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Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=37414204 Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Sistema de Información Científica Pedro Rosário Sales Luís Área curricular de "Estudo Acompanhado". Contributos para a discussão de uma metodologia Revista Portuguesa de Educação, vol. 14, núm. 2, 2001, p. 0, Universidade do Minho Portugal Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista Revista Portuguesa de Educação, ISSN (Versão impressa): 0871-9187 [email protected] Universidade do Minho Portugal www.redalyc.org Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

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Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=37414204

Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal

Sistema de Información Científica

Pedro Rosário Sales Luís

Área curricular de "Estudo Acompanhado". Contributos para a discussão de uma metodologia

Revista Portuguesa de Educação, vol. 14, núm. 2, 2001, p. 0,

Universidade do Minho

Portugal

Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista

Revista Portuguesa de Educação,

ISSN (Versão impressa): 0871-9187

[email protected]

Universidade do Minho

Portugal

www.redalyc.orgProjeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

Área curricular de "E

studo Acom

panhado".C

ontributos para a discussão de uma

metodologia

Pedro S

ales Luis Rosário

Universidade do M

inho, Portugal

Resum

o

O projecto de G

estão Flexível do C

urrículo introduziu, entre outras medidas,

a área curricular não disciplinar de "Estudo A

companhado". N

este artigo são

discutidos conceitos implicados na prom

oção das competências de estudo

no

me

ad

am

en

te

estra

tég

ias

de

a

pre

nd

izag

em

, m

eta

cog

niçã

o

e

au

to-

regulação da

aprendizagem,

apresentados alguns

dados de

revisões da

literatura recentes e analisadas as suas implicações para a prática desta área

não disciplinar.

É

explicitado um

racional

teórico sócio-cognitivo

como

proposta organizadora desta nova ferramenta curricular e discutidos aspectos

estruturantes na promoção de aprendizagens auto-reguladas.

— Q

uando eu emprego um

a palavra, ela quer dizer exactamente o que m

eapetecer...

nem

mais

nem

menos

retorquiu H

umpty

Dum

pty, num

tom

sobranceiro.—

Aquestão é se você pode fazer com

que as palavras queiram dizer tantas

coisas diferentes.—

Aquestão é que tem

o poder... é tudo — replicou H

umpty D

umpty. A

lice ficoudem

asiado perplexa para dizer o que fosse.A

lice no País das M

aravilhas, Lewis C

arrol

"Aprender a aprender" e "aprender a pensar" tornaram

-se chavões

educativos de amplo consenso entre os educadores, em

bora nem sem

pre

queiramos dizer o m

esmo quando os referenciam

os. É consensual entre os

educadores e a população em geral que os alunos, independentem

ente do

seu ano escolar, dedicam m

uito pouco tempo ao seu estudo pessoal, e que

mesm

o este tempo de trabalho não parece ser m

uito proficiente. 'Não sabem

estudar' anuem uns, 'ninguém

nos ensina' defendem-se os outros. A

questão

afirma-se cada vez m

ais premente pois alguns, dem

asiados!, alunos do

Ensino B

ásico apresentam níveis de literacia que, am

iúde, comprom

etem o

exercício de uma cidadania com

petente. Neste sentido, a possibilidade de

introdução de um espaço no currículo do B

ásico reservado ao estudo pessoal

acompanhado, com

o uma solução para colm

atar esta lacuna mereceria, à

partida, o aplauso da comunidade educativa. N

o entanto, se o acordo quanto

ao diagnóstico

da situação

se afigura

consensual, a

posição quanto

às

estra

tég

ias

pro

po

stas

no

P

roje

cto

da

G

estã

o

Fle

xível

do

C

urrícu

lo

(regulamentado pelo D

espacho n°184/97, D

iário da República, 2ª série, de 30

de Julho)

não o

é tanto.

Aárea

curricular não

disciplinar de

estudo

acompanhado, tem

por objectivo "a promoção de m

étodos de estudo e de

trab

alh

o

qu

e

pe

rmite

m

ao

s a

lun

os

rea

lizar

com

a

uto

no

mia

a

su

a

aprendizagem

e desenvolver

a capacidade

de aprender

a aprender"

(Abrantes, 1999, p. 11). A

pesar de apresentar um form

ato integrado no tempo

lectivo, este espaço surge sem um

a roupagem teórica que enquadre e oriente

as diversas actividades a serem desenvolvidas e sem

uma atem

pada e

conveniente preparação dos docentes envolvidos no processo. De um

a forma

geral estes não se sentem preparados para acom

eter a tarefa. Os dados das

primeiras avaliações da experiência reflectem

algumas perplexidades que,

pensamos, não se referem

apenas à novidade desta ferramenta curricular,

mas sobretudo à ausência de um

racional que a enquadre. Contudo, não

centraremos este artigo na desconstrução desta m

edida (Rosário, 1999a),

mas sim

na discussão de alguns pressupostos orientadores do trabalho dos

docentes nesta área. Aopção por um

tempo de estudo de desenho curricular

não disciplinar apresenta várias fragilidades e riscos (e. g., Com

o ocupar na

prática este

tempo?

Realizando

trabalhos de

casa? E

studando para

os

exercícios escritos? A

proveitando para

compensar

algumas

matérias

em

atraso? Com

o prevenir o risco de os alunos encararem este espaço com

o o

único que dedicam ao seu estudo pessoal? Q

ual é a participação dos restantes

professores do Conselho de Turm

a no desenho e organização das actividades

a desenvolver? Com

o trabalhar a transferibilidade das estratégias aprendidas

para outros

contextos? C

omo

avaliar o

processo? —

esta

questão foi

oportunamente abordada por R

ibeiro e colaboradores (2000) — Q

ual o papel

dos encarregados

de educação

na construção

da aprendizagem

auto-

regulatória que pretendemos im

primir? entre outras questões). E

ste não é o

espaço para responder directamente a cada um

a; no entanto, tentaremos nas

próximas páginas discutir um

a proposta de moldura teórica organizadora das

actividades a desenvolver no âmbito da prom

oção das competências de estudo

e da aprendizagem auto-regulada, e necessariam

ente abordaremos m

uitos

destes tópicos.

Estratégias de aprendizagem

, metacognição e aprendizagem

auto-reguladaTal com

o a definição do dicionário sugere, no contexto militar ou

noutro, as estratégias são empregues ao serviço dos objectivos. W

einstein e

Mayer definem

-nas como "com

portamentos e pensam

entos que um aluno

utiliza durante o processo de aprendizagem com

a intenção de influenciar o

seu processo de codificação" (1986, p. 315). Na m

esma linha, D

ansereau

(19

85

) e

ta

mb

ém

N

isbe

t e

S

chu

cksmith

(1

98

7)

en

cara

m-n

as

com

o

sequências integradas de procedimentos ou actividades que se escolhem

com o propósito de facilitar a aquisição, arm

azenamento e/ou utilização da

informação. M

cKeachie (1988) sugeriu que o term

o estratégia caracterizaria

um

a

com

pe

tên

cia

nu

m

rep

ortó

rio

de

m

éto

do

s d

e

ap

ren

diza

ge

m,

selectivamente

aplicados para

completar

tarefas segundo

determinadas

condições. Este autor resgatou as estratégias de aprendizagem

do epíteto de

simples m

étodos, ou colecções deles, para alcançar objectivos pessoais.

Estas envolvem

, pelo contrário, deliberação e planeamento. S

ublinhar frases

num

texto, por

exemplo,

não se

configura necessariam

ente com

o um

a

estratégia de aprendizagem. P

ara tal, o aluno necessita em prim

eiro lugar de

descortinar alternativas de escolha (e. g., que estratégias posso utilizar para

alcançar o

que m

e proponho);

seguidamente,

poder decidir

tendo em

consideração as vantagens e desvantagens de cada uma em

função da tarefa

concreta a realizar e, por fim, de a executar um

a vez que esta é julgada como

mais adequada e efectiva para alcançar os seus objectivos.

Assim

, referimo-nos a estratégias de aprendizagem

sempre que os

alunos definem os objectivos proxim

ais e distais para o seu estudo pessoal

coordenando as tácticas de estudo que expectam com

o importantes em

ordem a alcançar os objectivos desenhados. Q

uando os alunos no seu

trabalho pessoal monitorizam

o seu estudo adaptando as tácticas à medida

que vão observando a contribuição de cada para a aprendizagem então,

podemos afirm

ar, estão a auto-regular o seu processo de aprendizagem

(Pintrich, 2000; R

osário, 2001; Zim

merm

an & M

artinez-Pons, 1988).

