reflexões sobre a viabilização dos rpps municipais

41
7º Congresso da APEPREM REFLEXÕES SOBRE A VIABILIZAÇÃO DOS RPPS MUNICIPAIS 6 de abril de 2011

Upload: apeprem

Post on 02-Jul-2015

2.483 views

Category:

Technology


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

7º Congresso da APEPREM

REFLEXÕES SOBRE A VIABILIZAÇÃO

DOS RPPS MUNICIPAIS

6 de abril de 2011

Page 2: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMACentro de Estudos e Pesquisas de

Administração Municipal

REFLEXÕES SOBRE A VIABILIZAÇÃO

DOS RPPS MUNICIPAIS

Fátima Fernandes de Araújo

Alfredo Sant’Anna Junior

Page 3: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. COMENTÁRIOS INICIAIS

Page 4: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

Há uma crise anunciada (mas ainda

não instalada) na maioria dos RPPS

municipais. Apesar dos esforços da

União (responsável final pela

normatização previdenciária) por meio

das três grandes reformas já havidas,

em 13 anos, o futuro dos RPPS ainda é

sombrio.

Page 5: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

O objetivo desta breve palestra é,

tentar explicitar o eixo principal dessa

crise, apresentar algumas reflexões, e

apontar alguns caminhos que nós, do

Cepam estamos pesquisando.

Antes, porém se faz necessários uma

breve retrospectiva histórica.

Page 6: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

2.A Constituição Federal de 1988 permitiu

que os entes estatais constituíssem seus

regimes previdenciários próprios, mas

isto não gerou, de imediato, nenhum

movimento das prefeituras, no sentido de

construírem seus RPPS.

Page 7: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Entretanto, com a crise do Regime

Geral (e a crise econômica da época),

a União, regulamentou, em 1991, por

meio da Lei 8.212, a retenção de

recursos do FPE e FPM para os entes

estatais que tivessem dívidas para

com o INSS.

Page 8: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Este fato, aliado à necessidade de

definição de um Regime Jurídico Único,

provocou um forte movimento de

criação de RPPS, a partir de 1992. Uma

pesquisa do Cepam apontou que

cerca de 90% dos RPPS paulistas

foram criados a partir desta data.

Page 9: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Com isto, muitos municípios passaram,

como num “passe de mágica”, de

devedores do INSS a “credores”, em

razão da compensação previdenciária,

também prevista na Nova Constituição

Federal.

Page 10: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Ocorre que dados da mesma pesquisa

mostraram que cerca de 80% de tais

RPPS foram criados sem qualquer

estudo atuarial, sendo que um terço

dos que o fizeram, não o seguiram.

Também não houve parcimônia na

definição dos benefícios prestados por

tais RPPS.

Page 11: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Esta mesma pesquisa do Cepam,

apontou, ainda, entre outras:

- alíquotas baixas de contribuição;

- oferta de planos de saúde;

- Inclusão de detentores de cargos em

comissão e mesmo vereadores.

- empréstimos à Prefeitura e servidores;

Page 12: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Esta situação motivou as Emendas

Constitucionais nºs, 20/98, 41/03 e

47/05, e demais leis e outros atos

legais correspondentes.

2. Com tais instrumentos, a União tem

procurado aproximar os RPPS do

Regime Geral.

Page 13: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Exemplo disto é a exigência (correta,

mas insuficiente) de realização anual

de estudos atuariais, sem atentar que

estes podem ser “distorcidos”

conforme as premissas escolhidas,

além de serem peças quase

ininteligíveis e muito pouco

transparentes.

Page 14: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

ALGUNS DADOS

ESTATÍSTICOS

Page 15: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

Quantidade de Segurados de RPPS - Brasil

Entes com RPPS Ativos Inativos Pension. Total

Governos Estaduais 3.204.473 1.323.661 536.571 5.064.705

Capitais 591.845 174.715 65.624 832.184

Demais Municípios 1.775.673 256.774 87.894 2.120.342

Total Brasil 5.571.991 1.755.150 690.089 8.017.231

Fonte: www.previdencia.gov.br - março/2011

Quantidade de Segurados de RPPS - São Paulo

Entes com RPPS Ativos Inativos Pension. Total

Governo de São Paulo 517.856 261.285 133.057 912.198

São Paulo – Capital 157.520 46.341 20.778 224.639

Demais Municípios SP 318.212 54.035 20.623 392.870

Total São Paulo 993.588 361.661 174.458 1.529.707 Fonte: www.previdencia.gov.br - março/2011

Page 16: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

Total das Reservas dos RPPS - Brasil - out/2010

Entes Com RPPS Reservas Obs.

