reconto - memórias para história do que virá memorial - lvv para concurso ufpel, set 2013_

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1 Reconto - Memórias para História do que Virá Leonardo Valesi Valente Pelotas / RS, 17 de setembro de 2013. [email protected] Introdução sem Apresentar Tudo, Porque Escrever me Levará a Quase este Risco É de lá, de onde eu vim, que arriscarei contar um causo, ou um bocado de memórias, para saber um pouco mais de mim e dar laço junto a presente seleção de professores da Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Dizem que mineiros somos contadores de causos e é nesta narrativa que tecemos, com o fio da vida, o que dê sentido ao existir. Este arado que inclusive coincide com o oficio de terapeuta ocupacional: quando por cuidador, ele se empresta para que outrem edifique em si uma possibilidade de ser, que irrompa ao redor da existência o universo particular de cada um que puder ser. Revendo outras cartas que produzi para bancas anteriores, na procura de um primeiro novo passo por me exercer aqui de desejo e projeção para a futura atuação docente tão almejada, fui recolhendo impressões que dei conta de informar ao interlocutor: que ainda não me conhece tão bem, mas que ousarei procurar alguma imediata proximidade para que estes escritos causem, efetivamente, alguma significação. É que preciso contar um segredo, que trouxe lá de Minas: a gente conta, escreve, senta-se e reúne porque pertencer dá uma liga muito boa na vida, perfaz que sejamos no outro um pouco além de nós mesmos. Mas isso já é amor, é beleza, é invenção... Oh, será que já estou falando da Terapia Ocupacional? De mim? Da botão-em-flor que é a docência? Do futuro que o coração da gente quer? Só sei que escrever me permita saber e dizer, o que farei adiante. Com o intuito de me guiar neste relato, recorro ao professor-mor Paulo Freire que ao introduzir sua contumaz Pedagogia da Autonomia 2 pede licença para retomar escritos anteriores - não querendo entediar o leitor e sim inaugurar outra relevância, apenas. De posse de tamanho exemplo, qual uma autorização, já compreendo que para o exercício de professor também requisitarei em mim mesmo o postulado inalienável de aprendiz: seja na dimensão do que fui e me balizo de lá para seguir; seja no contato com o outro a quem ocuparei um papel edificante de referência e transmissão. Enfim, que o pensamento emblemático de vir-a-ser docente da Terapia Ocupacional me provoque ao despertamento e que, para tanto, seja preciso informar, notar, reconstruir o que se aprendeu para, quiçá, ensinar, acompanhar, promover, emancipar. Tantas mudanças numa dimensão do fazer, próprio da transformação - o que também sei por que me constituí antes como terapeuta ocupacional. Por ser, portanto, terapeuta ocupacional e, no porvir, professor, é que quis

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Reconto - Memórias para História do que Virá memorial - LVV para concurso UFPel, set 2013. Memorial descritivo para candidatura ao concurso para docente em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de Pelotas, no RS.

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Reconto - Memórias para História do que Virá

Leonardo Valesi Valente

Pelotas / RS, 17 de setembro de 2013.

[email protected]

Introdução sem Apresentar Tudo, Porque Escrever me Levará a Quase este Risco

É de lá, de onde eu vim, que arriscarei contar um causo, ou um bocado de memórias, para saber

um pouco mais de mim e dar laço junto a presente seleção de professores da Universidade Federal de

Pelotas - UFPel. Dizem que mineiros somos contadores de causos e é nesta narrativa que tecemos, com o

fio da vida, o que dê sentido ao existir. Este arado que inclusive coincide com o oficio de terapeuta

ocupacional: quando por cuidador, ele se empresta para que outrem edifique em si uma possibilidade de ser,

que irrompa ao redor da existência o universo particular de cada um que puder ser.

Revendo outras cartas que produzi para bancas anteriores, na procura de um primeiro novo passo

por me exercer aqui de desejo e projeção para a futura atuação docente tão almejada, fui recolhendo

impressões que dei conta de informar ao interlocutor: que ainda não me conhece tão bem, mas que ousarei

procurar alguma imediata proximidade para que estes escritos causem, efetivamente, alguma significação. É

que preciso contar um segredo, que trouxe lá de Minas: a gente conta, escreve, senta-se e reúne porque

pertencer dá uma liga muito boa na vida, perfaz que sejamos no outro um pouco além de nós mesmos. Mas

isso já é amor, é beleza, é invenção... Oh, será que já estou falando da Terapia Ocupacional? De mim? Da

botão-em-flor que é a docência? Do futuro que o coração da gente quer? Só sei que escrever me permita

saber e dizer, o que farei adiante.

