redes semÂnticas em discursos orais: uma...

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Fundação Visconde de Cairu Centro de Pós-graduação e Pesquisa Visconde de Cairu Programa Interdisciplinar em Computação Científica Mestrado Interdisciplinar em Modelagem Computacional Dissertação de Mestrado REDES SEMÂNTICAS EM DISCURSOS ORAIS: Uma proposta metodológica baseada na psicologia cognitiva utilizando redes complexas Apresentada por: Gesiane Miranda Teixeira Orientador: Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda Co-Orientador: Prof. Dr. Hernane Borges de Barros Pereira Salvador, 24 de agosto de 2007

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Fundação Visconde de Cairu

Centro de Pós-graduação e Pesquisa Visconde de Cairu Programa Interdisciplinar em Computação Científica

Mestrado Interdisciplinar em Modelagem Computacional

Dissertação de Mestrado

REDES SEMÂNTICAS EM DISCURSOS

ORAIS:

Uma proposta metodológica baseada na

psicologia cognitiva utilizando redes complexas

Apresentada por: Gesiane Miranda Teixeira

Orientador: Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda

Co-Orientador: Prof. Dr. Hernane Borges de Barros Pereira

Salvador, 24 de agosto de 2007

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II

GESIANE MIRANDA TEIXEIRA

REDES SEMÂNTICAS EM DISCURSOS

ORAIS:

Uma proposta metodológica baseada na

psicologia cognitiva utilizando redes complexas

Dissertação apresentada ao Programa Interdisciplinar em Computação Científica, Curso de Mestrado Interdisciplinar em Modelagem Computacional do Centro de Pós-graduação e Pesquisa Visconde de Cairu - CEPPEV da Fundação Visconde de Cairu - FVC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Modelagem Computacional. Área de Concentração: Redes Complexas, Física-estatística, Modelagem Computacional Orientador: Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda Co-orientador: Prof. Dr. Hernane Borges de Barros Pereira

Salvador – Bahia CEPPEV / FVC

2007

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III

Fundação Visconde de Cairu

Centro de Pós-graduação e Pesquisa Visconde de Cairu Programa Interdisciplinar em Computação Científica

Mestrado Interdisciplinar em Modelagem Computacional A Banca Examinadora, constituída pelos professores abaixo listados, leram e recomendam a aprovação [com distinção] da dissertação de mestrado, intitulada “REDES SEMÂNTICAS EM DISCURSOS ORAIS: uma proposta metodológica baseada na psicologia cognitiva utilizando redes complexas”, apresentada no dia 24 de agosto de 2007, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Modelagem Computacional. Orientador: _____________________________________

Prof. Dr. José Garcia Vivas Miranda Universidade Federal da Bahia

Co-orientador: ____________________________________

Prof. Dr. Hernane Borges de Barros Pereira Fundação Visconde de Cairu

Membro externo da Banca: ________________________________________

Prof. Dr. Roberto Fernandes Silva Andrade Universidade Federal da Bahia

Membro interno da Banca: _____________________________________

Prof. Dr. Renelson Ribeiro Sampaio Fundação Visconde de Cairu

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IV

In memorian a José Carlos Rodrigues Teixeira.

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V

Agradecimentos

Agradecer, para mim, é uma forma carinhosa de lembrar das pessoas que acreditam em você e que estão sempre

torcendo para tudo dar certo de alguma forma.

A Deus em primeiro lugar, por me guiar e de formas diversas me conduz para o caminho do bem.

O meu agradecimento eterno a meu pai (José Carlos Rodrigues Teixeira) por ser uma pessoa espiritualmente

iluminada e que fisicamente não está entre nós, mas que sempre me apoiou independente das dificuldades. A

minha mãe Lúcia e meus irmãos, Sueli, Fabrícia e Marcos.

Agora os meus agradecimentos acadêmicos.

Algumas pessoas entraram na minha vida para me ajudar a evoluir. Uma delas e a primeira é o meu orientador, o

qual acredita muito em meu potencial e me convidou para dar prosseguimento a uma linha de pesquisa que me

enriquece muito. O meu agradecimento será eterno José Garcia pela sua sabedoria, humildade e competência e

pela amizade que iniciou e não terminará.

Ao meu co-orientador, pois sempre que recorri aos seus conhecimentos e apoio, nunca me foi negado ajuda. Isto

é uma característica de grande valia para um orientador.

A três amigos em particular: Patrícia Faneca, Jean Damasceno e Williams Pereira.

A Sílvia Caldeira, Jaime Oliveira, Madaya Aguiar, Denise Coutinho, Professor Dr. Caio Mário Castro de

Castilho, Thiago Albuquerque de Assis, Henrique Morais e seus alunos de Graduação de Psicologia da

Faculdade Baiana de Medicina e Graduação de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, aos alunos do

curso de Graduação em Física da Universidade Federal da Bahia, ao Grupo de Pesquisa Fesc (Grupo de Física

Estatística em Sistemas Complexos), pelo apoio ao meu trabalho.

Isto sim é uma rede de troca de conhecimento.

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VI

Resumo

A linguagem verbal é um processo mental dinâmico, do qual as idéias surgem através de

vários mecanismos interconectados no ambiente cérebro-mente e que por vários motivos – em

geral de caráter subjetivo - algumas palavras são selecionadas para serem utilizadas. O

objetivo deste trabalho é o de caracterizar as relações existentes entre as palavras que

emergem durante um discurso oral estimulado a partir de um ”Prime”. Para tal, elaborou-se

um conceito de força associativa e força fidelidade, que representa a probabilidade da

ocorrência dos pares das palavras na mesma sentença no discurso inteiro. Estes conceitos

foram utilizados para construir a rede de associações semânticas de cada discurso. Foram

estudados doze discursos de alunos universitários do curso de Psicologia e de Física. As redes

geradas apresentam comportamentos típicos de redes complexas e suas propriedades foram

calculadas considerando as métricas advindas da teoria de redes complexas e através do uso

do conceito, criado neste trabalho, Força Fidelidade Crítica. A partir dos resultados, foi

verificado que as redes mostram características de redes livres de escala e mundo pequeno. As

redes geradas apresentam padrões de associações promissores no estudo de novos métodos

psicométricos.

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VII

Abstract The verbal language is a dynamic mental process, of which the ideas appear through some

mechanisms interconnected in the surrounding brain-mind and that by some reasons - in

general of subjective meaning - some words are selected to be used. The objective of this

work is to characterize the word associations that emerge an oral discourse during a

stimulated verbal speech from a "Prime". Therefore, concepts of associative force and force

fidelity were elaborated, that represents the probability of occurrence of pairs of words in the

same sentence in the entire discourse. These concepts were used to construct the semantic

network of words associations for each discourse. Twelve speeches of university students of

the course of psychology and physics had been studied. The generated networks present

typical behaviors of complex networks and its indices were calculated considering the metrics

of the complex networks theory and through the use of the concept, created in this work,

Force Fidelity Critical, in order to characterize its topology. From the results, it was verified

that the networks show characteristics of scale-free and small world networks. The generated

networks present promising patters of associations in the study of new methods in

psychometrics studies.

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SUMÁRIO CAPITULO 1. Introdução.......................................................................................................6

1.1. Definição do problema ...............................................................................................7 1.2. Objetivo ......................................................................................................................8 1.3. Estrutura da Dissertação .............................................................................................8

CAPITULO 2. Linguagem e Psicologia Cognitiva...............................................................10

2.1. A linguagem humana................................................................................................11 2.2. Língua e signo lingüístico. .......................................................................................12 2.3. O vocabulário de uma língua: O léxico ....................................................................14 2.4. Teoria da psicologia cognitiva..................................................................................15

2.4.1. Os Múltiplos Sistemas de Memória .................................................................17 2.4.2. Redes Semânticas – abordagem da psicologia cognitiva .................................22

CAPITULO 3. Sistemas complexos......................................................................................37

3.1. Redes Complexas .....................................................................................................38 3.2. Teoria dos Grafos .....................................................................................................39 3.3. Diferentes topologias de uma rede complexa...........................................................49 3.4. Linguagem e Sistemas Complexos...........................................................................53 3.5. Trabalhos sobre redes complexas abordando a linguagem ......................................55

CAPITULO 4. Modelo proposto...........................................................................................60

4.1. Coleta de dados.........................................................................................................60 4.2. O conceito de força...................................................................................................64 4.3. Tratamento do texto..................................................................................................67 4.4. Construção da rede de palavras ................................................................................78

CAPITULO 5. Resultados e Discussão.................................................................................83

5.1. Análise estatística da base de dados .........................................................................83 5.2. Caracterização da rede..............................................................................................94

5.2.1. Índices médios em função da Força Fidelidade Limite (FFL)..........................94 5.2.2. A rede de Força Fidelidade Crítica.................................................................101 5.2.3. Distribuição de Graus P(k) .............................................................................105

5.3. Comparação com o trabalho de rede de palavras de textos escritos e com o trabalho de redes semânticas Word Association (Associação de palavras) .....................................107

CAPITULO 6. Considerações finais ...................................................................................109

6.1. Conclusões..............................................................................................................109 6.2. Atividades Futuras de Pesquisa ..............................................................................110

Referências .............................................................................................................................112

APÊNDICE ............................................................................................................................118

ANEXO ..................................................................................................................................127

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Resumo dos modelos de redes semânticas Word Association, o Dicionário de Roget e o Wordnet. .............................................................................................................................27 Tabela 2 Parte traduzida e simplificada do banco de associação livre.....................................34 Tabela 3 Parte do banco de associação livre traduzida e simplificada.....................................35 Tabela 4 Sumário estatístico da rede semântica. ......................................................................58 Tabela 5 Os três arquivos produzidos pelo programa Dico......................................................73 Tabela 6 As siglas e suas descrições. .......................................................................................74 Tabela 7 Os Parâmetros que podem ser usados no AMBISIN.................................................75 Tabela 8 Informações gerais dos indivíduos envolvidos no estudo de caso. ...........................83 Tabela 9 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo 4................................................................................................................................84 Tabela 10 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo 5................................................................................................................................84 Tabela 11 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo 7................................................................................................................................85 Tabela 12 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo 10..............................................................................................................................85 Tabela 13 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo 11..............................................................................................................................86 Tabela 14 Valores médios para as categorias de palavras do discurso para todos os indivíduos da base de dados. ......................................................................................................................90 Tabela 15 Valores de FF que estão fora da reta .......................................................................93 Tabela 16 Relação entre os índices que caracterizam as redes complexas em função da Força Fidelidade Limite......................................................................................................................95 Tabela 17 Força Fidelidade Crítica das 12 redes de palavras.................................................104 Tabela 18 Expoente de distribuição de graus para indivíduos com maior número de vértices.................................................................................................................................................106 Tabela 19 Índices estatísticos da topologia das redes de textos escritos, redes de textos orais.................................................................................................................................................107 Tabela 20 Índices estatísticos da topologia das redes de textos orais e a rede de associação de palavras...................................................................................................................................108

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Lista de Figuras

Figura 1 Mapa da Memória. Fonte: Autora..............................................................................20 Figura 2 Esquema simplificado de uma rede de associação onde cada vértice da rede representa uma palavra. Fonte: Modificado de http://citeseer.ist.psu.edu (2006)....................21 Figura 3 Representação esquemática de um grafo. Fonte: Autora. ..........................................22 Figura 4 Um pequeno exemplo de uma rede semântica. Fonte: Autora...................................22 Figura 5 Rede Semântica de Collins & Quillian. Fonte: Sternberg (2000, p. 274)..................24 Figura 6 Modelo de memória semântica baseado em características. Fonte: Sternberg (2000, p. 276).......................................................................................................................................25 Figura 7 Rede Semântica de Collins e Loftus. Fonte: Collins e Loftus (1975, p. 6)................26 Figura 8 Roget´s Thesaurus. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2006, p. 5). ...............................28 Figura 9 Rede semântica WordNet. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2006, p.6). .....................29 Figura 10 Simulação simplificada e traduzida da coleta do Nelson et al (1999). Fonte: http://w3.usf.edu/FreeAssociation/...........................................................................................30 Figura 11 Um pequeno exemplo de redes com 4 vértices e 5 arestas. Fonte: Autora..............40 Figura 12 Mapa e as pontes de Königsberg (item a), a estrutura da ponte de forma isolada (item b) e seu grafo (item c). Fonte: Modificado de http://alfweb.cii.fc.ul.pt..........................40 Figura 13 Grafo Matemático G1. Fonte: Autora.......................................................................42 Figura 14 Exemplo de um dígrafo. Fonte: Autora....................................................................42 Figura 15 Exemplo de um grafo G2 e sua matriz de adjacência A2 (i,j). Fonte: Autora. .........43 Figura 16 Grau de um grafo. Fonte: Autora. ...........................................................................44 Figura 17 Grafo Regular e completo. Fonte: Autora...............................................................44 Figura 18 Esquema simplificado de um subgrafo onde G’ representa um subgrafo de G. Fonte: Autora............................................................................................................................44 Figura 19 Clique formado pelo subgrafo abc. Fonte: Autora..................................................45 Figura 20 Exemplo de caminho de um grafo G3. Fonte: Autora.............................................45 Figura 21 Caminho mínimo. Fonte: Autora. ...........................................................................46 Figura 22 Caminho mínimo médio. Fonte: Autora. ................................................................47 Figura 23 Coeficiente de aglomeração do vértice José. Fonte: Autora. ..................................48 Figura 24 Exemplo de uma rede aleatória. Fonte: Autora.......................................................50 Figura 25 Histograma rede aleatória da Figura 24. Fonte: Autora..........................................50 Figura 26 Modelos de rede. Fonte: Modificado de Watts (1999, p. 2). ...................................52 Figura 27 Distribuição de Graus dos vértices de uma rede seguindo a Distribuição de Poisson (a) e outra sem escala característica (b). Fonte: http://alfweb.cii.fc.ul.pt ...............................52 Figura 28 Ligações preferências em vértices mais conectados. Fonte: www.alfaweb.cii.fc.ul.pt . .................................................................................................................................................53 Figura 29 Parte de uma rede semântica direcionada. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005, p. 10).............................................................................................................................................57 Figura 30 Caminho mais curto entre VOLCANO e ACHE. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005, p. 7). ..............................................................................................................................57 Figura 31 Rede semântica não direcionada. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005, p.7)..........58 Figura 32 Diagrama de conjunto. Fonte: Autora......................................................................65 Figura 33 Diagrama do tratamento de textos e arquivo de lote. Fonte: Caldeira (2005, p.66).68 Figura 34 Diagrama modificado do tratamento de textos arquivo de lote (. Bat) usado no nosso trabalho. Fonte: Autora..................................................................................................69 Figura 35 Exemplo de um texto antes de passar pelo tratamento. Fonte: Autora. ...................70 Figura 36 Exemplo de um texto após seu tratamento. Fonte: Autora. .....................................71 Figura 37 Arquivos gerados pelo programa Tokenize. Fonte: Autora. ....................................71

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Figura 38 Exemplo de um arquivo token.txt (A) e a segmentação de um texto (B) . Fonte: Autora. ......................................................................................................................................72 Figura 39 Gramática de normalização de algumas palavras reduzidas do português. Fonte: Manual do Unitex .....................................................................................................................72 Figura 40 Exemplo de um arquivo dlf.ascii de um texto. Fonte: Autora. ................................74 Figura 41 Ordem de precedência na classificação gramatical de palavras realizado pelo Ambisin. Fonte: Autora. ...........................................................................................................77 Figura 42 Exemplo do Ambisin.gra. Fonte: Autora. ................................................................77 Figura 43 Exemplo do Ambisin_e.can. Fonte: Autora.............................................................78 Figura 44 Arquivo de lote (faz.bat) com ilustração dos programas/ pacotes usados. Fonte: Autora. ......................................................................................................................................79 Figura 45 Arquivo de lote Faztudo.bat. Fonte: Autora. ...........................................................79 Figura 46 Parâmetros do programa NetAll. .............................................................................80 Figura 47 Cálculos possíveis para parâmetro2 do programa NetAll........................................80 Figura 48 Diagrama cálculo das freqüências de construção da rede e cálculos dos índices da rede. . Fonte: Autora. ................................................................................................................81 Figura 49 Parâmetros do Programa NetSentFreqFF. ...............................................................82 Figura 50 Campos da tabela que contem o resultado do cálculo das forças dos pares de palavras. Fonte: Autora. ...........................................................................................................87 Figura 51 Gráfico que mostra a quantidade total de palavras para cada um dos doze indivíduos. Fonte: Autora. ........................................................................................................87 Figura 52 Gráfico que mostra a quantidade total de vocabulário para cada um dos doze indivíduos. Fonte: Autora. ........................................................................................................88 Figura 53 Gráfico que mostra a quantidade total de sentenças do discurso para cada um dos doze indivíduos. Fonte: Autora. ...............................................................................................88 Figura 54 Taxa de utilização do vocabulário. Fonte: Autora. ..................................................89 Figura 55 Quantidade média de palavras por sentenças. Fonte: Autora. .................................89 Figura 56 Gráfico Logaritmo da Distribuição de Freqüência da Força-Fidelidade FF dos pares de palavras dos 6 primeiros indivíduos. Fonte: Autora. ...........................................................91 Figura 57 Gráfico Logaritmo da Distribuição de Freqüência da Força-Fidelidade FF dos pares de palavras dos outros 6 indivíduos restantes. Fonte: Autora. .................................................92 Figura 58 Expoente da distribuição dos pares de palavras para cada indivíduo. Fonte: Autora...................................................................................................................................................93 Figura 59 Gráfico de Coeficiente de aglomeração médio (CAM) em relação à Força Fidelidade Limite (FFL). Fonte: Autora. ..................................................................................96 Figura 60 Gráfico de Coeficiente de Caminho Mínimo Médio (CAM) em relação à Força Fidelidade Limite (FFL). Fonte: Autora. ..................................................................................97 Figura 61 Gráfico do Grau médio em relação à Força Fidelidade Limite (FFL). Fonte: Autora...................................................................................................................................................97 Figura 62 Gráfico do diâmetro da rede em relação à Força-Fidelidade Limite. Fonte: Autora...................................................................................................................................................98 Figura 63 – Exemplo de rede com diâmetro de valor baixo (item a) e Rede com diâmetro de valor alto (item b). Fonte: Autora.............................................................................................99 Figura 64 Gráfico de arestas e vértices em relação à Força-Fidelidade. Fonte: Autora.........100 Figura 65 Diagrama ilustrativo da relação entre perda de informação e a FFL proposta neste trabalho. Fonte: Autora...........................................................................................................101 Figura 66 Ilustração da rede de associação de palavras de um indivíduo com força de associação = 0,0001 e de maior coeficiente de aglomeração do indivíduo 11. Fonte: Autora.................................................................................................................................................102

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Figura 67 Ilustração da rede de associação de palavras de um indivíduo com força de associação = 0,001 e de maior diâmetro do indivíduo 11. Fonte: Autora. .............................102 Figura 68 Ilustração da rede de associação de palavras de um indivíduo com força de associação = 0,01 e de menor coeficiente de aglomeração do indivíduo 11. Fonte: Autora..103 Figura 69 Ilustração da rede de associação de palavras do indivíduo 1 com Força Fidelidade Crítica= 0,007. Fonte: Autora.................................................................................................104 Figura 70 Ilustração da rede de associação de palavras do indivíduo 5 com Força Fidelidade Crítica= 0.001. Fonte: Autora.................................................................................................105 Figura 71 Distribuição de Graus dos 6 indivíduos com maior número de vértices. Fonte: Autora. ....................................................................................................................................106

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CAPITULO 1. Introdução

“A linguagem falada é, provavelmente, o último passo e, com toda a certeza, o mais importante, na evolução do cérebro humano.”

Richard Leakey1

A linguagem humana é um processo que se realiza através do uso organizado de

combinar palavras, gestos, sinais, de natureza essencialmente consciente, e que é objeto de

estudo de várias áreas, como a lingüística, a psicologia e a filosofia. De natureza complexa

e origem indefinida, a linguagem se torna tão fascinante, misteriosa e intrigante que o seu

estudo permite a interação com outras ciências, que a princípio, não teriam afinidades,

como a física, a matemática e a informática.

A linguagem é a característica que difere os seres humanos dos não humanos. Este

processo, que se realiza no ambiente físico cérebro, segundo Damásio (2004) “Dotou a mente do poder de categorizar e manipular o conhecimento de acordo com princípios lógicos” (Damásio, 2004, p. 9).

Não se tem vestígios de quando e como surgiu a mente, o que existe, na verdade,

são suposições, concordância de idéias à teoria evolutiva da mente através da evolução

dos seres humanos. Tem-se conhecimento que a partir da espécie Homo Habilis se deu a

comunicação pela fala, mas isto não significa linguagem oral, regras para se comunicar

através da semântica, da gramática, logo a sua origem é vaga. (Gardner, 1995)

1 Richard Erskine Frere Leakey (19 de Dezembro de 1944 - ) Antropólogo físico e paleontólogo africano nascido em Nairóbi, Quênia, descobridor de um dos mais ricos sítios de fósseis hominídeos que se conhecem, o de Koobi Fora (1970). Fontes: http://www.leakeyfoundation.org/foundation/f1_4.jsp.

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Para o arqueólogo Steven Mithen, a mente é regida por um domínio de uma

inteligência geral relacionadas com as percepções, e a linguagem é a ponte entre as

inteligências (Mithen, 2003). Ela é o final dos processos psíquicos que se iniciam com a

percepção e findam com a unidade lingüística palavra, seja ela oral ou escrita. A palavra é

o elemento principal utilizado neste trabalho.

1.1. Definição do problema

A linguagem oral permite a comunicação entre os seres humanos, e é um

fenômeno que tem a capacidade de exceder o contato entre as pessoas. Para a psicologia,

ela possibilita o estudo do indivíduo, ser único, e seu comportamento social, não

analisando apenas as palavras de maneira isoladas, pois senão seriam apenas anotações,

mas como elas estão relacionadas durante o discurso pelo interlocutor e a palavra permite

analisar os processos psíquicos envolvidos durante a narração, a descrição da cena. Para a

filosofia, as palavras permitem a descrição do mundo pelo homem e sua relação com ele

(Cardoso, 2001). Para a psicologia cognitiva esta é uma maneira de estudar a mente

humana, pois apesar da mente não ser observável ela é ativa.

Inevitavelmente, a lingüística foi determinante no auxilio do pré-tratamento das

palavras, deixando apenas os elementos que carregam consigo algum conceito, algum

sentido, carga esta que possa o identificar como agente modificador, que faça

compreender não só as condições externas, mas como elas são compreendidas e

interpretadas pelo sujeito.

A teoria dos grafos, ramo da matemática, é uma ferramenta utilizada para a

representação simbólica da rede gerada pela interação entre as palavras. A partir dos seus

conceitos teóricos, foi possível a construção do arcabouço algorítmico que permitiu a

implementação computacional da modelagem das palavras e suas associações

provenientes da oralidade.

O elemento do estudo deste trabalho é a palavra advinda da linguagem oral, sendo

a linguagem oral um processo mental dinâmico onde as idéias manifestam-se através de

vários mecanismos, vários elementos interconectados no ambiente cérebro de maneira

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independente, sem obedecer a ordem superior alguma e que por vários motivos – em geral

de caráter subjetivo - algumas palavras são selecionadas, emergem de forma a serem

utilizadas durante o processo da linguagem falada sendo, portanto o resultado da soma de

todas as ações dos seus componentes. Estas palavras são recuperadas, através de técnicas

de investigação, da memória. Desta forma a linguagem é um exemplo de um sistema

complexo e desta forma pode ser estudada pelo ponto de vista da física estatística. A rede

de relações entre as palavras, que é formada pelas suas interações, pode ser caracterizada

com os índices provenientes das redes complexas.

1.2. Objetivo

O objetivo geral deste trabalho é o de propor um método para a construção de rede

semântica para a rede de associação de palavras em textos orais. Para tal foram utilizados

os conceitos advindos da Teoria das redes complexas. Já os objetivos específicos devem

caracterizar a topologia da rede de relações entre as palavras que emergem durante a

oralidade e realizar comparações do nosso trabalho com a topologia das redes geradas

para a linguagem escrita e com a topologia das redes obtidas com o trabalho de redes

semânticas e redes complexas.

O estudo de redes na forma da teoria matemática de grafos permitiu, a partir dos

índices provenientes da teoria das redes complexas, conhecer a topologia da rede de

relações entre as palavras. A partir dos resultados obtidos é possível identificar

comportamentos comuns, caracterizando a rede e comparando-as a alguns padrões

topológicos de redes conhecidas na literatura.

1.3. Estrutura da Dissertação

A dissertação está estruturada em 6 capítulos.

No Capítulo 1, o leitor é introduzido ao objeto de estudo, a palavra. Conhece os

conceitos de maneira geral que serão utilizados no decorrer do trabalho, i.e. a linguagem,

a mente e memória humana e a teoria dos grafos.

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No Capítulo 2, apresentam-se a fundamentação teórica do trabalho sobre a

linguagem, a Psicologia Cognitiva e o uso da linguagem pela Psicologia Cognitiva como

forma de acesso à memória e utilizada na representação do conhecimento humano através

das Redes Semânticas.

No Capítulo 3 busca-se conceituar sistemas complexos e é abordada uma revisão

sobre Teoria dos Grafos através do estudo do seu conceito e alguns de seus índices e

Redes Complexas através do estudo de suas propriedades e tipos. Teoria dos Grafos e

Redes Complexas é o alicerce aplicado neste trabalho. Ainda neste capítulo tem-se a

relação entre Linguagem e Sistemas Complexos e uma revisão bibliográfica de trabalhos

sobre Redes Complexas abordando a Linguagem.

No Capítulo 4, tem-se o modelo proposto para gerar as redes semânticas

contextualizadas. O leitor irá conhecer desde o processo de coleta de dados, o conceito de

força, conceito este que ocorre dos trabalhos de investigação da memória pela psicologia

cognitiva, até o tratamento do texto e construção da rede de palavras.

No Capítulo 5, se apresentam os resultados do trabalho proposto onde é realizada a

análise estatística da base de dados e caracterização da rede de palavras através do estudo

de algumas métricas usadas pelas Redes Complexas.

No Capítulo 6, têm-se as considerações finais do trabalho. As conclusões e

perspectivas do trabalho.

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CAPITULO 2. Linguagem e Psicologia Cognitiva

O homem sempre buscou se conhecer e entender a sua relação com o outro e com

o mundo, porem a ciência ainda não conseguiu desvendar por completo, a teoria da

natureza humana mais intrigante, objeto de estudo das mais diversas áreas: A mente.

A neurociência, a psicologia e suas vertentes, a psiquiatria, a genética

comportamental, cada qual com suas metodologias, mesmo que para alguns cientistas e

estudiosos elas tenham características ambíguas e até mesmo contraditórias, produzem

indicativos sobre como se dá o funcionamento da mente (Gardner, 1995).

Uma forma de expressão da mente se realiza através da aquisição e uso da

linguagem. A linguagem oral, através do discurso do sujeito, função superior da mente

(Del Nero, 1997), é o objeto de estudo para se entender o comportamento do indivíduo e

de entendê-la como uma ferramenta de resgatar os dados que estão armazenadas na

memória e por meio da combinação organizada destes elementos, permite que o sujeito

expresse o seu conhecimento que são representadas no pensamento (Dranka, 2001).

Existe uma área interdisciplinar da psicologia que trabalha com modelos de

representação do conhecimento humano através da investigação da memória – a

psicologia cognitiva. É este campo da psicologia que tem trabalhado com redes

semânticas – que são modelos de representação da rede de relação entre os significados

(Sternberg, 2000). A linguagem é o instrumento utilizado no processo de acesso à

memória através do seu signo lingüístico a palavra. É a palavra o elemento principal que

aparece relacionado na rede semântica.

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2.1. A linguagem humana

O interesse pela linguagem data da Antigüidade clássica, na Grécia, a partir da sua

exibição na filosofia, que se viu levada a estudar a estrutura do discurso para poder tratar

do juízo. Este fato fez com que os filósofos gregos Platão e Aristóteles (século IV a.C.)

determinassem a classificação para as palavras. Platão estabeleceu a primeira classificação

das palavras em nomes e verbos de que se tem conhecimento e Aristóteles considerou

uma outra: nomes, verbos e partículas. Aqui se configura a primeira divisão da cadeia de

sinais lingüísticos pelo reconhecimento de uma diferença de categoria entre palavras e,

portanto esta é uma situação que realça o interesse na relação da linguagem com o

conhecimento. A divisão entre nomes e verbos, para a filosofia, procura descrever a

estrutura do juízo, que deve exprimir o modo como o mundo se apresenta (Guimarães,

2006).

Os sofistas, também na Grécia, perceberam a importância da linguagem e se

especializaram na retórica, que é o estudo das técnicas de persuasão dos ouvintes pelo

indivíduo que fala, e na gramática das palavras, que se constitui na história como uma

instrumentação das línguas que apresenta-se como um modo de ensinar a ler e a escrever

de maneira correta e esta qualidade que toma vários aspectos no decorrer da história e

permanece, ainda hoje, como um modo de estabelecer regras às línguas como línguas,

entendidas como contínuo de variedades lingüísticas que, por razões culturais, políticas,

históricas, geográficas, é considerado como entidade única que delimita uma comunidade

lingüística (Guimarães, 2006).

Estamos diante de duas posições distintas: de um lado uma norma de correção

(gramática), de outro as regras de como proceder para convencer, para alcançar o ouvinte

(retórica). Em um campo tem-se a importância da língua, no outro tem-se a adequação da

relação entre o orador e o auditório. O poder de persuasão que as palavras carregam

consigo e quando as palavras são mal utilizadas podem trazer malefícios à humanidade

como escreveu George Orwell (1954) em sua obra “A revolução dos bichos” em que

aborda o uso da linguagem de maneira inadequada e como as palavras podem servir como

arma sedutora e falsificação da verdade, como acontece comumente na linguagem política

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onde o uso tortuoso da palavra é o de tornar a mentira como uma verdade audível e vestir

o crime de respeito (Guimarães, 2006).

2.2. Língua e signo lingüístico.

“Uma língua é um sistema completo, complexo, dinâmico e, portanto em mudança, arbitrário dos símbolos primeiramente orais aprendidos e usados para uma comunicação dentro da estrutura cultural de uma comunidade lingüística”. ( Hammerly, 1982, p. 26). ”A linguagem – o uso de um meio organizado de combinar as palavras para fins de comunicação – possibilita que nos comuniquemos com aqueles que nos rodeiam, tanto quanto ponderar situações e processos que comumente não podemos ver, ouvir, sentir, tocar ou cheirar, inclusive idéias que podem não ter qualquer forma tangível” (Stemberg, 2000, p. 252).

As palavras, que podem ser escritas ou faladas, são signos lingüísticos ou símbolos

da linguagem, que representam, identificam, significam ou sugerem algo diferente e a

partir de determinados padrões de palavras que o sujeito, seja ele interlocutor ou escritor,

irá utilizar para externalizar os seus pensamentos, permitindo a criação de frases,

parágrafos e discursos significativos.

O mais importante para este trabalho é a significação da palavra utilizada na

linguagem oral. É a semântica, o foco de estudo, e a rede de relações entre estas palavras e

não o estudo das palavras gramaticais, da sintaxe ou estrutura, da observação de padrões

regulares nas frases.

Os aspectos de caráter semântico das palavras e sentenças parecem sobreviver a

uma desordem considerável de seus aspectos efetivamente sintáticos. Uma pessoa pode

entender o que está sendo dito sem ter qualquer julgamento detalhado das regras de

sintaxe de uma linguagem verbalizada ou escrita (Harré e Gillet, 1999). Por exemplo,

quando um sujeito analfabeto usa palavras para se comunicar ou para expor os seus

pensamentos sem seguir regras sintáticas de maneira correta ou adequada, ele consegue o

seu objetivo que é se fazer compreender. Se alguém pede um “Chicrete” ou fala

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“probrema, eu tenho’, as pessoas vão saber identificar o que o sujeito interlocutor está

externalizando.

É importante salientar que por meio da palavra (unidade lingüística) cada

enunciador/escritor atribui valor pessoal a uma palavra, atribui uma significação ao texto,

é focalizada onde a rede de relações entre as palavras ocorre para se transmitir uma idéia:

a sentença, esta unidade mínima de significação. O vocábulo sentença deve ser entendido,

conforme Danes(1974) como uma:

“estrutura sintática de um determinado tipo capaz de converter uma seqüência de palavras em uma unidade mínima comunicativa (expressão), mesmo quando retirada do contexto ou da situação em que foi produzida”(Danes, 1974, p. 230).

Não está sendo aqui posto plano irrelevante à lingüística, é exatamente o contrário.

A língua é uma parte da linguagem, pois é tanto um resultado social da faculdade da

linguagem quanto é um grupo de regras estabelecidas e essenciais pelo corpo da

sociedade, a fim de conceder o uso desta faculdade entre os indivíduos (Arrivé, 1999).

Logo a lingüística trata o estudo da língua e traz consigo a responsabilidade da

associação de conceitos a palavras baseadas nas relações sociais, valor lingüístico, valor

este que infere padronizações de sons e idéias aos conceitos resultantes da produtividade

da linguagem.

O signo lingüístico, unidade lingüística fundamental, para Saussure (2004), une

não uma coisa e um nome, mas um conceito e uma imagem acústica, respectivamente o

significado e significante. É o que os lingüistas chamam de referente. Os significantes são

imagens acústicas e os seus elementos servem pra constituir as unidades, no caso as

palavras da língua e estas são colocadas consecutivamente enquanto se fala, apesar deste

processo não implicar linearidade tanto nas imagens mentais que são ativadas em nosso

pensamento quanto na escolha das palavras que serão utilizadas (Arrivé, 1999). Portanto,

não implica linearidade, a rede de relações estabelecidas pelas palavras durante a

oralidade. Apenas a sua disposição pela fala é linear.

Fica evidente a importância da lingüística pelo uso da palavra como ponte para

acesso ao pensamento, pois em termos gerais, ele é passível de transmissão e esta

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característica implica que existem ligações sistemáticas e essências entre o uso de um

conceito pelo sujeito interlocutor e o de qualquer conceito e seu uso (Harré e Gillet, 1999).

Existe uma ligação entre o uso da linguagem e a compreensão do contexto nos

quais os comportamentos são articulados a partir do uso de termos lingüísticos para

expressar conceitos que estão armazenados em outro processo superior da mente: a

memória.

2.3. O vocabulário de uma língua: O léxico

O léxico de um língua é dividido em palavras lexicais e palavras gramaticais.

Utilizando os conceitos publicados na Internet por Santos (2006), as diferenças entre estes

dois conceitos são: as palavras lexicais têm o sistema aberto, por permitir mudanças,

agregar conceitos em face de sua dinâmica em surgir, desaparecer e transformar de

sentido, de comunicação. Estas palavras são caracterizadas pelos nomes (e.g. substantivos,

adjetivos, advérbios) e pelos verbos. As palavras gramaticais consistem no sistema

fechado – são estabelecidas por regras – de comunicação da fala. Elas permitem a

contextura da língua, o sistema, a gramática, representadas pelas desinências verbais2

(tema, vogal temática), artigos, pronomes, conjunções, preposições.

A importância de se estudar a rede de relações entre palavras dentro de uma

sentença ocorre, pois embora sejam as palavras lexicais aquelas que modificam o

vocabulário, elas precisam das palavras gramaticais para organizar a frase, permitindo que

a transmissão de idéias. O uso de uma palavra isolada não forma conexão entre

significado e verdade.

A psicologia cognitiva e a representação da fala por meio dos modelos mentais

também abordam o interesse somente por palavras que possam ser codificadas

semanticamente. Ela se interessa em observar o volume de significação em um discurso.

As palavras funcionais ou definidas anteriormente como gramaticais desempenham

somente função de apoio às palavras essenciais ou lexicais.

2 As desinências verbais indicam a "pessoa" e o "número" dos verbos.

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Para se expressar verbalmente não é preciso usar a linguagem escrita e desta forma

fica evidente que não é de necessidade extrema saber gramática para se fazer entender em

uma comunicação seja ela oral ou escrita e nem para escrever bem. Prova disto são os

escritores, que em sua maioria não são gramáticos e vice-versa. O ideal é expor os

pensamentos, como o sujeito se enxerga no mundo, como os seus vários “selves”

interagem consigo mesmo e com a sociedade. Como a linguagem pode ser uma forma de

adaptação do sujeito ao mundo e como o mundo - a vida social – se junta aos pensamentos

do sujeito (usando a memória como fonte de acervo), pois os pensamentos possuem os

objetos que a pessoa fornece num relato (Harré e Gillet, 1999).

O interesse em nosso trabalho é estudar uso do fenômeno da linguagem com

abordagem para área da Psicologia, principalmente o campo da Psicologia cognitiva, já

que a linguagem é classificada pelos psicólogos como uma das funções de caráter superior

consciente da mente. (Del Nero, 1997).

2.4. Teoria da psicologia cognitiva

“A vida nunca pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente.”

Soren Kierkegaard 3

Segundo Ulrich Neisser em seu livro Cognitive Phychology, a psicologia cognitiva

trata do estudo da maneira como as pessoas aprendem, estruturam, armazenam e usam o

conhecimento (Neisser, 1967, apud Sternberg, 2000).

O período do surgimento da psicologia cognitiva vai dos anos de 1955 até o início

dos anos 60. O ano de 1956 é um ano bastante produtivo, pois ocorrerem nesta época

3 Søren Aabye Kierkegaard (5 de Maio de 1813 - 11 de Novembro de 1855) foi um teólogo e um filósofo dinamarquês do século XIX, que é conhecido por ser o "pai do existencialismo. Fontes: http://www.historiaecia.com/pensamentos.htm e http://pt.wikipedia.org/wiki/Soren_Kierkegaard.

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vários encontros e reuniões científicas e publicações de estudos importantes para se

discutir temas relacionados à Psicologia Cognitiva (Neufeld e Stein, 1999).

O primeiro livro texto sobre psicologia cognitiva de caráter geral só chegou aos

programas acadêmicos após 1967 e foi escrito por Ulrich Neisser.

O período fecundo deste campo da psicologia teve com um dos principais motivos

o fracasso do movimento behaviorista em tentar explicar os aspectos mais superiores do

comportamento do ser humano a partir do paradigma estímulo-resposta.

Outros aspectos que favoreceram “as revoluções cognitivas” surgidas nesta

mesma época foram uma série de pesquisas psicológicas que reintroduziram os termos

“mentalistas” (Eysenck & Keane, 1994; Gardner, 1995; Thagard, 1998), e graças,

principalmente, ao surgimento da modelagem computacional da mente que só foi possível

ser realizado devido ao advento em 1956 da Inteligência artificial (que se trata da

utilização da analogia da máquina para entender o funcionamento da cognição) e o

surgimento e engrenagem do movimento cibernético (que tem vinculo com a Inteligência

Artificial, por ser a sua concretização prática), fazendo com que a interdisciplinaridade

seja a característica mais marcante desta vertente da psicologia.

O objeto de estudo da Psicologia cognitiva são os conteúdos mentais e, para

realizar a investigação destes conteúdos, é comum utilizar técnicas estatísticas e métodos

computacionais. Uma de suas principais atividades é a construção de modelos

matemáticos e axiomatizados em diversas áreas de pesquisa; e.g. a inteligência artificial, a

memória semântica, os estilos cognitivos da personalidade, a formação de conceitos e a

resolução de problemas. A psicologia cognitiva usando a linguagem matemática focaliza-

se no estudo da mente, estudo da forma como se obtém e se seleciona a informação sobre

o mundo, como é que essa informação é armazenada na memória pelo cérebro e, por fim,

como é que esse conhecimento é usado para resolver problemas, para pensar e para

exprimir a linguagem (Becker, 2006).

A psicologia cognitiva, portanto, retoma os estudos dos processos mentais nos

seres humanos, retoma os estudos sobre questionamentos filosóficos mais antigos sobre a

natureza da mente, e como ela está relacionada ao cérebro e como ela se relaciona

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externamente, com o mundo (Dupuy, 1996), através da produção de uma série de

conceitos cuja finalidade é explicar a construção do conhecimento.

2.4.1. Os Múltiplos Sistemas de Memória

“A noção de memória tem uma representação popular marcante, particularmente por sua propriedade de tornar o passado presente. É a partir da memória que retrocedemos e investigamos o conhecimento sobre o mundo” (Frank e Landeira-Fernandez, 2006, p. 3).

É na memória que ocorre a representação do conhecimento na mente humana

através do uso de palavras e símbolos (Sternberg, 2000).

A memória é um processo mental completamente dinâmico, pois com muitos

momentos na vida e em cada um desses momentos é que nós adquirimos novas

lembranças, e estas experiências podem ser recordadas e novos hábitos e conhecimentos

vão se formando de maneira gradual, vão se agregando (Gazzaniga e Heatherton, 2005).

Pode-se afirmar então que a base do conhecimento humano, a memória, somente pode ser

compreendida em retrospectiva e sua investigação ocorre através do uso dos seus

processos de recuperação seja através de evocação, seja pelo reconhecimento.

A memória, portanto, é considerado o âmago da cognição (Mussen, Conger, Kagan

e Huston, 1995) a atividade cognitiva seria inútil sem a sua existência (Albuquerque &

Pimentel, 2004).

É na memória que pode ou não haver registro das experiências vividas, sendo de

caráter temporal permanente ou não, permitindo desta forma, a continuidade do indivíduo,

resguardando desta forma a sua identidade, ao longo das modificações que fazem parte

das experiências do dia a dia (Frank, 2002).

A memória, em relação ao tempo, pode ser a grosso modo classificada quanto a

sua duração e conteúdo. A memória, em relação a duração, pode ser estruturada de

maneira geral como memórias de curto e longo prazo.

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A memória de curto prazo é a responsável pelo armazenamento de poucos itens e o

período de tempo de permanência destes itens neste local é de segundos a poucos minutos,

não chegando, desta forma, completar 24h. Exemplos clássicos do uso deste tipo de

memória é a realização de cálculo mental, as aplicações de regras para resolver problemas,

entre outros.

A memória de longo prazo está relacionada com todas as informações que foram

consolidadas e armazenadas por um período de tempo muito maior. São informações que

foram consolidadas e podem ficar armazenadas por praticamente toda uma vida. (Frank e

Landeira-Fernandez, 2006).

“O armazenamento de longo prazo baseia-se no significado” (Gazzaniga e Heatherton, 2005, p. 227).

A natureza da memória de longo prazo é, principalmente, semântica, a sua

recuperação é sensível à informação semântica. Tulving (1972) explica que, no campo da

psicologia cognitiva, a técnica de redes semânticas é derivada dos estudos da memória em

longo prazo.

Quanto ao conteúdo, a memória pode ser classificada como memória de

procedimento e memória declarativa.

A memória de procedimento é a memória que reúne o conhecimento dos

procedimentos que podem ser executados e é composta de habilidades motoras ou

sensoriais. É a capacidade do sujeito lembrar-se de habilidades aprendidas e

comportamentos automáticos, em vez de fatos, e.g. a prática de dirigir carro, andar de

bicicleta, entre outros. Este tipo de memória não será abordado por fugir à temática,

diferente da memória conhecida como declarativa.

A memória declarativa é a memória que agrupa tudo que pode ser evocado pelas

palavras por isso a nomenclatura declarativa, pois é a partir desta memória que

externalizamos o nosso conhecimento sobre o mundo que nos cerca, desde a história do

mundo, acontecimentos a psicologia cognitiva, matemática e até sobre nossa própria

história pessoal. (Sternberg, 2000)

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A memória declarativa se divide em memória semântica ou episódica segundo o

conteúdo que ela obtém, ou seja, como as informações são estruturadas em relação ao

contexto e tempo em que foram adquiridas (Tulving e Markowitsch, 1998).

A memória episódia refere-se a memória de fatos da história autobiográfica,

permitindo a continuidade individual ao atravessar o tempo (Frank e Landeira-Fernandez,

2006). Segundo Endel Tulving (1972) este é o tipo de memória que se remete para se

recordar de alguma coisa em determinado tempo e contexto.

Os sistemas de memória declarativa não são independentes. A memória episódica

precisa da memória semântica para externalizar informações.

“As fronteiras entre estes sistemas de memória são sujeitas a mudanças pela vontade do sujeito. Por exemplo, podemos iniciar um relato com dados mais semânticos, presentes, e dar continuidade evocando instâncias específicas que requerem um acesso episódico aos dados do passado. Portanto, memória autobiográfica tem elementos semânticos, como aqueles que se referem à noção do eu, e aspectos episódicos como a rememoração de fatos contextuais (datas, faces, nomes, detalhes, locais) da experiência do sujeito” (Frank e Landeira-Fernandez, 2006, p. 4).

É importante destacar que existe o sistema de memória perceptual. Este tipo de

memória que não é dependente do processamento consciente do sujeito, diferente da

episódica e semântica, é o fenômeno de pré ativação ou “priming” que prepara o

processamento de maneira não consciente de informações que foram anteriormente

percebidas.

Os sistemas de memória podem ser visualizados Figura 1.

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Figura 1 Mapa da Memória. Fonte: Autora.

Sternberg (2000) descreve que a memória semântica trabalha com conceitos,

características e idéias associadas.

“A unidade fundamental do conhecimento simbólico é o conceito – uma idéia sobre alguma coisa” (Sternberg, 2000, p. 185).

O conceito é o objeto de estudo de investigação da memória semântica.

Comprovadamente, Grzib e Briales (1996) ressaltaram que é na memória semântica que

os signos lingüísticos estão armazenados.

De acordo com Tulving (1972), a memória semântica é aquela necessária para o

uso da linguagem, pois organiza o conhecimento que as pessoas possuem sobre as

palavras e outros símbolos verbais, seus significados acerca das relações entre eles e as

regras, fórmulas e algoritmos para a manipulação dos símbolos, conceitos e relações

(Tulving, 1972), (Albuquerque e Pimentel, 2004).

Uma idéia sobre alguma coisa utiliza vários conceitos relacionados entre si a fim

de transmitir uma mensagem. Uma unidade conceitual acaba por ativar associações a

outras idéias (Figura 2). Logo, a informação pode ser modelada para melhor entendê-las

como redes de associação (Gazzaniga e Heatherton, 2005).

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Figura 2 Esquema simplificado de uma rede de associação onde cada vértice da rede

representa uma palavra. Fonte: Modificado de http://citeseer.ist.psu.edu (2006).

A memória como adquiri e retém conhecimentos através também do uso da

linguagem, ela também usa a linguagem como meio para recuperar informações na

memória e este processo ocorre de forma dinâmica. É preciso lembrar que a associação

entre as palavras para relatar um fato, é dinâmico. A associação entre elas vai mudar ao

relatar o mesmo tema, pois algumas novas idéias podem surgir, novas informações podem

aflorar,

“a memória é uma história que pode ser sutilmente alterada por relatos e novos relatos” (Gazzaniga e Heatherton, 2005, p.217).

Lachman e Butterfield (1979) concluem que a memória semântica trabalha com a

capacidade humana para construir a realidade, e é através desta que é necessário,

primeiramente um conhecimento de si próprio, em uma interpretação interna, para que os

dados tenham um significado. A memória semântica permite interpretações das

experiências passadas, realizando-se, desta forma, predições e atribuições de causalidades

onde se conectam as idéias velhas dentro de combinações novas.

Um dos modelos na psicologia cognitiva utilizado para representar graficamente o

conhecimento declarativo a fim de demonstrar como o conhecimento humano é

estruturado é o conceito de redes semânticas.

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2.4.2. Redes Semânticas – abordagem da psicologia cognitiva

A representação semântica é um dos mais interessantes tópicos na psicologia

cognitiva. Esta é uma área que tem produzido pesquisas sem fim por isto é muito difícil

imaginar que apenas uma única teoria poderia dar uma completa explicação da

representação semântica distante de uma completa teoria da cognição geral.

As redes semânticas são redes de um conjunto de elementos interconectados e está

relacionada ao significado, isto é, símbolos lingüísticos (Sternberg, 2000).

As redes semânticas representam como cada conceito está sendo definido nos

termos de seu lugar em uma teia de relacionamento entre os conceitos.

Sua representação contemporânea é baseada na teoria matemática de grafos que

consiste em um conjunto de vértices ou nodos que estão ligados por linhas chamada

arestas (Figura 3). Neste caso, os vértices representam os conceitos e as arestas

representam as ligações entre esses conceitos (Figura 4) onde o conceito de mar, amor, ver

e lembrar são representados pela sua unidade lingüística – a palavra.

Figura 3 Representação esquemática de um grafo. Fonte: Autora.

Figura 4 Um pequeno exemplo de uma rede semântica. Fonte: Autora.

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A técnica de redes semânticas oferece um meio empírico de acesso à organização

mental do conhecimento (Albulquerque & Pimentel, 2004).

A começar pela Proposta clássica, serão apresentados de maneira sucinta os

seguintes modelos de redes semânticas na literatura da psicologia cognitiva:

• Modelo proposto por Allan Collins & Ross Quillians;

• Modelo proposto por Allan Collins & Elisabeth Loftus;

• O Dicionário de Roget – Roget’s Thesaurus;

• Wordnet;

• Word Association ou Associação de palavras.

Proposta clássica e os modelos de redes semânticas

Os princípios da formação de associação entre conceitos na memória são também

focos de estudos das pesquisas psicológicas. As conexões na rede de associações entre os

conceitos, na proposta clássica do conceito de redes semânticas, são relações classificadas,

seja ela no nível de atributo, categoria ou alguma outra relação semântica.

Modelo proposto por Allan Collins & Ross Quillians

Um dos primeiros modelos para entender a organização da memória semântica

humana através das redes semânticas foi proposta em 1969 por Allan Collins e Ross

Quillians.

Esta representação semântica propôs que a rede de relações entre os conceitos

estava organizada em forma de uma rede hierárquica (Sternberg, 2000), onde os conceitos

representavam os vértices com conexões determinadas pelas relações classificadas (Figura

5).

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Figura 5 Rede Semântica de Collins & Quillian. Fonte: Sternberg (2000, p. 274).

Collins e Quillian imaginaram, justificando a rapidez dos seres humanos na busca

de informações, que a rede semântica estava disposta de maneira hierarquizada, pois

promovia desta forma, uma economia cognitiva, isto é,

“o sistema deve ser planejado de modo que permita o mínimo de redundância e o máximo de

uso eficiente da capacidade.” (Sternberg, 2000, p. 187).

Estudos posteriores como o trabalho de David Meyer e Roger Schvaneveldt (1971)

demonstraram falha neste modelo de redes semânticas ao mostrar que as pessoas não

respondem de maneira tão rápida quando são postas em tarefas cognitivas que necessitem

de rapidez em buscar na memória as informações semânticas.

A partir de então, novos modelos de redes semânticas foram sendo produzidos,

como o modelo desenvolvido por Edward Smith, Edward Shoben e Lance Rips (1974) no

qual o armazenamento se baseia na comparação do aspecto semântico (Figura 6). Este

modelo não obtém a explicação de todos os dados em relação à memória semântica

(Sternberg, 2000).

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Figura 6 Modelo de memória semântica baseado em características. Fonte: Sternberg (2000, p. 276).

Trabalhos posteriores colocaram de lado as pesquisas para princípios das estruturas

gerais da organização do conhecimento. Novos estudos foram realizados por psicólogos

cognitivistas, focando na elucidação dos mecanismos do processamento semântico em

estruturas de redes.

Modelo proposto por Allan Collins & Elisabeth Loftus

Uma teoria comum dos princípios de organização do sistema semântico e os

mecanismos que delineiam o priming 4 semântico é a teoria da ativação por propagação

sobre as redes semânticas. Este modelo foi desenvolvido por Collins e Loftus em 1975 e

ele admite que quando um conceito é processado, a ativação se espalha através de uma

rede, mas a sua eficácia diminui à medida que ocorre o afastamento do conceito ativador

conforme a Figura 7 (Collins e Loftus, 1975).

4 Conceito sobre priming na página 22. Priming é memória obtida e evocada através de “dicas”. Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n01/memo/memoria.htm

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Figura 7 Rede Semântica de Collins e Loftus. Fonte: Collins e Loftus (1975, p. 6).

No modelo da Figura 7 as elipses representam os conceitos e as linhas são as

ligações entre estes conceitos. Quanto menor for o tamanho da linha, maior é a força de

ligação entre os conceitos. Esta é uma forma de representação dos conceitos relacionados

em um fragmento estereotipado da memória humana que tende a enfatizar as associações

mentais. Este modelo tem uma aceitação maior do que a proposta do sistema semântico

composto por relações hierarquizadas (Sternberg, 2000).

Um dos resultados experimentais que este modelo permite explicar é o de priming.

Um exemplo de priming, que é encontrado no trabalho de Meyer e Schvaneveldt (1971),

ocorre em tarefas de decisão lexical no qual se pretende que os sujeitos envolvidos na

pesquisa decidam se um conjunto de letras forma ou não uma palavra.

No modelo de Collins e Loftus (1975) quando um conceito é apresentado – o

conceito ativador –através de uma dica conhecida como cue ou priming (ativação de rotas

associativas mentais àquele conceito ativador) – ela favorece ao sujeito narrador

externalizar todas as suas associações ao conceito apresentado permitindo, desta forma, a

montagem da rede semântica.

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27

Novas metodologias foram sendo desenvolvidas cada qual com seus métodos para

gerar outros modelos de redes semânticas tais como o Roget´s Thesaurus, WordNet e

Word Association ou Associação de Palavras, este último a base para nosso trabalho.

Antes de detalhar este três modelos de redes semânticas, a Tabela 1 mostra de

maneira resumida as principais informações acerca do tipo de rede semântica, a técnica

utilizada para a coleta de dados e montagem da rede, os autores envolvidos na pesquisa e

por fim o ano de produção das redes Word Association, o dicionário de Roget e Wordnet.

Tabela 1 Resumo dos modelos de redes semânticas Word Association, o Dicionário de Roget e o Wordnet.

Modelo Tipo Técnica Dados Autores Ano

Word Association

Não hierárquica e não

categorizada

Associação Livre Discreta

3/4 de um milhão de respostas para 5.019 palavras estímulos

Nelson, McEvoy e Schreiber

1999

O Dicionário de Roget

Categorizada Categorização 29.000 palavras

classificadas em 1000 categorias semânticas

Peter Mark Roget 1911

WordNet Categorizada Categorização 120.000+ formas de palavras em 99.000

significados de palavrasGeorge Miller 1998

Fonte: Autora.

O dicionário de Roget – Roget’s Thesaurus

O dicionário de Roget (edição de 1911) é a base do longo trabalho de vida do Dr.

Peter Mark Roget (1779-1869). A edição de 1911 inclui cerca de 29.000 palavras

classificadas dentro de 1000 categorias semânticas (deixando vários níveis de

subcategorias de fora da classificação). O dicionário de Roget pode ser visualizado

como um grafo bipartido, um grafo no qual há dois tipos diferentes de vértices: um

vértice representa a palavra e o outro representa a categoria semântica apresentada na

Figura 8 (Steyvers e Tenenbaum, 2005).

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Figura 8 Roget´s Thesaurus. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2006, p. 5).

Neste grafo, as conexões entre os conceitos só podem ser permitidas entre dois

vértices de tipos diferentes. Uma conexão é feita entre uma palavra e uma categoria

quando uma palavra pertence a mesma categoria semântica. Ainda na Figura 8, as

palavras volcano e shock estão conectadas porque pertencem à mesma categoria

Violence. Portanto para alcançar uma determinada palavra que não está na mesma

categoria, duas palavras precisam pertencer à mesma categoria.

WordNet

Este modelo de rede semântica foi desenvolvida a partir de 1985 na Universidade

de Princeton por George Miller e colegas (Fellbaum, 1998; Miller, 1995) e é de certa

forma análoga ao Dicionário de Roget, mas foi inspirada na teoria moderna da

psicolingüística.

“Miller e sua equipe seguiram a idéia de que os componentes léxicos de uma linguagem poderiam ser isolados do restante (gramática, por exemplo). Assim nasceu o WordNet, uma Base de Dados Léxica que contém informações sobre palavras, palavras compostas, verbos, frases idiomáticas, relações hierárquicas entre palavras e outras propriedades” (NAVEGA, Sergio C., 2004, p.6).

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A rede contém mais de 120.000 formas de palavras – as palavras simples e

colocações e mais de 99.000 significados de palavras. A Figura 9 apresenta um excerto

da rede.

Figura 9 Rede semântica WordNet. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2006, p.6).

A ligação básica na rede está entre as formas da palavra e os significados da

palavra. Na Figura 9 há códigos que indicam a que categoria comum uma ou mais

palavras pertencem como, por exemplo, o código C41596 é uma categoria pré-

determinada que ligam as duas palavras Crater e Volcano (Steyvers e Tenenbaum, 2006).

Várias formas de palavras estão conectadas ao vértice do significado de uma

simples palavra se as formas da palavra são sinônimas. Uma forma da palavra é conectada

a vários significados da palavra se ela é uma polissemia (é a qualidade da palavra que tem

mais de um significado – e.g. a palavra manga) (Navega, 2004).

A forma da palavra pode estar conectada através de uma variedade de relações tais

como antônimos. Os vértices que contém o significado da palavra estão conectados com

relações tais como, hiperônimos/hipônimos (a derivação hierárquica das palavras, e.g.

Pau-brasil é uma árvore) e merônimos (as “partes” associadas ao sentido de uma palavra –

e.g. pássaro tem penas). Apesar destas relações serem direcionadas, eles podem ter ambas

as duas direções, uma palavra pode levar à outra (Navega, 2004).

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Word Association ou Associação de palavras

A rede semântica de associação de palavras é abordada em nosso projeto, pois é a

partir dela que utilizaremos à rede de textos orais como forma de representação do

conhecimento semântico.

A construção da rede de associação de palavras usou como base um enorme banco

de dados coletado por Nelson, McEvoy e Schreiber (1999) que envolveu mais de 6000

participantes nos Estados Unidos da América, o qual foi produzido por aproximadamente

43

de um milhão de respostas para 5.019 palavras sugestão ou cue.

Foram solicitados ao grupo de participantes a escrever a primeira palavra que

vinha na mente que estava relacionada de forma mais significativa ou fortemente

associada à palavra presente.

Por exemplo, dada a palavra LIVRO com um espaço em branco ao seu lado, o

participante deveria escrever neste espaço a primeira palavra que vinha na mente,

conforme exemplo da Figura 10.

Figura 10 Simulação simplificada e traduzida da coleta do Nelson et al (1999). Fonte: http://w3.usf.edu/FreeAssociation/

Esta técnica é conhecida como Associação Livre cujo uso é remoto da época

Freudiana onde a sua proposta inicial é permitir que o indivíduo relate todas as

representações mentais ativas. No caso deste trabalho e para a psicologia cognitiva, ela é

uma forma de investigação da memória, ou seja, forma de acessar o conhecimento pré

existente da palavra em muitas tarefas cognitivas, indiferente a psicologia clínica, e que

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usa como uma de suas ferramentas o uso de palavras-sugestão/prime durante o processo

da coleta de dados.

As palavras que compõe o banco de dados pela pesquisa do Nelson et al. (1999)

foram acessadas usando esta técnica de inferência e foi realizada de maneira discreta. Ou

seja, só interessa que se relate a primeira palavra que vem à mente ao receber um

estímulo.

Os pesquisadores (Nelson et al., 1999) acreditam que esta técnica, conhecida como

associação livre discreta, acessa o conhecimento léxico adquirido com a experiência do

mundo e tais experiências criam as estruturas associativas que envolvem as representações

das palavras e as suas ligações. Ou seja, é possível, usando a associação livre, construir

mapas do conhecimento lexical que são mais acessíveis às pessoas que compartilham uma

língua e cultura hereditária (Nelson et al., 2004).

No processo de coleta dos dados, cada participante recebia um livreto (contendo

em cerca de 4 páginas), para completar os espaços em branco, que possuía de 100-120

palavras do Inglês, onde cada página continha de 25-30 palavras-sugestão com a ordem

das páginas aleatória de forma não sistemática através dos livretos.

As palavras que compunham os livretos são em sua grande maioria substantivos

(76%), adjetivos (13%) e verbos (7%). Somando, 16% são identificadas como

homógrafos5.

As palavras usadas para compor as palavras-sugestão não foram selecionadas ao

acaso. Foram estabelecidos critérios na escolha das palavras classificadas como sugestão.

Estes critérios são baseados em testes e estudos de vários experimentos de memória.

Muitas das respostas a estas sugestões eram normatizadas então assim Nelson et al (1999)

poderiam começar a controlar determinadas características das palavras estudadas.

Outras palavras foram selecionadas para compor a base de palavras-sugestão

porque foram produzidas como respostas nas normas de frases prontas, conhecidas do

5 Segundo o Dicionário Aurélio da Língua portuguesa - Diz-se de, ou vocábulos que têm a mesma grafia, mas significações diferentes. Ex.: cedo (advérbio) e cedo (do v. ceder); canto (esquina) e canto (do v. cantar).

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público, que já haviam sido coletadas, e fizeram parte do desejo dos pesquisadores em

poder sugerir a recordação da mesma palavra como uma sugestão da frase pronta ou uma

sugestão do significado (Nelson et al., 1999). Como exemplo prático, dada à palavra-

sugestão INSTINTO, alguns participantes responderam BÁSICO (SELVAGEM) por

recordar do filme. Algumas palavras foram adicionadas por causa do trabalho no

laboratório sobre priming (Nelson, LaLomia & Canas, 1991).

É interessante relatar que este modelo de associação livre discreta coletada pelo

Nelson et al. (1999) começou a ser produzido em meados de 1973 como resultado de um

desejo de comparar a efetividade de versos e sinônimos como sugestões de recuperação de

conhecimento (Nelson & Brooks, 1974; Nelson, Wheeler Wheeler, Borden, & Brooks,

1974).

Os indivíduos que participaram do experimento de 1973 foram estudados

individualmente e os resultados obtidos apresentaram palavras sob várias circunstâncias.

O experimento foi conduzido pela equipe responsável pelo projeto e foram apresentadas

palavras rimando ou palavras relacionadas de maneira significativa como sugestões ou

alertas.

O interesse neste método (1973) de coletar os dados era determinar quais tipos de

sugestões eram mais efetivos sobre diferentes tipos de aprendizagem e principalmente

identificar a força pré existente entre as palavras usadas como sugestões do teste e

palavras que tinham apenas sido estudadas, ou seja, a equipe de pesquisadores envolvida

era quem decidia se uma palavra-sugestão tinha eficácia em relação à palavra-alvo.

Nelson et al (1999) determinavam se o par palavra-sugestão e a palavra-alvo – respondida

pelo indivíduo – estavam normatizadas, se produziam sentido.

No próprio banco de dados (Nelson et al., 1999) tem-se o exemplo do par A-B

onde A foi o cue e B foi a palavra-alvo ou resposta. Este par não está normatizado,

portanto não faz sentido este par de palavras – implicando desta forma particularidade no

processo de normatização do par. Todas as respostas geradas pelos participantes foram

normatizadas.

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Outro critério de normatização realizado depois de coletado os dados: fazer o

tratamento das palavras-alvo.

Neste tratamento das palavras-alvo, os verbos e as palavras que apresentavam

erros na ortografia foram concertados. As palavras que foram respondidas com diferença

no tempo verbal foram colocadas na sua forma canônica. Por exemplo, dada a palavra-

sugestão MACACO, se foi gerada a palavra-alvo MACAQUEADO, esta resposta é

colocada na sua forma canônica MACAQUEAR.

Normatizações em diferenças nas flexões entre a palavra-sugestão e a sua resposta

elas foram concertadas também onde dependia da maioria das respostas, por exemplo,

caso fosse dada a cue MULHER e a maioria dos participantes produzisse como resposta a

palavra HOMEM e alguns poucos respondessem HOMENS, o par MULHER-HOMENS

seria contabilizado para o par mais freqüente de respostas MULHER-HOMEM (Nelson et

al., 1999).

Esta padronização foi estabelecida no trabalho do Nelson et al. (1999), pois ela é

usada para estimar a força para uma resposta dada. Através do uso do cuing e estudos de

priming, que foram armazenados em um grande reservatório de dados foi criado um

conceito interessante: a força pré-existente entre duas palavras.

No banco de associação livre têm-se as seguintes forças: Forward Strength e

Backward Strength que são nomeados em nosso trabalho, respectivamente, como Força de

Ida e Força de Volta. Este conceito verifica a força do par palavra-sugestão à palavra-alvo,

através da maior freqüência de resposta para uma cue. O conceito de força de ida – indica

a probabilidade de ocorrer uma palavra φ ao se fornecer uma palavra-estimulo Ψ . O

conceito de força de volta é o contrário: dada a palavra-estimulo φ qual a probabilidade

de ser dada como resposta a palavra Ψ . Para ficar mais claro, segue a Tabela 2 baseada

no banco de dados de Nelson et al. (1999).

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Tabela 2 Parte traduzida e simplificada do banco de associação livre.

A ALFABETO SIM 152 10 0,066 0,046A B NÃO 152 69 0,454 missing

AMOR ADMIRAR SIM 180 2 0,011 0,08AMOR CUIDAR SIM 180 2 0,017 0,25AMOR FELIZ SIM 180 5 0,028 0AMOR ÓDIO SIM 180 82 0,456 0,408

FÉRIAS NATAL SIM 148 4 0,027 0,021FÉRIAS FAMÍLIA SIM 148 6 0,041 0FÉRIAS HAWAII SIM 148 4 2,70% 8,70%HAWAII FÉRIAS SIM 150 13 8,70% 2,70%

_________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

Palavra -Sugestão

Palavra -Alvo

Alvo normatizado

?

Tamanho da Amostra

Número de participantes produzindo

alvo

Força de Ida

Força de Volta

Fonte: www.psychonomic.org/archive.

Analisando o par FÉRIAS-HAWAII da Tabela 2 acima, o banco de dados mostra

que de 148 participantes que receberam o livreto com a palavra FÉRIAS apenas 4

responderam HAWAII como palavra-alvo. Ou seja, a primeira palavra que veio à mente

de 4 dos 148 participantes que receberam o cue ou palavra-sugestão FÉRIAS foi a palavra

HAWAII.

Ainda no banco de dados da Tabela 2 é demonstrada a existência de uma força de

ida de 2,70% de que toda vez que a palavra FÉRIAS for sugerida, ela formará par com a

palavra HAWAII. Este valor de força de ida é realizado por um cálculo estatístico

simples: razão entre o número de participantes produzindo alvo sobre o total da amostra

(participantes). Ao verificar a força de volta da palavra-sugestão FÉRIAS constata-se que

ela é a força de ida da palavra-sugestão HAWAII.

Na verdade a força de volta é obtida pelo mesmo método da força de ida, o que

muda são os valores assumidos pela palavra-sugestão e palavra-alvo.

Quando o campo Força de Volta possui valor missing, isto se deve ao fato da

palavra-alvo não ter sido usada como palavra sugestão. Conforme a Tabela 3 , a palavra B

não foi usado como palavra-sugestão.

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Tabela 3 Parte do banco de associação livre traduzida e simplificada.

A ALFABETO SIM 152 10 0,066 0,046A B NÃO 152 69 0,454 missing

AMOR ADMIRAR SIM 180 2 0,011 0,08AMOR CUIDAR SIM 180 2 0,017 0,25AMOR FELIZ SIM 180 5 0,028 0AMOR ÓDIO SIM 180 82 0,456 0,408

FÉRIAS NATAL SIM 148 4 0,027 0,021FÉRIAS FAMÍLIA SIM 148 6 0,041 0FÉRIAS HAWAII SIM 148 4 2,70% 8,70%HAWAII FÉRIAS SIM 150 13 8,70% 2,70%HAWAII VULCÃO SIM 150 6 0,04 0,022HAWAII QUENTE SIM 150 4 0,027 0HAWAII ÁGUA SIM 150 4 0,027 0HOMEM MENINO SIM 150 14 0,093 0,027HOMEM FORTE SIM 150 2 0,013 0,02HOMEM MULHER SIM 150 99 0,66 0,595

IRMÃ IRMÃO SIM 145 78 0,538 0,746IRMÃ AMOR SIM 145 2 0,014 0

IRMÃO IRMÃ SIM 126 94 0,746 0,538IRMÃO AMOR SIM 126 2 0,016 0

MULHER HOMEM SIM 126 75 0,585 0,66MULHER MÃE SIM 126 3 0,024 0,02

MÃE PAI SIM 196 117 0,597 0,706PAI MÃE SIM 126 89 0,706 0,597PAI HOMEM SIM 126 6 0,048 0

VULCÃO CINZA SIM 139 5 0,036 0,013VULCÃO ERUPÇÃO SIM 139 73 0,525 0,641VULCÃO EXPLODIR SIM 139 5 0,036 0VULCÃO FOGO SIM 139 5 0,036 0VULCÃO HAWAII SIM 139 3 0,022 0,04VULCÃO QUENTE SIM 139 7 0,05 0VULCÃO ILHA SIM 139 2 0,014 0VULCÃO JOE NÃO 139 2 0,014 0VULCÃO LAVA SIM 139 25 0,18 0,388VULCÃO MONTANHA SIM 139 3 0,022 0

______________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

Número de participantes produzindo

alvo

Força de Ida

Força de Volta

Palavra -Sugestão Palavra -Alvo Alvo

normatizado? Tamanho da

Amostra

Fonte: www.psychonomic.org/archive.

Quando o campo Força de Volta apresenta valor 0, verifica-se que a palavra-

alvoφ , que é gerada por uma cue Ψ , quando assume o papel de palavra-sugestão esta não

produzirá como palavra-alvo Ψ . Por exemplo, na Tabela 3 a palavra FELIZ que é

palavra-alvo da cue AMOR não produziu como palavra-alvo AMOR quando FELIZ se

tornou a palavra-sugestão.

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As análises lingüísticas das respostas segundo Nelson et al. (2004) podem dizer

sobre a probabilidade de procurar dentro dos domínios particulares da informação em

função da informação contida na palavra-sugestão, domínios populares da informação.

Isto é, o par de palavras com força forte permite declarar popularidade de associação entre

estas duas palavras, vários indivíduos associando um par de palavras comumente.

É importante ressaltar a importância deste conceito de força entre duas palavras

que foram coletadas por mais de 6000 participantes, pois ele não é um conceito de força

individual, ele é o resultado da soma de todos os dados coletados desta população de

participantes através da técnica de associação livre discreta.

Nelson et al (1999) investiga como o conhecimento na memória humana é

organizado a partir do uso da linguagem oral, esta que é um sistema que pode ser

considerado um sistema complexo, pois possui vários elementos interagindo e algumas

palavras emergem permitindo que haja compartilhamento de conhecimento entre os

indivíduos de uma sociedade.

Mas afinal o que é um sistema complexo? No próximo capítulo apresentar-se-á o

conceito sobre sistemas complexos.

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CAPITULO 3. Sistemas complexos

Cada área do conhecimento de maneira isolada, até duas décadas atrás, estabelecia

um tratamento específico a seus sistemas. Isso permeava da física à antropologia, da

economia à biologia. Porém, pesquisas produzidas de lá até o tempo presente, permitiram

a percepção de que todos os sistemas com comportamentos complexos tinham

propriedades universais. Surgiu desta maneira, uma nova disciplina científica, de aspecto

interdisciplinar, por usar conceitos de várias áreas, e cuja ferramenta principal é a

utilização do computador: os sistemas complexos (CBPF/MCT, 2005).

Desta forma, observa-se que existem no mundo natural, social e artificial,

fenômenos de grande complexidade. É possível classificar um sistema como complexo a

partir da presença das seguintes propriedades (CBPF/MCT, 2005):

• Partes que se relacionam entre si;

• Interação com o meio;

• Adaptação ao meio;

• Tratamento da informação em vários níveis;

• Ordem emergente (i.e. criação espontânea de ordem a partir de estados

desordenados);

• Propriedades coletivas emergentes (i.e. novos comportamentos causados

pela interação entre as partes);

• Criticalidade auto-organizada (i.e. estado crítico, na fronteira entre a ordem

e o caos, em que a mais leve perturbação pode causar uma reação em

cadeia; por exemplo, um simples floco de neve desencadeando uma

avalanche);

• Estrutura fractal

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Ainda não existe uma teoria única sobre o conceito de complexidade. Dentre as

várias características de um sistema complexo, quiçá a mais marcante seja a da

emergência. Um sistema complexo possui múltiplos agentes que interagem de vários

modos, que seguem regras locais e não notam qualquer instrução de nível superior.

Contudo o sistema só pode ser considerado verdadeiramente emergente quando as

interações locais dêem origem a algum tipo de macro comportamento observável

(Johnson, 2001).

Um exemplo de um sistema complexo é o cérebro, pois possui uma grande

quantidade de elementos interagindo, seus 100 bilhões de células nervosas, com um alto

grau de liberdade de dinâmica não-linear (Chialvo, 2004), e esta interação resulta na

emergência de padrões de comportamentos observáveis. Outro exemplo, que é nosso

objeto de estudo é o fenômeno da linguagem, no caso específico a oral, onde os seus

elementos constituintes – as palavras – se interagem de forma não linear, com o objetivo

de estabelecer a comunicação entre os seres humanos.

No estudo de sistemas complexos podemos utilizar técnicas computacionais de

sistemas dinâmicos tais como equações diferenciais, autômatos celulares, mapas

logísticos, redes complexas, entre outros (Baptestini, 2006).

A teoria de redes complexas é neste trabalho a técnica utilizada para modelar o

fenômeno complexo da linguagem.

3.1. Redes Complexas

O interesse no estudo de redes complexas permeia todo o século XX. No contexto

da teoria de redes, o termo “redes complexas” se refere a rede ou grafos que certamente

tem características topológicas não triviais e que, portanto, não ocorrem em estruturas

simples.

O trabalho de redes sociais já havia sido estudado, mas não tratando os elementos

como constituintes de uma estrutura topológica de redes. Este é um novo tratamento, uma

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reengenharia abordada no trabalho de Duncan Watts e Steve Strogatz (Wattz, 1999),

realizado em 1998, onde os indivíduos são considerados como os elementos da rede e

cada um se conecta com outro a partir de suas relações de amizades. Este modelo que usa

redes complexas prova o que o psicólogo social Stanley Milgram (1967) já havia

comprovado empiricamente: em uma rede social, a distância máxima em média entre dois

indivíduos, a separação entre eles se dá por poucos intermediários: Seis graus de

separação.

Uma ampla gama de sistemas naturais tais como as cadeias alimentares, a internet,

as redes neurais, entre outros, pode ser descritos por redes complexas (NEUWMAN,

2003).

Desta forma fica evidente a importância das redes complexas. Para entender

melhor esta técnica é necessário fazer uma pergunta e esta deve ser respondida de maneira

sucinta.

Afinal, o que é uma rede ou grafo6?

