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BRASILEIRO REFORMA DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Contribuições do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) ao Projeto de Lei 8.045/2010 MAIO DE 2017

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BRASILEIRO

REFORMADO CÓDIGO DEPROCESSO PENAL

Contribuições do Instituto

Brasileiro de Ciências Criminais

(IBCCRIM) ao Projeto de Lei

8.045/2010

MAIO DE 2017

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3

EXPEDIENTEINSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS CRIMINAIS

GESTÃO 2015-2016

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Andre Pires de Andrade Kehdi1º Vice-Presidente: Alberto Silva Franco

2º Vice-Presidente: Cristiano Avila Maronna1º Secretário: Fábio Tofic Simantob2ª Secretária: Eleonora Rangel Nacif

1ª Tesoureira: Fernanda Regina Vilares2ª Tesoureira: Cecília de Souza SantosDiretoria Nacional das Coordenadorias

Regionais e Estaduais: Carlos Roberto Isa

OUVIDOR: Yuri Felix

CONSELHO CONSULTIVOPresidente: Carlos Vico Mañas

Membros:Ivan Martins Motta

Mariângela Gama de Magalhães GomesMarta Saad

Sérgio Mazina MartinsDEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PROJETOS LEGISLATIVOS: Renato Stanziola Vieira

GESTÃO 2017-2018

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Cristiano Avila Maronna

1°Vice-Presidente: Alexis Couto de Brito2°Vice-Presidente: Eleonora Rangel Nacif

1°Secretário: Renato Stanziola Vieira2°Secretário: Carlos Roberto Isa1°Tesoureiro: Edson Luis Baldan

2°Tesoureiro: Bruno ShimizuDiretor Nacional das Coordenadorias Regionais e Estaduais: André Adriano do Nascimento da Silva

Assessora Especial da Diretoria: Jacqueline Sinhoretto

OUVIDOR: Rogério Fernando Taffarello

CONSELHO CONSULTIVOAndre Pires de Andrade KehdiCarlos Alberto Pires Mendes

Helios Nogués MoyanoMariângela Gama de Magalhães Gomes

Sérgio Salomão Shecaira

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PROJETOS LEGISLATIVOS: Luís Guilherme Mendes de Paiva

COMISSÃO DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – Gestão 2015/2016 e 2017/2018

Coordenador: Renato VieiraAnderson Bezerra Lopes

Daniel Paulo Fontana Bragagnollo Daniel Zaclis

Danyelle GalvãoFernando Gardinali Caetano Dias

Vinícius Gomes Vasconcellos

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PROPOSTAS AO PROJETO DE CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – PL 8.045/2010

CPP

- APR

ESEN

TAÇÃ

O

De perto porque o IBCCrim foi convidado inúmeras vezes a se manifestar por escrito e também oralmente (em audiências públicas) sobre pontos levantados seja a partir das redações propostas pela Comissão de Ju-ristas, seja, nos meandros do processo legislativo, nas mais distintas comissões da época.

E como parte reconhecidamente legítima porque, sempre que chamado a se manifestar, o IBCCRim se manteve alheio ao possível espírito de corpo que poderia matizar esse ou aquele posicionamento, esquivando-se de fazer coro a esse ou aquele entendimento defendido por corporações de profissionais ligados à Justiça Crimi-nal, como, por exemplo, associações ou congregações de juízes, advogados, promotores, serventuários da jus-tiça, delegados e quejandos.

O IBCCrim, desde o início do acompanhamento dos trabalhos gestados no Congresso Nacional – PLS 156/2009 – adotou postura estritamente técnica do ponto de vista processual penal, comprometida com os ideais de um processo penal mais justo, menos en-carcerador, mais eficiente no que tange à proteção real e efetiva dos interesses em jogo, sobretudo que prime pelo resgate sistemático e orgânico que deve caracte-rizar o espírito de um “Código” e pela observância dos direitos fundamentais do acusado.

Isso, sem prejuízo de não se defender a chamada “proteção penal deficiente”, ou seja: almeja-seatingir um processo penal digno de um Estado de Direito que olhe com respeito a quem necessita do direito processual pe-nal – seja o Estado acusador, que não abre mão da trami-tação regular processual penal para impor a sanção; seja o acusado, o cidadão, que é o lado passivo dessa relação na medida em que, recaindo sobre seus ombros a imputa-ção, também precisa das regras processuais para, a partir delas, ter preservado seus direitos e garantias fundamen-tais, defender-se do poder de polícia estatal e garantir a liberdade como regra.

Cuida-se, pois, de buscar a melhor equação para as regras de manutenção (e os limites éticos e jurídi-cos em que isso pode se dar) da liberdade de qualquer pessoa. Sem casuísmos, isto é: sem questionamento ou aproveitamento de precedentes isolados ou reite-rados, mas, sim, em atendimento ao que parece ser

a justa razão, ou a mais equilibrada opção legislativa, genérica e abstratamente.

Pois bem. Após a confecção do Parecer nº 1.636, em 07 de

dezembro de 2010, o PLS nº 156/2009 deixou a Casa Legislativa em que teve início e foi endereçado à Câ-mara dos Deputados. Ali recebeu o número de PL nº 8045/2010, tendo sido em consequência constituída comissão especial para sua análise.

Desde o início da tramitação, ainda no Senado Fe-deral, o projeto de Código de Processo Penal foi objeto de tantas quanto tão válidas contribuições de diversas entidades públicas e privadas.

Exemplificativamente, e com risco de não mencio-nar todas, pode-se apontar não só os aprimoramentos vistos pela Associação de Juízes Federais (AJUFE), Ins-tituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) e, mais recente-mente, já em 2016, quando a tramitação já se dava pe-rante a Câmara dos Deputados, o Ministério Público da União (MPU).

Ressalte-se que, como desde o início, o IBCCrim se fez presente também na tramitação do Código de Processo Penal na Câmara dos Deputados, seja em inúmeras visitas aos congressistas diretamente vincu-lados à dita tramitação e integrantes de cada uma das sub-relatorias, a partir do próprio presidente da Comis-são especialmente instituída para a análise do projeto, como também, não poucas vezes, foi convidado e en-viou representantes para participar de audiências públi-cas no âmbito da Câmara dos Deputados.

Nomear os representantes do IBCCrim que se fi-zeram presentes às tantas audiências públicas seria desnecessário na medida em que, frise-se, sempre que se colheu alguma manifestação, ela se deu em caráter institucional.

Assim se chegou a essa etapa do processo legislati-vo em que se submeterá à votação pelo plenário da Câ-mara dos Deputados o texto integral do PL nº 8045/2010.

E aqui é que pretende, agora, e de forma com-pleta e abrangente, o IBCCrim, mais uma vez, pres-tar sua contribuição.

Desde o ano de 2009, quando se iniciou a tramitação legislativa do projeto de novo Código de Processo Penal para o Brasil, então autuado no Senado Federal sob PL nº 156/2009, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBC-

Crim tem acompanhado, de perto e como entidade reconhecidamente legítima, os andamentos do processo legislativo.

5

Desde a composição da chamada “Comissão de Juristas”, integrada por processualistas penais do maior gabarito nacional, como, por exemplo, Hamilton Carva-lhido, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, Antonio Ma-galhães Gomes Filho, Eugênio Pacelli e outros, o IBCCrim saudava e ainda saúda o rumo anunciado pelo projeto de Código de Processo Penal.

Desde então, malgrado tenham ocorrido emendas no corpo daquele anteprojeto originário, imagina-se que alguma contribuição possa ainda se dar.

Isso se faz para que se mantenha o espírito mais próximo da originalidade inerente ao anteprojeto gesta-do nas discussões da “Comissão de Juristas” e que já significou enorme avanço ao velho, ditatorial, inquisitorial e – já por isso suficiente afirmar – superado Código de Processo Penal de 1941.

As reflexões havidas no âmbito da “Comissão de Juristas” merecem – seja pelo respeito acadêmico pro-fundo que se nutre por seus integrantes, seja pela pro-funda sabedoria prática que cada um deles detém –, ser prestigiadas e, assim, com as contribuições que aqui são feitas, não se esconde o propósito de se voltar, em boa medida, ao que era o espírito originário em 2009.

Por outro lado, também e sem absolutamente de-mérito algum das próprias discussões da “Comissão de Juristas” e inclusive do conteúdo do PL nº 8.045/2010, imagina-se contribuir com alterações que tornam o es-pírito do Código de Processo Penal realmente mais con-sentâneo aos objetivos do Estado de Direito brasileiro.

Nessa segunda perspectiva, contribui-se com alte-rações de redação (utilização em larga medida do termo “imputado”), com atualizações em face do Código de Processo Civil de 2015, e com algumas alterações tam-bém de fundo.

Dentre as últimas, assume-se o prestígio que me-rece ter no Brasil a audiência de custódia (já implemen-tada, como se sabe, por Resolução do CNJ nº 213 de 2015, e com aberto apoio do STF) e a figura do juiz de garantias. E se estabelecem novas regras para a con-dução de investigações preliminares seja do ponto de vista do interrogatório, seja do ponto de vista de sua duração máxima e participação da defesa.

Também do ponto de vista do conteúdo, quer-se contribuir para um Estado que puna melhor seus cida-dãos, mas não um Estado que os puna de forma exage-rada e disfuncional, gerando a sabida situação calami-tosa de superencarceramento.

O IBCCrim, além de seguir as já anunciadas “16 medidas contra o desencarceramento” (muitas delas agraciadas com apoio de parlamentares e já convertidas em projetos de lei isolados na Câmara dos Deputados e

CPP - APRESENTAÇÃO

no Senado Federal), propugna pela nova sistemática da prisão cautelar no Brasil – seja pela reconfiguração de requisitos, pressupostos, prazos e controles, da prisão preventiva, seja pela modificação de algumas situações inerentes à prisão em flagrante, seja inclusive pela revo-gação da prisão temporária –, bem como por novas re-gras (mais simples e objetivas) no capítulo de nulidades processuais e de meios de obtenção de prova.

Situações como indícios, barganha e recursos também foram objeto de considerações, além da ne-cessária e urgente consideração do papel do Ministério Público como parte no processo penal (mormente dian-te do projeto de Código de Processo Penal que revoga por completo as regras infraconstitucionais de ação pe-nal privativa do ofendido, remanescendo portanto ex-clusivamente a situação constitucional de ação pública manejada pelo ofendido, a título subsidiário, por conta da desídia do Ministério Público), impuseram também as sugestões que seguem a essa apresentação.

Se o IBCCrim puder resumir seu propósito de participação no processo legislativo do novo Código de Processo Penal, ele o faz nos seguintes termos: o Có-digo de Processo Penal não deve contemplar os inte-resses de setores da Magistratura ou do Ministério Pú-blico ou dos Advogados ou de alguma outra categoria preponderante que atue no sistema de justiça criminal. Deve contemplar os interesses da sociedade em prote-ger os cidadãos processados contra os abusos e exa-geros do Estado-acusador; e deve dar os meios lícitos ao Estado-acusador de obter e executar a justa sanção. Nem menos, nem mais que isso.

Por conta da singeleza dessa síntese é que, com todos os respeitos que aqui se prestam aos integrantes da “Comissão de Juristas” de 2009, apresentam-se em seguida todas as propostas, cada qual com sua justifi-cativa, do IBCCrim de alterações ao PL nᵒ 8.045/2010 (anexo 1), e, depois delas, o texto que se pretende ver apresentado e votado pelos ilustres deputados como substitutivo geral ao PL nᵒ 8.045/2010 (anexo 2).

Estamos certos de que as contribuições não desnaturam o espírito civilizatório que, em boa medida, foi gestado pela “Comissão de Juristas” em 2009 e veio mantido até agora, com o PL nᵒ 8.045/2010. As contri-buições do IBCCrim foram objeto de largas reflexões em reuniões e foram publicizadas nas tantas manifesta-ções acima já mencionadas. Se acatadas, sem dúvida tornarão o projeto de Código de Processo Penal uma promessa de futuro ainda melhor a todos os brasileiros.

INSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS CRIMINAIS

6

7

ÍNDICE GERAL

PARTE I - PROPOSTAS DE EMENDA AO PL

8.045/2010 (REFORMA DO CÓDIGO DE PROCESSO

PENAL....................................................................................9

PARTE II - ANTEPROJETO DE SUBSTITUTIVO AO

PL 8.045/2010 (REFORMA DO CÓDIGO DE PRO-

CESSO PENAL...............................................................110

8

9

SUMÁRIO

PARTE I - EMENDAS DE REDAÇÃO – PL 8045/2010

Sumário

LIVRO I - DA PERSECUÇÃO PENAL ................................................................................15TÍTULO II - DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ....................................................................................15

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS..........................................................................................151. Art. 10 .......................................................................................................................152. Art. 11, caput .............................................................................................................15

CAPÍTULO II - DO JUIZ DAS GARANTIAS art. 14 ao 17 ..............................................................153. Art. 14, VIII .................................................................................................................154. Art. 15, § 2º ...............................................................................................................165. Art. 16 e inserção do parágrafo único .......................................................................16

CAPÍTULO III - DO INQUÉRITO POLICIAL ...................................................................................16Seção II - Da abertura ...............................................................................................................16

6. Art. 23 ........................................................................................................................16Seção III - Das diligências investigativas ..................................................................................16

7. Art. 24, parágrafo único ............................................................................................178. Art. 26 ........................................................................................................................179. Art. 29 ........................................................................................................................17

Seção IV – Do indiciamento ......................................................................................................1710. Art. 30 ........................................................................................................................17

Seção V - Dos prazos de conclusão .........................................................................................1811. Art. 31, e §§ ...............................................................................................................1812. Art. 32, § 2º ...............................................................................................................18

Seção VII - Do arquivamento.....................................................................................................1913. Art. 38, parágrafo único ............................................................................................1914. Art. 48 ........................................................................................................................19

TÍTULO III - DA AÇÃO PENAL ..........................................................................................................1915. Art. 45, parágrafo único ............................................................................................1916. Art. 46 ........................................................................................................................2017. Art. 48 ........................................................................................................................2018. Art. 51 ........................................................................................................................20

TÍTULO IV - DOS SUJEITOS DO PROCESSO .................................................................................2119. Título IV .....................................................................................................................21

CAPÍTULO I – DO JUIZ .................................................................................................................2120. Art. 53 ........................................................................................................................2221. Art. 55 ........................................................................................................................2222. Art. 56 ........................................................................................................................22

CAPÍTULO II - DO MINISTÉRIO PÚBLICO ...................................................................................2323. Art. 57 ........................................................................................................................2324. Art. 58 ........................................................................................................................23

CAPÍTULO IV - DO ACUSADO E SEU DEFENSOR ......................................................................2325. Título do Capítulo IV e artigos ...................................................................................23

Seção I - Disposições gerais .....................................................................................................2326. Art. 60 ........................................................................................................................2427. Art. 61 ........................................................................................................................2428. Art. 62, § 2º ...............................................................................................................24

Seção II - Do interrogatório .......................................................................................................25Subseção I - Disposições gerais ............................................................................................25

29. Arts. 64 e 65 ..............................................................................................................2530. Art. 66 ........................................................................................................................2531. Art. 67 ........................................................................................................................25

Subseção II - Disposições especiais relativas ao interrogatório em juízo ..............................26

10

SUM

ÁRIO

32. Art. 74 ........................................................................................................................2633. Art. 75 ........................................................................................................................26

CAPÍTULO V - DO ASSISTENTE E DA PARTE CIVIL art. 77 ao 84 ...............................................26Seção I - Do assistente .............................................................................................................26

34. Art. 78 ........................................................................................................................2635. Art. 79, § 1º, e supressão do § 3º .............................................................................26

Seção II - Da parte civil .............................................................................................................2736. Art. 83 ........................................................................................................................27

CAPÍTULO VI - DOS PERITOS E INTÉRPRETES ..........................................................................2737. Arts. 85 e 86 ..............................................................................................................2738. Art. 89 ........................................................................................................................28

TÍTULO V - DOS DIREITOS DA VÍTIMA ...........................................................................................2839. Art. 91 ........................................................................................................................28

TÍTULO VI – DA COMPETÊNCIA ......................................................................................................29CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS .........................................................................................29

48. Art. 97 ........................................................................................................................29CAPÍTULO II – DA MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA ...............................................................29

41. Arts. 107 a 112 ..........................................................................................................29 Seção V – Da competência por foro privativo ...................................................................3142. Arts. 115 a 118 ..........................................................................................................31

CAPÍTULO VI – DO CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO .....3243. Art. 130 ......................................................................................................................32

TÍTULO VII - DOS ATOS PROCESSUAIS .........................................................................................32CAPÍTULO I - DOS ATOS EM GERAL ...........................................................................................32

44. Art. 131 ......................................................................................................................3245. Art. 133 ......................................................................................................................3246. Art. 137 ......................................................................................................................3347. Art. 141, § 1º, IX ........................................................................................................33

CAPÍTULO IV - DAS NULIDADES .................................................................................................3348. Art. 156 ......................................................................................................................3349. Art. 157, incisos I e II e § 1º .......................................................................................3350. Art. 158 ......................................................................................................................3451. Inversão dos arts. 157 e 158 .....................................................................................3452. Art. 159 ......................................................................................................................3553. Art. 160 ......................................................................................................................35 54. Art. 161 ......................................................................................................................3655. Art. 163 ......................................................................................................................36

TÍTULO VIII - DA PROVA...................................................................................................................36CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS..........................................................................................36

56. Art. 165 ......................................................................................................................3657. Art. 166 (acréscimo) ..................................................................................................3658. Art. 166 ......................................................................................................................3759. Art. 168 ......................................................................................................................2960. Art. 169 ......................................................................................................................2961. Acréscimo do Capítulo - “Dos indícios” ao Título VIII do Livro I e

inclusão dos arts. 170 e 171 ...................................................................................................... 3862. Acréscimo do Capítulo II - “Da cadeia de custódia” ao Título VIII do Livro I ............38

CAPÍTULO II - DOS MEIOS DE PROVA ........................................................................................39Seção I - Da prova testemunhal ................................................................................................39

63. Art. 188 ......................................................................................................................3964. Art. 190 ......................................................................................................................39

Seção II - Das declarações da vítima ........................................................................................4865. Art. 194 ......................................................................................................................48

Seção III - Disposições especiais relativas à inquirição de crianças e adolescentes ...............4166. Art. 195 ......................................................................................................................41

11

SUMÁRIO

Seção IV - Do reconhecimento de pessoas e coisas e da acareação ......................................4267. Art. 196 ......................................................................................................................42

Seção V - Da prova pericial e do exame do corpo de delito ....................................................4268. Art. 201 ......................................................................................................................4269. Art. 208 ......................................................................................................................4370. Art. 219 ......................................................................................................................43

Seção VI - Da prova documental ..............................................................................................4471. Art. 224 ......................................................................................................................44

CAPITULO III - DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA.............................................................44Seção I - Da busca e da apreensão ..........................................................................................44

72. Art. 234 ......................................................................................................................4473. Art. 235 ......................................................................................................................4574. Art. 248 ......................................................................................................................4575. Seções IV, V, VI e VII do Capítulo III (“Dos meios de obtenção da prova”) do Título VIII (“Da prova”) do Livro I (“Da persecução penal”) ...........................................46

Seção IV - Do pedido ................................................................................................................4676. Art. 252 ......................................................................................................................46

Seção VI - Do material produzido .............................................................................................4777. Art. 256 ......................................................................................................................4778. Art. 262 ......................................................................................................................47

LIVRO II DO PROCESSO E DOS PROCEDIMENTOS .........................................................48TÍTULO I DO PROCESSO .................................................................................................................48

CAPÍTULO I DA FORMAÇÃO DO PROCESSO .............................................................................4879. Art. 265 ......................................................................................................................48

CAPÍTULO III DA EXTINÇÃO DO PROCESSO..............................................................................4880. Art. 267 ......................................................................................................................48

TÍTULO II DOS PROCEDIMENTOS ..................................................................................................48CAPÍTULO II DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO .........................................................................48

81. Art. 270 ......................................................................................................................4882. Art. 271 ......................................................................................................................4983. Art. 272 ......................................................................................................................4984. Art. 273 ......................................................................................................................5085. Art. 274 ......................................................................................................................5086. Art. 277 ......................................................................................................................5187. Art. 278 ......................................................................................................................5188. Art. 283 ......................................................................................................................52

CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO ...................................................................5589. Art. 308 ......................................................................................................................5590. Art. 309 ......................................................................................................................55

CAPÍTULO V DO PROCEDIMENTO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA ...........................................5691. Art. 317 ......................................................................................................................56

CAPÍTULO VI DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI 56

Seção I - Da acusação e da instrução preliminar ......................................................................5692. Art. 321, caput, e parágrafos 2º, 3º e 4º ...................................................................5693. Art. 325, §§ 2º e 4º ....................................................................................................57 Seção II - Da pronúncia, da impronúncia, da absolvição sumária e da desclassificação .5794. Art. 331 ......................................................................................................................5795. Art. 332, parágrafo único ..........................................................................................5896. Art. 334, § 1º .............................................................................................................58

Seção III - Da preparação do processo para julgamento em plenário ......................................5897. Art. 335 ......................................................................................................................58

Seção V - Do desaforamento ....................................................................................................5898. Art. 348, caput e § 3º ................................................................................................58

12

SUM

ÁRIO

99. Art. 341 ......................................................................................................................59Seção VI - Da organização da pauta .........................................................................................59

100. Art. 343 ......................................................................................................................59Seção IX - Da composição do Tribunal do Júri e da formação do Conselho de Sentença ......59

101. Art. 360 ......................................................................................................................59Seção X - Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri ..........................................................60

102. Art. 370, caput ...........................................................................................................60103. Art. 380, caput ...........................................................................................................60104. Art. 382, § 1º, caput ..................................................................................................60

Seção XI - Da instrução em plenário .........................................................................................61105. Art. 386, § 5º .............................................................................................................61106. Art. 387, § 2º .............................................................................................................61107. Art. 389, § 2º .............................................................................................................61108. Art. 390, §§ 1º, 2º e 3º ...............................................................................................61109. Art. 391, I ...................................................................................................................62

Seção X - Da votação ................................................................................................................62110. Art. 399, caput ...........................................................................................................62111. Art. 482 ......................................................................................................................63

Seção XIV - Da sentença ...........................................................................................................63112. Art. 484 ......................................................................................................................63113. Art. 485 ......................................................................................................................63

TÍTULO III - DA SENTENÇA .............................................................................................................64114. Art. 417 ......................................................................................................................64115. Art. 418 ......................................................................................................................64116. Art. 418 ......................................................................................................................65117. Art. 419 ......................................................................................................................65118. Art. 420 ......................................................................................................................66119. Art. 421 ......................................................................................................................66120. Art. 423 ......................................................................................................................67121. Art. 426 ......................................................................................................................67

TÍTULO IV - DAS QUESTÕES E DOS PROCESSOS INCIDENTES ................................................68CAPÍTULO II - DAS EXCEÇÕES ...................................................................................................68

122. Art. 443 ......................................................................................................................68TÍTULO V - DOS RECURSOS EM GERAL .......................................................................................68

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS..........................................................................................68123. Art. 458 ......................................................................................................................68124. Art. 461 ......................................................................................................................69125. Art. 463 ......................................................................................................................69126. Art. 471 ......................................................................................................................69127. Art. 480 ......................................................................................................................70128. Art. 484 ......................................................................................................................70129. Art. 485 ......................................................................................................................71130. Art. 487 ......................................................................................................................71131. Art. 496 ......................................................................................................................72

CAPÍTULO V – DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ..................................................................72132. Art. 497 ......................................................................................................................72

CAPÍTULO VI – DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ................................................72133. Art. 500 ......................................................................................................................72

CAPÍTULO VIII – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS .......72134. Art. 518 ......................................................................................................................73135. Art. 521 ......................................................................................................................73136. Art. 522 ......................................................................................................................73137. Art. 523, §2o ..............................................................................................................73

LIVRO III DAS MEDIDAS CAUTELARES ...........................................................................73

13

SUMÁRIO

TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS ..................................................................................................73138. Art. 525 ......................................................................................................................73139. Art. 531 ......................................................................................................................74

TÍTULO II – DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS...................................................................74148. Art. 533 e 604 ............................................................................................................74

CAPÍTULO I – DA PRISÃO PROVISÓRIA ..........................................................................................74Seção I - Disposições preliminares ...........................................................................................74

141. Art. 535 ......................................................................................................................74142. Art. 537 ......................................................................................................................75143. Art. 538 ......................................................................................................................75144. Art. 544 ......................................................................................................................76145. Art. 546 ......................................................................................................................76

Seção II - Da prisão em flagrante ..............................................................................................76146. Art. 551 ......................................................................................................................76147. Art. 552 ......................................................................................................................77148. Art. 553 ......................................................................................................................77149. Art. 555 ......................................................................................................................79

Seção III –Da prisão preventiva .................................................................................................79150. Arts. 556 a 560 ..........................................................................................................79151. Revogação dos Arts. 563 a 566 ................................................................................83

CAPÍTULO II DA FIANÇA ...................................................................................................................83Seção I - Disposições preliminares ...........................................................................................83

152. Art. 568, § 4º .............................................................................................................83CAPÍTULO III – OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS .......................................................83

Seção III - Monitoramento eletrônico ........................................................................................83153. Art. 591 ......................................................................................................................83154. Art. 592 ......................................................................................................................84155. Art. 594 ......................................................................................................................84156. Art. 595 ......................................................................................................................84

Seção V - Suspensão das atividades de pessoa jurídica .............................................................85157. Art. 596 ......................................................................................................................85

Seção XV - Disposições finais ......................................................................................................85158. Art. 606 ......................................................................................................................85159. Art. 609 ......................................................................................................................85

TÍTULO III - DAS MEDIDAS CAUTELARES REAIS .........................................................................86CAPÍTULO II - DA INDISPONIBILIDADE DE BENS ...........................................................................86

160. Art. 615, § 3º .............................................................................................................86161. Art. 616 ......................................................................................................................86162. Art. 618 ......................................................................................................................87163. Art. 619 ......................................................................................................................87164. Art. 621 ......................................................................................................................87165. Art. 622 ......................................................................................................................88

CAPÍTULO III - DO SEQUESTRO DE BENS ......................................................................................88Seção I - Hipóteses de cabimento ........................................................................................... 88

166. Art. 624, § 3º .............................................................................................................88167. Art. 625 ......................................................................................................................89

Seção II - Da execução da medida ...........................................................................................89168. Art. 627 ......................................................................................................................89169. Art. 629 ......................................................................................................................89

Seção III - Da alienação antecipada ..........................................................................................89170. Art. 630 ......................................................................................................................89171. Art. 631 ......................................................................................................................90172. Art. 633 ......................................................................................................................90173. Art. 634 ......................................................................................................................91

Seção IV - Do administrador judicial .........................................................................................91

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SUM

ÁRIO

174. Art. 635 ......................................................................................................................91Seção V - Da utilização dos bens por órgãos públicos ............................................................92

175. Art. 638 a 641 ............................................................................................................92Seção VI - Do levantamento ......................................................................................................92

176. Art. 642 ......................................................................................................................92CAPÍTULO IV - DAS GARANTIAS À REPARAÇÃO CIVIL .............................................................92

Seção I - Da especialização da hipoteca legal ..........................................................................92177. Art. 644 ......................................................................................................................92178. Art. 645 ......................................................................................................................93179. Art. 646 ......................................................................................................................93

Seção III - Disposições comuns ................................................................................................94180. Art. 650 ......................................................................................................................94181. Art. 651 ......................................................................................................................94182. Art. 652 ......................................................................................................................94183. Art. 653 ......................................................................................................................94

LIVRO IV - DAS AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO ......................................................................95184. Denominação do Capítulo I do Livro IV.....................................................................95

CAPÍTULO I – DA REVISÃO ..........................................................................................................95185. Art. 655 ......................................................................................................................95186. Art. 656 ......................................................................................................................95187. Art. 657 ......................................................................................................................95188. Art. 658 ......................................................................................................................96189. Art. 660, parágrafo único ..........................................................................................96

CAPÍTULO II - DO HABEAS CORPUS ..........................................................................................96Seção I – Do Cabimento............................................................................................................96

190. Art. 664 ......................................................................................................................96Seção III - Do procedimento .....................................................................................................96

191. Art. 667, § 4º .............................................................................................................97192. Art. 675 ......................................................................................................................97

CAPÍTULO III - DO MANDADO DE SEGURANÇA ........................................................................97193. Art. 683 ......................................................................................................................97194. Art. 698 ......................................................................................................................98

LIVRO V - DA COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL ...............................................98TÍTULO IV - DAS CARTAS ROGATÓRIAS E DO AUXÍLIO DIRETO ...............................................98

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS .................................................................................98195. Art. 713 ......................................................................................................................98196. Art. 714 ......................................................................................................................98197. Art. 716 ......................................................................................................................99

CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO DAS CARTAS ROGATÓRIAS .............................................99198. Art. 718 ao Art. 725 ...................................................................................................99

CAPÍTULO III – DO PROCEDIMENTO DO AUXÍLIO DIRETO ......................................................101199. Art. 726 ao 730 ........................................................................................................101

LIVRO VI - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS ........................................................104200. Art. 738 ....................................................................................................................104201. Art. 739 ....................................................................................................................106202. Art. 748 ....................................................................................................................107203. Art. 741 ....................................................................................................................107204. Art. 742 ....................................................................................................................108205. Art. 746 ....................................................................................................................108206. Art. 748 ....................................................................................................................108207. Art. 753 ....................................................................................................................109208. Art. 755 ....................................................................................................................109

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CPP - LIVRO I / TÍTULO II

LIVRO I - DA PERSECUÇÃO PENAL

TÍTULO II - DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS 1. Art. 10Dê-se a seguinte redação ao art. 10, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 10. Toda investigação criminal é

pública, podendo ser decretado o seu sigilo externo, mediante des-pacho fundamentado da autorida-de competente, nos casos em que necessário à elucidação do fato e à preservação da intimidade e vida privada da vítima, das testemunhas, do imputado e de outras pessoas indiretamente envolvidas.

§ 1º. A autoridade diligenciará para que as pessoas referidas no caput deste artigo não sejam submetidas, e nem tenham quaisquer de seus dados pessoais submetidos à exposição dos meios de comunicação e res-ponderá pessoalmente nas situa-ções em que tal situação ocorrer.

§ 2º. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autori-dade policial ão poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de exis-tir condenação anterior

Proposta do PL 8.045/2010:

“Art. 23. Havendo indícios de que a infração penal foi praticada por policial, ou com a sua participa-ção, o delegado de polícia co-municará imediatamente a ocor-rência à respectiva corregedoria de polícia, para as providências disciplinares cabíveis, e ao Mi-nistério Público, que designa-rá um de seus membros para acompanhar o feito.

Parágrafo único. A autoridade dili-genciará para que as pessoas re-feridas no caput deste artigo não sejam submetidas à exposição dos meios de comunicação”.

Redação ora proposta:

“Art. 10. Toda investigação criminal é pública, podendo ser decretado o seu sigilo externo, mediante despacho fundamentado da au-toridade competente, nos casos em que necessário à elucidação do fato e à preservação da inti-midade e vida privada da vítima, das testemunhas, do imputado e de outras pessoas indireta-mente envolvidas.

§ 1º. A autoridade diligenciará para que as pessoas referidas no caput deste artigo não sejam submetidas, e nem tenham quaisquer de seus dados pessoais submetidos à expo-sição dos meios de comunicação e responderá pessoalmente nas situa-ções em que tal situação ocorrer.§ 2º. Nos atestados de anteceden-tes que lhe forem solicitados, a auto-ridade policial ão poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior”.

JUSTIFICAÇÃO: As investigações criminais, especial-mente a mais frequente delas – o in-quérito policial – possuem natureza administrativa e, portanto, suas institui-ções integram a Administração Pública. Sendo assim, vinculam-se, indissocia-velmente, aos princípios gerais estam-pados no art. 37, caput, da Constituição Federal, dentre os quais constam a pu-blicidade e – de maneira implícita, como ensina a doutrina – a motivação.Somente mediante a expressa previsão, no Código de Processo Penal, de que a publicidade é a regra e o seu sigilo exter-no (que somente deve ser decretado por meio de despacho motivado) a exceção é que se terá a norma como verdadeiro reflexo do que estabelece a Constituição.Imprescindível, ainda, a estipulação de que se trata da decretação do sigi-lo externo, sendo inviável, em nome da garantia da ampla defesa e das prerro-gativas dos advogados e defensores, o sigilo interno, entendido como aquele em relação aos alvos da investigação criminal e seus constituídos (ressalva-das as medidas cautelares em curso, cuja eficácia será prejudicada pela ciên-cia do imputado e de seu defensor, mas isto já é objeto de dispositivo próprio).A proposta ainda busca preservar a ima-gem dos envolvidos na persecução pe-nal, seja de forma ostensiva com filma-gens e fotos, seja de forma indireta com a exposição não de rostos e situações pessoais, mas da devassa e exposição ao público em geral de seus dados, como qualificativos completos, filiação, endereço, telefone etc, atribuindo ao representante do poder público a res-ponsabilidade pessoal pela garantia da incolumidade dos direitos de imagem e privacidade de qualquer pessoa envolvi-da na persecução penal.

2. Art. 11, caputDê-se a seguinte redação ao art. 11, caput, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010:

“Art. 11. É garantido ao investigado e ao seu defensor acesso a todo material já produzido na inves-tigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às dili-gências em andamento”.

Redação ora proposta:

“Art. 11. É garantido ao imputado e ao seu defensor acesso a todo material já produzido na investi-gação criminal, salvo no que con-cerne, estritamente, às medidas cautelares em curso, cuja ciência ao imputado ou defensor possa prejudicar a eficácia do ato”.

As exceções de acesso ao material pro-duzido na investigação ao imputado e ao seu defensor devem ser restritas àquelas cuja eficácia da medida depen-da do desconhecimento daqueles a res-peito de sua adoção.Dessa maneira, a redação proposta pelo PL nº 8.045/2010 pode estender estas hipóteses a “diligências” investigativas cuja ciência pelo imputado e seu defen-sor não interfiram nos elementos produ-zidos pela medida, por exemplo, quais testemunhas serão intimadas, quais pe-rícias foram requisitadas etc. Isso aca-baria por estabelecer um sigilo interno desnecessário, que prejudica o direito de defesa.Recomenda-se, pois, a adoção de ex-pressão mais técnica, que restringe o acesso às medidas cautelares (na acep-ção técnico-jurídica do termo) em cur-so, ou seja, às espécies de “diligências” investigativas em que pode ocorrer efe-tivamente uma frustração caso o impu-tado e seu defensor tenham ciência de seu andamento.É o caso de uma busca e apreensão ou de uma interceptação telefônica, de um sequestro ou de um arresto (medidas cautelares patrimoniais), apenas para citar algumas.

CAPÍTULO II - DO JUIZ DAS GARANTIAS

3. Art. 14, VIIIDê-se a seguinte redação ao art. 14, VIII, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 14. VIII – prorrogar o prazo de dura-

ção do inquérito, estando o imputa-do preso, em vista das razões apre-sentadas pelo delegado de polícia e observado o disposto no parágrafo único deste artigo, bem como na hi-pótese do art. 32, § 2.º”.

JUSTIFICAÇÃO:

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Proposta do PL 8.045/2010:

“Art. 14. VIII – prorrogar o prazo de du-ração do inquérito, estando o in-vestigado preso, em vista das ra-zões apresentadas pelo delegado de polícia e observado o disposto no parágrafo único deste artigo”.

Redação ora proposta:

“Art. 14. VIII – prorrogar o prazo de du-ração do inquérito, estando o im-putado preso, em vista das razões apresentadas pelo delegado de polícia e observado o disposto no parágrafo único deste artigo, bem como na hipótese do art. 32, § 2.º”.

Dentre as hipóteses de competência de o juiz das garantias decidir sobre prorro-gação de prazo da investigação, é reco-mendável incluir a hipótese do art. 32, § 2º, do Projeto.

4. Art. 15, § 2º Dê-se a seguinte redação ao art. 15, § 2º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 15. (...)§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz do processo, que, após o oferecimento da denúncia, deverá reexaminar a neces-sidade de manutenção das medidas cautelares em curso, no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de seu pronunciamento nos termos do art. 277 deste Código”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 15. (...)§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz do processo, que, após o oferecimento da denúncia, poderá reexaminar a necessidade das medidas cautela-res em curso”.

Redação ora proposta: “Art. 15. (...)§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz do processo, que, após o oferecimen-to da denúncia, deverá reexaminar a necessidade de manutenção das medidas cautelares em curso, no prazo de 10 (dez) dias, independen-temente de seu pronunciamento nos termos do art. 277 deste Código”.

Como a previsão do juiz de garantias no processo penal significa, entre outras mu-danças, uma nova repartição de compe-tências por fases do processo – e é disso que cuida expressamente o art. 15 do PL 8045/2010 – não se pode prestigiar o en-tendimento segundo o qual as medidas proferidas pelo juiz de garantias apenas “podem”, e não “devem” ser reapreciadas pelo juiz que o suceder na atividade juris-dicional no decorrer da persecução penal. Mormente, e é disso que cuida a emenda proposta, em matéria de medidas cau-telares, em que necessariamente se en-contram presentes tanto o fumus comissi delicti quanto o periculum in mora (ou particularmente o periculum libertatis). No interregno entre a cessação de com-petência funcional do juiz de garantias e a apreciação dos termos de denúncia, é de bom alvitre se estabelecer como regra cogente, portanto, a necessária reapre-ciação, por parte do juiz da causa, das medidas cautelares em curso, sob pena de se estabelecer – sendo mera faculda-de – norma de direito processual penal inócua, e em prejuízo dos interesses do jurisdicional alvo das medidas cautelares. 5. Art. 16 e inserção do pará-grafo únicoDê-se a seguinte redação ao art. 16, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”: “Art. 16. O juiz que, na fase de inves-tigação, praticar qualquer ato incluído nas competências do art. 14 ficará impedido de funcionar no processo, observado o disposto no inciso II do art. 748.Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, será observa-da a regra de transição prevista nos inci-sos I e II do art. 748”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 16. O juiz que, na fase de investiga-

ção, praticar qualquer ato incluído nas competências do art. 14 ficará impedido de funcionar no processo, observado o disposto no art. 748”.

Redação ora proposta: “Art. 16. O juiz que, na fase de inves-

tigação, praticar qualquer ato in-cluído nas competências do art. 14 ficará impedido de funcionar no processo, observado o dis-posto no inciso II do art. 748.

Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, será observada a regra de transição pre-vista nos incisos I e II do art. 748”.

A figura do juiz das garantias é um avan-ço democrático muito importante, não podendo ser limitada pela carência ime-diata de pessoal do próprio Estado. É necessário que haja uma adaptação do Poder Judiciário para a concretização da figura do juiz das garantias – como medi-da para uma melhor prestação jurisdicio-nal e garantidora da realização da justiça –, em todo o território nacional.Por isso, no caput, deve-se excluir a hi-pótese do inciso I, do art. 748. Sua ma-nutenção acarretará a mitigação da figura do juiz das garantias naquelas comarcas que contam com apenas um juiz por questões meramente estruturais. Pro-blemas de organização judiciária jamais poderiam sobrepujar a existência de um sistema processual de matriz acusatória – e, portanto, democrático e protetor de direitos e garantias fundamentais.Além disso, o rodízio de magistrados para as comarcas com apenas um juiz é medida de organização judiciária e, por isso mes-mo, deve ficar a cargo dos Tribunais locais. CAPÍTULO III - DO INQUÉRITO POLICIAL

Seção II - Da abertura

6. Art. 23Dê-se a seguinte redação ao art. 23, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 23. Havendo indícios de que a infra-

ção penal foi praticada por policial, ou com a sua participação, o dele-gado de polícia comunicará imedia-tamente a ocorrência à respectiva corregedoria de polícia, para as pro-vidências disciplinares cabíveis”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 23. Havendo indícios de que a in-

fração penal foi praticada por po-licial, ou com a sua participação, o delegado de polícia comunicará imediatamente a ocorrência à res-pectiva corregedoria de polícia, para as providências disciplinares cabíveis, e ao Ministério Público, que designará um de seus mem-bros para acompanhar o feito”.

Redação ora proposta: “Art. 23. Havendo indícios de que a

infração penal foi praticada por policial, ou com a sua participa-ção, o delegado de polícia co-municará imediatamente a ocor-rência à respectiva corregedoria de polícia, para as providências disciplinares cabíveis”.

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CPP - LIVRO I / TÍTULO II

Por disposição constitucional (art. 129, VI e VII), o Ministério Público é o órgão incumbido do controle externo das ativi-dades das autoridades policiais. Dessa maneira, é sua responsabilidade, nas pessoas de seus membros, acompa-nhar a investigação criminal, inclusive requisitando diligências e fiscalizando o atendimento ao princípio da legalidade.Sendo assim, não há necessidade de ser informado sobre a descoberta de elementos de informação indicativos da prática de infração penal por poli-cial, pois o Ministério Público já estará acompanhando toda a investigação e desses elementos informativos terá, invariavelmente, ciência. A partir dis-so, exercendo sua atividade funcional, atribuição dada pela Constituição, o órgão ministerial poderá indicar o seu representante para acompanhamento das investigações junto às corregedo-rias de polícia, o que pode se dar sem a necessidade de específica comuni-cação para tanto. Seção III - Das diligências investigativas

7. Art. 24, parágrafo únicoDê-se a seguinte redação ao art. 24, parágrafo único, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 24. Parágrafo único. As diligências

previstas nos incisos VII e IX do ca-put deste artigo deverão ser realiza-das com prévia ciência do Ministé-rio Público e do imputado ”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 24. Parágrafo único. As dili-

gências previstas nos incisos VII e IX do caput deste artigo deverão ser realizadas com prévia ciência do Ministério Público”.

Redação ora proposta: “Art. 24. Parágrafo único. As dili-

gências previstas nos incisos VII e IX do caput deste artigo deverão ser realizadas com prévia ciência do Ministério Público e do imputado ”.

As diligências às quais o parágrafo se refere são atos instrutórios cuja efici-ência não é prejudicada pela ciência do imputado. Pelo contrário, a melhor elucidação do objeto da investigação pode ser encontrada com a partici-pação e a cooperação do imputado naqueles atos. Além, é claro, de se

privilegiar a ampla defesa, direito fun-damental que possui incidência na fase pré-processual.

8. Art. 26Dê-se a seguinte redação ao art. 26, § 1º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:

“Art. 26. (...)§ 1º Se indeferido o requerimento de que trata o caput deste artigo, o inte-ressado poderá recorrer da decisão ao juiz das garantias”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 26. (...)§ 1º Se indeferido o requerimento de que trata o caput deste artigo, o interessado poderá representar à au-toridade policial superior ou ao Mi-nistério Público”.

Redação ora proposta: “Art. 26. (...)§ 1º Se indeferido o requerimento de que trata o caput deste artigo, o inte-ressado poderá recorrer da decisão ao juiz das garantias”.

O PL nº 8.045/2010 traz o avanço da criação da figura do juiz das garan-tias, “responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos indivi-duais” (art. 14, caput).Por essa razão, negado requerimen-to de diligências investigativas à víti-ma, ou seu representante legal, e ao imputado, dispensável o recurso à autoridade policial ou ao Ministério Público, sendo preferível que recorra, mediante representação, diretamente ao juiz das garantias, que analisará a legalidade e a necessidade da diligên-cia requerida.

9. Art. 29 Dê-se a seguinte redação ao art. 29, ca-put, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 29. No inquérito, as diligências

serão realizadas de forma objetiva e no menor prazo possível, sen-do que as informações poderão ser colhidas em qualquer local, cabendo ao delegado de polícia resumi-la nos autos com fidedig-nidade”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 29. No inquérito, as diligências

serão realizadas de forma obje-tiva e no menor prazo possível, sendo que as informações po-derão ser colhidas em qualquer local, cabendo ao delegado de polícia resumi-la nos autos com fidedignidade, se obtidas de modo informal”.

Redação ora proposta: “Art. 29. No inquérito, as diligências

serão realizadas de forma obje-tiva e no menor prazo possível, sendo que as informações po-derão ser colhidas em qualquer local, cabendo ao delegado de polícia resumi-la nos autos com fidedignidade”.

A investigação criminal, por ser ato da Administração Pública, deve atender aos seus princípios norteadores, den-tre os quais a legalidade (CF, art. 37). Assim, não esquecendo os enormes reflexos que acarreta na esfera jurídi-ca do imputado, a investigação crimi-nal deve seguir as formalidades ínsitas à lei, para sua própria legitimação.Inconcebível, portanto, que qualquer ato de autoridade pública seja toma-do ou realizado de “maneira informal”. A manutenção no PL desta previsão, seguramente, abrirá caminho para abusos e arbitrariedades, incorrendo, inevitavelmente, em violações à lega-lidade da atividade investigatória.

Seção IV – Do indiciamento

10. Art. 30 Suprima-se o art. 30 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 30. Reunidos elementos su-

ficientes que apontem para a autoria da infração penal, o delegado de polícia cientificará o investigado, atribuindo-lhe, fundamentadamente, a con-dição jurídica de ‘indiciado’, respeitadas todas as garantias constitucionais e legais.

§ 1º A condição de indiciado po-derá ser atribuída já no auto de pri-são em flagrante ou até o relatório final do delegado de polícia. § 2º O delegado de polícia deverá

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colher informações sobre os antece-dentes, a conduta social e a condi-ção econômica do indiciado, assim como acerca das consequências do crime.§ 3º O indiciado será advertido so-bre a necessidade de fornecer corre-tamente o seu endereço, para fins de citação e intimações futuras, e sobre o dever de comunicar a eventual mu-dança do local onde possa ser en-contrado.§ 4º Nos atestados de anteceden-tes que lhe forem solicitados, o delegado de polícia não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inqué-rito contra os requerentes ou seu indiciamento, salvo no caso de existir condenação anterior”.

Redação ora proposta: Supressão de texto.

À luz do sistema acusatório delinea-do na Constituição Federal de 1988, cabe somente ao Ministério Público promover (ou não) a ação penal – ou seja, cabe ao Parquet formular a opi-nio delicti do caso penal que lhe é submetido.Ora, se esse juízo de valor (opinio de-licti) é de incumbência do Ministério Público, não há sentido em atribuí--lo também à polícia judiciária – cuja função é investigar o suposto fato criminoso, e não promover juízos de valor sobre a sua autoria. A investi-gação, voltada à elucidação do fato, não pode se sobrepor à opinio delicti a ser externada pelo Ministério Públi-co (tanto é assim, aliás, que o indi-ciamento realizado pelo delegado de polícia absolutamente não vincula o juízo de valor do Ministério Público, que pode escolher denunciar uma pessoa não indiciada ou mesmo pro-mover o arquivamento quanto a uma pessoa indiciada).Além do indiciamento se revelar hoje como uma figura vetusta (resquício do viés autoritário do Código de 1941), percebe-se que não possui qual-quer utilidade prática na persecução penal – já que, repita-se, o juízo de valor que realmente importa é aque-le formulado pelo Ministério Público, e não o do delegado de polícia. Pior que isso, o que se vê na prática é, não raras vezes, o indiciamento utilizado seja como moeda de pressão contra o imputado, seja mesmo como instru-mento de achaque.Portanto, seja pela conformação acu-satória da persecução penal (à luz da CF de 1988), seja pela inutilidade prática, seja mesmo pelos perigosos

usos do instituto, sugere-se a supres-são total da figura do indiciamento do código projetado.

Seção V - Dos prazos de conclusão

11. Art. 31, e §§Dê-se a seguinte redação ao art. 31, §§ 1º, 2º e 4º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 31. § 1º Decorrido o prazo pre-

visto no caput deste artigo sem que a investigação tenha sido concluída, os autos do inquérito serão encaminhados ao Ministé-rio Público, com requerimento de renovação do prazo, indicação das diligências executadas, as pendentes e as razões da autori-dade policial.

§ 2º Na hipótese do parágrafo ante-rior, o Ministério Público poderá con-ceder novo prazo para a conclusão das investigações.(...)§ 4º Caso a investigação não seja en-cerrada no prazo previsto no § 3º deste artigo, a prisão será revogada, exceto na hipótese de prorrogação autorizada pelo juiz das garantias, a quem serão encaminhados os autos do inquérito, as razões do delegado de polícia e a manifestação do Ministério Público, para os fins do disposto no parágrafo único do art. 14”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 31. § 1º Decorrido o prazo pre-

visto no caput deste artigo sem que a investigação tenha sido concluída, o delegado de polícia comunicará as razões ao Minis-tério Público com o detalhamen-to das diligências faltantes, per-manecendo os autos principais ou complementares na polícia judiciária para continuidade da investigação, salvo se houver requisição do órgão ministerial.

§ 2º A comunicação de que trata o § 1º deste artigo será renovada a cada 30 (trinta) dias, podendo o Ministério Público requisitar os autos a qual-quer tempo.(...)§4º Caso a investigação não seja encerrada no prazo previsto no § 3º deste artigo, a prisão será revogada, exceto na hipótese de prorrogação autorizada pelo juiz das garantias, a quem serão encaminhados os autos do inquérito e as razões do delegado de polícia, para os fins do disposto no parágrafo único do art. 14”.

Redação ora proposta: “Art. 31. § 1º Decorrido o prazo pre-

visto no caput deste artigo sem que a investigação tenha sido concluída, os autos do inquérito serão encaminhados ao Minis-tério Público, com requerimento de renovação do prazo, indica-ção das diligências executadas, as pendentes e as razões da au-toridade policial.

§ 2º Na hipótese do parágrafo ante-rior, o Ministério Público poderá con-ceder novo prazo para a conclusão das investigações.(...)§ 4º Caso a investigação não seja encerrada no prazo previsto no § 3º deste artigo, a prisão será revogada, exceto na hipótese de prorrogação autorizada pelo juiz das garantias, a quem serão encaminhados os autos do inquérito, as razões do delegado de polícia e a manifestação do Mi-nistério Público, para os fins do dis-posto no parágrafo único do art. 14”.

O art. 129, VII, da Constituição Fe-deral, atribui ao Ministério Público a competência de exercer o controle externo das atividades da polícia judi-ciária. Sem dúvida, no caso retratado pelo art. 31 do PL 8.045/10, o exercí-cio efetivo deste controle somente é possível com a remessa dos autos da investigação preliminar ao represen-tante do órgão ministerial. Sem isso, este órgão não poderia fiscalizar se as razões para a demora não conclu-são da investigação são justificáveis e autorizadoras de concessão de prazo suplementar. Daí a necessidade das alterações dos §§ 1º e 2º.A alteração no § 4º justifica-se pela adequação de seu texto ao próprio parágrafo único do art. 14, que exi-ge (como não poderia deixar de ser) a prévia manifestação do Ministério Público.

12. Art. 32, § 2ºDê-se a seguinte redação ao art. 32, § 2º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”: “Art. 32. (...)§ 2º Em face da complexidade da in-vestigação, constatado o empenho da autoridade policial e ouvido o Ministé-rio Público, o juiz das garantias pode-rá prorrogar o inquérito pelo prazo de 30 (trinta) dias, não renováveis, para a conclusão das diligências faltantes, sob pena de arquivamento”. JUSTIFICAÇÃO:

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CPP - LIVRO I / TÍTULO II E III

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 32. (...)§ 2º Em face da complexidade da investigação, constatado o empenho da autoridade policial e ouvido o Mi-nistério Público, o juiz das garantias poderá prorrogar o inquérito pelo período necessário à conclusão das diligências faltantes”.

Redação ora proposta: “Art. 32. (...)§ 2º Em face da complexidade da investigação, constatado o empe-nho da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, o juiz das ga-rantias poderá prorrogar o inquérito pelo prazo de 30 (trinta) dias, não renováveis, para a conclusão das diligências faltantes, sob pena de ar-quivamento”.

Dentre os direitos fundamentais assegu-rados a todos os cidadão e cidadãs está a duração razoável do processo, tanto no âmbito administrativo quanto no âm-bito judicial (CF, art. 5º, LXXVIII).Dessa maneira, não é razoável esta-belecer que um prazo de 720 (sete-centos e vinte) dias – 2 (dois) anos –, previsto no art. 32, caput, do PL nº 8.045/2010, possa ser prorrogado por mais o “período necessário à conclu-são das diligências faltantes”. Abre-se espaço para arbitrariedades e abusos, com investigações, na prática, sem prazo algum para conclusão.Dessa maneira, em nome do direito fun-damental em apreço, é mister a imposi-ção de derradeiro prazo para a conclu-são das diligências faltantes, desde que, mediante despacho motivado do juiz das garantias, verifique-se o empenho da autoridade policial nestes 720 (sete-centos e vinte) dias e haja concordância do Ministério Público.O prazo de 30 (trinta) dias, além de razoável, é o lapso temporal usual adotado pelo PL nº 8.045/2010 para prorrogações de prazo para a conclu-são da investigação criminal (cf. art. 31, § 2º). Seção VII - Do arquivamento

13. Art. 38, parágrafo únicoDê-se a seguinte redação ao art. 38, parágrafo único, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 38. (...)Parágrafo único. O requerimento de arquivamento do inquérito policial pelo Ministério Público vinculará o juiz das garantias”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 38. (...)Parágrafo único. O juiz das garan-tias, no caso de considerar impro-cedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá denúncia, designa-rá outro órgão do Ministério Públi-co para oferecê-la ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender”.

Redação ora proposta: “Art. 38. (...)Parágrafo único. O requerimento de arquivamento do inquérito policial pelo Ministério Público vinculará o juiz das garantias”.

Um processo penal de estrutura acu-satória possui determinadas caracte-rísticas que devem ser observadas e devem nortear, principiologicamente, toda a atividade de elaboração do Código. Nesta estrutura, devem ser observadas, dentre outras caracterís-ticas, a completa separação entre as funções de acusar, defender e julgar.Por atribuição constitucional, compe-te privativamente ao Ministério Públi-co promover a ação penal (art. 129). Ou seja, em um processo penal de matriz acusatória, a pretensão acu-satória assiste ao órgão ministerial e somente a ele. A ele é imbuída a ta-refa de exercer a ação penal, o que, indissociavelmente, acarreta no juízo sobre os suficientes indícios de mate-rialidade e autoria necessários para a promoção da ação penal e início do processo penal.Se o titular da ação penal requer o ar-quivamento do inquérito, é porque não vislumbrou os requisitos para o seu exercício. Vale dizer, o titular do direito de ação acredita não haver pretensão. Se a ele incumbe acusar e, diante dos elementos de informação colhidos, decidiu que não é caso de acusar, não pode restar a possibilidade de o juiz, ferindo de pronto sua imparcialidade, decidir que era caso de oferecimento de denúncia.Diante disso, e especialmente da adoção de um processo penal de estrutura acusatória, que assegura a imparcialidade do julgador e a divi-são de papéis, deve-se vincular o juiz ao requerimento de arquivamento do inquérito formulado pelo Ministério Público.

14. Art. 48Dê-se a seguinte redação ao art. 48 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”: “Art. 48. Arquivado o inquérito policial

por falta de base para a denúncia, e surgindo posteriormente notícia de outros elementos informativos, o delegado de polícia deverá proce-der a novas diligências, de ofício ou mediante requisição do Ministério Público”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: Art. 48. Arquivados os autos do in-

quérito por falta de base para a denúncia, e surgindo poste-riormente notícia de outros ele-mentos informativos, o delega-do de polícia deverá proceder a novas diligências, de ofício ou mediante requisição do Mi-nistério Público.

Redação ora proposta: Art. 48. Arquivado o inquérito policial por falta de base para a denúncia, e surgindo posteriormente notícia de outros elementos informativos, o delegado de polícia deverá proce-der a novas diligências, de ofício ou mediante requisição do Ministério Público.

Sugere-se modificação para substituir a expressão “autos de inquérito” por “inquérito policial”, a fim de guardar uniformidade com a expressão utili-zada no artigo imediatamente anterior (“art. 39. Arquivado o inquérito poli-cial, o juiz das garantias...”).

TÍTULO III - DA AÇÃO PENAL

15 Art. 45, parágrafo únicoDê-se a seguinte redação ao art. 45, parágrafo único, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 45. Parágrafo único. No caso de

morte da vítima, ou quando decla-rada ausente por decisão judicial, o direito de representação passa-rá ao cônjuge, companheiro, as-cendente, descendente ou irmão, observado o prazo decadencial previsto no caput do artigo, o qual passará a contar da data em que tomarem ciência da autoria do fato”.

JUSTIFICAÇÃO:

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Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 45. Parágrafo único. No caso

de morte da vítima, o direito de representação passará ao côn-juge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão, observa-do o prazo decadencial previsto no caput deste artigo”.

Redação ora proposta: “Art. 45. Parágrafo único. No caso de

morte da vítima, ou quando de-clarada ausente por decisão ju-dicial, o direito de representação passará ao cônjuge, companhei-ro, ascendente, descendente ou irmão, observado o prazo deca-dencial previsto no caput do ar-tigo, o qual passará a contar da data em que tomarem ciência da autoria do fato”.

Proposta de emenda que visa incorporar o instituto da ausência, que trata da aber-tura da sucessão em razão da presunção de morte da vítima, conforme disposi-ções do Código Civil (arts. 6º, parte final, e 22 a 25). Este instituto, de utilidade prá-tica real, não encontrava aparo no vigen-te Código de Processo Penal, tampouco recebeu tratamento no PL 8.045.Igualmente, deve-se estipular o dies a quo para a contagem do prazo deca-dencial. A referência ao prazo do caput extrai-se da doutrina e da jurisprudência hodiernas, em interpretação aos arts. 36, 38 e 24, todos do Código de Proces-so Penal vigente, e 100, § 4º e 103, do Código Penal.

16. Art. 46Dê-se a seguinte redação ao art. 46, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 46. Sem prejuízo das demais hipó-

teses previstas em lei, será públi-ca, condicionada à representação, a ação penal nos crimes contra o patrimônio previstos no Título II da Parte Especial do Código Penal, quando atingirem exclusivamen-te bens do particular e desde que praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa.

§ 1º. A representação é a autorização para o início da persecução penal, dis-pensando quaisquer formalidades, po-dendo dela se retratar a vítima, uma úni-ca vez, até o oferecimento da denúncia;§ 2º Nos crimes de que trata o caput deste artigo, em que a lesão causada seja de menor expressão econômica, ainda que já proposta a ação, a conci-liação entre o autor do fato e a vítima implicará a extinção da punibilidade. É

de menor expressão econômica a lesão que não ultrapasse o valor de vigentes 48 (quarenta) salários mínimos à época dos fatos, podendo o julgador, tendo como referência o patrimônio da vítima, estender tal valor até 100 (cem) salários mínimos”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 46. Será pública, condicionada

à representação, a ação penal nos crimes contra o patrimônio previstos no Título II da Parte Es-pecial do Código Penal, quando atingirem exclusivamente bens do particular e desde que pra-ticados sem violência ou grave ameaça à pessoa.

§ 1º. A representação é a autorização para o início da persecução penal, dispensando quaisquer formalidades, podendo dela se retratar a vítima até o oferecimento da denúncia;§ 2º Nos crimes de que trata o caput deste artigo, em que a lesão causada seja de menor expressão econômica, ainda que já proposta a ação, a con-ciliação entre o autor do fato e a vítima implicará a extinção da punibilidade”.

Redação ora proposta: “Art. 46. Sem prejuízo das demais hi-

póteses previstas em lei, será pú-blica, condicionada à represen-tação, a ação penal nos crimes contra o patrimônio previstos no Título II da Parte Especial do Código Penal, quando atingirem exclusivamente bens do particular e desde que praticados sem vio-lência ou grave ameaça à pessoa.

§ 1º. A representação é a autori-zação para o início da persecução penal, dispensando quaisquer for-malidades, podendo dela se retratar a vítima, uma única vez, até o ofere-cimento da denúncia;§ 2º Nos crimes de que trata o caput deste artigo, em que a lesão causada seja de menor expressão econômi-ca, ainda que já proposta a ação, a conciliação entre o autor do fato e a vítima implicará a extinção da punibi-lidade. É de menor expressão econô-mica a lesão que não ultrapasse o va-lor de 48 (quarenta) salários mínimos vigentes à época dos fatos, podendo o julgador, tendo como referência o patrimônio da vítima, estender tal va-lor até 100 (cem) salários mínimos”.

Proposta de emenda ao caput que visa adequar o texto legislativo, apenas

e tão somente para que reste claro e aparente a existência de outras hipó-teses de ação penal pública condicio-nada à representação, além daquelas elencadas neste art. 46.No § 1º, propõe a limitação da retrata-ção da representação da vítima a uma única oportunidade, evitando-se proble-mas concretos havidos na prática foren-se, decorrentes de sucessivas retrata-ções e retratações da retratação, dentro do prazo decadencial.No § 2º, propõe-se a estipulação de pata-mares mínimo e máximo daquilo que deve ser entendido como lesões de menor impor-tância econômica. De um lado, adota-se a previsão da Lei dos Juizados Especiais (art. 3º, I), como indicativo mínimo, opção esta decorrente de já existir essa lei ordinária que trata de infrações de menor potencial ofen-sivo. De outro, estipula-se a referência máxi-ma em 100 (cem) salários mínimos vigentes à época dos fatos, uma vez que o critério subjetivo da vítima pode se mostrar insufi-ciente, abrindo margem a um sopesamento dos casos diferentes pelo juiz. 17. Art. 48Dê-se a seguinte redação ao art. 48, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 48. Se o Ministério Público não

intentar a ação penal no prazo pre-visto em lei, poderá a vítima, ou, no caso de sua menoridade civil ou incapacidade, o seu representante legal, no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo do órgão ministerial, ingres-sar com ação penal subsidiária da ação penal de iniciativa pública.

§ 1º Oferecida a queixa, poderá o Minis-tério Público promover o seu aditamen-to, com ampliação da responsabilização penal, ou oferecer denúncia substitutiva, reassumindo sua condição de titular da ação penal;§ 2º. No caso de não haver oferecimen-to de denúncia substitutiva, o Ministério Público intervirá em todos os termos do processo e retomará sua condição de ti-tular da acusação em caso de negligên-cia do querelante”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 48. Se o Ministério Público

não intentar a ação penal no prazo previsto em lei, poderá a vítima, ou, no caso de sua me-noridade civil ou incapacida-de, o seu representante legal, no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo do órgão mi-nisterial, ingressar com ação penal subsidiária.

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CPP - LIVRO I / TÍTULO III E IV

§ 1º Oferecida a queixa, poderá o Ministério Público promover o seu aditamento, com ampliação da res-ponsabilização penal, ou oferecer denúncia substitutiva, sem restringir, contudo, a imputação constante da inicial acusatória;§ 2º O Ministério Público intervirá em todos os termos do processo e retomará a acusação em caso de ne-gligência do querelante”.

Redação ora proposta: “Art. 48. Se o Ministério Público não

intentar a ação penal no prazo previsto em lei, poderá a vítima, ou, no caso de sua menoridade civil ou incapacidade, o seu re-presentante legal, no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo do órgão ministerial, ingressar com ação penal subsidiária da ação penal de iniciativa pública.

§ 1º Oferecida a queixa, poderá o Ministério Público promover o seu aditamento, com ampliação da res-ponsabilização penal, ou oferecer de-núncia substitutiva, reassumindo sua condição de titular da ação penal;§ 2º. No caso de não haver ofereci-mento de denúncia substitutiva, o Mi-nistério Público intervirá em todos os termos do processo e retomará sua condição de titular da acusação em caso de negligência do querelante”.

Proposta de emenda ao caput que visa refinar a terminologia técnica.As ações penais são de iniciativa pública, sendo o legitimado a seu exercício o Mi-nistério Público, salvo aquelas de iniciativa privada do ofendido (que é extinta pelo PL 8.045). Dessa maneira, a ação penal sub-sidiária – de iniciativa privada – é também uma forma de ação penal pública.Em continuação à questão terminológica citada acima, propõe-se a alteração do § 1º. O exercício da ação penal subsidiária da ação penal de iniciativa pública não des-natura a natureza pública de seu exercício. Por essa razão, não poderá o Ministério Pú-blico, nesse caso, ser compelido a se ade-quar aos termos até então assumidos por quem só atuou de maneira subsidiária, em exercício que não retira do órgão acusatório sua titularidade no exercício da ação penal. Em suma, é mais adequado prever o adita-mento da denúncia pelo Ministério Público, ou a sua substituição por nova denúncia, a critério do Promotor natural.

18. Art. 51Dê-se a seguinte redação ao art. 51, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 51. Se, a qualquer tempo, o juiz

reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-la de ofício ou por provocação.

Parágrafo único. Se a alegação de extinção da punibilidade depender de prova, o juiz ouvirá a parte contrária ou o interessado, concederá prazo para a instrução do pe-dido e decidirá no prazo de 5 (cinco) dias”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 51. Se, a qualquer tempo, o juiz

reconhecer extinta a punibilida-de, deverá declará-la de ofício ou por provocação. Quando já proposta a ação, o processo será extinto, na forma do dis-posto no art. 268, II.

Parágrafo único. Se a alegação de extinção da punibilidade depender de prova, o juiz ouvirá a parte contrá-ria, concederá prazo para a instrução do pedido e decidirá no prazo de 5 (cinco) dias”.

Redação ora proposta: “Art. 51. Se, a qualquer tempo, o juiz

reconhecer extinta a punibilida-de, deverá declará-la de ofício ou por provocação.

Parágrafo único. Se a alegação de extinção da punibilidade depender de prova, o juiz ouvirá a parte con-trária ou o interessado, concederá prazo para a instrução do pedido e decidirá no prazo de 5 (cinco) dias”.

A remissão, no caput, ao art. 268, II, do CPP, é incorreta. Ali se trata de causas de extinção da ação penal com julga-mento de mérito. E as causas de ex-tinção de punibilidade não necessaria-mente redundam em extinção da ação com essa característica (CP, art. 107, I - morte do investigado; II – indulto; IV – prescrição, decadência, perempção).Já no parágrafo único, propõe-se a menção a “interessado”, uma vez que a causa de extinção da punibilidade pode se dar quando ainda em andamento a fase preliminar da persecução penal. Como naquela fase não há partes pro-cessuais estabelecidas, inclui-se a ex-pressão “interessado”. Ocorrendo tal situação, acredita-se que quem deve declarar a incidência da causa extintiva de punibilidade seja o juiz das garantias (art. 14, XVII).

TÍTULO IV - DOS SUJEITOS DO PROCESSO 19. Título IVDê-se a seguinte redação ao Título IV, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que

trata do “Código de Processo Penal”:“TÍTULO IV – DOS PARTICIPANTES DO PROCESSO”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “TÍTULO IV – DOS SUJEITOS DO PROCESSO”

Redação ora proposta: “TÍTULO IV – DOS PARTICIPANTES DO PROCESSO”.

Sujeitos do processo são aqueles que se submetem a ele, obedecido ao con-traditório estabelecido pelo juiz. Tradi-cionalmente, sujeitos do processo são as partes, como destinatárias da deci-são judicial, e nela interessadas direta-mente. Como o Título IV trata de adesão civil, peritos, intérpretes, serventuários etc., cuida-se de participantes, expres-são mais ampla, e não propriamente de sujeitos do processo. CAPÍTULO I – DO JUIZ

20. Art. 53Dê-se a seguinte redação ao art. 53, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 53. O juiz estará impedido de exer-

cer jurisdição no processo em que:I – tiver funcionado seu cônjuge, compa-nheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advoga-do, órgão do Ministério Público, delegado de polícia, auxiliar da justiça ou perito;II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;III – tiver funcionado como juiz de outra instância, manifestando-se, de qualquer forma, sobre questão de fato ou de di-reito da causa penal;IV – ele próprio ou seu cônjuge, compa-nheiro ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.§ 1º. Na hipótese do inciso I, o impedi-mento só se verifica quando o defensor ou o membro do Ministério Público já in-tegrava o processo antes do ingresso do juiz na causa penal;§ 2º O impedimento previsto no inciso I também se verifica no caso de man-dato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus qua-dros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mes-mo que não intervenha diretamente na causa penal”.

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JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 53. O juiz estará impedido de

exercer jurisdição no processo em que:

I – tiver funcionado seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguí-neo ou afim, em linha reta ou cola-teral, até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, delegado de polícia, auxiliar da justiça ou perito;II – ele próprio houver desempenha-do qualquer dessas funções ou ser-vido como testemunha;III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;IV – ele próprio ou seu cônjuge, companheiro ou parente, consan-guíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-sive, for parte ou diretamente inte-ressado no feito”.

Redação ora proposta: “Art. 53. O juiz estará impedido de

exercer jurisdição no processo em que:

I – tiver funcionado seu cônjuge, companheiro ou parente, consan-guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-sive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, dele-gado de polícia, auxiliar da justiça ou perito; II – ele próprio houver de-sempenhado qualquer dessas fun-ções ou servido como testemunha;III – tiver funcionado como juiz de outra instância, manifestando-se, de qualquer forma, sobre questão de fato ou de direito da causa penal;IV – ele próprio ou seu cônjuge, companheiro ou parente, consan-guíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-sive, for parte ou diretamente inte-ressado no feito.§ 1º. Na hipótese do inciso I, o im-pedimento só se verifica quando o defensor ou o membro do Ministé-rio Público já integrava o processo antes do ingresso do juiz na causa penal;§ 2º O impedimento previsto no inciso I também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advoga-do que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente na causa penal”.

Prefere-se a expressão “manifes-tando-se de qualquer forma”, pois se entende como mais adequada ao comportamento judicial nos au-tos. A expressão é mais simples do que “pronunciando-se de fato ou de direito”, porque permite que a mani-festação judicial ensejadora do impe-dimento tenha se dado a respeito de algum fato ou questão debatida na causa penal, dando maior amplitude e sendo mais coerente com o impedi-mento que o dispositivo visa destacar.A adição do § 1º inspira-se na previ-são do art. 144, § 1º, do Código de Processo Civil, sendo, a nosso enten-der, adequada a sua importação do Código de Processo Penal. Trata-se da situação de vínculo causal entre a as pessoas indicadas e a atuação do juiz na causa penal.A adição do § 2º, a seu turno, impor-ta a previsão do § 3º, do mesmo art. 144 do Código de Processo Civil e se liga à mesma situação de vínculo cau-sal acima descrita. Esta nova previsão visa impedir qualquer cogitação de si-tuação de impedimento pelo mero fato de constar nome de pessoa impeditiva no quadro de advogados atuantes.

21 Art. 55Dê-se a seguinte redação ao art. 55, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 55, § 1º Reputa-se fundada a

suspeição quando o juiz mani-festar parcialidade na condução do processo ou no julgamento da causa e, ainda, nas seguintes hi-póteses:

I – se mantiver relação de amizade ou de inimizade com qualquer das partes ou interessados;II – se ele, seu cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão es-tiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;III – se ele, seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar de-manda ou responder a ação judicial que tenha que ser julgada por qualquer das partes ou interessados;IV – se tiver aconselhado, sobre a mes-ma causa penal, qualquer das partes ou interessados;V – se mantiver relação jurídica de natu-reza econômica ou moral com qualquer das partes ou interessados, da qual se possa inferir risco à imparcialidade;VI – se tiver interesse no julgamento da causa em favor de uma das partes ou interessados.§ 2º. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessi-dade de declarar suas razões”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 55. § 1º Reputa-se fundada a sus-

peição quando o juiz manifestar parcialidade na condução do pro-cesso ou no julgamento da causa e, ainda, nas seguintes hipóteses:

I – se mantiver relação de amizade ou de inimizade com qualquer das partes;II – se ele, seu cônjuge, companhei-ro, ascendente, descendente ou ir-mão estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;III – se ele, seu cônjuge, companhei-ro ou parente, consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, inclusive, susten-tar demanda ou responder a proces-so que tenha de ser julgado por qual-quer das partes;IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;V – se mantiver relação jurídica de natureza econômica ou moral com qualquer das partes, da qual se pos-sa inferir risco à imparcialidade;VI – se tiver interesse no julgamento da causa em favor de uma das partes.§ 2º. O juiz, a qualquer tempo, po-derá se declarar suspeito, inclusive por razões de foro íntimo”.

Redação ora proposta: “Art. 55, § 1º Reputa-se fundada a sus-

peição quando o juiz manifestar parcialidade na condução do pro-cesso ou no julgamento da causa e, ainda, nas seguintes hipóteses:

I – se mantiver relação de amizade ou de inimizade com qualquer das partes ou interessados;II – se ele, seu cônjuge, companhei-ro, ascendente, descendente ou ir-mão estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;III – se ele, seu cônjuge, compa-nheiro ou parente, consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, inclu-sive, sustentar demanda ou res-ponder a ação judicial que tenha que ser julgada por qualquer das partes ou interessados;IV – se tiver aconselhado, sobre a mesma causa penal, qualquer das partes ou interessados;V – se mantiver relação jurídica de natu-reza econômica ou moral com qualquer das partes ou interessados, da qual se possa inferir risco à imparcialidade;VI – se tiver interesse no julgamento da causa em favor de uma das par-tes ou interessados.§ 2º. Poderá o juiz declarar-se sus-peito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões”.

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CPP - LIVR O I / TÍTULO IV

Todas as alterações propostas ao § 1º partem de dois objetivos. De um lado, estender a previsão das causas de sus-peição aos interessados, pois elas po-dem surgir no curso de investigação preliminar (em que inexistem partes pro-cessuais), e poderão ser reconhecidas pelo juiz de garantias. De outro lado, a situação de suspeição deve ser sempre restrita à causa penal em discussão.Já no § 2º, adota-se a redação do art. 145, § 1º, do Código de Processo Civil, porque mais clara. Deve-se, primordial-mente, assegurar ao juiz a possibilidade de não indicar as razões de foro íntimo pelas quais se declara suspeito em de-terminada causa penal. 22. Art. 56Dê-se a seguinte redação ao art. 56, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 56. É vedada a criação de fato su-

perveniente ao ingresso do juiz na causa penal com o fim de criar o seu impedimento ou a sua suspeição”.

JUSTIFICAÇÃO: Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 56. A suspeição não poderá

ser declarada nem reconhecida quando a parte de propósito der motivo para criá-la”.

Redação ora proposta: “Art. 56. É vedada a criação de fato

superveniente ao ingresso do juiz na causa penal com o fim de criar o seu impedimento ou a sua suspeição”.

A redação atual do PL 8.045 refere-se apenas aos casos de suspeição. Acre-dita-se ser adequado adaptar o texto normativo para aglutinar também as situações em que o impedimento seja criado por fato superveniente ao ingres-so do magistrado na causa penal, uma vez que se assemelha à necessidade de tal previsão para os casos de suspeição.

CAPÍTULO II - DO MINISTÉRIO PÚBLICO

23. Art. 57Dê-se a seguinte redação ao art. 57, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 57. O Ministério Público é o titu-

lar da ação penal, incumbindo-lhe zelar, em qualquer instância e nas fases da persecução penal e execu-ção penal pela defesa da ordem jurí-dica e pela correta aplicação da lei”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 57. O Ministério Público é o titu-

lar da ação penal, incumbindo--lhe zelar, em qualquer instância e em todas as fases da persecu-ção penal, pela defesa da ordem jurídica e pela correta aplicação da lei”.

Redação ora proposta: “Art. 57. O Ministério Público é o titu-

lar da ação penal, incumbindo--lhe zelar, em qualquer instância e nas fases da persecução penal e execução penal, pela defesa da ordem jurídica e pela correta aplicação da lei”.

A redação proposta tem por escopo atri-buir a adequada abrangência à atuação do Ministério Público, estendendo-a não só à persecução penal (investigação preliminar e ação penal), como também à execução penal.

24. Art. 58Dê-se a seguinte redação ao art. 58, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 58. Aos integrantes do Ministério

Público se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relati-vas à suspeição e aos impedimen-tos dos juízes”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 58. Os órgãos do Ministério

Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu côn-juge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se es-tendem, no que lhes for aplicá-vel, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes”.

Redação ora proposta: “Art. 58. Aos integrantes do Ministé-

rio Público se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos im-pedimentos dos juízes”.

A emenda ora proposta resgata a ideia de que as causas de impedimento e

suspeição do juiz se estendem aos inte-grantes do Ministério Público.Bastante importante é a especificação de que as causas de suspeição e de impedimento se aplicam aos membros do Ministério Público, e não ao próprio órgão. Igualmente importante, a fim de ser facilitada a interpretação normati-va, pode-se omitir a referência ao rol de causas, uma vez que basta ler aquelas já previstas aos magistrados.

CAPÍTULO IV - DO ACUSADO E SEU DE-FENSOR

25. Título do Capítulo IV e res-pectivos artigosTroque-se a expressão “investigado ou acusado” pelo termo “imputado” no título do Capítulo IV - DO ACUSA-DO E SEU DEFENSOR, do Título IV – Dos Sujeitos do Processo, Livro I e nos demais artigos do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Códi-go de Processo Penal”. JUSTIFICAÇÃO:

Pretende-se a substituição da expres-são “acusado” por “imputado”. Trata-se de questão terminológica que visa dar maior tecnicidade ao projeto de CPP.Imputado é noção técnica mais ampla do que “acusado”. Este, abrange ape-nas a situação do cidadão contra quem existe denúncia recebida, enquanto que “imputado” é aquele cidadão que en-frenta a fase preliminar da persecução (e.g., inquérito policial). Imputado é no-ção mais genérica e se liga à imputação (atribuição) de um fato definido como crime, podendo atingir o imputado.

Seção I - Disposições gerais 26. Art. 60 Dê-se a seguinte redação ao art. 60, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 60. Todo imputado terá direito à

defesa técnica em todos os atos do processo penal, exigindo-se manifestação fundamentada em todas as oportunidades em que seja necessária ao efetivo exer-cício da ampla defesa e do con-traditório.

§ 1º Se o imputado não tiver advogado constituído, e no foro onde não houver Defensoria Pública, ser-lhe-á nomea-do defensor para o processo ou para o ato, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. O imputado arcará com as despesas do defensor designado pelo juiz, salvo quando não puder fazê-lo por impossibilidade material.§ 2º Com vistas ao pleno atendimento do disposto no caput deste artigo, o de-fensor deverá ouvir pessoalmente o

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imputado, salvo em caso de manifes-ta impossibilidade, quando será feito o registro dessa situação excepcional”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 60. Todo acusado terá direito à

defesa técnica em todos os atos do processo penal, exigindo-se manifestação fundamentada por ocasião das alegações finais e em todas as demais oportunida-des em que seja necessária ao efetivo exercício da ampla defe-sa e do contraditório.

§ 1º Se o acusado não tiver advo-gado constituído, e no foro onde não houver Defensoria Pública, ser-lhe-á nomeado defensor para o processo ou para o ato, ressalvado o seu di-reito de, a todo tempo, nomear ou-tro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. O acusado arcará com as despesas do defensor designado pelo juiz, sal-vo quando não puder fazê-lo por im-possibilidade material.§ 2º Com vistas ao pleno atendi-mento do disposto no caput deste artigo, o defensor deverá ouvir pes-soalmente o acusado, salvo em caso de manifesta impossibilidade, quan-do será feito o registro dessa situa-ção excepcional”.

Redação ora proposta: “Art. 60. Todo imputado terá direito à

defesa técnica em todos os atos do processo penal, exigindo-se manifestação fundamentada em todas as oportunidades em que seja necessária ao efetivo exer-cício da ampla defesa e do con-traditório.

§ 1º Se o imputado não tiver ad-vogado constituído, e no foro onde não houver Defensoria Pública, ser-lhe-á nomeado defensor para o processo ou para o ato, ressalva-do o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. O imputado ar-cará com as despesas do defensor designado pelo juiz, salvo quando não puder fazê-lo por impossibili-dade material.§ 2º Com vistas ao pleno atendi-mento do disposto no caput deste artigo, o defensor deverá ouvir pes-soalmente o imputado, salvo em caso de manifesta impossibilidade, quando será feito o registro dessa situação excepcional”.

Pretende-se a substituição da expres-são “acusado” por “imputado”. Trata-se de questão terminológica que visa dar maior tecnicidade ao projeto de CPP.Imputado é noção técnica mais ampla do que “acusado”. Este, abrange apenas a si-tuação do cidadão contra quem existe de-núncia recebida, enquanto que “investiga-do” é aquele cidadão que enfrenta a fase preliminar da persecução (e.g., inquérito policial). Imputado é noção mais genérica e se liga à imputação (atribuição) de um fato definido como crime, podendo atingir o investigado e o acusado.Quanto à alteração para que conste que deve haver “manifestação fundamentada em todas as oportunidades em que seja necessária ao efetivo exercício da ampla defesa e do contraditório”, esta se dá diante da impossibilidade de se restringir este exercício de defesa técnica à fase de alegações finais. Por certo, há diver-sos outros momentos em que as mani-festações defensivas são imprescindíveis aos interesses do imputado, inclusive na fase de investigação preliminar (p. ex., pedidos de juntada de documentos aos autos, pedidos de desentranhamento, de liberdade provisória etc.).A expansão ora proposta tem, em última análise, o escopo de dar verdadeira voz ao estipulado no art. 3º do próprio PL 8.045: “Todo processo penal realizar-se-á sob o contraditório e a ampla defesa, garantida a efetiva manifestação do defensor técnico em todas as fases procedimentais”.

27. Art. 61Dê-se a seguinte redação ao art. 61, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 61. O defensor poderá ingressar

na fase de investigação, na ação penal, ou na fase de execução pe-nal, ainda que sem instrumento de mandato, caso em que atuará sob a responsabilidade de seu grau”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 61. O defensor poderá ingressar

na fase de investigação, na ação penal, ou na fase de execução pe-nal, ainda que sem instrumento de mandato, caso em que atuará sob a responsabilidade de seu grau”.

Redação ora proposta: “Art. 61. O defensor poderá ingressar

na fase de investigação, na ação penal, ou na fase de execução pe-nal, ainda que sem instrumento de mandato, caso em que atuará sob a responsabilidade de seu grau”.

Para dar voz ao disposto no art. 3º do próprio PL 8045, que trata do novo Có-digo de Processo Penal, é necessária a modificação ora proposta, para que reste claro que a atuação da defesa técnica se dá em qualquer fase ou mo-mento processual.

28. Art. 62, § 2º Dê-se a seguinte redação ao art. 62, § 2º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 62, § 2º Tratando-se de instrução

relativa a matéria de maior com-plexidade jurídica ou probatória, a exigir aprofundado conhecimento da causa, o juiz poderá adiar a re-alização do ato, com a designação de defensor, para assegurar o pleno exercício do direito de defesa”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 62, § 2º Tratando-se de instru-ção relativa a matéria de maior com-plexidade probatória, a exigir apro-fundado conhecimento da causa, o juiz poderá adiar a realização do ato, com a designação de defensor, para assegurar o pleno exercício do direi-to de defesa”.

Redação ora proposta: “Art. 62, § 2º Tratando-se de instru-ção relativa a matéria de maior com-plexidade jurídica ou probatória, a exigir aprofundado conhecimento da causa, o juiz poderá adiar a re-alização do ato, com a designação de defensor, para assegurar o pleno exercício do direito de defesa”.

No universo infindável de possibilida-des concretas das questões que per-meiam o processo penal, é certo que não se restringe ao campo probatório as possibilidades em que o adiamento da realização do ato seja necessário para a garantia do pleno exercício do direito de defesa.Dessa maneira, a complexidade jurídica envolta no processo, ainda que a com-plexidade probatória seja de simplici-dade aparente, pode também ensejar o adiamento da realização do ato. Exem-plo disso pode se dar quando já existen-te laudo pericial nos autos, mas tal laudo apresenta complexidade que demanda adiamento da realização de outro ato para que possa haver tempo razoável à sua compreensão.

Seção II - Do interrogatório

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CPP - LIVRO I / TÍTULO IV

Subseção I - Disposições gerais 29. Arts. 64 e 65Dê-se a seguinte redação aos arts. 64 e 65 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 64, § 1º No caso de flagrante de-

lito, se, por qualquer motivo, não se puder contar com a assistência de advogado ou defensor públi-co no local, o auto de prisão em flagrante será lavrado e encami-nhado ao juiz das garantias sem o interrogatório do conduzido, aguardando o delegado de polí-cia a determinação judicial para a sua realização com aquela assis-tência.

§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, não se realizando o interrogatório, o de-legado de polícia limitar-se-á a qualificar o preso.§ 3º. O envio dos autos de flagrante para o juiz sem o interrogatório do con-duzido também deverá ocorrer na hipó-tese dos artigos 69 a 71 deste Código.§ 4º O interrogatório não é ato obri-gatório, e somente se realizará ou será dispensado mediante manifestação do defensor do imputado.Art. 65, § 1º A autoridade responsá-

vel pelo interrogatório não poderá prometer vantagens sem expres-so amparo legal e nem interrogar qualquer pessoa sem lhe indagar expressamente do respeito de seus direitos fundamentais”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 64, § 1º No caso de flagrante delito, se, por qualquer motivo, não se puder contar com a assistência de advogado ou defensor público no local, o auto de prisão em fla-grante será lavrado e encaminhado ao juiz das garantias sem o interro-gatório do conduzido, aguardando o delegado de polícia o momento mais adequado para realizá-lo, sal-vo se o interrogando manifestar li-vremente a vontade de ser ouvido naquela oportunidade.§ 2º Na hipótese do § 1º deste ar-tigo, não se realizando o interroga-tório, o delegado de polícia limitar--se-á a qualificar o investigado.§ 3º A ressalva constante da parte final do § 1º deste artigo também se aplica ao interrogatório realiza-do no curso do inquérito.Art. 65, § 1º A autoridade respon-sável pelo interrogatório não po-derá prometer vantagens sem ex-presso amparo legal”.

Redação ora proposta: “Art. 64, § 1º No caso de flagrante

delito, se, por qualquer moti-vo, não se puder contar com a assistência de advogado ou defensor público no local, o auto de prisão em flagrante será lavrado e encaminhado ao juiz das garantias sem o interrogatório do conduzido, aguardando o delegado de polícia a determinação judi-cial para a sua realização com aquela assistência.

§ 2º Na hipótese do § 1º deste ar-tigo, não se realizando o interroga-tório, o delegado de polícia limitar--se-á a qualificar o preso.§ 3º. O envio dos autos de fla-grante para o juiz sem o interroga-tório do conduzido também deverá ocorrer na hipótese dos artigos 69 a 71 deste Código.§ 4º O interrogatório não é ato obrigatório, e somente se realiza-rá ou será dispensado mediante manifestação do defensor do im-putado.Art. 65, § 1º A autoridade res-ponsável pelo interrogatório não poderá prometer vantagens sem expresso amparo legal e nem interrogar qualquer pessoa sem lhe indagar expressamente do respeito de seus direitos funda-mentais”.

A redação atual do PL 8.045 traria in-terpretações díspares, que não permi-tiriam sua adequada aplicação. Não se pode deixar ao delegado a responsabi-lidade de decidir “se” e “quando” será colhido o interrogatório do preso em flagrante, sob pena de sempre se abrir mão da assistência de um defensor (por vezes, não por escolha do preso, mas por imposição da autoridade po-licial). O interrogatório é um dos mais importantes atos de defesa, do qual não se pode abrir sem que previamen-te seja o preso consultado com um de-fensor técnico.Além disso, como o artigo menciona a remessa dos autos ao juiz de garantias, melhor que a autoridade judicial – que já irá fiscalizar a legalidade da prisão – de-cida sobre o momento do interrogatório, inclusive sem que se permita, de qual-quer forma, que o ato se dê sem a pre-sença de defensor técnico. Resguarda--se, assim, também o próprio delegado, dele se extraindo responsabilidade que não lhe é própria.Esclarece-se, ainda, que a situação tra-ta de interrogatório de pessoa presa em flagrante, não de investigado (problema de terminologia).

No tocante ao § 3º, na medida em que se propõe a supressão da parte final do § 1º, é importante prever neste dispositi-vo que a remessa dos autos de flagrante sem o interrogatório do preso só deverá ocorrer nas situações em que o interro-gando necessite de intérprete, seja sur-do ou mudo, ou seja índio.A inovação pretendida no § 4º diz respeito à reafirmação do interroga-tório como meio de defesa e do di-reito constitucional de permanecer em silêncio. Assim, por estas razões, não se considera o interrogatório ato obrigatório do processo, uma vez que dele pode abrir mão a defesa, caso decida ser mais adequado não o re-alizar. No entanto, esta decisão cabe exclusivamente à estratégia defensi-va, de modo que seu caráter não obri-gatório não atribui ao juiz ou à acusa-ção a possibilidade de decidir sobre realizá-lo ou não.Por fim, a proposta altera o parágrafo único do art. 65, estabelecendo como obrigatório a autoridade policial ques-tionar a pessoa presa em flagrante se seus direitos fundamentais foram res-peitados, destacando-se a atribuição de prevenção e combate a tortura e violência policial.

30. Art. 66Dê-se a seguinte redação ao art. 66, ca-put, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 66. Antes do interrogatório, o impu-

tado será informado: (...)”JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 66. Antes do interrogatório, o

investigado ou imputado será informado:

(...)”.

Redação ora proposta: “Art. 66. Antes do interrogatório, o

imputado será informado:(...)”.

Para melhor precisão técnica, e a fim de evitar repetições, sugere-se a utilização do termo “imputado”, que, por ser am-plo, se aplica a toda persecução penal e abarca tanto a situação de investigado (na fase de inquérito policial) quanto a de acusado (na ação penal).

31. Art. 67Dê-se a seguinte redação ao art. 67, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 67, § 2º. Na segunda parte, será per

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guntado sobre os fatos que lhe são impu-tados ou que estejam sob investiga-ção e todas as suas circunstâncias.

(...)§ 4º. Quando o interrogando quiser confessar a autoria da infração penal, a autoridade indagará se o faz de livre e espontânea vontade”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 67, § 2º. Na segunda parte, será

perguntado sobre os fatos que lhe são imputados, ou que este-jam sob investigação e todas as suas circunstâncias”.

Redação ora proposta: “Art. 67, § 2º. Na segunda parte, será

perguntado sobre os fatos que lhe são imputados ou que este-jam sob investigação e todas as suas circunstâncias.

(...)§ 4º. Quando o interrogando quiser confessar a autoria da infração pe-nal, a autoridade indagará se o faz de livre e espontânea vontade e sob a prévia orientação de seu defensor técnico”.

O § 2º merece acerto gramatical com a exclusão da vírgula, pois desneces-sária. Trata-se de oração cujo núcleo são os “fatos”: os fatos que são impu-tados ao interrogando ou os fatos sob investigação.Deve-se acrescer o § 4º, consistente em regra específica para o interroga-tório e sua sequência procedimental probatória. Após a primeira e a segun-da partes do interrogatório, o juiz inda-gará se o interrogando tem algo mais a declarar em sua defesa. Além disso, caso o interrogando deseje confessar o fato cuja autoria lhe foi atribuída, de-verá ser-lhe indagado se o faz de livre e espontânea vontade, e sob a prévia orientação de seu defensor técnico a respeito das consequências deste ato confessório.Subseção II - Disposições especiais re-lativas ao interrogatório em juízo

32. Art. 74Dê-se a seguinte redação ao art. 74, § 1º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 74. § 1º O defensor do corréu tam-

bém poderá fazer perguntas ao in-terrogando, logo após o Ministério Público”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 74. § 1º O defensor do corréu

também poderá fazer perguntas ao interrogando, após o Ministé-rio Público”.

Redação ora proposta: “Art. 74. § 1º O defensor do corréu

também poderá fazer perguntas ao interrogando, logo após o Mi-nistério Público”.

A alteração, acrescentando-se a par-tícula temporal (“logo”) tem o condão de se evitar o equívoco da ordem das perguntas. Dessa maneira, havendo mais de um réu, o defensor do corréu realizará perguntas ao interrogando logo após o Ministério Público, ou seja, necessariamente antes das perguntas do defensor do próprio interrogando.

33. Art. 75Dê-se a seguinte redação ao art. 75, § 1º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 75. Ao término das indagações for-

muladas pelas partes, o juiz poderá complementar o interrogatório so-bre pontos não esclarecidos, obser-vando, ainda, o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 67”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 75. Ao término das indagações

formuladas pelas partes, o juiz poderá complementar o inter-rogatório sobre pontos não es-clarecidos, observando, ainda, o disposto no § 3º do art. 67”.

Redação ora proposta: “Art. 75. Ao término das indagações

formuladas pelas partes, o juiz po-derá complementar o interrogató-rio sobre pontos não esclarecidos, observando, ainda, o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 67”.

A referência aos parágrafos do art. 67 deve ser corrigida, para se adequar à emenda sugerida para aquele dispo-sitivo.

CAPÍTULO V - DO ASSISTENTE E DA PAR-TE CIVIL ART. 77 AO 84

Seção I - Do assistente

34. Art. 78Dê-se a seguinte redação ao art. 78, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 78. O assistente será admitido

enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no es-tado em que se achar”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 78. O assistente será admitido

enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar”.

Redação ora proposta: “Art. 78. O assistente será admitido

enquanto não houver trânsito em julgado da sentença ou do acórdão e receberá a causa no estado em que se achar”.

Tecnicamente, não é apenas a senten-ça que transita em julgado, senão tam-bém os acórdãos. A modificação visa, portanto, pormenorizar as situações de ingresso do assistente, impondo me-lhoria técnica no Projeto, inexistente no atual CPP. 35. Art. 79, § 1º, e supressão do § 3ºDê-se a seguinte redação ao art. 79, § 1º, e da supressão do § 3, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 79. §1º a atividade processual do

assistente observará os limites da pretensão acusatória do titular da ação penal”.

JUSTIFICAÇÃO: Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 79. §1º O juiz, ouvido o Minis-

tério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente.

(...)§ 3º O recurso do assistente limitar--se-á ao reconhecimento da autoria e da existência do fato”.

Redação ora proposta: “Art. 79. §1º a atividade processual

do assistente observará os limi-tes da pretensão acusatória do titular da ação penal.

(...)§ 3º (SUPRIMIR)”.

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CPP - LIVRO I / TÍTULO IV

Por atribuição constitucional (art. 129, I), o exercício da ação penal compete ao Ministério Público. A este órgão é concedido o direito de acusar, o qual, ao final do processo justo, legitimará o exercício do di-reito de punir do Estado. Somente com acusação pode haver punição. Na medida em que a acusação é monopólio estatal, exercido pelo órgão ministerial, os limites desta acusação também são por ele defi-nidos. Dessa maneira, fere o proces-so penal acusatório a possibilidade de expandir os limites da acusação pelo assistente, quando o Ministério Público tenha decidido dar à acusa-ção outros limites (ou mesmo sequer exercê-la).O mesmo vale para a fase recursal. Por exemplo, a uma absolvição con-tra a qual o órgão ministerial não quis interpor o recurso cabível, não faz sentido teleológico permitir que o as-sistente de acusação (privado) conti-nue movendo a jurisdição em busca de uma condenação quando quem possui o monopólio de acusar deci-diu que não era mais caso de seguir acusando.

Seção II - Da parte civil

36. Art. 83Dê-se a seguinte redação ao art. 83, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 83. A adesão de que cuida esta

seção não impede a propositura de ação civil contra as pessoas que por lei ou contrato tenham responsabilidade civil pelos da-nos morais e materiais causados pela infração.

§ 1º. Se a ação for proposta no juí-zo cível contra o imputado, incluindo pedido de reparação de dano moral, estará prejudicada a adesão na ação penal, sem prejuízo da execução da sentença penal condenatória, na for-ma do disposto no art. 84.§ 2º. A reparação dos danos morais fixada na decisão penal condenatória deverá ser considerada no juízo cível, quando da fixação do valor total da indenização devida pelos danos cau-sados pelo ilícito.§ 3º A precedência no julgamento de ação civil contra o imputado e/ou ou-tros responsáveis civis pelos danos decorrentes da infração impedirá sua apreciação pelo juízo da causa penal.§ 4º A decisão judicial que reconhecer a extinção da punibilidade ou a absol-vição por atipicidade ou por ausência de provas não impedirá a propositura de ação civil”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 83. A adesão de que cuida este

Capítulo não impede a propositura de ação civil contra as pessoas que por lei ou contrato tenham respon-sabilidade civil pelos danos morais e materiais causados pela infração. Se a ação for proposta no juízo cível contra o acusado, incluindo pedido de reparação de dano moral, estará prejudicada a adesão na ação pe-nal, sem prejuízo da execução da sentença penal condenatória, na forma do disposto no art. 84.

§ 1º A reparação dos danos morais arbitrada na sentença penal conde-natória deverá ser considerada no juízo cível, quando da fixação do va-lor total da indenização devida pelos danos causados pelo ilícito.§ 2º No caso de precedência no jul-gamento da ação civil contra o acu-sado e/ou outros responsáveis civis pelos danos decorrentes da infração, o valor arbitrado na sentença penal para a reparação do dano moral não poderá exceder àquele fixado no juí-zo cível para tal finalidade.§ 3º A decisão judicial que, no curso do inquérito policial ou do processo penal, reconhecer a extinção da pu-nibilidade ou a absolvição por atipici-dade ou por ausência de provas, não impedirá a propositura de ação civil”.

Redação ora proposta: “Art. 83. A adesão de que cuida esta

seção não impede a propositura de ação civil contra as pessoas que por lei ou contrato tenham responsabilidade civil pelos da-nos morais e materiais causados pela infração.

§ 1º. Se a ação for proposta no juízo cível contra o imputado, incluindo pedido de re-paração de dano moral, estará prejudica-da a adesão na ação penal, sem prejuízo da execução da sentença penal condena-tória, na forma do disposto no art. 84.§ 2º. A reparação dos danos morais fixada na decisão penal condenató-ria deverá ser considerada no juízo cível, quando da fixação do valor to-tal da indenização devida pelos da-nos causados pelo ilícito.§ 3º A precedência no julgamento de ação civil contra o imputado e/ou ou-tros responsáveis civis pelos danos decorrentes da infração impedirá sua apreciação pelo juízo da causa penal.§ 4º A decisão judicial que reconhe-cer a extinção da punibilidade ou a absolvição por atipicidade ou por ausência de provas não impedirá a propositura de ação civil”.

A referência do caput não deve ser a todo o Capítulo correlacionado (“Do As-sistente e da Parte Civil”), mas somente à respectiva seção (“Da Parte Civil”).Para melhor leitura, é adequada a con-versão da parte final do caput em § 1º, renumerando-se os demais.No novel § 2º, deve-se falar em “deci-são” penal, e não apenas em sentença, uma vez que a intenção seguramente é se referir também aos acórdãos de se-gunda instância e dos Tribunais Supe-riores, e não apenas à decisão de mérito do juízo de primeiro grau.Havendo precedência no juízo cível de demanda correlata em que se apura o dano decorrente da infração, é bas-tante mais coerente que se aguarde a manifestação daquele juízo antes de se decidir sobre tal matéria na esfera criminal. Isso é patente ante a possibi-lidade de, caso assim não fosse, o juiz criminal arbitrar valor superior àquele fixado supervenientemente pelo juízo cível, gerando uma incoerência sis-têmica. Para evitar, basta que o juízo criminal aguarde o veredicto do juízo cível para que se manifeste dentro dos limites ali decididos.Por fim, no § 4º aqui proposto, a refe-rência a “no curso do inquérito policial ou do processo penal” não apresenta qualquer utilidade para a compreensão de sua ratio, pois evidentemente qual-quer decisão desta natureza se dará na fase pré-processual ou na fase judicial. CAPÍTULO VI - DOS PERITOS E INTÉR-PRETES

37. Arts. 85 e 86Dê-se a seguinte redação ao art. 85, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 85. O perito estará sujeito à discipli-

na judiciária, não podendo as partes intervirem na sua nomeação”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 85. O perito estará sujeito à dis-

ciplina judiciária”.“Art. 86. As partes não intervirão na

nomeação do perito”.

Redação ora proposta: “Art. 85. O perito estará sujeito à dis-

ciplina judiciária, não podendo as partes intervirem na sua no-meação”.

Para uma melhora na redação legislati-va, é conveniente e apropriada a união dos arts. 85 e 86 do PL 8.045 em um

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único dispositivo, renumerando-se os demais. 38. Art. 89Acresça-se o seguinte art. 89 ao Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 89. As prescrições sobre suspeição

e impedimento dos juízes estendem--se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: (Inexistente).

Redação ora proposta: “Art. 89. As prescrições sobre sus-

peição e impedimento dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável”.

A inclusão se justifica pela necessidade de trazer ao Projeto 8.045 a adequada previsão do vigente art. 274 do Código de Processo Penal, olvidado na redação deste PL. De fato, aos serventuários e funcionários da justiça, indispensáveis ao bom andamento do processo, de-vem ser aplicadas todas as causas de impedimento e suspeição previstas aos magistrados.

TÍTULO V - DOS DIREITOS DA VÍTIMA

39. Art. 91Dê-se a seguinte redação ao art. 91, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 91. São direitos assegurados à víti-

ma, entre outros:I – ser tratada com dignidade e respeito condizentes com a sua situação;II – receber imediato atendimento médi-co e atenção psicossocial;III – ser encaminhada para exame de corpo de delito quando tiver sofrido le-sões corporais ou danos psicológicos.(...)V – ser comunicada: a) da prisão ou sol-tura do suposto autor do crime; b) da conclusão da investigação criminal, de seu arquivamento ou do oferecimento da denúncia; c) da eventual proposta de transação penal, nos termos do art. 299; d) da condenação ou absolvição, da absolvição sumária, da impronúncia, da decisão de extinção de punibilidade ou da condenação do imputado;VI – obter cópias de peças da investi-gação criminal e da ação penal, salvo quando, justificadamente, devam per-manecer em estrito sigilo;

VII – ser orientada quanto ao exercício oportuno do direito de representação, de ação penal subsidiária da pública, de ação civil por danos materiais e mo-rais, da adesão civil à ação penal e da composição dos danos civis para efeito de extinção da punibilidade, nos casos previstos em lei;VIII – prestar declarações na fase inves-tigativa em dia diverso do estipulado para a oitiva do suposto autor do crime ou aguardar em local separado até que o procedimento se inicie;IX – ser ouvida antes de testemunhas, respeitada a ordem prevista no caput do art. 276;X – peticionar às autoridades públicas para se informar a respeito do anda-mento e deslinde da investigação ou da ação penal, bem como requerer diligências (art. 26, caput) ou outras medidas no curso da ação penal (art. 79, caput).(...)XII – intervir na ação penal como assis-tente do Ministério Público, podendo nela deduzir recomposição civil de dano moral, ou como parte civil para o pleito indenizatório;XIII – receber especial proteção do Esta-do quando, em razão de sua colabora-ção com a investigação ou ação penal, sofrer coação ou ameaça à sua integri-dade física, psicológica ou patrimonial, estendendo-se as medidas de proteção ao cônjuge ou companheiro, filhos, fa-miliares e afins, se necessário for;(...)§ 3º As autoridades terão sempre o cui-dado de preservar o endereço e outros dados pessoais da vítima, mantendo-os sigilosos, justificadamente, quando ne-cessário nos termos do inciso XIII e nos demais casos previstos em lei”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 91. São direitos assegurados à

vítima, entre outros:(...)III – ser encaminhada para exame de corpo de delito quando tiver sofrido lesões corporais;(...)V – ser comunicada: a) da prisão ou soltura do suposto autor do crime; b) da conclusão do inquérito policial e do oferecimento da denúncia; c) do eventual arquivamento da investi-gação, nos termos do art. 39; d) da condenação ou absolvição do acu-sado;VI – obter cópias de peças do inqué-rito policial e do processo penal, sal-vo quando, justificadamente, devam permanecer em estrito sigilo;(...)

VIII – prestar declarações em dia di-verso do estipulado para a oitiva do suposto autor do crime ou aguardar em local separado até que o proce-dimento se inicie;IX – ser ouvida antes de outras teste-munhas, respeitada a ordem prevista no caput do art. 276;X – peticionar às autoridades públi-cas para se informar a respeito do andamento e deslinde da investiga-ção ou do processo, bem como ma-nifestar as suas opiniões;(...)XII – intervir no processo penal como assistente do Ministério Público ou como parte civil para o pleito inde-nizatório;(...)XIII – receber especial proteção do Estado quando, em razão de sua colaboração com a investigação ou processo penal, sofrer coação ou ameaça à sua integridade fí-sica, psicológica ou patrimonial, estendendo-se as medidas de pro-teção ao cônjuge ou companheiro, filhos, familiares e afins, se neces-sário for;(...)§ 3º As autoridades terão sempre o cuidado de preservar o endereço e outros dados pessoais da vítima”.

Redação ora proposta: “Art. 91. São direitos assegurados à

vítima, entre outros:(...)III – ser encaminhada para exame de corpo de delito quando tiver sofrido lesões corporais ou danos psicológicos.(...)V – ser comunicada: a) da prisão ou soltura do suposto autor do crime; b) da conclusão da investigação crimi-nal, de seu arquivamento ou do ofe-recimento da denúncia; c) da even-tual proposta de transação penal, nos termos do art. 299; d) da conde-nação ou absolvição, da absolvição sumária, da impronúncia, da decisão de extinção de punibilidade ou da condenação do acusado;VI – obter cópias de peças da inves-tigação criminal e da ação penal, sal-vo quando, justificadamente, devam permanecer em estrito sigilo;(...)VIII – prestar declarações, na fase in-vestigativa, em dia diverso do estipu-lado para a oitiva do suposto autor do crime ou aguardar em local separado até que o procedimento se inicie;IX – ser ouvida antes de testemu-nhas, respeitada a ordem prevista no caput do art. 276; X – peticionar às autoridades públicas

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para se informar a respeito do anda-mento e deslinde da investigação ou da ação penal, bem como requerer diligências (art. 26, caput) ou outras medidas no curso da ação penal (art. 79, caput).(...)XII – intervir na ação penal como as-sistente do Ministério Público, po-dendo nela deduzir recomposição civil de dano moral, ou como parte civil para o pleito indenizatório;XIII – receber especial proteção do Estado quando, em razão de sua colaboração com a investi-gação ou ação penal, sofrer coa-ção ou ameaça à sua integridade física, psicológica ou patrimonial, estendendo-se as medidas de pro-teção ao cônjuge ou companheiro, filhos, familiares e afins, se neces-sário for;(...)§ 3º As autoridades terão sempre o cuidado de preservar o endereço e outros dados pessoais da vítima, mantendo-os sigilosos, justifica-damente, quando necessário, nos termos do inciso XIII e nos demais casos previstos em lei”.

A presente proposta de emenda de re-dação tem o escopo de realizar modi-ficações pontuais no rol de direitos da vítima no campo processual penal.Primeiramente, no inciso III, de se notar que a vítima, além dos danos físicos, se-guramente pode sofrer dano de ordem psicológica, também possível objeto de exame de corpo de delito. Assim, ne-cessária a realização do exame pericial apropriado para este tipo de violência, tudo a fim de que se demonstre a sua ocorrência em sua completa extensão.No inciso V, alínea “b”, são diversas as mo-dificações que se mostram apropriadas.Primeiro, a expansão das hipóteses de incidência, não se limitando ao inquérito policial, mas sim abrangendo todas as formas de investigação preliminar. Ali-ás, o texto segue o nomen iuris dado ao Título II do PL 8.045, que consiste em um gênero do qual o inquérito policial é apenas uma das espécies. Segundo, a fusão da alínea “c” à alínea “b”, para melhor adequação redacional. Essas duas primeiras alterações têm o con-dão, inclusive, de extirpar qualquer dúvi-da sobre a vedação à atuação da vítima na fase de execução penal.Terceiro, adira-se à alínea “c” a neces-sidade de intimação da vítima diante de eventual proposta de transação penal, para a qual deverá ser intimada para a audiência preliminar. A transação penal é uma realidade na prática forense que tem reflexos diretos nos interesses da vítima, de modo que é imperioso atribuir a esta o direito de ser intimada sobre este mister.