Com o intuito de me guiar neste relato, recorro ao professor-mor Paulo Freire que ao introduzir sua

contumaz Pedagogia da Autonomia2 pede licença para retomar escritos anteriores - não querendo entediar o

leitor e sim inaugurar outra relevância, apenas. De posse de tamanho exemplo, qual uma autorização, já

compreendo que para o exercício de professor também requisitarei em mim mesmo o postulado inalienável

de aprendiz: seja na dimensão do que fui e me balizo de lá para seguir; seja no contato com o outro a quem

ocuparei um papel edificante de referência e transmissão. Enfim, que o pensamento emblemático de vir-a-ser

docente da Terapia Ocupacional me provoque ao despertamento e que, para tanto, seja preciso informar,

notar, reconstruir o que se aprendeu para, quiçá, ensinar, acompanhar, promover, emancipar. Tantas

mudanças numa dimensão do fazer, próprio da transformação - o que também sei por que me constituí antes

como terapeuta ocupacional. Por ser, portanto, terapeuta ocupacional e, no porvir, professor, é que quis

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trazer, quase que por ferida incurável, a ingnorãça poética do Manoel de Barros1: "repetir, repetir, repetir...

repetir até ficar diferente": vou reunir aqui fragmentos da minha trajetória, que igual a de qualquer outra

pessoa - nem tem medida exata, mas infinda. Escrevo memórias que me auxiliem no testemunho do meu

desejo pronunciado pela docência, buscando daí dar sentido ao lugar que para mim concebo neste pleito de

candidatura a professor junto à UFPel, amém!

Da Pré-História do Coração Didático

Graduei-me em Terapia Ocupacional, no ano de 2004, pela Universidade Federal de Minas Gerais -

UFMG. Irrompido para longe das asas interioranas de minha família e arriscando-me expandir em novas

raízes, na capital belo-horizontina, deparava-me com este desejo de saber e ensinar a profissão. Durante a

própria formação ainda, estive ao lado de duas das mais inesquecíveis estrelas-guia da constelação de

mestres que eu urgiria em citar: as professoras Tania Lucia Hirochi e Maria Cristina Silva, do Departamento

de Terapia Ocupacional, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - EEFFTO da

UFMG. Elas, sem risco de erro, comoveram meus passos para a docência.

Era o início de um novo milênio e eu já reunindo lá meu primeiro grande passo, para conhecer este

prenúncio que vislumbrar a docência provoca em mim. Fui bolsista do Programa de Aprimoramento Discente

– PAD, projeto-piloto sob o título “Integração Multiprofissional e Interdisciplinar na Área de Atenção Básica à

Saúde”, promovido pela associação dos Colegiados dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina,

Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Odontologia, através dos recursos da Pró-Reitoria de Graduação –

PROGRAD da UFMG, durante os dois semestres letivos do ano de 2001. Tal projeto se constituiu numa

espécie de embrião do que conhecemos hoje como Estratégias da Saúde da Família (PSF's / ESF's).

Naquela época, o desafio que nos demarcava perante o trabalho coletivo fora construir práticas multi e

interdisciplinares, numa dimensão em prol da saúde pública, com enfoque na promoção da saúde e em

práticas comunitárias várias no território. Os estudantes, que não trabalhávamos em duplas do mesmo curso

de graduação, misturávamos aos tutores e à comunidade para discutirmos e intervir em nós críticos eleitos

de forma problematizadora (de acordo com a dinâmica de Planejamento Estratégico em Educação

Permanente de Saúde), exercendo um papel introdutório para a transmissão de saber e troca nas

dimensões: professor-aluno, aluno-aluno, todos-comunidade, finalmente.

A saudosíssima professora Maria Cristina, docente da Terapia Ocupacional, tutora à época,

acompanhou-me durante este exercício de ensinar-aprender, saber-aprender, conhecer-reconhecer, ressaber

muito mais. Como atividades didáticas e avaliativas, desenvolvíamos apresentações orais temáticas e grupos

operativos, aos moldes do ensino de Pichon-Rivière6,7

, junto a uma população da periferia de Belo Horizonte.

Todas as etapas do processo de trabalho eram definidas pela participação de quaisquer envolvidos, sem

definições de voz de comando para a centralização de apenas um ou de hierarquias dentro dos participantes

nos encontros que se davam entre os discentes bolsistas do projeto, os tutores, a comunidade, os serviços

ou os equipamentos institucionais requisitados no projeto - dentre eles a associação de bairro, as escolas do

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entorno, os serviços de referência e da rede, coordenação distrital local, lembrando que até então não existia

o desenho PSF's e NASF's no município.