Governos Estaduais (+DF) 19.730.521.168,14 s/ reservas = 2; s/ inf. = 2

Capitais dos estados 4.710.746.550,11 sem informação = 2

Demais municípios 25.056.733.549,71

Total 49.498.001.267,96

Fonte: www.previdencia.gov.br - março/2011

Total das Reservas dos RPPS - São Paulo - out/2010

Entes Com RPPS Reservas Obs.

Governo de São Paulo - sem informação

São Paulo - Capital 12.224.037,59

Demais municípios 8.540.344.710,22 s/ reserv. = 19; s/ inf; = 10

Total 8.552.568.747,81

Fonte: www.previdencia.gov.br - março/2011

Page 17: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

Reservas Per Capita - Brasil

Entes Com RPPS Reservas Tot. Segurados Per Capita

Governos Estaduais 19.730.521.168,14 5.064.705,00 3.895,69

Capitais 4.710.746.550,11 832.184,00 5.660,70

Demais municípios 25.056.733.549,71 2.120.341,55 11.817,31

Total/ Média 49.498.001.267,96 8.017.230,55 6.173,95

Reservas Per Capita - São Paulo

Entes Com RPPS Reservas Tot. Segurados Per Capita

Governo São Paulo 0,00 912.198,00 0,00

São Paulo - Capital 12.224.037,59 224.639,00 54,42

Demais municípios 8.540.344.710,22 392.870,00 21.738,35

Total/ Média 8.552.568.747,81 1.529.707,00 5.590,98

Page 18: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

Reservas Per Capita - Brasil - Apenas Inativos e Pensionistas

Entes Com RPPS Reservas Inativos + Pens Per Capita

Governos Estaduais 19.730.521.168,14 1.860.232 10.606,48

Capitais 4.710.746.550,11 240.339 19.600,43

Demais municípios 25.056.733.549,71 344.668 72.698,15

Total/ Média 49.498.001.267,96 2.445.239 20.242,60

Reservas Per Capita - São Paulo - Apenas Inativos e Pensionistas

Entes Com RPPS Reservas Inativos + Pens Per Capita

Governo São Paulo 0,00 394.342,00 0,00

São Paulo - Capital 12.224.037,59 67.119,00 182,12

Demais municípios 8.540.344.710,22 74.658,00 114.392,89

Total/ Média 8.552.568.747,81 536.119,00 15.952,74

Page 19: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

As informações produzidas nas duas últimas tabelas

não têm base científica, porque os dados são

incompletos, estamos comparando números de

datas diferentes, estamos raciocinando sobre

médias, em realidades bastante diferentes e,

sobretudo, não se está considerando a evolução

dos regimes.

Entretanto, são aproximações que permitem realizar

algumas inferências, como segue:

Page 20: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Fica evidente que a situação dos

municípios é bem melhor que as dos

estados e capitais, certamente porque

os RPPS destes últimos são mais

antigos.

Page 21: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Analisando-se os resultados para os

municípios paulistas, e considerando-

se uma remuneração média de R$

1.500,00, vê-se que a reserva per capita

é de 14 ou 15 salários, o que,

evidentemente, é muito pouco, para

regimes que tem mais de 15 anos de

existência.

Page 22: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

3. Observando as reservas per capita quando só

alocadas para os inativos e pensionistas

(raciocínio que muitos fazem), atingiríamos 75

a 80 salários, suficientes (?), para 6 ou 7 anos.

Visto desta forma, pode parecer que a situação

não é tão ruim, mas isto é ilusório, porque a

quantidade de inativos e pensionistas, com a

atual longevidade humana, tende a aumentar

muito.

Page 23: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

4. Em nosso entendimento, a questão

central, no que se refere à insuficiência

de recursos, está naquilo que o Cepam

denomina de “Passivo dos Ativos” e

que o MPS chama, eufemisticamente,

de “Custos Suplementares”.

Page 24: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

A LÓGICA DO CÁLCULO ATUARIAL (Individual)

Primeir

o

empr

ego

Sist.P

róprio

Apose

ntad

oria

Mor

te se

rvido

r

P

ensã

o

Fim

Pen

são

Aposentadoria Pensão

Período Contributivo Período de Recebimento

INSS Sist.Próprio Passado

Sist. Próprio Futuro

Recebimento de Benefício

Nascim

ento

Data focal

Page 25: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

5. Em outras palavras, em muitos RPPS

as reservas relativas aos servidores

ativos são insuficientes para garantir

suas futuras aposentadorias e

pensões. E é bastante provável que

isto não esteja aparecendo, de forma

explícita, nos estudos atuariais.