Quarto, o rol da alínea “d”, a nosso ver, é in-completo. Na medida em que a vítima, ha-bilitada como assistente, poderá recorrer de diversos atos decisórios, é natural que ela seja intimada de todas as decisões que são por ela recorríveis. Do contrário, seria inerte o exercício de seu direito recursal.As alterações na redação dos incisos VI, X, XII e XIII têm o condão de reforçar a veda-ção à atuação da vítima na execução penal.No inciso VIII, pretende-se o necessário acréscimo a fim de não haver conflito com o avanço do Código quanto à rea-lização de audiência una nos vários pro-cedimentos na fase judicial (p. ex.: arts. 276, § 1º; procedimento ordinário etc.).Por fim, no tocante a este rol, modifica--se o inciso IX, a fim de realizar um acer-to técnico: a vítima não é testemunha.Já a modificação pretendida para o § 3º diz respeito a uma adequação às altera-ções do inciso XIII e à (constante) neces-sidade de fundamentação de todas as decisões. Dessa maneira, pretende-se que a preservação do endereço e outros dados pessoais da vítima, filhos, fami-liares ou afins, seja possível, desde que devidamente justificado.

TÍTULO VI – DA COMPETÊNCIACAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

48. Art. 97Suprima-se o artigo 97 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Códi-go de Processo Penal”:“Art. 97. Suprimido”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 97. Considera-se praticada em

detrimento dos interesses da União ou de suas autarquias e empresas públicas, além das hi-póteses expressamente previs-tas em lei, a infração penal lesi-va a bens ou recursos que, por lei ou por contrato, estejam sob administração ou gestão dessas entidades.§ 1° Inclui-se na com-petência jurisdicional federal a infração penal que tenha por fun-damento a disputa sobre direitos indígenas ou tenha sido pratica-da por índio.§ 2° Considera-se praticada em detrimento dos serviços federais a infração pe-nal dirigida diretamente contra o regular exercício de atividade ad-ministrativa da União, autarquias e empresas públicas federais.”

Redação ora proposta: Supressão de texto.

Sugere-se a supressão desse artigo porque ele é, em grande parte, uma re-petição das normas já positivadas na Constituição Federal (especificamente, em seu art. 109) sobre a competência da Justiça Federal. Assim, havendo cla-ra previsão constitucional, despicienda (e até contraproducente) a sua repetição em nível legal.Saliente-se, ademais, que a expressão “por contrato”, prevista no caput do artigo, poderia ser interpretada como inconstitucional, pois inova em relação ao quanto previsto no art. 109, IV, da Constituição Federal, aumentando (in-devidamente) o escopo da norma cons-titucional. CAPÍTULO II – DA MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA

41, Arts. 107 a 112Inverta-se a ordem dos arts. 107 a 112 e altere-se a redação do art. 111 do Pro-jeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”: “Seção IDa conexãoArt. 107. Verifica-se a conexão:I - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais in-frações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reu-nidas, ou por várias pessoas em concur-so, embora diverso o tempo e o lugar;II - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infra-ções, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vanta-gem em relação a qualquer delas;III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias influir na prova de outra infração ou de suas circunstâncias. Seção IIDa continênciaArt. 108. Verifica-se a continência quan-

do, constatada a unidade da condu-ta, 2 (duas) ou mais pessoas forem acusadas da prática do mesmo fato ou, ainda, nas hipóteses dos arts. 70, 73 e 74 do Código Penal.

Seção IIIDisposições geraisArt. 109. A competência territorial po-

derá ser alterada quando o juiz, no curso do processo penal, de oficio ou por provocação das partes, re-conhecer a conexão ou a continên-cia entre 2 (dois) ou mais fatos.

Art. 110. A conexão e a continência im-plicarão a reunião dos processos para fins de unidade de julgamento, não abrangendo aqueles já senten-ciados, caso em que as eventuais consequências jurídicas que delas resultem serão reconhecidas no juí-zo de execução.

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§ 1 º No Tribunal do Júri, tratando-se de concurso entre crimes dolosos contra a vida e outros da competência do juiz singular, somente ocorrerá a unidade de processo e de julgamento na hipótese de continência.§ 2° Nas hipóteses de conexão, a reunião dos processos cessará com a pronúncia. Nesse caso, caberá ao juiz da pronúncia ou ao juiz presidente, quando for o caso, o julgamento dos crimes que não sejam dolosos contra a vida, com base na prova produzida na fase da instrução preliminar, não se repetindo a instrução destes proces-sos em plenário.Art. 111. Haverá separação obrigatória

de processos no concurso entre a jurisdição comum e a militar, bem como entre qualquer uma delas e os atos infracionais imputados a crian-ça e a adolescente.

§ 1° Cessará a unidade do processo se, em relação a algum corréu, sobrevier a situação prevista no art. 455.§ 2º A unidade do processo não impor-tará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à re-velia, ou na hipótese do art. 382.Art. 112. Será facultativa a separação

dos processos quando houver um número elevado de réus, quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, ainda, por qual-quer outro motivo relevante em que esteja presente o risco à efetividade da persecução penal ou ao exercí-cio da ampla defesa.”

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Seção IDisposições geraisArt. 107. A competência territorial

poderá ser alterada quando o juiz, no curso do processo penal, de ofício ou por provocação das partes, reconhecer a conexão ou a continência entre 2 (dois) ou mais fatos.

Art. 108. A conexão e a continência implicarão a reunião dos pro-cessos para fins de unidade de julgamento, não abrangendo aqueles já sentenciados, caso em que as eventuais consequ-ências jurídicas que delas resul-tem serão reconhecidas no juízo de execução.

§ 1 º No Tribunal do Júri, tratando--se de concurso entre crimes dolo-sos contra a vida e outros da com-petência do juiz singular, somente ocorrerá a unidade de processo e de julgamento na hipótese de con-tinência.

§ 2° Nas hipóteses de conexão, a reunião dos processos cessa-rá com a pronúncia. Nesse caso, caberá ao juiz da pronúncia ou ao juiz presidente, quando for o caso, o julgamento dos crimes que não sejam dolosos contra a vida, com base na prova produzida na fase da instrução preliminar, não se re-petindo a instrução destes proces-sos em plenário.Art. 109. Haverá separação obriga-

tória de processos no concur-so entre a jurisdição comum e a militar, bem como entre qual-quer uma delas e os atos infra-cionais imputados a criança e a adolescente.

§ 1° Cessará a unidade do proces-so se, em relação a algum corréu, sobrevier a situação prevista no art. 455.§ 2º A unidade do processo não im-portará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou na hipótese do art. 382.Art. 110. Será facultativa a separa-

ção dos processos quando hou-ver um número elevado de réus, quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstân-cias de tempo ou de lugar dife-rentes, ou, ainda, por qualquer outro motivo relevante em que esteja presente o risco à efetivi-dade da persecução penal ou ao exercício da ampla defesa.

Seção IIDa conexãoArt. 111. Modifica-se a competência

pela conexão:I - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infrações, houverem sido pratica-das, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora di-verso o tempo e o lugar;II - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infrações, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impu-nidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias influir na prova de outra infração ou de suas cir-cunstâncias.

Seção IIIDa continênciaArt. 112. Verifica-se a continência

quando, constatada a unidade da conduta, 2 (duas) ou mais pessoas forem acusadas da prática do mesmo fato ou, ain-da, nas hipóteses dos arts. 70, 73 e 74 do Código Penal.

Redação ora proposta: “Seção IDa conexãoArt. 107. Verifica-se a conexão:I - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais in-frações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pesso-as reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tem-po e o lugar;II - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infrações, houverem sido umas prati-cadas para facilitar ou ocultar as ou-tras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstân-cias influir na prova de outra infração ou de suas circunstâncias. Seção IIDa continênciaArt. 108. Verifica-se a continência

quando, constatada a unidade da conduta, 2 (duas) ou mais pessoas forem acusadas da prática do mesmo fato ou, ainda, nas hipóteses dos arts. 70, 73 e 74 do Código Penal.

Seção IIIDisposições geraisArt. 109. A competência territorial po-

derá ser alterada quando o juiz, no curso do processo penal, de ofício ou por provocação das partes, reconhecer a conexão ou a conti-nência entre 2 (dois) ou mais fatos.

Art. 110. A conexão e a continência implicarão a reunião dos pro-cessos para fins de unidade de julgamento, não abrangendo aqueles já sentenciados, caso em que as eventuais consequ-ências jurídicas que delas resul-tem serão reconhecidas no juízo de execução.

§ 2° Nas hipóteses de conexão, a reunião dos processos cessará com a pronúncia. Nesse caso, caberá ao juiz da pronúncia ou ao juiz presiden-te, quando for o caso, o julgamento dos crimes que não sejam dolosos contra a vida, com base na prova produzida na fase da instrução pre-liminar, não se repetindo a instrução destes processos em plenário.Art. 111. Haverá separação obrigatória

de processos no concurso entre a jurisdição comum e a militar, bem como entre qualquer uma delas e os atos infracionais imputados a criança e a adolescente.

§ 1° Cessará a unidade do proces-so se, em relação a algum corréu, sobrevier a situação prevista no art. 455.

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§ 2º A unidade do processo não im-portará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou na hipótese do art. 382.Art. 112. Será facultativa a sepa-

ração dos processos quando houver um número elevado de réus, quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, ainda, por qualquer outro motivo re-levante em que esteja presente o risco à efetividade da perse-cução penal ou ao exercício da ampla defesa.”

Sugere-se, em primeiro lugar, a modi-ficação tópica dos arts. 107 a 112 (se-ções I a III, que tratam, respectivamente, das “disposições gerais”, da “conexão” e da “continência”), pois, pela redação original do projeto, o capítulo inicia com disposições gerais sobre a conexão e a continência e, somente depois, é que vêm as definições de tais institu-tos. Assim, ficaria mais claro e didático iniciar-se o capítulo com as seções que tratam da conexão e da continência; e, somente depois disso, tratar das dispo-sições gerais sobre elas.Além disso, sugere-se a modificação da redação do art. 111 do PL 8.045/10, pois a “modificação” da competência é efeito da verificação da conexão (cujas hipóteses estão elencadas nos respec-tivos incisos). Assim, é tecnicamente mais preciso falar em “verifica-se a co-nexão...” do que já tratar de seu efeito (a modificação da competência).

Seção V – Da competência por foro privativo 42. Arts. 115 a 118Altere-se o título da Seção V e dê-se a seguinte redação aos artigos 115 a 118 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”: “Seção V - Da competência por prerro-gativa de funçãoArt. 115. Nos processos de competên-

cia originária dos tribunais, aplicam--se as regras previstas nos seus re-gimentos internos, além das normas relativas ao procedimento e à com-petência territorial previstas neste Código.

Art. 116. Na hipótese de continência ou de conexão entre processos da competência originária dos tribu-nais ou entre estes e processos da competência de primeiro grau, pre-valecerá a competência do tribunal de maior hierarquia jurisdicional.

§ 1º No caso de continência em crime doloso contra a vida, haverá separação de

processos, cabendo ao Tribunal do Júri o processo e o julgamento daquele que não detiver foro por prerrogativa de função.§ 2° Nas hipóteses de conexão, o tri-bunal competente poderá determinar a separação de processos, salvo quando demonstrada a necessidade de unidade no julgamento do caso penal. Art. 117. A competência originária dos tri-

bunais dependerá do efetivo exercício do cargo ou função pelo imputado.

Art. 118. Nos processos por crime con-tra a honra praticado contra pessoa que detiver foro por prerrogativa de função, caberá ao respectivo tri-bunal o julgamento de exceção da verdade oposta no processo penal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Seção VDa competência por foro privativoArt. 115. Na hipótese de conti-

nência ou de conexão entre processos da competência originária ou entre estes e pro-cessos da competência de pri-meiro grau, prevalecerá a com-petência do tribunal de maior hierarquia jurisdicional.

§ 1º No caso de continência em crime doloso contra a vida, haverá separa-ção de processos, cabendo ao Tribu-nal do Júri o processo e o julgamento daquele que não detiver foro privativo por prerrogativa de função.§ 2° Nas hipóteses de conexão, o tribunal competente poderá determi-nar a separação de processos e do juízo, salvo quando a reunião destes e a unidade de julgamentos se de-monstrarem imprescindíveis.Art. 116. A competência originária

dos foros privativos dependerá do efetivo exercício do cargo ou função pelo acusado.

Parágrafo único. A renúncia ao cargo ou à função, bem como a aposenta-doria voluntária do acusado, não de-terminarão a modificação da compe-tência em relação aos processos com instrução já iniciada nos tribunais.Art. 117. Nos processos de compe-

tência originária aplicam-se as regras previstas nos regimentos dos tribunais, além das normas relativas ao procedimento e à competência territorial previstas neste Código.

Art. 118. Nos processos por crime contra a honra praticado contra pes-soas ocupantes de cargos e funções para as quais sejam previstos foros privativos nos tribunais, caberá a estes o julgamento de exceção da verdade oposta no processo penal”.

Redação ora proposta: “Seção VDa competência por prerrogativa de funçãoArt. 115. Nos processos de compe-

tência originária dos tribunais aplicam-se as regras previstas nos seus regimentos internos, além das normas relativas ao procedimento e à competência territorial previstas neste Código.

Art. 116. Na hipótese de continência ou de conexão entre processos da competência originária dos tribunais ou entre estes e pro-cessos da competência de pri-meiro grau, prevalecerá a com-petência do tribunal de maior hierarquia jurisdicional.

§ 1º No caso de continência em cri-me doloso contra a vida, haverá se-paração de processos, cabendo ao Tribunal do Júri o processo e o julga-mento daquele que não detiver foro por prerrogativa de função.§ 2° Nas hipóteses de conexão, o tri-bunal competente poderá determinar a separação de processos, salvo quan-do demonstrada a necessidade de unidade no julgamento do caso penal.

Art. 117. A competência originária dos tribunais dependerá do efe-tivo exercício do cargo ou fun-ção pelo imputado.

Art. 118. Nos processos por crime contra a honra praticado contra pessoa que detiver foro por prer-rogativa de função, caberá ao respectivo tribunal o julgamento de exceção da verdade oposta no processo penal”.

Sugere-se, em primeiro lugar, a modifi-cação da expressão “foro privativo” por “foro por prerrogativa de função”, por ser tecnicamente mais adequada e me-lhor refletir a natureza dessa espécie de competência. A alteração ocorre tanto no nomen juirs da seção, como também nos artigos que a integram.Depois disso, altera-se a topologia do então art. 117 do PL 8.045/10, pois, por conter norma geral, mais adequado que seja o primeiro artigo da seção.Ademais, com a renumeração dos arti-gos, altera-se a redação § 2º do art. 116, para torná-la mais precisa e adequada tecnicamente, já que a “reunião dos pro-cessos”, ou melhor, a impossibilidade de separação dos processos só se justifica quando demonstrada a necessidade de unidade no julgamento do caso penal.No caput do art. 117, sugere-se a troca do termo “acusado” por “imputado”, que, por ser mais amplo, abarca também a competência dos tribunais na fase de

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inquérito policial. Ainda nesse artigo, su-prime-se o parágrafo único, tendo em vis-ta que, conforme sedimentado há muito tempo na jurisprudência do STF, a com-petência por prerrogativa de foro deve ser interpretada de maneira estrita, de manei-ra que a perda do cargo pelo imputado (por qualquer motivo que seja) deve levar à imediata alteração de competência.

CAPÍTULO VI – DO CONFLITO DE ATRIBUI-ÇÕES ENTRE ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

43. Art. 130Dê-se a seguinte redação ao caput do art. 130 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 130. Há conflito de atribuição quan-

do, para os mesmos fatos investiga-dos em autos de investigação preli-minar, simultaneamente, dois ou mais órgãos do Ministério Público declara-ram-se com ou sem atribuição.

§ 1º O conflito, quando ocorrer entre membros do mesmo Ministério Público ou entre membros de diferentes ramos do Ministério Público da União, será resolvido nos termos da respectiva lei orgânica. § 2º Ocorrendo o conflito entre mem-bros de diferentes Ministérios Públicos, a decisão caberá ao Procurador-Geral da República. § 3º O conflito, quando negativo, será suscitado nos próprios autos de investi-gação preliminar, perante o Procurador--Geral ou órgão determinado na lei orgâ-nica; se positivo, por ofício que conterá exposição sumária dos motivos deter-minantes do conflito. § 4º O Procurador-Geral ou o órgão determinado pela lei orgânica solucio-nará o conflito sumariamente, poden-do, a seu exclusivo critério, requisitar informações ao membro do Ministério Público suscitado. § 5º Aplicam-se aos conflitos de atribui-ção, no que couber, as regras do conflito de competência”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 130. Cabe ao Supremo Tribunal Federal decidir o conflito de atri-buições entre órgãos do Ministé-rio Público”.

Redação ora proposta:

“Art. 130. Há conflito de atribuição quando, para os mesmos fatos investigados em autos de inves-tigação preliminar, simultanea-mente, dois ou mais órgãos do Ministério Público declararam--se com ou sem atribuição.

§ 1º O conflito, quando ocorrer entre membros do mesmo Minis-tério Público ou entre membros de diferentes ramos do Ministério Público da União, será resolvido nos termos da respectiva lei or-gânica. § 2º Ocorrendo o conflito entre membros de diferentes Ministérios Públicos, a decisão caberá ao Pro-curador-Geral da República. § 3º O conflito, quando negativo, será suscitado nos próprios autos de investigação preliminar, perante o Procurador-Geral ou órgão deter-minado na lei orgânica; se positivo, por ofício que conterá exposição sumária dos motivos determinan-tes do conflito. § 4º O Procurador-Geral ou o ór-gão determinado pela lei orgânica solucionará o conflito sumaria-mente, podendo, a seu exclusivo critério, requisitar informações ao membro do Ministério Público sus-citado. § 5º Aplicam-se aos conflitos de atribuição, no que couber, as regras do conflito de competência”

A modificação sugerida segue o re-cente entendimento do STF sobre a matéria, pois, no julgamento das ações civis originárias (ACO) 924 e 1394 e das petições (Pet) 4706 e 4863, a Corte entendeu que a questão não é jurisdicional, mas sim administrativa, devendo, portanto, ser solucionada pelo Procurador Geral da República.Nessa linha, sugere-se a adoção da redação proposta pelo Ministério Pú-blico da União, na qual não só se par-te do pressuposto de que tal espécie de conflito deve ser solucionado inter-namente no Ministério Público, como também se disciplinam as diversas hipóteses que podem ocorrer nesse contexto. A única alteração feita em relação a tal proposta é a troca da ex-pressão “inquérito ou peças de infor-mação” por “investigação preliminar”. TÍTULO VII - DOS ATOS PROCESSUAISCAPÍTULO I - DOS ATOS EM GERAL

44. Art. 131Dê-se a seguinte redação ao artigo 131 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”: “Art. 131. Os atos e termos proces-

suais deverão respeitar as formas previamente determinadas por lei, reputando-se também válidos os atos que, realizados de forma di-versa, não se enquadram nas hi-póteses de nulidade”

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:“Art. 131. Os atos e termos proces-

suais, ressalvada a hipótese de previsão expressa em lei, não dependem de forma determina-da, reputando-se também váli-dos aqueles que, realizados de outro modo, cumpram sua finali-dade essencial”.

Redação ora proposta:

“Art. 131. Os atos e termos proces-suais deverão respeitar as formas previamente determinadas por lei, reputando-se também válidos os atos que, realizados de forma diversa, não se enquadram nas hipóteses de nulidade”.

A modificação sugerida se faz relevante para evitar os equívocos existentes no sistema atual. A fórmula trazida pelo PL 8.045/2010, como dispositivo introdutó-rio dos atos processuais, é a da liberda-de das formas com base no cumprimen-to da finalidade dos atos. Ocorre que a prática tem demonstrado que concep-ções como “finalidade do ato”, por sua vagueza, geram grandes controvérsias no dia a dia forense. Na realidade, sempre haverá intensa discussão acerca do caráter teleológico dos atos e, inclusive, do próprio proces-so penal. Muitas vezes os magistrados, sob o argumento de que o ato atingiu sua finalidade essencial, acabam por validá-lo, ignorando frequentemente que por trás de tal irregularidade havia uma proteção constitucional indireta as-segurada ao imputado. Embora se possa falar em uma instru-mentalidade inerente ao processo, em que os atos constituem meios e não fins em si mesmo, há de prevalecer, como regra, o respeito ao rito deter-minado em lei, ao passo que, excep-cionalmente, pode-se praticar o ato de uma maneira livre. A redação na proposta original inverte essa lógica.Não se pretende, logicamente, um processo rígido. É que, se as formas são garantias, não se há de criar dis-positivo que autorize um processo sem ritos pré-definidos.

45. Art. 133 Dê-se a seguinte redação ao artigo 133 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”: “Art. 133. As audiências, as sessões

e os atos processuais serão, em regra, públicos, ressalvados os casos, devidamente fundamenta-dos, em que se deva guardar o si-gilo das inviolabilidades pessoais

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CPP - LIVRO I / TÍTULO VII

ou quando necessário à preserva-ção da ordem e do bom andamen-to dos trabalhos”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 133. As audiências, as sessões

e os atos processuais serão, em regra, públicos, ressalvados os casos em que se deva guardar o sigilo das inviolabilidades pes-soais ou quando necessário à preservação da ordem e do bom andamento dos trabalhos”.

Redação ora proposta: “Art. 133. As audiências, as sessões

e os atos processuais serão, em regra, públicos, ressalvados os casos, devidamente fundamen-tados, em que se deva guardar o sigilo das inviolabilidades pes-soais ou quando necessário à preservação da ordem e do bom andamento dos trabalhos”.

A publicidade é um princípio de extrema importância para o processo penal. Logi-camente que existem casos nos quais, ex-cepcionalmente, há de se abrir mão da pu-blicidade em favor de um princípio maior. No entanto, para que não haja abuso do instrumento do sigilo dos atos processu-ais, a única modificação que se pretende é o acréscimo da expressão “devidamente fundamentados” no que diz respeito aos casos excepcionais em que se abre mão da publicidade do ato. Dessa forma, torna--se possível saber a motivação do magis-trado e eventualmente questionar tal fun-damentação em sede de recurso. 46. Art. 137Dê- se a seguinte redação ao artigo 137 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 137. [Supressão]” JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 137. A sentença ou o acórdão que

julgar a ação, qualquer incidente ou recurso, condenará nas custas o vencido, ressalvadas as hipó-teses de insuficiência econômica demonstrada na forma da lei.

Parágrafo único. As custas serão calculadas e cobradas de acordo com os regulamentos expedidos pela União e pelos Estados”.

Redação ora proposta: “Art. 137. [Supressão]”

Não há – e não pode haver – imposição de custas no processo penal. O imputa-do não escolhe responder ao processo. Inexiste, por assim dizer, qualquer inte-resse do imputado em ser submetido a um processo penal, diversamente do que ocorre em processos de natureza cível. Portanto, a máquina pública não está sendo movimentada por iniciativa do réu, mas, sim, do próprio Estado.Além disso, não parece que o Minis-tério Público arcará com eventuais custas se eventualmente provier sen-tença absolutória. Dessa forma, estar--se-ia diante de flagrante ausência de isonomia entre as partes, uma vez que as custas seriam devidas apenas pela defesa.

47. Art. 141, § 1o, IX Dê-se a seguinte redação ao artigo 141, § 1o, IX do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 141. A citação far-se-á por man-

dado quando o imputado estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

§ 1o O mandado de citação indicará:(...)IX – cópia integral da denúncia”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Inexiste o artigo 141, § 1o, IX no PL n. 8.045/2010

Redação ora proposta: “Art. 141. A citação far-se-á por man-

dado quando o imputado estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

§ 1o O mandado de citação indi-cará:(...)IX – cópia integral da denúncia”.

A citação é o momento em que se dá ciência ao imputado de que contra ele existe um processo. É a partir desse momento, ademais, que ele terá um prazo de 10 dias para responder à acu-sação, suscitando todas os argumen-tos a seu favor, bem como indicando as provas que pretende produzir no transcorrer da instrução criminal. Portanto, é imprescindível que, na oportunidade da citação, seja forneci-

da ao imputado cópia integral da de-núncia, de modo que ele conheça os termos da acusação que recai sobre ele. Considerando que o prazo para sua resposta se inicia do momento da citação, não se revela razoável que ele tivesse que levantar argumentos sobre uma denúncia de que sequer tenha conhecimento.Por isso, sugere-se a inclusão da de-núncia como documento essencial de entrega no momento da citação do imputado. CAPÍTULO IV - DAS NULIDADES

48. Art. 156 Dê-se a seguinte redação ao artigo 156 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 156. O descumprimento de dis-

posição constitucional ou legal provocará a nulidade do ato da persecução criminal, nos limites e na extensão previstos neste Código”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 156. O descumprimento de disposição legal ou constitu-cional provocará a invalidade do ato do processo ou da in-vestigação criminal, nos limites e na extensão previstos neste Código”.

Redação ora proposta:

“Art. 156. O descumprimento de dis-posição constitucional ou legal provocará a nulidade do ato da persecução criminal, nos limites e na extensão previstos neste Código”.

A inversão da expressão “disposição le-gal ou constitucional” tem o intuito de tornar a redação mais precisa, de modo a permitir que o termo “constitucional”, por ser mais abrangente e em regra de maior gravidade, seja lido antes do ter-mo “legal”, que simboliza um descum-primento mais restrito e, em tese, de menor gravidade. A substituição da expressão “do pro-cesso e da investigação criminal” pela “da persecução penal” se justifica tam-bém pela necessidade de conferir maior precisão ao texto legal.

49. Art. 157, incisos I e II e § 1o Dê-se a seguinte redação ao artigo 157 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

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“Art. 157. Nos demais casos, o reco-nhecimento da nulidade do ato dependerá de manifestação opor-tuna do interessado e demonstra-ção do prejuízo”.

§ 1o O não reconhecimento da nulida-de dependerá de decisão específica, em que deverá o juiz fundamentar a inexistência de prejuízo” JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 157. A decretação de nulidade e a invalidação de ato irregular dependerão de manifestação específica e oportuna do inte-ressado, sempre que houver ne-cessidade de demonstração de prejuízo ao pleno exercício de direito ou de garantia processual da parte, observadas as seguin-tes disposições:

I - nenhum ato será declarado nulo se da irregularidade não resultar em prejuízo para a acusação ou para a defesa;

II – não se invalidará o ato quando, realizado de outro modo, alcance a mesma finalidade da lei, preservada a amplitude da defesa.

Redação ora proposta:

“Art. 157. Nos demais casos, o re-conhecimento da nulidade do ato dependerá de manifestação oportuna do interessado e de-monstração do prejuízo”.

“§ 1o O não reconhecimento da nu-lidade dependerá de decisão especí-fica, em que deverá o juiz fundamen-tar a inexistência de prejuízo”

A questão das nulidades no processo pe-nal, hoje em dia, tem gerado grande con-trovérsia. Por um lado, não se pretende criar um modelo extremamente formal, em que o menor dos deslizes gerará nulidade. De outro, é preciso garantir ao imputado um processo com cumprimento de ritos pré-existentes, sem que ele possa ser le-sado ou surpreendido por uma instrução em descompasso com a Constituição Fe-deral e a legislação vigentes.Há de se mencionar que a proposta do PL 8.045/2010 visa manter o mesmo modelo de nulidades existente no atual Código de Processo Penal. É dizer: utili-za-se, como base para reconhecimento da nulidade, o princípio do prejuízo e da instrumentalidade das formas. Acontece que isso tem gerado grande controvérsia no que tange aos critérios para aferição do prejuízo e do que cons-

titui de fato a finalidade da lei. Inúmeros vícios do processo, que violam flagrante-mente garantias constitucionais, são ho-diernamente relevados sob o pretexto de que a finalidade da lei fora cumprida, bem como não foi comprovado o prejuízo.Por essa razão, inicialmente, há de se suprimir o dispositivo que dispõe acer-ca da validade do ato quando esse al-cance a finalidade pretendida da lei. Tal comando, por sua vagueza teórica, vem criando inúmeros problemas práticos, tendo em vista que a jurisprudência não consegue atingir um entendimento unís-sono acerca do caráter teleológico de cada ato processual. Em relação à categoria do prejuízo, im-põe-se admitir que não existe nulidade sem prejuízo às partes, razão pela qual se manteve tal fórmula no caput do arti-go 157. Trata-se do adágio pas de nullitè sans grief. O problema é na compreensão do que é o efetivo prejuízo e a quem cabe demonstrá-lo. Nesse sentido, se houve uma irregularidade, desde que não foi a parte que deu causa, não deve o ônus de demonstrar a efetiva ocorrência do pre-juízo recair sobre a acusação ou defesa, mas sim sobre o próprio magistrado, res-ponsável que é pelo cumprimento do rito durante a persecução penal. Por isso, sugere-se a inserção do § 1o.

50. Art. 158 Dê-se a seguinte redação ao artigo 158 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 158. São nulos os atos processu-

ais cujo defeito afronte os direitos e garantias individuais expressos na Constituição Federal e os princípios fundamentais previstos nos artigos 1o a 7o deste Código”.

“§ 1o O reconhecimento da nulidade dos atos previstos neste artigo importa sua ineficácia desde o momento em que foram realizados”.“§ 2o O juiz não declarará a nulidade quando puder julgar o mérito em favor da defesa”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 158. Serão absolutamente nu-los e insanáveis os atos de cuja irregularidade resulte violação dos direitos e garantias funda-mentais no processo penal, no-tadamente no que se refere:

I – à observância dos prazos;II – à observância do contraditório e da ampla defesa;III – às regras de impedimento;IV – à obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais;V – às disposições constitucionais relativas à competência.

§ 1o São absolutamente nulas as medidas cautelares ordenadas por juiz ou tribunal constitucionalmente incompetente. § 2o Em se tratando de incompe-tência territorial, as medidas caute-lares poderão ser ratificadas ou, se for o caso, renovadas por autoridade competente.§ 3o O juiz não declarará nulidade quando puder julgar o mérito em fa-vor da defesa.

Redação ora proposta:

“Art. 158. São nulos os atos pro-cessuais cujo defeito afronte os direitos e garantias individuais expressos na Constituição Fe-deral e os princípios fundamen-tais previstos nos artigos 1o a 7o deste Código”.

“§ 1o O reconhecimento da nulida-de dos atos previstos neste artigo importa sua ineficácia desde o mo-mento em que foram realizados”.“§ 2o O juiz não declarará a nulidade quando puder julgar o mérito em fa-vor da defesa”.

A nulidade absoluta é tida como aque-la cuja imperfeição do ato se revela de maior gravidade, pois atinge frontalmen-te os direitos e garantias do processo penal. Tendo em vista que a proposta legislativa insere em seu primeiro título os princípios fundamentais, parece ser mais correto fazer remisso a tais dispo-sitivos legais (arts. 1 a 7), ao invés de optar apenas por algumas garantias constitucionais específicas. O § 1o da proposta legislativa é desne-cessário, razão pela qual recomenda-se sua supressão. Isso porque, se o des-cumprimento de disposições consti-tucionais relativas à competência gera nulidade absoluta, afigura-se prescin-dível afirmar que as medidas cautelares determinadas por magistrado incompe-tente geram nulidade.Quanto ao § 2o, torna-se necessária sua supressão, tendo em vista que cria equi-vocadamente exceção para um caso de nulidade absoluta, ao conferir a possi-bilidade de eficácia de atos praticados por juiz territorialmente incompetente. Na realidade, não pode haver qualquer diferenciação (até porque a gravidade é a mesma) entre os casos de incompe-tência. Ou seja, se houver medidas cau-telares impostas por juiz territorialmente incompetente, essas serão considera-das nulas sem a possibilidade de ratifi-cação posterior por parte do juiz natural.

51. Inversão dos arts. 157 e 158Dê-se a seguinte redação aos artigos

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CPP - LIVRO I / TÍTULO VII

157 e 158 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 157. São nulos os atos processu-

ais cujo defeito afronte os direitos e garantias individuais expressos na Constituição Federal e os princípios fundamentais previstos nos artigos 1o a 7o deste Código”.

“§ 1o O reconhecimento da nulidade dos atos previstos neste artigo importa sua ineficácia desde o momento em que foram realizados”.“§ 2o O juiz não declarará a nulidade quando puder julgar o mérito em favor da defesa”.“Art. 158. Nos demais casos o reconheci-

mento da nulidade do ato dependerá de manifestação oportuna do interes-sado e demonstração do prejuízo”.

§ 1o O não reconhecimento da nulidade dependerá de decisão específica, em que deverá o juiz fundamentar a inexis-tência de prejuízo”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 157. A decretação de nulidade e a invalidação de ato irregular depen-derão de manifestação específica e oportuna do interessado, sem-pre que houver necessidade de demonstração de prejuízo ao pleno exercício de direito ou de garantia processual da parte, observadas as seguintes dispo-sições:

I - nenhum ato será declarado nulo se da irregularidade não resultar em preju-ízo para a acusação ou para a defesa;II – não se invalidará o ato quando, realizado de outro modo, alcance a mesma finalidade da lei, preservada a amplitude da defesa.“Art. 158. Serão absolutamente nu-

los e insanáveis os atos de cuja irregularidade resulte violação dos direitos e garantias funda-mentais no processo penal, no-tadamente no que se refere:

I – à observância dos prazos;II – à observância do contraditório e da ampla defesa;III – às regras de impedimento;IV – à obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais;V – às disposições constitucionais relativas à competência.§ 1o São absolutamente nulas as medidas cautelares ordenadas por juiz ou tribunal constitucionalmente incompetente. § 2o Em se tratando de incompe-tência territorial, as medidas caute-lares poderão ser ratificadas ou, se for o caso, renovadas por autoridade competente.

§ 3o O juiz não declarará nulidade quando puder julgar o mérito em fa-vor da defesa”.

Redação ora proposta:

“Art. 157. São nulos os atos pro-cessuais cujo defeito afronte os direitos e garantias individu-ais expressos na Constituição Federal e os princípios funda-mentais previstos nos artigos 1o a 7o deste Código”.

“§ 1o O reconhecimento da nulida-de dos atos previstos neste artigo importa sua ineficácia desde o mo-mento em que foram realizados”.“§ 2o O juiz não declarará a nulidade quando puder julgar o mérito em fa-vor da defesa”.“Art. 158. Nos demais casos, o re-

conhecimento da nulidade do ato dependerá de manifesta-ção oportuna do interessado e demonstração do prejuízo”.

§ 1o O não reconhecimento da nu-lidade dependerá de decisão espe-cífica, em que deverá o juiz funda-mentar a inexistência de prejuízo”.

Feitas acima as devidas alterações das re-dações de cada dispositivo de lei referente às duas modalidades de nulidade, parece ser importante inverter a ordem dos arti-gos 157 e 158, de modo que as nulidades absolutas fiquem topograficamente locali-zadas no Código antes das nulidades rela-tivas. Tal remanejamento faz sentido, pois o juiz deve verificar inicialmente, no caso concreto, se o descumprimento gera uma nulidade absoluta (maior gravidade), para só então verificar se é caso de nulidade relativa (menor gravidade). 52. Art. 159Dê-se a seguinte redação aos artigos 159 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 159. O interessado não poderá

arguir nulidade a que haja dado causa ou para a qual tenha con-corrido, ou referente à formali-dade cuja observância não atinja seus interesses”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 159. A parte não poderá arguir nu-lidade a que haja dado causa ou para a qual tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja obser-vância só interesse à parte contrá-ria, ressalvada a função de custus legis do Ministério Público”.

Redação ora proposta:

“Art. 159. O interessado não poderá arguir nulidade a que haja dado causa ou para a qual tenha con-corrido, ou referente à formalida-de cuja observância não atinja seus interesses”.

Recomenda-se, no presente dispositivo legal, a alteração da expressão “parte” por “interessado”. Na realidade, consi-derando que durante o inquérito policial (momento em que ainda não se pode falar em “partes”) também ocorrem nuli-dades, necessária a alteração do texto a título de precisão técnica. Outrossim, sugere-se a supressão da ressalva feita no texto original acerca do Ministério Público. Isso porque, o Minis-tério Público não pode ser considerado como custus legis no processo penal, tendo em vista que atua de fato na quali-dade de parte. Aliás, o PL 8.045/10 pro-põe a extinção da ação penal de iniciativa privada, reforçando a ideia do Ministério Público como parte no processo penal.

53. Art. 160Dê-se a seguinte redação aos artigos 160 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 160. Reconhecida a incompetên-

cia, serão anulados todos os atos do processo a partir do início da atuação da autoridade judicial in-competente”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 160. Reconhecida a incompe-tência territorial serão anulados os atos de conteúdo decisório, podendo o juiz competente ra-tificar os demais, observando o disposto no § 2o do art. 158”.

“Parágrafo único. Reconhecida a incompetência absoluta, serão anu-lados todos os atos do processo, in-clusive a denúncia”.

Redação ora proposta:

“Art. 160. Reconhecida a incompe-tência, serão anulados todos os atos do processo a partir do início da atuação da autoridade judicial incompetente”.

Conforme já explicado em justificativas anteriores, a incompetência não pode ser dividida em graus diversos, razão pela qual devem necessariamente ser tra

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tadas de forma única. A incompetência territorial, desta feita, não permite que os atos sejam posteriormente ratificados por outro juiz. Assim como ocorre com qualquer nulidade, os atos praticados por um juízo territorialmente incompe-tente, sejam eles de caráter decisórios ou não, devem ser novamente refeitos. 54. Art. 161Dê-se a seguinte redação aos artigos 161 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 161. As nulidades elencadas no ar-

tigo 157 deste Código não depen-dem de provocação do interessado e podem ser reconhecidas a qual-quer tempo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 161. A falta ou a nulidade da cita-ção, da intimação ou da notifica-ção estará sanada, desde que o interessado compareça antes de o ato consumar-se embora declare que o faz para o único fim de ar-gui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte”.

Redação ora proposta:

“Art. 161. As nulidades elencadas no artigo 157 deste Código não dependem de provocação do in-teressado e podem ser reconhe-cidas a qualquer tempo”.

As regras de citação, notificação ou inti-mação devem seguir as mesmas regras concernentes às nulidades em geral. Por-tanto, se a inobservância da regra atingir direito ou garantia constitucional, será caso de nulidade absoluta. Não sendo esse o caso, seguir-se-ão os dispositivos próprios das nulidades relativas. Não há necessidade de dedicar um dispositivo legal específico para tais casos. De outro lado, a proposta de lei foi omis-sa quanto às pessoas que podem sus-citar a nulidade absoluta e o momento adequado na persecução penal para fazê-lo. Por isso, é extremamente im-portante consignar isso em dispositivo legal próprio, de modo a evitar dúvidas. 55. Art. 163Dê-se a seguinte redação aos artigos 163 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 163. A nulidade de um ato da per-

secução criminal, uma vez decla-

rada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas as hipó-teses previstas neste Código”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 163. A nulidade de um ato do processo, uma vez declarada, causará a dos atos que dele di-retamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas as hi-póteses previstas neste Código”.

Redação ora proposta:

“Art. 163. A nulidade de um ato da per-secução criminal, uma vez decla-rada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas as hi-póteses previstas neste Código”.

Considerando que a nulidade não se restringe a atos levados a efeito no de-correr da instrução, mas também duran-te a fase investigativa, recomenda-se a alteração do termo “processo” pela ex-pressão “persecução criminal”. TÍTULO VIII - DA PROVA CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

56. Art. 165Dê- se a seguinte redação ao artigo 165 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 165. As provas serão propostas

pelas partes.Parágrafo único. É vedado ao juiz de-terminar a produção de qualquer prova sem provocação das partes” JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 165. As provas serão propostas

pelas partes.Parágrafo único. Será facultado ao juiz, antes de proferir a sentença, de-terminar diligências para esclarecer dúvida sobre a prova produzida por qualquer das partes.

Redação ora proposta: Art. 165. As provas serão propostas

pelas partes.Parágrafo único. É vedado ao juiz determinar a produção de qualquer prova sem provocação das partes

Considerando que a Constituição Fede-ral adotou o modelo acusatório de pro-cesso penal (art. 129, inciso I), a iniciativa probatória deve ser reservada exclu-sivamente às partes. Assim, ainda que seja para fins de esclarecimento sobre a prova produzida, não se deve facultar ao juiz a determinação de diligências após o encerramento da fase de instru-ção. Se há dúvida do juiz quanto à prova produzida, logo, quanto à comprovação da imputação formulada na denúncia ou queixa, isto significa que ele não está suficientemente convencido para pro-ferir uma sentença condenatória. Como consequência, o juiz deve aplicar a regra de julgamento in dubio pro reo, pois a dúvida milita em favor do réu. Ao tomar postura ativa na produção pro-batória, buscando elementos para con-firmar alguma hipótese formulada pelas partes, o juiz acaba se afastando de sua necessária posição de imparcialidade.Nem se pode sustentar que tal faculdade permitiria ao juiz verificar a procedência de alguma tese benéfica ao imputado (por exemplo, a existência de alguma cau-sa excludente de antijuridicidade), pois, também nesse caso, a dúvida sobre a existência de tese que excluiria a natureza criminosa da conduta indica a inexistência de certeza sobre a procedência da impu-tação, ou seja, também deve-se aplicar a regra de julgamento in dubio pro reo. 57. Art. 166 (acréscimo)Acrescente-se o seguinte artigo 166 ao Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”, re-numerando-se os artigos subsequentes:“Art. 166. Os meios de prova e os meios

de obtenção de prova previstos, respectivamente, nos capítulos II e III deste Título não excluirão aqueles previstos em legislação esparsa”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Sem correspondência

Redação ora proposta: Art. 166. Os meios de prova e os

meios de obtenção de prova previstos, respectivamente, nos capítulos II e III deste Título não excluirão aqueles previstos em legislação esparsa.

Busca-se, com a inserção desse artigo, evitar interpretação no sentido de que os meios de prova e os meios de ob-tenção de prova previstos no Código de Processo Penal são taxativos, de modo a se negar vigência àqueles previstos

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CPP - LIVRO I / TÍTULO VIII

na legislação esparsa – a exemplo dos meios de obtenção de prova previstos na Lei do Crime Organizado (art. 3º da Lei 12.850/13).

58. Art. 166Dê- se a seguinte redação ao artigo 166 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 166. O juiz decidirá sobre a pos-

sibilidade de produção da prova, indeferindo as vedadas pela lei, as não previstas em lei e as manifes-tamente impertinentes, irrelevantes ou protelatórias, sempre através de decisão fundamentada”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 166. O juiz decidirá sobre a ad-

missão das provas, indeferindo as vedadas pela lei e as mani-festamente impertinentes, irrele-vantes ou protelatórias.

Redação ora proposta: Art. 166. O juiz decidirá sobre a pos-

sibilidade de produção da pro-va, indeferindo as vedadas pela lei, as não previstas em lei e as manifestamente impertinentes, irrelevantes ou protelatórias, sempre através de decisão fun-damentada.

A produção (em sentido amplo) da prova possui três estágios: produção, admis-são e valoração. O ponto tratado nesse artigo, na verdade, não é o da admissão da prova, mas sim do momento anterior à produção da prova. Assim, aqui o juiz deve decidir se aceita ou não a produ-ção da prova – para que, somente de-pois disso, ela seja produzida e, então, admitida (i.e., introjetada) no processo. Acrescenta-se, também, o indeferimento das provas não previstas em lei, uma vez que a produção de prova deve obedecer à tipicidade probatória, que é uma regra geral (pois vale tanto para o meio de prova quanto para o meio de obtenção de prova).De mais a mais, a prática forense demons-tra que, sob o amparo de um princípio do livre convencimento, o juiz tem liberdade para inadmitir as provas que considerar impertinentes, irrelevantes ou protelató-rias, porém sem a necessidade de explici-tar seus elementos de convicção.Ocorre, contudo, que é preciso com-plementar a redação do dispositivo, determinando que tal decisão seja fun-damentada, pois, para além do dever constitucional de fundamentação das

decisões judiciais (art. 93, inciso IX), a referida fundamentação possibilita às instâncias recursais um melhor contro-le de legalidade sobre eventual cercea-mento da atividade probatória. 59. Art. 168Dê- se a seguinte redação ao artigo 168 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 168. Na valoração das provas pro-

duzidas em contraditório judicial e das provas cautelares, não repetí-veis e antecipadas, o juiz indicará todos os elementos utilizados e os critérios adotados.

Parágrafo único. As declarações do co-autor ou partícipe na mesma infração penal só terão valor se confirmadas por outros elementos de prova colhidos em juízo que atestem sua credibilidade”.§ 1º As declarações do coautor ou par-tícipe na mesma infração penal só terão valor se confirmadas por outros elemen-tos de prova colhidos em juízo que ates-tem sua credibilidade.§ 2º. Não é válida a decisão proferida com fundamento exclusivo nas informações prestadas pelos responsáveis pela prisão, condução e custódia do imputado”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 168. O juiz formará livremente o

seu convencimento com base nas provas submetidas ao con-traditório judicial, indicando na fundamentação todos os ele-mentos utilizados e os critérios adotados, resguardadas as pro-vas cautelares, as não repetíveis e as antecipadas.

§ 1º A existência de um fato não pode ser inferida de indícios, salvo quando forem graves, precisos e concordantes. § 2º As declarações do coautor ou partícipe na mesma infração penal só terão valor se confirmadas por outros elementos de prova colhidos em juí-zo que atestem sua credibilidade.

Redação ora proposta: Art. 168. Na valoração das provas

produzidas em contraditório ju-dicial e das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, o juiz indicará todos os elementos utilizados e os critérios adotados.

§ 1º As declarações do coautor ou partícipe na mesma infração penal só terão valor se confirmadas por outros elementos de prova colhidos em juízo que atestem sua credibilidade.

§ 2º. Não é válida a decisão profe-rida com fundamento exclusivo nas informações prestadas pelos res-ponsáveis pela prisão, condução e custódia do imputado.

A redação busca adequar o Projeto ao modelo de processo penal adotado pela Constituição Federal. Em um Estado De-mocrático de Direito, o poder só encontra legitimidade quando exercido nos estritos limites da lei. No plano da formação do convencimento judicial, isto significa que o juiz não pode dispor de ampla liberda-de para decidir de acordo com suas con-vicções. A formação do convencimento judicial, como exercício de poder, deve estar restrita àquilo que foi produzido pe-las partes sob o crivo do contraditório, ou seja, vincula a atividade jurisdicional.Por isso é que se prevê que as provas a serem valoradas serão apenas de dois tipos: i) as provas produzidas em contra-ditório judicial; e ii) as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (i.e., aque-las que, excepcionalmente, por motivos de urgência ou de perda, podem ser produzidas fora do contraditório). 60. Art. 169Dê- se a seguinte redação ao artigo 169 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:Art. 169. Admite-se a utilização da prova

emprestada na persecução penal quando presentes os seguintes re-quisitos, cumulativamente:

I – produzida em processo judicial ou administrativo que trate dos mesmos fa-tos apurados na persecução penal;II – que no processo de origem tenha participado do contraditório aquele con-tra o qual será utilizada;III – seja impossível de ser produzida na persecução penal.§ 1º Deferido o requerimento, o juiz re-quisitará à autoridade responsável pelo processo em que foi produzida o tras-lado do material ou a remessa de cópia autenticada.§ 2º Após a juntada, a parte contrária será intimada a se manifestar no prazo de 3 (três) dias, sendo admitida a produ-ção de prova complementar.§ 3º O valor probatório da prova em-prestada será o mesmo atribuído no processo no qual foi produzida. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 169. Admite-se a prova empres-

tada quando produzida em pro-cesso judicial ou administrativo em que tenha participado do contraditório aquele contra o qual será utilizada.

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§ 1º Deferido o requerimento, o juiz solicitará à autoridade responsável pelo processo em que foi produzida o traslado do material ou a remessa de cópia autenticada.§ 2º Após a juntada, a parte contrá-ria será intimada a se manifestar no prazo de 3 (três) dias, sendo admitida a produção de prova complementar.

Redação ora proposta: Art. 169. Admite-se a utilização da

prova emprestada na persecu-ção penal quando presentes os seguintes requisitos, cumulati-vamente:

I – produzida em processo judicial ou administrativo que trate dos mesmos fatos apurados na persecução penal;II – que no processo de origem tenha participado do contraditório aquele contra o qual será utilizada;III – seja impossível de ser produzida na persecução penal.

§ 1º Deferido o requerimento, o juiz requisitará à autoridade responsável pelo processo em que foi produzida o traslado do material ou a remessa de cópia autenticada.§ 2º Após a juntada, a parte contrária será intimada a se manifestar no prazo de 3 (três) dias, sendo admitida a pro-dução de prova complementar.§ 3º O valor probatório da prova em-prestada será o mesmo atribuído no processo no qual foi produzida.

É importante que o Código preveja quais os requisitos para a utilização da prova emprestada no processo penal, a fim de se estabelecer parâmetros que impeçam o uso indiscriminado da prova emprestada.Ademais, uma vez admitida a prova em-prestada, não há razão para que ela re-ceba valor probatório diferente daquele que teve no processo no qual fora pro-duzida. Se houve admissão da prova, ela deve produzir os mesmos efeitos que produziu no processo no qual fora confeccionada. Por exemplo, uma pro-va testemunhal trasladada sob a forma documental para outro processo não pode passar a ser tratada como prova documental. 61. Acréscimo do Capítulo - “Dos indícios” ao Título VIII do Livro I e inclusão dos arts. 170 e 171Acrescente-se o Capítulo II (“Dos indí-cios”) no Título VIII (“Da prova”) do Livro I (“Da persecução penal”) ao Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Có-digo de Processo Penal”, renumerando--se os capítulos subsequentes:

CAPÍTULO II – DOS INDÍCIOS

Art. 170. Considera-se indício o fato conhecido e provado que permite, mediante inferência, concluir pela ocorrência de outro fato.

§ 1º. A existência de um fato não pode ser inferida de indícios, salvo quando forem graves, precisos e concordantes. § 2º. Não são admissíveis indícios que se baseiem em elementos subjetivos, como a personalidade, os antecedentes e a conduta social do imputado, em que inexista relação objetiva com o fato a ser provado.Art. 171. Em qualquer decisão, o julga-

dor deve motivar detalhadamente o raciocínio utilizado e a sua cre-dibilidade, além de especificar os elementos considerados como li-citamente provados para sustentar a prova indiciária e sua relação de causalidade com os fatos inferidos.

Parágrafo único. A sentença penal con-denatória não pode se fundamentar em indícios, salvo se, inexistente prova di-reta, a indiciária estiver comprovada e objetivamente inferir uma relação direta com o fato a ser provado. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Sem correspondência

Redação ora proposta: Art. 170. Considera-se indício o fato

conhecido e provado que permi-te, mediante inferência, concluir pela ocorrência de outro fato.

§ 1º. A existência de um fato não pode ser inferida de indícios, salvo quando forem graves, precisos e concordantes. § 2º. Não são admissíveis indícios que se baseiem em elementos sub-jetivos, como a personalidade, os antecedentes e a conduta social do imputado, em que inexista relação objetiva com o fato a ser provado.Art. 171. Em qualquer decisão, o jul-

gador deve motivar detalhada-mente o raciocínio utilizado e a sua credibilidade, além de espe-cificar os elementos considera-dos como licitamente provados para sustentar a prova indiciária e sua relação de causalidade com os fatos inferidos.

Parágrafo único. A sentença penal condenatória não pode se fundamen-tar em indícios, salvo se, inexistente prova direta, a indiciária estiver com-provada e objetivamente inferir uma re-lação direta com o fato a ser provado.

Sugere-se a abertura de um capítulo es-pecífico para os indícios, a fim de desta-car o seu tratamento.O conceito de indícios previsto no caput do art. 170 segue a lição consolidada da dou-trina processual penal, a exemplo do que se vê em: BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo penal. 3ª ed. São Paulo: RT, 2015.Além disso, prevê-se, no art. 171, a ne-cessidade de o juiz detalhar o raciocínio por ele construído com base na prova indiciária.

62. Acréscimo do Capítulo II - “Da cadeia de custódia” ao Tí-tulo VIII do Livro IAcrescente-se o Capítulo II (“Da cadeia de custódia”) do Título VIII (“Da prova”) do Livro I (“Da persecução penal”) do Proje-to de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”, renumeran-do-se os capítulos subsequentes:“CAPÍTULO II: DA CADEIA DE CUSTÓDIAArt. 170. Todos os agentes públicos en-

volvidos na persecução penal deve-rão observar a cadeia de custódia na aquisição e preservação das fon-tes de prova.

§ 1º. Entende-se por cadeia de custó-dia os mecanismos, dispostos em lei e nas normas administrativas formuladas pelos órgãos competentes, voltados à preservação da prova, com o intuito de preservar a sua idoneidade.§ 2º. Os órgãos policiais e periciais po-derão regulamentar, no âmbito adminis-trativo, a cadeia de custódia, inclusive para adaptá-la aos avanços técnico--científicos.Art. 171. Com o fim de demonstrar a au-

tenticidade dos elementos probató-rios materiais, a cadeia de custódia se aplicará tendo em conta os se-guintes fatores: identidade, estado original, condições de coleta, pre-servação, embalagem e envio; luga-res e datas de permanência e mu-danças pelas quais a custódia tenha passado. Igualmente se registrará o nome e a identificação de todas as pessoas que tenham tido contato com esses elementos.

Parágrafo único. A cadeia de custódia será iniciada no lugar em que forem descobertos, recolhidos ou encontrados os elementos probatórios materiais; e será finalizada por ordem da autoridade competente. Art. 172. A aplicação da cadeia de cus-tódia é de responsabilidade dos servi-dores públicos que tiverem contato com os elementos probatórios materiais.Parágrafo único. Os particulares que,

em razão de seu trabalho ou por cumprimento das funções próprias de seu cargo, tiverem contato com os elementos probatórios materiais são responsáveis por sua coleta, preservação e entrega à autoridade competente”.

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CPP - LIVRO I / TÍTULO VIII

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Sem correspondência

Redação ora proposta: CAPÍTULO II: DA CADEIA DE CUS-TÓDIAArt. 170. Todos os agentes públicos

envolvidos na persecução penal deverão observar a cadeia de custódia na aquisição e preser-vação das fontes de prova.

§ 1º. Entende-se por cadeia de cus-tódia os mecanismos, dispostos em lei e nas normas administrativas formu-ladas pelos órgãos competentes, vol-tados à preservação da prova, com o intuito de preservar a sua idoneidade.§ 2º. Os órgãos policiais e periciais poderão regulamentar, no âmbito administrativo, a cadeia de custódia, inclusive para adaptá-la aos avanços técnico-científicos.

Art. 171. Com o fim de demonstrar a autenticidade dos elementos proba-tórios materiais, a cadeia de custódia se aplicará tendo em conta os seguin-tes fatores: identidade, estado original, condições de coleta, preservação, em-balagem e envio; lugares e datas de permanência e mudanças pelas quais a custódia tenha passado. Igualmente se registrará o nome e a identificação de todas as pessoas que tenham tido con-tato com esses elementos.Parágrafo único. A cadeia de custódia será iniciada no lugar em que forem descobertos, recolhidos ou encontra-dos os elementos probatórios mate-riais; e será finalizada por ordem da autoridade competente. Art. 172. A aplicação da cadeia de cus-

tódia é de responsabilidade dos servidores públicos que tiverem contato com os elementos proba-tórios materiais.

Parágrafo único. Os particulares que, em razão de seu trabalho ou por cum-primento das funções próprias de seu cargo, tiverem contato com os elemen-tos probatórios materiais são respon-sáveis por sua coleta, preservação e entrega à autoridade competente. Vários códigos de processo penal re-centemente reformados (a exemplo do colombiano e do chileno) contêm dispo-sições sobre a cadeia de custódia. Tra-ta-se de mecanismo muito importante na colheita, no manuseio e na preserva-ção da prova, garantindo a sua máxima fidedignidade.O tratamento do tema é extenso e minu-cioso, de modo que o acréscimo do ci-

tado Capítulo II não tem a pretensão de esgotar a matéria. O objetivo é estabele-cer os princípios e as linhas centrais da cadeia de custódia, com os seus prin-cipais objetivos, deixando aos órgãos de polícia judiciária (notadamente, aos órgãos periciais) a regulamentação de todo o procedimento, inclusive à luz dos meios técnicos e científicos disponíveis para o tratamento da prova. CAPÍTULO II - DOS MEIOS DE PROVA

Seção I - Da prova testemunhal 63. Art. 188Dê- se a seguinte redação ao artigo 188 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 188. A testemunha que morar fora

da comarca será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedin-do-se, para esse fim, carta precató-ria, com prazo razoável, intimadas as partes sobre sua expedição.

§ 1º A expedição da precatória não sus-penderá a instrução criminal. § 2º Na hipótese prevista neste arti-go, a inquirição da testemunha pode-rá ser realizada por meio de videocon-ferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, assegurada a presença do defensor, e, de preferência, durante a audiência de instrução e julgamento.§ 3º Os atos a serem realizados não inverterão a ordem prevista no art. 276 deste Código”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 188. A testemunha que morar

fora da comarca será inquirida pelo juiz do lugar de sua re-sidência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes sobre sua expedição.

§ 1º A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.§ 2º Na hipótese prevista neste ar-tigo, a inquirição da testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, assegu-rada a presença do defensor, e, de preferência, durante a audiência de instrução e julgamento”.

Redação ora proposta: “Art. 188. A testemunha que morar fora da comarca será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo--se, para esse fim, carta precatória,

com prazo razoável, intimadas as partes sobre sua expedição. § 1º A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. § 2º Na hipótese prevista neste ar-tigo, a inquirição da testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, assegu-rada a presença do defensor, e, de preferência, durante a audiência de instrução e julgamento.§ 3º Os atos a serem realizados não inverterão a ordem prevista no art. 276 deste Código”.

Almeja-se com a presente emenda en-cerrar problema frequentemente cons-tatado em persecuções penais nas quais seja necessária a expedição de cartas precatórias para colheitas de tes-temunhos e interrogatórios. Como a reforma processual de 2008 alterou o aspecto procedimental do Processo Penal vigente apenas de for-ma parcial, malgrado tenha cuidado da sequência da colheita de atos ins-trutórios na audiência una prevista no art. 480 do Código de Processo Penal, simplesmente não alterou a previsão da não suspensão dos atos processuais ante a expedição de cartas precatórias (art. 222). Assim, aludida reforma pro-cessual acarretou que, atualmente, di-versos processos criminais – pelo mero fato de haver expedição de cartas pre-catórias – aconteçam em desobediên-cia à ordem inata a um processo penal em que o acusador esgota sua fonte de prova oral para, depois, o imputado es-gotar as suas. Com a previsão de que as cartas preca-tórias não podem acarretar as frequen-tes inversões na colheita da fonte de prova oral, resgata-se tal ideia basilar do processo penal em que o imputado pri-meiro deve conhecer a íntegra da prova oral acusatória, para então sobre ela se manifestar.

64. Art. 190Dê- se a seguinte redação ao artigo 190 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 190. O juiz, a requerimento de qual-

quer das partes, poderá ouvir anteci-padamente a testemunha, nas hipó-teses de enfermidade, de velhice ou de qualquer outro motivo relevante, em que seja possível demonstrar a dificuldade ou a perda de fidedigni-dade da tomada do depoimento ao tempo da instrução criminal.

Parágrafo único. Se, ao tempo da ins-trução, não se verificar a dificuldade ou a perda de fidedignidade que motivou o depoimento antecipado, a testemunha

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deverá ser novamente ouvida, respeita-da a ordem prevista no art. 276”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 190. O juiz, a requerimento de

qualquer das partes, poderá ouvir antecipadamente a testemunha, nas hipóteses de enfermidade, de velhice ou de qualquer outro mo-tivo relevante, em que seja pos-sível demonstrar a dificuldade da tomada do depoimento ao tempo da instrução criminal.

Redação ora proposta: Art. 190. O juiz, a requerimento de

qualquer das partes, poderá ou-vir antecipadamente a testemu-nha, nas hipóteses de enfermi-dade, de velhice ou de qualquer outro motivo relevante, em que seja possível demonstrar a difi-culdade ou a perda de fidedigni-dade da tomada do depoimento ao tempo da instrução criminal.

Parágrafo único. Se, ao tempo da instrução, não se verificar a dificul-dade ou a perda de fidedignidade que motivou o depoimento anteci-pado, a testemunha deverá ser no-vamente ouvida, respeitada a ordem prevista no art. 276

No caput, acrescentou-se uma hipótese para a antecipação do depoimento tes-temunhal, qual seja, a sua perda de fi-dedignidade. Assim, caso o depoimento futuro implique risco de perda de deta-lhes (como, por exemplo, no reconheci-mento de pessoas, que corre o risco de perda de fidedignidade se ocorrer muito depois do fato), justifica-se, também, a antecipação da prova testemunhal.Por sua vez, a inserção do parágrafo único visa observar a ordem legal de colheita de depoimentos, caso o risco que se imaginava (e que motivou a an-tecipação) não venha a se concretizar. Isso porque a antecipação da prova testemunhal é uma forma de “garantia”: colhe-se o depoimento pois há risco de não se poder fazê-lo no futuro. Contudo, se, no futuro (i.e., ao tempo da instru-ção), ainda assim for possível a colheita do depoimento, deve ser ele novamente realizado, para se respeitar a ordem le-gal prevista no art. 276. Seção II - Das declarações da vítima

65. Art. 194Dê- se a seguinte redação ao artigo 194 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que

trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 194. O procedimento de inquirição

observará as seguintes etapas:I – a criança ou adolescente ficará em recinto diverso da sala de audiências, especialmente preparado para esse fim, devendo dispor de equipamentos próprios e adequados à idade e à etapa evolutiva do depoente;II – a criança ou o adolescente será acompanhado por um profissional de-vidamente capacitado para o ato, cuja qualificação será informada às partes logo após ser designado pelo juiz;III – na sala de audiências, onde deverá permanecer o acusado, as partes for-mularão perguntas ao juiz;IV – o juiz, por meio de equipamento técnico que permita a comunicação em tempo real, fará contato com o profis-sional que acompanha a criança ou o adolescente, retransmitindo-lhe as per-guntas formuladas;V – o profissional, ao questionar a crian-ça ou o adolescente, deverá simplificar a linguagem e os termos da pergunta que lhe foi transmitida, de modo a facilitar a compreensão do depoente, observadas as suas condições pessoais, sendo que deverá ser registrada a forma pela qual foram transmitidas as perguntas;VI – o depoimento será gravado em meio eletrônico ou magnético, cuja transcri-ção e mídia integrarão o processo.§ 1º A opção pelo procedimento descri-to neste artigo levará em conta a nature-za e a gravidade do crime, bem como as suas circunstâncias e consequências, e será adotada quando houver fundado receio de que a presença da criança ou do adolescente na sala de audiências possa prejudicar a espontaneidade das declarações, constituir fato de constran-gimento para o depoente ou dificultar os objetivos descritos nos incisos I e II do caput do art. 193.§ 2º Não havendo sala ou equipamen-tos técnicos adequados, nem profissio-nal capacitado para a mediação que se requer, o depoimento será validamente realizado de acordo com a forma ordi-nária prevista neste Código para a prova testemunhal.§ 3º É vedada a divulgação ou repas-se a terceiros do material descrito no inciso VI do caput deste artigo, cum-prindo à parte que solicitar cópia ze-lar por sua guarda e uso no interesse estritamente processual, sob pena de responsabilidade”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 194. O procedimento de inqui-

rição observará as seguintes etapas:

I – a criança ou adolescente ficará

em recinto diverso da sala de au-diências, especialmente preparado para esse fim, devendo dispor de equipamentos próprios e adequa-dos à idade e à etapa evolutiva do depoente;II – a criança ou o adolescente será acompanhado por um profissional devidamente capacitado para o ato, a ser designado pelo juiz;III – na sala de audiências, onde de-verá permanecer o acusado, as par-tes formularão perguntas ao juiz;IV – o juiz, por meio de equipamento técnico que permita a comunicação em tempo real, fará contato com o profissional que acompanha a crian-ça ou o adolescente, retransmitindo--lhe as perguntas formuladas;V – o profissional, ao questionar a criança ou o adolescente, deverá simplificar a linguagem e os termos da pergunta que lhe foi transmitida, de modo a facilitar a compreensão do depoente, observadas as suas condições pessoais;VI – o depoimento será gravado em meio eletrônico ou magnético, cuja transcrição e mídia integrarão o processo.§ 1º A opção pelo procedimen-to descrito neste artigo levará em conta a natureza e a gravidade do crime, bem como as suas cir-cunstâncias e consequências, e será adotada quando houver fun-dado receio de que a presença da criança ou do adolescente na sala de audiências possa prejudicar a espontaneidade das declarações, constituir fato de constrangimen-to para o depoente ou dificultar os objetivos descritos nos incisos I e II do caput do art. 193.§ 2º Não havendo sala ou equi-pamentos técnicos adequados, nem profissional capacitado para a mediação que se requer, o depoi-mento será validamente realizado de acordo com a forma ordinária prevista neste Código para a prova testemunhal.§ 3º É vedada a divulgação ou re-passe a terceiros do material descri-to no inciso VI do caput deste artigo, cumprindo à parte que solicitar cópia zelar por sua guarda e uso no inte-resse estritamente processual, sob pena de responsabilidade.

Redação ora proposta: Art. 194. O procedimento de inqui-

rição observará as seguintes etapas:

I – a criança ou adolescente ficará em recinto diverso da sala de au-diências, especialmente preparado para esse fim, devendo dispor de

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CPP - LIVRO I / TÍTULO VIII

equipamentos próprios e adequa-dos à idade e à etapa evolutiva do depoente;II – a criança ou o adolescente será acompanhado por um profissional devidamente capacitado para o ato, cuja qualificação será informa-da às partes logo após ser desig-nado pelo juiz;III – na sala de audiências, onde de-verá permanecer o acusado, as par-tes formularão perguntas ao juiz;IV – o juiz, por meio de equipamento técnico que permita a comunicação em tempo real, fará contato com o profissional que acompanha a crian-ça ou o adolescente, retransmitindo--lhe as perguntas formuladas; V – o profissional, ao questionar acriança ou o adolescente, deverá simplificar a linguagem e os termos da pergunta que lhe foi transmiti-da, de modo a facilitar a compre-ensão do depoente, observadas as suas condições pessoais, sendo que deverá ser registrada a forma pela qual foram transmitidas as perguntas;VI – o depoimento será gravado em meio eletrônico ou magnético, cuja transcrição e mídia integrarão o processo.§ 1º A opção pelo procedimento descrito neste artigo levará em conta a natureza e a gravidade do crime, bem como as suas circunstâncias e consequências, e será adotada quando houver fundado receio de que a presença da criança ou do adolescente na sala de audiências possa prejudicar a espontaneidade das declarações, constituir fato de constrangimento para o depoente ou dificultar os objetivos descritos nos incisos I e II do caput do art. 193.§ 2º Não havendo sala ou equipa-mentos técnicos adequados, nem profissional capacitado para a me-diação que se requer, o depoimento será validamente realizado de acordo com a forma ordinária prevista neste Código para a prova testemunhal.§ 3º É vedada a divulgação ou re-passe a terceiros do material descri-to no inciso VI do caput deste artigo, cumprindo à parte que solicitar có-pia zelar por sua guarda e uso no interesse estritamente processual, sob pena de responsabilidade. A inclusão do trecho “cuja qualificação será informada às partes” no inciso II tem o objetivo de garantir às partes o prévio conhecimento de quem será o profissional designado para o ato. Assim, será possível realizar um con-trole maior de sua capacidade técni-ca para a realização do ato.

Ademais, a inclusão do trecho “sendo

que deverá ser registrada a forma pela qual foram transmitidas as perguntas” no inciso V tem o objetivo de possibi-litar às partes pleno controle sobre a inquirição realizada pelo profissional.

Seção III - Disposições especiais rela-tivas à inquirição de crianças e adoles-centes

66. Art. 195Dê- se a seguinte redação ao artigo 195 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 195. Na fase de investigação, ao

decidir sobre o pedido de produ-ção antecipada de prova testemu-nhal de criança ou adolescente, o juiz das garantias atentará para o risco de redução da capacidade de reprodução dos fatos pelo de-poente, em vista da condição da pessoa em desenvolvimento, ob-servando, quando recomendável, o procedimento previsto no art. 194.

§ 1º Antecipada a produção da prova na forma do caput deste artigo, não será admitida a reinquirição do depo-ente na fase de instrução processual, inclusive na sessão de julgamento do Tribunal do Júri, salvo quando justifi-cada a sua imprescindibilidade, espe-cialmente quando não houve possibili-dade de participação da defesa no ato realizado na fase de investigação, em requerimento devidamente fundamen-tado pelas partes.§ 2º Para fins de atendimento ao dis-posto no inciso II do caput art. 193, o depoimento da criança ou adolescen-te tomado na forma do caput deste artigo será encaminhado à autoridade responsável pela investigação e ao Conselho Tutelar que tiver instaurado expediente administrativo, com o fim de evitar a reinquirição da criança ou do adolescente. § 3º A autoridade que tomar o depoi-mento da criança ou do adolescente, julgando recomendável, poderá reme-ter cópia das declarações prestadas à Justiça da Infância e da Juventude, que avaliará a eventual necessidade de aplicação das medidas de prote-ção previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente)”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 195. Na fase de investigação,

ao decidir sobre o pedido de produção antecipada de prova testemunhal de criança ou ado-lescente, o juiz das garantias

atentará para o risco de redução da capacidade de reprodução dos fatos pelo depoente, em vista da condição da pessoa em desenvolvimento, observando, quando recomendável, o proce-dimento previsto no art. 194.

§ 1º Antecipada a produção da pro-va na forma do caput deste artigo, não será admitida a reinquirição do depoente na fase de instrução pro-cessual, inclusive na sessão de jul-gamento do Tribunal do Júri, salvo quando justificada a sua imprescin-dibilidade, em requerimento devida-mente fundamentado pelas partes.§ 2º Para fins de atendimento ao disposto no inciso II do caput art. 193, o depoimento da criança ou adolescente tomado na forma do ca-put deste artigo será encaminhado à autoridade responsável pela inves-tigação e ao Conselho Tutelar que tiver instaurado expediente adminis-trativo, com o fim de evitar a reinqui-rição da criança ou do adolescente. § 3º A autoridade que tomar o de-poimento da criança ou do adoles-cente, julgando recomendável, po-derá remeter cópia das declarações prestadas à Justiça da Infância e da Juventude, que avaliará a eventual necessidade de aplicação das medi-das de proteção previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Es-tatuto da Criança e do Adolescente).

Redação ora proposta: Art. 195. Na fase de investigação,

ao decidir sobre o pedido de produção antecipada de prova testemunhal de criança ou ado-lescente, o juiz das garantias atentará para o risco de redução da capacidade de reprodução dos fatos pelo depoente, em vista da condição da pessoa em desenvolvimento, observando, quando recomendável, o proce-dimento previsto no art. 194.

§ 1º Antecipada a produção da pro-va na forma do caput deste artigo, não será admitida a reinquirição do depoente na fase de instrução pro-cessual, inclusive na sessão de jul-gamento do Tribunal do Júri, salvo quando justificada a sua imprescindi-bilidade, especialmente quando não houve possibilidade de participação da defesa no ato realizado na fase de investigação, em requerimento devi-damente fundamentado pelas partes.§ 2º Para fins de atendimento ao dis-posto no inciso II do caput art. 193, o depoimento da criança ou adolescen-te tomado na forma do caput deste artigo será encaminhado à autori-dade responsável pela investigação

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e ao Conselho Tutelar que tiver ins-taurado expediente administrativo, com o fim de evitar a reinquirição da criança ou do adolescente. § 3º A autoridade que tomar o de-poimento da criança ou do adoles-cente, julgando recomendável, po-derá remeter cópia das declarações prestadas à Justiça da Infância e da Juventude, que avaliará a eventual necessidade de aplicação das medi-das de proteção previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Es-tatuto da Criança e do Adolescente).

A inclusão do trecho “especialmente quando não houve possibilidade de par-ticipação da defesa no ato realizado na fase de investigação” no § 1º tem o ob-jetivo de garantir que, em caso de não ter participado da inquirição feita na fase pré-processual, a defesa possa exercer o contraditório sobre essa prova teste-munhal na fase processual.

Seção IV - Do reconhecimento de pes-soas e coisas e da acareação

67. Art. 196Dê- se a seguinte redação ao artigo 196 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 196. Quando houver necessidade de

fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á da seguinte forma:

I – a pessoa que tiver de fazer o reco-nhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;II – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada ao lado de ou-tras, no mínimo de 5 (cinco), que com ela tiverem qualquer semelhança, con-vidando-se quem tiver de fazer o reco-nhecimento a apontá-la;III – a autoridade providenciará para que a pessoa a ser reconhecida não veja aquela chamada para fazer o reconhecimento;IV – do ato de reconhecimento lavrar--se-á auto pormenorizado, subscrito pelo delegado de polícia ou pelo juiz, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por 2 (duas) testemu-nhas presenciais;VI – deverão ser registradas, por filma-gem ou fotografia, as pessoas que fo-ram colocadas ao lado daquela a ser reconhecida, tal como estiverem no ato do reconhecimento.Parágrafo único. O reconhecimento po-derá ser realizado antecipadamente, nas hipóteses e na forma do art. 190”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 196. Quando houver necessida-

de de fazer-se o reconhecimento

conhecimento; de pessoa, pro-ceder-se-á da seguinte forma:

I – a pessoa que tiver de fazer o re-conhecimento será convidada a des-crever a pessoa que deva ser reco-nhecida;II – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada ao lado de outras, no mínimo de 5 (cinco), que com ela tiverem qualquer seme-lhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;III – a autoridade providenciará para que a pessoa a ser reconhecida não veja aquela chamada para fazer o re IV – do ato de reconhecimento la-vrar-se-á auto pormenorizado, subs-crito pelo delegado de polícia, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por 2 (duas) teste-munhas presenciais;Parágrafo único. O disposto no inci-so III do caput deste artigo não terá aplicação na fase da instrução crimi-nal ou em plenário de julgamento.

Redação ora proposta: Art. 196. Quando houver necessidade

de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á da seguin-te forma:

I – a pessoa que tiver de fazer o reco-nhecimento será convidada a descre-ver a pessoa que deva ser reconhecida;II – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada ao lado de outras, no mínimo de 5 (cinco), que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;III – a autoridade providenciará para que a pessoa a ser reconhecida não veja aquela chamada para fazer o re-conhecimento;IV – do ato de reconhecimento lavrar--se-á auto pormenorizado, subscrito pelo delegado de polícia ou pelo juiz, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por 2 (duas) testemunhas presenciais;VI – deverão ser registradas, por fil-magem ou fotografia, as pessoas que foram colocadas ao lado daque-la a ser reconhecida, tal como estive-rem no ato do reconhecimento.Parágrafo único. O reconhecimento poderá ser realizado antecipada-mente, nas hipóteses e na forma do art. 190

No inciso IV, deve-se inserir o juiz como autoridade competente para assina-tura do auto, caso o reconhecimento ocorra durante a instrução judicial.O acréscimo do inciso VI visa confe-rir maior fidedignidade ao reconheci-mento, inclusive para que, se realiza-

do na fase policial, as partes possam controlar a sua legalidade (isto é, para que possam verificar se o ato foi re-alizado em conformidade ao disposto no art. 196). Afinal, como o reconhe-cimento envolve reconhecimento vi-sual, a descrição contida no respecti-vo auto não terá, por si só, o condão de refletir com fidedignidade a feição (naquele momento) das pessoas que foram colocadas a reconhecimento. Por isso, é importante que todo o ato de reconhecimento seja filmado ou, subsidiariamente, fotografado, a fim de que se tenha o registro de imagens das pessoas que participaram do re-conhecimento, tal como estavam no ato.Por fim, a supressão da redação do parágrafo único justifica-se porque o reconhecimento pode ser perfeita-mente realizado durante a instrução criminal ou em plenário de julgamen-to, não havendo motivo lógico-jurídico para que não se respeite a norma que impede que a pessoa a ser reconhe-cida não veja aquela chamada para fazer o reconhecimento. Aliás, se isso é observado no CPP vigente, não há por que não se continuar com esse procedimento.Em seu lugar, propõe-se a previsão de que o reconhecimento também pode ser realizado de maneira antecipada, caso haja risco de sua realização futu-ra (inclusive por perda de fidedignida-de), nos termos e na forma da anteci-pação da prova testemunhal (art. 190). Seção V - Da prova pericial e do exame do corpo de delito

68. Art. 201Dê- se a seguinte redação ao artigo 201 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 201. As perícias serão realizadas

por perito oficial, portador de diplo-ma de curso superior.

§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idô-neas, portadoras de diploma de curso superior na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacio-nada com a natureza do crime.§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente de-sempenhar o encargo. § 3º Será facultada ao Ministério Públi-co, ao assistente de acusação, à vítima, ao querelante, ao imputado e ao impu-tado a formulação de quesitos no prazo de 5 (cinco) dias, contados da nomea-ção do perito.§ 4º O exame pericial será requisitado pela autoridade competente ao diretor do órgão de perícia”. JUSTIFICAÇÃO:

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Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 201. As perícias serão realizadas

por perito oficial, portador de di-ploma de curso superior.

§ 1º Na falta de perito oficial, o exa-me será realizado por 2 (duas) pes-soas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que ti-verem habilitação técnica relaciona-da com a natureza do crime.§ 2º Os peritos não oficiais presta-rão o compromisso de bem e fiel-mente desempenhar o encargo. § 3º Será facultada ao Ministério Pú-blico, ao assistente de acusação, à vítima, ao querelante, ao indiciado e ao acusado a formulação de quesi-tos no prazo de 5 (cinco) dias, conta-dos da nomeação do perito.§ 4º O exame pericial será requisi-tado pela autoridade competente ao diretor do órgão de perícia.

Redação ora proposta: Art. 201. As perícias serão realizadas

por perito oficial, portador de di-ploma de curso superior.

§ 1º Na falta de perito oficial, o exa-me será realizado por 2 (duas) pes-soas idôneas, portadoras de diploma de curso superior na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do crime.§ 2º Os peritos não oficiais presta-rão o compromisso de bem e fiel-mente desempenhar o encargo. § 3º Será facultada ao Ministério Pú-blico, ao assistente de acusação, à vítima, ao querelante e ao imputado a formulação de quesitos no prazo de 5 (cinco) dias, contados da nome-ação do perito.§ 4º O exame pericial será requisi-tado pela autoridade competente ao diretor do órgão de perícia.

A exclusão do vocábulo “preferencial-mente” do § 1º tem o objetivo de evitar que a perícia seja realizada por pessoa que não detém conhecimento na área específica. A regra é que a perícia seja realizada por perito oficial, portador de diploma de curso superior (caput). A ex-ceção é que seja realizado por pessoas que não são peritos oficiais, porém que portam diploma de curso superior na área específica. Admitir que tal diploma seja “preferencialmente” na área espe-cífica implica flexibilizar ainda mais a re-gra, o que é temerário em se tratando de prova judicial que poderá ser utilizada na formação do convencimento judicial.No § 3º, a substituição de “indiciado”

por “imputado” visa não só aumentar o espectro de legitimados a formular o quesito (para abranger não só a pessoa formalmente indiciada, mas também aquela que, no inquérito policial, pode ser considerada “investigada”), como também guardar coerência sistemática com a previsão do art. 9º, a respeito da caracterização de “imputado”. 69. Art. 208Dê- se a seguinte redação ao artigo 208 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 208. Em caso de lesões corporais,

se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determi-nação do delegado de polícia, ou por determinação do juiz, nesse último caso mediante requerimento do Ministério Público, da vítima, do imputado ou de seu defensor.

§ 1º No exame complementar, os pe-ritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do fato. § 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemu-nhal ou documental, desde que aquele não seja mais passível de realização”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 208. Em caso de lesões corpo-

rais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder--se-á a exame complementar por determinação do juiz ou do delegado de polícia, de ofício ou a requerimento do Ministério Pú-blico, da vítima, do acusado ou de seu defensor.

§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de cor-po de delito, a fim de suprir-lhe a de-ficiência ou retificá-lo.§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime. § 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova teste-munhal ou documental.

Redação ora proposta: Art. 208. Em caso de lesões corporais,

se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á

a exame complementar por deter-minação do delegado de polícia, ou por determinação do juiz, nesse último caso mediante requerimento do Ministério Público, da vítima, do imputado ou de seu defensor. § 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de cor-po de delito, a fim de suprir-lhe a de-ficiência ou retificá-lo.§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do fato. § 3º A falta de exame complemen-tar poderá ser suprida pela prova testemunhal ou documental, desde que aquele não seja mais passível de realização.

A alteração do caput para excluir a pos-sibilidade de que o juiz determine, de ofício, a realização do exame pericial complementar tem o objetivo de alinhar o Projeto à Constituição Federal, a qual estabeleceu o modelo acusatório de processo penal. Assim, a iniciativa pro-batória deve caber apenas às partes, sob pena de, agindo de ofício, o juiz substituir o papel de uma delas e causar desequilíbrio na relação entre acusação e defesa.A alteração do vocábulo “crime” para “fato” na redação do § 2º tem o objeti-vo de evitar que, não havendo sentença condenatória com trânsito em julgado, classifique-se o fato sub judice como criminoso, violando a garantia constitu-cional da presunção de inocência. O acréscimo “desde que aquele não seja mais passível de realização” na redação do § 3º tem o objetivo de assegurar que a prova testemunhal ou documental so-mente poderá suprir a falta do exame complementar em casos excepcionais, quando não haja mais a possibilidade de sua realização. 70. Art. 219Dê- se a seguinte redação ao artigo 219 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 219. Nos exames periciais grafotéc-

nicos e em outros cotejos documen-toscópicos, observar-se-á o seguinte:

I – a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;II – para a comparação, poderão servir quaisquer documentos originais que a pessoa reconhecer ou que já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autentici-dade não houver dúvida;III – a autoridade, quando necessário, requisitará, para exame, os documentos originais que existirem em arquivos ou

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em estabelecimentos públicos, ou nes-tes realizará a diligência, se daí não pu-derem ser retirados;IV – quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade solicitará que a pessoa escreva o que lhe for ditado.Parágrafo único. Na hipótese do in-ciso IV do caput deste artigo, se a pessoa estiver ausente, mas em lugar certo, a diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Em qualquer caso, a pes-soa será advertida sobre seu direito de não produzir prova que poderá ser utilizada em seu desfavor”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 219. Nos exames periciais gra-

fotécnicos e em outros cotejos documentoscópicos, observar--se-á o seguinte:

I – a pessoa quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;II – para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a pessoa reconhecer ou que já tive-rem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;III – a autoridade, quando necessá-rio, requisitará, para exame, os do-cumentos que existirem em arquivos ou em estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;IV – quando não houver escritos para a comparação ou forem insu-ficientes os exibidos, a autoridade solicitará que a pessoa escreva o que lhe for ditado.Parágrafo único. Na hipótese do in-ciso IV do caput deste artigo, se a pessoa estiver ausente, mas em lu-gar certo, a diligência poderá ser fei-ta por precatória, em que se consig-narão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.

Redação ora proposta: Art. 219. Nos exames periciais gra-

fotécnicos e em outros cotejos documentoscópicos, observar--se-á o seguinte:

I – a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;II – para a comparação, poderão ser-vir quaisquer documentos originais que a pessoa reconhecer ou que já tiverem sido judicialmente reconhe-cidos como de seu punho, ou sobre

cuja autenticidade não houver dú-vida;III – a autoridade, quando necessá-rio, requisitará, para exame, os do-cumentos originais que existirem em arquivos ou em estabelecimentos pú-blicos, ou nestes realizará a diligên-cia, se daí não puderem ser retirados;IV – quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade solicitará que a pessoa escreva o que lhe for ditado.Parágrafo único. Na hipótese do in-ciso IV do caput deste artigo, se a pessoa estiver ausente, mas em lu-gar certo, a diligência poderá ser feita por precatória, em que se consigna-rão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Em qualquer caso, a pessoa será advertida sobre seu direito de não produzir prova que poderá ser utilizada em seu desfavor.

Pelas modificações sugeridas nos inci-sos II e III, pretende-se garantir maior fidedignidade à realização do exame grafotécnico, pois, como se sabe, tal exame só alcançará resultado eficaz se realizado em documentos originais – e não em fotocópias.A inclusão do trecho “Em qualquer caso, a pessoa será advertida sobre seu direi-to de não produzir prova que poderá ser utilizada em seu desfavor” na redação do parágrafo único tem o objetivo de assegurar que não seja violada a garan-tia constitucional do direito ao silêncio, mais especificamente o direito de o indi-víduo não produzir prova que poderá ser utilizada em seu desfavor. Seção VI - Da prova documental 71. Art. 224Dê- se a seguinte redação ao artigo 224 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 224. As cartas particulares, in-

terceptadas ou obtidas por meios ilícitos, não serão admitidas como prova”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 224. As cartas particulares, intercep-tadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas como prova.

Redação ora proposta: Art. 224. As cartas particulares, inter-ceptadas ou obtidas por meios ilícitos, não serão admitidas como prova.

A mudança propugna por alteração da expressão “criminosos” por “ilícitos” em matéria de inadmissibilidade e, con-sequentemente, valoração do meio de prova documental aqui referido. O próprio PL nº 8.045/2010 estabelece, no art. 166, que, em matéria geral no campo probatório, as provas “vedadas pela lei” podem sofrer a sanção de inad-missibilidade. Depois, no art. 167, taxa de “inadmissíveis” aquelas obtidas por meios ilícitos bem como as que dela de-rivarem. Em momento algum, nas matérias de re-gra geral do campo da exclusão proba-tória, cuidou-se de circunscrever a proibi-ção probatória ao aspecto “criminoso” no acesso à prova; antes, sempre se manteve fiel à exigência de “ilicitude”. Trata-se, pois, de regra que pode cobrir espectro maior de ocorrências fáticas a desaconselhar – e por isso, vedar – a admissão de prova no processo penal, do que o restrito campo da obtenção propriamente criminosa. Seja, assim, para a manutenção das regras gerais acima citadas (arts. 166 e 167, PL nº 8.045/2010), seja por se pre-tender cobrir espectro maior contra a introdução de prova ilícita no processo penal brasileiro (art. 5º, LVI, CF), propug-na-se pela alteração redacional. CAPITULO III - DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA

Seção I - Da busca e da apreensão 72. Art. 234Dê- se a seguinte redação ao artigo 234 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 234. O mandado de busca será

fundamentado e deverá:I – indicar, o mais precisamente possível, o local em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;II – delimitar, o mais precisamente pos-sível, o objeto da investigação, mencio-nando os motivos, a pessoa e as fontes de prova procuradas;III – ser subscrito pelo escrivão e assina-do pelo juiz que o fizer expedir.Parágrafo único. Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 234. O mandado de busca será

fundamentado e deverá:I – indicar, o mais precisamente pos-sível, o local em que será realizada a diligência e o nome do respectivo

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proprietário ou morador ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;II – mencionar os motivos, a pessoa e os objetos procurados;III – ser subscrito pelo escrivão e as-sinado pelo juiz que o fizer expedir.Parágrafo único. Não será permitida a apreensão de documento em po-der do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Redação ora proposta: Art. 234. O mandado de busca será

fundamentado e deverá:I – indicar, o mais precisamente pos-sível, o local em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;II – delimitar, o mais precisamente possível, o objeto da investigação, mencionando os motivos, a pessoa e as fontes de prova procuradas;III – ser subscrito pelo escrivão e as-sinado pelo juiz que o fizer expedir.Parágrafo único. Não será permitida a apreensão de documento em po-der do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

A alteração de redação do inciso II tem o objetivo de evitar que sejam expedidos mandados de busca va-gos, evitando a indevida violação aos direitos fundamentais da pessoa que sofrerá a medida.A medida será legítima restrição ao di-reito fundamental se for cumprida na exata necessidade, adequação e pro-porcionalidade, em relação ao objeto da investigação. Quando a medida desbor-da para além do objeto da investigação, trata-se de ilegítima violação ao direito fundamental. 73. Art. 235 Dê- se a seguinte redação ao artigo 235 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 235. As buscas domiciliares serão de

dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de pene-trarem na casa, os executores mos-trarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

§ 1º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.§ 2º Recalcitrando o morador, será per-

mitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.§ 3º Observar-se-á o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo quando ausentes os moradores, devendo, nesse caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.§ 4º O morador será intimado a mostrar a coisa ou o objeto procurado.§ 5º Descoberta a pessoa ou a coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da au-toridade ou de seus agentes.§ 6º Finda a diligência, os executores la-vrarão auto circunstanciado, assinando-o com 2 (duas) testemunhas presenciais”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 235. As buscas domiciliares se-

rão executadas entre 6 (seis) e 20 (vinte) horas, salvo se o mo-rador consentir que se realizem em horário diverso, e, antes de penetrarem na casa, os execu-tores mostrarão e lerão o man-dado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em se-guida, a abrir a porta.

§ 1º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.§ 2º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força con-tra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.§ 3º Observar-se-á o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo quando au-sentes os moradores, devendo, nes-se caso, ser intimado a assistir à dili-gência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.§ 4º O morador será intimado a mos-trar a coisa ou o objeto procurado.§ 5º Descoberta a pessoa ou a coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.§ 6º Finda a diligência, os execu-tores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com 2 (duas) testemu-nhas presenciais

Redação ora proposta: Art. 235. As buscas domiciliares se-

rão de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noi-te, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando--o, em seguida, a abrir a porta.

§ 1º. Em caso de desobediência,

será arrombada a porta e forçada a entrada.§ 2º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força con-tra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.§ 3º Observar-se-á o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo quando au-sentes os moradores, devendo, nes-se caso, ser intimado a assistir à dili-gência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.§ 4º O morador será intimado a mos-trar a coisa ou o objeto procurado.§ 5º Descoberta a pessoa ou a coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.§ 6º Finda a diligência, os execu-tores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com 2 (duas) testemu-nhas presenciais

Em obediência ao disposto no art. 5º, XI, da Constituição Federal, a busca domiciliar deve ser realizada apenas durante o dia. Assim, a previsão de um horário (das 6h às 20h) na reda-ção do PL 8.045/10 corre o sério risco de desrespeitar a previsão constitu-cional, pois, a depender da época do ano, esse período não abrangerá a to-talidade do “dia”. Assim, por exemplo, no inverno, em que o sol se põe por volta das 18h, haveria ainda duas ho-ras de período noturno nas quais, pela atual redação, a busca poderia ser re-alizada – o que não se pode admitir, à luz da previsão contida no art. 5º, XI, da Constituição Federal.Portanto, melhor que não se prevejam horários, mas sim que utilizem as ex-pressões “dia” e “noite”, na linha do que prevê a Constituição Federal, de maneira que a sua verificação depen-derá da época do ano.Além disso, a modificação aqui pro-posta está em conformidade com a proposição original do anteprojeto de juristas.

74. Art. 248Dê- se a seguinte redação ao artigo 248 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 248. As coisas apreendidas que

correspondam às hipóteses do art. 91, II, a e b, do Código Penal, desde que haja concordância das partes ou risco de perecimento, poderão ser alienadas antecipa-damente, geridas por adminis-trador judicial ou colocadas sob custódia de órgãos públicos, con-forme o disposto no Capítulo III do Título III do Livro III deste Código, ressalvado o interesse processual na produção da prova”.

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JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 248. As coisas apreendidas

que correspondam às hipóte-ses do art. 91, II, a e b, do Có-digo Penal, poderão ser aliena-das antecipadamente, geridas por administrador judicial ou colocadas sob custódia de ór-gãos públicos, conforme o dis-posto no Capítulo III do Título III do Livro III deste Código, ressalvado o interesse proces-sual na produção da prova.

Redação ora proposta: Art. 248. As coisas apreendidas

que correspondam às hipó-teses do art. 91, II, a e b, do Código Penal, desde que haja concordância das partes ou risco de perecimento, poderão ser alienadas antecipadamen-te, geridas por administrador judicial ou colocadas sob cus-tódia de órgãos públicos, con-forme o disposto no Capítulo III do Título III do Livro III deste Código, ressalvado o interes-se processual na produção da prova.

A inserção da expressão “desde que haja concordância das partes ou ris-co de perecimento” na redação do dispositivo tem o objetivo de compa-tibilizá-lo com a garantia do estado de inocência, prevista na Constituição Federal. Antes de ocorrer o trânsito em julgado de sentença penal conde-natória, não se pode considerar que as coisas apreendidas sejam instru-mentos ou produto do crime. 75. Seções IV, V, VI e VII do Ca-pítulo III (“Dos meios de ob-tenção da prova”) do Título VIII (“Da prova”) do Livro I (“Da per-secução penal”)

Modifique-se a classificação das Se-ções IV, V, VI e VII do Capítulo III (“Dos meios de obtenção da prova”) do Títu-lo VIII (“Da prova”) do Livro I (“Da per-secução penal”) do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Subseção II – Do pedido Subseção III – Dos prazosSubseção IV – Do cumprimento da or-dem judicialSubseção V – Do material produzidoSubseção VI – Disposições finais”

Proposta do PL nº 8.045/2010:

Seção IV – Do pedidoSubseção I – Dos prazosSeção V – Do cumprimento da or-dem judicialSeção VI – Do material produzidoSeção VII – Disposições finais

Redação ora proposta:

Subseção II – Do pedido Subseção III – Dos prazosSubseção IV – Do cumprimento da ordem judicialSubseção V – Do material produzidoSubseção VI – Disposições finais

JUSTIFICAÇÃO:

A alteração aqui sugerida visa corrigir o que parece ter sido um erro material na redação original do PL 8045/2010. No Livro I (“Da persecução penal”), Tí-tulo VIII (“Da prova”), Capítulo III (“Dos meios de obtenção de prova”), trata--se da “interceptação das comunica-ções telefônicas” na Seção III. Não obstante a Seção III inicie-se pela “Subseção I – disposições gerais” (a partir do art. 245), logo na sequência vem a “Seção IV – do pedido” – que, apesar de ser uma “seção”, contém, na verdade, de um subtema dentro da in-terceptação telefônica (“Seção III”). E da mesma maneira ocorre com as “seções” subsequentes, até a “seção VII”.Assim, em vez de “seções”, o mais correto é que sejam “subseções”, pois todas tratam de temas inseridos den-tro da seção (III) de “interceptação das comunicações telefônicas”.

Seção IV - Do pedido

76. Art. 252Dê- se a seguinte redação ao artigo 252 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 252. O prazo de duração da inter-

ceptação não poderá exceder a 30 (trinta) dias, permitidas prorroga-ções por igual período, até o má-ximo de 180 (cento e oitenta) dias, salvo quando se tratar de crime, en-quanto não cessar a permanência.

§ 1º O prazo correrá de forma contínua e ininterrupta e será contado a partir da data do início da interceptação, deven-do a prestadora responsável pelo servi-ço comunicar imediatamente esse fato ao juiz, por escrito.§ 2º Em cada pedido de renovação da medida deverão ser indicados os fatos novos que ocorreram nos 30 dias ante-cedentes e que justificam a continuida-

de da interceptação, observado o art. 249 desse Código.§ 3º Ao apreciar cada pedido de pror-rogação, a autoridade judicial deverá, além do disposto no art. 250 desse Có-digo, expor pormenorizadamente quais foram as novas circunstâncias que justi-ficam a prorrogação da medida”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 252. O prazo de duração da in-

terceptação não poderá exce-der a 60 (sessenta) dias, per-mitidas prorrogações por igual período, desde que continuem presentes os pressupostos au-torizadores da diligência, até o máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias, salvo quan-do se tratar de crime, enquan-to não cessar a permanência.

§ 1º O prazo correrá de forma con-tínua e ininterrupta e será contado a partir da data do início da inter-ceptação, devendo a prestadora responsável pelo serviço comunicar imediatamente esse fato ao juiz, por escrito.§ 2º Para cada prorrogação será ne-cessária nova decisão judicial funda-mentada, observado o disposto no caput deste artigo.

Redação ora proposta: Art. 252. O prazo de duração da in-

terceptação não poderá exce-der a 30 (trinta) dias, permitidas prorrogações por igual período, até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias, salvo quando se tratar de crime, enquanto não cessar a permanência.

§ 1º O prazo correrá de forma con-tínua e ininterrupta e será contado a partir da data do início da inter-ceptação, devendo a prestadora responsável pelo serviço comunicar imediatamente esse fato ao juiz, por escrito.§ 2º Em cada pedido de renovação da medida deverão ser indicados os fatos novos que ocorreram nos 30 dias antecedentes e que justificam a continuidade da interceptação, ob-servado o art. 249 desse Código.§ 3º Ao apreciar cada pedido de prorrogação, a autoridade judicial deverá, além do disposto no art. 250 desse Código, expor pormenoriza-damente quais foram as novas cir-cunstâncias que justificam a prorro-gação da medida.

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CPP - LIVRO II / TÍTULO I

É excessivo o prazo de 60 dias para a duração da interceptação telefônica, sobretudo porque dificulta o controle judicial sobre a legalidade da medida. Não se pode admitir que o juiz fique sem contato com uma medida tão in-vasiva da intimidade por tanto tempo (dois meses). Por isso, necessário que se reduza o período de interceptação a 30 dias, permitidas as sucessivas pror-rogações até o máximo de 180 dias, o que permitirá ao juiz controlar a legali-dade desse meio de obtenção de pro-va em períodos mais frequentes. Além disso, pelas mudanças feitas nos §§ 2º e 3º, estabelece-se a obrigação do juiz fundamentar devidamente a decisão judicial de prorrogação de intercepta-ção, expondo pormenorizadamente as novas circunstâncias que justificam a continuidade da medida.

Seção VI - Do material produzido

77. Art. 256Dê- se a seguinte redação ao artigo 256 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 256. Findas as operações técnicas,

a autoridade encaminhará, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, ao juiz competente, todo o material pro-duzido, acompanhado de auto cir-cunstanciado, que detalhará todas as operações realizadas.

§ 1º Decorridos 30 (trinta) dias do en-caminhamento do auto circunstanciado, o juiz, ouvidos o Ministério Público e a defesa, determinará a inutilização do material que não interessar ao processo.§ 2º A inutilização do material será assistida pelo Ministério Público, sen-do facultada a presença do imputado ou da parte interessada, bem como de seus representantes legais”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 256. Findas as operações técnicas,

a autoridade encaminhará, no pra-zo máximo de 60 (sessenta) dias, ao juiz competente, todo o mate-rial produzido, acompanhado de auto circunstanciado, que detalha-rá todas as operações realizadas.

§ 1º Decorridos 60 (sessenta) dias do encaminhamento do auto cir-cunstanciado, o juiz, ouvidos o Mi-nistério Público e a defesa, determi-nará a inutilização do material que não interessar ao processo.§ 2º A inutilização do material será assistida pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acu-sado ou da parte interessada, bem como de seus representantes legais.

Redação ora proposta: Art. 256. Findas as operações técnicas,

a autoridade encaminhará, no pra-zo máximo de 15 (quinze) dias, ao juiz competente, todo o material produzido, acompanhado de auto circunstanciado, que detalhará to-das as operações realizadas.

§ 1º Decorridos 30 (trinta) dias do encaminhamento do auto circuns-tanciado, o juiz, ouvidos o Ministério Público e a defesa, determinará a inutilização do material que não inte-ressar ao processo.§ 2º A inutilização do material será assistida pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do im-putado ou da parte interessada, bem como de seus representantes legais.

Incogitável que se espere por dois me-ses (sessenta dias) para que todo o ma-terial produzido na interceptação seja encaminhado ao juiz, junto com o auto circunstanciado. Trata-se de um mo-mento muito importante desse meio de obtenção de prova, pois representa a consolidação de toda a diligência reali-zada. Por isso, é importante que o mate-rial (i.e., as gravações) e o auto circuns-tanciado sejam encaminhados ao juiz o quanto antes, para que tanto ele quanto as partes (acusação e defesa) possam consultá-lo, garantindo-se o exercício do contraditório e da ampla defesa.Nesse contexto, o prazo de 15 dias para o envio de todo o material mos-tra-se razoável, por um lado, para que a autoridade policial consolide toda a diligência, e, por outro, para que o juiz e as partes não sofram nenhum prejuí-zo na espera pelo acesso ao conteúdo da interceptação.Da mesma maneira, o prazo de 60 dias para a inutilização de material também é excessivo, de maneira que se mos-tra razoável que seja ele reduzido a 30 dias, evitando, assim, que o material que não interesse à investigação seja utilizado de maneira arbitrária. 78. Art. 262Dê- se a seguinte redação ao artigo 262 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 262. Na hipótese de a intercep-

tação das comunicações telefô-nicas revelar indícios de crime ou de indivíduo diverso daquele para o qual a autorização foi dada, so-mente terão eficácia probatória os indícios que guardem relação com o objeto da investigação, nos termos do art. 111, caput, incisos I e II, e do art. 112 deste Código.

Parágrafo único. Os elementos de in-

formação que não guardem relação com o objeto da investigação deverão ser desentranhados dos autos e inuti-lizados”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 262. Na hipótese de a inter-

ceptação das comunicações telefônicas revelar indícios de crime diverso daquele para o qual a autorização foi dada e que não lhe seja conexo, o delegado de polícia deverá re-meter ao Ministério Público os documentos necessários para as providências cabíveis.

Redação ora proposta: Art. 262. Na hipótese de a intercepta-

ção das comunicações telefôni-cas revelar indícios de crime ou de indivíduo diverso daquele para o qual a autorização foi dada, so-mente terão eficácia probatória os indícios que guardem relação com o objeto da investigação, nos ter-mos do art. 111, caput, incisos I e II, e do art. 112 deste Código.

Parágrafo único. Os elementos de in-formação que não guardem relação com o objeto da investigação deve-rão ser desentranhados dos autos e inutilizados.

Os conhecimentos fortuitos de prova constituem resultados probatórios obti-dos durante a execução de um meio de obtenção de prova lícito, mas que não possuem conexão objetiva (infração pe-nal investigada) ou subjetiva (indivíduo investigado) com o contexto histórico que legitimou a realização do ato.Por outro lado, os conhecimentos da investigação são os resultados probató-rios obtidos durante a execução de um meio de obtenção de prova lícito e que possuem conexão objetiva (infração pe-nal investigada) ou subjetiva (indivíduo investigado) com o contexto histórico que legitimou a realização do ato. Considerando que a interceptação tele-fônica implica restrição aos direitos fun-damentais do investigado e de terceiros, tal restrição só pode ser considerada válida nos estreitos limites autorizados pela Constituição.Os conhecimentos fortuitos de prova sur-gem como resultados probatórios excluídos do contexto investigatório que legitimou a medida de interceptação, logo, também ex-cluídos dos limites de restrição autorizados pela decisão judicial autorizadora.Considerando que tais violações de direi

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tos fundamentais constituem provas ilíci-tas, inadmissíveis para fins probatórios, os elementos de informação obtidos nessas circunstâncias são destituídos de eficácia probatória e, portanto, devem ser desen-tranhados dos autos e inutilizados. LIVRO II DO PROCESSO E DOS PROCEDIMENTOS

TÍTULO I DO PROCESSO CAPÍTULO I DA FORMAÇÃO DO PROCESSO 79. Art. 265Dê- se a seguinte redação ao artigo 265 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 265. A peça acusatória será desde

logo rejeitada:I – quando for inepta;II – quando ausentes a justa causa, as condições da ação ou os pressupostos processuais.Parágrafo único. Considera-se inepta a denúncia ou a queixa subsidiária que não preencher os requisitos do art. 270 deste Código ou, quando da deficiência no seu cumprimento, resultarem dificul-dades ao exercício da ampla defesa”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 265. A peça acusatória será des-

de logo indeferida:I – quando for inepta;II – quando ausentes, em exame limi-nar, a justa causa ou quaisquer das demais condições da ação ou pres-supostos processuais.Parágrafo único. Considera-se inep-ta a denúncia ou a queixa subsidiária que não preencher os requisitos do art. 270 ou, quando da deficiência no seu cumprimento, resultarem dificul-dades ao exercício da ampla defesa.

Redação ora proposta: Art. 265. A peça acusatória será des-

de logo rejeitada:I – quando for inepta;II – quando ausentes a justa causa, as condições da ação ou os pressu-postos processuais.Parágrafo único. Considera-se inep-ta a denúncia ou a queixa subsidiária que não preencher os requisitos do art. 270 deste Código ou, quando da deficiência no seu cumprimento, re-sultarem dificuldades ao exercício da ampla defesa.

Sugere-se, no caput, a alteração do ter-mo “indeferida” para “rejeitada”, por ser tecnicamente mais apropriado e para se

manter a designação utilizada no Códi-go atual e na praxis forense. Além disso, também se alterou o inciso II, replicando a redação existente no CPP de 1941 (a partir da reforma processual de 2008). Tendo em vista que o tema da justa causa e das condições da ação pe-nal é complexo, melhor manter a redação do código vigente (que, ao contrário da proposta original do projeto, não trata a justa causa como condição da ação). CAPÍTULO III DA EXTINÇÃO DO PRO-CESSO

80. Art. 267Dê- se a seguinte redação ao artigo 267 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 267. São causas de extinção do pro-

cesso, sem resolução do mérito, a qualquer tempo e grau de jurisdição:

I – a rejeição da denúncia ou queixa subsidiária;II – a ausência de quaisquer das condi-ções da ação ou de justa causa, bem como dos pressupostos processuais;III – a impronúncia”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 267. São causas de extinção do

processo, sem resolução do mé-rito, a qualquer tempo e grau de jurisdição:

I – o indeferimento da denúncia ou queixa subsidiária;II – a ausência de quaisquer das con-dições da ação ou de justa causa, bem como dos pressupostos pro-cessuais;III – a impronúncia.

Redação ora proposta: Art. 267. São causas de extinção do

processo, sem resolução do mé-rito, a qualquer tempo e grau de jurisdição:

I – a rejeição da denúncia ou queixa subsidiária;II – a ausência de quaisquer das con-dições da ação ou de justa causa, bem como dos pressupostos pro-cessuais;III – a impronúncia

A modificação visa conformar a re-dação com a expressão que tecnica-mente é a mais correta para a hipó-tese: em vez de “indeferimento” da denúncia ou queixa, o correto (e mais adequado) é falar em “rejeição”. TÍTULO II DOS PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO II DO PROCEDIMENTO ORDI-NÁRIO 81. Art. 270Dê- se a seguinte redação ao artigo 270, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 270. A denúncia, observados os

prazos previstos no art. 50, conterá todos os elementos abaixo:

I - a exposição dos fatos imputados, com todas as suas circunstâncias, de modo a definir a conduta específica de cada acusado; II - a qualificação pessoal do acusado, ou elementos suficientes para identificá-lo;III - a qualificação jurídica do crime imputado;IV - a indicação das provas que se pre-tendem produzir, especificando a que fato se refere cada uma delas;V - o rol de testemunhas, com a indica-ção, tanto quanto possível, do nome, profissão, endereço residencial, local de trabalho, telefone e endereço eletrônico.VI – a indicação pormenorizada dos ele-mentos de informação em que se funda cada parte da denúncia.§ 1º Poderão ser arroladas até 8 (oito) testemunhas para cada fato imputado.§ 2º A desistência do depoimento não depende de anuência da parte contrária”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 270. A denúncia, observados os

prazos previstos no art. 50, conterá a exposição dos fatos imputados, com todas as suas circunstâncias, de modo a definir a conduta do autor, a sua qualificação pesso-al ou elementos suficientes para identificá-lo, a qualificação jurídica do crime imputado e a indicação das provas que se pretende pro-duzir, com o rol de testemunhas.

§ 1º O rol de testemunhas deverá precisar, o quanto possível, o nome, profissão, residência, local de traba-lho, telefone e endereço eletrônico. § 2º poderão ser arroladas até 8 (oito) testemunhas. § 3º a desistência do depoimento não depende de anuência da parte contrária”.