3.2. Teoria dos Grafos

Um grafo G= (V, E) é uma estrutura matemática que consiste em dois conjuntos V

(finito e não vazio) e E (relação binária sobre V). Os

elementos de V são chamados vértices (ou nós) e os elementos de E são chamados arestas.

Cada aresta tem um conjunto de um ou dois vértices associados a ela (Gross e Yellen,

1999).

De maneira simplificada, o conceito de rede é de um conjunto de elementos que

estão conectados entre si (Newman, 2003). A nomenclatura grafos é uma forma elegante

de codificar aquilo que na linguagem comum conhecemos como redes. Como teoria

matemática, um grafo ou rede nada mais é que um conjunto de vértices (nodos ou nós) e

6 Grafo é uma designação mais usada na literatura matemática

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as ligações entre eles, que representam a relação entre os vértices, são conhecidos como

arestas. A sua representação mais comum é associar os vértices a elipses e as arestas a

linhas que ligam os pares de vértices que a formam, como mostra a Figura 11.

Figura 11 Um pequeno exemplo de redes com 4 vértices e 5 arestas. Fonte: Autora.

O início do estudo de redes ocorreu em meados de 1735 quando o matemático

Leonard Euler criou seu primeiro teorema sobre a teoria dos grafos que surgiu do seu

trabalhou em resolver o enigma das pontes de acesso da cidade prussiana de Königsberg

(hoje a cidade russa de Caliningrado). Euler procurou solucionar o problema de fazer uma

caminhada na cidade de modo que só se passasse por uma destas pontes uma única vez.

Para entender a solução de Euler, é preciso olhar atentamente para as pontes e o rio que

corta a cidade ilustrada na Figura 12.

Figura 12 Mapa e as pontes de Königsberg (item a), a estrutura da ponte de forma isolada (item b) e seu grafo (item c). Fonte: Modificado de http://alfweb.cii.fc.ul.pt

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Seu teorema tratava as pontes como arestas e os lugares, que eram ligados pelas

pontes, como os vértices. Euler, a partir de estudos matemáticos, provou que não havia

como executar a caminhada proposta e criou desta forma, um ramo importante da

matemática discreta, a teoria dos grafos, teoria esta que se tornou o fundamento principal

sobre redes.

A teoria dos grafos é um bom modelo para muitos problemas nos campos da

matemática, da informática, da indústria, da engenharia entre outros, pois seus vértices

representam objetos reais, ligados por arestas, que representam relações entre esses

objetos reais. Estes são alguns exemplos do seu uso para representar várias situações: a

rede de relação entre amigos, a rede de comunicação entre computadores, entre outros.

Com o aparecimento de redes reais que possuem um grande número de elementos

– milhões e até bilhões – e com a melhoria do aparato computacional, foi possível o

estudo destas redes através da colaboração dos físicos que trouxeram instrumentos da área

da mecânica estatística à área de teoria dos grafos surgindo a partir deste cruzamento as

redes complexas. (Galhardo, 2006).

Para Galhardo (2006) “ uma área multidisciplinar que uniu a mecânica estatística e a teoria dos grafos com intuito de estudar redes reais de milhões de componentes, fazendo uso de ferramentas matemáticas já pré estabelecidas pela teoria dos grafos mas efetuando uma abordagem estatística com o ferramental oriundo da física” (Galhardo, p.84, 2006).

Uma rede complexa pode ser descrita como um grafo e como tal herda as suas

propriedades conceituais. Estas propriedades são importantes, pois, desta forma, pode-se

conhecer qual a topologia da rede.

Dentre as topologias mais usadas, serão abordadas em nosso estudo três delas:

Redes aleatórias;

Redes de mundo pequeno;

Redes livres de escala.

Antes do detalhamento de cada topologia abordada, faz-se necessária a

apresentação dos variáveis que indicam a topologia de uma rede complexa.

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É necessário conhecer de maneira sucinta, a definição matemática de cada

parâmetro.

Considerando a definição de grafo da seção 3.2, um grafo G (V, E) é definido pelo

par de conjuntos V e E, onde V representa os vértices do grafo, não vazio, e E representa

as arestas do grafo formadas por pares de vértices e = (v,w) ∈ V, que formam uma relação

binária entre eles.

A Figura 13 traz um exemplo de um grafo G1 que possui 3 vértices e 2 arestas,

onde V= { v,u,w} e E={ (v,u), (u,w) }.

Figura 13 Grafo Matemático G1. Fonte: Autora.

A ordem de um grafo é indicada pelo número de vértices que o compõe. Portanto,

a ordem do grafo G1 na Figura 13 é 3.

Um grafo pode ser orientado ou não. Em um grafo orientado ou dígrafo, a

disposição entre os vértices de uma aresta (v,w) é importante. Não existe relação simétrica

neste tipo de grafo, podemos comprovar esta afirmação da seguinte maneira: existe a

aresta (v,u) mas a sua simétrica (u,v) não existe (Figura 14) . Logo a representação gráfica

da aresta de um dígrafo é uma seta.

Figura 14 Exemplo de um dígrafo. Fonte: Autora.

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Já em um grafo não orientado ainda na Figura 13, G1 (v,w) = (w,v) , ou seja, existe

relação simétrica entre as arestas. Tanto faz sair de v e chegar em w, como o contrário é

permitido. Um exemplo real destes tipos de grafos são as vias rodoviárias de mão dupla e

de mão única, respectivamente, grafo não orientado e grafo orientado.

Um determinado vértice é adjacente a outro se existe uma aresta que os una. Uma

das formas de representar matematicamente um grafo G(V,E) com n vértices ocorre

através de sua matriz A quadrada (n x n), conhecida como matriz de adjacência, cujo

elemento A(i,j), assume valor 1 se os vértices i e j estão ligados por uma aresta e assume

valor 0 caso não haja uma aresta que incida sobre os vértices i e j (Figura 15).

Figura 15 Exemplo de um grafo G2 e sua matriz de adjacência A2 (i,j). Fonte: Autora.

Grau de um vértice e Grau médio <k>

O grau (k) de um vértice é o número de arestas incidentes no vértice. Ainda na

Figura 15 pode-se observar que o grau dos vértices a e c é 1 (um) porém do vértice b é 2

(dois).

O grau médio (< k >) de um grafo G, que é um índice importante para caracterizar

e identificar uma rede, refere-se ao cálculo da média do grau (k) de todos os vértices que

compõe a rede. O vértice central da Figura 16 possui grau ki igual a 7 (sete) e o grau

médio da rede é <k> igual a 2,36.

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Figura 16 Grau de um grafo. Fonte: Autora.

Um grafo é classificado como regular se todos os seus vértices têm o mesmo grau

e ele é classificado como completo quando existe uma aresta entre cada par de seus

vértices (Figura 17).

Figura 17 Grafo Regular e completo. Fonte: Autora.

Subgrafo

Um subgrafo G’ = (V’, E’) de um grafo G = (V, E) é um grafo tal que V’ ⊆ V e

E’⊆ E (Figura 18).

Figura 18 Esquema simplificado de um subgrafo onde G’ representa um subgrafo de G. Fonte: Autora.

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Clique

Um clique é a denominação dada a um subgrafo G’ completo de um grafo G

demonstrado na Figura 19.

Figura 19 Clique formado pelo subgrafo abc. Fonte: Autora.

Caminho, Caminho mínimo e diâmetro de uma rede d

Um caminho num grafo G = (V,E) é uma seqüência de arestas, finita e não vazia,

a1, a2 ... ak, que pertencem a E onde a1 é igual a (v1, v2), a2 é igual a (v2, v3) ... ak é igual a

(vk, vk+1).

O caminho C do grafo G3 da Figura 20 é a seqüência de arestas a1, a2, a3, onde,

a1 é igual (a, b), a2 é igual a (b, c) e a3 é igual a (c,d).

Figura 20 Exemplo de caminho de um grafo G3. Fonte: Autora.

O tamanho do caminho característico de um grafo L(G) é um número inteiro

obtido pela contagem do número de arestas entre cada vértice pertencente ao caminho e

todos os outros (Newman, 2003) (Watts, 1999). É a distância d(i, j) entre um vértice i a

um vértice j, medida pelo número de arestas percorridas para sair de um ponto e chegar a

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outro. Ainda na Figura 20, o tamanho do caminho entre os vértices a e c é 2 (dois) pois

percorre-se as arestas a1 e a2.

Este é um índice importante no estudo de redes complexas. A partir dele podemos

calcular o diâmetro e o caminho mínimo médio de uma rede.

O caminho mínimo de um vértice v a um vértice w, dado um grafo G= (V,E), é o

caminho de v a w é o número mínimo de ligações (arestas) necessárias para ligar ambos

os vértices. Observando a Figura 21, há dois caminhos a serem percorridos caso o objetivo

seja sair do vértice a e chegar até o vértice d. Percorre-se as arestas a1 e a4 apesar de poder

se percorrer respectivamente as arestas a1, a2 e a3, mas este percurso não é o mínimo. Logo

o caminho mínimo entre os vértices a e d é 2 (dois).

Figura 21 Caminho mínimo. Fonte: Autora.

O diâmetro D de um grafo é a distância máxima entre quaisquer pares de vértices

de um grafo G(V, E) (Barabási; Albert, 2002). É o maior dos caminhos mínimos de um

grafo.

Quando os elementos principais de um grafo se arranjam de maneira a torná-lo

grande, o que emerge é uma estrutura complexa. Uma única rede pode ter uma variedade

de características distintas e estas propriedades são partes da sua topologia. Um pequeno

punhado de propriedades estatísticas aplicada à teoria dos grafos, como caminho mínimo

médio, distribuição de graus e coeficiente de aglomeração são utilizadas para caracterizar

a topologia da rede complexa.

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O caminho mínimo médio (CMM) de um grafo G(V, E) é a média de todos os

caminhos mínimos entre os vértices i e todos os outros vértices do Grafo G (Newman,

2003) (Lucchesi et al, 1979) demonstrado na Figura 22.

Figura 22 Caminho mínimo médio. Fonte: Autora.

A distribuição de graus P(k) é a probabilidade de um dado vértice ter k número de

ligações. A função P(k) é obtida mediante a contagem dos vértices que apresentam um

mesmo grau k. Esta função é representada na forma de um gráfico, onde no eixo x temos o

grau e no eixo y, temos a quantidade de vértices com grau k. Um exemplo pode ser

observado na Figura 25. Este é um índice importante, pois mostra se os vértices da rede

tem um grau característico (Newman, 2003).

Existem várias definições para conceituar o coeficiente de aglomeração CA de um

vértice i em um grafo G e considerando que este trabalho necessitar-se-á comparar seus

resultados com trabalhos prévios que utilizaram o conceito de Barabási e Albert (2002),

onde coeficiente de aglomeração CA é calculado como o número de conexões (arestas)

existentes entre os vértices vizinhos do vértice i, dividido por todas as suas possibilidades

de conexões para que se forme um clique, ou seja, para que todos estejam conectados

entre si. O seu cálculo é obtido pela Equação 3.1.

( ) 1

2CA i −=

kikiEi

,

3.1

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onde CAi é o coeficiente de aglomeração do vértice i, Ei é o número de arestas existentes

entre os vértices vizinhos do vértice i, ki é o grau do vértice i, e ( )2

1- ikki é o número de

arestas possíveis para que o subgrafo centrado em i seja completo.

Na Figura 23 temos o valor do coeficiente de aglomeração do vértice José do

Grafo dado. Os vértices vizinhos de José são Edson, Sandra, Selma e Luís. O subgrafo

José, Edson e Selma formam um clique assim como os subgrafos José, Edson e Luís e

José Sandra e Selma. Existem 3 (três) ligações entre os vizinhos. Para que todos os

vizinhos estejam ligados é preciso que se tenham 6 arestas entre eles, formando, desta

forma, 1 (um) clique. Logo o coeficiente de aglomeração do vértice José é 3/6, portanto

0,5.

CAJosé = 0,5CAJosé = 0,5

Figura 23 Coeficiente de aglomeração do vértice José. Fonte: Autora.

O coeficiente de aglomeração CAi assume valores entre 0 e 1. Quanto mais o

coeficiente de aglomeração do vértice i se aproxima de 1 mais os vértices vizinhos de i

beiram a formação de um clique.

O coeficiente de aglomeração médio do grafo (CAM) é a média calculada do

coeficiente de aglomeração sobre todos os vértices de um grafo, indicando desta forma o

quão um grafo está aglomerado.

A partir do entendimento destes índices podemos agora abordar as diferentes

topologias de redes complexas.

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3.3. Diferentes topologias de uma rede complexa

A topologia de redes tem sido estudada e sua caracterização como uma rede de

mundo pequeno, rede livre de escala e rede aleatória, ocorre a partir de cálculos

matemáticos nos parâmetros advindos da teoria dos grafos.

Redes Aleatórias

Os matemáticos Paul Erdös e Alfréd Rényi em seus estudos sobre redes aleatórias

definiram que esta é composta por um determinado número N de vértices, onde a rede se

desenvolve pela adição sucessiva de arestas aleatórias, existindo uma probabilidade p para

que se constitua

21-NN arestas (Barabási e Albert, 2003).

O que é se propõe com este modelo é que os elementos da rede não estejam

altamente aglomerados e que seus vértices exibam uma distribuição homogênea de graus.

Logo é característico deste tipo de rede, apresentar uma distribuição de graus como uma

distribuição de Poisson, prognosticando uma média na distribuição de graus dos vértices

da rede.

A distribuição de Poisson é uma distribuição simétrica, cuja máxima representa o

valor médio do conjunto como pode ser visto pelo exemplo de uma rede aleatória e seu

histograma (Figura 24 e Figura 25) (Barabási e Albert, 2003).

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Figura 24 Exemplo de uma rede aleatória. Fonte: Autora.

0 20 40 60 80 100 120 140 160

0

10

20

30

40

50

Freq

uênc

ia

Grau

Figura 25 Histograma rede aleatória da Figura 24. Fonte: Autora.

Para compreender a rede de mundo pequeno ou small world, os modelos de redes

aleatórias são estudados. As principais propriedades das redes aleatórias foram estudadas

e descritas nos anos 60 por Erdös e Rényi. Neste tipo de rede não existe nenhum critério

que estabeleça privilégios a alguma ligação de aresta em relação à outra ou de algum

vértice em relação ao outro (Barabási e Albert, 2002).

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Redes de Mundo Pequeno (Small world)

A manifestação mais popular do termo “mundo pequeno” e o interesse por este

termo é originário da conclusão dos estudos de Stanley Milgran em que ele comprova,

através de seus experimentos, que duas pessoas quaisquer nos Estados Unidos estavam

separadas, em média, uma da outra por um número típico de cerca de seis pessoas,

fenômeno este conhecido como “seis graus de separação” (Watts, 1999).

Segundo a enciclopédia livre da internet Wikipedia (2006), o escritor húngaro

Karinthy7 em 1929 em seu pequeno seu texto chamado “Cadeias”, ele descreveu uma rede

de relacionamento em forma de história, teorizando e prevendo o fenômeno dos “seis

graus de separação”.

O termo “mundo pequeno” é utilizado para descrever redes que possuem caminho

curto entre quaisquer dois vértices, embora a rede possua um grande número de

elementos. Além do índice caminho mínimo médio possuir valor baixo, uma rede de

mundo pequeno, possui também uma alta aglomeração local, ou seja, valor alto para o

coeficiente de aglomeração (Newman, 2003).

Watts e Strogatz (1999) se interessaram nas bases matemáticas do estudo do

fenômeno do mundo pequeno com seus estudos sobre diversas redes naturais que

pareciam obedecer esta propriedade tais como a rede de atores de filmes, a rede neural do

verme Caenorhabditis elegans.

Uma rede de mundo pequeno é uma rede intermediária entre a rede regular (onde

todos os seus vértices têm o mesmo grau) e redes aleatórias (Figura 26).

7 É atribuída ao escritor húngaro Frigyes Karinthy a primeira referência à Teoria dos seis graus de separação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Frigyes_Karinthy.

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Figura 26 Modelos de rede. Fonte: Modificado de Watts (1999, p. 2).

Redes Livres de Escala (Scale free)

Existem várias redes reais tais como naturais, tecnológicas ou sociais apresentam

uma importante propriedade: alguns vértices possuem um número maior de conexões, ou

seja, tem grau muito alto e esta é muito superior á média, em comparação com a maioria

dos vértices com conectividade bastante inferior á média. Os vértices populares são

chamados de hubs. Estas redes apresentam a distribuição de probabilidades para os graus

dos seus vértices seguindo uma lei de potência, ou seja, o grau dos vértices não possui um

valor típico – há representantes de todos os graus. Tais redes são chamadas de redes scale-

free ou livres de escala ou ainda sem escala, precisamente por não conterem uma escala

característica de conectividade, o que as difere das redes aleatórias (Figura 27).

Figura 27 Distribuição de Graus dos vértices de uma rede seguindo a Distribuição de Poisson (a) e outra sem escala característica (b). Fonte: http://alfweb.cii.fc.ul.pt .

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Na Figura 27 o item a) todos os vértices têm aproximadamente o mesmo número

de arestas, ou seja, o mesmo grau. O número médio (o ápice da distribuição de Poisson)

nos informa a "escala" característica da rede.

Ainda na Figura 27 o item b) não existe o uso do termo escala ou um número

médio de grau do vértice. As redes scale-free apresentam este tipo de distribuição de

graus para os seus vértices: poucos vértices com muitas arestas e a maioria dos vértices

com poucas arestas.

As redes livres de escala são consideradas redes não democráticas pela forma

como elas são construídas: novos vértices são acrescentados aleatoriamente, mas o que

ocorre são ligações preferenciais, onde alguns vértices têm preferência no processo de

criação de novas ligações seguindo uma lei de potência. (Santana, 2005) (Caldeira, 2005).

Portanto, a rede inicial evolui para uma rede scale-free, como mostra a Figura 28, com

uma distribuição de probabilidade de grau da forma ( ) γ−kkP ~ , onde o expoenteγ da lei

de potência no modelo de Barabási e Albert (2002) é criado a partir do conceito de rede

livre de escala a partir de seus estudos nas redes da Internet. O ( ) γ−kkP ~ identifica uma

distribuição de grau em lei de potência, sem possuir uma escala característica onde todos

os graus têm sua representação, incluindo os hubs.

Figura 28 Ligações preferências em vértices mais conectados. Fonte: www.alfaweb.cii.fc.ul.pt .

3.4. Linguagem e Sistemas Complexos

O fenômeno da linguagem pode ser considerado como um sistema complexo por

se encaixar em algumas de suas propriedades de um sistema adaptativo, aberto – aonde

novos elementos vão sendo agregados, fazendo com que o sistema se modifique e se auto

organize. Portanto, a linguagem pode ser definida como

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“um sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionais, usados de várias maneiras para pensar e comunicar” (Tabith Júnior, 2005, p.18).

Para utilizar a linguagem, os seres humanos podem recorrer ao símbolo lingüístico

palavra e a partir da dinâmica do seu uso, lembrando que

“o cérebro de cada pessoa contém um léxico de palavras e os conceitos que elas representam (um dicionário mental), e um conjunto de regras de combinar as palavras para transmitir relações entre conceitos (uma gramática mental)” (Pinker, 2002, p.98).

Formar sentenças – que são unidades mínimas para se transmitir uma idéia, a fim

de possibilitar a externalização do conhecimento, produzir fatos históricos, estabelecer

comunicação, socialização, interação, possibilitar a reprodução de representações mentais,

discursar, fazendo com que o homem viva a sua individualidade por meio da dinâmica

destes elementos.

Vygotsky já dizia na década de 20, que o pensamento verbal é um processo mental

dinâmico e complexo e que seu desenvolvimento segue um caminho complexo, onde se

interconectam e interagem vários elementos contendo variações abundantes e movimentos

de caráter progressivo e regressivo incontáveis de caminhos ainda desconhecidos

(Vygotsky, 1987) (Paiva, 2005). E como a linguagem oral, mediada por palavras, percorre

apenas um destes caminhos desconhecidos para enunciar o conhecimento subjetivo. Logo

o fenômeno da linguagem é um sistema complexo que faz parte de um sistema complexo

maior: o ambiente cérebro-mente.

Uma das características indicativas de um sistema complexo pode ser determinada

a partir da distribuição de freqüência dos seus componentes a fim de classificar esta

distribuição como normal ou se ela segue uma lei de potência (Caldeira, 2005).

O lingüista George K. Zipf. (1972) em seus estudos sobre a linguagem realizou um

estudo empírico da contagem das palavras constituintes do livro Ulysses (James Joyce),

onde foram encontradas 260.430 palavras. A partir destes dados, ele descreveu um gráfico

que relacionava mutuamente o rank das palavras encontradas e sua freqüência e foi obtida

então uma lei de potência na distribuição de freqüência das palavras do livro (Caldeira,

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2005). Logo, se tem a evidência da correlação entre linguagem e sistemas complexos e

como tal, a linguagem pode ser modelada usando os conceitos de redes complexas.

3.5. Trabalhos sobre redes complexas abordando a linguagem

Existem muitos trabalhos que modelam a linguagem através de redes complexas

tais como o trabalho de Cacho e Solé (2001), Steyvers e Tenenbaum (2005), Caldeira

(2005) entre outros. Este rico repositório de trabalhos científicos mostra a abrangência de

caminhos a serem percorridos e os trabalhos que já foram estudados e os mais recentes

que elucidam esta correlação.

Dentre os estudos recentes que comprovam o uso das propriedades de redes

complexas baseados na linguagem humana têm-se a pesquisa realizada por Antiqueira et

al. (2005) que consiste na modelagem de textos como redes complexas no qual são

utilizados os parâmetros de redes complexas para fazer a análise e avaliação da qualidade

de textos.

Os textos que foram modelados como redes passavam inicialmente por uma

avaliação humana e estes forneciam uma nota de 0 a 10 a cada texto apresentado em 2

diferentes grupos (textos ruins e textos considerados bons), sendo julgados de maneira

particular, através de atributos textuais definidos por Antiqueira et al (2005), legibilidade,

clareza, complexidade e qualidade, compondo assim uma base para se comparar com as

medidas estatísticas coletadas da rede.

O resultado deste trabalho mostra a correlação entre as medidas estatísticas e as

notas: Para os textos categorizados como bom o valor do coeficiente de aglomeração não

varia e independe do quesito qualidade. Para os textos categorizados como ruim, este

índice tende a ser maior. Para qualificar um texto, o valor dos três índices de caminho

mínimo adotados por Antiqueira et al. (2005) é uniforme e estes índices em comparação

com os textos ruins apresentam valores maiores. Quando os textos ruins têm seus valores

de caminhos mínimos aumentados isto indica uma redução na qualidade do texto.

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Outro trabalho usando redes complexas e linguagem é o trabalho de Cancho e Solé

(2001) em que é apresentada a análise de uma rede proveniente do British Nacional

Corpus8 que contém 478.773 vértices e 1,77x107 arestas, onde os vértices da rede são as

palavras que aparecem no texto e as suas arestas ligam as palavras que aparecem no

corpus em seqüência ou distantes por uma palavra. Uma outra rede foi construída com

pares de palavras consecutivas (ψ ,φ ), caso a ocorrência da palavra ψ e da palavra φ que

formam o par, for menor que a ocorrência dos pares de palavras consecutivas. O número

de vértice e arestas desta rede, respectivamente, são 460.902 e 1,61x107. Estas redes

apresentaram características de mundo pequeno e livres de escala.

A pesquisa realizada por Caldeira (2005) em que analisa textos escritos usando

redes complexas, usa um método diferente de todos os citados acima para construir a rede

de relação entre as palavras advindas dos textos – foram coletados textos técnicos e

literários produzidos em inglês e português com variações no gênero dos autores (homens,

mulheres e textos coletivos) – dando importância à sentença de um texto:

“menor unidade para análise dos significados expressos nos textos, pois cada palavra isoladamente pode adquirir um significado que somente será identificado a partir do contexto. Esse contexto, para a nossa pesquisa é a sentença em que a palavra participa.” (Caldeira, 2005, p. 74).

As redes de textos escritos apresentaram características de mundo pequeno e livres

de escala, apresentado valor de caminho mínimo médio de 2,3 e valor alto de coeficiente

de aglomeração médio de 0,77 e a distribuição de graus médio das palavras da rede segue

uma lei de potência ( ( ) γ−kkP ~ ) com expoente 6,1=γ (Caldeira, 2005).

Outro trabalho que envolve redes complexas e linguagem é o trabalho

desenvolvido por Mark Steyvers e Josh Tenenbaum (2005) onde são usados os índices

estatísticos para analisar as redes complexas construídas a partir de três tipos de redes

semânticas: Roget´s Thesaurus, WordNet e Associação de palavras.

Foram criadas duas redes baseadas no banco de dados lingüístico ou associação

livre de palavras do Nelson et al. (1999): a primeira, uma rede associativa direcionada 8 Corpus linguistico – conjunto de textos escritos ou falados numa língua, disponível para análise. O plural de corpus é corpora. (Fonte: Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Corpus_ling%C3%BC%C3%ADstico).

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onde duas palavras vértices da rede Ψ e φ são unidas por uma ligação direcionada (de φ

para Ψ ) se a palavra-sugestão φ obtiver Ψ como resposta associativa de no mínimo dois

participantes no banco de dados. A Figura 29 mostra um exemplo de uma rede semântica

direcionada com base neste banco de dados abordado anteriormente de associação livre e

a Figura 30 nos mostra uma redução da Figura 29 só que mostrando todos os menores

caminhos entre 2 (dois) vértices da rede (Steyvers e Tenenbaum, 2005).

Figura 29 Parte de uma rede semântica direcionada. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005, p. 10).

Figura 30 Caminho mais curto entre VOLCANO e ACHE. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005, p. 7).

Na Figura 31 é possível visualizar parte desta rede. Ainda na Figura 31 é exibido o

menor caminho através da cor em destaque azul ligando os vértices VOLCANO e ACHE.

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Figura 31 Rede semântica não direcionada. Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005, p.7).

A segunda rede é a rede semântica não direcionada. Na construção dessa rede, as

palavras (vértices da rede) foram conectadas por arestas obedecendo ao critério de haver

associação entre elas no banco de associação livre indiferentemente da direção da

associação (Figura 31).

A rede semântica de associação de palavras não direcionada é caracterizada como

rede complexa de mundo pequeno e livre de escala a partir da análise dos valores obtidos

das propriedades das redes complexas: baixo caminho mínimo médio (CMM), alto

coeficiente de aglomeração médio (CAM) e lei de potência na distribuição de graus P(k)

das palavras, conforme pode ser observado na Tabela 4 (Steyvers e Tenenbaum, 2005).

Tabela 4 Sumário estatístico da rede semântica.

Fonte: Steyvers e Tenenbaum (2005).

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O trabalho de caracterização da rede de palavras advindas de um texto escrito

modeladas como redes complexas de Caldeira (2005), o conceito de força de associação de

pares de palavras desenvolvidas no trabalho de Nelson et al (1999) e a rede semântica de

associação de palavras não direcionada modelada como rede complexa no trabalho de

Steyvers e Tenenbaum (2005) foram os subsídios utilizados para desenvolvimento da nossa

pesquisa em estabelecer a modelagem de uma rede semântica. A diferença está na técnica

utilizada para coletar a base de dados. As palavras da rede do nosso trabalho usam palavras

que se associam a partir de um contexto criado pelo próprio participante da coleta, que nada

mais é que a representação da rede de palavras advindas da linguagem verbalizada, modeladas

como redes complexas e é realizado por fim comparações nos resultados do nosso modelo

com os trabalhos de Caldeira (2005), Nelson et al (1999) e Steyvers e Tenenbaum (2005).

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60

CAPITULO 4. Modelo proposto

Neste capítulo apresentar-se-á a descrição do método proposto dividido em três

momentos: a coleta de dados, o conceito de força e finalmente o tratamento do texto.

4.1. Coleta de dados

Participantes

O trabalho se trata de um estudo de caso e foi realizado no município de Salvador,

capital do Estado da Bahia. Participaram desta pesquisa 12 sujeitos de ambos os sexos (25

% do masculino e 75% do feminino), com média de idade de 28 anos. Ressalta-se que os

critérios de inclusão da amostra deram-se a partir da disposição dos sujeitos em participar

voluntariamente.

Instrumentos

Para a coleta dos dados, nós definimos o conceito de associação livre de palavras

contínua. Através desta técnica, o processo deve ser acompanhado por um profissional da

área de psicologia e, no caso deste trabalho, ele é o responsável por dar o viés, ou melhor,

inicia o processo de coleta de dados ao introduzir o tema central, permitindo que o sujeito

inicie a sua narrativa, onde existe um tempo mínimo e máximo de duração pré-

estabelecido.

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Esta técnica utilizada neste estudo de caso é composta por um tema pré-

estabelecido, a saber: “Eu”, i.e., o participante irá descrever sua trajetória de vida,

contextualizando os fatos, suas experiências pessoais, desde o período da infância

passando pela fase da escola, relação entre amigos, irmãos, pais e por fim, finalizar,

contextualizando a sua situação hoje, suas escolhas e planejamento para futuro

possibilitando desta forma o acesso não só aos conteúdos periféricos e latentes da

memória, mas também aos mais profundos. Este tema foi escolhido por ser um tema de

senso comum e para que as pessoas pudessem acessar e associar as palavras para relatar

uma experiência de caráter neutro e também para que a intervenção do psicólogo seja

mínima, por ser um relato de caráter individual. Outro objeto utilizado no mesmo

instrumento foi o conceito de prime. São utilizadas palavras cue ou sugestões, retiradas do

próprio relato do sujeito.

Procedimentos de coleta dos dados

Foi realizado um estudo piloto, com o intuito de verificar a boa adequação do

instrumento, e foi verificada a validade semântica do mesmo. Em seguida, efetuou-se o

estudo definitivo. Inicialmente, foi mantido contato com os participantes e explicado do

que se tratava o projeto de pesquisa. Caso houvesse a disposição dos mesmos em

participar de forma voluntária, foi marcado o local onde seria realizada a coleta de dados e

seria desta forma a maneira mais oportuna de expor de maneira clara os objetivos e a

necessidade do uso do gravador digital.

Foi estabelecido ao sujeito garantia de anonimato e sigilo e que os resultados

seriam analisados. Os participantes assinaram duas cópias do termo Consentimento livre e

esclarecido (Apêndice A), ambas com assinatura do orientador da pesquisa e do psicólogo

responsável pela conduta da coleta de dados, respeitando assim os parâmetros éticos, de

acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que rege as pesquisas

com seres humanos.

O instrumento foi aplicado de forma individual, no Instituto de Física Nuclear e na

Faculdade Bahiana de Medicina por pesquisadores da área de psicologia previamente

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treinados e qualificados. O tempo de aplicação estabelecido é de no mínimo 30 minutos, e

no máximo 1 hora, realizado de forma contínua, sem intervalo. Esta determinação de

período de tempo no processo de coleta de dados se dá precisamente pelo fato que meia

hora ter-se um número razoável de palavras que permita inferências estatísticas sobre o

experimento e no máximo de uma hora para se evitar ou minimizar em ambos envolvidos

no processo de coleta, o desgaste e o estresse.

Caso o sujeito não conseguisse relatar no período de tempo estabelecido ou se ele

se perdesse durante a descrição do seu contexto, o psicólogo, que é o profissional que

conduz o processo, utiliza palavras estímulos emergentes retiradas do próprio contexto do

sujeito falante. Não existe um roteiro de palavras estímulos utilizado pelo psicólogo, pois

não se sabe quais caminhos, quais palavras o sujeito irá combinar para transmitir uma

idéia e também para que para não haja indução pelo psicólogo de que experiências não

relatadas sejam reveladas. Esta técnica é conhecida como prime, e nesta pesquisa ela é

realizada de forma contínua, ou seja, o psicólogo fornece palavras retiradas do próprio

relato do indivíduo, fazendo, desta maneira, a ativação das rotas mentais que já haviam

sido expostas no decorrer do processo de entrevista, facilitando ao sujeito colaborador a

escolha das palavras que serão associadas.

Transcrição e normatização manual dos dados

Após a coleta, é realizada a transcrição ou digitalização dos dados. A transcrição é

realizada de modo que todas as palavras, sem exceção, são incluídas em forma de texto

escrito.

Foi exaustivamente pesquisado junto a profissionais de comunicação e na internet

se existia padronização no processo de transcrição de gravações e não encontramos

nenhuma regra.

Nesta pesquisa foi estabelecido que o indivíduo que acompanhou o processo da

coleta seja o responsável pela digitalização da entrevista, pois ele é, neste caso específico,

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o mais habilitado a fazê-lo, pois ao reouvir as gravações, seria mais fácil identificar onde

se começam e onde se terminam as sentenças do enunciador.

Após digitalização é feito um pré-tratamento manual do texto. Palavras compostas

foram escritas como se fosse uma única palavra, principalmente para nomes de cidades.

Por exemplo: a palavra composta São Paulo, que é o nome de uma cidade brasileira, foi

digitalizada como Sãopaulo. A palavra composta Entre Rios, que também representa o

nome de uma cidade, ficou como Entrerios e assim por diante. Por este motivo é

importante ressaltar que a pessoa que transcreve o texto tem de ter acompanhado a

entrevista, pois vai estar situado no contexto do narrador e, portanto miniminiza falhas no

texto transcrito que será analisado após pré-tratamento manual (Anexo 2).

Palavras pronunciadas de maneira incorreta foram digitadas segundo a norma

culta. Palavras dialéticas foram mantidas.

Após normatização, os textos foram salvos em arquivos digitais e cada arquivo

recebe uma regra de nomenclatura:

• Todos os arquivos têm como primeira letra de identificação a letra I (de

indivíduo) seguido de uma numeração correspondente a seqüência de sua

digitalização.

Depois desta normatização, os textos advindos da oralidade estão prontos para

passar pelo processo de pré-tratamento automático do texto, onde só permanecerão

palavras com conceito agregado, a rede semântica gerada é constituída a partir da

associação entre palavras de uma sentença.

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4.2. O conceito de força

Nelson Douglas et al (1999) desenvolveram o conceito de força entre pares de

palavras, onde se mensura a força ou probabilidade de uma palavra está associada à outra

utilizando a técnica de associação livre discreta que serviu como base à produção do

trabalho sobre redes semânticas e redes complexas de Steyvers e Tenenbaum (2005). O

nosso trabalho tem como objetivo principal propor um novo método para a construção de

redes semânticas baseado neste conceito de força aplicados a discursos de indivíduos. Para

tal criamos o conceito de Força-Fidelidade.

Força-fidelidade

Um conceito de força-fidelidade foi criado a partir do conceito de força do Nelson

Douglas et al a fim de estabelecer proximidade entre os dois conceitos. Para entender

melhor a definição de força-fidelidade é preciso entender a hipótese de força e a de

fidelidade separadamente.

O conceito de força neste trabalho é definido como a freqüência em que um par de

palavras ocorre em um discurso. E o conceito de fidelidade é definido como a

probabilidade de um par de palavras sempre ocorrerem juntas. O conceito de força-

fidelidade é a união destas duas definições. Este conceito é melhor visto utilizando a teoria

de conjuntos. Para tal, necessitaremos das seguintes definições:

Seja C um conjunto onde cada elemento é representado por uma sentença,

podemos definir o subconjunto Ci como o conjunto de sentenças em que a palavra i faz

parte.

Por exemplo, no texto deste parágrafo, temos um total de 6 sentenças. Podemos

definir o subconjunto Cfidelidade, que teria como elemento as 6 sentenças em que a palavra

fidelidade ocorre.

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Seja iCSi = , ou seja, Si representa a cardinalidade9 do conjunto Ci, ou seja, o

número de elementos do conjunto finito. Seguindo o exemplo do paragrafo anterior S

fidelidade = 2.

Assim sendo, podemos definir um par de palavras arbitrário φ e ψ , onde o

conjunto Cp representa o conjunto de intersecção entre os conjuntos φC e ψC , onde φC é

o conjunto formado pelas sentenças em que a 1 ª palavra do par ocorre e ψC é o conjunto

formado pelas sentenças em que a 2ª palavra do par ocorre. Matematicamente:

ψφ CCCp I≡ (4.1)

A cardinalidade de Cp é:

ψφ CCS p I≡ (4.2)

Ou seja, Sp é o número de sentenças em que ocorreu o par de palavras φ e ψ .

Diagramaticamente podemos representar conforme Figura 32:

Figura 32 Diagrama de conjunto. Fonte: Autora.

9 Em vez do símbolo usual para a cardinalidade de # usado na teoria dos conjuntos, usaremos neste texto o símbolo ||.

Cψ Cφ Cp

C

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A partir dessas definições podemos representar o conceito de força no formalismo

da teoria de conjuntos, ou seja, a força pode ser definida como:

U

INp

ii

o

C

CCF

1=

≡ ψφ , (4.3)

onde Np refere-se ao número total de palavras do texto, de forma que o unitório calcula o

número total de sentenças do texto. Esta força representa a probabilidade de que o

subconjunto CP ocorra dentro do universo de possibilidades de todo o texto.

A fidelidade do par de palavras φ e ψ é definida na forma:

ψφ

ψφ

CCCC

FU

I≡ (4.4)

Que representa a probabilidade de ocorrência do par dentro do universo de

possibilidades das palavras do par.

Substituindo o numerador da expressão (4.4) e expandindo o denominador

encontramos uma expressão para a fidelidade em função das cardinalidades dos conjuntos.

P

PP

SSSS

CCCCS

CC

CCF

−+=

−+==

ψφψφψφψφ

ψφ

IU

I (4.5)

Da mesma forma que achamos a expressão da fidelidade em função da

cardinalidade é possível fazer o mesmo com o conceito de força, o que nos leva a:

s

Po N

SF = , (4.6)

onde Ns é o número total de sentenças no texto.

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Com isso podemos definir o conceito de força-fidelidade:

FFFF o ⋅= (4.7)

O que nos leva a

P

P

S

P

SSSS

NSF

−+⋅=

ψφ

= )(

2

PS

P

SSSNS

−+ ψφ

(4.8)

Observando a Equação 4.8 podemos notar que o índice FF pode assumir valores

entre 0 e 1, sendo nulo quando as palavras nunca ocorrem juntas ( ψφ CC I = Ø) e 1 quando

o par ocorre em todas as sentenças do texto. Este conceito de força leva em consideração a

quantidade de vezes que o par ocorre e juntas.

4.3. Tratamento do texto

Após a transcrição e normatização dos dados, os textos advindos da oralidade estão

prontos para passar pelo processo de tratamento do texto, onde só permanecerão palavras

com conceito agregado. Palavras gramaticais serão excluídas do texto.

Esse pré-tratamento precisa do uso do Software Livre UNITEX. O UNITEX é um

conjunto de programas que torna possível o tratamento de um texto em língua humana

utilizando recursos lingüísticos tais como tabelas léxico-gramática, dicionários

eletrônicos, gramáticas. Estes recursos são originários das produções do lingüista Maurice

Gross no Laboratoire d'Automatique Documentaire et Linguistique (LADL). Essas

produções têm sido desenvolvidas também em outras línguas através da rede de

laboratórios RELEX e para nossa pesquisa, especificamente, estes são disponibilizados

pela Rede Relex Brasil. Por ser software livre, o seu código pode ser modificado e

distribuído livremente.

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Para que o UNITEX tenha sucesso ao executar a sua principal funcionalidade que

é pesquisar expressões em um texto, fazendo uma varredura lingüística no mesmo através

do uso de seus recursos, por exemplo, a classificação gramatical, é necessário haver um

pré-tratamento do texto.

Esse tratamento realizado pelo código-fonte do Unitex e utilizado no trabalho de

Caldeira (2005) é o mesmo utilizado nesta pesquisa. O programa Ambisin, que foi

desenvolvido também no trabalho de Caldeira (2005) a fim de eliminar palavras

gramaticais e minimizar efeitos de ambigüidades, foram utilizados no nosso trabalho. O

programa de lotes criado para o trabalho de Caldeira (2005) é utilizado, contudo novas

modificações foram feitas a fim de atender aos objetivos da nossa pesquisa como mostra a

Figura 33 e a Figura 34.

Figura 33 Diagrama do tratamento de textos e arquivo de lote. Fonte: Caldeira (2005, p.66).

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Figura 34 Diagrama modificado do tratamento de textos arquivo de lote (. Bat) usado no nosso trabalho. Fonte: Autora.

Pode-se verificar através da Figura 33 e Figura 34 que o arquivo de lote sofreu

alterações consideráveis em relação ao trabalho de Caldeira (2005).

Agora será feito de forma sucinta uma explanação das linhas que pertence a ambos

os arquivos.

Durante o tratamento são geradas pastas (através do comando mkdir) e arquivos de

forma a organizar o seu conteúdo para manipulação posterior. São criados dois arquivos.

Conforme a Figura 34 foi criada uma nova pasta (dlfs) onde serão colocados os arquivos

mais importantes do resultado final do tratamento do texto.

O arquivo a ser processado pelo Unitex é um arquivo texto (. txt), ou seja, um

arquivo que não possui formatação e que ao ser gerado com o sistema operacional

mkdir Cres_ %1

mkdir dlfs

cd Cres_%1 mkdir %1_ snt

.. \ asc2uni PORTUGUESE ..\%1move .. \%1.uni .\

.. \ normalize %1.uni

.. \ Fst2Txt.exe %1.snt .. \ Sentence.fst2 ..\Alphabet.txt–merge

.. \ Tokenize.exe %1.snt .. \ Alphabet.txt

.. \ dico %1.snt .. \ Alphabet.txt..\Dela\Delaf_pb.bin

.. \ uni2asc PORTUGUESE %1_snt\dlf

.. \ Ambisin%1_snt \ dlf.ascii %1_snt\dlf.txt 2 P ..\Ambisin.gra..\Ambisin_e.can 0

copy %1_snt \ dlf.txt ..\ dlfs \ dlf%1

cd ..\dlfs

.. \ NetSentFreqFF 0.001 dlf%1 %1.freq %1_FF.net

cd ..

1

2

34

5

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Windows ele é codificado no formato padrão ASCII. Desta forma este arquivo precisa ser

convertido para o padrão Unicode, pois o UNITEX manuseia textos neste padrão de

codificação universal de caracteres, ou seja, independente da máquina ou do sistema

operacional, os textos podem ser representados, pois cada caractere recebe um valor de

caráter único. Este procedimento é realizado através do programa Asc2Uni.

A chamada ao programa normalize é realizada para eliminar os itens separadores

como o Enter (retorno à linha), tabulações (TAB) e os espaços que não tem utilidade

lingüística alguma, normalizando desta forma o texto para que haja uma facilitação na

delimitação das sentenças e identificação de todas as palavras que constituem o texto. O

resultado da normalização de um arquivo texto é um arquivo com o nome do arquivo.snt.

A parte mais importante do nosso trabalho é a delimitação das sentenças no texto,

pois ela representa a menor unidade de significação. Uma palavra será associada a outra

em uma sentença, dependendo do contexto, a fim de transmitir uma idéia. Este processo

de delimitar sentenças ocorre quando se consegue identificar uma seqüência no texto e

esse caminho produz símbolos separadores de sentenças. O UNITEX usa o símbolo

separador de sentenças {S} e este é inserido no texto.

Por exemplo:

O arquivo Iteste.txt conforme ilustra a Figura 35.

Figura 35 Exemplo de um texto antes de passar pelo tratamento. Fonte: Autora.

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Após o tratamento é gerado o arquivo com extensão .snt com as delimitações das

sentenças conforme é mostrado na Figura 36.

Figura 36 Exemplo de um texto após seu tratamento. Fonte: Autora.

A segmentação do texto em unidades léxicas é realizada a partir da chamada do

programa Tokenize e ele gera os seguintes arquivos no diretório criado para armazenar

informações sobre o texto a ser pré-tratado ilustrado na Figura 37 :

Programa Tokenize Arquivos

tokens.txt text.cod tok_by_freq.txt tok_by_alph.txt stats.n

Figura 37 Arquivos gerados pelo programa Tokenize. Fonte: Autora.

A segmentação do texto:

Produz um arquivo tokens.txt onde é realizada a separação das unidades lexicais

conforme o item a e item b da Figura 38:

A vida é bela.

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Figura 38 Exemplo de um arquivo token.txt (A) e a segmentação de um texto (B) . Fonte: Autora.

As palavras não ambíguas do texto são reduzidas em sua forma simples como

ilustra a Figura 39.

Figura 39 Gramática de normalização de algumas palavras reduzidas do português. Fonte: Manual do Unitex

Após esta fase é executado pelo Unitex o programa Dico onde é feita a aplicação

do recurso dicionário sobre o texto, a fim de classificar as unidades lexicais e colocar as

palavras gramaticais consideradas como verbo na sua forma canônica, produzindo desta

forma três arquivos mostrados na Tabela 5 que são criados no diretório do arquivo do

texto analisado.

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Tabela 5 Os três arquivos produzidos pelo programa Dico.

Arquivo Descriçãodlf para as palavras simplesdfl para as palavras compostaserr para as palavras desconhecidas

_________________________________________________

_________________________________________________

Programa Dico_________________________________________________

_________________________________________________

Fonte: Autora.

A aplicação do dicionário usa o formato DELA (Dicionários eletrônicos do

LADL).

O formato DELA permite a descrição das entradas lexicais de caráter simples e

composto de uma determinada língua podendo relacionar informações de caráter flexional

ou semântico através do uso dos seus dicionários DELAF (dicionário de informações

flexionadas) e DELAS (dicionário das formas canônicas).

No trabalho de Caldeira (2005) foi feita uma alteração no programa Dico do

UNITEX de forma a manter no arquivo gerado (dlf.ascii) as palavras que não estavam

armazenadas no dicionário. São mantidas no arquivo gerado do texto analisado (dlf.ascii)

e esta unidade lexical recebe como classificação a palavra ‘NOTFOUND’ pois não está

associada a nenhuma classe gramatical conforme é ilustrada na Figura 40.

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Figura 40 Exemplo de um arquivo dlf.ascii de um texto. Fonte: Autora.

Ao lado de cada palavra, ainda na Figura 40, é possível verificar o trabalho de

aplicação do dicionário onde é realizada a classificação das palavras seguindo as regras

dos dicionários do UNITEX. Para entender as siglas segue abaixo a Tabela 6 que explica

o que cada sigla representa.

Tabela 6 As siglas e suas descrições.

Sigla Significado

A AdjetivoADV AdvérbioCONJC Conjunção de coordenaçãoCONJS Conjunção de subordinaçãoDET DeterminanteINTERJ InterjeiçãoN SubstantivoPREP PreposiçãoPRO PronomeV Verbo

_______________________________________

_______________________________________

______________________________________________________________________________

Fonte: Autora.

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Após o tratamento o texto tem de ser novamente convertido do formato Unicode

para formato ASCII que é realizado pela chamada do programa UNI2ASCII do UNITEX.

É importante ressaltar que ao gerar o arquivo dlf.txt, o arquivo a ser analisado

passa pelo processo de eliminação de ambigüidades. Foi necessária a criação do programa

AMBISIN para realizar o tratamento de ambigüidade (Caldeira, 2005). Foram feitos testes

ao selecionar qual o melhor parâmetro a ser utilizado pelo AMBISIN no trabalho de

Caldeira (2005) para que a eliminação da ambigüidade seja possível como ilustra a Tabela

7.

Tabela 7 Os Parâmetros que podem ser usados no AMBISIN.

_____________________________________________________________ Parâmetro Descrição

______________________________________________________________

0 Mantém flexões e não exclui palavras

gramaticais.

1 Reduzir as palavras em sua forma canônica e não exclui as palavras gramaticais

2 Reduz as palavras em sua forma canônica e exclui as palavras gramaticais

3 Mantém flexões e exclui palavras

gramaticais ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Fonte: Autora.

Como um dos objetivos é realizar comparações com as redes do trabalho de

Caldeira (205), foi definido permanecer no texto tratado somente palavras com conceito

agregado. As palavras gramaticais não irão compor o arquivo dlf.txt. Para efetuar este

tratamento é necessário estabelecer antes qual o parâmetro10 a ser utilizado pelo programa

AMBISIN.

10 Para conhecer melhor os parâmetros sugerimos a leitura da dissertação de Caldeira (2005).

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O parâmetro escolhido foi o 2 onde a escolha das palavras ambíguas e gramaticais

é realizada seguindo o seguinte formalismo:

As palavras que foram classificadas como Artigos, Interjeições, Preposições,

Conjunções e Abreviações (ver Tabela 6) são excluídas de caráter permanente do arquivo

a ser analisado. Depois é realizada a classificação gramatical das palavras. Caso uma

palavra tenha várias classificações gramaticais, sejam ambíguas, a ordem de precedência

para classificação das mesmas é:

1. Substantivos

2. Verbos

Os advérbios permanecem inalterados.

Como exemplo desta ordem de precedência dos substantivos em relação a

adjetivos e verbos e precedência dos verbos em relação aos adjetivos temos o item 1 da

Figura 41, onde a palavra caminho foi classificada como verbo (V) e colocada na sua

forma canônica caminhar (dlf.ascii) e também classificada como substantivo, é verificada

que no arquivo gerado do texto analisado (dfl.txt) a unidade léxica foi configurada como

substantivo. As palavras gramaticais também foram eliminadas conforme Figura 41.

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Figura 41 Ordem de precedência na classificação gramatical de palavras realizado pelo Ambisin. Fonte: Autora.

Foi criado ainda no Ambisin dois procedimentos de filtragem que utilizam os

arquivos Ambisin.gra e ambisin_e.can.

O ambisin.gra é o arquivo de entrada para o módulo do ambisin que permite que

antes do tratamento do texto seja especificado quais classes gramaticais serão excluídas,

caso o Ambisin não tenha realizado de forma satisfatória o seu tratamento conforme

ilustra a Figura 42.

Figura 42 Exemplo do Ambisin.gra. Fonte: Autora.

1

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78

E o ambisin_e.can permite que sejam especificados palavras que são necessárias

serem excluídas do texto, porém não trazem consigo carga semântica alguma, palavras

que são comumente usadas mas não pertencem ao léxico da língua materna, neste caso o

português, entre outros casos, que podem ser exemplificadas conforme ilustra a Figura 43.

Figura 43 Exemplo do Ambisin_e.can. Fonte: Autora.

Esta parte do método é importante, pois existe muita diferença entre as palavras

que são associadas durante a dinâmica do discurso em relação ao texto escrito e até

mesmo em outro método de recuperação da memória através do uso da palavra como no

trabalho do Nelson et al (1999). Isto ocorre, pois na oralidade, para se transmitir uma

idéia, as palavras não precisam necessariamente seguir regras estéticas, não existe um

rascunho antes de se mostrar o resultado final. As palavras vão se associando e as várias

atividades que ocorrem neste processo como selecionar a sintaxe ou fazer de maneira

correta as concordâncias nominais e verbais e selecionar quais caminhos ativos na mente

são ruídos que ocorrem quando ocorre a dinâmica dos relatos.

4.4. Construção da rede de palavras

Após o tratamento do texto, é possível agora gerar a rede, seus índices e gerar as

forças dos pares de palavras. Na Figura 44 é mostrado o arquivo de lotes que produz os

resultados.

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Figura 44 Arquivo de lote (faz.bat) com ilustração dos programas/ pacotes usados. Fonte: Autora.

REM variável usada para selecionar os arquivosset va=i*.txt

for %%i in (%va%) do call faz %%i net

cd dlfs

date /t >>resumo.dattime /t >>resumo.dat..\NetAll >> resumo.dat

for %%i in (*.net) do ..\NetAll %%i.pth -arq %%i -bin >> resumo.dattime /t >>resumo.datcd ..

Figura 45 Arquivo de lote Faztudo.bat. Fonte: Autora.

mkdir Cres_%1

mkdir dlfs

cd Cres_%1mkdir %1_snt

..\asc2uni PORTUGUESE ..\%1move ..\%1.uni .\

..\normalize %1.uni

..\Fst2Txt.exe %1.snt ..\Sentence.fst2 ..\Alphabet.txt –merge

..\Tokenize.exe %1.snt ..\Alphabet.txt

..\dico %1.snt ..\Alphabet.txt ..\Dela\Delaf_pb.bin

..\uni2asc PORTUGUESE %1_snt\dlf

..\Ambisin %1_snt\dlf.ascii %1_snt\dlf.txt 2 P ..\Ambisin.gra ..\Ambisin_e.can 0

copy %1_snt\dlf.txt ..\dlfs\dlf%1

cd ..\dlfs

..\NetPal dlf%1 -%2 %1

..\NetSentFreqFF 0.001 dlf%1 %1.freq %1_FF.net

cd ..

UnitexUnitex

AmbisinAmbisin

NetPalNetPal

NetSentFreqFFNetSentFreqFF

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80

Na Figura 45 mostramos o arquivo de lote principal (Faztudo.bat) que chama o

arquivo de lote faz.bat para todos os arquivos textos descritos na variável va ( ressaltado

na figura). Nele se observa a chamada do programa NetAll. O programa NetAll é um

programa de código livre que foi desenvolvido por colaboradores para se trabalhar com

redes complexas (Caldeira, 2005).

A sintaxe para execução do NetAll é

NetAll [arquivo de saída] [tipo da rede] [parâmetro da rede 1] [parâmetro da

rede 2] [parâmetro da rede 3]

Onde o parâmetro [tipo da rede] pode assumir os seguintes valores mostrados na

Figura 46:

Figura 46 Parâmetros do programa NetAll.

Os tipos de cálculos possíveis como mostrado na Figura 47, são:

Figura 47 Cálculos possíveis para parâmetro2 do programa NetAll.

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81

Ambos os arquivos de lotes mostradas nas Figura 44 e Figura 45 podem ser melhor

descritos no diagrama da Figura 48.

Figura 48 Diagrama cálculo das freqüências de construção da rede e cálculos dos índices da rede. . Fonte:

Autora.

Os arquivos de saída final do processo, ilustrado no diagrama da Figura 48, são o

arquivo Resumo.dat e os dois arquivos com o mesmo nome do arquivo de entrada com

extensão .freq e _FF.net.pth. No arquivo Resumo.dat são armazenados os resultados dos

cálculos dos índices estatísticos médios das redes geradas. No arquivo com terminação

_FF.net.pth estão registrados os valores dos índices para cada vértice (palavra) da rede. O

conteúdo do arquivo com extensão .freq será discutido com detalhes mais adiante.

As redes foram construídas considerando como vértices as palavras com conceito

agregado. Os vértices se relacionam entre si, por meio de arestas, se o par de palavras

relacionado a estes vértices exibe um valor de Força-Fidelidade (4.8) acima de um

determinado valor limite (FFL). Este procedimento é feito pelo programa NetSentfreqFF.

I1.txt

Unitex

dlf.ascii

Ambisin

dlf.txt

NetSentFreqFF

I1.txt.freq

I1.txt_FF.net NetAll

I1.txt_FF.net.pth

Resumo.dat

Processo

Arquivo

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82

O NetSentFreqFF utiliza o arquivo dfl.txt como entrada de dados e calcula a força

fidelidade dos pares de palavras do texto analisado, conforme abordado no item força, e a

partir destes valores é gerada a rede. As forças são armazenadas no arquivo que contém o

mesmo nome do arquivo original tratado acrescentado da extensão .freq. O arquivo que

contém a rede tem o mesmo nome do arquivo original tratado acrescentado de _FF e sua

extensão é .net conforme ilustra o diagrama da Figura 48.

A sintaxe de utilização do NetSentFreqFF é:

NetSentFreqFF [FF limite] [arquivo de entrada] [arquivo de freqüência]

[arquivo de rede] (Figura 49).

Figura 49 Parâmetros do Programa NetSentFreqFF.

Os arquivos com extensão .net são utilizados pelo programa PAJEK11, programa

de código aberto para sistema operacional Windows que foi desenvolvido para permitir a

criação, manipulação e visualização de grafos de qualquer tamanho.

Os arquivos .net também são utilizados pelo programa NetAll para calcular os

índices estatísticos médios que caracterizam as redes complexas.

Os índices calculados foram: número de vértices, número de arestas, diâmetro,

coeficiente de aglomeração, caminho mínimo médio e grau médio.

11 O programa Pajek está disponível em http://vlado.fmf.uni-lj.si/pub/networks/pajek/.

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83

CAPITULO 5. Resultados e Discussão

Serão mostrados nesta fase do nosso trabalho os resultados dos textos advindos do

discurso oral dos indivíduos que compunham a base de dados usando o conceito de Força-

Fidelidade.

5.1. Análise estatística da base de dados

A Tabela 8 mostra informações relevantes de caráter geral sobre os indivíduos e o

resultado do processamento de dados tais como: total de palavras do vocabulário, tempo

de cada entrevista e o sexo de cada indivíduo.

Tabela 8 Informações gerais dos indivíduos envolvidos no estudo de caso.

__________________________________________________________

__________________________________________________________

Indivíduo Vocabulário Tempo de entrevista SexoI1 400 00h35min MI2 693 00h59min: FI3 393 00h37min MI4 878 01h02min FI5 718 01h15min FI6 791 00h59min MI7 814 01h05min FI8 491 01h00min FI9 555 00h58min F

I10 817 01h15min FI11 750 01h05min FI12 355 00h35min F

__________________________________________________________ __________________________________________________________

Informações Gerais

Fonte: Autora.

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84

Algumas tabelas geradas com as forças de alguns indivíduos

Tabela 9 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo 4.

Total de Sentencas: 557Total de Palavras: 4610Quantidade de palavras do vocabulario: 878Par Freq1 Freq2 #sent1 #sent2 FreqPar Forca Fid. FFpai-mãe 33 75 28 58 14 0.025135 0.194444 0.004887pai-ter 33 225 28 167 13 0.023339 0.071429 0.001667pai-ano 33 56 28 44 3 0.005386 0.043478 0.000234pai-vir 33 13 28 13 1 0.001795 0.025 0.000045pai-ir 33 102 28 82 3 0.005386 0.028037 0.000151pai-fazer 33 105 28 80 2 0.003591 0.018868 0.000068pai-estar 33 107 28 84 4 0.007181 0.037037 0.000266pai-junto 33 3 28 3 1 0.001795 0.033333 0.00006pai-namoro 33 6 28 5 1 0.001795 0.03125 0.000056pai-conhecer 33 14 28 14 5 0.008977 0.135135 0.001213pai-interior 33 13 28 11 1 0.001795 0.026316 0.000047pai-bahia 33 1 28 1 1 0.001795 0.035714 0.000064pai-terranova 33 1 28 1 1 0.001795 0.035714 0.000064pai-cidade 33 3 28 3 2 0.003591 0.068966 0.000248pai-próximo 33 5 28 5 1 0.001795 0.03125 0.000056pai-ser 33 308 28 215 8 0.014363 0.034043 0.000489pai-terra 33 2 28 2 1 0.001795 0.034483 0.000062

Indivíduo 4

Fonte: Autora.

Tabela 10 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo

5.

Total de Sentencas: 332Total de Palavras: 3748Quantidade de palavras do vocabulario: 718Par Freq1 Freq2 #sent1 #sent2 FreqPar Forca Fid. FFser-não 196 207 132 126 53 0.159639 0.258537 0.041272ser-ter 196 107 132 81 44 0.13253 0.260355 0.034505ser-era 196 106 132 79 43 0.129518 0.255952 0.03315ter-era 107 106 81 79 31 0.093373 0.24031 0.022439ser-estar 196 81 132 60 34 0.10241 0.21519 0.022038era-não 106 207 79 126 35 0.105422 0.205882 0.021704era-ficar 106 80 79 62 27 0.081325 0.236842 0.019261ter-não 107 207 81 126 33 0.099398 0.189655 0.018851ir-não 99 207 61 126 30 0.090361 0.191083 0.017267estar-não 81 207 60 126 29 0.087349 0.184713 0.016135ficar-não 80 207 62 126 28 0.084337 0.175 0.014759ser-menino 196 71 132 48 25 0.075301 0.16129 0.012145não-saber 207 38 126 37 23 0.069277 0.164286 0.011381era-menino 106 71 79 48 20 0.060241 0.186916 0.01126ser-ficar 196 80 132 62 25 0.075301 0.147929 0.011139ir-ter 99 107 61 81 20 0.060241 0.163934 0.009876tio-casa 17 22 16 20 9 0.027108 0.333333 0.009036ter-menino 107 71 81 48 18 0.054217 0.162162 0.008792

Indivíduo 5

Fonte: Autora.

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85

Tabela 11 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo

7.

Total de Sentencas: 395Total de Palavras: 4404Quantidade de palavras do vocabulario: 814Par Freq1 Freq2 #sent1 #sent2 FreqPar Forca Fid. FFser-não 231 210 164 136 69 0.174684 0.298701 0.052178ser-ter 231 197 164 128 59 0.149367 0.253219 0.037823não-saber 210 89 136 80 49 0.124051 0.293413 0.036398ser-saber 231 89 164 80 48 0.121519 0.244898 0.02976ter-não 197 210 128 136 47 0.118987 0.21659 0.025771estar-não 112 210 76 136 40 0.101266 0.232558 0.02355ter-gente 197 100 128 71 36 0.091139 0.220859 0.020129ser-gente 231 100 164 71 37 0.093671 0.186869 0.017504não-pessoa 210 58 136 51 32 0.081013 0.206452 0.016725ser-estar 231 112 164 76 36 0.091139 0.176471 0.016083não-gente 210 100 136 71 33 0.083544 0.189655 0.015845não-fazer 210 66 136 52 30 0.075949 0.189873 0.014421não-ficar 210 77 136 56 30 0.075949 0.185185 0.014065ser-coisa 231 66 164 58 32 0.081013 0.168421 0.013644ser-pai 231 57 164 51 30 0.075949 0.162162 0.012316mãe-não 62 210 54 136 28 0.070886 0.17284 0.012252estar-saber 112 89 76 80 25 0.063291 0.19084 0.012078ter-saber 197 89 128 80 29 0.073418 0.162011 0.011894mãe-pai 62 57 54 51 19 0.048101 0.22093 0.010627graça-deus 6 5 6 5 5 0.012658 0.833333 0.010549

Indivíduo 7

Fonte: Autora.

Tabela 12 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo

10.

Total de Sentencas: 419Total de Palavras: 4752Quantidade de palavras do vocabulario: 817Par Freq1 Freq2 #sent1 #sent2 FreqPar Forca Fid. FFinteragir-fruto 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387feedback-comunicar 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387feedback-sala 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387feedback-chato 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387comunicar-sala 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387comunicar-chato 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387sala-chato 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387decorrer-graçinha 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387decorrer-trazer 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387graçinha-trazer 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387apaixonar-plenamente 1 1 1 1 1 0.002387 1 0.002387ter-comunidade 196 32 132 25 12 0.02864 0.082759 0.00237coisa-dar 97 36 80 31 10 0.023866 0.09901 0.002363irmão-gente 64 122 54 80 11 0.026253 0.089431 0.002348tempo-gente 35 122 32 80 10 0.023866 0.098039 0.00234ser-poder 303 20 197 17 14 0.033413 0.07 0.002339poder-estar 20 105 17 75 9 0.02148 0.108434 0.002329mãe-pai 69 21 49 19 8 0.019093 0.133333 0.002546

Indivíduo 10

Fonte: Autora.

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86

Tabela 13 Parte do resultado do cálculo das forças dos pares de palavras externalizadas do indivíduo

11.

Total de Sentencas: 363Total de Palavras: 3602Quantidade de palavras do vocabulario: 750Par Freq1 Freq2 #sent1 #sent2 FreqPar Forca Fid. FFter-ser 129 180 103 125 43 0.118457 0.232432 0.027533ter-não 129 153 103 97 35 0.096419 0.212121 0.020452orientação-vocacional 6 6 6 6 6 0.016529 1 0.016529carnaval-bloco 8 6 7 6 5 0.013774 0.625 0.008609carnaval-camarote 8 1 7 1 1 0.002755 0.142857 0.000394show-olodum 4 2 4 2 2 0.00551 0.5 0.002755pai-mãe 88 12 67 11 3 0.008264 0.04 0.000331tomar-mamadeira 3 4 3 3 3 0.008264 1 0.008264mamadeira-lanche 4 1 3 1 1 0.002755 0.333333 0.000918mamadeira-vitamina 4 1 3 1 1 0.002755 0.333333 0.000918mamadeira-banana 4 1 3 1 1 0.002755 0.333333 0.000918ter-não 129 153 103 97 35 0.096419 0.212121 0.020452ter-saber 129 82 103 71 25 0.068871 0.167785 0.011555ter-conhecer 129 23 103 20 6 0.016529 0.051282 0.000848conhecer-namorar 23 11 20 8 2 0.00551 0.076923 0.000424conhecer-ligar 23 4 20 3 1 0.002755 0.045455 0.000125conhecer-namorado 23 10 20 8 2 0.00551 0.076923 0.000424

Indivíduo 11

Fonte: Autora.

A Tabela 9, Tabela 10, Tabela 11, Tabela 12 e Tabela 13 , respectivamente,

mostram um excerto dos pares de palavras do vocabulário utilizado pelos indivíduos na

instância da entrevista ao relatar informações sobre sua trajetória de vida. Fica evidente

que os verbos de ligação são bastante utilizados no discurso, mas esta questão lingüística

não faz parte do nosso objetivo.

Por exemplo, a Tabela 13 mostra alguns resultados para o indivíduo 11 (onze) que

apresentou em seu relato um total de 3602 (três mil e seiscentos e duas) palavras com

repetição e deste conjunto as 750 (setecentos e cinqüenta) palavras representam o

vocabulário deste indivíduo para este tema com aproximadamente 1 (uma) hora de

entrevista. 363 (trezentos e setenta e três) é o número total de sentenças deste relato. Desta

quantidade de sentenças é calculado o valor de força-fidelidade de um par de palavras

pertencente a este contexto, ou seja, representa a força que uma palavra se associa à outra

para transmitir uma idéia e o quão uma palavra evoca a outra palavra, são fiéis para

fortalecer o conteúdo que o sujeito transmite.

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Os campos Par, Freq1, Freq2, #sent1, #sent2, FreqPar, Força, Fid. e FF, que

aparece na Tabela 9, Tabela 10, Tabela 11, Tabela 12 e Tabela 13 representam

respectivamente ( Figura 50):

Figura 50 Campos da tabela que contem o resultado do cálculo das forças dos pares de palavras. Fonte: Autora.

Para todos os indivíduos, dependendo não só do tempo do discurso, mas também

da facilidade em externalizar sua trajetória de vida, como aconteceu com todos os

indivíduos do gênero feminino, foi calculado o número total de palavras do discurso,

sendo que palavras repetidas estão contidas nesta contagem, o total de palavras que

compõe o vocabulário e o total de sentenças que foram geradas no discurso.

A quantidade do total de palavras, total de sentenças e quantidade de palavras do

vocabulário para cada indivíduo é ilustrado na Figura 51, Figura 52 e Figura 53.

0

1000

2000

3000

4000

5000

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12

Indivíduos

Qua

ntid

ade

tota

l de

pala

vras

do d

iscu

rso

Figura 51 Gráfico que mostra a quantidade total de palavras para cada um dos doze indivíduos. Fonte: Autora.

Par: Par de palavras que pertencem ao discurso do indivíduo; Freq1: freqüência da 1ª palavra do Par dentro do contexto do discurso; Freq2: freqüência da 2ª palavra do Par dentro do contexto do discurso; #Sent1: Quantidade de sentenças que aparece a 1ª palavra do par; #Sent2: Quantidade de sentenças que aparece a 2ª palavra do par; FreqPar: Freqüência do par de palavras no texto; Força: Conceito este já abordado na seção 4.2 do Capítulo 4; Fid.: Conceito este já abordado na seção 4.2 do Capítulo 4; FF: Conceito este já abordado na seção 4.2 do Capítulo 4

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88

Conforme a Figura 51, é importante ressaltar que os indivíduos I1, I12 e I3 tiveram

tempo de entrevista em média equivalente e o número de palavras utilizadas apresenta

diferença. A quantidade de palavras do vocabulário para I1, I12 e I3 em média estão

próximas como pode ser visto na Figura 52 e o número total de sentenças para os mesmos

três indivíduos analisados são diferentes conforme é possível verificar na Figura 53.

0200400600800

1000

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12

IndivíduosQua

ntid

ade

de p

alav

ras

do

voca

bulá

rio

Figura 52 Gráfico que mostra a quantidade total de vocabulário para cada um dos doze indivíduos. Fonte:

Autora.

0

100

200

300

400

500

600

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12Indivíduos

Qua

ntid

ade

de s

ente

nças

do

disc

urso

Figura 53 Gráfico que mostra a quantidade total de sentenças do discurso para cada um dos doze indivíduos. Fonte: Autora.

A Figura 54 nos mostra a taxa de utilização do vocabulário para cada indivíduo,

que é calculada pela razão entre o vocabulário e o total de palavras do discurso. A taxa

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dos indivíduos não apresentaram diferenças significativas com um valor médio de 0,22 e

um desvio padrão de 0,05.

Taxa de utilização do vocabulário

00.05

0.10.15

0.20.25

0.30.35

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12

Indivíduos

Voca

bulá

rio /

Tota

l de

pala

vras

do

disc

urso

Figura 54 Taxa de utilização do vocabulário. Fonte: Autora.

A Figura 55 nos mostra a quantidade média de palavras por sentença para cada

indivíduo, que é calculada pela razão entre o total de palavras e a quantidade de sentenças

do discurso de cada indivíduo.

Quantidade média de palavras por sentenças

05

1015202530

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12

Indivíduos

Tota

l de

pala

vras

/ To

tal

de s

ente

nças

Figura 55 Quantidade média de palavras por sentenças. Fonte: Autora.

A Tabela 14 mostra a média para todos os indivíduos do total de palavras, ou

número médio de vértices da rede para todos os indivíduos, o total de palavras que

compõe o vocabulário e a média do total de sentenças para uma entrevista de tempo médio

de 57 minutos.

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Tabela 14 Valores médios para as categorias de palavras do discurso para todos os indivíduos da base

de dados.

__________________________________

__________________________________

Total de palavras 3129Vocabulário 638Sentenças 308

__________________________________ __________________________________

Média dos indivíduos

Fonte: Autora.

Para as redes semânticas na abordagem da psicologia cognitiva e principalmente

para o nosso método ao gerar as redes semânticas individualizadas e contextualizadas, só

nos interessa apenas as palavras com significado e, portanto, foi possível através da

quantidade de palavras do vocabulário e como eles se organizam em pares nos permitir

fazer inferências estatísticas quanto à topologia da rede complexa de cada rede semântica.

Distribuição de Freqüência

A Figura 56 e Figura 57 mostra a distribuição de freqüência da Força-Fidelidade

FF dos pares de palavras utilizadas no decorrer do discurso para cada indivíduo.

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91

1

10

100

1000

10000

I2

FF

Q

uant

idad

e pa

res

I1

1

10

100

1000

10000

I3I4

1E-4 1E-3 0.01 0.1

1

10

100

1000

10000

I5

1E-4 1E-3 0.01 0.1

I6

Figura 56 Gráfico Logaritmo da Distribuição de Freqüência da Força-Fidelidade FF dos pares de palavras dos 6 primeiros indivíduos. Fonte: Autora.

Ainda na Figura 56 e Figura 57, podemos inferir que a distribuição de Força

Fidelidade segue uma lei de potência, como podemos confirmar através da análise do

expoente da distribuição dos pares de palavras mostrada na Figura 58.

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92

1

10

100

1000

10000

I8

FF

Q

uant

idad

e pa

res

I7

1

10

100

1000

10000

I9I10

1E-4 1E-3 0.01 0.1

1

10

100

1000

10000

I11

1E-4 1E-3 0.01 0.1

I12

Figura 57 Gráfico Logaritmo da Distribuição de Freqüência da Força-Fidelidade FF dos pares de palavras dos outros 6 indivíduos restantes. Fonte: Autora.

Os pontos que estão fora da reta conforme a seta indicativa da Figura 56 para o

indivíduo 1, representam pares de palavras que fazem parte dos núcleos do discurso do

indivíduo, como será discutido posteriormente.

Os valores da FF que estão fora da reta para cada indivíduo estão representadas na

Tabela 15.

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93

Tabela 15 Valores de FF que estão fora da reta

IndivíduosValores de FF fora da área da

retaI1 0.021I2 0.00325I3 0.00325I4 0.0017I5 0.0031I6 0.00275I7 0.00275I8 0.00325I9 0.0025

I10 0.00225I11 0.0027I12 0.013

Fonte: Autora

Os limites máximo e mínimo da Força Fidelidade são respectivamente 0.0001 e

0.1 (Figura 57). É importante ressaltar que não existe uma Força Fidelidade característica

e que a grande maioria dos pares tem Força Fidelidade estão abaixo da mediana.

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I121,51,61,71,81,92,02,12,22,32,42,5

α

Indivíduos

Figura 58 Expoente da distribuição dos pares de palavras para cada indivíduo. Fonte: Autora.

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94

5.2. Caracterização da rede

Foi necessária estabelecer um critério sobre qual melhor Força-Fidelidade se

adequaria para permitir a análise da rede semântica gerada de cada indivíduo. A partir

desta mineração, ou seja, da retirada de possíveis pares de palavras “ruído”, pares de

palavras que não mostrariam o núcleo do tema relatado e as suas principais associações e

que, portanto, não serviram como os principais elementos da rede de pares de palavras que

se associam para formar uma rede semântica.

Na busca do valor da Força-Fidelidade que melhor representasse a rede semântica

do indivíduo, foram avaliadas as diferentes topologias para diferentes valores limites da

Força-Fidelidade (FFL). A topologia foi caracterizada mediante os índices médios

provenientes da Teoria de Redes Complexas.

5.2.1. Índices médios em função da Força Fidelidade Limite

(FFL)

Os resultados dos índices estatísticos médios calculados para todos os indivíduos

são mostrados na Tabela 16. Cada índice da Tabela 16 representa a média dos índices dos

12 indivíduos para diferentes valores de FFL.

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95

Tabela 16 Relação entre os índices que caracterizam as redes complexas em função da Força

Fidelidade Limite.

________________________________________________________________________

FFL Vértices Arestas D CAM CMM <k> Pares Não Conectados ________________________________________________________________________

0.0001 634 16820 5.1 0.73 2.42 28.40 14780.0002 631 12725 5.9 0.67 2.75 22.72 58210.0005 613 7945 9.6 0.63 3.74 15.84 288410.0007 585 6474 13.8 0.60 4.22 13.67 521600.001 526 5077 16.3 0.58 3.83 11.46 820840.002 347 3143 7.5 0.54 1.70 8.39 488800.003 201 2227 6.4 0.44 1.89 7.33 178000.004 119 1753 5.2 0.41 1.83 6.86 46460.005 109 1519 5.0 0.42 1.82 6.20 45030.006 100 1348 4.8 0.47 1.92 5.92 40760.007 92 1034 4.6 0.49 1.75 5.15 66810.009 71 935 4.5 0.46 1.78 4.78 41030.01 68 918 4.2 0.48 1.73 4.71 3965

________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

Fonte: Autora.

