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Recuperação da paisagem e industria extractiva Thomas Panagopoulos

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Recuperação da paisagem e

industria extractiva

Thomas Panagopoulos

Desenvolvimento sustentável e

indústria extractiva

Durante o século passado a industrialização necessitou grandes quantidades de energia, metais e outras matérias primas derivadas da terra.

A mecanização e tecnologias avançadas trouxeram grandes áreas a condições de degradação.

Desde há algum tempo, a indústriaextractiva tem vindo a ser criticada porprovocar danos ambientais.

Indústria extractiva. - A análise da evolução da indústria extractiva realça uma

alteração substancial das suas características estruturais.

Assim, os subsectores dos minerais não metálicos e das rochas industriais (ornamentais e inertes para a construção civil e obras públicas) têm vindo a assumir uma importância crescente no tecido produtivo. Do mesmo modo, merece realce o relevo assumido pelos sectores das águas minerais e de nascente e o termalismo. Como contraponto desta evolução, o subsector dos minérios metálicos, passado o efeito do arranque dos projectos cobre (nos finais de 1988) e estanho (2.º trimestre de 1990) em Neves-Corvo, atingiu um patamar que, em termos de nível de produção, vem apresentando tendência para a estabilização.

Este sector sofreu, desde 1986 e até recentemente, transformações muito significativas que se repercutiram na produção de resíduos. As principais alterações foram:

A redução drástica do número de minas em laboração, que passou de 37 (em 1986) para 14 (em 1992) e apenas 6 (em 1993);

Fecho de, praticamente, todas as minas de volfrâmio, incluindo a mina da Panasqueira, responsável (em 1986) pela maior parte dos resíduos detectados;

A redução do número de minas de urânio em actividade e da respectiva produção;

Fecho da mina de Aljustrel;

Início de laboração, nos finais de 1988, da mina de Neves-Corvo, em Castro Verde, com um volume de produção que ultrapassou o total de todas as outras minas.

Em 1998, encontravam-se activas 1339 indústrias extractivas, caracterizando-se a sua estrutura empresarial pela existência de um elevado número de empresas de pequena dimensão (87,7% empregavam menos de 20 pessoas). No entanto, merece particular destaque, a importância relativa assumida pelas empresas com 20 e mais pessoas ao serviço que, apesar de representarem apenas 12,3% do número total de empresas, eram responsáveis por 56,2% do emprego e 60,7% do volume de negócios deste tipo de indústrias.

A localização geográfica das sedes das empresas revelava a forte importância relativa das regiões Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo, que dispunham de 86,8% das unidades empresariais, de 78,8% do emprego e geravam 74,8% do volume de negócios.

Saliente-se ainda que, na região do Alentejo, se encontravam sediadas 6,2% das empresas que, porém, eram responsáveis por 14,6% do emprego e 15,8% do volume de negócios global destas actividades.

Maquinas utilizadas na exploração

Degradação em grandes superfícies Apesar da actividade extractiva existir desde a Idade da Pedra e ser

considerada como uma das actividades básicas do ser humano, as

pessoas tendem ainda assim, a encará-la com desconfiança,

receando os efeitos que possa vir a exercer no seu meio-ambiente.

Ruído, vibrações, poeiras, trânsito de viaturas, poluição de aguas,

destruição de habitats são o impacto da actividade no ambiente e os

incómodos daí resultantes para as populações locais.

As minas, principalmente de superfície estão a criar problemas

graves na estética da paisagem porque se encontram à superfície e

afectam grandes áreas.

Sem planeamento para recuperação no fim da exploração, a

recuperação da paisagem custa muito mais.

A utilização destas zonas é apenas temporária e a recuperação deve

ser planeada dependendo do tipo de uso do solo que queremos no

fim da exploração (agricultura, silvicultura, lazer, urbanização etc).

