reflexões sobre a maçonaria

6
MM.: Mauá. O conflito aberto entre a Igreja Católica e a Maçonaria, em 1738, deu início ao chamado período de “triunfo temporal da Maçonaria”. Por ocasião da inauguração da estátua de Dalou – “O Triunfo da República”, centenas de franco – maçons, paramentados com seus “adornos” desfilaram bradando “Viva a República social! Abaixo os Jesuítas!” . Os conflitos se seguiram conforme narra a história. A partir de 1911 foi lançada a semente de “mostarda”, que deu começo a reconciliação, mas esta iniciativa é mais da vontade dos maçons do que propriamente do catolicismo. Aqui, na região, a pacificação vem sendo uma iniciativa isolada de alguns IIr.: que, para agradar o outro lado, chegam a mutilar e a revelar o “Segredo” e a “Tradição” com prejuízos para a nossa Instituição. Manuseando os rituais dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre – Maçom editados em 1945 pela G.L.S.R.S., a qual a nossa Loja era então subordinada, não se encontra nenhuma publicação sobre os “25 Landmarks”, a não ser a citação de seu nome no “juramento” do iniciando, que promete solenemente aumentar e aperfeiçoar o conhecimento de acordo com os Landmarks e as leis da Ordem. O “Ritual dos Maçons, Antigos, Livres e Aceitos”, adotado pela maçonaria simbólica regular do Brasil em 1964 e

Upload: jairo-cesar

Post on 08-Feb-2017

70 views

Category:

Education


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Reflexões sobre a maçonaria

MM.: Mauá.

O conflito aberto entre a Igreja Católica e a Maçonaria, em 1738, deu início ao chamado período de “triunfo temporal da Maçonaria”.

Por ocasião da inauguração da estátua de Dalou – “O Triunfo da República”, centenas de franco – maçons, paramentados com seus “adornos” desfilaram bradando “Viva a República social! Abaixo os Jesuítas!” . Os conflitos se seguiram conforme narra a história.

A partir de 1911 foi lançada a semente de “mostarda”, que deu começo a reconciliação, mas esta iniciativa é mais da vontade dos maçons do que propriamente do catolicismo.

Aqui, na região, a pacificação vem sendo uma iniciativa isolada de alguns IIr.: que, para agradar o outro lado, chegam a mutilar e a revelar o “Segredo” e a “Tradição” com prejuízos para a nossa Instituição.

Manuseando os rituais dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre – Maçom editados em 1945 pela G.L.S.R.S., a qual a nossa Loja era então subordinada, não se encontra nenhuma publicação sobre os “25 Landmarks”, a não ser a citação de seu nome no “juramento” do iniciando, que promete solenemente aumentar e aperfeiçoar o conhecimento de acordo com os Landmarks e as leis da Ordem.

O “Ritual dos Maçons, Antigos, Livres e Aceitos”, adotado pela maçonaria simbólica regular do Brasil em 1964 e acolhido pela G.L.S.C., a quem, neste tempo, éramos subordinados, os 25 Landmarks também estão ausente.

Mais tarde, em 1970, a G.L.S.C. publicou junto com 1ª e 2ª Instruções de Mestre – Maçom os 25 Landmarks, que foram colecionados pelo Ir. Alberto G. Mackey.

1

Page 2: Reflexões sobre a maçonaria

Novamente, em 1983, a G.L.S.C. editou novos Rituais, e publicou junto com a primeira instrução do Grau de Aprendiz - Maçom os 25 Landmarks.

Hoje, novos ensinamentos estão sendo transmitidos nos graus simbólicos, mas os Landmarks não foram modificados, ou alterados.

Estas observações levam a conclusão que os “Landmarks” antigamente eram dados ao conhecimento dos IIr.: somente através da “tradição” (palavra), e que só a partir de 1970 foi adotado a forma escrita.

Por ocasião da XXVIII Assembléia Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil(CMSB), realizada entre 3 a 8 de julho de 1999, em Goiânia, GO., houveram pedidos de empenho à preservação dos Landmarks, das Leis Básicas, das Constituições de Aderson, das Tradições, Usos e Costumes, inclusive, pela G.L.S.C.

Em novembro de 2000, o Informativo Maçônico das Lojas Jurisdicionadas a G.L.S.C. de Criciúma, SC. publicou um artigo intitulado “As 12 Regras da Maçonaria Regular Landmarks” .

