redaÇÃo dissertativa

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Apresentação do Curso A dissertação de provas de concursos públicos e vestibulares é subdividida da seguinte forma: - parágrafo de introdução, - parágrafos de desenvolvimento e - parágrafo de conclusão. A introdução serve para apresentar a idéia central da estrutura textual; o desenvolvimento, para desdobrar o texto por meio de exposições e argumentos, de linguagens subjetivas e objetivas, utilizando métodos de raciocínio; a conclusão, para fechar o texto, indicando, de maneira argumentativa, o arredondamento das linhas de pensamento utilizadas. Dissertação é a discussão organizada de um problema. Ninguém tem condições de discutir, muito menos de discutir organizadamente, sem conhecer realmente o assunto abordado, sem ter analisado, com aprofundamento, os fatos. A forma de criação dissertativa é, em parte, dependente do escritor (das idéias, do conhecimento, da inspiração, etc.); em parte, das possibilidades ou caminhos que o próprio assunto ora discorrido possibilita. É muito comum encontrarmos alunos perguntando qual seria

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Apresentação do Curso

        A dissertação de provas de concursos públicos e vestibulares é subdividida da seguinte

forma:

        - parágrafo de introdução,

        - parágrafos de desenvolvimento e

        - parágrafo de conclusão.

        A introdução serve para apresentar a idéia central da estrutura textual; o desenvolvimento,

para desdobrar o texto por meio de exposições e argumentos, de linguagens subjetivas e

objetivas, utilizando métodos de raciocínio; a conclusão, para fechar o texto, indicando, de

maneira argumentativa, o arredondamento das linhas de pensamento utilizadas.

        Dissertação é a discussão organizada de um problema.

        Ninguém tem condições de discutir, muito menos de discutir organizadamente, sem

conhecer realmente o assunto abordado, sem ter analisado, com aprofundamento, os fatos.

        A forma de criação dissertativa é, em parte, dependente do escritor (das idéias, do

conhecimento, da inspiração, etc.); em parte, das possibilidades ou caminhos que o próprio

assunto ora discorrido possibilita. 

        É muito comum encontrarmos alunos perguntando qual seria a maneira ideal para se fazer

uma determinada introdução, um tipo qualquer de desenvolvimento ou ainda uma conclusão.

Fato é que, neste curso, aprenderemos uma série de métodos e técnicas de escrita, mas lembre-

se: o escritor tem o livre arbítrio sempre. É ele quem escolhe os caminhos, dita o ritmo de texto

e, conseqüentemente, quebra os paradigmas tradicionais rumo à nota máxima. 

        Se alguém me perguntasse hoje quantos tipos de técnicas existem para um bom

treinamento dissertativo, eu responderia, sem dúvida alguma, que as possibilidades são infinitas

e nenhum professor poderia falar o contrário. 

        O objetivo maior deste curso é exatamente treinar o aluno de maneira firme e direcionada.

Vamos trabalhar, portanto, passo a passo.

        Para que o aluno entenda efetivamente a tríade introdução, desenvolvimento e conclusão,

é necessário que estude cada estrutura de maneira detalhada. Portanto vamos!

Prof. Marcelo Portela

AULA 1

A Introdução Dissertativa - Técnica I

        Estudaremos a introdução dissertativa de maneira exemplificativa, mas também com

propostas de treinamento. Vamos oferecer um número de técnicas que nos ajudará, de maneira

decisiva, a desfazermos o trauma do papel em branco.

        Observe bem cada técnica, assimilando a sua composição e seus objetivos. Não é

necessário decorar. Importante é entender que as propostas abaixo são um número ínfimo dentro

de uma relação infinita voltada à criação.

Para se desenvolver uma introdução dissertativa, faremos uso

de algumas estratégias de construção.

        Enumeremos algumas:

- Definição

- Oposição

- Seqüência interrogativa

- Transição temporal 

- Comparação

- Enumeração

- Metaforização

        Para facilitar a sua vida, vamos exemplificar cada uma dessas construções.

        Definição

        Tema: “A tolerância constrói.”

        “Tolerância é a possibilidade de entendimento de si e do outro, levada à máxima

capacidade. É o caminho mais curto rumo à estabilidade na relação interpessoal, a

possibilidade de construção agregada ao ouvir o próximo, ou ainda a proposta de se viver

com entendimento pleno do que é ser uma criatura social.”

Nota-se que um mecanismo facilitador na produção de um

parágrafo com essa construção é a pergunta “O que é o

tema?”. Então, podemos dizer que construir um parágrafo

introdutório com a técnica da definição é o mesmo que

responder o que é o tema, o que ele significa. Esse recurso

simples permite que o aluno construa uma introdução segura e

com pouco risco de fugir ao tema proposto.

AULA 2

A Introdução Dissertativa - Técnica II

        Oposição

        Tema: “Corrupção na esfera pública”

  

        “É difícil entender que, em um país com 30 milhões de miseráveis, ainda haja espaço

para que um número representativo de políticos, de todas as esferas públicas, continue

desviando do erário verdadeiras fortunas, enquanto a população de baixa renda não

recebe qualidade mínima nos serviços de saúde, segurança, transporte, habitação e

educação.”

