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A relevância e autenticidade da Igreja hoje I P Buritis – 29/12/2013 Alguns relatos da igreja primitiva, pela graça divina, chegaram às nossas mãos nos dias de hoje. Um deles vem do próprio evangelista Lucas, no livro de Atos: Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. ingu!m considerava unicamente sua coisa alguma que possu"sse, mas compartilhavam tudo o que tinham. Atos #:$% &a m'!m, outros documentos históricos nos revelam o car(ter impressionante desta comunidade rec!m surgida: Um documento do s!culo )) nos *ala so're a se+ualidade dos cristãos primitivos. Aristides, *ilóso*o cristão ateniense de %- D, relatando as pr(ticas se+uais da igreja cristã ao seu rei. "Eles [os cristã os] não cometem adultéri o ou imora lidad e... suas esposas, ó Rei, são tão  puras quanto virgens e suas filhas modestas. Os homens se ast!m de todo contato seual il#cito e da impure$a, na esperan%a da recompensa, que hão de receer no outro mundo." /ouco mais de dois s!culos à *rente de Aristides, vemos um relato da preocupação de 0as"lio da esareia com relação aos cuidados com o des*avorecido, mostrando o 1elo dos cristãos, não somente com a vida se+ual, mas com o 'em estar do outro. "O pão que voc! guarda consigo pertence ao faminto& o agasalho que voc! deia dentro do seu arm'rio, ao desnudo& os sapatos que voc! possui e que estão apodrecendo, ao que est' descal%o& o ouro que voc! tem muito em guardado, ao necessitado. (ortanto, todas as ve$es em que voc! teve condi%)es de a*udar alguém, e recusou+se a isso, voc! então lhes  fe$ um mal." ++ as#lio da -esareia / 01 + /21 d.-.3 2ivemos em uma cultura pluralista. 3omos uma sociedade pós4mode rna. 3omos 'om'ardeados diariamente por uma chamada ao consumismo. 3omos constantemente con*rontados por movimentos que pre1am pela li'ertação de quaisquer aspectos morais da vida. 5 o pior, nós sa'emos que tudo isto est( ocorrendo6 /or que não respondemos7 8 que tem nos impedido de caminhar7 8 que mais precisamos para avançar na sociedade, e não permitir que o *lu+o seja invertido7 5m uma entrevista h( alguns anos atr(s, o dr Art Lindsle9 questionou a onh 3tott a respeito das maiores necessidades para a igreja hoje. A resposta de 3tott para esta questão *oi o'jetiva e direta: ;< precisamos rea*irmar a nature1a para a qual a comunidade *oi chamada, particularmente, reconhecendo sua dupla identidade: chamada e separada do mundo e enviada de volta a o mundo como serva e testemunha de risto. 3antidade e missão. ;%< /ara 3tott, a igreja precisa ser aquilo que ela pro*essa ser, ta nto na con*issão quanto na pr(tica. = a velha m(+ima de *a1er aquilo que se prega. = ter autenticidade.

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A relevância e autenticidade da Igreja hoje

I P Buritis – 29/12/2013

Alguns relatos da igreja primitiva, pela graça divina, chegaram às nossas mãos nos dias de hoje. Umdeles vem do próprio evangelista Lucas, no livro de Atos:

Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. ingu!m considerava unicamentesua coisa alguma que possu"sse, mas compartilhavam tudo o que tinham.Atos #:$%

&am'!m, outros documentos históricos nos revelam o car(ter impressionante desta comunidaderec!m surgida:

Um documento do s!culo )) nos *ala so're a se+ualidade dos cristãos primitivos. Aristides, *ilóso*ocristão ateniense de %- D, relatando as pr(ticas se+uais da igreja cristã ao seu rei.

"Eles [os cristãos] não cometem adultério ou imoralidade... suas esposas, ó Rei, são tão puras quanto virgens e suas filhas modestas. Os homens se ast!m de todo contato seual 

il#cito e da impure$a, na esperan%a da recompensa, que hão de receer no outro mundo." 

/ouco mais de dois s!culos à *rente de Aristides, vemos um relato da preocupação de 0as"lio daesareia com relação aos cuidados com o des*avorecido, mostrando o 1elo dos cristãos, nãosomente com a vida se+ual, mas com o 'em estar do outro.