Redação ora proposta: “Art. 270. A denúncia, observados os

prazos previstos no art. 50, con-terá todos os elementos abaixo:

I - a exposição dos fatos imputados, com todas as suas circunstâncias, de modo a definir a conduta especí-fica de cada acusado; II - a qualificação pessoal do acusa-do, ou elementos suficientes para

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identificá-lo;III - a qualificação jurídica do crime imputado;IV - a indicação das provas que se pretendem produzir, especificando a que fato se refere cada uma delas;V - o rol de testemunhas, com a in-dicação, tanto quanto possível, do nome, profissão, endereço residen-cial, local de trabalho, telefone e en-dereço eletrônico.VI – a indicação pormenorizada dos elementos de informação em que se funda cada parte da denúncia.§ § 1º Poderão ser arroladas até 8 (oito) testemunhas para cada fato imputado.§ 2º A desistência do depoimento não depende de anuência da parte contrária”.

A denúncia, talvez a peça jurídica mais importante no processo penal (já que delimita os termos da acusação e os da defesa), deve ser revestida de extremo rigor quanto ao preenchimento de requi-sitos de aptidão, isto é, possibilidade de desencadear processo penal válido. Daí o cuidado específico, descrito em incisos, dos requisitos que devem ser preenchidos, e particularmente a indica-ção de fontes de informação nos quais a acusação se arrima, ponto crucial em investigações por vezes complexas que redundam em peças acusatórias igual-mente volumosas e intrincadas. Em jogo, afinal, no afã de se atingir maior precisão da denúncia, sua inteligibilida-de, sua compreensão rápida pelo Ma-gistrado que irá julgar a causa e, tam-bém, a compreensão que deve ser feita pelo acusado. Preferiu-se destacar em parágrafos as previsões acerca da limitação de nú-mero de testemunhas para cada fato imputado, na medida em que a previsão pode encerrar a imprecisão ainda rei-nante no Código vigente, quanto à rela-ção entre o número de testemunhas e o fato imputado. 82. Art. 271Suprima-se o artigo 271 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Có-digo de Processo Penal”, renumerando--se os subsequentes. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 271. Oferecida a denúncia, se

não for o caso de seu indeferi-mento liminar, o juiz notificará a vítima para, no prazo de 10 (dez) dias, promover a ação civil da imputação penal.

Redação ora proposta: Supressão de texto.

O processo penal deve se ater à apura-ção do fato supostamente criminoso – o que pode redundar na imposição de uma pena ao acusado. Assim, necessário que se restrinjam as possibilidades de dis-cussão civil no processo penal, limitan-do-a a eventual fixação de indenização (i.e., valor mínimo para reparação de da-nos causados pela infração) na sentença.Diante disso, a possibilidade (prevista no projeto) de promoção de “ação civil da im-putação penal” pela vítima causaria tumul-to no processo penal, desvirtuando-o de sua finalidade primordial – quando, na ver-dade, existe o juízo cível para a discussão de fatos e pedidos alheios à causa penal.Por isso é que se propõe a supressão, no projeto, de qualquer possibilidade de “adesão civil” pela vítima.

83. Art. 272 Dê- se a seguinte redação ao artigo 272 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 272. Oferecida a denúncia, se não

for o caso de sua rejeição, o juiz mandará citar o imputado para ofe-recer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O mandado de citação deverá con-ter cópia integral da denúncia e demais documentos que a acompanhem.§ 2º Se desconhecido o paradeiro do acusado, ou se ele criar dificuldades para o cumprimento da diligência, proceder--se-á à sua citação por edital, contendo o teor resumido da acusação, para fins de comparecimento à sede do juízo.§ 3º Comparecendo o imputado citado por edital, terá vista dos autos pelo pra-zo de 10 (dez) dias, a fim de apresentar a resposta escrita.§ 4º Em qualquer caso, citado o impu-tado e não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 272. Com ou sem a adesão civil,

o juiz mandará citar o acusado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O mandado de citação deverá conter cópia integral da denúncia e demais documentos que a acom-panhem.§ 2º Se desconhecido o paradeiro do acusado, ou se ele criar dificuldades para o cumprimento da diligência,

proceder-se-á à sua citação por edital, contendo o teor resumido da acusa-ção, para fins de comparecimento à sede do juízo.§ 3º Comparecendo o acusado ci-tado por edital, terá vista dos autos pelo prazo de 10 (dez) dias, a fim de apresentar a resposta escrita.§ 4º Em qualquer caso, citado o acu-sado e não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defen-sor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias

Redação ora proposta: Art. 272. Oferecida a denúncia, se

não for o caso de sua rejeição, o juiz mandará citar o imputado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O mandado de citação deverá conter cópia integral da denúncia e demais documentos que a acompa-nhem.§ 2º Se desconhecido o para-deiro do acusado, ou se ele criar dificuldades para o cumprimento da diligência, proceder-se-á à sua citação por edital, contendo o teor resumido da acusação, para fins de comparecimento à sede do juízo.§ 3º Comparecendo o imputado citado por edital, terá vista dos autos pelo prazo de 10 (dez) dias, a fim de apresentar a resposta escrita.§ 4º Em qualquer caso, citado o imputado e não apresentada a res-posta no prazo legal, o juiz nome-ará defensor para oferecê-la, con-cedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.

O processo penal deve se ater à apu-ração do fato supostamente criminoso – o que pode redundar na imposição de uma pena ao acusado. Assim, ne-cessário que se restrinjam as possibi-lidades de discussão civil no processo penal, limitando-a a eventual fixação de indenização (i.e., valor mínimo para reparação de danos causados pela in-fração) na sentença.Diante disso, a possibilidade (previs-ta no projeto) de promoção de “ação civil da imputação penal” pela vítima causaria tumulto no processo penal, desvirtuando-o de sua finalidade pri-mordial – quando, na verdade, existe o juízo cível para a discussão de fatos e pedidos alheios à causa penal.Por isso é que se propõe a supressão, no projeto, de qualquer possibilidade de “adesão civil” pela vítima.Ademais, com a supressão do art. 271, busca-se transportar a previsão nele

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contida para o art. 272, adaptando-a ao rigor técnico da expressão “rejeição da denúncia”. 84. Art. 273Dê- se a seguinte redação ao artigo 273 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 273. Na resposta escrita, o im-

putado poderá arguir tudo o que interessar à sua defesa, oferecer documentos, especificar as pro-vas pretendidas e arrolar testemu-nhas até o máximo de 8 (oito) por cada fato imputado, qualificando--as sempre que possível.

Parágrafo único. As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 430 e seguintes”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 273. Na resposta escrita, o acu-

sado poderá arguir tudo o que in-teressar à sua defesa, no âmbito penal e civil, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas até o máximo de 8 (oito), qualifi-cando-as, sempre que possível.

Parágrafo único. As exceções serão processadas em apartado, nos ter-mos dos arts. 430 e seguintes.

Redação ora proposta: Art. 273. Na resposta escrita, o im-

putado poderá arguir tudo o que interessar à sua defesa, oferecer documentos, especificar as pro-vas pretendidas e arrolar teste-munhas até o máximo de 8 (oito) por cada fato imputado, qualifi-cando-as sempre que possível.

Parágrafo único. As exceções serão processadas em apartado, nos ter-mos dos arts. 430 e seguintes.

O processo penal deve se ater à apuração do fato supostamente criminoso e, se o caso, à condenação do imputado à pena cominada ao delito. Eventual discussão sobre indenização à vítima ultrapassa os limites do processo penal e, justamente para não o tumultuar, deve ser realizada no âmbito de ação cível de indenização, perante um juiz também cível.Por isso, propõe-se a supressão, no pro-jeto, de qualquer possibilidade de “ade-são civil” pela vítima – especificamente, aqui, com a eliminação da referência a “âmbito penal e civil”, pois, não sendo possível a discussão da indenização civil, resta apenas (e por consequência lógica), a discussão no âmbito penal, de

modo que se mostra desnecessária a sua menção.Ademais, busca-se inserir a previsão que existe no atual CPP de que, na res-posta à acusação, o imputado poderá “oferecer documentos” que possam contribuir para a sua defesa.Por último, prevê-se que o limite de 8 testemunhas se aplica para cada fato im-putado, a fim de se evitar dúvidas e inter-pretações divergentes nos casos em que a acusação contenha mais de um fato. 85. Art. 274Dê- se a seguinte redação ao artigo 274 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 274. Estando presentes a justa

causa, as condições da ação e os pressupostos processuais, o juiz re-ceberá a acusação e, não sendo o caso de absolvição sumária ou de extinção da punibilidade, designará dia e hora para a instrução ou seu início em audiência, a ser realizada no prazo máximo de 90 (noventa dias), determinando a intimação do órgão do Ministério Público, do defensor ou procurador e das tes-temunhas que deverão ser ouvidas.

§ 1º O imputado preso será requisitado para comparecer à audiência e demais atos processuais, devendo o poder públi-co providenciar sua apresentação, ressal-vado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 76.§ 2º Não cumprido o prazo previsto no caput deste artigo, o juiz poderá, de ofí-cio ou a requerimento das partes, instau-rar incidente de aceleração processual, determinando, se necessário, a prática de atos processuais em domingos, feria-dos, férias, recessos ou fora do horário de expediente forense, bem como no-mear servidores ad hoc para a realiza-ção de atos específicos de comunicação processual e de expediente em geral.§ 3º A instauração do incidente será comunicada à presidência do tribunal competente, para as medidas adminis-trativas cabíveis.§ 4º As medidas previstas no § 3º deste artigo também serão comunicadas ao juízo deprecado e à presidência do res-pectivo tribunal, se for o caso.§ 5º A realização de qualquer ato do incidente previsto no § 2º deste artigo dependerá da intimação do imputado ou de seu defensor com antecedência mínima de 5 (cinco) dias”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 274. Estando presentes as con-

dições da ação e os pressupos-tos processuais, o juiz receberá a acusação e, não sendo o caso de absolvição sumária ou de

extinção da punibilidade, desig-nará dia e hora para a instrução ou seu início em audiência, a ser realizada no prazo máximo de 90 (noventa dias), determinando a intimação do órgão do Ministé-rio Público, do defensor ou pro-curador e das testemunhas que deverão ser ouvidas.

§ 1º O acusado preso será requisi-tado para comparecer à audiência e demais atos processuais, devendo o poder público providenciar sua apre-sentação, ressalvado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 76.§ 2º Não cumprido o prazo previs-to no caput deste artigo, o juiz po-derá, de ofício ou a requerimento das partes, instaurar incidente de aceleração processual, determinan-do, se necessário, a prática de atos processuais em domingos, feriados, férias, recessos ou fora do horário de expediente forense, bem como nomear servidores ad hoc para a realização de atos específicos de comunicação processual e de ex-pediente em geral.§ 3º A instauração do incidente será comunicada à presidência do tribunal competente, para as medi-das administrativas cabíveis, inclu-sive a designação de magistrados em auxílio.§ 4º As medidas previstas no § 3º deste artigo também serão co-municadas ao juízo deprecado e à presidência do respectivo tribunal, se for o caso.

Redação ora proposta: Art. 274. Estando presentes a justa

causa, as condições da ação e os pressupostos processuais, o juiz receberá a acusação e, não sendo o caso de absolvição sumária ou de extinção da pu-nibilidade, designará dia e hora para a instrução ou seu início em audiência, a ser realizada no prazo máximo de 90 (noventa dias), determinando a intimação do órgão do Ministério Público, do defensor ou procurador e das testemunhas que deverão ser ouvidas.

§ 1º O imputado preso será requisi-tado para comparecer à audiência e demais atos processuais, devendo o poder público providenciar sua apre-sentação, ressalvado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 76.§ 2º Não cumprido o prazo previs-to no caput deste artigo, o juiz po-derá, de ofício ou a requerimento das partes, instaurar incidente de aceleração processual, determi-nando, se necessário, a prática de

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atos processuais em domingos, fe-riados, férias, recessos ou fora do horário de expediente forense, bem como nomear servidores ad hoc para a realização de atos específi-cos de comunicação processual e de expediente em geral.§ 3º A instauração do incidente será comunicada à presidência do tribu-nal competente, para as medidas administrativas cabíveis.§ 4º As medidas previstas no § 3º deste artigo também serão comuni-cadas ao juízo deprecado e à presi-dência do respectivo tribunal, se for o caso.§ 5º A realização de qualquer ato do incidente previsto no § 2º deste ar-tigo dependerá da intimação do im-putado ou de seu defensor com an-tecedência mínima de 5 (cinco) dias.

Em razão das alterações sugeridas no art. 265 (a fim de desvencilhar a justa causa das condições da ação), neces-sário que se mencione, no caput, a existência de “justa causa”, além das condições da ação penal.A inclusão do § 5º busca assegurar que o imputado e seu defensor ou procurador possam, com prazo de an-tecedência razoável, tomar ciência da realização do ato processual em dia e horário excepcionais.A supressão da frase “inclusive a de-signação de magistrados em auxílio”, contida no § 3º, tem o intuito de evitar ofensas à garantia do juiz natural por meio da “designação de magistrados” para auxílio na hipótese de descum-primento do prazo de instrução.É necessário que haja um juiz certo e predeterminado, anteriormente ao tempo da infração, de maneira que a mera “designação” de um magistra-do para conduzir a instrução, quando já em curso a ação penal, representa violação à garantia constitucional do juiz natural (art. 5º, XXXVII, CF). 86. Art. 277Dê- se a seguinte redação ao artigo 277 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 277. Produzidas as provas, o

Ministério Público, o assistente e, a seguir, o imputado poderão requerer diligências cuja necessi-dade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução, no prazo de 5 (cinco) dias, para o que serão intimados no final da audiência.

Parágrafo único. O juiz deferirá as dili-gências se foram imprescindíveis para a comprovação de suas alegações”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 277. Produzidas as provas, o Mi-

nistério Público, o assistente, a parte civil e, a seguir, o acusa-do poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apura-dos na instrução, no prazo de 5 (cinco) dias, para o que serão intimados no final da audiência.

Parágrafo único. O juiz deferirá as dili-gências se foram imprescindíveis para a comprovação de suas alegações.

Redação ora proposta: Art. 277. Produzidas as provas, o

Ministério Público, o assistente e, a seguir, o imputado poderão requerer diligências cuja neces-sidade se origine de circuns-tâncias ou fatos apurados na instrução, no prazo de 5 (cin-co) dias, para o que serão inti-mados no final da audiência.

Parágrafo único. O juiz deferirá as diligências se foram imprescindí-veis para a comprovação de suas alegações.

O processo penal deve se ater à apu-ração do fato supostamente criminoso e, se o caso, à condenação do impu-tado à pena cominada ao delito. Even-tual discussão sobre indenização à ví-tima ultrapassa os limites do processo penal e, justamente para não o tumul-tuar, deve ser realizada no âmbito de ação cível de indenização, perante um juiz também cível.Por isso, propõe-se a supressão, no projeto, de qualquer possibilidade de “adesão civil” pela vítima – especifica-mente, no artigo em tela, com a supres-são da expressão “a parte civil”.

87. Art. 278Dê- se a seguinte redação ao artigo 278 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 278. Não havendo requerimento

de diligências, ou sendo indefe-rido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, a sentença.

§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.§ 2º Ao assistente do Ministério Públi-co, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorro-gando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.

§ 3º Sem prejuízo dos debates previs-tos no caput deste artigo, o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 10 (dez) dias, suces-sivamente, para a apresentação de me-moriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 278. Não havendo requerimento

de diligências, ou sendo inde-ferido, serão oferecidas alega-ções finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorro-gáveis por mais 10 (dez), profe-rindo o juiz, a seguir, a sentença.

§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.

§ 2º Ao assistente do Ministério Pú-blico, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.§ 3º O mesmo procedimento des-crito no § 2º deste artigo será ob-servado quanto à intervenção da parte civil.§ 4º Nos processos decorrentes de ação de iniciativa privada subsidiária da pública, o Ministério Público ofe-recerá alegações finais orais após o querelante e antes do acusado, con-forme o disposto no caput deste ar-tigo, contando-se em dobro o tempo da defesa.§ 5º Sem prejuízo dos debates pre-vistos no caput deste artigo, o juiz poderá, considerada a complexida-de do caso ou o número de acusa-dos, conceder às partes o prazo de 10 (dez) dias, sucessivamente, para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.

Redação ora proposta: Art. 278. Não havendo requerimento

de diligências, ou sendo inde-ferido, serão oferecidas alega-ções finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorro-gáveis por mais 10 (dez), profe-rindo o juiz, a seguir, a sentença.

§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.§ 2º Ao assistente do Ministério Pú-blico, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos,

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prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.§ 3º Sem prejuízo dos debates pre-vistos no caput deste artigo, o juiz poderá, considerada a complexida-de do caso ou o número de acusa-dos, conceder às partes o prazo de 10 (dez) dias, sucessivamente, para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.

O processo penal deve se ater à apuração do fato supostamente criminoso e, se o caso, na condenação do imputado à pena cominada ao delito. Eventual discussão sobre indenização à vítima ultrapassa os limites do processo penal e, justamente para não o tumultuar, deve ser realizada no âmbito de ação cível de indenização, perante um juiz também cível.Por isso, propõe-se a supressão, no projeto, de qualquer possibilidade de “adesão civil” pela vítima – especifica-mente, no artigo em tela, com a supres-são do § 3º, que prevê a intervenção da “parte civil”.Além disso, sugere-se a supressão do § 4º da redação do projeto, que prevê que “nos processos decorrentes de ação de iniciativa privada subsidiária da pública, o Ministério Público oferecerá alega-ções finais após o querelante e antes do acusado, conforme o disposto no caput deste artigo, contando-se em dobro o tempo da defesa”. Constitucionalmente reconhecida (art. 5º, LIX), a ação penal privativa do ofen-dido subsidiária da pública constitui-se em possibilidade na qual a ação penal, em regra, continuará a ser pública na medida em que o Ministério Público vol-tar a exercer sua titularidade. Acontece que essa própria manifesta-ção supõe que a atividade do Ministério Público volte a ser exercida exclusiva-mente por tal órgão, ou seja: a devolu-ção da titularidade do exercício da ação penal ao seu autor pressupõe que não remanesça, no mesmo polo ativo, tam-bém o exercício do querelante. Assim, objetivamente: ou o querelante continua à frente da ação penal de ini-ciativa privada, como terá feito desde o início do feito, com o que será o le-gitimado exclusivo para o oferecimento de suas alegações finais; ou, com o re-tomar da titularidade pública do exercí-cio da ação penal, o Ministério Público oferecerá suas alegações finais sem a participação do querelante. Impossível que, no desenvolver da ação penal privada, ainda que subsidiária da pública, haja oferecimento das alega-ções finais tanto do querelante quanto do Ministério Público.

88. Art. 283Dê- se a seguinte redação ao artigo

283 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 283. Recebida motivadamente a

denúncia ou queixa, especificamen-te aferida a justa causa para ação penal, e não cabíveis a suspensão condicional do processo ou a tran-sação penal, o imputado poderá requerer a aplicação imediata da punição, por simples petição, até a abertura da audiência de instrução e julgamento.

§ 1o. O acordo será cabível nos pro-cessos em que, independentemente da pena abstrata cominada, se conclua, fundamentadamente, que a condena-ção ao final do processo acarretaria a substituição da pena privativa por restri-tiva de direitos, multa ou ambas. § 2o. A condenação em razão do acor-do não poderá acarretar pena restritiva de liberdade ao acusado, seja direta-mente ou em razão do descumprimento da pena restritiva de direitos ou multa.§ 3o. Em caso de descumprimento da pena restritiva de direitos imposta por meio do acordo, reiniciar-se-á o curso do processo, salvo apresentação de jus-to motivo pela defesa, no prazo de cinco dias a partir da intimação.§ 4o. A petição de requerimento de aplicação imediata da punição deve ser assinada pelo imputado e seu defensor. Em caso de divergência, deve preva-lecer a vontade do acusado, bastando sua assinatura ou o requerimento oral em audiência, devendo constar expres-samente os motivos da discordância do defensor.§ 5o. Em caso de crime cometido em concurso de agentes, o acordo com um dos corréus não depende da vontade dos demais e não pode ser utilizado como prova, salvo se houver acordo conjunto de colaboração premiada ex-pressamente firmado. § 6º Na hipótese do § 5º, o juiz que conduziu o acordo com um imputado torna-se suspeito para julgar os demais corréus.Art. 284. Oferecida a petição de aplica-

ção imediata da punição, ao acu-sador será aberto prazo de 10 dias para oferecer proposta, analisando, fundamentadamente, o cumprimen-to dos requisitos e cálculo da pena provável, conforme o método trifá-sico regulado no Código Penal, a partir dos termos da denúncia ou queixa, consentidos pelo acusado, considerando a redução de 1/3 em razão da conformidade do imputa-do ao acordo. Se cominada cumula-tivamente pena de multa, ela deverá ser fixada em seu mínimo.

§ 1o. Se o acusador entender incabível o acordo, será aberto prazo de 10 dias para manifestação da defesa e, em se-guida, deverá se pronunciar o juiz sobre

seu cabimento. § 2o. Na manifestação sobre o posicio-namento negativo da acusação, o juiz deverá ordenar o prosseguimento do feito, pronunciando-se acerca do cabi-mento do acordo e, se entender cabível ao caso, reconhecerá ao imputado o direito à redução de 1/3 na punição na sentença final. § 3o. Da decisão do juiz não caberá recurso, devendo ser questionada, ao final, em eventual apelação interposta contra a sentença condenatória.§ 4o. Se o acusador se pronunciar fa-voravelmente ao acordo ou o julgador entender ilegítima a negativa daquele, deverá o imputado preso cautelarmen-te ser colocado em liberdade imediata-mente.§ 5º. A redução de pena prevista no caput deste artigo não exclui a análise quanto ao cabimento de circunstâncias atenuantes e quaisquer causas de dimi-nuição de pena, que poderão ser aplica-das, portanto, cumulativamente. Art. 285. São requisitos para a legitimi-

dade da aceitação do imputado ao acordo:

I – voluntariedade, não podendo ser in-duzida por violência física real ou amea-çada, ou por coerção mental que vicie a vontade do acusado;II – inteligência, de modo que o imputa-do deve ter conhecimento de sua situa-ção perante a imputação formulada e os fatos descritos pelo acusador, além das consequências de seu ato de aceite ao acordo, tanto em relação aos direitos a que renuncia quanto às punições que a ele serão impostas, além de seus efeitos colaterais;III – fundamentação, devendo existir uma base fática que sustente o reco-nhecimento da culpabilidade pelo réu. Art. 286. O acusado, acompanhado de

seu defensor, deverá ser ouvido pelo juiz em audiência designada para tal finalidade, sendo o imputa-do questionado acerca da volunta-riedade para a aceitação do acordo e advertido sobre as circunstâncias do fato a ele imputado e as exatas consequências de sua aceitação.

Parágrafo único. O imputado não é obrigado a descrever os fatos ocor-ridos, mas a ele será oferecida opor-tunidade de narrar sua versão; de qualquer modo, deve atestar, funda-mentadamente, sua voluntariedade para a aceitação do acordo, seu co-nhecimento acerca da imputação e das consequências da aceitação e sua conformidade com os fatos e a impu-tação presentes na acusação. Art. 287. Ao apreciar a proposta de acor-

do entre acusação e defesa, o julga-dor deverá:

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I – condenar o acusado, se atendidos os requisitos do acordo e se tal decisão for adequada ao estado atual do processo, suficientes as provas juntadas e coteja-das com os termos da acusação e do interrogatório do réu, se este optar por motivar sua aceitação ao acordo com a descrição dos fatos ocorridos;II – absolver o acusado, se, diante do estado atual do processo, restar com-provada a inexistência do fato, que o imputado não concorreu para a infração penal, que o fato não constitui infração penal, que presentes causas de exclu-são do crime ou isenção de pena, que ausente condição para o exercício da ação penal;III – declarar a extinção da punibilidade, se presente causa que a enseje;recusar o acordo e ordenar o prossegui-mento da instrução, se não estiverem adimplidos os requisitos formais descri-tos no artigo 285.§ 1o. No caso de prosseguimento da instrução, a aceitação do acordo pelo imputado não poderá ser considerada na sentença, devendo ser desentranha-da dos autos, tornando-se suspeito o julgador que a apreciou.§ 2 o. No caso de prosseguimento da instrução, havendo condenação após o regular decorrer do processo, conforme o rito cabível, a pena máxima será limi-tada àquela proposta pelo acusador nos termos do acordo rejeitado, sem prejuí-zo de eventual redução nos termos do art. 284, §2º, salvo se sobrevierem fatos novos que imponham nova definição ju-rídica durante a instrução.§ 3o. A decisão que condenar o impu-tado terá natureza condenatória, mas não caracterizará reincidência e maus antecedentes, ficando o imputado isento de eventuais custas ou despe-sas processuais. Art. 288 A decisão que apreciar a pro-

posta do acordo, se condenar, ab-solver ou declarar a extinção da pu-nibilidade do agente, será recorrível por meio de apelação. A decisão que recusar o acordo e ordenar o prosseguimento da instrução é ir-recorrível, devendo ser impugnada, ao final, em eventual apelação con-tra a sentença.

§ 1o. A apelação contra a decisão con-denatória decorrente do acordo se limi-tará a questionar a atenção aos requisi-tos do acordo.§ 2o. Se a decisão for reformada pelo tribunal, e ordenado o prosseguimento da instrução, o juiz que apreciou o acor-do torna-se suspeito e não poderá julgar o caso. Em tal situação, a pena máxima será limitada àquela proposta pelo acu-sador nos termos do acordo rejeitado, salvo se sobrevierem fatos novos que imponham nova definição jurídica du-rante a instrução.

§ 3o. Da condenação definitiva funda-mentada em acordo é admitida revisão criminal, nos termos do Código de Pro-cesso Penal. JUSTIFICATIVA

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 283. Até o início da instrução e

da audiência a que se refere o art. 276, cumpridas as disposições do rito ordinário, o Ministério Pú-blico e o acusado, por seu defen-sor, poderão requerer a aplicação imediata de pena nos crimes cuja sanção máxima cominada não ultrapasse 8 (oito) anos.

§ 1º São requisitos do acordo de que trata o caput deste artigo:I – a confissão, total ou parcial, em relação aos fatos imputados na peça acusatória;II – o requerimento de que a penaprivativa de liberdade seja aplicada no mínimo previsto na cominação legal, independentemente da eventual inci-dência de circunstâncias agravantes ou causas de aumento da pena, e sem prejuízo do disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo;III – a expressa manifestação das par-tes no sentido de dispensar a produ-ção das provas por elas indicadas.§ 2º Aplicar-se-á, quando couber, a substituição da pena privativa de li-berdade, nos termos do disposto no art. 44 do Código Penal, bem como a suspensão condicional prevista no art. 77 do mesmo Código.§ 3º Mediante requerimento das partes, a pena aplicada conforme o procedimento sumário poderá ser, ainda, diminuída em até 1/3 (um terço) do mínimo previsto na cominação legal, se as condições pessoais do agente e a menor gra-vidade das consequências do cri-me o indicarem.§ 4º Não se aplica o disposto no § 3º deste artigo se incidir no caso con-creto, ressalvada a hipótese de crime tentado, outra causa de diminuição da pena, que será expressamente indica-da no acordo.§ 5º Se houver cominação cumula-tiva de pena de multa, esta também será aplicada no mínimo legal, de-vendo o valor constar do acordo.§ 6º O acusado ficará isento das despesas e custas processuais.§ 7º Na homologação do acordo e para fins de aplicação da pena na forma do procedimento sumário, o juiz observará o cumprimento formal dos requisitos previstos neste artigo.§ 8º Para todos os efeitos, a homo-logação do acordo é considerada sentença condenatória.

§ 9º Se, por qualquer motivo, o acordo não for homologado, será ele desentranhado dos autos, ficando as partes proibidas de fazer quaisquer referências aos termos e condições então pactuados, tampouco o juiz em qualquer ato decisório.

Redação ora proposta: Art. 283. Recebida motivadamente a

denúncia ou queixa, especifica-mente aferida a justa causa para ação penal, e não cabíveis a sus-pensão condicional do processo ou a transação penal, o imputado poderá requerer a aplicação ime-diata da punição, por simples pe-tição, até a abertura da audiência de instrução e julgamento.

§ 1º. O acordo será cabível nos processos em que, independen-temente da pena abstrata comi-nada, se conclua, fundamentada-mente, que a condenação ao final do processo acarretaria a substi-tuição da pena privativa por restri-tiva de direitos, multa ou ambas. § 2º. A condenação em razão do acordo não poderá acarretar pena restritiva de liberdade ao acusado, seja diretamente ou em razão do des-cumprimento da pena restritiva de di-reitos ou multa.§ 3º. Em caso de descumprimento da pena restritiva de direitos imposta por meio do acordo, reiniciar-se-á o curso do processo, salvo apresentação de justo motivo pela defesa, no prazo de cinco dias a partir da intimação.§ 4º. A petição de requerimento de aplicação imediata da punição deve ser assinada pelo imputado e seu de-fensor. Em caso de divergência, deve prevalecer a vontade do acusado, bastando sua assinatura ou o reque-rimento oral em audiência, devendo constar expressamente os motivos da discordância do defensor.§ 5º. Em caso de crime cometido em concurso de agentes, o acordo com um dos corréus não depende da vontade dos demais e não pode ser utilizado como prova, salvo se hou-ver acordo conjunto de colaboração premiada expressamente firmado. § 6º Na hipótese do § 5º, o juiz que conduziu o acordo com um imputa-do torna-se suspeito para julgar os demais corréus. Art. 284. Oferecida a petição de apli-

cação imediata da punição, ao acusador será aberto prazo de 10 dias para oferecer proposta, analisando, fundamentadamente, o cumprimento dos requisitos e cálculo da pena provável, confor-me o método trifásico regulado no

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Código Penal, a partir dos termos da denúncia ou queixa, consenti-dos pelo acusado, considerando a redução de 1/3 em razão da conformidade do imputado ao acordo. Se cominada cumulativa-mente pena de multa, ela deverá ser fixada em seu mínimo.

§ 1o. Se o acusador entender inca-bível o acordo, será aberto prazo de 10 dias para manifestação da defesa e, em seguida, deverá se pronunciar o juiz sobre seu cabimento. § 2o. Na manifestação sobre o posi-cionamento negativo da acusação, o juiz deverá ordenar o prosseguimen-to do feito, pronunciando-se acerca do cabimento do acordo e, se enten-der cabível ao caso, reconhecerá ao imputado o direito à redução de 1/3 na punição na sentença final. § 3o. Da decisão do juiz não caberá recurso, devendo ser questionada, ao final, em eventual apelação interposta contra a sentença condenatória.§ 4o. Se o acusador se pronunciar favoravelmente ao acordo ou o jul-gador entender ilegítima a negativa daquele, deverá o imputado preso cautelarmente ser colocado em li-berdade imediatamente.§ 5º. A redução de pena prevista no caput deste artigo não exclui a análise quanto ao cabimento de cir-cunstâncias atenuantes e quaisquer causas de diminuição de pena, que poderão ser aplicadas, portanto, cumulativamente. Art. 285. São requisitos para a legiti-

midade da aceitação do imputa-do ao acordo:

I - voluntariedade, não podendo ser induzida por violência física real ou ameaçada, ou por coerção mental que vicie a vontade do acusado;II - inteligência, de modo que o réu deve ter conhecimento de sua situ-ação perante a imputação formulada e os fatos descritos pelo acusador, além das consequências de seu ato de aceite ao acordo, tanto em relação aos direitos a que renuncia quanto às punições que a ele serão impostas, além de seus efeitos colaterais;III - fundamentação, devendo existir uma base fática que sustente o reco-nhecimento da culpabilidade pelo réu. Art. 286. O acusado, acompanha-

do de seu defensor, deverá ser ouvido pelo juiz em audiência designada para tal finalidade, sendo o imputado questionado acerca da voluntariedade para a aceitação do acordo e adver-tido sobre as circunstâncias do fato a ele imputado e as exatas consequências de sua aceita-ção.

Parágrafo único. O imputado não é obrigado a descrever os fatos ocor-ridos, mas a ele será oferecida opor-tunidade de narrar sua versão; de qualquer modo, deve atestar, fun-damentadamente, sua voluntarieda-de para a aceitação do acordo, seu conhecimento acerca da imputação e das consequências da aceitação e sua conformidade com os fatos e a imputação presentes na acusação. Art. 287. Ao apreciar a proposta de

acordo entre acusação e defesa, o julgador deverá:

I - condenar o acusado, se atendidos os requisitos do acordo e se tal deci-são for adequada ao estado atual do processo, suficientes as provas jun-tadas e cotejadas com os termos da acusação e do interrogatório do réu, se este optar por motivar sua aceita-ção ao acordo com a descrição dos fatos ocorridos;II - absolver o acusado, se, dian-te do estado atual do processo, restar comprovada a inexistência do fato, que o imputado não con-correu para a infração penal, que o fato não constitui infração penal, que presentes causas de exclusão do crime ou isenção de pena, que ausente condição para o exercício da ação penal;III - declarar a extinção da punibilida-de, se presente causa que a enseje;IV - recusar o acordo e ordenar o prosseguimento da instrução, se não estiverem adimplidos os requisitos formais descritos no artigo 285.§ 1o. No caso de prosseguimento da instrução, a aceitação do acor-do pelo imputado não poderá ser considerada na sentença, devendo ser desentranhada dos autos, tor-nando-se suspeito o julgador que a apreciou.§ 2o. No caso de prosseguimento da instrução, havendo condenação após o regular decorrer do proces-so, conforme o rito cabível, a pena máxima será limitada àquela pro-posta pelo acusador nos termos do acordo rejeitado, sem prejuízo de eventual redução nos termos do art. 284, §2º, salvo se sobrevierem fa-tos novos que imponham nova de-finição jurídica durante a instrução.§ 3o. A decisão que condenar o im-putado terá natureza condenatória, mas não caracterizará reincidência e maus antecedentes, ficando o imputado isento de eventuais cus-tas ou despesas processuais. Art. 288 A decisão que apreciar a pro-

posta do acordo, se condenar, absolver ou declarar a extinção da punibilidade do agente, será re-corrível por meio de apelação.

A decisão que recusar o acordo e ordenar o prosseguimento da instrução é irrecorrível, deven-do ser impugnada, ao final, em eventual apelação contra a sen-tença.

§ 1o. A apelação contra a decisão condenatória decorrente do acor-do se limitará a questionar a aten-ção aos requisitos do acordo.§ 2o. Se a decisão for reformada pelo tribunal, e ordenado o prosse-guimento da instrução, o juiz que apreciou o acordo torna-se sus-peito e não poderá julgar o caso. Em tal situação, a pena máxima será limitada àquela proposta pelo acusador nos termos do acordo re-jeitado, salvo se sobrevierem fatos novos que imponham nova defini-ção jurídica durante a instrução.§ 3o. Da condenação definitiva fundamentada em acordo é admiti-da revisão criminal, nos termos do Código de Processo Penal.

O procedimento sumário previsto na redação original do art. 283 do PL 8.045/10 apresenta graves insuficiên-cias e imprecisões, podendo ocasionar diversos problemas em sua aplicação prática futura. Além disso, a possibili-dade de imposição de pena restritiva de liberdade (prisão) sem o respeito ao devido processo penal mostra-se in-compatível com a Constituição e com as Convenções Internacionais sobre Di-reitos Humanos.Diante disso, propõe-se nova sistemáti-ca, considerando tal cenário e buscando compatibilização às normas constitu-cionais e convencionais. A previsão de acordo aqui proposta ensejará a redu-ção da carga de processos, reduzindo as consequências de violações aos di-reitos do acusado.Trata-se de modelo inspirado em legis-lações estrangeiras, na América Latina e na Itália, propondo sistemática que bus-ca respeitar a legalidade e, ao mesmo tempo, a eficácia da persecução penal. O modelo proposto delimita de modo preciso os contornos das negociações sobre a pena na justiça criminal. Trata--se de problemática profunda, visto que pode apresentar graves violações aos elementos básicos do processo penal, desvirtuando sua principal função, veri-ficar a acusação e evitar que inocentes sejam punidos.A proposta aqui descrita parte dos se-guintes pressupostos: 1) a barganha não poderá ocasionar pena restritiva de liberdade; 2) é necessário verificar a presença de justa causa como requisito para o acordo; 3) obtenção do benefí-cio em razão da supressão do processo é direito do acusado, se cumpridos os requisitos legais; 4) diante do acordo, o

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julgador não é obrigado a proferir sen-tença condenatória, visto que deve ha-ver elementos mínimos que confirmem o reconhecimento da culpabilidade do acusado.

CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO SUMA-RÍSSIMO

89. Art. 308Dê- se a seguinte redação ao artigo 308 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 308. Aberta a audiência, será dada

a palavra ao defensor para respon-der à acusação, após o que o juiz receberá, ou não, a denúncia. Ha-vendo recebimento, e não sendo o caso de absolvição sumária ou de extinção da punibilidade, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogan-do-se a seguir o acusado, se pre-sente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.

§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamen-to, podendo o juiz, mediante decisão fundamentada, limitar ou excluir as que considerar impertinentes, irrelevantes ou protelatórias.§ 2º São irrecorríveis as decisões in-terlocutórias tomadas no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais, salvo no que se refere às medidas cautelares pessoais e reais.§ 3º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audi-ência e a sentença, inclusive no que se refere às provas limitadas ou excluídas nos termos do § 1º deste artigo.§ 4º Nas infrações penais em que as consequências do fato sejam de menor repercussão social, o juiz, à vista da efe-tiva recomposição do dano e concilia-ção entre autor e vítima, poderá julgar extinta a punibilidade, quando a con-tinuação do processo e a imposição a sanção penal puder causar mais trans-tornos àqueles diretamente envolvidos no conflito.§ 5º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 308. Aberta a audiência, será

dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o juiz receberá, ou não, a denúncia. Havendo recebimen-to, e não sendo o caso de ab-solvição sumária ou de extinção

da punibilidade, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acu-sação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.

§ 1º Todas as provas serão produ-zidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o juiz limitar ou excluir as que considerar exces-sivas, impertinentes ou protelatórias.§ 2º São irrecorríveis as decisões interlocutórias tomadas no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais, salvo no que se refere às medidas cautelares pessoais e reais.§ 3º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorri-dos em audiência e a sentença.§ 4º Nas infrações penais em que as consequências do fato sejam de me-nor repercussão social, o juiz, à vis-ta da efetiva recomposição do dano e conciliação entre autor e vítima, poderá julgar extinta a punibilidade, quando a continuação do processo e a imposição a sanção penal puder causar mais transtornos àqueles di-retamente envolvidos no conflito.§ 5º A sentença, dispensado o re-latório, mencionará os elementos de convicção do juiz.

Redação ora proposta: Art. 308. Aberta a audiência, será

dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o juiz receberá, ou não, a denúncia. Havendo recebimento, e não sendo o caso de absolvição sumária ou de extinção da punibilida-de, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.

§ 1º Todas as provas serão produzi-das na audiência de instrução e jul-gamento, podendo o juiz, mediante decisão fundamentada, limitar ou excluir as que considerar impertinen-tes, irrelevantes ou protelatórias.§ 2º São irrecorríveis as decisões interlocutórias tomadas no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais, salvo no que se refere às medidas cautelares pessoais e reais.§ 3º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocor-ridos em audiência e a sentença,

inclusive no que se refere às provas li-mitadas ou excluídas nos termos do § 1º deste artigo.§ 4º Nas infrações penais em que as consequências do fato sejam de me-nor repercussão social, o juiz, à vis-ta da efetiva recomposição do dano e conciliação entre autor e vítima, poderá julgar extinta a punibilidade, quando a continuação do processo e a imposição a sanção penal puder causar mais transtornos àqueles di-retamente envolvidos no conflito.§ 5º A sentença, dispensado o re-latório, mencionará os elementos de convicção do juiz.

A inclusão do trecho “mediante decisão fundamentada” no § 1º busca reforçar a obrigação de que tal decisão cumpra o dever de fundamentação previsto na Constituição Federal (art. 93, inciso IX). Por essa mesma razão, sugere-se a in-clusão do trecho “inclusive no que se refere às provas limitadas ou excluídas nos termos do § 1º deste artigo” no § 3º, possibilitando às instâncias recur-sais um melhor controle de legalidade sobre eventual cerceamento da ativida-de probatória.Além disso, conforme a alteração su-gerida ao art. 166 do projeto, propõe--se eliminar o termo “excessivas” (por não ser tecnicamente correto se falar em “provas excessivas”) e substituí-lo pelo termo técnico mais adequado, “irrelevantes”. 90. Art. 309Dê- se a seguinte redação ao artigo 309 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 309. Da decisão de rejeição da de-

núncia e da sentença caberá apela-ção, que poderá ser julgada por Tur-ma Recursal, composta de 3 (três) Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no pra-zo de 10 (dez) dias, contado da ciência da sentença pelo Ministério Público e pelo imputado e seu defensor, por peti-ção escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.§ 2º O recorrido será intimado para oferecer contrarrazões no prazo de 10 (dez) dias.§ 3º As partes poderão requerer a trans-crição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 292.§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do jul-gamento servirá de acórdão.§ 6º Cabe à Turma Recursal do Sistema dos Juizados Especiais o julgamento

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das ações de impugnação previstas no Livro IV deste Código, quando se tratar de causa da competência dos Juizados Especiais Criminais”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 309. Da decisão de indeferimen-

to da denúncia e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de 3 (três) Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no prazo de 10 (dez) dias, contado da ciência da sentença pelo Ministério Público e pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta no prazo de 10 (dez) dias.§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita mag-nética a que alude o § 3º do art. 292.§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.§ 6º Cabe à Turma Recursal do Sis-tema dos Juizados Especiais o jul-gamento das ações de impugnação previstas no Livro IV deste Código, quando se tratar de causa da com-petência dos Juizados Especiais Cri-minais”.

Redação ora proposta: Art. 309. Da decisão de rejeição da

denúncia e da sentença cabe-rá apelação, que poderá ser julgada por Turma Recursal, composta de 3 (três) Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no prazo de 10 (dez) dias, contado da ciência da sentença pelo Ministério Público e pelo imputado e seu de-fensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.§ 2º O recorrido será intimado para oferecer contrarrazões no prazo de 10 (dez) dias.§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita mag-nética a que alude o § 3º do art. 292.§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.

§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmu-la do julgamento servirá de acórdão.§ 6º Cabe à Turma Recursal do Sis-tema dos Juizados Especiais o jul-gamento das ações de impugnação previstas no Livro IV deste Código, quando se tratar de causa da com-petência dos Juizados Especiais Cri-minais. São três as alterações sugeridas na presente emenda.

A primeira delas, no caput, é a substitui-ção da expressão “indeferimento da de-núncia” por “rejeição da denúncia”, que é tecnicamente mais correta e guarda consonância com a redação de outros dispositivos do Código projetado.Ainda no caput, sugere-se a expressa menção a “Turma Recursal”, que é o no-men iuris da instância recursal no âmbi-to do Juizado Especial.Por fim, no § 2º, propõe-se a substitui-ção da palavra “resposta” por “contrar-razões”, que é tecnicamente mais ade-quada à hipótese descrita. CAPÍTULO V DO PROCEDIMENTO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

91. Art. 317Dê- se a seguinte redação ao artigo 317 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 317. Recebida a peça acusató-

ria, o relator poderá determinar a expedição de carta de ordem para a instrução do processo, que obe-decerá, no que couber, ao previs-to para o procedimento ordinário.

§ 1º O interrogatório do imputado po-derá ser realizado diretamente no tri-bunal, se assim o requerer a defesa, em dia e horários previamente desig-nados.§ 2º O relator, ou o tribunal, poderá, a requerimento das partes, determinar di-ligências para o esclarecimento de dúvi-das sobre a prova produzida, observado o disposto no art. 4º”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Art. 317. Recebida a peça acusatória,

o relator poderá determinar a ex-pedição de carta de ordem para a instrução do processo, que obe-decerá, no que couber, ao previsto para o procedimento ordinário.

§ 1º O interrogatório do acusado poderá ser realizado diretamente no tribunal, se assim o requerer a de-fesa, em dia e horários previamente designados.§ 2º O relator, ou o tribunal, poderá,

de ofício, determinar diligências para o esclarecimento de dúvidas sobre a prova produzida, observado o dispos-to no art. 4º.

Redação ora proposta: Art. 317. Recebida a peça acusató-

ria, o relator poderá determinar a expedição de carta de ordem para a instrução do processo, que obedecerá, no que couber, ao previsto para o procedimento ordinário.

§ 1º O interrogatório do imputado poderá ser realizado diretamente no tribunal, se assim o requerer a de-fesa, em dia e horários previamente designados.§ 2º O relator, ou o tribunal, poderá, a requerimento das partes, determi-nar diligências para o esclarecimento de dúvidas sobre a prova produzida, observado o disposto no art. 4º.

Considerando que Constituição Federal adotou o modelo acusatório de proces-so penal (art. 129, inciso I), a iniciativa probatória deve ser reservada exclu-sivamente às partes. Assim, ainda que seja para fins de esclarecimento sobre a prova produzida, não se deve facultar ao relator ou ao tribunal, de ofício, a de-terminação de diligências. Se há dúvida do relator ou do tribunal quanto à prova produzida, logo, quanto à comprovação da imputação formulada na denúncia ou queixa, isto significa que ele não está suficientemente convencido para pro-ferir uma decisão condenatória. Como consequência, deve-se aplicar a regra de julgamento in dubio pro reo, pois a dúvida milita em favor do réu.

CAPÍTULO VI DO PROCEDIMENTO RELA-TIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI

Seção I - Da acusação e da instrução preliminar92. Art. 321, caput, e parágrafos 2º, 3º e 4ºDê-se a seguinte redação ao art. 321, caput, e parágrafos 2º, 3º e 4º, do Proje-to de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 321. O juiz, se não for o caso de sua

rejeição, receberá a denúncia ou a queixa e ordenará a citação do impu-tado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

(...)§ 2º A acusação poderá arrolar testemu-nhas, até o máximo de 8 (oito) por cada fato imputado, na denúncia ou na queixa.§ 3º Se a denúncia for oferecida con-tra mais de uma pessoa, o limite de testemunhas de acusação referido no

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parágrafo anterior contar-se-á individu-almente em relação a cada uma delas, se necessário à apuração da conduta individual dos denunciados.§ 4º Na resposta, o imputado poderá arguir preliminares e alegar tudo que in-teresse a sua defesa, no âmbito penal e cível, oferecer documentos e justifica-ções, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito) para cada fato imputado, quali-ficando-as e requerendo sua intimação, quando necessário”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 321. O juiz, ao receber a denún-

cia ou queixa, ordenará a cita-ção do acusado para responder a acusação, por escrito, no pra-zo de 10 (dez) dias.

§ 2º A acusação poderá arrolar tes-temunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa.§ 3º Se a denúncia for oferecida contra mais de uma pessoa, a acusação pode-rá arrolar até 8 (oito) testemunhas para cada réu, se necessário à apuração da conduta individual dos denunciados.§ 4º Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que in-teresse a sua defesa, no âmbito penal e cível, oferecer documentos e justifica-ções, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário”.

Redação ora proposta: “Art. 321. O juiz, se não for o caso

de sua rejeição, receberá a de-núncia ou a queixa e ordenará a citação do imputado para res-ponder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

§ 2º A acusação poderá arrolar testemu-nhas, até o máximo de 8 (oito) por cada fato imputado, na denúncia ou na queixa.§ 3º Se a denúncia for oferecida con-tra mais de uma pessoa, o limite de testemunhas de acusação referido no parágrafo anterior contar-se-á indi-vidualmente em relação a cada uma delas, se necessário à apuração da conduta individual dos denunciados.§ 4º Na resposta, o imputado pode-rá arguir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, no âmbi-to penal e cível, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito) para cada fato im-putado, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário”.

A alteração do caput, a fim de prever, expressamente, a possibilidade de re-jeição da denúncia ou queixa, tal qual previsto para o procedimento comum ordinário (art. 272), visa evitar o pro-cessamento de ações penais manifes-tamente inviáveis já em uma primeira análise preliminar do juiz natural.No § 2º, a propositura de prova teste-munhal, com limite numérico relativo a cada fato imputado, é amplamente reconhecida na doutrina e na juris-prudência, sendo prudente a previ-são expressa na Reforma do CPP. Na mesma linha, altera-se o § 3º, para se adequar a esta nova limitação legal da prova. Aliás, esta alteração também foi proposta pelo Ministério Público da União, que entende ser “bem mais razoável” que se divida o rol de teste-munhas por fato imputado.

93. Art. 325, §§ 2º e 4ºDê-se a seguinte redação ao art. 325, parágrafos 2º e 4º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 325. (...)§ 2º As provas serão produzidas em uma só audiência, salvo quando o elevado número de testemunhas re-comendar o seu fracionamento, po-dendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protela-tórias, mediante despacho fundamen-tado, nos termos do art. 166 deste Código.(...)§ 4º As alegações serão orais, con-cedendo-se a palavra, respectivamen-te, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez). Excepcionalmente, em casos complexos ou com elevado nú-mero de acusados, as alegações orais poderão ser substituídas por memo-rias escritos, a sem apresentados pe-las partes no prazo sucessivo de 10 (dez) dias, e o juiz proferirá decisão no mesmo prazo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 325. (...) § 2º As provas serão pro-

duzidas em uma só audiência, sal-vo quando o elevado número de testemunhas recomendar o seu fracionamento, podendo o juiz indeferir as consideradas irrele-vantes, impertinentes ou protela-tórias. (...)

§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respec-tivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez)”.

Redação ora proposta: “Art. 325. (...) § 2º As provas serão

produzidas em uma só audi-ência, salvo quando o elevado número de testemunhas reco-mendar o seu fracionamento, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, im-pertinentes ou protelatórias, mediante despacho funda-mentado, nos termos do art. 166 deste Código. (...)

§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respec-tivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez). Ex-cepcionalmente, em casos com-plexos ou com elevado número de acusados, as alegações orais po-derão ser substituídas por memo-rias escritos, a sem apresentados pelas partes no prazo sucessivo de 10 (dez) dias, e o juiz proferirá decisão em 10 (dez) dias”.

A alteração do parágrafo segundo é justificada pela garantia da motiva-ção de todas as decisões judiciais (CF, art. 93, IX), sendo recomendável a inclusão desta exigência, a fim de assegurar que o direto à prova será restringido somente de maneira jus-tificada.Também é justificável, no procedi-mento dos crimes de competência do Tribunal do Júri, a substituição das alegações orais por memoriais escritos ao final da primeira fase (iu-dicium accusationis), de maneira ex-cepcional, para os casos de grande complexidade ou elevado número de acusados. Esta substituição é vigen-te no atual Código de Processo Pe-nal para o procedimento comum (art. 483, § 3º), e foi mantida no PL 8.045 (art. 278, § 5º).

Seção II - Da pronúncia, da impronún-cia, da absolvição sumária e da des-classificação

94. Art. 331Dê-se a seguinte redação ao art. 331, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 331. O juiz, sem modificar a des-

crição do fato contido na denún-cia, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave, observado o dis-posto no art. 418”.

JUSTIFICAÇÃO:

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Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 331. O juiz, sem modificar a

descrição do fato contida na denúncia, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave, obser-vado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 418”.

Redação ora proposta: “Art. 331. O juiz, sem modificar a

descrição do fato contido na de-núncia, poderá atribuir-lhe defi-nição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de apli-car pena mais grave, observado o disposto no art. 418”.

Ao atribuir definição jurídica diversa ao fato narrado na denúncia, sem modifi-cá-lo, o juiz deve observar todo o dis-posto no art. 418, e não somente em seus parágrafos. 95. Art. 332, parágrafo únicoDê-se a seguinte redação ao art. 332, caput, e parágrafo único, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Có-digo de Processo Penal”:“Art. 332. (...) Parágrafo único. Reme-

tidos os autos do processo a outro juiz, esse oportunizará o contradi-tório, reabrindo prazo para que as partes se manifestem e arrolem testemunhas. Após, se reconhe-cer sua competência, continuará o processo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 332. (...) Parágrafo único. Re-

metidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado”.

Redação ora proposta: “Art. 332. Parágrafo único. Reme-

tidos os autos do processo a outro juiz, esse oportuniza-rá o contraditório, reabrindo prazo para que as partes se manifestem e arrolem teste-munhas. Após, se reconhecer sua competência, continuará o processo”.

Em nome da garantia do contraditório, ao receber os autos, o juiz deve dar

oportunidade às partes para que se manifestem e, eventualmente, requei-ram a produção de provas. Somente após isso é que deverá decidir sobre sua competência e, caso a reconheça, seguirá o processo de acordo com as regras do procedimento cabível.Observe-se que a alteração atinge todo o escopo do parágrafo, uma vez que a previsão de que o imputado fi-cará à disposição do juízo competen-te é absolutamente desnecessária. Os criminalmente acusados sempre per-manecem à disposição do juízo com-petente.

96. Art. 334, § 1ºDê-se a seguinte redação ao art. 334, parágrafo primeiro, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 334. (...) § 1º Havendo circunstân-

cia superveniente que altere a clas-sificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público para que se manifeste em 5 (cinco) dias e, em seguida, intimará a defesa para se manifestar no mes-mo prazo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 334. (...) § 1º Havendo circuns-

tância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público”.

Redação ora proposta: “Art. 334. (...) § 1º Havendo cir-

cunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público para que se manifeste em 5 (cinco) dias e, em seguida, in-timará a defesa para se mani-festar no mesmo prazo”.

Novamente em nome da garantia do contraditório, a situação exposta no texto legislativo retrata a necessidade de manifestação da defesa acerca de qualquer nova classificação do crime. Somente após o exercício do contradi-tório é que o juiz decidirá (§ 2º).

Seção III - Da preparação do processo para julgamento em plenário

97. Art. 335Dê-se a seguinte redação ao art. 335, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 335. Ao receber os autos, o presi-dente do Tribunal do Júri determi-nará a intimação do órgão do Mi-nistério Público ou do querelante, no caso de queixa subsidiária, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemu-nhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), para cada fato, oportunidade em que po-derão juntar documentos e requerer diligências”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 335. Ao receber os autos, o

presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa subsidiária, e do defen-sor, para, no prazo de 5 (cin-co) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligências”.

Redação ora proposta: “Art. 335. Ao receber os autos, o

presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do ór-gão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa subsidiária, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apre-sentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), para cada fato, oportunidade em que poderão juntar documentos e re-querer diligências”.

A alteração tem por escopo manter a coerência com a proposta feita para os §§ do art. 321, deste Projeto de CPP.

Seção V - Do desaforamento

98. Art. 348, caput e § 3ºDê-se a seguinte redação ao art. 348, caput e parágrafo terceiro, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Có-digo de Processo Penal”:“Art. 348. Se houver fundada dúvida

sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministé-rio Público, do assistente, do quere-lante ou do imputado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca

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da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as comarcas mais próximas. (...)

§ 3º A parte contrária será intimada para se manifestar sobre o pedido de desa-foramento, no prazo de 5 (cinco) dias. Depois, em igual prazo, manifestar-se-á o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada. No caso de representação do juiz, as partes serão ouvidas, primeiro a acusação, e depois a defesa, no prazo de 5 (cinco) dias”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 348. Se houver fundada dúvida

sobre a imparcialidade do júri, o Tribunal, a requerimento do Mi-nistério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aque-les motivos, preferindo-se as co-marcas mais próximas. (...)

§ 3º A parte contrária será intimada para se manifestar sobre o pedido de desaforamento, no prazo de 5 (cinco) dias. Depois, em igual prazo, será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solici-tada. No caso de representação do juiz, as partes serão ouvidas, primei-ro a acusação, e depois a defesa, no prazo de 5 (cinco) dias”.

Redação ora proposta: “Art. 348. Se houver fundada dúvida

sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusa-do, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do imputado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as comar-cas mais próximas. (...)

§ 3º A parte contrária será intimada para se manifestar sobre o pedido de desaforamento, no prazo de 5 (cinco) dias. Depois, em igual prazo, mani-festar-se-á o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele soli-citada. No caso de representação do juiz, as partes serão ouvidas, primei-ro a acusação, e depois a defesa, no prazo de 5 (cinco) dias”.

O Projeto exclui, indevidamente, a dú-

vida acerca da segurança do imputado como fundamento para o desaforamen-to. Esta hipótese, além de ser medida que visa, acertadamente, a assegurar a integridade da pessoa criminalmente acusada – direito humano que não se pode perder de vista –, é prevista no atual Código de Processo Penal (art. 427), não sendo recomendável a sua supressão.Por sua vez, no § 3º, propõe-se uma mudança redacional para refletir melhor técnica. Isso porque o juiz se manifesta nos autos por meio de suas decisões. O juiz não é “ouvido”.

99. Art. 341Suprima-se o art. 341, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”, renumerando-se os demais conforme necessário. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 341. O desaforamento também

poderá ser determinado em ra-zão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presiden-te e a parte contrária, se o julga-mento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, con-tado da decisão de pronúncia, ressalvado o disposto no pará-grafo único do art. 475.

§ 1º Para a contagem do prazo re-ferido neste artigo não se compu-tará o tempo de adiamentos, dili-gências ou incidentes de interesse da defesa.§ 2º Não havendo excesso de ser-viço ou processos aguardando jul-gamento em quantidade que ultra-passe a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercí-cio, o acusado poderá requerer ao tribunal que determine a imediata realização do julgamento”.

Redação ora proposta: Art. 341. (SUPRIMIDO)

Esta causa de desaforamento já susci-tou debates na doutrina. Ocorre que, a despeito da previsão do direito funda-mental à razoável duração do proces-so (CF, art. 5º, LXXVIII), o caso aqui é de estipulação de uma causa de desa-foramento (alteração de competência) em decorrência de ineficiência do Po-der Judiciário em tramitar o processo com a devida celeridade (em prazo ra-zoável). Em colisão, põem-se o direito referido e a garantia do juiz natural (de-

corrência do disposto no art. 5º, LIII, da Constituição).O sopesamento entre esses princípios, notadamente em um claro caso de re-conhecimento da ineficiência do Poder Judiciário, induz à supressão desta hi-pótese de desaforamento. A solução é o Poder Judiciário investir em sua “máqui-na”, promovendo uma eficaz prestação jurisdicional que respeite os direitos e garantias fundamentais, em equilíbrio e sem violações indevidas, e não a posi-tivação de mecanismos que deturpam institutos jurídicos (como, aqui, o desa-foramento) para se “maquiar” o proble-ma maior.Em suma, “excesso de serviço” é causa de aperfeiçoamento das instituições, e não causa de alteração de competência. Seção VI - Da organização da pauta

100. Art. 343Dê-se a seguinte redação ao art. 343, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 343. O assistente somente será ad-

mitido se tiver requerido sua habili-tação até 5 (cinco) dias úteis antes da data da sessão na qual pretenda atuar”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 343. O assistente somente será

admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias an-tes da data da sessão na qual pretenda atuar”.

Redação ora proposta: “Art. 343. O assistente somente será

admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias úteis antes da data da sessão na qual pretenda atuar”.

O prazo de 5 (cinco) dias antes da data da sessão, se contados em dias corri-dos, pode ser exageradamente curto em caso de feriados, gerando enormes chances de surpresa para a defesa no dia da sessão. Por isso, é razoável es-tabelecer a contagem somente em dias úteis.

Seção IX - Da composição do Tribunal do Júri e da formação do Conselho de Sentença

101. Art. 360Dê-se a seguinte redação ao art. 360, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

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“Art. 360. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presi-dente, e por 25 (vinte e cinco) jura-dos, que serão sorteados dentre os alistados, 8 (oito) dos quais consti-tuirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 360. O Tribunal do Júri é com-

posto por 1 (um) juiz togado, seu presidente, e por 25 (vinte e cin-co) jurados, que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento”.

Redação ora proposta: “Art. 360. O Tribunal do Júri é com-

posto por 1 (um) juiz togado, seu presidente, e por 25 (vinte e cin-co) jurados, que serão sorteados dentre os alistados, 8 (oito) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento”.

A alteração aqui proposta se refere ao nú-mero de jurados que constituirão o Conse-lho de Sentença, passando de 7 para 8 – de um número ímpar para um número par.Mundo afora, muitos países onde o Tribu-nal do Júri (ou seu semelhante escabinato) é instituição existente, de uma maneira bastante geral, adotam a quantia par de jurados. Na Inglaterra, na França e na Itália são 12. Nos júris federais dos EUA, idem. Na Espanha, são 10. Claro que a maneira de contagem de votos para se concluir o veredito varia de ordenamento para orde-namento (por exemplo, na Inglaterra, exi-ge-se uma maioria qualificada de 10 votos contra 2, sob pena de novo julgamento com novos jurados).Analisando a quantidade par de jurados na sistemática do Júri brasileiro, verifi-ca-se que a alteração para 8 é bastante vantajosa.Como os jurados votam só “sim” ou “não” (sistema binário), sem qualquer motivação ou debate sobre o caso concreto entre eles, o veredicto acaba sendo, no nosso atual sistema, a única decisão que não tem incidência alguma do in dubio pro reo, pois sempre se formará a maioria em “sim” ou “não”. Contudo, para uma incidência am-pla da presunção de inocência, especial-mente quando se desconhece os motivos que levaram a determinado voto, é neces-sário que seu significado do in dubio pro reo possa ter incidência, de fato, em toda e qualquer decisão penal – sem exceção.

Assim, a diferença prática vai no sentido de que um caso que chegue ao limite de necessitar da abertura de todos os votos para definir se o imputado será condenado ou absolvido, ter-se-á que o empate (4x4) favorecerá o acusado, em nome da garan-tia do in dubio pro reo. De igual modo, para que se encerre uma votação por maioria simples, sem necessidade de abertura de todas as cédulas de votação, a acusação deverá atingir 5 votos, e a defesa, 4.Tais condições não caracterizam uma violação à paridade de armas no proces-so penal, uma vez que, se assim o fosse, o mesmo ocorreria para toda decisão fundamentada que aplicasse o in dubio pro reo, pelo simples fato de favorecer uma das partes – no caso, o acusado. E, de mais a mais, no atual sistema, com 7 jurados, um veredito proferido pela con-denação em 4 votos contra 3 não deixa de exprimir certa dúvida sobre a respon-sabilidade penal do acusado. Não à toa, existem países que exigem uma maioria qualificada para ser aceito o veredicto (vide o caso da Inglaterra).Por fim, sugere-se apenas 8 (e não 10 ou 12, como nos países acima referidos) em virtude da própria organização administra-tivo-judiciária em relação à composição do Tribunal do Júri e à formação do Con-selho de Sentença (vide arts. 360 e 375 do Projeto). O aumento em apenas um jurado permite dispensar qualquer outra altera-ção relativa ao número de jurados na com-posição do Tribunal do Júri ou no mínimo de presentes à sessão para sua instalação (art. 376 do Projeto).

Seção X - Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri

102. Art. 370, caputDê-se a seguinte redação ao art. 370, ca-put, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 370. O julgamento não será adiado

pelo não comparecimento do imputa-do solto ou do assistente, desde que tenham sido regularmente intimados”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 370. O julgamento não será adia-

do pelo não comparecimento do acusado solto ou do assistente que tiver sido regularmente intimado”.

Redação ora proposta: “Art. 370. O julgamento não será

adiado pelo não comparecimen-to do imputado solto ou do as-sistente, desde que tenham sido regularmente intimados”.

A alteração visa igualar a situação do imputado solto e do assistente ausentes à sessão de julgamento. É indispensável que o imputado seja regularmente inti-mado para a sessão de seu julgamento, e somente assim a sua ausência não en-sejará o adiamento do julgamento.

103. Art. 380, caputDê-se a seguinte redação ao art. 380, ca-put, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 380. Verificando que se encontram

na urna as cédulas relativas aos jura-dos presentes, o juiz presidente sor-teará 8 (oito) dentre eles para a for-mação do Conselho de Sentença”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 380. Verificando que se encon-

tram na urna as cédulas rela-tivas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença”.

Redação ora proposta: “Art. 380. Verificando que se encon-

tram na urna as cédulas rela-tivas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 8 (oito) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença”.

Alteração em razão da proposta de Emenda de Redação ao art. 360 deste PL, a fim de registrar que são 8 (oito) jurados que compõem o Conselho de Sentença.

104. Art. 382, § 1º, caputDê-se a seguinte redação ao art. 382, parágrafo primeiro, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 382. (...) § 1º A separação dos julga-

mentos somente ocorrerá se, em ra-zão das recusas, não for obtido o nú-mero mínimo de 8 (oito) jurados para compor o Conselho de Sentença”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 382. (...) § 1º A separação dos

julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença”.

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CPP - LIVRO II / TÍTULO II

Redação ora proposta: “Art. 382. (...) § 1º A separação dos

julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 8 (oito) jurados para compor o Conselho de Sentença”.

Alteração em razão da proposta de Emenda de Redação ao art. 360 deste PL, a fim de registrar que são 8 (oito) jurados que compõem o Conselho de Sentença.

Seção XI - Da instrução em plenário

105. Art. 386, § 5ºDê-se a seguinte redação ao art. 386, § 5º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 386. § 5º. O Ministério Público terá

assento em posição de igualdade e equidistância com o defensor em relação ao juiz presidente, e o im-putado terá assento ao lado de seu defensor”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 386. § 5º. O acusado terá as-

sento ao lado de seu defensor”.

Redação ora proposta: “Art. 386. § 5º. O Ministério Públi-

co terá assento em posição de igualdade e equidistância com o defensor em relação ao juiz pre-sidente, e o imputado terá as-sento ao lado de seu defensor”.

A presença de julgadores leigos no Tribunal do Júri induz a necessidade de tomar alguns cuidados, inclusive quanto à ritualística e ao desenho da sala de julgamento. Por isso, além de dispor que o acusado terá assento ao lado de seu defensor, para que, como ele, possa interagir constantemente em busca da realização do melhor de-sempenho defensivo, é imperioso que o Projeto determine a equidistância da acusação e da defesa em relação ao juiz, para que a imagem de um acusa-dor sentado ao lado do juiz presidente não induza os jurados a, inconscien-temente, darem maior credibilidade ao órgão acusatório em vista desta proxi-midade maior.

106. Art. 387, § 2º

Dê-se a seguinte redação ao art. 387, § 2º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 387. (...) § 2º. Não se permitirá o

uso de algemas no imputado du-rante o período em que perma-necer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à or-dem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes, devendo o fato ser justificado pelo juiz presidente em ata, sob pena de nulidade do julgamento”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 387. (...) § 2º. Não se permiti-

rá o uso de algemas no acusa-do durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente neces-sário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes”.

Redação ora proposta: “Art. 387. (...) § 2º. Não se permitirá

o uso de algemas no imputado durante o período em que per-manecer no plenário do júri, sal-vo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segu-rança das testemunhas ou à ga-rantia da integridade física dos presentes, devendo o fato ser justificado pelo juiz presidente em ata, sob pena de nulidade do julgamento”.

Tanto o Código de Processo Penal vi-gente quanto o PL 8.045, bem como a própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, demonstram preo-cupação com o uso desnecessário de algemas durante o Plenário. A indução que a imagem do imputado algemado causa na mente dos jurados leigos é indubitável.Para se evitar que o uso de algemas continue sendo a regra, na prática, e, mais ainda, para que exista a possibi-lidade de questionamentos em grau de recurso, é necessário que o juiz presi-dente motive a necessidade de uso das algemas na sessão de julgamento, sob pena de nulidade do julgamento.

Seção XII - Dos debates

107. Art. 389, § 2ºDê-se a seguinte redação ao art. 389, §

2º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 389. (...) § 2º. Tratando-se de pro-

cesso instaurado por meio de ação penal privada subsidiária da pú-blica, falará apenas o defensor do querelante. Se o Ministério Público houver retomado a titularidade da ação penal, falará somente o seu representante”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 389. (...) § 2º. Tratando-se de

processo instaurado por meio de ação penal privada subsidiá-ria da pública, falará em primeiro lugar o querelante e, em segui-da, o Ministério Público, salvo se este houver retomado a titulari-dade da ação”.

Redação ora proposta: “Art. 389. § 2º. Tratando-se de pro-

cesso instaurado por meio de ação penal privada subsidiária da pública, falará apenas o defensor do querelante. Se o Ministério Pú-blico houver retomado a titularida-de da ação penal, falará somente o seu representante, salvo habili-tação prévia do assistente, que deverá ocorrer em até 3 (três) dias úteis da data do julgamento”.

A alteração tem o escopo de privilegiar a Constituição, no ponto em que atribui, com exclusividade, a titularidade para o exercício da ação penal.Não é diferente quando a ação penal é de iniciativa privada subsidiária da pú-blica, quando o Ministério Público reas-sume a ação penal. Nestes casos, so-mente poderá falar o defensor do antigo querelante se for habilitado como assis-tente – hipótese do § 1º deste art. 389. Porém, é importante que esta situação se dê em ao menos 3 (três) dias úteis an-tes do julgamento (mesmo prazo do art. 343 do PL), para que se evite surpresa ao imputado e seu defensor.

108. Art. 390, §§ 1º, 2º e 3ºDê-se a seguinte redação ao art. 390, §§ 1º e 2º, e acresça-se o § 3º, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 390. (...) § 1º Havendo mais de um

acusador ou mais de um defensor do mesmo acusado, combinarão entre si a distribuição do tempo re-ferido no caput deste artigo. Na fal-ta de acordo, o tempo será dividido pelo juiz presidente.

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O II

§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo total para a acusação e as de-fesas será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tré-plica, observado o disposto nos §§ 1º e 3º deste artigo.§ 3º Independente do número de acu-sados, o tempo de defesa para cada um nunca será inferior a 30 (trinta) minutos para a primeira exposição e 20 (vinte) minutos para a tréplica”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 390. (...)§ 1º Havendo mais de

um acusador ou mais de um de-fensor, combinarão entre si a dis-tribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exce-der o determinado neste artigo.

§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusa-do, o tempo para a acusação e a de-fesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste artigo”.§ 3º (INEXISTENTE)

Redação ora proposta: Art. 390. (...) § 1º Havendo mais de um

acusador ou mais de um defensor do mesmo acusado, combinarão entre si a distribuição do tempo referido no caput deste artigo. Na falta de acordo, o tempo será divi-dido pelo juiz presidente.

§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusa-do, o tempo total para a acusação e as defesas será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto nos §§ 1º e 3º deste artigo.§ 3º Independente do número de acu-sados, o tempo de defesa para cada um nunca será inferior a 30 (trinta) mi-nutos para a primeira exposição e 20 (vinte) minutos para a tréplica.

As alterações dos dois primeiros pará-grafos têm a finalidade de deixar a reda-ção mais clara.No § 1º, a hipótese é quando existe mais de um acusador (MP e assistente/s) ou quando o imputado constituiu mais de um defensor para atuar na sessão de julgamento. Nestes casos, observar-se--á os limites de tempo estipulados no caput.Já no § 2º, trabalha-se a hipótese de existir mais de um imputado sendo jul-gado naquela sessão. Nesta hipótese, os tempos totais (ou seja, para todos os acusadores, caso haja mais de um, e para

todas as defesas) serão de duas horas e meia para acusação e defesa, e mais duas horas cada de réplica e tréplica.Deve-se acrescer o § 3º, pois uma ele-vada quantidade de acusados não é justificativa para diminuir para aquém de um mínimo razoável o tempo do exercí-cio da defesa. Assim, em casos de ele-vado número de acusados – e se tendo decidido por julgá-los todos na mesma sessão –, independentemente dos tem-pos totais somados de todas as defe-sas, individualmente, nenhum imputado terá menos de 30 (trinta) minutos para a primeira exposição e 20 (minutos) para eventual tréplica. Por outro lado, nestas hipóteses excepcionais, pela redação proposta, a acusação manterá o limite total de duas horas e meia, e duas horas para réplica.

109. Art. 391, IDê-se a seguinte redação ao art. 391, incisos I e III, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 391. (...): I – aos fundamentos da

decisão de pronúncia ou das de-cisões posteriores que julgaram admissível a acusação, aos funda-mentos do acórdão que der provi-mento à apelação por ser a decisão manifestamente contrária à prova dos autos, ou aos motivos deter-minantes do uso de algemas, como argumento de autoridade que bene-ficiem ou prejudiquem o acusado. (...)

III – aos depoimentos prestados na fase de investigação criminal, ressalvada a prova irrepetível”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 391. (...) I – aos fundamentos

da decisão de pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusa-ção e aos motivos determinan-tes do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado. (...)

III – aos depoimentos prestados na fase de investigação criminal, ressal-vada a prova antecipada”.

Redação ora proposta: “Art. 391. (...) I – aos fundamentos

da decisão de pronúncia ou das decisões posteriores que julga-ram admissível a acusação, aos fundamentos do acórdão que der provimento à apelação por ser a decisão manifestamente

contrária à prova dos autos, ou aos motivos determinantes do uso de algemas, como argumento de au-toridade que beneficiem ou prejudi-quem o acusado. (...)III – aos depoimentos prestados na fase de investigação criminal, ressal-vadas as provas não repetíveis”.

Nas hipóteses do inciso I, é necessário incluir a situação em que as partes fa-zem referência ao acórdão que der pro-vimento à apelação fundada na prova manifestamente contrária à prova dos autos. Os fundamentos da inclusão se-guem a mesma linha das hipóteses já existentes nos autos: o julgamento por um colegiado togado, que analisa a pro-va dos autos e decide que o veredicto precedente é manifestamente contrário aos elementos de prova postos nova-mente a julgamento, constitui evidente argumento de autoridade, devendo seu uso ser causa de nulidade absoluta do julgamento.Por fim, deve-se considerar nulidade do julgamento a referência à prova irre-petível, e não à prova antecipada. Isso porque a prova antecipada produzida na fase de investigação criminal que pode ser reproduzida nas fases do procedi-mento judicial do Tribunal do Júri, mas não o é, deve ser incluída nestas causas de nulidade. Por outro lado, as provas não repetíveis, coletas durante a inves-tigação criminal, por razões óbvias, não podem ser reproduzidas em fase judi-cial. Assim, devem ser ressalvadas do rol ensejador de nulidade.

Seção X - Da votação

110. Art. 399, caputDê-se a seguinte redação ao art. 399, caput, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 399. A seguir, e na presença dos ju-

rados, do Ministério Público, do as-sistente, do querelante, do defensor do acusado, do escrivão e do oficial de justiça, o juiz presidente manda-rá distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e fa-cilmente dobrável, contendo 8 (oito) delas a palavra sim e 8 (oito) a pa-lavra não”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 399. A seguir, e na presença dos

jurados, do Ministério Público, do assistente, do querelante, do defensor do acusado, do escri-vão e do oficial de justiça, o juiz presidente mandará distribuir aos

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CPP - LIVRO II / TÍTULO III

jurados pequenas cédulas, fei-tas de papel opaco e facilmen-te dobrável, contendo 7 (sete) delas a palavra sim e 7 (sete) a palavra não”.

Redação ora proposta: “Art. 399. A seguir, e na presença

dos jurados, do Ministério Pú-blico, do assistente, do quere-lante, do defensor do acusado, do escrivão e do oficial de jus-tiça, o juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobrável, contendo 8 (oito) delas a palavra sim e 8 (oito) a palavra não”.

Alteração em razão da proposta de Emenda de Redação ao art. 360 deste PL, a fim de registrar que são 8 (oito) jurados que compõe o Conselho de Sentença.

111. Art. 482Dê-se a seguinte redação ao art. 482, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 482. As decisões do Tribunal do

Júri serão tomadas por maioria de votos, e o empate favorecerá o acusado”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 482. As decisões do Tribunal do

Júri serão tomadas por maioria de votos”.

Redação ora proposta: “Art. 482. As decisões do Tribunal do

Júri serão tomadas por maioria de votos”.

Alteração em razão da proposta de Emenda de Redação ao art. 360 deste PL. Com efeito, com um número par de jurados, o empate clama a aplica-ção do in dubio pro reo, significado da presunção de inocência, a fim de fa-vorecer o acusado. Seção XIV - Da sentença

112. Art. 484Dê-se a seguinte redação ao art. 484, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 484. Em seguida, o presidente, dispensando o relatório, proferirá sentença que:

I – no caso de absolvição:a) mandará colocar em liberdade o

acusado, se por outro motivo não estiver preso;

b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas;

c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível.

II – no caso de condenação:a) fixará a pena-base;b) considerará as circunstâncias

agravantes ou atenuantes alega-das nos debates, observados os limites da pronúncia;

c) imporá os aumentos ou as dimi-nuições da pena alegados nos debates, em atenção às causas admitidas pelo júri, observados os limites da pronúncia;

d) observará as demais disposições do art. 423;

e) mandará o acusado, de manei-ra fundamentada, recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os re-quisitos da prisão preventiva;

f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 484. Em seguida, o presiden-

te, dispensando o relatório, proferirá sentença que:

I – no caso de condenação:a) fixará a pena-base;b) considerará as circunstâncias

agravantes ou atenuantes ale-gadas nos debates;

c) imporá os aumentos ou as dimi-nuições da pena alegados nos debates, em atenção às causas admitidas pelo júri;

d) observará as demais disposi-ções do art. 423;

e) mandará o acusado, de maneira fundamentada, recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os re-quisitos da prisão preventiva;

f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação

I – no caso de absolvição:a) mandará colocar em liberdade o

acusado, se por outro motivo não estiver preso;

b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas;

c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível”.

Redação ora proposta: “Art. 484. Em seguida, o presidente,

dispensando o relatório, proferi-rá sentença que:

I – no caso de absolvição:a) mandará colocar em liberdade o

acusado, se por outro motivo não estiver preso;

b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas;

c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível.

II – no caso de condenação:a) fixará a pena-base;b) considerará as circunstâncias

agravantes ou atenuantes alega-das nos debates, observados os limites da pronúncia;

c) imporá os aumentos ou as dimi-nuições da pena alegados nos debates, em atenção às causas admitidas pelo júri, observados os limites da pronúncia;

d) observará as demais disposi-ções do art. 423;

e) mandará o acusado, de manei-ra fundamentada, recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se pre-sentes os requisitos da prisão preventiva;

f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação”.

A alteração consiste apenas em uma inversão entre os incisos I e II, para que as hipóteses de absolvição ante-cedam as hipóteses de condenação, uma vez que, pelo desenho constitu-cional, primeiro devem vir as hipóte-ses de reafirmação do estado de ino-cência.Acrescenta-se, também, nos incisos b e c a expressão “observados os limi-tes da pronúncia”, a fim de evitar que a condenação extrapole o objeto que foi levado ao plenário do júri (a par-tir da delimitação feita na decisão de pronúncia). Alteração também na alínea e das hi-póteses para condenação, exigindo que a análise sobre os requisitos da prisão preventiva seja devidamente motivada, à luz daquela atual conjun-tura processual.

113. Art. 485Dê-se a seguinte redação ao art. 485, do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 485. A sentença será lida em

plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento ”.

JUSTIFICAÇÃO:

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ÍTUL

O III

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 485. A sentença será lida em

plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de ins-trução e julgamento, devendo os presentes permanecer de pé durante o ato”.

Redação ora proposta: “Art. 485. A sentença será lida em

plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instru-ção e julgamento”.

Propõe-se manter a atual redação do art. 493 do Código de Processo Penal, pois a determinação, em lei, para que todos os presentes permaneçam obri-gatoriamente em pé durante a leitura da sentença é excesso de formalismo des-necessário. TÍTULO III - DA SENTENÇA

114. Art. 417Dê-se a seguinte redação ao artigo 417 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 417. A sentença conterá:I - o número dos autos e os nomes das partes ou, quando não for possível, as in-dicações necessárias para identificá-las;II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;IV - a indicação dos artigos de lei apli-cados;V - o dispositivo;VI - a data e a assinatura do juiz.§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela inter-locutória, sentença ou acórdão, que:I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;II - empregar conceitos jurídicos indeter-minados, sem explicar o motivo concre-to de sua incidência no caso;III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;VI - deixar de seguir enunciado de súmu-la, jurisprudência ou precedente invoca-do pela parte, sem demonstrar a existên-cia de distinção no caso em julgamento

ou a superação do entendimento.§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os cri-térios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.§ 3º A decisão judicial deve se pautar pelo princípio do in dubio pro reo”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 417. A sentença conterá:I - o número dos autos e os nomes das partes ou, quando não for pos-sível, as indicações necessárias para identificá-las;II- a exposição sucinta da acusação e da defesa;III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;V - o dispositivo;VI - a data e a assinatura do juiz”.

Redação ora proposta: “Art. 417. A sentença conterá:I - o número dos autos e os nomes das partes ou, quando não for pos-sível, as indicações necessárias para identificá-las;II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação dos mo-tivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;V - o dispositivo;VI - a data e a assinatura do juiz.§ 1º Não se considera fundamenta-da qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:I - se limitar à indicação, à reprodu-ção ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a cau-sa ou a questão decidida;II-empregar conceitos jurídicos in-determinados, sem explicar o mo-tivo concreto de sua incidência no caso;III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adota-da pelo julgador;V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identifi-car seus fundamentos determinan-tes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles funda-mentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou prece-dente invocado pela parte, sem de-monstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a supera-ção do entendimento.§ 2º No caso de colisão entre nor-mas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.§ 3º A decisão judicial deve se pau-tar pelo princípio do in dubio pro reo”.

Sugere-se, aqui, a importação dos dispo-sitivos do novo Código de Processo Civil atinentes à fundamentação da decisão judicial. Ao se prever as hipóteses pelas quais não se considera fundamentada a decisão, indiretamente se orienta o juiz para a fundamentação devida da decisão.Assim, transcreveram-se os § 1º e 2º do CPC, sem qualquer modificação, uma vez que eles contêm disposições am-plas, que podem ser perfeitamente apli-cadas também ao processo penal.Malgrado já exista o comando constitu-cional da presunção de inocência (art. 5º, LVII), é importante reiterar que, no momento da decisão judicial, o magis-trado deve se pautar pelo princípio do in dubio pro reo (como critério de solução para a dúvida). Por isso, no § 3º, fez-se uma alteração em relação ao que dispõe o novo CPC, para, ali, prever-se especifi-camente o princípio do in dubio pro reo. 115. Art. 418 Inclua-se o seguinte artigo 418 ao Pro-jeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”, renu-merando-se os subsequentes:“Art. 418. Publicada a sentença, o juiz

só poderá alterá-la:I - para corrigir-lhe, de ofício ou a reque-rimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;II - por meio de embargos de declaração”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: Sem correspondência

Redação ora proposta: “Art. 418. Publicada a sentença, o

juiz só poderá alterá-la:I - para corrigir-lhe, de ofício ou a re-querimento da parte, inexatidões ma-teriais ou erros de cálculo da pena eventualmente imposta;II - por meio de embargos de declaração”.

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CPP - LIVRO II / TÍTULO III

Sugere-se a inserção da redação do art. 494 do novo Código de Processo Penal, para tratar das duas hipóteses em que o juiz pode modificar a sentença depois de publicada. A previsão é importante principalmente por seu inciso I, a fim de deixar claro e indene de dúvidas que o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das par-tes, pode corrigir eventuais erros mate-riais da sentença, inclusive no que diz respeito ao cálculo da pena eventual-mente imposta.

116. Art. 418 Dê-se a seguinte redação ao artigo 418 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 418. O juiz, sem modificar a descri-

ção do fato contido na denúncia ou na queixa subsidiária, poderá atri-buir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

§ 1º Antes de proferir a sentença, o juiz intimará o Ministério Público e a defesa, sucessivamente, no prazo de 5 (cinco) dias cada, para que se manifestem so-bre a possibilidade de uma nova classi-ficação jurídica dos fatos. § 2° Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto no art. 266.§ 3° Tratando-se de infração da com-petência de outro juízo, em razão da matéria, a este serão encaminhados os autos”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 418. O juiz, sem modificar a

descrição do fato contida na denúncia, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

§ 1° Se, em consequência de defi-nição jurídica diversa, houver pos-sibilidade de proposta de suspen-são condicional do processo ou de transação penal, o juiz procederá de acordo com o disposto nos arts. 266 e 304.§ 2° Tratando-se de infração da competência de outro juízo, em ra-zão da matéria, a este serão enca-minhados os autos”.

Redação ora proposta: “Art. 418. O juiz, sem modificar a

descrição do fato contido na denúncia ou na queixa subsidiá-ria, poderá atribuir-lhe definição

jurídica diversa, ainda que, em conse-quência, tenha de aplicar pena mais grave.§ 1º Antes de proferir a sentença, o juiz intimará o Ministério Público e à defesa, sucessivamente, no prazo de 5 (cinco) dias cada, para que se manifestem sobre a possibilidade de uma nova classificação jurídica dos fatos. § 2° Se, em consequência de defi-nição jurídica diversa, houver possi-bilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz pro-cederá de acordo com o disposto no art. 266.§ 3° Tratando-se de infração da competência de outro juízo, em ra-zão da matéria, a este serão encami-nhados os autos”.

No caput, sugere-se a inclusão da “quei-xa subsidiária”, pois também na hipóte-se de ação penal privada subsidiária da pública poderá o juiz atribuir definição jurídica diversa à imputação original.A inclusão do § 1º visa garantir a inci-dência do princípio constitucional do contraditório (art. 5º, LV) nessa hipótese de emendatio libelli. Isso porque, ainda que os fatos permaneçam inalterados, é importante que as partes possam se manifestar sobre a eventual mudança da capitulação jurídica dos fatos, uma vez que ela pode gerar consequências para as partes e para a persecução penal. No § 2º, suprimiram-se as menções a “transação penal” e o respectivo arti-go (304, que, na verdade, deveria ser o 303). Isso porque a transação penal so-mente é cabível em crimes de menor po-tencial ofensivo, cuja competência (por disposição constitucional) é do Juizado Especial Criminal. Assim, nessa hipóte-se, o magistrado terá que aplicar o § 3º, remetendo os autos ao juízo competen-te (JECRIM), para que lá seja oferecida a proposta de transação penal. 117. Art. 419Dê-se a seguinte redação ao atual arti-go 419 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 419. Encerrada a instrução proba-

tória, se entender cabível nova defi-nição jurídica do fato, em consequ-ência de prova existente nos autos de elemento ou de circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público, por requerimento em audiência, pode-rá aditar a denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

§ 1º É vedado ao juiz provocar de qual-quer forma o Ministério Público a se manifestar sobre eventual aditamento à denúncia.

§ 2° Ouvido o defensor do imputado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do imputado e realização de debates e julgamento.§ 3° Aplicam-se as disposições dos § § 2° e 3° do art. 418 ao caput deste artigo.§ 4° Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.§ 5° Não recebido o aditamento, o pro-cesso prosseguirá”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 419. Encerrada a instrução

probatória, se entender cabí-vel nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemen-to ou de circunstância da infra-ção penal não contida na acu-sação, o Ministério Público, por requerimento em audiência, po-derá aditar a denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

§ 1° Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designa-rá dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de tes-temunhas, novo interrogatório do acusado e realização de debates e julgamento.§ 2° Aplicam-se as disposições dos § § 1° e 2° do art. 418 ao caput deste artigo.§ 3° Havendo aditamento, cada par-te poderá arrolar até 3 (três) teste-munhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.§ 4° Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá”.

Redação ora proposta: “Art. 419. Encerrada a instrução

probatória, se entender cabí-vel nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou de circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público, por reque-rimento em audiência, poderá aditar a denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias, reduzindo-se a

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termo o aditamento, quando feito oralmente.§ 1º É vedado ao juiz provocar de qualquer forma o Ministério Público a se manifestar sobre eventual adita-mento à denúncia.§ 2° Ouvido o defensor do impu-tado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a re-querimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continua-ção da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do imputado e realização de debates e julgamento.§ 3° Aplicam-se as disposições dos § § 2° e 3° do art. 418 ao caput deste artigo.§ 4° Havendo aditamento, cada par-te poderá arrolar até 3 (três) teste-munhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.§ 5° Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá”. Apesar da redação do caput ser clara, é importante enfatizar e afastar qual-quer dúvida de que o juiz não pode provocar o Ministério Público a aditar a denúncia (§ 1º). O aditamento é ato privativo da acusação e somente pode ocorrer por ato espontâneo dela.Além disso, em razão das mudanças efetuadas no art. 418, necessário alterar as referências feitas àquele artigo no § 3º do artigo em tela.

118. Art. 420 Dê-se a seguinte redação ao artigo 420 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 420. O juiz não poderá proferir

sentença condenatória se o Mi-nistério Público tiver requerido a absolvição.

Parágrafo único Em caso de conde-nação, é vedado ao juiz reconhecer qualquer agravante não alegada ou causa de aumento não imputada na denúncia”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 420. O juiz poderá proferir sen-

tença condenatória, nos estritos limites da denúncia, ainda que o Ministério Público tenha opina-do pela absolvição, não poden-do, porém, reconhecer qualquer agravante não alegada ou causa de aumento não imputada”.

Redação ora proposta: “Art. 420. O juiz não poderá proferir

sentença condenatória se o

Ministério Público tiver requerido a absolvição.Parágrafo único. Em caso de conde-nação, é vedado ao juiz reconhecer qualquer agravante não alegada ou causa de aumento não imputada na denúncia”.

A alteração sugerida no caput do artigo visa conformar a antiga previsão do CPP de 1941 ao sistema acusatório estabele-cido pela Constituição Federal de 1988.Em um sistema acusatório, o Ministério Público é o titular da pretensão acusa-tória, sendo que o Estado exerce o res-pectivo (e decorrente) poder de punir. Por isso é que se o Ministério Público desistir de sua pretensão acusatória (isto é, pedir a absolvição), o juiz absolutamente não pode condenar – pois isso representaria um indevido exercício do poder punitivo sem a necessária invocação.Assim, tendo em vista que a conforma-ção constitucional do processo penal é pelo sistema acusatório, seria incon-gruente (para não dizer inconstitucional) possibilitar uma atuação judicial (conde-nação) sem o anterior exercício da pre-tensão acusatória (pedido de absolvição pelo Ministério Público).Para melhor compreensão, deslocou-se a parte final da redação original do caput para o § 1º, inserindo-se um esclareci-mento importante quanto à impossibili-dade de condenação por agravante ou causa de aumento não contida na de-núncia. De fato, não basta ao Ministério Público inovar em suas alegações finais e requerer a aplicação de uma agravan-te ou causa de aumento; ou isso deveria constar da denúncia, ou, então, deverá o Ministério Público (se o caso) aditar a de-núncia, para acrescentar essa imputação.

119. Art. 421Dê-se a seguinte redação ao artigo 421 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 421. O juiz absolverá o réu, men-

cionando a causa na parte disposi-tiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato infração penal;IV - estar provado que o imputado não concorreu para a infração penal;V - não existir prova de ter o imputado concorrido para a infração penal;VI - existirem circunstâncias que ex-cluam a ilicitude ou que isentem o im-putado de pena (arts. 20 a 23, 26 e 28, § 1º, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida so-bre sua existência.Parágrafo único. Na sentença absolutó-ria, o juiz:I - mandará pôr o imputado em liber-dade;

II - ordenará a cessação das medidas cautelares provisoriamente aplicadas;III - aplicará medida de segurança, se cabível”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 421. O juiz absolverá o réu,

mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reco-nheça:

I - estar provada a inexistência do fato;II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato infração penal;IV - estar provado que o réu não con-correu para a infração penal;V - não existir prova de ter o réu con-corrido para a infração penal;VI - existirem circunstâncias que ex-cluam a ilicitude ou que isentem o réu de pena (arts. 20 a 23, 26 e 28, § 1º, todos do Código Penal), ou mes-mo se houver fundada dúvida sobre sua existência;VII - não existir prova suficiente para a condenação.Parágrafo único. Na sentença abso-lutória, o juiz:I - mandará pôr o réu em liberdade;II - ordenará a cessação das me-didas cautelares provisoriamente aplicadas;III - aplicará medida de segurança, se cabível”.

Redação ora proposta: “Art. 421. O juiz absolverá o réu, men-

cionando a causa na parte dispo-sitiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato infração penal; IV - estar provado que o im-putado não concorreu para a infra-ção penal;V - não existir prova de ter o imputa-do concorrido para a infração penal;VI - existirem circunstâncias que ex-cluam a ilicitude ou que isentem o imputado de pena (arts. 20 a 23, 26 e 28, § 1º, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência.Parágrafo único. Na sentença abso-lutória, o juiz:I - mandará pôr o imputado em li-berdade;II - ordenará a cessação das me-didas cautelares provisoriamente aplicadas;III - aplicará medida de segurança, se cabível”.

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CPP - LIVRO II / TÍTULO III

Propõe-se a supressão do inciso VII do caput, para que se adeque a redação legal ao princípio constitucional da pre-sunção de inocência (art. 5º, LVII).A “absolvição por insuficiência de provas para condenar” é, na verdade, um resquício do autoritarismo que permeou a formulação do Código de Processo Penal de 1941. Na medida em que pressupõe o alcance de uma condenação, a previsão parte de uma presunção de culpa, de todo incompatível com o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF).Ora, a inexistência de “prova suficien-te para a condenação” representa um estado de dúvida, que, à luz da Consti-tuição Federal, deve ser resolvida justa-mente em favor do réu (in dubio pro reo). Em outras palavras, o estado de dúvida sobre a “insuficiência de provas para a condenação” deve ser solucionado pela manutenção do estado de inocência.Portanto, para que o Código esteja con-forme à Constituição Federal, é neces-sário que se suprima o inciso VII.

120. Art. 423Dê-se a seguinte redação ao artigo 423 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 423. O juiz, ao proferir sentença

condenatória:I - mencionará as circunstâncias agra-vantes ou atenuantes definidas no Có-digo Penal; as primeiras, desde que te-nham sido alegadas pela acusação;II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser le-vado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Código Penal;III - aplicará as penas de acordo com es-sas conclusões;IV – arbitrará o valor mínimo da condena-ção civil por eventual dano material, des-de que tenha sido objeto de pedido ex-presso do Ministério Público na denúncia ou do assistente na primeira oportunida-de em que se manifestar nos autos;V - declarará os efeitos da condenação, na forma dos arts. 91 e 92 do Código Penal;VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e desig-nará o jornal em que será feita a publicação.Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamen-tadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de medida cautelar alternativa ou, em último caso, de prisão preventiva, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 423. O juiz, ao proferir sentença

condenatória:I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes

definidas no Código Penal; as pri-meiras, desde que tenham sido ale-gadas pela acusação;II - mencionará as outras circuns-tâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplica-ção da pena, de acordo com o dis-posto nos arts. 59 e 60 do Código Penal;III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões;IV - arbitrará o valor da condenação civil pelo dano moral, se for o caso;V - declarará os efeitos da condena-ção, na forma dos arts. 91 e 92 do Código Penal;VI - determinará se a sentença de-verá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação.Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a ma-nutenção ou, se for o caso, a im-posição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta”.

Redação ora proposta: “Art. 423. O juiz, ao proferir sentença

condenatória:I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal; as primeiras, des-de que tenham sido alegadas pela acusação;II - mencionará as outras circunstân-cias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Código Penal;III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões;IV – arbitrará o valor mínimo da con-denação civil por eventual dano ma-terial, desde que tenha sido objeto de pedido expresso do Ministério Público na denúncia ou do assisten-te na primeira oportunidade em que se manifestar nos autos;V - declarará os efeitos da condena-ção, na forma dos arts. 91 e 92 do Código Penal;VI - determinará se a sentença de-verá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação.Parágrafo único. O juiz decidirá, fun-damentadamente, sobre a manuten-ção ou, se for o caso, a imposição de medida cautelar alternativa ou, em último caso, de prisão preventiva, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta”.

A modificação do inciso IV, que trata da indenização civil a ser fixada na senten-

ça, é importante para evitar que a de-cisão sobre o caso penal seja prejudi-cada (ou acabe sendo contaminada) por questões que são afetas ao juízo cível.Assim, restringe-se a indenização apenas para eventuais danos mate-riais decorrentes da infração, afastan-do a discussão sobre danos morais (uma vez que ela envolve outros fato-res, muitos deles alheios à reconstru-ção do fato penal).Além disso, mantém-se a previsão atu-al de fixação de um valor mínimo, para evitar que o juízo penal tenha que adotar uma decisão definitiva sobre a questão, relegando, se o caso, eventual liquida-ção de valores para o juízo cível.Ainda, na linha da sedimentada jurispru-dência dos Tribunais Superiores (v.g., STJ, 6ª T., AgRg no REsp 1.626.962, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 06/12/2016, DJe 16/12/2016), estabele-ce-se a imprescindibilidade de um pedi-do expresso feito pelo Ministério Público quando do oferecimento da denúncia; ou de um pedido do assistente de acu-sação, na primeira oportunidade em que tiver para se manifestar nos autos. Por fim, no parágrafo único, inverteu--se a ordem das expressões “prisão preventiva” e “medida cautelar”, para conformar a redação ao iter decisório que o juiz deve tomar nessa situação – qual seja, começando a sua análise da medida menos invasiva (medidas cautelares alternativas) para a mais invasiva (prisão). 121. Art. 426Dê-se a seguinte redação ao artigo 426 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 426. A intimação da sentença será

feita:I - ao réu, pessoalmente, e ao seu defen-sor constituído, por publicação no Diário Oficial;II - mediante edital, se o imputado não for encontrado, e assim o certificar o ofi-cial de justiça.§ 1° Se o defensor não for encontrado, o juiz intimará o imputado para consti-tuir um novo no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Não o fazendo, a autoridade judicial designará outro defensor para receber a intimação.§ 2º O prazo do edital será de 90 (no-venta) dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (ses-senta) dias, nos outros casos.§ 3º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação na forma prevista no inciso I do caput deste artigo.§ 4º Na intimação do réu, o oficial de justiça consignará a intenção de recor-rer, quando manifestada no referido ato processual”.

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JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 426. A intimação da sentença

será feita:I - ao réu e ao seu defensor no pro-cesso, pessoalmente;II - mediante edital, se o réu não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.§ 1° Se o defensor não for encontra-do, o juiz intimará o réu para consti-tuir um novo no prazo de 48 (qua-renta e oito) horas. Não o fazendo, a autoridade judicial designará outro defensor para receber a intimação.§ 2º O prazo do edital será de 90 (noventa) dias, se tiver sido impos-ta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta) dias, nos outros casos.§ 3º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a

intimação na forma prevista no inciso I do caput deste artigo.§ 4º Na intimação do réu, o oficial de justiça consignará a intenção de recorrer, quando manifestada no re-ferido ato processual”.

Redação ora proposta: “Art. 426. A intimação da sentença

será feita:I - ao réu, pessoalmente, e ao seu defensor constituído, por publicação no Diário Oficial;

II - mediante edital, se o imputado não for encontrado, e assim o certifi-car o oficial de justiça.§ 1° Se o defensor não for encontra-do, o juiz intimará o imputado para constituir um novo no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Não o fazen-do, a autoridade judicial designará outro defensor para receber a inti-mação.§ 2º O prazo do edital será de 90 (noventa) dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tem-po igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta) dias, nos outros casos.§ 3º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação na forma prevista no inciso I do caput deste artigo.§ 4º Na intimação do réu, o oficial de justiça consignará a intenção de recorrer, quando manifestada no re-ferido ato processual”.

São duas as modificações feitas no inciso I. Por um lado, busca-se consignar de maneira expressa que o imputado deve ser intimado pessoalmente do conteúdo da sentença.Por outro lado, elimina-se a necessida-de de intimação pessoal do defensor constituído, a fim de se facilitar o trâmite do processo e, inclusive, evitar delongas nas diligências necessárias para intima-ção pessoal. Ademais, como, até a sen-tença, o defensor constituído é intimado por meio do Diário Oficial, não há motivo para se proceder de maneira diferente no momento da sentença.Importante ressaltar que o inciso I se apli-ca apenas aos defensores constituídos, de maneira que aos defensores dativos se aplica a regra da intimação pessoal, nos termos do art. 5º, § 5º, da Lei 1060/50.

TÍTULO IV - DAS QUESTÕES E DOS PROCES-SOS INCIDENTESCAPÍTULO II - DAS EXCEÇÕES 122. Art. 443Dê-se a seguinte redação ao artigo 443 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 443. O juiz poderá reconhecer sua

incompetência territorial em qual-quer momento do processo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:“Art. 443. Até o início da audiência

de instrução e julgamento, o juiz poderá reconhecer sua incom-petência territorial, prosseguin-do-se na forma do § 1 º art. 442”.

Redação ora proposta:

“Art. 443. O juiz poderá reconhecer sua incompetência territorial em qual-quer momento do processo”.

Pela proposta original, a incompetência territorial seria relativa, de maneira que se prorrogaria se não fosse alegada “até o início da audiência de instrução e jul-gamento”.Contudo, conforme a abalizada doutrina processual penal, “toda incompetência, mesmo a territorial, é absoluta” (BA-DARÓ, Gustavo. Processo penal. Rio de Janeiro: Campus, Elsevier, 2012, p. 227). Assim, sobre ela não incide preclu-são, de maneira que pode ser alegada a qualquer tempo.

TÍTULO V - DOS RECURSOS EM GERALCAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

123. Art. 458

Dê-se a seguinte redação ao artigo 458 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 458. A toda pessoa imputada da prá-

tica de uma infração penal é garan-tido o direito de recorrer a outro juiz ou tribunal de decisão que lhe seja desfavorável, observados os prazos e condições fixados neste Título.

Parágrafo único. Toda pessoa declarada culpada por um delito tem direito à re-visão ampla da condenação e da pena imposta, antes do início de sua execu-ção, por juiz ou tribunal diverso, em juízo público e oral, que verifique a sua lega-lidade e a sua suficiência para o rompi-mento da presunção de inocência”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 458. A toda pessoa acusada da

prática de uma infração penal é garantido o direito de recorrer a outro juiz ou tribunal de decisão que lhe seja desfavorável, ob-servados os prazos e condi-ções fixados neste Título”.

Redação ora proposta: “Art. 458. A toda pessoa imputada

da prática de uma infração penal é garantido o direito de recorrer a outro juiz ou tribunal de deci-são que lhe seja desfavorável, observados os prazos e condi-ções fixados neste Título.

Parágrafo único. Toda pessoa decla-rada culpada por um delito tem di-reito à revisão ampla da condenação e da pena imposta, antes do início de sua execução, por juiz ou tribunal diverso, em juízo público e oral, que verifique a sua legalidade e a sua su-ficiência para o rompimento da pre-sunção de inocência”.

Como o recurso de agravo estende-se, também, à fase de investigação, é um erro técnico usar apenas “acusado”, pois nessa fase haverá recorrente em caso de existência de acusação, logo, melhor o termo mais abrangente de “imputado”.Além da previsão do direito ao recurso de um modo genérico, é importante re-gular dispositivo específico sobre o di-reito ao reexame da condenação. Isso é importante para conformar o sistema brasileiro à Convenção Americana de Direitos Humanos e aos precedentes da Corte Interamericana.A previsão contida no caput do art. 458 é insuficiente para determinar de modo preciso o que é o direito ao recurso sobre a condenação, gerando muitas lacunas e

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CPP - LIVRO II / TÍTULO V

dúvidas para interpretação. Certamente, o reflexo mais importante do direito ao recurso, que de um modo genérico pode incluir outras decisões, é a possibilidade de reexame da condenação. 124. Art. 461 Dê-se a seguinte redação ao artigo 461 do Projeto de Lei no 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 461. O recurso poderá ser inter-

posto pelas partes e, nas hipóteses previstas em lei, pela vítima, pelo assistente ou por terceiro juridica-mente prejudicado.

§ 1º Ao imputado é facultado interpor o re-curso pessoalmente, por petição ou termo nos autos, devendo nessa hipótese pro-ceder-se à intimação pessoal do defensor para o oferecimento de razões. Caso o im-putado não tenha defensor constituído, de-verá o juiz competente nomear-lhe defensor para eventual interposição de recurso.§ 2º O recurso da defesa devolve inte-gralmente o conhecimento da matéria ao tribunal.§ 3º Em todos os casos, o recurso da acusação deverá apresentar impugna-ções específicas e motivadas à decisão judicial, vedando-se a mera reprodução de argumentos já afastados pelo julga-dor e contrários às súmulas e preceden-tes vinculantes do Supremo Tribunal Fe-deral e do Superior Tribunal de Justiça”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 461. O recurso poderá ser inter-

posto pelas partes e, nas hipóte-ses previstas em lei, pela vítima, pelo assistente ou por terceiro juridicamente prejudicado.

§ 1º Ao acusado é facultado inter-por o recurso pessoalmente, por petição ou termo nos autos, caso em que o juiz intimará ou, se neces-sário, nomeará defensor para apre-sentar as razões.§ 2º O recurso da defesa devolve in-tegralmente o conhecimento da ma-téria ao tribunal”.

Redação ora proposta: “Art. 461. O recurso poderá ser inter-

posto pelas partes e, nas hipóte-ses previstas em lei, pela vítima, pelo assistente ou por terceiro juridicamente prejudicado.

§ 1º Ao imputado é facultado inter-por o recurso pessoalmente, por pe-tição ou termo nos autos, devendo nessa hipótese proceder-se à intima-ção pessoal do defensor para o ofe-recimento de razões. Caso o impu-tado não tenha defensor constituído,

deverá o juiz competente nomear-lhe defensor para eventual interposição de recurso.§ 2º O recurso da defesa devolve in-tegralmente o conhecimento da ma-téria ao tribunal.§ 3o Em todos os casos, o recurso da acusação deverá apresentar impugna-ções específicas e motivadas à deci-são judicial, vedando-se a mera re-produção de argumentos já afastados pelo julgador e contrários às súmulas e precedentes vinculantes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça”. De modo semelhante à emenda modificativa ao art. 458, deve--se adotar terminologia mais ampla, de imputado em lugar de acusado, pois o recurso é cabível também na fase de investigação preliminar.

A segunda parte pretende garantir o direito do imputado ter defensor sempre que hou-ver decisão passível de recurso, mesmo em fase de investigação, o que reforça a intenção do Projeto de se iniciar uma atu-ação defensiva desde o início da persecu-ção, garantindo, assim, o direito constitu-cional à assistência jurídica.Ademais, um meio de reduzir a demora jurisdicional e a quantidade de recursos interpostos é limitar a possibilidade de reiteração de argumentos já afastados e contrários às súmulas e precedentes dos tribunais superiores. Pesquisas empíricas demonstram que um dos grandes motivos de sobrecarga dos tribunais superiores é a interposição de recursos e impetração de habeas corpus para alterar decisões de tribunais que contrariam expressamente posições firmadas anteriormente. Assim, deve-se impedir à acusação a in-terposição de recursos sem impugnações específicas e motivadas, que apresentem argumentos já repudiados pelos tribunais superiores. Tal medida deve ser aplica-da também em relação à interposição de apelação sobre eventuais absolvições.

125. Art. 463Dê-se a seguinte redação ao artigo 463 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 463. Salvo a hipótese de má-fé, a

defesa não será prejudicada pela in-terposição de um recurso por outro, ainda que não respeitado o prazo do recurso correto cabível”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 463. Salvo a hipótese de má-

-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro”.

Redação ora proposta: “Art. 463. Salvo a hipótese de má-

-fé, a defesa não será prejudi-cada pela interposição de um recurso por outro, ainda que não respeitado o prazo do re-curso correto cabível”.

Embora o PL 8.045/10 adote redação semelhante ao CPP/41, que já era cla-ra em limitar a fungibilidade somente em casos de má-fé, é necessário rei-terar a desnecessidade de atenção ao prazo do recurso adequado ao caso. Se houve a interposição equivocada de recurso, provavelmente não será atendido o prazo do recurso correto, mas aquele do recurso que foi errone-amente interposto. Portanto, se não houve má-fé em tal atitude, deve-se admitir o recurso como correto fosse.

126. Art. 471Dê-se a seguinte redação ao artigo 471 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 471. No recurso da defesa, é proi-

bido ao tribunal agravar, de qual-quer modo, a situação jurídica do imputado. Em recurso da acusa-ção, o tribunal não poderá piorar a situação do imputado sem a im-pugnação específica do recorrente sobre a questão.