Page 26: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

ANÁLISE DOS PRINCIPAIS ATORES

ENVOLVIDOS NOS RPPS

Page 27: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Servidores Municipais: Principais

interessados, os servidores

municipais, os inativos e pensionistas

procuram preservar seus direitos aos

benefícios previdenciários. No entanto,

tirante alguma participação no

conselho gestor, têm pouco poder de

decisão.

Page 28: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Prefeitura :

É a responsável final, por força de lei,

quanto às garantias de prestação dos

benefícios previdenciários devidos aos

servidores vinculados ao RPPS.

Participa do conselho gestor e tem

responsabilidades quanto à legislação local

e outras regulamentações de seu RPPS.

Page 29: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

O grande dilema dos prefeitos é que

precisam trabalhar com recursos

escassos e, por terem herdado de seus

antecessores uma grande “dívida

oculta” (passivo atuarial dos RPPS)

serão obrigados a despender parte dos

recursos municipais que ficarão inertes

nos bancos.

Page 30: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Direção do RPPS:

Gestor do sistema, responsável pela

concessão dos benefícios e demais tarefas

relativas à gestão, além do acompanhamento

físico-financeiro, estatístico e de aplicação dos

recursos. Teoricamente representam os

interesses dos servidores, mas também são

subordinados ao Executivo local.

Page 31: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Câmara Municipal:

Responsável local pela fiscalização do

RPPS. Mas têm ação limitada à

observância dos aspectos legais.

3. Tribunal de Contas do Estado:

Instituição responsável pela fiscalização

dos RPPS em nível estadual. Idem.

Page 32: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

6. Governo Federal:

Único ente estatal com atribuição para legislar

sobre questões previdenciárias. Entretanto,

está distante dos problemas municipais e tem

tomado decisões mais pautadas por medidas

técnicas corretivas, do que proativas. Por meio

do MPS, CMN e outros setores, também define

normas executivas e fiscaliza os RPPS.

Page 33: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

É interessante notar que os órgãos e

instituições fiscalizadores (Câmaras

Municipais, TCEs e alguns setores do

Governo Federal) limitam-se à observância

do estrito cumprimento da legislação.

Nenhum deles ousa, por exemplo,

questionar os resultados apresentados por

um estudo atuarial.

Page 34: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Bancos e Instituições Financeiras:

São responsáveis pela gestão dos recursos

financeiros dos RPPS, quando contratados

pelos RPPS e é óbvio que possuem um grande

interesse nos quase 50 bilhões hoje

acumulados pelos RPPS.

São, portanto, “estimuladores” indiretos dessa

acumulação..

Page 35: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Atuários e respectivas empresas:

Quando contratados pelos RPPS e/ou pelas

prefeituras, são os responsáveis por analisar

uma grande massa de dados de segurados

e definir não só o fluxo de caixa, no tempo,

como também as alíquotas de contribuição

que garantam o equilíbrio financeiro-atuarial

dos regimes.

Page 36: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

Entretanto, são empresas e/ou profissionais

liberais que vendem seus produtos e, por

isto mesmo, precisam “ouvir” os contratantes.

O resultado disto é que muitos destes estudos

não têm sido feitos com o rigor necessário, o

que motivou, inclusive, a “intervenção”

recente do MPS sobre as taxas de

contribuição (mínimo de 11%).

Page 37: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

ALGUMAS CONCLUSÕES

Page 38: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. É necessário investir na melhoria da

qualidade dos estudos atuariais.

O MPS quando criou o SIPREV tinha

previsto neste sistema a inclusão de um

módulo atuarial, que traria a padronização

e a confiabilidade necessárias, mas isto

ainda não se viabilizou...

Page 39: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• Parte desta responsabilidade é do próprio

RPPS que não só deve exigir mais do

atuário, como também fornecer a ele uma

base de dados completa, fidedigna e no

momento oportuno.

Os RPPS devem envidar esforços para

manter sua base de dados atualizada.

Page 40: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

• É preciso encontrar soluções criativas para

resolver o problema do passivo atuarial,

mas não se deve ter ilusões: déficit

econômico-financeiro só se resolve com

aporte de recursos.

É preciso aproveitar o bom momento da

economia brasileira.

Page 41: Reflexões sobre a Viabilização dos RPPS Municipais

1. Na busca de tais soluções criativas, é preciso

que os interesses dos vários grupamentos

envolvidos, inclusive o poder local sejam

ouvidos e ponderados.

Enquanto o prefeito julgar que os parcos

recursos locais não devem ficar imobilizados

em bancos, sempre será encontrada uma

forma de se postergar o problema.