(re)construção do espaço público no morro de são benedito, vitória - es

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no morro de São Benedito, Vitória-ES Bruno Bowen Vilas Novas VITÓRIA - ES 2011 (RE)CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

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Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

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no morro de São Benedito,Vitória-ES

Bruno Bowen Vilas NovasVITÓRIA - ES 2011

(RE)CONSTRUÇÃO DOESPAÇO PÚBLICO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

VITÓRIA, 2011

(Re)construção do espaço público no morro de São Benedito - Vitória, ES

BRUNO BOWEN VILAS NOVAS

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Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismodo Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtençãodo tí tulo de Arquiteto e Urbanista.

Orientadora: Profª. Clara Luiza Miranda

Orientador: Prof. Rogério Almenara Ribeiro

Co-orientador: Prof. Paulo de Paula Vargas

Convida memeida

BRUNO BOWEN VILAS NOVAS

VITÓRIA, 2011

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FOLHA DE APROVAÇÃO

BRUNO BOWEN VILAS NOVAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APROVADO EM ___ /___ / ______ .

ATA DE AVALIAÇÃO DA BANCA

AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA

NOTA DATA ASSINATURA

NOTA DATA ASSINATURA

NOTA DATA ASSINATURA

APROVADO COM NOTA FINAL:____________

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Agradecimentos

À Deus;Ao meu pai pela liberdade e apoio, à minha mãe pelos pensamentos positivos, e à minha irmã por sempre estar presente, mesmo distante;À Nanny, por ter vivenciado comigo esta trajetória final, por toda compreensão, conforto, carinho e muito apoio;À Clara pela sabedoria e companheirismo. Por acreditar neste trabalho, pelas orientações e conversas;Ao Paulo por compartilhar sua experiência e conhecimento na escola e na profissão;Ao Rogério pelas conversas e questionamentos;Ao Lutero por aceitar o convite;À Samira,à Lilian e à Tetê por estarem sempre ao lado no PG, nos planos e nas inquietações;Ao Conrado, ao Pedro, ao Renan e ao Zael por toda vivência no CEMUNI e na cidade;Ao Célula EMAU, ao SeNEMAU Vitória 2010 e ao Território do Bem por terem me possibilitado uma outra arquitetura e urbanismo;Aos amigos por cada momento compartilhado;Ao Seu Zé, à Dona Elza e ao Fábio pelo carinho;Aos professores, funcionários e colegas;A todos que viveram comigo neste CEMUNI III;Muito obrigado.

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Sumário

Introdução 10

01 Sobre a cidade 13

O espaço público contemporâneo 14Restauração do sujeito 20O dissenso como possibilidade 22Restauração do espaço público 24A participação ativa 27Sobre os arquitetos 28A cidade favela, espaço-movimento 30O que é favela, afinal? 32

02 Sobre São Benedito 37Localização urbana do bairro São Benedito 38História de São Benedito 41O contexto atual - Território do Bem / Poligonal 01 45Centralidade - localização em Vitória 48Limites de São Benedito 52Infra-estrutura, panorama local 54Movimentos socais 58

03 (Re)criação do espaço público 63Proposta - (Re)criação do espaço público 64Metodologia para as intervenções 66Base operacional São Benedito 67Base de percepções 81Entendimento do território 96Plano de Ação - Proposições espaciais 101

04 Projeto espaço da fala 107

Proposta projetual 108Prospecção do espaço 110Espaço da Fala - estudo projetual 133Conceitos táticos e estratégicos 135Processo projetual 136Apresentação do projeto 142Cenário da paisagem (re)programada 168Resultados 182

Conclusões 184Índice de imagens 188Bibliografi a 193

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Este trabalho discute a temáti ca da cidade, especifi camente da favela, relati va à questão dos espaços públicos como um lugar da diversidade e do encontro. Um espaço público que permite (ou deveriam permiti r) os fatos e eventos acontecerem, trazendo a tona a empati a e não ocultando o dissenso. Os espaços dos usos, dos acontecimentos, das relações entre os indivíduos e as insti tuições, das relações entre o espaço construído e o natural, enfi m o espaço da parti cipação na construção da cidade e da práti ca comum.

São levantadas questões sobre algumas problemáti cas atuais do urbano nas grandes cidades: a pacifi cação dos espaços, a construção de consensos, a despoliti zação da vida pública e da individualização. Algumas problemáti cas são apontadas em temas relati vos à arquitetura e urbanismo, como: o distanciamento do profi ssional da cidade, de sua vivência e da parti cipação (ati vismo) na construção coleti va da cidade; a espetacularização dos espaços; o apagamento ou o ocultamento dos confl itos; o desenvolvimento de políti cas públicas e de grandes projetos urbanos inadequados para contextos específi cos de cada território.

A parti r disso, discuti mos a importância do espaço de encontro para a vitalidade da cidade, como um vetor dentro de um conjunto de ações necessárias para a transformação da sociedade. Ressaltamos esse espaço como um local de trocas e de relações que não devem ser apagadas ou normati zadas por poderes e controles do modo de produção dominante. Ao contrário, espaços de encontro devem permiti r o livre acontecimento comum das coisas, ressaltando o coti diano, signifi cando o insignifi cante. Michel Certeau ressalta que os espaços devem ser organizados pelos sujeitos prati cantes locais (indivíduos e insti tuições) que parti cipam na sua construção. (CERTEAU, 1996)

Parti mos da idéia que devemos construir espaços para o dissenso (que englobem lugares de ação e do repouso) por meio da parti cipação, se tornando assim uma forma de resistência. Quando a parti cipação se traduz como confl ito, o confl ito se transforma em espaço. Introduzir diferentes escalas e usos das insti tuições e das cidades é uma maneira de oferecer novas possibilidades para as forças micropolíti cas que convertem confl ito em práti ca, tornando um espaço vivo de experiências diversas. (CRUZ, 2009)

É na comunidade de São Benedito, Vitória - ES, consti tuído como uma favela, que este trabalho atua, investi ga e apreende suas característi cas, seus conceitos e sua vivência, ressaltando seus signifi cados, identi fi cando espaços comparti lhados e ressaltando as ações e as práti cas, individuais e/ou coleti vas existentes.

A favela consti tui um território de fl uxos mistos, intensos, heterogêneos, e freqüentemente antagônicos; composto por várias perspecti vas políti cas ou por interesses disti ntos. De acordo com Milton Santos são áreas informais da cidade que possuem espaços de aproximati vo e da criati vidade, opostos às zonas luminosas e de exati dão dos espaços muito formalizados. (apud BERENSTEIN, 2010)

Introdução

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A comunidade de São Benedito localiza-se na parte alta do Morro Grande de Vitória, frente a Av. Leitão da Silva e perto a um dos bairros mais nobres da cidade (Praia do Canto). Ele faz parte da Poligonal 01 – denominada Território do Bem pelas lideranças das comunidades- que engloba mais 07 outros bairros. Há em São Benedito por volta de 3.500 moradores, é uma localidade altamente adensada por construções residenciais sem planejamento do poder público, confi gurando assim um bairro com poucas áreas públicas formais. O acesso ao bairro, normalmente, é feito pela única rua larga por onde transitam carros, transporte público, pedestres e ciclistas. A circulação do bairro também é confi gurada por becos e escadarias estreitas..

O objeti vo principal deste trabalho é o desdobramento das problemáti cas e dos conceitos discuti dos aqui em um PLANO DE AÇÃO e num ESTUDO PROJETUAL BÁSICO de uma área na comunidade de São Benedito. Contudo, para a elaboração das propostas projetuais foram desenvolvidos alguns passos:

Primeiro foi feito uma pesquisa de imagens, mapas e dados, chamados aqui de CAMPO OPERACIONAL, e uma observação e vivência no bairro, chamado aqui como BASE DE PERCEÇÕES, para assim fazer um primeiro recorte para o estudo PLANO DE AÇÃO.

Segundo, após as propostas do PLANO DE AÇÃO foi escolhida uma área confi gurada como um importante espaço público e marco para a comunidade. Este passo visa elaborar o estudo projetual básico, chamado de ESPAÇO DA FALA. Porém, antes deste estudo é feito uma análise do ambiente construído e natural, buscando entender os valores das construções existentes: os elementos naturais e a paisagem. Também foi feita uma investi gação sobre os as relações entre sujeitos, insti tuições e espaço social para entender os processos explícitos ou ocultos que ocorrem no local.

A parti r da investi gação e da vivência na comunidade são propostas estratégias para a intervenção que têm como objeti vos confi gurar o projeto de um espaço que potencialize os usos existentes, permita novas relações e (re)confi gure os espaços públicos e privados para um maior aproveitamento do seu uso. O projeto é apresentado por diagramas, fotomontagens, maquete e desenhos que ressaltam esses novos usos e a nova organização do espaço.

Assim, o desafi o diante do quadro estudado é colocar a arquitetura como um dispositi vo que potencializa a relação entre sujeitos nesse território.

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Sobre a cidade 13

O olho da rua vêo que não vê o seu.Você, vendo os outros,pensa que sou eu?Ou tudo que teu olho vêvocê pensa que é você?

(LEMINSKI, 1990:s.p.)

Sobre a Cidadecap. 01

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O espaço público contemporâneo

A espetacularização dos espaços e o empobrecimento das experiências

Muito se tem discuti do sobre cidade e o papel do espaço público como local de conexão, capaz de efeti var diálogos entre diferentes atores e agentes. Porém, atualmente, ocorre na cidade contemporânea um fenômeno de pacifi cação (ocultamento dos fatos) dos espaços, ofuscando o espaço público vivo e vivido em razão da velocidade e da espetacularização, tornando os lugares muitas vezes locais de passagens pacifi cados (sem o contato com o outro) e de pobre experiência urbana, do que um local de permanência, vivo e que tenha diversas e novas relações entre o ambiente, elementos e pessoas.

[...] o aspecto crucial da confi guração contemporânea das cidades é o do empobrecimento da experiência urbana dos seus habitantes, cujo espaço de parti cipação civil, de produção criati va e vivência afeti va não apenas está cada vez mais restrito quanto às suas oportunidades de ocorrência, mas, inclusive, qualitati vamente comprometi do quanto às suas possibilidades de complexifi cação, singularidade e relação com o outro. (Berenstein, P. J.; Britt o, F. D.; Pereira, M. S, 2010)

De acordo com Berenstein (2010), a espetacularização urbana ocasiona o empobrecimento das experiências, a negação dos confl itos e a redução da vitalidade. De forma geral, pacifi cam o espaço público com seus holofotes de globalização e ordenamento, e muitas vezes se tornam projetos gentrifi cadores e revitalizam o território para que se tornem espaços luminosos, midiáti cos e espetaculares.

Hoje percebemos que os espaços públicos, na cidade global, tendem a reduzir-se às áreas de lazer e aos espaços comerciais (MONGIN, 2003). A cidade, que sempre acolheu a negociação e o confl ito, que sempre experimentou o afrontamento, agora vive uma cultura do evitamento. (GAUCHET, 2002). A cidade deixa de ser referência e fazer senti do diante das novas formas de subjeti vação. Nesse mundo de fl uxos e redes, e de apagamento da cidade o que parece estar surgindo é um mundo em que a vida pública não é mais o componente que dá sustento à experiência urbana. (MONGIN, 2003).

Os atuais projetos urbanos contemporâneos, ditos de revitalização urbana, estão sendo realizados no mundo inteiro segundo a mesma estratégia genérica, homogeneizadora e consensual, e transformam os espaços públicos em espaços desti tuídos de seus confl itos desacordos e desentendimentos inerentes, tornando-os espaços apolíti cos.

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Sobre a cidade 15

A cidade ainda carece de enfrentamento apropriado ao necessário redimensionamento das responsabilidades e implicações, de modo, inclusive, a combater uma certa tendência conciliatória das abordagens que, ao pregar a tese da coexistência pacífi ca entre diferentes “identi dades” acaba por desti ná-los cada qual ao “seu espaço próprio” de convivência com iguais, escondendo os inevitáveis confl itos de interesse e instaurando equilíbrios duvidosos. (Berenstein, P. J.; Britt o, F. D.; Pereira, M. S, 2010)

A confi guração do espaço pelo desenho urbano e a programação de usos, têm um papel fundamental na criação da “identi dade” do lugar, podendo caracterizar o lugar como um local de diversidade ou um lugar esvaziado de relações entre as pessoas. O desenho urbano e a programação de usos, dependendo de suas confi gurações podem indicar certos ti pos de apropriações, usos e relações. Como por exemplo, a criação de bancos maiores para pessoas e grupos sentarem uma lado a outra, espaços sombreados nas calçadas permiti ndo o descanso e a contemplação, pequenos espaços públicos espalhados pela cidade e a diversidade de usos e função do espaço. Esses aspectos favorecem a um maior uso e vivência na cidade. Porém, o desenho urbano e a programação de usos também podem induzir o esvaziamento da vida urbana e o empobrecimento das relações, criando espaços massifi cados com predominância de uso residencial (privados atrás de muros e câmeras), poucos espaços públicos para o encontro e zonas comerciais afastadas dos núcleos residenciais. Além disso, a criação de arquiteturas que visam se tornarem ícones na cidade, dependendo de seu contexto, podem se tornar arquitetura que ofuscam a região em que foi implantada. Normalmente estas arquiteturas implantadas em áreas pobres ocultam aspectos tanto como a carência quanto as produções endógenas, econômicas e culturais, tornando-se um lugar turísti co desvinculados das reais produções da comunidade.

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A cidade de Medellím vem recebendo grandes projetos urbanos em suas favelas: infra-estrutura, mobilidade, espaços públicos, habitação e programações culturais. Porém, a obra Biblioteca Parque Espanha ,do arquiteto Giancarlo Mazzanti , tem sido discuti do com muito fervor na cena local.

O projeto Parque e Biblioteca Espanha, de Santo Domingo em Medellín, Colômbia,foi inaugurado pelos principais governantes de Medellín, o que consideram uma honra, e ganhou o prêmio em Portugal a VI Bienal Ibero-americana de Arquitetura.

Podemos destacar essa obra, entre outros projetos, do arquiteto Giancarlo Mazzanti , como uma importação de uma arquitetura globalizada que é desconectada do contexto em que se implanta (edifí cios muito caros em áreas pobres), classifi cada de arquitetura espetacular. (BARNEY CALDAS, 2008)De acordo com Benjamin Barney Caldas (2008) a obra ignora a vizinhança pobre em que está e seu escasso espaço urbano púwblico, com seu equivocado signifi cado, duvidosa bio-climati zação, carência de conforto, funcionalidade, facilidade de manutenção e segurança, e impossibilidade de fl exibilidade, adaptabilidade e reciclagem.

Medellím - a espetacularização da arquitetura na favela.

Fig. 01: Vista do beco para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008

Fig. 02: Vista para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008

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Sobre a cidade 17

Benjamim classifi ca esta obra como “arquitetura espetacular que não é o caminho no trópico hispano-americano, como tampouco o é na Europa a Casa da Música de Porto, de Rem Koolhaas, um dos referentes de Mazzanti , que tampouco é a nova arquitetura portuguesa e apenas um ruidoso gesto de novos ricos nessa bela cidade. Para Mazzati o mais representati vo de “nossa” arquitetura deve ser a copiada das modas européias já passadas de moda que nos chegam em suas revistas de exportação, sem importar-se com as radicais diferenças geográfi cas e históricas que existem.” (BARNEY CALDAS, 2008)

Quando se implanta um edifí cio como a Biblioteca Parque Espanha, custosa e totalmente desconectada do seu contexto local, no senti do econômico e estéti co podemos levantar alguns questi onamentos: Será que está obra não está colocando a região em uma visão mais turísti ca (roteiro de granes obras arquitetônicas) do que realmente atendendo as reais necessidades locais? Será que há um senti do de pertencimento dos moradores com a obra? Levando em consideração a necessidade de grandes investi mentos em várias temáti cas da cidade,o desenvolvimento de uma obra de grande custo estéti co, não desdobrando este alto investi mento também à região do bairro, é de fato uma arquitetura que deve se replicada como uma estratégia de reurbanização?

Fig. 03: Vista para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008

Fig. 04: Vista para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008

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Um exemplo enfáti co que podemos ilustrar sobre como o desenho urbano pode contribuir para o processo de ocultamento das relações e inibição dos afetos na cidade é o Conjunto Habitacional Gervásio Maia (CHGM). O conjunto é situado na periferia sudoeste de João Pessoa-PB, que foi construído pelo Poder Municipal em parceria com o Governo Federal para minimizar o défi cit habitacional do município. 1336 habitações unifamiliares foram entregues desde dezembro de 2007. Os contemplados foram famílias que sobreviviam em acampamentos de lonas, em prédios invadidos e parte de movimentos sociais organizados. O loteamento estádotado de saneamento básico, equipamentos comunitários como Unidade de Saúde da Família (USF), escola, creche, quadra e ginásio esporti vos e praças. (SUASSUNA LIMA, 2009)

Igualmente como Marco A. Suassuna Lima, a escolha deste (CHGM) para as discussões aqui realçadas deve-se, também, pelo fato do mesmo ter sido premiado pelo Governo Federal no ano de 2008, o que desperta curiosidade em saber quais moti vos levaram a tal reconhecimento.

De acordo com Marco A. Suassuna Lima no portal da Prefeitura Municipal de João Pessoa a Caixa Econômica Federal (CEF), apontou este empreendimento, como o mais completo conjunto habitacional no país fi nanciado pelo Governo Lula. O CHGM, está entre os dez melhores projetos habitacionais do Brasil. O tí tulo foi conferido pelo ‘Selo de Mérito’, um reconhecimento oferecido pela Associação das Companhias de Habitação Nacional. (SUASSUNA LIMA, 2009)

Do ponto de vista urbanísti co, o CHGM apresenta na sua concepção a anacrônica repeti ção de casas térreas individualizadas e enfi leiradas com reduzido aproveitamento do solo. Em relação ao desenho do solo urbano, este segue a reprodução da quadra convencional, apresentando formatos retangulares e relação desproporcional entre uma grande quanti dade de espaço privado (uso habitacional) em contraposição a fragmentados espaços livres e públicos (praças e equipamentos comunitários).

Minha Casa Minha Vida – Habitação social de João Pessoa - PB. Continuidade de projetos inadequados

Fig. 05: Vista aérea do CHGM em destaque. Fonte: SUASSUNA LIMA,

2009

Fig. 06: Foto panorâmica de um trecho do CHGM em construção.

