reflexão

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____________________________________________________________________________ Pessoa Colectiva de Utilidade Publica D.R., 2ª Série, nº 133, de 9 de Junho de 1992 Reflexão A escola hoje O Sr. Ministro diz que a o ano lectivo começou normalmente. Eu, olho para a escola e vejo: turmas sem professores, escolas sem assistentes operacionais, secretarias a funcionar uma hora por dia, Manuais a aumentar de preço, Manuais que aparentemente são iguais, mas afinal não são, Alunos perdidos na escola, Alunos a ser colocados no percurso alternativo sem conhecimento e sem consentimento dos Pais, turmas de 20 alunos constituídas quase exclusivamente por marginais, roubos e furtos, Professores assustados, Professores, Directores e Pessoal não Docente sem saber o que fazer para resolver os problemas que lhes surgem diariamente, salas de aulas com 40 alunos, droga a ser passada e consumida na escola, alunos indisciplinados com 18 anos a continuar na escola, alunos a agredir (agredir não é apenas bater), colegas, Auxiliares e Professores, a impunidade com que aqueles praticam os seus actos, professores a ser ameaçados, o medo dos professores em denunciar as situações, seja, por medo dos alunos ou por medo da “mobilidade”, as escolas a esconder estas situações, Pais a fechar as Escolas porque querem melhor para os seus Filhos, a falta de educação, a falta de respeito, a falta de dignidade, a falta de orgulho, o desinteresse, o desistir, Escolas em que as bocas-de-incêndio não funcionam, Escolas sem material, ginásios, bibliotecas e bares que não funcionam, Escolas a cair, Escolas reconstruídas com defeitos enormes e que não são corrigidos. Vejo os responsáveis a fugir às responsabilidades, vejo falta de respostas, vejo falta de diálogo, vejo hipocrisia, vejo a resignação, vejo os responsáveis dizer o que fica bem dizer, o politicamente correcto, vejo, como me disse uma professora, “brincar às escolinhas”, vejo os cortes cegos na educação…. Enfim, vejo a destruição da Escola Pública…. O que eu gostaria de ver: a preocupação e o desejo de resolver, a punição dos responsáveis e uma Política de Educação para o FUTURO. Enfim, vivemos num País de faz de conta, em que brincamos à democraciazinha, em que vivemos de aparências, em que o que interessa é o presente e os benefícios que podemos tirar dele. A continuar assim, viajamos no sentido completamente contrário ao sonho que nasceu com o 25 de Abril de 1974, a DEMOCRACIA e a ESCOLA DE QUALIDADE UNIVERSAL E GRATUITA. A Escola Pública, é a única possibilidade de a nossa sociedade recuperar os valores que se estão a perder a uma velocidade tal, que caminhamos rapidamente para um vazio de valores,

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O início do Ano Lectivo, levou-me a uma reflexão sobre o que vi, ouvi, li, vejo, oiço e leio. Reflexão do Presidente da FERLAP sobre a Escola, hoje, 09/10/2013

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PPeessssooaa CCoolleeccttiivvaa ddee UUttiilliiddaaddee PPuubblliiccaa DD..RR..,, 22ªª SSéérriiee,, nnºº 113333,, ddee 99 ddee JJuunnhhoo ddee 11999922

Reflexão

A escola hoje

O Sr. Ministro diz que a o ano lectivo começou normalmente.

Eu, olho para a escola e vejo: turmas sem professores, escolas sem assistentes operacionais,

secretarias a funcionar uma hora por dia, Manuais a aumentar de preço, Manuais que

aparentemente são iguais, mas afinal não são, Alunos perdidos na escola, Alunos a ser

colocados no percurso alternativo sem conhecimento e sem consentimento dos Pais, turmas

de 20 alunos constituídas quase exclusivamente por marginais, roubos e furtos, Professores

assustados, Professores, Directores e Pessoal não Docente sem saber o que fazer para resolver

os problemas que lhes surgem diariamente, salas de aulas com 40 alunos, droga a ser passada

e consumida na escola, alunos indisciplinados com 18 anos a continuar na escola, alunos a

agredir (agredir não é apenas bater), colegas, Auxiliares e Professores, a impunidade com que

aqueles praticam os seus actos, professores a ser ameaçados, o medo dos professores em

denunciar as situações, seja, por medo dos alunos ou por medo da “mobilidade”, as escolas a

esconder estas situações, Pais a fechar as Escolas porque querem melhor para os seus Filhos, a

falta de educação, a falta de respeito, a falta de dignidade, a falta de orgulho, o desinteresse, o

desistir, Escolas em que as bocas-de-incêndio não funcionam, Escolas sem material, ginásios,

bibliotecas e bares que não funcionam, Escolas a cair, Escolas reconstruídas com defeitos

enormes e que não são corrigidos.

Vejo os responsáveis a fugir às responsabilidades, vejo falta de respostas, vejo falta de diálogo,

vejo hipocrisia, vejo a resignação, vejo os responsáveis dizer o que fica bem dizer, o

politicamente correcto, vejo, como me disse uma professora, “brincar às escolinhas”, vejo os

cortes cegos na educação…. Enfim, vejo a destruição da Escola Pública….

O que eu gostaria de ver: a preocupação e o desejo de resolver, a punição dos responsáveis e

uma Política de Educação para o FUTURO.

Enfim, vivemos num País de faz de conta, em que brincamos à democraciazinha, em que

vivemos de aparências, em que o que interessa é o presente e os benefícios que podemos tirar

dele.

A continuar assim, viajamos no sentido completamente contrário ao sonho que nasceu com o

25 de Abril de 1974, a DEMOCRACIA e a ESCOLA DE QUALIDADE UNIVERSAL E GRATUITA.

A Escola Pública, é a única possibilidade de a nossa sociedade recuperar os valores que se

estão a perder a uma velocidade tal, que caminhamos rapidamente para um vazio de valores,

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

PPeessssooaa CCoolleeccttiivvaa ddee UUttiilliiddaaddee PPuubblliiccaa DD..RR..,, 22ªª SSéérriiee,, nnºº 113333,, ddee 99 ddee JJuunnhhoo ddee 11999922

se entendermos por valores, sem qualquer tipo de ordem, a honra, a solidariedade, a justiça, a

dignidade, o respeito e a educação, entre muitos outros que faziam parte da nossa vida

enquanto pessoas.

Antes de 74, era importante um povo sem instrução e submisso, o hoje parece que se quer da

mesma forma um povo sem instrução, só que, o submisso está a passar a “sem valores” e isso

será o fim da sociedade como a conhecemos. Ou arrepiamos caminho, ou o futuro será muito

diferente daquele que pretendemos e, infelizmente, não será melhor.

Há que repensar o que pretendemos da EDUCAÇÃO em PORTUGAL. Há que definir uma

Politica de Educação para o FUTURO que, não pode estar dependente dos mandatos dos

ministros ou, mesmo, dos secretários de estado.

HÁ QUE PENSAR O FUTURO.

Isidoro Roque

Presidente