Para cada força fidelidade limite foram calculados os parâmetros necessários para

caracterizar topologicamente à rede semântica destes indivíduos como uma rede

complexa.

Pode-se observar ainda na Tabela 16 que o campo pares não conectados a partir do

intervalo de Força Fidelidade Limite de 0.0001 até 0.001 o seu número cresce. Isto

acontece devido a perda de arestas da rede. A partir de 0.002 o número de Pares não

conectados começa a decair devido a perda de vértices da rede ser maior que a perda de

arestas.

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96

O Coeficiente de aglomeração

O coeficiente de aglomeração é o índice que vai indicar na rede de associação de

palavras de cada indivíduo mostra o quanto os pares de palavras estão reunidos.

O gráfico da Figura 59 nos mostra a relação entre a Força Fidelidade Limite e o

coeficiente de aglomeração médio. À medida que há graduação nos valores de força

fidelidade limite há variação nos valores do coeficiente de aglomeração. Inicialmente os

valores caem rapidamente e ao atingir determinado valor de FFL, o CAM sofre acréscimo

em seu valor.

0,000 0,003 0,006 0,009 0,012

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

0,75

CAM

FFL

Figura 59 Gráfico de Coeficiente de aglomeração médio (CAM) em relação à Força Fidelidade Limite (FFL). Fonte: Autora.

Caminho mínimo médio

O índice de caminho mínimo médio (CMM Figura 60) nos indica os menores

caminhos ao partir de uma palavra e chegar a outra, ou seja, mede para toda a rede de

associação de palavras o quanto uma palavra da rede está próxima da outra.

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97

0,000 0,003 0,006 0,009 0,012

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

CM

M

FFL

Figura 60 Gráfico de Coeficiente de Caminho Mínimo Médio (CAM) em relação à Força Fidelidade Limite (FFL). Fonte: Autora.

Grau médio

O grau médio <k> indica um valor médio de vizinhos incidentes para todos os

vértices da rede, ou seja, um valor médio de vizinhos para todas as palavras da rede de

discurso Figura 61.

0,000 0,003 0,006 0,009 0,012

5

10

15

20

25

30

Gra

u M

édio

FFL

Figura 61 Gráfico do Grau médio em relação à Força Fidelidade Limite (FFL). Fonte: Autora.

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98

Diâmetro

O diâmetro da rede de associação de palavras é mostrado na Figura 62. Este

parâmetro indica quantos passos no máximo são necessários ao partir de uma palavra

qualquer da rede e chegar à outra.

Figura 62 Gráfico do diâmetro da rede em relação à Força-Fidelidade Limite. Fonte: Autora.

Ainda na Figura 62 o diâmetro inicialmente cresce e a partir de um determinado

valor da Força-Fidelidade Limite ela começa a cair. Este efeito pode ser explicado pelo

que chamamos de perda de atalhos 12. A Figura 63 tem uma rede (item a) onde seu

diâmetro é baixo, pois existem atalhos para sair de um ponto a outro com menos passos.

Com a perda de atalhos (a, b, c e f), o caminho mínimo entre os vértices aumenta, fazendo

com que o diâmetro da rede também aumente (item b da Figura 63).

12 Atalho é um conceito usado nas redes de mundo pequeno. Um atalho é definido como sendo uma aresta, que se esta for retirada, o menor caminho não orientado entre dois vértices que estavam conectados previamente tem caminho maior que dois (Hubaux, Buttyan e Capkun, 2007). Disponível em http://citeseer.ist.psu.edu/hubaux01quest.html

0,000 0,003 0,006 0,009 0,012

4

6

8

10

12

14

16

18

diâm

etro

FFL

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99

Figura 63 – Exemplo de rede com diâmetro de valor baixo (item a) e Rede com diâmetro de valor alto (item b). Fonte: Autora.

Arestas e Vértices

O gráfico de arestas e vértices em relação à Força Fidelidade Limite é apresentado

na Figura 64, nele as arestas, que são as conexões entre os pares de palavras, caem

abruptamente a partir da Força Fidelidade Limite de magnitude 10-4 e depois se

estabilizam com o aumento da Força Fidelidade Limite. O mesmo acontece para o

comportamento do número de vértices, porém a diminuição da sua quantidade não

acontece na mesma magnitude do número de arestas, ele cai com uma intensidade um

pouco menor em relação ao número de arestas, mas também é de maneira abruta.

O número de arestas diminui, ou seja, se perde as conexões entre os pares de

palavras da rede a medida que o diâmetro aumenta. Isto é um comportamento que está

acontecendo a partir da linha vertical que pode ser vista ainda na Figura 64. Este ponto

representa um valor alto para o diâmetro. Ela indica que a rede está sendo desmontada,

está ficando mais difícil percorrer de um ponto a outro da rede, pois as ligações entre as

palavras estão sendo retiradas e a rede está ficando mais desconexa como pode ser

observada no campo “Pares Não Conectados” da Tabela 16. Ou seja, arestas estão sendo

retiradas quando a força de associação entre os pares de palavras é fraca e o que nos

importa são as associações fortes.

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100

0.000 0.003 0.006 0.009 0.012

02000400060008000

1000012000140001600018000

0

100

200

300

400

500

600

700

Arestas

Ares

tas

FFL

Vértices

Vért

ices

Figura 64 Gráfico de arestas e vértices em relação à Força-Fidelidade. Fonte: Autora.

Ainda na Figura 64 quando o valor da Força Fidelidade Limite aumenta o número

de vértices da rede, ou seja, o número de palavras diminui. Vértices isolados são retirados

da rede. Este comportamento não é interessante por dois motivos: o primeiro deixa a rede

estatisticamente pobre, pois diminui o número de vértices e segundo se perde, para uma

rede de associação de palavras, vocabulário. É visível que a rede no início é bastante

resistente, mas à medida que a Força Fidelidade Limite aumenta a rede perde informações,

tanto de forma qualitativa (semanticamente) quanto quantitativa (estatisticamente). Logo,

propomos um critério para definição do ponto ótimo de retirada de informações da rede

que denominamos como Força Fidelidade Crítica. Esta é a força “ideal” para acessar os

principais núcleos do discurso, onde se encontram contextos satélites e, portanto onde

existem informações relevantes para analisar as forças de associações entre os pares de

palavras para àquele indivíduo e seu contexto, sem interessar realizar a análise do

indivíduo (Figura 65).

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101

Figura 65 Diagrama ilustrativo da relação entre perda de informação e a FFL proposta neste trabalho. Fonte: Autora.

5.2.2. A rede de Força Fidelidade Crítica

Após análise dos índices estatísticos gerados foi possível estabelecer a melhor

Força Fidelidade Limite (FFL) denominada Força Fidelidade Crítica ou FF crítica. A

Força Fidelidade Crítica obtida para a média dos 12 indivíduos estudados foi de 0,001 e

dentre o conjunto de Forças Fidelidades atribuídas para atingir o nosso objetivo, ela foi

considerada o mais adequado valor estatístico tanto para representar a “melhor” a rede

semântica de um indivíduo, além de caracterizar a rede semântica do indivíduo utilizando

redes complexas, pois o valor da Força Fidelidade Crítica permeia o núcleo do contexto

do relato do indivíduo pelo simples fato de não se perder muitas arestas e principalmente,

muitos vértices da rede.

Em razão do uso da Força Fidelidade Limite (toma-se por base o valor da FF

Crítica), e os índices estatísticos gerados no tratamento dos textos dos discursos, é

possível caracterizar as redes semânticas dos doze indivíduos utilizando redes complexas.

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102

Figura 66 Ilustração da rede de associação de palavras de um indivíduo com força de associação = 0,0001 e de maior coeficiente de aglomeração do indivíduo 11. Fonte: Autora.

Figura 67 Ilustração da rede de associação de palavras de um indivíduo com força de associação = 0,001 e de maior diâmetro do indivíduo 11. Fonte: Autora.

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103

A rede de associação de palavras é gerada com valor de FFL = 0,0001 e maior coeficiente de

aglomeração mostrada na Figura 66. Esta rede ilustra a topologia típica da rede crítica, onde o

diâmetro é o máximo e o coeficiente de aglomeração é ainda alto. Este comportamento é

indicativo de uma topologia modular. A rede de associação de palavras gerada de um dos

indivíduos da base de dados é mostrada na Figura 67 e possui valor de FFL = 0,001 e maior

diâmetro e a rede de associação de palavras gerada com valor de FFL = 0,01 e de menor

coeficiente de aglomeração é mostrada na Figura 68. Todas as três tabelas citadas neste

parágrafo usam a transcrição do indivíduo 11.

Figura 68 Ilustração da rede de associação de palavras de um indivíduo com força de associação = 0,01 e

de menor coeficiente de aglomeração do indivíduo 11. Fonte: Autora.

A força fidelidade crítica (FFc) para cada rede de palavras de cada indivíduo pode ser

vista Tabela 17 e é justamente neste ponto que o diâmetro (D) da rede de palavras tem seu

maior valor.

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104

Tabela 17 Força Fidelidade Crítica das 12 redes de palavras.

Indivíduos FFc D

I1 0.007 12I2 0.001 22I3 0.003 16I4 0.003 5I5 0.001 15I6 0.001 23I7 0.001 29I8 0.0007 17I9 0.001 25

I10 0.001 24I11 0.0007 23I12 0.005 14

Fonte: Autora

Na Figura 69 e Figura 70 segue a rede de força fidelidade crítica dos indivíduos I1 e I5

respectivamente.

Figura 69 Ilustração da rede de associação de palavras do indivíduo 1 com Força Fidelidade Crítica=

0,007. Fonte: Autora.

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105

Figura 70 Ilustração da rede de associação de palavras do indivíduo 5 com Força Fidelidade Crítica= 0.001. Fonte: Autora.

5.2.3. Distribuição de Graus P(k)

A distribuição de Graus P(k) da rede semântica do discurso do indivíduo, ou seja, a

distribuição do número de vizinhos de cada palavra da rede foi estimada para FFL =

FFCrítico. Estas distribuições não possuem um número médio, ela sugere uma distribuição

do tipo livre de escala, como pode ser visto na Figura 71.

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106

1

10

100 I5

<k>

P(k)

I2

1

10

100

I6I7

1 10

1

10

100I10

1 10

I11

Figura 71 Distribuição de Graus dos 6 indivíduos com maior número de vértices. Fonte: Autora.

Os gráficos de distribuição de graus sugerem uma lei de potência, o que indica

uma topologia do tipo livre de escala. A Tabela 18 nos mostra os valores do expoente de

distribuição de graus das palavras das redes dos indivíduos I2, I5, I6, I7, I10 e I11 que

foram selecionados por possuírem número de vértices maior que 600. Os mesmos

indivíduos são os utilizados para os gráficos de distribuição de graus (Figura 71).

Tabela 18 Expoente de distribuição de graus para indivíduos com maior número de vértices.

Indivíduos γ Erro

I2 I5 I6 I7

I10 I11

2,42,62,52,12,32,1

0,2 0,2 0,3 0,3 0,2 0,3

Fonte: Autora.

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107

5.3. Comparação com o trabalho de rede de palavras de textos

escritos e com o trabalho de redes semânticas Word Association

(Associação de palavras)

O trabalho desenvolvido por Caldeira e colaboradores (2005) resultou na

caracterização das redes de palavras utilizando um total de 312 textos escritos como redes

complexas mundo pequeno e livres de escala. A sua base de dados e procedimento de

ligação entre as palavras difere do nosso trabalho, pois a associação das palavras do nosso

trabalho utiliza o conceito de Força Fidelidade. Podemos considerar que nosso trabalho

representa uma generalização do trabalho de Caldeira, pois para FFL = 0, recuperamos as

mesmas redes. Logo, a fim de realizar comparações entre as redes de textos escritos e

textos orais, utilizamos como limite para construção das redes FFL = 0.

Na Tabela 19 encontram-se os valores dos índices CAM, D, CMM, e γ das

pesquisas utilizando redes complexas para a análise das palavras advindas do trabalho de

Caldeira (2006) e é feita uma comparação com os valores obtidos em nosso trabalho.

Tabela 19 Índices estatísticos da topologia das redes de textos escritos, redes de textos orais.

__________________________________________

Índices Redes de textos escritos

Redes de textos orais

__________________________________________

CMM 2.3 2.1D 5 4

CAM 0.77 0.80γ 1.6 1.7

__________________________________________ __________________________________________

Fonte: Autora.

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108

Constatamos que os resultados obtidos no trabalho de Caldeira (2005) possuem

redes com a mesma topologia, os índices apresentam valores bem próximos e ambas as

redes possuem a mesma topologia: livre de escala e redes de mundo pequeno.

A Tabela 20 mostra os resultados da rede de textos orais do nosso trabalho com

Força Fidelidade Crítica =10-3 e os resultados da rede de associação de palavras (Steyvers

e Tenenbaum, 2005).

Tabela 20 Índices estatísticos da topologia das redes de textos orais e a rede de associação de palavras.

Índices Redes de textos orais

Rede de Associação de palavras

CMM 3.8 3.04D 16 5

CAM 0.58 0.186γ 2.59 3.01

Fonte: Autora.

O trabalho do Steyvers e Tenenbaum (2005) também tem um método diferente

para montar a sua rede de associação de palavras e verificamos que apesar dos índices

diâmetro e coeficiente de aglomeração possuírem valores distintos do nosso resultado, o

valor do diâmetro e do coeficiente de aglomeração médio da rede de textos orais é 3 vezes

maior que a rede de associação de palavras (Tabela 20), as redes possuem a mesma

topologia: livre de escala e redes de mundo pequeno. A rede do trabalho do Steyvers e

Tenenbaum não pode ser caracterizada como redes modulares, pois apesar do índice

diâmetro possuir valor alto, o mesmo não acontece para o valor do índice coeficiente de

aglomeração.

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109

CAPITULO 6. Considerações finais

6.1. Conclusões

Considerando o comportamento complexo da linguagem, foi construído um

método capaz de gerar uma rede semântica contextualizada, a partir do discurso oral de

um indivíduo. Tal método utiliza os conceitos e propriedades de redes complexas e da

teoria de conjuntos para identificar a rede que melhor representa a estrutura de associação

entre os conceitos do discurso.

A distribuição de freqüência dos pares de palavras, advindas das redes semânticas

de um discurso dos indivíduos estudados, apresenta um comportamento em forma de lei

de potência, o que de certa forma já tinha sido observado no clássico trabalho de Zipft

(1972).

Os índices das redes obtidos para diferentes níveis de filtragem, ou seja, para

diferentes valores de FFC, exibem um típico comportamento de mudança da fase, com um

ponto crítico bem definido. A rede gerada para este nível de filtragem foi denominada de

rede crítica e utilizada como a rede característica do discurso. Apesar de existir certa

variabilidade no valor da FFC para os distintos discursos analisados, todos apresentaram o

mesmo comportamento crítico, com uma rede crítica bem definida e com topologias

similares, indicando a possibilidade de que tal comportamento e topologia crítica sejam

características intrínsecas do mecanismo da linguagem humana.

A FFC média encontrada foi de 10-3, considerando a média dos índices das redes

de todos os discursos. Estas redes críticas, em particular, geradas com 10-3 de FFC,

exibem valores de diâmetros e coeficiente de aglomeração muito maiores do que redes

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110

aleatórias do mesmo tamanho, o que é alusivo a uma topologia modular com aglomerados

conectados por laços fracos. Tal topologia ao ser observada detidamente, palavra por

palavra, nos leva a crer que tais redes se organizam de maneira categorizada, o que valida

o modelo de redes semânticas da teoria da ativação e propagação desenvolvida em 1975

por Alan Collins e Elisabeth Loftus.

Do ponto de vista da teoria das redes complexas, todas as redes estudadas exibiram

topologias com características de redes de mundo pequeno e para as redes com maior

número de vértices os gráficos de distribuição de graus apresentaram uma suave tendência

em forma de lei de potência, podendo ser sugestivo de características de redes livres de

escala. Para confirmar o comportamento de redes livres de escala seriam necessárias redes

com mais vértices, o que implicaria em mais tempo de discurso.

A rede de textos escritos e textos orais só puderam ser comparados quando ambas

as redes estivessem equiparáveis, ou seja, a rede de textos escritos não trabalha com o

conceito de força de associação de palavras utilizando o conceito de Força Fidelidade.

Para realizar a comparação foi necessário estabelecer o parâmetro de Força Fidelidade = 0

para as redes dos doze indivíduos. A partir dos resultados obtidos, comprovamos que a

rede de textos escritos e orais são redes que possuem resultados próximos com topologias

similares.

Os índices de redes complexas obtidos para as redes semânticas propostas em

nosso trabalho possuem resultados próximos ao trabalho do Steyvers e Tenenbaum (2005)

sobre redes complexas e redes semânticas, ambas com topologias semelhantes. Contudo

apesar desta similaridade a nossa rede semântica é modular, possui valores altos para o

diâmetro e coeficiente de aglomeração, o que não acontece para a rede semântica de

associação de palavras do trabalho do Steyvers e Tenenbaum.

6.2. Atividades Futuras de Pesquisa

Este trabalho está proporcionando o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa de

caráter interdisciplinar com a área de psicologia com o objetivo de criar ferramentas

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auxiliares como nova medida psicométrica e estudo da topologia das redes de textos

advindos de pessoas com distúrbios de linguagem. Além de sugerir uma análise exaustiva

para outros discursos orais e escritos com o objetivo de buscar um comportamento

universal que possa definir um núcleo topológico para a associação semântica para o

complexo mecanismo da linguagem humana.

Do ponto de vista das possibilidades de aplicações, este trabalho é sugestivo para

uma infinidade de trabalhos futuros, tais como: o desenvolvimento de uma aplicação

remota para permitir a construção do mapa dinâmico de conhecimento em sala de aula;

auxilio na construção automatizada de mapas cognitivos; assistência na avaliação

psicanalítica; ajuda na análise de discursos; aplicações na psicologia social; em IA,

reconhecimento da semântica de discursos e simulação de linguagem em robôs.

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APÊNDICE APÊNDICE A – Código fonte do NetSentFreqFF /* programa para calculo da correlação entre palavras */ #include <stdlib.h> #include <stdio.h> #include <string.h> #include <iostream.h> #include "MEM.C" #define NPAL 50000 // Número máximo de palavras diferentes #define NSNT 50000 // Número máximo de sentenças diferentes #define TPAL 150 // Tamanho máximo da palavra #define TMPS 800 // Quantidade máxima de palavras por sentença #define TMSP 600 // Quantidade máxima de Sentenças por palavras typedef struct Elem{ int i; int j; }TEle; typedef struct tipo_no{ // Lista encadeada utilizada para armazenar arestas TEle elem; char erro; struct tipo_no *elo; }*Tno; void help(char *); int Busca(char *Pal,char **Tabela,int Np); void CorrPal(FILE *Ae,Tno Mat,char **Pal,int **Snt,int **PalSnt,int *Freq,int *NSen, int *Qnos,int *Qarc, int *Qpal, int *Qvoca); void ImpContagem(Tno Mat,char **Pal,int **Snt,int **PalSnt,int *Freq,int *NSen,int Qnos,int Qarc,int Qpal,int Qvoca,char *F1,char *F2,double FcL); char Ja_Ocorreu(TEle v,int fim); Tno CriaLista(TEle v); Tno CriaNoLista(TEle v, Tno s); Tno DestroiNoLista (Tno L ); void DestroiLista (Tno L); Tno MatC; // Matriz de adjacência das palavras no formato lista void main(unsigned argc, char **argv) { FILE *Fin; int Qnos=0; // Quantidade de sentenças lida na Tabela int Qpal=0; // Quantidade de palavras no texto int Qvoca=0; // Quantidade de palavras do vocabulário int Qarc=0; // Quantidade de conexões entre palavras char **Pal; // Vocabulário

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int Freq[NPAL]; // Freqüência de cada palavra (considera repetições de palavras em uma mesma sentença)

int NSen[NPAL]; // Quantidade de sentenças em que a palavra participa int **Snt; // Matriz de palavras por sentença int **PalSnt; // Matriz de sentenças por palavra double FcLim; // Forca limite para construção da rede if(argc!=5) { help(argv[0]); exit(0); } Pal=cmatrix(0,NPAL,0,TPAL); Snt=imatrix(0,NSNT,0,TMPS); PalSnt=imatrix(0,NPAL,0,TMSP); Fin=fopen(argv[2],"r"); FcLim=atof(argv[1]); CorrPal(Fin,MatC,Pal,Snt,PalSnt,Freq,NSen,&Qnos,&Qarc,&Qpal,&Qvoca); // Faz o trabalho ImpContagem(MatC,Pal,Snt,PalSnt,Freq,NSen,Qnos,Qarc,Qpal,Qvoca,argv[3],argv[4],FcLim); DestroiLista (MatC); free_cmatrix(Pal,0,NPAL,0,TPAL); free_imatrix(Snt,0,NSNT,0,TMPS); free_imatrix(PalSnt,0,NPAL,0,TMSP); fclose(Fin); return (0); } void CorrPal(FILE *Ae,Tno Mat,char **Pal,int **Snt,int **PalSnt,int *Freq,int *NSen, int *Qnos,int *Qarc, int *Qpal,int *Qvoca) { char PalAx[200]; char Gra[200]; char JaTem=0; long i=0,idi,l; long Num_voltas=0; *Qvoca=*Qnos=*Qarc=*Qpal=0; fseek( Ae, 0L, SEEK_SET); while(!feof(Ae)) { i=0; do // laço para ler Sentença { fscanf(Ae,"%s ", PalAx); if(!strcmp(PalAx,"{S}"))break; (*Qpal)++; fscanf(Ae,"%s\n", Gra); if(strlen(PalAx)>TPAL)continue; idi=Busca(PalAx,Pal,*Qvoca); // Localiza palavra na tabela de palavras

selecionada if(idi==-1) {

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idi=*Qvoca; Freq[idi]=NSen[idi]=1; strcpy(Pal[(*Qvoca)++],PalAx); // Se não existe inclui na lista de palavras PalSnt[idi][0]=0; // Inicializa contador de sentenças por palavras // PalSnt[idi][1]=*Qnos; // Palavra faz parte da sentença em que ela esta if(*Qvoca>=NPAL-1) // Verifica se estorou o numero de nos { fprintf(stderr,"Erro: estouro de números de palavras:%ld\n",*Qvoca); exit(0); } }else { Freq[idi]++; // Frequencia de cada palavra NSen[idi]++; // Numero de sentencas em que participa a palavra Num_voltas++; // Contabiliza o num de vezes que o autor voltou. } JaTem=0; for(l=1;l<=i+1;l++) if(Snt[*Qnos][l]==idi){JaTem=1;break;} if(!JaTem) { Snt[*Qnos][++i]=idi; // se a palavra ainda não existe na sentença inclui na sentença PalSnt[idi][++PalSnt[idi][0]]=*Qnos; }else NSen[idi]--; // Desconsidera repetições da palavra numa mesma sentença }while(i<TMPS && !feof(Ae)); if(i==0)continue; // Caso a sentença tenha zero palavras Snt[*Qnos][0]=i; // Guarda o numero de palavras na sentença (*Qnos)++; } printf("\nAnalisados, %ld nos\n",*Qnos); printf("O autor voltou %ld vezes\n",Num_voltas); } int Busca(char *Pal,char **Tabela,int Np) { int i=0; for(i=0;i<Np;i++) if(!strcmp(Pal,Tabela[i]))return i; // Busca Palavra return -1; // Se não encontrou } void ImpContagem(Tno Mat,char **Pal,int **Snt,int **PalSnt,int *Freq,int *NSen, int Qnos, int Qarc,int Qpal, int Qvoca, char *SaiF, char *SaiN, double FL) {

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int i,j,k,l; Tno p; FILE *FoutF,*FoutN; char Tem; int **MatPar; int QNSentIda; int QNSentVolta; double FrcC; // Forca contextualizada double FrcNC; // Forca não contextualizada int *IdV; // Vetor para ajuste de índice na construção da rede pajek int c=0; p=MatC; MatPar=imatrix(0,Qvoca,0,Qvoca); // matriz de freqüência de pares IdV=(int *) malloc( Qvoca*sizeof(int)); for(i=0;i<Qvoca;i++) { IdV[i]=-1; for(j=0;j<Qvoca;j++) MatPar[i][j]=0; } FoutF=fopen(SaiF,"w"); // Arquivo de forcas FoutN=fopen(SaiN,"w"); // Arquivo da rede // Gera cabeçalho do arquivo de forcas fprintf(FoutF,"Total de Sentencas:\t%d\n",Qnos); fprintf(FoutF,"Total de Palavras:\t%d\n",Qpal); fprintf(FoutF,"Quantidade de palavras do vocabulario:\t%d\n",Qvoca); fprintf(FoutF,"Par\tFreq1\tFreq2\t#sent1\t#sent2\tFreqPar\tAntFreqIda\tAntFreqVolta\tForca\tFid.\tFF\n"); // Contabiliza a frequencia dos pares for(i=0;i<Qnos;i++) { for(j=1;j<Snt[i][0];j++) { for(k=j+1;k<=Snt[i][0];k++) { if(MatPar[Snt[i][j]][Snt[i][k]]<=i) // Linha para nao considerar pares de palavras repetidas na mesma sentenca { MatPar[Snt[i][j]][Snt[i][k]]++; MatPar[Snt[i][k]][Snt[i][j]]++; } } } } // Gera cabecalho do arquivo de redes (lista de nos) c=0; for(i=0;i<Qvoca;i++) // Calcula a quantidade de nos conectados da rede. { for(j=0;j<Qvoca;j++) // Verifica, para cada noh, se existe alguma conexao valida { FrcNC=(double)MatPar[i][j]/(NSen[i]+NSen[j]-MatPar[i][j]); FrcC=(double)MatPar[i][j]/Qnos;

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if(FrcNC*FrcC>=FL) // Caso a forca-fidelidade seja maior que o limite { IdV[i]=c; c++; break; } } } fprintf(FoutN,"*Vertices %d\n",c); for(i=0;i<Qvoca;i++) // Imprime nome dos nos (as palavras) if(IdV[i]>=0) // Caso a forca seja maior que a forca limite e a freqüência do par maior que a freq. limite, gera a aresta fprintf(FoutN,"%d \"%s\"\n",IdV[i]+1,Pal[i]); fprintf(FoutN,"*Edges\n"); for(i=0;i<Qvoca-1;i++) { for(j=i;j<Qvoca;j++) { if(MatPar[i][j]) { QNSentIda=0; // Quantidade de sentenças em que a primeira palavra participa e a segunda não QNSentVolta=0; // Quantidade de sentenças em que a Segunda palavra participa e a Primeira nao for(k=1;k<=PalSnt[i][0];k++) // Varre para todas as sentenças em que estão a palavra i { Tem=0; for(l=1;l<=Snt[PalSnt[i][k]][0];l++) { if(Snt[PalSnt[i][k]][l]==j) {Tem=1; break;} } if(!Tem)QNSentIda++; } for(k=1;k<=PalSnt[j][0];k++) // Varre para todas as sentencas em que estao a palavra i { Tem=0; for(l=1;l<=Snt[PalSnt[j][k]][0];l++) { if(Snt[PalSnt[j][k]][l]==i) {Tem=1; break;} } if(!Tem)QNSentVolta++; } FrcNC=(double)MatPar[i][j]/(NSen[i]+NSen[j]-MatPar[i][j]); FrcC=(double)MatPar[i][j]/Qnos;

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fprintf(FoutF,"%s-%s\t%d\t%d\t%d\t%d\t%d\t%d\t%d\t%f\t%f\t%f\n",Pal[i],Pal[j],Freq[i],Freq[j],NSen[i],NSen[j],MatPar[i][j],QNSentIda,QNSentVolta,FrcC,FrcNC,FrcC*FrcNC); if(FrcNC*FrcC>=FL) // Caso a forca-fidelidade seja maior que o limite fprintf(FoutN,"%d %d \n",IdV[i]+1,IdV[j]+1); // fprintf(FoutN,"%d %d %g\n",IdV[i]+1,IdV[j]+1,FrcNC); } } } free_imatrix(MatPar,0,Qvoca,0,Qvoca); free(IdV); fclose(FoutF); fclose(FoutN); } char Ja_Ocorreu(TEle v,int fim) { int i; Tno p; p=MatC; for(i=0;i<fim;i++) { if(v.i==p->elem.i && v.j==p->elem.j || v.i==p->elem.j && v.j==p->elem.i) return 1; p=p->elo; } return (0); } Tno CriaLista(TEle v) { Tno p; p= (Tno) malloc(sizeof(struct tipo_no)); p->elem=v; p->erro=0; p->elo=NULL; return p; } Tno CriaNoLista(TEle v, Tno s) { Tno L; L= (Tno) malloc(sizeof(struct tipo_no)); if(L==NULL){L=s;L->erro=1;} else{ L->elem=v; L->elo=s; L->erro=0; } return L; } Tno DestroiNoLista (Tno L ) { Tno tmp; tmp = L->elo;

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free(L); return tmp; } void DestroiLista (Tno L) { while(L) L=DestroiNoLista (L); } void help(char *name) { fprintf(stderr,"usage: %s [texto] [Freq Limite][Forca limite] [Arq.saida forca] [Arq.saida rede]\n"); } MEM.C /* #include <alloca.h> only for unix systems */ #include <malloc.h> #include <stdio.h> void nrerror(char error_text[]) { void _exit(); fprintf(stderr,"Numerical Recipes run-time error...\n"); fprintf(stderr,"%s\n",error_text); fprintf(stderr,"...now exiting to system...\n"); _exit(0); } int **imatrix(int nrl,int nrh,int ncl,int nch) { int i; int **m; /* allocate pointers to rows */ m=(int **) malloc((unsigned) (nrh-nrl+1)*sizeof(int*))-nrl; if (!m) nrerror("allocation failure 1 in imatrix()"); /* allocate rows and set pointers to them */ for(i=nrl;i<=nrh;i++) { m[i]=(int *) malloc((unsigned) (nch-ncl+1)*sizeof(int))-ncl; if (!m[i]) nrerror("allocation failure 2 in imatrix()"); } /* return pointer to array of pointers to rows */ return m; } double **dmatrix(int nrl,int nrh,int ncl,int nch) { int i; double **m; /* allocate pointers to rows */

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m=(double **) malloc((unsigned) (nrh-nrl+1)*sizeof(double*))-nrl; if (!m) nrerror("allocation failure 1 in dmatrix()"); /* allocate rows and set pointers to them */ for(i=nrl;i<=nrh;i++) { m[i]=(double *) malloc((unsigned) (nch-ncl+1)*sizeof(double))-ncl; if (!m[i]) nrerror("allocation failure 2 in dmatrix()"); } /* return pointer to array of pointers to rows */ return m; } void free_dmatrix(double **m,int nrl,int nrh,int ncl,int nch) { int i; for(i=nrh;i>=nrl;i--) free((char*) (m[i]+ncl)); free((char*) (m+nrl)); } void free_imatrix(int **m,int nrl,int nrh,int ncl,int nch) { int i; for(i=nrh;i>=nrl;i--) free((char*) (m[i]+ncl)); free((char*) (m+nrl)); } double *dvector(unsigned nl, unsigned nh) { double *v; v=(double *)malloc((unsigned) (nh-nl+1)*sizeof(double))-nl; if (!v) nrerror("allocation failure in dvector()"); return v; } char **cmatrix(int nrl,int nrh,int ncl,int nch) { int i; char **m; /* allocate pointers to rows */ m=(char **) malloc((unsigned) (nrh-nrl+1)*sizeof(char*))-nrl; if (!m) nrerror("allocation failure 1 in cmatrix()"); /* allocate rows and set pointers to them */ for(i=nrl;i<=nrh;i++) { m[i]=(char *) malloc((unsigned) (nch-ncl+1)*sizeof(char))-ncl; if (!m[i]) nrerror("allocation failure 2 in cmatrix()"); } /* return pointer to array of pointers to rows */ return m; } void free_cmatrix(char **m,int nrl,int nrh,int ncl,int nch) { int i; for(i=nrh;i>=nrl;i--) free((char*) (m[i]+ncl));

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ANEXO

ANEXO 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Esta pesquisa tem como objetivo identificar a topologia das redes complexas advindas do discurso falado dos sujeitos, com a finalidade de categorizar e diferenciar os tipos de redes de cada grupo pesquisado. Para isso estamos realizando entrevistas gravadas com aproximadamente uma hora de duração. Este procedimento não implicará qualquer processo invasivo, desconforto ou risco. Será garantido sigilo absoluto quanto à identificação do entrevistado, assim como serão respeitados seus limites e dificuldades. Garantimos também esclarecimentos de qualquer dúvidas com relação a pesquisa e ao uso das entrevistas. Eu,______________________________________________________, abaixo assinado, tendo sido devidamente esclarecido sobre todas as condições que constam do documento "ESCLARECIMENTO AO SUJEITO DA PESQUSA", de que trata o Projeto de Pesquisa intitulado “Redes Semânticas Contextualizadas: uma proposta metodológica baseada na psicologia cognitiva utilizando redes complexas”, da Mestranda Gesiane Miranda Teixeira na Fundação Visconde de Cairu que tem como pesquisadores responsáveis o Sr. José Garcia M. Vivas e o Sr. José Henrique Miranda de Morais, especialmente no que diz respeito ao objetivo da pesquisa, aos procedimentos que serei submetido, aos riscos e aos benefícios, à forma de ressarcimento no caso de eventuais despesas, bem como a forma de indenização por danos decorrentes da pesquisa, declaro que tenho conhecimento dos direitos e das condições que me foram assegurados, a seguir relacionados:

1. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida a respeito dos procedimentos, riscos, benefícios e de outras situações relacionadas com a pesquisa e o tratamento a que serei submetido. 2. A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer momento, sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu tratamento. 3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada a minha privacidade. 4. O compromisso de que me será prestada informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar a minha vontade de continuar dele participando. 5. O compromisso de que serei devidamente acompanhado e assistido durante todo o período de minha participação no projeto, bem como de que será garantida a continuidade do meu tratamento, após a conclusão dos trabalhos da pesquisa. 6. O ressarcimento de eventuais despesas decorrentes da minha participação no Projeto de pesquisa. 7. Que o ressarcimento de eventuais despesas, bem como a indenização, a titulo de cobertura material, para reparação de danos imediatos ou tardios, decorrentes de minha participação na pesquisa, serão feitos pelos responsáveis da pesquisa, não cabendo a instituição, qualquer responsabilidade quantos aos referidos pagamentos. Declaro, ainda, que concordo inteiramente com as condições que me foram apresentadas e que, livremente, manifesto a minha vontade em participar do referido projeto.

Data: ____/____/____

__________________________________ ____________________________________ Assinatura do sujeito/colaborador Assinatura do Pesquisador Responsável

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ANEXO 2 – Transcrição dos Discursos 1ª transcrição – I1 É o seguinte, eu quis falar sobre muitas coisas , a respeito da, tem coisas que agente tem que falar a respeito da ciência, do homem , que o homem hoje ele é um ser que não quer ser comparado , que quer ser comparado a Deus, mas não é, ele foi feito da mão dele , por Deus e hoje e tem outras coisas e até nós como alunos procuramos saber o que o homem pretende quer ser um dia , ele que almeja ver Deus, certo, como nós cristãos almejamos, , tem uma certa frase agora, há pouco tempo atrás , eh , um assunto que nós estávamos vendo no colégio , , e o professor perguntou a nós quem criou o universo e além disso, agente falou com ele que quem criou o universo foi Deus e ele acredita, eu acho, pra mim ele acredita em Deus, que ele fala muito da Bíblia que Deus, que ele falou que aconteceu um caso com ele e tal, mas nós que somos cristãos hoje, e seguimos, quer dizer, que a igreja não salva,mas seguindo o que fé, certo , que é o fundamento das coisas que não se vêem, eu acho que isso é muito bonito de falar, de conversar , eu acho que o ser humano tem que compreender, se você é ou não é, . Às vezes acha que o crente é um careta ou, não quer saber que agente segue a palavra de Deus, que muita gente fala através do universo, que foi criado por Deus o homem sempre indaga aquilo ser more quer, quer dizer ser o melhor, ser assim o alto das atenções, quer , ele quer ser Deus, não quer que Deus esteja do lado dele,e esteja do lado dele.Eu acho que ele inventa coisas, a medicina vem , au,aumentando, a informática, mas tudo que capacidade que Deus deu ao homem.E o homem hoje não quer ser , não quer dizer que Deus existe, às vezes diz que é o próprio dinheiro que é o próprio Deus.Eu acho que não é assim ,eu acho que a Bíblia deixa bem claro o seguinte :Às vezes o homem , ele é muito ganancioso, muito ignorante e sempre nós vemos aqui, como ele fala aqui no salmos da vida , um homem que foi muito assim, é , valoroso pra Deus, Deus ajudou muito e ele dizia: “ o senhor é meu pastor e nada me faltará, me faz me repousar em pastos verdejantes me conduz mansamente, águas , , re, águas me conduz mansamente a águas de repouso, restaura minha alma, guia-me em verdade, em veredas da justiça em seu nome, ainda que eu ande pelos vales das sombras da morte, não temerei nenhum mal, porque tu Senhor estás comigo,tua vala, o teu cajado me consolam , prepara a mesa diante do ,eh, perante mim e diante de meus adversários , unge minha cabeça com óleo meu cálice transborda somente a bondade meus, que persigam todos os dias minha vida e habitarei na casa do senhor eternamente “ e é isso que vemos que o homem que teme a Deus, é assim ele foi um homem que temeu a Deus , teve o reino, teve tudo e hoje, a humanidade e não quer compreender isso, que Deus lutou contra isso, contra todos, contra o Satanás, que vêm operando na vida do ser humano,assassinatos, e agente como cristãos tem que passar isso por pessoas que venham ver ao mundo de outra forma,venham mudar o mundo, as pessoas morrerem , se ver morrer , como no Iraque, pessoas brigam por terras, por tudo e ali foi um lugar sagrado, tem uma porta, hoje, que Jerusalém de que ninguém abre, só Deus quando chegar.Eu acho que, tem muitas , muitas coisas como eu fui a um seminário que teve aqui mesmo em Pojuca falava sobre a co, eu tive, é corrupção do homem e hoje estamos fazendo jejum, oração em prol não só de Pojuca mas de outras pessoas , eu acho que nós que devemos estar ali eh ajudando eh pegando sempre informações da vida que Deus nos deu , procurar evangelizar, dissibular pessoas até as pessoas que hoje se dobram , eh, dobram perante a Jesus no caso de Norton Nascimento, que por uma fatalidade, hoje ele é um servo de Deus.Tem gente não acredita, mas Deus opera, faz milagres na vida, hoje e sempre, mas prefere não, tá no caminho do mal, da tristeza hoje, das guerras , um irmão contra outro e não e isso que Deus quer, certo ?Eu acho que é bom ou como disse o jovem rico pondo-se seu caminho correu um homem em seu encontro ajoelhando ,perguntou : bom mestre farei que herdar a vida eterna ? Jesus olhou: -Por quê me chamas Bom? Ninguém é tão bom como o que é Deus.Sabe os mandamentos Não adulterás,não matarás, não furtarás e diga falso testemunhos não desfrutarás de ninguém e honra teu pai e tua mãe e ele respondeu : mestre, tudo isto tenho guardado desde a minha mocidade então Jesus olhando pra ele, amou, e disse , o amou e disse : -Falta uma coisa, vai e vende tu tem aos pobres terás teu tesouro no céu e então segue-me mas e, constitui com tua palavra triste porque possuía muitas propriedades e então Jesus olhando ao redor e disse: -Quão dificuldade entrará no reino do céus aqueles que tem riquezas e admirado dessas palavras de Jesus,mas Jesus tornando a falar disse-lhes :- Filhos, qual, quão difícil é ,para que confiam nas riquezas , entrar no reino dos, é mais fácil passar um camelo no furo de uam agulha do que um rico entrar no reino do céu.Então as pessoas que têm riqueza hoje se sibus, se subjugam maiores do que tudo querem pisar, maltratar as pessoas, os pequenos pobres que passam fome, certo? Hoje você vê um mendigo, você, como índio que mataram, filhinho de papai, cadê? Estavam com o quê? Endemoniados, estavam eh, com,ma, matando uma pessoa, como esses, pessoas que vêem na rua estão sendo assassida, assassinadas no Rio, como mataram mendigos, o que eles fizeram para morrer ?, não é isso ,Deus não quer, não quer de ninguém, não quer, certo ? É por isso que estou aqui pra falar, pra chegar e testemunhar o que Deus fez.Como eu que era uma pessoa que colecionava armas, eu era uma pessoa muito violenta, mas Deus me curou disso de todo mal como diz hoje, amar ao teu próximo como, como ele diz qual os dois mandam, amar a Deus sobre todas as coisas certo e ama e ama o teu próximo como a ti mesmo.Eu quero amar a Deus, certo, como todas as coisas, como sempre amando ajudando a minha família, o meu pai, eu sei que

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amo muito certo, meu pai eu tô vendo que Deus está mudando a vida dele e vai mudar a vida, a família de cada um, de nós aqui, brasileira, certo? O brasil está diante do trono, foi tão maravilhoso aqui o que Deus sempre fala com todos nós, só a Deus crer e ter fé .Eu acho que a família onde estou hoje falando assim, esta pessoa que está me dando esta oportunidade de falar eu quero que eu meu testemunho sirva não para ela que vai ouvir e não para o professor, aquelas pessoas da faculdade que está freqüentando, que ouça este testemunho que Deus faz maravilhas na vida das pessoas de muitas outras pessoas ô pai eu sei que hoje você está me dando uma chance para eu falar ao mundo o que Deus fez por mim e por todos que estão evangélicos, estão pedindo, fazendo uma obra, e que muitos vão se converter através desse meu testemunho. Essa é minha alegria meu pai, oh pai eu te peço, muitas coisas que o senhor venha nos ajudar nos quebrantarmos para que essas pessoas ouçam que nós, que estou falando, que eu estou falando o Espírito Santo está me ajudando continua o ESPÍRITO Santo falando palavras doces na minha boca para que esse povo ouça essa gravação lá no Chile, São Paulo, nos EUA onde há mais a violência, a guerra está ou que seja mais além no Iraque em Jerusalém onde lá , que esteja na tua mão essa gravação que leve ao mundo que ouça a voz do Senhor e não a minha porque sou apenas um vaso usado por ele.Meu pai eu te peço falar, e tem outras coisas mais Senhor, tem muitas coisas que ainda eu pretendo falar que as pessoas ouçam ,certo, que agente tem de falar sobre o diabo porque veio pra acabar com o mundo acabar com tudo certo, isso eu acho que nós devemos mostrar não só aqui que estou falando mais essa gravação. O ladrão vem somente para roubar matar e destruir e eu vim para dar a vida eterna e a vida toda.Quem é o ladrão é o Satanás então ele veio para roubar, matar, certo? E destruir as pessoas e Deus não, veio que veio em vida com abundância. Ele é um bom pastor, bom dá vida pela, o mercenário não, que é o diabo não é o pastor a que , não pertence as ovelhas vem vir ao lobo abandona as ovelhas e foge então o lobo as ataca e dispersa.Ele foge porque mercenário não cuida, mas eu sou um bom pastor e conheço minhas ovelhas e elas me conhecem, por isso o pai me ama porque doou a vida pra ,para retoma-la, ninguém tira de mim, mas eu dou espontaneamente tenho autoridade para dá-la e também para retoma-la esta é ordem recebi do meu pai.E é isto meu pai hoje estou aqui também isso aqui me deixa feliz vou tentar falar, eh, chegar, , eu acho que muitas coisas os amigos que eu tinha da minha bebedisse todos saíram, hoje eu tenho irmãos que gostam de mim, certo, e tem outros não que ,é apesar de você ,sua aparência, eles andam falando não que eles gostam, mas as vezes, querem ser melhores,conheço irmãos ali meu irmão que só a misericórdia de Deus, mas eu não pretendo falar, um dia Deus vai mostrar que ele hai de se prostar na frente do senhor e largar aquela exaltação toda. É meu pai, eu te peço que o senhor me ajude com essa gravação que comova as pessoas que estão aqui, que estão se prostando, certo, que ilumine cada vez mais a vida de pessoas com esse, essa pequena entrevista que eu estou dando.Ô pai é bom meu pai eu também queria falar de outras coisas, de outra coisa , e muitas vezes a gente vê que as pessoas hoje só querem é maltratar os irmãos também, mas como vê às vezes eu vejo na cadeia, aquelas coisas na FEBEM muitas outras coisas não é mesmo?Não devia ser assim, que as pessoas não deviam tratar , o ser humano, criar preconceito nesse mundo, mas Deus não quer isso, queria que todos irmãos. Eu fui num evento também sábado foi tão bom este evento a sede nacional dos Pastores aqui em Pojuca foi ta bom de ver Igrejas reunidas porque há divisão, há, tem algumas querendo ser melhores que outras porque Deus não vem buscar placa de Igreja ,vem buscar a mim e a você. Se você fizer obra então é maravilhoso, e sou um fanático, sou, sou apenas um evangélico, um cristão que crê nas coisas de Deus certo?, Crer nas coisas de Deus porque por amor de Jesus agente supera ,tem paciência e suporta, certo, tudo suporta.E Eu suportei a minha vida toda,tudo, todos me criticando, amigos, certo, que me dizia ah José: você vai chegar a ter nada na vida ,mas Deus me abençoa , abençoa a todos nós e àquelas pessoas eu tenho que orar. A verdade dizer que você não é ninguém, você sempre foi alguém, você é alguém, mesmo que você chegue pra uma pessoa, ah, você é um derrotado, não. É o diabo que pensa que você é, um derrotado, você não é um derrotado.Eu aprendi isso muito na vida e eu quero que Deus ilumine o meu caminho muito. Muita gente que queira menosprezar, você, certo, às vezes, mas não deixe.É muito bom isso, falar, debater, certo ,de, não de religião, mas das coisas da vida como está hoje o Brasil, essa violência, essa marginalidade, certo.É tão triste , nosso, ver que essa marna, essa marginalidade toda, essas drogas todo, é como diz que o mundo já é do maligno. Muitas pessoas não querem saber se você é ou não, deixou de você ser de tudo assimparte. Muitas coisas, certo.Gostei muito de falar, de saber de muitas coisas, de outras coisas mais, de falar, também de chegar a saber que o mundo lá fora tá tão assim largado, as pessoas hoje não ligam mais a pessoa vai lá pa fora pra trabalhar ,ninguém quer saber,ninguém quer falar de você, não quer nem entrar , você chega assim entre e ,eu sei que tem pessoa generosa no mundo mas ninguém quer saber se você é generoso no mundo, mas ninguém quer saber se você é generoso ou não,não quer ser amigo ou não, pensa que é um vagabundo ou um ladrão mas não é assim.Você é um homem valoroso de Deus, Você é um homem abençoado, você é um homem capacitado por tudo que você faz, não importa que uma pessoa chegue e diga alguma coisa de você, fale, abra a sua boca, escolha, eh, diga coisas de você, mas você está ali ajudando o que você está fazendo não é para você é para Deus não importa que o homem fale,que nada fale mas por isso agente às vezes fala , pensam que nós somos fanáticos, não somos fanáticos, somos apenas amigos de Deus,portadores da paz ,certo que essas hoje em dia, nós que falamos da paz , sempre ta ali querendo criticar a fé desses dez e vemos que o mundo eh, que Deus abençoou,mas Deus venceu o mundo, venceu de tal maneira que ressuscitou.Cadê esses que ressuscitaram? Nenhum, jamais.Ô meu pai eu te peço por tudo que é mais sagrado,

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que os que ouvem essa gravação acha muitas coisas boas que eu vou falar, estou falando e hai de falar do mundo, das pessoas, certo, muitas idéias na minha cabeça, eu gosto de falar, memorizar, de trazer outras coisas, certo, bom demais, é bom, falar, poder dialogar certo, falar outros idiomas, todo mundo gosta, mas primeiramente tem sabedoria do espírito santo de Deus ,nada que vem do seu eu ,você não pode fazer ,então nós estamos aqui para chegar ,para falar e pra ,não pra menosprezar , ,mas falar de tudo que é bom, tudo que é melhor pra você irmão é ter saúde e a virtude mas não, quer a ganância , quer o poder , quer guerras em cima de guerras, violência por cima de violência.

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2ª transcrição – I2 Eu vou começar falando um pouco da história da minha família. Bem em relação aos meus pais e meus avós . Minha mãe é de SãoPaulo e o meu pai é de Salvador. então toda a minha família por parte de mãe é de SãoPaulo e por parte de pai é daqui da Bahia. Por parte de mãe tem descendência italiana, ou seja, a minha avó e bisavó eram italianas. E já por parte de pai, a característica mais marcada é a história da minha avó por causa da educação que sempre foi o objetivo de vida dela a busca dela de construir, de construir uma coisa sólida na educação na área escolar. Então quando meu pai tinha seis anos minha avó era professora, formada em pedagogia. Quando meu pai tinha seis anos ela resolveu abrir uma turma, uma turminha de alfabetização pra alfabetizar ele e outras crianças. Alfabetizar. E a partir daí ela criou novas turmas, foi crescendo essa coisa e criou uma escolinha e essa escolinha foi crescendo, foi crescendo, tinha a primeira série depois mudou pra uma série maior, aqui em Salvador. E e tinha todo o primeiro grau depois de alguns anos e e depois se mudou pra um prédio bem grande até desde as primeiras séries até o segundo grau, terceiro ano, pré vestibular. Então assim essa questão da educação é bem marcante na minha formação e na da minha família. Depois de um tempo que meu pai cresceu, ele assumiu a escola junto com minha avó. Minha mãe que eu vou contar a história como se conheceram também quando veio também trabalhou na escola e então eu cresci muito nesse meio sabe. Da educação mesmo tanto que assim que desde que eu era pequena eu vivi muito quando eu crescer eu quero trabalhar nessa área, isso é um desejo muito grande pra mim. E minha avó tem um apego muito grande por mim essa minha avó mater, paterna que foi a única que eu conheci. Eu não conheci nenhum dos avôs e minha avó materna também não. Só conheci essa avó e meu pai é filho único. E eu a primeira neta do filho único dela então aquela coisa , é super carinhosa comigo, cuidadosa, fazia muito minhas vontades assim. Eu vivia muito na casa dela sabe, eu ia muito na casa dela e ela também era muito religiosa, era católica, ia muito a missa. Já não tinha o marido na época que eu nasci também minha avó não tinha nenhum namorado, nenhum outro homem. Então assim era ela era muito bonita, tem hábitos meus que eu trago até hoje que vem da época dela que eu cresci assim de até hoje de alimentação que comer feijão com banana sabe . Essas coisas assim que eu acho que pra mim são muito importantes assim na minha base de minha formação sabe, de ter esse carinho de ter esse exemplo. Era uma pessoa que era muito preocupada com o outro, com o próximo sabe com educação. Não só com a educação da escola que ela se dedicava 99% da vida dela a isso, mas também em ajudar no que ela podia. Ajudava pessoas conhecidas. Pessoas que tinham uma condição econômica menor que ela podia de alguma maneira ajudar. Então são coisas assim que tem muito haver assim. e sim meu pai era uma pessoa assim muito alegre, muito é assim que vivia muito a vida intensamente. Sabia que. Essa mesma formação da mãe dele . Essa coisa de ajudar o próximo, ser muito correto. Aliás Minha família, essa minha família por parte de pai. Minha avó tinha onze irmãos então eu tinha onze tios avós. Assim eu não tenho tios de primeiro grau por parte de pai porque ele era filho único e mãe só tenho dois que moram em outra cidade. Onze tios avôs então assim essa família tem muito assim esse negócio de ser correto, de serem bons então eu acho que as vezes até acabam tendo sei lá. Eu acho que as pessoas se aproveitam disto pelo fato de ser mesmo muito correto, de ajudar as pessoas e as pessoas que não tem a mesma índole acabam se aproveitando disto . Mas uma coisa muito forte na minha família. E eu sempre me identifiquei muito com essa parte da família que era mais presente, tanto que eu queria ter o sobrenome dele. Que o sobrenome completo de meu pai ,que é o sobrenome de minha avó que eu não tenho. Eu tenho do meu avô que foi pra ela depois sabe. e meu pai trabalhou na escola teve três formações universitárias assim Direito, que ele fez no RiodeJaneiro, Economia e Pedagogia pra poder assumir a escola com minha avó. E e ele já tinha trinta anos, trinta e poucos anos, tinha carro, e não ficava com uma namorada séria pra casar assim sabe , Minha avó sofreu assim. e veio minha mãe . Minha mãe, SãoPaulo nasceu no interior e sempre teve que trabalhar pra sustentar a família desde cedo desde os quinze anos. Trabalhou como secretaria no sei o que aquela coisa toda. Ai a avô dela, a mãe dela faleceu quando ela tinha quinze anos e ela foi pra SãoPaulo capital com o pai e os irmãos. E e lá ela também trabalhou, estudou, estudou psicologia lá em SãoPaulo,sempre foi muito independente assim nessa questão mesmo de trabalhar, buscar as coisas. E e quando ela tinha sei lá seus vinte e cinco, vinte e seis anos eu acho por ali o pai dela faleceu. E ela já tinha vindo pra PortoSeguro pra curtir, férias ela sempre gostou e numa dessas vindas ela conheceu uma pessoa que trouxe ela pra cá, pra Salvador, uma amiga, no carnaval e que era amiga de meu pai também e eles se conheceram. E e se conheceram se apaixonaram aquela coisa ela voltou pra SãoPaulo e fez um concurso da Copene, Petrobrás, que era do Brasil inteiro pra recursos humanos pra trabalhar aqui no Pólo e ela ganhou, foi selecionada. e veio não sei o que, namorou um pouquinho, casou e eu nasci. E assim é, é minha mãe fala da minha gravidez foi muito boa, muito tranqüila. Que ela não enjoava e que foi muito esperada porque que meu pai dizia que ele queria muito naquele momento constituir uma família, ter uma esposa, ter filhos porque como eu falei ele era muito boêmio, tocava violão, carnaval sabe, era músico e e essa curtição de solteiro ele já tinha curtido tudo, aproveitado tudo o que ele queria aproveitar e que ele queria agora continuar curtindo, ele continuava com os amigos músicos mas queria realmente constituir a família ter os filhos dele e curtir essa etapa também. E por parte de minha avó também foi bastante esperada porque com certeza tinha o desejo que o filho

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casasse e ter netos e tal. Então assim eu nasci num ambiente com muita harmonia que as pessoas estavam me esperando, estavam me querendo e meu nome é o nome de uma tia de minha mãe muito querida de minha mãe, Maria Gesiane. E na família de minha mãe tem umas seis Gesianes ou desculpe quatro Gesianes e duas ou três Marias Gesianes um negócio desses assim. Então é assim um nome marcante também que traz uma história sabe uma homenagem a uma pessoa querida dela.Então minha infância . Minha mãe disse que eu era um bebê muito tranqüilo, calmo que eu dormia sabe. Não dava trabalho que. E eu tenho uma coisa interessante quando eu era bebê é que minha mãe diz que ela é uma pessoa, que ela era uma pessoa que sempre buscou muito os objetivos dela, satisfazer os desejos dela e tal. E que no momento que eu nasci mudou isso um pouco nela de estar voltando as atenções a um outro jeito, diferente entendeu como se vou fazer o que é meu . e quando eu nasci ela passou mais essa coisa de do outro,de procurar o bem estar ,de procurar uma harmonia maior é sei lá uma dedicação maior pelo outro. E assim ela dizia que não tinha mãe não tinha uma pessoa pra ensinar ela, tinha a minha avó que foi uma segunda mãe pra ela. Essa minha avó por parte de pai, ela foi muito bem recebida por ela que minha avó deu o maior apoio ao casamento deles. E e minha mãe conta que quando eu nasci ela ficou três noites só olhando pra mim vendo se eu estava respirando se estava tudo bem. Chegou um momento que minha avó chegou e não: você tem que comer urgente. Que ela não comia três dias direto parada olhando pra ver. E e que os cuidados comigo eram imensos do tipo corda pra empendurar corda ela fervia, fervia tudo sabe. Pelo fato de ser a primeira e de não ter tido outras experiências sabe. Ela estava preocupada de conseguir acertar de cuidar bem de mim e e ela levava tudo assim, tudo aos extremos. Que alguma, meu pai tinha um grupo de amigos que saía pro carnaval e que tiveram filhos na mesma época e que eu considero como se fossem meus tios assim não são de sangue, mas é como se fossem tios pra mim apesar de não serem irmãos, mas são amigos irmãs deles. E e as esposas deles duas principalmente ajudaram a minha mãe a dar banho no sei o que a cuidar de mim. E minha mãe Ela conta que adquiriu experiências assim interagindo com babá. Que uma, como é que foi. Que uma que quando dava o horário de eu comer eu chorava que eu chorava muito. E que a babá essa menina chora muito no sei o que e minha mãe toda assim e minha mãe e pegou saia da minha casa agora no meio da noite colocou pra fora. O instinto materno de minha mãe era muito forte, muito forte mesmo e que aflorou e como eu falei nesse momento sabe despertou, despertou. Teve uma fez também quando eu tinha dois anos eu acho, ia viajar pra SãoPaulo e levou a babá junto e ela saiu e quando ela voltou e soube que ela deu um tapinha em mim alguma coisa assim, minha mãe também sabe ficou pirada, no sei o que passou mal e mandou embora na mesma hora. Do bebê não lembro. Mas essa em SãoPaulo eu tenho alguns flashes eu lembro na casa de minha tia. Eu não lembro exatamente desta ida ou de outra ida, mas pra mim eu tenho alguma lembrança. Minha mãe. Da babá eu não lembro não, o primeiro eu era recém nascido sabe e esse outro não lembro. Aí, ou seja, cuidando muito de mim.É muito forte, eu acho que é muito importante pra segurança que eu tenho hoje em dia com relação ao mundo. Claro que a gente tem medo assim, minha mãe sempre passa que as coisas vão dar certo, coisas positivas, de ser positivo, as coisas pra frente às coisas pra frente e certo. Que pode ter dificuldade, assim de desânimo, mas eu sempre penso mais no lado positivo. Eu sou uma pessoa assim, seja qual for a situação minha tendência é muito maior para o lado positivo do que negativo. Sabe de achar que as coisas não vai dar certo.ai meu deus não vai dar certo. Eu não. Eu posso estar, seja qual for a situação eu tenho muito mais a tendência de que vai dar certo, ou de alguma maneira vai ter um desfecho bom. É assim tem haver com a minha história assim dessa harmonia. Depois de dois anos nasceu a minha irmã mais nova. e é. e minha mãe conta que ela usou a estratégia de, não ter aquela coisa do irmão mais novo se sentir sabe. Com as atenções voltadas pro mais irmão novo. Pro mais velho não ficar com ciúmes do mais novo . Você sabe quando nasce um novo bebê todo mundo se volta pro novo bebê. Criando aquela velha estratégia de valorizar a irmã mais velha. Muito engraçado , valorizar assim, mas com certeza eu senti, minha mãe conta que, fala que depois que minha irmã nasceu eu fiquei um pouco mais tímida mais na minha que até então eu era mais solta. E que depois que minha irmã nasceu eu fiquei mais tímida. Mais assim é ela sempre buscou, eles sempre buscaram fosse muito boa sabe. Cultivava o mesmo quarto, minha mãe dizia que irmã tem de ser unidas. E eu lembro que desde cedo eu viajei é uma característica bem marcante na minha família na minha história. Com medo eu fui fazer uma viajem de trailer pra Maceió. Que meu pai sempre gostou de viajar de carro, dessas coisas assim e meu pai tinha um trailer. e foi fazer uma viagem comigo pra Maceió, passeando de barco sabe. Então desde pequena sabe eu já viajava pra vários lugares e eu tenho muitas lembranças dessas viagens. É e minha mãe conta que dessa vez, meu pai tinha cachorro, adorava cachorro. Lá em casa sempre teve muito cachorro, dez cachorros. Quando for lá em casa e. e teve, não lembro se foi dessa vez, acho que foi.tinha um pastor alemão e eles eram treinados. e essas babás, não sei o que foi o que aconteceu, eu sei o cachorro estava no lado de fora, não sei se a babá estava na rua. Só sei que quando voltou o cachorro entrou e ela ficou com medo de entrar, e como meu pai e minha mãe entraram, chegaram e cadê está lá tomando conta de mim, todo guardando assim sabe o bebê, a criança e eles ficaram todos felizes. E a gente sempre viajando. Assim quando minha irmã nasceu eu tinha três anos quando eu era bebê ainda eu fiz minha primeira viagem pra Disney. Porque com ma coisa da escola, minha avó tinha excursão levar os alunos, ir pra Disney, meu pai era bom de inglês. E já dessa viagem eu me lembro bastante. Eu com três anos eu lembro eu lá na Disney, aqueles brinquedinhos, pra criança de três anos então aquele sonho, aqueles bonecos, aquelas cores sabe. E viagem de navio eu lembro que pequenininha eu conheci uma menina da Argentina na

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praia e no navio e eu falava eu tenho uma irmãzita, irmãzita. E desde essa época já da irmãzinha, sabe da união. Foram muitas viagens, viagens no Brasil, nordeste, riograndedosul, pantanal, SãoPaulo. Então é a gente ia e é claro depois minha mãe ia com a gente. Nós quatro tinha assim sempre se encontrava um tio sabe ou um primo que era um pouquinho mais novo que meu pai que eu considero como tio mesmo ia sempre com meu pai. É tem um outro também que sempre viajava com meu pai, então era sempre, era uma vida bem dinâmica assim, muito harmoniosa, muito dinâmica. é sempre assim no final de semana a ia pra fazenda , na primeiro na Chapada depois em EntreRios. e sempre final de semana ia pra fazenda, levava os amigos, fazia churrasco, montava cavalo sabe ia tomar banho de rio, SãoJoão sempre fazia festa e chamava todo mundo, sabe aquele monte de crianças, vários tios e vários amigos assim que eu considerava primo mesmo. Todo mundo da família e era uma coisa muito saudável, pura, verdadeira que eles iam pra tocar violão, pra conversar, ah minha comadre, meu compadre , brincava, sabe. Não era uma coisa assim que tinha, pelo menos nunca ficou claro conflito, inveja aquelas coisas assim que são normais, que existem. Então assim eu cresci muito neste ambiente de muita harmonia muita tranqüilidade, muito divertimento, muita fantasia ao mesmo tempo sabe. O mundo praticamente perfeito. É sei lá tudo era bom, meus pais sempre em muita harmonia, sempre dando muito carinho pra gente eu e minha irmã unida sempre sendo amiga. Eu tinha sempre um ótimo relacionamento com esses meus amigos de infância. E enfim as atividades, a escola. Eu estudei primeiro, eu nasci na BocadoRio quando eu tinha. quando minha irmã nasceu a gente foi morar em Amaralina somente um ano. E depois a gente foi pra uma casa no Costa Verde. um condomínio lá perto do Costa Verde, que eu fiquei lá até sei lá os dezessete anos ou seja praticamente minha vida inteira foi lá. Foi outra coisa boa pra gente, uma liberdade, um condomínio muito arborizado, tinha uma lagoa sabe a gente podia andar de bicicleta no condomínio, também fiz amigos lá. É foi uma coisa muito boa na infância porque a gente teve uma infância que não foi tão assim como é de uns tempos pra cá apartamento, no sei o que, ficar trancado. Não pode. Tirando o pessoal que é do interior que tem essa liberdade. Mas quem é da cidade mesmo. E a gente não teve fazenda, condomínio, casa de praia, teve uma, um contato com a natureza, uma liberdade maior. É assim e na escola eu estudei na um dois três, mas só os dois primeiros anos eu lembro bastante porque tinha o desfile do sete de setembro que fazia na rua e tinha toda uma fardinha assim sabe, eu lembro muito nitidamente. E nessa época tinha um primo meu do meu tio avô estudava lá também e que foi também um primo muito próximo assim até as essas horas mas que era muito unido porque o pai dele morava no prédio de minha avó e e eu chamava ele de fofo e eu chamava ele de fofa e foi uma amizade. Foi uma amizade bem marcante na minha infância. A gente brincava muito junto e tal. E e assim na escola me lembro sempre de me dar bem com as colegas. Não tinha problemas de brigas ou dificuldades de me relacionar. Com as professoras eu me dava bem. Sempre tive facilidade pra aprender as coisas. É sabe nunca é nunca tive grandes problemas de aprendizagem, de . também muito bom, também bem legal. Eu fiz amizades duradouras que até hoje sabe que duram até hoje da época do colégio. Eu tenho amigas minhas de sei lá quando eu tinha quatro anos. Que depois eu depois de quatro anos eu mudei pra outra escola que eu fiquei até a sexta série. e tenho amizade de lá que até hoje Que também foi assim uma escola, era uma escola muito também compromissada com a educação com as coisas muito corretas, um ambiente muito saudável. Era eu me sentia muito cuidada , uma preocupação com os alunos, com os pais. É uma preocupação em ensinar de maneira a fazer o aluno raciocinar aprender, e eu aprendi muito montisoriana, que tem a ver com o método sabe. De não só decorar, de você raciocinar aprender a pensar sobre as coisas. Lá eu também recebi, são coisas que me deixa muito grata até hoje, tinha muita coisa com arte. Tem uma matéria mesmo na quinta série que a gente criava era arte criada. A gente aprendeu a história da música brasileira desde o samba, bossa nova , a tropicália, tem a história da música. Tem letras de música que eu sei graças a isso, porque se não fosse isso eu nunca ia , Bezerra da silva, coisas de ChicoBuarque que não fazem parte do universo musical da minha geração sabe da nossa. Tem famílias que as pessoas gostam muito por isso conhecem ou tem o interesse muito grande por isso conhecem mas são conhecimentos que a grande maioria não teve acesso em escola principalmente. Lá na EREM era um fator da minha vida que era muito bom, as amizades. Essas amizades assim. as amiguinhas final de semana viajavam comigo pra fazenda. Minha irmã e as amiguinhas dela também viajavam todo mundo junto. É aniversário. Eu sempre festejei meus aniversários todos é com meus amigos sabe muita festa coisas assim.Meus pais é eles estão muito presentes, e eu e minha irmã sempre foi muito dedicada e tudo e tal e eles nunca precisou acompanhar, no sei o que nunca precisou ficar no pé nem era do tipo que cobrava ah se tirar nota boa. Se não tirar nota boa sabe. Eles davam aquele apoio que era preciso se a gente fosse atrás, mas eu nunca me sentia pressionada. Quando saia o resultado e se saía bem e ele sempre parabenizava, festejava, sabe, incentivava. Assim eles valorizavam sabe. Não era aquele negócio eles tiraram nota boa e pronto. Eles valorizavam, tem de continuar, no sei o que. Então incentivava muito a gente.É assim eu sempre fui, desde a infância eu sempre fui, sempre tive muitas atividades. Uma coisa assim minha. agora que eu estou parando pra ver, agora que eu estou parando pra raciocinar e tudo. Mas eu sempre fui assim, ia pra escola, fazia aula de natação, fazia aula de piano sabe. Fazia inglês então eu sempre eu fui dinâmica assim sabe. Não sei até que ponto também desde aquela época eu era, isso me muito sobrecarregava um pouco sabe. Mas é sempre foi uma coisa que eu fiz muito por sei lá por gostar mesmo. Muito de música, eu ia fazer aula de música. Dança, ia fazer aula de dança. Natação, ia fazer aula de natação. Eu sempre tive assim muitas, nunca fiquei só em escola sabe. Sempre tinha a escola e a atividade paralela a ela.Eu

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queria fazer balé, mas minha mãe não achava muito bom porque mudava com a estrutura do corpo, o pé tinha no sei o que. Eu tinha frustração. Poxa minha mãe não sei o que, mas eu acabei desistindo, pois ela achava outras coisas melhores pra mim. Mas assim sempre fiz muitas atividades assim extras à escola sabe. Preenchia o tempo com coisas boas. Hoje eu continuo assim, mas hoje eu paro pra avaliar até que ponto eu posso ir. Em determinados pontos eu me sobrecarrego hoje em dia, eu me sobrecarrego. E e quando eu vejo a infância, que é uma característica minha de eu me envolver em todas as atividades desde lá entendeu. Naquela época não sobrecarregava porque eu gostava do que eu fazia até como hoje. Mas hoje eu tenho uma consciência crítica de tentar parar pra ver se poxa acho que me sobrecarregou. Acho que sabe. É mais assim o que eu, eu falei nunca foi obrigação. Pra mim sempre foram coisas muito prazerosas. Eu não me importo de sobrecarregar em momentos, mas tem que ser prazerosa pra mim. Eu fiz teatro também. e um fato mais importante quando eu tinha dez anos minha avó faleceu e e eu fiquei muito triste e tal apesar de não querer demonstrar tristeza de é . eu só lembro eu chorando assim uma vez sabe assim que eu soube. Meus pais não queriam que eu, eu fosse pro enterro mas meus pais sempre tentaram me proteger das coisas difíceis, das coisas das dificuldades da vida, do outro lado sabe. Mas assim claro que eu senti muita falta e tal. E até então eu estudava em outra escola que não era a da minha avó porque minha mãe se eu fosse pra lá os professores iam confundir, os funcionários, por ser neta da dona, filha do dono da escola e tal. E assim como eu falei de minha avó eu tinha muita adoração por ela, pela família dela e eu tinha vontade de estudar lá. E e na sexta série eu fui. eu fiz até a sexta e na sétima série eu fui estudar lá na escola que era dela. Agora que ela tinha falecido quando eu estava na quarta. E tipo assim eu tinha me preparado pra isso, já tinha vontade de ir e fui. e é também assim foi uma experiência ótima pra mim lá fiz muitos amigos lá. É assim que realmente tinham pessoas que não sabiam diferenciar que não sabiam lidar com o fato de eu ser a filha do diretor, da diretora. Porque minha mãe quando ela veio, eu esqueci de falar isso ela trabalhou na Petrobrás até quando eu nasci. Quando eu nasci ela tirou a licença e tal e de depois de um tempo ela não voltou pra Petrobrás e foi pra escola. Ela psicóloga assim então tinha facilidade pra trabalhar na área de educação. É e e ela trabalhou na parte de coordenação pedagógica e tal. E e quando minha avó faleceu minha mãe assumiu a escola. E e sim a escola. A escola sempre foi um divertimento pra mim e pra minha irmã. A gente ia, ia pra cantina, pedia um lanche ou então ia pra sala de meu pai e pedia dois mistos e não sei o que. e ficava na mesinha, ligava pro funcionário. e todo mundo tratava a gente super bem, porque minha avó era super querida, meu pai, minha mãe e todo mundo com aquela coisa com a gente. E como eu falei a gente sempre participou daquele universo ali, a gente estava numa reunião dos professores ou tinha gincana de lá, colégio grande a gente participava, ia assistir, muitos eventos, muitas festas então a gente cresceu ali era como uma segunda casa. Então eu tinha participado daquilo mais ainda. e foi isso na sétima série eu fui e fiz amizade fácil. Fui bem recebida. Muito bem recebida. É assim nos estudos eu sempre continuei tendo facilidade. Não tendo grandes dificuldades. Era difícil no lado assim quando a gente reclamava alguma coisa ou então reclamavam na minha frente mesmo pra dar uma indireta sabe, alguma pessoa, algum aluno, algum funcionário. As vezes eu via riscando ou sujando, quebrando mas assim a gente também sempre manteve a nossa postura de aluna sabe. Eu sou aluna nada mais e nada menos. nunca me aproveitei pelo fato de ser aluna, de ser a filha do dono da escola pra tirar vantagem de algum tipo. Nem participava das olimpíadas, gincanas brincando e pra meu pai torcia que a gente perdesse pra que ninguém dissesse que tinham roubado pra gente sabe. É mais assim Lá na escola também era um universo a parte assim porque acho assim pelo fato de minha avó se dedicar tanto, se dedicar tanto aquele sonho sabe isso é uma coisa verdadeira, sabe, de muita harmonia, de muita busca e de muita verdade nas relações com os alunos, com os professores, com os funcionários sabe. Não era um emprego, não era uma escola que era uma empresa que queria sei lá qualquer outro objetivo que não fosse educação em primeiro lugar. O objetivo não era o dinheiro pelo dinheiro e também não era mostrar que é a melhor escola. O objetivo é formar cidadão, formar pessoas, amigos, sabe transmitir o conhecimento da melhor maneira, era uma coisa assim muito forte. Tanto que até hoje todo mundo que estudou lá fala muito disso. E eu já minha adolescência já foi lá na escola e e na sétima série eu tinha treze anos. E na oitava série e e conheci vários amigos no sei que, aquela fase de adolescente entrando. e a gente já com essa nova turma a gente fazia viagem pra casa de praia sabe com a galera, esse negócio de paquera, no sei o que. A gente já estava curtindo, mas uma coisa muito saudável assim eu sempre tive muitos amigos e é sei lá que foram e são relações sólidas assim. mas não são aqueles muitos. Eu conheço muitas pessoas. Não são milhares de pessoas, mas eu conheço várias e tenho um relacionamento é forte, sincero. Procuro conhecer bem a pessoas sabe. Não conheço hoje ah é meu melhor amigo sabe, conto toda a minha vida. Eu não sou assim. Eu gosto de ir conhecendo aos poucos e também de ir mostrando aos poucos pra que é pra ter uma construção sólida mesmo, sabe, um processo. E e são lembranças maravilhosas que eu tenho. E assim essa fase, essa fase que a gente começou a se voltar assim pros amigos, pra os meninos de condomínio, pras meninas do condomínio. Não queria mais estar indo mais a fazenda aos finais de semana. e minha mãe sentiu mais, ah vai pra fazenda sim. Meu pai não. Meu pai , se elas não querem ir deixe as meninas. Eu sabia que ele queria mais ele conseguia mais, deixe elas fazerem as vontades dela. Até então agora carnaval a gente ficava numa fazenda perto de Ilhéus. Ficava numa serra, outro lugar que a gente foi muito. Tinha uma represa enorme com uma plantação de bambu na coisa. A gente pegava,cortava o bambu levava a linha fazia vara, botava minhoca, e com a vara pescava. não tinha luz era tudo lampião. Eram

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três isopôs assim cheios de comida. Meus pais sempre foram assim de muita comida, fartura, final de semana churrasco chama os amigos sabe e eu levei isso deles, com certeza. Se fosse fazer algum evento assim tinha de levar bastante, tratava todo mundo bem, ter variedade sabe. É pra receber bem, pra ter um bem estar e aí. a gente começou a querer passar carnaval aqui em salvador a sair em bloco mas e assim meus pais foram se adaptando, eles foram flexíveis. Minha mãe que tinha mais uma coisa de querer estar junto. Meu pai não. Quer assim então vamos, compra a camisa do bloco, se adaptava. Comprava um, na época tinha um barzinho que ficava hoje em dia não tem mais, na Rua em Ondina no meio tinha um barzinho tipo um camarote. Naquele tempo não tinha muito camarote que nem hoje em dia que vende camarote, tinha uns barzinhos. e comprava e quando A gente passava e a gente ficava ali com ele curtindo sabe, ele ia se adaptando assim. Foi e assim é com meu pai assim. Meu pai pegou assim esse início da minha adolescência, minha pré adolescência pra adolescência dezesseis anos. Foi quando eu tinha dezesseis anos. e ele começou a pegar um pouquinho essa coisa de paquera, tal mas não eu não cheguei a ter um namorado ou namoradinho, alguma coisa assim mais que eu pudesse dizer. Meu pai era assim meu ciumento porque quando eu comecei a andar com os meninos do condomínio iam lá pra casa e no sei o que e ele não. Até tal horário. Eu não tive esse negócio de pai . não pode namorar. Nunca tive essa dificuldade de namorar. Porque quando eu comecei a namorar já não tinha meu pai, era minha mãe. E minha mãe sempre conversou com a gente, mas sempre deu a liberdade, confiou na gente. E e quando eu fiz quinze anos e meu pai fez cinqüenta. E minha mãe eu quis fazer uma festa de quinze anos que ela sonhou. Eu não sonhava assim com quinze anos ,ser a princesinha no sei o que. Só que como minha mãe queria tanto. Eu sempre gostei de comemorar aniversário, eu queria comemorar, mas não. Eu sempre fui muito discreta sabe eu não queria nada que chamasse muito atenção. E minha mãe queria fazer e por ela também eu vou fazer e esse fez junto com o de meu pai. e procuramos um lugar que tinha boate do lado de fora tinha um pátio. e dava pra fazer na boate a festa dos jovens. no pátio na mesma festa tinha outro ambiente e no maior capricho com maiores detalhes assim e foi escolhendo decoração, roupa buffet e tal. E eu não queria vestido no joe, ou longo, longão e tal. Eu queria no joelho. Foi muito engraçado todo mundo usava vestidão e eu não gostava não queria. E foi assim uma festa inesquecível. Foi meus amigos, minha família os amigos de meu pai e foi lindo assim. foi muito melhor do que eu esperava e até se eu estivesse com uma grande expectativa seria muito bom. Mas eu não tinha expectativa, não era meu grande sonho festa de quinze anos que tem várias meninas que tem e foi um momento assim e foi muito lindo assim, muito legal. E eu sou grata até hoje com ela por isso porque ela me proporcionou esse momento, me deu um anel, sempre tinha isso meus pais. Sempre tinham coisas assim, é a gente sempre teve uma condição, essa coisa do anel, a gente sempre teve uma condição financeira boa. mas assim eu e minha irmã não achava nada de grandioso por causa disso, a gente sempre teve usufruiu mas nunca super valorizou, nunca pediu e eles sempre surpreendiam a gente e não nada assim de um gasto do tipo eu pedia no Natal uma agenda e meu pai mandava e ganhava um vídeo game sabe. Tinha muita coisa de surpresa. Era aniversário de uma e sempre tinha surpresa no sei o que. Chegava de manhã tinha flor, com flores, parabéns ou então fazia uma festa surpresa ou então esse carinho um com o outro de querer agradar, querer surpreender assim, é proporcionando coisas boas. e teve esse negócio do anel que eu nem sabia que ia ter quinze anos e botou o anel. e e minhas amigas é fizeram uma mensagem, e leram a mensagem lá na hora e eu toda assim e eu assim na filmagem toda tímida. Os convidados chegando sabe e eu toda assim segurando nos dedos. Na hora eu nem percebi . Eu toda, sabe eu sempre fui muito tímida e também a atenção voltada toda pra você. mas ao mesmo tempo também nunca me atrapalhou essa timidez sabe. Foi assim um momento bem marcante essa festa de quinze anos. E e no ano seguinte meu pai faleceu de acidente de carro, e foi assim uma coisa totalmente inesperada porque não se espera isso . Quando se vai tudo tão bem e a gente nova e meu pai saudável a gente nunca espera isso acontecer. e eu dormi um dia e no outro dia eu acordei e quando eu vejo minha mãe chorando se acabando de chorar assim e um desses tios e e o que foi o que foi. E e ela foi o seu pai sofreu um acidente e está muito mal no hospital e não agüento falar mais. E e pronto morreu. e e morreu e e foi um período muito triste em nossas vidas. Eu tinha dezesseis e minha irmã tinha catorze e foi um momento assim muito triste mas que eu por ver a fragilidade de minha mãe. Porque eu não falei da relação deles no sentido que minha mãe sempre falava que ele era o príncipe dela. E ela chamava ele de meu príncipe no sei o que, sempre uma coisa muito bonita, que parecia um conto de fada, minha vida até chegar esse momento foi um conto de fada. Claro que tinha dificuldades que qualquer família tem, com filhos com os outros existia. Mas não existia nada assim muito grande que sabe que eu falava assim ai meu Deus que a vida é dura, a vida é ruim ou a vida é difícil. Não. as coisas boas sempre superaram muito mais as coisas ruins, Por isso que eu digo que essa minha tendência de sempre pensar positivo foi porque pra mim sempre foi assim eu busco acreditar assim sabe que no final tem as dificuldades mas no final tudo vai ficar bem as coisas vão se arranjar, vão se amenizar. Só que assim foi um momento muito triste só que eu busquei ser muito forte pra poder dar apoio a minha mãe e a minha irmã uma força, uma força, eu busquei uma força que de certa maneira não tive como botar a minha tristeza pra fora sabe. Porque eu me via como uma irmã mais velha e tinha de cuidar de minha irmã mais nova. Minha mãe que era a pessoa que eu tinha contato, mas ela estava totalmente fragilizada e ela estava mal, totalmente mal então eu tenho que segurar a barra tem que ser eu. E então tipo não que eu não tenha chorado. Eu chorei. Mas eu engoli meu choro sabe minha tristeza, pra estar ali, pra apoiar as duas, pra levar as coisas adiante, ser uma força na família porque eu me sentia a sei lá eu achava

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que eu tinha de ser isso porque também assim com toda essa história que eu contei até aqui sempre teve uma certa expectativa em cima de mim por eu ser a primeira com certeza e eu correspondi muito a Maria Gesiane vai levar o projeto adiante, Maria Gesiane é estudiosa, Maria Gesiane e eu sempre incorporei muito isso mesmo e assim são característica minhas que as pessoas diziam no passado que eu era sabe e eu sempre me considerei muito responsável pelas coisas. Já minha irmã é muito relaxada com as coisas, se der deu, se não der não deu. Eu não. Eu quero que as coisas funcionem. Eu quero que as coisas funcionem. Eu penso muito nas conseqüências,. Eu sou muito racional assim pra analisar as situações pra ver a melhor atitude. É e acho que essa característica de ser racional muito forte, mas nessa hora também pegou, deixa essa tristeza. Não foi uma coisa muito pensada a minha atitude. Foi um pouco pensada sabe não eu agora eu tenho que levar.

