reflexos das doses de adubaÇÃo nitrogenada e sistemas de sucessÃo nos caracteres ligados À...

85
UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE AGRONOMIA REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR LEANDRO RITTEL

Upload: leandrorittel

Post on 19-Jan-2016

11 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Trabalho de Conclusão de Curso de Agronomia - Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

TRANSCRIPT

Page 1: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE AGRONOMIA

REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E

SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À

PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

LEANDRO RITTEL

Ijuí - RS

Julho - 2011

Page 2: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

1

LEANDRO RITTEL

REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E

SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À

PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

Trabalho de Conclusão de Curso de

Agronomia - Departamento de Estudos Agrários da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio

Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para a

obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. José Antônio Gonzalez da Silva

Ijuí - RS

Page 3: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

2

Julho - 2011

TERMO DE APROVAÇÃO

LEANDRO RITTEL

REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E

SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À

PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia - Departamento de

Estudos Agrários - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do

Sul, aprovado pela banca abaixo subscrita.

Ijuí – RS, julho de 2011.

_______________________________________

Prof. Dr. José Antônio Gonzalez da Silva

DEAg/UNIJUÍ – Orientador

_______________________________________

Msc. Felipe Zambonatto

Page 4: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

3

Engenheiro Agrônomo

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Leomar Rittel e Noemi Pereira

da Silva Rittel que sempre me apoiaram fazendo o

possível e o impossível para que este sonho se

tornasse realidade.

Dedico a todos que de uma forma ou de outra

contribuíram para a realização deste trabalho,

especialmente meus colegas e amigos.

Page 5: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por estar sempre guiando meus passos, me dando

forças para vencer todas as dificuldades da vida.

À Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

(UNIJUI), pelo comprometimento com a pesquisa e com o desenvolvimento regional.

Ao Departamento de Estudos Agrários, professores e funcionários, pelo

apoio e disponibilidade, que se fizeram úteis e indispensáveis ao desenvolvimento

das atividades realizadas durante o curso.

Ao professor Dr. José Antônio Gonzalez da Silva, pela paciência, coerência,

clareza e dedicação em seus ensinamentos sempre disposto a atender minhas

necessidades e dúvidas e por me orientar neste trabalho de conclusão de curso.

Aos demais professores que participaram do processo de minha formação

acadêmica.

Aos colegas bolsistas e estagiários do Grupo de Pesquisa de Sistemas

Técnicos de Produção Animal e Vegetal do Curso de Agronomia, pelo incansável

trabalho deste a implantação até a conclusão do experimento.

Aos funcionários do Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR),

Adair e Cezar e todos aqueles que não mediram esforços na execução e condução

dos trabalhos e pelos momentos de apoio, diversão e descontração.

Aos meus pais, por terem me proporcionado cursar um ensino de nível

superior e por terem acreditado que seu filho alcançaria seus objetivos.

E a todos os meus colegas e amigos tanto da Agronomia, quanto de outros

cursos, que de uma forma ou de outra me ajudaram no decorrer da faculdade.

Page 6: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

5

REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE

SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE

CLASSE PÃO E MELHORADOR

LEANDRO RITTEL

Orientador: Prof. Dr. José Antônio Gonzalez da Silva

RESUMO

O trigo (Triticum aestivum L.) é uma cultura amplamente difundida no mundo pelos inúmeros derivados obtidos pela sua industrialização que vão desde a farinha para fabricação de pães, massas, biscoitos, do farelo usado na alimentação animal como complemento vitamínico até o gérmen utilizado na indústria farmacêutica, produção de óleos e dietéticos. Atualmente, as diferentes cultivares lançadas no mercado evidenciam comportamentos distintos de expressão dos componentes de produção, aliado as formas de fornecimento de nitrogênio e sistemas de cultivo que disponibilizam maior ou menor quantidade de nutrientes pela taxa de decomposição. O presente trabalho teve por objetivo determinar os efeitos proporcionados pelas doses de nitrogênio e tipo de precedente cultural em caracteres ligados à produção e qualidade de grãos em trigos da classe pão e melhorador em dois sistemas de cultivo (soja/trigo; milho/trigo). O experimento foi conduzido no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR), pertencente ao Departamento de Estudos Agrários (DEAg) da UNIJUÍ, localizado no município de Augusto Pestana (RS), no ano de 2010. O experimento foi delineado em blocos casualizados com quatro repetições em cada sistema de cultivo, seguindo um modelo fatorial triplo 2x6x2 sendo duas cultivares de trigo (Guamirim (Pão); Cristalino (Melhorador)), seis doses de aplicação da adubação nitrogenada e dois ambientes de cultivo, com milho e soja como cultura precedente. A adubação nitrogenada foi aplicada de acordo com o precedente cultural. No ambiente milho foram aplicadas as seguintes doses: testemunha (zero), 40, 80, 120, 160, 200 kg N ha-1, e no ambiente soja foram utilizadas as doses: testemunha (zero), 30, 60, 90, 120, 150 kg N ha-1. A cultivar Fundacep Cristalino, da classe comercial melhorador, teve rendimentos superiores à cultivar BRS Guamirim independentemente das doses de nitrogênio empregadas e dos distintos ambientes de cultivo. O ambiente de cultivo soja proporcionou uma maior herdabilidade de expressão dos caracteres de interesse agronômico conferindo maior estabilidade de produção. A massa média de grãos é o caráter que mais influencia no rendimento final de grãos em trigo. A máxima eficiência técnica foi obtida com a aplicação de 114 e 78 kg ha-1 de nitrogênio, sendo a máxima eficiência econômica alcançada com 78 e 59 kg ha-1 nos ambientes de milho e soja, respectivamente.

Palavras Chave: Trigo; adubação nitrogenada; ambientes de cultivo; doses de nitrogênio.

Page 7: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

6

REFLECTIONS OF NITROGEN DOSIS AND SUCCESSION SYSTEMS RELATED TO PRODUCTION CHARACTERS IN CLASSES OF WHEAT BREAD AND

WHEAT IMPROVER

LEANDRO RITTEL

Advisor: Prof.. Dr. José Antonio Gonzalez da Silva

ABSTRACT

The wheat (Triticum aestivum L.) is a widespread culture in the world by numerous derivatives obtained by its industrialization, ranging from flour to make bread, pasta, biscuits, bran used in animal feed as a vitamin supplement to the germ used in pharmaceutical industry, production of oils and dietary factors. Currently, different varieties released in the market show different behaviors in the expression of the components of production, combined forms of nitrogen supply and crop systems that provide greater or lesser amounts of nutrients by the rate of decomposition. This study aims to determine the effects provided by nitrogen dosis and type of species previously used in characters related to production and quality of wheat of bread and improver class in two cropping systems (soybean / wheat, corn / wheat). The experiment was conducted at the Regional Institute of Rural Development (IRDeR) from the Department of Agrarian Studies (DEAG) of UNIJUÍ, located in the municipality of Augusto Pestana (RS) in the year 2010. The experiment was designed in randomized blocks with four replications in each culture system, following a triple factorial design 2x6x2 with two cultivars of wheat (Guamirim (Bread), Cristalino (Improver)), six application rates of nitrogen and two environmental systems, with corn and soybean as previous crop. Nitrogen fertilization was applied according to the preceding culture. On the environment Corn the following doses were applied: control (zero), 40, 80, 120, 160, 200 kg N ha -

1, and in the environment Soy were used: control (zero), 30, 60, 90, 120 , 150 kg N ha-1. The plots consisted of five rows spaced 0.20 m apart and five feet long, resulting in five square meters per plot. The variety Fundacep Cristalino of the commercial grade improver, had incomes above the BRS Guamirim regardless of nitrogen levels used and the different culture environments. The soybean crop environment provided a greater heritability of expression of the characters of agronomic interest conferring greater stability of production. The average mass of grains is the character that most influences the final grain yield in wheat. The maximum technical efficiency was obtained with the application of 114 and 78 kg ha-

1 nitrogen, and the maximum economic efficiency achieved with 78 and 59 kg ha-1 in the environments preceding the species of corn and soybeans, respectively.

Keywords: wheat, nitrogen fertilization, cultivation environments; nitrogen levels.

Page 8: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Croqui área experimental sobre resíduo de soja............................................58

Figura 2. Croqui área experimental sobre resíduo de milho..........................................58

Page 9: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classifcação de trigo segundo a Instrução Normativa nº 7, de 15 de agosto

de 2001, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.............................21

Tabela 2. Recomendação de adubação nitrogenada para a cultura do trigo e/ou

triticale, RS/SC...........................................................................................................31

Tabela 3. Resumo da análise de variância do rendimento e massa de grãos e

demais caracteres ligados à inflorescência do trigo...................................................36

Tabela 4. Teste de médias por Scot Knott dos caracteres ligados à produção e

inflorescência do trigo.................................................................................................38

Tabela 5. Resumo da análise de variância de equação de regressão, parâmetros da

equação e sua significância com determinação da máxima eficiência técnica e

econômica de produção em trigo...............................................................................40

Tabela 6. Parâmetros genéticos em diferentes caracteres agronômicos ligados ao

trigo para a previsão da estabilidade destes caracteres em distintos sistemas de

sucessão. ..................................................................................................................41

Tabela 7. Correlação entre caracteres de importância agronômica em trigo, com

base nas diferenças que envolvem cultivar e tipo de precedente cultural................43

Tabela 8. Médias gerais, autovalores e contribuição relativa das variáveis de

importância agronômica do trigo sobre o tipo de precedente cultural, cultivar e

geral...........................................................................................................................46

Tabela 9. Análise multivariada e agrupamento de Tocher a partir da distância

generalizada de Mahalanobis para os distintos sistemas de sucessão e tipo de

cultivar frente às doses de aplicação do nitrogênio em cobertura.............................47

Page 10: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................11

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................13

1.1. Cultura do trigo..........................................................................................................13

1.2. Classificação botânica: origem e evolução....................................................................14

1.3. Estádios fenológicos de desenvolvimento.....................................................................16

1.4. Expressão dos componentes de rendimento em trigo...................................................18

1.5. Qualidade tecnológica do trigo......................................................................................19

1.6. Nitrogênio e suas funções..............................................................................................21

1.7. Transformações e dinâmica do nitrogênio no solo........................................................23

1.7.1 Matéria orgânica como componente essencial no ciclo do Nitrogênio...................23

1.7.2 Mineralização ou Amonificação............................................................................24

1.7.3 Nitrificação............................................................................................................25

1.7.4 Desnitrificação.......................................................................................................25

1.7.5 Perdas de Nitrogênio: Volatilização e Lixiviação.................................................26

1.7.6 Formas preferenciais de assimilação do nitrogênio nas plantas............................26

1.7.7 Assimilação do Nitrato (NO3-)...............................................................................27

1.7.8 Assimilação do amônio (NH4+)..............................................................................28

1.8. Nitrogênio e desenvolvimento da planta de trigo..........................................................28

1.9. Ambientes de cultivo e fornecimento de nitrogênio......................................................29

Page 11: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

10

2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................32

2.1. Localização do campo experimental..............................................................................32

2.2. Caracterização do experimento......................................................................................33

2.3. Genótipos avaliados.......................................................................................................33

2.3.1. Cultivar BRS – Guamirim......................................................................................33

2.3.2. Cultivar FUNDACEP Cristalino.............................................................................34

2.4. Procedimento Experimental...........................................................................................34

2.5. Variáveis mensuradas....................................................................................................34

2.5.1 Rendimento de Grãos...............................................................................................35

2.6 Análise estatística............................................................................................................35

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................36

CONCLUSÕES.......................................................................................................................49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................50

ANEXOS..................................................................................................................................57

APÊNDICE A – Croquis da Área Experimental................................................................58

Page 12: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

11

INTRODUÇÃO

O trigo (Triticum aestivum L.) é uma espécie

cultivada em larga escala, em diversas regiões do mundo, sendo utilizado em varias

formas, desde a farinha para a fabricação de pães, massas e biscoitos, até o uso de

farelos em rações utilizadas para alimentação animal. Ainda, o trigo se constitui em

uma importante cultura na rotação e ou sucessão cultural nas unidades de produção

agropecuárias, garantindo o fluxo econômico e a sustentabilidade da propriedade.

Além disto, é alimento básico para cerca de 30% da população mundial e fornece

em torno de 20% das calorias consumidas pelo homem, pois possui uma grande

quantidade de amido no grão além de conter uma proteína denominada de glúten

que não é encontrada em outros alimentos (SEAGRI, 2009).

As projeções mundiais da cultura do trigo indicam aumento de 0,4% na área

plantada com o cereal, passando de 225 milhões de hectares na safra 2008/2009

para 225,8 milhões de hectares em 2010 (ESTADOS UNIDOS, 2010a). A produção

mundial está estimada em 677,4 milhões de toneladas, enquanto o consumo chega

a 645,6 milhões de toneladas, ficando um estoque final de 195,9 milhões de

toneladas (ESTADOS UNIDOS, 2010b).