Março de 2007. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009

Fig.07: Mapas temáti cos Público x Privado. A cor preta representa o

espaço público e a cinza os equipamentos comunitários. Situação

existente. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009

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Sobre a cidade 19

Marcos Suassana (2009) ainda observa outra questão importante no projeto CHGM: “não previsão de áreas comerciais o que acarretou, em pouco tempo, na proliferação de botecos,mercearias e fi teiros desordenadamente espalhados nos espaços deste empreendimento.” Esta esta (não) programação dos usos só fortalece a individualização entre as pessoas e a negação do uso do espaço público. O único lugar para se encontrar é atrás dos muros. “Além disso, no CHGM, facilitado pela confi guração espacial individual do pedaço de terra, e pela cultura do medo, lotes estão sendo fechados por muros altos, e o uso habitacional restrito nas quadras conforme os preceitos do monofuncionalismo refl etem a paradoxal realidade dos pobres se protegendo dos pobres. Além do mais, as estreitas calçadas, as elevadas áreas de vias automotoras locais somadas a falta de áreas sombreadas também não contribuem ao encontro, nem às brincadeiras das crianças nas calçadas, e, portanto, nem a segurança. Lamentavelmente, este paradigma de negação do espaço público é sistemati camente verifi cado não só nos bairros de classe alta e média-alta, mas nos de baixa renda também, a exemplo do caso em questão”. (SUASSUNA LIMA, 2009)Essa confi guração só vai de desencontro ao perfi l das famílias usuárias dos conjuntos habitacionais de baixa renda que valorizam a dimensão coleti va, o espaço público e a integração. (Re)confi gurar estas estratégias projetuais no senti do de unir áreas de lazer e espaços para geração de emprego e renda é um caminho adequado frente a uma classe desempregada e excluída do mercado de trabalho formal, que são a maioria dos usuários. Com a inserção de uma diversidade de usos e possibilidades de apropriações programadas ou espontâneas só podem levar a um ritmo urbano mais saudável para a cidade.

Fig.08: Comércios improvisados. Opção empírica pela falta de

espaços comerciais no desenho urbano. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009

Fig.09: Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio

esporti vo) do CHGM. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009

Fig.10: Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio

esporti vo). Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009

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Restauração do sujeito: o indivíduo Singular, na Multidão, fazendo o Comum

É preciso uma restauração da cidade subjetiva, que engaja tanto os níveis mais singulares quanto os níveis mais coletivos. Tudo dependerá da redefinição coletiva das atividades humanas e, sem dúvida, em primeiro lugar, de seus espaços construídos.As cidades são imensas máquinas produtoras de subjetividade individual e coletiva. O que conta, na a cidade de hoje, é menos os seus aspectos de infra-estrutura, de comunicação e de serviço do que de fato de engendrarem, por meio de equipamento materiais e imateriais, a existência humana sob todos os aspectos em queria considerá-las. Daí a imensa importância de uma colaboração de uma transdiciplinaridade. (GUATTARI, 1992).

Coti dianamente os indivíduos, como terminais de afetos, se envolvem inteiramente entre eles, com os espaços, a natureza e os objetos, sejam materiais ou imateriais. É preciso “reinventar a idéia do indivíduo em nome da idéia de singularidade. O indivíduo sempre existe, mas apenas enquanto terminal. Em outras palavras: o indivíduo sempre existe, mas como indivíduo engendrado em um meio e simultaneamente, como produtor de tal meio.” (GUATTARI, 2005)

Contudo, a individualidade no senti do de individualização e a busca de consensos, como a homogeinização de grupos e o afastamento ou bloqueio da diferença, está muito presente tanto nos espaços privados quanto nos espaços públicos. De acordo com Negri (2005) o conceito de indivíduo da individualidade “é de fato um conceito que é colocado a parti r da transcendência em que relação não é algo entre eu, tu e ele, mas uma relação do indivíduo com uma realidade transcendente, absoluta, o que dá a essa persona a consistência de uma identi dade irredutí vel.”

Outro autor coloca que “o sujeito da individualidade se consti tui em uma unidade dado por si próprio, fundado por si mesma, resistente ao que não é ele próprio.” Em outras palavras, o conceito de individualidade pressupõe uma identi dade única, em que a relação do indivíduo com as coisas não o atravessam, não o torna múlti plo e parte de um processo em contí nua transformação. Contudo, necessitamos compreender que a individualização é como uma operação processual e nunca como um pressuposto essencial apartado do mundo.

“A singularidade é o homem que vive na relação com o outro, que se define na relação com o outro. Sem o outro ele não existe em si mesmo. Se consideramos que o mundo está feito de singularidades que consistem em relações e que, portanto, existem na medida que estão em relações, aumentamos nossa capacidade de ação. Portanto, singularidade e cooperação se tornam fundamentais na construção de qualquer que seja o bem, a mercadoria e o produto. [...] Quando se fala de singularização, de invenção, se fala também, de maneira necessária e evidente, de resistência.” (NEGRI, 2005)

Diferente dessa individualidade, o que queremos desenvolver é o conceito de singularidade (indivíduo singular):

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Sobre a cidade 21

Indo no senti do de uma re-singularização do indivíduo e do coleti vo, através de produção de subjeti vidades, necessitamos reinventar e modifi car as relações entre sujeitos, reconstruir o conjunto das modalidades do ser-em-grupo. Desenvolver práti cas de experimentação tanto nos níveis de micro-sociais quanto insti tucionais maiores. (GUATARRI, 1999)

Precisamos fazer multi dão, construir multi dão, construir comum, construir no comum.

De acordo com Negri (2005):

“A multidão pode ser definida como o conjunto, mais do que uma soma, de singularidades cooperantes que se apresentam como uma rede, uma network, um conjunto que define as singularidades em suas relações umas com as outras. A multidão é o reconhecimento do outro.

A definição jurídica do comum é aquela que possibilita fazer atuar dentro do caráter público a construção de espaços comuns reais, que são estruturas comuns, e fazer atuar nesses espaços de vontade a decisão, o desejo e a capacidade de transformação das singularidades. A propriedade do comum é uma propriedade pública que, em lugar de ter patrões públicos ou donos públicos, é de sujeitos ativos naquele setor ou naquela realidade, é administrada por eles. A propriedade comum é esse ato, é essa atividade através da qual os sujeitos administram ou gere.

Esse comum , está fundamentalmente articulado, no sentido mais pleno da palavra, com o movimento e a comunicação das singularidades. Não existe um comum que possa ser referido simplesmente a elementos orgânicos ou a elementos identitários. O comum é sempre construído por um reconhecimento do outro, por uma relação com o outro que se desenvolve nessa realidade. Às vezes chamamos essa realidade de multidão porque quando se fala de multidão, de fato, se fala de toda uma série de elementos que objetivamente estão ali e que constituem o comum. Mas o problema é simplesmente ser comuns ou ser multidão, o problema é fazer multidão, construir multidão, construir comum, construir comumente, no comum. Este fato é cada vez mais fundamental.”

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O dissenso como possibilidade

Enquanto a construção de consensos busca reduzir os confl itos e é uma forma ati va de despoliti zação, o desentendimento, ou a ação de dissensos, seria uma forma de resistência.” (BERENSTEIN; BRITTO; PEREIRA, 2010)

O que o consenso pressupõe é, em suma, o desaparecimento da políti ca. O consenso exclui aquilo que é o próprio cerne tanto da políti ca quanto do espaço público: o dissenso, a possibilidade de se opor a um mundo sensível ao outro. (Jacques Rancière Op. cit. p.108.citado por Berenstein, 2010)

Para Jacques Rancière o motor da práti ca democráti ca é o confl ito. A capacidade de discordar e mostrar novos caminhos. É, portanto, o dissenso, o resíduo que fi ca de uma discussão e que volta a tona. O que não consegue ser negociado (Op. cit. p.368. citado por RIBEIRO, Suzane.)

A escolha desse termo [dissenso] não busca simplesmente valorizar a diferença e o conflito sob suas diversas formas: antagonismo social, conflito de opiniões ou multiplicidade das culturas. O dissenso não é a diferença dos sentimentos ou das maneiras de sentir que a política deveria respeitar. É a divisão do núcleo mesmo do mundo sensível que institui a política e sua racionalidade própria. Minha hipótese é portanto a seguinte: a racionalidade da política é a de um mundo comum instituído, tornado comum, pela própria divisão.” (RANCIÈRE, Jacques. Op. cit. p.368.citado por Ribeiro, Suzane)

O dissenso que torna os confl itos visíveis seria uma forma ati va de resistência, de ação políti ca. Sempre existe uma “outra cidade” escondida, ocultada, apagada ou tornada opaca, que resiste por trás dos cartões postais globalizados das cidades espetaculares contemporâneas. (BERENSTEIN, 2010)

Para Milton Santos (1999) esta “outra cidade”seriam as áreas informais da cidade - espaços de aproximati vo e da criati vidade, opostos às zonas luminosas, espaços de exati dão. (SANTOS, 1999)

A favela como local de dissenso

As construções e as relações do espaço da favela são dissenso na medida em que suas técnicas construti vas, o conforto ambiental e social dos espaços, as relações individuais e insti tucionais (que consti tuem, normalmente, em ati vidades parti cipati vas e diretas na comunidade) e a sua organização territorial são alheias à legislação urbana, e muitas vezes independentes em alguns aspectos, tanto do profi ssional de arquitetura e urbanismo quanto da cidade dita formal.

Neste trabalho colocamos o dissenso quando não parti mos da idéia defi nida da favela como território de violência e de miseráveis, compreensão dado pela mídia. Não estamos julgando seus valores, seus espaços, suas construções e suas relações.

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Sobre a cidade 23

Mas justamente o dissenso se coloca quando não só questi onamos as condições e necessidades básicas de infra-estrutura urbana, acessibilidade e de moradia, mas sim quando conhecemos as característi cas da favela, dando qualidade aos espaços, transformando os lugares sem desqualifi car o que já está pronto e feito pela população.

Para isso é necessário criar uma agenda que entenda seus modos de construção, as relações existentes dos sujeitos no espaço, signifi cando o insignifi cante, percebendo o coti diano e conhecendo os atores e os agentes presentes neste território. Também que entenda o distanciamento dos profi ssionais e a falta dos serviços formais, da ausência de investi mentos do Estado, da má qualidade das construções e das infra-estruturas urbanas, dos espaços enclausurados e privati zados por poderes paralelos ocasionando desconforto ambiental e social.

Portanto, trabalhamos o dissenso na arquitetura quando não “Hausmanníamos” a cidade favela, não demolimos ou a transformamos em bairros com novos traçados, formais e regulares, ditos “formais” da cidade planejada. E sim, se torna presente, quando entendemos suas característi cas e qualifi camos suas construções e espaços públicos. O grande desafi o é recriar os espaços públicos para que efeti vamente se tornem públicos. Para isso precisamos buscar técnicas e outras subjeti vidades para se manter público: criar espaços da fala / do ombro a ombro / da face a face / da ação e do repouso / do dissenso e do diálogo.

Como a arquitetura pode construir espaços que se relacionam com o indivíduo de forma diversa/plural/múlti pla, que permita que os afetos singulares possam ocorrer sem serem apagados ou serializados por crivo de aparelhos de captura?

Certou (2008) ressalta a necessidade de que devemos profanar os espaços públicos pela construção de dissensos enquanto forma de resistência: “Profanar os espaços públicos luminosos signifi caria ti rá-los ao uso comum dos habitantes passantes ou demais usuários. Uti lizar práti cas que subvertam a parti r de dentro. Precisamos estudar diferentes maneiras de uti lizar, de consumir, presentes nos usos e ações coti dianas, em parti cular nas suas astúcias, que seriam essas maneiras criati vas, quase invisíveis, de uti lizar ou desviar aquilo que foi imposto em cada ocasião.” (CERTOU, 2008)

As táti cas usadas pelos construtores das favelas são também o próprio dissenso: criam, modifi cam e transformam, a cada dia, outros usos e possibilidades e apropriações pelos próprios prati cantes. O que a Paola Berenstein chama de espaço-movimento (falaremos mais a frente), os prati cantes atualizam os projetos urbanos e o próprio urbanismo através da práti ca, uso ou experiência coti diana dos espaços urbanos e, assim, os reinventam, subvertem ou profanam. Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são aqueles que experimentam no coti diano que os atualizam (Berenstein, 2010).

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Restauração do espaço público

“Se a primeira fase da economia globalizada se caracterizou por eliminar as distancias, está segunda fase – que deve ser eficiente para gerar e distribuir conhecimento – requer encontros cara a cara. Gerar conhecimento está ligado a qualidade de vida que os espaços oferecem. [...]Em certa medida, este é um desafio sem precedentes para as sociedades e, por extensão, para arquitetos e urbanistas: projetar e construir cidades capazes de serem fontes de equidade e veículo de riqueza simultaneamente. Como nunca antes na história da humanidade, equidade e riqueza foram conceitos interdependentes. Se usarmos as cidades como fonte de equidade, também se torna necessário melhorar a qualidade de vida dos mais pobres, estaremos diminuindo os níveis de segregação, violência e ressentimento da população, e geraremos as condições para que as pessoas possam criar conhecimento e ficar nesta cidade ao invés de migrar. Por sua vez, a riqueza gerada pela criação de conhecimento poderá ser eficientemente redistribuída, concluindo seu círculo. (ARAVENA, 2008)

A pluralidade da cidade

Segundo Luis Bati sta (1999) o espaço tem um papel importante como fator fundamental de subjeti vação. A espacialidade não perdeu seu ti no de analisadora das estratégias do poder e de narradora da micropolíti ca, e ainda tem muito a dizer sobre aquilo que ajudamos a fazer de nós mesmos. O espaço público e a urbanidade sempre esti veram ligadas à desordem, a heterogeneidade funcional e diversidade.

O personagem mais importante da metrópole está nessa multi plicidade além das fronteiras fí sicas. A esfera pública urbana pode ser baseada em um modelo de confrontação e de instabilidade, como é caracterizado por encontros e confrontos entre as pessoas. Os espaços públicos são - ou pelo menos deveriam ser - locais onde o indivíduo e a comunidade pode, abertamente e de forma não consensual, se encontrar. (MIESSEN, 2002)

Jane Jacobs (2009) reafi rma essa importância: “Para compreender as cidades, precisamos admiti r de imediato, como fenômeno fundamental, as combinações ou as misturas de usos, não os usos separados.”

De acordo Markus Miessen (2008) para pensar sobre a identi dade de uma cidade é necessário compreender os lugares e os atores. Como juntos, eles se colocam no espaço e que signifi cados eles têm para a cidade. A identi dade de uma cidade encontra-se na sua luta para administrar suas ati vidades coti dianas. É no momento em que o conjunto insti tucionalizado é anulado pelo coti diano, que as identi dades imediatas nascem.

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Espaços para o dissenso: a idéia do confl ito

Atualmente, é essencial pensar na forma coleti va que considere o confl ito como uma alternati va de parti cipação produti va (MIESSEN, 2008). Quando a parti cipação se traduz como confl ito, o confl ito se transforma em espaço. [...] Na arquitetura, como em políti ca, é melhor às vezes causar confl itos que suprir ou forçar um consenso. O confl ito - competi ção e divergências entre os interesses, insti tuições e atores individuais - é a própria essência da democracia e, portanto, qualquer espaço “aberto”. (CRUZ, 2008)

Segundo Teddy Cruz (2008) devemos reconhecer onde se produz o confl ito: a reorganização e a redistribuição de recursos, a intervenção em pontos insti tucionais, a mobilização e a mediação. Em vez de preocuparmos por objeti vos e pela autonomia dos espaços autoreferenciais da arquitetura, devemos pensar em mobilizar e ajustar seus limites, assim como adaptar as insti tuições para que possam formular outros ti pos de escalas em outra classe de diversidade social e econômica. Introduzir diferentes escalas das insti tuições e das cidades é uma maneira de oferecer novas possibilidades para as força micropolíti cas que convertem confl ito em práti ca (CRUZ, 2008). Devemos prever a parti cipação já existente dos habitantes, que passariam a ser orientados por um outro ti po de exercício de profi ssão de arquiteto. Temos que estar agora face-a-face com a cidade, pois o novo, e atual, desenvolvimento urbano pode às vezes destruir redes preexistentes nos bairros. (ARAVENA, 2008)

Necessitamos de espaços públicos para o encontro dos indivíduos que tem outros pontos de vista, que pensa de outro modo e que não faz parte do consenso dominante. Este indivíduo ajudará os outros a ver as coisas de outro modo. Espaços que possam se encontro pessoas da comunidade e pessoas de fora que possam dizer outras coisas (MIESSEN, 2008).

Reterritorialização dos espaços

O direito à cidade é estendido à possibilidade de “fazer a cidade”, através da sua transformação pela experiência, uso e apropriação. Materializa-se em um processo contí nuo de fazer-desfazer-refazer, muitas vezes contraditório, pois é expressão de confl itos, acordos e lutas.

A idéia de territorialidade funciona como bom operador para a refl exão sobre a apropriação dos espaços urbanos, e especifi camente, sobre a relação entre as intervenções no espaço urbano e a promoção dessa apropriação, capaz de transformá-lo em espaços públicos. A territorialidade consti tui dimensões sociais e políti cas, que afetam as percepções do sujeito em relação à sua posição e papéis na dinâmica urbana, considerada como território de ação social. O território não é entendido somente pela perspecti va do domínio fí sico, mas também de uma apropriação que incorpora a dimensão simbólica e, pode-se dizer, identi tária, afeti va. (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)

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A restauração da cidade pode ser abrangido sob os processos de “reconstrução” ou “reati vação” dos espaços públicos que também podem ser entendidos como processos de reterriorialização.

Enquanto, a desterritorialização compreende os mecanismos que separam o território das suas “raízes” sociais e culturais, a reterritorialização vem a ser a criação de novos vínculos em substi tuição aos perdidos. Se as intervenções no espaço urbano pretendem recompor esses vínculos perdidos, os espaços públicos recriados devem funcionar como “condensadores de subjeti vidade”, capazes de superar os espaços, transformando-os em territórios existenciais. (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)

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A participação ativa

Geralmente, a parti cipação se entende como uma medida para formar parte de algo através da colaboração proati va e o desempenho de uma função determinada. No entanto, esta função quase nunca se considera uma plataforma críti ca de implicação, e se baseia numa concepção românti ca da harmina e solidariedade.

Na políti ca parti cipati va é muito importante diferenciar a cooperação da colaboração. É importante invalidar a inocência da parti cipação e enfati zar as realidades das responsabilidades e das divergências da parti cipação. Neste senti do, parece urgente e necessário promover a idéia de “parti cipação em confl ito”, agente estranho ou uma invasão forçada nos âmbitos do conhecimento que indiscuti velmente poderiam benefi ciar o pensamento espacial. [...] Desta forma, pode-se entender que o confl ito não é somente uma expressão de protesto ou provocação, mas sobretudo como um práti ca de micropolíti ca que converte os parti cipantes em agentes ati vos enfrentando a um campo de atrito. Assim, as funções de parti cipação funcionam como um ti po de trabalho críti co. (MIESSEN, acessado em 10 fev. 2011)

Fig. 11: Organização do espaço de confl ito. BBC-Tahir-Square-

Interacti ve-Map. Fonte: htt p://goo.gl/0ZZIX

Fig. 12: Festa na praça Tahir – Renuncia do Presidente.

