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Introdução: Este artigo pretende discutir algumas questões relacionadas à ex- periência da maior revolução socialista da história da humanidade, a Revolução Russa, que completa neste ano 100 anos. Como se trata de um movimento revolucionário que inspirou, pela teoria e pela prática, milhões de ativistas e mili- tantes sociais no mundo, escolhemos alguns pontos desse grande acontecimen- to histórico para analisar, em perspectiva das lições e aprendizados para a luta social do século XXI. Primeiro, a questão ocidente versus oriente. Segundo, a re- lação nacionalismo, luta anti-imperialista e revolução. Terceiro, o lugar da demo- cracia liberal, no processo revolucionário. Quarto, a dialética entre o nacional e o internacional Quinto, a questão camponesa. Sexto, a relação entre democracia e socialismo. Sétimo, a questão da universalização do “modelo” da Revolução russa. atentos Reflexões sobre a Revolução Russa no ano de seu centenário por Michel Zaidan Filho (Professor-titular do Centro de Filosofia e Ciências Humanas-UFPE)

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Page 1: reflexões sobre a revolução russacriseecritica.org/wp-content/uploads/2017/11/Reflexões...I O primeiro ponto a se considerar sobre a Revolu - ção Russa, numa retrospectiva de

Introdução: Este artigo pretende discutir algumas questões relacionadas à ex-periência da maior revolução socialista da história da humanidade, a Revolução Russa, que completa neste ano 100 anos. Como se trata de um movimento revolucionário que inspirou, pela teoria e pela prática, milhões de ativistas e mili-tantes sociais no mundo, escolhemos alguns pontos desse grande acontecimen-to histórico para analisar, em perspectiva das lições e aprendizados para a luta social do século XXI. Primeiro, a questão ocidente versus oriente. Segundo, a re-lação nacionalismo, luta anti-imperialista e revolução. Terceiro, o lugar da demo-cracia liberal, no processo revolucionário. Quarto, a dialética entre o nacional e o internacional Quinto, a questão camponesa. Sexto, a relação entre democracia e socialismo. Sétimo, a questão da universalização do “modelo” da Revolução russa.

atentos

Reflexões sobre a Revolução Russa no ano de seu centenário

por Michel Zaidan Filho (Professor-titular do Centro de Filosofia e Ciências Humanas-UFPE)

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O primeiro ponto a se considerar sobre a Revolu-ção Russa, numa retrospectiva de 100 anos, é se ela foi a última revolução europeia contra o capitalis-mo, do século XIX, ou se ela pode ser caracterizada como a primeira na periferia do mundo capitalista?É de se lembrar de que a Revolução Francesa ini-ciou um ciclo revolucionário, na Europa (e no resto do mundo), que se fecha com a derrota da Comuna de Paris (1781). Até a Comuna, é possível vislum-brar um conjunto de influências revolucionárias tais como: o anarquismo, o blanquismo, o socia-lismo pré—marxista etc. Ou seja, onde é patente a presença de ideias europeias e de militantes sociais europeus naquele movimento, sendo a influência das ideias de Marx muito pequena ou quase nula. (Vejam-se, a propósito, as críticas de Marx aos “co-munards” franceses, nos manuscritos guardados no Museu de História Social de Amsterdam, e as de Lenin, no ensaio “As duas táticas da socialdemo-cracia russa” à Comuna de Paris). Já a Revolução Russa trai a participação decisiva dos bolcheviques e a orientação marxista na condução do movimen-to revolucionário, sem desprezar o papel de anar-quistas, dos camponeses, soldados e marinheiros. Sobre isso, há um longo debate entre revolucioná-rios russos (não marxistas) e o próprio Marx so-bre os caminhos disponíveis para a Revolução na Rússia, incluindo as possibilidades de uma passa-gem da antiga economia agrário-camponesa russa diretamente para o socialismo, muito ao contrário da ortodoxia engelesiana da necessidade de uma “revolução democrático-burguesa”. (Vejam-se as cartas de Marx a Vera Zazulitch, em comparação aos fragmentos publicados por Eric Hobsbawn, em “Formações econômicas pré-capitalistas”). Se for possível tomar a formulação leninista sobre o Imperialismo, e adotar a tese de que a Revolução se daria no “elo mais fraco” da cadeia imperialis-ta, então temos de admitir que a Revolução Russa fosse a última grande revolução socialista europeia, já no século XX. É assim que se pode interpretar a análise de Gramsci sobre “a guerra de movimen-to”, em referência à revolução. E seu prognóstico de que as futuras revoluções no Ocidente seriam “guerras de posição”. (Veja-se Nota sobre Maquia-vel, a Política e o Estado Moderno).