O Brasil produziu, em 2010, cerca de cinco milhões de toneladas ante a um

consumo de 10,7 milhões de toneladas. Isto significa que, para atender a demanda,

o País deve importar aproximadamente 5,5 milhões de toneladas de trigo e seus

derivados (CONAB, 2010)

Atualmente, esta espécie representa cerca de 32 % da produção mundial de

grãos com suas áreas de cultivo localizadas nos mais diversos países, sendo que as

mais produtivas são encontradas na Europa, Ásia e América do Norte. Dentre os

maiores produtores encontramos União Europeia (27 países), China, Índia, Rússia,

EUA e Canadá, sendo que EUA e Canadá também são os maiores exportadores e

Page 13: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

12

China, Índia, Rússia, Japão e o Brasil os maiores importadores do produto (CONAB,

2010)

O trigo, por ser da família das Poaceas (anteriormente gramíneas), não tem

como característica a fixação biológica de nitrogênio, necessitando assim, que esse

nutriente seja suprido através de fertilizantes para completar seus processos

biológicos que determinarão o crescimento e reprodução da planta. Desta forma, a

adubação nitrogenada se insere como um fator importante, pois esse nutriente é

crucial para o desenvolvimento e metabolismo da planta de trigo. O nitrogênio (N) é

um elemento essencial para as plantas, pois participa de uma série de rotas

metabólicas-chave em sua bioquímica, sendo constituinte de importantes

biomoléculas, tais como ATP, NADH, NADPH, clorofila, proteínas de

armazenamento, ácidos nucléicos e enzimas (HARPER, 1994 apud SANGOI et al.,

2007).

Neste contexto, a qualidade industrial encontrada nas cultivares se insere

como um diferencial no que diz respeito à valorização do produto. A qualidade de

panificação possui grande importância para a indústria e produtores de trigo, e

possibilita a agregação de valor de mercado ao produto (MITELMANN et al., 2000).

Assim, trigos de diferentes classes industriais têm sido cultivados, buscando atender

de modo mais especifico nichos industriais. Portanto, o teor e o ajuste de proteínas

são fundamentais para a definição de uso dos grãos. Neste sentido, a maior ou

menor agregação de compostos proteicos no grão podem determinar em reflexos

significativos nas doses e formas de fornecimento de nitrogênio. Este trabalho teve

por objetivo determinar os efeitos proporcionados pelas doses de nitrogênio e tipo de

precedente cultural em caracteres ligados à produção e qualidade de grãos em

trigos da classe industrial pão e melhorador.

Page 14: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

13

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Cultura do trigo

O trigo é um dos cereais mais

produzidos mundialmente, principalmente pela grande demanda de seus derivados

como: pães, massas, biscoitos, entre outros. Além disso, é cultivado em larga escala

e em vários países do mundo (MUNDSTOCK, 1999).

O Brasil concentra sua produção na região Sul do país, os principais estados

produtores são o Paraná e o Rio Grande do Sul com a participação de cada um,

respectivamente de 53,0% e 36,0%, os quais são responsáveis por mais de 90% da

produção nacional, que em média é de quatro milhões de toneladas (CONAB, 2010).

Este montante representa menos de 50% do consumo interno do cereal, fazendo

com que o Brasil seja um dos principais países importadores de trigo no mundo.

No Estado do Rio Grande do Sul, a produção de trigo, que teve seu auge na

década de 70, decresceu significativamente tanto em área semeada, quanto na

quantidade produzida. Na última década a cultura tem oscilado, com aumento de

produção em alguns anos, principalmente devido à produtividade obtida nas safras.

As áreas que cultivam trigo mantêm a associação com a soja, concentrando-se

principalmente no norte do estado que produz cerca de 250.333t (16,3%), no

Noroeste Colonial com 238.320t (15,5%), Alto Jacuí com 200.538t (13,1%) e

Missões com 173.140t (11,3%). Essas regiões produzem 56,3% do total produzido

no Estado, destacando-se os municípios de Palmeira das Missões com 58.000

toneladas, Tupanciretã com 41.510t, Giruá com 33.360t, Santa Bárbara do Sul com

32.933t e Cruz Alta com 28.200t (ATLAS, 2006).

Foram cultivadas, em 2010, cerca de 5.026,2 mil

toneladas geradas pela produtividade média de 2.070 kg ha-1, 10,7% menor que a

área cultivada na safra 2009. Muitos produtores da região sul estão migrando para

lavoura de aveia, cevada e canola que apresentam melhores condições

mercadológicas. (CONAB, 2010).

Page 15: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

14

Para que se consiga um incremento, principalmente em área cultivada com

este cereal é necessário que se invista, além das qualidades agronômicas da planta,

também em caracteres ligados as qualidades industriais do produto de exploração,

incrementando em competitividade no mercado.

O melhoramento da qualidade representa uma oportunidade de agregar

valor de mercado aos produtos agrícolas. No caso do trigo, em face do comércio

internacional, existe uma forte interação entre qualidade e preço (WRIGLEY, 1994).

1.2. Classificação botânica: origem e evolução

O trigo é um cereal pertencente à família Poaceae e tribo Triticeae. A

subtribo Triticinae é constituída pelos gêneros Triticum, Agropyron, Secale e

Haynaldia.

As espécies de trigo cultivadas são pertencente ao gênero Triticum

sendo elas Triticum aestivum, também chamado de trigo comum ou trigo para pão e

Triticum durum, o qual é conhecido como trigo duro ou trigo para macarrão. Entre

elas, o trigo comum representa cerca de 90 % do trigo cultivado no mundo.

A história do trigo está intimamente relacionada com o

desenvolvimento da civilização humana. Foi graças à domesticação deste cereal

ocorrida a cerca de dez mil anos na região da Mesopotâmia, que o homem

conseguiu mudar a sua forma de obter alimento que era baseada na coleta e na

caça, com isso começou a se estabelecer em povoados e produzir seu próprio

alimento.

A produção e desenvolvimento dos primórdios de trigo se deram a cerca de

10.500 anos a.C. no crescente fértil na região que compreende os rios Tigre e

Eufrates onde hoje está localizado o Iraque (antiga Mesopotâmia). Por uma questão

de adaptação o homem deixa de ser nômade, migrador das mais diversas regiões, e

cria uma relação intrínseca com a terra (agricultura), produzindo seu próprio

alimento e cultivando plantas de seu interesse, entre elas o trigo. Desta forma, ele se

torna menos vulnerável as inúmeras variações de oferta de alimento.

Page 16: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

15

Historiadores demonstram que os Sumérios, inventores da roda, Igreja,

arado e irrigação, alicerçaram suas civilizações com base no trigo, onde produziam

para próprio consumo e também comercializavam o excedente entre si e com outras

civilizações estrangeiras (comércio internacional). Mas para que este comércio de

excedente ocorresse de forma efetiva se teve a necessidade de ampliar o modo de

comunicação, assim surge à escrita suméria através da inscrição de símbolos de

entendimento dos dois povos em tijolos maciços. Também se acredita que outras

civilizações bem sucedidas como Assírios, Babilônios, Egípcios, Gregos, Romanos e

Árabes também se consolidaram com o trigo como base de sua alimentação.

Relatos antigos feitos por filósofos em passagens bíblicas, como o grego

Teofrásto, por volta de 300 a.C. descreveu os diversos trigos que eram encontrados

na bacia do mediterrâneo (ABITRIGO, 2008). Mais recentemente a arqueologia

descobriu, em escavações na França e Suíça, grãos de trigo fossilizados junto a

corpos de homens primitivos o que demonstra claramente que o trigo de fato foi

alimento utilizado pelos remanescentes mais antigos do homem.

As hibridações ocorridas entre os gêneros desta subtribo possibilitou a

troca de constituintes genéticos e que levaram a formação de espécies poliplóides.

Estes foram originados a partir da hibridação natural entre os gêneros Triticum e

Aegilops. Assim existem trigos diplóides (2n=14, genoma AA), tetraplóide (2n=28,

genoma AABB) e hexaplóide (2n=42, genoma AABBDD). 1Huang et al 2002 apud

Carvalho e Piana (2008, p.828-829) verificou que estudos moleculares recentes

reforçam a tese de que o Triticum aestivum foi resultado da hibridação entre Triticum

turgidum (AABB) e Aegilops tauschii (DD), há apenas oito mil anos.

A espécie Triticum aestivum é a de maior importância comercial entre o

trigo por ter uma maior produtividade aliado à qualidade maior em relação a teor de

glúten e proteínas e por ter uma maior adaptabilidade em decorrência do seu

elevado nível de ploidia.

1 HUANG, S.; SIRIKHACHORNKIT, A.; SU, X.; FARIS, J. D. GILL, B. S.; HASELKORN, R. Genes enconding plastid acetyil-Coa carboxylase and 3-phosphoglycerate kinase of the Triticum/Aegilops complex and evolutionary history of polyploidy wheat. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, v.99, n.12, p.8133-8138, 2002.

Page 17: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

16

1.3. Estádios fenológicos de desenvolvimento

Os estádios de desenvolvimento é de suma importância conhecê-los, pois é

em função deles que é decidida a época mais adequada de se realizar os manejos

fitossanitário que a cultura necessita, além de ser uma referência universal entre os

profissionais que se dedicam tanto ao melhoramento, pesquisa e também de

profissionais da assistência técnica. Existem várias escalas que podem ser utilizadas

na cultura do trigo, porém este trabalho esta baseado seguindo a proposta de

Counce et. al, (2000).

Estádios de desenvolvimento vegetativo:

V1 – Colar formado na 1ª folha do colmo principal

V2 – Colar formado na 2ª folha do colmo principal

V3 – Colar formado na 3ª folha do colmo principal

V4 – Colar formado na 4ª folha do colmo principal

V5 – Colar formado na 5ª folha do colmo principal

V6 – Colar formado na 6ª folha do colmo principal

V7 – Colar formado na 7ª folha do colmo principal

V8 – Colar formado na 8ª folha do colmo principal

Estádios de desenvolvimento reprodutivo

R0 – Iniciação da espiga

R1 – Diferenciação da espiga

R2 – Formação do colar na folha bandeira

R3 – Emissão da espiga

R4 – Antese

R5 – Elongação do grão

R6 – Expansão do grão

Page 18: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

17

R7 – Maturidade de um grão da espiga

R8 – Maturidade completa da espiga

No estádio V3 a planta de trigo se encontra no início da diferenciação

do primórdio floral e do afilhamento, sendo que nesta época é indicada a realização

do manejo da adubação nitrogenada para que as gemas axilares possam

desenvolver afilhos além de garantir desde então um bom desenvolvimento da

estrutura reprodutiva, para que o rendimento seja maximizado. Nesse sentido,

ALVES et al., (2005) relata que o afilhamento pode ser uma característica bastante

desejáveis para incrementos de produção nos cereais de estação fria cultivados na

região sul do Brasil.

Nesse estádio começa a ser definido o potencial de rendimento deste

cereal, a qual é conhecida também de fase de duplo anel, onde já inicia a ser

definida o tamanho da espiga. O afilhamento tem um desenvolvimento progressivo,

sendo que uma boa disponibilidade de nitrogênio nesta época se torna de suma

importância para que maximize ao máximo sua produção, conforme o potencial de

cada cultivar. A qualidade da luz também é um fator que interfere na emissão de

afilhos. ALMEIDA; MUNDSTOCK, (2001) relatam que a qualidade da luz pode ter

um papel crítico na determinação da emissão, desenvolvimento e sobrevivência dos

afilhos.

O número de afilhos férteis produzidos pela planta cessa quando o primeiro

nó é visível no colmo, isto é, quando a planta de trigo está, em geral, no seu estádio

de desenvolvimento V6 ou na fase de alongamento. Sendo que os que serão

formados após essa fase, serão inférteis. Portanto a boa adequação do manejo para

que se tenha uma boa produção deste componente do rendimento é essencial, pois

a fotossíntese realizada por afilhos inférteis geralmente não se traduzem em

aumento da produtividade (COUNCE et. al., 2000).

No estádio R0 começa a fase reprodutiva, sendo que esta inicia antes do fim

do estádio vegetativo, correspondendo a V6, tendo início também a diferenciação da

espiga (COUNCE et. al., 2000).

Após a formação do colar da folha bandeira, ocorre a emissão da espiga

(R2), a qual ainda esta se desenvolvendo. Em sequência, ocorre a fecundação que

Page 19: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

18

acontece antes da antese (R4), processo pelo qual se observa a exposição dos

antécios. Concluído a fecundação tem início o processo de divisão celular que irá

compreender as células do endosperma onde serão armazenados os

fotoassimilados em seguida começa o processo de elongação do grão (R5) e a

expansão do grão (R6). Encerrado o enchimento de grão, a maturação fisiológica,

que na cultura do trigo inicia-se do centro da espiga para as extremidades. Com a

maturação de um grão na espiga corresponde ao estádio R7 e com a maturação

fisiológica completa na espiga ao estádio R8, quando cessa a acumulação no grão

(COUNCE et. al., 2000).

1.4. Expressão dos componentes de rendimento em trigo

Na cultura do trigo o rendimento de grão esta associado ao produto,

basicamente, dos componentes diretos que são três: número de espiga fértil por

unidade de área, o número de grão por espiga e a massa média de grão. A

expressão destes componentes é intrínseca de cada constituição genética, podendo

ser alterados conforme o manejo que for utilizado.

Desde quando a planta estiver com o colar da terceira folha formada (V3),

esses componentes já começam a ser definidos e dependendo do manejo utilizado

nesta fase a produtividade final pode ser comprometida. O primeiro a ter seu número

final definido será o número de afilhos, que acontece em V6, seguido do número de

grão por espiga que se define na fecundação da oosfera pelo grão pólen, e a massa

média de grão que tem seu valor expresso em função da divisão celular ocorrida

logo após a fecundação e pela quantidade de fotoassimilados que serão

direcionados para o grão. Cunha; Balcaltchuk (2000) relatam que o enchimento de

grãos possui duas sub-etapas: primeiramente a divisão celular, em que se formam

todas as células do grão, com duração de uma semana aproximadamente e muito

sensível a deficiências, posteriormente o enchimento das células que tem duração

de aproximadamente 25 dias.