Ora! Imagine que um tema qualquer apresente duas faces que

se oponham naturalmente. No caso do texto acima, políticos

ricos e trabalhadores pobres. Se encontramos essa forma de

argumento, por que não a utilizamos com propriedade? Temas

como “Violência e segurança”, “sociedade de homens e

mulheres”, “Vida profissional e qualidade de vida” já partem

da noção de oposição. Explorar esse recurso auxilia-nos e

muito na construção do parágrafo introdutório.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Técnica:  Definição -  Temas para dissertação 

 

        “ Ciência versus religião”

        “Corrupção na esfera pública”

        “ Trabalho escravo”

AULA 3

A Introdução Dissertativa - Técnica III

        Seqüência interrogativa

        Tema: “Poluição urbana”

        “Até quando vamos envenenar nossos pulmões com o gás carbônico produzido por

inúmeros automóveis e fábricas não fiscalizados? Que posição deveríamos tomar em meio a

uma necessidade descontrolada de tecnologia, que promete facilidades na vida urbana sem

levar em consideração os danos sofridos pelo meio ambiente e, conseqüentemente, pelo

homem? Vale a pena ver a vida de modo imediatista sem imaginar como será difícil a vida

dos nossos filhos e netos em um planeta degradado?”

O folclore do vestibular e do concurso público elimina, de

maneira sumária, a estrutura textual com base interrogativa.

Engano. A interrogação é um recurso poderoso na produção de

argumentos. É importante, porém, que as perguntas sejam

argumento para o leitor e retórica para você. Quer dizer, as

perguntas que você formulará devem circundar os assuntos que

você já definiu como utilizáveis. Uma redação não é um

questionário com perguntas e respostas; o encadeamento de

idéias deve ser feito de forma natural, de maneira que não se

configurem como resposta direta, mas, ao mesmo tempo, não

fiquem interrogações em aberto como se o examinador fosse o

avaliado.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

 

        Técnica; Seqüência interrogativa - Temas para dissertação

        “ A importância do Estado para o bem-estar do indivíduo”

        “ Poluição urbana”

        “Perseguição religiosa”

        “ Democracia no Brasil”

A Introdução Dissertativa - Técnica IV

        Transição temporal

        Tema: “Política no século XX”

        “Remexendo o histórico brasileiro desde a ‘Era Vargas’ até a revolução de 1964,

percebemos que a nossa vida política é, antes de tudo, um oceano de violência. Acreditar que

a natureza do brasileiro é sobremaneira pacífica é apagar a história, é idealizar de modo

humanista uma nação nada pacífica.”

Eis um recurso excelente para concursandos que gostam da

leitura. Todos os conhecimentos que você adquiriu na vida

podem e devem ser utilizados como recurso de construção

expositiva. O seu conhecimento de mundo corrobora para um

texto mais preciso e digerível aos olhos de um examinador que

também avalia o mínimo conhecimento de mundo que o

estudante deve possuir para produzir um texto razoável.

        A história, em alguns temas, funciona como fundamento para os argumentos que

escolhemos, para a tese que desejamos defender. Não estamos falando de se criar um texto

puramente histórico, mas utilizar o recurso do conhecimento geral para dar sustentação às

enunciações que definimos como ideais.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Técnica: Transição Temporal – Temas para dissertação

        “Democracia no Brasil”

        “ Política no séc. XX”

AULA 5

A Introdução Dissertativa - Técnica V

        Comparação

        Tema: “Desemprego”

 

        “O desemprego no Brasil, com índices em torno de 10% da força de trabalho, não pode ser

comparado aos 17% encontrados na Espanha, por exemplo. Em geral, nos países europeus, a

proteção dada aos desempregados pelo governo garante salários de 500 dólares por mais de um

ano. No Brasil, o desempregado, em pouco tempo, por omissão do Estado, periga cair na

indigência.”

A comparação facilita bastante a criação de um parágrafo

introdutório. Essa fórmula pode ser desenvolvida por uma

técnica já aprendida, “oposição”, mas também por

similaridade. Podemos buscar oposições sistemáticas, oposições

contextuais, diferenças ou aproximações significativas. Todos

esses caminhos passam pela noção de comparação.

        Comparar, portanto é trabalhar mais de uma referência e interligá-las de diferentes

maneiras, para alcançarmos diferentes objetivos enunciativos.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Técnica: Comparação – Temas para  dissertação

        “ Capitalismo e Socialismo”

        “ Desemprego”

        “ Igualdade entre os sexos”

Aula anterior

Próxima Aula

AULA 6

A Introdução Dissertativa - Técnica VI

        Metaforização

        Tema: “Educação e progresso”

 

        “Desenvolver a qualidade educativa de um país é lubrificar o motor que impulsiona a

grande máquina Brasil a um desenvolvimento poderoso e sustentável. É alicerçar o futuro dos

nossos filhos com o pilar da evolução – o conhecimento.”

Nota-se que “educação” assumiu o papel de lubrificante de uma

grande engrenagem.

        Na hora de fazer uso da linguagem metafórica, procure tomar cuidado com a evasão. Um

texto metafórico bem feito tem grandes possibilidades, pela riqueza e criatividade, de alcançar

nota máxima. O aluno, porém, precisa atentar para a noção de conteúdo ou contextualidade. Um

texto metafórico mal construído aproxima-se do absurdo. É possível, sim, construir um texto

metafórico de alto nível, mas não arrisque a sua nota alta se o controle que você tem sobre esse

tipo de conclusão não está amadurecido.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Técnica: Linguagem Metafórica – Temas para redação

        “ O trabalho como forma de liberdade”

        “ Educação e progresso”

AULA 7

A Introdução Dissertativa - Técnica VII

        Causa e efeito na introdução

        A relação causa/efeitos é instrumento rico na criação do parágrafo

argumentativo/expositivo. 