Independentemente da controvérsia sobre a ortodo-xia revolucionária dos bolcheviques e a natureza de sua revolução, é indiscutível que Lenin se louva-rá nas obras de Marx para defender a Revolução Russa. Como se sabe, nenhuma revolução se faz de acordo com um manual; ocorre sempre dentro de circunstâncias bem determinadas. E a despeito do estatuto teórico duvidoso de muitas das posições leninistas, podemos aceitar o caráter socialista da revolução, num contexto de guerra e cerco das po-tencias imperialistas à Revolução de Outubro. Nesse sentido, a Revolução Russa pode ser consi-derada a primeira Revolução Socialista (vitoriosa) da história contemporânea. E que teve um formidá-vel efeito multiplicador das ideias revolucionárias no mundo inteiro: na Europa e fora dela.

II Outro ponto importante tem a ver com a discus-são sobre nacionalismo (ou luta anti-imperialista), democracia liberal e socialismo. Os que apontam na direção do “comunismo de guerra” dos primei-ros anos, se dispõem a admitir que originalmente trata-se de uma revolução anti-imperialista, onde uma espécie de acumulação primitiva faz muitas concessões à propriedade agrária dos camponeses. Sendo, portanto, impossível caracterizar esse mo-mento da luta revolucionária como uma construção socialista. É a etapa da chamada “Nova Política Econômica”, em que de fato abre-se um espaço para propriedade camponesa, a fim de que os cam-poneses apoiem a revolução, num momento crucial de sua existência. A defesa da Revolução é mais importante do que a socialização das terras, num contexto de uma pequena classe operária industrial e do oceano agrário que era a Rússia nesse então. Buscar uma base doutrinária em Marx, Engels, Kautsky ou Chayanov para justificar essas medidas é inútil e desnecessário. As medidas de Lenin se devem ao calor da hora e a urgência de garantir o apoio campesino á Revolução.Poder-se-ia objetar que tais concessões levariam a um reforço à mentalidade de proprietário do peque-no camponês. E que num momento seguinte, seria necessária a expropriação da pequena propriedade. Mas a questão foi adiada e coube a Stalin resolvê

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-la, pela força, desorganizando até hoje a agricul-tura russa.

III Mais complicado é, sem dúvida, a questão da de-mocracia liberal. Num momento em que a Assem-bleia Constituinte estava funcionando e mantinha a pluralidade partidária, tanto quanto os Conselhos de Operários e Soldados, os bolcheviques decidi-ram fechar a ele órgão de representação política e os Conselhos, sob a alegação de conspiração ou oposição contrarrevolucionária à nova ordem insti-tuída. O que teria levado Rosa Luxemburgo a dizer que a democracia e a liberdade de expressão só se colocam para quem diverge de nós, não para quem pensa igual à gente. Na verdade, a questão da demo-cracia no âmbito da cultura marxista-leninista sem-pre foi encarada como um expediente tático. Nunca como estratégia revolucionária. Seria necessá-rio aguardar o pensamento de Antônio Gramsci e seus intérpretes, para que fosse possível repensar “a hegemonia como contrato”, ou “rousseunizar” Gramsci, como diz o ensaísta brasileiro Carlos Nel-son Coutinho. (“Marxismo e Teoria Política”). O núcleo duro da teoria política marxista vê o Estado como um instrumento político à serviço da classe dominante. Dessa forma, a democracia só pode ser vista como um expediente tático, para acumulação de forças, em direção à revolução socialista. Daí o caráter das alianças políticas da classe operária e seu partido.