O trabalho pelo PAD era realizado tendo na transmissão oral um veículo de garantia de acesso à

prática, ao pensamento, ao plano de intervenção, que servisse para identificação dos resultados e,

sobretudo, como forma de incluir o outro num dizer sobre o que atuávamos ali juntos. Afinal, que o discurso

fosse a todo tempo adequado a quem ouvisse, seja dos colegas em formação científica interdisciplinar, seja

junto à população muitas vezes ali vulnerável pelas condições críticas de sua baixa qualidade de vida

(somente para ilustrar, dentre outras situações de difícil relato aqui, o Centro de Saúde era alocado dentro de

uma favela fechada, que só tínhamos acesso após autorização do comando do tráfico e se estivéssemos

usando o branco - esta bandeira higiênica, que ali simbolizava nosso passe-livre para construir e apostar

num modelo de saúde pública hoje completamente bem difundido no país). Encontrar e estabelecer critérios

de convivência e eleição de situações para enfrentamento coletivo passou a configurar como missão de

saúde pública, além de formação para a promoção ampla de relações e mediação de aprendizagem.

No outro ano, assistindo agora a seleção de novos bolsistas para o PAD, com aquele coração

embrionário de futuro docente, ajudamos na formação inicial dos selecionados: transmitindo tabelas, formas

de avaliação institucional e comunitária, além de escritos, dinâmicas, modos de fazer e lacunas que nunca

demos conta - graças a Deus! Foi depois deste capítulo, que concorri à outra seleção e, formalizei, ainda na

cronologia de minha graduação, minhas primeiras experiências docentes propriamente ditas.

Desta vez, fui bolsista do Programa de Iniciação à Docência – PID, aprovado pelo Departamento de

Terapia Ocupacional – DTO, junto aos recursos da PROGRAD da UFMG; iniciante da atividade docente na

área de Recursos Terapêuticos, com o trabalho de acompanhamento teórico-prático das Disciplinas de

Recursos Terapêuticos I e II do curso de graduação em Terapia Ocupacional como parte da proposta de

integralização dos ciclos básico, pré-profissionalizante e profissionalizante, sob a supervisão das professoras

Maria Cristina Oliveira Silva, novamente, e Tania Lucia Hirochi, durante o período de março de 2002 a

fevereiro de 2003.

Vaidoso e bom cuidador que eu sou, vou explicitar os engendros que esta experiência do PID me

projetaram de uma simples monitoria para este desejo renitente de ser professor em Terapia Ocupacional,

que eu tanto repito e que me provoca inovadoras mudanças e desafios, aos moldes da poesia pantaneira do

Manoel de Barros.

As disciplinas de Recursos Terapêuticos I e II se davam nos Laboratórios de Recursos respectivos a

cada disciplina. Na grade curricular tais disciplinas desempenhavam um cronograma de dois turnos, o que

exigia que os alunos, eu-monitor e as professoras ficássemos ali reunidos por intermédio de ocupações

livres, criativas, expressivas, artes, ofícios e produção de vida5,9

- é neste espaço interrelacional, permeado

de possibilidades de transformação dos sujeitos, dos meios, das relações que se desemboca o fazer próprio

da Terapia Ocupacional. Mas igualmente foi ali que bem me exerci, agora num papel de aprendiz de

professor, dado que o nome monitor nunca foi suficiente para mim.

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O PID exigia do bolsista uma articulação entre as disciplinas básicas, as pré-profissionalizantes e

clínicas da graduação em Terapia Ocupacional da UFMG. Realizávamos atividades de acompanhar as

preparações de material didático a ser utilizado nas disciplinas, bem como a organização das instalações

físicas, mobiliários, maquinários e instrumentais, além de referências, notações, listagens, catalogação e

arquivários que dessem amplitude aos tópicos de recursos terapêuticos. Mas a tarefa hercúlea, a que

éramos sobremaneira desafiados, era percorrer para além das disciplinas que monitorávamos até encontrar

fios desconectados entre os cliclos da grade curricular e identificar, eficientemente, uma metodologia que nos

permitisse articular, logo: dar liga e coesão à formação dos ali futuros terapeutas ocupacionais e a nossa,

como aprendizes de docente.