De

facto, os

alunos academ

icamente

proficientes necessitam

de

planear, monitorizar e avaliar o seu pensam

ento. Esta com

petência para

monitorizar os próprios pensam

entos e acções pode ser identificada como

metacognição

ou controlo

executivo (B

orkowski,

Carr

&

Pressley,

1987;

Garner &

Alexander, 1989). F

lavell (1985) subdividiu a metacognição em

três

categorias de variáveis: da pessoa (e. g., percepções ou conhecimentos de

mim

próprio como aprendiz ou pensador), da tarefa (e. g., análise das várias

tarefas cognitivas com as quais m

e confronto) e por fim da estratégia (e. g.,

como certos procedim

entos podem servir para facilitar a m

inha realização).

Por exem

plo, um sujeito que queira fixar um

número de telefone e não o

possa registar,

conhecendo que

possui dificuldades

para m

emorizar

a

informação (variáveis pessoais), especialm

ente face a números sem

sentido

(variáveis da tarefa), pode decidir relacioná-los com datas relevantes da sua

vida tentando que a sequência adquira um significado pessoal (variáveis da

estratégia). Este conhecim

ento das limitações pessoais no trabalho m

nésico

e a selecção de uma estratégia apropriada para lidar com

a tarefa é indicativo

de um com

portamento m

etacognitivo.

Sobretudo nas duas últim

as décadas a literatura tem referenciado um

a

ênfase de interesse na área da auto-regulação da aprendizagem (P

intrich &

Sch

un

k, 1

99

6;

Zim

me

rma

n

&

Ma

rtine

z-Po

nz,

19

92

). A

s d

efin

içõe

s

em

erg

en

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m

mu

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com

un

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com

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de

me

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gn

ição

. A

mb

as

têm

sid

o

cara

cteriza

da

s co

mo

e

nvo

lven

do

planeamento, m

onitorização ou controlo do pensamento. N

o entanto, porque

a auto-regulação

e a

metacognição

surgem

associadas em

diversos

pro

gra

ma

s d

e

inte

rven

ção

p

are

ce-n

os

imp

orta

nte

su

blin

ha

r a

lgu

ma

s

distinções. Nom

eadamente, que os teóricos da auto-regulação não focalizam

a sua investigação na generalidade da realização estratégica, aspecto que é

central à metacognição, centrando-se, por outro lado, no estudo da form

a e

da função

das com

ponentes auto-regulatórias

(e. g.,

auto-monitorização,

esta

be

lecim

en

to

de

o

bje

ctivos,

au

to-re

forço

) (Z

imm

erm

an

, 1

99

5).

A

investigação ao longo dos últimos 10 anos tem

revelado que as razões dos

alunos para estudar desempenham

um papel im

portante na forma com

o estes

seleccionam e aplicam

as diferentes estratégias às tarefas de aprendizagem.

Esta perspectiva conduziu a um

incremento do papel dos objectivos pessoais

nos modelos m

ais recentes da auto-regulação da aprendizagem (A

lexander,

1995; Pintrich, 2000; Z

imm

erman, 1998, 2000). U

ma outra distinção refere-se

ao facto de a auto-regulação não se relacionar apenas com a intenção de

monitorizar a realização cognitiva, m

as também

com a regulação do estado

motivacional

ou afectivo,

comportam

ental e

ambiental

(Sexton,

Harris

&

Graham

, 1998: Winnie, 1995).

Defendem

os que na rota para a promoção de um

a aprendizagem

significativa as estratégias de aprendizagem deveriam

ser englobadas num

processo auto-regulatório

mais

abrangente que

as vertebrasse.

Aauto-

regulação envolve o estabelecimento de objectivos, o desenvolvim

ento e a

adaptação de

diversos m

étodos para

alcançar esses

objectivos. N

este

pro

cesso

o

s a

lun

os

estã

o

mo

tivacio

na

lme

nte

e

nvo

lvido

s e

metacognitivam

ente conscientes

das suas

decisões de

aprendizagem,

processos e produtos resultantes (Zim

merm

an & M

artinez-Pons, 1986, 1988).

Pensam

os que é a tentativa de controlo e monitorização dos processos

cognitivos que distingue o processo auto-regulatório da simples utilização de

uma estratégia de aprendizagem

. Este é, inclusive, um

aspecto chave do

processo de conhecimento dos sujeitos sobre as condições nas quais é

adequado aplicar

as diferentes

estratégias de

estudo às

situações de

aprendizagem com

as quais se confrontam. P

or exemplo, para prom

over a

aprendizagem

da estratégia

de recolha

de inform

ação e

tomada

de

apontamentos seria desejável que todos os professores do conselho de turm

a

proporcionassem aos alunos oportunidades diferenciadas, na tarefa e no

conteúdo, para treinar a referida estratégia. Desta feita, os alunos poderiam

reconhecer que

diferentes tarefas

exigem

abordagens diferenciadas

à

estratégia. Tirar apontamentos de um

documentário sobre o sistem

a digestivo

que é projectado durante a aula é diferente de utilizar a mesm

a estratégia de

aprendizagem quando se estuda em

casa ou na biblioteca um texto sobre a

organização do antigo Egipto. A

primeira abordagem

centra-se na velocidade

da tomada das notas possivelm

ente a um nível verbatim

, enquanto que no

segundo cenário

o aluno

pode centrar-se

nos aspectos

principais da

informação organizando-os num

a estrutura com significado. E

m am

bos os

casos os

alunos necessitam

de

conhecer o

propósito da

tomada

dos

apontamentos, as condições em

que vai ser avaliada a eficácia da utilização

da estratégia (e. g., estão a preparar-se para um exercício escrito? qual o seu

formato —

múltipla escolha, questões de desenvolvim

ento?), reflectir sobre a

sua importância para os objectivos escolares (e. g., quais são os m

eus

objectivos escolares face a esta matéria ou disciplina?), decidir sobre o seu

envolvimento na tarefa e antecipar possíveis consequências das diferentes

opções em presença (e. g., "para esta disciplina basta só decorar m

eia dúzia

de coisas para o teste, também

se correr mal, não quero saber"). Todo este

trabalho deve envolver a monitorização da aplicação da estratégia em

face

dos seus objectivos (e. g. "o estudo não está a correr bem. E

stou a só a ler os

apontamentos, percebo tudo, m

as chego ao fim e não m

e lembro de nada,

tenho de mudar de m

étodo''). Neste sentido, sugerim

os que as intervenções

no domínio do ensino e prática das estratégias de estudo deveriam

obedecer

a dois tipos de objectivos. Por um

lado, promover o ensino de um

elenco

alargado de estratégias de aprendizagem para processar a inform

ação de

uma form

a profunda (Rosário, 1999a, 2001). P

or outro, os alunos necessitam

de aprender mais do que um

a colecção de tácticas individuais, pelo que

também

deveriam

aprender

a ser

estratégicos na

escolha, adaptação

e

implem

entação daquelas de uma form

a concertada (Alm

eida, 1996). Se as

intervenções na promoção de estratégias de estudo ensinarem

aos alunos

sequências rígidas para enfrentarem as tarefas de estudo, falham

o seu

objectivo uma vez que não os encorajam

a adoptar, desenvolver e a adaptar

estratégias para responder, diferentemente, às distintas especificidades das

tarefas de aprendizagem. A

transferência destas aprendizagens para outros

domínios ficaria lim

itada e o objectivo de equipar os alunos cognitiva e

motivacionalm

ente para a aprendizagem ao brigo da vida não seria satisfeito

(Arias et al., 1999).

À m

edida que a investigação sobre as estratégias de aprendizagem se

desenvolvia novas questões foram surgindo: as estratégias de aprendizagem

são modificáveis? É

possível incrementar o repertório das estratégias de

aprendizagem dos alunos m

elhorando o seu rendimento escolar? Q

ual o

cerne da auto-regulação da aprendizagem?

Aprendizagem

auto-regulada: delimitação conceptual

Os

aprendizes auto-reguladores

distinguem-se

pela form

a com

o

perspectivam

o seu

papel no

processo de

aprendizagem.

Encaram

a

aprendizagem escolar com

o uma actividade pro-activa, que requer processos

de

a

uto

-inicia

tiva

mo

tivacio

na

l, co

mp

orta

me

nta

l e

m

eta

cog

nitivo

s

(Zim

merm

an, Greenber &

Weinstein, 1994). E

stes alunos auto-reguladores da

sua aprendizagem

habitualm

ente sobressaem

nas

suas turm

as, sendo

facilmente identificados pelos docentes através, por exem

plo, dos objectivos

instrutivos que estabelecem para si próprios, norm

almente m

ais ambiciosos

do que os previstos curricularmente, da sua com

petência na monitorização do

estudo e da eficácia do seu planeamento estratégico (R

osário et al., 2001).