Fonte: htt p://goo.gl/iBiVF

Bourriaud coloca a responsabilidade do indivíduo morador em encontro com a responsabilidade do estado e outras organizações na ação coleti va, ressaltando sobre a parti cipação dos indivíduos que “todos nós temos responsabilidades e devemos fazer”, em oposição à críti ca passiva, a espera de mudanças: “Mas existe algo verdadeiramente considerado espaço público hoje em dia ? Estes atos frágeis e isolados engajam a noção de responsabilidade: se existe um buraco na calçada, por que um funcionário da prefeitura o preenche, e não você ou eu?” (Bourriaud, Nicolas, Postproducti on, 2002, p.80 citado por Rosa, Marcos, 2011.)

A defi nição de arti sta de Hélio Oiti cíca: “aquele que faz, qualquer pessoa ati va e propositi va em seu ambiente”, permite que qualquer indivíduo assuma papéis proati vos em seus espaços urbanos. O arti sta é aquele que trabalha coleti vamente, tratando da coleti vidade, indo de encontro ao Comum, conceito defi nido por Negri e Hardt.

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Sobre os arquitetos

“Os arquitetos sempre definiram a arquitetura como aquilo que, por seu lado artístico, vai além da construção comum. Ou seja, a arquitetura como arte começa onde acabaria a arquitetura vernácula.” (BERENSTEIN, 2007).

O distanciamento dos arquitetos

Segundo Alejandro Aravena (2008) o que assisti mos hoje em dia na práti ca da arquitetura são os arquitetos se distanciando da cidade e dos confl itos relevantes, não somente relati vos à construção da cidade, tampouco estão sendo requeridos para discuti r perguntas relati vas ao desenvolvimento, a pobreza e ao crescimento econômico. Os arquitetos normalmente se convertem em instrumentos das grandes estruturas do poder, ainda que geralmente são considerados meros provedores de serviços que oferecem produtos, e não parti cipam ati vamente nas tomadas de decisões.

Neste contexto, como os arquitetos podem parti cipar sem comprometer seu papel de agente ati vo, não com a intenção de chegar a um consenso e fazer o que ele acredita por si, mas buscando novos rumos para a disciplina. Como podemos parti cipar de tarefas de micropolíti cas urbanas, debate e tomadas de decisões, em lugar de seguir recorrendo às medidas tracionais do trabalho comunitário ou a colaboração de projetos fi nanciados pelo governo.

Assisti mos atualmente que os arquitetos que trabalham com os temas de periferia, marginalidade e pobreza urbana, deixaram de ser arquitetos e transformaram-se em funcionários de organismos internacionais, economistas urbanos, sociólogos urbanos. [...] Quando digo que deixaram de ser arquitetos, quero dizer principalmente que abandonaram a idéias do projeto como um instrumento sintéti co de atuação sobre a realidade. (ARAVENA, 2008)

Hoje, com as reurbanizações, surge um novo problema, pois os arquitetos e urbanistas, não são formados para trabalhar em favelas e, no mais das vezes, desconhecem a arquitetura dessas comunidades. Os arquitetos passaram a intervir nas favelas existentes visando a transformá-las em bairros, a lógica racional dos arquitetos e urbanistas, ainda prioritária, acaba impondo sua própria estéti ca, quase sempre a da cidade dita formal. [Parece que] Para que se torne possível uma boa integração com o resto da cidade, a favela deve se tornar um bairro formal comum. Porém no território da favela deparamo-nos em campo com um universo espaço-temporal completamente diferente daquele a que estamos habituados. Além disso, as característi cas culturais e estéti cas próprias às favelas tornam o espaço muito difí cil de ser apreendido formalmente (BERENSTEIN, 2007).

“A dificuldade de propor algo radical é que não temos profissionais suficientes capacitados para responder adequadamente a complexidade e magnitude da pergunta.[...] Os profissionais estão distantes e desvinculados da sua formação. Necessitamos de profissionais que participem da construção da cidade. Além disso, de forma geral o mundo acadêmico não está conseguindo formar profissionais que atuem adequadamente a essas realidades. Existe um

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O papel da universidade

A universidade deve cuidar da distância que mantém a respeito da realidade, pela abstração que necessita para entender os problemas e propor perspecti vas que necessita para dar respostas a esses problemas. A solução não pode consisti r em reduzir a universidade a um laboratório do presente, porque necessita manter distancia críti ca. Diz, Avarena, que a palavra chave neste confl ito é a tradução.

Traduzir signifi ca passar de uma linguagem a outra, da linguagem linear de expressão de vontades políti cas, ideológicas, incluindo econômicas... a uma forma sintéti ca, simultânea, que não se separa, que é unitária e completa. (ARAVENA, 2008)Na formação dos arquitetos e urbanistas, Alejandro Aravena ressalta a importância de se trabalhar dentro de certas restrições:

“As restrições são sistematicamente parte da execução que há de se resolver. Identificar as restrições forma parte do macro e as regras com as quais se podem operar, porque somente dentro destas regras se encontra um grau de liberdade real para o desenvolvimento do projeto. Não usar projetos para descrever cenários ideais, mas deveríamos praticar a fazer algo com as restrições pressupostas, temporais e agendas políticas existentes. Falta questionar as regras do jogo, mas ao mesmo tempo operar dentro delas”. (ARAVENA, 2008)

Arquiteto urbano

Paola Berenstein (2007) apresenta uma denominação para um outro arquiteto, o arquiteto-urbano, que seria o suscitador, o tradutor e catalisador dos desejos dos habitantes. Signifi ca que os arquitetos também precisam da parti cipação da população para que a cidade seja de fato uma construção coleti va. [...] Os arquitetos-urbanos, no momento de urbanizar as favelas, seguiriam os movimentos já começados pelos moradores, para – em vez de fi xar os espaços, criando bairros ordinários – conservar o movimento existente, o que é extra-ordinário. Contudo, o arquiteto-urbano, ao propor trocas e negociações entre os mais diversos atores urbanos, possibilitaria a coexistência de diferentes concepções e interpretações urbanas, promovendo a parti cipação de todos na construção coleti va da cidade.

Os técnicos, colocando-se em uma posição de aprendizagem, em substi tuição a do saber total, tornam-se imprescindíveis como os intérpretes das comunidades envolvidas. Os arquitetos e urbanistas deixam de ser interventores e passam a construtores do espaço público, em um processo parti lhado com diversos atores, absorvendo a diversidade e multi plicidade de valores que fazem a cidade.

distanciamento das escolas com a cidade e comunidades mais necessitadas. A chave está em como executar projetos que tenham está grande relevância pública e de interesse social, em entender o potencial de desenvolvimento que oferece cada cidade. [...] O projeto deve ser entendido não só como ferramenta, mas como síntese de um problema complexo”. (BERENSTEIN, 2007)

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A cidade favela, espaço-movimento

As favelas, mesmo sendo muito pouco diferentes entre si, têm uma identi dade espacial própria e, ao mesmo tempo, fazem parte da cidade, da paisagem urbana. Para intervir nesse universo espaço-temporal, completamente diferente da cidade dita formal, é imprescindível compreender um pouco melhor essas diferenças. (BERENSTEIN, 2007).

Os espaços de morros consti tuem um território de fl uxos mistos, intensos, heterogêneos, e freqüentemente antagônicos; compostos por várias perspecti vas, políti cas ou interesses disti ntos. Estes lugares são uma outra geografi a, é um cenário com uma nova e parti cular linguagem arquitetônica que vai mais além das formalidades e limitações tradicionais (CRUZ, 2008).

Compreendo que favelas têm sua própria estéti ca, cultura, ritmo, rede, diálogo... – diferente do resto da cidade. Berenstein, defi ne a favela como [espaço-movimento]:

“A possibilidade de um espaço-movimento está ligada à existência de espaços que estão em movimento, em transformações contínuas, em eternos deslocamentos, em suma, espaços em fuga. O espaço-movimento não seria mais ligado somente ao próprio espaço físico, mas, sobretudo, ao movimento do percurso, à experiência de percorrê-lo, o que é da ordem do vivido e, simultaneamente, ao movimento do próprio espaço em transformação, o que é da ordem do vivo. Diante disso, só podemos considerar a favela como um espaço-movimento... O espaço-movimento está diretamente ligado a seus atores (sujeitos da ação), que são tanto aqueles que percorrem esses espaços quanto aqueles que os constroem e os transformam continuamente. A própria idéia do espaço-movimento impõe a noção de ação, ou melhor, de participação. Ao contrário dos habitantes passivos, simples espectadores dos espaços quase estáticos e fixos (planejados, projetados e acabados), o morador, ou o simples visitante, no espaço-movimento, torna-se sempre ator, co-autor e participante” (BERENSTEIN, 2007).

Devemos colocar a parti cipação no lugar do espetáculo, o movimento no lugar do monumento, o fragmento no lugar da unidade, mas também buscar encontrar o que existe de cada princípio desses no outro, tentaria, aceitando os confl itos, criar um diálogo entre eles.

Os limites conceituais se tornam mais fl exíveis assim como os próprios limites espaciais dos espaços-movimento são menos rígidos: entre dentro e fora, privado e público, interior e exterior, informal e formal, aqui e lá. A questão principal não está mais nem de um lado nem de outro, mas no entre, entre dois espaços disti ntos. Estar entre não signifi ca, aqui, estar isolado de um lado e de outro, mas sim esta ao mesmo tempo dos dois lados, na interseção. Percorrer entre os espaços-entre se torna o caminho para criar dentro desse espaço-movimento.

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É preciso pensar em conservar a noção de parti cipação e, ao mesmo tempo, conservar os espaços-movimento. Colocamos a questão desejada de a identi dade própria da favela, sua especifi cidade estéti ca. Como é possível conservar o que se move, patrimonializar o movimento? [...] Voltamos à idéia de que o movimento no espaço só pode ser conservado se não for dividido. Em outros termos, só se pode conservar o movimento se deixarmos, justamente, que ele se movimente. Ou seja, o que se deveria pretender preservar é a parti cipação ati va do habitante cidadão na construção de seu próprio espaço/cidade, como ocorre em diferentes níveis nos espaços-movimento. (BERENSTEIN, 2007)

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O que é favela, afinal?

Atualmente os territórios denominados de Favelas, passam por grandes transformações urbanísti cas e políti cas. Contudo, mesmo como um maior direcionamento de recursos para estas transformações, estas intervenções estão sendo questi onadas. Apresentamos aqui um discurso que pauta a necessidade de entender de outra maneira a Favela, ou Cidade Favela, para assim ter a possibilidade de outras posições projetuais e políti cas.

Após um século de favela, muitas mudanças são percebidas. A imagem da favela associada ao ‘barraco’ não corresponde mais à realidade da maioria das favelas em metrópoles. A invasão, gradual ou repentina, individual ou em grupo, de uma terra sem infra-estrutura com a autoconstrução de uma moradia com material provisório como madeira, palha, deixam de ser características predominantes. As favelas se adensam, verticalizam e grande parcela das moradias são construídas em alvenaria; a imagem do barraco é substituída pela imagem dos tijolos aparentes. Aumenta a cobertura por serviços de infra-estrutura. A forma de acesso à favela passa a ser preponderantemente pela via do mercado imobiliário informal e o “comprador” na maioria das vezes, adquire uma moradia já parcialmente construída. Constata-se também a diversidade espacial e social: não são apenas os mais pobres que habitam favelas. (DENALDI, 2009)

Como Denaldi explicou no texto acima, as favelas deixaram de ser lugares temporários para se tornarem em comunidades, bairros e cidade. A idéia do abrigo se desfaz no passo em que as pessoas agora não querem mais se mudar do local em que vivem e das relações que criaram, dos amigos e do espaço em que elas pertencem, da relação com o outro.

O momento em que estamos é de possibilitar que estes lugares – agora cidades – tenham uma qualidade de vida em todos os aspectos da habitabilidade. Mas para isso, precisamos redefi nir o que entendemos destas áreas, das favelas. O que acontece nesses espaços, “o que é favela, afi nal?”

A favela como é entendia.

De acordo com o Observatório de Favelas , é importante estabelecer novos modos e apreensão do fenômeno da favelização. Já que, na maioria das vezes, as definições desses territórios se fundamentam em pressupostos equivocados, em geral superficiais, baseados em estereótipos que não permitem uma compreensão aprofundada sobre a realidade social, econômica, política e cultural em sua totalidade e complexidade. É fato que a diversidade das formas e das dinâmicas sociais, econômicas e culturais, também tem sido um desafio na compreensão do que é uma favela e, por conseguinte, na definição de parâmetros universais que orientem uma definição mais precisa. Por se tratar de um fenômeno

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diverso e complexo, e ao mesmo tempo marcado por forte estigmatização, observa-se que os pressupostos centrados em parâmetros negativos têm sido utilizados como referência hegemônica na representação social e na elaboração de definições mais concisas sobre o fenômeno.Historicamente, o eixo paradigmático da representação das favelas é a ausência, carência e homogeneidade. Nesta perspectiva, a favela é definida pelo que não seria ou pelo que não teria, e tomam como significante aquilo que a favela não é em comparação a um modelo idealizador de cidade. Nesse caso, é apreendido, em geral, como um espaço destituído de infra-estrutura urbana – água, luz, esgoto, coleta de lixo; sem arruamento; globalmente miserável; sem ordem; sem lei; sem regras; sem moral. Outro elemento peculiar da representação das favelas é sua homogeneização. (DENALDI, 2009)

A favela precisa de novas compreensões.

As favelas consti tuem moradas singulares no conjunto da cidade, compondo o tecido urbano, estando, portanto, integrado a este, sendo, todavia, ti pos de ocupação que não seguem aqueles padrões hegemônicos que o Estado e o mercado defi nem como sendo o modelo de ocupação e uso do solo nas cidades.

Em função disso, a defi nição de favela não deve ser construída em torno do que ela não possui em relação ao modelo dominante de cidade. Pelo contrário, elas devem ser reconhecidas em sua especifi cidade sócio-territorial e servirem de referência para a elaboração de políti cas públicas apropriadas a estes territórios/espaços. (LUIZ, 2009)

Este reconhecimento já vem sendo realizado, em parte, por meio do Estatuto da Cidade, que defi ne as favelas como áreas de especial interesse, que necessitam de uma regulação própria baseada na sua materialidade dada.

Contudo, compreender a cidade em sua pluralidade é reconhecer a especifi cidade de cada território e seus moradores, considerando-os como cidadãos que devem ter seus direitos sociais garanti dos na forma de políti cas públicas afeiçoadas a seus territórios.

É necessário considerar a favela como parte da cidade, ressaltando toda a pluralidade que lhe é característi ca. “O território favela é um espaço de potência, de criati vidade, de inovações tecnológicas, sociais e culturais. O território da criati vidade na América Lati na é a favela”, afi rma Pedro Abramo (Acessado em 25/05/2010).

Precisamos reconhecer que estas outras representações das favelas - e de seus moradores – devem orientar outra gestão metropolitana pautada pela justi ça territorial e o reconhecimento dos direitos do cidadão, além dos direitos básicos. Assim, estas novas defi nições possam de fato orientar também os projetos urbanos, para que de fato, as reais necessidades, diante do contexto de cada comunidade, sejam atendidas para todos.

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A nova defi nição de favela.

A parti r do Seminário – O que é favela afi nal? –, o Observatório de Favelas desenvolveu uma declaração própria, com o objeti vo de contribuir para a formulação de um conceito de favela que abrigue a complexidade e a diversidade desse território no espaço urbano contemporâneo:

“DECLARAÇÃO: O QUE É A FAVELA AFINAL?

1. Considerando o perfil sociopolítico, a favela é um território onde a incompletude de políticas e de ações do Estado se fazem historicamente recorrentes, em termos da dotação de serviços de infra-estrutura urbana (rede de água e esgoto, coleta de lixo, iluminação pública e limpeza de ruas) e de equipamentos coletivos (educacionais, culturais, de saúde, de esporte e de lazer) em quantidade e qualidade para as famílias ali residentes, na promoção da moradia digna para seus habitantes, na regularização fundiária e urbanística adequada às formas de ocupação do solo, na criação de legalidades afeiçoadas às práticas sociais, e em especial, na garantia da segurança cidadã, devido ao seu baixo grau da soberania quando comparado ao conjunto da cidade. Portanto, as favelas são, de modo geral, territórios sem garantias de efetivação de direitos sociais, fato que vem implicando a baixa expectativa desses mesmos direitos por parte de seus moradores.

2. Considerando o perfil socioeconômico, a favela é um território onde os investimentos do mercado formal são precários, principalmente o imobiliário, o financeiro e o de serviços. Predominam as relações informais de geração de trabalho e renda, com elevadas taxas de subemprego e desemprego, quando comparadas aos demais bairros da cidade. Os baixos indicadores econômicos das favelas são acompanhados pelos indicadores de educação, de saúde e de acesso às tecnologias quando comparados à média do conjunto da cidade. Há, portanto, distâncias socioeconômicas consideráveis quando se trata da qualificação do tempo/espaço particular às favelas e o das condições presentes na cidade como um todo.

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3. Considerando o perfil sócio-urbanístico, a favela é um território de edificações predominantemente caracterizadas pela autoconstrução, sem obediência aos padrões urbanos normativos do Estado. A apropriação social do território é configurada especialmente para fins de moradia, destacando-se a alta densidade de habitações das suas áreas ocupadas e de sua localização em sítios urbanos marcados por alto grau de vulnerabilidade ambiental.

4. Considerando o perfil sociocultural, a favela é um território de expressiva presença de negros (pardos e pretos) e descendentes de indígenas, de acordo com região brasileira, configurando identidades plurais no plano da existência material e simbólica. As diferentes manifestações culturais, Artísticas e de lazer na favela possuem um forte caráter de convivência social, com acentuado uso de espaços comuns, definindo uma experiência de sociabilidade diversa do conjunto da cidade. Superando os estigmas de territórios violentos e miseráveis, a favela se apresenta com a riqueza da sua pluralidade de convivências de sujeitos sociais em suas diferenças culturais, simbólicas e humanas.” (DENALDI, 2009)

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“Tem gente que fala que o morro é ruim, mas quem faz o morro é a gente”.

Anália Medina Rodrigues, citado no Catálago - Habitação, Memória e Vivência.

Sobre São Beneditocap. 02

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História de São Benedito

A ocupação do Morro Grande começou no fi nal dos anos de 1960, realizada inicialmente por migrantes procedentes das áreas rurais de cafeicultura. A imigração se acelerou quando se multi plicaram oportunidades de emprego na construção civil, desdobramentos das indústrias siderúgicas que se instalavam na Grande Vitória (como as companhias CVRD, hoje Vale e CST, hoje Acelor Mital).