Elegíamos algumas importantes estratégias para que se cumprisse tal exigência de articulação. Os

bolsistas do PID, das diversas disciplinas e eu, dos Recursos Terapêuticos, organizávamos seminários

temáticos ao longo dos semestres letivos, para os quais eram convidados todos os graduandos do curso,

independente de seu momento na formação. O curioso era que, neste trabalho de convidar e divulgar os

Seminários do PID, percorríamos do 1º ao 10º período e identificávamos situações-problema que

oportunizassem o fio de condução na formação daqueles estudantes. Optávamos pela escolha de casos

clínicos ou casos institucionais em que os saberes, por assim dizer, das disciplinas básicas (por exemplo,

Anatomia, Fisiologia, Neuroanatomia, Biofísica, Antropologia, Filosofia das Ciências Biológicas) dialogassem

com as mais intermediáras (Cinesiologia, Cinesioterapia, Atividades e Desenvolvimento Humano, Saúde do

Trabalhador, Recursos Terapêuticos, Splints e Adaptações) até confrontar, finalmente, com as ditas

disciplinas clínicas do curso (Terapia Ocupacional Aplicada à Saúde Mental, às Condições Sociais, à

Gerontologia Social, à Disfunções Neurológicas, ao Desenvolvimento Infantil, dentre outras) dando corpo

para uma discussão desafiadora e motivacional ao coletivo dos alunos reunidos pelo viés da formação. Mas

era no contato com os estágios, chamados naquela grade de Clínicas em Terapia Ocupacional I, II e III que

encontrávamos as pontas soltas do que não se processava tão bem na graduação, mas que através do PID

se tornava urgente para dar cabo e reatar perante a formação coesa e segura. Fazíamos ir e voltar só para

marcar uma diferença do que se aprendia e, ainda bem, também se ensinava.

De novo, era repetir, repetir, até mudar. Os Seminários do PID, sempre com valiosa adesão dos

alunos, ainda contribuíram para provocar uma discussão interna na graduação em Terapia Ocupacional, que

culminou numa reforma curricular ampla na UFMG - o que não tive a sorte de ser submetido, pois formei

ainda pelo currículo anterior. Mas ficou este sabor honroso de quem, dentre incontáveis sujeitos, também

esteve ali numa transformação que repercutisse para todos em melhoria.

Ter citado acima as professoras Cristina e Tania, a quem devoto meu profundo aprendizado na

demarcação do ofício de ensinar a Terapia Ocupacional, pôde me lembrar de outro ensino, que servirá de

fluxo para o próximo recorte neste escrito de causos e repetições: "Se você quer saber como é a estrada a

frente, não pergunte a quem está indo contigo. Mas para quem está voltando" ensino do Milton Grobe. Se

elas foram à minha frente, se hoje vou à frente de alguns educandos é porque também já encontrei muito e

não cesso este meu desejo em ir com-junto. Espero que com muitos outros que um dia aprenderão comigo

eu possa causar elo e comoção, da mesma forma que fui tocado irrevogavelmente durante minha formação

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de terapeuta ocupacional. Daqui a diante, contarei como tenho indo nestes dias de vir-a-ser professor, mas

ainda não específico na Terapia Ocupacional.

Desafio de Lecionar para os Não-Iguais: Transmitir e Reafirmar

Desde 2005, radicado em Montes Claros - sertão norte-mineiro, terra da escassez, do clima semi-

árido desértico, das festas folclóricas do agosto mais colorido que houver e território extremamente potente

para meu crescimento pessoal, profissional e ideológico, vim acirrando minha trajetória na experiência

docente, num exercício de ampliação - mesmo quando a falta demarca todo o entorno de nós. Lá naquela

terra, distante daqui uns 1880km, aonde também atravessou o (des)fronteiriço Guimarães Rosa escrevendo o

seu "Grande Sertão: Veredas"8, entendi o que é o sertão e o quanto desejar seja inesgotável em cada um de

nós. Mas não posso apenas contar sobre meu desejo, que deve ser parecido com o tamanho do sertão, mas

preciso citar o escrito do Rosa8, que bem nos acalanta desta maneira: "o mais importante e bonito, do

mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão

sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior". Eu não estou terminado, mas estou pronto para o

que pronuncio a partir daqui, porque desejo um encontro com a docência e acredito que isso reverbera tão

forte porque já fui atravessado por tamanha beleza: o que gostaria de imprimir grandemente neste escrito até

atingir um encontro com o outro, junto a quem ensinar possa de fato nos unir.

Subtraindo, neste memorial, o relato de que fui convidado pela Universidade Estadual de Montes

Claros - Unimontes, naquele mesmo ano, para ministrar cursos de atualização, promovidos em 19 de maio

na ocasião da 1ª Jornada Universitária Interdisciplinar de Geriatria e Gerontologia, de “Cuidando do Idoso

com Demência” e “Cuidados Gerais Necessários ao Idoso Dependente”, farei um deslocamento narrativo

para citar minha experiência na Seção de Programas Especiais da Secretaria Municipal de Saúde daquele

município. Subtraio também a experiência docente na formação do curso sequencial superior em Cuidador

de Idosos da mesma Unimontes, entre 2005 e 2007, quando também pudemos supervisionar as práticas de

estágio I e II. Tais deleções nos custam mais por evitar que o texto seja demasiado detalhista, mas nunca

por se tratar de menos importantes experiências ou despertencimento, porém que a seguir quero enfatizar

outros realces num diálogo para a docência em Terapia Ocupacional.

