isso possa estar associado ao tom irónico do resto do texto, Angela Merkel significa sempre, a Sra. Merkel significa sempre aquilo que há de mais nefasto na construção europeia e nas políticas antissociais que marcam a Europa e que marcam o Mundo.

Daí que o nosso sentido de voto seja a abstenção, para valorizar e reconhecer sobretudo o grande sentido de leitura e redação, profundamente corrosiva, para a forma como o PSD tem utilizado e esbanjado abusivamente os dinheiros públicos.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Coelho. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- Obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

A bancada do Partido Trabalhista vai votar favoravelmente este voto de protesto. Outra razão… Uma voz:- De louvor!

O ORADOR:- …não poderia haver.

Porque eu ainda anteontem ouvi uma entrevista do Sr. Prof. Medina Carreira, que era entrevistado pela Sra. Judite Sousa e a determinada altura dizia o economista que o esforço financeiro em impostos que o País estava a ter no continente, toda a cobrança de impostos, toda a política de austeridade para arrecadar impostos era um esforço inútil e inglório, na medida em que todo esse dinheiro era consumido pelas PPP, as parcerias público-privadas, negociadas por ministros de vários governos, ministros criminosos, antipatrióticos, que apenas trataram foi de fazer os seus negócios e destruir as finanças do País.

O mesmo se passa aqui na Madeira. Aqui o Deputado Carlos Pereira já fez um estudo exaustivo sobre isso, vimos também as parcerias público-privadas, a Via Litoral e a Via Madeira, que são empresas feitas pelos consórcios que construíram as estradas, às quais se associaram bancos e que financiaram essas obras. E nós agora estamos atrelados durante 25 anos ao pagamento dos acordos que implicam avultadas somas de dinheiro a transferir para esses consórcios. E como dizia muito bem o Deputado Carlos Pereira, só para sustentar esses consórcios é preciso injetar 120 milhões de euros por ano, o que significa que todo o aumento de combustíveis, o aumento do gás que o Governo Regional implementou para arrecadar dinheiro, é…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …tudo para empregar nessas parcerias público-privadas, no caso da Via Litoral e a Via Madeira, e a

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Expresso. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Victor Freitas.

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, naturalmente registamos este voto de

louvor pela ironia que o PND coloca neste seu voto, que não deixa de ser interessante e que tem pelo menos a varinha de condão de ser um contraponto a um voto de protesto do PSD em relação às declarações da Sra. Merkel.

Eu sugiro ao PSD, já que enviou um convite à Sra. Merkel, que junte a esse convite em anexo o voto de protesto que irão aprovar quando aqui for votado o voto de protesto do PSD, para completar toda esta ironia do PND.

Burburinho na bancada social-democrata.

É porque o PND de facto é assertivo aqui numa coisa: joga com a ironia. E um governo que faz um convite a uma

chefe de Estado para vir à Madeira visitar e ao mesmo tempo na sua assembleia faz um voto de protesto a essa chanceler alemã, eu digo que só de facto um voto de louvor do PND para dar a volta a esta situação e às incongruências do PSD!

E portanto, da parte do Partido Socialista nós registamos o humor. Vamo-nos abster em relação ao voto de louvor do PND, mas deixaríamos também aqui um recadinho ao mister Portas, que parece que durante esta situação, que tinha a responsabilidade – e isto agora já é a sério –, tinha a responsabilidade de defender a Região Autónoma da Madeira e o seu povo perante aquelas que foram as afirmações da Sra. Merkel, o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros quedou-se em silêncios cúmplices, aí silêncios cúmplices e germânicos que qualquer português não entende.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Roberto Vieira. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido da Terra vai se abster neste

voto, mas é verdade que apesar de ser um voto apresentado com alguma ironia, não deixa de também ter uma grande realidade, que é o esbanjamento de dinheiros, as declarações feitas por esta senhora e por ser só por ela é que me vou abster, são declarações verdadeiras, realistas, de quem não vive na Madeira.

Sabe-se na Alemanha o esbanjamento que foi feito na Madeira e os madeirenses, muitos madeirenses não veem esse esbanjamento. Esbanjamento de obras não concluídas.

Perante a visita, perante o convite do Governo Regional a esta senhora, não podem deixar de pôr no itinerário a Cota 500! Essa senhora deve de ir fazer um passeio a pé à Cota 500. Deve ir fazer um passeio à marina do Lugar de Baixo. São estas obras que deverão ser integradas no itinerário da visita, as primeiras a serem visitadas são a Cota 500 e a marina do Lugar de Baixo. Depois dessas, virão outras tantas, sem sentido, em que o dinheiro dos madeirenses foi esbanjado e gasto sem medida, sem dó e sem piedade!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Rui Almeida. O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, o PAN também neste voto de louvor vai se abster, e pelas razões, algumas já invocadas, mas também creio que seria um trabalho que não faria sentido, estarmos a recolher todas as declarações que alguma vez foram feitas por personalidades da Madeira e do exterior relativamente à maneira como se conduz aqui a política. E portanto, tanto neste voto como no seguinte, o PAN vai se abster por não achar aqui sentido em estar a fazer este tipo de votos relativamente a declarações de pessoas.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Vou colocar à votação o texto do voto. Submetido à votação, foi rejeitado com 24 votos contra do PSD, 4 votos a favor sendo 3 do PTP e 1 do PND e 18

abstenções, sendo 9 do CDS/PP, 6 do PS, 1 do PCP, 1 do PAN e 1 do MPT. Sr. Deputado Medeiros Gaspar, tem a palavra para uma declaração de voto. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu confesso que tinha pensado dizer

outras coisas, mas depois daquilo a que nós assistimos, nada melhor que dizer que depois do prazer que tiveram com a ironia do voto, nada mais irónico do que não aprovarem o voto do partido.

Risos do PSD. Mais nada! Ironia plena é isto. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Srs. Deputados, terminamos o período de antes da ordem do dia.

Vamos passar à ordem de trabalhos para hoje.

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ORDEM DO DIA Passamos ao ponto 1 da I Parte da nossa ordem de trabalhos, com a leitura do parecer da Comissão de Regimento

e Mandatos e votação, nos termos regimentais, do pedido de levantamento da imunidade parlamentar do Deputado José Manuel da Mata Vieira Coelho, no âmbito do processo n.º 2689/10.3TAFUN, conforme solicitação feita pelo

Tribunal Judicial do Funchal – 1.º Juízo Criminal, através do ofício n.º 7528764, de 31 de Janeiro de 2012. Burburinho.

Faz favor, Sra. Secretária. Foi lido. Consta do seguinte:

PARECER “Ofício n.º 7528764 de 2012/01/31, Prc.º n.º 2689/10.3TAFUN do Tribunal Judicial do Funchal – 1.º Juízo Criminal em

que é solicitado que o deputado José Manuel da Mata Vieira Coelho seja ouvido na qualidade de arguido” Aos 26 dias do mês de Março de 2012, pelas 15:00 horas, reuniu a Comissão de Regimento e Mandatos da

Assembleia Legislativa, a fim de emitir parecer sobre o assunto em epígrafe. Nos termos do artigo 23.º do Estatuto Político-Administrativo da Região, os Deputados não respondem

criminalmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções, o que não é manifestamente o caso em apreciação.

Como Diretor do Jornal “O Garajau”, o deputado não estava no exercício das suas funções de deputado, pelo que não pode prevalecer-se da imunidade parlamentar.

Nos termos do n.º 3, do artigo 5.º do Regimento, foi solicitado ao Senhor Deputado que se pronunciasse, querendo, sobre o assunto, o que até à data não o fez.

A decisão de ser levantada a imunidade parlamentar tem de ser tomada pelo Plenário nos termos do n.º 6, do artigo 23.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, sendo o parecer desta Comissão meramente instrumental.

Este parecer foi aprovado por maioria com os votos a favor do PSD, a abstenção do CDS/PP e contra do PS, PTP, PCP, PND, PAN e MPT.

Funchal, 26 de Março de 2012. O Presidente, Ass.: Tranquada Gomes.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Pedia aos Srs. Deputados Pedro Coelho e Teófilo Cunha o favor de ajudarem no escrutínio. Sra. Deputada faz favor de proceder à chamada dos Srs. Deputados. Procedeu-se à chamada, à qual responderam 46 Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD) Agostinho Ramos de Gouveia Ana Mafalda Figueira da Costa Pereira Ana Maria de Gouveia Serralha Edgar Alexandre Garrido Gouveia Emanuel Sabino Vieira Gomes Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos Jaime Filipe Gil Ramos José António Coito Pita José Gualberto Mendonça Fernandes José Jardim Mendonça Prada José Lino Tranquada Gomes José Luís Medeiros Gaspar José Miguel Jardim Olival Mendonça José Paulo Baptista Fontes José Pedro Correia Pereira José Savino dos Santos Correia Maria João França Monte Maria Rafaela Rodrigues Fernandes Nivalda Nunes Silva Gonçalves Pedro Emanuel Abreu Coelho Roberto Paulo Cardoso da Silva Rui Miguel Moura Coelho Vânia Andrea de Castro Jesus Vicente Estevão Pestana

CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP) António Manuel Lopes da Fonseca Carlos Alberto Morgado Fernandes José Roberto Ribeiro Rodrigues

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Lino Ricardo Silva de Abreu Maria Isabel Vieira Carvalho de Melo Torres Mário Jorge de Sousa Pereira Martinho Gouveia da Câmara Rui Miguel da Silva Barreto Teófilo Alírio Reis Cunha

PARTIDO SOCIALISTA (PS) Ana Carina Santos Ferro Fernandes Avelino Perestrelo da Conceição Carlos João Pereira Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça Maximiano Alberto Rodrigues Martins Vítor Sérgio Spínola de Freitas

PARTIDO TRABALHISTA PORTUGUÊS (PTP) José Manuel da Mata Vieira Coelho José Luís Gonçalves Rocha Raquel da Conceição Vieira Coelho

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP) Edgar Freitas Gomes Silva

PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND) Rubina Filipa Gouveia Jardim Sequeira

PARTIDO PELOS ANIMAIS E PELA NATUREZA (PAN) Rui Manuel dos Santos Almeida

MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT) Roberto Paulo Ferreira Vieira

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Srs. Deputados, pela colaboração.

O resultado da votação foi o seguinte: 28 votos “Sim”, 17 votos “Não” e 1 voto nulo. Passamos ao 1.º ponto da II Parte da ordem de trabalhos, com a continuação da discussão na generalidade da

proposta de decreto legislativo regional que “Cria e aprova o regime jurídico da taxa pela utilização de embalagens não reutilizáveis na Região Autónoma da Madeira, denominada Ecotaxa”, apresentada com processo de urgência,

ontem aprovado. Sr. Deputado Agostinho Gouveia, tem a palavra. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, esta intervenção vem na sequência da aprovação da urgência ontem e portanto este diploma que o Governo traz a esta Casa é um diploma que pretende criar uma ecotaxa, ou seja, criar um imposto sobre as embalagens não reutilizáveis, e só sobre essas embalagens, nomeadamente, por exemplo, as garrafas de cerveja, em que existem as reutilizáveis, as que têm retorno, e as não reutilizáveis, é sobre essas que incide esse imposto, assim como também sobre as restantes bebidas alcoólicas que se usam em garrafas, como o whisky, as aguardentes, os licores. Portanto, no fundo, pretende-se fazer com que seja o utilizador pagador, ou seja, quem consome através deste tipo de embalagens, que sejam essas pessoas ou esses produtores a pagar esta taxa que será para, no fundo, fazer a reciclagem, a recolha e o tratamento dessas mesmas embalagens.

Ora bem, houve aqui uma preocupação em, no fundo, também não prejudicar os produtos regionais. E então, salvaguardou-se que dentro dessas mesmas embalagens não reutilizáveis, algumas dessas pudessem ter uma exceção: é o caso do Vinho Madeira, onde se privilegiou a situação do vinho Madeira e então sobre essas garrafas não haverá essa incidência, assim como também o vinho e ainda as bebidas consideradas, mesmo sendo alcoólicas, mas a que têm produção 100% regional. É o caso da aguardente e é o caso de alguns licores que são produzidos 100% com produto regional. E então para salvaguardar estas bebidas que são de produção regional, que também já tinham uma proteção especial relativamente ao imposto do álcool, e eu quero lembrar que relativamente ao imposto sobre o álcool por exemplo uma qualquer bebida que venha do exterior tem uma taxa de álcool a 100%, mas por exemplo já num diploma que foi aqui discutido o ano passado e autorizado, a aguardante, aquele chamado rum, porque é o nome que se lhe teve de aplicar porque na comunidade europeia não existia o termo aguardente e então foi aplicado o chamado Rum Madeira mas que abrange a aguardente; portanto, nesse caso, o imposto do álcool sobre essas bebidas é de apenas 25%, desde que seja para consumo na Região. Se for para sair para o exterior naturalmente vai pagar a taxa na totalidade.

Portanto, para estas situações, e salvaguardando o produto regional, houve a exceção neste tipo de bebidas. Tudo o resto, o que é que se pretende aqui? Pretende-se desincentivar o consumo das bebidas alcoólicas que

venham em garrafas não reutilizáveis, fazendo com que desta forma se valorize a utilização desses mesmos produtos quando utilizadas as garrafas reutilizáveis. E portanto, desta forma pretende-se valorizar essa mesma reutilização, fazendo com que se diminua deste modo a utilização do produto não reutilizável.

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Queria também lembrar que a nível nacional, digamos que praticamente todos os produtores de cerveja têm os dois tipos de garrafas, têm as reutilizáveis e as não reutilizáveis; as não reutilizáveis normalmente são para venda nos supermercados mas, devido ao preço, é frequente ver essas mesmas garrafas em restaurantes e bares. Se se utilizar esta taxa, vamos no fundo penalizar esse tipo de utilizações. E já agora aproveitava para dizer que esta Casa também não devia estar a usar aqui dentro estas embalagens e devia dar o exemplo e utilizar as embalagens reutilizáveis – isto é um aparte, mas também poderíamos começar a dar o exemplo aqui dentro – e portanto, isto no fundo para dizer que isto não vai penalizar os bares e os restaurantes, porque os bares e os restaurantes já são obrigados a utilizar as garrafas reutilizáveis. Aquelas não reutilizáveis são apenas para consumo lá fora, e portanto isto não vem diretamente penalizar o consumidor do bar e do restaurante, que isso eventualmente, numa garrafa de whisky… mas numa garrafa de whisky se estivermos a falar que vai ter uma penalização de 15 cêntimos da ecotaxa é um valor insignificante. Mas no entanto, são valores que somando todos são importantes para a reutilização e para a utilização dessas embalagens.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Para um pedido de esclarecimento, Sr. Deputado Carlos Pereira, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Agostinho, confesso que

fiquei menos esclarecido do que estava na semana passada sobre esta proposta. E por isso vou lhe fazer duas perguntas: a primeira é que me explique qual é a previsão de receita desta taxa para os cofres da Região Autónoma da Madeira.

