reflexão individual - a queda do muro berlim

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EDUCAÇÃO SOCIAL PÓS LABORAL UC - DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÃO 1 REFLEXÃO A queda do Muro de Berlim O pós segunda guerra mundial trouxe muitas complicações para a Europa que havia sido devastada por ter sido o palco principal desta guerra. A Alemanha, que havia sido conquistada pelos Aliados, é dividida em dois setores após o deteriorar das relações entre a URSS e a ala ocidental composta pela Grã-Bretanha, França e a grande potência dos Estados Unidos. A RFA (República Federal Alemã) sob alçada dos Aliados e a RDA (República Democrata Alemã) sob a proteção dos socialistas, compõem as duas facções que separavam a Alemanha, resultando conflitos que provocaram períodos de tensão entre os capitalistas americanos e os comunistas soviéticos. O muro foi construído pela RDA e separou Berlim ocidental da Alemanha oriental. A cidade de Berlim foi dividida em duas, para demonstrar o lado capitalista e o lado socialista do país. O acontecimento histórico da queda do Muro de Berlim serviu para unir uma Europa que se encontrava separada por uma “cortina de ferro”, tendo este período ficado conhecido por Guerra Fria e que durou cerca de 30 anos. Um dos principais momentos durante a Guerra Fria, que aconteceu durante a instituição do Regime Socialista como forma de governo pela União Soviética e foi um período de grande tensão entre os países socialistas e os países de regime capitalistas, que tinham como líder os Estados Unidos, levaria à construção do muro de Berlim, em 1961, símbolo máximo da incompatibilidade entre americanos capitalistas e alemães socialistas, onde o governo comunista da Alemanha Oriental constrói o muro entre Berlim Oriental e Ocidental, para impedir que cidadãos da Alemanha Oriental fugissem para Berlim Ocidental, de governo democrático e com queda para os ideais americanos. A queda do Muro de Berlim, onde se derrubaram as primeiras pedras do muro por cidadãos com fome de democracia e unidade, simbolizou, em termos políticos, militares e económicos o fim da divisão do mundo em dois blocos opostos e o fim de um grande sonho histórico: o sonho comunista de reconstruir um mundo no qual a exploração do homem pelo homem desaparecesse para todo sempre. Este acontecimento simbolizou, também, o início de uma nova época caraterizada pela globalização de um sistema económico o capitalismo e, principalmente, pela promoção, nos discursos, de um “regime” político – a democracia, na qualidade de “melhor regime possível”.

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Page 1: Reflexão individual - A queda do muro Berlim

EDUCAÇÃO SOCIAL – PÓS LABORAL UC - DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÃO

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REFLEXÃO A queda do Muro de Berlim

O pós segunda guerra mundial trouxe muitas complicações para a Europa que havia

sido devastada por ter sido o palco principal desta guerra. A Alemanha, que havia sido

conquistada pelos Aliados, é dividida em dois setores após o deteriorar das relações entre a

URSS e a ala ocidental composta pela Grã-Bretanha, França e a grande potência dos Estados

Unidos. A RFA (República Federal Alemã) sob alçada dos Aliados e a RDA (República

Democrata Alemã) sob a proteção dos socialistas, compõem as duas facções que separavam a

Alemanha, resultando conflitos que provocaram períodos de tensão entre os capitalistas

americanos e os comunistas soviéticos.

O muro foi construído pela RDA e separou Berlim ocidental da Alemanha oriental. A

cidade de Berlim foi dividida em duas, para demonstrar o lado capitalista e o lado socialista

do país. O acontecimento histórico da queda do Muro de Berlim serviu para unir uma Europa

que se encontrava separada por uma “cortina de ferro”, tendo este período ficado conhecido

por Guerra Fria e que durou cerca de 30 anos. Um dos principais momentos durante a Guerra

Fria, que aconteceu durante a instituição do Regime Socialista como forma de governo pela

União Soviética e foi um período de grande tensão entre os países socialistas e os países de

regime capitalistas, que tinham como líder os Estados Unidos, levaria à construção do muro

de Berlim, em 1961, símbolo máximo da incompatibilidade entre americanos capitalistas e

alemães socialistas, onde o governo comunista da Alemanha Oriental constrói o muro entre

Berlim Oriental e Ocidental, para impedir que cidadãos da Alemanha Oriental fugissem para

Berlim Ocidental, de governo democrático e com queda para os ideais americanos. A queda

do Muro de Berlim, onde se derrubaram as primeiras pedras do muro por cidadãos com fome

de democracia e unidade, simbolizou, em termos políticos, militares e económicos o fim da

divisão do mundo em dois blocos opostos e o fim de um grande sonho histórico: o sonho

comunista de reconstruir um mundo no qual a exploração do homem pelo homem

desaparecesse para todo sempre.