A Seção de Programas Especiais - SPE, hoje Seção de Programas e Projetos Estratégicos,

coordenava programas de Educação Permanente para a rede de Saúde dos servidores municipais de

Montes Claros. Contando com uma equipe multidisciplinar de tutores, dentre eles: enfermeiros, nutricionista,

assistente social, médicos, psicólogos e eu, terapeuta ocupacional - a SPE organizava módulos de

capacitação in loco junto às equipes das Unidades Básicas de Saúde - UBS's, reafirmando um desenho

microrregional de descentralização dos programas prioritários de saúde pública no município. Tais programas

de ações de combate e controle à Hipertensão Arterial Sistêmica, à Diabetes, à Tuberculose, à Hanseníase,

às Doenças Sexualmente Transmissíveis, ao Tabagismo, além dos programas temáticos de Saúde da

Criança, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador, Saúde da Mulher e Saúde do Idoso - este o mais expoente

das minhas atuações, recebiam módulos de capacitação que tanto serviam para educação continuada das

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equipes aos moldes da abordagem em Educação Permanente, como também para avaliar e controlar as

ações pactuadas na agenda municipal e no quadro de metas da saúde pública.

As UBS's do município nunca dispuseram de profissional terapeuta ocupacional, somente muito

tardiamente quando Montes Claros foi palco pioneiro para a futura implantação dos Núcleos de Atenção à

Saúde da Família - NASF's, em 2009 quando foi criado o Núcleo da Atenção Integral - NAI do Delfino

Magalhães - sede de uma microrregião, é que se incorporou uma profissional da nossa área na atenção

básica à saúde. Sendo assim, durante todo o programa de Educação Permanente, em que pudemos

desenvolver numa tônica multidisciplinar, nunca tive a oportunidade de transmitir conhecimentos para iguais.

No máximo, era possível dialogar com semelhantes, parceiros no trabalho coletivo, dentre eles:

fisioterapeutas, psicólogos e geriatras, o que desafiava um discurso mais generalista e menos centrado nas

atuações específicas da epistemologia de Terapia Ocupacional. O que não nos isentava do discurso de

transmissão sobre nosso objeto e especificidade, que orientam discurso e tecnologias aplicadas,

irrestritamente úteis para contribuir também no que se deva praticar e saber sobre saúde, em especial, na

saúde pública.

Na SPE estivemos como tutor de outubro de 2005 a julho de 2009 focando nossa contribuição na

Educação Permanente da Saúde do Idoso, do Programa de Atenção à Saúde do Idoso, da Saúde Mental, da

Saúde da Criança e do Programa de Controle das Ações de Combate à Hanseníase - esta última ênfase nos

permitiu galgar a posição de referência técnica em reabilitação, que nos dias atuais ainda exerço em Montes

Claros. Ressalto que as aulas da SPE ocorriam em todos os territórios das UBS's - perfazendo um total de

13 centros de saúde e os PSF's adscritos, quando todos os profissionais das respectivas unidades eram

convocados para as aulas como parte de suas atribuições diárias. A atuação na SPE tornou-se tão profícua

dentro da municipalidade que veio a culminar com a formulação de diversos documentos, que tivemos a

honra de produzir, junto com outros valiosos parceiros, naquele tempo, dentre eles: o diagnóstico situacional

da saúde pública de Montes Claros, o protocolo de avaliação multidimensional do idoso, a cesta básica de

medicação dos idosos, relatórios de gestão e das micro-conferências temáticas, formulação do Comitê

Gestor das Ações de Controle e Eliminação da Hanseníase - COGEHAN, além da proposição e realização

do 1º Fórum Municipal da Atenção Integral ao Idoso.