As populações rurais que afl uem ao município de Vitória não são somente devido à concentração dos meios de produção das grandes empresas, mas, sobretudo, porque a cidade acaba por se consti tuir no “autênti co desaguadouro” daquilo que o sistema desorganiza sem destruir completamente. Neste caso a estrutura agrária é esvaziada enquanto as cidades se convertem nos agentes principais do modelo políti co-econômico industrial que se implantava. (CÉLULA, 2010)

As pessoas desarti culadas da vida rural desenvolveram formas de vida e ati vidades alternati vas, ocupando áreas da cidade cuja localização era desvalorizada. Além dos emigrantes das culturas cafeeiras de municípios como Colati na, vieram habitantes do norte do Espírito Santo, do norte de Minas Gerais, as regiões mais empobrecidas dos dois estados, assim como, vieram baianos nos últi mos anos. Inclusive, constata-se um número expressivo de migrantes vindos de Conceição da Barra e de São Mateus, expulsos pela ocupação das terras que culti vavam pelas plantações de eucalipto da Aracruz Celulose. Estes migrantes são remanescentes de comunidades quilombolas do norte do estado que moram no morro de São Benedito. (CÉLULA, 2010)

[...] Bom, menina, eu vim do interior, tem gente que veio de outro Estado. Tem gente que veio trabalhar e acabou ficando por aqui. Todo mundo veio pro São Benedito no ano de 1968, mais ou menos. Eu vim porque não podia mais ficar por lá em Córrego de Água Branca, ou Córrego Preto - comunidade quilombola, pelos lados de São Mateus e Conceição da Barra. (NOSSA HISTÓRIA NOSSO BEM, 2009)

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42

Fig. 14: Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino.

Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)

Fig. 15: Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino

Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)

Imagens sobre o processo de ocupação

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Sobre São Benedito 43

Fig. 16: Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino.

Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)

Fig. 17: Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino.

Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)

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44

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Sobre São Benedito 45

O bairro São Benedito, em Vitória, Espírito Santo, tem atualmente 3.431 moradores. Faz parte da Poligonal 01 (1.773.640m²) também denominada pelas lideranças como Território do Bem, que é confi gurada por outros 07 bairros: Bairro da Penha (4.752 hab.), Bonfi m (7.417 hab.), Consolação (3.019 hab.), Itararé e comunidade de Engenharia (7.585 hab.), e Gurigica divididas em duas comunidade, Floresta e Jaburu (6.850 hab.). Esses bairros ocupam o Morro Grande e possuem 33 mil habitantes (PMV, SITE), cerca de 10% da população de Vitória – 320 mil habitantes (IBGE, SITE).

O bairro tem como limites as avenidas: Av. Maruípe ao norte, Av. Vitória ao sul, Av. Marechal Campos a oeste e a Av. Leitão da Silva a leste.

Mapa do Território do Bem.

Legenda:01 - São Benedito02 - Consolação03 - Jaburu 04 - Floresta05 - Bonfi m06 - Bairro da Penha07 - Itararé08 - Engenharia

Fig. 18: Mapa Poligonal 01 / Território do Bem. Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor e Samira S. Proêza sob a base GeoWEB Vitória.

Av. Mal. Campos

Av. Maruípe

Av. Vitória

Av. Leitãoda Silva

04

NORTE

0501

02

03

06 07

08

Contexto atual - Território do Bem / Poligonal 01

As poligonais do “Terra” foram defi nidas

pelo o grau de carência em equipamentos

e serviços urbanos, o nível de fragilidade

ambiental, o grau de risco e os baixos índices

sociais da comunidade em relação às demais

áreas da cidade. O programa visa melhoria

da qualidade de vida dos moradores de

ocupações de interesse social, com projetos

de urbanização e habitação, regularização

fundiária, melhoria da infra-estrutura e dos

equipamentos urbanos.

São Benedito - 3.421 moradoresTerritório do Bem - 33 mil moradoresVitória - 320 mil moradores

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46

FFlloorreessttaaFFlloorreessttaaJJaabbuurruuJJJaabbuurruuCCCooonnnsssooollaaaçççãããoooCCCooonnnsssooolllaaaçççãããooo

SSSããooo BBeennneedddiittoo

AAvv.. LLeeiittããoo ddaa ssiillvvaaAAvv LLeeiittããoo ddaa ssiillvvaa

Vista para o Território do Bem

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Sobre São Benedito 47

BaBaBairirirrororo ddda a PePeP nhnhhaa

BoBonfinfi m mBoBoBonfinfin m mItItararararééItItararararééItItararararééItItararararéé

EnEngegenhnharariaiaEnEngegenhnharariaia

Fig. 19: Fotografi a para o Poligonal 01/Território do Bem vista da pedra da Gameleira

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48

O morro foi uma das trajetórias possíveis em Vitória para um expressivo número de trabalhadores de baixa renda ou sem nenhuma qualifi cação. As áreas de morro consti tuem mais de 70% do território da ilha de Vitória, em grande parte oferecem difi culdades a acessibilidade e a apropriação urbana. Neste caso, ao menos, não se estabelecia a distância fí sica entre moradia, trabalho e centralidade. A região situa-se entre avenidas importantes do município de Vitória. (CÉLULA, 2010)

A ocupação do bairro São Benedito foi informal e gerou problemas para a inserção da infra-es trutura viária, de abastecimento e de saneamento; difi culdades de acesso (inclusive de pedestres); para a construção e a estabilidade das edifi cações. Ademais, grande parte do território possui infra-estrutura, equipamentos e serviços urbanos de relati va qualidade. (CÉLULA, 2010)

“[...] Quando eu cheguei aqui, tinha uns gatos pingados morando nuns barracos de madeira, tinha também palafita, porque uns lugares aqui eram tudo brejo. As pessoas faziam muito força pra resistir por essas bandas.” (Nossa História Nosso Bem, 2009)

“[...] Quando eu cheguei, só tinha a Ufes. Eu e o avô do Dito, a gente veio pra cá porque uma irmã disse que ia ser mais fácil conseguir um lugar pra morar.” (Nossa História Nosso Bem, 2009)

Centralidade - localização em Vitória

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Sobre São Benedito 49

Centro de Vitória

Enseada do Suá

São Benedito

UFES

4 km

2,7 km

1,7 km

Fig. 20: Mapa distâncias de São Benedito.

Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória

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Vista do moro de São Benedito de pontos impor-tantes da cidade de Vitória: Praia de Camburi e Av. Fernando Ferrari.

Fig. 21: Vista da Praia de Camburi para São Benedito.

Fig. 22: Vista da av. Fernando Ferrari para São Benedito.

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Sobre São Benedito 51

Fig. 23: Vista da Praia de Camburi para São Benedito.

Fig: 24. Vista da av. Fernando Ferrari para São Benedito.

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Santa Lúcia / Praia do Canto

São Benedito

Lim

ites

difu

sos Limites defi nidos

AlAAAAAlAlAllAlAAAAltotottotototooooootooooootototo ddddddddddddddddde eeeeeeeeeeeee CoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoCoooCoCoCooCooCoCooCoCoC nsnnnsnsnsnsnssnsnsnssnsnsnnsnssssssnsnssssnnnssnssssnsssnsnsssssololoololollolololololololololololooloololloooloolooooololooolololoolaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaaaççaçaçaaaaaççaçaaççaçaçaaççãoãããoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoããoãoãooããoãããooãoãããoãoãoãoãoããoo

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Vista de Floresta para São Benedito e Santa Lúcia.

Fig. 25: Limites São Benedito sob fi gura fundo.

Fig. 25: Limite São Benedito.

Limites de São Benedito

Limites sob fi gura fundo entre os bairros de São Benedito, de Santa Lúcia e de Consolação.

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Sobre São Benedito 53

Fig. 27: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito.

Fig. 28: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito.

As fi guras à esquerda ilustram dois ti pos de limites encontrados nas fronteiras entre São Benedito e os bairros arredores: Os limites entre os bairros da própria poligonal 01 são difusos e possibilitam o percurso do pedestre de forma mais conectada. O limite de São Benedito com Santa Lúcia, bairro da parte nobre de vitória, já não é conectado, ocasionado uma segregação espacial entre bairros,

o que difi culta o acesso ao pedestre.

As imagens abaixo, à direita, são vistas da av. Leitão da Silva para São Benedito. Esta avenida é uma das principais vias de Vitória e é avenida que conecta ao bairro Itararé que da acesso à São Benedito. Pode-se notar a sua conformação como avenida limite segregadora entre os bairros.

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Os assentamentos se consti tuíram sem fi nanciamento público, sem assistência técnica de arquitetos e de engenheiros e à margem da lei (PMV, SITE). Segundo a PMV, existem 8.272 domicílios neste território. Constata-se que são pouco mais que 04 moradores por domicílio. Mas é importante ressaltar as característi cas e condições, principalmente dos bairros São Benedito, Jaburu e Floresta – ocupação em morros. Atualmente os bairros se caracterizam: maior parte das moradias já possuem rede de esgoto, porém ainda existem muitas casas que os banheiros são separados da residência; Muitas construções estão na alvenaria aparente, algumas com reboco. Percebe-se que não ti veram nenhuma assistência técnica; a maioria das escadarias e rampas já possuem corrimão, apesar de serem de má qualidades - muitos já estão danifi cados - e o acesso às residências ou o próprio percurso pelo bairro ainda é muito difí cil, tornando o bairro pouco acessível ao pedestre, mesmo existi ndo uma linha de ônibus - 031 São Benedito - que atendo o bairro; o espaços públicos e/ou coleti vos ainda são muitos precários, não existem equipamentos urbanos de lazer e nem para ati vidades fí sicas;

Infraestrutura, panorâma local

Fig. 29: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010

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Sobre São Benedito 55

Fig. 30: Vista externa de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010

Fig. 31: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010

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Dizem que “Modificou muito, agora tá uma cidade por bem dizer”. (Morador de São Benedito Altair Pimentel Rodrigues, in Célula, 2010)

Apesar destas condições ainda precárias, o bairro tem recebido recursos e melhorias - nos espaços e serviços básicos. Feitas pelo Programa Terra Mais Igual e pela Secretaria de Habitação de Vitória através de recursos do Governo Federal: do PAC - Projeto de Aceleração do Crescimento - e do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento.A população reconhece os avanços na qualidade do espaço e dos serviços urbanos, mas permanece mobilizada atuando em diferentes formas de lutas e organizações comunitárias. Estabelecessem como comunidade, procurando consolidar suas moradias, efeti var as relações de vizinhança, e se organizando em associações de representati vidade políti ca, como Fórum Bem Maior – FBM.

Fig. 32: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010

Fig. 33: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010

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Sobre São Benedito 57

Fig. 34: Vista da paisagem de uma das casas de São Benedito.

Fig. 35: Vista do terreno “campinho” de São Benedito.

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Mobilização

A mobilização da comunidade teve início com a ocupação dos terrenos e a demanda por melhoria de infra-estrutura. No inicio dos anos 1980, as lideranças se arti cularam com as Comunidades Eclesiais de Base; nos anos 2000 com ONGs; o que culmina com a criação de um fórum popular.

O Fórum Bem Maior (FBM) abrange o Território do Bem e arti cula instrumentos de planejamento estratégico e de fórum. Do primeiro, buscam os mecanismos de parti cipação e de mobilização em torno da concepção do plano e dos seus objeti vos; do segundo, os dispositi vos da políti ca deliberati va que possibilitam a manifestação da visão da comunidade. Este últi mo confronta a intermitência recorrente entre apati a e mobilização nos movimentos políti cos e sociais contemporâneos. (CÉLULA, 2010)

Movimentos sociais

A pesquisa, cuja segunda etapa foi concluída no Projeto de Desenvolvimento Comunitário do Território do Bem, proporcionou um banco de dados e um relatório contendo seus resultados, e está servindo de subsídio e fonte de informações estratégicas para a construção do Plano de Desenvolvimento Comunitário do Território do Bem, inti tulado PLANO BEM MAIOR - 2018.

Cada projeto é construído de forma coleti va e parti cipati va, com os moradores, representantes de associações comunitária, representados no Fórum.

GRUPOS DE AÇÕESO Fórum Bem Maior é um espaço aberto de resgate, agregação e produção de conhecimentos múlti plos, debate e arti culação de soluções comuns das oito comunidades do Território do Bem. Visa integrar comunidades, pessoas, saberes e fazeres, a parti r do debate da produção de alternati vas locais frente aos interesses comuns de moradores e moradoras. Com a criação do FMB foi possível que muitas idéias das comunidades ganhassem densidade e fossem realizadas. Exemplo disto foi o Projeto “NOSSA HISTÓRIA NOSSO BEM” e a pesquisa “SABERES, FAZERES E POTENCIALIDADES DO TERRITÓRIO DO BEM DE VITÓRIA”.

O FBM busca empreender ações coleti vas que assegurem maior força de negociação, de reivindicação, de debate políti co e arti cular melhorias na sua qualidade de vida com a prefeitura e outras insti tuições como no caso o banco de cooperati va de crédito, Banco Bem, promovido pela Associação Ateliê de Idéias.Dessa atuação políti ca, coti diana da comunidade, verifi ca-se o exercício da cidadania. (Plano Bem Maior, 2009).

Fig. 36: Tabela de eixos de prioridades do Fórum Bem Maior.

Fonte: PLANO BEM MAIOR, 2009.

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Sobre São Benedito 59

Associação Ateliê de Idéias atua diretamente com as estratégias do Território do Bem. Criado em 2003, é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), voltado para promoção de desenvolvimento local que busca fomentar empreendimentos produti vos e mecanismos sociais de parti cipação democráti ca.

O Banco Bem, criado em 2006, é um sistema integrado de crédito, produção, comércio e consumo e oferece três linhas de crédito: produti vo, habitacional e de consumo. Até o primeiro semestre de 2009 já foram concedidos 107 créditos da linha habitacional, tendo um valor total de R$ 246.417,00.

Trabalhos desenvolvidos pela comunidade

Este fórum elaborou, em 2008, pesquisa sobre o perfi l dos moradores que resultou na publicação “Fazeres, Fazeres e Perfi l dos moradores do Território do Bem” e, em 2009, na publicação do “Plano Bem Maior do Território do Bem”. Os principais objeti vos da pesquisa “Saberes e Fazeres” foi a elaboração de um diagnosti co das necessidades e das demandas socioeconômicas locais e a elaboração do “Planejamento Estratégico Comunitário Solidário do Território do Bem” - Plano Bem Maior - 2018, que orientará a ação políti ca do Fórum de moradores nos próximos dez anos.

O “Plano Bem Maior” converte as idéias do planejamento estratégico, antes alheias ao seu lugar, em um bem coleti vo. Compreende que as mudanças globais rápidas requerem instrumentos fl exíveis e parti cipati vos.Destaca-se nesta agenda, o objeti vo de assegurar a parti cipação do FBM nos espaços políti cos como Conselho Popular de Vitória, audiências públicas, orçamentos parti cipati vos, entre outros. Ou seja, o FBM agencia um alto nível de organização e parti cipantes com plena sapiência da complexidade políti ca em que estão inseridos.

Fig. 38: Capa do Plano Bem Maior. Fonte: FÓRUM BEM MAIOR, 2009

Fig. 37: Capa do Saberes, Fazeres e Perfi l dos Moradores do Território do

Bem. Fonte: FÓRUM BEM MAIOR, 2009

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Dados importantes da pesquisa no Território do Bem:

Estes dados são reti rados da pesquisa “saberes, fazeres e potencialidades do Território do Bem de Vitória.” Abaixo segue alguns dados relati vos à percepção dos moradores da comunidade sobre o bairro São Benedito.

Participação nos Movimentos Sociais:Dos entrevistados e/ou seus familiares, 74% não participam de movimentos sociais. Essa informação sugere necessidade de formação humana que possibilite o envolvimento de moradores em prol da necessária transformação social;

Atividades socioculturais e de lazer mais utilizados:Foi também analisado que menos de um quarto da população citou a ida a parques como a atividade sociocultural e de lazer freqüentes, com 24,2% dos votos dos entrevistados.

Avaliação dos espaços e serviços de lazer:O lazer é considerado como ótimo ou bom por 20% dos entrevistados e 9% não sabem; 71% consideram péssimo ou ruim, sendo o pior índice dos serviços básicos oferecidos neste território.

Sexo dos entrevistados:Das pessoas entrevistadas, 884 pessoas, 15% foram do sexo masculino e 85% do sexo feminino. Cabe ressaltar a importância desse resultado, uma vez que, de modo geral, é a mulher quem conhece e sabe melhor responder pela dinâmica do domicílio;

Tipos de moradia:Do tipo de casas dos moradores entrevistados, 91% são de alvenaria, 7% de alvenaria e tábuas e 2% de tábuas. Os dados mostram que a maioria das famílias tem suas casas de alvenaria. Contudo, nem sempre a dignidade de moradia, mesmo em alvenaria, está garantida;

Renda total:Das famílias pesquisadas, 80,3% possuem renda familiar de até 03 salários mínimos e 21,9% têm renda menor que 01 salário. 43%,9 possuem renda de 01 a 02 salários mínimos e 14,5% com renda de 2 a 3 salários;

Esta pesquisa criou uma agenda das demandas coletivas: Melhoria de escolaridade (a maioria não concluiu o 1º grau); articulação de iniciativas de geração de trabalho e renda; incentivo a empreendimentos de responsabilidade socioambiental; divulgação da multiculturalidade e diversidade da população local.

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Sobre São Benedito 61

Pode-se concluir que no bairro de São Benedito há poucos espaços públicos ou mistos, e quando existem são de baixa qualidade, apenas com infra-estrutura básica (iluminação e bancos), mono-funcionais e sem atratividade.

É observado através das visitas ao bairro e dos dados da pesquisa realizada pela comunidade a necessidade de se discutir a qualidade desses espaços e colocar na agenda estratégica dos governantes e da própria comunidade este ponto: está necessidade de se investir nos espaços públicos; além disso, de repensar a criação desses espaços, para incluírem usos econômicos, culturais, esportivos, de lazer entre outros. Para que, através do seu empoderamento local, se torna multiplicador de qualidade de vida no bairro, propiciando relações mais singulares.

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Recriação do espaço público 63

Quero cantarQuero curtir e construirQuero criarParticipar e discutirPra me desabafarSou errado, sou perfeitoImperfeito, sou humanoSou um cidadão dereitoMeu direito é soberano (Letra música Quero Quero - Martinho da Vila)

(Re)criação do espaço públicocap. 03

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“É preciso uma restauração da cidade subjeti va, que engaja tanto os níveis mais singulares quanto os níveis mais coleti vos. Tudo dependerá da redefi nição coleti va das ati vidades humanas e, sem dúvida, em primeiro lugar, de seus espaços construídos.” (GUATARRI, 1992)

Sob o ponto de vista de devolver a cidade à coleti vidade, este trabalho discuti , como conseguir efeti va-la, através de um conjunto de forças, na qual, o foco aqui seja a possibilidade da intervenção no espaço urbano.

“A pergunta que se coloca é como reati var, ou mesmo (re)criar, os espaços públicos, através das intervenções no espaço urbano, evitando que a pretendida animação sócio-cultural leve a um sistema de signos petrifi cados, a uma simulação teatral da vida urbana inexistente. [...] Ao contrário disso, as intervenções pressupõe a expressão e impressão pessoal nesses espaços. Não se trata de parti cularizar os espaços, a idéia é a defesa de espaços públicos que possibilitem apropriações pessoais, diversas, mas simultâneas e superpostas.” (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)

Para serem efeti vados como públicos, esses espaços devem ser o resultado da coexistência de vários territórios superpostos, às vezes confl itantes, outras em sintonia.