E a segunda é que me explique exatamente para que é que serve a taxa. Porque a determinada altura, ao longo da sua intervenção, disse que esta taxa propunha uma taxa efetivamente sobre as bebidas alcoólicas, sobre as garrafas de vidro das bebidas alcoólicas. Mas a pergunta é: porquê as garrafas de vidro? Porquê as garrafas de vidro? É porque, como sabe, e eu não sou especialista em ambiente, isso é se calhar para outros deputados do PSD, mas o vidro ainda é o material menos lesivo desta matéria. Portanto, porquê a utilização duma taxa sobre só o vidro e não então sobre todas as embalagens descartáveis que nós utilizamos? E portanto essa é uma questão que tem que ser clarificada porque das duas, uma: ou isto é uma taxa sobre as bebidas alcoólicas e não deve ser encapotada de taxa ambiental, ou é uma taxa sobre a gestão de resíduos e aí tem que ser é extensiva às outras embalagens e não apenas as embalagens de vidro.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia, para responder. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Ora bem, quanto à receita, estima-se um valor aproximado de cerca de… ou seja, com o consumo que neste momento se verifica na Madeira, prevê-se que se for aplicada esta taxa a todas essas embalagens não reutilizáveis possa variar entre 2,5 e 3 milhões de euros de receitas. Portanto, são esses os valores.

Quanto ao facto de ser sobre as embalagens de vidro, é apenas sobre as embalagens de vidro não reutilizáveis, porque são essas, as não reutilizáveis, que são o grande peso, porque as que são reutilizáveis, essas voltam novamente para serem utilizadas. Portanto, tem lógica, que esta é uma taxa ambiental, é uma ecotaxa, é uma taxa ambiental porque no fundo vai fazer face aos custos ambientais que o Governo tem para tratar esses mesmos resíduos. E portanto, é lógico que quem consome essas bebidas através dessas embalagens que sejam essas pessoas que suportem os custos para tratar esses mesmos resíduos. Ora, e não tem lógica que seja toda a população a pagar impostos para tratar um determinado resíduo, quando só alguns é que o consomem. Então, é no princípio do utilizador pagador: quem consome, paga o tratamento desses mesmos resíduos. E é por isso que esta taxa incide apenas sobre essas embalagens não reutilizáveis.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Roberto Vieira, para um pedido de esclarecimento.

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Agostinho, falava que estas

taxas que representavam 2,5 a 3 milhões de euros, que viriam a beneficiar o Governo Regional neste valor. É uma receita que vai novamente ao bolso dos madeirenses.

V. Exa. sabe perfeitamente que quem vai ter de pagar estas taxas são os madeirenses, são os consumidores, que já estão fartos de taxas aprovadas pelo PSD nesta Casa! Fartos, cansados de pagar taxas!

Hoje, temos aqui a apresentação duma proposta que faz sentido sim no sentido ambiental, no que diz respeito ao ambiente, mas quando se vai ao bolso dos madeirenses novamente, desta forma, é que o Partido da Terra é contra. Quando há uma exceção, por exemplo, para a aguardente e para os licores, não está aqui a exceção por exemplo para as cervejas produzidas na Madeira, que são bebidas alcoólicas e não há esta exceção.

Entretanto, assumiu a Presidência da Mesa o Sr. Vice-Presidente, José Paulo Baptista Fontes. V. Exa. tem aqui também uma discriminação perante uma empresa que até emprega muitas centenas de

trabalhadores! Há aqui uma discriminação em relação a outras que estão protegidas! A cerveja, por exemplo, produzida na Madeira não está contemplada na isenção, como a aguardente e o licor.

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Está! Está!

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O ORADOR:- O Sr. Deputado Agostinho não disse isso! Disse que não estava!

Agora, o que eu quero que fique claro é que o PSD assuma, através do Sr. Deputado Agostinho, que isto é mais uma taxa para roubar os madeirenses, porque as pessoas consomem e são elas que têm pagar o aumento de custo, que daí advém, também da taxa.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Agostinho Gouveia, para responder, tem a palavra.

O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Deputado Roberto, ainda bem que colocou essa questão. Aparte inaudível do Sr. Roberto Vieira (MPT). Então vou-lhe explicar porquê! Então vou-lhe explicar porquê. É que é possível… a Empresa de Cervejas da

Madeira vai pagar uma taxa sobre as garrafas não utilizáveis igual que os outros porque tem uma alternativa: pode usar…

Aparte inaudível do Sr. Roberto Vieira (MPT). Oh! Sr. Deputado, escute para aprender. Ouvindo, aprende-se. Se utilizar as garrafas reutilizáveis, não paga esta taxa! Oh! Sr. Deputado, a Empresa de Cervejas, e eu penso que com esta taxa introduzida vai aumentar a produção

através das garrafas reutilizáveis porque vai deixar de ter esta taxa! Mas se continuar a usar as garrafas que são descartáveis, de deitar fora, ah! vai pagar essa taxa! Mas não haveria de pagar porquê? Se tem uma alternativa!

Aparte inaudível do Sr. Roberto Vieira (MPT).

Oh! Sr. Deputado, não é não senhor! As garrafas que são reutilizáveis, aquelas que têm retorno, que vai a um bar,

bebe por exemplo a tal cerveja, entrega a garrafa para ser devolvida não paga esta taxa. Se for ao supermercado para levar uma garrafa que é para depois se calhar deitar no lixo, vai ter que ser reciclada, se foi à serra e se calhar deixou lá para alguém as ir buscar, portanto, naturalmente que vai ter que pagar esta taxa porque alguém vai ter que fazer este tratamento, alguém vai ter que fazer esta recolha, alguém vai ter que ter estes custos…

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Já pagamos à câmara!

O ORADOR:- Oh! Sr. Deputado, mas o senhor tem aquela pancada de estar sempre a incomodar!

Protestos do Sr. Roberto Vieira (MPT).

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado…

O ORADOR:- Deixe-me explicar!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Sr. Deputado fez o pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado Agostinho

tem que responder! Não interrompa. Tem a palavra, Sr. Deputado. O ORADOR:- É que o Sr. Deputado pergunta e responde, e está constantemente naquela… quer dizer, o senhor faz

uma pergunta, tem de a ouvir, ou então não faça sequer a pergunta, se não quer ouvir! A partir do momento que me faz uma pergunta, deixe-me responder.

O que pode acontecer é eu não lhe responder na totalidade e você reclama que eu não lhe respondi na totalidade. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- E o Sr. Deputado terá que responder, porque já terminou o seu tempo.

O ORADOR:- Muito obrigado.

Risos. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, para um pedido de esclarecimento, tem a

palavra. O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Agostinho, em primeiro

lugar esta questão, e era importante os senhores deputados terem isso em consciência, não é uma questão de receita, é uma questão de proteção ambiental. A taxa é para a não utilização…

Protestos das bancadas da oposição. Oh! Sr. Deputado Roberto Vieira, terei todo o gosto na pergunta…

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Aparte inaudível do Sr. Roberto Vieira (MPT). …oh! Sr. Deputado, de lhe explicar esta situação. O que nós estamos aqui a fazer é desincentivar a utilização das embalagens não reutilizáveis. Ou seja,… O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- De vidro?!

O ORADOR:- Não é vidro! Pode ser de vidro, pode ser de plástico, pode ser do que for, as não reutilizáveis. É para

ser numa lógica mais ambiental. Mais! Esta medida esteve nos Açores, foi aprovada por todos os partidos à exceção do PSD que se absteve porque

queria ir mais além das bebidas alcoólicas, ou seja, queria ir ainda mais além do que o próprio diploma. No território nacional também já existe esta prática. E sabem o que é que acontece, Srs. Deputados? Há empresas do Continente na área das cervejas e não só que mandam para a Madeira as mesmas embalagens que mandam para Angola e para Moçambique. E porquê? Porque aqui não está em prática esta mesma situação.

Ou seja, é necessário desincentivar as embalagens, porquê? Para os senhores deputados não verem o resto das embalagens nas ribeiras, no mar da Madeira e nós queremos que essas empresas tenham o mesmo cuidado…

Aparte inaudível do Sr. Roberto Vieira (MPT). Deixe-me terminar! …tenham o mesmo cuidado relativamente às embalagens. O que é que acontece? Sr. Deputado, nós queremos e nós não podemos ignorar os 3 milhões de receita. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Aaaaah! Muito bem!

Burburinho. O ORADOR:- Mas oh! Sr. Deputado Roberto Vieira, mas o que nós queremos é que não haja receita. E sabe

porquê? Porque quer dizer que ninguém vai utilizar uma embalagem não reutilizável. E a opção que aqui está é desincentivar esse tipo de embalagem. Quando o Sr. Deputado falou da Empresa de Cervejas, não há empresas aqui. Há é opções das empresas perante

a sua embalagem. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Há discriminação!

O ORADOR:- Não há, Sr. Deputado!

Aparte inaudível do Sr. Roberto Vieira (MPT). Oh! Sr. Deputado… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Termino, Sr. Presidente.

Eu posso depois fazer uma intervenção, se necessário. Mas Sr. Deputado Agostinho, pedia-lhe que mais uma vez explicasse aqui a esta bancada e a todos os que aqui

estão que não há uma opção da receita, há uma opção de desincentivar a utilização. E a questão do álcool tem a ver com a formalidade que há do pagamento de imposto e a facilidade de arrecadação

da receita, porque é mais fácil para pagar. Ponto. Mais nada. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia, para responder, tem a palavra. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, ora bem, relativamente a este imposto, existe uma diretiva comunitária que nos permite utilizar esta taxa. Existe uma lei nacional que transpôs essa mesma diretiva comunitária e portanto que fez com que o exemplo dos Açores se tornasse realidade. É porque na Região Autónoma dos Açores existe exatamente este imposto. Aqui vamos chamar ecotaxa, nos Açores chama-se ECOCERV. Mas não é Portugal um caso único. A Bélgica tem esta taxa. A Holanda tem esta taxa. A Alemanha tem esta taxa.

Ora bem, e como se pode ver, este exemplo de taxas sobre as embalagens não reutilizáveis e que é verdade que cria uma receita, mas também é verdade, não é mentira, que é necessária essa receita para o tratamento desses mesmos resíduos. E portanto, tem lógica que em vez de ser do orçamento, dos impostos de todos nós, do Orçamento Regional a tirar verbas para tratar essas mesmas embalagens, tem lógica que seja o consumidor dessas embalagens a ter que pagar uma taxa para o tratamento das mesmas. E portanto essa taxa não é caso único na Madeira, porque os Açores já o têm e porque países como a Alemanha, a Holanda e Bélgica também já o têm. Portanto, não estamos a criar nada de novo!

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O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Raquel Coelho, para uma intervenção, tem a palavra.

Burburinho. A SRA. RAQUEL COELHO (PTP):- Obrigada, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, espero que hoje eu possa fazer o uso da minha palavra livremente, sem que seja interrompida pelo Sr. Presidente, sem que seja alvo de violência.

Relembrando os últimos acontecimentos de ontem, o Partido Trabalhista reprime veementemente aquilo que se passou aqui ontem, relembrando que esta é a casa da democracia.

Burburinho na bancada do PSD. E relembrando que nós nunca nos calaremos. Nós resistiremos sempre, porque nós estamos aqui a representar 10

mil pessoas e nós nunca sairemos daqui pacificamente, virando as costas a estas 10 mil pessoas! Burburinho.

E quero relembrar aqui à suposta casa da democracia, que devia ser a primeira a dar o exemplo aqui na Região, o

artigo 21.º da Constituição – O direito de resistência, que diz: todos têm direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão quando não seja possível recorrer à autoridade pública. Portanto, nós não iremos aceitar nunca a censura sobre a nossa intervenção.

Burburinho. Bem, agora voltando ao assunto, aqui à matéria em questão… Burburinho na bancada do PSD. Sr. Presidente, peço-lhe que ponha alguma ordem aqui na Sala porque claramente existe aqui uma falta de respeito

para com a minha pessoa… Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Continue. Sra. Deputada, continue, os senhores deputados vão guardar mais

silêncio para a Sra. Deputada poder falar. Continue, mas volte ao assunto, Sra. Deputada! Burburinho na bancada social-democrata.

Protestos do Sr. José Luís Rocha (PTP). O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Mas eu peço que volte ao assunto que está em discussão.

A ORADORA:- É claro que as obrigações ambientais devem ser sempre tidas em consideração por todos nós,

principalmente por aqueles que desempenham cargos políticos. Mas o que o Partido Trabalhista acha curioso é o timing, o timing da introdução de semelhantes taxas, que

consideramos ser hipócrita. É que nesta altura a verdade é que apenas representa um utensílio extensível do plano de ajustamento financeiro para a Região. É uma forma para o Governo Regional encaixar mais uns milhares de euros para tapar o buraco financeiro devido à má governação destes senhores há mais de 30 anos.

Nós reiteramos a extrema urgência em cuidar e zelar pelo ambiente de forma rápida e eficaz. Porém, neste preciso momento, temos de nos posicionar do lado das pequenas e médias empresas que, com muita dificuldade, ainda empregam alguns madeirenses que irão ser sobrecarregados com estes aumentos juntamente com o consumidor final.

O facto é que os madeirenses neste momento não têm capacidade financeira para suportar mais esta taxa. E não me parece que o PSD esteja preocupado com a questão ambiental! Por exemplo, temos o caso na Madalena do Mar de ter um esgoto a céu aberto e eles não se preocupam com esta questão. Pois claro, não dá dinheiro! Portanto, esta taxa do PSD não tem nenhum motivo nobre, por isso mesmo o PTP, a bancada do PTP vai votar contra.

Muito obrigada, meus senhores. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Rubina Sequeira, para uma intervenção, tem a palavra.