Nas palavras de B

oekaerts (1996): "Os estudantes que regulam

a sua própria

aprendizagem são aqueles que possuem

a capacidade de, por um lado,

exe

rcer

con

trolo

so

bre

a

s d

ifere

nte

s d

ime

nsõ

es

do

p

roce

sso

de

aprendizagem,

incluindo a

selecção, com

binação e

a coordenação

das

estratégias cognitivas num determ

inado contexto e, por outro, de canalizar

recursos para os diferentes aspectos do processo de ensino-aprendizagem,

sem m

uitos custos para o seu bem-estar" (p. 102).

O construto de auto-regulação está relacionado com

o grau no qual os

alunos se

sentem

metacognitiva,

motivacional

e com

portamentalm

ente

participantes no seu processo de aprendizagem (Z

imm

erman &

Martinez-

Pons, 1986). P

or este motivo, para que os alunos possam

ser identificados

como auto-regulados, a sua aprendizagem

deve envolver o uso de estratégias

específicas para alcançar os objectivos escolares estabelecidos com base

nas suas percepções de auto-eficácia. Esta assunção sublinha três aspectos

essenciais no estudo dos processos de auto-regulação da aprendizagem: as

estratégias de

auto-regulação da

aprendizagem

dos alunos,

as suas

percepções de auto-eficácia e o seu envolvimento nos objectivos educativos.

As

estratégias de

auto-regulação da

aprendizagem

são definidas

por

Zim

merm

an (1989) como: "(...) as acções e processos dirigidos para adquirir

informação ou com

petência que envolvem actividade, propósito e percepções

de instrumentalidade por parte dos alunos" (p. 329), incluindo m

étodos tais

como a organização e transform

ação do material a ser aprendido, a procura

de informação, a repetição e a utilização da m

emorização com

preensiva

(Zim

merm

an & M

artinez-Pons, 1986). A

auto-eficácia refere-se às percepções

dos alunos

acerca das

suas próprias

capacidades de

organização e

implem

entação das

acções necessárias

para alcançar

um

determinado

objectivo ou o desenvolvimento de um

a competência para realizar um

a tarefa

específica (Bandura, 1986, 1997; B

andura & S

chunk, 1981).

Os objectivos escolares, o terceiro elem

ento considerado, variam não

só relativamente à sua natureza, m

as também

quanto ao estabelecimento do

timing

necessário para os alcançar. Os exem

plos mais típicos e com

uns de

objectivos escolares estabelecidos pelos alunos estão relacionados com a

ob

ten

ção

d

e

classifica

çõe

s e

scola

res

ele

vad

as,

o

incre

me

nto

d

o

reconhecimento social e o alargam

ento do leque de oportunidades laborais,

entre outros (Zim

merm

an, Bonner &

Kovach, 1996). A

ssim, a auto-regulação

da aprendizagem pode ser definida com

o: "(...) os processos pelos quais os

alunos activam e sustêm

cognições, comportam

entos e afectos, que são

sistematicam

ente orientados para alcançar os seus objectivos" (Schunk &

Zim

merm

an, 1994, p. 309). Este construto refere-se, assim

, à regulação de

pensamentos, sentim

entos e acções que são sistematicam

ente desenhados

para afectar a aprendizagem do conhecim

ento (Zim

merm

an, 1989, 1994;

Zim

merm

an & K

isantas, 1997). Os processos de auto-regulação, focalizados

na aprendizagem

, são

complexos

e incluem

estratégias

tais com

o: a

concentração, organização, codificação e revisão do material a ser recordado

num am

biente de trabalho produtivo; a manutenção de crenças positivas

acerca das suas capacidades e do valor da sua aprendizagem; a antecipação

dos resultados das suas acções escolares e a experiência de satisfação

resultante das

consequências dos

seus esforços

(Rosário,

1997, 1999b;

Schunk, 1994).

Queria apresentar-vos a M

afalda. Estuda no 11.°

ano e está a preparar

os primeiros exercícios escritos do período escolar. E

m prim

eiro lugar aponta

na sua agenda os dias dos referidos exercícios, mas tam

bém o seu intervalo

tendo em atenção a com

plexidade dos conteúdos e o seu interesse pelas

matérias. E

stes dados são importantes para a elaboração de um

a planificação

das tarefas de vida (e. g., encargos em casa, actividades de tem

po livre,

voluntariado) e do seu estudo. Na preparação específica para o exercício de

História, faz um

primeiro reconhecim

ento da matéria, um

a leitura na diagonal:

títulos, tópicos, textos ilustrativos, apontamentos da aula, para ficar com

uma

ideia geral da matéria. E

m seguida, avança para um

a primeira leitura, tirando

apontamentos das ideias principais e sublinhando os conteúdos que julga

relevantes. O

rganiza os

tópicos recolhidos

e vai

encadeando as

ideias

principais num esquem

a. Quando enfrenta um

a passagem m

ais complicada,

lê-a e relê-a até lhe conferir um sentido, tentando concretizar em

exemplos os

conteúdos que está a estudar. O seu trabalho está orientado para tentar

identificar e compreender as questões a que o autor está a tentar responder

com

a argum

entação expressa

no m

anual. U

tiliza activam

ente o

auto-

questionamento e tenta orientar o seu estudo para a construção dessas

respostas. Para que o cansaço não se instale, faz intervalos regulares e

controla o tempo de estudo pensando no m

erecido descanso e nos seus

objectivos. Identifica

distractores (e.

g., program

as na

TV

, toques

no

telemóvel, m

ensagens...) e tenta proteger o estudo da sua intrusão. Pede

ajuda aos

colegas tentando

saber com

o enfrentaram

as

passagens ou

questões difíceis e que estratégias escolheram, seleccionando as que a

podem ajudar a alcançar os seus objectivos. N

o repertório de estudo da

Mafalda podem

os analisar quatro aspectos que constituem o cerne da sua

mestria:

possui um

a im

agem

mental

clara dos

seus objectivos;

está

consciente das

dificuldades que

lhe poderiam

dificultar

a aprendizagem

;

utiliza, consciente e deliberadamente, estratégias de aprendizagem

tais como

a selecção da informação. a repetição com

preensiva entre outras para atingir

os seus objectivos; e por último, exercita ao longo do seu trabalho o controlo

sobre os seus afectos e cognições. Com

o podemos explicar a com

petência

auto-regulatória da Mafalda?

Existem

m

uitos m

odelos de

auto-regulação da

aprendizagem

que

propõem diferentes construtos e conceptualizações (B

oekaerts, 1995, 1996;

Boekaerts &

Niem

ivirta, 2000; Corno, 1993; P

intrich, 1994, 2000; Pintrich &

De

Groot, 1990; Z

imm

erman &

Martinez P

ons, 1986, 1988; Zim

merm

an, 1998,

2000); no

entanto, todos

partilham

um

conjunto de

assunções gerais.

Apresentarem

os seguidamente quatro aspectos que reúnem

consenso entre

os diferentes desenhos auto-regulatórios. Em

primeiro lugar, os m

odelos,

numa linha cognitiva, encaram

os alunos como construtores activos dos seus

próprios significados,

objectivos e

estratégias a

partir da

informação

disponível. Os aprendizes não são m

eros recipientes, passivos à informação.

Pelo contrário, durante o processo de aprendizagem

estão mentalm

ente

activos exercendo,

desta form

a, um

controlo

sobre o

seu processo

de

aprendizagem

(Pintrich

&

Schrauben,

1992). U

m

segundo aspecto

está

rela

cion

ad

o

com

o

fa

cto

de

co

nsid

era

rem

q

ue

o

s a

lun

os

po

de

m

potencialmente m

onitorizar, controlar, e regular certos aspectos da sua própria

cognição, motivação e com

portamento, tal com

o alguns aspectos do seu

am

bie

nte

. E

xistem

co

nstra

ng

ime

nto

s b

ioló

gico

s, d

ese

nvo

lvime

nta

is e

contextuais entre outros, que interferem na regulação, m

as esta é possível.