Muitas vezes o não conhecimento do comportamento da cultivar que se esta

trabalhando, principalmente em relação ao afilhamento, é o responsável por erros no

Page 20: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

19

manejo empregado, em especial a densidade, para que sua expressão seja

maximizada, o que também é observado por Valério et al., (2008) quando relatam

que esse problema está relacionado à grande diversidade no padrão de afilhamento

dos genótipos de trigo, o que faz com que não haja clareza nos critérios para a

escolha da densidade de semeadura mais adequada, e também sobre adubação

nitrogenada que interfere na expressão dos componentes do rendimento da planta.

Sangoi et al., (2007) relata que a aplicação de nitrogênio no momento

adequado pode aumentar a eficiência de uso do nitrogênio pelo trigo, incrementando

o número de grãos por espiga e o número de espigas por área. Porém existem

cultivares que apresentam efeito compensatório e que, portanto compensam o

número reduzido de um componente maximizando outro.

1.5. Qualidade tecnológica do trigo

Emprega-se geralmente o termo ‘qualidade tecnológica de trigo’ para indicar

a performance de uma cultivar de trigo para determinado produto final. O balanço

preciso das propriedades viscoelásticas da massa é fator essencial para a

determinação de seu uso final. A presença de glúten elástico é necessária tanto em

farinhas de panificação, quanto de massas alimentícias, enquanto que um glúten

menos elástico é requerido em farinhas para bolos e biscoitos (GUTKOSKI et al.,

2007).

A expressão ‘força de glúten’ normalmente é utilizada para designar a maior

ou menor capacidade de uma farinha sofrer um tratamento mecânico ao ser

misturada com água. Também é associada à maior ou à menor capacidade de

absorção de água pelas proteínas formadoras de glúten, que combinadas à

capacidade de retenção do gás carbônico resulta em um pão de volume aceitável,

textura interna sedosa e de granulometria aberta (GUTKOSKI et al., 2007).

As proteínas do trigo, por sua vez, dividem-se em formadoras de glúten e

não formadoras de glúten. As formadoras de glúten são as gliadinas e as gluteninas,

e constituem cerca de 80% do total de proteínas. Elas são classificadas em função

da sua massa molecular e de sua capacidade de agregação. As proteínas de

Page 21: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

20

reserva são naturalmente ricas em prolina e glutamina, dois dos 20 aminoácidos

essenciais ao homem. Esta composição explica, em parte, porque o trigo é

responsável por mais de 20% das calorias e proteínas necessárias à nutrição

humana.

O glúten é um conjunto de proteínas insolúveis que misturadas à água

formam uma rede protéica ligada a grânulos de amido, que durante a panificação

retém o CO2 produzido no processo fermentativo. Muitas das características

desejadas do pão são determinadas pela presença do glúten. O trigo é o cereal cuja

farinha possui propriedades do glúten, apresentando maior aptidão à panificação

(MANDARINO, 1993). As gluteninas conferem viscosidade e elasticidade, enquanto

que as gliadinas são responsáveis pela extensibilidade da massa do pão (DONG et

al., 2009). A relação de proporção entre essas proteínas determina as diferentes

características do glúten dos diversos tipos de trigo.

Como estas proteínas estão correlacionadas à força de glúten (“W”) e a uma

série de outras características, sua composição apresenta correlação com o tipo de

farinha obtido do trigo em estudo, podendo servir à fabricação de pães, massas ou

biscoitos. As proteínas de reserva possuem relação com parâmetros de qualidade.

Dentre estes, podemos citar: análises de número de queda (NQ);

microssedimentação com SDS (MS-SDS); alveografia, com os seus parâmetros:

força de glúten (W); tenacidade (P); extensibilidade (L) e índice de elasticidade (Ie).

No Brasil, a força do glúten juntamente com os valores de número de queda

(relacionado à atividade da enzima alfa-amilase que hidrolisa o amido), é usada

como critério para a classificação comercial do trigo como Trigo Melhorador, Trigo

Pão, Trigo Brando e Trigo para outros usos (TORRES, 2008).

Trabalhos que estudam os efeitos do glúten sobre os parâmetros de

qualidade são conduzidos em todo o mundo. Estes estudos têm como objetivo dar

apoio a programas de melhoramento genético de trigo. Na Nova Zelândia, Luo et al.

(2001) realizaram cinco cruzamentos para os quais foram realizadas avaliações de

força de glúten e de volumes de sedimentação relacionados com a presença das

subunidades de gluteninas de alto peso molecular. A variação da composição alélica

dos diferentes genótipos determinou diferenças genéticas na qualidade panificativa.

(TOHIDFAR et al., 2004).

Page 22: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

21

Tabela 1. Classifcação de trigo segundo a Instrução Normativa nº 7, de 15 de agosto de 2001, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2001).

1.6. Nitrogênio e suas funções

O nitrogênio é considerado um elemento essencial para as plantas, por

fazer parte das moléculas de clorofila, aminoácidos, DNA, citocromos e de todas as

enzimas e coenzimas (MARIOT et al., 2003). Além disto, quando em deficiência, no

período de afilhamento, ocasiona assincronia na emissão de afilhos. Quando a

deficiência ocorre neste período, os afilhos têm pouca chance de sobreviver, mesmo

que a planta receba suplementação de nitrogênio em períodos posteriores

(MUNDSTOCK, 1999), afetando consideravelmente o rendimento de grãos da

cultura, justamente em virtude da exportação de carboidratos do colmo principal

para os novos afilhos ser reduzida.

A qualidade do grão de trigo para a indústria esta relacionado, em partes,

pelo teor de proteína presente no grão sendo que este pode ser influenciado em

partes pelo manejo da adubação nitrogenada realizado. 2SOARES SOBRINHO apud

CAZETTA et al., (2008) observou que as características físico-químicas e reológicas

mais influenciadas positivamente pela adubação nitrogenada foram teor proteico e

força de glúten.

2 SOARES SOBRINHO, J. Efeito de doses de nitrogênio e de lâminas de água sobre as características agronômicas e industriais em duas cultivares de trigo (Triticum aestivum L.). 102p. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1999.

Page 23: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

22

Assim como o nitrogênio é indispensável para que haja incrementos

significativos de produção em trigo, ele também é imprescindível na formação das

proteínas no grão que conferem a qualidade industrial do grão. Portanto a correlação

existente entre a produção de grão e o teor de proteínas acumuladas no grão é

negativa, ou seja, à medida que um aumenta outro diminui (SOUZA et al. 2004) isso

pode ser explicado pela partição de fotoassimilados entre a acumulação proteica e

de carboidratos no grão.

A maior disponibilidade de nitrogênio para a cultura do trigo tende a

acarretar um aumento no nível de nitrogênio no grão. CAZETTA et al., (2008)

relatam que a adubação nitrogenada proporciona um aumento linear no teor de

proteína nos grãos.

O nitrogênio possui uma função estimuladora das gemas axilares e

aplicação precoce deste nutriente acarreta uma maior emissão de afilhos. Em

cultivares de porte baixo e de padrão unicolmo, a aplicação precoce pode beneficiar

a produção de afilhos férteis. Em cultivares onde o potencial de afilhamento é

presente e de maneira bastante expressiva, aplicações de nitrogênio em fases mais

tardias pode maximizar o número de afilhos férteis por planta.

À medida que a quantidade de nitrogênio disponível torna-se

insuficiente, começa-se a observar um amarelecimento nas folhas basais (mais

velhas) fato observado por este nutriente ser bastante móvel nas células. Em alguns

casos de deficiência mais severas, ocorre clorose destas folhas sendo que isso a

afeta a quantidade de fotossíntese realizada pela planta, uma vez que o nitrogênio

também esta presente na clorofila, responsável por este processo. Nesse sentido o

teor desta na folha tem sido utilizado para determinar o nível de nitrogênio nas

plantas (ARGENTA et al, 2001).

Por outro lado em cultivos onde há uma elevada disponibilidade de

nitrogênio, o rendimento pode não ser acrescido na mesma proporção em que é

fornecido este nutriente. Além disso, há um desenvolvimento vegetativo bastante

intenso podendo acarretar em acamamento, e este reduzir o rendimento e a

qualidade industrial, (ZAGONEL et al., 2002). Para, além disso, com elevado

desenvolvimento vegetativo ocorre maior transpiração pela planta o que pode ser

bastante prejudicial em períodos de restrição hídrica.

Page 24: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

23

1.7. Transformações e dinâmica do nitrogênio no solo

1.7.1 Matéria orgânica como componente essencial no ciclo do Nitrogênio

A matéria orgânica (MO) é toda a matéria que contém carbono orgânico no

solo e pode ser de origem vegetal, microbiana ou animal, viva ou morta, em

qualquer estado de conservação, passível de decomposição. É formada por uma

série de compostos de carbono alterados e que interagem com as demais fases do

solo (mineral, gasosa e solução), sendo um dos componentes de maior importância

que possui a capacidade de alterar suas propriedades químicas, físicas e biológicas

do solo interferindo de forma direta no crescimento e desenvolvimento das plantas.

Além disso, efetua a mineralização de macronutrientes minerais como o Nitrogênio

(N), fósforo (P) e potássio (K) o que a torna elemento incondicional para a fertilidade

do solo.

Segundo Meurer (2004) é um componente bastante sensível às condições

ambientais e às mudanças na prática de manejo agrícola e por esse motivo deve ser

levada em consideração na avaliação do potencial produtivo do solo e na escolha

das práticas de manejo a serem empregadas. Além disso, influencia diretamente

sobre a adubação nitrogenada que é um elemento de grande importância, tanto

fisiológica como econômica nos sistemas de produção da região sul de país. Braz et

al. (2006) reforça que a quantidade real de N que será aproveitada pela cultura em

sucessão irá depender do sincronismo entre a decomposição da biomassa e a taxa

de demanda da cultura. Desta forma, a quantidade de fertilizante a ser aplicado terá

uma relação direta com o teor de matéria orgânica. Segundo Fageria (1983), a

capacidade intrínseca de produção agrícola dos solos está íntima e diretamente

relacionada com seus teores de matéria orgânica e de nitrogênio.

A matéria orgânica tem a capacidade de incorporar ao solo dois elementos

químicos essenciais, que não existem no material de origem: o carbono e o

nitrogênio (RAIJ, 1981). Com a decomposição desse material o nitrogênio contido é

convertido da forma orgânica (ligado aos compostos orgânicos) para a forma mineral

Page 25: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

24

podendo assim, ser absorvido pela planta. Sendo que, o teor de nitrogênio no solo

vai variar de acordo com o teor de matéria orgânica (JORGE, 1983).

Taiz e Zeiger (2004) reforçam que os íons amônio e nitrato, gerados pela

fixação ou liberados por decomposição da matéria orgânica do solo, tornam-se

objeto de intensa competição entre plantas e microorganismos. Justamente, por

haver esta intensa competição os vegetais possuem alguns mecanismos que fazem

a captura desses íons tão rápido quanto eles são liberados na solução do solo.

1.7.2 Mineralização ou Amonificação

A mineralização ou amonificação consiste em uma série de reações

bioquímicas, predominantemente de desaminação, em que o excedente de N é

liberado para o exterior da célula, aparecendo no solo na forma de amônia onde é

oxidada a nitrato por bactérias nitrificadoras (YAMADA, ABDALLA e VITTI, 2007).

Ormond (2006) reforça que a mineralização é um processo de transformação de

matéria orgânica em substâncias inorgânicas, que ocorre no solo, geralmente de

forma lenta, a partir dos quais são retornados os nutrientes retirados pelas plantas.

Neste processo ocorre a transformação do N orgânico em nitrato, mas para que isso

seja possível, a quantidade de resíduos que ficam no solo, como a palhada das

culturas ou a adubação verde é fundamental para a recomposição da matéria

orgânica e para a mineralização.

Os compostos orgânicos complexos, tais como proteínas, aminoácidos,

ácidos nucléicos e nucleotídeos são decompostos em substâncias mais simples

pelos microorganismos do solo como as bactérias saprófitas e várias espécies de

fungos. Estes microorganismos utilizam os aminoácidos e as proteínas como fonte

para a síntese de suas próprias proteínas e liberam o excesso sob a forma de

amônio.

A equação de nitrificação é demonstrada da seguinte forma:

Norg + H2O NH4+ + OH-

Page 26: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

25

1.7.3 Nitrificação

Processo químico no qual os organismos do solo oxidam a matéria orgânica,

resultante dos processos de decomposição, principalmente na forma de amônia,

nitritos e depois em nitratos (NO-3). Ao contrário da amônia, os nitratos além de

serem a forma de maior assimilação pelas plantas são prontamente absorvidos

pelas suas raízes. É efetuado principalmente pelas bactérias nitrossomas e

nitrobacter, com forma de bastonete, sendo fundamentais no ciclo do nitrogênio

(WIKIPÉDIA, 2008).

A equação de nitrificação é demonstrada da seguinte forma:

NH3+ NO2

- NO3-

Neste ciclo o nitrogênio, na primeira parte perde 6e- (elétrons) e depois 2e-

mudando seu estado e desassimilando. Por ser um processo de oxidação só irá

ocorrer na presença de um agente oxidante (receptor de e-), sendo este o oxigênio e

quando este não estiver presente ocorre a desnitrificação.