Recuperação com minimização dos impactos visuais ect...

ou

reabilitação com alteração do uso dos solos anteriores

ou

renaturalização com utilização de vegetação típica da zona

ou

Restauração

Legislação: Decreto-Lei n.º 89/90 de

16-03-1990

Estabeleceu o regime jurídico para o exercício

das actividades de exploração dos recursos

geológicos

Recuperação paisagística: revitalização biológica,

económica e cénica do espaço afectado pela

exploração, dando-lhe nova utilização (com vista

ao estabelecimento do equilíbrio do ecossistema),

ou restituindo-lhe a primitiva aptidão.

Distáncias 5 m, relativamente a prédios rústicos vizinhos,

15 m, relativamente a caminhos públicos;

20 m, a condutas de fluidos, linhas eléctricas,

30 m, a linhas térreas, pontes, rios navegáveis, canais, cabos subterrâneos

50 m, a nascentes de água e estradas nacionais

70 m, a auto-estradas e estradas internacionais;

100 m, a monumentos classificados de valor turístico, escolas e hospitais;

500 m, a locais com valor científico ou paisagístico.

a largura da zona de defesa deverá aumentar 1 m por cada metro de desnível.

Relatório sobre a recuperação paisagística

Os exploradores deverão enviar, até ao final do

mês de Março de cada ano, ao Serviço Nacional

de Parques, Reservas e Conservação da Natureza

um relatório sobre as medidas de recuperação

paisagístico adoptadas no âmbito do plano

oportunamente aprovado.

Protecção do ambiente

Evitar e combater a formação de poeiras

Prévio tratamento das águas para o abastecimento das populações

Comunicação de eventuais achados arqueológicos;

Armazenamento do solo de cobertura, para reconstituição dos terrenos e da flora, tanto quanto possível próxima do seu estado inicial.

Implantação de barreiras anti-ruído, cortinas arbóreas e tratamentos especiais de efluentes.

Recuperação paisagística

A exploração e o abandono ficam sujeitos às seguintes medidas:

Construção de instalações adaptadas, o mais possível, a paisagem envolvente;

Finda a exploração, e desde que tecnicamente possível, reconstituição dos terrenos para utilização segundo as finalidades a que estavam adstritos antes do início da mesma, salvo se de outro modo tiver sido estabelecido pelas entidades competentes.

Fiscalização técnica

A exploração e o abandono de pedreiras ficam

sujeitos a fiscalização técnica a exercer por parte

da Direcção-Geral e, quanto a preservação do

ambiente e recuperação paisagística, por parte da

respectiva comissão de coordenação regional ou

do Serviço Nacional de Parques, Reservas e

Conservação da Natureza.

Contra-ordenação puníveis com coima de:

250 000$ a 3 000 000$

Legislação:Decreto-Lei n.º 270/2001 e

198-A/2001

Os exploradores, seja por acordos voluntários ou por

regulamentação, têm vindo a cumprir com algumas

medidas que minimizam os efeitos nocivos.

Estas medidas incluem, entre outras coisas: a Avaliação

do Impacte Ambiental, os planos de recuperação, valores

limite para ruído e poeiras, novas estradas para

ultrapassar os problema causados pelo trânsito de

viaturas pesadas, etc.

Corrigir, as numerosas situações de minas abandonadase não reabilitadas.

Substituição do plano de recuperação paisagística, porum plano muito mais abrangente do ponto de vistaambiental, o PARP.

Plano Ambiental de Recuperação

Paisagística (PARP)

Os objectivos propostos são a adaptação de

pedreiras à recuperação não só paisagística mas

também ambiental, do meio em que estão

inseridas

Atendendo à tipologia do projecto, ao tipo de

intervenção necessária e à legislação em vigor, as

acções levadas a cabo têm como objectivo a

adaptação de pedreiras, de acordo com exigências

legais, à recuperação tanto paisagística como

ambiental.