Um

terceiro aspecto refere-se ao facto de todos assumirem

que existe algum

tipo de

critério, objectivos

ou valores

de referência

de acordo

com

as

diferentes designações, que serve de referencial face ao qual o aluno pode

avaliar os produtos obtidos e concluir da necessidade de modificar o rum

o do

percurso dos seus investimentos escolares. U

m exem

plo clássico é o do

termostato do aquecim

ento de uma casa. A

temperatura desejada é m

arcada

nos monitores da m

áquina (estabelecimento do objectivo), após o qual o

termostato m

onitoriza a temperatura am

biental (processo de monitorização)

regulando a saída de ar quente dos aparelhos (controlo e processo de

regulação) com vista a atingir a tem

peratura estabelecida. Da m

esma form

a,

os alunos podem estabelecer objectivos escolares para a sua aprendizagem

e adequarem os seus processos cognitivos e m

otivacionais para os atingirem.

O

último

aspecto refere

que todos

os m

odelos encaram

as

actividades

auto-regulatórias com

o m

ediadores entre

as características

pessoais e

contextuais e o rendimento escolar obtido. A

s características pessoais ou

ambientais não influenciam

o rendimento ou a aprendizagem

directamente. É

o processo de auto-regulação da cognição, motivação e com

portamento que

medeia as relações entre a pessoa, o contexto e o rendim

ento. Um

a vez

assumidas

estas com

unalidades podem

os caracterizar

a auto-regulação

como um

processo activo no qual os sujeitos estabelecem os objectivos que

norteiam a sua aprendizagem

tentando monitorizar, regular e controlar as

suas cognições, motivação e com

portamentos com

o intuito de os alcançar

(Rosário, 2001).

Ateoria sócio-cognitiva da auto-regulação da aprendizagem

Bandura

(1986, 1993)

apresenta um

m

odelo explicativo

da auto-

regulação da

aprendizagem

dos alunos

como

uma

série de

interacções

recíprocas de

variáveis pessoais,

de com

portamento

e contextuais.

A

essência desta formulação triárquica de B

andura (1986) (cf. Figura 1) é

patente na sua afirmação: "(...) com

portamento é, pois, um

produto de duas

fontes de influência, a auto-gerada e uma externa" (p. 454). N

o entanto, a

reciprocidade de influência descrita não pode ser entendida como significando

simetria; por exem

plo, em escolas com

regulamentos de com

portamento

restritivos ou

currículos m

uito estruturados,

os alunos

podem

não ter

oportunidade de exercitar algumas form

as de aprendizagem auto-regulada,

tais com

o o

planeamento

ou o

estabelecimento

de auto-recom

pensas

(Zim

merm

an & B

andura, 1994b; Zim

merm

an & S

chunk, 1994).

Figura 1 - A

nálise triárquica do funcionamento auto-regulatório

(Bandura, 1986)

Aaprendizagem

auto-regulada "(...) ocorre no grau em que o aluno

possa utilizar processos pessoais (i. e., auto-) para estrategicamente regular

o comportam

ento e o ambiente educativo circundante" (Z

imm

erman, 1989, p.

330). Neste sentido, apesar de as estratégias de aprendizagem

, de acordo

com a teoria apresentada, poderem

ser despoletadas pelo ambiente (e. g.,

através da instrução na sala de aula), estas só podem ser reconhecidas com

o

auto-reguladas se estiverem a ser controladas pelos processos pessoais, o

estabelecimento de objectivos e as percepções de auto-eficácia dos alunos

(Zim

merm

an, 1998, 2000). Ainvestigação tem

sugerido que a auto-eficácia,

uma variável pessoal, influencia o com

portamento do aluno face ao seu

estudo pessoal, por exemplo, na escolha do tipo de tarefas escolares a

realizar (mais ou m

enos complexas), no esforço despendido e na persistência

manifesta na realização das m

esmas (B

andura, 1982; Schunk, 1994). A

auto-

eficácia percebida, ou a crença dos alunos sobre as suas capacidades para

aprender ou realizar comportam

entos no nível pretendido, é uma variável

Pessoa

Com

portamento

Am

biente

chave no processo auto-regulatório (Schunk, 1989, 1996). O

s alunos auto-

reguladores eficazes são mais capazes de escolher e trabalhar questões

escolares, investir e persistir no estudo, apesar dos obstáculos e dificuldades

em com

petição. Aúltim

a variável considerada, o comportam

ento, tal como já

foi referido (cf. Figura 1), tam

bém influencia as variáveis pessoais (B

andura,

1993). Por exem

plo, à medida que os alunos trabalham

num determ

inado

conteúdo escolar e vão percebendo progressos, experienciam capacidade

para aprender incrementando os seus níveis de auto-eficácia (Z

imm

erman,

1995).

O desenvolvim

ento dos processos de auto-regulação daaprendizagem

Que condições pessoais, sociais e do am

biente contribuem para que

os alunos sejam m

ais ou menos com

petentes na auto-regulação da sua

aprendizagem escolar? S

chunk e Zim

merm

an (1994a, b) sugeriram que a

auto-regulação da aprendizagem em

erge de duas fontes essenciais: a social

e a das experiências directas. As fontes sociais incluem

a ajuda de adultos

(e. g., pais e professores) e a dos pares (e. g., colegas e amigos). A

lgumas

destas fontes sociais envolvem esforços para adquirir e im

plementar técnicas

específicas de

auto-regulação, tais

como

a exposição

sobre as

regras

gramaticais da língua portuguesa ou as "velhas sabatinas" universitárias para

tirar dúvidas com colegas e preparar exam

es. Outras influências sociais são

mais

informais

e subtis,

tais com

o as

expectativas parentais

sobre a

responsabilidade dos

filhos para

realizarem

competentem

ente os

seus

trabalhos de

casa, estudar,

e obterem

sucesso

escolar (S

teinberg &

Dornbush, 1996). A

pesar da investigação ecológica sobre a auto-regulação da

aprendizagem em

contexto escolar ser recente, é pouco provável que esta

capacidade emirja som

ente através da instrução formal "(...) a capacidade de

auto-regular em

erge naturalm

ente em

clim

as sociais

de dedicação

e

propósitos com

uns, tais

como

numa

família

ou num

a escola

efectiva"

(Zim

merm

an, Bonner &

Kovach, 1996, p. 8).

Os dados disponíveis na literatura apontam

para a importância de

outras variáveis tais como as expectativas dos pais sobre o sucesso dos seus

filhos, o seu suporte directo e indirecto ao estudo, a marcação de trabalhos de

casa que permitam

o exercício de uma aprendizagem

significativa fora do

contexto da sala de aula, e a interacção cooperativa dos alunos com os seus

pares (Zim

merm

an & R

isemberg, 1997; P

urdie & H

attie, 1990. Steinberg e

Dornbush (1996) revelaram

que os pais dos alunos com sucesso escolar

sustentam fortes expectativas quanto às classificações elevadas dos seus

filhos e monitorizam

o seu trabalho, quer directamente com

apoio no seu

trabalho escolar, quer indirectamente, investindo em

programas de extensão

dos seus conhecimentos, tais com

o cursos de línguas estrangeiras e de

informática. E

stes alunos também

procuram a ajuda dos seus pais e pares

mais frequentem

ente do que os alunos com classificações escolares m

ais

baixas distinguindo-se também

pelo seu empenham

ento em obter sucesso no

seu trabalho escolar e pelo seu sólido sentido de auto-eficácia para alcançar

este objectivo (Caplan et al., 1992; N

ewm

an, 1990).

Tradicionalmente os T

PC

(trabalhos para casa) foram utilizados pelos

professores com

o um

m

eio, em

bora m

uitas vezes

esta intencionalidade

ed

uca

tiva

o

fosse

p

rom

ovid

a,

pa

ra

de

sen

volve

rem

n

os

alu

no

s

competências

escolares extra-aula.

Neste

sentido, os

trabalhos de

casa

poderiam assum

ir-se como um

a ferramenta para o treino auto-regulatório dos

alunos, se este fosse estruturado para possibilitar a utilização de estratégias

de auto-regulação

e a

avaliação dos

resultados alcançados

face aos

objectivos escolares

previamente

estabelecidos (Z

imm

erman,

Bonner

&

Kovach, 1996; C

hambers, 1992, 1994). "(...) um

a das condições essenciais

para o exercício da auto-regulação é a possibilidade de avaliação e controlo

sobre a

escolha. N

ão podem

ser

realizadas inferências

acerca das

competências de auto-regulação se os alunos não tiverem

opções ou não

puderem controlar um

a dimensão essencial da sua aprendizagem

, tal como

um m

étodo para estudar" (Zim

merm

an, 1994, p. 6). De qualquer form

a, e de

acordo com os teóricos da auto-regulação, estes alunos só desenvolvem

a

sua

a

uto

-reg

ula

ção

se

vive

ncia

rem

o

po

rtun

ida

de

s d

e

a

exib

ir

autonomam

ente. Tal como Z

imm

erman, B

onner e Kovach sugerem

: "(...) outra

mensagem

que os educadores deveriam transm

itir: a aprendizagem é um

a

experiência pessoal

que requer

uma

participação do

estudante, activa,

informada e dedicada" (1996, p. 21).

