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RECONHECIMENTO DE CHÃO: A HISTÓRIA E A PAISAGEM TERRITORIAL GEOGRÁFICA DA REGIÃO ENTRE O RIO BRANCO E A GUIANA INGLESA Daniel Montenegro Lapola * Resumo: Neste artigo temos como ponto de partida o objetivo de fazermos um reconhecimento de chão, isto é, conhecer as características da fronteira entre região do extremo norte brasileiro com a Guiana Inglesa, tais como a demonstração da geografia: vegetação, paisagem, clima e a sua geopolítica na Amazônia Caribenha das Guianas com povos indígenas habitantes entre os anos de 1835 a 1909. De fundamental importância, entendermos como se configura a paisagem habitada por indígenas que foram aliados fundamentais nas demarcações. A região estudada é em sua maior parte coberta com a vegetação de savana (cerrado ou termo regional lavrado), em transição com a floresta e montanha, localizadas na região entre Rio Branco (Brasil) e a Guiana Inglesa. Nesta região foram estabelecidas fronteiras da civilização ocidental com os indígenas. Com esta análise estaremos preparando nos localizando na região onde passaram viajantes a serviço da Europa que produziram relatos científicos e etnográficos. Palavras Chave: Território, Rio Branco, Guiana Inglesa, Indígenas. Introdução Neste trabalho, demonstraremos características da fronteira entre região do extremo norte brasileiro com a Guiana Inglesa, tais como a demonstração da vegetação, paisagem, clima e povos indígenas habitantes entre os anos de 1835 a 1909. Com esta análise estaremos preparando terreno para a passagem dos viajantes a serviço da Europa que nesta região produziram relatos sobre a geografia, a geologia e os povos que a habitam. Iniciaremos através de Reginaldo Oliveira com conceito da Amazônia Caribenha das Guianas, pois a região estudada está inserida no planalto das Guianas que abrange a atual Venezuela, Guyana, Suriname, Guiana Francesa e o atual estado do Amapá. O atual * Doutorando em História Social da Amazônia na Universidade Federal do Pará (UFPA), Bolsista CAPES, Mestre em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Graduado em História na Universidade Estadual Paulista (UNESP) . [email protected]

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RECONHECIMENTO DE CHÃO: A HISTÓRIA E A PAISAGEM

TERRITORIAL GEOGRÁFICA DA REGIÃO ENTRE O RIO BRANCO E A

GUIANA INGLESA

Daniel Montenegro Lapola*

Resumo: Neste artigo temos como ponto de partida o objetivo de fazermos um

reconhecimento de chão, isto é, conhecer as características da fronteira entre região do

extremo norte brasileiro com a Guiana Inglesa, tais como a demonstração da geografia:

vegetação, paisagem, clima e a sua geopolítica na Amazônia Caribenha das Guianas com

povos indígenas habitantes entre os anos de 1835 a 1909. De fundamental importância,

entendermos como se configura a paisagem habitada por indígenas que foram aliados

fundamentais nas demarcações. A região estudada é em sua maior parte coberta com a

vegetação de savana (cerrado ou termo regional lavrado), em transição com a floresta e

montanha, localizadas na região entre Rio Branco (Brasil) e a Guiana Inglesa. Nesta

região foram estabelecidas fronteiras da civilização ocidental com os indígenas. Com esta

análise estaremos preparando nos localizando na região onde passaram viajantes a serviço

da Europa que produziram relatos científicos e etnográficos.

Palavras Chave: Território, Rio Branco, Guiana Inglesa, Indígenas.

Introdução

Neste trabalho, demonstraremos características da fronteira entre região do

extremo norte brasileiro com a Guiana Inglesa, tais como a demonstração da vegetação,

paisagem, clima e povos indígenas habitantes entre os anos de 1835 a 1909. Com esta

análise estaremos preparando terreno para a passagem dos viajantes a serviço da Europa

que nesta região produziram relatos sobre a geografia, a geologia e os povos que a

habitam.