IV Outra questão relevante é a dialética entre o na-cional e o internacional, que depois estaria no cen-tro do movimento comunista internacional, envol-vendo Stalin e Trotsky. A revolução socialista é mundial ou pode fazer, inicialmente, concessões a minorias nacionais? – Como se sabe, desde “o” Manifesto Comunista”, Marx admite que a eman-cipação do proletariado moderno não pode se dá, isoladamente, neste ou naquele país. Tem de ser um movimento internacional, sob pena da contrarrevo-lução triunfar. Como o próprio capitalismo ajuda a escrever uma história mundial, a revolução socia-lista tem ser, também, em escala mundial. Mas as circunstâncias históricas onde ocorreu a Revolução Russa (tanto internas, quanto externas) foram deter-

minantes no recuo estratégico e a defesa da União Soviética, durante o “comunismo de guerra”. Antes mesmo de Stalin proclamar a doutrina do “socialis-mo em um só país”, o próprio Lenin já reconhecia que era preciso consolidar a revolução e para isso, seria necessário fazer certas concessões ora aos camponeses ora às nacionalidades ora a burocracia residual do velho regime. Rosa Luxemburgo foi a primeira a chamar a atenção do líder bolchevique de que tais concessões poderiam representar, no fu-turo, uma ameaça ou entrave para a constituição de uma verdadeira República Soviética. Mas natural-mente prevaleceu a opinião de Lenin, depois mui-to reforçada por Stalin no debate com Zinoviev e Trotsky. Difícil seria, como em outros casos, achar uma segura base doutrinária para essa tese, já que se tratava de um arranjo tático numa conjuntura política crucial para a sobrevivência da Revolução (a propósito, leia-se “Um passo adiante e dois para trás” e “Esquerdismo: doença infantil do comunis-mo”, ambos de Lenin) Na verdade, quando se compara a possibilidade de uma revolução socialista na Europa com aquela que se deu na Ásia e depois, na América Latina e na África, é quanto se percebe o peso da questão nacional em relação ao internacionalismo prole-tário. A despeito, da Internacional Comunista ter sido pensada como “o estado maior da revolução mundial”, ela foi usada por Stalin em função das conveniências políticas (nacionais) da União Sovi-ética. Veja-se, por exemplo, o que ocorreu com os comunistas na guerra civil espanhola.

V Outro ponto muito discutido na experiência re-volucionária russa (e fora da Rússia) é o do papel dos camponeses. É preciso dizer que Marx, dife-rentemente de Engels, Lenin ou Chayanov, nunca morreu de amores pelos camponeses e/ou a peque-na propriedade rural. É conhecida a sua famosa ex-pressão “um saco de batatas”, referindo-se ao cam-pesinato francês, que sempre votava a favor dos Bonaparte. (Veja-se O Dezoito Brumário de Luiz Bonaparte). Seu companheiro Engels, e depois Le-nin, é quem manifestaram uma maior acuidade po-lítica em relação à questão camponesa, na Europa e fora dela. O primeiro escreveu o conhecido artigo: “o problema camponês na França e na Alemanha”.

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E o segundo, sempre teve o maior cuidado de con-templar as reivindicações do pequeno campesinato no processo revolucionário, sobretudo na fase de-mocrático-burguesa da revolução. A tendência do desenvolvimento do capitalismo no campo era a proletarização objetiva dos camponeses e sua trans-formação em operários. Mas, subjetivamente, as coisas não eram assim. Muitos alimentavam a ilu-são da posse da terra, mesmo em condições de pro-fundo endividamento. Não eram ideologicamente a favor da coletivização da terra. Se na Europa, ainda havia resquícios de uma mentalidade feudal ou camponesa entre os trabalhadores do campo, imagine na Rússia! Na verdade, a decisão de cole-tivizar (à força) a agricultura soviética foi de Stalin, numa espécie de acumulação primitiva do “socia-lismo em um só pais”. E essa decisão custou muito caro: desorganizou a agricultura soviética até hoje.Agora, como transformar isso numa teoria revolu-cionária, contemplando a situação particular dos camponeses, esse é o problema teórico. Máxime, para os países de desenvolvimento capitalista tar-dio. A não ser que os pequeno-camponeses fossem encarados como “aliados táticos”, numa certa fase da revolução. Depois, seriam descartados se não aderissem ao socialismo. Pessoalmente, considero a questão agrária ou camponesa como uma espécie de “ponto dollens” da teoria revolucionária do so-cialismo, sobretudo quando levado para a periferia do capitalismo.