A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Agostinho Gouveia, esta taxa

não existe só nos Açores, existe no País todo já, inclusivamente na Madeira. Chama-se taxa Ponto Verde e a diferença da taxa Ponto Verde para a taxa do PSD não é assim tão irrisória, Sr. Deputado! A diferença é que nós na taxa Ponto Verde pagámos 1 cêntimo por cada quilo de vidro e agora passamos a pagar 1 euro! O valor não é irrisório! Ainda por cima é acumulado, é um 1 euro e 1 cêntimo. É cem vezes superior à taxa que já pagamos atualmente.

Sr. Deputado, estas verbas servem para quê, exatamente? Disse há bocadinho que era para o transporte dos resíduos. Então eu gostaria de saber que parte destas verbas é que vai reverter para os municípios, porque são eles que suportam os custos com a recolha e com o encaminhamento dos resíduos.

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Esta medida está chapada, está chapada que é um imposto. Aliás, fugiu-lhe a boca para a verdade! E é um imposto sobre o álcool, por isso é que é uma taxa só sobre o vidro que embala o álcool, porque se fosse uma medida ambientalista deixavam o resto, deixavam o plástico que é muito mais prejudicial ao ambiente. Se fosse uma medida ambientalista os senhores em vez de se preocuparem em aumentar as taxas e os impostos, aplicavam a portaria que é a lei vigente, a Portaria n.º 29-B, de 15 de Janeiro de 98, que exige precisamente que os comerciantes e distribuidores disponibilizem os mesmos produtos em embalagens recicláveis e reutilizáveis, aqueles produtos que vêm em embalagens descartáveis. Essa sim era uma medida ambientalista, não uma medida de arrecadar ou arrecadação de verbas.

Eu não entendo esta volta toda que o PSD está a dar, porque se não tiveram vergonha de aumentar os impostos todos até agora, não é por 15 cêntimos por garrafa que devam fazer este discurso louco!

A verdade é que esta taxa vem em socorro do Governo Regional porque aquilo que vocês têm é um sistema incineração dispendioso e ambientalmente desadequado na Meia Serra. E isso é que devia ter sido mudado! Não era aumentar as taxas…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sra. Deputada.

A ORADORA:- …para suportar esse sistema idiota!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Rui Almeida, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, no programa político do PAN, no capítulo sobre a ecologia, tem lá um ponto que diz a aplicação de uma taxa de pegada ecológica em produtos cuja produção/distribuição tenha fortes impactos ambientais, devendo as verbas cobradas ser encaminhadas para promoção de estilos de produção sustentável.

Eu quando vou à praia ou quando vou à serra já por diversas ocasiões, eu creio que isto acontece a várias pessoas, vejo lá garrafas de vidro. Realmente, veem-se muitas pela ilha e aquela garrafa tem… foi necessário trabalho, foi necessário um investimento, tem ali matéria e as pessoas e os consumidores e todo este sistema implantado trata aquilo como lixo. E isso realmente é algo que choca e que deve ser mudado.

Agora se esta medida tem alguma intenção também de arrecadar alguma receita por via da aplicação desta taxa, espero que sirva também para mudar os hábitos dos consumidores e dos produtores para que realmente não seja cobrada e essa seria a intenção mais louvável de apresentar esta proposta.

Eu creio que realmente deve ser estendida, como está contemplado no artigo, deve ir para além destes produtos de bebidas alcoólicas, deve-se estender a outras embalagens também que não só as de vidro, e gostávamos de ver a receita gerada, apesar de tudo, por este tipo de embalagens, por esta taxa, fosse destinada com um certo propósito, como nós inscrevemos no nosso programa político, visasse realmente a promoção de estilos de produção sustentável.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Rocha, dispõe de 1 minuto para a sua intervenção.

O SR. JOSÉ ROCHA (PTP):- Sr. Martinho Gouveia, o senhor já tem uma taxa no sol, que o senhor vende o sol aos

quadradinhos, mas relacionado com isto que está aqui, eu vou-lhe dizer que existe na Universidade da Madeira quatro ou cinco doutorandas, são todas raparigas, que já tiraram um curso de Biologia Científica, já tiraram um mestrado, já tiraram o doutoramento e continuam desempregadas. A área que elas tiraram, a sua especialidade foi simplesmente isto: fazer embalagens biodegradáveis com materiais que existem na nossa terra. Apesar disso, não houve apoios nenhuns da União Europeia, porque vocês não estão nessa sensibilidade, vocês só estão é na sensibilidade de cimentar e alcatroar e criar taxas, como você vende o sol aos quadradinhos, quando o sol devia de ser posto em cima do telhado das casas das pessoas, a Empresa de Eletricidade da Madeira devia de…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …implementar essas infraestruturas para depois cobrar o devido imposto, depois de estarem pagas,

as pessoas terem eletricidade de borla, só com uma taxa mínima de manutenção. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terá que terminar, Sr. Deputado.

Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Lino Abreu, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, este projeto do PSD apresentado aqui na

Assembleia Legislativa Regional vem com uma boa intenção, que é o objetivo de reduzir a produção de resíduos sólidos no que toca às embalagens. E até aí, nós concordamos. Até aí nós concordamos que é a defesa do ambiente.

Mas o que é facto é que esta intenção não passa da simples intenção, porque na verdade é o aumento de uma taxa que vai ser cobrada aos consumidores. É a pedir novamente a todos aqueles que vão consumir embalagens de vidro e não só, que o projeto não é esclarecedor, o projeto não esclarece se é embalagens de vidro ou se são embalagens de plástico, não vejo aqui no projeto, vejo embalagens, mas não é esclarecedor e também não é esclarecedor, aqui, como o Sr. Deputado Agostinho diz, que está isento a produção regional. Também não vejo aqui no âmbito deste projeto, não vejo aqui em nada que estejam isentas as bebidas fabricadas e produzidas aqui na Região Autónoma da Madeira. Porque no ponto 3 do seu projeto apenas diz “embalagens não reutilizáveis que contenham cerveja e outras bebidas

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alcoólicas que se destinam ao consumo na Região Autónoma da Madeira”. Não faz referência às embalagens de vidro que são produzidas pelos produtores regionais. Gostava também que esclarecesse onde é que está aqui escrito no seu projeto.

E Sr. Presidente, Srs. Deputados, o que toca aqui, o que está aqui em causa é que é pedido um esforço adicional aos madeirenses em mais de 3 milhões de euros para uma ecotaxa que tem por objetivo, que tinha por objetivo ir ao encontro dos resíduos ambientais.

Mas também gostaria de dizer aos Srs. Deputados aqui presentes na Sala que o conceito de ecotaxa é um imposto e é um imposto ambiental que tem por objetivo financiar todas as empresas que recolhem estas embalagens e que fazem o seu tratamento. E eu pergunto quais são as empresas regionais que recolhem e fazem este tratamento? Muitas delas são empresas afetas às câmaras municipais. E como se sabe, a maior fatia destas embalagens, o maior número de consumo está aqui no concelho do Funchal, e quem faz essa recolha no concelho do Funchal é a Câmara Municipal do Funchal. A minha pergunta também é: sendo a ecotaxa um imposto e que esse imposto deve ser dado como receita às empresas que são licenciadas para esta recolha, a minha dúvida é será que este valor será dados às empresas que vão fazer esta recolha?

E mais um pormenor: é que quando se faz a cobrança desse imposto eu, como consumidor, tenho que saber qual é a contraprestação do imposto que eu estou a pagar! E eu não sei neste preciso momento qual é a contraprestação do imposto que vou passar a pagar quando for ao supermercado comprar uma destas embalagens.

Gostaria de saber também da sua bancada qual é o valor que acha que vai ser distribuído pelas empresas que fazem essa recolha, qual é a contrapartida que vai ser dada ou este valor é simplesmente um aumento cobrado aos consumidores e que vai aumentar o Orçamento Regional?

E gostava de perguntar a S. Exa. que esta ecotaxa será aumentada e será cobrada a todos nós, gostava de lembrar que todos nós, no pagamento da água, já é exigido uma taxa de pagamento de resíduos sólidos, Sr. Deputado, e que nessa taxa de pagamento de resíduos sólidos está incluída a recolha destas embalagens. E o Sr. Deputado sabe que só aqui no concelho do Funchal existem mais de 350 Ecopontos, mais de 350 Ecopontos, e que nesses Ecopontos estão lá os recipientes das embalagens não reutilizáveis que são as embalagens de vidro. E para isso nós pagamos mensalmente a recolha dessas embalagens, e vamos ser novamente penalizados com o pagamento duma ecotaxa que já pagamos mensalmente pelo tratamento e a recolha dessas embalagens!

Vozes do CDS/PP:- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Carlos Pereira, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos a discutir uma proposta do

Governo Regional que até agora parece não vou dizer que é uma trapalhada porque seria exagerado, mas tem um conjunto significativo de dúvidas que não estão esclarecidas.

E esta medida aparentemente é uma medida encapotada sobre o álcool, disseram alguns, o Sr. Deputado disse que parece mas não é, não é uma medida sobre o álcool. É uma medida para combater as embalagens descartáveis, disseram alguns deputados da oposição, o Sr. Deputado disse logo “parece, mas não é uma medida para combater as embalagens descartáveis”; é uma medida ambiental, dizia o Sr. Deputado Agostinho, nós dizemos que parece mas não é uma medida ambiental, o que é de facto, e isto parece que não restam dúvidas nenhumas por muitos malabarismos que o PSD tente dar, o que é de facto é que é um imposto encapotado sobretudo para cumprir o ajustamento absolutamente louco que o PSD combinou com a República, com o PSD/CDS da República, que somos incapazes naturalmente de cumprir e que vai colocar a mão no bolso dos madeirenses a um nível absolutamente inqualificável e extraordinário. E este é mais um contributo para essa medida, é um imposto para sacar dinheiro dos madeirenses, mais dinheiro dos madeirenses.

E não deixa de ser engraçado que os senhores deputados do PSD, sempre que se fala nas medidas da Região Autónoma dos Açores, relativamente à Região Autónoma dos Açores e de apoio às pessoas dos Açores, quer sejam medidas complementares de salários, quer sejam complementos de reforma, quer sejam complementos de abono de família, quer sejam complementos de apoio às empresas, quer sejam apoio ao emprego, os Srs. Deputados ai, ai, ai que isto é uma chatice, estão a falar dos Açores! Hoje, e nos últimos dois dias têm duas propostas nesta Assembleia e o único exemplo, o único argumento que se lembram é da Região Autónoma dos Açores! Ora, isto não é só uma visão parcial, é sobretudo uma visão interesseira e oportunista do PSD para tapar os olhos dos madeirenses.

Mas o que é verdadeiramente relevante, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é que perante uma proposta desta natureza, dimensão e desta importância porque estamos a falar de 3 milhões de euros, mais 3 milhões de euros que vão ser tirados do bolso dos madeirenses, depois de já ter-se decidido nesta Casa que se retiraria 126 milhões de euros em 2012 do bolso dos madeirenses a mais, porque na prática serão 780 milhões de euros, a mais, dos madeirenses, madeirenses esses que já não têm por onde tirar, os senhores estão a pedir o impossível aos madeirenses!

Além disso, o que é verdadeiramente relevante é, sendo esta uma ambiental, como diz o Sr. Deputado Agostinho, onde é que está o Sr. Secretário Regional do Ambiente? Sendo esta uma medida ambiental proposta pelo Governo Regional, onde é que está aqui nesta mesa do Governo o Sr. Secretário Regional do Ambiente? Não está! Não está hoje, como não esteve ontem, como não vai estar nunca, como o PSD nunca vai pedir que os seus governantes, o Governo Regional suportado pelo PSD, venha a esta Casa, venha à Assembleia, venha à Assembleia eleita pelo povo da Madeira explicar as suas medidas.

Eu não sei se o Sr. Deputado Agostinho já é um secretário sombra, mas a verdade é que nós não estamos esclarecidos. Nós não estamos esclarecidos sobre esta matéria, como não ficamos esclarecidos sobre um conjunto significativo de matérias que o Governo Regional traz a esta Casa. E isto é verdadeiramente relevante!

E aproveito para dizer que isto não é por acaso. Não é por acaso que o PSD não só não traz os Secretários para explicar aos madeirenses o que é que quer fazer, como também faz desta Assembleia aquilo que nós temos visto nos

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últimos anos e sobretudo nos últimos tempos; o Governo do PSD está a montar um verdadeiro circo à volta daquilo que se passa na Madeira para impedir, para tapar o que fez à Madeira nos últimos anos. O que o PSD está a fazer é um circo e esse circo está montado nesta Assembleia precisamente para tapar os males que fizeram à Madeira e as soluções que não têm para a Madeira. Os senhores sempre que acontece alguma coisa, os senhores sempre que o drama chega ao ponto em que nós estamos, os senhores sempre que a calamidade social chega a este ponto o que fazem é aprofundar esse circo! E isso tem acontecido nesta Assembleia e os senhores têm promovido ainda mais esse circo precisamente para esconder o problema da Madeira, porque o problema da Madeira, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não é a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. A Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira é a solução para a Madeira, e ainda ontem ficou claro numa proposta da oposição que foi aprovada nesta Assembleia! Ficou claro, ficou demonstrado que é possível ter medidas diferentes, propostas diferentes, ações diferentes daquelas do Governo do PSD se esta Assembleia não fosse do PSD.

Portanto, o problema da Madeira está na Quinta Vigia, não na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. E enquanto os senhores continuarem a desviar as atenções, como fazem deliberadamente, porque os senhores fingem que ficam chateados, os senhores fingem que estão chateados com a situação, mas os senhores deliram com a situação da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira porque isso interessa-lhes! Interessa-lhes que esta Assembleia seja vista pelos madeirenses como uma assembleia medíocre, como uma assembleia sem ação, como uma assembleia sem propostas, porque sempre que a oposição vier a esta Assembleia fazer uma intervenção, essa intervenção está ferida, não está ferida de legitimidade, mas de credibilidade. E isso é de facto o grande mal do PSD, o grande mal dos madeirenses neste momento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a bancada parlamentar do PS não vai permitir passar despercebida esta ação de manobra do PSD, sistemática, de fazer da Assembleia o bode expiatório daquilo que se passa na Madeira. A Madeira tem problemas significativos, mas todos os problemas foram criados pela Quinta Vigia. É a Quinta Vigia o cerne dos problemas da Região Autónoma da Madeira e nós não vamos permitir que sistematicamente o PSD venha a esta Assembleia, entre nesta Assembleia convencido de que pode fazer dela o que quiser e transformá-la num verdadeiro circo, tapando os verdadeiros problemas e impedindo que se discuta os verdadeiros problemas.

