redes sociais versus ambiente organizacional
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REDES SOCIAIS VERSUS AMBIENTE ORGANIZACIONAL
Para Castells (1999), estamos vivendo em uma sociedade em rede que, para
Lojkine (2002) é informacional e que, para Srour (2005) é também digital. Mas o que
isso significa? O que tem a ver com as redes sociais?
Sempre estivemos em contato com diversas redes sociais, independentemente
da internet. Uma rede social nada mais é do que a intersecção de dois elementos:
atores – pessoas, instituições ou grupos – e suas conexões – interações e laços
sociais. O que aconteceu, nas últimas décadas, é que essa interação social passou a
ter um intermediário, a internet, que possibilitou o aumento desses círculos de
relacionamento, transpondo as barreiras territoriais e linguísticas. Esta é a sociedade
em rede.
O que possibilitou a organização desta sociedade em rede foram os avanços
tecnológicos – informática, automação, telecomunicações etc. – que possibilitaram a
armazenagem e difusão de uma grande massa de informações a públicos antes
excluídos da sociedade intelectual. Por isso, podemos dizer que se trata de uma
revolução informacional, pois outrora o conhecimento ficava retido nas mãos de
poucos, que o disseminavam quando e como lhes convinha. Hoje, é impossível deter o
fluxo das informações na internet, graças às redes sociais virtuais.
E por que podemos considerar que a revolução informacional é também
digital?
Segundo dados do Instituto de Pesquisa comScore, o número de usuários de
internet em 2010 totalizou 40 milhões só no Brasil, significando 26,4 horas/mês online
por usuário. Desse total, 85,3% do tempo foi gasto em redes sociais. Ou seja, como
afirma Srour (2005), o mundo digital tem dominado o mercado e nossas vidas!
Dessa maneira, chegamos ao foco central deste artigo: como lidar com o
avanço das redes sociais no ambiente organizacional?
Não se trata de proibir o acesso dos funcionários à tecnologia, uma vez que, a
maioria de nós está conectada à internet 24h por dia, por meio de celulares,
notebooks, ipads, etc. A grande sacada é ensinar os internautas a utilizar as redes da
melhor maneira possível.
Segundo especialistas, não conseguimos ficar concentrados por mais de 90
minutos em uma determinada tarefa, então, para garantir o rendimento, é preciso
realizar uma pausa de pelo menos 10 minutos a cada 50 minutos de trabalho. Que tal
promover uma pausa planejada, para que todos os funcionários possam atualizar-se
nas redes? Assim como a ginástica laboral é essencial para manter o corpo são, uma
olhadinha no que está rolando no facebook, twitter, google+ e linked in, é determinante
para acabar com a ansiedade e deixar as pessoas atualizadas.
Outra alternativa é trabalhar com metas. Alcançada a meta, redes sociais
liberadas pra todo mundo! Isso estimula o trabalho em equipe, promove sinergia e um
clima mais propenso à criatividade e à interação (sem falar nos resultados financeiros
para a empresa – meta atingida, dinheiro no bolso).
O fato é que as empresas ainda não sabem muito bem como lidar com essa
situação e, no afã de garantir 100% de produtividade, pegam o chicote – que hoje em
dia é uma ferramenta desenvolvida pela tecnologia da informação – e passam a
bloquear acessos e monitorar tudo o que é feito dentro de suas dependências. Os
funcionários ficam frustrados, fazem uma operação tartaruga, fogem para as áreas de
convivência para acessar as redes do celular e toda a produtividade vai por água
abaixo. Caos instalado...
Sem dúvida é um assunto muito controverso, porém não há como manter esse
cabo de guerra sem prejuízo para todos os lados. A solução é chegar a um consenso
sobre o uso adequado destas ferramentas no ambiente de trabalho, estipulando um
código de ética para todos os envolvidos e promover ações de conscientização para
disseminar o conhecimento. Afinal, estamos num mundo interconectado e não há
como escapar disso.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
LOJKINE, Jean. A revolução informacional. Tradução: José Paulo Neto. 3ª ed. São
Paulo: Cortez, 2002.
SROUR, R. H. Poder, cultura e ética nas organizações: o desafio das formas de
gestão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.