Estas sessões de trabalho individual em

casa ou na biblioteca, apesar

de

a

utó

no

ma

s, sã

o

freq

ue

nte

me

nte

e

strutu

rad

as,

cale

nd

ariza

da

s e

andaimadas

pelos pais

ou "explicadores",

que elim

inam

distractores e

monitorizam

as tarefas reforçando os avanços escolares. Este tem

po de

trabalho pessoal fazendo parte do dia-a-dia, promove a rotinização destas

competências, sublinhando a im

portância do esforço pessoal em ordem

a

alcançar a mestria. U

m desenvolvim

ento optimal da auto-regulação escolar

dos alunos parece estar assim intrinsecam

ente relacionado com am

bientes

sociais que suportem e prom

ovam m

uitas oportunidades para a sua prática

(Rosário et al., 2001). E

stas duas fontes descritas (social e a das experiências

directas) são

referenciadas nas

teorias da

auto-regulação académ

ica

(Zim

merm

an & S

chunk, 1989). No entanto, a questão processual de com

o a

ambiência

social e

a prática

auto-dirigida prom

ovem

e favorecem

os

pro

cesso

s d

e

au

to-re

gu

laçã

o

da

a

pre

nd

izag

em

n

ão

e

stá

ain

da

completam

ente compreendida.

Fases

do desenvolvim

ento da

auto-regulação da

aprendizagem

Zim

merm

an e colaboradores formularam

um m

odelo sócio-cognitivo

do desenvolvimento da com

petência auto-regulatória (Schunk &

Zim

merm

an,

1996, 1997; Zim

merm

an, 2000). Com

o pode ser observado no Quadro 1 o

modelo sugere que a com

petência académica se desenvolve inicialm

ente a

partir de fontes sociais para subsequentemente em

ergir do controlo do próprio

suje

ito.

Os

prim

eiro

s d

ois

níve

is (o

bse

rvacio

na

l e

e

mu

lativo

) e

stão

dependentes das fontes sociais enquanto nos seguintes níveis (auto-controlo,

auto-regulação) a fonte da influência foi deslocada para o próprio sujeito. Os

alunos m

enos experientes

academicam

ente adquirem

as

competências

rudimentares para lidarem

com a inform

ação através da modelação social,

ensino e

encorajamento

directo. N

este nível

observacional os

alunos

ap

ren

de

m

info

rma

ção

so

bre

a

s e

straté

gia

s, m

as

o

são

a

ind

a

necessariamente com

petentes para as aplicarem a um

a determinada tarefa

de aprendizagem.

Quadro 1 - M

odelo sócio-cognitivo do desenvolvimento da com

petência

auto-regulatória (Adaptado de S

chunk & Z

imm

erman, 1997)

Com

o sugerem

B

andura e

colaboradores (B

andura, 1977,

1997;

Schunk, 1987, S

chunk & Z

imm

erman, 1997), aprender vicariam

ente não

implica ser capaz de realizar. O

s aprendizes necessitam de prática guiada

com feed-back

para conseguirem desenvolver as com

petências aprendidas. A

este nível a informação não está ainda internalizada. O

nível seguinte, o

emulativo, é alcançado quando a realização do aluno se aproxim

a do modelo

observado (e. g., comportam

ento do professor na análise de um poem

a). A

principal diferença entre estes dois primeiros níveis está relacionada com

o

facto do segundo envolver a realização da competência ou da estratégia.

Contudo, esta aprendizagem

também

não está internalizada uma vez que o

aluno ainda necessita de assistência externa, por exemplo de dem

onstração

guiada na realização da tarefa para a conseguir realizar por si próprio. Nestes

dois níveis as fontes de aprendizagem são em

inentemente sociais um

a vez

que os alunos requerem a exposição ao m

odelo para conseguirem realizar a

tarefa. O terceiro nível, auto-controlado, envolve a capacidade do aluno

utilizar a estratégia autonomam

ente quando realiza tarefas similares. D

urante

esta fase a competência ou estratégia é internalizada, apesar de estar m

uito

próxima do m

odelo observado. Os alunos ainda não desenvolveram

uma

representação independente nem m

odificaram as representações observadas

ajustando-as a formatos com

os quais se sintam m

ais identificados e que

incrementem

a sua eficácia (e. g., realizam a tarefa sozinhos e na ausência

de um m

odelo, mas não são ainda capazes de arriscar um

a "nota pessoal" na

realização da tarefa). O últim

o nível de desenvolvimento da com

petência

Níve

l d

e

de

sen

volvim

en

toIn

fluê

ncia

s so

ciais

Au

to-in

fluê

ncia

s

Observacional

Modelos

Descrição verbal

Em

ulativoP

rática guiada

Feed-back

Auto-controlado

Critérios internos

Auto-reforço

Auto-regulado

Processos auto-regulatórios

Crenças de auto-eficácia

auto-regulatória im

plica que

os alunos

sejam

capazes de

adaptarem

as

estratégias à medida que as condições pessoais e contextuais se m

odifiquem.

Neste

nível é

suposto que

os aprendizes

utilizem

as estratégias

de

aprendizagem incorporando ajustam

entos em face dos constrangim

entos dos

contextos e tarefas e mantendo níveis de investim

ento motivacional que lhes

permitam

atingir os objectivos propostos.

Em

sum

a, segundo

Zim

merm

an e

colaboradores (e.g.,

Schunk

&

Ertm

er, 1999; Schunk &

Zim

merm

an, 1997; Zim

merm

an, 1998, 2000), a

aprendizagem

tem

o seu

início com

a

aquisição observacional

de um

a

determinada

estratégia de

aprendizagem

e prossegue

através do

seu

exercício emulativo, internalização do auto-controlo até à adaptação auto-

regulada (Schunk &

Zim

merm

an, 1997). Areciprocidade triárquica do m

odelo

sócio-cognitivo já referenciado é evidente. Os factores sociais do am

biente

influenciam os com

portamentos e os factores pessoais, o que por sua vez se

reflecte no

ambiente

social. P

or exem

plo, quando

os alunos

realizam

incorrectamente um

a tarefa, os professores oferecem ajuda tentando corrigir

a sua prática inadequada. O resultante increm

ento no resultado escolar tende

a reflectir-se

nas suas

percepções de

auto-eficácia e

no subsequente

investimento na tarefa. A

proposta teórica apresentada não obedece a uma

lógica sequencial rígida, os alunos sem acesso a m

odelos relevantes num

determinado dom

ínio podem, contudo, desenvolver estratégias pessoais para

lidar com as tarefas de aprendizagem

, por exemplo, aprendendo a tocar um

instrumento

de ouvido.

No

entanto, a

sua progressão

para níveis

de

excelência pode estar comprom

etida sem o necessário apoio social.

Anatureza das estratégias de aprendizagem

O principal objectivo da instrução das estratégias de aprendizagem

está orientado

para capacitar

os alunos

como

"bons utilizadores

de

estratégias" ou "bons pensadores" (Pressley, B

orkowski, &

Scheidner, 1987;

Pressley &

Woloshyn, 1995). U

m aluno "bom

utilizador de estratégias" é

entendido como aquele que dom

ina três tipos de conhecimento sobre as

estratégias de aprendizagem: declarativo, procedim

ental e condicional. O

primeiro está relacionado com

o conhecimento sobre as diferentes estratégias

de aprendizagem, sobre o seu núcleo substantivo (P

aris & B

ymes, 1989). P

or

exemplo, saber que a lógica subjacente à estratégia de sublinhar não é

estética, ou

seja, o

resultado da

sua aplicação

não tem

de

ser um

a

conjugação cromática harm

oniosa de riscos precisos entremeando as linhas

de um determ

inado texto. O sublinhado consiste num

processo de tomada de

decisão sobre

o núcleo

substantivo da

informação

apresentada, que

é

sinalizado habitualmente através de um

traço identificativo deste juízo. O

conhecimento procedim

ental, por sua vez, refere-se ao saber como utilizar

estas estratégias. Continuando com

o exemplo, conhecer com

o sublinhar

significaria conseguir

explicar a

estratégia por

palavras próprias

sendo

competente

na sua

aplicação a

diferentes tarefas

de aprendizagem

. A

aquisição destes

dois tipos

de conhecim

ento im

plica diferentes

tipos de

instrução. Os alunos podem

adquirir o conhecimento declarativo sobre as

estratégias através

da instrução

directa realizada

pelos professores

e

corroborada, desejavelmente, pelos pais e outros educadores intervenientes

no processo desenvolvimental dos jovens. C

ontudo, necessitarão de espaço

e oportunidade para praticar a utilização destas estratégias em contexto para

poderem aprender e treinar a sua utilização. U

m aluno pode conhecer com

o

realizar um

resum

o, m

as tem

de

realizar alguns,

bastantes!, e

receber

feed-backdirecto e atem

pado até se sentir competente na utilização desta

estratégia de aprendizagem.