Está sendo proposto aqui, antes de tudo, recuperar o senti do da arquitetura quando essa “deixa de ser considerada um mero objeto estéti co ou arte fi gurati va e passa a se relacionar com o mundo das ações e movimentos em que as pessoas realmente habitam.” (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)

Proposta - (Re)criação do espaço público

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Recriação do espaço público 65

O bairro de São Benedito é o local escolhido para o estudo e desenvolvimento de propostas projetuais sobre o espaço público neste trabalho.

São Benedito, como em várias outras favelas, sofre de uma denominação centrada em aspectos da forma-aparência – predominantemente focada na ausência –, de ordem negati va, que assume certa importância no que tange ao reconhecimento de reivindicações por obras de infra-estrutura. A organização popular, manifestada em diferentes momentos e formas, permiti u uma signifi cati va ampliação do acesso regular aos serviços de água, esgoto, coleta de lixo, asfaltamento e iluminação. Além disso, se difundiu na Poligonal 01 a construção de escolas, creches e postos de saúde; reivindicações fundamentais para a qualidade de vida dos moradores.

Porém, o item no qual menos se avançou foi justamente o que coloca em questão a presença da favela nas cidades: a apropriação e uso do espaço urbano em seu conjunto como direito social.

Diante da problemáti ca do processo de espetacularização sobre os espaços urbanos, através dos conceitos apresentados no capítulo 01 e as estratégias do Plano Bem Maior e do Fórum Bem Maior apresentado no capítulo 02, este trabalho tem o objeti vo de percorre por 03 etapas:

01_ compreender o espaço urbano do território recortado do bairro de São Benedito;02_ desenvolver um plano de ação;03_ produzir um projeto em nível de estudo básico de uma área do bairro;

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Metodologia para as intervenções

Faz-se necessário a busca de outros métodos de observação e análise que entendam a cidade não só como um soma de formas, usos, apropriações unitárias e de “mono-identi dades”. Mas sim, que entenda a cidade como um local plural e diverso, de troca de afetos, um local onde se origina e apaga, se transforma coti dianamente, em todas as escalas, acontecendo relações entre todas as coisas – pessoas, espaços, objetos, natureza, cultura e economia.

O método de compreensão e proposição para os locais onde serão realizadas as intervenções propostas neste trabalho tem como base a pesquisa de dados e informações, a percepção, a observação e a vivência (experiência) no bairro.

Em um primeiro momento propõe-se a criação de uma BASE OPERACIONAL do território desenvolvida a parti r de fotos aéreas, dados sobre os usos, infra-estruta, mobilidade e o espaço público fornecidas pelo site GEOWEB da Prefeitura Municipal de Vitória - htt p://geoweb.vitoria.es.gov.br/. Os dados obti dos foram sistemati zados em uma base e analisados para a escolha de uma área do bairro para criar um polígono de aproximação.

Em um segundo momento, no território escolhido, propõe-se uma BASE DE PERCEPÇÕES elaborada por registros fotográfi cos e diagramas, a parti r da vivência no bairro e de conversas com os moradores.

No terceiro momento, faz-se a necessidade de entender e propor dispoti vos/mecanismos coerentes aos campos com potenciais identi fi cados. São elaborados APONTAMENTOS, diretrizes que percorrem entre o macro e o micro se consti tuindo de vetores para aumentar a qualidade dos ambientes.

Estas etapas têm a fi nalidade de identi fi car campos de ações em potenciais para desenvolver um PLANO DE AÇÃO: diretrizes projetuais territorializadas em espaços específi cos.

Por fi m, diante desse panorama de ações apontadas é escolhido um cenário em potencial para o desenvolvimento da PROPOSTA PROJETUAL em nível de estudo aprofundado.

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Recriação do espaço público 67

Base operacional São Benedito

Plataforma de inclusão de dados em formato de mapas sobre uso do solo; áreas verdes; áreas livres; estrutura viária, topografi a, adensamento e verti calização. Estes mapas foram elaborados a parti r de dados fornecidas pelo site GEOWEB da Prefeitura Municipal de Vitória - htt p://geoweb.vitoria.es.gov.b - e por análise de fotos aéreas sistemati zados para a escolha de uma área do bairro para o aprofundamento do trabalho.

É importante ressaltar que os dados fornecidos pelo GEOWEB são dados e informações desatualizadas em relação do que foi visto em visita ao bairro. Dados sobre uso do solo, número de pavimento e área de ocupação de construção ti veram que ser atualizadas pelo autor no decorrer o trabalho.

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Área escolhida - recorte de São Benedito

Justi fi cati va A escolha desta área é pautada por algumas razões:+ Adensamento: existem 02 grandes bolsões de edifi cações com poucas áreas livres dentro deles e 01 pequena área livre entre eles.+ A área livre no meio é uma área importante para bairro, com uma diversidade de uso de solo, ponto fi nal da linha de ônibus, marco na ocupação do morro e uma das poucas áreas públicas (largo) do bairro.

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Base São Benedito - morfologia urbana

Mapa de adesamento do morro da Fonte Grande. A região escolhida do bairro de São benedito é uma das áreas mais adensadas do morro.

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Fig. 40: Mapa fi gura-fundo bairro região Poligonal 01.

Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória

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Morfologia da região escolhida

CurCurvasvas de de ní nívelvel 5x 5x55 EstEstrutruturaura vi viáriáriaa

QuaQuadradrass EdiEdifi cfi caçõaçõeses

Fig. 41: Conjunto de Layer de morfologia do território.

Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória

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Fig. 42: Soma dos Layers de morfologia do território.

Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória

SobSobrepreposiosiçãoção de de la layeryerss

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Modelo volumétrico da área adensada

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Fig. 43 (esq) e 44: Modelo 3D da quadra.

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Uso do solo

Pode-se observar nos mapas acima a predominância do uso residencial na região. Também existe uma quanti dade signifi cati va de lotes vazios, muito deles já estão em construção e outros são da prefeitura com estratégias implantar equipamentos públicos como creches, escolas e posto de saúde, muitos sem previsão de construção.

Contudo, constatam-se poucos imóveis com uso comercial e insti tucional no mapa apresentado. Porém em visita ao bairro, encontramos muitas insti tuições como igrejas, comércio e serviços com uso misto - maior quanti dade do que representado no mapa, registro da PMV.

Além disso, foi observada a apropriação do espaço público pelo comércio informal e também pela igreja para o culto religioso, entre outras diversas ações mais complexas e não enquadradas nestas categorias. Algumas dessas situações serão apresentadas na BASE DE PERCEPCÇÕES.

Fig. 45. Mapa uso do solo.Fonte: Interevenção

do autor sob base GEOWEB Vitória

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Mobilidade e traçado viário

A Rua Tenente Setual é a única rua do bairro de São Benedito e permite o trânsito de carros e de ônibus. Por isso ela é considerada a rua principal e a mais arti culadora do bairro. Entretanto, as vielas e os becos são as vias pelas quais as pessoas mais se locomovem a pé.

O principal meio de transporte no bairro é feito pelo microônibus 031 - São Benedito, única linha que atende dentro do bairro. Também existe a linha de Itararé que se aproxima do bairro e que é bastante uti lizada também pelos moradores.

Além do microônibus, muitas pessoas se locomovem a pé até o bairro Itararé ou até a Av. Leitão da Silva ou Av. Reta da Penha para conseguir uti lizar outras linhas viárias de transporte público de Vitória e também da Grande Vitória.

Fig. 46: Mapa sistema viário.

Fonte: GEOWEB Vitória

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Áreas verdes no bairro

Na imagem acima, destaca-se a relação das grandes e pequenas áreas verdes em São Benedito e bairros arredores:

Existe ainda uma grande massa verde no alto de São Benedito e em algumas zonas espalhadas no entorno do seu maciço. Porém, são predominantes as pequenas áreas verdes, conformadas por quintais das moradias e lotes vazios. Historicamente não houve ações concretas da prefeitura para a preservação ou criação de áreas verdes, como espaço público de qualidade no bairro.

Fig. 47: Mapa áreas verdes. Fonte:

Fonte: Interevenção do autor sob base

GEOWEB Vitória

Grandes áreas verdes

Pequenas áreas verdes

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Adensamento e áreas livres

A imagem à cima ilustra de forma mais evidente a relação das áreas construídas, com as áreas vazias sobre o território recortado. Pode perceber a alta densidade desta região e a falta de lugares livres planejados. Além disso, é possível observar a relação das grandes áreas livres com as pequenas áreas livres.

As grandes áreas livres são áreas maiores e foram classifi cadas como lotes vazios (poucos), quintais, e locais onde há uma difi culdade de construção (afl oramento rochoso e áreas muito inclinadas).

As pequenas áreas livres são áreas menores e foram classifi cadas como espaços vazios entre construções, conformadas pelo processo, sem planejamento, de ocupação do solo pelos moradores.

Fig. 48: Mapa áreas livres.

Fonte: Interevenção do autor sob

base GEOWEB Vitória

Grandes áreas livres

Pequenas áreas livres

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Base de percepções

A base de percepções é uma biblioteca de registros fotográfi cos, de diagramas, de vivência no bairro e de conversas com os moradores. Tem o objeti vo de apresentar diversos acontecimentos, usos e aspectos fí sicos e naturais do território escolhido.

Neste momento os interesses são entender as relações existentes no bairro: desenvolver uma observação e uma análise do território para fundamentar as proposições projetuais.

A parti r disso, as observações foram direcionadas para registrar os seguintes pontos:_O indivíduo singular e sua relação coti diana com o outro, com o espaço e com os objetos – de troca, de uma escala menor, mais pessoal e local. Ficamos atentos aos pequenos detalhes, aos objetos, aos costumes, as pequenas coisas que passam despercebidas._O indivíduo como vetor de força que atravessa a ordem normati zada em relação ao meio, sejam eles locais ou globais / escala urbana e coleti va. _As insti tuições que desenvolvem, de forma endógena, suas ações na cidade.- Os serviços/comércios que desenvolvem uma economia informal e local._Os espaços abertos e fechados que permitam ou impeçam as relações de trocas. _A relação do espaço natural com o fí sico e com o indivíduo.

Foi criada uma classifi cação em grupos para os registros, baseados nas ações, elementos, usos e conformações espaciais similares:

+ Ações geradas: ação do indivíduo, seja individual ou coleti va, em que se apropria do espaço de alguma forma.+ Espaços (re)criados: espaços em que recebem alguma intervenção, efêmera ou permanente, em que transforma ou indica um outro uso ou signifi cação para o lugar ou objeto. + Lotes vagos e relação com a natureza: são espaços vazios públicos ou sem uso em que os elementos naturais são signifi cantes na ambiência do lugar.+ Vistas de São Benedito: lugares que podem ser observados a paisagem construída e natural de Vitória. Pontos que a relação entre dentro e fora, aberto e cheio podem ser realçados.+ Espaços estreitos: lugares em que o adensamento das construções ocasionou espaços (vielas, becos, escadarias) muito estreitos. São locais normalmente com uma qualidade de conforto ambiental muito baixa, porém é observado a permanência e uso destes espaços.+ Espaços residuais: Espaços conformados por “sobras” (locais não uti lizados) das construções com potencial para transformação e possibilidade de uso. + Usos e insti tuições: espaços formais ou informais, de uso comercial e serviço e insti tucionais como ONGs, Igrejas e Centro Comunitário. São espaços com relação importante na comunidade.

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Registro fotográfico > ações geradas

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Registro fotográfico > espaços (re)criados

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Registro fotográfico > lotes vagos e relação com a natureza

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Registro fotográfico > vistas de São Benedito

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Registro fotográfico > espaços estreitos

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Registro fotográfico > espaços residuais

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Registro fotográfico > usos e instituições

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Entendimento do território

Ações e objetos das percepções

Abaixo pode-se observar algumas ações e objetos recortadas do registro fotográfi co evidenciando os elementos que existem neste território.

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Diagrama desenvolvido em mapa que ilustra a percepção dos ambientes fí sicos e naturais, dos acontecimentos, dos percursos, dos usos, dos senti dos sonoros, dos ambientes abertos e enclausurados.

Pode-se perceber no diagrama:

- Menor intensidade de ati vidades em espaços enclausurados;- Maior intensidade de ati vidades em: percursos horizontais, que seguem as curvas de níveis e não em escadarias; e na rua principal do bairro, única que passam automóveis;- Percurso do transporte público não atende toda a área do bairro. O microônibus não percorre por toda a rua principal e seu ponto fi nal não está localizado na cota mais alta habitável;- Percurso principal do pedestre é feito pela rua principal, sendo que em algumas escadarias eles a percorrem para diminuir a distância, mas somente as escadarias que estão em melhor qualidade e menos enclausuradas. Entretanto, foi notado que as crianças e jovens fazem o uso de escadarias mesmo que elas sejam de difí cil locomoção e em espaços enclausurados. Este grupo busca sempre fazer o menor trajeto no bairro independe das condições das vias.- Dos pontos visuais do bairro pode-se observar a paisagem dos municípios de Serra, de Vitória e de Vila Velha. Foi observado, por exemplo, o Mestre Álvaro em Serra, a praia,o mangue, o canal, as UFES e os bairros mais nobres em Vitória e o Convento da Penha e Morro do Moreno em Vila Velha.- Foi notada uma grande quanti dade de espaços vazios como em lotes e entre construções. Há também grandes espaços vagos sem uso não cadastrado como lotes, com potenciais de transformação.

Maior intensidade de ati vidades

Menor intensidade de ati vidades

Registro sonoros musicais

Pontos visuais

Lotes vagos

Espaços vazios

Usos/instuições importantes

Espaços enclausurados

Percurso usual pelo pedestre

Percurso usual pelas crianças

Percurso do transporte Público Ponto Final

Legenda:

Mapa de percepção

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Fig. 49: Mapa de perecepções do

território. Fonte: Interevenção do

autor sob base GeoWEB Vitória

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Apontamentos

Nas visitas ao bairro foram mapeadas áreas em potencial para uma reorganização espacial, identi fi cando espaços com aberturas e capacidades para receberem novos objetos que esti mulem relações. Também foi mapeadas áreas de riscos, lugares altamente adensados que ocasionam uma má qualidade em conforto ambiental e organização espacial entre outras situações ressaltadas no diagrama MAPA DAS PERCEPÇÕES.

A parti r do diagrama de PERCEPÇÕES foram elaborados alguns apontamentos estratégicos, tanto na escala local quanto da cidade, para defi nir um escopo de intervenção que visa o aumento da qualidade da vida pública e privada.

É certo que o ganho só poderá ser dado após um conjunto de ações coordenadas em diferentes níveis e escalas da cidade, em tempos disti ntos de acontecimento. Estas envolvem questões econômicas, políti cas , sociais, culturais e ambientais pautadas em intervenções projetuais e estratégicas conectadas entre si e ao todo territorial da cidade.

A seguir são apresentadas algumas estratégias para a construção do PLANO DE AÇÃO, que tem por objeti vo tanto a qualidade da habitação e espaço público no bairro quanto a presença do bairro na cidade (conexão do bairro ao resto da cidade) :

+ Propiciar qualidade ao percurso de pedestres, dando condição dele percorrer a pé o bairro;+ Criar aberturas por meio de espaços mistos (uso público, residencial, recreati vo, esporti vo e de comércio e serviço) em locais adensados e nos espaços vazios do bairro;+ Propiciar maior atrati vidade na rua não só por meios comerciais, mas sim por meios culturais, árti cos, esporti vos, políti cos entre outros;+ Fortalecer os espaços políti cos do bairro;+ Repensar áreas que possam permiti r espaços de diferentes usos, com construções conjugadas de insti tuições, comércios e residência;+ Desenvolver maior diversidade econômica, cultural e social no bairro;+ Criar um sistema de transporte que conjugue diferentes modais e, principalmente, desenvolver um cartão tarifário que permita o usuário transferir de linhas de ônibus e entre diferentes modais pagos no transporte público sem ter maiores custos. Essa estratégica visa a conexão em rede desses transportes fazendo que a maioria das linhas possam percorrer menores trajetos, conectado os bairros a uma rede ampla de percurso, além disso, diminuindo a quanti dade de ônibus em linhas principais da cidade;+ Desenvolver atrati vidades e eventos, dar organização da própria comunidade, tanto no escala local quanto na escala da cidade, dando maior visibilidade ao bairro;

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Recriação do espaço público 101

Plano de Ação - Proposições espaciais

O PLANO DE AÇÃO é um conjunto de propostas orientadas a parti r de estratégias e táti cas de um microplanejamento sobre o território. Estas buscam desenvolver novas operações arquitetônicas com o objeti vo de gerar novas conexões e redes que focam processos locais abertos à experimentação e ao uso.

Defi nimos Microplanejamento a ação na microescala com base em ações sociais e apropriações coleti vas, dentro das iniciati vas bott om-up (de baixo para cima) na confi guração da paisagem urbana. Podemos considerá-lo como um planejamento alternati vo que é capaz de absorver naquele que é gerado pelos meios urbanos. Busca-se algo que consiga abordar a complexidade crescente das cidades. (ROSA,2010) Michael de Certeau em a “Invenção do Coti diano” indica o uso das táti cas urbanas como uma (outra) forma de pensar a cidade. É proposta a idéia de táti ca desviacionistas, que não obedecem à lei do lugar e nem se defi nem por este. As táti cas seriam as maneiras criati vas, quase invisíveis, de uti lizar ou desviar aquilo que já foi imposto em cada ocasião. São práti cas que subvertem a parti r de dentro e pelo meio.

Como diz Milton Santos, são os prati cantes (homens lentos) que atualizam os projetos urbanos e o próprio urbanismo através da práti ca, uso ou experiência coti diana dos espaços urbanos e, assim, os reinventam, subvertem ou profanam. (BERENSTEIN, in Caderno De Provocações, 2010)

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Proposta

Para Marcos Rosa (2010) as intervenções devem parti r do princípio de esti mular novas relações e desencadear novas situações em espaços preexistentes através do entendimento de objetos, práti cas, usos e edifí cios relacionais, “que inseridos nos espaços tornam-se arquitetura coleti vas quando parte de uma interação objeto-lugar-usuário, da qual resultam ações e que dependem das relações para que se complete um esquema arti culador.” (Rosa, 2010)

Foi elaborado um conjunto de ações para 06 áreas escolhidas no território, como se pode observar na imagem ao lado esq.. Estas tem a fi nalidade de reeditar as realidades e reprogramá-las, desenvolvendo propostas projetuais relacionais a parti r de formas, elementos naturais, relações e processos já existentes.

As propostas gerais partem dos APONTAMENTOS para territorializar as estratégias. Busca-se pelo potencial existente e por seus problemas fí sicos e sociais, para revelar a parti r de suas especifi cidades campos considerados vazios – locais que podem ser recodifi cados em espaços de encontro com qualidade. Deste modo, visam maior qualidade à mobilidade, às diversas escalas de espaços públicos (parque, praça, largo, ponto de ônibus, calçada), a uma (re)organização das formas e espaços e o esti mulo à vida urbana na rua e praças.