Iniciaremos através de Reginaldo Oliveira com conceito da Amazônia Caribenha

das Guianas, pois a região estudada está inserida no planalto das Guianas que abrange a

atual Venezuela, Guyana, Suriname, Guiana Francesa e o atual estado do Amapá. O atual

* Doutorando em História Social da Amazônia na Universidade Federal do Pará (UFPA), Bolsista CAPES,

Mestre em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Graduado em

História na Universidade Estadual Paulista (UNESP). [email protected]

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estado de Roraima também tem penetração nesta região, em que os povos indígenas até

os dias atuais realizam suas rotas como no passado, com as antigas rotas de circulação,

na conhecida “fronteira móvel”.

Achamos imprescindível revisitar os estudos geográficos da região do Rio Branco

realizados por Antonio Teixeira Guerra, funcionário geógrafo do IBGE na década de 50

do século passado, período que o atual estado de Roraima era conhecido como Território

Federal do Rio Branco. Neste passo utilizaremos os estudos históricos e antropológicos

de Nádia Farage e Paulo Santilli sobre a região e os povos indígenas que a habitam, dando

destaque para os Macuxi, Wapishana, Arecuna (Taurepang) e Wai Wai. Etnias muito

presentes nas rotas de circulação de comércio e troca, mencionados nos relatos dos

viajantes Schomburgk, Brown, Coudreau e Ule.

A região estudada é em sua maior parte coberta com a vegetação de savana

(cerrado ou termo regional lavrado), em transição com a floresta e montanha, localizadas

na região entre o Brasil e a Guiana Inglesa. Nesta região onde foram estabelecidas

fronteiras da civilização ocidental os indígenas, foram fundamentais no auxílio devido ao

conhecimento da região, o transporte de canoa, carregamento de cargas, caça e pesca e

serviços gerais, não serviram apenas como massa de manobra, foram protagonistas, sem

o auxílio indígena dificilmente o projeto demarcatório Europeu teria triunfado.

Portanto antes de estudar os relatos destes viajantes partimos como objetivo neste

trabalho de fazermos um reconhecimento de chão em conhecer as características desta

região em sua geografia, como vegetação, geologia e clima, e a sua geopolítica na

Amazônia Caribenha das Guianas, para entendermos como se configura a paisagem

habitadas por indígenas que foram aliados fundamentais nas demarcações territoriais.

Reconhecendo a Paisagem do Rio Branco e da Guiana Inglesa

Nesta primeira parte de nosso trabalho trazemos pontos importantes para

entendermos o Espaço, Território e fronteira. Notamos novas abordagens dentro do tema

como Newman, Passi, Agnew, Clavin e Livingstone, onde observamos a importância da

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interdisciplinaridade e do diálogo da Geografia com outras disciplinas, como a História e

a Antropologia.

“Para que os limites sejam compreendidos para Newman é necessário que os

estudiosos das fronteiras adotem sua própria forma de movimento transfronteiriço nas

disciplinas e conceitos do outro, trazendo discurso o exclusivo sobre disciplinas

acadêmicas diferentes” (NEWMAN, 2003). Ansii Passi (2003), por outro lado “enxerga

em Território como espaço de poder a quebra os conceitos de natureza território, sendo

território associado com a fronteira e conflito, a conhecida territorialidade humana”.

Agnew, trouxe o debate que ocorre sobre o espaço e o lugar, no âmbito da geografia e

outras ciências em geral, como duas formas distintas, e ao aproximar uma da outra

procura distinguir como elas são definidas separadamente e em contato. “Se preocupa

com o espaço estar tomando conta do lugar através das tecnologias. Por isso vem a

pergunta, o espaço está acabando com o lugar? ” (AGNEW, 2011).