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3ª transcrição – I3 Eu sou o primeiro filho de minha mãe e o segundo de meu pai, tenho mais dois irmãos sendo que eu sou o do meio, entre o mais velho e o mais novo, Três anos de idade de diferença de cada um. Eu e meu irmão mais novo a gente sempre morou junto e o mais velho que era contra a mãe morava com a mãe dele. A gente sempre via aos finais de semana. Desde o inicio eu já sabia, sempre foi tratado como um irmão, nunca assim meio irmão nem nada não. Todo final de semana a gente se encontrava. Não tinha muita diferença não. Só que ele morava em outro lugar. Nunca teve diferença de tratamento não. Nunca tive muito contato não quando eu passava lá ou dormia lá nunca tive problemas não era tudo normal, relacionamento normal. Como primo também tudo normal, é o mesmo tratamento. Primeira lembrança do primeiro lugar onde eu morei. Foi na Pituba.na pituba e no caso tinha um vizinho que tinha a mesma idade que eu, a gente brincava sempre juntos. Tinha uma tia minha que tomava conta da gente.aí depois três anos veio o meu irmão e não tenho muita lembrança desta parte dele recém nascido. Minha tinha cuidava da gente. Minha mãe nao trabalhava mas precisava de alguém pra cuidar das crianças e então esta minha tia é a irmã dela que morava no interior e veio pra cá e ficou lá na casa com a gente. Ficou ajudando a cuidar da gente. Eu lembro do playground. Eu brincava de playground do prédio que a gente sempre brincava no playgroud com outras crianças. Eu tinha bicicleta com rodinhas e boneco comando em ação playmobil e tem o similiar feminino e os meninos tinham os bonecos.muitas crianças não. Tinha no máximo uns três apartamentos com crianças no máximo. Só que um sempre se juntava. Só quem e um ficou fixo e os outros se mudavam, não tinham contato por causa do turno de escola mas um vizinho a gente sempre teve contato. Mas um vizinho a gente sempre teve contato. e com uns os dez anos que eu morei lá, doze anos lá a gente foi criado junto . Crescendo junto , brincando. E no caso quando tinha briga, quando eu brigava com o colega tipo de manha, de tarde já estava se falando. Deixava sem falar sem precisar estar pedindo desculpa nem nada. Deixava pra lá e voltava pra lá. E de briga mais eu lembro que eu brigava muito com meu irmão mais novo. Tinha muitas vezes que ele até procurava, incentivava a gente brigar pra depois eu tomar reclamação. Tinha isso. Deixe-me ver. Eu falava isso e às vezes minha mãe percebia isso também só que eu não poderia digamos assim fazer o jogo dele porque ele é mais novo e também pra não ter que bater nele. Mas nunca bati nele porque ele era mais magro então eu tinha receio de machucar ou quebrar qualquer coisa assim. Então era mais segurando ele. Então ele tentava bater e não conseguia então ele ficava pê da vida . E geralmente era brincando com coisas geralmente ele não gostava de compartilhar nada, brincar era cada um tinha seus brinquedos. Ele reclamava quando eu usava os deles e quando ele usava o meu não tinha tanto problema. E com o mais velho da outra mãe, nunca tive nenhum problema assim de divisão apesar de ele não gostar muito de dividir mas , com um interesse e outro ele acabava dividindo. Que mais. A escola lembro de algumas escolas.eu lembro de escola eu lembro mais assim antes do ginásio da segunda série em diante e eu lembro. Deixe-me ver o que eu lembro do colégio. eu sempre tinha duas amizades separadas a da onde eu morava e a do colégio. Era como se fossem dois mundos diferentes. Quando eu estava no colégio eram os amigos do colégio. Não tinha contato com os amigos do colégio fora. No colégio eu sempre conversava muito na sala. Sempre vinha boletim pra assinar com reclamação dizendo que eu estava conversando muito na sala de aula. Tem também não gostava de estudar muito não, mas estudava pois minha mãe ficava de junto pra ficar estudando.fazer exercício, dever, provas essas coisas.ela ficava de junto mandava eu fazer e depois tomava argüição pra ver se estava certo.perguntava. no colégio quando era, o que era que guri conversava, era mais acho que aprontar coisa, fazer piada com a cara do outro. Conversava mais de fazer piada dos outros, ou qualquer coisa do tipo. É vai desde a colocar apelido, fazer bolinha ou fazer artefato pra jogar bolinha com tubo de caneta, elástico, então ficava fazendo essas variações. Melhorando o instrumento para fazer bolinha. Também tinha trunfo, que é jogo de cartas com pontuações. Isso eu jogava bastante. Tinha trunfo que eu jogava bastante que era de carros. Que e tem as características do carro e você aposta em uma quem tiver maior pontuação naquela característica tipo velocidade, e joga duas cartas, quem tiver maior pontuação nela ganha. Então foi bastante tempo jogando trunfo. e com doze anos eu me mudei para Vilas do Atlântico e ainda continuei em salvador. Só quando o ano virou que eu estudei em Vilas. No caso só foi mais o amigo fixo foi o único que a gente manteve contato até pouco tempo atrás. A gente se reencontrou agora. Eu ia dormir na casa dele ou ele ia dormir lá em casa, a gente ia jogar vídeo game. A gente ficava jogando vídeo game um pra casa do outro. Novas amizades que eu fiz lá. Fiz amizade com um colega da minha idade que ficava na locadora de vídeo que tinha locadora de itens de vídeo game e fitas de vídeo. Daí depois eu entrei no colégio e eu conheci novas pessoas que eu vim me enturmar mais lá em Vilas. Quer dizer eu também conhecia pessoas da minha rua. Mais no colégio eu fiquei conhecendo pessoas do bairro mesmo. Do bairro todo. Como é que eu senti no inicio, eu preferi mais porque saí de apartamento e foi pra casa e onde a gente tinha cachorro e tinha piscina. Então tinha sido melhor. Então eu podia andar de bicicleta pelas ruas coisas que eu mal fazia lá na Pituba porque não podia ficar andando pela avenida só pelas ruas secundárias não tinha muito pra onde não podia sair à noite sozinho. No contato mais velho e lá é mais fechado e então bicicleta ir pra praia. lá era ir pro colégio durante a semana e só que no a partir da sexta de tarde já começou o final de semana e e no inicio era só bicicleta e andar de bicicleta encontrar uma pessoa ou outra. e depois eu conheci as pessoas no colégio eu comecei a surfar e a

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ouvir som. Antes eu não gostava de ouvir som.só de vídeo game e eu fiquei jogando vídeo game, ouvindo som e surfando.aí fiquei um bom tempo nisto,a gente surfando, tudo guri surfando, tudo treze, catorze anos. A gente jogava vídeo game, surfava e ouvia som de rock. Ouvia som de rock. É no caso um desses colegas, uma colega tinha mais dois irmãos que surfavam com a gente e o pai dela tem um trailer, um ônibus casa então a gente fazia viagem neste ônibus casa pra fazer procurar uma praia pra poder surfar. A gente ia pra Aracaju e Itacimiri. Então a gente acampava no trailer, passava um feriadão.aí lá em Vilas eu estudei dois anos e depois eu continuei lá mas estudando em salvador. e eu continuei encontrando com eles em Vilas porque e eu podia andar distâncias maiores que antes eu não podia porque eu só podia ficar no prédio. Agora eu podia andar distancias maiores continuei com amizades de Vilas e fiz mais amizades no colégio, algumas pessoas tenho contato até hoje.sempre conversando muito e como eu estava ficando mais velho as coisas se mudavam e antes não se filava aula, quando eu era guri eu não filava aula mas depois na sexta série sétima série já também uma das travessuras era filar aula, se esconder da coordenadora pra a coordenadora não achar a gente. E lá quando eu vim estudar em salvador morando em Vilas como eu estudava em colégio estadual não havia cobrança se eu estava na sala de aula ou não, então perdi um pouco da graça de filar aula. Só que mesmo assim a professora de português me colocava pra fora da aula porque eu estava conversando muito. As vezes eu nem chegava a entrar na sala ela já me botava pra fora da sala. Não deixava eu nem entrar. O que mais, eu nunca gostei de jogar bola, eu preferia surfar, nadar.nao gostava de depender de muitos fatores e de muitas pessoas para praticar esporte ou pra me divertir. Apesar de surfar em grupo e de ir sempre ir com a turma eu nunca gostei de bola, de futebol.Voley ou basquete ainda eu achava melhor que futebol. Futebol mesmo eu nunca gostei.gostava mais de praia. Na escola.nao. eu só ia pra escola e voltava pra casa. e outras atividades que eu fiz foi academia. Eu praticava full contact, pugilismo. Eu pratiquei bom tempo full contact e meu professor pelo fato da turma ser pequena e por ele viajar muito a torneio deixou a turma e eu fui praticar judô. e eu estava terminado, parando, diminuindo a quantidade de vezes de jogar vídeo game, surfava mais e durante a semana depois do colégio, alguns dias na semana eu ia pra academia fazer judô, full contact. e depois eu fiz judô de novo e quando eu não estava fazendo eu fazia musculação também. Revezando os períodos, Fazendo judô full contact e musculação. Ah eu tinha de cuidar dos cachorros, cuidar dos cachorros tinha de dar banho no cachorro. Levar o cachorro pra passear. O cachorro, agente tinha dois cachorros e eles ficaram todo o tempo que a gente ficou lá. Eu me mudei novamente de lá de Vilas e a gente teve de dar os cachorros. Eu lembro de outra tarefa que eu me lembro e eu não gostava era cuidar do jardim. Eu tinha de catar as folhas e flores que caiam no jardim. Todo final de semana tinha de fazer esta tarefa, todo final de semana tinha de fazer isso. Então quando eu voltava eu tinha de ouvir um pouquinho de meu pai. Meu pai sempre queria que fizesse naquela hora que ele estava falando. A piscina, tinha de tomar conta da piscina. Botar cloros, esfregar as paredes e o chão da piscina pra depois aspirar a sujeira da piscina. As divisões das tarefas que eu me lembre, tinha uma época que eu ficava catando as flores e folhas do jardim e meu pai mesmo de cuidar da piscina. Depois mesmo eu fiquei com as duas tarefas. Logo depois eu ficava só com a piscina. Minha mãe também dava banho no cachorro, mas acabava fazendo tudo, não sempre, mas acabava cuidando da piscina. Meu irmão mais novo tinha uma cachorra e ele ficava cuidando da cachorra uma Cocker Spaniel. E não lembro muito da historia dele. Acho que ele não tinha tarefa não. Ah ele tinha passarinho, ele cuidava dos passarinhos. e depois eu fui deixando um pouquinho de surfar e comecei a tocar instrumento. Tocar guitarra. e eu fui cada vez mais deixando de surfar e tocando porque não dava pra dar manutenção na prancha e na guitarra ao mesmo tempo. Tem que comprar corda pra guitarra e prancha tinha de ficar dando parafina, então tinha de escolher entre eles, mas mesmo assim de vez em quando eu surfava. E surfando desde os doze e os trezes anos. Comecei a surfar no inverno, tomando muito cachote, queimado por muita caravela e tomando muitos cortes com a prancha. A prancha cai e você cai em cima dela e então as quilhas embaixo da prancha que machucam e tinha vezes que tinha de tomar ponto, ficava machucado lá, Mas nada muito grave. Tinha corais também que o fundo da praia de Vilas é tudo de coral às vezes também se machucava nos corais. Também tinha quedas de bicicleta no asfalto também. Que mais na academia não tinha muito acidentes assim não apesar de fazer pugilismo nunca tive problemas não. Só quando tinha um colega lá de Vilas que a gente treinava juntos a luta. Eu full contact e ele kong full saía todo mundo roxo com canelas e braços roxos de tanto ficar batendo. Lembro que pera poder sair de casa a noite eu tinha de pedir com antecedência ao meu pai e chegava no dia ele ainda negava que ele dizia está bom sexta feira você vai sair e na Sexta ele se fazia de desentendido e eu não podia sair e eu ficava pirado com isso. Acho que com quinze, dezesseis, sair pro bar, à noite com os amigos, mas lá por Vilas mesmo. Sair por Vilas mesmo tinha colega com carro ou então quando não tinha carro dava pra estar voltando porque as coisas eram perto. e eu lembro que uma vez que eu cheguei de noite em casa como eu cheguei com um amigo eu tive de guardar os cachorros dentro do canil pra colocar o amigo dentro de casa que eu só vim pra comer alguma coisa e sair e e meu pai acordou. Ele disse que, ele já veio dizendo assim, vai sair de novo é? e eu disse vou e ele disse não vem bater na minha janela não viu? Então eu não vou voltar hoje pra casa. e meu colega falou não tem problema não você dorme lá em casa. e isso foi de sexta para sábado e eu dormi na casa desse colega e sábado eu não voltei pra casa fiquei lá pra casa dos outros e de sábado pra domingo dormi fora de novo. e no domingo de tarde minha mãe estava me ligando, quer dizer ligando pras casas de alguns dos meus amigos pra eu voltar pra casa eu disse tudo bem. Não lembro se respondi alguma coisa referente a meu pai dizer que eu não batesse

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quando eu sair e eu tinha de bater pra ele bater a porta da casa. Eu entrava no terreno, mas não entrava em casa que eu não tinha a chave. e depois desse dia ele deu a chave pra mim pra poder sair e voltar de noite. e já perto do período de fazer cursinho e fazer vestibular a gente se mudou e eu fui morar em Brotas. Eu lembro que a gente ficou, vendeu a casa e depois não conseguiu comprar apartamento que seria apartamento que satisfizesse a gente. Então a gente passou dois três meses em um quarto sala no centro e eu passava as tardes sozinho e ou então eu voltava pro cursinho. Meu pai passava o dia todo fora. Minha mãe para não passar o dia todo dentro do quarto sala o dia todo saía também.aí depois a gente se mudou pra Brotas e a já são dezoito anos logo que saí do colégio para física.eu lembro que a concorrência era 1,97 e não passei e o cursinho e a concorrência aumentou um pouquinho menos de quatro e eu passei em noventa e nove(99). Estou aqui desde noventa e nove.aí no cursinho eu comecei a trabalhar com meu pai. Estudava de manha e trabalhei com ele a tarde.e aqui na faculdade , eu vinha estudar de manhã e trabalhar a tarde.depois de um ano ou dois.dava pra conciliar a nível de horários. Estudar nunca gostei de estudar, quer dizer quando eu era menor eu estudava eu tinha minha mãe acompanhando e depois de grande tipo o segundo grau eu fiz colégio estadual eu não tive cobrança pra estudar e o pouco que eu estudava eu passava então eu não tive ritmo de ficar estudando de ficar no empenho um dia todo um dia inteiro estudando a tarde inteira, estudando. Então eu nunca cheguei a me dedicar na faculdade e apesar dos horários conciliarem eu sempre perdia algumas disciplinas num semestre e até falta de base em alguns assuntos matemática e pra acompanhar aqui o curso de física e eu ia perdendo algumas disciplinas porque não tinha pique pra ficar estudando. Até mesmo no cursinho eu freqüentava apenas o cursinho assistia, assistia as aulas, eu lembro que eu bagunçava no cursinho fazer piada com professor colocar isso tem bastante em cursinho. Eu lembro que eu não falava muito as piadas pro povo ouvir mas tinha um colega que me acompanhava na perturbação e eu falava pra ele apí ele falava. A gente sempre ficava traquinando ali pra perturbar o professor qualquer coisa assim. De vez em quando eu falava assim mas eu deixava mais ele se expor.se não desse certo qualquer coisa também quem seria vaiado era ele. depois eu fui trabalhar na c&a.

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4ª transcrição – I4 Meus pais, Minha mãe tinha vinte e seis anos, Ano que vem vai fazer trinta anos que eles estão juntos com namoro e tudo. e em setenta e seis eles se conheceram, eles são daqui do interior da bahia, terranova uma cidade daqui próxima . é um interior depois de santoamaro, é um interior. terra pequena acho que tem dois mil habitantes. Minha mãe, o pai de minha mãe era fazendeiro e morava lá. Quando meu pai conheceu a minha mãe, minha avó tinha dois anos de falecido. E minha mãe morava lá, era professora, tinha feito o magistério e conheceu meu pai num dia de carnaval, na época que tinha mortalha essas coisas. e e meu pai, começaram a namorar. Meu pai já era, a família de meu pai é porque cidade pequena já se conhece . Meu pai tem sete irmãos e minha mãe era irmã de uma das irmãs dele e não sabia que ele era irmão dela. E nesse dia só se conheceram no carnaval isto é a história que ela conta. e começaram a namorar, na verdade foram logo morar juntos pois minha mãe engravidou logo. E depois de oito anos juntos, minha mãe já tinha a minha irmã, já tinha nós três e e casaram mesmo na Igreja e vieram morar aqui em Salvador. Foi em oitenta e sete. O primeiro filho foi minha irmã que tem vinte e sete anos e vai fazer vinte e oito para o mês. e meu irmão do meio tem vinte e seis. E eu, só que minha mãe perdeu um bebê antes de mim.era pra minha mãe ter quatro filhos.aí me teve com diferença maiorzinha de tempo. meu irmão tem vinte e seis e eu tenho vinte e três. Nós todos nascemos aqui apesar de nós morarmos no interior,A gente tem este detalhe, minha irmã foi quem mais morou mais lá porque foi a primeira filha mais nasceu aqui em salvador, registrada aqui. Morou lá um tempo, eu fui a que ficou menos tempo porque eu fui a última filha e morei menos. Nasci aqui e e com quatro anos nós viemos fixar residência mesmo. Foi nesse mesmo tempo de ter estes três filhos e minha mãe perdeu o bebê e tudo nós viemos pra cá. Foi eu na minha família, os meus pais falam que eu fui muito querida porque minha mãe precisava ter este bebê, pois ela tinha perdido, ela tinha tido esta perda e ela sentia ter um filho muito. Ela queria ter uma menina no meio e teve meu irmão e meu irmão não ligava pra minha irmã. E ela queria uma menina pra brincar com ela. E e por coincidência veio eu e foi uma coisa muito querida, muito esperada. Eu brinco com minha mãe que eu fui muito mimada por causa disto, porque me quiseram muito. Eu tenho o mesmo nome de minha mãe, meu pai colocou o meu nome em homenagem à ela, Gesiane. Porque minha mãe tinha perdido um filho e precisava muito deste bebê , entendeu, pela minha mãe. Ai eu nasci. Minha mãe não pode mais ter filhos. Três anos depois ela tirou o útero porque ela estava com mioma e tal. Mais é isso eu costumo.olhe eu tive lá até quatro, cinco anos lá. Eu lembro pouquíssimo, eu tenho quando eu vejo as fotos que me dá um flashback, mas é muito pouco. Eu lembro da minha infância aqui. De lá, assim uma coisa que eu me marca muito é que eu não,apesar de essa questão de dizer que teve uma menina pra brincar com uma irmã eu não quis conta com ela.eu só brincava com meu irmão do meio.e tanto que minhas brincadeira eram tanto, muito de menino, coisas de menino.brincava de bonequinho do exército, eu brincava com carrinho, com tudo.adorava minhas bonecas também mais gostava de brincar com meu irmão.eu me lembro de brincadeiras que era coisa mais tranqüila.coisa de criança . Criança não faz nada. Não tinha muita coisa pra fazer no interior. Eu lembro que eu ia pro colégio. Colégio de jardim de infância. Essas coisas assim. Gostava muito daquelas bonecas, tipo bebê, brincava muito de mãe, quando era pequena, adorava isso.me lembro que uma vez eu fugi do colégio porque eu queria uma boneca igual a da minha amiga e e minha mãe comprou uma boneca pra eu não fugir mais do colégio.só isso. Eu não me lembro de muita coisa não. Me lembro que tem uma tia minha, ela ainda mora lá,ela tem uma casa lá na frente da última casa que a gente morou. E eu gostava muito desta tia também e me lembro. E tem uma coisa que eu me lembro, não posso me esquecer disto,eu tinha quatro eu quase fui atropelada lá na frente da minha casa porque essa minha tia e minha prima estavam na minha casa fazendo uma visita normal. eu fui atravessar a rua, básico no interior, e ela foi indo embora e eu fui atrás dela correndo e vinha vindo um carro, foi uma coisa que me marcou muito lá foi isso e e eu caí e ao invés do carro passar por cima de mim ele passou por mim e eu pequena ele não passou ele não me atropelou entendeu. É uma coisa que me marcou muito e eu não sei se é porque eu tenho medo de carro hoje em dia, eu tenho pavor. Eu me lembro que eu fiquei em casa com alguns arranhões. Minha mãe assim muito preocupada assim comigo me maternando muito pra brincar.eu me lembro brincando. Eu não tinha muitos amigos assim porque eu era muito pequena.é muito parado, não tinha nada, hoje em dia não tem nada imagina naquela época.assim tranqüilo, uma vida tranqüila pacata.meu pai sempre trabalhando. Meu pai sempre trabalhou fora.trabalhava em sonda na Petrobrás. Sempre no Rio, em Curitiba, nunca, de quinze em quinze ele trabalhava e ficava vinte e um dias em casa. Eu vim morar aqui com cinco anos.aquela coisa toda de mudar. Eu moro no mesmo lugar até hoje. e ir pro colégio porque eu estudei a vida inteira no mesmo colégio assim. Me lembro de amizades. Na época do colégio foi que eu fiz mais amizades assim. Fiz amigos desde a época de primário. Foi uma época muito boa, muito feliz. Eu me lembro sempre de minha mãe. Minha mãe porque meu pai sempre viajando, afinal alguém precisava trabalhar. Minha mãe não trabalhava, aliás, eu esqueci de contar isso. Minha mãe trabalhava tinha emprego federal e minha mãe largou porque meu pai tinha muito ciúmes na época e também com minha irmã já de colo minha mãe ia no início com minha irmã pro escritório e não dava muito certo. E e apesar de ser concursada e uma vaga só e ela passou ela largou. e resultado, ela se arrepende muito por isso, mas tudo bem. Como ela ficava em casa, ela cuidava da casa eu me lembro que tinha um, tinha

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um transporte escolar, apesar do colégio ser muito perto, que levava a gente. Foi uma época muito boa sempre minha mãe. É uma coisa muito forte é minha mãe, aquela coisa, aquele cuidado. Tinha uma senhora também que trabalhou com a gente treze anos desde pequena. Na verdade ela me viu porque eu era a menor. Lavava a roupa lá interior e ela veio com a gente. Ela veio pra trabalhar aqui também e vinha e viajava porque é muito perto o interior. É uma hora de viagem você chega lá e e é isso. Eu me lembro que na época muito feliz. Eu tenho uma amiga mesmo que mandou uma carta pra mim agora. Essa amiga era do primário. Ela está morando, ela é de Teresina no Piaiú. E é uma coisa muito boa, muito feliz. Eu me lembro muito do SãoJoão, dos vestidos, eu acho que foi muito boa. Eu não sei assim das amizades. Eu me lembro de muitas pessoas e tem muitas pessoas que são meus amigos, mas tem umas assim que eu lembro que são do coração mas eu não ligo, não procuro. Acho que agora o meu meio está sendo mais o pessoal da faculdade apesar de eu gostar dessas pessoas e tê-las comigo. De eu lembrar de aniversário, de lembrar de coisas assim minha, é uma época muito boa. Eu brincava muito, eu traquinava muito no colégio , conversava muito, que é uma coisa até hoje. Eu sempre esqueço no colégio que eu conversava de mais eu sou uma pessoa muito comunicativa. É isso. Fora essa do interior. Eu não me lembro marcante assim, não. Eu lembro das brincadeiras. A gente brincava de elástico, brincava assim de coisas assim inocentes, brincadeiras assim mais inocentes. Até eu mesmo era muito abestalhada. Enquanto as meninas estavam querendo namorar eu nem atentava pra isso.eu não namorei no colégio.assim até gostava de ter uns namoros platônicos assim, o menino da aula, mas nunca, nunca ele ia saber que eu gostava dele. Foi uma época muito inocente assim, eu acho que ainda vivi esta época da inocência. Mesmo no colégio, de estudar, conhecer pessoas mas não teve nada marcante não. A adolescência também neste mesmo colégio. Minha adolescência foi uma época boa assim de descoberta, de fazer amizades, de descobrir coisas. Eu me lembro que nas ruas eu tinha medo e as festas como não tinha bebida como hoje não tinha cigarro não tinha cigarro não tinha essas coisas. Quando alguém, algum amigo da gente bebia ou fumava era um absurdo. Não era como é hoje que bebe e fuma e a gente não se assusta mais. Tinha muita festa, a época de namoro e conhecer pessoas assim. Eu era muito retardada assim eu demorei pra namorar, eu comecei a namorar aos dezesseis anos e estou com José até hoje. Tem sete anos e meio. Se bem que eu namorei um pouquinho, mas não foi nada, namoro sério não com uma pessoa. Foi bom , foi uma época boa de sair, de traquinar e, mas um pouco influenciada também. Eu lembro que na época da adolescência assim eu não tinha um apoio, de você não saber muito o que amizade, eu mesmo era assim. De algumas vezes minha mãe chamar a atenção de eu não estar correspondendo aquilo que eu era mesmo . Eu era um pouco influenciada, o povo querendo beber, apesar de que eu ainda falo que eu sou de uma época que as pessoas eram mais inocentes, eu acho. e foi isso de sair de noite que era uma coisa fantástica, que era uma coisa sair dos muros do condomínio porque era aquela coisa fantástica, Pra ir ao shopping. A primeira festa foi no colégio era uma fase muito inocente, halloween era só, só tinha refrigerante e no máximo vinho e se alguém tomasse um vinho era um absurdo. Tinha muita festa, a gente ia pra casa do amigo e ficava com medo da mãe reclamar, de sair pra algum lugar, de ir pra shopping. Porque era difícil eu saia muito pouco. Até outro dia, outro dia não que eu estou com vinte e quatro quase, com dezesseis anos eu não saia não assim. José, ele era do condomínio, Ele era meu amigo. Também no condomínio tem os meus os amigos e também tem que amigos de lá, que moravam lá, estudavam no mesmo colégio e era tão próximo. Eu lembro que pequena eu brincava de boneca e a maioria das minhas amizades eram meninas. Conheci ele lá no condomínio com dezesseis anos e nós começamos a namorar e estamos até hoje, oito anos vai fazer, sete anos e pouco. Assim foi mais aquela coisa das amigas a querer juntar os casais. Aquela velha história de armar e se armar : a não sei quem está com não sei quem, não sei quem está sem ninguém sabe isso tem na adolescência , os pares . Por exemplo tem uma amiga que está gostando de um cara mais e leva uma amiga e o amigo de uma amiga pra não se sentir é incomodada, sei lá o que é, nem sei explicar. e tinha uma amiga da gente em comum contou , meio que provocou o encontro. e ela marcou o encontro e estamos e até hoje. Começamos assim passando o tempo também porque a gente era novo também. Ele é mesmo tem vinte e cinco e eu tenho vinte e três. Na época ele tinha dezoito e eu dezesseis. Ele não queria muito namorar não. Eu que queria namorar. Ele não queria um relacionamento fixo . e foi aquele negócio de namorando, de ir procurando, ir ligando, até hoje ele fala: você é persistente . Você não larga do meu pé. Eu digo até hoje, vai casar e vai ser assim eu atrás. e pronto à gente foi se encontrando, vendo namorando. Eu tinha um medo. Segundo. Eu achava que eu tinha namorado mais não era. Eu tinha quinze anos besta boba como eu lhe falei. e pronto ia ficando, namorando ele ia na minha casa, mas e ficava com metade da cidade também e mandei ele passear. O único até hoje. É ótimo eu costumo dizer pra ele que nosso namoro é namoramento namoro e casamento, como se fosse casado. Não Casado pelo fato de é tudo, pela forma de eu respeitar ele, de ele estar comigo. É difícil de dizer assim. Ele é um companheiro, um amigo. Acho que a palavra é companheiro mas do que namorado eu brinco com ele. Ele é mais que meu namorado. Não sei como classificar ele, marido, noivo. Todo mundo me casa com ele já.é isso. Ele significa muito. Sempre eu tentei veterinária . Sempre a minha vida inteira. Quando era pequena e comecei a falar, sempre veterinária, eu sempre gostei de bicho.aí quando chegou a época do vestibular eu já imaginando meu pai brincava, minha mãe brincava. que dia vai se vestir de branco, Já brincava. Eu nunca me imaginei em fazer economia, administração, engenharia civil, nada. Eu me via vestida de branco cuidando de bicho. e quando eu conheci ele, ele fazia terapia em grupo num consultório na barra. E eu ficava brincando eu nunca vou ser psicóloga. Toda semana você vai

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não sabia como era , nunca tinha procurado saber como era nada . sabia da profissão como as pessoas sabem este mito de ser psicólogo que é ser advinhador dos pensamentos, que é qualquer coisa menos o que eu sei o que é hoje. e quando foi um dia, José, você quer ir lá conhece-lo . então vamos lá e eu fui com ele. Quando cheguei lá me encantei com o local era uma casa, sombra, cheio de flores, Pelo menos esse local era bonito, não sei se hoje o consultório é. Eu cheguei lá e e José você quer ir entrar lá pra ver como é? Então eu disse quero. e vi o consultório dela e fiquei apaixonada. e comecei a conversar com ela e tal. e comecei a procurar sobre a profissão tudo o que tinha por psicologia e comecei a ler.eu disse oh José não é por nada não mas eu sei que você quer fazer psicologia mais eu vou fazer vestibular pra ver qual é. e ele : você vai fazer que curso? Eu vou fazer psicologia. Gostei muito vamos ver como é.de repente eu posso até não gostar. Mas à primeira vista eu estou gostando. e fiz vestibular só pra psicologia. e no final do ano em deixa eu ver , em noventa e nove, nem me lembro mais. Eu fiz pra psicologia na UFBA, fiz em três assim, Fiz na Rui Barbosa e perdi. e no meio do ano eu fiz pra Baiana em dois mil e um e passei em dois mil e um. Foi isso mesmo, dois mil e um. Eu não fiz logo quando eu saí pra faculdade. e entrei em cursinho, fiquei sem fazer nada depois que eu fui fazer. Tranqüilo. Meus pais estava apoiando para o que eu fizesse. Assim eles ficaram surpresos com a mudança brusca de psicologia pra uma de veterinária, de veterinária para psicologia. Eles me viram tão encantadas que eu vou falando e eles ficaram satisfeito com a minha escolha . não teve esta de questionarem porque eu não fiz não . Nem eu mesmo eu hoje em dia eu acho que eu fiz uma escolha com, eu costumo brincar que a psicologia me escolheu, eu não escolhi psicologia. e José fala você roubou a minha idéia. Brincando . Você é responsável por isso porque se não fosse você talvez eu não tivesse escolhido a área. Ou tentaria fazer outra coisa mesmo, veterinária mesmo, mas eu prendendo fazer depois como realização pessoal mesmo, veterinária. Quando eu entro no consultório assim de veterinária eu sinto uma coisa diferente. Eu sinto que eu tenho que fazer, entendeu?. Mas é uma coisa pessoal. Talvez eu nem trabalhe na área só pra eu ter essa conquista minha. Mas não vou fazer agora não . sabe quando você espera ganhar uma coisa, um presente e você ganha mil vezes foi isso. Eu não sabia, não tinha idéia de que era tão encantador tão bonita a profissão tão envolvente. Eu fiquei estarrecida com o curso eu adorei amei o curso. Eu não me vejo fazendo outra coisa apesar de que a veterinária é a única coisa mesmo que eu me enveredasse sem esquecer a paixão por psicologia. Mas eu brincando outro dia aqui: como é que eu mudo de bicho pra gente e Bete fez assim mas bicho também tem alma não fale isso não que bicho também tem alma. Pois é. Ah outra coisa também. Eu brincava, que Eu sou uma pessoa muito séria apesar de não aparecer. Quando minha mãe entrou mais velha do que eu mais tarde na faculdade pra pedagogia, está pra se formar já, semestre que vem ela forma. e ela dizia olha você que é toda séria e eu sempre tive poucos amigos. Nunca fui uma pessoa. Eu sempre fui uma pessoa que Apesar de eu ser fazer amizade, de ser uma pessoa descontraída eu dou risada eu brinco eu sempre fui muito fechada. Não sei. No meu íntimo eu não sou uma pessoa dada, eu não sou uma pessoa popular, a explicação é essa que eu tenho. Mas os poucos amigos que eu fiz, aqueles que eu posso chamar de amigo, eu tenho aqueles que eu posso chamar de amigos, que tenho são pessoas que eu confio que eu posso pedir uma ajuda. Eu nunca fui uma pessoa popular. Na faculdade até que eu estou me surpreendendo. e minha irmã disse olhe você quando for entrar na faculdade, quando soube que eu passei , você não seja uma pessoa simpática com as pessoas, você não queira fazer amizades com as pessoas porque isto daí conta.quando tiver o trote não reaja não queira, caia na dança, vá tomar cerveja, saía porque isso conto porque amanhã ou depois você vai estar fazendo amizades boas duradouras. Ô meu Deus eu não vou agüentar isso. Eu ficava pensando: Ninguém vai gostar de mim eu vou ser uma pessoa antipática, ninguém vai encontrar em mim. E eu me surpreendi, pois aqui eu vou levar amigos pro resto da vida. Pessoas vão à minha casa dormem na minha casa que amanhã ou depois vão ter um filho vai ligar pra mim, vai ficar grávida e vai me chamar pro casamento, que vai me chamar pra dormir na casa passar reivellon não sei aonde. Eu sei que são pessoas que me surpreendi mesmo. Pessoas que, uma explicação supra natural supra real que eu acho que eu me surpreendi mesmo. E minha irmã eu tive uma relação ótima com ela, eu esqueci de completar isso, ela depois que ficou adolescente as coisas mudaram. Até porque ela começou a namorar ela também e mulher sempre tem essas trocas de figurinhas. E meu irmão foi ficando do lado de lá , ele é uma pessoa muito fechada, não é de conversar.com ele, depois que eu fiquei adolescente com ela.minha mãe é ótimo. Minha mãe brinca comigo e eu estou até chateada com ela estes dias. Minha mãe brinca que nunca viu a gente muito amiga que a gente está conversando uma coisa minha mãe tem que falar alguma coisa a gente não pára e minha mãe cisma. E a gente briga e na mesma hora está de bem. Com meu irmão é aquela coisa, eu brinco com ele, falo mais ele é uma pessoa muito fechada, ele não abre a vida dele pra ninguém. E e fica meio mais difícil. E e Eu sou meio falastrona, eu gosto de falar de conversar e única pessoa que não corresponde é ele, entendeu. E ela também é. Gosta de falar muito. Meus pais. Meu pai está aposentado. Meu pai se aposentou muito cedo. Com quarenta e dois anos meu pai aposentou. Eu tinha o meu deus quarenta e dois pra dez anos, eu tinha treze anos para catorze anos. Meu pai se aposentou muito cedo pelo plano de carreira, ele saiu porque a Petrobrás estava terceirizando a mão de obra na época da transição e os funcionários mais antigos foram convidados a sair se quisessem com um salário diferenciado um monte de vantagens. Largar a função. Meu tinha vinte e poucos anos trabalhando e e ele chegou e aceitou a aposentadoria, ele e um monte de gente. e ele com quarenta e dois anos lindo e feliz e jovem e aposentado e enchendo o saco em casa parecendo velho e e foi isso ele aposentado, minha mãe em casa

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tudo mudou . De uns dez anos pra cá que ele está onze anos nesta vida, aposentado em casa, não faz nada, nem pleiteia trabalhar em outras coisas, nada, está lá aposentado. Eu sempre tive uma aproximação muito forte com ele de ficar contando os dias de ele voltar.sempre foi um chamego muito grande porque eu sempre fui a caçula queridinha. e tinha isso. A minha mãe eu não tenho eu tenho história muito forte com minha mesmo. Até hoje Minha irmã diz que eu sou muito besta, que todo lugar pra onde eu vou eu ligo pra dizer onde eu estou. Todo lugar eu volto toda lugar que eu volto de algum lugar eu trago alguma coisa pra ela. É muito forte mesmo, muito forte. É complicado. Houve muito, foram muitos momentos marcantes. O fato de eu começar a namorar. Eu na faculdade eu tinha vinte anos. Era muita coisa. A parte sexual também começa a descobrir coisas com o namorado, a sair a ir pra outros lugares, a se sentir mais adulta acho que isso o fato marcante foi isso. Viagem é complicado eu não me lembro. Viagem eu não me lembro. Foi só isso mesmo. Uma coisa que aconteceu em minha família foi lá no interior mesmo. A irmã de minha mãe mora no interior, meus primos eu tenho uma relação muito forte com eles mas é aquela coisa de festas, época do ano, SãoJoão, quando a gente viajava, Natal. Basicamente a família não tem uma população assim não principalmente a família de meu pai mora um no Rio. Metade no Rio, metade em Recife, metade em Catu, metade em serra nova é muito distribuída assim. É muito distribuída eu não tenho muito contato.a família de minha mãe tem uma coisa diferenciada porque eu costumo a dizer que a família de minha mãe eu fico mais a vontade, porque são pessoas que são mais próximas. Não sei porque. Minha mãe tem quatro irmãs então aquela coisa de mãe mais quatro irmãs aquela coisa maternal, sobrinhos e tal. É isso aquela coisa .eles iam muito na minha casa hoje eles estão morando em Manaus. é isso, a irmã mais velha de minha mãe. Essa minha prima que é filha mais velha morava lá em casa tem a chave lá de casa. Essa minha tia, não essa minha tia não. Essa e é outra, essa é outra minha tia é a segunda irmã de minha mãe. Na verdade a filha dela, a filha dessa minha tia que estava na minha casa. Mas mais por causa da minha prima porque eu tenho muita uma ligação muito forte com ela. Com a família de meu pai é complicado eu não tenho aproximação. É uma coisa muito formal, vai lá uma vez ou outra, não tenho aquela coisa afetiva. A família de minha mãe sempre tem esse fator afetivo grande que conta, mas a gente está longe . Apesar disso a gente se fala por telefone. Fora isso não. Mais meus primos mesmo. E a família de minha mãe é muito pequena. Porque eu tenho o que. Eu tenho vinte primos, quatro tias. Ótima são meus irmãos, meus primos são meus irmãos. Eu lembro de muitos fatos assim que a gente estava junto e minha precisou sair e deixava todo muito junto. Sempre tinha essas coisas , Festa de aniversário algum fato marcante assim. uma vez que minha mãe, eu não sei o que aconteceu, eu tinha quatro anos e ele tinha de quatro pra cinco anos na casa desta minha tia no interior minha tia Dalva ela tem três filhos e ela deixou os três lá. Imagine três meninos pra tomar conta que minha mãe foi fazer alguma coisa e eu não lembro o que foi. Ela foi pra Salvador fazer alguma coisa que eu não me lembro ficou uns três dias. Foi um inferno na casa. Derrubamos a casa, eu chorava porque eu queria minha mãe e eu pequena, que inferno. E minha tia com três filhos e mais três seis ela conta isso até hoje e contando que quebramos tudo por lá, pela cama. O lastro da cama descia quebrado. A gente quebrando a casa toda e meu tio gritando que ia bater na gente. Isso é muito engraçado. Isso é um fato engraçado. E na verdade me lembro mais de fatos engraçados. Não lembro de nada ruim. Vou bater em você e não sei o que e minha tia doida em casa. Eu estou com fome e eu gritava que estava com fome e minha tia ria.é engraçado.eu só me lembro de coisas engraçadas. Eu lembro tinham outros também de muitos aconteceu aqui em casa de Joséquatro ir deixar a gente lá três dias e quebrou o ferro minha tia não queria mais em conta com a gente . Minha mãe viajava muito pra cá com meu pai, então tinha de deixar a gente com alguém, como mãe de pai ainda morava lá e minha mãe não tinha mais os pais ficavam na casa da irmã,da tia. Engraçado o aniversário de meu primo, minha tinha fez um bolo, criança correndo de lá pra cá com o cachorro pela casa e ela fez o bolo e deixou em cima da geladeira e ela toda metódica e ela tem mania de limpeza, quase assim no ápice da loucura. e ela menina cuidado com isso e por causa do cachorro, o cachorro correndo de lá pra cá ela com medo de cair pelo alguma coisa na comida e meu primo meteu o dedo no bolo, passou e a mão , quando ela virou e viu o povo já está pronto e vou pegar e pegou o bolo jogou no chão e começou a pisar. Você não queria bolo agora tome o bolo e pisando o bolo e e pisando no bolo e meu tio se acabando de rir. Meu tio tinha cólicas de tanto dar risada e ela pisava no bolo e todo mundo parado besta olhando ela pisar no bolo tanto nervoso por uma besteira. Tinha muito menino em casa gritando falando besteira. E essa casa de minha tia é como se fosse avó, como se fosse avó que a gente não teve porque é a mais velha e todo mundo ia pra casa dela SãoJoão, Natal. Não tinha. Todo mundo vai de mala pra casa dela pra passar o final de semana quinze dias. e tudo era na casa dela, todo mundo vai pra casa dessa irmã de minha mãe.tudo que eu lembro é na casa de minha tia.eu brinco com ela dizendo que ela é a tia que eu mais gosto. Que as outras não me escutem, que ela é a tia que eu mais gosto. Eu queria que ela tivesse me batizado, mas não deu. É isso. Minha madrinha é a mãe de meu pai que já morreu. Eu não fui como fala aquele outro batismo, crisma . Não sei como é que fala, eu não fui batizada, a mãe de meu pai morreu e tem meu padrinho que eu não tenho muita aproximação também e amigão de meu pai. Aqui na faculdade eu tenho um amigo, duas amigas. É meio chato eleger amigos. Eu não tenho nem essa de eleger melhor amigo, pois eu acho uma sacanagem. O melhor amigo todos são os melhores se eu escolhi é pra estar comigo. É assim as pessoas da faculdade eu tenho muito respeito por todo mundo eu gosto de todo mundo, trato bem na medida do possível. Está tendo relação que as vezes que a gente eu não converso eu nem procuro estar próximos assim das pessoas,

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mas estas pessoas vão na minha casa. A gente sai fora da faculdade a gente promove encontro pra sair uma com a outra. Quando tem aniversário de uma a gente junta a outra pra estar fazendo alguma coisa.faz programas incluindo as outras assim até nas férias vai passar ano novo aonde . Junta pra passar o ano novo junto e as outras de outros lugares também apesar de eu não estar ligando muito mas eu lembro sempre aniversário eu ligo pra elas. Outro dia até encontrei uma no shopping aquela agonia de parar o shopping parar gritar aquelas coisas todas. É isso são pessoas que. Essa que eu encontrei são minhas colegas estudaram comigo. Então Teve uma que morava no interior muito complicado final de semana ela tinha de ir lá em SãoFranciscodoConde e uma das vezes eu fui com ela. Ela foi pra uma festa. Minha mãe, ah eu lembro de uma coisa interessante. Minha mãe deu um dinheiro pra gente, pra mim pra ficar lá e passou um cheque pra lá eu descontar o cheque não lembro como foi só lembro que foi uma questão do chego. Só tem que quando eu chego lá minha mãe não tinha assinado o cheque então eu estava sem dinheiro. e a mãe dela deu dinheiro, ficamos na casa dela, eu fiquei bem por causa disto.está e uma coisa interessante foi até uma festa não lembro o que foi foi uma lavagem no final de semana lá.ela ia passar o final de semana na minha casa eu ia pra lá. Eu fui pra lá duas vezes. A outra que desde pequena, teve uma outra também que eu conheço desde pequena, estudei no colégio desde o primário, desde o primário. Conheço o pai dela a mãe dela os irmãos dela. Já foi na minha casa várias vezes que eu já perdi as contas. já fui aniversário dela de quinze anos é uma das pessoas mais próximas minha assim. Essas que moravam no condomínio tem uma que mora ainda e a outra já mudou. Hoje mesmo vai ter um negócio mesmo no RioVermelho eu ligo pra chamar para ela vir, é isso. Quando viajar também, estão querendo, eu fico dividida porque eu o pessoal da faculdade que ir pra um lugar no ano novo e o outro pessoal está me chamando pra ir pra outro lugar. Daí eu penso na terceira opção de todo mundo ir pra o mesmo lugar, mas não está dando certo. A gente vai chegar num denominador comum até o dia trinta. Ele é tranqüilo, ele me surpreendeu. Ele é uma pessoa muito dada. Muito assim alto astral, chega em qualquer lugar brinca. Outro dia eu fui no encontro de um fã clube de Madonna eu fui num fã clube que eu fui ver o pessoal da lista ele ficou comigo ele estava no fã clube mais a vontade do que eu e parecia que conhecia o pessoal há mil anos. Então ele é tranqüilo. Ele já fez amizade com o pessoal daqui, Quando tem festa ele já sabe, ele já está incluído fora quando é reunião de mulheres ele não vai que ele já sabe também que acontece na casa de uma colega da gente. Tem um tempo assim de doze anos assim que eu sou fã de Madonna mais ou menos. tem gente que acha isso uma babaquice, mas eu não acho não.Tem doze anos que eu acompanho a carreira dela. Deixo ver, guardo pôster, compro cd põe abestalhada , compra tudo . Eu brinco muito que ela é meu alto ego eu acho que ela faz tudo que eu estou quero fazer ela e não tenho coragem. Ela e a metade do planeta terra. Acho ela ótima assim porque meus ídolos são sempre mulheres e eu já reparei isso. Eu fico querendo e avaliar as coisas. eu gosto dela eu gosto da IveteSangalo, eu gosto da MariaRita eu gosto de ElisRegina eu gosto de só mulher. Deixa eu ver aqui, cantoras , eu falei mais cantoras mais eu gosto de outras pessoas também mas a maioria mulher.eu já reparei isso e mulheres com personalidade forte assim. Eu avalio ô meu Deus ficar avaliando isso, o mau de fazer psicologia é isso porque a gente fica pensando e analisa é o preço que a gente paga. A gente não faz nada, não come o pão sem pensar porque está comendo o pão mas é isso mesmo. e eu acho que são mulheres assim com atitudes fortes mesmo eu avalio por causa disto e eu sou uma pessoa muito feminista. Ah José briga muito comigo por causa disto, ele disse que eu sou muito feminista e às vezes quando eu estou brigando, impondo alguma coisa minha você parece um homem. Eu não parece um homem não eu sou uma mulher que estou lutando pelas minhas, pelo meu ideal. E eu já reparei isso que meus ídolos são mulheres e mulheres fortes assim que tenham uma atitude forte que se mostram mesmo que não tenham vergonha de fazer as coisas que talvez. Eu acho que sim até certo ponto eu não faria coisas que a Madonna faz, por exemplo, ficar nua isso e não. Atitude forte não pode ser confundido com vulgaridade nem aparecer de mais. eu não gosto de aparecer demais, apesar de eu ser brincalhona, ser irônica com as pessoas e na faculdade eu me surpreender até com minha personalidade. Até onde ir o meu deboche eu ser debochada e irônica eu sou uma pessoa contida. Eu não sou assim. Eu sou tímida. Eu não gosto de chamar a atenção, eu não uso roupas decotas, não eu não. Eu sou uma pessoa que no fundo, no fundo sem perspectivas. Eu acho que eu sou uma pessoa alegre, eu gosto da vida. Eu amo dar risada, eu adoro contar piada, amo contar piada. Adoro coisa engraçada, me acabo choro de rir. Isso é uma coisa que eu posso dizer é que as pessoas podem dizer é que associam muito a mim. Eu gosto de rir, eu gosto de falar, eu gosto de falar sobre a vida. Eu acho que eu sou uma pessoa romântica, também, idealista, acredito também nessas coisas. Não só na vida do amor não. Penso assim que são coisas, penso muito na situação ideal. Sabe as vezes até eu me arrependa com isso porque na hora de encarar as coisas mesmo eu me, eu fico frutada . Eu sou amiga, uma pessoa companheira, fiel até a morte. Se você disse ô Gesiane eu vou te contar isso e não conte isso a ninguém, eu não conto. Eu posso ser torturada, eu sou fiel as minhas amizades aos meus ideais . As pessoas então nem se fala. É isso eu sou uma pessoa alegre. Acho que a palavra que me define é que eu sou alegre. Apesar de tudo é que às vezes assim eu fico um pouco chateada. Tenho uma tendência fortíssima à depressão. Às vezes eu fico em casa triste pensando em coisas ruins. Isso é mal , não é bom. Eu acho também que essa alegria minha é meio uma carapaça sabe, mas eu acho que eu me considero uma pessoa alegre. Eu gosto de rir, eu brinco às vezes. Sou uma pessoa alegre de bem com a vida. Esperançosa também. Eu tenho esperança assim no futuro com tudo que vou ter coisas boas. Eu penso em ser psicóloga e logo depois veterinária quem sabe . Psicóloga mais. Eu penso

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assim, eu tenho uma coisa assim muito forte assim de querer ser bem na vida. Não é que eu quero ser rica. Mas eu quero ter, ter as coisas que eu imaginei pra mim ter uma vida confortável. Eu quero trabalhar no que eu estudei ser uma boa psicóloga . Não quero ser rica, mas quero ter uma vida confortável. Quero pensar em casar ter filhos, mas não agora. Em relação a minha família. Família assim, eu quero assim. Eu sou uma pessoa muito persistente. E eu quero as coisas do jeito que eu penso e às vezes as coisas não são assim. Mas acho que isso a gente pode controlar . Isso e eu vou me formar em dois mil e sete, e depois fazer cursos, pra estar me aperfeiçoando e hoje em dia você com uma graduação não é muita coisa. e e depois eu vou ver se eu faço um pé de meia eu falo isso com ele mesmo que tem que juntar dinheiro. Ter uma meta mesmo, casar, comprar uma casa e depois ter filhos. Assim se eu tiver no máximo serão dois filhos , uma coisa bem pensada, calculada, planejada. Hoje em dia mesmo porque não precisa ser assim a toa por ter mesmo. Tem que ter consciência, querendo ter. Também tem a questão de você querer ter . É complicado ter um filho que não quer, Eu acho que a criança sente . Hoje eu acredito piamente nisto que as crianças sentem. Antes eu achava que era. E também tem isso no curso . eu sei que leva a gente leva as impressões da vida desde que está na barriga da mãe. Imagina você está com um bebê que você não quer e amanha e depois isso vai se refletir. E você vai ter que investir nesta criança de várias formas amoroso, financeiro. E de várias coisas e depois você pensa poxa eu não queria ter esse filho. Eu quero fazer na área de saúde agora o que eu não tenho definido ainda. Eu sei que eu quero fazer na área de saúde. Acho o trabalho no hospital muito fascinante assim. No dia a dia. Eu tenho essa coisa de não querer fazer o trabalho rotineiro. Quando eu entrei eu queria fazer com RH só que eu vi que é um trabalho de treinamento seleção e acompanhamento e eu não ia conseguir ficar muito tempo assim. E eu acho que no hospital por mais que as tarefas sejam iguais sempre vão pessoas diferentes . Pessoas em situações diferentes e eu acho que o trabalho me encanta mais não sei o porquê. Veterinária. Veterinária eu ia fazer vestibular o ano que vem e eu já estava me preparando pra fazer. Só que e eu pensei melhor. Não valia a pena já investir em outra área saindo de uma. Eu vou investir mais em psicologia. Depois quando eu estiver mais estabilizada, trabalhando e eu invisto. e veterinária eu faço o curso com calma sem cobrança. Assim quando a gente está novo a gente se cobra muito . Eu pelo menos me cobro muito a tentar fazer o melhor de mim. Então eu não ia entrar num curso agora pra ficar naquela paranóia de que me cobrando assim. Então eu vou fazer mais tranqüila, com mais tempo, sem precisar provar nada pra ninguém. É uma questão viu, mas eu acho que não vou trabalhar com veterinária não, tem muitas outras coisas envolvidas. Que eu acho linda a profissão, mas tem muitas outras coisas envolvidas, que até eu vou ter que superar no curso se eu fizer. Eu tenho medo de sangue, de me cortar de fazer cirurgia que mesmo que você não vá fazer essa área tem disciplina que precisa. Que o namorado de minha irmã faz veterinária e ele me fala que precisa você aprender então pra mim é complicado, eu morro, se eu falar em sangue eu me sinto mal. É meio complicado você quer trabalhar com bicho e aí. Ave Maria, um dos milhares, eu sou medrosa. Eu tenho medo de ter medo, pra você ter idéias. Não. Estou brincando. Eu tenho medo de muitas coisas eu sou muito frágil. Minha mãe disse que eu sou muito frágil. sangue, éter eu tenho medo, corte. Minha mãe um dia desses cortou o dedo e quem ficou com medo. Quem caiu primeiro fui eu. Caí e eu fiquei assim de passar mal ficar branca. Eu morro de medo. É uma coisa que se eu pudesse trabalhar. Eu tenho medo de, eu não sei nadar e se você me colocar na água ou eu vou sair correndo porque eu tenho medo ou eu vou morrer afogada. e já aconteceu de quase eu morrer afogada na água, na praia e eu não lembro de nada. Eu tinha nove anos. e uma coisa que eu nem me lembrei. Eu na adolescência estava na casa de uma amiga minha que morava lá no prédio eu ainda tenho contato com ela. e fomos veranear em Jauá na casa dela e a piscina é funda. Aquela piscina eu acho funda e hoje em dia eu vejo como é funda. É aquela piscina que é revestida não tem azulejo não. É toda de um plástico que reveste e escorrega que é um absurdo então a piscina era, ela vai ficando funda com o passar do tempo. Com o passar do tempo não. A medida que você vai andando e a parte do fundo era muito funda chega ficar, a água era azul, azulona.Loucura. e essa minha amiga sabe nadar e a outra menina que estava lá sabe também. E eu entrei na água. Só que ela disse que ela me seguraria e tem uma parte que não dá pra segurar. A pessoa quando está se afogando quer segurar logo na outra só que é pior pra ficar submerso. E e eu entrei na água, não sei porque insanidade eu entrei e eu não sabia nadar, eu não sabia nem nadar cachorrinho. Já era antes e e ficou pior com isso. E nisso a casa estava com a piscina daqui e mais ou menos uns cem metros era a janela da casa e estava lá com um som muito alto e eu não lembro o que estava tocando. O padrasto dela que estava com a mãe estava lá dentro, a casa enorme, isso na área da piscina era larga e a mãe estava lá deitada, tomando sol. E ela no desespero, eu querendo sair e ela querendo me tirar, o som alto e a mãe dela não me ouvia. Isso eu não me lembro que ela estava deitada, eu não me lembro. e a mãe dela não sabia nadar e viu a filha da vizinha dentro da água em tempo de morrer afogada pulou na água sem saber nadar também me tirou. e pronto eu fiquei eu me tremia da cabeça aos pés. Eu tinha quinze anos. Eu tremia de medo. As pessoas dizem que as pessoas não agüentam ficar muito tempo em cima, não agüentam e morrem. eu não lembro. E e eu fiquei apavorada no outro dia. Eu nem contei a minha mãe, só contei anos depois pra minha mãe pra ela não ficar com medo de eu sair assim. e é isso. Eu desenvolvi esse medo. Eu tenho muito medo de bicho cobra, de aranha, esses bichos assim só. Só não . Isso tudo. Eu tenho medo do escuro também de dormir sozinha. Mas hoje em dia Eu já até eu não

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tenho mais. Tem algumas vezes que eu tenho pesadelo assim ou quando vou dormir pensando em alguma coisa, quando eu assisto algum filme assim e eu deixo a luz acesa. Passar no vestibular. Eu sempre pensei que eu ia crescer na vida através de meu conhecimento, sempre. Não tinha outra saída. E mais ou menos. Eu acho que no meu segundo grau eu debandei mais um pouco eu acho que tem essa questão da adolescência que eu te falei de você descobrir coisas e ser influenciado não tirando minha parcela de culpa também que eu também podia ser uma pessoa determinada e não ser influenciada. Mais eu sempre pensei que eu ia vencer na vida assim estudando. Eu não tinha outra saída. Eu não tinha, não ia ser atriz, não ia ser cantora essas coisas que as meninas pensam. Nunca pensei em ser cantora ou ser atriz, primeiro porque não tinha nem talento pra isso modelo não era bonita pra ser modelo. Sempre pensei que eu ia vencer na vida estudando mesmo, fazendo um curso superior, tendo uma profissão sempre, sempre, sempre. Quando eu comecei a falar eu falava isso. Foi assim porque eu tinha feito no final do ano e não passei em dois mil e um . Eu fiz um vestibular um atrás do outro. Eu fiquei um ano sem fazer um ano. Mas também quando eu fiz, fiz vestibular um atrás do outro e no ano seguinte eu passei. e eu fiz. Quando foi em dois mil e dois eu fui eu fiquei numa colocação boa, aqui na baiana, oitenta e pouco e não passei e ai em dois mil e dois ponto um. E e em dois mil e dois ponto dois eu passei. e fiz no meio do ano desacreditada. Quando eu fiz no inicio do ano acreditada eu não passei, fiquei numa colocação razoável e não fui chamada. E no segundo não fiz cursinho, tinha largado o cursinho, geralmente é assim, larguei o cursinho e fiz vou fazer. E as pessoas tem esse mito de no meio do ano é mais fácil de passar. Não sei porque. Que a concorrência é menor. e fiz quando saiu o resultado no jornal não estava. Não eu vim aqui olhar. e eu perguntei tem alguma Gesiane e e a menina tem uma Gesiane mas não é de Meneses Pereira, não é você não. e eu fui pra casa. Quando foi uma semana depois mais ou menos uns cinco dias chegou um telegrama pra mim mandando eu vir me matricular que eu tinha passado. Eu fiquei na colocação cinqüenta e dois. Eram cinqüenta alunos, eram cinqüenta vagas e eu tinha ficado na colocação cinqüenta e dois. Segunda chamada, segunda lista. e fui fiquei feliz da vida porque não sabia que era assim, que recebia telegrama. Eu não sabia que era assim que recebia telegrama e eu olhe minha mãe deve ser pra você porque pra mim é complicado receber.minha mãe tem o mesmo nome então deve ser pra você. e minha mãe não minha filha é seu, é pra você. Que nada e avisa assim. e ela então telefone. Eu não sei minha mãe você está maluca. feliz da vida, liguei pra todo mundo. Meu pai só queria saber quanto era. Um desespero. Meu pai só assim pensando em dinheiro. E se ninguém estava acreditando assim. E eu olhava achando que era segunda opção que eu botei terapia ocupacional. Será que foi pra psicologia mesmo, está muito fácil para ser verdade. e no outro dia me matriculei feliz da vida. Foi ótimo. Foi uma coisa assim marcante, nunca vou me esquecer desse dia. Eu me lembro do primeiro dia de aula, eu me lembro da roupa que eu estava. Porque foi assim, as pessoas que se matricularam na primeira lista matricularam antes e eu me matriculei numa quarta e na quinta já tinham um encontro de acolhimento. E eu fui pro encontro. Tinham poucas pessoas, não foi quase ninguém. A aula oficial ia começar mesmo no dia cinco, na segunda feira. Cinco, quatro, três, no dia primeiro eu já fui pra aula. E eu com aqueles micos todos na cabeça, que vai ter trote, que vão pegar e não sei o que e nada disso aconteceu. Só uma semana depois. e fui pra sala conheci os primeiros colegas aqui e muita gente já saiu também. Saiu umas dozes pessoas. e foi aquela coisa imensa porque eu tinha feito o curso e aquela coisa toda. Acolhimento com a psicóloga, fez uma dinâmica que eu não me lembro qual foi. No segundo dia também. Na sexta-feira fez outra dinâmica e na segunda-feira foi o dia mesmo da aula e e juntou todo mundo num círculo você tem que apresentar. Aquele papo rápido de onde veio, foi alguma psicóloga, ela não deu muita aula não que ela estava de licença a maternidade. Quem deu aula foi Josédois, Josétrês se eu não me engano. Um apresentar ao outro, onde tinha estudado. A semana, eu até apresentei Gesianedois, minha colega, que é minha amiga. Hoje em dia eu não sou sua colega, saber que ela é minha amiga que sua colega ficou lá. Ah essa é Gesianedois, eu não lembro que roupa ela estava. Eu estava com essa saia até eu acho que era nova e uma blusa nova. Blusa que estava na moda. E Gesianedois estava do meu lado e eu apresentei. Essa é Gesianedois que faz universidade tal que faz iniciação e ficou marcado isso, o primeiro dia de aula eu não esqueço mais, tanto que a formatura a gente quer fazer a formatura da gente no dia cinco de agosto de dois mil e sete. Que é o primeiro dia de aula que faz cinco anos que a gente começou. Desde o quarto semestre a formatura. Inclusive eu faço parte de comissão de formatura. É uma vergonha, não estou trabalhando nada esse semestre todo foi horrível, não deu pra fazer nada além de estudar. Nada. Porque tem muita coisa, tem pesquisa. E eu fiquei de catapora esse semestre. Muita coisa. As disciplinas, cada vez mais as disciplinas vão exigindo mais de você e nessa de exigir também me envolvi em outras coisas. Fiz optativas, as pessoas mais nesse semestre não optam em fazer coisas extras e eu fiz. E e que mais, estágio. Estágio lá longe, lá em Piatã no Senai. Várias coisas esse semestre aconteceram. Eu fiquei doente de catapora, depois de grande coisa horrível e e pronto foi um susto que teve. Algumas pessoas tiveram. Eu nunca tinha tido nenhuma dessas doenças assim, nenhuma, nem eu e nem meus irmãos. Eu tinha contato com minhas amigas, essas duas que eu falei elas de catapora, no primeiro, segundo e no terceiro estágio e não pegava. Vim pegar agora grande entendeu. Nenhuma doença , sarampo, rubéola, nada. Vim pegar catapora tive agora ainda estou com as marcas no corpo.

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Eu sou assim eu estou começando a ficar apreensiva assim em relação ao meu futuro assim porque está terminando, porque está difícil de arrumar estagio. Demais . eu estou, desde o quinto semestre que eu estou lutando pra conseguir estagio. Nos outros eu não fiquei tanto, eu ficava mais tranqüila porque eu sabia que eu ia ter mais experiência pra poder pegar algum estágio. Mas está difícil, a concorrência está muito grande. Quando sai uma vaga, Quando sai uma vaga prontamente alguém ocupa aquela vaga, está complicado. e estou mais apreensiva o que vai acontecer, o ano está acabando e o ano passa rápido e assim isso eu tive certeza disto este ano. Eu dormi em dois mil e quatro e acordei em dois mil e cinco e já estou acordando em dois mil e seis. O ano acabou, passou muito rápido. E e o tempo está passando muito rápido e a exigência,a concorrência mais curso de psicologia. Mais um curso que vai abrir na universidade salvador agora e e a concorrência grande a gente fica assim meio temeroso com o futuro . E tem esse negócio de você escolher coisas e eu não estou definindo ainda o que eu vou fazer. Que eu quero da faculdade já fazer alguma especialização como eu já falei eu não sei o que eu vou fazer. Eu tenho outros planos também. Eu fiz curso de inglês quando eu era mais nova então eu gosto muito e tenho facilidade pra línguas. Mas eu não estou podendo fazer nada além das coisas da faculdade. Se eu trabalhasse, eu teria arrependimento, pois eu gosto de fazer as minhas coisas direito. Então se eu não tenho tempo eu fico maluca pra poder fazer as coisas . Eu saí agora da faculdade eu estava sem namorar sem fazer nada sem cinema, que é uma coisa que eu adoro é assistir filme porque não estava tempo pra nada. Então o tempo dormindo, ou, eu precisando até acordar de madrugada sem dormir, sem dormir pra fazer trabalho. E e agora que eu estou baixando a pressão mesmo, agora que eu estou mais tranqüila, de férias, terminou, mas ao mesmo tempo eu estou assim apreensiva. Estou entrando no oitavo semestre daqui há pouco acaba e e ? E depois. Eu sou uma pessoa muito elétrica. Gosto assim, por mais que eu reclame que eu estou sob pressão eu funciono mais sob pressão. Mais eu fico assim temerosa assim com o futuro. Fazer curso de línguas quero fazer alemão. Quero fazer conversação em inglês, uma reciclagem assim do que eu já aprendi. Fazer outras línguas, alemão mesmo eu que está em minha cabeça agora. Pra amanhã ou depois. Amanhã ou depois, tem muita faculdade boa, se eu quiser fazer especialização. Pretendo, mesmo que eu vá só pra eu passear eu sempre quis passar um ano fora. Até pra testar o inglês aperfeiçoar também. Me definir ainda. Eu ainda eu estou vendo o que vou fazer da minha vida ainda. José, eu fico brincando com ele que está sem trabalhar agora, está sem trabalhar. Eu fico brincando com ele vá trabalhar logo porque a gente tem de definir a nossa vida. Eu não sei. Eu acho que muito provavelmente a gente deve ficar junto mesmo acho que sim assim eu não sou muito apreensiva com isso não, eu sou muito tranqüila se for namorar a vida toda, namora a vida toda. Não tem problema, eu não essa tenho cobrança de casar. Até porque eu não tenho isso de casar na igreja. Casa, junta, vai morar junto e acabou. Casar na Igreja não eu não sigo nenhuma religião não. Eu já segui porque eu fui batizada no catolicismo, todos os preceitos católicos, mas hoje em dia eu não estou de acordo muito com essas coisas não. E eu acredito em Deus eu oro. Faço as minhas orações da minha forma em minha casa. Não vou a nenhum templo a nada pra rezar. e também acho meio discordante você não aceitar aquelas, aqueles dogmas, aquelas coisas e você ficar lá na Igreja católica e ele também não liga pra isso então estamos conversados. A gente junta vai no cartório ali casa ou então. pra ele nem precisa fazer isso papel, vamos morar junto. Meus pais também não tem problema nenhum, pois eles moraram muito tempo junto antes de casar e tranqüilo não tenho essa. Antes eu ficava fantasiando mais quando é que ia ser que tem muito tempo junto eu não tenho mais essa cobrança hoje em dia não. Hoje eu sou tranqüila. Se tem de ser.