§ 1º Declarada a nulidade da decisão recorrida, a situação jurídica do impu-tado não poderá ser agravada no novo julgamento.§ 2º No recurso exclusivo da acusa-ção, poderá o tribunal conhecer de matéria que, de qualquer modo, favo-reça o acusado.§ 3º A vedação ao agravamento da si-tuação do imputado, quando não houver impugnação acusatória, aplica-se tam-bém em casos de incompetência absoluta do julgador, erros materiais na sentença e novo julgamento pelo Tribunal do Júri”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 471. No recurso da defesa, é

proibido ao tribunal agravar a si-tuação jurídica do acusado.

§ 1º Declarada a nulidade da deci-são recorrida, a situação jurídica do acusado não poderá ser agravada no novo julgamento.§ 2º No recurso exclusivo da acusa-ção, poderá o tribunal conhecer de matéria que, de qualquer modo, favo-reça o acusado”.

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Redação ora proposta: “Art. 471. No recurso da defesa, é

proibido ao tribunal agravar, de qualquer modo, a situação jurídi-ca do imputado. Em recurso da acusação, o tribunal não poderá piorar a situação do imputado sem a impugnação específica do recorrente sobre a questão.

§ 1º Declarada a nulidade da deci-são recorrida, a situação jurídica do imputado não poderá ser agravada no novo julgamento.§ 2º No recurso exclusivo da acu-sação, poderá o tribunal conhecer de matéria que, de qualquer modo, favoreça o acusado.§ 3º A vedação ao agravamento da situação do imputado, quando não houver impugnação acusatória, apli-ca-se também em casos de incom-petência absoluta do julgador, erros materiais na sentença e novo julga-mento pelo Tribunal do Júri”.

A modificação sugerida no caput do artigo tem por finalidade deixar mais clara a vedação de reformatio in pe-jus, que abrange qualquer hipótese de agravamento à situação do acusado, como alteração de regime, aumento de pena, imposição de medida de se-gurança etc. Além disso, mesmo em recurso da acusação, o tribunal não poderá piorar a situação do imputado por questões não impugnadas pela acusação. Já a inserção de um pará-grafo 3º visa abordar as três exceções normalmente apontadas por parte da doutrina à vedação de reformatio in pejus – para as quais os Tribunais Superiores já assentaram posição afir-mando a aplicabilidade de tal vedação também em tais casos.

CAPÍTULO III – DA APELAÇÃO

127. Art. 480Dê-se a seguinte redação ao artigo 480 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 480. Da decisão que extingue o

processo, com ou sem resolução do mérito, caberá apelação no prazo de 15 (quinze) dias. (...)

§ 3º A apelação em favor do impu-tado será recebida também no efeito suspensivo, ressalvada a eficácia de medidas cautelares, em relação às quais o apelante poderá requerer ao relator, mediante petição, a conces-são de efeito suspensivo.§ 4º O requerimento a que se refere o § 3.º deverá ser instruído ao menos com a sentença e cópia integral da petição de apelação.

§ 5º Não concedido efeito suspen-sivo à apelação, o recurso deverá ser julgado em até 90 (noventa) dias, contados a partir da entrada dos au-tos no tribunal, não se computando a demora imputável a ato procrastina-tório do apelante.§ 6º Não julgada a apelação no prazo fixado, por demora não imputável a ato procrastinatório do apelante, cessará automaticamente a eficácia da medida cautelar, sem prejuízo da continuidade do processamento do recurso”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “§ 3º A apelação em favor do acu-sado será recebida também no efei-to suspensivo, devendo o juiz de-cidir, fundamentadamente, sobre a necessidade de manutenção ou, se for o caso, de imposição de medidas cautelares, sem prejuízo do conheci-mento da apelação”.

Redação ora proposta: “§3º A apelação em favor do impu-tado será recebida também no efeito suspensivo, ressalvada a eficácia de medidas cautelares, em relação às quais o apelante poderá requerer ao relator, mediante petição, a conces-são de efeito suspensivo.§ 4º O requerimento a que se refere o § 3.º deverá ser instruído ao menos com a sentença e cópia integral da petição de apelação.§ 5º Não concedido efeito suspen-sivo à apelação, o recurso deverá ser julgado em até 90 (noventa) dias, contados a partir da entrada dos au-tos no tribunal, não se computando a demora imputável a ato procrastina-tório do apelante.§ 6º Não julgada a apelação no pra-zo fixado, por demora não imputável a ato procrastinatório do apelante, cessará automaticamente a eficácia da medida cautelar, sem prejuízo da continuidade do processamento do recurso”.

Com relação ao § 3º, foi substituída a expressão “defesa” para “acusado”, por ser mais técnica. De outro lado, altera--se a expressão, “imposição de medidas cautelares”, para “eficácia de medidas cautelares”, pois não é a sua interposi-ção que ficará suspensa, mas os efeitos da medida cautelar que seja deferida. Com relação à parte final acrescida, ob-jetiva-se disciplinar a possibilidade de o imputado obter efeito suspensivo da efi-cácia de medidas cautelares, até que os

autos cheguem ao tribunal competente.A sistemática adotada na apelação, com relação ao efeito suspensivo das medi-das cautelares é diversa daquela suge-rida para o agravo, uma vez que a sen-tença é resultado de cognição profunda, tendo o juiz já julgado o mérito da causa, não havendo atos novos a serem a ele levados pelo acusado. Por outro lado, no regime do agravo, a decisão que im-põe medida cautelar muitas vezes não leva em conta fatos e argumentos de-duzidos posteriormente pela parte que sofre seus efeitos. Com relação aos §§ 3º e 4º, cria-se a possibilidade de o apelante, afetado por medida cautelar, buscar perante o Tribu-nal ad quem, a concessão de efeito sus-pensivo. Com isso está se assegurando, por mais essa via, uma redução da in-cidência do habeas corpus. Para tanto, não desconhecendo que o julgador con-cedente da medida coativa em sede de sentença já julgou o mérito da causa em desfavor do imputado e, por isso, tende-rá a manter sua decisão sem efeito sus-pensivo nessa parte coativa, é conferido ao recorrente, de maneira direta e ime-diata, em petição instruída com as peças essenciais e já existentes, a possibilida-de de provocar uma revisão liminar do relator sobre o tema, com prazo de 48 (quarenta e oito) horas para decidir. O § 5º prevê que a apelação deverá ser julgada em prazo não superior a 90 (no-venta dias), que começa a fluir da data de entrada do recurso no tribunal. O aumen-to desse prazo em relação ao julgamento do agravo tem em vista dois aspectos: o primeiro, é a maior complexidade que as apelações contêm, em regra, em relação aos agravos; o segundo, é a referência temporal para a revisão da prisão pre-ventiva. Com essa medida se pretende conferir maior celeridade aos julgamen-tos perante os tribunais, notadamente quando está envolvida matéria referente à restrição à liberdade do cidadão. Como forma de garantir a eficácia e obediência do estipulado no § 5º, como importante medida de agilização dos julgamentos perante os Tribunais e de celeridade da resposta jurisdicional no julgamento da causa, o § 6.º prevê san-ção processual de concessão automáti-ca do efeito suspensivo se não ocorrer o julgamento do recurso no prazo fixado. Ressalvou-se que, nesse prazo, não se computará o tempo gasto com atos pro-crastinatórios do apelante.

128. Art. 484Dê-se a seguinte redação ao artigo 484 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 484. A apelação devolverá ao tribu-

nal o conhecimento da matéria im-pugnada pela acusação, sem preju-ízo do disposto no § 2º do art. 471.

Parágrafo único. A apelação da acusa-

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CPP - LIVRO II / TÍTULO V

ção sobre a valoração das provas não poderá resultar em reforma da absolvi-ção, mas somente em sua anulação, se houver insuficiência ou falta de racio-nalidade na motivação fática, erro ma-nifesto no juízo inferencial ou não con-sideração de provas lícitas e relevantes produzidas no processo”.

Proposta do PL nº 8.045/2010:Art. 484. A apelação devolverá ao

tribunal o conhecimento da ma-téria impugnada pela acusação, sem prejuízo do disposto no § 2º do art. 471.

Redação ora proposta:

“Art. 484. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da ma-téria impugnada pela acusação, sem prejuízo do disposto no § 2º do art. 471.

Parágrafo único. A apelação da acu-sação sobre a valoração das provas não poderá resultar em reforma da

absolvição, mas somente em sua anu-lação, se houver insuficiência ou falta de racionalidade na motivação fática, erro manifesto no juízo inferencial ou não consideração de provas lícitas e relevantes produzidas no processo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Trata-se de dispositivo inspirado em recente reforma na lei processual espa-nhola (Ley 41/2015), com o objetivo de adequar a sistemática da apelação à ne-cessidade de oralidade e publicidade no juízo de segundo grau, além do direito ao recurso do imputado e da vedação de dupla persecução.Assim, seria reduzida a sobrecarga de processos nos Tribunais, com a restri-ção das impugnações sobre questões de fato e probatórias, valorizando o juízo de primeiro grau.Somente em casos de manifesta irra-cionalidade da valoração ou de defici-ências na motivação e consideração do lastro probatório produzido se admitiria a anulação da absolvição.

129. Art. 485Dê-se a seguinte redação ao artigo 485 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 485. A apelação da sentença abso-

lutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade, revogando-se de imediato todas as medidas cautelares eventualmente existentes”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 485. A apelação da sentença

absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade”.

Redação ora proposta: “Art. 485. A apelação da sentença

absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamen-te em liberdade, revogando-se de imediato todas as medidas cautelares eventualmente exis-tentes”.

A redação proposta torna o dispositivo mais claro, explicitando as consequên-cias da sentença absolutória, também a eventuais medidas cautelares reais.

130. Art. 487Dê-se a seguinte redação ao artigo 487 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 487. No julgamento das apelações,

o tribunal, câmara, turma ou outro órgão fracionário competente pode-rá, mediante requerimento da defe-sa, proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.

§ 1o Os atos previstos no caput deste artigo deverão ser realizados em audi-ência pública e oral, com a presença das partes e dos julgadores competentes.§ 2o Se houver produção de provas no-vas, será concedida à outra parte a pos-sibilidade de contraditá-las.§ 3o A acusação não poderá produzir provas novas, mas somente eventuais elementos para realizar o contraditório sobre as provas produzidas por reque-rimento da defesa”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 487. No julgamento das apela-

ções, o tribunal, câmara, turma ou outro órgão fracionário com-petente poderá, mediante reque-rimento do apelante, proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou deter-minar outras diligências”.

Redação ora proposta: “Art. 487. No julgamento das apela-

ções, o tribunal, câmara, turma ou outro órgão fracionário com-petente poderá, mediante

requerimento da defesa, proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.§ 1o Os atos previstos no caput des-te artigo deverão ser realizados em audiência pública e oral, com a pre-sença das partes e dos julgadores competentes.§ 2o Se houver produção de provas novas, será concedida à outra parte a possibilidade de contraditá-las.§ 3o A acusação não poderá pro-duzir provas novas, mas somente eventuais elementos para realizar o contraditório sobre as provas produ-zidas por requerimento da defesa”.

A redação proposta no dispositivo al-meja garantir o respeito ao contraditório em eventual produção de provas novas no juízo recursal, determinando a sua realização em audiência oral e pública. Contudo, é fundamental limitar tal pos-sibilidade em relação à acusação, de modo a resguardar a vedação à dupla persecução.

CAPÍTULO IV – DOS EMBARGOS INFRIN-GENTES

131. Art. 496Dê-se a seguinte redação ao artigo 496 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 496. O prazo para interposição

dos recursos extraordinário e es-pecial iniciará quando o recor-rente for intimado da decisão dos embargos infringentes, inclusive em relação à parte unânime do acórdão recorrido”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 496. O prazo para interposição

dos recursos extraordinário e especial ficará sobrestado até que o recorrente seja intimado da decisão dos embargos in-fringentes, inclusive em relação à parte unânime do acórdão re-corrido”.

Redação ora proposta: “Art. 496. O prazo para interposição

dos recursos extraordinário e especial iniciará quando o re-corrente for intimado da decisão dos embargos infringentes, in-clusive em relação à parte unâ-nime do acórdão recorrido”.

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Como é cediço na doutrina e na juris-prudência, a oposição de embargos in-fringentes interrompe (e não suspende ou sobresta) o prazo para os recursos especial e extraordinário. Assim, mais adequado falar em início do prazo a par-tir da intimação da decisão dos embar-gos infringentes, de modo, então, que começará o prazo (em sua integralidade) para a interposição dos recursos espe-cial e extraordinário.

CAPÍTULO V – DOS EMBARGOS DE DE-CLARAÇÃO

132. Art. 497Dê-se a seguinte redação ao artigo 497 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 497. Cabem embargos de declara-

ção quando:I - esclarecerem obscuridade ou eliminar contradição;II - suprirem omissão de ponto ou ques-tão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;III - corrigirem erro material.§ 1o Considera-se omissa a decisão que incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.§ 2º Os embargos só terão efeito mo-dificativo na medida do esclarecimento da obscuridade, da eliminação da con-tradição ou do suprimento da omissão, ouvida a parte contrária no prazo de 5 (cinco) dias§ 3o Os embargos serão opostos no prazo de 5 (cinco) dias, em petição diri-gida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso.§ 4o O juiz julgará os embargos no pra-zo de 5 (cinco) dias. No tribunal, o rela-tor apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, independente-mente de intimação, proferindo voto”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 497. Cabem embargos de de-

claração quando: I – houver, na decisão, obscuridade ou contradição; II – for omitido ponto sobre o qual de-via pronunciar-se o juiz ou tribunal”.

Redação ora proposta: “Art. 497. Cabem embargos de de-

claração quando:I - esclarecerem obscuridade ou eli-minar contradição;II - suprirem omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pro-nunciar o juiz de ofício ou a reque-rimento;III - corrigirem erro material.

§ 1o Considera-se omissa a decisão que incorra em qualquer das condu-tas descritas no art. 489, § 1º.§ 2º Os embargos serão opostos no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz ou relator, com indica-ção do ponto obscuro, contraditório ou omisso”.

Adota-se redação semelhante à introduzi-da pelo Novo Código de Processo Civil, em razão de sua maior precisão, delimitando de modo mais adequado as hipóteses de embargos de declaração, especialmente ao especificar a correção de erro material.Exclui-se a limitação de oposição dos embargos de declaração “uma única vez”. Trata-se de medida abusiva, pois nos casos em que a omissão, obscuri-dade ou contradição se mantiver, é ne-cessária a oposição de novos embargos.

CAPÍTULO VI – DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 133. Art. 500Dê-se a seguinte redação ao artigo 500 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 500. Caberá recurso ordinário ao

Supremo Tribunal Federal das de-cisões denegatórias de habeas cor-pus e de mandado de segurança originários do Superior Tribunal de Justiça, e das sentenças por crimes políticos, nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 500. Caberá recurso ordinário

ao Supremo Tribunal Federal das decisões denegatórias de habeas corpus e de mandado de seguran-ça originários do Superior Tribunal de Justiça, nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias”.

Redação ora proposta: “Art. 500. Caberá recurso ordinário

ao Supremo Tribunal Federal das decisões denegatórias de habeas corpus e de mandado de seguran-ça originários do Superior Tribunal de Justiça, e das sentenças por crimes políticos, nos próprios au-tos, no prazo de 10 (dez) dias”.

A Constituição Federal (art. 102, II, b) regula o cabimento de Recurso Ordiná-rio Constitucional também em face das sentenças em crimes políticos. É neces-sário compatibilizar o CPP.

CAPÍTULO VIII – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS NOS TRI-BUNAIS 134. Art. 518Dê-se a seguinte redação ao artigo 518 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 518. No agravo de instrumento e

no recurso de apelação, quando não for caso de apreciação de con-cessão ou manutenção de efeito suspensivo, os autos serão remeti-dos ao Ministério Público, indepen-dentemente de despacho, para ma-nifestação em 10 (dez) dias.

Parágrafo único. O relator decidirá sobre a concessão ou não do efeito suspensi-vo, bem como acerca da necessidade de manutenção ou substituição das medidas cautelares, com comunicação da decisão ao juízo a quo e posterior encaminhamen-to dos autos ao Ministério Público”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 518. No agravo de instrumento

e no recurso de apelação, res-salvado o caso de requerimento expresso de concessão de efei-to suspensivo, os autos serão remetidos ao Ministério Público, independentemente de despa-cho, para manifestação em 10 (dez) dias.

Parágrafo único. O relator, ou órgão instituído por norma de organização judiciária, decidirá sobre a conces-são ou não do efeito suspensivo, bem como acerca da necessidade de manutenção ou substituição das medidas cautelares, com comunica-ção da decisão ao juízo e posterior encaminhamento dos autos ao Mi-nistério Público”.

Redação ora proposta: “Art. 518. No agravo de instrumento

e no recurso de apelação, quan-do não for caso de apreciação de concessão ou manutenção de efeito suspensivo, os autos serão remetidos ao Ministério Público, independentemente de despacho, para manifestação em 10 (dez) dias.

Parágrafo único. O relator decidirá so-bre a concessão ou não do efeito sus-pensivo, bem como acerca da neces-sidade de manutenção ou substituição das medidas cautelares, com comu-nicação da decisão ao juízo a quo e posterior encaminhamento dos autos ao Ministério Público”.

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CPP - LIVRO III / TÍTULO I

No caput, a redação foi adequada à nova sistemática do efeito suspensivo da apelação e do agravo. No parágrafo único, acrescentou-se o termo “a quo” para melhor entendimento da regra.

135. Art. 521Dê-se a seguinte redação ao artigo 521 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 521. Não haverá revisor no julga-

mento de recurso de agravo”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 521. Não haverá revisor no jul-

gamento de recursos de agravo e de apelação, ressalvada a hi-pótese de processo da compe-tência do Tribunal do Júri”.

Redação ora proposta: “Art. 521. Não haverá revisor no jul-

gamento de recurso de agravo”.

Diante da necessidade de efetivação do direito ao recurso sobre a condenação, é importante ressaltar a importância da ape-lação, como instrumento para reexame amplo, inclusive da matéria fática, sobre a legalidade e a suficiência da sentença condenatória para fragilização da presun-ção de inocência. Portanto, é importante manter a atuação do revisor nos recursos de apelação, por apresentarem complexi-dade e importância fundamental.

136. Art. 522Dê-se a seguinte redação ao artigo 522 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 522. O recorrente poderá sustentar

oralmente suas razões, cabendo ao recorrido se manifestar no mesmo prazo. No caso de recurso da de-fesa, poderá ela se manifestar no-vamente, após o Ministério Público.

Parágrafo único. O representante do Minis-tério Público no juízo recursal poderá dis-cordar das razões do recurso acusatório interposto e desistir do seu julgamento”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 522. O recorrente poderá sustentar

oralmente suas razões, cabendo ao recorrido se manifestar no mesmo prazo. No caso de recurso da defe-sa, poderá ela se manifestar nova-mente, após o Ministério Público.”.

Redação ora proposta: “Art. 522. O recorrente poderá sus-

tentar oralmente suas razões, cabendo ao recorrido se mani-festar no mesmo prazo. No caso de recurso da defesa, poderá ela se manifestar novamente, após o Ministério Público.

Parágrafo único. O representante do Ministério Público no juízo recursal poderá discordar das razões do re-curso acusatório interposto e desistir do seu julgamento”.

Um modo de evitar a sobrecarga dos tribunais é dar maior espaço para as manifestações de oportunidade ao Mi-nistério Público. No sistema atual, é evi-dente a falta de lógica na possibilidade do representante do MP em segundo grau discordar do recurso interposto por outro membro, podendo arguir oral-mente em sentido contrário, mas não havendo a possibilidade de desistência do recurso. O representante do MP em segundo grau é o responsável pelo re-curso e deve ter poderes para sustentar sua fundamentação ou desistir do seu julgamento.

137. Art. 523, §2o“Suprima-se o parágrafo 2o do art. 523 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 523. No caso de impossibilida-

de de observância de qualquer dos prazos pelo julgador, os mo-tivos da demora serão declara-dos nos autos.

§ 1º Não havendo o julgamento na sessão designada, o processo deverá ser imediatamente incluído em pauta.§ 2o Não observado o prazo legal para manifestação do Ministério Pú-blico, o relator requisitará os autos para prosseguir ao julgamento”.

Redação ora proposta: “Art. 523. No caso de impossibilida-

de de observância de qualquer dos prazos pelo julgador, os mo-tivos da demora serão declara-dos nos autos.

Parágrafo único. Não havendo o julgamento na sessão designada, o processo deverá ser imediatamente incluído em pauta”.

Uma vez que as emendas anteriormente sugeridas visam à supressão da atua-ção do Ministério Público como custos legis em grau recursal (e, portanto, à eli-minação do oferecimento de “parecer” pelo Parquet, após as razões e contrar-razões recursais), não há motivo para se manter o § 2º do projetado art. 523, que previa a hipótese de requisição dos au-tos justamente quando estivessem com o Ministério Público para parecer. LIVRO III DAS MEDIDAS CAUTELA-RES

TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS 138. Art. 525 Dê-se a seguinte redação ao artigo 525 do Projeto de Lei n. 8045/2010, que tra-ta do “Código de Processo Penal”:“Art. 525. No curso do processo penal,

as medidas cautelares serão decre-tadas pelo juiz, a requerimento das partes ou interessados, observados os princípios da Constituição Fe-deral, do Código e as disposições deste livro.

§ 1º Durante a fase de investigação, a decretação depende de requerimento do Ministério Público, com ou sem re-presentação do delegado de polícia.§ 2º O juiz somente decretará medida cautelar de ofício se a medida substituir a prisão ou outra cautelar anteriormente imposta mais invasiva dos direitos fun-damentais do imputado”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8045/2010:

“Art. 525. No curso do processo pe-nal, as medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes, ob-servados os princípios do Códi-go e as disposições deste livro.

Parágrafo único. Durante a fase de investigação, a decretação depende de requerimento do Ministério Pú-blico ou de representação do dele-gado de polícia, salvo se a medida substituir a prisão ou outra cautelar anteriormente imposta, podendo, neste caso, ser aplicada de ofício pelo juiz”.

Redação ora proposta:

“Art. 525. No curso do processo pe-nal, as medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, a requeri-mento das partes ou interessa-dos, observados os princípios da Constituição Federal, do Código e as disposições deste livro.

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Parágrafo único. Durante a fase de investigação, a decretação depen-de de requerimento do Ministério Público, com ou sem representação do delegado de polícia, salvo se a medida substituir a prisão ou outra cautelar anteriormente imposta mais invasiva aos direitos fundamentais do imputado, podendo neste caso ser aplicada de ofício”.

Uma das ideias fundamentais norte-adoras das emendas propostas pelo IBCCrim é controlar o manuseio de decisões de ofício pelos juízes. E, em matéria de medidas cautelares pesso-ais, deve-se ter o mesmo cuidado e se evitar, ao máximo, a possibilidade de haver decisões de ofício. A razão específica para isso, nessa matéria, é que a medida cautelar visa instrumen-talizar uma proteção ao exercício da ação penal. E esse exercício é titulari-zado pelo representante do Estado: o Ministério Público. Por se tratar, pois, de medidas aces-sórias ao exercício da ação penal, re-futa-se aqui a possibilidade de o juiz decretar medida cautelar de ofício. E, pela mesma lógica, aduzindo-se a característica de delegado de polícia não ser legitimado ativo para o exer-cício da ação penal, refuta-se a pos-sibilidade de participação ativa sua na decretação de qualquer das medidas. Por isso, centra-se a possibilidade de serem decretadas, salvo se vierem para aliviar a ofensa aos direitos fun-damentais do imputado, no indecliná-vel pedido do representante do Minis-tério Público.

139. Art. 531 Dê-se a seguinte redação ao artigo 531 do Projeto de Lei n. 8045/2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 531. Ressalvados os casos de

perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedidocautelar, determinará a intimação do impu-tado, para se manifestar no prazo de 2 (dois) dias”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8045/2010: “Art. 531. Ressalvados os casos de

perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido cau-telar, determinará a intimação do Ministério Público, da parte con-trária e dos demais interessa-dos, para que se manifestem no prazo comum de 2 (dois) dias.

Parágrafo único (...)”.

Redação ora proposta:

“Art. 531. Ressalvados os casos de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido cau-telar, determinará a intimação do imputado, para se manifestar no prazo sucessivo de 2 (dois) dias.

Parágrafo único. Suprimido”.

Como já justificado, o norte é privilegiar a atuação do Ministério Público em sede de medidas cautelares, na sua atuação de parte no processo penal. Caso a situação surja quando inexiste ainda a formalização de parte no processo penal, ou seja, em investigações preliminares, melhor tratar de “interessado”. De qualquer maneira, a expressão “demais interessados”, além do Ministério Público e da parte contrá-ria, confunde a interpretação porque não define o papel do Ministério Público como parte e privilegia o que aqui se tem tentado controlar, que é a falta de limites para atua-ção de terceiros no processo penal. Na medida em que se opta por inserir a sucessividade de prazos nas manifesta-ções, decide-se por suprimir o parágra-fo único do dispositivo.

TÍTULO II – DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS

148. Art. 533 e 604Suprima-se o inciso IX do artigo 533 e a Seção XIII - Suspensão do poder fa-miliar, artigo 604, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”: JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:Art. 533. São medidas cautelares pessoais:

(...)XIII – suspensão do registro de arma de fogo e da autorização para porte;XIV – suspenção do poder familiarXV – bloqueio de endereço eletrônico na internet;XV – liberdade provisória. (...)“Seção XIII - Suspensão do poder familiarArt. 604. Se o crime for praticado con-

tra a integridade física, os bens ou interesses do filho menor de ida-de, o juiz poderá suspender, total ou parcialmente, o exercício do poder familiar que compete aos pais, na hipótese em que o limite máximo da pena cominada seja superior a 4 (quatro) anos.

Parágrafo único. Não é cabível a apli-cação da medida cautelar prevista no

caput deste artigo se o juízo cível apreciar pedido de suspensão ou extinção do poder familiar formula-do com antecedência e baseado nos mesmos fatos”.

Redação ora proposta:

Art. 533. São medidas cautelares pessoais:

(...)XII – proibição de se aproximar ou man-ter contato com pessoa determinada;XIII – suspensão do registro de arma de fogo e da autorização para porte;XIV – bloqueio de endereço eletrôni-co na internet;XV – liberdade provisória. (...)

Sugere-se, aqui, a eliminação da medida cautelar de suspensão do poder familiar, uma vez que essa questão deve ser deci-dida no Juízo de Família, que é muito mais adequado que o Juízo Penal para compre-ensão dos fatos relativos ao poder familiar e preservação dos interesses envolvidos.Afinal, o Juízo Penal deve se ater na maior medida possível às questões afetadas ao caso penal, evitando imiscuir-se em ques-tões alheias ao campo penal (como, por exemplo, a questão aqui tratada do poder familiar, afeta ao Direito de Família). CAPÍTULO I – DA PRISÃO PROVISÓRIA

Seção I - Disposições preliminares

141. Art. 535 Dê-se a seguinte redação ao artigo 535 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 535. Antes do trânsito em julgado

da sentença penal condenatória, a prisão ficará limitada às seguintes modalidades:

I – prisão em flagrante;II – prisão preventiva”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 535. Antes do trânsito em julga-do da sentença penal condena-tória, a prisão ficará limitada às seguintes modalidades:

I – prisão em flagrante;II – prisão preventiva;III – prisão temporária”.

Redação ora proposta:

“Art. 535. Antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória,

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CPP - LIVRO III / TÍTULO II

a prisão ficará limitada às seguintes modalidades:I – prisão em flagrante;II – prisão preventiva”.

A revogação da previsão da prisão tem-porária no direito processual penal bra-sileiro não causará qualquer prejuízo às apurações dos fatos criminais, e nem deixará desguarnecido qualquer interes-se cautelar na persecução penal. Como se sabe, a lei que prevê a prisão temporária (Lei nº 7960/90) decorreu de conversão (PLV 39/1989, no âmbito do Senado Federal) de texto originário de Medida Provisória nº 111/1989. Em razão de cogitação de vícios formais na tramitação e por tratar, à época, da disciplina processual penal por meio de medida provisória ulteriormente conver-tida em lei que literalmente reproduziu seus teores, chegou a ter sua incons-titucionalidade arguida (ADI 162, Rel. Min. Moreira Alves), mas nunca aprecia-da justamente porque a ação foi julgada prejudicada exatamente em razão da conversão da citada medida provisória em lei (acórdão publicado no Diário da Justiça de 27.08.1993).De toda forma, por mais que se diga que a prisão temporária ainda tem alguma justificativa à luz de sua especificidade instrutória e de sua curta duração, fato é que a necessidade instrutória ou bem é preservada com a imposição de prisão preventiva, ou a sua própria curta dura-ção não é mais argumento plausível. De-mais disso, é de se pensar se, do ponto de vista da manutenção do sistema pro-cessual penal em funcionamento, essa modalidade particular de prisão proces-sual guarda alguma justificativa à luz dos requisitos específicos de fumus comissi delicti aliado ao periculum libertatis. Quanto à instrução, pode-se imaginar que a prisão preventiva cumprirá os mesmos desideratos da prisão tempo-rária e, sendo, agora como se projeta, prisão com revisão periódica, poderá ter duração abreviada, sem prejuízo de – na motivação explícita em sua decretação –, se poder divisar que, uma vez cumpri-dos os atos específicos de colheita de informações, a própria prisão preventiva seja revogada. Quer-se dizer com isso: ao se instituir prazos fixos de controle jurisdicional pela autoridade judiciária e, bem assim, prazo final para a própria duração da prisão preventiva, haverá sobreposição de modalidades distintas de prisão processual no ordenamento brasileiro, o que não é nem desejável do ponto de vista sistemático, e nem muito menos aceitável do ponto de vista do respeito à prevalência da liberdade. E quanto ao aventado prazo da prisão temporária, com a lista majoritária de cri-mes hediondos e equiparados, o que se vê comumente é que os prazos da pró-

pria prisão temporária são muito mais elásticos do que os 5 (cinco) dias que a Lei nº 7960/90 previa em sua origem. Também por esse prisma, tal modalida-de de prisão em muito se aproxima da prisão preventiva, que passará também a prever prazo rígido de controle de du-ração, atendida a cautelaridade. Enfim, pode-se dizer que a prisão tem-porária jamais havia se acomodado no sistema processual penal brasileiro. Agora há uma grande chance de se ex-tirpá-la do mundo jurídico, adequando--se à cautelaridade exclusivamente às situações de prisão ante tempus no pro-cesso penal brasileiro.

142. Art. 537Dê-se a seguinte redação ao artigo 537 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 537. Não será permitido o emprego

de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.

§ 1º. Do mesmo modo, o emprego de algemas constitui medida excepcional, justificando-se apenas em situações de resistência à prisão, fundado receio de fuga ou para preservar a integridade físi-ca própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcio-nalidade por escrito, sob pena de res-ponsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulida-de da prisão, sem prejuízo da responsa-bilidade civil do Estado”.(...)” JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 537. Não será permitido o em-

prego de força, salvo a indispen-sável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.

§ 1º. Do mesmo modo, o emprego de algemas constitui medida excep-cional, justificando-se apenas em situações de resistência à prisão, fundado receio de fuga ou para pre-servar a integridade física do execu-tor, do preso ou de terceiros”.

Redação ora proposta: “Art. 537. Não será permitido o em-

prego de força, salvo a indispen-sável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.

§ 1º. Do mesmo modo, o emprego de algemas constitui medida excep-cional, justificando-se apenas em situações de resistência à prisão, fundado receio de fuga ou para pre-servar a integridade física própria ou

alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionali-dade por escrito, sob pena de res-ponsabilidade disciplinar, civil e pe-nal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.

A redação sugerida ao art. 537, § 1º se adequa aos termos constantes da Súmula Vinculante n.11, do Supre-mo Tribunal Federal, que consagra os entendimentos já enfrentados pela Suprema Corte em matéria de uso de algemas. A utilização dessa redação é melhor do que a constante do PL 8.045 porque também traz as descri-ções de responsabilização individual e objetiva em caso de descumprimento do preceito, o que não constava da re-dação originária do PL 8.045. O reparo feito, consagrado na proposta de redação, é apenas quanto à conse-quência do uso descabido de algemas, anulando-se tão-somente a prisão e não (como consta do verbete sumular) o ato processual que lhe rendeu ensejo. 143. Art. 538 Dê-se a seguinte redação ao artigo 538 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 538. A autoridade judicial que orde-

nar a prisão fará expedir o respecti-vo mandado.

§ 1º. O mandado de prisão:(...) V - trará informações sobre os di-reitos do preso, nos termos dos artigos 545 e 546 deste Código”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 538. A autoridade judicial que

ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.

§ 1º. O mandado de prisão:(...) V - trará informações sobre os di-reitos do preso”.

Redação ora proposta: “Art. 538. A autoridade judicial que

ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.

§ 1º. O mandado de prisão:(...) V - trará informações sobre os direitos do preso, nos termos dos ar-tigos 545 e 546 deste Código.

O Projeto de Lei 8.045/2010 tomou fir-me posição no sentido de deixar claro a qualquer pessoa presa que há direitos que devem ser comunicados tão logo se dê sua prisão. Assim, deve-se aproveitar

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a oportunidade de, a qualquer momen-to em que se trate de conferência dos chamados ‘direitos do preso’, obrigar os agentes públicos a mencionarem tais di-reitos expressamente. Por essa razão se acresce à redação do dispositivo a menção expressa aos dois dispositivos do Projeto, que enu-meram os direitos de comunicação da pessoa presa. 144. Art. 544Suprima-se o parágrafo 2º do art. 544, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”, que prevê o seguinte:“Art. 544. § 2º. Quando as autoridades

locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do manda-do que apresentar, poderão colocar o detido em custódia, pelo prazo máxi-mo de 24 (vinte e quatro) horas, até que fique esclarecida a dúvida”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 544. Se a pessoa persegui-

da passar ao território de outro Município ou comarca, o exe-cutor poderá efetuar-lhe a pri-são no lugar onde a alcançar, apresentando-a imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.

§ 1º Entender-se-á que o executor vai em perseguição, quando: I - tendo avistado a pessoa, for per-seguindo-a sem interrupção, embora depois a tenha perdido de vista; II - sabendo, por indícios ou informa-ções fidedignas, que a pessoa tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que a procure, for no seu encalço.§ 2º. Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para du-vidar da legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do man-dado que apresentar, poderão colo-car o detido em custódia, pelo prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, até que fique esclarecida a dúvida”.

Redação ora proposta: “Art. 544. Se a pessoa perseguida

passar ao território de outro Mu-nicípio ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde a alcançar, apresen-tando-a imediatamente à auto-ridade local, que, depois de la-vrado, se for o caso, o auto de

flagrante, providenciará para a remo-ção do preso.§ 1º Entender-se-á que o executor vai em perseguição, quando: I - tendo avistado a pessoa, for per-seguindo-a sem interrupção, embora depois a tenha perdido de vista; II - sabendo, por indícios ou informa-ções fidedignas, que a pessoa tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que a procure, for no seu encalço”.

Se há dúvida quanto ao agente que legi-timamente pode efetuar a prisão de al-guém, não se pode conceber que a liber-dade do sujeito em prejuízo de quem se emitiu ordem de prisão é que deve sofrer as consequências. Da mesma forma, se a dúvida é inclusive quanto à legalidade do mandado de prisão, tampouco a sa-tisfação da dúvida pode passar pelo sa-crifício da liberdade de um cidadão. 145. Art. 546 Dê-se a seguinte redação ao artigo 546 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 546 O preso será informado de

seus direitos, entre os quais o de: I – permanecer em silêncio e não produ-zir provas contra si mesmo”; JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 546. O preso será informado

de seus direitos, entre os quais o de:

I – permanecer em silêncio”;

Redação ora proposta: “Art. 546. O preso será informado

de seus direitos, entre os quais o de:

I – permanecer em silêncio e não produzir provas contra si mesmo”;

A garantia constitucional do nemo te-netur se detegere abrange também a de nemo tenetur se ipsu accusare, ou seja: a proteção não cuida só sobre o direito ao silêncio, mas também, como decorrência da melhor proteção consti-tucional, sobre o direito de não se au-toincriminar. A limitação da garantia constitucional, de resto, exclusivamente ao silêncio, deixaria em aberto, e em prejuízo do im-putado, a produção de provas contra ele que não dependam de sua verbalização, como, por exemplo, ser conduzido para fins de reconhecimento, reconstituição

do crime ou mesmo colheita de material corporal para análises. Escolhe-se então a proposta mais ampla de garantia aos direitos do imputado, que vai além da proteção exclusivamen-te ao exercício do direito ao silêncio. Seção II - Da prisão em flagrante

146. Art. 551 Dê-se a seguinte redação ao artigo 551 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 551. É nulo o flagrante se a ação

que o motivou, tentada ou consu-mada, só tiver se desencadeado exclusivamente por provocação de terceiros.

Parágrafo único. Suprimido”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 551. É nulo o flagrante pre-

parado, com ou sem a colabo-ração de terceiros, caso seja razoável supor que a ação, impossível de ser consumada, só tenha ocorrido em virtude daquela provocação.

Parágrafo único. As disposições do caput deste artigo não se aplicam a casos em que seja necessário o retar-damento da ação policial, para fins de obtenção de mais elementos informa-tivos acerca da atividade criminosa”.

Redação ora proposta: “Art. 551. É nulo o flagrante se a

ação que o motivou, tentada ou consumada, só tiver se desen-cadeado exclusivamente por provocação de terceiros.

Parágrafo único. Suprimido”.

A alteração proposta no caput do dis-positivo decorre de, na intenção de se prestigiar o verbete sumular 145 do STF (“Não há crime, quando a pre-paração do flagrante pela polícia tor-na impossível a sua consumação”.), atingir redação mais simples. Assim, primeiro se retira a expressão “prepa-rado”, que não agrega qualquer quali-ficativo útil ao dispositivo processual penal. Depois disso, prever que deva haver alguma “suposição”, ligando-a à impossibilidade de consumação do crime, apenas confunde o intérprete. Melhor se dizer que o flagrante forja-do é nulo porque a atitude criminosa foi desencadeada exclusivamente por conta da provocação de terceiros, como parece ser a raiz do verbete su-

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mular e da proteção que se imagina fazer aqui. Tampouco parece ser razoável a dis-tinção entre crime tentado ou consu-mado para essa finalidade, pois em situação de crime permanente tam-bém pode se dar a mesma situação de crime preparado exclusivamente por situação externa inicial à conduta do agente. Por fim, deve ser suprimido o parágra-fo único em razão de sua total imper-tinência. A situação de ação policial retardada em nada se confunde com flagrante preparado, sendo, na verda-de (como intuitivo perceber), um even-tual flagrante retardado, que não tem qualquer ligação com provocação de terceiros na colocação por parte do agente em situação de flagrante.

147. Art. 552Dê-se a seguinte redação ao artigo 552 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 552. Excetuada a hipótese de in-

fração de menor potencial ofensi-vo, quando será observado o pro-cedimento previsto nos arts. 285 e seguintes, apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este-cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas presenciais do fato e ao interrogatório do preso sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.

§ 1º (...)§ 2º (...)§ 3º (...)§ 4º O auto de prisão em flagrante rea-lizado sem a presença de testemunhas presenciais à infração será considerado como mera notícia do fato, e o imputado livrar-se-á solto.§ 5º Também livrar-se-á solto o autuado na hipótese de apenas se apresentarem como testemunhas os agentes públicos responsáveis por sua prisão bem como os que tenham acompanhado sua apre-sentação à autoridade. § 6º Quando o preso se recusar a as-sinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assi-nado por 2 (duas) testemunhas que, na sua presença, tenham ouvido a leitura da peça.§ 7º O delegado de polícia, vislumbran-do a presença de qualquer causa exclu-dente da ilicitude, poderá, fundamen-tadamente, deixar de efetuar a prisão, sem prejuízo da adoção das diligências investigatórias cabíveis”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 552. Excetuada a hipótese de

infração de menor potencial ofensivo, quando será observa-do o procedimento previsto nos arts. 285 e seguintes, apresen-tado o preso à autoridade com-petente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assi-natura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, proce-derá à oitiva das testemunhas que acompanharem o condutor e ao interrogatório do preso so-bre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada inquirição, suas respectivas assinaturas, e lavrando, afinal, o auto.

(...)§ 4º A falta de testemunhas da in-fração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos 2 (duas) pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. § 5º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por 2 (duas) testemu-nhas que, na sua presença, tenham ouvido a leitura da peça. § 6º O delegado de polícia, vislum-brando a presença de qualquer causa excludente da ilicitude, poderá, fun-damentadamente, deixar de efetuar a prisão, sem prejuízo da adoção das diligências investigatórias cabíveis”.

Redação ora proposta: “Art. 552. Excetuada a hipótese de in-

fração de menor potencial ofensi-vo, quando será observado o pro-cedimento previsto nos arts. 285 e seguintes, apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemu-nhas presenciais do fato e ao in-terrogatório do preso sobre a im-putação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-de, afinal, o auto.

§ 1º (...)§ 2º (...)§ 3º (...)§ 4º O auto de prisão em flagrante realizado sem a presença de teste-munhas presenciais à infração será considerado como mera notícia do fato, e o imputado livrar-se-á solto.

§ 5º Também livrar-se-á solto o autuado na hipótese de apenas se apresentarem como testemunhas os agentes públicos responsáveis por sua prisão bem como os que tenham acompanhado sua apresentação à autoridade. § 6º Quando o preso se recusar a assinar, não souber ou não puder fa-zê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por 2 (duas) testemu-nhas que, na sua presença, tenham ouvido a leitura da peça.§ 7º O delegado de polícia, vislum-brando a presença de qualquer causa excludente da ilicitude, poderá, fun-damentadamente, deixar de efetuar a prisão, sem prejuízo da adoção das diligências investigatórias cabíveis”.

A principal motivação das alterações sugeridas reside na necessidade de se utilizar, para fins da validade do flagran-te, testemunhas do fato motivador da prisão, e não da condução do preso à autoridade policial. As mudanças propostas se encami-nham no sentido de se validar a prisão flagrancial em situação na qual tenha havido efetivo testemunho do ato em tese praticado que seja alheio aos qua-dros policiais. Por esse motivo, caso tal procedimento não seja cumprido, o ato valerá como notícia do fato, mas o con-duzido livrar-se-á solto. Inspira-se a ideia na necessária mu-dança de mentalidade quando da prisão flagrancial, notadamente na exigência de efetivas testemunhas do ato praticado e na condução do preso à autoridade policial. 148. Art. 553 Dê-se a seguinte redação ao artigo 553 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 553. Observado o disposto no art.

545, em até 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de to-das as oitivas colhidas.

§ 1º (...)§ 2º (...)§ 3º No prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o preso será conduzido à presença do juiz e será por ele ouvido, com vistas às medidas pre-vistas no art. 555 e para que se verifique se estão sendo respeitados seus direi-tos fundamentais, devendo a autorida-de judiciária tomar as medidas cabíveis para preservá-los e para apurar eventu-ais violações. § 4º Antes da apresentação do preso ao juiz, será assegurado seu atendimen-to prévio por advogado ou defensor pú

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blico, em local reservado para garantir a confidencialidade, devendo ser escla-recidos por funcionário credenciado os motivos e os fundamentos da prisão e os ritos aplicáveis à audiência de cus-tódia. § 5º Na audiência de custódia de que trata o parágrafo 4º, o juiz entrevistará o preso e, depois, abrirá a palavra ao Mi-nistério Público e à defesa técnica, para perguntas. Após isso, o Ministério Públi-co e, após, a defesa poderão requerer o que entenderem cabível, ao que se se-guirá decisão fundamentada nos termos do art. 555.§ 6º Na entrevista a que se refere o § 5º, a autoridade judicial deverá:I - esclarecer o que é a audiência de custódia, ressaltando as questões a se-rem analisadas naquele momento pro-cessual;II - assegurar que a pessoa presa não esteja algemada, salvo em casos de re-sistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, devendo a excepcionalidade ser justificada por escrito;III - dar ciência sobre seu direito de permanecer em silêncio e não produzir qualquer prova em seu desfavor;IV - questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos direitos constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o direito de consultar-se com advogado ou defensor público, o de ser atendido por médico e o de comunicar-se com seus familiares;V - indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão;VI - perguntar sobre o tratamento rece-bido em todos os locais por onde pas-sou antes da apresentação à audiência, questionando sobre a ocorrência de tor-tura e maus tratos e adotando as provi-dências cabíveis;VII - verificar se houve a realização de exame de corpo de delito, determinando sua realização nos casos em que:a) não tiver sido realizado;b) os registros se mostrarem insufi-cientes;c) a alegação de tortura e maus tratos referir-se a momento posterior ao exame realizado;d) o exame tiver sido realizado na pre-sença de agente policial;VIII - abster-se de formular perguntas com finalidade de produzir prova para a investigação ou ação penal relativas aos fatos objeto do auto de prisão em flagrante ou outra persecução penal em curso;IX - adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades;X - averiguar, por perguntas e visual-mente, hipóteses de gravidez, existên-cia de filhos ou dependentes sob cuida-dos da pessoa presa em flagrante delito, histórico de doença grave, incluídos os transtornos mentais e a dependência

química, para analisar o cabimento de encaminhamento assistencial e da con-cessão da liberdade provisória, sem ou com a imposição de medida cautelar. § 7º A oitiva a que se refere o § 5º será registrada em autos apartados e se presta exclusivamente a tratar da legali-dade da prisão, ocorrência de tortura ou maus tratos e os direitos assegurados ao preso.§ 8º É vedada a presença dos agentes policiais responsáveis pela prisão ou pela investigação durante a audiência de custódia. § 9º Na impossibilidade, devidamente certificada e comprovada, de a autorida-de judiciária realizar a inquirição do pre-so no prazo estabelecido no § 3º, esta deverá comunicar o fato de imediato ao Ministério Público, à Defensoria Pública ou ao advogado constituído do preso, se houver, e ao Conselho Nacional de Justiça. § 10º Na hipótese do § 9º, a audiência de custódia deverá ser obrigatoriamente realizada no primeiro dia útil subsequen-te àquela, devendo a autoridade judicial, sob pena de ilegalidade na prisão em razão de excesso de prazo e responsa-bilidade, realizar a audiência”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 553. Observado o disposto no

art. 545, em até 24 (vinte e qua-tro) horas depois da prisão, será encaminhado ao juiz competen-te o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oiti-vas colhidas.

§ 1º (...)§ 2º (...)”.

Redação ora proposta: “Art. 553. Observado o disposto no

art. 545, em até 24 (vinte e qua-tro) horas depois da prisão, será encaminhado ao juiz competen-te o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oiti-vas colhidas.

§ 1º (...)§ 2º (...)§ 3º No prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o preso será conduzido à presença do juiz e será por ele ouvido, com vistas às medidas previstas no art. 555 e para que se verifique se estão sendo respeitados seus direitos fundamen-tais, devendo a autoridade judiciá-ria tomar as medidas cabíveis para preservá-los e para apurar eventuais violações.

§ 4º Antes da apresentação do preso ao juiz, será assegurado seu atendimento prévio por advogado ou defensor público, em local reserva-do para garantir a confidencialidade, devendo ser esclarecidos por fun-cionário credenciado os motivos e os fundamentos da prisão e os ritos aplicáveis à audiência de custódia. § 5º Na audiência de custódia de que trata o parágrafo 4º, o juiz en-trevistará o preso e, depois, abrirá a palavra ao Ministério Público e à de-fesa técnica, para perguntas. Após isso, o Ministério Público e, após, a defesa poderão requerer o que en-tenderem cabível, ao que se seguirá decisão fundamentada nos termos do art. 555. § 6º Na entrevista a que se refere o § 5º, a autoridade judicial deverá:I - esclarecer o que é a audiência de custódia, ressaltando as questões a serem analisadas naquele momento processual; II - assegurar que a pes-soa presa não esteja algemada, salvo em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integri-dade física própria ou alheia, devendo a excepcionalidade ser justificada por escrito;III - dar ciência sobre seu direito de permanecer em silêncio e não produ-zir qualquer prova em seu desfavor;IV - questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos direitos constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o di-reito de consultar-se com advogado ou defensor público, o de ser atendi-do por médico e o de comunicar-se com seus familiares;V - indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão;VI - perguntar sobre o tratamen-to recebido em todos os locais por onde passou antes da apresentação à audiência, questionando sobre a ocorrência de tortura e maus tratos e adotando as providências cabíveis;VII - verificar se houve a realização de exame de corpo de delito, determinan-do sua realização nos casos em que:a) não tiver sido realizado;b) os registros se mostrarem insufi-cientes;c) a alegação de tortura e maus tra-tos referir-se a momento posterior ao exame realizado;d) o exame tiver sido realizado na presença de agente policial;VIII - abster-se de formular pergun-tas com finalidade de produzir prova para a investigação ou ação penal relativas aos fatos objeto do auto de prisão em flagrante ou outra perse-cução penal em curso;IX - adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades;X - averiguar, por perguntas e

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visualmente, hipóteses de gravidez, existência de filhos ou dependentes sob cuidados da pessoa presa em flagrante delito, histórico de doença grave, incluídos os transtornos men-tais e a dependência química, para analisar o cabimento de encaminha-mento assistencial e da concessão da liberdade provisória, sem ou com a imposição de medida cautelar. § 7º A oitiva a que se refere o § 5º será registrada em autos apartados e se presta exclusivamente a tratar da legalidade da prisão, ocorrência de tortura ou maus tratos e os direitos assegurados ao preso.§ 8º É vedada a presença dos agen-tes policiais responsáveis pela prisão ou pela investigação durante a audi-ência de custódia. § 9º Na impossibilidade, devidamen-te certificada e comprovada, de a autoridade judiciária realizar a inqui-rição do preso no prazo estabelecido no § 3º, esta deverá comunicar o fatode imediato ao Ministério Público, à Defensoria Pública ou ao advogado constituído do preso, se houver, e ao Conselho Nacional de Justiça. § 10º Na hipótese do § 9º, a audiência de custódia deverá ser obrigatoriamen-te realizada no primeiro dia útil subse-quente àquela, devendo a autoridade judicial, sob pena de ilegalidade na pri-são em razão de excesso de prazo e responsabilidade, realizar a audiência”.

A proposta encampa a audiência de cus-tódia como instrumento necessário ao controle das prisões em flagrante delito, no sistema processual penal brasileiro. E, ao fazê-lo, assume o cumprimento de ditames convencionais advindos da rati-ficação do Brasil, em 1992, do Pacto de San José da Costa Rica. Além disso, a proposta já encampa as ideias que se encontram estampadas na Resolução 213/2015, do Conselho Na-cional de Justiça, bem como encampa as principais diretrizes advindas do PLS 554/2011, que já teve a votação definida no Senado Federal e agora aguarda vo-tação na Câmara dos Deputados. 149. Art. 555Dê-se a seguinte redação ao artigo 555 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 555. Ao receber o auto de prisão

em flagrante, o juiz, no prazo de 24 (vinte e quatro)horas, deverá:

I – relaxar a prisão ilegal; ou II – conceder liberdade provisória, median-te termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação; III – aplicar outras medidas cautelares mais adequadas às circunstâncias do caso ou arbitrar fiança; IV – converter, fundamentadamente, a

prisão em flagrante em prisão preven-tiva, uma vez presentes as situações descritas nos arts. 556 e seguintes”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 555. Ao receber o auto de prisão

em flagrante, o juiz, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, deverá:

I – relaxar a prisão ilegal; ou II – converter, fundamentadamente, a prisão em flagrante em prisão pre-ventiva, quando presentes os seus pressupostos legais; ou III – arbitrar fiança ou aplicar outras medidas cautelares mais adequadas às circunstâncias do caso; ou IV - conceder liberdade provisória, mediante termo de comparecimen-to a todos os atos do processo, sob pena de revogação”;

Redação ora proposta: “Art. 555. Ao receber o auto de pri-

são em flagrante, o juiz, no pra-zo de 24 (vinte e quatro) horas, deverá:

I – relaxar a prisão ilegal; ou II – conceder liberdade provisória, mediante termo de comparecimen-to a todos os atos do processo, sob pena de revogação; III – aplicar outras medidas cautela-res mais adequadas às circunstân-cias do caso ou arbitrar fiança; IV – converter, fundamentadamente, a prisão em flagrante em prisão preven-tiva, uma vez presentes as situações descritas nos arts. 556 e seguintes”.

A proposta de alteração na redação in-verte a ordem de opções dadas ao Juiz em caso de situação em flagrante. Seja porque coloca a prisão preventiva como – e assim deve ser – última das opções, e não uma das primeiras; seja porque, ao tratar de outras medidas cautelares, da mesma forma, coloca a fiança como uma opção subsidiária às demais medi-das cautelares, fazendo com que a op-ção do Juiz não se paute também por critérios econômicos na imposição de medidas cautelares pessoais. Seção III –Da prisão preventiva

150. Arts. 556 a 560Dê-se a seguinte redação aos artigos 556 a 560, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 556. Sem prejuízo das demais regras

de hermenêutica, aplicáveis em toda a persecução penal, interpreta-se li-

teralmente a legislação que disponha sobre a decretação da prisão preven-tiva e sobre seus prazos de duração, não se admitindo a ampliação analó-gica das suas hipóteses de cabimen-to, renovação ou prazos de duração, sob pena de invalidade da decisão judicial, sem prejuízo da eventual ca-racterização de abuso de autoridade.

§ 1º. A prisão preventiva apenas pode-rá ser decretada nas hipóteses abaixo elencadas, preenchidos os demais re-quisitos do Código de Processo Penal, quando a medida for comprovadamente indispensável: I - para assegurar o cumprimento de eventual condenação, diante da tentati-va de fuga ou de elevada probabilidade de fuga, a ser aferida a partir de elemen-tos concretos, demonstrados nos autos, não podendo ser presumida; II - para assegurar a conveniência da instrução criminal;III - para impedir ou fazer cessar a prá-tica de violência física contra a vítima, possíveis testemunhas ou agentes pú-blicos encarregados da investigação e instrução criminal, diante de fundados indícios, demonstrados nos autos; IV - para impedir a tentativa ou con-sumação de crimes com pena mínima cominada igual ou superior a 4 (quatro) anos por parte do imputado, se manti-do solto, desde que haja suficiente de-monstração da elevada probabilidade do mencionado cometimento de tais de-litos, o que não poderá ser presumido. § 2º A prisão preventiva não poderá ser utilizada, a qualquer título, sem demons-tração efetiva da sua imprescindibilida-de. § 3º A prisão não poderá estar fundada na gravidade abstrata da suspeita ou da imputação, tampouco poderá ser aplica-da com finalidades retributivas, expiató-rias, com a finalidade de se assegurar a credibilidade do sistema de justiça crimi-nal ou com o fim de se assegurar exem-plos edificantes para a comunidade. § 4º. Situações de clamor público, prognoses de aplicação da lei penal ou da conveniência da instrução criminal, ou risco de consumação de prescrição não justificam, isolada ou conjuntamen-te, a decretação de prisão preventiva. § 5º. No caso de eventual concurso de pessoas ou de crime plurissubjetivo, a fundamentação será específica para cada imputado.§ 6º. Na hipótese do inciso II, acima, a prisão deverá ser imediatamente revo-gada tão logo as informações houverem sido coletadas. § 7º. A prisão não poderá ser emprega-da como meio de coação para que sus-peitos ou acusados produzam provas contra si, de modo a forçá-los a entregar ao Estado prova que porventura tenham em seu poder e cujo paradeiro seja co-nhecido ou desconhecido pe

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las autoridades estatais, sem prejuízo da expedição de mandado de busca e apreensão, observados os requisitos do art. 5º, XI, CF e arts. 228 e seguintes, deste Código”. “Art. 557. A prisão preventiva, obede-

cidos os limites impostos acima, só poderá ser admitida se outras medidas cautelares pessoais se re-velarem comprovadamente inade-quadas, insuficientes e não houver outra medida menos invasiva aos direitos fundamentais do imputado que tutele estritamente os riscos descritos nos incisos I a IV do § 1º do art. 556 deste Código, ainda que aplicadas cumulativamente.

§ 1º A decisão judicial que apreciar requerimento de prisão preventiva for-mulado pelo Ministério Público, com ou sem representação da Autoridade Policial, deverá, sob pena de nulidade, abranger exaustivamente os seguintes aspectos: I – o fundamento legal da medida, com indicação pormenorizada dos motivos pelos quais a autoridade judiciária en-tende haver prova de materialidade do crime e indícios suficientes da autoria para sua decretação; II – a indicação de motivos específicos pelos quais se entendeu inadequada e insuficiente a aplicação de quaisquer das demais medidas cautelares, aplica-das isolada ou cumulativamente, menos invasivas aos direitos fundamentais do imputado, que pudesse garantir a prote-ção dos interesses descritos nos incisos I a IV do § 1º do art. 556 deste Código; III – a data de encerramento da medida, observados os limites previstos neste Código;IV – a data para o reexame obrigatório da medida, nos termos do parágrafo único do art. 560 deste Código.Parágrafo único. Suprimido”.“Art. 558. A prisão preventiva em ne-

nhum caso será decretada se: I – tiver o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Código Penal; II – a conduta investigada for de nature-za culposa; III – em se tratando de conduta dolosa, se o limite máximo da pena privativa de liberdade cominada for igual ou inferior a 4 (quatro) anos; IV – se o imputado for primário e o crime cuja prática lhe tiver sido atribuída não for revestido de violência, ou emprego de arma de fogo; V – se o imputado for reincidente e o cri-me cuja prática lhe tiver sido atribuída for de natureza patrimonial sem violên-cia, ou sem grave ameaça.VI – se o imputado estiver acometido de doença grave, em situação na qual haja declaração médica sobre a incom-patibilidade do cumprimento da prisão preventiva sem risco à sua saúde, de-

clarada em atestado médico. Parágrafo único. Sem prejuízo dos dis-positivos elencados nos incisos des-te artigo, não se admite a decretação automática da prisão preventiva pelo descumprimento de quaisquer das eventuais medidas cautelares pesso-ais alternativas a ela, anteriormente aplicadas, devendo, necessariamente, qualquer decisão ser proferida somente após manifestação do imputado sobre as razões do descumprimento das me-didas alternativas”.“Art. 559. A decisão que decretar, subs-

tituir ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentada.

§ 1º. Nos casos de decretação da pri-são preventiva, além do disposto no art. 557 deste Código, a prisão não poderá durar mais do que 60 (sessenta) dias, salvo se renovada com fundamento em fatos novos, devidamente demonstra-dos nos autos, com prévia oitiva do im-putado que se encontre preso, devida-mente assistido por seu advogado. § 2º Vencido o prazo fixado e não sen-do renovada a prisão pelo Poder Judici-ário, o preso deverá ser imediatamente solto pela autoridade carcerária, sem a necessidade de expedição de alvará de soltura; § 3º A duração máxima da prisão, em casos de renovação do prazo previsto neste artigo, não poderá exceder, em hipótese alguma, independentemente da complexidade do caso, o limite má-ximo de 180 (cento e oitenta) dias, in-dependentemente do estágio em que se encontre a persecução penal, salvo se já transitada em julgado sentença penal condenatória; § 4º Não se poderão ofertar ou celebrar acordos de colaboração processual, ex-ceto o previsto no artigo 159, parágrafo 4°, do Código Penal, com quem se en-contre preso no curso de investigação ou do processo criminal.§ 5º. A interposição de qualquer recur-so ou o ajuizamento de ação autônoma de impugnação não interfere na conta-gem do prazo de sua duração. § 6º. A gravidade dos fatos imputado s, assim como a complexidade da inves-tigação não interferem na contagem do prazo de sua duração. § 7º. Nos processos de competência do tribunal do júri, caso a decretação da prisão preventiva se dê antes da deci-são de pronúncia, seu prazo máximo de 60 (sessenta) dias durará até o advento de tal decisão. Caso a prisão preventi-va seja decretada depois da decisão de pronúncia, a partir de tal decisão iniciará a contagem do prazo, que igualmente não excederá o máximo de 60 (sessen-ta) dias. § 8º. A fluência dos prazos previstos neste artigo se suspende enquanto, ini-ciada sua execução, a pessoa contra quem houver sido deferida a medida de

prisão preventiva encontrar-se foragida. § 9º. Em nenhuma hipótese a prisão preventiva ultrapassará o limite máximo de seis meses, ainda que a contagem seja feita de forma descontínua”.“Art. 560. O juiz revogará a prisão pre-

ventiva se, no curso da persecução penal, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como po-derá de novo decretá-la, observado o limite máximo por fase tratado no art. 559 deste Código, se sobrevie-rem novas razões que justifiquem nova imposição da medida.

Parágrafo único. Toda prisão preventi-va deve ser objeto de reexame judicial periódico e necessário, sob pena de se declarar sua ilegalidade, pelo menos a cada 30 (trinta) dias a contar de sua decretação. Em cada reexame se deve apreciar a necessidade de sua cassação ou reversão em outra medida cautelar, ou sua continuidade”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 556. Havendo prova da existên-

cia do crime e indício suficiente de autoria, a prisão preventiva poderá ser decretada:

I – como garantia da ordem pública ou da ordem econômica; II – por conveniência da instrução criminal; III – para assegurar a aplicação da lei penal; IV – em face da extrema gravidade do fato;V – diante da prática reiterada de cri-mes pelo mesmo autor.§ 1º A prisão preventiva jamais será utilizada como forma de antecipação de pena. § 2º O clamor público não justifica, por si só, a decretação da prisão pre-ventiva. § 3º A prisão preventiva somente será imposta se outras medidas cau-telares pessoais revelarem-se inade-quadas ou insuficientes, ainda que aplicadas cumulativamente”.“Art. 557. Não cabe prisão preventiva: I – nos crimes culposos;II – nos crimes dolosos cujo limite máximo da pena privativa de liber-dade cominada seja igual ou inferior a 3 (três) anos, exceto se cometidos mediante violência ou grave ameaça à pessoa; III – se o agente estiver acometido de doença gravíssima, de tal modo que o seu estado de saúde seja in-compatível com a prisão preventiva ou exija tratamento permanente em local diverso. § 1º O juiz poderá autorizar o cum-primento da prisão preventiva em

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domicílio quando, mediante apresenta-ção de prova idônea, o custodiado for: I – maior de 75 (setenta e cinco) anos; II – gestante a partir do sétimo mês de gestação ou quando esta for de alto risco;§ 2º não incidem as vedações pre-vistas nos incisos I e II do caput des-te artigo na hipótese: I – de descumprimento injustificado de outras medidas cautelares pesso-ais, sem prejuízo da verificação dos demais pressupostos autorizadores da prisão preventiva; II – em que a prisão preventiva é im-posta como garantia da aplicação pe-nal, nos termos do caput do art. 150”. “Art. 558. Quanto ao período máximo

de duração da prisão preventiva, observar-se-ão, obrigatoriamen-te, os seguintes prazos:

I – 180 (cento e oitenta) dias, se de-cretada no curso da investigação ou antes da sentença condenatória re-corrível, observado o disposto nos arts. 14, VIII e parágrafo único, d 31, §§ 3º e 4º; II – 360 (trezentos e sessenta) dias, se decretada ou prorrogada por ocasião da sentença condenatória recorrível, não se computando, no caso de prorrogação, o período an-terior cumprido na forma do inciso I do caput deste artigo. § 1º Não sendo decretada a prisão preventiva no momento da sentença condenatória recorrível de primeira instância, o tribunal poderá fazê-lo no exercício de sua competência re-cursal, hipótese em que deverá ser observado o prazo previsto no inciso II do caput deste artigo.§ 2º Acrescentam-se 180 (cen-to oitenta) dias ao prazo previsto no inciso II do caput deste artigo, incluindo a hipótese do § 1º, se houver interposição, pela defesa, dos recursos especial e/ou extra-ordinário. § 3º Acrescentam-se, ainda, 60 (ses-senta) dias aos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo, bem como nos §§ 1º e 2º, no caso de investigação ou processo de crimes cujo limite máximo da pena privativa de liberdade cominada seja igual ou superior a 12 (doze) anos. § 4º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o prazo a que se refere o inciso I do caput deste artigo terá como termo final a decisão de pronúncia, contando-se, a partir daí, mais 180 (cento e oitenta) dias até a sentença condenatória recorrível proferida pelo juiz presidente.§ 5º Os prazos previstos neste arti-go também se aplicam à investiga-ção, processo e julgamento de cri-mes de competência originária dos tribunais”.

“Art. 559. Os prazos máximos de du-ração da prisão preventiva serão contados do início da execução da medida.

§ 1º Se, após o início da execução, o custodiado fugir, os prazos inter-rompem-se e, após a recaptura, se-rão contados em dobro. § 2º Não obstante o disposto no § 1º deste artigo, em nenhuma hipóte-se a prisão preventiva ultrapassará o limite de 4 (quatro) anos, ainda que a contagem seja feita de forma des-contínua.Art. 560. Ao decretar ou prorrogar a

prisão preventiva o juiz indicará o prazo de duração da medida, findo o qual o preso será ime-diatamente posto em liberdade, observado o disposto nos §§1º a 4º deste artigo.

§ 1º Exaurido o prazo legal previsto no inciso I do caput do art. 558, pos-to o réu em liberdade, somente será admitida nova prisão preventiva nas hipóteses de: I – decretação no momento da sen-tença recorrível de primeira instância ou em fase recursal, nos termos do inciso II do caput e § 1º do art. 558; II – fuga, comprovada por reiterado não atendimento de intimações judi-ciais. § 2º No caso dos incisos II e III do § 1º deste artigo, a nova medida terá prazo máximo de duração equivalen-te a 360 (trezentos e sessenta) dias. § 3º Exauridos os prazos legais pre-vistos no inciso II do caput do art. 558 e seus respectivos parágrafos, somente será admitida a decretação de nova prisão preventiva com fun-damento nos incisos II e III do §1º deste artigo. § 4º Verificado excesso de prazo de duração da prisão preventiva, o juiz, concomitantemente à soltura do preso, poderá aplicar medida caute-lar pessoal de outra natureza, desde que preenchidos todos os requisitos legais”.

Redação ora proposta: “Art. 556. Sem prejuízo das demais

regras de hermenêutica, apli-cáveis em toda a persecução penal, interpreta-se literalmen-te a legislação que disponha sobre a decretação da prisão preventiva e sobre seus prazos de duração, não se admitin-do a ampliação analógica das suas hipóteses de cabimento, renovação ou prazos de dura-ção, sob pena de invalidade da decisão judicial, sem prejuízo da eventual caracterização de abuso de autoridade.

§ 1º A prisão preventiva apenas po-derá ser decretada nas hipóteses abaixo elencadas, preenchidos os demais requisitos do Código de Pro-cesso Penal, quando a medida for comprovadamente indispensável: I - para assegurar o cumprimento de eventual condenação, diante da ten-tativa de fuga ou de elevada proba-bilidade de fuga, a ser aferida a partir de elementos concretos, demons-trados nos autos, não podendo ser presumida; II - para assegurar a conveniência da instrução criminal; III - para impedir ou fazer cessar a prática de violência física contra a vítima, possíveis testemunhas ou agentes públicos encarregados da investigação e instrução criminal, diante de fundados indícios, de-monstrados nos autos; IV - para impedir a tentativa ou con-sumação de crimes com pena míni-ma cominada igual ou superior a 4 (quatro) anos por parte do imputado, se mantido solto, desde que haja suficiente demonstração da elevada probabilidade do mencionado co-metimento de tais delitos, o que não poderá ser presumido. § 2º A prisão preventiva não poderá ser utilizada, a qualquer título, sem demonstração efetiva da sua impres-cindibilidade. § 3º A prisão não poderá estar fun-dada na gravidade abstrata da sus-peita ou da imputação, tampouco poderá ser aplicada com finalidades retributivas, expiatórias, com a fina-lidade de se assegurar a credibilida-de do sistema de justiça criminal ou com o fim de se assegurar exemplos edificantes para a comunidade. § 4º. Situações de clamor público, prognoses de aplicação da lei penal ou da conveniência da instrução cri-minal, ou risco de consumação de prescrição, não justificam, isolada ou conjuntamente, a decretação de prisão preventiva. § 5º. No caso de eventual concurso de pessoas ou de crime plurissubje-tivo, a fundamentação será específi-ca para cada imputado.§ 6º. Na hipótese do inciso II, acima, a prisão deverá ser imediatamente revogada tão logo as informações houverem sido coletadas. § 7º. A prisão não poderá ser em-pregada como meio de coação para que suspeitos ou acusados produ-zam provas contra si, de modo a forçá-los a entregar ao Estado prova que porventura tenham em seu po-der e cujo paradeiro seja conhecido ou desconhecido pelas autoridades estatais, sem prejuízo da expedição de mandado de busca e apreensão, observados os requisitos do art. 5º,

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XI, CF e arts. 228 e seguintes, deste Có-digo”. “Art. 557. “A prisão preventiva, obe-

decidos os limites impostos aci-ma, só poderá ser admitida se outras medidas cautelares pes-soais se revelarem comprovada-mente inadequadas, insuficien-tes e não houver outra medida menos invasiva aos direitos fun-damentais do imputado que tu-tele estritamente os riscos des-critos nos incisos I a IV do § 1º do art. 556 deste Código, ainda que aplicadas cumulativamente.

§ 1º A decisão judicial que apreciar requerimento de prisão preventiva formulado pelo Ministério Público, com ou sem representação da Auto-ridade Policial, deverá, sob pena de nulidade, abranger exaustivamente os seguintes aspectos: I – o fundamento legal da medida, com indicação pormenorizada dos motivos pelos quais a autoridade judiciária entende haver prova de materialidade do crime e indícios suficientes da autoria para sua de-cretação; II – a indicação de motivos específi-cos pelos quais se entendeu inade-quada e insuficiente a aplicação de quaisquer das demais medidas cau-telares, aplicadas isolada ou cumu-lativamente, menos invasivas aos direitos fundamentais do imputado, que pudessem garantir a proteção dos interesses descritos nos incisos I a IV do § 1º do art. 556 deste Código; III – a data de encerramento da me-dida, observados os limites previstos neste Código;IV – a data para o reexame obrigató-rio da medida, nos termos do pará-grafo único do art. 560 deste Código.Parágrafo único. Suprimido”.“Art. 558. A prisão preventiva em ne-

nhum caso será decretada se: I – tiver o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Código Penal; II – a conduta investigada for de na-tureza culposa; III – em se tratando de conduta dolo-sa, se o limite máximo da pena priva-tiva de liberdade cominada for igual ou inferior a 4 (quatro) anos; IV – se o imputado for primário e o crime cuja prática lhe tiver sido atri-buída não for revestido de violência, ou emprego de arma de fogo; V – se o imputado for reincidente e o crime cuja prática lhe tiver sido atribuída for de natureza patrimonial sem violência, ou sem grave ameaça.VI – se o imputado estiver acometi-do de doença grave, em situação na qual haja declaração médica sobre a incompatibilidade do cumprimento da

prisão preventiva sem risco à sua saú-de, declarada em atestado médico. Parágrafo único. Sem prejuízo dos dispositivos elencados nos incisos deste artigo, não se admite a de-cretação automática da prisão pre-ventiva pelo descumprimento de quaisquer das eventuais medidas cautelares pessoais alternativas a ela, anteriormente aplicadas, de-vendo, necessariamente, qualquer decisão ser proferida somente após manifestação do imputado sobre as razões do descumprimen-to das medidas alternativas”.“Art. 559. A decisão que decretar,

substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre funda-mentada.

§ 1º. Nos casos de decretação da prisão preventiva, além do disposto no art. 557 deste Código, a prisão não poderá durar mais do que 60 (sessenta) dias, salvo se renovada com fundamento em fatos novos, devidamente demonstrados nos au-tos, com prévia oitiva do imputado que se encontre preso, devidamente assistido por seu advogado. § 2º Vencido o prazo fixado e não sendo renovada a prisão pelo Poder Judiciário, o preso deverá ser ime-diatamente solto pela autoridade carcerária, sem a necessidade de expedição de alvará de soltura; § 3º A duração máxima da prisão, em casos de renovação do prazo previs-to neste artigo, não poderá exceder, em hipótese alguma, independente-mente da complexidade do caso, o limite máximo de 180 (cento e oitenta) dias, independentemente do estágio em que se encontre a persecução pe-nal, salvo se já transitada em julgado sentença penal condenatória; § 3º - Não se poderão ofertar ou cele-brar acordos de colaboração proces-sual, exceto o previsto no artigo 159, parágrafo 4°, do Código Penal, com quem se encontre preso no curso de investigação ou do processo criminal.§ 4º. A interposição de qualquer re-curso ou o ajuizamento de ação autô-noma de impugnação não interfere na contagem do prazo de sua duração. § 5º. A gravidade dos fatos imputa-do s, assim como a complexidade da investigação não interferem na con-tagem do prazo de sua duração. § 6º. Nos processos de competência do tribunal do júri, caso a decretação da prisão preventiva se dê antes da decisão de pronúncia, seu prazo má-ximo de 60 (sessenta) dias durará até o advento de tal decisão. Caso a pri-são preventiva seja decretada depois da decisão de pronúncia, a partir de tal decisão iniciará a contagem do prazo, que igualmente não excederá o máximo de 60 (sessenta) dias.

§ 7º. A fluência dos prazos previstos neste artigo se suspende enquan-to, iniciada sua execução, a pessoa contra quem houver sido deferida a medida de prisão preventiva encon-trar-se foragida. § 8º. Em nenhuma hipótese a pri-são preventiva ultrapassará o limite máximo de 6 (seis) meses, ainda que a contagem seja feita de forma des-contínua”.“Art. 560. O juiz revogará a prisão

preventiva se, no curso da per-secução penal, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como poderá de novo decretá--la, observado o limite máximo por fase tratado no art. 559 des-te Código, se sobrevierem novas razões que justifiquem nova im-posição da medida.

Parágrafo único. Toda prisão preventi-va deve ser objeto de reexame judicial periódico e necessário, sob pena de se declarar sua ilegalidade, pelo menos a cada 30 (trinta) dias a contar de sua decretação. Em cada reexame se deve apreciar a necessidade de sua cassa-ção ou reversão em outra medida cau-telar, ou sua continuidade”. As propostas de redação ora feitas, no tópico da “prisão preventiva”, são feitas em conjunto em razão da sistematicida-de que se quer dar à matéria. A vulgarização da prisão preventiva, medida extrema que por determinação constitucional deve ser excepcionalíssi-ma, tem sido consensualmente aponta-da como fator central da atual tragédia carcerária, o maior crime contra a huma-nidade praticado no país.De fato, segundo dados consolidados do DEPEN, a quantidade de presos inocentes oscila em insustentável gra-diente, que oscila entre 30 e 48% da população carcerária total, o que hoje corresponderia a quase 250 mil seres humanos inocentes atrás das grades.O Poder Judiciário é o agente central desse processo; se os juízes não come-çarem, imediatamente, a decretar me-nos prisões preventivas, essa tragédia não vai diminuir.Usualmente, diante dessa franca e ir-refutável constatação, ouve-se uma resposta vaga, ao estilo “é preciso mu-dar a cultura”, “repensar a formação e seleção dos juízes” etc., atitudes que servem perfeitamente à preservação do atual modelo, prorrogando-se indefini-damente qualquer tentativa concreta de modificação desse terrível cenário.Todavia, em períodos de aguda crise, especialmente diante das recorrentes e inevitáveis rebeliões prisionais, a reação mais comum é a apressada realização de “mutirões”, nos quais inevitavelmen-te se descobrem milhares de casos de

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cidadãos que, sequer, poderiam estar presos. Essas iniciativas, por bem-inten-cionadas que sejam, também acabam sendo apologéticas da barbárie penal, reduzindo à emergência o esforço do poder público para esse tema central.Diante desse cenário, salta aos olhos a necessidade de mudar a própria lei que prevê e disciplina a prisão preventiva para reduzir a possibilidade de manejo dessa medida, hoje completamente banalizada. O problema, há pouca dúvida, está mes-mo na enorme discricionariedade dada pelo Código de Processo Penal aos ma-gistrados brasileiros para decretar, com frequência, uma medida que deveria ser a ultima ratio. E, na raiz da questão, está a previsão no atual artigo 312 do Código de Processo Penal, não alterada de forma tão profunda quanto a que se propõe com as emendas de redação do IBCCrim, de sig-nificantes com enorme densidade semân-tica – isto é, que assimilam facilmente inú-meros significados –, aptos a catalisarem a transformação dessa discricionariedade em arbitrariedade. A operação, portanto, não se satisfaz com a redução da liber-dade judicial para interpretar expressões genéricas como “ordem pública”, “ordem econômica”, “assegurar aplicação da lei penal” e “conveniência da instrução cri-minal”, mas na própria supressão dessas expressões. Em síntese, um dos primeiros desafios para uma legislação penal com-prometida com o princípio da legalidade, especialmente nas dimensões de leis es-trita e certa, precisa ser a definição taxati-va e exaustiva das hipóteses de cabimen-to da prisão preventiva.Esse esforço parece mesmo ser neces-sário diante da falta de uma cultura que incorpore eticamente – isto é, como valor concreto de práticas concretas – a pre-sunção de inocência. Por isso, a estrita observação das hipóteses a seguir tra-çadas, sem inovações, é enfatizada na própria redação do caput, lembrando aos magistrados brasileiros que a garantia de liberdade do imputado constitui o critério reitor de todas as manifestações judicias no processo penal. Evidentemente, a pre-ocupação em definir hipóteses restritivas não pode ser derrubada por uma hipótese genérica, por exemplo, “(...) e em todas as demais ocasiões em que o juízo achar conveniente”.Com isso, espera-se, haverá substancial redução na margem de poder que hoje le-gitima, formalmente, um excessivo núme-ro de presos provisórios, o que certamente pode ajudar a reduzir esse gigantesco pro-blema social, moral, jurídico e econômico que é o encarceramento em massa.De outro lado, a previsão sobre controle de prazos de duração e mesmo de re-visão necessária e periódica da prisão parece ser aperfeiçoada, seja para se estipular prazo menor (e independente de “complexidade” de investigações; e independente também de descumpri-

mento por parte do preso de ônus que lhe sejam impostos), seja também para se prever com mais detalhamento e ri-gor a revisão periódica da duração da prisão preventiva. Ao longo de todos os momentos em que a prisão pode ser decretada, a motivação judicial encontra-se permeada de maiores exigências pela proposta do IBCCrim do que o visto no PL 8.045/2010, o que pa-rece dever ser prestigiado para mudar o estado de banalização do uso de prisões preventivas no Brasil. 151. Revogação dos Arts. 563 a 566 Aludidos dispositivos tratam da prisão temporária, instituto a respeito do qual já se opinou pela revogação, quando se analisou a nova redação proposta para o artigo 535 do PL 8.045/2010. CAPÍTULO II DA FIANÇA

Seção I - Disposições preliminares

152. Art. 568, § 4ºDê-se a seguinte redação ao artigo 568, § 4º, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 568. (...)§ 4º O delegado de polícia deverá de-terminar a soltura do preso que não tiver condições econômicas para efetuar o pagamento da fiança, sem prejuízo dos demais compromissos legais da referida medida cautelar, observando-se, ainda no que couber, o disposto no parágrafo único do art. 573”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 568 (...)§ 4º O delegado de polícia poderá determinar a soltura do preso que, a toda evidência, não tiver condições econômicas mínimas para efetuar o pagamento da fiança, sem prejuízo dos demais compromissos legais da referida medida cautelar, observando--se, ainda no que couber, o disposto no parágrafo único do art. 573”.

Redação ora proposta: “Art. 568 (...)§ 4º § 4º O delegado de polícia de-verá determinar a soltura do preso que não tiver condições econômicas para efetuar o pagamento da fiança, sem prejuízo dos demais compro-missos legais da referida medida cautelar, observando-se, ainda no que couber, o disposto no parágrafo único do art. 573”.

Trata-se de aprimoramento na redação do dispositivo. Por um lado, passa-se a prever que, observada a situação de impossibilidade do pagamento da fian-ça por parte do preso, não se cuida de mera faculdade da autoridade po-licial de lhe determinar a soltura, mas, sim, de determinação legal. Por isso se substitui o “poderá” por “deverá”. Por outro lado, se a ideia do dispositivo é possibilitar o diagnóstico do delegado de polícia em situação concreta, a pre-visão de “a toda evidência” e “mínima” condição econômica para o pagamen-to da fiança dificultará o diagnóstico da impossibilidade de o preso anuir ou não com referido pagamento. E, sendo assim, a consequência será a inutilida-de da própria previsão legal. Ou seja: a redação atual dificulta a soltura de quem não tem como pagar a fiança, e cria dificuldade ao próprio Delegado de Polícia para a determinar. CAPÍTULO III – OUTRAS MEDIDAS CAU-TELARES PESSOAIS

Seção III - Monitoramento eletrônico

153. Art. 591Dê-se a seguinte redação ao artigo 591 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 591. Nos crimes cujo limite máxi-

mo da pena privativa de liberdade cominada seja igual ou superior a 4 (quatro) anos, o juiz poderá sub-meter o imputado a sistema de mo-nitoramento eletrônico que permita a sua imediata localização, respei-tado o limite temporal da medida a ser substituída”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 591. Nos crimes cujo limite

máximo da pena privativa de li-berdade cominada seja igual ou superior a 4 (quatro) anos, o juiz poderá submeter o investigado ou acusado a sistema de moni-toramento eletrônico que permi-ta a sua imediata localização”.

Redação ora proposta: “Art. 591. Nos crimes cujo limite

máximo da pena privativa de li-berdade cominada seja igual ou superior a 4 (quatro) anos, o juiz poderá submeter o imputado a sistema de monitoramento ele-trônico que permita a sua ime-diata localização”.

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Sugere-se, aqui, a substituição dos ter-mos “investigado” e “acusado” por “im-putado” pelas mesmas razões expostas nas emendas anteriores.

154. Art. 592Dê-se a seguinte redação ao artigo 592 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 592. A medida cautelar prevista no

art. 591 depende de prévia anuên-cia do imputado, a ser manifestada em termo específico”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 592. A medida cautelar prevista

no art. 591 depende de prévia anuência do investigado ou acu-sado, a ser manifestada em ter-mo específico, como alternativa a outra medida”.

Redação ora proposta: “Art. 592. A medida cautelar pre-

vista no art. 591 depende de prévia anuência do imputado, a ser manifestada em termo específico”.

Sugere-se, aqui, a substituição dos ter-mos “investigado” e “acusado” por “im-putado” pelas mesmas razões expostas nas emendas anteriores.Ademais, sugere-se a supressão do tre-cho “como alternativa a outra medida”, pois, exceto a prisão cautelar, todas as demais medidas devem ser analisadas pelo juiz partindo das menos para as mais invasivas. 155. Art. 594Dê-se a seguinte redação ao artigo 594 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 594. Considera-se descumprida a

medida cautelar se o imputado:I – danificar ou romper o dispositivo ele-trônico, ou de qualquer maneira adulte-rá-lo ou ludibriá-lo;II – desrespeitar os limites territoriais fi-xados na decisão judicial;III – deixar de manter contato regular com a central de monitoramento ou não atender à solicitação de presença.Parágrafo único. Em qualquer caso, o re-conhecimento de que a medida foi des-cumprida dependerá da prévia realização de audiência especialmente designada para oitiva do imputado, assegurados o contraditório e a ampla defesa”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 594. Considera-se descumpri-

da a medida cautelar se o inves-tigado ou acusado:

I – danificar ou romper o dispositivo eletrônico, ou de qualquer maneira adulterá-lo ou ludibriá-lo;II – desrespeitar os limites territoriais fixados na decisão judicial;III – deixar de manter contato regu-lar com a central de monitoramen-to ou não atender à solicitação de presença”.

Redação ora proposta: “Art. 594. Considera-se descumpri-

da a medida cautelar se o impu-tado:

I – danificar ou romper o dispositivo eletrônico, ou de qualquer maneira adulterá-lo ou ludibriá-lo;II – desrespeitar os limites territoriais fixados na decisão judicial;III – deixar de manter contato regular com a central de monitoramento ou não atender à solicitação de presen-ça.Parágrafo único. Em qualquer caso, o reconhecimento de que a medida foi descumprida dependerá da pré-via realização de audiência especial-mente designada para oitiva do im-putado, assegurados o contraditório e a ampla defesa”.

Sugere-se, aqui, a inclusão de pará-grafo único que assegure ao imputado apresentar justificativas ou contestar a eventual alegação de descumprimento da medida cautelar, em homenagem às garantias constitucionais do contraditó-rio e da ampla defesa.A revogação da medida de monitora-mento eletrônico agrava sobremaneira a esfera de liberdades do indivíduo, logo, não pode decorrer de mera alegação unilateral por parte da acusação, da au-toridade policial ou da empresa/órgão responsável pelo monitoramento. Seção IV - Suspensão do exercício de função pública, profissão ou atividade econômica

156. Art. 595 Dê-se a seguinte redação ao artigo 595 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 595. Atendidas as finalidades cau-

telares e existindo conexão com o fato apurado, o juiz poderá suspen-der o exercício de função pública, profissão ou atividade econômica desempenhada pelo imputado ao tempo dos fatos.

§ 1º Alternativamente, o juiz poderá de-terminar o afastamento das atividades específicas então desempenhadas pelo agente público.§ 2º A decisão será comunicada ao órgão público competente ou entidade de clas-se, abstendo-se estes de promover ano-tações na ficha funcional ou profissional, salvo se for concluído processo disciplinar autônomo ou sobrevier sentença conde-natória transitada em julgado”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 595. Atendidas as finalidades

cautelares e existindo conexão com o fato apurado, o juiz po-derá suspender o exercício de função pública, profissão ou atividade econômica desempe-nhada pelo investigado ou acu-sado ao tempo dos fatos.

§ 1º A suspensão do exercício de função pública poderá ser decretada com prejuízo de remuneração.§ 2º Alternativamente, o juiz poderá determinar o afastamento das ativi-dades específicas então desempe-nhadas pelo agente público.§ 3º A decisão será comunicada ao órgão público competente ou enti-dade de classe, abstendo-se estes de promover anotações na ficha fun-cional ou profissional, salvo se for concluído processo disciplinar autô-nomo ou sobrevier sentença conde-natória transitada em julgado”.

Redação ora proposta: “Art. 595. Atendidas as finalidades

cautelares e existindo conexão com o fato apurado, o juiz po-derá suspender o exercício de função pública, profissão ou atividade econômica desempe-nhada pelo imputado ao tempo dos fatos.

§ 1º Alternativamente, o juiz poderá determinar o afastamento das ativi-dades específicas então desempe-nhadas pelo agente público.§ 2º A decisão será comunicada ao órgão público competente ou enti-dade de classe, abstendo-se estes de promover anotações na ficha fun-cional ou profissional, salvo se for concluído processo disciplinar autô-nomo ou sobrevier sentença conde-natória transitada em julgado”.

Sugere-se, aqui, a substituição dos ter-mos “investigado” e “acusado” por “im-putado” pelas mesmas razões expostas nas emendas anteriores.

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Ademais, sugere-se a supressão do pa-rágrafo primeiro porque a suspensão de exercício de função com prejuízo da remuneração equivale a uma pena, não uma medida cautelar; esta deve tirá-lo especificamente da função, temporaria-mente, em razão de algum motivo episó-dico, porém não pode retirar seu susten-to, o que se aproxima da ideia de pena. Seção V - Suspensão das atividades de pessoa jurídica

157. Art. 596Dê-se a seguinte redação ao artigo 596 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 596. Mediante prévio requerimento

da parte, o juiz poderá suspender, total ou parcialmente, as ativida-des de pessoa jurídica sistematica-mente utilizada por seus sócios ou administradores para a prática de crimes contra o meio ambiente, a ordem econômica ou as relações de consumo, ou que atinjam um núme-ro expressivo de vítimas.

§ 1º Antes de decidir, o juiz levará em conta, igualmente, o interesse dos em-pregados e de eventuais credores e o princípio da função social da empresa, bem como a manifestação do órgão público regulador, se houver.§ 2º A pessoa jurídica poderá agravar da decisão, nos termos dos arts. 473 e seguintes”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 596. Faculta-se ao juiz sus-

pender, total ou parcialmente, as atividades de pessoa jurídica sistematicamente utilizada por seus sócios ou administradores para a prática de crimes contra o meio ambiente, a ordem econô-mica ou as relações de consu-mo, ou que atinjam um número expressivo de vítimas.

§ 1º Antes de decidir, o juiz levará em conta, igualmente, o interesse dos empregados e de eventuais credores e o princípio da função social da em-presa, bem como a manifestação do órgão público regulador, se houver.§ 2º A pessoa jurídica poderá agra-var da decisão, nos termos dos arts. 473 e seguintes”.

Redação ora proposta: “Art. 596. Mediante prévio reque-

rimento da parte, o juiz poderá suspender, total ou parcialmen-te, as atividades de pessoa jurí-dica sistematicamente utilizada

por seus sócios ou administra-dores para a prática de crimes contra o meio ambiente, a or-dem econômica ou as relações de consumo, ou que atinjam um número expressivo de vítimas.

§ 1º Antes de decidir, o juiz levará em conta, igualmente, o interesse dos empregados e de eventuais credores e o princípio da função social da em-presa, bem como a manifestação do órgão público regulador, se houver.§ 2º A pessoa jurídica poderá agra-var da decisão, nos termos dos arts. 473 e seguintes”.

Sugere-se, aqui, uma alteração no caput para suprimir a faculdade de o juiz suspender as atividades da pes-soa jurídica de ofício. Em respeito ao sistema acusatório previsto na Consti-tuição Federal, tal medida depende de prévia provocação do órgão jurisdicio-nal pela parte. Seção XV - Disposições finais

158. Art. 606 Dê-se a seguinte redação ao artigo 606 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 606. A duração das medidas cau-

telares pessoais previstas neste Ca-pítulo deve ser especificada na de-cisão judicial, respeitados os limites máximos de:

I – 180 (cento e oitenta) dias, nas hipóte-ses dos arts. 595 e 596;II – 360 (trezentos e sessenta) dias, nas hipóteses dos arts. 588, 591 e 604;III – 548 (quinhentos e quarenta) dias, nas demais medidas cautelares pesso-ais previstas neste Capítulo.Parágrafo único. Findo o prazo de duração da medida, mediante prévio requerimento da parte, o juiz poderá prorrogá-la ou adotar outras cautela-res, desde que renovada com funda-mento em fatos novos, devidamente demonstrados nos autos, com prévia oitiva do imputado que se encontre preso, devidamente assistido por seu advogado”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 606. A duração das medidas

cautelares pessoais previstas neste Capítulo deve ser espe-cificada na decisão judicial, respeitados os limites máxi-mos de:

I – 180 (cento e oitenta) dias, nas hi-póteses dos arts. 595 e 596;

II – 360 (trezentos e sessenta) dias, nas hipóteses dos arts. 588, 591 e 604;

III – 720 (setecentos e vinte) dias, nas demais medidas cautelares pessoais previstas neste Capítulo.Parágrafo único. Findo o prazo de duração da medida, o juiz poderá prorrogá-la ou adotar outras cautela-res, em caso de extrema e compro-vada necessidade”.

Redação ora proposta: “Art. 606. Art. 606. A duração das

medidas cautelares pessoais previstas neste Capítulo deve ser especificada na decisão ju-dicial, respeitados os limites má-ximos de:

I – 180 (cento e oitenta) dias, nas hi-póteses dos arts. 595 e 596;II – 360 (trezentos e sessenta) dias, nas hipóteses dos arts. 588, 591 e 604;III – 548 (quinhentos e quarenta) dias, nas demais medidas cautelares pes-soais previstas neste Capítulo.Parágrafo único. Findo o prazo de duração da medida, mediante prévio requerimento da parte, o juiz poderá prorrogá-la ou adotar outras cautelares, desde que re-novada com fundamento em fatos novos, devidamente demonstrados nos autos, com prévia oitiva do imputado que se encontre preso, devidamente assistido por seu ad-vogado”.

Sugere-se, aqui, uma alteração no in-ciso III, a fim de reduzir o prazo máxi-mo de 720 para 548 dias, mantendo proporção com os prazos dos incisos anteriores. Assim, cria-se uma esca-la temporal que aumenta a cada 180 dias. Isto também permite uma sime-tria com o prazo da prisão (60 dias, máximo de 180 dias se houver reno-vação).Sugere-se, ademais, a modificação do parágrafo único, a fim de que a reno-vação da medida somente seja possí-vel se houver novo pedido e, por con-seguinte, nova fundamentação. Em síntese, somente se houver fatos no-vos. Por fim, ainda no parágrafo úni-co, reforça-se a natureza do sistema acusatório previsto na Constituição Federal ao condicionar o novo decreto à prévia provocação (do órgão jurisdi-cional) pela parte. 159. Art. 609Dê-se a seguinte redação ao artigo 609 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 609. Em caso de descumprimen-

to injustificado de uma das medi-das cautelares pessoais pre

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vistas neste Capítulo, o juiz, a reque-rimento do Ministério Público, ouvida a defesa, avaliará a neces-sidade de decretação da prisão preventiva ou de substituição da medida anteriormente imposta por outra cautelar”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 609. Em caso de descumpri-

mento injustificado de uma das medidas cautelares pessoais previstas neste Capítulo, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, ouvida a de-fesa, avaliará a necessidade de decretação da prisão preventiva ou de substituição da medida anteriormente imposta por outra cautelar, interrompendo-se os prazos previstos no art. 606”.

Redação ora proposta: “Art. 609. Em caso de descumpri-

mento injustificado de uma das medidas cautelares pessoais previstas neste Capítulo, o juiz, a requerimento do Ministério Pú-blico, ouvida a defesa, avaliará a necessidade de decretação da prisão preventiva ou de substi-tuição da medida anteriormente imposta por outra cautelar”.

Sugere-se, aqui, a supressão da facul-dade do juiz de decretar de ofício a pri-são preventiva ou de substituir a medida cautelar anteriormente imposta. Em res-peito ao sistema acusatório previsto na Constituição Federal, tais medidas de-pendem de prévia provocação do órgão jurisdicional pela parte.Sugere-se, ademais, a supressão da parte final do dispositivo, a qual prevê a interrupção dos prazos previstos no art. 606. Ora, uma vez cumprido determina-do lapso temporal, o Estado não pode desconsiderá-lo para fins de cômputo dos limites máximos previstos para as medidas. A limitação temporal represen-ta um avanço democrático, delimitando com mais clareza o emprego dessas medidas coercitivas impostas no curso do processo penal. TÍTULO III - DAS MEDIDAS CAUTELARES REAISCAPÍTULO II - DA INDISPONIBILIDADE DE BENS 160. Art. 615, § 3ºDê-se a seguinte redação ao artigo 615 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010,

que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 615. [...]§ 1o A medida de que trata o caput des-te artigo também poderá recair sobre bens, direitos ou valores: I – de terceiro, inclusive de pessoa jurídi-ca, quando haja elementos de informa-ção ou prova de que seu nome foi uti-lizado para facilitar a prática criminosa ou ocultar o produto ou os rendimentos do crime.[...] “§ 3o A decretação da indisponibilidade de bens dependerá de indícios de com-portamento de detentor ou proprietário dos bens, direitos ou valores, tendente a se desfazer destes ou utilizá-los para a prática de infração penal”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 615. O juiz, observado o dis-posto no art. 525, poderá decre-tar a indisponibilidade, total ou parcial, dos bens, direitos ou va-lores que compõem o patrimô-nio do investigado ou acusado, desde que a medida seja neces-sária para recuperar o produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua proveito au-ferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

§ 1o A medida de que trata o caput deste artigo também poderá recair sobre bens, direitos ou valores:I – de terceiro, inclusive pessoa jurí-dica, quando haja indícios veemen-tes de que o seu nome foi utilizado para facilitar a prática criminosa ou ocultar o produto ou os rendimentos do crime;II – abandonados, considerado o contexto em que foi praticada a in-fração penal;III – em posse das pessoas mencio-nadas no caput deste artigo, quando o proprietário não tenha sido identi-ficado. § 2o A indisponibilidade de bens só é cabível quando ainda não se te-nha elementos para distinguir, com precisão, os bens de origem ilícita daqueles que integram o patrimônio regularmente constituído”.

Redação ora proposta:

“Art. 615. O juiz, observado o dispos-to no art. 525, poderá decretar a indisponibilidade, total ou par-cial, dos bens, direitos ou valo-res que compõem o patrimônio do imputado ou acusado, desde que a medida seja necessária

para recuperar o produto do cri-me ou qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

§ 1o A medida de que trata o caput deste artigo também poderá recair sobre bens, direitos ou valores:I – de terceiro, inclusive pessoa jurídi-ca, quando haja elementos de infor-mação ou prova de que o seu nome foi utilizado para facilitar a prática criminosa ou ocultar o produto ou os rendimentos do crime;II – abandonados, considerado o contexto em que foi praticada a in-fração penal;III – em posse das pessoas mencio-nadas no caput deste artigo, quando o proprietário não tenha sido identi-ficado.§ 2o A indisponibilidade de bens só é cabível quando ainda não se te-nha elementos para distinguir, com precisão, os bens de origem ilícita daqueles que integram o patrimônio regularmente constituído.§ 3o A decretação da indisponibili-dade de bens dependerá de indícios de comportamento de detentor ou proprietário dos bens, direitos ou va-lores, tendente a se desfazer destes ou utilizá-los para a prática de infra-ção penal”.

A medida de indisponibilidade de bens, assim como qualquer instrumento cau-telar, precisa respeitar os requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora. Na redação proposta pelo PL 8.045/2010 inexiste qualquer menção que faça re-lação com o risco concreto da demora como exigência para decretação da in-disponibilidade do bem. Desta forma, sugere-se a inserção do § 3o, de modo a permitir a imposição da medida apenas e tão-somente nas hipó-teses em que se verifica um potencial concreto, fundado em indícios fáticos, de o proprietário ou detentor do bem, di-reito ou valor tentar impedir o Poder Ju-diciário de garantir a indisponibilidade. Outrossim, houve a mudança no pará-grafo único, de modo a retirar a expres-são “indícios veementes” e alterá-la por “elementos de informação ou prova”. Na realidade, a palavra “indício” já remete a uma prova indireta, isto é, decorrente de ligação de algo provado para se chegar a um dado não provado. Nesse senti-do, “indício veemente” soa estranho. Além disso, o termo “veemente” inova no vocabulário do CPP e não ajuda na interpretação da qualidade daquilo que precisa ser comprovado. 161. Art. 616 Dê-se a seguinte redação ao artigo 616 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010,

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CPP - LIVRO III / TÍTULO III

que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 616. A indisponibilidade importará

ineficácia de qualquer ato de alie-nação ou dação em garantia, sem prévia autorização do juízo, dos bens do imputado, ou de terceiro afetado, que estejam localizados no Brasil ou no exterior”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 616. A indisponibilidade impor-tará ineficácia de qualquer ato de alienação ou dação em ga-rantia, sem prévia autorização do juízo, dos bens do investiga-do ou acusado, ou de terceiro afetado, que estejam localizados no Brasil ou no exterior, ainda que não especificados na deci-são judicial”.

Redação ora proposta:

“Art. 616. A indisponibilidade impor-tará ineficácia de qualquer ato de alienação ou dação em ga-rantia, sem prévia autorização do juízo, dos bens do imputado, ou de terceiro afetado, que este-jam localizados no Brasil ou no exterior”.

A indisponibilidade de bens constitui medida de alto grau invasivo, tendo em vista que, ainda em fase de cognição sumária, impede que o imputado utilize de bens que até a decretação da caute-lar era de seu livre acesso. Dessa forma, a decisão que determina a indisponibi-lidade há de ser extremamente clara, enumerando todos os bens sobre os quais recai a medida. Não pode, todavia, a medida cercear o imputado de dispor e utilizar de outros bens que não estejam atingidos pela de-cisão cautelar de indisponibilidade. Pe-cou o PL 8.045/2010, nesse sentido, ao pretender que mesmo em relação aos bens não especificados na decisão judi-cial haveria necessidade de prévia auto-rização judicial para serem alienados ou objeto de dação em garantia. Por isso, recomenda-se a supressão específica do respectivo trecho.

162. Art. 618 Dê-se a seguinte redação ao artigo 618 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 618. Se necessário, o juiz comu-

nicará imediatamente a decisão às instituições financeiras, que bloque-arão qualquer tentativa de saque ou

transferência de valores das contas atingidas pela medida”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:“Art. 618. Se necessário, o juiz

comunicará imediatamente a decisão às instituições finan-ceiras, que bloquearão qual-quer tentativa de saque ou transferência de valores das contas atingidas pela medida, bem como a movimentação de aplicações financeiras de ou-tros ativos e o pagamento de títulos de qualquer espécie”.

Redação ora proposta:

“Art. 618. Se necessário, o juiz co-municará imediatamente a de-cisão às instituições financei-ras, que bloquearão qualquer tentativa de saque ou transfe-rência de valores das contas atingidas pela medida”.

Uma vez mais o PL 8.045/2010 pre-tende estender os efeitos da medida de indisponibilidade para bens que não constam da decisão judicial no momento da imposição da medida. In-dispensável lembrar que o imputado, ainda considerado inocente por lei, precisará movimentar recursos para sua subsistência, sem que tal mo-vimentação, em tese, não configure qualquer ato ilícito. Se o bem não foi objeto de decisão de indisponibilidade, parece claro que não há evidências de que tenha sido origi-nado ou seja produto de atividade ilegal. Por isso, recomenda-se a supressão da expressão “bem como a movimentação de aplicações financeiras de outros ati-vos e o pagamento de títulos de qual-quer espécie”.

163. Art. 619Dê-se a seguinte redação ao artigo 619 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 619. A indisponibilidade cessará

automaticamente se a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias após a decretação, bem como nos casos de extinção da punibilidade ou absolvição do réu.

Parágrafo único. Caberá ao juiz que decretar a indisponibilidade de bens comunicar com urgência os órgãos res-ponsáveis pela efetivação da medida a cessação dos efeitos de que trata o ca-put deste artigo”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:“Art. 619. A indisponibilidade cessa-

rá automaticamente se a ação penal não for intentada no prazo de 120 (cento e vinte) dias após a decretação, bem como nos casos de extinção da punibilida-de ou absolvição do réu por sen-tença transitada em julgado”.

Redação ora proposta:

“Art. 619. A indisponibilidade cessa-rá automaticamente se a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias após a de-cretação, bem como nos casos de extinção da punibilidade ou absolvição do réu.

Parágrafo único. Caberá ao juiz que decretar a indisponibilidade de bens comunicar com urgência aos res-ponsáveis pela efetivação da medida a cessação dos efeitos de que trata o caput deste artigo”.

O PL 8.045/10, acertadamente, prevê que a medida de indisponibilidade per-derá seus efeitos em caso de demora na propositura da ação penal, absolvição e extinção da punibilidade. Essa cessão de efeitos, segundo a redação da pro-posta legislativa, dar-se-ia “automatica-mente”.Todavia, na prática, torna-se imprescin-dível que o órgão encarregado de efe-tivar a medida de indisponibilidade (ex. instituição financeira) seja comunicado da cessão dos efeitos da medida ante-riormente imposta. Isso porque, ainda que seja “automática” a ineficácia da cautelar, tais órgãos não dispõem de meios para obter a ciência – a não ser pela comunicação do juízo – de que houve a cessação dos efeitos da medi-da de indisponibilidade. Além disso, houve por bem suprimir a expressão “trânsito em julgado” da re-dação original, tendo em vista que a decisão absolutória já é suficientemente apta a afastar o fumus boni iuris da me-dida cautelar. Por fim, torna-se imprescindível alte-rar o prazo de 120 (cento e vinte) para 60 (sessenta) dias para intentar a ação penal. Se a medida de sequestro, que é de fato mais invasiva e decretada com base em evidências bem mais ro-bustas da prática criminosa, permite apenas 60 (sessenta) dias para que a ação seja iniciada, não se pode con-ceder prazo maior para a medida de indisponibilidade. 164. Art. 621Dê-se a seguinte redação ao artigo 621 do Projeto de Lei n.o 8.045, de

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TÍTU

LO II

I

2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 621. Salvo na hipótese de suspen-

são do processo pelo não compa-recimento do imputado (art. 150), a indisponibilidade de bens não excederá 90 (noventa) dias, admiti-da fundamentadamente uma única prorrogação por igual período”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 621. Salvo na hipótese de sus-pensão do processo pelo não comparecimento do acusado (art. 150), a indisponibilidade de bens não excederá 180 (cento e oitenta) dias, admitida uma única prorrogação por igual período”.

Redação ora proposta:

“Art. 621. Salvo na hipótese de sus-pensão do processo pelo não comparecimento do imputado (art. 150), a indisponibilidade de bens não excederá 90 (noventa) dias, admitida fundamentada-mente uma única prorrogação por igual período.

Parágrafo único. A cada 60 (ses-senta) dias deve o juiz reavaliar por decisão fundamentada a necessi-dade de manutenção da indisponi-bilidade de bens”.

A indisponibilidade de bens é medida imposta quando ainda há dúvida quanto à ilicitude dos bens, conforme preceitua o artigo 615, § 2o, do PL 8.045/2010. Trata-se de constrição cautelar e que certamente deve perdurar por um pe-ríodo menor, quando comparada a medidas em que já há uma certeza da materialidade e indícios suficientes de autoria.Portanto, recomenda-se que o período seja de 90 (noventa) dias, período esse suficiente para que o Estado possa co-lher provas no sentido de demonstrar a eventual ilicitude dos bens em posse do imputado. Caso haja necessidade, uma prorrogação pelo mesmo período será aceita, desde que devidamente funda-mentada. Além disso, por ser a indisponibilidade medida extremamente prejudicial ao ci-dadão, acrescentou-se a necessidade de o magistrado reavaliar o seu cabi-mento a cada 60 (sessenta) dias. 165. Art. 622Dê-se a seguinte redação ao artigo 622 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 622. Na vigência da medida, o juiz poderá autorizar, com base em pe-dido formulado pelo administrador judicial ou pelo imputado, a dispo-sição das partes dos bens, quando necessária à conservação do patri-mônio.

Parágrafo único. A medida prevista no caput deste artigo também poderá ser autorizada para garantia da subsistência do imputado e de sua família”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 622. Na vigência da medida, o juiz poderá autorizar, em caráter excepcional e com base em pe-dido formulado pelo administra-dor judicial ou pelo investigado ou acusado, a disposição das partes dos bens, quando ne-cessária à conservação do pa-trimônio.

Parágrafo único. A medida prevista no caput deste artigo também po-derá ser autorizada para garantia da subsistência do investigado ou acu-sado e de sua família”.

Redação ora proposta:

“Art. 622. Na vigência da medida, o juiz poderá autorizar, com base em pedido formulado pelo ad-ministrador judicial ou pelo im-putado, a disposição das partes dos bens, quando necessária à conservação do patrimônio.

Parágrafo único. A medida prevista no caput deste artigo também po-derá ser autorizada para garantia da subsistência do imputado e de sua família”.

O deferimento de disponibilidade, ao imputado, de parte dos bens apreendi-dos pelo Estado não deve ser medida excepcional, conforme pretende o PL 8.045/2010. Em verdade, trata-se de instrumento que deve ser a regra (e não exceção) quando presentes os requisi-tos descritos no artigo 622 e seu pará-grafo único. Outrossim, a título de uniformização do texto, alterou-se “investigado ou acusa-do” pelo termo “imputado”. CAPÍTULO III - DO SEQUESTRO DE BENS Seção I - Hipóteses de cabimento

166. Art. 624, § 3ºDê-se a seguinte redação ao artigo 624 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 624. Caberá, no curso da investi-gação ou em qualquer fase do pro-cesso, observado o disposto no art. 525, o sequestro de bens imóveis ou móveis adquiridos pelo imputa-do com os proventos da infração, ainda que tenham sido registrados diretamente em nome de terceiros ou a estes alienados a qualquer tí-tulo, ou misturados ao patrimônio legalmente constituído.

§ 3o O sequestro não alcançará os bens adquiridos a título oneroso por terceiros, cuja boa-fé seja presumida”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 624. Caberá, no curso da inves-tigação ou em qualquer fase do processo, observado o disposto no art. 525, o sequestro de bens imóveis ou móveis adquiridos pelo investigado ou acusado com os proventos da infração, ainda que tenham sido registrados di-retamente em nome de terceiros ou a estes alienados a qualquer título, ou misturados ao patrimô-nio legalmente constituído.