Este acontecimento simbolizou, também, o início de uma nova época caraterizada pela

globalização de um sistema económico – o capitalismo e, principalmente, pela promoção, nos

discursos, de um “regime” político – a democracia, na qualidade de “melhor regime possível”.

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Isto é, para muitas pessoas a queda do Muro de Berlim significou a vitória definitiva do

modelo “democrático” sobre o modelo “ditador” e a possibilidade real do reconhecimento da

superioridade da democracia por todos os povos da terra.

É evidente que o sistema que cai em Novembro de 1989 não foi exatamente o sistema

comunista, nem que ele caiu em toda a parte… Ainda hoje sobrevive sobre formas

diversificadas, como no caso da China, do Vietname, de Cuba, etc.. Além disso, partidos que

se afirmaram comunistas, conseguiram, ao longo dos anos seguintes, participar do exercício

do poder noutros países do mundo – ou mesmo retomar temporariamente o controlo em certos

Estados oriundos da desfiguração do império soviético.

Na Alemanha, durante o período comunista, não era a ideologia que dominava o povo

mas sim o medo. Mas, no final de 1980, o mundo comunista começou então a desmoronar-se

e com isso iniciam-se importantes movimentos cívicos de cidadãos que, enfrentando o

poderio do estado comunista, conseguem através da força da expressão, da liberdade e da

capacidade de demonstrar que o modelo até então estava errado, mobilizaram-se e levaram a

que emergissem os primeiros sindicatos fora do domínio e controlo do regime comunista,

conduzindo um povo a lutar pelos seus direitos e a ter eleições livres.

Foram tempos conturbados os que se viveram no final desta década. A descrença das

populações no comunismo provocou uma onda desestabilizadora no leste europeu que teve,

na queda do muro de Berlim, o seu ponto mais alto de reivindicação. A queda do muro de

Berlim marca um tempo, o fim de um ciclo na Europa e no mundo, sacudido por uma série de

revoluções que derrubaram os governos comunistas da Europa Oriental.

É importante salientar que, em matéria de política, não existe, em absoluto, um regime

“melhor” que todos os outros, um regime “ideal” que seria, como que por acaso, a “nossa”

democracia. Entretanto, muitos regimes políticos dotados de um parlamento eleito por

sufrágios não são democracias, no sentido estrito. Por exemplo, sempre houve uma espécie de

parlamento em Moscovo, durante o século XX mas, a Rússia nunca foi democrática.

Contudo, o reencontro das duas Alemanhas não deixou de evidenciar uma Alemanha

dividida em matéria de desenvolvimento económico, uma vez que a parte anteriormente

comunista deparava-se com fracos níveis de progresso, se compararmos os dois lados. Com a

reintegração, a ex-RDA ou o resgatado território alemão, é introduzido na Comunidade

Económica Europeia, atual União Europeia, após o Tratado de Maastricht. Outra grande

sequela, para o “velho continente”, relaciona-se com o fim dos regimes comunistas na zona

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leste que há muito reivindicava que as populações viviam em condições precárias e a suposta

distribuição igualitária da riqueza dos estados não passava disso mesmo.

A chegada de Gorbatchev às lides políticas Russas é outro dos marcos importantes com

as devidas influências na Alemanha, que trouxera mais tolerância com a permissão de

eleições livres nesses países-satélites comunistas que mais queriam era cortar o seu cordão

umbilical com Moscovo. A inflexibilidade soviética representara um enfraquecimento dos

líderes comunistas, que foram perdendo eleições umas atrás das outras. Cai o muro de Berlim

como causa e consequência do fim do comunismo e a Democracia começa-se a estabelecer no

leste europeu, respirando-se liberdade e esperança num futuro próspero e a transição para uma

economia de mercado, promovida essencialmente pelos EUA e tão desprezada anteriormente,

mostra-se como solução mais que obrigatória para a construção de um projeto europeu de

sucesso.

Outra consequência da queda do muro e da implosão do império soviético foi a

independência de vários países. Essas jovens democracias seriam ajudadas pela União

Europeia de modo a reconstruírem as suas economias e a implementarem reformas políticas.