A matéria, assim publicadas, mesmo considerando ser uma simples compilação extraída dos “Landmarks”, que por certo visou a pacificação já citada, vem em prejuízo à maçonaria.

A M.R.G.L.S.C., em 1970, por ocasião da inclusão dos “Landmarks” nas Instruções do Mestre – Maçom adverte:

“Os Landmarks” são considerados como as mais antigas leis que a memória e a história podem alcançar, e é essa a primeira condição para que uma prática ou uma regra de ação possa constituir um Landmarks”.

E segue:

“Os Landmarks, entretanto, nunca podem ser modificados nem sofrer qualquer alteração; o que eram há séculos sê-lo-ão até que a Maçonaria deixe de existir; são, portanto, eternos.”

2

Page 3: Reflexões sobre a maçonaria

Determina o 23º Landmark:

“Este Landmark prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos pela iniciação, tanto os métodos de trabalho como as suas lendas e tradições que só podem ser comunicadas a outros Irmãos”.

Além da publicação indevida dos Landmarks, também preocupa os conceitos emitidos publicamente sobre a “Maçonaria é Religiosa” e a “Maçonaria não é uma Religião”.

Se a Maçonaria não é religião, como pode ser religiosa? Seria a Maçonaria uma religiosa de múltiplos “deuses”?

Afirmar que a Maçonaria é Religiosa é aceitar que ela é “Politeístas”, como já dizem os nossos ferrenhos opositores.

A asseveração de que a Maçonaria é “religiosa” é um equívoco, onde se toma, no raciocínio, uma mesma palavra em vários sentidos.

As respostas a estas indagações de certa forma é fácil, pois Ela não é uma coisa, nem outra.

A Maçonaria é Simbólica, pois de outra forma seria impossível estabelecer a convivência entre os contrários, e são suas leis que dizem:

“Aquele para quem a religião é o supremo consolo, a Maçonaria diz: Cultiva, sem cessar, tua religião; segue as aspirações de tua consciência; a Maçonaria não é religião, não tem culto; quer a instrução leiga; sua doutrina condensa-se toda nesta máxima: AMA A TEU PRÓXIMO.”

Todavia, se reconhece, que numa Loja Maçônica podem estar reunidos, fraternalmente, IIr.: de diversas religiões, a quem, individualmente, se pode atribuir a religiosidade, segundo as suas particularidades de fé.

Segundo vemos em Mateus 6.24, o próprio Cristo afirmou que:

Page 4: Reflexões sobre a maçonaria

“Ninguém pode servir a dois senhores: o odiará a um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro.”

3

Para finalizar, devemos nos lembrar de que até a própria lenda de nosso M.: H.: A.:, é uma ficção “simbólica”, pois tal crime nunca foi praticado.

Todavia, a lenda do 3° grau, que faz parte da SIMBOLOGIA MAÇÔNICA, tem sua integridade respeitada por todos pelo alto valor ético.

A exigência inicial da fé pessoal de cada um, na Maçonaria está debaixo do título do G.:A.:D.:U.:, que tem como significado a religião e a religiosidade de cada um, sendo desnecessário fazer publicamente justificativas, só para agradar certos segmentos da fé, pois sabemos que internamente a Maçonaria proíbe esta discussão religiosa.

O que cada Maçom tem que ter em mente, consequentemente, é que a “harmonia sendo a força e o suporte de cada instituição”, não pode ser quebrada. Na construção do templo(Jeová), o Rei Salomão tomou emprestado os serviços de pedreiros, artífices, de Tiro, na Fenícia, sendo alguns partidários do deus grego de vida abundante, e outros veneravam Baal, o deus nacional fenício.

Provavelmente, o Rei Hiram, de Tiro, era um Baalista, mas não deixou de afirmar sua devoção e respeito à crença dos outros(Livro dos Reis, 7).

Destas singelas reflexões, se deduz, sem muito esforço, que se tem que trabalhar mais a nossa pedra bruta.

Um simples descuido do obreiro, no manuseio do maço e do cinzel, põe a perder a polidez almejada do granito.

Por que eu estou afirmando isso?

Para enfatizar, que para se entender de Maçonaria, nunca deve-se esquecer dos graus simbólicos, sem os quais não existe perfeição e, para tudo deve haver harmonia e tolerância.

Page 5: Reflexões sobre a maçonaria

Criciúma, 10 de novembro de 2000-11-10