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5ª transcrição – I5 Vou começar quando eu nasci. Minha mãe é tinha dois irmãos. Então minha mãe, eu tinha dois irmãos mais velhos, um tinha onze e o outro tinha treze anos e morava no interior. Que era interior mas era no interior do interior onde meu pai tinha um posto de gasolina sendo que meus irmãos estudavam em feira. e foi nessa época minha mãe estava mais velha e meu irmão tinha onze o outro tinha treze foi quando eu nasci. e foi uma felicidade pra minha mãe porque era uma menininha e ela queria e ela queria ter uma filha mulher. E quando ela estava grávida ela falou com meu pai olha eu acho que é menina e meu pai era assim porque meus filhos vão pegar as meninas e tal. E disse que e meu pai começou a ficar mais quietinho e não falava mais dos meninos nem nada. e eu nasci e o meu parto foi interessante porque era pra eu nascer uma semana antes e minha mãe tinha ido a uma cartomante com minha tia por acaso e ela falou não sua filha vai nascer dia três, vai ser assim assim assim. e o médico falou olha ela vai nascer de vinte oito e tal. e o médico falou se ela não nascer até o dia vinte oito você vem aqui até o dia dois que a gente tira a criança. Minha mãe disse eu não vou não, ela vai nascer dia três e vai nascer normal. Quando foi dia três e eu nasci normal, às onze e vinte. Estava meu pai, todo mundo e minha mãe era toda cuidadosa assim, fez meu quarto bonitinho, a roupinha toda bonitinha, mas eu era horrorosa, feia. e minha infância foi com meus dois irmãos. E a gente sempre se deu muito bem, só que eu me dou melhor com meu irmão do meio, meu irmão mais velho a gente de vez em quando tem umas briguinhas, a vida inteira foi assim. Na infância, eu não lembro muito da minha infância. Eu não lembro de quase nada porque tive, foi um trauma assim. Teve uma vez que meu pai levou um tiro quando eu tinha seis anos e eu tive que me mudar. É não é totalmente me mudar. Meu pai teve que vender o posto de gasolina e teve de vir pra Feira e eu não lembrava de meu primo que viveu na minha casa porque tipo meu tio era gerente do posto entendeu. E e meu pai teve de vender tudo pra pagar as dívidas e tal e meus irmãos eram adolescentes e adolescente sente muito mais. Eu senti muito menos. e eles vieram pra Feira e e eu tinha eu vim, eu era novinha assim pra Feira. E e meus irmãos iam estudar e e eu ficava em casa e tinha uma escolinha que era perto. Uma escolinha que era pertinho de casa e eu fugi pra escola. Só que minha mãe viu que eu fugi e ela foi me acompanhando, foi me seguindo, quando ela viu eu entrei na escola e e todo mundo que viu me deixou eu entrar que eu era pequenininha. e tinha um monte de criancinha reunida e eu fui e sentei e fiquei lá na escola. E ela não. e depois era sãoJoão e ela precisou, eu tinha três anos porque eu ia pra Feira ficar com meus irmãos. e eu tinha três anos e ela falou assim é a diretora chegou e falou com ela pode colocar ela, tanto que eu entrei na escola no meio do ano com três anos. E eu não lembro muito não. Eu lembro muito que naquela época perguntavam as crianças o que queria ser e todo mundo queria ser o que o pai era, ou ser advogado e naquela época eu já não tinha um gosto muito normal. Meu sonho era ser polícia rodoviária federal da onde eu tirei isso Deus sabe. Eu queria ser polícia rodoviária federal e falavam que tinha de ser. e eu ganhei a carteirinha de polícia rodoviária federal e eu adorava. E meu pai também não era muito certo não. Como a gente tinha fazenda, além dessa carteira meu pai me dava arma, juntava eu meu pai e meu irmão e a gente ia acerta tiro ao alvo. Acho que era arma de ar comprimido, mas depois eu comecei a atirar com arma normal mesmo. Então as minhas brincadeiras eram todas de menino. Eu adorava coisa de menino, vivia com arma. Não gosta de roupa de menina. Minha mãe queria ter uma menina, queria arrumar toda bonitinha e eu não gostava. Odiava vestido, odiava saia. Gostava de calça, roupa de menino tanto é que eu lembro que eu tomava banho e seguia pro quarto de meus irmãos e vestia as roupas deles. Ia comprar roupa, brigava e sempre saía com um shortinho de listrinha e blusinha regata. Gostava de brincadeira de menino, skate.gostava de brincadeira de menino. Não gostava de barbie, tinha um monte de boneca porque era menina, mas não gostava não. Eu gostava de brincar com os meus irmãos. Tinha carro de controle remoto dos meus irmãos então era meu também pra brincar, minha infância foi muito assim. e quando eu vim pra feita, eu continuei, tinha minhas amigas, vizinhas assim mas também era voley, baleado,brincadeira assim nada de menininha não. Viajava tinha moto fazia rali com as meninas, cheiro de tinta, tinta não, de graxa de óleo, de gasolina sempre assim, apesar de ser muito menina sempre tinha jeito de menina. eu sempre paquerava os meninos da galera, a galera, os meninos que estavam lá. Faziam rali e também era super protegida por isso porque eu era menina. A minha infância foi tranqüila a esse respeito. Minha mãe nunca achava não nada não na verdade ela nunca comentou isso. Ela achava que por eu ter dois irmãos homens mais velhos que eu já cresci gostando daquilo. Ela não fazia nada não. E ao mesmo tempo que eu fazia isso eu adorava maquiagem, ia fazer feira com ela sempre com a bolsinha e passava batom na feira porque todo mundo porque eu era a alegria da feira. todo mundo na feira me conhecia porque eu ficava lá chamando atenção passando maquiagem, jogava o cabelo pro lado apesar de eu querer andar com os meninos eu tinha um lado muito menina. Então ela não se importava não. e quando foi chegando na adolescência minha feminilidade foi aflorando ainda mais. Tanto é que quando eu entrei no ginásio na quinta série eu tive meu primeiro namoradinho. Não foi meu primeiro namoradinho não. Eu já tinha beijado antes. Eu pra falar sério em Ilhéus foi com um dos meus primos, o filho de minha prima que era a minha idade, Era o Josédois. e meus irmãos mais velhos, eu sempre via com as namoradas e tal. e um dia eu lembro que estava na garagem um monte de menino, um monte de criança assim tudo no mesmo lugar e eu era namoradinha de Josédois. e eu fui eu beijei Josédois. Não sei, alguma coisa. Eu sei que rolou um beijo, só que foi um beijo de verdade assim e eu corri e fui chamar

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meu irmão. E saí correndo e fui chamar meu irmão e disse Zé você não sabe eu aprendi a beijar igual a você, venha ver. e fui e levei meu irmão pra garagem. Quando eu cheguei na garagem e um monte de criança lá e o menino eu trouxe meu irmão pra ele ver eu te beijando que eu aprendi e tal. E acho que o menino morreu de vergonha sei lá não lembro a reação do menino, no final eu agarrei o menino e e Zé eu beijei o menino. E ele é beijou e ele não falava nada não. Era brincadeira de criança mesmo, a gente. Eu não lembro muito bem disso não. Eu lembro que eu dei um beijo nele uma vez só e eu era namoradinha de Josédois. e dei um beijo nele e uma vez só e eu ia viajar. Um beijinho, eu lembro que eu estava mastigando chiclete, foi meu primeiro beijo com chiclete, e foi ótimo, lá em ilhéus. e quando eu entrei no ginásio na escola eu lembro que eu tive meu primeiro namoradinho mesmo. Eu lembro que foi numa excursão do colégio. Eu sempre fui muito apegada aos meus pais. e era a minha primeira viagem assim longe da família, sem ninguém da família e me mandaram um formulário perguntando se eu tinha alguma coisa. E minha mãe disse que eu não tinha nada que fisicamente eu não tinha não .eu lembro que nessa excursão eu tinha crise de cólica, crise. Passava horas assim, fui pra igreja rezar, interrompia muito, pois a igreja era pequenininha então eu tive e teve que procurar remédio pra mim, foi uma confusão. E nessa viagem eu era paquerinha de José que era um colega meu. e eu fui do lado dele só que tinha uma menina, chamada Gesianedois ela era toda sabe,apesar de ser, eu sempre fui muito discreta eu. e ela era toda extrovertida e ela era mais desenvolvida, toda mais velha e ela dançando no ônibus e ele olhando. e eu já fui ficando desconfiada. Hum esse menino, esse menino ele está gostando dela, Eu não podia ficar pra trás, vou terminar com ele. e eu terminei com ele. E detalhe eles começaram a namorar, com essa Gesianedois. Ai eu pensei eu não vou gostar de ninguém, não vou querer mais, vou deixar de me apaixonar por ninguém mais. Nessa mesma viagem eu descobri que Josécinco um coleguinha meu gostava de mim. e começar a namorar com Josécinco. e eu acho que Josécinco assim eu considero Josécinco o meu primeiro namoradinho porque agente começou a namorar dois meses e cinco dias mas namoro assim de criança também não tinha nada. A gente só se via no colégio nem falava por telefone. E eu lembro que a minha primeira e única vez que eu fui na secretaria foi, eu estava de mãos dadas com ele. e a direção do colégio foi e me chamou eu fui pra secretaria e que disse que eu estava aliciando os outros meninos a namorar. Eu fiz assim é eu sou quinta série os meninos são mais velhos os alunos. Não tem isso não vou falar com seus pais. e veio o desespero. Tipo assim minha mãe podia saber mas meu pai se meu pai sonhasse meu pai ave eu sentia meu pai severo. Então eu sentia desespero se meu pai soubesse.aí ele falou, só acabou que não. Você pode falar com minha mãe, falar com meus irmãos, mas não pode falar com meu pai. e quando foi no meu aniversário é ele Josécinco não chegava. Chegou assim estava a maior festa e Josécinco não chegava. e eu liguei pra Josécinco e ele falou que não ia porque estava com dor de cabeça. e eu voltei pra festa assim desanimada. e os amigos dele ficaram mas ele está tocando na banda hoje e tal e ele estava toda animado, isso é história ele disse que ia te trair na feira da paróquia na semana que vem.sabe de uma não quero mais Josécinco não, eu tinha onze.não quero mais não. e eu não falei nada com ele. e na festa tinha um primo meu que era apaixonado por mim. e fiquei com meu primo. Quando foi na segunda, Josécinco não olhava mais na minha cara e eu fiquei sentida assim, eu fiquei muita sentida. Eu acho que só depois eu fui me tocar que eu gostava um pouquinho dele sabe mas também não me abalei muito não. Não sei porque nessa época que eu me separei de Josécinco e no próximo ano é eu era sexta entrou uns meninos lindo na quinta Josétrês e Joséquatro. Joséquatro gostou de mim e pediu pra Josétrês pra ficar meu amigo pra me armar com Joséquatro. Joséquatro era lindo moreno dos olhos verdes e sabe eu era loirinha e eu ano tinha muito interesse não. E depois que eu terminei com Josécinco eu meio que não queria mais nada sabe. O que Josécinco fez pra mim, eu sei que teve traição, por isso nunca mais eu traí e me desanimei, me desanimei muito. E Josétrês ficou meu amigo só que Josétrês acabou se apaixonando por mim também. e ficou Josétrês e Joséquatro apaixonadas por mim que tal e eram os meninos mais bonitos da quinta eu era um pouco mais velha mais eu era um pouco mais velha que eu. E e despertou e esse José do ônibus que namorou comigo e se apaixonou por Gesianedois, ele nessa época voltou a se apaixonar por mim. Se apaixonar perdidamente por mim e esnobou. Eu não tinha nenhum interesse, eu esnobava e esnobava ele, ficava conversando com os meninos então não estava a fim de nenhum. e uma vez, eu lembro que uma vez ele me agarrou mesmo e me deu um beijo a força assim, me agarrou. E e formou um círculo ao meu redor e assim que eu vou ser maldosa agora que eu vou descontar tudo o que ele me fez. e empurrei ele, olhe eu não te quero mais, me respeite, você não tem esse direito e ali eu me saí Josécinco. E continuei amiga dos outros meninos, mas não namorei com outros meninos. Então passei uma fase bem reservada de minha vida. A partir dessa idade eu não saía muito ,mal eu ia pra festa, Não gostava de festa, não ficava com ninguém eu não sei o que foi aconteceu assim mas foi uma fase bem reservada que eu acho que minha zona real era aquela nessa época mesmo, então só ficava estudando e minha alegria era estudar, estudando. Eu não sei se eu acho que a zona real é aquela, mas eu gostava, mas gosto assim porque mais quietinha, mais na minha, o gosto mais era de estudar, estudava, eu ouvia música então eu não gostava de gostos populares, não me sentia bem com festas não ficava com ninguém, eu não sentia, não gostava de ninguém, mas sempre tive meus amores platônicos desde essa época então era era vários amores platônicos, vários também meu professor do curso de computação, eu tinha quinze anos. Eu fui pra uma festa com uma amiga minha e eu estava sociável e aquela não era a minha praia era show do colher de pau e eu estava assim com ela do meu lado assim e ela era apaixonada pelo guitarrista. E e eu estou lá na minha assim olhando pra banda e eu lá na

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minha e o guitarrista vai e olha e manda um beijo pra mim e eu dei um sorrisinho básico. Minha amiga claro viu e ela se irritou comigo por que ele mandou um beijo pra mim. E eu disse não é por e não Gesianetrês eu sou apaixonada ou eu estou gostando pra aquele menino de lá e eu cheguei e apontei pro nada assim. Aquele menino de lá. Quando eu apontei o produtor da banda de pé e ele sorriu e veio falar comigo. E eu vixe maria e agora ? E eu falei vou ter que ficar com o menino porque pra amenizar o lado dela. E eu olhei quando eu olhei pra ele é ó gatinho eu vou ficar e fiquei com menino eu tinha quinze e ele vinte e cinco. Mas fiquei com ele e ele era daqui de Salvador a gente trocou o telefone. A gente ficou dois meses e conversando por telefone e foi um momento maravilhoso. Foi maravilhoso eu aprendi muito com ele,mesmo conversando por telefone, aprendi muito com ele muito mesmo. e depois de dois meses teve um show teve de colher de pau e ele veio e eu cheguei fui pro show. Só que eu era muito, eu sempre fui muito criança, muito menina e ele vinte cinco anos já tem toda uma experiência e tal e na festa ele me apertou assim, fez alguma coisa e eu olhei pra ele assim chega não dá mais, eu pensei. Eu fui embora correndo e nunca mais eu encontrei com ele, deixei de ligar, deixei de procurar foi assim que terminou. e um tempo depois dessa época eu entrei em um curso de computação e tinha um professor lindo, maravilhoso assim, era professor lindo e . Ele andava todo arrumado de calça social, blusa social e ele era neguinho assim. era neguinho não ele era bem moreninho e meu pai é racista, se meu pai souber ele morre e todas as meninas se derretiam por ele e ele sempre ia conversar comigo. Um dia lá ele chegou assim porque eu fiz um poema pra entregar em minha turma mas sobrou dois e vou escolher duas pessoas pra dar. e ele deu um pra mim e outro pra minha colega que dividia o computador comigo. e eu chegava sempre atrasada porque eu saía do colégio e ia direto pro curso de computação e eu sempre passava pela sala dele e ele sempre ia atrás de mim. e quando foi um dia ele me beijou, rolou um beijinho. Mas a gente nunca se encontrou fora do curso também não se falava pelo telefone, mas sempre ficava no curso assim. tipo pouco tempo, pouco tempo assim foi o tempo que o curso durou. Só que terminou, terminou e diferente pra mim e eu continuei minha vida. e me apaixonava por, também me apaixonei por um comissário de bordo. Eu peguei um avião, primeiro vôo que eu fiz eu sentei na primeira fila e nervosa assim, era meu primeiro vôo e ele lindo, Josédois o nome dele e ele sempre me paparicando. Senta e , você quer aquilo, o que para na nã e tal. E eu quero a a a a, e tinham outros comissários que me serviram e ele me serviu e e ele me acolheu e eu tive que eu estava apertada tinha de ir no banheiro, vôo de dez horas eu tinha de ir. e fui e eu não conseguia abrir e quem veio abrir, o comissário Josédois, e ele abriu. e quando eu saí, quando eu saí do banheiro a cortina estava fechada do vestuário, a cortina estava fechada quando eu saí assim ele foi e e me deu um beijo e eu assustada. Quando eu voltei eu dei um beijo assim meio assustada e meio empurrei assim mas dei um beijo assim e voltei tremendo né pra poltrona e tal. e fui embora toda meio assustada e fiquei, fiquei com aquele menino na cabeça e só viajava na Vasp, era a pior empresa que tinha pra encontrar esse menino. Fiquei assim gostando dele, Isso foi minha adolescência, mas foi tudo muito assim muito passageiro assim. Não lembro assim de ninguém tipo dos doze aos quinze nos quinze teve esse,teve esse do era tudo muito passageiro. Era tudo passageiro. e depois me apaixonei pelo meu primo, do tio que eu não me dava bem. Um dia fui pro interior de minha avó e eu estava passeando de carro com meu primo um outro primo. E e veio um menino de carro assim na direção contrária e eu nossa que menino lindo e eu. Nossa esse é meu primo toda feliz, toda sorridente. e meu primo esse que estava no meu lado perguntou: você sabe quem é. Eu não. Eu conheço. Ele fez conhece.Meu Deus Eu não reconheço. Meu primo que era gatinho Joséseis. e ele chegou e falou assim é Gesianequatro. E eu uai ele me conhece. De onde ele me conhece? Eu fiquei assustada né. Eu da onde ? e meu primo, Gesianequatro, é seu primo. Eu cheguei Eu eu oi, sabe uma sensação inicial assim e eu poxa. e eu fui pra casa da minha tia todo gatinho que ele chegou falando que era sargento né, sargento do exército né. Sargento do exército, eu achei a coisa mais linda do mundo. Se ele já era lindo e sargento. Só que a gente começou a se falar por telefone e foi uma coisa boa e eu fui quebrando aquela cisma aquela imagem negativo meu tio aquela coisa negativa e eu fui perdendo um pouco a raiva. Só que minha mãe não gostou, pois primo não namora com primo que vai nascer filho defeituoso e que primo não pode namorar com prima. Só que a gente não estava namorando, estava conversando. e eu lembro que um dia eu vim pra salvador pra fazer o vestibular e e eu marquei pra me encontrar com minhas colegas no aeroclube, no aeroclube com minhas amigas e e eu marquei com ele, ele mora aqui. E ele foi pro aeroclube. E e a gente ficou lá conversando e era o dia que a gente ia ficar. e começou ficar conversando e e Eu lembrava muito de minha mãe que primo não namora primo, que se meu pai soubesse ia me botar pra fora de casa, me deserdava. Então acabei que a gente não, assim eu falei pra ele assim não dá pra gente continuar com isso, que era um problema familiar e acabou que separou e não ficamos e a partir daquele dia foi morrendo, morrendo, até que acabou assim. E eu continuava assim, e eu parei assim dele. eu ficava assim,eu não fiquei com ele . Eu gostava um pouquinho dele , não foi uma coisa muito fácil não mas eu superei também numa boa assim . E e eu falei assim, eu vou namorar, vou me dedicar aos meus estudos e só vou namorar com minha alma gêmea. Eu tenho muito isso. Então eu ficava um dia com a pessoa só e eu sabia que não era minha alma gêmea. Eu não vou me apaixonar que eu já sei como é. Eu ia estudar ficar mais na minha, ia ficar sem vontade de sair e isso durou um dois anos assim. Dois anos sem ninguém. e eu fui numa festa de aniversário até de quinze anos e e teve um menino que foi dançar com a debutante e eu achei ele lindo. Logo quando eu cheguei estava ele essa menina e um homem mais velho eram três lindos, essa uma festa boa. E eu fui

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obrigada pra festa minha mãe me obrigou e eu fui. e só que esse branco que eu achei mais bonito, se não me der bola tem o moreninho e o outro mais velho. Depois eu fui descobrir que era pai e os outros dois irmãos e eu brincando e eles brincando comigo e minha prima. e na hora de cantar os parabéns ele falou comigo e queria conversar comigo. e no meio da festa a gente acabou batendo assim e ficou conversando um tempão. A gente conversando, conversando, conversando e eu fiquei encantada por ele. Cada vez que ele falava eu me encantava por ele e ele falando que queria entrar no exército e pronto e. Eu sempre tive uma queda, uma obsessãozinha por exército, polícia tanto que no meu terceiro ano todo mundo decidindo pra que ia fazer vestibular e minha mãe, e eu não sei o que é que eu quero. e minha mãe o que você quer pense aí. e eu ah minha mãe eu quero entrar no exército. Ela não porque. E ela foi se informar e eu não podia entrar no exército porque eu não tinha tamanho suficiente, era um metro e sessenta e eu não tinha. E ela ficou super feliz porque eu não podia entrar no exército. Só que eu então eu vou entrar na polícia. Vou entrar pra polícia militar. Meu pai,filha minha não vai entrar pra polícia não, você está doida. e minha mãe falou assim, você se forma e depois você entra onde você quiser. se você não se formar você não vai ser polícia não vai ser nada disso. e eu resolvi fazer psicologia, mas não achava que era muito a vocação e tal. e depois eu fiz pedagogia e nessa época eu conheci Josésete. e ele conversando comigo e tal e ele era muito insistente se ele não fosse muito insistente comigo não ia dar certo. e quando foi assim no outro dia ele ligou pra mim chamando pra ir pro cinema e eu estava nervosa, falei com minha amiga que na verdade eu não tinha experiência eu nunca tinha saído com ninguém pra ir pro cinema. E essa amiga minha foi e achou ele alto bonito altão assim, lindo. A gente foi pro cinema e tal e ele ficou insistindo. Eu não dava, Eu não dava nada da minha casa, de onde eu morava nada. Era muito objetivo e eu querendo fugir das coisa e ele sempre correndo atrás. e querendo, ficou insistindo pra falar com meus pais. Meu pai nunca desconfiava que eu tinha namorado e meu pai nem desconfiava. e eu tinha dezenove tanto é que eu considero ele meu primeiro namorado. eu tinha dezenove anos e a gente namorou mesmo sabe. Eu sempre os outros foram coisa passageira não me envolvia, nem sequer ficava apaixonada, terminava e terminava era indiferente pra mim. Esse não. Ele insistindo insistindo pra conhecer meus pais. e minha mãe com medo de contar pra meu pai e ela está errado convida, que ele quer coisa séria com você. E eu com medo de contar ao meu pai e meu pai brigar com minha mãe , brigar. Aí teve um dia que minha mãe ia viajar com meu irmão, ia viajar a família toda e ia ficar eu e meu pai em casa. e eu fiz, agora eu vou contar pra meu pai. e meu pai fez assim vamos almoçar fora. E eu ótimo em lugar público ele não vai me matar. É lá que eu vou contar pra meu pai. e eu cheguei e meu pai lá quieto, todo frio todo reservado e eu meu pai eu tenho uma coisa pra te contar. Eu falei isso e comecei a chorar, chorava, chorava. Eu sei que eu chorava e todo mundo nas mesas olhando pensando que tinha acontecido alguma coisa. E eu chorava e eu é porque eu já tenho dezenove anos e porque eu estou na idade e no sei o que e chorava. E meu pai quieto com a mão assim e quieto e chorando com o olho cheio de lágrima assim . foi a primeira vez que eu vi meu pai com o olho cheio de lágrima assim, ele já desconfiava o que era. e chorei, chorei contei. Meu pai não disse nada. Só disse quero conhecer, vamos pra casa. E assim não comeu nada. Pegou a comida e deixou a comida lá e estava voltando pra casa chorando. Eu cheguei e liguei pra minha mãe, liguei pro meu namorado, liguei pra ele e foi e que ele começou a freqüentar minha casa,foi a primeira pessoa assim. a gente namorou um ano e dez meses , nessa época eu fazia pedagogia. Não tinha psicologia em Feira. Tinha pedagogia e a turma era super gente boa assim. Um monte de menina, tinha uma galera, um monte de menina gente boa, comecei a sair e dormir na casa delas e ir pras festas, foi uma fase perfeita em minha vida, era maravilhoso. O único empecilho é que eu estava fazendo um curso que eu não gostava que eu levava tudo assim. O resto era tudo perfeito. e a gente namorou.aí não era pedagogia que eu queria e eu não posso continuar nisso, não é isso que eu quero. Eu quero psicologia. e ia entrar psicologia lá em Feira só que nunca entrou. Então eu não ia esperar psicologia entrar. Eu tenho que correr atrás, eu tenho que ir pra Salvador. e eu sei que eu ia fazer outro vestibular. Eu vou fazer na Uefs também, eu vou fazer pra um curso que eu gosto também vou tentar psicologia no final do ano já que tem no final do ano já que eu quero psicologia eu tenho que estudar mais. Então eu fiz o cursinho junto com a faculdade assim só fiz um ano e meio de pedagogia . E durante todo curso de pedagogia eu fiz cursinho. Eu enrolava, mas sempre estava fazendo os dois porque desde o início eu senti que não era aquilo que eu gostava. e fiz vestibular lá na Uefs pra Engenharia Civil que dos cursos que tem aqui é o que mais eu me identifico. e lá vou eu fazer o vestibular pra engenharia civil. Era o último módulo da faculdade e um monte de homem porque em pedagogia eu estava acostumada com um monte de mulher fui toda arrumadinha fazer psicologia, toda maquiada, com saltinho alto. e quando eu chego lá os meninos,todo mundo me olhando assim e eu me sentindo uma patricinha o que é que eu estou fazendo aqui né e as meninas todas meio brabas as meninas que faziam, rara as meninas tudo meio braba e eu lá. e meu Deus entrei na sala. Eu fazia pedagogia mas estava tentando vestibular para engenharia civil sendo que eu era boa em história , português biologia em tudo , mas não era tão boa em física tão boa em física e também não era tão boa em matemática. Adorava matemática mas também não era tão boa em matemática e física era mais ou menos. e eu queria engenharia civil eu fui. achava que eu ia perder mas fui lá. e um menino do meu lado o menino todo informado, só dava menino. e o menino olhou pra mim assim e fez você está fazendo vestibular pra que. Eu fiz assim eu estou fazendo pra engenharia civil. Não eu sei. Você não tem cara de engenheira não menina. O que você está fazendo aqui ? eu imagino você com aquele chapezinho,

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bonezinho branco em cima da laje lá nos prédios e com pedreiro mestre de obras não sei o que , não vai dar reggae não. Eu não levei a sério mas sabia que não ia passar. e falei com meu pai fiz o vestibular mas não vou passar não e minha mãe. Sempre eu digo que vou perder, que eu vou ficar em recuperação, mas não fico em recuperação nenhuma. Sempre digo que vou pra final e não vou pra final nenhuma. Vou perder meu pai e ele não vai perder não de jeito nenhum. Física eu sou péssima vou perder. Quando saiu o resultado eu fiquei em décimo lugar e caramba eu tinha sempre fui péssima aluna nestas matérias. e fui fazer a matrícula. Quando eu cheguei lá os meninos não agüentaram, eu, passou eu e um monte de menino da minha sala. Eu e mais trinta homens e eu era a única menina. e nessa época, e meu namorado não queria né, ele não queria que eu cursasse engenharia justamente porque tinha muito menino. e ele ficou me incentivando pra fazer psicologia que era o curso que eu quero, que eu queria e tal. Mesmo assim eu ia em uma aula e outra, gostava, nem queria largar engenharia, estava até em dúvida né. Poxa adorava desenhar, desenhar aquelas plantas assim, as fórmulas, cálculo um. E fiz vestibular pra psicologia e passei e como teve greve mesmo assim eu consegui cursar um semestre de engenharia. e eu fiz vestibular pra psicologia e passei. e quando eu vim fazer psicologia, vim aqui pra Salvador, eu vim pra casa de minha tia, mais foi uma das fases mais complicadas da minha vida. Eu chorava, chorava eu me desesperei até pra fazer psicologia, mas eu não fiquei feliz. E eu chorava muito. Primeiro dia de aula eu lembro que eu acordei de manha e eu lembro que eu não conseguia abrir o olho de tão inchado porque passei a noite chorando. Não conseguia abrir o olho mesmo. Não. Eu vim na véspera eu vim com minha mãe e minha mãe veio me trazer no domingo e como eu estava chorando muito ela não deixou eu ficar sozinha. Ficou um dia comigo lá na casa, dormiu na casa minha tia um dia comigo. Quando foi no outro dia que eu abri o olho estava tão inchado que eu não conseguia enxergar nada ,aí foi um desespero. e pega gelo, botar gelo e o olho começou, até que eu consegui enxergar. Eu acho que deixar a família tanto é que agora eu estou acostumada né. Deixando pra trás minha vida não sei porque. Acho que foi o afastamento mesmo, deixei meu namorado em Feira e também minha família que e eu tenho um vínculo muito grande. Na época eu nem gostava de feira, mas depois que eu vim pra cá pra Salvador, Feira pra mim é a melhor cidade do mundo. Passei a amar Feira. eu nunca tive aproximação com minha família, com minha tia assim muito íntima assim. o meu primo a gente brincava quando era criança assim porque meu irmão já morava na casa de minha tia mas eu me sentia muito só mesmo eu estar indo todo o final de semana pra feira. eu chorava muito .e lá em Feira meus pais sempre estão me protegendo entendeu. Eu pegava ônibus porque eu gostava de voltar pra casa com as meninas. Era um grupão de meninas e voltava todo mundo e ficava conversando meia hora porque a UEFS fica perto da, a universidade ela fica longe da cidade e fica longe e a gente voltava conversando. E eu gostava de acordar cedo e meu pai me levava e me buscava. Eu gostava de voltar conversando. Se eu queria ir pra festa meu pai me dava o carro. Pedia o carro. Pegava o carro a hora que eu quisesse. Ele sempre ia me buscar me levar. Meus irmãos eram sempre foram uns doces comigo assim todos maravilhosos, perfeito. Minha família é uma coisa incrível. Meu irmão, Tanto é que ele veio morar em Salvador e depois pra Belo Horizonte e depois agora ele está morando no Rio. Meu irmão do meio que eu gosto muito. Mas quando ele morava aqui em Salvador se tivesse alguma festa e ele dizia você não vai sozinha. eu ligava pra ele ele vinha se Salvador ia lá pra Feira pra me levar na festa e não tinha nada haver com ele e ele lá na festa esperando. Ele é uma pessoa que não existe. é uma pessoa incrível. Eu tenho grande admiração por Ricardo. E o outro a gente brigava um pouquinho, mas ele sempre foi muito doce comigo. Os dois são meus padrinhos. Então essa distância da família era, do meu namorado de todos meus amigos tudo ficaram lá, foi muito doloroso, eu chorava desesperadamente. Eu chorava muito. Três anos. Logo quando eu eu cheguei aqui pra Salvador eu queria morar só. Ela não more com sua amiga que mora perto da faculdade. Suas amigas te chamando. Minha amigas passaram também. Na época do cursinho eu fiz grandes amigas no cursinho. Foi um casamento perfeito, o pessoal de pedagogia era maravilhoso, amigas no cursinho mais maravilhoso ainda , meu namorado. e isso me forçou , foi uma ruptura deixar tudo isso e começar um período novo na minha vida. e eu fiz assim: não, eu quero morar só. e minha tia começou a procurar apartamento pra mim e tal. e o que eu estou morando agora eu olhei assim e não queria entrar. Minha tia entre pra você ver. E eu não. Está perto da da faculdade. E ela entre pra você ver. Não minha tia é esse, perfeito. Eu fiquei eu não queria morar em Salvador. e foi quando eu fui morar sozinha, pra mim foi melhor. Até na casa de minha tia eu tinha vida de princesinha assim tipo seria longe da faculdade mas tipo eu já era,logo no primeiro dia de aula eu já tinha amizade com Gese e eu sempre vinha de carona com ela e tudo,ela foi minha primeira amiga, assim foi a primeira pessoa que eu falei quando eu cheguei aqui. E Gese foi a minha melhor amiga entendeu e a gente é amiga até hoje. Isso foi perfeito. E se não fosse seu apoio eu tenho certeza que eu não continuaria. e mais sofria muito assim todo final de semana eu estava em Feira. todo dia até bem pouco tempo pra eu voltar de Feira aos domingos eu chorava. Eu vivia chorando. A primeira vez que eu cheguei pra pegar ônibus pra ir pra casa da minha tia que eu tive de atravessar a passarela. Eu pensei que negócio atravessar a passarela de Salvador do Iguatemi, eu vou ser roubada essas coisas assim. e pegava o ônibus ia e parava assim e eu não me acostumava, dia e noite assim, e eu chorando. Eu chorava muito, me sentia muito desprotegida, me sentia muito sozinha. e pronto depois vim morar sozinha e e foi melhor, então aí, eu acho que eu podia ter a minha rotina assim, comia na hora que queria, dormia a hora que eu queria. Na casa de minha tia eu não assistia televisão porque a televisão era na sala e na sala ficava todo mundo junto. E Eu

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chegava almoçava e ia pro quarto. Eu ficava no quarto estudando o dia inteiro estudando. Tomava café sozinha. Assim que na minha casa tomava café todo mundo junto e na casa da minha tia não e Isso eu sentia falta também. Cada um que vai chegando vai tomando café é todo mundo assim, cada um vai chegando e vai almoçando. Não era essa coisa de família assim entendeu. E eu só vivia no quarto. E minha tia me tratava super bem o apartamento dela era lindo. O quarto que eu ficava era o quarto da filha dela que era maravilhoso. Mas e fui morar só. e depois de algum tempo meu namorado terminou comigo do nada. Eu estava nas férias em Feira eu lembro que semanas antes do Natal e ele chegou pra mim e disse que queria ficar noivo, que eu era a mulher da vida dele e queria me dizer. e eu disse não a gente está novo, eu não quero casar assim a toa vamos esperar. Só que tinha um monte de conflito. Ele estava passando por um momento complicado na vida dele, com a mãe dele, O pai tinha se separado da mãe dele. A mãe dele era muito pegajosa com ele, e Ele traiu .e ela tinha ciúme de mim e acabava disputando um pouco assim. Ele tem sete filhos assim oito mulheres sabe disputando aquele homem. e tá um dia é era Natal, depois ele ligou, Eu tinha passado uns dias fora meu sobrinho tinha passado mal, com febre e fui levar pro hospital e tal e eu falei com ele. E ele me ligava o dia inteiro era uma coisa bem obsessiva mesmo. Puxa cansa. E era o tempo inteiro e teve um dia que ele falou assim então não dá mais e está tudo terminado entre a gente. Se é isso mesmo que você quer e ele é. E eu fiz tá. e quando foi no outro dia de manhã, eu fiz ah mais venha conversar comigo porque eu não acho certo terminar assim pelo telefone, não é uma atitude sensata sua . e ele está bom. e eu fiz uma festa pra ele terminar com isso, champanhe fiz docinho e ele o que é isso Gesiane. Eu fiz assim é uma semana tudo perfeito, começou bem vamos terminar bem. E ele você não é normal, você faz tudo pra ser maravilhoso em sua vida. e eu peguei várias cartinhas, peguei várias cartinhas. Não é possível e ´engraçado que ele dizia que ele me amava e a gente ainda ficou neste dia. e eu falei você tem certeza que é isso que você quer ? Ele fez tenho. Eu fiz então até nunca mais. Me beije pela última vez e tchau pela última vez. Eu sofri muito, muito, muito. Eu não liguei mais, não procurei mais e ele também não me procurou, a gente se afastou completamente assim foi uma ruptura assim. Uma pessoa que fica o tempo todo grudada com você, passa o tempo inteiro falando que te ama Eu emagreci vários quilos e quando eu voltei de férias eu voltei pra Salvador e eu estou um dia andando na rua eu acho um militar. Eu ã Quem é esse? E e tipo assim todo menino que eu ficava. e terminei com ele e ficava sem sair. E foi nessa época que eu comecei a sair, você quer não sair porque você acha que ninguém quer ficar com você, que ninguém te quer, que aquela era a única pessoa do mundo.aí você começa a sair. e eu saindo assim eu ficava com uns meninos e nessa rua eu vi esse militar eu foi bem assim sabe. e eu sempre olhava e ele olhava e eu estava há praticamente dois anos ali e nunca tinha visto ele. Vi uma vez só que eu estava com meu namorado. mas meu namorado brigou comigo porque eu olhei e ele sabia que eu gostava de militar sabe. Mas assim passou. E e eu sempre saia pra Faculdade e era a hora que ele ia pro quartel. Eu chegava sempre junto toda vez que a gente se via, a vida estava conspirando pra aquilo. e um dia eu estava assistindo uma aula, era até teoria da aprendizagem e estava passando filme estava passando Sociedade dos poetas mortos e só com carpe diem. e eu só com carpe diem na cabeça e eu estava na janela da minha casa e ele disse assim que queria falar comigo. e eu fui pra varando do meu prédio assim. e ele pediu, e ele desceu e falou assim.vem cá no portão. E eu fui no portão e o portão estava fechado assim. e portão estava fechado e a gente conversando assim e ele disse assim me dê seu telefone que eu quero conversar com você. e eu dei meu telefone e ele me ligou. e ele falou se ele podia me conhecer pessoalmente que ele morava na rua há vinte e oito anos e todo mundo me conhece desde pequeno e que queria conversar na varando do prédio. e está bom e fui conversar com ele. só que assim eu sempre fui meio tímida e ele me deu um beijo assim, não é tão mal mas não é igual ao beijo de Josésete que é perfeito. E o beijo dele. e Tem cinco meses que eu gosto mais ou menos. e nesse tempo Junior me ligou. e Junior me ligou e adora dizendo que me amava e ele me ligou. E ele foi pro Rio e voltou, começou a me seguir a me encontrar . E e fiquei com Josésete mais estava interessada mesmo no menino mas fiquei com Josésete . hoje eu acho que por vingança. Eu acho que eu gosto dele eu gosto até hoje.mas por vingança eu não quis ele eu fiquei com ele mas machuquei muito isso. E ele voltou assim eu fiquei cinco meses esperando por você. Engraçado cinco meses e a gente não se procurou e um nunca procurou o outro e um achava que o outro amava. Ele porque eu nunca procurei ele e ele procurou por alta afirmação, se eu o amava e eu achei aquilo um absurdo, eu achava que ele não amava mais a mim e terminou assim. mas eu não admitia assim ele me fez sofrer, ele me magoou assim. agora ele vai sofrer tudo o que ele fez comigo em dobro e eu vou ver ele derramar cada lágrima na minha frente cada lágrima que eu chorei por ele. Eu vou ver ele chorar cada lágrima que eu chorei por ele. e e eu fiquei ele queria reatar o namoro comigo e eu não queria reatar o namoro com ele. saía muito e ele era muito ciumento, extremamente ciumento e isso matava ele. e um dia a gente saiu e ele pegou eu saí ele pegou o celular leu todas as mensagens de Joséoito que era o tenente só que não botava o nome de Joséoito eu botava meu tenente e caramba ele sabia e ele morrendo assim mesmo assim ele continuou. E eu não queria voltar pra ele. depois ele pegou uma carta minha pra Joséoito falando que eu queria ver ele, que eu estava com saudade. E ele se desesperava assim,ele chorava na minha frente e eu diz ele que eu ficava com cara de cínica assim e eu ficava mesmo. Sabe ele chorando e eu no fundo ficava tão bem, eu não conseguia me controlar eu dava um sorrisinho básico assim imagina. e ele me levou numa festa assim num bar e eu sentei com meus amigos e ele sentou mais na frente e um cara chegou, ele não quis sentar com minha turma. e um cara chegou pra conversar comigo e eu falei não posso que eu estou

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acompanhada. O cara não você não está acompanhada, não está com ninguém e menino no meu lado e ele lá olhando. E eu falei com minha amiga assim e dei um sinal pra ele ver e ele não estava nem e só olhando. E eu falando eu estou acompanhada e tal. Até que ele ficou com raiva dele, ficou furioso foi pra cima do menino e levantou e perguntou você não está vendo que ela tem namorada não. Ele não ela não me disse que tem namorada não. Não eu não tenho namorado e realmente eu estava solteira ele levantou e foi embora. Depois desse dia então ele foi embora. Nesse mesmo domingo eu estava lá e ele estava e eu tinha ficado com o cantor da banda que era mais velho. Nessa época eu tinha terminado com ele e o cara mais velho e ele sabia. Eu e meus amigos estávamos lá e eu e marcela uma amiga minha cantava música ele foi e chamou a gente pra ir pro palco. e como Josésete estava lá eu e Marcela a gente foi pro palco. Eu subi no palco e estava toda a galera. Eu subi no palco o nome da música eu esqueci mais ele cantava a gente era cantar atirei o pau no gato. Minha filha eu cantei atirei o pau no gato e foi uma algazarra e ele estava com a garrafa de água. E ele girava a garrafa de água no alto até que pegou água detalhe ele cantava maravilhosamente bem. E eu sempre cantei péssimo. Quando eu terminei de cantar o pessoal bateu palma pra mim e todo mundo maravilhosa você é perfeita e ele vendo. Ai meu Deus. Talvez eu acho que Josésete tenha sido o homem da minha vida. Tem dois anos. Nesse tempo eu fui ficando com Joséoito que é o vizinho lá da rua. Na verdade eu e Joséoito estamos até hoje ficando. Ficando.

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6ª transcrição – I6 Eu penso até um pouco em como começar em casa porque eu assim como você tenho um pouco de historia assim como você que começa antes do nascimento que assim muitas vezes assim relevante então eu queria começar antes de eu nascer. Assim minha família por parte de pai é japonesa e minha família por parte de mãe é brasileira. Essa família por parte de pai ela veio pro Brasil, veio meu avô e minha avó um tio de meu avô e minha avó no caso, meu pai e eu acho que mais uns três tios. Quando meu pai veio, ele veio bem pequeno com oito anos de idade mais ou menos e chegou aqui aquela vida de imigrante trabalhar e tudo mais. E eu fui o primeiro brasileiro a nascer da família. tanto fui o primeiro neto, o primeiro brasileiro, Então assim eu fui bastante festejado de certa forma tanto que meu nome a grafia dele o significado é primeiro homem, é porque tem o kanji e cada letra tem um significado.a grafia de meu nome significa isso.E assim eu fui muito festejado na família por ter sido o primeiro neto, o primeiro neto de minha avó, primeiro que nasceu no Brasil, primeiro filho homem de meu pai. Porque japonês tem um monte de filho homem filho homem e mulher filho homem é mais valorizado assim então ter, pra começar teve isso bastante festejado. Eu não tenho muita informação assim em relação a parto, a essas coisas eu nunca parei pra me perguntar. As poucas histórias que eu conheço por exemplo que minha mãe fala que meu pai tinha todas as, tudo que minha mãe sentia na gravidez meu pai sentia também.meu pai enjoava, que meu pai tinha desejos sabe, isso tudo meu pai teve também e minha avó sempre falou que isso era sinal de que tudo estava tudo bem com o bebê. então uma das poucas coisas engraçadas que eu sei que tem a isto, na gravidez de minha mãe em relação a minha pessoa é que meu pai sentiu tudo. Eu não sei ao certo essa historia mas eu sei que foi um irmão de minha mãe, minha mãe tinha um irmão grande também, meu pai tem, meu pai eram seis, meu avô, minha avó e mais seis filhos e minha mãe eram sete, então era uma família grande . e meu pai era amigo do irmão de minha mãe e e foi apresentado e tudo e conheceu minha mãe. Minha mãe era , minha mãe na época era bastante assim, as pessoas, minha mãe disse que era bastante cortejada, tinha muita gente no pé dela mais ela não queria nenhum. E engraçado meu pai é baixinho meu pai tem um metro e cinquenta e pouco assim, a família de minha mãe é alta mas a família de meu pai é baixa. e minha mãe disse que quando conheceu meu pai disse : é este baixinho que vai namorar comigo?. Mas não sei exatamente o que aconteceu acabaram namorando, noivaram foram acho que quatro anos de namoro mais uma infinidade de tempo de noivado casou e depois de um ano que casou é que minha mãe engravidou. e que tive , quer dizer, que eu nasci. Das minhas lembranças mais antigas mesmo eu não tenho eu não consigo lembrar muito quando era pequeno. Não lembro quando eu comecei a andar ou comecei a falar isso não me vem não consigo remeter a essa época. mas a lembrança mais antiga que eu tenho foi que eu saí pra comprar figurinhas de um álbum de figurinha, é uma lembrança já grande eu acho, eu não tenho certeza mas acho que eu já estava no colégio. Podia ter três quatro anos no máximo. Minha família lá em casa sou eu e mais dois irmãos, são três homens, a diferença é sempre de quatro em quatro anos. Parecem até que eles combinaram , porque fui eu depois quatro anos depois Josédois e quatro anos depois foi meu irmão menor Josétrês. Então foi assim um depois do outro, bem assim escadinha. Tudo isso aconteceu em Salvador. Porque assim a família de meu pai quando veio primeiro para Brasília e depois veio pra já pra cá. meu avô assim ainda mantêm contato, mas meu avô mora numa chácara em Camaçari. Meu pai teve de sair pra trabalhar e acabou ficando mais em Salvador. Viveram em Salvador também mas meu avô sempre quis sair de salvador e então ficou numa chácara lá perto de Camaçari. Não tem relação não sei se isso é, se isso foi o que aconteceu se isso é por causa da cultura, mas assim a família de meu pai ganhou uma filha e a família de meu pai perdeu. Então assim meu minha mãe se dedicou cem porcento a família de meu pai. Então estas festas, por exemplo, sempre passa sempre tive a criação sempre passei junto a família de meu pai.eu tenho menos menos contato com a família de minha mãe.tenho contato mas assim por exemplo festa de natal nunca passei com a família de minha mãe. A família de minha mãe assim raramente eu passava SãoJoão assim porque um dos irmãos de minha mãe tem uma fazenda uma chácara em Ipiaú. A família de minha mãe é de Ipiaú então assim alguns SãoJoão, algumas festas de SãoJoão eu ia pra lá, mas essas festas como ano novo. Moram aqui, Na verdade a família de minha mãe eram três homens e quatro mulheres. Dois deles, os dois homens vivem em Ipiaú o terceiro faleceu. As mulheres que vivem aqui. Isso é engraçado na família de minha mãe, as mulheres sobrevivem mais, ela tem varias viúvas e poucos homens na família. Então o núcleo familiar de minha mãe agora aqui em Salvador é constituída por tias. Tias,primas. Mas o contato com a família de minha mãe é menor. Eu tinha mais contato com a família de meu pai. Tios e primos. Porque assim é uma parte da família menor da família. Seria o que cinco tios e um tio avô. Então a família ficou nuclear, bastante agregada e pequena, mesmo agora depois de tantas gerações. Tantas gerações, nem tanto, uma duas gerações aqui no Brasil a família é mais, por isso que eu acho que é uma coisa cultural, porque meu pai e minha mãe vivem em função da família de meu pai. Mas todos os outros também filhos que casaram acabam trazendo as famílias pro lado de cá, interessante mas eu não sei até que ponto é do comportamento ou é da cultura da família. Eu tinha quatro anos eu lembro um pouco mais. Eu vivia, a gente vivia no Paumiúdo, acho que é Paumiúdo, ali perto da CaixaDágua e e a gente se mudou e ai quando a gente se mudou minha descobriu que estava grávida. Então A gente se mudou pra Brotas e minha mãe ficou grávida e eu lembro justamente por que foram dois

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eventos mais diferentes na vida um, a mudança e outra que ela estava grávida. Eu lembro que minha mãe, eh Não lembro dar um beijo em minha mãe, mas lembro de ela me levar no colégio, voltando. eu lembro de minha mãe indo pro hospital pra ter neném, lembro dela de barrigão assim agora porque minha mãe quando foi pro hospital assim esse meu irmão do meio nasceu muito prematuro e nasceu com menos de sete meses quase sete meses praticamente. Acho que aconteceu alguma coisa, a bolsa rompeu não sei foi mas saiu corrida minha mãe e e tudo mais. Eu lembro que ela voltou e depois de uma semana ou mais semanas é que ela voltou pra pegar ele no hospital. ele ficou muito pequeno na encubadeira então eu lembro. E assim aniversario eu lembro eu tinha muito ciúme de meu irmão. Esta parte eu lembro eu tinha muito ciúme e minha mãe para aplacar o ciúme ela dizia que ele era meu que meu irmão era meu, que eu era responsável por ele. E ela fez a mesma coisa quando o outro nasceu, quando o outro nasceu ela falou pro Josédois que é o do meio, Josétrês é seu, você é responsável por ele. E ela mesmo que aplacou essas coisas assim. Minha infância foi bastante assim rica principalmente em relação à família. Eu era extremamente paparicado, eu era era extremamente as coisas eram pra mim o que acontecia, acontecia pra mim, eu era o centro das atenções da família talvez por causa disto por eu ter sido a primeira criança a ter tido . Mas eu lembro que meus irmãos não tiveram muitas regalias que eu tive, não tiveram. Brinquedos, Eu tinha muitos brinquedos, brinquedo de jogar fora. Todos os brinquedos daquela época eu tive. Então assim eu tinha muita coisa assim, brinquedo demais. Eu sempre fui papudinho sempre fui e eu lembro que comida assim eu quero sorvete da Ribeira alguém saía pra comprar sorvete da ribeira pra mim, o negocio assim, eu era o centro das atenções ali então eu aproveitava daquilo ali de certa forma. Eu vi,Principalmente meu irmão mais novo, ele não teve metade de outras coisas coitado, mas acho que também porque não era mais novidade como era comigo. Mas assim eu lembro que eu cheguei a freqüentar uma escola por lá em Paumiúdo mas não cheguei a completar. Quando eu fui pra Brotas eu fui estudar no centro educacional , JeanPiaget e eu passei todo o meu primeiro grau todo até a oitava série neste mesmo colégio. Eu não lembro minha entrada no colégio mas tem um fato engraçado nisto que minha mãe disse que ela teve de ficar uma semana comigo no colégio pra eu me acostumar.uma semana que ela chegava e quando ela fazia menção de ir embora que eu abria o maior berreiro e ela tinha de ficar lá até eu me acostumar. E e ela sempre conta essa historia sempre juntando com a historia de meus irmãos que Josédois disse que chegou olhou começou a brincar e olhou pra cara dela e disse pode ir embora, pode ir embora, Ele mandou minha mãe ir embora. Ela disse que eu tive problema e Josétrês eu não sei como foi não me vem na cabeça. Ela sempre diz eu fiquei no pé dela e que Josétrês sempre mandou ela ir embora, não queria que ela ficasse lá. Lá em casa os três tem personalidades bem diferentes. Eu sou mais tranqüilo assim, sou mais apegada a casa a família. Josédois é mais doido se pudesse estava doido no mundo. e Josétrês é mais na dele, é mais fechado.é marcante a diferença só quando você conhece você percebe a diferença. Na infância eu era , era uma relação boa tinha briga como tem briga entre irmão acho que sempre tem briga.tinha suas brigas suas discussões mas nunca houve , nunca houve um extrapolar o limite. Lá em casa as discussões são sempre extremamente verbais.nunca houve situação física, eu não lembro de bater em um irmão meu, que eu bati em um irmão meu ou assim ter apanhado de um irmão meu, Nunca teve essa cultura lá em casa.mas nem por causa disso deixa de ser uma grande briga, sabe. Um xingando o outro é uma coisa mais normal tipo hoje lá em casa. É assim bastante tranqüilo. Engraçado é que depois de velho é que entrou aquela situação de ciúme em jogo assim que minha mãe gosta mais de você do que de mim. Na época não tinha, isso entrou agora este típico argumento entra na briga mas a relação é boa. A maioria das brigas acontecia porque um queria fazer uma coisa ao mesmo tempo que o outro. Um na televisão outro no vídeo game sabe e e entrava em atrito mas dava pra se ajeitar.eu conseguia fazer com que agradasse a todos. Mas tinha muita briga. Na escola é bastante marcante pra mim.eu até comecei a falar na escola assim porque eu eu tive grandes amizades na escola desde pequeno mesmo eu tenho quatro amigos que eu conheci na terceira série e a gente continua amigo até hoje de se ver regularmente de conversa. Já tem uma certa cumplicidade comigo que muitas vezes a gente sai sei lá come alguma coisa vai pro cinema e quase que não troca uma palavra e acha que foi maravilhoso, que já tem uma certa união em relação a isso. Então assim eu principalmente assim nas séries mais básicas. Nem tanto mais básicas antes do ginásio nem tanto a partir da terceira, quarta série esta ligação de amizade foi muito forte. E como eu sempre estudei neste mesmo colégio até a oitava série, a turma cresceu junta, a turma mudava pouco então você acabava conhecendo todo mundo muito. É engraçado que agora depois de tanto tempo eu mantenho contato com poucas pessoas mas estes quatro amigos eu tenho que eu considero como irmão mesmo. Eu sempre digo família você não escolhe, família você ganha. Mas amigo você escolhe. Então esses quatro são amigos mesmo, eu considero como irmão. Mas assim passei a fase estudantil sempre junto do mesmo pessoal da mesma galera assim. então tinha seu ponto bom que você conhecia todo mundo mas também tinha uma coisa ruim porque qualquer coisa que acontecesse se espalhava extremamente rápido . você chega assim na quinta, sexta série e aquilo se espalhava virava motivo de chacota era uma coisa horrorosa. Tinha tinha, a história mas engraçada que tinha em relação a isto foi justamente uma amizade que eu tinha com uma menina e que Desde quando eu entrei na colégio tinha Sãojõao e tinha de de ficar aquele casamento e a noiva era uma menina e sempre a mesma menina, então isso foi cultivado assim principalmente pelos pais. É engraçado como os pais fazem de vez em quando faz a perversidade e ia sendo cultivado assim e ficava naquela coisa assim e dizia que menina, Gesiane era o nome

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da menina, é namorada da José. José e Ana Carla, e eu não tinha nada e a menina pra mim era irrelevante. e a menina não tinha nem conversado com ela direito para acontecer alguma coisa. E quando eu entrei na fase ginasial que você começa a olhar um pouco mais as coisas a menina se sentia como minha namorada e aquilo gerou uma situação extremamente constrangedora pra mim e frustrante pra ela. Mas assim, aconteceu. Por isso acho que houve uma certa perversidade dos pais e porque é alimentaram isso . Mas essa menina a gente acabou até tendo uma briga uma discussão, ela se sentia mesmo a minha namorada em relação a isto e isto é coisa de sua mãe e coisa de minha mãe. A gente até perdeu o contato com ela e até e eu fico sentido de ela ter ficado com algum tipo de trauma por causa disto. mais foi tanto que eu assim, como é que eu vou dizer, quando a gente fala de relacionamento eu posso definir que a minha vida de relacionamento começou na sétima série que entrou uma menina nova, diferente na turma eu me interessei pela menina mas foi platônica. Eu levei um ano inteiro pensando na menina e quando chega no final de ano assim a aula acaba amanha e eu poxa José você não vai fazer nada e eu não fiz nada. Então assim durante esta fase até a oitava série com esta turma era impossível fazer qualquer coisa. Depois da oitava série eu fui fazer o segundo grau na escola de engenharia. Tinha tentado escola técnica e escola de engenharia.passei na escola de engenharia e e fui fazer. e a coisa melhorou um pouco mais sair daquele ambiente. Conheci novas pessoas, outras turmas. A Escola de Engenharia ela tinha um regime semestral então mudava constantemente então uma turma não era igual a outra. Então isso pra mim no início foi um choque, e depois eu achei uma maravilha, saia completamente do perfil que eu estava acostumado a viver, as mesmas pessoas todos os dias. Sempre conhece muita gente interessante mas assim como é que eu vou dizer eu sou aquele cara que tem mais paixões platônicas. Então eu sou do tipo de pessoa de ficar observando, é muito difícil de chegar junto.então isso acontece constantemente. Pra eu dar aquele primeiro passo passo pra mim é tortuoso, tem de fazer, mas teve muito isso, teve muito isso. Quando eu mudei pra Brotas era uma rua que não tinha saída. A rua vinha e embaixo tinha um retorno e tinha uma praçinha neste retorno que a gente chamava de rodela então a entrada era a mesma saída. então eu conheci todo mundo da rua. E as amizades de brincar era mais na rua mesmo. Então eu tinha eu vivenciei as duas coisas tanto a fase de moleque de ir pra rua e votar todo esfoliado. Não era muito de jogar bola mas eu era muito de andar de bicicleta. Não era muito assim de jogar bola, brincar de garrafão. Gostava de bicicleta, gostava de tipo fazer um mapa do tesouro e sair procurando as coisas e a gente brincava muito disto.e na época não tinha tanto prédio então a gente corria subia descia em todo barrando e a gente saía em tudo que era canto. Depois construíram os prédios e terminou este espaço, e a gente parou com a brincadeira. Mas tanto que vivenciei a parte de moleque quanto vivenciei a parte de menino enfiado em casa. Eu sempre fui uma pessoa que gostei muito de tecnologia e assim vídeo-game se você pensar eu tive todos. Todos, o que você imaginar eu tive de vídeo-game. Ao mesmo tempo eu estive muito lá em casa na frente da televisão me acabando naqueles negócios eu estava na rua também, principalmente de bicicleta. Minha bicicleta era inseparável. Era uma coisa assim que tomava muito o meu tempo era a minha bicicleta.Gostava sim, gostava O pessoal também. O pessoal,Os meninos gostavam também mas os meninos gostavam mais de jogar de bola e eu eu nunca gostei de brincar de bola, nunca gostei de brincar de bola. E eu nunca, não via graça naquilo, até hoje quando tem por exemplo eu assisto por que todo mundo está assistindo e mesmo assim algumas pessoas que me conhecem sabe assim que eu não gosto.não sei porque nunca vi nenhuma graça em futebol em nada disto. A maioria dos meninos gostavam de jogar de bola e eu não era tanto assim. Meu negocio era , como eu até brinco, era ser goonies. Goonies é aquele filme, representou bem a minha infância, minha brincadeira era aquilo. Não era uma bola e sair correndo atrás de uma bola, pra mim aquilo era tão besta.eu gostava de imaginar as coisas de fazer, por isso assim fazia um mapa de brincar, a gente brincava em tal lugar e a gente achava e era muito bom. Mas brincava mais quando o pessoal estava brincando de bola,eu ia pra casa e eu jogava o vídeo-game a tarde inteira. Quando eles queria brincar de outra coisa e eu saía e ia brincar. Meus irmãos não tiveram tanto isto.Josétrês foi quase cem por cento livre. Eu consigo ver que as vezes tem uma relação a isto. Foi legal as amizades da, é engraçado ,porque eu me mudei de lá tem mais ou menos oito anos ou seja eu fiquei bastante tempo naquela rua e depois que , ao mesmo tempo que eu gosto do pessoal que eu andava muito pessoal é no dia que eu me mudei eu não voltei mais pra lá. Sabe como não tivesse, a partir do momento que eu havia me mudado não há mais vínculo. No caso alguma pessoa me liga e falam pô cara você nunca mais esteve aqui e eu digo é tempo. Mentira eu não tenho vontade nenhuma de ir pra lá. Então como se eu não tivesse criado vínculo. Não sei não tenho nunca parei pra imaginar exatamente porque aquilo. Mas as vezes na frente da rua e a entrada é na rua bem principal de Brotas e olho assim pra dentro e digo puxa eu tenho de ir lá um dia desses e morre nisto. Então tem esta coisa engraçada ao mesmo tempo eu gosto muito do pessoal eu não me interessei em voltar pra rever. Agora eu estou morando há oito anos mais ou menos, na VilaLaura. Se eu lhe disser que eu conheço cinco pessoas na rua, eu estou mentindo, porque eu não conheço ninguém. Ninguém assim conheço pouquíssimas pessoas. É engraçado não tive problemas com isso. Não sei se é porque também eu já me mudei e me mudei velho comparando com toda a infância que eu estava lá. então questão de tempo , questão do ter que fazer mesmo, ter que estudar e tal a gente acaba arranjando este tipo de situação. Mas não me trouxe nenhum problema não só achei engraçado mesmo assim.

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Adolescência foi muito bem. Eu me considero muito, eu me considerei muito problemático. Eu tinha bastante questões pessoais. Eu sou um tipo de pessoa que não sou de compartilhar, então eu guardava muito as dúvidas, os meus problemas sabe.minhas angustias eu guardava muito pra mim. Nunca fui de chegar pra alguém até mesmo pra minhas amizades nunca fui de chegar pra falar eu estou com problema assim assado. Mas no geral foi muito bem.por exemplo, se eu colocar a escola eu fui muito bom.eu fui um aluno exemplar até o terceiro ano.fiz o primeiro grau no jeanpiaget. O segundo grau fui fazer técnico fiz muito bem. Quando chega no terceiro ano que no caso da escola de engenharia é sexto semestre era assim não sei não queria mais, meu entendimento é esse. não posso lhe dar uma resposta assim se foi isso ou se foi aquilo, eu simplesmente perdi o interesse. e esse sexto semestre eu tive de repetir três vezes.eu simplesmente chegava na escola assim, na escola de engenharia olhava pra dentro da aula e saía pra fazer outra coisa. E e voltava e e não quero não e e ia pra casa de meu amigo ia pro shopping piedade e e isso me fez refazer esse semestre três vezes. É como se tivesse perdido o ano dois anos. Não, como se tivesse perdido o ano uma vez. Assim mas depois disto acho que foi a fase rebelde.isso é o maior problema porque eu passei de um ótimo aluno, de um ótimo de uma pessoa que estudava bastante pra uma pessoa que não queria nada com a vida. Eu tenho uma tia que é irmã de meu pai que batia o pé firme que eu estava usando drogas na época. Botou na cabeça de meu pai que eu estava usando drogas, usando drogas e tal e sabe. E quando eu vi isso eu fiquei besta porque isso é uma coisa que eu nunca tive interesse foi drogas assim. Eu não gosto de nada que me faça sair do eixo, tanto que eu não bebo tanto porque eu acho que perde o controle é uma coisa que não me interessa. E minha tia ficou falando isso e infernizou a cabeça de meu pai. Meu pai acho que era verdade, foi horrível tirar essa mau impressão. Essa impressão errada deu um trabalho danado. Eu acho que foi uma fase rebelde. Cobrava tudo principalmente pelo fato de que eu era tão bom aluno e passei a ser uma pessoa desinteressada, e o que está acontecendo, e meu pai tentava atingir da forma que ele pode financeiramente. Ah não vou mais te dar mais nada, você agora vai viver com seu dinheiro de ônibus, tanto que eu comecei a trabalhar justamente por causa disto, porque ele me apertou e eu disse não vou ter de fazer qualquer coisa. Primeiro trabalho eu comecei a trabalhar numa loja de um amigo meu, uma livraria. Na livraria dele. Só que eu sou uma pessoa que sempre gostou de ler então era botar o lobo ,era botar ovelha na toca do lobo, o que eu ganhava eu convertia em livro. Era automaticamente recebia livro. Então era engraçado isso eu fiquei três meses assim, até que não teve jeito ou eu comprava livro ou eu tentava me virar porque meu pai me apertou, assim ele me deixou praticamente com o dinheiro de ônibus pra escola de engenharia e voltar. Daí eu depois consegui. Não. Daí um tempo eu passei na escola de engenharia e eu passei no vestibular . e nessa época ele melhorou comigo porque eu tinha passado no vestibular ficou tudo numa boa, não me apertou mais. e e eu fui fazer vestibular pra processamento de dados.essa é boa.quando eu estava fazendo processamento de dados eu descobri que não queria mais fazer aquilo.que eu saí de um curso técnico de informática, fui pra um curso superior de informática e eu olhei assim eu vi que não era pra mim aquilo.dá um dia e eu falei não é pra mim isso. Eu estava no sexto semestre quando eu saí mas essa decisão eu tinha tomado no segundo ou terceiro semestre na matéria de introdução à administração de recursos humanos e e um exercício que a professora fez, uma dinâmica que ela fez, que ela fez assim : eu quero que vocês imaginem vocês daqui há dez anos o que você vai estar fazendo que tipo de emprego se tem família se não tem, fez esta dinâmica assim e eu simplesmente não conseguia imaginar nada.nada nada, eu fiquei parado, estático. E quando aconteceu aquilo eu não vou viver disto eu não tenho condições de viver disto. Eu não tenho condições de viver disto. Eu não consigo me imaginar trabalhando com isto eu ano vou viver disto. e e eu levei desse semestre, acho que foi no segundo ao sexto querendo sair sem coragem de sair porque eu sabia que meu pai não ia gosta não sei o que.até que eu contei pra minha mãe.olha minha mãe não tenho interesse mais em continuar e tal e ela ah mais você está no sexto, continue, forme logo e depois você faz outra coisa que você quiser e tal. Mas ficou uma situação tão difícil de se lidar era tão forçoso de continuar na faculdade. que um belo dia eu cheguei na secretaria e falei olha que quero desistir do curso. A mulher ah não tranque, ah não você está entendendo eu quero desistir do curso e quero fazer novo vestibular . Não você tranca e se não conseguir você volta. Não eu quero desistir do curso pois eu quero ter certeza que eu não vou voltar pra cá porque se eu posso voltar pra cá eu não vou me empenhar pra fazer outro vestibular. Então você desiste e pára de vir e vai ficar como abandono. e eu fiz ta. e falei pra meu pai.Olhe meu pai saí do curso pra fazer outra coisa. Ah fazer o que ?, que a faculdade era particular também e isto pesa na hora. Vai fazer o que ? eu acho que vou fazer psicologia. Que eu sempre tive vontade de fazer psicologia mas não fiz porque eu tinha muito mais conhecimento na área de exatas. Sempre fui bom na área de exatas e sempre fui muito ruim na área de biologia, química. E e quando eu tomei minha decisão foi assim ele me apertou completamente, completamente e eu fiquei assim por sinal era a única forma que ele tinha de me atingir.meu pai nunca foi de bater na gente. Na verdade nem meu pai e nem minha mãe foram de bater na gente entendeu, mas ele atacava onde ele podia. Então financeiramente ele me apertou legal. Arranjei um trabalho, fui trabalhar num provedor de internet. Não, primeiro,primeiro eu fui trabalhar com programação numa empresa. Depois fui trabalhar num provedor de internet. Que quando eu arranjei trabalho de programação, era estágio da faculdade. Eram estagio de seis meses e eu fiquei oito meses. e quando eu decidi sair, meu pai me apertou e eu fui trabalhar no provedor. e fiz um intensivo de vestibular que praticamente não freqüentei, só ia para assistir as aulas de biologia e química.

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Era o que eu não sabia.isso aqui eu vou ter que assistir o resto nem passava batido. Fiz o vestibular pra cá. mas Fiz o vestibular pra cá com plena convicção de estava tudo certo de que estava passado, estava tudo direitinho. e foi assim cheguei aqui na tranqüilidade fiz minha prova direitinho na tranqüilidade passei.ele só foi aceitar mais depois de eu ter mudado o curso depois do terceiro e quarto semestre aqui que ele viu que eu estava levando a sério. E eu chegava pra mim todo final ele chegava pra mim e eu já era um jegue, grande pra caramba e ele perguntava cadê o boletim. E eu Boletim uma hora dessas, meu pai você nunca me pediu o boletim quando eu era criança você veio me pedir agora ?. Mas também tinha um que de vou mostrar pra ele cheio de novo cheio de oito, e pega seu boletim. Só e ele viu que ele viu que eu estava levando o curso a sério, que eu queria fazer psicologia. Agora eu sei que é muito mais. Mas na época foi muito mais difícil. Sempre tive de me virar. Me virei de certa forma. Mas essa escolha assim foi feita na hora certa. Eu acho que se eu tivesse feito psicologia como primeiro curso, assim eu tinha dezenove para vinte anos, se eu tivesse feito na primeira tentativa, acho que eu não teria levado tão a sério como eu levo agora. Então eu acho que foi na hora acertada mesmo fazer psicologia depois de ter feito, ter passado por outra coisa, visto que não era a minha. Talvez se eu tivesse feito psicologia antes, talvez eu teria feito informática depois.agora eu consigo responder ela bem melhor. Eu não consigo me ver daqui há dez anos eu tenho certeza porque eu não sei eu acho que previsões, previsões são muito incertas mas eu consigo assim a me enxergar como psicólogo mas não necessariamente clinicando. Não sei ainda. Eu sou uma pessoa que passei o curso o tempo todo assim com a bandeira de experimentar tudo pra ver o que eu quero. Assim logo no inicio eu pensei logo a trabalhar com educação. Acho que por causa do curso, da própria forma que o curso é feito, você vê desenvolvimento humano, psicologia da educação e você vai ver as matérias clínicas e agora não tem mais. Mas no início eu pensei em fazer educação. Eu gostava de educação. depois não vou trabalhar em outra direção. Agora poxa eu queria experimentar, Eu queria ter o sabor de trabalhar clinica mas eu acho que eu devo assim atualmente minha tendência é trabalhar com educação mesmo,ralar. Atualmente é que eu desejo. Então eu imagino assim que mais tarde um professor mesmo, pesquisador. Eu queria trabalhar numa área um pouco diferente, um desafio.eu posso dizer que esta previsão é pra daqui há três, cinco anos.mais daqui há dez anos já ficam mais incertas, eu não consigo fazer previsões tão longas. Não dá ainda pra fazer. Mas assim trazendo desde o momento que eu fiz o vestibular, o momento que eu decidi escolhi o vestibular pelo menos nesta esfera da vida eu acertei completamente. Porque assim trabalho que é uma das coisas essenciais, é uma coisa que é tão constante, pra mim você não pode ficar estagnado no trabalho. eu acho trabalho é uma coisa que você tem que experimentar muito. Por exemplo, eu já trabalhei com atendimento de telemarketing, já trabalhei com programação, com provedor eu estou querendo arranjar alguma coisa na área de psicologia. Então assim eu acho que você tem que experimentar várias coisas. Então assim eu não consigo me imaginar em ser um profissional que tem trinta anos de carreira fazendo uma coisa que nem meu pai. Meu pai, por exemplo, passou a vida toda trabalhando no pólo. A vida inteira meu pai trabalhou no pólo. Minha mãe é assim, era professora, mas depois que casou parou de trabalhar, ela foi cuidar da família. Assim então eu não consigo me imaginar nem ficar parado e nem ficar trinta anos na mesma carreira então trinta anos são muita coisa. Outra história também é a história familiar. Assim minha história familiar ser bom a gente sofreu algumas perdas.por exemplo anos meu pai e minha mãe tinham trinta e dois anos de casado e agora , no inicio desse ano meu pai largou trinta anos de casado. Então assim você não pode largar. Tem várias coisas, relacionamento não é uma coisa tão simples tem, Tem poder, tem desejo, tem necessidade, tem vontade, tem um monte de coisa haver com isso e nada segura o relacionamento. Então assim foi uma coisa que aconteceu no início do ano e que me desestabilizou um pouquinho. Então eu acho que não pode tentar prever , relacionamentos familiares. Então assim por isso que eu estou falando na esfera profissional eu acho que eu escolhi muito bem, está me dando tudo o que eu quero e nas outras não dá pra prever não.Eu sou atualmente eu sou uma pessoa mais calma tranqüila. Eu não sou de sair muito. Não bebo, eu não fumo, nada faço nada errado como se também beber e fumar fosse extremamente errado. Sou uma pessoa bastante tranqüila. Atualmente sou uma pessoa que tenho me dedicado realmente ao curso da faculdade. Tenho alguns colegas estes quatro amigos que eu saio regularmente .quase todo final de semana eu saio, eu vou comer alguma coisa em um lugar diferente gosto de tomar um sorvete assistir um filme. Mas é basicamente isso não tenho nada de diferente. Não estou trabalhando agora justamente pra poder dar força no curso. Eu saí do trabalho por causa do estágio. O trabalho não estava deixando não me permitia eu ter um dia de folga ou trocar um dia pra me manter no estágio pra eu levar o curso. Agora eu procuro alguma coisa, mas sabendo que não é o tempo certo. Eu acho que o tempo agora o curso . É você poder aproveitar tudo o curso pode oferecer. e eu fico pensando se eu conseguisse arranjar um trabalho agora eu conseguiria manter, mas e eu fico pensando ou eu vou priorizar o trabalho ou eu vou priorizar o curso. Como minha prioridade agora é o meu curso eu decidi ir com tanto afinco procurar trabalho e tal.então por enquanto eu estou podendo fazer isso então eu vou fazer isto,então eu estou mantendo isto. Isto foi uma situação atípica aconteceu no início do ano, foi assim não sei como é que eu explico foi uma grande surpresa porque eles tinham trinta e poucos anos de casado e de repente não dá mais e eu vou embora. Foi assim. Abalou muito eu tive de certa forma assumir o baque e algumas responsabilidades por conta disto. Assim de um lado eu tive de mostrar forças porque minha mãe estava muito ruim e se minha mãe visse que eu estava muito ruim também ela podia ficar pior também. então eu tive de demonstrar forças. De outra eu tive de contar aos

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meus irmãos e eu tive de assumir uma função de controle de lei em cima dos meus dois irmãos pois eles estavam começando a reagir de forma assim exacerbada. Então eu tive de assumir situações que meu pai fazia e eu não tinha então eu fiquei numa situação bastante incômoda pois ao mesmo tempo que eu não podia ser fraco eu tinha de fazer certas coisas e eu não tinha como extravasar até mesmo porque eu estava sentindo na época. Então foi até difícil pra mim eu sei que até aqui no curso algumas pessoas que me conheciam mais assim tinham mais contato comigo notaram. O que é está acontecendo e tal, mas foi aconteceu. Agora que passou que eu digo que aconteceu, mas na hora eu digo que foi barra pesada. Eu tive que assumir os papéis todos. Tenho contato, mas esse assunto virou tabu, não se fala disto. Meu pai faz de conta que não está acontecendo nada, vive tranquilamente em relação a isso porque o único momento que ele se colocou pra falar sobre isso ele se colocou numa situação vexatória ao meu ver que eu não vou nem tocar este assunto com ele que eu acho que não é o momento.mas ele se colocou no papel de culpado: não eu sou o culpado e sua mãe está certa. Eu não estou perguntando isto, eu estou perguntando o motivo ah eu sou o culpado e sua mãe é a certa mas tudo bem. Não quer conversar não converse. Não entrei em muitos detalhes. Mas foi o acontecimento mais assim diferente que mais atingiu o mais recente. O Josétrês, o mais novo, Ele se fechou e ele era fechado e ele se fechou. Assim a gente , ele é o mais novo tem vinte e um anos mais é tratado como um menino ainda minha mãe dá o tratamento de menino mais novo e tal.e ele se aproveita disto. Mas ele se fechou completamente e até difícil até conversar com ele em relação a isto. O outro assim deu de doido, já que é assim eu não quero mais saber de nada. Começou a sair de emprego, sair demais, voltava pra casa na hora que queria, num estado horrível indeplorável cheio de cachaça. e eu tive de puxar a rédea. Eu tive de puxar a rédea. O contato é extremamente necessário, por exemplo, minha faculdade. Até quando eu saí no emprego que eu trabalhei três anos no help desk da caixa econômica o dinheiro que eu juntei, o salário que eu tinha dava pra eu pagar a faculdade e ele me ajudava um pouco mais era bem pouco. Quando eu saí o dinheiro que eu tinha economizado, eu continuei pagando e me sustentando e agora não tem mais como bancar a faculdade. Então ele está bancando a faculdade agora. Então eu falo com ele todo mês. Eu falo com ele assim aqui está o boleto da faculdade e e ele paga e fala aqui está o boleto pago da faculdade. Fica assim, o extremamente necessário. Tentei fazer um monte de coisa pra ajudar ela, um monte de ocupação pra ajudar ela, ela estava na fase de estar remoendo as coisas na cabeça dela então arranjei um monte de ocupação pra ela, arranjei cursos de tricot, bijuterias. Ocupei,Tentei ocupar um pouco ela, pra quebrar um pouco deste ritmo dela mas não adiantou muito. Agora melhorou, inclusive ela começou a fazer dança de salão. Adorei isso, ela até queria que eu fizesse mas isso não vai dar pra eu fazer não. Isso não vou fazer não. Começou a conhecer pessoas diferentes e tal. Porque eu ocupava ela e ela ficava dentro de casa, não adiantava tanto. Quando ela começou a fazer dança de salão foi ótimo. Mais ainda o assunto ainda é cada pessoa tem seu tempo. Pro meu ponto de vista não é tão recente. não reagiu família porque o restante da família se limita por parte de pai. A família por parte de minha mãe não sabe. Minha mãe não contou pra ninguém não sei como ela está conseguindo guardar este segredo por tanto tempo. Mas como realmente não tinha tanto contato tem haver mais a família de meu pai. eles não sabem. Agora por parte da família de meu pai criou certo alvoroço. Não sei exatamente em relação a que, mas também eu me desvinculei um pouco. Eu achei que não era momento de ficar batendo nesta tecla então eu desvinculei, eu retraí um pouco mais a família. É o grande lance que eu vejo acontecendo é com minha avó. A minha avó não pode me ver ou meus irmãos que se acabam de chorar. Senhora já noventa anos eu acho minha avó. então ela não aceita e se acaba de tanto chorar. Ela quando vê a gente chora chora chora Eu até páro de tentar ver minha avó porque toda vez que vê é um chororô tão grande que eu fico com pena. Eu não vou fazer minha avó, toda vez que eu vejo minha avó ela fica triste. Atingiu mais assim eu acho que foi minha avó. Eu não tenho contato com o resto da família. Acho que se tivesse acontecido quando eu era pequeno acho que teria uma forma diferente de lidar . Como aconteceu com a gente já velho, já criado a gente acaba julgando e acaba dando uma valoração maior e você está certo e você está errado e isto está errado. De certa foram assim eu sofri mais isto acontecendo agora eu já velho do que se tivesse acontecido quando eu era pequeno. Quando é pequeno você aceita o que sua mãe fala, o que seu pai fala numa boa. E agora existe todo um julgamento uma atribuição de valor. E meu pai sempre O relacionamento entre meu pai e minha mãe era de um jeito. pra meu pai a mulher não tinha de trabalhar e esta parte da dependência que é bastante difícil de lidar. Acontece. No meu ponto de vista acontece. Eu passei o sexto semestre pra mim, foi o pior semestre da faculdade pela carga de estar acontecendo isto, foi dureza. Foi de repente. Você sempre sabe que está acontecendo alguma coisa errada, mas não sabe o que é. Só perguntando a minha mãe, vou perguntar pra minha mãe. Vou esperar deixa a oportunidade, a oportunidade certa chegar pra perguntar. Eu vou perguntar pra minha mãe. De repente estourou. Eu acho que foi assim uma fase ruim eu tive que aprender muita coisa, eu tive que resignificar muita coisa. Tive de encaixar uma série de conceitos é isso que é relacionamento, trinta anos de casado jogado fora. O que é que é isso. O que amor. Isso é justo. E o que é justiça. E engraçado que uma coisa me faz reivindicar um monte de coisa uma catarata de coisas eu passei seis meses achando que matrix era real. Foi o filme da minha vida, a realidade é sua. A gente tem de viver dentro de uma realidade mentirosa acreditando em tudo porque é mais colorida, é mais bonita, eu tive de repensar tudo. Repensei tudo. Eu tive de repensar tudo. Talvez se tivesse sido mais cedo talvez tivesse sido mais doloroso porque de resignificar de relacionamento até isso é justo, existe justiça, existe Deus.cadê Deus ? Porque Deus.