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Diretrizes para intervenção

Área 01 | Espaço parque_Grande espaço de referencia para os moradores e de visibilidade para a comunidade externa._ Inserir equipamentos esporti vos de médio e pequeno espaço/ação._ Ponto fi nal da linha de ônibus 031- São Benedito;_ Ter estacionamento pequeno tanto para os microônibus da linha 031 quanto para automóveis e bicicletas;_ Criar espaço de contemplação da paisagem: decks e mirantes;_ Criar espaços de brincadeiras para as crianças ligadas à percepção ambiental, ao lúdico, à apropriação e ao movimento;_ Criar espaço público de lazer e ócio;_ Criar espaços mistos com residência, comércio e insti tuições endógenas;_ Incenti var o uso comercial relacionado ao parque, como restaurante para os moradores, trabalhadores e visitantes e comércio dos produtos feitos pela comunidade._ Criação de um centro de ocupação e vivência do ambiente natural. Uti lizar o potencial do ambiente natural da região.

Área 02 | Espaço local e ambiente natural_ Construção de espaços públicos menores em áreas residuais entre construções;_ Espaço conexão para as vias, de passagem para moradores;_ Espaço relacionado às ati vidades dos moradores que moram ao redor;_ Uso predominante residencial e usos de comércio e de serviço de visibilidade local;_ Criação do espaço com o uso comparti lhado;_ Criação de hortas e jardins;_ Inserir equipamentos de ócio e de encontro que propiciem encontros ínti mos, familiares e desconhecidos;

Área 03 | Espaço da Fala_ Recodifi cação do espaço, transformação do espaço construído a parti r do preexistente;_ Reprogramação dos usos: identi fi car usos potenciais, como uso políti co (centro comunitário e insti tuições), e repensar os setores de zonas privadas, semi-pública e públicas;_Repensar suas zonas na estratégias de uso misto com áreas comerciais, residenciais e públicas;_Potencialidade de expansão das áreas privadas e públicas;_(Re)apropriação com o ambiente natural;_Importante espaço de encontro e conexão;_Inserção de equipamentos de lazer, do ócio, de recreação e de contemplação;

Neste momento, são propostas diretrizes de intervenção para as 06 áreas identi fi cadas.

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Área 04 | Espaço de movimentos lento_ Ambiente construído nos espaços entre construções e nos lotes vagos;_ Recodifi cação dos espaços construídos, casas e comércio com o espaço público: propiciar usos mistos nas construções / espaços semi-públicos verti cais possibilitando maior comunicação e quanti dade de pessoas percorrendo a região._ Uti lizar espaços abandonados ou espaços residuais como potencialidade transformação e encontro. _ Potencialidade com o ambiente natural;

Área 05 | Espaço para entrar / conexão local_ Ati vação do espaço vago em espaço de conexão de percursos para o pedestre;_ Espaço rápido;_ Inserir equipamentos de estar e de encontro;_ Espaço aberto com facilidade de modifi cação e inserção de estruturas temporárias/móveis;_ Possibilidade de pequenos eventos e apropriações de lazer e comércio;_ Potencialidade com o ambiente natural, (re)apropriação desses elementos naturais;

Proposta 06 | Espaço de conexão regional_ Recriação do espaço / ponto de ônibus._ Espaço rápido;_ Ati vidades rápidas;_ Espaço pequeno;_ Inserção de pequenos equipamentos de encontro;_ Espaço sombreado;_ Espaço informal;_ Espaço efêmero.

Maior intensidade de ati vidades

Polígonos de atuação

Menor intensidade de ati vidades

Vetor de conexão Ação de repramação do espaço

Lotes vagos

Espaços vazios

Percurso para transporte público

Percurso principal para o pedestre

Legenda:

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Recriação do espaço público 105

Fig. 50: Mapa de diretrizes.

Fonte: Interevenção do autor sob

base GeoWEB Vitória

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Projeto “espaço da fala” 107

“Tempo lento,espaço rápido,quanto mais penso,menos capto.

Se não pego issoque me passa no íntimo,importa muito?Rapto o ritmo.

Espaço tempo ávido,lento espaço dentro,quando me aproximo,simplesmente me desfaço,

apenas o mínimoem matéria de máximo.”

O mínimo do máximo, pag. 26, Leminks distraídos venceremos

Projeto “espaço da fala”cap. 04

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Após as proposições iniciais no “Plano de Ação” sobre o território recortado de São Benedito, foi identi fi cada a área 03 como a área com maior potencial para desenvolver um estudo projetual aprofundado, em nível de estudo preliminar arquitetônico.

A justi fi cati va da escolha da área 03 percorre por alguns pontos abaixo, que mais a frente serão detalhados:

_ Existência de 01 terreno vazio que é do centro comunitário (01);_ Intervenções feito no terreno do centro comunitário no evento Senemau Vitórai 2010 (01);_ Ponto fi nal da linha de ônibus da comunidade - linha 031 São Benedito (02);_ É palco das mais diversas ações políti cas, culturais e sociais do bairro;_ Existência de uma diversidade de usos - comércio, serviços, apropriações informais, moradias, lazer;_ Um dos poucos espaços públicos e livres na comunidade;

Proposta projetual

A proposta busca - a parti r dos processos e formas (pré)existentes, estejam eles ati vos ou ocultados - desenvolver um projeto de reestruturação dos espaços públicos e privados da área escolhida, com o objeti vo de potencializar as ações presentes no território e dar maior qualidade aos espaços, às estruturas e aos usos existentes, com o objeti vo principal de criar espaços que permitem uma diversidade de acontecimentos planejados ou espontâneos no senti do de permiti r os acontecimentos singulares e coleti vos. As intervenções devem seguir com o cenário já existente, com o movimento dos espaços que é observado, entendendo os processos e elementos presentes no território. O projeto deve ter uma relação direta com o lugar e com as pessoas que moram e passam - o contexto que este lugar está inserido e o que atravessa por ele. Para isso é necessário estudar o tecido da comunidade, tanto fi sicamente (os edifí cios) como socialmente (os moradores e insti tuições). Redescobrir as qualidades ocultas do território como uma identi dade urbana nova e desconhecida com suas próprias parti cularidades. Observar as possibilidades urbanas que podem inspirar as futuras estratégias. Este potencial está tanto nos habitantes como no tecido urbano existente, as intervenções provisórias, as reprogramações culturais ou um acontecimento pontual podem redescobrir as qualidades ocultas, mas positi vas do local.

(Re)interpretar e (re)utilizar o que já está ali se torna o princípio do processo de (re)construção.

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Projeto “espaço da fala” 109

(01)

(02)

(01)

(02)

Fig. 51 Mapa de localização

de espaços existentes.

Fonte: Interevenção do

autor sob base GeoWEB

Vitória

Fig. 52: Mapa de localização

de usos existentes.

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Prospecção do espaço

Metodologia

A parti r da aproximação da área, foi desenvolvida uma metodologia para entender as formas fí sicas e naturais, os processos urbanos, os grupos existentes, as insti tuições e os agentes relacionados ao campo. Dentro desse cenário, são construídos vetores de transformação do espaço que possam se desdobrar em um projeto ou táti cas que permitam uma maior parti cipação das pessoas na construção e uti lização do espaço, no senti do da políti ca, da recreação, do encontro e do lazer, possibilitando uma maior vida urbana e conseqüentemente uma maior qualidade de vida.

Com o PLANO DE AÇÃO, essa proposta está arti culada em rede e incorporada com a as dinâmicas econômicas, sociais e culturais, hora incluindo, hora ati vando novas ações. Assim, esta proposta pretende ser uma solução efi ciente e uma uma alternati va norteadora de táti cas e estratégias ao invés dos grandes projetos espetaculares e segregadores, ignorando as estruturas materiais e imateriais preexistentes. E também um exemplo de método de intervenção e não um modelo fi xo que encaixe no restante do território, sendo uma proposta complementar aos grandes projetos de infra-estrutura ou e de projetos de melhorias necessárias aos espaços construídos.

Como elaborado na etapa anterior para entendimento do bairro, também é necessário uma investi gação - percepção aprofundada - sobre o processo da construção dos espaços e dos acontecimentos na região escolhida, com a fi nalidade de identi fi car diversos vetores para a construção da proposta projetual.

Como metodologia para a investi gação desses processos dinâmicos foi estudado a metodologia de trabalho do grupo Chora, mais específi co a criação de “minicenários”, a fi m de apropriar alguns métodos e conceitos sobre a investi gação dos processos dinâmicos nos espaços, de forma para um melhor entendimento e análise das percepções.

Além disso, foram construídos um conjunto de ferramentas, adicionando o método do grupo Chora e também métodos construído ao longo dos estudos acadêmicos da graduação, dos grupos de discussão extra disciplina e, principalmente, da experiência de trabalho de extensão em comunidades através do grupo Célula Emau – Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UFES.

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Projeto “espaço da fala” 111

Os métodos de percepção foram feitos a parti r dos conceitos apresentados a seguir:

> Registro dos processo dinâmicos – metodologia CHORA:Erase – Apagamento: o registro do apagamento das ati vidades no espaço;Originati on – Origem: origem das ati vidades, ati vação ou inclusão de algo que não estava previsto no espaço e tempo determinador;Transformati on – descrição do processo de transformação dessas ati vidades;Migrati on – Migração – Ações que se movem completamente, registro do tempo e espaço;

> Registro do olhar – metodologia Insti tuto ELOS:Olhar apreciati vo: conhecer os pequenos locais, os moradores, o ambiente e as característi cas marcantes, procurando identi fi car as formas, os usos e belezas já existentes;> Percepção Sensorial: aguçar a percepção do ambiente além do que se vê;Foco de abundância: ter atenção naquilo que existe e não só naquilo que falta; descobrir o que as pessoas e sua cultura foram capazes de produzir;

> Registro sobre o ambiente construído e natural:Procura os valores positi vos nos edifí cios e espaço.Entender sua organização e formaObservar a relação dos elementos naturais com as pessoas e as construções.

> Registro dos atores e agentes:Identi fi car os grupos ou pessoas, locais e/ou globais, que atuam e/ou se relacionam na comunidade de forma políti ca, econômica, e cultural.

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Espaço urbano

Localização

Rua Tenente Setubal: principal e única que passa veículos

Quadra escolhida Largo e ponto fi nal do ônibus

Becos: escadarias e rampas estreitas acesso somente para pedestres

Fig. 53: Mapa de localização da quadra.

Norte

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Projeto “espaço da fala” 113

Vista da área escolhida.

Fig. 54: Vista da Pedra da Gameleira para o Morro Grande (São Benedito).

Av. Leitão da Silva

Vista da área mais próxima.

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114

Registro dos processos dinâmicos

Diagrama de usos

Neste cenário podemos notar a divesidade de usos como edifí cios mistos - residência e comércio - lugares de estar, lazer e ponto de ônibus, a rua como um local de passagem, de lazer e de comércio informal.

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Projeto “espaço da fala” 115

Fig. 55: Digrama de usos.

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116

Registro dos processos dinâmicos

Diagrama de acontecimentos

Foram registrados e destacados ações e objetos que inebem ou facilitam diversos acontecimentos.

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Projeto “espaço da fala” 117

Fig. 56: Digrama de acontecimentos.

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118

Espaço_rua Tenente Setubal – região do largo / ponto fi nal

Ocorre na rua Tenente Setubal, na região do largo, um apagamento da rua como um local simplesmente de passagem de carros e pedestres. A rua é transformada em um estacionamento de carros e de microônibus (transporte público da PMV) durante a semana, que permanecem estacionados ao redor do largo, bloqueando o percurso do pedestre, sendo um vetor negati vo para o local inibindo alguns acontecimento pelo seu bloqueio. Apesar disso, um dos fatores para virar um estacionamento de microônibus é a uti lização pelo motoristas do restaurante e bar em frente ao largo para fazerem suas refeições e descanso, criando uma relação econômica e possibilitando outras relações como, por exemplo, uma amizade ou um namoro com moradores(as). Ao contrário do estacionamento, o projeto busca manter essas relações singulares entre as pessoas, os espaços comerciais e espaços de lazer.

Registro dos processos dinâmicos

sentar

estacionarcaminhar

brincar

lixo

esperar

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Projeto “espaço da fala” 119

Espaço_largo

+ O largo é considerado um dos únicos e poucos espaços públicos/livres “planejados” na comunidade. Os processos ali registrados indicam usos temporários de forma comercial, lúdico, lazer, contemplação, encontro e políti ca.

+ O largo é um local de apropriação de comércio informal do espaço com uma barraca de venda e consumo de pães todos os dias a tade e de churrascos nos fns de semana;

venderencontrar

esperar

Fig. 57, 58, 59 e 60. Fotomontagem acontecimentos.

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120

+ O largo é usado como um local de encontro para conversas, reuniões, comemorações, festas ou apenas o próprio ócio ou encontro entre amigos para beber uma cerveja do bar em frente.

+ O largo é o ponto fi nal da linha de ônibus 031 – São Benedito, que cria o espaço de espera para o embarque e desembarque do ônibus.

+ O largo se torna um ponto importante de atração do bairro devido, além de ser o ponto fi nal do ônibus, aos usos de comércio, serviços no local: como restaurante, venda de jóias, venda de roupas, mercearia, bares.

beberBarraca de pãoencontrar

sombrajogar

conversar

estacionar

estacionar ponto de ônibus

falarouvir reunir

conversar sentar

sentar

Registro dos processos dinâmicos

Espaço_largo

Fig. 61 e 62: Fotomontagem acontecimentos.

Page 123: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 121

Registro dos processos dinâmicos

Diagrama de densidade de ocorrência

Espaços abertos/públicos

Morfoloagia Objetos relacionais

Edifí cios relacionais Ações geradas (fi m de semana)

Ações geradas (dia de semana)

Largo

Terreno da comunidade

Bouti que de roupas

varais

plantas

barraca de venda

mesas de bar

ponto fi nalde ônibus

ônibusbeber

beber

churrasco

vender

vender

sentar

conversar

estacionaresperar

encontrar

brincar

caminharcaminhar

varal

encontrar jogar

olhar

olhar

andarbrincar

caminhar

conversar

mobiliáriocadeiras

árvores

afl oramentorochoso

Bar

BarMercearia

lojas

loja

Restaurante

Fig. 63. Diagrama densidade de ocorrências.

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122

Registro das construções

Adensamento

A região é um local que foi ocupado de forma irregular sem orientação ou parti cipação de órgãos técnicos e órgãos governamentais.

Os edifí cios foram implantados em áreas inicialmente mais fáceis e depois em áreas de riscos por falta de espaços livres. Assim, foram ocupadas as áreas de afl oramento rochoso e de alta declividade, com alta difi culdade de acesso.

O processo de adensamento da área, e podemos dizer do bairro, esta em um momento de verti calização e nesta área já podemos notar alguns prédios com até 04 pavimentos, com a intenção de ainda aumentar.

04

03

03

03

01

01

0101

01

01

02

02

03

03

02

04

03

02

Fig. 64: Foto aérea da quadra com informações de número de pavimento das construções.

Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória

Fig. 65: Vista topo da quadra feita no google sktechup.

1000m2 de área construída

de área públlica/livre0112m2

Norte

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Projeto “espaço da fala” 123

Fig. 66:. Modelo 3D da quadra.

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124

Registro das construções

Fig. 67: Fotomontagem da quadra.

Fig. 68: Análise das formas.

Fig. 69. Análise das aberturas.

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Projeto “espaço da fala” 125

Análise de valores: forma, aberturas, ritmo e planos.

Fig. 71: Análise dos planos verti cais predominates.

Fig. 70: Análise rití mica das formas.

As imagens ilustram a análise feita sobre os edifí cios com o objeti vo de identi fi car vertores positi vos e negati vos nas contruções. Foram desenvolvidos a parti r de uma percepção no local e analisados a parti r de conceitos subjeti vos As conclusões sobre as construções foram:

- Aberturas pequenas para venti lação e iluminação;

- Aleatoriedade da aberturas ocasiona se coloca negati va na estéti ca;

- Aberturas pequenas também inibem a comunicação da casa com a rua;

+ As aberturas no primerio pavimento normamente são maiores devido ao uso comercial - bar e venda de produtos. Fator positi vo que facilita a comunicação e o percurso adentro;

+ Movimento do conjunto das formas ocasiona um movimento verti cal e um movimento de planos;

+ O movimento dos planos identi fi cados, é um fator positi vo que indica uma paisagem complexa e mais interessante;

+ A escala dos edifí cios se enquadram no cenários. A altura dos edifí cios seguem um vetor coerente com as áreas vazias, possibilitando cones visuais e uma visão distante da paisagem;

- Pouca relação e visibilidade com elementos naturais (árvores e afl oramento rochoso);

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126

Registro dos elementos e valores naturais

Marcação e dos elementos naturais (árvores e afl oramento rochoso) e de pontos visuais predominantes.

Com a investi gação sobre o território, foram descobertos alguns elementos naturais ocultados ou á não mais valorizados pelos moradores. Como por exemplo, o afl oramento rochoso entre as construções e os visuais predominantes sobre a cidade.

Fig. 72: Registro dos elementos e valores naturais.

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Projeto “espaço da fala” 127

Registro solar

As imagens ao lado foram reti radas pelo programa google earth de um ponto específi co da quadra, a parti r dessas imagens pode-se observar alguns as aspectos potenciais: o nascer do sol; o sombreamento pelos prédios; a paisagem da cidade;e o horizonte;

Fig. 73: Registro solar.

Fonte: Google earth

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128

Registro da paisagem

Paisagem - elementos visuais marcantes

Mestre Álvaro

Mestre Álvaro

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Projeto “espaço da fala” 129

Fig. 74: Vista da quadra 03 - Modelo google earth.

Fonte: Interevenção do autor sob Google Earth

Fig. 75: Vista do Morro da Gamela para marcos

visuais de Vitória- mesma direção da quadra 03.

Convento da Penha

Morro do Moreno Convento da Penha

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130

Mapa de percepcão do área

Após o levantamento de informações e o registro das percepções, na etapa da investi gação do espaço, é elaborado o mapa abaixo com o objeti vo de gerar em um produto que possibilite uma leitura prévia, com vários aspectos, do cenário existente.

Maior intensidade de ati vidades

Menor intensidade de ati vidades

Registro sonoros musicais

Pontos visuais

Lotes vagos

Usos/instuições importantes

Espaços enclausurados

Afl oramento rochoso

Elementos verdes

Percurso usual pelo pedestre

Percurso do transporte público

/ ponto fi nal

Legenda:

Fig. 75: Mapa perceção da quadra 03.

Fig. 76: (dir) Diagrama “espaço relacional”.

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Projeto “espaço da fala” 131

Espaço relacional

Para entender de forma simples os processos existentes no território escolhido, foi elaborado o diagrama ao lado. Este diagrama - espaço relacional - é um cenário em transformação contí nua que foi desenvolvido a parti r da própria experiência e vivência no lugar, estando atento às modifi cações, às ações, aos usos, aos movimentos e ao simples coti diano do lugar.

Conhecendo o que existe. Tudo que existe tem sua identi dade em transformação.

E de maneira mais clara ou não esses diversos elementos se relacionam.

Mais elementos relacionais se manifestam em tempos e espaços diferentes.

Esses novos elementos também têm sua identi dade em transformação.