§ 1o Aplica-se ao sequestro o dis-posto no § 1o do art. 615.§ 2o Quanto aos bens móveis, o se-questro será decretado nos casos em que não seja cabível a medida de busca e apreensão. § 3o O sequestro não alcançará os bens adquiridos a título oneroso por terceiros, cuja boa-fé seja re-conhecida”.

Redação ora proposta:

“Art. 624. Caberá, no curso da inves-tigação ou em qualquer fase do processo, observado o disposto no art. 525, o sequestro de bens imóveis ou móveis adquiridos pelo imputado com os proventos da infração, ainda que tenham sido registrados diretamente em nome de terceiros ou a estes alienados a qualquer título, ou misturados ao patrimônio legalmente constituído.

§ 1o Aplica-se ao sequestro o dis-posto no § 1o do art. 615.§ 2o Quanto aos bens móveis, o se-questro será decretado nos casos em que não seja cabível a medida de busca e apreensão. § 3o O sequestro não alcançará os bens adquiridos a título oneroso por terceiros, cuja boa-fé seja presumida”.

Ao tratar da possibilidade de sequestro de bens adquiridos por terceiros, o PL

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CPP - LIVRO III / TÍTULO III

8.045/10 diz que a medida não ocorrerá quando “reconhecida” a boa-fé. Ao fa-zer isso, o projeto legislativo pretende atribuir o ônus para demonstrar a legali-dade da transação ao adquirente. Na realidade, por se tratar de medida cautelar, de cognição sumária, deve recair sobre o Estado a demonstra-ção da ilegitimidade da transferência do bem para terceiro. Como se sabe, muitas vezes a comprovação de boa--fé não se dá por evidências objetivas, sendo certo que o terceiro não pode sofrer esse ônus. Por isso, a mera “presunção” de boa-fé há de ser sufi-ciente para impor óbice ao sequestro nesses casos. Por fim, sugere-se a alteração, no caput, da expressão “investigado ou acusado” por “imputado”, de maneira a permitir uma padronização com o restante do texto legal. 167. Art. 625Dê-se a seguinte redação ao artigo 625 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 625. A decretação do sequestro

depende da existência de prova ou elementos de informação da prove-niência ilícita dos bens”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 625. A decretação do sequestro depende da existência de indí-cios veementes da proveniência ilícita dos bens”.

Redação ora proposta:

“Art. 625. A decretação do sequestro depende da existência de prova ou elementos de informação da proveniência ilícita dos bens”.

Da mesma forma como foi sugerido no artigo 615, § 1o, I, a expressão “indí-cios veementes” não confere qualquer padrão quanto à qualidade (standard) probatória exigida para decretação da medida cautelar. Melhor, portanto, pa-dronizar para termos já conhecidos no processo penal pátrio. Seção II - Da execução da medida

168. Art. 627Dê-se a seguinte redação ao artigo 627 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 627. Decretado o sequestro, o juiz,

mediante requerimento do Minis-tério Público, tomará providências para garantir a efetividade da medi-da, dentre as quais”:

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 627. Decretado o sequestro, o juiz, de ofício ou mediante requerimen-to do Ministério Público, tomará providências para garantir a efeti-vidade da medida, dentre as quais:

I – atribuir à instituição financeira a custódia legal dos valores deposita-dos em suas contas, fundos e outros investimentos;II – proceder à inscrição do seques-tro no registro de imóveis;III – determinar aos órgãos públi-cos que a restrição conste de seus registros. Parágrafo único. As providências pre-vistas nos incisos I a III do caput des-te artigo poderão ser comunicadas por meio eletrônico, sem prejuízo do cumprimento do mandado judicial”.

Redação ora proposta:

“Art. 627. Decretado o sequestro, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, tomará provi-dências para garantir a efetivida-de da medida, dentre as quais:

I – atribuir à instituição financeira a custódia legal dos valores deposita-dos em suas contas, fundos e outros investimentos;II – proceder à inscrição do seques-tro no registro de imóveis;III – determinar aos órgãos públicos que a restrição conste de seus registros. Parágrafo único. As providências pre-vistas nos incisos I a III do caput des-te artigo poderão ser comunicadas por meio eletrônico, sem prejuízo do cumprimento do mandado judicial”.

Sugere-se no presente dispositivo le-gal a supressão da possibilidade de o juiz atuar ex officio. Se a intenção do novo processo penal é rumar cada vez mais para um processo acusatório, torna-se necessário restringir ao má-ximo a atuação de ofício pelo juiz, no-tadamente nas hipóteses em que sua atuação se revele prescindível. 169. Art. 629Dê-se a seguinte redação ao artigo 629, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 629. Se houver necessidade de di-

ligências externas, o oficial de jus-tiça responsável pela execução da medida lavrará o auto circunstan-ciado, que também será assinado por 2 (duas) testemunhas”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 629. Se houver necessidade de diligências externas, o oficial de justiça responsável pela exe-cução da medida lavrará o auto circunstanciado, que também será assinado por 2 (duas) tes-temunhas, se existentes”.

Redação ora proposta:

“Art. 629. Se houver necessidade de diligências externas, o oficial de justiça responsável pela execu-ção da medida lavrará o auto circunstanciado, que também será assinado por 2 (duas) tes-temunhas”.

A diligência realizada pelo oficial de justiça deve necessariamente ser acompanhada por 2 (duas) testemu-nhas, justamente para dar legitimi-dade maior ao ato. O PL 8.045/2010, embora determine a presença de re-feridas testemunhas, faz uma ressalva indevida ao final da redação. Como é sabido, na prática, quando se abre espaço na lei para que testemu-nhas não estejam presentes ao ato, bastará o oficial de justiça afirmar que inexistiam testemunhas no ato para legitimar a diligência. Há de ficar con-signado em lei a necessidade de o ofi-cial de justiça ser acompanhado por testemunhas, sem qualquer ressalva no dispositivo legal. Por isso, reco-menda-se a supressão da expressão “se existentes”. Seção III - Da alienação antecipada

170. Art. 630 Dê-se a seguinte redação ao artigo 630 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 630. Recebida a denúncia, o juiz,

a pedido de qualquer das partes e observado o contraditório, poderá determinar a alienação antecipada dos bens sequestrados, desde que demonstrado:

I – risco concreto de depreciação patri-monial ou perecimento; ou II – que a medida constitua a melhor for-ma de preservar o valor dos bens atingi-dos pelo sequestro em face do custo de sua conservação. Parágrafo único. Requerida a aliena-ção antecipada, a petição será junta-da aos autos apartados do sequestro, concedendo-se vista para manifesta-ção de eventual terceiro interessado”. JUSTIFICAÇÃO:

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I

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 630. Recebida a denúncia, o juiz, de ofício ou a requerimen-to do Ministério Público, poderá determinar a alienação anteci-pada dos bens sequestrados em caso de fundado receio de sua depreciação patrimonial ou pe-recimento.

§ 1o A medida prevista no caput des-te artigo também poderá ser deferida quando constitua a melhor forma de preservar o valor dos bens atingidos pelo sequestro em face do custo de sua conservação.§ 2o A petição conterá a descrição e o detalhamento de cada um dos bens, e informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde se encontram.§ 3o Requerida a alienação nos termos deste artigo, a petição será juntada aos autos apartados do se-questro, concedendo-se vista para manifestação do réu ou de terceiro interessado”.

Redação ora proposta:

“Art. 630. Recebida a denúncia, o juiz, a pedido de qualquer das partes e observado o contraditório, po-derá determinar a alienação an-tecipada dos bens sequestrados, desde que demonstrado:

I – risco concreto de depreciação pa-trimonial ou perecimento; ou II – que a medida constitua a melhor forma de preservar o valor dos bens atingidos pelo sequestro em face do custo de sua conservação. Parágrafo único. Requerida a aliena-ção antecipada, a petição será junta-da aos autos apartados do sequestro, concedendo-se vista para manifesta-ção de eventual terceiro interessado”.

A alteração sugerida visa tornar a forma do dispositivo legal mais racional e téc-nico, transferindo para do próprio caput os requisitos para determinação da alie-nação antecipada. Outro ponto é a necessidade de haver, desde o início, a existência do contradi-tório, permitindo que o maior prejudica-do pela medida possa ser ouvido antes de determinar a alienação antecipada. 171. Art. 631Dê-se a seguinte redação ao artigo 631 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 631. Em caso de deferimento do

pedido, o juiz determinará a avalia-ção dos bens relacionados por ava-liador judicial”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 631. Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz, que, julgando pertinente o pedido, determinará a avaliação dos bens relaciona-dos por avaliador judicial.

§ 1o O laudo de avaliação conterá:I – a descrição dos bens, com as suas características e a indicação do estado em que se encontram;II – o valor dos bens sequestrados e os critérios utilizados na sua avalia-ção;III – análise do risco de perecimento, depreciação e custo de manutenção dos bens. § 2o Feita a avaliação, será aberta vista do laudo às partes e terceiros interessados, com prazo comum de 5 (cinco) dias. § 3o Dirimidas eventuais divergên-cias sobre o laudo, o juiz homolo-gará o valor atribuído aos bens e determinará sua alienação em leilão público”.

Redação ora proposta:

“Art. 631. Em caso de deferimento do pedido, o juiz determinará a avaliação dos bens relacionados por avaliador judicial.

§ 1o O laudo de avaliação conterá:I – a descrição dos bens, com as suas características e a indicação do estado em que se encontram;II – o valor dos bens sequestrados e os critérios utilizados na sua avalia-ção;III – análise do risco de perecimento, depreciação e custo de manutenção dos bens. § 2o Feita a avaliação, será aberta vista do laudo às partes e terceiros interessados, com prazo comum de 5 (cinco) dias. § 3o Dirimidas eventuais divergên-cias sobre o laudo, o juiz homolo-gará o valor atribuído aos bens e determinará sua alienação em leilão público”.

A mudança sugerida visa apenas tornar a redação mais simples. Desnecessário, nesse sentido, dizer que os autos irão à conclusão e o juiz, entendendo ser pertinente, determinará a avaliação dos bens. Basta apenas conter a expressão “em caso de deferimento do pedido”. 172. Art. 633 Dê-se a seguinte redação ao artigo 633, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que

trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 633. Em caso de absolvição, os

valores apurados com o leilão serão sacados pelo proprietário do bem alienado cautelarmente, com juros remunerados pela poupança, salvo se a questão de quem seja o legíti-mo proprietário for objeto de litígio no cível, hipótese na qual os valores serão colocados à disposição do juiz da causa.

Parágrafo único. A devolução ao pro-prietário prevista do caput, não poderá ter valor menor que aquele descrito no laudo de avaliação do bem a que faz re-ferência o art. 631 do Código. Caso haja alienação antecipada por valor menor do que aquele estipulado nos termos do art. 631, a diferença deverá constar da sentença, que valerá como título execu-tivo contra o Estado”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 633. Em caso de absolvição tran-sitada em julgado, os valores apu-rados com o leilão serão sacados pelo proprietário do bem alienado cautelarmente, com juros remune-rados pela poupança, salvo se a questão de quem seja o legítimo proprietário for objeto de litígio no cível, hipótese na qual os valores serão colocados à disposição do juiz da causa”.

Redação ora proposta:

“Art. 633. Em caso de absolvição, os valores apurados com o leilão se-rão sacados pelo proprietário do bem alienado cautelarmente, com juros remunerados pela poupan-ça, salvo se a questão de quem seja o legítimo proprietário for ob-jeto de litígio no cível, hipótese na qual os valores serão colocados à disposição do juiz da causa.

Parágrafo único. A devolução ao proprietário prevista do caput, não poderá ter valor menor que aquele descrito no laudo de avaliação do bem a que faz referência o art. 631 do Código. Caso haja alienação antecipada por valor menor do que aquele estipulado nos termos do art. 631, a diferença deverá constar da sentença, que valerá como título executivo contra o Estado”.

Novamente, a exemplo do que fora su-gerido acima, a mera decisão absolutó-ria já há de ser suficiente para afastar o fumus boni iuris da medida cautelar. Desnecessário, portanto, o trânsito em

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CPP - LIVRO III / TÍTULO III

julgado de tal decisão. O artigo 633 do PL 8.045/10 trata da devolução de valores indisponibilizados nas hipóteses em que sobrevier decisão favorável ao investigado ou acusado. Ocorre que o próprio PL 8.045/10 prevê a alienação antecipada em leilão corres-pondente a 75% do valor do bem. Logi-camente que essa perda de patrimônio não pode ser arcada pelo proprietário do bem, que dispõe nesse momento processual de uma decisão reconhe-cendo sua não culpabilidade. Por isso, recomenda-se que o valor míni-mo restituído ao proprietário seja aquele do laudo de avaliação exarado por perito oficial, sendo certo que a diferença per-dida pelo imputado deve ser devolvida pelo Estado por via de título executivo. 173. Art. 634 Dê-se a seguinte redação ao artigo 634, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 634. Não tendo sido realizada a

alienação antecipada nos termos do art. 630, o juiz aguardará o trânsito em julgado da sentença condena-tória, para, então, a requerimento do interessado, determinar a venda dos bens em leilão público”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 634. Não tendo sido realizada a alienação antecipada nos ter-mos do art. 630, o juiz aguardará o trânsito em julgado da senten-ça condenatória, para, então, de ofício ou a requerimento do inte-ressado, determinar a venda dos bens em leilão público.

Parágrafo único. A quantia apurada será recolhida à União, ao Estado ou ao Distrito Federal, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé”.

Redação ora proposta:

“Art. 634. Não tendo sido realizada a alienação antecipada nos termos do art. 630, o juiz aguardará o trânsito em julgado da sentença condenatória, para, então, a re-querimento do interessado, deter-minar a venda dos bens em leilão público.

Parágrafo único. A quantia apurada será recolhida à União, ao Estado ou ao Distrito Federal, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé”.

Sugere-se no presente dispositivo legal a supressão da possibilidade de o juiz atuar ex officio. Se a intenção do novo proces-

so penal é rumar cada vez mais para um processo acusatório, torna-se necessário restringir ao máximo a atuação de ofício pelo juiz, notadamente nas hipóteses em que sua atuação se revele prescindível.

Seção IV - Do administrador judicial 174. Art. 635 Dê-se a seguinte redação ao artigo 635, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 635. Não sendo o caso de aliena-

ção antecipada dos bens, o juiz in-timará as partes interessadas e po-derá nomear administrador judicial para gestão dos bens, direitos ou valores sequestrados.

§ 1o Após a nomeação, o administrador as-sinará, em até 2 (dois) dias, termo de com-promisso de desempenhar bem e fielmente a função, que será juntado aos autos.§ 2o Não será nomeado administrador judicial quem:I – nos últimos 5 (cinco) anos, no exercí-cio da função de administrador judicial, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos estipulados ou teve a prestação de contas rejeitada; II – tiver relação de parentesco ou afi-nidade até o terceiro grau com o impu-tado ou representante do membro do Ministério Público que oficie no feito, ou como pessoas ligadas a eles, ou deles for amigos, inimigos ou dependentes.§ 3o Se os bens sequestrados pertencerem a pessoa jurídica, o impedimento de que trata o § 2o deste artigo será aferido em relação aos administradores, controladores ou representantes legais, além do profissio-nal declarado no termo de compromisso”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 635. Não sendo o caso de aliena-ção antecipada dos bens, o juiz in-timará a parte interessada e, após ouvir o Ministério Público, poderá nomear administrador judicial para gestão dos bens, direitos ou valo-res sequestrados.

§ 1o Após a nomeação, o adminis-trador assinará, em até 2 (dois) dias, termo de compromisso de desempe-nhar bem e fielmente a função, que será juntado aos autos.”§ 2o Não será nomeado administra-dor judicial quem:I – nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício da função de administra-dor judicial, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos estipulados ou teve a prestação de contas rejeitada;II – tiver relação de parentesco ou afi-nidade até o terceiro grau com o inves-tigado ou acusado, ou como pessoas

ligadas a ele, ou dele for amigo, inimi-go ou dependente.§ 3o Se os bens sequestrados per-tencerem a pessoa jurídica, o impe-dimento de que trata o § 2o deste artigo será aferido em relação aos administradores, controladores ou representantes legais, além do pro-fissional declarado no termo de compromisso”.

Redação ora proposta:

“Art. 635. Não sendo o caso de alie-nação antecipada dos bens, o juiz intimará as partes interes-sadas e poderá nomear admi-nistrador judicial para gestão dos bens, direitos ou valores se-questrados.

§ 1o Após a nomeação, o adminis-trador assinará, em até 2 (dois) dias, termo de compromisso de desempe-nhar bem e fielmente a função, que será juntado aos autos.§ 2o Não será nomeado administra-dor judicial quem:I – nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício da função de administra-dor judicial, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos estipulados ou teve a prestação de contas rejeitada; II – tiver relação de parentesco ou afinidade até o terceiro grau com o imputado ou representante do mem-bro do Ministério Público que oficie no feito, ou como pessoas ligadas a eles, ou deles for amigos, inimigos ou dependentes.§ 3o Se os bens sequestrados per-tencerem a pessoa jurídica, o impe-dimento de que trata o § 2o deste artigo será aferido em relação aos administradores, controladores ou representantes legais, além do pro-fissional declarado no termo de compromisso”.

A primeira mudança sugerida diz respei-to à necessidade de considerar o Minis-tério Público como parte efetiva do pro-cesso penal, não havendo razão para diferenciar “partes interessadas” em re-lação ao membro do Parquet. Ambas as partes devem ser ouvidas nesse caso. Quanto às restrições de ser administra-dor judicial, devem se aplicar as mes-mas regras de impedimento impostas ao imputado em relação ao representan-te do Ministério Público. Ou seja, ape-nas a título de exemplo, o administrador judicial não pode ser irmão de promotor atuante naquele caso penal específico. Por fim, sugere-se a mudança da ex-pressão “investigado ou acusado” por “imputado” para fins de padronização com o restante do texto.

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Seção V - Da utilização dos bens por ór-gãos públicos

175. Art. 638 a 641Dê-se a seguinte redação ao artigo 638 a 641, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 638 [Suprimido]”.“Art. 639 [Suprimido]”.“Art. 648 [Suprimido]”.“Art. 641 [Suprimido]”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 638. Considerando o interesse público, o juiz poderá determinar que os bens sequestrados ou apreendidos sejam colocados sob custódia de órgão de se-gurança pública previsto no art. 144 da Constituição da Repúbli-ca Federativa do Brasil, para uso em suas atividades de preven-ção e repressão à criminalidade.

§ 1° O interesse público na utilização dos bens deverá ser demonstrado pelo órgão público, em manifestação fun-damentada que indique a necessidade e a relevância da medida requerida.§ 2º Terão prioridade os órgãos de segurança pública que participaram das ações de investigação ou re-pressão ao crime que deu causa à medida de sequestro.§ 3º Antes de decidir, o juiz intimará as partes, para que se manifestem sobre o pedido em 5 (cinco) dias”.“Art. 639. A autorização judicial conte-

rá a descrição minuciosa do bem, o órgão público que o receberá e o nome da autoridade responsável pela sua utilização em serviço.

§ l ° Cabe ao órgão público benefici-ário conservar adequadamente o bem que lhe foi entregue e restituí-lo, se for o caso, no estado em que o recebeu.§ 2º O bem não poderá ser repassa-do ou cedido a outros órgãos públi-cos sem prévia autorização judicial. § 3 Quando se tratar de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamen-to em favor do órgão público bene-ficiário, ficando este livre do paga-mento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal contra o proprietário”. “Art. 648. Levantado o sequestro por

qualquer motivo, os bens sob custódia do órgão público be-neficiário serão imediatamente devolvidos ao juiz, que os repas-sará ao interessado”.

“Art. 641. Transitada em julgado a sentença penal condenatória com declaração do perdimento dos bens sequestrados, o juiz determinará a transferência de-finitiva da propriedade ao órgão público que detinha a custódia na forma prevista nesta Seção”.

Redação ora proposta:

“Art. 638 [Supressão]”.“Art. 639 [Supressão]”.“Art. 648 [Supressão]”.“Art. 641 [Supressão]”.

Os artigos 638 ao 641 do PL 8.045/10 tratam da utilização por órgãos públicos dos bens sequestrados e apreendidos no decorrer do processo penal. Para tanto, seria necessário verificar o inte-resse público da medida. Ocorre que há legislações específicas que tratam do uso dos bens apreendi-dos, fundando o interesse dependendo da natureza criminal. Dessa forma, a tí-tulo de exemplo, há previsão desse for-mato na lei de drogas (11.343/06) e na Lei de Lavagem de Dinheiro (9.613/98).Além disso, o poder indiscriminado de uso dos bens apreendidos por parte do Estado não pode se tornar regra geral, permitindo que se deteriorem bens que ainda sequer pertencem ao Estado. Seção VI - Do levantamento

176. Art. 642Dê-se a seguinte redação ao artigo 642, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 642. O sequestro será levantado se:[...]III – for julgada extinta a punibilidade, ar-quivado o inquérito ou absolvido o réu”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 642. O sequestro será levanta-do se:

I – a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contan-do da data em que for concluída a diligência;II – for prestada caução pelo investi-gado ou acusado ou terceiro afetado;III – for julgada extinta a punibilidade, arquivado o inquérito ou absolvido o réu, por sentença transitada em jul-gado.§ 1o Na hipótese do inciso II do ca-put deste artigo, em havendo dúvida sobre se a quantia proposta a título de caução corresponde ao valor de mercado do bem sequestrado,

o juiz determinará a sua avaliação ju-dicial.§ 2o O levantamento do seques-tro importará o cancelamento, sem ônus, da restrição eventualmente averbada junto ao Registro de Imó-veis, procedimento que também se aplica ao caso de revogação da me-dida de indisponibilidade de bens”.

Redação ora proposta:

“Art. 642. O sequestro será levanta-do se:

I – a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contan-do da data em que for concluída a diligência;II – for prestada caução pelo imputa-do ou terceiro afetado;III – for julgada extinta a punibilida-de, arquivado o inquérito ou absol-vido o réu.§ 1o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, em havendo dúvida sobre se a quantia proposta a título de cau-ção corresponde ao valor de mercado do bem sequestrado, o juiz determina-rá a sua avaliação judicial.“§ 2o O levantamento do seques-tro importará o cancelamento, sem ônus, da restrição eventualmente averbada junto ao Registro de Imó-veis, procedimento que também se aplica ao caso de revogação da me-dida de indisponibilidade de bens”.

Se o réu for absolvido, independen-temente do trânsito em julgado de tal decisão, o sequestro deve ser levan-tado. Logicamente que inexiste mais o fumus boni iuris da medida cautelar a partir do momento em que houver reconhecimento, por parte do magis-trado, da inocência do imputado. CAPÍTULO IV - DAS GARANTIAS À REPA-RAÇÃO CIVIL

Seção I - Da especialização da hipoteca legal 177. Art. 644Dê-se a seguinte redação ao artigo 644, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 644. A especialização da hipoteca

legal sobre os imóveis do réu pode-rá ser requerida pela vítima habilitada como parte civil, nos termos dos arts. 81 e seguintes, desde que haja certe-za da infração e indícios suficientes de autoria e de que o requerido tenta alie-nar seus bens com o fim de frustrar o pagamento da indenização.

Parágrafo único. A especialização da hipoteca legal poderá ser requerida

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CPP - LIVRO III / TÍTULO III

até a designação da audiência de ins-trução a que se refere o art. 276”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 644. A hipoteca legal sobre os imóveis do réu poderá ser re-querida pela vítima habilitada

como parte civil, nos termos dos arts. 81 e seguintes, desde que haja certeza da infração e indí-cios suficientes de autoria e de que o requerido tenta alienar seus bens com o fim de frustrar o pagamento da indenização.

Parágrafo único. A hipoteca legal po-derá ser requerida até a designação da audiência de instrução a que se refere o art. 276”.

Redação ora proposta:

“Art. 644. A especialização da hipo-teca legal sobre os imóveis do réu poderá ser requerida pela vítima habilitada como parte ci-vil, nos termos dos arts. 81 e se-guintes, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes de autoria e de que o requerido tenta alienar seus bens com o fim de frustrar o pagamento da indenização.

Parágrafo único. A especialização da hipoteca legal poderá ser requerida até a designação da audiência de instrução a que se refere o art. 276”.

A alteração sugerida, qual seja, a inclu-são do termo “especialização” antes da expressão “hipoteca legal”, visa apena tornar a redação mais técnica e precisa. Na realidade, a medida cautelar constitui a especialização da hipoteca legal, e não a hipoteca de fato (garantia real), razão pela qual recomenda-se a mudança. 178. Art. 645Dê-se a seguinte redação ao artigo 645, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“ Art. 645. Pedida a especialização me-

diante requerimento, em que a parte estimará o valor da responsabilida-de civil pelo dano e designará e esti-mará o imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz mandará logo proceder à ava-liação do imóvel ou imóveis.

§ 1° A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se fundar a estimação da responsabili-dade, com a relação dos imóveis que o responsável possuir, caso tenha outros

além dos indicados no requerimento, e com os documentos comprobatórios do domínio.§ 2º A avaliação dos imóveis designa-dos far-se-á por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos au-tos do processo respectivo.§ 3° O juiz somente autorizará a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis neces-sários à garantia da responsabilidade.§ 4º Se o réu oferecer caução suficien-te, em dinheiro, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscrição da hipote-ca legal.§ 5° Uma vez fixado o valor definitivo da responsabilidade pelo dano na fase do art. 423, IV, o juiz, se houver necessidade, deverá reajustar a hipoteca àquele valor”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 645. Pedida a especialização me-diante requerimento, em que a parte estimará o valor da respon-sabilidade civil pelo dano moral e designará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar es-pecialmente hipotecados, o juiz mandará logo proceder à avalia-ção do imóvel ou imóveis.

§ 1° A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se fundar a estimação da respon-sabilidade, com a relação dos imó-veis que o responsável possuir, caso tenha outros além dos indicados no requerimento, e com os documentos comprobatórios do domínio.§ 2º A avaliação dos imóveis desig-nados far-se-á por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consul-ta dos autos do processo respectivo.§ 3° O juiz somente autorizará a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis necessários à garantia da responsabilidade.§ 4º Se o réu oferecer caução su-ficiente, em dinheiro, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscri-ção da hipoteca legal.§ 5° Uma vez fixado o valor defini-tivo da responsabilidade pelo dano moral na fase do art. 423, IV, o juiz, se houver necessidade, deverá rea-justar a hipoteca àquele valor”.

Redação ora proposta:

“Art. 645. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte estimará o valor da res-ponsabilidade civil pelo dano e designará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar

especialmente hipotecados, o juiz mandará logo proceder à avaliação do imóvel ou imóveis.

§ 1° A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se fundar a estimação da respon-sabilidade, com a relação dos imó-veis que o responsável possuir, caso tenha outros além dos indicados no requerimento, e com os documentos comprobatórios do domínio. § 2º A avaliação dos imóveis desig-nados far-se-á por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consul-ta dos autos do processo respectivo.§ 3° O juiz somente autorizará a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis necessários à garantia da responsabilidade.§ 4º Se o réu oferecer caução su-ficiente, em dinheiro, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscri-ção da hipoteca legal.§ 5° Uma vez fixado o valor definiti-vo da responsabilidade pelo dano na fase do art. 423, IV, o juiz, se houver necessidade, deverá reajustar a hi-poteca àquele valor”.

Sugere-se, aqui, a modificação no ca-put e no § 5º do art. 645, para eliminar a referência a dano moral, para que, em conformidade com as emendas sugeri-das em outros pontos do Código, o juiz se limite a fixar o valor apenas de even-tual dano material causado pela infração (como ocorre com o atual CPP), deixan-do ao juízo cível a tarefa de eventual fi-xação de valor para dano moral.

Seção II - Do arresto

179. Art. 646Dê-se a seguinte redação ao artigo 646, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 646. Não sendo possível fornecer

de imediato as informações e docu-mentos requeridos no caput e § 1o do art. 630, a vítima poderá requerer o arresto do imóvel ou imóveis no mesmo prazo previsto para o pedi-do de inscrição da hipoteca.

Parágrafo único. O arresto do bem imóvel será revogado, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o proces-so de inscrição da hipoteca legal, como previsto na Seção I deste Capítulo”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 646. Não sendo possível forne-cer de imediato as informações e documentos requeridos no ca-put e § 1o do art. 630, a vítima

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poderá solicitar o arresto do imóvel ou imóveis no mesmo prazo previsto para o pedido de hipoteca.

Parágrafo único. O arresto do bem imóvel será revogado, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal, como previsto na Seção I deste Capítulo”.

Redação ora proposta:

“Art. 646. Não sendo possível for-necer de imediato as informa-ções e documentos requeridos no caput e § 1o do art. 630, a vítima poderá requerer o arresto do imóvel ou imóveis no mesmo prazo previsto para o pedido de inscrição da hipoteca.

Parágrafo único. O arresto do bem imóvel será revogado, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal, como previsto na Seção I deste Capítulo”.

Sugere-se a alteração da palavra “soli-citar” por “requerer”, apenas para con-ferir maior técnica ao texto. Além disso, o requerimento que se faz não é o da hipoteca propriamente dita, mas, sim, da especialização de hipoteca (medida penal cautelar). Seção III - Disposições comuns

180. Art. 650Dê-se a seguinte redação ao artigo 650, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 650. Em caso de sentença conde-

natória, as medidas cautelares reais previstas neste Capítulo alcançarão também as despesas processuais e as penas pecuniárias, tendo prefe-rência sobre estas a reparação do dano à vítima”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 650. As medidas cautelares reais previstas neste Capítulo alcança-rão também as despesas pro-cessuais e as penas pecuniárias, tendo preferência sobre estas a reparação do dano à vítima”.

Redação ora proposta:

“Art. 650. Em caso de sentença con-denatória, as medidas cautela-res reais previstas neste Capítulo

alcançarão também as despe-sas processuais e as penas pe-cuniárias, tendo preferência so-bre estas a reparação do dano à vítima”.

A necessidade de pagamento de despe-sas processuais por parte do imputado somente se dará, por óbvio, no caso de condenação. Nas hipóteses de absol-vição ou extinção da punibilidade não há que se utilizar valor algum referente às medidas cautelares para pagamento das despesas processuais. 181. Art. 651Dê-se a seguinte redação ao artigo 651, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Pe-nal”:“Art. 651. Nos crimes praticados em de-

trimento do patrimônio ou interesse da União, de Estado, do Distrito Fe-deral ou de Município, terá legitimi-dade para requerer a hipoteca legal ou arresto a Fazenda Pública do respectivo ente, conforme disciplina estabelecida nas Seções I e II deste Capítulo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 651. Nos crimes praticados em detrimento do patrimônio ou in-teresse da União, de Estado, do Distrito Federal ou de Município, terá competência para reque-rer a hipoteca legal ou arresto a Fazenda Pública do respectivo ente, conforme disciplina esta-belecida nas Seções I e II deste Capítulo”.

Redação ora proposta:

“Art. 651. Nos crimes praticados em detrimento do patrimônio ou in-teresse da União, de Estado, do Distrito Federal ou de Município, terá legitimidade para requerer a hipoteca legal ou arresto a Fazenda Pública do respectivo ente, conforme disciplina esta-belecida nas Seções I e II deste Capítulo”.

A única alteração sugerida no artigo 651 é a alteração do termo “competência” por “legitimidade”. Na realidade, os en-tes federativos descritos no dispositivo legal ostentam legitimidade de requerer a medida cautelar. 182. Art. 652

Dê-se a seguinte redação ao artigo 652 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 652. Aplica-se às medidas cautela-

res reais previstas neste Capítulo o disposto no § lº do art. 615.

§ 1º Sempre que as medidas cautela-res reais previstas neste e nos Capítu-los precedentes atingirem o patrimônio de terceiros, estes estarão legitimados a interpor o recurso de agravo, na for-ma dos arts. 473 e seguintes”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 652. Aplica-se às medidas cau-telares reais previstas neste Ca-pítulo o disposto no § lº do art. 615.

§ 1º Sendo o réu administrador ou sócio de pessoa jurídica, os bens desta também são passíveis de hi-poteca legal ou arresto, uma vez constatado desvio de finalidade ou estado de confusão patrimonial.§ 2º Sempre que as medidas cau-telares reais previstas neste e nos Capítulos precedentes atingirem o patrimônio de terceiros, estes esta-rão legitimados a interpor o recurso de agravo, na forma dos arts. 473 e seguintes”.

Redação ora proposta:

“Art. 652. Aplica-se às medidas caute-lares reais previstas neste Capítulo o disposto no § lº do art. 615.

§ 1º Sempre que as medidas cau-telares reais previstas neste e nos Capítulos precedentes atingirem o patrimônio de terceiros, estes esta-rão legitimados a interpor o recurso de agravo, na forma dos arts. 473 e seguintes”.

Sugere-se a supressão do § 1º do arti-go 652, uma vez que a disposição nele contida já está prevista no § 1º do artigo 615 (ao qual se faz remissão no próprio caput do artigo 652). A modificação, assim, visa apenas evitar repetições no texto do Código.

183. Art. 653Dê-se a seguinte redação ao artigo 653, do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Proces-so Penal”:“Art. 653. Será levantado o arresto ou

cancelada a hipoteca se o réu for absolvido ou julgada extinta a puni-bilidade”.

JUSTIFICAÇÃO:

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CPP - LIVRO IV / TÍTULO I

Proposta do PL nº 8.045/2010:

“Art. 653. Será levantado o arresto ou cancelada a hipoteca se, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade”.

Redação ora proposta:

“Art. 653. Será levantado o arresto ou cancelada a hipoteca se o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade”.

Consoante já mencionado em emen-das anteriores, as medidas cautelares, por serem fundadas apenas na “fumaça do bom direito”, devem ser levantadas sempre que houver uma decisão favorá-vel ao prejudicado pela medida. Afigura--se desmedido, nesse caso, aguardar o trânsito em julgado para, só então, resti-tuir o bem ao proprietário. LIVRO IV – DAS AÇÕES DE IMPUG-NAÇÃO

184. Denominação do Capítulo I do Livro IVDê-se a seguinte redação à denomina-ção do Capítulo I do Livro IV do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“DA REVISÃO CRIMINAL” JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “DA REVISÃO”

Redação proposta: “DA REVISÃO CRIMINAL”

O nomen juris adotado pelo Projeto de Lei 8.045 para expressar o meio de im-pugnação revisional se revela muito ge-nérico. O título “Da Revisão” pode dar ensejo a confusões com outros institu-tos previstos no ordenamento jurídico e potencialmente gerar problemas no co-tidiano forense. Cabe à lei descrever os institutos da maneira mais técnica possível. Por essas razões, como for-ma de conferir maior clareza ao diploma legal, sugere-se o acréscimo do termo “criminal” ao título do Capítulo I, que passaria a “Da Revisão Criminal”.

CAPÍTULO I – DA REVISÃO

185. Art. 655

Dê-se a seguinte redação ao artigo 655 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 655. Caberá, sempre em favor do

condenado, a revisão criminal dos processos findos nas seguintes hi-póteses:

I – a sentença condenatória ou a que im-pôs medida de segurança for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evi-dência dos autos;II – a sentença condenatória se fundar em elementos de prova comprovada-mente falsos;III – após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condena-do ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 655. A revisão dos processos

findos será admitida:I – quando a sentença condenatória ou a que impôs medida de seguran-ça for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;II – quando a sentença condenatória se funda em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas da ino-cência do condenado ou de circuns-tância que determine ou autorize di-minuição especial da pena”.

Redação ora proposta: “Art. 655. Caberá, sempre em favor

do condenado, a revisão crimi-nal dos processos findos nas seguintes hipóteses:

I – a sentença condenatória ou a que impôs medida de segurança for con-trária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;II – a sentença condenatória se fun-dar em elementos de prova compro-vadamente falsos;III – após a sentença, se descobri-rem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição es-pecial da pena”.

A primeira alteração sugerida diz respei-to ao nome do instrumento de impug-nação. Em consonância com o que se propôs como nomem juris do capítulo, acrescenta-se a palavra “criminal” após o termo “revisão” no caput do disposi-tivo legal. Sugere-se também a modificação da re-dação do caput. Necessário deixar claro

no primeiro dispositivo legal a tratar da revisão criminal que tal instrumento so-mente caberá em favor do condenado. Além disso, a alteração do texto permite retirar o termo “quando” dos incisos do artigo 655, evitando repetições desne-cessárias e permitindo uma leitura mais fluida do texto. Por fim, sugere-se que no inciso II seja incluída a expressão “elementos de pro-va” no lugar dos exemplos de meios de prova comprovadamente falsos. Não há razão para enumerar, como se taxativos fossem, os meios de prova que pode-riam estar inquinados de vício e que, portanto, legitimariam a revisão criminal. Mais correto seria dizer que se admitirá a revisão criminal quando qualquer ele-mento de prova se revele comprovada-mente falso. 186. Art. 656Dê-se a seguinte redação ao artigo 656 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 656. A revisão criminal poderá ser

proposta a qualquer tempo, já extin-ta ou não a pena”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 656. A revisão criminal poderá

ser proposta a qualquer tempo, já extinta ou não a pena”.

Redação ora proposta: “Art. 656. A revisão criminal poderá

ser proposta a qualquer tempo, já extinta ou não a pena”.

A única alteração sugerida diz respei-to ao nome do instrumento de impug-nação. Em consonância com o que se propôs como nomem juris do capítu-lo, acrescenta-se a palavra “criminal” após o termo “revisão” no caput do dispositivo legal.

187. Art. 657Dê-se a seguinte redação ao artigo 657 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 657. A revisão criminal poderá

ser proposta pelo próprio conde-nado, por procurador legalmente habilitado ou, no caso de mor-te do condenado, pelo cônjuge, companheiro, ascendente, des-cendente ou irmão e, ainda, pelo Ministério Público”.

JUSTIFICAÇÃO:

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Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 657. A revisão poderá ser pro-

posta pelo próprio réu, por pro-curador legalmente habilitado ou, no caso de morte do condenado, pelo cônjuge, companheiro, as-cendente, descendente ou irmão e, ainda, pelo Ministério Público”.

Redação ora proposta: “Art. 657. A revisão criminal poderá

ser proposta pelo próprio con-denado, por procurador legal-mente habilitado ou, no caso de morte do condenado, pelo côn-juge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão e, ainda, pelo Ministério Público”.

A primeira alteração sugerida diz respeito ao nome do instrumento de impugnação. Em consonância com o que se propôs como nomem juris do capítulo, acrescen-ta-se a palavra “criminal” após o termo “revisão” no caput do dispositivo legal. Por precisão técnica, e em virtude do momento processual, sugere-se tam-bém a alteração do termo “réu” por “condenado” na redação do caput do art. 657.

188. Art. 658Dê-se a seguinte redação ao artigo 658 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 658. As revisões criminais serão

processadas e julgadas:I – pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça quanto às condenações por eles proferidas;II – pelos tribunais, nos demais casos. Parágrafo único. A revisão criminal será processada e julgada conforme o dispos-to nos regimentos internos de cada tribu-nal, assegurando-se sempre uma com-posição do órgão julgador que permita a modificação da decisão impugnada”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 658. As revisões criminais serão

processadas e julgadas:I – pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça quanto às condenações por eles proferidas;II – pelos tribunais, nos demais casos. § 1º No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o processo e o julgamento obedece-rão ao que for estabelecido no res-pectivo regimento interno.

§ 2º Nos tribunais, o julgamento será efetuado pelas câmaras ou tur-mas criminais, reunidas em sessão conjunta, ou pelo tribunal pleno.§ 3º Nos tribunais onde houver 4 (quatro) ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão ser constituídos 2 (dois) ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, com observância do que for estabele-cido no respectivo regimento interno.”

Redação ora proposta: “Art. 658. As revisões criminais serão

processadas e julgadas:I – pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça quanto às condenações por eles proferidas;II – pelos tribunais, nos demais ca-sos. Parágrafo único. A revisão criminal será processada e julgada conforme o disposto nos regimentos internos de cada tribunal, assegurando-se sempre uma composição do órgão julgador que permita a modificação da decisão impugnada.”

O PL 8.045, nos parágrafos do arti-go 658, pretendeu determinar certas diretrizes de composição para julga-mento das revisões criminais. Ocorre que há uma sabida diversidade entre os inúmeros tribunais do país no que diz respeito à composição dos órgãos julgadores. Não deve a lei determinar a que órgão colegiado caberá o jul-gamento, cabendo apenas remeter o tema ao regimento interno dos res-pectivos tribunais. Por outro lado, necessário que o pre-tenso Código de Processo Penal faça expressa menção de que o órgão cole-giado responsável pelo julgamento da revisão tenha composição que permita eventual alteração da decisão impugna-da. Observada essa regra garantidora, caberá ao regimento interno de cada tribunal determinar a composição do ór-gão julgador que melhor se adequar à realidade daquela Corte.

189. Art. 660, parágrafo únicoDê-se a seguinte redação ao artigo 660 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 660. [...]Parágrafo único. Em nenhuma hipóte-se poderá ser agravada a pena impos-ta pela decisão revista. Se, ao julgar procedente a revisão, o órgão julgador determinar novo julgamento, a decisão que dele sobrevier não poderá agravar a situação do condenado anterior à revi-são criminal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 660. [...]Parágrafo único. Em nenhuma hipó-tese poderá ser agravada a pena im-posta pela decisão revista”.

Redação ora proposta: “Art. 660. [...]Parágrafo único. Em nenhuma hi-pótese poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista. Se, ao julgar procedente a revisão, o órgão julgador determinar novo julgamen-to, a decisão que dele sobrevier não poderá agravar a situação do conde-nado anterior à revisão criminal”.

O acréscimo sugerido visa a evitar a re-formatio in pejus indireta. Hoje em dia, a doutrina, quase à unanimidade, não admite que haja prejuízo ao réu em ca-sos de anulação de decisão anterior. Ou seja, em hipóteses de novo julgamento, possibilitado exclusivamente por recur-so do réu, não poderá sobrevir decisão que piore sua situação. Tal vedação deve encontrar previsão expressa na revisão criminal, sobretudo para que o condenado não corra o risco de se prejudicar em virtude do reconhe-cimento de um processo anulado. Ine-xistindo a previsão, certamente haverá situações em que o condenado deixará de apontar as máculas do processo no qual foi condenado justamente para não correr o risco de ser eventualmente pre-judicado por uma nova decisão.

CAPÍTULO II - DO HABEAS CORPUS

Seção I – Do Cabimento

190. Art. 664 Dê-se a seguinte redação ao artigo 664 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 664. A coação considerar-se-á ile-

gal quando:I – não houver justa causa;II – alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;III – quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;IV – houver cessado o motivo que auto-rizou a coação;V – não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza;VI – houver nulidade durante o processo ou ilegalidade na investigação;VII – extinta a punibilidade”. JUSTIFICAÇÃO:

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CPP - LIVRO IV / TÍTULO I

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 664. A coação considerar-se-á

ilegal:I – quando não houver justa causa;II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;IV – quando houver cessado o moti-vo que autorizou a coação;V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza;VI – quando o processo for manifes-tamente nulo;VII – quando extinta a punibilidade”.

Redação ora proposta: “Art. 664. A coação considerar-se-á

ilegal quando:I – não houver justa causa;II – alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;III – quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;IV – houver cessado o motivo que autorizou a coação;V – não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei au-toriza;VI – houver nulidade durante o pro-cesso ou ilegalidade na investigação;VII – extinta a punibilidade”.

A mudança inicial refere-se à inserção do termo “quando” no caput do dispo-sitivo legal. Com essa alteração, evita--se a repetição do termo nos incisos, seguindo uma melhor técnica legislativa. Ademais, torna-se imprescindível inserir a ilegalidade cometida na investigação como uma das coações a ser combatida por habeas corpus. Um decreto prisional fundado em atividade investigativa ilegal não pode ficar sem remédio jurídico. So-mente a título de exemplo, prisão cautelar fundada em reconhecimento pessoal rea-lizado na fase investigativa, em desacordo com a legislação vigente, deve ser objeto, sim, de habeas corpus. É preciso superar a ideia de inexistirem nulidades na fase pré-processual da persecução criminal. A autoridade policial ou o representante do Ministério Público ficam adstritos ao orde-namento penal para conduzir investigação penal, razão pela qual eventual ilegalidade durante essa fase estará sujeita a ser re-mediada por habeas corpus. Seção III - Do procedimento

191. Art. 667, § 4º Dê-se a seguinte redação ao artigo 667 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 667. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem.

[...] § 4º O juiz, o relator, ou o órgão julga-dor poderão conceder, de oficio, ordem de habeas corpus nos casos em que alguém esteja sofrendo coação ilegal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 667. O habeas corpus poderá

ser impetrado por qualquer pes-soa, em seu favor ou de outrem”.

Redação ora proposta: “Art. 667. O habeas corpus poderá

ser impetrado por qualquer pes-soa, em seu favor ou de outrem.

§ 4º O juiz, o relator, ou o órgão julga-dor poderão conceder, de oficio, ordem de habeas corpus nos casos em que alguém esteja sofrendo coação ilegal”.

O acréscimo sugerido pretende ver fi-nalmente resolvida a questão do habeas corpus concedido ex officio. Atualmen-te, tanto a doutrina como a jurisprudên-cia são unânimes em afirmar que é pos-sível o magistrado reconhecer, de ofício, ordem de habeas corpus, fazendo ces-sar imediatamente o constrangimento ilegal imposto ao paciente. A previsão legislativa, ao definir as balizas do HC de ofício, conferirá maior segurança ao tema, impedindo que interpretações ju-risprudenciais diversas possam dificultar a correta compreensão do instituto.

192. Art. 675Dê-se a seguinte redação ao artigo 675 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 675. Recebidas as informações, o

Ministério Público terá vista dos au-tos por 5 (cinco) dias, a contar da data do recebimento dos autos pela sua secretaria, cabendo à secretaria do tribunal informar imediatamente o relator sobre o decurso do prazo”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 675. Recebidas as informações,

o Ministério Público terá vista dos autos por 5 (cinco) dias, a contar da data do recebimento dos au-tos pela sua secretaria, cabendo à secretaria do tribunal informar sobre o decurso do prazo”.

Redação ora proposta: “Art. 675. Recebidas as infor-

mações, o Ministério Públi-co terá vista dos autos por 5 (cinco) dias, a contar da data do recebimento dos autos pela sua secretaria, cabendo à secretaria do tribunal infor-mar imediatamente o relator sobre o decurso do prazo”.

O PL 8.045/10, de forma acertada, determina prazo para o Ministério Público manifestar-se sobre a impe-tração. Hoje, como é sabido, os au-tos permanecem por tempo indefini-do em poder do Ministério Público, o que acaba por gerar um retardamen-to em procedimento cuja celeridade se revela imprescindível. A alteração sugerida visa apenas promover maior clareza na redação, tendo em vista que o texto original é ambíguo em relação a quem seria o destinatário da informação, forneci-da pela secretaria do tribunal, sobre o decurso do prazo. Na realidade, é o relator do caso que deve receber a informação acerca do decurso do pra-zo, cabendo a ele requisitar os autos para julgar o feito na primeira sessão ou, excepcionalmente, na sessão se-guinte, conforme determina o § 1º do art. 675. Dessa forma, haverá o devido respeito ao procedimento urgente exi-gido nos casos desse remédio cons-titucional. CAPÍTULO III - DO MANDADO DE SEGU-RANÇA

193. Art. 683 Dê-se a seguinte redação ao artigo 683 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Pro-cesso Penal”:“Art. 683. Não é cabível mandado de se-

gurança:I – contra ato judicial objeto de recurso recebido no efeito suspensivo;II – contra decisão judicial transitada em julgado”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 683. Não é cabível mandado de

segurança:I – para atribuir efeito suspensivo a recurso;II – contra ato judicial passível de re-curso com efeito suspensivo;III – contra decisão judicial transitada em julgado”.

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Redação ora proposta: “Art. 683. Não é cabível mandado de

segurança:I – contra ato judicial objeto de re-curso recebido no efeito suspensivo;II – contra decisão judicial transitada em julgado”.

A primeira mudança sugerida refere-se à supressão do inciso I, do artigo 683. No processo penal, por tratar diretamente da liberdade do indivíduo, indispensável que haja instrumento que possa, excep-cionalmente, conferir efeito suspensivo a recurso. Com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (HC 126.292), chancelando a chamada execução pro-visória da pena, a exigência de um me-canismo apto a atribuir efeito suspensi-vo aos recursos tornou-se ainda mais premente. Afora isso, importa destacar que o inci-so II, do artigo 683, também precisa ser revisto. De fato, o mandando de segu-rança deve ser vedado para combater atos contra os quais são cabíveis recur-sos com efeito suspensivo. No entanto, indispensável que esse efeito seja veri-ficado na prática, ou seja, que o magis-trado tenha já suspendido os efeitos da decisão anterior. Por isso a sugestão de mudança da redação do inciso II (que, em razão da supressão sugerida, cons-taria como inciso I).

194. Art. 690Dê-se a seguinte redação ao artigo 690 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 690. Nos tribunais, recebidas as in-

formações, o Ministério Público terá vista dos autos por 5 (cinco) dias, a contar da data do recebimento dos autos pela sua secretaria, caben-do à secretaria do tribunal informar imediatamente o relator sobre o de-curso do prazo

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 690. Nos tribunais, recebidas

as informações, o Ministério Pú-blico terá vista dos autos por 5 (cinco) dias, a contar da data do seu recebimento, cabendo à se-cretaria do tribunal informar so-bre o decurso do prazo”.

Redação ora proposta: “Art. 690. Nos tribunais, recebidas as

informações, o Ministério Público terá vista dos autos por 5 (cinco)

dias, a contar da data do rece-bimento dos autos pela sua se-cretaria, cabendo à secretaria do tribunal informar imediata-mente o relator sobre o decur-so do prazo”.

O PL 8.045/10, de forma acertada, de-termina prazo para o Ministério Público manifestar-se sobre a impetração. Hoje, como é sabido, os autos permanecem por tempo indefinido em poder do Mi-nistério Público, o que acaba por gerar um retardamento em procedimento cuja celeridade se revela imprescindível. A redação sugerida pretende deixar claro que o prazo tem início a partir da data de recebimento dos autos pela secretaria do Ministério Público. A omissão da redação original, quanto a esse ponto específico, dá margem a uma interpretação de que os 5 (cinco) dias seriam contados somente a partir da data em que o promotor/procura-dor recebesse os autos em mãos. Correto, portanto, equiparar a redação do presento dispositivo legal com aquele que trata do habeas corpus, art. 675.Além disso, cumpre fazer aqui o mesmo acréscimo sugerido no artigo 675. O des-tinatário da informação sobre o decurso do prazo deve ser o relator do caso. É ele que tomará as providências para co-locar em pauta o feito na sessão seguin-te. Desta feita, para evitar uma possível interpretação incorreta do dispositivo le-gal, sugere-se que fique claro, no texto, quem deve ser informado pela secretaria na hipótese de decurso do prazo.

LIVRO V - DA COOPERAÇÃO JURÍ-DICA INTERNACIONAL

TÍTULO IV - DAS CARTAS ROGATÓRIAS E DO AUXÍLIO DIRETOCAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 195. Art. 713Dê-se a seguinte redação ao artigo 713 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 713: As cartas rogatórias e os pedi-

dos de auxílio direto tramitarão por meio de autoridades centrais ou por via diplomática, conforme previsto em tratado internacional, lei ou de-creto, nessa ordem”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 713. As cartas rogatórias e os

pedidos de auxílio direto trami-tarão por meio de autoridades centrais ou por via diplomática, conforme previsto em lei, decre-to ou tratado”.

Redação ora proposta: “Art. 713: As cartas rogatórias e os pe-

didos de auxílio direto tramitarão por meio de autoridades centrais ou por via diplomática, conforme previsto em tratado internacional, lei ou decreto, nessa ordem”.

A inclusão da expressão “nessa ordem” ao final do artigo legal é necessária para que a hierarquia existente entre os trata-dos, leis e decretos (maior para menor) seja efetivamente observada quando da aplicação pelo operador do Direito, especialmente nas hipóteses em que haja conflito de previsão sobre o proce-dimento entre os tratados e as demais disposições de direito interno. 196. Art. 714Dê-se a seguinte redação ao artigo 714 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 714. As seguintes diligências serão

cumpridas exclusivamente por meio de carta rogatória:

I – quebra de sigilo fiscal, bancário ou telefônico;II – produção e coleta de provas;III – medidas cautelares e de urgência;IV – medidas constritivas;V – outras decisões de cunho interlocutório cujo cumprimento seja indispensável à tra-mitação ou à efetividade de procedimento penal em curso em jurisdição estrangeira.Parágrafo único. A notificação de atos processuais ou outras medidas que não exijam medida jurisdicional e não carac-terizem as hipóteses previstas nos inci-sos deste artigo poderão ser realizadas por meio do auxílio direto”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 714. As seguintes diligências

podem ser cumpridas por meio de carta rogatória e pedido de auxílio direto:

I – notificação de atos processuais;II – produção e coleta de provas;III – medidas cautelares e de urgência;IV – outras decisões de cunho interlocutório cujo cumprimento seja indispensável à tramitação ou à efetividade de procedimento penal em curso em jurisdição es-trangeira”.

Redação ora proposta: “Art. 714. As seguintes diligências

serão cumpridas exclusivamen-te por meio de carta rogatória:

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CPP - LIVRO IV / TÍTULO IV

I – quebra de sigilo fiscal, bancário ou telefônico;II – produção e coleta de provas;III – medidas cautelares e de urgência;IV – medidas constritivas;V – outras decisões de cunho in-terlocutório cujo cumprimento seja indispensável à tramitação ou à efe-tividade de procedimento penal em curso em jurisdição estrangeira. Pa-rágrafo único. A notificação de atos processuais ou outras medidas que não exijam medida jurisdicional e não caracterizem as hipóteses previstas nos incisos deste artigo poderão ser realizadas por meio do auxílio direto”.

A redação dos artigos relativos às car-tas rogatórias e ao auxílio direto propos-to pelo PL não diferencia totalmente os procedimentos, tampouco o objetivo e alcance, da carta rogatória e do auxílio direto. No entanto, é necessário, como consta na exposição de motivos do Có-digo Modelo de Cooperação Interjuris-dicional para a Ibero-América, proposto por uma Comissão de Juristas e publi-cado na Revista da SJRJ, Rio de Ja-neiro, n. 25, 2009, p. 441, é necessário analisar – ao se tratar da cooperação in-ternacional – se o procedimento reclama ou não uma medida jurisdicional. Em sendo necessária jurisdição ou de-libação de Tribunal, o procedimento a ser adotado é o da carta rogatória; caso contrário, será de auxílio direto. 197. Art. 716Dê-se a seguinte redação ao artigo 716 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:“Art. 716: Os atos praticados interna-

mente para cumprimento de carta rogatória e pedidos de auxílio direto serão regidos pela legislação brasi-leira, observados o devido processo legal, bem como o contraditório e a ampla defesa.

Parágrafo único. Admite-se o cumpri-mento da carta rogatória e pedidos de auxílio direto de acordo com as formas e procedimentos especiais indicados pela autoridade rogante, salvo se incompatí-veis com a legislação brasileira”. JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 716. Os atos praticados inter-

namente para cumprimento de carta rogatória e de pedidos de auxílio direto serão regidos pela legislação brasileira.

Parágrafo único. Admite-se o cum-primento da carta rogatória e pedi-dos de auxílio direto de acordo com as formas e procedimentos especiais

indicados pela autoridade rogante, salvo se incompatíveis com a legisla-ção brasileira”.

Redação ora proposta: “Art. 716: Os atos praticados interna-

mente para cumprimento de car-ta rogatória e pedidos de auxílio

direto serão regidos pela legisla-ção brasileira, observados o de-vido processo legal, bem como o contraditório e a ampla defesa.

Parágrafo único. Admite-se o cum-primento da carta rogatória e pedi-dos de auxílio direto de acordo com as formas e procedimentos espe-ciais indicados pela autoridade ro-gante, salvo se incompatíveis com a legislação brasileira”.

A Constituição Federal de 1988 esta-beleceu a necessária observância da ampla defesa e do contraditório em todos os procedimentos judiciais. Por esta razão, e também para que haja co-erência com os demais procedimentos previstos neste projeto de novo Código de Processo Penal, faz-se pertinente a previsão das garantias constitucionais.

CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO DAS CARTAS ROGATÓRIAS

198. Art. 718 ao Art. 725Dê-se a seguinte redação ao Capítulo II, Título IV, Livro V do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”, renumerando-se os Capítulos seguintes:“Art. 718: Entende-se por carta rogató-

ria o pedido de cooperação entre membros do Poder Judiciário de Estados diversos, para a prática de atos de natureza jurisdicional pelo Estado requerido, encaminhado por provocação das partes ou por membro do Poder Judiciário do Es-tado requerente, em incidente pro-cessual próprio”.

“Art. 719: O pedido de cooperação de-verá ser processado como carta ro-gatória pelo Estado brasileiro sem-pre que o seu objeto consistir na adoção de medidas de natureza ju-risdicional nos termos da legislação brasileira, independentemente da denominação adotada pelo Estado estrangeiro”.

“Art. 720: A carta rogatória será utilizada quando houver tratado ou promes-sa de reciprocidade entre os Esta-dos envolvidos na cooperação.

§ 1º – quando fundar-se em tratado, a elaboração do pedido deverá observar os requisitos formais previstos no trata-do e o encaminhamento será pela auto-

ridade central§ 2º – quando fundar-se em promessa de reciprocidade, a elaboração do pedi-do deverá observar os requisitos previs-tos na legislação do Estado requerido e o processamento se dará pela via diplo-mática”.“Art. 721: As cartas rogatórias dirigidas

ao Estado brasileiro, com funda-mento em promessa de reciprocida-de, deverão obedecer os seguintes requisitos formais:

I - Indicação dos Juízos rogante e ro-gado;II - Endereço do Juízo rogante;III - Descrição detalhada da medida so-licitada;IV - Finalidade a ser alcançada com a medida solicitada”;“Art. 722: As cartas rogatórias dirigidas

ao Estado brasileiro, com funda-mento em promessa de reciprocida-de, deverão vir acompanhadas dos seguintes documentos:

I - Peça informativa contendo descrição dos fatos investigados e atual estágio das investigações, denúncia ou queixa;II - Documentos instrutórios;III - Decisão proferida por autoridade estrangeira competente requerendo a adoção da medida ao Estado brasileiro;IV - Despacho judicial autorizando a ex-pedição da carta rogatória;V - Original da tradução oficial ou jura-mentada da carta rogatória e dos docu-mentos que os acompanham;VI - Duas cópias dos originais da carta rogatória, da tradução e dos documen-tos que os acompanham; eVII - Outros documentos ou peças pro-cessuais considerados indispensáveis pelo juízo rogante, conforme a natureza da ação”.“Art. 723: As cartas rogatórias oriun-

das do Poder Judiciário brasileiro e fundadas em tratado internacional serão remetidas pelo Juízo rogante à autoridade central, que solicitará seu cumprimento às autoridades estrangeiras competentes”.

“Art. 724: As cartas rogatórias encami-nhadas ao Estado brasileiro por au-toridades estrangeiras deverão ser remetidas ao Superior Tribunal de Justiça para a concessão do exe-quatur, por decisão monocrática de seu Presidente, após o que serão cumpridas pelo juiz federal criminal competente.

Parágrafo único: O juiz federal compe-tente é aquele do lugar onde deverá ser executada a medida solicitada no pedi-do de cooperação”. “Art. 725: Não será concedido o exe-

quatur à carta rogatória que ofender à ordem pública.

Parágrafo único. O Estado brasileiro poderá negar a cooperação, por ofensa à ordem pública, se existirem sérias ra-zões que indiquem que o procedimento

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penal contra a pessoa processada não respeita as garantias estipuladas nos instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos”.“Art. 726: Recebida a carta rogatória no

Superior Tribunal de Justiça, a parte afetada pela cooperação será inti-mada para, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar o pedido de conces-são de exequatur.

§ 1º: A medida solicitada por carta ro-gatória poderá ser realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação prévia puder resultar na ineficiência da cooperação internacional. Neste caso, após a efetivação da medida, o afeta-do poderá impugná-la, no prazo de 15 (quinze) dias, perante o Superior Tribu-nal de Justiça”. § 2º: No processo de concessão do exequatur, a defesa somente poderá versar sobre a autenticidade dos docu-mentos, a inteligência da decisão e vio-lação à ordem pública”. “Art. 727: Se a parte requerida não for

localizada, for revel ou incapaz, dar--se-lhe-á curador especial”.

“Art. 728: A Procuradoria Geral da Re-pública terá vista dos autos nas car-tas rogatórias pelo prazo de 10 (dez) dias, podendo impugnar o pedido de concessão do “exequatur”.

“Art. 729: Havendo impugnação do pe-dido de concessão de “exequatur o Presidente poderá determinar a distribuição dos autos do processo para julgamento pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça”.

“Art. 730: Das decisões do Presidente ou do relator na concessão de “exe-quatur da carta rogatória, caberá agravo, no prazo de 5 (cinco) dias”.

“Art. 731: Após a concessão do “exe-quatur, a carta rogatória será reme-tida ao Juízo Federal competente para o cumprimento”.

“Art. 732: Cumprido o pedido, a carta rogatória será restituída ao Superior Tribunal de Justiça que, antes de devolvê-la, intimará as partes para, no prazo de 5 (cinco) dias, apre-sentarem impugnação, que poderá versar sobre qualquer ato referente ao cumprimento da carta rogató-ria, com exceção da concessão do “exequatur.

Parágrafo único: Da decisão que julgar a impugnação caberá agravo para a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça”.“Art. 733: Cumprida a carta rogatória ou,

verificada a impossibilidade de seu cumprimento, será devolvida ao Pre-sidente do Superior Tribunal de Jus-tiça no prazo de 10 (dez) dias, e ele a remeterá, em igual prazo, por meio da autoridade central brasileira ou Ministério das Relações Exteriores, à autoridade estrangeira de origem”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 718. As cartas rogatórias oriun-

das do Poder Judiciário brasilei-ro serão remetidas pelo juiz ro-gante à autoridade central, que solicitará seu cumprimento às autoridades estrangeiras com-petentes.

Parágrafo único. Na ausência de tra-tado, a autoridade central, depois de verificar os requisitos de admissibili-dade formais da carta rogatória, pro-cederá seu encaminhamento por via diplomática”.“Art. 719. A carta rogatória expedida

pelo Estado brasileiro, quanto à sua admissibilidade e modo de cumprimento, deverá estar em conformidade com a legislação do Estado requerido”.

“Art. 720. As cartas rogatórias en-caminhadas ao Estado brasilei-ro por autoridades estrangeiras serão cumpridas pelo juiz fede-ral criminal competente, após a concessão de exequatur pelo Superior Tribunal de Justiça, por decisão monocrática”.

“Art. 721. A parte interessada será intimada para impugnar a carta rogatória no prazo de 15 (quinze) dias, salvo nos casos em que a intimação prévia puder resultar na ineficácia da cooperação”.

“Art. 722. Cumprido o pedido, a carta rogatória será restituída ao Superior Tribunal de Justiça, que, antes de devolvê-la, sana-rá eventuais nulidades ou, se necessário, determinará a reali-zação de medidas complemen-tares”.

“Art. 723. A carta rogatória devida-mente cumprida será restituída à autoridade requerente, pelas mesmas vias que inicialmente tramitou”.

“Art. 724. O ato de cumprimento da carta rogatória pode ser impug-nado no prazo de 10 (dez) dias por qualquer interessado ou pelo Ministério Público.

Parágrafo único. Da decisão que jul-gar a impugnação cabe agravo”.

“Art. 725. A citação que houver de ser feita em legação estrangeira será efetuada mediante carta ro-gatória, salvo se houver tratado dispondo de maneira diversa”.

Redação ora proposta: “Art. 718. Entende-se por carta ro-

gatória o pedido de cooperação entre membros do Poder Judici-ário de Estados diversos, para a prática de atos de natureza

jurisdicional pelo Estado requerido, encaminhado por provocação das partes ou por membro do Poder Judi-ciário do Estado requerente, em inci-dente processual próprio”.“Art. 719. O pedido de cooperação

deverá ser processado como carta rogatória pelo Estado bra-sileiro sempre que o seu objetoconsistir na adoção de medidas de natureza jurisdicional nos termos da legislação brasileira, independentemente da denomi-nação adotada pelo Estado es-trangeiro”.

“Art. 720. A carta rogatória será uti-lizada quando houver tratado ou promessa de reciprocidade entre os Estados envolvidos na cooperação.

§ 1º – quando fundar-se em tratado, a elaboração do pedido deverá ob-servar os requisitos formais previstos no tratado e o encaminhamento será pela autoridade central§ 2o – quando fundar-se em promes-sa de reciprocidade, a elaboração do pedido deverá observar os requisitos previstos na legislação do Estado re-querido e o processamento se dará pela via diplomática”.“Art. 721. As cartas rogatórias diri-

gidas ao Estado brasileiro, com fundamento em promessa de re-ciprocidade, deverão obedecer os seguintes requisitos formais:

I - Indicação dos Juízos rogante e rogado;II - Endereço do Juízo rogante;III - Descrição detalhada da medida solicitada;IV - Finalidade a ser alcançada com a medida solicitada”;“Art. 722. As cartas rogatórias diri-

gidas ao Estado brasileiro, com fundamento em promessa de re-ciprocidade, deverão vir acom-panhadas dos seguintes docu-mentos:

I - Peça informativa contendo des-crição dos fatos investigados e atual estágio das investigações, denúncia ou queixa;II - Documentos instrutórios;III - Decisão proferida por autoridade estrangeira competente requerendo a adoção da medida ao Estado brasileiro;IV - Despacho judicial autorizando a expedição da carta rogatória;V - Original da tradução oficial ou juramentada da carta rogatória e dos documentos que os acompa-nham;VI - Duas cópias dos originais da car-ta rogatória, da tradução e dos docu-mentos que os acompanham; eVII - Outros documentos ou peças processuais considerados indispen-sáveis pelo juízo rogante, conforme a natureza da ação”.

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CPP - LIVRO V / TÍTULO IV

“Art. 723. As cartas rogatórias oriun-das do Poder Judiciário bra-sileiro e fundadas em tratado internacional serão remetidas pelo Juízo rogante à autoridade central, que solicitará seu cum-primento às autoridades estran-geiras competentes”.

“Art. 724. As cartas rogatórias en-caminhadas ao Estado brasilei-ro por autoridades estrangeiras deverão ser remetidas ao Su-perior Tribunal de Justiça para a concessão do “exequatur, por decisão monocrática de seu Presidente, após o que serão cumpridas pelo juiz federal cri-minal competente.

Parágrafo único: O juiz federal com-petente é aquele do lugar onde de-verá ser executada a medida solici-tada no pedido de cooperação”. “Art. 725. Não será concedido o

“exequatur à carta rogatória que ofender à ordem pública.

Parágrafo único. O Estado brasileiro poderá negar a cooperação, por ofen-sa à ordem pública, se existirem sérias razões que indiquem que o procedi-mento penal contra a pessoa proces-sada não respeita as garantias estipu-ladas nos instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos”.“Art. 726. Recebida a carta rogatória

no Superior Tribunal de Justiça, a parte afetada pela cooperação será intimada para, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar o pedido de concessão de “exequatur.

§ 1º: A medida solicitada por carta rogatória poderá ser realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação prévia puder resultar na ineficiência da cooperação interna-cional. Neste caso, após a efetiva-ção da medida, o afetado poderá impugná-la, no prazo de 15 (quinze) dias, perante o Superior Tribunal de Justiça. § 2º: No processo de concessão do “exequatur, a defesa somente pode-rá versar sobre a autenticidade dos documentos, a inteligência da deci-são e violação à ordem pública”. “Art. 727. Se a parte requerida não for

localizada, for revel ou incapaz, dar-se-lhe-á curador especial”.

“Art. 728. A Procuradoria Geral da República terá vista dos autos nas cartas rogatórias pelo prazo de 10 (dez) dias, podendo im-pugnar o pedido de concessão do “exequatur”.

“Art. 729. Havendo impugnação do pedido de concessão de “exe-quatur, o Presidente poderá de-terminar a distribuição dos autos do processo para julgamento pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça”.

“Art. 730. Das decisões do Presiden-te ou do relator na concessão de “exequatur da carta rogatória, caberá agravo, no prazo de 5 (cinco) dias”.

“Art. 731. Após a concessão do “exe-quatur, a carta rogatória será re-metida ao Juízo Federal compe-tente para o cumprimento”.

“Art. 732. Cumprido o pedido, a carta rogatória será restituída ao Superior Tribunal de Justiça que, antes de devolvê-la, inti-mará as partes para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem impugnação, que poderá versar sobre qualquer ato referente ao cumprimento da carta rogatória, com exceção da concessão do “exequatur.

Parágrafo único: Da decisão que julgar a impugnação caberá agravo para a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça”.“Art. 733. Cumprida a carta rogatória

ou, verificada a impossibilidade de seu cumprimento, será de-volvida ao Presidente do Supe-rior Tribunal de Justiça no prazo de 10 (dez) dias, e ele a remete-rá, em igual prazo, por meio da autoridade central brasileira ou Ministério das Relações Exterio-res, à autoridade estrangeira de origem”.

A redação dos artigos relativos às car-tas rogatórias e ao auxílio direto propos-to pelo PL não diferencia totalmente os procedimentos, tampouco o objetivo e alcance, da carta rogatória e do auxílio direto. No entanto, é necessário, como consta na exposição de motivos do Có-digo Modelo de Cooperação Interjuris-dicional para a Ibero-América, proposto por uma Comissão de Juristas e publi-cado na Revista da SJRJ, Rio de Ja-neiro, n. 25, 2009, p. 441, é necessário analisar – ao se tratar da cooperação in-ternacional – se o procedimento reclama ou não uma medida jurisdicional. Em sendo necessária jurisdição ou de-libação de Tribunal, o procedimento a ser adotado é o da carta rogatória; caso contrário, será de auxílio direto. A redação dos artigos a seguir discipli-na detalhadamente os requisitos para o cumprimento das cartas rogatórias, os documentos necessários para a sua regular tramitação e possiblidade do exercício do contraditório e ampla defe-sa, bem como incorpora as disposições sobre o tema constantes no Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.Para o novo artigo 727, a previsão cons-tante no art. 216-R do Regimento Inter-no do Superior Tribunal de Justiça. A previsão em legislação federal ordinária,

de hierarquia superior às previsões dos regimentos internos dos tribunais, ga-rante maior efetividade à norma.Para a nova redação do artigo 728, trata--se de previsão constante no art. 216-S do Regimento Interno do Superior Tribu-nal de Justiça. A previsão em legislação federal ordinária, de hierarquia superior às previsões dos regimentos internos dos tribunais, garante maior efetividade à norma.Para a nova redação do artigo 729, a previsão é constante no art. 216-T do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. A previsão em legislação fe-deral ordinária, de hierarquia superior às previsões dos regimentos internos dos tribunais, garante maior efetividade à norma.A proposta do artigo 730 refere-se a previsão constante no art. 216-U do Re-gimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, sem a indicação precisa do pra-zo para o mencionado recurso. A previ-são em legislação federal ordinária, de hierarquia superior às previsões dos re-gimentos internos dos tribunais, garante maior efetividade à norma. A especifica-ção expressa do prazo recursal garante observância ao devido processo legal, evitando interpretações conflitantes so-bre o tema.Para o artigo 731, a previsão é constan-te no art. 216-V do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. A pre-visão em legislação federal ordinária, de hierarquia superior às previsões dos re-gimentos internos dos tribunais, garante maior efetividade à norma.Para o artigo 733, a previsão constante no art. 216-X do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. A previsão em legislação federal ordinária, de hie-rarquia superior às previsões dos regi-mentos internos dos tribunais, garante maior efetividade à norma. Inclusão, apenas, de prazo para que o Presidente do Superior Tribunal de Justiça reme-ta a carta rogatória, visando dar maior celeridade na sua devolução, tudo em atendimento à garantia constitucional da duração razoável do processo. CAPÍTULO III – DO PROCEDIMENTO DO AUXÍLIO DIRETO

199. Art. 726 ao 730Dê-se a seguinte redação ao Capítulo III, Título IV, Livro VI do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal, renumerando-se os Capítulos seguintes:“Art. 726: Entende-se por auxílio direto:I – o procedimento destinado à coope-ração entre órgãos administrativos de Estados diversos, para a prática de atos ou diligências que atendam o Estado re-querente;II – a cooperação entre órgãos adminis-trativos e tribunais, ou entre tribunais, de

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Estados diversos, que tenham por fina-lidade a prática de atos ou diligências que não tenham natureza jurisdicional, segundo as leis do Estado requerido”.“Art. 727: O pedido de auxílio direto de-

penderá da existência de tratado ou promessa de reciprocidade”.

“Art. 728: Se o pedido de auxílio dire-to tiver por fundamento tratado, seu encaminhamento será feito por meio de autoridade central e a ela-boração do pedido deverá observar os requisitos formais previstos no tratado”.

“Art. 729: Se o pedido de auxílio direto tiver por fundamento promessa de reciprocidade, seu processamen-to se dará igualmente por meio de autoridade central, no entanto, sua elaboração deverá observar os re-quisitos previstos na legislação do Estado requerido.

§ 1º: Os pedidos de auxílio direto diri-gidos ao Estado brasileiro, com funda-mento em promessa de reciprocidade, deverão obedecer os seguintes requisi-tos formais:I – promessa de reciprocidade emanada de autoridade estrangeira competente; II – indicação da autoridade requerente; III – indicação das Autoridades Centrais dos Estados requerente e requerido; IV – sumário contendo número(s) e síntese(s) do(s) procedimento(s) ou processo(s) no Estado requerente que servem de base ao pedido de coopera-ção; V – qualificação completa e precisa das pessoas às quais o pedido se refere (nome, sobrenome, nacionalidade, lugar de nascimento, endereço, data de nas-cimento, e, sempre que possível, nome da genitora, profissão e número do pas-saporte); VI – narrativa clara, objetiva, concisa e completa, no próprio texto do pedido de cooperação jurídica internacional, dos fatos que lhe deram origem, incluindo indicação: a) do lugar e da data; b) do nexo de causalidade entre o pro-

cedimento em curso, os envolvidos e as medidas solicitadas no pedido de auxílio; e

c) da documentação anexada ao pedi-do.

VII – referência e transcrição integral dos dispositivos legais aplicáveis, destacan-do-se, em matéria criminal, os tipos pe-nais; VIII – descrição detalhada do auxílio so-licitado, indicando:a) nos casos de notificação, citação

ou intimação, a qualificação com-pleta da pessoa a ser notificada, citada ou intimada, e seu respectivo endereço;

b) nos casos de interrogatório e inqui-rição, o rol de quesitos a serem for-mulados.

IX – descrição do objetivo do pedido de cooperação jurídica internacional; X – qualquer outra informação que pos-sa ser útil à autoridade requerida, para os efeitos de facilitar o cumprimento do pedido de cooperação jurídica interna-cional; XI – outras informações solicitadas pelo Estado requerido; XII – assinatura da autoridade requeren-te, local e data”.“Art. 730: As seguintes diligências pode-

rão ser cumpridas por meio do pro-cedimento de auxílio direto:

I – informação sobre direito estrangeiro;II – informação sobre procedimento ad-ministrativo ou processo judicial em cur-so no Estado requerido, salvo no caso de sigilo; III – investigação conjunta entre autori-dades policiais e órgãos de persecução penal, salvo se a medida reclamar juris-dição do Estado requerido;IV – realização de provas;V – quaisquer outras medidas que não exijam autorização judicial para serem executadas.Parágrafo único: Na hipótese do inciso III, caso o procedimento administrativo ou processo judicial sejam sigilosos, a tramitação do pedido deverá ser feita mediante carta rogatória. Neste caso, os autos deverão ser remetidos ao Supe-rior Tribunal de Justiça, a fim de que seja concedido o exequatur, observando-se o procedimento previsto nos art. 725 e seguintes”. “Art. 731: Independentemente do nome

que o Estado estrangeiro der ao instrumento de cooperação, deverá ele ser processado pelo Estado bra-sileiro como auxílio direto, sempre que o seu objeto consistir na ado-ção de medidas que não tenham natureza jurisdicional, segundo o ordenamento jurídico brasileiro.

Art. 732: Não será cumprido pedido de auxílio direto que ofender à ordem pública.

Parágrafo único: O Estado brasileiro poderá negar a cooperação, por ofensa à ordem pública, se exis-tirem sérias razões para acreditar que o procedimento penal contra a pessoa processada não respeita as garantias estipuladas nos instru-mentos internacionais de proteção aos direitos humanos”.

“Art. 733: Os pedidos de cooperação que forem processados como au-xílio direto, serão recebidos pela autoridade central brasileira, a quem incumbirá analisar se eles preenchem os requisitos previstos no tratado internacional ou, na sua ausência, os requisitos previstos no art. 736 deste Código.

Parágrafo único: Diante do não preen-chimento dos requisitos formais, a au-toridade central devolverá o pedido de

cooperação para o Estado estrangeiro realizar os ajustes necessários”. “Art. 734: Preenchidos os requisitos for-

mais, o pedido de auxílio direto será encaminhado à autoridade compe-tente que, antes de cumprir a solici-tação, intimará a parte afetada para, no prazo de 10 (dez) dias, impugnar o cumprimento da medida, salvo se a intimação prévia segundo as dis-posições do tratado internacional, bem como do ordenamento jurídico brasileiro.

Parágrafo único: A medida solicitada poderá ser realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação prévia puder resultar na ineficiência da coope-ração internacional. Neste caso, após a efetivação da medida, o afetado poderá impugná-la, nos termos do caput”. “Art. 735: Se a parte requerida não for

localizada, for revel ou incapaz, dar--se-lhe-á curador especial”.

“Art. 736: Se a autoridade competen-te for Juiz Federal, da sua decisão caberá recurso de apelação ao res-pectivo Tribunal Regional Federal”.

“Art. 737: Se a autoridade competente for órgão administrativo, da sua de-cisão caberá impugnação ao Juiz Federal da Subseção Judiciária onde aquela estiver lotada”.

“Art. 738: A decisão da autoridade com-petente, seja ela administrativa ou judicial, deverá ser fundamentada, nos termos do que dispõe o §1º do art. 489, da Lei n. 13.105/16 (novo Código de Processo Civil)”.

“Art. 739: Cumprido o pedido de auxílio direto e, esgotadas as possibilidades de revisão, deverá ser encaminhado para a autoridade central brasileira, a fim de que seja devolvido à autorida-de central do Estado requerente”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL nº 8.045/2010: “Art. 726. O auxílio direto será utiliza-

do quando:I – houver previsão em tratado;II – possa ser submetido à ampla cognição da autoridade judicial com-petente.Parágrafo único. Os pedidos de au-xílio direto, baseados em tratado ou em compromisso de reciprocidade, tramitarão pelas autoridades cen-trais dos países envolvidos”.“Art. 727. A autoridade central brasi-

leira comunicar-se-á diretamen-te com as suas congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e execução de pedi-dos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasilei-ro, respeitadas as disposições

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CPP - LIVRO V / TÍTULO IV

específicas constantes de tratado”.“Art. 728. Compete ao juiz federal do

lugar em que deva ser executa-da a medida apreciar o pedido de auxílio direto.

Parágrafo único. Se houver parte in-teressada, será ela citada para, no prazo de 5 (cinco) dias, ma-nifestar-se sobre o auxílio direto solicitado, salvo se a medida pu-der resultar na ineficácia da coo-peração internacional.

“Art. 729. A competência da auto-ridade interna para o início do procedimento de auxílio direto será definida pela lei do Estado requerido, salvo previsão diver-sa em tratado”.

“Art. 730. A medida solicitada que puder prejudicar investigação em trâmite no Brasil poderá ser suspensa, temporariamente, caso em que a autoridade re-querente será notificada”.

Redação ora proposta: “Art. 726: Entende-se por auxílio di-

reto:I – o procedimento destinado à coo-peração entre órgãos administrativos de Estados diversos, para a prática de atos ou diligências que atendam o Estado requerente;II – a cooperação entre órgãos ad-ministrativos e tribunais, ou entre tribunais, de Estados diversos, que tenham por finalidade a prática de atos ou diligências que não tenham natureza jurisdicional, segundo as leis do Estado requerido”.“Art. 727: O pedido de auxílio direto

dependerá da existência de tra-tado ou promessa de reciproci-dade”.

“Art. 728: Se o pedido de auxílio dire-to tiver por fundamento tratado, seu encaminhamento será feito por meio de autoridade central e a elaboração do pedido deverá observar os requisitos formais previstos no tratado”.

“Art. 729: Se o pedido de auxílio di-reto tiver por fundamento pro-messa de reciprocidade, seu processamento se dará igual-mente por meio de autoridade central, no entanto, sua elabo-ração deverá observar os requi-sitos previstos na legislação do Estado requerido.

§ 1º: Os pedidos de auxílio direto dirigidos ao Estado brasileiro, com fundamento em promessa de reci-procidade, deverão obedecer os se-guintes requisitos formais:I – promessa de reciprocidade ema-nada de autoridade estrangeira com-petente;

II – indicação da autoridade requeren-te; III – indicação das Autoridades Cen-trais dos Estados requerente e re-querido; IV – sumário contendo número(s) e síntese(s) do(s) procedimento(s) ou processo(s) no Estado requerente que servem de base ao pedido de cooperação; V – qualificação completa e preci-sa das pessoas às quais o pedido se refere (nome, sobrenome, nacionali-dade, lugar de nascimento, endere-ço, data de nascimento, e, sempre que possível, nome da genitora, profissão e número do passaporte); VI – narrativa clara, objetiva, conci-sa e completa, no próprio texto do pedido de cooperação jurídica inter-nacional, dos fatos que lhe deram origem, incluindo indicação: a) do lugar e da data; b) do nexo de causalidade entre o

procedimento em curso, os en-volvidos e as medidas solicitadas no pedido de auxílio; e

c) da documentação anexada ao pe-dido.

VII – referência e transcrição integral dos dispositivos legais aplicáveis, destacando-se, em matéria criminal, os tipos penais; VIII – descrição detalhada do auxílio solicitado, indicando:a) nos casos de notificação, citação

ou intimação, a qualificação com-pleta da pessoa a ser notificada, citada ou intimada, e seu respec-tivo endereço;

b) nos casos de interrogatório e in-quirição, o rol de quesitos a serem formulados.

IX – descrição do objetivo do pedido de cooperação jurídica internacional; X – qualquer outra informação que possa ser útil à autoridade requerida, para os efeitos de facilitar o cumpri-mento do pedido de cooperação ju-rídica internacional; XI – outras informações solicitadas pelo Estado requerido; e XII – assinatura da autoridade reque-rente, local e data”.“Art. 730: As seguintes diligências po-

derão ser cumpridas por meio do procedimento de auxílio direto:

I – informação sobre direito estrangeiro;II – informação sobre procedimento administrativo ou processo judicial em curso no Estado requerido, salvo no caso de sigilo; III – investigação conjunta entre auto-ridades policiais e órgãos de persecu-ção penal, salvo se a medida reclamar jurisdição do Estado requerido;IV – realização de provas;V – quaisquer outras medidas que não exijam autorização judicial para serem executadas.

Parágrafo único: Na hipótese do inciso III, caso o procedimento administrativo ou processo judicial sejam sigilosos, a tramitação do pedido deverá ser feita mediante carta rogatória. Neste caso, os autos deverão ser remetidos ao Superior Tribunal de Justiça, a fim de que seja concedido o exequatur, ob-servando-se o procedimento previsto nos art. 725 e seguintes”.

“Art. 731: Independentemente do nome que o Estado estrangeiro der ao instrumento de coope-ração, deverá ele ser processa-do pelo Estado brasileiro como auxílio direto, sempre que o seu objeto consistir na adoção de medidas que não tenham na-tureza jurisdicional, segundo o ordenamento jurídico brasileiro”.

“Art. 732: Não será cumprido pedido de auxílio direto que ofender à ordem pública.

Parágrafo único: O Estado brasileiro poderá negar a cooperação, por ofen-sa à ordem pública, se existirem sérias razões para acreditar que o procedi-mento penal contra a pessoa proces-sada não respeita as garantias estipu-ladas nos instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos”.“Art. 733: Os pedidos de cooperação

que forem processados como auxílio direto, serão recebidos pela autoridade central brasilei-ra, a quem incumbirá analisar se eles preenchem os requisitos previstos no tratado interna-cional ou, na sua ausência, os requisitos previstos no art. 736 deste Código.

Parágrafo único: Diante do não pre-enchimento dos requisitos for-mais, a autoridade central de-volverá o pedido de cooperação para o Estado estrangeiro reali-zar os ajustes necessários”.

“Art. 734: Preenchidos os requisitos formais, o pedido de auxílio di-reto será encaminhado à autori-dade competente que, antes de cumprir a solicitação, intimará a parte afetada para, no prazo de 10 (dez) dias, impugnar o cum-primento da medida, salvo se a intimação prévia segundo as disposições do tratado interna-cional, bem como do ordena-mento jurídico brasileiro.

Parágrafo único: A medida solicitada poderá ser realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação prévia puder resultar na ineficiência da coope-ração internacional. Neste caso, após a efetivação da medida, o afetado pode-rá impugná-la, nos termos do caput”. “Art. 735: Se a parte requerida não for

localizada, for revel ou incapaz, dar-se-lhe-á curador especial”.

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“Art. 736: Se a autoridade competente for Juiz Federal, da sua decisão cabe-rá recurso de apelação ao respectivo Tribunal Regional Federal”.“Art. 737: Se a autoridade compe-

tente for órgão administrativo, da sua decisão caberá impug-nação ao Juiz Federal da Sub-seção Judiciária onde aquela estiver lotada”.

“Art. 738: A decisão da autoridade competente, seja ela administra-tiva ou judicial, deverá ser fun-damentada, nos termos do que dispõe o §1º do art. 489, da Lei n. 13.105/16 (novo Código de Processo Civil)”.

“Art. 739: Cumprido o pedido de au-xílio direto e, esgotadas as pos-sibilidades de revisão, deverá ser encaminhado para a autori-dade central brasileira, a fim de que seja devolvido à autoridade central do Estado requerente”.

A redação dos artigos relativos às cartas rogatórias e ao auxílio direto proposto pelo PL não diferencia total-mente os procedimentos, tampouco o objetivo e alcance, da carta roga-tória e do auxílio direto. No entanto, é necessário, como consta na expo-sição de motivos do Código Modelo de Cooperação Interjurisdicional para a Ibero-América, proposto por uma Comissão de Juristas e publicado na Revista da SJRJ, Rio de Janeiro, n. 25, 2009, p. 441, é necessário analisar – ao se tratar da cooperação interna-cional – se o procedimento reclama ou não uma medida jurisdicional. Em sendo necessária jurisdição ou de-libação de Tribunal, o procedimento a ser adotado é o da carta rogatória; caso contrário, será de auxílio direto.

LIVRO VI - DISPOSIÇÕES TRANSI-TÓRIAS E FINAIS

200. Art. 738Dê-se a seguinte redação ao art. 738 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 738. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1948 – Código Pe-nal, passa a vigorar com as seguin-tes modificações e acréscimos:

“Art. 91. .....................................II – a perda em favor da União, de Estado ou do Distrito Fede-ral, a depender da autoridade judiciária que tenha proferido a sentença condenatória, ressal-vado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:.........................................” (NR)

Art. 97. .....................................§ 1º A internação, ou trata-mento ambulatorial, perdurará enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a re-cuperação do inimputável, não podendo, entretanto, superar o tempo previsto para a pena má-xima cominada............................................ (NR)Ação pública“Art. 100. A ação penal é pú-blica e será promovida privati-vamente pelo Ministério Públi-co, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido.......................................... (NR)” Decadência do direito de repre-sentaçãoArt. 103. Salvo disposição ex-pressa em contrário, o ofendido decai do direito de representa-ção se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, conta-do do dia em que veio a saber quem é o autor do crime.§ 1º No caso do § 3º do art. 100 deste Código, o ofendido decai do direito de queixa se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denún-cia.’ (NR) “Art. 145. Nos crimes previs-tos neste Capítulo, somente se procede mediante representa-ção da vítima, salvo quando, no caso do art. 148, § 2º, da vio-lência resultar lesão corporal de natureza grave”. (NR) “Art. 151. ..................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.§ 1º ...........................................Violação de comunicação tele-gráfica ou radioelétricaII – quem indevidamente divul-ga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação te-legráfica ou radioelétrica dirigi-da a terceiro;III – quem impede a comunica-ção ou a conversação referidas no inciso II deste parágrafo;..................................................§ 3º Se o agente comete o cri-me, com abuso de função em serviço postal, telegráfico ou radioelétrico:.........................................” (NR) “Art. 151-A. Violar o sigilo de comunicação telefônica, de in-formática ou telemática, sem autorização judicial ou com ob-

jetivos não autorizados em lei:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem viola o segredo de justi-ça decorrente do procedimento judicial relativo à interceptação das comunicações de que trata o caput deste artigo.§ 2º A pena é aumentada de um terço até metade se o cri-me previsto no caput ou no § 1º deste artigo é praticado por funcionário público no exercício de suas funções”. “Art. 151-B. Fazer afirmação falsa com o fim de induzir a erro a autoridade judicial no proce-dimento de interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave”. “Art. 151-C. Oferecer serviço privado de interceptação tele-fônica ou telemática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”. “Art. 151-D. Utilizar conteúdo de interceptação telefônica ou telemática com o fim de obter vantagem indevida, constran-ger ou ameaçar alguém:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”. “Art. 161. ..................................§ 3º Se a propriedade é par-ticular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante representação da ví-tima”. (NR) “Art. 167. Nos casos do caput do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo único e do art. 164, somente se procede mediante representação da vítima”. (NR)“Art. 179. ..................................Pena – ......................................Parágrafo único. Somente se procede mediante representa-ção da vítima”.(NR) “Art. 182. Somente se procede mediante representação da ví-tima, se o crime previsto neste título atingir exclusivamente o patrimônio do particular e des-de que praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa”.(NR) “Art. 186. ..................................I – representação da vítima, nos

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crimes previstos no caput do art. 184;.........................................” (NR) “Art. 236. ...................................Pena – .......................................Parágrafo único. A ação penal depende de representação do contraente enganado e não pode ser intentada senão de-pois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento”. (NR) “Art. 345. ...................................Pena – .......................................Parágrafo único. Se não há em-prego de violência, somente se procede mediante representa-ção da vítima”. (NR)

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010:

“Art. 91. ........................................II – a perda em favor da União, de Estado ou do Distrito Federal, a de-pender da autoridade judiciária que tenha proferido a sentença condena-tória, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:.................................................” (NR)

“Art. 97...............................................§ 1º A internação, ou tratamento am-bulatorial, perdurará enquanto não for averiguada, mediante perícia mé-dica, a recuperação do inimputável, não podendo, entretanto, superar o tempo previsto para a pena máxima cominada..................................................” (NR) “Ação públicaArt. 100. A ação penal é pública e será promovida privativamente pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representa-ção do ofendido..................................................” (NR) “Decadência do direito de represen-taçãoArt. 103. Salvo disposição expres-sa em contrário, o ofendido decai do direito de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para ofere-cimento da denúncia”. (NR) “Art. 117. O curso da prescrição in-terrompe-se:I – pela propositura da ação penal,

desde que recebida a denúncia; .................................................” (NR) Art. 129-A. Nos crimes de lesão corporal leve (art. 129, caput) e de lesão corporal culposa (art. 129, § 6º), procede-se mediante repre-sentação da vítima, excetuada a hipótese de violência doméstica e familiar contra a mulher.

“Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se pro-cede mediante representação da vítima, salvo quando, no caso do art. 148, § 2º, da violência resultar lesão corporal de natureza grave.” (NR)

“Art. 151.............................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.§ 1º ....................................................Violação de comunicação telegráfica ou radioelétricaII – quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusi-vamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro;III – quem impede a comunicação ou a conversação referidas no inciso II deste parágrafo;..........................................................§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico ou radioelétrico:.................................................” (NR) “Art. 151-A. Violar o sigilo de comu-nicação telefônica, de informática ou telemática, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cin-co) anos, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem viola o segredo de justiça decorrente do procedimento judicial relativo à interceptação das comunicações de que trata o caput deste artigo.§ 2º A pena é aumentada de um ter-ço até metade se o crime previsto no caput ou no § 1º deste artigo é praticado por funcionário público no exercício de suas funções”. Art. 151-B. Fazer afirmação falsa com o fim de induzir a erro a autoridade ju-dicial no procedimento de intercepta-ção de comunicações telefônicas, de informática ou telemática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Art. 151-C. Oferecer serviço privado de interceptação telefônica ou tele-mática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

“Art. 151-D. Utilizar conteúdo de in-terceptação telefônica ou telemática com o fim de obter vantagem indevi-da, constranger ou ameaçar alguém:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”. “Art. 152. ...........................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos..................................................” (NR)“Art. 153. ...........................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos..................................................” (NR) “Art. 154. ...........................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos..................................................” (NR) “Art. 161. .................. .........................§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, so-mente se procede mediante repre-sentação da vítima”. (NR)

“Art. 167. Nos casos do caput do art. 163, do inciso IV do seu parágra-fo único e do art. 164, somente se procede mediante representação da vítima”. (NR)

“Art. 179. ...........................................Pena – ...............................................Parágrafo único. Somente se proce-de mediante representação da víti-ma”. (NR)

“Art. 182. Somente se procede me-diante representação da vítima, se o crime previsto neste título atingir exclu-sivamente o patrimônio do particular e desde que praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa”. (NR)“Art. 186. ...........................................I – representação da vítima, nos cri-mes previstos no caput do art. 184;.................................................” (NR)

“Art. 236 ............................................Pena – ...............................................Parágrafo único. A ação penal de-pende de representação do con-traente enganado e não pode ser intentada senão depois de transi-tar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento”. (NR)

“Art. 345.............................................Pena – ...............................................Parágrafo único. Se não há empre-go de violência, somente se pro-cede mediante representação da vítima”. (NR)

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CPP

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VRO

V

Redação ora proposta:

“Art. 91. ........................................II – a perda em favor da União, de Estado ou do Distrito Federal, a de-pender da autoridade judiciária que tenha proferido a sentença condena-tória, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:.................................................” (NR)

“Art. 97. ............................................§ 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, perdurará enquan-to não for averiguada, mediante perícia médica, a recuperação do inimputável, não podendo, entre-tanto, superar o tempo previsto para a pena máxima cominada..................................................” (NR) “Ação públicaArt. 100. A ação penal é pública e será promovida privativamente pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representa-ção do ofendido..................................................” (NR) “Decadência do direito de represen-taçãoArt. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do di-reito de representação se não o exer-ce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime.§ 1º No caso do § 3º do art. 100 deste Código, o ofendido decai do direito de queixa se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia”. (NR) “Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede me-diante representação da vítima, sal-vo quando, no caso do art. 148, § 2º, da violência resultar lesão corporal de natureza grave.” (NR) “Art. 151. ...........................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.§ 1º ....................................................Violação de comunicação telegráfica ou radioelétricaII – quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusi-vamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro;III – quem impede a comunicação ou a conversação referidas no inciso II deste parágrafo;...........................................................§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico ou radioelétrico:.................................................” (NR)

“Art. 151-A. Violar o sigilo de comu-nicação telefônica, de informática ou telemática, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cin-co) anos, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem viola o segredo de justiça decorrente do procedimento judicial relativo à interceptação das comunicações de que trata o caput deste artigo.§ 2º A pena é aumentada de um ter-ço até metade se o crime previsto nocaput ou no § 1º deste artigo é pra-ticado por funcionário público no exercício de suas funções”. “Art. 151-B. Fazer afirmação falsa com o fim de induzir a erro a auto-ridade judicial no procedimento de interceptação de comunicações tele-fônicas, de informática ou telemática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. “Art. 151-C. Oferecer serviço privado de interceptação telefônica ou tele-mática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”. “Art. 151-D. Utilizar conteúdo de in-terceptação telefônica ou telemática com o fim de obter vantagem indevi-da, constranger ou ameaçar alguém:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (qua-tro) anos, e multa. “Art. 161. ..........................................§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, so-mente se procede mediante repre-sentação da vítima.” (NR) “Art. 167. Nos casos do caput do art. 163, do inciso IV do seu parágra-fo único e do art. 164, somente se procede mediante representação da vítima”. (NR)“Art. 179. ...........................................Pena – ...............................................Parágrafo único. Somente se proce-de mediante representação da víti-ma”. (NR) “Art. 182. Somente se procede me-diante representação da vítima, se o crime previsto neste título atingir ex-clusivamente o patrimônio do particu-lar e desde que praticado sem violên-cia ou grave ameaça à pessoa.” (NR)“Art. 186. .........................................I – representação da vítima, nos cri-mes previstos no caput do art. 184;.................................................” (NR) “Art. 236. ...........................................Pena – ...............................................

Parágrafo único. A ação penal de-pende de representação do contra-ente enganado e não pode ser inten-tada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o ca-samento”. (NR) “Art. 345. ........................................Pena – ...............................................Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede me-diante representação da vítima”. (NR)

As mudanças ora sugeridas buscam limitar o projeto às alterações proces-suais penais, evitando indevidas incur-sões em matérias de direito penal ma-terial. O art. 738, particularmente, visa modificar vários dispositivos do Códi-go Penal – e, em muitos pontos, acaba tratando de modificações alheias às questões processuais penais, que, afi-nal, são o objeto desse projeto.No art. 103, propõe-se o acréscimo de um § 1º, com a norma inicialmente con-tida na parte final do caput, para melhor didática e compreensão.Além disso, insurge-se contra a mu-dança pretendida no art. 117, I, do CP, que trata sobre o marco interruptivo da prescrição. Além de versar sobre ma-téria exclusivamente penal (o que foge do escopo do presente projeto de lei), a mudança é perigosa por tentar ante-cipar a interrupção da prescrição – algo que deve ser debatido e analisado com cautela, na esfera própria de um projeto voltado a alterações de cunho penal.Também se sugere a não inclusão do projetado art. 129-A, pois, tratando--se de questão atinente à Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, melhor que a alteração ocorra na legis-lação extravagante (isto é, na própria Lei 11.348/06, e não no Código Penal).Por fim, opina-se pela não modificação dos arts. 152, 153 e 154, pois tais tipos penais não guardam qualquer relação com a proteção da interceptação tele-fônica (o que, por sua vez, é objeto das modificações anteriores, quais sejam, dos arts. 151, 151-A, 151-B, 151-C, 151-D). 201. Art. 739 Suprima-se o art. 739 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: Art. 739. O art. 4º da Lei nº 4.898,

de 9 de dezembro de 1965, passa a vigorar acrescido da

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CPP - LIVRO V

seguinte alínea j: “Art. 4º .......................................j) realizar busca pessoal sem obser-

vância das formalidades legais ou por motivos não autorizados em lei, bem como deixar de proceder ao registro da referida diligência em livro próprio”. (NR)

Redação ora proposta: Supressão de texto

Opina-se pela supressão desse artigo, uma vez que a modificação original-mente trazida versa sobre direito penal (criação de um tipo penal), o que foge do escopo do presente PL. Além disso, existem outros projetos de lei em trâmite no Congresso sobre o tema de abuso de autoridade, inclusive com propostas de reformulação total da lei.Assim, mais apropriado que se deixe essa alteração para um projeto de lei es-pecífico sobre o tema.

202. Art. 748Dê-se a seguinte redação ao art. 748 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”:

“Art. 748. Os arts. 242 e 350 do Decreto--Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo Penal Militar), passam a vigorar com a se-guinte redação”:

“Art. 242. Quando, pelas cir-cunstâncias de fato ou pelas condições pessoais do agente, se constatar o risco à integri-dade física do preso provisório, será ele recolhido em quartéis ou em outro local distinto do estabelecimento prisional.Parágrafo único. Observadas as mesmas condições, o preso não será transportado junta-mente com outros”.’ (NR)“Art. 350. ...................................a) o Presidente e o Vice-Presi-dente da República, os Ministros de Estado, os membros do Con-gresso Nacional, os Comandan-tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os respectivos Secretários de Estado, os Prefeitos, os Depu-tados Estaduais e Distritais, os membros do Poder Judiciário, os membros do Ministério Público e os membros dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios, os quais serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz”;

JUSTIFICAÇÃO: Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 748. Os arts. 242 e 350 do De-creto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo Penal Militar), passam a vigorar com a se-guinte redação”:

‘“Art. 242. Quando, pelas circunstân-cias de fato ou pelas condições pes-soais do agente, se constatar o risco

à integridade física do preso provisó-rio, será ele recolhido em quartéis ou em outro local distinto do estabeleci-mento prisional.Parágrafo único. Observadas as mes-mas condições, o preso não será transportado juntamente com outros”. (NR) “Art. 350. .............................................a) o presidente e o vice-presidente da República, os governadores e in-terventores dos Estados e do Distrito Federal, os ministros de Estado, os comandantes da Marinha, do Exér-cito e da Aeronáutica, os senadores, os deputados federais e estaduais, os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, o prefeito dos Mu-nicípios, os secretários dos Estados, os membros dos Tribunais de Contas da União e dos Estados, o presidente do Instituto dos Advogados Brasilei-ros e os presidentes do Conselho Fe-deral e dos Conselhos Secionais da Ordem dos Advogados do Brasil, os quais serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz”;

Redação ora proposta: “Art. 748. Os arts. 242 e 350 do De-creto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo Penal Militar), passam a vigorar com a se-guinte redação”: “Art. 242. Quando, pelas circuns-tâncias de fato ou pelas condições pessoais do agente, se constatar o risco à integridade física do preso provisório, será ele recolhido em quartéis ou em outro local distinto do estabelecimento prisional.Parágrafo único. Observadas as mesmas condições, o preso não será transportado juntamente com outros”. (NR) “Art. 350. ...........................................a) o Presidente e o Vice-Presidente da República, os Ministros de Es-tado, os membros do Congresso

Nacional, os Comandantes da Ma-rinha, do Exército e da Aeronáuti-ca, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os respectivos Secretários de Estado, os Prefei-tos, os Deputados Estaduais e Dis-tritais, os membros do Poder Judi-ciário, os membros do Ministério Público e os membros dos Tribu-nais de Contas da União, dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios, os quais serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz”;

Pela redação originalmente prevista no projeto pretendia-se inserir na alínea “a” do art. 350 do CPPM a expressão “os comandantes da Marinha, do Exér-cito e da Aeronáutica”. Ocorre, contu-do, que o dispositivo legal em comento não está conforme à correlata disposi-ção do próprio projeto de Código de Processo Penal, que, em seu art. 187, não prevê essa prerrogativa para “o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros e os presidentes do Conse-lho Federal e dos Conselhos Secionais da Ordem dos Advogados do Brasil”.Tendo em vista que se trata da mesma hipótese, não há sentido em se prever no CPPM algo diverso do que consta no CPP. Assim, necessário que a redação a ser conferida ao art. 350, a, do CPPM seja a mesma que se pretenda dar ao art. 187 do CPP projetado.

203. Art. 741Suprima-se o art. 741 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 741. A Lei nº 7.210, de 11 de julho

de 1984 – Lei de Execução Penal, passa a vigorar com as seguintes modificações e acréscimos”:

“Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz da execução cabe-rá agravo, no prazo de 10 (dez) dias”. (NR)

“Art. 197-A. O agravo será interpos-to perante o Juiz da execução, com indicação das peças que, em caso de não reconsideração, formarão o instrumento”.

“Art. 197-B. O agravado será intima-do, independentemente de des-pacho do Juiz, para responder e indicar peças no prazo de 10 (dez) dias”.

“Art. 197-C. Se o Juiz reformar a deci-são agravada, a parte contrária po-derá requerer a formação do ins-trumento e a subida do recurso”.

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“Art. 197-D. Não havendo reforma da decisão, ou considerada a hipótese do art. 197-C, o agravo seguirá ao tri-bunal em até 5 (cinco) dias, devendo o cartório ou secretaria do Juízo da Exe-cução juntar e trasladar, sem custas, as peças indicadas pelas partes.§ 1º Do instrumento constarão, na or-dem numérica das folhas do processo originário, obrigatoriamente, cópias:I – da sentença condenatória;II – da guia de recolhimento;III – do histórico da pena;IV – da decisão agravada e certidão da respectiva intimação.§ 2º O Juiz da execução não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que intempestivo.“Art. 197-E. Aplicam-se, subsidiaria-

mente, ao agravo previsto nesta Lei as disposições do Código de Processo Penal”.

Redação ora proposta: Supressão de texto

Sugere-se a supressão do art. 741 do projeto por se entender que qualquer al-teração na Lei de Execução Penal deve ser feita por meio de projeto de lei es-pecífico, ou seja, que trate diretamente de tal diploma legal. Ressalte-se, aliás, que existem projetos de lei em trâmite no Congresso que visam a reformulação da vigente Lei de Execução Penal.Portanto, é mais adequado que a alte-ração da LEP se dê por projeto espe-cífico, em que se debata propriamente a execução penal (matéria essa que foge do escopo do projeto de lei em comento). 204. Art. 742Suprima-se o art. 742 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”. JUSTIFICAÇÃO: Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 742. A Lei nº 8.038, de 28 de

maio de 1990, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 29-A e 35-A”:

“Art. 29-A. Aos recursos especial e extraordinário que versem sobre matéria penal aplica-se o dis-posto nos arts. 504 e seguintes do Código de Processo Penal.

“Art. 35-A. Ao recurso ordinário em mandado de segurança que ver-se sobre matéria penal aplica-se o disposto nos arts. 499 a 503 do Código de Processo Penal”.

Redação ora proposta: Supressão de texto

As duas modificações sugeridas por esse artigo são desnecessárias.Quanto ao art. 29-A, não há razão para in-seri-lo na Lei 8.038/90, pois, com a entra-da em vigor do novo Código de Processo Civil, todos os dispositivos atinentes aos recursos especial e extraordinário (Capítu-lo I do Título II) foram revogados (art. 1072 da Lei 13.105/15).Tampouco há motivo para o acréscimo do art. 35-A, uma vez que essa disposição já se encontra no próprio CPP (arts. 499 e 500). Assim, em relação à Lei 8038/90, são as normas do CPP que devem reger a matéria, por se tratar de lei especial.

205. Art. 746Suprima-se o art. 746 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010:

“Art. 746. A Lei nº 11.348, de 7 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 24-A”:

“Art. 24-A. Se houver descumprimento injustificado de uma das medidas protetivas de urgência previs-tas neste Capítulo, o juiz poderá decretar a prisão preventiva do agressor, quando presentes os pressupostos legais da medida”.

Redação ora proposta:

Supressão do texto.