Para dar corpo ao relato desta experiência de capacitar colegas não-terapeutas ocupacionais,

gostaríamos de emoldurar nossas experiências por lecionar em cursos de atualização e pós-graduação na

área de educação, sobretudo no Atendimento Educacional Especializado - AEE, em especial nos últimos dois

anos. Por incorrigível crença e emblema, sou daquele tipo de gente que mesmo sendo pouco não me canso

de ser, de querer, de buscar. Daí reconheci, no trabalho da inclusão, um desafio muito bem condizente ao

modo que tenho de acreditar e produzir sentidos para as coisas a que me dedico. A inclusão de pessoas

ditas com deficiência nos cenários instituídos da vida social recruta, dentre inúmeros outros instrumentos

para o trabalho, a formação de professores especialistas para atuar nas escolas regulares do ensino sob o

signo de professores de apoio / professor facilitador ou professor de sala de recursos multifuncionais - SRM.

É neste horizonte loquaz que minha formação em Terapia Ocupacional serviu perfeitamente de alicerce para

orientar e capacitar outros profissionais no exercício disso que concorre exatamente com o tópico deste

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escrito mnemônico: transmitir e reafirmar perante os diferentes e ainda assim regozijar-se na égide do que se

acredita fazendo, no encontro professor-aluno.

Leciono em Montes Claros em duas instituições de ensino. A primeira que ocorre no Centro

Especializado em Assessoria e Aprendizagem Mediada – CEAM, uma consultoria que oferece cursos de

atualização em Deficiência Intelectual / Mental; Comunicação Alternativa e Tecnologia Assistiva; Transtornos

Globais do Desenvolvimento – TGD's / Transtornos Invasivos do Desenvolvimento – TID's / Transtornos do

Espectro Autístico - TEA's; Psicomotricidade / Deficiência Física; Atendimento Educacional Especializado /

Sala de Recursos Multifuncionais, e agora também com curso de formação para o método Braille. Estes

cursos são pré-requisitos para que professores se candidatem às vagas de professor de apoio / facilitador ou

professor de SRM no âmbito das escolas estaduais em Minas Gerais - MG. Com cargas horárias variando de

120 a 240 horas/ aula, cada curso oferece módulos teóricos, práticos (contando com oficinas mediadas por

nós), além de exigir dos alunos relatórios de observação de crianças em processo de inclusão e outras

medidas avaliativas como questionários dissertativos de todas as disciplinas. Na segunda instituição que

também lecionamos, no caso uma rede de faculdades também de Montes Claros, através da Unique Tutoria

e Mediação Didática – UnicEAD, são oferecidos cursos de pós-graduação na mesma cidade, ou em

Porteirinha e Sete Lagoas, ambas em MG, com os temas, dentro outros, de: de Atendimento Educacional

Especializado e Educação Inclusiva; Neuropsicologia Educacional; Professor de Apoio / Professor Facilitador.

Tais cursos com carga horária a partir de 360 horas, semi-presenciais e à distância, formam profissionais

especialistas para orientar e acompanhar o processo de inclusão de crianças nos contextos regulares da

educação no estado.

Na experiência de lecionar para professores já graduados, acompanhamos uma incontável gama de

problemáticas, aos quais repercutem como o maior desafio deste meu arado de ensinar perante os diferentes

da minha formação inicial. Dos anseios de transmitir, algo que se reconheça nosso para que o outro passe a

pertencer a partir deste encontro, numa relação professor-aluno, deparei-me com impasse de que "ensinar

não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção"

como bem esclareceu FREIRE (1996, p.47). Daí, pude elaborar uma forma de produção o ensino a partir de

uma dimensão mais generosa, inclusive para comigo mesmo, de que independente de quem fosse o aluno

naquele encontro sempre haveria que se produzir uma ressignificação - única e impossível de previsão

completa. A dimensão professor-aluno sempre evoca descortinamentos que o vão desejo de equalizar os

dois sujeitos nesta relação nunca é o bastante. A relação se fortalece no laço do imprevisível, do inusitado,

inclusive quando não se igualar passa ser um resultado valoroso no encontro - dado que a autonomia é

indispensável às instâncias de ensinar e aprender, como igualmente bem alertou o professor Paulo Freire ao

proferir que "ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando" FREIRE (1996, p.59) e, eu arriscaria

conceber também do professor.

Nas discussões sobre orientações de práticas pedagógicos, sobre quais manejos o professor

facilitador poderia recorrer para acompanhar o processo de aprendizagem, em especial de leitura e escrita,

de crianças ditas com deficiência nas escolas regulares, fomos descortinando panoramas ideológicos e

sempre almejando superação de práticas e proposições de resiliência em prol da inclusão. Ao orientar

professores quanto ao manejo de situações-problema como o caso da ecolalia nas crianças com TID's /

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TGD's / TEA's, o pensamento robusto na deficiência intelectual, o uso de tecnologias assistivas para

comunicação de crianças com paralisia cerebral ou o planejamento de atividades em SRM adequadas às

propostas de adaptação curricular inclusiva, dentro outros inúmeros contextos das capacitações nos cursos

que leciono, verifiquei que há algo próprio do ofício de terapeuta ocupacional, que mesmo não sendo

transmissível a quem não seja também terapeuta ocupacional, mas que se operará como garantia de

reafirmação das práticas, discursos e produção de saberes, portanto de tecnologias aplicadas, sendo então

útil e indispensável de se promover na transmissão.