A ausência do Sr. Secretário do Ambiente ou do Sr. Vice-Presidente do Governo ou do Sr. Secretário das Finanças, seja qual for o objetivo desta proposta, é sintomática. Os senhores não querem discutir, os senhores querem tapar a Assembleia porque este é o único momento, este é o único espaço, isto é o único momento em que as oposições e em que o povo da Madeira se pode rever numa posição diferente, numa ação política diferente, em propostas diferentes.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta proposta apresentada pelo Sr. Deputado Agostinho é obviamente um imposto encapotado para fazer face àquilo que são as dificuldades financeiras da Região. E essas dificuldades financeiras da Região não aconteceram por acaso. Essas dificuldades financeiras da Região aconteceram porque o endividamento da Região Autónoma da Madeira foi absolutamente tresloucado, e o que é verdadeiramente surpreendente e preocupante é que ainda existam deputados do PSD que aceitam fazer esta figura – figura… eu estou a escolher palavras porque eu não quero ofender ninguém mas, de facto, quem vem a esta tribuna para dizer que os mais de 6.500 milhões de euros de dívida…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Eu termino já.

…quase 8 mil milhões de euros de responsabilidades financeiras se incluirmos as parcerias público-privadas, são bem-vindas para a Madeira e que o povo está satisfeito e com isso temos um ajustamento financeiro brutal, insuportável e absolutamente extraordinário que está a afetar a vida de todos os madeirenses, tem uma desfaçatez do tamanho do mundo. E isso é verdadeiramente inadmissível, lamentável, e eu faço um apelo aos Srs. Deputados do PSD: ponham a mão na consciência naquilo que estão a fazer. Ponham a mão na consciência!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Tem que terminar, Sr. Deputado.

O ORADOR:- A Madeira está a precisar de alterações a esta política, está a precisar de mudanças políticas, está a

precisar de outras soluções. Ou os senhores deputados do PSD põem essa mão na consciência e contribuem para isso ou serão os senhores os primeiros a perder com esta questão.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sras. e Srs. Deputados, vamos fazer um intervalo de 15 minutos.

Eram 11 horas.

INTERVALO Neste momento, assumiu a Presidência da Mesa o Sr. Presidente, José Miguel Jardim de Olival Mendonça. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Já dispomos de quórum, vamos reiniciar os nossos trabalhos.

Eram 11 horas e 34 minutos. Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Agostinho Gouveia, eu queria cumprimentar e saudar a presença aqui no

Hemiciclo, na galeria, do Sr. Professor Jorge Bacelar, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade Autónoma de Lisboa.

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E agora dou a palavra ao Sr. Deputado Agostinho Gouveia. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, uma segunda intervenção para, no fundo, responder, uma vez que alguns dos partidos já não tinham tempo para poder criar questões, foi a situação da Sra. Deputada que infelizmente não lhe pude colocar algumas questões.

No entanto, nesta segunda intervenção vou procurar esclarecer algumas das dúvidas que foram colocadas pelos diversos deputados.

Eu fiquei aqui um pouco espantado quando nos dizem que o diploma não explica se é sobre as garrafas de vidro. Ora bem, o diploma diz que esta ecotaxa é uma taxa cobrada pelas embalagens não reutilizáveis que contenham cerveja e bebidas alcoólicas e eu não conheço – até pode existir –, eu reconheço, posso reconhecer a minha ignorância, eu não conheço bebidas alcoólicas em plástico, por exemplo!

Vozes da Oposição:- Mas há! Há!

O ORADOR:- Parto do princípio que elas vêm no vidro e portanto esta taxa é sobre as bebidas alcoólicas que vêm

em embalagens não reutilizáveis. Portanto, penso que esclareci esta situação se era sobre as embalagens de vidro. É sobre as embalagens de vidro não reutilizáveis.

Em relação à Sra. Deputada, quando refere que já existe o Ponto Verde e que já recebe uma percentagem sobre os consumos do álcool. Ora bem, eu queria dizer à Sra. Deputada que não é só o Ponto Verde. Existe o Ponto Verde, existe a SIGERU e existe a VALORMED que são três empresas a nível nacional que estão licenciadas para fazer esta recolha. Ora bem, na Madeira essas empresas não existem.

Ora bem, na Madeira essas empresas não existem nem têm atividade sobre esta prestação de serviço aqui na Região.

Mas estranha-me muito mais, e eu aqui queria um pouco sair fora do âmbito do que foi discutido cá dentro para apresentar, digamos, o meu espanto sobre um diploma que entra nesta Assembleia e não vi nenhum partido da oposição se manifestar publicamente, na comunicação social, contra esta taxa, mas o meu grande espanto vai para um ambientalista, um dirigente da Quercus que chama a comunicação social e vem à televisão se manifestar contra esta taxa. Mas repare-se ao ponto que chega um ambientalista estar contra uma taxa que vem…

A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Mas nós já pagamos a taxa!

O ORADOR:- …contra uma taxa que vem exatamente penalizar quem mais prejudica o ambiente, que são as

embalagens não reutilizáveis. E esse ambientalista está contra! Ao princípio, eu ainda pensei, bom, se calhar a Quercus também está contra isto e com a minha curiosidade vou ao site da Quercus e então qual é a opinião da Quercus a nível nacional, relativamente aos resíduos urbanos, política de reutilização e reciclagem? Reciclagem está um passo atrás, e diz, continuando na descrição desta mesma política, dessa mesma Quercus, que podem consultar que os senhores têm aí: reutilização de embalagens, anda para trás e dá exemplos de como é que se pode combater esta mesma situação; e diz: quanto à reutilização das embalagens, tem uma série de propostas que a Quercus faz, e uma delas, aqui no ponto 4 diz: criar uma taxa em função da produção. Ou seja, refere a necessidade de se criarem taxas em função da produção. Ora, a Quercus a nível nacional acha bem que se deve criar uma taxa para penalizar quem utiliza as embalagens não reutilizáveis, exatamente na linha daquilo que já foi feito nos Açores e daquilo que nós estamos a fazer na Madeira e do que já existe na Alemanha, do que já existe na Bélgica, do que já existe na Holanda nesta mesma linha. Ora bem, então a nível nacional essa Quercus considera bem e acha que se deve utilizar essa taxa para prevenir, aqui na Região este dirigente afinal diz que é mau e que não deve ser e porque já existe uma taxa. É caso para perguntar em que é que ficamos?

Burburinho nas bancadas da oposição. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Martinho Câmara, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. MARTINHO CÂMARA (CDS/PP):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Agostinho Gouveia, relativamente a esta matéria e às embalagens reutilizáveis e à reciclagem, aquilo que o CDS gostaria de saber é se este imposto se irá estender, sim ou não, a outras embalagens que não aquelas que têm álcool no seu conteúdo? E o que irá acontecer também relativamente àquelas empresas que enviarão para a Madeira nomeadamente cervejas em embalagens que são de reutilização cuja recolha não será feita? Ou seja, que tipo de sanções é que estarão previstas para esse tipo de infrações? Porque poderá acontecer que determinadas embalagens sejam de utilização e reutilizáveis e que estão isentas de impostos, não irão pagar na alfândega, para já nesta fase em que só as bebidas alcoólicas irão pagar, isto no imediato porque nós sabemos que o que esta lei traduz é que todas as embalagens que não são reutilizáveis, sendo recicláveis ou não, irão pagar esta ecotaxa. Responda se isto é verdade ou se é falso. E o que é que irá acontecer a essas empresas que mandarão embalagens reutilizáveis e que não irão proceder à recolha das mesmas.

Por outro lado, se lhe agrada ou não que por exemplo vinho do Porto, rum que vem do Brasil ou de Cuba, que também não pague uma ecotaxa?

Muito obrigado. O SR. PRESDIENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

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Sr. Deputado Agostinho Gouveia, para responder, tem a palavra. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, vou começar pelo fim. É mentira essa afirmação que fez. Essas bebidas que vêm do Brasil ou de outro sítio qualquer pagam esta ecotaxa. O SR. TEÓFILO CUNHA (CDS/PP):- É mentira!

O ORADOR:- É verdade! E o Sr. Deputado se for aqui ao artigo 3.º…

Aparte inaudível do Sr. Martinho Câmara (CDS/PP). Ah! Sr. Deputado, leia o artigo 3.º, onde tem as exceções. No ponto 2 tem a alínea a), b) e c) que são as exceções;

e na questão do rum, onde o Sr. Deputado viu, isso não é aquele rum que vem do Brasil, essas bebidas exóticas, esse rum é aquele mesmo rum que o seu líder parlamentar quando discutimos aqui a isenção ou a redução da taxa do álcool, sobre esses impostos, foi esse senhor que disse: ah! é uma loucura reduzir agora ou criar a zona geográfica para o rum, que o rum nem sequer se consome muito na Madeira. Falso!

A designação europeia, tem de se lhe dar um termo, e o termo mais aproximado que existia para a aguardente de cana é o rum, não existe aguardente de cana! E foi por isso que foi aplicado esse termo. E aqui utiliza-se exatamente o mesmo termo, o rum Madeira, que no fundo é a aguardente de cana da Madeira, desde que seja para consumo na Região. Se essa mesma aguardente for para ser para o exterior já não tem essa isenção e portanto o que é que se pretendeu aqui com este diploma? Não prejudicar a produção regional. Repare, o que se pretendeu foi não prejudicar a produção regional. E na alínea c) do ponto 2 do artigo 3.º estamos exatamente com essa proteção porque – e é preciso saber o que é diz – quando se diz “os produtos referidos no n.º 4 do artigo 78.º”, temos de ir lá ao artigo 78.º da lei…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …saber o que é que diz o n.º 4! E esse n.º 4 do 78.º diz exatamente quais são os produtos que estão

isentos. E neste caso é essa aguardente que se chama o rum, é esse produto que está isento, nada mais! Tudo o resto que vem do exterior, todas as bebidas alcoólicas pagam esta taxa.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Rui Barreto, para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. RUI BARRETO (CDS/PP):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Srs. Deputados, Sr. Deputado Agostinho Gouveia, há aqui uma questão jurídica que merece algum relevo e que tem a ver precisamente com a introdução duma taxa, da ecotaxa.

Quando se aplica uma taxa tem que haver sempre uma contraprestação dum serviço. Isso já existe, por exemplo, na taxa de resíduos sólidos urbanos que um consumidor normal, que tem contrato de fornecimento de água, paga essa taxa às câmaras municipais para que se faça a recolha, tratamento, seleção e reciclagem das embalagens.

E portanto aqui não vislumbro neste diploma qualquer contraprestação de qualquer serviço. É apenas e tão só a aplicação duma taxa que significa uma receita para o Orçamento Regional na ordem dos 3 milhões de euros, como referiu, e portanto que vai onerar. E não se percebe esses 3 milhões de euros para que é que servem! E isso tem que ficar esclarecido para se perceber exatamente qual é o verdadeiro conceito jurídico da aplicação duma taxa. Porque não havendo uma contraprestação, ela não deve efetivamente ser aplicada.

Também não ficou aqui claro, apesar de diversas tentativas de deputados desta Assembleia, qual o âmbito de aplicação e incidência desta taxa. Não fica claro se a aplicação desta taxa é sobre embalagens de vidro, latas ou outras embalagens de plástico e isto tem de ficar claro. Sabemos que são embalagens não reutilizáveis e no diploma não há qualquer referência ao âmbito exato sobre esta matéria e isto tem de ficar claro também aqui, para que se possa votar este diploma com total clareza.

E por aquilo que foi aqui discutido até agora, aquilo que eu consigo ou que conseguimos descortinar é que vai haver um agravamento para o consumidor quando vai adquirir bebidas alcoólicas não reutilizáveis, aquelas que são de produção regional e aquelas que vêm do Continente ou do estrangeiro para a Região Autónoma da Madeira e que vão estar disponíveis em qualquer local de distribuição, seja no supermercado, seja num bar, seja num ponto de venda qualquer.

E portanto o que isto significa é um agravamento para o consumidor. Pode haver aqui uma boa intenção de reduzir, se me permitem, a pegada ecológica com a introdução desta taxa mas aquilo que eu prevejo é que vai haver um agravamento sim da pegada mas é sobre o consumidor. E portanto, Sr. Deputado, peço-lhe, duma vez por todas…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …esclareça-nos para que consigamos votar com toda a clarividência.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia, tem a palavra. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

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Sr. Deputado, relativamente ao agravamento, sejamos sérios; e o que este diploma pretende é taxar aquelas bebidas ou aquelas garrafas que não têm retorno. No fundo, são as bebidas que vêm lá dentro, que as garrafas não vêm vazias!

Comentários da Sra. Rubina Sequeira (PND). Oh! Sra. Deputada, a garrafa vem vazia? Claro! São as garrafas não reutilizáveis que trazem essas bebidas

alcoólicas. Portanto, estamos… se quiserem optar por se é a bebida que é taxada, se é garrafa que é taxada, a garrafa só, portanto, no fundo, são as garrafas não reutilizáveis que trazem essa bebida.

Quanto ao agravamento, o Sr. Deputado está a olhar na perspetiva de que vai haver um agravamento para o consumidor. Efetivamente se esse consumidor continuar a optar pela garrafa não reutilizável em detrimento da reutilizável claro que vai ter um agravamento!

Burburinho. Mas oh! Sr. Deputado, oh! Sr. Deputado, vamos lá ver se a gente se entende. Vamos lá a ver se a gente se entende.

Então, isto é o princípio do utilizador pagador, ou seja, quem… Burburinho. Oh! Sr. Deputado, isto é o princípio do utilizador pagador. Se o consumidor continua a optar pela garrafa não

reutilizável vai pagar esses 10 cêntimos, 15 cêntimos ou 20, consoante o tamanho da garrafa. É só nessas situações! Tudo o resto não há agravamento, há agravamento zero.

Posso lhe dar um exemplo: vamos a um restaurante, vamos a um bar, o bar Xis optou por ter a cerveja de barril, optou por ter a cerveja que é retornável,…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …esse consumidor ou esse empresário vai transmitir para o cliente final zero porque não vai ter taxa

sobre esses produtos e pode se dar ao luxo de dizer “Eu não pago essa taxa porque eu não utilizo esse tipo de embalagens”, está a perceber, Sr. Deputado? É só aqui!