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Até isto eu tive de me questionar. Então foi bom neste ponto por essa reflexão em um monte de conceitos mas é duro. É barra.por isso eu estou dizendo meu mundo virou matrix. Pra mim o mundo era cinza. Matrix está e o mundo real é um mundo feio é cinza é sujo. e e quando ele vai pro mundo virtual a coisa é fantasiosa,o mundo é lindo pessoas bonitas. Foi o filme da época. Eu gosto muito de filme então tudo eu dou exemplo de filme. Adoro filme. Eu gosto de tantos filmes. Muitos muitos filmes. É difícil tirar um ou dois. Só não assisto filme de jeito nenhum de filme de guerra. não assisto de jeito nenhum. Se você me botar qualquer filme, filme de terror, monstro essas coisas eu me acabo de rir pode ser o que for se você me mostrar filme de guerra eu tenho pesadelo eu passo mal, tudo o que você imaginar. Bem explicações metafísicas mas explicações concretas eu não tenho. Eu já tive uma época em minha vida em busca de alguma coisa. Em busca da divindade. Você acredita em tudo que você imaginar eu fui na igreja batista, igreja católica, centro espírita, só não fui em umbanda pois não encontrei para me deixar lá, se tivesse conseguido eu ia lá. Hoje eu me considero Ateu.quando eu tinha uma nuance espiritualista na certa em uma reencarnação passada eu devia ter participado de uma guerra e isto me traumatizou e você arranja qualquer coisa. Engraçado diz a história que eu nunca confirmei e que é aquele tipo de assunto que não se toca com avô que eles vieram do japão porque meu avô era muito tempero lá e um belo dia meu pai vomitou estava cheio e o pessoal mandou ele assinar isso aqui e ele assinou um abraço e uma semana depois chegaram e falaram aqui você vai pro Brasil. Diz a lenda que foi assim. Que realmente ele era encrenqueiro, ele era.

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7ª transcrição – I7 Bom, vou começar pelo nascimento que foi bem engraçado, porque eu já vim meio fora de hora.Então, e o meu nascimento gerou essa situação porque a época que minha mãe tentava me ter foi à época que estava construindo a minha casa. E e naquele prédio aquela correria toda, ela não conseguia engravidar de jeito nenhum.Quando foi um ano depois, ela desistiu, ah não quero mais ter filho, eu apareci.Aí engravidou.E e durante a gravidez foi muito tranqüila.Não teve nenhum problema durante a gravidez não, só na hora do nascimento que eu não queria nascer que eu estava na horizontal, e fez cesárea e tudo, mas mesmo assim eu não queria nascer sair de jeito nenhum. Foi o maior trabalho pra puxar e tirar. Mas e nasceu. Depois disso, minha mãe não teve mais nenhum filho e a gente morava lá em Lauro de Freitas e minha família toda em Salvador. Então pra mim era uma coisa terrível única criança, única filha, a casa que a gente morava era relativamente grande então minha vida toda foi em quintal de casa, árvore, de bicicleta, uns moravam em condomínio.Então fim de semana.Eu tenho dois amigos meus e uma amiga que moravam próximos do colégio então a gente se juntava e era uma diversão: era ir pra represa, era andar de bicicleta, era andar de patins, vivia em quintal na casa dos outros, era viver brincando mesmo assim, viver curtindo o máximo de natureza.Eu sempre tive um contato muito grande com natureza.Com animal, com planta com tudo.E assim na escola, a gente ficava o dia todo na escola.Eu estudava na pan-americana. Eu ficava o dia todo na escola, depois às vezes tinha natação. Às vezes eu ficava em casa, e sempre revezava. Cada um dia era na casa de um, porque as mães trabalhavam e não dava pra deixar sozinho.E e a gente passava.Mas na escola que a gente estudava tinha, era muito bom assim porque não tinha só educação.A gente tinha aula de educação normal de português, matemática, essas estruturas básicas e a gente tinha aula de artes, a gente tinha educação física, a gente tinha várias coisas dentro da escola.Tinha festa que a gente organizava tipo halloween, natal, essas coisas todas, festa junina, e apesar de ser uma escola com padrão americano tinha uma certa adaptação a tudo.Tinha algumas culturas básicas lá.E era bem interessante essa ligação que acontecia.Depois eu saí dessa escola, fui pro Aplicação, continuei morando lá em LaurodeFreitas e e quando eu tinha cinco anos meus pais separaram.Eu ficava um final de semana na casa de meu pai e outro final de semana na casa de minha mãe, ficava sempre variando. E minha família a gente só encontrava no fim de semana. E era aquele domingão de família. O pessoal ia todo lá pra casa, e fazia festa.Ficava o dia todo na piscina, ficava brincando. Eu adorava porque, meus primos, a gente sempre teve uma relação muito boa até hoje. Apesar de não se ver todo dia , é um amor muito grande que a gente tem um pelo outro.E ainda tem o fato da idade.Eles são mais novos da família e sempre teve, mesmo o mais velho que a mais velha fosse minha madrinha, daí até o mais velho, dependo da idade, ela sempre muito unido, todo mundo.Até hoje é assim, graças a Deus. E eu não sei se por causa da distancia eu aprendi a dar valor a família. Eu sou muito família assim.Eu adoro, sou apaixonada por minha família, todo mundo.Minha avó, tio, quem quer que seja.E agora já tem mais duas priminhas, minha avó já é bisa, e o amor assim foi crescendo.Com relação a essa época no encontro das águas, lá em LaurodeFreitas, foi uma fase pra mim muito boa porque, apesar de ser filha única, eu nunca fiquei só.Minha mãe sempre ficava preocupada comigo, então comprava muito brinquedo, esse negocio assim com boneca essas coisas e eu nunca gostei disso.Ficava tudo lá minhas primas brincavam quando ela chegava a gente brincava um pouquinho.Minha vida era toda do lado de fora, toda.Era procurar Gesiane, era procurar no jardim, Era procurar onde quer que fosse.Isso tudo pra mim foi muito bom pra mim principalmente nos estudos. Porque por exemplo, na época eu estudava acho que era ciências eu jamais estudava ciências sentada na mesa. Pra mim estudar ciências era sair , era pegar girino pra estudar ciências,era pegar uma flor e estudar cada parte da flor, era ter contato com tudo aquilo.Então pra mim foi uma coisa assim, até pro meu pai mesmo, estudar matemática era sempre utilizando alguma coisa. Pra mim mesmo foi uma forma de facilitar o aprendizado pra estudar muita coisa, pra mim foi ótimo.Foi a melhor época assim, principalmente porque em Simões, a infância . Então Aquela época de estruturação mesmo foi toda lá. e também uma época de traumas porque esse condomínio que eu morava tinha um terreno ainda virgem principalmente que era do lado da minha casa era mata atlântica ainda virgem,virgem e isso gerava cobras, isso gerava aranhas, isso gerava bichos bem estranhos de vez em quando, micos invadindo a sua casa.Era desse nível assim lá.Era diversão.Sempre tive cachorros também, tive cágado, tive pássaros assim, mas os animais mesmo eram a maioria soltos.E e a gente brincava. Brinquei muito desse negocio de achar a pele da cobra.Brinquei muito com essas coisinhas assim.Morria de medo, mas adorava brincar. Agora o trauma mesmo maior que eu tive foi por causa de aranha que até hoje desencadeou foi lá também.Meu pai ainda morava lá.Eu tinha 3 ou 4 anos. e a casa da gente tinha Dois andares assim e o andar de cima eram só os quartos e uma salinha de televisão assim pra gente não ficar subindo e descendo de noite.Por falar nisso meu pai, minha mãe eu tínhamos dormir já e e uma aranha caranguejeira estava subindo em direção aos quartos e quem viu fui eu.Foi sinistro. A pior coisa da minha vida foi ter visto aquela aranha.Que eu sonhei a noite toda que a aranha tinha entrado, que a aranha tinha subido, que a aranha tinha matado todo mundo, que a aranha era gigante.Passei a noite toda sonhando com isso.Até hoje, essas coisas assim, vem uma aranha, Gesianetrês sabe de meus traumas todos, o que eu passo por causa de uma aranha. Mas foi assim, essa parte e a parte que eu mais gosto assim de

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reviver porque foi uma parte que eu aprontei muito.Era um tipo de criança que a mãe dizia assim, vai dormir, eu ia dormir, só que o desenho que eu gostava de assistir só passava depois que era Tom e Jerry e a pantera corderosa .Aí eu ia dormir minha mãe ia dormir, e meu pai ficava acordado.Quando dava o horário, meu pai me chamava e eu levantava, eu ia assistir o desenho e voltava pra dormir de novo.Isso minha mãe não soube nenhuma época.Ela só foi saber quando eu fui entrar na adolescência. A gente já morava na Pituba, eu estava com outra vida, foi e quando minha mãe soube que eu na verdade não dormia, que eu ficava acordada esperando o meu pai me chamar pra assistir desenho pra depois eu ir dormir. E eu aprontei muito essas coisas, mas era um aprontar muito criativo. Que por exemplo, quando eu me juntava com esses meus amigos a gente ia, a gente brincava de construir barcos, a gente brincava de construção mesmo assim. Tinha espaço na casa de um deles. E era todo assim, tinha madeira, tinha varias coisas, a gente criava o que quisesse ali dentro. Então cada dia que a gente estava ali na casa dele, quando tinha oportunidade de estar lá, era pra criar alguma coisa. Se era na casa de outro, tinha um morro no fundo da casa que dava pra uma plantação , dava pro galinheiro, a gente tinha de criar alguma coisa naquele morro.Então com todas as brincadeiras da gente era em torno do quintal como um todo, tinha de ter uma criação muito grande e isso foi maravilhoso, tanto é que cada um tá com um rumo assim bem interessante. Tem um que ta tocando, que tá com uma banda e tudo, a outra amiga minha começou a trabalhar na loja com a mãe, fazendo suas criações de bijoux.Foi cada um seguindo o seu caminho da criatividade.Depois que a gente veio pra Pituba, eu já tinha treze anos e as coisas mudaram bastante porque Eu estava acostumada a prédio num esquema assim passava o final de semana em prédio, voltava pra casa. Passava quinze dias em minha casa e ia fim de semana só pra prédio.Sabe, Ficava em prédio assim três dias, quatro dias no máximo, mesmo assim eram prédios que tinham muita gente , meu pai nunca se importou muito com essas coisas tanto é que ele morou a maioria eu tinha amizades tanto que um que ele passou mais tempo até hoje eu tenho amizade com o pessoal que a gente se, manteve tentando o Máximo possível uma ligação. E era só disso, eu chegava pra brincar também, era pra curtir, eu com que oito, nove anos, era pra tá sempre em contato com alguém, . Quando a gente se mudou pra cá, minha mãe não suporta essas coisas de prédio grande, muita gente, nada disso. Então o prédio pequeno. O jardim do prédio se limita a um pinheiro, com alguns enfeites e a varanda do prédio. Então foi logo que eu me mudei a pior coisa que existia era chegar na janela. Eu parecia que estava dentro de uma jaula assim eu ficava gente, eu não tenho mais espaço sabe, eu não posso mais ir alem disso.Eu não tenho mais pra onde caminhar eu ficava muito presa e isso me deixava agitadíssima. Não me adaptava de jeito nenhum, tanto que eu vivia muito na rua assim, conversando com que eu pudesse conhecer eu ia conhecendo, ficava muito tempo lá em baixo mesmo, conversando com o pessoal do pão e cia, da rua mesmo que a gente morava e procurando evitar ficar dentro de casa porque eu ficava nervosa com aquele apartamento fechado.Deixo ver assim, depois dessa fase, eu fui me adaptando aos pouquinhos, até hoje eu ainda tenho alguma dificuldade assim com o tema separação Mas tudo bem. Até nesse intervalo de tempo com nove anos meu pai casou de novo com a pessoa que ele ta até hoje. Engraçado que nessa época eu era muito fechada assim, eu tinha uma dificuldade muito grande de, não parece contando, mas eu tinha uma dificuldade muito grande de falar com pessoas estranhas, principalmente envolvidas com meu pai ou com minha mãe.Namorado de minha mãe e namorado de meu pai pra mim era meio complicado.Meu pai principalmente que eu via muito pouco.Era como se tivesse roubando mesmo aquele pai eu quase não tinha apesar de que era muito bom quando a gente estava junto e tudo assim .Mesmo separado a gente mantinha um contato muito grande, mas era complicado tanto é que minha mãe mais hostilizou de me chamar de bicho do mato e eu ia pedir alguma coisa pra alguém eu não pedia, Eu pedir informação, de jeito nenhum,tirar dúvida ,nem que quisesse.Na escola não, eu era uma pessoa totalmente diferente, mas chegava em casa eu era uma timidez total.Na escola era menos por causa dos amigos também. E e meu pai começou a ter esse relacionamento e é uma pessoa dez anos mais velha que eu só, eu tinha nove e ela dezenove.Era ainda quase uma menina, finalzinho da adolescência ainda, resolvendo a vida e era terrível, meu pai me contando as histórias, que era terrível, era sinistro demais com ele, não conseguia me adaptar a ela também porque ele já tinha tido outra namorada em menos tempo comparada a ela ,agora bem menos tempo ,que eu já tinha me acostumado e e ele separou dessa pessoa e uns dois anos depois ele começou a namorar com ela. Pra mim foi terrível porra eu já estava acostumada com a outra não com essa e e já vêm outra pessoa mais nova do que ela. Mas hoje a gente é amiga, tem uma relação muito boa, foi assim eu digo a ela você foi assim ideal porque ela teve muita paciência e e ela de todas as formas possíveis tentando me conquistar pra não perder a pessoa que ela queria estar do lado, meu pai também foi aos poucos dando alguns cortes , que eram necessários pra eu está prevendo a dar o espaço pra ela , então foi uma coisa bem saudável assim, hoje em dia não tenho nenhum trauma ,digamos assim , nessa entrada dela na minha historia. Já com minha mãe foi diferente. Minha mãe teve um namorado que eu adorava, me tratava assim também, A gente tinha uma relação maravilhosa depois ela terminou com esse rapaz, e e ela começou a ter um contato com outra pessoa que ela adorava, eu adorava e e eu incentivava eu ficava chamando : chame fulano pra ir pra lá pra casa jantar, chame fulano pra não sei quê, vamos fulano dorme aqui.Eu era, eu adorava essa pessoa.Ele começou a namorar com minha mãe e eu adorava ele. e tudo bem.Fomos levando, isso eu tinha o quê oito anos quando ele começou a namorar com minha mãe um ano antes de meu pai oito anos. Tranqüilo morou lá com a gente no encontro das árvores que de certa forma até preencheu um espaço que a casa era grande, só ficava eu e minha mãe cachorro

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e secretaria, essas coisas assim,que não eram pessoas que viviam com a gente, estavam ali de vez em quando e casa era muito vazia e ele chegou deu uma preenchida, mudou um pouco tinha aquela coisa assim mais gostosa, ele tinha duas filhas, três filhos um filho faleceu antes ,cedo com seis sete anos, ficaram as duas filhas, uma não tinha relação nenhuma comigo a outra de inicio tinha depois ficou numa grosseria muito grande hoje em dia a gente já têm relação de outra, É outra cabeça. Mas ele entrou muito bem na história. e a gente se mudou para a Pituba, ele se mudou com a gente e começaram a ter as complicações. E e quando eu tinha catorze anos, a gente passou por um processo muito delicado assim com ele, certo uma invasão pessoal dele comigo e foi um maior conflito porque eu nos conseguia saber como contar isso pra meus pais, que meu pai que já estava desconfiando de algumas insinuações, não estava gostando da história, não estava se sentindo bem com ele, mas eu não tinha percebido nem minha mãe e Gesianedois também que é a esposa de meu pai, já tinha conversando : Gesiane não estou gostando disso que está acontecendo repare,olhe só e ninguém , eles não falavam nada ficava entre eles. Até que um dia aconteceu um fato. Quer dizer eu fiquei sem saber o que fazer porque era só eu, minha mãe e ele dentro de casa. Pedi ajuda a minha mãe, teve e não teve ao mesmo tempo porque pra minha mãe foi muito complicado também nos dois lados e e quando foi seis meses depois meu pai me botou na parede rapaz o quê é que está acontecendo, você está diferente. Eu disse pra ele que não, aconteceu algo que eu não gostei e e a gente sentou pra conversar, meu pai ficou puto da vida, ficou puto porque eu escondi seis meses sem saber como contar e ele ficou sem saber como agir porque já tinham se passado os seis meses mas e foi uma época de transição de férias que eu ia entrar no primeiro ano e e a gente fez toda uma mudança, radicalizou tudo. Eu ia morar com ele, mudei de colégio e fizemos toda a estruturação pra eu sair da casa de minha mãe e ficar com ele. E e ele conversou com minha mãe, fizeram alguns acordos e tudo. Eu fiquei meio perdida assim na historia eu tinha catorze anos na época.Estava até namorando com uma pessoa que eu tive de segurar a barra dessa pessoa. Essa pessoa queria fazer e acontecer com ele o namorado da minha mãe e eu fiquei meio assim não faz nada não,meu pai também eu ficava tentando amenizar, espere aí minha mãe. Eu fiquei meio louca assim nessa época. Foram alguns meses assim bem barra pesada.Mas e resolveu que minha mãe ia tirar ele e eu ia voltar a morar com ela eu ia estudar no colégio que meu pai escolheu comigo e a gente ia ver como ficava. Ele saiu.Eu voltei com minha mãe. Meu pai ficou meio pirado porque já estava tudo certo de eu ir morar com ele.Fiquei no colégio e e meu pai quis botar várias restrições e ai eu ia dando alguns cortes não pai isso não, não pai isso tudo bem, isso eu concordo, pra tentar livrar um pouco lado da minha mãe. E e terminou que depois de um tempo minha mãe voltou a ter contato com ele , com o namorado dela.Eu comecei a ficar fechada, eu discuti muito a gente brigava muito. Depois dessa época a gente começou a brigar demais, começou a entrar em desavença demais e ter uma relação bem pesada com ela e tudo assim e eu comecei a descordar de várias coisas sabe, foi uma época assim que eu tive de amadurecer muito rápido pra lidar com tudo que estava acontecendo. E e eu comecei a discordar de várias coisas, Eu comecei a bater o pé em várias coisas comecei a querer exigir várias coisas que eu sabia que eu não tinha direito, mas como uma forma de compensar o que aconteceu. E e tá foi acontecendo, acontecendo, resultou que aos poucos ele voltou a ir dormir lá em casa sem meu pai saber. Um dia sem querer eu contei que ele estava voltando a dormir lá em casa. Meu pai ficou louco, louco, louco, como assim isso aquilo,eu disse, Rapaz eu não sei eu sei que ficou aquele clima.Aí a adolescência foi a fase mais pesada . Ficou um clima porque era uma pessoa que estava dentro da minha casa e ao mesmo tempo em que era a minha casa já não era mais a minha casa. Eu era uma estranha na minha casa. e a casa já era da minha mãe, não era mais minha também.Aí eu me fechei no quarto. Meu mundo era meu quarto. Eu não saía do quarto, saía assim pra comer, Minhas amigas chegavam assim e ficavam na sala, mas eu não tinha televisão, graças a Deus que eu nunca gostei, senão eu ia ficar louca, mas minha vida era música, livros e era ficar dentro do quarto. Também nunca tive telefone no quarto, os meus contatos eram mais, eu comigo, eu com música e eu ficava assim muito assim tinha muitos amigos, ficava muito só, tentava ficar o menor tempo possível em casa. E e fui criando esse hábito, fui criando esse hábito, esse jeito mais fechado e foi desencadeando e e eu comecei a tomar as minhas decisões sabe, minha mãe não participava, quando participava a gente entrava em desacordo, e ficava naquela situação isso não é bom e eu, até que ponto não é bom e sempre então essas desavenças assim pesadas e com meu pai, não. Minha relação foi totalmente mudando. Aquela relação que começou mais com a mãe primeiro, que começou ao contrário era aquela dificuldade com meu pai porque estava entrando outra, foi começando a sumir. E essa outra começou a assumir outro papel comigo porque por ela ter uma idade muito parecida, ela terminava servindo como uma amiga de vez em quando sabe. E ela também segurou uma barra muito grande por causa de meu pai meio que nessa situação. e no final até hoje assim, ele mora lá em casa já, já voltou a morar lá em casa, não teve jeito e com, as vezes até a minha mãe entra até em desacordo e eu tenho ainda uma dificuldade muito grande, eu não suporto que ele venha me dar bom dia ,me dê beijo, eu odeio, tanto é que eu não chego perto ,eu dou bom dia passando pra não ter contato com essa pessoa. Esse meu ex-namorado também a gente teve vários problemas por causa de minha mãe e e hoje ele mora nos EUA. Foi uma pessoa que me ajudou muito a ver um pouco também o que eu queria e o que eu não queria. Estava numa fase muito rebelde de querer brigar com tudo mesmo sabe, Por causa de tanta coisa. E e ele começou a discutir comigo que eu não quero é parâmetro do que eu não queria. A gente ficou quase cinco anos juntos, ele depois que a gente terminou ele foi embora pros EUA. Eu já estava trabalhando, já estava na faculdade, estava no primeiro ano de faculdade

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tudo e e aos poucos eu fui mudando um pouco essa visão com minha mãe. Já que a gente está uma contra a outra, começar a ter minhas atitudes mesmo, começar a fazer a minha vida mesmo, até hoje eu tenho isso, tanto é que ela sempre fala, não adianta dar opinião porque você escolhe o que você quer, eu não sei o que eu quero mas a gente não se conhece muito , então tenta respeitar o que a outra têm , que eu tenho e e a gente foi construindo isso. Tanto é, que hoje em dia, a gente têm uma relação bem melhor, bem mais fácil, tem um respeito maior entre uma e outra, tem algumas coisas que a gente é muito parecida e assim e principalmente com relação à profissão. Eu ainda estou muito indecisa assim com relação a alguma coisa da profissão. Ela já bloqueou outro caminho também que antes da psicologia eu tentei muito entrar pro lado do teatro. Ficar mais nessa situação da arte. Minha prima se formou em teatro e ela veio e bloqueou o teatro. Não deixava eu fazer aulas de teatro com medo também de eu me transformar em uma profissional de teatro, e ela vendo a dificuldade. Está vendo como sua prima está ? Mas ela está feliz. Eu também vou estar feliz. Não procure fazer outra coisa e tal. Foi a única coisa que ela interferiu. Então eu dissesse a ela qualquer outra profissão minha mãe estava aceitando. Ela sempre deixou bem na, tipo assim, veja no que você se dá melhor. e eu fiz a psicologia, ela levou numa boa. A gente conversa. Ela também, ela fez um trabalho muito tempo com terapia tanto é que ela hoje trabalha com um pouco esse lado terapeuta e a gente terminou entrando em sincronia com isso. Ela sempre usou trabalho com energia, terapia. Hoje ela tem esse ciclo de terapeuta, fez alguns trabalhos com florais, homeopatia e tudo e eu terminei vindo pra essa área um pouco mais subjetiva também. E e a gente conversa. Hoje em dia a gente conversa bastante, conversa sobre as escolhas, não fala sobre esse assunto passado, não insistir a voltar a falar sobre isso, só nos momentos mais em conflitos que a gente levantava alguma coisa. que mais. Minha vida de estudante foi muito tranqüila assim, na pan-americana eu tinha sempre oportunidades até porque eu tinha essa outra forma de aprender que não eram só os livros então foi uma vida acadêmica nos estudos muito tranqüila mesmo até pros meus pais. Em algumas fases eu tinha algumas caídas e vinha o lado capeta da pessoa. Quando criança tinha aquela coisa minha mãe não pode saber que eu tirei nota feia,é porque na pan-americana era letra a,b,c,d essas coisinhas assim e minhas notas só podiam ser A, porque um amigo meu que minha mãe adorava comparar o boletim era só A e tinha muitas comparações. e teve uma vez que o boletim dele teve notas mais letra A que o meu, eu falsifiquei, eu falsifiquei o boletim. e minha mãe veio e viu letra A em tudo, mas depois ela descobriu que eu tinha falsificado e eu tomei um esporro desgraçado, tomei uma surra pra nunca mais falsificar boletim no sei que, uma confusão. Ai ela ligou pra meu pai , falsificando boletim e as vezes eu não queria entregar boletim pra ela e tudo mas sempre gostei muito de estudar, de ler principalmente. E e quando eu passei pro Aplicação que era um colégio brasileiro e foi o terror da minha época porque minha mãe não aceitava uma nota abaixo de oito, a média era sete, a minha mãe queria acima de oito. Quando eu tirava sete e pouco eu tomava bronca. Se eu tirasse dez, não era mais que a minha obrigação. Se eu tirasse oito eu podia tirar dez e eu ficava sem saber que nota você quer que eu tire porque se eu tiro boa não é mais do que a minha obrigação se eu tiro pouca eu tomo esporro, mas eu estou acima da média e o que é que eu fazia, ligava para meu pai. Pai eu tirei não sei quanto porque meu pai fortalecia. Se eu tirasse dez, meu pai fazia festa comigo. Se eu tirasse oito e pouco e Gesi foi muito bom oh vamos, continue. Era aquele reforço positivo que eu tinha . Então a primeira pessoa do mês que quando eu conseguia ligar era meu pai. E também porque com minha mãe, durante essa época de estudo, tinha aquela coisa de tirar a tabuada, de tirar o que aprendeu. Então eu estudava, oh tal hora eu vou e pra você me dizer tudo o que você aprendeu. e eu tinha de sair decorando os livros tudo pra poder quando na hora que minha mãe chegar e eu tinha tudo decorado, tabuada, era fazer em casa, venha aqui, sente aqui a tabuada. Oh gente a pior coisa do mundo era aquilo, tirar a tabuada. e depois eu entrei, desencanei disso. Quando eu cheguei no Nobel, no Anchieta, minhas notas se mantiveram, nunca fui pra recuperação de nada. Na sétima serie que eu acabei indo pra final de Física que eu, é a única matéria que até hoje eu tenho uma desavença terrível. Mas fui pra final precisando de pouco. Na oitava eu já fui pra de Física e de Geografia. Geografia porque eu briguei com o professor. Ele me botou na final como vingança, mas passei com uma nota super alta sabe, sem nenhum problema. e fui pro Nobel. No Nobel foi que eu me realizei porque eu me identificava com as pessoas do colégio que no Anchieta eu era tipo um peixe fora dágua. Você ia pra uma prova dia de sábado era só desfile de moda, era aquelas coisas e eu sem essa, veio eu estou no lugar errado era, eu não me dava bem com ninguém da sala no sentido de ser assim ah eu amo, é meu amigo. É meu amigo sabe, nem demais, não brigava com ninguém não tinha desavença com ninguém, era uma relação bem neutra e boa. Ficava com o pessoal, saía, curtia tudo, mas nenhum problema. E no Nobel não. No Nobel eu criei amigos, eu criei uma família, eu gostava de estar no colégio, eu tinha, eu conhecia gente de várias séries, sabe. Eu tinha uma relação muito melhor que do Anchieta. No Anchieta eu conhecia, mas era algo que morria ali se deixasse. E no Nobel não. Então eu comecei a aprender a conversar, eu fui perdendo mais a minha timidez no Nobel, fui me soltando mais, fui criando mais uma personalidade mais fixa sabe, do que eu queria, do que eu era, como eu queria meus amigos,do que eu estava fazendo , dos estudos . Filei muita aula no Nobel, filei muita aula. Mas filava assim, sem passar batido. Que eu chegava em casa estudava, e minhas notas se mantiveram, graças a Deus num nível muito bom. Nunca tive dificuldade, assim, só física que me acabava, não tinha jeito, mas na época assim foi bem tranqüilo. No terceiro ano, eu lembro do esforço dessa garota, mas no terceiro ano a gente estudou muito junta também. Eu , ela , tinha Gesianequatro também outra amiga minha, e era aquela loucura gente eu tenho

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de passar, não posso fazer cursinho de jeito nenhum isso até porque minha mãe me mata, tenho que passar no terceiro ano, tenho que passar no Vestibular, o que é que eu vou fazer, como é que vai ser. Já estava mais ou menos certa no Direito, depois me descobri essa psicologia, esse lado mais humano que o direito não me trazia e fui tipo assim me esforçando pra fazer os dois como eu ficar depois no Vestibular eu me resolvo. Passei o terceiro ano tranqüila. Passei em Direito na FACS, passei em Direito na UNIME e passei em Direito, em Psicologia na BAHIANA. e eu comecei psicologia da BAIANA, três semanas depois a FACS me chamou, de certa forma da segunda lista pra dizer, não quis , não quero vou ficar em psicologia e e foi bem interessante porque eu não só fiquei porque passei de primeira, mas porque eu não deixei minha vida de lado no terceiro ano sabe. Eu me esforcei ali, eu estudava muito mais, mas eu tinha aquela situação gente eu preciso de um momento que eu não pense em nada, sabe eu preciso sair, pensar em nada, fazer nada ou então assistir a um filme ou o que for, o que viesse, o que tivesse. E isso me ajudou muito porque não criou um desgaste muito grande. Então quando eu passei na faculdade eu fiquei feliz em dobro, fiquei feliz porque eu não deixei de viver por causa do terceiro ano e fiquei feliz porque eu passei bem no terceiro ano e passei bem na faculdade, sabe. e então eu comecei depois de lá pra cá, assim, eu estudava mais por prazer mesmo, por ta fazendo o que estava gostando, eu estava construindo o que eu estava gostando, estava me identificando com várias coisas, amadurecendo mais ainda, gerando mais amigos , relações melhores, maiores , e terminou mudando também no contexto familiar, mudando no contexto com meus amigos. Eu tenho amigos que a gente se vê muito pouco, só na faculdade, mas são amizades que podem encontrar a hora que for, o dia que for , a gente ta ali, tipo assim, a gente pegou amizade não porque se via todo dia ,sabe, a gente pegou amizade por uma infinidade de coisas que vão além do que você ligar todo dia e saber como é que está. Então depois da psicologia assim, foi só uma construção de idéias, de vida, de tudo, de vida, de produção, de tudo , do que eu quero, do que eu sou, com tudo até com besteirinhas assim tipo tatuagem , essas coisas que eu tinha uma dificuldade lá em casa , sabe. Namoro. Meu primeiro namoro foi problemático. Primeiro aquelas paquerinhas básicas , aquela coisa de criança ai selinho, selinho, dei selinho hoje. E era uma festa. Hoje em dia falar selinho, o que é isso ? Pois é mais antigamente, antigamente é ótimo, mas na minha época o início de paquerinha, selinho era o beijo . Então , ave Maria, dei selinho . comecei , depois eu comecei a namorar , meu primeiro namoro eu tinha treze anos , quase treze anos na verdade , ou quase catorze anos na verdade. Só assumi com minha mãe depois dos meus catorze anos,era, ele tinha dezoito, eu tinha treze , ele tinha dezoito. Era um pessoa que não tinha a mãe mais. A mãe dele tinha falecido quando ele era muito novo.Um ano e pouco de namoro da gente, o pai dele faleceu e a relação com a irmã dele era a pior que você podia pensar sabe, brigas constantes e não era briga de discussão não , era briga mesmo de agredir e eram loucuras assim sabe com ela.Você não via essa relação dele com mais ninguém e dela com mais ninguém era só um com o outro. Depois ela começou a ter uma relação mais pesada com o namorado dela, depois também melhorou bastante, hoje ela está com uma filha, estão bem melhores. E Ele, e ele, começamos assim naquele esquema de namorinho mesmo porque eu era bem mais nova e tudo. Terminamos, eu descobri que ele tinha me traído quase dois anos depois ele tinha me traído . E e eu fiquei naquela situação porra estou namorando, estou enfrentando várias barras lá em casa que minha mãe não queria que eu namorasse com ele por causa dessa pessoa, e começou a perder um pouco o sentido de relacionamento enfim .E ai foi bizarro porque ele começou a meio que se perder nas coisas que ele queria depois que o pai dele faleceu , depois começou a se perder muito nas coisas que ele queria sabe, principalmente com amigos.Que hoje tem amigos e amanha não vê nem a cara porque seu dinheiro acabou. E e a gente foi entrando em conflito, conflito, conflito, começamos a brigar muito, eu fiz oh acabou, não tenho mais nada com você , acabou total. A gente ficou amigo, até hoje a gente se fala. Tenho uma relação de amizade muito boa, mas de amizade, não presta pra mais nada sabe. Depois que eu terminei com ele, de namoro mesmo eu tive outro namorado dois anos e três meses que foi um relacionamento maravilhoso. Assim tinha briga, tinha claro, tinha desavenças e tudo, mas só que a gente nunca brigou a gente discutia, tinha, conversava sabe, sempre foi uma coisa assim bem madura, totalmente diferente do que era com o meu ex-namorado. Então um namoro onde eu pude trabalhar vários pontos mesmo que eu sentia que era meio que, era difícil. A questão assim de, por exemplo, a questão da sinceridade, como a gente trabalhar a questão da sinceridade sem transformar em mágoa sabe, então foi um namoro muito bom, foi um namoro que me ajudou muito assim, tanto a ambos, quanto Amim quanto a ele, mas que aos poucos, que tipo assim, eu comecei a amadurecer e comecei a entrar em outro esquema de vida, comecei a buscar outras coisas. Ele começou a entrar numa fase que era ele e ele e eu era eu e nós , sabe, não ta dando certo, os ideais estão indo em pontos diferentes. Ainda gosto dele, gosto muito dele, mas é um gostar que tipo assim, não tenho como lutar por uma pessoa que não dá certo, sabe. A gente é amigo entre aspas, a gente se fala , mantém contato, sem nenhum problema sabe, com os pais deles também tudo , tem pouco tempo que a gente se separou tem três meses só, mantenho contato, assim os amigos dele que eram meus amigos , continuaram meus amigos, os irmãos dele, então todo mundo assim . Então o relacionamento tão maduro e tão sincero teve um com outro, foi capaz de manter depois sabe, a gente não terminou porque a gente brigou, porque a gente se odiou, nada disso. Isso pra mim foi bem legal e ao mesmo foi bem bizarro porque você vê a pessoa e você lembrar das coisas, mas tipo assim, eu tenho esse ideal num relacionamento eu não gosto de entrar num relacionamento onde eu sei que a pessoa não vai querer ser possessiva, não vai querer ser ciumento ou vai olhar na minha cara e vai

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dizer ou eu ou seus amigos, pode ter certeza que na hora, na lata ele vai ouvir os meus amigos e você tchau, pode ir embora sabe. Então eu tenho, na questão de relacionamento eu tenho esse ideal muito grande. Quando você entra num relacionamento você não procura só um namorado, ou um noivo, um marido. Você procura um amigo, você procura um irmão, você procura alguém que você possa discutir pra ter idéias também. Você procura um pai, você procura tudo naquela pessoa.Claro que se você precisar de alguém pra cuidar de você, você têm aquela pessoa de seu lado sabe. Por mais que você tenha seus pais, você quer contar com aquela pessoa. Uma pessoa que você possa chegar e conversar sabe, sem ter medo mesmo de esconder as coisas por que eu vou esconder. A pessoa está comigo está do meu lado, que eu escolhi pra dividir, eu vou esconder, porque eu vou esconder. Então eu tenho muito dessa questão. Também eu não gosto da possessão, isso não existe essa questão de ou sai comigo ou sai com meus amigos eu acho importante sair todo mundo junto. A gente pode criar esse vínculo, meus amigos podem ser seus amigos. Pode construir e eu gosto muito dessa questão de que, se escolheu pra estar do meu lado, queira ou não é uma mini família, que você vai estar dividindo as suas coisas. Então da mesma forma que eu estou entrando naquele relacionamento com um campo de família atrás que tem pai tio, avô, primo, o diabo a quatro da família dele, existe o diabo a quatro atrás de mim, é toda a minha família. Então pra mim é essencial que ele saiba respeitar e saiba valorizar da mesma forma que eu respeito valorizar o que ele trás, entendeu. Então você está num relacionamento onde você vê a pessoa por mais que você não goste da família daquela pessoa você tem que respeitar aquilo que ela trás com ela , da historia dela. Na verdade eu estou passando.Por enquanto eu estou passando por uma etapa ainda que meio indecisa sabe.Eu sei algumas coisas que eu quero e eu sou uma pessoa que não consigo trabalhar com nada que siga rotina. Pra mim começa a entrar na rotina, começa eu perder o interesse, qualquer coisa, namoro, amizade, profissão, qualquer coisa. Então eu preciso estar criando, eu preciso estar descontraindo de vez em quando sabe. Isso eu tenho algumas coisas que são muito claras e ao mesmo tempo eu tenho algumas coisas que eu estou construindo, do que eu gosto do que eu sou assim. Às vezes , por exemplo, como você falou, eu gosto muito de falar, mas tem épocas que eu estou de um jeito que se eu pudesse eu ficava só no silêncio. Então uma fase introspectiva mesmo e eu mudo isso com muita facilidade. Então têm dias mesmo, no meu estágio. Tem dias, por exemplo, que eu estou no meu estágio e que acontecer no meu estagio não me afeta em nada, eu sei que eu sou só uma estagiária e tem dias que me afeta de tal forma que eu fico gente eu vou sair desse estágio que eu não estou agüentando. Sabe, mas eu sei que não é só comigo diretamente. Eu faço parte, mas não é comigo diretamente. E isso é com tudo. Às vezes eu fico, nesse dia eu estava pensando, até que ponto a psicologia está ajudando isso, eu estou sentindo falta, estou precisando de mais alguma coisa que não é só a psicologia. Eu estou ainda buscando esse outro lado, que trabalhe mais um pouco esse dinamismo e esse não dinamismo que eu trago. Mas fora isso assim, eu gosto de, independente da área que eu estou, eu gosto muito de trabalhar com a sinceridade e eu gosto muito de trabalhar com a confiança. Então se eu estou com a pessoa no meu lado que eu não confio, não rende. Não rende de jeito nenhum. Seja um mero texto de faculdade até um projeto que for, não rende. Não consigo escrever, não consigo falar. Gesianetrês mesmo sabe as vezes assim, tem dias que eu não penso em nada, têm dias que eu penso em várias coisas, já estou com várias idéias. Então se eu estou com uma pessoa que não confio nela, pra gente está discutindo ou então eu sei que ela está ouvindo o que eu estou dizendo sem nenhum preconceito , eu não consigo trabalhar de jeito nenhum. Tanto é que a gente se mantém muito junta nesses aspectos de trabalho, de conversas, de amizade porque rola essa harmonia de sinceridade, de falar mesmo o que eu penso pra outra, de confiança de companheirismo e de tudo. Eu sou uma pessoa muito tipo assim quando eu gosto de uma pessoa, eu gosto , eu ajudo,sabe eu cuido ,eu me dedico. Se eu estou num relacionamento, eu estou naquele relacionamento, se eu não estou também, e pessoa é minha amiga, na tem porque, eu não faço concessão. Eu não fico pensando ah mas , poxa , não sei que, via me dá um trabalho. Não , pó faz, se não quer não dá pra fazer isso , não estou no clima pra fazer isso ou então não estou bem pra fazer isso . Não tem porque ficar, eu vou fazer e ficar enrolando três anos pra fazer isso. Não dá. Eu tenho uma coisa assim bem clara do que gosto de ter do meu lado, do que eu gosto de dar pras pessoas. Apesar de que eu ainda estar pensando muito no que eu quero pra minha vida, do que eu estou precisando mais. Tem outro detalhe em mim que eu tenho certa dificuldade também é que meu lado adulto e criança brigam muito. Então eu sou uma pessoa assim que gosto muito de brincar, mas eu também gosto muito de levar as coisas a sério. Fica aquela fase ao mesmo tempo que eu sou perturbada, Henrique de vez em quando sabe, sou perturbada e também sento no que é pra fazer,tenho que fazer mas as vezes as pessoas não conseguem encarar muito isso. Por exemplo, me pega assim numa fase, por exemplo, que eu estou inquieta que eu estou perturbada e eu mexo em várias coisas e foi que nem você falou não pode ver um brinquedo que ta pegando pra brincar. Que eu cutuco, eu gosto de estar ali. e então as pessoas ih não quer nada ,sabe. Lá em casa mesmo, minha família mesmo, muito tempo demorou ih rapaz essa e não tem jeito não tem muita solução não. Me aparece com uma tatuagem depois quer fazer outra. Menina não sei o que. Mas e aos poucos quando foi vendo, trabalhando estagiando, estando construindo minhas coisas. Meu pai viu muito esse lado também porque ele tem também essas mudanças às vezes. e aos poucos quem vai me conhecendo vai percebendo que não é só brincadeira, que não pé só perturbação, que não é só a risada, que não é só o brincar, que fora daquilo ali, você constrói, você faz, você têm, você pára e você pensa,você consegue

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terminar o trabalho do mesmo jeito, só que menos estressante. Pra mim é muito menos estressante, sabe. Sentar, fazer um trabalho, ficar cinco horas de trabalho fazendo um trabalho aonde você não pode dar uma risada, você não pode se distrair um pouquinho, é acabar comigo, eu saio no final do dia morta. Acabou eu vou pra casa e vou dormir. Não me importa, eu prefiro ficar até dez horas da noite,eu fico não têm problema nenhum e a gente termina e terminou têm de ser bem feito. Se quiser que eu releiam, eu leio e releio eu sou chata pra caramba com português. Tudo eu quero corrigir, tudo eu quero sabe. Tudo têm que ser bem feito. A não sei isso vamos pesquisar, vamos procurar, vamos embora ler, vamos criar , vamos dar a nossa opinião, vamos dar a nossa opinião sobre isso, ler qualquer coisa pra finalizar isso. Então esse meu lado assim , só quem conhece é que vai pegando da perturbação. Com amigo , graças a Deus eu não tenho problema não sabe. Só que meus amigos costumam dizer que eu não tenho muitos inimigos, porque todo mundo me adora , porque as pessoas gostam muito de mim. Não acho que todo mundo me adora não, têm gente que me odeia e me odeia muito, mas eu tenho um relacionamento muito legal com meus amigos, muito fiel. Eu quando sou uma amiga eu sou uma amiga , eu gosto de ser amiga, eu gosto de tratar bem. Eu sou muito carinhosa com seus amigos sabe, com minha família também eu sou muito carinhosa, com minha família eu não digo com pai e mãe , com o restante. Porque não sendo com pai e mãe. Porque eu tenho dificuldade desde a adolescência demonstrar carinho em casa. E e algumas vezes que eu demonstrei eu não fui bem recebida. Então hoje em dia meu jeito de ser carinhosa é diferente o meu jeito de brincar é diferente. Quem me conhece mesmo consegue ver que em casa eu tento ser como eu sou na rua mas eu não sou sabe. Só que hoje eu estou numa fase, oh minha mãe ou você vê quem eu sou e me aceita ou você vai viver na ilusão de uma pessoa que eu não sou. Sabe ,hoje eu estou mais nessa fase. Antigamente eu me preocupava mais com isso eu tentava mais engolir algumas coisas minhas pra não destruir ilusões dela e Hoje em dia não, hoje em dia eu sou essa aqui mesmo que você está vendo eu não posso voltar eu não posso fazer nada. Hoje eu ainda brinquei com ela, a gente, as coisas vêm do jeito que a gente pede, se você me pediu assim eu não posso fazer nada. Que ela fica dizendo que eu não tenho juízo. E já com meu pai, porque meu pai não é muito carinhoso mesmo. Meu pai ele é assim uma pessoa fria, que ele tenta ser carinhoso mas digamos assim uma lápide, sabe. Assim uma vez no natal meu pai me diz que me ama, sabe o resto do ano às vezes ele me dá um abraço ou então no meu aniversario ele diz que me ama , no resto do ano ele me dá um abraço , brinca, me chama pra sair , essas coisas assim. Que o jeito dele de demonstrar carinho é bem diferente . então é um jeito que eu tive de aprender na adolescência, porque quando criança você têm uma relação depois você começa a crescer existe de certa forma uma maturação daquela ala com pai e mãe. E com minha mãe não, com minha mãe melhorou mais agora , porque também querendo ou não a gente , eu comecei a fazer terapia, comecei a levar muito essas questões dela e ela também começou a ser convidada pela minha terapeuta, pra terapeuta estar me dando o feedback de como era essa visão de minha mãe comigo como ela podia trabalhar isso. Chegou a querer juntar nós duas, mas eu não quis, eu não estava aceitando conseguir me preparar pra isso . não sei mas sempre nós duas . eu estava melhorando porque ela chegou a ver o que ela implicava na verdade não era eu era uma ela que não existe mais , que ela perdeu com o decorrer da história que aquela mesma pessoa que luta pra ser independente que faz aquilo que está pensando , claro que não prejudicando a tudo e a todos, nas coisas que você está pensando você vai e faz . Minha mãe era muito assim quando era jovem e depois ela foi perdendo isso. E ela briga comigo um pouco porque eu não deixo de fazer as minhas coisas por causa de ninguém a não ser que eu veja que vai prejudicar, óbvio. Mas se eu chego e quero fazer meu curso de teatro, eu quero fazer e eu vou fazer. Eu vou juntar o meu dinheiro, que eu vou pagar o meu curso de teatro. Eu pago. E minha mãe há muito tempo atrás deixou de fazer um curso de medicina por causa de um noivo que não é, nem casou não foi nada depois. agora ela deixou de realizar um sonho que ela tinha por causa de outra pessoa. E e quando ela vê isso em mim, tipo assim, de certa forma ao invés de estimular, ela tenta cortar sabe. Assim não, não pode acontecer isso, como é que a pessoa faz aquilo que eu não fiz. E hoje ela está aprendendo a lidar mais com isso depois desses trabalhinhos todos que está passando eu e ela. Mas fora isso, graças a Deus, eu tenho uma relação muito boa com todo mundo. Também não sou aquela pessoa, se eu não gostar de você e não vou chegar pra você e te tratar da mesma forma que eu trato Gesianetrês, nunca. Vou te tratar mal, não. Não vou te tratar mal, mas e a minha relação com você vai ser nitidamente diferente de uma pessoa que eu gosto sabe. Tipo relação básica. Não gosto de chegar e fazer a maior festa com você e por trás picar o pau em você. No plano afetivo. Eu tenho tantas vontades, eu já fiz muitos planos assim, mas aqueles sonhos . tipo assim Eu quero fazer teatro, eu vou fazer teatro, tenho muita essa vontade assim de levar em paralelo essa carreira. Não sei se vou fazer teatro enquanto formação. Penso muito nisso,sinceramente , em fazer teatro na UFBA e levar os dois a psicologia e o teatro.hoje eu Gesianetrês estávamos até conversando sobre a idéia de empresa de consultoria de trabalhar,como trabalhar na área organizacional e está montando um pouco nisso, um pouco nosso , pra não ficar dependendo do mercado de trabalho e como é no caso a gente ficar é ficar dependendo do empregada de consultoria sabe não . A gente está montando mesmo algo que é nosso, a gente está criando isso , uma forma diferente não sei . é com relação aos planos afetivos , na verdade eu não tenho muito , até hoje eu não sei se eu quero ser mãe ou não. Fico imaginando assim. Quero ter uma pessoa do meu lado, claro que entenda um pouco isso que seja uma pouco do meu jeito, que seja um pouco fora dessa normalidade também, que querendo ou não se eu seguir muito as regras, entra na rotina e e perde a graça. Mas digamos assim eu tenho

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alguns planos básicos, eu estou tentando ainda combinar, eu estou pesquisando ainda de quando eu terminar a faculdade é ir pra Inglaterra. Não sei seu eu volto pra cá , eu estou querendo. Mas estou querendo ir pra lá porque eu quero fazer alguns trabalhos com terapia artística já juntando com psicodrama. Se eu voltar é mais por questões mesmo de planos daqui com pessoas de faculdade, do teatro. Não sei como é essa questão lá mas tipo assim são alguns planos que eu estou tentando construir e minha mãe inclusive que se inscreveu no meu plano de ir pra Inglaterra, caiu junto , uma coisa meio eu vou também mas tudo bem. Pra ela vai ser legal também que ela morou lá muito tempo. Porque meu pai é de lá , então eu tenho essa eu tenho, a Europa eu tenho essa proximidade de eu estar passeando e tentando construir uma vida , sem eu ficar preocupada com autorização, com fiscalização sabe. Lá eu já tenho uma certa construção tipo metade de mim é a Europa . tem meu pai também que pra ele ia ser muito legal. A gente ia não segundo ano e a gente não foi porque eu fiquei meio, cabrerei na hora de passar meu terceiro ano lá e não me adaptar. Mas a gente ia e ele ia embora também, mas é uma vontade que eu tenho ainda de ou trabalhar e ficar por lá ou de fazer uma construção um pouco melhor na minha carreira e depois voltar pra cá pra aperfeiçoar e montar algo novo , um pouco fora do padrão que eu vejo todo dia no meu estágio. Mas não quero fazer muitos planos não quero ver o que vem aparecendo pelo caminho e caminhando um pouquinho. Desejo de viajar o mundo todo. Desejo que eu tenho e que eu vou realizar um dia. Eu tenho a major vontade de viajar o mundo todo de navio, pelo mar com paradas. É um grande desejo. O que eu falaria ao meu respeito. Fale o que eu falaria ao meu respeito. Personalidade muito forte desde a hora de nascer até hoje. Quando criança também eu tinha muita personalidade. Muito pensativa às vezes, eu brinco que eu vivo mais no mundo da lua do que aqui mas assim eu sou uma pessoa movida a interesses. Digamos, interesses m que, de fazer o que eu gosto. Eu procuro estar trabalhando sempre naquilo que me desperta um desejo. Que eu sei que vai ser mais fácil trabalhar do que eu ter que fazer algo o que é necessário. Pra mim a regra eu ter que fazer sempre foi terrível. Não sei se por causa de educação mesmo ou histórico. O ter que fazer sempre foi muito pesado pra mim. Mas o simplesmente querer fazer é outra história, sabe. Ao mesmo tempo assim, eu acho que eu sou uma pessoa muito fácil de lidar porque pra mim não existe religião ou classe ou sei lá o que for eu acho que a pessoa importa muito mais do que ela aparenta. Eu estava até falando com Fabinho ontem Porque às vezes você julga, eu não sou ,nunca fui assim desde criança. Eu sempre tive amizades desde , qualquer pessoa assim, tudo , eu sempre falei com todo mundo independente de quem era a pessoa , do que ela fazia no local , de quantos anos ela tinha. Adoro idoso e adoro criança. Eu me dou, sou muito simpático com gente idosa eu gosto de conversar, de perturbar um pouquinho.e criança sou apaixonada .gosto muito de trabalhar com criança, estar com criança. Minhas primas mesmo ,ave, são maravilhosas. Eu acho que é isso. É a flexibilidade mesmo. Às vezes eu acho que eu sou uma pessoa inflexível em vários aspectos, não em todos, em vários aspectos e eu sou uma pessoa, minha personalidade é forte mas sem agressão, sabe. Eu não sou , Eu não sei o que sou e pronto.

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8ª transcrição – I8 Eu vou começar a falar um pouquinho de meus pais. Meus pais se casaram com vinte e três anos a minha mãe e casaram já, minha mãe já estava grávida de mim. Eles se casaram por causa da minha, por causa da gravidez. e meus pais foram morar juntos aqui em Salvador e minha mãe foi trabalhar e meu pai também, mas e eles não tinham muito dinheiro assim. Nessa época eles receberam muita ajuda de meus avós pra conseguir pra comprar apartamento e tal. e a minha mãe, eu nasci, meus pais trabalhavam e . eu sou a primeira filha e a primeira neta também e e ficou todo mundo assim me dava atenção e eu morei assim. Eu morava na casa de minha avó ficava sempre na casa de minha avó, meus pais trabalhavam e eu tenho muitos tios. Minha mãe tem cinco irmãos. Eu ficava muito com meus tios também. Quando eu tinha uns quatro anos, meus pais moravam num apartamento alugado e o dono do apartamento pediu o apartamento e e a gente teve de se mudar e a gente teve de morar na casa de minha avó. A gente morava com minha avó, meu avô e não tinha, eu tinha pouco contato com meus pais por eles trabalharem é, eles passavam o dia inteiro no trabalho e eu passava o dia inteiro com minha avó meus tios, tinham quinze anos ficava muito comigo e meu avô. E era minha avó que fazia tudo, me levava pra escola, me pegava na escola, fazia comida pra mim, me dava banho e eu tinha um vínculo muito forte com minha avó. E e depois uns dois anos depois quando eu tinha seis anos e a gente se mudou. Meu pai comprou um apartamento. Quando eu morava com minha avó. Foi assim eu lembro que , uma coisa que eu lembro é que eu ficava sempre com uma empregada e sempre trocava de empregada porque minha mãe era muito exigente e ela queria alguém que cuidasse bem de mim e tudo e ficava sempre trocando, trocando e isso eu não gostava. Me incomodava ter que estar trocando de empregada toda hora. mas eu morava com meus pais até que minha avó a mãe de minha mãe e eu ficava sempre com ela também e eu não lembro muito assim de quando eu tinha quatro anos. Eu lembro de pouca coisa. Gostava muito de brincar sozinha, de assistir televisão. Na minha infância assim eu era muito tímida, muito tímida, muito tímida mesmo e gostava de ficar sozinha. Eu não gostava muito de me relacionar com outras crianças. E eu não lembro muito desta época. Eu lembro mais de quando eu fui morar com minha avó. Quando eu morava com minha avó meus pais também moravam lá .e assim nessa época quando eu morava com minha avó que eu lembro mais assim que tinha um vínculo muito grande, muito grande com meu tio e que saía comigo, brincava muito comigo apesar de ele ser adolescente na época ele ficava em casa muito tempo. E eu tenho um vínculo muito forte com minha avó também. É o que mais eu lembrava dessa época da minha vida , dessa época assim. Meu avô também. Deixa eu ver assim quando eu fiz seis anos eu me mudei. Eu também Eu mudava muito de escola. Cada ano eu estudava em uma escola diferente e eu não gostava disto porque sentia falta da outra escola e e minhas colegas ficavam na mesma escola e eu ficava sempre mudando de escola, tanto que eu reclamava isso de minha mãe, de mudar tanto. Nessa fase da infância eu tive muitas mudanças tanto de prédio quanto de escola. e e depois eu me pra um apartamento que era de meu pai. meu pai trabalhava minha mãe também e Eu ficava com empregada a maior parte do tempo ou com minha avó.é teve uma época que teve uma empregada na minha casa que eu brigava muito com ela e eu era novinha tinha uns sete anos. E eu batia nela e ela batia em mim é a gente brigava muito. E eu ligava pra minha mãe pra reclamar e ela não deixava e eu não falava nada pra minha mãe. E eu não falava nada. Ela ameaçava se eu falasse que ela ia fazer alguma coisa e e eu sei que teve um dia ela me arranhou e ficou a marca. E eu fiquei muito angustiada porque eu não queria contar pra minha mãe. Minha mãe ia ver a marca e ela falou pra mim, quando sua mãe ver você fala pra sua mãe que você caiu e se arranhou. Mas eu fiquei muito angustiada em ter que falar aquilo pra minha mãe e com raiva dela. Eu ficava o tempo inteiro pensando nisto e e eu fui e contei pra minha mãe e ela foi e denunciou a empregada. Eu acho também que ela não queria que ela saísse porque toda hora trocava de empregada e ela apesar de eu brigar eu já tinha criado um vínculo com ela. e quando ela saiu eu voltei, eu ficava na casa de minha avó, a maior parte do tempo porque minha mãe trabalhava e de noite eu ia pra casa. e eu ficava na casa de meus pais. E eu não brincava muito com outras crianças era mais sozinha. Só na escola assim que eu brincava mais. E e quando eu tinha seis anos eu , sete anos que eu entrei na escola na primeira série. E Nesta escola eu fiquei da primeira até a oitava série. Eu fiquei na mesma escola da primeira até a oitava série e morei no mesmo lugar também. Eu criei, eu fiz muitas amizades na escola porque ficou a mesma turma durante muito tempo e também fiz muita amizade no prédio. Nessa época que eu morava no mesmo lugar, assim eu sempre fui muito tímida e tinha muita dificuldade de fazer amizade , mas e eu estava bem, já tinha minhas amizades. Deixa eu ver outra coisa que eu tive dificuldade assim na época foi até a sexta série, sexta, sétima série eu era boa aluna mas eu nunca fui estudar. Nunca gostei de estudar. Parar para estudar mesmo. Eu era boa aluna porque prestava bem atenção nas aulas e me saía bem nas provas e tal. Mas e quando eu chegava na oitava assim mais ou menos eu comecei a tirar nota baixa e tal e e eu brigava muito com minha mãe por isso. Muito muito muito mesmo porque ela exigia que eu fosse ótima aluna e eu não era. Eu não gostava de estudar e cada briga significava tanto pra mim, tanto sabe, muito que eu ficava muito mal, muito mal quando eu brigava. Não pelo fato de eu estar brigando eu não sei porque mas acho que qualquer crítica que fazem pra mim é choca muito sabe e independente da pessoa. E e eu ficava assim, eu tinha uns treze anos, eu ficava questionando porque que minha mãe fazia aquilo em mim só a questão das notas. Ela ficava o dia inteiro fora trabalhando e a única coisa que ela

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se preocupava em fazer era saber se eu estava bem na escola ou não, se eu tirava nota alta ou não. Isso mexia muito, eu tinha muito medo de minha mãe. Muito medo das brigas, de quando chegava o boletim assim eu tinha, eu ficava escondendo por causa das notas que devia ter. mas assim nessa época eu enfrentava mesmo, eu falava, o que eu achava mesmo e com o tempo eu fui ficando mais eu só fazia escutar pra não brigar. Mas com meu pai, meu pai já é diferente ele é bonzinho, ele não reclama de nada, ele deixa tudo pra minha mãe. Pra minha mãe reclamar eu acho que é por isso que eu tenho a imagem de minha mãe assim que ela é má. Naquela época assim que eu tinha uns catorze anos, treze, eu lembro que eu queria ser considerada adolescente. Quando eu tinha doze anos eu já me achava adolescente assim e só que minha mãe me vê como criança ainda, não deixava eu sair. Primeira vez que eu saí sozinha eu tinha catorze anos e mesmo assim foi muito difícil pra ela deixar. E tudo ela colocava nota no meio. Ah você só vai se tirar nota alta, você só vai e eu assim não era péssima aluna, mas também não gostava muito e isso não servia muito. e eu queria muito ter idade pra ser adolescente logo. E eu sentia muita falta de meus pais procurarem saber de mim, como se eles já soubessem de mim sem procurar conhecer .e eu achava que eu era uma pessoa totalmente diferente de todo mundo da família. Não falei mais eu tenho uma irmã que tinha dez anos e pelo fato de meus pais trabalharem eu fiquei muito tempo cuidando de minha irmã. Já tinha empregada na minha casa, mas a empregada não dormia lá e eu ficava cuidando de minha irmã. Isso eu me irritava muito com isso porque as minhas amigas às vezes saiam e me chamavam e eu não ia porque tinha de ficar cuidando de minha irmã e quando eu ia reclamar isso com minha mãe ela dizia ela sempre tinha um argumento. De não você tem que cuidar mesmo porque. Sempre colocava assim, eu sempre faço tudo pra você e você tem que cuidar porque é sua irmã e eu me prendia a isso assim. Eu acabava aceitando de que eu tinha de cuidar dela. Ela falava ah mas eu trabalho o dia todo e você tem que cuidar porque você só estuda e eu acabava aceitando mas isso me incomodava muito. Sempre me incomodou. É boa, é uma relação até boa com minha irmã. A gente briga de vez em quando por causa da diferença de idade em relação a ela. São dez anos de diferença. Hoje tem acho que é uma boa relação assim acho que ela criou um vínculo forte comigo porque eu estava muito presente na vida dela assim. Minha mãe trabalhava e quem cuidou dela praticamente foi eu. A gente tem uma boa relação apesar das briguinhas normais de irmão. Complicada, foi complicada adolescência. como eu falei eu estudei até a oitava série no mesmo lugar e morei no mesmo prédio até mais ou menos nessa idade também, até os catorze anos e dos seis aos catorze anos eu morei no mesmo lugar e estudei no mesmo lugar. Só que e exatamente neste ano troquei de escola. Saí da escola que eu estudava que era uma família todo mundo já se conhecia já tinha uma amizade e fui pra outro colégio.e saí do prédio que eu morava e fui pra outro prédio. saí do colégio com mais duas amigas. A gente estudava no TeresadeLisieux e fui pro Mendel. E lá no Mendel, as pessoas que estudavam no Mendel eram diferentes das pessoas que estudavam no TeresadeLisieux. Tinha muita gente que tinha dinheiro e dava muita importância a isso e que achava que podia tudo porque tinha dinheiro. E a gente pra gente ter um vínculo com a outra turma muito bem, uma amizade já a gente era muito aberto de falar de nossa vida assim. Não muito eu, mas umas amigas, minhas amigas. E e começavam a excluir a gente da turma e e a gente ficava excluído da turma.e assim mesmo que não fosse eu mas se não gostasse da minha amiga que estava comigo me excluía também. Isso foi muito difícil e eu me revoltei muito nesta época. Tinha a questão das notas também. Só porque o primeiro ano eu tinha cobrança de minha mãe que queria que eu tirasse notas boas porque eu tinha de ser ótima aluna e e começou a minha rebeldia com catorze anos. Assim eu gostava muito de é assim quando no começo assim ao invés de estudar eu vou sair. e eu porque estudar, estudar, estudar, estudar. Minha vida era estudar e eu vou é sair. e eu ficava assim paranóica com isso e assim eu saía na rua andando nada ao redor era como o mundo não existisse. Eu transformei meu mundo em uma assim eu achava que eu estava numa idade média. Eu comecei a me isolar de todo mundo. E era a única coisa que eu. E eu quando estava assim achava que os deuses falavam comigo mesmo. Era uma viagem mesmo, eu achava que os deuses falavam comigo e que eu via a aura das pessoas. e assim umas amigas que sentiam falta de mim que diziam que eu estava me afastando delas que eu não conversava essas coisas com elas. Notava que elas sentiam falta de mim que me procuravam e eu me afastando me afastando, me afastava assim. Em relação a namoro, eu ficava, ficava, ficava assim mas não conseguia construir um, uma relação mais íntima mesmo. Era só o superficial, só o superficial. E e em casa minha situação só piorou mesmo pois minhas notas eram péssimas, faltava muita aula, faltava muita aula e brigava muito com minha mãe. Teve uma vez até que eu não lembro o motivo mais eu tentei me matar , tomei vários remédios. Não sei como eu não morri, não sei como eu não morri. Estava no meu quarto, tava no meu quarto a caixa de remédios tava no meu quarto e eu decidi que queria me matar. Acho que eu queria mais chamar atenção do que morrer. e tomei vários remédios, vários, vários. Passei a noite péssima suando com calor passando mal e assim que minha mãe nunca soube disto. Eu fiquei mal no dia e no outro dia acordei normal. Fui pra escola cheguei só que eu tive infecção urinária e eu comecei a sentir muita dor nessa época. Muita dor, muita dor nessa época e eu fui pro hospital e passei o dia inteiro e ninguém conseguia detectar o que eu tinha. E eu morrendo de medo. Pronto agora é que vão descobrir que eu tomei um monte de remédio. Vão descobrir, descobrir, mas ninguém nunca associou a isso e ninguém nunca ficou sabendo. E eu fiquei muito tempo sem tomar remédio nenhum porque eu lembrava da sensação que tive. Mas eu não encontro o motivo assim hoje, não encontro um motivo

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forte assim. Foi um motivo. Não teve motivo. Foi uma coisa que eu não tenho uma explicação ah foi isso eu não sei qual foi o motivo. Eu não conseguia me abrir com as pessoas. Eu hoje vejo assim. Eu acho que não conseguia me abrir com, as pessoas chegar assim até a mim como eu gostaria que fosse . e eu ficava pra mim eu achava que eu nunca ia me relacionar com ninguém. Eu ficava muito mal com isso. Chorava muito por causa disso eu nunca vou conseguir namorar com ninguém. Eu achava que eu não ia mesmo. Toda vez que eu começava alguma coisa, que eu começava a gostar a outra pessoa terminava. E era sempre a outra pessoa até que chegou o momento que depois de três dias seguidos eu comecei a perceber que era em mim o problema. Eu que não deixava que as outras pessoas me conhecessem, tivessem uma relação. E e eu voltei. Eu comecei a ficar com um menino e depois do tempo que eu estava gostando dele e ele terminou e foi uma pessoa que eu gostei muito. E eu não conseguia, não consegui de deixar que isto acontecesse. Não dá eu tenho que fazer alguma coisa. E e eu voltei com ele e a gente namorou por dois anos e dois meses. Mas assim antes disso na minha fase de dezesseis anos que foi essa fase que eu estava passando por essas coisas de achar que eu nunca ia conseguir ficar com ninguém muito tempo, foi eu acho que foi a fase que mais eu vivi. Porque eu tinha as idéias de que eu tinha de viver o máximo que pudesse , essas coisas carpe diem e e eu assim estava no colégio e eu não passei no primeiro ano. Fiquei o segundo ano lá, troquei de sala que eu estava sentindo problema. E no final eu conheci algumas pessoas que assim em festa, que as festas que eu ia era no horário da aula, pela manhã. Assim saía da aula pra ir pra festa, pra ir beber. É e eu ainda ficava com o pé atrás, eu não conseguia fazer muito isso assim. Mas eu era expulsa da aula toda hora. Era péssima aluna, não prestava atenção, faltava muita aula, não fazia nada. Nunca me preocupei com o vestibular, na época de me preparar pro vestibular, não estava nem aí. Eu só vivia filando aula. Bebendo, bebia, bebia, bebia, bebia. Quando eu comecei a descobrir essas coisas assim e a gostar de metal. Eu ia pra o show de metal e me achava o máximo porque eu, eu era diferente porque eu gostava de metal e era uma menina que gostava de metal, que era bruxa e eu adorava isso. E que quando alguém me conhecia dizia que eu era assim que eu diferente e eu achava o máximo isso, eu gostava muito disto. E todo ano eu ia pra recuperação e assim depois eu saí de novo do Mendel. E no terceiro ano tinha um colégio perto da minha casa e eu encontrei outra dificuldade quando pro colégio que eu fui que eu não tinha liberdade que eu tinha liberdade que eu tinha no Mendel. Que no Mendel eu podia saia na hora que eu quisesse. E quando eu fui pra o outro colégio que foi o Drumonnd eu tinha de ficar na aula. Queira ou não queira eu tinha de ficar na aula. e eu estava no terceiro ano e não estava nem e , preocupada nem um pouco com o vestibular. e cheguei lá, desta vez eu fui sozinha. Mudei de colégio sozinha. E eu tinha muito isso . eu não queria mudar de colégio que antes eu não antes conseguia. Eu sempre pensava quando eu for fazer trabalho eu vou fazer com quem. Quando eu for , quando eu terminar as aulas eu vou ficar com quem. Eu não conseguia tipo sair sozinha do colégio. e até que eu consegui, eu saí. Cheguei lá era outra coisa totalmente diferente. Eu tive de ficar mais certinha assim não tinha mais festa. no colégio era diferente. E assim as coisas continuavam. Minhas amigas iam lá pra casa e a gente ficava bebendo essas coisas assim e foi nessa época que eu comecei a namorar. E ele era terceiro ano, tinha dezessete e meu primeiro namorado, ex namorado que a gente terminou e ele era muito certinho. e e eu parei de beber, parei de sair, ficava em casa e tal e essa época assim que eu estava namorando com ele eu achava que eu era a pessoa mais feliz do mundo. Eu era apaixonada por ele. Muito apaixonada por ele e ele muito apaixonado por mim e assim eu tinha as idéias que eu ia casar com ele e a gente ia ser feliz pra sempre e tal. E a gente fazia vários planos de ficar juntos pra sempre. Eu me lembro que no terceiro ano eu fiz vestibular pra Ufba e pra RuiBarbosa e não passei. E fui fazer cursinho e e ele fez também cursinho comigo a gente foi ficou fazendo cursinho metade do semestre. Convivia com ele todos os dias. Fiz pra Baiana e passei. e entrei em psicologia nessa época era meio metaleira ainda e andava toda de preto. E cheguei aqui porque psicologia eu quis fazer porque sempre gostava de ler e gostava da matéria de humanas gostava de. Queria, tentar entender essas coisas de bruxaria. É assim na bruxaria existe muito eles dão muito valor ao auto conhecimento. Na religião mesmo e eu achava isso muito importante assim. Eu tinha. Quando eu estudava eu tinha isso que um dia, eu parava pra estudar pra eu parar pra pensar no meu dia, como eu estava e eu acho que isso me fez crescer muito. Me conhecer foi muito bom pra mim. Eu sinto falta disso de parar e pensar em algumas coisas que eu faço . E eu achava que eu pra entender os outros a gente tem que fazer isso. Pra conseguir conhecer as outras pessoas ,que as outras pessoas tem muito da gente também eu acho que as pessoas e eu achava que eu entendia por eu ver por me observar muito e por isso que eu quis fazer psicologia. Era essa idéia que eu tinha assim do curso de querer entender, tipo uma forma que eu pudesse entender, fazer entender as pessoas . e e quando eu entrei aqui na faculdade eu já tinha outro pensamento. Eu entrei aqui com outro pensamento que essa daqui era a minha profissão e que eu não podia entrar como eu entrei no colégio. No colégio tinha a matéria química, física, matemática, e eu não entendia porque que eu estava estudando aquilo, pra mim não tinha importância nenhuma na minha vida por isso que eu não gostava, não estudava. e foi um dia aqui na faculdade que eu fiquei muito nervosa. Eu gostava de estudar, eu estudava por prazer. Fazia tudo que os professores pediam, assistia às aulas, todas as aulas, não filava as aulas e mudei completamente em relação a. eu me sentia muito bem com isso e eu chegava pra minha mãe e falava. A minha mãe eu tirei nota alta no trabalho, tirei nota alta na prova, comecei a ter uma relação melhor com minha mãe e até entender ela também, buscar, porque eu só fazia exigir. Ela exigia. Ela não conversa comigo mas eu também me fechava muito. Eu era o tipo

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de pessoa que eu chegava em casa minha casa era o meu quarto. Minha vida era, era meu quarto. Antes eu pensava em criar uma relação. Eu nunca tive uma relação ruim com minha mãe era distante. Aproximar mais e e nessa época eu estava namorando ainda no primeiro semestre. Meu namorado, meu ex namorado mora aqui em Brotas e e eu ia pra casa dele e tal, tinha uma relação muito boa com a família dele também. Me afastei muito meus amigos quando eu comecei a namorar minha vida era ele. E e no segundo semestre uma coisa, uma coisa que mudou a minha vida assim foi a psicologia, mudou a minha vida porque eu passei a ver as coisas com assim por exemplo do meu ex namorado. Eu achava, eu amo ele um amor assim de eu pensar de ficar com ele pra sempre. e eu comecei a pensar, ah mas o amor é uma construção, é o plural que as pessoas acham que as pessoas vão amar pra sempre e eu acredito nisto tanto que na aula de Nilton ele falando que a fidelidade era cultural. e eu poxa velho eu não aceito isso. Eu não aceito que meu namorado me traia e e eu comecei a pensar nessa idéia. E e eu comecei a pensar nessa idéia e é verdade sabe. É verdade que essa questão que você se relaciona com uma pessoa e de ser a você tem que ser fiel e vou te amar pra sempre eu vou ter que desconstruir essas coisas todas assim no curso de psicologia. Eu comecei a ver a relação que eu tinha com meu ex namorado uma coisa que podia terminar assim porque antes eu tinha a idéia de que seria para sempre e minha vida estava toda projetada nisso. e eu comecei a pensar nada é pra sempre. E e eu comecei a sair com pessoas da faculdade a viver outras coisas outra vida que não fosse ele. e eu comecei a mudar, eu comecei a me afastar dele e tal e ele tinha um pensamento muito de que a gente estava construindo. Outra coisa completamente diferente e quando eu chegava pra conversar com ele, ele não queria, que eu tinha mudado e a gente terminou. Eu terminei com ele tinham dois anos e dois meses e eu me senti meio perdida porque eu já tinha me afastado dos meus amigos. e que esse medo também porque eu tinha muita confiança nele e eu tive medo de não encontrar outra pessoa que eu pudesse confiar tanto, de criar uma relação e só que depois eu comecei a namorar de novo. Bem pouco tempo depois assim é e assim e eu comecei a namorar de novo e eu que pensei uma vez que nunca ia namorar ninguém agora eu. E e eu já estava com essas idéias diferentes de relacionamento e no outro eu queria que fosse dar mais liberdade assim. Um relacionamento aberto, tudo o que ele fizesse e o que eu fizesse,eu saberia. Só que entrou nas férias, teve alguns problemas, ciúmes, ele tinha muito e eu tinha chegou algum momento que eu falei ou a gente termina ou fecha a relação. E e fechamos à relação. Namoramos, maravilhoso, apaixonada no sei o que mas e eu tive, eu comecei a me desinteressar assim. Eu comecei a querer fazer outras coisas cansei de estar namorando e e eu terminei. Tem uns três meses, dois meses, tem pouco tempo. Hoje eu sinto um pouco de medo assim ainda, na verdade se eu quero, se eu quero ficar sozinha. Não. eu gosto dele como pessoa como amigo e hoje ele me conta e é uma pessoa que eu posso contar. Eu sei que é uma pessoa que pode eu posso contar em qualquer momento. Só que por outro lado eu sei que eu terminei eu tive vontade de terminar e já ia terminar. E eu não posso sair do mundo da pessoa que queira tudo do jeito que eu quero sabe. E e ele disse que quer se afastar de mim, que ele gosta de mim quer se afastar de mim pra não sofrer. e eu tenho medo disto por que ele é a única pessoa que eu posso contar a qualquer momento assim. As vezes eu me sinto muito sozinha sabe.eu me sinto assim quando eu estou em casa, assim fim de semana quando eu estou em casa é horrível. Eu acho que eu não tenho ninguém na vida, eu começo a ficar triste, ninguém me chama pra sair. Eu fico triste. Eu acho que eu não tenho ninguém na vida, eu acho que eu sou sozinha no mundo. As minhas idéias são assim eu sempre tive isso assim essas idéias de que eu não tenho ninguém, de que ninguém gosta de mim, eu sempre penso nestas coisas. E por isso que eu tenho medo que eu não consigo cortar totalmente a relação assim que eu tenho com eles porque eu penso a qualquer momento que eu me sentir assim sozinha eu vou lá e volto.eu volto não que eu goste dele, eu volto porque eu preciso ter alguém comigo mostrando que eu sou uma pessoa legal, que alguém gosta de mim e que eu preciso ter alguém perto de mim pra mostrar essas coisas. Agora essa questão me sentir sozinha, eu acho que, eu acho que eu mesmo que provoco sabe. Porque eu gosto de estar sozinha. Eu, ao mesmo tempo que eu quero, eu quero me aproximar das pessoas e eu não faço nada pra que isso aconteça. Eu só faço pensar ninguém gosta de mim mas eu não faço nada pra que as pessoas se aproximem de me mim. e eu não me abro pras pessoas, eu me fecho muito. Eu não tenho facilidade de falar muito dos meus sentimentos.assim hoje eu estou tentando me sentir bem comigo assim. Não. porque eu tenho uma dependência muito grande que as pessoas falassem de mim pra me sentir bem. Ah você é legal, eu gosto de você, me chamasse pra sair, fizesse questão que tivesse em algum lugar pra eu me sentir bem. E eu estou tentando assim me ver de um jeito, eu mesmo, eu mesmo me perceber. Não ficar que os outros digam alguma coisa de mim o que eu sou. Eu me sentir bem comigo mesma. Pra eu não depender tanto das pessoas então eu tenho vontade de fazer isso. É mais sobre a faculdade. O curso de psicologia. não quero outra coisa na vida. Eu pensei em sair do curso quando era segundo semestre por causa de um trabalho que eu fiz na , acho que foi numa favela, eu fiquei muito triste com aquilo. Eu acordei pra realidade do lugar que eu vivo e eu me senti muito impotente com aquela realidade. Eu pensei porque eu estou fazendo psicologia eu não vou poder fazer nada aqui sabe. Eu ia pra, eu fui na favela e a pessoa que a gente foi fazer observação psicológica e a pessoa, a mãe dessa criança ela ganha sessenta reais por mês e pra cuidar de várias crianças na casa ela trabalhava sozinha. E eu entrei lá e vi aquela multidão de coisas de casas iguais, a realidade igual daquela pessoa que eu não podia fazer nada assim. Porque eu vou fazer psicologia, eu não vou poder fazer nada diante disto sabe. E eu tinha muito esta idéia de querer mudar o mundo. E foi na mesma época que a gente foi fazer trabalho com racismo e também assim eu comecei perceber que o preconceito

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é muito grande . e eu lembro que a professora falou assim você não vai mudar nada assim. E isso o que eu queria eu queria mudar tudo. E ela falou você não vai mudar nada, você vai estudar o que vai desenvolver nas pessoas. o máximo que você pode fazer é isso. e e eu fiquei bem mais tranqüila. Eu queria sair porque eu senti uma impotência porque o que eu podia fazer com meu curso, quando eu terminar.eu adorava estudar psicologia mas eu queria saber o que é que eu ia fazer com aquilo assim. E isso todos os trabalhos que eu fiz me tocaram muito. Primeiro semestre a gente foi na maternidade e assim tinha uma mulher pediu um vale transporte pra gente pra ir pra casa. e eu poxa se fosse alguém da minha família não ia nem voltar de ônibus alguém ia arrumar um jeito de arrumar um carro pra ir buscar e ela não tem saída, vai voltar de ônibus e não tem nem dinheiro pra voltar, pedindo um vale pra gente. Todo um trabalho que eu fiz me tocaram muito e eu sempre conversava com os professores. E eles assim ah que bom que isto está te tocando alguma coisa pro trabalho. Os trabalhos assim que eu fiz mudou muito não me importam a nota, mudou muito minha vida. Hoje eu ainda gosto muito de estudar psicologia. Eu vejo assim que eu não sei o que eu vou fazer ainda com a psicologia. Não sei se eu quero ser psicóloga clínica, não sei se eu quero ser professora, não sei ainda, não estou muito. Mas estou me tranqüilizando quanto a isto assim porque antes eu achava que eu tinha de escolher logo, mas hoje eu sou mais tranqüila em relação a isso. Não estou pensando muito em definir o que eu quero.mas eu gosto muito de estudar psicologia, adoro, adoro.eu acabei de fazer uma coisa aqui que eu lembrei eu adoro adoro. Mas eu adoro mesmo, adoro mesmo. No terceiro semestre eu achei muito chato, chato mesmo. Eu estou no quinto. Tinha umas matérias que eu não me identificava. No quarto semestre, eu amei o quarto semestre. Assim penso em fazer. O que eu penso é fazer algum mestrado alguma coisa assim em relação a dinheiro que eu gosto muito de qualidade de vida, ser professora, quero fazer pesquisa e outra coisa tem que ser aqui. Duas coisas ao mesmo tempo. Porque se eu não sei se eu vou conseguir, assim eu queria, o que eu quero é fazer mestrado, mas eu acho que eu prefiro fazer outra coisa pra ter dinheiro por isso eu penso em duas. Estou pensando em psicologia ambiental. Hoje acadêmica, não sei depois. A outra coisa eu já estou começando a fazer projeto de pesquisa e eu vou fazendo a vendas e assim eu estou adorando a fazer isso. Adoro pesquisar sobre isso, formalmente eu comecei este semestre mas desde o semestre passado que eu já venho pesquisando bastante coisa e eu adoraria fazer o mestrado em vendas e ser professora ou fazer pesquisa. Mas eu me sinto, eu não sei se eu vou conseguir sabe. Ano sei se eu vou conseguir, eu acho muito distante de mim. É muito difícil. Eu acho que é difícil não sei porque mas acho que é difícil. É a área acadêmica em geral,pra eu sair daqui, fazer mestrado, doutorado, fazer pós graduação, passar a vida estudando tanto é difícil. Eu acho que nenhuma área você pode parar de estudar, mas na área acadêmica poxa você tem que estudar mesmo. e e eu vejo que ao mesmo tempo a área acadêmica me encanta eu tenho um pouco de medo tanto em relação a questão financeira quanto não achar que eu sou capaz. Eu acho que eu não sou capaz de fazer um mestrado, fazer um doutorado. Mas eu tenho muita vontade, muita vontade de aprender e não sei e tenho muito medo de não conseguir. Eu sou muito assim de o caminho mais fácil, e ganhar dinheiro mais fácil na área de psicologia organizacional e também porque só psicóloga aplica teste. Então vou fazer alguma coisa em psicologia organizacional porque e eu vou ganhar dinheiro mais fácil. Eu gosto muito de coisas mais fáceis. Eu acabo indo, eu não me acho capaz de seguir essa área assim. Acho muito distante do que eu quero. Agora é o que eu quero. Talvez o que eu gostar muito seria muito gostoso trabalhar com isso, como se fosse um hobbie mesmo trabalhar com pesquisa. Mas em relação ao dinheiro não sei. Eu não sei. Agora que acabou que estou no final eu fico meio assim meio triste, minhas amigas estão indo embora, estão viajando. É triste. Eu ficava bem triste. Eu estava louca que acabasse esta última semana. É eu ficava louca que acabasse porque eu tinha muito trabalho pra entregar, muita prova pra fazer, eu ficava na faculdade o dia inteiro. Eu tinha de ir pra casa, digitar trabalho, fazer pesquisa na internet. Mas eu preferia ficar de madrugada do que sair da faculdade, eu saía daqui todos os dias seis horas da noite porque eu sabia que eu ia sentir muita falta das pessoas que iam viajar. vivi com as pessoas que eu sabia que iam viajar eu fiquei assim o máximo de tempo que eu pude, pra poder aproveitar assim. E eu sabia que eu ia sentir muita falta sabe. E e uma reunião que vai ter mesmo de noite, que vai passar as férias todas fora. e de manhã eu estava só pensando nisto, o tempo inteiro, eu poxa eu não quero isso eu vou ficar tão triste. e fiquei só pensando nisto, eu fiquei tão triste porque todo mundo viajando e eu fico eu já estou com medo de ficar sozinha que eu falei que quando chega o final de semana eu fico sozinha e eu fico triste. E quando chega as férias em tão não tem nada pra fazer, e tem dias que eu fico bastante e eu vou comprar ou eu vou comer. Eu vou pro shopping comer, comprar logo besteira ou então vou comer comida, chocolate, chocolate,café, café e ou então ver filme. É eu tenho medo de ficar sozinha. No momento que eu vou ficar sozinha eu sempre me ocupo de alguma coisa. Então eu vou fazer alguma coisa. Agora eu estou melhor assim mas hoje de manha eu estava toda triste. Enfim sair de casa, e encontrar as pessoas já me faz por mais que eu fique pensando e tal. Só em encontrar gente já me faz sentir melhor e eu fico pensando assim sobre isso eu tenho uma tendência a ficar me iludindo sabe. É assim eu posso estar bem agora que eu estou cercada de gente, mas quando eu fico sozinha eu fico mal de novo . e quando vem as férias eu fico ainda mais agora que eu já terminei o namoro e eu conversava,que eu ficava o tempo inteiro com o meu namorado quando não tinha ninguém. mas agora é assim ele me chama pra sair e tudo mas é aquele negócio e eu não quero. Eu quero me distanciar e ao mesmo tempo eu tenho vontade de não me aproximar e eu acabo me aproximando como por achar que eu não tenho ninguém sabe.