Para Livingstone (1992), “é importante percorrer as ciências iluministas e

maneiras de conhecimento que dialogam com a Geografia para demonstrar o avanço das

ciências do gabinete para o trabalho de campo”. Assim como demonstrar a importância

para a ciência das expedições científicas amparadas nas ciências para dar conta de tal

empresa.

Patrícia Clavin (2005), “trabalha com o termo “Transnacionalismo”, que é uma

abordagem que não considera a História Nação, define a área de estudo que caracteriza a

região, de circulação, como circula, o ir e o voltar”. Observando também a circulação de

coisas que transformam os meios, como dois grupos sociais, reabilita o conceito de

“comunidade”, grupos étnicos, aonde os personagens estão circulando, este trabalho se

identifica com este conceito. Neste passo procuramos entender a região da Amazônia

Caribenha das Guianas aonde se localiza o território e espaço de nosso estudo.

Para Reginaldo Oliveira (2014), “a Amazônia Caribenha é composta pela ilha das

antigas Guianas, no litoral Atlântico Norte entre o delta do rio Orinoco (Venezuela) e do

rio Amazonas, pela margem esquerda do rio Amazonas e do rio Negro, Canal de

Cassiquiare e o Orinoco”. “A história das Guianas é marcada pelos caminhos aquáticos e

terrestres que favoreceram os deslocamentos indígenas do tronco linguístico Karíb e

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Arawak, bem como outros povos indígenas, que habitam esse contexto singular

Amazônia Caribenha” (OLIVEIRA, 2014: 3).

Sobre a história da região:

“A característica diferenciada como região da ilha Amazônia Caribenha é

todo o território da antiga ilha das Guianas que, no processo histórico, foi

ocupada no início do século XVI pelos espanhóis, com apoio dos Países Baixos

espanhóis, e durante o século XVIII foi ocupada por quatro nações europeias:

Espanha, Portugal, Holanda e França. Com o final das guerras Napoleônicas

no século XIX e a assinatura do Tratado de Viena (1814/1815), os ingleses

receberam dos holandeses as três colônias: Essequibo, Demerara e Berbice,

que foram unificadas e receberam o nome de Guiana Inglesa (1831), deixando

os holandeses com a única Colônia do Suriname, que continuou sendo

denominada Guiana Holandesa até 1975, quando se tornou independente”

(OLIVEIRA, 2014:5).

“O antigo vocábulo Guiana, conceituando a região como ilha pelos holandeses, é

interpretado, na língua Arawak, como “terra de muitas águas” ou “terras alagadas”.

Historicamente, a água definiu espaços e continua reordenando fronteiras”. (OLIVEIRA,

2014).

Local que está em contato e penetrado na Amazônia Caribenha das Guianas é a

região do Rio Branco do lado brasileiro. “Os povos indígenas na região de campos e serras

do médio e alto rio Branco que representa a porção nordeste do estado de Roraima,

fronteiriça à República da Guiana, com especial referência à ocupação de suas terras”

(FARAGE & SANTILLI, 1992: 267). Esta área é habitada pelos Macuxi, Wapixana,

Ingarikó, Taurepang e Wai Wai.

“A complexidade geográfica desenhada pelo planalto das Guianas, pelas serras

Pacaraima com o Monte Roraima, Parima, Tumucumaque e outras de pequeno porte,

marca os limites das fronteiras nacionais e internacionais nessa Ilha” (OLIVEIRA,

2014:10). Os dois principais troncos linguísticos Karíb (Macuxi, Wai Wai, Taurepang e

Ingarikó) e Arawak (Wapishana), com diferentes famílias indígenas e distintas relações

socioculturais nas terras das Guianas e nas ilhas do mar Caribe, incorporaram elementos

específicos tais como relações comerciais e organizações de parentesco.

Nesta articulação sociocultural e regional, os povos indígenas Karíb e Arawak

desempenharam papel fundamental como conhecedores das diferentes trilhas (aquáticas

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e terrestres) e produtores de alimentos, em especial a conhecida culinária da mandioca.