"O pão que voc! guarda consigo pertence ao faminto& o agasalho que voc! deia dentro

do seu arm'rio, ao desnudo& os sapatos que voc! possui e que estão apodrecendo, ao que

est' descal%o& o ouro que voc! tem muito em guardado, ao necessitado. (ortanto, todasas ve$es em que voc! teve condi%)es de a*udar alguém, e recusou+se a isso, voc! então lhes

 fe$ um mal." ++ as#lio da -esareia /01 + /21 d.-.3

2ivemos em uma cultura pluralista. 3omos uma sociedade pós4moderna. 3omos 'om'ardeadosdiariamente por uma chamada ao consumismo. 3omos constantemente con*rontados pormovimentos que pre1am pela li'ertação de quaisquer aspectos morais da vida.

5 o pior, nós sa'emos que tudo isto est( ocorrendo6 /or que não respondemos7 8 que tem nosimpedido de caminhar7 8 que mais precisamos para avançar na sociedade, e não permitir que o

*lu+o seja invertido75m uma entrevista h( alguns anos atr(s, o dr Art Lindsle9 questionou a onh 3tott a respeito dasmaiores necessidades para a igreja hoje.

A resposta de 3tott para esta questão *oi o'jetiva e direta:

;< precisamos rea*irmar a nature1a para a qual a comunidade *oi chamada, particularmente,reconhecendo sua dupla identidade: chamada e separada do mundo e enviada de volta a o mundocomo serva e testemunha de risto. 3antidade e missão.

;%< /ara 3tott, a igreja precisa ser aquilo que ela pro*essa ser, tanto na con*issão quanto na pr(tica. =a velha m(+ima de *a1er aquilo que se prega. = ter autenticidade.

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;$< A terceira questão apontada *oi a necessidade de ser *iel na proclamação da singularidade ecentralidade de risto. /ara 3tott, este compromisso trar( so*rimento para a igreja, por!m maiorso*rimento so'revir(, caso não haja a *idelidade em relação à proclamação do evangelho.

Hoje pretendo air!ar a necessidade de autenticidade na igreja crist"#

&emos a tend>ncia de sermos mais aut>nticos com aqueles que nos permitimos desenvolver umaami1ade mais pro*unda. ? esses, contamos mais de nossos segredos, a*irmamos mais so're nossasconvicç@es, e nos desnudamos com mais *acilidade.

/or!m, ainda com todas estas *acilidades, ! *(cil perce'ermos que, ainda que tenhamos em umaami1ade todo o apreço do mundo, h( segredos e condutas escondidas em nosso "ntimo que nem aestes revelamos.

omo sa'emos se somos aut>nticos7

8lhemos para a nossa *am"lia. em sempre as melhores ami1ades estão em casa. Ainda que

estejam, ! *(cil perce'er que ! no seio de nossa *am"lia que mostramos quem nós somos. ão h(como viver anos so're o mesmo teto e se esconder tão 'em a ponto de manter (reas de nossa vidadesco'ertas.

Autenticidade di1 respeito à conduta. ? capacidade que devemos ter de viver aquilo que somos, queest( dentro de nós, sem medos ou privaç@es. /ara seres deca"dos, pecadores e carentes detrans*ormação, não ! tare*a *(cil.

8 chamado da vida cristã apresenta padr@es morais e+tremamente elevados, e co'ra de todos nósum alto preço para que consigamos manter conduta leal à nossa *!. ão ! algo tão tranquilo viver de*orma transparente, dei+ando as nossas rachaduras à mostra. /or!m, o chamado da vida cristã, emespecial o chamado para a )greja, ! que tenhamos autenticidade. &emos o 5sp"rito a nos condu1irnesta caminhada.

A autenticidade, na telecomunicação, visa mostrar que uma mensagem rece'ida prov!m da *onte àqual ela se di1 enviada. A mensagem não so*reu mutação, ou *oi *raudada. 5la ! tal como !. Acantora Lorena haves gravou recentemente uma msica onde a*irma:

BAtravessar o mundo com voc> dentro de mimLevar na mala o 'ilhete da pa1omo um carteiro caladoC

3omos portadores de uma mensagem, e esta deve ser entregue. a1 parte de nossa missão. a1 partede nossa identidade. 8 carteiro que entrega ! co4respons(vel pela autenticidade da carta. 5letam'!m con*ere à mensagem a certe1a de que ela prov!m da *onte original, ! limpa e clara comodeve ser.

5m uma pesquisa, *eita durante - anos, 5ddie Ei''s e F9an 0olger, do 3emin(rio uller, *oramestudados os padr@es da igreja 'uscada pelos que procuram um novo *ormato de igreja, oschamados BdesigrejadosC, ou Bigreja emergenteC. 8s tr>s principais padr@es 'uscados por estas

 pessoas são:

$1% )denti*icação com a vida ;ou modos< de esus, 'uscando aplicar o que *oi dito no 3ermão doGonteH $2% trans*ormar o espaço secular, rejeitando a divisão entre sagrado4secular eH $3% vivercomo comunidade, con*orme o reino requer.