Aparte inaudível do Sr. Rui Barreto (CDS/PP).

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Edgar Silva, está inscrito para uma intervenção, faz favor. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar registar o facto de pela primeira vez o PSD, o Governo neste caso, o Governo ausente, que deveria estar presente mas está outra vez ausente, é proponente nesta iniciativa e nem quando é proponente o Governo se digna estar no Parlamento.

Mas para além desse reparo que não é de menor importância pelo que significa de desrespeito por esta Casa enquanto órgão primeiro de governo próprio da Região, há um segundo aspeto que é de relevar, que é de pela primeira vez o Governo e o próprio PSD que o apoia, que sempre rejeitaram todas as propostas referentes às ecotaxas, quer à ecotaxa turística, quer a ecotaxa sobre a extração de inertes, quer areias do mar, quer nas ribeiras, sempre rejeitaram e disseram que a aplicação de ecotaxa estaria liminarmente rejeitada pela maioria, pelo PSD, eis que se rendem aos argumentos aqui aduzidos pelas oposições em tantas outras circunstâncias. E portanto, esta cedência, diria, esta abertura, esta conversão do Governo e do PSD não deixa de merecer algum registo.

Em segundo lugar, lamentar o facto desta proposta do Governo ao nível dos conceitos estar marcada por erros e por ambiguidades. Erros e ambiguidades em relação ao que é taxa e ao que é imposto, erros e ambiguidades em relação ao âmbito da aplicação desta iniciativa. E porquê? Porque não está certo, ou será redutor para não dizer errado, conceber ou circunscrever o conceito de embalagens a produto que contém álcool. Ou seja, dito de outra forma: ou o Governo quer aplicar uma sobretaxa ao consumo de álcool e tem uma iniciativa com esse objetivo ou se tem por objetivo…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …ter uma iniciativa legislativa chamada ecotaxa sobre as embalagens não reutilizáveis, não está certo

circunscrevê-la apenas e só ao consumo de álcool. E isto deve ser objeto de alteração, e nós vamos apresentar propostas nesse sentido.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Rui Almeida, dispõe de 15 segundos. O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Obrigado, Sr. Presidente.

Bem, esta taxa a meu ver não é um imposto, porque só paga esta taxa quem quer. E neste sentido eu vejo com um incentivo à muita séria necessária mudança de hábitos. Não me interessa se há ou não a expetativa de receita, a medida tem esta virtude de mudar os hábitos. E sendo relativamente a bebidas alcoólicas…

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …não vai fazer passar ninguém fome ou sede e, agora num tom mais irónico, parece que vai permitir

sim as pessoas estarem com maior consciência dos tempos que se avizinham. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Jaime Filipe. O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu julgo que esta matéria

estranhamente está a fazer alguma confusão na nossa oposição quando eu não estou a perceber o porquê da preocupação da nossa oposição.

A oposição está preocupada com o consumo do álcool, porque nós estamos perante aqui uma situação que é esta: a oposição está preocupada com quem consome o álcool. Não vai demorar 1 minuto ou 2 ou 3, vai-se passar para um diploma para fazer o combate ao álcool, deve estar aqui alguma comissão nesse mesmo sentido.

Esta hipocrisia da oposição é repetente, e vamos por partes. Sras. e Srs. Deputados, os únicos produtos que serão afetados por esta taxa são os produtos que têm álcool, que

têm um imposto sobre o álcool. Não é a água, não é outro bem qualquer, estamos a falar só nos produtos com álcool. Eu vou repetir porque já ouvi aqui falar na defesa do consumidor, coitadas das pessoas lá em casa, vão pagar mais, oh! Srs. Deputados, eu oiço todas as vezes que há aqui comissões da vossa parte, pedidos de comissão para combater a matéria do álcool, para combater os consumos e quando há uma situação dessas a conversa é ao contrário! Entendam-se! Entendam-se porque ninguém vos entende lá fora.

Mais. Relativo a esta matéria, Srs. Deputados, eu vou voltar a reafirmar aquilo que o meu colega Agostinho Gouveia já o fez: as embalagens que estão a ser sujeitas são as embalagens não reutilizáveis, ou seja, aquelas embalagens que lamentavelmente têm impacto na Madeira sobretudo ao nível do mar e ao nível das ribeiras e até da própria rua, que é haver pessoas a abandonarem essas embalagens após o seu consumo. E o que nós queremos aqui não é apenas taxar, o que nós queremos é que as empresas responsáveis por essas marcas utilizem embalagens reutilizáveis, ou seja, que usem na Madeira o mesmo critério que têm no território nacional e nos Açores, ou seja, a opção por uma embalagem reutilizável, onde o próprio indivíduo do bar, o próprio dono do bar, o próprio responsável do bar é o primeiro a solicitar a devolução da garrafa porque tem que entregar à empresa fornecedora.

Nós estamos aqui a falar duma proteção ambiental. Estranhamente, ouço os partidos da oposição, estão preocupados com o consumo do álcool. Isto é vergonho, e mais, isto é desvirtuar o sentido do diploma e não é, na minha opinião, mais do que a febre e o vírus da oposição de ser contra tudo o que é do Governo e do PSD! Ao contrário do que é dito pela oposição, quem tem a febre de votar contra é a mesma oposição, mesmo quando é no sentido de proteção ambiental.

E por isso, Sras. e Srs. Deputados, eu peço mais uma vez permissão ao meu colega Agostinho Gouveia, pela minha intervenção, a dizer: estranho muito confundir-se esta matéria quando não se quer discutir aquilo que está mesmo em apreço, e mais, estranho mais, haver partidos da oposição que querem combater o flagelo do álcool mas agora estão aqui preocupados em defender o consumo de álcool.

Muito obrigado. Aparte inaudível do Sr. Victor Freitas (PS). Não, não, é mentira, não?! Burburinho nas bancadas da oposição. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Roberto Vieira, dispõe de 20 segundos. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- 20 segundos chegam para falar daquilo que o Sr. Deputado Jaime acabou de

dizer. Isto não é uma taxa! Isto é um roubo à população. O pessoal, os deputados, nós e vós, estamos preocupados

realmente com o consumo de álcool, estamos preocupados! Mas V. Exas., a grande preocupação de V. Exas. não é o álcool, são os cifrões, é o dinheiro, são os 3 milhões que vão buscar aos empresários e ao povo madeirense que vai ao supermercado e vai pagar uma nova taxa, quando já paga às câmaras municipais…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, já ultrapassou o tempo.

O ORADOR:- …a taxa de reciclagem, a taxa de Ecoponto, todas as taxas e mais algumas taxas!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Burburinho. Bem, Srs. Deputados, esgotada que foi a discussão na generalidade do diploma, vou colocar à votação na

generalidade o diploma que esteve em discussão.

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Submetido à votação, foi aprovado com 24 votos a favor sendo 23 do PSD e 1 do PAN, 1 abstenção do PCP e 20 votos contra, sendo 9 do CDS/PP, 6 do PS, 3 do PTP, 1 do PND e 1 do MPT.

Srs. Deputados, passamos à discussão na especialidade. Há duas propostas de alteração da autoria do Sr.

Deputado do PCP: uma proposta de eliminação reportada ao artigo 10.º e uma proposta de alteração, presumo que é de emenda, ao artigo 3.º. regimentalmente, a proposta de eliminação é a primeira a ser discutida.

Consta do seguinte: Proposta de Eliminação

Diploma a que se refere: “Cria e aprova o regime jurídico da taxa pela utilização de embalagens (…)” Artigo 10.º (Alargamento da incidência) Eliminação. 18 de Abril de 2012 O Deputado do PCP, Ass.: Edgar Silva.- Está em discussão a proposta de eliminação do artigo 10.º, da autoria do Sr. Deputado do PCP. O Sr. Deputado deseja intervir? Faz favor, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o artigo 10.º prevê que os Membros do Governo responsáveis pela área do ambiente e a área das finanças podem, através de portaria, excecionar, ou seja, podem alargar o âmbito desta taxa a um conjunto de outras embalagens não reutilizáveis.

O que nós propomos é que isto não seja uma exceção mas que todas as outras embalagens não reutilizáveis devem ser objeto de taxa, de ecotaxa, e não de circunscrever apenas e só ao álcool.

Aparte inaudível do Sr. Agostinho Gouveia (PSD). Mas é isso que nós estamos a propor! Tal como propôs o PSD nos Açores. E o que nós propomos é que todos os produtos não reutilizáveis sejam

taxados. E se o PSD está de acordo, a proposta vai ser aprovada. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Muito obrigado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ora bem, o diploma tem no ponto 10 uma abrangência que poderá ir, a seu tempo, para outro tipo de embalagens como verificamos também aqui dentro por outros partidos, que deveria ser mais alargado.

Tomamos em consideração que devido às dificuldades que existem neste momento, se esta alteração proposta pelo PCP, que diz “os operadores económicos estão obrigados ao pagamento de uma taxa, designada Ecotaxa, pelas embalagens não reutilizáveis que se destinem ao consumo na Região Autónoma da Madeira”. Todas as embalagens, desde a água, os sumos, tudo o que são embalagens teriam uma taxa! Ora, isto é um disparate total!

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Nos Açores propuseram exatamente isso!

O ORADOR:- Oh! Sr. Deputado!

Por um lado, vem-se dizer: ah! é muito dinheiro. Ah! neste momento de crise aplicar esta taxa vem encarecer e vem ao bolso dos madeirenses, não se devia ter esta taxa.

Quando nós restringimos apenas às bebidas alcoólicas, o Sr. Deputado quer que neste momento se estenda, o PCP queria que tudo o que são embalagens pagasse uma taxa, o que seria, aí então, um exagero porque tudo o que são embalagens não reutilizáveis, neste momento, até não existe alternativa…

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Aí o ambiente não conta!

O ORADOR:- …até não existe neste momento alternativa, enquanto que o álcool tem. Neste caso estamos a

penalizar aquelas bebidas alcoólicas que, tendo alternativa para ser utilizado em garrafas retornáveis e não sendo, vêm prejudicar o ambiente, aí sim, ter uma taxa para ser o consumidor que utiliza esse tipo de embalagens, pagar os custos com o ambiente, ou seja, na perspetiva do utilizador pagador. Aqui o PCP com esta proposta quer que toda a gente, com tudo o que são embalagens que existe no mercado hoje passem a pagar uma taxa, e aí nós obviamente não podermos estar de acordo.

Por isso, não vamos aceitar. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Coelho. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- Obrigado, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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Esta proposta de emenda do PCP, na minha opinião, tinha que ser aperfeiçoada, porque aqui não está bem claro, fala aqui que os operadores económicos estão obrigados ao pagamento de uma taxa, mas isto aqui devia ser mais especificamente claro no seguinte: as garrafas não reutilizáveis recolhidas tinham que ser contabilizadas e tinha que ser visto a que empresa é que pertenciam e então a empresa paga uma ecotaxa pela recolha das garrafas que se fizesse no lixo. Porque o que se vai verificar é que esta proposta do PCP, apesar de aparentemente estar bem feita é enferma dum pequeno defeito: é que as empresas vão fazer recair sobre o consumidor essa sobretaxa, essa ecotaxa que for implementada.

Depois, na proposta do Governo, tem aqui no ponto 10 uma ideia perversa, que é o seguinte: os Secretários Regionais com competência nas finanças e no ambiente podem alargar a incidência da ecotaxa sobre as embalagens não reutilizáveis. Por exemplo, é que existem embalagens nos produtos de primeira necessidade que não são reutilizáveis. Há garrafas de leite, há portanto embalagens de vinho, o vinho vem naquelas caixas, aquelas embalagens não são reutilizáveis, ora, dar o poder ao Governo de colocar uma ecotaxa sobre outras embalagens não reutilizáveis naturalmente que isso é perverso, que a taxa vai incidir sobre as caixas do vinho…

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- O vinho está de fora!

Burburinho. O ORADOR:- Mas diz aqui que são embalagens não reutilizáveis!

Burburinho geral.

Pronto. Agora, a tomar em consideração esta proposta do PCP para substituir o artigo 10.º… Burburinho geral.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, terminou o seu tempo. 2 minutos e meio.

Muito obrigado. Sr. Deputado Carlos Pereira, faz favor, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, naturalmente que o Sr. Deputado

Agostinho Gouveia sabe perfeitamente que isto não é taxa nem para proteger o ambiente, nem é uma taxa para combater o consumo do álcool. Naturalmente! Todos nós sabemos isto e isto é uma conversa que é absolutamente desnecessária.

Nós sabemos é que a Madeira tem um problema. Tem um problema financeiro significativo, um problema financeiro muito complicado e o Governo do PSD está absolutamente desesperado na procura de receitas extraordinárias e faz tudo o que é preciso para encontrar essas mesmas receitas, desde duplicar taxas, como é o caso desta. Nós temos uma taxa Ponto Verde, bastaria reforçar essa taxa Ponto Verde se o sistema é deficitário e garantir que o sistema fica sustentável. Mas não é isso que o PSD quer. O PSD precisa de 2 mil milhões de euros até 2015. Com esta taxa o PSD só precisa de encontrar 1.997 mil milhões de euros.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, começou aqui a procura dos 2 mil milhões de euros. Só tenho uma má notícia para si, Sr. Deputado! É que se esta for a forma de encontrar o dinheiro, não vai dar. Não vai dar, Sr. Deputado!

Burburinho.

Porque os madeirenses não têm 1.997 milhões de euros para entregar ao Governo do PSD, para acabar com as

loucuras que fizeram nos últimos anos. E portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, isto que estamos a discutir, não vale a pena discutir. Nós não concordamos que se corrija um erro com outro erro!

Isto que o PCP propõe de forma legítima no sentido de proteger o ambiente, que nós batemos palmas, não resolve nada! Não é isso que o PSD quer, não é isso que o Governo quer!

Nós não concordamos com o plano de ajustamento absolutamente tresloucado que o Governo do PSD assinou, o Sr. Presidente do Governo assinou com o Governo da República. É uma ofensa total aos madeirenses e algo absolutamente impossível.