“Para o europeu que chegava nessa região desconhecida e ocupava a terra como sua

propriedade, ele tomava posse também do índio que era visto como parte da terra e era

um bem a mais a ser explorado” (OLIVEIRA, 2014: 5-6).

Descrevendo o território da atual Guiana para conhecer a sua Geografia:

“A República Cooperativa da Guiana, por muito tempo conhecida como

Guiana Inglesa, é um pequeno país independente localizado no extremo Norte

da América do Sul. Faz fronteira ao Sul com o Brasil, ao leste com o Suriname

e ao Oeste com a Venezuela, sendo banhada ao Norte pelo Oceano Atlântico.

Possui 215 mil quilômetros quadrados, superior às antigas metrópoles, ou

seja, Holanda e Inglaterra, maior que o Suriname e o Uruguai, e atualmente

com cerca de 800 mil habitantes. Embora encravado no subcontinente, o lugar

se desenvolveu com ligações mais estreitas com o Caribe, até porque a imensa

maioria da população se prendeu ao litoral, de frente para as ilhas e de costas

para os outros vizinhos” (CAVLAK, 2016: 21).

Um país que tem como língua oficial o inglês, mas parte do seu passado registrado

em holandês. Os principais rios que delimitaram três povoamentos são o Essequibo,

Demerara e Berbice, unificados em 1831 sob o nome de Guiana Inglesa.

Após descrever a região e um pouco sobre a Guiana Inglesa e a região do Rio

Branco no Brasil, na sequência demonstraremos alguns pontos dos estudos o geógrafo

Antonio Teixeira Guerra que esteve na década de 50 na região do Rio Branco realizando

levantamentos geográficos e geológicos a serviço do IBGE.

Guerra para metodizar as pesquisas, considerou os aspectos físicos, definidos por

geologia, morfologia e solos, pelo clima, hidrografia e vegetação, e pelos aspectos

humano-econômicos, relativos ao povoamento, colonização, economia e meios de vida,

transporte e comunicações. Constituída pela Serra do Parima, nas extremas setentrionais,

de que avizinham a Venezuela e a Guiana Britânica, é a região mais acidentada da

Amazônia Brasileira, onde o monte Roraima se ergue à altitude de 2875 metros e o

Caburai assinala o ponto mais setentrional a fronteira brasileira, à latitude de 5º-16’19”

N.

“Não seduz o peneplano, ao sul e a leste, em que dilatam os campos do

território, em contraste com a morraria, ao norte, propícia à mineração, e com

a mata hileiana do baixo rio Branco, semelhante à ensombra a maior porção

da Amazônia. A posição geopolítica é muito importante, uma vez que confina

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com terras de Venezuela e da Guiana Inglesa numa extensão de 2411

quilômetros, sendo 985 quilômetros com a Venezuela e 1426 quilômetros com

a Guiana Inglesa” (GUERRA, 1957:2).

O território do Rio Branco é uma verdadeira ponta de lança entre as terras da

Venezuela e da Guiana Inglesa. Área de fronteira física demarcada com montanhas e rios.

A paisagem física do território do Rio Branco pode ser considerada segundo três

regiões:1) Região do baixo rio Branco: caracterizada por apresentar terrenos

geologicamente recentes a uma topografia monótona. A cobertura vegetal dessa região é

a densa floresta do tipo hileiano. Aliás esta é a única área do território que possui os

mesmos caracteres da Amazônia, uma vez que é um prolongamento da planície no sentido

do norte. Na parte sul e oeste confina com terras do estado do Amazonas. No leste, apenas

em pequeno trecho ao longo do rio Nhamundá, confina com terras do estado do Pará. 2)

Região do alto rio Branco: compreendendo as terras do vasto peneplano, que está coberto

com uma vegetação de campos. Esta é a zona onde se desenvolve a pecuária do Rio

Branco. A topografia é monótona, não apresentado grandes contrastes de altitudes. A

planura da região é quebrada por vezes pelo aparecimento de alguns inselbergs.