De acordo com Ormond (2006) é a transformação dos sais amoníacos nos

solos em nitratos pelos organismos que nele vivem através da utilização de matéria

orgânica nitrogenada. É um processo que acidifica o solo, pois ocorre a liberação de

hidrogênio (H+), no momento da conversão dos adubos amoniacais em nitratos.

1.7.4 Desnitrificação

Processo químico pelo qual o nitrato ou o nitrito sofrem redução biológica até

a forma gasosa de nitrogênio N2 e passando por outras formas intermediárias de N

com destaque para o óxido nitroso (N20-) (YAMADA, ABDALLA e VITTI, 2007). As

bactérias responsáveis por este processo são normalmente aeróbicas, mas em

condições anaeróbicas elas podem usar o nitrato para substituir o oxigênio como

Page 27: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

26

receptor de elétrons produzidos durante a decomposição da matéria orgânica. O

encharcamento, alto teor de matéria orgânica e de nitrato são os principais fatores

do solo que favorecem a desnitrificação.

A equação de desnitrificação é demonstrada da seguinte forma:

NO3- NO2

- NO

1.7.5 Perdas de Nitrogênio: Volatilização e Lixiviação

A volatilização é a capacidade que tem uma substância de ser reduzida a

gás ou vapor (ORMOND, 2006). No caso do nitrogênio, este tem a capacidade de se

transformar da forma iônica para o estado de gás (NO2 e N2) ocasionando desta

forma, a perda deste elemento do solo para a atmosfera devido à ação da

temperatura sobre a molécula.

Já na lixiviação as formas são perdidas por seguirem o movimento da água

no solo percolando no perfil e acabando por se perder. Segundo Coelho (1973) a

quase totalidade do nitrogênio perdido na lixiviação, cerca de 99% encontra-se na

forma de nitrato (NO3-), pois é bastante solúvel na água do solo e facilmente

transportada, menos de 1% na forma amoniacal (NH4+) e traços de nitrito (NO2

-).

1.7.6 Formas preferenciais de assimilação do nitrogênio nas plantas

A planta tem a capacidade de utilizar inúmeras formas de N, sendo que

depende fortemente da fonte que estará disponibilizada. Outro fator importante é a

variação que ocorre entre espécies e entre genótipos de uma mesma espécie que

podem apresentar preferências, sendo dependentes das particularidades de cada

indivíduo.

No solo, o nitrogênio encontra-se em formas orgânicas (restos culturais e

matéria-orgânica), mineral (solução do solo, NO3- e NH4+) e em formas gasosas

Page 28: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

27

combinadas (NH3, N2O e NO), e desta quantidade total de N presente no solo,

apenas 2% encontram-se disponíveis às plantas, sendo 98% encontrado em formas

orgânicas (TAVARES e DALTO, 2004). Desta forma as plantas podem apresentar

preferências por NO3-, NH4

+ ou mesmo N-orgânico. Por exemplo, o arroz, usa

preferencialmente o NH4+ por ser adaptado a solos alagados e em famílias como

Crucíferae, Gramineae (Poaceae) e Solanaceae acumulam frequentemente NO3-.

Segundo Larcher (1929) as plantas verdes utilizam o nitrogênio ligado

inorganicamente, sendo retirado do solo como íons nitrato e amônio e

posteriormente incorporado nos compostos de carbono nos grupos amino formando

os aminoácidos.

1.7.7 Assimilação do Nitrato (NO3-)

O nitrato previamente absorvido pelo sistema radicular da planta é

assimilado em compostos orgânicos nitrogenados. Importante de se salientar que,

quando o nitrato é transportado para dentro da célula do córtex e da epiderme ele

pode ser armazenado nos vacúolos, ser translocado para a parte aérea e reduzido

nas folhas ou sofrer efluxo para o apoplasto ou para o ambiente. Também pode ser

reduzido até a forma de amônio (NH4+) pela ação das enzimas nitrato redutase e

nitrito redutase.

A redução do nitrato ocorre em duas etapas: Primeiramente a enzima nitrato

redutase catalisa a reação de redução do nitrato em nitrito no citoplasma da célula,

reação esta que consome elétrons (TAIZ e ZIEGER, 2004). Como para toda a

reação se necessita de energia para que esta possa ocorrer, ela provém da

respiração através do NADH, e da fotossíntese através do NADPH, onde ambas vão

consumir elétrons.

Na segunda etapa, o nitrito é convertido em amônio pela enzima nitrito

redutase, onde as células transportam rapidamente o nitrito do citosol para o interior

do cloroplasto nas folhas e nos plastídios nas raízes com gasto de 6e- fornecidos

pela ferrodoxina.

Page 29: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

28

1.7.8 Assimilação do amônio (NH4+)

As células evitam a toxidade do amônio pela sua rápida conversão a partir

da assimilação do nitrato ou da fotorrespiração em aminoácidos, onde a principal via

para esta conversão envolve a ação seqüencial da glutamina sintetase e da

glutamato sintase (TAIZ e ZIEGER, 2004).

O amônio que é absorvido pelas raízes das plantas não pode ser acumulado

pois apresenta toxidade ao organismo dos indivíduos. Desta forma, é rapidamente

incorporado gerando aminoácidos glutamina e glutamato. Onde no momento em que

se faz a síntese de uma molécula de glutamina ocorre o gasto de 1ATP e para o

glutamato irá requer redutores que podem ser o NADH ou derrodoxina, dependendo

da isoenzima envolvida

1.8. Nitrogênio e desenvolvimento da planta de trigo

A produtividade obtida nos cultivos de trigo esta intimamente ligado ao

manejo da adubação nitrogenada, sendo que esse nutriente é de fundamental

importância quando os componentes do rendimento estão sendo formados. BRAZ et

al., (2006) relata que os componentes do rendimento como o número de espigas por

unidade de área e o número de espiguetas por espigas, sofrem forte influência pela

variação do momento em que o N é fornecido.

Para que os componentes de rendimento tenham sua expressão

favorecida, Bredemeier; Mundstock (2001), preconizam que o nitrogênio deve ser

disponibilizado às plantas de trigo preferencialmente entre a emergência e a

emissão da sétima folha do colmo principal. No inicio deste período, há forte

exigência de N para estabelecer o número de espiguetas diferenciadas e, em

consequência, o número de grãos por espigas. Na época da emissão da sétima

folha, o suprimento de nitrogênio é crítico para determinar o número de colmos que

sobrevivem e produzem espigas.

Sangoi et al., (2007), relatam que as cultivares de trigo diferem

substancialmente na sua capacidade de emissão de afilhos, no seu ciclo, na

Page 30: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

29

arquitetura de planta e no potencial produtivo. Estas diferenças podem interferir na

capacidade absorção, assimilação e conversão do nitrogênio à produção de grãos.

Este mesmo autor relata que a aplicação de nitrogênio no

emborrachamento acarreta maior peso de grão comparado com aplicações mais

precoces. Porém este maior peso de grão não se traduz efetivamente em maior

produtividade final, isso porque este caractere possui alta herdabilidade, e suas

variações não acontecem de maneira muito significativa.

Por outro lado, aplicações precoces de nitrogênio aumentam o rendimento

final de grão, isto porque é estimulada uma maior contribuição dos afilhos no

incremento do rendimento final. Nesse sentido Didonet et al., (2000) pondera que a

produção de grãos por área apresenta maior correlação com a produtividade da

cultura do que a massa de grãos, pois ela associa dois componentes do rendimento,

o número de espigas por área e o número de grãos por espiga.

Pelo fato dos afilhos serem fundamentais na formação do rendimento, a

aplicação precoce de nitrogênio tem papel importante para a sua emissão e

sobrevivência, bem como para que a taxa de desenvolvimento destes seja similar a

do colmo principal, o que é indispensável para que os afilhos possam contribuir no

incrementando do rendimento de grãos (ALMEIDA & MUNDSTOCK, 1998). Estudo

realizado por Zagonel et al., (2002) estão em concordância onde foi verificado que o

aumento da produtividade correu em função do aumento do número de espigas por

unidade de área, uma vez que o número de espiguetas por espiga e o peso de mil

grãos não foram afetados pela aplicação do nutriente.

1.9. Ambientes de cultivo e fornecimento de nitrogênio

Estudos que relacionam a adubação nitrogenada em cereais de

inverno levando em consideração a qualidade dos restos culturais deixados pela

cultura antecedente são bastante recentes.

As diferentes espécies utilizadas nos sistemas produtivos possuem em

sua palhada relação C/N característico de cada uma, sendo que quando a cultura

antecessora, esta relação for elevada a disponibilidade não ira acontecer de forma

Page 31: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

30

imediata, mas sim de maneira gradual. Isso poderá resultar em um menor

desenvolvimento inicial da planta semeada sobre esta palhada, principalmente

quando as culturas em questão forem gramíneas.

Nesse sentido, adubações de base são mais importantes quando

cereais de inverno forem semeados sobre resteva de culturas onde a velocidade de

decomposição for baixa para que a necessidade de nitrogênio nesta fase esteja

disponível, uma vez que a imobilização pelos microorganismos é alta nesta situação.

O fornecimento de nutrientes nas culturas de inverno, em especial o

nitrogênio ira depender da qualidade do resíduo presente na superfície do solo, pois

isto vai de terminar maior ou menor imobilização do nitrogênio pelos

microorganismos que são responsáveis pela decomposição, e posterior

mineralização deste nutriente. Da mesma forma Monteiro et al., (2002) relata que a

deficiência de nitrogênio acentua-se com o declínio nos teores de matéria orgânica,

com a grande quantidade de N retido nos resíduos vegetais de elevada relação C/N

depositados e a imobilização pelos microrganismos durante a decomposição destes

resíduos.

Em sistemas de semeadura direta na palha o suprimento de nitrogênio

deve ter uma atenção especial. Wendling et al, (2007) explicita que a principal razão

para isso está relacionada com a quantidade e qualidade de resíduos da cultura

anterior remanescente sobre o solo, podendo disponibilizar ou imobilizar N para a

cultura subsequente. O suprimento do N para as culturas não-leguminosas tem

importância econômica e ambiental muito significativa, pela alta resposta à aplicação

e facilidade de perda, ocasionando contaminação ambiental.

Estudos demonstram que em média, a cultura do trigo exporta em torno de

22 kg ha-1 de N por tonelada de grãos retirados da lavoura. E para que não ocorra

uma exportação maior do que a quantidade existente no solo é preciso que se faça

uma adubação de reposição em alguma fase do sistema produtivo.

A recomendação de adubação nitrogenada para cereais esta baseada na

cultura antecedente, na expectativa de produção e do teor de matéria orgânica do

solo. Como está descrito na tabela 1 abaixo.

Page 32: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

31

Tabela 2. Recomendação de adubação nitrogenada para a cultura do trigo e/ou triticale, RS/SC.

Fonte: Comissão Brasileira de Pesquisa em Trigo e Triticale.

Outro fato importante em relação à velocidade de decomposição da palhada

de gramíneas é o fato de que estas em especial o milho possui um teor

relativamente elevado de lignina associado à celulose da parede celular e que são

em geral as fibras, responsável pela sustentação da planta, e que torna esse tecido

tanto de folhas e raízes, em especial o colmo, mais rígido e impermeável,

dificultando a ação dos microorganismos decompositores. Com isso a

disponibilidade dos nutrientes presentes na palhada se dará de forma mais lenta e

gradual. Em relação a resíduos vegetais de espécies leguminosas como a soja, a

concentração de estruturas ligadas especialmente a sustentação que são mais

resistentes ao intemperismo são baixas. Nessas espécies o tecido é formado

basicamente por parênquima e clorênquima, sendo que esses possuem espaços

intercelulares grandes onde são encontrado proteína, sais minerais, aminoácidos,

açúcares, entre outros que facilita no processo de decomposição.

O cultivo com leguminosas, entre ela a soja, de acordo com 3SMITH & HUME

(1987) apud FAGAN et al., (2007) a associação do Bradyrhizobium japonicum com a

soja (Glycine max L. Merrill) pode resultar numa fixação de nitrogênio de até 102,9

kg de N.ha-1. Com isso pode-se ter um grande aporte de nitrogênio apenas com a

utilização destas espécies. Por outro lado estudo realizado por ARAÚJO et al.,

(2005) demonstraram que o nitrogênio na forma mineral (uréia) foi utilizada pelo trigo

como principal fonte em relação ao nitrogênio deixado pelo resíduo da planta

utilizada como adubo verde (crotalaria).

3 SMITH, D.L., HUME, D.J. Comparison of assay methods for N2 fixation utilizing white

bean and soybean. Canadian Journal Plant Science, v.67, p.11-19, 1987.

Page 33: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

32

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Localização do campo experimental

O presente trabalho foi desenvolvido na área experimental do

IRDeR (Instituto Regional de Desenvolvimento Rural) pertencente ao DEAg

(Departamento de Estudos Agrários) da UNIJUÍ (Universidade Regional do Noroeste

do Estado do rio Grande do Sul), localizado geograficamente a 28º26’30” de latitude

S e 54º00’58” de longitude W. Apresenta ainda uma altitude próxima a 400 metros.

O solo da unidade experimental se caracteriza por um Latossolo Vermelho

distroférrico típico (U.M. Santo Ângelo). Apresenta um perfil profundo, bem drenado,

coloração vermelho escuro, com altos teores de argila e predominância de

argilominerais 1:1 e oxi-hidróxidos de ferro e alumínio.