Imagine um determinado tema. Agora, lembre-se de que qualquer assunto abordado apresenta

fatores que o constroem (causas). Pense também que esse mesmo item (tema) gera

acontecimentos, traz coisas ou fatos à existência (efeitos). Assim temos recursos suficientes

para a construção do parágrafo. 

Veremos, agora, uma estratégia bastante interessante na montagem do parágrafo fundamentado

em causas e efeitos.

        Tema: Violência urbana. 

        Causas: O crescimento do crime organizado, o estresse urbano e a ineficiência policial. 

        Efeitos: O temor social, alto índice de homicídios e superlotação dos presídios.

        Vamos agora utilizar a matemática para criar uma fórmula de montagem do parágrafo.

Relacionaremos causa, tema e conseqüência para construir o parágrafo de conclusão.

        Causas + Tema + Efeito = Parágrafo

        Montando o parágrafo com base nas informações delimitadas acima: 

 

        “O crescimento do crime organizado, o estresse urbano e a ineficiência policial são

fatores fundamentais para o surgimento e a proliferação da violência urbana, e as

conseqüências são imediatas, como o temor social, alto índice de homicídios e superlotação

de presídios.”

        Aí está uma técnica realmente simples na montagem de um parágrafo introdutório

dissertativo. 

        Já que montar uma introdução em causa e efeito é somente fazer ligação, vamos ao que

interessa.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Técnica: Causa e Efeito – Temas para dissertação

        “ A violência urbana”

        “ O esvaziamento dos campos”

        “Maioridade penal”

        “Porte de armas”

AULA 8

A Introdução Dissertativa - Técnica VIII

        Enumeração

        Tema: “Violência contra a mulher”

        “Discutir a violência contra a mulher é aprofundar questões comportamentais como a

intolerância, o consumo de bebida alcoólica e a noção de impunidade, cujas causas

encontram-se no estresse, na instabilidade financeira e em outras formas de deterioração do

comportamento humano.”

        Facilidade na construção do desenvolvimento

        A técnica enumerativa provavelmente seja a mais simples na construção de um parágrafo

dissertativo. Os assuntos secundários a serem enumerados são normalmente escolhidos pela

facilidade ou conhecimento mais profundo que temos a respeito deles. Assim, fica mais fácil

para o aluno relacionar alguns itens ao tema e, no meio do texto, utilizá-los como ponto de

partida na construção dos parágrafos de desenvolvimento. Se fizermos uma enumeração com

três itens (exemplo utilizado abaixo), já estaremos garantido, no mínimo, três parágrafos de

desenvolvimento.

Observe que, dos três itens enumerados abaixo, o último servirá como fundamento semântico na

elaboração de um parágrafo de desenvolvimento.

        1. A intolerância

        2. O consumo de bebidas alcoólicas

        3. A noção de impunidade

        Recupere o que foi dito anteriormente. O item “A noção de impunidade” passa a ser

desdobrado como parágrafo de desenvolvimento. Essa construção é bastante segura, visto que,

na construção da introdução, o item foi relacionado ao tema e depois desdobrado em forma de

parágrafo. Nesse sentido, a possibilidade de o aluno fugir ao tema proposto se reduz muito.

        Parágrafo de desenvolvimento

        ”Rotineiramente vêem-se mulheres espancadas entrando e saindo de delegacias para dar

queixa de maridos ou companheiros. Quando isso ocorre mais de uma vez com a mesma

mulher, fica evidente a incapacidade de o Estado evitar, por meio do poder de polícia, as

agressões sofridas. Nesse sentido, além do problema da violência não ser resolvido, as

mulheres perdem a confiança nas instituições e não mais denunciam. Sem denúncia, os

índices tendem a aumentar ainda mais.”

Perceba que foram relacionadas ao tema três enumerações

(passagens destacadas). Estas poderão ainda servir como ponto

de partida para a criação dos parágrafos de desenvolvimento da

sua redação.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Técnica: Enumeração – Temas para dissertação

        “Violência contra a mulher”

        “Educação brasileira”

        “ Temor social no Brasil”

AULA 9

Desenvolvimento Dissertativo – Caminhos para Defesa de Idéias

        As metodologias de raciocínio estudadas na parte de desenvolvimento dissertativo serão

agora um pouco mais aprofundadas. Estudaremos as estruturas predefinidas para encontrarmos

atalhos na organização do pensamento.

        Silogismo

 

        O método de raciocínio fundamentado em uma particularização (dedução) contribui para a

formação de argumentos sólidos. Vamos entender melhor o que vem a ser silogismo.

O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva. Na

sua forma mais comum, é constituído por três

proposições: as duas primeiras denominam-se

premissas e a terceira conclusão.

        As premissas são apresentadas de forma absoluta e incondicional. A relação entre essas e a

conclusão é necessária. Essa é a forma padrão do silogismo. 

        

        Todos os macacos são mamíferos. 

        Alguns animais são macacos. 

        Logo, alguns animais são mamíferos.

        Construção de fragmento dissertativo

        Todos os professores lutam por um salário mais digno no estado do Rio de Janeiro. Celso,

por ser professor de português do colégio Elena Nunes, vem há muito lutando para que os seus

salários sejam suficiente, pelo menos para o pagamento das suas contas mais básicas.

Note que, no texto acima, o silogismo ficou com formato de

parágrafo tradicional. Quer dizer, o silogismo me proporcionou

a elaboração de um parágrafo dissertativo.

        Epiquerema - Silogismo no qual uma ou duas premissas são acompanhadas das suas

provas.

        

        Todo o B é C porque é D.

        Todo o A é B porque é H.