3) Região montanhosa: constituída pelas serras do sistema Parima, isto é, pelas serras que

existem ao longo de nossa fronteira com a Venezuela é com a Guiana Inglesa. Não

constitui uma área muito extensa, cerca de 80 000 quilômetros quadrados, porém,

economicamente é muito importante, por causa dos afloramentos de terrenos

algonquianos, donde se extraem os diamantes e o ouro.

O ponto extremo norte do Brasil está justamente nesta região, no Monte Caburaí,

na latitude de 5º 16’ 19’ N. Até os dias atuais no século XXI, percebemos o equívoco de

muitas pessoas em considerar o Oiapoque o ponto mais extremo norte do Brasil, devido

ao jargão “do Oiapoque ao Chuí”, corrigindo da maneira correta com “do Monte Caburaí

ao Chuí”. É, ainda nesta região, porém, mais a oeste que se encontra o Monte Roraima,

localizado no ponto de trijunção: Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa, com 2875 metros

de altitude formado como que um planalto isolado e com escarpas abruptas.

“Indiscutivelmente esta é a região mais acidentada de toda a Amazônia Brasileira”

(GUERRA, 1957: 2-3). Os viajantes Brown e Ule estiveram neste local.

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“No conjunto a paisagem física rio branquense apresenta contrastes marcantes que

nos permitem considerar a existência de 3 tipos de unidades geomórficas: I- Região

montanhosa; II- Região do peneplano; III- Região da planície sedimentar” (GUERRA,

1957:8).

Savanas e estepes: A cobertura vegetal do alto Rio Branco e da zona montanhosa

é caracterizada pelos campos que ora se torna mais ou menos cerrados. Os campos do Rio

Branco apresentam uma série de aspectos diferenciadores que recebem nomes regionais

com o: a) campos agrestes, b) campos de baixada, c) campos cobertos.

A vegetação rasteira que reveste o terreno na região dos campos. Nas chamadas

serras orientais do planalto das Guianas vamos encontrar, no território do Rio Branco, as

Serras da Lua e Uaçari, prolongando se na direção de leste com as denominações de serras

de Acaraí e de Tumucumaque, já no norte do Estado do Pará e do território do Amapá.

“Separando as serras ocidentais das chamadas serras orientais existe uma área deprimida

que é bem representada pela depressão Tacutu Rupununi” (GUERRA, 1957:8).

Clima: Vemos que de modo geral os meses de outubro a abril são os mais secos

(verão), e os meses mais chuvosos são os de maio a setembro (inverno). Aplicando-se a

classificação de KOPPEN ao território do Rio Branco, verifica-se que a zona dos campos

está compreendida no tipo Awi, isto é, quente e úmido com uma estação seca acentuada

no verão (w), sendo a amplitude térmica anual inferior a 5º (i). O oeste e sul apresentam

o tipo Ami, no qual se observa uma estação seca menos acentuada e os totais anuais são

relativamente elevados, permitindo o desenvolvimento da floresta. “Corresponde, por

conseguinte a uma zona climática intermediária, uma vez que mais para o oeste tem-se

grande área de clima do tipo Af do Alto rio Negro, ou seja um clima equatorial super

úmido sem estação seca” (GUERRA, 1957: 107-108).

Sobre a Hidrografia:

“O regime hidrográfico de todos os rios da bacia rio-branquense é definido

por um período de cheia, nos meses de março a setembro, sendo junho o mês

em que as águas sobem ao mais alto nível. Nos meses de outubro a fevereiro,

isto é, no período seco, as águas baixam muito nível, chegando mesmo a

impossibilitar a franca navegação até Caracaraí. Durante o “inverno” o

trecho das corredeiras é transposto com facilidade pelas pequenas

embarcações, já não acontecendo o mesmo no decorrer da estiagem. O

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trabalho erosivo de rede potamográfica da bacia do rio Branco é

