redes sociais versus ambiente organizacional

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REDES SOCIAIS VERSUS AMBIENTE ORGANIZACIONAL Para Castells (1999), estamos vivendo em uma sociedade em rede que, para Lojkine (2002) é informacional e que, para Srour (2005) é também digital. Mas o que isso significa? O que tem a ver com as redes sociais? Sempre estivemos em contato com diversas redes sociais, independentemente da internet. Uma rede social nada mais é do que a intersecção de dois elementos: atores – pessoas, instituições ou grupos – e suas conexões – interações e laços sociais. O que aconteceu, nas últimas décadas, é que essa interação social passou a ter um intermediário, a internet, que possibilitou o aumento desses círculos de relacionamento, transpondo as barreiras territoriais e linguísticas. Esta é a sociedade em rede. O que possibilitou a organização desta sociedade em rede foram os avanços tecnológicos – informática, automação, telecomunicações etc. – que possibilitaram a armazenagem e difusão de uma grande massa de informações a públicos antes excluídos da sociedade intelectual. Por isso, podemos dizer que se trata de uma revolução informacional, pois outrora o conhecimento ficava retido nas mãos de poucos, que o disseminavam quando e como lhes convinha. Hoje, é impossível deter o fluxo das informações na internet, graças às redes sociais virtuais. E por que podemos considerar que a revolução informacional é também digital?

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Page 1: Redes Sociais Versus Ambiente Organizacional

REDES SOCIAIS VERSUS AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Para Castells (1999), estamos vivendo em uma sociedade em rede que, para

Lojkine (2002) é informacional e que, para Srour (2005) é também digital. Mas o que

isso significa? O que tem a ver com as redes sociais?

Sempre estivemos em contato com diversas redes sociais, independentemente

da internet. Uma rede social nada mais é do que a intersecção de dois elementos:

atores – pessoas, instituições ou grupos – e suas conexões – interações e laços

sociais. O que aconteceu, nas últimas décadas, é que essa interação social passou a

ter um intermediário, a internet, que possibilitou o aumento desses círculos de

relacionamento, transpondo as barreiras territoriais e linguísticas. Esta é a sociedade

em rede.

O que possibilitou a organização desta sociedade em rede foram os avanços

tecnológicos – informática, automação, telecomunicações etc. – que possibilitaram a

armazenagem e difusão de uma grande massa de informações a públicos antes

excluídos da sociedade intelectual. Por isso, podemos dizer que se trata de uma

revolução informacional, pois outrora o conhecimento ficava retido nas mãos de

poucos, que o disseminavam quando e como lhes convinha. Hoje, é impossível deter o

fluxo das informações na internet, graças às redes sociais virtuais.

E por que podemos considerar que a revolução informacional é também

digital?

Segundo dados do Instituto de Pesquisa comScore, o número de usuários de

internet em 2010 totalizou 40 milhões só no Brasil, significando 26,4 horas/mês online

por usuário. Desse total, 85,3% do tempo foi gasto em redes sociais. Ou seja, como

afirma Srour (2005), o mundo digital tem dominado o mercado e nossas vidas!

Dessa maneira, chegamos ao foco central deste artigo: como lidar com o

avanço das redes sociais no ambiente organizacional?

Não se trata de proibir o acesso dos funcionários à tecnologia, uma vez que, a

maioria de nós está conectada à internet 24h por dia, por meio de celulares,

notebooks, ipads, etc. A grande sacada é ensinar os internautas a utilizar as redes da

melhor maneira possível.

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Segundo especialistas, não conseguimos ficar concentrados por mais de 90

minutos em uma determinada tarefa, então, para garantir o rendimento, é preciso

realizar uma pausa de pelo menos 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho. Que tal

promover uma pausa planejada, para que todos os funcionários possam atualizar-se

nas redes? Assim como a ginástica laboral é essencial para manter o corpo são, uma

olhadinha no que está rolando no facebook, twitter, google+ e linked in, é determinante

para acabar com a ansiedade e deixar as pessoas atualizadas.

Outra alternativa é trabalhar com metas. Alcançada a meta, redes sociais

liberadas pra todo mundo! Isso estimula o trabalho em equipe, promove sinergia e um

clima mais propenso à criatividade e à interação (sem falar nos resultados financeiros

para a empresa – meta atingida, dinheiro no bolso).

O fato é que as empresas ainda não sabem muito bem como lidar com essa

situação e, no afã de garantir 100% de produtividade, pegam o chicote – que hoje em

dia é uma ferramenta desenvolvida pela tecnologia da informação – e passam a

bloquear acessos e monitorar tudo o que é feito dentro de suas dependências. Os

funcionários ficam frustrados, fazem uma operação tartaruga, fogem para as áreas de

convivência para acessar as redes do celular e toda a produtividade vai por água

abaixo. Caos instalado...

Sem dúvida é um assunto muito controverso, porém não há como manter esse

cabo de guerra sem prejuízo para todos os lados. A solução é chegar a um consenso

sobre o uso adequado destas ferramentas no ambiente de trabalho, estipulando um

código de ética para todos os envolvidos e promover ações de conscientização para

disseminar o conhecimento. Afinal, estamos num mundo interconectado e não há

como escapar disso.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

LOJKINE, Jean. A revolução informacional. Tradução: José Paulo Neto. 3ª ed. São

Paulo: Cortez, 2002.

SROUR, R. H. Poder, cultura e ética nas organizações: o desafio das formas de

gestão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.