Aaquisição de conhecim

ento condicional sobre as estratégias também

requer um tipo especializado de instrução. O

conhecimento condicional está

relacionado com conhecer quando utilizar um

a determinada estratégia (P

aris,

Lipson & W

ison, 1983). Os alunos necessitam

de conhecer os aspectos

positivos, as constrições e os custos inerentes à opção e utilização de uma

determinada estratégia de aprendizagem

. Estas não devem

ser encaradas

como colecções de ferram

entas de aprendizagem pronto-a-usar, de validade

universal, independentemente das situações e tarefas de aprendizagem

. A

utilização de um m

apa de ideias é uma estratégia apropriada ao estudo de

conteúdos complexos organizados de um

a forma holística, um

a vez que a

utilização desta estratégia visa estabelecer um guião das relações entre os

conceitos respeitando

as hierarquias

conceptuais sugeridas.

Os

alunos

utilizando esta

estratégia poderão

encontrar um

a lógica

vertebradora da

organização conceptual da informação, contudo, esta estratégia exige um

gasto elevado de tempo na sua realização. P

or esse motivo, na sua opção

devem ser tidos em

consideração, não só a tipologia da tarefa, mas tam

bém

as constrições associadas, por exemplo, prazos apertados de entrega de um

trabalho, que conjuntamente podem

desaconselhar a sua utilização. Um

robusto conhecim

ento condicional

pode favorecer

a transferência

das

competências

de utilização

das estratégias

de aprendizagem

a

outros

contextos e situações (Paris et al., 1983).

Tipologias de instrução das estratégias de aprendizagem:

implicações para a prática

Nos anos 90 foram

realizadas três revisões da literatura referentes à

investigação realizada em torno dos program

as para ensinar estratégias de

aprendizagem

que, habitualm

ente, surgem

sob

o descritor

study skills

programs

(Hadw

in & W

innie, 1996; Hattie, B

iggs & P

urdie, 1996; Sim

pson,

Hynd &

Burrel, 1997). N

ão é nossa intenção propor uma nova revisão da

literatura, m

as sim

aproveitar

o trabalho

realizado e

reflectir sobre

as

propostas e

conclusões apresentadas

retirando algum

as ilações

para a

prática.Sim

pson e colegas propuseram em

1997 uma grelha de análise dos

programas e intervenções na área das com

petências de estudo focalizando o

seu estudo

num

critério de

avaliação: a

amplitude

da transferência

das

estratégias de

aprendizagem

trabalhadas. A

presentaram

uma

taxonomia

organizada em

cinco

categorias gerais.

Aprim

eira inclui

os cursos

de

aprender-a-aprender que apresentam um

a natureza desenvolvimental m

ais

do que uma orientação lacunar com

vista à redução de deficitsna área das

estratégias de

aprendizagem.

Estes

programas

estão orientados

para a

promoção de alunos auto-reguladores da sua aprendizagem

desenvolvendo

um reportório de estratégias de aprendizagem

modificável em

função das

tarefas escolares

específicas. E

sta ênfase

nas estratégias

cognitivas,

metacognitivas e m

otivacionais é consonante com a literatura dos m

odelos da

aprendizagem auto-regulada que sugere a im

portância de privilegiar nas

intervenções quer a motivação quer a cognição —

Will and S

kill(Boekaerts,

1996; B

oekaerts &

N

iemvirta,

2000; P

intrich, 1989,

2000; P

ressley &

Woloshyn, 1995; S

chunk & Z

imm

erman, 1994; Z

imm

erman, 1998, 2000). A

tipologia de cursos integrada nesta categoria está orientada para a promoção

de processos. Os alunos são encorajados a identificar e utilizar estratégias

apropriadas às

diferentes condições

de aprendizagem

. E

sta orientação

promove a transferência das aprendizagens para outros contextos um

a vez

que os alunos desenvolvem um

a consciência das condições associadas a

cada uma das tarefas específicas de aprendizagem

treinando a opção por

aquelas que possam servir os seus objectivos. O

s alunos que participaram em

cursos sob o rótulo geral de aprender-a-aprender apresentaram um

a melhoria

na média do seu rendim

ento escolar (Weinstein, 1994). A

segunda categoria

descrita inclui cursos similares aos anteriores, m

as referenciados a uma

de

term

ina

da

á

rea

d

e

con

teú

do

. S

ão

d

e

na

ture

za

de

sen

volvim

en

tal,

veiculando as estratégias de aprendizagem num

a determinada disciplina de

estudo ou área de conhecimento. E

stes programas prom

ovem o sucesso

escolar nessa

disciplina ou

área onde

foram

trabalhadas, m

as não

foi

encontrada evidência de que essas competências tenham

sido transferidas

para outros domínios de estudo (H

attie et al., 1996; Sim

pson et al., 1997). A

terce

ira

cate

go

ria

inclu

i in

terve

nçõ

es

po

ntu

ais,

curso

s d

e

Ve

rão

o

u

programas-ponte entre dois ciclos de estudo (e. g., 3.°

CE

B e S

ecundário).

Estes cursos são orientados sob um

a lógica lacunar, focalizando alguns

aspectos estratégicos (e. g., técnicas de leitura ou competências de escrita)

para alunos

com

dificuldades de

aprendizagem

ou com

o

intuito de

os

preparar para uma determ

inada etapa da sua vida escolar (e. g., cursos de

estratégias de aprendizagem para os alunos do 1°

ano da Universidade). A

investigação refere que a frequência destes cursos/módulos não favoreceu a

transferência das

competências

aprendidas e

trabalhadas para

domínios

adjacentes. As explicações apresentadas podem

estar relacionadas quer com

a duração das intervenções, habitualmente cursos de pouca duração, quer

com

a pouca

incidência no

treino ou

na prática

da aplicação

a outros

domínios.

Aquarta

categoria agrupa

cursos integrando

o exercício

das

competências de leitura e a escrita. E

ste tipo de programas são referenciados na

literatura com

o "escrever-para-aprender"

ou "escrever-ao-longo-do-currículo"

(Writing

to learn

e W

riting across

the curriculum

) e,

habitualmente,

são

constituídos por módulos orientados para o processo por oposição a outras

metodologias de ensino de estratégias de aprendizagem

orientadas para o

produto. O form

ato destes cursos varia, mas tipicam

ente envolvem m

ódulos

onde são treinadas, a par, as competências de leitura e de escrita. O

seu

objectivo está

orientado para

incrementar

a proficiência

de escrita

e, por

consequência, o sucesso escolar. Contudo, com

o refere Ackerm

an (1993), estes

programas não apresentaram

resultados consistentes.

Aúltim

a categoria

inclui os

serviços assistenciais

na área

das

competências

de estudo

oferecidos por

gabinetes especializados.

Estas

intervenções pontuais são solicitadas pelos alunos à medida que sentem

necessidade de ajuda para enfrentar as dificuldades de aprendizagem com

que se confrontam (e. g., preparação para as provas específicas). E

ste

serviço é habitualmente avulso e ateorético, um

a vez que não existe um

racional teórico onde estas intervenções pontuais estejam ancoradas. O

s

dados quantitativos referenciados na literatura são insubstantivos, pelo que

não é possível concluir do seu impacto no rendim

ento escolar dos alunos

(Sim

pson, et al., 1997).

Outro

método

utilizado para

ajudar os

alunos a

desenvolverem

estratégias de aprendizagem efectivas no contexto de um

a determinada área

de conteúdo foi apelidado de metacurriculum

(Weinstein &

Meyer, 1994) ou

infusão curricular.