        Logo, todo A é C.

        Polissilogismo - Trata-se de um argumento constituído por dois ou mais silogismos,

dispostos de modo que a conclusão do primeiro seja uma premissa do segundo, e assim

sucessivamente.

        

        B é C.

        A é B.

        Logo, A é C.

        D não é C.

        Logo, D não é A.

        A construção desse último silogismo se fez de maneira a juntarmos dois silogismos. A

conclusão do primeiro (logo, A é C) transformou-se em premissa do segundo.

AULA 10

Construção do Parágrafo de Desenvolvimento – Exposição/ Argumento

        Quando desenvolvemos um texto dissertativo, normalmente fazemos uso de duas estruturas

fundamentais: o argumento e a exposição.

        A exposição é o exemplo, a cifra, a tabela, a informação precisa a respeito do assunto ora

abordado. A estrutura expositiva, no texto, ressalta o conhecimento a respeito de um

determinado assunto, dando ao escritor ares de autoridade, aumentando, assim, a credibilidade

do leitor ao analisar a redação.

        A comprovação do argumento depende, em sua totalidade, do grau de conhecimento do

escritor a respeito de determinado assunto. O que vamos fazer nesta parte do estudo é

exatamente aprofundar a importância da capacidade crítica do autor e as possibilidades técnicas

para o aperfeiçoamento na criação da estrutura argumentativa.

ARGUMENTAR é discutir, ponderar, questionar, etc.

EXPOR é colocar em evidência, mostrar, comprovar,

etc.

        Vamos, agora, estudar com mais profundidade a estrutura argumentativa. 

Para defendermos uma idéia, tentando informar e, se possível, convencer nosso interlocutor;

precisamos comprová-la e justificá-la. Técnicas diferentes se destacam como essenciais ao

processo de argumentação.

        Comprovando uma declaração: Uma declaração que apresente uma opinião pessoal ou

pretenda estabelecer a verdade só terá validade se devidamente demonstrada, isto é, se apoiada

ou fundamentada na evidência dos fatos, quer dizer, acompanhada de prova.

        Declarações alternadas: São aquelas com as quais o interlocutor tem maior ou menor

familiaridade, com graus distintos de exigência de comprovação. Existem premissas que são

conhecidas por todo mundo, são pressupostas, não exigindo muita comprovação. A alternância

entre assuntos com graus distintos de produtividade argumentativa ajuda a distrair a atenção do

ouvinte para possíveis pontos polêmicos que vêm misturados. As estratégias utilizadas pelo

locutor são escolhidas, portanto, em função do grau de aceitação ou de contestação que as

premissas defendidas possam desencadear.

        Detalhismo e repetição

        Insistindo sobre um tema, apresentando-o por uma mesma idéia ou por idéias

contraditórias, podemos torná-lo mais familiar ao ouvinte, facilitando a compreensão e a

aceitação de nossas teses.

        Busca do real

        Pela apresentação de fatos ou descrição de lugares, pessoas ou coisas, para criar a emoção,

a especificação é indispensável, já que esquemas abstratos e noções gerais não agem sobre a

imaginação do examinador de forma plena.

Observe, agora, a apresentação de dois textos: um de base expositiva, outro, argumentativa. Não

leve em consideração a rigidez na tipologia textual, tendo em vista que os textos abaixo servem

apenas como exemplo.

        Texto 1 (base expositiva)

 

        A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil deve chegar a 132,2 milhões

de toneladas em 2004. Esse volume é 7,31% superior à safra de 2003, que ficou em 123,2

milhões de toneladas, segundo os resultados definitivos. A área plantada ou a plantar deve

crescer 6,66% em 2004, chegando a 46,2 milhões de hectares. Tais resultados apontam para

uma decolagem no suporte de combate à fome.

        A construção desse texto é fundamentalmente expositiva, visto que trabalha com dados,

números, comprovações para prováveis argumentos.

        Texto 2 (base argumentativa)

        Expectativa

        Então, parece que a expectativa é o que nos faz levantar todas as manhãs, que nos impede

de fraquejar, que nos anima na hora de dormir, porque, afinal, amanhã é sempre um novo dia.

Expectativa é tão bom quanto bala de menta, vai abrindo espaço no paladar, mas a sensação é

de que está abrindo a respiração que vem lá do fundo do peito. Expectativa é assim, gelada. Às

vezes, naquele frio na boca do estômago, outras, em um suor frio e juvenil. Quem não tem

expectativa acha que a vida não lhe deve coisa alguma. Quem a tem, sabe que se está vivo, aqui

e agora, algum significado há de ter e, por favor, que seja de felicidade.

        A expectativa é aquilo que você acha que vai acontecer enquanto finge que lê a revista na

sala de espera. Ela é irmã da esperança e amiga íntima dos nossos mais escondidos desejos.

Ela é responsável pela continuidade daquela caminhada, pela possibilidade de ouvir um sim,

pela idéia de que tudo vai mudar através daquela palavra que você acha que vai ouvir e

daquele desfecho que você pensa que pode acontecer. Não porque você foi a escolhida para

receber sinais, ou porque um anjo sussurrou no seu ouvido, mas porque a gente só espera

verdadeiramente por aquilo que quer, nem sempre por aquilo que é.

Mas então, um dia, como uma puxada de tapete, como a queda de um véu – nem sempre com

pesar, é verdade, às vezes até com um certo alívio –,  você acorda e percebe que precisa de

mais. Precisa colocar ponto e vírgula no lugar das entrelinhas, frases inteiras onde só havia

palavras soltas, letras grandes no lugar das miúdas, números exatos ao invés de meras

estatísticas. Você precisa de clareza. 