Desnecessária a inserção desse artigo na Lei 11.348/06, que trata de violência do-méstica e familiar contra mulher, pois as regras gerais sobre as medidas cautelares pessoais já estão previstas no Código de Processo Penal. Assim, independente de qual seja a hipótese concreta, pela reda-ção do próprio CPP é possível alcançar a conclusão de que, em caso de descumpri-mento de medidas cautelares pessoais, é possível a decretação da prisão preventi-va (como medida de ultima ratio). 206. Art. 748Dê-se a seguinte redação ao Art. 728 do Projeto de Lei n.o 8.045, de 2010, que tra-ta do “Código de Processo Penal: Art. 748. O impedimento previsto no art. 16 não se aplicará aos processos em anda-mento no início da vigência deste Código.§ 1º Lei de organização judiciária deverá

disciplinar, em até 5 anos a contar da vi-gência deste Código, sobre a criação de cargos ou formas de substituição para o funcionamento das varas em que funcio-narão os juízes de garantias. § 2º Enquanto a lei de organização judici-ária não disciplinar a matéria disposta no §1º, em comarcas ou seções judiciárias onde houver apenas 1 (um) juiz criminal, as atividades inerentes ao juiz de garantias serão exercidas pela autoridade judiciária que não detiver competência criminal. § 3º Se, malgrado inexistir ainda a regu-lamentação da matéria por força de lei de organização judiciária e em determinada comarca ou seção judiciária um único juiz cumular todas as atividades jurisdicionais, as atividades de juiz de garantias serão desenvolvidas pelo juiz criminal da comar-ca ou seção judiciária mais próxima até que se dê o cumprimento ao disposto no §1º deste artigo. § 4º Se o acúmulo de atividades jurisdi-cionais previstas no § 3º acarretar violação ao disposto no art. 5º, LXXVIII, da Cons-tituição Federal, a ser comprovado empi-ricamente por cada tribunal, a respectiva lei de organização judiciária poderá, obe-decido o limite previsto no § 1º deste arti-go, estabelecer sistema de rodízio entre as respectivas autoridades judiciárias das co-marcas ou seções judiciárias contíguas, vi-sando equilibrar as distribuições de feitos. JUSTIFICAÇÃO: Proposta do PL 8.045/2010: Art. 748. O impedimento previsto no

art. 16 não se aplicará:I – às comarcas ou seções judiciárias onde houver apenas 1 (um) juiz, en-quanto a respectiva lei de organização judiciária não dispuser sobre criação de cargo ou formas de substituição;II – aos processos em andamento no início da vigência deste Código. Parágrafo único. O impedimento de que trata o inciso I do art. 314 não se aplicará à hipótese prevista no inciso II do caput deste artigo.

Redação ora proposta: Art. 748. O impedimento previsto no

art. 16 não se aplicará aos pro-cessos em andamento no início da vigência deste Código.

§1º - Lei de organização judiciária deverá disciplinar, em até 5 anos a contar da vigência deste Código, sobre a criação de cargos ou formas de substituição para o funcionamen-to das varas em que funcionarão os juízes de garantias. §2º - Enquanto a lei de organiza-ção judiciária não disciplinar a ma-téria disposta no §1º, em comarcas ou

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ou seções judiciárias onde houver apenas 1 (um) juiz criminal, as ativida-des inerentes ao juiz de garantias se-rão exercidas pela autoridade judiciária que não detiver competência criminal. §3º - Se, malgrado inexistir ainda a re-gulamentação da matéria por força de lei de organização judiciária e em deter-minada comarca ou seção judiciária um único juiz cumular todas as atividades jurisdicionais, as atividade de juiz de garantias serão desenvolvidas pelo juiz criminal da comarca ou seção judiciária mais próxima até que se dê o cumpri-mento ao disposto no §1º deste artigo. § 4º - Se o acúmulo de atividades ju-risdicionais previstas no § 3º acarretar violação ao disposto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal, a ser compro-vado empiricamente por cada tribunal, a respectiva lei de organização judiciá-ria poderá, obedecido o limite previsto no § 1º deste artigo, estabelecer siste-ma de rodízio entre as respectivas au-toridades judiciárias das comarcas ou seções judiciárias contíguas, visando equilibrar as distribuições de feitos.

O art. 748 do PL 8045/2010 constitui-se em importante mecanismo de efetivida-de da aplicação do sistema de juiz de ga-rantias instituído ineditamente no Brasil. Por isso, se por um lado se deve atentar às regras de transição entre o sistema atual (em que não há tal figura) ao pro-jetado (em que haverá, e no qual haverá nova figura de incompatibilidade), por outro se almeja a criação de prazo máxi-mo para a criação das varas em que os juízes de garantia funcionarão, sob pena de a norma se tornar ineficaz. Assim se estipulou prazo de 5 anos dentro do qual lei de organização judiciária deverá disciplinar a matéria e, também, em situa-ções-limites, tratou-se de cobrir as hipó-tese de dificuldade do funcionamento do novo instituto enquanto isso não ocorrer. Finalmente, não há porque se prever que a regra de impedimento não se aplica aos Tribunais, motivo pelo qual se postu-la a supressão do parágrafo único do PL 8045/2010. 207. Art. 753Suprima-se o art. 753 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que tra-ta do “Código de Processo Penal”.

JUSTIFICAÇÃO:

Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 753. A Câmara dos Deputa-

dos e o Senado Federal, no exercício do seu poder de polí-cia, que abrange a apuração de crimes praticados nas depen-dências de responsabilidade

da respectiva instituição, po-derão instaurar inquérito poli-cial a ser presidido por servidor no desempenho de atividade típica de polícia, bacharel em Direito, conforme os regula-mentos expedidos no âmbito de cada Casa legislativa, ob-servando-se, ainda, subsidia-riamente, as disposições des-te Código”.

Redação ora proposta: Supressão de texto

O artigo pretende conferir poder de polícia judiciária à Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.Além da matéria ser polêmica, a sua inserção foge do escopo do presen-te projeto, que trata de alterações no sistema processual penal. Mais ade-quado, portanto, que eventual altera-ção dos poderes da Polícia Legislati-va ocorra por projeto de lei específico sobre o tema, de modo a permitir uma análise e um debate mais apurados.Destaque-se, também, que, sob o pon-to de vista da tipicidade processual, seria inconstitucional prever-se que o inquérito policial conduzido pela Polícia Legislativa seria regido por uma norma infralegal (“os regulamentos expedidos no âmbito de cada Casa Legislativa”), e não por lei (Código de Processo Penal).

208. Art. 755Dê-se a seguinte redação ao art. 755 do Projeto de Lei nº 8.045, de 2010, que trata do “Código de Processo Penal”.“Art. 755. Revogam-se o Decreto-Lei nº

3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal); os arts. 100, §§ 1º, 2º e 4º, 104, 105, 106, 107, V, 145, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1948 (Código Penal); a Lei nº 2.860, de 31 de agosto de 1956; a Lei nº 3.988, de 24 de no-vembro de 1961; a Lei nº 5.606, de 9 de setembro de 1970; o art. 19, III, da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; a Lei nº 7.172, de 14 de dezembro de 1983; a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989; os arts. 30 a 32 da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990; o art. 135 da Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990; o art. 48, V, da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993; o art. 7º, V, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; os arts. 60 a 92 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995; a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996; e a Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009”.

JUSTIFICAÇÃO: Proposta do PL 8.045/2010: “Art. 755. Revogam-se o Decreto-

-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal); os arts. 100, §§ 1º, 2º e 4º, 104, 105, 106, 107, V, 145, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1948 (Código Penal); a Lei nº 2.860, de 31 de agosto de 1956; a Lei nº 3.988, de 24 de novembro de 1961; a Lei nº 5.606, de 9 de setembro de 1970; o art. 19, III, da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; a Lei nº 7.172, de 14 de dezembro de 1983; a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989; os arts. 30 a 32 da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990; o art. 135 da Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990; o art. 48, V, da Lei nº 8.625, de 12 de feve-reiro de 1993; o art. 7º, V, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; o art. 8º da Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; os arts. 60 a 92 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995; a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996; e a Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009”.

Redação ora proposta: “Art. 755. Revogam-se o Decreto-

-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal); os arts. 100, §§ 1º, 2º e 4º, 104, 105, 106, 107, V, 145, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1948 (Código Penal); a Lei nº 2.860, de 31 de agosto de 1956; a Lei nº 3.988, de 24 de novem-bro de 1961; a Lei nº 5.606, de 9 de setembro de 1970; o art. 19, III, da Lei nº 7.102, de 20 de ju-nho de 1983; a Lei nº 7.172, de 14 de dezembro de 1983; a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989; os arts. 30 a 32 da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990; o art. 135 da Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990; o art. 48, V, da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993; o art. 7º, V, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; os arts 60 a 92 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995; a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996; e a Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009”

A única alteração aqui sugerida é a supressão da alteração à Lei 9.034/95, uma vez que ela foi integralmente revo-gada pela Lei 12.850/13.

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PARTE II - ANTEPROJETO DE SUBSTITUTIVO AO PL 8045/2010

Sumário

Livro I - Da Persecução Penal ......................................................................................112Título I - Dos Princípios Fundamentais .........................................................................................112

Capítulo I – Disposições Gerais ..................................................................................................112Título II – Da Investigação Criminal...............................................................................................112

Capítulo I – Disposições Gerais ..................................................................................................112Capítulo II - Do Juiz de Garantias ...............................................................................................112Capítulo III – Do Inquérito Policial ..............................................................................................113Capítulo IV – Da Identificação Criminal .......................................................................................114

Título III – Da Ação Penal ...............................................................................................................115Título IV - Dos Participantes do Processo....................................................................................115

Capítulo I – Do Juiz .....................................................................................................................115Capítulo II – Do Ministério Público ..............................................................................................116Capítulo III - Da Defensoria Pública ............................................................................................116Capítulo IV – Do Imputado e seu Defensor .................................................................................116Capítulo V – Do Assistente e da Parte Civil ...............................................................................118Capítulo IV – Do Perito e dos Intérpretes ...................................................................................118

Título V – Dos Direitos das Vítimas ...............................................................................................118Título VI - Da Competência ............................................................................................................119

Capítulo I – Disposições Gerais ..................................................................................................119Capítulo II – Da Competência Territorial .....................................................................................119Capítulo III – Da Modificação da Competência...........................................................................120Capítulo IV – Grave Violação de Direitos Humanos ....................................................................120Capítulo V – Do Conflito de Competência ..................................................................................121Capítulo VI – Do Conflito de Atribuições entre Órgãos do Ministério Público ............................121

Título VII – Dos Atos Processuais .................................................................................................121Capítulo I – Dos Atos em Geral ...................................................................................................121Capítulo II – Dos Prazos ..............................................................................................................121Capítulo III – Das Citações e das Intimações..............................................................................122Capítulo IV – Das Nulidades ........................................................................................................123

Título VIII – Da Prova ......................................................................................................................123Capítulo I – Disposições Gerais ..................................................................................................123Capítulo II – Dos Indícios ............................................................................................................123Capítulo IV – Da Cadeia de Custódia .........................................................................................124Capítulo IV – Dos Meios de Prova ...............................................................................................124Capítulo IV - Dos Meios de Obtenção da Prova ........................................................................128

Livro II - Do Processo e dos Procedimentos ................................................................130Título I - Do Processo .....................................................................................................................130

Capítulo I - Da Formação do Processo .......................................................................................130Capítulo II - Da Suspensão do Processo ....................................................................................130Capítulo III - Da Extinção do Processo .......................................................................................130

Título II - Dos Procedimentos ........................................................................................................130Capítulo I - Disposições Gerais ...................................................................................................130Capítulo II - Do Procedimento Ordinário .....................................................................................130Capítulo III - Do Procedimento Sumário .....................................................................................131Capítulo IV - Do Procedimento Sumariíssimo .............................................................................132Capítulo V - Do Procedimento na Ação Penal Originária ............................................................134Capítulo VI - Do Procedimento Relativo aos Processos da Competência do Tribunal do Júri ..135

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Capítulo VII - Do Processo de Restauração de Autos Extraviados ou Destruídos .....................141Título III - Da Sentença ...................................................................................................................141Título IV - Das Questões e dos Processos Incidentes ................................................................142

Capítulo I - Das Questões Prejudiciais ........................................................................................142Capítulo II - Das Exceções ..........................................................................................................142Capítulo III - Da Restituição das Coisas Apreendidas ................................................................143Capítulo IV - Da Insanidade Mental do Imputado .......................................................................143

Título V - Dos Recursos em Geral .................................................................................................144Capítulo I - Disposições Gerais ...................................................................................................144Capítulo II - Do Agravo ................................................................................................................144Capítulo III - Da Apelação ...........................................................................................................145Capítulo IV - Dos Embargos Infringentes ....................................................................................145Capítulo V - Dos Embargos de Declaração ................................................................................146Capítulo VI - Do Recurso Ordinário Constitucional .....................................................................146Capítulo VII - Dos Recursos Especial e Extraordinário ...............................................................146Capítulo VIII - Do Processo e do Julgamento dos Recursos nos Tribunais ...............................147

Livro III - Das Medidas Cautelares ...............................................................................148Título I - Disposições Gerais ..........................................................................................................148Título II - Das Medidas Cautelares Pessoais ...............................................................................148

Capítulo I - Da Prisão Provisória .................................................................................................148Capítulo II - Da Fiança .................................................................................................................152Capítulo III - Outras Medidas Cautelares Pessoais ....................................................................153Capítulo IV - Da Liberdade Provisória .........................................................................................154

Título III - Das Medidas Cautelares Reais ....................................................................................154Capítulo I - Disposições Preliminares .........................................................................................154Capítulo II - Da Indisponibilidade de Bens ..................................................................................154Capítulo III - Do Sequestro de Bens ...........................................................................................155Capítulo IV - Das Garantias à Reparação Civil ...........................................................................156

Livro IV - Das Ações de Impugnação ............................................................................157Capítulo I - Da Revisão Criminal .................................................................................................157Capítulo II - Do Habeas Corpus ..................................................................................................157Capítulo III - Do Mandado de Segurança ...................................................................................159

Livro V - Da Cooperação Jurídica Internacional ...........................................................159Título I - Disposições Gerais ..........................................................................................................159Título II - Da Extradição ..................................................................................................................159

Capítulo I - Da Extradição Passiva ..............................................................................................159Capítulo II - Da Extradição Ativa .................................................................................................160

Título III - Da Homologação de Sentença Estrangeira ................................................................160Título IV - Das Cartas Rogatórias e do Auxílio Direto .................................................................160

Capítulo I - Das Disposições Gerais ...........................................................................................160Capítulo II - Do Procedimento das Cartas Rogatórias ................................................................160Capítulo III - Do Procedimento do Auxílio Direto ........................................................................161

Título V - Da Transferência de Pessoa Condenada .....................................................................162Título VI - Da Transferência de Processo Penal ...........................................................................162

Livro VI - Disposições Transitórias e Finais .................................................................162

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LIVRO I - DA PERSECUÇÃO PENAL

TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAISCAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1. O processo penal reger-se-á, em todo o território nacional, por este Código, bem como pelos prin-cípios fundamentais constitucionais e pelas normas previstas em trata-dos e convenções internacionais dos quais seja parte a República Federativa do Brasil.

Art. 2. As garantias processuais pre-vistas neste Código serão observa-das em relação a todas as formas de intervenção penal, incluindo as medidas de segurança, com estrita obediência ao devido processo le-gal constitucional.

Art. 3. Todo processo penal realizar--se-á sob o contraditório e a ampla defesa, garantida a efetiva manifes-tação do defensor técnico em todas as fases procedimentais.

Art. 4. O processo penal terá estrutu-ra acusatória, nos limites definidos neste Código, vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.

Art. 5. A interpretação das leis pro-cessuais penais orientar-se-á pela proibição de excesso, privilegiando a dignidade da pessoa humana e a máxima proteção dos direitos fun-damentais, considerada, ainda, a efetividade da tutela penal.

Art. 6. A lei processual penal admitirá a analogia e a interpretação extensi-va, vedada, porém, a ampliação do sentido de normas restritivas de di-reitos e garantias fundamentais.

Art. 7. A lei processual penal aplicar--se-á desde logo, ressalvada a va-lidade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

§ 1º As disposições de leis e de regras de organização judiciária que inovarem sobre procedimentos e ritos, bem como as que importarem modificação de com-petência, não se aplicam aos processos cuja instrução tenha sido iniciada.§ 2º Aos recursos aplicar-se-ão as nor-mas processuais vigentes na data da publicação da decisão impugnada.

TÍTULO II – DA INVESTIGAÇÃO CRIMINALCAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 8. A investigação criminal tem por objetivo a identificação das fontes de prova e será iniciada sempre que houver fundamento razoável a respeito da prática de uma infração penal.

Art. 9. Para todos os efeitos legais, caracteriza-se a condição jurídica de “imputado” a partir do momento em que é realizado o primeiro ato ou

procedimento investigativo em rela-ção à pessoa sobre a qual pesam in-dicações de autoria ou participação na prática de uma infração penal, independentemente de qualificação formal atribuída pela autoridade res-ponsável pela investigação.

Art. 10. Toda investigação criminal é pública, podendo ser decretado o seu sigilo externo, mediante des-pacho fundamentado da autorida-de competente, nos casos em que necessário à elucidação do fato e à preservação da intimidade e vida privada da vítima, das testemunhas, do imputado e de outras pessoas indiretamente envolvidas.

§ 1º. A autoridade diligenciará para que as pessoas referidas no caput deste arti-go não sejam submetidas, e nem tenham quaisquer de seus dados pessoais sub-metidos à exposição dos meios de co-municação e responderá pessoalmente nas situações em que tal situação ocor-rer.§ 2º. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior.Art. 11. É garantido ao imputado e ao

seu defensor acesso a todo mate-rial já produzido na investigação cri-minal, salvo no que concerne, estri-tamente, às medidas cautelares em curso, cuja ciência ao investigado ou defensor possa prejudicar a efi-cácia do ato.

Parágrafo único. O acesso a que faz referência o caput deste artigo com-preende consulta ampla, apontamentos e reprodução por fotocópia ou outros meios técnicos compatíveis com a na-tureza do material.Art. 12. É direito do imputado ser ouvi-

do pela autoridade competente an-tes que a investigação criminal seja concluída.

Parágrafo único. A autoridade tomará as medidas necessárias para que seja facultado ao imputado o exercício do di-reito previsto no caput deste artigo, salvo impossibilidade devidamente justificada.Art. 13. É facultado ao imputado, por

meio de seu advogado, de defen-sor público ou de outros mandatá-rios com poderes expressos, tomar a iniciativa de identificar fontes de prova em favor de sua defesa, po-dendo inclusive entrevistar pessoas.

§ 1º As entrevistas realizadas na forma do caput deste artigo deverão ser pre-cedidas de esclarecimentos sobre seus objetivos e do consentimento formal das pessoas ouvidas.§ 2º A vítima não poderá ser interpelada para os fins de investigação defensiva, salvo se houver autorização do juiz das garantias, sempre resguardado o seu

consentimento.§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz das garantias poderá, se for o caso, fixar condições para a realização da en-trevista.§ 4º Os pedidos de entrevista deverão ser feitos com discrição e reserva ne-cessárias, em dias úteis e com obser-vância do horário comercial.§ 5º O material produzido poderá ser juntado aos autos do inquérito, a critério da autoridade policial.§ 6º As pessoas mencionadas no caput deste artigo responderão civil, criminal e disciplinarmente pelos excessos co-metidos.

CAPÍTULO II - DO JUIZ DE GARANTIAS

Art. 14. O juiz das garantias é respon-sável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salva-guarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à au-torização prévia do Poder Judiciá-rio, competindo-lhe especialmente:

I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do art. 5º da Constituição da República Federa-tiva do Brasil; II – receber o auto da prisão em flagran-te, para efeito do disposto no art. 563; III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido a sua presença; IV – ser informado sobre a abertura de qualquer investigação criminal;V – decidir sobre o pedido de prisão pro-visória ou outra medida cautelar;VI – prorrogar a prisão provisória ou ou-tra medida cautelar, bem como substi-tuí-las ou revogá-las; VII – decidir sobre o pedido de produção antecipada de provas consideradas ur-gentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa; VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o imputado preso, em vista das razões apresentadas pelo delegado de polícia e observado o dis-posto no parágrafo único deste artigo, bem como na hipótese do art. 31, § 2.º; IX – determinar o trancamento do inqué-rito policial quando não houver funda-mento razoável para sua instauração ou prosseguimento; X – requisitar documentos, laudos e in-formações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação;XI – decidir sobre os pedidos de: a) interceptação telefônica, do fluxo

de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de ou-tras formas de comunicação;

b) quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico;

c) busca e apreensão domiciliar; d) acesso a informações sigilosas; e) outros meios de obtenção da prova

que restrinjam direitos fundamen-

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tais do imputado. XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; XIII – determinar a realização de exame médico de sanidade mental, nos termos do art. 460, § 1º;XIV – arquivar o inquérito policial; XV – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito de que tratam os arts. 11 e 36; XVI – deferir pedido de admissão de as-sistente técnico para acompanhar a pro-dução da perícia;XVII – outras matérias inerentes às atri-buições definidas no caput deste artigo.Parágrafo único. Estando o imputado preso, o juiz das garantias poderá, me-diante representação do delegado de polícia e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediata-mente relaxada.Art. 15. A competência do juiz das ga-

rantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor poten-cial ofensivo e cessa com a propo-situra da ação penal.

§ 1º Proposta a ação penal, as ques-tões pendentes serão decididas pelo juiz do processo.§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz do processo, que, após o oferecimento da denúncia, deverá reexaminar a neces-sidade de manutenção das medidas cautelares em curso, no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de seu pronunciamento nos termos do art. 280 deste Código.§ 3º Os autos que compõem as ma-térias submetidas à apreciação do juiz das garantias serão apensados aos au-tos do processo.Art. 16. O juiz que, na fase de investi-

gação, praticar qualquer ato inclu-ído nas competências do art. 14 ficará impedido de funcionar no processo, observado o disposto no inciso II do art. 760.

Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, será obser-vada a regra de transição prevista nos incisos I e II do art. 760 deste Código.Art. 17. O juiz das garantias será de-

signado conforme as normas de or-ganização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal.

CAPÍTULO III – DO INQUÉRITO POLICIAL

Seção I – Disposições Preliminares Art. 18. A polícia judiciária será exer-

cida pelos delegados de polícia no território de suas respectivas cir-cunscrições e terá por fim a apura-ção das infrações penais e da sua autoria.

§ 1º Nos casos das polícias civis dos

Estados e do Distrito Federal, o de-legado de polícia poderá, no curso da investigação, ordenar a realização de di-ligências em outra circunscrição policial, independentemente de requisição ou precatória, comunicando-as previamen-te à autoridade local.§ 2º A atribuição definida neste artigo não excluirá a de autoridades adminis-trativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.Art. 19. O inquérito policial será pre-

sidido por delegado de polícia de carreira, que conduzirá a investiga-ção com isenção e independência.

Parágrafo único. Aplicam-se ao delega-do de polícia, no que couber, as disposi-ções dos arts. 52 e 54.

Seção II – Da AberturaArt. 20. O inquérito policial será inicia-

do: I – de ofício; II – mediante requisição do Ministério Público; III – a requerimento, verbal ou escrito, da vítima ou de seu representante legal.§ 1º Nas hipóteses dos incisos I e III do caput deste artigo, a abertura do inqué-rito será comunicada imediatamente ao Ministério Público.§ 2º A vítima ou seu representante legal também poderão solicitar ao Ministério Público a requisição de abertura do in-quérito policial.§ 3º Da decisão que indeferir o reque-rimento formulado nos termos do inciso III do caput deste artigo, ou se não hou-ver manifestação do delegado de polícia em 30 (trinta) dias, a vítima ou seu repre-sentante legal poderão recorrer, no pra-zo de 5 (cinco) dias, à autoridade policial hierarquicamente superior, ou represen-tar ao Ministério Público, na forma do § 2º deste artigo.Art. 21. Independentemente das dispo-

sições do art. 20, qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da prática de infração penal poderá comunicá-la ao delegado de po-lícia ou ao Ministério Público, ver-balmente ou por escrito, para que sejam adotadas as providências cabíveis, caso haja fundamento ra-zoável para o início da investigação.

Art. 22. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de repre-sentação, não poderá sem ela ser iniciado, sem prejuízo da possibili-dade de prisão em flagrante delito.

Parágrafo único. No caso de prisão em flagrante delito, não havendo represen-tação da vítima no prazo de 5 (cinco) dias, o preso será imediatamente colo-cado em liberdade.

Seção III – Das Diligências InvestigativasArt. 23. Havendo indícios de que a in-

fração penal foi praticada por po-licial, ou com a sua participação,

o delegado de polícia comunicará imediatamente a ocorrência à res-pectiva corregedoria de polícia, para as providências disciplinares cabíveis.

Art. 24. Salvo em relação às infrações de menor potencial ofensivo, quan-do será observado o procedimento previsto nos arts. 293 e seguintes, o delegado de polícia, ao tomar co-nhecimento da prática da infração penal, e desde que haja fundamen-to razoável, instaurará imediata-mente o inquérito, devendo:

I – registrar a notícia do crime em livro próprio; II – providenciar para que não se alterem o estado e a conservação das coisas até a chegada de perito criminal, de modo a preservar o local do crime pelo tem-po necessário à realização dos exames periciais, podendo, inclusive, restringir o acesso de pessoas em caso de estrita necessidade; III – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; IV – colher todas as informações que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;V – ouvir a vítima e testemunhas; VI – ouvir o imputado, respeitadas as garantias constitucionais e legais, ob-servando o procedimento previsto nos arts. 63 a 71; VII – proceder ao reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações, quan-do necessário; VIII – requisitar ao órgão oficial de perícia criminal a realização de exame de corpo de delito e de quaisquer outras perícias; IX – providenciar, quando necessária, a reprodução simulada dos fatos, desde que não contrarie a ordem pública ou as garantias individuais constitucionais; X – ordenar a identificação datiloscópica e fotográfica do imputado, nas hipóte-ses previstas no Capítulo IV deste Título.Parágrafo único. As diligências previs-tas nos incisos VII e IX do caput deste artigo deverão ser realizadas com pré-via ciência do Ministério Público e do imputado.Art. 25. Incumbirá ainda ao delegado

de polícia:I – informar a vítima de seus direitos e encaminhá-la, caso seja necessário, aos serviços de saúde e programas assis-tenciais disponíveis; II – comunicar imediatamente a prisão de qualquer pessoa ao juiz das garan-tias, enviando-lhe o auto de prisão em flagrante em até 24 horas;III – fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e ao julgamento das matérias em apre-ciação; IV – realizar as diligências investigativas requisitadas pelo Ministério Público, que sempre indicará os fundamentos da re-

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quisição;V – cumprir os mandados de prisão e os de busca e apreensão expedidos pelas autoridades judiciárias; VI – representar acerca da prisão pre-ventiva ou temporária e de outras me-didas cautelares, bem como sobre os meios de obtenção de prova que exijam pronunciamento judicial; VII – conduzir os procedimentos de inter-ceptação das comunicações telefônicas; VIII – prestar o apoio necessário à exe-cução dos programas de proteção a víti-mas e a testemunhas ameaçadas;IX – auxiliar nas buscas de pessoas de-saparecidas.Art. 26. A vítima, ou seu representante

legal, e o imputado poderão reque-rer ao delegado de polícia a reali-zação de qualquer diligência, que será efetuada, quando reconhecida a sua necessidade.

§ 1º Se indeferido o requerimento de que trata o caput deste artigo, o interes-sado poderá recorrer da decisão ao juiz das garantias.§ 2º A vítima poderá solicitar à autori-dade policial que seja comunicada dos atos relativos à prisão ou soltura do imputado e à conclusão do inquérito, devendo, nesse caso, manter atualiza-do seu endereço ou outros dados que permitam a sua localização.Art. 27. As intimações dirigidas a teste-

munhas e ao imputado explicitarão, de maneira clara e compreensível, a finalidade do ato, devendo con-ter informações que facilitem o seu atendimento.

Art. 28. Os instrumentos e objetos apreendidos pelo delegado de polí-cia, quando demandarem a realiza-ção de exame pericial, ficarão sob a guarda do órgão responsável pela perícia pelo tempo necessário à confecção do respectivo laudo, res-salvadas as hipóteses legais de res-tituição, quando será observado o disposto nos arts. 453 e seguintes.

Art. 29. No inquérito, as diligências serão realizadas de forma objetiva e no menor prazo possível, sendo que as informações poderão ser colhidas em qualquer local, caben-do ao delegado de polícia resumi-la nos autos com fidedignidade.

§ 1º O registro do interrogatório do im-putado, das declarações da vítima e dos depoimentos das testemunhas poderá ser feito por escrito ou mediante grava-ção de áudio ou filmagem, com o fim de obter maior fidelidade das informações prestadas.§ 2º Se o registro se der por gravação de áudio ou filmagem, fica assegurada a sua transcrição e fornecimento de cópia a pedido do imputado, de seu defensor ou do Ministério Público.§ 3º A testemunha ouvida na fase de in-vestigação será informada de seu dever

de comunicar à autoridade policial qual-quer mudança de endereço.

Seção V – Dos Prazos de ConclusãoArt. 30. O inquérito policial deve ser

concluído no prazo de 90 (noventa) dias, estando o imputado solto.

§ 1º Decorrido o prazo previsto no ca-put deste artigo sem que a investigação tenha sido concluída, os autos do inqué-rito serão encaminhados ao Ministério Público, com requerimento de renova-ção do prazo, indicando as diligências executadas, as pendentes e as razões da autoridade policial.§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, o Ministério Público poderá conceder novo prazo para a conclusão das inves-tigações.§ 3º Se o imputado estiver preso, o in-quérito policial deve ser concluído no prazo de 15 (quinze) dias.§ 4º Caso a investigação não seja en-cerrada no prazo previsto no § 3º deste artigo, a prisão será revogada, exceto na hipótese de prorrogação autorizada pelo juiz das garantias, a quem serão encami-nhados os autos do inquérito, as razões do delegado de polícia e a manifestação do Ministério Público, para os fins do disposto no parágrafo único do art. 14.§ 5º Em caso de concurso de pessoas, os autos do inquérito policial poderão ser desmembrados em relação ao impu-tado que estiver preso, tendo em vista o disposto nos §§ 3º e 4º deste artigo.Art. 31. Não obstante o disposto no

art. 30, caput e §§ 1º e 2º, o inquéri-to policial não excederá ao prazo de 720 (setecentos e vinte) dias.

§ 1º Esgotado o prazo previsto no ca-put deste artigo, os autos do inquérito policial serão encaminhados ao juiz das garantias para arquivamento.§ 2º Em face da complexidade da in-vestigação, constatado o empenho da autoridade policial e ouvido o Ministé-rio Público, o juiz das garantias pode-rá prorrogar o inquérito pelo prazo de 30 (trinta) dias, não renováveis, para a conclusão das diligências faltantes, sob pena de arquivamento.

Seção VI - Do relatório e da remessa dos autos ao Ministério PúblicoArt. 32. Os elementos informativos do

inquérito policial devem ser colhidos no sentido de elucidar os fatos e ser-virão para a formação do convenci-mento do Ministério Público sobre a viabilidade da acusação, bem como para a efetivação de medidas cau-telares, pessoais ou reais, a serem decretadas pelo juiz das garantias.

Art. 33. Concluídas as investigações, em relatório sumário e fundamenta-do, com as observações que enten-der pertinentes, o delegado de po-lícia remeterá os autos do inquérito ao Ministério Público, adotando,

ainda, as providências necessárias ao registro de estatística criminal.

Art. 34. Ao receber os autos do inquéri-to, o Ministério Público poderá:

I – oferecer a denúncia; II – requisitar, fundamentadamente, a re-alização de diligências complementares, consideradas indispensáveis ao ofereci-mento da denúncia; III – determinar o encaminhamento dos autos a outro órgão do Ministério Públi-co, por falta de atribuição para a causa; IV – requerer o arquivamento da inves-tigação.Art. 35. Os autos do inquérito instruirão

a denúncia, sempre que lhe servi-rem de base.

Art. 36. A remessa dos autos do inqué-rito policial ao Ministério Público não restringirá em nenhuma hipó-tese o direito de ampla consulta de que trata o art. 11.

Seção VII – Do ArquivamentoArt. 37. O órgão do Ministério Público

poderá requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, seja por in-suficiência de elementos de con-vicção, seja por outras razões de direito.

Parágrafo único. O requerimento de ar-quivamento do inquérito policial pelo Ministério Público vinculará o juiz das garantias.Art. 38. Arquivado o inquérito policial,

o juiz das garantias comunicará a sua decisão à vítima, ao imputado e ao delegado de polícia.

Art. 39. Arquivado o inquérito policial por falta de base para a denúncia, e surgindo posteriormente notícia de outros elementos informativos, o delegado de polícia deverá pro-ceder a novas diligências, de ofício ou mediante requisição do Ministé-rio Público.

CAPÍTULO IV – DA IDENTIFICAÇÃO CRI-MINAL

Art. 40. O civilmente identificado não será submetido a identificação cri-minal, salvo nas hipóteses previstas neste Código.

Art. 41. A identificação civil é atestada por qualquer um dos seguintes do-cumentos:

I – carteira de identidade;II – carteira de trabalho; III – carteira profissional; IV – passaporte; V – carteira de identificação funcional; VI – outro documento público que per-mita a identificação do imputado.§ 1º Para os fins do caput deste artigo, equiparam-se aos documentos de iden-tificação civil os documentos de identi-ficação militar.§ 2º Cópia do documento de identifica-

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ção civil apresentado deverá ser man-tida nos autos de prisão em flagrante, quando houver, e no inquérito policial, em 2 (duas) vias.Art. 42. O preso poderá ser submetido

a identificação criminal quando:I – o documento apresentado tiver rasura ou indício de falsificação, ou não for sufi-ciente para identificá-lo de forma cabal; II – portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; III – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualifi-cações; IV – o estado de conservação ou a dis-tância temporal ou da localidade de ex-pedição do documento apresentado im-possibilitar a completa identificação dos caracteres essenciais.§ 1º Em qualquer hipótese, a identifica-ção criminal depende de despacho mo-tivado do delegado de polícia.§ 2º Fora das hipóteses dos incisos I a IV do caput deste artigo, desde que es-sencial às investigações, a identificação criminal depende de autorização do juiz competente, mediante representação do delegado de polícia, do Ministério Público ou da defesa.§ 3º Cópias de todos os documentos apresentados serão juntadas aos autos do inquérito, ainda que consideradas in-suficientes para identificar o imputado.§ 4º Os documentos com indício de falsi-ficação serão apreendidos e periciados.§ 5º Havendo necessidade de identifi-cação criminal, a autoridade tomará as providências necessárias para evitar constrangimentos ao identificado, ob-servado o disposto no art. 10.Art. 43. A identificação criminal incluirá

o processo datiloscópico e o foto-gráfico, que serão juntados aos au-tos da comunicação da prisão em flagrante ou do inquérito policial.

§ 1º É vedado mencionar a identificação criminal em atestados de antecedentes ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em jul-gado da sentença condenatória.§ 2º No caso de não oferecimento da denúncia ou sua rejeição, ou de absol-vição, é facultado ao interessado, após o arquivamento definitivo do inquérito ou o trânsito em julgado da sentença, requerer a retirada da identificação fo-tográfica do inquérito ou do processo, desde que apresente provas de sua identidade civil.

TÍTULO III – DA AÇÃO PENAL

Art. 44. A ação penal é pública, de iniciativa do Ministério Público, po-dendo a lei, porém, condicioná-la à representação da vítima ou de quem tiver qualidade para repre-sentá-la, segundo dispuser a legis-lação civil, no prazo decadencial

de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.

Parágrafo único. No caso de morte da vítima, ou quando declarada ausente por decisão judicial, o direito de repre-sentação passará ao cônjuge, compa-nheiro, ascendente, descendente ou irmão, observado o prazo decadencial previsto no caput do artigo, o qual pas-sará a contar da data em que tomarem ciência da autoria do fato.Art. 45. Sem prejuízo das demais hipó-

teses previstas em lei, será públi-ca, condicionada à representação, a ação penal nos crimes contra o patrimônio previstos no Título II da Parte Especial do Código Penal, quando atingirem exclusivamen-te bens do particular e desde que praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa.

§ 1º. A representação é a autorização para o início da persecução penal, dis-pensando quaisquer formalidades, po-dendo dela se retratar a vítima, uma úni-ca vez, até o oferecimento da denúncia;§ 2º Nos crimes de que trata o caput deste artigo, em que a lesão causada seja de menor expressão econômica, ainda que já proposta a ação, a conci-liação entre o autor do fato e a vítima implicará a extinção da punibilidade. É de menor expressão econômica a lesão que não ultrapasse o valor de vigentes 48 salários mínimos à época dos fatos, podendo o julgador, tendo como refe-rência o patrimônio da vítima, estender tal valor até 100 salários mínimos.Art. 46. Qualquer pessoa do povo po-

derá apresentar ao Ministério Pú-blico elementos informativos para o ajuizamento de ação penal pública, não se exigindo a investigação cri-minal preliminar para o seu exercício.

Art. 47. Se o Ministério Público não intentar a ação penal no prazo pre-visto em lei, poderá a vítima, ou, no caso de sua menoridade civil ou incapacidade, o seu representante legal, no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo do órgão ministerial, ingres-sar com ação penal subsidiária da ação penal de iniciativa pública

§ 1º Oferecida a queixa, poderá o Minis-tério Público promover o seu aditamen-to, com ampliação da responsabilização penal, ou oferecer denúncia substitutiva, reassumindo sua condição de titular da ação penal;§ 2º. No caso de não haver oferecimen-to de denúncia substitutiva, o Ministério Público intervirá em todos os termos do processo e retomará sua condição de ti-tular da acusação em caso de negligên-cia do querelanteArt. 48. O Ministério Público não pode-

rá desistir da ação penal.Art. 49. O prazo para oferecimento da

denúncia será de 5 (cinco) dias, se o imputado estiver preso, ou de 15 (quinze) dias, se estiver solto, con-tado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos da investigação. No último caso, se houver devolução do inquérito ao delegado de polícia, contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber nova-mente os referidos autos.

Parágrafo único. Quando o Ministério Público dispensar a investigação preli-minar, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que ti-ver recebido as peças de informação ou a representação.Art. 50. Se, a qualquer tempo, o juiz

reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-la de ofício ou por provocação.

Parágrafo único. Se a alegação de extin-ção da punibilidade depender de prova, o juiz ouvirá a parte contrária ou o inte-ressado, concederá prazo para a instru-ção do pedido e decidirá no prazo de 5 (cinco) dias.

TÍTULO IV - DOS PARTICIPANTES DO PRO-CESSOCAPÍTULO I – DO JUIZ

Art. 51. Ao juiz incumbirá zelar pela le-galidade do processo e manter a or-dem no curso dos respectivos atos.

Art. 52. O juiz estará impedido de exer-cer jurisdição no processo em que:

I – tiver funcionado seu cônjuge, com-panheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o ter-ceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, delegado de polícia, auxiliar da justiça ou perito;II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;III – tiver funcionado como juiz de outra instância, manifestando-se, de qualquer forma, sobre questão de fato ou de di-reito da causa penal;IV – ele próprio ou seu cônjuge, compa-nheiro ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.§ 1º. Na hipótese do inciso I, o impedi-mento só se verifica quando o defensor ou o membro do Ministério Público já in-tegrava o processo antes do ingresso do juiz na causa penal;§ 2º O impedimento previsto no inciso I também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de ad-vocacia que tenha em seus quadros ad-vogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente na causa penalArt. 53. Nos juízos colegiados, esta-

rão impedidos de atuar no mesmo

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processo os juízes que forem entre si cônjuges, companheiros ou pa-rentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.

Art. 54. Em caso de suspeição, o juiz poderá ser recusado pelas partes.

§ 1º. Reputa-se fundada a suspeição quando o juiz manifestar parcialidade na condução do processo ou no julga-mento da causa e, ainda, nas seguintes hipóteses:I – se mantiver relação de amizade ou de inimizade com qualquer das partes ou interessados;II – se ele, seu cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão es-tiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;III – se ele, seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar de-manda ou responder a ação judicial que tenha que ser julgada por qualquer das partes ou interessados;IV – se tiver aconselhado, sobre a mes-ma causa penal, qualquer das partes ou interessados;V – se mantiver relação jurídica de natu-reza econômica ou moral com qualquer das partes ou interessados, da qual se possa inferir risco à imparcialidade;VI – se tiver interesse no julgamento da causa em favor de uma das partes ou interessados.§ 2º. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessi-dade de declarar suas razõesArt. 55. É vedada a criação de fato su-

perveniente ao ingresso do juiz na causa penal com o fim de criar o seu impedimento ou a sua suspeição.

CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 56. O Ministério Público é o titu-lar da ação penal, incumbindo-lhe zelar, em qualquer instância e nas fases da persecução penal e execu-ção penal pela defesa da ordem ju-rídica e pela correta aplicação da lei.

Art. 57. Aos integrantes do Ministério Público se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relati-vas à suspeição e aos impedimen-tos dos juízes.

CAPÍTULO III - DA DEFENSORIA PÚBLICA

Art. 58. A Defensoria Pública é institui-ção essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orien-tação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados.

§ 1º Com o fim de assegurar o contra-ditório e a ampla defesa no âmbito do processo penal, caberá à Defensoria Pública o patrocínio da defesa do im-putado que, por qualquer motivo, não

tenha constituído advogado, indepen-dentemente de sua situação econômica, ressalvado o direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habili-tação.§ 2º O imputado que possuir condição econômica e não constituir advogado arcará com os honorários decorrentes da defesa técnica, cujos valores serão revertidos à Defensoria Pública, nos ter-mos da lei.

CAPÍTULO IV – DO IMPUTADO E SEU DE-FENSOR

Seção I – Disposições GeraisArt. 59. Todo imputado terá direito à

defesa técnica em todos os atos do processo penal, exigindo-se mani-festação fundamentada em todas as oportunidades em que seja ne-cessária ao efetivo exercício da am-pla defesa e do contraditório.

§ 1º Se o imputado não tiver advogado constituído, e no foro onde não houver Defensoria Pública, ser-lhe-á nomea-do defensor para o processo ou para o ato, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. O imputado arcará com as despesas do defensor designado pelo juiz, salvo quando não puder fazê-lo por impossibilidade material.§ 2º Com vistas ao pleno atendimen-to do disposto no caput deste artigo, o defensor deverá ouvir pessoalmente o imputado, salvo em caso de manifesta impossibilidade, quando será feito o re-gistro dessa situação excepcionalArt. 60. O defensor poderá ingressar

na fase de investigação, na ação penal, ou na fase de execução pe-nal, ainda que sem instrumento de mandato, caso em que atuará sob a responsabilidade de seu grau.

Parágrafo único. Ao peticionar, o de-fensor deverá informar o seu endereço profissional para efeito de intimação, devendo mantê-lo atualizado. Art. 61. O não comparecimento do

defensor não determinará o adia-mento de ato algum do proces-so, devendo o juiz nomear outro em substituição, para o adequado exercício da defesa.

§ 1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo devidamente justificado até a sua abertura, o defensor não puder comparecer. § 2º Tratando-se de instrução relativa a matéria de maior complexidade jurídi-ca ou probatória, a exigir aprofundado conhecimento da causa, o juiz poderá adiar a realização do ato, com a desig-nação de defensor, para assegurar o pleno exercício do direito de defesa.Art. 62. A ausência de comprovação

da identidade civil do imputado

não impedirá a ação penal, quan-do certa a identificação de suas características pessoais por outros meios. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for des-coberta a sua qualificação, far-se-á a retificação por termo nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.

Seção II - Do interrogatórioSubseção I - Dispos ições geraisArt. 63. O interrogatório constitui meio

de defesa do imputado e será reali-zado na presença de seu defensor.

§ 1º No caso de flagrante delito, se, por qualquer motivo, não se puder contar com a assistência de advogado ou de-fensor público no local, o auto de prisão em flagrante será lavrado e encaminha-do ao juiz das garantias sem o interro-gatório do conduzido, aguardando o delegado de polícia a determinação ju-dicial para a sua realização com aquela assistência.§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, não se realizando o interrogatório, o de-legado de polícia limitar-se-á a qualificar o preso.§ 3º. O envio dos autos de flagrante para o juiz sem o interrogatório do con-duzido também deverá ocorrer na hipó-tese dos artigos 68 a 71 deste Código.§ 4º O interrogatório não é ato obri-gatório, e somente se realizará ou será dispensado mediante manifestação do defensor do imputado.Art. 64. Será respeitada em sua pleni-

tude a capacidade de compreensão e discernimento do interrogando, não se admitindo o emprego de métodos ou técnicas ilícitas e de quaisquer formas de coação, inti-midação ou ameaça contra a liber-dade de declarar, sendo irrelevante, nesse caso, o consentimento da pessoa interrogada.

§ 1º A autoridade responsável pelo in-terrogatório não poderá prometer van-tagens sem expresso amparo legal nem interrogar qualquer pessoa sem lhe in-dagar expressamente do respeito de seus direitos fundamentais. § 2º O interrogatório não se prolonga-rá por tempo excessivo, impondo-se o respeito à integridade física e mental do interrogando. O tempo de duração do interrogatório será expressamente con-signado no termo de declarações.Art. 65. Antes do interrogatório, o im-

putado será informado: I – do inteiro teor dos fatos que lhe são imputados ou, estando ainda na fase de investigação, dos elementos informati-vos então existentes; II – de que poderá entrevistar-se, em lo-cal reservado e por tempo razoável, com o seu defensor; III – de que as suas declarações po-

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derão eventualmente ser utilizadas em desfavor de sua defesa; IV – do direito de permanecer em silên-cio, não estando obrigado a responder a uma ou mais perguntas em particular, ou todas que lhe forem formuladas; V – de que o silêncio não importará con-fissão, nem poderá ser interpretado em prejuízo de sua defesa.Parágrafo único. Em relação à parte fi-nal do inciso I do caput deste artigo, a autoridade não está obrigada a revelar as fontes de prova já identificadas ou a linha de investigação adotada.Art. 66. O interrogatório será constituí-

do de duas partes: a primeira, sobre a pessoa do interrogando, e a se-gunda, sobre os fatos.

§ 1º Na primeira parte, o interrogando será perguntado sobre o seu nome, na-turalidade, estado civil, idade, filiação, residência, meios de vida ou profissão, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afir-mativo, qual o juízo do processo, se hou-ve suspensão condicional ou condena-ção, qual a pena imposta e se a cumpriu.§ 2º Na segunda parte, será perguntado sobre os fatos que lhe são imputados ou que estejam sob investigação e todas as suas circunstâncias.§ 3º Ao final, a autoridade indagará se o interrogando tem algo mais a alegar em sua defesa.§ 4º. Quando o interrogando quiser confessar a autoria da infração penal, a autoridade indagará se o faz de livre e espontânea vontade.Art. 67. As declarações prestadas se-

rão reduzidas a termo, lidas e assi-nadas pelo interrogando e seu de-fensor, assim como pela autoridade responsável pelo ato.

Parágrafo único. Se o interrogatório tiver sido gravado ou filmado, na forma do § 1º do art. 29, o interrogando ou seu de-fensor poderão solicitar a transcrição do áudio e obter, imediatamente, cópia do material produzido.Art. 68. Assegura-se ao interrogando,

na fase de investigação ou de ins-trução processual, o direito de ser assistido gratuitamente por um in-térprete, caso não compreenda bem ou não fale a língua portuguesa.

§ 1º Se necessário, o intérprete também intermediará as conversas entre o inter-rogando e seu defensor, ficando obriga-do a guardar absoluto sigilo.§ 2º A repartição consular competente será comunicada, com antecedência, da realização do interrogatório de seu nacional. Art. 69. No interrogatório do mudo, do

surdo ou do surdo-mudo será as-segurado o direito à assistência por pessoa habilitada a entendê-los ou que domine a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Parágrafo único. Não sendo possível a realização do procedimento nos termos do caput deste artigo, o interrogatório será feito da forma seguinte: I – ao surdo serão apresentadas por es-crito as perguntas, que ele responderá oralmente; II – ao mudo serão feitas oralmente as per-guntas, que ele responderá por escrito; III – ao surdo-mudo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele res-ponderá do mesmo modo.Art. 70. No interrogatório do índio, o

juiz, se necessário, solicitará a cola-boração de antropólogo com conhe-cimento da cultura da comunidade a que pertence o interrogando ou de representante do órgão indigenista federal, para servir de intérprete e prestar esclarecimentos que pos-sam melhor contextualizar e facilitar a compreensão das respostas.

Art. 71. Quando o interrogando quiser confessar a autoria da infração pe-nal, a autoridade indagará se o faz de livre e espontânea vontade.

Parágrafo único. É nulo o interrogatório que não observar as regras previstas nesta Seção.

Subseção II - Disposições especiais re-lativas ao interrogatório em juízoArt. 72. No interrogatório realizado em

juízo, caberá à autoridade judicial, depois de informar o imputado dos direitos previstos no art. 65, proce-der à sua qualificação.

Parágrafo único. Na primeira parte do interrogatório, o juiz indagará ainda so-bre as condições e oportunidades de desenvolvimento pessoal do imputado e outras informações que permitam ava-liar a sua conduta social.Art. 73. As perguntas relacionadas aos

fatos serão formuladas diretamente pelas partes, concedida a palavra primeiro ao Ministério Público, de-pois à defesa.

§ 1º O defensor do corréu também po-derá fazer perguntas ao interrogando, logo após o Ministério Público.§ 2º O juiz não admitirá perguntas ofen-sivas ou que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou im-portarem repetição de outra já respondida. Art. 74. Ao término das indagações

formuladas pelas partes, o juiz po-derá complementar o interrogatório sobre pontos não esclarecidos, ob-servando, ainda, o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 66.

Subseção III - Do interrogatório do réu presoArt. 75. O interrogatório do réu preso,

como regra, será realizado na sede do juízo, devendo ser ele requisita-do para tal finalidade.

§ 1º O interrogatório do imputado preso também poderá ser feito no estabeleci-

mento prisional em que se encontrar, em sala própria, desde que esteja garantida a segurança do juiz e das demais pesso-as presentes, bem como a publicidade do ato.§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por de-cisão fundamentada, de ofício ou a re-querimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja re-levante dificuldade para seu compareci-mento em juízo, por enfermidade ou ou-tra circunstância pessoal; III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 187.§ 3º Da decisão que determinar a re-alização de interrogatório por video-conferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência do respectivo ato.§ 4º Antes do interrogatório por video-conferência, o preso acompanhará, pelo mesmo sistema tecnológico, a realiza-ção de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que trata o art. 279, § 1º.§ 5º Se o interrogatório for realizado por videoconferência, fica garantido, além do direito à entrevista do imputado e seu defensor, o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre os advogados, presentes no presídio e na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.§ 6º A sala reservada no estabelecimen-to prisional para a realização de atos pro-cessuais por sistema de videoconferên-cia será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz criminal, como também pelo Mi-nistério Público, pela Defensoria Pública e pela Ordem dos Advogados do Brasil.§ 7º Aplica-se o disposto nos §§ 1º a 5º deste artigo, no que couber, à reali-zação de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, re-conhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações da vítima.§ 8º Na hipótese do § 5º deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo imputado e seu defensor. § 9º Cabe ao diretor do estabelecimen-to penal garantir a segurança para a re-alização dos atos processuais previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo.

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CAPÍTULO V – DO ASSISTENTE E DA PAR-TE CIVIL

Seção I - Do assistenteArt. 76. Em todos os termos do proces-

so penal, poderá intervir, como as-sistente do Ministério Público, a ví-tima ou, no caso de menoridade ou de incapacidade, seu representante legal, ou, na sua falta, por morte ou ausência, seus herdeiros, conforme o disposto na legislação civil.

Art. 77. O assistente será admitido en-quanto não houver trânsito em jul-gado da sentença ou do acórdão e receberá a causa no estado em que se achar.

Art. 78. Ao assistente será permitido propor meios de prova, formular per-guntas às testemunhas, à vítima e ao imputado, requerer medidas cau-telares reais, participar dos debates orais, formular quesitos ao exame pericial, requerer diligências com-plementares ao final da audiência de instrução, apresentar memoriais e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele pró-prio, nas hipóteses de absolvição, de absolvição sumária, de impronúncia ou de extinção da punibilidade.

§ 1º A atividade processual do assis-tente observará os limites da pretensão acusatória do titular da ação penal.§ 2º O processo prosseguirá indepen-dentemente de nova intimação do assis-tente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da ins-trução ou do julgamento sem motivo de força maior devidamente comprovado.Art. 79. O Ministério Público será ouvi-

do previamente sobre a admissão do assistente, sendo irrecorrível a decisão que indeferir ou admitir a assistência.

Seção II - Da parte civilArt. 80. A vítima ou, no caso de sua

ausência ou morte, as pessoas legi-timadas a ingressar como assisten-tes, sem ampliar a matéria de fato constante da denúncia, poderá, no prazo de 10 (dez) dias, requerer a recomposição civil do dano moral causado pela infração, nos termos e nos limites da imputação penal, para o que será notificado após o oferecimento da inicial acusatória.

§ 1º O arbitramento do dano moral será fixado na sentença condenatória e indi-vidualizado por pessoa, no caso de au-sência ou morte da vítima e de pluralida-de de sucessores habilitados nos autos.§ 2º Se a vítima não puder constituir ad-vogado, circunstância que deverá cons-tar da notificação, ser-lhe-á nomeado um pelo juiz, ainda que apenas para o ato de adesão civil à ação penal, caso em que o advogado poderá requerer a extensão do prazo por mais 10 (dez)

dias improrrogáveis.§ 3º A condenação do imputado implica-rá, ainda, a condenação em honorários, observadas as regras do Código de Pro-cesso Civil, devidos ao advogado consti-tuído pela parte civil ou nomeado pelo juiz.Art. 81. A parte civil terá as mesmas

faculdades e os mesmos deveres processuais do assistente, além de autonomia recursal quanto à maté-ria tratada na adesão, garantindo--se ao imputado o exercício da am-pla defesa.

Parágrafo único. Quando o arbitramen-to do dano moral depender da prova de fatos ou circunstâncias não contidas na peça acusatória ou a sua comprovação puder causar transtornos ao regular de-senvolvimento do processo penal, a ques-tão deverá ser remetida ao juízo cível, sem prejuízo do disposto no inciso II do art. 475-N do Código de Processo Civil.Art. 82. A adesão de que cuida esta

seção não impede a propositura de ação civil contra as pessoas que por lei ou contrato tenham respon-sabilidade civil pelos danos morais e materiais causados pela infração.

§ 1º Se a ação for proposta no juízo cí-vel contra o imputado, incluindo pedido de reparação de dano moral, estará pre-judicada a adesão na ação penal, sem prejuízo da execução da sentença penal condenatória, na forma do disposto no art. 83.§ 2º A reparação dos danos morais fi-xada na decisão penal condenatória deverá ser considerada no juízo cível, quando da fixação do valor total da in-denização devida pelos danos causa-dos pelo ilícito.§ 3º A precedência no julgamento de ação civil contra o imputado e/ou outros responsáveis civis pelos danos decor-rentes da infração impedirá sua aprecia-ção pelo juízo da causa penal.§ 4º A decisão judicial que reconhecer a extinção da punibilidade ou a absolvi-ção por atipicidade ou por ausência de provas, não impedirá a propositura de ação civil.Art. 83. Transitada em julgado a sen-

tença penal condenatória, e sem prejuízo da propositura da ação de indenização, poderão promover-lhe a execução, no cível (art. 475-N, II, do Código de Processo Civil), as pessoas mencionadas no art. 76.

Parágrafo único. O juiz civil poderá sus-pender o curso do processo até o julga-mento final da ação penal já instaurada, nos termos e nos limites da legislação processual civil pertinente.

CAPÍTULO IV – DO PERITO E DOS INTÉR-PRETES

Art. 84. O perito estará sujeito à dis-ciplina judiciária, não podendo as partes intervirem na sua nomeação.

Art. 85. O perito nomeado pela autori-dade judicial não poderá recusar o encargo, ressalvada a hipótese de escusa justificada.

§ 1º Serão apuradas as responsabili-dades civil, penal e disciplinar, quando couber, do perito que, sem justa causa: I – deixar de atender à intimação ou ao chamado da autoridade; II – não comparecer no dia e local desig-nados para o exame; III – não apresentar o laudo, ou concor-rer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.§ 2º No caso de não comparecimento do perito em juízo, sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.Art. 86. É extensivo aos peritos, no que

lhes for aplicável, o disposto sobre a suspeição e impedimentos dos juízes.

Art. 87. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.

Art. 88. As prescrições sobre sus-peição e impedimento dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável.

TÍTULO V – DOS DIREITOS DAS VÍTIMAS

Art. 89. Considera-se “vítima” a pes-soa que suporta os efeitos da ação criminosa, consumada ou tentada, dolosa ou culposa, vindo a sofrer, conforme a natureza e as circuns-tâncias do crime, ameaças ou da-nos físicos, psicológicos, morais ou patrimoniais, ou quaisquer outras violações de seus direitos funda-mentais.

Art. 90. São direitos assegurados à víti-ma, entre outros:

I – ser tratada com dignidade e respeito condizentes com a sua situação; II – receber imediato atendimento médi-co e atenção psicossocial; III – ser encaminhada para exame de corpo de delito quando tiver sofrido le-sões corporais ou danos psicológicos; IV – reaver, no caso de crimes contra o patrimônio, os objetos e pertences pes-soais que lhe foram subtraídos, ressal-vados os casos em que a restituição não possa ser efetuada imediatamente em razão da necessidade de exame pericial; V – ser comunicada: a) da prisão ou soltura do suposto autor do crime; b) da conclusão da investigação crimi-nal, de seu arquivamento ou do ofereci-mento da denúncia; c) da eventual proposta de transação penal, nos termos do art. 307; d) da condenação ou absolvição, da absolvição sumária, da impronúncia, da decisão de extinção de punibilidade ou da condenação do imputado;VI – obter cópias de peças da investi-

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gação criminal e da ação penal, salvo quando, justificadamente, devam per-manecer em estrito sigiloVII – ser orientada quanto ao exercício oportuno do direito de representação, de ação penal subsidiária da pública, de ação civil por danos materiais e mo-rais, da adesão civil à ação penal e da composição dos danos civis para efeito de extinção da punibilidade, nos casos previstos em lei;VIII – prestar declarações na fase inves-tigativa em dia diverso do estipulado para a oitiva do suposto autor do crime ou aguardar em local separado até que o procedimento se inicie;IX – ser ouvida antes de testemunhas, respeitada a ordem prevista no caput do art. 279;X – peticionar às autoridades públicas para se informar a respeito do anda-mento e deslinde da investigação ou da ação penal, bem como requerer diligên-cias (art. 26, caput) ou outras medidas no curso da ação penal (art. 78, caput).XI – obter do autor do crime a reparação dos danos causados, assegurada a as-sistência de defensor público para essa finalidade; XII – intervir na ação penal como assis-tente do Ministério Público, podendo nela deduzir recomposição civil de dano moral, ou como parte civil para o pleito indenizatório;XIII – receber especial proteção do Esta-do quando, em razão de sua colabora-ção com a investigação ou ação penal, sofrer coação ou ameaça à sua integri-dade física, psicológica ou patrimonial, estendendo-se as medidas de proteção ao cônjuge ou companheiro, filhos, fa-miliares e afins, se necessário for;XIV – receber assistência financeira do Poder Público, nas hipóteses e condi-ções específicas fixadas em lei;XV – ser encaminhada a casas de abri-go ou programas de proteção da mulher em situação de violência doméstica e familiar, quando for o caso; XVI – obter, por meio de procedimen-tos simplificados, o valor do prêmio do seguro obrigatório por danos pessoais causados por veículos automotores.§ 1º É dever de todos o respeito aos direitos previstos neste Título, espe-cialmente dos órgãos de segurança pública, do Ministério Público, das au-toridades judiciárias, dos órgãos gover-namentais competentes e dos serviços sociais e de saúde.§ 2º As comunicações de que trata o inciso V do caput deste artigo serão fei-tas por via postal ou endereço eletrônico cadastrado e ficarão a cargo da autori-dade responsável pelo ato.§ 3º As autoridades terão sempre o cui-dado de preservar o endereço e outros dados pessoais da vítima, mantendo-os sigilosos, justificadamente, quando ne-cessário nos termos do inciso XIII e nos

demais casos previstos em lei.Art. 91. Os direitos previstos neste Tí-

tulo estendem-se, no que couber, aos familiares próximos e ao re-presentante legal, quando a vítima não puder exercê-los diretamente, respeitadas, quanto à capacidade processual e legitimação ativa, as regras atinentes à assistência e à parte civil.

TÍTULO VI - DA COMPETÊNCIACAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 92. A competência para o processo penal é determinada pela Constitui-ção da República Federativa do Bra-sil, por este Código e, no que couber, pelas leis de organização judiciária.

Art. 93. Ninguém será processado nem sentenciado senão pelo juiz consti-tucionalmente competente ao tem-po do fato.

Art. 94. A incompetência é, de regra, absoluta, independe de alegação da parte e deve ser reconhecida de ofício, a todo tempo e em qualquer grau de jurisdição.

§ 1º A incompetência territorial é relati-va, devendo ser alegada pela defesa na resposta escrita (art. 275) ou reconheci-da de ofício pelo juiz, até o início da au-diência de instrução e julgamento.§ 2º Iniciada a instrução, é vedada a modificação da competência por leis e normas de organização judiciária, res-salvadas as hipóteses expressamente previstas neste Código.§ 3º Nos casos de conexão ou conti-nência, a modificação da competência pode ser reconhecida a qualquer tempo, antes da sentença.Art. 95. A atuação judicial por substi-

tuição ou por auxílio dependerá de previsão em normas de organização judiciária, observado, em qualquer caso, o critério da impessoalidade na designação.

CAPÍTULO II – DA COMPETÊNCIA TERRI-TORIAL

Seção I - Da competência pelo lugarArt. 96. A competência, de regra, e

com o objetivo de facilitar a instru-ção criminal, será determinada pelo lugar em que forem praticados os atos de execução da infração penal.

§ 1º Quando não for conhecido ou não se puder determinar o lugar dos atos de execução, a competência será fixa-da pelo local da consumação da infra-ção penal. Não sendo este conhecido, a ação poderá ser proposta no foro de qualquer domicílio ou residência do réu.§ 2º Se os atos de execução forem praticados fora do território nacional, a competência será fixada pelo local da consumação ou onde deveria produzir--se o resultado.

§ 3º No caso de infração permanente ou de infração continuada, praticada em mais de um lugar, será competente o juiz sob cuja jurisdição tiver cessada a per-manência ou a continuidade delitiva.§ 4º Nas demais hipóteses, quando os atos de execução forem praticados em lugares diferentes, será competente o foro da consumação ou, em caso de tentativa, o do último ato de execução.§ 5º A competência territorial do juiz das garantias poderá abranger mais de uma comarca, conforme dispuserem as nor-mas de organização judiciária, e sem pre-juízo de outras formas de substituição.

Seção II - Da competência por distribuiçãoArt. 97. A precedência da distribuição

fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

Seção III - Da competência pela nature-za da infraçãoArt. 98. A competência pela natureza da

infração será regulada em normas de organização judiciária, sempre que justificada a necessidade de especialização do juízo, respeitadas, em qualquer hipótese, as disposi-ções relativas às regras de compe-tência em razão do lugar da infração.

Art. 99. Compete ao Tribunal do Júri o processo e julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados, bem como das infra-ções continentes, decorrentes de unidade da conduta.

Art. 100. É dos Juizados Especiais Cri-minais a competência para o pro-cesso e julgamento das infrações de menor potencial ofensivo, ressal-vada a competência da jurisdição comum nas hipóteses de modifica-ção de competência previstas neste Código, ou nos locais em que não tenham sido instituídos os Juizados.

Art. 101. Se, iniciado o processo peran-te um juiz, houver desclassificação para infração da competência de ou-tro, a este será remetido o processo.

§ 1º Se da desclassificação resultar incompetência relativa do juiz e já tiver sido iniciada a instrução, o magistrado terá prorrogada a sua jurisdição.§ 2º O procedimento previsto no ca-put deste artigo será adotado quando a desclassificação for feita pelo juiz da pronúncia, nos processos cuja compe-tência tenha sido inicialmente atribuída ao Tribunal do Júri.§ 3º No caso previsto no § 2º deste artigo, o imputado terá o prazo de 5 (cinco) dias para apresentar nova resposta escrita e ar-rolar outras testemunhas, até o máximo de 3 (três), bem como oferecer outras provas e requerer a reinquirição de testemunha já ouvida, desde que justificada a indispen-sabilidade de seu depoimento.

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Seção IV - Da competência internacionalArt. 102. No processo por crimes pra-

ticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o imputado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será compe-tente o juízo do Distrito Federal.

Art. 103. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados na jurisdição do primeiro porto brasileiro em que tocar a em-barcação após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.

Art. 104. Os crimes praticados a bor-do de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou em alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspon-dente ao território nacional, serão processados e julgados na jurisdi-ção em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou na comarca de onde houver partido a aeronave.

CAPÍTULO III – DA MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

Seção I - Da conexãoArt. 105. Verifica-se a conexão:I - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais in-frações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reu-nidas, ou por várias pessoas em concur-so, embora diverso o tempo e o lugar;II - se, ocorrendo 2 (duas) ou mais infra-ções, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vanta-gem em relação a qualquer delas;III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias influir na prova de outra infração ou de suas circunstâncias.

Seção II - Da continênciaArt. 106. Verifica-se a continência

quando, constatada a unidade da conduta, 2 (duas) ou mais pesso-as forem imputadas da prática do mesmo fato ou, ainda, nas hipóte-ses dos arts. 70, 73 e 74 do Código Penal.

Seção III - Disposições geraisArt. 107. A competência territorial po-

derá ser alterada quando o juiz, no curso do processo penal, de oficio ou por provocação das partes, re-conhecer a conexão ou a continên-cia entre 2 (dois) ou mais fatos.

Art. 108. A conexão e a continência implicarão a reunião dos processos para fins de unidade de julgamento,

não abrangendo aqueles já senten-ciados, caso em que as eventuais consequências jurídicas que delas resultem serão reconhecidas no juí-zo de execução.

§ 1 º No Tribunal do Júri, tratando-se de concurso entre crimes dolosos contra a vida e outros da competência do juiz singular somente ocorrerá a unidade de processo e de julgamento na hipótese de continência.§ 2° Nas hipóteses de conexão, a reu-nião dos processos cessará com a pro-núncia. Nesse caso, caberá ao juiz da pronúncia ou ao juiz presidente, quando for o caso, o julgamento dos crimes que não sejam dolosos contra a vida, com base na prova produzida na fase da instrução preliminar, não se repetindo a instrução destes processos em plenário.Art. 109. Haverá separação obrigatória

de processos no concurso entre a jurisdição comum e a militar, bem como entre qualquer uma delas e os atos infracionais imputados a criança e a adolescente.

§ 1° Cessará a unidade do processo se, em relação a algum corréu, sobrevier a situação prevista no art. 463.§ 2º A unidade do processo não impor-tará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à re-velia, ou na hipótese do art. 389.Art. 110. Será facultativa a separação

dos processos quando houver um número elevado de réus, quando as infrações tiverem sido pratica-das em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, ainda, por qualquer outro motivo relevante em que esteja presente o risco à efeti-vidade da persecução penal ou ao exercício da ampla defesa.

Seção IV - Da determinação do foro pre-valecenteArt. 111. Tratando-se de fatos ou de

processos conexos ou continentes, a competência será determinada:

I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição co-mum, prevalecerá a competência do júri, ressalvadas as regras do art. 108, quan-to à competência do juiz da pronúncia ou do juiz presidente para o julgamento dos crimes que não sejam dolosos con-tra a vida, nos casos de conexão;II – no concurso de jurisdições do mes-mo grau: a) preponderará a do lugar da infração

à qual for cominada a pena mais grave;

b) prevalecerá a do lugar em que hou-ver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;

c) firmar-se-á a competência pela an-tecedência na distribuição, nos de-mais casos;

III – no concurso entre a jurisdição co-

mum e a justiça eleitoral, prevalecerá esta última, exceto quando um dos cri-mes for de competência do júri, hipóte-se em que haverá separação obrigatória de processos; IV – no concurso entre a justiça estadu-al e a justiça federal, prevalecerá esta última.Art. 112. Verificada a reunião dos pro-

cessos por conexão ou continên-cia, ainda que no processo da sua competência própria o juiz desclas-sifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação a todos os processos.

Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando, reconhecida ini-cialmente ao júri a competência por co-nexão ou continência, sem prejuízo do disposto no art. 108, o juiz da instrução preliminar vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver sumaria-mente o imputado, de maneira que ex-clua a competência do júri.

Seção V - Da competência por prerroga-tiva de funçãoArt. 113. Nos processos de competên-

cia originária dos tribunais aplicam--se as regras previstas nos seus regimentos internos, além das nor-mas relativas ao procedimento e à competência territorial previstas neste Código.

Art. 114. Não haverá modificação de competência na hipótese de conti-nência ou de conexão entre proces-sos da competência originária dos tribunais ou entre estes e processos da competência de primeiro grau.

§ 1º No caso de continência em crime doloso contra a vida, haverá separação de processos, cabendo ao Tribunal do Júri o processo e o julgamento daquele que não detiver foro por prerrogativa de função.§ 2° Nas hipóteses de conexão, o tri-bunal competente poderá determinar a separação de processos, salvo quando demonstrada a necessidade de unidade no julgamento do caso penal. Art. 115. A competência originária

dos tribunais dependerá do efetivo exercício do cargo ou função pelo imputado.

Art. 116. Nos processos por crime con-tra a honra praticado contra pessoa que detiver foro por prerrogativa de função, caberá ao respectivo tri-bunal o julgamento de exceção da verdade oposta no processo penal.

CAPÍTULO IV – GRAVE VIOLAÇÃO DE DI-REITOS HUMANOS

Art. 117. Em caso de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Ge-ral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obriga-ções decorrentes de tratados inter-

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nacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte e de preser-var a competência material da Justi-ça Federal, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase da investigação preli-minar ou do processo em tramitação na jurisdição estadual, incidente de deslocamento de competência.

Art. 118. A petição inicial conterá a ex-posição do fato ou da situação que constitua grave violação de direitos humanos, a indicação do tratado internacional cujas obrigações se pretenda assegurar e as razões que justifiquem o reconhecimento da competência da Justiça Federal, extensiva, inclusive, à matéria cível.

Parágrafo único. Suscitado o incidente de deslocamento de competência, sua desistência não será admitida.Art. 119. A petição inicial inepta, não

fundamentada ou manifestamente improcedente será liminarmente in-deferida pelo relator.

Parágrafo único. Da decisão caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, ao ór-gão competente para o julgamento do incidente.Art. 120. Admitido o incidente, o relator

requisitará informações por escrito ao Tribunal de Justiça, à Procura-doria-Geral de Justiça e ao Gover-no do Estado onde ocorreu a grave violação dos direitos humanos.

§ 1º As informações de que trata o ca-put serão prestadas no prazo de 30 (trin-ta) dias.§ 2º Enquanto não for julgado o inci-dente, a investigação preliminar ou o processo terão prosseguimento regular perante as autoridades estaduais.§ 3º O relator, considerando a representa-tividade dos postulantes, poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades, mesmo quando não tenham interesse estritamen-te jurídico na questão, dentro do prazo previsto para a apresentação das infor-mações de que trata o § 1º deste artigo.Art. 121. Findo o prazo para apresen-

tação de informações, ainda que estas não tenham sido prestadas, os autos serão conclusos ao relator que, no prazo de 15 (quinze) dias, pedirá dia para julgamento.

Art. 122. Julgado procedente o pedi-do, o Superior Tribunal de Justiça determinará o imediato envio da investigação ou do processo à Jus-tiça Federal, para fins do disposto no art. 5º, LIII, da Constituição da República Federativa do Brasil.

CAPÍTULO V – DO CONFLITO DE COMPE-TÊNCIA

Art. 123. As questões atinentes à com-petência resolver-se-ão não só pela exceção própria, como também

pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição

Art. 124. Haverá conflito de compe-tência:

I – quando 2 (duas) ou mais autoridades judiciárias se considerarem competen-tes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso; II – quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, reunião ou sepa-ração de processos.Art. 125. O conflito poderá ser susci-

tado:I – pela defesa ou pelo órgão do Minis-tério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;II – por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.Art. 126. Os juízes e os tribunais, sob a

forma de representação, e o Minis-tério Público e a defesa, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do conflito perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os docu-mentos comprobatórios.

§ 1º Quando negativo o conflito, os ju-ízes e os tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do processo.§ 2º Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar imediatamente que se suspenda o an-damento do processo.§ 3º Expedida ou não a ordem de sus-pensão, o relator requisitará informa-ções às autoridades em conflito, reme-tendo-lhes cópia do requerimento ou da representação.§ 4º As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator.§ 5º Recebidas as informações, e de-pois de ouvido o órgão do Ministério Público ali oficiante, o conflito será deci-dido na primeira sessão, salvo se a ins-trução do feito depender de diligência.§ 6º Proferida a decisão, as cópias ne-cessárias serão remetidas, para a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem suscitado.Art. 127. Na hipótese de conflito ne-

gativo de competência, o órgão da jurisdição que primeiro atuou no processo poderá praticar atos processuais de urgência, sobretudo aqueles atinentes às medidas cau-telares, pessoais ou reais.

CAPÍTULO VI – DO CONFLITO DE ATRIBUI-ÇÕES ENTRE ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 128. Cabe à Procuradoria Geral da República decidir o conflito de atri-buições entre órgãos do Ministério Público

§ 1º O conflito, positivo ou negativo, poderá ser suscitado, conforme o caso, pelo Procurador-Geral de Justiça, pelo Procurador-Geral do Ministério Público

Militar ou pelo Procurador-Geral da Re-pública.§ 2º Aplicam-se ao conflito de atribui-ções entre órgãos do Ministério Público, no que couber, as disposições do Capí-tulo V deste Título relativas ao conflito de competência.

TÍTULO VII – DOS ATOS PROCESSUAISCAPÍTULO I – DOS ATOS EM GERAL

Art. 129. Os atos e termos processuais deverão respeitar as formas previa-mente determinadas por lei, repu-tando-se também válidos os atos que, realizados de forma diversa, não se enquadram nas hipóteses de nulidade.

Art. 130. Em todos os juízos e tribunais, além das audiências e sessões or-dinárias, haverá as extraordinárias, de acordo com as necessidades do rápido andamento dos feitos.

Art. 131. As audiências, as sessões e os atos processuais serão, em re-gra, públicos, ressalvados os casos, devidamente fundamentados, em que se deva guardar o sigilo das in-violabilidades pessoais ou quando necessário à preservação da ordem e do bom andamento dos trabalhos.

§ 1º Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual puder re-sultar qualquer inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, a au-toridade judicial poderá, de ofício ou a requerimento da defesa ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realiza-do a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.§ 2º As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de justificada necessidade, poderão realizar-se fora da sede do juízo, em local previamente designado.Art. 132. A polícia das audiências e das

sessões compete aos respectivos juízes ou ao presidente do tribu-nal, câmara ou turma, que poderão determinar o que for conveniente à manutenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força pública, que fica-rá exclusivamente à sua disposição.

Art. 133. Os espectadores das audiên-cias ou das sessões não poderão manifestar-se.

Art. 134. Excetuadas as sessões de julgamento, que serão marcadas para os dias de regular expediente forense, os demais atos do pro-cesso poderão ser praticados em período de férias, aos sábados, do-mingos e feriados. Todavia, os jul-gamentos iniciados em dia útil não se interromperão.

CAPÍTULO II – DOS PRAZOS

Art. 135. Quando expressamente pre-visto em lei, os prazos poderão

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correr em cartório, respeitado o acesso do advogado aos autos, na forma legal.

§ 1º Os prazos serão contínuos e pe-remptórios, não se interrompendo por férias, nem aos sábados, domingos ou feriados.§ 2º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.§ 3º O término dos prazos será certi-ficado nos autos pelo escrivão. Será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.§ 4º O prazo que terminar no sábado, domingo ou feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil subsequente.§ 5º Não correrão os prazos nos casos de força maior ou em razão de qualquer obstáculo judicial.§ 6º Salvo os casos expressos em lei, os prazos correrão: I – da intimação; II – da audiência ou da sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; III – do dia em que a parte manifestar, nos autos, ciência inequívoca do despa-cho, decisão ou sentença.§ 7º Considera-se realizada no primeiro dia útil seguinte a intimação ocorrida em dia em que não tenha havido expediente.Art. 136. O escrivão realizará os atos

determinados em lei ou ordenados pelo juiz no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

Art. 137. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos seguintes, quando ou-tros não estiverem estabelecidos:

I – de 10 (dez) dias, para as sentenças;II – de 5 (cinco) dias, para as decisões interlocutórias; III – de 1 (um) dia, quando se tratar de despacho de expediente.§ 1º Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão.§ 2º Os prazos do Ministério Público e da Defensoria Pública contar-se-ão da data do ingresso dos autos na respec-tiva instituição.§ 3º Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele fixados nes-te Código.§ 4º São contados em dobro os prazos para a Defensoria Pública.CAPÍTULO III – DAS CITAÇÕES E DAS IN-TIMAÇÕES

Seção I - Das citaçõesArt. 138. A citação far-se-á por man-

dado quando o imputado estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

§ 1º O mandado de citação indicará: I – o nome do juiz; II – o nome do querelante nas ações pú-blicas iniciadas por queixa;

III – o nome do réu ou, se for desconhe-cido, os seus sinais característicos; IV – a residência do réu, se for conhecida; V – o fim para que é feita a citação;VI – o juízo e seu endereço, bem como o prazo para a apresentação da resposta escrita, devendo constar a advertência no sentido da nomeação, pelo juiz, de defensor àquele que não constituir ad-vogado (art. 275, § 4º); VII – a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz;VIII – o endereço da defensoria pública local, com a informação de que o impu-tado tem direito à assistência judiciária.IX – cópia integral da denúncia§ 2º Se o réu estiver em comarca con-tígua ou pertencente à mesma região metropolitana, a citação poderá ser feita por mandado, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.Art. 139. Quando o réu estiver fora do

território da jurisdição do juiz pro-cessante, será citado mediante car-ta precatória, observado o disposto no § 1º do art. 148.

Parágrafo único. A precatória indicará: I – o juiz deprecado e o juiz deprecante; II – a sede da jurisdição de um e de outro; III – o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; IV – o juízo e seu endereço, bem como o prazo para a resposta escrita e a ad-vertência mencionada no inciso VI do § 1º art. 138.Art. 140. A precatória será devolvida ao

juiz deprecante, independentemen-te de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de feita a citação por mandado do juiz deprecado.

§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de ou-tro juiz, a este o juiz deprecado remeterá os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação.§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devol-vida, para o fim previsto no art. 145.Art. 141. Se houver urgência, a preca-

tória, que conterá em resumo os re-quisitos enumerados no parágrafo único do art. 139, poderá ser expe-dida por fax, mensagem eletrônica ou outro meio de que se dispuser, com as cautelas e informações ne-cessárias à verificação da autentici-dade da ordem judicial.

Art. 142. São requisitos da citação por mandado:

I – leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II – declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé e sua aceitação ou recusa.Art. 143. Se o réu estiver preso, será

pessoalmente citado.Art. 144. Se o réu não for encontrado

no endereço por ele fornecido ou nele já intimado anteriormente, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias, se não se souber do seu paradeiro.

Parágrafo único. A citação será feita também por edital no caso de compro-vada impossibilidade de realização da citação por mandado, em razão de ine-xistência de acesso livre ao local identi-ficado como endereço do imputado.Art. 145. Verificando-se que o réu se

oculta para não ser citado, a cita-ção far-se-á por edital, com o prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 146. O edital de citação indicará:I – o nome do juiz que a determinar; II – o nome do réu ou, se não for co-nhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; III – o fim para que é feita a citação;IV – o juízo e seu endereço, bem como o prazo para a apresentação da resposta escrita, devendo constar a advertência no sentido da nomeação, pelo juiz, de defensor àquele que não constituir ad-vogado (art. 275, § 4º); V – o prazo será contado do dia da pu-blicação do edital na imprensa, se hou-ver, ou da sua afixação.Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certifica-da pelo oficial que a tiver feito e a pu-blicação provada por exemplar do jor-nal ou por certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação.Art. 147. Se o imputado, citado por

edital, não apresentar resposta es-crita, nem constituir advogado, fica-rão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar, mediante requeri-mento do Ministério Público ou do defensor público, a produção an-tecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar quaisquer das medidas cautelares previstas no art. 541.

§ 1º As provas antecipadas serão pro-duzidas na presença do Ministério Pú-blico e do defensor público.§ 2º Se, suspenso o processo, o im-putado apresentar-se pessoalmente ou requerer ao juízo, ainda que para alegar a nulidade da citação, ter-se-á por rea-lizado o ato, prosseguindo regularmente o processo.§ 3º A suspensão a que alude o caput deste artigo não ultrapassará o período correspondente ao prazo prescricional regulado pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada, nos termos do art. 109 do Código Penal.Art. 148. A instrução do processo se-

guirá sem a presença do imputado que, citado ou intimado pessoal-

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mente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado ou, no caso de mudança de resi-dência, não comunicar o novo en-dereço ao juízo.

Art. 149. Estando o imputado no es-trangeiro, em lugar sabido, será ci-tado mediante carta rogatória, sus-pendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.

Art. 150. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta ro-gatória.

Seção II - Das intimaçõesArt. 151. Nas intimações dos impu-

tados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhe-cimento de qualquer ato, será ob-servado, no que for aplicável, o dis-posto na Seção I deste Capítulo.

§ 1º A intimação do defensor consti-tuído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do imputado ou, em caso de sigilo, das suas iniciais.§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intima-ção far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, por via postal com com-provante de recebimento ou por qual-quer outro meio idôneo.§ 3º A intimação pessoal, feita pelo es-crivão, dispensará a providência previs-ta no § 1º deste artigo.§ 4º A intimação poderá ser feita, ainda, por meio eletrônico, na forma da Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006.§ 5º A intimação do Ministério Público, do Defensor Público e do defensor no-meado será pessoal.Art. 152. Adiada, por qualquer motivo,

a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e das testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se la-vrará termo nos autos.

CAPÍTULO IV – DAS NULIDADES

Art. 153. O descumprimento de disposi-ção legal ou constitucional provocará a nulidade do ato do processo ou da investigação criminal, nos limites e na extensão previstos neste Código.

Art. 154. São nulos os atos processu-ais cujo defeito afronte os direitos e garantias individuais expressos na Constituição Federal e os princípios fundamentais previstos nos artigos 1o a 7o deste Código.

§ 1º O reconhecimento da nulidade dos atos previstos neste artigo importa sua ineficácia desde o momento em que fo-ram realizados.§ 2º O juiz não declarará a nulidade quando puder julgar o mérito em favor

da defesa.Art. 155. Nos demais casos o reco-

nhecimento da nulidade do ato de-penderá de manifestação oportuna do interessado e demonstração do prejuízo.

§ 1º O não reconhecimento da nulidade dependerá de decisão específica, em que deverá o juiz fundamentar a inexis-tência de prejuízo.Art. 156. O interessado não poderá ar-

guir nulidade a que haja dado causa ou para a qual tenha concorrido, ou referente à formalidade cuja obser-vância não atinja seus interesses.

Art. 157. Reconhecida a incompetên-cia, serão anulados todos os atos do processo a partir do início da atuação da autoridade judicial in-competente.

Art. 158. As nulidades elencadas no ar-tigo 153 deste Código não depen-dem de provocação do interessado e podem ser reconhecidas a qual-quer tempo

Art. 159. As nulidades que dependam de provocação dos interessados deverão ser arguidas até as alega-ções finais. As posteriores deverão ser alegadas na primeira oportuni-dade.

Art. 160. A nulidade de um ato da per-secução criminal, uma vez decla-rada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas as hipó-teses previstas neste Código.

Art. 161. O juiz que pronunciar a nuli-dade declarará os atos a que ela se estende, ordenando as providên-cias necessárias para a sua retifica-ção ou renovação.

Art. 162. A nulidade de um ato da per-secução criminal, uma vez decla-rada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas as hipó-teses previstas neste Código.

TÍTULO VIII – DA PROVACAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 163. As provas serão propostas pelas partes.

Parágrafo único. É vedado ao juiz de-terminar a produção de qualquer prova sem provocação das partes Art. 164. Os meios de prova e os meios

de obtenção de prova previstos, respectivamente, nos capítulos II e III deste Título não excluirão aque-les previstos em legislação esparsa.

Art. 165. O juiz decidirá sobre a pos-sibilidade de produção da prova, indeferindo as vedadas pela lei, as não previstas em lei e as manifes-tamente impertinentes, irrelevantes ou protelatórias, sempre através de decisão fundamentada.

Parágrafo único. Somente quanto ao

estado das pessoas serão observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil.Art. 166. São inadmissíveis as provas

obtidas por meios ilícitos e as delas derivadas.

Parágrafo único. A prova declarada inad-missível será desentranhada dos autos e arquivada sigilosamente em cartório.Art. 167. Na valoração das provas pro-

duzidas em contraditório judicial e das provas cautelares, não repetí-veis e antecipadas, o juiz indicará todos os elementos utilizados e os critérios adotados.

§ 1º. As declarações do coautor ou par-tícipe na mesma infração penal só terão valor se confirmadas por outros elemen-tos de prova colhidos em juízo que ates-tem sua credibilidade.§ 2º. Não é válida a decisão proferida com fundamento exclusivo nas informa-ções prestadas pelos responsáveis pela prisão, condução e custódia do impu-tado. Art. 168. Admite-se a utilização da pro-

va emprestada na persecução pe-nal quando presentes os seguintes requisitos, cumulativamente:

I – produzida em processo judicial ou administrativo que trate dos mesmos fa-tos apurados na persecução penal;II – que no processo de origem tenha participado do contraditório aquele con-tra o qual será utilizada;III – seja impossível de ser produzida na persecução penal.§ 1º Deferido o requerimento, o juiz re-quisitará à autoridade responsável pelo processo em que foi produzida o tras-lado do material ou a remessa de cópia autenticada.§ 2º Após a juntada, a parte contrária será intimada a se manifestar no prazo de 3 (três) dias, sendo admitida a produ-ção de prova complementar.§ 3º O valor probatório da prova em-prestada será o mesmo atribuído no processo no qual foi produzida.

CAPÍTULO II – DOS INDÍCIOS

Art. 169. Considera-se indício o fato conhecido e provado que permite, mediante inferência, concluir pela ocorrência de outro fato.

§ 1º. A existência de um fato não pode ser inferida de indícios, salvo quando forem graves, precisos e concordantes. § 2º. Não são admissíveis indícios que se baseiem em elementos subjetivos, como a personalidade, os antecedentes e a conduta social do imputado, em que inexista relação objetiva com o fato a ser provado. Art. 170. Em qualquer decisão, o julga-

dor deve motivar detalhadamente o raciocínio utilizado e a sua cre-dibilidade, além de especificar os elementos considerados como li-

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citamente provados para sustentar a prova indiciária e sua relação de causalidade com os fatos inferidos.

Parágrafo único. A sentença penal con-denatória não pode se fundamentar em indícios, salvo se, inexistente prova di-reta, a indiciária estiver comprovada e objetivamente inferir uma relação direta com o fato a ser provado.

CAPÍTULO III – DA CADEIA DE CUSTÓDIA

Art. 171. Todos os agentes públicos envolvidos na persecução penal deverão observar a cadeia de cus-tódia na aquisição e preservação das fontes de prova.

§ 1º. Entende-se por cadeia de custó-dia os mecanismos, dispostos em lei e nas normas administrativas formuladas pelos órgãos competentes, voltados à preservação da prova, com o intuito de preservar a sua idoneidade.§ 2º. Os órgãos policiais e periciais po-derão regulamentar, no âmbito adminis-trativo, a cadeia de custódia, inclusive para adaptá-la aos avanços técnico--científicos.Art. 172. Com o fim de demonstrar a

autenticidade dos elementos pro-batórios materiais, a cadeia de cus-tódia se aplicará tendo em conta os seguintes fatores: identidade, esta-do original, condições de coleta, preservação, embalagem e envio; lugares e datas de permanência e mudanças pelas quais a custódia tenha passado. Igualmente se re-gistrará o nome e a identificação de todas as pessoas que tenham tido contato com esses elementos.

Parágrafo único. A cadeia de custódia será iniciada no lugar em que forem descobertos, recolhidos ou encontrados os elementos probatórios materiais; e será finalizada por ordem da autoridade competente. Art. 173. A aplicação da cadeia de

custódia é de responsabilidade dos servidores públicos que tiverem contato com os elementos probató-rios materiais.

Parágrafo único. Os particulares que, em razão de seu trabalho ou por cumpri-mento das funções próprias de seu car-go, tiverem contato com os elementos probatórios materiais são responsáveis por sua coleta, preservação e entrega à autoridade competente.

CAPÍTULO IV – DOS MEIOS DE PROVA

Seção I - Da prova testemunhalArt. 174. Toda pessoa poderá ser tes-

temunha.Art. 175. A testemunha fará, sob pa-

lavra de honra, a promessa de di-zer a verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado

e sua residência, sua profissão, lu-gar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as ra-zões de sua ciência ou as circuns-tâncias pelas quais se possa avaliar sua credibilidade.

Art. 176. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.

Parágrafo único. Não será vedada à tes-temunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.Art. 177. Se ocorrer dúvida sobre a iden-

tidade da testemunha, o juiz proce-derá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.

Art. 178. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente, o descenden-te, o afim em linha reta, o cônjuge, o companheiro, o irmão, o pai, a mãe, o filho adotivo ou o enteado do im-putado.

Parágrafo único. A testemunha será ad-vertida sobre o direito a silenciar sobre fatos que possam incriminá-la.Art. 179. São proibidas de depor as

pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, de-vam guardar segredo, salvo se, de-sobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Art. 180. Não se deferirá o compromis-so a que alude o art. 175 aos doen-tes e deficientes mentais e aos me-nores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o caput do art. 178.

Art. 181. As testemunhas serão inquiri-das separadamente, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas comi-nadas ao falso testemunho.

Parágrafo único. Antes do início da au-diência e durante a sua realização, se-rão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.Art. 182. Se o juiz, ao pronunciar senten-

ça final, reconhecer que alguma tes-temunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Art. 183. As perguntas serão formu-ladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a res-posta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.

§ 1º Logo após, o juiz poderá comple-mentar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos.

§ 2º Se das respostas dadas ao juiz re-sultarem novos fatos ou circunstâncias, às partes será facultado fazer repergun-tas, limitadas àquelas matérias.Art. 184. O juiz não permitirá que a tes-

temunha manifeste suas aprecia-ções pessoais, salvo quando inse-paráveis da narrativa do fato.

Art. 185. Antes de iniciado o depoi-mento, as partes poderão contradi-tar a testemunha ou arguir circuns-tâncias que a tornem suspeita de parcialidade ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita, a argui-ção e a resposta, mas só excluirá a testemunha ou não lhe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 178 a 180.

Art. 186. O registro do depoimento da testemunha será feito mediante recursos de gravação magnética ou digital, estenotipia ou técnica similar, inclusive audiovisual, desti-nados a obter maior fidelidade das informações.

§ 1º No caso de registro por meio au-diovisual, será encaminhada às partes cópia do registro original, sem necessi-dade de transcrição.§ 2º Não sendo possível o registro na forma do caput deste artigo, o depoi-mento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela, pelo juiz e pe-las partes, devendo o juiz, na redação, cingir-se, tanto quanto possível, às ex-pressões usadas pela testemunha, re-produzindo fielmente as suas frases.Art. 187. Se o juiz verificar que a pre-

sença do réu poderá causar humi-lhação, temor ou sério constrangi-mento à testemunha ou à vítima, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na im-possibilidade dessa forma, determi-nará a retirada do réu, prosseguin-do na inquirição, com a presença de seu defensor.

Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram.Art. 188. Se, regularmente intimada, a

testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz pode-rá requisitar ao delegado de polícia a sua apresentação ou determinar que seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxí-lio da força pública.

Parágrafo único. A parte que arrolou a testemunha poderá desistir do depoi-mento, independentemente de anuência da parte contrária.Art. 189. O juiz poderá aplicar à teste-

munha faltosa multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, sem prejuízo do processo penal por crime de de-sobediência, e condená-la ao paga-mento das custas da diligência.

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Parágrafo único. A testemunha será inti-mada para justificar sua ausência, após o que, ouvido o Ministério Público, o juiz decidirá.Art. 190. As pessoas impossibilitadas

de comparecer para depor, por en-fermidade ou por velhice, serão in-quiridas onde estiverem.

Art. 191. O Presidente e o Vice-Presi-dente da República, os Ministros de Estado, os membros do Congresso Nacional, os Comandantes da Ma-rinha, do Exército e da Aeronáutica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os respectivos Secretários de Estado, os Prefeitos, os Deputados Estaduais e Distritais, os membros do Poder Judiciário, os membros do Ministério Público e os membros dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão in-quiridos em local, dia e hora previa-mente ajustados entre eles e o juiz.

§ 1 º O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal e o Procura-dor-Geral da República poderão optar pela prestação de depoimento por es-crito, caso em que as perguntas, formu-ladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício.§ 2 º Os militares deverão ser requisita-dos à autoridade superior.§ 3 º Aos servidores públicos aplicar--se-á o disposto no art. 188, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indica-ção do dia e da hora marcados.Art. 192. A testemunha que morar fora

da comarca será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expe-dindo-se, para esse fim, carta pre-catória, com prazo razoável, intima-das as partes sobre sua expedição.

§ 1º A expedição da precatória não sus-penderá a instrução criminal. § 2º Na hipótese prevista neste artigo, a inquirição da testemunha poderá ser re-alizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmis-são de sons e imagens em tempo real, assegurada a presença do defensor, e, de preferência, durante a audiência de instrução e julgamento.§ 3º Os atos a serem realizados não inverterão a ordem prevista no art. 279 deste Código.Art. 193. Quando a testemunha não

conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e as respostas.

Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo, surdo-mudo ou índio, proceder--se-á na conformidade do art. 68.Art. 194. O juiz, a requerimento de qual-

quer das partes, poderá ouvir anteci-padamente a testemunha, nas hipó-

teses de enfermidade, de velhice ou de qualquer outro motivo relevante, em que seja possível demonstrar a dificuldade ou a perda de fidedigni-dade da tomada do depoimento ao tempo da instrução criminal.

Parágrafo único. Se, ao tempo da ins-trução, não se verificar a dificuldade ou a perda de fidedignidade que motivou o depoimento antecipado, a testemunha deverá ser novamente ouvida, respeita-da a ordem prevista no art. 279.

Seção II - Das declarações da vítimaArt. 195. Sempre que possível, a vítima

será qualificada e perguntada sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor e as provas que possa indicar, tomando--se por termo as suas declarações.

Parágrafo único. Aplicam-se às declara-ções da vítima, no que couber, as dispo-sições sobre a prova testemunhal.

Seção III - Disposições especiais rela-tivas à inquirição de crianças e adoles-centesArt. 196. A criança e o adolescente, sem-

pre que chamados a colaborar com os órgãos públicos em qualquer fase da persecução penal, resguardado o seu direito de declarar, serão tra-tados com respeito e dignidade por parte das autoridades competentes, que estarão sensíveis a sua maturi-dade, intimidade, condição social e familiar, experiências de vida, bem como à gravidade do crime apurado.

Art. 197. A inquirição de criança ou adolescente como vítima ou tes-temunha poderá, mediante solici-tação de seu representante legal, requerimento das partes ou por ini-ciativa do juiz, ser realizada na for-ma do art. 198, para:

I – salvaguardar a integridade física, psí-quica e emocional do depoente, consi-derada a sua condição peculiar de pes-soa em desenvolvimento;II – evitar a revitimação do depoente, ocasionada por sucessivas inquirições sobre o mesmo fato, nos âmbitos penal, cível e administrativo.Art. 198. O procedimento de inquirição

observará as seguintes etapas:I – a criança ou adolescente ficará em recinto diverso da sala de audiências, especialmente preparado para esse fim, devendo dispor de equipamentos próprios e adequados à idade e à etapa evolutiva do depoente;II – a criança ou o adolescente será acompanhado por um profissional de-vidamente capacitado para o ato, cuja qualificação será informada às partes logo após ser designado pelo juiz;III – na sala de audiências, onde deverá permanecer o imputado, as partes for-mularão perguntas ao juiz;

IV – o juiz, por meio de equipamento técnico que permita a comunicação em tempo real, fará contato com o profis-sional que acompanha a criança ou o adolescente, retransmitindo-lhe as per-guntas formuladas;V – o profissional, ao questionar a crian-ça ou o adolescente, deverá simplificar a linguagem e os termos da pergunta que lhe foi transmitida, de modo a facilitar a compreensão do depoente, observadas as suas condições pessoais, sendo que deverá ser registrada a forma pela qual foram transmitidas as perguntas;VI – o depoimento será gravado em meio eletrônico ou magnético, cuja transcri-ção e mídia integrarão o processo.§ 1º A opção pelo procedimento descri-to neste artigo levará em conta a nature-za e a gravidade do crime, bem como as suas circunstâncias e consequências, e será adotada quando houver fundado receio de que a presença da criança ou do adolescente na sala de audiências possa prejudicar a espontaneidade das declarações, constituir fato de constran-gimento para o depoente ou dificultar os objetivos descritos nos incisos I e II do caput do art. 197.§ 2º Não havendo sala ou equipamen-tos técnicos adequados, nem profissio-nal capacitado para a mediação que se requer, o depoimento será validamente realizado de acordo com a forma ordi-nária prevista neste Código para a prova testemunhal.§ 3º É vedada a divulgação ou repasse a terceiros do material descrito no inciso VI do caput deste artigo, cumprindo à parte que solicitar cópia zelar por sua guarda e uso no interesse estritamente processu-al, sob pena de responsabilidade.Art. 199. Na fase de investigação, ao

decidir sobre o pedido de produção antecipada de prova testemunhal de criança ou adolescente, o juiz das garantias atentará para o risco de redução da capacidade de re-produção dos fatos pelo depoente, em vista da condição da pessoa em desenvolvimento, observando, quando recomendável, o procedi-mento previsto no art. 198.

§ 1º Antecipada a produção da prova na forma do caput deste artigo, não será admitida a reinquirição do depoente na fase de instrução processual, inclusive na sessão de julgamento do Tribunal do Júri, salvo quando justificada a sua im-prescindibilidade, especialmente quan-do não houve possibilidade de participa-ção da defesa no ato realizado na fase de investigação, em requerimento devi-damente fundamentado pelas partes.§ 2º Para fins de atendimento ao dis-posto no inciso II do caput do art. 197, o depoimento da criança ou adolescente tomado na forma do caput deste artigo será encaminhado à autoridade respon-sável pela investigação e ao Conselho

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Tutelar que tiver instaurado expediente administrativo, com o fim de evitar a rein-quirição da criança ou do adolescente. § 3º A autoridade que tomar o depoi-mento da criança ou do adolescente, julgando recomendável, poderá reme-ter cópia das declarações prestadas à Justiça da Infância e da Juventude, que avaliará a eventual necessidade de aplicação das medidas de proteção previstas na Lei nº 8.069, de 13 de ju-lho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Seção IV - Do reconhecimento de pes-soas e coisas e da acareaçãoArt. 200. Quando houver necessidade

de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á da seguinte forma:

I – a pessoa que tiver de fazer o reco-nhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;II – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada ao lado de ou-tras, no mínimo de 5 (cinco), que com ela tiverem qualquer semelhança, con-vidando-se quem tiver de fazer o reco-nhecimento a apontá-la;III – a autoridade providenciará para que a pessoa a ser reconhecida não veja aque-la chamada para fazer o reconhecimento;IV – do ato de reconhecimento lavrar-se--á auto pormenorizado, subscrito pelo delegado de polícia ou pelo juiz, pela pessoa chamada para proceder ao re-conhecimento e por (duas) testemunhas presenciais;VI – deverão ser registradas, por filma-gem ou fotografia, as pessoas que fo-ram colocadas ao lado daquela a ser reconhecida, tal como estiverem no ato do reconhecimento.Parágrafo único. O reconhecimento po-derá ser realizado antecipadamente, nas hipóteses e na forma do art. 194.Art. 201. No reconhecimento de obje-

to, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no art. 196, no que for aplicável.

Art. 202. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhe-cimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separa-do, evitando-se qualquer comuni-cação entre elas.

Art. 203. A acareação será admitida entre testemunhas, entre testemu-nha e vítima e entre vítimas, sempre que divergirem, em suas declara-ções, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.

Parágrafo único. Os acareados serão in-quiridos para que expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação.Art. 204. Se ausente alguma testemu-

nha, cujas declarações divirjam das de outra que esteja presente, a esta se dará a conhecer os pontos da di-

vergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se sub-sistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente.

Parágrafo único. Na hipótese previs-ta neste artigo, sempre que possível, a acareação será realizada por videocon-ferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real.

Seção V - Da prova pericial e do exame do corpo de delitoArt. 205. As perícias serão realizadas

por perito oficial, portador de diplo-ma de curso superior.

§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idô-neas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área es-pecífica, dentre as que tiverem habilita-ção técnica relacionada com a natureza do exame.§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente de-sempenhar o encargo.§ 3º Será facultada ao Ministério Públi-co, ao assistente de acusação, à vítima, ao querelante, ao imputado a formula-ção de quesitos no prazo de 5 (cinco) dias, contados da nomeação do perito.§ 4º O exame pericial será requisitado pela autoridade competente ao diretor do órgão de perícia.Art. 206. Os peritos exercerão suas

atividades com autonomia técnica, científica e funcional, podendo utili-zar todos os meios e recursos tec-nológicos necessários à realização da perícia, bem como pesquisar vestígios que visem a instruir o lau-do pericial, e ainda:

I – requerer à autoridade competente os documentos, dados e informações necessários à realização dos exames periciais;II – solicitar serviços técnicos especiali-zados e meios materiais e logísticos de outros órgãos públicos;III – solicitar auxílio de força policial a fim de garantir a segurança necessária à re-alização dos exames.§ 1º A coleta de vestígios e o exame pericial poderão ser realizados em qual-quer dia e horário, caso haja condições técnicas.Art. 207. Durante o curso do proces-

so judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:

I – requerer a inquirição dos peritos para esclarecerem a prova ou para responde-

rem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou as ques-tões a serem esclarecidas sejam enca-minhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;II – indicar assistentes técnicos que po-derão apresentar pareceres no prazo de 10 (dez) dias da intimação da juntada do laudo pericial ou ser inquiridos em audiência.§ 1º O assistente técnico atuará a par-tir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e a elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.§ 2º Havendo requerimento das par-tes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial e na presen-ça de perito oficial, que manterá sem-pre sua guarda, para exame pelos as-sistentes, salvo se for impossível a sua conservação.§ 3º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de co-nhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de 1 (um) perito oficial, e a parte indicar mais de 1 (um) assistente técnico.Art. 208. O perito elaborará o laudo pe-

ricial, no qual descreverá minucio-samente o que examinar e respon-derá aos quesitos formulados.

§ 1º O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 15 (quinze) dias, poden-do este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento do perito.§ 2º Sempre que possível e conveniente, o laudo será ilustrado com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.§ 3º Havendo mais de 1 (um) perito, no caso de divergência entre eles, serão consignadas no auto do exame as de-clarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, cabendo à autoridade, se en-tender necessário, designar um terceiro perito para novo exame.§ 4º No caso de inobservância de for-malidades ou no caso de omissões, obs-curidades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade ou complementar ou esclarecer o laudo.§ 5º O juiz, a requerimento das partes, poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se jul-gar conveniente.Art. 209. O juiz não ficará adstrito ao

laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá--lo, no todo ou em parte.

Art. 210. Quando a infração deixar ves-tígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indire-to, não podendo supri-lo a confis-são do imputado.

Art. 211. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem de-saparecido os vestígios, o laudo de exame de corpo de delito será ela-

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borado pelos peritos com base nos elementos de prova testemunhal e documental existentes, ressalvadas as hipóteses de perecimento da coisa por omissão da autoridade.

Art. 212. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determi-nação do delegado de polícia, ou por determinação do juiz, nesse último caso mediante requerimento do Ministério Público, da vítima, do imputado ou de seu defensor.

§ 1º No exame complementar, os peri-tos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do fato. § 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemu-nhal ou documental, desde que aquele não seja mais passível de realização.Art. 213. A necropsia será feita pelo

menos 6 (seis) horas depois do óbi-to, salvo se os peritos, pela evidên-cia dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame ex-terno do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessida-de de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.Art. 214. Os cadáveres serão sempre

fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as le-sões externas e vestígios deixados no local do crime.

Art. 215. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, es-quemas ou desenhos, devidamente rubricados.

Art. 216. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se re-alize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.

Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de de-sobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, devendo tudo constar do auto.Art. 217. Havendo dúvida sobre a

identidade do cadáver exumado,

proceder-se-á ao reconhecimento por meio de métodos científicos adequados, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.

Parágrafo único. Em qualquer caso, se-rão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados que possam ser úteis para a identificação do cadáver.Art. 218. Para efeito de exame do local

onde houver sido praticada a in-fração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se alte-re o estado das coisas até a chega-da dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, dese-nhos ou esquemas elucidativos.

§ 1º Quando for o caso, o perito dili-genciará para que todos os vestígios recolhidos no local sejam acondiciona-dos em embalagens individualizadas e devidamente lacradas, etiquetadas e rubricadas, com vistas à preservação da cadeia de custódia da prova durante o curso do processo.§ 2º O perito registrará, no laudo, as al-terações do estado das coisas e discu-tirá, no relatório, as consequências des-sas alterações na dinâmica dos fatos.Art. 219. Nas perícias de laboratório, o

perito guardará material suficiente para a eventualidade de nova pe-rícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.

Art. 220. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obs-táculo à subtração da coisa ou por meio de escalada, o perito, além de descrever os vestígios, indicará com que instrumentos, por quais meios e em que época presume ter sido o fato praticado.

Art. 221. Proceder-se-á, quando ne-cessário, à avaliação de coisas des-truídas, deterioradas ou que consti-tuam produto do crime.

Parágrafo único. Se impossível a ava-liação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos exis-tentes nos autos e dos que resultarem de diligências.Art. 222. No caso de incêndio, o peri-

to verificará a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a ex-tensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interes-sarem à elucidação do fato.

Art. 223. Nos exames periciais grafo-técnicos e em outros cotejos do-cumentoscópicos, observar-se-á o seguinte:

I – a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;II – para a comparação, poderão servir

quaisquer documentos originais que a pessoa reconhecer ou que já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autentici-dade não houver dúvida;III – a autoridade, quando necessário, requisitará, para exame, os documen-tos originais que existirem em arquivos ou em estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;IV – quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade solicitará que a pessoa escreva o que lhe for ditado.Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do caput deste artigo, se a pessoa estiver ausente, mas em lugar certo, a diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Em qualquer caso, a pessoa será advertida sobre seu direito de não produzir prova que poderá ser utilizada em seu desfavor.Art. 224. Serão sujeitos a exame os

instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de verifi-car sua natureza e eficiência.

Art. 225. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado.

Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.

Seção VI - Da prova documentalArt. 226. As partes poderão apresentar

documentos em qualquer fase do processo, ouvida a parte contrária, em 5 (cinco) dias, observado o dis-posto no art. 399.

Art. 227. À cópia do documento, de-vidamente autenticada, dar-se-á o mesmo valor do original.

Art. 228. As cartas particulares, inter-ceptadas ou obtidas por meios ilí-citos, não serão admitidas como prova.

Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo des-tinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário.Art. 229. A letra e a firma dos docu-

mentos particulares serão submeti-das a exame pericial, quando con-testada sua autenticidade.

Parágrafo único. A mesma providência será determinada quando impugnada a autenticidade de qualquer tipo de re-produção mecânica, como a fotográfi-ca, cinematográfica, fonográfica ou de outra espécie.Art. 230. Os documentos em língua es-

trangeira, sem prejuízo de sua jun-tada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público ou, na falta, por pessoa idônea nomea-da pela autoridade.

Art. 231. Os documentos originais, quando não existir motivo relevante

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que justifique sua conservação nos autos, poderão, mediante requeri-mento, ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produ-ziu, ficando traslado nos autos.

CAPITULO V - DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA

Seção I - Da busca e da apreensãoArt. 232. A busca será pessoal ou do-

miciliar.Art. 233. A busca pessoal será deter-

minada quando houver indícios su-ficientes de que alguém oculta os objetos que possam servir de prova de infração penal.