Os

professores e

educadores que

optam

por esta

metodologia

facultam

aos seus

alunos instrução

relativa às

questões

motivacionais, auto-regulação e estratégias cognitivas que concernem

à sua

área de conteúdo (Entw

istle & Tait, 1992). N

a revisão de literatura sobre as

dife

ren

tes

inte

rven

çõe

s d

as

estra

tég

ias

de

a

pre

nd

izag

em

, H

attie

e

companheiros (1996), em

sintonia com os teóricos da aprendizagem

situada

(Brow

n et

al., 1989),

sugerem

que os

programas

de estratégias

de

aprendizagem apresentam

uma relação m

ais proximal com

o sucesso escolar

quando trabalhados no âmbito de um

contexto e domínio de aprendizagem

específico. As

conclusões sugeridas

pelos três

trabalhos de

revisão da

literatura (S

impson,

Hadw

in e

Hattie)

apontam

no m

esmo

sentido, a

conveniência, urgência — atrevem

o-nos a pontuar —, de incorporar o ensino

da

s e

straté

gia

s d

e

ap

ren

diza

ge

m

no

s p

rog

ram

as

de

fo

rma

ção

d

os

professores para,

posteriormente,

estas poderem

ser

infundidas nos

respectivos currículos das áreas de conhecimento.

Outro aspecto fundam

ental na arquitectura das intervenções, também

nesta área, é o seu desenho. As intervenções de justaposição curricular

proporcionam

instrução na

área das

estratégias de

aprendizagem

num

espaço específico criado para o efeito, de âmbito curricular (e. g., área

curricular não

disciplinar do

estudo acom

panhado), ou

não curricular,

organizado segundo uma tipologia de clube escolar ou curso de estratégias

de aprendizagem em

horário pós-escolar. Ainfusão curricular, por sua vez,

tem com

o objectivo integrar o ensino das estratégias de aprendizagem na

dinâmica própria de cada um

a das áreas curriculares. Am

etodologia da

infusão curricular promove, ao trabalhar as estratégias de auto-regulação da

aprendizagem em

contexto, que os alunos as percebam com

o ferramentas

úteis para aplicação em diversos dom

ínios, e não apenas no curso específico

de técnicas de estudo onde estas são, habitualmente, trabalhadas de um

a

forma avulsa e desancorada teoricam

ente. Utilizando as estratégias de auto-

regulação da aprendizagem em

diferentes contextos, tarefas e áreas de

conteúdo, os programas de infusão curricular increm

entam a probabilidade de

ocorrência da transferência dessas aprendizagens (Salom

on & P

erkins, 1989,

Sim

pson et al., 1997; Zim

merm

an, Bonner &

Kovach, 1996). A

pesar de não

existir um corpo sólido de investigação com

parando programas de infusão

versusprogram

as de justaposição nesta área, os dados sugerem que os

programas de infusão seriam

mais efectivos nos níveis correspondentes à

nossa Escolaridade B

ásica e Secundária (H

adwin &

Winnie, 1996; H

attie,

Biggs &

Purdie, 1996; S

impson et al., 1997).

Centrando a discussão nesta opção disjuntiva, pensam

os que uma

abordagem de infusão curricular pode contribuir m

ais efectivamente para

incre

me

nta

r a

tra

nsfe

rên

cia

da

s a

pre

nd

izag

en

s. N

esta

, o

s a

lun

os

experienciam

oportunidades de

aprender um

roteiro

auto-regulatório da

aprendizagem em

diferentes contextos, tarefas e conteúdos, na presunção de

que pelo exercício constante, pontuado com feed-back, este passe a fazer

parte da

sua abordagem

típica

à aprendizagem

. O

s alunos,

através da

experiência, internalizariam o processam

ento auto-regulatório, enfrentando as

tarefas de aprendizagem com

esta moldura conceptual. A

s estratégias de

auto-regulação da aprendizagem deixariam

, então, de ser encaradas como

tácticas avulsas,

mas

sim

como

uma

lógica orientadora

de toda

a sua

actividade escolar. Por exem

plo, um aluno que no início do ano lectivo opte

por planificar o seu tempo realizando um

horário que contemple a ocupação

lectiva, as actividades de tempo livre e as dem

ais ocupações. Em

primeiro

lugar planearia a utilização da estratégia de realização de um horário de

estudo, (e. g., porque vou fazer um horário? com

que finalidade? quando?

onde o vou colocar para estar mais visível?). P

osteriormente executaria o

referido horário tendo em atenção a adequação da proposta, (e. g., estudar 5

horas seguidas na tarde livre, será realista no 2°C

EB

? Estudar no horário do

programa televisivo que m

ais gosto de ver?). Mas realizaria tam

bém um

a

avaliação da eficácia da utilização da referida estratégia (e. g., este horário,

para além de decorar o frigorífico, está a ser cum

prido? Se não, porquê? O

que é que vou fazer para mudar a situação? U

m novo horário? U

m controlo

mais

apertado sobre

mim

próprio

para o

cumprir?).

Por

fim,

retiraria

consequências.

Sum

ariamente podem

os identificar dois tipos de questões no que

concerne ao

ensino de

estratégias infundidas

no currículo:

de carácter

pragmático e de nível conceptual. A

s primeiras referem

-se às constrições

programáticas a que os docentes do E

nsino Básico e S

ecundário estão

sujeitos. Muitos docentes referem

que, por motivos vários, não são capazes

de leccionar os conteúdos programáticos estipulados, pelo que seria irrealista

adicionar outros à, já sobrelotada, carga curricular. As questões conceptuais

apresentam-se relacionadas com

a transferibilidade da aprendizagem das

estratégias de auto-regulação a outros domínios do saber e do viver. A

lguns

alunos conseguem

efectivam

ente transferir

aquilo que

aprenderam

num

determinado contexto para novas situações; no entanto, esta com

petência

exige um

conhecim

ento profundo

das estratégias

e de

como

as utilizar

(Salom

on & P

erkins, 1989). Por este m

otivo deveriam ser criadas m

últiplas

oportunidades, em

extensão

e diversidade,

de praticar

a utilização

das

estratégias a tarefas de aprendizagem concretas. N

ão basta apenas conhecer

e compreender a tipologia das diferentes estratégias de aprendizagem

, os

alunos necessitam

igualm

ente de

saber quando

as utilizar.

O

exercício

recorrente da utilização das estratégias de aprendizagem perm

ite alcançar

uma proficiência tal que o foco se concentra com

pletamente no conteúdo a

aprender e

não na

monitorização

da estratégia

de aprendizagem

que

utilizamos para aprender.

Sim

pson e colegas (1997) sugerem que, independentem

ente da lógica

orie

nta

do

ra,

a

inte

rven

ção

d

eve

ria

esta

r d

ese

nh

ad

a

pa

ra

facilita

r a

transferência e, para tal, propõe que os alunos deveriam ser instruídos nos

três aspectos

do conhecim

ento das

estratégias de

auto-regulação da

aprendizagem

já discutidos:

declarativo, procedim

ental e

condicional. E

exercitar a flexibilidade treinando a sua aplicação a diferentes objectivos,

tarefas, áreas de conteúdo e contextos de sala de aula. Em

versões mais

recentes de programas de justaposição (de tipologia não curricular) com

moldura teórica (e. g., M

cKeachie et al., 1985; W

einstein & M

eyer, 1994), este

é um objectivo específico, por oposição a outras versões de program

as de

intervenção que se centram na aplicação rígida de determ

inadas estratégias

de estudo. A

prática extensa

e diversa,

como

já foi

referido, facilita

a

transferibilidade das competências trabalhadas, m

as para que esta seja mais

efectiva os alunos deveriam ser encorajados a reflectir m

etacognitivamente

sobre as suas escolhas estratégicas.