        Você percebe, então, que a expectativa sem perspectiva é nada. Não que o sonho esteja

morto ou que o desejo esteja adormecido, nada disso. Mas você precisa de uma espécie de

planilha, de esboço, de croqui – como aqueles projetos tão bem desenhados pelos arquitetos – a

mostrar que o desejo tem dimensão e o sonho é largo. É concreto mesmo que seja de madeira –

a sustentação de um sonho ou de um desejo não está no material, mas na maneira como é

construído. E é imprescindível que tenha paredes, sim. Porque um dia a gente precisa saber

que a perspectiva, diferente da expectativa, tem um jeito de começar. E há de ter um limite para

não se sofrer de imensidão.

A intenção desse texto é o posicionamento, a opinião. Enquanto

o texto 1 trabalha com os dados, esse faz uso da idéia, da defesa

de uma tese.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Exposição / Argumentação – Tema para dissertação

        “A produção de alimentos”

AULA 11

Construção do Parágrafo de Desenvolvimento – Objetividade/ Subjetividade

          Objetividade

          Quando construímos um texto de maneira referencial, desprovido de sentimentalismos,

com uma linguagem predominantemente denotativa, estamos fazendo uso da linguagem

objetiva. 

          Observe, abaixo, um exemplo de texto com predominância na objetividade.

          “No Brasil, trinta milhões de pessoas passam fome. Destas, 5 milhões têm fome absoluta,

e o restante dos miseráveis, o que chamamos de fome marginal; ou seja, brasileiros que estão

comendo, mas não tudo o que necessitam para viverem com dignidade.”

          Para aquele estudante que gosta de tratar os assuntos de maneira direta, menos

emocional ou até passional, a estrutura objetiva é a mais indicada.

          

          Subjetividade

          Quando, no texto, predomina a metaforização, adjetivações, reproduções inflamadas,

temos, então, a predominância da linguagem subjetiva.

Observe, abaixo, um exemplo de texto com predominância na subjetividade.

          “Não há como aceitar que, em um país que, segundo Caminha, a terra é boa e tudo dá,

grande parte do nosso famigerado povo continue à míngua. A população com fome devora

qualquer coisa, inclusive aqueles que se denominam líderes.”

          EXERCÍCIO

          Tente você!

          Objetividade / Subjetividade – Temas para dissertação

          “Saúde pública”

          “ Televisão – um mal necessário” – Objetividade

          “ Solução ou submissão” – Objetividade

          “O país do futebol”  - Subjetividade

AULA 12

Construção do Parágrafo de Desenvolvimento - Método Indutivo/Dedutivo 

 

        Dedução

        É uma proposição de raciocínio que parte de informações universais ou gerais para chegar

a informações mais particulares. É o processo que parte de uma generalização para uma

particularização. A forma perfeita da estrutura dedutiva é o silogismo. 

        Esse método é utilizado pelo aluno de maneira intuitiva. Toda vez que utilizamos um

comportamento geral (exemplo: toda a sociedade brasileira) e relacionamos esse a um

comportamento local ou individualizado (exemplo: uma pessoa da sociedade) estamos fazendo

uso do método dedutivo. Abaixo veremos um exemplo dessa metodologia. 

        “O mundo está menos humano. Enquanto a população européia está sujeita ao

inaceitável – a xenofobia, grupos consideráveis de americanos tentam resgatar a já

combalida hegemonia branca. No Brasil, as coisas não são muito diferentes. Em Brasília, um

grupo de jovens e adolescentes de classe média atearam fogo a um índio que dormia em um

ponto de ônibus.”

 

        É importante entender que o texto partiu de um comportamento geral – o comportamento

encontrado em todo o mundo. A finalidade, porém, foi o comportamento em um país específico,

no caso, o Brasil. O raciocínio, portanto, partiu da visão de um ponto geral, universal, para um

particular, localizado.

        Indução

        É o método de raciocínio que, partindo de casos particulares ou exemplificativos

suficientemente documentados e enumerados, chega a uma conclusão ou lei universal. É o

processo que parte de uma particularização para uma generalização.

        “A violência identificada nos atropelos dos policiais militares do Rio de Janeiro na

tentativa de socorrer os seqüestrados dentro do ônibus 174 apenas ratifica a falta de preparo

técnico-psicológico a que os profissionais da segurança pública no Brasil estão expostos. Sem

verba e treinamento, dificilmente, teremos uma polícia capaz de resolver problemas de

extrema complexidade como este.”

        Pelos termos em destaque, nota-se, facilmente, que a intenção do texto é, antes de tudo,

apresentar um problema geral – o despreparo de todos os profissionais da segurança. A partida,

porém, surgiu de um acontecimento pontual – o policial que falhou no episódio do ônibus 174,

no estado do Rio de Janeiro. O raciocínio, portanto, construiu-se do particular para o geral.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Método Indutivo / Método Dedutivo – Temas para dissertação

        “Segurança pública no Brasil”

        “Violência urbana”

        “ Os conflitos religiosos espalham-se pelo mundo”

        “Ser pobre em um país subdesenvolvido”

AULA 13

Construção do Parágrafo de Desenvolvimento – Dialética

Não entendeu?

EXERCÍCIO

Texto Dialético – Tema para dissertação

“Pena de morte”

AULA 14

Desenvolvimento Dissertativo – Resumo

        Analise os conceitos e, em seguida, assista ao vídeo com o professor.

        Argumento: É o ponto de vista.