VI Já a questão da relação entre Democracia e Socia-lismo divide os marxistas há muito tempo. Marx, que não morria de amores pela “democracia bur-guesa”, pareceu não dá muita importância a essa questão. Apesar da tese dos marxistas contempo-râneos, apoiados em Gramsci, apontarem para um processo de ampliação do Estado nas sociedades ocidentais, em razão da constituição de uma socie-dade civil robusta e complexa, acho difícil encontrar no pensamento de Marx abrigo para uma estratégia democrática radical para o advento do socialismo. Existe, é verdade, o testamento de Engels falando do avanço eleitoral da socialdemocracia alemã, no final do século, e da possibilidade de uma vitória eleitoral do proletariado naquele país. Entretanto, esse testamento tornou-se mais um problema – na

história das disputas internas no pensamento socia-lista, do que uma solução. Foi preciso esperar os debates do pós-guerra, para ver a elaboração daqui-lo que veio a ser conhecido como “eurocomunis-mo” e de uma estratégia democrática (processual) para o advento do socialismo. Nada disso havia no período anterior à duas grandes guerras. O debate entre “guerra de movi-mento” e “guerra de posição” ainda não tinha se colocado com tanta força para os partidos socialis-tas do ocidente, como depois do refluxo da onda revolucionária. A questão parecia simples: Revolu-ção Permanente, com a transmutação da revolução democrático-burguesa em revolução socialista, sob a liderança da classe operária, ou as revoluções por etapa, respeitando-se o ritmo, o caráter específico e a direção dos processos revolucionários. Como ficou conhecido, a primeira tese foi defendida por Trotsky, em sua famosa obra “A revolução Perma-nente”, apoiando-se no voluntarismo de Marx no contexto da revolução de 1848-1851 na França. A segunda, por Stalin e seus seguidores, em vários es-critos de ocasião. Concordando-se ou não com o ponto de vista de Trotsky, é necessário convir que sua tese estivesse mais próxima da de Marx do que a de Stalin ou mesmo das concessões táticas do gênio de Lenin. De toda maneira, a sorte da questão democráti-ca no interior da dialética revolucionária russa, é semelhante à da questão camponesa. Nunca se achou um fundamento estratégico sólido ora para o etapismo ora para a revolução permanente. O que há são escritos políticos de ocasião, com ex-ceção naturalmente do livro de Trotsky. Mas isso dividiu o movimento revolucionário entre aqueles que acham ser a revolução um processo mundial, sem etapas rumo ao socialismo, e outros que de-fendiam uma sequência necessária entre uma etapa democrático-burguesa e a revolução socialista pro-priamente dita. Infelizmente, como as outras ques-tões, esse debate produziu consequências políticas sérias para a revolução nos países onde os Partidos Comunistas tinham que atuar, incluindo o caso do Brasil, da China, do México etc. Mas essa é outra história que não cabe ser tratada aqui.A tese veiculada no 6º Congresso da internacional Comunista falava, por exemplo, de uma revolução democrático-burguesa anti-imperialista que devia

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realizar tarefas expropriatórias e políticas prepara-tórias para a revolução socialista. Esta tese hege-mônica, inspirada na Revolução Chinesa, se cho-cava com as elaborações nacionais de outros PCs que acentuavam a necessidade de uma revolução democrático pequeno-burguesa, bem mais limita-da do que aquela. Mas prevaleceu a tese da IC e os partidos comunistas se alhearam dos processos revolucionários reais, dirigidos pela chamada “pe-quena-burguesia”. E os responsáveis pelas elabora-ções nacionais foram punidos e afastados dos PCs.