De acordo com a classificação climática de Köeppen, o clima da região se

enquadra na descrição de Cfa (subtropical úmido), com ocorrência de verões

quentes e sem ocorrência de estiagens prolongadas. Apresenta ainda invernos frios

e úmidos, com ocorrência frequente de geadas. Os meses de janeiro e fevereiro são

os meses mais quentes do ano, com temperatura superior a 22º C, enquanto junho

e julho são os meses mais frios do ano, com temperatura superior a 3º C. quanto ao

volume de pluviosidade , a estação meteorológica do IRDeR registra normalmente

volumes próximos a 1600 mm anuais, com ocorrência de maiores precipitações no

inverno.

A área na qual foi instalado o experimento tem como característica

marcante a ocorrência de um sistema de semeadura direta com dez anos de

implantação, caracterizando um sistema de semeadura direta consolidado. No

período do verão, a área é ocupada com soja e com milho, refletindo nos dois

precedentes culturais que foram utilizados como fatores de tratamento.

Page 34: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

33

2.2. Caracterização do experimento

O experimento foi desenvolvido em delineamento de blocos

casualizados com quatro repetições em cada sistema de cultivo, seguindo um

modelo fatorial triplo 2x6x2 sendo duas cultivares de trigo (Guamirim (Pão);

Cristalino (Melhorador)), seis doses de aplicação da adubação nitrogenada e dois

ambientes de cultivo, com milho e soja como cultura precedente. A adubação

nitrogenada foi aplicada de acordo com o precedente cultural. No ambiente milho

foram aplicadas as seguintes doses: testemunha (zero), 40, 80, 120, 160, 200 kg N

ha-1, e no ambiente soja foram utilizadas as doses: testemunha (zero), 30, 60, 90,

120, 150 kg N ha-1. As parcelas foram constituídas por cinco linhas espaçadas 0,20

m entre si e cinco metros de comprimento, resultando em cinco metros quadrados

por parcela.

2.3. Genótipos avaliados

Foi avaliado o comportamento de dois diferentes genótipos de trigo em

relação a diferentes doses de nitrogênio sob dois sistemas de cultivo. Foram

avaliados dois genótipos multicolmo, ou seja, dois genótipos com elevada

capacidade de afilhamento, as quais correspondem as cultivares Guamirim, e

Cristalino, respectivamente.

2.3.1. Cultivar BRS – Guamirim

Classe Comercial: Trigo pão

Ciclo: Super – precoce - 125 dias da semeadura à colheita

Altura de planta: porte baixo (75-80 cm)

Perfilhamento: intensa capacidade de afilhamento

Produção: Potencial de rendimento de grãos elevado. Potencial produtivo

superior a 4.000 kg.ha-¹ (EMBRAPA, 2006).

Reação à debulha natural: moderadamente resistente

Oídio: resistente 

Page 35: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

34

Ferrugem da folha: resistente

Manchas foliares: moderadamente resistente

Giberela: moderadamente resistente

Acamamento: tolerante

Germinação da espiga: moderadamente resistente

Vírus do mosaico: susceptível

2.3.2. Cultivar FUNDACEP Cristalino

Classe comercial: Trigo Melhorador

Ciclo: Precoce - 138 dias da semeadura à colheita

Estatura da planta: media (91 cm)

Oídio: Moderada Suscetibilidade

Ferrugem da folha: resistente

Manchas foliares: Moderada Suscetibilidade

Giberela: Moderada Suscetibilidade

Vírus do nanismo: Moderada Suscetibilidade

2.4. Procedimento Experimental

Os ensaios foram instalados a campo, seguindo a época recomendada para

a semeadura e com densidade populacional indicada para a cultura. A semeadura

foi realizada manualmente nas linhas de cultivo previamente preparadas por

semeadeira mecânica. A adubação de base levou em conta as indicações técnicas

da cultura e precedente cultural, sendo que a adubação de cobertura variou de

acordo com as doses e os ambientes testados nos tratamentos. O controle de

pragas e moléstias foi feito no nível de dano econômico de cada espécie, através de

pulverizações de moléculas químicas de efeito significativo. Já o controle de plantas

invasoras foi realizado de acordo com a necessidade, mediante aplicação de

herbicida e/ou capina manual.

2.5. Variáveis mensuradas

Foram analisados, tanto a campo como em laboratório, os seguintes

caracteres que compõem o rendimento da cultura:

Page 36: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

35

2.5.1 Rendimento de Grãos

2.5.1.1 RG – estimativa do rendimento de grãos: para a estimativa do

rendimento de grãos foi utilizada a massa de grãos proveniente da colheita de cada

parcela

2.5.1.2 NGE – número de grãos por espiga: foi realizada através da

contagem manual das espigas colhidas aleatoriamente na parcela.

2.5.1.3 MMG – massa média de grãos: foram utilizados os grãos

anteriormente trilhados e pesados em balança de precisão.

2.5.1.4 CE – comprimento da espiga: colhidas cinco espigas por

parcela aleatoriamente e mensuradas com régua graduada.

2.5.1.5 PE – peso da espiga: colhidas cinco espigas por parcela

aleatoriamente e pesadas em balança de precisão.

2.5.1.6 NEF – numero de espiguetas férteis: colhidas cinco espigas por

parcela aleatoriamente e contadas as espiguetas férteis manualmente.

2.5.1.7 NEE – numero de espiguetas estéreis: colhidas cinco espigas por

parcela aleatoriamente e contadas as espiguetas estéreis manualmente.

2.5.1.8 PGE – peso de grãos da espiga: colhidas cinco espigas por parcela

aleatoriamente debulhadas manualmente e pesados os grãos.

2.6 Análise estatística

Os dados foram submetidos a análise de variância para detecção da presença ou

ausência de interação entre os fatores. A partir daí, com base nestas informações

procederam-se o teste de comparação de médias e ajuste de equação de regressão

para explicar o comportamento de expressão dos caracteres em trigo dos distintos

genótipos frente as diferentes doses de aplicação de nitrogênio em cada ambiente

de cultivo (milho e soja). Além disto, foram determinados as relações existentes

entre os distintos caracteres agronômicos pelo modelo de Pearson e emprego de

análise multivariada para detecção de importância relativa e agrupamento de tocher

por meio de analise multivariada.

Page 37: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

36

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados expressos na tabela 3 da análise de variância,

se percebe que as doses de nitrogênio no ambiente de milho proporcionaram

alteração apenas no RG, ao passo que na MMG e nos demais caracteres da espiga

do trigo, diferenças significativas não foram encontradas. Por outro lado, se ressalta

que o RG e todos os demais caracteres avaliados mostraram diferença estatística na

comparação entre as duas cultivares, exceto para a MMG. Além disto, foi definido a

ausência de interações observadas entre doses e cultivares de trigo sobre resíduo

de milho em todas as variáveis testadas.

Tabela 3. Resumo da análise de variância do rendimento e massa de grãos e demais caracteres ligados à inflorescência do trigo.

FonteGL

Quadrado Médio Milhode RG MMG CE PE NEF NEE NGE PGE

Variação (Kg ha-1) (g) (cm) (g) (n) (n) (n) (g)Blocos 3 262539 98,03 3,35 0,11 12,06 0,72 58,16 0,07

Dose (D) 5 826701* 31,97* 2,7 0,14* 6,6 0,44 52,28 0,05Cultivar (C) 1 2428875* 3,02 11,25* 0,73* 105,02* 58,08* 977,41* 0,85*

D x C 5 149934 34,41 1,47 0,08 6,59 0,56 53,01 0,06Erro 33 74680 44,71 2,36 0,05 7,56 0,52 37,54 0,03Total 47                Média 2419,14 31,02 7,31 1,27 13,64 3,5 30,37 0,93CV (%)   16,94 21,55 21,01 18,66 20,15 20,65 20,17 19,61Fonte

GLQuadrado Médio Soja

de RG MMG CE PE NEF NEE NGE PGE

Variação (Kg ha-1) (g) (cm) (g) (n) (n) (n) (g)Blocos 3 8104 1,89 0,22 0,02 0,62 0,66 44,96 0,04

Dose (D) 5 387989* 11,71* 0,4 0,01 2,67* 0,63* 12,03 0,01Cultivar (C) 1 264820* 9,13* 1,49* 0,66* 46,41* 35,36* 1028,6* 0,48*

D x C 5 16621 3,06 0,11 0,01 1,71 0,19 17,24 0,01Erro 33 11504 0,76 0,17 0,01 0,61 0,16 8,77 0,01Total 47                Média 2481,28 31,91 7,53 1,19 14,09 3,53 29,57 0,87CV (%)   6,48 2,73 5,47 6,73 5,57 11,61 10,01 13,86

* Significância em 5% de probabilidade de erro; RG = Rendimento de Grãos; MMG = Massa de Mil Grãos; NGE = Numero de Grãos por Espiga; CE = Comprimento de Espiga; PE = Peso de Espiga; NEF = Numero de Espiguetas Férteis; NEE = Numero de Espiguetas Estéreis; PGE = Peso de Grão por Espiga; CV = Coeficiente de Variação

Na analise de variância, considerando o ambiente de soja, se ressalta, que

as doses de N proporcionaram diferenças tanto no RG como no MMG, NEF e NEE,

Page 38: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

37

diferentemente do observado sobre palha de milho. Além disso, as diferenças entre

as duas cultivares ficaram ainda mais evidentes sobre resíduo de soja, de tal forma

que, todas as variáveis evidenciaram diferenças. Destaca-se que no ambiente de

milho, os valores de quadrado médio foram superiores na fonte de variação cultivar,

sobre a dose de N. Já no ambiente soja, as doses mostraram valores de quadrado

médio superior do que o efeito de cultivar para o rendimento final (RG). Segundo

Pufal (1999) & Wendling et. al. (2007), o cultivo do trigo em sucessão a cultura da

soja proporciona uma boa produtividade com uma pequena resposta do trigo ao

nitrogênio aplicado em cobertura, pois a soja, além de promover aumento na

disponibilidade de nitrogênio, devido à fixação do N atmosférico, deixa resíduos

vegetais de fácil decomposição, o que promove um rápido aumento da

disponibilidade de nitrogênio na camada superficial do solo. Por outro lado, o trigo

cultivado após o milho proporciona maior resposta ao nitrogênio aplicado. Peres &

Suhet (1986), e Cadore (2008), revisando trabalhos de adubação nitrogenada no

Brasil, verificaram diferentes respostas do trigo ao nitrogênio, devido principalmente,

às variações na fertilidade do solo, no clima, nas cultivares e nas práticas culturais.

Na tabela 4 do teste de médias, o RG indicou os melhores desempenhos

médios a partir do ponto 80kg ha-1 a tal ponto que doses superiores a esta não

mostraram eficiência entre as cultivares no aproveitamento de N e direcionamento

aos grãos. Ressalta-se que a dose 0 Kg ha-1 mostrou o menor desempenho médio.

Tanto a MMG como o PE, as diferenças apenas foram detectadas na ausência do

fertilizante químico. Ainda no precedente cultural milho, cabe destacar a

superioridade da cultivar Cristalino sobre a Guamirim no RG, possivelmente

diferenças que, na espiga, se fazem presentes pelo NGE e PGE para esta cultivar, a

tal ponto que nos demais caracteres, diferenças entre as cultivares não foram

detectadas.

No precedente cultural soja cabe ressaltar que os valores máximos de

produção foram obtidos entre o ponto 60 e 90 kg ha-1, e nos pontos inferiores e

superiores a este intervalo mostraram os desempenhos médios mais reduzidos.

Além disso, se destaca que o ponto 60 kg ha-1 também indicou maior desempenho

na expressão da MMG. Por outro lado, as demais variáveis mostraram similaridades

frente às doses, diferindo apenas no NEF com um menor desemprenho para a dose

padrão e no NEE em que a dose 0 kg ha-1 mostrou maior incremento para

Page 39: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

38

espiguetas estéreis. Nesta condição (Tabela 4) a cultivar Cristalino também

evidenciou superioridade frente à Guamirim, diferenças que parecem ser obtidas

pela maior magnitude destacada no PE, NGE e PGE desta cultivar.

Tabela 4. Teste de médias por Scot Knott dos caracteres ligados à produção e inflorescência do trigo.