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Eu acho que eu gosto de ficar só porque muitas vezes que as pessoas me chamam eu não me pego não assim. Domingo um amigo meu do prédio que eu converso com ele assim, mas ele me chamou desça pra gente conversar. E eu pensei que saco eu não quero descer sabe. Eu fiquei, como é que eu posso reclamar de que eu sou sozinha se quando as pessoas me chamam pra conversar eu não quero. Ao mesmo tempo que eu reclamo dessa falta das pessoas eu acabo não aceitando quando as pessoas me procuram. E eu me esforcei a ir. Não eu vou, mesmo que eu esteja sem saco de ir. e eu fui e foi bem legal sabe.foi bem legal, vou fazer isso mais vezes e no mesmo dia uma menina me chamou pra sair com ela, me chamou pra sair com ela e ela estava eu vou. Foi legal. Assim coloco a minha vida toda, sempre minha vida em uma pessoa só. Quando eu estou namorando eu passo pra aquela pessoa aquilo que é a minha vida e termino e vou pra outra. E eu esqueço as outras pessoas. Eu esqueço eu corto. É aquela que vai ser a minha amiga, é aquela que vai ser tudo meu.é pra preencher a minha vida. e e eu me pego triste quando a outra pessoa não consegue suprir e além disto toda pessoa tem outras pessoas na vida dela. Não só eu. Eu não sou a única pessoa da vida daquela pessoa. Mas aquela pessoa é a única pessoa da minha vida. Eu puxa eu preciso. O meu ciclo. Eu tento me esforçar a mudar sabe a pessoa quem eu sou. O que é a possibilidade em relação. O que acontece muito é assim quando eu estou namorando alguém os meus amigos são os amigos da pessoa. e o relacionamento termina e eu corto o relacionamento com todo mundo e sabe são amigos daquela pessoa e não meus.uma relação que uma pessoa construiu com muito tempo e eu estou ali porque eu sou a namorada.

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9ª transcrição – I9 Como eu disse eu era muito rebelde mesmo de responder meu pai e minha mãe.Não tinha papa na língua, até hoje não tenho.Hoje sou maior me controlo mais, claro, lógico. Mas por isso, por tudo isso eu apanhava muito, muito mesmo.Era,como eu morava em casa, era de meu pai correr atrás de mim por volta de sair correndo por volta da casa toda.Eu apanhava muito, era muito pentelha muito, enquanto minha irmã é totalmente ao contrario, minha irmã acho que nunca vi minha irmã apanhar.Apesar de que ela também não respondia ao meu pai como eu respondi e respondo hoje. É muito diferente de mim, minha irmã. Minha irmã, assim, ela é muito pirracenta então quando ela começa a me pirraçar eu faço, eu me distancio dela.Fica ela num canto e eu no outro.Quando ela volta ao normal dela, a gente se aproxima.A gente não é aquela irmã amiga, não é, mas a gente se gosta muito como, por exemplo, quando uma está com dificuldade a outra vai e ajuda, mas a gente não é irmã, aquela irmã amiga de contar tudo uma coisa pra outra, isso não. Mas a gente se gosta muito. Então, é claro, tipo assim, não mexam, mexam comigo, mas não mexam com as pessoas que eu gosto.Por exemplo, quando está alguma coisa com ela, por mais que a gente esteja brigada, eu vou lá e tomo a frente.Mesmo meu pai brigando com ela se eu vê que ela tem razão eu vou lá e tomo a frente.Não gosto mesmo que brigue com ela se ela não tem razão, quando ela está certa no caso.É isso, quando muito pouco da minha infância, quando eu tava na minha adolescência, ela ainda era criança.Como eu arranjei namorado muito cedo então quando ela entrou na adolescência eu já estava com namorado então distancio um pouco mais no momento eu não lembro de nenhuma historia assim não.Pronto uma esse negócio de defender. Esses meus primos que a gente era muito apegado, eles são em três, um outro é mais mais da idade de minha irmã e ele veio bater, e minha irmã bateu nele e o irmão dele mais velho foi defender e pronto foi a briga porque eu fui defender minha irmã .Então ficou eu brigando com meu primo mais velho e minha irmã brigando com meu primo mais novo de briga de tapa de tudo mesmo que você imaginar lembrei disso agora que eu falei em defender ela. Defendi minha irmã e eu não lembro quem tava errado na história, mas eu lembro que meu primo era maior que ela e ia bater nela e eu não ia deixar ele bater nela . Muitas, a gente sempre brigava muito, muito por tudo a gente brigava, pelo fato dessa pirraça. Ela é muito pirracenta e eu odeio a pirraça.Eu não lembro Uma que eu lembre.Quase todo dia mesmo são tantas lembrar uma. A gente brigava muito mesmo de puxar cabelo, de tapa, muito muito mesmo muito muito muito.E a última não deve ter muito tempo não, eu já morava aqui, tem cinco anos que eu moro aqui com meus pais então tem menos de cinco anos a ultima.Eu não lembro é porque ela é muito pirracenta, eu não agüento pirraça, eu parto pra cima, de bater.Hoje em dia claro que não mais, morro de vontade mas não tem mais não ,de dar uns tapas nela de vez em quando.Não com amigos não sou muito de brigar não.Com meu pai e minha mãe às vezes eu brigo um pouquinho hoje em dia menos claro, cresci mais .Mas pelo fato disso mesmo que eu não tenho papa na língua então eu vou e falo o que eu to pensando o que eu to sentindo mesmo estando certa estando errada eu vou e falo. Com meu namorado, a gente briga mais porque eu sou um pouco possessiva.Assim, quando ele não trabalha sábado eu quero que ele venha pra cá e às vezes não dá porque ele tem de resolver as coisas dele, entendeu? Que ele trabalha a semana toda, estuda.Às vezes eu brigo, mas eu estou tentando ser uma pessoa melhor estou brigando menos eu estou conseguindo ser menos possessiva, entendeu.Porque eu quero que ele venha e às vezes não dá e eu vou e brigo mas são essas coisas mesmo.Outra coisa que a gente briga também agora que você falou importante porque assim como ele mora em Camaçari onde eu morava, ele faz muito mais sacrifício ele vêm todo domingo pra cá, ele vem todo final de semana e eu vou muito pouco lá .Então assim ele abre muito mão ,muito mais mão das coisas do que eu então todo fato de nossas brigas é esse que ele quer que eu abra mão e eu não quero abrir mão entendeu não quero eu quero ficar cá .Agora uma briga assim porque tem tempo que a gente não briga.Ah não lembro, se eu lembrar eu falo.Já Ele terminou, duas, terminou, mas no mesmo dia a gente voltou.A primeira vez que foi logo não inicio.Em noventa e nove, a gente começou a namorar.Em noventa e nove eu vim morar aqui mais na casa de meus tios aqui em Brotas pra poder estudar.E e teve uma festa aqui em Salvador e eu fui só e ele não gostou.Então ele disse que se fosse assim não ia dar certo terminou, mas na mesma hora a gente voltou.E a outra vez a gente já tinha um ano e pouco quando um primo meu distante deu e em cima de mim e eu de certa forma fiquei balançada, mas em momento algum eu traí ele e ele soube que esse primo meu deu em cima de mim.E ele, pelo fato de eu não ter contado que esse primo meu tinha dado em cima de mim ele terminou comigo, mas na mesma hora a gente voltou também. Só essas coisas assim.Na mesma hora, na mesma hora a gente conversa e volta.Eu adorava a escola que eu estudava é até do método montesorri. Escola Monte Sorriana de Camaçari, adorava. Que eu, gosto muito das donas da escola.Então Eu adorava a escola.Quando eu era, no primeiro ano, nos primeiros dias, eu entrava na escola quando a dona da escola via e me pegava no carro com minha mãe, me pegava com minha mãe e me levava até a sala. E lá ela ficava na sala comigo até eu me acostumar.Então eu sempre fui assim, eu sempre fui bem acolhida na escola que eu estudava.Eu fui a primeira aluna desta escola então eu tenho uma relação muito próxima com a dona da escola. E gostava muito, muito mesmo. E e na quarta série tive de sair pelo fato de não ter ginásio lá. Eu fui pra uma escola maior. Onde as donas da escola. Como era uma escola muito maior, essas relações eram muito mais distantes. Muito mais distantes.Então eu me sentia muito mal lá inclusive eu fui muito, fui, é, muito mal maltratada, por uma das donas da escola e era o que eu mais sentia falta da outra escola era isso era que eu

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era muito bem tratada na primeira escola.Aí estudei dois anos nessa escola que eu odiava, detestava.Não gostava de jeito nenhum, estudei a quinta e a sexta série e na sétima eu voltei pra escola da,que a dona do montisorri criou. Monet, Claude Monet era o nome da escola, tudo lá de Camaçari.Então eu estudei sétima e oitava, como não tinha primeiro ano eu tive de sair e vim morar aqui em salvador, em brotas estudei no Teresa.Estudei primeiro e segundo ano no Teresa quando eu era terceiro ano, sim sempre tive boas notas sim, mas quando eu estudei nesses dois anos na escola que eu não gostava minhas notas caíram muito muito mesmo.Eu pensei que eu fosse pra recuperação graças a Deus eu não fui.Depois eu fui melhorando.No Teresa eu tive dificuldades, mas não por falta de interesse, mas dificuldade mesmo com química com física com matemática, mas como eu era muito esforçada eu consegui passar em todas.Aí eu estudei no primeiro e segundo ano no Teresa e no terceiro ano, quando era terceiro ano, no início do ano o Teresa faliu.E e eu fui pro Nobel e tive dificuldades em me adaptar lá porque era muita gente nova muita todo mundo novo e assim as pessoas do Teresa ficaram ficaram todas numa sala, mas como tinha muita gente eu saí dessa sala e fui pro, porque assim o Teresa migrou pro Nobel, as pessoas do Teresa migraram pro Nobel e e as pessoas do Teresa ficaram todas numa mesma sala então como a sala era muito cheia eu e outra colega minha a gente saiu e foi pra sala do Nobel.E e eu tive dificuldade com tudo mesmo, porque eram pessoas novas pessoas que eu nunca tinha visto pra eu poder me adaptar em um ano, em um ano que é muito difícil mesmo que é o terceiro ano que é cheio de correria tudo junto.Foi lá que eu conheci Gesi.A gente estudou junta desde o Nobel que a gente estuda junta.E e foi isso, tive muita dificuldade, mas superei tudo isso graças a Deus. E e eu fiz vestibular.Fiz vestibular em cinco, de primeira eu não passei em nenhuma e passei na segunda lista, lá na baiana e na segunda lista da FACS, mas e eu fui pra Baiana. Por causa desses cinco vestibulares que eu não passei de primeira, até hoje eu sou traumatizada com qualquer tipo de concurso.Fui fazer o do INSS, que minha mãe pediu, mas fiz por fazer porque eu sou traumatizada mesmo eu não gosto de fazer concurso porque pôxa eu estudei tanto, eu me esforcei tanto no terceiro ano e perdi em todos os cinco vestibulares que eu fiz de primeira, de primeira eu perdi, eu passei em segunda lista eu fiquei um pouco traumatizada com isso.Não, cinco vestibulares, quando eu acabei o terceiro ano, quando eu acabei o terceiro ano eu fiz cinco vestibulares a UFBA, a UNEB, e não passei em nenhum de primeira, entendeu? , só na segunda lista da Baiana e da FACS.A UNEB eu fiz turismo, todas as outras quatro eu fiz psicologia, mas só que na FACS eu passei em turismo na minha segunda opção e na baiana eu passei em psicologia. Por isso mesmo, porque eu estudei, eu me esforcei muito, no terceiro ano eu me esforcei muito,eu ia dormir de madrugada e acordava cedo ,era um pique eu me esforcei muito muito mesmo.E abri mão de várias coisas, várias então e eu não passei em nenhum então eu fiquei muito muito chateada de não ter passado em nenhum de primeira porque meu esforço não foi compensado.Então foi isso que me deixou chateada.Com os colegas, certo.No primário, foi na escola montesorriana eu me dava muito bem porque era uma sala pequena de doze alunos e todo mundo morava no mesmo bairro inclusive pessoas moravam na mesma rua.Então a relação era muito muito boa,tenho amiga até hoje, tenho amigas até hoje dessa primeira, dessa primeira escola. Na segunda, quando eu saí do ginásio, da primeira série, tenho pouco contato com as pessoas que eu estudei na escola que eu não gostava então tenho pouco contato fiz pouca amizade lá dentro.Já no Monet, que foi a sétima e oitava série que era da dona, tinha dez pessoas na sala então era impossível então era todo mundo muito próximo, muito a amizade era muito boa mesmo, eu sinto falta de pessoas daquela época, porque era todo mundo muito unido.Já no Teresa foi mais ou menos a sala era maior, muita gente na sala, então ficou, ficaram poucas amizades.Eu acho que uma porque essa uma, duas.Uma que já era minha amiga de camaçari e outra ,quer dizer as duas já eram minhas amigas de camaçari então foram as únicas que ficaram, as únicas amizades que ficaram de verdade e no Nobel a única amizade que eu tenho até hoje é com Gesi mesmo porque eu só fiquei um ano lá. Então a única amizade que eu tenho até hoje é com Gesi.Assim, entrei morrendo de medo da faculdade ia começar tudo de novo, gente nova ,lugar novo, e eu tenho muito medo do novo, tenho muito receio do novo,e e mas, só não fiquei pior porque eu sabia que Gesi ia ser da minha sala que era uma pessoa que eu já conhecia,mas fiz amizades ótimas , adoro as meninas avé maria gosto muito mesmo é isso gosto ,não tenho nada contra ninguém de lá da sala claro que tem pessoas que eu sou mais próxima e que eu gosto mais isso é normal lógico .Eu não vou gostar de todo mundo da mesma forma. Mas não tenho nada contra ninguém e gosto muito das que eu considero minhas amigas lá da sala.Me esforço, gosto de estudar ,gosto muito mesmo,me esforço.Às vezes eu acho que eu devo estudar um pouco mais, assim quando eu chego na sala e tem coisas que eu percebo que eu não aprendi direito, eu acho que devo estudar um pouco mais, e digo nas férias eu faço mas pôxa nas féria a gente está tão cansada ler tanta coisa da faculdade que eu acabo não fazendo nada . Mas durante, durante as aulas mesmo eu estudo, eu gosto de estudar, tento fazer tudo direitinho com antecedência para não dar nada errado. É isso, eu gosto de estudar eu gosto do curso que eu estou fazendo, gosto muito mesmo.A única dificuldade é a diferença que existe entre as pessoas mesmo, assim lá na sala existe algumas pessoas que batem o pé, só fazem o que querem e isso acaba dificultando, mas.Tipo assim em relação à formatura. Tem pessoas que não concordam com uma coisa, concordam, tem outras que concordam com outra e a gente chegar a um consenso lá na sala em relação a alguma coisa é a maior dificuldade que existe.Porque as pessoas são diferentes e as pessoas não querem ceder, as pessoas não querem ceder.Só aceitam se for do jeito que elas querem. Elas não aceitam ceder.Normalmente as pessoas que cedem são as mesmas sempre, entendeu?. E chega uma hora que as pessoas,

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essas mesmas pessoas não querem ceder porque estão cansadas de ceder.É isso. Por exemplo ? Pronto. O estágio. O estagio agora. A gente teve dificuldade por causa da greve que aconteceu. O estágio da gente foi escolhido no primeiro dia, nos primeiros dias de aula. E e teve um estagio novo criado que ninguém queria pegar.E teve um que foi do ambulatório que tava cheio de gente e e Gesiane foi lá na sala e pediu por livre espontânea vontade para algumas pessoas cederem ,pra algumas pessoas ficarem e outras cederem e irem para outro estágio porque o estágio do ambulatório tinha muita gente e não podia .E aí, Quem cedeu? As mesmas pessoas. Porque se não cedesse a gente ia ficar a semana toda naquela discussão e não ia resolver nada, ia começar o estágio e não ia resolver nada.Entendeu? Tava. Naquele dia eu fiquei muito frustrada, porque assim eu não me importo em ceder se o outro em outro determinado momento ceder.Mas naquele dia eu fiquei muito chateada e o estágio foi realmente uma merda, o estágio foi uma merda, não gostei nada.Mas eu deixei pra lá se estressar é pior, nas adianta nada, as pessoas que não cedem vão continuar não cedendo e e se estressar só ia fazer mal pra mim mesma, mas pra ninguém, então eu segui deixei pra lá, deixei pra lá.Depende, com meu namorado eu sou difícil mais de ceder. Por isso mesmo as nossas brigas, a maioria de nossas brigas porque eu acho que eu tento complicar de certa forma, em alguns lugares eu cedo de mais outros eu cedo de menos. É com isso mesmo como a gente mora em cidade diferente ele pede pra eu ir pra lá e eu não quero ir pra lá.Coisa assim, ceder mesmo pra gente poder se ver mais, pra ficar mais próximo, eu quero que ele faça tudo e eu fazer nada. Porque assim, ele mora lá eu já morei lá muita, boa parte da minha família mora lá.E quanto eu vou pra lá, eu tenho que ficar na casa de uma das minhas tias.E eu não gosto de incomodar as pessoas, entendeu? Então pra poder ir pra lá eu estabeleci,eu falei assim uma vez no mês eu vou pra lá pra poder não está incomodando tanto as pessoas e quando ele vem pra aqui ele fica na minha casa e então não incomoda porque é na minha casa , eu acho que não incomoda, entendeu? E lá eu tenho que ficar na casa de minhas tias então pra mim incomoda muito, ficar na casa dos outros. Não, eu acho que eu cedia menos, quando eu era menor.Eu acho também que eu era muito possessiva principalmente com meus amigos, agora que você falou, eu lembrei de uma cena. Eu estava brincando com minhas amigas no meu quarto e e deu a hora de elas irem embora, mas eu não queria que elas fossem embora então eu tranquei as janelas tranquei as portas, tranquei tudo pra elas não irem embora pra gente continuar brincando.Agora que você falou, eu lembrei.Elas foram lá tomaram a chave da minha mão e abriram a porta porque tinham que ir embora.Criança tem horário pra chegar em casa. Minha mãe, deixo eu ver.É isso,assim a gente se dá muito bem dentro de casa,mas com,o que meus pais não gostam de mim, que eu sei disso, é minha rebeldia,que eu sou , eu era muito rebelde.Ainda sou. Eu falo tudo muito na cara.Então se tiver de ser grossa, eu sou grossa.Então eu acho que eu fui muito pentelha mesmo com minha mãe quando eu era pequena. De responder mesmo.Tanto com minha mãe quanto com meu pai.Eu tenho responder de uma maneira mais maleável. Tem de ser mais maleável, mais flexível.Estou tentando. Estou grandinha, . Chegou a hora. Chegou a hora de ser uma pessoa melhor.Estou tentando melhorar. Fatos ou pessoas? Chove.Eu acho que as surras que eu levei de meu pai foram muito importantes na minha vida.Que senão eu podia ter dado pro mau caminho que muitas minhas, muitas pessoas conhecidas de onde eu morava deram. Com certeza as surras foram muito importantes.Meus pais foram muito, muito importantes pra mim.Algumas amigas minhas também.Não acho que as surras foram suficientes.Eu apanhava muito, Henrique, quase todo dia eu devia apanhar.Que eu era muito, eu fugia de casa mesmo pra brincar na rua. Então eu levava uns tapas quase todo dia.Em relação a isso, eu acho que meus pais só têm que se queixar em relação a isso porque em relação a escola eu sempre estudei , sempre tirei notas boas, sempre fui muito responsável em relação as outras coisas mas se eu quisesse brincar eu pulava o muro e brincava mesmo ia pra rua tava nem aí.Meus pais sem sombra de dúvida muito importante.Uma amiga minha da minha infância chamada Munique. Que até hoje, que foi minha amiga desde guri até hoje a gente é amiga.Já mais pra adolescência, uma amiga minha chamada Sandra muito importante assim porque era com ela que eu ia pras festas.Ela é quatro anos mais velha que eu.Então quando eu tinha quatorze ela tinha dezoito.Então com ela minha mãe deixava eu ir pra tudo que é canto que ela também sempre foi muito responsável, é direita, é de família.Como era interior todo mundo conhece todo mundo, então minha mãe conhecia a família dela, então eu podia com ela pra tudo que é canto que meus pais não se importavam. Deixo ver, depois que eu comecei a namorar, meu noivo é muito importante na minha vida.Sem ele, eu ano vivia.Se ele terminar comigo agora eu acho que eu desmorono, eu não sei fazer mais nada.Que são seis anos nessa vida.Então Eu acho que eu não sei fazer mais nada.Porque na minha vida tudo circula, circula em volta dele.Tudo vai pra ele.Tudo que eu faço hoje na minha vida, está em volta, está em volta dele. Por exemplo, meu objetivo agora é formar ano que vem e dois mil e sete está casada, no final do ano estar casando, entendeu? Então tudo, tudo ele na minha vida. Deixa eu ver. A gente se conheceu. A gente se conheceu, ele mora na mesma rua que eu, que eu morava lá em camaçari.Eu tinha três anos ele tinha sete, ele foi morar lá.Então, a gente se conhece desde muito novinho.A gente teve um namorinho de criança eu tinha onze anos. Namorinho de pegar na mão, de passar a mão no cabelo, que hoje em dia não existe mais, com as crianças de onze anos.Então a gente começou a namorou, esse namorinho.Depois ele começou a namorar com uma amiga minha, que ele é quatro anos mais velho que eu .Namorou sério com uma amiga minha, quer dizer ,que eu achava que era amiga minha e não era de verdade. Namorou quase dois anos com ela.Terminou com ela e ficou uma não, a gente ficou, ele ficou um ano solteiro a gente ficou e depois a gente começou a namorar.Em noventa e nove.E assim o tempo todo essa menina

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pentelhou a vida da a gente, até o ano passado eu pensei que ela tinha deixado de mão, mas não, ano passado ela ainda deu umas pontadinhas assim na nossa relação.Terminei, não terminei sem necessidade. A gente está seis anos juntos.Claro que o amor que eu sinto por ele hoje não é igual ao quando a gente tinha um ano.Quando a gente tinha um ano eu apenas gostava dele.Tudo isso foi sendo construído. Que ele é uma pessoa totalmente diferente de mim.Ele é independente, sempre foi muito independente.Eu sou muito dependente de meus pais não só financeiramente, mas em relação a tudo.Sou muito dependente.O tempo todo.Eu estou conquistando minha independência agora e ele assim é o meu oposto.É totalmente independente de mim, é uma pessoa paciente, que eu não sou muito, eu acho que por isso que a gente conseguiu se aturar, por isso que há seis anos a gente consegue se aturar.Além do amor que existe mesmo. A gente Ama muito mesmo assim.Não sei explicar. É muito forte o que existe entre a gente.Ave Maria, uma pessoa maravilhosa.Assim como filho, meu Deus, eu já falei se eu tiver um filho igual a ele, eu estou satisfeita.Como filho, como neto, como amigo como tudo.Ele é uma pessoa assim sem tirar, como noivo ele é uma pessoa assim, nem se fala, pessoa maravilhosa mesmo, e assim.Vou comprar com o irmão dele.Tipo assim, deixa eu ver, ele se preocupa o tempo todo com os pais, com os irmãos.Ele é o mais velho.O tempo todo com os irmãos. O irmão dele viajou num sãoJoão. No dia que o irmão dele viajou, ele acordou passando mal porque ele estava preocupado com o irmão dele que não tinha dado notícias ainda.Preocupado mesmo com a mãe, com o pai, com os avós, e assim ele é muito família e em relação a isso a gente é muito parecido porque eu também sou muito família.Adoro esse negócio de festa de família.Domingo está todo mundo na casa, na minha casa adoro essas coisas.Adoro família. Em relação a isso a gente é muito parecido.E ele é muito preocupado assim, eu acho que é pelo fato de ele ser o filho mais velho, ser o neto mais velho, então da parte materna dele.Então ele é muito preocupado com tudo isso, ele se preocupa com tudo.Ele é prestativo, ele é amigo.Tem. Ninguém é perfeito.Ele é muito ciumento.Muito ciumento.Acho que é o mais pior que tem nele.Ciumento comigo mesmo.Por exemplo, se a gente está numa festa e ele invocar que eu estou olhando pra um rapaz, pra ele eu estou olhando pra um rapaz, mesmo que eu não esteja olhando pra ninguém. Mas normalmente só acontece quando ele está bebendo.Quando ele não está bebendo isso não acontece.Mas agora, mas eu acho que esse ciúmes dele é, sou muito culpada por causa disso.Porque assim, esse primo meu que eu disse que tinha me queixado que era, que foi uma vez que ele terminou comigo, ele não, ele deixou de confiar em mim pelo fato de eu não ter contato a ele que esse meu primo tinha me queixado. Então por causa disso ele é muito ciumento. Por causa de outras coisas também, antes de eu namorar com ele eu era assim, eu andava abraçada aos meus amigos, eu andava de mãos dadas com meus amigos, essas coisas mesmo. Que ele, pra ele não existe amizade entre homem e mulher, sempre um dos dois está interessado e realmente esse meu amigo que eu tinha todo esse xodó ele era apaixonado por mim, mas eu, pra mim ele era só o meu amigo, entendeu? Então pra ele uma das partes sempre tá, tem interesse maior que a amizade.Então ele ta melhor agora comigo, ta menos ciumento, está bem melhor.É isso ano que vem eu vou formar, em dois mil e sete, final do ano está casada, final do ano até o final do ano está casada depois de no máximo um ano fazer minha pós e depois da pós ter filho.Porque eu sou uma pessoa obsessiva, pra mim tudo tem de ser muito planejado. Porque eu amo a minha faculdade.Eu quero me formar logo, eu quero trabalhar no que eu gosto de fazer e casar também porque, pô já são seis anos. E eu não agüento mais ficar tanto tempo longe dele.A gente só se vê uma vez na semana, entendeu? Então a gente está correndo atrás pra ficar logo junto.Na organizacional, eu gosto muito e na linha que eu gosto, eu acho que vai ser psicodrama. Estou estudando um pouquinho pra saber se é isso mesmo. Eu sou uma pessoa amiga, hoje em dia mais com um pouco de receio porque já tive na cara com umas amigas minhas, mas quando eu me sinto a vontade eu sou amiga, amiga mesmo.Sou carinhosa.Um pouco paciente, mas quando me tiram do sério já se foi paciência e e eu explodo mesmo. Enquanto as pessoas acham que eu sou a pessoa mais calma nesse mundo, sou uma pessoa serena, sou uma pessoa, mas não é bem assim quando me tiram do sério, saía da frente senão eu desconto mesmo, até mesmo em quem não tem nada a ver.E é isso, sou amiga, sou carinhosa.Sou uma pessoa sincera e eu acho que essa minha sinceridade às vezes machuca um pouco as pessoas. Acho que é isso.Sou uma pessoa organizada, sou responsável, sou dedicada.Acho que é isso. Não me vem na cabeça agora nada.Não, tirando minha alergia que não é nada grave, que me persegue desde muito cedo, graças a Deus eu não tive nada sério não.A minha festa de quinze anos.Na minha festa de quinze anos, antes disso eu já tinha no mesmo ano, em julho, eu tinha viajado pra Disney.Ah também foi outro marco, perfeita né , quinze dias em Miami em orlando.Maravilhoso assim. Se eu pudesse, eu ia de novo e levava comigo todas as minhas primas por parte de mãe, que eu adoro. São poucas mulheres tem muito mais homens e ia de novo porque aquele, eu adoro brinquedo, adoro essas coisas pra mim foi maravilhosa aquela viajem.Muito boa mesmo.Naquela época eu ainda estava solteira.Eu curti muito, curti muito mesmo.Arranjei um namoradinho lá. e Nos meus quinze anos, eu estava ficando com Anderson, que é meu noivo, começando a ficar, e alem dele tinha todos os meus outros paqueras estavam na minha festa. E então eu estava me sentindo, né? Toda atenção estava voltada, além de ser meu aniversario de quinze anos, vários menininhos que eu já tinha ficado então, foi muito bom ali. Foi a melhor festa da minha vida, nunca vou esquecer. Muitas pessoas que eu gosto muito estavam lá, muito, foi muito bom mesmo. Não aconteceu nada de mais não, as pessoas que eu gosto estavam lá, sabe? Eu me diverti muito então por isso foi bom.A gente, meu pai, ele contratou um rapaz que faz uma festa.Ele organizou a festa assim. Como foi ele, a gente ficou um pouco de fora. A gente só foi pra festa.Foi na minha casa e tem uma área grandinha.A

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gente só foi mesmo pra festa curtir.E o depois as pessoas, meu aniversário foi num dia de sexta , comemorou num dia de sexta, as pessoas foram embora logo no sábado que no domingo era eleição.Então as pessoas ficaram pouco lá na minha casa, podiam ir embora no domingo, mas não foram por causa da eleição.No pós-festa não teve nada demais não.Na festa, a festa. Sim antes da festa teve, deixe eu contar essa, esqueci .No colégio que eu estudava esse meu amigo, que ele era apaixonado por mim, ele me mandou um buquê de flores, na escola.E assim, eu já tinha suspeita que ele gostava de mim, mas eu era, eu também era só amizade.Então ele mandou um buquê de rosas maravilhosos.Linda, linda, linda as rosas, e e lá na escola . Quando eu tava saindo meus primos foram me pegar.Quando eu cheguei em casa, e tinha uma faixa que meu primo, Anderson, que na época eu estava ficando, colocaram em frente em minha casa, rosas, que eu adoro. Desejando felicidades dando os parabéns mesmo e tipo assim eu nunca tinha recebido rosas, acho que foi a primeira vez que eu recebi rosas foi desse meu amigo. Também nunca tinha recebido uma faixa assim em frente a minha casa com, sendo de pessoas que eu gosto muito, um primo meu, Anderson e um vizinho meu. É isso, a festa, daí pra lá só foi alegria, só curtissão mesmo. Começou um pouco aquele negocio de você ter ficar com todo mundo, ter que tirar foto com todo mundo, aquela coisa mais monótona. Mas depois que bateu os parabéns quinze vezes e ninguém merece bater os parabéns quinze vezes.Aí foi só alegria. Não precisava ficar mais posando pra foto não precisava ficar, já podia me divertir mesmo. e foi só diversão.E todos os meninos que eu já tinha ficado, alguns, estavam lá, então, todos queriam me queixar de novo e eu não podia ficar , estava na minha casa, imagine ? Meus pais, sem a menor condição.Não podia. E alem disso eu já estava ficando com o Anderson, era uma coisa assim, um pouco mais séria.Mas foi muito bom. Muito bom mesmo.Animal eu não gosto muito não.Eu acho que quando eu era pequena eu tinha, meu pai disse que eu tinha um cachorro, mataram, deram bola e aí, veneno e morreu.Na minha infância eu sempre quis ter um cachorrinho.Meu pai nunca gostou, meu pai detesta animal.Então eu acho que hoje em dia eu não criaria mais cachorro, eu não criaria, porque eu aprendi a viver sem animal, mas criança eu adoro, adoro, adoro.Tenho três afilhados, um de oito, uma de nove, e o caçula tem um aninho, mas minha paixão é o de oito anos que foi meu primeiro afilhado.Adoro, eu digo que, as vezes digo que é meu filho mesmo.Que eu amo aquela criança assim.E algumas pessoas ainda dizem que ele parece comigo então. Assim, como ele mora em camaçari, eu vejo pouco.Quando eu vou pra lá.Quando assim, quando é para atuar como a responsável por ele eu atuo.Quando eu sou apenas a madrinha dele, faço tudo o que ele quer, dou isso, dou aquilo outro, minha tia só falta morrer porque ele é meu primo, só falta morrer, porque eu faço tudo o que ele quer.Eu criei aquela criança dengosa, deixei ele muito dengoso, eu reconheço isso, mas quando ele está na minha casa e eu sou a responsável por ele então e é que eu brigo mais com ele .Não, não.Aí eu começo a impor os limites. Quando eu estou na casa dele, eu sou apenas a madrinha, quando eu estou aqui, ele estou aqui, eu sou a responsável por ele então eu imponho limites. É isso. Eu acho que ele. e ele vira pra mim e fala: também eu não te amo mais.Ele adora fazer isso comigo.Eu falo não tem nada menino eu te amo mesmo assim.Cinco minutos, cinco minutos depois que ele sai chorando ele volta: Dinda, no sei que lá, no sei que lá, no sei que lá.Ele vem, é a forma dele de pedir desculpa pela coisa errada que ele fez, é vir falar comigo.Eu adoro muito mesmo.Amo muito mesmo. Ele sabe fazer desenhos, ele sabe desenhar Mikey. Ursinho puffer, essas coisas. E e tem um monte de desenho dele lá em casa.Eu acho que eu tenho mais do que na casa dele.Quando ele vai pra lá eu deixo ele fazer um desenho. Adoro ele. Assim, minha paixão é ele mesmo. Ele é loirinho. É lindo.O de um ano, ele é mais novinho mais também assim, o amor que eu tenho por ele já está começando a crescer muito porque ele é muito novinho.Ele é um ano.Ele só tem um ano comigo. Também mora em camaçari. Ele é filho de meu primo e ele é meu afilhado junto com meu noivo. Meu noivo é o padrinho dele.Desse outro primo, oito anos, é meu primo que é o padrinho dele.Assim eu convivo muito com esse primo.Assim, ultimamente eu tenho convivido muito com esse de um ano, pelo fato de que me aproximei muito mais dos pais dele depois que ele nasceu.Que de certa forma, o meu noivo foi responsável assim, Eles moravam, esse meu primo, ele namorava com a atual esposa dele há oito anos, tava enrolando ela, ele ficou desempregado e e por causa disso tava demorando de casar.Aí meu noivo conseguiu um emprego pra ele lá no complexo. Então o meu noivo foi padrinho deles de casamento, foi padrinho deles de casamento, como se fosse um agradecimento por ter conseguido o trabalho que foi o que possibilitou o casamento deles. Então a partir daí, eles moravam em Alagoinhas, com o emprego dele lá no complexo, eles foram morar em Camaçari, então como eu vivo muito mais em Camaçari do que em Alagoinhas,que parte da família mora em Alagoinhas, a parte do meu pai, sou muito mais apegada a parte da família da minha mãe que mora em Camaçari .Então como eles foram morar em camaçari, eu me aproximei muito mais porque eu convivo muito mais em camaçari .E assim eu acho que eu me aproximei muito mais deles por causa de meu noivo que ele é assim adora o meu primo, adora mesmo. A relação deles é muito bonita a amizade deles dois e com a esposa deles também, com a esposa dele também. Então eu acho que por causa disso eu me aproximei muito, Eles me deram. Ela teve problemas na gravidez, eu ajudei eles.Como eles moram em camaçari e não vem muito aqui, eu ajudei eles, eles vinham pra aqui, ela ficava lá em casa.Então ela me deu ele pra batizar e deu a meu noivo. Então agora assim, o amor que eu sinto por Neto, o nome dele é Neto, está crescendo assim, ele é uma criança danada de mais.Muito danada. Já me bateu, já me beliscou, ele tem uma ano, Já me bateu, já me beliscou porque não quis dar , porque ele adora pegar nos meus brincos.E ele puxa. E toda vez que ele puxa eu tenho que tirar para não arrancar minhas orelhas.No dia que eu tirei ele me beliscou, puxou

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meu cabelo e me azunhou. Uma criança de um ano.E a mãe dele fica: bate nele, e eu não vou bater nele. Imagina, ele é uma criança de um ano.Eu não vou bater.Eu não bato num menino que tem oito, que é meu outro afilhado.E é isso, eu adoro criança, adoro mesmo criança. Gosto de muito de criança. E esses meus afilhados então. A outra que tem nove, o nome dela é Gesianedois.Mas sou muito distante dela, pelo fato de ela morar em Alagoinhas e eu ir muito pouco em Alagoinhas, mas eu gosto dela também.Claro que não é com a mesma intensidade que eu gosto dos outros dois, mas eu gosto dela.Sei lá , é diferente dela, eu sinto um carinho muito grande por ela, mas é diferente.Não é tão grande que eu sinto pelos outros dois.Eu concordo em bater, mas eu não sou a mãe deles pra está batendo nele, entendeu? Concordo em bater, concordo assim, mas eu não sou a mãe dele , eu prefiro que a mãe dele ou o pai dele faça isso. Pelo menos agora . que mãe dele ou o pai faça isso pelo menos agora.Não tenho nada contra bater não mas prefiro que o pai e a mãe o faça .

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10ª transcrição – I10 Quando eu penso no relacionamento de minha mãe me vem uma gratidão muito grande assim porque minha mãe quase sofreu um aborto espontâneo por causa de mim e é engraçado assim porque várias vezes ela fala que ela me quis muito e ela sempre trabalhou fora de casa e pra isso ela teve de passar algum tempo de repouso e tudo. Me vem uma gratidão sabe. Não foi desde quando era criança que eu pensava nisto não. No meio da minha adolescência e quando ela me contou um dia sinceramente eu pensei poxa ela podia não ter dado importância pra isso como ela já tinha, esta é a segunda antes de minha irmã mais velha ela ter teve um aborto e nem sabia que estava grávida e acabou indo embora mesmo. Por conta disto ela já sabia dos primeiros sinais e foi e al fala com cuidados mesmo puxa eu te quis muito e ela poderia mesmo ter deixado. Na gestação da minha mãe a única coisa que eu lembro que ela fala que ela saía do banco comia acarajé e descia era no interior. Descia que era bem pertinho pra tomar um sorvete. E eu gosto muito destas duas coisas. E eu falo com ela que deve ser por isso,eu acho besteira isso mas ao mesmo tempo eu acho engraçado eu gosto muito de fazer isso principalmente se fizer isso na seqüência e depois tomar sorvete. E desde que eu sou criança que eu sou eu quero saber sobre a minha história a minha raiz. A necessidade de saber de onde eu vim de onde eu estou eu tenho muito porque eu lembro eu tenho muita vontade.eu lembro que eu tinha seis anos mais ou menos e eu tinha um caderninho da Xuxa, a capa era de Xuxa e eu entrevistando a minha bisavó, a minha avó para querer saber tanto é que agora quando eu tive de fazer a história a autobiografia eu já sabia de várias coisas assim eu já tinha varias coisas anotadas e hoje eu me pergunto e meu Deus eu era pequena pra ficar sentada e ficar sabendo de tudo. Então já sabe minha avó e minha bisavó contava várias histórias mais eu me pergunto mesmo porque eu tão criança tão pequena eu já era preocupada com essas coisas , preocupada no bom sentido , no sentido de querer mesmo deixar registrado isto e saber olhe eu não vim de chocadeira eu tenho uma história eu tenho antepassados quem me fizeram e que me faz estar aqui hoje. Assim a história dos meus pais eu acho muito um tanto complicada, tanto é que eles estão separados agora mesmo de verdade por que já tem um tempinho que eles vivem na mesma casa mas não tem nenhuma relação e conversa assim mas meu pai não quis separar porque machismo mesmo. Meu pai sempre aprontou várias e não queria mesmo, quando minha mãe decidiu mesmo A não ele não queria e só que agora ele está namorando e agora não tem mais como mesmo. e assim brincam, brincam não é bem a palavra mas eu sempre falei pra ela que eu acho que na relação deles o mais difícil foi mesmo a diferença de cultura.Eles são completamente diferentes.São completamente diferentes como minha mãe é do interior e tudo foi o primeiro namorado de minha mãe, namorou tem que casar e foi uma oportunidade de sair de casa e são pessoas completamente diferentes. E sei lá minha mãe na época ter o segundo grau completo já era a garantia de muita coisa e meu pai não fez nem a quarta série e já começa a diferença e Diferença mesmo de cultura, de pensamento são pessoas muito diferentes. Eu não tenho muitas coisas mesmo, não tenho muita não agradáveis pra falar mesmo porque não tenho muita coisa pra falar. Deste tempo ela sempre falou com é estranho ela disse que na época, no dia do casamento dela, ela se perguntava se era isso mesmo que ela queria fazer sabe. Quando ela começou a falar com a gente na adolescência sabe e tudo e eu meu Deus e isso me faz questionar. Complicado, não é uma experiência muito agradável assim pra mim de falar sobre isso ainda mais hoje que eu tenho convivido mais com famílias assim sabe. O fato de estar longe de casa, meus pais moram em Guanambi mas eu nasci em Conquista, só fiz nascer mesmo porque era uma coisa evoluída . eu sou a segunda de quatro filhos. Só a primeira nasceu em Guanambi e a minha mãe fala que ela era apressada, pois não deu tempo de preparar pra ir pra conquista mas todos foram normais era algo que estava se aproximando e a gente tem uma amiga lá tal e ficava na casa. Mais eu nasci no dia vinte e cinco25 de agosto no dia do soldado e então minha mãe conta na época ela estava no dia que ela estava indo pro hospital ,estava havendo engarrafamento que estava tendo desfile do dia do soldado e tal e que meu tio foi desviando de vários engarrafamentos pra poder chegar no hospital e que quando a gente já chegou no hospital ela não conseguia mais andar e que teve de colocar na maca e que eu nasci antes da médica chegar e quem fez o parto foi a enfermeira e ela disse que eu não dei nenhum trabalho pra ela no nascimento porque foi muito e quase não sentiu dor. Que eu nasci muito pequenininha e parecia um grilinho magrinha e espichadinha e realmente não deu muito trabalho pra ela não. Na época de bebê ela conta realmente que eu não dei muito trabalho e como eu era a segunda que não fazia mais caprichos como na primeira de minha irmã Ate hoje a mais velha de ela só dorme depois que todo mundo dorme. Ela não consegue dormir. Minha mãe disse que fazia varias coisas pra ela. Se alguém abrisse a porta do quarto ela acordava. Não podia ouvir não podia fazer um barulho na casa. E eu era o contrario comia cama comia cama não dava trabalho nenhum assim. Eu sempre fui muito comparada com minha irmã mais velha por isso que claro o mais velho acaba sofrendo pelas inexperiências dos pais. Mas na minha época de bebê minha mãe as coisas que ela mais fala é que não dava trabalho. A gente não tinha uma proximidade com ela, como ela conta,no sentido de , pelo fato de ela sempre trabalhar fora. Claro tinha o tempo normal que o trabalho dá de licença maternidade, fora isso não a gente sempre teve babá e tudo e na infância que eu lembro que a gente mal via minha mãe. A gente só via no final de semana mesmo pois ela saía quando a gente estava dormindo e a gente estava dormindo quando ela chegava. minha mãe é bancaria e o banco exigia muito de minha mãe e a gente só se via mesmo no final de semana. Também todo final de semana minha mãe não desgrudava da gente e isso

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assim muito é uma lembrança muito boa e ela sempre falava varias coisas pra gente que férias era pra sair com a gente e nunca era tipo era só ela e meu pai sabe. Ela sempre falava, poxa minhas amigas viajam marcam viajem com o marido e se eu não levar vocês pra mim não está certo porque a gente já passa muito tempo longe e eu me achava o máximo poxa minha mãe quer levar a gente. Eu tenho um carinho muito especial pela minha mãe sabe demais eu acho que se eu chorar minha mãe é uma mulher muito batalhadora e tudo que eu sou , tudo que a gente é, eu e meus irmãos fala disso , tudo a gente deve pra ela sabe. Meu pai nunca foi uma pessoa presente apesar de estar em casa sabe estão se separando agora mas de presença mesmo meu pai nunca foi mesmo.muito difícil ele é o dono do trabalho dele, é o gerente do trabalho dele , ele tem uma marcenaria a gente podia estar mais próximo dele mas nem por isso sabe ele estava mais presente que minha mãe. A vida toda de minha mãe foi de trabalhar e a família dela também a vida dela também não foi muito agradável foi de muita luta, foi sempre foi de muito esforço.Eu digo que se eu for metade do que ela é eu vou estar muito feliz como mulher, como mãe mesmo, como profissional claro que eu sei os defeitos de minha mãe eu não sou cega mais as virtudes são mais à tona eu sempre vejo mais do que os defeitos. A minha infância eu lembro com muito carinho também. É eu me sentia eu me achava de verdade. Na escolinha eu era, no jardim , eu sempre eu lembrava se a professora perguntava alguma coisa eu sempre queria responder e respondia. Eu nunca tive muita dificuldade de falar em público também varias coisas ajudaram eu fazia balé que acabam desenvolvendo essa, lidar com o público. Extra balé, natação tenho medo de água, de água neste sentido medo de me afogar, medo do mar mas extra mesmo que tinha no interior era de jogar mesmo, sempre admirei mas nunca tive vontade de jogar Voley, basquete essas coisas, até mesmo em educação física, baleado eu jogava por jogar mesmo mas nunca gostei não. Sonhava em ser bailarina desde criança uma coisa assim mais dondoquinha. Na escola tinha uma galerinha que andava sempre junto e hoje a gente , exatamente por conta do interior a gente as pessoas estudavam até certa fase lá e todo mundo acabava indo estudar fora. E hoje é muito difícil a gente se encontrar .encontra agora final de ano mas amigos de infância mesmo eu não mantenho contato até hoje assim. Até hoje assim orkut estas coisas ajudam, mas não é a mesma coisa sabe. De amigo porque amigo pra mim é amigo sabe. Não é porque é uma pessoa que eu conheci é amigo. Um colega não é amigo pra mim, é preciso provar é preciso passar um tempo de prova pra saber se realmente se há. Mas a minha infância eu me lembro com muito carinho mesmo nunca me faltou mesmo na infância. Engraçado que na época da alfabetização minha mãe mesmo fala pra mim e todo mundo é porque minha mãe passou mais tempo comigo foi na época que eu estudava à tarde e minha mãe trabalhava à tarde. então ela me deu assistência mesmo sabe então todos os dias minha mãe estudava comigo pra aprender. Todo dia tinha ditado e quando tinha ditado na escola eu achava o Máximo, pra mim era um desafio mesmo será que estou aprendendo. Tanto é que na formatura de alfabetização eu fui escolhida pra ser a oradora da turma. Me achei, eu me achava. e eu me lembro que minha mãe passou a gente foi dormir tarde faz as coisas e sobra pra ela e tudo o que eu tinha de dizer. e eu lembro que quanto eu estava escrevendo ou lendo eu me perdi olhei assim um monte de gente e quando eu olhei a minha mãe no fundo dei uma respirada e saiu um barulhao no microfone e então eu voltei a ler.sabe aquela coisa do tipo minha mãe eu voltei a ler eu tenho isso gravado em fita e eu lembro de eu acho que eu senti um certo medo na hora de a minha fala já estava meio ofegante e eu lendo lendo lendo e eu ai não vou consegui, quando eu vi minha mãe , eu terminei de ler tudo direitinho.não tenho muitas coisas ruins.uma coisa que eu achei graça do patinho feio da casa. Eu sempre fui a mais moreninha da casa, meu pai é mais moreno, minha avó é negra. Era que ela morreu este ano.só que minha mãe é branca só que tem um cabelo preto e tal. Quando a gente saia no final de semana era engraçado como todo mundo dizia essa daqui é a mais moreninha e eu puxa sou filha de criação. Eu ficava com isso na minha cabeça. Toda vez Se minha mãe brigasse comigo eu achava que minha mãe brigava muito mais comigo do que com os outros.e sempre envolvendo isso mesmo. eu lembro que já grande, agora, quando eu falei isso com minha mãe ela falou minha filha mentira, que ela nunca tinha percebido e se sentiu mal por isso e ao mesmo tempo porque não tem porque você ter pensado nisto há tanto tempo. Mas eu já conheci algumas pessoas assim e elas já assim poucas pessoas assim também disseram que acharam que eu era filha de criação. Não é coisa de criança não mesmo pelo menos eu não lembro de nada que tenha e era por conta de disso que eu era a mais morena que não porque eu via que minha mãe tratasse de uma forma sei lá de com menos amor. Não era não, eu sei que essa ai eram coisas que somavam mesmo o caso que eu era a mais moreninha e eu achava que eu era filha de criação. Minha irmã Um ano mais velha Gesianetrês hoje ela faz dois anos de casada. Ela tem vinte e sete. Eu não tenho proximidade de falar com minha irmã. São três meninas e um menino caçula. E a nossa relação sabe não é algo em atrito e não era desde a infância com ela e com os outros. Na infância a história que eu falei da comparação, minha irmã sempre foi na dela, muito mais calada muito mais meiguinha. Ah eu queria ser como ela . Eu lembro também que todo mundo era com minha irmã Ô esta daqui é tão meiguinha. Eu ficava pirada e eu dizia vai morar, vai morar pra ver como ela faz, o que apronta não sei o que e ninguém não dizia que eu e era meiga . Eu queria ser meiga.. Eu lembro que varias vezes eu falava falava poxa eu vou ser meiga. E eu queria ser meiga igual a ela mais não conseguia. Não chegava nem meio dia e eu já tinha aprontado várias vezes, já tinha respondido várias. E eu poxa perdi eu perdi mais uma oportunidade de ser meiga. E minha relação com minha irmã eu não lembro de verdade assim na época de infância assim de ser confidente sabe. De falar uma coisa ou

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outra , coisa de irmã mas essa coisa de intimidade, afinidade não tinha mesmo não .e o fato de ser comparada que o pessoal ficava dizendo é que minha mãe fala que eu entrei na escolinha que ela sabia o nome do porteiro até a menina da limpeza no primeiro dia. E que com minha irmã já tinha um ano, um ano não, dois que ela é muito mais velha e mais ela faz aniversário em junho e as escolas recebiam . E minha mãe sempre falou que eu sempre fui assim e de uma certa forma eu gostava muito. Eu gosto muito quando ela fala que eu sou extrovertida e tal que eu chego e converso com as pessoas. E com minha irmã não ela é mais recatada. Isso tinha algumas vezes que eu realmente achava na maioria das vezes bom mas eu queria ser meiga igual a ela. Mas não eu hoje assim eu já falei com ela eu admiro muito minha irmã porque ela tem uma garra sabe, o que ela quer ela vai atrás mesmo. Por exemplo ela já formou em dois anos e meio já. E ela passou no estadual e tudo e foi morar em Maceió. Foi uma batalha ela não queria estar lá mais ficava por causa da Faculdade e morava longe e sempre foi batalhar. E terminou a faculdade minha mãe não você tem que procurar emprego e ela não agora eu quero casar. Então sempre as coisas que ela queria não era isso e acabou não, sabe. Ia atrás mesmo das coisas que ela queria . então eu admiro muito a minha irmã por conta disto. e quando eu admiro alguém eu falo quando eu crescer eu quero ser igual e eu já falei isso pra ela. Mas não é uma coisa assim, a gente não se bate sabe, de afinidade mesmo, não tenho. A gente se respeita. Acho que o fato de a gente estar longe acaba ajudando um pouco isto. Que quando está perto, de fato um amadurecimento mesmo de ir crescendo e tudo foi me percebendo as diferenças e são pessoas diferentes e não é pelo fato que eu não sou meiga ou que ela não é do jeito que eu sou que a gente não pode ter uma relação saudável. Mas é uma questão de afinidade mesmo que não tem mesmo. Não é a mesma coisa com uma irmã mais nova mesmo por exemplo, que é a depois de mim. Que é uma pessoa que eu admiro muito pelo jeito que é completamente diferente de mim. Por exemplo que , eu sou uma pessoa impulsiva sabe. Já melhorei muito é verdade mas eu sou muito impulsiva, muito transparente mas isso tem suas vantagens e desvantagens ao mesmo tempo. E minha irmã sempre foi, Gesianedois sempre foi sempre uma pessoa centrada sabe desde criança mesmo. Então era uma coisa que eu admirava sabe e eu admiro isso muito nela. E minha mãe sempre marcou isso : ah porque Gesiane parece em mim em quase tudo mas esse topete dela, topete era um estopim que era igual ao pai. E a gente tem muito isso lá em casa e que tudo o que não presta parece com meu pai. Então quando queria, era a mesma coisa de sei lá xingar alguém era dizer ah você parece com não sei quem e dizer que era da família do meu pai. Isso minha mãe tem uma parcela de culpa em relação a isso. Mas a gente cresce e vê que as coisas não são bem assim. Mas e com minha irmã também, minha irmã mais nova eu sempre fui comparada de ser a certinha tipo assim na escola minha irmã sempre tirava boas notas. Eu tirava, como dizia minha mãe, meeira. A prova era amanha eu estudava hoje. Nunca perdi até então até que vim pra cá pra salvador. Perdi fui pra recuperação essas coisa todas. Mas com minha irmã não. Minha irmã estudava, virava a noite . em pleno colégio min há irmã virava a noite estudando e não sei o que e tirava altas notas e eu. se minha viesse falar alguma coisa eu dizia e eu não passei. Minha obrigação é passar. Passei.eu sentindo essa coisa sempre fui mais confidente que minha irmã. Ela sempre foi muito de me ouvir também sabe. Eu sei que muitas vezes minha irmã me defendeu sabe. Muitas vezes assim. E eu acho que eu acabava não é nem bem me aproveitando não é bem a palavra, mas pelo fato de saber que ela me protegia, que ela me escutava me fazia me sentir querida. E eu confiava muitas coisas nela mesmo. Pela questão ah isso mesmo. A gente estudou lá até , minha irmã mais velha começou a fazer o segundo grau , o colégio assim até terminar o ensino médio. O primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio. E minha irmã mais nova era mais próxima.Na infância, na infância,na na mão e agente fazia mesmo.infância mesmo a gente brincava, todos as três juntas. mas todos os quatro, todos os três odiavam na minha irmã essa mais nova, como ela era a mais certinha, minha mãe ia pro trabalho e quem aprontar recebe não sei quantos bolos. Bolo era palmatória na mão. e a gente fazia a gente aprontava e minha mãe mandava a gente não fazer e a gente fazia e ela sempre se saia de bem na história. Não fazia nada. Se era pra não desobedecer ela não desobedecia. E quando minha mãe chegava ela era a primeira a contar: não sei quem fez isso não sei quem fez isso ai minha mãe ta dava os bolos na mão e botava a gente de castigo. Minha mãe nunca foi de bater na gente assim. Ela sempre teve cuidado. A gente não tem problema e não eu não sou traumatizada não e minha mãe colocava a gente de castigo e ela ficava pirraçando. Era pirraça, ela fazia de propósito para que meus pais pudessem ouvir. Vocês querem água eu vou pegar pra vocês está bom. Ia lá só porque a gente não podia sair, a gente estava de castigo , a gente pirava. Não quero não. E oxe elas estão sendo boas pra vocês. e pronto eles elogiavam ela e então essa coisa da minha irmã da infância eu tinha raiva, poxa será que ninguém está vendo. e pra mim eu não conseguia esconder as coisas. E eu não lembro de quem era mais próxima não. Eu sei que a gente começou mesmo a se aproximar mais no começo da adolescência. Meu irmão é mais novo. As três é só um ano de diferença. Meu irmão tem dois anos. Então meu irmão é mais novo do que eu três anos. É meu irmão, eu nunca fui muito presente na infância de meu irmão porque quando ele estava entrando na escolinha eu já estava perto de sair porque era do jardim até a quarta série. Não tive certa proximidade do meu irmão na infância. Na adolescência, quando meu irmão começou a entrar na adolescência foi quando eu vim pra cá então já passei muito tempo longe. Quando ele veio pra cá foi a época que eu entrei na comunidade e não sei onde estou e e a gente não se bateu mesmo não se encontrava. Quando eu saí da comunidade isso tem uns três anos foi que ele tinha morado aqui em Salvador também, ele estava fazendo cursinho, e e a gente começou a estudar junto e tal e a gente , e eu saí depois eu vou te contar um pouco a

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história da comunidade mas pra terminar a história de meu irmão. E agente se batia porque pra mim uma tipo uma certa humilhação está sendo colega de meu irmão e ele estudava muito em cursinho e queria por que queria fazer federal. Tudo bem que ele tentou muito, dois anos fazendo e ele não conseguia passar na federal e tudo. Então quando ele conseguiu passar na Federal, ano passado, teve a greve e ele passou um ano no interior . Então poxa . então quando ele voltou este ano então realmente péssimo assim porque ele passou a passar na minha cara e na de minha irmã que fazia Federal e que tudo, se a gente não tinha uma vida melhor era por conta da gente e minha mãe, minha mãe eu falo minha mãe porque realmente minha mãe sempre bancou tudo pra gente e meu pai ou uma coisa ou outra. E e ele, a gente teve muitas brigas em relação a isso sabe?.de humilhar mesmo, parabéns que ele tenha conseguido passar na Federal e a gente passou alguns dias sem se falar assim e eu acho isso péssimo porque a família pra mim é algo importante e o respeito por mais que você não tenha afinidade se deve ter o respeito e a gente teve brigas feias no sentido de coisas que ele falou pra mim. Não no sentido de oh se agredir e tudo de coisas que falou que eu acho desnecessárias e eu sou muito de fazer Bahiana, pelo fato de ser cara de não ser Federal, de me achar incapaz de passar na federal de verdade assim, acho mesmo e a pessoa vem e bota o dedo na ferida e a gente passa um tempo sem se falar depois se falava e depois começou se jogar muito. Meu irmão não consegue resolver tipo se ele está ruim numa coisa o resto todo sofre as conseqüências por conta disto. Então quando ele vê primeiro semestre é muito difícil , é complicado, federal , uma coisa em um canto e outra coisa em outro canto. Então ele descarrega tudo em cima da gente como eu passo mais tempo com ele porque minha irmã alem de estudar, ela trabalhava , ele descontava tudo em cima de mim. Então pra mim era muito complicado viver com uma pessoa que é meu irmão, eu decidi por mim mesmo eu só vou falar o necessário com meu irmão. Porque tem coisas eu estava falando com minha irmã e ela dizendo poxa ele mudou muito e tal .tudo isso aconteceu este ano. Pra mim isso é triste ,mas ele chegou pra mim e disse que não me suportava então eu achei isso de uma forma desacertada sabe. Pois o que é que eu tinha feito pra uma pessoa chegar pra mim e dizer que se dá bem com todo mundo e comigo não. então coisas deste tipo então que foram me agredindo muito me feriram muito e eu como sou muito de falar, sou muito de expor por isso que até eu brinquei quando eu estava ali eu falei poxa se fosse antigamente eu tinha mais facilidade sabe e que hoje muitas coisas que aconteceram uma delas foi isso de que faz eu ficar mais na minha sabe. Que eu acho que as pessoas não sabem ouvir por mais que você queira contar, queira falar e de saber também que há um limite sabe poxa. Não é pra todo mundo que você deve falar tudo por mais, nem sempre, não são coisas intimas assim como daqui pra ali, da minha casa pra cá aconteceram várias coisas e eu chegar poxa, mas que o Marcos hoje. Eu tenho essa necessidade de falar, de falar, falar, falar sabe eu desabado muito realmente falando. Então eu comecei a pensar muito nisto, poxa quantas vezes eu falei e não sei que e ele estava me ouvindo e ele não me suporta, que não me admira então nossa pra que ficar falando que nossa relação é amigável oi bom dia boa tarde ó estou precisando fazer isso e tal beleza ele vai e me ajuda ó o computador não estou conseguindo fazer isso ele vem e me ajuda mas nada de ele escuta o que eu falo de mim quando eu estou falando com minha irmã mas eu chegar pra ele e contar como é que eu estava sabe. eu não tenho quebrou de que com meu irmão. É verdade tenho respeito por ele é aquela coisa se alguém mexer eu sei que eu vou defender mas sabe de falar de mim eu não tenho mais vontade.aí a gente ficou lá até a oitava. Eu falo a gente porque minha irmã mais velha estudou até a oitava e veio pra cá e eu também e todos estão aqui. E e eu vim pra cá fazer o primeiro, segundo e terceiro ano. No terceiro ano eu conheci a comunidade que eu estava te falando.na mesma casa que a gente tem hoje , que na verdade é um apartamento de meu tio que o meu primo que é da mesma idade da minha irmã eles vieram na mesma época. A menina que morava lá em casa também , moravam as duas. e uma vez só pra estudar mesmo, tomar cuidado essas coisas.ai dois anos eu vim e o irmão dele que é da mesma idade veio e a menina continuou. Minha mãe disse que eu brinco que eu sou a ovelha negra da família porque eu sou muito mais assim de querer sair, de querer. Minha irmã mais velha foi pra festa primeira festa dela porque eu fiquei enchendo a cabeça dela. ela foi junto comigo na verdade é claro meus pais acompanhando .mas minha irmã sempre foi mais quieta e eu sempre. Nessa época eu já estava namorando e tudo.meus pais já sabiam já na festa . Mas a gente já tinha começado a namorar escondido e tudo. É. Então foi um período bom de adolescente de correr o risco ah será que está bem, será que alguém está vendo, será que não está essas coisas de interior e que acaba é óbvio e chegou aos ouvidos de minha mãe,de meus pais, . Pra minha irmã foi péssimo, pois o carinha que ela estava, não era na verdade nem namoro sabe. Era carinho, dar beijinho mas você sabe que interior tudo é exagero. e e minha mãe, o menino não tinha boas referências é que é maconheiro que é isso que é aquilo que todo mundo que perguntava uma coisa ou outra falava aquilo então os meus pais vetaram logo. Não , não é pra namorar nem estar. Pra ela foi mais traumatizante assim mas como eu digo minha irmã se não está bom, não dá certo não então tá. É uma marca dela assim que eu admiro muito que eu fico sofrendo e eu preciso de mais tempo pra resolver as coisas e comigo não.comigo deu certo ele morava em frente ao trabalho de meu pai assim ele era o caçula de três filhos homens então era a sensação assim . Ele era no interior tem essas coisas eu sei que você é de interior e você sabe no interior ele era a sensação sabe. As meninas dão em cima e não sei o que e eu achando, e eu me achando porque ele estava querendo namorar comigo. Os primeiros meses foi maravilhoso mesmo, coisa de adolescente o príncipe encantado, nem sei o que .mas como eu era novinha eu tinha doze anos nessa época e meus pais realmente não deixavam e ele já tinha quinze era mais velho e poxa. Ele estava no