E se relacionam de forma mais ou menos intensa com os outros elementos.

A relação entre os elementos estão sempre em movimento. Consti tuem uma rede de conexão que se dobra e desdobra a cada momento. Os elementos podem aparecer

e desaparecer assim como suas relações. Podem ser conjugadas com as outras relações podendo criar outros elementos e novas relações.

Os elementos e suas relações acontecem em um espaço planejado ou não. Esses espaços são confi gurados a parti r dos processos que se dão no lugar. E esses espaços podem facilitar ou inibir essas ações.

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132

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Projeto “espaço da fala” 133

Espaço da Fala

“Quem dera eu achasse um jeito de fazer tudo perfeito, feito a coisa fosse projetoe tudo já nascesse satisfeito.

Quem dera eu visse o outro lado,o lado de lá, lado meio, onde o triângulo é quadradoe o torto parece direito.

Quem dera um ângulo reto.Já começo a ficar cheio de não saber quanto eu falto, de ser, mim, indeiro sujeito.”

Sujeito Indireto - pag. 61 Leminski, distraídos venceremos

Estudo projetual

Page 136: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

134

Neste momento, após ter se aprofundado ao campo escolhido, com a investi gação dos processos e formas, é feito a apresentação da proposta projetual a parti r dos conceitos táti cos e estratégicos para a transformação do espaço, do diagrama de intenções, do processo de criação e do projeto resultante com diagramas, fotomontagens e desenhos arquitetônicos.

A denominação de Espaço da Fala como proposição conceitual ao território é reti rado do texto DISSENSO E (RE)CRIAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO de Suzane Ribeiro:

O espaço da fala é o espaço de resistência para os movimentos sociais. “A dominação se dá quando governantes se fazem de surdos. É o não ouvir, ignorando o que é falado e reivindicado por movimentos sociais, que faz com que a conversa entre Estado e sociedade silencie-se. Retomar a fala é o que tem sido feito por parte da luta de movimentos sociais. De modo geral o governo não consegue lidar com a idéia de confl ito e a ação popular é ti da como agente instabilizador do poder. Desta forma toda e qualquer oposição tende a ser eliminada, não pelo uso da força, mas pelo simples não ouvir. E é aí, no seio da democracia que se instala, segundo Chauí, o déspota disfarçado, que eleito pelo voto democráti co se apropria do espaço público e personalizando o poder. [...] é importante a atuação de movimentos sociais para o surgimento de um espaço de discussão, debate, refl exão, educação e formação. O impacto do movimento social é trazer seus moti vos a público, não apenas suas estratégias e políti cas, mas evidenciar a montagem de um referencial público de dignidade, de eqüidade. Para Habermas temos que lutar por qualquer forma de sociabilidade, e é em decorrência disso que dá-se importância ao movimento social, à medida em que é o catalisador dessa práti ca” (RIBEIRO, Acesso em: 17 marc. 2011)

Estudo projetual básico

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Projeto “espaço da fala” 135

Os conceitos apresentados a seguir têm o objeti vo de ser uma base táti ca, para guiar as tomadas de decisões para a construção dos espaços e desdobramento de ações.Baseado nos livro Geologic, os conceitos uti lizados foram:

_Reprogramação: Estabelecer uma sequência de nós funcionais - programas funcionais feitos por meio de edifi cações ou atuações no espaço que confere uma estrutura espacial e temporal - para produzir uma ati vação temporal do lugar e a parti r dessas ati vidades relacionadas, estabelecer um ritmo urbano com ati vidades contí nuas com mais ou menos intensidade.

_Recodifi car: Incorporar as formas existentes atuando sobre ela através do reconhecimento dos potenciais de ação de um lugar a parti r dos espaços de oportunidades que existem entre o ambiente fí sico e o ambiente natural.

_(Re)naturalizar: Transformação da realidade fí sica produzida pelo homem a parti r dos fenômenos e processos naturais. Repensar o processo contí nuo de expansão da construção do homem sobre o espaço da natureza. “Fazer o espaço construído funcionar de modo cíclico e sazonal como a Natureza”. (Ganz, 2009, pag. 18)

_Reurbanização: Transformação do espaço público da cidade, a parti r da incorporação de novas funções e ambientes. Introduzir novas formas de uti lizar o espaço, que em si mesmo transforma os modos de vida do bairro e da interação social entre as pessoas. Permite integrar a uma maior diversidade de perfi s sociais, de idades, e a possibilidade de ser uti lizados em diversos momentos do dia.

_Comparti lhar: Uti lização desse princípio para criar espaço de múlti plas identi dades e velocidades. Espaços familiares podem ser comparti lhados com poucas pessoas ou espaços públicos, comparti lhado com muitas pessoas.

Conceitos táticos e estratétgicos

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136

Desenvolvimento da maquete do terreno

Processo projetual

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Projeto “espaço da fala” 137

Fig. 77: Imagens do processo de construção da maquete.

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138

Diagrama de intenções

Este diagrama tem o objeti vo de ilustrar os vetores que o projeto irá seguir, junto com os conceitos táti cos e estratégicos para a transformação ambiente fí sico, natural e dos acontecimentos do lugar. O diagrama ilustra a proposição de intenção a parti r de possibilidade de conexão, de acessibilidade, de intensidade de ações, de pontos visuais, de percurso, de abertura de espaços e recodifação dos volumes.

Maior intensidade de ati vidades

Menor intensidade de ati vidades

Pontos visuais

Ambiente natural

Espaço aberto e livre / praça

Transformação dos edifí cios / uso

misto / abertura

Percurso pedestre - espaço lento

Conexão de percusos

Conexão de espaços

Elemetos verdes / sombra

Percurso pedestre - espaço rápido

Percurso pedestre por plano

inclinado

Percurso do transporte público

Legenda:

O diagrama ao lado - potencialides de uso - ilustra através dos infográfi cos as possíveis ati vidades que deseja que ocorra em um espaço da diversidade: Espaço para família, espaço políti co, da fala, espaço do encontro, de conexão, do namoro, do andar, do serviço e comércio, da casa, da educação, da música entre muitas outras situções.

Page 141: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 139

Multi plicidade de acontecimentos

Reprogramação dos usos e dos espaços

Reprogramação dos usos e dos espaços

Os usos que serão evidenciados no projeto são a praça, as insti tuições (centro comunitário e ONGs), moradia, comércio e serviço, que são conectados entre si e com os espaços propostos que são o espaço entre, espaço aberto e áreas multi usos.O diagrama ilustra o entrelaçamento dos espaços, em que se pode visualizar a aproximação que cada espaço deve ter com o outro, de acordo com as linhas de conexões e a intensidade dessa aproximação (de acordo com a espessura das linhas).

No diagrama ao lado direito, é destacado os vetores de acontecimentos e suas conexões que devem ser colocados tanto de forma estratégica para os agenciadores do lugar quanto de forma táti ca ou usual pelos seus simples usuários.

Este diagrama ressalta a importância em que o espaço deve facilitar diversos acontecimentos, planejados ou espontâneos, fi xos ou móveis, individuais ou coleti vos.

Através desses acontecimentos acredita-se que haverá no espaço um uso contí nuo em diferentes intensidades em relação ao espaço x tempo, e que, assim, pode permiti r um maior ritmo urbano.

Fig. 78 (esq): Mapa de intenções.

Fig. 79 (esq): Diagrama de intenções.

Fig. 80: Diagrama de usos.

Fig. 81: Diagrama de acontecimentos.

Page 142: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

140

Processo de (re)programação

Construções existentes

Adição de novos blocos privados, aumento e expensão áreas pública.

Adaptação no terreno dos blocos e da área pública.

Construções reti radas e construções manti das

Conexão dos blocos e da área pública.

Proposta fi nal

O quadro de imagens abaixo evidencia o processo projetual de formação da proposta básica para a quadra e praça.

Norte

Page 143: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 141

Perspectivas do processo projetual

Construções atuais.

Forma volumétrica da proposta projetual.

Inserção dos blocos e áreas propostas conos edifí cios

existentes.

Fig. 82 (esq): Camadas do processo projetual.

Fig. 83: Imagens 3D do processo projetual.

Page 144: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

142

Apresentação do projeto

Relação com o entorno

Norte

2

5 15

10 50

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Projeto “espaço da fala” 143

Implantação do projeto

A imagem à esquerda representa a inserção da proposta no contexto do bairro. Pode-se evidenciar na proposta uma nova e diferente reconfi guração dos edifí cios com as áreas públicas. Esta reconfi guração também é evidenciado na imagem fi gura-fundo (direita superior) e na imagem (direita abaixo) mais próxima da quadra, conseguindo visualizar melhor a implantação do projeto.

Fig. 84 (esq): Lozalização da proposta.

Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB

Vitória

Fig. 85: Figura fundo da proposta a região.

Fig. 86: Implantação da proposta no território.

Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB

Vitória

1 5 25

2 10

Norte

Page 146: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

144

Com estratégias de reprogramação, um dos principais aspectos positi vos com a transformação proposta é o aumento das áreas privadas e das áreas públicas e livres. Nas imagens abaixo podemos observar o aumento signifi cati vo das áreas com potencial construti vo e de uso da quadra.

Proposta projetual - Quadro de áreas

1000m2

Existente1112m2

Proposta3045m2

2171m2

de área construída privada

de área públlica/livre

0112m2

1078m2

de área construída privada

( ) = áreas públicas

de área públlica/livre

(970)(108)

778

216

630

547

Fig. 87:Informação de quanti dade de área

existente.

Fig. 88: Informação de quanti dade de área da

proposta.

Page 147: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 145

32.0

Camadas de espaços

CAMADA 8 - VISTA TOPO

CAMADA 7COTA 113,00

22.010.0

9.0

13.0

9.0

9.0

18.0

17.0

23.0

23.0

1 5

2 10

Norte

1 5

2 10

Page 148: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

146

CAMADA 6COTA 110,00

CAMADA 5COTA 107,00

CAMADA 4COTA 104,00

1 5

2 10

Norte

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Projeto “espaço da fala” 147

CAMADA 3COTA 101,00

CAMADA 2COTA 98,00

CAMADA 1 - PRAÇACOTA 94,00

Fig. 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95 e 96: Camadas do projeto.

Page 150: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

148

Processo criativo por maquete

Page 151: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 149

Fig. 97: Fotografi as sob processo projetual.

Page 152: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

150

Representação do estudo básico em maquete.

Page 153: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 151

Fig. 98, 99, 100 e 101: Imagens do estudo projetual por maquete.

Page 154: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

152

Foi proposto uma setorização dos espaços e suas funções com uma mistura de usos entre a praça e os espaços residencias, comerciais, insti tucionais e livres. Com o objeti vo de criar uma diversidade arquitetônica; ocupação do espaço permiti ndo uma maior diversidade; e gerar um maior ritmo urbano;

Praça: espaço aberto e público, consti tuido como dispositi vo que permite os acontecimentos (apropriação, modifi cações, inserções formais e informais).

Bloco frontal: edifí cio de uso misto (comercial e residencial).Potencialicade para uso comercial no térreo que potencialize usos públicos (exe.: bar e restaurante).Os espaços residenciais neste bloco são para famílias com fi lhos, assim contém áreas maiores.

Setorização dos usos

Residencial

Espaço livre

Insti tucional

comércio/serviço

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Projeto “espaço da fala” 153

Bloco intermediário:Edifí cio de uso misto (comércio/serviço, residencial e pequenos espaços públicos). Neste bloco, os espaços são mais apropriados para serviços (exe.: consultorio odontológico, loja de roupas) e residência para pequenas famílias.

Bloco lateral:Edifí co com espaços insti tuional, com espaço para o centro comunitário de São Benedito, ONGs e/ou insti tuioções endôgenas. Há um espaço públco elevado na parte superior do edifí cio com potencais visuais e de acontecimentos locais roti neiros, se consti tui como um espaço de encontro para os moradores vizinho a praça.

Bloco fi nal:Edifí cio de uso misto (comercial e residencial). Potencialidade para o uso comercial como padaria ou outros usos que sejam suporte para consumo e uso dos moradores da região.A zona residencial é consti tuida de pequenos apartamentos com 01 e 02 quartos, são mais apropriados para moradores que necessitam de pouco área privada.

Fig. 102, 103, 104, 105 e 106: Imagens da

setorização dos usos da proposta projetual.

Page 156: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

154

Com a proposta da criação da praça e da abertura da quadra, o via para autómoveis percorre tangenciando a praçao ao mesmo nível.

Com a abertura da quadra, os blocos privados circudam a praça. A imagem ao lado ilustra os percursos possíveis nos pisos da construção e o nível de sua privacidade (caminhos mais públicos ou mais privados).

Mobilidade - percursos

Transporte Público

Mobilidade

Percursos

Automóveis privados

Público

Pedestre

Plano inclinado

Privado

Pontos principais de conexão

Pedestre - contorno da quadra

Fig. 107: Diagrama de mobilidade.

Fig. 108: Diagrama de percursos.

Page 157: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 155

Diagramas - espaço público

Conexão dos espaços

Os espaços públicos conti nuam vinculados com a malha viária do território e são conectados entre si visando facilitar o percurso e a suas ati vidades.

A intensidade das ati vidades pode variar de acordo com o lugar: espaços mais abertos e maiores são podem permiti r ati vidades de maior intensidade e espaços mais fechados e menores são propícios a ati vidades mais calmas.

Intensidade de ati vidades

Fig. 109: Diagrama conexão dos espaços.

Fig. 110: Diagrama de intensidade de ati vidades.

Page 158: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

156

Cenários - possibilidade de manifestações

O espaço proposto com a reconfi guração da quadra permite múlti plos acontecimentos, proporcionados pelos atores e agentes deste território. O resultado do ambiente, com o espaço aberto, permite a apropriação tanto individual quanto coleti va. O objeti vo principal é que os acontecimentos desenvolvidos neste local busquem a idéia da singularidade - os acontecimentos ocorridos que se relacionem com o outro - transformando a praça e em um local de encontro, sendo um espaço importante do bairro para as manifestações.

A seguir, são apresentadas as possibilidades de manifestações, propostas aqui dentro de um contexto já registrado na BASE DE PERCEPCÇÕES. Assim, estas manifestação são possibilidades reais de acontecimentos, que podem estar diariamente ocorrendo, como também ocultadas ou realizadas eventualmente.

As manifestações representadas são:

_ Espaço políti co: representação coleti va de manifestação de cunho políti co, como assembléias, plenárias, reivindicações, declarações entre outros. Importante ação que se coloca de forma coleti va para parti cipação, potencializada pelo espaço aberto do projeto e com a indicação de uso do edifí cio como centro comunitário e insti tucional.

_Cinema na praça:uso como cinema aberto, possibilidade de apropriação do espaço vinculados a projetos sociais criados na própria comunidade, como o VIELAS FILMES (grupo áudio visual da comunidade de São Benedito).

_Domingo de encontro:representação de algumas manifestação coti dianas dos fi ns de semana do bairro - churrasco, encontro de amigos, música, barraquinhas de venda, lazer, descanso, brincadeiras.

_Espaço cultural:a praça como um lugar de referência para grandes eventos e manifestações culturais: como festas regionais e religiosas.

_Espaço de brincadeiraspossibilidade de inserção de equipamento lúdicos para as crianças e jovens. Espaço complementar à outras áreas do bairro possibilitando espaços de várias escalas e funções, e dando sempre uma opção de lazer próximo às moradias.

_Feiras livrespossibilidade de uso como feiras livres na praça, podendo ocorrer semanalmente como feiras de alimentos e produtos feitos na própria comunidade. Também pode se consti tuir como um lugar de troca de produtos e uma ati vidade que desenvolva economicamente o bairro.

Fig. 111, 112, 113, 114, 115 e 116: Cenários de

possibilidade de manifestações.

Page 159: (Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória - ES

Projeto “espaço da fala” 157

Espaço políti co

Cinema na praça

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Domingo de encontro

Evento cultural

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Projeto “espaço da fala” 159

Espaço de brincadeiras

Feiras livres

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(re)Naturalizar - plano de massas vegetais

Para elaboração do plano de massas vegetais foram considerados componentes como a volumetria, a fl oração e o sombreamento dos elementos naturais. Outros elementos também foram pensando em conjunto, porém não representados, como “as inúmeras possibilidades compositi vas das fl ores, folhas e raízes, e seus frutos, galhos e caules, sejam pelas cores, texturas e formas, seja pelos sabores, aromas, sons e movimentos que valorizam as paisagens que estão sendo projetadas.”

No projeto através do conceito de (re)naturalizar, foi considerado os elementos naturais já existentes – aqueles mais visíveis e aqueles ocultados. Com a reprogramação da quadra, foi feita a abertura e assim se pode aproveitar o afl oramento rochoso e algumas árvores que antes fi cavam ocultadas pelas construções. Além disso, também foram aproveitadas as árvores (espécie Ficus) existentes no largo.

Aproveitando os elementos naturais existente, foram propostos outros elementos com forrações e árvores de diferentes volumetrias, formas e fl oração. O objeti vo é reinserir e adensar de massas vegetais possibilitando diferentes espaços sombreados e agradáveis, e permiti ndo sua uti lização ao lado do dia e de todo o ano.

Fig. 117: Estudo do paisagismo em planta.

Fig. 118: Estudo do paisagismo em corte.

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Projeto “espaço da fala” 161

Camada de forração:No maciço foi pensando a implantação de um jardim, pois “em geral, apresentam melhor visibilidade e resultado à distância. [...] Para um observador relati vamente afastado, a cor é o elementos mais notável da fl oração.”

O jardim proposto no afl oramento rochoso foi pensado em faixas coloridas aproveitando as cores e texturas de diferentes vegetações, criando um lugar agradável para contemplação e uti lização da comunidade.

Camada de massas arbóreas:A proposta é uti lizar as vegetações existentes e implantar novas vegetações recriando espaços.

Na imagem ao lado, pode-se observar as árvores que foram aproveitadas e as que foram inseridas.

árvores existentes

árvores inseridas

Fig. 120: Camada de implantação do paisagismo.

Fig. 119: Camada de forração.

Norte

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Estudos de floração e sombras

“A permanência ou periodicidade das fl ores é algo que também deve ser levado em conta. Há fl orações mais ou menos duráveis, conforme a espécie. [...] Durante o período de fl oração, existe uma constante renovação das fl ores, que desabrocham, morrem e caem, formandolindos tapetes coloridos sob as copas.” A parti r disso, podemos entender em dois movimentos a confi guração do palno de massas vegetais. Uma nas estações mais quentes, primavera e verão e outro nas estações mais frias outono e inverno.

“Na primavera, comumente, tem início a nova brotação, quando a tonalidade das folhas, em geral, é verde-clara e translúcida. O espaço sob a copa recebe mais luz fi ltrada pelas folhas novas, revelando-se numa atmosfera de fresco agradável.” No projeto ti ramos proveito desse recurso implantando um conjunto de copas e aproveitando as existentes, formando grande zona de sombreamento.

Camada de fl oração:Foi proposto diferentes cores para fl orações no plano de massa vegetais.

Foi desenvolvido um estudo para que as cores com tonalidades de amarelo e verde predominasse em contraste com massas pontuais com cores rosa e branco.