VII Finalmente, chegamos à questão crucial: pode a revolução russa servir de modelo para a revolução socialista no mundo inteiro ou para aqueles países chamados de “coloniais” ou “neocoloniais” ou “de-pendentes”, como diziam as teses do 6º Congresso da IC? Faço minhas as palavras da grande revolucionária Rosa Luxemburgo, em seu opúsculo “A Revolução Russa”: não se pode transformar a necessidade em virtude, ou seja, é impossível a universalização de um tipo de revolução, que se deu em circunstâncias históricas e políticas muito particulares, a despei-to da formulação leniniana do “elo mais fraco da corrente” numa época de dominação imperialista. Eram louváveis e necessários os esforços da so-cialdemocracia alemã e russa de analisar a espe-cificidade do “capital monopolista” ou do “capital financeiro”, no final do século 19. E houve várias tentativas: “O Imperialismo – Etapa superior do capitalismo”, “O capital financeiro”, “Acumula-ção de Capital” e outros. Mas nada disso explica-ria ou anteciparia as condições dramáticas em que ocorreu a revolução. Deve-se à enorme frente de militantes (anarquistas, social-revolucionários, bol-cheviques) e ao gênio político de Vladimir Lênin todas as concessões táticas e estratégicas necessá-rias para o triunfo da onda vermelha, da defesa da Revolução e a própria constituição da URSS. Mas a leitura atenta de toda obra de Lenin, acrescida da de Trotsky e Stalin, não nos autoriza a construir um modelo universal de Revolução Socialista calcado nas vicissitudes da experiência soviética. Tanto os problemas que se apresentaram na construção so-cialista russa, como os advindos da mera transposi-ção de táticas e estratégias do movimento comunis-

ta internacional para os movimentos socialistas ou de libertação nacional nos países da periferia do ca-pitalismo foram resultantes de uma racionalização política equivocada e que trouxe mais prejuízos à causa da revolução mundial do que benefícios. De certo modo, a “queda do muro de Berlim” – tomada como uma expressão metafórica para falar da crise do socialismo realmente existente – é produto des-sas contradições, ambiguidades e problemas mal resolvidos, que foram simplesmente transformados em solução. Cabe aos revolucionários do século XXI colher as preciosas lições de grande (e única) revolução socialista para repensar a sua prática revolucioná-ria. A rica experiência da Revolução de outubro oferece um catálogo completo dos desafios e das possibilidades de se construir um mundo mais jus-to, mais humano e digno para toda a humanidade.

BibliografiaATAS do 6º Congresso da internacional Comunista. Buenos Ayres. PyP, 1972.

CHAYANOV. A questão camponesa. Buenos Aires, Cader-nos PyP, 1978

ENGELS, F. “o problema camponês na França e na Alema-nha”. Obras escolhidas, Alfa ômega, São Paulo, 1975.

GRAMSCI, A. Nota sobre Maquiavel, a Política e o estado Moderno. Rio, Civilização Brasileira. 1974.LENIN, V. As duas táticas da socialdemocracia na revolução democrático-burguesa. São Paulo, Obras escolhidas. Alfa Ômega, 1976.__________Imperialismo: etapa superior do capitalismo. Obras escolhidas. São Paulo, Alfa Ômega, 1975.LUXEMBURGO, R. Acumulação de Capital. Rio Zahar, 1973_____________. A revolução Russa. Porto, Centelha, 1972MARX, K Guerra civil em França” (com o posfácio de En-gels). Obras escolhidas. Marx-Engels. São Paulo, Alfa ôme-ga, 1975.________. Manifesto do Partido Comunista. Obras escolhi-das. São Paulo, Alfa Ômega, 1975.________. O Dezoito Brumário de Luiz Bonaparte, Rio de janeiro, Paz e Terra. 1974TROTSKY, L. A revolução permanente. Madrid, Granica, 1972ZAIDAN, M. A formação do primeiro grupo dirigente do PCB. Saabrucke, Deutschland, Novas Edições Acadêmicas, 2017.________. 0 PCB e a Internacional Comunista. São Paulo, Vértice, 1989

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