Art. 234. A busca pessoal independe-rá de mandado no caso de prisão ou quando houver fundada suspei-ta de que a pessoa esteja na pos-se de arma proibida ou de objetos que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, o executor infor-mará os motivos e os fins da diligência à pessoa revistada, devendo registrá-los em livro próprio, onde constarão, ainda, os dados do documento de identidade ou outros que permitam identificar a pessoa submetida à busca.Art. 235. A busca pessoal será realizada

com respeito à dignidade da pessoa revistada e, quando em mulher, será feita por outra, se não importar retar-damento ou prejuízo da diligência.

Art. 236. Proceder-se-á à busca domi-ciliar quando houver indícios sufi-cientes de que pessoa que deva ser presa ou objetos que possam servir de prova de infração penal encon-trem-se em local não livremente acessível ao público.

Art. 237. A busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de manda-do judicial.

Art. 238. O mandado de busca será fundamentado e deverá:

I – indicar, o mais precisamente possível, o local em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;II – delimitar, o mais precisamente pos-sível, o objeto da investigação, mencio-nando os motivos, a pessoa e as fontes de prova procuradas;III – ser subscrito pelo escrivão e assina-do pelo juiz que o fizer expedir.Parágrafo único. Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do imputado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.Art. 239. As buscas domiciliares serão de

dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de pene-trarem na casa, os executores mos-

trarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

§ 1º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.§ 2º Recalcitrando o morador, será per-mitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.§ 3º Observar-se-á o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo quando ausentes os moradores, devendo, nesse caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.§ 4º O morador será intimado a mostrar a coisa ou o objeto procurado.§ 5º Descoberta a pessoa ou a coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da au-toridade ou de seus agentes.§ 6º Finda a diligência, os executores la-vrarão auto circunstanciado, assinando--o com 2 (duas) testemunhas presenciaisArt. 240. Aplicar-se-á também o dis-

posto no art. 239, quando se tiver de proceder a busca em comparti-mento habitado, em aposento ocu-pado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao públi-co, onde alguém exerce profissão ou atividade.

Art. 241. Não sendo encontrada a pes-soa ou a coisa procurada, os moti-vos da diligência serão comunica-dos a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.

Art. 242. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o indis-pensável para o êxito da diligência.

Art. 243. Para a realização das diligên-cias previstas nesta Seção, obser-var-se-á, no que couber, o disposto no art. 14.

Art. 244. As coisas apreendidas que correspondam às hipóteses do art. 91, II, a e b, do Código Penal, des-de que haja concordância das par-tes ou risco de perecimento, pode-rão ser alienadas antecipadamente, geridas por administrador judicial ou colocadas sob custódia de ór-gãos públicos, conforme o dispos-to no Capítulo III do Título III do Li-vro III deste Código, ressalvado o interesse processual na produção da prova.

Seção II - Do acesso a informações si-gilosasArt. 245. O acesso a informações sigi-

losas, para utilização como prova no processo penal, dependerá de ordem judicial, devendo ser o pedi-do formulado pelo delegado de po-lícia ou pelo Ministério Público, na fase de investigação, ou por qual-quer das partes, no curso do pro-cesso judicial, indicando:

I – a existência de indícios razoáveis da

prática de infração penal que admita a providência;II – a necessidade da medida, diante da impossibilidade de obtenção da prova por outros meios;III – a pertinência e a relevância das in-formações pretendidas para o esclareci-mento dos fatos.Art. 246. Autuado o pedido em autos

apartados e sob segredo de justi-ça, o juiz das garantias, na fase de investigação, ou o juiz da causa, no curso do processo penal, decidirá fundamentadamente em 48 (qua-renta e oito) horas e determinará, se for o caso, que o responsável pela preservação do sigilo apresen-te os documentos em seu poder, fi-xando prazo razoável, sob pena de apreensão.

Art. 247. Os documentos que conti-verem informações sigilosas serão autuados em apartado, sob segredo de justiça, sendo acessíveis somen-te ao juiz, às partes e a seus procura-dores, que deles não poderão fazer outro uso senão o estritamente ne-cessário para a discussão da causa.

Art. 248. A violação do dever de sigilo previsto nesta Seção sujeitará o in-frator às penas previstas na legisla-ção pertinente.

Seção III - Da interceptação das comu-nicações telefônicasSubseção I - Disposições geraisArt. 249. Esta Seção disciplina a in-

terceptação, por ordem judicial, de comunicações telefônicas, para fins de investigação criminal ou instru-ção processual penal.

Art. 250. O sigilo das comunicações telefônicas compreende o conte-údo de conversas, sons, dados e quaisquer outras informações transmitidas ou recebidas no curso das ligações telefônicas.

§ 1º Considera-se interceptação das comunicações telefônicas a escuta, gravação, transcrição, decodificação ou qualquer outro procedimento que permita a obtenção das informações e dados de que trata o caput deste artigo.§ 2º Quanto aos registros de dados estáticos referentes à origem, destino, data e duração das ligações telefônicas, igualmente protegidos por sigilo consti-tucional, observar-se-ão as disposições da Seção II do Capítulo V do Título VIII deste Livro.§ 3º As disposições desta Seção tam-bém se aplicam à interceptação:I – do fluxo de comunicações em siste-mas de informática e telemática;II – de outras formas de comunicação por transmissão de dados, sinais, sons ou imagens.Art. 251. A interceptação de comunica-

ções telefônicas não será admitida

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na investigação criminal ou instru-ção processual de crimes de menor potencial ofensivo, assim definidos no art. 296, salvo quando a conduta delituosa for realizada exclusiva-mente por meio dessa modalidade de comunicação.

Art. 252. Em nenhuma hipótese pode-rão ser utilizadas para fins de inves-tigação ou instrução processual as informações resultantes de conver-sas telefônicas entre o imputado e seu defensor, quando este estiver no exercício da atividade profissio-nal.

Subseção II -Do pedidoArt. 253. O pedido de interceptação

de comunicações telefônicas será formulado por escrito ao juiz com-petente, mediante requerimento do Ministério Público ou da defesa), ou por meio de representação do dele-gado de polícia, ouvido, neste caso, o Ministério Público, e deverá conter:

I – a descrição precisa dos fatos impu-tados;II – a indicação de indícios suficientes de materialidade do crime imputado;III – a qualificação do imputado ou escla-recimentos pelos quais se possa identi-ficá-lo, salvo impossibilidade manifesta devidamente justificada;IV – a demonstração da estrita neces-sidade da interceptação e de que infor-mações essenciais à investigação ou instrução processual não poderiam ser obtidas por outros meios;V – a indicação do código de identifica-ção do sistema de comunicação, quan-do conhecido, e sua relação com os fa-tos imputados;VI – a indicação do nome da autorida-de responsável por toda a execução da diligência.Art. 254. O requerimento ou a repre-

sentação será distribuído e autua-do em separado, sob segredo de justiça, devendo o juiz competen-te, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, proferir decisão fundamentada, que atentará para o preenchimento, ou não, de cada um dos requisitos previstos no art. 253, indicando, se a interceptação for autorizada, o prazo de duração da diligência.

§ 1° Admite-se, de modo excepcional, que o pedido de interceptação seja for-mulado verbalmente quando a vida de uma pessoa estiver em risco, podendo o juiz dispensar momentaneamente um ou mais requisitos previstos no art. 253.§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, o juiz exigirá a posterior redução a termo do pedido.§ 3º Despachado o pedido verbal, os autos seguirão para manifestação do Ministério Público e retornarão ao juiz, que, em seguida, reapreciará o pedido.

Art. 255. Contra decisão que indeferir o pedido de interceptação caberá agravo, na forma do art. 482, poden-do o relator na instância ad quem, em decisão fundamentada, autorizar liminarmente o início da diligência.

Parágrafo único. O agravo tramitará em segredo de justiça e será processado sem a oitiva do imputado, a fim de res-guardar a eficácia da investigação.

Subseção III - Dos prazosArt. 256. O prazo de duração da inter-

ceptação não poderá exceder a 30 (trinta) dias, permitidas prorroga-ções por igual período, até o má-ximo de 180 (cento e oitenta) dias, salvo quando se tratar de crime, en-quanto não cessar a permanência.

§ 1º O prazo correrá de forma contínua e ininterrupta e será contado a partir da data do início da interceptação, deven-do a prestadora responsável pelo servi-ço comunicar imediatamente esse fato ao juiz, por escrito.§ 2º Em cada pedido de renovação da medida deverão ser indicados os fatos novos que ocorreram nos 30 dias ante-cedentes e que justificam a continuida-de da interceptação, observado o art. 253 desse Código.§ 3º Ao apreciar cada pedido de pror-rogação, a autoridade judicial deverá, além do disposto no art. 254 desse Có-digo, expor pormenorizadamente quais foram as novas circunstâncias que justi-ficam a prorrogação da medida.

Subseção IV - Do cumprimento da or-dem judicialArt. 257. Do mandado judicial que de-

terminar a interceptação de comu-nicações telefônicas deverá constar a qualificação do imputado, quando identificado, ou o código de identifi-cação do sistema de comunicação, quando conhecido.

§ 1º O mandado judicial será expedido em 2 (duas) vias, uma para a prestadora responsável pela comunicação e outra para a autoridade que formulou o pedi-do de interceptação.§ 2º O mandado judicial poderá ser ex-pedido por qualquer meio idôneo, inclu-sive o eletrônico ou similar, desde que comprovada sua autenticidade.Art. 258. A prestadora de serviços de

telecomunicações deverá disponi-bilizar, gratuitamente, os recursos e meios tecnológicos necessários à interceptação, indicando ao juiz o nome do profissional que prestará tal colaboração.

§ 1º A ordem judicial deverá ser cumpri-da no prazo máximo de 24 (vinte e qua-tro) horas, sob pena de multa diária até o efetivo cumprimento da diligência, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.§ 2º No caso de ocorrência de qualquer fato que possa colocar em risco a con-

tinuidade da interceptação, incluindo as solicitações do usuário quanto à portabi-lidade ou alteração do código de acesso, suspensão ou cancelamento do serviço e transferência da titularidade do contra-to de prestação de serviço, a prestadora deve informar ao juiz no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas contado da ciên-cia do fato, sob pena de multa diária, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.Art. 259. A execução das operações

técnicas necessárias à intercepta-ção das comunicações telefônicas será fiscalizada diretamente pelo Ministério Público.

Subseção V - Do material produzidoArt. 260. Findas as operações técni-

cas, a autoridade encaminhará, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, ao juiz competente, todo o material produzido, acompanhado de auto circunstanciado, que detalhará to-das as operações realizadas.

§ 1º Decorridos 30 (trinta) dias do en-caminhamento do auto circunstanciado, o juiz, ouvidos o Ministério Público e a defesa, determinará a inutilização do material que não interessar ao processo. § 2º A inutilização do material será as-sistida pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do imputado ou da parte interessada, bem como de seus representantes legais.Art. 261. Recebido o material produzi-

do, o juiz dará ciência ao Ministério Público para que requeira, se julgar necessário, no prazo de 10 (dez) dias, diligências complementares.

Art. 262. Não havendo requerimento de diligências complementares ou após a realização das que tiverem sido re-queridas, o juiz intimará o imputado para que se manifeste, fornecendo--lhe cópia do material produzido, com especificação das partes que se referem a sua pessoa.

Art. 263. Conservar-se-ão em cartó-rio, sob segredo de justiça, as fitas magnéticas ou quaisquer outras formas de registro das comunica-ções interceptadas até o trânsito em julgado da sentença, quando serão destruídas na forma a ser in-dicada pelo juiz, de modo a preser-var a intimidade dos envolvidos.

Subseção VI - Disposições finaisArt. 264. Finda a instrução processual,

dar-se-á ciência a todas as pessoas que tiveram conversas telefônicas in-terceptadas, tenham ou não sido in-diciadas ou denunciadas, salvo se o juiz entender, por decisão fundamen-tada, que a providência poderá preju-dicar outras investigações em curso.

Art. 265. As dúvidas a respeito da au-tenticidade ou da integridade do material produzido serão dirimidas

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pelo juiz.Art. 266. Na hipótese de a interceptação

das comunicações telefônicas revelar indícios de crime ou de indivíduo di-verso daquele para o qual a autoriza-ção foi dada, somente terão eficácia probatória os indícios que guardem relação com o objeto da investigação, nos termos do art. 105, caput, incisos I e II, e do art. 106 deste Código.

Parágrafo único. Os elementos de infor-mação que não guardem relação com o objeto da investigação deverão ser de-sentranhados dos autos e inutilizados.Art. 267. As informações obtidas por

meio da interceptação de comuni-cações telefônicas realizada sem a observância dos procedimentos definidos no presente Capítulo não poderão ser utilizadas em nenhuma investigação, processo ou procedi-mento, seja qual for sua natureza.

LIVRO II - DO PROCESSO E DOS PROCEDIMENTOS

TÍTULO I - DO PROCESSOCAPÍTULO I - DA FORMAÇÃO DO PRO-CESSO

Art. 268. Considera-se proposta a ação no momento de sua distribuição.

Art. 269. A peça acusatória será desde logo rejeitada:

I – quando for inepta;II – quando ausentes a justa causa, as condições da ação ou os pressupostos processuais.Parágrafo único. Considera-se inepta a denúncia ou a queixa subsidiária que não preencher os requisitos do art. 274 deste Código ou, quando da deficiência no seu cumprimento, resultarem dificul-dades ao exercício da ampla defesa.

CAPÍTULO II - DA SUSPENSÃO DO PRO-CESSO

Art. 270. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou infe-rior a 1 (um) ano, o Ministério Públi-co, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o imputado não esteja sendo processado ou não tenha sido con-denado por outro crime, presentes os demais requisitos que autoriza-riam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

§ 1º Aceita a proposta pelo imputado e seu defensor, na presença do juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspen-der o processo, submetendo o imputa-do a período de prova, sob as seguintes condições:I – reparação do dano, salvo comprova-da impossibilidade de fazê-lo;II – proibição de frequentar determina-dos lugares;

III – proibição de ausentar-se da comar-ca onde reside, sem autorização do juiz;IV – comparecimento pessoal e obriga-tório a juízo, periodicamente, para infor-mar e justificar suas atividades.§ 2º O juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a sus-pensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do imputado, vedada a imposição de pena criminal.§ 3º A suspensão poderá ser revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:I – vier a ser processado por contraven-ção ou crime doloso ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano;II – descumprir qualquer outra condição imposta, observado o disposto no § 4º deste artigo.§ 4º No caso de descumprimento de condição imposta na forma do § 1º des-te artigo, o Ministério Público, em face da justificativa apresentada pelo impu-tado, poderá requerer a prorrogação da suspensão ou reformular a proposta, a fim de possibilitar o seu cumprimento.§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.§ 7º Se o imputado não aceitar a pro-posta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.§ 8º O disposto neste artigo não se aplica no âmbito da Justiça Militar nem em relação aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, segundo dispõe a Lei nº 11.348, de 7 de agosto de 2006.

CAPÍTULO III - DA EXTINÇÃO DO PRO-CESSO

Art. 271. São causas de extinção do processo, sem resolução do mérito, a qualquer tempo e grau de jurisdi-ção:

I – a rejeição da denúncia ou queixa sub-sidiária;II – a ausência de quaisquer das condi-ções da ação ou de justa causa, bem como dos pressupostos processuais;III – a impronúncia.Art. 272. São causas de extinção do

processo, com resolução de mérito, em qualquer tempo e grau de juris-dição:

I – as hipóteses de absolvição sumária previstas neste Código;II – a extinção da punibilidade;III – a aplicação da pena no procedimen-to sumário;IV – a condenação ou absolvição do im-putado.

TÍTULO II - DOS PROCEDIMENTOSCAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 273. O procedimento será comum ou especial, aplicável ao Tribunal do Júri e aos tribunais.

§ 1º O procedimento comum será:I – ordinário, quando no processo se apurar crime cuja sanção máxima comi-nada for superior a 8 (oito) anos de pena privativa de liberdade;II – sumário, quando no processo se apurar crime cuja sanção máxima não ultrapasse 8 (oito) anos de pena privati-va de liberdade;III – sumariíssimo, quando no processo se apurar as infrações penais de menor potencial ofensivo.§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposi-ções em contrário deste Código ou de lei especial.§ 3º As disposições dos arts. 269, 275, 276, 277 e 278 aplicam-se a todos os procedimentos penais, ainda que não regulados neste Código.

CAPÍTULO II - DO PROCEDIMENTO ORDI-NÁRIO

Art. 274. A denúncia, observados os prazos previstos no art. 49, conterá todos os elementos abaixo:

I - a exposição dos fatos investigados, com todas as suas circunstâncias, de modo a definir a conduta específica de cada imputado; II - a qualificação pessoal do imputado, ou elementos suficientes para identificá--lo;III - a qualificação jurídica do crime im-putado;IV - a indicação das provas que se pre-tendem produzir, especificando a que fato se refere cada uma delas;V - o rol de testemunhas, com a indica-ção, tanto quanto possível, do nome, profissão, endereço residencial, local de trabalho, telefone e endereço eletrônico.VI – a indicação pormenorizada dos ele-mentos de informação em que se funda cada parte da denúncia.§ 1º Poderão ser arroladas até 8 (oito) testemunhas para cada fato investigado.§ 2º A desistência do depoimento não depende de anuência da parte contrária.Art. 275. Oferecida a denúncia, se não

for o caso de sua rejeição, o juiz mandará citar o imputado para ofe-recer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O mandado de citação deverá con-ter cópia integral da denúncia e demais documentos que a acompanhem.§ 2º Se desconhecido o paradeiro do im-putado, ou se ele criar dificuldades para o cumprimento da diligência, proceder--se-á à sua citação por edital, contendo o teor resumido da acusação, para fins de comparecimento à sede do juízo.§ 3º Comparecendo o imputado citado por edital, terá vista dos autos pelo pra-zo de 10 (dez) dias, a fim de apresentar a resposta escrita.§ 4º Em qualquer caso, citado o impu-tado e não apresentada a resposta no

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prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) diasArt. 276. Na resposta escrita, o im-

putado poderá arguir tudo o que interessar à sua defesa, oferecer documentos, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas até o máximo de 8 (oito) por cada fato imputado, qualificando-as sempre que possível.

Parágrafo único. As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 438 e seguintes.Art. 277. Estando presentes a justa

causa, as condições da ação e os pressupostos processuais, o juiz receberá a acusação e, não sendo o caso de absolvição sumária ou de extinção da punibilidade, designará dia e hora para a instrução ou seu início em audiência, a ser realizada no prazo máximo de 90 (noventa dias), determinando a intimação do órgão do Ministério Público, do defensor ou procurador e das tes-temunhas que deverão ser ouvidas.

§ 1º O imputado preso será requisitado para comparecer à audiência e demais atos processuais, devendo o poder pú-blico providenciar sua apresentação, ressalvado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 75.§ 2º Não cumprido o prazo previsto no caput deste artigo, o juiz poderá, de ofí-cio ou a requerimento das partes, instau-rar incidente de aceleração processual, determinando, se necessário, a prática de atos processuais em domingos, feria-dos, férias, recessos ou fora do horário de expediente forense, bem como no-mear servidores ad hoc para a realiza-ção de atos específicos de comunicação processual e de expediente em geral.§ 3º A instauração do incidente será comunicada à presidência do tribunal competente, para as medidas adminis-trativas cabíveis.§ 4º As medidas previstas no § 3º deste artigo também serão comunicadas ao juízo deprecado e à presidência do res-pectivo tribunal, se for o caso.§ 5º A realização de qualquer ato do incidente previsto no § 2º deste artigo dependerá da intimação do imputado ou de seu defensor com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.Art. 278. Desde logo caberá absolvi-

ção sumária quando o juiz, prescin-dindo da fase de instrução, verificar:

I – a existência manifesta de causa ex-cludente da ilicitude do fato;II – a existência manifesta de causa ex-cludente da culpabilidade, salvo quando cabível a imposição de medida de se-gurança;III – a manifesta atipicidade do fato, nos termos e nos limites em que narrado na denúncia.Art. 279. Na audiência de instrução,

proceder-se-á à tomada de decla-rações da vítima, à inquirição das testemunhas arroladas pela acu-sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao re-conhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o im-putado.

§ 1º Se possível, todos os atos serão realizados em audiência única, facultan-do-se ao juiz o fracionamento da ins-trução quando for elevado o número de testemunhas.§ 2º Se necessário, nova audiência será designada no prazo máximo de 15 (quinze) dias, intimados desde logo to-dos os presentes.Art. 280. Produzidas as provas, o Mi-

nistério Público, o assistente e, a seguir, o imputado poderão reque-rer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução, no prazo de 5 (cinco) dias, para o que serão inti-mados no final da audiência.

Parágrafo único. O juiz deferirá as dili-gências se foram imprescindíveis para a comprovação de suas alegaçõesArt. 281. Não havendo requerimento

de diligências, ou sendo indefe-rido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, a sentença.

§ 1º Havendo mais de um imputado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.§ 2º Ao assistente do Ministério Públi-co, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorro-gando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.§ 3º Sem prejuízo dos debates previs-tos no caput deste artigo, o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de imputados, conceder às partes o prazo de 10 (dez) dias, suces-sivamente, para a apresentação de me-moriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.Art. 282. Ordenada diligência conside-

rada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem os debates orais.

Parágrafo único. Realizada a diligên-cia, proceder-se-á na forma do art. 281, salvo se as partes já tiverem participa-do dos debates orais, hipótese em que apresentarão, no prazo sucessivo de 10 (dez) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença.Art. 283. O juiz que presidiu a instrução

deverá proferir a sentença, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por motivo independente da sua vontade, promovido ou apo-

sentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o sucessor que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar re-petir as provas já produzidas.Art. 284. Do ocorrido em audiência

será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos.

Art. 285. Sempre que possível, o re-gistro dos depoimentos do investi-gado, da vítima e das testemunhas será feito mediante recursos de gra-vação magnética ou digital, esteno-tipia ou técnica similar, inclusive au-diovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.

Parágrafo único. No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhada às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.

CAPÍTULO III - DO PROCEDIMENTO SU-MÁRIO

Art. 286. Recebida motivadamente a denúncia ou queixa, especificamente aferida a justa causa para ação pe-nal, e não cabíveis a suspensão con-dicional do processo ou a transação penal, o imputado poderá requerer a aplicação imediata da punição, por simples petição, até a abertura da audiência de instrução e julgamento.

§ 1º O acordo será cabível nos pro-cessos em que, independentemente da pena abstrata cominada, se conclua, fundamentadamente, que a condena-ção ao final do processo acarretaria a substituição da pena privativa por restri-tiva de direitos, multa ou ambas. § 2º A condenação em razão do acordo não poderá acarretar pena restritiva de liberdade ao imputado, seja diretamen-te ou em razão do descumprimento da pena restritiva de direitos ou multa.§ 3º Em caso de descumprimento da pena restritiva de direitos imposta por meio do acordo, reiniciar-se-á o curso do processo, salvo apresentação de jus-to motivo pela defesa, no prazo de cinco dias a partir da intimação.§ 4º A petição de requerimento de apli-cação imediata da punição deve ser as-sinada pelo réu e seu defensor. Em caso de divergência, deve prevalecer a vonta-de do imputado, bastando sua assinatu-ra ou o requerimento oral em audiência, devendo constar expressamente os mo-tivos da discordância do defensor.§5º. Em caso de crime cometido em concurso de agentes, o acordo com um dos corréus não depende da vonta-de dos demais e não pode ser utiliza-do como prova, salvo se houver acordo conjunto de colaboração premiada ex-pressamente firmado. § 6º Na hipótese do § 5º, o juiz que

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conduziu o acordo com um réu torna-se suspeito para julgar os demais corréus.Art. 287. Oferecida a petição de aplica-

ção imediata da punição, ao imputa-dor será aberto prazo de 10 dias para oferecer proposta, analisando, funda-mentadamente, o cumprimento dos requisitos e cálculo da pena provável, conforme o método trifásico regulado no Código Penal, a partir dos termos da denúncia ou queixa, consentidos pelo imputado, considerando a redu-ção de 1/3 em razão da conformida-de do réu ao acordo. Se cominada cumulativamente pena de multa, ela deverá ser fixada em seu mínimo.

§ 1º Se o imputador entender incabível o acordo, será aberto prazo de 10 dias para manifestação da defesa e, em se-guida, deverá se pronunciar o juiz sobre seu cabimento. § 2º Na manifestação sobre o posiciona-mento negativo da acusação, o juiz de-verá ordenar o prosseguimento do feito, pronunciando-se acerca do cabimento do acordo e, se entender cabível ao caso, reconhecerá ao réu o direito à redução de 1/3 na punição na sentença final. § 3º Da decisão do juiz não caberá re-curso, devendo ser questionada, ao fi-nal, em eventual apelação interposta contra a sentença condenatória.§ 4º Se o imputador se pronunciar fa-voravelmente ao acordo ou o julgador entender ilegítima a negativa daquele, deverá o réu preso cautelarmente ser colocado em liberdade imediatamente.§ 5º A redução de pena prevista no caput deste artigo não exclui a análise quanto ao cabimento de circunstâncias atenuantes e quaisquer causas de dimi-nuição de pena, que poderão ser aplica-das, portanto, cumulativamente. Art. 288. São requisitos para a legitimi-

dade da aceitação do imputado ao acordo:

I - voluntariedade, não podendo ser in-duzida por violência física real ou amea-çada, ou por coerção mental que vicie a vontade do imputado;II - inteligência, de modo que o réu deve ter conhecimento de sua situação pe-rante a imputação formulada e os fa-tos descritos pelo imputador, além das consequências de seu ato de aceite ao acordo, tanto em relação aos direitos a que renuncia quanto às punições que a ele serão impostas, além de seus efei-tos colaterais;III - fundamentação, devendo existir uma base fática que sustente o reco-nhecimento da culpabilidade pelo réu.Art. 289. O imputado, acompanhado

de seu defensor, deverá ser ou-vido pelo juiz em audiência de-signada para tal finalidade, sen-do o réu questionado acerca da voluntariedade para a aceitação do acordo e advertido sobre as circunstâncias do fato a ele impu-

tado e as exatas consequências de sua aceitação.

Parágrafo único. O imputado não é obri-gado a descrever os fatos ocorridos, mas a ele será oferecida oportunidade de narrar sua versão; de qualquer modo, deve atestar, fundamentadamente, sua voluntariedade para a aceitação do acordo, seu conhecimento acerca da im-putação e das consequências da aceita-ção e sua conformidade com os fatos e a imputação presentes na acusação.Art. 290. Ao apreciar a proposta de

acordo entre acusação e defesa, o julgador deverá:

I - condenar o imputado, se atendidos os requisitos do acordo e se tal decisão for adequada ao estado atual do pro-cesso, suficientes as provas juntadas e cotejadas com os termos da acusação e do interrogatório do réu, se este op-tar por motivar sua aceitação ao acordo com a descrição dos fatos ocorridos;II - absolver o imputado, se, diante do estado atual do processo, restar com-provada a inexistência do fato, que o réu não concorreu para a infração penal, que o fato não constitui infração penal, que presentes causas de exclusão do crime ou isenção de pena, que ausente condi-ção para o exercício da ação penal;III - declarar a extinção da punibilidade, se presente causa que a enseje;IV - recusar o acordo e ordenar o pros-seguimento da instrução, se não esti-verem adimplidos os requisitos formais descritos no artigo 288.§ 1º No caso de prosseguimento da ins-trução, a aceitação do acordo pelo im-putado não poderá ser considerada na sentença, devendo ser desentranhada dos autos, tornando-se suspeito o jul-gador que a apreciou.§ 2º No caso de prosseguimento da ins-trução, havendo condenação após o re-gular decorrer do processo, conforme o rito cabível, a pena máxima será limitada àquela proposta pelo imputador nos ter-mos do acordo rejeitado, sem prejuízo de eventual redução nos termos do art. 287, §2º, salvo se sobrevierem fatos no-vos que imponham nova definição jurídi-ca durante a instrução.§ 3º A decisão que condenar o imputa-do terá natureza condenatória, mas não caracterizará reincidência e maus ante-cedentes, ficando o réu isento de even-tuais custas ou despesas processuais.Art. 291. A decisão que apreciar a

proposta do acordo, se condenar, absolver ou declarar a extinção da punibilidade do agente, será recor-rível por meio de apelação. A deci-são que recusar o acordo e ordenar o prosseguimento da instrução é irrecorrível, devendo ser impugna-da, ao final, em eventual apelação contra a sentença.

§ 1º A apelação contra a decisão con-denatória decorrente do acordo se limi-

tará a questionar a atenção aos requisi-tos do acordo.§ 2º Se a decisão for reformada pelo tri-bunal, e ordenado o prosseguimento da instrução, o juiz que apreciou o acordo torna-se suspeito e não poderá julgar o caso. Em tal situação, a pena máxima será limitada àquela proposta pelo im-putador nos termos do acordo rejeitado, salvo se sobrevierem fatos novos que imponham nova definição jurídica du-rante a instrução.§ 3º Da condenação definitiva funda-mentada em acordo é admitida revisão criminal, nos termos do Código de Pro-cesso Penal.Art. 292. Não havendo acordo entre

acusação e defesa, o processo prosseguirá na forma do rito ordi-nário.

CAPÍTULO IV - DO PROCEDIMENTO SU-MARIÍSSIMO

Seção I - Disposições geraisArt. 293. O procedimento sumariíssimo

se desenvolve perante o Juizado Especial Criminal, consoante o dis-posto no art. 98, I, da Constituição da República Federativa do Brasil.

Art. 294. Os Juizados Especiais Crimi-nais, órgãos da Justiça Ordinária, in-tegrantes do Sistema dos Juizados Especiais, serão criados pela União e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.

Art. 295. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou toga-dos e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a exe-cução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as re-gras de conexão e de continência.

Parágrafo único. Na reunião de proces-sos perante o juízo comum ou o Tribunal do Júri, decorrente da aplicação das re-gras de conexão e de continência, ob-servar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.Art. 296. Consideram-se infrações pe-

nais de menor potencial ofensivo, para os efeitos deste Código, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

Art. 297. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos prin-cípios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

Seção II - Da competência e dos atos processuaisArt. 298. A competência territorial do

Juizado Especial Criminal será de-

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terminada pelo lugar em que foram praticados os atos de execução da infração penal, consoante o dispos-to no art. 96.

Art. 299. Os atos processuais relativos ao procedimento sumariíssimo se-rão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispu-serem as normas de organização judiciária.

Art. 300. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os princípios indicados no art. 297.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nuli-dade sem que tenha havido prejuízo.§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audi-ência de instrução e julgamento pode-rão ser gravados em fita magnética ou equivalente.Art. 301. A citação será pessoal e far-

-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.

Parágrafo único. Não encontrado o imputado para ser citado, o juiz enca-minhará as peças existentes ao juízo comum para adoção do procedimento ordinário.Art. 302. A intimação far-se-á por cor-

respondência, com aviso de rece-bimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoria-mente identificado, ou, sendo ne-cessário, por oficial de justiça, in-dependentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qual-quer meio idôneo de comunicação.

Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e os defensores.Art. 303. Do ato de intimação do autor

do fato e do mandado de citação do imputado constará a neces-sidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor.

Seção III - Da fase preliminarArt. 304. A autoridade policial que to-

mar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao jui-zado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediata-mente encaminhado ao juizado ou assu-mir o compromisso de a ele comparecer,

não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.Art. 305. Comparecendo o autor do

fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, será designada data pró-xima, da qual ambos sairão cientes.

Art. 306. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a se-cretaria providenciará sua intima-ção e, se for o caso, a do responsá-vel civil, na forma do art. 302.

Art. 307. Na audiência preliminar, pre-sente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima, e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advo-gados, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.

Art. 308. A conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua orientação.

Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na for-ma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal.Art. 309. A composição dos danos ci-

vis será reduzida a escrito e, homo-logada pelo juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil compe-tente.

§ 1º Tratando-se de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao di-reito de representação.§ 2º Nas condições do § 1º deste artigo, no caso de acordo no curso do proces-so, o juiz julgará extinta a punibilidade, desde que comprovada a efetiva recom-posição dos danos.Art. 310. Não havendo conciliação a

respeito dos danos civis, será dada imediatamente à vítima a oportuni-dade de exercer o direito de repre-sentação verbal, que será reduzida a termo.

Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.Art. 311. Havendo representação ou

tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direi-tos ou multas, a ser especificada na proposta.

§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o juiz poderá reduzi-la até a metade.§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I – ter sido o autor da infração condena-do, pela prática de crime, à pena privati-va de liberdade, por sentença definitiva;II – ter sido o agente beneficiado ante-riormente, no prazo de 5 (cinco) anos, pela aplicação de pena restritiva ou de multa, nos termos deste artigo;III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as cir-cunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.§ 3º Aceita a proposta pelo autor da in-fração e por seu defensor, será submeti-da à apreciação do juiz.§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz determinará o cumprimento da pena restritiva de direitos ou de multa, fixan-do prazo para que tenha início o acor-do, que não importará em reincidência, sendo registrado apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de 5 (cinco) anos.§ 5º A imposição da sanção de que tra-ta o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, sal-vo para os fins previstos no mesmo dis-positivo, e não terá efeitos civis, caben-do aos interessados propor ação cabível no juízo cível.§ 6º Se houver descumprimento da pena imposta na forma do § 4º deste artigo, o juiz dará vista dos autos ao Ministério Pú-blico para, se for o caso, oferecer denún-cia escrita, após o que o imputado será citado e cientificado da designação da au-diência de instrução e julgamento, pros-seguindo-se de acordo com as demais regras do procedimento sumariíssimo.§ 7º Suspende-se o prazo prescricional enquanto não houver o cumprimento in-tegral da pena imposta na forma do § 4º deste artigo.§ 8º Na hipótese do § 6º deste artigo, computa-se na pena restritiva de direi-tos eventualmente aplicada ao final do procedimento sumariíssimo, pela meta-de, o período efetivamente cumprido da pena imposta na transação penal, ainda que diversas.§ 9º O disposto no § 8º deste artigo também se aplica à hipótese de pena de multa, descontando-se o valor pago em razão da transação penal.§ 10. Após o cumprimento integral da pena imposta na forma do § 4º deste arti-go, o juiz declarará extinta a punibilidade.

Seção IV - Da fase processualArt. 312. Quando não houver compo-

sição dos danos civis ou transação penal, o Ministério Público ofere-cerá ao juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.

§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 304, com dispensa do inquérito policial, prescin-

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dir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime esti-ver aferida por boletim médico ou prova equivalente.§ 2º Se a complexidade ou as circuns-tâncias do caso não permitirem a formu-lação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao juiz o encaminhamen-to das peças existentes ao juízo comum.Art. 313. A denúncia oral será reduzida

a termo, entregando-se cópia ao imputado, que com ela ficará cita-do e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a au-diência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, a vítima, o res-ponsável civil e seus advogados.

§ 1º Se o imputado não estiver presen-te, será citado e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas, no máximo de 5 (cinco), ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo 5 (cinco) dias antes de sua realização.§ 2º Não estando presentes, a vítima e o responsável civil serão intimados para comparecerem à audiência de instrução e julgamento.§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista neste pro-cedimento.Art. 314. No dia e hora designados

para a audiência de instrução e jul-gamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de ten-tativa de conciliação e de ofereci-mento de proposta pelo Ministério Público, serão renovados os res-pectivos atos processuais.

Art. 315. Nenhum ato será adiado, de-terminando o juiz, quando impres-cindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer.

Art. 316. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para respon-der à acusação, após o que o juiz receberá, ou não, a denúncia. Ha-vendo recebimento, e não sendo o caso de absolvição sumária ou de extinção da punibilidade, serão ou-vidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o imputado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sen-tença.

§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamen-to, podendo o juiz, mediante decisão fundamentada, limitar ou excluir as que considerar impertinentes, irrelevantes ou protelatórias.§ 2º São irrecorríveis as decisões in-terlocutórias tomadas no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais, salvo no que se refere às medidas cautelares pessoais e reais.§ 3º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz

e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audi-ência e a sentença, inclusive no que se refere às provas limitadas ou excluídas nos termos do § 1º deste artigo.§ 4º Nas infrações penais em que as consequências do fato sejam de menor repercussão social, o juiz, à vista da efe-tiva recomposição do dano e conciliação entre autor e vítima, poderá julgar extinta a punibilidade, quando a continuação do processo e a imposição a sanção penal puder causar mais transtornos àqueles diretamente envolvidos no conflito.§ 5º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz.Art. 317. Da decisão de rejeição da

denúncia e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por Turma Recursal, composta de 3 (três) Juízes em exercício no pri-meiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no pra-zo de 10 (dez) dias, contado da ciência da sentença pelo Ministério Público e pelo réu e seu defensor, por petição es-crita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.§ 2º O recorrido será intimado para oferecer contrarrazões no prazo de 10 (dez) dias.§ 3º As partes poderão requerer a trans-crição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 300.§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do jul-gamento servirá de acórdão.§ 6º Cabe à Turma Recursal do Siste-ma dos Juizados Especiais o julgamento das ações de impugnação previstas no Livro IV deste Código, quando se tratar de causa da competência dos Juizados Especiais Criminais.Art. 318. Caberão embargos de de-

claração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, con-tradição, omissão ou dúvida.

§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da ci-ência da decisão.§ 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração interrompe-rão o prazo para recurso.§ 3º Os erros materiais podem ser cor-rigidos de ofício.

Seção V - Das despesas processuaisArt. 319. Nos casos de homologação

do acordo civil e de aplicação de pena restritiva de direitos ou de multa, as despesas processuais se-rão reduzidas, conforme dispuser lei estadual.

Seção VI - Disposições finais

Art. 320. O procedimento sumariíssi-mo previsto neste Capítulo não se aplica no âmbito da Justiça Militar nem em relação aos crimes pratica-dos com violência doméstica e fa-miliar contra a mulher, segundo dis-põe a Lei nº 11.348, de 7 de agosto de 2006.

Art. 321. As disposições relativas ao procedimento ordinário aplicam-se subsidiariamente ao procedimento sumariíssimo previsto neste Capítulo.

CAPÍTULO V - DO PROCEDIMENTO NA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

Art. 322. Nas ações penais de compe-tência originária, o procedimento nos tribunais obedecerá às disposi-ções gerais previstas neste Código e no respectivo regimento interno e, especialmente, o seguinte:

I – as funções do juiz das garantias serão exercidas por membro do tribunal, esco-lhido na forma regimental, que ficará im-pedido de atuar no processo como relator;II – o Ministério Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para se manifestar so-bre os elementos informativos colhidos na investigação preliminar; se o réu esti-ver preso, o prazo será de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 50.III – a denúncia e a queixa subsidiária observarão as disposições previstas neste Código, relativamente aos requisi-tos formais da peça acusatória.Art. 323. Compete ao relator determi-

nar a citação do imputado para ofe-recer resposta no prazo de 10 (dez) dias, aplicando-se, no que couber, as demais disposições do procedi-mento ordinário sobre a matéria.

§ 1º Com o mandado, serão entregues ao imputado cópia da denúncia ou da queixa subsidiária, do despacho do re-lator e dos documentos por este indi-cados.§ 2º Se desconhecido o paradeiro do im-putado, ou se este criar dificuldades para que o oficial cumpra a diligência, proce-der-se-á a sua citação por edital, conten-do o teor resumido da acusação, para que compareça ao tribunal, em 5 (cinco) dias, onde terá vista dos autos pelo pra-zo de 10 (dez) dias, a fim de apresentar a resposta prevista neste artigo.Art. 324. Apresentada a resposta, o re-

lator designará dia para que o tribu-nal delibere sobre o recebimento da denúncia ou da queixa, se não for o caso de extinção da punibilidade ou de absolvição sumária, quando tais questões não dependerem de pro-va, nos limites e nos termos em que narrada a peça acusatória.

§ 1º No julgamento de que trata este artigo, será facultada sustentação oral pelo prazo de 15 (quinze) minutos, pri-meiro à acusação, depois à defesa.§ 2º Encerrados os debates, o tribunal

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decidirá por maioria.Art. 325. Recebida a peça acusatória,

o relator poderá determinar a expe-dição de carta de ordem para a ins-trução do processo, que obedece-rá, no que couber, ao previsto para o procedimento ordinário.

§ 1º O interrogatório do imputado pode-rá ser realizado diretamente no tribunal, se assim o requerer a defesa, em dia e horários previamente designados.§ 2º O relator, ou o tribunal, poderá, a requerimento das partes, determinar di-ligências para o esclarecimento de dúvi-das sobre a prova produzida, observado o disposto no art. 4º.Art. 326. Concluída a instrução, as par-

tes poderão requerer diligências, no prazo de 5 (cinco) dias, quando im-prescindíveis para o esclarecimento de questões debatidas na fase pro-batória.

Art. 327. Realizadas as diligências, ou não sendo estas requeridas nem determinadas pelo relator, serão intimadas a acusação e a defesa para, sucessivamente, apresenta-rem, no prazo de 10 (dez) dias, ale-gações finais escritas.

Art. 328. O tribunal procederá ao julga-mento, na forma determinada pelo regimento interno, observando-se o seguinte:

I – a acusação e a defesa terão, sucessi-vamente, nessa ordem, prazo de 1 (uma) hora para sustentação oral, assegurado ao assistente 1/4 (um quarto) do tempo da acusação;II – encerrados os debates, o tribunal passará a proferir o julgamento, podendo o Presidente limitar a presença no recinto às partes e seus advogados, ou somente a estes, se o interesse público exigir.

CAPÍTULO VI - DO PROCEDIMENTO RELA-TIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI

Seção I - Da acusação e da instrução preliminarArt. 329. O juiz, se não for o caso de sua

rejeição, receberá a denúncia ou a queixa e ordenará a citação do impu-tado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do com-parecimento, em juízo, do imputado ou de defensor constituído, no caso de ci-tação inválida ou por edital.§ 2º A acusação poderá arrolar teste-munhas, até o máximo de 8 (oito) por cada fato investigado, na denúncia ou na queixa.§ 3º Se a denúncia for oferecida con-tra mais de uma pessoa, o limite de testemunhas de acusação referido no parágrafo anterior contar-se-á individu-almente em relação a cada uma delas,

se necessário à apuração da conduta individual dos denunciados.§ 4º Na resposta, o imputado poderá arguir preliminares e alegar tudo que in-teresse a sua defesa, no âmbito penal e cível, oferecer documentos e justifica-ções, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito) para cada fato investigado, qualificando-as e requerendo sua inti-mação, quando necessário Art. 330. As exceções serão processa-

das em apartado, nos termos dos arts. 433 e seguintes.

Art. 331. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará de-fensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.

Art. 332. O juiz designará data para a audiência de instrução e julgamen-to e determinará a realização, no prazo máximo de 10 (dez) dias, das diligências requeridas pelas partes.

Art. 333. Na audiência de instrução, pro-ceder-se-á à tomada de declarações da vítima, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acu-sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reco-nhecimento de pessoas e de coisas, interrogando-se, em seguida, o im-putado e procedendo-se ao debate.

§ 1º Os esclarecimentos dos peritos de-penderão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz.§ 2º As provas serão produzidas em uma só audiência, salvo quando o ele-vado número de testemunhas recomen-dar o seu fracionamento, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias, median-te despacho fundamentado, nos termos do art. 165 deste Código.§ 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no art. 427, ressalvada a possibilidade de aditamento da denúncia para incluir coautores ou partícipes não menciona-dos na peça acusatória inicial.§ 4º As alegações serão orais, conce-dendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez). Excepcionalmente, em casos complexos ou com elevado número de imputados, as alegações orais poderão ser substituídas por memoriais escritos, a sem apresentados pelas partes no prazo sucessivo de 10 (dez) dias, e o juiz proferirá decisão no mesmo prazo.§ 5º Havendo mais de um imputado, o tempo previsto para a acusação e para a defesa de cada um deles será individual.§ 6º Ao assistente do Ministério Públi-co, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorro-gando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.

§ 7º Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o juiz a condução coerci-tiva de quem deva comparecer.§ 8º A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no caput deste artigo.§ 9º Encerrados os debates, o juiz pro-ferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.Art. 334. O procedimento será conclu-

ído no prazo máximo de 90 (noven-ta) dias.

Seção II - Da pronúncia, da impronún-cia, da absolvição sumária e da des-classificaçãoArt. 335. O juiz, fundamentadamente,

pronunciará o imputado, se con-vencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.

§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialida-de do fato investigado e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo constar ainda a classificação do crime, bem como as circunstâncias qualificadoras e as cau-sas de aumento de pena, nos termos em que especificadas pela acusação.§ 2º O juiz decidirá, motivadamen-te, sobre a manutenção, revogação ou substituição da prisão preventiva ou de quaisquer das medidas cautelares ante-riormente decretadas e, tratando-se de imputado solto, sobre a necessidade de decretação de prisão ou de imposição de quaisquer das medidas previstas no Título II do Livro III deste Código.Art. 336. Não se convencendo da ma-

terialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamen-tadamente, impronunciará o impu-tado.

Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova acusação se houver prova nova.Art. 337. O juiz, fundamentadamente,

absolverá desde logo o imputado, quando:

I – provada a inexistência do fato;II – provado não ser ele autor ou partíci-pe do fato;III – o fato não constituir infração penal;IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.Parágrafo único. Não se aplica o dis-posto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade previsto no caput do art. 26 do Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.Art. 338. Contra a decisão de impro-

núncia ou a sentença de absolvição sumária caberá apelação.

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Art. 339. O juiz, sem modificar a descri-ção do fato contido na denúncia, po-derá atribuir-lhe definição jurídica di-versa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave, observado o disposto no art. 424.

Art. 340. Quando o juiz se convencer, em discordância da acusação, da existência de crime diverso dos re-feridos no art. 101 e não for com-petente para o julgamento, remete-rá os autos ao juiz que o seja, sem prejuízo do disposto no art. 112, observando-se, em qualquer caso, a regra do § 3º do art. 101.

Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, esse oportuniza-rá o contraditório, reabrindo prazo para que as partes se manifestem e arrolem testemunhas. Após, se reconhecer sua competência, continuará o processo.Art. 341. A intimação da decisão de

pronúncia será feita:I – pessoalmente ao imputado, ao de-fensor nomeado e ao Ministério Público;II – ao defensor constituído, ao querelan-te e ao assistente do Ministério Público.Parágrafo único. Será intimado por edital o imputado solto que não for encontra-do.Art. 342. Após a decisão de pronúncia,

os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 483.

§ 1º Havendo circunstância superve-niente que altere a classificação do cri-me, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público para que se mani-feste em 5 (cinco) dias e, em seguida, intimará a defesa para se manifestar no mesmo prazo.§ 2º Em seguida, os autos serão con-clusos ao juiz para decisão.

Seção III - Da preparação do processo para julgamento em plenárioArt. 343. Ao receber os autos, o presi-

dente do Tribunal do Júri determi-nará a intimação do órgão do Mi-nistério Público ou do querelante, no caso de queixa subsidiária, e do defensor, para, no prazo de 5 (cin-co) dias, apresentarem rol de teste-munhas que irão depor em plená-rio, até o máximo de 5 (cinco), para cada fato, oportunidade em que po-derão juntar documentos e requerer diligências.

Art. 344. Deliberando sobre os requeri-mentos de provas a serem produzi-das ou exibidas no plenário do júri, adotadas as providências devidas, o juiz presidente:

I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou para esclarecer fato que interesse ao julga-mento do processo;II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da

reunião do Tribunal do Júri.Art. 345. Quando a lei local de orga-

nização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado em até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 352.

Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os processos preparados até o encerramento da reunião, para a realiza-ção de julgamento.

Seção IV - Do alistamento dos juradosArt. 346. Anualmente, serão alistados

pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitan-tes e de 80 (oitenta) a 480 (quatro-centos) nas comarcas de menor população, observando-se, sempre que possível, a proporcionalidade entre homens e mulheres.

§ 1º Nas comarcas onde for necessá-rio, poderá ser aumentado o número de jurados e, ainda, organizada lista de suplentes, depositadas as cédulas em urna especial, com as cautelas mencio-nadas na parte final do § 3º do art. 347.§ 2º O juiz presidente requisitará a autori-dades locais, associações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino em geral, universi-dades, sindicatos, repartições públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas que reúnam as condições para exercer a função de jurado.§ 3º Qualquer cidadão que preencha os requisitos legais poderá se inscrever para ser jurado.Art. 347. A lista geral dos jurados, com

indicação das respectivas profis-sões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri.

§ 1º A lista poderá ser alterada, de ofí-cio ou mediante reclamação de qual-quer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publi-cação definitiva.§ 2º Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 356 a 366.§ 3º Os nomes, endereços, profissões e escolaridade dos alistados, em cartões iguais, após serem verificados na pre-sença do Ministério Público, de advoga-do indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas competentes, permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a respon-sabilidade do juiz presidente, a quem caberá, com exclusividade, o conheci-mento acerca do endereço dos jurados.

§ 4º O jurado que tiver integrado o Con-selho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído.§ 5º Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoriamente, completada.

Seção V - Do desaforamentoArt. 348. Se houver fundada dúvida

sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do imputado, o Tribunal, a requerimento do Ministé-rio Público, do assistente, do quere-lante ou do imputado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamen-to do julgamento para outra comar-ca da mesma região, onde não exis-tam aqueles motivos, preferindo-se as comarcas mais próximas.

§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá prefe-rência de julgamento na Câmara ou Tur-ma competente.§ 2º Sendo relevantes os motivos ale-gados, o relator poderá determinar, fun-damentadamente, a suspensão do jul-gamento pelo júri.§ 3º A parte contrária será intimada para se manifestar sobre o pedido de desa-foramento, no prazo de 5 (cinco) dias. Depois, em igual prazo, manifestar-se-á o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada. No caso de representação do juiz, as partes serão ouvidas, primeiro a acusação, e depois a defesa, no prazo de 5 (cinco) dias§ 4º Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetiva-do o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hi-pótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento anulado.

Seção VI - Da organização da pautaArt. 349. Salvo motivo relevante que

autorize alteração na ordem dos jul-gamentos, terão preferência:

I – os imputados presos;II – dentre os imputados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão;III – em igualdade de condições, os pre-cedentemente pronunciados.§ 1º Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódi-ca, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem pre-vista no caput deste artigo.§ 2º O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a in-clusão de processo que tiver o julga-mento adiado.Art. 350. O assistente somente será

admitido se tiver requerido sua ha-bilitação até 5 (cinco) dias úteis an-tes da data da sessão na qual pre-tenda atuar.

Art. 351. Estando o processo em or-dem, o juiz presidente mandará inti-

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mar as partes, a vítima, se for pos-sível, as testemunhas e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão de instrução e julgamento.

Seção VII Do sorteio e da convocação dos juradosArt. 352. Em seguida à organização da

pauta, o juiz presidente determina-rá a intimação do Ministério Públi-co, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em dia e hora de-signados, o sorteio dos jurados que atuarão na reunião periódica.

Art. 353. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, cabendo--lhe retirar as cédulas até completar o número de 25 (vinte e cinco) jura-dos, para a reunião periódica ou ex-traordinária, bem como quantidade suficiente de suplentes, de acordo com a complexidade e o número de sessões a serem realizadas.

§ 1º O sorteio será realizado entre o dé-cimo quinto e o décimo dia útil antece-dente à instalação da reunião.§ 2º A audiência de sorteio não será adiada pelo não comparecimento das partes.§ 3º O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído para as reuniões futuras.Art. 354. Os jurados sorteados serão

convocados pelo correio ou por qualquer outro meio hábil de comu-nicação, com comprovação de seu recebimento, para comparecer em dia e hora designados para a reu-nião, sob as penas da lei.

Parágrafo único. No mesmo expedien-te de convocação serão transcritos os arts. 356 a 366.Art. 355. Serão afixados na porta do

edifício do Tribunal do Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do(s) imputado(s) e dos procurado-res das partes, além do dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento.

Seção VIII - Da função do juradoArt. 356. O serviço do júri é obrigató-

rio. O alistamento é direito de todos que satisfaçam as exigências legais e compreenderá os cidadãos maio-res de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade.

§ 1º Nenhum cidadão poderá ser exclu-ído dos trabalhos do júri ou impedido de se alistar em razão de cor, etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem, grau de instrução ou deficiência física, quando compatível com o exercício da função.§ 2º A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econô-mica do jurado.

Art. 357. Estão isentos do serviço do júri:

I – o Presidente da República e os Minis-tros de Estado;II – os Governadores e seus respectivos Secretários;III – os membros do Congresso Nacio-nal, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;IV – os Prefeitos municipais;V – os magistrados e membros do Mi-nistério Público e da Defensoria Pública e seus estagiários;VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;VII – os delegados de polícia, os servi-dores dos quadros da polícia e da segu-rança pública e os guardas municipais;VIII – os militares em serviço ativo;IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa;X – aqueles que o requererem, demons-trando justo impedimento.Art. 358. A recusa ao serviço do júri

fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direi-tos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto.

§ 1º Entende-se por serviço alternati-vo o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder Judici-ário, na Defensoria Pública, no Ministé-rio Público ou em entidade conveniada para esses fins.§ 2º O juiz fixará o serviço alternativo de modo a não prejudicar as atividades laborais do cidadão.§ 3º Sempre que possível, o corpo de jurados observará a proporcionalidade entre homens e mulheres.Art. 359. O exercício efetivo da função

de jurado constituirá serviço públi-co relevante e estabelecerá presun-ção de idoneidade moral.

Art. 360. Constitui também direito do ju-rado a preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou de função pública, bem como nos casos de promoção fun-cional ou de remoção voluntária.

Art. 361. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou no salário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri.

Art. 362. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia marcado para a sessão ou se retirar antes de ser dispensado pelo presidente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição econômica.

Art. 363. Somente será aceita escusa fundada em motivo relevante de-vidamente apresentado e compro-

vado, ressalvadas as hipóteses de força maior, até o momento da cha-mada dos jurados.

Art. 364. O jurado somente será dis-pensado por decisão motivada do juiz presidente, consignada na ata dos trabalhos.

Art. 365. O jurado, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos em que o são os juízes togados.

Art. 366. Aos suplentes, quando convo-cados, serão aplicáveis os dispositi-vos referentes às dispensas, às faltas e escusas e à equiparação de res-ponsabilidade prevista no art. 358.

Seção IX - Da composição do Tribunal do Júri e da formação do Conselho de SentençaArt. 367. O Tribunal do Júri é composto

por 1 (um) juiz togado, seu presi-dente, e por 25 (vinte e cinco) jura-dos, que serão sorteados dentre os alistados, 8 (oito) dos quais consti-tuirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.

Art. 368. São impedidos de servir no mesmo Conselho:

I – marido e mulher, bem como compa-nheiro e companheira;II – ascendente e descendente;III – sogro ou sogra e genro ou nora;IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;V – tio e sobrinho;VI – padrasto ou madrasta e enteado.§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entida-de familiar.§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o dispos-to sobre os impedimentos e a suspeição dos juízes togados.Art. 369. Não poderá servir o jurado

que:I – tiver funcionado em julgamento ante-rior do mesmo processo, independente-mente da causa determinante do julga-mento posterior;II – no caso de concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Senten-ça que julgou o outro imputado;III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o imputado.Art. 370. Dos impedidos entre si por

parentesco ou relação de convivên-cia, servirá o que houver sido sorte-ado em primeiro lugar.

Art. 371. Os jurados excluídos por im-pedimento ou por suspeição serão considerados para a constituição do número legal exigível para a rea-lização da sessão.

Art. 372. O mesmo Conselho de Sen-tença poderá conhecer de mais de um processo no mesmo dia, se as partes assim aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão

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prestar novo compromisso.

Seção X - Da reunião e das sessões do Tribunal do JúriArt. 373. O Tribunal do Júri reunir-se-á

para as sessões de instrução e jul-gamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei local de orga-nização judiciária.

Art. 374. Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz pre-sidente decidirá os casos de isen-ção e de dispensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamen-to, mandando consignar em ata as deliberações.

Art. 375. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adia-rá o julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, cientificadas as partes e as teste-munhas.

Parágrafo único. Se a ausência não for jus-tificada, o fato será imediatamente comu-nicado à chefia da instituição, assim como a data designada para a nova sessão.Art. 376. Se a falta, sem escusa legíti-

ma, for do advogado do imputado, e se outro não for por este consti-tuído, o fato será imediatamente comunicado ao presidente da sec-cional da Ordem dos Advogados do Brasil, assim como a data designa-da para a nova sessão.

§ 1º Não havendo escusa legítima, o jul-gamento será adiado somente uma vez, devendo o imputado ser julgado quando chamado novamente.§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, o juiz intimará a Defensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado para o primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias.Art. 377. O julgamento não será adiado

pelo não comparecimento do impu-tado solto ou do assistente, desde que tenham sido regularmente inti-mados.

§ 1º Os pedidos de adiamento e as jus-tificações de não comparecimento, sal-vo comprovado motivo de força maior, deverão ser previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribu-nal do Júri.§ 2º Se o imputado preso não for con-duzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dis-pensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor.Art. 378. Se a testemunha, sem justa

causa, deixar de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela desobediência, a conde-nará nas despesas da diligência.

Art. 379. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Júri o dis-posto no art. 361.

Art. 380. Antes de constituído o Con-selho de Sentença, as testemunhas

serão recolhidas em local onde umas não possam ouvir os depoi-mentos das outras.

Art. 381. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de compa-recer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por man-dado, indicando a sua localização e declarando não prescindir do de-poimento.

§ 1º Se, intimada, a testemunha não com-parecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desim-pedido, ordenando a sua condução.§ 2º O julgamento será realizado mes-mo na hipótese de a testemunha não ser encontrada no local indicado, se assim for certificado por oficial de justiça.Art. 382. Realizadas as diligências refe-

ridas nos arts. 374 a 377, o juiz pre-sidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à sua chamada.

Art. 383. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presiden-te declarará instalados os traba-lhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento.

§ 1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos.§ 2º Os jurados excluídos por impedi-mento ou por suspeição serão computa-dos para a constituição do número legal.Art. 384. Não havendo o número refe-

rido no art. 381, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos necessários e designar-se-á nova data para a sessão do júri.

Art. 385. Os nomes dos suplentes se-rão consignados em ata, remeten-do-se o expediente de convocação, com observância do disposto nos arts. 354 e 355.

Art. 386. Antes do sorteio dos mem-bros do Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos e a suspeição cons-tantes dos arts. 368 e 369.

§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão se comunicar com tercei-ros enquanto durar o julgamento e, en-tre si, durante a instrução e os debates, sob pena de exclusão do Conselho de Sentença e de multa, na forma do § 2º do art. 356.§ 2º A incomunicabilidade será certifi-cada nos autos pelo oficial de justiça.Art. 387. Verificando que se encontram

na urna as cédulas relativas aos ju-rados presentes, o juiz presidente sorteará 8 (oito) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença.

Art. 388. À medida que as cédulas fo-rem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, de-pois dela, o Ministério Público po-derão, cada um, recusar até 3 (três)

dos jurados sorteados, sem motivar a recusa.

Parágrafo único. O jurado recusado imo-tivadamente por qualquer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho de Sen-tença com os jurados remanescentes.Art. 389. Se forem 2 (dois) ou mais os

imputados, as recusas, para todos, poderão ser feitas por um só defen-sor, havendo acordo entre eles.

§ 1º A separação dos julgamentos so-mente ocorrerá se, em razão das recu-sas, não for obtido o número mínimo de 8 (oito) jurados para compor o Conselho de Sentença.§ 2º Determinada a separação dos jul-gamentos, será julgado em primeiro lu-gar o imputado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de coauto-ria, aplicar-se-ão os critérios de prefe-rência dispostos no art. 349.§ 3º Sendo insuficientes os critérios do art. 349, a precedência no julgamento obedecerá à ordem decrescente de ida-de dos imputados.Art. 390. Desacolhida a arguição de

impedimento ou de suspeição con-tra o juiz presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministério Público, jurado ou qualquer funcionário, o julgamento não será suspenso, de-vendo, entretanto, constar da ata o seu fundamento e a decisão.

Art. 391. Se, em consequência de im-pedimento, suspeição, dispensa ou recusa, não houver número para a formação do Conselho de Senten-ça, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido, após sorteados os suplentes, com ob-servância do disposto no art. 377.

Art. 392. Formado o Conselho de Sen-tença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: “Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcia-lidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a prova dos autos, a vossa consciência e os ditames da justiça.” Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, respon-derão: “Assim o prometo.”

§ 1º O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.§ 2º O juiz indagará aos jurados acer-ca da necessidade de leitura das peças mencionadas no § 1º deste artigo.

Seção XI - Da instrução em plenárioArt. 393. Prestado o compromisso pe-

los jurados, será iniciada a instru-ção plenária quando o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do imputado tomarão,

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sucessiva e diretamente, as decla-rações da vítima, se possível, e in-quirirão as testemunhas arroladas pela acusação.

§ 1º Ao final das inquirições, o juiz pre-sidente poderá formular perguntas aos depoentes para esclarecimento de dúvi-das, obscuridades ou contradições.§ 2º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o defensor do im-putado formulará as perguntas antes do Ministério Público e do assistente, man-tidos, no mais, a ordem e os critérios es-tabelecidos neste artigo.§ 3º Os jurados poderão formular per-guntas à vítima e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente.§ 4º As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de pe-ças que se refiram, de modo exclusivo, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.§ 5º O Ministério Público terá assento em posição de igualdade e equidistân-cia com o defensor em relação ao juiz presidente, e o imputado terá assento ao lado de seu defensor.Art. 394. A seguir será o imputado in-

terrogado, se estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título IV do Livro I deste Códi-go, com as alterações introduzidas nesta Seção.

§ 1º Os jurados poderão formular per-guntas por intermédio do juiz presidente.§ 2º Não se permitirá o uso de algemas no imputado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes, devendo o fato ser justificado pelo juiz presidente em ata, sob pena de nulidade do julgamento.Art. 395. O registro dos depoimentos e

do interrogatório será feito median-te recursos de gravação magnética ou eletrônica, estenotipia ou técnica similar, destinados a obter maior fi-delidade e celeridade na colheita da prova.

Parágrafo único. A transcrição do regis-tro, após feita a degravação, constará dos autos.

Seção XII - Dos debatesArt. 396. Encerrada a instrução, será

concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação com base na denúncia, observados os li-mites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante.

§ 1º O assistente falará depois do Mi-nistério Público.

§ 2º Tratando-se de processo instau-rado por meio de ação penal privada subsidiária da pública, falará apenas o defensor do querelante. Se o Ministério Público houver retomado a titularidade da ação penal, falará somente o seu re-presentante.§ 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.§ 4º A acusação poderá replicar e a defe-sa treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário.Art. 397. O tempo destinado à acusa-

ção e à defesa será de 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos para cada, de 1 (uma) hora para a réplica e de 1 (uma) hora para a tréplica.

§ 1º Havendo mais de um imputador ou mais de um defensor do mesmo impu-tado, combinarão entre si a distribuição do tempo referido no caput deste artigo. Na falta de acordo, o tempo será dividi-do pelo juiz presidente.§ 2º Havendo mais de 1 (um) imputa-do, o tempo total para a acusação e as defesas será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tré-plica, observado o disposto nos §§ 1º e 3º deste artigo.§ 3º Independente do número de impu-tados, o tempo de defesa para cada um nunca será inferior a 30 (trinta) minutos para a primeira exposição e 20 (vinte) minutos para a tréplica.Art. 398. Durante os debates as partes

não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências:

I – aos fundamentos da decisão de pro-núncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, aos fundamentos do acórdão que der pro-vimento à apelação por ser a decisão manifestamente contrária à prova dos autos, ou aos motivos determinantes do uso de algemas, como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudi-quem o imputado;II – ao silêncio do imputado ou à ausên-cia de interrogatório por falta de requeri-mento, em seu prejuízo;III – aos depoimentos prestados na fase de investigação criminal, ressalvada a prova irrepetívelArt. 399. Durante o julgamento não

será permitida a leitura de docu-mento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com antecedência mínima de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou de quaisquer outros escritos, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croquis ou quaisquer outros meios assemelhados, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julga-mento dos jurados.Art. 400. A acusação, a defesa e os ju-

rados poderão, a qualquer momen-

to e por intermédio do juiz presi-dente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facul-tando-se, ainda, aos jurados, solici-tar-lhe, pelo mesmo meio, o escla-recimento de fato por ele alegado.

§ 1º Concluídos os debates, o presi-dente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos.§ 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente prestará esclareci-mentos à vista dos autos.§ 3º Os jurados terão acesso aos autos e aos instrumentos do crime se solicita-rem ao juiz presidente.Art. 401. Se a verificação de qualquer

fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Con-selho de Sentença e ordenará a re-alização das diligências entendidas necessárias.

Parágrafo único. Se a diligência con-sistir na produção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo, nomeará perito e formulará quesitos, facultando às partes também formulá-los e indi-car assistentes técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.

Seção XIII - Da votaçãoArt. 402. Encerrados os debates, o

Conselho de Sentença será questio-nado sobre a matéria de fato admiti-da pela pronúncia e a que tiver sido alegada pela defesa em plenário.

Parágrafo único. Os quesitos serão redi-gidos em proposições afirmativas, sim-ples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com o ade-quado grau de clareza e precisão.Art. 403. Os quesitos serão formulados

na ordem que segue e indagarão sobre:

I – se deve o imputado ser absolvido;II – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;III – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhe-cidas na pronúncia.§ 1º Havendo mais de um crime ou mais de um imputado, os quesitos serão for-mulados em séries distintas.§ 2º Respondido positivamente o pri-meiro quesito por 4 (quatro) jurados, o juiz presidente encerrará a votação, pro-ferindo sentença absolutória.§ 3º Se for negado por maioria o pri-meiro quesito, o juiz formulará separa-damente os quesitos pertinentes a cada uma das causas de diminuição da pena, circunstâncias qualificadoras e causas de aumento.§ 4º Se tiver sido sustentada em plenário a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será for-mulado quesito preliminar a respeito.

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§ 5º Resolvido o quesito, encerra-se a sua apuração, sem a abertura das cédu-las restantes.Art. 404. Antes da votação, o presi-

dente lerá os quesitos e indagará das partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qual-quer deles, bem como a decisão, constar da ata.

Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente explicará aos jurados o significado de cada quesito.Art. 405. Não havendo dúvida a ser

esclarecida, os jurados deverão se reunir reservadamente em sala es-pecial, por até 1 (uma) hora, a fim de deliberarem sobre a votação.

Parágrafo único. Na falta de sala espe-cial, o juiz presidente determinará que todos se retirem, permanecendo no re-cinto somente os jurados.Art. 406. A seguir, e na presença dos

jurados, do Ministério Público, do assistente, do querelante, do de-fensor do imputado, do escrivão e do oficial de justiça, o juiz presiden-te mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobrável, con-tendo 8 (oito) delas a palavra sim e 8 (oito) a palavra não.

Parágrafo único. O juiz presidente ad-vertirá as partes de que não será per-mitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre manifestação do Con-selho de Sentença e fará retirar da sala quem se portar inconvenientemente.Art. 407. Para assegurar o sigilo do

voto, o oficial de justiça recolhe-rá em urnas separadas as cédulas correspondentes aos votos e as não utilizadas.

Art. 408. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas não utiliza-das, o presidente determinará que o escrivão registre no termo a vota-ção de cada quesito, bem como o resultado do julgamento.

Parágrafo único. Do termo também constará a conferência das cédulas não utilizadas.Art. 409. As decisões do Tribunal do

Júri serão tomadas por maioria de votos, e o empate favorecerá o im-putado.

Art. 410. Encerrada a votação, será o termo a que se refere o art. 488 as-sinado pelo presidente, pelos jura-dos e pelas partes.

Seção XIV - Da sentençaArt. 411. Em seguida, o presidente,

dispensando o relatório, proferirá sentença que:

I – no caso de absolvição:a) mandará colocar em liberdade o

imputado, se por outro motivo não estiver preso;

b) revogará as medidas restritivas pro-visoriamente decretadas;

c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível.

II – no caso de condenação:a) fixará a pena-base;b) considerará as circunstâncias agra-

vantes ou atenuantes alegadas nos debates, observados os limites da pronúncia;

c) imporá os aumentos ou as diminui-ções da pena alegados nos deba-tes, em atenção às causas admiti-das pelo júri, observados os limites da pronúncia;

d) observará as demais disposições do art. 431;

e) mandará o imputado, de manei-ra fundamentada, recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva;

f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação

Parágrafo único. Se houver desclassifi-cação da infração para outra, de com-petência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sen-tença em seguida, aplicando-se, quan-do o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 293 e seguintes.Art. 412. A sentença será lida em ple-

nário pelo presidente antes de en-cerrada a sessão de instrução e julgamento

Seção XV - Da ata dos trabalhosArt. 413. De cada sessão de julgamen-

to o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.

Art. 414. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências, mencionando obrigatoriamente:

I – a data e a hora da instalação dos tra-balhos;II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados presentes;III – os jurados alistados que deixa-ram de comparecer, com escusa ou sem ela, e as sanções aplicadas, bem como aqueles impedidos de participar do júri;IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa;V – o sorteio dos jurados suplentes;VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indicação do motivo;VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, do querelante e do assistente, se houver, e a do defen-sor do imputado;VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não comparecimento;IX – as testemunhas dispensadas de depor;X – o recolhimento das testemunhas a local de onde umas não pudessem ouvir o depoimento das outras;XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;

XII – a formação do Conselho de Sen-tença, com o registro dos nomes dos jurados sorteados e das recusas;XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples referência ao termo;XIV – os debates e as alegações das partes com os respectivos fundamentos;XV – os incidentes;XVI – o julgamento da causa;XVII – a publicidade dos atos da instru-ção plenária, das diligências e da sen-tença.Art. 415. A falta da ata sujeitará o res-

ponsável a sanção administrativa e penal.

Seção XVI - Das atribuições do juiz pre-sidente do Tribunal do JúriArt. 416. São atribuições do juiz pre-

sidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente referidas neste Código:

I – regular a polícia das sessões;II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade;III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de linguagem ou me-diante requerimento de uma das partes;IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri;V – nomear defensor ao imputado, quando considerá-lo indefeso, poden-do, nesse caso, dissolver o Conselho de Sentença e designar novo dia para o jul-gamento, com a nomeação ou a consti-tuição de novo defensor;VI – mandar retirar da sala o imputado que dificultar a realização do julgamen-to, o qual prosseguirá sem a sua pre-sença;VII – suspender a sessão pelo tempo in-dispensável à realização das diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jura-dos, quando for o caso;VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença e para repouso ou refeição dos jurados;IX – decidir, de ofício, ouvidos o Minis-tério Público e a defesa, ou a requeri-mento de qualquer deles, a arguição de extinção de punibilidade;X – resolver as questões de direito sus-citadas no curso do julgamento;XI – determinar, de ofício ou a requeri-mento das partes ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulida-de ou a suprir falta que prejudique o es-clarecimento da verdade;XII – intervir durante os debates, para assegurar a palavra à parte que dela es-tiver fazendo uso, sob pena de suspen-são da sessão ou, em último caso, da retirada daquele que estiver desrespei-tando a ordem de manifestação.

CAPÍTULO VII - DO PROCESSO DE RES-TAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS

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Art. 417. Os autos originais de proces-so penal extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda instância, serão restaurados.

§ 1º Se existir e for exibida cópia autên-tica ou certidão do processo, será uma ou outra considerada como original.§ 2º Na falta de cópia autêntica ou de certidão do processo, o juiz mandará, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, que:I – o escrivão reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros;II – sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Instituto Médico Legal, no Instituto de Identificação e Es-tatística ou em estabelecimentos con-gêneres, repartições públicas, peniten-ciárias ou cadeias;III – as partes sejam citadas pessoalmen-te ou, se não forem encontradas, por edital, com o prazo de 10 (dez) dias, para o processo de restauração dos autos.§ 3º Proceder-se-á à restauração na primeira instância ainda que os autos tenham sido extraviados na segunda instância.Art. 418. No dia designado, as partes

serão ouvidas, mencionando-se em termo circunstanciado os pontos em que estiverem acordes e a exi-bição e a conferência das certidões e das demais reproduções do pro-cesso apresentadas e conferidas.

Art. 419. O juiz determinará as diligên-cias necessárias para a restaura-ção, observando-se o seguinte:

I – caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-ão as testemu-nhas, podendo ser substituídas as que ti-verem falecido ou não forem encontradas;II – os exames periciais, quando possí-vel, serão repetidos, de preferência pe-los mesmos peritos;III – a prova documental será reproduzi-da por meio de cópia autêntica;IV – poderão também ser inquiridos so-bre os atos do processo, que deverá ser restaurado, as autoridades, os serven-tuários, os peritos e as demais pessoas que nele tenham funcionado;V – o Ministério Público e as partes po-derão oferecer testemunhas e produzir documentos, para provar o teor do pro-cesso extraviado ou destruído.Art. 420. Realizadas as diligências que,

salvo motivo de força maior, deve-rão concluir-se dentro de 20 (vinte) dias, serão os autos conclusos para julgamento.

Parágrafo único. No curso do proces-so, conclusos os autos para sentença, o juiz poderá, dentro de 5 (cinco) dias, requisitar de autoridades ou de reparti-ções todos os esclarecimentos para a restauração.Art. 421. Os causadores de extravio

de autos responderão pelas custas, sem prejuízo da responsabilidade criminal.

Art. 422. Julgada a restauração, os au-tos respectivos valerão pelos origi-nais.

Parágrafo único. Se no curso da restau-ração aparecerem os autos originais, nestes continuará o processo, apensos a eles os autos da restauração.Art. 423. Até a decisão que julgue

restaurados os autos, a sentença condenatória em execução conti-nuará a produzir efeito, desde que conste da respectiva guia, no es-tabelecimento prisional onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro que torne a sua existência inequívoca.

TÍTULO III - DA SENTENÇA

Art. 424. A sentença conterá:I - o número dos autos e os nomes das partes ou, quando não for possível, as in-dicações necessárias para identificá-las;II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;IV - a indicação dos artigos de lei apli-cados;V - o dispositivo;VI - a data e a assinatura do juiz.§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela inter-locutória, sentença ou acórdão, que:I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;II - empregar conceitos jurídicos indeter-minados, sem explicar o motivo concre-to de sua incidência no caso;III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;VI - deixar de seguir enunciado de súmu-la, jurisprudência ou precedente invoca-do pela parte, sem demonstrar a existên-cia de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enun-ciando as razões que autorizam a interfe-rência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.§ 3º A decisão judicial deve se pautar pelo princípio do in dubio pro reo.Art. 425. Publicada a sentença, o juiz

só poderá alterá-la:I - para corrigir-lhe, de ofício ou a reque-rimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;

II - por meio de embargos de declaraçãoArt. 426. O juiz, sem modificar a des-

crição do fato contido na denúncia ou na queixa subsidiária, poderá atribuir-lhe definição jurídica diver-sa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

§ 1º Antes de proferir a sentença, o juiz intimará o Ministério Público e à defesa, sucessivamente, no prazo de 5 (cinco) dias cada, para que se manifestem so-bre a possibilidade de uma nova classi-ficação jurídica dos fatos. § 2° Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto no art. 270.§ 3° Tratando-se de infração da compe-tência de outro juízo, em razão da maté-ria, a este serão encaminhados os autos.Art. 427. Encerrada a instrução proba-

tória, se entender cabível nova defi-nição jurídica do fato, em consequ-ência de prova existente nos autos de elemento ou de circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público, por requerimento em audiência, pode-rá aditar a denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

§ 1º É vedado ao juiz provocar de qual-quer forma o Ministério Público a se manifestar sobre eventual aditamento à denúncia.§ 2° Ouvido o defensor do imputado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do imputado e realização de debates e julgamento.§ 3° Aplicam-se as disposições dos § § 2° e 3° do art. 424 ao caput deste artigo.§ 4° Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.§ 5° Não recebido o aditamento, o pro-cesso prosseguirá.Art. 428. O juiz não poderá proferir

sentença condenatória se o Minis-tério Público tiver requerido a ab-solvição.

Parágrafo único. Em caso de condena-ção, é vedado ao juiz reconhecer qual-quer agravante não alegada ou causa de aumento não imputada na denúnciaArt. 429. O juiz absolverá o réu, men-

cionando a causa na parte disposi-tiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato infração penal;IV - estar provado que o réu não concor-reu para a infração penal;V - não existir prova de ter o réu concor-

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rido para a infração penal;VI - existirem circunstâncias que exclu-am a ilicitude ou que isentem o réu de pena (arts. 20 a 23, 26 e 28, § 1º, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência.Parágrafo único. Na sentença absolutó-ria, o juiz:I - mandará pôr o réu em liberdade;II - ordenará a cessação das medidas cautelares provisoriamente aplicadas;III - aplicará medida de segurança, se cabível.Art. 430. Faz coisa julgada no cível a

sentença penal absolutória que re-conhecer:

I – a inexistência do fato;II – estar provado não ter o réu concorri-do para a ocorrência do fato;III – ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito, sem pre-juízo da responsabilidade civil, quando prevista em lei.Art. 431. O juiz, ao proferir sentença

condenatória:I - mencionará as circunstâncias agra-vantes ou atenuantes definidas no Có-digo Penal; as primeiras, desde que te-nham sido alegadas pela acusação;II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser le-vado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Código Penal;III - aplicará as penas de acordo com es-sas conclusões;IV – arbitrará o valor mínimo da condena-ção civil por eventual dano material, des-de que tenha sido objeto de pedido ex-presso do Ministério Público na denúncia ou do assistente na primeira oportunida-de em que se manifestar nos autos;V - declarará os efeitos da condenação, na forma dos arts. 91 e 92 do Código Penal;VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação.Parágrafo único. O juiz decidirá, funda-mentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de medida cautelar alternativa ou, em último caso, de prisão preventiva, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta.Art. 432. A sentença constará dos re-

gistros forenses.Art. 433. O querelante ou o assistente

será intimado da sentença, pesso-almente ou na pessoa de seu advo-gado. Se nenhum deles for encon-trado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital, com o prazo de 10 (dez) dias, afixa-do no lugar de costume.

Art. 434. A intimação da sentença será feita:

I - ao réu, pessoalmente, e ao seu defen-sor constituído, por publicação no Diário Oficial;II - mediante edital, se o réu não for en-contrado, e assim o certificar o oficial de justiça.§ 1° Se o defensor não for encontrado, o juiz intimará o réu para constituir um novo no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Não o fazendo, a autoridade judi-cial designará outro defensor para rece-ber a intimação.§ 2º O prazo do edital será de 90 (no-venta) dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (ses-senta) dias, nos outros casos.§ 3º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação na forma prevista no inciso I do caput deste artigo.§ 4º Na intimação do réu, o oficial de justiça consignará a intenção de recor-rer, quando manifestada no referido ato processual.

TÍTULO IV - DAS QUESTÕES E DOS PROCES-SOS INCIDENTESCAPÍTULO I - DAS QUESTÕES PREJUDI-CIAIS

Art. 435. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso do processo penal ficará suspenso até que a questão seja dirimida por sentença passada em julgado no juízo cível, sem prejuí-zo, entretanto, da inquirição das tes-temunhas e da produção de outras provas de natureza urgente.

Parágrafo único. O Ministério Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido ini-ciada, com a citação dos interessados.Art. 436. Se o reconhecimento da exis-

tência da infração penal depender de decisão sobre controvérsia di-versa da prevista no art. 435, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal po-derá, desde que se trate de ques-tão de difícil solução e que não ver-se sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do pro-cesso, após a inquirição das tes-temunhas e a realização de outras provas de natureza urgente.

§ 1º O juiz marcará o prazo da sus-pensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for impu-tável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resol-ver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa.§ 2º Do despacho que denegar a sus-

pensão não caberá recurso.§ 3º Suspenso o processo, incumbirá ao Ministério Público intervir imedia-tamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento.Art. 437. A suspensão do curso do

processo penal, nos casos dos arts. 435 e 436, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

CAPÍTULO II - DAS EXCEÇÕES

Art. 438. Poderão ser opostas as exce-ções de:

I – suspeição ou impedimento;II – incompetência de juízo.Art. 439. A arguição de impedimento

ou de suspeição poderá ser oposta a qualquer tempo.

Art. 440. O juiz que espontaneamente afirmar impedimento ou suspeição deverá fazê-lo por escrito, decla-rando o motivo legal e remetendo imediatamente o processo ao seu substituto, intimadas as partes.

Art. 441. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por ela própria ou por procurador com po-deres especiais, aduzindo as suas razões acompanhadas de prova do-cumental ou do rol de testemunhas.

Art. 442. Se reconhecer o impedimen-to ou a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará jun-tar aos autos a petição do recusan-te com os documentos que a ins-truam e, por despacho, se declarará suspeito ou impedido, ordenando a remessa dos autos ao substituto.

Art. 443. Não aceitando a arguição, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua resposta dentro de 3 (três) dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em segui-da, determinará que sejam os autos da exceção remetidos, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, ao tribunal a quem competir o julgamento.

§ 1º Reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, o tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas, se-guindo-se o julgamento, independente-mente de mais alegações.§ 2º Se a arguição de impedimento ou de suspeição for de manifesta improce-dência, o relator a rejeitará liminarmente.Art. 444. Julgada procedente a exce-

ção, serão anulados todos os atos do processo.

Art. 445. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da ar-guição, poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o incidente.

Art. 446. Nos tribunais, o magistrado que se julgar suspeito ou impedido deve-rá declará-lo nos autos, verbalmente

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ou por escrito, na forma regimental.Art. 447. Se for arguido o impedimento

ou a suspeição do órgão do Minis-tério Público, o juiz, depois de ouvi--lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 3 (três) dias.

Art. 448. As partes poderão também arguir como impedidos ou sus-peitos os peritos e os demais res-ponsáveis pela prova pericial, bem como os intérpretes, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vis-ta da matéria alegada e da prova imediata.

Parágrafo único. Havendo alegação de im-pedimento ou de suspeição, quando cabí-vel, do delegado de polícia, caberá ao juiz das garantias a decisão sobre o incidente.Art. 449. O impedimento ou a suspei-

ção dos jurados deverá ser arguida oralmente, decidindo de plano o presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusa-do, não for imediatamente compro-vada, devendo tudo constar da ata.

Art. 450. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta no prazo de resposta escrita.

§ 1º Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será re-metido ao juízo competente, onde, se possível, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá.§ 2º Recusada a incompetência, o juiz continuará no processo.Art. 451. O juiz poderá reconhecer sua

incompetência territorial em qual-quer momento do processo.

Art. 452. As exceções serão processa-das em autos apartados e não sus-penderão, em regra, o andamento do processo penal.

CAPÍTULO III - DA RESTITUIÇÃO DAS COI-SAS APREENDIDAS

Art. 453. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendi-das não poderão ser restituídas en-quanto interessarem ao processo.

Art. 454. As coisas a que se refere o art. 91, II, a e b, do Código Penal, não poderão ser restituídas, mes-mo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertence-rem à vítima ou a terceiro de boa-fé.

Art. 455. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pelo juiz ou pelo delegado de polícia, median-te termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.

§ 1º Se houver dúvida quanto a esse direito, o pedido de restituição autuar--se-á em apartado, assinando-se ao re-querente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Nesse caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente.§ 2º Se as coisas forem apreendidas em

poder de terceiro de boa-fé, o incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá, devendo intimar o terceiro para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro 2 (dois) dias para arrazoar.§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.§ 4º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de de-positário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.§ 5º Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, estas serão avaliadas e levadas a leilão público, na forma do art. 633, ou entregues ao terceiro que as de-tinha, se este for pessoa idônea e assi-nar termo de responsabilidade.§ 6º Contra a decisão judicial que de-ferir ou indeferir o pedido de restituição feito pela vítima ou terceiro de boa-fé, cabe agravo na forma dos arts. 481 e seguintes.Art. 456. No caso de apreensão de coi-

sa adquirida com os proventos da infração, aplica-se o disposto nos arts. 627 e seguintes.

Parágrafo único. Os instrumentos da in-fração penal, bem como os objetos que interessarem à prova, serão remetidos ao juiz competente após a conclusão do inquérito policial.Art. 457. Sem prejuízo do disposto no

art. 456, decorrido o prazo de 90 (noventa) dias após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz, se for caso, adjudicará a perda, em favor da União, das coisas apre-endidas (art. 91, II, a e b, do Código Penal) e ordenará que sejam vendi-das em leilão público.

Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.Art. 458. Fora dos casos previstos

neste Capítulo, se, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data em que transitar em julgado a sentença final, condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou não pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, de-positando-se o saldo à disposição do juízo de ausentes.

Parágrafo único. Alternativamente à venda em leilão, os objetos de que trata o caput deste artigo poderão, a crité-rio do juiz, ser entregues, em usufruto, a entidades assistenciais conveniadas, até a reivindicação dos legítimos pro-prietários, que os receberão no estado em que se encontrarem.Art. 459. Os instrumentos do crime,

cuja perda em favor da União for decretada, e as coisas confisca-das, de acordo com o disposto no

art. 91, II, a, do Código Penal, serão inutilizados ou recolhidos, se hou-ver interesse na sua conservação.

CAPÍTULO IV - DA INSANIDADE MENTAL DO IMPUTADO

Art. 460. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do imputado, o juiz ordenará, de ofício ou a re-querimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascen-dente, descendente, irmão, cônju-ge ou companheiro do imputado, que seja este submetido a exame médico-legal.

§ 1º O exame poderá ser ordenado ain-da na fase de investigação preliminar, mediante representação da autoridade ao juiz das garantias.§ 2º O juiz nomeará curador ao impu-tado, nos termos da lei civil, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento.Art. 461. Para a realização do exame,

o imputado, se estiver preso, será encaminhado a instituição de saúde ou, se estiver solto e o requererem os peritos, a outro estabelecimento que o juiz entender adequado.

§ 1º O exame não durará mais de 45 (quarenta e cinco) dias, salvo se os pe-ritos demonstrarem a necessidade de maior prazo.§ 2º Se não houver prejuízo para a mar-cha do processo, o juiz poderá autorizar que sejam os autos entregues aos peri-tos, para facilitar o exame.Art. 462. Se os peritos concluírem que

o imputado era, ao tempo da infra-ção, irresponsável nos termos do art. 26 do Código Penal, o proces-so prosseguirá, com a presença do curador.

Art. 463. Caso se verifique que a do-ença mental sobreveio à infração, o processo e o prazo prescricional ficarão suspensos até que o impu-tado se restabeleça, observado o § 2º do art. 460.

§ 1º O juiz poderá, nesse caso, adotar as medidas cabíveis e necessárias para evitar os riscos de reiteração do com-portamento lesivo, sem prejuízo das providências terapêuticas indicadas no caso concreto.§ 2º O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o imputado, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem prestado depoimento sem a sua presença.Art. 464. O incidente da insanidade

mental processar-se-á em auto apartado, que só depois da apre-sentação do laudo será apensado ao processo principal.

Art. 465. Se a insanidade mental so-brevier no curso da execução da

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pena, observar-se-á o disposto no art. 183 da Lei de Execução Penal.

TÍTULO V - DOS RECURSOS EM GERALCAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 466. A toda pessoa imputada da prática de uma infração penal é ga-rantido o direito de recorrer a outro juiz ou tribunal de decisão que lhe seja desfavorável, observados os prazos e condições fixados neste Título.

Parágrafo único. Toda pessoa declarada culpada por um delito tem direito à re-visão ampla da condenação e da pena imposta, antes do início de sua execu-ção, por juiz ou tribunal diverso, em juízo público e oral, que verifique a sua lega-lidade e a sua suficiência para o rompi-mento da presunção de inocência.Art. 467. As decisões poderão ser im-

pugnadas no todo ou em parte.Art. 468. São cabíveis os seguintes re-

cursos:I – agravo;II – apelação;III – embargos infringentes;IV – embargos de declaração;V – recurso ordinário;VI – recurso especial;VII – recurso extraordinário.Art. 469. O recurso poderá ser inter-

posto pelas partes e, nas hipóteses previstas em lei, pela vítima, pelo assistente ou por terceiro juridica-mente prejudicado.

§ 1º Ao imputado é facultado interpor o recurso pessoalmente, por petição ou termo nos autos, devendo nessa hipóte-se proceder-se à intimação pessoal do defensor para o oferecimento de razões. Caso o imputado não tenha defensor constituído, deverá o juiz competente nomear-lhe defensor para eventual in-terposição de recurso.§ 2º O recurso da defesa devolve inte-gralmente o conhecimento da matéria ao tribunal.§ 3º Em todos os casos, o recurso da acusação deverá apresentar impugna-ções específicas e motivadas à decisão judicial, vedando-se a mera reprodução de argumentos já afastados pelo julga-dor e contrários às súmulas e preceden-tes vinculantes do Supremo Tribunal Fe-deral e do Superior Tribunal de Justiça. Art. 470. O recurso será interposto por

petição dirigida ao órgão judicial competente, acompanhada de ra-zões, que compreenderão os fun-damentos de fato e de direito e o pedido de nova decisão.

Art. 471. Salvo a hipótese de má-fé, a defesa não será prejudicada pela interposição de um recurso por ou-tro, ainda que não respeitado o pra-zo do recurso correto cabível.

Parágrafo único. Se o juiz ou relator, desde logo, reconhecer a impropriedade

do recurso interposto pela parte, man-dará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.Art. 472. Não serão prejudicados os

recursos que, por erro, falta ou omissão do serviço judiciário, não tiverem seguimento ou não forem apresentados no prazo.

Art. 473. O prazo para interposição do recurso contar-se-á da intimação.

§ 1º A petição será protocolada em car-tório ou na secretaria do órgão recorrido ou remetida pelo correio, com aviso de recebimento pessoal pelo responsável;§ 2º A petição do recurso, no prazo para a sua interposição, poderá ser transmi-tida por meio eletrônico, com aviso de recepção, na forma da lei e do regimento interno.§ 3º O prazo para a interposição de re-curso extraordinário e especial, relativa-mente à parte unânime do julgamento, ficará sobrestado até a intimação da de-cisão nos embargos infringentes.Art. 474. Se, durante o prazo para a

interposição do recurso, sobrevier motivo de força maior que impeça a sua apresentação, o prazo da parte afetada será suspenso, voltando a correr depois de nova intimação.

Parágrafo único. No caso de falecimento do defensor, o prazo será restituído inte-gralmente, cabendo ao imputado, após intimação pessoal, indicar o novo defensor no prazo de 5 (cinco) dias, assegurada a assistência jurídica pela Defensoria Públi-ca.Art. 475. A resposta do defensor é

condição de validade do recurso, mesmo que a decisão seja anterior ao oferecimento da denúncia.

Art. 476. Transitado em julgado o acór-dão, o escrivão ou secretário, in-dependentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cin-co) dias.

Parágrafo único. Havendo pluralidade de réus, será extraída a guia de recolhi-mento para a execução da sentença em relação ao réu para quem estiver transi-tada em julgado.Art. 477. O julgamento proferido pelo

tribunal ou pela turma recursal substituirá a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.

Art. 478. No caso de concurso de pes-soas, a decisão do recurso inter-posto por um dos imputados, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

Art. 479. No recurso da defesa, é proi-bido ao tribunal agravar, de qual-quer modo, a situação jurídica do imputado. Em recurso da acusa-ção, o tribunal não poderá piorar a situação do imputado sem a im-pugnação específica do recorrente sobre a questão.

§ 1º Declarada a nulidade da decisão re-corrida, a situação jurídica do imputado não poderá ser agravada no novo julga-mento.§ 2º No recurso exclusivo da acusação, poderá o tribunal conhecer de matéria que, de qualquer modo, favoreça o imputado.§3o A vedação ao agravamento da si-tuação do imputado, quando não hou-ver impugnação acusatória, aplica-se também em casos de incompetência absoluta do julgador, erros materiais na sentença e novo julgamento pelo Tribu-nal do Júri.Art. 480. Os recursos serão interpostos

e processados independentemente de preparo e de pagamento de cus-tas ou despesas.

CAPÍTULO II - DO AGRAVO

Art. 481. Caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, da decisão que:

I – receber, no todo ou em parte, a de-núncia, a queixa subsidiária ou os res-pectivos aditamentos;II – indeferir o aditamento da denúncia ou da queixa subsidiária;III – declarar a incompetência ou afirmar a competência do juízo;IV – pronunciar o imputado;V – deferir, negar, impor, revogar, pror-rogar, manter ou substituir qualquer das medidas cautelares, reais ou pessoais;VI – conceder, negar ou revogar a sus-pensão condicional do processo;VII – decidir sobre produção e licitude da prova e seu desentranhamento;VIII – recusar a homologação do acordo no procedimento sumário.Art. 482. O agravo será interposto dire-

tamente no tribunal competente.Parágrafo único. A interposição do agra-vo não retardará o andamento do proces-so, sem prejuízo do disposto no art. 483.Art. 483. O agravo terá efeito suspen-

sivo quando, a critério do relator e sendo relevante a fundamentação do pedido, da decisão puder re-sultar lesão irreparável ou de difícil reparação.

Parágrafo único. O agravo contra a de-cisão de pronúncia terá sempre efeito suspensivo.Art. 484. A petição de agravo será ins-

truída com cópias:I – da denúncia ou da queixa subsidiária, aditamentos e respectivas decisões de recebimento ou indeferimento;II – da decisão agravada e certidão da respectiva intimação;III – de outras peças que o agravante en-tender úteis.Parágrafo único. A formação do instru-mento ficará a cargo do agravante, que declarará, sob as penas da lei, a autenti-cidade dos documentos juntados.Art. 485. O agravante, no prazo de 3

(três) dias, requererá juntada, aos au-tos do processo, de cópia da petição

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do agravo e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que o instruíram.

§ 1º O não cumprimento do disposto no caput deste artigo importará inadmissi-bilidade do agravo.§ 2º O juiz, em face da comunicação de que trata o caput deste artigo, poderá reformar a decisão, informando o relator, que considerará prejudicado o agravo.Art. 486. Recebido o agravo no tribu-

nal e distribuído imediatamente, o relator:

I – negará seguimento, liminarmente, ao recurso, nos casos do art. 524, ou co-nhecerá do recurso e julgará o seu méri-to, nos casos do art. 525;II – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso nas hipóteses do art. 483;III – poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias;IV – mandará intimar o agravado para responder no prazo de 10 (dez) dias, fa-cultando-lhe juntar documentação que entender conveniente.§ 1º A decisão prevista no inciso II do caput deste artigo somente é passível de reforma no julgamento do agravo, salvo se antes o relator a reconsiderar.§ 2º No caso de agravo contra o inde-ferimento de pedido de produção de prova, o agravado não será intimado se a medida puder comprometer a eficácia do recurso.Art. 487. A petição do agravo será pro-

tocolada no tribunal ou postada no correio com aviso de recebimento, ou transmitida por meio eletrônico, na forma da lei ou do regimento in-terno.

CAPÍTULO III - DA APELAÇÃO

Art. 488. Da decisão que extingue o processo, com ou sem resolução do mérito, caberá apelação no pra-zo de 15 (quinze) dias.

§ 1º Da decisão do Tribunal do Júri so-mente caberá apelação quando:I – ocorrer nulidade posterior à pronúncia;II – for a sentença do juiz presidente contrária a lei expressa ou à decisão dos jurados, caso em que o tribunal fará a devida retificação;III – houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança, caso em que o tribunal pro-cederá à devida retificação;IV – for a decisão dos jurados manifesta-mente contrária à prova dos autos, caso em que o tribunal sujeitará o imputado a novo julgamento, não se admitindo, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.§ 2º Quando cabível a apelação, não se admitirá agravo, ainda que se recorra somente de parte da decisão.§3º A apelação em favor do imputado será recebida também no efeito suspen-

sivo, ressalvada a eficácia de medidas cautelares, em relação às quais o ape-lante poderá requerer ao relator, me-diante petição, a concessão de efeito suspensivo.§ 4º O requerimento a que se refere o § 3.º deverá ser instruído ao menos com a sentença e cópia integral da petição de apelação.§ 5º Não concedido efeito suspensivo à apelação, o recurso deverá ser julga-do em até 90 (noventa) dias, contados a partir da entrada dos autos no tribunal, não se computando a demora imputável a ato procrastinatório do apelante.§ 6º Não julgada a apelação no prazo fixado, por demora não imputável a ato procrastinatório do apelante, cessará automaticamente a eficácia da medida cautelar, sem prejuízo da continuidade do processamento do recurso.Art. 489. O Ministério Público poderá

apelar em favor do imputado.Art. 490. Nos crimes da competência

do Tribunal do Júri ou do juiz singu-lar, se da sentença absolutória, de impronúncia ou que extinguir a puni-bilidade não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo le-gal, a vítima ou qualquer das pesso-as enumeradas no art. 76, ainda que não tenha se habilitado como assis-tente, poderá interpor apelação.

Parágrafo único. O prazo para interpo-sição do recurso de que trata o caput deste artigo, contado a partir do dia se-guinte em que terminar o do Ministério Público, será de 5 (cinco) dias para o as-sistente e de 15 (quinze) dias para a víti-ma não habilitada e demais legitimados.Art. 491. O assistente arrazoará em 5

(cinco) dias, após o prazo do Minis-tério Público.

Parágrafo único. Se a ação penal tiver sido instaurada pela vítima, o Ministério Público terá vista dos autos para arrazo-ar, no mesmo prazo.Art. 492. A apelação devolverá ao tribu-

nal o conhecimento da matéria im-pugnada pela acusação, sem preju-ízo do disposto no § 2º do art. 479.

Parágrafo único. A apelação da acusa-ção sobre a valoração das provas não poderá resultar em reforma da absolvi-ção, mas somente em sua anulação, se houver insuficiência ou falta de racio-nalidade na motivação fática, erro ma-nifesto no juízo inferencial ou não con-sideração de provas lícitas e relevantes produzidas no processoArt. 493. A apelação da sentença ab-

solutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liber-dade, revogando-se de imediato todas as medidas cautelares even-tualmente existentes.

Art. 494. Ao receber a apelação, o juiz mandará dar vista ao apelado para responder, no prazo de 15 (quinze) dias.

Parágrafo único. Havendo mais de um apelado, o prazo será comum, contado em dobro, devendo o juiz assegurar aos interessados o acesso aos autos.Art. 495. No julgamento das apela-

ções, o tribunal, câmara, turma ou outro órgão fracionário competente poderá, mediante requerimento da defesa, proceder a novo interroga-tório do imputado, reinquirir teste-munhas ou determinar outras dili-gências.

§1º Os atos previstos no caput deste artigo deverão ser realizados em audi-ência pública e oral, com a presença das partes e dos julgadores competentes.§2º Se houver produção de provas no-vas, será concedida a outra parte a pos-sibilidade de contraditá-las.§3º A acusação não poderá produzir provas novas, mas somente eventuais elementos para realizar o contraditório sobre as provas produzidas por reque-rimento da defesa.Art. 496. Durante o processamento da

apelação, as questões relativas à situação do preso provisório serão decididas pelo juiz da execução, se necessário em autuação suplemen-tar, ressalvada a competência do relator do recurso, nos termos do parágrafo único do art. 518.

Art. 497. Apresentada a resposta, o juiz, se for o caso, reexaminará os requisitos de admissibilidade do re-curso.

§ 1º Da decisão que inadmitir a apela-ção caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, para tribunal competente, nos pró-prios autos do processo.§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, o juiz não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que intempestivo.Art. 498. Se houver mais de um impu-

tado, e todos não tiverem sido jul-gados, ou todos não tiverem ape-lado, caberá ao serviço judiciário promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido ao tribunal no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 499. A apelação não será incluída em pauta antes do agravo interpos-to no mesmo processo.

Parágrafo único. Se ambos os recursos houverem de ser julgados na mesma sessão, terá precedência o agravo.

CAPÍTULO IV - DOS EMBARGOS INFRIN-GENTES

Art. 500. Do acórdão condenatório não unânime que, em grau de apela-ção, houver reformado sentença de mérito, em prejuízo do réu, ca-bem embargos infringentes a serem opostos pela defesa, no prazo de 10 (dez) dias, limitados à matéria objeto da divergência no tribunal.

Art. 501. Opostos os embargos, abrir-

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-se-á vista ao recorrido para apre-sentar contrarrazões, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 502. Os embargos serão proces-sados e julgados conforme dispu-ser o regimento interno do tribunal.

Parágrafo único. O órgão competen-te será composto de modo a garantir a possibilidade de reforma do acórdão da apelação.Art. 503. Do sorteio do novo relator

será excluído aquele que exerceu tal função no julgamento da apelação.

Art. 504. O prazo para interposição dos recursos extraordinário e especial iniciará quando o recorrente for in-timado da decisão dos embargos infringentes, inclusive em relação à parte unânime do acórdão recorrido.

CAPÍTULO V - DOS EMBARGOS DE DE-CLARAÇÃO

Art. 505. Cabem embargos de declara-ção quando:

I - esclarecerem obscuridade ou eliminar contradição;II - suprirem omissão de ponto ou ques-tão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;III - corrigirem erro material.§ 1º Considera-se omissa a decisão que incorra em qualquer das condutas descritas no art. 497, § 1º.§ 2º Os embargos só terão efeito mo-dificativo na medida do esclarecimento da obscuridade, da eliminação da con-tradição ou do suprimento da omissão, ouvida a parte contrária no prazo de 5 (cinco) dias§3o Os embargos serão opostos no prazo de 5 (cinco) dias, em petição diri-gida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso.§4o O juiz julgará os embargos no pra-zo de 5 (cinco) dias. No tribunal, o rela-tor apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, independente-mente de intimação, proferindo voto.Art. 506. Os embargos de declaração

tempestivos interrompem o prazo de interposição de recursos para qualquer das partes, ainda quando não admitidos.

CAPÍTULO VI - DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Art. 507. Caberá recurso ordinário ao Superior Tribunal de Justiça das deci-sões denegatórias de habeas corpus e de mandado de segurança, nos próprios autos, quando proferidas em única ou última instância pelos tribunais, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 508. Caberá recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal das de-cisões denegatórias de habeas cor-pus e de mandado de segurança originários do Superior Tribunal de

Justiça, e das sentenças por crimes políticos, nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 509. O recurso será interposto pe-rante o tribunal recorrido e remetido ao tribunal competente.

Parágrafo único. Serão aplicadas, no que couber, ao recurso ordinário constitucio-nal as disposições relativas à apelação, observado o disposto neste Capítulo.Art. 510. Distribuído o recurso, far-se-á,

imediatamente, vista ao Ministério Público, pelo prazo de 10 (dez) dias.

Art. 511. Conclusos os autos ao relator, este submeterá o feito a julgamen-to na primeira sessão, observado o disposto no art. 531.

CAPÍTULO VII - DOS RECURSOS ESPE-CIAL E EXTRAORDINÁRIO

Seção I - Das disposições comunsArt. 512. O recurso extraordinário e o

recurso especial, nas hipóteses pre-vistas na Constituição da República Federativa do Brasil, poderão ser interpostos, no prazo de 15 (quinze) dias, perante o presidente ou o vi-ce-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas, que conterão:

I – a exposição do fato e do direito;II – a demonstração do cabimento do recurso interposto;III – as razões do pedido de reforma da decisão recorrida.Parágrafo único. Quando o recurso fun-dar-se em dissídio jurisprudencial sobre lei federal, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia au-tenticada ou citação do repositório de ju-risprudência, oficial ou credenciado, inclu-sive em mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão divergente, ou, ainda, mediante reprodução de julgado disponí-vel na internet, com indicação da respec-tiva fonte, demonstrando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.Art. 513. Recebida a petição pela se-

cretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contrarrazões.

§ 1º Findo o prazo para apresentação de contrarrazões, serão os autos con-clusos para admissão ou não do recur-so, no prazo de 15 (quinze) dias, em de-cisão fundamentada.§ 2º Não será emitido juízo de admissi-bilidade se o recurso extraordinário deva ser sobrestado em virtude da aplicação da sistemática da repercussão geral.§ 3º Interposto o recurso extraordinário e/ou o recurso especial, o prazo prescri-cional ficará suspenso até a conclusão do julgamento.Art. 514. Admitidos os recursos, os

autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao

Supremo Tribunal Federal, para aprecia-ção do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.§ 2º Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso extra-ordinário é prejudicial àquele, em deci-são irrecorrível sobrestará o seu julga-mento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do recurso extraordinário.§ 3º No caso do § 2º deste artigo, se o relator do recurso extraordinário, em de-cisão irrecorrível, não o considerar pre-judicial, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial.

Seção II - Da repercussão geralArt. 515. O Supremo Tribunal Federal,

em decisão irrecorrível, não co-nhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

§ 1º Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vis-ta econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjeti-vos da causa.§ 2º O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para aprecia-ção exclusiva do Supremo Tribunal Fe-deral, a existência da repercussão geral.§ 3º Haverá repercussão geral sempre que a decisão for contrária a súmula ou jurisprudência dominante do tribunal.§ 4º Se a turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a re-messa do recurso ao Plenário.§ 5º Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os re-cursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.§ 6º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habi-litado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.§ 7º A súmula da decisão sobre a re-percussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão.Art. 516. Quando houver multiplicidade

de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do regimento interno do Supremo Tribunal Federal, observa-do o disposto neste artigo.

§ 1º Caberá ao tribunal de origem se-lecionar um ou mais recursos represen-tativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobres-tando os demais até o pronunciamento definitivo desta última Corte.§ 2º Negada a existência de repercussão

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geral, os recursos sobrestados conside-rar-se-ão automaticamente inadmitidos.§ 3º Julgado o mérito do recurso extra-ordinário, os recursos sobrestados se-rão apreciados pelos tribunais ou pelas turmas recursais, que poderão declará--los prejudicados ou retratar-se, inde-pendentemente da análise dos requisi-tos de admissibilidade.§ 4º Mantida a decisão e admitido o re-curso, poderá o relator reformar, liminar-mente, o acórdão contrário à orientação firmada no Supremo Tribunal Federal.

Seção III - Do recurso repetitivoArt. 517. Quando houver multiplicida-

de de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos desta Seção.

§ 1º Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recur-sos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pro-nunciamento definitivo deste último Tribunal.§ 2º Não adotada a providência des-crita no § 1º deste artigo, o relator, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegia-do, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.§ 3º O relator poderá solicitar infor-mações, a serem prestadas no prazo de 15 (quinze) dias, aos tribunais fe-derais ou estaduais a respeito da con-trovérsia.§ 4º O relator, conforme dispuser o Re-gimento Interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifesta-ção de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia.§ 5º Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4º deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de 15 (quinze) dias.§ 6º Transcorrido o prazo para o Minis-tério Público e remetida cópia do rela-tório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos espe-ciais sobrestados na origem:I – terão seguimento denegado, na hi-pótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ouII – serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação

do Superior Tribunal de Justiça.§ 8º Na hipótese prevista no inciso II do § 7º deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, far--se-á o exame de admissibilidade do recurso especial.§ 9º No caso do § 8º deste artigo, o re-lator poderá, liminarmente, reformar o acórdão contrário à orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça.Art. 518. O Superior Tribunal de Justiça

e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julga-mento do recurso especial nos ca-sos previstos nesta Seção.

Seção IV - Da inadmissão do recurso extraordinário e do recurso especialArt. 519. Da decisão que inadmitir o

recurso extraordinário ou o recurso especial caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, nos próprios autos do processo, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo.

§ 1º A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem. O agravado será intimado para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta. Em seguida, subirão os autos ao tribunal su-perior, onde será processado na forma regimental.§ 2º No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o julga-mento do agravo obedecerá ao disposto no respectivo regimento interno, poden-do o relator:I – não conhecer do agravo manifesta-mente inadmissível ou que não tenha atacado especificamente os fundamen-tos da decisão agravada;II – conhecer do agravo, para:a) negar-lhe provimento, se correta a

decisão que não admitiu o recurso;b) negar seguimento ao recurso mani-

festamente inadmissível, prejudicado ou em confronto com súmula ou ju-risprudência dominante no tribunal;

c) dar provimento ao recurso, se o acórdão recorrido estiver em con-fronto com súmula ou jurisprudên-cia dominante no tribunal.