Este foi um processo muito complexo para a Europa, pois de um vasto “império” territorial

nasceram 15 novos Estados e, nestes novos Estados, a direção económica é desviada para o

capitalismo na tentativa de transfigurar o saldo negativo das suas finanças. Porém, esta abruta

transição para uma economia de mercado não foi fácil. Com excepção da RDA, que recebeu

volumosos subsídios da Alemanha Ocidental, os países de leste, sem os subsídios que

recebiam da União Soviética, tiveram uma negra transição, sendo refletida no aumento do

desemprego e da inflação galopante que contribuíram para que nos países em transição para a

economia de mercado a pobreza tivesse explodido significativamente. A Alemanha, apesar de

ter sofrido consequências pesadíssimas nas duas guerras mundiais, inúmeras baixas a nível

económico, demográfico, e logo, social, é, atualmente, a maior economia europeia e uma das

maiores a nível mundial. Destaca-se principalmente nos domínios da produção automóvel, da

indústria mecânica de precisão, do equipamento electrónico e de comunicações, bem como

nos setores químico e farmacêutico e em muitos outros e é o país europeu com maior número

de população (81726000 habitantes em 2011, segundo o Banco Mundial).

Passados 23 anos, que conclusões podemos tirar deste acontecimento, que, apesar de ter

ocorrido num só país, despoletou uma série de eventos que acabariam por modificar a ordem

europeia e mundial?

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A queda do muro e a consequente abertura a Ocidente, bem como o colapso do sistema

comunista do leste Europeu, permitiram que as fronteiras internas europeias fossem abertas,

possibilitando o alargamento de mercados sem fronteiras e a coesão económica e social em

toda a Europa.

Como resultado, pode-se dizer que é devido à queda do muro de Berlim que hoje temos

uma União Europeia a 27, com países do Sul da Europa, do Centro, do Norte e do Leste da

Europa. Podemos ainda apontar outras consequências aquando da queda do muro de Berlim e

do consequente colapso soviético: a hegemonia de mercados globalizados, sem barreiras;

novos fluxos migratórios (Sul/Norte e Leste/Oeste – de salientar, por exemplo, o elevado

número de imigrantes de Leste em Portugal); internacionalização de mercados; novos temas

em debate (direitos humanos, meio ambiente…) e a formação de grandes blocos económicos.

A concretização de um mercado sem restrições, que permitem uma livre circulação de

pessoas, bens, capitais e serviços, do leste ao oeste europeu, e transversal ao globo terrestre,

leva-nos ao acesso a uma grande variedade de bens de consumo, preços limitados pela

concorrência, políticas de proteção dos consumidores, entre outras variadas regalias. Mas nem

só de economia vivem as sociedades… Há questões sociais (como a exclusão social, os

estereótipos, a pobreza, o desemprego, etc.) que tendem a permanecer e que vão mais além do

que a queda de um muro. E são essas questões que ainda marcam a diferença nas relações

sociais em certos países, e ditos desenvolvidos, dos quais a Alemanha não é imune. Com isto

quero dizer, e recorrendo a uma experiência pessoal aquando da minha estada na Alemanha

em finais de 2008, embora já não exista fisicamente um muro em Berlim, existe ainda uma

mentalidade de superioridade dos habitantes da parte ocidental em relação à oriental, e logo,

várias distinções sociais, económicas, políticas e humanas entre este dois polos alemães.

Tenho que salientar o quão me foi difícil conseguir com que um taxista me transportasse à

parte leste da cidade, e, quando cheguei a esse lado, além de notar diferenças nos serviços e

equipamentos, notei também pessoas com formas de estar e de vestir, principalmente,

completamente distintas de Berlim ocidental. Bairros degradados (sim, na Alemanha também

existem), vagantes (provavelmente desempregados) e pessoas com baixo nível de vida

aparente, o que me leva a crer que ainda existem duas Alemanhas, embora não separadas por

um muro físico mas por um muro virtual mas bastante real, não isento de preconceitos e de

atitudes de seres que se julgam superiores. Afinal, são todos Alemães… E, somos todos

Europeus e é isso que se pretende e se pede a uma Europa unificada! Contudo, o fim desta

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divisão entre leste e oeste Alemão foi um bom ponto de partida para que o barco europeu

rumasse, e continue a rumar, no mesmo sentido, pois, além de qualquer benefício económico

ou político, trouxe uma inestimável liberdade no sentido de redimensionar o estatuto de

Europa independente, soberana e democrata, apesar da crise económica que atravessa.

Docente: António Fragoso Discente: Ricardo da Palma, nº 43043