O que é absolutamente inacreditável é que esta Assembleia tenha passado a manhã a discutir 2,5 milhões de euros quando nós precisamos de 1.997 milhões de euros. E Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não sei onde é que isso vai ser encontrado e o PSD ainda não nos deu uma única solução para essa matéria, mesmo depois do desafio do Sr. Ministro Vítor Gaspar, que disse que se precisamos de 2 mil milhões de euros comecemos a trabalhar. Mas não vai ser com propostas destas, nem com taxas destas, nem com mais impostos, porque o sistema de impostos na Madeira está num nível de exaustão de tal forma que nós não vamos poder ter hipótese de encontrar mais receitas com mais aumento de impostos.

Muito obrigado. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Lino Abreu.

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O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, nós não podemos aprovar a proposta aqui do PCP

porque isto, Sr. Deputado, a boa-fé que mostra na sua proposta de alteração, pois o que é facto é que seria mais um custo para o consumidor, para todos aqueles que utilizavam as embalagens não reutilizáveis.

Portanto, ia ao encontro do aumento da receita que esta bancada pretende e seríamos nós, mais uma vez, a suportar o pagamento e a aumentar as taxas e os impostos que nós todos já pagamos e já pagamos…

Aparte inaudível do Sr. Edgar Silva (PCP). Oh! Sr. Deputado, o que está em causa aqui… temos que ser bem claros, o que está em causa aqui todos nós e até

S. Exa. já paga hoje, por via da câmara, quando está a pagar a água e está indexado à água, está mal, está mal, está indexado ao consumo da água, já paga o tratamento que é a recolha das embalagens de vidro. E hoje, os Srs. Deputados sabem, hoje todas as câmaras e já há empresas que até têm receita no tratamento do vidro que é recolhido aqui no concelho do Funchal. E o que está aqui em causa é tão só o contrasserviço que devia de ser prestado ao consumidor pelo pagamento desta taxa. E aqui não está demonstrada essa contraprestação, que devia o Governo fazer, aquando do pagamento desta taxa.

E não é aceitável que este Governo por trás da componente do ambiente, escondido na capa da componente do ambiente, que sejamos nós a pagar uma taxa que apenas e tão só vai ser um aumento de receita para o Governo Regional, e quanto ao benefício dos consumidores vai ser zero, Sr. Deputado, e isso não vamos votar!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, uma última intervenção porque eu acho que isto já foi longe demais, já se fez… Burburinho. …já se criou… Burburinho. …já se criou demagogia a mais à volta deste diploma. Um diploma que cria uma taxa apenas sobre as embalagens

contendo bebidas alcoólicas que não sejam reutilizáveis, isto numa perspetiva de cuidar do ambiente, numa perspetiva do utilizador pagador, quem continuar a consumir através dessas embalagens, que não reutilizáveis, pagar uma taxa para cuidar do ambiente e o que o PCP aqui nos traz na especialidade é a pura demagogia, que é estender esta taxa a todas as embalagens não reutilizáveis, ou seja, embalagens contendo leite, embalagens contendo sumo, embalagens contendo água. O PCP traz-nos aqui uma proposta demagógica para no fundo desviar a atenção do essencial, sobre a qual nós não podemos estar de acordo e por isso não vamos aprovar esta proposta que aqui tem.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Roberto Vieira, faz favor. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido da Terra só não vai votar

favoravelmente esta proposta porque aqui não estão contempladas as embalagens de leite, de iogurte, e uma vez mais é o povo que vai sofrer, é o povo que vai pagar no supermercado.

Mas esta proposta serviu para uma coisa muito engraçada: é para apanhar o mentiroso! Apanhamos aqui um mentiroso, isto até foi uma armadilha aqui do Deputado Edgar, que eu não acredito que ele queira que aumente o leite, os iogurtes, a água! Foi a forma de apanhar o grande mentiroso, que é o PSD!

Burburinho. Provar que o PSD não está preocupado com o ambiente! Foi a forma de apanhar o PSD, que o PSD está apenas

preocupado para recuperar 3 milhões, indo ao bolso de alguns madeirenses, pois nem todos consomem álcool, é a forma de ir buscar 3 milhões, de ir roubar 3 milhões, mas a verdade, e só não voto favoravelmente esta proposta em relação aos bens de primeira necessidade, mas isto serviu para apanhar o mentiroso. Mais depressa apanhamos um mentiroso do que um coxo! E hoje teve-se provas.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Rui Almeida. O SR. RUI ALMEIDA (PAN):- Obrigado, Sr. Presidente.

Tal como está esta proposta de alteração, isto a passar seria um feito único e com certeza de âmbito mundial. Mas eu então fico até algo entusiasmado com esta ideia, mas como é que isto na verdade se ir operacionalizar?

Porque vejo aqui dois problemas grandes: um, como já foi referido, seria necessário um período de transição porque aqui no último artigo a entrada em vigor seria imediata e isto era um problema principalmente porque nós não temos muitos produtos com alternativa de embalagens reutilizáveis.

Portanto, o PAN exigiria que se alterasse de forma mais profunda este diploma. Nesse sentido, vai-se abster.

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Só para esclarecer aqui a questão colocada pelo Sr. Deputado Roberto. A questão que o Sr. Deputado Roberto aqui colocou, de que apanhou um mentiroso, de que apanhou uma mentira… O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Ah! apanhou, apanhou!

O ORADOR:- Oh! Sr. Deputado!

Sr. Deputado, vamos lá ver o que é que se passa aqui. Nós estamos aqui a discutir um diploma com a maior das seriedades, um diploma que vem penalizar quem utiliza as

embalagens não reutilizáveis que contenham álcool. Ponto final. Não se ponha aqui com floreados, que o que está aqui em causa neste diploma é penalizar as embalagens não reutilizáveis que contenham bebidas alcoólicas: cerveja, aguardentes, whisky, vodca, esse tipo de bebidas, só essas bebidas

O que o Sr. Deputado, que agora estamos na especialidade, quis aqui com a sua habitual demagogia fazer, foi desvirtuar o diploma em si, trazendo uma proposta de especialidade dizendo que se a preocupação era o ambiente, então devíamos estar a penalizar todas as embalagens – é o que aqui está – e dessa forma nós não podemos compactuar com esta proposta porque estaríamos a penalizar desde os iogurtes, o leite, a água, os sumos, e isso era extremamente injusto, até porque muitos destes artigos que eu falei não têm alternativa, e aí estaríamos a prejudicar sim todos os consumidores. E nesta forma que nós temos inicialmente, vamos penalizar aqueles consumidores que consomem as bebidas alcoólicas e que tendo opção de utilizar as garrafas reutilizáveis, optam por utilizar as garrafas que não são reutilizáveis. Só esta situação.

Portanto, é uma consciência ambiental, é uma preocupação ambiental sim, mas não com a demagogia de penalizar tudo e todos, a torto e a direito, e sim indo na perspetiva do consumidor pagador.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Lino Abreu, dispõe de 2 minutos. A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Sr. Presidente…

O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, que fique bem claro que este projeto a ser

aprovado por essa bancada do PSD não vai demorar muito tempo a que isto vá ser alargado… O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Era uma interpelação à Mesa! Tem prioridade…

O ORADOR:- Ah! desculpe…

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- E depois é uma senhora…

O ORADOR:- Sr. Presidente…

Burburinho. …era uma interpelação à Mesa… A SRA RUBINA SEQUEIRA (PND):- Eu tinha-me inscrito para fazer um pedido de esclarecimento…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Eu tinha-me inscrito para fazer um pedido de esclarecimento ao Sr.

Deputado Agostinho Gouveia, inscrevi-me a tempo e passaram por cima de mim. O ORADOR:- Salvo seja!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sra. Deputada, estava inscrito o Sr. Deputado Lino Abreu e a seguir a

Sra. Deputada Rubina. A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- É um pedido de esclarecimento também?

O ORADOR:- Um pedido de esclarecimento.

A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Ah! pensei que era uma intervenção!

Burburinho. A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Peço imensa desculpa.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sra. Deputada, dá-me licença?

Vamos deixar o Sr. Deputado Lino Abreu acabar a sua…

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A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Com certeza.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- …e depois eu dou-lhe a palavra. Mas a Mesa não sabia que era para

um pedido de esclarecimento, Sra. Deputada! Pelo menos eu não me tinha apercebido disso, senão tinha-lhe dado a palavra em prioridade, que é a minha obrigação e é a obrigação da Mesa.

Mas então se a Sra. Deputada está de acordo e consente, o Sr. Deputado Lino Abreu acaba a sua intervenção e dou-lhe a palavra depois para um pedido de esclarecimento.

Sr. Deputado. O ORADOR:- Sr. Presidente, Srs. Deputados, a ser aprovado aqui este projeto, é preciso não esquecer que aqui no

artigo 10.º, que o PSD tenta passar esta rasteira despercebida, mas aqui no artigo 10.º, sejamos claros, diz o seguinte: através da portaria conjunta das Secretarias Regionais com competência em matéria de finanças e ambiente, poderá ser aprovado o alargamento da incidência desta ecotaxa a outras embalagens não reutilizáveis que contêm outros produtos que se destinam ao consumo na Região Autónoma da Madeira. Sejamos claros!

Burburinho.

Dentro de dois ou três meses, estamos aqui a aprovar, aliás, não será necessário vir aqui à Assembleia, só por

portaria este Governo prepara-se para estender a todas as embalagens não reutilizáveis e mais uma vez vai ser pago pelo consumidor. Esta é que é a questão! Esta é que é a verdade!

Hoje vamos aprovar apenas – diz a bancada do PSD – o álcool, mas prepara-se por portaria a estender a todas as embalagens. Isto é que é a verdade, isto é que está aqui no artigo 10.º, que passou despercebido e o Sr. Deputado não foi capaz…

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Não passou!

O ORADOR:- …de explicar aqui a esta bancada!

Vozes do CDS/PP:- Muito bem! Muito bem!

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Então voltamos atrás. Sra. Deputada Rubina para formular um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Agostinho Gouveia.

A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Sr. Deputado, teve aí o cuidado de responder a uma das minhas questões.

Atropelou todas as outras. Só que há uma que foi repetida constantemente pela oposição e que não mereceu resposta até agora: que destino é que terão as verbas dessas taxas? E por que é que não vão reverter para os municípios, nomeadamente o município do Funchal que suporta os custos com a recolha e com o encaminhamento dos resíduos?

O SR. TEÓFILO CUNHA (CDS/PP):- Já pagamos! E que já pagamos!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Sr. Presidente, peço desculpa, Sra. Deputada.

Efetivamente eu tinha aqui este apontamento da questão que tinha colocado. Aliás, não me colocou essas questões. A Sra. Deputada na sua intervenção falou dessas questões… A SRA. RUBINA SEQUEIRA (PND):- Ainda bem que está gravado!

O ORADOR:- Desculpe, não me colocou nenhuma questão. Eu é que tive o cuidado de, depois, fazer uma

intervenção dizendo que ia responder a dúvidas apresentadas. A Sra. Deputada fez uma intervenção, onde colocou várias dúvidas, não me colocou questões. Estamos

entendidos? Eu é que tive o cuidado de dizer. Relativamente às receitas, ora, Sra. Deputada, como sabe, não é possível consignar receitas. Eu não posso dizer

esta receita sai daqui, vai para aqui. Não posso dizer: a receita do imposto do tabaco, por exemplo, vai para aquilo, a receita do álcool vai para aquilo. São receitas que fazem parte da Região porque é a Região que por sua vez vai tratar esses mesmos resíduos, ao contrário do que acontece no Continente, porque já nos Açores são rigorosamente os mesmos valores, a entidade que cobra o imposto fica com 1% desses valores, o restante é receita da Região. Exatamente o que acontece na Região Autónoma dos Açores! Nós temos rigorosamente igual, cópia, rigorosamente igual na Região Autónoma da Madeira, porque é a Região quem vai tratar desses mesmos resíduos. Logo, é a Região que fica proprietária dessas mesmas verbas.

Burburinho geral.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Carlos Pereira, dispõe de 2 minutos.

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O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu queria voltar outra vez ao mesmo tema,

para… eu não sei se o Sr. Deputado Agostinho Gouveia leu o plano de ajustamento económico e financeiro, porque o Sr. Deputado Agostinho Gouveia tem vindo a desenvolver uma tese e uma argumentação dos méritos desta proposta no impacto ambiental e dos méritos desta proposta na gestão de resíduos sólidos.

Burburinho. Sr. Deputado Agostinho Gouveia e Sr. Deputado Lino Abreu, no ponto 38 do plano de ajustamento económico e

financeiro, e eu vou ler exatamente na íntegra, diz assim: O Governo Regional compromete-se a apresentar na Assembleia Legislativa da Madeira uma proposta de decreto legislativo regional para implementação de uma taxa sobre as embalagens não reutilizáveis, que se destinam ao consumo na Região. Ou seja, nada disto tem a ver com o ambiente! Nada disto tem a ver com o que V. Exa. passou a manhã a falar, zero! Isto só tem a ver com aquilo que lhe disse, tem a ver com o plano de ajustamento económico e financeiro. E se algum Secretário devia de estar aqui não é o Secretário do Ambiente, é o Secretário das Finanças, que nunca está, claro, estamos a acabar o debate e ele ainda não chegou! Deve vir a caminho para explicar o que é que isto é.

Portanto, isto está no plano. Mas não está só isto, está muito mais coisas. Aliás, o que eu estranho, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que é verdadeiramente estranho é que neste plano de ajustamento económico e financeiro assinado pelo Dr. Alberto João Jardim (está aqui a assinatura dele), tem esta matéria em prioridade e até tem a data em que vão fazer isto. A data é primeiro trimestre de 2012.

Mas 30 pontos à frente, neste plano… Burburinho. Oh! Sr. Presidente, eu gostaria de poder falar, isto está aqui uma balbúrdia… Burburinho na bancada social-democrata. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, significa que 30 pontos à frente deste plano de ajustamento económico e

financeiro, e mais cinco páginas à frente, há uma coisa que se chama parcerias público-privadas; ora bem, o Sr. Deputado levantou-se e disse de forma muito perentória que isto vai dar 2,5 milhões de euros. Isto vai ser uma coisa fantástica, 2,5 milhões de euros, a gente precisa de 2 mil milhões, 2,5 milhões de euros. As parcerias público privadas levam do Orçamento Regional 10% das receitas totais, que são 120 milhões de euros. A troika, na segunda avaliação do memorando em Portugal, disse no texto que escreveu sobre a Madeira que havia dúvidas sobre a legalidade das propostas e que havia de certeza um excesso de rentabilidade das parcerias e que as parcerias foram muito inovadoras porque não incluíram a construção das estradas e portanto tinham de ser revistas. Isto significa que esta matéria tinha que estar na ordem do dia e em prioridade, mas este plano de ajustamento económico e financeiro discutido pelo Governo do PSD e discutido por Alberto João Jardim coloca isso nas calendas gregas, não interessa, isso não é relevante! Mas isto vale 120 milhões do Orçamento Regional! Se há algum dinheiro que nós precisamos e se estamos a ser penalizados desta forma extrema, do ponto de vista de carga fiscal, essa tem de ser…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, terminou o seu tempo.