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auge, tinha carro pra sair e as meninas dando em cima e e fiquei sabendo de várias histórias, de vários chifres e eu bobinha não acreditava . Ele passava o papo e eu acreditava que era mentira. Várias pessoas começaram a falar e tudo e eu não acreditava naquela história. na verdade é aquela história eu não queria acreditar. Sabe é muito difícil mesmo, até hoje na verdade eu carrego sinais desse tempo sabe. É uma desconfiança muito grande com relação a isso e tive um momento muito difícil pra mim muito difícil mesmo . Ele era a razão de minha vida. A gente namorou um ano e meio mas com idas e vindas essas coisas todas até que um dia e um belo dia eu cheguei e disse olhe eu não estou a fim disso sabe e foi por telefone mesmo porque se ele estivesse cara a cara comigo eu não tinha coragem de terminar. Então eu parei e olhe eu não preciso destas coisas. Nessa época eu não sabia de nada. Tudo bem que eu já tinha ficado sabendo de várias coisas mas eu fiquei sabendo que eu ia sofrer ia eu ia morrer ia mas eu não queria mais isso sabe. Foi também um tempo que minha mãe, a gente sempre foi criada no seio católico essas coisas muito por causa de minha mãe. Então foi um tempo que minha mãe também começou a me puxar muito pra igreja, começou a questão da renovação e tal. E e Foi legal e Eu não tenho mais o que fazer e eu vou. E e foi um tempo muito bom pra mim porque eu acho que onde, eu acho não, foi onde eu encontrei forças pra sair dessa que eu não preciso, eu não dependo de alguma coisa ou alguém pra ser feliz sabe.eu preciso depender de Deus e que me ajudaram muito, muito mesmo. Então isso eu estava com o que treze catorze anos e e quatro meses depois eu estava namorando. E namorei com esse menino, meu Deus, uma pessoa maravilhosa, maravilhosa mesmo. Sabe uma pessoa apaixonadíssima por mim de verdade, fazia tudo por mim mas a velha história eu não gostava dele. Eu passei um ano, dois anos quase três mas um ano deste tempo eu gostava do outro ainda.era algo, eu morava no interior ainda neste tempo e e no final deste ano que eu comecei a namorar com ele foi quando eu vim pra cá e continuamos namorando e tudo e e a distancia realmente sabe me fez perceber , eu vim tomar consciência disto olhe Gesiane você não gosta e tal é melhor você terminar. Acabei ficando com uma pessoa aqui , namorando com ele e pronto cheguei em casa e contei eu não consigo. e contei o que houve, ele ouviu , e ele terminou claro . e e quando eu vi o que eu tinha perdido, e eu fui correr atrás no sei que a pessoa voltou de novo. Só que sabe e não era mesmo e eu não dá em guanambi sabe e eu disse olhe não dá e tudo e ele era eu levei muito tempo pra não terminar porque ele é uma pessoa muito querida. Muito bom mesmo e até hoje eu trago um carinho muito grande por ele e a família toda amava . se a gente brigasse e eu contava a culpa era minha. Ninguém não queria nem saber o que tinha acontecido a culpa era sempre minha porque ele é realmente , ele é realmente uma pessoa muito adorável . hoje não mas um pouquinho antes eu pensava ô meu Deus se eu pudesse escolher gostar de alguém , se fosse assim sentimento brotasse e a gente pudesse escolher com certeza seria ele porque sabe uma pessoa boa ele era uma pessoa apaixonada por mim e não tenho dúvida. E e quando eu já estava morando aqui no segundo ano quando minha irmã Gesianedois veio e a gente , a gente conheceu o Shalon esta comunidade pro encontro jovem que estava no Vieira que a gente mora na Vitória perto e minha tia estava aqui. Minha tia que é a dona do apartamento. E e a gente ela diz poxa vai ela brinca que ela rezava por mim pra me converter porque eu sempre fui muito em toda festa eu queria estar, mas eu nunca fui de fazer extravagância encher a cara nada disto , era mesmo reggae. Nada de nunca fui de beber, usar drogas, nada disso sabe. e eu era diferente lá de casa, o povo mesmo que diz . Então quando a gente foi, eu ainda estava de certa forma frágil ainda por conta disso de que eu sabia que eu não gostava da pessoa e que a pessoa estava a fim de mim e queria levar porque no fundo o que eu pensava era : ninguém nunca vai gostar de mim, e como esse daí gostava de mim está tudo certo e esse daí gosta de mim então está tudo certo e eu também não ia mais gostar de ninguém como eu tinha gostado do fulaninho. Então pronto está bom mesmo, nunca vou arranjar mesmo então está bom este aqui. E e foi quando eu conheci o Shalon e e assim era muito só aqui na verdade em Salvador. Minha tia vinha de vez em quando, minha mãe vinha de vez em quando mas não tinha como ficar aqui o tempo todo sem contar que era muito difícil porque a gente sai de casa. No primeiro ano eu l chorava todos os dias querendo morar no interior. A gente chega não conhece ninguém tudo. Pronto lá em casa todo mundo resolvia as coisas por mim, minha mãe resolvia todas as coisas e aqui a gente tinha de resolver tudo . e por mais que tinha uma irmã mais velha não era a mesma coisa. Cada ,as duas se virando pra dar conta de colégio e isso .e eu sofri muita dificuldade nesta época porque não é a mesma coisa o estudo, a qualidade de ensino de educação de ensino no interior não é a mesma coisa. Coisas assim que os professoras diziam isso aqui vocês viram no ginásio e tudo todo mundo balançava a cabeça e a gente. E no Sartre, os professores no Sartre tinha tinham vantagem porque quando a gente entra o primeiro ano que você entra no Sartre você estuda a tarde. Você não estuda de manhã. Então tinha muita gente do interior mas nem todo mundo era do interior. Então claro tinha pessoas de salvador que eu ficava Meu Deus todo mundo sabe tudo. E eu não sei nada.até hoje eu lembro da primeira nota, da primeira prova que eu fiz, que foi química que eu tirei três e pouco. Meu Deus era o fim do mundo. Tudo bem que nunca fui de estudar mas eu não tirava abaixo da média . Então eu achava muito difícil nesse ano eu fiquei em duas recuperações e eu nunca tinha ficado em recuperação em minha vida. E e pronto foi a época que Natal, foi o ano que eu fiquei o dia todo aqui , férias e feriado essas coisas .poxa mas passar o Natal longe da minha família é muito difícil e eu tinha o que quinze anos. Então não tinha aqui. tinha meu primo que também estudava mas não era meu colega e nesse ano também tinha uma menina que era do interior dele que conhecia minha tia e tudo, ela era minha colega, era menos mau , porque tinha uma companhia. Mas eu me sentia muito sei lá bicho do mato assim.os papos eram

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completamente diferente já no colégio e todo mundo , por mais que a gente sabia, a realidade de carnaval disto e daquilo eu falo carnaval porque era algo mais marcante e todo mundo falando e comprando coisa de bloco e isso e aquilo e saía pra altos lugares e poxa a gente não tinha carro não conhecia gente assim não conhecia nada.o caminho que a gente conhecia era o de casa pro colégio e do colégio pra casa , bancos, supermercados essas coisas todas. Então eu tinha de dar conta de dar conta das coisas também da casa.então era foi um tempo difícil mas de extrema necessidade. Hoje eu vejo eu agradeço eu falo pra minha mãe : ainda bem que você não deixou eu ficar no interior toda vez que eu chorava dizendo que eu queria voltar porque foi um crescimento foi, doeu, doeu mas poxa hoje a gente chega e resolve as coisas que tem que resolver que muitas pessoas com quinze anos não resolve. Mas e foi no segundo ano eu estava mais estruturada e tal mas tinha experiência de amizade neste tempo ainda não.então quando fui pro Shalon, pra mim o Shalon foi um divisor de águas aqui em salvador porque a gente tinha muitos amigos lá e essa coisa e o nosso final de semana era lá. A gente ficava contando as horas os dias pra chegar o final de semana pra gente passar o sábado e o domingo no Shalon. É uma comunidade católica que, não sei se você conhece e tem grupo de orações, tinha missa e essas coisas todas. E tinha vários pra do projeto juventude, e a gente acabou se encontrando ali sabe. Eu acho que era hoje eu paro e penso que foi o sustento mesmo que a gente não tinha na questão da família aqui e lá a gente tinha, a gente fez vários amigos, várias pessoas é que cuidavam da gente e sabia que a gente ah nem sei o que e tal. Tinham um certo cuidado mesmo. Isso foi em noventa e seis. Noventa e sete eu me encantei mesmo pelas vidas da pessoa assim porque tinha gente por exemplo que ia lá e admiravam o trabalho que era desenvolvido. E também tinham as pessoas que desenvolviam isso e eu me encantei pela vida que essas pessoas tinham e e eu quis fazer o vocacional que era um ano que era falar sobre a vocação tal o que fazia, É como se fosse uma congregação sabe, só que não tinha roupa específica. não era freira não. Tem várias pessoas que me perguntam se eu era freira e eu não era. você podia então tinha três casos de vida : você podia ser celibatário, ou ser sacerdotes no caso dos homens ou o matrimônio mesmo e e é muito complicado de falar. E e foi quando, complicado de explicar e não falar assim. Pra mim foi uma experiência muito boa de verdade. Isso foi em noventa e sete. e esse ano eu fiz chegou no final de ano eu tive de decidir. Era aqui em salvador. Era um domingo por mês. e quando chegava no fim do mês a gente tinha de decidir se a gente ia fazer uma semana de experiência na casa com eles, ter a vida mesmo, é , os momentos de oração , no sei o que,as manhãs eram em silêncio e isso. E a tarde tinha o trabalho na obra onde eu ia, onde eu freqüentava. Eles tinham trabalho com lanchonete, com livraria e tudo e e eu falei que eu não queria. Na verdade eu estava morrendo de medo sabe. Ah não quero saber disso não senão eu vou ter que fechar, eu podia ser tanto da comunidade de vida é onde você deixa tudo pra ir onde tem o Shalon pra fazer aquilo que a igreja estiver precisando. Tem missões que vai morar na favela. Tem missões que vai, que o Shalon é chamado pra dar aula de catecismo, essas coisas assim sabe ?. então você ia , ou também tem a comunidade de aliança que você continuava, você permanecia na comunidade que você estava mas você dava alguns expedientes lá na obra, você tinha de coordenar o grupo, tem que ser mais na frente sei lá e eu queria a comunidade de vida. E eu dizia minha mãe nunca vai deixar e tal.e eu já falava pra minha mãe nessa época e era altas brigas de que. Minha irmã mais velha não ia, ela abominava essa idéia. Então foi nessa época mesmo que eu acabei juntando com minha irmã. e essa irmã mais nova que se dava com minha irmã mais velha. é porque a gente não se chocava não se dava mesmo e ela começava a falar mau .e eu confesso assim assim eu sou muito radical sabe. Tudo assim eu sou muito extremista na verdade ou é oito ou oitenta e eu tenho uma certa dificuldade de eu sei que eu já melhorei e tudo mas eu tenho certa dificuldade de ser maleável. Então minha irmã achava que eu era radical que não tinha necessidade disto. Hoje eu entendo completamente sabe. Mas na época pra mim ela não respeitava a minha opinião e acabou então não tinha papo. Então eu não entrei . Fui pro interior no final de ano férias e tal. Neste ano eu estava fazendo o terceiro ano, eu só queria saber de Shalon. E sabe como é terceiro ano . No Sartre então. e também foi o tempo que eu tive hepatite no mesmo ano que eu tive hepatite. Fiquei quinze a vinte dias sem ir, já não tava muito indo e fiquei um tempo sem ir, Então quando você volta, Quando eu voltei, meu Deus ,era uma coisa atrás da outra, uma coisa atrás da outra, e não dava conta. E eu e meu Deus eu vou perder. Eu vou perder e não tinha coragem de falar pra minha mãe e também não tinha coragem de largar o Shalon. Porque eu tinha certeza , ô meu Deus, do que eu queria pra minha vida. O Shalon na verdade eu tinha um grupo no final de semana e a missa no domingo. então era no sábado na verdade, a comunidade e a missa no domingo. E com o passar do tempo você vai pro ministério tale não sei o que. E me botaram no ministério de coordenar grupo. . não sabe. eu queria ter uma vida normal, Esqueci a palavra agora. Mas que desse pra viver bem tudo, modesta. E então quando eu encontrei isso eu vou fazer o bem sabe era o sentimento de que eu ia mudar o mundo. Era bem essa perspectiva. Era algo bem sonhador era mais ao mesmo tempo era, eu quero fazer isso . então eu deixei de lado. Estudar nunca foi minha praia assim. E eu quero fazer isso, ajudar as pessoas e e foi quando é, quando chegou o final do ano eu estava em oito recuperações. E eu meu Deus eu não tenho condições. Minha mãe, foi experiência, foi a primeira vez que eu tive uma experiência com uma psicóloga e foi péssimo. Porque eu fui falar com ela, psicóloga do soi,e ela chegou e falou assim : você está preparada pra fazer recuperação e receber o mesmo resultado. e eu, poxa . o tempo é pouco demais e ela foi super grossa assim sabe. Então assim em relação a estudo eu sempre me achei o ó e não sei o que e chega gente uma pessoa e me fala uma psicóloga, ó tinha um peso e fala um negócio desse. Então quando eu minha mãe eu vou pagar e você vai fazer. E eu oi, Eu disse eu

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vou fazer recuperação de oito matérias não tem condições assim de conteúdo mesmo que eu não ia aprender sabe e eu tinha certeza da minha negligência. Eu tinha consciência da minha negligência durante esse tempo e eu cheguei pra ela e falei que eu não queria que eu preferia repetir de ano e e se ela topava também porque poxa pagar o ano todo o terceiro ano que não era. E ela se você prefere tudo bem. por mim você fazia recuperação. Então pronto e Eu também não quero fazer a tarde. Porque pra mim isso me machucou muito sabe. O fato de ela ter falado isso pra mim sabe e assim Sartre era colégio bom tem um certo nome tem mas era essa coisa de na verdade eu sempre fui humanista e não sabia o nome. Tinha muito essa coisa de eu quero o seu nome na lista do jornal pra passar. Porque o nome da gente vai ser reconhecido sabe. Era muito isso de. E o que você passava, o que estava acontecendo com você, problema. E eu falei assim não, eu vou pro Vieira. porque minha irmã disse que ela, minha irmã era o terceiro ano dela e ela falou eu não quero estudar no Sartre porque eu sei que se eu ficar no Sartre eu vou endoidar. E ela já estudava muito, desde a época do interior que minha irmã já se acabava de estudar. E eu tenho consciência que se eu ficar no sartre eu sou capaz de emendar uma coisa na outra e eu não vou me dar bem.aí ta eu fui pro Vieira e o Vieira disse que não aceitava repetente. E eu que legal. E eu já me achava o ó e eu fui pro ISBA. E no ISBA eu tive de ir fazer uma seleção e tudo e eu passei. E o ISBA era pertinho do Shalon.e eu meu Deus e agora mas assim de que eu realmente tomei consciência de que eu preciso estudar eu preciso é balancear as coisas e eu estava estudava, era realmente, estudar de tarde pra mim era complicado, estudar a tarde, fiz o meu possível assim e no ISBA eu tinha esse diferencial de que todo final de unidade o , não era o diretor, era o responsável pelo terceiro ano ele sempre conversava independente é de seu desempenho, isso pra mim fez uma diferença enorme. Era isso que eu precisava deste contato mesmo e não só professor chegar lá e dar conteúdo dar conteúdo e eu quero aprovação no vestibular e acabou. Não. Mas ainda assim eu fui pra duas recuperações, detalhe. e eu só queria passar pra poder ir pra comunidade. E e nesse ano eu fiz tudo e fui pra comunidade. Com brigas e brigas com minha mãe mas até então tinha sido o que dois anos já com esta história e toda vez que a gente se falava pelo telefone e e eu terminei o terceiro ano e fui. Quando eu fui ela já é isso que você quer. Eu só tenho que apoiar e tudo e e eu fui levada pra SãoLuís do Maranhão. Foi uma experiência fantástica assim. É na comunidade, na comunidade foi uma experiência fantástica com o pessoal da comunidade. Com o pessoal da obra não porque Eles tinham várias queixas de pessoas que passaram da comunidade de coisas erradas que eles tinham feito então isto era um lado negativo porque a gente acabava e pagava por um pato que a gente não tinha feito mas ele enxergava a gente como uma comunidade e independente de que era gente nova ou não a gente estava pagando o pato por isso. e no segundo ano era um ano que a gente ia. Lá nesse ano eu acompanhava. Não tem o vocacional que eu fiz e tal então eu era uma acompanhadora vocacional e assim nenhum postulante podia ser sabe. A coordenadora falou poxa que eu tinha todo o carisma mesmo a vocação. e pediu mesmo até pra a pessoa que era responsável pelos acompanhamentos vocacionais uma permissão e tudo e deu e eu me senti. E Eu gostei sim. Até a pessoa que eu acompanhei assim. Não eram três. Uma das pessoas que eu acompanhei na comunidade até hoje está e e eu sai. E e e fazia isso. Fixo era isso. Morava lá. Assim a gente morava numa casa. Tinha a casa das meninas e a casa dos meninos, e nessa época eu já morava com um casal e o casal tinha a casa deles, mas a gente passava a maior parte do tempo todo mundo juntos. Geralmente era na casa das meninas . E lá as manhãs eram de silêncio e tal oração a gente tinha lido a Bíblia. A tarde e a noite eram trabalho mesmo na obra que e era tinha missa todo dia , sei lá, tinha acompanhamento. sabe a pessoa fica lá. Era mesmo que uma coisa. Não é que psicológico, terapia , não era bem terapia porque não tinha profissional nisso mas tinha a questão da de trabalhar também na lanchonete, biblioteca. Biblioteca, livraria também. Eram trabalhos fixos que a gente tinha mas também que precisasse também que a Igreja queria fizesse sei lá ah agente vai ter um evento tal a comunidade vai chamar a comunidade local pra ajudar.e e pronto. Você ia lavar chão, lavar banheiro, sabe e era e tipo eu era muito feliz. Eu sou feliz ainda. Ainda não. Eu sou feliz. Só que naquela época sabe, meu Deus, eu estou fazendo algo. Coisas que eu não fazia na minha casa que eu era ah não sei o que. Eu sempre tive tudo, mas era uma felicidade de estar ali sabendo que eu estava ajudando pessoas. E também quando as pessoas vinham e falavam sabe de seu trabalho nem sei o que, você, era um reconhecimento do trabalho, era me sentir útil mesmo Sabe. Poxa estou fazendo algo pelas pessoas sabe pelo mundo no sei o que .e e pronto E e o principiado era um novo era um passo a mais que você dá e e a gente já recebe. Porque assim a gente usava roupa normal, não tinha uma roupa específica o único sinal que a gente tinha era um pau que era um crucifixo. E e no principiado eu fui morar no interior do ceará. Era um ano de formação. As manhãs eram iguais como tinha e durante as tardes a gente tinha aula é sobre a Bíblia, sobre a história da igreja e sobre a formação mesmo da comunidade porque a partir deste ano a gente já estaria apto sabe, a realmente a falar sobre sobre isso. Era. Assim a gente não tinha tudo o que a gente queria é óbvio. Era que a gente falava da providência mesmo. Tinha o pessoal da Aliança que pagava o dízimo, e tinha. Era impressionante assim três anos, eu passei três anos lá, eu nunca passei fome sabe. Era impressionante tipo sei lá ah hoje estou a fim de tomar um sorvete. Até meia noite daquele dia eu tinha de tomar sorvete de alguém. Foram experiências maravilhosas que eu passei. No terceiro ano eu fui enviada de novo pra SãoLuís. Eu podia ter sido enviada pra qualquer canto e Eu fui de novo pra SãoLuís e eu acho que realmente eu hoje paro e foi pra fechar essa cachaça na minha vida porque eu tinha tido uma experiência boa dentro da comunidade. E como eu te falei com o pessoal de SãoLuís em si eu não e dessa vez foi realmente o contrário. O fato de estar indo pra um lugar

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que realmente eu já conhecia, fui bem acolhida, as pessoas no sei o que . e eu pude realmente fechar algum artefato com algumas pessoas sabe de tipo algumas pessoas que chegavam até mim e diziam poxa eu achava que você era assim assim e que eu também achava sabe. Essa coisa de, pra mim foi muito vantajoso isso. Mas já na comunidade eu não tive essas coisas tão ruins. Foi quando eu comecei a entrar em atrito com algumas pessoas porque eu via que eles não faziam sabe. Falavam uma coisa e faziam outra completamente diferente, autoridades mesmo e e eu calada, fiquei calada um ano. E não é o meu normal ficar calada. Então quando eu vi, chegou o final do ano eu estourei sabe. Eu disse olhe porque você faz isso e isso e isso. E Eu saí da comunidade primeiro porque eu estava sentindo falta, falta sabe, de pequenas coisas tipo ir pra uma festa, a estudar. Estudar , sabe eu estava sentindo falta destas coisas. E e eu já comecei a entrar em atrito mesmo e me deram férias. e eu vim pra cá, não falei com ninguém. Na verdade eu não estava nem estruturada, pra sabe eu vou fazer isso. E foi quando eu parei e meu Deus eu não preciso estar na comunidade pra ajudar as pessoas. Eu não preciso estar na comunidade pra , eu acho que o momento lá me ajudou a pensar na possibilidade de sair. Se eu estivesse em outro lugar eu acho que eu não teria saído naquele momento, mas eu acho que eu teria já saído da comunidade já. Então eu que sei assim, eu voltei e falei pra pessoa e disse olhe , não comentei com ninguém em casa, e eu cheguei olhe eu não agüento mais ficar aqui e tal. estou passando por algumas dificuldades e não é o fato de eu estar aqui. É porque eu não quero mais. e eu saí da comunidade e não senti falta de nada mesmo. Nem da vida e tudo uma coisa ou outra , a falta dos amigos que se faz lá dentro. Realmente é uma amizade verdadeira sabe porque você convive com a pessoa dia e noite dia e noite . E eu saí da comunidade. E e pronto . Eu voltei a fazer cursinho. Eu saí em julho. O cursinho era o intensivo que existia de julho a dezembro. E e mesmo nessa época fiz porque eu não lembrava de muita coisa, três anos sem estudar. E e também só fiz federal . Eu não vou ficar gastando dinheiro pra fazer e fiz psicologia. Fiz psicologia mesmo a primeira vez antes de entrar e tinha feito psicologia mesmo mas não estava nem e pra passar na federal. Eu queria era entrar na comunidade. E também eu fiz Federal e nada . E e no segundo ano e eu fiz cursinho normal extensivo e e foi quando eu fiz Federal aqui e tal. E e eu passei nas duas e perdi na Federal. E e pronto. E e no quarto semestre. Aqui pra mim tem que ter. quando eu passei na Facs que na verdade tinha vinte e seis vagas. Vinte e seis não, dezesseis vagas porque o resto era pro Enem e também eu não tinha visto isto e eu não tinha visto Enem. Eu lembro que um dia antes de eu fazer a prova, eu lembro que foi catorze de dezembro foi o aniversário da minha irmã . quando eu vi dezesseis vagas eu ai meu Deus , já viu todo mundo ia passar menos eu. Não vou passar não sei o que . eu achei a prova não entendi quase nada da prova e eu passei na segunda lista. Então eu nem considerei. Poxa passar na segunda lista. E e quando eu recebi o resultado da Facs num dia e no outro dia eu tinha de fazer a matricula e eu recebi aqui a da Baiana e eu estava no interior. Meu Deus e e pronto e Prepara documento e pega algumas coisas. e minha irmã estava aqui e minha sorte foi essa. E assim eu fiquei super feliz quando eu passei no vestibular da Baiana. e ao mesmo tempo minha mãe feliz e ao mesmo tempo meu Deus mais e pronto minha mãe disse pronto a gente vai dar um jeito. Mais uma vez minha mãe linda como sempre. Então sabe eu estou aqui e com sacrifício é verdade mas eu estou gostando muito. Eu acho que se hoje eu tiver de sair da Baiana eu sofreria mesmo sabe pelo ensino em si, pela a oportunidade que dá a gente de conhecer e de ser trabalhada em várias teorias assim, não só em uma específica. O início do curso foi difícil , normal. Fui pra uma final, A única meu Deus ,e eu não quero ir mais nunca. E os dois primeiros anos assim, eu no terceiro semestre foi difícil a convivência com a turma em si. Fiz amigos que até hoje são amigos de verdade, que são amigas de verdade. Que estão comigo e eu acho que fora da comunidade foi o único, a única vez que eu pude experimentar de verdade, o valor da amizade. O valor que eu dou a uma amizade. E neste quarto semestre foi especial assim por interagir com turma , turma dinâmica de Emanuel e tudo mas que realmente deu frutos sabe. Claro tem pessoas que a gente não tem afinidade e tudo mas como a gente estava até conversando estes dias quando ele pediu o feedback e não sei o que do outro semestre e eu falei assim é óbvio que as afinidades existem e os grupinhos estão formados mas esses grupos se comunicam hoje sabe. que a nossa sala era era muito ruim quando eu cheguei nesse semestre é muito chato ficar na faculdade e pensar em turma, na turma em si. E também foi o semestre que enfim eu abri os olhos pra José . Eu nem enxergava José. Nem enxergava mesmo a gente nem se falava era um oi de vez em quando. E por conta da dinâmica também , a gente já estava se falando e tal nem sei o que e e teve o churrasco e tal da turma e no churrasco a gente conversou de fato.né e e sabe aquela coisa meu Deus pode ser. E e pronto no decorrer da semana a gente se encontrando e ele fazendo uma graçinha e outra e eu também com ele. e eu com em relação, desde aquela época do primeiro assim eu achava, na verdade eu trazia isto dentro de mim eu nunca mais vou gostar de alguém sabe. Eu nunca mais eu vou me apaixonar. e hoje eu me sinto vinte e seis anos e eu me sinto uma adolescente sabe, sentindo as mesmas coisas daquela época mas hoje plenamente feliz sabe. E dizer que aquela coisa de adolescente de ah imaginar nada não. É o concreto mesmo assim. Eu nem sei falar assim eu estou verdadeiramente feliz assim e ele me faz muito feliz. E, meu Deus, Ele estava tão perto de mim,sabe e é bom estar namorando com uma pessoa que também faz psicologia e tudo que a gente sabe e é isso.

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11ª transcrição – I11 Quando eu nasci, eu tenho um irmão mais velho que eu.Aí quando eu nasci a gente morava em Ubaitava, interiorzinho aqui da Bahia. Não sei se você conhece? Ma BR101 é chegando em Itabuna uma hora antes e morei lá até meus onze anos de idade.E assim sempre fui muito sapeca sempre tive muito amigo, eu acho que eu não mudei muito não.Ah eu tenho uma historia muito longa vai demorar um tempão meia hora da entrevista.Meu pai e ele nasceu lá no Japão.Ao o pai dele já tinha sido casado antes , e tinha três filhos e a esposa dele ficou doente. A esposa do pai de meu pai ficou doente e convidou uma sobrinha dela pra ajudar ela que estava doente tal tal tal. Resultado: a sobrinha foi ajudar a ela.Ela faleceu e a sobrinha casou com o marido dela.E e a sobrinha engravidou e nasceu meu pai.ou seja minha avó também era piriguetinha.Mas assim, mas foi tudo, segundo a história que eu sei foi tudo dentro dos conformes.Não foi nada, de nada de errado nessa história não.é porque minha avó, a mãe dela faleceu no parto e então ela não conviveu com o pai porque o pai casou de novo e tal não ela vivia com os avós e casou com o pai de meu pai.Meu pai tem irmão mais velho que tem a quase a mesma idade da minha avó, sabe? E o pai de meu pai era envolvido com partido comunista porque o Japão nesta época tinha acabado de sair da segunda guerra mundial e estava sobre o domínio dos EUA e o pai de meu pai não aceitava.Então ele participava de muito movimento entre os comunistas e estava sendo um pouco perseguido lá. Minha avó conta que, que as vezes ela acordava de manhã para varrer o passeio e então estava cheio de cigarro na frente.Então o pai de meu pai disse que não iria querer mais viver daquele jeito.Não queria mais viver, abaixar a cabeça , pros americanos e resolveu e como estava no período da imigração os japoneses vindo pra cá, já que o governo brasileiro estava dando incentivo financeiro, pra o desenvolvimento da agricultura aqui no Brasil e tal e então eles resolveram vir pra cá. e o pai de meu pai, meu avô vendeu o que tinha lá e então veio todo mundo.Meu avô , minha vó, os três filhos mais velhos e meu pai. Meu pai nesta época tinha três anos de idade. E veio e compraram, compraram uma roça na Região de Una, ali onde tem uma colônia de japoneses e e compraram essa roça lá e viveram lá um bom tempo.Então o pai de meu pai que já era mais velho assim, não era jovem ainda, ele teve câncer. Os irmãos mais velhos já eram independentes, já eram casados, já tinham saído de casa e minha avó se viu sozinha com meu pai pra cuidar dele e não tinha condição. Não tinha quem trabalhasse na roça, não tinha quem produzisse as coisas e colocasse comida dentro de casa e então eles passaram por dificuldades assim. Até que um conhecido de minha avó falou pra ela que tinha um primo dele que estava procurando uma japonesa para casar e ele era japonês também.Você vê que é uma coisa bem entre os japoneses esse negocio de casar japonês com japonês mas eu não estou nessa não. Viu José. Meu pai já não está seguindo esta tradição não. Então eu sei que o amigo dela tinha um japonês e tal ela falou mandar ele vir aqui pra eu conhecer ele se eu gostar do caso. Então mandou o primo dele vir de SãoPaulo pra poder conhecer a minha Avó. Então deixa eu contar a outra parte da historia. Então meu avô, esse meu avô é emprestado, o que casou com minha avó depois , que eu considero meu avô, mas de sangue não é meu avô.Então ele veio do Japão já rapazinho e veio pra aqui pra FeiradeSantana.Tem uma colônia de japoneses aqui em ConceiçãodoJacuípe.Então ele vendeu a fazenda e foi SãoPaulo. Assim já tinha se casado aqui na Bahia com uma baiana sabe e tinha já três filhos.E foi pra SãoPaulo, levou dois filhos com ele e queria se casar com uma japonesa mas não arranjava nenhuma japonesa pra casar e então falou da menina.Então veio aqui ver. Então quando chegou aqui em Una pra conhecer minha avó, ele é que tava assim sem querer muito e ele chamou ela pra jantar num restaurante da cidade e minha avó nunca saiu de casa, sempre foi dona de casa e com os costumes japoneses mesmo e quando viu a carne não sabia usar garfo e faca pra cortar a carne só usava haxe.A vida na escola eu não lembro não eu tinha quatro cinco anos.Gesianedois foi a minha amiga mais desde que eu me conheço por gente que a gente é amiga.Eu devia ter uns dois anos na época que eu conheci.Eu era muito pequena mesmo.E interessante assim ela veio morar aqui em Salvador quando eu fui morar em Itabuna. A gente ficou um período da adolescência distante quando eu vim morar aqui a gente hoje é amiga.Hoje a gente se encontra, telefona e tal. É muito legal assim.A amizade da gente é muito assim, parece uma irmã sabe.Porque a gente sabe, se vê desde lá do começo e desde pequena a gente basicamente todos os dias a gente brincava junto. As minhas tardes eram na casa dela os pais dela sempre eu tenho intimidade com os pais dela, sabe porque me viram pequena mesmo.Eu lembro que quando ah engraçado que eles tomavam mamadeira grande já todo mundo a mãe dela fazia quatro mamadeira um pra cada filho que eram quatro filhos. Imagine os meninos com dez anos de idade tomando mamadeira. Era assim só no lanche tomavam vitamina de banana só na mamadeira.Era muito engraçado e quando lá a casa era grande então todas as crianças todos os amigos ia pra lá.Então as vezes tinha mais de trinta crianças porque quatro filhos imagine então no final tinha aquele tanto de criança .E ela tem um irmão dois anos mais velho do que ela exatamente da idade do meu irmão que também eram amigos . Então a gente só vivia lá na casa deles.E meu irmão depois nesse período que a gente se afastou da família dele foi pra Itabuna e tal meu irmão sempre fala assim que o irmão dela que hoje os dois não tem nada haver .Não tem nada em comum mais nada pra conversar mais e o pai dela toda vez que eu encontro com ele, ele fala que fica muito magoado com meu irmão porque depois que ele ficou adulto assim ele não liga mais que sabe, aquela coisa, não conversa mais que não dá atenção ele fala assim com uma mágoa que eu sinto que é verdade aquilo sabe.Ele realmente está magoado com meu irmão. E mais assim quando eu vim morar aqui em Salvador eu também senti que existia alguma distância

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entre eu e Gesianedois.Entre mim e Gesianedois, entre mim e ela porque por motivos agente na adolescência define muita coisa assim e ela tinha assim ela começou andar com uma galera diferente do tipo de vida que eu levava em Itabuna sabe.Digamos que a tribo dela era uma tribo essa galera é muito doida, sabe meio hippie e eu era da turma das patricinhas sabe eu costumava andar, sabe.E quando eu fui morar em Salvador eu senti que existia algo de distante entre a gente, mas agora que a gente está adulta essas diferenças vão diminuindo porque tende a ficar aquela coisa do trabalho e tal. É legal ele é jornalista está se formando agora. Assim todas as duas na área de humanas assim tem aquela coisa da visão social e tal e hoje a gente tem muitas coisas em comum e tal. É bem legal. Eu tenho muita saudade dela, é muito bom. É que na época da infância tem muitas historias assim uma vez no aniversario dela eu peguei todas as cartas que ela me deu na época que eu morava em Itabuna e eu i e e eu peguei todas as cartas fiz um pacotinho e entreguei a ela. Então ela foi ler Gesinha essa semana eu conheci um menino chamado fulano e não sei que e não sei que e então ele estudava na escola ela lembrando das coisas que ela me contava na época de escola os papos que a gente tinha quando a gente era adolescente assim e era engraçado e é legal você ficar lembrando da pessoa.Então eu lembro de uma vez que teve uma festa de aniversário na casa dela, como o pai o dela era fazendeiro na época do cacau rolava muita grana num sei o que, ele tinha muito dinheiro e então uma vez ele fez uma festa de aniversario dela que foi um tema dos dias das bruxas não sei. Eu sei que ele contratou um grupo pra animar a festa e esse grupo se vestiu todo mundo de bruxa e saiu correndo assim com a vassoura e vestido de bruxa assim e eu era tão pequena que eu fiquei assustada de verdade e tinha um monte de criança que começou a chorar de verdade com medo das bruxas e eu fui uma dessas.Foi engraçado. Imagine o pai da criança contrata um grupo pra fazer animação da festa e de repente o grupo assusta todas as crianças da festa.foi engraçado, eu devia ter cinco anos, era bem pequena.Pra me assustar com bruxa devia ser bem pequena.Tinha uma amiga que morava no fundo lá de casa, é de costas para casa uma pra outra. Quando a gente queria se falar era só gritar fulana. O nome dela era Gesianequatro. Então eu gritava Gesianequatro vem pra cá pra gente brincar. Então ela aparecia pra gente brincar. Uma vez a gente brincou de brigar, vamos brincar de brigar pra ver quem bate mais. Olha que brincadeira de piveta, eu era bem piveta mesmo. E eu sempre gostei de brincar assim de correr, de pega-pega, não sei o que, de baleado, quando eu era maiorzinha assim.Juntava uma turma na rua e fazia e marcava os lugares e então jogava bola pra brincar de baleado.Era muito legal eu adorava, baleado as brincadeiras que eu gostava.Gostava muito de Barbie também.Todo mundo tem de brincar de Barbie.Toda menina tem de brincar de Barbie pra reelaborar o ego.Interessante que há pouco tempo atrás eu estava conversando com meu pai sobre isso e ele me falando que e eu falando pra ele que eu a tia Nelma que era a dona da escola que eu estudava, na segunda série, eu achava que Tia Nelma não gostava de mim, porque eu conversava na sala.Eu lembro que ela uma vez me deu uma bronca danada em mim na sala e tal e lembro que ela olhou pra mim assim e ela perguntou depois que ela tinha explicado o assunto ela estava perguntando para algumas pessoas e você entendeu isso e aquilo e eu errei a resposta e ela falou assim não adianta nada você ficar me olhando assim pensando no karatê e ficar pensando em não sei o que e até hoje eu achava que ela me odiava. Então eu comentei com meu pai o pai porque ela. Ô pai acho que ela não gostava de mim e ele falou pra mim engraçado toda vez que ela fala de mim de você ela só me falou elogios de você. Que você era uma menina inteligente, esperta que prestava atenção na aula no sei o que. Eu falei poxa porque a professora brigou comigo daquele jeito e me deu aquela bronca sabe que eu nunca esqueci. Mas eu achava tudo o que aconteceu, eu achava que era porque tudo que acontecia era que ela não gostava de mim, porque fulano não gostava de mim e eu lembro que como eu era uma das maiores da sala. Eu me desenvolvi rápido então sempre no tamanho eu me desenvolvi rápido sempre no tamanho eu era maior que os meninos da sala e teve um período na escola que a ordem da cadeira era marcada por ordem de tamanho e eu sempre sentava lá no fundo e eu ficava danada com isso e eu odeio sentar no fundo. Acho que é por isso que hoje eu só sento na frente. Qualquer aula qualquer palestra qualquer evento que eu vá eu só sento na frente. E até isso ela sabe que era porque a professora não gostava de mim e me botava lá no fundo. Por mais que eu visse que tinha lugar, ela lugar marcado.Meus pais sempre trabalharam muito passavam o dia inteiro fora. Voltavam pra casa pra almoçar cidade pequena tem essa vantagem . Voltavam pra casa pra almoçar e dava a hora de voltar pro trabalho e assim eu não sentia a presença deles tão forte no dia a dia porque eu passava o dia inteiro e fazia o que eu queria sabe. Não precisava nem avisar pra onde eu ia sabe. Avisava pra empregada eu estou indo pra casa de fulana sabe. Eu tive uma infância muito boa na cidade pequena você tem essa vantagem essa liberdade muito grande. Eu lembro que eu pegava a bicicleta e saía e rodava a cidade inteira de bicicleta então sabe tinha uma liberdade que realmente que qualquer cidade grande não tem. Eu sempre penso quando eu pra poder eu criar meus filhos eu acho que eu vou voltar pro interior pra poder eu criar os filhos porque é uma infância muito boa no interior.e eu lembro que eu conhecia a cidade inteira conhecia a cidade inteira eu sempre fui muito extrovertida então eu chegava nos lugares e todo mundo me conhecia e meus pais sempre trabalhando. Olha que historia interessante você vai gostar. Tinha uma menina que de vez em quando ia brincar comigo. Então na minha casa era assim a casa inteira era na parte de baixo, no térreo e na parte de cima era um espaço aberto só pra gente brincar.Tinha um telhado e tal. Então dava pra gente brincar de bicicleta, dava pra jogar bola, do que quisesse. E então essa menina foi lá pra casa e ela começou brincar lá em cima e ela começou a andar no parapeito em cima porque era aberto e tinha um parapeito ela começou a rodar em cima no primeiro andar e eu

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falei pra ela menina você sai daí que você vai cair. Então ela disse eu não vou cair não, quer ver o que eu vou fazer ? Desceu e se pendurou do lado de fora. Eu falei menina você vai cair, suba não sei o que, você vai cair eu ficava preocupada e ela subiu de novo e ela quer apostar quanto que eu vou subir de novo? . Eu falei rapaz não vá e lá vai ela se pendurou de novo. Então quando ela foi subir o braço já estava fraco ela não conseguia mais e eu comecei a ver e ela ficou branca, desesperada com medo de cair. Então eu comecei a levar a sério realmente ela não estava agüentando mais subir realmente. Então eu comecei a gritar desesperada a empregada Marilda, Marilda, Marilda e quando ela veio e ela viu a menina pendurada do lado de fora, a mulher não sabia o que fazer não sabia se subia ou se descia pra poder segurar embaixo. Não sabia se subia e dava tempo pra puxar. Ela ficou correndo de um lado pro outro e não decidiu nada.A menina, até que a menina não conseguiu segurar mais, ela ia cair então eu segurei a mão dela suando começou a escorregar.eu lembro até hoje eu achava que a menina ia morrer aqui em casa. Eu tinha o que dez anos não era mais tão pequena já tinha consciência das coisas. E embaixo era assim tinha a casa e embaixo a parte que passa carro era cimento.Dessa parte daqui pra cá era grama e tinha umas pedrinhas que a gente passava andando pra entrar em casa pulando pelas pedrinhas. E as pedrinhas eram simplesmente paralelepípedo. Ou seja, se ela caísse ali e batesse com a cabeça, fatal. Eu sei que finalmente não deu tempo de a mulher segurar ou a mulher puxar nem nada não, a menina caiu só que olhe foi Deus ela caiu certinha assim na grama, certinha a dois dedos de cair no negocio. Detalhe daqui a pouco chega minha mãe e meu pai perguntando o que é que está acontecendo aqui? E neste período que eu estava segurando a menina o povo que estava passando na rua e vendo a cena começou a parar na porta e quando a menina caiu já tinha umas cinqüenta pessoas do lado de fora do portão olhando. Primeiro andar, é porque era casa mesmo.Foi terrível, minha mãe,.Eu aprontei várias deste tipo. Eles sempre foi muito boa assim. agora eu tinha uma visão assim de que meu pai era muito rígido. Eu achava meu pai rígido. Eua achava que ele não deixava eu fazer tudo que eu queria. Tinha uma coisa assim de eu lembro, por exemplo, eu falava pai vou dormir na casa de minha colega hoje e ele não deixava. E eu perguntava por que pai e ele não porque uma menina não é certo dormir fora da casa dos pais. Eu falava o meu pai fulana já dormiu aqui varias vezes , uma amiga minha e ele ela é ela e você é você. Então eu não aceitava aquilo, até que um dia ele me deu a seguinte resposta é porque no Japão uma menina não pode dormir longe dos pais não, uma menina moça não pode dormir longe dos pais não porque ela é mal vista. Porque se os pais deixassem os pais eram tidos como desleixados, não dão atenção com a filha. Ainda mais na casa de outra família que tem homem na casa. Um negócio totalmente assim e eu ficava danada com aquilo. Acho que por isso eu tinha um pouco de raiva de ser japonesa, justamente por estas coisas também sabe. Porque tinha algumas diferenças culturais mesmo. E eu tinha meu pai sempre com muito é. Meu pai nunca precisou me bater porque era ele olhar pra mim com aquela cara séria eu já ficava desesperada eu saia correndo morrendo de medo. Eu sempre morri de medo de meu pai. Agora engraçado hoje ele mudou tanto. Não sei se só ele mudou ou eu passei a perceber de outra forma o que ele faz. Mas assim eu não vejo ele como uma pessoa rígida mais pelo contrario eu acho ele super acessível. Eu não vejo ele mais desse jeito.hoje eu tive de brigar muito pra conseguir o que eu quero , as coisas que eu queria lá em casa. Porque tem aquela coisa: eu a caçula e a única menina da casa . E tem um detalhe meu irmão apesar de ser mais velho nunca foi de desafiar meu pai Sabe, ele sempre foi muito de aceitar tudo o que meu pai falava é isso e acabou. Meu pai ,então meu irmão se retava e se trancava no quarto e não falava nada. E eu não aceitava ficava ali brigando brigando brigando até conseguir ou não.porque como era desse jeito as vezes acabava não conseguindo mesmo.mas era muito assim de por exemplo quando eu fiquei adolescente que eu queria ir para as festas foi complicado. Eu queria ir pra um show, ah não pode, ah porque porque eu não quero e acabou. E eu tive de brigar muito naquela casa. Quando, eu lembro até hoje a primeira festa que eu fui eu tinha acho que doze anos,e todos os coleguinhas tinham ido a festa eu lembro que era show de olodum. Show de olodum.Então minha colega tinha uma irmã mais velha que tinha seus vinte e poucos anos que falou não eu vou levar ela não se preocupe não que depois eu trago ela aqui. Está bom então traga ela meia noite. Está bom. Meia noite era a hora que o show estava começando e ela trazia a gente e a irmã da minha colega coitada ia ter de voltar meia noite pra me trazer e ela também jovem e queria ficar na festa e tudo. E meu pai não só vai se for pra voltar meia noite e a bichinha foi coitada. O mais engraçado deste período foi quando foi carnaval. Eu sempre quis sair no carnaval e jamais meu pai nunca ia comprar um bloco pra mim carnaval. Então lá em casa meu pai sempre estimulou muito a nossa independência então a gente tinha uma mesada. Todo mês a gente ganhava aquele dinheiro. Aquele dinheiro era pra lanchar pra comprar o que eu quisesse então eu tinha de me virar com aquele dinheiro ali. Desde de pequenininha,dez anos de idade eu já recebia mesada. Então quando eu tinha treze anos e foi nessa época que eu queria sair no bloco de carnaval. Eu comprei o bloco de carnaval e dividi em dez vezes. Então no começo do ano eu começava a pagar do ano que vem. Quando chegou perto do carnaval que eu já tinha pagado o bloco foi e que eu falei ao meu pai. O meu pai eu comprei um bloco de carnaval. Ele como você comprou eu sabia que ele não ia comprar pra mim ele já querendo dizer que não pode só como eu comprei com meu dinheiro ele não podia fazer nada. E eu falei eu vou e ele e agora não tenho como dizer nada porque ela comprou com a mesada dela.Eu juntei esse tempo todo pra comprar e tudo. E ele está bom então eu vou te levar. Então em pleno carnaval em Itabuna o povo lá dançando não sei o que meu pai sentado no camarote com um copinho de cerveja jogando mini game eu nunca esqueço da cena. Foi muito engraçado ele olha tal hora volte . ele queria que eu fosse pro bloco e voltasse pra ver ele que eu

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toda hora fosse e voltasse .quando eu chegava estava ele lá e o som bombando é muito engraçado.mas pelo menos ele tentou fazer este tipo de coisa que na época eu entendia assim ah já que eu estou insistindo tanto ele vai ter que me levar mas ele não está deixando ir entendeu. eu não entendia como se fosse uma flexibilização da parte dele. Eu entendia como se ele estivesse indo como se não tivesse outro jeito sabe. E hoje eu vejo que não. Ele procurou fazer um pouco da minha vontade. Hoje eu vejo que ele foi flexível a partir do momento que ele foi para festa ficou lá jogando mini game pra poder fazer a minha vontade de ir pra festa. Eu lembro de outra vez que eu fui pra uma festa e chegou lá coitado de meu pai estava quase passando mal uma muvuca a festa estava cheia tão cheia que agente andava e não tinha um lugar pra você ficar que ano estava cheio. Então eu lembro que teve uma hora que meu pai me achou e vamos embora minha filha, vamos embora e eu adorando aquela festa.estava todo mundo lá a galera eu devia ser o que oitava série sétima série e o pessoal do terceiro ano os meninos do terceiro ano estavam lá e eu lá no meio daquelas pessoas que eu achava o Maximo.engraçado. eu sempre fui boa aluna nunca tive problemas com escola não. No colégio tinha os meus amigos assim na verdade não foi muito marcante na minha vida não.não sei quando eu paro pra lembrar das coisas do colégio eu não lembro exatamente com as coisas do colégio. Tem gente que é muito envolvido com os eventos do colégio tem aqueles jogos estudantis e eu nunca me envolvi não. Na verdade eu estava muito mais preocupada com os namorinhos do que com os extra escola eu não me envolvi muito. Ah foi complicado eu tive muitos problemas.eu acho que é uma coisa interessante que desde que eu me entendo por gente que eu me preocupo com isso. Eu lembro que eu pequena com oito anos sabe eu já ficava quando eu ficar grande eu vou namorar eu já pensava este tipo de coisa. Isso foi uma coisa que sempre fez parte dos meus pensamentos. Nunca esteve fora dos meus pensamentos e na adolescência terrível. É difícil ser adolescente porque vou te contar você começar essa coisa da de ser aceita pelo outro e adolescente tem muito isto de querer, se sentir desejada. Eu era tão angustiada com tudo isso, sofria muito com essas coisas era terrível eu lembro que foi muito sofrimento. O primeiro menino que eu gostei na minha vida ele nunca me, nunca na época eu tinha o que onze anos lá ubaitaba ainda ele nunca me deu a mínima e depois anos depois ele foi meu colega no colégio em Itabuna, ele também foi pra Itabuna pra estudar ele foi meu colega e eu lembro que uma vez eu conversei com ele e eu falei pra ele assim que você sabia que quando eu era criança eu era apaixonada por você . Então ele me disse que sabia mas que naquela época ele não tinha despertado pra isso ainda acho que menina desperte mais cedo e ele me disse não tinha despertado pra isso ainda que estava completamente fora que não era uma coisa que passava pela mente dele e eu entendia o desinteresse dele como olhe eu não sou bonita, eu não sou interessante.isso foi tão marcante que eu lembro que eu passei muito tempo pensando nisto porque ele nunca ligou pra mim sabe. o menino que eu era tão apaixonada nunca ligou pra mim. Mas quando eu fiz quinze anos eu conheci o meu primeiro namorado que foi super complicado. Digamos assim que foi minha vida assim mudou completamente sabe depois dele acho que foi uma experiência assim que na verdade foi importante afinal de contas mas que poderia ter acontecido de outra forma sabe. Foi muito ruim assim tipo assim eu tive de crescer muito em pouco tempo e amadurecer muito tempo. Porque assim ele era muito mais velho que eu e ele era meio tantan não era normal não e ele mexia com negócio de luta e eu sei que foi o período que eu estava mais bonitinha. Assim quando você está na adolescência e todo mundo começa de olhar. Vê que você cresceu e começa a te olhar com outros olhos e cidade pequena é muito marcante assim. E eu começo a namorar com ele e todo mundo da cidade inteira me conhecia como a namorada de Fabrício. Até hoje eu carrego essa cruz todo mundo me vê como a namorada de Fabrício. Eu namorei uns dois anos. Nem foi muito assim pra marcar deste jeito, mas é porque na verdade ele era tão popular e tão conhecido pelas pessoas ele fazia todo marketing pessoal e eu fazia parte deste marketing dele entendeu. Eu era um troféu pra ele pra ele mostrar pros outros e a relação da gente era completamente pública. Era um negócio assim todo mundo sabia ele me mostrava pra todo mundo olhe minha namorada era um negocio assim. E então ele era meio maluquinho assim quando eu quis terminar ele não aceitou de jeito nenhum. E eu terminei comecei a namorar outras pessoas, ele não aceitou foi terrível assim porque ele fez de tudo pra não deixar eu namorar outras pessoas, outro namorado. E pra completar ainda ficou por cima inventando vários boatos pra me afetar sabe. Eu sofri muito depois que eu terminei com ele por conta destas coisas que ele fez.eu lembro que ele me perseguiu.perseguiu meu namorado e só não fez nada demais assim porque esse meu segundo namorado não era assim nenhum babaca sabe. Porque senão eu tenho certeza que ele iria querer bater brigar nem sei o que. Foi horrível.Foi uma adolescência conturbada que eu lembro que eu emagreci horrores de preocupação sabe de ansiedade com medo do que ele podia fazer. Eu lembro que teve um período terrível por conta disto. Eu lembro que eu achava que a qualquer momento ele podia aparecer e me matar e fazer alguma coisa pra mim sabe. Eu me sentia perseguida por ele. Quando eu vim morar aqui em Salvador com vinte anos de idade já, quantos anos já tinham se passado, eu lembro que tinha ainda esse delírio de perseguição. Que eu vim morar sozinha e eu as vezes ficava pensando poxa ele descobriu que eu to morando aqui, descobriu que eu estou sozinha vai aparecer aqui a qualquer momento. As vezes eu estava andando assim dirigindo o carro. Chegava um carro e encostava no fundo do carro eu já achava que era ele me perseguindo sabe. Um negócio assim totalmente delirante mesmo. Eu tinha foi terrível. Eu emagreci três quilos em uma semana no período que eu terminei com ele, sabe. Ele fazia pressão isso pra terminar levou mais de seis meses eu terminava e ele voltava eu terminava e ele voltava.E eu cheguei a pensar em morar fora só pra tentar sair dele.

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E engraçado que ele fez uma lavagem cerebral em mim que ele falava assim pra mim quando a gente brigava: não fale nada pro seus pais que senão seus pais vão fazer a gente terminar. Ele fazia umas coisas que seus pais não querem que a gente fique junto de forma alguma então não conte nada pra eles. E eu vivia toda essa tensão sozinha.Sem dividir minhas preocupações com ninguém. Não pensei que podia confiar em meus pais por causa disso que ele me dizia e ele ficava colocando um monte de coisa em minha cabeça homem nenhum vai lhe levar a sério, homem nenhum vai querer namorar com você sabe.Todos os homens do mundo só querem transar com as meninas, não querem levar nenhuma menina a sério. O único homem no mundo que te ama sou eu.o único homem que pode te levar a sério sou eu e eu de tanto ficar ouvindo aquilo eu acreditava naquilo de uma forma que é terrível eu sofri muito com ele . Os três anos que eu fiquei com o outro namorado eu fiquei os três anos falando dele. Cinco anos depois que eu já tinha terminado, já estava em Salvador eu só falava dele era uma coisa traumática. Hoje eu percebo isto de uma forma positiva eu aprendi muito. Aprendi como você deve ou não se relacionar com alguém. Quando alguém se aproxima, se aproximava de mim eu já pensava eu via ele. Qualquer outra pessoa eu já ficava com medo de me relacionar de novo sabe. Então foi bom que aprendi muita coisa. E outra coisa Aprendi principalmente que eu não dependo da opinião dos outros pra ser alguém porque eu sofria mais eu acho era por causa das coisas que ele dizia sabe. Das coisas que ele dizia que as pessoas diziam de mim sabe. Da forma como eu era vista pelos outros sabe. Então eu sofria muito por isso. E me preocupava muito em transmitir uma imagem pra as outras pessoas, o que os outros iam pensar de mim.e eu fiquei muito tempo com isso. Depois que eu comecei a trabalhar terapia primeiro eu aceitei a situação depois de um tempo eu comecei a perceber que eu não precisava do que as pessoas pensavam algo de mim pra me satisfazer. Hoje eu me considero uma pessoa muito feliz sabe.me sinto realmente muito feliz muito realizada. Eu estou satisfeita com o que eu sou. Com a pessoa que eu sou que eu tenho muitas qualidades e tal me sinto muito feliz hoje eu levei muito tempo pra chegar nisso. Eu sofri muito pra aprender muita coisa. E engraçado que a maioria das pessoas que me conhecem que vêem o meu jeito de ser hoje que fala que nem imagina o que eu já passei por algumas coisas. Eu tive muito foi muito difícil aceitar essa situação toda. Dei a volta por cima. Hoje é só felicidade.eu tenho um noivo que eu estou com ele há dois anos e meio e ele é maravilhoso e ele é apaixonado por mim e eu também sou apaixonada por ele e assim eu acho que é o genro que meu pai pediu a Deus e é o homem que eu pedi a Deus também. Eu até digo isto pra ele . engraçado que eu falo assim pra ele que ele é meu príncipe encantado que chegou num cavalo branco. No caso dele ele não chegou num cavalo branco, ele chegou num ônibus. Ele ficou brincando porque não tinha carro até pouco tempo atrás e a gente sempre fala porque quando a gente começou a namorar ele não tinha carro. Então ele fala assim que eu não liguei pra isso porque eu já tinha carro, já morava sozinha tinha uma certa condição e ele falou assim que a maioria das meninas que ele conhecia antes de mim que quando ele dizia que ele morava na cidadebaixa as meninas não queriam namorar mais.E não tinha carro e morava na cidadebaixa pronto era lenhado então as meninas não queriam namorar com ele até começavam a namorar ah não sei o que e ele fala que logo quando ele comprou um carro eu nunca vou que eu namorei ele quando ele não tinha carro e que ele foi a única que quis ele do jeito que ele era independente de ter carro, de ter dinheiro. eu acho tão engraçado isso quando ele fala. E ele é uma pessoa maravilhosa, muito esforçada sabe. Se formou ano passado já passou num concurso. Trabalha hoje numa empresa estatal e assim tem estabilidade e batalhador assim sabe. Comprou o carro dele com o dinheiro dele, não foi o pai que deu sabe como no meu caso por exemplo. Meu pai que me deu o carro. E ele não teve isso. Ele é trabalhador mesmo. Eu admiro muito ele acho que isso é importante numa relação a admiração um pelo outro. E eu admiro muito ele. Ele é muito esforçado. Ele já passou num concurso mas está lá todo dia estudando pra fazer outro concurso. Todo concurso que aparece na área dele ele vai e faz pra fazer algo melhor. Ele é analista de sistemas e agora está tendo muito concurso na área dele porque está tudo informatizando. No Serpro, serviço de processamento de dados federal. Sim quando eu saí do terceiro ano eu sempre dizia que ia fazer medicina, que ia fazer medicina, mas por uma coisa do imaginário mesmo do que eu realmente não me conhecia não sabia o que tinha mais haver comigo eu falava que era medicina mais nada haver. Então fiz pra medicina, não passei e como em Itabuna tem uma universidade muito boa e não tinha faculdade lá eu resolvi fazer um curso lá e me inscrevi para veterinária. Foi o único que eu passei.eu falei vou fazer. Vou fazer isso mesmo. Vou fazer veterinária. Imagine eu de bota, no meio do pasto. Fui fazer veterinária. Assim foi excelente, maravilhoso ter feito veterinária pois eu conheci um monte de gente legal. Foi um período que eu foi uma das melhores fases da minha vida fora essa que é sem duvida a melhor esse período foi muito legal. Eu aproveitei muito.conheci muita gente legal, curti muito saí farriei bastante foi bem legal eu até saudade . E depois de um tempo eu descobri que não era aquilo que eu queria. Não sabia o que eu queria não tinha a mínima idéia eu sabia que não era medicina, já sabia que não queria veterinária, não sabia o que queria fazer. Vou procurar uma orientação vocacional. Procurei uma psicóloga em Itabuna. Engraçado hoje eu lembro eu dou tanta risada quando eu lembro disso. Quando eu cheguei lá eu já conhecia ela já de vista e falei com ela eu queria fazer uma orientação vocacional e ela está bom pode entrar. E ela falou que eu podia sentar e eu sentei e disse que queria fazer uma entrevista comigo como vai me conte um pouco de sua vida e eu falei eu só quero fazer uma orientação vocacional só. Meu filho eu não deixei a mulher fazer uma orientação vocacional comigo. Eu não deixei. Eu falava, eu só quero fazer uma orientação vocacional só. Eu achava que era só fazer uns testes responder umas perguntas e pronto e ela tentou olhe eu acho que deveria ter

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pago umas três vezes mais do que tinha pago porque ela tentou. Olhe pra fazer orientação vocacional eu preciso te conhecer um pouco eu quero saber um pouco mais de você. Então está bom olhe eu isso mas e então. Depois ela desistiu e me deu um monte de testes eu respondi certo tal não sei o que . depois ela me deu o laudo deu área de exatas arquitetura, direito, comunicação. na área dominante ,área neutra e área não dominante. No dominante deu psicologia, ciências sociais. Quando ela foi me dar a evolução foi muito mais tranqüilo, ela foi falando e eu perguntei a ela venha cá o que você faz aqui. As pessoas vem aqui pra conversar eu achei tão legal isso que você faz eu quero ser psicóloga. E foi assim que eu resolvi fazer psicologia. Outra coisa que foi decisivo na minha escolha foi que é o seguinte eu já estava de saco cheio de ficar em Itabuna eu queria conhecer o mundo. Sair conhecer o mundo eu já conhecia Itabuna inteira. Eu já conhecia tudo naquela região. Eu preciso morar em Salvador ou em SãoPaulo quem sabe. Minha idéia era sair de lá. e eu falei não eu tenho de sair daqui de algum jeito. Eu vou escolher um curso , isso foi um planejamento mesmo não foi uma coisa inconsciente não foi planejado. Eu vou escolher um curso que não tenha aqui que meu pai não tenha como dizer não sabe. E eu falei pai vou fazer psicologia e ele só vai se for na federal j á querendo colocar um impeditivo. E eu comecei a estudar parecendo uma doida faltando três meses para o vestibular. Comecei a estudar entrei num curso e comecei a estudar estudar e estudar. Quase passei na federal faltou pouco por poucas vagas eu não passei. Eu fiquei arrasada e chorava meu pai e passei na Baiana e eu conversei com ele lá e ele eu vi que você se esforçou mesmo. Ele disse que fez mais isso pra ver se eu estava realmente querendo ou se era da boca pra fora sabe. Ele deixou eu vir foi ótimo. No início do curso eu tive muita dificuldade aqui Porque Eu não tinha costume de ler principalmente esse tipo de assunto, de conteúdo. Eu sempre tinha muita dificuldade mesmo no começo. Sentar, Eu nunca conseguia parar a bunda pra estudar. Então eu sentava e lia um parágrafo e já queria levantar eu sempre fui muito ativa e ficar horas lendo pra mim é um martírio. Pra mim eu tive algumas dificuldades no começo do curso. Lá pro meio , do meio pro final eu já estava acostumada eu consegui já estava mais adaptada mesmo. Hoje eu leio e adoro principalmente psicanálise que eu leio. Mas eu tive dificuldade no inicio. Eu sempre fui muito objetiva, muito concreta sabe. Eu nunca fui uma pessoa de ficar pensando, divagando, pensando. Eu sempre fui muito concreta, objetiva. Nesse aspecto eu puxei a minha mãe, concreta e objetiva. Meu pai não, meu pai já é de pensar mais nas coisas , tem umas filosofias lá dele. Inclusive meu pai tem umas teorias filosóficas dele interessante. E minha mãe é engraçado que minha mãe é assim eu paro pra conversar com ela é prático , objetivo. Mãe terminei com meu namorado estou triste meu namorado terminou comigo ô minha filha não ligue não vai passar.Acabou a conversa. Nem me fala assim me conte o que foi nada disso sabe e eu sempre senti falta disto na minha relação a minha mãe. Já meu pai ele é um pouco mais esses assuntos ele não gosta de conversar comigo porque ele é muito ciumento mais ele já é mais já ouve mais é mais subjetivo assim. Engraçado que há pouco tempo atrás ele sempre dizia que quando se aposentasse ele ia voltar a estudar e agora meu irmão começou a assumir a empresa ele voltou a estudar ele está fazendo psicologia ele ia, ele queria fazer veterinária ou medicina. E eu falei pai faça psicologia que é a sua cara, tem tudo haver com você, lá em Itabuna. depois que eu entrei aqui no curso a gente sempre parava pra bater papo e o fato da gente sempre ir pro lado da psicologia eu sempre acabava explicando alguma coisa que eu aprendi aqui sempre, sempre, sempre. Eu disse pai você tem que fazer psicologia porque os questionamentos que ele tem, as coisas que ele gosta de pensar sempre vão pra esse lado sabe e eu acabei convencê-lo a fazer isso e está adorando. Está no primeiro semestre ainda, mas Está gostando. Já deu introdução à psicologia já teve introdução ao behaviorismo, gelstat no sei o que, está gostando. Eu fiquei toda feliz e meu irmão está todo ciumento. porque meu irmão fez administração e meu irmão tem um orgulho muito grande ele acha que meu pai gosta mais de mim do que dele e eu acho que gosta mesmo. Acho que o complexo de édipo mesmo que o pai gosta mais da filha e a mãe gosta mais do filho. Minha mãe é um amor com meu irmão, tudo ela faz pra meu irmão e ela faz tudo por ele. E com meu pai sou eu. e ele ficou meio ciumento assim quando meu pai fez psicologia assim. e meu irmão falou comigo no telefone você já sabe a idéia de meu pai, que ele vai fazer psicologia, vai fazer faculdade de psicologia. Eu achei ótima idéia eu adorei. Que maluquice com essa idade estudar. Oxe porque? Meu pai é incapaz é?. Um lugar cheio de menininha você vai ver daqui a pouco ele vai estar e com menininha e vai largar a minha mãe. E eu falei ih venha cá você está me dizendo isto porque você quer me convencer porque eu sou super ciumenta com meu pai . Então ele estava jogando isso como argumento pra eu também não querer que meu pai estudasse, pra conseguir uma aliada. Mas eu sou ciumenta mesmo. Ave Maria quando estava passando aquela novela América que aquela Lurdinha. Olha eu ficava imaginando uma amiga minha dando em cima de meu pai eu me colocava no lugar de Raisa. Eu me identificava que eu era Raísa, eu ficava imaginando. Eu lembro que eu passei um período sentindo no fundo uma raiva de uma amiga minha, Gesianetrês, que ela adora meu pai . Toda vez que conversa alguma coisa ela fala: que seu pai é ótimo e ela se dá super bem com meu pai e e nesse período da novela eu ficava com raiva dela porque era minha amiga. Que eu ficava pensando que alguma amiga minha fizesse isso comigo e era ela e eu ficava fantasiando, um negócio horrível. Imagina eu ficar com raiva de minha amiga, ela nem sabe disso coitada.maluquice total assim. eu sou muito ciumenta.

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12ª transcrição – I12 Boa noite. Sou Gesi. Eu vou falar um pouco o que eu acho de mim, o que eu penso o que eu sou. Uma pessoa ao mesmo tempo estressada às vezes calma. Sou compreensiva, mas têm vezes que me dá vontade de jogar tudo pra cima, mandar todo mundo pra casa da porra porque minha vida é meio conturbada eu tenho um marido deficiente, um filho esquizofrênico, e procuro levar a vida do jeito que ela me levar mas têm horas que dá vontade de largar tudo por e talvez se eu tivesse um carro eu ia fazer isso sair por e sem dar satisfação a ninguém depois,uma hora,voltava.Sou assim mesmo eu faço o que me dá na telha, não faço, mas porque não posso não tenho condições pra fazer isso, mas se tivesse, agora, por exemplo, seu tivesse que escolher alguma coisa eu ia escolher sair sozinha. Eu tenho muitos amigos e ao sair e ao mesmo tempo não tenho porque minha vida é muito tumultuada, brigo muito, falo demais, mas não tenho raiva de ninguém.Eu me acho ora muito certa ora muito doida, é gosto de tudo e ao mesmo tempo não gosto de nada.É que eu tenho, já saí muito.Tenho amiga que é minha melhor amiga.Hoje em dia nós não saímos mais porque ela está com namorado que eu digo que ela está casada.Antigamente a gente saía, ia pra barzinho, ia pra Salvador, pra orla.Ela namorava, ela namorava não.Quando ela tem na orado não namorava com ninguém eu não namoro com ninguém, só ficava só, nos fretes da vida, faz parte eu não estou morta, nem nada. Estou viva por sinal muito viça e eu gosto às vezes de ficar só. Gosto de dar palavrão, porque eu acho que é uma terapia que eu faço que eu já sofri muito na vida mas m por isso acho que a vida é ruim.Eu amo a vida do jeito que ela é e também acho que a vida me ama senão eu já teria morrido.Já fui muito difamada mas uma época eu andei ligando muito, andei preocupada com o que as pessoas falavam ou pensavam ao meu respeito, hoje em dia não to nem aí.quero que todo mundo vá plantar batatas e de alguma vez já tinha até me matar por causa disso mas depois descobri que a vida é minha e de eu quiser fazer dela alguma coisa eu faço e então é da conta de pessoa nenhuma mas como têm uma sociedade que tem que dar satisfações não sou muito disso.gosto assim de ser assim como eu sou .eu fui muito tempo bem casada depois meu marido arrumou uma criatura e ele me apresentou a ela.No principio eu me estressei até um pouco com ele.A dona eu não disse nada eu não disse nada mas fiquei magoada esse tempo deixei de gostar dele.hoje em dia ele é uma pessoa deficiente e eu tomo conta dela mas sem rancor sem ódio, sem mágoa como se ele fosse um irmão meu e se ele pensa assim ao meu respeito eu não sei e tem horas que eu fico muito estressada com ele , com o menino com a empregada com o cachorro. Mas hoje em dia eu estou fazendo uma coisa que eu gosto muito.Sou dona de um restaurante na praia e lá eu me divirto com os meus clientes, aprendi até o que eu não sabia falar.Falar gírias e e meu e colé de mesmo e e eu vou levando a vida assim.Tem vezes que eu me estresso com o cliente também mas é uma coisa que eu gosto de fazer porque também a praia onde eu trabalho é o meu lazer.Eu gosto de estar lá mesmo que eu não tenha, não tenha, não fique fazendo nada mas eu gosto de ir pra lá.Sou uma pessoa que acredito muito em Deus e peco forcas a ele pra me ajudar nas horas mais difíceis nas horas fáceis também que a gente não pode viver sem Deus hora nenhuma e eu vou levando a vida assim.Tive uma mãe que eu gostava,muito não.Eu gosto muito dela assim como eu tive um cunhado que eu também amava de paixão mas ele também não está mais aqui, mas como eu acho que as pessoa s não morrem , eu acho que as pessoas se mudam , eu penso diferente a respeito da morte, eu sofro, sinto mas procuro entender que aqui não somos donos de nada e assim vou levando a minha vida, caindo hoje, levantando amanha.Estou acho muito, hoje em dia num gosto mais de sair devido a violência que está havendo no mundo e as pessoas nas são donas mais das suas vidas então eu temo também por isso . Tenho medo de ir aos lugares . A gente sai vivo, mas não sabe se volta pra casa e assim é é como que eu penso que eu acho da vida .já levei seis meses no hospital com ele, depois seu vim pra casa com ele com ele depois eu vim pra casa com ele, cuido dele até hoje mas nem por isso deixei de ter amigos deixei de achar a vida boa, acho a vida maravilhosa ,quem achar que a vida é ruim que faça a sua, como ninguém pode fazer a sua vida, então cada um que leve de acordo como achar que deve levar .Que é assim que eu sou, assim que eu faço, que eu acredito em tudo. Meu outro não acredita em nada, eu já estudei a Bíblia, já estudei a adventista, Batista, Católico, Candomblé, Espiritismo.Sou mais de acreditar no espiritualismo.Se algum dia tivesse que escolher uma religião eu seria ou crente Batista ou senão espírita, mas eu acho que eu tenho mais haver com o outro lado do espiritismo, eu acredito muito na espiritualidade.Eu estou muito neste outro lado mas não sou fanática nessas coisas não converso com todo mundo sobre tudo.è gosto tenho uma porção de amigos homossexuais, sou simpatizante , adoro eles nada contra, nada contra, que eu gosto deles tenho uma boa convivência com eles,cada um viva lá com sua vida assim como eu tenho amizades com ,hoje em dia como chamavam antigamente era prostituta, hoje são as piriguetes.Tenho amigas periguetes. Não saio com elas mas também me dou bem com elas.Converso muito com elas sei muitas coisas através delas e através também dos homossexuais e através do heteros também que são meus amigos e eu me dou bem com todos , todo tipo de gente, não sendo ladrão, assassino, nem viciado em drogas que também a gente não sabe nunca quem é viciado.Aquele que tem coragem de confessar confessa. Aquele que não tem às vezes chega ajunto da gente e dá pra conhecer usando eles estão como aqueles, que eles dizem estão puxando lá a coisa deles não sei isso nada contra não nem a ninguém nem na vida. Eu sou assim, fui uma pessoa criada com muito sacrifício, um Mãe que eu adoro, eu já disse, adoro minha mãe e ate hoje sinto falta dela, mas não me arrependo de ter sido pobre hoje em dia. Tenho uma vida melhor e aceito claro a vida. Já tive muito pior e assim estou indo. Eu tenho

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muitas historias, tenho muitos casos pra contar muitas coisas que eu me lembro, outras coisas que eu me lembro, outras coisas que eu me esqueço e gosto. Tem dias que eu estou muito estressada, gosto de me arrumar, sou compulsiva. Se estiver muito estressada mesmo e entrar num Shopping e eu tivesse dinheiro ah eu acho que e comprava até o dono de coisa.Acho que eu, mas o dinheiro é curto e eu às vezes fico meio encrencadinha nas dívidas mas contorno a situação porque hoje em dia eu sou o homem e sou a mulher da casa. Não gosto muito desse lado de muita responsabilidade de ser o tal homem da casa, mas levo a coisa de acordo com, vou lá com meu lê como eu digo com meu famoso jogo de cintura.Tem dia que eu estou meia e e digo que estou com o cu da mãe na cabeça é o dia que eu estou muito nervosa, muito estressada que às vezes as pessoas não me entendem. Tem um lado meu que eu acho que eu não passo isso pra as pessoas que eu sou muito forte, que eu sou muito essa, muito aquela, mas eu e aqui a pessoas ficam pensando que é azeda, eu tenho impressão que as pessoas pensam que eu sou de ferro , eu não sou não.Eu sou uma pessoa que não me sinto nada que eu não tenho sentimentos, mas não é assim.Eu posso até estar sentindo alguma coisa, mas eu faço por onde dar a volta por cima mostrar para as pessoas que eu não é assim as vezes eu estou mais pra baixo do que outra coisa mas eu mesmo se eu não acho quem me levante.Eu me levanto eu sou uma pessoa. Falo muito de meus problemas com todo mundo não importa quem seja a pessoa. Se eu conheci agora, dois minutos depois e eu tiver com vontade de conversar eu converso em dez ou vinte minutos as pessoas já sabem da minha vida todinha de fio a pavio.Converso tudo até coisas que não acho devo conversar, mas eu converso que eu acho que eu não tenho cabeça ancorada que eu não tenho segredo com ninguém sou meia assim, sou faladeira mesmo, falo tudo quem me vem na telha, eu sou que sou às vezes recriminada por isso não sou bem aceita às vezes por fala, tudo o que eu penso as pessoas gostam as vezes de camuflar as coisas mas eu não gosto de camuflar eu gosto de ser o que eu sou . Agrade ou não eu vou falando a coisa, vou dizendo tudo o que sentindo e assim eu vou fazendo um monte de amigos talvez seja isso que hoje em dia saber viver melhor, tenha lá meu jogo de cintura.E e caio hoje e levanto amanha se eu pudesse ajudaria as pessoas eu ajudaria muito eu tenho vontade de ser voluntário do hospital do câncer, eu tenho vontade de eu tenho vontade de tanta coisa. Tenho vontade de ter uma creche quando vejo muita criança na rua se drogando, se prostituindo e a gente às vezes chama pra conversar. Eu pelo menos chamo, converso, sou contra o aborto e a favor às vezes. Às vezes sou a favor porque é melhor, eu na minha opinião às vezes eu acho que é melhor que aborte do que botar uma criança no mundo. Às vezes eu culpo o governo as vezes eu culpo também ela então o caso seria ,é ,esterelizar uma porção delas e eles também para que não ficassem botando um monte de criança no mundo e para ficaram só fazendo bobagem, mas faz parte eu acho do sistema. Outro dia por sinal teve sua pesquisa aqui e uma menina devia ter uns catorze anos e veio em perguntar o quê que eu achava de menores estarem se prostituindo, as menores estarem engravidando. Eu disse a ela, que elas faziam porque elas queriam porque todo mundo está e ,está aberto, está e a televisão, radio está aí, tem revistas, jornal, têm tudo e elas eu acho que elas engravidam porque elas querem ter marido, elas não são tão inocentes assim.Elas não podem ver um homem que fica todo mundo já, todo mundo assanhadinho.Eu acho que se elas também procurassem fazer a parte delas a coisa seria melhor.Muitas vezes também culpo os pais de botar os filhos sem serem programados no mundo para passarem fome e se prostituírem e o resto muita coisa que não me agrada mas eu não sou dona do mundo mas tenho a convicção de que sou a filha do dono do mundo porque se ele não está consertando, não sou eu que vou consertar . Então vamos ver como essa coisa fica se eu pudesse ajudar em alguma coisa, já que eu não posso , eu faço a minha parte em dar conselhos . Quando eu conheço uma menor que eu vejo lá toda se em perguntado por lá toda se emperiquitando por lá. Menina, já vai, cuidado levou camisinha, se eu conheço o menino também eu falo. Às vezes não tenho muita intimidade, mas geralmente eu converso assim, aconselho, panho, pego a camisinha no posto de saúde levo lá pra praia, dou camisinha pros meninos não importa quem seja, faço uma fila lá fim de ano que é quando tem o veraneio e dou camisinha pra todo mundo, todo verão agora, que eu tenho dois anos lá, todo verão eles vão me perguntar se eu não estou levando camisinha e as vezes quando eu consigo aqui no posto as vezes quando eu consigo aqui no posto médico eu levo e quando eu não consigo eu digo não custa nem tão caro senão não transa . Transar não vão ficar sem, então têm que usar camisinha mesmo pra ver se a coisa fica melhor senão fica muita gente passando fome como esta e toda uma porção de gente sem ter uma alimentação sem ter um lugar onde morar mas faz parte do país, faz parte dos governantes também que só querem também encher o bolso o que não falta é ladrão do colarinho branco porque quando, eu acho assim quando um pobre , como ontem mesmo eu estava assistindo a reportagem um pobre rouba uma porção de pássaros o para as vezes para vender pra matar a fome dos filhos e vai pra cadeia. O político rico, o corrupto rouba e não vai pra lugar nenhum e vai pra canto bota advogado daqui, advogado dali e é só noticia enchimento de papo e o resto fica tudo por isso mesmo e é isso aí.