Camada de sombras:Diagrama dos manchas sombreados nas estações mais quentes (outono e verão).

sombra às 3horas da tarde

sombra ao meio dia

sombra às 9horas da manhã

Fig. 122: Camada de sombras em estações quentes.

Fig. 121: Camada de fl oração.

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Projeto “espaço da fala” 163

Nas estações mais frias as árvores caducas perdem suas folhas e assim a praça recebe maior incidência solar, possibilitando áreas mais quentes. Porém com a implantação das árvores perenes, também se mantém bolsões de sombras para tempos mais quentes mesmo nas estações mais frias.

Camada de fl oração:Ao longo da estações do ano as espécies caducas vão perdendo suas folhas. A imagem ao lado ilustra as espécies perenes e caducas propostas nas massas vegetais.

Com a queda das folhas os espaços vão se modifi cando e tornando os ambientes com mais ou menos sombras.

Camada de sombras:Diagrama dos manchas sombreados nas estações mais frias (primavera e inverno).

sombra às 3horas da tarde

árvores caducas

árvores perenes

sombra ao meio dia

sombra às 9horas da manhã

Fig. 124: Camada de sombras em estações frias.

Fig. 123: Camada de fl oração - perda de folhas.

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Representação dos elementos naturais

Planta

Fig. 125: Camada implantação do paisagismo.

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Cena corredor

Fig. 126: Cena corredor de fl oração.

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Corte longiduti nal

Vista frontal

Representação dos elementos naturais

Fig. 127: Vista frontal.

Fig. 128: Corte longitudinal.

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Projeto “espaço da fala” 167

ZOOM + _ Corte longitudinal

Fig. 129: Zoom 01 corte longitudinal.

Fig. 130: Zoom 02 corte longitudinal.

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Cenários da paisagem (re)programada

Foram desenvolvidas cenas que demonstrem as principais mudanças produzidas pelo projeto, que visam ressaltar as mudanças no ambiente contruído, as possibilidades de acontecimentos e a sobreposição deles.

Fig. 131: Cenário atual da quadra 03.

Fig. 132: Cenário modifi cado da quadra 03.

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Projeto “espaço da fala” 169

Fig. 133: Zoom do cenário atual da quadra 03.

Fig. 134: Zoom do cenário modifi cado da quadra 03.

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Cena 01_ ambiente construído / acontecimentos

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Cena 01_ sobreposição / zoom +

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Cena 02_ ambiente construído / acontecimentos

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Cena 02_ sobreposição / zoom +

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Cena 03_ ambiente construído / acontecimentos

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Cena 03_ sobreposição / zoom +

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Cena 04_ ambiente construído / acontecimentos

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Cena 04_ sobreposição / zoom +

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Cena 05_ ambiente construído / acontecimentos

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Cena 05_ sobreposição / zoom +

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Notas de referência das imagens das pág. 169 à 177:

Fig. 135: Cena 01 - ambiente construído.

Fig. 136: Cena 01 - acontecimentos

Fig. 137:Cena 01 - sobreposição das cenas.

Fig. 138: Cena 01 - zoom.

Fig. 139: Cena 02 - ambiente construído.

Fig. 140: Cena 02 - acontecimentos

Fig. 141:Cena 02 - sobreposição das cenas.

Fig. 142: Cena 02 - zoom.

Fig. 143: Cena 03 - ambiente construído.

Fig. 144: Cena 03 - acontecimentos

Fig. 145:Cena 03 - sobreposição das cenas.

Fig. 146: Cena 03 - zoom.

Fig. 147: Cena 04 - ambiente construído.

Fig. 148: Cena 04 - acontecimentos

Fig. 149:Cena 04 - sobreposição das cenas.

Fig. 150: Cena 04 - zoom.

Fig. 151: Cena 05 - ambiente construído.

Fig. 152: Cena 05 - acontecimentos

Fig. 153:Cena 05 - sobreposição das cenas.

Fig. 154: Cena 05 - zoom.

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Neste momento serão apresentados os resultados do projeto básico para explicar as principais transformações feitas na área 03 (área escolhida para intervenção).

Diante do cenário atual da área 03, confi gurada como um ponto importante no bairro por ser um dos poucos espaços de uso públicos; local de diversidade de usos (comércio, serviço e lazer) e apropriações; parada fi nal da linha de ônibus. Porém as formas deste território não potencializam estas característi cas singulares deste lugar.

O projeto visa transformar este território, a parti r da reconfi guração das formas e dos usos, em um espaço aberto onde o público e o privado se entrelaçam, confi gurando uma grande praça comum envolvida por um bloco de quatro edifí cios conectados, com diversidade de usos, ambientes e formas. Tendo como objeti vo principal potencializar este território como um espaço prati cado, principalmente, como um “Espaço da Fala”, que possibilita e potencializa o encontro e as ações dos diferentes, mas também dos semelhantes, um espaço para o dissenso e para o afeto.

As principais transformações foram:

Recodifi cação das formas a parti r da transformação dos edifí cios incorporando as formas existentes e atuando sobre elas pelos movimentos de expansão lateral, verti calização, exclusão e adição de formas. Houve também a criação e o aumento das aberturas, das varandas e das áreas verdes nas construções, além do reposicionamento de alguns usos. Com isso, houve o aumento da taxa de ocupação da quadra e consequentemente o aumento das áreas para a moradia, para o comércio, para serviço e do espaço de uso público, além de incluir o uso insti tucional (centro comunitário, ONGs e org. locais). Este aumento de área ocasiona um maior número de acontecimentos sobre lugar, gerando um maior ritmo urbano.

Resultados

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Além disso, foi proposta a abertura da quadra e a conexão das áreas livres com largo para a criação da praça, criando um grande e importante espaço público para o bairro.

Foi proposta também a reprogramação dos usos, com o estabelecimento de uma variedade de nós funcionais nos edifí cios com a indicação de diferentes usos e níveis de espaços públicos ou privados. Estes usos ora permitem o livre acesso, ora permitem o acesso apenas aos usuários “próprios” do lugar.

Em relação à praça, a sua confi guração foi proposta como um espaço aberto e conectado com os edifí cios para possibilitar a apropriação de diversas maneiras. O projeto introduz formas, mobiliário urbano (sobretudo bancos), áreas sombreadas e espaços livres para potencializar as ações já existentes e permiti r novas práti cas. Além disso, o projeto visa principalmente tornar a praça como um lugar importante para as manifestações culturais, políti cas e coti dianas. A setorização dos espaços residenciais, comerciais e insti tucionais localizado mais próximo a praça podem potencializar estas manifestações.

Outra proposição importante do projeto é a (re)naturalização deste território, com aproposta da abertura da quadra para redescobrir alguns elementos naturais que foram ocultados: como o afl oramento rochoso e algumas árvores. Também se propõe criar uma área aberta com maior incidência de vento e luz solar, muito diferente da tí pica confi guração espacial do bairro (muito adensada e enclausurada). O projeto ti ra parti do desses elementos existentes e valoriza-os.

Os elementos naturais referente à paisagem da cidade também foram valorizados. Foram propostas áreas públicas em locais potenciais para a visualização de marcos urbanos importantes. Estes pontos visuais tornam-se locais de referência da cidade para visitação, contemplação e vivência, aproximando pessoas de diferentes regiões.

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Este trabalho foi um estudo relati vo às análises dos espaços livres e dos ambientes construídos para orientação das proposições projetuais desenvolvidas na comunidade de São Benedito, Vitória, ES.O trabalho surge do desdobramento de trabalhos anteriores nesta comunidade, desenvolvidos pelo autor, em conjunto com os colegas no Célula EMAU e pelo desejo de conti nuar a responder aos problemas urbanos próximos de São Benedito.

As proposições são desenvolvidas em dois momentos. No primeiro é elaborado o PLANO DE AÇÃO, que são diretrizes de transformação para seis áreas da comunidade, conectando-as e dando maior qualidade ao ambiente para o uso do pedestre. No segundo momento é escolhida uma área do plano para o desenvolvimento da proposta projetual básica, com o objeti vo de entender os processos existentes neste local e propor transformações espaciais para atender e ati var os acontecimentos e/ou manifestações coti dianas e eventuais da área e assim dar maior qualidade e ritmo urbano.

No desenvolvimento do projeto, sempre se buscou respeitar as formas e processos (pré)existentes. A investi gação sobre o território apontou as principais transformações da área e é importante ressaltar que este processo de investi gação (vivência e análise) foi necessário e é imprescindível para a construção das táti cas e estratégias de um projeto que vise ser comunitário, que pelo menos pretende se aproximar dos desejos da comunidade.

Conclusão

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Este processo, também visa dar outra projeção sobre o arquiteto e o urbanista. Sobre sua aproximação com lugar do projeto e a comunidade envolvida. Neste trabalho pode-se observar, o quanto que esta aproximação pôde determinar as decisões projetuais, e que estas decisões fazem com que o projeto não se confi gure como algo fora do contexto, mas como um desdobramento dos processos que ali já ocorrem. Este projeto pode vir a consti tuir um lugar prati cado coti dianamente pela comunidade. Este é o meu desejo.

Os resultados arquitetônicos mediante a confi guração da forma e espaço de arquitetura são colocados como uma possibilidade de se chegar e não como um resultado ideal e único. O que se deve ressaltar é justamente levar em consideração os processos e as formas existentes. A apresentação das análises desenvolvidas e os registros sobre o lugar. Todo esse acompanhamento se consolidou em três diferentes “platôs” do trabalho. Primeiro a BASE OPERACIONAL, segunda a BASE DE PERCEPÇÕES e terceiro a PROSPECÇÃO DO ESPAÇO. Estes três produtos são os resultados que podem consti tuir a arquitetura como um dispositi vo transformador do espaço, que de fato, diante das várias possibilidades em que ela pode se conformar, o entendimento desses espaços torna-se a base táti ca e estratégia para o projeto.

O processo (o meio) desenvolvido neste trabalho se configura como o resultado principal.

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Ainda vão me matar numa rua.Quando descobrirem,

principalmente,que faço parte dessa gente

que pensa que a ruaé a parte principal da cidade.

(LEMINSKI, 1990:s.p.)

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Índice de imagens

Fig. 01 - Vista do beco para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, Benjamin. Biblioteca de Santo Domingo em Medellín: debate a arquitetura atual na Colômbia. Minha Cidade, São Paulo, 09.097, Vitruvius, ago 2008 <htt p://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/09.097/1881>.Fig. 02 - Vista para a biblioteca.Fonte: idem. fi g. 01Fig. 03 - Vista para a biblioteca. Fonte: idem. fi g. 01Fig. 04 - Vista para a biblioteca. Fonte: idem. fi g. 01Fig. 05 - Vista aérea do CHGM em destaque. Fonte: SUASSUNA LIMA, Marco Antonio. Estudo comparati vo em habitação de interesse social:. O caso do Conjunto Habitacional Gervásio Maia (CHGM) - João Pessoa. Arquitextos, São Paulo, 10.112, Vitruvius, set 2009 <htt p://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.112/23>.Fig. 06 - Foto panorâmica de um trecho do CHGM em construção. Março de 2007. Fonte: idem. fi g. 05Fig.07 - Mapas temáti cos Público x Privado. A cor preta representa o espaço público e a cinza os equipamentos comunitários. Situação existente. Fonte: idem. fi g. 05Fig.08 - Comércios improvisados. Opção empírica pela falta de espaços comerciais no desenho urbano. Fonte: idem. fi g. 05Fig.09 - Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio esporti vo) do CHGM. Fonte: idem. fi g. 05Fig.10 - Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio esporti vo). Fonte: idem. fi g. 05Fig. 11 - Organização do espaço de confl ito. BBC-Tahir-Square-Interacti ve-Map.Fonte: htt p://goo.gl/0ZZIXFig. 12 - Festa na praça Tahir – Renuncia do Presidente. Fonte: htt p://goo.gl/iBiVFFig. 13 - Imagem aérea de Vitória, ES.Fonte: GeoWEB Vitória.Fig. 14 - Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino.Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) Fig. 15 - Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo BominoFonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)Fig. 16 - Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino.Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) Fig. 17 - Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino.Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)Fig. 18. Mapa Poligonal 01 / Território do Bem. Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor e Samira S. Proêza sob a base GeoWEB Vitória. Fig. 19: Fotografi a para o Poligonal 01/Território do Bem vista da pedra da Gameleira

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Fig. 20: Mapa distâncias de São Benedito. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 21: Vista da Praia de Camburi para São Benedito. Fig. 22: Vista da av. Fernando Ferrari para São Benedito. Fig. 23: Vista da Praia de Camburi para São Benedito. Fig: 24. Vista da av. Fernando Ferrari para São Benedito.Fig. 25: Limite São Benedito.Fig. 25: Limites São Benedito sob fi gura fundo.Fig. 27: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito.Fig. 28: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito.Fig. 29: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, EMAU (org.). Habitação, Memória e Vivência em São Benedito. Vitória –ES. UFES, Vitória, 2010.Fig. 30: Vista externa de uma casa de São Benedito. Fonte: idem: fi g. 29Fig. 31: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: idem: fi g. 29Fig. 32: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: idem: fi g. 29Fig. 33: Vista de uma escadaria de São Benedito.Fonte: idem: fi g. 29Fig. 34: Vista da paisagem de uma das casas de São Benedito.Fig. 35: Vista do terreno “campinho” de São Benedito.Fig. 36: Tabela de eixos de prioridades do Fórum Bem Maior. Fonte: Fórum Bem Maior – FMB; Idéias, A. A., Plano Bem Maior do Território do Bem do Território do Bem, Vitória-ES, 2009. Fig. 37: Capa do Saberes, Fazeres e Perfi l dos Moradores do Território do Bem. Fonte: idem. fi g. 36Fig. 38: Capa do Plano Bem Maior. Fonte: idem. fi g. 36.Fig. 39: Localização. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWeb VitóriaFig. 40: Mapa fi gura-fundo bairro região Poligonal 01.Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB VitóriaFig. 41: Conjunto de Layer de morfologia do território.Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB VitóriaFig. 42: Soma dos Layers de morfologia do território.Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB VitóriaFig. 43 (esq) e 44: Modelo 3D da quadra.Fig. 45. Mapa uso do solo.Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB VitóriaFig. 46: Mapa sistema viário.Fonte: GEOWEB Vitória

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Fig. 47: Mapa áreas verdes. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB VitóriaFig. 48: Mapa áreas livres.Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB VitóriaFig. 49: Mapa de perecepções do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 50: Mapa de diretrizes. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 51 Mapa de localização de espaços existentes.Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 52: Mapa de localização de usos existentes.Fig. 53: Mapa de localização da quadra.Fig. 54: Vista da Pedra da Gameleira para o Morro Grande (São Benedito).Fig. 55: Digrama de usos.Fig. 56: Digrama de acontecimentos.Fig. 57, 58, 59 e 60. Fotomontagem acontecimentos.Fig. 61 e 62: Fotomontagem acontecimentos.Fig. 63. Diagrama densidade de ocorrências.Fig. 64: Foto aérea da quadra com informações de número de pavimento das construções.Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 65: Vista topo da quadra feita no google sktechup.Fig. 66:. Modelo 3D da quadra. Fig. 67: Fotomontagem da quadra. ... Fig. 68: Análise das formas.Fig. 69. Análise das aberturasFig. 70: Análise rití mica das formas.Fig. 71: Análise dos planos verti cais predominates.Fig. 72: Registro dos elementos e valores naturais.Fig. 73: Registro solar. Fonte: Google earthFig. 74: Vista da quadra 03 - Modelo google earth. Fonte: Interevenção do autor sob Google EarthFig. 75: Vista do Morro da Gamela para marcos visuais de Vitória- mesma direção da quadra 03.Fig. 75: Mapa perceção da quadra 03. Fig. 76: (dir) Diagrama “espaço relacional”.Fig. 77: Imagens do processo de construção da maquete.Fig. 78 (esq): Mapa de intenções.Fig. 79 (esq): Diagrama de intenções. Fig. 80: Diagrama de usos. Fig. 81: Diagrama de acontecimentos.Fig. 82 (esq): Camadas do processo projetual. Fig. 83: Imagens 3D do processo projetual.

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Fig. 84 (esq): Lozalização da proposta.Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 85: Figura fundo da proposta a região.Fig. 86: Implantação da proposta no território. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB VitóriaFig. 87:Informação de quanti dade de área existente.Fig. 88: Informação de quanti dade de área da proposta.Fig. 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95 e 96: Camadas do projeto.Fig. 97: Fotografi as sob processo projetual.Fig. 98, 99, 100 e 101: Imagens do estudo projetual por maquete.Fig. 102, 103, 104, 105 e 106: Imagens da setorização dos usos da proposta projetual.Fig. 107: Diagrama de mobilidade.Fig. 108: Diagrama de percursos.Fig. 109: Diagrama conexão dos espaços.Fig. 110: Diagrama de intensidade de ati vidades.Fig. 111, 112, 113, 114, 115 e 116: Cenários de possibilidade de manifestações.Fig. 117: Estudo do paisagismo em planta.Fig. 118: Estudo do paisagismo em corte.Fig. 119: Camada de forração.Fig. 120: Camada de implantação do paisagismo.Fig. 121: Camada de fl oração.Fig. 122: Camada de sombras em estações quentes.Fig. 123: Camada de fl oração - perda de folhas.Fig. 124: Camada de sombras em estações frias.Fig. 125: Camada implantação do paisagismo.Fig. 126: Cena corredor de fl oração.Fig. 127: Vista frontal.Fig. 128: Corte longitudinal.Fig. 129: Zoom 01 corte longitudinal.Fig. 130: Zoom 02 corte longitudinal.Fig. 131: Cenário atual da quadra 03.Fig. 132: Cenário modifi cado da quadra 03.Fig. 133: Zoom do cenário atual da quadra 03.Fig. 134: Zoom do cenário modifi cado da quadra 03.Fig. 135: Cena 01 - ambiente construído. Fig. 136: Cena 01 - acontecimentos Fig. 137 :Cena 01 - sobreposição das cenas. Fig. 138: Cena 01 - zoom.Fig. 139: Cena 02 - ambiente construído. Fig. 140: Cena 02 - acontecimentos Fig. 141: Cena 02 - sobreposição das cenas. Fig. 142: Cena 02 - zoom.Fig. 143: Cena 03 - ambiente construído. Fig. 144: Cena 03 - acontecimentos

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Fig. 145: Cena 03 - sobreposição das cenas. Fig. 146: Cena 03 - zoom.Fig. 147: Cena 04 - ambiente construído. Fig. 148: Cena 04 - acontecimentos Fig. 149: Cena 04 - sobreposição das cenas. Fig. 150: Cena 04 - zoom.Fig. 151: Cena 05 - ambiente construído. Fig. 152: Cena 05 - acontecimentos Fig. 153:Cena 05 - sobreposição das cenas. Fig. 154: Cena 05 - zoom.

Observação: As fi guras sem referência de fonte são produções do autor (Bruno Bowen Vilas Novas).

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(RE)CONSTRUÇÃO DOESPAÇO PÚBLICO