        Exposição: É a comprovação, a exemplificação.

        Objetividade: É a linguagem referencial e informativa.

        Subjetividade: É a linguagem conotativa e sentimental.

        Indução: É o método de raciocínio que parte do particular para geral.

        Dedução: É o método de raciocínio que parte do geral para o particular.

        Dialética: Oposição entre tese, antítese e síntese.

 

        EXERCÍCIO

        Texto Dialético – Tema para dissertação

        “ A crise aérea brasileira”

        “Falta de leitura dos jovens brasileiros”

 AULA 15

        Conclusão Dissertativa – A Retomada da Tese, Resumo Textual, Parágrafo em

Perspectiva

        Chegamos à parte final da macroestrutura dissertativa. Navegamos pelas técnicas de

construção dos parágrafos de introdução e desenvolvimento. O nosso texto já está quase pronto.

Só falta um pequeno detalhe. Peque mesmo, pois a introdução não é necessariamente uma nova

construção, mas uma resenha ou retomada do que você já desdobrou nos parágrafos anteriores.

Nesse sentido, a construção do último parágrafo é simples, visto que a intenção dele não é

desdobrar outras idéias, mas apenas finalizar tudo o que já foi falado. 

        Vamos, agora, para a última parte do estudo técnico da dissertação – a conclusão

dissertativa. Neste parágrafo, trabalharemos com três técnicas básicas. Escolha aquela com a

qual você melhor se identifica. Caso sinta facilidade em todas, divirta-se à vontade.

        A retomada de tese

 

        Busca as informações contidas na introdução de maneira a finalizar o texto. Simplificando

um pouco mais, é dizer a mesma coisa presente na introdução com outras palavras. Essa

fórmula é bastante segura, visto que tudo o que você colocou no desenvolvimento deve estar

presente na introdução. Sua introdução, portanto, pode receber uma maquiagem especial e virar

conclusão.

        Resumo textual

        Na leitura completa do texto, poderemos retirar nuances fundamentais que sirvam de

conclusão para o próprio texto. Observe bem essa modalidade de conclusão no que diz respeito

às escolhas das nuances. Se o resumo não conseguir identificar o texto como um todo, haverá

falha na coerência e concisão textual. Em um texto há normalmente fragmentos secundários,

menos importantes. Esses, de regra, não representam a idéia central. Assim sendo, identifique as

partes do texto que realmente podem ser recuperadas na finalização.

        Parágrafo em perspectiva

 

Preferido pelos estudantes, este modelo possibilita o

trabalho com o seguinte macete (se essa palavra te

assusta, mude de opinião pelo menos na construção da

conclusão. Esse mecanismo é extremamente

facilitador):

“Assim sendo, é necessário que isto seja feito para que

aquilo ocorra, ou não ocorra.”

        Sem dúvida, aí está uma técnica bastante simples. 

Observe esta conclusão formulada com base em uma perspectiva ou hipótese.

        Tema: “Falta de leitura por parte dos jovens brasileiros”

        Introdução:

        “Não há como negar a falta de interesse do jovem brasileiro para com a leitura. Fato é

que, na Europa, jovens com idades entre 13 e 18 anos lêem, em média, 6 livros por ano. No

Brasil, a média nacional de leitura, nesta mesma faixa etária, é de apenas 1 livro. Um

problema que compromete o desenvolvimento e a estabilidade de todo um país.”

        Conclusão:

        “Assim sendo, é fundamental que os nossos representantes públicos, juntamente à mídia,

criem processos de estímulo à leitura, antes que tenhamos, em pleno século XXI, um exército de

desinformados e perdidos social e profissionalmente.”

        EXERCÍCIO

          Tente você!

        Tema para dissertação

AULA 16

A Dissertação – Tema e Título

        Introdução

        Tema e título são confundidos por demasia nas provas de concursos e vestibulares. Apesar

de comumente serem tratados como sinônimos, são elementos diferentes na estrutura de

composição. Quando se fala de tema, aborda-se o assunto apresentado; a idéia que será por você

defendida e que deverá aparecer logo no primeiro parágrafo. O título é, antes de tudo, o nome

da redação que você escreveu. É um resumo frasal de todo o texto escrito por você, portanto a

regra diz que:

 

O tema inspira o texto que inspira o título.

        Nesse sentido, a relação que se estabelece entre tema e título é muito vaga.

 

- Evite que o título seja muito extenso. 

- Procure fazer um título nominativo em vez da utilização de

orações correlacionadas. 

- Esqueça o tema e leia o texto todo antes de criar o título.

- Procure fazer um título objetivo, que apresente entendimento

imediato. 

- Não produza o título com linguagem coloquial.

 

Um outro ponto muito importante é ficar atento aos enunciados

das provas, em muitas delas o título já vem definido.

        “Raios X” do texto dissertativo

        Agora que já passamos por todas as técnicas necessárias a construção do texto, vamos

visualizar um texto completo. Essa validação aponta para a segurança na construção do texto

dissertativo com base em técnicas discursivas. Daqui para frente, o desafio não será mais a

construção de um texto básico, mas a melhora gradativa e sistemática.

        Depois desse último exercício, estudaremos os vícios dissertativos comuns, os níveis de

linguagem, os estilos e a organização do raciocínio. Se você chegou até aqui, seu sucesso

depende de muito pouco.