Nas oficinas de formação de professores e orientação a partir de casos verídicos de inclusão na

educação, pude acompanhá-los nos desenvolvimento de um olhar mais perspicaz para avaliação de

dificuldades educacionais específicas vivenciadas pelos alunos com deficiência na singularidade de cada um.

Sempre foi motivo de minha preocupação como docente, que aqueles professores não se confundissem ao

compreender seus educandos, em processo de inclusão, somente pelo diagnóstico da doença, da lesão, da

deficiência propriamente dita, perpetuando-os numa condição de "especiais", tão indesejável quanto o

preconceito e a segregação. Neste trabalho, que envolvia recrutar cada aluno para o "exército de salvação"

da inclusão (é assim que brincando eu os chamo recrutando-os), quis muito mais conduzir tais professores -

meus alunos, a uma segurança de intervir, desde que isso não excedesse os limites de sua prática

pedagógica - exigentemente pautada nos trâmites de facilitar a aprendizagem dos seus alunos. É que eu-

professor também reconheci a impossibilidade de transmitir tudo, mas indispensavelmente o bastante para

que ainda houvesse lugar no aprendiz para aquilo que fosse só dele: autoral, idiossincrático, revolucionário.

Ah, a docência é um exercício tão generoso...

Um encontro de quem ensina, com quem aprende, compreendidos como legítimo atributo da

especificidade humana, de novo citando aqui o mestre Paulo Freire fez eu recordar de outro mestre, mas da

música, que um dia escreveu esta beldade: "toda vida existe para iluminar outras vidas que a gente

encontrar". E foi assim com o Milton Nascimento no pensamento que assumi com enorme gratidão a difícil

tarefa de ensinar para não-terapeutas ocupacionais durante parte muito essencial na minha formação em

prol da docência, mas que venho, na presente seleção, aproximar-me mais um tanto no pleito deste

concurso junto à UFPel por reconhecer tal oportunidade como de grande estima para minha incessante

formação e anseios.

Dos Pensamentos que Carregamos para que Não nos Cesse a Criação

Daqui, que as linhas finais da escrita começam a imanar diante quem me ouviu tão longamente,

sobressaem algumas aliterações conclusivas. Escrevê-las-ei, fortuitamente, para nortear planos de

intervenção na prática didática ao que me disponho junto a presente instituição. Por isso, retomo em formato

de tópicos, o que pude elaborar como bem importante a se propor fazer como plano de ação na qualidade

de docente:

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* Conhecer o desenho de ensino da instituição, a estrutura da grade curricular da graduação em

Terapia Ocupacional; oportunizar o diálogo junto ao corpo docente; verificar o momento na formação

discente ao que iria me deparar imbuído no papel de também aqui professor;

* Cuidar dos horizontes da transmissão, permitindo que a instância trina elementar da Universidade

nos âmbitos do ensino, da pesquisa e da extensão possa harmoniosamente dialogar com outra tríade que,

dentro do referencial clássico da Terapia Ocupacional, se enumeraria pela ciência, a clínica e o discurso;

* Acompanhar o aluno mediante as exigências do Plano Nacional da Educação Superior e das

Diretrizes Curriculares para Terapia Ocupacional com planos didáticos específicos para cada disciplina,

considerando a todo tempo o ementário, os objetivos, a avaliação do aluno e da disciplina, além da

articulação intra-disciplinas do curso, as expectativas de habilidades a serem desenvolvidas junto aos alunos,

para garantir uma transmissão metodológica-didática sempre pautada na ética e deontologia de nossas

atuações, nos referências indispensáveis ao nosso saber, na edificação de um pensamento crítico-laborativo

próprio do terapeuta ocupacional, que de acordo com o ensino do Professor Rui Chamone Jorge4 possa

permitir à Terapia Ocupacional constituir-se em um método suficiente bom em si JORGE (1990, p.09);

* Incentivar, sempre que possível, no corpo discente a pronúncia pelo pensamento reflexivo e

interacionista, tão bem-vindos ao seu futuro ofício, sempre em expansão e diálogo seja com a incorporação

de saberes outros, de inovados formatos como é o caso das artes, das linguagens; seja nas produções

transformadoras pela relação do ser humano com o trabalho, consigo mesmo, com o mundo e as formas de

existir;