DosePrecedente Milho

RG MMG CE PE NEF NEE NGE PGE

(Kg ha-1) (g) (cm) (g) (n) (n) (n) (g)0 820c 27,98b 6,45a 1,10b 12,20a 3,20a 27,95a 0,90ª

40 1759b 32,22a 7,53a 1,29a 14,22a 3,72a 30,65a 0,94ª80 2908a 32,46a 7,64a 1,36a 14,27a 3,70a 30,80a 0,98ª

120 2370a 29,01a 6,71a 1,34a 12,85a 3,22a 27,20a 0,89ª160 2700a 32,58a 7,70a 1,36a 13,90a 3,57a 31,30a 0,94ª200 2364a 31,87a 7,85a 1,40a 14,42a 3,62a 34,32a 1,04ª

CultivarRG MMG CE PE NEF NEE NGE PGE

(Kg ha-1) (g) (cm) (g) (n) (n) (n) (g)Cristalino 2755a 31,27a 7,80a 1,39a 15,12a 4,60a 34,88a 1,06ªGuamirim 2080b 30,77a 6,83a 1,15a 12,16a 2,40b 25,85b 0,80b

DosePrecedente Soja

RG MMG CE PE NEF NEE NGE PGE

(Kg ha-1) (g) (cm) (g) (n) (n) (n) (g)0 1379c 30,98b 7,14a 1,15a 12,97b 4,10a 28,27a 0,86ª

30 1615b 31,81b 7,41a 1,18a 13,95a 3,47b 28,42a 0,84ª60 2875a 34,09a 7,65a 1,27a 14,37a 3,47b 30,52a 0,93ª90 2829a 31,61b 7,57a 1,20a 14,35a 3,42b 28,87a 0,87ª

120 2515b 32,29b 7,70a 1,16a 14,45a 3,37b 30,05a 0,84ª150 2173c 30,70b 7,74a 1,21a 14,45a 3,35b 31,27a 0,89ª

CultivarRG MMG CE PE NEF NEE NGE PGE

(Kg ha-1) (g) (cm) (g) (n) (n) (n) (g)Cristalino 2592a 32,35a 7,71a 1,31a 15,07a 4,39a 34,20a 0,97ªGuamirim 2368b 31,48a 7,36a 1,08b 13,10b 2,67b 24,94b 0,77b

* Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem estatisticamente entre s, em nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste de Tukey. RG = Rendimento de Grãos; MMG = Massa de Mil Grãos; NGE = Numero de Grãos por Espiga; CE = Comprimento de Espiga; PE = Peso de Espiga; NEF = Numero de Espiguetas Férteis; NEE = Numero de Espiguetas Estéreis; PGE = Peso de Grão por Espiga;

Segundo Wall (1997), a expressão do potencial de produtividade de um

genótipo em uma região depende de fatores genéticos e ambientais, especialmente

o fotoperíodo, a temperatura, a precipitação pluvial e a radiação solar. Outros fatores

também são importantes na expressão dos componentes de produção, de acordo

com RODRIGUEZ (2003), a incidência de baixas temperaturas retarda o

Page 40: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

39

desenvolvimento e aumenta o tempo de crescimento das sementes, já com a

ocorrência de temperaturas elevadas ocorre uma diminuição no período de

crescimento além de promover uma sensível redução no rendimento em trigo. Isso

acontece porque com elevadas temperaturas há um aumento no metabolismo de

transporte de assimilados principalmente da folha bandeira para a espiga, mas pelo

fato de ocorrer uma elevação na respiração, não necessariamente aumente a taxa

de enchimento da semente.

Segundo Silva et al., (2005), o caráter MMG expressa forte efeito sobre o

rendimento de grãos, sendo este componente primário o de potencial para seleção

de genótipos superiores para o rendimento de grãos. Para Vieira et al., (2009)

estudando as características genéticas da cultivar Guamirim sobre condições de

adubação e ambientes de cultivo obteve desempenho superior no componente

massa média de grãos refletindo diretamente em maximizar o rendimento final tanto

na resteva de soja como na de milho. Conforme Martins et al., (2009) estudando

comportamento de cultivares de aveia branca sobre diferentes tipo de resíduo

cultural, verificaram fortes diferença no ciclo total, principalmente pelo resíduo de

milho em atrasar a maturação, porém de reduzido efeito na massa de mil grãos,

independente dos sistemas de sucessão (soja e milho).

Na tabela 5, tanto o quadrado médio do modelo linear e quadrático foram

significativos no precedente cultural milho. Assim, nesta condição, o maior grau do

polinômio deve permanecer, caracterizando portanto uma tendência quadrática

(RG=1852,32+18,138x-0,079x2), confirmada pelo teste do coeficiente angular (bi)

desta equação.

No precedente cultural soja, o mesmo comportamento também foi observado

de modo que apenas a equação de segundo grau foi significativa e com coeficiente

angular significativo. Portanto, pelo modelo matemático y= - b1/2b2 foi possível obter

a máxima eficiência técnica (MET) e pelo modelo matemático ((t/w) -b1)/2b2, onde t é

o valor do insumo e w o valor do produto, que neste período, o quilograma de uréia

correspondeu ao custo de R$1,18 e o valor pago ao produtor do produto de R$0,41

o quilograma do trigo, obtendo a máxima eficiência econômica (MEE) nestes dois

ambientes de cultivo. Neste sentido, a MET no precedente cultural milho foi de

114kg ha-1 de N, muito superior ao da soja que evidenciou uma MET de 78,25 kg ha-

Page 41: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

40

1, ressaltando a forte contribuição do resíduo de soja na redução do fertilizante

químico, além disso, com a MEE no milho e na soja, foi observada uma faixa ótima

de utilização de 83,89 e 59,19 kg ha-1 de N, respectivamente.

Tabela 5. Resumo da análise de variância de equação de regressão, parâmetros da equação e sua significância com determinação da máxima eficiência técnica e econômica de produção em trigo.

Precedente FV QMEquação

(bi) R2 MET MEE(y=a+b1x+b2x)

MilhoL 493412* 2276,64+1,484x ns - - -

Q 2150913* 1852,329+18,138x-0,0795x2 * 0,86 114,1 83,89

SojaL 28844ns - - - - -

Q 1811746* 2038,04+20,19x-0,13x2 * 0,94 78,25 59,19

* Significância em 5% de probabilidade de erro; ns = não significativa em 5% de probabilidade de erro; L = Linear; Q = Quadrática.

A eficiência e a resposta dos genótipos de trigo ao N aplicado, em relação a

rendimento e qualidade de grãos, depende da disponibilidade de água, da dose de N

aplicada, do genótipo, da cultura anterior, do tipo de solo, da região, entre outros

fatores (FREITAS, 1995).

Em estudo com diferentes cultivares de trigo, diversos autores (SHANDU et

al., 2002; FRIZZONE et al., 1996), observaram resposta positiva a doses de

nitrogênio, mas em alguns estudos realizados no Cerrado com o trigo sucedendo a

soja, não se encontraram efeitos significativos do nitrogênio na produtividade

(SILVA, 1991), em virtude da contribuição da soja no suprimento de nitrogênio do

solo.

Na tabela 6, em que é possível observar diferentes parâmetros genéticos

sobre condições de distinto precedente cultural, se percebe que tanto o RG, MMG e

demais caracteres ligados à espiga, a variância genética (VG) mostrou maior

contribuição sobre a expressão do fenótipo (VP) do que a variância ambiental (VE),

independente da condição estabelecida pelo tipo de sucessão. No entanto, fato

relevante foi que, em todas as condições, os efeitos de maior estabilidade foram

mais pronunciados quando envolveu o resíduo vegetal de soja como cobertura

residual, confirmado pelo maior valor de herdabilidade. Por outro lado, as variáveis

MMG e NEE com valores um tanto similares nestas duas condições. Contudo, este

fato ratifica que uma condição que envolve diferenças no sistema de sucessão entre

Page 42: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

41

lavouras pode potencializar a maior estabilidade na expressão de caracteres de

interesse agronômico.

Tabela 6. Parâmetros genéticos em diferentes caracteres agronômicos ligados ao trigo para a previsão da estabilidade destes caracteres em distintos sistemas de sucessão.

Carácter CondiçãoParâmetros Genéticos

VE VP VG h2

RGMilho 74680 225345 150665 0,67

Soja 11504 99873 88369 0,88

MMGMilho 0,3 0,83 0,53 0,64

Soja 0,76 2,47 1,71 0,69

CEMilho 2,36 3,40 1,04 0,31

Soja 0,17 0,42 0,25 0,59

PEMilho 0,05 0,20 0,15 0,74

Soja 0,01 0,17 0,16 0,94

NEFMilho 7,56 28,15 20,59 0,73

Soja 0,61 11,76 11,15 0,95

NEEMilho 0,52 14,65 14,13 0,96

Soja 0,16 8,88 8,72 0,98

NGEMilho 37,54 253,74 216,20 0,85

Soja 8,77 259,34 250,57 0,97

PGEMilho 0,03 0,22 0,19 0,86

Soja 0,01 0,12 0,11 0,92

A expressão dos componentes que constituem a planta pode ser entendida

de forma mais eficiente através da natureza e intensidade com que as variações de

origem genética e de ambiente atuam sobre o fenótipo, sendo a herdabilidade o

efeito cumulativo de todos os locos que o afetam. Portanto, conhecida a

herdabilidade, pode ser dimensionado a intensidade com que estas variações

afetam sua expressão (CRUZ, 2005).

Vários métodos para o cálculo da herdabilidade têm sido descritos, podem-

se citar: o da herdabilidade realizada, regressão genitor-progênie, componentes de

Page 43: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

42

variância e outros, com emprego em situações mais específicas (CARVALHO et al.,

2001; PASSOS et al., 2010). Estes autores comentam que a herdabilidade pode ser

obtida a partir de ensaios de linhagens ou cultivares com base nos componentes de

variância, a partir do quadrado médio da análise de variância (Anava) em um

experimento com igual número de plantas ou de parcelas seguindo um delineamento

experimental.

O conhecimento da habilidade do efeito compensatório entre os

componentes do rendimento, de genótipos que apresentam diferente potencial de

afilhamento, é de fundamental importância para a recomendação de técnicas de

manejo diferenciadas, a fim de melhor se explorar o rendimento de grãos dessas

constituições genéticas. Isso se deve, principalmente, ao fato de os efeitos

compensatórios dos componentes do rendimento de grãos serem dependentes do

genótipo, do ambiente e da interação entre ambos (ATCHLEY & ZHU, 1997).

Na tabela 7, de correlações, no que se refere ao tipo de precedente cultural

soja e milho, a grande maioria das combinações, mostraram correlações deque vai

da maior a menor magnitude e de direcionamento positivo ou de relação inversa.

Para tanto, se destaca que o resíduo de milho mostrou correlações em todos os

caracteres avaliados, de tal forma que o aumento do CE, PE, NEF, NEE, NGE e

PGE tendem nesta condição a incrementar o RG. Por outro lado, fato curioso, foi

que a MMG mostrou correlação negativa com o RG, de modo que a promoção desta

variável pode direcionar em reduzir a produção final.

Já no precedente cultural soja, apenas o MMG e PE mostraram relação com

o RG, definindo de modo similar uma tendência positiva destas associações, assim,

mostrando que o incremento destas variáveis aumenta o RG. Cabe destacar na

tabela 6, as elevadas correlações negativas observadas entre MMG x NEF (-0,70),

MMG x NEE (-0,74) MMG x NGE (-0,77) e MMG x PGE (-0,74) indicaram claramente

que o aumento no numero de grãos, mesmo que proporcione peso na espiga, tende

a reduzir de modo efetivo a massa de grãos, prejudicial nesta espécie.

Page 44: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

43

Tabela 7. Correlação entre caracteres de importância agronômica em trigo, com

base nas diferenças que envolvem cultivar e tipo de precedente cultural.

VariáveisPrecedente ( r )   Cultivar ( r )

GeralSoja Milho   Cristalino Guamirim

RG x MMG 0,55* -0,34* 0,17 0,05 0,02

RG x CE 0,08 0,42* 0,34* 0,07 0,28*

RG x PE 0,31* 0,49* 0,42* 0,13 0,41*

RG x NEF 0,21 0,53* 0,27 0,2 0,38*

RG x NEE -0,03 0,41* -0,01 -0,15 0,25*

RG x NGE 0,03 0,35* -0,01 -0,08 0,21*

RG x PGE 0,21 0,34* 0,16 0,06 0,29*

MMG x CE 0,18 -0,41* 0,15 -0,06 -0,08

MMG x PE 0,53* -0,56* 0,05 0,43* 0,05

MMG x NEF 0,32* -0,69* 0,28* -0,07 -0,14

MMG x NEE 0,21 -0,74* -0,21 -0,06 -0,27*

MMG x NGE 0,31* -0,77* 0,16 0,02 -0,13

MMG x PGE 0,31* -0,74* -0,13 0,15 -0,13

CE x PE 0,51* 0,65* 0,58* 0,39* 0,55*

CE x NEF 0,81* 0,71* 0,66* 0,78* 0,75*

CE x NEE 0,05 0,31* -0,25 -0,41* 0,19

CE x NGE 0,64* 0,67* 0,41* 0,68* 0,66*

CE x PGE 0,54* 0,55* 0,34* 0,41* 0,54*

PE x NEF 0,75* 0,67* 0,45* 0,31* 0,63*

PE x NEE 0,57* 0,45* -0,13 -0,09 0,48*

PE x NGE 0,86* 0,74* 0,67* 0,62* 0,78*

PE x PGE 0,82* 0,81* 0,75* 0,71* 0,82*

NEF x NEE 0,39* 0,68* -0,31* -0,34* 0,54*

NEF x NGE 0,82* 0,86* 0,52* 0,66* 0,83*

NEF x PGE 0,71* 0,75* 0,39* 0,49* 0,71*

NEE x NGE 0,52* 0,63* -0,36* -0,22 0,57*

NEE x PGE 0,41* 0,59* -0,21 -0,11 0,51*

NGE x PGE 0,83* 0,84*   0,67* 0,73* 0,83*

Page 45: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

44

Outro ponto a destacar é que a condição de cultivo de trigo sobre resteva de

soja proporcionou um ambiente mais estável, a tal ponto que o nitrogênio fornecido

pela leguminosa promoveu um melhor aproveitamento de vários caracteres de

produção, estabilizando sua expressão e anulando consequentemente as possíveis

relações, o que pode ser comprovado na condição com resíduo de milho, em que

nesta condição todas as combinações mostraram correlações.

Nas correlações que envolvem as cultivares, importante comentar que

apenas o cultivar Cristalino mostrou correlação com o RG, destacando que o CE e

PE podem incrementar a produção final. Cabe destacar que para ambas as

cultivares assim como nos tipos de precedente cultural correlações positivas são

evidenciadas entre o NGE e PE, que de certa forma era esperado. Na correlação

Geral, que envolve de modo simultâneo os efeitos de precedente cultural e cultivar,

destaque para as relações positivas do CE, PE, NEF, NEE, NGE e PGE, no

incremento do rendimento final.