O ORADOR:- …uma matéria urgente. Aliás, eu termino já, Sr. Presidente, só para dizer o seguinte: o aumento de

carga fiscal nos madeirenses são 126 milhões de euros, o que pagamos pelas parcerias por ano são 120 milhões de euros. Como vê, prescindíamos do aumento de carga fiscal se negociássemos isto que ainda por cima a troika e a Inspeção Geral de Finanças disse que devia de ser investigado.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Srs. Deputados, vou colocar agora à votação a proposta de eliminação da autoria do PCP, que esteve em discussão.

Submetida à votação, foi rejeitada com 33 votos contra, sendo 23 do PSD, 9 do CDS/PP e 1 do MPT, 5 votos a favor

sendo 3 do PTP, 1 do PCP e 1 do PND e 7 abstenções, sendo 6 do PS e 1 do PAN. Sr. Deputado Edgar Silva, para um requerimento oral, faz favor. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Ao abrigo do Regimento, era um requerimento oral que tinha por objetivo requerer a

descida deste documento, por cinco dias, à comissão especializada para que se considerem mecanismos de exceção a todos os produtos não reutilizáveis, mas que não façam parte do cabaz de bens essenciais.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Portanto, há um requerimento oral do Sr. Deputado do PCP propondo

que o diploma baixe à comissão por cinco dias. Está à votação, Srs. Deputados. Submetido à votação, foi rejeitado com 23 votos contra do PSD e 22 votos a favor, sendo 9 do CDS/PP, 6 do PS, 3

do PTP, 1 do PCP, 1 do PND, e 1 do PAN e 1 do MPT.

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Segunda proposta de alteração, uma proposta de emenda, da autoria do Sr. Deputado do PCP, ao artigo 3.º do diploma.

Consta do seguinte: Proposta de Emenda

Diploma a que se refere: “Cria e aprova o regime jurídico da taxa pela utilização de embalagens (…)” Artigo 3.º (Âmbito) 1 – Os operadores económicos estão obrigados ao pagamento de uma taxa, designada ECOTAXA, pelas

embalagens não reutilizáveis que se destinam ao consumo na Região Autónoma da Madeira. 18 de Abril de 2012 O Deputado do PCP, Ass.: Edgar Silva.- Está em discussão a proposta. Sr. Deputado Edgar Silva, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de facto, não há nada mais clarificador do que esta votação que acabou de acontecer.

Ou seja, diz o PSD que o objetivo é defender o ambiente. Então nós propomos: generalize-se a tudo o que são embalagens não reutilizáveis para que o princípio da defesa do ambiente seja garantido e a par disso uma maior receita para a Região. Vêm algumas vozes: alto, cuidado! Cuidado porque nós queremos defender o ambiente mas há bens essenciais para a população! O iogurte, o leite e as crianças, alto! E nós propomos então que desça cinco dias à comissão para que se encontre um mecanismo em que o princípio de defesa do ambiente seja garantido, mas que não se penalize o conjunto dos bens que devem estar num cabaz de bens essenciais para a população. E eles votam contra!

Então Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, então querem defender o ambiente? Obviamente que o objetivo não é a defesa do ambiente.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- E claramente aqui fica apanhado o mentiroso!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Agostinho Gouveia.

O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, efetivamente quando o Sr. Deputado Carlos Pereira fez a intervenção parecendo que tinha descoberto alguma coisa escondida ali pelo meio, claro que nada está encoberto! Porque no plano de ajustamento financeiro, que é público, no seu ponto n.º 38 o Governo Regional compromete-se até ao final do primeiro trimestre a apresentar esta Assembleia uma taxa sobre as embalagens não reutilizáveis que destinem ao consumo na Madeira.

Portanto, isto é um documento público que foi negociado entre a Região e a República, o próprio CDS também sabe dessa situação, o PS sabe disso, as próprias imposições feitas pela troika assim o exigem; o documento é público, é um compromisso da Região…

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Ah! já não é ecotaxa?!

O ORADOR:- Portanto, não vejo qual é a grande dúvida, porque isto é um documento público, está lá no seu ponto

38. Portanto, não descobriu nada do outro mundo! É público e estamos a cumprir com aquilo que nos comprometemos. O SR. TEÓFILO CUNHA (CDS/PP):- Fora de prazo, já!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Carlos Pereira, faz favor, tem a palavra.

O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vá lá que ao fim de duas horas o Sr.

Deputado Agostinho resolveu abrir o livro e dizer exatamente aquilo que está em cima da mesa. Burburinho. Na verdade, isto é uma matéria financeira que tem a ver com o descalabro da Região, com o défice financeiro. Sabe

quanto é que foi o défice financeiro, de acordo com o procedimento de défices excessivos, da Região Autónoma da Madeira? 23%, 1.125 milhões de euros. Sabe o que é que isso significa? Significa que vamos continuar a ter que ser penalizados desta forma extrema por um governo completamente imponderado, insensato e absolutamente insensível face àquilo que se passa na Madeira. E isto é que é verdadeiramente grave.

Portanto, esta conversa de que estamos perante uma taxa ambiental, isto não interessa nada! O que estamos aqui é perante o cumprimento dum plano que nós dissemos em boa hora que era absolutamente inqualificável para a Madeira

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e insuportável para a economia regional e que os senhores tentam agora passar sob a capa dos mais variados argumentos, sejam ambientais, sejam outros quaisquer. E portanto esta é a questão de fundo.

E mais! Estão aqui demasiadas medidas, algumas que devo dizer em abono da verdade que nós concordamos e que deviam de estar já implementadas. Estou-me a lembrar por exemplo das medidas no quadro da fiscalização do Governo, que estão aqui exigidas e que não estão a ser implementadas pelo Governo do PSD. Mas do ponto de vista prático, o que está aqui em causa é de facto o esforço do Governo Regional em cumprir isto, mas um esforço que é pedido em demasia aos madeirenses e que os madeirenses não têm obviamente condições para suportar.

Quero só lembrar que nós só em termos de impostos, o que está aqui neste ajustamento orçamental é de 126.818 milhões de euros de impostos este ano, e mais 89.900 milhões de euros para o ano em acréscimo a este ano outra vez. Ou seja, um aumento outra vez de impostos! Isto é, como o Sr. Deputado, absolutamente insuportável e absolutamente impossível de poder ser concretizado.

E portanto nós estamos de facto perante um problema. Mas estamos perante um outro problema, que é um problema que eu já referi quando fiz a primeira intervenção sobre esta matéria e que quero voltar a dizer, que estamos a acabar o debate sobre esta matéria: é a ausência do Governo Regional outra vez na Assembleia. E esta ausência não pode ser escamoteada. Nós temos que voltar a dizer que o Governo Regional tem de vir a esta Assembleia. A Assembleia é o local para discutir as propostas do Governo e os deputados têm o dever e têm o direito de fiscalizar esse Governo e de discutir as propostas do Governo.

E esta ausência sistemática do Governo nesta Casa, nesta Assembleia deteriora a nossa democracia e põe em causa a autonomia da Região Autónoma da Madeira. Nós não vamos poder deixar este ponto de lado, nós vamos insistir, porque o PSD quer continuar as coisas como estão e nós continuamos a insistir que não podemos tolerar esta matéria.

E aliás, este plano de ajustamento económico e financeiro é também um erro nessa matéria. Este plano secundariza o papel desta Assembleia e transfere todos os atos de fiscalização para a Inspeção Geral de Finanças. Aliás, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se olharmos para aquilo que são as medidas desta Assembleia, existe um conjunto de reports que são obrigatoriamente enviados para a Inspeção Geral de Finanças e que não vêm à Assembleia

Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Ou seja, o povo da Madeira não sabe o que se passa do ponto de vista financeiro, a Inspeção Geral de Finanças sabe o que é que se passa em primeiro lugar e discute em primeiro lugar e negoceia com o Governo sem passar por esta Assembleia. Isto é absolutamente intolerável em democracia e o que se está a passar é absolutamente inqualificável do nosso ponto de vista.

O grupo parlamentar do Partido Socialista não vai deixar este ponto cair. Nós vamos insistir que estas questões de fiscalização, nós vamos insistir que estas questões de acompanhamento deste plano de ajustamento económico e financeiro venham à Assembleia, sejam debatidas na Assembleia, porque o povo da Madeira tem que saber o que é que se passa e não podem andar as matérias de interesse do povo da Madeira a ser discutidas pela Inspeção Geral de Finanças e não pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira.

Muito obrigado. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Lino Abreu. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, passadas 2 horas de debate deste projeto ficou

aqui bem claro aos madeirenses, que começou o PSD com uma grande preocupação ecológica, com a reutilização das embalagens não reutilizáveis e afinal, meus senhores, lá em casa, para quem nos está a ouvir, a única preocupação deste PSD não foi reduzir a pegada ecológica, foi afinal aumentar e pisar a pegada junto do consumidor final.

O SR. RUI BARRETO (CDS/PP):- Muito bem!

O ORADOR:- Isso é que será uma verdade, essa pegada ecológica será a pegada a pisar no consumidor final que

vai ter que pagar, e preparem-se, preparem-se que a partir duma portaria que não vai demorar muito tempo, por via do artigo 10.º esta ecotaxa vai ser estendida a todas as embalagens. Vamos estar atentos que esta realidade vai acontecer dentro de pouco tempo.

Vozes do CDS/PP:- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Agostinho Gouveia. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente.

Mas eu não resisto a uma provocação demagógica! Quando eu vejo o CDS aqui: aqui d’ el rei que vem uma taxa que foi imposta, mas por quem? Afinal, os senhores

estão ou não estão no Governo da República? Vozes do PSD:- É verdade!

O ORADOR:- Afinal…

Protestos do CDS/PP.

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Afinal, os senhores têm ou não conhecimento… Protestos do CDS/PP. …os senhores têm ou não conhecimento deste acordo que foi imposto pela troika e pelo Governo da República?

Têm ou não têm conhecimento? E o PS, e o Partido Socialista que esteve na origem de todo este descalabro económico no País, agora parece uma

virgem que está aqui, que não teve nada a ver com isto, e lá vêm mais impostos. Mas o Sr. Carlos Pereira ainda diz mais outra: ah! tudo isto… o Sr. Deputado Carlos Pereira ainda vem com mais

outra: então tudo isto só para atingirmos 2,5 milhões de euros? Ora, oh! Sr. Deputado, oxalá não atingíssemos esse valor! Oxalá não atingíssemos esse valor. Isso quer dizer que este diploma tinha tido uma intervenção e uma prevenção na redução desses resíduos, dando origem a que se consumisse menos embalagens não reutilizáveis e se passasse a utilizar mais embalagens reutilizáveis. E se não atingirmos esse valor, e oxalá não se consiga atingir esse valor, quer dizer que o diploma, esta taxa cumpriu com o seu objetivo, cumpriu com o objetivo de fazer reduzir as embalagens não reutilizáveis e passarmos a utilizar mais embalagens reutilizáveis que é ótimo para o ambiente da Região Autónoma.

O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Isso é falta de argumentos para o projeto!

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Sr. Deputado Carlos Pereira, faz favor, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu só queria esclarecer ao Sr. Deputado

Agostinho Gouveia que hoje a gestão dos resíduos é feita pela sociedade Ponto Verde e a taxa Ponto Verde, como sabe, vai para a sociedade Ponto Verde que depois distribui ou paga às câmaras o trabalho que elas têm no sentido da recolha e da entrega dos resíduos.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado…

O ORADOR:- E termino já.

E portanto o que se passa aqui nesta taxa e nesta alteração é que se fizéssemos o aumento da taxa Ponto Verde, como o Sr. Deputado fala do sentido, da procura do objetivo ambiental, o dinheiro não ficava nos cofres da Região, e esse é que o drama! Portanto, esta taxa tem um único objetivo…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …que é ficar na Região, para cumprir o plano de ajustamento financeiro.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

Srs. Deputados, vou colocar à votação a proposta de emenda, da autoria do PCP, ao artigo 3.º. Submetida à votação, foi rejeitada com 33 votos contra, sendo 23 do PSD, 9 do CDS/PP e 1 do MPT, 4 votos a

favor, sendo 3 do PTP e 1 do PCP e 8 abstenções sendo 6 do PS, 1 do PND e 1 do PAN.

Srs. Deputados, vou colocar à votação, na especialidade, o diploma. Submetido à votação, foi aprovado com 24 votos a favor, sendo 23 do PSD e 1 do PAN e 21 votos contra, sendo 9

do CDS/PP, 6 do PS, 3 do PTP, 1 do PCP, 1 do PND e do MPT. Vamos proceder à votação final global do diploma e vamos proceder à votação dos requerimentos do Partido

Socialista e do Partido Comunista sobre a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito e do requerimento subscrito pelo Partido Socialista propondo a constituição também de uma comissão parlamentar de inquérito.

Nós agora vamos votar, em votação final global, o diploma. Votámos na generalidade, votámos na especialidade, votamos agora em votação final global.

Submetido à votação, foi aprovado com 24 votos a favor, sendo 23 do PSD e 1 do PAN e 21 votos contra, sendo 9

do CDS/PP, 6 do PS, 3 do PTP, 1 do PCP, 1 do PND e 1 do MPT. Srs. Deputados, vamos passar agora à votação do requerimento subscrito por deputados do Partido Socialista e do

Partido Comunista, propondo a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito “Sobre as irregularidades verificadas no sector das pescas na Região Autónoma da Madeira”.

Submetido à votação, foi rejeitado com 25 votos contra do PSD e 22 votos a favor, sendo 9 do CDS/PP, 6 do PS, 3

do PTP, 1 do PCP, 1 do PND, 1 do PAN e 1 do MPT.

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Vamos proceder à votação do requerimento subscrito pelo Partido Socialista, propondo a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito “Sobre os contratos relativos às parcerias público-privadas Via Litoral e Via Expresso”.