* Provocar a compreensão e o manejo de técnicas e meios de analisar as atividades, além de

incorporar recursos terapêuticos satisfatórios e enriquecedores, com a finalidade de aplicação clínica,

constituindo-os como instrumentais próprios da Terapia Ocupacional em sua dimensão assistencial e

intervencionista, corroborando ainda com a produção de tecnologias e recursos a serem identificados como

úteis ao ramo de conhecimento específico de nossa área;

* Capacitar o aluno para a compreensão das restrições, limitações, deficiências e incapacidades dos

futuros pacientes / clientes a partir da compreensão sobre a disfunção ocupacional, acompanhando a

formação discente para uma postura combativa, propositiva, articulada em prol da inclusão e da superação

das desigualdades frente às diferenças demarcadas nas instâncias aonde serão convocados a intervir e

modificar realidades;

* Facilitar o entendimento amplo sobre o campo das deficiências numa relação inalienável com a

cidadania e o bem-estar, considerando os meandros da segregação, do estigma, que devam ser superados

para a proposição de práticas de integração, inclusão, participação irrestrita em que a Terapia Ocupacional

sempre se emprestou a inovar e, que cada aluno, agora, em formação, também se somará a este ideário

que nos define, portanto, como próximos e como classe de profissionais unos;

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* Acompanhar práticas de estágios curriculares, frente à conseguinte inserção no mercado de

trabalho para os futuros profissionais, com um perfil bastante articulador, propositivo, proeminente e eficaz;

que mobilize na percepção da utilidade da profissão, na afirmação de um lugar de destaque para as

contribuições da Terapia Ocupacional nas esferas da saúde, dos contextos sociais, educacionais, nas

inovações científico-tecnológicas que a partir de profissionais empreendedores facilitem a visibilidade a

valorização da categoria e, sobretudo, da profissão.

Certo, em especial, de que trabalhar sozinho é da ordem da impossibilidade, é que reconheço como

uma oportunidade maravilhosa em minha trajetória este pleito junto à UFPel. Por acreditar que estarei dentre

muitos, que contarei com o auxílio dos demais docentes do curso, além dos demais dispositivos da própria

Universidade - que me possibilitarão dar continuidade em minha própria formação docente, é que avalio este

o melhor momento para minha candidatura e desejo crescimento pessoal, profissional, científico incessante.

Que ninguém nos interpole descaminho ao sonho, mas que se perfaçam assim: eis que o sonho

prossiga para aonde devir ser e dar razão ao vivido!

Agradeço este espaço aberto ao tempo da memória, que por escrita agora mora não mais somente

em mim. Na segurança de que (re)contando estes fragmentos, de minhas atuações profissionais, pude

oferecer elementos justos para a avaliação da banca examinadora de minha pré-disposição ao trabalho.

Certo de que a esperança nos favoreça ao melhor na vida, despeço-me cantando com o Chico3, porque é o

que desejo, mas também agradeço e ele tão bem versou para nós:

"Um marinheiro me contou

Que a boa brisa lhe soprou

Que vem aí bom tempo

Um pescador me confirmou

Que um passarinho lhe cantou

Que vem aí bom tempo

Ando cansado da lida

Preocupada, corrida, surrada, batida

Dos dias meus

Mas uma vez na vida

Eu vou viver a vida

Que eu pedi a Deus"

Referências

1. BARROS, Manoel de Barros. O Livro das Ignorãncas. Record: 1997, 16ª Ed.

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2. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz

e Terra, 1996 (Coleção Leitura).

3. HOLLANDA, Chico Buarque de. Bom Tempo. RGE: 1968.

4. JORGE, Rui Chamone. O Objeto e a Especificidade da Terapia Ocupacional. Belo Horizonte,

GES.TO, 1990.

5. LIMA, Elizabeth Maria Freire de Araújo; CANGUÇU, D. F. ; MORAES, Christiana ; INFORSATO,

Erika Alvarez . PACTO adolescentes: arte e corpo na invenção de dispositivos em terapia

ocupacional para produção de vida e saúde na adolescência. Revista de Terapia

Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 20, p. 157-163, 2009.

6. PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do Vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

7. ______. O Processo Grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

8. ROSA, Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Biblioteca Luso-Brasileira: 1994 (Ficção Completa em

Dois Volumes).

9. TAÑO, Bruna. Escrita e Produção de Vida: tecendo criação, escrita, palavras e devires para uma

clínica da terapia ocupacional. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Terapia Ocupacional) - Faculdade de Medicina da USP. Orientadora: Elizabeth Maria

Freire de Araujo Lima.