Novidades O explorador não pode conduzir as operações de exploração, fecho e

recuperação sem plano aprovado e será exigida pela entidade licenciada caução.

Valor da caução: x = (C*A)/D-F,ou x = (C*V)/D-F ou x = c*t

x = valor da caução;

C = custo actualizado total estimado para a implementação do PARP;

A = área total explorada (no ano anterior ou no período definido);

D = área ou volume total licenciada;

V = volume total extraído (no ano anterior ou no período definido);

F = valor despendido com a recuperação;

c = estimativa do custo unitário de recuperação de uma unidade de área;

t = área a recuperar em período de tempo determinado

linhas de água objecto de tratamento e integração paisagística;

contaminação de aquíferos

Tratamento das águas envolventes à actividade;

Acções de recuperação

Renivelamento –preenchimento do vazio resultante da extracção.

Enchimento parcial –varia entre um enchimento quase total com o objectivo da criação de uma morfologia ondulada e entre um preenchimento reduzido, proporcionando a regularização mínima da morfologia deixada pela exploração.

Obtenção do solo superficial

ESTOQUE E ACONDICIONAMENTO PARA REUTILIZAÇÃO

REMOÇÃO E TRANSPORTE

0,5 a 1,0m

Pìlha

2,0m

Uma das hipóteses para obter este tipo de solo, exige a operação de remoção e

depósito de terra vegetal anteriormente à extracção. O tempo de deposição é 1

ano. Se existe horizontes ABC, organizar e repor os horizontes com a mesma

ordem.

Outra hipótese será trazê-lo de outros locais, o que se torna mais dispendioso.

Esquema sequencial de

exploração-recuperação

1)Para garantir o êxito de recuperação dacapacidade productiva do solo, é necessárioobedecer às seguintes regras:

- Espessura mínima de 40cm;

- Horizonte superior rico em húmus, sem mistura deoutros horizontes;

- Renivelamento cuidadoso e compatível comdrenagem eficaz;

-Reconstituição do solo respeitando os horizontesoriginais e sem compactação;

-Nível reconstituído claramente acima do nívelfreático;

2)O uso florestal será uma solução para:

solos pobres, com falta de agua,

exige um esforço económico menor

longe de áreas de residência.

Esta solução é mais comum em pedreiras de encosta ou

aterros, com boa drenagem e defesa contra roedores

Vista geral do local da pedreira do Outão (Arrábida)

Vantagens da recuperação para uso silvícola

1. Reduz a poluição do ar (gases como o SO2, CO2,NOx em concentrações letais são neutralizadospor oxidação durante o metabolismo das plantas.

2. Produz mais oxigénio (uma árvore de 100 anos ecom 25 metros de altura produz 1.7kg de oxigéniopor hora).

3. Reduz o barulho até aos 0.16 dB por metro.

4. Diminui os extremos de temperatura no solo e noar até 5oC.

5. Aumenta o ritmo de génesis do solo.

6. Conservação da água.

7. Minimizar a erosão do solo.

Selecção de espécies

Selecção de espécies A selecção de espécies depende das características especiais

que as árvores possuem.

Uma árvore de folha caduca dá sombra durante o Verão mas

está nua durante o Inverno.

Privilegiar especies indigenas que de qualquer maneira iriam

ser instaladas na zona em recuperação.

Privilegiar florestas mistas (sé a área florestal mínima continua

é 5ha).

A estrutura e composição dos povoamentos tem de minimizar

dos riscos de incêndio, pragas etc. (não mais do que 100ha

homogenos).

Seleccionar espécies que florescem em épocas diferentes

Vantagens de árvores de folha caduca

Criam sombra densa e ambiente fresco e agradável.

A cor na maioria das espécies muda durante o Outono, Inverno e oferece uma impressionante paisagem.

Têm maior superfície foliar e por isso produzem mais oxigénio.

Têm sistema radical muito rico (erosão)

Precisam poucos cuidados após a plantação.