sensivelmente ativo na região das cabeceiras dos afluentes e dos dois rios

formadores do rio Branco, enquanto na região do baixo rio Branco domina de

modo geral a sedimentação. Naturalmente que a erosão de solapamento se faz

sentir em certos barrancos na época do “verão”, já que no “inverno” muitos

deles desaparecem inteiramente sob as águas. O rio Branco é o afluente mais

importante da margem esquerda do rio Negro, e seu curso segue a direção

geral nordeste-sudoeste, desde sua foz até a confluência com o Uraricuera e

o Tacutu. Segundo as indicações fornecidas pela geomorfologia este vale

parece tratar-se de uma possível fossa tectônica. Os três grandes afluentes do

rio Branco são Catrimani, Anauá, Mucajaí, sendo este último o mais

importante. Os formadores do rio Branco são o Uraricuera e o Tacutu. O

Uraricuera nasce na Serra de Pacaraima. A parte do alto curso está na região

montanhosa, enquanto o baixo curso os afluentes Majari e Parimé”

(GUERRA, 1957: 109-110).

O outro formador do rio Branco é o Tacutu que nascendo na serra de Uaçari após

percorrer cerca de 600 quilômetros na direção norte, descreve um cotovelo na altura do

paralelo de 3º 35’ lat. N. “Passa depois a correr na direção de sudoeste, parecendo tratar-

se de um possível fenômeno de captura” (GUERRA, 1957: 110-111).

O Tacutu recebe pela margem direita, no trecho em que seu curso segue a direção

sudoeste, os rios Maú ou Ireng e o Surumu com seu afluente Cotingo que desce da Serra

Pacaraima. “Esses dois rios são muito caudalosos tendo os seus cursos, em grande parte,

na região montanhosa, daí a razão de se encontrar nos seus leitos certo número de

cachoeiras” (GUERRA, 1957: 111).

As expedições científicas a serviço principalmente da Royal Society britânica,

trouxe classificações vegetais, minerais, conhecimentos geográficos, e também a

etnografia dos povos que habitam os locais explorados. Os viajantes naturalistas em

expedições pelo mundo vão trazer as representações geográficas e ambientais de um

“mundo novo”, até então desconhecido da ciência presa em gabinete. Capitão Cook no

século XVIII, Humboldt no fim do século XVIII e início do século XIX, vão servir de

outdoor (propaganda) da Europa para promover as viagens de expedições científicas em

locais ainda não explorados.

“Percorrer as ciências iluministas e maneiras de conhecimento que dialogam com

a Geografia para demonstrar o avanço das ciências do gabinete para o trabalho de campo”

(LIVINGSTONE,1992). Assim como demonstrar a importância para a ciência das

expedições científicas amparadas nas ciências para dar conta de tal empresa.

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Robert Schomburgk influenciado por Humboldt, em sua primeira viagem a Guiana

Britânica:

“Em 1835, o alemão desembarcou pela primeira vez na Guiana e durante os

três anos seguintes percorreu a costa e o interior. Finalmente, em 1838, após

uma rápida ‘visita de cortesia’ ao Forte de São Joaquim, ponto avançado de

ocupação colonial portuguesa no alto rio Branco (atual estado de Roraima;

vide Farage 1991), ele subiu o rio Cotingo (afluente do Tacutu; um dos

formadores do rio Branco) até o pé do monte Roraima, de onde prosseguiu em

direção oeste, ascendendo pelo rio Urariquera (outro formador) até além da

ilha de Maracá, cruzou o divisor de águas entre as bacias dos rios Branco e

Caura-Parágua, para finalmente descer o rio Ventuari até Esmeraldas,

pequena cidade venezuelana na margem do alto Orenoco. De lá, voltou para

Georgetown, via os rios Negro, Branco e Rupununi” (FRANK,2007: 100).