Submetido à votação, foi rejeitado com 25 votos contra do PSD e 22 votos a favor, sendo 9 do CDS/PP, 6 do PS, 3

do PTP, 1 do PCP, 1 do PND, 1 do PAN e 1 do MPT. Voltamos à II Parte da nossa ordem de trabalhos, ao ponto 2, que é a apreciação e votação do projeto de decreto

legislativo, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Realização de estudo sobre a pobreza”,

apresentado com processo de urgência. Consta do seguinte:

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira Funchal, 4 de abril de 2012 Exmo. Senhor A Representação Parlamentar do PCP na ALRAM, através do seu deputado único vem, ao abrigo das disposições

regimentais, requerer a V. Exa. processo de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo Regional, intitulado “Realização do Estudo sobre a Pobreza”, da autoria desta Representação Parlamentar, e que se anexa, com os seguintes requisitos:

a) Redução do prazo previsto no artigo 145.º; b) Dispensa do exame em Comissão (artigo n.º 235, alínea b)); c) Dispensa do envio à Comissão para redação final (artigo n.º 235, alínea d)). Com os melhores cumprimentos, P’ la Representação Parlamentar do PCP na ALRAM, Ass.: Edgar Silva.- Pergunto ao MPT se deseja intervir na deliberação da urgência? Faz favor, tem a palavra. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este projeto de urgência é urgentíssimo.

É um projeto de decreto legislativo que vem fazer um estudo sobre a pobreza que cresce todos os dias aqui na nossa Região. Cresce de forma dramática, cresce com o desemprego, cresce com a falta de alimentos nas mesas de alguns madeirenses. Cresce e confirma-se com a necessidade do Banco Alimentar vir agora também para a Madeira.

Esta pobreza é da responsabilidade do Governo da República, do PS, do PSD e do CDS, do anterior PS de Sócrates e da Região Autónoma da Madeira, pois nunca assumiu o número de pobres que havia e há aqui na Região.

Este estudo vinha clarificar os números. Os números que envergonham o PSD, os números que o PSD nunca assumiu no passado e que hoje, repito, o Banco Alimentar contra a Fome veio para a Madeira, e hoje com a bênção do PSD. Todos nós sabemos que este banco que vai abrir, só vai abrir porque tem a bênção do PSD. E aqui confirma-se aquilo que o PSD escondeu durante muitos anos: a pobreza, a miséria que advém do desemprego, que advém das falências, que advém da política que se fez e que se faz aqui na Região.

Nunca houve preocupação deste Governo Regional senão em fazer obras à pressa, de dia, de noite, pagando horas extra e esquecendo que o desemprego aí vinha, e com o desemprego, a pobreza.

Hoje, como já referi, a pobreza cresce a cada segundo, a cada minuto. Todos os dias há centenas de novos pobres. E hoje, mais uma vez, o PSD poderá chumbar esta proposta.

Hoje, mais do que nunca, o PSD tem que assumir, tem que votar esta proposta favoravelmente. Isto um pouco… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Deputado.

O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente.

…para tirarem a máscara daquilo que esconderam, daquilo que causaram. Esconderam e causaram! Daí o facto da urgência deste projeto pois há muita pobreza aí escondida por toda a ilha, a pobreza envergonhada. E se V. Exas. não votarem favoravelmente a isto é que são pobres de espírito, que é o outro género de pobreza que

se vive nesta terra e nesta Casa! O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

O PAN deseja intervir na deliberação da urgência? Não. O PND deseja intervir, Sra. Deputada? Não. O PCP deseja intervir? Faz favor, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje a Madeira constitui a única exceção no País quanto aos estudos sobre a pobreza e a exclusão social. Existem estudos desde a década de 80, os primeiros sobre a pobreza em Portugal, lançados por Alfredo Bruto da Costa, Manuela Silva e toda a sua equipa de trabalho. A partir daí, surgiram tantos outros estudos de caráter científico sobre a realidade da pobreza e da exclusão social no nosso País. Mas apenas e só a Região Autónoma da Madeira tem ficado arredada do âmbito da realização desses estudos. Vá lá uma pessoa saber porquê!

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De todos os estudos, inclusivamente aquele recentemente agora solicitado a uma equipa de peritos sobre a pobreza, com financiamentos europeus, esse estudo incluirá a Região Autónoma dos Açores, incluirá todo o Continente Português mas, uma vez mais, a Região Autónoma da Madeira ficou de fora.

Nós dizemos que a Madeira precisa de conhecer melhor a sua realidade social para poder agir bem, para poder agir melhor sobre as causas geradoras da pobreza e da exclusão social. Não é compreensível que a Região Autónoma da Madeira, a par de outros exclusivos, passe a ter este exclusivo, único no País, de ser a única região que para acesso a financiamentos é gananciosa, mesmo quando se tratam de financiamentos para combater a pobreza não aceita a Região persistentemente conhecer, analisar, identificar as causas, conhecer a extensão e a profundidade do problema num estudo que tem que ter uma componente incontornavelmente científica, não é aceitável que a Região aceite apenas ir buscar financiamentos, quer ao Orçamento de Estado, ao Orçamento da Segurança Social, aos financiamentos europeus quando se trate de encarar problemas sociais, mas seja a Região Autónoma da Madeira a única no País em teimar não identificar causas, a única no País a não aceitar realizar um estudo de rigor científico, com…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …credibilidade, sobre o problema da pobreza.

Ninguém acredita que os indicadores apresentados pelo Governo sejam de 4% em relação à pobreza, como aqui disse neste Parlamento o Governo, quando a média europeia é de 11%,…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …ninguém acredita que a Madeira tenha uma taxa de pobreza de 4%, inferior à Suécia, à Dinamarca

e à Finlândia. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

O PTP deseja intervir na deliberação da urgência? Tem a palavra, Sr. Deputado Coelho. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- Obrigado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou aproveitar estes 2 minutos, em primeiro lugar para saudar aqui a presença, como já foi referido, de S. Exa. o Sr. Doutor, Prof. Doutor Jorge Bacelar de Gouveia, Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa. O Sr. Professor representa aqui a universidade mais categorizada do nosso País e é uma grande honra estar aqui connosco, nós agradecemos a sua visita.

Quanto ao problema da pobreza, esperava que esta Casa não se recusasse a aprovar esta urgência, porque quando se fala em pobres infelizmente o PSD foge deste tema como o diabo da cruz!

Eu aproveitava para citar aqui, nestes 2 minutos, casos de pobreza que se vão avolumando na nossa terra. Ainda ontem recebi a queixa dos trabalhadores da empresa Electro Lugares, na Tabua; essa empresa faz trabalhos

de subempreitada à SIRAM, do Sr. Sílvio Sousa; os trabalhadores não recebem já há 3 meses o seu salário e não receberam o 13.º mês de 2011; os trabalhadores há 3 meses que não recebem salário, o patrão dessa empresa é um tal Sr. Nélio Pestana de Gouveia, que concorreu aos fundos europeus do IDE, dirigido pelo Sr. Jorge Faria, e recebeu 300 mil euros para a sua média empresa. Segundo dizem os trabalhadores, o senhor comprou um Audi, portanto um carro de alta cilindrada, um carro de luxo e fez uma casa com piscina com esse dinheiro, e os trabalhadores estão a ver os seus salários pela água abaixo.

Nós, portanto, somos a voz daqueles que não têm voz e aproveitamos estes 2 minutos para falar exatamente neste caso.

E também as trabalhadoras dos Hiper Sá de São Martinho e… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …daqui do Funchal queixam-se que estão a ser pagas em senhas. E elas então o que fazem? Muitas

vezes têm que pedir aos clientes que vão pagar as compras para lhes dar o dinheiro, porque precisam do dinheiro, em troca da senha, para poderem pagar a luz, a água e enfim, a eletricidade. Ora, isto é escandaloso…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, faz favor de concluir.

O ORADOR:- …e isto acontece aqui na Região Autónoma.

E eu portanto estou aqui a denunciar isso a pedido dos trabalhadores do Grupo Sá, porque isso é uma injustiça clamorosa.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado.

O Grupo Parlamentar do PS deseja intervir na deliberação da urgência? Faz favor, Sra. Deputada Carina. A SRA. CARINA FERRO (PS):- Muito obrigada, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, há 3 pontos essenciais a ter em conta quando se debate o estudo sobre a pobreza. 1.º: se queremos realmente agir de forma eficaz para combater e reduzir as situações de pobreza, V. Exas. têm que reconhecer que há pobreza na Madeira, porque o vosso Governo tem feito um exímio trabalho a tentar encobrir os verdadeiros números da pobreza na Região.

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Ponto n.º 2: não esquecer que não se combate o que se esconde e não se altera uma realidade que se finge não conhecer.

Ponto n.º 3: e para aqueles que vão insistir certamente ao longo deste debate que não existe pobreza na Madeira, dizer-vos que basta utilizar um indicador muito simples que já foi utilizado aquilo pelo Sr. Deputado Roberto Vieira, que é o número de desempregados na Região. Quando aumenta o número de desempregados na Região, aumenta necessariamente a taxa de pobreza na Região.

E as situações de pobreza na Região estão a aumentar de forma galopante, a cada dia que passa e isso não é possível ser negado, nem aqui, nem lá fora.

E é por isso, e considerando todos os pontos que eu aqui mencionei, que é urgente sim senhor, é urgente que se faça um estudo sobre a pobreza na Região, para que possamos averiguar a verdadeira magnitude do problema. E depois disso, é preciso afetar os recursos ao combate ao problema, para conseguirmos combater este problema e essencialmente adiar aqueles investimentos públicos que não fazem sentido nenhum em prol dos mais desfavorecidos.

E a verdade, Sras. e Srs. Deputados, para terminar, é que nós estamos, e V. Exas. ainda mais, estão muito longe de fazer o que é possível fazer. E existem, e este Governo tem e terá no futuro os recursos suficientes e, mais do que isso, a obrigação…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sra. Deputada.

A ORADORA:- Termino já.

…tem a obrigação de fazer muito mais e ir muito além daquilo que está a ser feito. Muito obrigada. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada.

O CDS/PP deseja intervir? Sr. Deputado. O SR. MÁRIO PEREIRA (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, não vamos hoje aqui discutir em detalhe de

facto a proposta aqui apresentada. Cingimo-nos unicamente à questão da urgência do debate. Do ponto de vista conceptual sabemos que existem dois tipos de pobreza: uma pobreza na qual os pobres já são

pobres há muito tempo, que é uma pobreza estrutural e que possamos admitir que está relativamente controlada e estabilizada na Madeira. Mas existe um segundo tipo de pobreza, uma pobreza recente, uma pobreza diferente, uma pobreza cada vez mais numerosa e que é uma pobreza diferente porque é oriunda da classe média e da classe média baixa. É uma pobreza relativamente nova na sociedade. É uma pobreza envergonha, é muitas vezes uma pobreza de cidadãos instruídos, cidadãos com experiência profissional, mas cujo desemprego condiciona a uma situação de exclusão económica e por vezes a uma situação de exclusão social.

Esta nova pobreza da Madeira é filha do desemprego e do declínio económico da Região. Esta nova pobreza aumenta à medida que decresce a atividade económica e esta pobreza aumenta na Região à

medida que cresce a dívida da Região. É uma pobreza envergonhada. Mas esta pobreza tem também um efeito extramente negativo, porque é uma pobreza que afeta essencialmente os jovens, muitos deles com níveis de instrução que são condicionados, mais tarde ou mais cedo,…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já termino.

…ao fenómeno da emigração. A Região está a preparar-se, se não conseguir inverter o rumo económico, a exportar pobreza e a perder a mais-

valia dos seus jovens. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

O PSD deseja intervir na deliberação de urgência? Sra. Deputada Vânia Jesus, faz favor. A SRA. VÂNIA JESUS (PSD):- Obrigada, Sr. Presidente.

Sras. e Srs. Deputados, relativamente a esta iniciativa do PCP o PSD não votará favoravelmente… Vozes da oposição:- Ooooooooh!

A ORADORA:- …desta proposta porque, como todos nós sabemos, é uma proposta repetitiva nesta Casa e o trazer

uma vez mais a debate não tira a pertinência da temática, porque é preocupação também desta bancada do Partido Social Democrata, mas demonstra bem que estamos perante uma oposição que não quer, ou melhor, que lhes dá jeito não olhar para as coisas tal como elas são.

E a verdade, os Srs. Deputados sabem, e acho caricato muitas vezes dizerem e fazerem o reparo que o Governo não vem a esta Casa, mas ainda recentemente tivemos uma audição com a diretora da Segurança Social na Madeira, a Dra. Bernardete Vieira, que disse, manifestou e deixou a garantia de que existe o retrato fiel e real da situação social na Região e que não há necessidade de elaborar um estudo, qualquer estudo, visto essa avaliação, esse diagnóstico ser feito, porque há os dados, Sr. Deputado Edgar Silva.

Existem dados, existem indicadores de medição que permitem até através não apenas da Segurança Social, mas também duma política de proximidade que permite aferir esses dados e informação e essa recolha por concelho, por freguesia, mediante não só o número de beneficiários dos pensionistas, daqueles que recebem o rendimento social de

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inserção, daqueles que utilizam os equipamentos sociais, entre tantos outros que não vou agora aqui enumerar, porque o Sr. Deputado conhece mas dá-lhe jeito não o dizer, nem o reconhecer, porque na verdade existem estes dados por parte do Governo Regional.

E dizer também ao Sr. Deputado… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sra. Deputada.

A ORADORA:- Já termino, Sr. Presidente.

…que não é pelo facto de não ter sido integrado num estudo nacional que o Governo Regional deixou de olhar para esta problemática da pobreza, que ao Governo Regional tem merecido atenção e ao contrário do que esta oposição afirma, não o oculta, e porque estamos a falar num nível social e humano, e esta oposição só se preocupa com números, e estamos a falar de pessoas e de uma situação…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada.

A ORADORA:- …social que não tem a patente registada do PCP, nem da oposição nesta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada.

Vou colocar à votação a deliberação da urgência. Submetida à votação, foi rejeitada com 25 votos contra do PSD e 21 votos a favor, sendo 9 do CDS/PP, 5 do PS, 3

do PTP, 1 do PCP, 1 do PND, 1 do PAN e 1 do MPT. Muito boa tarde, Srs. Deputados. Estão encerrados os nossos trabalhos. Eram 13 horas.

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