São resistentes às doenças.

Variedades para todas as condições edafoclimáticas

Vantagens da utilização de arbustivas na

recuperação da paisagem

Têm grande duração de vida.

Crescem bem em todos os tipos de solo.

Precisam poucos cuidados após a plantação.

São resistentes às doenças

Florescem em todas as épocas e durante muito tempo

Folhas, forma e frutos de vários tipos.

Custo de produção baixo e crescem depressa.

Mycorrhiza Pinus nigra com Pisolithus tinctorius

0.00

2.00

4.00

6.00

8.00

10.00

12.00

14.00

16.00

18.00

Inoculation onsterilized soil

Inoculation withoutsoil sterilization

Non inoculated onnon sterilized soil

Non inoculated onsterilized soil

Height (cm)

a

ab

bb

Pinus nigra inoculation with Pisolithus tinctorius

Crescimento e sobrevivência superior

Utilização de lamas urbanas

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

Fly ash Ash 35%lignite65%

Ash 35%topsoil65%

Ash 35%lignite55%sludge10%

Ash 35%topsoil55%sludge10%

Ash 35%lignite20%topsoil20%sludge25%

Sewagesludge

Total porosity (%)

d

a

bcb

c

e

d

Utilização de lamas urbanas

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

Fly ash Ash 35%lignite65%

Ash 35%topsoil65%

Ash 35%lignite55%sludge10%

Ash 35%topsoil55%sludge10%

Ash 35%lignite20%topsoil20%sludge25%

Hydraulic conductivity (cm/h)

e

a

d

c c

b

Utilização de lamas urbanas

0.00

2.00

4.00

6.00

8.00

10.00

12.00

14.00

16.00

18.00

20.00

Fly ash Ash 35%lignite65%

Ash 35%topsoil65%

Ash 35%lignite55%sludge10%

Ash 35%topsoil55%sludge10%

Ash 35%lignite20%topsoil20%sludge25%

November

May

November

Height (cm)

a a

a

a

a ac

Pinus nigra

c

a

bc bc

ab

c

b b

ab ab

a

Utilização de lamas urbanas

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

Fly ash Ash 35%lignite65%

Ash 35%topsoil65%

Ash 35%lignite55%sludge10%

Ash 35%topsoil55%sludge10%

Ash 35%lignite20%topsoil20%sludge25%

November

May

November

Height (cm)

a

c bc abc abcabab

b bb b

a

d

c

c

b b

a

Pinus brutia

As árvores constituem o esqueleto de uma paisagem.

Geralmente as árvores devem ser bem adaptadas às condições ambientais do local que queremos recuperar para escapar a surpresas por razões edafoclimáticas

Introduzir espécies que estão em harmonia com a paisagem local.

Árvores típicas devem ser realçadas na paisagem.

Pequenos grupos da mesma espécie criam imagens impressionantes

Árvores em linha são monótonas

Elementos visuais principais a serem

considerados

Recomposição PaisagistícaDeterminar paisagem típica regional e a local a ser usada

Descrever paisagem local da futura exploração e arquivar na forma de fotografia e

mapas.

Analisar a paisagem antes, durante e depois.

Considerar elementos da paisagem (atributos) : linha, forma, textura, escala,

complexidade e cor

Integração entre a estética e os seguintes aspectos : sistema hídrico, topografia,

vegetação,..

Atenção a pontos sensíveis na paisagem

• Pontos em locais onde há linhas paralelas e convergentes (ex:as encostas de um

vale) que conduzem o olhar do observador

• Locais de grande valor cénico (florestas primarias, atracções históricas)

Interessa ocultar

panorâmicas negativas

do ponto de vista estético

e criar barreiras à

poluição sonora e às

poeiras

Exemplos nacionais

Pedreira Moleanos (blocos)

Pedreira Avarela (gesso)

Estádio municipal da Braga

Exemplos internacionais