Nos programas de melhoramento genético, utiliza-se a correlação entre

caracteres, e sua importância reside no fato de se poder avaliar o quanto da

alteração de um caráter pode afetar os demais, no decurso da seleção (SANTOS et

al., 2000). Zagonel et al. (2002), avaliando doses de N e densidades de plantas, com

e sem regulador de crescimento, em trigo cultivar OR-1, observaram que, com o

aumento da dose de N (0; 45; 90 e 135 kg ha-1), independentemente da utilização do

regulador de crescimento, ocorreu um aumento do número de espigas por área e no

rendimento de grãos. Sob condições de irrigação por aspersão, Camargo et al.

(1988) obtiveram correlações positivas entre doses de 0; 60; 120 kg ha -1 e

rendimento de grãos, altura de plantas, comprimento de espigas, número de

espiguetas por espiga, número de grãos por espiga e teores protéicos nos grãos e

efeitos negativos entre doses de N com massa hectolítrica e massa de 1.000 grãos.

Embora se possa incrementar cada um dos componentes, individualmente,

fenômenos compensatórios fazem com que, freqüentemente, os componentes se

relacionem de forma negativa, tendendo a propiciar o incremento de uns e o

decréscimo de outros; assim, a mesma produtividade pode ser obtida por diferentes

caminhos, sendo difícil estabelecer-se uma combinação ótima dos componentes

(Lamothe, 1998).

Page 46: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

45

Na tabela 8, se percebe que, para o precedente cultural soja, os maiores

valores de autovalores foram obtidos no RG e MMG, de tal forma que representaram

a maior contribuição relativa frente à variação total sobre esta condição. Portanto, se

percebe que na soja, a MMG foi o componente que mais significativamente mostrou

alteração frente às demais, corroborando em contribuir mais diretamente sobre o

rendimento final. No precedente milho, o RG mostrou autovalores ainda mais

expressivos, porém nesta condição, tanto o PE quanto a MMG indicaram as maiores

contribuições para a variabilidade total. Para tanto, no milho, o PE foi o componente

mais expressivo em influenciar nestas diferenças e consequentemente, sobre o RG.

Ainda considerando as cultivares, as medidas dos autovalores e consequentemente

da contribuição relativa, foram significativamente pronunciados na cultivar Cristalino

(49,61%), a tal ponto que a MMG e o CE foram os componentes determinantes para

a variação total, 22,82 e 10,29%, respectivamente. Por outro lado, na cultivar

Guamirim, a contribuição relativa se mostrou similar pelo RG (28,18%) e MMG

(25,67%), mas com uma contribuição importante pelo PE (10,28%). Este fato levanta

a hipótese que mesmo as cultivares mostrando similaridades morfológicas, as

diferenças genéticas que envolvem a sua classificação industrial, com base no maior

e menor quantidade e qualidade de proteína, podem direcionar a uma maior

variação de contribuição relativa entre as variáveis, por não atingir sua máxima

capacidade de expressão. Contudo, na contribuição relativa geral, a partir do RG, as

maiores contribuições foram obtidas pela MMG e PE sobre a variabilidade fenotípica

total.

O rendimento de grãos é um caráter complexo, cuja magnitude resulta da

expressão e interação entre os diferentes componentes que o compõem, sejam eles

diretos ou indiretos, que, interagindo entre si e com o ambiente, possibilitam a

expressão do potencial genético da cultivar (CARVALHO & PISSAIA, 2002).

O rendimento de grãos foi descrito como produto de vários componentes de

rendimento (NEDEL, 1994). Em cereais com população de plantas constante, o

rendimento de grãos pode ser obtido principalmente pelo produto de três

componentes principais: número de espigas por unidade de área, número de grãos

por espiga e massa média do grão, e esses três componentes, até certo limite,

variam independentemente um do outro.

Page 47: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

46

Tabela 8. Médias gerais, autovalores e contribuição relativa das variáveis de importância agronômica do trigo sobre o tipo de precedente cultural, cultivar e geral.

Variável

Precedente CulturalSoja   Milho

MédiaAutovalores

(s.j) CR (%)   MédiaAutovalores

(s.j) CR (%)RG 2481,28 84,94 51,83 2419,14 120,84 66,91MMG 31,91 36,08 22,01 31,02 10,92 6,04CE 7,53 12,13 7,41 7,31 5,48 3,03PE 1,19 8,72 5,32 1,27 31,53 17,46NEF 14,09 9,33 6,69 13,64 0,89 0,49NEE 3,53 8,83 5,38 3,5 4,04 2,24NGE 29,57 1,32 0,81 30,37 5,04 2,79PGE 0,87 2,51 1,52   0,93 1,81 1,01

Variável

CultivarCristalino   Guamirim

MédiaAutovalores

(s.j) CR (%)   MédiaAutovalores

(s.j) CR (%)RG 2673,75 1028,23 49,61 2224,5 668,26 28,18MMG 31,81 473,06 22,82 31,125 608,73 25,67CE 7,755 213,39 10,29 7,095 17,2 0,72PE 1,35 75,75 3,65 1,115 501,43 21,14NEF 15,095 66,38 3,21 12,63 243,79 10,28NEE 4,495 83,52 4,02 2,535 56,35 2,37NGE 34,54 127,46 6,14 25,395 172,8 7,28PGE 1,015 5,18 0,25   0,785 102,45 4,32

VariávelGeral (Precedentes e Cultivares)

Média Autovalores (s.j) CR(%)RG 2449,67 342,21 49,38MMG 31,47 100,06 14,43CE 7,42 34,71 5,01PE 1,23 146,85 21,19NEF 13,86 32,85 4,74NEE 3,52 21,55 3,11NGE 29,97 11,65 1,68PGE 0,90 3,11 0,44

Na tabela 9, pelo grupamento de Tocher, considerando o precedente cultural

soja, três grupos distintos foram obtidos considerando a análise conjunta de todos os

caracteres. Assim o grupo um mostrou que a aplicação de nitrogênio em trigo sobre

o resíduo de soja mostra similaridade entre as doses 30, 120 e 150 kg ha -1 de N,

ratificando que doses acima de 120 promovem a expressão de todos os caracteres

avaliados similar a 30 kg ha-1 de N. este fato ressalta que doses a partir de 120 já

Page 48: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

47

tendem a promover neste ambiente, prejuízos para a cultura. Sendo assim, o grupo

2 caracterizado pela aplicação de N em 60 e 90 kg ha-1 promoveram resultados

distintos e que de acordo com os valores médios da tabela 4 foram os mais efetivos,

considerando o rendimento final que agrega todos os componentes. E, o terceiro

grupo representado pela dose padrão, que era esperado.

Tabela 9. Análise multivariada e agrupamento de Tocher a partir da distância generalizada de Mahalanobis para os distintos sistemas de sucessão e tipo de cultivar frente às doses de aplicação do nitrogênio em cobertura.

Grupo Precedente Cultural

Soja   Milho

1 S30 S120 S150   M40 M160 M200

2 S60 S90      M80 M120     

3 S0         M0       

Grupo Cultivar

Cristalino   Guamirim

1 M120 S90 M80 M40 M40 M120 S60 M80  

2 S60 S120     S90 S120 S30 S150  

3 S0 S150 S30   M160 M200      

4 M160 M200     M0        

5 M0         S0        

Grupo Geral (Precedentes e Cultivares)

1 M120 S60 M40 S90 M80 M160 S30 S120    

2 S0 S150                

3 M0                  

4 M200                  

Na condição de precedente cultural milho, de modo conjunto entre as

diferentes variáveis analisadas, também três Grupos foram formados, grupo 1,

caracterizado pela aplicação de nitrogênio de 40, 160 e 200kg ha-1 que foram

similares entre si, discussão similar, ao observado no ambiente de soja, grupo 2,

Page 49: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

48

com doses de 80 e 120kg ha-1 de N, que de acordo com a tabela 4 evidenciaram um

maior rendimento final, tendo ainda o grupo 3, representado pela dose padrão.

Em relação às cultivares utilizadas neste trabalho, a cultivar Cristalino

apresentou cinco grupos de doses, mantendo os mesmos patamares de produção

em cada grupo, fazendo parte do grupo 1 as doses 40, 80 e 120kg ha -1 sobre

resíduo de milho e 90kg ha-1 sobre resíduo de soja, o grupo 2 com as doses de 60 e

90 Kg ha-1 de N no ambiente de soja, sendo que de acordo com a tabela 4 de

comparação de médias, o grupo 2 evidenciou um maior rendimento final de grãos,

tendo ainda os grupos 3, 4 e 5 com desempenhos inferiores.

Já para a cultivar Guamirim, o grupo 1, composto pelas doses 40, 80 e 120

Kg ha-1 de N no ambiente milho e 60 kg ha-1 no ambiente soja, foi o que evidenciou

maior produção, com uma exigência menor em nitrogênio, especialmente sobre

resíduo de soja, provavelmente devido ao fato de sua classificação ou qualidade

tecnológica ser de tipo pão, exigindo menos nitrogênio para a formação de

proteínas. Possui ainda os grupos 2, 3, 4 e 5, com rendimentos inferiores. Ainda, na

combinação geral entre precedentes culturais e cultivares, excetuando-se as doses

zero e 150 Kg ha-1 de N sobre resíduo de soja, e zero e 200 Kg ha -1 sobre o resíduo

de milho, as demais doses proporcionaram um potencial de rendimento

relativamente similar, provavelmente devido aos ajustes fisiológicos de cada cultivar

aos diferentes ambientes em questão.

O agrupamento de Tocher leva ao estabelecimento de grupos de forma que

exista homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre grupos. Além disso,

é uma técnica de otimização que agrupa os indivíduos mantendo o critério de que as

distâncias intragrupos sejam sempre menores do que as intergrupos (CRUZ &

REGAZZI, 2001). Desta forma, a formação destes grupos representa valiosa

informação na escolha de genitores dentro dos programas de melhoramento, pois as

novas populações híbridas a serem estabelecidas devem ser baseadas na

magnitude de suas distâncias e no potencial por si só dos genitores.

Page 50: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

49

CONCLUSÕES

A cultivar Fundacep Cristalino, da classe comercial melhorador, teve

rendimentos superiores à cultivar BRS Guamirim independentemente das doses de

nitrogênio empregadas e dos distintos ambientes de cultivo.

O ambiente de cultivo soja proporcionou uma maior herdabilidade de

expressão dos caracteres de interesse agronômico conferindo maior estabilidade de

produção.

A massa média de grãos é o caráter que mais influencia no rendimento final

de grãos em trigo, determinando também, em maior contribuição relativa sobre a

variabilidade total.

Ao contrario da dose padrão, as menores doses N aplicadas sobre resíduo

de milho e de soja obtiveram comportamento similar as maiores doses frente a

avaliação simultânea de caracteres pelo agrupamento de Tocher.

A máxima eficiência técnica foi obtida com a aplicação de 114 e 78 kg ha -1

de nitrogênio, sendo a máxima eficiência econômica alcançada com 78 e 59 kg ha -1

nos ambientes de milho e soja, respectivamente.

Page 51: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABITRIGO, Associação Brasileira da Indústria de Trigo; 2008

http://www.abitrigo.com.br; Acesso em 10/11/2008.

ALMEIDA, M.L.; MUNDSTOCK, C.M. O afilhamento em comunidades de cereais de

estação fria é afetado pela qualidade da luz? Ciência Rural, Santa Maria, v.28,

p.511-519, 1998.

ALMEIDA, M. L. de.; MUNDSTOCK, C. M. A qualidade da luz afeta o afilhamento

em plantas de trigo, quando cultivadas sob competição. Ciência. Rural,  Santa

Maria,  v. 31,  n. 3, jun.  2001.

ARGENTA, G. et al. Clorofila na folha como indicador do nível de nitrogênio em

cereais. Ciência Rural,  Santa Maria,  v. 31,  n. 4, ago.  2001.

ATCHLEY, W.R.; ZHU, J. Developmental quantitative genetics, conditional

epigenetic variability and growth in mice. Genetics, v.147, p.765-776, 1997.

ATLAS SOCIOECONÔMICO DO RIO GRANDE DO SUL; 2006.

http://www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas.asp?menu=494 acesso 10/06/2007.

ALVES, A. C.; MUNDSTOCK, C. M.; MEDEIROS, J. D. Iniciação e emergência de

afilhos em cereais de estação fria. Ciência Rural,  Santa Maria,  v. 35,  n. 1, fev. 

2005.

ARAUJO, A. S. F. de et al. Utilização de nitrogênio pelo trigo cultivado em solo

fertilizado com adubo verde (Crotalaria juncea) e/ou uréia. Ciência Rural,  Santa

Maria,  v. 35,  n. 2, abr.  2005.

Page 52: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

51

BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária.

Instrução normativa n.7, de 15 de agosto de 2001. Defne as características de

identidade e qualidade do trigo. Diário Ofcial da República Federativa do Brasil,

Brasília, 15 de Agosto de 2001.

BRAZ Antônio Joaquim Braga Pereira; SILVEIRA Pedro Marques da; KLIEMANN

Huberto José; ZIMMERMANN Francisco José Pfeilsticker Adubação nitrogenada

em cobertura na cultura do trigo em sistema de plantio direto após diferentes

culturas; Ciênc. agrotec., Lavras, v. 30, n. 2, p. 193-198, mar./abr., 2006.