“A finalidade de Robert Schomburgk era a de ligar dados astronômicos,

levantados na Guiana e no norte de Roraima, com aqueles arrolados 35 anos antes por

Alexander von Humboldt, no sul da Venezuela, por quem foi bastante influenciado”.

(FRANK, 2007)

Pirara é uma região da Guiana localizada em partes dos atuais territórios de Alto

Takutu - Alto Essequibo e Potaro-Siparuni, a principal cidade é Lethem na fronteira com

o Brasil. “Tem como limites os rios Ireng e Tacutu, a oeste, o rio Rupununi, a leste e sul,

e a Serra de Pacaraima, ao norte” (MENCK, 2019).

“Em viagem ao sul da Guiana inglesa em seu primeiro relatório Robert

Schomburgk descreveu os Wai Wai como moradores da região do alto Essequibo e alto

Trombetas, um povo de língua Karib que absorveram subgrupos étnicos vizinhos”

(RIVIÈRE, 2006). Os Wai Wai voltariam a ser mencionados na literatura, e ainda assim

de modo indireto, em 1870, quando o geólogo canadense Charles Brown: “Passou por um

grande grupo de Tarumá, Wapichana e Mawayana que acabava de voltar de uma viagem

de troca a aldeias Wai Wai, carregado de raladores de mandioca e de cães de caça”

(HOWARD, 2002).

Seu encontro com os Wai Wai se deu navegando no rio Essequibo em uma

expedição na qual observou a rede de trocas entre eles e outros povos indígenas, como os

Wapichanas, Tarumás e Mawayanas, descreveu a habilidade destes com cães de caças e

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papagaios falantes. Foi o primeiro inglês a explorar o monte Roraima e a cachoeira de

Kaiteur na Guiana Inglesa.

O francês Henri Coudreau se deslocou bastante em terras brasileiras, fazendo

levantamentos, inclusive percorreu grandes trechos caminhando. Em seu intenso

deslocamento encontra no Rio Branco, encontra os indígenas Wai Wai nas fronteiras entre

o Brasil e a Guiana Inglesa, também de Manaus a Boa Vista de Batelão que é um tipo de

barco exclusivo para transportar o gado, que podem levar de dez a trinta bois. “Composto

de oito a dez homens, quase sempre índios Macuxi do alto rio Branco, e um patrão”

(COUDREAU,1887). “Reparou que o gado na longa viagem emagrece

consideravelmente ou morre em grande proporção, o barco só atracou uma vez de Boa

Vista a Manaus. Menciona o trabalho do indígena que vai cortar o capim (erva) para dar

de comida aos bois” (COUDREAU, 1887).

Segundo Ernest Ule do rio Negro ao penetrar nas águas do rio Branco com as suas

águas claras e luminosas, contrasta com as águas escuras do rio Negro. Passou por

Caracaraí, onde há algumas cachoeiras, deste ponto seguiu viagem de canoa para Boa

Vista. Na época de 1908-1909, a viagem de Manaus para Boa Vista dura menos de oito

dias. “Começou a entrada na área indígena na fazenda São Marcos, encontra-se na

margem esquerda do baixo Uraricuera, perto da onde se une o Tacutu, para juntos

formarem o rio Branco” (ULE, 2006: 116).

A maior parte da área do alto Rio Branco é constituída pelos chamados “campos,

isto é estepes arvorejadas ou de capim. Viajou do Tacutu e no baixo Surumu de canoa.

“Chegou a boca do rio Cutingo e à maloca do tuxaua Ildefonso, aonde tinha algo da

civilização, depois de alguns dias parou na Serra do Sol, umas montanhas rochosas,

peladas e escuras, para daí adiante seguir para Serra do Pracuá, Serra do Mel e a do

Banco” (ULE, 2006: 118-119).