Sternberg

e F

rensch (1993)

sugerem

quatro m

ecanismos

para

promover a transferência que, juntos, apresentam

implicações significativas

para a intervenção na área da promoção das estratégias de aprendizagem

. O

primeiro m

ecanismo está relacionado com

a especificidade da codificação do

material

a aprender,

sugerindo que

a evocação

da inform

ação está

dependente da forma com

o esta foi codificada: "Afim

de se conseguir que os

materiais escolares adquiridos no contexto de um

a sala de aula sejam bem

recordados numa variedade extensa de contextos, por exem

plo, quer no dia

do exame, quer nas diversas situações quotidianas futuras, será aconselhável

que os estudantes efectuem a codificação do m

aterial escolar de um m

odo

flexível" (Pinto, 1992, p. 173). O

s alunos num program

a de aprender-a-

aprender necessitariam de realizar tarefas que intencionalizem

a aplicação

das estratégias de aprendizagem a outros contextos. P

into (1992) conclui

apontando um

cam

inho: "S

e em

vez

de um

a codificação

flexível for

normalm

ente utilizada uma codificação rígida, ..., é m

uito provável que esta

táctica de aprendizagem se revele insuficiente para facilitar a recordação da

informação em

novos contextos futuros" (p. 173). Na m

esma linha, S

tahl,

Sim

pson e

Hayes

(1992) referiram

que

a prática

das estratégias

de

aprendizagem em

tarefas e conteúdos de diferentes áreas e domínios de

aprendizagem favorece um

a transferência natural daquelas aprendizagens. O

segundo m

ecanismo

apresentado por

Sternberg

e F

rensch (1993)

é a

organização da informação na m

emória. A

informação organizada num

quadro

conceptual claro e relacionada com os conhecim

entos prévios dos alunos

favorece a evocação dessa informação (A

lexander & Judy, 1988; P

into, 1996).

Coerentem

ente, o ensino das estratégias deve encorajar o envolvimento dos

alunos na procura e na organização da informação num

formato que lhes seja

sign

ificativo

. O

te

rceiro

m

eca

nism

o

facilita

do

r d

a

tran

sferê

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a

discrim

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, q

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se

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fere

a

o

trein

o

da

ca

teg

oriza

ção

d

as

no

vas

informações com

o relevantes, ou não, para uma nova situação (S

alomon &

Perkins, 1989). O

último m

ecanismo refere-se à intenção de aplicar o que foi

aprendido a outros contextos. Para m

aximizar a transferência da inform

ação

aprendida num contexto para outros, os alunos necessitam

de conhecer quão

úteis são as estratégias para os seus objectivos, como é que a sua utilização

ajudou outros que estavam em

situações similares e por fim

, querer realizá-la.

Palavras finais

Um

aspecto estruturante que emerge da reflexão que apresentám

os

está relacionado com a necessidade do ensino e prática das estratégias de

aprendizagem ser ancorada num

modelo teórico que respalde essa m

esma

prática enervando-a de significado (Hadw

in & W

innie, 1996). Para prom

over

uma aprendizagem

auto-regulada o modelo seguido não deve ser refém

de

uma lógica lacunar. O

seu foco não deve estar na compensação de um

défice,

no pressuposto de que o trabalho dos alunos está baseado em estratégias

inadequadas e

precisa de

ser alvo

de um

a rem

ediação curativa.

Pelo

contrário, os dados referenciados nas revisões da literatura apresentadas

sugerem

que o

ensino e

prática das

estratégias de

auto-regulação da

aprendizagem devem

obedecer a um lógica desenvolvim

ental: ser realizados

em contexto, proporcionando m

uitas e diversificadas oportunidades para que

o aluno possa optar, adequando as diferentes estratégias de aprendizagem às

exigências da tarefa e ao seu estilo de aprendizagem.

Prom

ovendo uma exigente reflexão m

etacognitiva, o ensino e treino

estratégico deve ser encarado como um

balanço entre os objectivos pessoais,

a percepção

de com

petência, as

exigências da

tarefa, as

variáveis

motivacionais em

presença e as constrições institucionais discutindo quais as

estratégias mais adequadas e porque razão. O

aluno necessita de conhecer,

o m

ais extensam

ente possível,

as estratégias

de auto-regulação

da

aprendizagem,

saber com

o se

aplicam

a diferentes

situações e

tarefas

concretas de aprendizagem, m

as também

quando aplicar cada. O ensino e

prática das estratégias de aprendizagem não deveria ser encarado com

o uma

tarefa que fica enclausurada num curso ou área curricular, responsabilidade

de um docente, m

as ser perspectivada como um

a responsabilidade e tarefa

de todo o conselho de turma. A

ausência de referenciação em diferentes

contextos de aprendizagem das estratégias treinadas num

espaço curricular

não disciplinar comprom

ete a eficácia das referidas aprendizagens e a sua

transferibilidade. O "estudo acom

panhado" poderá constituir-se como um

espaço onde

possam

ser respeitadas

estas orientações

gerais auto-

regulatórias sem

pre que

envolva todo

o conselho

de turm

a na

sua

estruturação, com sugestões e tarefas concretas e ofereça um

a tipologia de

tarefas promotora de um

trabalho auto-regulatório efectivo, e não apenas uma

oportunidade para o estudo pessoal avulso ou a resolução de trabalhos que

deveriam ter sido realizados noutros contextos. E

ste pressuposto exige um

guião que neste mom

ento é omisso. E

ste dado dificulta a tarefa mas não

justifica, pensamos, que este tem

po curricular fique sujeito à aleatoriedade do

interesse dos docentes por esta temática ou a outras razões que se situam

a

jusante do problema. E

ste tempo lectivo tem

de ser planificado, implem

entado

e avaliado com a m

esma exigência profissional que os docentes dedicam

às

áreas curriculares disciplinares. É necessário e urgente form

ar os docentes

nesta área. Não só rem

ediativamente, com

acções de formação ou textos

como este ou o de R

ibeiro e colaboradores (2000) — para citar alguns m

ais

recentes —

, m

as tam

bém

infundindo esta

temática

na form

ação das

licenciaturas da via de ensino.

Ou

tros

do

s a

spe

ctos

estru

tura

nte

s d

esta

á

rea

cu

rricula

r e

stá

relacionado com a prom

oção de uma articulação com

os encarregados de

educação. Esta poderia ser potencializada, entre outras hipóteses, através de

sugestões de tarefas escolares para desenvolver em espaços extra-escola.

Os trabalhos de casa, desde que prom

ovam um

efectivo trabalho auto-

regulatório, e não apenas a rotina e mecanização de algoritm

os trabalhados

na sala de aula, poderiam constituir-se com

o o elo de ligação entre estes dois

contextos educativos. O sucesso educativo dos alunos depende em

grande

medida da prom

oção desta sinergia.

Na

linha defendida

por R

andi e

Corno

(2000), som

os críticos

a

abordagens genéricas

ao ensino

de estratégias

separadas do

currículo.

Acreditam

os que o desenvolvimento das com

petências auto-regulatórias dos

alunos está dependente das actividades concretas de aprendizagem que

convidem à exibição de respostas auto-regulatórias forjadas em

ambientes e

contextos específicos de aprendizagem. N

o entanto, pensamos que este

formato curricular do estudo acom

panhado pode ser o primeiro passo para

esse outro, desde que seja perspectivado como um

ponto de partida, apenas.

É neste sentido que organizám

os esta discussão e que estamos a preparar

uma proposta de guião para esta ferram

enta curricular segundo o modelo

teórico sócio-cognitivo que partilhamos. O

trabalho será apresentado numa

próxima

oportunidade. D

irigimos

esta reflexão

para algum

as questões

teóricas envolvidas

na aplicação

prática da

área curricular

do estudo

acompanhado

e sentim

os que

ficam

muitas

questões por

responder.

Esperam

os que esta, necessariamente breve e incom

pleta, discussão sobre

o ensino das estratégias de aprendizagem auto-regulada seja um

contributo

para facilitar a aprendizagem auto-regulada dos alunos increm

entando o seu

sucesso educativo.

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Abstract

Flexible C

urriculum M

anagement P

roject proposes "Accom

panied Study" as a

new curriculum

area. In this paper, major issues involved in this new

curricular

tool are

analysed. Learning

strategies, m

etacognition and

self-regulation

concepts are discussed. Recent review

s on study-skills, their conclusions and

implications to practice are analysed. A

socio-cognitive framew

ork is proposed

and its guidelines are discussed in order to promote seIf-regulation learning.

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l'"étu

de

accompagné". S

a spécificité et inovation méritent une discussion sur les

théories qui supportent cette mesure, pour qu'elIe puisse devenir une vraie

opportunité pour

développer dans

les éléves

des com

pétences d'auto-

régulation, qui leurs perméttent m

ieux apprendre-à-apprendre. On discute des

concepts qui ont un rapport avec les compétences dans le dom

aine de l' étude

personnel, tels

que stratégies

d'apprentissage, m

etacognition et

auto-

régulation de I' apprentissage. On présente aussi un m

odéle sociocognitif qui

propose une organisation de cet outil curriculaire et on discute finalement des

aspects structurants de l'apprentissage auto-régulée.

Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada para: Pedro S

ales Luis Rosário,

Instituto de Educação e P

sicologia, Universidade do M

inho, Cam

pus de Gualtar, 4710-057 B

raga.P

ortugal, E-m

ail: [email protected]

inho.pt