BREDEMEIER, C.; MUNDSTOCK C. M. Regulação da absorção e assimilação do

nitrogênio nas plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 2, p. 365-372, 2000.

CADORE, P. R, Emprego de diferentes épocas de adubação nitrogenada na

expressão dos componentes de rendimento de grãos em trigos multicolmos

sob dois sistemas de cultivo. 52 p. Trabalho de Conclusão de Curso.

Departamento de Estudos Agrários, Universidade Regional do Noroeste do estado

do Rio Grande do Sul, Ijuí. 2008

CAMARGO, C. E. O.; FREITAS, J. G.; CANTARELLA, H. Recomendações de

adubação e calagem para o trigo e triticale irrigados. In: RAIJ, B. van;

CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de

calagem e adubação para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1997, p.70-71

(Boletim Técnico, 100).

CARVALHO Marcos Fontoura ; FINATTO, Taciane; BUSATO Cyrano Cardoso ;

RIBEIRO Guilherme; Correlação de acamamento com rendimento de grãos e

outros caracteres de interesse agronômico em plantas de trigo; Cienc.

Rural vol.36 no.3 Santa Maria June 2006. CONAB. Acompanhamento da safra

brasileira: grãos: safra 2008/2009, oitavo levantamento. Brasília, D F , 2009 . 3 9 p

CARVALHO, D.B. de; PISSAIA, A. Cobertura nitrogenada em girassol sob plantio

direto na palha: I - rendimento de grãos e seus componentes, índice de colheita e

teor de óleo. Scientia Agraria, Curitiba,v. 3, n.3, p. 41-45, 2002.

Page 53: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

52

CAZETTA, D. A. et al . Qualidade industrial de cultivares de trigo e triticale

submetidos à adubação nitrogenada no sistema de plantio direto. Bragantia, 

Campinas,  v. 67,  n. 3,   2008.

CONAB. Indicadores agropecuários: Quadro de suprimentos: oferta e demanda.

[Brasília, DF], 2010. Disponível em: http://www.conab.gov.br/conabweb/download

/indicadores/0301_Oferta_e_demanda_brasileira.pdf> Acesso em: 18 fev. 2010.

COUNCE, P. et al. A uniform, objective, and adaptative system for expressing

rice development. Crop Science, Madison, v.40, n.2, p.436-443, 2000.

CRUZ, C.D. Princípios da genética quantitativa. Viçosa: UFV, 2005. 394 p.

CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento

genético. UFV, 2001. 390p.

CUNHA, Gilberto R.; BACALTCHUK, Benani; Tecnologia para produzir trigo no

Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Assembleia Legislativa. Comissão de Agricultura,

Pecuária e Cooperativismo/Passo Fundo: Embrapa Trigo 2000. 404 pág. (Série

Culturas, nº 2).

DIDONET, A.D. et al. Realocação de nitrogênio e de biomassa para os grãos,

em trigo submetido à inoculação de Azospirillum. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, Brasília, v.35, p.401-411, 2000.

DONG, K.; HAO, C. Y.; WANG, A. L.; CAI, M. H.; YAN, Y. M. Characterization of

HMW glutenin subunits in bread and tetraploid wheats by reserved-phase high-

performance liquid chromatography. Cereal Research Communications, Szeged,

v. 37, p. 65-72, 2009.

ESTADOS UNIDOS. Department of Agriculture. Foreign Agricultural Service. World

Agricultural Production. Washington, DC, 2010a. 23 p. Disponível em:

ht_Hlt255897684t_Hlt255897684p://www.fas.usda.gov/wap_arc.asp/. Acesso em: 12

fev. 2010.

ESTADOS UNIDOS. Department of Agriculture. World Agricultural Outlook Board.

World Agricultural Supply and Demand Estimates – WASDE 479. Washington, DC,

Page 54: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

53

2010b. 40 p. Disponível em: http://www.usda.gov/ oce/commodity/wasde/latest.pdf.

Acesso em: 12 fev.2010.

FAGAN, E. B.; MEDEIROS, S. L. P.; MANFRON, P. A.; CASAROLI, D.; SIMON, J;

NETO, D. D.; LIER, Q. J van.; SANTOS, O. S.; MÜLLER, L. Fisiologia da fixação

biológica do nitrogênio em soja – revisão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14,

n.1, p. 89-106. 2007.

FAGERIA, N.K.; BARBOSA FILHO, M.P. Avaliação Preliminar de Cultivares de

Arroz Irrigado para a maior Eficiência de Utilização de Nitrogênio. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v.17, p.1709-1712, 1982.

FREITAS, J. G.; CAMARGO, C. E. O.; FERREIRA FILHO, A. W. P.; PETTINELLI

JUNIOR, A. Produtividade e resposta de genótipos de trigo ao nitrogênio.

Bragantia, Campinas, v.53, n.2, p.281-290, 1994.

FRIZZONE, J. A.; Mello Júnior, A. V.; Folegatti, M. V.; Botrel, T. A. Efeito de

diferentes níveis de irrigação e adubação nitrogenada sobre componentes de

produtividade da cultura do trigo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.31,

n.6, p.425-434, 1996.

GUTKOSKI, L. C.; KLEIN, B.; PAGNUSSATT, F. A.; PEDÓ, I. Características

tecnológicas de genótipos de trigo (Triticum aestivum L.) cultivados no

cerrado. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 3, p. 786-792, 2007.

JORGE, J. A.; Solo: manejo e adubação: compêndio de edafologia / José

Antônio Jorge; 2ª edição; São Paulo: 1983; 316 pág.

LAMOTHE, A. G. Fertilización con N y potencial de rendimiento em trigo. In: Kohli,

M. M.; Martino, D. L. (ed.). Explorando altos rendimientos de trigo. Montevideo:

CIMMYT/INIA, 1998.p.207-246.

LARCHER, E. C. Growth stages in cereals. Illustration of the Feekes scale. Plant

Pathology, London, v.3., n.4, p.128-129, 1929.

LUO, C.; GRIFFIN, W. B.; BRANLARD, G.; MC NEIL, D. L. Comparison of low and

high molecular-weight wheat glutenin allele effects on flour quality. Theoretical

and Applied Genetics, New York, v. 102, p. 1008-1098, 2001.

Page 55: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

54

MANDARINO, J.M.G. Aspectos Importantes para a qualidade do Trigo. Londrina:

Embrapa – CNPSo, 1993. 32p. (Embrapa – CNPSo. Documentos, 60)

MARIOT, C.H.P. et al. Resposta de duas cultivares de arroz irrigado à

densidade de semeadura e à adubação nitrogenada. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, Brasília, v.38, n.2, p.233-241, 2003.

MARTINS, J. A. K. Épocas de aplicação de nitrogênio e ambientes de cultivo na

expressão de caracteres de importância agronômica em aveia.. 52 p. Trabalho

de Conclusão de Curso. Departamento de Estudos Agrários, Universidade Regional

do Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, Ijuí. 2009

MEURER, E. J.; INDA Jr., A. V. Fertilidade dos solos e manejo da adubação de

culturas, Porto Alegre: Genesis, 2004. p.139-151.

MITTELMANN, A., NETO, J.F.B., CARVALHO, F.I.F, LEMOS, M.C.I., CONCEIÇÃO,

L.D.H. Herança de caracteres do trigo relacionados á qualidade de panificação.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.5, p.975-983, 2000

MUNDSTOCK, C.M. Planejamento e manejo integrado da lavoura de trigo. Porto

Alegre: Evnagraf, 1999. 227p.

NEDEL, J. L; MOLAS G; CIRILO N. E.; PESKE, S. T. Variação e associação de

características ligadas à formação do grão de genótipos de trigo. Scientia

Agrícola., Piracicaba, v. 56, n. 4, 1999.

NEDEL, J.L. Progresso genético no rendimento de grãos de cultivares de trigo

lançadas para cultivo entre 1940 e 1992. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29,

p.1565-1570, 1994.

ORMOND, J. G. P.; Glossário de termos usados em atividades agropecuárias,

florestais e ciências ambientais; Banco nacional de desenvolvimento econômico e

social (BNDS), 3ª edição, 316 pág., 2006

PUFAL, R. Rendimento do Trigo (Triticum aestivum L.) em Diferentes Doses de

Nitrogênio Tratado ou não com Fungicida. Trabalho de Conclusão de Curso.

Departamento de Estudos Agrários. Unijui, Ijuí. 68p. 1999.

Page 56: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

55

RAIJ, B.V. Avaliação da fertilidade do solo. POTAFOS, Instituto Agronômico do

Estado de São Paulo, Piracicaba, 1981.

RODRIGUES, O.; DIDONET, A. D.; TEIXEIRA, M. C. C.; ROMAN, E. S. Redutores

de Crescimento. Circular Técnica 14. Passo Fundo. Dezembro/2003.

SANGOI Luís; BERNS Adelina Cecília; ALMEIDA Milton Luiz de; ZANIN Claitson

Gustavo; SCHWEITZER Cleber. Características agronômicas de cultivares de

trigo em resposta à época da adubação nitrogenada de cobertura. Ciência

Rural, Santa Maria, v.37, n.6, p.1564-1570, nov-dez, 2007.

SANDHU, K. S.; Arora, V. K.; Chand, R. Magnitude and economics of fertilizer

nitrogen response of wheat in relations to amount and timing of water inputs.

Experimental Agriculture, London, v.38, n.1, p.65-78, 2002.

SANTOS, R.C.; CARVALHO, L.P.; SANTOS, V.F. Análise de coeficiente de trilha

para os componentes de produção em amendoim. Ciência e Agrotecnologia,

v.24, p.13-16, 2000.

SEAGRI. Disponível em <www.seagri.ba.gov.br/trigo>. Acesso em 03/11/2009

SILVA, S. A.; CARVALHO, F. I. F. de; SILVA, J. A. G da. Análise de trilha para os

componentes do rendimento de grãos de trigo. Bragantia, Campinas, v.64, n.2,

p.191-196, 2005.

SILVA, D. B. Efeito do nitrogênio em cobertura sobre o trigo irrigado em

sucessão à soja na região dos Cerrados. Pesquisa Agropecuária Brasileira,

Brasília, v.26, n.9, p.1387-1392,1991.

SILVA, José Antonio Gonzalez da; CARVALHO, Fernando Irajá Félix de; OLIVEIRA,

Antonio Costa de; VIEIRA, Eduardo Alano; BENIN, Giovani; VALÉRIO Igor Pires ;

SOUZA, E.J. et. al. Influence of genotype, environment, and nitrogen

management on spring wheat quality. Crop Science, Madison, v.44, p.425-432,

2004.

TAIZ, L.; Fisiologia Vegetal / Lincoln Taiz Eduardo Zieger; trad. Eliane Romanato

Santarém ...[et al.] – 3 ed. – Porto Alegre; Artmed, 2004.

TAVARES, J. E; DALTO, G.; Manejo eficiente da adubação nitrogenada.

MANAH. Ano XXII - JAN/FEV/MAR - 2004 Nº 165.

Page 57: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

56

TOHIDFAR, G.; MOHAMMADI, M.; GHARAHYAZI, B.; ,MOHAMMADI, S. A.

Relationships between HMW-GS and breadmaking quality in advanced wheat

lines. Cereal Foods World, St. Paul, v. 49, p. 28-34, 2004.

TORRES, G. A. M. Proteínas de reserva do trigo: o pão ou o biscoito nosso de

cada dia. 2008. Disponível em: <http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.

php?id=23713>. Acesso em: 10 fevereiro 2008.

VALÉRIO, I.P. Efeito do ambiente e densidade de semeadura em genótipos de

trigo contrastantes para o caráter afilhamento. Pelotas, 2008. 25p. Dissertação

(Mestrado em Fitomelhoramento) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia,

UFPel, 2008.

WENDLING Ademir; ELTZ Flávio Luiz Foletto; CUBILLA Martin Maria; AMADO

Telmo Jorge Carneiro; MIELNICZUK João; LOVATO Thomé. Recomendação de

adubação nitrogenada para trigo em sucessão ao milho e soja sob sistema

plantio direto no Paraguai. R. Bras. Ci. Solo, 31:985-994, 2007.

WIKIPÉDIA, 2010. <http://www.wikipedia.org/wiki/trigo acesso em 29/10/2010

WRIGLEY, C.W. Developing better strategies to improve grain quality for wheat.

Australian Journal of Agricultural Research, Melbourne, v.45, p.1-17, 1994.

YAMADA, T.; ABDALLA, S. R. S.; VITTI, G. C.; Nitrogênio e enxofre na agricultura

brasileira; Simpósio sobre nitrogênio e enxofre na agricultura brasileira, 722 p.:

il. Piracicaba, SP, 2007

ZAGONEL, J.; VENANCIO, W. S.; KUNZ, R. P.; TANAMATI, H. Doses de

nitrogênio e densidades de plantas com e sem um regulador de crescimento

afetando o trigo, cultivar OR-1. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, n.1, p. 25-29,

2002.

Page 58: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

57

ANEXOS

Page 59: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

58

APÊNDICE A – Croquis da Área Experimental

Figura 1. Croqui da área experimental sobre resíduo de soja.

Figura 2. Croqui da área experimental sobre resíduo de milho.

Page 60: REFLEXOS DAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E SISTEMAS DE SUCESSÃO NOS CARACTERES LIGADOS À PRODUÇÃO EM TRIGOS DE CLASSE PÃO E MELHORADOR

59