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onh 3tott, diante destas constataç@es, *a1 um chamado para que a )greja 'usque re*letir so're anecessidade de rea*irmar estas tr>s normativas, que deveriam *a1er parte de nosso dia a dia, e denossa 'usca por autenticidade.

Iuando perdemos nossa autenticidade7 Principal!ente &uando passa!os a nos utili'ar dosaspectos reerentes ( p)s*!odernidade para viver!os nossa +# Iuais aspectos são estes7

ontrapondo a pós4modernidade com o )luminismo, e entendendo que os dois sistemas são quaseque contrapostos, vemos:

Ilu!inis!o P)s*,odernidade

Autonomia da ra1ão humana, a ra1ão *ria daci>ncia

8 calor da e+peri>ncia su'jetiva

0usca pela verdade, crendo que ! poss"vel

chegar à certe1a

/luralismo, a*irmando a validade de todas as

ideologias e a tolerância como sendo a virtudesuprema

)nevita'ilidade do progresso social im aos sonhos utópicos

)ndividualismo autocentrado 3enso de comunidade

Autocon*iante, chegando à arrogJncia Kumilde o 'astante para questionar a tudo

 ão tenho aqui o intuito de de*ender um sistema ou o outro. Am'os tem seus pro'lemas e m!ritos.hamo a atenção para a e+ortação de /aulo:

5 não sede con*ormados com este mundo, mas sede trans*ormados pela renovação do vossoentendi!ento, para que e+perimenteis qual seja a 'oa, agrad(vel, e per*eita vontade de Deus.Fomanos %:%

 ão se amoldem ao padrão deste mundo, mas trans*ormem4se pela renovação da sua !ente, paraque sejam capa1es de e+perimentar e comprovar a 'oa, agrad(vel e per*eita vontade de Deus.Fomanos %:%

 ão vos con*ormeis com este mundo, mas trans*ormai4vos pela renovação do vosso esp-rito, paraque possais discernir qual ! a vontade de Deus, o que ! 'om, o que lhe agrada e o que ! per*eito.Fomanos %:%

A autenticidade da igreja passa pela contra4cultura. /ela missão de ponta4ca'eça. /assa pelo olharde misericórdia. /ela morte di(ria. /ela renncia. /elo olhar ao pró+imo. /elo serviço. /ela cru1 aser carregada. /elo compartilhar do pão. /elo perdão ao pró+imo. /ela desconstrução das estruturasdo in*erno, colocadas em nossa sociedade. /ela entrega sincera de todos os aspectos da vida aos p!sda cru1. /ela vida de oração.

Lem'remos que o evangelho ! lido em contraste com a realidade presente. ada geração tem o papel de *a1er a sua releitura, para os pro'lemas de seu tempo. = essencial que a igreja *aça estee+erc"cio de re*le+ão constante.

Ge questiono se tantos estão tentando reinventar a igreja porque temos sido *alsi*icados em nossaespiritualidade, vivendo uma vida que, quando avaliada com sinceridade, nos leva à uma totalcontradição.

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/recisamos recuperar a dupla identidade da igreja ;missão e santidade<, entender o cen(rio em quevivemos, 'uscar a presença e o poder do 5sp"rito, viver uma vida de comunidade "ntegra eaut>ntica.

A motivação para isso7

4e por estarmos em -risto, nós temos alguma motiva%ão, alguma eorta%ão de amor, alguma

comunhão no Esp#rito, alguma profunda afei%ão e compaião,

completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só esp#rito e uma

 só atitude.

 5ada fa%am por ami%ão ego#sta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros

 superiores a si mesmos.

-ada um cuide, não somente dos seus interesses, mas tamém dos interesses dos outros.

4e*a a atitude de voc!s a mesma de -risto 6esus,

que, emora sendo 7eus, não considerou que o ser igual a 7eus era algo a que devia apegar+se&

mas esva$iou+se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando+se semelhante aos homens.

 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou+se a si mesmo e foi oediente até 8 morte, emorte de cru$9

 (or isso 7eus o ealtou 8 mais alta posi%ão e lhe deu o nome que est' acima de todo nome,

 para que ao nome de 6esus se dore todo *oelho, no céu, na terra e deaio da terra,

e toda l#ngua confesse que 6esus -risto é o 4enhor, para a glória de 7eus (ai.

ilipenses %:4%

Iue Deus nos ajude6