§ 3º O agravo dependerá da formação do instrumento quando o acórdão im-pugnado não der causa à extinção do processo.§ 4º Na hipótese do § 3º deste artigo, cada agravo de instrumento será instru-ído com as peças que forem indicadas pelo agravante e pelo agravado, deven-do constar, obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acór-dão recorrido, da certidão da respectiva intimação, da petição de interposição do recurso denegado e das contrarra-zões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e da procuração

do defensor do agravante ou agravado.Art. 520. Provido o agravo, o recurso

especial prosseguirá com o seu processamento e julgamento.

Art. 521. O disposto nesta Seção tam-bém se aplica ao agravo contra de-negação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma causa, hou-ver recurso especial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar.

Art. 522. Na hipótese de ser provido o agravo interposto da inadmissão do recurso especial ou extraordiná-rio, não caberá novo recurso, salvo quanto à admissibilidade daquele a que se deu provimento.

CAPÍTULO VIII - DO PROCESSO E DO JUL-GAMENTO DOS RECURSOS NOS TRIBU-NAIS

Art. 523. Os recursos de competên-cia dos tribunais serão julgados de acordo com as normas de organiza-ção judiciária e de seus regimentos internos.

Art. 524. O relator negará seguimento a recurso intempestivo, manifesta-mente inadmissível ou prejudicado.

Art. 525. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com sú-mula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal, o relator poderá dar provimento ao recurso; haven-do súmula ou jurisprudência domi-nante do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça no mesmo sentido do acórdão re-corrido, poderá conhecer do agravo para negar provimento ao recurso.

Art. 526. No agravo de instrumento e no recurso de apelação, quando não for caso de apreciação de con-cessão ou manutenção de efeito suspensivo, os autos serão reme-tidos ao Ministério Público, inde-pendentemente de despacho, para manifestação em 10 (dez) dias.

Parágrafo único. O relator decidirá sobre a concessão ou não do efeito suspensi-vo, bem como acerca da necessidade de manutenção ou substituição das medidas cautelares, com comunicação da decisão ao juízo a quo e posterior encaminha-mento dos autos ao Ministério Público.Art. 527. Salvo disposição expressa

em contrário, conclusos os autos, o relator os examinará em 10 (dez) dias, enviando-os, em seguida, quando for o caso, ao revisor por igual prazo.

Art. 528. Das decisões do relator que não admitir o recurso, negar-lhe provimento ou reformar a decisão recorrida, caberá agravo, no prazo de 5 (cinco) dias, ao órgão compe-tente para o julgamento do recurso. Não havendo retratação, o proces-

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so será apresentado em mesa.Parágrafo único. As decisões que inad-mitirem ou sobrestarem recursos com aplicação da sistemática da repercus-são geral são irrecorríveis.Art. 529. Não haverá revisor no julga-

mento de recursos de agravo.Art. 530. O recorrente poderá sustentar

oralmente suas razões, cabendo ao recorrido se manifestar no mesmo prazo. No caso de recurso da de-fesa, poderá ela se manifestar no-vamente, após o Ministério Público.

Parágrafo único. O representante do Ministério Público no juízo recursal po-derá discordar das razões do recurso acusatório interposto e desistir do seu julgamento.Art. 531. No caso de impossibilidade

de observância de qualquer dos prazos pelo julgador, os motivos da demora serão declarados nos autos.

Parágrafo único. Não havendo o julga-mento na sessão designada, o proces-so deverá ser imediatamente incluído em pauta. Art. 532. O tribunal decidirá por maio-

ria de votos, prevalecendo a deci-são mais favorável ao imputado, em caso de empate.

Parágrafo único. O resultado do julga-mento será proclamado pelo presidente após a tomada dos votos, observando--se, sob sua responsabilidade, o seguin-te:I – prevalecendo o voto do relator e res-salvada a hipótese de retificação da mi-nuta de voto, o acórdão será assinado ao final da sessão de julgamento ou, no máximo, em 5 (cinco) dias;II – no caso de não prevalecer o voto do relator, o acórdão será lavrado pelo rela-tor designado, no prazo de 10 (dez) dias, sendo obrigatória a declaração de voto vencido, se favorável ao imputado;III – no caso de retificação da minuta de voto, o acórdão será assinado no prazo máximo de 10 (dez) dias.

LIVRO III - DAS MEDIDAS CAUTE-LARESTÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 533. No curso do processo penal, as medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, a requerimento das partes ou interessados, observados os prin-cípios da Constituição Federal, do Código e as disposições deste livro.

§ 1º Durante a fase de investigação, a decretação depende de requerimento do Ministério Público, com ou sem re-presentação do delegado de polícia.§ 2º O juiz somente decretará medida cautelar de ofício se a medida substituir a prisão ou outra cautelar anteriormente imposta mais invasiva dos direitos fun-damentais do imputado. Art. 534. As medidas cautelares de-

pendem de expressa previsão legal e somente serão admitidas como meio absolutamente indispensável para assegurar os fins de persecu-ção criminal e de reparação civil, ficando a respectiva duração condi-cionada à subsistência dos motivos que justificaram a sua aplicação.

Art. 535. É vedada a aplicação de me-dida cautelar que seja mais grave do que a pena decorrente de even-tual condenação.

Art. 536. Não será imposta medida cautelar sem que existam indícios suficientes de autoria e materialida-de do crime.

Parágrafo único. É também vedada a aplicação de medidas cautelares quan-do incidirem, de forma inequívoca, cau-sas de exclusão da ilicitude ou da cul-pabilidade em favor do agente, ou ainda causas de extinção da punibilidade.Art. 537. As medidas cautelares po-

derão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, nas hipóteses e condições previstas neste Livro, sem prejuízo de outras previstas na legislação especial.

Parágrafo único. A escolha será orien-tada pelos parâmetros de necessidade, adequação e vedação de excesso, aten-tando o juiz para as exigências cautela-res do caso concreto, tendo em vista a natureza e as circunstâncias do crime.Art. 538. O juiz deverá revogar a medida

cautelar quando verificar a falta de motivo para que subsista, poden-do substituí-la, se for o caso, bem como de novo decretá-la, se sobre-vierem razões para sua adoção.

Art. 539. Ressalvados os casos de pe-rigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido cautelar, de-terminará a intimação do imputado, para se manifestar no prazo de 2 (dois) dias.

Art. 540. A decisão que decretar, pror-rogar, substituir ou denegar qual-quer medida cautelar será sempre fundamentada.

§ 1º No caso de eventual concurso de pessoas ou de crime plurissubjetivo, a fundamentação será específica para cada agente.§ 2º Sem prejuízo dos requisitos pró-prios de cada medida cautelar, a deci-são conterá necessariamente:I – o fundamento legal da medida;II – a indicação dos indícios suficientes de autoria e materialidade do crime;III – as circunstâncias fáticas que justifi-cam a adoção da medida;IV – considerações sobre a estrita ne-cessidade da medida;V – as razões que levaram à escolha da medida, como também à aplicação cumulativa, se necessária;VI – no caso de decretação de prisão, os motivos pelos quais o juiz considerou insuficiente ou inadequada a aplicação

de outras medidas cautelares pessoais;VII – a data de encerramento do prazo de duração da medida, observados os limites previstos neste Livro;VIII – a data para reexame da medida, quando obrigatório.

TÍTULO II - DAS MEDIDAS CAUTELARES PES-SOAIS

Art. 541. São medidas cautelares pes-soais:

I – prisão provisória;II – fiança;III – recolhimento domiciliar;IV – monitoramento eletrônico;V – suspensão do exercício de profissão, atividade econômica ou função pública;VI – suspensão das atividades de pes-soa jurídica;VII – proibição de frequentar determina-dos lugares;VIII – suspensão da habilitação para di-rigir veículo automotor, embarcação ou aeronave;IX – afastamento do lar ou outro local de convivência com a vítima;X – proibição de ausentar-se da comar-ca ou do País;XI – comparecimento periódico em juízo;XII – proibição de se aproximar ou man-ter contato com pessoa determinada;XIII – suspensão do registro de arma de fogo e da autorização para porte;XIV – bloqueio de endereço eletrônico na internet;XV – liberdade provisória.Art. 542. As medidas cautelares pesso-

ais previstas neste Título não se apli-cam à infração a que não for comina-da pena privativa de liberdade, quer isolada, quer cumulativa ou alternati-vamente a outras espécies de pena.

CAPÍTULO I - DA PRISÃO PROVISÓRIA

Seção I - Disposições preliminaresArt. 543. Antes do trânsito em julgado

da sentença penal condenatória, a prisão ficará limitada às seguintes modalidades:

I – prisão em flagrante;II – prisão preventiva.Art. 544. A prisão poderá ser efetuada

em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as garantias relativas à in-violabilidade do domicílio, nos termos do inciso XI do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil.

Art. 545. Não será permitido o empre-go de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tenta-tiva de fuga do preso.

§ 1º. Do mesmo modo, o emprego de algemas constitui medida excepcional, justificando-se apenas em situações de resistência à prisão, fundado receio de fuga ou para preservar a integridade físi-ca própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcio-

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nalidade por escrito, sob pena de res-ponsabilidade disciplinar,  civil e penal do agente ou da autoridade e de nulida-de da prisão, sem prejuízo da responsa-bilidade civil do Estado.§ 2º É expressamente vedado o empre-go de algemas:I – como forma de castigo ou sanção disciplinar;II – por tempo excessivo;III – quando o imputado se apresentar, espontaneamente, ao juiz ou ao delega-do de polícia.§ 3º Se, para execução da prisão, for necessário o emprego de força ou de algemas, a autoridade fará registro do fato, com indicação de testemunhas.Art. 546. A autoridade judicial que or-

denar a prisão fará expedir o res-pectivo mandado.

§ 1º O mandado de prisão:I – será assinado pelo juiz;II – designará a pessoa que tiver de ser presa por seu nome, alcunha ou sinais característicos;III – mencionará a infração penal que motivar a prisão;IV – será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução;V - trará informações sobre os direitos do preso, nos termos dos artigos 556 e 557 deste Código § 2º O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de pri-são em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade.§ 3º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no manda-do de prisão registrado no Conselho Na-cional de Justiça, ainda que fora da com-petência territorial do juiz que o expediu.§ 4º Na hipótese do § 3º deste artigo, a prisão será imediatamente comunica-da ao juiz do local de cumprimento da medida, que providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacio-nal de Justiça e informará ao juízo que a decretou, sem prejuízo das providências previstas no art. 552.§ 5º A omissão do registro de que trata o § 2º deste artigo não impedirá o cum-primento do mandado.Art. 547. A prisão em virtude de man-

dado entender-se-á feita desde que o executor, fazendo-se conhecer do preso, lhe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo, sem preju-ízo do disposto no § 3º do art. 548.

Art. 548. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar re-cibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será registrado pelo agente público responsável, com indicação de testemunhas, se houver.

Parágrafo único. Acompanhará o manda-do cópia integral da decisão que decretou a prisão, para que seja entregue ao preso.Art. 549. Salvo na situação de flagran-

te delito, ninguém será recolhido à prisão sem que seja exibido o man-dado ao respectivo diretor ou car-cereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresen-tada a guia expedida pela autorida-de competente, devendo ser pas-sado recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora.

Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do man-dado, se este for o documento exibido.Art. 550. Se, no ato da entrega, o con-

duzido apresentar lesões corpo-rais ou estado de saúde debilita-do, a autoridade responsável por sua custódia deverá encaminhá-lo prontamente para a realização de exame de corpo de delito.

Art. 551. Quando o imputado estiver no território nacional, fora da ju-risdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado, bem como cópia inte-gral da decisão judicial.

§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão.§ 2º A autoridade a quem se fizer a re-quisição tomará as precauções neces-sárias para averiguar a autenticidade da comunicação.Art. 552. Se a pessoa perseguida pas-

sar ao território de outro Município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde a alcançar, apresentando-a ime-diatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.

§ 1º Entender-se-á que o executor vai em perseguição, quando:I – tendo avistado a pessoa, for perse-guindo-a sem interrupção, embora de-pois a tenha perdido de vista;II – sabendo, por indícios ou informa-ções fidedignas, que a pessoa tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que a procu-re, for no seu encalço.§ 2º. Quando as autoridades locais tive-rem fundadas razões para duvidar da le-gitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão colocar o detido em custódia, pelo prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, até que fique esclarecida a dúvida.Art. 553. A prisão de qualquer pessoa

e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.

§ 1º A comunicação prevista no caput

deste artigo também será feita, de ime-diato, à Defensoria Pública, a não ser que o preso indique advogado.§ 2º Em se tratando de estrangeiro, a prisão também será comunicada à re-partição consular do país de origem.Art. 554. O preso será informado de

seus direitos, entre os quais o de:I – permanecer em silêncio e não produ-zir provas contra si mesmo;II – saber a identificação dos responsá-veis por sua prisão;III – receber um exemplar do mandado judicial, salvo em flagrante delito;IV – fazer contato telefônico com familiar ou outra pessoa indicada, tão logo seja apresentado à autoridade policial;V – ser assistido por um advogado de sua livre escolha ou defensor público;VI – ser recolhido em local separado dos presos com condenação definitiva.Parágrafo único. As informações relati-vas aos direitos previstos nos incisos I e V do caput deste artigo constarão, por escrito, de todos os atos de investiga-ção e de instrução criminal que requei-ram a participação do imputado, sob pena de nulidade.Art. 555. As pessoas presas proviso-

riamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente conde-nadas.

§ 1º Quando, pelas circunstâncias de fato ou pelas condições pessoais do agente, se constatar o risco à integrida-de física do aprisionado, será ele reco-lhido em quartéis ou em outro local dis-tinto do estabelecimento prisional.§ 2º Observadas as mesmas condi-ções, o preso não será transportado juntamente com outros.Art. 556. Sobrevindo condenação re-

corrível, o tempo de prisão provi-sória será utilizado para cálculo e gozo imediato dos benefícios pre-vistos na Lei de Execução Penal, como a progressão de regime, livra-mento condicional, saída temporá-ria, indulto e comutação de penas, observado o disposto no art. 496.

Seção II - Da prisão em flagranteArt. 557. Qualquer do povo poderá e as

autoridades policiais e seus agen-tes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

Art. 558. Considera-se em flagrante delito quem:

I – está cometendo a infração penal;II – acaba de cometê-la;III – é perseguido ou encontrado, logo após, pela autoridade, pela vítima ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração;Parágrafo único. Nas infrações per-manentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.Art. 559. É nulo o flagrante se a ação

que o motivou, tentada ou consu-

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mada, só tiver se desencadeado exclusivamente por provocação de terceiros.

Art. 560. Excetuada a hipótese de in-fração de menor potencial ofensi-vo, quando será observado o pro-cedimento previsto nos arts. 293 e seguintes, apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas presenciais do fato e ao interrogatório do preso sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.

§ 1º É terminantemente vedada a inco-municabilidade do preso.§ 2º O interrogatório será realizado na forma dos arts. 63 e seguintes.§ 3º Resultando dos indícios colhidos fundada a suspeita contra o conduzi-do, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de ser prestada fiança ou de cometimento de infração de menor potencial ofensivo, e prosse-guirá nos atos do inquérito, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.§ 4º O auto de prisão em flagrante rea-lizado sem a presença de testemunhas presenciais à infração será considerado como mera notícia do fato, e o imputado livrar-se-á solto.§ 5º Também livrar-se-á solto o autuado na hipótese de apenas se apresentarem como testemunhas os agentes públicos responsáveis por sua prisão bem como os que tenham acompanhado sua apre-sentação à autoridade. § 6º Quando o preso se recusar a as-sinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assi-nado por 2 (duas) testemunhas que, na sua presença, tenham ouvido a leitura da peça.§ 7º O delegado de polícia, vislumbran-do a presença de qualquer causa exclu-dente da ilicitude, poderá, fundamen-tadamente, deixar de efetuar a prisão, sem prejuízo da adoção das diligências investigatórias cabíveis.Art. 561. Observado o disposto no art.

556, em até 24 (vinte e quatro) ho-ras depois da prisão, será encami-nhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas.

§ 1º Cópia integral do auto de prisão em flagrante será encaminhada à Defenso-ria Pública no mesmo prazo de 24 (vinte e quatro) horas, salvo se o advogado ou defensor público que acompanhou o in-terrogatório já a tiver recebido.§ 2º Também no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assi-

nada pelo delegado de polícia, com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas.§ 3º No prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o preso será conduzido à presença do juiz e será por ele ouvido, com vistas às medidas pre-vistas no art. 563 e para que se verifique se estão sendo respeitados seus direi-tos fundamentais, devendo a autorida-de judiciária tomar as medidas cabíveis para preservá-los e para apurar eventu-ais violações. § 4º Antes da apresentação do preso ao juiz, será assegurado seu atendimento prévio por advogado ou defensor pú-blico, em local reservado para garantir a confidencialidade, devendo ser escla-recidos por funcionário credenciado os motivos e os fundamentos da prisão e os ritos aplicáveis à audiência de custódia. § 5º na audiência de custódia de que trata o parágrafo 4º, o juiz entrevistará o preso e, depois, abrirá a palavra ao Mi-nistério Público e a defesa técnica, para perguntas. Após isso, o Ministério Públi-co e, após, a defesa poderão requerer o que entenderem cabível, ao que se se-guirá decisão fundamentada nos termos do art. 563.§ 6º na entrevista a que se refere o § 5º, a autoridade judicial deverá:I - esclarecer o que é a audiência de custódia, ressaltando as questões a se-rem analisadas naquele momento pro-cessual;II - assegurar que a pessoa presa não esteja algemada, salvo em casos de re-sistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, devendo a excepcionalidade ser justificada por escrito;III - dar ciência sobre seu direito de permanecer em silêncio e não produzir qualquer prova em seu desfavor;IV - questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos direitos constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o direito de consultar-se com advogado ou defensor público, o de ser atendido por médico e o de comunicar-se com seus familiares;V - indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão;VI - perguntar sobre o tratamento rece-bido em todos os locais por onde pas-sou antes da apresentação à audiência, questionando sobre a ocorrência de tor-tura e maus tratos e adotando as provi-dências cabíveis;VII - verificar se houve a realização de exame de corpo de delito, determinando sua realização nos casos em que:a) não tiver sido realizado;b) os registros se mostrarem insufi-

cientes;c) a alegação de tortura e maus tratos

referir-se a momento posterior ao exame realizado;

d) o exame tiver sido realizado na pre-sença de agente policial;

VIII - abster-se de formular perguntas com finalidade de produzir prova para a inves-tigação ou ação penal relativas aos fatos objeto do auto de prisão em flagrante ou outra persecução penal em curso;IX - adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades;X - averiguar, por perguntas e visual-mente, hipóteses de gravidez, existên-cia de filhos ou dependentes sob cuida-dos da pessoa presa em flagrante delito, histórico de doença grave, incluídos os transtornos mentais e a dependência química, para analisar o cabimento de encaminhamento assistencial e da con-cessão da liberdade provisória, sem ou com a imposição de medida cautelar. § 7º a oitiva a que se refere o § 5º será registrada em autos apartados e se presta exclusivamente a tratar da legali-dade da prisão, ocorrência de tortura ou maus tratos e os direitos assegurados ao preso.§ 8º é vedada a presença dos agentes policiais responsáveis pela prisão ou pela investigação durante a audiência de custódia. § 9º na impossibilidade, devidamente certificada e comprovada, de a autorida-de judiciária realizar a inquirição do pre-so no prazo estabelecido no § 3º, esta deverá comunicar o fato de imediato ao Ministério Público, à Defensoria Pública ou ao advogado constituído do preso, se houver, e ao Conselho Nacional de Justiça. § 10º na hipótese do § 9º, a audiência de custódia deverá ser obrigatoriamente realizada no primeiro dia útil subsequen-te àquela, devendo a autoridade judicial, sob pena de ilegalidade na prisão em razão de excesso de prazo e responsa-bilidade, realizar a audiência.Art. 562. Na ausência de autoridade no

lugar em que se tiver efetuado a pri-são, o preso será logo apresentado à da comarca mais próxima.

Art. 563. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, deverá:

I – relaxar a prisão ilegal; ou II – conceder liberdade provisória, me-diante termo de comparecimento a to-dos os atos do processo, sob pena de revogação; III – aplicar outras medidas cautelares mais adequadas às circunstâncias do caso ou arbitrar fiança; IV – converter, fundamentadamente, a prisão em flagrante em prisão preven-tiva, uma vez presentes as situações descritas nos arts. 564 e seguintes.Parágrafo único. A concessão de liber-dade provisória na forma do inciso IV do caput deste artigo somente será ad-mitida se o preso for pobre e não tiver condição de efetuar o pagamento da fiança.

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Seção III - Da prisão preventiva

Art. 564. Sem prejuízo das demais regras de hermenêutica, aplicáveis em toda a persecução penal, interpreta-se li-teralmente a legislação que disponha sobre a decretação da prisão preven-tiva e sobre seus prazos de duração, não se admitindo a ampliação analó-gica das suas hipóteses de cabimen-to, renovação ou prazos de duração, sob pena de invalidade da decisão judicial, sem prejuízo da eventual ca-racterização de abuso de autoridade.

§ 1º A prisão preventiva apenas pode-rá ser decretada nas hipóteses abaixo elencadas, preenchidos os demais re-quisitos do Código de Processo Penal, quando a medida for comprovadamente indispensável: I - para assegurar o cumprimento de eventual condenação, diante da tentati-va de fuga ou de elevada probabilidade de fuga, a ser aferida a partir de elemen-tos concretos, demonstrados nos autos, não podendo ser presumida; II - para se assegurar a conveniência da instrução criminal;III - para impedir ou fazer cessar a prá-tica de violência física contra a vítima, possíveis testemunhas ou agentes pú-blicos encarregados da investigação e instrução criminal, diante de fundados indícios, demonstrados nos autos; IV - para impedir a tentativa ou consu-mação de crimes com pena mínima co-minada igual ou superior a 4 anos por parte do imputado, se mantido solto, desde que haja suficiente demonstração da elevada probabilidade do menciona-do cometimento de tais delitos, o que não poderá ser presumido. § 2º A prisão preventiva não poderá ser utilizada, a qualquer título, sem demons-tração efetiva da sua imprescindibilidade. § 3º A prisão não poderá estar fundada na gravidade abstrata da suspeita ou da imputação, tampouco poderá ser aplica-da com finalidades retributivas, expiató-rias, com a finalidade de se assegurar a credibilidade do sistema de justiça crimi-nal ou com o fim de se assegurar exem-plos edificantes para a comunidade. § 4º Situações de clamor público, prog-noses de aplicação da lei penal ou da conveniência da instrução criminal, ou risco de consumação de prescrição, não justificam, isolada ou conjuntamente, a decretação de prisão preventiva. § 5º No caso de eventual concurso de pessoas ou de crime plurissubjetivo, a fundamentação será específica para cada imputado.§ 6º Na hipótese do inciso II, acima, a prisão deverá ser imediatamente revo-gada tão logo as informações houverem sido coletadas. § 7º A prisão não poderá ser emprega-da como meio de coação para que sus-peitos ou imputados produzam provas

contra si, de modo a forçá-los a entregar ao Estado prova que porventura tenham em seu poder e cujo paradeiro seja co-nhecido ou desconhecido pelas autori-dades estatais, sem prejuízo da expedi-ção de mandado de busca e apreensão, observados os requisitos do art. 5º, XI, CF e arts. 232 e seguintes, deste CódigoArt. 565. A prisão preventiva, obede-

cidos os limites impostos acima, só poderá ser admitida se outras medidas cautelares pessoais se re-velarem comprovadamente inade-quadas, insuficientes e não houver outra medida menos invasiva aos direitos fundamentais do imputado que tutele estritamente os riscos descritos nos incisos I a IV do § 1º. do art. 564 deste Código, ainda que aplicadas cumulativamente.

§ 1º A decisão judicial que apreciar re-querimento de prisão preventiva formu-lado pelo Ministério Público, com ou sem representação da Autoridade Policial, deverá, sob pena de nulidade, abranger exaustivamente os seguintes aspectos: I – o fundamento legal da medida, com indicação pormenorizada dos motivos pelos quais a autoridade judiciária en-tende haver prova de materialidade do crime e indícios suficientes da autoria para sua decretação; II – a indicação de motivos específicos pelos quais se entendeu inadequada e insuficiente a aplicação de quaisquer das demais medidas cautelares, aplica-das isolada ou cumulativamente, menos invasivas aos direitos fundamentais do imputado, que pudesse garantir a prote-ção dos interesses descritos nos incisos I a IV do § 1º do art. 556 deste Código; III – a data de encerramento da medida, observados os limites previstos neste Código;IV – a data para o reexame obrigatório da medida, nos termos do parágrafo único do art. 560 deste Código.Art. 566. A prisão preventiva em ne-

nhum caso será decretada se: I – tiver o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Código Penal; II – a conduta investigada for de nature-za culposa; III – em se tratando de conduta dolosa, se o limite máximo da pena privativa de liberdade cominada for igual ou inferior a 4 anos; IV – se o imputado for primário e o crime cuja prática lhe tiver sido atribuída não for revestido de violência, ou emprego de arma de fogo; V – se o imputado for reincidente e o cri-me cuja prática lhe tiver sido atribuída for de natureza patrimonial sem violên-cia, ou sem grave ameaça.VI – se o imputado estiver acometido de doença grave, em situação na qual haja declaração médica sobre a incom-patibilidade do cumprimento da prisão

preventiva sem risco à sua saúde, de-clarada em atestado médico. Parágrafo único. Sem prejuízo dos dis-positivos elencados nos incisos des-te artigo, não se admite a decretação automática da prisão preventiva pelo descumprimento de quaisquer das eventuais medidas cautelares pesso-ais alternativas a ela, anteriormente aplicadas, devendo, necessariamente, qualquer decisão ser proferida somente após manifestação do imputado sobre as razões do descumprimento das me-didas alternativas.Art. 567. A decisão que decretar, subs-

tituir ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentada.

§ 1º Nos casos de decretação da prisão preventiva, além do disposto no art. 565 deste Código, a prisão não poderá du-rar mais do que 60 (sessenta) dias, salvo se renovada com fundamento em fatos novos, devidamente demonstrados nos autos, com prévia oitiva do imputado que se encontre preso, devidamente as-sistido por seu advogado. § 2º Vencido o prazo fixado e não sendo renovada a prisão pelo Poder Judiciário, o preso deverá ser imediatamente solto pela autoridade carcerária, sem a neces-sidade de expedição de alvará de soltura; § 3º A duração máxima da prisão, em casos de renovação do prazo previsto neste artigo, não poderá exceder, em hipótese alguma, independentemente da complexidade do caso, o limite má-ximo de 180 (cento e oitenta) dias, in-dependentemente do estágio em que se encontre a persecução penal, salvo se já transitada em julgado sentença penal condenatória; § 4º - Não se poderão ofertar ou cele-brar acordos de colaboração processu-al, exceto o previsto no artigo 159, pará-grafo 4°, do Código Penal, com quem se encontre preso no curso de investigação ou do processo criminal.§ 5º A interposição de qualquer recurso ou o ajuizamento de ação autônoma de impugnação não interfere na contagem do prazo de sua duração. § 6º A gravidade dos fatos investiga-dos, assim como a complexidade da in-vestigação, não interferem na contagem do prazo de sua duração. § 7º Nos processos de competência do tribunal do júri, caso a decretação da prisão preventiva se dê antes da deci-são de pronúncia, seu prazo máximo de 60 (sessenta) dias durará até o advento de tal decisão. Caso a prisão preventi-va seja decretada depois da decisão de pronúncia, a partir de tal decisão iniciará a contagem do prazo, que igualmente não excederá o máximo de 60 (sessen-ta) dias. § 8º A fluência dos prazos previstos neste artigo se suspende enquanto, ini-ciada sua execução, a pessoa contra quem houver sido deferida a medida de

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prisão preventiva, encontrar-se foragida. § 9º Em nenhuma hipótese a prisão pre-ventiva ultrapassará o limite máximo de seis meses, ainda que a contagem seja feita de forma descontínua.Art. 568. O juiz revogará a prisão pre-

ventiva se, no curso da persecução penal, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como po-derá de novo decretá-la, observado o limite máximo por fase tratado no art. 567 deste Código, se sobrevie-rem novas razões que justifiquem nova imposição da medida.

Parágrafo único. Toda prisão preventi-va deve ser objeto de reexame judicial periódico e necessário, sob pena de se declarar sua ilegalidade, pelo menos a cada 30 dias a contar de sua decreta-ção. Em cada reexame se deve apre-ciar a necessidade de sua cassação ou reversão em outra medida cautelar, ou sua continuidadeArt. 569. O juiz, quando recomendável,

poderá decretar a prisão preventiva com prazo certo de duração, ob-servados, em todo caso, os limites máximos previstos no art. 567

Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, ressalva-se a possibilidade de nova decretação da prisão preventi-va, cujo limite máximo de duração, to-davia, será calculado pelo saldo rema-nescente em função de cada uma das hipóteses do art. 568.Subseção III - Reexame obrigatórioArt. 570. Qualquer que seja o seu fun-

damento legal, a prisão preventiva que exceder a 90 (noventa) dias será obrigatoriamente reexaminada pelo juiz ou tribunal competente, para avaliar se persistem, ou não, os mo-tivos determinantes da sua aplica-ção, podendo substituí-la, se for o caso, por outra medida cautelar.

§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo é contado do início da execução da prisão ou da data do último reexame.§ 2º Se, por qualquer motivo, o reexame não for realizado no prazo devido, a pri-são será considerada ilegal.

CAPÍTULO II - DA FIANÇA

Seção I - Disposições preliminaresArt. 571. A fiança consiste no arbitra-

mento de determinado valor pela autoridade competente, com vistas a permitir que o preso, após o pa-gamento e assinatura do termo de compromisso, seja imediatamente posto em liberdade.

§ 1º No curso do processo, a fiança poderá ser exigida do réu solto, se a medida for necessária para assegurar o seu comparecimento, preservar o regu-lar andamento do feito ou, ainda, como alternativa cautelar à prisão preventiva.§ 2º A fiança será prestada em garantia das obrigações previstas no art. 585. A

liberação dos recursos dependerá, no entanto, de condenação transitada em julgado.Art. 572. A fiança será requerida ao juiz

ou por ele concedida de ofício.§ 1º Nos crimes punidos com detenção ou prisão simples, qualquer que seja o limite máximo da pena cominada, ou re-clusão, com pena fixada em limite não superior a 5 (cinco) anos, exceto se pra-ticados com violência ou grave ameaça à pessoa, a fiança será concedida dire-tamente pelo delegado de polícia, logo após a lavratura do auto de prisão em flagrante.§ 2º Sem prejuízo da imediata liberação do preso, a fiança concedida na forma do § 1º deste artigo será comunicada ao juiz competente, bem como os compro-missos tomados em conformidade com o disposto no § 4º.§ 3º Recusando ou demorando o dele-gado de polícia a conceder a fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá pres-tá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 24 (vinte e quatro) horas.§ 4º O delegado de polícia deverá de-terminar a soltura do preso que não tiver condições econômicas para efetuar o pagamento da fiança, sem prejuízo dos demais compromissos legais da referida medida cautelar, observando-se, ainda no que couber, o disposto no parágrafo único do art. 572.Art. 573. São inafiançáveis os crimes

de racismo, tortura, tráfico ilícito de drogas, terrorismo, os definidos em lei como hediondos e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Art. 574. Não será concedida fiança:I – quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão pre-ventiva;II – aos que, no mesmo processo, tive-rem quebrado fiança anteriormente con-cedida ou infringido, sem motivo justo, as obrigações a que se refere o art. 577;III – em caso de prisão por mandado do juiz do cível ou de prisão disciplinar militar.Art. 575. A fiança poderá ser prestada

em qualquer termo do processo, enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória.

Seção II - Do valor e forma de pagamentoArt. 576. O valor da fiança será fixado

entre:I – 1 (um) e 200 (duzentos) salários mí-nimos, nas infrações penais cujo limite máximo da pena privativa de liberda-de cominada seja igual ou superior a 8 (oito) anos;II – 1 (um) e 100 (cem) salários mínimos, nas demais infrações penais.§ 1º Para determinar o valor da fiança, a autoridade considerará a natureza, as circunstâncias e as consequências do

crime, bem como a importância prová-vel das custas processuais, até o final do julgamento.§ 2º Se assim o recomendar a situação econômica do preso e a natureza do cri-me, a fiança poderá ser:I – reduzida até o máximo de 2 (dois) terços;II – aumentada, pelo juiz, em até 100 (cem) vezes.Art. 577. O juiz, verificando ser impos-

sível ao réu prestar a fiança, por motivo de insuficiência econômi-ca, poderá conceder-lhe liberdade provisória, observados todos os demais compromissos do termo de fiança.

Parágrafo único. Para os fins do ca-put deste artigo, o juiz poderá solicitar documentos ou provas que atestem a condição de insuficiência ou exigir que o afiançado declare formalmente a ab-soluta falta de recursos para o paga-mento da fiança, incorrendo este no cri-me de falsidade ideológica se inverídica a informação.Art. 578. Além do próprio preso, qual-

quer pessoa poderá prestar fiança em seu nome, sem necessidade de declarar os motivos do pagamento.

Art. 579. O pagamento será feito me-diante depósito em conta bancária específica a ser informada pela au-toridade, garantida a reposição das perdas inflacionárias. Efetuado o depósito, o comprovante deverá ser juntado aos autos do procedimento.

Parágrafo único. Quando, por qualquer motivo, o depósito não puder ser reali-zado de imediato, o valor será entregue pessoalmente à autoridade, que o enca-minhará, tão logo seja possível, à conta de que trata o caput deste artigo, tudo devendo constar do termo de fiança.Art. 580. Depois de prestada a fiança,

que será concedida independente-mente de audiência do Ministério Público, este terá vista do proces-so a fim de requerer o que julgar conveniente.

Art. 581. Se o tribunal ad quem fixar outro valor para a fiança, a diferen-ça será devolvida quando a garan-tia, embora excessiva, já tenha sido prestada; se o novo valor for supe-rior ao anteriormente fixado, exigir--se-á reforço da fiança.

Art. 582. Se o pagamento da fiança não for realizado no prazo de 10 (dez) dias após o arbitramento, o juiz fará obrigatório reexame do valor fixado.

Parágrafo único. A autoridade judicial, mantendo ou diminuindo tal valor, in-dicará os motivos que justificam a per-manência do afiançado na prisão, ou poderá declarar sem efeito a fiança an-teriormente concedida e aplicar outra medida cautelar que entenda adequada.

Seção III - Da destinação

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Art. 583. Sobrevindo condenação defi-nitiva, o valor prestado como fiança servirá ao pagamento das custas processuais, da indenização ci-vil pelos danos materiais e morais causados pelo crime e da pena de multa eventualmente aplicada, nes-sa ordem.

Parágrafo único. Se, ainda assim, hou-ver saldo remanescente, o valor será devolvido a quem tenha prestado fiança.Art. 584. Se a fiança for declarada sem

efeito ou passar em julgado a sen-tença que houver absolvido o réu ou declarado extinta a punibilidade, o valor será integralmente restituído àquele que prestou fiança, com a devida atualização.

Parágrafo único. Se, a despeito do dis-posto no caput deste artigo e no pará-grafo único do art. 578, a retirada não for realizada no prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias, a contar da data de inti-mação de quem tenha prestado a fiança, os valores serão declarados perdidos em favor do Fundo Penitenciário Nacional ou de fundo estadual, conforme seja federal ou estadual a autoridade concedente.

Seção IV - Termo de fiançaArt. 585. O afiançado, mediante termo

específico, compromete-se a:I – comparecer a todos os atos do in-quérito e do processo para os quais for intimado;II – não mudar de residência sem prévia autorização da autoridade judicial;III – não se ausentar da comarca ou do País sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.Parágrafo único. No mesmo termo, o afiançado também se declarará ciente das consequências previstas nos arts. 587 a 588.Art. 586. Nos juízos criminais e delega-

cias de polícia, haverá um livro es-pecial, com termos de abertura e de encerramento, numerado e rubrica-do em todas as suas folhas pela au-toridade, destinado especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade, pelo afiançado e por quem prestar a fiança em seu nome, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.

Art. 587. Considerar-se-á quebrada a fiança caso haja descumprimento injustificado de um dos compromis-sos estabelecidos no art. 585. Do mesmo modo se o afiançado:

I – vier a praticar alguma infração penal na vigência da fiança, salvo na modali-dade culposa;II – obstruir deliberadamente o anda-mento da investigação ou do processo;III – descumprir medida cautelar impos-ta cumulativamente com a fiança.Art. 588. Quebrada a fiança por qual-

quer motivo, o juiz avaliará a ne-

cessidade de decretação da prisão preventiva ou de outras medidas cautelares, quando presentes os pressupostos legais.

Parágrafo único. O mesmo procedimen-to será adotado quando se verificar o descumprimento das obrigações im-postas na forma do art. 577.Art. 589. O quebramento da fiança im-

portará a perda imediata da metade do seu valor para o Fundo Peniten-ciário Nacional ou fundos estadu-ais, depois de deduzidas as custas e os demais encargos processuais até o momento calculados.

§ 1º Havendo condenação definitiva, a outra metade será utilizada para os fins do art. 584. O saldo remanescente, porém, se houver, terá como destino o Fundo Pe-nitenciário Nacional ou fundos estaduais.§ 2º No caso de absolvição, a metade restante será declarada perdida em fa-vor do mencionado Fundo ou de fundos estaduais.Art. 590. Se vier a ser reformado o jul-

gamento em que se declarou que-brada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos.

CAPÍTULO III - OUTRAS MEDIDAS CAUTE-LARES PESSOAIS

Seção I - Disposição preliminarArt. 591. Arbitrada ou não a fiança, o

juiz poderá aplicar, de forma isolada ou cumulada, as medidas cautelares pessoais previstas neste Capítulo.

Seção II - Recolhimento domiciliarArt. 592. O recolhimento domiciliar

consiste na obrigação de o impu-tado permanecer em sua residência em período integral, dela podendo se ausentar somente com autoriza-ção do juiz.

Art. 593. O juiz, entendendo suficien-te, poderá limitar a permanência ao período noturno e dias de folga, desde que o imputado exerça ati-vidade econômica em local fixo ou frequente curso do ensino funda-mental, médio ou superior.

Art. 594. Se o imputado não possuir residência própria, nem outra para indicar, o juiz poderá fixar outro lo-cal para o cumprimento da medida, como abrigos públicos ou entida-des assistenciais.

Seção III - Monitoramento eletrônicoArt. 595. Nos crimes cujo limite máxi-

mo da pena privativa de liberdade cominada seja igual ou superior a 4 (anos), o juiz poderá submeter o imputado a sistema de monito-ramento eletrônico que permita a sua imediata localização, respeita-do o limite temporal da medida a ser substituída

Art. 596. A medida cautelar prevista no

art. 595 depende de prévia anuên-cia do imputado, a ser manifestada em termo específico, como alterna-tiva a outra medida.

Art. 597. Qualquer que seja a tecnolo-gia utilizada, o dispositivo eletrônico não terá aspecto aviltante ou osten-sivo nem colocará em risco a saúde do imputado, sob pena de respon-sabilidade do Estado.

Art. 598. Considera-se descumprida a medida cautelar se o imputado:

I – danificar ou romper o dispositivo ele-trônico, ou de qualquer maneira adulte-rá-lo ou ludibriá-lo;II – desrespeitar os limites territoriais fi-xados na decisão judicial;III – deixar de manter contato regular com a central de monitoramento ou não atender à solicitação de presença.Parágrafo único. Em qualquer caso, o reconhecimento de que a medida foi descumprida dependerá da prévia re-alização de audiência especialmente designada para oitiva do imputado, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

Seção IV - Suspensão do exercício de função pública, profissão ou atividade econômicaArt. 599. Atendidas as finalidades cau-

telares e existindo conexão com o fato apurado, o juiz poderá suspen-der o exercício de função pública, profissão ou atividade econômica desempenhada pelo imputado ao tempo dos fatos.

§ 1º Alternativamente, o juiz poderá de-terminar o afastamento das atividades específicas então desempenhadas pelo agente público.§ 2º A decisão será comunicada ao ór-gão público competente ou entidade de classe, abstendo-se estes de promover anotações na ficha funcional ou profissio-nal, salvo se for concluído processo dis-ciplinar autônomo ou sobrevier sentença condenatória transitada em julgado.

Seção V - Suspensão das atividades de pessoa jurídicaArt. 600. Mediante prévio requerimento

da parte, o juiz poderá suspender, total ou parcialmente, as ativida-des de pessoa jurídica sistemati-camente utilizada por seus sócios ou administradores para a prática de crimes contra o meio ambiente, a ordem econômica ou as relações de consumo, ou que atinjam um nú-mero expressivo de vítimas.

§ 1º Antes de decidir, o juiz levará em conta, igualmente, o interesse dos em-pregados e de eventuais credores e o princípio da função social da empresa, bem como a manifestação do órgão pú-blico regulador, se houver.§ 2º A pessoa jurídica poderá agravar da decisão, nos termos dos arts. 481 e

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Seção VI - Proibição de frequentar de-terminados lugaresArt. 601. A proibição de frequentar

determinados lugares abrange a entrada e permanência em locais, eventos ou gêneros de estabeleci-mentos expressamente indicados na decisão judicial, tendo em vista circunstâncias relacionadas ao fato apurado.

Seção VII - Suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor, embar-cação ou aeronaveArt. 602. Quando o crime for praticado

na direção de veículo automotor, embarcação ou aeronave, o juiz po-derá suspender cautelarmente a ha-bilitação do imputado.

§ 1º A suspensão de que trata o caput deste artigo também alcança a permis-são provisória e o direito de obter habi-litação.§ 2º Além da obrigação de entrega do documento, a decisão será comunicada aos órgãos responsáveis pela emissão do respectivo documento e pelo con-trole do tráfego, aplicando-se, no que couber, o disposto na parte final do § 3º do art. 598.

Seção VIII - Afastamento do lar ou outro local de convivência com a vítimaArt. 603. Nos crimes praticados com

violência ou grave ameaça à pes-soa, o juiz poderá determinar o afastamento do lar ou outro local de convivência com a vítima.

Seção IX - Proibição de ausentar-se da comarca ou do PaísArt. 604. Para acautelar a investigação

ou a realização de atos processu-ais, o juiz poderá proibir o imputado de ausentar-se, sem prévia autori-zação, da comarca onde reside ou do País.

§ 1º Para garantir a plena observância da medida de que trata o caput deste artigo, o juiz poderá exigir a entrega do passaporte e de outros documentos pessoais em prazo determinado, bem como comunicar oficialmente da deci-são os órgãos de controle marítimo, ae-roportuário e de fronteiras.§ 2º Não será feita anotação ou registro no documento entregue nas condições do § 1º deste artigo.

Seção X - Comparecimento periódico em juízoArt. 605. O imputado poderá ser obri-

gado a comparecer pessoalmente em juízo para informar e justificar suas atividades, na periodicidade fixada pelo juiz.

Parágrafo único. O cartório judicial dis-porá de livro próprio para controle da

referida medida cautelar.

Seção XI - Proibição de se aproximar ou manter contato com pessoa determinadaArt. 606. Levando em conta circuns-

tâncias relacionadas ao fato, o juiz poderá proibir o imputado de se aproximar ou manter contato com a vítima ou outra pessoa determi-nada.

Parágrafo único. A decisão fixará os parâmetros cautelares de distanciamen-to obrigatório, bem como os meios de contato interditos.

Seção XII - Suspensão do registro de arma de fogo e da autorização para porteArt. 607. Se o crime for praticado com

arma de fogo, ainda que na forma ten-tada, o juiz poderá suspender o res-pectivo registro e a autorização para porte, inclusive em relação a integran-tes de órgãos de segurança pública.

Parágrafo único. Enquanto durarem os seus efeitos, a decisão também impede a renovação do registro e da autoriza-ção para porte de arma de fogo, e será comunicada ao Sistema Nacional de Ar-mas e à Polícia Federal.

Seção XIII - Bloqueio de endereço ele-trônico na internetArt. 608. Em caso de crimes praticados

por meio da internet, o juiz poderá determinar que o acesso ao endereço eletrônico utilizado para a execução de infrações penais seja desabilitado.

§ 1º Para assegurar a efetividade da medida, a ordem judicial poderá ser dirigida ao provedor de serviços de ar-mazenamento de dados ou de acesso à internet, bem como ao Comitê Gestor da Internet no Brasil.§ 2º A fim de preservar as provas, o juiz determinará que as informações, dados e conteúdos do endereço eletrônico desa-bilitado sejam gravados em meio magné-tico, preservada a sua formatação original.

Seção XV - Disposições finaisArt. 609. A duração das medidas cau-

telares pessoais previstas neste Ca-pítulo deve ser especificada na de-cisão judicial, respeitados os limites máximos de:

I – 180 (cento e oitenta) dias, nas hipóte-ses dos arts. 599 e 600;II – 360 (trezentos e sessenta) dias, nas hipóteses dos arts. 592 e 595;III – 548 (quinhentos e quarenta) dias, nas demais medidas cautelares pesso-ais previstas neste Capítulo.Parágrafo único. Findo o prazo de dura-ção da medida, mediante prévio reque-rimento da parte, o juiz poderá prorrogá--la ou adotar outras cautelares, desde que renovada com fundamento em fatos novos, devidamente demonstrados nos autos, com prévia oitiva do imputado que se encontre preso, devidamente as-

sistido por seu advogado.Art. 610. O tempo de recolhimento domi-

ciliar será computado no cumprimen-to da pena privativa de liberdade, na hipótese de fixação inicial do regime aberto na sentença condenatória.

Parágrafo único. Substituída a pena pri-vativa de liberdade por restritiva de direi-tos, nesta será computado o tempo de duração das medidas cautelares previs-tas nos arts. 592, 595, 599, 601 e 602.Art. 611. O Ministério Público poderá su-

pervisionar o regular cumprimento de qualquer medida cautelar pessoal.

Art. 612. Em caso de descumprimento injustificado de uma das medidas cautelares pessoais previstas nes-te Capítulo, o juiz, a requerimen-to do Ministério Público, ouvida a defesa, avaliará a necessidade de decretação da prisão preventiva ou de substituição da medida anterior-mente imposta por outra cautelar.

CAPÍTULO IV - DA LIBERDADE PROVISÓRIA

Art. 613. O juiz poderá conceder liber-dade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, especialmente nas seguintes hipóteses:

I – não havendo fundamento para a con-versão da prisão em flagrante em pre-ventiva ou aplicação da fiança ou outra medida cautelar pessoal, nos termos do inciso IV do caput do art. 563;II – cessando os motivos que justifica-ram a prisão provisória ou outra medida cautelar pessoal;III – findo o prazo de duração da medida cautelar pessoal anteriormente aplicada.Art. 614. Em caso de não compareci-

mento injustificado a ato do proces-so para o qual o réu tenha sido re-gularmente intimado, aplica-se, no que couber, o disposto no art. 611.

TÍTULO III - DAS MEDIDAS CAUTELARES REAISCAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINA-RES

Art. 615. As medidas cautelares reais atenderão às finalidades específi-cas previstas neste Título, conforme as seguintes modalidades:

I – indisponibilidade de bens;II – sequestro de bens;III – especialização da hipoteca legal;IV – arresto de bens.Art. 616. A adoção de uma das medi-

das cautelares reais no processo penal não prejudica semelhante ini-ciativa no juízo cível.

Art. 617. As medidas cautelares reais serão autuadas em apartado.

CAPÍTULO II - DA INDISPONIBILIDADE DE BENS

Art. 618. O juiz, observado o dispos-

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to no art. 533, poderá decretar a indisponibilidade, total ou parcial, dos bens, direitos ou valores que compõem o patrimônio do impu-tado, desde que a medida seja ne-cessária para recuperar o produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato crimi-noso.

§ 1º A medida de que trata o caput des-te artigo também poderá recair sobre bens, direitos ou valores: I – de terceiro, inclusive de pessoa jurídi-ca, quando haja elementos de informa-ção ou prova de que seu nome foi uti-lizado para facilitar a prática criminosa ou ocultar o produto ou os rendimentos do crime; II – abandonados, considerado o con-texto em que foi praticada a infração penal;III – em posse das pessoas menciona-das no caput deste artigo, quando o proprietário não tenha sido identificado.§ 2º A indisponibilidade de bens só é ca-bível quando ainda não se tenha elemen-tos para distinguir, com precisão, os bens de origem ilícita daqueles que integram o patrimônio regularmente constituído.§ 3º A decretação da indisponibilidade de bens dependerá de indícios de com-portamento de detentor ou proprietário dos bens, direitos ou valores tendente a se desfazer destes ou utilizá-los para a prática de infração penal.Art. 619. A indisponibilidade importará

ineficácia de qualquer ato de alie-nação ou dação em garantia, sem prévia autorização do juízo, dos bens do imputado, ou de terceiro afetado, que estejam localizados no Brasil ou no exterior.”

Art. 620. Se houver necessidade, o juiz poderá nomear administrador judi-cial para gerir os bens declarados indisponíveis, observado, no que couber, o disposto na Seção IV do Capítulo III deste Título.

Art. 621. Se necessário, o juiz comu-nicará imediatamente a decisão às instituições financeiras, que blo-quearão qualquer tentativa de sa-que ou transferência de valores das contas atingidas pela medida.

§ 1º Para facilitar o cumprimento da ordem judicial prevista no caput deste artigo, o juiz poderá solicitar auxílio ao Banco Central do Brasil e à Comissão de Valores Mobiliários, que darão ciên-cia imediata da decisão a todas as insti-tuições do sistema financeiro e do mer-cado de valores mobiliários, conforme a área de suas respectivas competências.§ 2º Havendo justo motivo, o juiz pode-rá autorizar a transferência de valores e a movimentação de aplicação financei-ra, como melhor forma de preservar e gerir os bens declarados indisponíveis.§ 3º Segundo a natureza do bem atin-

gido, o juiz poderá ainda ordenar, sem ônus, a inscrição da indisponibilidade no registro de imóveis, no departamento de trânsito e em outros órgãos da admi-nistração pública.Art. 622. A indisponibilidade cessará

automaticamente se a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias após a decretação, bem como nos casos de extinção da punibilidade ou absolvição do réu.

Parágrafo único. Caberá ao juiz que decretar a indisponibilidade de bens comunicar com urgência os órgãos res-ponsáveis pela efetivação da medida a cessação dos efeitos de que trata o ca-put deste artigo.Art. 623. Identificados todos os bens,

direitos ou valores adquiridos ilici-tamente, o juiz, a requerimento do Ministério Público, determinará a conversão da medida de indisponi-bilidade em apreensão ou seques-tro, conforme o caso.

Art. 624. Salvo na hipótese de suspen-são do processo pelo não compa-recimento do imputado (art. 147), a indisponibilidade de bens não exce-derá 90 (noventa dias) dias, admiti-da fundamentadamente uma única prorrogação por igual período.

Parágrafo único. A cada 60 (sessenta dias) deve o juiz reavaliar por decisão fundamentada a necessidade de manu-tenção da indisponibilidade de bens.Art. 625. Na vigência da medida, o juiz

poderá autorizar, com base em pedi-do formulado pelo administrador ju-dicial ou pelo imputado, a disposição das partes dos bens, quando neces-sária à conservação do patrimônio.”

Parágrafo único. A medida prevista no caput deste artigo também poderá ser autorizada para garantia da subsistência do imputado e de sua família Art. 626. Sucedendo redução dos bens

declarados indisponíveis ou de seu valor, por ação ou omissão dolosa ou culposa do imputado, o juiz ava-liará a necessidade de:

I – ampliação da medida;II – imposição de multa, em até 10 (dez) vezes o valor correspondente ao bem subtraído, alienado ou deteriorado;III – decretação de outras medidas cau-telares, quando presentes os seus pres-supostos legais, sem prejuízo da respon-sabilidade por crime de desobediência.

CAPÍTULO III - DO SEQUESTRO DE BENS

Seção I - Hipóteses de cabimentoArt. 627. Caberá, no curso da investi-

gação ou em qualquer fase do pro-cesso, observado o disposto no art. 533, o sequestro de bens imóveis ou móveis adquiridos pelo imputa-do com os proventos da infração, ainda que tenham sido registrados diretamente em nome de terceiros

ou a estes alienados a qualquer tí-tulo, ou misturados ao patrimônio legalmente constituído.

§ 1º Aplica-se ao sequestro o disposto no § 1º do art. 617.§ 2º Quanto aos bens móveis, o se-questro será decretado nos casos em que não seja cabível a medida de busca e apreensão.§ 3º O sequestro não alcançará os bens adquiridos a título oneroso por terceiros, cuja boa-fá seja presumida.Art. 628. A decretação do sequestro

depende da existência de prova ou elementos de informação da prove-niência ilícita dos bens.

Art. 629. Se o proprietário dos bens, di-reitos ou valores não for localizado para que tome ciência do sequestro, ou não for identificado, o juiz ordena-rá a publicação de edital pelo prazo de 15 (quinze) dias, observado, no que couber, o disposto no art. 146.

Seção II - Da execução da medidaArt. 630. Decretado o sequestro, o juiz,

mediante requerimento do Minis-tério Público, tomará providências para garantir a efetividade da medi-da, dentre as quais:

I – atribuir à instituição financeira a custó-dia legal dos valores depositados em suas contas, fundos e outros investimentos;II – proceder à inscrição do sequestro no registro de imóveis;III – determinar aos órgãos públicos que a restrição conste de seus registros.Parágrafo único. As providências previs-tas nos incisos I a III do caput deste ar-tigo poderão ser comunicadas por meio eletrônico, sem prejuízo do cumprimen-to do mandado judicial.Art. 631. O mandado deverá indicar,

o mais precisamente possível, os bens atingidos pelo sequestro e será acompanhado de cópia da de-cisão judicial.

Art. 632. Se houver necessidade de di-ligências externas, o oficial de jus-tiça responsável pela execução da medida lavrará o auto circunstan-ciado, que também será assinado por (duas) testemunhas.

Parágrafo único. Os bens sequestrados serão colocados sob custódia do juiz e, se for o caso, à disposição do avaliador nomeado.

Seção III - Da alienação antecipadaArt. 633. Recebida a denúncia, o juiz,

a pedido de qualquer das partes e observado o contraditório, poderá determinar a alienação antecipada dos bens sequestrados, desde que demonstrado:

I – risco concreto de depreciação patri-monial ou perecimento; ou II – que a medida constitua a melhor for-ma de preservar o valor dos bens atingi-dos pelo sequestro em face do custo de

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sua conservação. Parágrafo único. Requerida a alienação antecipada, a petição será juntada aos autos apartados do sequestro, conce-dendo-se vista para manifestação de eventual terceiro interessado.Art. 634. Em caso de deferimento do

pedido, o juiz determinará a avalia-ção dos bens relacionados por ava-liador judicial.

§ 1º O laudo de avaliação conterá:I – a descrição dos bens, com as suas características e a indicação do estado em que se encontram;II – o valor dos bens sequestrados e os critérios utilizados na sua avaliação;III – análise do risco de perecimento, depreciação e custo de manutenção dos bens.§ 2º Feita a avaliação, será aberta vista do laudo às partes e terceiros interessa-dos, com prazo comum de 5 (cinco) dias.§ 3º Dirimidas eventuais divergências sobre o laudo, o juiz homologará o va-lor atribuído aos bens e determinará sua alienação em leilão público.Art. 635. A alienação dos bens será

realizada em leilão público, prefe-rencialmente por meio eletrônico, tendo como valor mínimo aquele previsto na avaliação homologada.

§ 1º Não alcançado o valor mínimo, será realizado novo leilão em até 10 (dez) dias, contados da realização do primeiro, oportunidade em que os bens poderão ser arrematados por valor corresponden-te a 75% (setenta e cinco por cento) do que fora inicialmente estipulado.§ 2º Realizado o leilão, a quantia apu-rada permanecerá depositada em conta judicial remunerada pela poupança até o trânsito em julgado do respectivo pro-cesso penal.§ 3º Do dinheiro apurado, será reco-lhido à União, ao Estado ou ao Distrito Federal o que não couber ao lesado ou terceiro de boa-fé.§ 4º Recaindo o sequestro sobre veícu-los, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado de registro e licenciamento em favor do arrematante, ficando este livre do pagamento de mul-tas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.Art. 636. Em caso de absolvição, os

valores apurados com o leilão serão sacados pelo proprietário do bem alienado cautelarmente, com juros remunerados pela poupança, salvo se a questão de quem seja o legíti-mo proprietário for objeto de litígio no cível, hipótese na qual os valo-res serão colocados à disposição do juiz da causa.

Parágrafo único. A devolução ao pro-prietário prevista do caput, não poderá ter valor menor que aquele descrito no

laudo de avaliação do bem a que faz re-ferência o art. 633 do Código. Caso haja alienação antecipada por valor menor do que aquele estipulado nos termos do art. 633, a diferença deverá constar da sentença, que valerá como título execu-tivo contra o Estado.Art. 637. Não tendo sido realizada a

alienação antecipada nos termos do art. 632, o juiz aguardará o trân-sito em julgado da sentença conde-natória, para, então, a requerimento do interessado, determinar a venda dos bens em leilão público.

Parágrafo único. A quantia apurada será recolhida à União, ao Estado ou ao Dis-trito Federal, ressalvado o direito do le-sado ou de terceiro de boa-fé.

Seção IV - Do administrador judicialArt. 638. Não sendo o caso de alie-

nação antecipada dos bens, o juiz intimará as partes interessadas e poderá nomear administrador judi-cial para gestão dos bens, direitos ou valores sequestrados.

§ 1º Após a nomeação, o administra-dor assinará, em até 2 (dois) dias, termo de compromisso de desempenhar bem e fielmente a função, que será juntado aos autos.§ 2º Não será nomeado administrador judicial quem:I – nos últimos 5 (cinco) anos, no exercí-cio da função de administrador judicial, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos estipulados ou teve a prestação de contas rejeitada;II – tiver relação de parentesco ou afini-dade até o terceiro grau com o imputa-do ou com representante do membro do Ministério Público que oficie no feito, ou com pessoas ligadas a eles; ou deles for amigo, inimigo ou dependente.§ 3º Se os bens sequestrados perten-cerem a pessoa jurídica, o impedimen-to de que trata o § 2º deste artigo será aferido em relação aos administradores, controladores ou representantes legais, além do profissional declarado no termo de compromisso.Art. 639. Investido na função, o admi-

nistrador judicial nela permanecerá até que sejam alienados, devolvi-dos ou declarados perdidos todos os bens sequestrados, salvo se for destituído, substituído ou se renun-ciar ao cargo.

Parágrafo único. O administrador poderá ser destituído a qualquer tempo pelo juiz, devendo permanecer na administração pelos 10 (dez) dias seguintes à decisão, se o novo administrador ainda não hou-ver assinado termo de compromisso.Art. 640. O administrador:I – fará jus a remuneração a ser arbitrada pelo juiz, atendendo a sua diligência, à complexidade do trabalho, à responsa-bilidade demonstrada no exercício da função, bem como ao valor dos bens

sequestrados e dos lucros eventual-mente obtidos com a gestão;II – prestará contas periodicamente, em prazo a ser fixado pelo juiz;III – realizará todos os atos necessários à preservação dos bens;IV – responderá pelos prejuízos causa-dos por dolo ou culpa, inclusive em rela-ção a atos praticados por seus prepos-tos, representantes e contratados.Parágrafo único. No caso de destituição, a remuneração devida ao administrador será paga pelo novo nomeado assim que possível, salvo se a destituição tiver por fundamento a hipótese prevista no inciso IV do caput deste artigo.

Seção VI - Do levantamentoArt. 641. O sequestro será levantado

se:I – a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data em que for concluída a diligência;II – for prestada caução pelo imputado ou terceiro afetado;III – for julgada extinta a punibilidade, ar-quivado o inquérito ou absolvido o réu.§ 1º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, em havendo dúvida sobre se a quantia proposta a título de caução corresponde ao valor de mercado do bem sequestrado, o juiz determinará a sua avaliação judicial.§ 2º O levantamento do sequestro impor-tará o cancelamento, sem ônus, da res-trição eventualmente averbada junto ao Registro de Imóveis, procedimento que também se aplica ao caso de revogação da medida de indisponibilidade de bens.Art. 642. Levantado o sequestro por

qualquer motivo, o bem será ime-diatamente restituído ao imputado ou terceiro interessado.

CAPÍTULO IV - DAS GARANTIAS À REPA-RAÇÃO CIVIL

Seção I - Da especialização da hipoteca legalArt. 643. A especialização da hipoteca

legal sobre os imóveis do réu pode-rá ser requerida pela vítima habili-tada como parte civil, nos termos dos arts. 80 e seguintes, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes de autoria e de que o requerido tenta alienar seus bens com o fim de frustrar o pagamento da indenização.

Parágrafo único. A especialização da hi-poteca legal poderá ser requerida até a designação da audiência de instrução a que se refere o art. 279.Art. 644. Pedida a especialização me-

diante requerimento, em que a parte estimará o valor da responsabilida-de civil pelo dano e designará e esti-mará o imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmente hipoteca-dos, o juiz mandará logo proceder à

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avaliação do imóvel ou imóveis.§ 1° A petição será instruída com as pro-vas ou indicação das provas em que se fundar a estimação da responsabilidade, com a relação dos imóveis que o respon-sável possuir, caso tenha outros além dos indicados no requerimento, e com os do-cumentos comprobatórios do domínio.§ 2º A avaliação dos imóveis designa-dos far-se-á por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos au-tos do processo respectivo.§ 3° O juiz somente autorizará a inscri-ção da hipoteca do imóvel ou imóveis ne-cessários à garantia da responsabilidade.§ 4º Se o réu oferecer caução suficien-te, em dinheiro, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscrição da hipote-ca legal.§ 5° Uma vez fixado o valor definitivo da responsabilidade pelo dano na fase do art. 431, IV, o juiz, se houver necessidade, deverá reajustar a hipoteca àquele valor.

Seção II - Do arrestoArt. 645. Não sendo possível fornecer

de imediato as informações e do-cumentos requeridos no caput e § 1º do art. 633, a vítima poderá re-querer o arresto do imóvel ou imó-veis no mesmo prazo previsto para o pedido de inscrição da hipoteca.

Parágrafo único. O arresto do bem imó-vel será revogado, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal, como previsto na Seção I deste Capítulo.Art. 646. Se o réu não possuir bens

imóveis ou os possuir de valor in-suficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penho-ra, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis.

§ 1º Se esses bens forem coisas fun-gíveis e facilmente deterioráveis, proce-der-se-á na forma do art. 627.§ 2º Das rendas dos bens móveis, po-derão ser fornecidos recursos arbitra-dos pelo juiz para a manutenção do réu e de sua família.Art. 647. No processo de execução ci-

vil, o arresto realizado nos termos do art. 645 será convertido em pe-nhora se o executado, depois de citado, não efetuar o pagamento da dívida.

Art. 648. O depósito e a administração dos bens arrestados ficarão sujei-tos ao regime do processo civil.

Seção III - Disposições comunsArt. 649. Em caso de sentença conde-

natória, as medidas cautelares reais previstas neste Capítulo alcançarão também as despesas processuais e as penas pecuniárias, tendo prefe-rência sobre estas a reparação do dano à vítima.

Art. 650. Nos crimes praticados em de-

trimento do patrimônio ou interesse da União, de Estado, do Distrito Federal ou de Município, terá legi-timidade para requerer a hipoteca legal ou arresto a Fazenda Pública do respectivo ente, conforme disci-plina estabelecida nas Seções I e II deste Capítulo.

Art. 651. Aplica-se às medidas caute-lares reais previstas neste Capítulo o disposto no § 1º do art. 618.

§ 1º Sendo o réu administrador ou só-cio de pessoa jurídica, os bens desta também são passíveis de hipoteca legal ou arresto, uma vez constatado desvio de finalidade ou estado de confusão pa-trimonial.§ 2º Sempre que as medidas cautela-res reais previstas neste e nos Capítulos precedentes atingirem o patrimônio de terceiros, estes estarão legitimados a interpor o recurso de agravo, na forma dos arts. 481 e seguintes.Art. 652. Será levantado o arresto ou

cancelada a hipoteca se o réu for absolvido ou julgada extinta a pu-nibilidade.

Art. 653. Passando em julgado a sen-tença condenatória, serão os autos de hipoteca ou arresto remetidos ao juiz do cível, para os fins do dispos-to no art. 83.

LIVRO IV - DAS AÇÕES DE IMPUG-NAÇÃOCAPÍTULO I - DA REVISÃO CRIMINAL

Art. 654. Caberá, sempre em favor do condenado, a revisão criminal dos processos findos nas seguintes hi-póteses:

I – a sentença condenatória ou a que im-pôs medida de segurança for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evi-dência dos autos;II – a sentença condenatória se fundar em elementos de prova comprovada-mente falsos;III – após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do conde-nado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da penaArt. 655. A revisão criminal poderá ser

proposta a qualquer tempo, já ex-tinta ou não a pena.

Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.Art. 656. A revisão criminal poderá ser

proposta pelo próprio condenado, por procurador legalmente habilita-do ou, no caso de morte do conde-nado, pelo cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão e, ainda, pelo Ministério Público.

Parágrafo único. No caso de revisão proposta pelo próprio condenado, ser--lhe-á nomeado defensor.Art. 657. As revisões criminais serão

processadas e julgadas:

I – pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça quanto às condenações por eles proferidas;II – pelos tribunais, nos demais casos. Parágrafo único. A revisão criminal será processada e julgada conforme o dispos-to nos regimentos internos de cada tribu-nal, assegurando-se sempre uma com-posição do órgão julgador que permita a modificação da decisão impugnada. Art. 658. A petição inicial será distribuída

a um relator e a um revisor, devendo funcionar como relator o magistrado que não tenha proferido decisão em qualquer fase do processo.

§ 1º O requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julga-do a sentença condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos arguidos.§ 2º O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, quando necessário.§ 3º Se o requerimento não for indefe-rido liminarmente, abrir-se-á vista dos autos à chefia do Ministério Público, que se manifestará no prazo de 10 (dez) dias. Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e pelo revisor, julgar-se-á o pedi-do na sessão que o presidente designar.Art. 659. Julgando procedente a re-

visão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.

Parágrafo único. Em nenhuma hipótese poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista. Se, ao julgar procedente a revisão, o órgão julgador determinar novo julgamento, a decisão que dele so-brevier não poderá agravar a situação do condenado anterior à revisão criminal.Art. 660. À vista da certidão do acór-

dão que cassar a sentença conde-natória, o juiz mandará juntá-la aos autos, para o imediato cumprimen-to da decisão.

Art. 661. No caso de responsabilidade civil do Estado, o tribunal poderá reconhecer o direito a uma justa in-denização pelos prejuízos sofridos.

Parágrafo único. Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, res-ponderá a União, se a condenação tiver sido proferida pelos órgãos do Judiciá-rio federal, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva Justiça.

CAPÍTULO II - DO HABEAS CORPUS

Seção I - Do cabimentoArt. 662. Conceder-se-á habeas cor-

pus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de lo-comoção, por ilegalidade ou abuso de poder, ressalvados os casos de punições disciplinares militares.

Art. 663. A coação considerar-se-á ile-

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gal quando:I – não houver justa causa;II – alguém estiver preso por mais tempo do que a determina a lei;III – quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;IV – houver cessado o motivo que auto-rizou a coação;V – não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza;VI – houver nulidade durante o processo ou ilegalidade na investigação;VII – extinta a punibilidadeArt. 664. O juiz ou o tribunal, dentro

dos limites da sua competência, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autorida-de coatora.

Parágrafo único. No exercício de sua competência, poderão, de ofício, expe-dir ordem de habeas corpus, quando, no curso de processo, verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

Seção II - Da competênciaArt. 665. Competirá conhecer do pedi-

do de habeas corpus:I – ao Supremo Tribunal Federal, nos ca-sos previstos nas alíneas d e i do inciso I do art. 102 da Constituição da Repúbli-ca Federativa do Brasil;II – ao Superior Tribunal de Justiça, nos casos previstos na alínea c do inciso I do art. 105 da Constituição da Repúbli-ca Federativa do Brasil;III – aos tribunais, sempre que os atos de violência ou coação ilegal forem atribuí-dos ao juiz das garantias, a turma recur-sal ou a autoridade sujeita à competên-cia originária destes tribunais;IV – às turmas recursais, sempre que os atos de violência ou coação ilegal pro-vierem do Juizado Especial Criminal.V – ao juiz das garantias, em relação aos atos eivados de ilegalidade realizados no curso da investigação, e ao juiz do processo, quando encerrada a jurisdi-ção daquele.Parágrafo único. A competência do juiz ou tribunal cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior hierarquia jurisdicional.

Seção III - Do procedimentoArt. 666. O habeas corpus poderá ser

impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem.

§ 1º A petição de habeas corpus conterá:I – o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exerce a violência, coação ou ameaça;II – a declaração da espécie de cons-trangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que se funda esse temor;III – a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber

ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências.§ 2º O habeas corpus poderá ser im-petrado por termo na secretaria do juízo competente, observando-se o disposto no § 1º deste artigo.§ 3º Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.§ 4º O juiz, o relator, ou o órgão julga-dor poderão conceder, de oficio, ordem de habeas corpus nos casos em alguém esteja sofrendo coação ilegal.Art. 667. Recebida a petição de habe-

as corpus, o juiz, não sendo o caso de concessão de cautela liminar e estando preso o paciente, manda-rá que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que de-signar, se entender imprescindível ao julgamento do processo.

Parágrafo único. Em caso de desobe-diência, o juiz providenciará a imediata soltura do paciente, encaminhando có-pias do ocorrido ao Ministério Público para a apuração da responsabilidade.Art. 668. Se o paciente estiver preso,

nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:

I – grave enfermidade do paciente;II – não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;III – se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal.§ 1º O detentor declarará por ordem de quem o paciente está preso.§ 2º O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença.Art. 669. A autoridade apontada como

coatora será notificada para prestar informações no prazo de 24 (vin-te e quatro) horas, após o que, no mesmo prazo, o juiz decidirá, fun-damentadamente.

§ 1º Se a decisão for favorável ao pa-ciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo deva ser man-tido na prisão.§ 2º Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a pres-tar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do pro-cesso judicial.§ 3º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violên-cia ou coação ilegal, dar-se-á ao pacien-te salvo-conduto assinado pelo juiz.§ 4º Será imediatamente enviada cópia da decisão à autoridade que tiver orde-nado a prisão ou que tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo.§ 5º Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o

alvará de soltura será expedido por meio eletrônico, por via postal ou por outro meio de que se dispuser.Art. 670. Se o habeas corpus for con-

cedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado.

Art. 671. Em caso de competência ori-ginária dos tribunais, a petição de habeas corpus será apresentada no protocolo para imediata distribuição.

Art. 672. Se a petição contiver os re-quisitos do art. 667, serão requisita-das as informações por escrito, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, se não for o caso de concessão li-minar da ordem. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o relator mandará preenchê-lo, logo que lhe for apresentada a petição.

Art. 673. O relator poderá conceder cautela liminar, total ou parcialmen-te, se entender que é manifesta a coação ou ameaça ilegal e que a demora na prestação jurisdicional poderá acarretar grave prejuízo aos direitos fundamentais, dispensando, inclusive, o pedido de informações à autoridade apontada como coatora.

Art. 674. Recebidas as informações, o Ministério Público terá vista dos au-tos por 5 (cinco) dias, a contar da data do recebimento dos autos pela sua secretaria, cabendo à secretaria do tribunal informar imediatamente o relator sobre o decurso do prazo.

§ 1º Decorrido o prazo, com ou sem manifestação, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.§ 2º Se o impetrante o requerer na im-petração, será intimado da data do jul-gamento.§ 3º A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presi-dente não tiver tomado parte na vota-ção, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.Art. 675. Se o juiz ou o tribunal verificar

que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.

Seção IV - Disposições finaisArt. 676. O secretário do tribunal lavra-

rá a ordem que, assinada pelo presi-dente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegra-ma, ao detentor, ao carcereiro ou à autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.

Art. 677. Os regimentos dos tribunais estabelecerão as normas comple-mentares para o processo e julga-mento do pedido de habeas corpus de sua competência originária.

Art. 678. A impetração e o processa-mento do habeas corpus indepen-dem de preparo e de pagamento de custas ou despesas.

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Art. 679. Ordenada a soltura do pa-ciente em virtude de habeas cor-pus, será responsabilizada penal, civil e administrativamente a auto-ridade que, por má-fé ou abuso de poder, tiver determinado a coação.

Parágrafo único. Nesse caso, será re-metida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade.Art. 680. O carcereiro ou o diretor da

prisão, o escrivão, o oficial de jus-tiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procras-tinar a expedição de ordem de ha-beas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do paciente ou a sua soltura serão multados em até 50 (cinquenta) salários mínimos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

Parágrafo único. Nesse caso, será re-metida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade dos servidores e das autoridades.

CAPÍTULO III - DO MANDADO DE SEGU-RANÇA

Art. 681. Cabe mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra ilegalidade ou abuso de poder de autoridade públi-ca, ou a ela equiparada, em sede de investigação ou processo penal.

Art. 682. Não é cabível mandado de segurança:

I – contra ato judicial objeto de recurso recebido no efeito suspensivo;II – contra decisão judicial transitada em julgado Art. 683. O juiz ou o relator poderá de-

ferir cautela liminar ou conceder a segurança sempre que a ilegalidade ou o abuso de poder estiverem em confronto com súmula ou jurispru-dência dominante do Supremo Tri-bunal Federal, Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal.

Parágrafo único. Caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, da decisão que negar a cautela liminar ou conceder a segurança.Art. 684. A parte deve impetrar o man-

dado de segurança no prazo deca-dencial de 120 (cento e vinte) dias, a contar da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Art. 685. A petição será instruída com os documentos necessários à com-provação da ilegalidade ou do abu-so de poder alegados.

Art. 686. O juiz ou o relator mandará notificar a autoridade coatora e, se necessário, requisitará informa-ções por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 687. Se os documentos necessá-rios à prova do alegado se encon-trarem em repartição ou estabele-cimento público, ou em poder de autoridade que se recuse a forne-cê-los por certidão, o relator poderá ordenar a sua exibição, no prazo de 10 (dez) dias. Se a autoridade que assim proceder for a coatora, a or-dem de exibição far-se-á no próprio instrumento de notificação.

Art. 688. O mandado de segurança será indeferido liminarmente quan-do for incabível ou quando faltar al-gum dos seus requisitos legais.

Art. 689. Nos tribunais, recebidas as informações, o Ministério Público terá vista dos autos por 5 (cinco) dias, a contar da data do recebi-mento dos autos pela sua secreta-ria, cabendo à secretaria do tribunal informar imediatamente o relator sobre o decurso do prazo.

§ 1º Decorrido o prazo, com ou sem manifestação, o mandado de segurança será julgado na primeira sessão, poden-do-se, entretanto, adiar o julgamento para a sessão seguinte.§ 2º Se o impetrante o requerer, desta-cadamente, na impetração, será intima-do da data do julgamento.§ 3º A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presi-dente não tiver tomado parte na vota-ção, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.Art. 690. Os regimentos internos dos

tribunais estabelecerão as normas complementares para o proces-samento e julgamento do pedido de mandado de segurança de sua competência originária.

Art. 691. A impetração e o processa-mento do mandado de segurança independem de preparo e de paga-mento de custas ou despesas.

LIVRO V - DA COOPERAÇÃO JURÍ-DICA INTERNACIONALTÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 692. Aplicar-se-á o disposto neste Livro às atividades de cooperação jurídica internacional em matéria penal, salvo quando de modo di-verso for estabelecido em tratados dos quais a República Federativa do Brasil seja parte, observada, ain-da, a legislação específica.

§ 1º Na ausência de tratado, o pedido de cooperação jurídica internacional poderá ser fundamentado em compro-misso de reciprocidade, atestado pela autoridade diplomática do Estado re-querente.§ 2º A autoridade central brasileira será designada por lei, tratado ou decre-to, cabendo ao Ministério da Justiça o

exercício dessa função, na ausência de designação específica.Art. 693. O pedido de cooperação ju-

rídica internacional será executado por meio de:

I – extradição;II – ação de homologação de sentença estrangeira;III – carta rogatória;IV – auxílio direto;V – transferência de pessoas condena-das;VI – transferência de processos penais.Art. 694. Em qualquer hipótese, o pe-

dido de cooperação jurídica inter-nacional dirigido ao Estado brasi-leiro será recusado se o seu objeto configurar manifesta ofensa à or-dem pública.

Art. 695. Consideram-se autênticos os documentos que instruem os pedidos de cooperação jurídica internacional, inclusive as traduções para a língua portuguesa, quando encaminhados ao Estado brasileiro por meio de au-toridades centrais ou pelas vias diplo-máticas, dispensando-se ajuramen-tações, autenticações ou quaisquer procedimentos de legalização.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não impede, quando ne-cessária, a aplicação pelo Estado bra-sileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.Art. 696. O pedido de cooperação ju-

rídica internacional expedido pelo Estado brasileiro, assim como os documentos que os instruírem, de-verão estar acompanhados de tra-dução para língua oficial do Estado requerido, respeitando-se ainda as formalidades exigidas pela legisla-ção deste.

Art. 697. Admite-se a concessão de tu-tela de urgência nos procedimentos de cooperação jurídica internacional, inclusive sem audiência dos sujeitos ou interessados, quando a prévia ci-ência do ato a ser praticado puder inviabilizar o cumprimento deste.

Art. 698. É admitida a prestação de co-operação jurídica internacional para auxiliar atividades investigativas ou persecutórias levadas a efeito por tribunais internacionais, na forma da legislação ou tratado específico.

TÍTULO II - DA EXTRADIÇÃOCAPÍTULO I - DA EXTRADIÇÃO PASSIVA

Art. 699. A extradição poderá ser con-cedida se formalmente requerida por Estado estrangeiro para fins instrutórios ou executórios, quando o pedido fundamentar-se em trata-do ou em compromisso de recipro-cidade.

Art. 700. A extradição será requerida diretamente ao Ministério da Justi-

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ça ou por via diplomática, devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão da senten-ça condenatória ou da decisão pe-nal proferida por juiz ou autoridade competente.

Art. 701. O pedido, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos em le-gislação especifica ou em tratado, será encaminhado ao Supremo Tri-bunal Federal.

Art. 702. O Estado interessado na ex-tradição poderá, em caso de urgên-cia e antes da formalização do pedi-do de extradição, ou conjuntamente com esse, requerer ao Ministério da Justiça a prisão cautelar do extra-ditando, que encaminhará o pedido ao Supremo Tribunal Federal.

Art. 703. Se o extraditando, assistido por advogado e advertido de que tem direito ao processo judicial de extradição, consentir em sua entre-ga imediata ao Estado requerente, o pedido, após vista ao Procurador--Geral da República pelo prazo de 5 (cinco) dias, será decidido singular-mente pelo relator.

CAPÍTULO II - DA EXTRADIÇÃO ATIVA

Art. 704. Caberá pedido de extradição ativa para fins instrutórios ou exe-cutórios de ação penal, quando a lei brasileira impuser ao crime pena privativa de liberdade igual ou su-perior a 2 (dois) anos ou, em caso de extradição para execução, a duração da pena ainda por cumprir seja superior a 1 (um) ano.

Parágrafo único. Não será cabível pedi-do de extradição ativa por crime políti-co, de opinião ou estritamente militar.Art. 705. O juiz ou tribunal encaminha-

rá ao Ministério da Justiça o pedido de extradição, acompanhado da sentença ou decisão e dos demais elementos necessários para sua formalização perante o Estado re-querido, inclusive a tradução.

Parágrafo único. Em caso de urgência poderá ser formulado pedido de prisão cautelar.Art. 706. O pedido de extradição será

transmitido pelo Ministério da Justiça à autoridade estrangeira competente, diretamente ou por via diplomática.

TÍTULO III - DA HOMOLOGAÇÃO DE SENTEN-ÇA ESTRANGEIRA

Art. 707. A sentença penal condena-tória estrangeira deverá ser previa-mente homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para produção no território nacional dos efeitos penais previstos no art. 9º do Có-digo Penal.

§ 1º A homologação de sentença es-

trangeira terá efeito somente para obri-gar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros fins civis, assim como para sujeitá-lo a medida de segu-rança.§ 2º Também estão sujeitos a procedi-mento de homologação de sentença es-trangeira os atos judiciais e não judiciais que, pela lei brasileira, por seus conteú-dos ou objetos, teriam natureza de sen-tença penal condenatória.§ 3º As decisões estrangeiras poderão ser homologadas parcialmente.Art. 708. Constituem requisitos indis-

pensáveis à homologação de sen-tença estrangeira:

I – ter sido proferida por autoridade competente;II – ter sido o réu citado ou exercido o direito de defesa;III – ser exequível no lugar em que foi proferida.Parágrafo único. Será exigida a auten-ticação consular da decisão a ser ho-mologada se o pedido não tramitar por autoridades centrais ou pelas vias diplo-máticas.Art. 709. O interessado será notificado

para apresentar defesa no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. A defesa somente po-derá referir-se à autenticidade dos docu-mentos, à inteligência da sentença ou à falta dos requisitos previstos neste Livro.Art. 710. Homologada a sentença, a

respectiva carta de sentença será remetida ao juízo federal compe-tente para execução.

Art. 711. O particular interessado na execução de sentença penal estran-geira poderá requerer a homologa-ção desta diretamente ao Superior Tribunal de Justiça, caso em que a decisão deverá apresentar autenti-cação consular e ser traduzida por tradutor juramentado no Brasil.

TÍTULO IV - DAS CARTAS ROGATÓRIAS E DO AUXÍLIO DIRETOCAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 712. As cartas rogatórias e os pe-didos de auxílio direto tramitarão por meio de autoridades centrais ou por via diplomática, conforme pre-visto em tratado internacional, lei ou decreto, nessa ordem.

Art. 713. As seguintes diligências se-rão cumpridas exclusivamente por meio de carta rogatória:

I – quebra de sigilo fiscal, bancário ou telefônico;II – produção e coleta de provas;III – medidas cautelares e de urgência;IV – medidas constritivas;V – outras decisões de cunho interlocu-tório cujo cumprimento seja indispensá-vel à tramitação ou à efetividade de pro-cedimento penal em curso em jurisdição estrangeira.

Parágrafo único. A notificação de atos processuais ou outras medidas que não exijam medida jurisdicional e não caracte-rizem as hipóteses previstas nos incisos deste artigo poderão ser realizadas por meio do auxílio direto.Art. 714. Não serão cobrados os custos

das diligências necessárias ao cum-primento de carta rogatória e de pedi-dos de auxílio direto, com exceção de honorários periciais, custos de trans-porte de pessoas do território de um Estado para o outro e despesas que, em conformidade com a legislação interna do Estado requerido, devam ser custeadas pela parte interessada.

Art. 715. Os atos praticados internamen-te para cumprimento de carta rogató-ria e pedidos de auxílio direto serão regidos pela legislação brasileira, observados o devido processo legal, bem como o contraditório e a ampla defesa.

Parágrafo único. Admite-se o cumprimen-to da carta rogatória e pedidos de auxílio direto de acordo com as formas e procedi-mentos especiais indicados pela autorida-de rogante, salvo se incompatíveis com a legislação brasileira.Art. 716. A utilização da prova obtida por

meio de carta rogatória e de pedido de auxílio direito solicitados pelo Esta-do brasileiro observará as condições ou limitações impostas pelo Estado estrangeiro que cumpriu o pedido.

CAPÍTULO II - DO PROCEDIMENTO DAS CARTAS ROGATÓRIAS

Art. 717. Entende-se por carta rogatória o pedido de cooperação entre mem-bros do Poder Judiciário de Estados diversos, para a prática de atos de natureza jurisdicional pelo Estado requerido, encaminhado por provo-cação das partes ou por membro do Poder Judiciário do Estado requeren-te, em incidente processual próprio.

Art. 718. O pedido de cooperação deve-rá ser processado como carta roga-tória pelo Estado brasileiro sempre que o seu objeto consistir na adoção de medidas de natureza jurisdicional nos termos da legislação brasileira, independentemente da denominação adotada pelo Estado estrangeiro.

Art. 719. A carta rogatória será utilizada quando houver tratado ou promessa de reciprocidade entre os Estados en-volvidos na cooperação.

§1º – quando fundar-se em tratado, a elaboração do pedido deverá observar os requisitos formais previstos no tratado e o encaminhamento será pela autoridade central§2º – quando fundar-se em promessa de reciprocidade, a elaboração do pedido deverá observar os requisitos previstos na legislação do Estado requerido e o proces-samento se dará pela via diplomática.

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Art. 720. As cartas rogatórias dirigidas ao Estado brasileiro, com fundamen-to em promessa de reciprocidade, deverão obedecer aos seguintes re-quisitos formais:

I - Indicação dos Juízos rogante e rogado;II - Endereço do Juízo rogante;III - Descrição detalhada da medida soli-citada;IV - Finalidade a ser alcançada com a me-dida solicitada;Art. 721. As cartas rogatórias dirigidas ao

Estado brasileiro, com fundamento em promessa de reciprocidade, deve-rão vir acompanhadas dos seguintes documentos:

I - Peça informativa contendo descrição dos fatos investigados e atual estágio das investigações, denúncia ou queixa;II - Documentos instrutórios;III - Decisão proferida por autoridade es-trangeira competente requerendo a ado-ção da medida ao Estado brasileiro;IV - Despacho judicial autorizando a expe-dição da carta rogatória;V - Original da tradução oficial ou juramen-tada da carta rogatória e dos documentos que os acompanham;VI - Duas cópias dos originais da carta rogatória, da tradução e dos documentos que os acompanham; eVII - Outros documentos ou peças proces-suais considerados indispensáveis pelo ju-ízo rogante, conforme a natureza da ação.Art. 722. As cartas rogatórias oriun-

das do Poder Judiciário brasileiro e fundadas em tratado internacional serão remetidas pelo Juízo rogante à autoridade central, que solicitará seu cumprimento às autoridades estrangeiras competentes.

Art. 723. As cartas rogatórias encaminha-das ao Estado brasileiro por autorida-des estrangeiras deverão ser remeti-das ao Superior Tribunal de Justiça para a concessão do exequatur, por decisão monocrática de seu Presi-dente, após o que serão cumpridas pelo juiz federal criminal competente.

Parágrafo único: O juiz federal compe-tente é aquele do lugar onde deverá ser executada a medida solicitada no pedi-do de cooperação. Art. 724. Não será concedido o exe-

quatur à carta rogatória que ofender à ordem pública.

Parágrafo único. O Estado brasileiro pode-rá negar a cooperação, por ofensa à ordem pública, se existirem sérias razões que in-diquem que o procedimento penal contra a pessoa processada não respeita as garan-tias estipuladas nos instrumentos interna-cionais de proteção aos direitos humanos.Art. 725. Recebida a carta rogatória

no Superior Tribunal de Justiça, a parte afetada pela cooperação será intimada para, no prazo de quinze dias, impugnar o pedido de conces-são de exequatur.

§ 1º A medida solicitada por carta rogató-

ria poderá ser realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação prévia puder resultar na ineficiência da coope-ração internacional. Neste caso, após a efetivação da medida, o afetado poderá impugná-la, no prazo de quinze dias, pe-rante o Superior Tribunal de Justiça. § 2º No processo de concessão do exe-quatur, a defesa somente poderá versar sobre a autenticidade dos documentos, a inteligência da decisão e violação à or-dem pública. Art. 726. Se a parte requerida não for

localizada, for revel ou incapaz, dar--se-lhe-á curador especial.

Art. 727. A Procuradoria Geral da Re-pública terá vista dos autos nas cartas rogatórias pelo prazo de dez dias, podendo impugnar o pedido de concessão do exequatur.

Art. 728. Havendo impugnação do pe-dido de concessão de exequatur, o Presidente poderá determinar a distribuição dos autos do processo para julgamento pela Corte Espe-cial do Superior Tribunal de Justiça.

Art. 729. Das decisões do Presidente ou do relator na concessão de exe-quatur da carta rogatória, caberá agravo, no prazo de cinco dias.

Art. 730. Após a concessão do exe-quatur, a carta rogatória será reme-tida ao Juízo Federal competente para o cumprimento.

Art. 731. Cumprido o pedido, a carta rogatória será restituída ao Superior Tribunal de Justiça que, antes de devolvê-la, intimará as partes para, no prazo de cinco dias, apresenta-rem impugnação, que poderá versar sobre qualquer ato referente ao cum-primento da carta rogatória, com ex-ceção da concessão do exequatur.

Parágrafo único: Da decisão que julgar a impugnação caberá agravo para a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça.Art. 732. Cumprida a carta rogatória

ou, verificada a impossibilidade de seu cumprimento, será devolvida ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça no prazo de dez dias, e ele a remeterá, em igual prazo, por meio da autoridade central brasileira ou Ministério das Relações Exteriores, à autoridade estrangeira de origem.

CAPÍTULO III - DO PROCEDIMENTO DO AUXÍLIO DIRETO

Art. 733. Entende-se por auxílio direto:I – o procedimento destinado à coope-ração entre órgãos administrativos de Estados diversos, para a prática de atos ou diligências que atendam o Estado re-querente;II – a cooperação entre órgãos adminis-trativos e tribunais, ou entre tribunais, de Estados diversos, que tenham por fina-lidade a prática de atos ou diligências que não tenham natureza jurisdicional,

segundo as leis do Estado requerido.Art. 734. O pedido de auxílio direto de-

penderá da existência de tratado ou promessa de reciprocidade.

Art. 735. Se o pedido de auxílio direto tiver por fundamento tratado, seu en-caminhamento será feito por meio de autoridade central e a elaboração do pedido deverá observar os requisitos formais previstos no tratado.

Art. 736. Se o pedido de auxílio direto tiver por fundamento promessa de reciprocidade, seu processamen-to se dará igualmente por meio de autoridade central, no entanto, sua elaboração deverá observar os re-quisitos previstos na legislação do Estado requerido.

§ 1º Os pedidos de auxílio direto dirigidos ao Estado brasileiro, com fundamento em promessa de reciprocidade, deverão obe-decer aos seguintes requisitos formais:I – promessa de reciprocidade emanada de autoridade estrangeira competente; II – indicação da autoridade requerente; III – indicação das Autoridades Centrais dos Estados requerente e requerido; IV – sumário contendo número(s) e síntese(s) do(s) procedimento(s) ou processo(s) no Estado requerente que ser-vem de base ao pedido de cooperação; V – qualificação completa e precisa das pessoas às quais o pedido se refere (nome, sobrenome, nacionalidade, lugar de nasci-mento, endereço, data de nascimento, e, sempre que possível, nome da genitora, profissão e número do passaporte); VI – narrativa clara, objetiva, concisa e completa, no próprio texto do pedido de cooperação jurídica internacional, dos fatos que lhe deram origem, incluindo indicação: a) do lugar e da data; b) do nexo de causalidade entre o pro-

cedimento em curso, os envolvidos e as medidas solicitadas no pedido de auxílio; e

c) da documentação anexada ao pedi-do.

VII. referência e transcrição integral dos dispositivos legais aplicáveis, destacan-do-se, em matéria criminal, os tipos pe-nais; VIII. descrição detalhada do auxílio soli-citado, indicando:a) nos casos de notificação, citação

ou intimação, a qualificação com-pleta da pessoa a ser notificada, citada ou intimada, e seu respectivo endereço;

b) nos casos de interrogatório e inqui-rição, o rol de quesitos a serem for-mulados.

IX – descrição do objetivo do pedido de cooperação jurídica internacional; X – qualquer outra informação que pos-sa ser útil à autoridade requerida, para os efeitos de facilitar o cumprimento do pedido de cooperação jurídica interna-cional;

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XI – outras informações solicitadas pelo Estado requerido; e XII – assinatura da autoridade requeren-te, local e data.Art. 737. As seguintes diligências po-

derão ser cumpridas por meio do procedimento de auxílio direto:

I – informação sobre direito estrangeiro;II – informação sobre procedimento ad-ministrativo ou processo judicial em cur-so no Estado requerido, salvo no caso de sigilo; III – investigação conjunta entre autori-dades policiais e órgãos de persecução penal, salvo se a medida reclamar juris-dição do Estado requerido;IV – realização de provas;V – quaisquer outras medidas que não exijam autorização judicial para serem executadas.Parágrafo único: Na hipótese do inciso III, caso o procedimento administrativo ou processo judicial sejam sigilosos, a trami-tação do pedido deverá ser feita mediante carta rogatória. Neste caso, os autos de-verão ser remetidos ao Superior Tribunal de Justiça, a fim de que seja concedido o exequatur, observando-se o procedimen-to previsto nos art. 725 e seguintes. Art. 738. Independentemente do nome

que o Estado estrangeiro der ao instrumento de cooperação, deverá ele ser processado pelo Estado bra-sileiro como auxílio direto, sempre que o seu objeto consistir na ado-ção de medidas que não tenham natureza jurisdicional, segundo o ordenamento jurídico brasileiro.

Art. 739. Não será cumprido pedido de auxílio direto que ofender à ordem pública.

Parágrafo único: O Estado brasileiro poderá negar a cooperação, por ofensa à ordem pública, se existirem sérias ra-zões para acreditar que o procedimento penal contra a pessoa processada não respeita as garantias estipuladas nos instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos.Art. 740. Os pedidos de cooperação

que forem processados como au-xílio direto, serão recebidos pela autoridade central brasileira, a quem incumbirá analisar se eles preenchem os requisitos previstos no tratado internacional ou, na sua ausência, os requisitos previstos no art. 748 deste Código.

Parágrafo único: Diante do não preen-chimento dos requisitos formais, a au-toridade central devolverá o pedido de cooperação para o Estado estrangeiro realizar os ajustes necessários. Art. 741. Preenchidos os requisitos for-

mais, o pedido de auxílio direto será encaminhado à autoridade compe-tente que, antes de cumprir a solici-tação, intimará a parte afetada para, no prazo de dez dias, impugnar o cumprimento da medida, salvo se

a intimação prévia segundo as dis-posições do tratado internacional, bem como do ordenamento jurídico brasileiro.

Parágrafo único: A medida solicitada poderá ser realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação prévia puder resultar na ineficiência da coope-ração internacional. Neste caso, após a efetivação da medida, o afetado poderá impugná-la, nos termos do caput. Art. 742. Se a parte requerida não for

localizada, for revel ou incapaz, dar--se-lhe-á curador especial.

Art. 743. Se a autoridade competen-te for Juiz Federal, da sua decisão caberá recurso de apelação ao res-pectivo Tribunal Regional Federal.

Art. 744. Se a autoridade competen-te for órgão administrativo, da sua decisão caberá impugnação ao Juiz Federal da Subseção Judiciária onde aquela estiver lotada.

Art. 745. A decisão da autoridade com-petente, seja ela administrativa ou judicial, deverá ser fundamentada, nos termos do que dispõe o §1º do art. 489, da Lei n. 13.105/16 (novo Código de Processo Civil).

Art. 746. Cumprido o pedido de auxílio direto e, esgotadas as possibilida-des de revisão, deverá ser enca-minhado para a autoridade central brasileira, a fim de que seja devol-vido à autoridade central do Estado requerente.

TÍTULO V - DA TRANSFERÊNCIA DE PESSOA CONDENADA

Art. 747. Admite-se a transferência de pessoa condenada no território de um Estado estrangeiro para o terri-tório nacional, para aqui cumprir ou continuar a cumprir uma condena-ção que lhe foi imposta por senten-ça transitada em julgado.

§ 1º O recebimento e a custódia da pessoa transferida cabem à autoridade judiciária da circunscrição mais próxima da residência da pessoa condenada ou de sua família.§ 2º O Brasil respeitará a natureza e a duração da pena como determinado pelo Estado remetente, observadas as limitações e condições estabelecidas pela lei brasileira, conforme acordado com o Estado remetente.Art. 748. Cabe à autoridade judiciária

brasileira autorizar, mediante so-licitação de Estado estrangeiro, a transferência de pessoa condenada no Brasil, por sentença penal conde-natória transitada em julgado, para cumprir ou continuar a cumprir pena no território do Estado requerente.

Art. 749. A transferência de pessoa condenada deverá observar o re-quisito da dupla incriminação e os termos das condições e limitações

previstas no tratado.Art. 750. A pessoa transferida não

poderá ser detida, processada ou condenada novamente pelos mes-mos fatos que fundamentaram a condenação penal que motivou sua transferência.

TÍTULO VI - DA TRANSFERÊNCIA DE PROCES-SO PENAL

Art. 751. A autoridade judiciária bra-sileira poderá autorizar, em atendi-mento a pedido do Ministério Públi-co, do imputado ou do condenado, a transferência de processo para Estado estrangeiro, que será feita por intermédio da autoridade cen-tral.

Art. 752. Ao receber os autos de inqué-rito policial ou de processo penal remetidos por autoridade estran-geira, a autoridade judicial brasileira adotará os procedimentos cabíveis mediante o aproveitamento dos atos praticados no exterior, des-de que realizados com respeito ao contraditório e à ampla defesa.

Art. 753. Os pedidos de transferência de processos penais tramitarão via autoridade central, sem prejuízo da via diplomática.

LIVRO VI - DISPOSIÇÕES TRANSI-TÓRIAS E FINAIS Art. 754. O Decreto-Lei nº 2.848, de

7 de dezembro de 1948 – Código Penal, passa a vigorar com as se-guintes modificações e acréscimos:

‘Art. 91. .....................................II – a perda em favor da União, de Estado ou do Distrito Fede-ral, a depender da autoridade judiciária que tenha proferido a sentença condenatória, ressal-vado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:......................................... ‘ (NR)

‘Art. 97. .....................................§ 1º A internação, ou trata-mento ambulatorial, perdurará enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a re-cuperação do inimputável, não podendo, entretanto, superar o tempo previsto para a pena má-xima cominada...........................................’ (NR)

‘Ação públicaArt. 100. A ação penal é pública e será promovida privativamen-te pelo Ministério Público, de-pendendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido...........................................’ (NR)

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‘Decadência do direito de re-presentaçãoArt. 103. Salvo disposição ex-pressa em contrário, o ofendido decai do direito de representa-ção se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, conta-do do dia em que veio a saber quem é o autor do crime.§ 1º No caso do § 3º do art. 100 deste Código, o ofendido de-cai do direito de queixa se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que se esgota o prazo para ofe-recimento da denúncia.’ (NR)‘Art. 145. Nos crimes previs-tos neste Capítulo, somente se procede mediante representa-ção da vítima, salvo quando, no caso do art. 148, § 2º, da vio-lência resultar lesão corporal de natureza grave.’ (NR)‘Art. 151. ...................................Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.§ 1º ...........................................Violação de comunicação tele-gráfica ou radioelétricaII – quem indevidamente divul-ga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação te-legráfica ou radioelétrica dirigi-da a terceiro;III – quem impede a comunica-ção ou a conversação referidas no inciso II deste parágrafo;...................................................§ 3º Se o agente comete o cri-me, com abuso de função em serviço postal, telegráfico ou radioelétrico:..........................................’ (NR)

Art. 151-A. Violar o sigilo de comunicação telefônica, de in-formática ou telemática, sem autorização judicial ou com ob-jetivos não autorizados em lei:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem viola o segredo de justi-ça decorrente do procedimento judicial relativo à interceptação das comunicações de que trata o caput deste artigo.§ 2º A pena é aumentada de um terço até metade se o cri-me previsto no caput ou no § 1º deste artigo é praticado por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 151-B. Fazer afirmação fal-sa com o fim de induzir a erro a autoridade judicial no proce-dimento de interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

Art. 151-C. Oferecer serviço pri-vado de interceptação telefôni-ca ou telemática:Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 151-D. Utilizar conteúdo de interceptação telefônica ou telemática com o fim de obter vantagem indevida, constran-ger ou ameaçar alguém:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

‘Art. 161. ...................................§ 3º Se a propriedade é par-ticular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante representação da ví-tima.’ (NR)

‘Art. 167. Nos casos do caput do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo único e do art. 164, somente se procede mediante representação da vítima.’ (NR)

‘Art. 179. ...................................Pena – .......................................Parágrafo único. Somente se procede mediante representa-ção da vítima.’(NR)

‘Art. 182. Somente se procede mediante representação da ví-tima, se o crime previsto neste título atingir exclusivamente o patrimônio do particular e des-de que praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa.’(NR)

‘Art. 186. ...................................I – representação da vítima, nos crimes previstos no caput do art. 184;.............................’ (NR)

‘Art. 236. ...................................Pena – .......................................Parágrafo único. A ação penal depende de representação do contraente enganado e não pode ser intentada senão de-pois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.’ (NR)

‘Art. 345. ...................................Pena – .......................................Parágrafo único. Se não há em-prego de violência, somente se procede mediante representa-ção da vítima.’ (NR)

Art. 755. Os arts. 242 e 350 do Decre-

to-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo Penal Militar), passam a vigorar com a se-guinte redação:

‘Art. 242. Quando, pelas cir-cunstâncias de fato ou pelas condições pessoais do agente, se constatar o risco à integri-dade física do preso provisório, será ele recolhido em quartéis ou em outro local distinto do estabelecimento prisional.Parágrafo único. Observadas as mesmas condições, o preso não será transportado junta-mente com outros.’ (NR)

‘Art. 350. ...................................a) O Presidente e o Vice-Presi-dente da República, os Ministros de Estado, os membros do Con-gresso Nacional, os Comandan-tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os respectivos Secretários de Esta-do, os Prefeitos, os Deputados Estaduais e Distritais, os membros do Poder Judiciário, os membros do Ministério Público e os mem-bros dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distri-to Federal e dos Municípios, os quais serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz;...............’ (NR)

Art. 756. A ementa e o art. 1° da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:

‘Dispõe sobre os Juizados Es-peciais Cíveis e dá outras provi-dências.’ (NR) ‘Art. 1° Os Juizados Especiais Cíveis, órgãos da Justiça Ordi-nária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territó-rios, e pelos Estados, para con-ciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência’. (NR).

Art. 757. A Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, passa a vigorar com as seguin-tes modificações e acréscimos:

‘Art. 199. Nos crimes previstos neste Título, somente se procede mediante representação da víti-ma, salvo quanto ao crime do art. 191, em que a ação penal será pública incondicionada.’ (NR)‘CAPÍTULO VIIIDisposições aplicáveis ao crime de violação de direito autoralArt. 210-A. Nos casos das infra-ções previstas nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do Código Penal, ain-da que não tenham conexão com os crimes previstos nesta Lei, a autoridade policial procederá à

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apreensão dos bens ilicitamen-te produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito.Art. 210-B. Na ocasião da apreen-são será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais testemu-nhas, com a descrição de todos os bens apreendidos e informa-ções sobre suas origens, o qual deverá integrar o inquérito policial ou o processo.Art. 210-C. Subsequentemente à apreensão, será realizada, por pe-rito oficial ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apre-endidos e elaborado o laudo que deverá integrar o inquérito policial ou o processo.Parágrafo único. Em caso de apreensão de grande volume de materiais idênticos ou assemelha-dos, a perícia poderá ser realizada por amostragem, devendo ficar consignados os critérios de sele-ção, bem como a quantidade e as características gerais de todos os bens apreendidos.Art. 210-D. Os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos serão os fiéis depositários de to-dos os bens apreendidos, deven-do colocá-los à disposição do juiz quando do ajuizamento da ação.Art. 210-E. Ressalvada a possi-bilidade de se preservar o corpo de delito, o juiz poderá determi-nar, a requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do ilícito.Art. 210-F. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou repro-duzidos e o perdimento dos equi-pamentos apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistên-cia social, bem como incorporá--los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, sendo vedado aos referidos en-tes ou instituições retorná-los aos canais de comércio.Art. 210-G. As associações de

titulares de direitos de autor e os que lhes são conexos pode-rão, em seu próprio nome, fun-cionar como assistente da acu-sação nos crimes previstos no art. 184 do Código Penal, quan-do praticado em detrimento de qualquer de seus associados.´

Art. 758. O art. 12 da Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, passa a vi-gorar com a seguinte redação:

‘Art. 12. .....................................§ 3º Nos crimes previstos nes-te artigo, somente se procede mediante representação da ví-tima, salvo:..........................................´ (NR)

Art. 759. O parágrafo único do art. 61 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, passa a vigorar com a se-guinte redação:

“Art. 61. .....................................Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, em-barcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trân-sito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de regis-tro e licenciamento, em favor da instituição à qual tenha deferido o uso, ficando esta livre do pa-gamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que de-cretar o seu perdimento em favor da União, de Estado ou do Distri-to Federal.” (NR)

Art. 760. O impedimento previsto no art. 16 não se aplicará aos proces-sos em andamento no início da vi-gência deste Código

§ 1º Lei de organização judiciária deve-rá disciplinar, em até 5 anos a contar da vigência deste Código, sobre a criação de cargos ou formas de substituição para o funcionamento das varas em que funcionarão os juízes de garantias. § 2º Enquanto a lei de organização judici-ária não disciplinar a matéria disposta no §1º, em comarcas ou seções judiciárias onde houver apenas 1 (um) juiz criminal, as atividades inerentes ao juiz de garantias serão exercidas pela autoridade judiciária que não detiver competência criminal. § 3º Se, malgrado inexistir ainda a regu-lamentação da matéria por força de lei de organização judiciária e em determinada comarca ou seção judiciária um único juiz cumular todas as atividades jurisdicionais, as atividades de juiz de garantias serão desenvolvidas pelo juiz criminal da comar-ca ou seção judiciária mais próxima até que se dê o cumprimento ao disposto no §1º deste artigo. § 4º - Se o acúmulo de atividades jurisdi-cionais previstas no § 3º acarretar violação ao disposto no art. 5º, LXXVIII, da Cons-tituição Federal, a ser comprovado empi-ricamente por cada tribunal, a respectiva

lei de organização judiciária poderá, obe-decido o limite previsto no § 1º deste arti-go, estabelecer sistema de rodízio entre as respectivas autoridades judiciárias das co-marcas ou seções judiciárias contíguas, vi-sando equilibrar as distribuições de feitos.Art. 761. A primeira contagem dos pra-

zos previstos no art. 567 será feita a partir da data de entrada em vigor deste Código, observando-se, con-tudo, o limite máximo fixado no § 3º do art. 567.

Art. 762. O prazo para o primeiro ree-xame obrigatório das prisões pre-ventivas decretadas sob a égide do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outu-bro de 1941, será contado a partir da entrada em vigor deste Código, não obstante o disposto no pará-grafo único do art. 568.

Art. 763. As ações penais privativas da vítima ajuizadas antes da vigência deste Código terão curso normal na forma da legislação anterior.

Parágrafo único. Nos casos em que este Código passa a exigir representação para a propositura da ação penal pública, a vítima ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de decadência.Art. 764. São os tribunais de todos os

graus de jurisdição proibidos de criar novos recursos em seus res-pectivos regimentos internos.

Art. 765. As novas regras de compe-tência previstas no Título VI do Livro I deste Código não serão aplicadas aos processos em andamento no início da vigência deste Código, ainda que a instrução não tenha sido iniciada.

Art. 766. Revogam-se o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal); os arts. 100, §§ 1º, 2º e 4º, 104, 105, 106, 107, V, 145, parágrafo único, do De-creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezem-bro de 1948 (Código Penal); a Lei nº 2.860, de 31 de agosto de 1956; a Lei nº 3.988, de 24 de novembro de 1961; a Lei nº 5.606, de 9 de se-tembro de 1970; o art. 19, III, da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; a Lei nº 7.172, de 14 de dezembro de 1983; a Lei nº 7.960, de 21 de de-zembro de 1989; os arts. 30 a 32 da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990; o art. 135 da Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990; o art. 48, V, da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993; o art. 7º, V, da Lei nº 8.906, de 4 de ju-lho de 1994; o art. 8º da Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; os arts. 60 a 92 da Lei nº 9.099, de 26 de setem-bro de 1995; a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996; e a Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009.

Art. 767. Este Código entra em vigor 6 (seis) meses após a data de sua publicação.

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