        Sustentabilidade (tema)

[fundamento 1] Nos últimos cinqüenta anos, a população mundial mais do que dobrou, indo de

2,5 bilhões (1950) para 6 bilhões (2000). Durante esse mesmo período, a industrialização

permitiu que o consumo aumentasse exponencialmente; como conseqüência, [fundamento 2] a

poluição, o que usamos e jogamos fora e o lixo também aumentaram sem um mínimo de

preocupação. [fundamento 3]É, portanto, fundamental que entendamos os sinais que o planeta

vem nos dando do seu esgotamento.

[fundamento 1] Com a explosão demográfica mundial, o consumo chegou a um nível muito

alto. A produção, desde os milhões de automóveis até os trilhões de embalagens plásticas,

contribuiu para o descongelamento das calotas polares, desmatamento em função dos

manufaturados e muitos outros danos graves. A industrialização usada sem o valor de

consciência fez da sociedade um verdadeiro algoz para a natureza.

[fundamento 2] Em adição a isso, há uma dificuldade grande em relacionar os problemas

ambientais aos nossos hábitos de consumo cotidianos. Quando compramos uma roupa, não

pensamos nos agrotóxicos usados na plantação de algodão ou no trabalho escravo encontrado

nas fazendas. Utilizamos a água potável como se fosse um recurso que não acaba,

empanturramos a atmosfera de gás carbônico e ainda acreditamos que o que fazemos individual

ou coletivamente são resíduos em um planeta gigante.

[fundamento 3] Mesmo fingindo-nos de desatentos ou desconhecedores dos fatos, já faz algum

tempo que o planeta vem dando sinais de que não pode suportar o nosso modo de vida, e

estudos indicam que hoje, mesmo com grande parte da população mundial excluída, já

consumimos 20% por ano a mais de recursos naturais renováveis do que a Terra é capaz de

regenerar. O planeta já está começando a mostrar seus resfriados. São enchentes em números

inimagináveis, terremotos em lugares não comuns ou ainda furacões com ciclo de ocorrência

mais estreito e ainda mais fortes.

[conclusão] Assim, se queremos a preservação da natureza, vamos ter de mudar nossos hábitos

de consumo e a nossa consciência de que temos lesado o globo. Nossa sociedade é chamada de

“sociedade de consumo” porque consumir se tornou uma atividade cotidiana que foi além da

idéia inicial de satisfazer necessidades para se tornar até uma doença. Se, na história próxima, a

noção de consumo serviu de impulso para um crescimento descontrolado a ponto de ferir

duramente o nosso planeta, escrever um novo período histórico é obrigação de todos nós –

governo e sociedade civil –, pois a nossa grande demanda agora deve ser a sobrevivência da

Terra, já que sem o planeta nós também não existimos.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Tema para dissertação

        “Corruptores e corrompidos”   - sugestão

AULA 17

Para um Texto de Sucesso

O que é necessário?

1. Aprender a corrigir e evitar os principais erros de português, como colocação de crase

inadequada, acentuação incorreta, troca de letras na ortografia de uma palavra, etc.

2. Antes de começar a escrever, meditar sobre o tema, ordenando o que pretende

apresentar para o leitor.

3. Escolher o tipo de linguagem apropriada ao tema proposto, usando palavras e idéias

adequadamente ao tipo de texto escolhido.

4. Ser sempre específico nas descrições, evitando generalidades e divagações de idéias ou

pensamentos.

5. Atentar para os princípios de uma boa composição, observando a clareza das idéias

apresentadas e o envolvimento do assunto, para que o leitor não desanime ao lê-lo.

6. Evitar o uso de chavões e clichês da língua que nada acrescentam ao texto.

7. Fazer-se objetivo no que pretende transmitir, sem rodeios ou frases vazias.

8. Usar palavras que expressem denotação (sentido real) e conotação (sentido figurado ou

implicações de idéias) úteis à idéia central do assunto que está sendo apresentado.

9. Abrir um parágrafo toda vez que tiver uma idéia principal, mas sempre observando que

essa idéia deve estar relacionada ao tema central do texto.

        EXERCÍCIO

        Tente você!

        Tema para dissertação

        Aquecimento global”       - sugestão

AULA 18

Erros mais Graves na Redação – Classificatórios / Eliminatórios

        Os erros abaixo foram indicados pelas principais bancas do país como os mais encontrados

em provas de redação de concursos públicos e vestibulares.

        1 – Idéias em ordem

        A apresentação das idéias, assim como a ordem dada à colocação destas, é fundamental

para mostrar, no texto, uma logicidade. As bancas argumentam que este tipo de erro é comum

pela falta de costume do aluno em escrever.

        2 - Inadequação

        Muitas vezes, o candidato, por não conhecer bem o assunto delimitado no tema, tende a

procurar argumentos dos quais ele tem maior domínio. Este fato faz com que o texto fuja

completamente do parâmetro preestabelecido. Cuidado com a inadequação, pois a fuga do tema

é fator de eliminação nas provas.

        3 – O parágrafo

        A construção dos parágrafos é outro problema para os candidatos. Às vezes, o que deveria

ser um parágrafo é transformado em dois; em outras, fundem-se parágrafos, estabelecendo um

texto de construções caóticas.

        4 – A frase

        Já dissemos que conhecer a estrutura gramatical é fundamental para que o aluno produza

um bom texto. Erros de colocação, concordância, regência, pontuação, ortografia e acentuação,

acompanhados de erros de linguagem como ambigüidades e repetições desnecessárias, são

extremamente lesivos à redação de concurso e vestibular.

        Avaliação por competências

 

        Grande parte das bancas examinadoras do país concentra a avaliação das provas de redação

nas chamadas competências. Esse domínio corresponde certamente a uma excelente nota na

redação. 