“Com os Arecuna (Taurepang), ocupavam as áreas fronteiriças com a Guiana

Britânica e a Venezuela, até os altos afluentes do Orinoko, naquele tempo realizava-se

grande festa, na qual integrantes Macuxi, Wapichana e Arecuna eram convidados” (ULE,

2006: 120-121). “As principais presas de caças são diversas galinhas selvagens da mata,

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patos, pequenos pombos campestres, uma variedade pequena de veados, antas, porcos da

mata e roedores, às vezes também: tartarugas e seus ovos” (ULE, 2006: 126).

Ule percorreu a Serra de Pacaraima e no Monte Roraima na fronteira com a

Venezuela junto dos Macuxi, aonde os indígenas vivem da agricultura, bem como de caça

e pesca esporádicas, aonde se cultivam mandioca, batata-doce, abóbora, bananas, milho

e cana” (ULE, 2006). “Com relação aos Arecuna, posso confirmar as informações de

outros viajantes, como Richard Schomburgk e Appun, que todos elogiam muito sua

aparência física, nobre mentalidade, hospitalidade e capacidades marciais” (ULE, 2006:

139).

Ule escalou a serra do Mairary, avistou e depois decidiu visitar o Monte Roraima,

partiu com a ajuda 12 carregadores Arecuna, entrou na fronteira com a Venezuela, ao

chegar, sentiu o magnetismo do monte Roraima, o eldorado de qualquer botânico” (ULE,

2006). Esteve entre os indígenas que cruzavam as fronteiras com a Guiana Inglesa, em

suas fotos é possível observar ao fundo o planalto conhecido como escudo das Guianas.

Considerações finais

Procuramos descrever e analisar os estudos sobre a região que estão inseridos nos

relatos dos viajantes europeus que estiveram em campo representando a região e os povos

indígenas que a habitam. Imprescindível demostrarmos características geográficas, para

entendermos como a geografia e os povos indígenas constroem a paisagem da região entre

o extremo norte brasileiro e a Guiana Inglesa.

A identidade indígena e os meios de circulação na região do passado ainda estão

presentes, não reconhecendo apenas a fronteira física e política, este trabalho sustentou

que existe um espaço de circulação humana, antes da chegada destes viajantes aqui

trabalhados, região intensa de trocas comerciais e alianças entre povos indígenas e

europeus. “A presença indígena na região serve de maneira fundamental como muralhas

do sertão”, termo usado pelo conselho ultramarino português e depois imortalizado na

obra “Muralhas do Sertão” de Nádia Farage (1991).

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Compreender através da geografia, com o entendimento de vegetação, hidrografia,

clima, regime de chuvas, percebemos como a paisagem se transforma e que certas

atividades e deslocamentos mudam devido ao regime abundante e prolongado de chuvas

e das secas. O próprio viajante alemão Ernest Ule (2006) fez duas viagens para a região

do Rio Branco inclusive para presenciar as atividades das duas estações que são a de

chuva e de seca.

Práticas de sobrevivência, métodos de caça, conhecimento da região, habilidades

de se locomover em canoas pequenas, pesca e serviços gerais demonstram o

protagonismo indígena na região, fatores que foram fundamentais também na escolha de

qual nação europeia se aliavam na construção, configurações e arbítrios de fronteiras

políticas e físicas, apesar da influência religiosa e imposta a força maior por armas e

doenças. A fronteira humana indígena prevalece nos dias atuais com união das

associações indígenas em período de governo da presidência ultraconservador de direita

que estão tentando tirar seus direitos e terras a qualquer custo.

Portanto abrir o caminho da paisagem das terras do Rio Branco (extremo norte

brasileiro) e da Guiana Inglesa, lugar penetrado na região da Amazônia Caribenha das

Guianas é abrirmos caminho para os relatos sobre os indígenas e o ambiente de

transformações fronteiriças para os viajantes a serviço da Europa para entendermos as

relações sociais tão esquecidas, descrevendo e analisando o potencial de circulação que

a política, financiamento e vontade política andam a passos de “tartaruga”, mesmo com

toda força do capitalismo esta rede de circulação não acabou, como suas tradições

preservadas.

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