Abaixo, descrevem-se as características de uma avaliação fundamentada nas competências.

Utilize-as como parâmetro de construção do seu texto dissertativo, pois representam formas

analíticas de avaliação.

        1. Fundamentos gramaticais e conhecimento da língua.

        Espera-se, nesse critério, que o aluno tenha o mínimo controle sobre os padrões da norma

culta. São considerados, nessa competência, os conhecimentos de texto escrito, representados

pela utilização da norma culta como: sintaxe da concordância, regência e colocação; pontuação;

flexão; ortografia; e adequação de registro, isto é, compreensão e colocação lingüística, de

acordo com a situação de produção formal exigida.

        2. Espera-se, nesse critério, que o concursando saiba identificar o tema proposto,

desenvolvendo-o dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

        Essa competência tem o eixo na compreensão do tema, que instaura uma problemática a

respeito da qual se pede uma reflexão escrita, ou seja, um projeto de texto escrito que demonstre

a compreensão do tema solicitado. Entender a proposta é dar a resposta que o examinador

deseja. A não-compreensão do tema zera essa competência e anula a correção das demais, o que

já é normalmente informado pela banca que avalia o aluno.

        Em situações formais de interlocução, é importante a nossa compreensão do ato instaurado

na fala/escrita, para não “fugir do assunto”, como diz o senso comum.

        Para participar do ato de interlocução devemos saber: o que dizer, o como dizer, o quando

dizer e para quem dizer, para não assumirmos uma posição inadequada, naquele momento, com

aquele(s) interlocutor(es) que espera(m) que estejamos compreendendo o que está em discussão.

        O como dizer, engloba a competência 2. Assim, é solicitado um texto dissertativo-

argumentativo em prosa.  A dissertação é um tipo de texto que analisa, interpreta e relaciona

dados, informações e conceitos amplos, tendo em vista a construção de uma argumentação, em

defesa de um ponto de vista. 

Na dissertação, o enunciador do texto apresenta explicitamente sua opinião, valendo-se do

recurso dos argumentos de apoio para comprovar suas hipóteses e tese, tendo em vista assegurar

a manutenção de um ponto de vista. É atribuída nota zero à competência 2 e anulada a correção

das demais competências, quando o participante constrói outro tipo de texto que não o

dissertativo-argumentativo em prosa. Essa falha é chamada de inadequação quanto à tipologia.

        3. Selecionar, organizar e relacionar dos argumentos, fatos e opiniões apresentados.

        Nessa competência, procura-se avaliar como o participante, em uma situação formal de

interlocução, seleciona, organiza, relaciona e interpreta os dados, informações e conceitos

pertinentes para defender sua perspectiva sobre o tema proposto. 

        Aqui, verificam-se, nos textos escritos, algumas posições do participante como: a

reprodução de dados, informações e opiniões que estão presentes nos textos-coletâneas

normalmente propostos em uma prova de redação; a seleção de dados, informações, opiniões

sem relação com o projeto de texto; e uma seleção organizada e relacionada ao ponto de vista

defendido pelo projeto de texto em relação ao tema proposto.

        4. Argumentos substantivos, coerentes e fortes.

        Nessa competência, procura-se avaliar a utilização de recursos coesivos da modalidade

escrita, com vistas à adequada articulação dos argumentos, fatos e opiniões selecionados para a

defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto. 

São os mecanismos coesivos, em última análise, os responsáveis pela construção da

argumentação na superfície textual. Assim, são considerados os seguintes mecanismos: coesão

referencial; coesão lexical (sinônimos, hiperônimos, repetição, reiteração); e coesão gramatical

(uso de conectivos, tempos verbais, pontuação, seqüência temporal, relações anafóricas,

conectores intersentenciais, interparágrafos, intervocabulares).

        5. Respeito às diferenças. Textualidade desprovida de visão local. Articulação

partindo de uma visão universalizada.

        Nessa última competência, procura-se avaliar como o concursando indica as possíveis

variáveis para solucionar a problemática desenvolvida, quais propostas de intervenção

apresenta, qual a relação delas com o projeto desenvolvido sobre o tema proposto e a qualidade

dessas propostas, mais genéricas ou específicas, tendo por base o respeito à diversidade de

pontos de vista e a solidariedade humana, eixos de uma sociedade democrática.

        Construções caóticas

        Fazer uma boa redação não é para qualquer um. É fundamental ter um mínimo de

conhecimento de mundo, do assunto, de noções gramaticais. Escrever, sem esses atributos,

passa a ser uma verdadeira tortura tanto para o autor quanto para o leitor. Quando não, uma

piada para esse último. 

Identificar o assunto, poder discutir um mínimo é atributo fundamental. Nesse sentido, entende-

se que uma parte da redação pode ser treinada à exaustão por meio de técnicas precisas,

conhecimentos gramaticais e outros. Mas, sem sombra de dúvidas, o aluno também tem que

fazer a parte dele. Trazer um mínimo para alcançar a máxima avaliação.

Encerramento

Correspondência entre Estruturas

        A linguagem empregada na montagem de um texto é dinâmica, depende da criatividade e

do caminho escolhido pelo escritor. O texto, portanto, dificilmente irá apresentar apenas uma

estrutura de criação. Além disso, quem é o professor para limitar a capacidade de criação e

organização de um aluno?

        Outro ponto importante é o entendimento de que os sete exemplos apresentados

anteriormente são apenas algumas propostas, inseridas em um universo infinito de

possibilidades. Isso quer dizer que você, estudante, pode criar sua própria estrutura.